By: Zeeyo


(N/A: Quando for mandado, ponha esta música pra tocar)


Pendurei a guitarra sobre meu ombro, sentindo o típico frio na barriga que todos sentem ao ver uma multidão lhe encarando quando você está sobre um palco. Ainda mais quando alguns garotos lhe gritam elogios como “Woohoo delícia” e “Ô, lá em casa, essa guitarrista”. Somente o fardo de estar na banda mais popular da universidade e de ser da família do diretor. Tudo bem, eu podia aguentar essa. As garotas estavam fazendo muito pior com o pobre do , que mal aguentava em pé junto ao microfone, de tanto suas pernas tremerem. Olhei para que, de seu teclado, me mandou um beijo, como se toda a situação fosse a sensação mais confortável do mundo. E, talvez, se eu pudesse fazer tudo o que faria sentadinha no meu lugar, eu também visse dessa maneira. , da bateria, já estava rezando o terceiro mistério do terço, o que fazia sua namorada rir.
- Relaxa, , vai dar tudo certo. – Falou, mais calma do que tudo.
- Quieta, zinha. Deixe-me rezar, que a vidente do grupo está quase tão nervosa quanto eu. E ela nem vai cantar! – falou, olhando pra mim, e fazendo a garota rir mais ainda. Não seria nossa primeira apresentação e nem sei por que estávamos tão nervosos.
Já havíamos ensaiado tanto a música que já sabíamos de cor. E também não éramos a primeira nem a última banda a se apresentar naquela noite de dia dos namorados. Mas, se posso falar por mim, o fato de ser uma noite de dia dos namorados era o que me incomodava. Principalmente porque o que eu mais queria ali ao meu lado naquela hora estava querendo a maior distância possível de mim. Havíamos brigado e eu nem me lembrava o motivo, mas ele insistia que nunca mais queria me ver na frente dele, nem que estivesse pintada de ouro. Credo! Muito menos pintada de ouro! Eu sabia que pra todos os efeitos, estava ali. O vocalista da banda, o irmão da minha melhor amiga, o mais bonito da família (e se a me escuta dizer isso, eu estou morta). Aquele que era lindo, quatro anos mais velho (já terminava o curso naquele mesmo ano, enquanto eu, e ainda estávamos no primeiro ano), delicioso, gostava de mim e merecia alguém muito melhor do que eu. A vadia apaixonada pelo garoto que não lhe dava valor (e não tinha nenhum mesmo, não é?). Lembrei-me por uns instantes dos momentos em que passamos escrevendo aquela música. Eu havia dito pra que era de minha autoria, mas eu sabia que não era assim. O havia contribuído o bastante pra que eu pudesse dizer que era só dele. Mas, se dissesse, nós não estaríamos tocando ela naquela noite e eu precisava que ele a ouvisse de novo. Que ouvisse o que ele mesmo cantou pra mim, só com sua voz e o violão. Na tentativa de que se lembrasse de que somos muito mais do que o que uma briga pode acabar. Tinha combinado com seu irmão, minha irmã e minha prima (todos meus fiéis aliados) que convencessem ele e os seus amigos a aparecerem na bendita festa, mas não sabia se eles tinham conseguido. Não sabia se ele tinha descoberto nossa participação na festa. Não sabia de mais nada. Senti uma gota escorrer pelo meu rosto e torci pra que fosse suor provocado pelos holofotes. Recebemos o aviso de que iríamos começar em um minuto, mas eles ainda não haviam chegado. As pessoas se acomodavam confortáveis, mas eu só queria sumir dali. O assumiria a guitarra e todos ficariam bem. Sim! Eu havia arrumado uma solução, era isso que eu ia fazer. Corri para detrás das cortinas, encostando-me à parede e ouvindo as pessoas comentarem e, algumas, até vaiarem. Tirei a guitarra e coloquei sobre os degraus do palco para que a pegasse e entregasse pra seu irmão, mas não consegui mais segurar o choro.
- Então você é mesmo tão fraca quanto eu pensei. – Falou (A vaca), soltando risinhos afetados. Como eu odiava aquela puta!
- Cala essa boca...
- Não é surpresa que não tenha conseguido segurar o . É necessário muito mais que isso pra conquistar um cara daqueles – me ridicularizou, segurando meu rosto e depois o jogando pro lado. – É uma pena. Eu adoraria uma concorrente à altura, só pra variar... – Falou, passeando pelos bastidores.
- Cala a boca, ridícula... – Sussurrei, ouvindo me chamar baixinho. As luzes se apagaram. gargalhou.
- Eu sou ridícula? Quem é a criancinha que está sentada no chão, chorando por que sua paixão platônica não veio? – E riu de novo. – Se toca, garota. O mundo não é um show de marionetes. Ninguém vai tomar atitudes por você, sua inútil. – Levantei num pulo, nivelando meu olhar ao dela.
- Cuidado com o que você pede, . Pediu alguém forte e terá alguém forte com quem concorrer. Vadia. - Me virei de costas, pegando a guitarra que ainda estava ali, fazendo o rosto de e de se iluminarem de alegria. – E, muito obrigada, se não fosse por você, eu não conseguiria – deixei-a pra trás, grunhindo de raiva, e comecei a tocar, fazendo as pessoas gritarem em aprovação e ouvindo começar a cantar uma das poucas partes que eu escrevi.

