NOMEDAFIC

MIDNIGHT IN PARIS
por: That



Paris, 1914.
Um relógio ao longe soou a primeira das doze badaladas que marcavam a chegada da meia noite. Eu tinha apenas mais oito horas para aproveitar minha vida como um simples jovem civil. Naquele mesmo dia, 11 de novembro, eu teria que estar na estação de trem, pronto para embarcar e me apresentar para combater na Grande Guerra. A França havia ingressado na Tríplice Entente, ao lado do Império Russo e da Inglaterra. Parece que a necessidade de vingança que existia para com a Alemanha, era maior do que a necessidade de salvar a própria população. O resultado já era esperado por todos, diversas baixas ocorreram logo no início do combate e foi necessária a aplicação de medidas urgentes. Qualquer homem maior de dezesseis anos se tornou obrigado a se apresentar para ingressar no combate. Alguns ficariam alojados logo nas fronteiras e outros ainda ficariam aqui em Paris, tanto para proteger a cidade, como também para proteger o restante da população, logo, mulheres, crianças e idosos. Como embarcaríamos na próxima manhã, este dia ficou reservado para diversas despedidas. Quem ficava não teria como saber se quem estava partindo conseguiria voltar. Minha mãe poderia perder dois filhos e o marido em poucos dias. Minha cunhada, esposa do meu irmão, que está prestes a dar a luz ao primeiro filho deles, poderia trazer essa criança ao mundo já sem pai. Todos na minha família tinham algo, ou alguém, muito importante para perder. Todos menos eu, pelo menos não dessa forma. Bem, nessa hora estão todos junto de suas esposas ou namoradas, e eu estou aqui decidindo ou não se devo adentrar a esse lugar mais uma vez. Respirei fundo, ouvindo a última badalada soar. É claro que eu entrarei, sempre entro.

Passei rapidamente pela porta de madeira, já sendo atingido pelo som e pela música. As mulheres dançavam seminuas em cima de um palco improvisado, enquanto dezenas de homens se acumulavam e se acotovelavam ao redor, admirando aquela dança como se fosse a última da vida deles. Bem, poderia ser. Não parecia que daqui a poucas horas, mais da metade daquelas pessoas poderia estar seguindo para a morte, mas nenhum deles sequer se importava. Eles estavam vivendo o agora, aproveitando cada momento e talvez eu devesse fazer o mesmo. Retirei o chapéu que usava e segurei junto ao peito, passando a procurar avidamente por aquela que sempre faz com que eu volte. Encarei cada rosto feminino do local, ficando constantemente frustrado em seguida. Ela não estava em lugar nenhum. Logo me ocorreu que ela poderia estar em qualquer um dos quartos com um daqueles homens, mas não, eu me recusava a pensar nela dessa maneira. De alguma forma ela era minha, só minha. Do mesmo jeito que eu sempre fui apenas dela.

Lembro bem da primeira vez que pisei nesse salão, há três anos, eu era apenas um rapaz de quinze anos, mas meu pai disse que era o meu momento, eu precisava me tornar um homem. Essa “iniciação”, por assim dizer, é como um costume de família. Meu avô levou meu pai quando também tinha quinze anos, como o mesmo levou meu irmão quando ele tinha a essa idade. Parecia que o meu corpo não era o suficiente para me conter naquele momento, eu estava prestes a encarar o desconhecido, estava apavorado, bom, até ela aparecer. Seu sorriso angelical contrastava bruscamente com o ambiente, como se ela fosse um anjo no meio do inferno. Quase como uma miragem. Não consegui tirar os olhos dela, nem ao menos por um momento. Como um passe de mágica, todo o medo se esvaiu e eu passei a ser consumido por um fogo estranho. Ele não queimava de um jeito ruim, torturante. Era bom, acolhedor, aconchegante. Comentei rapidamente com o meu irmão e ele disse que não era nada além de desejo pela garota, mas eu sabia que era maior, mais intenso. Mais importante que apenas simples desejo... Era amor. Sim, desses avassaladores amores à primeira vista. Bastou alguns momentos com ela para que eu provasse para mim mesmo que estava certo. Eu estava completamente apaixonado. Não era um problema para mim ela não ser própria para casar, era como se na minha cabeça ela fosse outra pessoa. Aquele anjo que eu enxerguei. Junto comigo ela saia do inferno, não, ela o transformava no próprio paraíso.

