Is It Possible?
Autora: Carol B
Beta-Reader: Vick



Capítulo 1

Era verão, o sol brilhava lá fora e eu acabando de acordar, tateei o criado a fim de achar meu celular, olhei as horas e percebi que ainda era cedo, apenas oito da manhã. Levantei-me e fui fazer minha higiene matinal como de costume. Poucos minutos depois já estava parada em frente ao me guarda roupa. Peguei um biquíni qualquer e coloquei meu shorts preto. Desci para a cozinha a fim de achar alguma coisa interessante para comer. Chegando lá, pela janela vi minha mãe aguando o jardim, acenei para ela e voltei a pensar no que comer.
Peguei uma maçã e comecei a fazer um sanduíche. Depois de pronta, voltei ao meu quarto e peguei meu bloqueador solar. Aqui na praia o sol parece mais forte, qualquer descuido e já fico vermelha, desci novamente e deitei-me para pegar sol em uma esteira de praia que se encontrava na grama.
Sem querer, adormeci ali na grama e só acordei duas horas depois com minha mãe me chamando:
- , pode vir aqui um pouquinho?
- Já vou – disse a ela, enquanto me levantava.
Chegando na cozinha a vi olhando as prateleiras e perguntei:
- Estou aqui, a senhora quer alguma ajuda?
- Sim, você pode pegar o juicer pra mim, ? Quero fazer um suco pra gente.
- Claro, mãe – disse já me esticando para pegar o aparelho em uma alta prateleira do armário – Aqui ó – disse estendendo-o para ela – Vai fazer suco de quê?
- Pensei em fazer de laranja com cenoura, vai te ajudar a se bronzear, pode ser? - disse ela.
- Pode sim, mãe, quer ajuda?
- Não precisa, querida, faço rapidinho.
- Ta bom, então, vou passar mais bloqueador solar e já volto, ta? – disse, enquanto me dirigia ao jardim.
Logo ela me chamou, como queria aproveitar o resto do sol da manhã, fui e voltei num pulo. Na esteira de novo, comecei a pensar que eu podia convidar a para passar uma tarde aqui, enquanto pensava, ouvi meu nome:
- ! – dizia o garoto do outro lado do baixo muro que separava nossas casas. Vendo que ele me chamava, levantei-me e fui ao seu encontro.
- Oi, ! – disse, cumprimentando-o. é nosso vizinho da praia, nos encontramos todo verão desde que minha mãe comprou essa casa.
- Tudo bom?
- Sim, sim e contigo?
- Também, cheguei ontem à noite, estava pensando mesmo se esse ano você viria.
- Pois é, eu vim – rimos – Vai ficar o verão inteiro também? - perguntei.
- Sim, sim e você? – disse, devolvendo a pergunta.
- Sim, vou ficar também – disse.
- Vamos à praia surfar um pouquinho? - perguntou ele.
- Você sabe que eu não surfo bem...
- Não tem problema, eu te ajudo! – disse otimista.
- Ta bom, me deixa avisar a minha mãe, espera ai.
Entrei em casa e fui direto pro meu quarto pegar uma toalha e o short que eu havia deixado na sala antes de ir pegar sol.
Desci e avisei minha mãe. Quando abri a porta que dava para a rua, já estava na frente de casa com sua prancha.
- Vamos? - perguntou ele. Apenas fiz um gesto em concordância, chegando onde ele estava pulei no seu pescoço e o abracei forte, fazia quase um ano que não nos víamos, ele me girou no ar por alguns segundos e logo me colocou no chão.
- Tem certeza que quer me ensinar a surfar? - perguntei com a esperança de que ele tivesse desistido.
- Absoluta! Você não vai escapar assim tão fácil, – disse ele, enquanto ríamos.

Chegando à praia, reparamos que, como de costume, estava vazia. Nunca tem muita gente em dia útil aqui, só final de semana ou feriado, não é todo mundo que consegue férias no verão.
Deixamos nossas coisas na areia (inclusive a prancha do ) e fomos para o mar, sempre íamos pro mar quando estávamos aqui, ficávamos jogando água um no outro, enfim, nos divertindo... Depois de dar alguns mergulhos, lembrou da tal da “aula” de surf que ele ia me dar e foi pegar sua prancha.
Ele surfou um pouco e disse como eu devia fazer para não se engolida pelas ondas, mas como eu sabia que aconteceria, a cada onda que eu tentava surfar ou eu caía ou a onda me engolia, chegava a ser engraçado. Não aguentava mais o ver rir dos “caldos” que eu tomava. Desisti, nadei até a areia, peguei sua prancha e a levei até ele, depois simplesmente me joguei na areia ao lado, ele ficou sentado do meu lado por uns instantes antes de começar a rir de novo, sentei-me ao sei lado e o cutuquei com o braço e antes de rirmos novamente.
Peguei seu braço e olhei no relógio, já eram 11h30, tínhamos que voltar para casa, estava levantando-me, quando ele disse que a tarde íamos tentar de novo, que ele não descansaria antes de me ensinar a surfar. O olhei incrédula e ele riu, alcançando minha toalha.
Enquanto íamos para casa, começamos a conversar sobre inúmeros assuntos, até que ele disse que tinha alguém para me apresentar, um garoto que eu ia simplesmente adorar. Minha alma gêmea. No mesmo instante pensei em , ela ia adorar conhecê-lo e ele também...
Foi, então, que fizemos um acordo. Eu ia convidar para passar uma tarde aqui (apresentando-a a , é claro) e ele faria a mesma coisa apresentado-me a , seu melhor amigo.

Chegando em casa, nos despedimos e fui direto para o banho. Detestava ficar com água salgada no cabelo. Enquanto lavava o cabelo, comecei a pensar em como seria o tal ...
Ficando pronta, desci e fui almoçar com minha mãe. Durante as férias, fico com ela aqui na praia. Depois de almoçar, peguei um livro qualquer dos que eu trouxe e fui para a rede ler um pouco.
Passaram-se uma hora e meia, foi me chamar, porém, eu peguei no sono, isso sempre acontecia. sentou ao meu lado e começou a brincar com meu cabelo, minutos depois acordei e levei o maior susto com me encarando:
- Quer me matar de susto, ? – disse, enquanto me recuperava.
- Ué, por que esse drama todo? Você sabia que eu viria aqui pra te buscar, achou que eu tivesse mudado de ideia, é? Negativo, você vai aprender a surfar, ah vai – disse ele, enquanto começava a me fazer cócegas.
- Para, para – minhas palavras lutavam para sair em meio ao riso.
- Ta bom, parei, mas vai lá colocar o biquíni, te espero aqui – disse ele.
- Ta, espera ai, já volto!
Fui para meu quarto colocar um biquíni. Enquanto ele ia para frente da casa, peguei tudo o que eu tinha que pegar, passei bloqueador solar e voltei ao andar de baixo, avisei minha mãe e fui ao encontro de .
- Pronto, já podemos ir – disse a ele.
- Então, vamos - respondeu ele, pegando a prancha.
No caminho lembrei-me que tinha pego o meu celular antes de sair e logo disquei o número da :

Celular Mode ON

- Oi, .
- Oi, , tudo bom?
- Tudo sim e ai?
- Tudo também...
- , você ta na praia?
- To, por quê?
- É que eu queria saber se você quer vir aqui amanhã à tarde, to aprendendo a surfar com um amigo meu, você pode tentar também...
- Ta bom, me deixa ver com meus pais. Espera um pouco – disse ela. Depois de mais ou menos um minuto ela voltou – Posso sim, que horas?
- Ae, pode ser umas duas? - Olhei para que concordava com a cabeça.
- Ta bom, amanhã às duas horas eu vou ai.
- Vou te esperar, então, beijos
- Beijos.

Celular Mode OFF

- Pronto, , amanhã às duas horas ela está vindo, agora falta você falar com o .
- Beleza, vou ligar agora mesmo – disse ele.

Celular Mode ON

- Oi, .
- Oi, , beleza?
- Aham e ai?
- Tudo certo também.
- , eu to ligando pra saber se você que vir aqui amanhã à tarde, eu to ensinando uma amiga minha a surfar e ela convido uma amiga minha pra vir também. Topa me ajudar?
- Claro que sim, que horas?
- Umas duas, pode ser?
- Pode sim! Duas horas eu to aí, então, cara.
- Falou, até.
- Até.

