— Ok vamos repassar o plano – falou quando parou o carro em frente à gravadora.
— Certo... o plano – murmurou olhando para a porta de seu local de trabalho – aquele que vai me levar para a prisão.
— Para com isso , pare de ser negativista, nós não seremos presas. Eu já tenho tudo arquitetado.
— É isso que eu tenho medo – voltou a murmurar.
— Ta, primeiro vamos entrar e ir direto para a sala de servidores e –
— Espera, espera, espera – a cortou olhando para ela com os olhos arregalados – como assim vamos entrar. Não vou entrar com você não, você estás ficando louca?
— É claro que vai – falou saindo do carro. a acompanhou e se apoio na porta aberta do carro olhando para – Eu já falei que preciso de você para entrar ali, não tenho culpa se é logo você, entre todas as minhas amigas, que trabalha na gravadora dele.
— isso é loucura, eu posso perder meu emprego.
— Bobagem – falou abanando a mão e batendo fortemente a porta do carro. – Se formos pegas eu juro que digo que te obriguei.
— Como se isso fosse livrar nós duas da prisão.
— Ninguém vai ser presa , para de repetir isso.
— Ah não?
— Não, não vamos. Eu já falei que o plano é infalível. Quando ele me conhecer e se apaixonar por mim, não vai querer prestar queixa contra a namorada dele. Eu já pensei em tudo. Te falei que li todos os livros sobre isso e assisti todos os filmes. Não tem como não dá certo.
— Leu livros e assistiu filmes? É com isso que você vai manter a gente longe da prisão?
— Se você falar mais uma vez que vamos presas, eu vou te matar.
— Ah ótimo, me matando eu não preciso participar desse plano maluco.
— É óbvio que só vou te matar depois que você me colocar pra dentro, até lá, você cala essa boca e não atrapalha.
bateu a porta do carro sabendo que não iria adiantar argumentar, ela teria que participar do crime. Porque, não adianta o que falasse, elas estavam prestes a cometer um crime. E contra um de seus patrões.
— não é mais fácil você pintar o cabelo?
— Não, eu preciso mostrar para ele o valor das morenas.
suspirou. Quando colocava algo na cabeça, ninguém conseguiria tirar. Nem mesmo o bom senso.
— Com tantos homens nesse mundo você tinha que cismar com ele?
— ele é perfeito para mim, ele só precisa de um empurrãzinho para descobrir que eu sou a alma gêmea dele.
— E você diz isso baseada em que?
— Para começar – levantou um dos dedos – Ele é tão fã de Luan Santana quanto eu. Quem poderia imaginar isso? Você não tem idéia de como me senti quando você me contou que o viu ouvindo o CD. Segundo, nós dois fomos ao último show do AC/DC que teve em Londres, a gente poderia ter se encontrado lá sabia? Qual a probabilidade de nós dois sermos fãs das mesmas bandas?
— Fãs de Luan Santana e AC/DC isso só me prova que os dois são doidos, não que são almas gêmeas. – murmurou.
— O que você quer dizer com isso? - perguntou chateada, ela odiava as piadinhas de sobre seus gostos musicais. O problema era todo dela se não sabia apreciar uma boa música.
— Nada – novamente murmurou
— Ótimo, então será que agora nós podemos repassar o plano? – perguntou, batendo o pé impaciente no chão.
— Vamos – bom, era o mínimo que poderia fazer. Saber o plano decorado, quem sabe isso não a deixa livre da prisão?
— Primeiro vamos para sala de servidor e-
— Não tem como eu te explicar como chegar até lá e você ir sozinha?
— Não, , não tem. Quer deixar de ser medrosa?
— Desculpa , mas não costumo cometer crimes todos os dias. – praticamente gritou.
— Shiuuuuu, para de gritar sua louca. Vai estragar tudo – falou fazendo gestos exagerado com as mãos – Não se faz mais amiga como antigamente, você precisa de uma ajudinha de nada de uma delas e elas ficam fazendo escândalos à toa.
— Ah, claro. A toa, não é?
— Para de reclamar, meu Deus, ta parecendo uma velha chata reclamando por tudo. E quer saber? Nada de repassar o plano. Vamos no improviso.
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— Isso é tudo culpa sua. – murmurou para .
— Como a culpa pode ser minha?
cruzou os braços e olhou irritada para .
— Você não quis repassar o plano.
— Você não quis! Eu nunca fui contra repassar o plano, isso teria adiado ainda mais nessa maluquice. E agora o que iremos fazer? Como vamos tirar o corpo daqui?
— Para de falar que ele morreu. Eu já conferir e ele está respirando.
— , não sei o que diz esse seu “Manual de como fazer o se apaixonar por uma morena”, mas definitivamente, você não está seguindo ele. Você está se comportando como uma loira.
lançou um olhar magoado para ela.
— Olha não era para esse loiro anão estar aqui, no plano o estaria sozinho.
— Para de chamar o Dougie de anão? Ele é meu patrão. Dizem que as pessoas em coma conseguem ouvir o que as outras estão falando.
— Quem vai acabar entrando em coma é você, sua retardada. Ele não morreu, e não está em coma. Ele só desmaiou. E ele é anão amiga, um Bonsai perto desse ai é uma árvore gigante. Se ele não tivesse dado certo como baixista, ele poderia até ser contratado como aparador de Bonsai.
— =Para , o rapaz não é assim tão baixo, e mais, com a força que você bateu na cabeça dele com esse pedaço de pau, se ele não tiver morto ele tem que estar em coma.
— Ou eu batia nele, ou ele iria acabar nos dedurando – falou enquanto cutucava um Dougie desacordado com o pé – Será que podemos deixar ele aqui?
— Aqui? Sozinho? Desacordado? – gesticulava apavorada.
— Qual é o problema? Ele só está dormindo.
— Ele não está dormindo , está desmaiado.
— Está bem, está bem. Vamos pensar em algo – falou andando de um lado para o outro da pequena sala – Acho que o sexto capítulo dizia alguma coisa sobre isso.
— Sexto capítulo? De algum dos livros que você leu para o plano?
— Não, do tutorial que baixei na internet sobre como cometer o seqüestro perfeito sem deixar pistas. Se bem que estou começando a desconfiar daquele arquivo – falou coçando a nuca – a pessoa que escreveu deixou alguns erros muito absurdos. Ele deveria ter dado para uma Beta-reader antes de disponibilizar aquilo para download.
— AI.MEU.DEUS!! você pirou de vez! – gritou.
— Para de gritar – murmurou, fazendo mais gestos com as mãos – vai fazer mais alguém vim aqui ver o que está acontecendo e teremos que bater em mais alguém.
— Ah sim, como se eu tivesse batido em alguém para você estar ai falando teremos que bater em mais alguém!
— Não era o meu emprego que estava em jogo. – falou de forma desdenhosa cruzando os braços.
— Ahhh, agora você quer colocar a culpa de ter acertado a cabeça do meu patrão em mim? E não que isso colocaria em risco seu plano maluco? E o que esse plano infalível diz que devemos fazer agora gênio?
— Eu estou pensando.. estou... shiuuuuuu – murmurou e chegou perto de , segurando fortemente seu braço – Tem alguém vindo.
segurou o braço de . - Pega o bastão – murmurou para a amiga. caminhou até o bastão que estava largado perto do corpo inerte de Dougie e se posiciono ao lado da porta.
olhou para que tinha um dedo entre os lábios, pedindo silêncio.
— Dougie? – Alguém chamou ao abrir a porta. Elas não tiveram tempo de saber quem era o dono da voz, porque acertou um golpe certeiro na cabeça do homem.
— OH meu Deus! – murmurou olhando o corpo caído no chão - Matamos !
Capítulo 02
— Quer parar de repetir que somos assassinas? Ou a única pessoa a morrer aqui será você. Já falei que os dois estão bem, estão respirando.
— como você pode estar tão calma? O Homem que você é apaixonada está desmaiado. deu de ombros.
— Agora eu posso dizer que ele está onde eu sempre quis que ele estivesse: caído aos meus pés!
— , para de brincadeira, isso é sério. Temos dois homens desmaiados aqui e não sei o que iremos fazer com eles.
— Nossa, que falta de senso de humor! Está bem, confesso que isso não estava nos planos, mas podem ser de grande ajuda.
— Como isso pode ajudar. Você pode me explicar? – falou, enquanto verificava a respiração e os batimentos cardíacos de seus patrões. Aparentemente eles estavam bem.
— Ajuda que agora sabemos onde o está.
— É, sabemos! Ele está desmaiado – e acrescentamos que por nossa culpa – na sala de servidores. Grande ajuda!
— Nós vamos levá-lo para o carro, algemar o pé dele e quando ele acordar, já vai estar na cabana. Ou quase!
— , não sei como lhe dizer isso, mas eu acho que não conseguiremos levar os dois para o carro. E também, acho que as pessoas vão notar que eles estão desacordados.
— Mas eu não falei em levar os dois, falei em levar o – respondeu e caminhou até e carinhosamente passou a mão no rosto do garoto desacordado.
