My Babe Changed Me

Por: Isabella Vieira.
Betado por: Beatriz Avanso.



Oh where, oh where, can my baby be?
Oh onde, oh onde, meu amor pode estar?
The Lord took her away from me.
O Senhor a levou para longe de mim.
She's gone to heaven so I've got to be good,
Ela foi para o céu, portanto eu terei que ser uma boa pessoa,
So I can see my baby when I leave this world.
Só assim eu verei meu amor quando eu sair deste mundo.

Aquela noite, eu acordei com lágrimas nos olhos. E pela primeira vez, não eram lágrimas derramadas por uma pessoa morta. Uma dor emanava do meu peito e se espalhava pelo meu braço esquerdo.
Cada pulsação do meu coração parecia doer, como se ele estivesse prestes a estourar. Minha respiração começou a ficar descompassada conforme as lágrimas rolavam dos meus olhos, e meus pulmões pareciam gritar por mais ar, exprimindo o coração que queria explodir.
Mas, segundo o monitor cardíaco, eu não estava tendo um infarto. E não reclamaria nem um pouco se estivesse.
Eu precisava morrer o mais rápido possível; antes de – voltar a – fazer algo que me mande para o inferno. Quanto mais tempo eu passasse neste mundo, maior era a probabilidade da minha vida ficar mais podre. E nada podia ficar pior; eu tinha que ir para o céu. Era lá que ela estava, era para lá que eu ia.
Antes que eu percebesse, minha boca soltou um grunhido de dor. Tentei me levantar para chamar uma enfermeira, mas minhas pernas não moviam.
- Alguém? – Eu gritei em vão.
Meu pai não estava no quarto e meu irmão não ousaria entrar. Já era noite, e como ainda estava um pouco drogado pela morfina, minha visão estava turva. Gritei de dor outra vez, e nada.
A dor estava ficando insuportável. Mas eu estava gostando.
Muitas pessoas falam sobre a experiência de morte. Dizem que alguns têm alucinações, outros não sentem nada, outros até sentem demais.
Eu queria a alucinação. Queria a dor.
Queria fechar os olhos, e vê-la. Ouvi-la dizer “agüente firme, eu cuido de você depois”. Minhas pálpebras estavam apertadas com força; uma tentativa mal sucedida. Só enxerguei o breu. Nada de luz, nada de .
Ao invés disso, minha audição reconheceu um barulho. Uma porta rangendo.
Eu abri os olhos, e estava tudo claro. Claro demais. A enfermeira correu em minha direção.
Espanto e medo estavam instalados em meus olhos arregalados. Mas a senhora de cabelos brancos os entendeu errado. Eu não estava com medo da dor, nem espantado com as proporções que ela tomava. Eu estava espantado por não ter morrido. E com medo de que isso não fosse acontecer tão cedo.
“Pobre garoto.” Ela resmungou. “Desculpe-me, menino.”
Suas mãos seguravam um lenço, que secava minha testa suada.
“Esqueci de repor a morfina.”
Eu queria gritar, me debater, dizer que eu gostava da dor. Mas quando eu abri minha boca, nenhuma palavra saiu. Eu olhava para a mulher, com esperança de que ela me dissesse o que havia acontecido com a minha voz. Mas ela apenas pegou o mesmo lenço que havia secado meu suor, o dobrou mais algumas vezes, e passou pela minha boca. Só então eu percebi que estava babando.
Senti minhas pálpebras pesarem, e a última coisa que eu ouvi antes de entrar num sono profundo, foi a voz da enfermeira:
“Vai ficar tudo bem, não se preocupe.”
Pode ser que ela esteja certa. Mas nunca mais irei sentir-me tão completo, como eu me sentia há algumas horas.

