“Go totally crazy, forget I’m a lady. Men shirt, short skirts!”
Durante as últimas horas, eu não conseguia ter uma noção muito boa sobre quem eu era, ou do que estava fazendo aqui - além, claro, de estar entupindo a cara de uísque e, talvez, um pouco de big apple. Podia tentar saquê da próxima vez. Ou não. É, não. Definitivamente não. Já chega de coisas orientais por hoje - e para sempre, se quer mesmo saber. Certo. Certo, certo. O que eu faço agora? Além de pagar a conta (que não deve ser baixa) absurda que acabei de engolir goela a baixo.
-Já acabou, dona? - Ergui os olhos do copo e focalizei, com dificuldade, um homem esguio, loiro e de olhos negros. Era uma pena que estivesse usando uniforme. – Ou vai querer mais algum tipo de... Etílico?
Franzi a testa. Cara, ele era bonito. Pra ser sincera, era um garçom muito gostoso.
- Então?
- Voschê m...m...me ascha bounitah, não ascha? - Soltei a coisa mais estúpida para se dizer, com uma voz estúpida de alguém completamente bêbado. Mas sei lá, eu não era feia e nem nada parecido, mas também não era de se jogar fora.
- O quê? - Ele segurou o riso.
Meu Deus. Preciso de um pouco de terra e de um buraco pra enfiar a cara dentro. Com urgência e pra viagem - obrigada.
- Bounitahh, sabbbbbe.. Se prefherir, pode me aschar sexchie .
Agora estava oficialmente acabado. Ele já gargalhava abertamente, e quase precisei me esconder da chuva de saliva que ele praticamente dirigiu à mim.
- Dona, vou preparar um “Amor Perfeito”* pra você e... – Mas ele não teve a oportunidade de terminar. Agarrei-o pelo uniforme e praticamente enfiei a língua em sua garganta.
*“amor perfeito” é uma bebida típica de festas de 15 anos e baladinhas.
O álcool me causa efeitos colaterais bem estranhos- e me faz fazer coisas que, normalmente, eu só pensaria, e riria antes mesmo que a idéia se dissolvesse. Mas a questão é que eu raramente bebo, mas, quando isso acontece, o porre é inevitável. A última vez que fiquei incrivelmente bêbada, saí correndo pela rua sem a minha camisa. Foi legal - e tá no youtube, você pode olhar se quiser; eu tive muitos... E quero dizer muitos mesmo, acessos.
Tudo bem, hora de pensar no atual momento - o garçom gostoso (que eu, por acaso, estou beijando). Você não é normal, repita consigo mesma , você não é normal.
O garçom gato se desgrudou de mim e me empurrou um pouco para trás, balançando a mesa e os meus copos completamente vazios.
- Ficou louca?! Se queria o meu número, era só me chamar depois do expediente! Pelo amor de Deus! - Ele balbuciou, tremendo um pouco. Caramba, então esse era o efeito que eu causava nos homens? Não, , não se ache tanto. – Minha nossa, que garota... – Ele adicionou, um pouco mais baixo.
Bom, meus reflexos estavam lentos (como era de se esperar) e levei alguns minutos para notar uma nova figura masculina, sentado na mesa à minha frente, sorrindo.
- ?- Pisquei várias vezes. Fazia anos que eu não o via, desde o tempo do colégio... Mas não estava tão diferente daquilo que eu me lembrava, só um pouco magrelo demais, cabelos cortados rentes a cabeça, garantindo um efeito nada charmoso com seus óculos. Ainda era o nerd que eu me lembrava. Talvez mais bem sucedido do que eu me lembrava, mas ainda era um nerd. Ou talvez um nerd charmosinho... É, digamos que todo nerd tem seu merecido charme. Talvez. Mas, bem, a aparência dele não importava, afinal... Ele continuaria sendo o único cara que não namorei, em todo o colégio. E, antes que você saia espalhando por aí, eu não sou uma oferecida ridícula, como alguns pensam.
- Oi, ... – mexeu um pouco nas hastes de seus óculos. – Já faz tanto tempo...
- Faz muito tempo. Mas ainda me lembro do nerd engraçado que jogou cola colorida no cabelo da Alicia Keys. – Forcei um riso, minha voz parecendo sóbria novamente, as palavras saindo com mais facilidade. Então essa era a próxima fase da bebedeira, a hora em que se falava mais do que pensava. – Claro, “nerd engraçado”, eu não digo por mal... Mas não era mentira. , você nunca nem foi meu amigo! O que é que está fazendo sentado aqui?
