Misbegotten.
autora: Ferpz. || beta: Paah Souza.


Jamais me esquecerei dos olhos daquela criança, me fitando como se realmente fosse sua mãe... O jeito com que ela erguia seus pequenos bracinhos, tentando alcançar com dificuldade o meu rosto, que com muita dor sempre deixava com que escorresse uma lágrima toda vez que me pegava imaginando de que fruto é aquela criança, e mesmo assim me surpreendia e sempre me perguntava “Por que não odeio esse jovem bebê?”. Essa pergunta somente embananava meus pensamentos, de uma forma que não tinha mais conserto. Eu sabia que aquela angústia iria aumentar e assim de uma forma crescente continuar aumentando... E ainda assim, me pergunto: Será que sou uma tola... Ou um propósito muito forte eu ainda terei que cumprir?


’s POV.
Eu estava me sentindo a mulher mais feliz do mundo, pois eu tinha todos os motivos do mundo para gargalhar para o resto de minha vida, uma risada finalmente de felicidade. Havia passado por muitas coisas, só que agora... Tudo havia se estabilizado, eu tinha o mais verdadeiro e grande amor da minha vida, realmente parado ao meu lado, todos os dias, estava bem financeiramente, com um emprego fixo, e meus planos para o futuro corriam muito, muito bem desde então.
Era dia 12 de fevereiro, faltavam alguns dias ainda para o tão esperado ‘Dia dos Namorados’ - para ser mais exata, Dois dias. Eu estava ansiosa. Aliás, eu havia economizado durante todo o mês certa quantidade de dinheiro para dar algo valioso e significante para o meu , o homem no qual me fazia feliz.
Decidi, por fim, esperar até o dia seguinte para ir ao centro. pois já era de tarde... E eu sabia que a essa altura tudo estaria lotado e eu mal conseguiria andar na multidão. Certo, com um devido desespero, isso me preocupava, pois aqueles que ainda não compraram os devidos presentes utilizariam amanhã, pelo menos um dia antes do tão esperado dia, para todos comprar. Sabe... Eu digo todos, porque aqui em minha cidade, essa data tinha um valor muito glorioso, pois sempre aconteciam coisas surpreendentes, e era isso que eu queria... Algo muito especial, para mim e para o . O único problema era que não passava em minha cabeça idéia nenhuma para um presente sensato para , e isso me preocupava. Estava chegando o dia, e eu estava aqui... Parada.
Já me via deitada na cama. A exaustão finalmente me pegou e não consegui fugir das garras dela, acabando cochilando praticamente no mesmo momento. Estava quase dormindo quando o telefone tocou, abria meus olhos vagamente, coçando os mesmos para ver se tinha uma visão mais ampla, pois eu não estava enxergando mais nada... Somente vultos. Odiava fazer as coisas quando estava impossibilitada de fazê-las. Mas logo já me animava, pois o número me agradava e muito. Era na linha.
“Amor?” – Falava ele completamente animado – eu, por sinal, só de ouvir a voz dele... Fez com que o sono passasse no mesmo momento, a exaustão... Tudo foi embora, apenas a alegria de ouvir sua voz me mantinha completamente enérgica. Eu não sabia como ele conseguia exercer isso sobre mim, mas eu gostava das sensações que ele me causava, mesmo depois de tanto tempo juntos as mesmas sensações de antigamente insistiam em voltar com toda a força para mim.
“Oi amor, sabe... Eu precisava te ligar, estava morrendo de saudade, e tenho mais uma coisa para te falar. Hm, deixa eu ver se consigo me lembrar...” – Eu não me importava de jeito nenhum que ele enrolasse no telefone, era tão bom ouvir sua respiração batendo abafada no mesmo, a sua voz... Tudo que ele fazia me deixava completamente desnorteada, ele era tudo que eu queria para mim, tudo mesmo. “Me lembrei, vai ter uma festa na casa do meu amigo, agora mesmo... De noite, ele me pediu te chamasse. Vai estar muito divertido, e todos os nossos amigos estarão lá. Que tal ir comigo?
Sua voz era animada - pelo menos era o que parecia -, eu toparia de imediato, só que a campainha tocou descontroladamente, fazendo com que eu me assustasse com aquilo. Não era comum tocarem ela assim, ainda mais com tal desespero. Arregalava meus olhos a cada toque agudo que ela soltava.
“Amor, estão tocando minha campainha aqui, e parece que é algo urgente, daqui a pouco eu te ligo, tudo bem?”
“Claro, tudo bem, eu te esperarei” – Era incrível a sensibilidade que me tratava, em qualquer situação ele sempre se mostrava atencioso, compreensivo, isso era o que mais me chamava atenção nele.