(N/A: Coloque a música pra tocar agora)

I’ve tried playing it cool
(Eu tentei parecer tranquilo)
But when I’m looking at you
(Mas quando eu estou olhando pra você)
I can’t ever be brave
(Eu nunca consigo ser corajoso)
‘Cause you make my heart race
(Por que você faz meu coração disparar)

Olhei pra plateia. Algumas garotas gritavam por e uma quantidade menor por , já que tinha namorada (na banda!) e era, na maioria das vezes, só o baterista. Os garotos que gritavam elogios agora dançavam com outras garotas menos fanáticas e, ao longe, perto da porta, avistei as pessoas que eu esperava, tentando evitar que fosse embora com seus amigos. A vontade de chorar voltou, mas me esforcei pra prestar atenção no que começara a cantar.

Shout me out of the sky
(Me fez cair do céu)
You’re my kryptonite
(Você é a minha Kriptonita)
You keep making me week
(Continua me deixando fraco)
Yeah, frozen and can’t breathe
(Congelado e sem respirar)

Era tão romântico como ele olhava pra enquanto cantava, que novamente eu não pude segurar as lágrimas, nostálgica. Olhei pra quem eu tanto esperei e reparei que tinha parado de lutar contra os outros e era carregado até uma das mesas mais próximas, em transe, prestando atenção na música.

Something’s gotta give now
(Algumas coisas tem que ser ditas alto)
‘Cause I’m dying just to make you see
(Por quê eu estou me matando só pra te fazer ver)
That I need you here with me now
(Que eu preciso de você aqui comigo agora)
‘Cause you’ve got that one thing
(Por quê você tem aquela coisa)

Tocava olhando pra ele e ele apertava seus olhos, indecifrável, olhando pra mim. Minha prima sorria, abraçada ao seu namorado, assim como o irmão de . Minha irmã não estava à vista, devia ter ido se encontrar com os próprios amigos. Mas não importava; nada importava. Só ele e o modo como estava me deixando perdida só de olhar pra mim.

So get out, get out, get out of my head
(Então saia, saia, saia da minha cabeça)
And fall into my arms instead
(E caia nos meus braços)
I don’t, I don’t, don’t know what it is
(Eu não, eu não, não sei o que é)
But I need that one thing
(Mas eu preciso daquela coisa)
And you’ve got that one thing
(E você tem aquela coisa)

havia descido, então, e tentava tomar a sua atenção só pra ela, até conseguindo por alguns instantes, me olhando vitoriosa. Mas algo inexplicável reatraia nossos olhos, como se ele tentasse decodificar cada uma de minhas lágrimas. As máscaras haviam sido tiradas.
Now I’m climbing the walls
(Agora eu estou escalando os muros)
But you don’t notice at all
(Mas você não nota)
That I’m going out of my mind
(Que eu estou pirando)
All day and all night
(O dia todo e a noite toda)

bateu o pé no chão, sentou-se de pernas abertas sobre o colo dele, mas nada o impedia de me observar. Isso me deixaria feliz, se o mesmo não parecesse um muro, indecifrável, frio. Lembrei-me de termos escrito essa estrofe juntos, falando sobre os impedimentos (muros) que tínhamos por minha família não gostar dele, sobre como eu não o via como alguém pra mim no começo de tudo e como, logo após, ficar horas sem o outro nos matava. Tudo parecia tão distante...

