- Senhorita null null? Poderia fazer o favor de me acompanhar até a diretoria? Temos muito o que conversar.
null pôde sentir um soco na boca do estômago ao ser abordada por Miss Fritton em um dos gigantes corredores da escola de Mashbell.
- Sim, senhora Fritton.
Sem pensar duas vezes, a garota seguiu-a pelos corredores da escola. Apesar da surpresa e da vontade de fugir, null já não tinha mais desculpas para conseguir adiar os sermões de Anabelle Fritton.
Miss Fritton muitas vezes enviou recados por meio de outros, tentando alertá-la sobre as consequências de uma próxima conversa, mas null preferiu fingir não saber do que a diretora estava falando.
Após uma longa caminhada pela escola, finalmente puderam avistar a diretoria. A garota entrou em pânico ao perceber que estavam chegando.
Várias vezes pegou-se a imaginar quando esse dia chegaria e como ele viria a desenvolver-se, mas ela sempre estava lá para fazê-la esquecer o medo.
Sim, ela. null null. A encantadora menina de olhos null. Ela, o motivo de todo esses medos e incertezas.
null se apaixonou por null desde quando avistou a null andando perdida nos corredores de Mashbell. E, depois daquele dia, as coisas só pioraram.
Cada sorriso que a amiga dava, cada suspiro, cada noite em claro ao lado de null fazia o coração da menina acelerar, e todos os finais de noite, quando eram forçadas deitar, null a desejava em segredo.
Estranho foi o jeito que ela não conseguiu esconder a pequena obsessão que tinha pela null, e mais estranho ainda fora o jeito que null não fugiu quando soube dos desejos secretos da amiga.
Talvez esse sempre fora o plano dela. Fisgar a primeira idiota que passasse por sua frente e apenas por diversão observar a vida da mesma esvair-se em lágrimas e tragédias.
- Maldita! - null deixou escapar por entre seus dentes, antes que entrasse pela grande porta de madeira onde claramente lia-se “ Diretoria”.
Os pensamentos da garota logo foram interrompidos pela diretora quando, em algo parecido com um grotesco pigarro, a mesma pediu para sentar-se.
Estranhamente, Anabelle Fritton parecia mais aterrorizante e fria do que null recordava. Nunca havia visto tanto receio e preocupação em seus olhos. Anabelle sempre fora uma ótima diretora e, acima de todas as coisas, sempre estivera o bastante próxima das alunas que dirigia.
Mashbell House era um enorme internato onde costumavam alojar-se filhos e filhas de renomadas pessoas do país, já que as taxas de mensalidade cobradas por ali não eram das mais acessíveis.
- Então, acho que não preciso mais alertar sobre o rumo que essa conversa vai tomar, não? - Anabelle disse em um tom de severidade, enquanto bruscamente batia a porta atrás de si.
- Miss Fritton, eu ... – null procurou algum argumento, mas em algum lugar de sua cabeça as palavras se perderam. Em um espasmo forçado, calou-se.
- Cale-se, senhorita null! – A garota recostou-se, receosa. Definitivamente, nunca havia visto Miss Fritton agir daquela maneira na frente de ninguém. - Eu realmente não queria chegar a esse ponto null, mas você não me deu escolha.
null cerrou seus lábios e seguidamente moveu-os para tentar explicar-se. Mais uma vez, perdeu a fala. A garota sentiu-se pequena e idiotamente insípida diante daquela situação.
Nunca fora corajosa ao ponto de assumir certas coisas em sua vida, mas depois de null, surpreendeu-se com o modo que conseguiu enfrentar tudo e todos, somente pelo medo de perdê-la.
null quase nunca voltara a pensar na garota. Desde que null fora embora, o velho orgulho voltara a tona. Pela primeira vez depois de se perder entre aqueles lábios vermelhos sabor cereja, null voltara a ter vergonha e receios perante seus velhos amigos de escola.
- Eu também não queria ter que chegar a esse ponto. – A garota disse, por fim, mais para si do que para Anabelle.
Pela primeira vez desde que abordara null, a diretora sentiu seu coração apertar. Estava tão segura de si antes de olhar nos olhos da garota, decidida a exercer sua função e castigar corretamente a aluna.