We were out on a date in my daddy's car,
Nós saimos juntos com o carro do meu pai,
We hadn't driven very far.
Não estávamos indo muito longe.
There in the road straight ahead,
Naquela estrada, um pouco a frente,
A car was stalled, the engine was dead.
Um carro estava parado, o motor desligado.
I couldn't stop, so I swerved to the right,
Eu não consegui parar, então eu virei para a direita,
I'll never forget the sound that night.
Eu nunca me esquecerei do som daquela noite
The screaming tires, the busting glass,
Os pneus gritando, o vidro quebrando,
The painful scream that I heard last.
O grito de dor que eu ouvi por ultimo.

“Antes de sair com o carro, dá uma olhada nesses pneus. Acho que tem algo de errado com eles.” Meu pai reclamou antes de me entregar as chaves.
Reclamar era tudo o que ele sabia fazer depois que minha mãe foi embora. Não a culpo por isso. Ninguém agüenta morar com um traficante de drogas de Hollywood por muito tempo. Se nós morássemos no Texas, seria diferente. O problema dos traficantes de Hollywood, é que eles acham que as pessoas famosas não são clientes – são amigos. O ego infla, e eles ficam insuportáveis.
Eu abri a geladeira, procurando algo comestível. Outro defeito do meu pai: o egoísmo. Ele tinha três filhos, nenhum usuário de drogas. E não precisava; ele usava por nós três. A quantidade de comprimido que ele ingeria e pó que ele cheirava, era suficiente. Billy não fazia compras, e não dava dinheiro para nós irmos ao supermercado.
Tudo o que ele queria, era que nós fossemos correndo para nossa mãe. Tudo o que nós queríamos, era saber onde ela estava.
Eu coloquei a mão no meu bolso: nem um centavo.
Subi as escadas até os quartos, e ao abrir a porta, tudo estava no seu devido lugar.
Meu irmão mais velho, , deitado no colchão emprestado da vizinha, limpava um corte em seu antebraço. Provavelmente foi esfaqueado em alguma briga ou algo assim. Nada grave, acredite.
Greg estava debruçado no chão de madeira, montando seu quebra-cabeça interminável. Pelo o que a caixa dizia, aquele quebra-cabeça tinha 5 mil peças, e uma imagem bastante confusa para a cabeça de 9 anos de Greg. Ele havia começado a montar aquilo no último outono. Um ano havia passado, e nem a metade estava completada. Lógico que era o culpado: sempre que podia, arranjava um jeito de destruir o que já estava montado. Nunca descobri se ele fazia de propósito ou se era falta de cuidado, quando chegava em casa durante a madrugada, tentando não fazer barulho.
“Alguém tem dinheiro?” Nenhum dos dois olhou na minha cara, só balançaram a cabeça. O que, segundo o dicionário de irmãos, significava que eles tinham, mas não queriam me dar. “Não tem comida.”
“Novidade.” resmungou, baixo. Ele havia adquirido a mania de resmungar do meu pai, desde que percebeu que tinha 25 anos, e dividia o teto com seus irmãos, e um pai que passava 20 horas por dia se drogando e 4 dormindo.
“Quando você gastou seu dinheiro?” Greg conseguiu encaixar outra pecinha, e soltou um grito de alegria. Seu olhar vagava entre a ilustração do quebra-cabeça pronto e de sua tentativa.
“Eu comprei uma roupa nova para mim e um presente para minha namorada.”
“E desde quando você arranjou uma namorada? Esqueceu a ?” colou um band-aid no corte já limpo, e começou a procurar dinheiro em sua carteira.
“Eu não esqueci. Ela aceitou sair comigo.”
Ele me entregou 20 dólares e socou meu ombro. Um sorriso surgiu em seu rosto.
“Quando isso aconteceu?”
“Semana passada.” Dei de ombros. “Eu pedi um último encontro, pelos velhos tempos. Ela aceitou e nós vamos hoje à noite.”
“Você parou de traficar?” Eu neguei com a cabeça. “Então... Como?”

