I Will Always Be There
Escrita por Larissa Perez
Betada por Taty


O relógio marcava 6:00 da manhã. null abriu os olhos e fitou o teto por um segundo antes de tirar a mão de baixo das cobertas e bater com força no despertador. Todo primeiro dia de aula era sempre igual, mas esse era diferente.
14 de fevereiro costumava ser um dia especial para todos os habitantes ingleses. Ela não entendia o porquê. Sentou-se na cama por alguns instantes, antes de abrir as persianas. Apertou os olhos, esperando luz, mas o sol mal havia saído. Arrastou-se até a porta do banheiro, tomou seu banho e abriu a porta do armário. Para que mesmo ela devia se arrumar para ir ao colégio? Pegou uma camiseta rosa clara, vestiu seus jeans batidos e calçou o all star preto. Estava penteando o cabelo quando a mãe bateu na porta.
'Querida! Ande ou vai se atrasar! Hoje é dia dos namorados! Não vai querer deixar os gatinhos londrinos esperando, né?’ E saiu rindo sozinha.
'Que coisa idiota.’ Foi o que a garota pensou. Pegou a mochila e desceu as escadas.
'Bom dia, mãe... Pai.’
'Bom dia, meu amor! Animada?’ O pai perguntou, enquanto passava manteiga no pão. null lançou-lhe um olhar como resposta.
'Ok, desculpe. Quer carona?’
'Não, valeu, pai. To atrasada! Beijo!’ Ela falou, correndo para fora de casa. Pisou no cadarço desamarrado e acabou com o queixo na calçada.
'Droga!’ Gritou ainda deitada. ‘Ótimo jeito de começar o dia!’ Olhou para frente e viu null null e null null. null era seu amigo desde os... 7 anos? E null era o amor da sua vida desde... tanto faz.
'null, ta tudo bem?’ O amigo perguntou, agachando-se ao lado dela. O outro continuava parado, olhando-os.
'Aham. Foi só... um... cadarço.’ Ela completou. Olhou para null, que sorriu. A única coisa que conseguiu fazer antes de sentir o rosto ferver foi abaixá-lo.
'Animada pro dia dos namorados, null?’ null perguntou, enquanto amarrava o tênis dela. null lançou-lhe o mesmo olhar que acabara de lançar ao pai.
'Já entendi.’ Ele respondeu, rindo.
'Vamos?’ null disse descruzando os braços.
'Eu tenho que... ir ao mercado.’ A menina mentiu entre gaguejos.
'null, são 6:30. Que mercado?!’ Ele perguntou rindo.
'Erm... Tchau!’ Respondeu e saiu correndo. Quando já estava há uma boa distância deles, sentiu o queixo arder. Tocou-o levemente e viu o sangue no dedo. Suspirou fundo e seguiu, pelo caminho alternativo até a High England.

'Essa garota é meio estranha. Sempre achei isso.’ null dizia enquanto ia com o amigo para a escola.
'Por quê? Ela é demais.’ null respondeu.
'Eu sorri pra ela e ela nem pra dar um ‘oi’ ou sei lá...’ Chutou uma pedrinha.
'null, ela é tímida.’
'Mas eu falei com ela. Pra mim isso é ser estranha.’
'Cala a boca. Ela é demais. Você vai adorá-la.’
'Estranha.’
'Demais.’
'Cara, qual o problema com o dia 14? Qual o problema COM ELA?’ null fez null rir.
'null, ela não gosta. A null não vê graça em comemorar uma coisa que...’
'...ela não tem.’
O garoto o olhou, sem entender nada.
'Se ela tivesse um namorado, ela gostaria do dia.’
'Ela não tem porque não quer, ok? E até parece que VOCÊ tem.’
'Nem você. E mesmo assim, nós não odiamos esse dia.’
Chegaram ao colégio. Corações espalhados por todo o colégio, faixas com ‘Happy Valentine’s day!’ escritas por todo o lado, pessoas sorrindo e se beijando. Bom dia, Londres!

null olhou para um coraçãozinho grudado no armário e o arrancou, antes de abri-lo.
'HEY, MINHA FILHA! Você não pode arrancar esse coraçãozinho daí não! Tá pensando que isso aqui é o quê?’
A garota se virou, dando de cara com null. Lançou-lhe o olhar-do-dia.
'Ah, é você.’
'Por enquanto. Se eu continuar a ver coraçõezinhos espalhados por esse colégio, em breve vou virar uma serial killer. Vou matar namorados. Ia ser divertido ver aquele sangue vermelho com hemácias em forma de coração escorrendo pela sala.’ Piscou os olhinhos. null continuou com a mesma cara. ‘Desculpa.’ Ela falou, beijando o rosto da amiga. ‘Cadê null e null?’
'OI, GATINHAS!’ As duas apareceram, abraçando-as. ‘Feliz dia dos namorados!’
null ameaçou lançar mais um olhar, mas null a interrompeu.
'Não precisa mais fuzilar ninguém, queridíssima.’
O sinal tocou.
Feliz aula-dos-namorados!

'Olá, querido null!’ Harry berrou no ouvido do amigo, antes de ver null e null. ‘Hey, guys!’
'Oi, Judd. A gente tava falando da null.’ null falou.
'A null? Por quê?’
'Parece que o nosso null aqui levou um fora.’
Harry o encarou antes de gargalhar.
'Tá de sacanagem!’
'Não ri, babaca.’ null murmurou, enquanto pegava seu livro.
Sinal.
'Vamos!’ null disse e os quatro foram direto em direção à sala.

'Eu sei, gente! Mas o que eu podia fazer? Ele me pegou desprevenida!’ null contava.
'Ele te levou ao cinema pra assistir um filme romântico. Se você foi desprevenida, então você é mais do que idiota.’ null disse, mexendo no cabelo.
'Agora você se arrepende, leza.’ null falava.
'Nem me lembre. Que houve com o queixo?’
A menina tocou o queixo novamente. O sangue havia coagulado.
'Levei um tombo. Na frente do null e do null.’
'null?!’ null perguntou e a menina confirmou com a cabeça.
'Ouch!’ null, fazendo careta.
'Falando neles...’ null falou e olhou para a porta. Os quatro integrantes da banda de garagem mais desconhecida entravam na sala de aula. null rapidamente abaixou a cabeça, tentando esconder o queixo machucado.
'Vou lá... Desejem-me boa sorte.’ null disse, se levantando e indo em direção a null.
Os outros três se sentaram. null sorriu mais uma vez para null, mas a reação da garota foi a mesma. Ele franziu a testa e se levantou, indo em direção a ela.
'Droga.’ Ela sussurrou para si. null e null fingiam conversar, mas estavam prestando atenção.
'Parece que machucou, né?’ null disse, apontando para o machucado da menina.
'É.’ Ela respondeu rindo, nervosa.
Ele segurou o rosto dela de leve. A menina pôde sentir o corpo congelar. Quem foi mesmo que havia dito que o sangue se mantinha quente?
'Foi feio. É melhor você ir à enfermaria.’
'Não precisa, ta tudo bem! Sério, eu...’ Tarde demais. Ele já havia puxado a mão da garota.
Os dois saíram da sala.
'null.’
'Erm. Oi, null.’ Ela disse, tentando sorrir para ele. Por que era tão difícil não ser lerda?
'Nossa! Um sorriso! Olha o que eu consegui!’ Ele falou rindo. Ela riu, envergonhada.
'O null disse que você era tímida. Eu pensei que ele tinha exagerado, mas não.’ Olhou para ela.
Todo o frio que ela havia sentido se transformava em fogo. Sentiu o rosto vermelho. Começou a rir. Por que tinha que rir quando estava nervosa?
'Que foi?’ Ele perguntou, rindo também.
'Nada não.’
'Então... Por que toda essa raiva com o dia dos namorados?’
Ela então esqueceu a timidez e lançou-lhe mais um da coleção de olhares.
'Não tenho raiva. É um dia comum. Só que essas pessoas idiotas acham que é especial. Não tem nada de especial. NA-DA.’
Ele a fitou por um segundo e riu.
'Chegamos.’
null abriu a porta da enfermaria para a menina.
'Olá, Srta. Spinfire. A null aqui machucou o quei...’ Parou ao ver a secretária desmaiar.
'Eu não entendo porque botam uma pessoa que desmaia com sangue pra trabalhar aqui’ A garota disse, rindo.
'Nem eu.’ null disse, olhando ao redor. Pegou algumas coisas. ‘Eu cuido disso.’ Piscou para a menina, que se derreteu por dentro.
'Não, null! Isso arde!’ Ela gritou, tentando se livrar das mãos do garoto.
'Senta aí, mocinha!’ Ele berrou. A menina sentou-se na cama. null passou um algodão no queixo dela.
'AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAH!’
'Cala a boca, null! Pára de ser fresca!’
'Não é frescura. É dor!’
Ele riu, e continuou. null ameaçou abrir a boca, mas ele rapidamente botou a outra mão sobre ela.
'Shiu!’ Ele fez, olhando-a nos olhos. ‘Prontinho. Acabei!’
'Obrigada.’ Ela agradeceu, sem graça.
'De nada.’ null respondeu, dando um beijo no rosto da menina.
Depois ela não entendia porque os pés pararam de funcionar.

'Sr. null, Srta. null.’ A professora os cumprimentou. ‘Atrasados.’
null apontou para o curativo no rosto da garota. A mulher, mal humorada, os mandou sentar.

'Conta AGORA.’ null disse baixinho para null. null e null olhavam para a cara da menina.
'Ele cuidou de mim.’ Ela falou, sorridente.
'ELE O QUÊ?!’ A menina gritou.
'Srta. null, detenção. JÁ.’
null se levantou. ‘Depois eu quero detalhes.’ Ela sussurrou para a amiga que riu.
'Harry!’ null chamou o amigo, silencioso.
'Fala.’
'Detenção.’
'Oi?’
'É pra lá que eu vou.’ Ele disse antes de gargalhar alto.
Detenção.

'O que você fez?’
'Gritei.’ null respondia ao interrogatório.
'Ok. Pode se sentar.’
A menina se virou, procurando um bom lugar para se sentar. A última cadeira da fileira do canto era ótima! Poderia dormir. Se sentou e fechou os olhos, apoiando o rosto na mesa.
'Oi.’ Ouviu alguém dizer. É claro que algum loser gostaria de encher o saco dela. Abriu os olhos e viu null null. Sorriu por dentro.
'Oi, null. Que que você ta fazendo aqui?’
'O mesmo que você.’ Ele respondeu, rindo.
'Dormindo?!’
'Boa idéia!’ Os dois riram.
null deitou-se novamente e fechou os olhos, torcendo para que o professor não a visse. Estava quase dormindo, quando sentiu a ponta de um lápis. Levantou.
'Você vai fazer alguma coisa na sexta à noite?’

Recreio. O maior sonho dos estudantes, exceto de null. Recreio somado a dia dos namorados não resultava em algo bom, claro. Entrou na fila do almoço. Pegou um sanduíche de atum, uma coca, um iogurte de chocolate e foi até a mesa onde null estava sentada lendo alguma coisa idiota.
'Olá. A senhora gostaria de alguma coisa?’
'Senta e olha isso, null.’ Entregou o papel para null.
'Passeio ao zoológico para comemorar o dia dos namorados. Macacos tacando coisas nas pessoas e tigres comendo carne crua me parece muito romântico.’
'É incrível como você tem o poder de estragar tudo que há de bom no mundo.’
'Cara, null, você é um doce.’ Ela respondeu, jogando um beijo para a amiga.
null e null, que haviam entrado juntos, rindo, se sentaram junto com elas.
'Que é isso?’ null perguntou, pegando o papel da mão de null. null fez a mesma coisa com ele.
'Passeio ao zoológico para comemorar o dia dos namorados. Ver golfinhos e passarinhos cantando me parece muito romântico.’
'Viu?’ null falou, olhando para null.
'Oi, galerinha feliz!’ Harry gritou, juntando-se a eles. ‘Já souberam do programa de sábado? Vamos ao...’
'...zoológico ver cobras engolindo bois. Já sabemos, Judd.’
'null, você não consegue parar de estragar as coisas?’
'Você é outro doce, Harry.’ Jogou um beijo para o menino, como havia feito com null.
null e null se juntaram a eles.
'Oi, gente!’ null disse, sentando-se. A menina fez o mesmo.
'Sábado eu e o null vamos ao zoológico. E vocês?’ null disse, sorrindo.
'Ui, apressadinhos.’ null brincou.
'OOOOOOOI!’ null gritou, sentando-se na mesa e jogando o suco de null no chão. Ela o fuzilou com o olhar. ‘Vamos ao zoológico?’
'Claro! A null que ta de doce.’ null falou, fazendo cara feia.
O garoto a encarou.
'Claro! Vai ser lindo! Golfinhos e passarinhos cantando me parecem muito românticos!’ Ela falou, sorrindo.
'Ué?’ null começou, mas null pisou no seu pé e ele se calou.
Sinal. Fim do recreio.
Todos se levantaram, e null puxou o braço de null.
'Golfinhos e passarinhos cantando? Você TINHA que falar a mesma coisa que eu?’
'Eu não tive escolha. Zoológico me lembra babuínos.’
'É, babuínos não são românticos.’

Todos estavam saindo do colégio. null já havia contado a null, null e null que sairia com null na sexta, e null que iria ao cinema assistir o mesmo filme com null. null iria a uma reunião do comitê social do colégio e null ficaria em casa comendo chocolate e assistindo ao DVD da Avril Lavinge pela milésima vez. As quatro ainda estavam se despedindo quando null se aproximou.
'null, pode vir aqui um segundo?’
A garota encarou as amigas, que lançaram olhares incentivadores.
'Erm, claro.’
'Eu estava pensando se... Você teria alguma coisa pra fazer na sexta à noite.’
A garota piscou os olhos rapidamente. Não, não era um sonho/miragem/loucura. Sentiu o estômago revirar, e por um segundo, pensou que vomitaria em cima do all star. Respirou fundo, afastando o pensamento de estragar seu par de tênis preferido.
'Na verdade, eu iria dormir na casa da null...’
'Mas ela vai sair com o null.’
'null?! Eu disse isso? Eu quis dizer null.’
'null.’
'null?’
'Reunião.’
'Não essa null. É outra null. É minha prima. Ela é escocesa e veio passar um tempo aqui na Inglaterra. Ela quer que eu vista uma daquelas saias quadriculadas. Não que eu vá usar, sabe? Você tem que vestir aquilo sem nada por baixo. E isso é estranho. E eu acho que só os homens usam isso, né? Mas, sabe, eu não gosto muito dessa coisa de sair sem nada por baixo. Fora que saia longa também é bem brega, nunca usaria uma coisa dessas, sabe? Eu acho...’
null encarou o tênis azul marinho.
'Olha, se você não quiser sair, eu vou entender. Só tava querendo me aproximar de você, sabe? Você me parece uma garota muito legal e tudo mais. Não que eu não tenha percebido isso antes, por que eu JÁ tinha percebido. Só que eu não sou muito bom pra chamar garotas pra sair. Não que seja alguma coisa romântica nem nada, mas é que você poderia pensar que, sei lá, era um encontro. Por que, bem, eu sei que você não é muito fã de encontro de dia dos namorados. Namorados?! Não, eu quis dizer o peixe, sabe? Namorado, o peixe, do mar.’
'Entendo.’ Ela disse, balançando a cabeça lentamente. ‘Mas, bem, eu posso desmarcar com a minha prima.’
'Sério?’
'Aham.’
'Ótimo. Te pego às 19:30?’
'Ok.’
'Erm... Então, tchau.’
'Tchau, null.’
E assim acabou a quarta-feira/14 de fevereiro/dia dos namorados/primeiro dia de aula.



null estava sentada na bancada da cozinha, tomando seu leite quente. Era uma manhã fria e ela estava escondida no meio de um monte de lã.
'Bom dia, chata.’ David, o irmão mais velho dela, disse.
'Ah, bom dia, irmão super divertido.’
'Quer carona? Eu vou mais cedo pra faculdade hoje.’
A menina o encarou, desacreditada. Ele estava fazendo um favor para ela? Por livre e espontânea vontade? Não.
'O que você quer?’
O menino olhou para ela e sorriu.
'No caminho eu te conto, Mini null.’
Ela pulou da bancada de mármore e o seguiu até o carro vermelho.
'Pode dizer.’
'Você sabe que a festa da faculdade é na semana que vem, não sabe?’
'Prossiga.’
'Então, tudo ta certinho, marcado e tudo mais.’
'Sim.’
'Só falta a banda do show.’
null o encarou.
'Você não quer que eu cante, quer?’
'Não você. Eu quero aquela bandinha dos seus amigos. McSwim ou sei lá o que.’
'McFLY.’
'Por favor.’
Ela o encarou mais uma vez. Ele estava fazendo aqueles olhinhos azuis parecerem mais brilhantes. Não iria conquistá-la assim. Piscou.
'Ok! Mas eu quero carona por um mês!’
'Sim, senhorita!’

'null, falar sobre a cultura escocesa não foi a melhor coisa a fazer. E ele foi um amor, falando de peixes.’
'Exato: ele tava falando DE PEIXES.’
'Peixes são legais.’
'São peixes. Eles nem piscam os olhos, null.’
'null, não importa. Eu vou sair com ele. Nem acredito. Mas não vai ser nada romântico.’
'Ah, claro! null null convida null null pra sair, mas não é romântico. Nem aqui, nem no Brasil!’
'Como assim?’ null o encarou, confusa. Os dois estavam indo juntos para o colégio.
'Como assim que vocês se gostam desde... 8 anos?’
'Correção: EU gosto dele.’
null a olhou, sorrindo maroto.
'Certo?’
'Ah, claro!’
'null, você me parece confuso.’
'Cala a boca.’
'Seria isso o resultado de null null ter aceitado sair com você na sexta?’
'Cala a boca.’
'Aonde vocês vão?’
'Eu vou levá-la a um restaurante que tem em High Wycombe.’
'AIQUELINDOS!’ Ela gritou, jogando as mãos para cima.
'null, menos.’
A menina piscou para ele, antes de entrar no colégio e ir em direção ao armário.

null, null e null conversavam animadamente sobre os programas de sexta e sábado.
'Eu mal posso esperar, gente! Vai ser lindo dessa vez!’ Dizia null.
'Claro, você ta preparada dessa vez.’
'Cala a boca, null.’
'Cadê a null?’ null perguntou.
'Morreu.’
'Se afogou.’
'Ai, gente, cruzes!’
'Shiu aê, null. Vamos pra sala.’

null estava pegando seus livros no armário quando viu um par de all star verde ao seu lado.
'Oi, Judd.’
'Hey, null! Tudo bem?’
'Sim e você?’
'Também... Então...’
'Diga.’
'Você acha que se eu der um buquê de flores pra null ela vai gostar?’
A menina o encarou por um momento.
'Claro.’
'Ok. Obrigado!’
E observou Harry indo, feliz, em direção a sala de aula. Esperou algum tempo até seguir o mesmo caminho.
Chegou na porta e viu os sete amigos reunidos, enquanto null não parava de falar.
'Alguém cala a boca dela.’ Falou, jogando a mochila em cima da carteira.
'Eu faria isso.’
'null, fica quieto.’ null falou, dando um tapa no pobre garoto.
'Mas enfim, por que essa gritaria?’
'Nós vamos nos apresentar na festa da faculdade do David.’ null disse, dando um beijo na bochecha da menina, que as sentiu enrubescer.
'Legal!’
null ia falar alguma coisa, mas a professora chegou e os mandou sentar.