Ele se remexeu um pouco, e endureceu a mandíbula. À essa altura, o garçom já estava bem longe, nos espiando.
- Você quer dizer que eu fui o único cara com quem você não dormiu?
- Não ouse me ofender! – Me levantei. – Eu nunca, ouviu, nunca, dormi com ninguém! Nem no tempo do colégio, e nem nunca!
Ele era ridículo. Não fazia o menos sentido estar sentado ali, na cadeira á minha frente, só para me ofender. Nerd estúpido! Quem ele pensava que era?
Antes que eu fosse sequer capaz de pensar alguma coisa, me puxou pelo braço e me beijou. Ótimo. Meu segundo cara hoje. Mas que droga, , seu nerd idiota! O que o meu garçom gostoso vai pensar disso? Oh, Deus, oh, Deus, oh, Deus.
Empurrei o nerd pra longe de mim, e ergui as minhas sobrancelhas.
- QUAL É O SEU PROBLEMA, AFINAL?
Ele deu um meio sorriso, e deu de ombros.
- ...
Antes que ele pudesse falar alguma coisa, fiz a única coisa sensata: saí correndo (com camisa, dessa vez) de volta para a minha casa, rezando pra que eu conseguisse encaixar a chave direito.
Eu estava deitada no meu sofá, no meu apartamento apertado, falando no telefone com e comendo nacho (comida mexicana, nham...), só aproveitando o meu sábado - dois dias depois do incidente com as minhas bebidas (que, por acaso, não paguei - mas isso é um motivo ótimo pra voltar a ver o garçom gostoso, né?).
- Pois é, colega! - Ri e me atirei de costas para as almofadas. – Eu beijei mesmo um garçom! Mas ele era tão gato, parecia, eu juro, o Capitão América!
- , sério? Você não tem mais nenhum jeito! E, meu Deus, o Capitão América? Quando achar um garçom divo com a cara do Loki, deixa o meu número com ele!
- Nem pensar! Só passo o seu depois de passar o meu! - Suspiramos juntas. Pois é, ambas tínhamos um lindo e admirável fraco por super-heróis. E super-vilões, obvio. – Mas, amiga... a pior parte do dia ainda está por vir!
Antes de eu abrir a boca pra contar toda a história sobre o , a campainha tocou, e saí correndo, de meia, pijama e rabo de cavalo. E adivinhe? Tã-dã.
- Amiga? Amiga, qual foi a melhor parte? Digo, a pior. – riu e perguntou, enquanto o telefone já estava longe do meu ouvido. Cara, era brincadeira. Só podia ser.
- Ela acabou de chegar. – Falei e desliguei.
- Posso entrar? - Ele perguntou, apertando um pouco a maçaneta.
- Não. Quem te deu esse endereço? Eu não moro aqui.
Forcei a porta contra o corpo de , mas, cara, pra um nerd engraçado, ele até que era bem fortinho, porque ficou segurando a porta com muita força - impedindo que sequer me movesse (além do que eu estava escorregando no tapete). Depois de alguns minutos, cedi, chutei o tapete pra longe, e abri a porta- gesticulando para que ele entrasse.
- O que você quer?
- Te chamar pra sair comigo. – Ele deu um meio sorriso, confiante demais. Há, há! Sair com ele? Certo, qual é a graça dessa piada? Onde é que diabos conseguiram esconder câmeras dentro do meu apartamento? - Sabe, nós começamos meio mal...
- Meio mal? Você me ofendeu! E depois me beijou! E tem coragem de chamar isso de “meio mal”?
- Eu nunca ofendi você! Me desculpe se eu pareci meio... Indelicado, mas achei que fosse você a garota espertinha que adora verdades.
- Está tentando ser você o espertinho e me ofender de novo? Aliás, como é que conseguiu o endereço da minha casa? Eu não costumo passá-lo pra estranhos estúpidos.
- Em primeiro lugar, eu não sou estranho e muito menos estúpido. Você me conhece há anos e sempre me chama de “nerd”, então isso me faz o inverso das duas coisas; e, em segundo, discordo sobre você não passar seu endereço para estranhos, porque, pra ser sincero, você passou para o “Capitão América”.
- O garçom gostoso?! - Quase caí sentada. Como assim, eu passei o meu endereço para o garçom gostoso e ele não veio até aqui?! Agora é sério, onde é que esconderam as porcarias dessas câmeras? – E você foi pedir o meu endereço pra ele? Como tinha certeza de que ele o teria?
