I Was Seven and You Were Nine


I Was Seven and You Were Nine
Escrita por Juliana e inspirada na música Mary’s Song da Taylor Swift.

I was seven and you were nine
(Eu tinha sete e você tinha nove)
I looked at you like the stars that shined
(Eu olhava pra você como as estrelas que brilhavam)
In the sky, the pretty lights
(No céu, as lindas luzes)
And our daddies used to joke about the two of us
(E nossos pais costumavam brincar sobre nós dois)
Growing up and falling in love and our mamas smiled
(Crescendo e se apaixonando, e nossas mães sorriam)
And rolled their eyes and said oh my my my
(E giravam seus olhos e diziam oh meu, meu, meu)

Setembro de 1987.
Eu era uma garotinha de cidade pequena. Corria pelos jardins imaculadamente arrumados, com pequenas cercas brancas. Jogava bola no meio da rua com os meus amigos, todos garotos. Estudava na única escola dali e minha mãe conhecia todas as pessoas que passavam por nós, na rua, pelo nome. Meu pai havia servido ao exército quando tinha dezoito anos e vivia falando disso.
Ele tinha um amigo daquela época, que se mudara para nossa pequena cidade no sul da Geórgia, quando eu tinha 5 anos. O nome dele era Adam . Eu cresci vendo Adam na minha casa ou indo à sua.
Ele tinha um filho chamado , dois anos mais velho do que eu. Quando ele viera para nossa cidade, tinha sete anos, a minha idade agora. Eu o admirava: era um garoto crescido na gigante cidade de Londres, que eu sonhava em conhecer. Ele sabia tudo sobre coisas modernas, que eu não conhecia, e me ensinou a mexer com seus robôs de brinquedo.
Nós éramos unha e carne, andávamos juntos por tudo quanto é lugar e as pessoas da escola me respeitavam por causa do meu amigo mais velho. Com o tempo, não precisava de mais ninguém além de .

Naquele dia, no início de setembro, quando o verão ia chegando ao fim, as folhas começavam a cair e as aulas voltavam, nós estávamos sentados numa mesa, nos fundos da casa dele, enquanto nossos pais assavam carne em uma churrasqueira improvisada. Nós montávamos um complicado quebra-cabeça da London Eye, no qual estávamos trabalhando desde o início das férias e já estávamos quase terminando. Nossas mães arrumavam a mesa maior para nós almoçarmos.
– Consegui! – exclamou , quando achou uma peça que estávamos procurando há bastante tempo. Montar a parte azul do céu era muito difícil. Eu olhei para ele com os olhos brilhando de admiração. Tudo que ele fazia parecia perfeito para mim.
– Me diga, John. – começou a falar Adam, depois de beber um gole de sua cerveja. John era o meu pai. – Olhe só para esses dois. – nos indicou com a cabeça e meu pai desviou os olhos da carne para nos olhar.
– Quer apostar quanto que, em uns sete anos, esses dois estarão se agarrando pelos cantos? – quem disse foi meu pai, rindo alto. Eu senti meu rosto corar com a possibilidade... Naquela época, o que eu sentia por não passava de adoração. Eu o vi simplesmente dar uma risadinha e minha mãe revirar os olhos.
– Bem que vocês gostariam que e namorassem. – falou Catherine, mãe de . – Se considerariam da família e teriam mais motivos para estarem sempre juntos.

