Betada por: Bih hedegaard (a partir do capítulo 25)
Um
- Anda, ! Você é pior que mulher para se arrumar! - Eu gritava ao pé da escada enquanto esperava meu amigo noiva para se arrumar, já disse que ele é lerdo? Já faziam vinte minutos desde que eu chegara e gritara do banheiro que estava tomando banho. E fazia quinze minutos desde que ele saiu do banheiro e disse que estava penteando o cabelo. E já faziam doze minutos desde que ele disse que ia calçar os tênis. Af. Bom, deixe eu me apresentar, mal educada eu, não é?! Bom, me deixa contar minha história. Meu nome é França. Tenho dezesseis anos recém completos e moro com meus pais. Bom, o que vou falar de mim? Tenho um grupo de amigos na escola que é formado por mim, , e mais cinco meninos. Esses meninos são , , , e . E, a propósito, eu sou apaixonada pelo último. E, só pra deixar em pauta, desde que me conheço por gente, ele é meu melhor amigo, e a gente tem uma relação de irmão e irmã sabe? (com certa tara pelo lado da irmã, mas isso não vem ao caso). A gente se conhece desde os dez anos de idade, a não ser e eu, que nos conhecemos há mais tempo, o resto eu conheci com treze anos. Como vocês já perceberam, nós gostamos muito de andar com homens. Tipo, isso faz mais o nosso estilo. Eles são menos fúteis e com bem menos frescuras e não ficam te enchendo por você não usar blush ou salto alto, na realidade, eu queria ser homem, sabe? Bom, mas isso eu acho que, novamente, não vem ao caso. Quase caí para trás quando olhei para a escada e vi o ser que descia dali, fazendo uma cara super sexy, tipo ator de filme pornô, sabe? Bom, é essa a cara que ele está fazendo nesse momento. E eu juro que estou sentindo meu coração batendo bem... Na orelha.
- Totalmente gay! - Disse rindo da sua cara de decepção. - E sexy! – Acrescentei, dando uma mordidinha nos lábios, antes de pegar minha bolsa e ir em direção a porta. Iríamos para uma pizzaria para eu poder conhecer a tal namorada que o arrumou enquanto eu viajei duas semanas. Quando eu digo, eles reclamam. É só eu dar as costas que essas crianças começam a aprontar. Primeiro o e a começam a se pegar (o que já era tempo, realmente, mas precisava esperar eu viajar?) e logo depois o me vem com uma de que está namorando? Ah, fala sério. Mas como eu sei que isso não vai durar mesmo. Ele nunca passa de vinte dias com a mesma garota. Então, ponto para mim! Já que ele diz que a única mulher da vida dele, sem ser a mãe é claro, sou eu! Aplausos para mim. Mas pena que ele não enxerga que já está na hora de parar de me enxergar como uma irmã e começar a me ver como mulher. Já passou da hora, não é? Bom, mas isso não vem ao caso agora, já que ele está namorando. E, a propósito, eu nem perguntei como essa dita cuja é. Nem fiz muita questão. Mas como já estava chegando na hora de conhecê-la, eu precisaria, pelo menos, saber o nome da coisinha, certo? - Como ela é? - Perguntei quando estávamos parados em um sinal. hesitou. Só não podia ser um tribufu por que se não eu me matava. Fala sério! Dar mole para um tribufu e não dar mole para mim?
- Bom, ela é mais ou menos da sua altura, tem o cabelo da cor dos seus e os olhos castanhos claros. O cabelo dela e enorme sabe? E todo de uma cor só. A única diferença do seu porque, se ela tivesse essas suas mexas roxas, de costas vocês se pareceriam muito. Eu cheguei até a comentar isso com ela e ela ficou super curiosa para te conhecer.
- Nossa, , muito parecida comigo, hein?! Me procurando em um outro alguém é? - Perguntei sorrindo de canto e arqueando a sobrancelha. O menino ao meu lado apenas riu, seguindo em frente com o carro. - Como que começou isso? Digo, o namoro e vocês? - Perguntei, pela primeira vez sentindo a curiosidade aguçada em relação a esse relacionamento.
- Tipo, eu fui te levar ao aeroporto e depois de lá eu resolvi ir tomar um milkshake. Então eu conheci essa menina e comecei a conversar com ela, aí conversa vai, conversa vem. Você sabe como eu sô bom de papo, não é? - Ele sorriu convencido e eu apenas dei um tapa em seu braço. – Bom, aí a gente acabou ficando . Ela disse que era nova na cidade e que não conhecia nada aqui, já que tinha acabado de chegar, ela veio morar com o pai. Meio que a contragosto porque, pelo que eu entendi, ela não se dá muito bem com a irmã, que, pelo o que ela disse, é uma peste. Aí eu me ofereci para mostrar a cidade para ela. A gente saiu mais algumas vezes e começamos a namorar. Ela é demais. Eu tenho certeza que você vai gostar dela.
- Bom, se ela realmente é desse jeito que você está falando, eu devo gostar sim. Se você gosta... Eu também. - Sorri sincera. - Tudo o que fazia bem para , me fazia bem, isso não significava que me fazia feliz, mas... Não se pode ter tudo, não é?
- Que bom! Você sabe que é importante para mim que você goste dela! - Ele disse parando o carro e eu saltei de dentro do mesmo. – E, a propósito, eu já expliquei para ela nossa relação de irmandade. - Ele disse e eu sorri. Pegando as chaves do carro e colocando na bolsa logo em seguida, abraçando-o pela cintura. Mas que merda, não ia dar nem para rolar uma provocação? - Sabe, eu acho que estou apaixonado! - Ele disse e eu senti meu coração parar de bater por um breve instante. Apaixonado? Ele nunca tinha dito essas palavras antes! Sorri andando com ele em direção a porta de entrada e me preparando para conhecer a tão famosa namorada do e sentindo, pela primeira vez, incômodo por aquele namoro. Um incômodo que parecia que iria crescer, até demais. Entramos na pizzaria e logo avistamos uma mesa onde alguns débeis mentais faziam palhaçadas. Vi um corpo com cabelos castanhos claros, longos, caídos sobre as costas. Realmente, de costas se parecia comigo, a não ser pelas mechas roxas.
- , você esqueceu o mais importante! - Eu disse quando chegávamos perto, a menina parecia que iria se levantar.
- O que? - Ele me olhou com aquela típica cara de retardado mirim, a qual eu amo.
- O nome dela! Dã! - Eu disse, olhando para a menina que agora tinha se levantado e permanecia de costas, olhei para e sua cara não era das boas. Ela não deve ter gostado da menina, pensei. Se não gostou, eu também não iria gostar. Ai meu Deus. Eu acho que futuramente teríamos problemas no ar.
- Ah, é! - Ele disse batendo na testa. - . - Ele disse. - . - Ele disse e assim que terminou a frase a menina se virou de frente para nós. Naquele momento eu tive certeza de três coisas. Primeira: Eu não gostaria dela. Segunda: Os problemas já estavam no ar. Terceira: E mais importante, eu ODIARIA aquele namoro.
Dois
- Esse lugar já foi mais bem freqüentado! - Ela disse, me mirando de cima a baixo e eu tive uma enorme vontade de pular no pescoço daquela vagaranha e acabar com a vida dela ali mesmo.
- Faço das suas as minhas palavras, queridinha! O que você está fazendo aqui? – Perguntei, sentindo meu rosto queimar. Ela era a namorada do meu ! MEU! Ah não! Eu vou ter um ADP! Parou , porque ADP é coisa de fresca!
- Eu acho que o que eu faço ou deixo de fazer aqui não é da sua conta! Que foi?! Está me seguindo agora? - Ah não! (imagina que dentro da sua mente tem uma mini você, gritando e se debatendo e gritando exatamente assim: Ah não! Me segura ou eu vou acabar com a vida dela! Ah, se vou! Quem ela pensa que é para me dar um fora?! Eu tentei ser civilizada, mas já que era para voltar no tempo das cavernas, vamos voltar! E que, de preferência, eu sai puxando-a pelos cabelos e depois arranque-os um por um! Com as unhas dos dedos dos pés! Ai! Que ódio!).