Descia correndo as escadas, quase caindo ao deparar com o último degrau. Me segurei firmemente ao corrimão, indo de encontro à porta, a abria lentamente, estava com um pouco de medo, não sabia bem o porquê, mas um aperto em meu coração me avisava que a situação não estava muito boa. Colocava minha cabeça um pouco a mostra na porta, olhando atentamente para quem estava atrás dela... Me surpreendi ao ver que era o amigo de minha mãe. Arregalei meus olhos, pois sabia que aquilo não era um bom sinal, aliás, estava praticamente estampado na cara dele que não era coisa muito boa. Ele demonstrava tristeza em seu olhar... Mas não sabia ainda o motivo daquilo. Abri completamente a porta, o fazendo um sinal para que entrasse.
“Erm... Aconteceu alguma coisa para sua visita tão inesperada?” – Olhava para ele como se já imaginava o que tinha acontecido. A última vez que ele tinha aparecido em casa, minha mãe tinha sofrido um acidente de carro - aquele dia não tinha mesmo como me esquecer. A culpa ainda me dominava de uma forma, que não sei bem como explicar, o porquê disso era pelo motivo de ter prometido a ela que em qualquer momento estaria ao seu lado, e naquele eu não estava - aliás, não seria legal eu estar com ela, realmente. Mas... Promessa é promessa.
“Bem, aconteceu sim, . Eu estava indo visitar a sua mãe e bati na porta, mas ninguém atendia. Quando resolvi entrar, me deparei com a sua mãe no chão. Eu não sei bem o que aconteceu, mas fique tranqüila, antes que diga alguma coisa, ela já está no hospital e ficará bem.” – Dr. Jorge declarava cada palavra com uma tranqüilidade que eu não compreendia. Como ele podia estar tão harmônico em momento como aquele? Só o que eu conseguia fazer era fitá-lo, indignada com o que ele acabara de mencionar.
“Mas o que aconteceu com ela? Por que ela foi parar em um hospital?” – Praticamente gritava, me apoiando em seus ombros, segurando com muita força um choro naquele momento, as lágrimas eram mais fortes do que eu, eu sabia que não era coisa boa, meu coração antes de Jorge chegar, já me avisava isso.
“Ela teve um derrame, e nesse momento está em coma. Os médicos ainda não conseguiram reanimá-la, mas fique relaxada, vai dar tudo certo, sua mãe é forte.”
Quando ele nomeou a palavra “Infarto”, não me agüentei e caí no chão, sem forças para levantar. O que ele me falava era muito para que eu agüentasse... Minha mãe, em coma... Todos sabem as probabilidades de uma pessoa se livrar de um coma, mas minha mãe... Não conseguiria vê-la em uma cama, sem vida. Naquele momento, só conseguia pensar em rezar. Eu não queria ver mais ninguém, apenas ficar perto de minha mãe, mas lembrei de ... Creio que não ia conseguir falar com ele naquele momento, então rapidamente peguei meu celular escrevendo tal mensagem “Amor, eu fui ao hospital ver minha mãe. Não se preocupe, está tudo bem, assim que voltar eu te ligo, ok? xx” Me vi pegando com muita agilidade minha bolsa e puxando Dr. Jorge pelo pulso. Não ia conseguir ficar mais um minuto com aquela dor, ela só passaria quando a visse. Minha mamãe, aquela que muitas vezes foi à única ao estar ao meu lado.
No caminho do hospital, eu chorava desesperadamente, chocada com a demora para chegar lá, nunca pensei que fosse tão longe - ou o tempo não estava cooperando mesmo comigo. Olhava para o relógio a cada minuto, e ele sempre estava parado no mesmo lugar de quando o havia olhado segundos atrás.
Chegando ao hospital, desci mais do que rapidamente do veículo, saindo correndo em direção à recepcionista.
“Ala 15, quarto número 205.” – Não precisei mencionar nenhuma palavra, parecia que ela sabia que eu chegaria lá a qualquer momento. Não poderia me preocupar naquilo, talvez ela já me conhecesse... Corria pelas escadas, sem nem pensar em um elevador, eu não conseguiria esperar, queria a minha mãe, eu queria ver ela.
Por incrível que pareça, cheguei muito facilmente ao quarto dela. Parecia que algo estava me guiando, e algo havia me dado forças para correr com tanta velocidade sem nem mesmo me cansar. Respirava fundo, com muito receio de entrar. Precisava me preparar primeiramente antes de olhar para ela - e foi o que eu fiz -, respirei muitas vezes, longos suspiros, até que, por fim, tomei coragem e abri lentamente a porta do quarto onde estava localizada. Me espantei e foi como um choque ao vê-la com todos aqueles tubos, sobrevivendo praticamente por causa de um aparelho, um único aparelho que sustentava os batimentos dela e as coordenações de seu cérebro. Para mim o mundo acabara ali, vendo-a morrer... E eu não podia fazer nada.


