Prólogo

Anos de amizade... Nossas vidas divididas em conversas, lágrimas e segredos confessados. Ela já fazia parte da minha vida e sem perceber havia se tornado a dona do meu coração. Há pouco tempo eu descobri que estava sim perdidamente apaixonado por ela, mas o medo de confessar-lhe mais esse segredo, me custou algo muito valioso... A oportunidade de tê-la finalmente em meus braços!

Varanda da minha casa, Londres, 20 de Janeiro de 2003

Eu estava bem sentado na varanda da minha casa, com uma caneca quase cheia de chocolate quente em uma mão enquanto a outra segurava o livro Pride and Prejudice, que infelizmente eu teria de ler, já que Literatura Inglesa reprova e no último ano do colegial qualquer vacilo pode te custar à chance de entrar numa boa faculdade. E esse era o meu objetivo: cursar Arquitetura na famosa universidade inglesa de Oxford; ambicioso, eu sei, mas não impossível. Abri o livro depois de tomar um longo gole do meu chocolate quente.
- Vamos lá... Pride and Prejudice, por Jane Austen... - tentei me animar lendo o titulo do livro e procurei pelo primeiro capitulo. Assim que comecei a primeira linha, um barulho ensurdecedor de um caminhão se fez na rua da minha casa. Olhei curioso e percebi que ele estacionara na casa vizinha a minha. Logo atrás dele, estava parado um Audi a3 cinza, de onde saíram duas mulheres; na verdade uma mulher, que aparentava uns trinta anos e uma garota que parecia ter a minha idade. Fiquei parado olhando-as por um tempo, até que a garota percebeu e me olhou de volta. Sorri sem jeito por ter sido descoberto e ela retribuiu doce. Entraram na casa e logo depois, alguns homens que estavam no caminhão começaram a retirar os móveis e colocá-los dentro da casa. Decidido a ajudar adentrei minha casa, guardei o livro e coloquei a caneca na pia da cozinha.
- Aonde você vai ? - perguntou minha mãe assim que saí da cozinha.
- Vou ajudar as novas vizinhas com a mudança. - respondi meio alto, já que estava longe dela.
- Hum... Como você está prestativo hoje. Não demore e quando voltar trate de dar um jeito naquela zona que você chama de quarto, entendeu, ?!
- Entendi mãe. Tá bom, tchau... - falei abrindo a porta da minha casa. Andei alguns passos até chegar à frente da casa vizinha. A garota saia de dentro da sala para pegar algumas caixas pequenas que estavam sobre a calçada.
- Posso ajudar? - perguntei sorrindo educadamente.
- Ah! Não precisa se incomodar, eu e minha mãe damos um jeito em tudo. - falou um pouco envergonhada. Sua voz era doce e delicada, assim como o seu rosto e seu perfume.
- Eu insisto. - falei firme e ela sorriu. Peguei uma das caixas que estava sobre os seus braços. - Muito prazer, sou , seu vizinho. - disse estendendo, com certa dificuldade, uma das minhas mãos.
- Sou , sua vizinha, e o prazer é todo meu. - segurou minha mão e sorrimos antes de adentrarmos a sua mais nova casa e começarmos o trabalho duro.

Parque perto da minha casa, Londres, 07 de Março de 2003

- Sério, ? - falou ela espantada. Eu acabara de contar-lhe que uma garota da escola, a , tinha se jogado em cima de mim na maior na última festinha organizada pela mesma. A não foi convidada, porque era considerada por todos no colégio como a nerd, e todos sabem... Nerds e populares não se misturam. Mas isso não valia pra mim, já que eu era popular e tinha na a minha melhor, e talvez única, amiga.
- E o que você fez, hein? - falou curiosa, se sentando mais próxima a mim, com os olhos transbordando curiosidade;
- O óbvio, dei um fora nela. - falei e ela caiu em gargalhadas. A não ia com a cara da , assim como muitas outras pessoas no colégio. - Aquela patricinha é até bonitinha, mas eu não suportaria passar mais que dois segundos perto dela.
- Haha, eu não agüento nem esses dois - brincou e eu gargalhei. Ela deitou-se na grama do parque, se recuperando do riso e eu repeti seu gesto. Um vento forte e gélido bateu sobre nós e ela se encolheu com frio. Puxei-a pra perto de mim e a envolvi em meus braços, aquecendo-a. Aspirei seu perfume doce e senti que poderia passar a minha vida ali... Ao lado dela. Ficamos em silêncio por alguns minutos, até que ela o quebrou.
- , posso te contar um segredo? - perguntou-me meio receosa. Murmurei um “uhum” e senti-a respirar fundo antes de falar.
- Eu tô gostando de um garoto do colégio, mas acho que ele nem me nota. Eu não sei direito se devo falar com ele, ou deixar pra lá. Acho que ele não gosta de mim... Afinal quem gosta né?! Eu sou apenas uma nerd que se mudou pra cá, pra conseguir uma chance de entrar na Oxford...
- Hey, , para com isso - interrompi sua fala, meio irritado. - Que história é essa que ninguém gosta de você? E eu não conto não? - falei confuso e ela sorriu de leve. - Olha aqui, , você é muito especial, muito bonita, inteligente, carinhosa, divertida... Só esse carinha sendo cego pra não te enxergar, e idiota pra não gostar de uma garota incrível como você. - finalizei com um largo sorriso no rosto enquanto colocava uma mexa de seu cabelo castanho atrás de sua orelha.
- Obrigada por dizer coisas tão lindas pra mim, . - falou ela enquanto me abraçava forte. Retribui seu abraço e senti algumas lágrimas molharem a minha camisa.
- Hey não chore, , quero vê-la sorrindo sempre, todos os dias. - falei dando um beijo doce em sua bochecha. Ela fechou os olhos e respirou fundo. Olhei-a abrir os olhos e sorrir como uma criança. Estávamos com um pouco de fome, então decidimos comer um sorvete antes de voltarmos pra casa; ela escolheu de morango e eu de chocolate. Acabamos comendo um pouco de cada e depois voltamos felizes para as nossas casas. Deixei-a na porta de casa e dei cinco passos para chegar até a porta da minha.
- Até amanhã
- Até amanhã .

Universidade de Oxford, Oxford, 30 de Junho de 2006

- Aff, finalmente. Pensei que essas provas não fossem acabar nunca - reclamou , assim que passávamos pelos enormes portões da faculdade em direção a nossas casas. Em 2004, nós dois nos mudamos para casas vizinhas num bairro simples de Oxford. Eu cursava o quarto semestre de Arquitetura e ela o quarto semestre de Jornalismo. Adentramos o Audi a3 cinza, que antes era da mãe dela e que herdou assim que entrou pra universidade, e partimos.
- , onde você vai passar as férias? Estava pensando que poderíamos ir à praia junto com alguns amigos meus. Eles montaram uma excursão junto com as suas namoradas e me convidaram. Eu até quero ir, mas sozinho não. - ri um pouco e ela desviou seu olhar do trânsito para mim por alguns poucos segundos.
- Você quer me levar com você... Como sua... Namorada? - perguntou ela. Sua voz transparecia medo e ao mesmo tempo alegria. Estranhei sua reação e perdi as palavras. Sem saber o que dizer, acenei rapidamente que não. Não queria que ela confundisse as coisas; eu e ela somos apenas amigos. Ela me olhou cabisbaixa, e disse:
- Tudo bem, , eu posso sim, mas eu também queria visitar a minha mãe. Faz um tempo que não consigo falar com ela. Sinto saudades... - falou fofa com um olhar distante.
- Perfeito, , a gente volta da praia duas semanas antes e passa esse tempo com as nossas mães. Eu também preciso passar um tempo com a minha mãe e rever minha irmãzinha, que já deve estar bem grande. - finalizei sorrindo e chegamos as nossas casas.
- Então, nós viajamos dia dois, tá. Avisa pra Tia que nós vamos visitá-las, pra elas não viajarem. Vou ligar pra minha mãe também. Boa noite, . - me despedi com um beijo na sua bochecha, como sempre, mas dessa vez ela sorriu de um jeito estranho.
- Tá tudo bem, ? - perguntei curioso e confuso.
- Tá sim, , tá tudo bem. Boa noite e manda um beijo pra Tia , ok?! Até amanhã no Starbucks, como todo sábado de manhã, né?! - concordei com a cabeça e vi-a adentrar o seu apartamento. Entrei no meu, pensando no porquê dela estar aparentemente triste. Preferi não tirar conclusões precipitadas e decidi perguntar a ela depois. O seu ‘tudo bem’ não me convenceu!