Recreio. Pelo menos não era mais 14 de fevereiro. Era pior. O dia seguinte ao dia dos namorados conseguia ser pior que o próprio dia. Era no dia seguinte que os casais melosos, que haviam acabado de dar/receber presentes, estavam mais melosos que o normal. Como se isso fosse normal. null entrou no refeitório e sentiu o estômago embrulhar. Amor e cheiro de almôndegas não era uma combinação legal. Sentou-se em uma mesa vazia.
Estava de olhos fechados, imaginando vários namorados – o peixe – nadando ao seu redor. Sorriu sozinha.
'Sorrindo por que?’ null perguntou, sentando-se ao seu lado.
'Eu não tava sorrindo, null.’
'Yep. Eu viajei na maionese.’
null o olhou, desacreditada.
'O que?’ Ele perguntou, confuso.
'Nunca fale essa expressão perto da null na sua vida. Brega.’
null, null e Harry se aproximaram, sentando-se com eles.
'null, não vai comer?’
'Não.’
'Por quê?’
'Odeio almôndegas.’
'Eu amo.’ null disse, comendo as suas. A garota o encarou com cara de nojo.
'Então vem comigo.’ null a puxou pela mão. Antes que ela pudesse evitar, null já havia empurrado a menina e eles estavam do lado de fora do colégio.
'Que horas acaba o almoço?’ O garoto perguntou.
'13:30.’
'Temos 30 minutos pra ir ao McDonald’s e voltar.’
null riu.
'1,2,3 e já!’ E o garoto saiu correndo, deixando-a para trás. Antes que ele se afastasse muito, ela correu também. Em 57 segundos os dois estavam na fila.
'null.’
'null?’
'Ainda ta de pé pra amanhã, né?’
Ela sorriu.
'Aham.’
'Ótimo.’
Ela pediu um McChedar e ele pediu cinco McLanche Feliz.
'null, você tem 17 anos e come McLanche Feliz.’
'Shiu. Você tem 16 e ta com um curativo no queixo. Eu não tenho um curativo no queixo desde os 11 anos.’
'Não ria do meu sofrimento.’ Ela disse, jogando uma batata nele.
'Não to rindo do seu. To rindo do MEU. Eu lembro como se fosse hoje! Eu e o Harry estávamos jogando bola no parque da sua rua, e a gente apostou corrida. Acontece que eu tava com a bola na mão, larguei e tropecei. Acabei com o queixo na calçada, igual a você.’
'Não deve ter ficado tão feio assim.’
'Não ta feio.’
'Não, imagina!’
'Não consigo te imaginar feia.’ null disse, rindo. A menina continuou séria. Ele se deu conta do que havia dito, e abaixou a cabeça, tímido.
'Quem foi mesmo que o null chamou de tímido?’ null disse e ele sorriu.
'Você não é tão melhor assim.’
'Sou sim.’
'Não é.’ Ele respondeu e olhou o relógio. 'São 13:28! Voemos pro colégio!’
Os dois se levantaram correndo e foram para o colégio.

'Harry, faz alguma coisa!’ null gritava apavorada. A roda de alunos fuxiqueiros em volta de null estava enorme. Harry tentava, inutilmente, segurá-lo.
'REPETE ISSO, SEU BABACA!’ Ele gritava para Oliver, que estava no chão. A boca dele estava sangrando e o nariz de null também.
'Repito sim! null null tem pena de você! PENA!’
null se soltou do amigo, que acabou com uma cotovelada no queixo. null o segurou.
'Pena é o que eu sinto por você!’
'null, chega! Você sabe que isso não é verdade! Pára com isso!’ null gritava, mas ninguém a escutava.
null e null entraram no colégio, e foram direto até a confusão.
'null, chega.’ null falou, ao lado do amigo.
'Chega não, null! Esse Oliver é um idiota!’
'Oliver, chega.’ Ela falou para o outro, que parou.
'null.’ Ele segurou o pulso da garota. ‘null, não é isso que você ta pensando! Eu não... O null me atacou, gata. Eu juro.’
'Oliver, chega. Essas suas mentirinhas baratas não me atingem mais.’ Ele apertou mais o braço dela.
'Não, null. Você não pode acreditar neles!’
'Me larga.’ Ele segurou mais forte. ‘Eu mandei me largar, você ta me machucando.’
'Solta ela, Brightiger .’ null disse, se metendo.
'Sai daqui, null.’
null rapidamente tirou null do meio da confusão, e null correu em direção ao amigo. null, null e Harry continuavam ali.
'null, sai daqui.’ null disse, tentando afastá-lo da confusão.
'Amor, você tem que voltar pra mim!’ Oliver pedia, cada vez apertando-a mais.
'NÃO, OLIVER! ME LARGA! EU JÁ TO CHEIA DE VOCÊ TENTANDO ME CEGAR!’
'NÃO! NÃO! ISSO É MENTIRA, AMOR!’ Ele gritou, sacudindo-a.
null não pensou duas vezes antes de dar um soco na cara do garoto. Oliver, caído no chão, tocou o lábio que estava sangrando. Se levantou, revidando.
'NÃO!’ null gritou, botando as duas mãos na boca. null segurava Harry, para que a confusão não aumentasse, e null já estava ajoelhada ao lado de null. O queixo do menino sangrava.
Oliver tentou dar mais um soco no menino, mas null se levantou, dando um tapa na cara do garoto.
'Eu tenho nojo de você, Brightiger! Eu CANSEI de escutar suas mentiras estúpidas, de entrar toda vez nesse seu joguinho barato! Todo tempo que eu passei com você foi perdido. VOCÊ conseguiu estragar o que poderia ter sido o melhor ano da minha vida, mas não vai fazer isso de novo. NUNCA MAIS.’
A gritaria que dominava o corredor havia se calado.
'Você’ Oliver apontou para null ‘vai se arrepender.’ Se virou, indo em direção à sala de aula, mas o inspetor McEvan o segurou.
'Diretoria. Os três.’ Disse, chamando null e null. ‘O resto, sala. JÁ!’ Gritou, fazendo o aglomerado de adolescentes que mascavam chicletes como ruminantes se espalhar.

'Briga.’ Dizia o diretor, enquanto anotava coisas na ficha dos três. ‘Ok. Oliver, você vai ficar 5 horas a mais todos os dias, e vai trabalhar na limpeza. null, 3 horas, e vai ajudar na arrumação da biblioteca. null, você fica 4 horas e vai ajudar no jornal.’
'Por que eu fico 5 horas e eles não?!’
'Sem perguntas. Os três, sala. AGORA.’
E os três meninos saíram da diretoria, mas antes que null e null pudessem dar um passo, Oliver puxou o braço de null.
'Eu ainda não acabei com você, por que quando eu acabar, a MINHA gata vai ta comendo aqui na minha mão.’
'Vamos ver então.’ null disse, se soltando do garoto e indo para a sala.

'null!’ null gritou, se levantando da cadeira no meio da aula de Química. Todos os outros alunos fizeram o mesmo, e a confusão de fofoqueiros começou. ‘AIMEUDEUS! O seu queixo! Vem!’ Ela falou, puxando-o pela mão.
null continuava sentada na cadeira. Se recusava a olhar para null.
'null.’ Ele disse baixinho, ao lado dela.
'null, eu NÃO ACREDITO que você fez isso.’
'Desculpa, null, mas eu não...’
'Não me importa! Você só brigou por causa do seu ego! Um idiota completo diz que eu sinto pena de você e você soca a cara dele?! Isso é ridículo, null! Eu me sinto uma mãe brigando com um filho por causa de uma estupidez.’
O garoto abaixou a cabeça. O professor, que já havia desistido de fazer os alunos se acalmarem, estava sentado, corrigindo provas.
'Desculpa.’
'Não dá pra ficar com uma pessoa que se preocupa tanto com a opinião dos outros a respeito do que devia ser só nosso!’
null levantou rapidamente a cabeça. Ela disse ‘ficar com uma pessoa’? Ele havia perdido em uma briga o que ele havia conquistado em tantas outras? Não.
'null, me dá uma chance de te mostrar que eu...’
'Chance?! Pra você socar outra pessoa?’ Ela se levantou e saiu da sala.
null e Harry foram em direção ao amigo.
'Ah, null. Vai ficar tudo bem.’ null disse, batendo no ombro do amigo.
'Não vai.’
'null, você vai conseguir dar a volta por cima. Vai ficar tudo bem.’
'Não vai. Nada vai funcionar sem ela comigo.’ Ele disse, e saiu da sala, assim como a menina.

Um silêncio havia se instalado entre null e null.
'null.’ Ela começou. ‘Eu acho que tenho que te agradecer, né.’
Ele olhou para a menina, que abaixou o olhar depois de um tempo.
'Você não tem que me agradecer nada, null. Eu não deixaria ele te bater.’
'Mesmo assim. Você nem tinha nada a ver com aquilo, e foi lá me defender. Obrigada, sério.’
'Nada, que isso! Eu faria aquilo por qualquer uma.’ Ela abaixou o olhar, desapontada.
'Não que você seja qualquer uma.’ Disse, segurando a mão dela. Os dois continuaram a descer as escadas em silêncio, de mãos dadas.
'Agora você ta igual a mim.’ null falou, quebrando o silêncio.
Ele riu.
'É. Só que você não come McLanche Feliz.’
Ela piscou para ele.
'Não que alguém saiba.’

null estava deitada em sua cama. Não agüentava mais olhar o celular e pensar em ligar para null. De qualquer jeito, sabia que ele estaria com Harry em qualquer lugar, enquanto null e null estavam no colégio. Ouviu o toque do telefone e foi olhar o visor.
'null’.
'Alô!’
'Oi, null! Aqui, eu, null e null estamos na minha casa. A gente vai fazer uma seção de cinema com chocolate, biscoito e pizza. Quer vir?’
'Claro! To indo.’
'Ok, você pode comprar refrigerante no caminho?’
'Abuso, posso.’
'Beijo então.’
A garota desligou o celular, vestiu um casaco e saiu. Entrou no mercado que havia no caminho e foi direto às prateleiras de refrigerante 2l.
'Coca, Pepsi, Fanta...’
'null? null null?’ Ouviu uma voz pouco familiar. Se virou e deu de cara com a menina que havia acabado de entrar na classe. Stacey Underbottom.
'Ah, oi! Tudo bem?’
'Aham. Eu tava procurando refrigerante light, mas acho que aqui não tem.’
'É, acho que não.’
'Tenho horror a não achar coisas.’
'Eu também! Ficar procurando e nunca encontrar.’
'Aham!’
As duas ficaram conversando por um tempo, até que null acabou convidando Stacey para ir à casa de null. Legal.

'null, pega os copos!’ null gritou para a amiga que estava na cozinha, enquanto trocava de canal incansavelmente atrás da maratona de Tartarugas Ninja que iria passar. A campainha tocou.
'null, ATENDE!’
A menina veio correndo de dentro da cozinha. 'Você não faz nada, null! Abusada.’ Ela ignorou, enquanto a outra atendia a porta. null deu de cara com null e Stacey, uma menina da sala delas.
'Oi, gente! Tudo bem?’
'Oi, null, querida!’ Stacey cumprimentou enquanto a anfitriã fazia sinal para que entrassem.
'Oi, null!’ null levantou o rosto e tirou os olhos da TV.
'Erm, oi. Tudo bom?’
'Aham. Gente, onde é o banheiro?’
'É a primeira à esquerda.’ Respondeu null, vinda da cozinha.
As quatro observaram em silêncio a menina loira caminhar até a porta indicada.
'OQUEELATÁFAZENDOAQUI?!’ null perguntou.
'A gente se encontrou no mercado, e eu a convidei. Desculpe, não sabia que tinha problema.’ null respondeu, inocente.
'PROBLEMA?! null, essa garota é a pior pessoa que eu conheço. Ela dá em cima do null desde o ano passado!’ null praticamente cuspiu as cordas vocais.
'Como assim ano passado? Ela é nova.’
null se levantou do sofá.
'Ela não é nova. Ela é repetente.’
'null, essa garota é ridícula. Dizem que ela roubou um carro em Oxford ano retrasado. Como o pai é político, não queria manchar a reputação e se mudou pra Londres.’
A garota se sentou no sofá, atônita. Um longo silêncio tomou conta da sala.
'Eu... Eu trouxe uma ladra pra dentro da casa da minha melhor amiga?’
'Parece que sim, amor meu.’ Respondeu null, o que fez null rir. null, por acaso, não achava graça.
'Não, gente. Relaxa. Ela é um doce.’ null disse, tentando amenizar a situação.
'Tenho medo.’ null falou. null, que havia percebido a cara de null, mudou de assunto. ‘null, mas conta pra gente o que ta acontecendo entre você e o null.’
Rapidamente a cara de null foi de amiga preocupada para leoa raivosa.
'Aquele idiota! Estragou tudo que a gente tinha!’
'E vocês tinham alguma coisa?’ null perguntou, confusa. A menina lançou-lhe um olhar típico de null.
'Ele é ridículo, gente! Só por que aquele ser estúpido fala uma baboseira ele sai socando a cara das pessoas?! Ele tem 5 anos?’
'null, o null sempre foi ciumento.’ null disse. ‘Eu conheço ele há um bom tempo.’
'O caso é que não foi ciúmes! Foi egoísmo!’
Ouviram o barulho da descarga e da porta se abrindo.
'Desculpe a demora, lindas! É que essa saia ta meio apertada.’ Stacey disse, apontando para os quadris ossudos.
'Entendo.’ null falou. Um silêncio se instalou na sala.
'Bom, vamos ao filme?’ null disse, e as outras quatro concordaram.

'null, pára de ser gay. Vai com qualquer roupa.’ Harry dizia, sentado na cama do amigo. Ele e null jogavam vídeo game. null estava deitado na cama.
'Não posso ir com qualquer roupa, babaca.’
'null, querido, eu te quero de qualquer jeito!’ null gritou, tentando imitar a voz de null. Harry e ele riram. null pareceu não ouvir.
'null, pára de ser idiota.’ null falou.
'Não é ser idiota. Ela me deu o pior fora da minha vida.’
'Claro! Você socou a cara do pobre Oliver!’ null gritou.
'Como se você não tivesse feito isso.’
'É, mas eu fiz por que ele tava machucando a null. Não por que eu sou orgulhoso. Se bem que ela nunca vai me olhar como a null.’
null enfiou a cara no travesseiro de novo.
'HEY!’ Harry gritou, do nada.
'Po, seu gay! Quer me matar?’ null berrou.
'Eu tive uma idéia que vai resolver o problema de vocês.’

'Mentira!’ null falava, fingindo interessar-se pelas histórias de Stacey. null continuava concentrada na TV e null e null jogavam adedanha.
'Juro!’ Stacey dizia, entre risadas. 'Bom, eu tenho que ir, lindinhas! Beijinho!’ Ela falou, jogando um beijo no ar e saiu.
'null, a próxima vez que você trouxer alguém que me faça falar tantas vezes a palavra MENTIRA eu te MATO.’ null falou, se jogando no sofá.

null abriu os olhos e olhou para o relógio. Ainda eram 5:40, mas não conseguia mais dormir. Era sexta feira. Ela havia esperado por aquele dia por tanto tempo, e de repente acontece. Fechou os olhos novamente e tentou dormir. Um século se passou e ela os abriu. 5:41. Desistiu de tentar conter a ansiedade e se levantou. Estava frio fora das cobertas, mas ela não ligou. Olhou por entre as faixas da persiana e viu um céu escuro e uma Londres deserta. Deliciou-se com a idéia de se divertir sozinha e sorriu. Vestiu os jeans de sempre, uma blusa azul bebê e calçou as botas. Pegou o sobretudo preto que estava pendurado. Sentiu a camurça roçar na pele. Abriu a porta do quarto e viu que os pais ainda dormiam, como esperava. Desceu as escadas, silenciosamente, e foi até a cozinha. A menina abriu o armário de madeira e pegou uma lata de leite condensado que a prima brasileira havia trago semana passada e o chocolate em pó. Abriu a lata e jogou o chocolate em pó dentro, misturando.
Depois foi até a porta, com a lata na mão, e saiu. Sentiu o frio cortar-lhe a pele, mas não fez nada. Pensou em ir encher a paciência de null, mas desistiu. Ela já estava tensa demais. Foi caminhando. Olhou para uma placa e viu escrito nela o nome da rua de null. Dobrou onde a placa indicava. Comeu uma colherada. Foi caminhando lentamente. Parou ao ouvir passos.
Era coisa da cabeça dela? Olhou para trás, mas não viu nada. Provavelmente era. A família null sempre foi assim. A tia avó jurava ter se casado com Napoleão. Ela ouvia passos. Uma colherada. Ouviu mais passos. Parou. Não era coisa da cabeça. Pensou em voltar para casa, mas não teria coragem de voltar a rua inteira novamente. Acelerou.
Passos.
Colherada.
Passos.
Colherada.
Passos.
Desesperada, parou. Olhou para frente e viu a enorme casa verde de null, agradecendo por dentro. Pegou uma pedra e jogou na janela do garoto. Nada. Pegou outra e fez a mesma coisa. Dessa vez, o vidro rachou. Botou a mão na boca, vendo a besteira, quando um null com a cara inchada e descabelado, botou a cabeça para o lado de fora. Sorriu ao vê-la.
'null, me ajuda, POR FAVOR.’ null gritou. O menino fez sinal para que ela fizesse silêncio e voltou para dentro do quarto. ‘Filho da mãe! Não me deixa aqui sozinha! null? null!’ Calou-se quando viu o garoto na porta.
'Shiu, null. Vem cá.’
A menina hesitou um pouco. Ouviu outro passo, e virou-se. Sentiu a cara no chão quando viu aquilo: um gato.
'Ai, null. Desculpe te acordar. É que eu tava caminhando e ouvi passos, mas era um gato idiota. AIMEUDEUS. Desculpa. Eu não devia ter vindo aqui te pentelhar. Vou embora.’ Ela disse, se virando e tocando a maçaneta. null a puxou pelo braço, fazendo-a se virar.
'Você não precisa ir embora.’
'Não?’ Ela perguntou, confusa. Ele sentiu o sangue subir.
'Erm... Eu... Tenho medo de gatos.’
'Ahn sim.’ Ela riu.
'Vem comigo.’ Ele chamou, subindo as escadas. O garoto olhou para a lata na mão de null. ‘Isso parece bom.’
'É a MELHOR COISA DO UNIVERSO. Você precisa provar.’ Ela falou, enchendo uma colherada e levando à boca do garoto. Ele estranhou, mas acabou aceitando. Não que fosse um sacrifício.
'null, você quebrou minha janela.’ Ele falou, rindo.
'Eu sei, eu vou pagar. Desculpa.’
'Não precisa, linda.’
'Eu tinha que ter calculado melhor a força. Mas eu nunca fui boa em física.’
'Nem eu. Sempre me ferro no final.’
'Eu também!’ Ela disse, rindo. Um silêncio tomou conta do quarto de null.
'Bom, e o castigo?’
'AIDROGA! Começa hoje. Eu vou sair mais tarde do colégio. Não vai dar tempo de passar em casa antes de te buscar.’
'Erm, tudo... bem. Fica pra outra vez’ A garota sentiu a decepção.
'Não! Não, não precisa. Eu tive uma idéia.’
'Que idéia?’
'Segredo.’ Ele falou, fazendo mistério.
'null null, desembuche.’
'Não. Você vai estragar a surpresa.’
'CONTA AGORA, GAROTO!’
'JÁ DISSE QUE NÃO!’ Ele gritou, fazendo-a rir.
'Ah, é?’
'É.’
'Então não vai comer mais.’ null disse, tirando a colher que null botava na boca. ‘Agora é tudo meu.’
'Ah não! Pára com isso! Me dá!’
'Não. Não quer me contar? Fica sem.’
'AAAAAAAAH! NÃO MESMO!’ Ele berrou, partindo para cima da menina, e fazendo cócegas. null deixou o chocolate derramar todo na cama, mas não sentiu. Quando null a deixou respirar, os dois já estavam todos sujos.
'null, olha o que você fez!’
'Eu nada! Foi você aí, querendo me matar.’
'Argh! Vou tomar banho, chata. Vai também.’ Ele falou, jogando uma toalha para a menina. ‘Daqui a gente já vai direto pra escola, senão a gente se atrasa.’
'Ok.’
'nulla banho aqui no banheiro do quarto, que eu tomo lá embaixo.’
'Não precisa se incomodar!’
'Shiu!’ Ele falou, piscando e saindo do quarto. null olhou ao redor. Viu a janela quebrada e riu. Entrou no banheiro.

'null?’ Ela chamou-o. Nenhuma resposta. Resolveu sair e se vestir. O quarto estava vazio, como ela esperava. Ela se vestiu e enrolou a toalha na cabeça. Viu o iPod de null e pegou-o, botando os fones.
'Vamos ver... Blink, Son of Dork, Avril Lavigne... McFLY!’ Clicou no nome da banda e viu a seqüência de músicas. ‘That girl’.

1,2,3,4

Went out with the guys
And before my eyes
There was this girl she looked so fine
And she blew my mind
And I wish that she was mine
And I said 'hey wait up cos I'm off to speak to her'

And my friends said
(you'll never get her)
But I didn't care
(you'll never get her)
Cos I loved her long brown hair
(you'll never get her)
And love was in the air
(you'll never get her)
And she looked at me
(you'll never get her)
And the rest was history
(you'll never get her)
Dude you're being silly cos you're never gonna get that girl

And you're never gonna get the girl

Riu, surpresa, ao ouvir a voz de null. Ele cantava realmente muito bem!

We spoke for hours
(she) took off my trousers
(they)Spent the day laughing in the sun
We had fun
And my friends they all looked stunned yeah yeah
Dude she's amazing and I can't believe you've got that girl

My friends said
(she's amazin')
She gave me more street cred
(she's amazin')
I dug the books she read
(she's amazin')
And how could I forget
She rocks my world
(she's amazin')
More than any other girl
(she's amazin')
(yeah yeah)
Dude she's amazing and I can't believe you've got that girl

And I can't believe you got that girl

She looked incredible just turned 17
I guess my friends were right
She's out of my league
So what am I to do?
She's too good to be true

But 3 days later
Went round to see her
But she was with another guy
And I said 'fine'
But I never asked her why
But since then loneliness has been a friend of mine

My friend's said
(such a pity)
I let her slip away
(such a pity)
They tell me everyday
(such a pity)
That it will be ok (yeah)
(such a pity)
She rocks my world
(such a pity)
More than any other girl
(such a pity)
Dude its such a pity
And I'm sorry that you lost that girl...