Celular Mode OFF

- Deu, agora já ta tudo combinado. Amanhã o e a vão vir.
- Ei, espera um pouco.
- O quê?
- A tem um irmão MUITO chato chamado , ele me irrita demais. Mas, enfim, esse , por acaso, tem uma irmã chamada ?
- Deixa eu ver. Ele tem uma irmã muito irritante, que se chama... Deixa eu ver... ! – Quando ele falou isso, nos olhamos apavorados. Não poderia ser possível, o cara que havia convidado para vir aqui era o irmão da minha melhor amiga. Não, seria coincidência demais – Será possível?
- Vish... Preocupou-me agora, será? Deixa eu ver, pode ser só coincidência de nomes, mas quantos anos tem esse .
- A mesma idade que eu. E essa ?
- A mesma idade que eu, o irmão dela tem a mesma idade que você, !
- A irmã do tem a mesma idade que você, vish, será?
- Meu Deus, se for, eu piro. O que o , irmão da , tem a ver comigo?
- O que a , irmã do , tem a ver comigo? O quê?
De repente, eu comecei a rir fazendo me olhar com cara de confuso.
- Por que você ta rindo? - perguntou ele.
- Essa cara que você fez falando da foi muito engraçada... Eu DUVIDO que você consiga passar o dia inteiro com ela sem surtar. Só vocês dois! – Risos, muitos risos da minha parte.
- Ah é? Pois eu DUVIDO que você consiga passar o dia com o , DUVIDO! Quer apostar quem desiste primeiro?
- Quero – disse, encarando-o.
- Ok, se for o mesmo e você não conseguir passar o dia com ele, você vai me deixar te ensinar a surfar sem reclamar.
- Feito! E se você não conseguir passar o dia com a , Você... Deixa eu ver... Vai parar de com essa historia de surf, beleza? – disse, estendendo a mão. Como previsto, ele a apertou. Agora não tinha mais jeito, eu ia ter que passar o dia inteiro com o ...

Capítulo 2

Chegamos à praia e fui direto para o mar, precisava colocar meus pensamentos em ordem, logo veio até mim, porém não falou nada. Ficou ali pensando sobre nossa aposta. No final da tarde, resolvemos ir para casa, não aguentava mais “surfar”. Já eram cinco e meia quando chegamos e fui direto pro banho. Depois de vestir uma roupa qualquer, fiz um lanche e me deitei na rede de novo, coloquei meus fones de ouvido e fechei os olhos.
Acordei às oito da noite com me chamando novamente. Ele estava ao meu lado, sentado no chão na varanda tentando me acordar. Quando finalmente acordei, levei o maior susto que quase cai da rede.
- ! Ta com mania de me assustar agora, né? - disse a ele.
- ... – Sua expressão era séria, o que me preocupou – Sabe o ? Então, é o seu ... Irmão da sua melhor amiga.
- Como? Quem te disse isso? Não pode ser... – disse, enquanto me levantava da rede.
- É ele sim, eu falei com ele por msn e ele falou que amanhã a irmã dele vai vir visitar a melhor amiga dela aqui perto – dizia ele, enquanto eu o olhava perplexa – São eles, . A nossa aposta ta literalmente de pé.
- Vish, eu tava com esperança de que fosse só uma coincidência de nomes, não achei que fossem ser eles mesmo...
- Pois é, , amanhã você vai ter que passar a tarde com meu melhor amigo, quem você acha muito irritante. E eu vou ter que passar a tarde com a irmã insuportável dele. Tem certeza que quer continuar com a aposta? - disse ele com cara de cachorro perdido.
- Você tinha que ver sua cara agora, . Sim, só por causa dessa cara, sim – disse eu – Mas espera um pouco, pode não ser ele, ainda temos chance de ser só uma terrível coincidência, me deixa ligar pra .

Celular Mode ON

- Oi, .
- Oi, , tudo bom?
- Sim! Ah, , por acaso você vai vir sozinha amanhã?
- Por que a pergunta? Quer que eu leve meu irmão? - disse ela rindo alto e me deixando com cara de desprezo.
- Você adora me incomodar, né, . Só porque um dia, que fique bem claro, muitos e muitos anos atrás eu disse que ele era bonitinho não significa que eu goste dele ou queira alguma coisa com ele, ta? Mas, enfim, é que o meu amigo, o , convidou um amigo dele pra vir aqui amanhã e, segundo esse amigo, que por sinal tem o mesmo nome que o teu irmão, e tem uma irmã da tua idade chamada , disse que a irmã dele vai visitar a sua melhor amiga amanhã. E a casa dela fica por aqui, daí eu quero saber se é ele que vem visitar o e nos ensinar a surfar ou não entendeu? – disse, enquanto me olhava com cara de surpreso pela parte que eu disse já ter achado o bonito.
- Aham, espera ai, eu vou perguntar pra pro ! – Como ela estava com o telefone na mão, pude ouvir a conversa dos dois: “, o garoto que você vai visitar amanhã se chama ?” “Sim, por quê?” “Vocês, por acaso, vão ensinar duas garotas a surfar?” “Sim, mas você quer me dizer pra que tantas perguntas?”
- É ele, , é o que vai ai amanhã!
- Ai, eu tinha esperanças que não fosse ele – disse logo que ela acabou de falar – Bem, não tem o que fazer, te espero aqui amanhã, ta bom?
- Ta, gata, amanhã a gente se vê, beijos!
- Beijos, gata.

Celular Mode OFF

- Ah não, é ele, , eu vou ter que passar a tarde inteira com esse garoto irritante, droga!
- Calma, . Pelo menos você não vai ter que passar a tarde com aquela garota insuportável chamada .
Neste momento, simplesmente nos jogamos na rede e ficamos ali sentados durante alguns minutos sem dizer uma só palavra, apenas pensando nas nossas “companhias” para amanhã.
- Que história é essa que você gostava do Arthur, hein? – disse ele, quebrando o gelo entre nós.
- Primeiro, eu nunca gostei do . Segundo, a viaja às vezes. Terceiro, não tem como gostar de alguém como ele, por favor, !
- Ta bom, ta bom, não precisa ficar irritadinha – disse ele, enquanto o fuzilava com os olhos – Mas, então, a senhorita já o achou bonitinho, hein?
- Já, mas já faz muito tempo, , isso foi na sexta série, três anos atrás... Naquela época ele não era tão irritante.
- Hum, entendo...
- Então, , vamos jantar no centro?
- Não sei, acho melhor dormir e carregar bem a bateria para aguentar a – disse ele contendo o riso.
- Ei – disse, cutucando-o com o braço – Ela não é tão chata assim!
- Imagina – disse ele com ironia.
- Quer parar? Ela é minha melhor amiga!
- Ta bom, não vou falar mais nada, prometo! – E nós dois rimos.
- Mas, voltando ao assunto, eu to com fome. Você também deve estar, vamos jantar no centro ou não?
- Ta bom, você venceu.
- Ótimo, vou trocar de roupa e já volto – disse, enquanto me levantava da rede.
- Ta bom, vou pegar dinheiro e já volto, – disse ele, indo em direção à casa ao lado.
Chegando em meu quarto me coloquei na frente do guarda-roupa e observei as roupas ali depositadas, resolvi por uma calça jeans, uma regata vermelha e meu all star.
Peguei meu dinheiro e fui ao encontro de , ele me esperava sentado no muro que separava nossas casas e assim que me viu se dirigiu ao portão de minha casa.
- Vamos? - perguntou ele.
- Claro – respondi.

Chegando lá, escolhemos um restaurante qualquer e fizemos nossos pedidos. Enquanto eles não chegavam, conversamos um pouco sobre meu “desempenho” nas “aulas” que estava me dando.
Comemos e conversamos mais um pouco.
- , ta ficando tarde, melhor irmos pra casa – disse olhando no relógio. Já era quase dez horas e amanhã eu teria de acordar cedo pra arrumar a casa, então, melhor ir pra casa.
- Hum, que horas são? - perguntou ele.
- Quase dez – respondi.
- Ta bom, vamos pra casa – disse ele.

