Lost In NY
Escrita por Larissa Perez
Betada por Taty
Ela olhou o relógio. Já estava na fila do check in havia uns trinta anos e seus pés doíam. Apesar disso, sua alegria era imensa e null não cogitava a hipótese de esconder os dentes. Pobres aqueles que usam aparelho. Olhou sua senha novamente. ‘359’ Suspirou fundo, sentando-se em sua mala de três toneladas que já estava bem surrada devido à turnê que ela e suas amigas, integrantes de sua banda - a Dunno -, null, null e null fizeram pela Inglaterra. Havia adesivos espalhados por toda ela, em especial da Paramore – seu sonho era ter os agudos de Hayley Williams.
‘359!’ Ouviu a voz chamar seu número. A caixa número 2 parecia beirar os 50 anos e sorria abertamente. ‘A passagem, por favor.’ Ela pediu simpática, exibindo seu sorriso. null entregou-lhe os papéis. A Sra. Smyller – esse era o nome exibido no crachá velho que estava pendurado em seu uniforme – carimbou-os e entregou-lhe novamente. ‘Seu portão de embarque é o B.’
‘Obrigada.’ null sorriu, educada. Estava aproveitando cada R escondido do sotaque britânico com o qual estava acostumada. Sentiria saudades de Londres enquanto estivesse em NY, por mais que aquele fosse seu sonho. Ela havia ganhado uma bolsa na American Musician School. Pegou a alça da capa de seu violão e puxou a mala de rodinhas, seguindo até o portão indicado. A garota se acomodou em uma das cadeiras vagas, jogando o casaco por cima da mala e fechando os olhos. Ela sentiria saudades daquela sensação gostosa que é o tédio de estar em casa. Sentiria saudades das amigas, da Dunno, dos pais, de seu porquinho da índia, Fillo.
‘Passageiros do vôo número 9852 com destino à Nova York, favor dirigir-se até o portão de embarque B imediatamente.’ Uma voz que a fazia se lembrar da secretária eletrônica de null avisou. Todos ao seu redor se levantaram, fazendo uma pequena fila na frente de uma mulher alta e elegante que vestia o uniforme da companhia aérea.
null entregou ser bilhete. A moça destacou uma parte dele e o devolveu à null, sorrindo. ‘Obrigada e boa viagem.’
‘Obrigada.’ A menina agradeceu, entrando no avião. Olhou o papel que a moça havia lhe entregado. ‘Poltrona 12F.’ Ela repetia para si, procurando por seu assento. Se deparou com a poltrona acolchoada e na janela. ‘Janela! Legal!’ Ela comemorou, guardando o violão com a bagagem de mão de mais algumas pessoas e se sentando. Fechou os olhos, agradecendo à null e null por não tê-la deixado dormir na noite anterior. Se imaginou tocando violão, sentada em um banco, olhando a Estátua da Liberdade. Uma brisa gelada bateria em seu rosto, enquanto o sol brilharia no céu. Ela podia ouvir sua voz cantando I’m With You, da Avril Lavigne.
Sentiu algo esbarrar em sua bochecha e abriu os olhos, num susto. Que idiota estaria a acordando de seu sonho? Fechou a cara, olhando para o autor de tal arte.
‘Desculpe.’ Um garoto alto, incrivelmente lindo e com os cabelos bagunçados sorriu para ela. Estava atrapalhado com o que parecia um violão e trezentos e setenta e duas bolsas. ‘Eu...’ Ele passou uma das bolsas para a outra mão, confuso. ‘Foi mal!’ Ele sorriu sem graça.
‘Tudo bem.’ null sorriu para ele e se levantou para ajudá-lo. ‘Aconteceu comigo também.’
‘Não entendo porquê eles fazem a gente levar 32 míseros quilos na bagagem Aí eu tenho que trazer tudo na mão. É uma droga.’ Ele reclamou, se jogando na poltrona ao lado da de null.
‘100% apoiado.’ Ela sorriu. ‘Meu nome é null null.’
‘null null.’ O garoto gato estendeu a mão para ela. ‘Prazer.’
null a apertou. A mão dele estava quente e ele sabia como apertar a mão de uma garota: nem tão não-tenho-forças-para-carregar-uma-formiga e nem tão vou-à-academia-todo-segundo.
‘Então...’ null começou. ‘NY?’
‘É.’ A menina respondeu, sorridente. ‘A cidade que nunca dorme.’
‘Será que não?’ null perguntou.
‘Eu espero que não. Não vou atravessar o Oceano Atlântico pra dormir.’
‘Concordamos em duas coisas, por que eu tenho outros planos.’ Ele sorriu de lado e garota sentiu o sangue sair de todo seu corpo e se concentrar nas bochechas. ‘Mas... O que vai fazer lá? Trabalhar de modelo pra Chanel?’
‘Estudar.’ null respondeu orgulhosa. ‘Música.’
‘Sério?!’ null pareceu surpreso. ‘Eu também! Consegui uma bolsa pra American Musician School.’ Ele se gabou.
‘Tá de sacanagem?! Eu também!’
‘Caraca!’ Ele deu um pulo na poltrona. ‘É o destino!’ A garota gargalhou.
'E o que você pretende?’
‘Me tornar um músico competente o bastante pra fazer uma turnê fora da Inglaterra com a minha banda, McFLY.’
‘Você também tem uma banda?!’ null se interessou. ‘A minha se chama Dunno.’
‘Dunno?!’ null riu. ‘Legal.’
‘É. A gente queria um nome pra banda. Aí eu perguntei pra minha amiga, null, o que ela sugeria. Ela disse isso, aí a gente acabou se empolgando.’
‘Tem uma história! O nome da minha vem do Marty McFly. De Volta Para o Futuro.’
‘Se eu te disser que sempre achei um nome legal você acredita?’ null mentiu.
‘Sério?’
‘Aham!’
‘Com licença.’ Uma aeromoça tão elegante quanto a mulher que estava pegando os bilhetes surgiu. ‘Peixe com fritas?’ Ela ofereceu o jantar. Os dois assentiram com a cabeça e ela lhes entregou dois pratinhos já prontos. ‘Bebida?’
‘Coca Cola.’ null respondeu.
‘Vodka pura.’ null disse, fazendo-a gargalhar alto. ‘To brincando, Fanta Laranja.’
A aeromoça soltou um risinho, enchendo os copos de refrigerante e botando-os nas mesinhas.
‘Obrigado.’ null agradeceu e null sorriu. A mulher continuou andando e empurrando aquele carrinho que faz todos se lembrarem de carrinhos de cachorro quente.
‘Mas então, quantos anos você tem, null?’ null perguntou.
‘Ui! null não! null, por favor. null me faz lembrar da minha mãe me buscando 3h da manhã na delegacia depois de ter invadido a piscina do vizinho com as minhas amigas.’
O garoto gargalhou. ‘null.’
‘Agora sim!’ Ela balançou a cabeça, expressando confiança e rindo em seguida. ’16. E você?’
’18. Na verdade, fiz 18 semana passada.’ Ele riu.
‘Sério? Parabéns!’ A garota riu, enfiando uma batata frita na boca. Aquilo custaria toda a energia que ela gastava pulando no palco, mas que tipo de pessoa liga para isso quando se está em um avião indo estudar música em Nova York? O tipo Paris Hilton. Bom, null não era o tipo Paris. Definitivamente. Mesmo.
‘Me fala da sua banda. Que tipo de música vocês tocam?’
'Pop Rock.’ null respondeu, sorrindo mais do que sua boca lhe permitia fazer.
'Sério? Tem aí?’ null perguntou, apontando para o iPod dele.
'Ahn, claro!’ Ele estendeu um dos fones de ouvido. Ela ainda pôde ouvir a voz de Mark cantando. Ela amava Blink. null selecionou uma música.
'Se chama The Heart Never Lies.’ Ele sorriu.
null fechou os olhos. Ele fez o mesmo. Ela passou a prestar atenção na letra.
'Others pretend, they don’t care at all.’ Era incrível como aquilo podia se encaixar na vida de qualquer pessoa. Quem nunca foi enganado ou se decepcionou com alguma coisa? Nem que seja apostar num dia de sol e acordar com o céu da cor de uma uva.
A música acabou de tocar e a menina olhou para o lado. null parecia estar dormindo. Ela voltou a fechar os olhos e os únicos sons que ela ouvia eram a turbina do avião e os versos de Ticket To Ride.
'null.’ Ela ouvia uma voz chamando por ela. ‘Acorda! A gente tem que ir.’
'Hum?’ null murmurou, abrindo os olhos e vendo um null alegre.
'Estamos em NY, little girl!’
A menina olhou pela janela e viu a pista de decolagem e as janelas do prédio do aeroporto nova-iorquino. Voltou sua atenção para null que expandiu o sorriso, puxando-a pela mão. ‘Vem! Já peguei seu violão.’
'Obrigada pela preferência e bom proveito da viagem.’ A moça do filé com fritas se despediu dos dois adolescentes atrasados.
'Que horas começa a reunião de inicio de aulas?’ null perguntou.
'Acho que 11:15. Que horas são?’
’10:45. A gente tem que correr!’ Ele a arrastou para fora do aeroporto. Os dois deram de cara com uma confusão de pessoas apressadas, deliciando-se com aquela coisa cancerígena que você recebe usando o celular... Ahn, sim! Micro ondas radioativas.
Um senhor careca com aparentes 250kg passou apressado por null, jogando seu violão longe. Ela pôde ouvir a destruição.
'AH MAS AQUELE BALÃO EXECUTIVO VAI VER!’ Ela gritou, soltando-se da mão de null.
'Não, null! A gente vai se atrasar!’ Ele corria atrás dela, desviando-se das pessoas que faziam cara feia.
'OOOOOH MEU FILHO!’ null puxou o homem pelo ombro, fazendo-o se virar. ‘O senhor quebrou o meu violão! Ta achando o que?!’
'To achando que a senhorita devia tomar mais cuidado com as suas coisas e me deixar em paz.’ Ele respondeu grosseiro, deixando-a falando sozinha.
'null! Pára!’ null a alcançou, ofegante.
'Tomara que esse obeso morra com as micro ondas daquele celularzinho de quinta. Engravatado de segunda!’ Ela murmurava. ‘BABACA!’ Gritou.
'Microondas no celular?’ null perguntou, confuso. A menina caiu na gargalhada.
'Esquece, null. Seu forte é música, não raciocínio lógico.’
'Argh, cala a boca!’ Ele riu e a puxou para dentro de um táxi. ‘Aqui moço.’ Entregou um papel todo amassado para o motorista que assentiu.
'AINQUELINDO!’ null se empolgava. ‘Sempre quis andar num desses táxis amarelos, passeando pela Time Square, vendo a Estátua da Liberdade...’
'Então aproveita. A gente já deve chegar.’ null olhou o relógio. ‘São 11:00.’
'Moço, acelera aí.’ null pediu.
'Não posso, querida.’ O taxista com forte sotaque latino se virou para ela, exibindo seu bigodinho Charles Chaplin. ‘Engarrafamento.’
'Argh...’ null soltou, olhando novamente o relógio, antes de o trânsito voltar ao normal. Minutos depois o carro parou.
'Pronto. São US$8.’
'Obrigada!’ null agradeceu, entregando-lhe o dinheiro. Ela e null pararam em frente ao enorme prédio. Pelas janelas, podiam ver pessoas andando, instrumentos musicais, caixas de som.
'É lindo.’ Os dois disseram ao mesmo tempo e riram.
'Vamos!’ null a puxou. ‘O campus é do outro lado. Eu vou deixar minhas malas no quarto e te encontro do auditório, ok?’
'Ok.’ Ela assentiu, puxando sua mala.
Passava por corredores lotados de adolescentes. Cada um em seu estilo próprio. Chegou ao campus feminino.
'Ok.’ Ela pensou. ‘Quarto 208.’ null procurava pela porta certa. ‘Yeah!’ Comemorou, torcendo a maçaneta.
'Hey, eu disse que i...’ Uma garota baixinha, loira e de olhos castanhos dizia. ‘Ahn. Oi.’
'Oi.’ null cumprimentou a menina. ‘Você deve ser minha colega de quarto.’
'Exato.’ A garota sorriu. Ela tinha um piercing no nariz e seus cabelos iam até a cintura. ‘Sou Tiffany Swany. Você é...’
'null null.’
'Ahn sim... Você é de onde?’
'Londres.’ null sorriu.
'Percebi pelo sotaque.’
'Todo mundo percebe. E você?’
'Sou do Canadá. É uma cidade pequena, você não deve conhecer... Napanee.’
'Tá de sacanagem, né?!’
'Não.’ Tiffany riu.
'É a cidade da Avril! Eu AMO a Avril!’
'Eu também! É meu único orgulho de ter nascido naquele fim de mundo!’