And I'm sorry that you lost that girl


'Então, gostou?’ Ouviu a voz de null.
'Aham! Vocês são melhores do que eu pensei!’
'Eu sei que somos. Eu tava falando de mexer nas minhas coisas.’ Ele falou, sorrindo de lado. null abriu a boca, envergonhada.
'Ai, desculpa... Eu só... Foi horrível isso, mil perdões...’
'Hey! Eu to brincando. Pode mexer à vontade.’
'Não, sério. Me desculpa?’
'Só se você levar mais daquele chocolate hoje pro nosso encontro.’
A garota sorriu.
'Encontro?’
'Erm... Eu... Não, não. Eu quis dizer, encontro de amigos. Por que tem toda aquela história do peixe.’
'Sei.’
'Bom, já são 6:30. Vamos?’
'Vamos!’ E os dois saíram.

'Sr. null e Sr. null.’ O inspetor McEvan entrou na sala. ‘Só lembrando que hoje vocês ficam até mais tarde no jornal e na biblioteca.’
Um silêncio tomou a turma, e olhares irônicos foram lançados. Os dois garotos só assentiram com a cabeça. null pôde ver que null estava olhando para ela, mas tentou ignorar. null sorriu para null, que retribuiu.
'null.’ Ele ouviu uma voz feminina chamando. Tirou os olhos de null e se virou, para ver Stacey. ‘Se você quiser uma ajuda lá, hoje.’
'Não, valeu.’
'Sério. Eu achei muito fofo o que você fez por aquela garota. Eu queria mesmo poder te ajudar.’ Ela disse, sorrindo.
'Erm... Então ta.’
Ela se virou novamente para frente, satisfeita.
null voltou a olhar para null. Ela conversava com as amigas, rindo. Ele amava a risada dela.

'null, sossega esse rabo aí.’ null falou, botando as mãos nos ombros da amiga, fazendo-a se sentar.
'Ai, gente. Eu preciso pular. Preciso botar pra fora toda essa ansiedade.’
'null, calma.’ null disse, mexendo no cabelo.
'Não dá. Não dá. Hoje a gente vai organizar TUDO. A festa da faculdade ficou por minha conta. Vai ser demais! DEMAAAAIS!’
'Todo mundo já sabe, null.’ null falou.
'É. Hoje, antes da escola, quando eu saí do banho na casa do null, eu ouvi uma música do McFLY no iPod dele.’ null comentou casualmente. As três amigas a encaravam boquiabertas.
'Que foi, gente?’
'QUE FOI?!’ null gritou, botando as duas mãos na boca logo depois de lembrar que estava em sala.
'O que você tava fazendo na casa do null?’ null.
'nullando banho?’ null.
'E ouvindo o iPod dele?’
'Ah, gente. É que eu tive que tomar banho. A gente derramou chocolate na cama dele.’
'OQUEVOCÊESTAVAFAZENDONACAMADELE?’ null gritou.
'Você é louca?!’ null.
'Não, gente!’
'Você ta grávida?’ null.
'Claro que não, null!’
'Grávida?! Grávida?! GRÁVIDA?! AIMEUDEUS. É muita tensão pra minha cabeça. É festa, é banda, é Harry, é minha amiga parindo por aí. Eu não sei mais o que fazer. E essa cria é pra que mês?!’ null exclamou, se sentando.
'Eu não to grávida.’ null disse, estressada. ‘Ele só tava fazendo cócegas em mim.’
'Ai que alívio!’ null suspirou.
'Ai null! Explica direito as coisas!’ null falou, cruzando os braços.

'Po, que droga!’ null exclamou.
'Que foi?’ Harry perguntou.
'Eu ainda não sei o que eu visto hoje, no cinema com a null.’
Os três o encararam.
'null, cala a boca. Pelo menos vocês têm um encontro. A null vai à uma reunião. Uma REUNIÃO.’
'Correção: eu não tenho um encontro.’ null falou.
Harry arqueou a sobrancelha, estranhando, mas logo depois se lembrou da tal briga.
'Ah, dude... Você vai fazer o que o Judd sugeriu?’ null perguntou.
'Vou. E você?’
'Vou. A gente tem que tirar algum proveito dessa droga de castigo, né?’
'Bom, e o zoológico? Tudo de pé, né?’ null perguntou.
'É. Mas não vai ser tão legal. Não vou poder ficar andando de mãos dadas com a null.’
'Como se eu ou o Harry pudéssemos, né Judd?’ null perguntou, mas Harry permaneceu em silêncio. Os três amigos o encararam.
'Judd?’ null chamou.
Nenhuma resposta.
'JUDD?’ null, que parecia desesperado.
'AIQUESACO!’ Harry explodiu. ‘Eu comprei um buquê de flores pra null e a gente acabou ficando.’
'ÉOQUE?’ null gritou.
'Quando?’ null.
'Hoje.’
'Harry, são 7:30 da manhã. Como você deu flores pra ela?’ null perguntou.
'Eu ia deixar na porta da casa dela, mas quando eu abaixei pra deixar lá, ela saiu de casa e eu tive que entregar pessoalmente. O resultado foi bom.’
'Eu sou o único ferrado.’ null suspirou.
'Nós, null. Nós.’ null.


O sinal de fim de aula bateu e os alunos saíam das salas, correndo. Só se falava do passeio do dia seguinte.
'null, eu passo na sua casa assim que sair da escola, ok?’ null confirmou com a garota, enquanto os dois estavam na fila do bebedouro.
'Aham. Vou te esperar.’
'Ok.’ Ele sorriu satisfeito. 'Eu tenho que ir, senão eu atraso o nosso... Erm... Tchau.’
'Tchau.’ null se despediu dando um beijo na bochecha do garoto.

'null, ta tudo bem se você for com a gente. Sério.’ null tentava animar a amiga.
'Não. Sério. Não precisa estragar seu cinema com o null.’
'Não vai estragar!’
'Claro que vai!’
'Então eu falto a reunião e você dorme lá em casa. Que tal?’ null sugeriu.
'Não precisa, gente! Ta tudo bem, sério.’ null e null se entreolharam.
'Ok... Mas pode ligar pra gente, ta?’
'OOOOOOOK.’
'Cadê a null?’ null perguntou.
'Ela foi pra casa, acho.’ null respondeu.
'Já?’
'Já.’
'Bom, eu vou fazer o mesmo. Beijos.’ null se despediu das amigas.
'Quer carona?’ null ofereceu, apontando para a bicicleta.
'Claro! Uma honra andar nessa limusine.’
'Não sacaneia, null.’

null estava arrumando os livros por ordem alfabética. Não agüentava mais, e não conseguia se lembrar do livro que null disse que leria na segunda. Sentou no chão, entre as estantes. Olhou o relógio, faltavam 2 horas. Encostou a cabeça em um dos livros e fechou os olhos.
'Hey, null! Por que você não me esperou?’ Ouviu a voz de Stacey.
'Ah! Desculpa, Underbottom! Eu esqueci.’
'Tudo bem.’ Ela sorriu. 'Por onde eu começo?’
'Começa me respondendo uma pergunta.’
Ela estranhou. 'Que pergunta?’
'Você sabe qual o livro que a null ficou de ler na segunda?’
A garota arqueou uma sobrancelha. Claro que ela sabia.
'Não... Por que?’
'Bom, eu tive uma idéia, mas esquece.’
'Que idéia? Me conta. Eu posso te ajudar com uma visão feminina, e aí?’
Ele sorriu, agradecido. 'Ok. Vamos ver se você me ajuda.’

'Não, null!’
'Por favor, Alex! To te pedindo.’ null implorava para o editor chefe do jornal.
'Não dá, cara! O jornal é pra assunto do colégio! Se eu boto alguma coisa que não seja, o diretor me ferra.’
'Eu prometo que digo que eu fiz escondido.’
'Não!’
'Alex, por favooooooooooor.’
'null, não dá. Desiste, ok?’
'Cara, há quanto tempo você ta com a Gabriella?’
'8 meses.’ Alex respondeu, enquanto digitava alguma coisa no computador.
'Imagina se você perdesse ela.’
O garoto parou para encará-lo.
'É assim que eu to me sentindo, cara. Me ajuda, por favor.’ null pediu mais uma vez.
'Argh! Qualquer coisa, você fez escondido!’
'Ok!’ O garoto gritou, dando um beijo no rosto do outro, que fez cara de nojo.

'Bom, eu tenho que ir Stacey. A null ta me esperando.’ null disse, botando o último livro na ordem.
'Ok. Vai lá! Eu vou tentar descobrir o livro que ela quer, ok?’
'Tá. Obrigado pela ajuda.’ Ele agradeceu, saindo da biblioteca.

'null, não sei o que vestir.’ null dizia desesperada para a amiga que estava deitada na cama.
'Veste uma saia.’
'Mas com esse frio?’
'Então bota uma calça jeans.’
'Fica legal? Não, vai ficar muito comum. Vai parecer que eu não ligo.’
'Menos, null.’
'Não, é sério. Preciso da sua ajuda, null. Por favor.’ Ela pediu, fazendo cara de cão sem dono.
'AAAAAH OK!’ null gritou, se levantando. ‘Vamos ver...’ Disse, com a mão no queixo, mexendo no armário da amiga. Tirou uma calça jeans clarinha e uma blusa verde clara. ‘Pronto! Vai ficar bom com o sobretudo preto.’
null vestiu. ‘Ficou ótimo, amooooooooooooooooooor da minha vida! Não sei o que seria de mim sem você.’
'Eu sei. Você seria uma loser que anda igual a uma palhaça.’
'Também te amo.’
Ouviram tocar ‘Don’t tell me that it’s over’.
'É o meu.’ null falou, pegando o celular. Sorriu ao ver o nome na bina. ‘null.’
'Vai, atende!’
'Alô?’
'Alô, null? E aí?’
'Oi, null.’
'Então... Eu to em frente à sua casa.’
null olhou pela janela e viu o menino encostado no muro, acenando.
'Eu não gostei muito da idéia de jogar uma pedra na sua janela.’
'Ahn sim. Entendo. Você pode não ser tão delicado quanto eu.’
'Claro!’ Ele exclamou, rindo. A risada dele pelo telefone era diferente, gostosa, como se fosse uma criança.
'Desce?’
'To descendo.’ Ela respondeu, desligando o telefone.
'Vai lá. Boa sorte, null.’ null desejou, dando um beijo na bochecha de null.
'Obrigaaaada. Aqui, pode ficar à vontade. Meus pais viajaram esse fim de semana, então a casa é toda sua. Quando eu voltar, te conto tudo.’
'Pode deixar. Não vou fugir daqui!’
'Ok.’ null deu um beijo na bochecha da amiga e desceu as escadas, indo direto em direção à porta.
'Olá, senhorita. Pronta?’ null perguntou, galanteador, oferecendo o braço.
'Prontíssima.’ Ela respondeu, aceitando.
'Por favor.’ Ele pediu, estendendo o braço e abrindo o portão.
'Obrigada, cavalheiro.’ null disse, cumprimentando, segurando o sobretudo.
'Tá. Vem aqui.’ null chamou. ‘Vira de costas.’
A garota se virou. ‘Agora fecha os olhos.’ Ele pediu, amarrando uma faixa nos olhos da garota.
'Não, null! Pára!’
'Não! Você vai estragar minha surpresa. Vem. A gente vai passar num lugar antes de chegar ao destino final.’ Ele a puxou pela mão, guiando a menina que estava totalmente cega.
Pararam em frente à casa dele. ‘Espera aqui, um segundo.’ Ele pediu, entrando correndo em casa. null abaixou rapidamente uma parte da faixa e pôde ver a casa do garoto.
'Heeeey! Pode parando com a palhaçada!’ Ele chamou a atenção dela, enquanto fechava a porta, carregando o violão e uma cesta.
'Ok. Desculpe!’
'Ahn!’ Ele resmungou. ‘Sai, pára de roubar!’
'Ok, parei.’
'Vem, mas é pra ficar sem olhar!’ Pegou a mão da garota e atravessou a rua. ‘Chegamos!’
'Já?!’ Ela perguntou, rindo.
'Já.’ Ele respondeu, desamarrando a faixa do rosto da menina. O que ela viu foi uma casa abandonada. As paredes cinzas tinham a tinta descascando. O jardim já havia sido tomado por mato e provavelmente, cobras e lagartos. O telhado era velho e estragado por causa da umidade. Ela se sentiu decepcionada.
'Que horas são?’ null perguntou.
'17:02’ Ela respondeu, sem olhá-lo.
'Vem!’ Ele pegou a mão da garota, levando-a para trás da casa. Lá havia uma árvore grande, imensa. Nela estava uma casa da árvore de madeira. Era a única parte que não parecia tão velha.
'Eu e meu pai fizemos essa casa quando eu tinha 12 anos. Eu sempre venho aqui. Sobe.’ Ele a chamou, subindo na frente. Ela botou os pés no primeiro degrau, meio insegura. Segundo, terceiro, quarto, quinto, sexto, sétimo, oitavo, nono. Eram só vinte e três. Olhou para cima e perdeu o fôlego. De lá, eles tinham a vista mais linda que ela podia imaginar! O sol estava se pondo, e eles podiam ver os prédios e casas com telhados dourados. O céu era uma mistura de azul, rosa, vermelho, ouro, amarelo e branco. Dava para sentir uma brisa fria e gostosa batendo. As folhas da árvore pareciam moldura de um grande quadro vivo. Podiam ouvir algumas aves ao longe, mas só isso. Lá em cima eles tinham silêncio total.
'Gostou?’ null perguntou para a menina que ainda estava surpresa.
'Eu... Eu...’ null tentava falar alguma coisa.
'É. Eu também fiquei assim na primeira vez.’
'null, isso é incrível.’ Ela disse depois de algum tempo apreciando. ‘É como se a gente pudesse se isolar de tudo. Como se só nós vivêssemos, sabe? Como se... se não existissem problemas, como se não existisse nada. Só a gente.’
O garoto ficou observando-a por um tempo, até que ela riu, sem graça.
'Eu devo ta igual a uma boba.’
'Não, não. Eu também acho isso. Como se... sabe? Só nós dois.’ Ele falou, pegando a mão da garota. Os dois ficaram um tempo em silêncio, de mãos dadas. Eles não precisavam de palavras, nem de risadas, nem de nada. Eles dois estavam ali e aquilo bastava. Não sei se foram segundos, minutos, horas... Foi o tempo deles.
'Bom’ null disse depois desse tempo. ‘Eu trouxe outras surpresas.’
'Nossa! Você é um menino misterioso.’ Ela falou, brincando.
'Sim, você nem imagina!’ Ele exclamou, rindo, enquanto abria a cesta. ‘Temos sanduíche de atum, o seu favorito, chocolates, duas latinhas de coca.’
'Hmmmmmmmmmmmm! Menino preparado!’
'Claro, né!’ Ele falou, entregando a lata de refrigerante e o sanduíche para a menina.
'Acabou o festival de surpresas?’ Ela perguntou, tomando um gole de coca.
'Não.’ O garoto respondeu sério. ‘Falta uma só.’ Disse, pegando o violão.
'Música!’
'Eu escrevi essa música há uns meses... pra você.’ Ela pareceu surpresa, de uma maneira feliz. ‘Eu espero que você goste.’ null falou, pegando a palheta. Olhou para ela, tímido, e sorriu de lado.
'Se chama No Worries.’

We ran through strawberry fields
and smelt the summer
time,
When it gets dark
I'll hold your body close to mine,
Then we'll find some wood
and hell we'll build a fire,

And then we'll find some rope and make a string guitar.

Chorus
Captivated by the way you look tonight the light is
dancing in your eyes
Your sweet eyes, Times like these we'll never forget,
Staying out to watch the sunset, I'm glad I shared
this with you, You set me free, Showed me how good my
life could be,
How did you happen to me, Yeahhh aww

And then I'll swing you girl until you fall asleep,
And when you wake up you'll be lying next to me,
We'll
go to Hollywood make you a movie star,
I want the the
world to know how beautiful you are,

Chorus
Captivated by the way you look
tonight the light is
dancing in your eyes
Your sweet eyes,
Times like these we'll never forget,
Staying out to watch the sunset,
I'm glad I shared
this with you, You set me free,
Showed me how good my
life could be,
How did you happen to me, Yeahhh aww

There are no secrets anymore,
Nothing we don't already know,
We've got no fears of growing old,
We've got no
worries in the world .

Ba ba ba ba ba ba ba
Ba ba ba ba ba ba BA


null acabou de tocar, mas os dois permaneceram um tempo em silêncio, até que null o quebrou.
'null.’
'Ahn.’
'É... a coisa mais linda que alguém já fez pra mim.’ Ela falou, com os olhos úmidos.
'Sério? Eu... Eu tava com medo de você não gostar.’
'Como? É perfeita! Eu amei.’
'Que bom, null... Eu to muito feliz de saber que você gostou...’ Ele falou, ainda sem encará-la, envergonhado.
'Obrigada, null.’ Ela agradeceu, inclinando-se para dar um beijo na bochecha do garoto, mas ele virou o rosto. A observou por um segundo, e beijou seus lábios.
'Eu... Desculpa.’ null pediu.
'Não, não!’ Ela exclamou, segurando a mão do garoto, que a encarou confuso. ‘Eu... também.’ Aquilo foi o bastante para fazê-lo sorrir e dar-lhe outro beijo.
Eles ficaram um tempo juntos contando as estrelas que surgiam aos poucos no céu. Ele brincava com os dedos dela, e ela estava deitada com a cabeça no colo dele.
'null.’
'Oi.’
'Como o null tá?’ Ela perguntou, preocupada com o amigo. ‘Eu não conversei com ele desde a briga com a null.’
'Ahn, ele tá mal, né null... Ele gosta muito dela.’
'Eu sei.’
'Mas ele vai fazer uma surpresa pra ela.’
'Sério? Me conta.’
'Não. Você vai ter que esperar.’ Ele disse, dando um estalinho nos lábios dela.

'null!’ null gritou, batendo no ombro do garoto. ‘Eu não acredito que você não sabe nem o ator!’
'Eu não prestei atenção e não me lembro de você ter prestado!’ Ele se defendeu.
'Mas é a segunda vez que a gente vê esse filme! Eu sei.’
'Sabe nada.’
'Sei sim.’
'Quem é?’
'Um gato...’ Ela disse, lembrando-se do ator.
'Eu não me lembro de ter trabalhado nesse filme, null!’ Ele falou, apressando o passo, fingindo estar bravo. Ela correu atrás dele, abraçando sua cintura. ‘Eu não sei...’ Ela admitiu. Ele se virou, dando um beijo nos lábios da garota.
'null.’
'null?’
'Você...’
'Eu...’
'...e eu...’
'Nós dois.’ Ela terminou, rindo e dando um beijo na ponta do nariz de null.

'Então ótimo! null disse, saindo da sala de reuniões. Já passava das 22:00. ‘Ficamos combinados assim.’ Completou, abrindo a porta da escola e sentindo um vento frio. Ah, inverno!
'null?’ Ouviu uma voz familiar e sorriu.
'Hey Judd.’ Ela cumprimentou, apertando o casaco contra si.
'Frio?’
'Um pouco.’ Respondeu, sorrindo. Harry a puxou para perto e abriu o casaco. ‘Entra.’ Ela o abraçou por dentro do casaco e sentiu que ele fechava o zíper em suas costas.
'Melhor assim?’ O garoto perguntou.
'Bem melhor.’ Ela respondeu, dando um selinho nos lábios do garoto. ‘Bem melhor.’