Take me back to the house in the backyard tree
(Traga-me de volta para a casa-da-árvore no quintal)
Said you'd beat me up, you were bigger than me
(Você dizia que ia me bater, você era maior que eu)
You never did, you never did
(Você nunca bateu, você nunca bateu)
Take me back when our world was one block wide
(Traga-me de volta para quando nosso mundo inteiro era apenas uma quadra)
I dared you to kiss me and ran when you tried
(Eu te desafiei a me beijar e corri quando você tentou)
Just two kids, you and I...
(Apenas duas crianças, eu e você... )
Oh my my my my
(Oh meu meu meu meu)

Dezembro de 1987.
Meus pais haviam construído, para mim, uma casa na árvore. e eu costumávamos subir lá e fingir que éramos do exército, como nossos pais, e que estávamos espionando os inimigos se aproximando.
Nas nossas brincadeiras, sempre queria ser o capitão ou o soldado mais forte; sempre o melhor. Eu admirava-o tanto que nunca reclamava, apesar de não gostar. Até o dia em que resolvi mudar aquilo e pedi para ser a capitã.
– Está louca, ? – perguntou ele, enquanto pendurava do lado de fora uma bandeira que nós havíamos feito juntos, com as iniciais dos nossos nomes pintadas ali. – Uma mulher não pode ser capitã, elas não são tão fortes como os homens! – meus olhos se estreitaram, começando a ficar irritada. Mesmo que o idolatrasse, nós brigávamos também, e com mais freqüência ultimamente.
– Nós, mulheres, somos tão fortes quanto os homens! – enchi o peito de ar, cheia de orgulho.
– São, é? – ergueu as sobrancelhas, descrente, entrando novamente na casa. – Então vamos brigar, ver quem ganha. Você sabe que eu sou maior do que você.
– Então me bata, estou esperando. – dei um passo à frente, o desafiando, mesmo que ele realmente fosse mais alto e mais forte, e que eu tivesse os braços e pernas fininhos. Ele ficou um segundo parado, pensando. Depois deu um sorrisinho com o canto dos lábios, hábito que nunca abandonou.
– Apenas covardes batem em mulheres, porque elas são mais fracas. – eu olhei para ele, tentando pensar em um jeito de enfrentá-lo.
– Se você se acha tão corajoso assim, – eu disse, dando uma olhada ao redor; eu estava mais perto da porta. – me beije. Duvido que você consiga.
– Duvida? – se aproximou de mim lentamente, ainda com aquele sorrisinho arrogante nos lábios; eu fiquei sem ar e, antes que ele pudesse dar mais algum passo, eu saí da casa da árvore e desci as escadas correndo, sem olhar para trás. Entrei em minha casa, emburrada, ainda ouvindo as risadas dele.

I was sixteen when suddenly
(Eu tinha 16 quando, de repente)
I wasn't that little girl you used to see
(Eu não era mais aquela garotinha que você costumava ver)
But your eyes still shined like pretty lights
(Mas seus olhos ainda brilhavam como lindas luzes)
And our daddies used to joke about the two of us
(E nossos pais costumavam brincar sobre nós dois)
They never believed we'd really fall in love
(Eles nunca acreditaram que nós realmente iríamos nos apaixonar)
And our mamas smiled and rolled their eyes
(E nossas mães sorriam e giravam seus olhos)
And said oh my my my...
(E diziam oh meu meu meu...)