— Achei que já havíamos concordado em não deixar o Dougie sozinho.
— Mas não vamos deixá-lo, não que eu me preocupe com o anão de jardim, mas acho que precisamos dele vivo para quando o voltar. O plano é: você vai levar o no carro comigo e volta aqui para tomar conta do Dougie e quando ele acordar você vai fazer uma ceninha perfeita de ‘meu Deus, o que aconteceu com você? Eu encontrei você aqui caído”. E pronto. Plano perfeito.
— Perfeito? Eu consigo ver alguns furos nesse seu plano.
— Você sempre consegue, sempre sendo a estraga prazeres. Vamos lá 'Aisten', o que você não conseguiu entender? Quais os furos?
— Primeiro: o que eu vou falar para o Dougie, que desculpa irei dar para estar aqui a essa hora da noite?
— Ah, não sei , não posso pensar em tudo – falou jogando as mãos para o alto, exasperada – Seria bom se você ajudasse a pensar um pouco também e não apenas reclamar das falhas no plano. Essa cabeça ai em cima do pescoço é para pensar e não enfeite.
— Pensar no plano? Eu nem queria estar no plano, quanto mais pensar nele!
- Ah não quer pensar? Não pensa, mas sabia que é você que irá tomar contar do Dougie enquanto eu fujo com o . E qual o próximo item da lista “coisas que a – Burra – não entendeu no plano”?
iria falar alguma coisa sobre o apelido carinhoso que havia acabado de ganhar da amiga, mas achou melhor deixar para lá. A qualquer momento os garotos poderiam acordar.
— Como vamos levar o para o carro?
— Ah isso? Simples – deu um sorriso maroto – eu seguro as pernas dele e você os braços e carregamos ele até lá.
— Ah é? E o que iremos falar para os seguranças quando o virem desmaiado?
— Se eles perguntarem, e vamos colocar um SE bem grande aqui, vamos falar que estamos levando ele para casa porque ele bebeu demais. Até podemos pedir a ajuda deles para colocar o no carro.
— E como você sabe que eles não vão perguntar?
— Porque é do que estamos falando . Quantas vezes você acha que esses caras já viram ele sendo arrastado aqui para fora de tanto que bebeu?
É, ela estava certa. mesma já havia presenciado cenas assim de .
— Então vamos de uma vez, precisamos sair logo daqui!
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— Nossa, ele é pesado! - murmurou. teve vontade de falar que era ela que estava levando grande parte do peso, mas achou que precisava guardar fôlego para carregá-lo, não perderia o pouco que tinha falando.
— Senhoritas, algum problema?
Pronto, estamos presas! pensou, quando o enorme segurança olhava delas para e voltava a olhá-las.
— Eu acho que ele bebeu um pouco demais – deu seu melhor sorriso ao homem de terno perto. Deus, ele poderia matá-las com um estalar de dedos – E estamos levando ele para casa. Será que o senhor poderia nos dar uma ajudinha?
— Ah claro – O homem falou e seu rosto se iluminou, indicando que estava certa, isso deveria ser realmente normal de acontecer.
Tyson – o nome do segurança - acabou se tornando amiga de . Ela conversava com o homem e contava histórias das coisas surpreendentes que havia feito naquela noite bêbado. contava as histórias tão empolgada e com tantos detalhes que até começou a acreditar que havia realmente bebido até desmaiar. Era incrível como o segurança deixava de reparar no enorme galo que se formou na cabeça do pobre coitado. Chegaram ao carro e com cuidado o colocaram no banco de trás do carro. lançou olhares significativos para a amiga, indicando que seu trabalho havia terminado e ela já poderia voltar para cuidar do Dougie e ainda estava caído inconsciente na sala de servidores.
— Hum... eu – começou a falar se afastando do carro – preciso voltar e terminar umas coisas. Vim apenas ajudá-la a carregá-lo.
— É, obrigada por isso. Você foi de uma extrema ajuda – falou e voltou sua atenção a – Boa noite e obrigada.
Ela estava a dispensando e teve vontade de novamente socar sua amiga.
— Certo, estou indo. Vamos Tyson?
— Hã? – Tyson estava parado, ainda segurando a porta do carro aberta – Ah, sim, claro. Vamos! Preciso voltar ao meu posto. Boa sorte quando chegar em casa.
— Não se preocupe, daremos um jeito! Vocês já ajudaram muito. Obrigada, aos dois!
e Tyson concordaram com a cabeça e começaram a caminhar juntos para a entrada da gravadora. olhou para trás a tempo de ver sua amiga acenando.
Boa sorte garota. pensou e entrou na recepção do seu – provavelmente – ex-trabalho.
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— Não sei como fui concordar com isso – murmurou quando o elevador parou no andar da sala de servidores. Ela caminhou com passos lentos pelo corredor, o único barulho ouvido era o salto de sua bota tocando o assoalho. Esse silêncio a estava incomodando. Não era novidade para ninguém que ela morreria de medo de tudo, e por esse motivo, havia sido um alvo fácil de . Era só lhe lançar um olhar mais severo para ela concordar com o que pedissem a ela. E é isso que ela ganhava por ser medrosa - um patrão desacordado na sala de servidores.
chegou a porta da sala no exato momento que Dougie estava acordando. Por um segundo ela pensou em caminhar até o pedaço de madeira e bater novamente na cabeça dele. Não era para ele estar acordado, era para estar desmaiado. Ele só deveria acordar quando ela estivesse ali dentro com ele, mas depois achou que uma mudança de planos poderia ajudar.
— MEU DEUS – ela gritou e caminhou até Dougie – O que aconteceu com você? Você está bem? Consegue falar?
— Calma garota, uma pergunta de cada vez, assim você me confunde. – falou, e parecia um pouco desnorteado – Não sei o que aconteceu, acho que alguém bateu em mim quando entrei aqui – ele falava enquanto passava a mão pelos cabelos, no exato local que lhe acertou com o pedaço de madeira. – Qual era mesmo as outras perguntas?
— Eu perguntei.. se você está bem?
— Eu acho que estou – Ele respondeu e olhou em volta, como se percebesse pela primeira vez onde estava – Que sala é essa? E quem é você?
— Essa é a sala de servidores. E eu...hum.. meu nome é , eu trabalho aqui na gravadora.
— ? Eu não me lembro de nenhuma . Ah, espere! Você é a menina nova da recepção.
— Na verdade, eu trabalho na parte de marketing e já trabalho na gravadora há quase dois anos.
— Ah.. hummm.. ok então. Todas vocês parecem iguais para mim – Novamente teve vontade de acertar a cabeça dele com aquele pedaço de pau - Ajude-me a levantar, por favor.
A garota obedeceu ao pedido - que verdade seja dita, soou mais como uma ordem – incrível o que acontece quando eles percebem que você trabalha para eles.
— O que você faz aqui tão tarde – Dougie perguntou a garota quando já estava de pé.
— O que?
— Eu perguntei o que você faz aqui tão tarde. O horário de expediente já acabou.
— Ahhh isso? Eu.. hum... - Droga , pense rápido! - eu...esqueci uns papeis importantes em cima de minha mesa e voltei para pega-los, quando vi você caído no chão.
Ele olhou para ela por dois segundo e depois balançou a cabeça em concordância. Dougie olhou em volta e percebeu que tudo estava no lugar, nada havia sido roubado.
— Eu acho que está tudo por aqui, eu devo ter assustado o ladrão.
— Ladrão? – perguntou alarmada – que ladrão?
— Como que ladrão? O que estava aqui e me bateu, que outro motivo teria um homem aqui escondido e porque ele teria batido em mim quando cheguei?
— Ah é, esse ladrão... – ela murmurou olhando em volta – parece mesmo que está tudo no lugar.
— É, nada foi roubado!
Apenas seu companheiro de banda pensou.
Capítulo 03
acordou com o sol batendo em seu rosto e uma forte dor na cabeça. Era estranho, mas parecia que sua cama estava se movimentando. Lutou para consegui abrir os olhos e começou a se perguntar quanto havia bebido na noite anterior. O mais estranho é que não lembrava nem de ter tomado o primeiro copo. Lembrava apenas de estar na gravadora com o Dougie e quando saiu para procurá-lo depois de ele começar a demorar...NADA. Não se lembrava de mais nada a partir desse momento. Lentamente ele abriu os olhos e voltou a fechá-los com força. Ok, ele realmente estava em movimento, não era apenas sensação! E também não estava em sua cama. O que estava acontecendo ali?
- Então ta – uma voz que nunca tinha ouvido antes murmurou – a instrução dizia o que mesmo? – abriu os olhos novamente a tempo de ver uma garota morena se inclinar para o banco do carona, pegar um mapa e desdobrá-lo. Ele teve vontade de dizer que ela precisava urgente de um GPS, a garota parecia completamente perdida.