Ouvi uma voz feminina atrás de mim e me virei meio contrariado, sabia que não era ela. Assim que me viu, a moça abriu um enorme sorriso e gesticulou, pedindo para que eu esperasse. Ela passou por mim, seguindo na direção do palco, pois bem ao lado tinha uma escada que levava ao andar superior. Pouco tempo depois ela desceu apressada, trazendo alguém com ela. Nossos olhares se cruzaram quando ela ainda estava no topo da escada e não se deixaram mais. Cruzei todo o salão sem nem ao menos me importar de desviar das outras pessoas. Cheguei ao pé da escada no mesmo instante que ela. Seus olhos brilhavam e seu sorriso era ensandecedor. Eu cometeria loucuras por ele. Ela se colocou na ponta dos pés e tocou meu rosto delicadamente. Trocando um olhar cúmplice com a amiga, ela entrelaçou nossos dedos e me guiou escada acima. Seguindo pelo corredor, pude ouvir algumas vozes, risos e até gritos. Ela ria baixo, enquanto abria a porta do quarto. Assim que eu entrei no mesmo, era como se o mundo lá fora não existisse mais. Seria assim para mim, pelo menos durante as próximas oito horas. Oito horas no paraíso com o meu próprio anjo.

- Achei que você não viria hoje. – ela disse baixo, enquanto se encostava perto da janela. – Tranquei-me no quarto o dia todo, como um protesto. – ela sorriu brevemente. – Quase fiquei sem ter um teto sobre a minha cabeça.
- E pelo que protestava? – perguntei, aproximando-me aos poucos. Deixei meu chapéu cair sobre uma pequena poltrona junto à parede, onde algumas roupas dela estavam jogadas. Só então reparei que ela não estava vestida como sempre, com um daqueles vestidos rendados e provocativos. Um corselete num tom rosa claro era visível por baixo do longo robe branco de seda. Seu rosto limpo, sem nenhum vestígio de maquiagem, a tornava ainda mais linda. Seus olhos estavam meio avermelhados, assim como as maçãs de seu rosto, como se ela estivesse chorando. Quando estava perto o suficiente, pude comprovar que estava certo. As bolsas ao redor dos olhos estavam levemente inchadas. – Está chorando? – indaguei, secando seus olhos.
- Por Deus, . – ela reclamou, passando as mãos pelo rosto e removendo qualquer vestígio de lágrima que ainda podia existir ali. – Não sabia se te veria novamente. Como eu poderia sequer pensar em me deitar com mais alguém? – ela balançou a cabeça lentamente, suspirando em seguida.
- ... – murmurei, colocando minha mão em rosto. – Minha querida. – Imediatamente ela pôs a sua por cima e fechou os olhos, com um pequeno sorriso nos lábios. Ela adorava quando eu a chamava dessa forma, dizia que se sentia como uma jovem boba e normal, sem ter que carregar todo o fardo da sua profissão por alguns instantes. – Você realmente achou que eu iria sem ao menos lhe dar um beijo de despedida? Não sou louco a esse ponto, quer dizer, a minha loucura é você. Tenho que alimentá-la antes de partir. Pode ser para sempre.
- Não, não diga isso. Não se atreva a dizer isso mais uma vez. – ela disse firme, colocando um dedo sobre os meus lábios. – Você voltará, . Voltará para mim. Prometa, por favor. – ela sussurrou a última frase, tentando segurar as lágrimas que teimavam em brotar em seus olhos.
- Eu prometo. – jurei, com meu olhar fixo ao seu. – E prometo também que me casarei com você. – ela riu baixo, negando com a cabeça.
- Não poderia permitir que você fizesse uma loucura dessas com a sua vida. Olhe para mim, eu não sirvo para você, meu amor. Mas de uma coisa tenha certeza: eu serei tua, até o momento em que não me queira mais. – ela aproximou-se, deixando seus lábios próximos aos meus. – Somente tua. Meu corpo qualquer um pode ter, mas minha alma e meu coração não, eu os entreguei a você há anos.
- E o que mais eu posso querer a não ser isso? – perguntei, passando meus braços ao redor dela pelas suas costas e deixando nossos corpos colados. – Você é perfeita para mim, . É perfeita apenas por existir. – ela fechou os olhos e sorriu abertamente. Dando um passo para trás, ela nos separou e segurou levemente o laço que mantinha seu robe fechado. Com seu olhar preso ao meu e um sorriso bobo nos lábios, ela desfez o laço e deixou com que o tecido escorregasse pelo seu corpo até chegar ao chão. Encarei seu corpo coberto apenas pelo corselete, a calça que cobria sua intimidade e uma fina meia, também branca. Deixei meus olhos vagarem por cada centímetro, fazendo com que cada parte ficasse gravada em minha mente.
- Me faça tua, . Mais uma vez, pela última vez. – ela pediu em voz baixa, quase sussurrante. Naquele momento eu quase conseguia enxergar duas pessoas, ou melhor, duas versões de uma única mulher. Eu conseguia enxergar a jovem menina que havia presa dentro daquele corpo voluptuoso e extremamente sedutor, trazendo a tona sua face de mulher. E era exatamente isso que me encantava, que atraia, essa capacidade de ser, ao mesmo tempo, pura e quase indecente, pois o que esse lado mulher instiga em mim não é nada além de uma louca luxúria. Mas nesse caso, no nosso caso, luxúria e amor caminham lado a lado, sendo quase complementares.