Flashback
Eu disse que nenhum de nós usava drogas, mas isso não significa que nós éramos boas pessoas. Talvez Greg fosse, mas eu e , definitivamente não éramos. Nós precisávamos ganhar dinheiro de alguma forma, portanto, tirávamos proveito da nossa situação. Nosso pai estava sempre drogado, não perceberia que está faltando algumas gramas de erva, pó, ou alguns comprimidos. E se percebesse, pensaria que ele havia usado.
Eu pegava as drogas, e vendia para algumas pessoas no colégio ou em festas. Nunca conseguia muito dinheiro, porque não podia roubar muito de Billy. Ele era drogado, mas não tão burro. Conseguia uns 50 dólares por festa, e 30 por semana no colégio.
Dava pra comprar algumas coisas que nós precisávamos, mas ao mesmo tempo, me prendia ao Billy. Eu nunca conseguiria sair de casa se essa fosse minha fonte de renda.
E isso me leva para outro problema: .
Ela em si não era um problema. Muito pelo contrário; era a coisa mais bonita que meus olhos já haviam visto. Eu nunca entendi direito como ela conseguia retribuir meu olhar na mesma intensidade. E foi por causa dela, que eu conheci meu maior cliente: Benjamin. Ou Benji, como todos o chamavam. Benji era irmão de , e ele era extremamente viciado em tudo de mais pesado que eu possuísse.
O que era o inferno na vida de .
Ela já havia pedido várias vezes para eu não vender mais nada para Benji. E o problema era: sem o dinheiro dele, eu não teria dinheiro nenhum.
“Você não entende” Ela costumava dizer. “Você vai acabar sem dinheiro do mesmo jeito.”
Na maior parte do tempo, nós ignorávamos esse problema. Mas todos os dias que eu vendia algo para Benji, eu não conseguia beijá-la. Não da forma que ela merecia.
Eu estacionava o carro na porta de sua casa, e a via na varanda. Ela estava sorrindo abertamente, me esperando. Quando eu descia do carro, ela desaparecia; correndo até seu quarto, do outro lado da casa. Eu corria até o jardim dos fundos, e escalava a parede até a janela dela. E ela estava lá, ainda sorrindo. Mas seus olhos a entregavam. Medo, tristeza. Ela sabia que quando Benji usava crack, ele desaparecia por alguns dias. Ela sabia que podia nunca mais vê-lo.
E eu sabia que a culpa era minha.
End Flashback

“Ei, cara.” me socou outra vez. “Vai comprar alguma coisa, ou vai me devolver o dinheiro?” Eu acordei do meu pesadelo vivo: os olhos de me encarando com ódio, quando ela recebeu notícias de Benji, depois de duas semanas sem vê-lo.
Benji morreu de overdose.
“Estou indo. Quer alguma coisa?”
“Suco de laranja.” Greg gritou.
“Espera, eu vou com você.” estava inutilmente eufórico com a novidade.
Eu já estava arrependido. Não deveria ter insistido. Deveria ter continuado, seguido em frente. Depois de hoje, eu só iria voltar a sentir falta de nós. Eu já havia me acostumado com a amiga. Seria difícil ter a minha só por uma noite.
“Não precisa, . Eu volto logo.” E desci as escadas correndo, antes que pudesse responder.
Sair com ele chegava a ser... Perigoso. fazia parte de uma gangue, era assim que ele fazia o dinheiro dele. Batendo em pessoas, e atropelando “inocentes” com o carro de Billy. Todos sabiam quem era meu irmão, e ninguém pensava duas vezes ao tentar bater nele no meio da padaria, ou do shopping. Às vezes ele chegava em casa machucado, ou com algum gesso nos braços, mas nada muito sério.