- Certo... aqui diz que depois de exatamente 39,5 quilômetros de ter passado a cidade de Dorset — dizia em voz alta. Dorset. Não podemos estar em Dorsert. Mas pensando bem.. pelo que ela está falando não estamos mais em Dorsert estamos em Devon — chegarei a um cruzamento de caminhos sem placas indicadoras. Depois disso, tenho que procurar um caminho de terra estreito a direita entre as árvores. Seguir reto - Caminho entre as árvores? Onde, diabos, essa maluca está me levando? pensou, mas não falou nada para poder escutar tudo que a garota estava falando. – E lá encontrarei uma casa no final desse caminho, mais ou menos a sete quilômetros e meio depois de virar, ela não é visível da rua nem de nenhum ponto da montanha. Sempre gosto dessa parte – a garota murmurou – “não é visível da rua nem de nenhum ponto da montanha” – Tudo que eu precisava.
— Hum.. Olá? – a chamou. Tentou não falar muito alto para não assustar a garota que estava dirigindo. Mas não deu muito certo. Ela deu um pequeno pulo no banco e depois olhou para trás.
— Ah você acordou finalmente. Esteve dormindo durante toda a noite – ela não achou que deveria adicionar que ele só esteve dormindo por culpa dela – Como está sua cabeça? – perguntando olhando para frente dirigindo.
— Hum... está doendo. O que aconteceu?
— Estou seqüestrando você? – ela respondeu com certa dose de felicidade na voz. achou que ela estaria brincando, mas percebeu que era sério quando notou um de seus pés cadeado no banco do carro.
— VOCÊ ESTÁ O QUE? – ele gritou enquanto sentava no banco.
— Ah, você ouviu bem, eu falei que estou seqüestrando você. E pare de gritar, isso não deve fazer bem para sua cabeça – ela respondeu.
Ele suspirou.
— Olha – esfregava os olhos com força tentando acordar daquele sonho maluco – se você estiver com problemas financeiros... eu posso ajudar, mas seqüestrar uma pessoa não está certo. Se você me deixar ir agora eu prometo ajudar você e não vou dar queixa de você a polícia.
— não estou seqüestrando você por dinheiro – falou enquanto dava uma breve olhava para trás – Estou fazendo isso por outro motivo, e acredite, eles são nobres.
— Ah são? Importa-se de me falar quais são esse “motivos nobres?” – falou um pouco mais ríspido do que pretendia. Ele não queria deixá-la irritada. Não sabia se ela estava armada, se poderia ser perigosa e o mais importante, não sabia porque ela estava o seqüestrando.
— Porque quero provar que meu “Manual” ou “minha teoria”, se quiser chamar assim, estão certos.
— E eles são...
— Sobre como você é capaz de se apaixonar por uma morena. E de que fomos feitos um para o outro. E também há outro motivo.
— Que seria...
suspirou. Ela não sabia se deveria se abrir tão rapidamente e contar todos os detalhes de seu plano. Mas se quisesse começar uma relação com ele – e ela queria – precisava começar a relação com sinceridade.
— Porque descobri que você faz ballet – Ela olhou para sorrindo. Ele não queria admitir, mas o sorriso da garota era tão fascinante que tirava o fôlego. Esse sorriso resplandecia em seus olhos e iluminava todo seu rosto, transformando aquele bonito rosto em algo completamente cativante. Isso serviu apenas para irritá-lo mais, por mais bonita que sua seqüestradora possa ser, ainda assim o estava seqüestrando. E ainda era completamente maluca.
— O que tem a ver o fato de eu ser bailarino com esse seqüestro?
— Bom – a garota ficou um pouco insegura em responder essa pergunta. Ela tinha medo de, assim como todo mundo, ele não entendesse.
— Vai haver um Festival de Dança Clássica e Cultura Brasileira e –
— Não vai dizer que você é brasileira – falou com um leve tom de pânico na voz, ele ainda conseguia se lembrar com clareza o quão maluca algumas fãs brasileiras poderiam ser.
— Sim , eu sou. Mas já moro em Londres há oito anos. Continuando, vai haver um Festival de Dança Clássica e Cultura Brasileira que está sendo organizado pelo meu grupo de capoeira e um –
— O que é Capoeira? – novamente a cortou e suspirou. Ninguém havia lhe dito que poderia ser um clone do Faustão.
— Capoeira é uma Arte Marcial que combina elementos de dança com luta ao som de instrumentos e cânticos e se desenrola um “jogo”, dentro de um círculo formado pelos praticantes e -
— E você faz isso?
Certo, então poderia ser apaixonada por ele, mas isso não seria suficiente não para acertar outra vez com um pedaço de pau se ele mais uma vez a impedisse de terminar uma frase.
Suspirando falou.
— Sim, eu faço capoeira. Agora será que você pode me deixar terminar de explicar? – Ela perguntou olhando rapidamente para trás.
— Vai em frente – respondeu sarcasticamente. – Não vou a lugar nenhum mesmo. Falou apontando seu pé cadeado.
— Como eu estava falando, meu grupo de capoeira junto com um grupo de dança clássica, então a... – se calou. Ela quase falou o nome de . Ela tinha que tomar cuidado, não poderia envolver ainda mais sua amiga nessa história. Mordendo levemente o lábio inferior continuou – ...então uma amiga me contou que você estava fazendo aulas de ballet e eu achei que isso era um sinal.
— Um sinal? – perguntou desconfiado.
— É , um sinal. Um sinal de que deveríamos ficar juntos. Quero dizer, é um festival onde reúne uma coisa que eu faço e adoro e também algo que você faz quando não está tocando com o Mcfly – Ela não falou que esperava que com isso, pudesse ter finalmente um acompanhante nos eventos que seu grupo organizava.
— Você é completamente doida! – quase gritou desesperado.
— Ah, não começa você também. Sabe quantas vezes eu tive que ouvir essa frase nos últimos dias?
— Imagino que muitas. E não somente nos últimos dias.
ficou magoada com essas palavras. Claro que ela imaginou que ele não aceitaria muito bem no começo o fato de ser seqüestrado, mas ela tinha uma esperança idiota que ele gostasse dela e não a tratasse tão mal.
— Será que é pedir muito que você pare o carro?
— Qual é o problema? — perguntou .
— O problema é que preciso ir ao banheiro – foi novamente grosso.
— Mais tarde!
— Mas... — tentou falar, mas o cortou.
— Eu já falei mais tarde. Primeiro vamos sair da estrada principal.
Dentro do automóvel, a tensão e o silêncio estava os deixando nervosos. Fazendo esforços para se acalmar enquanto pensava em alguma possibilidade de fuga, tentou puxar assunto. Perguntou o nome dela “ ? Bonito nome”, idade “23 anos? Você não parece ter 23 anos”. E assim continuou fazendo perguntas, tentando descobrir um pouco mais sobre a maluca da garota que havia o seqüestrado.
— Você não pode colocar alguma música? – perguntou enquanto voltava a se deitar no banco de trás. Sua cabeça estava doendo muito, ele sempre ficava mais tranqüilo com alguma música.
— Eu até colocaria, mas não está pegando nenhuma rádio aqui.
— E qual o problema do tocador de CD? – Ele perguntou colocando a mão na parte de trás de sua cabeça e descobrindo um enorme galo no local. Ótimo, a maluca tinha lhe acertado realmente com força.
— Com ele não há problema nenhum – começou a falar e ficou intrigado com o tom de vergonha na voz dela. A garota que o tinha seqüestrado para que ele pudesse se apaixonar por ela estava com vergonha de algo. – É que só há um CD nesse carro.
— Então o coloque.
— Não mesmo! – Dessa vez foi que quase gritou.
— Qual é o problema com ele? – Ele voltou a se sentar realmente curioso agora.
— É uma longa história...
— Eu tenho tempo, não estou planejando ir a lugar nenhum – Ele voltou a ser irônico.
bufou. Ele não iria deixar isso passar não é?
— Tudo bem , nesse carro só tem uma droga de CD do Tiririca que foi deixado aqui por uma amiga – mataria por isso depois – Ele é um CD irônico, que lembra nós duas uma história e não pergunte que não irei lhe contar o que ele lembra, é algo íntimo.
— Tudo bem – respondeu voltando a deitar – Vamos ouvi-lo.
— MAS NÃO MESMO!!!!!! – Dessa vez gritou. Nem morta ela colocaria o CD do Tiririca para tocar em seu primeiro dia com . A historia dos dois não seria embalada por Florentina, Florentina, Florentina de Jesus. Não sei se tu me amas, Pra que tu me seduz? . Ele que agüentasse mais alguns quilômetros sem música.
E com isso se calou. até tentou continuar a conversar, mas voltou a assumir a postura ranzinza, então ela se calou também.
— Quer que eu pare o carro agora ou consegue esperar chegarmos até a cabana? – perguntou quando saiu da estrada principal e pegava a saída que os levaria até a cabana.
— Espero que quem lhe deu esse mapa e as indicações soubesse o que fazia — disse sem responder a pergunta dela.
— Sério? — brincou ela — Achei que terias esperanças de que tivéssemos perdido. Ele ignorou o tom divertido de sua voz.