DP Arquitetura, Londres, 10 de Agosto de 2010

- Sr. , o Sr. Ackles acabou de ligar para saber como está o andamento da planta de sua nova casa. - falou minha secretária, Genevive, adentrando a minha sala.
- Ah eu acabei de finalizá-la. Por favor, Genevive, guarde-a e ligue para ele avisando que já está pronta e na segunda pode buscá-la. - pedi a ela que, eficientemente, atendeu o meu pedido. A Genevive era uma ótima secretária; respeitosa, dedicada e acima de tudo, muito competente; nunca tive problemas com ela.
- Ah, Sr. , sua amiga ligou e disse que o espera pra jantar no seu apartamento às sete horas. Ela pediu que o senhor não faltasse, era algo muito importante. - falou ela enquanto se dirigia a porta da minha sala.
- Obrigada por avisar, Genevive, assim que você ligar pro Sr. Ackles pode ir para sua casa. Tenha um bom fim de semana. - desejei sorrindo com o telefone em mãos. Iria ligar pra e perguntar o que era assim tão importante. Disquei os números de seu celular e ouvi ansioso as chamadas. Na quinta vez, ela atendeu meio agitada; acho que estava no trabalho.
- O que a importante redatora da coluna Olhar Crítico, que é sucesso em todo o reino unido, deseja de um simples arquiteto londrino? - brinquei e ouvi-a sorrir animada.
- Haha, muito engraçado, . É que eu tenho uma ótima notícia pra te contar, mas ela merece uma comemoração. Então eu estou ordenando que você vá hoje ao meu apartamento, e se você não aparecer, eu corto o seu pescoço. - falou agressiva e eu fingi ar de medo.
- Ui, desse jeito nem tem como eu não ir né, ?! – respondi, fingidamente assustado e ela respondeu com um “uhum”. - Sério, eu fiquei curioso, mas vou aguardar até a noite pra saber.
- Bom menino, é assim mesmo. Obedeça as minhas ordens e largue a . - falou com voz de nojo. É isso mesmo que você está pensando, aquela mesma que eu chutei no colegial, hoje é a minha namorada. Pode parecer estranho, mas ela é uma pessoa legal e mudou muito com o tempo; mas ela e a ainda não se dão bem.
- , dá uma chance pra garota. Ela é legal. - defendi minha namorada.
- Só com você, , porque comigo e com as meninas ela é uma chata de galocha (n/a: Fundo do Baú essa hein? Hihi). - gargalhei com o que ela disse.
- Chata de Galocha, ? Você andou visitando a sua avó? - brinquei e ela riu junto comigo.
- Isso não importa, . A expressão não muda o que ela é e você bem sabe quem ela é. - ressaltou ela, me fazendo lembrar de uma vez que eu convidei a pra conhecer a minha família e ela se recusou, porque não poderia perder a liquidação de Natal do shopping.
- Ah isso não vem ao caso agora, . É melhor a gente mudar de assunto. Então, sete horas na sua casa certo?! - perguntei para confirmar o horário e desliguei o telefonema deixando o meu escritório. Cheguei em casa às seis horas da tarde; o trânsito londrino no fim de tarde de uma sexta-feira não é um dos mais rápidos. Fui tomar um banho rápido antes de ir pra casa da ; não queria chegar atrasado como da última vez, então tratei de ser rápido. Em alguns minutos eu já estava pronto e descia as escadas para jantar com a minha amiga. Peguei meu celular e as chaves do carro, fechei a porta e entrei no carro. Meu celular começou a tocar; olhei no visor e era o .
- E ae, , tudo bem? - perguntei animada colocando a chave na ignição.
- Tudo sim cara. Hey, nós estamos combinando de sair hoje a noite pra algum pub, quer ir? - perguntou animado e eu pude ouvir ao longe a voz da insistindo para que eu aceitasse.
- Manda um abraço pra, . - falei sorrindo e ele repetiu minhas palavras a ela, que desejou de volta. - Então , eu vou jantar com a hoje. Ela me chamou dizendo que tinha algo muito importante pra me contar. Não sei o que é e não quero deixá-la sozinha hoje. Eu já fiz isso uma vez e me custou três dias de silêncio e gelo da parte dela. - falei dando de ombros e ouvi mais uma vez a voz da perguntando a minha resposta.
- Ué leva ela também! Eu, a e a também vamos. - falou tomando o celular do . É melhor a companhia dela do que da sua linda namorada, a . - falou ela em tom de deboche e o reclamou com ela.
- , não liga pro que ela disse não cara. Se você quiser levar a , pode levar, mas leva a também. Faz tempo que eu não vejo aquela guria. - falou rindo.
- Ok, eu vou tentar convencê-la e vou tentar levar a também, afinal ela é minha namorada e eu ainda não desisti de fazê-la se dar bem com a e as outras meninas. - falei sincero e ele concordou. Desliguei a ligação e olhei a hora no celular. Sai apressado, pois já eram seis e cinqüenta e cinco; infelizmente eu chegaria atrasado mais uma vez. Corri o máximo que pude e cheguei a frente ao seu apartamento às sete horas e dez minutos. Estacionei o carro com cuidado e interfonei para o número 77, que era o de seu apartamento.
- Alô? - perguntou ela com a voz calma e eu agradeci aos céus; parece que ela ainda não estava chateada.
- , sou eu, o . Acabei de chegar aqui.
- Oi, . Espera um pouco que eu vou liberar a sua entrada. - falou desligando o telefone. Em poucos segundos a porta se entreabriu e eu subi às escadas que dão acesso ao seu apartamento. Ela me esperava na porta sorridente, como sempre. Apesar de estar em casa, ela estava linda. Usava um vestido estampado em branco e rosa um pouco acima do joelho, com uma rasteirinha dourada. Seus cabelos estavam presos num coque meio frouxo e seu rosto branco estava iluminado pelo seu lindo sorriso.
- ... - vibrou ela, me abraçando forte assim que cheguei próximo a ela. Retribui seu abraço na mesma intensidade e depositei um leve beijo em sua testa.
- Oi, minha pequena, tudo bem com você? - perguntei mais por costume; só pelo sorriso que ela estampava dava pra saber como ela se sentia.
- Uhum. Vem, entra, eu fiz a macarronada do jeito que você gosta: Com muito molho. – falou, me puxando pela mão para dentro do recinto e fechando a porta em seguida.
- Hum, Macarrão com muito molho... Me convide mais vezes hein, - brinquei e recebi um leve tapinha no ombro. - Mas então o que você tem de tão importante pra me contar? - perguntei curioso, sentando-me a mesa, enquanto ela trazia a travessa com o macarrão e um pequeno pote cheio de molho. Ajudei-a a colocar tudo sobre a mesa e ela sentou-se.
-Então, ... Lembra daquela faculdade na Dinamarca, que oferecia um curso de pós-graduação em Jornalismo Político? -começou ela e eu concordei com a cabeça. Era o sonho da fazer essa especialização na Dinamarca, mas ela nunca conseguira ser aceita; diziam sempre que ela tinha pouca experiência no ramo, apesar de ser uma ótima redatora e já trabalhar há dois anos no jornal The London Notice.
- Então, depois de inúmeras tentativas eu finalmente fui aceita. Minhas aulas começam mês que vem e duram dois meses... - ela sorriu com intensa alegria me olhando. Seus olhos brilhavam muito e seus lábios não desmanchavam o sorriso nem por um segundo. Apesar de estar muito feliz por ela finalmente realizar seu tão esperado sonho, eu me sentia triste por dentro; não sei como conseguiria passar dois meses sem a minha melhor amiga ao meu lado. Sorri fraco tentando disfarçar, mas ela percebeu.
- O que houve, , você não gostou da notícia? - perguntou confusa e triste. Acho que ela esperava que eu saísse pulando pela casa com ela no colo, festejando como ela fez quando eu inaugurei meu escritório.
- Não é isso, . Essa noticia é perfeita, é tudo aquilo que você sempre sonhou. Só sinto ter que passar dois meses longe de você. Meus dias não terão a mesma cor sem você do meu lado. - falei fazendo biquinho e ela se levantou e veio até meu lado e me abraçou com muita força.
- Eu também vou sentir muito a sua falta, . Você é meu melhor amigo e não terei ninguém pra conversar e cuidar de mim durante esses dois meses. Mas não se preocupe, eu prometo que ninguém nunca vai tirar o lugar, que já é seu dentro do meu coração. - falou manhosa e eu sorri. Largamos o abraço e permanecemos nos olhando por alguns minutos. Reparei em como a era linda; seus olhos castanhos e seus cabelos escuros davam a sua pele clara um charme todo especial. Sua boca rosada e bem desenhada era para mim, inexplicavelmente, atraente naquele momento. Por alguns segundos cogitei a possibilidade de beijá-la, mas em minha mente surgiu à imagem da e logo desisti.
- Ahh, minha linda, eu sei disso tudo e ninguém tira de você o que é seu, e cada pedacinho do meu coração foi entregue a você no dia que nos tornamos grandes amigos e, desde então, ele te pertence. - falei acariciando o seu rosto e percebi que seu sorriso desmanchou-se um pouco. Estranhei mas preferi não perguntar-lhe nada. Ela voltou a se sentar na cadeira e nós comemos em silêncio. Acabada a refeição, ajudei-a a recolher os pratos e lavei a louça suja.
- ... - chamei-a. Ela, que limpava o chão da cozinha com uma vassoura, dirigiu seu doce olhar para mim. Me aproximei dela e segurei uma de suas mãos - Desculpe se fui muito egoísta, mas saiba que eu desejo a você toda a sorte desse mundo. Sentirei sua falta, mas esperarei sua volta feliz por saber que você está feliz lá. - falei sincero e ela largou a vassoura e me abraçou com lágrimas nos olhos.
- Obrigada por entender, ... Eu Te amo muito. - falou com a cabeça em meu peito, enxugando algumas lágrimas.
- Eu também te amo, pequena, e nem precisa agradecer, esse é o meu papel como amigo: te apoiar. - falei olhando e ela sorriu entre lágrimas.
- Hey, não chore você tem que ficar feliz e comemorar esta conquista. - falei enxugando suas lágrimas. - O e a me chamaram pra ir ao pub hoje. Vamos comigo, daí você conta logo pra todo mundo de uma vez e já comemora conosco. - olhei-a esperando uma reposta. Ela pensou por alguns segundos e decidiu por ir. Esperei ela trocar de roupa e logo depois partimos para o meu carro em direção ao tal pub no centro da cidade onde nossos amigos estavam.