Mas algo nos olhos daquela pequena criatura a fez mudar de idéia. Lembrara então de sua adolescência, seu primeiro amor e as primeiras peças que a vida lhe pregara.
Era mais fácil dirigir um colégio quando não havia envolvimento com os alunos. Naquela hora, Miss Fritton sentiu seu estômago revirar, e pela primeira vez desde que assumira a diretoria do internato de Mashbell, receou por ter se tornado tão próxima de seus residentes.
- EU JURO QUE TE MATO, HOLLYAN GATES! - Vozes aparentemente divertidas soaram por detrás da porta, seguidas de sonoros passos pesados correndo entre um corredor e outro.
- Essas meninas nunca tomam jeito! - Miss Fritton respirou aliviada por ser interrompida pelos gritos que vinham dos corredores. Tentou parecer o mais severa possível antes de sair pisando duro pela enorme porta de madeira, alegando ter que “dar um jeito” nas pequenas infratoras de corriam pela escola.
Agora que null estava momentaneamente sozinha e consequentemente sendo forçada a lembrar-se de null, perdeu-se em seus devaneios, enquanto deixava uma lágrima teimosa rolar por seu rosto.
“- Eu... Eu... Não sei por que fiz isso... – A garota andava descontroladamente de um lado para o outro enquanto era observada por uma segunda pessoa, que aparentemente estava confusa e mantinha-se estática.
A segunda garota tocava seus lábios avermelhados com a ponta dos dedos e mantinha uma expressão quase indecifrável estampada em seu rosto.
Em uma questão de poucos segundos, a null que andava de um lado para o outro pôde notar uma mudança incompreensível no olhar de null. A expressão de nojo que há pouco brotara no olhar da garota dera espaço a um olhar de desejo fulminante, como se uma onda de calor a tivesse atingido naquele mesmo instante.
Apressadamente, null aproximou-se da null e, antes que null pudesse dizer alguma coisa, a null beijou-a com o mesmo desejo e intensidade do beijo que acabara de acontecer segundos antes.
Era quase impossível null resistir ao beijo da amiga, desejava tanto aquilo que não pôde deixar de abraçá-la de uma maneira imprevisível, puxando a null para mais perto de si.
O beijo durou apenas alguns minutos, mas foi tão intenso que de longe ouvia-se a respiração de null, enquanto ela tentava inutilmente manter-se longe de null.
- Eu te desejei por tanto tempo... – Disse, por fim, e como alguém que acabara de tirar um fardo muito pesado de suas costas, sorriu cansadamente enquanto encarava a garota em sua frente, que havia estampado no rosto uma horrível e indecifrável expressão.
O coração de null quebrou-se em pedacinhos desde então. Percebera que null poderia gostar dos beijos, mas não os desejava com a mesma intensidade.Não era recíproco, era algo que só null necessitava. null apenas os usava para passar o tempo e “se divertir ilegalmente”.
A null sempre dizia que adorava fugir das regras do mundo e fora talvez isso que encantou null. E também o tom que a garota falava pôde ter dado a null uma ponta de falsa esperança. null só queria diversão e em nenhum minuto mostrara que desejava a null.
null precisava parar aquilo, imediatamente. Mas o cheiro da garota era tão inebriante que quase nunca conseguia afastar-se dela.
A garota tinha certeza agora, desejava null mais que tudo na vida. Mas nem sempre todos os desejos são realizados, e como ainda não ocorrera nenhum fato que realmente comprovasse a existência de um gênio da lâmpada, era melhor desistir de seus anseios a partir daquele dia.
null só precisou de alguns segundos para constatar que enquanto null estivesse por ali, seria impossível não tocá-la. Mas, que problema havia em tocá-la apenas por diversão, como a null sempre fizera com ela?
A partir daquele instante voltou a esconder os seus desejos e seguiu os passos de null, alegando apenas beijá-la por curiosidade e diversão."
- Senhorita null, pode recolher-se aos seus aposentos. Tenho assuntos importantes a resolver e não posso perder tempo com as suas peraltices adolescentes. - Anabelle Fritton praticamente vomitou as palavras, como se tivesse pressa em que a menina saísse do alcance de sua vista. - Trate de não sair das dependências da escola essa noite, realmente não quero e não acho necessário expulsá-la de Mashbell.