- TE SEGUINDO? - Elevei o tom de voz. – Se enxerga garota! Quem você acha que é?! EXISTEM COISAS MELHORES PARA FAZER DO QUE OLHAR PARA SUA CARA DE ESTRUME! Poupe-me! Se enxerga, ! – Falei, colocando a mão na cintura e mirando-a de cima abaixo com cara de nojo! Até meus neurônios estavam quicando de raiva.
- Se enxerga você garota! Está pensando que é quem? - Ela falou, chegando mais perto e apontando o dedo na minha cara! Sinceramente, pensei em fazer a tática , mas acho que isso não seria muito bom. Falando em , já entendi por que ela estava com aquela cara. E, ah, vocês querem saber a tática ? Bom, amanhã, nesse mesmo canal e nesse mesmo horário! Zoa! A tática é o seguinte: você olha fundo nos olhos da pessoa, respira, conta de um até dez, respira de novo e voa no pescoço dela! Isso é maneiro e funciona!
- Para começar, tira o caralho do dedo da minha cara! - Falei entre dentes e segurando seu dedo. O caralho saiu. Isso não é bom sinal. Já comentei que sentia fumaça saindo de minhas orelhas?
- , calma! - Ouvi a voz de e só então me toquei que ele tinha se levantado, assim como . estava parado estático ao meu lado e e Vinicius continuavam com cara de débeis mentais. Só que, desta vez, concentrados. Foi então que me toquei que tínhamos gritado e que toda pizzaria prestava atenção em nós
- Tira a mão de mim garota, se não eu te quebro! - Ela disse e seu rosto parecia vermelho, e eu tinha certeza que queimava igual ao meu. O nome disso era ódio.
- Você o que? - Não agüentei e soltei uma gargalhada alta e estridente. - Quero ver quem vai ser a mulher que vai ma bater, queridinha! Tenta, é bom que você vai me dar mais um motivo para quebrar essa cara de cachorro mal tratado que você tem! - Falei chegando ainda mais perto. - E sem um pingo de pena! – Sibilei, bufando logo em seguida.
- Hey, hey, hey! - Vi entrar entre nós duas, tentando amenizar a situação. - Eu acho que vocês duas já se conhecem! - Ele disse sorrindo, meio nervoso.
- INFELIZMENTE! - Respondemos juntas.
- Que foi garota?! Além de ficar me seguindo vai ficar repetindo que eu falo, é? - Ela disse, colocando a mão na cintura e batendo os pés no chão, exatamente como eu tinha feito há alguns minutos atrás.
- , calma. , calma. - disse, tentando amenizar a situação e me segurando pelos ombros, fazendo aquela cara de gato de botas do Shrek, o que geralmente me faria desistir dessa briga na hora, mas, dessa vez, não fez.
- Espere aí, você a conhece? - disse. Meu Deus! Ela é cega ou burra? Será que não viu que chegamos juntos? Meu Deus!
- ... - se virou para ela, segurando seus ombros agora. - Essa é a ...
- Eu sei que ela é , ! - Ela disse arrogante, o que me fez ter vontade de arrebentar a cara dela por falar assim com o meu , só quem falava assim com ele era eu!
- A minha melhor amiga! - Ele disse e eu fiz uma cara tipo, tentem imaginar a Beyoncé em Irreplaceble, quando ela encosta-se ao carro levanta a sobrancelha e faz cara de deboche. Bom, foi exatamente essa cara que eu fiz, mas sem encostar-me ao carro. E, pela cara da de duas a uma, ou ela odiou a minha cara de deboche, ou tinha dito o quão próximos éramos. E isso a deixou com ciúmes! Otária! – ... - Ele se virou para mim agora. - Essa é .
- Eu já percebi que ela é a e que é a SUA NAMORADINHA, ! – Falei, fazendo gestos exagerados.
- Namoradinha? Olha o jeito que você fala de mim, garota! - Ela se aproximou novamente, colando o seu corpo as costas de . - Eu sou a NAMORADA dele. E você é só a amiguinha. - Ela disse e, hm, cara, pegou na ferida. - Algum problema nisso? - Ela fez a mesma cara que eu fiz há segundos atrás e eu sei que agora ela deveria ter sentindo raiva pelos dois motivos.
- TODOS! COM TANTA MULHER NO MUNDO ELE TINHA QUE ESCOLHER LOGO VOCÊ? – Gritei, chegando mais perto também e colando meu corpo ao de , mesmo com o calor da discussão não pude deixar de sentir um arrepio devido a sua respiração que bateu em mim.
- GRANDE ESCOLHA, QUERIDINHA! - Ela gritou de volta.
- GRANDE MERDA, ISSO SIM! – Rebati.
- MERDA É A MÃE! - Ela respondeu de volta.
- NÃO METE A MINHA MÃE NO MEIO NÃO, GAROTA – E, dessa vez, não me controlei, pulei por cima de (alta eu né?) no pescoço dela, agarrando alguns fios de cabelos, mas fui logo separada, já que ela ficou sem reação e o estúpido do me segurou pela cintura, me puxando para trás. - Você não bota a mãe no caralho da discussão, não! – Falei, já perdendo toda classe que eu tinha, isso é, se algum dia eu tive alguma.
-VOCÊ É LOUCA? TEM MERDA NA CABEÇA, É? - Ela gritou, se recompondo do susto e querendo partir para cima de mim, mas sendo segurada por .
- CALMA GENTE! - gritou e um silêncio reinou no lugar, ele respirou fundo e se eu não estivesse tão afobada pela discussão morreria de rir por ver dando uma de chefe. - Bom, eu já tenho certeza que vocês se conhecem!
- Mas é claro que a gente se conhece, seria impossível se a gente não se conhecesse! - Ela disse naquele tom irônico para de novo. Ah! Eu vou arrasar com ela.
- Por que impossível? - Ele disse, fazendo aquela típica cara de ameba verde dele quando não entendia as coisas. Respirei fundo, tentando conter a raiva, olhei para e logo em seguida para . Por mera coincidência, ou não, dissemos juntas as duas palavras que esclareceriam toda aquela confusão.
- Somos irmãs!
Três
- MEIA irmã! - Repetimos a frase juntas e olhamos uma para a outra, bufando alto.
- Como assim sua irmã? - A voz de apareceu atrás de mim e só então me toquei da presença dos demais, me olhando com cara de cú.
- Meia irmã! - Falei ainda de mau humor. Ódio, ódio, ódio.
- , você nunca disse que tinha uma irmã! - me olhou indignado.
- Você nunca perguntou! - Respondi indignada. Que foi? Ele vai me acusar agora por nem lembrar que existia uma irmã minha por aí?
- E precisava? – disse, se levantando.
- Claro. - Eu disse, fazendo cara de óbvio. - E do que importa? Eu nem lembrava que tinha irmã, ela não mora aqui mesmo! – Disse, me lembrando desse fato e também me lembrando da conversa no carro com .
- Morava, queridinha. - Ela disse o queridinha fazendo cara de deboche. Meu Deus.
- Me chama de queridinha mais uma vez que eu quebro seus dentes! – Disse, ameaçando-a.
- Alguém me explica? - falou, levantando o dedo indicador no alto, com sua típica cara de idiota.
- Ela é minha meia irmã , não tem mais nada para explicar! Não moramos juntas, ela é filha de um relacionamento que o meu pai teve um mês antes de conhecer minha mãe. Simples! - Eu disse, já impaciente e, tipo assim, do nada um surto de raciocínio me atingiu. - Espera aí, você disse que morava, o disse que você era nova aqui... Então se você morava, quer dizer que não mora mais e se você não mora mais, quer dizer que...
- Eu estou morando na sua casa, queridinha!