PUB Oasis, Londres, 10 de Agosto de 2010

Chegamos ao pub e logo avistamos nossos amigos sentados juntos numa mesa, conversando e bebendo.
- ! - gritou de forma desesperada, correndo em nossa direção e abraçando a com força.
- Oi, amiga. Que saudade de você. - falou em meio ao abraço. - Há tempos não passamos um tempinho juntas né?! - olhou para a que sorria boba; na verdade as duas sorriam.
- Ahh, você vive enfurnada naquele jornal e quando sai de lá só lembra de se encontrar com o ... Fica difícil pra gente competir com o amor da sua vida né?! - brincou e a corou instantaneamente.
- Pára com isso, , você sabe que nós somos só amigos - falou ela mais baixo, mas eu consegui ouvir. A sorriu e disse:
- Isso da parte dele, porque se dependesse de você seriam muito mais do que isso. - ela deu um leve tapa no braço da , que fez cara feia, mas logo voltou a sorrir. Nos dirigimos para mesa onde estavam sentados e , que surtou da mesma forma que a quando nos viu, e , que estavam comendo uns doces e por isso não responderam e nem gritaram, sentamos ao lado de , numa das três cadeiras vazias.
- E ae, , beleza? - perguntou assim que nos sentamos. – Hey, linda, tudo bem? - olhou para ela que sorriu e acenou que sim em resposta.
- Tudo beleza, . E ae, fizeram o que na nossa ausência?
- Nada além do de sempre... Comer, conversar e beber. - gargalhamos juntos e eu e a fizemos nossos pedidos. Conversamos animadamente, como nos tempos do colégio. As meninas decidiram dançar e nós ficamos sentados bebendo mais um pouco. Parei para observá-la se mexer com as amigas. Ela era linda e hoje estava ainda mais; não sei se a causa seria a pós-graduação ou por estar junto às amigas, mas ela irradiava felicidade. Seu rosto brilhava como o sol forte do meio-dia e seu sorriso era enorme. Sorri ao vê-la rebolar e as amigas repetiram o seu gesto rindo animadas.
- Ela é linda né, ? - perguntou , enquanto eu estava hipnotizado pela sua beleza. Acenei que sim com a cabeça e me virei para a mesa. - Não entendo porque vocês não ficam juntos de uma vez. Vocês se conhecem e se entendem desde sempre, além de formarem um casal bonito... - falou ele pensativo e me olhou. Fiz uma cara de reprovação.
- Isso nunca vai acontecer, . Eu e a somos e seremos apenas bons amigos. Ela é linda, carinhosa, divertida, mas eu não quero namorá-la - falei firme - E além do mais, eu já tenho namorada e estou muito bem com ela.
- Ahh, a sua namorada é aquela loira ali, com uma cara nada boa, na porta do pub, ? - falou , depois de beber um longo gole da sua cerveja. Olhei na direção da saída e avistei em pé ao lado de um segurança, batendo o pé e com um olhar mortal na minha direção. Levantei da cadeira e fui calmamente ao seu encontro.
- Boa sorte, dude! - desejou . Agradeci e me aproximei de . Assim que cheguei ao seu lado, nem tive tempo de falar e já recebi um tapa, muito forte, no rosto. Estranhei a sua ação e logo tratei de perguntar.
- Por que razão você nem falou comigo e ainda bateu no meu rosto, ? - disse irritado. Ela me olhou com ainda mais raiva que antes, cerrou os punhos e depois largou-os com certa força sobre o meu peitoral.
- Você quer saber o porquê, ? - falou intercalando soquinhos em meus ombros. - Você simplesmente não me avisou se iria sair hoje e eu fui ao seu apartamento, feito uma idiota, te ver. - falou fazendo biquinho. Sorri e a abracei com força; ela relutou um pouco, mas cedeu.
- Own, linda, era só isso? Desculpa é que eu fui jantar na casa da e depois nós viemos direto pra cá. Não consegui te ligar. – falei, enquanto afagava seus cabelos.
- VOCÊ FEZ O QUE COM AQUELA IDIOTA? - me largou com certa rapidez e força e logo seu rosto voltara a estar transtornado de raiva. Me irritei com a forma como ela se referiu a e logo tratei de defendê-la.
- Hey, , menos ok?! Foi um jantar em comemoração por ela ter conseguido a tão sonhada pós-graduação na Dinamarca e você não precisa chamá-la de idiota entendeu? - falei segurando o seu braço para que ela me encarasse. Ela o soltou e apontou seu dedo para mim.
- Ah, você quer mesmo que eu acredite nisso, ? Seja mais criativo e invente outra desculpa essa não colou. Você sempre dá preferência a essa garota; quando a precisa de ajuda pra matar uma barata, ela chama você; se ela brigou com o namorado e tá triste, ela chama você; se ela quebrou a unha do dedo mindinho do pé e tá doendo, ela chama você... E EU QUE SOU SUA NAMORADA, ONDE FICO NESSA HISTÓRIA, HEIN? - gritou tão alto, que algumas pessoas nos olharam assustadas. Puxei-a pelo braço para fora do pub.
- , para de dar showzinho garota. E o que já fiz por você, hein?! Quantas vezes eu já deixei de sair com os meus amigos, porque você precisava da minha opinião nas roupas que você queria comprar, ou quando o seu cachorro morreu hein? Disso você não lembra, né?! - falei irritado. Ela me olhou e abaixou a cabeça fungando um pouco.
- Desculpa, , é que nenhum dos seus amigos gosta de mim e eu não quero que você pense que é porque eu não me esforço para entendê-los. São eles que não vão com a minha cara... - falou melosa e eu a abracei.
- Ahh, linda, tenha um pouco de calma. Eles vão te entender e aprender a gostar de você assim como eu aprendi tá?! - olhei-a e ela sorriu. Dei um selinho e nós voltamos para dentro do pub, para curtir a noite junto aos meus amigos.