'Ai! Sou louca pra conhecer!’
'Você não diria isso se conhecesse. Acredite.’
'Posso acreditar.’ null riu.
'E, meu Deus, você é de LONDRES! A cidade das luzes!’
'Nop. A cidade das luzes é Paris, Swany.’
'Que seja! É Londres!’
'Eu sei. É legal!’
'Posso acreditar.’ Tiffany riu.
'Bom... Eu marquei de encontrar meu amigo no auditório.’
'IH É!’ A menina exclamou. ‘A reunião. A gente ta meio atrasada. Vem!’
As duas saíram correndo pelo corredor, agora já vazio devido à pontualidade da maioria dos alunos – que não englobava null e Tiffany – em direção ao auditório.
'Por onde é?!’ null perguntou.
'Aqui.’ A outra a guiava pelo que parecia um labirinto.
'Você não é nova, é?’
'Não. Já to aqui há seis meses.’
'Ahn sim.’
'Aqui.’ Tiffany parou, abrindo a grande porta do auditório, onde vários alunos estavam sentados e um senhor falava ao microfone. Todos focaram sua atenção nelas.
'Ah! Atrasada, Srta. Swany.’ O senhor disse ao microfone, fazendo Tiffany sorrir forçado. ‘E Srta... Aluna nova?’
null assentiu.
'Sente-se aqui na frente, junto com os outros novatos.’ Ele sorriu, indicando a cadeira vazia na primeira fileira. Não estava ao lado de null, mas pôde vê-lo duas fileiras atrás. Sorriu para o garoto, que retribuiu.
O resto da reunião se baseou em torturar os alunos novos, fazendo-os falar sobre sua vida no microfone e agüentar piadinhas de alguns idiotas.
'null!’ null a chamou, enquanto os alunos se retiravam no local.
'Hey!’
'Hey!’ Ele sorriu.
'Bom, eu tava pensando em sair pra comprar um violão, já que o outro aquela baleia com pernas quebrou, e almoçar fora mesmo. Quer ir comigo?’
'Claro!’ null pareceu animado. ‘Tomo um banho e te encontro no hall principal daqui a 30min, ok?’
'Ok. Não demora!’ null sorriu para o garoto que já estava correndo no meio da confusão de adolescentes.
'São US$84.’ O cara da loja de instrumentos musicais disse, enquanto guardava o violão novo de null. Ele era de madeira escura, um pouco vinho, um pouco preto. Era lindo.
null se maravilhava com algumas guitarras e uns baixos. Ele afirmou voltar lá de madrugada para roubar uma bateria, o que quase fez com que os seguranças o expulsassem de lá.
'Obrigada.’ Ela sorriu, agradecida. ‘Vem, null.’ Arrastou o menino para fora da loja.
'Onde a gente come, null?’
'Não sei, né.’
'Como assim não sabe?! Você sai sem saber onde vai comer?!’
'Qual o problema? Eu pensei em procurar um restaurante legal.’
'PROCURAR?! null, isso é Nova York, não a capital do Acre. Não dá pra sair sem rumo aqui, ok?’
'Ok, null. O que você sugere?!’ null cruzou os braços.
'Sugiro que você deveria ter pensado antes.’
'Sugere no presente.’ Ela sorriu forçado como quem diz ‘Ouviu, seu burrinho?’
'Argh! Você é uma irresponsável, garota!’
'Irresponsável?! Ninguém te obrigou a vir comigo não, ok?!’
'Ah claro! É óbvio que eu vou deixar uma garota sair por aí andando SOZINHA por uma metrópole mundial que ela não conhece.’
'Como se você conhecesse!’ Ela gargalhou.
'Foi por isso que eu não te chamei!’
'Ahn, me poupe! Quer voltar, pega um táxi!’ Ela se virou e saiu andando.
'Pára, ok? Não vai adiantar a gente se separar agora que a besteira já ta feita. Até por que eu não tenho dinheiro pro táxi.’
'ÉOQUE?!’ A menina gritou. ‘Você não tem dinheiro?! E como você acha que a gente vai voltar, queridinho?!’
'Por que eu que tenho que pagar?!’ null perguntou, levantando as sobrancelhas.
'Por que eu paguei a primeira viagem. Nada mais justo.’
'Ah, falasse isso antes!’
'Você tinha que ter pensado nisso, né, lezo!’
'Ok. Não pensei. E agora?! A gente ta perdido em Nova York, sem dinheiro pra táxi.’
'E agora que a gente vai pegar o metrô.’
'E você conhece as linhas de metrô?!’
'Não. Mas aposto que aquele cara que ta no quiosque com a placa ‘Informações’ conhece!’ Ela sorriu, arrastando o menino até lá.
'Boa tarde.’ Ela cumprimentou o homem com a cara fechada. ‘Eu queria saber qual a linha que eu pego pra chegar na American Musician School.’
'Em que rua é isso?’ O cara perguntou, entediado e sem paciência.
'Não sei. Em que rua, null?’
'Não sei.’ null deu de ombros, ainda emburrado.
'Então não posso te ajudar.’
'Mas aqui diz 'Informações’! Você devia me dar informações, né?!’ null protestou.
'Diz ‘Informações’ não ‘Adivinha, Desocupado.’
'Ai, grosso!’ Ela se virou, puxando null.
'Satisfeita?!’
'Pelo menos eu tive uma idéia! Não fiquei aí com cara de vegetal.’
'Idéia essa que só te fez levar um fora.’
'Ahn, cala a boca!’ Ela gritou, irritada, virando o rosto e vendo uma pastelaria chinesa caindo aos pedaços. Seus olhos brilharam.
'Comida, null! Eu sabia que ia achar alguma coisa!’ Ela comemorou, indo até a lanchonete.
'Fez algo perto do útil!’ null falou, mas ela ignorou. Sua atenção era tomada pelo atendente com os olhos quase fechados em frente a ela.
'Eu quero um pastel de queijo, por favor.’
'Já ta melhor?’ null gritou para null que vomitava todo o pastel que havia comido em um beco escondido de NY.
'Mais ou menos...’ Ele pôde ouvi-la murmurar antes de vomitar de novo.
'Eu avisei que aquilo era sujo.’
'null, não preciso de esporro agora, ok? Já to me desidratando aqui.’
'Ok.’ null riu. ‘Desculpa. Você precisa tomar um remédio.’
'Com que dinheiro? Só se a gente assaltar a farmácia.’ null riu de leve. Saiu do pequeno beco, dando de cara com null encostado em das paredes pichadas que havia ali. Seu cabelo estava mais bagunçado que o normal e ele tinha os braços cruzados. Ela agradeceu por ter algo parecido com juízo naquele momento.
'Por que não?’ Ele perguntou arqueando a sobrancelha e exibindo seu sorriso mais malicioso. Obrigada pelo juízo, Senhor.
'Por que eu não preciso ser presa como estrangeira.’ null gargalhou da bobagem que ele acabara de dizer.
Os dois ficaram em silêncio, pensando em uma maneira de curar a garota e voltar para a escola.
'Tive uma idéia!’ null gritou repentinamente, fazendo a garota dar um pulo.
'Ai! Grita mesmo!’
'Eu sou um gênio!’ Ele a ignorou. ‘Vamos cantar na rua!’
'Bebeu, null?’
'Você prefere ficar vomitando perdida pela cidade?’ null perguntou e viu null negar com a cabeça, fazendo cara de derrotada. ‘Você tem o violão. A gente faz um dueto. Que música?’
'Não sei... Gosta de Avril? Eu amo.’
'Não muito, mas tudo bem. Complicated, que todo mundo conhece.’
'Ok.’ null concordou. ‘Agora a gente só tem que encontrar um lugar mais vazio.’
O garoto olhou ao redor antes de puxá-la pela mão. 'Ali!’ Os dois se sentaram em frente a uma loja de sapatos.
'Pronto?’ null confirmou, posicionando o violão e vendo o garoto assentir. Tocou os primeiros acordes. A garota fechou os olhos e começou os primeiros versos.
'Life’s like this.’
null sorriu ao ouvir a voz dela. Era linda e ela realmente tinha futuro. Ele cantou o próximo verso.
'That’s the way it is.’
Chill out whatcha yelling' for?
Lay back it's all been done before
And if you could only let it be
you will see
I like you the way you are
When we're drivin' in your car
and you're talking to me one on one but you've become
null cantava ainda de olhos fechados. Ela não parecia forçar a voz, aquilo simplesmente saía suave e natural.
Somebody else round everyone else
You're watching your back like you can't relax
You're tryin' to be cool you look like a fool to me
Tell me
null a completava. O violão encaixava perfeitamente e os dois estavam na mais completa sintonia. Cantaram juntos o refrão e a garota abriu os olhos.
Why you have to go and make things so complicated?
I see the way you're acting like you're somebody else gets me frustrated
Life's like this you
And you fall and you crawl and you break
and you take what you get and you turn it into honesty
and promise me I'm never gonna find you fake it
no no no
Eles sorriram um para o outro por um breve momento. Embora o sorriso houvesse sumido, eles ainda trocavam um olhar diferente. Era como se não tivesse mais ninguém ali. Como se todos aqueles nova-iorquinos que estavam parados ali, olhando-os cantar, houvessem explodido – não que isso fosse ruim, desde que deixassem o dinheiro.
You come over unannounced
dressed up like you're somethin' else
where you are and where it's at you see
you're making me
laugh out when you strike your pose
take off all your preppy clothes
you know you're not fooling anyone
when you've become
null retomou o ritmo inicial. Os olhos passeavam pela rua lotada, tentando fugir dos de null. Ele sorria ao vê-la tímida daquele jeito.
Somebody else round everyone else
Watching your back, like you can't relax
Trying to be cool you look like a fool to me
Tell me
Os dois cantavam na maior harmonia,até um carro de polícia com a sirene ligada passar a mil e quebrar o clima, fazendo-os parar. Olharam para o copo à sua frente.
'US$47!’ null comemorou. ‘Vem! Vamos comprar seu remédio.’ Ele a puxou pela mão.
null tomou o remédio e eles saíram da farmácia. ‘Agora é o táxi.’ Ela sorriu e fez sinal para que um dos carros amarelos parassem.
'American Musician School, por favor.’ null pediu ao motorista que apenas concordou com a cabeça e acelerou. O resto da viagem se passou em silêncio.
'Nossa, você perdeu três aulas, se não sabe.’ Tiffany disse à null assim que ela entrou no quarto e jogou o violão em cima da cama.
'Me perdi.’
A amiga riu. 'Sério?!’
'Me perdi, briguei com meu amigo, vomitei até não poder mais e fiz um dueto sentada em uma esquina que me rendeu US$47.’
'Meu Deus! É seu primeiro dia em Nova York e você já fez mais coisas que eu! Deve ta morrendo, né?’
'Com certeza.’ null concordou, se deitando.
'Bom, se você tiver disposta, a galera vai à um bar aqui perto. Nada demais. Vai ter uma banda daqui da escola tocando lá, então... De qualquer jeito, é o point. Todo mundo vai pra lá, em qualquer ocasião.’
'Eu quero. Por mais estranho que isso possa soar, eu NÃO quero ficar aqui.’
Tiffany riu.
'A gente marcou 8h e eu não posso me atrasar, senão meu namorado me mata.’ Ela se olhou no espelho. ‘Te encontro lá?’
'Ok. Te encontro lá.’ null sorriu. ‘Tchau, Tiff.’ Ela viu a amiga sair pela porta. Se levantou e tirou o telefone do ganchoe discando o número da casa onde morava com as três melhores amigas que podia desejar.
'Alô?’ Ouviu a voz de null e algumas risadas.
'null?’
'null?! Aimeudeus! Como foi a viagem, gata? Como é NY?’
'Grande, confusa e... vomitada.’
'Hã?!’ null riu. 'Você bebeu?’
'null, hoje eu tive a tarde mais movimentada da minha VIDA. Com um garoto extremamente gato que eu conheci ontem!’
'Gato? Sabia que ela não ia conseguir sem pegação.’
'Pegação?! Você ta parecendo a null.’ null gargalhou.
'É mesmo. Eu tenho que parar de andar com essa garota.’
'Se ela não morasse com você. Mas enfim, ignorando o vocabulário exótico da nossa amiga, eu vou ficar louca. Esse garoto, ele é muito estranho.’
'Estranho?! Seu tipo.’ null riu.
'Cala a boca. Eu to falando sério. O nome dele é null. Ele é tão legal às vezes e um babaca completo em outras.’
'Seu tipo, definitivamente.’
'Eu vou te socar.’
'Eu me assustaria se você não tivesse a 3 milhões de milhas de mim.’
'Ai, null... To com saudades.’
'Que? Não to ouvindo!’ A voz de null parecia mais distante.
