Eu só tenho uma coisa a dizer, e não é sobre essa festa de Natal na casa de , é sobre aquela minha pequena “obsessão”, entenda como puder e quiser.
Desde a última vez que eu me encontrei com no pub, eu nunca o vi desse jeito, radiante, ele tinha um brilho especial nos seus olhos. Dei de ombros, acho que deve ser o espírito natalino, que, aliás, fazia muito bem a ele. Ri internamente, ele estava com um gorro de papai Noel, junto com a ... Lauren! Esqueci de mencionar que ela me pareceu radiante essa noite também, tive que admitir. Odiava ter que presenciar esses dois juntos, ainda mais no Natal, justo na casa dele.
Lauren estava sentada entre as pernas de , no chão começando a desembrulhar os presentes de Natal que havia ganho. Se ela soubesse o quanto aquele chão tem história pra contar, ela não continuaria sentada nele por muito tempo. Contive minha risada. me lançou aquele olhar de novo, o brilho dos olhos dele me deixava hipnotizada, eu não tive como negar era como se eles dissessem “preciso de você agora”. Dei um leve sinal para , apontando as escadas, ele entendeu perfeitamente dando um balanço na cabeça que só eu poderia adivinhar que era um sinal de positivo. Levantei-me, dei um pretexto como ‘que tinha que pegar meu celular dentro da minha bolsa’, que estava lá em cima igualmente com os outros pertences dos convidados. Subi lentamente as escadas, as pessoas prestavam mais atenção na minha bunda do que em outra coisa naquele momento. Odiava ter que chamar atenção desnecessária em momentos desnecessários, por isso tentei ser breve ao subir os degraus.
Andei lentamente pelo corredor iluminado da casa de , e encontrei uma porta encostada. Conhecia aquela porta assim como eu conhecia meu próprio corpo, era o quarto dele. Entrei rapidamente e deixei a porta encostada, assim como estava antes. Acendi a luz e pude ver mais claramente que tinha arrumado a bagunça habitual de seu quarto, e continha vários porta-retratos com fotos de amigos. sempre foi muito próximo deles. Sorri ao ver nas fotos, as caras e bocas que faziam, até encontrar uma foto dele com a Lauren. Tentei desviar minha atenção para os pôsteres colados na parede, Blink 182, Busted, McFly... A banda dele. Respirei fundo e balancei a cabeça, eu tinha me metido em algo em que muitas coisas estavam em risco se alguém descobrisse sobre mim e . Minha atenção foi totalmente desviada com um barulho de porta se abrindo. Não me virei, sabia que era ele que estava ali comigo. Dei um sorrisinho para mim mesma, estávamos a sós agora.
Senti tirar os cabelos do meu pescoço levemente com o toque de suas mãos e dar um beijo na base dele. Fechei os olhos e aproveitei o máximo aquele momento, que foi seguido com os braços dele envolvendo minha cintura e me puxando para perto de seu corpo. encostou sua boca bem próxima da minha orelha e sussurrou algo como “Feliz Natal” com sua voz rouca. Eu realmente não estava prestando muita atenção, naquele momento o meu cérebro não mandava os comandos para o meu corpo. Peguei uma mão de e a coloquei em cima da minha coxa, ele deu uma risada fraca, onde eu pude sentir sua respiração bater pela minha nuca, e levantou de leve meu vestido, assim como subia sua mão na mesma. Coloquei minha mão sobre a sua e acompanhei o caminho que ela percorria, parando exatamente próximo a minha virilha, respirei fundo e tirei minha mão da dele. Ele soltou meu vestido com uma risada simples, eu também ri.
Virei-me para ele e olhei aqueles olhos, o brilho deles, estremeci só de ficar muito tempo olhando. Ele deu uma risadinha de lado que era impossível de não ser correspondida. Sem pensar duas vezes, desci minhas mãos para a barra do seu jeans, tentei desabotoá-lo o mais rápido possível. Escutei um som de angustia vindo de , acho que o meu rápido não era suficiente para ele. me segurou pelos braços e me colocou em sua direção, corpo a corpo, podia sentir qualquer vibração do seu estado físico e vice-versa. Foi então que ele aproximou nossas bocas, e lá tivemos uma luta enfurecida entre minha língua e a dele, e posso dizer que a dele estava vencendo. Parti aquele beijo com vários selinhos; o calor da boca de com a minha era uma coisa incrível.