Something’s gotta give now
(Alguém vai ter que ceder agora)
‘Cause I’m dying just to know your name
(Porque eu estou morrendo de vontade de saber seu nome)
And I need you here with me now
(E eu preciso de você aqui comigo agora)
‘Cause you’ve got that one thing
(Porque você tem aquela coisa)

Cantei baixinho junto de meus dois melhores amigos, botando minha vida naquilo, junto à toda a minha sinceridade. Aquilo era tudo de mim, tudo o que eu queria e precisava dizer. Eu precisava saber o nome dele, o que o identificava naquilo tudo que eu estava sentindo e se ele sentia também. Eu precisava dele naquele instante e precisava saber se ele também necessitava de mim mais do que necessitava da puta no colo dele. Eu era sua marionete, agiria de acordo com o que ele pensasse, com o que ele quisesse. Eu era toda eu, nas mãos dele. Ele tinha de ceder, porque eu já havia me cedido toda. Os meninos continuaram a repetir o refrão, e eu toquei, robótica, como uma gravação. Pois era tudo o que eu podia fazer era tentar saber os pensamentos dele. tirou de seu colo, saindo com a mão na cabeça, como se estivesse perturbado, na direção do que pensei ser o bar, sendo seguido por seus amigos que apareceram cada uma com uma garota, logo depois, me olhando de relance. O show acabou e a plateia pediu bis, mas ainda havia bandas pra se apresentarem, nós não tínhamos tempo. Deixaram nosso CD tocando no intervalo e descemos do palco, mortos, suados, realizados como sempre estavamos depois de nossos shows.
- O CD vai vender como banana! – Falou e eu sorri de lado. me abraçou, mais feliz do que pudesse dizer com palavras e, como num passe de mágica, os outros dois desapareceram. Malditos! Escolheram a morte certa nas minhas mãos.
- Por que tá tremendo, ? – Ri fraco, procurando uma resposta digna, mas só conseguindo pensar em uma coisa.
- Excesso de energia – rimos e ele me abraçou mais uma vez. Era tão confortante que eu podia ficar ali pra sempre. Mas tinham de me tirar isso também.
- Vem aqui, ! Tem gente querendo autógrafo! – Minha prima falou, gargalhando em seguida, e surgindo com pelo menos cinco garotos e uma garota. Ela sempre me apoiou nos meus planos pra ter de volta, mas nunca concordou, realmente. O achava um idiota. Meu rosto ainda estava vermelho e levemente molhado. Inclusive meus olhos brilhavam de tantas lágrimas retidas.
- Pra que chorar, gracinha? Seus fãs estão aqui. – Um atrevido falou do meio do grupo, avançando e passando a mão no meu rosto, mas eu recuei.
- Autógrafos, né? Onde? – Cada um estendeu um CD, provocando um sorriso involuntário no meu rosto. passou gritando algo como “É isso aí!” e autografando um; rabisquei o mais rápido que pude outros três, mandando a garota pra (fazendo ele me fuzilar) e outro garoto pra .
Afastei-me de todos, avistando de longe minha irmã rindo confortável com seu pessoal num pequeno sofá e também o irmão de , do outro lado da quadra, se agarrando com a namorada. Queria tanto que o irmão dele estivesse com minha prima! Seria perfeito. Já haviam estado juntos antes, mas como ela parecia feliz com seu namorado agora, preferi não interferir. Caminhei freneticamente na direção em que tinha visto ir com os amigos, chegando perto o suficiente para ver que estava a sós com o barman e um copo com um líquido azul, mas não tão perto pra que não pudesse me puxar pra longe. Não sabia se ficava feliz por ele ter feito isso ou se reclamava, mas resolvi escolher a primeira opção. Suavemente fui encostada na parede mais próxima e beijada tão devagar quanto eu precisava. Senti todas as minhas preocupações irem embora, pelo menos até ele se afastar, com um olhar tenso e a testa franzida.