- Isso não importa. – Ele balançou a cabeça e olhou para mim. – Então, , ainda não me disse: Vai sair comigo?
- E por que eu cometeria uma insanidade desse tipo? - Arregalei os olhos.
- Porque eu garanto que consigo te conquistar até amanhã, daqui há doze horas.
Pisquei um pouco os olhos, voltando a ter uma sensação de estar bêbada. O quão longe essa piada doentia iria?
- Se conseguir isso, eu saio com você.
- Acordo?
- Acordo.
Apertamos nossas mãos e, quando estava prestes estava prestes a girar a maçaneta, dei um grito para que olhasse para mim.
- Se quer mesmo me conquistar, vai começar preparando um banho de banheira agora para mim! Digno de um SPA!
fixou seu olhar irritado em mim durante uma fração de segundos, e desceu, me guiando feliz para qualquer lugar que tivesse uma banheira. Esse jogo seria bastante interessante.
HORA 1
- Pelo amor de Deus, ! Você não deveria estar pelado num lugar onde só eu deveria estar pelada! - Berrei, tapando os olhos com as costas da mão. –Sai daqui! Agora, agora, agora!
Ele deu uma gargalhada genuinamente genuína, e cobriu-se com uma toalha - tornando-se um seminu na banheira da suíte de seu chefe.
- Aliás, como é que entramos aqui?
- Meu chefe confia muito em mim, tenho a chave de todas as casas dele. – deu de ombros. – Sabe, , até que ser um nerd chato não foi tão ruim.
Soprei um pouco de espuma nele.
-É o que veremos.
HORA 2
- Já terminou banho, ? - Ele socou a porta algumas vezes, enquanto eu me enrolava numa toalha (a mesma que, por acaso, ele tinha usado - incrivelmente ele disse não ter mais nenhuma disponível). – Não pode me atrasar tanto assim!
- Embora você seja ridiculamente grosso, , eu não estou te enrolando. E sim, já terminei o meu banho. Mas sinto informar, você precisa mandar o seu chefe comprar mais óleo de banho pra próxima garota que for trazer aqui. – Dei um risinho. Ah, aqueles óleos...
arregalou os olhos.
- Você usou TUDO?! - Ele correu para o banheiro, xeretou todas as prateleiras que eu já tinha feito o favor de revistar antes. – Como pôde ter usado tudo?!
- Quer mesmo me conquistar? A gente podia parar com essa brincadeira doentia enquanto ainda da tempo.
- Nunca. – Ele caminhou pra fora do quarto. – E coloque alguma roupa logo, eu quero ir num outro lugar. De preferência, sem banheiras.
Dei um risinho. ia desistir disso - e nada, nada iria mudar a minha opinião sobre isso. Ele ia continuar, para todo e todo sempre, sendo o nerd engraçado e idiota que nunca namorei.
HORA 3
me levou pra andar no parque, enquanto ainda era noite, e haviam poucas pessoas por perto. Se eu dissesse que não estava gostando de todo esse tratamento especial, estaria sendo uma mentirosa ridícula. Ele estava sendo incrivelmente atencioso e... Talvez, só talvez... Um pouco fofo. Quero dizer, os garotos com quem eu costumava sair não eram monstros, mas poucos realmente estavam preocupados com o que eu pensava. Na realidade, a maioria estava comigo só por estar. Acho que grande parte disso era porque meu primeiro namorado era popular, e ele saiu falando pra todo mundo com uma coisa a mais que eu que era a garota mais gostosa da escola. Ele até que foi legal ao fazer isso quando terminamos (vulgo, quando eu terminei) - ao contrário de ser um típico idiota que espalha algo como eu ter beijado uma garota nos boxes do banheiros. Ou sei lá.
Talvez eu estivesse me divertindo. A cidade ficava bem bonita de tardinha...
- Ei, ...
- O quê?- Olhei em seus olhos, esperando que ele fosse se declarar.
- Bom, eu...
- O quê?
- Ah, só queria dizer que...
- O quê?! – se acalme! Não pareça tão necessitada e carente como você está! Lembre-se, você ainda tem o seu garçom - Capitão América gostoso!
- Bem, eu acho que estou me divertindo. – Ele deu de ombros, um pouco mais corado. – Não tenho a menor idéia do que eu tava pensando quando fiz essa aposta com você, sabe, a patricinha mimada...