Avancei até onde ela estava, pousando minhas mãos uma de cada lado de seu corpo. Urgentes, elas passearam sem restrições, deixando um rastro de calor que nos consumia. Suas mãos pararam em minha nuca e ela me puxou para seus lábios. Não nos prendemos em demonstrações de carinho, pois os movimentos já se iniciaram de forma intensa, voraz. Como se aquele beijo fosse uma prévia da saudade que sentiremos um do outro. Só de lembrar que eu não sabia quando a teria em meus braços mais uma vez, todo o fervor me tomou mais uma vez e intensifiquei novamente os movimentos. O ar já me faltava, mas eu não queria perder tempo. Não podia perder tempo. Cada minuto sempre extremamente precioso. Tomei-a em meus braços e segui para a cama, onde a repousei suavemente. Ela se levantou e com os joelhos apoiados na cama, ela se apressou, começando a desabotoar, um a um, cada botão de meu colete e, em seguida, da minha blusa. Meu paletó já estava em algum canto do quarto e as outras peças seguiriam pelo mesmo caminho em alguns instantes. Assim que estava sem nenhum tecido impedindo que suas mãos percorressem meu abdômen, pressionou, com pouca força, suas unhas por toda a extensão, fazendo com que todos os pelos do meu corpo de arrepiassem. Apertei com força sua cintura e fiz com que ela virasse, para que eu pudesse dar um fim ao espartilho. Enquanto desamarrava os nós e afrouxava as amarras, distribui uma série de beijos por toda a extensão do seu pescoço e parte das costas. Ela arqueou um pouco o corpo, numa clara reação ao meu toque. Livrando-me da peça, deixei minhas mãos subirem pelo seu corpo, até chegarem aos seus seios. Envolvi os dois, massageando-os lenta e levemente. Vi que ela fechou os olhos e soltou um longo suspiro, suas mãos procuraram pela minha nuca e em seguida seus lábios pelos meus. Fazendo com que ele ficasse de frente para mim, deixei nossos corpos se encontrarem. Sua pele macia e quente era quase fervente perto de minhas mãos geladas. Ela não reclamou da temperatura, talvez isso nem fizesse diferença nesse momento. Com os dedos roçando a pele do meu peito, ela os guiou até o cós da minha calça, tratando de abrir a mesma e fazendo um pouco de força, a peça deslizou pelas minhas pernas. Me afastei um pouco e me livrei delas, juntamente com os sapatos e as meias. Voltando para a cama, forcei meu corpo para frente, fazendo com que ela se deitasse e em seguida apoiei-me sobre ela. Não deixei que todo o meu peso caísse de uma única vez, mas isso pareceu não agradá-la, pois ela passou uma das pernas pela minha cintura, fazendo nossos quadris exercerem uma intensa pressão um no outro. Ela ofegou, sorrindo abertamente. Era isso que ela queria, sentir meu corpo pesando sobre o dela. E eu não nego, também ansiava esse momento. Apoiando-me nos cotovelos, separei nossos lábios por alguns segundos, olhando fundo nos seus olhos. Acarinhei seu rosto com as pontas dos meus dedos e depois deixei com que eles deslizassem pelos seus seios, envolvendo um deles novamente. Como o dedão, eu traçava movimentos circularem em torno do mamilo, enquanto aproximava meus lábios dos mesmos. Elas embrenhou seus dedos em meus cabelos e puxava fortemente algumas vezes. Tomei essa ação como um incentivo. Primeiramente passei, de forma suave, meus lábios pelo espaço entre seus seios, depois passei a beijar, intercalando beijos leves com outros mais intensos. Com meu corpo mais ereto, passei a traçar um caminho que começava em seu pescoço, passava pelos seios e descia até a região próxima ao umbigo. Apoiei-me para me levantar e sentar entre suas pernas, logo levei meus dedos até a barra de sua calça e desci a peça até seus pé, tirando-a por completo. Observei seu corpo nu, coberto apenas pelas meias. Ela me olhava sem nenhum traço de vergonha ou pudor nos olhos. Não pela falta deles, mas sim pelo fato de o corpo dela ser uma extensão do meu e vice e versa. Não havia pelo o que se envergonhar, não mais. Levantei uma de suas pernas, colocando minhas mãos na base rendada da meia. Enquanto deslizava o tecido fino, depositei beijos na pele que era exposta aos poucos. Terminando um trajeto, me dirigi ao próximo, não ficando satisfeito até que ela estivesse completamente nua a minha frente.