´s POV

Olhei para a mesa onde os meninos estavam sentados e vi algo que não queria: sentada ao lado do , sorrindo levemente e bebendo alguma coisa, enquanto olhava para um carinha do bar. Me indignei com sua atitude, mas preferi não causar nenhum escândalo. Continuei dançando com minhas amigas; a se balançava de um jeito muito engraçado com as mãos nos quadris junto a . Eu e a só riamos daquelas duas e , vez ou outra, repetíamos seus passos.
- , você gosta do ? - perguntou se aproximando de mim, sendo seguida pelas minhas outras duas amigas curiosas.
- Por que você tá perguntando isso, ? - falei meio sem jeito.
- Ahh, , para com isso vai. Tá estampado na sua cara que você gosta dele. - falou , sempre pra frente.
- Sério? - perguntei insegura e olhei para ele, que no momento, beijava a bochecha da namorada.
- Haha, eu sabia! Viu você assumiu; gosta mesmo do ! - berrou , mas para a minha sorte (e a dela também) o som estava alto e ele estava bem longe de nós.
- , para de gritar. Assim todo mundo vai acabar sabendo. - falei tapando sua boca. Ele fingiu estar chateada, mas sorriu e pediu desculpas. - Tá eu assumo; eu gosto sim do , e é há bastante tempo já! - me rendi às pressões e confessei de uma vez. Abaixei a cabeça e aproximou sua mão e levantou-a.
- Então porque vocês nunca tiveram nada, ? -perguntou com um olhar terno no rosto. Suspirei tentando evitar que lágrimas caíssem sobre a minha face.
- Ahh, porque nós sempre fomos muito amigos e eu nunca contei nada pra ele; pelo menos não diretamente. E também ele começou a namorar a , daí eu acabei desistindo. - dei de ombros e elas balançaram a cabeça em compreensão.
- Ahh, mas tudo vai ficar bem, . Você vai encontrar alguém legal que goste mesmo de você, ou até mesmo o , quando ele perceber que a namorada dele é uma vaca que sai por ai se oferecendo pra todo mundo. - disse , apontando com a cabeça na direção da que levantara na mesa e passara sorrindo em frente ao rapaz do bar que olhava antes. Fiz cara de nojo e olhei pro meu amigo, que nem notara a ação daquela garota.
- E as chances agora estão maiores, ... - falei e elas fizeram caras confusas; sorri e elas ficaram ainda mais confusas. - Lembram daquela pós-graduação na Dinamarca que eu venho tentando fazer há quase dois anos? EU CONSEGUI! - vibrei e elas sorriram e vieram me parabenizar com abraços. Dançamos por mais alguns minutos e decidimos voltar para a mesa; estávamos todas cansadas e com muita sede.
- Hey cansaram? Vocês dançaram bastante hoje, né? - brincou assim que chegamos próximo a mesa.
- Uhum, Amor. Tínhamos que comemorar né?! - falou olhando para mim. Sorri e percebi as caras de “hãn” dos três rapazes. Eu, o e as minhas amigas rimos muito com isso e eles ficaram ainda mais confusos.
- Eu fui selecionada para a pós-graduação na Dinamarca, depois de tentar durante quase dois anos. - contei e os três pularam de suas cadeiras para me parabenizar. Depois de muitos beijos, abraços e desejos de boa sorte, eles decidiram se sentar e me deixaram sentar também. Virei sorrindo para ir em direção ao meu assento e esbarrei na .
- Own, me desculpe. Eu não vi você! - falei sincera e ela sorriu debochado. Me dirigi ao meu lugar, entre o e a e bebi um pouco da minha bebida.
- E então o que todos comemoravam? - perguntou . virou em sua direção e contou-lhe tudo. - Ah meus parabéns, ! - falou estendendo a mão para mim. Retribui seu gesto. - Agora meu namorado vai me dar mais atenção. A “sinhazinha” dele vai dar folga, né?! - ela falou umas coisas sem noção e eu olhei para os meus amigos e depois para o , que pedia para que ela ficasse quieta.
- Perdão, , mas eu não entendi. - falei confusa, assim como os outros sentados à mesa. Ela sorriu sarcástica e continuou a dizer.
- Ah, minha querida, não finja não saber do que eu estou falando. Você sabe muito bem que o faz todos os seus desejos e isso só acontece porque ele tem pena de você, porque é a única que não tem namorado e que vai passar a vida inteira apaixonada por alguém que nunca vai ter... - falou sorrindo com ar de vitória e puxou-a da mesa, levando-a para fora do pub. Eu fiquei sem palavras depois de ouvir todas aquelas barbaridades. Ela saiu esbravejando e repetindo que eu viveria na solidão. Fiquei estática por alguns minutos e por mais que quisesse as lágrimas não foram contidas. saiu do seu lugar e me levou até o banheiro.
- , você tá bem? ? Responde amiga... - ela me chamava, mas eu não conseguia pensar em nada além das palavras envenenadas daquela garota. Ela me sacudiu e por fim eu despertei.
- Hãn, o que foi, ? - falei meio tonta. Ela me encostou à parede e me olhou de um modo estranho.
- Você tá bem, ? - perguntou ela mais uma vez. Tentei dizer que sim, mas as lágrimas denunciaram o meu estado. Ela me abraçou dizendo que tudo ficaria bem.
- Não liga pra isso, . Você sabe que a é uma cobra e que o nunca seria seu amigo só por pena; ele gosta mesmo de você. - falou enxugando uma lágrima sobre a minha bochecha.
- Eu sei sim, , mas ela tem razão em uma coisa: Ele nunca vai ser meu. Ele só gosta de mim como amiga e eu quero mais que isso. Infelizmente ele não pode me dar... - dei de ombros e enxuguei as lágrimas que ainda teimavam em cair. Lavei o rosto e nós duas saímos do banheiro.
- , não leva a sério o que aquela garota disse. Ela é louca! - falou me abraçando. e os meninos repetiram seu gesto e eu decidi que era melhor ir pra casa. Esperei alguns minutos por um táxi e percebi que há alguns metros da entrada do pub, estava parado um Audi Preto. Reconheci o carro e percebi que o discutia com a lá dentro. Desviei o meu olhar e o táxi chegou. Ao mesmo tempo que eu me dirigia ao táxi, um rapaz foi e nós tocamos juntos na maçaneta da porta.
- Own, me desculpe. Você chegou primeiro - falou educadamente. Sorri e vi-o se afastar.
- Espere. Pra onde você vai? Podemos dividir a corrida, daí você não precisará esperar tanto, - sorri e, por coincidência ela morava há duas quadras do meu apartamento. Entramos no táxi e anunciamos o local ao motorista.
- Qual o seu nome? - perguntou ele assim que o motorista deu partida.
- , mas pode me chamar de . - sorri de leve e ele fez uma carinha confusa muito fofa.
- é engraçado! Muito prazer sou, . - respondeu estendendo a mão. Retribui seu gesto e nós fomos conversando por todo o caminho.

´s POV Fim

- o que você pensa que fez lá dentro, hein, ? - berrei dentro do meu Audi Preto. Como ela pode falar aquele tipo de coisa da minha melhor amiga?! Essa garota não tinha mesmo nenhuma noção.
- Eu só falei a verdade, . Ela gosta mesmo de você e também te faz de escravo. Tudo dela é com você, só com você! - gritou ela tentando explicar o inexplicável. Olhei-a com muita raiva.
- Ela pode até gostar mesmo de mim, mas eu estou com você agora e eu não sou escravo de ninguém; nem seu, nem dela. E mesmo que fosse isso não te dá o direito de ofendê-la daquela forma. Você agiu com baixeza, ... - disse irritado e novamente ela abaixou a cabeça.
- Desculpa, amor. Eu só queria te defender dela; Você é muito ingênuo e não percebe que ela está jogando com você. - falou ela da cabeça baixa e eu a levantei.
- Obrigada por se preocupar comigo, mas se você continuar agindo assim, vai me magoar muito. A é minha melhor amiga e eu dou atenção a ela, porque sempre que eu precisei, ela estava lá e agora é a minha vez de apoiá-la e ajudá-la, entende? - falei acariciando seu rosto e ela deu de ombros.
- Eu vou te deixar em casa e depois nós dois vamos juntos à casa da pedir desculpas a ela, ok?! - falei e ela me olhou surpresa. Ela abria boca para reclamar, quando eu disse - E eu não aceito não como resposta, . Você agiu muito mal com ela hoje e você sabe que ela merece o seu pedido de desculpas - ela se rendeu e aceitou. Dei um selinho e parti dali em direção a sua casa. Deixei-a e voltei para o meu apartamento e assim que adentrei, disquei os números do celular da . Foi para a caixa de mensagens; tentei mais duas vezes e só dava a mesma resposta. Liguei para a sua casa e nada; tentei mais duas vezes e ainda nada. Decidi deixar para depois. Amanhã eu iria à sua casa junto da e tudo ficaria bem claro. Tirei as roupas que usava e deitei-me para descansar, mas em minha mente só vinham as palavras da e a reação da : de um lado duras revelações e do outro o silêncio somado à uma feição de desespero e dor... Fiquei confuso sobre como agir e também não entendia o porquê de me incomodar tanto saber que a pode talvez gostar de mim como mais que um amigo. Fiquei algumas horas, que na verdade eu não havia percebido se não fosse o meu relógio despertar às quatro horas da manhã, apenas pensando nessa possibilidade. Decidi descansar para que estivesse bem quando fosse colocar a minha namorada e a minha melhor amiga frente a frente; apesar de não ser do feitio da e de eu ter conversado com a , eu poderia esperar que tudo acontecesse.

Apartamento da , Londres, 11 de Agosto de 2010

Eram dez e meia da manhã quando eu e a chegávamos ao apartamento da . Interfonei e ela atendeu depois de alguns segundos.
- Alô? - perguntou com voz de sono. Sorri e respondi brincalhão.
- Dormindo até essa hora menina? - ela reconheceu minha voz e disse que já abria a porta. A porta se abriu e eu olhei na direção da minha namorada, que aparentava apreensão. Segurei sua mão encorajando-a e ela sorriu. Subimos às escadas em silêncio até chegar ao apartamento da minha amiga. Ela nós aguardava de pé em frente à porta; assim que nós viu juntos, seu sorriso se desfez.
- Bom dia, ! - desejei abraçando-a forte. Ela retribuiu meio sem jeito e cumprimentou que sorriu.
- Entrem, vamos. Sintam-se em casa. - falou ela abrindo a porta e nos fazendo passar por ela. Nos sentamos em um do seus sofás e esperamos que ela sentasse junto a nós. Ela fechou a porta, lavou as mãos e aproximou-se de nós, sentando no sofá a nossa frente.
- E então o que fazem os dois por aqui a essa hora da manhã? - perguntou divertida. Sorri e olhei para , que nem prestava atenção. Cutuquei seu braço e ela voltou sua atenção para nós dois. Respirou fundo e disse:
- Então, ... Eu vim te pedir... Desculpas!