- Espera aí, você falou para ele que eu era uma peste? – Disse, mas logo em seguida outro surto de raciocínio me atingiu. - VOCÊ ESTÁ MORANDO AONDE? AH! EU NÃO ACREDITO... – Falei, virando de costas para todo mundo e indo em direção a porta de saída! - ISSO É SÓ UM PESADELO! , VOCÊ DEVE ESTAR DORMINDO! – Gritei, tentando me convencer disso! Precisava ser real.
- , aonde você vai? - Ouvi gritar assim que alcancei a porta.
- Eu não acredito, eu não acredito! - Eu repetia para mim mesma, tentando fazer com que aquilo fosse um sonho, apenas um sonho, e que no instante seguinte eu acordasse.
- Hey! Minhas chaves! - Ouvi a voz de , mas eu não prestava atenção.
- Não acredito, não acredito...
- PAI! - Entrei em casa gritando. - Ô PAIÊ! - Subi as escadas e antes de correr para o quarto dos meus pais fui direto para o quarto de hóspedes e vi minhas esperanças caírem por terra quando vi que ele estava ocupado. - PAIÊ! - Entrei no quarto sem bater e pude ver os rostos serenos de meu pai e minha mãe sentados na cama, assistindo televisão. Eu odeio quando eles fazem isso.
- Vejo que você já deve ter se encontrado com a , não é? - Meu pai disse com um sorriso no rosto. Já disse que meu pai é hiper gato? Pois bem, ele é. E faz qualquer garota de dezessete anos suspirar por ele. Mas não suspirem, porque ele é da minha mãe!
- Como assim a Carolina está morando aqui? Ninguém me disse nada! Eu viajo duas semanas e quando eu volto ela está morando aqui? Como assim? - Eu não consegui conter minha raiva e ela estava sendo expressa na minha voz.
- A Hillary resolveu mandar a para morar uns tempos aqui. E nós aceitamos numa boa... - Meu pai disse logo em seguida, voltando sua atenção para a televisão.
- Mas pai, mãe, a senhora vai deixar essa garota morar aqui, assim? – Falei, cruzando os braços. Minha mãe bem que podia ser uma madrasta hiper chata, não é?
- , essa garota tem nome e ela é sua irmã. - Minha mãe disse calma, ainda olhando para a televisão.
- MEIA irmã.
- Então vai se acostumando, porque a sua MEIA irmã... - Ela disse, frisando a palavra meia. - Vai morar aqui, você queira ou não. - Minha mãe disse me olhando séria. Saí do quarto a passadas duras e bati a porta do meu quarto assim que passei por ela. Joguei-me na cama, bufando de raiva. Eu poderia estar parecendo uma menininha mimada, mas que se foda. Minha convivência com Carolina nunca fora fácil e agora mesmo que não seria, afinal, eu teria que dividir com ela.
Acordei com o som da porra do despertador no meu ouvido. Primeiro dia de aula. Mas que merda, e, para completar, com a na mesma escola que eu, eu devo ter jogado catarro na cruz, só pode. Virei para o lado, ficando de frente pra parede e afundando meu rosto no travesseiro. Tudo o que eu queria era que aquilo não tivesse passado de um pesadelo.
- Será que a senhorita poderia devolver as chaves do meu carro? - Ouvi a voz de falar e sentei de um pulo na cama, sentindo meu coração batendo descompassado devido ao susto.
- Putaquepariu! - Falei as palavras todas juntas, levando a mão de encontro ao peito, querendo que com esse gesto meu coração se acalmasse um pouco.
- Bom dia! - Ele disse rindo e se levantando do pufe onde estava sentado, e se sentando na minha cama. Aquele sorriso que fez com que meu coração, ao invés de se acalmar, acelerasse ainda mais.
- Desculpa por ontem. - Eu disse meio sem graça. – A gente não se dá bem. - Eu disse, me referindo à e ele fez um aceno com a cabeça, dizendo que estava tudo bem.
- Você não tem do que se desculpar, a não ser que meu carro tenha algum arranhão. - Ele disse.
- Na realidade ele tem... - Eu disse séria e a expressão em seu rosto se alterou, passando de brincalhona para alarmada. Não custava nada eu zoar um pouco, não é? Não mata ninguém. - Mais de um arranhão, já que eu atropelei uma lixeira com ele! - Eu disse e os olhos de fizeram como nos desenhos animados em que estão prestes a saltar do rosto. - Brincadeirinha! - Disse rindo de sua cara.
- Mais uma dessas, você me mata! - Ele disse. - E a senhorita não vai se arrumar para a escola, não? – Perguntou, se deitando na cama e me olhando. Coisa típica de vir me acordar e ficar esperando eu me arrumar para irmos juntos para a escola. Coisas de e , a diferença é que agora teria a no meio.
- Vou não. - Eu disse deitando e jogando o travesseiro na cara. - Estou cansada. - Disse com a voz abafada.
- , você acabou de voltar de uma viagem, que, segundo seus pais, foi para você poder descansar antes de começar as aulas, e você me diz que está cansada? - Ele fez uma cara engraçada e eu soltei uma risada nasalada. – Anda, levanta! - Ele falou e começou a me fazer cócegas.
- Pára , já estou indo! Calma aí! - Disse me sentando. - Pronto, estou indo. - Me levantei e fui em direção ao banheiro do meu quarto, mas parando na porta e me virando para encarar , apesar dos meus trajes que eram uma boxer dele e uma mini blusa, não me encarava com malícia. E eu me sentia feliz por aquilo. Mesmo que às vezes ele me secasse um pouco, segundo o que dizia. - Eu acho que suas visitas matinais vão ter que acabar! - Eu disse séria e ele me olhou assustado.
- Que foi? Não quer mais minha carona? Ou não quer mais ser acordada por mim? - Ele estava sério.
- Nenhum dos dois. A sua namorada vai acabar ficando com ciúmes e eu não quero arranjar problemas. - Disse olhando para o chão.
- Psiu, olha para mim - Ele disse e eu o encarei. - Você é minha melhor amiga e nada vai mudar isso. - Ele disse e eu sorri, logo em seguida entrando no banheiro.
Saí do banheiro vinte minutos mais tarde e dei de cara com um adormecido na minha cama. Sorri da situação e tive um pouco de medo de que aquilo pudesse acabar, afinal, agora ele era meu cunhado, ou melhor, meio cunhado.
- , acorda – Disse, indo em direção à cama, enxugando os cabelos. Mas o menino não se moveu. – Estrupício, acorda! - Falei mais alto, jogando a toalha molhada em cima de seu rosto.
- Isso é golpe baixo! - Ele reclamou, tirando a toalha do rosto e me olhando com cara de mal logo em seguida.
- Anda, levanta daí se não vamos nos atrasar! – Falei, fazendo cócegas no mesmo, vendo-o se encolher e se sentar imediatamente. Isso sempre funcionava, em ambos. – Vamos! – Falei, pegando minha mochila e logo em seguida abrindo a porta do meu quarto e dando de cara com uma com a testa franzida e com cara de poucos amigos. - Vai se acostumando, honey, porque é assim todo o dia! – Falei, me referindo à cara que ela fez ao ver sair do meu quarto; eu desci as escadas logo em seguida, me afastando dos dois, mas não antes de ouvir um.
- Bom dia amor. Carona? - Vindo de e mecanicamente me virei a tempo de ver um beijo entre os dois e um balde de água fria na minha cabeça.
– , dá para andar logo porque eu não quero me atrasar para a porra do colégio! - Disse no tom mais arrogante que consegui formar, já que naquele momento todos os meus sentidos haviam fugido, não que eu nunca tivesse visto beijando outra menina, mas o caso ali era diferente. Aquele era minha irmã. Meia, na verdade, mas eu acho que vocês já entenderam isso.
- EU VOU NA FRENTE! - Ouvi a voz irritante da minha irmã dizer e percebi que não conseguiria ficar mais um segundo perto dos dois.