- Tão linda... – murmurei, tirando minha própria roupa de baixo. Posicionei-me entre suas pernas e pressionei, novamente, meu quadril contra o seu. Uma. Duas. Três vezes. Ela respirou fundo, fechando fortemente os olhos. Suas mãos subiram das minhas costas até meus cabelos, ela os puxou e fez com que meu rosto parasse a centímetros do seu. umedeceu os lábios antes de quase sussurrar:
- Por favor... – o tom calmo e suave de sua voz contrastou ferozmente com a força que ela fez ao apertar meus ombros. Puxei uma de suas pernas para cima, fazendo com que ficasse ao redor do meu corpo novamente e, apoiando meu rosto na curva do seu pescoço, a invadi com cuidado. Comecei com movimentos suaves, sem colocar tanto afinco, porém, à medida que meu corpo tomava conhecimento do que estava acontecendo, meu controle diminuía. Ela remexia o quadril, fazendo com que a fricção e o contato aumentassem e minha capacidade de dosar a intensidade acabasse. Eu me retirava completamente de dentro dela, para em seguida voltar, num ritmo acelerado. Ela soltava alguns gemidos esporádicos e mantinha suas unhas fincadas em meus ombros. Conforme eu me movia, sentia seu corpo corresponder sob o meu. Minhas mãos já não eram tão gentis e se arrastavam pela sua pele, como se fosse arrancá-la. Meu corpo estava quente e um arrepio subiu pela minha espinha. Minha movimentação era intensa e constante, eu não queria parar e também nem poderia, murmurava alguns palavras soltas, fora de contexto, mas algumas eram bem claras como “Não pare”. Obedeci veementemente suas ordens, invadindo-a de forma constante. Senti seu corpo começar a tremer e intensifiquei os movimentos. A cada nova investida, eu sentia o tremor aumentar e sua respiração acelerar. Ela passou a outra perna pela minha cintura e eu a ergui um pouco, fazendo com que eu pudesse explorá-la mais profundamente. Ela praticamente perdeu o controle do seu corpo, pois ele tremia e espasmos eram perceptíveis. Ela apertou mais suas pernas, me impedindo de me movimentar. Permanecemos assim, unidos, por alguns segundos, apenas sentindo um ao outro. Estávamos ligados de diversas formas: nossos corpos, nossos olhares, nossos corações e até mesmo nossas almas. afrouxou o seu aperto e eu pude voltar a me mover, sentindo seu corpo se relaxar segundos depois e eu me permiti ter a mesma sensação. Eu não me importava mais se eu morreria amanhã ou daqui a cinquenta anos. Eu soube ali que não haveria mais volta, se realmente houvesse um futuro para mim, teria que ser ao lado dela. E que se fosse para isso não acontecer, era melhor mesmo que eu morresse na guerra, pois assim eu teria vivido a melhor parte da minha vida com a pessoa certa. Passei meus dedos pelo seu rosto, tirando o cabelo que estava ali grudado. Ela sorriu, repousando uma das mãos no meu, me acariciando levemente.
- Eu amo você. – murmurei, tentando colocar a ardor necessário naquelas palavras, pois acho que até mesmo elas não eram o bastante para descrever o que eu sentia por ela naquele momento.
- E eu vivo você. – ela respondeu, mantendo o sorriso no rosto, mas deixando uma lágrima solitária escorrer. – Volte para mim, .