Fevereiro de 1996.
– Parabéns pra você, nesta data querida, muitas felicidades, muitos anos de vida! – todos batiam palmas e cantavam para mim, enquanto eu me inclinava e soprava as duas velas, uma em formato de número 1 e a outra de número 6.
Eu fiz um pedido enquanto as apagava: desejei que minha vida continuasse exatamente perfeita como estava naquele momento.
– Quem diria! – exclamou meu pai, com os olhos cheios de lágrimas, bancando o pai orgulhoso. Ele passou os dedos pelos meus cabelos e eu fiquei um pouco irritada por estar bagunçando-os. – Eu lembro quando a peguei no colo pela primeira vez e, agora, você já está uma moça! – eu dei um sorrisinho amarelo, especial para essas horas.
– John, pare com isso. – repreendeu-o Susan, minha mãe. Ela afastou meu pai e se aproximou de mim, me segurou pelos ombros e olhou nos meus olhos. – Minha menina, você está cada dia mais linda. – eu sorri para ela e abracei-a forte.
Então, lindo como sempre, usando uma camiseta azul que ele sabia que eu adorava, se aproximou de mim. Suas mãos grandes seguraram minha frágil cintura, seus lábios encontraram os meus enquanto eu envolvia seu pescoço com os meus braços. Se fosse qualquer outro garoto, eu teria vergonha de estar assim na frente de meus pais. Mas era da família... era o meu destino, eu sabia disso.
– Parabéns pelos dezesseis anos. – sussurrou ele, sem afastar muito o rosto do meu. Eu sentia sua respiração batendo na minha boca e via seus olhos brilhantes tão perto de mim. Eles eram minhas estrelas particulares. – Já falei que você é linda? – ele me beijou de novo, enquanto os convidados batiam palmas.
– Adam, eu sempre disse que esses dois se mereciam! – exclamou meu pai, entre a balbúrdia, e todos riram, se dispersando para comer o bolo.
Eu tive que rir também pois, apesar de falar isso, sete meses atrás, quando eu contara para meu pai e minha mãe do namoro com , John fora pego de surpresa. Logo eu o ouvi ao telefone, fofocando com Adam para saber se eu não estava de brincadeira. Nenhum dos dois acreditara que e eu nos apaixonaríamos de fato.
Mas, apesar do susto inicial, todos estavam felizes agora. Tudo estava bem.

Mais tarde naquele dia, eu e estávamos deitados na minha cama, conversando e trocando beijinhos carinhosos. Até que, me pegando de surpresa, as mãos dele começaram a ousar, tocar partes do meu corpo que eu nem sempre deixava.
Depois de um tempo, ele virou o corpo sobre o meu, se apoiando na cama para não me machucar. E então sussurrou, antes de começar a desabotoar minha blusa.
– Eu te amo, minha mulher. – eu sorri para , me entregando e virando realmente dele.

Take me back to the creek beds we turned up
*
Two A.M. riding in your truck
(Duas da manhã, dirigindo na sua caminhonete)
And all I need is you next to me
(E tudo que eu preciso é você perto de mim)
Take me back to the time we had our very first fight
(Traga-me de volta para a hora que nós tivemos nossa primeira briga)
The slamming of doors instead of kissing goodnight
(O bater de portas ao invés de um beijo de boa noite)
You stayed outside til the morning light
(Você ficou do lado de fora até amanhecer)
Oh my my my my
(Oh meu meu meu)