deu aquela risada de lado e parou suas mãos em cima da barra da minha calcinha, eu o olhei sem entender, e ele riu. Com um movimento veloz, ele baixou minha calcinha, me deixando apenas de vestido. Suspirei fundo e lembrei com quem eu estava lidando. começou a mordiscar meu pescoço, bem próximo do meu ouvido e foi descendo para o meu colo. Horas eu gemia e outras respirava fundo, era impossível ficar controlada ao lado dele. Senti o peso do seu corpo sobre o meu e quando dei por mim, estava deitada na cama, com por cima de mim, acariciando generosamente minhas coxas, por baixo do meu vestido. Eu tentava empurrar, com o pouco de espaço que me sobrava, o jeans dele para baixo. Depois de retirado, visualizei apenas de cueca, com seu habitual volume. Aquilo me deixava ainda mais atentada a ele. Dei um suspiro um pouco alto ao ver que tentava fazer: ele estava com o seu rosto entre minhas pernas, exatamente por baixo do meu vestido. Fechei os olhos e tentei relaxar. Pude sentir o leve toque de sua boca nas minhas intimidades, segurei o ar com força, tentava de alguma maneira retribuir aquela sensação quente que eu estava sentindo naquele momento, mas era impossível no estado em que me encontrava. E então senti aquela pequena pressão aumentar sobre minha região, fechei os olhos e tentei me colocar no meu lugar. Não podia gemer nem muito menos gritar, tínhamos convidados na sala. Num momento súbito, escutei alguém batendo na porta.
- , amor? Você está aí? – Lauren e sua voz de taquara. imediatamente parou o que fazia, e eu fiquei com um gemido de reprovação pelo calor úmido de sua boca ter sumido das minhas intimidades, na minha garganta.
- Estou sim, amor, só um minuto! - Me arrumei o quanto antes, pegando a calcinha, enquanto repetia o mesmo. Ele ficava louco quando algo do tipo acontecia, e eu ria internamente para mim mesma. Vi apontar pro banheiro, e lá eu entrei. Observei pela brecha da porta que me restava, ele estava tentando se acalmar para o volume da sua calça desaparecer e Lauren não suspeitar de nada. Ele abriu a porta e deu um selinho na namorada. Tentei não vomitar com aquela cena, e os vi se retirando do quarto. Suspirei fundo e sai do banheiro, tentei parecer concentrada, pelo menos tentei. Desci as escadas lentamente com minha “bolsa pretexto” em mãos, e eu vi que os convidados que estavam ali presentes, faziam o mesmo ritual que Lauren, desembrulhando presentes. O meu eu teria no final da festa quanto todos tivessem ido, disso eu tinha certeza, e ele teria o dele, logo depois.
... Acho que ele lê mentes. Deu uma risadinha para mim enquanto tive o pensamento dos presentes, retribuir aquele sorriso não era sacrifício nenhum, muito pelo contrário. Olhei discretamente para o presente da Lauren. NÃO! Eu contive um grito dentro da minha garganta. Aquilo era uma aliança, de... de compromisso. Eu nunca vi dar nada tão especial para ela nesses dois anos de namoro, nunca! E hoje ele estava ali, com ela entre as pernas dele, exatamente como uma vadia feliz, com... uma aliança que colocava com cuidado no dedo de Lauren. Ouvi risos e palmas de todos em volta e sons de “oun”. Pro raio que os partam, os dois! Ou melhor, todos que estavam compartilhando aquele momento com tamanha admiração. Eu era quem sustentava esse namorinho deles, ele sempre corria era para mim, sempre.
Respirei fundo e levantei, não precisava ficar vendo a Lauren exibir aquele anel dela para Deus e o mundo. Abri as portas de correr e fui para a sacada da sala, ninguém tinha notado minha saída repentina, felizmente. Olhei para a cidade, dali de cima do apartamento de . Apenas alguns pontinhos de luzes brilhantes. Desejei infinitamente pegar minhas coisas e ir de encontro com qualquer que fosse aquelas luzes. Senti algo escorrer pelo meu lado direito do rosto, bem próximo dos meus olhos, passei a mão devagar... Lágrima. Aquilo não poderia estar acontecendo. Eu estava ali, segurando um choro impulsivo, por causa do namorado da minha chefe que neste exato momento estava lá dentro, trocando carinhos com sua namorada. Dei outra respirada fundo.