Antes que null pudesse agradecer ou pronunciar qualquer tipo de palavra, Miss Fritton desapareceu novamente pela porta de madeira, e ao longe ouviam-se os barulhentos saltos de seu sapato se chocando contra o piso.
null mentalmente agradeceu as pequenas infratoras que corriam entre os corredores. A garota sabia que não era o medo que estava embrulhando seu estômago, apenas a vaga lembrança daquela maldita criatura null.
Correu em direção aos dormitórios, não queria que as bisbilhoteiras de passagem pela diretoria vissem que seus olhos estavam marejados de lágrimas.
A essa altura, era quase impossível existir uma só alma viva dentro daquele internato que não soubesse da história de null e null.
Depois que null fora embora do colégio, ao invés dos alunos esquecerem a história parecia que os rumores só aumentavam mais a cada solitário dia que null tinha que caminhar sob os olhares curiosos e impiedosos de todos.
Realmente, era o assunto do ano ou talvez até do século. null sentiu-se como um palhaço de circo, onde todos a olhavam e depois do espetáculo saiam comentando sobre o seu desempenho no picadeiro.
Talvez fosse mais reconfortante se null estivesse ali. Mesmo que desejasse nunca mais olhar aqueles fascinantes olhos, seria menos constrangedor se não fosse a única “aberração” a vagar por entre os corredores daquela enorme escola.
A porta atrás de si fechou-se rasteiramente com um leve ruído, fazendo que as outras garotas presentes no dormitório olhassem curiosas em direção a porta. Não demorou muito até que os cochichos e risinhos abafados começassem a impregnar o local, causando uma imensa raiva em null, que mesmo já estando aos pés de sua cama, ainda podia ouvir os comentários inutilmente abafados com pigarros e risadas.
"- null, quer fazer o favor de sorrir? – A null, que aparentava estar muito irritada, finalmente falou, deixando escapar um suspiro de desaprovação ao ver a amiga negar com a cabeça.
- NÃÃÃO! – null estampava uma expressão de criança no rosto, fazendo null levemente corar de raiva e irritação.
- Se não sorrir, vai se arrepender mais tarde... – A garota imitou a cara da amiga e, com um sorriso irônico nos lábios, juntou-se a null mais uma vez e esticou a mão que segurava firmemente uma pequena câmera polaroid.
null não pôde deixar de sorrir com o comentário de null, e com um ágil movimento dos dedos, a null tirou uma foto que instantaneamente saiu pela culatra da máquina, fazendo null cair em uma intensa gargalhada.
- Adoro essas coisinhas do século 5. – null disse, com uma falsa cara de surpresa no rosto, fazendo null mais uma vez rir.
A garota pegou o pequeno papel que acabara de sair da máquina e constatou que a cara de null não estava lá das melhores, mas com certeza iria rir muito dali há alguns anos quando mostrasse a seus filhos e amigos. Isso se tivesse filhos e amigos.
A tarde passou sem mais nenhum acontecimento importante. Não que null precisasse deles para sorrir, só o fato de estar ao lado de null já lhe causava um farto contentamento.”
null acordou e, com um forte espasmo, praticamente pulou para fora da cama. Constatara no relógio atrás de si que ainda era madrugada e todas as suas colegas de quarto ainda dormiam.
O silêncio que se espalhava pelo dormitório inteiro a fez lembrar do motivo que quase a fez cair da cama: o sonho.
Abaixou-se lentamente aos pés de seu leito e, com um pouco de esforço, conseguiu alcançar a pequena caixa que ali se encontrava. A luz da lua, que insistentemente entrava pela janela, fez o favor de iluminar as folhas coloridas que estavam cuidadosamente dobradas e ajeitadas dentro da pequena caixa de madeira sobre o colo de null.
Ali se encontravam várias cartas e lembranças de null. Desde que a garota fora embora, null nunca mais ousara pegar a caixa, e agora estava ali sentada com ela nas mãos, tudo por causa de um sonho idiota.
- Maldita null! – Sussurrou, enquanto fitava a caixa com um misto de raiva, desgosto e saudade no olhar.
Cuidadosamente, retirou um pequeno papel cor-de-rosa de dentro da caixa e, como em um passe de mágica, o quarto se encheu com um aroma já familiar para null.