— Eu espero até chegarmos nessa suposta cabana. – Ele respondeu de forma ríspida. – Você já me fez esperar até aqui para ir ao banheiro, consigo esperar mais sete quilômetros.
— Como você sabe que são apenas mais sete quilômetros?
— Eu ouvi você falando, quando eu estava acordando.
Ela apenas balançou a cabeça em concordância, sabendo que a trégua entre eles havia realmente acabado. O tom de voz de voltou a ser ríspido e não apenas ranzinza.
O caminho que os levaria a cabana era um pouco sinuoso. A neve ainda cobria boa parte da estrada. Até dois dias atrás, o tempo estava surpreendentemente ensolarada e, ao derreter, a neve aumentou ainda mais o perigo desse estreito caminho, fazendo dirigir com calma e cautela. Ela parou o carro de repente, fazendo levantar a cabeça para ver se já haviam chegado a cabana.
— Qual o problema? – Ele perguntou, quando não viu casa nenhuma.
— Essa ponte não parece segura... – Ela murmurou e só então, percebeu a pequena ponte em frente a eles.
— Não temos alternativa. — murmurou e percebeu a preocupação na voz dela o deixando com medo.
— Não vou cruzar essa maldita ponte! Pode parar com essa palhaçada agora.
não tinha chegado até ali para voltar atrás. Além disso, era impossível dar a volta nesse estreito atalho coberto de neve. Também era impossível retroceder e voltar toda montanha de marcha ré por essas curvas fechadas. Ele percebeu a determinação no rosto dela e falou alarmado.
— Não tente! A ponte não resistirá! Por favor, pare esse carro.
— ... – ela colocou os cotovelos no volante e apertou os olhos com os polegares – Eu sei que agora é difícil você acreditar em mim, mas a pessoa que me emprestou esse chalé não colocaria a gente em risco nenhum. Ela sabia dessa ponte e sabia que ela agüentaria então, por favor, tente ficar calmo ok?
respirou fundo e ligou o carro. não voltou a respirar até que o automóvel, sua louca condutora e ele chegassem sãos e salvos ao outro lado.
— Conseguimos! — exclamou , parecendo aliviada, mostrando que nem ela estava 100% segura de que aquela ponte iria agüentar.
— Pelo amor de Deus! – exclamou de visível mau humor — Quem construiu esta casa aqui acima?
— Alguém a quem gosta da privacidade e a solidão.
— É de algum parente? — perguntou ele desconfiado.
— Não - Ele não conseguiria outra resposta dela, nem morta ela lhe diria que a cabana era de .
— O dono está informado?
— Você faz muitas perguntas — respondeu — Mas a resposta é sim.
dirigiu um pouco mais e chegaram a um lindo chalé. A neve e as montanhas deixavam o lugar parecendo ser mágico. pensou que teria gostado muito de passar um tempo naquele lugar se a situação fosse diferente.
estacionou o carro e soltou a perna de .
— Olha ... – ela começou nervosa — não faça com que tudo isto seja mais difícil para você. Terá que ficar aqui alguns dias, e te asseguro que não é um lugar desagradável para passar um tempo. A situação é a seguinte: não há nenhuma outra casa na montanha. Eu tenho as chaves do carro, de maneira que sua única possibilidade de fugir seria a pé, e nesse caso, congelaria e morreria de frio antes de chegar à estrada.
— E eu devo começar a ficar feliz agora com tudo isso que você falou, ou posso deixar esse meu estado de êxtase para mais tarde, quando outras ótimas notícias virão?
— Sempre foi tão reclamão? — perguntou ela, balançando a cabeça enquanto sorria.
— Reclamão? — exclamou com a voz abafada pela frustração— Você me seqüestra, bate na minha cabeça, me proíbe de ir ao banheiro, e agora tem o... descaramento de criticar minha maneira de ser?
Ele parou de falar quando parou de lhe dar atenção e saiu do carro. Ela foi até a porta da cabana a abriu e voltou até o carro.
— Já concordamos que, no que se refere a você, quebrei todas as regras de etiqueta. Agora proponho que entre e olhe a seu redor, enquanto eu tiro nossas coisas do carro. Por que não tenta relaxar? — adicionou— Descansa um pouco. Desfruta da paisagem. Pensa nisto como em umas férias.
olhou com a boca aberta, e disse desdenhoso.
— Eu não estou de férias! Estou seqüestrado. Isso é bem diferente.
— Ok! – Foi tudo que se limitou a responder enquanto tirava muitas bolsas e sacolas do carro e levava para dentro da cabana. não se ofereceu para ajudar e ela conseguia entender por que. Deveria ser difícil para ele ajudar em seu cativeiro. Ela o viu entrar na cabana. Primeiro indo ao banheiro e depois olhando as instalações e percebeu que mesmo a contra gosto, ele aprovava o que via. se dirigiu até a cozinha.
— Posso me atrever a esperar que tenha inclinações domésticas? — perguntou enquanto colocava sacolas de comida no balcão
— Está me perguntando se sei cozinhar?
— Sim.
— Você é a mulher da casa e a seqüestradora, isso não deveria ser papel seu?
— Bom, deveria sim. Mas acontece que não sei cozinhar e estou perguntando se você sabe.
— Para você? Não.
— Ah é? Ótimo, vamos sobreviver de miojo e brigadeiro então senhor cabeça dura. - E falando isso ela saiu da cozinha o deixando sozinho.
Capítulo 04
Despertou um aroma delicioso de carne assada. Apenas consciente de que a cama na qual dormia era muito pequena para ser a dele, rodou sobre si mesmo para ficar deitado de costas, completamente desorientado. Piscou na quase total escuridão de uma residência que não parecia familiar e virou o rosto para o lado procurando em volta. Durante alguns felizes segundos acreditou estar em um hotel de luxo, com os caras da banda, depois de fazer algum show. Ao lado de sua cama havia um relógio digital que indicava que ali, onde quer que ali fosse, eram oito e vinte da noite. Ficou mais alguns segundos em silêncio até começar a ouvir passos no andar de baixo. Passos baixos e lentos, indicando serem passos de mulher.
A realidade o atingiu como um murro na boca do estômago e se sentou na cama, descobriu-se, ficou de pé, com uma descarga de adrenalina. Deu um passo para a janela, porque seu mecanismo instintivo de fuga reagiu antes de sua mente. Recordou as palavras de sua seqüestradora: "Tenho as chaves do carro e nesta montanha não há outras casas... Se tentar fugir a pé, morrerá congelado... " — Simplesmente reconfortante - disse em voz alta, mas nesse momento estava descansado e completamente alerta, e não mais desorientando como estava quando acordou naquele carro e por isso sua cabeça trabalhava em possíveis fugas, nenhuma das quais era nem remotamente acessível. Além disso, estava morto de fome. Primeiro: Comida. Depois volto a pensar em uma maneira de sair daqui!. pensou e caminhou até a mala que a maluca de sua seqüestradora havia colocado em seu quarto. Pensou ser uma alívio que ela havia planejado tão bem o seqüestro que não havia esquecido-se de lhe trazer roupas de frio. desceu as escadas e a encontrou na cozinha fazendo comida, ou tentando. Parecia que ela teve uma guerra com as panelas e que havia saído perdendo nessa briga.
— Oi?
— Ah você acordou – Ela falou virando para trás e tinha um lindo sorriso no rosto. Bom a parte que dava para ver dele, a que não estava coberta de farinha e molho – Já não era sem tempo dorminhoco. Espero que você esteja com fome, estou tentando fazer alguma coisa para comermos. Geralmente eu não cozinho, mas estou seguindo a risca esse livro de receitas que comprei.
Ela falava isso tão orgulhosa de si mesma que só conseguiu sorri para ela.
— Na verdade estou faminto.
— Ótimo – Ela pareceu ainda mais feliz – Sente e beba algo — ordenou, entregando a ele uma taça de cristal - Ajudará a relaxar.
— E para que vou relaxar? — perguntou ele em tom animado. Ele não queria cooperar com esse seqüestro, mas era difícil não achar tudo isso engraçado. O esforço que ela estava fazendo para o alimentar, tentando não deixá-lo sobreviver a base de miojo e brigadeiro, seja lá o que for isso.
— Para tudo isso ser mais fácil – Ela parecia tímida agora – Eu agradeceria um pouco de cooperação da sua parte
— A que tipo de "cooperação" se refere?
— Eu gostaria que conversássemos e também gostaria de saber um pouco mais de você e queria contar um pouco mais de mim também.
— Certo – falou e se levantou caminhando até o fogão e olhando as panelas – Primeiro você terá que me informar o que anda preparando para o jantar.
sorriu aliviada.
— Algo simples — respondeu— Não sou grande coisa como cozinheira. — Cobriu o que preparava com seus ombros e falou sem se virar para ele. — Sente lá no sofá, eu preparei uma mesa linda na sala. Já levarei a comida.
deu de ombros e se dirigiu a sala, onde uma linda mesa de jantar estava posta. Ele sentou no sofá e ficou olhando para a mesa e lembrando-se de sua seqüestradora. Tão maluca e determinada em alguns momentos tão serena e inocente como uma criança em outros. Ele a viu saindo da cozinha saltitante, parecendo uma moleca, com uma travessa na mão e olhando para ele com um brilho estranho nos olhos.