´s POV

- Perdão, eu ouvi bem? Você disse que veio até aqui pra me pedir desculpas? - perguntei surpresa olhando para o rosto do meu desafeto, posso dizer. A estava na minha casa ao lado do às dez da manhã apenas para me pedir desculpas? É lógico que ela não tá bem, com certeza está doente ou foi obrigada.
- Ouviu sim, , eu vim até aqui para me desculpar por tudo o que eu disse ontem. Eu acabei confundindo às coisas e joguei em você algo pelo qual não tem nenhuma culpa. Perdão por ter dito que você ficaria sozinha pelo resto de sua vida, esse sem duvida, não é o meu desejo. - falou e por mais que eu desconfie, ela me pareceu bem sincera. Olhei para o que olhava atentamente pra nós duas. Lembrei-me de ontem enquanto dançava, de como ele estava feliz ao lado dela; por mais que ver aquilo doesse dentro de mim, eu não poderia negar: ele gosta mesmo dela, e como amiga eu teria de aprender a pelo menos conviver com ela.
- Ahh, , eu fiquei surpresa de te ver aqui na minha casa apenas para me pedir desculpas, mas também estou feliz por isso. Tudo o que aconteceu ontem foi sim muito ruim, mas já passou. Deixemos o passado no passado, ok? - falei sorrindo e ela concordou com a cabeça. Sorrimos e o beijou a sua bochecha.
- Eu vou ao banheiro e já volto. - falou ele se levantando e sorrindo. Olhei para ela que sorria e suspirei. É talvez eu possa dar uma chance a ela, como o pediu.
- Então, , você quer uma água, suco, bolachas? - perguntei simpática e ela desviou seu olhar do corredor para mim.
- Olha aqui, garota, eu só vim até aqui e fingi te pedir desculpas porque o pediu, porque sinceramente eu penso tudo aquilo que eu te falei. Pouco me importa se você ficou magoada comigo, eu só quero manter o meu homem ao meu lado, e se pra isso eu precisar fingir ser sua amiga, eu farei. - falou apontando o dedo para mim e falando quase que inaudívelmente - Eu só vou dizer essa vez... Fica longe do meu , entendeu?! Ou você vai pagar muito caro por isso. - finalizou e eu fiquei horrorizada. Como ela pode ser tão falsa e egoísta? Meu Deus, o precisa saber quem é essa garota! Pensei em rebatê-la, mas o vinha andando no corredor. Ela sorriu como se nada tivesse acontecido e ele sentou ao seu lado. Tentei parecer natural, mas toda aquela informação era demais pra mim.
- Tá tudo bem, ? - perguntou ele preocupado. Olhei para que fazia uma cara nada boa para mim, mas preferi arriscar; ele era meu amigo e merecia ser feliz e, com certeza ela não era a pessoa certa.
- Err... Não está não Dougster. Eu sinto muito em te dizer isso, mas a não é quem você pensa. - comecei e ele me olhou estranho. - Esse pedido de desculpas dela é só uma fachada pra te convencer que nós implicamos com ela, mas ela só veio até aqui porque você pediu, só pra não perder você. - pausei e seu olhar se tornou raivoso.
- Porque você age assim, hein, ? - perguntou ele com a voz alterada. - A veio até a sua casa com toda a bondade pra te pedir desculpas e é assim que você devolve o esforço? - disse muito irritado.
- Eu não estou agindo de jeito nenhum, , é apenas a verdade. Ela própria me disse quando você foi ao banheiro. Eu nunca inventaria uma coisa dessas pra te machucar... - falei meio desesperada por ele não acreditar em mim. Ele virou-se na direção de e olho-a nos olhos.
- Por favor, não minta pra mim, ... Você realmente disse todas essas coisas? - perguntou ele aflito. Olhei para ela, que com naturalidade abriu a boca e disse que não havia pronunciado nenhuma palavra sobre isso.
- MENTIRA! - berrei assim que ela acabou de falar - , por favor, acredita em mim. Ela disse sim tudo isso; Ela não ama você de verdade; só está com você porque é conveniente, mas é só aparecer um cara mais rico que ela vai te deixar. Mas eu não; eu sempre estive ao seu lado. Nós somos amigos desde sempre, por favor, confia em mim. - implorei olhando em seus olhos. Ele desviou o olhar para o teto mordendo os lábios.
- Cala a boca, ! Você só tá dizendo isso porque quer ficar comigo, mas sabe que nunca vai poder, pelo menos não enquanto eu estiver namorando a , daí fica criando essas histórias pra me separar dela. Entende uma coisa, ... EU NÃO VOU NAMORAR VOCÊ! Eu amo a e é com ela que eu vou ficar, e se vocês não a aceitarem, infelizmente eu terei que me afastar de todos. - falou transbordando ódio. As lágrimas começaram a cair e minhas palavras sumiram. Vi-o pegar na mão da namorada e sair pela porta do meu apartamento, batendo a porta sem cerimônia, mas não antes que eu pudesse vê-la sorrir vitoriosa, indo atrás dele. Peguei uma das almofadas do sofá e joguei na porta, como se assim pudesse atingi-la e cai e joelhos sobre o sofá derramando todo o meu choro em seguida. Adormeci pensando em como as coisas haviam tomado esse rumo tão doloroso. Despertei no outro dia decidida a esquecê-lo de uma vez: se ele não foi capaz de confiar em mim, agora eu não faria questão de receber a sua confiança. Levantei do sofá e me arrumei para planejar a minha viagem. O tempo estava passando e eu não poderia perder mais nenhum segundo.

´s POV Fim

Depois do episódio no apartamento da eu não a vi mais. Perdi o contato com todos os meus amigos, me afundei no trabalho e sai algumas vezes com a . Passaram-se duas semanas desde aquele dia e o mês de agosto chegava ao fim, anunciando setembro e a viagem dela estava próxima. Em alguns momentos eu sentia falta de conversar com ela e sorri ao seu lado, mas em minha mente martelavam as suas palavras sobre a . Balancei a cabeça para afastar esses pensamentos e voltei ao desenho das plantas.
- Sr. , o Sr. está na linha um. - anunciou Genevive. Agradeci e atendi a ligação do .
- Oi, . - falei meio cansado.
- Nossa cara, quanta animação, hein?! Mas deixa quieto, e ae você tá bem? - questionou preocupado.
- Tô sim, só estou meio cansado. E você como anda? E os outros guys? - perguntei um pouco mais animado; era sempre bom conversar com amigos.
- Tá todo mundo bem e com saudade de você, e da também!
- Da ? Ué ela não tá andando mais com vocês? - perguntei curioso.
- Nem, ela está organizando tudo da viagem dela e tá saindo com um tal de . O cara até é legal, mas num parece ser o estilo dela. Mas ela tá feliz, né?! - Hãn, a saindo com alguém antes de viajar? Estranho, ela sempre coloca o trabalho acima dos relacionamentos.
- Ahh, mas desencana que daqui a pouco ela vai viajar e encontra alguém mais legal. - falei despreocupado, ela sempre fazia isso quando o namoro atrapalhava o trabalho.
- Você que pensa, meu caro. Ele é dinamarquês e a empresa em que ele trabalha é uma das patrocinadoras do curso que ela vai fazer. Eles têm tudo pra ficar juntinhos durante todo esse tempo. - disse como se quisesse me alertar.
- Sim e porque você está me dizendo isso mesmo, hein? - perguntei tentando demonstrar desinteresse pelo assunto, o que sem duvida era mentira.
- Pra ver se você acorda e trata de reconquistar a sua melhor amiga. Eu não consigo acreditar que no momento mais importante da vida dela, você vai ficar de bode com ela.
- Ela acusou a de algo que ela não fez, . Isso é difícil de perdoar. - falei de forma alterada.
- Ahh , se liga. A tá com você por interesse cara, e não foi a que disse isso pra mim, eu vejo... Todo mundo vê, menos você! - disse ele num tom mais baixo. Ficamos alguns segundos em silêncio, que foi quebrado por mim assim que Genevive me avisou que seu horário de trabalho se encerara.
- , eu to indo pra casa agora. Vou pensar no que você disse. Valeu por se preocupar comigo e por ter ligado. Até mais.
- Que nada, cara, amigos servem pra isso mesmo. Pensa mesmo, ela vai gostar de resolver isso com você antes de ir embora. - Nos despedimos e eu deixei o meu escritório. Decidi passar na casa da de surpresa para conversar com ela sobre a . Toquei a campainha e sua mãe, que estava visitando-a, atendeu;
- Olá, dona Sara, a está? - perguntei sorrindo de leve.
- Está sim meu querido. Entre eu vou chamá-la. - falou, mas eu a impedi.
- Não precisa, eu subo. Quero fazer uma surpresa pra ela - ela sorriu e me deu passagem. Agradeci e subi às escadas daquela casa vagarosamente, para evitar muitos barulhos. Assim que cheguei ao corredor dos quartos, ouvi a sua risada. Sorri e me aproximei da porta do seu quarto. Ouvi meu nome ser pronunciado ao telefone, que estava no viva-voz. Ela devia estar escolhendo uma roupa; sempre fazia isso!
- E o , ? Ele gosta mesmo de você, garota. Vai simplesmente dar um pé na bunda dele, é?! - perguntou uma menina no telefone. Como assim vai me dar o fora? E por quê?
- É óbvio, Ana! Ele não me serve mais. O Jean é mais bonito e mais rico que o , e faz todas as minhas vontades. O é muito chato e aqueles amigos insuportáveis dele ainda vêm de bônus; aquela tal de é a pior deles. - falou com nojo na voz me deixando enojado da mesma forma. Esperei que ela terminasse todas as barbaridades que falava e dei dois toques leves na sua porta.
- ENTRA - gritou de dentro do quarto. Girei a maçaneta da porta calmamente e adentrei o seu quarto. Assim que me viu, ela ficou pálida e sorriu sem jeito. Tentei me controlar e não esbocei nenhuma reação. - Meu amor... - falou ela desligando o celular vindo me abraçar. Afastei-a antes que chegasse perto de mim e limpei as minhas mãos em minha calça.
- O que houve, ? - ela me olhou com a maior cara de sonsa do universo. A raiva tomou conta de mim e, apesar de estar dentro da sua casa, não contive o tom de voz.
- você é uma vaca mesmo, ! Eu ouvi tudo o que você disse sobre mim e agora eu percebi como eu fui idiota. Como eu pude escolher alguém como você a minha melhor e única amiga. Desde o inicio a tinha razão. Você não vale nada mesmo. Nunca valeu, mas eu idiota me deixei levar pela sua lábia. - cuspi todas as palavras na sua boca e ela me olhou assustada.
- , espera. Deixa eu expli... - ela tentou falar, mas eu não queria ouvir uma só palavra a mais daquela boca nojenta.
- Cala a boca, . Espero que você entenda que a partir de agora nós não somos nada além de conhecidos. Faça um favor pra nós dois e seja feliz com mais esse paspalho que caiu nos seus encantos. Me esqueça e me deixe em paz! - sai do seu quarto sem esperar que ela dissesse nada. Pedi desculpa a dona Sara pelos gritos. Deixei aquela casa me sentindo um nada. Desde o inicio eu fui usado e agora eu posso ter perdido a melhor amiga que eu poderia ter por conta dessa idiota. Entrei no meu carro e sai em direção ao apartamento da decidido a pedir-lhe desculpas e reparar tudo o que antes havia dito. Acelerei e em poucos minutos já chegava ao seu apartamento. Interfonei, mas ninguém atendeu. Tentei mais três vezes e nada; acho que ela não estava em casa. Voltei para o meu apartamento decidido a voltar lá amanhã e tentar conversar com ela.