'SAU-DA-DES!’
'QUE?! MALDADES?! Tão te batendo aí?’
'Não! Argh, faça um favor! Você não é surda!’
'ÉOQUE?! Faca com dor?! Deus do céu!’
'null!’ null gargalhava.
'Eu vou pra aí, null! Fica calma! Faz tudo o que eles pedirem, ok? Você lembra da simulação de ataque terrorista da escola, né?’
'Meu Deus! Eu to bem, null! Boa noite, viu?’ null bateu o telefone na cara da amiga e entrou no banho, ainda rindo da burrice daquele ser.
'Cara, você tá de sacanagem, né?!’ O companheiro de quarto de null, Shane, ria descontroladamente do dia do amigo.
'Hey!’ Uma garota loira que null não conhecia se aproximou, dando um estalinho nos lábios de Shane.
'Amor! Esse é o null! null, essa é a Tiffany, minha namorada.’ Ele sorriu para a garota. Ela parecia simpática.
'Então... Tiff, o null é de Londres. Ele ganhou uma bolsa.’
'Sério?!’ Ela pareceu interessada. ‘Minha companheira de quarto também é de lá. Ela chegou hoje.’
null pareceu surpreso. 'Não vai me dizer que é a...’
'null!’ Tiffany sorriu ao ver a amiga se aproximar. Ela vestia uma saia de pregas quadriculada, uma blusa preta e uma bota combinando.
'null?’ Ela pareceu decepcionada. ‘O que você tá fazendo aqui?!’
'Saindo com o Shane. E você?!’ null exibia a mesma expressão que null, enquanto Tiffany e Shane pareciam cada vez mais confusos.
'Saindo com a Tiff.’
'Pera aí.’ Shane riu. 'Vocês se conhecem?!’
'Eu passei o dia com essa garota vomitando do meu lado!’ null riu com desdém.
'E eu?! Tive que agüentar a burrice dele!’ null rebatia.
'Gente, calma! A gente veio aqui pra curtir, não pra brigar!’ Tiffany riu.
'Ok, foi mal.’ null parecia desconfortável na cadeira.
Um garoto meio loiro, meio moreno surgiu no palco e pegou o microfone.
'Vai começar!’ null comemorou.
'Não. Ele subiu ali pra tossir no microfone.’
'Ai, me poupe desse seu sarcasmo idiota, null.’ Ela rebateu.
'E aí, galera!’ O garoto cumprimentou o público composto por alunos e desocupados. 'Nós somos o Busted! Essa é pra vocês!’
Eles começaram a tocar uma música chamada Falling For You que fazia null rir. Eram realmente muito bons e o vocalista realmente não era de se jogar fora.
'Alguém quer beber alguma coisa?’ null perguntou.
'Não, obrigada.’ Tiffany e Shane responderam ao mesmo tempo.
'Eu quero, null.’ null disse, mas ele se virou, deixando-a falando sozinha. ‘Ele consegue ser tão simpático de vez em quando.’ Ela disse para o casal, fazendo-os rir. ‘Vou ao banheiro.’ A garota saiu andando, a procura de um banheiro.
Viu a porta de madeira com a bonequinha de vestido. ‘Yeah!’ Comemorou, entrando no cubículo. Jogou água no rosto e se olhou no espelho. null pode ser prejudicial à saúde quando quer. Abriu a porta e viu o bar. Ela queria água. Muita água.
'Uma água mineral, por favor?’ Ela pediu ao barman que estranhou sua escolha, por não ter álcool.
'Uma água pelo seu nome.’ Um garoto alto, com aparentes 20 e poucos anos, moreno e de olhos verdes sorriu para ela. Ele realmente sabia como sorrir para uma garota.
'Será mesmo que você merece tanto?’ null sorriu de lado.
'Ouch!’ Ele fez cara de dor e os dois riram. ‘Max.’
'Seu nome não prova que você merece nada.’
'Bom, então vamos tentar. Você não é daqui, é? Seu sotaque...’
'Sou inglesa.’ Ela sorriu. ‘Todo mundo percebe. E você? Daqui mesmo?’
'Na verdade eu sou do interior. Vim pra cá pra fazer faculdade.’
'Sério? O que você ta fazendo?’
'Medicina.’
'Hum. Comum.’
'Eu sei. Eu quero ir pra África, sabe? Fazer alguma diferença.’ Max sorriu de lado.
'Sério?!’ null pareceu surpresa. ‘Bom, você provou merecer. Meu nome é null.’
'Yes!’ Ele deu um soquinho no ar, comemorando. ‘Não foi tão difícil.’
'Ah, é? Quer tentar de novo?’ Ela arqueou a sobrancelha, desafiando-o.
'Não! Retiro o que disse. Então... null, você está...’
'Acompanhada?’ Ela ouviu uma voz familiar completá-lo. ‘Sim. null null.’ null estendeu a mão para Max. ‘Eu sou namorado dela.’ null ficou boquiaberta com reação dele.
'O que?! Não!’
'Cala a boca, null!’
'Max, ele não é meu namorado.’
'Não?!’ Max parecia confuso. ‘Quem ele é?’
'Namorado dela.’ null respondeu.
'Ele estuda na minha escola.’
'E a gente namora.’
'Não, null!’ null o empurrou.
'Eu... Desculpa, cara.’ Max sorriu para null. ‘Tchau, null.’ Ele piscou para a garota antes de se virar.
'null, você tem problema mental?! Que droga!’
'Problema mental? Você devia me agradecer!’ null parecia nervoso.
'Agradecer por quê? Por você ter estragado minha chance de ficar com alguém legal?’
'Legal?! null, ele tem idade pra ser seu tio!’
'Ele devia ter uns 20 anos, pelo amor de Deus!’
'Ele não me pareceu confiável.’
'Eu não te perguntei se ele era confiável, null! Eu não te pedi pra vir me 'ajudar’! Eu não queria você aqui!’
'Mas isso não depende de você.’ null estava REALMENTE irritante.
'Argh!’ null o empurrou, virando-se e andando até a mesa. Pegou sua bolsa.
'Tchau pra quem fica!’ Ela disse, sem olhar Tiffany e Shane, que estranharam a reação da garota. null veio logo atrás e se sentou.
'O que deu nela?’ Shane perguntou.
'Ingratidão.’ null respondeu, emburrando a cara. ‘Vou dormir. Boa noite.’ Ele se despediu do casal sem exibir um sorriso e saiu marchando até a porta do pub.
'Droga de corda inútil.’ null resmungava na aula de aprimoramento. Não conseguia afina-la de maneira nenhuma. A sala já estava relativamente cheia e não havia sinal de null, o que era bom, já que ela já tinha problemas demais com uma mísera corda nova de violão.
'Pronta aí?’ Tiffany perguntou.
'Nem de longe.’ A garota resmungou de volta.
'Bom dia, galera!’ null ouviu uma voz pouco familiar os cumprimentando e levantou os olhos do violão. Ela viu o garoto meio loiro e meio moreno do show do dia anterior. Sorriu.
'Bom dia.’ Ela respondeu, já depois do coro de bom dia’s que os alunos haviam feito. A atenção da sala se voltou para ela e o garoto sorriu, se aproximando. Os alunos ainda os olhavam.
'Bom dia, aluna nova. Você é...’
'null null.’
'Prazer!’ O garoto estendeu a mão e sorriu. ‘James Bourne.’
'Eu assisti o show ontem e...’
'Eu te vi.’ Ela foi interrompida.
'Então...’ Continuou, tímida. ‘Foi ótimo.’
'Obrigado.’ Ele se voltou para o resto da turma. ‘Bom, gente, vamos começar?’
As pessoas se posicionaram, com violões no colo. James se sentou em uma cadeira à frente da turma. null sentiu Tiffany cutucá-la.
'Oi.’ Ela resmungou.
'MEUDEUS.’ Tiff abriu a boca e sorriu. ‘Ele te deu o maior mole.’
'Ele só veio conversar comigo, Tiff!’
'Conversar? ‘Eu te vi.’ A garota o imitou, fazendo com que null risse. (In)Felizmente, ela parou a tempo de ver outra pessoa entrar atrasada na sala.
'Hey!’ null parecia ofegante. ‘Desculpe o atraso.’ Ele sorriu.
'Tudo bem.’ James retribuiu o sorriso. ‘Pode sentar.’ null se virou para as cadeiras onde os alunos estavam sentados e seu sorriso sumiu ao ver null. Ela revirou os olhos.
'Senta aqui.’ Ele ouviu a voz esganiçada de uma garota magrela, com os cabelos e olhos pretos.
'Obrigado.’ Ele sorriu vitorioso e lançou um olhar à null.
'Ele é um idiota.’ null disse à Tiffany.
'Quem?’
'Como quem?! O null.’
'Fala sério, null. Ele é um amor.’
'Amor?!’
'Ele pagou o maior mico na rua pra comprar remédio pra você! Larga de ser ingrata.’
'Pra comprar remédio?! Ele queria era o dinheiro do táxi.’
'Aham.’ Tiff riu.
'E o Shane? Cadê ele?’
'Ele não toca violão. Toca bateria.’
'Ahn sim.’ Ela sorriu e voltou sua atenção à James que sorriu e piscou, ainda falando com os alunos. null abaixou o rosto tímida e sentiu o olhar sério de null ao perceber aquilo. Era bom. Muito bom.
No final da aula James chamou a atenção de todos para dar um aviso.
'Gente, só pra avisar! Daqui há duas semanas vai ter um concurso para alunos que não estão com os integrantes das bandas aqui. O aluno ou dupla que ganhar vai poder trazer os outros integrantes pra cá.’
'Sério?’ Os olhos de null brilharam. Ela, null, null e null sempre sonharam em estudar juntas na American, mas apenas null havia conseguido a bolsa.
'Você vai tentar, null?’ Tiffany perguntou enquanto as duas se dirigiam ao restaurante da escola – sim, não era um refeitório podre como os londrinos.
'null!’ Ela ouviu a voz de James chamá-la e se virou
'Hey.’ Ela deu seu melhor sorriso. 'Tudo bem?’
'Aham... Bom, eu queria saber se você vai participar do concurso.’
'Acho que sim. Sempre foi meu sonho estudar aqui com as minhas amigas.’
'Po, se você quiser eu posso te ajudar nos intervalos...’ Ele ofereceu, tímido. null pôde perceber que null os olhava e sorriu.
'Claro! Vai ser ótimo!’
'Então... Pode ser hoje à noite?’
'Combinado.’
'Ok. Até lá então.’ James deu um beijo na bochecha dela.
null ainda tinha seus olhos nela, embora a tal garota que o havia chamado antes falasse alguma coisa. null lançou-lhe um sorriso falso e saiu.
'null, vou sair com o Shane, ok?’ Tiffany avisou à amiga que estava de toalha, procurando a roupa certa para ter aulas com James.
'Ok.’ null sorriu antes de a outra sair.
Pegou uma blusa preta e os jeans novos e calçou o all star azul. Ouviu o celular vibrar em cima da mesa. 'null’
'Olá, baixista dos meus sonhos!’ Ela cumprimento a amiga.
'Olá, guitarrista da minha vida!’
null ouviu a voz de null reclamando de alguma coisa e null respondendo ‘Você também é a guitarrista da minha vida, ciumenta!’
'null ficou com ciúmes, é?’
'Se ficou.’ null gargalhou.
'Bota isso no viva voz.’ null pediu.
'OOOOI!’ Ouviu as vozes de null e null.
'Oi, meus amoooores!’
'null null, descreva esse tal de null.’ null exigiu.
'Alto, gato, insuportável, toca violão, canta bem, gato...’
'Você já disse isso.’ null a interrompeu e as outras riram.
'Ele vai me enlouquecer.’
'Já sabemos disso.’ null riu.
'Tem um garoto aqui... O nome dele é James e ele vai me ajudar com violão pra um concurso.’
'Que concurso?’
'Eu ia ligar pra vocês pra dizer. Vai ter um concurso aqui e o ganhador pode trazer os integrantes da sua banda.
'SÉRIO?!’ null e null berraram e null começou a gritar coisas inaudíveis.
'É daqui a duas semanas.’
'Treine.’ null disse.
'MUITO.’ As outras duas completaram.
null ouviu as batidas na porta.
'James chegou gente. Vou lá, que eu tenho um gato pra pegar.’
'James? Não era null?’ null estava confusa.
'AAAAI! São muitos.’ null riu. 'Beijos, amores.’
'Beeeijo!’ Elas desligaram e a garota atendeu a porta.
null contemplou sua cara decepcionada. Ela fez menção de fechar a porta, mas ele a segurou.
'Deixa eu entrar.’ Ele sorriu sincero. ‘Em paz.’
'Não!’ Ela tentou fechar a porta de novo, mas ele botou seu pé na frente e segurou seu pulso.