O cheiro de null inebriou os pensamentos da garota e, tomada pelas lágrimas da emoção, com a ajuda da fraca luz da lua que agora começara a desaparecer entre as nuvens, pôs-se a ler o pequeno bilhete.
“ ‘Me encontre no laboratório de biologia após a aula de matemática pra curtirmos um pouco, está bem?
Xoxo, null null.’
null lia, pela décima vez no dia, o pequeno bilhete cor-de-rosa inebriado pelo perfume de null.
Adorava o jeito que null era meiga e cuidadosa com todas as suas coisas, até mesmo os simples bilhetes que enviara para null eram sempre perfeitamente escritos e dobrados, de um modo único e especial que só null conseguia fazer.
- Senhorita null? Poderia, por favor, trazer o seu livro até aqui e se retirar da classe? A aula já acabou há minutos e você sequer se moveu. Eu preciso guardar os livros, sim?
- Ah, oi? Desculpa, Miss Owens, eu estava distraída. – null guardou o pequeno bilhete em seu bolso. - A aula já acabou? É, er... estou atrasada. - A garota forçou um pequeno sorriso e jogou seu livro sobre a mesa. Antes que a professora pudesse protestar, null saiu apressada pela porta, deixando-a falando com o vento.
A null andava apressadamente pelos corredores, sendo frequentemente abordada por alguns alunos do internato.
- Hey, null, tudo bem? - Um menino alto e atlético, aparentemente de algum time de esporte do colégio, abordou-a enquanto passava por algum dos corredores cheios de alunos, que em sua opinião eram chatos e insignificantes. null sempre desejara estudar em algum colégio menor, onde não tivesse que topar com milhões de pessoas todas as vezes que tivesse vontade de, simplesmente, ir ao banheiro.
- Oi, Josh, tudo bem sim! – null sorriu nervosamente. Realmente estava atrasada, a aula de matemática já havia terminado há tempos e null nem sequer percebeu. Estava mentalmente ocupada comemorando o fato de receber mais um bilhete de null.
O bilhete não fora exatamente um dos mais carinhosos, parecia apenas ser escrito por obrigação, mas mesmo assim não deixara de ser perfeitamente produzido pela null e não deixara também de ser apreciado por null.
- Vai assistir ao jogo hoje? – Fútil jogador de futebol americano, era isso que ela pensava dele. Aliás, de todos eles.
- Josh, eu preciso ir... - A menina continuou andando até perder o garoto de vista. Não que null fosse mesmo se importar com o atraso da amiga, mas null se importava. Não via a hora de sentir o cheiro da null novamente. Tinha-o em suas mãos, mas não era a mesma sensação quando vindo daqueles longos cabelos null.
A garota praticamente socou a porta do laboratório e null dera um salto de onde estava, fora surpreendida fuçando em algumas experiências dos alunos do 5º ano.
Antes que null pudesse dizer uma só palavra, bruscamente fora puxada para perto da null. null precisava dela, precisava dela naquele instante e não podia esperar nenhum minuto.
Suas mãos trêmulas de aflição passeavam nas costas da menina de um lado para o outro, fazendo-a assim ficar cada vez mais perto de null.
Alguns minutos depois e as duas estavam praticamente sem ar nenhum, null passeava suas mãos pelo corpo de null enquanto a null mordia ferozmente seu pescoço.
Risinhos abafados foram ouvidos da porta, null esquecera de trancá-la e agora duas alunas do 5º ano observavam a cena toda.
- Droga! - null tentava arrumar os cabelos enquanto null arrumava suas vestes. Não que fosse adiantar alguma coisa, foram pegas em flagrante e agora em pouco tempo toda a escola acabaria com o pouco de dúvida que ainda restava sobre null e null.
- O que estão fazendo aqui? Vão, contem pra escola inteira. – A null gritava a plenos pulmões para as pequenas garotas que ainda espiavam pela fresta aberta na porta. - Eu não ligo mesmo. – null disse, em tom baixo, mas suficiente para null, que estava a poucos centímetros de distância da garota, conseguisse escutar.
– Mas eu ligo, null. – null surpreendeu-se com a resposta da amiga, que agora deixara de pentear os cabelos e a encarava com um olhar de ódio.
- Oi?- A garota preferiu fazer-se de surda a consentir as palavras de null.