Aeroporto de Londres, Londres, Agosto de 2010

´s POV

Finalmente chagara o dia da minha viagem. Eu e estávamos sentados nas cadeiras do Aeroporto esperando a chamada do nosso vôo. Ele lia o jornal do dia e eu ouvia musica no meu Ipod. Parei para observá-lo um momento. Ele era lindo, simpático, inteligente, me fazia bem, mas infelizmente não conseguia tirar de mim o amor que entreguei ao . ... Como será que ele está? Ainda namora aquela garota? Será que lembra de mim? Todos esses pensamentos passaram pela minha cabeça junto a um turbilhão de sentimentos e palavras não ditas.
- ? Tudo bem? - perguntou me olhando. Sai do transe e sorri em resposta. Ele voltou a ler seu jornal e eu olhei entediada para as pessoas no aeroporto. Alguns choravam ao lado dos seus parentes, por infelizmente, estarem partindo; outras sorriam alegremente com a chegada de alguém. Uns comiam, outros bebiam e umas seis pessoas acenavam na minha direção com carinhas que mesclavam da alegria a tristeza. Sai correndo feito louca pelo saguão do aeroporto e abracei a com toda a força que eu tinha no momento. As outras duas se juntaram a nós e eu derramei lágrimas por saber que passaria um tempo longe delas.
- Pensei que vocês não vinham se despedir de mim. - falei chorosa e elas sorriram enquanto enxugavam suas lágrimas.
- Impossível, . Amigos nunca esquecem os amigos. - falou .
- Ahh, , não acredito que vou passar dois meses sem te ver... Aiii, Jesus, vou desidratar chorando desse tanto! - falou , me abraçando e chorando mais. Abracei-a com força.
- Passa rapidinho, e você tem o pra te fazer companhia na minha ausência e pro resto da vida né, zinho? - falei olhando para ele que se aproximou de mim e me abraçou.
- , tem alguém que te procurou a semana inteira pra te pedir desculpas, mas ele não te achou... - sussurrou ele no meu ouvido e logo eu passei meu olhar pelo aeroporto à procura do , mas não encontrei. largou o abraço e logo depois e vieram me desejar uma boa viagem. Ficamos conversando por alguns minutos até ouvirmos a primeira chamada do vôo. se despediu de todos e levou nossas coisas. Eu fiquei por mais alguns segundos me despedindo dos meus amigos na esperança que ele aparecesse. Ouvi a segunda chamada e nada do aparecer. Esperei mais um pouco e ele não apareceu. Decidi que era hora de ir, peguei minhas coisas, me despedi mais uma vez dos meus amigos e me dirigi ao portão de embarque.
- , espera! - ouvi um grito alto e me virei para ver quem era. Lá estava ele, com o cabelo despenteado e o rosto vermelho, correndo em minha direção. Corri de volta e assim que estávamos perto o suficiente, larguei minha bolsa no chão e o abracei com todas as minhas forças. Ele me tirou do chão e girou no ar. Minhas lágrimas de saudade molhavam a sua camisa branca e as dele molhavam o meu pescoço.
- , me perdoa, por favor. Você tava certa desde o começo; eu fui um idiota por ter falado aquelas coisas com você. Me perdoa, me perdoa por favor - pediu ele segurando as minhas mãos com lágrimas nos olhos. - Desculpe ter demorado tanto pra chegar, eu não consegui fugir do trânsito e... - coloquei o meu dedo indicador sobre seus lábios e ele se calou.
- , se acalma você está aqui agora. Eu perdôo você sim; ela te enganou e você não teve culpa de ter gostado dela. E essas foram as piores três semanas da minha vida. Eu morri de saudade de você! - falei e ele me abraçou com força.
- Me desculpe por tê-la feito sofrer tanto. - ele falou e ouvimos a última chamada do meu vôo. O olhei e ele sorriu me encorajando. - Vai lá, . Realize o seu sonho e seja muito feliz. Estarei esperando você voltar aqui. Nunca esqueça que eu a amo muito. - falou e beijou a minha bochecha.
- Eu também te amo, meu amigo. Te ligo todos os dias que puder. Beijos pra todos. - falei um pouco mais alto para que os outros ouvissem. apareceu na entrada do portão e eu fui ao seu encontro. Virei para dar tchau e vi meus amigos juntos torcendo por mim. Seriam dois longos meses, mas pelo menos agora eu tinha todos os meus amigos ao meu lado.

´s POV Fim

Já se passaram quase dois meses desde a viagem da e as coisas estavam bem, mas a falta que ela fazia ficava cada vez mais clara. Eu voltei a sair com os meus amigos e suas namoradas e nós sempre acabávamos falando dela; quando isso não acontecia, eu permanecia no vazio. Ela ligava pra mim todos os dias, me contando como estava sendo o curso, a vida na Dinamarca e também sobre o seu namoro com o , que parecia realmente ser um cara legal e a fazia bem. Senti um pouco de ciúme dele por estar no lugar que eu julgava meu; como amigo, como namorado, seja qual fosse a forma, EU deveria estar lá com ela e não ele; mas eu fui muito idiota e acabei perdendo a minha chance. Voltei a olhar para os desenhos em cima da mesa. Todos eles estavam ruins e meu prazo pra entregá-los estava acabando. Tentei mais uma vez desenhar alguma coisa que prestasse, mas a minha mente estava repleta dela; cada gesto seu, seu jeito, seu perfume, seus carinhos e cuidados comigo, sua risada... Cada instante que eu passei ao seu lado martelavam dentro de mim, me causando inquietação, saudade, me despertando pra algo que eu sempre senti, mas nunca soube nomear...

You only stay with me in the morning
(Você só quer ficar comigo de manhã)
You only hold me when I sleep,
(Você só me abraça quando eu durmo)
I was meant to tread the water
(Eu fui feito para caminhar sobre a água)
Now I've gotten into deep
(Mas agora eu fui fundo demais)
For every piece of me that wants you
(Para cada pedaço meu que te quer)
Another piece backs away
(Há um outro que não)


Lembrei das nossas tardes no parque...

- Pára, ! - disse ela correndo pra longe de mim, que estava pronta para fazer-lhe muitas cócegas. - Por favor, , eu tô cansada. - ela pediu caindo na grama. Subi em cima dela e sem piedade comecei a fazer cócegas na sua barriga. Ela gargalhava alto e eu também por vê-la tentar fugir das minhas mãos. As outras pessoas olhavam para nós dois com sorrisos bobos no rosto.
- - falou ela ofegante ainda sorrindo - Por favor, minha barriga tá doendo já. Pára! - pediu manhosa fazendo biquinho e eu não pude continuar. Sai de cima dela e ela sentou-se respirando fundo. Sorri ao observá-la fechar os olhos ao sentir a brisa fresca bater em seu rosto.
- Você é linda, ! - pensei alto enquanto a olhava. Ela me olhou um pouco assustada, mas parecia feliz. Eu sorri envergonhado e ela beijou minha bochecha.
- Você também é lindo, , e muito engraçado também. - riu um pouco e eu agradeci fingindo estar corado.
- Palhação! - ela gargalhou e deu um tapa no meu ombro.

Cause you give me something
(Porque você me dá algo)
That makes me scared, alright,
(Que me faz sentir medo)
This could be nothing
(Isso poderia não ser nada)
But I'm willing to give it a try,
(Mas estou disposto a tentar)
Please give me something
(Por favor, me dê algum sinal)
Cause someday I might know my heart
(Pra que algum dia eu possa conhecer meu coração)


Dos nossos segredos revelados…

- Então, , você se apaixonou por alguém e não foi correspondida? – Fiz a minha última pergunta. Nós estávamos jogando, e nesse jogo cada um responderia cinco perguntas reveladoras sobre si mesmo, depois as respostas seriam escritas e enterradas no quintal da minha casa, para que um dia nós voltássemos lá e relêssemos todas elas.
- Ahh já sim, . Tem um tempo que eu gosto dele, mas ele não me nota desse jeito. O que é pior é que tenho medo de falar pra ele e acabar afastando-o de mim. - falou ela de cabeça baixa. - Se eu não posso tê-lo como namorado, quero tê-lo ao menos como amigo...