Chegando no portão de casa, nos despedimos e logo entramos. Como já disse precisava dormir, amanhã teria que acordar cedo para dar uma ajeitadinha na casa, entrei em casa e subi as escadas, dei boa noite para minha mãe que já iria dormir e fui para meu quarto.
Na porta, o fitei por uns momentos e logo comecei a ajeitá-lo, queria tomar banho de sol na manhã seguinte, não teria tempo de arrumar meu quarto, portanto, era melhor que eu começasse naquela hora do que tivesse que correr na manhã seguinte. De repente, ouço uma voz abafada chamando meu nome. Virei para a janela e vi me chamando, o quarto dele ficava quase do lado do meu, eram apenas alguns metros entre a minha janela e a dele, abri a janela e perguntei o que ele queria.
- Nada, é que eu te vi aí arrumando o quarto, daí eu pensei: a não ia arrumar o quarto amanhã de manha antes das “visitas” chagarem?
- Ir, eu até ia, mas daí eu comecei a pensar, e bem, é melhor eu arrumar agora, assim vou ter tempo pra tomar um banho de sol amanhã de manhã.
- Ah, entendi, eu também tenho que arrumar aqui...
- Deixa bem arrumadinho, hein, minha melhor amiga vai aí amanhã – brinquei.
- Muito engraçadinha você, como se eu quisesse convidar ela pra subir aqui...
- Você vai ter que passar o dia com ela, , vão ficar aonde esse tempo todo?
- Pois é, por que eu fui apostar com você?
- Boa pergunta, né?
- Pois é, me diz o que eu vou fazer com essa garota a tarde toda, hein?
- Ah, sei lá, ensina a surfar, ela gosta de surf. Mostra umas manobras pra ela... Aproveitando a pergunta, o que eu faço com o , hein?
- Vish, ele gosta de surfar, jogar vídeo game...
- Como se eu tivesse uma prancha e um vídeo game, né?
- De boa, vai pra praia com ele, ah... Fica conversando com ele, coisas assim, na hora você vai sabe o que fazer – disse ele rindo.
- Ta né, fazer o quê? Agora a aposta já foi feita, não posso desistir... Bem, boa noite, , até amanhã...
- Boa noite, até amanhã, vai tomar banho de sol que horas?
- Não sei, umas oito ou nove da manhã, por quê?
- Por que eu quero falar contigo, pra você me dizer coisas a fazer com a sem que eu tenha vontade de afogá-la.
- Ai tadinha, faz isso não, . Ta bom, amanhã eu te chamo quando eu for tomar sol, beleza?
- Beleza, até amanhã.
- Até.
Depois da nossa rápida conversa, fechei a janela e fui dormir, precisava de uma boa noite de sono. Ainda me perguntava “como eu vou aguentar aquele garoto a tarde inteira?”. Pensei nisso por uns momentos e dormi como uma pedra, o dia foi longo...

Amanheceu e o sol já invadia meu quarto, fazendo-me acordar com a claridade. Levantei e fiz minha higiene matinal como o de costume. Como estava muito quente, tomei um banho rápido. Saindo do banheiro, escolhi um biquíni e um short qualquer, era só pra tomar banho de sol, mais tarde me arrumaria para receber minha melhor amiga e seu irmão. Olhei no relógio e me deparei com horas iguais, oito horas e oito minutos, dizem que quando você vê horas iguais a primeira pessoa que vem na sua cabeça está pensando em você. Para minha surpresa, quem veio a minha cabeça foi . Sim, ele mesmo, como poderia ele estar pensando em mim? Isso não é possível, deve ser mentira essa coisa de horas iguais...
Desci, fiz um lanche rápido e fui para o sol. Chegando ao jardim, já se encontrava no muro que separava nossas casas.
- Oi, – disse, enquanto estendia minha esteira no gramado.
- Oi, , tudo bem? - perguntou ele.
- Sim, sim e você?
- Também... , você precisa me ajudar. Como eu vou ficar com a sua melhor amiga a tarde toda? Como? - disse aflito.
- Calma, , a não é um bicho de sete cabeças, não precisa se preocupar... Já arrumou o seu quarto?
- Er... Mais ou menos...
- É melhor você arrumar, ... Vai lá, , depois você volta aqui e a gente continua a conversa...
- Ta bom, já volto...
- Ok, não vou sair daqui – disse rindo.

Já eram onze horas, então, resolvi subir para o meu quarto e ver se estava no dele, ninguém demora tanto tempo para dar uma ajeitadinha no quarto.
Chegando lá, vi . Era impressionante, o quarto não parecia ser o mesmo, estava muito diferente, muito mais organizado, enfim, estava muito diferente.
- ! – gritei.
- Oi, to demorando muito?
- Achei que tivesse, mas depois de ver esse quarto, não, até que você ta indo bem rápido – disse, fazendo-o rir.
Ficamos conversando sobre e até a uma hora. Quando vi o horário me assustei, tínhamos ficado conversando por muito tempo.
Dei tchau a ele e fui correndo almoçar e tomar banho. Depois do banho, olhei no relógio, uma a quarenta e cinco, tinha quinze minutos pra me arrumar. Peguei meu biquíni vermelho, o mais bonito que eu tinha, e coloquei um short claro. Modéstia a parte, estava linda.
Peguei meu livro predileto e me deitei na rede da varanda, enquanto eles não chegavam, iria ler um pouco. Logo apareceu e foi falar comigo.
- Nossa, ta querendo impressionar o , é? - disse ele rindo.
- Engraçadinho. Na real, não, é que meus outros shorts tão pra lavar e o biquíni que eu tava ta cheio de bloqueador solar – disse rindo com ele.
- Ah, entendi, ta lendo o quê?
- Lendo, lendo, eu não to, né? Porque eu recém deitei aqui e você já veio conversar comigo.
- Ahm...
- Mas, então, a aposta ainda ta de pé?
- Claro, você vai ver, eu vou passar o dia inteiro com a e depois você vai ter que aprender a surfar – disse ele com um sorriso maligno que me fez dar gargalhada, ele riu junto.
De repente ouço uma buzina de carro, olho para o portão e lá estão e , quando eles nos avistam juntos, eu e , suas expressões ficam totalmente diferentes.
- Oi, – digo indo até ela.
- E aí, - diz atrás de mim indo para a mesma direção.
- Oi – dizem eles em coro.
- Que caras são essas, gente – dizemos eu e ao mesmo tempo.
- Ele é o garoto que ta te ensinando a surfar? - diz com cara de nojo.
- Ela é a garota que você ta ensinando a surfar? - diz com a mesma cara da irmã.
- É – dizemos em coro, rindo um pouco pra quebrar o gelo.
- Já se conhecem? - pergunto à , me referindo a .
- Já, esse é o garoto insuportável que eu te falei no verão passado, ele foi lá em casa várias vezes, não aguentava mais.
- Ei – protestou – Você que é muito da irritante, garota.
- Ei, vocês dois, a gente ta aqui pra se divertir e não pra ver vocês dois discutirem – digo ao mesmo tempo que .
- Mas, então, vocês se conhecem? - pergunta a mim e a .
- Sim, ele é o irmão irritante da minha melhor amiga, lembra? Eu te falei que ela tinha um irmão muito chato...
- Ei – protestou – Você que é muito chata, garota!
- Ta bom, ta bom, podem parar os dois – dizem nossos amigos.
De repente Pablo começa a rir, deixando todos sem entender.
- O que foi, Pablo?
- Eu duvido, repito, duvido que vocês dois aguentem ficar o dia inteiro sem nós dois – disse olhando para mim e para , depois apontando para ele e para .
- Duvida? Tudo bem, passo o dia inteiro com esse garoto se você passar com a – digo.
- Trato feito – diz ele olhando para e – Agora você vai pra lá, , e você vem pra cá, ! - Apontando para sua casa.
- Por que eu tenho que passar o dia com o ? – reclama .
- Ta com medinho, é? - retruca .
- Vai passar o dia com a ou ta com medinho, mano?
- Trato feito – disse apertando a mão de .
Agora era de verdade, não tinha mais volta. Eu realmente ia passar o dia com ele, logo ele, um garoto tão insuportável que me irrita desde que nos conhecemos.