'null, chega dessa guerra. Eu quero falar com você.’ A garota o fitou por um segundo, antes de deixa-lo entrar. null sorriu satisfeito.
'Fala.’ Ela se sentou na cama. Ele fez o mesmo.
'Eu sei que a gente tem nossas diferenças... Muitas. Mas é só a gente aqui, entendeu?’ null começou a falar e null prestava muita atenção. ‘A gente ta há um oceano de casa. A gente se conheceu ainda na Inglaterra. null, eu te conheço há quatro dias e você é a pessoa em quem eu mais confio desse lado do mundo. Eu não quero que a gente fique brigando por nada.’
A garota soltou os ombros em um suspiro e sorriu de lado. 'Você ta certo, null... Isso tudo é uma besteira.’
Ele sorriu, feliz. ‘Amigos?’ null perguntou e sorriu.
'Só isso?’ null fez cara de decepcionado e o sorriso nos lábios da garota sumiu. Ela sentiu a mão dele sobre a dela e a respiração ofegante. Ele pôs a outra mão na nuca dela. Os narizes se encostaram.
Eles ouviram alguém bater na porta e ela deu um pulo para trás. A garota se levantou e foi atender. Sorriu ao ver James com o violão.
'Vamos?’
'Vamos.’ null sorriu, nervosa. ‘Quando sair, apaga a luz, null.’ Ela fechou a porta e ele se jogou na cama.
'Po, que droga, eu sei disso!’ null falava com null, null e null no viva voz.
'Cara, você é um babaca!’ null disse.
'É mesmo!’ null concordou. ‘Você perdeu a chance! Ninguém se perde em NY todo dia, ok?’
'Ah, e o que vocês queriam que eu fizesse?’
'Alguma coisa além de reclamar do vômito dela.’ null disse e os três riram.
'Argh, eu sou um burro! Agora ela ta ensaiando com esse tal de James.’ null fez uma voz estranha ao dizer o nome do garoto.
'Por que você não chama ela pra fazer um dueto com você, dude?’ null sugeriu.
'Será que ela aceita?’
'Aceita, cara!’ null disse, confiante.
'Olha, null, se ela aceita ou não, a gente não sabe, mas você tem que tentar.’ null falou e o outro pôde ouvir murmúrios concordando com ele.
'É verdade...’
'Po, vê se ganha essa droga!’ null riu.
'É! Eu quero ir pegar umas americanas aí!’ null concordou.
'Cala a boca, null.’ null ria. ‘Tenho que desligar, gente. Vou pra aula e aproveito pra falar com a null.’
'Vai lá! Tchau, dude! Liga pra gente pra contar se ela aceitou, ok? E vê se ensaia essa semana, pq eu quero estar em NY daqui a 2 semanas!’ null disse.
'Pode deixar! Tchau!’ null desligou o celular e pegou o violão, correndo até a sala.
'Hey, gente!’ James entrou na sala. 'Galera, hoje eu tenho uma novidade.’
'Novidade?’ A garota que sempre pedia para sentar perto de null perguntou. null odiava a voz dela.
'Teste surpresa!’ James disse e riu ao ouvir as reclamações. ‘Relaxa, pessoal! É só pra ver como vocês estão... Nada de reprovação.’ Ele os acalmou.
'Como é isso?’ Algum outro aluno idiota perguntou.
'A gente vai pro estúdio. Eu vou formar duplas e vocês vão fazer duetos. Lembrando que as duplas vão ser todas em casais, pra eles darem uma olhada na harmonia, ok?’
Os alunos assentiram e ele começou a dizer os nomes das duplas.
'Tiffany e Arthur, null e null.’
'Ah nããããão...’ null se jogou na cadeira.
'Pára de idiotice, null. Vocês não tinham combinado de parar com essa babaquice?’
'Argh...’ Elas se levantaram e acompanharam o resto da turma em direção ao estúdio.
'null!’ Ela ouviu a voz de null a chamando.
'Hey...’ Ela sorriu tímida. Tudo o que ela menos queria era fazer um dueto com null. Depois do quase beijo da semana anterior ela havia o evitado.
'Eu... Procurei você essa semana...’
'Eu tava meio ocupada.’
'Queria pedir desculpas pelo... Por aquele dia.’ null passou a mão pelo cabelo.
'Tudo bem.’
'Sério... Eu to meio... Desligado, sei lá.’
'Nossa, eu sou tão ruim assim?’ null riu e piscou para ele.
'Próximos.’ Um senhor chamou, enquanto Tiffany saía do estúdio.
'Como foi?’ null perguntou.
'Tenso. Vai lá!’ A amiga a empurrou e ela e null entraram.
'Vocês vão cantar...’ O senhor olhou um papel. ‘I Caught Fire (In Your Eyes) do The Used.’
'Ok.’ Eles se sentaram e prepararam o violão.
null tocou os primeiros acordes a garota o acompanhou.Ele começou a cantar.
Seemed to stop my breath
My head on your chest
Waiting to cave in
From the bottom of my...
Here your voice again
Can we dim the sun..
And wonder where we´ve been.
null continuou.
Maybe you and me so..
Kiss me like you did
My heart stopped bleeding
Such a softer sin.
Ele fez o backing vocal. Ela fechou os olhos e continuou.
I´m Melting.. I´m Melting
In your eyes..
I lost my place
Could stay a while
And I’m melting
In your eyes..
Like my first time
That I caught fire
Just stay with me, lay with me now.
Never caught my breath
Every second I’m without you, I’m a mess
Ever known each other
Trust these words are stones
Why cuts aren´t healing?
Learning how to love
I´m melting, I´m melting
Stay with me, lay with me now.
You can stay and watch me fall
And of course I’ll ask for...
null cantou a última palavra, misturando as vozes.
Help!
Just stay with me now
We can take our pants off, stay in bed
Just make love, that´s all
Just stay with me now
I´m melting, I´m melting
Stay with me, lay with me
In your eyes
Let´s sleep 'til the sun burns out
I´m melting in your eyes
I´m melting in your eyes
Let´s sleep 'til the sun burns out
’I´m melting in your eyes’ null terminou. Olhou para null, que sorriu nervoso. Os dois saíram da sala.
'Você foi ótima, null!’ null a abraçou.
'E você? A gente arrasooooou!’ Eles bateram high five e riram.
'Bom... Eu tava pensando se você não quer cantar comigo no concurso. A gente tem bem mais chances juntos.’
'Ahn, null...’ null murmurou.
'A gente vai poder trazer as duas bandas pra cá! É bem melhor!’ Ele tentava convence-la.
'Não sei.’
'Por favor, null.’
'É, por favor, null!’ Tiffany se meteu na conversa.
'Cala a boca, Tiff.’ null riu.
'Até a Swany ta pedindo, null!’ null implorava.
'Ai, Deus! Vou pensar, ok?’
'null, é esse fim de semana! Não tem tempo pra pensar.’ Tiffany disse e null concordou.
'OK! OK! EU FAÇO UM DUETO COM VOCÊ, CHATO!’ null gritou, rindo.
'YEAAAAAAAAAH!’ null comemorou. ‘A gente ensaia hoje, ok?’
'Ok. Sete horas.’
'Combinado!’ Ele respondeu animado e deu um beijo na bochecha na garota antes de sair.
'Não baba no concurso não, ok?’ Tiffany disse e null lhe deu um tapa.
'Cala a boca!’ Elas riram, indo em direção ao quarto.
null acordou. Olhou para o lado e viu Shane babando. Se levantou e abriu a janela. Ainda estava cedo, mas podia se ver eu seria um dia lindo e ensolarado. Ele viu as horas. 9:40. A primeira aula só começaria depois do almoço, então ele teria tempo o bastante... Pegou o telefone e discou o número do quarto de null.
'Alô...’ Ele ouviu a voz sonolenta da garota.
'null?’
'Oi, null... Que horas são?’
'Hora de falar comigo. Bota uma roupa e me encontra no hall que a gente vai sair.’
'Sair?’ null pareceu surpresa. ‘Onde, seu louco?’
'Vai logo! Lá eu te digo!’ null desligou o telefone e entrou num banho rápido.
null estava sentada em um dos bancos do hall. Seus olhos estavam inchados de sono e ela esperava null. Vestia seus jeans batidos, o all star preto com cadarço pink e uma blusa rosa clara.
'OLÁÁÁÁÁ, DORMINHOCA!’ null apareceu saltitante.
'null, você me acordou. Eu espero que seja por um bom motivo.’
'Bom dia pra você também!’ Ele riu. ‘É por um ótimo motivo! Eu vou te levar pra passar a melhor manhã da sua vida!’
'Nossa, fiquei animada.’ null disse, irônica, ainda com sua cara de sono.
'Idiota! Vem.’ Ele a puxou pela mão.
'Não, espera! Eu ainda não tomei café.’
'Nem era pra ter tomado.’
'null.’ Ela parou em frente à porta. ‘Comida.’ A garota apontou para a barriga.
Ele bufou e continuou a arrasta-la para fora da escola, ignorando sua esfomeação.
null e null pararam em frente a uma confeitaria enorme. Ela era bem iluminada e cheia. Suas bocas já encheram de água só de olhar os croassaints, pães recheados, doces. Ele a levou até o restaurante e os dois se sentaram em uma mesa.
'O que é isso, null?’ Ela perguntou, confusa e sorrindo.
'Vamos passar um dia passeando por NY. Conhecer os lugares legais, os restaurantes...’
'Ain, null!’ Ela bateu palmas. ‘Obrigaaaaada! Vai ser demais!’
'Eu sou um gênio.’ Ele fez cara de convencido e os dois riram.
'Bom dia!’ Uma garçonete gordinha e sorridente apareceu do nada. null se perguntou se ela não teria surgido de dentro de um daqueles bolinhos. ‘O que vão querer?’
'Hummmm...’ null olhou o cardápio. ‘Eu quero um chocolate quente, um croassaint de presunto, um de chocolate e um pão recheado de banana.’
'Ok.’ A garçonete simpática riu. ‘E sua namorada?’ Ela voltou o olhar para null, que ficou vermelha.
'Erm... Um capuccino, um croassaint de frango e um mini croassaint de chocolate.’
'Ok. Já volto.’ A moça gordinha saiu rebolando.
'Então... A gente ensaia hoje de novo?’ null perguntou.
'Claro! Eu to morrendo de medo, cara...’
'Não sei por quê. Você toca super bem, canta melhor ainda...’
'Ah, como se ninguém naquela escola fizesse isso!’
'Não tão bem quanto você, null.’
'Ahn...’ Ela ficou sem graça. 'Eu já até falei com as minhas amigas da banda.’
'Eu também.’ Ele riu. ‘Eles ficaram super animados.’
'E elas? Quase morreram!’
'Imagina! Um show da Dunno com o McFLY!’
'Cara, ia ser demaaaais!’
'Vamos fazer?’ null propôs animado.
'VAAAAMOS!’ null se animou também.
A garçonete chegou, trazendo os pedidos. Deixou-os em cima da mesa, sorriu mais uma vez – como se já não fosse o bastante – e saiu.
'Nossa...’ null disse, ainda olhando a mulher gordinha andando. ‘Ela gosta dos dentes, hein.’ null começou a rir descontroladamente.
'Sou obrigada a concordar!’ Ela ainda ria.
'null, cadê meu xampu?’ null perguntou de dentro do banheiro.
'Sei lá, ué. É seu.’ A garota respondeu sentada no sofá da sala, assistindo algum programa infantil – seus preferidos – na TV.
'Gente, estou pedindo pizza, beijos.’ null avisou, sentando-se na bancada da cozinha e pegando o telefone.
'O de sempre!’ null e null gritaram ao mesmo tempo.
null ria de alguma coisa que a apresentadora havia dito quando null apareceu vestida e com a toalha na cabeça.
'Vai lá.’ Ela disse e viu null se levantar, caminhando até o banheiro.
'AAAAI!’ null se jogou no sofá, ao lado de null. ‘E null que não liga!’
'Calma, null. O concurso é só amanhã!’
'Eu sei e já to quase morrendo aqui.’
'E eu? Meu sonho é passear pela Time Square’ Os olhos da garota brilharam e null riu.
'O seu e de metade do mundo!’
'Cara, imagina a gente passeando por lá...’
'Gente, eu prefiro não ficar pensando nisso. Vai ter muita gente boa lá.’ null, que ouvia a conversa, gritou do banho.
'Mas a null vai ganhar!’ null e null gritaram juntas.
'YEAAAH!’ null berrou de volta e as três riram.
'null, você tem certeza?’ null perguntava pela milésima vez enquanto ele tentava encontrar o caminho para a Estátua da Liberdade.
'Tenho, null! Ta escrito nesse guia aqui!’ Ele mostrou um guia que havia comprado 3 anos antes em uma banca de jornal, quando havia enfiado na cabeça que iria fugir para os EUA.