'null, pááááára com a palhaçada?’ null pediu, rindo.
'Não é palhaçada. Qual é o problema? Eu gosto de cantar e gosto de Britney!’ Ele respondeu, voltando a cantar Toxic pelas ruas londrinas. As pessoas passavam e os olhavam como se tivessem problemas mentais. Não que eles não tivessem, mas já estavam acostumados a lidar com isso.
'null, eu vou pra casa. Chega de esquizofrenia por hoje.’
'EEEEEEEEEEEEPA!’ Ele gritou, puxando-a pela cintura. Mais uma vez as pessoas o olharam. ‘Eu te levo em casa.’
'Ok. Você não conseguiria ficar sem mim, né?’
'Não. Eu só sou um cavalheiro. Não é à toa que eu to trabalhando na biblioteca.’
'AAAh, vai ficar jogando na cara, é?! Se eu soubesse eu tinha te dado o soco, mas o Oliver teve esse prazer.’
'É. Parece legal andar por aí dizendo que uma menina te deixou um olho roxo.’
'Ai! Ia ser demais.’
'Não, não ia.’ null disse, parando de rir.
'Ia sim!’ Ela rebateu, apertando a bochecha do garoto, que não conseguiu evitar a risada. Os dois continuaram a andar de mãos dadas, em silêncio, até que null a pegou no colo.
'NÃÃÃÃÃÃO! MEBOTANOCHÃO!’ null gritava, mas ele não ligava.
'Não to afim.’
'null, pára!’ Ela pediu, rindo.
'Paro.’ null disse, dando um beijo na boca da menina. Ela encostou a cabeça no peito dele e deixou que ele a levasse no colo.
'null.’ Ele chamou, depois de um tempo.
'Oi.’
'Você é demais.’ null sussurrou em seu ouvido. Ela sentiu um arrepio e sorriu.
'Eu sei disso.’ A garota respondeu, na mesma maneira. Ele riu. ‘Você também.’
'Eu sei.’ Ele respondeu, dando outro beijo na menina. ‘Chegamos!’ Avisou, botando-a no chão.
'Obrigada, carro.’
'Não sou um carro.’
'É sim.’ null falou, rindo e jogando os braços ao redor do pescoço dele.‘null, obrigada.’
'Pelo que?’
'Por você ter feito esse sonho de presente pra mim.’ Respondeu, vendo o sorriso sincero no rosto dele. ‘Até amanhã?’
'Ah, é! Amanhã é o zoológico! Eu e os garotos passamos aqui e buscamos vocês quatro, ok?’
'Ok.’ Ela disse, se virando e entrando em casa. Ouviu tocando He Wasn’t e a voz esganiçada de null por trás. Entrou no quarto e viu a TV ligada. O clipe da música estava passando. A amiga estava pulando na cama com um balde de pipoca na mão. O computador estava ligado e várias janelinhas de MSN tocavam, mas ela parecia não se importar.
'HE WASN’T WHAT I WANTED, WHAT I THOUGHT NOOOOOOO!’ null gritava, pulando. Havia uma barra de chocolate pela metade em cima da bancada. null começou a rir.
'AHN AHN! HEY HEY HEY!’ Elas gritavam juntas.
'null, cheeeeega!’ null berrou por cima do som da TV. A amiga pareceu não escutar, o que a fez desligar a TV. As paredes já estavam pinks, o que indicava o fim do clipe. null não ligaria.
'POR QUE VOCÊ DESLIGOU? EU AMO ESSE CLIPE, SUA VACA!’ Ela gritou, parecendo realmente irritada, o que fez null rir.
'Posso falar?’ Ela perguntou, ainda rindo.
'Fala. Já estragou a magia mesmo.’ null fez uma nota mental: nunca falar que um clipe tem magia.
'O null fez uma música pra mim.’
'ELEOQUE?! CAAAASA COM ELE!’ null berrou.
'A gente foi até uma casa que tem uma vista linda. Vimos o pôr do sol juntos, fizemos um lanche e ele tocou a música pra mim. É a coisa mais linda que eu já vi, null!’
'Onde? Me leva lá?’
'Não. É um lugar nosso. Você não pode ir lá.’ null respondeu, virando o rosto.
'AAAAH EGOÍSMO!’ A amiga reclamou. ‘Eu queria ganhar uma música também.’
'O null já deve ter escrito milhões, mas você não parece se importar.’
null ficou séria, abaixando o olhar.
'Não quero falar sobre ele.’
'Até quando, null? Você, eu e a população chinesa sabemos que vocês se amam.’
'Não parece que ele sabe, pra ter duvidado.’
'null, dá uma segunda chance pra ele. Você sabe que ele é incrível e que o que você mais quer é ficar com ele.’
'Mas ele nem leva isso em consideração, null!’
'null, desculpa, mas isso que você falou agora foi puro egoísmo. Todo mundo sabe que ele é louco por você. Dá uma chance pra ele, amiga.’
'Mas e o medo de acontecer de novo? Ele só me deixou insegura.’
'Você tem que dar uma chance pra vocês, amor.’
'Não sei... Vamos ver.’
'Faz o que te fizer bem. O que me faz bem é comer chocolate!’ null gritou, mudando de assunto e atacando a barra de chocolate. ‘Ah! Quase esqueci! A gente tem que ligar pras meninas. Os garotos passam aqui amanhã pra buscar a gente.’
'Não vou mais. Não quero encontrar o null.’
'Pára com isso. Eu não quero encontrar o Oliver e nem por isso eu deixo de ir pra aula.’
'Só por que sua mãe te mataria.’
'Isso seria só um detalhe.’ A garota disse, piscando.

'null null! Chega!’ null gritava com a amiga que não se cansava de comer. ‘Já tá todo mundo pronto, só falta você e os meninos chegam em 5min.’
'Ain, null! Me erra que eu to com fome.’
'Ainda, null?’ null perguntou entrando na cozinha da casa de null. ‘Anda logo.’
'Que saco!’
'null, a casa é de tijolos. Por favor não me deixe desabrigada.’ null falou, abrindo a geladeira.
'Vai se ferrar e pára de comer você também.’
'Não to comendo. Eu esqueci alguma coisa.’
'E a geladeira com isso?’ null perguntou.
'Geladeiras me fazem pensar.’
'Geladeiras congelam meu cérebro.’ null falou.
'OOOOOOOOOOI GALERINHA!’ Ouviram a voz de null e o barulho da porta se abrindo. ‘Vamos?’
'null, querido, deixa eu te apresentar. null, campainha, campainha, null.’
'Nunca apertei campainha aqui.’ Ele revidou.
'Isso quando você não alcançava. Agora você é grandinho.’
'Cala a boca.’ Ele falou, entrando na cozinha. ‘Vamos, queridinhas? Tá todo mundo no... Oi, null.’ null parou de falar ao vê-la. Os olhares das amigas pausaram sobre ela.
'Oi, null.’ Respondeu, seca. Um silêncio tomou conta do lugar.
'Boooom, acabei!’ null disse, se levantando da mesa.
Os cinco saíram da cozinha indo em direção à sala. null e Harry trocaram olhares tímidos, mas acabaram abraçados.
Haha. Como se ninguém soubesse.
'null, meu bebêzinho.’ null gritou, pulando no colo do mais novo namorado.
'Minha lindinha.’ Ele disse, e os dois trocaram beijinhos de esquimó.
'Dá licença que eu vou ali vomitar e já volto?’ null disse indo em direção à null. Os outros seis saíram indo em direção ao carro. Ele não disse nada. Ela não disse nada. Só entrelaçaram os dedos e trocaram um sorriso sincero. Era como se estivessem vivendo um sonho. O menino a puxou para perto e beijou seus lábios. null aproximou a boca da orelha do garoto e cantarolou a música que havia ganho.
'Você já vomitou?’ null perguntou, irônica e os três entraram no carro.

'null, se der errado você tá ferrado.’ Harry disse para o amigo enquanto os dois iam mais atrás. null e null não desgrudavam os olhos um do outro. null e null estavam dando vontade de vomitar e null não deixaria null e null sozinhos.
'Eu sei, mas não tem jeito. Foi a melhor coisa.’
'null, tudo pronto. Posso começar?’ Alex perguntou, aproximando-se deles. O garoto só confirmou com a cabeça e Alex começou a gritar.
'JOOOOOOOOOOORNAL DA ESCOLA, GALERA!’ Todos viraram sua atenção para ele. ‘VEEEEM QUE TEM NOTICIA NOVA!’
'Hoje é sábado, Alex.’ null disse, abraçada a null.
'Exato, null.’ Ele confirmou, entregando um ao casal. Os dois sorriram.
'null.’ null chamou a garota que se virou.
'Que é?’ Ela perguntou como se estivesse falando com o gato de sua avó. Ela sempre odiara gatos. O garoto apenas entregou-lhe um exemplar do jornal.
A primeira página tinha uma foto dos dois, sorridentes. A manchete era ‘Me perdoa?’. null riu ao ler e lançou um olhar ao menino, que parecia mais nervoso que nunca.

'null null, eu sei que o que eu fiz foi estúpido. Sei que eu sou um orgulhoso, sei que fui um egoísta. Sei disso tudo, mas a única coisa de que eu tenho certeza é que eu não consigo viver sem você. Sua risada faz mais falta do que você imagina. Me perdoa?

Com muito amor, do maior idiota do Reino Unido,

null null.’

A garota levantou os olhos do jornal e viu um sorriso quebrado no rosto dele. Sentiu uma gota de lágrima escorrer por sua bochecha.
'Perdôo.’ Ela disse, segurando a mão de null. Ele encostou a bochecha na dela, enxugando a lágrima que ainda descia. Ela sorriu. ‘Mas você ainda é o maior idiota do Reino Unido.’
'Da Europa.’ Ele corrigiu.
'Do mundo!’ Ela exclamou e sorriu. ‘Não acredito que eu amo você, null.’ null ficou em silêncio. O sorriso feliz sumiu do seu rosto e ele não conseguia piscar. Parecia um dos namorados dos quais null adorava falar. Passou pelo rosto dela a decepção de não ouvir nada em troca. ‘Eu... Erm...’ Ela gaguejou.
'null.’ Ele começou, antes de botar o sorriso bobo no rosto. Típico do null. ‘Eu amo você. Amo mais do que o null ama a null.’
null se virou, zangado. ‘Ninguém ama alguém mais que eu.’
'Eu amo.’
'Não, não ama!’ Começou a discussão.
null olhou ao redor procurando null. Ela estava apoiada na grade dos babuínos.
'Babuínos, null?’ Ele disse, abraçando a cintura da menina.
'Eu sempre tive uma atração por eles.’ Ela falou sem tirar os olhos dos macaquinhos. ‘É como se... É que eu gosto muito daquele tom de rosa.’
Ele começou a rir e ela sentiu a risada dele. Fechou os olhos e apertou as mãos dele que ainda estavam ao redor de seu corpo.
'null?’ Ele chamou depois de um tempo. Também havia fechado os olhos.
'Oi.’
'Eu gosto de girafas.’ Ele declarou.
'Pensei que você gostasse de peixes.’
Os dois saíram andando pelo zoológico de mãos dadas.
'null.’ Eles ouviram uma voz familiar. A menina se virou, mas null preferiu se manter de costas.
'Oi, Oliver.’
'Posso conversar com você?’ Ele pediu. Tentou sorrir. Parecia sincero.
'Agora não, por favor.’
'Eu prometo que é rápido.’
Ela suspirou fundo.
'Oliver, por favor. Eu não quero fazer isso agora, entende.’
Ele assentiu e ela se virou, voltando de encontro a null.
'O que você quis dizer com agora?’ Ele perguntou, sério.
'Eu quis dizer que eu to vivendo um momento lindo e não vou deixar o Oliver estragá-lo.’ null respondeu e sorriu.
'Agora não teve outro significado?’ O garoto perguntou. Ela desfez o sorriso. Passou a mão pelo cabelo dele e viu quando ele fechou os olhos. Ele sempre parecia tão seguro de si. Sempre confiante, mas a única coisa que ela enxergava era uma criança insegura e com medo. Não entendeu.
'null, mais cedo ou mais tarde eu vou conversar com ele, por mais que seja difícil, mas eu não quero que você pense que eu não quero fazer isso, por que eu quero. Por mais ridículo que ele pareça agora, o Oliv é um menino incrível. Ele não merece que eu o ignore, se todos os dias que eu precisei ele esteve ali, null. Você tem que entender que ele vai ser sempre uma parte importante da minha vida.’ O garoto assentia calado. Parecia triste e continuava com medo. ‘Mas você é uma parte nova dela. Uma parte que eu não quero apagar.’ Ela completou, segurando no queixo dele e levantando seu rosto.
'Você também.’ null falou, sorrindo levemente. null segurou em sua mão novamente e eles continuaram caminhando.

null abriu os olhos. Estava frio, mas sentia o edredom envolvendo seu corpo. Conhecia aquele edredom. Olhou para a cama de null e viu a amiga deitada. Ainda dormia. null e null dividiam um colchão. O quarto da amiga estava escuro. Olhou para a janela e viu um céu branco. Yeah, Londres! Fechou os olhos novamente tentando dormir. Devia ser cedo. A menina olhou o relógio. 13:14. Elas nem haviam almoçado! Os pais de null haviam viajado para passar o fim de semana em uma cidadezinha vizinha então a casa era só delas. Ela se levantou com cuidado para não acordar as amigas e foi até a cozinha. Abriu a geladeira atrás de alguma coisa comestível. A garota pegou um iogurte de morango e fechou a porta da geladeira. Pegou o celular e foi até a agenda. Sorriu ao ler o nome de null na tela. Pensou em ligar, mas não queria chatear os amigos, já que sabia que eles estariam ensaiando. Faltava uma semana para a festa da faculdade e ela acompanhava todos os preparativos de perto, vendo null enfartar quase três vezes por dia.
null estava olhando pela janela, vendo a chuva cair, quando ouviu os passos das amigas atrás dela. Se virou, sorrindo.
'Estragou!’ null falou, desanimando. ‘Nós íamos te dar um susto!’
'É. Buh!’ null fez, rindo.
A menina fingiu ter se assustado.
'Vou ligar pro null.’ null disse, pegando o telefone.
'Eles tão ensaiando, null.’ null advertiu, fazendo a amiga botar o telefone no gancho de novo.
'Que vamos fazer?’ null perguntou, se jogando no sofá.
'Maratona de Friends.’ null falou, fazendo as meninas se animarem.

'Certo. Too Close For Comfort tá legal.’ Harry falou, escrevendo num papel. ‘É isso.’
null e null concordaram, mas null só sorria igual a um idiota.
'Babaca, acorda!’ null falou, estalando os dedos na cara do menino que se assustou. ‘A null ainda não tá aqui.’
'Infelizmente...’ Ele disse, suspirando.
'null, vocês nem tão namorando ainda.’ null falou, rindo.
'Quem te disse?’ null rebateu, deixando os três amigos boquiabertos.
'Tão?!’ Harry perguntou e ele assentiu.
'Eu e a null também.’ null falou, como se ele e null estivessem discutindo sobre quem é mais alto ou toca melhor.
'E eu e a null há um tempo.’ Harry completou. Os três se viraram para null, esperando que ele dissesse alguma coisa, mas ele continuou calado. Surpreso. Haha, null.
'Eu e a null... Não sei.’
'Você quer?’ null perguntou.
'Não sei.’
'Como assim não sabe?!’ null perguntou, um pouco alterado. Não entendia null, por mais que tentasse.
'Cara, eu não sei se eu quero me prender a uma pessoa que me faça sentir tão... sei lá, inseguro.’
'Inseguro?’ null perguntou.
'É.’
'Você é doido? A null gosta de você desde os 8 anos.’ null falou, fazendo com que os amigos o encarassem, surpresos. ‘Eu acho...’
'Mas gente, eu... meio que tenho medo, sabe?’ null continuou.
'Não?!’ Harry falou, levantando a sobrancelha.
'Gente, ela faz comigo o que ninguém nunca fez.’ Ele falou. Os três amigos o encaravam. ‘Quando eu to perto dela eu me sinto um idiota, burro. Bobo. Eu sinto como se eu tivesse 5 anos de idade e ela tivesse tanta coisa pra me ensinar. Gente, eu NUNCA gaguejei na frente de uma garota e isso já virou uma coisa normal agora. Quando ela me abraça eu esqueço o mundo. Esqueço os problemas. Ela é minha fortaleza. Eu acho tudo que ela faz engraçado, ela é forte. É segura, sei lá. Eu não quero depender de alguém tanto assim, sem saber que é recíproco.’
'Eu entendo, cara.’ null falou. ‘Eu também me sentia assim.’
'Não sentia, null. Ninguém sabe o quanto isso é forte.’ null falou, calando os amigos.

'Gente, vou pegar meu livro, ok?’ null disse, se afastando dos amigos. null sorriu para Harry. Stacey, que passava na hora, sorriu por dentro.
A menina seguiu até a biblioteca e pegou o livro que havia esperado tanto para ler. Pegou-o da prateleira. A capa era dura, vinho. Era lindo e ela sorriu. Viu um papel cair de dentro e o pegou do chão. À medida que ia lendo, seu sorriso sumia e seus olhos umedeciam. Ela largou o livro no chão e saiu correndo em direção ao banheiro.
Se olhou no espelho e viu o que aquilo estava fazendo com ela. Como ele pôde ficar com Stacey assim... Ela pensava ter sido importante, mas não foi. Ouviu o sinal e lavou o rosto, entrando na sala. null olhou para a menina e viu seus olhos inchados. Algo não estava certo.
'null.’ Ele a chamou. ‘Tá tudo bem?’
'Cala a boca, seu idiota.’ Ela respondeu, se virando para a frente. null encarou null, perdido.
'null.’ null a chamou. ‘O que houve?’
Ela não respondeu. Só jogou o pequeno bilhete para o amigo.
'null.’
'O que aconteceu com ela?’
'Alguém sabia do nosso plano de botar um bilhete no livro?’
'A Stacey. Por que?’
'Agradeça a ela pela ajuda.’ null falou, entregando o papel ao amigo, que leu.
'Ela não pode ter acreditado nisso.’ Harry disse, acabando de ler o bilhete.
'Parece que sim.’ null falou.
'A null sabia. Ela vai explicar pra null.’ Harry falou, tranqüilizando-o.

No intervalo, null pegou seu sanduíche de atum, como sempre, e se sentou na mesa das amigas.
'null, isso é mentira, ok?’ null disse.
'Não é, null! Não tenta esconder essa estupidez toda! Não vai dar certo.’
'Mas null...’ Ela foi cortada por null que se aproximou da mesa.
'null, posso falar com você?’
'Não.’ Ela respondeu fria.
'Eu não fiquei com a Stacey, ok?’
'NÃO?! ENTÃO COMO UM BILHETE DE VOCÊS DOIS FOI PARAR ALI?! MÁGICA?!’
'null, eu não fiz nada. Você tem que acreditar em mim.’
'Acreditar em você?! null, eu já perdi qualquer coisa parecida com a confiança que eu tinha em você.’
'null, isso é mentira! Você não pode fazer isso comigo!’
'Posso e vou!’
'Não, não pode!’ Ele falou, segurando-a pelo braço. null se soltou dos braços de null e o empurrou. ‘Some!’
Ele a olhou, balançou a cabeça e saiu. null se sentou novamente. null, null e null a olhavam.
'null! Ele não fez nada!’ null gritou.
'Não defende ele, por favor.’ Ela pediu, sentindo uma lágrima escorrer por seu rosto.
'Mas ele não fez... Ele ia te deixar um bilhete de amor, de surpresa. O Harry tinha me contado.’
null levantou o rosto. Ficou um tempo em silêncio e saiu atrás de null. Ele estava sentado na mesa de sempre.
'null.’ Ela falou perto dele.
'Não quero falar mais nada, null.’
'Desculpa, null.’ null disse baixinho. Sentiu o calor das lágrimas em suas bochechas e os olhares de Harry, null e null sobre ela.
'Some.’ Ele falou, assim como ela, e se levantou. Harry e null foram atrás do amigo e ela se sentou ao lado de null. Olhou para ele, suplicando ajuda.
'E agora, null?’ Ela perguntou. ‘Que que eu vou fazer sem ele comigo?’ Disse, chorando. Os soluços não a deixavam mais respirar, mas quem havia dito que ela fazia questão de respirar?! Encostou a cabeça no peito de null, que a abraçou forte.
'Vai ficar tudo bem.’ Ele repetia, acariciando a cabeça da menina.

'null, quer ajuda hoje de novo?’ Stacey disse, chegando perto dele.
'Sai daqui, garota.’
'null, não faz assim.’ Ela pediu, botando a mão no rosto do menino. Ele se afastou.
'Eu tenho nojo de você, Stacey. O que você fez foi baixo.’ null completou, antes de entrar na biblioteca, deixando-a sozinha.

null esperava null na porta do jornal. Uma hora de diferença que havia entre o tempo dos dois sempre demorava. Ele mexia no cadarço do tênis quando viu o amigo sair.
'Hey null!’
'Hey.’ Ele respondeu, cabisbaixo.
'null, dá uma chance pra ela.’
'Não consigo, null. Eu... não consigo.’
'Ela tava mesmo mal hoje.’ null contou. null levantou o rosto.
'Sério?’ Ele perguntou e viu o amigo assentir.
'null, tudo que você disse sobre o quanto ela é importante pra você e ser a sua fortaleza... Você já parou pra pensar que você pode ser a dela?’
'Ela teria confiado em mim.’
'E você teria confiado nela?’ null perguntou. ‘Você já se botou no lugar dela?’
null continuou a andar em silêncio.
'Cara, ela é muito importante pra mim. Você sabe que eu amo aquela menina mais que tudo. Eu to fazendo por ela o que ela fez comigo. To pedindo uma chance. Cabe a você dar.’
'Ou não.’ null falou.
'Ou não.’ null repitiu.