- Eu vou caminhando! - Falei assim que cruzamos a porta de saída e não esperei que se pronunciasse. Desci as escadas que levavam até a rua e comecei a andar depressa, consultando o relógio em seguida. O colégio ficava a oito quarteirões e a casa de a dois. Se adiantasse o passo ainda conseguiria uma carona.
- Entra no carro, ! - Ouvi a voz de assim que virei a primeira esquina. E não olhei para dentro do carro.
- Não. Estou com vontade de ir a pé. - Respondi indiferente, olhando as unhas.
- Anda, . - Ele falou meio dengoso. Isso geralmente funcionaria. Mas naquela hora não. Eu não iria entrar no mesmo carro que ela, e ainda por cima no meu lugar. MEU! Um lugar que me pertencia desde que ganhara o carro.
- Ah... Dã! – Falei, fazendo um gestinho com a mão, típico Mike Kayle, e erguendo a sobrancelha. Esperava realmente que entendesse e saísse dali, pois ouvir a minha irmã resmungando Botton, com voz de gato escaldado, estava me dando nos nervos. Se a Nicolle ouvisse isso, com certeza a escalpelaria.
- Anda , deixa de ser chata. - Ele repetiu. Está bem, isso realmente estava me irritando.
- Caralho, ! Já falei que não, ok? NÃO! Entendeu? - Pronto, tive que apelar para o caralho. Quem me conhece sabe que só uso o caralho quando estou: nervosa, ansiosa, estressada ou com raiva. Ao ouvir minha voz, bufou e acelerou o carro, graças a Deus! Meus tímpanos estavam livres daquela poluição sonora.
- ? - perguntou assim que atendeu a porta da casa de , me olhando com uma sobrancelha erguida.
- Não, o ursinho da Páscoa! - Respondi entrando na casa.
- Mas a páscoa não tem ursinho, é coelhinho! - Ele disse, fazendo cara de idiota.
- Por isso mesmo. - Respondi olhando ao redor. - Cadê o ? – Perguntei, me jogando no sofá.
- Terminando de se arrumar. O que aconteceu? - Ele perguntou. - O não te busca todo dia?
- Sim, mas minha MEIA irmã estava junto e eu não quis ir. – Respondi, dando um sorriso torto e gritando logo em seguida. – , anda!
- Já estou indo, . ? - Ouvi sua voz lá de cima e pude imaginar sua cara.
- Não! O urso panda! - Respondi e pude ouvir o som de sua risada. Dez minutos se passaram enquanto e eu jogávamos conversa fora e fazíamos entre outras coisas que depois eu explico e nada de aparecer. Levantei-me indo em direção a escada e gritei mais uma vez. – Caralho, ! Está demorando demais! Mas que caralho. Vamos nos atrasar! - Disse e voltei em direção ao sofá, onde ria e pude ouvir os passos de na escada.
- Vamos! - Ele disse com o olho arregalado, simulando medo, e eu pude ouvir quando ele sussurrou para . - Ela usou o caralho duas vezes, então é melhor fazer o que ela manda, se não ela pode nos matar e jogar nossos corpos para as piranhas! - Ele terminou e me olhou de rabo de olho, e a única coisa que fiz foi mostrar-lhe o dedo do meio enquanto passava sua frente.
Assim que chegamos ao portão da escola o sinal tocou, fazendo com que o amontoado de hormônios ambulantes fossem como rinocerontes no cio para suas determinadas salas. Devido ao atraso, não tive tempo de conversar com . Entrei na sala de aula correndo, mas pude perceber o olhar torto do Sr. Thompson para mim. Puta merda, mais um ano com aula desse velho fedido. Olhei para que tinha aquela cara de interrogação e sorri para ela, tentando mostrar que em pouco tempo conversaríamos. Sentei-me na penúltima cadeira do canto do lado esquerdo, um dos meus lugares prediletos e comecei a dar mais atenção as minhas unhas enquanto ouvia a bomba de fedor, vulgo meu professor, explicar pela milésima vez como funcionava seu sistema de avaliação. Bufei alto, e olhei pela janela, me distraindo, mas essa distração logo foi embora quando ouvi o professor dizer meu sobrenome.
- Srta. ... - Ele disse, no mesmo instante ergui meus olhos para o mesmo, me arrependendo logo em seguida, pois a vontade que tive no momento foi de matar a mim mesma por existir. – Bom turma, essa é a Srta. , a nova aluna desse semestre e irmã da nossa querida amiga, . - Ele disse e eu lancei um olhar fuzilador para , que me devolveu o mesmo, me sorrindo cinicamente de canto. Bufei alto logo em seguida sibilando.
- Meia irmã. Meia! - Passei as mãos pelos cabelos, tentando afastar a idéia de como seria um inferno minha vida daqui por diante. era sonsa, cínica e falsa. Ela tinha o dom de fazer as pessoas acreditarem nela, e esse era o problema. Por que quem virava o problema era eu, enquanto a outra ria da minha cara no maior cinismo toda vez que me dava mal. Ai! Como eu queria poder matá-la, pensei e me distraí nesses pensamentos de formas dolorosas de matar minha irmã quando senti uma bolinha de papel caindo sobre minha mesa.
Mais Calma? Cara, eu nunca te vi como ontem! Você parecia que iria explodir. Vocês, na realidade! Eu tentei te ligar para te avisar, mas seu telefone só dava desligado!
.
Eu cheguei ontem depois do almoço. foi me buscar no aeroporto e depois que deixei as coisas em casa fui para a casa dele. A gente passou a tarde toda juntos, e eu esqueci o celular dentro da mala. Estava desligado. Tipo, quando você a viu?
.
Tipo, marcamos de sair , , a nova namorada e eu. Então quando chegou lá, ela nem se lembrou da minha cara. Mas eu me lembrei da dela. De quando nós fomos passar as férias em NY, na casa da mãe do seu pai e a vimos. Essa praga!
Hahaha. Você nunca superou a tinha preta né? Hahaha.
E nem vou superar, assim como você não vai superar o ciúme de ver ela com ! Ha.
Vaca! Fechei a cara com o último bilhete, ela precisava jogar na cara, é? A dela é essa, não é? Me deixa explicar para vocês. Quando tínhamos onze anos nós fomos passar as férias na casa da minha avó. Mas a também foi. Vocês nem queiram imaginar como foi! Ela tocou tinha preta no cabelo loiro de ! Depois eu sou quem não presto!
Amassei o bilhete, jogando-o em seguida na direção da lixeira e sentindo o olhar de em cima de mim. Bufei alto e peguei a caneta começando a escrever coisas aleatórias no caderno, tentando passar o tempo.
-Três, dois, um... - Ouvi a voz de atrás de mim e antes que pudesse me dar por conta, já corria como uma desesperada em direção a uma das mesas do enorme pátio da escola, mas tendo em visão apenas um banco, o mesmo que sempre dividia com . Na realidade, era o mesmo que sempre tentávamos dividir, já que sempre um dos dois acabava no chão.
- Mete o pé, ! - Gritei quando me pegou pela cintura, tirando meus pés do chão e sentando-se no banco. Que há segundos atrás eu juraria que seria meu.
- Mete o pé você, Loser! - gargalhou debochado, fazendo um L com a mão esquerda, levando um pedala na cabeça logo em seguida.
- Vai dar, ! - Fiz careta, mas gargalhei logo em seguida ao ver sua cara.
- , daqui a alguns dias de tanto você mandar o ir dar, ele vai acabar aceitando seu conselho! - Pude ouvir a voz de atrás de nós, que ria da cena. Sentei-me sem um pingo de pudor, isto é, se algum dia eu tive algum, no colo de , ignorando por completo a cara de tacho da minha meia irmã a nossa frente a o olhar de chupa essa manga de para mim.
- Se ele resolver aceitar seu conselho, quero que saiba que já estou na fila! - fez uma cara de atriz de filme pornô mexicano, mordendo os lábios em seguida e eu não pude deixar de rir mais ainda.