QUATRO ANOS DEPOIS

11 de novembro de 1918.
Em algum lugar a Alemanha estava assinando o armistício, um tratado que declarava o fim da guerra.
Depois de muita destruição e baixas, nós vencemos a guerra. Havia muitas perdas, algumas irreparáveis. Vi um amigo de infância morrer a poucos metros de mim. Nunca havia testemunhado a brutalidade presente nos seres humanos. Vi que realmente somos animais e não tão racionais como pensamos. Respirei aliviado quando descobri que meu pai e meu irmão não ficaram no front de combate, lhe designaram funções internas e de transportes. Eu não tive tanta sorte, fui colocado em uma das trincheiras que protegiam a entrada de Paris. Não sei como sobrevivi ao primeiro ataque, nunca tinha manejado armas, não tinha nenhuma experiência de combate. Tive que me agarrar a Deus e ao desejo de voltar vivo, de voltar para a minha . Era nela que eu pensava cada vez que acordava com rajadas de tiros e gritos. Era nela que eu buscava forças para continuar, toda vez que precisava recolher os corpos. Ela era a minha vida no meio da morte.

Parei à porta do prédio tão conhecido por mim, mas havia coisas completamente diferentes. Era como se tudo estivesse abandonado, mas eu ouvia o som de música sendo tocada lá dentro. A fachada antes bem cuidada e pintada, apresentava marcas de sujeita e ação do tempo. Imaginei que os anos da guerra devem ter sido difíceis por aqui, como manteriam o lugar sem fregueses? Por muito tempo, a maior parte da população masculina estava presa no combate, deve ter sido esse o período da decadência. Adentrei o local, fazendo com que parecesse que eu estivesse de volta no tempo. Eu sentia que tudo aquilo tinha pertencido à outra vida, como se ela fosse algo que me tinha pertencido em outros tempos. Como se ela não fosse mais real. Ou eu não fosse. Estava uma enorme festa, provavelmente estavam todos comemorando a volta para casa, para a família, estarem vivos. Eu também queria comemorar, mas não poderia sem antes encontrá-la. Eu precisava mostrar que havia cumprido minha promessa, que havia voltado para ela. Só para ela. Observei atentamente cada rosto que passava no salão e não a encontrei. Mas eu sabia que não podia ficar aqui parado, apenas esperando que ela surgisse, eu teria que procurar. Caminhei por todo o lugar, olhando cada mulher que eu via e nada. Avistei de longe a escada e sem ao menos pensar, segui rapidamente até ela e logo já estava no corredor do segundo andar. Ignorei tudo o que acontecia ao meu redor e só parei quando estava na porta do quarto tão conhecido por mim. Não me importava se ela estava ali dentro com outro, ela precisava saber que eu estava vivo. E, respirando fundo, eu abri a porta. A mesma se escancarou com a força que eu fiz e a figura que se acomodava perto da janela se assustou. Ela se virou no mesmo momento.