Março de 1996.
! – eu exclamei, me separando dele bruscamente. Os lábios dele estavam vermelhos e inchados, e tinha certeza que os meus estavam iguais. Eu olhei no relógio. – São 02h37min, eu preciso estar em casa às 3 horas!
Nós estávamos no carro dele, estacionado nos arredores da nossa pequena cidade, perto de um precipício de onde a víamos, pouco iluminada, lá embaixo. No céu, as estrelas brilhavam intensamente.
– Você já precisa ir? – resmungou ele, a mão alisando minha coxa, os lábios deslizando para o meu pescoço, me fazendo estremecer. Precisava me controlar, ou então não conseguiria ir embora dali.
– Eu preciso, . – eu o afastei delicadamente, ainda meio ofegante, dando-lhe um selinho. Ele me encarou por um tempo, depois bufou.
– Você sempre precisa ir embora, . Sempre. – eu encarei-o, meio assustada pelo tom de voz que usou comigo. Estava aborrecido.
– Você sabe como são os meus pais, você convive com eles desde... – ele balançou a cabeça, me interrompendo.
– Não estou falando deles, eu os entendo. Mas o que me tira do sério é o fato de que você sempre tem algum lugar para ir, algo para fazer. Quando vamos sair na sexta à noite, você não pode porque é aniversário da Layla. Então, tento combinar de fazermos algo no sábado, mas você precisa treinar o dia todo e dormir cedo para poder estar lá, linda, como animadora de torcida, no jogo de futebol americano. Durante a semana, você precisa estudar... E por aí vai! Nós não nos vemos mais direito! – eu olhei para minhas próprias mãos, arrumando minha saia. nunca ficava irritado comigo, não para valer, não daquele jeito. Eu estremeci, mas agora não tinha nada de bom nisso.
– Desculpa, meu amor. – eu sussurrei de volta, enquanto ele se ajeitava e ligava o carro, voltando para minha casa. – Eu vou dar um jeito nisso.
– Eu já ouvi isso! – bufou ele. – Eu estou cansado disso, cansado de você ter tempo para qualquer outra pessoa, menos para mim! – ele observava a estrada com os lindos olhos que agora estavam irritados. – Por que me quer como namorado se nem passamos tempo juntos? – exclamou e, depois, balançou a cabeça. Ele permaneceu o resto do trajeto em silêncio.
Quando chegamos, ele estacionou o carro e desceu para abrir a minha porta. Sempre um perfeito cavalheiro, até naquelas horas.
– Boa noite. – resmungou depois que eu abrira a porta da frente. Eu hesitei por um instante, esperando que ele me beijasse. Mas ele nada fez.
– Boa noite, . – sussurrei de volta com os olhos cheios de lágrimas. Respirei fundo e fechei a porta, esperando que ele não tivesse notado. Me encostei na porta e escorreguei, até estar sentada no chão, e segurei o rosto nas mãos, começando a soluçar alto, as lágrimas escorrendo pelas bochechas.
Do outro lado da porta, ele pareceu escutar.
? – ele perguntou, baixinho. Eu fingi que não ouvi e continuei chorando. – Pequena, me desculpe, eu não deveria ter falado aquelas coisas. Eu entendo que você tenha outros... – eu me levantei e subi as escadas, ainda chorando, não ouvindo o final de sua frase.
Entrei no meu quarto e fiquei na janela, observando o carro dele. Uns vinte minutos se passaram e nada de voltar. Eu me deitei e peguei no sono logo. Quando acordei, na manhã seguinte, o carro ainda estava ali.

A few years had gone and come around
(Alguns anos tinham vindo e ido embora)
We were sitting at our favorite spot in town
(Nós estavamos sentandos no nosso local favorito da cidade)
And you looked at me, got down on one knee
(E você olhou pra mim, se abaixou em um joelho)

Junho de 1999.
O verão havia chegado e e eu voltamos para nossa pequena cidade. Eu completara os meus dois primeiros semestres na universidade e ele já acabava o quarto.
entrara na faculdade um ano atrasado, por escolha própria, querendo trabalhar um pouco e juntar dinheiro. No ano que ele teve que se mudar, tudo ficou muito difícil. Nós nos víamos todos os fins de semana, pois a universidade onde ele estudava ficava a pouco menos de duas horas.
Um ano depois, eu entrei lá também, e tudo voltou a ser o que era antes.