'A gente vai é se perder...’
'Pára de ser pessimista. Vai estragar o passeio que eu planejei.’ Ele pediu e eles continuaram andando pelas ruas lotadas.
null respirou fundo. Pensou duas, três, quatro vezes.
'null.’ Ela o chamou.
'Fala.’ O garoto respondeu, ainda caminhando. Ela puxou sua mão, fazendo-o parar. Botou a mão na nuca do garoto e se aproximou. As mãos dele estavam quase na cintura dela quando um cachorro passou correndo, derrubando-a no chão.
'ARGH!’ Ela gritou, ainda sentada na poça de lama onde havia caído. ‘Meu tornozelo!’
'Machucou?’ null perguntou, preocupado.
'Não, null!’ Ela perdeu a paciência. ‘Eu reclamei por nada.’
'Ai, sua grossa! Só queria ajudar.’ Ele rebateu. 'Vem.’ Puxou a garota pela mão, mas ela caiu de novo, gritando.
'AAAAAAAAAAAI! AIQUEDOR!’ Ela começou a chorar. ‘CACHORRO FILHO DE UMA ÉGUA! PULGUENTO IDIOTA!’
'Calma, null... Vem cá.’ Ele a pegou no colo. ‘Vamos pra algum lugar mais vazio e eu dou uma olhada aí, ok?’
'Aham.’ Ela resmungou, enterrando o rosto no peito dele. As lágrimas dela encharcavam a camisa do garoto.
null a levou até um beco mais vazio e os dois sentaram no chão. Ele pegou a perna dela.
'AAAAAAAI! QUER ME MATAR, É?!’ Ela voltou a chorar mais.
'Eu acho que não quebrou, null.’ Ele observava o tornozelo da menina. ‘Só torceu.’
'Como você sabe?’
'Meu pai é médico. Eu entendo alguma coisa.’
'Ahn sim.’ Ela sorriu fraco, enxugando algumas lágrimas.
'Vou te levar pra enfaixar isso.’ Ele a pegou no colo novamente.
'Prontinho.’ O garoto da farmácia sorriu para null. ‘Cuidado pra não se machucar de novo, mas pro caso de isso acontecer...’ Ele pegou um papel, escreveu alguma coisa e o entregou à ela. ‘Me liga.’ Ele piscou para ela.
'Já acabou?’ null perguntou, mal humorado.
'Já, null.’ Ela respondeu, se apoiando no braço dele. ‘Obrigada.’ Ela sorriu para o garoto da farmácia, que retribuiu.
'Vem.’ null a puxou para fora do lugar.
'Ai, null! Quer torcer meu outro pé?’
'Garoto abusado!’
'Por quê? Ele só tava ajudando.’
'Ajudando?! Tava quase babando em você.’
'Menos, ok?’
'Argh!’ Ele fechou mais ainda a cara e null sorriu de lado.
'Tá com ciúmes, é?’
'Precisa responder?!’ Ele perguntou – ou berrou, como você preferir – fazendo-a rir mais ainda.
'Não te entendo.’
'Nem tenta. Bom, vamos voltar, né?’
'Por que?!’ null fez cara de decepcionada. 'Eu quero ir à Time Squaaaaaaaaare!’
'E seu pé?! Não vou te carregar no colo mais não. Você não ta com esse corpo todo não.’
'Cala a boca, null.’ Ela lhe deu um tapa e riu. ‘Sério, não precisa voltar. A gente pode aproveitar mais um pouco.’
'Tem certeza?’
'Aham.’ Ela fez cara de feliz. Parecia uma criança. ‘Vem!’ Ela saiu mancando e null saiu rindo atrás dela.
'Aimeudeus.’ Foi a única coisa que null disse quando os dois puderam ver de perto a Estátua da Liberdade.
'Total.’ null concordou e sorriu sem desviar os olhos do monumento.
Os dois fitaram a estátua em silêncio por um tempo. O sol já estava alto e o calor era quase insuportável.
'Quer um sorvete?’ O garoto perguntou, enquanto eles ainda observavam a vista.
'Quero.’ Ela respondeu, mas eles continuaram parados ali por um tempo, como se nada tivesse acontecido. null segurou a mão dela e ele e null ficaram ali, no meio de pessoas que iam e vinham com pressa, aproveitando a vista. Na verdade, eles não ligavam muito para a própria Estátua, já que alegavam ser só um detalhe. O que realmente os deixava boquiabertos era o céu limpo, o mar, o reflexo do sol na água. Era incrível e estranho ao mesmo tempo.
'Por que?’ null perguntou, quando a menina disse isso.
'É estranho ver pessoas sorrindo e felizes, brincando, onde um dia aconteceu a maior tragédia da qual eu já ouvi falar.’ Ela suspirou e sorriu de leve. ‘E é incrível ver que essas mesmas pessoas podem ter sofrido muito com essa tragédia, mas hoje elas conseguem sorrir.’ Parou por um tempo e suspirou novamente. ‘Eu não sei se teria essa coragem toda.’
'Eu sei que teria.’
'Você?’
'Não, você.’ null sorriu quando null o olhou surpresa.
'Bom...’ Ela mudou de assunto, tímida. ‘E meu sorvete?’
'Ah, claro! Esqueci que você tem que manter a forminha!’ null piscou para ela, que lhe deu um forte tapa.
'BABACA!’ Os dois gargalharam, indo em direção ao carrinho do sorveteiro.
'Já são 16:30 e esses dois não chegam.’ Shane comentou com a namorada.
'Devem ta se pegando agora!’ Tiffany disse e os dois riram.
'Sério, eles só têm mais uma aula e o concurso é amanhã.’
'Eu sei... Mas eles devem estar voltando já. null tava uma pilha de nervos e eu imagino que o null não esteja melhor.’
'Não mesmo.’ Shane fez que não com a cabeça.
'Então... Eles devem estar chegando.
'null! São quase sete horas da noite! A gente já perdeu todas as aulas!’
'Agora você vem me culpar?! Você deve ta de sacanagem! Eu disse pra gente voltar quando você machucou essa pata aí!’ null rebateu.
'Ah, claro! Agora a culpa é MINHA! De quem foi essa idéia idiota de sair?! Já é a segunda vez!’
'A primeira foi totalmente sua culpa!’
'Minha?!’ null apontou para si mesma. ‘Cala a boca!’
'Argh!’ null fez, sentando-se em um dos bancos da rua que estava um pouco escura e deserta. Eles podiam ver os faróis dos carros passando.
'Eu vou é ligar pro James.’ A garota tirou o celular do bolso.
'Nem pensar!’ null deu um pulo em direção a ela, prendendo-a contra a parede.
'E o que a gente faz?!’
'Sei lá, mas você NÃO vai ligar pra ele!’
'Vou sim! Quem é que vai me impedir? Você?!’
'Vou sim!’ Ele segurou mais seus braços, fazendo com que ela não conseguisse se mexer.
'ARGH! ME SOLTA!’
'Eu não vou te soltar até você largar essa droga de celular!’ null gritou.
'null null, me solta agora senão eu vou gritar.’ null advertiu.
'Grita.’ O garoto deu de ombros pouco antes de ela começar a berrar por socorro.
'Nããão! Cala essa boca, sua louca!’ Ele pediu, mas ela não ficava quieta. ‘Fica quieta, senão você vai se arrepender.’ null avisou e ela começou a gritar mais alto ainda, mas parou assim que sentiu o garoto beijá-la. Ela cedeu por um segundo, antes de empurrá-lo.
'Eu avisei.’ Ele sorriu maroto.
'ARGH!’ null deu um soco no peito dele, que pareceu não sentir, e limpou a boca. ‘Eu odeio você!’ Gritou, discando o número de James.
'NÃO!’ null tirou o celular da mão dela. Podia ouvir o telefone chamando.
'ME DÁ ISSO AQUI, SEU IDIOTA!’ Ela o tomou de volta e ouviu a voz de James.
'Alô? Bourne? Sou eu, null.’ Ela sorriu, falando com ele, e null virou os olhos. ‘Eu sei... Eu nem sei como vou me virar amanhã. É que o null fez a gente se perder...’ Ele fez uma cara estranha ao ouvir aquilo e riu, irônico. ‘...e eu preciso que você venha buscar a gente. Nós estamos na...’ Ela olhou a plaquinha da esquina. ‘Rua 5 com 48. Ok. Ok.’ Ela deu uma risada e null revirou os olhos novamente. ‘Um beijo.’ Desligou.
'Doeu?!’ null perguntou, irônica.
'Você é ridícula!’ null se sentou novamente. ‘Amanhã nosso dueto vai ficar uma droga.’
'Nosso dueto?!’ A garota pareceu surpresa e riu. ‘Nem pensar que eu vou cantar com você, null!’
'Ah, pára! Vai sim! Você sabe que não vai ganhar sem mim!’
'Se manca! Eu me viro muito bem sem essa sua voz de taquara rachada!’
'Ah, falou A cantora, né?’ null disse, sarcástico.
'Cantora ou não eu me viro muito melhor sem você me enchendo a paciência!’ Ela gritou. Os dois ficaram em silêncio, de braços cruzados, quando o carro vermelho de James se aproximou.
'Alguém quer carona?’ Ele perguntou e riu. null piscou e sorriu, entrando no carro e se sentando no banco da frente. null sorriu forçado e entrou na parte de trás, ainda com a cara fechada.
'Nervoso?’ Shane perguntou para null. O garoto olhou por entre as cortinas e viu a multidão de alunos que ali havia. Esfregou as mãos suadas e esboçou um sorriso.
'Não muito.’ Ele respondeu e recebeu uma risada de Shane. Os dois viram Tiffany e null se aproximarem. As duas garotas conversavam animadamente sobre o concurso.
'Hey, null! Preparado?’ Tiff perguntou, simpática e interpretou o suspiro de null como um não. Riu.
'Bom.’ null começou, logo depois de cumprimentar Shane. ‘Eu vou verificar se o violão tá afinado, gente. Um segundo.’ Ela se virou, entrando em uma parte vazia do grande backstage. Sentou-se em uma cadeira e pousou o violão no colo. Tocou a primeira corda. Afrouxou-a um pouco e partiu para a A. Perfeitamente afinada.
'null?’ Ouviu uma voz familiar, mas não respondeu, seguindo para a terceira corda.
'null.’ null repitiu.
'O que é?’ Ela perguntou, ainda concentrada na corda.
'A gente tem que fazer isso juntos. Não dá pra deixar os nossos problemas interferirem no concurso.’
'null, acontece que VOCÊ é o problema.’
'Mas null...’
'Não tem Mais null nem Menos null.’ Ela o cortou. ‘É fato que eu NÃO vou cantar com você.’ Ela deu ênfase na palavra negativa.
'Por bem ou por mal?’ null perguntou.
'Nenhum dos dois, null!’ Gritou.
'Por bem ou por mal?’ O garoto repetiu, ignorando a resposta dela.
'null null!’ null gritou quando ele tomou o violão de suas mãos.
'Por bem ou por mal?’ Ele perguntou mais uma vez, com um sorriso malicioso no rosto.
'Não ouse encostar no me...’ Ela se calou ao ver as seis cordas do violão na mão do garoto. ‘null, eu vou te MATAR!’’ null pulou no menino, dando-lhe tapas e socos sem parar para respirar. Ele segurou seu pulso.
'Eu prometo que amanhã mesmo eu comprou cordas novas, mas agora você vai ter que cantar comigo.’
'EU NÃO VOU CANTAR COM VOCÊ! NUNCA! NEM NOS SEUS MELHORES SONHOS!’ null gritou, entre soluços. Nesse momento null pôde ver as lágrimas no rosto da menina.
'null... Eu...’
'Eu odeio você, garoto! Você estragou o meu sonho! EU TE ODEIO!’ Ela deixou claro e correu em direção à porta de saída, ignorando Tiffany e Shane, que tentaram pará-la.
Shane se virou para null com uma expressão de dúvida, mas esse só ignorou, pegando seu violão e entrando no palco ao ouvir seu nome.
'E o vencedor do concurso deste ano é...’ O diretor Ston fez o clima de suspence. ‘null null!’ O menino ouviu seu nome e deu um salto, sorridente.
'Parabéns, Sr. null!’ O senhor o cumprimentou. ‘Sua banda virá para a cidade que nunca dorme!’ Ele disse e os alunos gritaram, aplaudindo.
'null!’ Tiffany gritou o nome da amiga ao vê-la deixar o auditório. Olhou para o namorado, que deu de ombros e os dois voltaram a aplaudir o amigo.
'Eu não acredito!’ null exclamou do outro lado da linha.
'Eu odeio esse garoto, null!’ null ainda soluçava alto. ‘Ele estragou tudo! Tudo!’