- Vai dar, ! - Mandei-lhe língua. Ok, essa mania do vai dar já estava começando a ficar freqüente, mas fazer o que?
- Acho melhor você especificar bem o que você quer que eu dê! - fez novamente a sua cara de filme pornô e eu ri, virando a cara para as demais pessoas que chegavam agora na mesa, ou seja, e .
- Queridinha, será que tem como você sair do colo do meu namorado porque eu quero sentar! - Ouvi a voz irritante da mini-naja a minha frente e revirei os olhos, saindo do colo de porque, realmente, a cara de cú dela para mim já estava me irritando.
- Sente-se meu amor, as pernas finas de já estão me incomodando mesmo! – Disse, me virando para meu best ali sentado, que me olhava indignado. - Que foi, benhê? Suas pernas são finas, mas sua bunda é gostosa! - Sorri de sua cara e dei-lhe uma mordida na ponta do nariz, indo para perto de e que conversavam, deixando e aproveitarem seu momento love. Distrai-me observando o time de futebol que jogava e logo meus pensamentos foram voando para o garoto sentado ao lado com sua mais nova namorada que, por acaso, o pseudo era: minha irmã. Mas que treva, com tanta menina no mundo ele tinha que ficar logo com a minha irmã? Que há? Senti uma bolinha de papel batendo na minha cabeça e logo que virei carrancuda.
- Que foi? – Perguntei.
- Filme mais tarde, já é? - perguntou e eu ainda meio (totalmente) distraída não captei a mensagem direito.
- Filme no , mais tarde, ! - gritou e logo em seguida acrescentou. - Pelo amor de Deus, espírito do mal que se apossou da minha amiga, saia! – Disse, apontando uma das mãos na direção da minha cabeça, fazendo todos rirem, inclusive eu.
- Vai-te a merda ! - Eu falei, mostrando como era lindo meu dedo do meio para ele.
- Ela está viajando, deixa ela de fora! - disse, me olhando com cara de deboche e eu acrescentei.
- Se você não calar essa boca, quem vai viajar vai ser você, mas para o mundo dos espíritos! - Falei entre dentes e a fuzilando com o olhar. - Eu vou! - Disse simplesmente, antes de levantar da mesa e ouvir o sinal do fim do intervalo tocar. Oh! Treva!
Caminhei pela tão conhecida rua da casa de . Já passavam das 16h00min e eu estava indo ver filme na casa do meu amigo. Desde a hora do recreio não via a cara de , o que tinha me deixado de completo bom humor. Voltei da escola de carro com e fui direto para o quarto, me recusando a almoçar já que não estava com fome. E acabei dormindo. Cheguei em frente a tão conhecida casa e não me importei de bater, afinal, eu nunca fazia isso, pelo contrário, peguei a cópia da chave da casa de no bolso do meu short e abri a porta. Não gostando muito do que vi logo em seguida. estava deitado no sofá, por cima de , que tinha a saia levantada e a blusa parcialmente aberta. estava sem camisa e os dois pareciam que iriam se fundir. Não vou dizer que não me importei e que não senti nada, porque seria a maior mentira da minha vida, doeu sim, e muito. Pra caralho, pra dizer a verdade, meus olhos rapidamente se encheram de lágrimas, mas eu não me permitiria derramar nenhuma, não por , não por , na realidade, não pelos dois juntos, não mesmo. Respirei fundo, acalmando (tentando) meu coração que batia a 24578591 quilômetros por hora. Bati a porta com força, fazendo com que os dois se assustassem e caísse do sofá, no chão. Fiz cara de nojo para tudo aquilo e segui para a cozinha, sob o olhar fuzilador de e o envergonhado de . Peguei minha Nutella no esconderijo e logo em seguida uma colher, passando novamente pela sala, indo em direção a escada. O chocolate provavelmente me faria esquecer um pouco das coisas.
- Eu acho que o filme foi marcado para as sete horas, não é? - Ouvi a voz da minha MEIA irmã falando e parei no pé da escada, me virando de frente para poder fitá-la.
- Que eu saiba, eu não preciso de horário para vir na casa do , ou preciso? – Perguntei, olhando para a cara do mesmo e arqueando a sobrancelha e preparando-me para a sessão porrada que teria caso ele dissesse que eu precisava de horário.
- Claro que não, . - Ele disse sorrindo e eu sorri de volta. Ainda bem que é um menino esperto, caso contrário ficaria sem alguns dentes agora. É obvio que meu sorriso foi hiper falso e forçado. Logo virei minha atenção para o ser parcialmente desnudo em minha frente.
- Está vendo?! - Sorri forçado. - Eu entro e saio daqui à hora que eu quiser. Se o dono da casa não se incomoda, quem é você para se incomodar?
- Ele é MEU namorado! - Ela disse nervosa e se levantando do sofá. Não sei se é impressão minha, mas acho que estou ficando um pouco violenta ultimamente, porque, dude, eu tinha muita vontade de arrancar os olhos daquela naja.
- Ele é MEU melhor amigo! E que eu saiba, nossa amizade veio bem antes do seu namoro, honey! - Disse descendo o primeiro degrau, o qual tinha subido antes.
- Problema, mas agora as coisas vão mudar! - Ela disse, seguindo na minha direção.
- Não porque você quer, queridinha. – Disse, dando um sorriso sarcástico para ela. E logo em seguida voltando ao trajeto da escada, indo em direção ao quarto de . - E vê se fecha essa blusa por que eu não estou nem um pouco a fim de ver seus seios. E eu tenho certeza que meu pai também não gostaria de saber que eu os vi. E aonde os vi! - Dei uma piscadela para ela e voltei ao meu trajeto inicial. Caso contrário, minhas respirações cachorrinhos disfarçadamente feitas para tentar me acalmar, iriam por água abaixo.
Já disse que odeio minha irmã?
Pois bem!
E já disse que esse filme vai acabar dando em merda?
Tome nota!
Quatro
- EU NÃO ACREDITO QUE ELA VAI ENTRAR AQUI DESSE JEITO E VOCÊ NÃO VAI FAZER NADA!... COMO ASSIM? ISSO É ERRADO! - Eu ouvia enquanto minha irmã tentava, sem sucesso, convencer a tomar a minha chave e não permitir que eu entrasse mais na casa dele. Coitadinha dela. Bom, deixa eu explicar uma coisa que vocês não devem estar entendendo, mas eu tenho a chave da casa do pelos seguintes fatos: acordar ele, jogar vídeo game, fugir dos problemas. E apenas para ficar com ele, capiche? Joguei-me na cama já abrindo meu copo de Nutella e liguei a televisão em um canal qualquer de clipes. Já disse que amo Nutella? Cara, esse treco é muito bom. Saí do meu transe devocional a Nutella assim que ouvi a porta do quarto sendo aberta e um extremamente vermelho entrando por ela. Juro que se ele me pedir para devolver a chave da casa dele, ele vai ficar com a cara muito mais vermelha do que está agora, sem sombras de dúvidas.
- Vo... - Eu ia falar algo, mas fui interrompida por , que disse um pouco nervoso.
- Na moral, sua irmã tem um geniozinho, hein?! Puta que pariu. - Ele disse e entrou no banheiro, sorri de canto, satisfeita com o comentário. Isso não duraria muito. Não a guerra entre nós duas, pois eu acho que isso seria infinito. Mas sim o namoro dos dois. Ah, se não duraria. A amizade de por mim é mais forte! Bom, pelo menos é o que eu acho.
- CADÊ OS ENERGÚMENOS QUE HABITAM ESSA CASA? - Ouvi a voz de gritar assim que mais um episódio de One Tree Hill acabou, olhei o relógio e vi que se tratava de 19h10min. Queria dizer que os mutantes maiores deviam ter chegado. Olhei para a cabeça encostada no meu ombro e sorri vendo o modo como ele dormia fácil vendo televisão, e, principalmente, quando estava bolado. Desde a discussão de mais cedo com a que ficou meio alteradinho. Ela, por fim, foi embora dizendo que não sabia se voltava mais tarde para o filme, o que o deixou mais irritado ainda.