- É o meu último ano aqui, ... – fez carinho no meu cabelo e eu não tinha resposta. – Vocês precisam achar um novo vocalista... – De repente meu chão sumiu. Eu ainda não havia parado pra pensar profundamente naquilo e, de repente, me pareceu que eu podia estar correspondendo ao sentimento que ele tinha por mim havia tanto tempo. Um nó se formou em minha garganta e isso piorou minha situação de fala. – E me desculpe por... – Me beijou novamente, dessa vez mantendo suas mãos em minha cintura. – Isso, mas era algo que eu precisava fazer. – Fui puxada pra dois puffes próximos a nós e levada a me escorar em seu ombro. Manteve seus olhos fechados por alguns segundos, respirando fundo. – Eu sei que durante todo esse tempo você nunca... – respirou novamente – gostou de mim do modo como eu gosto de você. Mas quero que saiba que pra mim, esse foi o melhor dia dos namorados que eu já tive, só de estar ao seu lado. – Assenti com a cabeça, compreensiva, mas querendo interromper. me beijou outra vez e mais uma, e mais outra. Eu não me lembrava de mais nada nem de mais ninguém quando vejo olhando pra mim, indignado. Oh, merda! – E agora, se você quiser ir embora, eu vou entender... – Olhou pra mim e, não, eu não queria ir embora. Por que essas coisas só acontecem comigo? Dei-lhe um selinho e me afastei na direção em que estava antes, deixando-o pra trás com a cabeça apoiada nas mãos e os cotovelos sobre os joelhos. A última coisa que eu queria ter feito era ele sofrer, mas isso já tinha ido longe demais. Saí da festa, encontrando o garoto sentado na grama, encostado na parede com uma garrafa. Parei a sua frente, mais fraca do que aparentava.
- ...
- Ah... Aí está você. – Ironizou, dando um gole em sua garrafa.
- Eu...
- Como você espera que eu reaja à sua armadilha, hm? Você arruma um jeito de me trazer até a sua teia, me envolve com a nossa música... – Uma chama desconhecida se acendeu em mim. – Depois finaliza o seu ato escrevendo o seu “Felizes para sempre” com o .
- Ele vai embora... – Me encontrei sem saber o que dizer ou o que fazer.
- E o que eu tenho com isso? Por que eu tinha que te ver dando a despedida dele? Por que, , Por quê? – Me calei, tendo ele olhando diretamente em meus olhos, já de pé. Duas lágrimas quebraram seu orgulho, e por longos minutos permanecemos ali, conversando pelo olhar.
- Eu... Não... Consigo... – Tentei falar qualquer coisa, mas me beijou, calando de vez minha boca e só separando-nos quando lhe faltou ar.
O gosto da bebida amargou em meu paladar ampliado pela água gaseificada que eu havia tomado antes do show e o garoto parou, respirando suavemente a menos de cinco centímetros do meu rosto, o olhar fixo em minha boca, nossos corpos colados e mantidos por suas mãos em minha cintura. Começou a chover e, em poucos segundos, estávamos completamente molhados. Não resisti, segurando em sua nuca e lhe beijando novamente, completamente bêbada com o seu perfume. Quando nos separamos, senti que já não éramos os mesmos. Havia mais vida em cada um, e aquele olhar triste havia adotado um tom sapeca. Ri, encostando minha cabeça em seu ombro. Não parecia real. Era como um grande sonho-pesadelo.
– Eu não estou sonhando, estou? – gargalhou, dando um tapa em minha bunda. Escancarei minha boca, ainda sorrindo, porém indignada.
- Doeu? – Não resisti à ironia e o mordi, fazendo-o gritar.
- Doeu? – Rimos, mais molhados do que nunca.
- Nós não estamos sonhando. – Falou, me dando um selinho. Fechei os olhos, maravilhada.
- E se eu abrir meus olhos agora e não estiver mais aqui, mas na minha cama? – Mantive meus olhos fechados, ouvindo-o me dar uma risada malvada e segurar meu pescoço.
- Então melhor que não saiba – senti seus lábios molhados aos meus e fiz a tentativa de abrir meus olhos mais uma vez. Mas tudo se tornou embaçado e lentamente meu corpo foi adormecendo, deixando pra trás meu novo mundo perfeito. Ao longe, ouviam-se os aplausos por trás das cortinas, pois havia findado o show de marionetes.

FIM



N/A: EI, FAMILIA! MUAHAHAHAHA Morram de curiosidade querendo saber se foi sonho ou realidade u-----------u! *Eu cheia das rimas* Tanto ele pode ter posto ela pra dormir com um golpe certeiro no pescoço, quanto tudo pode ter sido um sonho. Ou então ele é um psicopata e quebrou o pescoço dela -q uhaushauhsuahsuah E então pessoas, gostaram? Se vocês gostaram, comentem, por favor *o* Quem sabe não chega uma continuação por ai, sim (:?
Besos, besos – Zeeyo


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