'Calma... Não foi dessa vez, mas a Dunno continua, né?’ A amiga tentou animá-la. null pôde ouvir o barulho da porta batendo e risadas vindas do telefone.
'Ah, elas chegaram!’ null exclamou. ‘Vou falar com elas.’
null ouviu as vozes de null e null ao fundo.
'Hey!’ Tentou chama-las.
'null?’ Ouviu a voz de null. ‘Calma, vou pôr no viva voz.’ Ela esperou um segundo e voltou a ouvi-la. ‘null?’
'Oi, null...’
'null, não fica assim, meu amor! Vai ficar tudo bem...’ null tentava reanimá-la.
'E ele ainda ganhou! Agora a tal McFLY’ Ela fez uma voz desdenhosa ao dizer o nome da banda ‘vai vir pra cá!’
'Calma, meu am...’ A voz de null foi cortada. null olhou o telefone e tornou a botar o fone no ouvido. A ligação caiu, ela concluiu. Encostou a cabeça no travesseiro e fechou os olhos. Acabou dormindo entre soluços.
null andava de um lado para o outro do aeroporto, impaciente. Olhou o relógio e se sentou.
'Vôo 95024 vindo de Londres feito com sucesso.’ Ele ouviu a vozinha irritante vinda dos alto-falantes e voltou o olhar para o portão indicado, levantando-se. Viu uma família de seres obesos saírem primeiro, seguidos por um casal de velhinhos. Fitou ainda por um tempo, esperando os amigos.
'Oi, babaca!’ Ouviu uma voz familiar e levantou o rosto, dando de cara com um null null sorridente.
'Cara!’ null gritou, sorrindo e abraçou o amigo. Logo viu null e null se aproximarem também.
'E aí, null?’ null disse, abraçando o amigo e vendo null fazer o mesmo.
'Que saudade de vocês, seus idiotas!’ null disse, ainda sorrindo.
'Eu não senti saudades.’ null disse, fazendo cara de desdém e rindo logo em seguida.
'Bom...’ null começou. ‘Vamos? Eu to morto!’
null viu os outros pegarem suas malas do chão, fazendo menção de irem embora.
'NÃÃÃO!’ Ele gritou. ‘Falta uma coisa.’
'O que?’ null perguntou.
'Uma surpresa pra uma... garota.’ Ele respondeu e todos se sentaram.
'Já fazem duas semanas, null.’ Tiffany dizia para a amiga. As duas estavam no quarto, conversando. Já era quase a hora do jantar. ‘Você tem que ir falar com ele.’
'Eu não vou falar com o null, Tiff! Nem em sonho!’ Ela respondeu, penteando os cabelos.
'Ele não fez por mal.’
'Não!’ null disse irônica, largando a escova e encarando a menina pelo espelho. ‘As cordas caíram do meu violão por acidente.’
'null...’
'Não tem isso! Era um sonho da Dunno vir estudar aqui! E ele estragou por ser egoísta!’
'Não acho.’ Tiffany disse.
'Ah, me poupe de tentar defender o null. Não vai dar certo.’
Tiffany se jogou na cama em um suspiro. Ouviram alguém bater na porta.
'Atende...’ null pediu e viu a outra abrir a porta.
'SURPREEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEESA!’ Três garotas que ela não conhecia entraram no quarto.
'AHMEUDEUS!’ null berrou, se levantando. ‘Não acredito!’
'Acredite!’ null disse, abraçando a amiga e vendo null e null fazerem o mesmo.
'Como... Gente... O que é isso?’ null parecia não acreditar.
'Oi.’ Um garoto que ela não conhecia entrou no quarto, seguido por outros dois.
'Oi?’ Ela franziu a testa. ‘São... namorados?’
'Não.’ Um outro respondeu. ‘Somos da banda do null. Meu nome é null. E esses são null e null.’ Ele disse, apontando para os outros dois.
'O que...? Ele trouxe...?’ A garota parecia boquiaberta e via as amigas assentirem. Um silêncio tomou o quarto, até que null entrou.
'Oi.’ Ele disse, tímido.
'null... Não acredito nisso.’ null se levantou, ficando de frente para o menino. Os olhos já úmidos. ‘Você... Nossa!’ Ela soltou uma leve gargalhada. ‘Obrigada.’ Ela sorriu, antes de abraça-lo. null pareceu sem saber o que fazer por um segundo, mas logo retribuiu o abraço.
'Me desculpa?’ Ele sussurrou no ouvido de null, que assentiu, ainda com o rosto enterrado no ombro do garoto.
'Bom!’ O tal null disse. ‘To com fome! E quero levar essas malas!’
'Eu também... Gente, a gente podia sair pra comemorar!’ null sugeriu.
'Ok. No lugar de sempre?’ null sugeriu.
'Ótimo.’ null concordou. Ouviram um pigarreio e repararam em Tiffany. Os olhos de null brilharam.
'Oi.’ Ele disse. ‘Sou null.’
'Eu sei.’ Ela respondeu, fazendo-o rir. ‘Tiffany.’
'Bom, gente, eu quero me livrar dessas malas!’ null disse rindo.
'Eu também. Te ajudo.’ null disse, pegando as malas da garota.
'Valeu.’ Ela sorriu, tímida e todos os seguiram.
'Cara, essa droga de quarto é no fim do mundo?!’ null perguntou a null, já arrastando as malas.
'Depois dele, caro null.’ null riu.
'Cara.’ null parecia avoado. ‘Quem é aquela Tiffany?’
'Ela tem namorado, null. Desiste.’ null disse e viu a cara de derrotado do amigo.
'Isso nunca me impediu de nada.’
'Mas dessa vez vai. O Shane é meu amigo.’
'Seu, não meu.’ null riu, mas parou ao receber um olhar de null.
'Não pense nisso.’
'CHEGAMOS!’ null, que parecia não prestar atenção à conversa dos dois, gritou. ‘AMÉM!’ Ele se ajoelhou em frente à porta.
'Menos, null.’ null riu e o puxou pela gola da blusa pólo.
'Cadê eles?’ null perguntava sem parar. Já não agüentava mais se entupir de água tônica com limão.
'Já vêm!’ null respondeu pela milésima terceira vez. ‘Que saco!’
'Esse null, hein...’ null começou. ‘Fofo mesmo. Vocês combinam.’
'Sério?’ null perguntou, sorrindo de lado.
'Com certeza.’ null confirmou e as três se viraram para null, que tinha os olhos grudados na porta.
'null!’ null gritou, fazendo-a acordar.
'Hein?!’
'O null não vai morrer. Relaxa.’
'Que?!’ null fingiu não estar entendendo. ‘Não entendi.’
'Não. Eu também não percebi nada.’ null disse, irônica, fazendo as outras duas rirem.
'Tá...’ null se deu por derrotada. ‘Você sabe... O null comentou alguma coisa sobre namorada?’
'Não. Não que eu me lembre.’ null respondeu e viu o brilho nos olhos da amiga.
'Chegaram!’ null disse.
'Hey!’ null falou, se aproximando da mesa.
'Oi!’ Elas disseram em coro.
'Gente, esse é o Shane, meu namorado.’ Tiffany apresentou o garoto, que sorriu. null percebeu quando null rolou os olhos.
'Bom... Senta aí!’ null disse sorridente.
'O que querem?’ Um garçom chegou perto da mesa e ela pareceu interessada.
'Eu quero... O que você sugere?’
'Sugiro o que você quiser.’ Ele sorria.
'Eu quero uma Coca.’ null os interrompeu. A cara fechada.
'Ok.’ O garçom se recompôs e anotou os pedidos de todos.
null olhou para null, boquiaberta. 'O que foi isso?!’ Ela perguntou, parecendo irritada.
'Bom, parece que o null aqui aprendeu comigo.’ null disse, piscando para null, que se lembrou do episódio de Max e riu.
'Entendi tudo.’ null disse, fazendo com que null risse.
Uma música animada começou a tocar.
'Ain, amo essa música!’ null disse. ‘Alguém quer dançar?’ Ela perguntou, olhando diretamente para null.
'Dançar!’ Ele pareceu animado e ela sorriu. ‘Quer, Tiff?’
'Quero. Quer Shane?’ Tiffany falou.
'Quero.’ Shane respondeu e se levantou com a namorada.
null pareceu desapontada ao ver null bufar. ‘Eu quero dançar, amiga!’ null disse, tentando ajuda-la. A garota sorriu fraco, mas não se levantou. ‘Por favor...’ null pediu, juntando as mãos, o que fez com que a amiga se levantasse e as duas foram até a pista de dança.
'Burro.’ null murmurou para o amigo, dando-lhe uma cotovelada.
'Que?’ null pareceu não entender. null e null aproveitaram que as meninas estavam em uma conversa animada sobre a escola e se meteram.
'Que?’ null o imitou. ‘A null jogou a maior indireta pra dançar com você!’
'E você dando em cima de garota com namorado!’ null completou.
'Até parece!’ null riu. ‘Ela é legal e tal... Mas a Tiff.’
'Cala a boca.’ null disse, mas riu logo em seguida. null somente balançou a cabeça em tom de reprovação. Os quatro agora observavam as meninas, que dançavam juntas.
'Cara, a null.’ null começou, sem tirar os olhos da pista. ‘Ela...’
'Já sabemos, null.’ null riu.
'Cadê o null?’ null perguntou e os três olhares se voltaram para onde null dançava animada, com um garoto. null estava bem ao lado. Os braços cruzados e a cara fechada. A única coisa que o mantinha em uma pista de dança eram seus pezinhos que balançavam de um lado para o outro.
'Eu vou lá.’ null avisou, indo em direção à null que sorriu ao vê-lo.
'Eu também.’ null disse, caminhando até onde null e null dançavam. null preferiu voltar para a mesa e esperar Tiffany voltar.
null, null e null começaram a dançar, mas logo null se sentiu... um castiçal. A garota abaixou os olhos e voltou à mesa, sem nem ao menos ver null ali.
'Cansou?’ null perguntou à ela, fazendo-a levantar o rosto.
'Ah, nem te vi aí.’ A menina disse e ele riu.
'Sou transparente?’
'Quase isso.’ Ela respondeu e os dois riram.
'Então... O que você toca?’ null perguntou, parecendo interessado. Era bom fazer amigos.
'Guitarra.’
'Sério?’ Ele parecia surpreso.
'É. E canto, mas o vocal geralmente é da null. Eu só faço umas participações especiais.’ Ela riu. ‘Por quê?’
'Bom... Você não tem cara de guitarrista.’
'Não?!’ null riu, curiosa. ‘Tenho cara de quê?’
'Hum...’ O garoto botou a mão no queixo, fingindo estar pensando e os dois riram. ‘Sei lá. Você tem cara de vocalista.’
'HÁ!’ Ela riu alto, batendo na coxa. ‘Isso é por que você nunca ouviu a voz da null! Ela canta muito!’
'Aposto!’ Ele concordou. ‘Quero ver vocês tocando, hein!’
'Isso se o McFLY fizer um show particular.’
'Nós faremos.’ Ele falou, levantando a mão direita. ‘É um juramento. Mas isso vai depender da Dunno.’
'Combinado.’ null estendeu a mão para o garoto, que sorriu e apertou.
'Bom.’ null começou. ‘Será que v...’
'Quer dançar?’ Um garoto alto, cabelos cacheados e castanhos, os olhos pequenos, também castanhos. As bochechas rosadas e o sorriso perfeito. Parecia um bebê. null sempre amara garotos com cara de bebê.
'Claro.’ Ela sorriu para ele e se levantou, acompanhando-o até a pista de dança.
'...você não quer dançar.’ null terminou a própria frase, deixando-se cair na cadeira e tomando um gole da bebida de algum dos amigos.
'Não sabia que você dançava, null.’ null disse, enquanto os dois bebiam alguma coisa. Estavam sentados no bar e a música ainda era alta. Todos os outros já estavam na mesa, conversando animados. null e null riam de tudo que o outro fazia. null não tirava os olhos de null, que já estava ficando de saco cheio. null babava por Tiff, que o ignorava, abraçando Shane. null havia convidado um tal de Brian para sentar. Ela dizia ser só um novo amigo, mas o garoto parecia não se contentar com aquilo.
'Você não me conhece o bastante.’ null disse, piscando para a garota, que riu.
'Então...’ Ela fez uma cara misteriosa. ‘Me conte seus segredos.’
'Bom...’ O garoto fez cara de sedutor, levantando uma sobrancelha. ‘Eu adoro dançar, mesmo que isso seja meio gay, tenho medo de altura e...’ Ele fez mistério. null balançou a mão, para que ele continuasse. ‘...me apaixonei pela primeira vez.’ null desfez a cara de mistério e ficou sério. Seu olhar parecia ostentar medo e a garota achou aquilo bonitinho. Sorriram.