Tudo que eu desejei naquele momento era poder sentir o cheiro do sem meu coração disparar e eu ter a certeza vinda de mim mesma que não estava apaixonada. Apaixonar era pra tolos, tolos que tinham tempo pra perder. Eu não tinha esse tempo a perder, e nem queria ter. Era só um caso, só um caso. Repeti para mim mesma.
- O que você está fazendo aqui? Sozinha? – Escutei aquela voz rouca bem atrás do meu ouvido, seguida de um par de mãos na minha cintura. Fechei os olhos e tentei me lembrar de respirar, lembrei também que meu coração tinha que se manter parado, e não disparado a cada ação dele.
- Te faço a mesma pergunta... Não era para você estar com a sua namorada? – Limpei rapidamente qualquer vestígio de choro ou lágrimas do meu rosto, ele não poderia me ver naquele estado.
- A Lauren está lá dentro, terminando de arrumar as coisas pra ir embora, e alguma das pessoas já foram.
- Hm... Legal. – Murmurei mais para mim mesma do que para ele.
Senti soltar minha cintura levemente e parar do meu lado da sacada, apoiada na mesma, de frente para mim.
- O que você tem, hein? Você tá... bem? – olhava pra mim apreensivo. “Claro estou ótima, sente a alegria radiar?”.
- Eu só estuo um pouco cansada. – Dei um sorrisinho desanimado para , ele não cairia nessa, mas era a melhor desculpa que me veio à cabeça.
- Conta outra, , você nunca foi disso... de cansada. – me lançava aquele sorrisinho fraco, que só de olhar apertava meu coração, me fazia querer abrir um sorriso e dar um beijo naqueles lábios. Voltei com meus pensamentos anteriores, a aliança.
- , o presente. Não aceitei com tanta facilidade, desculpa. – Melhor eu ter contado agora, do que depois, respirei bem fundo o ar da noite de Londres, e vi de braços cruzados, olhando para mim, sem piscar. Não sei por que diabos eu sentia vergonha quando me olhava daquele jeito, já recebi olhares piores dele e nunca fiquei assim.
- , você me prometeu...
- , eu já sei o que prometi para você, não estou burlando nenhuma das regras. – Respirei fundo. A promessa, lembra da promessa, . Eu mantinha aquela frase na minha mente, continha os olhos marejados. Natal de merda!
- Eu pensei que você não iria ligar se eu... desse aquela aliança para a Lauren, você tinha prometido, aliás, nós prometemos. – acariciava meu rosto com uma de suas mãos. O contato físico entre nossas peles era tão grande que eu me arrepiava facilmente, mas aquele não era o melhor momento.
- Eu sei. – Engoli o choro, eu entrei nessa sabendo as conseqüências. Era tão impossível não ficar perto dele sem o coração apertar ou acelerar, a cada toque, olhar. E aquela música que tocava ao fundo também não ajudava muito.
- Eu acho melhor a gente... terminar, . Desculpa, eu sei que eu não deveria ter levado essa idéia muito longe. – Nessa altura eu não podia conter a lágrima que descia com facilidade no meu rosto, em um momento desejei que fosse mais uma das piadas idiotas e sem graça do , mas infelizmente não era.
- Ter... Terminar? – Eu o olhei assustada, segurando com força na sacada; minhas mãos já doíam. Aquilo foi como quase um tapa na cara, respirei fundo. Aquilo não poderia estar acontecendo, eu prometi para ele e para mim mesma.
- ... A gente quebrou totalmente a nossa promessa, de não se apaixonar um pelo outro. E veja só você. Você... está chorando! – dizia aquilo meio horrorizado e tentando limpar as lágrimas que vinham dos meus olhos sem controle. Eu só podia escutar o eco de sua voz na minha cabeça... Terminar.
- Eu não quebrei nada, , eu continuo com a promessa em mente, eu já disse. Só estou assim hoje por causa do cansaço.
- Mas eu quebrei... Eu quebrei! Você também quebrou a promessa, você se lembra bem dela...