— É a primeira vez que cozinho assim – ela lhe falou – Fiz isso por você. Eu já provei um pouco e está bom, pode comer sem medo. Eu milagrosamente acertei a receita, deve ser sorte de principiante não é mesmo?
— Bom eu só poderia falar alguma coisa depois de provar. Mas não se preocupe, porque com a fome que estou vou achar tudo maravilhoso.
— Ótimo! – Ela exclamou feliz e voltou para cozinha para pegar mais uma travessa de comida.
se surpreendeu com o fato de que nesse momento a achasse atraente e desejável apesar de estar vestida nesse grosso suéter. Provavelmente estava ficando com Síndrome de Estocolmo.
E de repente lhe ocorreu que não tinha feito uma única pergunta a respeito de sua vida no mundo do artístico. Não recordava ter conhecido uma única mulher — ou mesmo um homem — que não tivesse feito mil e uma perguntas sobre seu artista preferido, ou várias perguntas a respeito de sua vida pessoal. E não conseguiu deixar de sentir respeito e admiração por ela.
Ela voltou trazendo a salada e os dois em silêncio sentaram para desfrutarem o jantar.
— E ai? – Ela lhe questionou ansiosa.
— Fica fria garota, está maravilhoso e não só porque estou morrendo de fome. – Ela estava tão nervosa que acabou lhe dando um sorriso encorajador.
Ela respirou aliviada e comeram em silencio até o final do jantar.
— Você não parece estar desfrutando muito da noite – quebrou o silêncio quando percebeu que ele havia parado de comer.
— Estava pensando na possibilidade de ver o noticiário — respondeu ele com tom vago.
, que tinha tido consciência que o silêncio carrancudo de se dava ao fato dele estar sendo seqüestrado, aceitou com alegria a oportunidade que lhe apresentava de ocupar-se em algo que não fosse pensar se ele iria a beijá-la antes de que a noite chegasse a seu fim. Bom, uma garota pode sonhar não é mesmo?
— Parece uma boa idéia — respondeu, ficando de pé — por que não se encarrega de procurar um canal onde transmitam notícias, enquanto eu lavo os pratos?
— Você quer ajuda com isso?
— Não, quero que você fiquei ali sentado e vá assistir TV.
concordou e ligou a TV antes de se sentar. continuou a mesa, organizando os restos de comida e os pratos para levarem a cozinha.
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A voz do locutor a fez voltar para a realidade: "A seguir, daremos as notícias nacionais, assim como informações sobre a forte tempestade que se dirige para Londres."
olhou para a TV e assistiu a chama inicial no telejornal.
"Boa noite, senhoras e senhores”. O reporte os saldou e ela virou novamente para a mesa para continuar com seu trabalho, mas a notícia dada, gelou seu coração “Ainda segue desaparecido , da banda pop-rock Mcfly. foi visto pela última vez na noite de ontem deixando sua gravadora no carro de uma garota com identidade ainda desconhecida.” se virou a tempo para ver uma fotografia de vestindo uma tradicional blusa xadrez. Ela largou a louça e caminhou - hipnotizada pelo que via, ouvia e sentia - para o sofá, sentando ao lado de que também olhava fixamente para a TV.
“o Porteiro e vigia do prédio informou às autoridades que deixou o local com uma mulher e que ele estava desacordado. Eu ajudei a levá-lo para o carro” A imagem de um Tyson transtornado pareceu na tela “eu não poderia imaginar que aquelas garotas poderia estar seqüestrando o ”
— Garotas? – olhou desconfiado para .
— Eu... – parou de falar quando o apresentador voltou a falar.
“A funcionária da gravadora , ainda está detida pela polícia. Ela é acusada de ser cúmplice do seqüestro. A família ainda espera contato dos seqüestradores. Fãs do grupo Mcfly já fazem uma enorme manifestação no Twitter e redes sociais...”. — Nãooooooooo – gritou e não foi capaz de segurar as lágrimas.
Capítulo 05
— ? A do Marketing? – perguntou alterado.
— Ela não... ela...
— te ajudou nisso ?
— Nãoo, assim como o porteiro só me ajudou a levá-lo para o carro. Eu fiz tudo sozinha. A não tem nada com isso.
— - Você quer me fazer acreditar que ela não tem nada com isso e fica a chamando de ?
— Você chamou ela assim, foi.. foi.. reflexo - ela segurou os dois braços dele. - Não era para ser assim. Eu juro que só queria passar um tempo com você, não queria fazer mal a ninguém. Eu vou deixar você ir. Amanhã nós iremos embora e isso vai acabar, mas, por favor, você precisa dizer que a não teve nada com isso, tudo foi idéia minha. A culpa é toda e exclusivamente minha – Ela estava começando a soar desesperada.
— Ei, ei, calma – não sabia dizer por que fez isso, mas a próxima coisa que se lembrava era de ter passado os braços ao redor de e trazê-la para perto em um abraço. – Fica calma. Vai dar tudo certo. – Ele falava em uma voz tranqüila, tentando deixá-la calma.
— Não era uma coisa séria. Eu acho...acho que não pensei nas conseqüências. Eu só queria passar um tempo com você. Eu tinha esperança que – ela se calou.
— Tinha esperança que? – perguntou ele enquanto fazia carinho com a mão em suas costas. Ela havia o seqüestrado, sua família estava sofrendo e ainda assim ele estava a tratando com tanta ternura e afeto que isso a fez chorar ainda mais.
— Que você pudesse me conhecer um pouco melhor e gostasse de mim – E admitir que sua única tentativa não obtivesse resultado nenhum doeu ainda mais.
— Não chore garota.
Ela levantou a e olhou nos olhos dele.
— Me beije ! — Ela pediu, e a ternura que percebeu em sua própria voz o deixou fascinado — Me Beije, por favor! — repetiu. Ela precisava disso. Ela pelo menos teria isso para lembrar-se desses dias quando estivesse triste e solitária na Islândia - lugar que fugiria, ela não seria louca de ser presa – ela precisaria lembrar-se de como foi bom estar nos braços dele.
— Por favor – Ela implorou uma vez mais.
E quando ele obedeceu e a puxou fortemente para seus braços, apertando seus lábios entreabertos contra os seus, quase lançou um gemido de prazer. O desejo, primitivo e potente, percorreu-lhe as veias, e de repente começou a agir por puro instinto. Apertou-a com mais força, fazendo ela se deitar no sofá, apoiou os quadris contra os dela, enquanto com os lábios a obrigava a abrir mais os seus e introduzia a língua na boca de . Provocou-a com a língua, e colocou as mãos sob o suéter e percorreu com elas toda sua barriga. A pele nua e suave de era como cetim sob suas mãos, enquanto acariciava a estreita cintura e as costas. Até que por fim se permitiu procurar seus seios. Quando os tocou, ela se apertou contra ele e gemeu, e esse som doce quase fez com que perdesse a cabeça por completo. Todo o seu corpo começou a palpitar enquanto com os dedos explorava cada centímetro de seios e mamilos, os lábios presos aos dela, a língua explorando, faminta.
sentiu quando ela enterrou os dedos no cabelo suave de sua nuca.
— Deus, como é doce! — sussurrou enquanto pegava os mamilos entre seus dedos, para obrigá-los a endurecer e a dar prazer— Pequena — murmurou com voz rouca — é tão endiabradamente bonita...!
acariciou com os lábios o queixo, a bochecha e a testa de , depois voltou a procurar sua boca e percorreu com os lábios seu contorno suave.
ordenou-se a ir devagar, obrigou-se a tirar as mãos do peito de e as colocou em sua cintura, mas foi difícil deter os movimentos de sua língua porque se agarrava a ele e cravava as unhas nas costas. Quando por fim conseguiu separar a boca da sua, não soube se foi dele ou de o gemido de protesto. Com os olhos fechados, o coração batendo fortemente, respirou fundo e tentou, mais uma vez, recuperar o controle. Mas não serviu de nada. Ele queria tê-la, possuí-la por completo, agora mesmo! Respirou com força, colocou uma mão sob o queixo dela e elevou seu rosto. tinha os olhos fechados, mas instintivamente levantou os lábios para os seus.
O controle de se quebrou. Sua boca agarrou a dela com feroz desespero, obrigou-a a abrir os lábios enquanto sua mão subia pela barriga dela, trazendo a blusa dela junto. Partiu o beijo apenas para tirar o suéter e ficou a admirando, olhando o corpo dela e quando ela levantou um braço para cobrir o peito, murmurou:
— Não faça isso!
estremeceu com tom de desejo que havia em sua voz. Ela sempre sonhou que esse homem a desejasse desse jeito
— ! — sussurrou, tentando fazer com que ele a escutasse sem arruinar a situação— Espera!
não registrou a palavra, mas o tom de pânico na voz de o despertou.
— Preciso dizer algo.