’s POV

Eu estava ficando nervoso com a demora de para me ligar, ela havia falado que daqui a pouquinho retornaria minha ligação e já tinha passado minutos desde o ocorrido e nada... Melhor dizendo, passado bastante minutos. Minutos suficientes para que eu me preocupasse.
Pensava longe, passando até mesmo de meus próprios limites. Será que ela foi raptada e o misterioso toque na campainha fossem homens mascarados prontos a te levar? Aquilo era fictício demais, e eu acho que já estava na hora de ouvir . Tinha que parar de assistir esses filmes como 007. Estava entrando na vida dele, e isso não era muito bom.
Balançava minha cabeça em sinal de reprovação. Aquele era meu maior defeito, tudo para mim era em exagero. Pelo menos concordava com isso sem pensar duas vezes no assunto.
Não me agüentava mais, e quando percebi já segurava o meu celular, pronto a discar seu número, mas... Acabei levando um susto, pois no mesmo momento que ia discar recebo uma mensagem, era dela... Finalmente, de minha .
Arregalava meus olhos de surpresa e espanto ao mesmo tempo, aquilo que estava lendo, era... Terrível. Sentei na cadeira mais próxima de mim, batendo em minha testa com a mão que estava livre.
“Não acredito!” – Apenas isso que conseguia falar naquele momento.
A mãe de no hospital. O que aconteceu de mal com ela? Será que foram os homens mascarados? Qual seria o estado dela? Perguntas rodavam em minha cabeça e eu não tinha resposta para nenhuma delas e isso me intrigava. Peguei meu celular rapidamente tentando ligar para ela. Chamava, chamava... Só que ninguém atendia, e isso me deixava eufórico... Precisava saber como estava. Tentei mais uma vez e finalmente uma tentativa bem sucedida.
“Hey, amor! O que está acontecendo? Sua mãe está bem? – Falava em um tom melancólico, me esforçava para manter um tom de voz calmo, mas estava difícil - muito difícil por sinal.
“Bem ela não está, amor. Eu vou passar a noite aqui com ela, ok? Ela teve um infarto e nesse momento está em coma... Mas fique tranqüilo, ela irá melhorar... E...” Podia ver que aquilo era mentira, sua voz falhava e mal pode continuar a frase. Parecia que a situação de sua mãe estava mesmo muito mal. Queria estar ao seu lado naquele momento, mas já que ela preferia ficar sozinha, eu respeitaria sua opção. Eu gostava muito de minha sogra, estava com medo quando fosse arranjar uma, todos diziam que as deles eram um bicho, uma fera... Só que a minha não seguia esse padrão, ela era diferente, ela era um amor de pessoa, sempre apoiava nós dois, seja lá qualquer decisão havíamos tomado. E isso era bom.
“Não quer que eu vá aí?”
“Agora não, deixe-me sozinha com ela, quero aproveitar esses momentos. Pode me buscar pela manhã?” – dizia cada vez com um tom mais baixo, chegava a ser sombrio e triste aquela voz que fizera no momento, e isso me deixava mal, não queria ver de jeito nenhum ELA triste, eu não agüentaria.
“Mas é claro que sim, estarei aí. Falando nisso, vou deixar a festa para lá... Iremos juntos outro dia... E pode ter certeza que levarei minha sogrona junto com a gente, hein.” – Ria, tentando quebrar o gelo daquela delicada conversa. Pelo menos o que eu queria, consegui, fazia dar uma curta, mas, uma gostosa risada. E isso era mais do que importante para mim.
“Não seja por isso, de coração. Vai para lá amor, pelo bom tempo que eu te conheço, aposto que está cheio de preocupações. Se divirta, e amanhã me alegre contando como foi. Divirta-se, me prometa isso?”
“Sim... Te prometo, ...” – Por um lado ela tinha razão, eu estava mesmo precisando esfriar minha cabeça, e era incrível o fato de que se qualquer coisa acontecesse, independente do que era, lá estava eu, me preocupando pelos ares. Se sem nem mesmo saber do que se tratava eu já estava eufórico, imagine agora que eu sei o que acontece. É, iria seguir o conselho de Gio, pelo menos uma vez ouvi-la.
Aliás, iria ser um dia especial para o meu amigo, a primeira festa depois da recuperação da morte de seu irmão, o seu irmão caçula. Queria estar ao lado dele nesse momento tão especial, realmente, como sempre dizíamos um para o outro, amigos são para essas coisas, e eu seguia esse lema para qualquer coisa que envolvesse uma amizade.
“Psiu, eu te amo, vai dar tudo certo! – Falei, me despedindo de até que ouvisse somente o incomodo barulho do ‘tututu’ do telefone. Era um pouco doloroso deixá-la, só que naquele momento, eu nada podia fazer, infelizmente.
Antes de sair de casa, bebi um pouco de água, quem sabe um pouco de meu stress não passasse com aquilo. Entrei no carro e fui ao local indicado no mapa que havia ganhado aonde explicava o caminho correto para chegar à festa.