Aquele dia, nós dois estávamos sentados no nosso lugar favorito da cidade: na margem de um riacho, a menos de cinco quilômetros do bairro onde morávamos. Sempre passávamos horas ali quando éramos novos, antes mesmo de sermos mais do que amigos.
Um velho tronco caído no chão servia de banco. Era onde nós sentávamos para jogar carta e, anos depois, para namorar. Agora, eu comia sorvete, lutando contra o calor e relembrando com ele dos nossos momentos ali.
– Eu nunca vou esquecer quando viemos aqui pela primeira vez. – disse , sorrindo e apontando com a cabeça a ponta oposta do tronco, perto de onde eu estava sentada. Eu olhei para o coração gravado na madeira, dentro do qual estavam os nossos nomes. A princípio eram só os nomes, mas, mais tarde, quando começamos a namorar, gravamos o coração, envolvendo-os.
– Nós chamávamos aqui de nosso riacho. – eu balancei a cabeça, rindo. – Eu me lembro da vez em que você me atirou na água. Estava frio demais! – mostrei a língua para ele, que riu alto.
! – exclamou ele, pegando o sorvete de casquinha da minha mão toda melada, antes que pingasse na minha saia. Eu ri mais ainda, enquanto ele balançava a cabeça. Depois ele pegou minha mão e levou a ponta de cada um dos dedos para a própria boca, chupando o sorvete.
– Não precisa comer os meus dedos, , pode ficar com o sorvete! – ele revirou os olhos e riu, fazendo a cara de uma criança feliz e começando a devorar o sorvete. Eu levantei e fui até a água, molhar minha mão. Quando voltei, ele já tinha praticamente acabado.
– Estava pensando aqui comigo. – falou , olhando para o nada. – Faz catorze anos que eu te conheço! – eu confirmei com a cabeça.
– Um tempão, né? Quem diria que eu iria agüentá-lo! – ele fez uma careta e eu ri. acabou de tomar o sorvete e se afastou um pouco para lavar as mãos. Depois, voltou para onde eu estava.
– Não consigo mais imaginar a minha vida sem você, amor. – eu fiquei séria e virei para ele, que sorria, observando a água. – Entende o que eu quero dizer? Você já é parte essencial da minha vida. Namoramos há quatro anos, o que pode não ser tanto tempo assim, mas nos conhecemos desde muito antes. – virou para mim, encontrando meus olhos, e eu tive que sorrir. Seus olhos eram lindos. – Você é a pessoa que me conhece melhor. Acho que melhor do que eu mesmo me conheço. – ele se inclinou para mim, beijando meus lábios bem de leve.
Depois ele se levantou e meus olhos o acompanharam, intrigados. O que ele estava fazendo? Eu fiquei sem ar quando ele se ajoelhou à minha frente.
– Você é meu destino, . – colocou a mão dentro do bolso da calça e tirou de lá uma pequena caixinha, toda de veludo preto. Quando ele abriu-a, revelando um anel cheio de brilhantes, minha visão embaçou: culpa das lágrimas que encheram meus olhos. – Você quer se casar comigo? – ele perguntou, a voz rouca de nervosismo.
Funguei, segurando as lágrimas, e me levantei, segurando-o pela mão para ele fazer o mesmo. Depois, me joguei nos braços dele, envolvendo sua cintura, enquanto escondi meu rosto no seu peito, deixando as lágrimas rolarem um pouco. Logo levantei a cabeça, com um sorriso capaz de deslocar os músculos do meu rosto.
– Ser sua esposa é tudo que eu quero, hoje e sempre. – respirou fundo, aliviado, e sorriu da mesma forma que eu, grudando os lábios ansiosos nos meus. Depois de tirar todo o meu fôlego, ele parou o beijo. Então abriu a caixinha e segurou minha mão direita, erguendo-a e colocando bem lentamente o anel dourado no meu dedo.
– Minha noiva. – sussurrou ele, seus olhos brilhando como as pedras do meu anel. Eu me senti tonta de felicidade e, daquele momento em diante, sabia que estava completa.

Take me back to the time when we walked down the aisle
(Traga-me de volta para a hora que nós andamos pelo corredor da Igreja)
Our whole town came and our mamas cried
(Nossa cidade inteira veio e nossas mães choraram)
You said I do and I did too
(Você disse "Eu aceito" e eu disse também)