-AQUI EM CIMA! – Gritei, fazendo despertar do sono com um susto e arrancar uma gargalhada minha. – Desculpa amor, te acordei... - Falei ainda rindo da sua cara de sono e dos amassados feitos ali.
- Putz. Eu... - dizia, mas a frase não foi completada já que e chegaram se jogando em cima de nós, me deixando em um estado totalmente sem ar. Já disse que odeio quando eles fazem isso?
- Ah, , está me sufocando. - Eu disse rindo, mas me sentindo realmente sufocada.
- Pede arrego! - Ele disse rindo, sapeca.
- ... - Eu disse manhosa.
- Pede arrego!
- Arrego! - Falei alto, a fim de tirar logo todo aquele peso de cima de mim enquanto os outros dois riam da minha posição nada confortável.
- Fala: , você é lindo, gostoso e o meu sonho é te dar um beijo na boca! - Disse e gargalhou ao terminar a frase. E eu também. Ambos sabiam o motivo da gargalhada. Mais deixa em off.
- Eca! Seu imbecil, sai de cima de mim!
- Só se você falar o que eu pedi, se não eu posso ficar aqui o resto da noite! - Ele disse se movimentando em cima de mim fazendo até meu útero doer.
- Caralho! , você é lindo e meu sonho é te dar um beijo na boca! - Eu disse, esperando que aquele peso saísse dos meus simples cinquenta e seis quilogramas muito bem distribuídos e que agora eu os sentia bem amassados.
- Esqueceu do gostoso!
- GOSTOSO E MARAVILHOSO! MEU SONHO É CASAR COM VOCÊ E TER VOCÊ SÓ PARA MIM COM OS NOSSOS DEZENOVE FILHOS! AGORA SAI DE CIMA DE MIM, PORRA! - Gritei com todo o restinho de ar que restava em meus pulmões e o menino saiu de cima de mim, se deitando na cama as gargalhadas, junto com os outros dois bestas ao meu lado.
- , eu sei que você me ama e que é uma ninfomaníaca, mas dezenove filhos? - Ele disse arqueando a sobrancelha e eu sorri de canto.
- Não vou te dar descanso! - Gargalhei e dei uma olhada para , que nunca gostava quando eu e brincávamos com esse assunto. Na realidade, é um amigo meio ciumento. Ele tem ciúme dos meninos que eu fico e quase nunca os trata bem. Os únicos que ele não tem ciúmes é e , que era meu best também junto com . Mas de ele tinha ciúmes. E não fazia questão de esconder.
- Então, eu acho melhor a gente deixar esses dois bocós aqui vendo o filme enquanto a gente vai ali para o banheiro começar agora, que tal? – disse, logo em seguida levando uma almofadada de na cara, que o olhava sério. Já disse que meu melhor amigo fica lindo ciumento? Pois bem, ele fica muito!
- Ah, o que foi, ? Você nunca me deixa dar em cima da direito, pô! - Ele reclamou. – Ô, , finge que não ouviu porque você não pode saber que eu estou dando em cima de você, está bom? - Ele me mandou uma picadela e eu sorri de canto.
- Ah, está bom. Eu nem sei de nada. - Disse rindo. Na realidade, não estava brincando, ele realmente dava em cima de mim. Na frente dos meninos de sacanagem, só para irritar , pois ele já percebera que ele não gostava muito desse tipo de brincadeira. E em particular sério, e é claro que eu não tinha perdido a oportunidade de dar uns pegas nele, já que, particularmente, quem resiste aqueles belos pares de olhos brilhando para você e uma boca gostosa daquela. Meu Deus, , para de babar pelo porque o ali, seu sonho de consumo, está bem do lado dele. E é impossível meu coração não acelerar com aquele sorriso que o me dava e com aquela cara de bravo que ele fazia naquele momento. Cara, eu gosto dele de verdade. De verdade verdadinha mesmo. O é só passatempo. Assim como a é para ele. Afinal, eu não vou ficar sem beijar para o resto da vida, não é?
- Cadê a ? - disse, mudando de assunto.
- Está vindo, ela teve que sair com a mãe antes para fazer umas comprinhas. - disse, sacudindo os dedos no ar em sinal de futilidade, o que nos fez rir.
- Bom, então só nos falta ! Onde ele se meteu? – Perguntei, me levantando da cama e recebendo o olhar nada discreto de nas minhas pernas, enquanto fazia o mesmo, só que disfarçadamente, bem disfarçadamente. Sorri internamente, olhando para e arqueando a sobrancelha. Descendo logo em seguida. , que não é burro, desceu logo atrás, entendendo o meu recado. Não. Eu não pego o também. Ele é, tipo, meu diário ambulante, entende? Com ele eu converso tudo sobre o .
- Como você está se sentindo com tudo isso? - Ele perguntou assim que nos sentamos à mesa da cozinha.
- Estranha... - Bem essa era a palavra que descreveria aquilo naquele momento. - Muito estranha.
- O está apaixonado. - Ele disse àquelas palavras que me soaram como um balde de água fria. Mas eu precisava daquela sinceridade. Aquela que só tinha para comigo.
- Eu espero que ele seja feliz. - Eu disse. - De verdade, mas tinha que ser com a minha irmã? - Falei desanimada.
- Sabe, , a vida continua... Você é linda. E tem muita coisa pela frente ainda. - Ele disse se levantando e me dando um beijo na testa. E indo em direção a sala. – E vê se você e disfarcem que vocês andam se pegando, porque se não o vai perceber! - Ele disse e eu engasguei com a própria saliva. Estava tão na cara assim?
- Cheguei! - Ouvi a tão irritante voz que ultimamente estava me perseguindo. Eu devo estar pagando por todos os meus pecados, não é? Levantei da mesa da cozinha, indo em direção, agora, ao armário. Tirando dali algumas latas de leite condensado e algumas pipocas de microondas.
- Ô, empregada, dá para trazer um refrigerante para mim? - Ouvi a voz de vindo da porta e não pude evitar sorrir. Foi engraçado a primeira vez que ficamos, assim como todas as outras. Mas não deixava de ser bom. Era mais curtição. Falta do que fazer, sabe? De ambas as partes.
- Quer que eu vista o avental também ou assim estou bem? - Perguntei me virando e lhe mandando uma picadela. O menino, na mesma hora, se levantou e veio na minha direção. – Ih, pode saindo. - Disse rindo e me virando para a pia, a fim de pegar as coisas para fazer brigadeiro.
- . - Ele disse no pé do meu ouvido de uma forma sexy e eu só consegui rir. Éramos amigos acima de qualquer coisa. Ele me deu um beijo na orelha e eu ri mais ainda. Ele não agüentou e desfez sua cara sexy e também caiu na gargalhada, me virei olhando de frente para ele.
- O está aí, nem vem. - Eu disse assim que ele fez menção de vir em direção a minha boca.
- O que tem? Ele não é o seu dono e muito menos o seu pai. E outra, tudo o que é perigoso e escondido é melhor. - Ele deu uma piscadela e eu não pude deixar de concordar, olhando para a porta da dispensa e logo em seguida mandando um olhar significativo para o menino a minha frente. apenas riu e me puxou para dentro do recinto, me prensando na parede instantes depois e colando seus lábios nos meus. O beijo era simples e bom. Mas sempre acontecia alguma coisa quando estávamos ficando, isso era fato. Resolvi curtir o momento e esquecer que existe por um tempo, afinal, eu estava trocando saliva com um dos meus melhores amigos, na dispensa da casa do garoto que eu gosto (e que eu não sei se o sabe), que, por sinal, está namorando a minha meia irmã, que não me suporta e o ódio é recíproco. Minha melhor amiga está pegando meu diário ambulante, quem, por sinal, descobriu que eu estou pegando o doidinho. E o é uma pessoa maneira. Quem sabe não valha a pena? Falta mais alguma coisa? Ah, sim, falta dizer que virou gay.