'null, já faz quase uma semana.’ null disse para a amiga, enquando ela tirava alguns livros do armário. Estavam atrasadas e o corredor estava vazio.
'null, você tá evitando o null. O que você queria?’
'Eu não to evitando o null. Ele não me quer por perto.’
'Como se isso devesse significar alguma coisa.’
null ficou um tempo em silêncio. ‘Não entendi.’ null respirou fundo e se virou para a amiga.
'Ele não querer você por perto é óbvio, null. Você fez com que ele se sentisse a pior pessoa do mundo e nem deixou ele falar alguma coisa. Mas isso não é motivo pra deixar de ir atrás. null, VOCÊ errou.’
'Você tá certa.’ null concordou. ‘Eu...vou agir.’
A hora do almoço nunca tinha sido tão cruel. Ela sentia arrepios. A idéia de comer seu sanduíche preferido era abominável. Os casais apaixonados estavam fazendo mal e ela não conseguia mais chegar perto de null e null. Até que ele entrou. null e Harry vinham rindo de alguma idiotice. Novidade. Ela foi até eles e sentiu o quanto doeu ver o sorriso de null sumir ao vê-la. Harry não esperou e foi até a namorada.
'Quero falar com você.’ null disse. A cabeça baixa, a garganta embolada, os olhos úmidos. Ela já esperava.
'Não quero falar com você.’ Ele respondeu seco.
'null, eu preciso falar com você.’ Ela pediu. Segurou na mão do menino. Ele ficou em silêncio a observando. Aquele era o momento.
'Desculpa.’ Droga! Ela mal começou e já estava chorando. Burra! ‘Eu sei que eu devia ter te escutado, null. Eu sei disso. Eu não tinha que ter dado atenção a Stacey, mas eu fiquei com medo. Fiquei com medo de ter que assistir meu sonho virar um pesadelo.’ Ela parou por um tempo e ele enxugou as lágrimas que não a deixavam em paz. ‘Desculpa, null... Se eu pudesse voltar atrás e refazer alguma coisa, eu teria te escutado e sido menos estúpida com você. Eu...’ As palavras sumiam. Cada vez mais estavam mais distantes. ‘Me desculpa, null, por favor.’
'Desculpo.’ Ele falou. Não sorria de verdade. Não como ela. Sorria de lado, um pouco triste. Aquelas palavras não a fariam voltar ao passado. Ela botou as mãos no pescoço dele e aproximou o rosto, mas ele virou. ‘Eu te desculpo, null, mas isso não significa que tudo vá voltar ao normal.’ A menina sentiu gelo cair sobre seu corpo. ‘Você é mais importante do que você imagina. Mais importante do que eu esperava que você pudesse ser, e é exatamente por isso que eu não posso simplesmente fingir que nada aconteceu. Eu não quero que seja assim, tão superficial. Não seria verdadeiro.’
null assentiu com a cabeça e sentiu o menino abraçá-la.
'Amigos?’ Ele perguntou. null sorria e aquilo a encorajava.
'Amigos.’

'Tensos?’ null perguntou de mãos dadas com null. O McFLY estava no backstage. Os amigos idiotas de David e o resto da faculdade estavam lá. null não parava de andar para todos os lados. Parecia que os problemas com as luzes nunca se resolviam!
'Muito.’ null falou.
'Meu mel, não fica assim.’ null falou, dando beijinhos no menino.
'Pára com isso!’ null pediu. ‘Alguém me empresta um saco? Preciso vomitar.’
'Cala a boca, null!’ null falou, batendo no braço do amigo.
'Judd, respira.’ null falou, fazendo uma massagem que ela havia aprendido nos ombros do namorado.
'Respiiiiiiiiiiiro...’ Ele disse, respirando fundo.
'Boa sorte, gente!’ null falou dando um beijo na bochecha de cada um. Parou em null. ‘Boa sorte.’ Ela disse, mas continuou parada. Não sabia se o beijava ou não. Ele a puxou pela cintura, a abraçando forte.
'Você é minha sorte.’ Ele falou, esquecendo-se da amizade dos dois. 'Amiga.’
'Você também.’ Ela deu um beijo na bochecha do menino.
Os quatro subiram no palco e as quatro foram para sua mesa. Estavam animadas, cantavam junto com eles.
'Bom... Essa música é muito especial pro nosso amigo null aqui!’ null anunciou e Harry fez uma virada na bateria. null o olhou sem entender.
'Se chama No worries!’ null falou, sorrindo.
null parou de respirar. Ela sabia que aquilo era surpresa para null tanto quanto era para ela. Ouviu o inicio da música tocando.
'Canta, babaca.’ null sussurrou para null que se aproximou do microfone. A voz dele fazia com que null não sentisse os pés. Por um segundo ela pensou que iria cair, mas segurou no braço de null.
'Foi essa.’ Ela falou sem tirar os olhos de null, que evitava encará-la. null, null e null sentiram a importância da situação.
Ele evitava de todas as maneiras pousar o olhar sobre ela.
Ela não conseguia tirar o olhar dele.
Por um segundo eles acabaram se cruzando. null pôde jurar ver um sorriso leve no rosto de null. Imaginação: como ela é perversa às vezes. Tantas vezes.

'Mas e se eu virar melhor amiga dele?’ null cogitava todos os possíveis fins de sua vida.
'null, vocês não vão ser melhores amigos em um mês, relaxa.’ null tentava tranqüilizar a amiga. O castigo dele já havia acabado, e agora cada saída da escola parecia mais assustadora.
'E se ele não quiser mais ser meu amigo?’
'Aí ele vai querer ser seu namorado.’ null disse.
'E se ele...’
'E se ele fugir para o circo, virar um palhaço, dormir com a mulher barbada e ficar passeando pela América Latina?! Você vai ser a mulher barbada.’ null falou, perdendo um pouco da sua paciência. Como se ela fosse grande.
'null!’ null e null a repreenderam.
'Que foi? Em pouco tempo tudo vai voltar ao normal, gente! Isso é óbvio.’ null se defendeu.
'Quero poder confiar em você.’ null disse, abrindo a porta da escola. Sentiu um vento não tão frio bater no rosto. O sol insistia em sair, mesmo com tantas nuvens. Um dia típico de Londres. As quatro passaram caminhando pelo enorme pátio.
'null!’ Ouviram aquela voz. Ela não queria, mas se virou.
'Oi, Oliv.’ Ele sorriu ao ouvir a menina chamando-o pelo apelido. Ela olhou para o lado e viu os quatro integrantes do McFLY passando. Seu olhar se cruzou com o de null e o sorriso dele sumiu ao ver Oliver perto dela.
'Posso falar com você?’ Ele perguntou, tomando novamente a concentração de null.
Ela respirou fundo.
Bem fundo.
Bem fundo MESMO.
'Pode.’
'Me desculpa pelo null?’
'Isso já passou, Oliver.’
'Tudo já passou?’ Ele perguntou fitando os olhos dela.
'Tudo.’
'Não pode ter passado assim, null.’ Eles caminhavam pelas ruas da cidade.
'Passou, Oliv.’ Ela parou. ‘As coisas passam. Você vai superar. Você é incrível, tenho certeza que tem um monte de garotas que amariam sair com você!’
'Mas eu quero você, null!’ Ele disse, segurando o pulso dela. ‘Eu quero sair com VOCÊ. Só com você.’
'Oliv, me solta. Você tá me machucando.’ Ela pediu, forçando um sorriso.
'Volta pra mim, por favor!’ Ele a apertava mais e mais.
'Me solta!’ Ela já tentava de todas as maneiras se soltar dele.
'Não, null! Pára de fugir de mim!
'Eu não quero, não to fugindo! Me solta!’ Ela gritou, empurrando-o.
Se arrependeu assim que viu o carro que vinha naquele momento.
A última coisa que ele viu foi o carro.
A última coisa que ele ouviu foi o grito de null.
A última coisa que ele sentiu gosto foi o sangue.
Do resto, ele lembra de ter ficado no escuro.

Oliver acordou sozinho num quarto branco. As cortinas eram brancas, as paredes eram brancas, o sofá era branco. Aquela brancura estava aumentando sua dor de cabeça.
Reconheceu um quarto de hospital.
Ele não sabia como havia parado ali. Não se lembrava de muita coisa. Estava tentando trazer alguma coisa a mente, quando viu uma enfermeira entrando no quarto. Ela sorriu.
'Ah, você já acordou!’ Ela exclamou. ‘Vou chamar sua amiga.’
Alguns segundos depois, ele viu null entrar no quarto. Os olhos inchados, os cabelos despenteados, as roupas amarrotadas. Quem ligaria?
'Oliver!’ Ela exclamou.
'O que aconteceu?’ Ele perguntou. ‘Por que... eu não to sentindo as minhas pernas?’
Os olhos de null se arregalaram.
'Oliv... eu...’
De repente ele se lembrou. Lembrou de null o empurrando, do carro, da dor, do grito. Lembrou-se de ter tido medo de escuro.
'Foi você, null!’ Ele gritou, interrompendo-a. ‘Eu to aqui por sua culpa! Eu não to sentindo as minhas pernas por que você me jogou na frente daquele carro!’
'Não! Foi um acidente!’
'Não tenta diminuir sua culpa, garota!’ Ele gritou.
'Mas não foi minha culpa!’ Ela se defendia. Já chorava muito.
'Você quase me matou! Sai daqui!’
'Não, Oliv! Me escuta!’
'Sai daqui agora! Você me dá nojo!’
Ela ficou parada, sem ação. Chorava muito. Deu dois passos para trás e saiu do quarto.
Ela precisava se sentir segura.
Precisava de um lugar onde ela se sentisse em paz.
Ela sabia do que ela precisava.
null abriu as portas pesadas do hospital e desceu as escadas correndo. A cada segundo ela corria mais rápido, até que ela mal conseguia respirar. Soluçava muito e as lágrimas não a deixavam enxergar. Ela não fazia questão de ver nada.
Parou em frente a casa de null e se virou. A casa abandonada continuava ali. Ela pulou o muro e foi direto até a árvore no jardim de trás. A casa da árvore continuava ali. Subiu as escadas correndo e parou ao chegar lá.
null se virou ao ver null ali. Ela chorava muito, mais do que qualquer outra vez.
'null, o que aconteceu?’ Ele perguntou, desesperado.
'null!’ Exclamou, abraçando o pescoço do menino. Ele a abraçava forte e eu se sentiu mais segura.
'Meu anjo, o que houve?’
'null, eu fiz uma coisa horrível!’ Ela disse entre os soluços. ‘Horrível!’
'O que você fez?’
'Eu sou um lixo, null!’
'Não, não é!’ Ele gritou, abraçando-a mais forte.
Eles não disseram mais nada por um tempo. null não parava de chorar.
'Você não tem que falar nada agora, ok?’ null disse no ouvido da menina. Ela assentiu, ainda com o rosto no peito do menino.
null e null continuaram por ali por mais algum tempo. Ela não conseguia parar de chorar e ele não se cansava de enxugar as lágrimas dela.
Ela deitou a cabeça no colo do garoto e fechou os olhos enquanto ele passava a mão em seu cabelo. Soluçou forte e ele beijou sua cabeça.
'Vai ficar tudo bem, linda.’ Ele sussurrava para a garota.
'null, você se importa se eu ficar aqui por mais um bom tempo?’ Ela perguntou e viu quando ele negou com a cabeça.
'Eu fico com você.’
'Você não tem que fazer isso!’
'Eu quero.’ Ele rebateu, calando-a.
Ela voltou a deitar a cabeça no colo do menino.
null esperou até que os soluços não fossem mais tão fortes. Talvez umas horas, mas ele não tinha certeza. null não chorava mais tanto quanto antes e respirava melhor.
'null.’ Ele a chamou. Ela virou o rosto para ele.
'Oi.’
'Você pode me dizer o que aconteceu agora?’ Ele pediu.
Ela se sentou novamente e assentiu com a cabeça.
'Eu e o Oliver... Nós saímos para conversar. Ele começou a me machucar e eu o empurrei, mas tinha um carro passando na hora e...’ Ela voltou a chorar.
'Você não precisa continuar se não quiser.’ Ele falou, encostando a cabeça da menina em seu ombro. Ela ignorou.
'Ele me disse que tudo era culpa minha... E se... Se ele não voltar mais a andar, null? Vai ser por minha causa!’
'Não! null, foi um acidente!’
'Mas e se não der tudo certo no final?’
'Vai dar.’
'Mas e se não der, null?’ Ela perguntou. Parecia uma criança e ele pôde se lembrar de quando null havia dito que ele era a fortaleza dela. Ele sabia que era, pelo menos naquela hora.
'Se não der, então é por que ainda não é o final.’ Ele falou, beijando o rosto da menina. ‘Vem. Já tá frio e você não deve ter comido nada.’ Ele a puxou pela mão, ajudando-a a descer.
Ele se virou, andando, mas null o puxou pela mão.
'null, você não tem que me agüentar desse jeito.’
'Eu quero.’ Ele falou.
'Eu não quero te chatear com os meus problemas, null.’
'null.’ Ele falou sério, passando o polegar pela bochecha dela. ‘Eu não vou te deixar sozinha. Seus problemas são meus também.’
Ela fechou os olhos, enquanto ele a guiava, segurando sua mão, pelo mato do jardim da tal casa e a levava até a porta de sua casa. Ela sabia que estaria segura.

null entrou no quarto de null. A cama já estava limpa, claro, mas ela teve a esperança de chegar lá e ver o lençol melado, assim como ela havia deixado da última vez.
'Toma um banho, null. Vai te fazer melhor.’ O garoto disse, ainda de mãos dadas com ela. Eles já estavam dentro do quarto, mas nenhum deles queria soltar a mão do outro.
'Obrigada, null.’ Ela sorriu para ele. Sentiu que ele soltava sua mão e botava em sua cintura. Aos poucos eles se aproximaram. Ela botou a mão no pescoço do menino e fechou os olhos. Podia jurar que flutuaria, até que sentiu as mãos dele saírem de sua cintura e ele deu um passo para trás.
'Eu vou pegar uma toalha pra você.’ Ele falou, meio desconfortável e saiu do quarto.

null estava procurando uma toalha no armário. Já havia pego umas 300 mas nenhuma era boa. A verdade é que ele estava com medo de entrar naquele quarto com null novamente. Por pouco ele não a beijou! Respirou fundo, pegou a toalha amarela com florzinhas que ela havia usado da última vez e subiu.
Quando chegou ao quarto, ela estava olhando para a rachadura na janela. Ela se virou assim que o ouviu entrando, e sorriu.
'Você ainda não consertou?’
'Erm... Não.’ null respondeu. Parecia nervoso e passava a mão no cabelo de 5 em 5 milésimos de segundo. Ficaram um tempo em silêncio, até que ele entregou a toalha para ela e saiu do quarto.
null sorriu de lado. Sabia que ele ainda gostava dela tanto quanto antes. Sabia que teria sua fortaleza para sempre. Entrou no banheiro e fechou a porta. Ela ligou a torneira e sentiu a água quente cair sobre sua cabeça. Fechou os olhos. Os problemas pareciam diminuir. Por um segundo a culpa que ela estava sentindo sumiu. Mas no segundo seguinte ela abriu os olhos e viu que estava na casa de null. Lembrou-se de tudo e a sentiu a culpa voltar, dessa vez muito mais pesada. Ela estava ali, tomando banho quente na casa do garoto da sua vida, enquanto Oliver estava deitado numa cama de hospital sem sentir as pernas. Seria justo?
Ela desligou a torneira e se enrolou na toalha. Abriu a porta, deu um passo e parou. null estava sentado na cama. Ele a olhava, sem ação. Ela não sabia o que fazer. Estava de toalha!
'Eu... roupas.’ null conseguiu balbuciar.
Ele se levantou e entregou as roupas da menina. Ela sorriu agradecida e voltou ao banheiro. Ficou um tempo se olhando no espelho esperando aquilo passar, depois se vestiu e saiu. null já não estava mais lá. Ela desceu as escadas e encontrou-o sentado no sofá, olhando a TV, que por sinal, estava desligada.
'null.’ Ela chamou, fazendo-o levar um susto. Ele sorriu.
'Hey... Melhor agora?’ O garoto perguntou, abraçando-a.
'Eu tenho que voltar lá. null, não é justo ele ficar lá e eu... aqui, com você.’ Ela falou. Olhou dentro dos olhos dele e ele pôde ver o medo dela.
'Eu vou com você, linda.’ Disse, sem deixar de abraçá-la.
'null, eu já falei. Você não tem que fa...’
'...zer isso. null, eu já te disse que não vou te deixar sozinha.’
A menina fechou os olhos, agradecendo cada segundo por ter levado aquele tombo no dia dos namorados.
Ele segurou em sua mão e a puxou para fora de casa. Já estava escurecendo e um pouco frio. Ela se encolheu e null a abraçou, fazendo com que o frio passasse. Os dois foram caminhando até o hospital abraçados. Ela sentia que choraria se ele não estivesse ali. Ele também.
Pararam em frente à porta. Ele apertou a mão dela e fez menção de dar um passo, mas a garota continuava ali, parada.
'null.’ null a chamou baixinho.
'Vamos.’ null respondeu depois de um tempo.
Os dois entraram no hospital. Ela sentiu o estômago revirar, mas continuou.
'Boa noite.’ A recepcionista os cumprimentou, sorridente.
'Boa noite. Eu vim visitar um paciente. Oliver Brightiger.’
'Claro! Qual o seu nome, querida?’ A mulher perguntou sorridente, e null se sentiu na obrigação de forçar um sorriso educado.
'null null.’
A moça então desmanchou o sorriso. 'Perdão, mas o Sr. Brightiger não autorizou sua entrada.’
A menina ficou em estado de choque.
'O que?!’ null perguntou, deixando pela primeira vez a voz sair. ‘Como assim?’
'Depois que ele... pediu para que a senhorita deixasse o hospital, ele...’
'Ele expulsou a null?!’ null quase gritou, chamando a atenção de alguns que estavam na sala. Olhou para a menina que abaixou o olhar. ‘Eu é que vou entrar lá.’ Ele disse, indo em direção ao elevador.
'Não! Não!’ A recepcionista o chamou. Ele voltou, pensando no problema que aquilo poderia gerar para ela. ‘O seu nome. Só posso autorizá-lo se o nome do senhor não estiver na lista.’
'null null.’ Ele falou, já sabendo que não seria autorizado. A recepcionista sorriu novamente.
'Pode ir, Sr. null. Sala 346.’
'Obrigado.’ Ele agradeceu, saindo em disparada. null se sentou na cadeira mais próxima. Enterrou o rosto nas mãos, mas não sentiu as lágrimas.
Agradeceu por isso. Agradeceu por null.

null procurava a sala certa. Estava com raiva, mas tentava não demonstrar. Sala 341, 343... Era o lado dos números ímpares. Se virou. Sala 342, 344... 346! Ele parou de repente. Botou a mão na maçaneta e entrou.
Oliver estava deitado, vendo algum filme de luta de 500 atrás. Moveu os olhos até null.
'Vai embora.’ Ele mandou, voltando a atenção à TV.
'Cala a boca, seu estúpido.’ null mandou, cerrando os punhos. Podia sentir a raiva. ‘Se você não tivesse aí eu juro que te matava, seu babaca.’
'O que você que, null?’ Oliver perguntou, se ajeitando na cama. Fingia tédio, mas tinha medo por dentro.
'O que eu quero? Que você pare de ser egoísta do jeito que você é. Você já viu o estado da null? Seu estúpido, quem mandou você expulsar a menina daqui?’
'Eu faço o que eu quero! Aquela vaca me jogou na fren...’
'LAVA A SUA BOCA ANTES DE FALAR DELA, SEU BABACA!’ null gritou, dando um passo na direção de Oliver. ‘Você é uma pessoa barata, Oliver! Você acha certo tudo isso?’
'Você acha certo jogar o ex na frente de um carro?’
'Eu acharia se você tivesse morrido!’
'É, mas eu to vivinho! Pelo menos metade de mim, já que a sua namoradinha conseguiu fazer isso aqui!’ Ele gritou, apontando para as pernas.
'Eu tenho nojo de você.’ null falou, olhando-o com cara de desdém.
'Quem é você pra falar de nojo, null? Voc...’
null o interrompeu. ‘Eu tenho pena de você.’ Disse, saindo da sala.
Chegou na recepção e viu null sentada. Ela se levantou rapidamente.
'Como ele tá?’ Ela pareceu preocupada.
'Vivo, infelizmente.’ Ele respondeu, abraçando-a.
'Ai, null...’ Ela resmungou, enterrando o rosto no peito do menino. Ele a abraçou.
'Shiu...’ Ele a acalmava. ‘Vai ficar tudo bem.’ Sussurrou em seu ouvido. Ela o apertou mais e ele fez o mesmo.
'Vem, vamos sair daqui.’ Ele a chamou, puxando-a pela cintura. Os dois tinham medo de separar o abraço. ‘Pra onde você quer ir? Eu te levo.’
'Não sei... Meus pais viajaram esse fim de semana.’ null respondeu, insegura. Ele acariciou seu cabelo.
'Me leva pra casa da null.’ Ela pediu. Ele apenas confirmou com a cabeça e os dois saíram caminhando, ainda abraçados.