estava linda, diferente, mas linda. Como se o tempo tivesse agido fortemente nela. Seus olhos que antes eram iluminados e brilhante, agora estavam pesados e tristes, como se eles não brilhassem mais. Grandes manchas arroxeadas eram perceptíveis logo abaixo deles, numa clara referencia a noites mal dormidas ou até mesmo em claro. Sua pele estava mais pálida, como se não recebessem luz do sol há tempos. Ela estava vestida de preto, da cabeça aos pés, num luto sofrido e desnecessário. O sorriso que surgiu era o de sempre, mas parecia não pertencer a ela, como se fosse algo deslocado, desnecessário, mas apenas ele já havia feito a minha voltar a aparecer naquela triste e solitária mulher que eu havia encontrado. Ela deu um passo em minha direção, mas vacilou, como se estivesse decidindo se deveria continuar ou não. A confusão agora passava pelos seus olhos e parecia brigar com uma alegria desmedida. Ignorando sua confusão, atravessei o quarto e a tomei em meus braços de uma vez. A saudade, que já doía desde o momento em que eu coloquei os pés para fora do seu quarto antes, parecia ser capaz de me matar agora. No momento em que nos tocamos, as lágrimas quase que jorraram dos seus olhos e a alegria parecia ter vencido a confusão. Ela pôs suas mãos em meu rosto, como se precisasse se certificar que eu estava realmente lá, que não era uma ilusão. Mas elas desceram, tocando todo o meu corpo, numa revista completa. Ri por dentro. Queria dizer que estava inteiro, mas eu não conseguia tirar o sorriso do rosto para falar sequer uma palavra. Por fim, seus dedos se prenderam nos meus lábios, ela traçou o desenho deles algumas vezes, deixando que todas as lágrimas fossem libertadas de uma vez. Segurei suas mãos entre as minhas e olhei em seus olhos, que brilhavam mais que o sol naquele momento. Só com aquele olhar, eu já me senti mais vivo do que nunca, esse era o poder que ela possuía. Ela conseguia fazer nascer uma vida nova em mim.

- Você voltou. – ela murmurou baixo, quase inaudível.
- Eu disse que voltaria. – respondi, trazendo suas mãos para perto do meu rosto e depositando um beijo nas mesmas. – Eu sempre voltarei por você, .


Nota da autora: Gente, acho que nunca escrevi uma fic tão rápido. '-'
Tive a ideia na terça-feira, tá só que o meu computador dei a louca e nada abria, logo eu não pude escrever. Então foi praticamente tudo feito ontem e não deu tempo de passar por uma beta, então ignorem qualquer coisa.
Eu sempre quis escrever algo de guerra, mas não assim, só citando o combate, mas se eu fosse mostrar o cara lá, eu só terminaria isso ano que vem. Enfim, espero que vocês tenham gostado e relembrando para quem não me conhece: eu não sei escrever cenas restritas, então se estiver muito ruim, repetitivo ou cansativo, me perdoem, tentei dar o meu melhor.
Tá, chega de falar. Beijos e até a próxima!
(ps. primeira fic que eu não uso nenhuma música como base, uma salva de palmas para mim! HAHA)

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