'Mesmo?’ Ela fingiu não entender. Queria saber até onde ele iria.
'Aham. Eu nunca pensei que isso iria acontecer do outro lado do Atlântico.’
'Onde você esperava que isso aconteceria?’ A menina perguntou.
'O que eu esperava?!’ null falou e a viu assentir. Ele começou a falar. Seus olhos grudados nos dela e uma coragem súbita o havia tomado. ‘Eu esperava que acontecesse em algum pub de Londres. Eu estaria feliz por ter fechado uma turnê com os caras e nós iríamos sair. Teria um show. Eu estaria alegre, provavelmente com uma loira peituda do meu lado. Eu a largaria assim que visse o que eu veria. Eu veria uma garota com uma guitarra na mão, cantando alguma música linda que ela havia escrito sobre amor na semana anterior. A voz dela estaria me entorpecendo e, quando a música terminasse, ela diria ‘Nós somos a Dunno e essa é pra vocês!’’
null não sabia o que dizer. Aquilo tudo era... inesperado. Não novo, mas inesperado. Ela já havia percebido o que sentia por null há um tempo, mas nada sobre ele falar alguma coisa havia passado por sua cabeça.
'Eu...’ Ela começou, mas parou. Riu de leve, nervosa. ‘Eu...’
'Você não tem que falar nada, null.’ null parecia um pouco triste. Era difícil falar aquilo.
'Mas eu quero... Eu...’ A garota não conseguia falar uma frase completa.
'Shhh!’ Ele botou um dedo nos lábios dela, fazendo-a se calar. null pegou a mão dela e os dois ficaram um tempo de mãos dadas, olhando os amigos, que riam.
'null.’ Ela o chamou de repente, fazendo-o se virar para ela. ‘Eu também.’
O garoto sorriu. Não precisava esperar mais nada. Beijou-a.
‘Até que enfim.’ null disse para os outros.
'Oi?’ null perguntou e os outros riram, com exceção de null. Ele não estava prestando muita atenção em outras coisas além dela.
'O null e a null.’ Shane falou.
'Eles fazem um casal fofo.’ null disse.
'Eu não acho.’ null descordou. ‘Ele é feio demais pra qualquer garota!’ Disse e todos riram.
'Sério, eles ficam lindos!’ Tiffany declarou.
'Eu também acho. Ele fazem um casal muito fofo.’ null falou e todos, menos null, voltaram a olhá-los.
'Nós também.’ O garoto sussurrou em seu ouvido. Ela sorriu, tímida, e abaixou o olhar. Seu sorriso se alargou quando ela sentiu a mão de null apertar a dela por baixo da mesa.
As meninas da Dunno caminhavam em direção ao restaurante. Tiff havia saído com Shane e os meninos estariam esperando-as lá.
'Que lindo!’ null disse. ‘Nosso primeiro dia de aula em NY!’
'Não fala isso de novo. Eu posso ter uma crise de choro.’ null falou, apontando para a amiga.
'HAHA. Novidade.’ null riu e a garota deu língua.
'Hey!’ Elas ouviram a voz de null.
'Olá!’ null chegou perto dele. Não sabia muito bem como cumprimenta-lo depois da noite anterior.
'Tudo bem.’ Ele riu e a beijou de leve.
'UUUUUUH!’ null gritou. ‘Olha o poder, null!’
'Cala a boca, null!’ Ela deu um tapa no braço dele e riu.
'Oi!’ Eles ouviram uma voz.
'Bourne!’ null o abraçou. 'Eu tava te procurando! Essas são minhas amigas: null, null e null.’ As garotas foram acenando a medida que seus nomes eram ditos. ‘E esses são da banda do null: null, null e null.’ Eles sorriram e soltaram alguns E aí?’s.
'Oi, gente!’ James parecia um garoto legal. Todos sorriam, principalmente null, que não soltava a cintura de null.
'Vou comer.’ null disse, indo até a fila e deixando os outros na mesa.
'Cadê a Tiff?’ null perguntou a null.
'null, cala a boca e vai falar com a null.’ Ele disse, voltando a conversar com os outros e deixando null sozinho. Ele olhou a menina. Olhou envolta. Pensou um pouco e se levantou, dando alguns passos na direção dela. Parou ao ver o tal Brian-cara-de-bebê se aproximar.
'Hey!’ Ele ouviu o neném falar para null que sorriu ao vê-lo.
'Brian!’
'E então? Louca para comer o famoso ensopado de frango da American Musician School?’
'Mais do que isso!’ Ela riu.
'Se dane.’ null disse para si e voltou a se sentar, olhando o relógio e contando quanto tempo demoraria até Tiffany e Shane voltarem.
'Quero comer!’ null declarou, acariciando a barriga.
'Eu pego pra você, null.’ null se levantou e piscou para a menina, que ficou tímida.
'Calma aí, null!’ null se levantou. ‘Também quero!’
'Eu pego pra você, null!’ null fez o mesmo que ela.
'Não! Eu quero ir lá!’
'Então ta. Eu também.’ E os três foram até a fila: null rindo, null metido a vencedor e null com um bico de dar medo em qualquer um.
'Chega por hoje, galera!’ James disse, deixando o violão de lado e vendo os alunos deixarem a sala.
'James!’ null o chamou. As amigas já estavam do lado de fora, conversando.
'null!’ Ele pareceu feliz ao vê-la. ‘Tava querendo falar com você!’ Ela sorriu, indicando que ele continuasse. ‘O Busted vai tocar lá no bar de novo. Quer ir? Digo, todo mundo, né?’
'Claro! Que horas?’
'O show começa 19:30.’ James sorriu novamente.
'Ok. Estaremos todos lá.’ null confirmou e foi de encontro às amigas.
null, null, null, null, Tiffany e Shane chegaram ao bar. O lugar estava cheio. Pessoas alternativas circulavam por lá, divertindo-se. O palco ainda estava vazio, mas os cabos estavam montados e tudo caminhava perfeitamente.
'Ali!’ null indicou uma mesa vazia. A visão estaria ótima para o show e os seis se sentaram, esperando os amigos.
'Anda logo, seu idiota!’ null socava a porta do banheiro onde null estava. ‘Chega de passar gel nessa droga de juba! Eu quero escovar os dentes!’
'Não sei pra quê.’ null disse, ajeitando a gravata que usava sobre a camisa pólo. ‘A Tiff não vai te beijar mesmo.’ Riu.
'E quem disse que eu to pensando em beija-la?!’ null arqueou a sobrancelha. null saiu do banheiro e se meteu na conversa.
'Em quem?’
'Em quem?! Na null. Ta me dando mole, segundo vocês.’
'É.’ null falou pela primeira vez. ‘Mas parece que você vai ter que correr, hein, dude. Brian ta em cima legal!’
'Até parece que aquele nenê que ainda se lembra dos seus bons tempos de feto vai fazer diferença.’ Ele parecia confiante.
'Vai nessa.’ null riu. ‘Vou te assistir quebrar a cara.’
'Faça minhas as suas palavras, null.’ null concordou.
'Bom, a gente pode falar sobre a futura decepção amorosa do null no caminho, né? A null já foi.’
'Tudo é animado em NY!’ null comentou.
'Eu sabia que vocês iriam gostar!’ null disse. ‘É a nossa cara, né?’
'Com certeza!’ null concordou.
'Bom, gente, vou ao banheiro.’ null falou, se levantando da mesa.
Foi andando por entre as pessoas. O lugar já estava mais do que lotado. Viu James encostado em uma das caixas de som. Ele a olhava e sorriu quando seus olhares de encontraram.
'Hey!’ Ele a cumprimentou.
'Bourne! Ansioso?’
'Um pouco, não muito.’
'Ahn sim...’
'Bom.’ Ele começou. ‘Será que a gente podia conversar?’
'Claro.’ null sorriu, curiosa.
'null, você sabe que... bem, nós somos amigos, certo?’ Ela assentia calada. ‘Então... Mas eu acho que de uns tempos pra cá eu tenho confundido isso e, eu acho que to... meio... sei lá, gostando de você.’ James parou de falar. O olhar baixo e não conseguia encarar a menina.
'James, eu gosto muito de você, de verdade.’ A garota procurava as palavras certas. ‘Mas, sabe, é só amizade... Você deve estar confundindo as coisas, como você mesmo colocou.’
'Eu sei que não, null! Eu sei que eu gosto de você! Eu só quero uma chance.’
'Não, James, a gente é AMIGO. Entende isso. E tem o null, eu... você sabe, nós estamos juntos.’
'null, pára...’ Ele falou baixo.
'Ahn, cara...’ Ela o abraçou, mas se surpreendeu quando ele virou o rosto de roubou um beijo.
'QUE QUE É ISSO AQUI?!’ Os dois ouviram uma voz familiar e se afastaram, dando de cara com um null confuso e perdido. ‘null! Você... O que vocês tão fazendo?!’
'Não, null! Não é isso! O James! Ele...’
'Cala a boca! Você é uma mentirosa! Eu... Argh!’ Ele deu um soco no ar e correu em direção à saída.
'VIU, JAMES?!’
'null...’ Ele parecia envergonhado. ‘Desculpa, eu...’
'Ai, que droga!’ null gritou, saindo do lugar e indo atrás de null.
'null, por favor, me escuta!’ Ela ia correndo na direção do garoto, desviando das pessoas que passavam, apressadas como sempre. null parou de supetão.
'E o que você tem pra me dizer?! Que não era nada daquilo que você ta pensando, null?!’ Ele a imitou com uma voz engraçada. ‘Não vai colar, null! Eu vi, ninguém me contou, eu vi!’
'null, foi ele! Ele veio me dizer que tava afim de mim, e eu disse que não, mas ele me beijou! Não foi culpa minha! Você tem que acreditar em mim!’ Ela sentia as lágrimas quentes.
'Me poupe, garota!’ null se virou, e ela o perdeu de vista.
'Que que aconteceu, Jesus?!’ null perguntou. null e null haviam passado correndo, do nada.
'Vai saber.’ null riu.
'Será que ta tudo bem?’ Tiffany perguntou, preocupada.
'Eu espero, né.’ null falou.
'Bom, galera, tenho que ir!’ Shane se despediu, levantando-se.
'Mas e o show?!’ null perguntou, mas levou um chute de null por baixo da mesa.
'Não, dá, cara. Tem prova amanhã.’
'Ahn, que droga...’ null pareceu decepcionada, o que fez com que null fechasse a cara.
'Boa noite, gente!’ O garoto se despediu, deixando o bar e indo embora.
'Alguém quer beber alguma coisa?’ null perguntou, olhando, como sempre, para null, que nem se deu ao trabalho de responder.
'Não, obrigado.’ Responderam os outros, em coro. A garota saiu andando em direção ao bar, desanimada.
Se embrenhou em meio a multidão, chegando ao balcão.
'null?’ Ouviu uma voz e se virou, dando de cara com Brian e seus cachinhos castanhos.
'Briaaan! Tava te procurando.’ Ela mentiu.
'Eu também.’ O garoto sorriu. Tinha um sorriso incrivelmente fofo.
'Bom, quer sentar com a gente?’ null o convidou.
'Se não for incômodo...’ Brian respondeu, fazendo-a sorrir.
'Vamos?’
'Ué, você não ia beber alguma coisa?’ Ele sorriu novamente, desta vez, fazendo-a fazer o mesmo.
'Perdi a sede.’
'Sério?!’ null mal conseguia rir de alguma história idiota que null contava.
'Aham!’ Ele disse, ainda rindo. ‘Cara, eu ri muito na hora!’ Os dois conversavam animados, excluindo os outros. Pareciam não ligar para o mundo ao redor deles.
'Esses dois ainda ficam.’ Tiff disse.
'Apoiado.’ null concordou.
'É, né?’ null sorriu para a menina, que riu, achando ridículo.
'Eles ficam tão entretidos que esquecem da gente.’ null comentou, com Brian ao seu lado.
'Aham. Eu também fico entretido do lado de alguém aqui.’ Novamente, null lançou um olhar direto para Tiffany e a mesa ficou um tempo em silêncio.
'Vou indo, beijos!’ Tiff levantou.
'Eu também!’ null a seguiu, mas ela o impediu.
'Não, null! Você vai sentar o seu rabo nessa cadeira e sossegar, por que eu vou ver o meu NAMORADO.’ Ela disse calmamente – ou gritou – e saiu do lugar.
'Que fora, cara.’ Brian comentou depois de uns segundos silenciosos.
'Cala a boca, babaca.’ null respondeu, sentando-se novamente.
'Vou dançar.’ null se levantou de repente, ainda no meio do clima.
'Posso ir com você?’ null perguntou. Nem nos momentos inoportunos ele a deixava em paz. ‘Deixa.’