'null, atende.’ null pediu, ao ouvir a campainha da casa da amiga tocar.
'null.’ null falou.
'null.’ null.
'Sempre eu!’ null disse, se levantando do sofá com um suspiro. Pareceu assustada ao ver null chorando muito. Estava abraçada com null, mas soltou-o assim que viu a amiga, indo direto abraçá-la.
'AIMEUDEUS.’ null falou, abraçando-a. ‘O que houve, meu amor?’ Ela perguntou, mas null não respondia. Só conseguia chorar mais e mais.
'null, o que aconteceu com ela?’ null perguntou. null abraçava a amiga junto com null.
'O Oliver.’ Ele começou. ‘Ele quis conversar com a null e acabou sendo atropelado, por acidente. Depois ele começou a gritar com ela, culpá-la e expulsou a garota de lá.’
'Ele não fez isso!’ null exclamou. null fez que sim com a cabeça.
'Não escuta ele, null.’ null disse a amiga. Os cinco se sentaram no sofá.
'Eu quero o null.’ null pôde dizer entre os soluços.
'Eu ligo pra ele.’ null disse.
'Obrigada.’ A amiga agradeceu. null se sentou ao seu lado e ela voltou a esconder o rosto no pescoço do menino. Ele a abraçou forte.
'null.’ Ele a sussurrou em seu ouvido. ‘Por favor, fica bem. Me faz mais mal do que a você te ver assim. Ela levantou o rosto e viu os olhos de null. Estavam tristes e suplicantes.
'null.’ Ela falou, voltando a encostar o rosto no menino.
'Oi.’
'Você é a pessoa mais incrível que eu conheço.’
'null, não é hora de elogios. Se acalma, só isso.’
'Não é um elogio. Eu fui tão burra...’ Ela disse, soluçando alto.
'Shiu.’ null fez e ela se calou.
Minutos depois os cinco, que estavam em silêncio na sala, viram um null null entrar desesperado na sala, seguido por um null null assustado e um Harry Judd altamente preocupado.
'O que houve com ela?’ null perguntou, sentando-se do outro lado da menina. Ela soltou-se do abraço de null, abraçando null. null o amaldiçoou de todas as maneiras por isso.
null contou a história e eles pareciam cada vez mais estressados. Até null, que foi o primeiro a saber, parecia ter mais e mais vontade de socar a cara de Oliver.
'Eu vou lá quebrar aquele idiota agora!’ null disse, se levantando do sofá.
'Não, null!’ A namorada o gritou. ‘O null já foi lá e a null não quer que ninguém vá lá agora. Ela precisa da gente aqui.’ Ela completou, olhando a amiga que tinha os olhos vermelhos e o rosto inchado.
'Dorme aqui hoje, null.’ null a chamou. ‘A null e a null vão dormir aqui.’
null assentiu com a cabeça e respirou fundo. Já estava mais calma.
'Gente, pode ir. Já tá tarde e amanhã é sábado... Não quero ninguém agoniado comigo.’
'null, eu vou passar aqui amanhã de manhã.’ null avisou.
'null, não precisa! Eu j...’
'Eu VOU.’ Ele deixou claro. Ela sorriu, carinhosamente, e assentiu.
'Então vamos?’ null chamou os amigos e deu um beijo em null.
'Eu te amo, meu melzinho.’ Ele falou.
'Eu também, ursinho da mamãe.’ null respondeu.
'Vomito antes ou depois?’ Harry perguntou, abraçando a namorada.
'Agora.’ null disse, dando um estalinho nele.
'Fica bem, ok?’ null falou, dando um beijo no rosto de null e um estalinho em null.
null, que ainda estava sentado, se virou para a menina.
'Então... tchau.’
'Tchau.’ null respondeu baixo. Ela se virou para beijar o rosto do menino, mas ele deu um selinho nela. A menina ficou sem ação e null parecia ter feito aquilo sem saber. Os quatro saíram.
'Então... vocês acabaram voltando?’ Harry perguntou para null e os outros dois amigos o olharam, esperando uma resposta.
'Não, não!’ Ele respondeu depois de um tempo.
'Então o que foi aquele beijo de despedida?’ null perguntou.
'Beijo?’ null se fez de desentendido.
'É, null, ninguém aqui é cego.’ null disse.
'Eu... Sei lá. Eu meio que não sabia o que tava fazendo.’ null respondeu, chutando uma pedrinha.
'É bom você descobrir.’ null disse e Harry e null assentiram com a cabeça.
'Como assim?’
null riu.
'Como assim que você vai acabar confundindo a coitada da menina e os dois vão sair magoados.’ Harry explicou.
'E eu não vou deixar você magoar a null.’ null se meteu, sério.
'E nem eu vou fazer isso.’
'É bom mesmo.’ null falou, fazendo uma careta de se-cuida-senão-você-vai-se-ferrar em direção a null. null assentiu com a cabeça e os quatro continuaram a andar e falar idiotices.

'E aí, null? Melhor?’ null, que havia passado na casa da amiga para acompanhá-la até a escola, perguntou.
'Um pouco. Eu não voltei lá.’ null respondeu. ‘Eu sei que ele vai começar a fisioterapia e já tá em casa.’ Sorriu fraco.
'Eu disse que as coisas iriam melhorar.’ Ele disse, abraçando a menina. O sorriso enorme e bobo de null já a fazia sentir bem.
'Estão melhorando.’
'Yep.’
'null.’ Ela chamou a atenção do menino.
'Fala.’
'O null... ele fala de mim?’ null diminuiu um pouco o sorriso e botou uma mecha do cabelo de null atrás da orelha.
'Fala, null.’
'O que ele fala?’ Ela perguntou, esperançosa.
'Ele fala o que você já deve saber, null. Fala que gosta muito de você e sente sua falta, mas que não consegue só esquecer aquilo com a Stacey...’
'Foi o que eu pensei...’
'Engraçado, porque ele consegue esquecer com que ELA fez.’ Ele falou para si, mas a menina o escutou.
'Ele o que?!’
'Ele o que o que? Nada!’ null tentava desfazer a besteira.
'null null, eu te conheço melhor do que qualquer pessoa. Não adianta fazer esse teatrinho bobo. Ele desculpou a Stacey?!’ null perguntou. Parecia brava e null sentiu medo de morrer. Brincadeirinha.
'Ele... Aham.’ O menino murmurou.
'Ah, aquela filha da mãe! A culpa é dela! Só falta você me dizer que eles vão se casar na Itália e que ela tá grávida.’
O garoto ficou sério.
'ELES VÃO SE CASAR NA ITÁLIA?!’
'Não, leza.’
'ELA TÁ GRÁVIDA?’
'Não!’ Ele riu com a idiotice da pessoa. ‘Mas...’ Ficou sério novamente. null mordeu o lábio e fez sinal com a cabeça, indicando para que ele continuasse.
'Eles ficaram.’
Ela ficou em estado de choque. Como ele pôde?
'Quando?’ Perguntou seca.
'Há uma semana, mais ou menos.’ O amigo respondeu.
UMA SEMANA?! Ele passou o fim de semana com ela, ajudando-a, consolando-a, e quando não estava com ela estava com STACEY?!
'Ele é um idiota.’ Ela falou.
'Eu sei.’ null concordou.
Os dois entraram no colégio e cada um foi para seu respectivo armário.

null pegava alguns livros do armário. Ainda não estava acreditando que null tivesse ficando com aquela estúpida.
'Oi, null.’ Ouviu a voz de alguém e fechou a porta do armário para ver a cara sorridente de um menino.
'Tchau, null.’ Ela falou, virando-se.
'O que aconteceu?’ null perguntou, confuso. Eles haviam passado o fim de semana juntos. O que era aquilo?!
'Você que podia me dizer. O que aconteceu HÁ UMA SEMANA?!’
'Uma semana? Sei lá, null!’ Ele respondeu, sem se lembrar.
'Ah, é mesmo?! Você se lembra por que nós não estamos mais... estávamos brigados?! LEMBRA?!’
'Lembro, não sou idiota.’
'Ah não?! Por que parece.’
'null, qual é o seu problema?! Você tava bem o fim de semana todo! Que que aconteceu?!’
'Oi, fofo.’ Stacey cumprimentou null, passando pelo corredor.
'Pergunta pra ela, FOFO.’ null respondeu, deixando-o para trás. null correu até ela, parecendo atrasado. Ela não o encarava.
'Ah, isso?!’
'ISSO.’
'null, você não tem nem o direito de reclamar. Você não pode me obrigar a ficar com você!’
ÉOQUE?! O que ele estava falando? Quem ele pensava que era? Depois de tudo, ele tinha que ser 'obrigado’ a ficar com ela?!
'E NEM VOCÊ.’
'Eu só me recuso a ficar com alguém em quem eu não confio.’
'E você confia nela?!’ null parecia ter vontade de matar alguém, mas, segundo as normas da escola, não era permitido. Era uma pena.
'Confio.’ null respondeu. Ela levantou as sobrancelhas. COMO ASSIM?!
'null, você tem problema mental?’
'Não, eu tenho bom gosto.’ Ela ficou sem ação.
'Ótimo.’
'Ótimo.’ Ele repetiu.
'Legal.’
'Legal!’
Os dois ficaram um segundo em silêncio e se viraram.

'Hey!’ null cumprimentou null e Harry, dando um estalinho no último.
'Oi, null.’ null respondeu seco. Ela olhou para Harry, procurando uma resposta, mas ele deu de ombros.
'O que houve?’ Ela perguntou.
'Houve que a sua amiguinha está dando um ataque de ciúmes.’
'Que amiguinha?!’ Ela perguntou confusa, se tocando logo depois. ‘Ahn sim. Por que?’
'Por que eu fiquei com a Stacey.’
'VOCÊ O QUE?!’ null perguntou.
'null, calma aí!’ Harry tentou acalmá-la.
'null, você tem problema mental?’
'Não, e já me perguntaram isso.’
'null, você é um idiota.’ null falou, desacreditada.
'Nisso eu tenho que concordar.’ Harry disse e null o olhou.
'Cala a boca, Judd.’
'OLHA COMO FALA COM O MEU NAMORADO!’ A menina gritou.
null e Harry a olharam com medo. MUITO MEDO.
'Desculpe.’ null murmurou e Harry sorriu tão idiotamente quando null perto de null e null a qualquer momento.

'Ele o que?!’ null perguntou, enquanto null não conseguia abrir a boca.
'Isso mesmo.’ null confirmava o acontecido. Parecia brava, mas um pouco entediada.
'Cara de pau!’ null exclamou.
'Eu sei. Idiota. Ele disse que confia na Stacey.’
'Mas é tudo culpa dela!’ null não entendia. A professora entrou na sala, seguida por null, null, Harry, null e null, que se juntou às amigas.
Elas não precisaram dizer nada. Só trocaram olhares, e se entenderam.

'null, você é um idiota.’ null falou para o amigo, enquanto este ajeitava os fios dos amplificadores para o ensaio.
'Cara, calma aí, ok?’ null o defendeu. ‘O null pode ter contado pra null, mas quem fez a besteira aqui foi você.’ null ficou sem palavras por um tempo. ‘Mas ele não tinha que ter falado nada!’
'null, relaxa.’ Harry disse. ‘Mas que o null tá certo ele tá.’
null ficou boquiaberto e null lançou-lhe um sorriso como quem diz ‘viu?’.
'Ah, cara. E agora?’
'E agora que você não quis ficar com a null.’ null disse.
'É, null. Vocês não tão juntos há um bom tempo, né?’
'Um mês e quatro dias.’ null completou Harry.
'Por que você não vai conversar com ela?’ null sugeriu.
'Por que?! Ela acha que pode mandar na minha vida assim, né? A gente ficou só dois dias.’
'Dois dias que você disse serem os melhores.’ null se meteu.
'Ok, mas só dois dias.’
'Tá, chega! Vamos começar.’ null acabou com a conversa.

null continuava indo ao hospital. Depois de um tempo Oliver acabou aceitando que foi um acidente e a menina o ajudava com a fisioterapia com muita boa vontade.
Ela havia acabado de entrar no quarto do menino. Ele estava deitado, de olhos fechados.
'Oliv?’ null o chamou.
'Hey, null! Entra.’ Ele a convidou, fazendo-a entrar no quarto.
'Como você tá?’ Ela perguntou, preocupada.
'Bem. Melhor que antes.’ Oliver respondia sorridente. ‘A fisioterapeuta disse que eu to avançando cada vez mais rápido. Hoje eu consegui dar três passos com o andador!’
'Mentira, Oliv! Isso é ótimo! Você tá melhorando muito! Daqui a pouco já vai estar no colégio de novo! High England te aguarda!’
'Bom, eu queria falar com você sobre isso. Eu já perdi umas duas semanas de aula e tudo mais e minha mãe acha que isso tá me prejudicando muito. Ela conversou com o médico e ele disse que tudo bem se eu voltasse a ir para a escola de cadeira de rodas.’
'Ótimo! Eu concordo com eles.’
'É, mas eu vou precisar da sua ajuda, null. Pegar matéria perdida, ajuda com o elevador, isso tudo.’
'Claro, Oliv. Pode contar comigo.’ null se mostrava disposta. Por dentro ela sabia que, além de ajudar um amigo, ela estaria incomodando null de alguma forme, e isso havia se tornado seu passatempo preferido nas duas últimas semanas. ‘Quando você começa?’
'Eu tava pensando em começar nessa segunda. Minha mãe já conversou com o diretor.’
'Ótimo. Segunda eu passo na sua casa e nós vamos juntos, pode ser?’
'Pode.’ Ele sorriu agradecido.

null se levantou e olhou o relógio. Eram 6:20 e ele estava atrasado, mas isso não foi um motivo para fazê-lo correr. Se espreguiçou, e abriu o armário, pegando uma camisa pólo listrada de azul marinho e bege, a calça jeans e o par de tênis puma. Se vestiu e desceu as escadas.
'Bom dia, meu amor. Você tá atrasado.’ Sua mãe o cumprimentou.
'Eu sei, mãe. Não vou comer.’ Ele avisou, pegando a mochila.
'Não? Vai sim, null! Faz mal ficar sem comer nad...’
'Eu como no colégio. Beijo.’ Ele disse saindo de casa.
Pegou a bicicleta e começou a pedalar em direção à High England. Em poucos minutos se viu em frente ao enorme pátio da escola. De longe, viu null sorrindo. Se aproximou lentamente, dando um berro perto do amigo.
'Oi, null!’
'Erm... Oi, null.’ null sorriu amarelo, deixando-o sem entender nada.
'Oi, null.’ null ouviu outra voz masculina e se virou, dando de cara com um Oliver sentado em uma cadeira de rodas. ‘Eu queria te pedir desculpas por tudo mais uma vez.’
'Ok...’ Ele murmurou, ainda surpreso.
'Não tinha coca, null, então eu trouxe um...’ null se calou ao ver null entre null e Oliver. ‘Ah, oi.’ Ela fingiu má vontade.
'Eu vou indo então. Tchau.’ null acenou e lançou um olhar a null, que entendeu perfeitamente.
'Erm... eu também! Depois eu falo com você, null.’ Se despediu da menina, dando um beijo em seu rosto. ‘Tchau, Oliver!’
Oliver e null ficaram um tempo em silêncio observando-os ir em direção à porta principal. O garoto riu.
'Qual é a graça, Oliv?’
'Vocês ainda brigados.’
'Isso não é engraçado.’ Ela fechou a cara.
'null, ninguém é idiota a ponto de não perceber que o null só tá com a Stacey pra te deixar com ciúmes.’
A menina ficou um tempo em silêncio. Olhou novamente em direção à porta onde null e null estavam e viu o menino abraçando Stacey pela cintura, mas olhando em sua direção. Ao perceber que null o olhava, ele disfarçou.
'C-Claro que não...’
'Aham.’ Ele riu.
'Oliver, quer parar?’ null pediu, irritada.
'Ok, foi mal!’ Oliver disse, ainda rindo. ‘Vamos logo que eu não quero me atrasar!’ Ele pediu e os dois entraram no colégio.

'null, você tá sendo muito legal com o Oliver.’ null dizia para a amiga, durante o intervalo.
'Eu concordo. Mas ele não merecia.’ null a completou.
'Eu sei... Mas ele precisa de alguém.’
'Realmente.’ null opinava sem prestar muita atenção à conversa das amigas. Escrevia alguma coisa em um papel.
'O que é isso, null?’ null perguntou.
'Comitê social. A gente vai começar a organizar a festa do ano.’
'Hum... Alguma idéia?’ null perguntou.
'Sim. Na verdade, esse ano a festa não vai ser uma festa. Vai ser um fim de semana em uma fazenda do interior de uma cidade que eu esqueci o nome.’
'Sério?!’
'Não, null. To mentindo.’ null a encarou com desprezo no olhar.
'Vai ser legal.’ null opinou sem sorrir.
'Legal ou LEGAAAAAAAAAL?’
'null null somado a um fim de semana responderia à sua pergunta?’ null falou, lançando um olhar para as amigas.
'Acho que sim.’ null murmurou.
'Bom, gente, eu vou lá em cima buscar o Oliver na biblioteca e levar o menino pra aula.’
'Aham, null. Você tá é abusando da chave do elevador que você ganhou!’ null a acusou, fazendo as outras rirem, concordando. Ela mandou um beijo no ar às amigas e saiu andando em direção ao elevador.
Apertou o botão e se encostou na parede até que chegasse. Ao ver as luzes, ela abriu a porta.
'Heeeey! Me dá uma carona, por favor!’ Ouviu uma voz pedindo, vendo o rosto de null logo depois. ‘Ah, é você.’ Ele disse decepcionado.
'É, sou eu.’ null respondeu com cara de cínica.
'Não precisa mais.’ Ele disse, se virando.
'Eu sei. Eu posso ter o elevador pra mim, obrigada.’ Ouviu a voz de null. Era incrível como a menor provocação fazia-o sair de si.
'Eu quero sim.’ null disse, voltando.
'Não quer nada!’ null rebateu, empurrando-o em direção à porta. Tarde demais. Ela já havia se fechado. ‘Ai, droga.’ Ela sussurrou para si e null sorriu vitorioso.
Um silêncio tomou conta do lugar. De repente as luzes se apagaram e null deu um grito de susto. O elevador parou de se mover.
'Não, não, não!’ null gritou, apertando todos os botões do elevador.
'Ai, pára, null! Você vai é piorar se ficar apertando isso.’
'Falou a menina dos elevadores.’
'Ah, sim! Falou o menino dos elevadores!’ Ela rebateu.
'Posso não ser elevador, mas te levei às alturas.’ null disse, rindo.
'null, você podia ter ficado sem esse trocadilho tosco. E você é um convencido.’
'Convencido nada!’ Ele respondeu.
'Convencido sim. Você se acha demais.’ null disse, se sentando no chão e vendo null fazer o mesmo.
'Ah, claro. Me lembra de perguntar isso pra Stacey.’
'Pode deixar que eu te lembro. Você pode confiar no que ela disser, ela é a garota verdade.’
'É, assim como você.’ Ele respondeu, sarcástico.
'Eu? Quando foi que eu menti pra você, null?’ Ela perguntou, irritada.
'Quando você fingiu que confiava em mim!’
'Eu fingi?! É muito fácil pra você falar, né? Você só vê a parte que eu desconfio de você! Queria ver você no meu lugar!’
'Eu não teria te acusado de nada! Queria ver VOCÊ no MEU lugar!’
'Eu não teria ficado com aquela idiota!’
'Ah, me poupe, null!’
'Você é tão idiota, null!’
'Idiota?! Você aí tendo um ataque de ciúmes de Stacey e eu sou idiota?!’
'Ciúmes?! Você que fica com ela pra tentar me deixar com ciúmes! Planinho mal feito!’
'Planinho?!’
'É! Só por que você tem ciúmes do Oliv!’
'Eu?! Cala a boca, null! Eu só não to com você porque EU não quero!’
'ÉOQUE?! Você ACHA que eu ficaria com você, null?!’
'Em dois tempos.’
'Nos seus sonhos.’
'Tá duvidando?!’
'ESTOU!’ Ela o desafiou.
Antes que pudesse perceber, as mãos de null já estavam eu sua nuca e os lábios juntos. Ela puxava o cabelo dele de leve.
De repente as luzes se acenderam e o elevador subiu, fazendo-os se afastar.
'Seu louco!’ Ela gritou, passando a mão na boca. ‘Você sai agarrando as meninas pelo colégio assim?!’
'Eu?!’ null se defendeu. 'Você que me agarrou!’
'Ah, cala a boca, seu tarado!’ null gritou, saindo do elevador.

null marchava em direção à biblioteca. Tinha muita raiva, mas principalmente dela mesma. Por mais que tentasse se enganar, null conseguia mexer com ela mais do que o normal. Abriu a pesada porta de madeira e viu Oliver sentado em sua cadeira de rodas, lendo algum livro.
'Hey.’ Ela falou baixinho ao chegar perto do menino, ainda atordoada.
'O que houve?’ Oliver perguntou, achando graça do estado da amiga.
'Houve? Houve nada, Oliv.’ Ela forçou um sorriso, fazendo-o rir alto.
'O que o null fez?’
null suspirou, se jogando em uma cadeira. Se entregou.
'Me beijou.’ Ela disse e Oliver começou a rir mais alto ainda.
'Sabia! Como assim?’
'Elevador. A gente ficou preso no elevador, começamos a discutir, eu disse que ele nunca ficaria comigo de novo e ele me beijou.’
'Então tá tudo bem, né? Digo, vocês fizeram as pazes depois disso.’ Oliver disse, meio confiante de si.
'CLARO QUE NÃO! Aquele idiota acha que pode sair me agarrando!’ null gritou, se arrependendo logo depois, quando sentiu os olhos da bibliotecária a repreendendo.
'Sei.’ Oliver respondeu. ‘Vamos logo que eu não quero me atrasar.’ Ele a chamou e os dois saíram da sala.