Setembro de 2000.
Eu estava sentada no banco de trás de um carro de época, com um imenso vestido branco ao meu redor. O carro parou na frente da pequena igreja da cidade e eu fiquei observando as flores que decoravam a entrada, as altas portas de madeiras que se abririam para eu entrar. Minhas mãos suavam.
– Pronta? – perguntou meu pai, sentado no banco da frente. Eu assenti com a cabeça, incapaz de falar. Eu ia me casar! A ficha não caíra, ainda.
Ele saiu do carro e abriu a porta para mim, me ajudando a levantar meu vestido. Nós dois paramos na frente das altas portas e eu engoli em seco.
– Você está linda. – disse meu pai, emocionado. Ele afagou meu rosto, sorridente. – Quem diria, hein, você e vão se casar. Lembro de quando eram apenas duas criancinhas.
– Eu te amo, pai. – sussurrei para ele, segurando minhas lágrimas. Ele sorriu novamente e fez sinal para os homens que estavam parados ao lado da porta,no que eles abriram-na, na mesma hora que a marcha nupcial começou a tocar. Eu respirei bem fundo.
De braço dado com meu pai, cumpri a pequena distância do corredor central da igreja, que estava apinhada de gente. Aparentemente, toda a cidade viera. Meus olhos encontraram-se com os da minha mãe, cheios de lágrimas. Seus lábios formaram as palavras: “Minha garotinha linda!”. Eu sorri.
A cada passo que eu dava, meu coração batia mais forte. O que me mantinha tranqüila era ver parado na frente do altar. O sorriso dele iluminava todo o ambiente e eu não conseguia desviar os olhos dele.
Quando chegamos perto, meu pai esticou a mão para cumprimentar e abraçar . É claro que ele teve que fazer uma brincadeira com o genro.
– Cuide bem da minha filha, . Eu sei onde você mora! – John fez uma expressão ameaçadora e eu ri um pouco, nervosa.
Meu pai foi se sentar, eu estiquei a mão para e, por um segundo, olhando dentro dos olhos dele e sorrindo, era como se estivéssemos só nós dois. Depois, nos posicionamos na frente do padre, que começou a ler muitas coisas.
Eu estava tão feliz, tão nervosa, que nem lembro direito do que ouvi naquele dia. Lembro vagamente da parte que prometi amar na saúde ou na doença, na riqueza ou na pobreza, até que a morte nos separasse. Mas a parte que eu lembro detalhe por detalhe, como se fosse hoje, foi quando o padre fez a pergunta crucial para nós.
, você aceita como sua legítima esposa, para amá-la e respeitá-la até o fim de suas vidas? – olhou bem fundo nos meus olhos e eu me esqueci de como se respirava quando ele respondeu.
– Eu aceito. – seu sorriso se alargou e meu coração apertou, uma sensação gostosa.
, você aceita como seu legítimo esposo, para amá-lo e respeitá-lo até o fim de suas vidas?
– Sim, eu aceito. – Meu coração bateu forte, louco de felicidade. O homem que eu amava era meu, por toda a eternidade.
– Pode beijar a noiva, . – disse o padre e meu marido não demorou nem um segundo para me segurar nos braços, pousar seus lábios doces nos meus e me beijar lentamente, o primeiro de muitos beijos como marido e mulher.
Quando nos afastamos, olhei bem fundo nos olhos dele, que brilhavam como estrelas, as minhas estrelas particulares.

Take me home where we met so many years before
(Leve-me para a casa onde nós nos conhecemos)
We'll rock our babies on that very front porch
(Nós criaremos nossos bebês no alpendre da frente)
After all this time, you and I
(Depois de todo esse tempo, eu e você)