You already waited up for hours
(Você esperou durante horas)
Just to spend a little time alone with me,
(Só para ficar um pouco sozinha comigo)
And I can say I've never bought you flowers
(E eu posso dizer que nunca comprei flores para você)
I can't work out what they mean,
(Não sei o que elas significam)
I never thought that I'd love someone,
(Nunca pensei que eu amaria alguém)
That was someone else's dream
(Esse era o sonho de outra pessoa)


Lembrei-me de todas às vezes que ela sorria ao ouvir que eu a amava, e de como eu me sentia ao vê-la ao lado de qualquer outro garoto que não fosse eu. Recordei de todos os momentos que passamos juntos e notei que apenas neles eu fui realmente feliz. Ela me fazia bem, me ajudava, me apoiava, me amava... E eu a amava também. Desde sempre eu a amava, mas era cego demais pra perceber isso. E agora ela está longe de mim e ao lado de outro que faz bem a ela. É infelizmente agora que eu consegui enxergar que eu amo demais aquela garota, ela decidiu dar a si mesma uma chance de ser feliz longe de mim.

Cause you give me something
(Porque você me dá algo)
That makes me scared, alright,
(Que me faz sentir medo)
This could be nothing
(Isso poderia não ser nada)
But I'm willing to give it a try,
(Mas estou disposto a tentar)


- Com licença, Sr. ! - falou Genevive, entrando na sala e me encontrando debruçado sobre os milhares papéis sobre a minha sala. - O senhor está bem? - perguntou preocupada. Levantei vagarosamente a cabeça e olhei-a. Ela sorriu sem jeito ao ver o meu estado.
- Não ,Genevive. Eu acabo de constatar que a mulher da minha vida esteve ao meu lado durante sete anos e eu não havia percebido. E quando eu finalmente descubro quem era, ela partiu e vai começar a vida ao lado de outra pessoa. - lamentei e ela fez uma expressão pensativa. Estranhei, mas esperei que ela se pronunciasse.
- A senhorita está noiva? Já casou? - perguntou séria e eu acenei que não. - Então eu gostaria de entender o que e o senhor ainda faz sentado ai nessa cadeira, enquanto o amor da sua vida está prestes a tentar ser feliz com outra pessoa, mesmo ela não sendo a pessoa certa?! - falou com o olhar tipo “se liga Mané, tu vai perder a mina de vez”. Entendi o recado e sai correndo da minha sala em direção a minha casa para arrumar as minhas malas; eu iria à Dinamarca reconquistar o amor da minha vida. Passei pela porta da minha sala como um furacão e lembrei-me das plantas atrasadas.
- Genevive, e as plantas que eu preciso entregar até semana que vem? - perguntei desesperado. - Como farei para terminá-las?
- Não se preocupe, Sr. , eu darei um jeito deles aumentarem o prazo de entrega. - Agradeci a ela e sai correndo para o estacionamento. Adentrei o meu carro e dei partida em direção a minha casa. No caminho liguei para o a companhia aérea e reservei minha passagem de ida no próximo vôo para a Dinamarca, que saia daqui à uma hora. Cheguei ao meu apartamento e joguei algumas roupas e sapatos de qualquer jeito dentro de uma mochila, peguei meu passaporte, algum dinheiro, desci as escadas, comi uma besteira que tinha na geladeira. Peguei às chaves do carro e parti em direção ao apartamento que o divida com a ; ela com certeza tinha o endereço da , que eu, inútil, esqueci de perguntar.

Please give me something,
(Por favor, me dê algum sinal)
Cause someday I might call you from my heart,
(Pra que algum dia eu possa conhecer meu coração)
But it might be a second too late,
(Mas talvez seja um segundo tarde demais)
And the words I could never say
(E as palavras que eu nunca consegui dizer)
Gonna come out anyway
(Sairão de qualquer jeito)


- , vai viajar? - perguntou , dando passagem pra mim. Entrei no seu apartamento e procurei pela .
- Vou sim, Judd. A tá aqui? - perguntei agitado. Ele acenou que sim com uma expressão confusa e chamou a namorada.
- Hey ,. Vai viajar pra onde, hein? – perguntou, risonha. Sorri, nervoso.
- Vou atrás da . Preciso dizer a ela que eu a amo e quero ficar junto dela para sempre. Você tem o endereço dela? - despejei tudo de uma vez. Ela abriu um sorriso largo, me abraçou e saiu correndo para o quarto atrás do tal endereço.
- Até que enfim! Pensei que você fosse passar uma vida inteira pra enxergar isso, hein? - disse dando socos leves no meu ombro. Sorri e voltou trazendo um pequeno papel.
- , você poderia me levar ao aeroporto e depois guardar o meu carro na minha casa? Sai tão apressado que esqueci que não poderia levá-lo na viagem comigo. - falei sem jeito e eles dois riram. Ele concordou e foi trocar de roupa. Depois de alguns minutos nós já chegávamos ao aeroporto. Olhei meu celular e já eram duas e quarenta da tarde; eu tinha apenas vinte minutos pra me organizar. Sai do carro correndo e ouvi desejar a mim boa sorte. Cheguei em cinco minutos ao balcão da agência de viagens.
- Moça, por favor, a passagem para a Dinamarca no nome de . - falei ofegante e ela rapidamente me atendeu. Entregou-me o papel e me desejou uma boa viagem. Ouvi a primeira chamada do vôo e logo fui em direção ao portão de embarque correspondente. Entreguei a passagem, me revistaram e todas essas coisas. Fui liberado e adentrei o avião sentando na minha poltrona.

Cause you give me something
(Porque você me dá algo)
That makes me scared, alright,
(Que me faz sentir medo)
This could be nothing
(Isso poderia não ser nada)
But I'm willing to give it a try,
(Mas estou disposto a tentar)
Please give me something
(Por favor, me dê algum sinal)


Em meia hora nós estávamos pousando no aeroporto da capital dinamarquesa. Saímos do avião calmamente e eu, assim que pisei em terra firme, corri a procura de um taxista. Foi meio difícil de encontrar, mas eu consegui. Entreguei a ele o papel com o endereço e ele partiu. Olhei meu celular e na tela apareceu uma foto de nós dois nos olhando; ela sorrindo e eu fazendo careta. Lembrei da ocasião em que foi tirada. Nós estávamos juntos aos nossos amigos e o sugeriu que brincássemos pra ver quem sorria primeiro. A disse que ninguém ganhava dela nisso. Então a desafiei. No primeiro momento eu tentei ficar sério, mas não consegui conter a vontade de fazer caretas pra ela. Fiz um montão delas, mas só na última ela sorriu mesmo. Então a tirou a foto exatamente na hora da risada dela. Foi engraçado! Era bom estar assim com ela. O táxi parou e eu pude ver uma pequena casa , com uma varanda simples e duas cadeiras. Paguei a corrida, desci do táxi com o papel em mãos e a mochila nas costas. Respirei fundo e apertei a campainha.
- JÁ VAI! - gritou ela lá de dentro. Meu coração acelerou. E agora o que eu vou falar? Me desesperei um pouco e vi a porta ser aberta e revelar a mulher linda que era a minha amiga, ou melhor mais que amiga.

Cause you give me something
(Porque você me dá algo)
That makes me scared, alright,
(Que me faz sentir medo)
This could be nothing
(Isso poderia não ser nada)
But I'm willing to give it a try,
(Mas estou disposto a tentar)
Please give me something
(Por favor, me dê algum sinal)
Cause someday I might know my heart
(Pra que algum dia eu possa conhecer meu coração)
Know my heart, know my heart, know my heart…
(Conheça meu coração, conheça meu coração, conheça meu coração...)