Com um esforço quase superior as suas possibilidades, se colocou de lado, mas quando inclinou a cabeça sobre um dos seios de para sentir o gosto, ela pegou o rosto dele entre as mãos para detê-lo e o obrigou a olhá-la.
— Por favor! — suplicou, olhando nos lindos e brilhantes olhos de — Primeiro temos que conversar.
— Fale você — respondeu ele, e beijou o lado da boca dela, beijou o pescoço, deslizou a mão sobre seus seios — Eu escutarei — mentiu enquanto acariciava o ventre e deslizava os dedos dentro do triângulo encaracolado de . Ela deu um salto, tomou a mão e o tema que escolheu foi, na opinião do , o mais inoportuno e absurdo que uma mulher podia tirar num momento como esse.
— eu nunca tive uma relação sexual antes — anunciou em pânico, quando a boca de se fechou sobre seu mamilo. O sangue zumbia nos ouvidos de . Ouviu as palavras de , mas não percebeu seu significado. Os seios dela eram bonitos e deliciosamente femininos, assim como ela, e ele só conseguia pensar em fazer amor com ela durante toda noite sem para um instante, e não conseguiria fazer isso se ela não parasse de falar que ...que nunca teve... uma relação sexual... percebeu o instante preciso em que registrou o significado de suas palavras porque ele separou a boca de sua pele, e seu corpo ficou tão petrificado que teve a impressão de que tinha deixado de respirar.
— está é a minha primeira vez — confessou, tremendo.
deixou cair a testa sobre o peito de , fechou os olhos e exclamou:
— Deus!
A exclamação fez com que compreendesse com claridade que a revelação não o alegrava... uma convicção que se viu reforçada quando, por fim, ele levantou a cabeça e a olhou, estudando-a cuidadosamente, como se tivesse esperanças de encontrar uma prova de que mentia. Com profunda tristeza, compreendeu que ele estava zangado.
— Você tem vinte e três anos.
— Eu sei minha idade . Não achei que ficaria zangado — disse, interpretando mal por completo o sentido de seu silêncio. suspirou.
— Não estou zangado com você, e sim comigo.
— Por quê? — perguntou , estudando seu rosto.
— Porque nem sequer isso conseguirá me parar — respondeu ele sério — Porque não me importa nada que não tenha feito isto antes. E deveria me importar, Deveria ser com alguém especial para você.
— Você é alguém especial para mim – ela sussurrou e ele continuou parecendo não ter ouvido.
— Neste momento, nada me importa... — sussurrou, baixando os lábios até os dela — mas isto... Vem aqui — sussurrou. Ele a beijou, mas o beijo agora era diferente, era calmo e tranqüilo e não mais arrebatador e selvagem como o de minutos atrás. parou o beijou e olhou para ele.
— , eu... eu não queria dar tanta importância por esta ser a primeira vez para mim. Só estava tentando fazer com que fosse um pouco mais devagar... não que parasse.
sabia que devia ser muito difícil para ela dizer uma coisa assim, e voltou a experimentar outra desconhecida onda de ternura. Pegou seu queixo, levantou e disse com tranqüila seriedade:
— Não estrague isto para nenhum dos dois tirando a importância. A verdade é que nunca tive a responsabilidade... – ele pareceu perdido em palavras, quase frustrado em não saber como se expressar corretamente - Eu nunca tive a honra de ser o primeiro de uma mulher, então para mim também esta é uma primeira vez. — Levantou a mão para separar uma mecha de cabelo do rosto dela, penteando-os com os dedos — Deixe-me fazer isso certo, deixe que eu faça disso um momento especial. – Ele beijou levemente os lábios dela — Durante anos deve ter deixado os homens loucos, perguntando-se como seria.
— Como seria o que?
olhando-a nos olhos e sorriu.
— Quero dizer que desde que acordei hoje pela manhã naquele carro estive fantasiando que passava os dedos pelo seu cabelo, e só faz um dia que o olho.
— Seu cabelo é mais suave do que parece. — Olhou seus lábios enquanto os acariciava com o polegar.
— E sua boca... Deus, tem gosto maravilhoso! — Deslizou inexorável a mão para sua garganta, seu ombro, logo lhe cobriu os seios - Tem uns seios divinos. – Ele sussurrou e a expressão no rosto de indicava a ele que ela não acreditava em nada do que ele lhe dizia.
— Se isso não fosse verdade — disse, lhe acariciando um mamilo com o polegar — pode me explicar por que morro de vontade de tocá-los, olhá-los, beijá-lo tempo todo? — O mamilo de se endurecia e ele sentiu que a luxúria voltava a ela.
— Pode ver que é verdade, olhe o quanto a desejo. Basta olhar para mim e saberá disso.
perdeu o controle antes que ele. Com um gemido, passou a mão pelo pescoço dele e o beijou com todo o ardor e a paixão que cresciam em seu interior, e se apertou contra seu membro rígido. perdeu o controle diante da inesperada investida e, a beijou com uma urgência que a fez sentir-se poderosa e indefesa ao mesmo tempo. Ele passava a mão em todo o corpo de , deslizando sobre seus seios, e sua cintura
— Abra os olhos — sussurrou ele parando de beijá-la. obedeceu e seu coração bateu ainda mais forte diante o desejo que via nos olhos do homem que era apaixonada
— Me acaricie. — Era um convite, uma ordem, uma súplica.
Com o coração batendo forte, deslizou as pontas dos dedos pelas bochechas dele, descendo pelo pescoço, pelos ombros e depois pelo peito. Sua pele parecia suave sobre seus músculos duros e quando se inclinou e lhe beijou o peito, stremeceu e se jogou de costas para o sofá. Fascinada por esse poder recém descoberto, beijou os mamilos pequenos e logo deslizou um longo beijo para baixo, rumo à cintura de . Ele deixou escapar um som que tinha algo de gemido, e com um impulso a colocou de costas, cobrindo-a parcialmente com seu corpo.
Cada som que ela emitia, cada movimento inquieto o enchia de enorme ternura. E ele ficou admirado como essa pequena mulher conseguia a cada momento se tornar tão importante para ele. Essa mulher que o havia seqüestrado e estava fazendo-o passar os melhores momentos de sua vida em uma chalé no meio do nada.
Ela movia as mãos pelo corpo dele, e conteve o fôlego quando por fim deslizou os dedos sobre sua rígida ereção. Se suas caricias não fossem o suficiente para o deixá-lo louco, as palavras que sussurrou em seguida seriam.
— Valeu a pena esperar vinte e três anos por você, .
perdeu o controle de sua respiração. Com as mãos apoiadas a ambos os lados do rosto de , inclinou a cabeça para beijá-la, ao mesmo tempo em que sussurrava.
— Deus...!
Com o sangue pulsando em seus ouvidos, se colocou entre suas pernas, tentando, abrindo passo com lentidão pela estreita entrada. A breve dor deixou o corpo de tenso, mas antes que pudesse reagir ou pensar em algo, ela o rodeou com seus braços e se abria para ele. lutou por conter o orgasmo e começou a mover-se com lentidão dentro delA, mas quando também se moveu, seguindo o ritmo, já não pôde se conter. Cobriu a deliciosa boca em um beijo profundo, e elevou cada vez mais os quadris de , movido por um desejo incontrolável de estar nesse instante o mais profundo possível dentro dela. Explodiu com uma força que o fez gemer, mas não parou de se mover, até que a sentiu tremer e ter pequenos espasmos de prazer.
Em um estado de enfraquecimento total, desmoronou sobre e em seguida se colocou de lado, ainda unido a ela. Sem fôlego, acariciou-lhe as costas, tentando não pensar, agarrando-se a essa fugaz euforia enquanto tentava manter a realidade afastada, mas em poucos minutos se deu por vencido. Apesar de o ter seqüestrado, ela só fez isso por querer estar com ele. Era uma garota linda, destemida, engraçada e virgem. Ele não deveria ter feito isso. Havia se apoderado dela ali, no sofá, nem sequer em uma cama!
Estava tão mergulhado em seus pensamentos que não se deu conta de que a mulher que tinha em seus braços estava chorando. Mudo de remorso, a soltou e a deitou no sofá ficando deitado de lado, ao lado dela, mas ela manteve seu braço ao redor do pescoço dele e a face úmida contra seu peito.
se apoiou sobre um cotovelo, tentou tranqüilizá-la acariciando seu cabelo, e tragou com força para desfazer o nó que os remorsos tinham formado em sua garganta.
— — sussurrou com voz rouca — se pudesse, desfaria isso. Se eu machuquei você, quero que me perdoe, mas tudo que fiz esta noite foi motivado por uma desesperada necessidade... Mas isto... — Voltou a fazer uma pausa e respirou fundo — Eu sei que você achava que estava preparada e naquele momento eu já não tinha mais forçar para parar. Prometi que sua primeira vez fosse especial e não foi. Acho que... acho que isso se deu ao fato de que estou há muitos dias sem sexo. Não, não só esses dois dias, mas antes disso. Então eu acho que teria feito isso com qualquer uma e...— se interrompeu, dando-se conta acabará de insultá-la.
