Éramos apenas crianças, garotos normais duma escola da cidade Londrina, quando nos cruzamos pela primeira vez naqueles corredores extensos da escola. Lembro-me como se fosse hoje. Lembro-me de estar a sair da minha aula de Português, quando chocaste contra mim, fazendo com que todos os livros e cadernos que tinha na mão, caíssem.
- Desculpa, eu ajudo-te. – tu disseste.
Baixaste-te e, bem rápido, repeti o teu gesto. Juntaste todos os meus livros enquanto eu fiquei a olhar para ti, sem me conseguir mexer. Quando terminaste de juntar os meus livros, levantaste-te e, após eu me levantar rapidamente, entregaste-mos. Quando o fizeste, pude sentir a tua mão tocar na minha, o que fez o meu coração bater a uma velocidade que nem sabia se era saudável. Senti os teus olhos a inspecionar a minha cara, passando pelos meus lábios, depois o meu nariz, até que os teus olhos de um azul profundo se cruzaram com os meus. Durante aqueles segundos em que os teus olhos se fixaram nos meus, o meu Mundo parou e eu apenas conseguia pensar em ti e no quanto te queria beijar. No entanto, o inevitável aconteceu.
- Amor, vamos? – perguntou ela, a tua namorada, aquela que podia beijar-te, aquela que tinha o privilégio de te ter só para ela.
Senti uma dor no coração, como se este se tivesse partido e, depois do que aconteceu, eu não duvidei que tal coisa tivesse acontecido.
Viras-te as costas e, enquanto te ias embora, colocas-te o braço ao redor do pescoço daquela rapariga que, tal como a ti, nunca tinha visto antes. Observei-vos a irem embora, a descerem o corredor até à sala onde supostamente iriam ter aula.
- , estás bem? – perguntou-me a , a minha melhor amiga da altura.
Eu não respondi, apenas me sentei encostada aos cacifos azuis que estavam ao lado da porta da sala. A sentou-se ao meu lado e abraçou-me, pois, tal como eu, ela já tinha passado pelo mesmo: estar apaixonada por um rapaz que tem namorada.
O dia terminou depressa, mas a tua imagem não me saía da cabeça, os teus olhos pareciam continuar a olhar os meus e continuava a sentir o leve tocar da tua mão na minha.
Isto continuou por dias, semanas e meses, tu bem sabes. Sempre que passava por ti nos corredores, o meu coração parecia uma bomba relógio prestes a explodir dentro do meu peito. Os meus olhos afastavam-se sempre para ti, tentando encontrar qualquer sinal de que pudesses sentir o mesmo, mas nada. Quer dizer, por vezes olhavas de volta para mim, mas apenas porque te sentias observado, parecia, pensava eu.
Todo esse ano escolar passou desta forma, sem que eu conseguisse parar de pensar em ti e no como tu eras perfeito, apesar da bem tentar que eu te esquecesse.
Tal como todos os anos, eu decidi ir ao baile de final de ano, que ocorreu no dia 18 de Junho. Foi nesse dia que tudo mudou.
Por escolha própria, sempre fui ao baile sozinha, e, como bem sabes, esse ano não foi diferente. Entrei no pavilhão da escola, com aquele vestido cor-de-rosa que eu adorei à primeira vista. Dirigi-me ao balcão, onde te encontrei, sozinho. Sentei-me ao teu lado e tu não falaste. Parecias triste, mas eu não podia perguntar-te nada, eu nem te conhecia.
- Ela não veio, acabamos! – disseste com os teus olhos fixos no copo que tinhas na mão.
O meu coração ficou aliviado, era a minha oportunidade de ser feliz ao lado de quem o poderia fazer. Tu sabias o que eu sentia por ti, sempre soubeste, ao longo desse ano.
Perguntaste-me se queria dançar e, como seria de esperar, eu acompanhei-te. À meio daquela tão famosa valsa, em que todos os casais se aproximavam, tu beijaste-me e proporcionaste-me a melhor sensação que eu alguma vez tivera: os teus lábios junto aos meus, as nossas línguas a dançar num bailado descontrolado mas apaixonante. Tu sabes bem o quanto eu gostei daquele beijo.