Casa da , Dinamarca, 26 de Outubro de 2010

´s POV

- ? – perguntei assustada ao vê-lo ali, na porta da minha casa na Dinamarca. Ele sorriu de leve parecendo estar nervoso, mas ainda assim estava lindo com seus cabelos loiros meio bagunçados pelo vento. Ele vestia uma camisa verde da Hurley e uma calça jeans clara; Seu all star verde surrado e sua mochila preta completavam o look, que deixava-o ainda mais perfeito.
- , eu preciso te falar uma coisa que eu descobri hoje. – começou ele nervoso, falando muito rápido.
- Calma, , eu não estou entendendo nada do que você está dizendo. Vem, entra e se acalma pra poder me dizer. – falei tranqüila segurando o seu braço. Tentei puxá-lo para dentro da minha casa, mas ele segurou-me com mais força e trouxe o meu corpo para mais perto do seu. Estremeci ao sentir o calor do seu corpo tão perto do meu. Aspirei seu perfume e meu coração batia num ritmo de escola de samba.
- Eu não preciso entrar; eu não quero me acalmar. Tudo o que eu quero e preciso está bem na minha frente. – falou olhando nos meus olhos. Tremi por dentro ao ouvir suas palavras. – Todos esses anos eu busquei um amor de verdade, uma pessoa que me entendesse e amasse, e todos esses anos eu estive cego, não percebendo que essa pessoa já estava ao meu lado e, em silêncio, fazia por mim tudo o que eu sempre desejei. – respirou fundo.
- , o que você tá querendo dizer com isso? – perguntei, gaguejando um pouco. Estar perto dele mexia comigo, e ouvir da boca dele todas essas palavras mexia ainda mais.
- O que eu estou dizendo é que eu amo você, , muito mais do que como amiga. Você é carinhosa, linda, alegre, me apóia, me diverte e apesar de eu demorar muito pra perceber… Você me ama. E agora eu posso dizer que também a amo. O tempo que passamos separados ,por conta da e agora com a sua viagem, me fizeram perceber o quanto você me faz falta, quanto você faz minha vida ter sentido. – Não contive as lágrimas. O me ama; ele me ama. O homem que eu sempre amei desde o primeiro olhar, desde a primeira conversa, desde o primeiro segredo confessado... Desde sempre também me ama.
- , eu... – comecei sem saber o que dizer, mas fui interrompida por ele, que nervoso e agitado, continuou a falar.
- Eu sei... - começou de cabeça baixa - Eu sei que você tá com o e ele é um cara legal, que não merece sofrer, mas eu não posso mais esconder de você tudo o que eu sinto... Eu amo mesmo você, ! E eu não posso fingir que não. Sei que não tenho o direito de te pedir isso, mas eu seria o homem mais feliz de todo o planeta, se tivesse a honra de ter você ao meu lado, agora não apenas como melhor amigos, mas sim no lugar que te pertence e sempre irá pertencer... Como a dona do meu coração, o meu amor, a minha vida. - Ele dizia cada palavra olhando no fundo dos meus olhos, com seu olhar penetrante. Eu fiquei estática por alguns segundos, apenas processando tudo o que ele dizia. Sem pensar duas vezes, me joguei em seus braços e beijei seus lábios. No primeiro momento, ele ficou parado, mas logo correspondeu me puxando pela cintura para mais perto do seu corpo.
- Posso considerar isso um sim? - perguntou rompendo o beijo e me olhando com um sorriso muito bobo no rosto. Acenei freneticamente com a cabeça e disse:
- Em todas as línguas, em todas as cores, de todas as formas possíveis e impossíveis... SIM! Eu quero estar ao seu lado todos os dias das nossas vidas. Eu amo você, , sempre amei e sempre amarei... - ele abriu um largo sorriso e me beijou, andando para dentro do meu apartamento.
- Então vamos recuperar o tempo que perdemos longe um do outro... - sorriu fechando a porta com o pé, enquanto me beijava.

´s POV Fim

Casa do , Festa de Ano Novo, 31 de Dezembro de 2010

- Amor, vem logo, falta pouco pra meia noite e o pessoal tá lá fora esperando os fogos, enquanto faz a contagem. Vamos, eu não quero perder e tem que ser com você ao meu lado. - chamei a , que estava a quase duas horas no banheiro. Ela saiu ajeitando seu vestido tomara que caia branco após enxugar suas mãos.
- Você demorou. Achei que fosse passar a vida inteira dentro daquele banheiro. - exagerei e ela fez uma carinha fofa de chateação. Beijei a sua bochecha e ela abriu um sorriso digno de uma foto.
- Ahh, nem foi tanto, . É que eu tava muito apertada mesmo, mas vamos agora antes que você perca a bendita queima de fogos. - brincou ela me dando um selinho. Deixamos o interior da casa em direção ao jardim da casa do , onde os nossos amigos estavam ouvindo musica e esperando a chegada do novo ano. Nos aproximamos deles e as meninas, com uma rapidez incrível, tiraram a minha NAMORADA de perto de mim. Me juntei aos rapazes que bebiam e conversavam qualquer besteira; parei para observá-la durante alguns minutos e mais uma vez constatei o quanto ela era perfeita. Cada pedacinho do seu corpo, somados ao seu jeito doce e meigo, tornavam-na a mulher perfeita pra qualquer cara. Sorte minha ter chegado primeiro! Ela olhou para mim e sorriu. Falei “EU TE AMO” sem emitir nenhum som e ela sorriu repetindo o meu gesto. Ela deu alguns passos em direção a mim; levantei da cadeira onde estava e andei até ela.
- , eu preciso te contar uma coisa muito importante... - começou ela aparentemente nervosa. Toquei de leve o seu rosto com uma de minhas mãos, encorajando-a a falar. Ela respirou fundo e continuou - Esses dois meses em que estamos juntos foram os melhores e mais perfeitos meses da minha vida. Você é lindo, perfeito, fofo, carinhoso. Você me completa, me faz feliz... E agora o nosso amor recebeu uma benção... - disse ela segurando as minhas mãos, pondo-as sobre a sua barriga em seguida. Acompanhei o seu gesto confuso e me desesperei ao perceber do que se tratara. Um filho? Eu teria um filho? Eu seria Pai? É isso que ela está me dizendo? ...
- Vo... Você... Está grávida? – gaguejei, tamanha era a emoção. Ela sorriu e acenou que sim com a cabeça em resposta. Sorri com essa noticia e beijei sua boca nervoso e feliz ao mesmo tempo. - Ha... Pai, eu vou ser Pai... EU VOU SER PAI! - gritei a plenos pulmões e todos os nossos amigos olharam assustados para nós dois. Ela sorriu e escondeu seu rosto em meu peito. As meninas correram para perto de nós e começaram a comemorar, perguntando um monte de coisas pra , mas eu não ouvia nada, não entendia nada além de que eu iria ser pai. Os guys vieram me parabenizar e finalmente eu acordei.
- Parabéns Cara... Você vai ser Papai... - brincou , dando soquinhos no meu ombro. Abri um largo sorriso e sai abraçando todos eles. Eles riram muito e empurraram a pra perto de mim pra tentar me acalmar.
- , , amor... - falou ela, segurando delicadamente o meu rosto. - Se acalma, meu anjo.
- Eu não consigo, amor. Eu vou ser pai. Essa noticia é maravilhosa, você é maravilhosa... Eu te amo, te amo, te amo - falei distribuindo beijos sobre o seu rosto. Levantei-a e a girei no ar. Ela sorriu abertamente e ouvimos a gritar pra eu colocá-la no chão.
- Vocês têm que cuidar direitinho do meu sobrinho, ok?! - brincou ela de longe. Sorrimos e acenamos que sim.
- Hey, gente, dez segundos pra meia noiteeee! - avisou-nos , que correu de dentro da casa para ficar ao lado do . Segurei a mão da e beijei-a tocando sua barriga em seguida.
- DEZ... - nossos amigos começaram a contagem. Eu olhei para ela, que estampava um lindo sorriso enquanto olhava o céu repleto de estrelas.
- NOVE... - ela virou-se para mim e abriu um lindo sorriso. Retribui me aproximando mais dela.
- OITO... - comecei acariciando seu rosto - Eu te amo e cada segundo ao seu lado faz minha vida valer à pena...
- SETE... O tempo que passamos longe um do outro me fez sentir muito mais do que apenas a sua falta... Me mostrou o quanto você era e é importante para mim, me revelou o quanto sua presença me fazia bem...
- SEIS... - segurei suas mãos, olhando no fundo dos seus olhos. - Você é a mulher da minha vida e estar ao seu lado me faz ser verdadeiramente completo...
- CINCO... Esse filho que você está carregando agora é o maior e melhor presente que você poderia me dar...
- QUATRO... E ele veio pra me dar ainda mais certeza daquilo que eu pretendo fazer agora. - me ajoelhei e tirei do bolso uma pequena caixa azul escura e abri-a revelando um anel com um brilhante no meio.
- TRÊS... , você aceita se casar comigo e me fazer o homem mais feliz da Terra para sempre...?
- DOIS... SIM! - ela respondeu, sorrindo freneticamente. Eu me levantei sorrindo e coloquei o anel em seu dedo. Ela olhou para ele maravilhada e sussurrou entre lágrimas “Eu te amo”...
- UM... Eu também te amo, ... Amo muito! - beijei sua boca, assim que os fogos foram acessos e o show no céu começou. Mas pra falar a verdade, eu não estava nem aí para os fogos ou para o mundo lá fora, a única pessoa que realmente me importava estava ali agora na minha frente, em meus braços...

Fim



N/a: Oieee amores. Tudo bem com vocês? Então lindas, Is It Love é um presente mais que especial meu para uma pessoa ainda mais especial... Minha linda miga Bruna Marques, mais conhecida como Quack! Num amigo secreto promovido por algumas meninas na group do ffobs, eu tive a honra de ter como amiga secreta (nem tão secreta assim né Quack?!! Rsrs) essa menina linda, simpática e muito fofa. Tentei passar nessas linhas acima os meus sinceros desejos de felicidades à ela. Então Quack querida, desejo que hoje e sempre sejas muuuuuuuito feliz e que seus sonhos sejam TODOS realizados.
E a vocês que se dispuseram a ler e a That que se dispôs a betá-la, meu muuuuuuuitíssimo OBRIGADA.

Poynterquinhas...


Nota da Beta: De nada, Cinthy, foi um prazer. Qualquer erro nessa atualização é meu, só meu. Reclamações por e-mail ou pelo twitter, nada de e-mails para o site, ok?
Ah! Visite a caixinha abaixo, não custa nada e faz uma autora muito feliz.
that xx



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