*


Eu estava estupidamente nervoso. Aquela roupa com a qual eu havia gastado todas as minhas economias, não parecia apropriada para ir ao cinema. ia perceber que eu estava muito mais animado do que nós combinamos estar.
“Não consigo deixar de sentir que isso vai acabar de um jeito horrível.” Essas foram suas exatas palavras quando eu perguntei sobre o que ela achava do nosso último encontro como casal. Queria responder algo como “Vai acabar sendo um encontro inteiramente prazeroso” ou qualquer outra cantada barata que eu usava com qualquer outra menina. Mas se eu dissesse isso, iria rir da minha cara, no mínimo.
Eu fiquei feliz com suas palavras. Por mais que eu também não estava muito certo sobre nosso encontro, ele iria acontecer. As coisas acabariam de algum jeito, e eu esperava que, desta vez, sem ódio da parte dela.
não iria perceber se eu pegasse um de seus agasalhos, iria? Eu devolveria quando voltasse pra casa.
Eu sabia que estava mentindo. Não iria devolver aquele agasalho até o cheiro dela sair da malha. poderia me bater bastante depois, se ele precisasse usar o agasalho, e eu ficasse com essa conversa de pra cima dele. Não queria briga com ele. Ninguém queria briga com ele.
Ouvi um barulho vindo do beliche, e vi Greg roncando na cama. Que horas seriam? Eu estava certamente atrasado.

Pela primeira vez na minha vida, eu tocava a campainha da casa dela. Eu não estava sujando minha roupa enquanto me arrastava pela terra do jardim, tentando escapar do raio de visão do seu pai. Pela primeira vez em muito tempo eu poderia beijá-la sem ver tristeza em seus olhos. E eu mal podia esperar por isso.
Minhas mãos tremiam quando ela abriu a porta, e o buque de rosas que eu segurava caiu no chão.
Ela agachou-se para pegá-lo e sem perceber, eu a imitei. Nossas mãos se tocaram, e ela sorriu envergonhada.
estava tão linda. Eu mal conseguia montar uma sentença em minha cabeça, sem que o aroma de sua pele invadisse meu cérebro, e eu esquecesse completamente sobre o que eu iria falar.
“São pra mim?” Suas bochechas estavam rosadas, e contrastavam com sua pele morena de Sol.
Eu concordei com a cabeça, incapaz de dizer um “sim”.
“Obrigada.” Ela entrou na casa e deixou o buque em cima da mesa.
O silêncio foi quebrado pelo seu salto batendo no piso de sua casa, enquanto ela voltava correndo até a porta.
“Pra onde nós vamos?” Ela sorriu e eu a beijei.
Talvez eu precise explicar melhor essa cena.
Desde que Benji morreu, ela não sorri pra mim. Ela não me olha com entusiasmo ou paixão; seu olhar está sempre carregado de descontentamento e seu sorriso parece falso. Eu implorava todos os dias para ver essa . E de repente, quando eu tinha falado para mim mesmo que aquela seria a minha última vez com , ela aparece. Ela, a de verdade. Era quase inacreditável.
Tudo o que meu ouvido conseguia ouvir, era sua voz perguntando onde eu a levaria; tudo o que eu enxergava era a sintonia perfeita entre seus olhos e sorriso e tudo o que eu queria sentir eram seus lábios. Pela última vez.