'A pista ta vazia mesmo.’ A garota deu de ombros.
null e null dançavam animados. Ela não parecia ligar muito para ele, que ficava de vigia e encarava qualquer ser do sexo masculino que estivesse num raio de dez metros dela.
'null!’ null o chamou, ainda dançando. ‘Você não precisa dar uma de segurança aqui! Só dança!’ Piscou para ele, que ficou sem ação. A garota riu, chegando perto dele. Botou a mão em seus quadris, fazendo-o balançar no ritmo da música. Em pouco tempo os dois estavam dançando como um casal decente.
'Valeu pela aula.’ null agradeceu, ainda dançando.
'Você me paga um dia desses.’ Ela sorriu de lado e piscou para ele, que novamente se viu sem saber o que fazer.
'null!’ null gritava pela milésima vez naquela manhã. Shane havia dito que o amigo não queria sair do quarto, então ela decidiu ir até lá. ‘Abre a porta, garoto, por favor!’ Por mais forte que ela batesse ele não atendia. Parecia não estar nem ali. Os alunos passavam pelo corredor do quarto dele e ficavam observando-a socar a porta. ‘null null, abre essa porta!’ Ela gritou, parecendo irritada. Nada. ‘Argh, DROGA!’ null deu um último soco na porta, antes de sentir as primeiras lágrimas escorrerem pelas bochechas. ‘Abre, null, abre, por favor...’ Ela sussurrou, passando a mão pela porta.
null já não agüentava mais escutar as pancadas na porta e os gritos de null. Por mais que quisesse que tudo voltasse ao normal, não queria ter que conversar com ela. Ouvia mais e mais socos e gritos vindos do outro lado, mas não se dava ao trabalho de levantar-se da cama.
null estava cansada. Os olhos ardiam um pouco e o rosto estava úmido. Estava sentada, com as costas encostadas na porta do quarto de null. De alguns em alguns minutos ela dava um ou outro soco, mas nunca recebia uma resposta. ‘null, deixa eu falar com você...’
'O que você quer?’ null cansou de ignorar null e se levantou, encostando o rosto na porta.
'Quero te explicar o que houve ontem!’ Ela respondeu. Pela voz, parecia animada em ouvir a voz dele.
'Você não tem que me explicar nada. Eu vi, não sou cego.’ null respondeu, seco.
'Você viu tudo errado! Você não sabe o que tava acontecendo na hora, null!’
'Eu NÃO sou burro, null! Eu vi! Eu vi você beijando o James, vi a mão dele na sua cintura! Vi quando você empurrou ele quando me viu!’
'null, deixa eu entrar... Ele veio me dizer que gosta de mim e acabou me beijando... Não foi minha culpa, deixa eu entrar, por favor.’ A voz da garota agora parecia abafada. Um choro talvez.
'null, vai embora, por favor.’ null vez, null havia abaixado a guarda. Ele queria tudo de volta, mas estava cansado naquele momento.
'null, vai embora, por favor.’ null ouviu a voz de null. Estava mais baixa, mais tranqüila e mais triste do que antes. A única coisa que ela conseguiu fazer foi enxugar as lágrimas, se levantar dali e voltar para seu próprio quarto.
null estranhou quando null não respondeu por um tempo e resolveu abrir a porta. Pôde ver a garota caminhando. Parecia estar enxugando o rosto com as mãos. Ele suspirou e fechou a porta, voltando a se deitar na cama.
'Nada?’ Tiffany perguntou assim que viu null abrir a porta do quarto e se jogar na cama, enterrando o rosto no travesseiro. Ela negou com a cabeça.
'Ahn, amiga, não fica assim...’ null passou a mão pelo cabelo da garota.
'É, vai ficar tudo bem...’ null disse. As quatro estavam no quarto esperando null voltar de seu encontro misterioso com null – sim, um encontro com null.
'E se não ficar?’ null finalmente levantou o rosto, vermelha. ‘E se ele continuar achando que foi minha culpa?!’
'Então ele não te merece.’ null sorriu, tentando passar confiança.
Ouviram a porta abrindo e viram uma null feliz entrando.
'Tiff, o null ta aí fora querendo falar com você.’
'Argh.’ Tiffany bufou, saindo do quarto e todas se viraram para null que tinha o rosto triste.
'Ahn...’ null pensava em uma maneira de reverter a situação.
'Tudo bem. Sério.’ null forçou um sorriso pouco convincente e voltou sua atenção à null. ‘Amor, vai ficar tudo bem...’
'Eu queria poder MATAR o James!’ A garota tem um soco no colchão, fazendo todas levarem um susto.
'Não valeria a pena...’ null disse e todas ficaram em silêncio.
'Oi.’ Tiffany disse de uma forma grossa ao deparar-se com null à sua frente.
'Hey.’ Ele sorriu, mas parou ao ver que ela não fariao mesmo. A sorte nem sempre é legal, null.
'O que você quer, null?’ Ela parecia cansada.
'Eu queria te pedir desculpas pelo que... Bom, pelo dia do bar.’
'Tudo bem.’ Ela forçou um sorriso e se virou, já ameaçando entrar no quarto, mas ele puxou seu braço.
'Não!’ null disse, soltando-a e coçando a nuca logo depois. ‘Erm... Eu tava pensando em... Bom, será que você quer dar uma volta ou sei lá?’
Tiffany respirou fundo, soltando os ombros. Segurou os braços do garoto.
'Presta muita atenção no que eu vou te falar, ok?’ Ele assentiu. ‘Eu tenho namorado, null! E advinha?! Eu o amo! null, você é um garoto incrível! Sério, você é muito legal e merece uma garota legal e que goste de você. Mas ela não sou eu. E você sabe muito bem disso. Você sabe muito bem quem ela é.’
'Sei?’ null parecia sem reação.
Os dois estavam em silêncio, quando ouviram o barulho da porta se abrindo. Se viraram para ver null. Ela usava um vestido azul tomara que caia, e uma bota preta. Os cabelos soltos caíam pelos ombros.
'Oi.’ A menina os cumprimentou tímida e saiu andando. Tiff e null puderam vê-la abraçar Brian e os dois sumindo de mãos dadas pelos corredores.
'Sabe.’ Tiffany voltou a olhá-lo. A única coisa que null fez foi assentir e vê-la voltar para dentro do quarto. Encarou a porta fechada por um segundo, antes de sair correndo na mesma direção em que null tinha ido um segundo antes.
Depois de esbarrar em alguns grupos de garotas e ignorar palavras amáveis que saíram de suas bocas, ele viu os dois ainda de mãos dadas.
'null!’ Ele gritou alto, fazendo com que os dois soltassem as mãos e se virassem.
'null?’ Ela não esperava.
'Depois te explico.’ Foi a única coisa que ele disse, antes de puxa-la pela cintura e beijá-la. null não correspondeu por um segundo, sem entender, mas logo botou as mãos na nuca do menino.
Brian, mero castiçal, simplesmente deu as costas, deixando o mais novo casal de NY ali, no meio do corredor.
null voltara a falar com James depois de algumas semana. Se recusava a olhar na cara do garoto, mas depois acabou entendendo que ele só estava confuso e null podia perceber aquilo. Ela já estava cansada de segui-lo depois das aulas e de ver a porta do quarto batendo em sua cara. Estava enjoada de ficar chorando no corredor do campus masculino. Os companheiros de null provavelmente já a conheciam, já que sempre costumavam cumprimenta-la com sorrisos e olhares de quem diz ‘olha, é ela, a coitadinha que eu disse’.
null e null, que já estavam ficando há um tempo, e null e null, que já tinham até anel de compromisso, estavam sentados em uma mesa esperando o resto do pessoal chegar para o almoço.
'Hey.’ null, como sempre desanimada, chegou, sentando-se em uma cadeira ao lado de null.
'null!’ Eles a cumprimentaram em coro.
'null!’ Ouviram a voz de null, imitando-os e viram-na chegar. Com null, que não a largava mais desde o incidente do corredor.
'Amém! To com fome!’ null disse, se levantando, mas foi impedido por null.
'Nah! Ainda faltam null, Shane e Tiff.’
'Quedroga!’ null exclamou, sentando-se novamente. Eles ficaram um tempo, conversando sobre qualquer coisa idiota relacionada aos restaurantes londrinos.
'Olá!’ Shane chegou, acompanhado pela namorada e pelo amigo. ‘Comida?’
'Comida!’ null e null gritaram, e logo os três estavam na fila.
'Oi.’ null disse, sentando-se. Tiff já havia juntado-se aos outros e ele e null sobraram.’
'Nossa! Oi? Depois de quase um mês. Oi pra você também.’ null encarava o guardanapo onde null havia desenhado null. Medonho.
'Hey, olha o que você ta dizendo? VOCÊ me traiu.’
'Eu já disse que não fiz nada, null! Eu CANSEI de tentar te explicar as coisas! Não vou mais correr atrás de você! Não vou mais fazer amizades no seu corredor...’
'Hein?’ null parecia não entender a última frase, mas ela ignorou seu comentário.
'...Não vou mais fazer NADA! Se você quiser falar comigo, me chama, me liga, me grita! Não te garanto que eu vou estar esperando!’ A garota parecia cada vez mais brava.
'null, não vem se fazer de vítima agora...’
'VÍTIMA?!’ Ela gritou, indignada. ‘Eu não fui uma vítima de nada! Eu fui uma burra! Burra de ter achado que NY ia ser perfeito, burra de ter dado conversa pra um completo estranho no avião!’ null percebia que a voz da menina ficava mais e mais fraca e ela sentia um nó na garganta. Seus olhos ardiam e suas mãos suavam. ‘Eu não tinha que ter feito amizade com nenhum londrino estúpido, nem ter saído com ele. Não tinha que ter nem PENSADO na idéia de fazer uma droga de dueto com ele! Não devia ter ficado tão maravilhada assim só pelo fato de ele ter trago minhas amigas pra cá...Não tinha... Não tinha que ter dito que tinha me apaixonado por nenhum babaca! Não, null, esse é o tipo de coisa que burras fazem, não vítimas.’
'Eu...’ O menino parecia sem palavras. Tudo o que ele queria era voltar atrás. Se ele soubesse que tinha feito null ficar tão mal assim... Se sentia o pior dos piores. ‘Desculpa, null...’
'Argh, cala a boca!’ Ela gritou, levantando-se e indo até a fila, mas ele segurou seu braço.
'Pera aí!’ null a fez se virar de repente. ‘null, eu... Você tem que ver o meu lado também... A única coisa que eu vi foi você e o James e depois eu não pensei mais em nada! Sempre que eu tentava te desculpar ou sei lá, aquela raiva vinha e me cegava... null, eu, sei lá... Fiquei cego e só percebi isso agora. Me desculpa, por favor...’ Ele enxugou uma lágrima dela.
'Raiva nenhuma que você sentiu faz as coisas mudarem.’
'Eu sei! Por isso que eu to te pedindo isso: me desculpa? Eu sei que eu fui um burro.’
'Você É um burro.’ null não pôde deixar de rir, o que o encorajou.
'E você também!’ null sorria. ‘Olha, o casal de burros!’
'Burros como você não falam com burras como eu, null.’ Ela disse, secando o resto das lágrimas e dando um sorriso de lado.
'Eu sei.’ O garoto parou de sorrir, botando suas mãos na nuca dela. ‘Eles fazem outras coisas.’
'E se burras como eu não quiserem nada com burros como você?’
'Bom, então você vai ser outro tipo de burra, que não quis ficar com o burro da vida dela. Mas você não é esse tipo de burra.’
'Que tipo de burra eu sou?’ Ela ria.
'Você é o tipo de burra que perdoa o ex-burro.’
'Sou?’ null já gargalhava. ‘E você, que tipo de burro é?’
'Eu sou o tipo de burro que ama o seu tipo de burra.’ null respondeu, ficando sério e fazendo-a fazer o mesmo. Aproximaram os rostos. ‘E você?’
'O tipo de burra que responde ‘Eu também’ nesses momentos...’ Ela falou, beijando-o em seguida.
FIM
N/A: Bom, gente, ta aí! Essa fic eu escrevi pra minha pedreira mais linda, null null! Espero que você tenha gostado, doce!
Espero também que todas tenham gostado, né! Demorei um milhão de anos pra terminar de escrever ¬ HOAIUHOIAE Mas terminei!
Por favor, galera, comentem! É MUITO importante pra mim ler os comentários, tanto pra melhorar, quanto pra me achar um pouco, né. HAOEIHAOI
Beijos enormes pra todas vocês, e extras pra Marcelle, null, Amanda, null e Bruna. E null, claro. HAEOIHA
Ah! Pro caso de terem gostado e quiserem ler mais fics minhas:
- Just Keep Out There
- Virtual Friendship
- I Will Always Be There