Capítulo 3

Eu, , e nos entreolhamos e olhamos para o chão. resolveu ir para sua casa e como havíamos apostado, o seguiu. De modo que ficamos apenas eu e em frente a minha casa.
- Vamos tornar isso o menos dolorido possível ta bem? O que você quer fazer?
- Vamos, podemos ir pra praia um pouco... – disse .
- Praia? De novo?
-Ta bom, o que você sugere? - disse meio sem paciência.
- Sei lá, se eu soubesse, não teria perguntado, né? – disse a ele.
- Deixe-me ver, o que você geralmente faz quando não tem “visita”? – disse ele apontando para si.
- Leio, acesso o computador, tomo banho de sol... Vou à praia, faço meus croquis...
- Croquis? - perguntou ele.
- É, croquis, moda, desenho, roupas, sacou?
- Sim, posso ver? - perguntou ele, me deixando surpresa. Ele estava sendo legal, não estava me irritando. Isso estava muito estranho, alguma coisa devia ter acontecido.
- Pode, vem comigo – disse puxando-o casa adentro.
Tendo o braço em minhas mãos ele apenas me seguiu, por sorte, passamos despercebidos por minha avó. Não seria nem um pouco interessante eu ter de explicar a ela o porquê de eu estar puxando um garoto que ela não conhece em direção ao meu quarto.
Larguei seu braço e fechei a porta, sem dar tempo para que ele perguntasse o porquê do ato, corri para as gavetas pegar meus croquis, enquanto separava os melhores. começou a olhar alguns que estavam expostos em minha parede.
- Você desenha bem – disse ele.
- Ah, obrigada – disse sem jeito – Aqui ó – disse, estendendo mais croquis a ele.
- Nossa, você desenha muito bem mesmo – disse ele, dando ênfase no muito.
- Capaz, são só uns rabiscos – disse a ele. Estava achando muito bizarra aquela cena, , um garoto super irritante, irmão da minha melhor amiga, elogiando meu trabalho. Depois que eu falei isso, ele me fitou por alguns instantes como se dissesse “aham, claro”.
- Não começa, você desenha bem de verdade – disse ele num tom gentil.
Apenas sorri, não sabia o que dizer a ele. Não ia ficar agradecendo o resto da vida, né?
Logo ele me devolveu os desenhos e eu os guardei com as janelas abertas do jeito que estavam, podiam voar.
- Bora joga verdade ou consequência? - disse ele, fazendo uma cara estranha – Quero saber com quem minha irmã anda saindo... – disse ele por fim.
- Ok... Já que somos só nos dois, vamos precisar de um lápis ou coisa do tipo? - perguntei sentando-me na cama ao seu lado.
- Acho que não, somos apenas nós dois.
- Ok, você começa. Verdade, consequência, barco ou nota?
- Verdade.
- Verdade? Deixe-me pensar, então, um segredo.
- Hum... Minha irmã tem uma quedinha pelo – disse ele rindo um pouco.
- Sério? - perguntei, rindo junto com ele.
- Sim, ela me confessou isso no início do verão.
- Precisamos rever nosso conceito de amizade, como ela não me fala isso?
- Ela não sabia que ele era seu vizinho.
- É, isso é. Mas do mesmo jeito, ela podia ter dito que era por um amigo seu... Tenho que conversar com ela – disse a ele.
- Bem, vocês que se entendam – disse ele dando ombros – Mas, então, verdade, consequência, barco ou nota?
- Hum, barco.
- Barco?
- Sim.
- Ok, já sei – exclamou ele, assustando-me – o , a e eu.
- Ai, não podia ter sido melhor não, ? – perguntei com a maior ironia.
- Não – disse ele no mesmo tom.
- A eu salvo, claro, o eu deixo na ilha e você eu deixo no mar com uma bóia de patinho – disse rindo.
- Bóia de patinho, muito engraçado – disse ele, usando ironia.
- Ta bom, parei – disse a .
- Ta bom, mas, então, agora é minha vez, né?
- Sim, sim, o que você escolhe?
- Cama – disse ele com cara de safado.
- Ei, cama não vale.
- Quem disse que não?
- Eu disse, garoto.
- Como você é sem graça, garota!
- Como você é safado, garoto!
Foi, então, que começamos a discutir. Nos levantamos, ficando um de frente para o outro, discutindo cada vez mais, até que deu um passo em minha direção, fazendo-me recuar e ficar entre ele e a parede, neste momento, apenas nos olhamos nos olhos e paramos de discutir.
A proximidade entre nós era inevitável e agora ele estava muito, muito próximo a mim.
Coloquei as mãos em seu peito e o empurrei, porém ele não saiu do lugar, deixando-me angustiada, por que ele estava tão perto? Essa proximidade poderia acordar sentimentos esquecidos há anos dentro de mim, sempre fiquei o mais longe possível dele, não queria me apaixonar novamente por ele. Sim, eu era perdidamente apaixonada por ele na sexta série, guardei esse sentimento para mim. Nem sabia, tudo o que ela sabia era que um dia eu o achei bonito, só.
Empurrei-o mais forte, porém, tudo o que ele fez foi se aproximar mais de mim, ele me olhava nos olhos de uma forma que ele nunca havia olhado, sua expressão não era mais de raiva como era antes, agora ele me olhava de uma forma inexplicável.
De repente, ele finalmente voltou a si.
- Desculpa, , eu não sei o que me deu, desculpa – disse ele, afastando-se me mim. Fiquei parada por alguns estantes, até eu mesma voltar a mim. O que era isso? O que tinha dado nele?
- Não tem problema, espera, você me chamou de ? - ele, exclusivamente ele, nunca me chamava de . Era simplesmente garota ou era .
- Ahn, chamei, acho que chamei, deve ser o calor, não estou no meu normal – disse ele sem jeito. sabendo que eu não acreditaria em uma só palavra do que ele disse.
- Quer alguma coisa pra tomar? Não vai passar mal aqui, garoto! – disse a ele. Imagina se ele passar mal, o que eu vou fazer?
- Quero, quero sim, não quero mesmo passar mal aqui.
- Ta, você vai querer o quê?
- O que você quiser, tanto faz.
- Ta bom, fica aqui que eu já volto – disse a ele, já passando pela porta.
- Ok.
Logo já estava na cozinha, resolvi lavar o rosto. Essa proximidade de me deixou com os nervos à flor da pele. Peguei algumas laranjas e fiz um suco, ele gosta de suco de laranja? Nem perguntei, bem, ele falou qualquer coisa, então, é melhor que goste.
Subi as escadas fazendo o menor barulho possível, o que será que ele estaria fazendo? Fui até a porta do quarto pé por pé... Como tinha deixado a porta encostada, pude ver o que ele estava fazendo. Para a minha surpresa, ele estava olhando uma foto do meu mural, ele a olhava de forma tão diferente, como se estivesse lembrando-se de alguma coisa...
Mas por que ele estaria olhando minha foto? E justamente essa, uma das minhas preferidas, a foto que eu tirara com... ... Sim, agora eu via, era claramente a , mas o menininho, quem seria ele? No dia em que tiramos essa foto, eu e meus pais estávamos em um parque de diversões, e lá encontramos e sua família, nunca perguntei quem era aquele menino, mas lembrava de gostar muito dele. Neste mesmo dia, em que tiramos essa foto, avisei a eles que me mudaria para Londres... Nesse dia, ele disse que nunca se esqueceria de mim, que quando ficássemos mais velhos iríamos nos encontrar novamente e tudo voltaria a ser como era antes.
De repente um estalo me ocorreu, se a menininha era ... O garoto só podia ser... Não, não seria possível, será? Será que era meu amor de infância? Seria possível uma coisa dessas?