- Foi isso mesmo que você ouviu null,eu ligo. Minha felicidade está em jogo por aqui. – null engoliu a seco e sentiu uma pontada no coração ao ver os olhos de nulljá marejados de lagrimas, mas não deu o braço a torcer, precisava contar isso a ela, naquele instante.
- null, nós... – null sentiu uma vontade imensa de chorar, sentia o chão abrir embaixo dos seus pés. Mas, no fundo, sabia desde o começo que iria ser assim. null nunca dera a mínima pra sentimentos e não ia ser diferente dessa vez. - Nós temos uma a outra e só isso basta.
- Não, não temos mais. – null negou com a cabeça. - Isso nunca foi um relacionamento de verdade null, foi só um passatempo e agora está indo longe demais. Eu não posso permitir isso. Não posso permitir que a minha integridade vá por água abaixo por sua causa.
null não respondeu, apenas soluçou alto e, em uma tentativa mal-sucedida, tentou conter as lágrimas colocando as mãos em seu rosto.
Antes que ela pudesse se recuperar e dizer alguma coisa, ouviu passos em direção a porta.
- Eu vou embora desse lugar amanhã de manhã, vou recomeçar minha vida em outro lugar e terminar meus estudos. – A null abriu a porta atrás de si com cuidado e respirou fundo antes de voltar a falar. - Não posso continuar matando aulas e me suprindo só do amor que você sente por mim, null, foi uma ilusão, uma loucura, perda de tempo. Mas não se preocupe, isso passa. É apenas uma perturbação adolescente. Daqui há uns anos, você agradecerá por eu ter terminado o que nem devia ter começado. Adeus, Miss null.”
null saiu do transe ao ouvir o despertador tocar, seus olhos já estavam praticamente secos, não tinha mais o que chorar. A lembrança de null trouxera muita dor e null quase não conseguia respirar.
Colocou cuidadosamente o papel de volta na caixa e olhou o que ela continha, vários pensamentos tortuosos agora giravam em sua cabeça, e além da falta de ar, a null se sentia tonta e sem forças para mover um músculo.
Deu uma última olhada na caixa, e não pôde deixar de sorrir ao ver a pequena foto com null, praticamente escondida no meio dos papéis.
Mais do que nunca, agora null sabia que null nunca fora apenas uma perturbação adolescente. null era pra sempre.
Mesmo que a garota se casasse ou tivesse filhos, a null sempre iria ter um lugar especial em sua memória. Pena ser algo tão doloroso para ser recordado com frequência.
A null guardou a pequena caixa novamente embaixo de sua cama e puxou mais ao fundo uma outra caixa, maior e mais pesada.
Ao abrir, finalmente pôde perceber quanto mal null a havia causado.
Cavou mais fundo nos pedaços de panos escondidos dentro da caixa e puxou de dentro da mesma uma garrafa de vodka e alguns papelotes contendo cocaína.
Aquele anjo de cabelos null conseguiu mesmo estragar sua vida.
- Maldito anjo, você não sabe o quanto eu te amei. – As lágrimas voltaram a rolar livres pelo rosto de null, que insistentemente balançava a cabeça em sinal de reprovação a todas as bebidas e drogas que tirava da caixa.
Finalmente, alcançou o que desejava. Achara uma pequena bolsinha preta junto aos panos e, em um suspiro quase que feliz, abriu-a.
null deu uma última olhada ao redor do quarto, estava silencioso e vazio agora. Igual a todas as noites durante esses dois anos em que não tivera null por perto para protegê-la.
Colocou um bloco de folhas amareladas, todas escritas a mão, em cima de seu criado mudo. Era a história delas, escrita linha a linha pelas mãos de null. Chocou seus punhos fechados contra eles, espalhando-os pelo chão do enorme quarto.
O sol que entrava pela janela iluminou a lâmina que estava nas mãos de null, causando um fraco reflexo nos olhos da menina. A null pôs toda a força que restava em seu corpo nas mãos e pressionou fortemente a lâmina contra seu pulso.
Demorou alguns minutos para morrer, e horas depois fora achada morta com um sorriso nos lábios, quase escondido pelas lágrimas que ainda secavam sobre seu rosto. Ele ainda estava lá, o sorriso que null tanto admirava, mas nunca teve coragem de dizer.