'VOCÊOQUE?!’ null exclamou enquanto ele e os três amigos caminhavam em direção à casa de null. O McFLY ensaiaria lá.
'Beijei a null.’ null repetiu já ficando entediado.
'Cara, você tem problemas mentais? Vocês nem se falam.’ null falou.
'Só se for pra se xingarem.’ Harry completou e viu null e null concordarem com a cabeça.
'Mas... Sei lá! Ela me desafiou aí eu fui lá e dei um beijo naquela garota!’ null exclamou.
'Você ainda gosta dela.’ null concretizou.
'OQUÊ?!’ null gritou. ‘Tá louco, null? Eu odeio aquela idiota.’
'null, você gosta dela.’ null concordou com o amigo.
'Caras!’ null disse, olhando em direção a Harry, procurando ajuda. Tudo o que ele viu foi o amigo dar de ombros, tendo que concordar.
'Ah, vocês tão é de sacanagem com a minha cara!’
'null, ta na cara. Você deu um beijo nela, no meio da gritaria.’ Harry falou e null completou. ‘No elevador.’
'No escuro.’ null disse, inocente, fazendo os três se virarem para ele.’
'Cala a boca, null.’ null mandou.
'Mas...’
'null, cala a boca.’
'Mas Judd!’
'null!’ null gritou fazendo-o se calar.
Os quatro chegaram à casa do garoto, que abriu a porta.
'HEEEY! ALGUÉM AÍ?’ null gritou, mas não recebeu resposta. ‘É. Somos só nós mesmo. Vamos comer?’
'NESTE SEGUNDO!’ Harry berrou, pulando até a cozinha como um macaco.
'Judd, relaxa. A comida não vai acabar não.’ null disse, jogando a mochila em cima do sofá e se sentando logo em seguida. ‘Parece um babuíno.’
'A null gosta de babuínos.’ null comentou, em um pequeno transe, fazendo com que null e null se entreolhassem e começassem a rir.
'E ele neeeeem gosta dela!’ Harry gritou vindo da cozinha. Trazia um ímã de geladeira na mão. ‘Camarão?’
'Yep.’ null concordou.
'Ah, não!’ null gritou. ‘Eu quero calabresa.’
'Cala a boca, null.’ null falou.
'Alô? É três pizzas...’ Harry começou o pedido mas foi interrompido pelo grito os três amigos. ‘QUATRO!’
'Erm... Quatro pizzas família de camarão.’
'A minha é de calabresa, droga!’ null disse, dando um tapa na cabeça do amigo.
'Desculpe, são três de camarão e uma de calabresa.’ Harry corrigiu. Esperou até que a atendente que, pela voz, devia ter cerca de 50327 anos e ser magra como uma porca prenha. Gracinha.
'Ok. Agora é só esperar!’
'Todo mundo sabe que tem que esperar, null.’ null falou.
'Eu sei. Só queria falar alguma coisa.’ null rebateu e recebeu o olhar de cala-a-boca-você-é-idiota-assim-sempre-?
'Tem sorvete aí?’ null perguntou.
'Tem, mas vocês não vão comer.’ null respondeu, pouco antes de ver os três amigos indo em direção à cozinha e voltarem com dois potes de sorvete dois litros. ‘Hmm... Creme e morango. Meus preferidos.’ null declarou.
'Eu prefiro menta com chocolate.’ null falou.
'A null também.’ null – inocente, como sempre – mencionou, recebendo outro olhar como o anterior. ‘Que foi?’
'Nada!’ Harry disse, levando uma colher de sorvete de creme à boca. ‘Vocês já sabem da festa desse ano?’
'Não. O namorado da diretora do comitê social aqui é você, Judd.’ null falou.
'Bom, não vai ser uma festa.’ O garoto continuou. ‘Vai ser um fim de semana em uma fazenda em algum lugar perdido.’
'Atlântida?! Sempre quis ir lá! Ou El Dourado.’ null disse. Mais olhares. ‘Que foi?! Não falo mais nada nesse lugar!’
null deu uma gargalhada e continuou a conversa. ‘Quando vai ser?’
'Não sei. Acho que daqui a umas duas semanas.’
'Cool.’ null comentou, não muito interessado. Um silêncio tomou a sala, até que null deu um pulo.
'A GENTE PODIA TOCAR LÁ!’
Os outros três se entreolharam e botaram sorrisos ansiosos nos rostos.
'Vou falar com a null.’ Harry disse, quando a campainha tocou.
'FOOD!’ null gritou, se levantando e indo até a porta. Abriu e os quatro puderam sentir o cheiro de pizza invadindo o ar. null pôde fechar os olhos.
'São...’ O entregador olhou um papel. ‘...três famílias de camarão e uma de calabresa?’
'Yep.’
'São 30£.’
'Ok.’ null se virou. ‘null, passa o dinheiro.’
'DINHEIRO?!’ null gritou, se desencostando do sofá. ‘Por que eu vou pagar?!’
'Por que a última vez eu que paguei. Anda logo, null.’ null se meteu e viu um null emburrado tirar as 30£ da carteira e entregar a null, que sorriu vitorioso.
'Aqui.’ Ele deu o dinheiro ao entregador. ‘Valeu.’ O garoto sorriu, antes de fechar a porta.
'Comiiiiiiiiiida...’ null disse, indo até a mesa. Cada um abriu sua caixa. Estavam ainda cortando a primeira fatia, quando a campainha tocou novamente.
'Ué! Pizza extra?!’ null disse, indo até a porta novamente. O que ele viu foi uma null e uma null sorridentes e com DVDs nas mãos.
'OLÁ!’ Elas exclamaram. ‘Como hoje é sexta, nós pensamos em vir aqui ver filmes e ligarmos pra todo mundo.’
'Claro! A gente vai ensaiar agora e depois vemos. Vocês podem assistir o ensaio.’ null falou, beijando a namorada.
null logo fechou a cara quando ouviu a palavra ‘ensaio’. Os três entraram na casa.
'Hey!’ As duas cumprimentaram os amigos.
'OOOOOI!’ Eles responderam, se virando. A reação de null ao ver null foi a mesma da garota. ‘Ah, você.’
'Eu.’ Ela disse, sorrindo, sarcástica.
'Bom, querem comer?’ Harry perguntou.
'Hmmmm!’ null fez.
'Bom... O que temos no menu?’ null perguntou.
'Temos pizza de camarão.’ null respondeu, como um cavalheiro. Passou pela cabeça das duas meninas que, se null estivesse ali, ela morreria.
'Ah, eu quero!’ null logo disse, pegando uma pizza da caixa de null, que pareceu aborrecido por ter um pedaço a menos.
'Eu não como camarão.’ null riu.
'Ah, não tem problema!’ Harry disse. ‘O nosso amigo null aqui pediu calabresa!’ Ele sorriu para null que fechou a cara mais ainda.
'Ahn... Não quero. Obrigada, Harry.’
'A pizza é minha, não dele.’ null disse.
'E é exatamente por isso que eu não quero.’ Ela rebateu. null respirou fundo para não responder e mordeu sua pizza. A sala estava novamente em silêncio quando os seis ouviram um barulho estranho. Vinha da barriga de null.
'O que é isso?! O que você fez com a minha melhor amiga? null, você ta aí dentro?!’ null falou, rindo.
'Come logo, null.’ null disse. null olhou para null, que acabou dando de ombros. A garota se esticou até ele e pegou uma fatia.
'Obrigada.’ Ela sorriu amarelo.
'De nada.’ Foi o que ela ouviu ele murmurar. Ou, pelo menos, pensou ter ouvido.
'Bom, vocês vão à tal fazenda na festa do ano?’ A garota perguntou, saboreando a calabresa.
'Vamos.’ null, para a surpresa de todos, foi quem respondeu. ‘A gente ta pensando em tocar lá. O Judd aí ia falar com a null.’
'Sério?!’ null perguntou, animada. ‘Vai ser demais!’
'Vai! Vou tocar alguma música pra você, null.’ null disse.
'Ohn! Que lindo!’ null exclamou. ‘Não disse que o null ia escrever uma música pra você?! Eu disse pra você quando o null escrev...’ Ela se calou ao lembrar-se da situação.
Um silêncio constrangedor tomou a sala e null e null trocavam olhares, um se escondendo do outro.
'Bom...’ Harry quebrou o silêncio. ‘Vamos ao ensaio?’

O McFLY, que já não era mais a segunda banda mais desconhecida da cidade – uma nova banda chamada Busted havia sido criada – acabou seu ensaio, que foi composto por Saturday Night, Ignorance, Room on the Third Floor e Surfer Baby.
'Chega!’ Harry gritou, se levantando da bateria. ‘Meus braços não agüentam mais!’
'Judd, você não vai nem agüentar um show.’ null disse.
'Cala a boca, null. Minha tendinite piorou, ok?’ Ele rebateu, fechando os olhos.
'Bom, vamos ligar pras meninas?’ null perguntou e null concordou com a cabeça, pegando o celular. Sabia que null e null estariam estudando na casa de null.
'Alô? null, vem pra casa do null. A gente vai fazer um festival de filmes. Ok. Ok. Não. Ok. EUSEI!’ null riu. ‘Ok. Beijo.’ Ela desligou o celular. ‘Elas tão vindo.’
'Ótimo.’ null disse. Era um milagre! Já era a segunda vez que ele a respondia no dia. ‘Vou fazer pipoca.’ Ele disse, indo até a cozinha.
'Quero beber alguma coisa.’ null disse e null deu um pulo.
'ESQUECIOREFRIGERANTE!’ Olhou para a amiga. ‘Melhor amiga do universo... Vai botar uma garrafa 2l na geladeira?’
Ela levantou o queixo, negando. Ele piscou os olhinhos brilhantes e sorriu ao ver null saindo do mini estúdio.

'Onde tem refrigerante aqui, null?’ null perguntou, abrindo o armário de baixo da pia. null a olhou, confuso. Ela estava falando com ele?
'Na dispensa.’ Ele disse. A garota foi andando até a dispensa. Tentou abrir a porta, mas estava emperrada.
'null, abre pra mim? Ta emperrada.’ Ela pediu, vendo o garoto se aproximar. Ele deu um puxão na porta. Nada. Tentou de novo. Nada. Suspirou e lançou um olhar cansado para a garota, que riu, fazendo-o rir de lado. Deu outro puxão, desta vez, fazendo a porta abrir em um baque, fazendo-o cair de bunda no chão.
null estendeu a mão para ajudá-lo a levantar. Em um puxão os dois foram para dentro da dispensa, batendo a porta, sem querer.
'Droga.’ null murmurou, tentando abrir a porta. ‘Emperrou de novo.’
'Ah, tá de sacanagem?!’ null perguntou.
'Não!’ Ele riu, nervoso. ‘Que saaaaco!’
'Grita o null.’ Ela disse, chegando perto da porta. ‘null!’ null gritou, ouvindo risadas como resposta.
'Gostaram da surpresa?’ null e null puderam ouvir a voz de null do outro lado da porta, acompanhada pela risada alta de Harry.
'Pára de babaquice, null! Abre isso!’ null gritou de volta, dando um soco na porta. Ouviram as risadas aumentarem.
'Não! Aproveitem como no elevador!’ null gritou e, desta vez, as risadas foram extremamente altas.
'Você contou pra elas?!’ null perguntou à null, surpreso.
'Até parece que você não contou pra eles.’ Ela rebateu, fazendo-o se calar.
null respirou fundo, sentando-se no chão. ‘Eles não vão abrir essa porta tão cedo. É melhor se sentar.’ Ele bateu com a mão ao lado dele.
'Legal.’ Ela disse, sentando-se. ‘Sentar entre null Ponynter e um monte de miojo.’
'É melhor do que nada.’ Ele disse, rindo junto com ela. null já havia esquecido como a gargalhada dele era gostosa. Ela sentiu ódio de gargalhadas.
'To com fome.’ Ele declarou.
'O que não falta aqui é comida, null!’
'Eu quero biscoito.’ null disse. null pôde ver seus olhos brilharem ao avistarem um pacote de cookies.
'Cookies.’ Os dois falaram juntos, maravilhados com as gotinhas de chocolate da foto na embalagem. null se levantou para pegar, mas tomou um banho de frustração ao perceber que não alcançava a prateleira.
'Não!’ Os dois falaram juntos, rindo. null se levantou, fazendo o mesmo que ele. Nada. Esse era o problema de dispensas enormes e pessoas lezadas como null null estarem juntos: nunca havia uma escada onde se precisa.
'Tive uma idéia!’ null disse, coçando o queixo e observando atentamente cada centímetro da estante. Botou um pé em uma prateleira e a mão em outra. Foi escalando uma prateleira, até seu pé escorregar e ele bater com as costas na parede oposta.
'Sabia que isso não ia dar certo.’ null disse, em meio a uma risada.
'Tive uma outra idéia!’ null disse, novamente.
'Mesmo, gênio?’
'Yep.’ Ele disse, sorrindo sapeca para a garota, que não entendeu.
'Que foi, null?’ Ele riu, antes de pega-la pela cintura e levantá-la. ‘NÃO! ME BOTA NO CHÃO! ME BOTA NO CHÃO!’ null se debatia, e null mal conseguia respirar de tanto rir.
'Calma, null! Pega o pacote!’ Ela parou de se mexer, esticando o braço até a prateleira. Não alcançava. ‘Não dá. Me sobe mais.’ Ela pediu, sentindo as mãos de null descerem um pouco mais, e ela ficando maior. Esticou o braço. Nada. Esticou mais um pouco. Ela tinha que conseguir, a fome era imensa. Esticou mais um pouco, pegou o pacote e...
'Ai, null!’ null gritou, caída no chão, em cima do garoto. Os dois riam incontrolavelmente.
'Pelo menos nós temos comida.’ Ele disse, rindo. Ela concordou, saindo de cima do garoto, e se sentando ao seu lado. Ele fez o mesmo.
A garota pegou um cookie do pacote e fechou os olhos. ‘Gênio foi o inventor do chocolate.’
'Tenho que concordar. Você ta certíssima.’
Ela abriu os olhos, e riu de lado, vitoriosa.
'Dessa vez eu to certa, né?’
'Como assim ‘dessa vez’?
'Ué, eu não tava certa quando você ficou com a Stacey?’
'Ah, não!’ null resmungou. 'De novo não, null!’
'Ok. Parei.’ Ela riu, pegando outro biscoito do pacote e rindo das migalhas que null deixava cair, como uma criança.
'null, eu só fiquei com ela... sei lá por que.’
'Eu sei.’
'Sabe?!’ Ele riu, e pegou mais um cookie.
'Sei.’ Ela sorriu.
'Por que?’
'Pra me deixar com ciúmes.’
'Faz um favor, claro que não!’ null riu.
'Ahn, não.’
'Não.’ Ele repetiu. Desta vez sorrindo de lado e olhando para null, que ria, de rabo de olho. Ele pegou mais um biscoito.
null pegou o pacote da mão dele, mas sentiu-se dominada pela tristeza ao ver só farelos.
'Ahn... Acabou.’ Ela resmungou, largando os ombros.
null sorriu para ela. 'Pode comer.’ Ele estendeu o último biscoito para ela.
'Não, null. Você vai ficar com fome.’ Ele não disse nada, só estendeu novamente o biscoito. null pegou o cookie da mão dele e mordeu metade.
'Abre a boca.’ Ela riu, vendo null abrir a boca, e jogou a outra metade do biscoito ali. Ele mastigou, rindo.
'HMMMMMM! Esse foi o melhor.’
'Foi.’ Ela concordou e riu.

'Eu não acredito que vocês fizeram isso!’ null ainda disse, logo antes de botar um punhado de pipoca na boca.
'Eles vão matar vocês. Isso se não pensarem que a gente ta no meio dessa armação toda!’ null advertiu, rindo.
'Isso se um não matar o outro lá dentro.’ null ironizou. Algum filme com Shane West passava na TV, mas eles não se preocupavam em assistir.
'Se bem que eles tão até muito quietinhos.’ Harry comentou, vendo os outros concordarem e rirem.
'E nós também. Vem aquiiii, meu docinho de morango!’ null fez biquinho para a namorada, que se sentou em seu colo.
'Não começa, null. A casa do null só tem dois banheiros. Não dá pra quatro pessoas dividirem o mesmo centro de vômito.’ null riu.
'Cala a boca, null.’ A amiga mandou, ainda no colo de null.
'Bom, mudando de um assunto nojento para um interessante, null, nós temos um pedido pra você.’ null disse e viu a menina olhar para Harry com uma cara curiosa.
'A gente queria tocar lá na fazenda.’ O namorado da menina declarou.
'Ótimo! Eu só tenho que falar com o resto do comitê, mas eu que mando naquela droga.’ Ela riu. ‘Vocês se comprometem a levar os instrumentos, né?’
'Não, null! Eles vão comprar uma bateria, duas guitarras e um baixo no meio do mato!’ null disse, rindo.
'Shiu aê.’ null pôs o indicador na boca, fazendo sinal de silêncio para null. ‘Não me lembro de ter te visto no palco, ok?’
'Não fala assim com ela, null!’ null disse, abraçando null.
'Cala a boca, null.’ Harry mandou, fazendo o mesmo com a namorada.
'Eu queria ter uma câmera naquela dispensa!’ null disse.
'A gente podia ter pensado nisso antes, hein!’ null concordou com a namorada.
'Mas não pensamos.’ Harry deu de ombros.
'Então o jeito é esperar.’ null concluiu.

null e null riam de alguma piada idiota que ele fizera, quando o celular da garota começou a tocar. Ela olhou no visor e sorriu ao ler o nome de Oliver.
'Um segundo, null. Tenho que atender.’
Ele deu de ombros e começou a dar nós no cadarço do tênis.
'Alô?’
'null? Sou eu!’
'Hey, Oliv!’
null apertou mais forte o cadarço ao ouvir o nome do garoto.
'Hey! Onde você ta?’
null olhou ao redor e demorou um pouco para responder.
'Erm... To no shopping.’
'Ahn sim. Eu tava pensando em ir ao cinema. Queria companhia. Está disposta?’
'Ahn, Oliv... Desculpa, hoje não dá. Tenho que estudar... Tem provas finais aí, né. Já é quase férias de verão!’
'Ah! Você estuda depois!’
'Não, sério, Oliv... Não dá. Eu te ligo se conseguir acabar cedo, ok?’
'Ok, então... Um beijo!’
'Beijo!’ null respondeu, desligando o celular. Sentiu que null a encarava. Olhou para ele, mas percebeu o garoto desviar o olhar para o cadarço de novo.
'O que foi, null?’ Ela perguntou, mas não recebeu resposta. ‘null?’ Ela o chamou, ainda sem resposta. Cutucou o joelho do garoto, que estava encostado no seu. Desta vez, ele a olhou.
'Por que você mentiu pra ele?’
'Por que eu sei que ele não iria gostar de saber que eu to com você, presa numa dispensa.’ Ela riu, mas ele não. ‘null, eu não quero ficar chateando o Oliver com uma bobagens dessas...’
'Eu sou uma bobagem, então?!’ null a encarou.
'Não foi isso que eu falei, null!’
'Mas foi isso que você deu a entender.’
'null, a gente nem ta junto! Que obrigação eu tenho de sair falando pras pessoas que to presa com você em uma dispensa de 1,5m²?’
'Nenhuma. Você ta certa. Do mesmo jeito que eu não tinha a obrigação de não ficar com a Stacey.’
'null, pára de misturar as coisas! Não tem nada a ver uma coisa com a outra! A Stacey inventou aquela história toda!’
'E o Oliver te machucou! E me deu um soco por que eu fui te ajudar. E fez com que eu o null ficássemos 10142 horas a mais naquela escola!’
'Ele só tava passando por uma fase! Ele não faria uma coisa dessas agora, null!’
'Ahn, claro!’
'null, chega, ok? Tava tudo ótimo! A gente tava se falando e eu não quero mais brigar com você!’
'Então por que você ta com ele?!’
'Que?! null, eu não to com o Oliver!’ Você é que ta com a Stacey!’
'A gente não ta mais junto, ok? Você não pode falar o que não sabe!’
'E EU NÃO FIQUEI COM NINGUÉM DEPOIS DE VOCÊ! VOCÊ TAMBÉM NÃO PODE FALAR O QUE NÃO SABE!’ null gritou, enterrando o rosto nas mãos logo em seguida. null ficou em um pequeno transe. Depois de alguns segundos, ele sorriu para ela.
'Sério?’
null só confirmou com a cabeça, ainda com o rosto escondido. Ele levantou-o pelo queixo.
'Desculpa por isso, ok?’
'Ok...’ Ela sorriu, aliviada. Sentiu o garoto se aproximar para um abraço. Eles ficaram ali, juntos, por um tempo, em silêncio.
'null?’ null sussurrou em seu ouvido, ainda abraçado a garota.
'Hm.’
'Você ainda gosta de mim, né?’ Ele perguntou, tímido, fazendo-a pular. Era um susto bem grande.
'Por que, null?’ Ela perguntou.
'Por que eu ainda gosto de você.’
null sorriu, alegre por ouvir aquilo. Era bom saber que, por mais estranhas que as coisas estivessem, ainda tinha null para ela.
'Gosto.’ Quem sorriu naquele momento foi ele.
Daí surgiu a dúvida clássica na cabeça de duas pessoas confusas: ele gosta dela, ela gosta dele, então por que eles não estão juntos?