Capítulo 4

Tentei me acalmar sem muito sucesso, não tinha o que fazer. Uma hora eu teria de entrar no quarto e enfrentar a situação, melhor que fosse logo, empurrei a porta com as costas e entrei no quarto.
veio até mim e pegou um copo, já agradecendo.
- Ta se sentindo melhor? - perguntei sabendo que tudo não se passava de um teatro.
- Sim, obrigado – disse ele de forma gentil – Você tem muitas fotos – disse ele, apontando para meu mural.
- Pois é, muitas...
- Posso te perguntar uma coisa?
- Pode – disse a ele já sabendo sobre o que a pergunta se tratava.
- Essa foto aqui – disse ele apontando para a foto em que estávamos eu, ele e a – Aonde é?
- Boa pergunta, só lembro que foi num parque de diversões – disse, tentando esconder meu nervosismo.
- Aqui? Tinha um parque de diversões parecido aqui, não tinha? - disse ele.
- É, acho que sim, não sei direito... Por quê?
- Nada não, só achei legal a foto, quem são? - perguntou ele, que já tinha sacado quem eram as crianças na foto.
- Uns amigos meus. Nesse dia eu falei para eles que iria me mudar... Depois nunca mais os vi... – disse a ele num tom triste. Era ele, ele era meu amor de infância, mas... O que eu diria, “eram eu, você e a sua irmã” não, né? Não sabia o que fazer, portanto, deixei que ele falasse.
- Que pena – disse ele solidário, por que ele não dizia que era ele? Por quê?
- Pois é, mas tudo ficou na memória. Ele e a menininha, nunca vou esquecê-los, esse menininho foi meu primeiro amor, não dá pra esquecer – disse a ele, não queria falar sobre isso, me machucava ver que ele tinha ficado tão diferente. No passado ele era gentil, romântico, mas agora era irritante e estúpido, ele mudou muito.
- Seu primeiro amor? - perguntou, mesmo que já soubesse a resposta.
- Sim, nesse dia ele disse que nunca me esqueceria, e que quando ficássemos mais velhos, nos encontraríamos novamente.
- Nossa... – disse ele num tom solidário
- A única lembrança que sobrou dele foi essa foto...
- Sério?
- Sim – disse a ele abrindo um caderno que se encontrava em meu criado mudo – Esse caderno só guarda coisas especiais, uma cópia dessa foto, cartas de minhas amigas, desenhos que um dia ele me deu... Mas, enfim, um dia eu encontro alguém como ele...
Ficamos em silêncio por um momento, até ouvirmos e nos chamando.
- Oi, gente – dissemos eu e ao mesmo tempo.
- Oi, . Vem cá, o que a gente apostou mesmo? Se eu não aguentar esse cretino, o que eu vou ter que fazer mesmo? - perguntou ela, estava claro que ela não aguentava mais ele. Eu e nos olhamos e olhamos para ela novamente dizendo em coro:
- Dar um beijo no ! – nos fuzilou com o olhar e rimos, seria muito engraçado.
- O quê? Que historia é essa, eu não vou beijar esse idiota! – dizia ela revoltada.
- Então, vai ter que passar o dia inteiro com ele – dissemos rindo.
- Bom, vocês falam como se eu não estivesse aqui, né, gente? – disse ironizando.
Estávamos dois adolescentes em cada janela, eu do lado de e do lado de , discutindo sobre o que deveria fazer caso perdesse a aposta.
- Ok, eu passo o resto do dia com o , senão eu dou um beijo nele – disse ela com desprezo - Mas caso vocês dois percam a aposta, também terão que se beijar – disse ela maquiavélica – E não um beijinho mixuruca, um beijão! – disse ela rindo. Eu e apenas nos olhamos por uns segundos e logo voltamos a olhar pra ela.
- Não! Ta doida? Pra você é só um beijo, selinho, tem que ser justo isso ai! – dissemos revoltados – Ou você dá um beijão no ou aqui é só selinho, você escolhe! – estávamos falando exatamente as mesmas palavras, exatamente. O que tornava a situação mais estranha ainda. e eu apenas nos olhávamos como se disséssemos “não vai mais ter essa história de surf”.
- Ok, eu faço isso, quero muito ver vocês tendo que se beijar! - disse ela. Eu estava perplexa, se não aguentasse, ia ter de dar um beijão no meu antigo amor de infância e atual conhecido desprezível.
- Sabe, gente, a aposta era não nos falarmos hoje, não? – interveio – Sendo assim, vocês dois, vão fazer alguma coisa, vou ensinar essa pirralha a surfar agora – disse ele olhando para como se dissesse “você vai, nem que eu te leve arrastada”
- Ok, tchau amores – disse a aos dois, enquanto saiam do quarto de .
- Vamos fazer o que agora? - perguntei a .
- Tem algum filme? Fiquei com vontade de assistir um...
- Tenho, vem comigo – disse puxando-o para a “sala de cinema” da casa.
- Qual filme você tem?
- Pode escolher um ali na prateleira – disse, apontando para uma estante cheia de DVDs.
- Aqui – disse ele estendendo um filme de terror pra mim.
- Filme de terror, garoto? – perguntei. Detestava filmes de terror, eram tão óbvios. Mas, sei lá, acontecia cada coisa...
- Sim, ta com medinho, é?
- Não, é que não sou muito chegada em filmes de terror... – Coloquei o filme e sentamos no sofá. Por algum terrível motivo, os outros acentos estavam tomados por caixas e mais caixa de sei lá o que. Tradução: tivemos que sentar próximos, muito próximos um do outro.
- Eu não mordo – disse ele quando me viu sentando o mais longe possível dele – Pode vir mais pra cá.
- Não precisa, to bem aqui.
- Mentira, você não ta bem aí! – E não estava mesmo, estava grudada em uma caixa com quase um metro de distância dele. De repente, ele se arrastou para mais perto de mim, colocou as mãos em minha cintura e puxou-me para perto dele, fazendo nossos narizes ficarem separados por milímetros – Não precisa ficar tão longe de mim, nunca faria nada contra você – disse ele com a respiração falha. Será que ele estaria nervoso do mesmo jeito que ficamos quando chegamos muito perto do nosso amor?
De uma hora para outra, estava ainda mais perto dele. Ele revezava entre olhar meus olhos e minha boca, como se quisesse... Quisesse... Me beijar... Sim, ele olhava como se quisesse me beijar.

Capítulo 5

Por um momento fechei os olhos, o que ele entendeu como um “sim” e me beijou. Para minha surpresa, minhas mãos que estavam segurando um de seus braços, agora estavam em seus cabelos.
Não era possível, o que estava acontecendo comigo? Esse garoto, que até ontem eu odiava, agora tinha virado meu amor de infância e estava me beijando. E pior, eu em vez de afastá-lo, estava retribuindo o beijo, estava o beijando! Isso não podia acontecer, eu não podia beijar o irmão da minha melhor amiga, justamente ele, que me irritou por tantos anos, que mesmo quando não falava comigo conseguia me tirar do sério, aquele que um dia eu fui apaixonada.
Eu lutava comigo mesma, queria afastá-lo, DEVIA afastá-lo, mas meu corpo não correspondia a minhas vontades. Em vez de quebrar o beijo, em vez de afastá-lo, nós nos aproximávamos cada vez mais.
Quando finalmente consegui me controlar, afastei-o de perto de mim e sai correndo.
Entrei em meu quarto e me joguei em minha cama, isso não podia estar acontecendo, não podia.
Menos de trinta segundos depois, já batia na porta de meu quarto. Como eu não a havia trancado, ele podia facilmente abri-la, que para minha surpresa, não fez.
- , abre a porta – pediu ele.
- O que você quer? - perguntei ao garoto do outro lado da porta.
- Falar com você.
- Vá embora. Não quero falar com você – disse um pouco mais rude do que gostaria.
Ele ficou ali parado, não se mexeu, não foi embora como eu esperava, mas também não tentou abrir a porta. Apenas ficou ali, esperando que eu abrisse a porta.
Estava muito chocada para falar com ele, era melhor que ficasse sozinha. Pelo menos por um tempo. Peguei o caderno que ainda se encontrava em minha cama e comecei a folhear, em uma página bem no início do caderno, pude ver um envelope. Nele continha meu nome escrito, em uma letra de garoto, mas com certeza, era meu nome.
Não me recordava deste envelope, nunca o tinha visto antes. No outro lado do envelope, havia escrito “Eu nunca vou te esquecer, , nunca, você é muito importante pra mim, sei que um dia nos reencontraremos, assinado: ”.
E me lembro, me disse que iria escrever cartas pra mim, mas... Nunca recebi nenhuma...
Abri o envelope e lá havia a mesma foto que tinha em meu mural e uma carta com pouco mais de uma página, mas uma carta feita por ele, por , feita pelo meu .