Bom, estávamos nos pegando bem na frente da porta da dispensa, qualquer um que entrasse na cozinha naquele momento veria aquela cena. me puxou, andando um pouco para o fundo do pequeno cômodo para podermos ficar 'invisíveis'. Como andávamos ao mesmo tempo em que nos pegávamos, não viu uma sacola no chão e pisou em cima, escorregando e me levando junto. Meu pé bateu em uma das prateleiras da dispensa, derrubando algumas latas de achocolatado e de leite em pó, fazendo uma barulheira danada. Paramos, olhamos um para a cara do outro e começamos a rir descontroladamente. Da última vez que ficamos, um gato pulou por cima de nossas cabeças enquanto estávamos sentados em um canto escondido da escola. Agora me responda, da onde surgiu um gato na escola?
- Que barulhada foi essa aqui? - entrou na dispensa e logo fechou a cara ao me ver deitada por cima de , com a cabeça encostada em seu peito e rindo. Na realidade, nós dois riamos como crianças. arregalou os olhos, mas eu logo o cutuquei, querendo dizer para ele disfarçar e me levantei, pegando uma lata de achocolatado e acrescentando em seguida.
- Eu vim pegar achocolatado e o veio atrás. Só que essa antinha nordestina tropeçou na sacola, caiu e me puxou. - Eu disse, como se eu não estivesse acabado de fazer nada. Cínica eu, não é? E logo fui para a cozinha novamente e vi a cara de na porta junto com , que deveria ter chegado na hora da nossa seção pegação. - Olá corações. - Mandei beijos para ambos e desviei meu olhar do de , que mantinha aquele olhar acusador. Estilo Lucas Scoot. apareceu logo atrás dele e eu me virei, a fim de não ver aquele ser exorbitante e estragar a minha felicidade.
- , por que as bocas de vocês estão vermelhas? - saiu com logo atrás dele, que ficou com aquela cara de idiota de sempre que me fez ter vontade de gargalhar. me fazia bem.
- A gente estava chupando gelo ! - Eu disse de supetão. – Ai, que encanação! Está pensando o que? Que eu estava pegando o na dispensa, aí a gente foi tentar se esconder, ele escorregou na sacola, a gente caiu, derrubou as coisas e eu usei a desculpa de pegar o achocolatado só para te enganar? - Perguntei com a sobrancelha erguida e quase mandei tudo para o ar por causa da cara de : exageradamente hilária. me olhou sério, arqueou a sobrancelha e eu gelei. Puta merda. Um silêncio se instalou na cozinha e me olhava assustado
- Não! Vocês não fariam isso. Fala sério, você ficar com o ? - Ele disse rindo e saindo em direção a sala, seguido por , discutindo algo sobre cabelos. Depois eu e que somos as mulherzinhas do grupo. apenas nos olhou e então eu não agüentamos, caímos na gargalhada novamente.
- Vocês são loucos! - Foi a única coisa que disse antes de nos deixar sozinhos na cozinha novamente. Recompus-me e me pus a fazer o brigadeiro. Um silêncio ficou na cozinha, só se podia ouvir a briga entre e pelo vídeo game.
- Por que você não conta para ele? - disse, se sentando no balcão e me fitando.
- Contar o que e para quem? – Perguntei.
- Para o , e não adianta fingir que não sabe do que eu estou falando porque você sabe. - Olhei para ele erguendo a sobrancelha e ri.
- Você quer que eu chegue lá na sala e diga: ô, , aquilo que eu falei da dispensa era verdade. eu estávamos nos agarrando, aí ele tropeçou e...
- Você sabe que não é disso que eu estou falando. - Ele me cortou e eu engoli a seco. - Eu estou falando sobre você gostar dele! - Respirei fundo e me virei, pegando uma colher dentro da pia.
- Quem disse isso para você? - Perguntei sem encará-lo.
- Eu posso ser lerdo, desastrado e desajeitado, mas não sou burro, . Nem cego. É só olhar para a sua cara quando você está perto dele. Qualquer dia desses eu filmo e te mostro. Seu olho brilha. Seu sorriso fica lindo. Até a sua voz muda. Você ajeita mais o cabelo, sua bochecha fica mais vermelha que o normal. É bonito o sentimento que você tem por ele. É lindo ver alguém se sentindo assim.
- Eu não queria sentir isso. – Desabafei, por fim me virando para encará-lo.
- Por quê? Você é a melhor amiga dele, você sabe tudo o que ele gosta, tudo o que ele quer. Você faz bem para ele. Você o completa.
- Mas aí está o problema. Eu sou a melhor amiga dele. E a minha irmã a namorada. As coisas ficaram mais difíceis agora.
- Mas o que você sente por ele é mais forte. Tão forte que você não consegue nem disfarçar direito. Você vai passar por tudo isso, e no final vai ser só você e o e ninguém mais. Sempre foi assim. E sempre será. Seus destinos foram traçados há muito tempo, e nem e nem ninguém pode mudar isso. - Pela primeira vez eu via falando uma coisa séria e com convicção, e não era sobre música.
- Deus te ouça! – Disse.
- Ele não precisa me ouvir. Ele já escreveu a história de vocês há muito tempo. E eu acho melhor você parar de pensar nele e começar a usar máscara, porque sua irmã está de olho em tudo. Principalmente em você! - Ele disse descendo da bancada e me dando um beijo na testa e acrescentando. - Mas enquanto esse sempre não chega. - Ele me deu um beijo na bochecha. - Eu vou continuar me aproveitando da sua solteirice! - Ele terminou e me deu um beijo na boca que eu não pude deixar de retribuir. Por dois motivos. Primeiro, entre nós o jogo era aberto. Segundo, ele era um gato e beijava bem demais!
Cinco
- Cheguei, crianças! - Ouvi a voz de quando atravessei o hall em direção à sala de televisão junto com , carregando várias vasilhas de pipoca e duas panelas de brigadeiro.
- Sua vaca, que demora, hein?! - Eu disse, depositando as coisas na mesinha de centro e olhando para a menina sentada no colo de . - Estava fazendo o que?
- Fui fazer compras com a minha mãe! - Ela disse e eu respondi com um 'ah’, me sentando, logo em seguida, entre e e tomando o controle do vídeo game da mão do segundo e desligando o mesmo.
- Coloca aí o filme. - Disse para que vinha andando. Olhei para o sofá onde aquela naja vestida de verde limão estava, cruzes! Está horrível! Mexia nas unhas. É isso! O apelido da agora vai ser Limonaja! , você é terrível. - Cadê o ? – Perguntei, já que sua Limonaja estava sentada no sofá sozinha.
- Lá em cima! - me respondeu.
- Vou buscá-lo! – Disse, me levantando do sofá e subindo para buscar aquele ser que fazia sabe-se lá o que sem sua querida (diga-se de passagem) namorada.
- Hey, cadê você? – Perguntei entrando no quarto de e encontrando-o saindo do mesmo.
- Não vive sem mim, não é? – Ele disse, sorrindo daquele jeito que me fazia derreter até o cérebro. Já disse que amo o sorriso desse garoto? Ele é o único que consegue fazer com que todos os meus cabelos se arrepiem de uma só forma, que consegue me dar um motivo em especial para sorrir mesmo quando as coisas não me mostram motivos bons. O único que conseguia alegrar os meus dias com um simples sorriso, bem, eu simplesmente sou louca por esse garoto.
- Mas é claro que não, como é que seria a minha vida sem você para me alegrar? – Perguntei fazendo bico e ele me deu uma leve mordida na bochecha.
- Me leva no colo! - Eu disse indo em direção as suas costas e pulando em sua coluna. - Vamos! – E então começou a correr.