Dez minutos se passaram desde a última vez que null havia olhado o relógio. Havia se passado uma semana desde que ele e null haviam voltado a se falar. Stacey ainda tentava puxar papo, o que não era novidade. Ele olhou novamente o relógio. Faltavam 2 minutos para o sinal que marcaria o início das férias. Eles teriam a tão esperada viagem dentro de uma semana e o McFLY já estava sendo anunciado por toda a escola.
null olhou para null e depois olhou o relógio. Faltava 1 minuto e alguns segundos. Passaria rápido. Olhou para null que, como em toda aula de História, estava babando em cima do livro, pensando em – ao contrário do que ele falava - null. Harry mexia no celular. Devia estar mandando uma mensagem para null. null olhou novamente para null. Ele já estava fechando o livro.
'Sr. null, as férias de verão ainda não começaram! Abra o livro, por favor.’ O professor pediu, fazendo com que o garoto suspirasse e abrisse o livro novamente. Qual era mesmo a página? Havia alguns desenhos de babuínos e namorados – o peixe – na página correta. Era... 285? Ele abriu e confirmou sua suspeita ao ver os desenhos ali. Quem visse aquilo pensaria que ele tinha a idade mental de uma criança de 3 anos. Mero engano, já que Harry insistia em dizer que ele era de uma criança de 1 ano e meio. null olhou o relógio.
'null!’ Ele o chamou, silenciosamente. Fez um sinal com a cabeça.
'null!’ null o acordou de seu transe-estou-apaixonado-por-null-null.
'Harry!’ Ele chamou o outro. Os três já tinham sua atenção em null.
’10, 9, 8...’ Ouviam os livros se fechando e podiam sentir a alegria dominando as pessoas. ‘...7, 6, 5...’ O professor guardou o apagador e esfregou as mãos nos jeans azuis, como em todo final de aula. ‘...4,3,2...’ Todos se levantaram. ‘...1!’ A felicidade foi geral. Todos os alunos se espremiam em direção à porta. Parecia uma manada de rinocerontes passando por uma pequena fresta entre duas rochas em meio a Savana Africana.
'null!’ Ouviram null chamá-lo.
'null!’ null a abraçou. ‘Féééééééérias!’ Ele a levantou, fazendo com que a melhor amiga risse.
'Férias, meu lindinho!’ null disse, abraçando null e dando-lhe um BEIJINHO DE ESQUIMÓ.
'Mal começam as férias e vocês já querem me deixar diabética com tanto açúcar.’ null riu.
'Um dia, quando nós morrermos, vocês vão sentir nossa falta!’ null falou.
'Isso se eles perceberem que existe um mundo ao redor do casal null Augusto e null Cristina.’ Harry riu, recebendo um sinal carinhoso com a mão de null.
'Mas...’ null olhou para a namorada, confuso. ‘O nome deles não é esse.’
'É nome de novela mexicana, burro!’ null riu.
'Eu não assisto.’ null disse, fechando a cara para o amigo, arrancando risadas de todos.
'Tive uma idéia!’ Harry gritou. ‘Vamos fazer uma mini festa lá em casa hoje? Meus pais viajaram essa semana, nem sei quando eles voltam. A gente podia comprar comida, alugar DVDs, fazer pipoca... Vocês dormem por lá mesmo. Tão afim?’
'Claro!’ null respondeu animada.
'Combinados então!’ null confirmou. ‘Que horas?’
'Ahn... Umas 18:00 vocês vão pra lá, pode ser?’
'Ok.’ null sorriu. ‘Meninas, vocês passam a tarde lá em casa?’
'Pode ser.’ null disse.
'Vamos logo então. Beijos, McFLY!’ As meninas se despediram, caminhando em direção à casa de null.
'Ah!’ A garota fez, se lembrando de alguma coisa. ‘Vou chamar o Oliv.’
'Chama sim.’ null sorriu para a amiga, que pegou o celular e discou o número da casa do garoto. Ninguém atendia. Estranho, já que sempre havia alguém lá. Discou o celular. Chamava, chamava. Até que ela ouviu a voz animada de Oliver.
'Alô?’
'Oliv?’
'Hey, null! Tudo bom?’
'Aham! Escuta, eu e as men...’ Ela foi interrompida.
'null, eu tenho que te falar uma coisa.’
'Fala, ué.’
'Eu... To no aeroporto.’
Ela riu. ‘Pra que?’
'Eu vou pro EUA.’
'Sério? Legal, quando você volta?’
'Eu não vou voltar, null.’ Ela tomou um banho de água fria.
'Mas... Como... Oliv.’
'Eu vou morar na Califórnia com o meu primo, null. Eu já tava pensando nisso há um tempo. Só que, depois do acidente, eu tive que esperar...’
'Por que você...’
'null.’ Ele a interrompeu. 'A gente ficou junto mais um tempo, como amigos. Eu sei que você me ajudou muito, muito mesmo. Eu não queria que a gente ficasse passando nossos dias sabendo que eu iria embora e tal... Eu tenho que continuar, né?’
Ela sorriu. Era bom saber que Oliver realmente havia mudado.
'É.’
Os dois ficaram em silêncio um tempo, um ouvindo a respiração do outro. null, null e null, ao lado da amiga, já a olhavam, preocupadas.
'Eu vou sentir sua falta, Oliv.’ Ela falou, por fim.
'E eu vou sentir a sua. Demais.’
'Demais. Promete que vai me ligar sempre que der?’
'Prometo. Promete que nunca vai me esquecer?’
'Prometo.’
'null, eu amo muito você. Obrigado por ter me mostrado o que eu tinha que fazer e por ter ficado comigo no momento mais difícil da minha vida...’
'Oliv, não precisa agradecer. Eu te amo.’
'Bom, eu tenho que ir... Check in, sabe como é.’ Ele riu.
'Então ta.’ Ela sentia as lágrimas rolarem pelo rosto. Lágrimas de felicidade. ‘Boa viagem.’
'Obrigado.’
'Aproveite a Califórnia. Beijo.’
'Beijo!’ Ele desligou o telefone, mas ela não. Ouvia o silêncio vindo do celular, como se ainda tivesse Oliver ali. Respirou fundo antes de fechar o flip.
'O que houve, null?’ null perguntou.
'Ele vai morar... na... Califórnia.’ Ela respondia, enxugando os olhos.
'OOOOhn, meu amor...’ null disse.
'Ele nunca vai te esquecer.’ null confortou a amiga. ‘Abraço em conjunto!’ Ela disse, e as quatro se abraçaram juntas, rindo. Quebraram o abraço, dando de cara com uma criança, que as olhava com medo.
'Ahn, sim. A gente ta no meio da rua.’ null riu, e as quatro continuaram a caminhar, até que null parou e voltou até a criança. Bateu com a mão em sua cabecinha.
'Não larga a escola, docinho, por pior que ela seja.’ Ela voltou até as amigas, que começaram a rir.
E as quatro amigas foram caminhando e cantando até seu destino.

'Po, null, desce dessa droga!’ Harry gritou rindo para o amigo que se pendurava em uma árvore. Já estava ficando escuro, e eles iam comer pizza do lado de fora da casa, na churrasqueira, em frente à piscina. null riu ao ver o namorado cair.
'Essa pizza vai demorar anos!’ null se jogou no colo de null, que deu um pequeno pulo. ‘AAAI, neném! Não se joga em mim, que me machuca!’ Ele resmungou.
'Ain, desculpa, amor meu!’ Ela disse, dando vários beijinhos pelo rosto do namorado. null revirou os olhos e null riu, sentando-se ao lado da amiga, em frente à null. Os dois se olharam por um segundo e trocaram sorrisos tímidos.
A campainha tocou e eles sorriram. 'Harry, a casa é sua, ok?’ null o lembrou, fazendo com que o garoto suspirasse e fosse atender a porta. Segundos depois eles viram um Judd sorridente e com 5 caixas de pizza nas mãos voltando em direção à churrasqueira.
'Comida!’ null gritou como uma criança e os oito se espremeram nos bancos ao redor da mesa. A piscina já refletia uma lua que teimava em aparecer.
'Vamos ver...’ null começou, abrindo as caixas. ‘Essas 4 aqui são de camarão. null e null, a de calabresa é essa.’ Ele empurrou a caixa, que ficou entre os dois. Todos abriram as caixas e o cheiro que a mistura de ovos e farinha fazia tomou o ar. ‘HMMM...’

'null, amor, deixa eu limpar sua boca!’ null disse rindo e passou o guardanapo pela boca do namorado, que parecia uma criança.
'Ai gente, to tããããão animada pra viagem!’ null declarou, soltando gritinhos e sacudindo as mãos.
'Você sempre ta, null.’ null riu, e a menina o ignorou.
'Já é daqui a duas semanas! Parece que foi ontem que a gente fez a reunião!’
'Vai ser demais!’ null comemorou. ‘Meu bebezinho vai tocar, né?’
null fez que sim com a cabeça. ‘OOOHN!’ A namorada gritou, jogando os braços ao redor do pescoço do namorado.
'Gente, C-H-E-G-A!’ null gritou, rindo.
'Apoiada, null!’ Harry concordou com a amiga, apertando sua mão.
'Gente!’ null chamou a atenção dos amigos. ‘Alguém vai buscar o chocolate? Quero um doce.’
'Eu vou, abusado.’ null disse, se levantando e entrando na casa.
'Eu quero um também!’ null gritou, mas não obteve resposta. ‘Eu acho que ele não ouviu. null, você ta mais perto. Vai lá pra mim?’
'Nem pensar! Depois que eu fiquei uma tarde inteira na dispensa eu não faço mais nada por vocês!’
null fez cara de ofendida, mudando logo para sou-um-bebê-e-preciso-de-carinho-com-chocolate. A amiga a olhou desconfiada, mas se rendeu logo depois, respirando fundo e se levantando.

'Hey, null!’ null o chamou, sorrindo. ‘Onde tem chocolate?’
'Não sei. Também to procurando.’ Ele riu. ‘Deve ter na dispensa.’ Eles se olharam e riram.
'Então eles que venham buscar! Eu não me arrisco!’ null disse.
'Nossa! Foi tão ruim assim passar uma tarde trancada em um cubículo com null null?’
'Não, né!’ Ela riu.
'Então não há o que temer!’ Ele bateu a mão no peito, tirando risadas da menina. ‘Vem.’ Ele a puxou pela mão até a portinha. Eles pararam em frente à ela.
'Abre você.’ null pediu, rindo.
'Você.’ null rebateu.
'Nós dois juntos.’
Os dois botaram a mão na maçaneta, rindo depois que ela abriu facilmente. null pegou algumas barras de chocolate. ‘Pronto.’ Sorriu.
'Obrigada.’ Ela agradeceu, se virando.
'null!’ Ele a chamou, puxando seu braço, fazendo-a ficar de frente para ele.
'O... Oi.’ Ela respondeu, tensa. Sentia a respiração do menino bem perto.
'Nada não.’ Ele sorriu e deu um leve beijo nos lábios da garota, saindo em seguida.
Ela sorriu.

'Não! Não! NÃO!’ null gritou, escondendo o rosto no peito de null.
'Calma, null!’ null a acalmou. ‘Ela não morreu.’ Ele explicava o filme de terror que eles assistiam juntos.
Um silêncio se instalou na casa e todos tinham sua atenção focada na tela da TV.
'AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAH, FILHODEUMAÉGUAPRENHA!’ null gritou, com medo, abraçando null, que não parava de rir, assim como os outros.
'Calma, null!’ Ela disse, ainda rindo. ‘É só um filme, amor.’
'Não faz isso, null!’ null gritou.
'Fazer o que?’
'Esconder a verdade do null. Ele tem que saber que alguém pode vir aqui de noite.’
'ÉOQUÊ?!’ O garoto gritou com os olhos arregalados e as risadas aumentaram.
'Pára, null!’ null brigou. ‘Ela ta mentindo, ok, amor?’
'Ok...’ Ele se acalmou. ‘Você é uma idiota.’ Xingou null, que deu língua.
'Cala boca aí!’ Harry ordenou, concentrado no filme, assim como null.
'Não pentelha, Judd!’ null reclamou, ainda abraçado à uma null aterrorizada.
'NÃO FALA ASSIM COM O MEU NAMORADO QUE EU TE DESÇO O SARRAFO, TÁ OUVINDO?!’ null gritou, fazendo todos se calarem. Sorriu logo depois. ‘Obrigada, docinho.’ Ela agradeceu, voltando a olhar a TV.
'null?’ null chamou a namorada em um sussurro.
'Hm.’ Ela fez, ainda olhando o filme.
'Você acha que a null faria alguma coisa comigo?’ Ele perguntou, inocente, fazendo a garota gargalhar.
'Eu ouvi, null.’ null comunicou, rindo, sem tirar os olhos da tela.
'Ain, não! Não! NÃO!’ null gritou, apertando a perna de null. ‘Não! Estragou o filme! Esse povo não sabe mais fazer cinema, não! Me poupe!’ Ela reclamava, boquiaberta com a falta de qualidade do cinema britânico. Irônico, se você for pensar em Xuxa e os Duendes.
'Ah, falou a null Spielberg!’ null brincou.
'Pelo menos eu tenho noção, neném.’ Ela riu.
'Hey! Olha a intimidade!’ null reclamou.
'É! Não pode me chamar de neném, gatinha.’ null retrucou, brincalhão.’
'Hey! Olha a intimidade você também!’ null o repreendeu, fazendo com que todos o olhassem. null sorriu de lado, marota.
'Tá achando que é quem, null?’ Ela perguntou, arqueando a sobrancelha.
'É, null. Fica na sua aí.’ null reclamou.
'Cara, você tem namorada! Para de sentir ciúmes da minha.’
'Da sua?!’ Harry perguntou e ele ficou vermelho.
'Não falo mais nada!’ Ele se emburrou, e as risadas triplicaram. null se encostou no sofá, fazendo bico e cruzando os braços.
'OOOOHN!’ null riu, apertando a bochecha do garoto. ‘Não fica assim não, docinho.’ Ela deu um beijo no rosto dele.

A semana se passou, baseada em comida com alto teor de glicose e gordura trans – delícia! -, piscina, sol, pele ardendo, ensaios da banda, risadas, pessoas descascando, praia e esse tipo de coisa que todo ser humano normal faz em férias de verão. Ninguém agüentava mais esperar pela viagem e null não parava de reclamar de supostos carrapatos estrela infectados que estariam lá, fazendo com que seu armário parecesse um estoque de repelente contra insetos para alguns norte-americanos urbanos e destruidores de meio ambiente que querem conhecer a Amazônia. Bom, na verdade não era nada que um null saído das telinhas mexicanas não pudesse resolver.

O despertador tocou e null abriu os olhos, logo reconhecendo o teto da casa do melhor amigo. Olhou para baixo e viu null babando no travesseiro. Sentou-se no colchão do amigo, balançando-o de leve pelo ombro.
'null, acorda, chato.’ Ela o chamou. null abriu os olhos e resmungou alguma coisa que traduzia-se por ‘sai daqui que o seu cabelo ta arrastando na minha cara.’
'Bom dia...’ O garoto resmungou, esfregando os olhos. null se levantou, voltando minutos depois com uma bandeja na mão.
'Dois sanduíches e suco de pêssego.’ Ela sorriu. Os dois comeram em silêncio, ainda sonolentos.
'Vou tomar banho.’ Ele avisou, vendo-a assentir com a cabeça.
null voltou um tempo depois, com uma escova de dente da boca e os cabelos pingando. Fez sinal para que ela fosse tomar banho e saiu da porta do banheiro, indo lavar a boca no banheiro de baixo. A garota abriu o chuveiro e sentiu a água fresca cair sobre sua cabeça. Era ótimo se refrescar naquele verão escaldante.
Saiu vestindo seu short jeans desfiado, uma blusa do Blink 182 e o par de all star rosa, já gasto. Os cabelos molhados e o cheiro de banho ainda tomavam conta dela.
'Pronta?’ null, que já estava animado, perguntou, assim que viu a amiga descer a escada. Ele carregava a última mala para o carro.
'Mais que nunca!’ Ela sorriu.
'Se ela soubesse o que ta esperando por ela lá...’ Ele disse para si mesmo.
'Oi?’
'Nada não.’ Ele sorriu, disfarçando – mal, em seu estilo null. ‘Vamos?’ O garoto abriu a porta do carro para ela. null abriu o porta luvas e tirou o porta CDs de lá.
'Vamos de que?’ Ela perguntou.
'Hum... Beatles?’
'Apoiado.’ Ela sorriu, botando o CD para tocar.

'Cara, e se não der certo?’ null perguntava a Harry e null, nervoso. Não parava quieto um único segundo.
'Fica calmo, null! Vai dar certo!’ Judd o tranqüilizou. null, null e null chegaram nesse momento.
'E aí? Tudo pronto?’ null perguntou e viu um null null aflito assentir com a cabeça.
'Deus! null, se acalma! Ninguém vai morrer aqui não!’ null gritou.
'Não?’ null riu.
Eles viram o carro de null se aproximar. Podiam ouvir ele e null cantando I Wanna Hold Your Hands. null respirou fundo e os outros cinco correram até o carro, vendando os olhos de null antes mesmo que ela pudesse dar por si.
'Que isso, Jesus?’ Ela perguntou espantada.
'Surpresa!’ null gritou.
'Surpresa?!’
'Cala a boca, null!’ null deu um tapa no garoto.
'Gente, alguém me explica o que ta acontecendo aqui, por favor?’ A menina pediu rindo, enquanto eles a levavam para não-sei-onde.
'Tá preparada?’ null perguntou.
'Pra que?!’
'Tá sim!’ Harry confirmou, se afastando rapidamente, e null desamarrou a faixa que havia no rosto da amiga.
O que ela viu foi o McFLY, com os instrumentos montados, e null no microfone.
'null, eu não sei se você lembra disso, mas...’ Ele falou, tímido e nervoso ao mesmo tempo. Tocou os primeiros acordes de No Worries, fazendo a garota explodir em lágrimas no mesmo instante.
Os quatro tocavam juntos, sorriam. null cantava e a olhava ao mesmo tempo.

'The light is dancing in your eyes, your sweet eyes!’O garoto sorria para ela. null não podia acreditar! Não conseguia evitar as lágrimas que insistiam em cair como nunca. Ela sorria ao mesmo tempo em que cantava junto com a música.

'We’ve got no worries in the world!’ null finalizou e lançou-lhe um sorriso enorme. ‘null null, quer ser minha namorada?’ Ele pediu enquanto os outros ainda cantarolavam os ‘ba,ba,ba,ba’ do final da música. Ela sorriu mais ainda, como se isso fosse possível.
'Quero, null null! Eu quero ser sua namorada!’ null gritou em resposta e pulou no colo no mais novo garoto comprometido do Reino Unido. A essa altura, os alunos já estavam ali em volta, batendo palmas e assobiando.
'Te amo, ta?’ Ela falou em seu ouvindo, ainda abraçada a ele.
'E eu te amo.’ Ele respondeu, levando-a para dentro do ônibus no colo, como uma noiva.
E eles tiveram a melhor viagem de suas vidas.

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