, sei que talvez não tenha tempo agora, mas, por favor, leia essa carta assim que puder.
Tenho uma breve história para lhe contar: é sobre duas crianças que se apaixonaram, porém, não puderam ficar juntas.
Era verão, um ano inteiro já tinha se passado. Neste ano, reparei em uma meninha, uma menininha linda, divertida, engraçada... Uma meninha que mais tarde veio a ser muito amiga da minha irmã, sim, era minha irmã. E a menininha em questão chamava-se .
Essa menina começou a frequentar minha casa, visitava-nos quase sempre. Aos poucos, fui tornando-me mais amigo dela e quando dei por mim, estava apaixonado.
Estava tudo maravilhoso, como eu queria poder voltar àquela época, era tudo tão bom...
Certo dia tomei coragem e fui atrás dela, fui me declarar, dizer o que eu estava sentindo. Éramos pequenos, mas mesmo assim sentia algo muito estranho quando estava perto dela, como se já a conhecesse.
Neste mesmo dia, não consegui falar com ela. Por sorte, minha irmã havia convidado-a para dormir em minha casa. Quando chegou, as borboletas voltaram, deixando-me nervoso.
Enquanto brincávamos, fui até ela.
- Eu te amo, – disse nervoso.
- Eu também te amo, – ela disse me abraçando.
Aquele foi um dos melhores dias de minha vida. Ela também me amava... Conforme o tempo foi passando, começamos a ficar cada vez mais próximos.
Um dia eu, ela e minha irmã, , fomos ao parque de diversões aqui mesmo nessa cidade. Foi um dia maravilhoso, fomos a todos os brinquedos que queríamos, estava ótimo, porém, a expressão de me preocupava.
Ela que estava sempre sorrindo, de bem com a vida, hoje estava triste. Às vezes se esquecia, voltava ao normal, sorria, porém... Às vezes algo a preocupava e sua expressão tornava-se triste, magoada.
No final da tarde não sorria mais, ficava apenas fitando o vazio. Pedi que ela fosse à roda-gigante comigo, mas ela, que adorava o brinquedo, recusou. Insisti e a levei comigo. Lá em cima, longe da vista de qualquer um, perguntei o que tanto a afligia. Não falou nada, apenas deixou que as lágrimas presas desde que chegamos ao parque rolassem. Limpei as lágrimas que insistiam em cair e perguntei o porquê do choro.
- Eu vou embora – disse chorando mais ainda.
- Como assim, vai pra casa? – perguntei. Vendo-a chorar daquele jeito, entristeci-me.
- Não, , vou pra Londres! – Agora quem limpava minhas lágrimas era ela.
- Como assim? Londres fica muito longe! – Não podia acreditar. Meu amor estava indo para outro país e eu não poderia fazer nada. Nada.
- Minha mãe me contou ontem, , por isso que nos deixou o aqui o dia todo. Para nos despedirmos... – disse, não contendo mais as lágrimas.
Chorávamos muito, não podia ficar sem ela, o que eu faria? Ela não podia se mudar, não podia me deixar. Ergui a cabeça, olhei bem fundo em seus olhos e a beijei, coisa que já devia ter feito antes, antes de ela me contar essa terrível notícia, antes de passar o dia no parque, antes de deixar que fosse embora.
- Eu nunca vou te esquecer, nunca. Eu te amo
- Eu também nunca vou te esquecer... – disse ela num tom mais triste do que qualquer outro.
- Um dia, quando ficarmos mais velhos, vamos nos encontrar de novo, você vai ver – disse por fim, antes que saíssemos do brinquedo.
Fomos na direção de nossos pais e logo a mãe de disse que teriam que ir, pois o vôo sairia cedo no dia seguinte. Largamos nossas mãos, demos mais um abraço e a olhei partir.
Dias se passaram e eu não tinha o número dela, não tinha como ligar para minha princesa, mandei cartas e mais cartas com o endereço que minha mãe me deu, mas ela nunca respondeu.
Agora estou aqui, dois anos depois que você partiu, , te contando tudo o que eu passei. Sei que talvez você tenha se esquecido, então, para que se lembre desse garoto que a amou tanto, pegue a foto dentro do envelope, somos nós, antes de nos despedirmos, enquanto você ainda estava “feliz”.
, eu te daria todos os presentes do mundo se pudesse, mas não posso, então aceite o que eu posso lhe dar. Meu eterno amor.
Assinado, seu .”


Quando acabei de ler, havia lágrimas em meus olhos, chorei feito uma criança. Poucos minutos depois, a carta já estava molhada. Nunca imaginei que ele realmente sentisse isso, achei que ele apenas gostasse de mim como amiga, mas não, não era assim que ele gostava de mim...
ouviu meu choro e resolveu abrir a porta. Quando me viu sentada na cama com a carta nas mãos chorando feito uma criança, veio até mim e me abraçou.
- Por que você ta chorando? O que aconteceu? - perguntou ele.
Não consegui falar nada, apenas fiquei com a cabeça encostada em seu peito e chorei. Ele pegou a carta de minhas mãos e começou a ler... Sua expressão mudou, nessa hora ele teve certeza, as crianças na foto éramos nós, a carta ele que havia escrito e rosa ele que havia me dado.
- Fala comigo, – pediu ele.
- Eu disse que eu não queria falar com você, por que veio até aqui?
- Porque você está chorando, fiquei preocupado – disse ele levantando meu queixo com o dedo – Você está chorando por causa dessa carta? - perguntou ele, e apenas afirmei com a cabeça.
- Você sabe quem a escreveu? - perguntou ele. Isso não fazia sentido, será que ele ainda não tinha sacado o que tinha acontecido, que éramos nós nossos amores de infância, nós – Eu – disse ele, então, ele sabia. Sabia quem realmente eu era, olhei para ele novamente enquanto ele enxugava minhas lágrimas – Eu a escrevi, .
- Você... – disse, ainda tentando parar de chorar – Você escreveu anos depois de eu me mudar...
- Sim, dois anos mais especificamente, escrevi muitas outras cartas a você... Mas você nunca respondeu... – disse sincero.
- Eu nunca recebi nenhuma, essa carta aqui – disse, pegando a carta de suas mãos – Eu só vi agora, nunca a tinha visto antes...
- Sério?
- Sim, você acha que eu ia ta chorando desse jeito por quê? - disse um pouco mais rude do que gostaria.
- , vá embora, por favor, quero ficar sozinha... – tentei dizer, mas ele colocou os dedos em minha boca para que eu parasse de falar e me abraçou forte novamente – Por favor...
- Não vou, me desculpe, mas eu não vou te deixar sozinha aqui nesse estado – disse, encostando-se na parede que ficava ao lado da cama.

Capítulo 6

De tanto chorar e com o calor de seu corpo, peguei no sono nos braços de . Senti sua mão me fazendo carinho no rosto e acordei.
- Acorda, , já são cinco horas... – meu Deus, dormi demais.
- Você ainda ta aqui? – perguntei, abrindo os olhos.
- Sim, não desgrudei de você nem um segundo – disse ele, quanto mais ele tentava ser amável, mais meu coração se apertava... Afastei-me dele e perguntei que horas ele iria embora – Eu vou dormir na casa do ... – disse ele, já sabendo que não me sentiria bem com a frase.
- Ah, entendi, e a ? Não combinamos de ela dormir aqui...
- Às seis.
- Você sabe onde ela está?
- Ela ainda não voltou da praia, quer encontrar com ela? - perguntou e apenas afirmei com a cabeça.
Levantei-me e fui até o guarda-roupa, peguei um casaco preto que encontrei. Me dirigi até o banheiro e lavei o rosto. Coloquei o casaco e fui em direção à porta.
- Você vem? - perguntei a que logo já estava em meu lado.
No caminho não trocamos uma palavra se quer. Quando chegamos à praia, encontramos e se abraçando na areia, segurou meu braço e disse.
- Não vamos interromper isso, por favor, ela espera por isso há um ano! – Vi que estava sendo sincero, então, parei, sentamos no alto da duna e olhamos o mar – Você sabe que já o encontrou, né?
- Quê?
- Seu amor de infância! – Será que ele iria confessar, dizer que era ele?
- Como assim, garoto?
- Você não percebeu? Sou eu. Eu sou o seu amor de infância – disse ele, não pude esconder o espanto, sabia que era ele, mas... Não achei que ele diria isso tão cedo.
- Você? - repeti, ele apenas balançou a cabeça. Com a graça de Deus, e logo chegaram, nos fazendo parar o assunto por ali.
- Estavam nos espionando, é? - perguntou indignada.
- Não exatamente, acabamos de chegar, então, sentamos aqui e esperamos vocês se virarem! – Agora já estavam mais perto e não precisávamos gritar tanto.
- Aham, sei – e disseram em coro.
- Então, , sobreviveu a uma tarde com o ? – perguntei rindo um pouco.
- Sim, você que não parece ter sobrevivido muito bem, está com os olhos tri inchados e com umas olheiras lá em baixo.
- Nossa, , obrigada pela parte que me toca – disse, fazendo-me de ofendida. Não queria que ela percebesse que eu não estava bem, senão teria que contar tudo a ela e essa era uma coisa que eu realmente não queria agora – Mas, então, fizeram o que de tarde? - perguntei a .
- Praia!
- Só isso?
- Sim e vocês?
- Nada de interessante, acredite – disse já querendo encerrar o assunto.
Foi, então, que a mãe de passou por nós. se despediu e foi embora. Ficamos apenas eu, e .
Seguimos o caminho em silêncio, não conseguia parar de pensar na carta, no carinho que teve comigo...
- O que aconteceu, ? - perguntou . Não era normal, sempre conversávamos quando estávamos voltando da praia.
- Nada, por quê?
- Você ta quieta, geralmente você fica conversando comigo enquanto a gente vai pra casa...
- Não se preocupa, , to legal – disse a ele. Ele sacou que não era verdade, mas não disse mais nada.
- Garotos, vocês vão me desculpar, mas eu vou indo, beleza? – disse a eles quando chegamos a frente de nossas casas. Abracei e, antes que eles pudessem dizer alguma coisa, já estava dentro da casa.
Subi para o meu quarto correndo e me joguei na cama, abracei uma almofada e pensei muito sobre a carta e principalmente sobre o .
Sabia que logo me chamaria, ele sempre esquecia de me dizer alguma coisa, mas o pior de tudo era que dessa vez estaria junto.
De repente, minha mãe bateu na porta.
- Querida, posso entrar?
- Claro, mãe – disse tentando não demonstrar o que tanto me afligia.
- Querida, hoje eu vou jantar fora, você se importa de jantar com o ? Não sei que horas eu volto e, bem... Não quero que você ponha fogo na casa – disse ela. Eu cozinho muito mal, uma vez quase coloquei fogo no apartamento que moro.
- Com o ? – perguntei. Não queria passar mais nem um minuto com , ele dormiria na casa de , então, necessariamente teríamos que nos ver amanhã.
- Não é mais amiga dele, filha? - perguntou confusa.
- Sou, mãe, é que ele ta com visita...
- Então, vão jantar no centro, querida, junto com a visita! – exclamou ela. Não tinha jeito, eu teria que jantar com os dois, e ...
Peguei meu celular e disquei o número de .