Nós poderíamos ficar ali para sempre. Quando sua mão me puxou para mais perto, eu pensei que fosse morrer. Ainda não entendia como fazia tantas coisas ao mesmo tempo. Como alguém recebia um turbilhão de sentimentos, e conseguia continuar movendo os lábios? Eu tentava ser tão doce quanto à garota que estava em minhas mãos, mas sentia que estava falhando.
Eu precisava de ar, mas não queria tirá-la de perto de mim. Era como se, ao fazer isto, ela pudesse voltar a ser a antiga . A amarga.
Ela deveria estar pensando sobre isso quando descolou seus lábios do meu. Nós nos olhamos por alguns segundos, mas antes que eu pudesse pedir desculpas, ou dizer algo idiota, ela me abraçou. Da mesma forma que fazia quando Benji já estava fora de casa há mais de dois dias.
Benji. Benji, Benji, Benji.
Eu precisava parar de pensar nisso.
“Vamos?” Eu perguntei. “Não vou te levar para muito longe.”
Ela sorriu outra vez, e eu não resisti. Depositei um selinho em seus lábios.
Abri a porta do passageiro para ela, e a assisti ligar o rádio, enquanto entrava no carro.
“Nada que preste...”
“Como sempre.” Ela riu alto. Era sempre um sacrifício achar alguma música que ela gostasse, mesmo estando em Hollywood, o centro de tudo.
“Como estão seus irmãos?” não fez a pergunta no intuito de me machucar, ou de me fazer lembrar coisas desagradáveis.
Só que eu lembrei. Era impossível não lembrar.
“Bem.” Nós ficamos em silêncio por um instante. Eu não queria que durasse muito tempo. Era nossa última oportunidade; não podia desperdiçar. “Greg ainda está tentando montar aquele quebra-cabeça, sabe?”
riu baixo.
“Fala que eu passo lá amanhã para ajudá-lo.”
Eu desviei meus olhos da estrada por um instante, e a observei. Seus olhos me encaravam sem vergonha de parecerem maliciosos, e eu não consegui focar minha atenção a qualquer outra coisa, a não ser .
Eu sorri para ela, e a esperei retribuir. A malícia foi substituída por lágrimas, mas nenhuma delas rolou por suas bochechas.
“Eu ainda te amo.”
Ela havia mesmo dito isso? Era tudo o que eu precisava ouvir para largar tudo.
“Nós poderíamos morar em outro lugar, sabe? Houston.” Meus olhos miravam a estrada de vez em quando, mas não se demoravam. roubava minha atenção. “Eu posso parar de traficar. Você sabe, arranjar um emprego de verdade.” Eu esperei ela dizer algo, confirmar minha loucura. Mas ela não dizia nada. Só sorria cada vez mais. Eu tomei aquilo como uma iniciativa para continuar falando; faria tudo para ela continuar sorrindo. “Nós podemos ir hoje mesmo se você quiser. Ninguém precisa saber.”
“Eu quero...”
E então tudo aconteceu muito rápido.
Quando meus olhos pousaram por dois segundos na estrada, eu vi uma luz, não muito longe de nós. Um carro estava parado no meio da estrada.
Pisei fundo nos freios, mas nada aconteceu. Tentei outra vez, e nada. O sorriso de se transformou em desespero, e antes que eu pudesse raciocinar, virei o carro para a direita.
Uma mini SUV vinha na velocidade máxima na outra pista. Foi então que os barulhos começaram: ouvi pneus frearem, um estrondo levou minhas mãos à minha orelha, e então, vidros se quebraram. Um grito alto surgiu da boca de , e sua força diminuiu conforme os segundos passaram. E então, tudo ficou preto.

