Limites do Amor


Pouco a pouco, ela foi cedendo aos meus pedidos...
Pouco a pouco, ela foi me conhecendo e me querendo cada vez mais...
Pouco a pouco, ela foi entrando no meu jogo, e fazendo o que eu fazia, porque eu pedia...

- Segure a arma direito! – Disse, ajeitando a arma na mão dela.
Ela olhava nervosamente para o corpo do garoto, trêmulo e mal cuidado. Ele se encontrava encostado na parede forrada com páginas de revistas de moda e enfeitada com tiros que desviavam do corpo imóvel na frente dela.
- Por favor, ... Eu não consigo! – falou ela, chorosa, deixando a arma cair penosamente da sua mão.
- Claro que você consegue, querida. Você me prometeu, lembra? – disse, abraçando ela carinhosamente por trás e sussurrando as últimas palavras no seu ouvido. Meu Deus, como eu amava aquela mulher!
Ela mudava meu mundo e me fazia sentir mais prazer no que eu realizava. Eu precisava dela pro resto da minha vida. Mas ela tinha que me mostrar que podia fazer o que eu faço. Arrependo-me tanto de ter tentado obrigá-la a matar tanta gente!
Ela não era como as outras, ela sentia a emoção na pele, mas não seria capaz de matar alguém como eu. Ela era fria e sensível ao mesmo tempo e isso me deixava louco a cada dia que passava. Não precisava de atenção 24 horas por dia.
Alcancei a arma no chão e a posicionei mais uma vez em sua mão, como todas as outras vezes, e, ainda abraçado nela, disparei a arma com minhas mãos sobre as dela. Senti um soluço seco sair de sua boca, mas logo ela o engoliu.
Soltou a arma novamente e fitou o corpo quase sem vida no chão, foi até ele e verificou o pulso. Estava muito fraco, logo morreria por hemorragia interna ou algo assim. Cuidadosamente, como se o garoto ainda sentisse dor, ela retirou a venda de seus olhos e mirou-os.
Olhos vidrados por uma dor que não conseguiu suportar, e, por dentro, ela também não estava agüentando. Mal sabia eu, que junto com as vítimas, estava matando também aquela mulher.
- Já chega, querida. Eu dou um jeito no corpo, vá se deitar. – disse calmamente a ela. A mesma se dirigiu a mim e olhou em meus olhos, selou nossos lábios e se distanciou rapidamente para fora da sala.
Eu olhei mais uma vez pra expressão no rosto do garoto e fechei seus olhos. Eu não sabia por que sentia tanto prazer em fazê-los sofrer, mas me arrependia momentaneamente ao olhar suas feições sem vida. Apenas momentaneamente.
Peguei o corpo com facilidade, por sua falta de peso. Já não comia há dias e um forte cheiro de urina com fezes saia de seu corpo. Fui rápido. Coloquei-o no carro e dirigi ao meu cemitério particular.
Lá era onde os meus mortos eram enterrados, sem cenas, sem cultos, sem rostos chorosos e sofredores. Apenas ficavam ali, servindo de adubo para uma terra fresca.
Enterrei-o e entrei no meu carro, passando em um mercado pra conseguir alguma coisa para comer. Eu não tinha problemas com dinheiro. Meu pai era muito rico e me deixou tudo de herança, logo, eu tinha dinheiro pra uma vida.
E ainda mais, se eu quisesse, eu poderia comprar a volta e viver mais uma vez. Sim, eu também pensei que as mulheres só estavam comigo por causa do meu dinheiro, mas eu sei que com ela não é assim.
Ela é diferente das outras, não tenta chamar a atenção com coisas fúteis da vida. Não se martiriza se algo dá errado, ela me ama e eu sei disso.
Cheguei em casa e despejei as sacolas com as compras em cima da mesa. Procurei-a por toda a casa, mas só a achei no quarto, deitada como um anjo, dormindo. Pensei em não acordá-la, mas eu não poderia deixá-la com fome.
Mal sabia que ela havia se entupido de calmantes para poder deitar tranqüila. Ela levantou vagarosamente e se pendurou no meu pescoço. Eu a segurei e a guiei até a cozinha, onde ela começou a preparar o que eu havia trazido.
Cantava suavemente uma música conhecida, a música do nosso primeiro encontro. Como tudo foi maravilhoso desde que eu a conheci. Mas um pouco de pressão, faria minha maravilhosa peça de vidro quebrar em mil pedaços.
Digo isso pois o tempo foi passando e, a cada vez que eu a botava na frente de mais um adolescente indefeso, ela piorava ainda mais.
- Onde está sua postura?
- ... – Ela implorava com os olhos marejados.
- Tenha um pouco de compostura!
- Por favor!
- Você tem que apertar o gatilho! Você faz sempre tudo errado! – e eu saí como um animal da sala, enquanto ela gritava que queria se casar comigo.
Sinceramente, acho que nenhuma outra mulher suportaria o que eu estava fazendo e ainda quisesse se casar comigo. Eu estava cego pela minha doença, a doença sanguinária de matar jovens.
Eu não via mais o que eu sentia, nem o que ela sentia. Eu estava obcecado. Arrependo-me tanto de ter esquecido o que eu sentia e tê-la obrigado a fazer coisas que ela fazia apenas por me amar.
Tantas vezes, enquanto ela estava com a espingarda na mão, eu gritava e a agredia, e ela gritava por cima da minha fúria que me amava.
Fui me tornando agressivo, já não via aquela paixão que antes estava espelhada em meus olhos. Não sentia mais prazer em nada a não ser a ver engatar o gatilho erroneamente para gritar mais uma vez e vê-la chorar.
- É apenas um garoto! Vamos!
- , ele... O que esta acontecendo com você?
- Garotos são apenas garotos e eles não vão deixar de ser, mortos ou vivos. ATIRE DE UMA VEZ! – E, mais uma vez, nervosamente, ela mirava a espingarda longe da cabeça do infeliz e acertava minha parede.
Eu queria que isso tudo não tivesse me obcecado tanto.
Em um dia, eu passei de meus limites, e acho que ela já não agüentava mais. Por horas eu a deixei trancada com um adolescente sendo decomposto, com um fio de vida. Junto a ela deixei minha espingarda, com apenas uma bala.
Ela teria que tirar a vida daquele garoto uma hora. Resolvi ir deitar e quando ouvisse o disparo da espingarda, eu a tiraria dali. Algum tempo depois eu ouvi o barulho da bala saindo pelo cano da arma.
Satisfeito, andei vagarosamente até a sala e destranquei a porta, colocando minha cabeça para dentro. Mas ao invés de apenas um cadáver, eu tinha dois. Olhei horrorizado para ela e corri até seu lado.
- ...
- Shhh! Fique quieta, eu vou dar um jeito nisso.
- , não adianta. – disse ela vacilante e radiante. – Eu te amo, querido.
E pouco a pouco eu vi a cor do seu rosto se esvair. O vivo de seus olhos se tornarem cinzentos e vidrados, olhando fixamente para mim.
Ela morreu me encarando. Morreu nos meus braços.
Carreguei seu corpo até a cama e deixei seu sangue ensopar os lençóis. Deitei minha cabeça em seu colo e chorei, porque finalmente eu voltei a ver o que ela sentia por mim.
E agora meus olhos ainda estavam inchados. Mal consegui voltar do meu cemitério. Eu a enterrei lá, mas ao contrário dos outros, há uma rosa vermelha em seu túmulo, como expressão do amor que eu nunca vou deixar de sentir e não me conformo ter perdido.
Acho que está na hora agora, não vou conseguir ficar sem ela mais um minuto.