— Não foi por isso que fiz isto. - Ele respirou fundo, sabendo que só estava piorando a situação - Mas o importante é que você sabia, que mesmo sendo ridículo, desde o momento que acordei naquele carro e vi você dirigindo, e vi você sorrindo para mim eu a desejo e... — A raiva que sentia para si mesmo lhe impediu de falar. Porque ele não estava conseguindo se expressar direito? Qual o problema de conseguir explicar que ela havia especial?
Depois de um prolongado silêncio, falou
— Continue — disse com suavidade. Ele baixou a cabeça, tentando ver suas feições.
— Continue? — repetiu.
— Sim. Estava chegando na melhor parte.
— Na melhor parte? — repetiu ele, atordoado. Ela o olhou e, embora ainda tivesse os olhos úmidos, sorria de uma maneira que fez o coração de bater apressadamente.
— Começou muito mal — sussurrou— dizendo que lamentava que tivéssemos transado. E o piorou falando como se qualquer mulher teria sido bom depois de um certo tempo de abstinência...
— Eu fiz isso? – ele soou falsamente alarmado.
— Sim.
— Nada romântico da minha parte, não é mesmo?
— Nada — afirmou ela com fingida indignação.
Instantes antes um negro desespero havia tomado conta dele, cinco minutos antes, ela o levou a um paraíso sexual, e agora dava motivo para rir. Em alguma parte de sua mente, se deu conta de que nenhuma mulher jamais tinha produzido um efeito semelhante nele, mas não tinha vontade de analisar esses recentes sentimentos.
— O que devia ter feito ou dito?
— Bom, como você sabe, não tenho muita experiência em momentos como este...
— Nenhuma experiência, na verdade... — recordou ele, repentinamente fascinado por isso.
— Mas li muitas histórias com.. ééé.. cenas assim. – Ele adorou como o rosto dela ficou vermelho ao falar isso.
— Histórias?
— Eu leio muito – ela falou isso como se fosse um pedido de desculpas.
— Alguma semelhança sobre o que acabamos de fazer e suas.. ééé.. histórias?
— Algumas.
— Diga uma — brincou ele.
Para sua surpresa, ficou sem graça, mas havia uma expressão maravilhada em seus olhos.
— Para começar — sussurrou — o que eu senti quando você estava dentro de mim.
— E o que sentiu?
— Me senti querida — respondeu — E muito, muito especial. Me senti... completa.
ficou chocado, mas também maravilhado com a resposta obtida.
— Então por que chorou?
Ela respirou fundo.
— Porque , eu sou apaixonada por você e há muito tempo eu sonhava com isso. Você chora quando um sonho se torna realidade.
Capítulo 06
— Você é o que? – quase gritou sentando repentinamente no sofá. Ficar com uma garota que te seqüestra para passar um tempo com você e transar com ela é uma coisa. Ficar com uma com uma garota que te seqüestra para passar um tempo com você e transar com a garota, com ela apaixonada por você e que sonhava com isso há muito tempo é completamente diferente.
— Tenho certeza que você entendeu muito bem – falou e por mais que se ordenasse a não ficar magoada com a reação que estava tendo, estava sendo impossível. Porque, o que mais esse idiota estava pensando? Que ela iria seqüestrá-lo apenas para sexo? Quer dizer, ela nunca havia feito isso com ninguém, pelo amor de Deus.
Certo, então ele é . Sexy, com uma voz que te faz querer arrancar a roupa com um simples ‘oi’, mas ela não iria para cama (ou no caso deles sofá) com qualquer um. Tinha que ser com alguém especial para ela. E ela não conseguia entender a reação exagerada que ele estava tendo por afirmar ser apaixonada por ele. Ela já não havia deixado isso claro?
— Isso é uma grande responsabilidade – falou e voltou a se deitar. Ele fechou fortemente os olhos tentando ordenar os pensamentos. Isso não estava certo, ele não deveria ser assim tão importante para ela. Ele nunca quis ser tão importante para alguém. E se ele a decepcionasse? O que, tinha que ser sincero com ele mesmo, iria acontecer. E pela primeira vez ele não queria decepcionar uma mulher, queria continuar sendo o que ela achava que ele era e uma mulher que em dois dias conseguiu causar um efeito tão grande em sua cabeça, não deveria ficar por perto por muito tempo. Ele precisava acabar com isso de alguma forma. E saber que quebraria o coração dessa garota tão especial o machucava.
— Sabe – Ele ouviu a voz de sair fraca – minha melhor amiga acha que só porque você faz aulas de ballet você é gay. Terei que dizer a ela que suas aulas e o fato de você conseguir abrir espacate fazem você ter uma boa atuação na cama. E não se preocupe, assegurarei também que sua fama de gay e de que você e o tem um caso é totalmente mentira. Estou de prova enquanto a isso.
— ficou feliz por ela ter escolhido trocar de assunto, mas não ficou nada feliz com o assunto escolhido.
— COMO É QUE É? - Dessa vez realmente gritou. Ele ficou de pé e teve que fazer um esforço enorme para se concentrar, não estava sendo nada fácil manter a mente no que estava dizendo com ele parado completamente nu na sua frente – Como é que a teve coragem de duvidar de minha masculinidade? Como assim ela falou para você que acha que sou gay. E essa história minha com o Tom, isso veio dela também?
— Não – responder e pegou o casaco jogado ao lado para cobrir seu corpo, mesmo sabendo que ele já havia visto cada parte dela, ela ainda tinha vergonha de ficar completamente nua na frente dele – Isso é algo que as todas as fãs de vocês acham. Fala sério, todo mundo acha que você e o são um casal, assim como e e... Ei espere um minuto, não falei nada sobre a . De o-onde você t-tirou que a é minha amiga.
— Se eu tinha alguma dúvida você ficando nervosa desse jeito acabou de confirmar e mais, ela está presa por ajudar você nessa maluquice, não nem tente negar – a cortou quando tentou abrir a boca e negar – Eu vi como você ficou e conheço um pouco as pessoas para saber que você só se importaria assim, desse jeito, por alguém que é importante para você. E também conheço a , ela trabalha há 2 anos conosco e sei que é só dar um gritinho a mais que ela morre de medo e concorda com tudo que você pedir. E tem mais, essa idéia maluca de eu começar a fazer aulas de dança foi dela.
— Como assim idéia dela? – ficou tão espantada com a informação que se esqueceu de negar sua amizade com – Ela não me falou nada.
— Ela disse que era uma jogada de marketing e veio com essa idéia de que seria legal eu fazer uma aula de dança para melhorar minha desenvoltura no palco.
— E ela sugeriu ballet? – a garota questionou. Ela mataria quando conseguisse colocar as mãos nela, como assim ela chama seu homem de gay e por algo que é culpa totalmente dela?
— Na verdade não – parecia envergonhado agora – isso foi escolha minha.
— Então está ai o motivo dela achar que você é gay , com tantas aulas para você fazer, tinha que escolher uma com tutus e Tule?
— Eu não uso tutus e tules – falou irritado – isso fica na roupa de ballet das garotas. E esse foi exatamente o motivo de eu ter escolhido ser bailarino.
— Os tutus e tule? – estava começando a achar que tinha razão e ele tinha tendências gays.
— NÃO!! As garotas e suas roupas. Já viu como são coladas? Já deu olha olhada no corpo daquelas garotas? – Ele soube que tinha falado demais assim que as palavras saíram de sua boca.
não respondeu. Ela levantou os olhos, encarou aquelas duas ires que tanto adora e mordeu levemente os lábios. Saber que estava fazendo ballet apenas por outras mulheres machucou.
— Isso apenas prova que ela estava errada, não é? – falou enquanto se levantava e procurava pegar suas roupas espalhadas pelo chão. Ela não conseguiu olhar nos olhos dele, não conseguia admitir para ele e para ela mesma que ela também estava errada. Ela sabia que era mulherengo, mas ela nunca achou que era tanto. Logo nesse assunto, logo quando tinha cansado de falar para que o achava sensível e corajoso, que o fato dele fazer ballet e não se importar com o que os outros pensavam sobre isso o fazia ser ainda mais especial para ela. E agora descobriu que nunca foi assim.
— – a chamou.
— Nós precisamos ir – Ela respondeu ainda sem olhá-lo – Como você já sabe, minha melhor amiga está presa e a culpa é minha, preciso tirá-la de lá.
— – Ele voltou a chamá-la e dessa vez a segurou pelo braço fazendo com que ela olhasse em seus olhos e a mágoa que viu refletida naqueles belos olhos, o fez recuar – Você pode me dizer o que falei de errado?
— Você não falou nada de errado – ela respondeu e percebeu que sua voz começou a sair embargada – A errada sou eu, esse tempo todo eu que errei. Então por favor, me deixe começar a concertar as coisas – Ela fechou os olhos tentando recuperar a força perdida – Por favor, não faça a perder o emprego, ela ama o trabalho dela e ela não tem culpa da amiga maluca e idiota que tem.