Maio de 2007.
– Você tem certeza disso, ? – eu perguntei, parada na frente da porta branca pela qual eu já passara tantas vezes.
– Certeza, meu amor. – ele beijou a minha bochecha, tentando me tranqüilizar. – Minha mãe e meu pai queriam uma casa menor e nós queríamos voltar para cá, agora que você acabou a faculdade. Fica tudo perfeito!
Eu dei uma olhada ao redor. A casa era azul, bem clarinha, com as aberturas brancas, assim como a pequena cerca. Sempre fora assim, desde os meus cinco anos, desde que eu conhecera . Tudo estava em perfeitas condições, inclusive o jardim. E o melhor: cada centímetro daquele lugar me trazia lembranças felizes de e eu, correndo por aí ou simplesmente sentando no pátio e brincando, enquanto sua mãe nos trazia lanchinhos e sucos.
Falando nela, Catherine saiu da casa com o pequeno Logan nos braços, que sacudia os bracinhos e sorria.
– Se “gugudadá” quer dizer que ele gostou, então meu netinho gostou muito do quarto dele! – ela riu, fazendo carinho nas gordas bochechinhas dele. Eu sorri, orgulhosa, passando a mão na barriga. Eu tinha um marido perfeito, um filhinho de um ano lindo e estava grávida de três meses. – Já se decidiram? – ela perguntou, em especial para mim.
Eu hesitei por um segundo.
– Sim, nós vamos ficar com a casa. – me virei para e vi sua expressão feliz. Eu sabia o quanto isso significava para ele e a casa era linda. Ainda por cima, não precisaríamos desembolsar nenhum centavo, o que não tínhamos muito naquela época.
– Estou vendo que meus filhos vão ficar bastante mimados, não é, Logan? – falou , pegando o bebê do colo da avó e sorrindo para ela. – Com todos os avós corujas morando perto. – os dois riram.
– Eu vou lá dentro preparar o almoço. – disse minha sogra, entrando novamente na casa. Então, virou para mim e eu fiquei toda boba olhando para os dois homens da minha vida. Os dois tinham o mesmo sorriso e exatamente os mesmos olhos brilhantes. Eu nem acreditava em como eu era feliz.
– Obrigado por aceitar morar aqui. É importante para mim. – sussurrou, se aproximando e beijando minha testa.
– Quero que nossos filhos cresçam como nós, meu amor. – concordou e se inclinou para me beijar. Porém, nem meio minuto depois, Logan bateu com os bracinhos em mim, pedindo atenção. Nós dois nos afastamos, rindo, e cada um beijou uma bochecha do nosso bebê.

I'll be eighty-seven; you'll be eighty-nine
(Eu estarei com 87; você estará com 89)
I'll still look at you like the stars that shine
(Eu ainda olharei pra você como as estrelas que brilham)
In the sky, oh my my my...
(No céu, oh meu meu meu... )

Outubro de 2067.
– Vovó, vovó! – chamou Sophie, interrompendo minha história. – Você pode contar a parte do casamento de novo? – eu ri uma risada fraca, cansada. Ter 87 anos não é para qualquer um.
– Crianças. – repreendeu Lucy Ann, minha neta. Seus filhos, Sophie e Matthew eram, na verdade, meus bisnetos, mas me chamavam de avó. – A vovó já deve estar cansada de contar essa história tantas vezes, certo? – ela virou-se para mim e eu balancei a cabeça.
– Ela nunca cansa! – quem falou foi , rindo também, mostrando a dentadura.
– Claro que não canso. – eu concordei, enquanto ele sentava no sofá ao meu lado e segurava minha mão. Eu olhei para os seus olhos e nem mesmo o tempo conseguira amenizar o brilho deles. Seu sorriso fazia todo o rosto se enrugar, mas ele me parecia lindo como sempre. – Afinal, é a minha história e do amor da minha vida. – apenas me olhou, sem falar nada.
Mas eu o conhecia o suficiente – há 82 anos – para ter certeza de que ele pensava a mesma coisa.

THE END.


-----------------------------------------------------------*
Oi, coisinhas lindas! Eu estava há um tempãaao pensando em escrever uma fic inspirada nessa música, porque eu acho ela, tipo assim, MUITO fofa. Então, em uma noite tediosa, eu tive um surto e comecei a escrever. E até que não ficou tão ruim, sabe? Pelo menos eu não achei, mas eu sou meio suspeita pra dizer, né?! HAHA. Então nadinha mais justo do que tu comentar e deixar a tua opinião, certo? Corretíssimo!
E, pra quem gostou e estiver a fim de ler mais das bobagens que eu escrevo, é só clicar e aproveitar: Your Eyes Don’t Lie.
Muitos beijinhos, obrigada por lerem! :)

comments powered by Disqus