- PRO INFERNO! VOCÊ E ESSA SUA PROMESSA DE MERDA! – Aquelas palavras se dispararam na minha garganta como uma bomba, eu não tinha noção o quão alto eu falava. Acho que foi alto o suficiente para todos os presentes – Lauren e duas amigas dela – pararem para ver o que acontecia. Tirei com força a mão dele do meu rosto, aquilo naquele momento era o que eu menos queria. Eu estava com raiva, ódio. Eu tinha burlado minhas próprias regras, me deixado levar por algumas noites com o namorado da minha chefe.
- , por favor, mais baixo está todo mundo vendo, a Lauren está olhando pra cá. – segurava com força meu rosto entre suas mãos e sussurrava aquelas palavras com os lábios bem próximos dos meus, eu respirei fundo.
- FODA-SE A LAUREN! TODOS! É POR ELA QUEM VOCÊ CHAMA À NOITE QUANDO ESTÁ COM DESEJO? É POR ELA QUE VOCÊ SUSSURA EM SEU ÊXTASE? SE VOCÊ A AMA TANTO ASSIM, POR QUE AINDA FICA COMIGO? – Explodi! Tudo que eu queria era beijar aquele homem, mas eu tinha que dizer a verdade que estava na minha garganta. Eu o amava o suficiente pra saber que aquilo não teria volta.
- O que está acontecendo aqui, gente? – Lauren saía rapidamente do seu lugar e ficou bem próxima de mim e , que olhávamos desesperados um para o outro, imóveis. Como se algo de muito ruim estivesse pra acontecer... E estava. Lauren olhava para nós, sem saber mais o que falar. Eu tive vontade de socá-la, por ela existir, por ela ser minha chefe, por ela ser a namorada de .
- Lauren, vai para dentro, depois a gente conversa. Esse assunto é entre eu e , ela só bebeu demais e está um pouco nervosa... – falava para Lauren sem tirar os olhos do meu.
- É isso que você diz a ela todas às vezes quando você olha pro meu decote? Quando você vem correndo ao meu encontro? É essa a desculpa? – Cuspi as palavras claramente para os dois, as cartas estavam à mesa. Eles que se deliciassem agora, aquilo para mim estava acabado... Eu e , meu emprego, tudo!
- Co... Como assim? – Lauren olhava para , que estava na mesma posição, não piscava não reagia, apenas senti seus olhos encherem d’água. nunca chorou! Nunca que eu tenha visto.
- Isso realmente foi longe demais. – Eu apenas movimentei minha boca para ele. Que abaixou a cabeça, eu poderia jurar que ele eliminava a evidência de uma lágrima. Ri fraco para mim mesma.
Tudo que eu queria era abraçá-lo e dizer que tudo iria ficar bem, e que eu o amava. - Tchau para vocês. – Tirei da bolsa um embrulho transparente em formato retangular, que dava para ver perfeitamente que era um porta-retrato de vidro. Algo simples, mas que no fundo, saberia que ele ia gostar. Uma foto nossa tinha nesse mesmo porta-retrato. Foto do final de semana que fomos ao London Eyes. Ri para mim mesma ao ver a foto, não podia mais sustentar as lágrimas que agora escorriam pelo meu rosto sem ser evitadas. – Feliz Natal, e sejam muito felizes! – Taquei o presente aos pés de e dei as costas. Pude ouvir o porta-retrato se espedaçando em milhares de pedaços no chão. Não virei para olhar para trás, aquele momento estava preso na minha memória como permanente. olhando horrorizado para o chão, Lauren e seus olhos com lágrimas olhando para , e eu indo porta a fora, tão quebrada quanto aquele porta-retrato. Dessa vez de uma coisa eu estava convicta, não teria próxima vez.
Fim.
N/A: Tenho que confessar que fiquei super empolgada com os comentários de "lovers", tanto que me fizeram seguir em frente e escrever "lovers II". E sinceramente espero que tenha ficado tão boa quanto a primeira. Queria agradecer a minha beta, sempre me ajudando o/ e a Jéssica, a minha "comentarista" OPSAKOPSKPOSAKOP, se não está bom ela me avisa e eu melhoro da maneira possível para vocês, enfim, não esqueçam que é fundamental ter lido a primeira parte (Lovers), obrigada pela atenção ;D, beiijos, beijos :**