— Mas que droga – ele segurou os dois braços da garota a trazendo ainda mais para perto – Você tem idéia de como estou me sentindo no momento? Eu acabei de tirar a virgindade de uma garota linda, e descubro que essa mesma garota é apaixonada por mim e isso me deixou com o medo absurdo de fazer algo errado. Desde o momento que tomei consciência desse fato eu venho fazendo e falando um monte de besteiras. Depois descubro que minha funcionária acha que sou gay e que tenho um caso com meu melhor amigo. E ai você me olha com cara de desprezo e me evitar. Por favor, me diga o que eu fiz de errado dessa vez?
— Nada. Não é culpa sua se eu sou idiota o suficiente de me apaixonar por você e -
Ela nunca conseguiu terminar a frase, porque assim que ela começou a falar sobre ser apaixonada por ele, pôs seus lábios sobre os dela deixando a razão de lado, sua língua experiente já invadia a boca da garota e puxou seu corpo cheio de desejo de encontro ao dele. a beijou com uma paixão que jamais pensou ser capaz.
gemeu e sua mão já percorria todo o tórax do homem que lhe beijava como se o mundo fosse acabar. tentou respirar, mas saber que o seu desejo era recíproco tornou quase impossível encontrar a sua última reserva de autocontrole. Afastou-se ligeiramente, acariciou seus seios macios com uma das mãos e deslizou a outra para baixo procurando o calor entre suas coxas. Na cama pensou Dessa vez tem que ser na cama !. E pegando a garota no colo, a levou para o andar superior de onde lembrava ter um quarto. Ele a deitou sobre a cama e curvou-se sobre ela, saboreando-a vagarosamente. Deteve-se em seus mamilos enquanto seus dedos experientes exploravam o resto do corpo.
Ela arrepiou-se e seus sussurros deram lugar a gemidos de prazer, quando ele penetrou-a delicadamente com seus dedos.
Desceu por seu corpo e trocou seus dedos por sua boca e língua alternando beijo, sucção e penetração e sentir suas coxas tremerem pressionando sua face levemente. Ele sabia que tinha que tê-la naquele momento, ou enlouqueceria. Deu um pequeno sorriso com o gemido de protesto que emitiu quando sua boca abandonou sua vagina e a penetrou. Dentro de dela, pôde sentir os espasmos e a contração de sua sexualidade apertando-o. Em poucos movimentos, entrando e saindo dela, gozou. Ele sentiu percorrer-lhe o corpo a descarga, quase elétrica, provocada por seu próprio orgasmo e se perguntou como agiria em seguida.
Capítulo 07
Duas semanas.
Havia passado duas semanas do seqüestro e conseqüentemente dos dois melhores dias de sua vida. Tudo havia se resolvido tão rápido e tão surpreendentemente bem, que chegou a acreditar que poderia ter um final feliz para ela também. Mas estava enganada.
Quando voltaram foi tão carinhoso e a forma que conduziu tudo, falando que nunca houve seqüestro, que ele havia apenas saído para um fim de semana romântico e isolado, e que por um bando de imaginação fértil, teve que ser adiado. foi solta da cadeia com a mesma velocidade que foi presa e agora está tendo que ligar com as milhares de ligações de advogados que querem entrar com uma ação indenizatória pelo tempo que ficou presa injustamente. Ela negava todas afirmando para que não seria justo já que ela realmente havia ajudava a seqüestrar um de seus patrões.
E depois: silêncio.
Nem uma única palavra, nem um telefonema. Nada! saiu tão rápido da vida de , que ela já não tinha certeza se aquela noite na cabana havia acontecido mesmo ou se foi só um fruto de sua imaginação idiota lhe pregando peças.
14 dias. 336 horas. 483.840 minutos relembrando de cada momento, cada detalhe que passaram juntos. Ela havia sido assim tão descartável para ele? Não era digna nem de um falso “Eu ligo para você amanhã”?.
Não ajudava em nada o fato de ter recebido uma licença para se recuperar do trauma de ter sido presa injustamente. queria trabalhando, só assim ela teria alguma noticia de , só assim ela saberia se ele perguntaria dela, se ele se importava com ela de alguma forma, ao menos para saber se ela está bem. Mas não, ela tinha que estar abalada emocionalmente. Na opinião de ela deveria é deixar de ser frouxa e ir trabalhar. Ela só ficou dois dias presa, nem é para tanto drama assim.
E agora não havia nada que ela pudesse fazer, nada além de relembrar cada momento vivido, cada frase dita e o mais surpreendente é que não se arrependia. Ela teria feito tudo novamente se tivesse que escolher, dois dias ao lado de é muito melhor do que nenhum. Mais prazeroso ficar remoendo os momentos, do que uma vida inteira imaginando como seria.
abriu a porta de casa e se deparou com jogada no sofá comendo pipocas. Para alguém emocionalmente balada, ela estava bem demais.
— Oi – a cumprimentou enquanto jogava as chaves na mesa ao lado da porta.
— Oi – respondeu sem tirar os olhos da TV.
caminhou até a cozinha, abriu a geladeira e procurou algo que lhe agradasse, não que ela tivesse fome nos últimos dias, mas sabia que precisava comer.
— Você deveria ter saído hoje para comprar comida – gritou para .
— Eu fui – Ela respondeu e levantou uma sobrancelha questionando a resposta. Foi é? Cadê então?.
– Estão na sacola sobre a pia. Ainda não guardei.
— Preguiçosa!
comeu ali mesmo, limpou a pequena bagunça que fez e guardou a comida. Era bom ter algo para fazer, isso a evitava de pensar.
— Ahhh Quase esqueci – voltou a gritar - chegou um pacote para você.
— Pacote? – questionou. Ela não estava esperando nada.
- — É. Coloquei em cima da sua cama. Vai lá ver, parece ser um presente. Tem até cartão.
correu em direção ao seu quarto. Um presente. Ele até poderia ser da que saiu hoje para fazer compras, mas quem ligava? Era um presente e ela precisava de algo que lhe alegrasse.
Abriu a porta e se deparou com um grande embrulho retangular sobre sua cama e um cartão. correu e rasgou o lindo papel de presente lilás. Ela sempre adorou presentes e não tenha a paciência que algumas pessoas pareciam ter de abrir presentes sem rasgar todo o papel. Quando por fim conseguiu abrir seu presente, ela não pode deixar de sorrir, com certeza era de , ela era a única pessoa que sabia que há muito tempo ela queria aquele Berimbau. Aquele que vinha namorando e nunca sobrava dinheiro suficiente para comprar. Fez uma nota mental de tentar ser mais atenciosa com sua amiga.
Ainda sorrindo pegou o cartão para ler, onde sabia que iria encontrar as mais belas palavras. era sempre boa nisso.
Feliz dia do Capoeirista Linda!
Sim, eu pesquisei e descobri que hoje é o seu dia. Então, Parabéns!!!
Tive que esperar duas semanas para te fazer essa surpresa. Foi só para mim que duas semanas pareceram um ano? Lembrei de você em todas às 336 horas desses dias e em cada uma dessas horas eu queria abandonar o plano de te fazer uma surpresa e te procurar, mas estou orgulhoso de mim mesmo por ter conseguido. Só espero que você tenha sentido tanto a minha falta quanto senti a sua. Aqueles dois dias foram realmente especial. Podemos repetir? Nossa cabana está a disposição, convenci a a emprestá-la novamente (sim, descobri que a cabana pertence a família dela). Acho que ela me deve isso já que ela ajudou a me seqüestrar. Que tal voltarmos lá no fim de semana que vem? Eu adoraria poder ir nesse, mas já tenho compromisso. Fui convidado por uma linda e surpreendentemente maluca mulher a ir ao Festival de Dança Clássica e Cultura Brasileira e não posso faltar o compromisso.
Que tal? Podemos marcar? Espero ansioso sua resposta.
Com amor,
PS: Agradeça novamente a por mim. A dica que ela deu do presente foi de grande ajuda.
Ps¹: Pego você às 20:00h para nosso compromisso de amanhã.
Uma grossa lágrima rolou no rosto de ao ler aquelas palavras. Ainda chorando não pode deixar de sorrir ao perceber que havia usado Lápis de cor para escrever seu bilhete. Isso era tão .
N/A: E ai moranguinhos gostaram da fic? Ela foi curtinha (eu sei), mas ela foi feita em um desafio interno (as betas malvadas fizeram um Challenge com as webbys e staffs do ffobs) e saiu isso. Eu adorei escrever essa fic e espero de coração que vocês tenham gostado dela. A minha 'musa' nessa fic foi a Vivi's e foi a forma que eu encontrei para agradecer pela maravilhosa amiga que ela é para mim. Essa fic foi um presente para ela (apesar dela nem ter lido, porque estava de birra por não ser Jones ASUODHSAUODH).
Agradeço também todos os comentários lindos que vocês deixaram falando que gostaram da fic, eu li todos. Vocês são lindas.
Agora vou calar meus dedos. Beijocas e até a próxima fic!