- O QUÊ?! A O QUÊ?
Ótimo. Eu estúpida achando que ele ia se declarar ou qualquer coisa parecida, e ele só queria dizer que eu estou sendo um pouco mais do que a patricinha mimada que ele pensou que eu fosse. Claro. Ótimo. Perfeito.
HORA 4
Passamos a maior parte do tempo sem falar nada, depois daquilo que ouvi. Pra ser sinceramente sincera, não sei nem porquê eu continuei caminhando com esse... Esse... Esse idiota de quatro olhos! Como é que pude considerar a hipótese de me apaixonar?
HORA 5
Eu já tava quase na porta do prédio do meu apartamento quando, pela terceira vez no dia, me senti bêbada e sem capacidade nenhuma para falar. Sabe aquele meu ex primeiro namorado? O cara idiota e legal? Bem, o nome dele era e ele estava parado na minha frente, sorrindo como um babaca. Bom, a parte menos constrangedora é que ele, provavelmente, não achou o meu endereço com a ajuda do garçom gostoso. Eu acho.
- Minha nossa! Esse pedaço de pecado é mesmo a que perdi no colégio? - Ele me abraçou, e me girou, como se estivéssemos dançando. – Me diz, como foi mesmo que perdi você? - Ele se aproximou do meu rosto, quase como se fosse me beijar. Meu Deus. Meu Deus. Coração, lembre-se de bater. Pulmão, lembre-se de fazer o seu trabalho e respirar. Meu Deus.
- Eu terminei com você, não lembra? - Soltei suas mãos, tentando parecer surpresa. –, como é que veio parar aqui?
- Puxa, você poderia pelo menos me chamar pra entrar e sei lá, comer torradas. Vamos, . Pelos velhos tempos.
- ...
- Uma torrada inocente. Eu juro. - Ele sorriu, e colocou seu dedinho junto do meu, em sinal de juramento. À essa altura, já estava bem longe daqui e, com sorte, não ia ver nem a sombra do garoto à minha frente. Porque eu me livraria dele. O mais rápido possível.
HORA 6
Me livrar dele ia ser mais difícil do que parecia. Por tudo em que acreditam, que não apareça! Por favor, por favor, por favor! Alguém diga pra ele que essa não é uma boa hora pra ele me pedir desculpas. Não que eu fosse aceitá-las, claro.
HORA 7
Certo. Eu ainda não tinha conseguido expulsar da minha casa, e já era quase de madrugada! E ainda não tinha aparecido! E não, eu não quero que ele apareça! Nem por aparecer, e nem pelas desculpas (que eu obviamente não aceitaria).
Mas, cara, qual era o problema das pessoas comigo? E logo hoje. Todo mundo que conheci no colégio resolveu aparecer e me amar de novo? Alguém me salve! S.O.S!
- ... Sabe, você ta tão bonita... – Meu Deus, saia de perto de mim! Eu não quero nada com você! Saia, saia, saia!
- Sai daqui, garoto! - Empurrei-o pra longe no mesmo momento que a campainha tocou. Por favor, que seja , por favor, que seja ela...
- Eu atrapalho? - A voz de ecoou pela sala, me fazendo ter uma sensação de raiva, alívio, medo e culpa. Como é que consigo sentir tudo isso? Caramba. – Sabe, , eu sinceramente achei que você fosse diferente das outras. E de todos eles. – Ele fixou o olhar em , com raiva. – E estava voltando pra te pedir desculpas por ter sido tão... estúpido. E nerd. Mas acho que voltar só me tornou mais estúpido.
- Não, não, não, não! - Empurrei para mais longe de mim, e corri abraçar meu nerd salvador. – Eu fico feliz... De verdade... Que você tenha vindo pedir desculpas. Sério. Eu não admitiria isso, mas eu... Bem, eu iria te pedir desculpas amanhã, se você não aparecesse. - Corei um pouco.
- Fala sério? - Ele sorriu, e me apertou por alguns segundos, depois andou, calmamente, em direção ao . – Tenho que fazer uma coisa que quero há anos. – E então ele deu o soco mais socado que já vi alguém dar na cara de uma pessoa.
HORA 8
Bom, talvez seja uma surpresa dizer que os dois brigaram. E talvez não seja uma surpresa dizer que está com seus óculos partidos ao meio e um par de belíssimos hematomas no rosto. E talvez seja uma surpresa menor dizer que estou fazendo curativos em sua cara machucada.