Celular Mode ON

- Alô?
- Oi, , é a ...
- Oi, , tudo bem?
- Sim e você?
- Também... , vai jantar em casa hoje?
- Não sei, na verdade ainda não pensei sobre o assunto, por quê?
- É que minha mãe vai sair, não me pergunte com quem e pra onde porque eu não sei e ela não quer que eu coloque fogo na casa, daí eu to ligando pra sabe se você quer ir jantar no centro comigo mais tarde... – Nessa hora, pude ouvir os risos por parte de a casa pegar fogo.
- Ta bom, , que horas a gente vai?
- Sei lá, umas oito?
- Pode ser, nos encontramos às oito, então.
- Ta bom, beijos.
- Beijos.

Celular Mode OFF

Pois é, agora eu ia mesmo ter que jantar com o ... Olhei no relógio, já eram sete horas da noite, provavelmente minha mãe já havia saído.
Fui até o banheiro e tomei um bom e demorado banho, coloquei uma calça jeans, meu all star e uma blusa roxa. Olhei o relógio novamente, percebendo que ainda tinha quinze minutos, ajeitei o cabelo e coloquei um casaco preto que encontrei jogado na cama.
Desci as escadas da casa e sentei-me no sofá por alguns instantes. Logo ouvi me chamar, peguei meu dinheiro, a chave de casa e saí.
Tranquei a porta e fui até os garotos, abracei como de costume e fomos para o centro, eu e não trocamos uma palavra, às vezes ele até tentava conversar comigo, mas como eu nunca respondia, ele desistiu.
Chegamos ao centro e escolhemos um restaurante qualquer. Sentamo-nos à mesa e resolveu ir ao banheiro, deixando eu e sozinhos.
- Vai ficar sem falar comigo até quando? - perguntou ele. Virei o rosto e fingi admirar a paisagem – Eu to falando com você, .
- – disse num tom meio rude.
- Depois de tudo que aconteceu hoje, você vai continuar me tratando assim?
- Assim como? – disse, fazendo-me de desentendida.
- Assim, como se eu fosse a pior pessoa do mundo, como se eu tivesse feito algo ruim a você.
- E não fez?
- Não! O que eu fiz, garota? - perguntou indignado.
- Eu estava muito feliz sabe, muito mesmo, até você vir aqui. Até ontem, meu amor de infância era fofo, gentil... Daí você chega, vira tudo de pernas pro ar, diz que ele era você, me beija contra minha vontade e ainda quer que eu te trate bem. Se enxerga, garoto, em um dia você conseguiu estragar meu sonho de um dia reencontrar meu amor de infância! – disse meio exaltada, tentei me recompor, mesmo sem muito sucesso. Não queria barraco no meio do restaurante.
- Você está brava comigo, é isso? - disse ele num tom de deboche.
- Estou, eu nunca devia ter aceitado aquela aposta, nunca – disse, levantando-me – Ruy, diz pro que eu fui pra casa, ta bom? Não aguento mais esse garoto – Ruy, o garçom, concordou com a cabeça e me olhou partir.
- Diz pra ele que eu fui atrás dessa maluca! – gritou , vindo atrás de mim.
Apressei o passo, a fim de que ele não chegasse até mim, porém, sem sucesso. Um minuto depois, já estava me alcançando, aprecei-me mais ainda, porém, segurou meu braço.
- Me larga, garoto – disse, tentando me livrar de suas mãos.
- Não solto, mas não solto mesmo, você também vai me ouvir! – disse, puxando-me rumo à praia. Chegando lá, me soltou – Você falou tudo o que você queria, mas agora você vai ter que me ouvir também! – gritou.
- O que você quer? - perguntei com raiva.
- O que você acha? Falar com você!
- Me deixa em paz, garoto!
- Como você quer que eu te deixe em paz depois de tudo o que aconteceu? - ele fez uma pausa – Depois de descobrirmos que éramos apaixonados quando crianças, depois de nos beijarmos. E eu não beijei contra sua vontade não, garota, você correspondeu, não se faça de coitadinha! – disse meio exaltado.
- Não me fazer de coitadinha? É isso que você acha que eu estou fazendo? Eu não vou ficar aqui ouvindo isso. Me deixa em paz e não me procura nunca mais, nunca! – disse com lágrimas nos olhos, virei-me e corri em direção a minha casa.
- Espera – gritou ele atrás de mim, porém, não dei importância, corri para casa.

Capítulo 7

Chegando lá, abri a porta o mais rápido possível, entrei e a fechei atrás de mim. Subi as escadas, entrei em meu quarto fechando a porta atrás de mim e me arrastando até o chão. Fiquei lá sentada, chorando. Seria possível uma coisa dessas? Esse garoto ser o meu , me beijar, dizer que eu estava me fazendo de coitadinha? Não, não podia ser ele mesmo.
Chorei, chorei até pegar no sono, ali, sentada no chão, adormeci. Por um terrível motivo, a janela que dava para o quarto estava aberta e por um motivo pior ainda, olhando da casa ao lado, via-se exatamente a porta de meu quarto; resumindo, assim que e chegassem, eles poderiam perfeitamente me ver ali, dormindo.

Acordei logo depois de pegar no sono, não conseguia dormir, esses pensamentos ficavam martelando minha em minha cabeça. Levantei-me, lutando para permanecer de pé e fechei a cortina. Por sorte era de um tecido grosso que não deixaria com que me vissem e ao mesmo tempo deixaria o ar entrar.
Fui até o banheiro e tomei um longo banho, saí do chuveiro e coloquei uma camisola qualquer de meu banheiro, que depois vi ter corações desenhados. Recusava-me a usar qualquer coisa do tipo, o amor não era uma coisa assim tão simples, tão bonita, ele também machucava. Tirei-a e coloquei uma sem estampas.
Desci para a cozinha e fiz uma torrada, estava faminta, porém, era perigoso fazer qualquer outra coisa, nunca me dei muito bem com cozinhas. Comi e logo voltei para o quarto, meu celular anteriormente jogado na cama emitia uma fraca luz; ligações perdidas. Fui olhar quem havia me ligado, descobrindo que era . Por que ela havia me ligado?
Não estava com paciência para ligar para ela, portanto, enviei uma mensagem.

Me ligou, ?

Sim, amore, o que aconteceu?

Por quê?

me ligou desesperado, dizendo que você, ele e o meu irmão foram jantar juntos, mas daí quando ele foi ao banheiro vocês dois tinha sumido. E o garçom falou que você não aguentava mais o meu irmão e foi embora e por algum motivo ele foi atrás de você.

Nossa que texto, .

Não muda de assunto.

Temos que rever nossos conceitos de amizade em, dona , fui saber hoje que tu tem uma quedinha pelo desde o início de verão.

Verdade, temos que rever esses conceitos, você de papo com meu irmão, não me contando o que aconteceu ai... Temos mesmo.

, de boa, eu não to legal agora, não queria falar sobre isso...

COMO ASSIM VOCÊ NÃO TA LEGAL? O QUE ACONTECEU, ?