POV do Narrador

largou o papel e a caneta que tinha nas mãos e caminhou até uma sala. Ela ainda estava com sangue de sua amada, ou melhor, a casa inteira tinha sangue dela.
Ele se posicionou em frente a uma das paredes e arrancou as folhas de revistas. Uma parede cinzenta apareceu por trás destas. Com um giz, ele se pôs a escrever uma canção, ele precisava daquilo.
Minutos depois, uma música estava escrita na parede. Ele olhou satisfeito para seu trabalho. Toda melodia e notas estavam em sua cabeça. Ele podia sentir a música entrar em si e abastecer todo o sentimento de culpa que ele sentia.
Confiante do que estava fazendo, ele foi até o canto da sala e juntou sua espingarda, que continuava jogada no mesmo lugar. Foi até o seu guarda-roupa, guardou-a e pegou uma arma menor, que podia manusear com apenas uma mão.
Ele precisava de uma vítima naquele momento, e esta era ele mesmo.
Ele foi até a frente da janela da casa e olhou pra fora. Lembrou de quando pediu para ela se mudar com ele pra um lugar bem longe da multidão. Era onde ele estava agora, na solidão.
Ninguém na rua, ninguém.
Ele levantou a arma até a altura da cabeça e se sentiu como um daqueles tantos jovens que matou. Fechou os olhos penosamente e respirou fundo.
Enquanto apertava o gatilho, moveu os lábios silenciosamente, sussurrando um “eu te amo”, e sentiu a bala finalmente penetrar em seu crânio.

Well she's not bleeding on the ballroom floor
Just for the attention.
‘Cause that’s just ridiculous, lie on.
But she sure is going to get it
(The attention and the bullets)
Here's the setting
Fashion magazines line the walls
The walls line the bullet holes...
You sure, you sure you let her have it?
You sure, you sure you...

Have some composure
And where is your posture?
Oh no no!
You're pulling the trigger
Pulling the trigger all wrong

Have some composure
And where is your posture?
Oh no no!
You're pulling the trigger
Pulling the trigger all wrong

Give me envy
Give me malice
Give me your attention
Give me envy
Give me malice
Baby Give me a break!

When I say "Shotgun" you say "Wedding"
"Shotgun", "Wedding"
"Shotgun", "Wedding"

Well she didn't choose this role
But she'll play it and make it sincere
So you cry, you cry
(Baby give me a break!)
But they believe it from the tears
And the teeth right down to the blood
At her feet
Boys will be boys
Hiding in estrogens and wearing Aubergine dreams
(Baby give me a break!)

Have some composure
And where is your posture?
Oh no no!
You're pulling the trigger
Pulling the trigger all wrong

Have some composure
And where is your posture?
Oh no no!
You're pulling the trigger
Pulling the trigger all wrong

Come on this is screaming "Photo op." op...
(It's Time to Dance)
Come on this is screaming "Photo op." op...
(It's Time to Dance)
Come on
Come on
This is screaming
This is screaming
This is screaming "Photo op."

Have some composure
And where is your posture?
(You sure, you sure let her have it?)
You're pulling the trigger
(You sure you sure you..)

Give me envy
Give me malice
Give me your attention
Give me envy
Give me malice
Baby give me a break!
When I say "Shotgun" you say "Wedding"
"Shotgun", "Wedding"
"Shotgun", "Wedding"

Boys will be boys
Hiding in estrogens and boys will be boys
Boys will be boys
Hiding in estrogens and wearing Aubergine dreams

Time to Dance – Panic at The Disco

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