Levaste-me até ao sofá que estava dentro do recinto, sempre a beijar-me. Sentaste-me ao teu colo e continuaste a beijar-me loucamente. As coisas começaram a seguir o seu rumo e, depois de beijos e mais beijos, cada um mais intenso que o anterior, agarraste no meu braço e puxaste-me, levando-me até ao vestiário dos rapazes. Empurraste a porta sem separar as nossas bocas, sentaste-me sobre os lavatórios, onde me fizemos uma pequena brincadeira de lábios e línguas. Fizeste um trajeto de beijos suaves desde a minha boca até ao meu peito, onde deste leves chupões e acariciaste. Desapertaste o fecho do meu vestido e, depois de me retirares de cima dos lavatórios, levaste-me até um dos cubículos, que fechaste. Quando trancaste a porta, despiste totalmente o meu vestido, numa rapidez que eu pensei que não poderia existir, enquanto eu tirava a tua camisa. Os nossos beijos tornavam-se mais intensos e nós sabíamos aonde aquilo nos ia levar. Quando ficamos somente de roupas íntimas, olhaste para mim com um desejo enorme... Via-se bem nos teus olhos que me querias, tanto quanto eu. Desapertaste o meu sutiã e a tua boca foi imediatamente de encontro a um dos meus seios, que estavam totalmente descobertos. Beijaste-o, chupaste cada milímetro e brincaste com a tua língua fazendo-me arrepiar e soltar pequenos gemidos de prazer. De seguida, retirei as tuas boxers azuis escuras que deixavam-te perfeito, e masturbei o teu pênis, e foi à altura de sentires prazer também. A minha boca foi de encontro à tua e tu não resististe em morder o meu lábio. Despiste a última peça que me faltava e, depois de me dares um único beijo, abriste as minhas pernas com facilidade e, sem sequer colocares camisinha, fizeste-me sentir cada centímetro do teu pênis dentro de mim. Não conseguia conter os gemidos que se sucederam e que tu tentaste calar-me, mas também era mais forte que tu e também não os conseguiste conter. Gemi o teu nome, xingava-te por me estares a levar à loucura, contorcia-me e rebolava muito. Eu tinha o homem que amava ali comigo, a entregar-se a mim daquela forma. Foi a primeira vez que te tive nos meus braços, foi naquele cubículo do vestiaário dos rapazes da nossa escola secundária.
Quando chegamos ao auge da loucura e da excitação, quando chegamos ao limite do suportável, voltamos a vestir-nos e saímos. Parei em frente ao espelho, com o maior sorriso que podia ter, e arranjei a minha maquiagem e o meu vestido. Quando olhei ao redor, tu não estavas lá. Saí a correr, para te procurar, mas sem sucesso. Corri pelo pavilhão, pela escola e até por alguns quarteirões ao redor da escola, e de ti não havia rastro. Corri novamente para o interior da escola, entrei no banheiro e chorei, chorei e chorei. Não emiti qualquer palavra a quem entrava e me perguntava o que se tinha passado, não emiti qualquer palavra em relação a nada. Verdade que nem o teu nome sabia, assim como, muito provavelmente, também não sabias o meu, mas sabias que o meu amor por ti era verdadeiro e não tomaste isso em conta.
A muito custo, e depois de algumas bebidas, fui para casa, com a ajuda da , que continuava sem saber a história. Quando cheguei a casa, deitei-me na cama a chorar, sem que conseguisse parar. As dores de cabeça eram fortes e o ardor nos olhos insuportável, mas não conseguia parar, e isto tudo por tua causa.
Vários anos se passaram desde esta altura, tu bem deves saber. Tal como já disse, eu era apenas uma jovem de 17 anos que teve o azar de se apaixonar pela pessoa errada. Hoje, com 25, devo dizer que nunca te esqueci, , isto porque foste o meu primeiro amor, mas também a minha primeira desilusão. Deves perguntar-te como sei o teu nome? Após o que me fizeste, vim a descobrir que não fui a única e que em todos os bailes fazias o mesmo. Levavas uma menina tão ingênua quanto eu e fazias o mesmo que fizeste comigo, o meu azar foi que eu estava verdadeiramente apaixonada por ti.