When I woke up, the rain was pouring down,
Quando eu acordei, a chuva estava caindo,
There were people standing all around.
Algumas pessoas estavam se aglomerando à nossa volta
Something warm flowing through my eyes,
Algo quente passou por meus olhos,
But somehow I found my baby that night.
Mas de alguma forma, eu consegui ver meu amor aquela noite.
I lifted her head, she looked at me and said;
Eu levantei sua cabeça, ela me olhou e disse:
"Hold me darling just a little while."
“Abrace-me, meu amor, só por um instante”
I held her close I kissed her - our last kiss,
Eu a trouxe para perto, a beijei – nosso ultimo beijo,
I found the love that I knew I had missed.
Eu havia achado o amor, que sabia ter perdido.
Well now she's gone even though I hold her tight,
Bem, agora ela se foi, mesmo depois de abraçá-la.
I lost my love, my life that night.
Eu perdi meu amor, minha vida naquela noite.

Quando eu acordei, olhei em volta. Minha cabeça e meu tronco estavam para fora do carro, e minhas pernas do lado de dentro. Encostei minha mão em minha cabeça, tentando fazer a imagem do céu parar de girar. Um líquido gosmento impregnou-se nelas. Era sangue. Sangue misturado com a água da chuva.
Após alguns segundos, tentando me lembrar do que tinha acontecido, recuperei meus sensos. O grito de ecoou em minha mente, e eu comecei a confundi-los com o som do pneu queimando. Estava muito confuso para perceber que havia mais de uma pessoa em minha volta. Um senhor assustado olhava para mim, enquanto gritava coisas que eu não ouvia. Tudo o que meu cérebro conseguia processar, era e seu grito.
Eu conseguia sentir a agonia dela, sentia a dor dela corroer meu peito mais rápido do que a minha própria dor.
Não me recordo como achei forçar para levantar. Quando me afastei alguns passos do carro, pude ver o estrago que tinha feito. O Toyota de Billy estava de ponta cabeça, no meio da rodovia. Eu não consegui ver a Mini SUV que havia participado da batida.
Cambaleei um pouco para chegar até o outro lado da cena do acidente. Uma labareda de fogo, saindo diretamente do carro, passou pela minha visão. Mas eu não liguei – porque exatamente naquele instante – eu vi . Ela parecia estar inconsciente, jogada na rua. Seu corpo completamente fora do carro.
Seu rosto sangrava mais do que o meu, e alguns cacos de vidro estavam presos em seu braço.
Minhas mãos tremiam quando eu agachei-me no chão, para segurar sua cabeça para mais perto de mim. Exatamente como se eu estivesse pegando um buque de rosas.
Seus olhos piscaram, e eu senti uma onda de calor invadir meu corpo. Eu estava muito atordoado para conseguir distinguir o sentimento.
“Abrace-me...” Ela pediu. Eu não via como fazer aquilo sem machucá-la. “Por favor.”
Eu me rendi e meu corpo se aconchegou ao dela. Segurava-a da cintura para cima, como se ela fosse um bebê.
Seu rosto estava tão perto do meu quando ela sorriu outra vez.
“Eu ainda...” Ela iria repetir se eu não tivesse calado-a com um beijo.
“Eu sei. Também te amo” olhava pra mim e, fazendo um sacrifício enorme, ainda sorria, assim como mais cedo em sua casa.
Eu estava feliz por ela estar consciente. Enquanto ela me olhasse significava que ela ainda estava viva.
“Vá para Houston. Faça do jeito que você me disse...” Ela murmurou.
“Eu vou fazer. Vou fazer tudo isso com você ao meu lado.” Ela negou com a cabeça. “Fique quieta, por favor. A ajuda vai chegar.”
“Eu sonhei com Benji. Eu sabia, eu estou pronta.” começou a dizer essas coisas sem pé nem cabeça, enquanto seus olhos se fechavam lentamente.
“Por favor, quietinha.”
Eu sabia que eu finalmente havia encontrado o amor, e que eu também o havia perdido.
?” Ela sussurrou meu nome pela última vez.
“Hm?” Uma lágrima caiu do meu olho até seu rosto. Ela pareceu sentir cócegas, e soltou um riso quase inaudível.
“Houston. Vida nova. Não faça mal para ninguém”
E eu não iria fazer mal nenhum, nunca mais. Porque eu precisaria ir para o céu, se eu quisesse vê-la outra vez.

Fim.


N/A: Oi :D
Queria muito agradecer a minha beta Bia, porque sem ela essa fic nunca teria saído. Você faz um ótimo trabalho como beta, como amiga e como tudo. Sério mesmo, heart em você HAHA <3
Obrigada a quem leu, gostou e chorou (ou não).


Outras fics:
My Mother's 15th Wedding - (McFLY/Em Andamento)
4 a.m. - (McFLY/Finalizadas)
4 a.m. II – Um novo começo para um final diferente - (McFLY/Finalizadas)
4 a.m. III - (McFLY/Finalizadas)
4 a.m. IV - (McFLY/Finalizadas)


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