Chegando lá me deparei com muitas coisas... Aquele clima estava pesado, pessoas se beijando violentamente em todo lugar - em qualquer canto da casa -, bebidas, drogas. Não era o que eu esperava, não em uma festa que envolvia meu amigo no meio. Acho que ele havia mudado - e bastante, pelo jeito... Continuei caminhando. Avistando um DJ, arregalei meus olhos, me encolhendo mais para que passasse no meio de tantas pessoas acumuladas em apenas um lugar, uma casa modesta, sem luxo algum, não sabia que seria capaz em armazenar tantas pessoas.
Avistei meu amigo - pura sorte, pensei que não fosse mais achá-lo dentro daquela muvuca toda. Nos sentamos, estávamos em um grupo grande, de aproximadamente de 17 pessoas, não dava para contar ao certo, pois um entrava, outro saía, parecia uma colméia aquele ambiente. Contei para ele o que estava acontecendo com a mãe de minha namorada, pensei que iria ouvir um grande conselho, um apoio moral, mas havia pensado errado, muito errado, pois somente o que pude ouvir foi “Trás um copo para meu amigo aqui.” Ficar bêbado não era a solução, o álcool não me ajudaria em nada, não ajudaria a mãe de . Mas pensei comigo mesmo, recusar naquele momento não estava as minhas ordens, pensariam o que de mim? Que eu havia virado uma marica, só pode. Meus amigos eram bem com esse tipo de pensamento, eu não queria provar nada a ninguém, só não queria ser tachado daquele jeito.
Conversa vai e conversa vem, já me via entre copos e copos de pinga, uísque, vodka, e tudo aquilo de bebida alcoólica que conseguirem imaginar, tinha tomado tudo, somente em pouco intervalo de tempo - na verdade eu não sabia mais sobre as horas. Enxergava tudo completamente embaçado, minha cabeça doía muito e minhas pernas tremiam demasiadamente. Andava com dificuldade, segurando com força no balcão, não sabia para estava indo, estava completamente sem rumo.
“Mas que merda.” – A dificuldade em minha fala era explícita. Me arrastava pelo balcão ainda tentando achar um meio de me livrar daquele ambiente, precisava de ar, estava me sufocando tudo aquilo.
“Quer ajuda, garotão?” – Reconhecia aquela voz, aliás, todos os dias eu tinha que ouvi-la ao mesmo tom, contando coisas absurdas para . Forcei meus olhos a abrirem, era , a melhor amiga de minha namorada. Finalmente alguém me ajudaria. Me apoiava em seus ombros com certa dificuldade, fechando meus olhos, ficando desacordado.
“Eu acho que isso é um sim.” Comentou isso e depois mais nada pude ouvir, estava tudo branco.

Horas depois...

Acordei assustado, colocando involuntariamente minhas mãos sobre a cabeça. Que dor insuportável era aquela? Pude sentir que aquele dia não seria fácil, iria ter que agüentar fortes dores durante todo o dia. Aquilo me lembrava de quando era jovem e voltava das festas. Sempre era o mesmo dilema, só não pensei que as lembranças voltariam naqueles tempos.
Me deixava jogado sobre a cama, até que senti algo sólido ao meu lado, não era uma almofada, nem a parede... Parecia uma pessoa...

Segunda parte


End.

nota da beta: Heey, gente! Estou aqui apenas para dar um ooi, e pra dizer que se tem qualquer erro que vocês tenham percebido nessa fic, podem me avisar por aqui, e eu estarei disposta à corrigir o mais depressa possível.
Enjoy, everyone !
XOXO', Paah Souza.

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