HORA 9
Embora a aposta ainda não tenha acabado, e eu não tenha aceitado sair com o meu nerd protetor, ele disse que ainda tem que completar a tarefa “me conquistar”. E advinha? Ele resolveu fazer isso me levando pra algum outro lugar misterioso, e estou correndo, feito uma louca, colocando um vestido, um salto rosa divino e maquiagem (obvio!). Algo me diz que vamos á algum tipo de festa... Mas quem, em sã consciência, convidaria um nerd ex-quatro-olhos pra qualquer festa na vida?
Hora de descobrir.
Que eu esteja apresentável- e que ele esteja apresentável.
HORA 10
Pois é. Ainda não chegamos. Estamos indo, maravilhosamente para a minha maravilhosa surpresa, de ônibus! Isso! Ô-N-I-B-U-S! Que tipo de cara tenta conquistar uma garota levando ela pra uma festa de busão? Oh, nerds...
HORA 11
Surpresa! Depois de passar uma hora inteira dentro de um ônibus, descobri que vamos ter mais um tempo de caminhada até chegar á esse lugar que quer tanto que eu vá. Eu só espero, de todo o meu coração, que ele não tenha feito eu me arrumar tanto pra ver um convenção de videogames ou de cosplay.
HORA 12
E então, nós chegamos; e não chegamos a nenhuma convenção ou show e nem nada parecido com isso - na verdade, era uma coisa que eu não estava mesmo esperando. Mas também não estava esperando que fosse ser tão longe assim... Mas não importa, o lugar é lindo. Lindo, lindo, lindo.
- Querida, - ele deu um sorriso e passou a mão pela minha cintura. Dei-lhe uma cotovelada nas costelas, oras, ele não entendeu que ainda não aceitei sair com ele? - Sugiro que nós nos pareçamos com as pessoas por aqui. E anda mais rápido, tem uma fila gigante pra entrar!
- Não me apresse! Quer usar os meus saltos? Vou adorar te apressar! - Falei, correndo para uma fila na nossa frente, quase me desequilibrando.
- Não tanto quanto vai adorar isso. – Ele piscou.
Bem na nossa frente havia uma menina maravilhosa, mas muito mais nova do que qualquer um de nós dois - e, além de nova, ela estava usando um vestido ótimo pra um baile de debutante. Ah, não. Sério? O me trouxe mesmo pra uma festa de quinze anos?
- Está mesmo falando sério? - Cutuquei-o, enquanto nos apressávamos para tirar uma foto com a menina (que eu nunca tinha visto na minha vida, mas que parecia nem se importar com isso) e entrarmos. – Você pelo menos a conhece?
- É claro que conheço! De que outra maneira eu estaria aqui?- Ele riu, parecendo um pouco ofendido. Mas depois voltou a passar o braço pela minha cintura, me puxando para mais perto de si. Bem, quem sou eu pra contrariá-lo? Eu com certeza estou gostando muito disso. – É amiga de uma prima minha... Mas isso importa?
- Claro que não. – Sorri, e olhei fundo em seus olhos, desviando um pouco o olhar de seus recentes hematomas (que, por acaso, eram culpa minha). Era agora. – Mas isso importa. –Então eu o beijei. Pela segunda vez, mas, agora, estando completamente sóbria e ciente do que eu fazia. Era bom. Muito bom mesmo. Eu sentia que estávamos num momento inteiramente nosso e sentia que, infelizmente, eu tinha perdido a aposta. O nerd idiota havia me conquistado com menos de doze horas - e, pra ser franca, me conquistado de verdade.
Ficamos alguns minutos grudados, aproveitando tudo aquilo, aquela coisa completamente nova para ambos- mas separei-me dele quando senti sua mão descendo para a minha bunda- mas quem diria! Até que pra um nerd engraçado, ele é bastante abusado! Um legitimo nerd safado!
- Uau. – Ele disse, depois de me olhar. – Isso significa que eu ganhei? E você aceita sair comigo?
- Eu já estou saindo com você, seu idiota. – Soquei seu braço, e rimos um pouco, enquanto ele me beijava mais um pouco.
Mas, enquanto estávamos novamente aproveitando um ao outro, ele se separou, parecendo preocupado com algo.
- E quanto ao garçom gostoso?
- Eu sou muito mais o meu nerd gostoso. – Revirei os olhos, e voltei a unir meus lábios aos dele.
Fim
Nota da beta: Hey, encontrou algum erro nessa fic? Me mande um e-mail avisando! xx