Epílogo
Presos a cama de um hospital, os olhos de null não tinham mais aquele brilho encantador. Suas letras já não se encontravam mais caprichadas e perfeitas como outrora.
Mas, mesmo assim, com um bloco de folhas amareladas nas mãos, a null terminava de escrever algo que parecia ter sido escrito há muito tempo. Terminou a frase que escrevera com uma pequena música feita por ela própria ao saber que estava doente.
“Sometimes I try not to hate myself
For everything I never said
When you were here
And so I'm burning up photographs
Of what was a perfect past
'Cause I'm still here
But I'm barely holding on
[Algumas vezes eu tento não odiar a mim mesmo
por tudo que eu nunca disse
quando você estava aqui
e então eu estou queimando fotografias
do que era um passado perfeito
porque eu ainda estou aqui
mas eu estou dificilmente continuando]
Where did I go wrong
Choking on the difference
Between me and the world
And ever since you've been gone
I've been torn apart
I know that you can't hear me but
I'm still hurt
And I wish you were here
[Onde foi que eu errei?
batendo de frente com a diferença
entre eu e o mundo
e desde quando você se foi
eu estive despedaçado
eu sei que você não pode me ouvir
mas eu ainda estou machucado
e eu queria que você estivesse aqui]
It's so hard that I try to bury it
Pretend that you didn't exist
So I can be strong
But I feel sick
And I feel diseased
'Cause everyone abandons me
And I can't move along
'Cause I'm barely holding on
[É tão difícil que eu tento enterrar isso
fingir que você nunca existiu
pra então eu ficar forte
mas eu me sinto doente
e eu me sinto doente
porque todos me abandonaram
e eu não consigo me mexer
porque eu estou dificilmente continuando]
I can not pretend you didn't exist
Misery is just a state of mind
Hiding from the world's no way to live
So I'll convince myself that I'll be fine
I'll be fine
But since I lost you I'm barely holding on
[eu não posso fingir que você nunca existiu
miséria é apenas um estado da mente
escondendo do mundo nenhum jeito de viver
então eu vou me convencer de que eu ficarei bem
eu ficarei bem
mas desde que eu perdi você
eu estou dificilmente continuando]
So I look up to the stars
And wonder out loud
Why everything I had in life
Has fallen from my arms
Can you even hear this song?
I'm screaming at the clouds
Screaming to a galaxy
That never cared at all
That I need you here
[Então eu olho para as estrelas
e me pergunto alto
porque tudo que eu tive na vida
caiu dos meus braços?
você pode ao menos ouvir essa música?
eu estou gritando às nuvens
gritando para a galáxia
que você nunca se importou
que eu preciso de você aqui.]
Where did I go wrong
Choking on the difference
Between me and the world
And ever since you've been gone
I've been torn apart
I know that you can't hear me but
I'm still hurt
And I wish you were here
[Onde foi que eu errei?
batendo de frente com a diferença
entre eu e o mundo
e desde quando você se foi
eu estive despedaçado
eu sei que você não pode me ouvir
mas eu ainda estou machucado
e eu queria que você estivesse aqui]”
Eu sempre vou amar você, SEMPRE.
Xoxo, null null.”
Logo que a enfermeira adentrou o quarto já tinha certeza que a paciente falecera.
- Dois tristes anos sofrendo em uma cama de hospital, descanse em paz, pequena null. - A enfermeira que cuidara de null dois anos, desde que a garota deixou Mashbell por estar muito doente, sussurrou nos ouvidos já sem vida de null.
fim.
N/A: Aêaê, que fic mais bosta qq LÇSDKOPDKOP primeira fic que eu consegui finalizar, então não me mate por erros ou discordâncias, com o tempo eu vou pegando a prática.
Sim, uma fic femslash... own, que coisa mais munitinha *-* ÇLKSOPKASOP tentei passar ela pra McFly mais não deu muito certo, então quem quiser ler, que leia assim.
Beijo mãe, beijo pai... estou no FFADD e não sei muito bem o que escrever na N/A comofas?
N/B: Se vocês soubessem o que me custou pra fazer essa criatura mandar a fic pro ffadd... Que bom que consegui, porque o texto está realmente ÓTIMO. .-. Nandy, coração, você é talentosa, quase uma Stephenie Meyer. O_O /nãoseache. xD