Nada, , depois a gente conversa, ta bom? Vou desligar o celular agora, beijos.

Como assim? Não desliga!

5... 4... 3... 2... 1, tchau, .

Por que ela tinha de ser tão curiosa? Não queria falar sobre isso agora, queria apenas ficar sozinha.
Deitei-me na cama, a fim de conseguir dormir, porém, sem sucesso. Logo ouvi me chamando. Não queria falar com ninguém agora, por que eles estavam querendo tanto falar comigo?
não parava de me chamar, não vi nenhuma alternativa a não ser ir até a janela. Abri um pouco a cortina e perguntei.
- O que você quer, ? - Logo surgiu atrás dele – , outra hora a gente conversa, ta bom?
- Não ta bom, – disse atrás dele – Vai ficar fugindo de mim?
- , boa noite, durma bem – disse, ignorando o garoto atrás dele.
- Boa noite, gata – disse ele tentando descontrair.
“Por que você não pediu para ela esperar, ” pude ouvir dizer assim que fechei a cortina.
A noite foi longa, não dormi um minuto sem quer. Fiquei apenas pensando em tudo que tinha acontecido naquele dia. Peguei no sono apenas às sete horas da manhã. Mas porque eu estava realmente cansada, senão...

Acordei apenas às duas da tarde, levantei-me e fui tomar um banho, depois do mesmo, coloquei um vestido qualquer e desci. Na sala me deparei com uma visita nada agradável: . Sua aparência também não estava das melhores, ele tinha os olhos inchados e vermelhos quase como os meus.
Estava indo até a cozinha a fim de achar minha mãe, porém, quando passava pela porta, disse:
- Ela não esta aí. Ela foi ao mercado, seu almoço está no microondas – disse ele, antes que eu pudesse perguntar onde ela estava.
- O que você esta fazendo aqui? Não disse que não queria mais falar com você? - perguntei, não queria falar com ele, depois de tudo aquilo...
- Disse – ele tentava ficar calmo, porém, estava nervoso demais para não deixar que percebesse.
- Então, o que você esta fazendo aqui? - perguntei, será que ele não entendia? Queria ficar sozinha.
- Eu vim conversar com você, garota – ele me pareceu sincero, mas eu não, eu não tinha absolutamente nada para falar com ele.
- Eu já disse que não queria falar com você, vai embora – pedi.
- Como você quer que eu vá embora depois de tudo que aconteceu? Você vai ficar fugindo? - ele parecia indignado.
- Eu não estou fugindo, , eu só quero ficar sozinha! – Era tão difícil entender? - Ele levantou do sofá e veio em minha direção, a cada passo seu, eu adentrava mais na cozinha. Continuamos caminhando, ele tentando se aproximar de mim e eu tentando me afastar dele, até que fiquei encurralada, tinha chegado até a mesa, agora não podia mais recuar e ele estava apenas há alguns passos me mim.
Para o meu desespero, ele continuou avançando. Não tinha mais como recuar, portanto, a distância entre nós era cada vez menor.
- Por favor, , vai embora... – pedi a ele, sabendo que ele não o faria.
- Eu não posso, ... – disse ele encostando uma das mãos em meu rosto, respirei fundo a fim de me acalmar – Eu não posso ir embora... – parecia sincero – Eu... Pensei muito... Mas muito mesmo sobre ontem... Me desculpa, eu não queria ter dito aquilo, é que eu tava fora de mim, , depois de tudo que aconteceu, você ficou fugindo de mim... Foi mal mesmo.
- Eu te desculpo, sério. É que eu não posso simplesmente esquecer tudo isso. Você é o meu , o meu amor de infância, isso mexeu muito comigo. Você, que até ontem de manhã eu odiava, passou a ser o garoto que um dia eu amei, me desculpa, mas eu não posso esquecer tudo o que aconteceu ontem, não posso...
- Eu sei, te entendo... – ele parecia estar sofrendo assim como eu.
- Por favor, me deixa ficar sozinha, ... – pedi novamente.
- Tudo bem... Também estou precisando pensar... Se quiser falar comigo, vou ficar o dia todo na praia... – disse ele afastando-se de mim – Mas, por favor, deixe-me fazer uma última coisa... – disse, olhando no fundo de meus olhos, aproximou-se novamente de mim e não me beijou como eu achei que faria. Ele apenas me abraçou forte, envolvida por seu perfume, abracei-o também. Quando nos soltamos, ele me beijou no rosto, foi em rumo à porta e saiu. Deixando-me ali sozinha como eu tanto o pedira. Assim que ele saiu, percebi que não era sozinha que eu queria ficar, mas sim com ele.

Depois de todos esses anos, reencontrei o garoto que eu mais amei em toda a minha vida, que por coincidência, era o mesmo garoto que eu estava gostando, porém, sem notar. É, sempre esteve certa, eu nunca esqueci seu irmão, .
Sozinha, percebi que o que eu mais queria era ele, o garoto que sempre disse me odiar e na verdade sempre gostou de mim, como dizia , o garoto que como disse dois dias atrás, era minha alma gêmea, o garoto que me completaria, que aturaria minhas manias, meus gostos quase sempre loucos e, principalmente, o garoto que sempre me amou, em segredo, que nunca teve coragem de dizer que me amava.
Fiquei ali, encostada na mesa da cozinha, pensando em toda a nossa história, em tudo o que tinha acontecido entre nós dois, anos atrás, ontem, agora. O que eu iria fazer? Agora eu via, eu, que com exceção daquele garotinho no parque de diversões, nunca me entreguei a tal sentimento, estava total e completamente apaixonada por , por meu .
Tinha que achá-lo, não podia ficar ali de braços cruzados. O amor não bate na nossa porta duas vezes... Tinha que ir atrás dele.
Deixei um bilhete para minha mãe e sai de casa, fui em direção à praia, disse que caso quisesse falar com ele, o encontraria lá.
Segui de cabeça baixa, já estava nas dunas quando esbarrei em alguém, me desequilibrei e os dois saímos rolando duna abaixo, cai em cima de quem eu tinha tropeçado, olhei em seus olhos e era ele, o meu , ele que havia me feito tropeçar, ele que havia rolado duna a baixo abraçado em mim. Estávamos cheios de areia, ainda em cima dele, comecei a tirar a areia de seu rosto. ainda não tinha aberto os olhos por causa da areia e, assim que eu tirei a areia de seus olhos, e ele olhou pra mim com um largo sorriso se formou em seu rosto.
- Oi, – disse tímida.
- Oi, – disse ele no mesmo tom – Como eu vim parar aqui embaixo? - perguntou, olhando em volta.
- Eu tava caminhando, daí a gente esbarrou um no outro e saiu rolando duna abaixo – disse dando um leve sorriso.
- Ah, entendi... Você ta cheia de areia, deixa eu tirar isso aqui – disse ele passando a mão em meu rosto e em meus cabelos. Quando acabou e ia me levantar, ele disse – Ta se levantando por quê?
- Porque eu to em cima de você.
- Ta bom assim, não precisa levantar... – disse puxando-me para mais perto – Eu gosto de ficar assim, pertinho de você – disse sorrindo.
- Não gosto muito de areia, quer ficar pertinho? Vem pro mar, então – disse, dando-lhe um selinho de modo que um grande sorriso se formou em seu rosto.
- De roupa? - perguntou, não tinha pensado nesse pequeno detalhe, mas também, qual a importância?
- Qual o problema? – disse, correndo em direção ao mar.
- Maluca – brincou ele, vindo atrás de mim. Logo me alcançou.
- Olha quem fala – brinquei.
- Devo ser muito doido mesmo pra gostar de alguém como você.
- Deve mesmo – disse abraçando-o forte – Mas mesmo você sendo assim, eu te amo – sussurrei em seu ouvido.
- Eu te amo mais, princesa – disse ele e me beijou – Pra sempre...


FIM


N/a: Oi amores, tudo bom? Sonhos e mais sonhos, eles sempre me levam a escrever as fictions... Pois e amores, essa fic é muito importante pra mim porque o que me levou a escrevê-la, foi a cena deles se encontrando, simplesmente veio na minha cabeça, demorei pra escrever a fic, essa ideia já ta me minha cabeça há dias, bom deixa de papo furado ne, gostaram da fic? deixem coments, beijooooooooooos


comments powered by Disqus


Se algum erro for encontrado, nada de comunicar ao site ou aqui na caixa de comentários. Me mande um email, que tentarei resolver o mais rápido possível. E já que chegou até aqui, não se esqueça de comentar!