- Pode dizer que eu sou melhor que Edward Cullen, aquele vampiro desbotado e sem graça. - Falou descendo as escadas, o que me fez gargalhar e esquecer por um momento que a Limonaja estava ali e voltar ao tempo em que era apenas eu, e os amigos, sem nenhuma naja para nos atrapalhar.
me jogou no sofá e eu continuei gargalhando, enquanto ele ficava meio sem graça pela cara que a fez. E eu? Ria mais ainda olhando para que não agüentou e começou a rir, que olhou para , que sem saber o porquê, também começou a rir, levando e a rir também junto com . E a Limonaja continuou séria, nos encarando enquanto riamos como um bando de débeis loucos que, na realidade, era o que éramos. E naquele momento eu percebi uma coisa. Ela não se encaixava no nosso grupo.
- Cara, eu não sei porque vocês duas ainda insistem em ver esse filme, vocês sabem as falas de cor, sabem tudo o que vai acontecer e ainda choram. Eu acho, na minha união, cara, que a gente poderia estar jogando vídeo game ou vendo De Volta Para o Futuro, assim, na minha opinião, mas já que ninguém nunca me escuta... – Falou , o indignado.
- Se você acha, é obvio que tem que ser na sua opinião! - Carolina disse e todos nós a olhamos.
- Dráuzio Varela! - Disse da mesma forma a qual Galvão Bueno narrava os jogos, o que fez com que todos rissem, menos , como sempre. É claro que sabíamos que tinha erro de concordância na frase, mas não tem problema nenhum deixar o falar daquele jeito, certo? Mas não, a Limonaja tem sempre que vir se meter onde não é chamada, Ô, treva!
- Idiota! - Ela disse, se referindo a mim.
- Querida, eu acho, na minha opinião, já que a minha opinião é o que eu acho, então significa que eu acho na minha opinião... - Sorri de canto para ela. - Que ninguém te chamou na conversa, então enfia sua língua em outro lugar, honey, porque a conversa ainda não chegou ao limoeiro! - Disse e ri para mim mesma da minha piada ridícula que ninguém entendeu, a não ser eu mesma.
- Limoeiro? - novamente se manifestou e foi a minha vez de interrompê-lo.
- Cala a boca, . - Eu disse. – , é agora! - Falei para . – Rose, você é boba, Rose! Você é boba! - (N/A: Bel, essa é pra você!) Ah, acabou com a minha vida. Desatei a chorar. Na realidade, eu não sabia bem porque estava chorando, se era por estar vendo Titanic, que era uma coisa que eu fazia pela milésima vez, (eu choro com Titanic, ok? Cara, é tão deprimente.) ou por estar vendo e atracados no sofá ao lado do meu. Na realidade, o filme era uma desculpa para poder chorar abertamente a dor de ver o garoto que eu gosto com a minha irmã. - Vou fazer mais pipoca. - Não agüentava mais ver aquilo. Acho que a preferia discutindo comigo. Distrai-me enquanto olhava para o microondas e via o saquinho ficar cada vez maior. Foi quando ouvi da sala um grito vindo de e entrando na cozinha rindo.
- O que você fez? – Perguntei, já conhecendo aquela risada diabólica da minha best.
- Eu não fiz nada. Foi só a colher cheia de brigadeiro que foi parar debaixo da bunda da sua irmã ACIDENTALMENTE e fez parecer que ela tava toda cagada! - Ela disse rindo e eu acompanhei a sua gargalhada.
- , você não presta. - Falei rindo da mente diabólica da minha amiga, como se eu prestasse mais que ela, né?
- Somos duas, honey. Ela foi colocar uma bermuda do ... - Minha amiga disse e ficamos ali conversando enquanto esperávamos o resto da pipoca ficar pronta e colocamos tudo dentro das vasilhas e voltamos para a sala.
- Dude, sério, não agüento mais ver Titanic, esse monte de água já está me deixando com falta de ar. – disse e desatamos rir de sua cara absurdamente exagerada. - E essa parada da Rose, caralho, cara, porque ela não entra na porra do barco e vai embora, ele é um pintor ferrado, ela vai se dar muito melhor na vida se continuar dando para o outro. – Ele continuou seu discurso, parando simplesmente do nada, como se tivesse tido a melhor idéia de todas. – Vamos tomar banho de piscina? – Ele perguntou e todos nós o olhamos incrédulos.
- Mas você não acabou de falar que não agüentava mais ver água?! – perguntou arqueando as sobrancelhas, tirando a pergunta da boca de completamente todas as pessoas ali.
- Mas no filme, oras, na vida real é diferente e está um calor desgraçado. Estou suando mais que Jurumin do mato! – Disse fazendo caretas e logo levando um pedala, já disse que essas crianças são esquisitas?
- Eu acho melhor todo mundo ir para casa porque amanhã nós temos aula! – disse recebendo olhares assustados em seguida.
- Cara, você está expulsando a gente da sua casa? – fez sua típica cara de gato do Shrek.
- Eu acho que a não vai gostar muito disso! – Ouvi dizer e imediatamente virei-me na direção em que vinha, logo achando o que eu não gostaria. E que realmente não gostei.
- Tira, agora! – Disse me referindo a MINHA boxer de coraçãozinho que me dera de presente de aniversário, e que eu MORRIA de ciúmes, nem para eu emprestava. Que há? Sou ciumenta com as minhas coisas.
- Não! – Ela respondeu entortando a boca e caminhando para o sofá em seguida, mas é claro que eu não deixei! Quem ela pensa que é para ficar desfilando aí com a Gioconda (eu tenho mania de dar nomes esquisitos as coisas, ok?).
- Eu não estou pedindo, eu estou mandando! – Disse, segurando bruscamente seus braços, fazendo com que ela se virasse para mim com uma expressão meio “estranha”. Na realidade, ela era toda estranha, né? Mas isso não vem ao caso.
- Mas eu NÃO vou tirar! – Ela puxou o braço ao qual eu segurava. - A boxer estava no guarda-roupa do meu namorado e ele me mandou pegar qualquer coisa lá, e não me deu nenhuma restrição dessa cueca estranha! – Disse, fazendo cara de deboche. Espera aí, ela disse cueca estranha?
- Ah, mas você vai tirar por bem ou por mal, queridinha! - Disse com uma das mãos segurando seus braços e com a outra apontando as escadas. - Sobe e tira o caralho da boxer, agora! Ela é minha e eu NÃO te emprestei! – Ao invés de subir, tirar a boxer e me fazer uma criança feliz, ela apenas puxou o braço e me empurrou, dizendo em seguida.
- Eu não vou tirar! Não vi seu nome escrito nela! - Estávamos parecendo duas crianças brigando pelo mesmo brinquedo, mas e daí? Eu só precisava de um motivo concreto para poder arrebentar a cara daquela puta, sem dó nem piedade. E era exatamente isso que eu estava prestes a fazer.
- Hey, não me empurra não, garota! – Disse, empurrando-a de volta. - JÁ MANDEI TIRAR O CARALHO DA MINHA BOXER! - Gritei já nervosa. O caralho já tinha saído, então boa coisa provavelmente não estava por vir. E eu tive absoluta certeza disso quando ela me deu um empurrão mais forte e pronto, o barraco já estava armado. Lembra que eu disse que só precisava de um motivo concreto para arrebentar a cara dela? Pois bem, aí está o meu motivo. Empurrei-a de volta e, pronto, o barraco estava feito! E não sei como em menos de meio segundo depois estávamos no chão. Eu por cima dela segurava seus cabelos com uma das mãos e a outra fazia questão de deixar marcas de minhas unhas em seu belo rosto de vadia. Bem, pelo menos eu acho que era o seu rosto, mas se não fosse, tudo bem, o importante era que eu estava batendo nela de alguma forma e isso estava me agradando muito, porém, o que não me agradou muito foi o que aconteceu segundos depois, porque ela estava por cima de mim, invertendo a situação, ótimo para mim, mas tudo bem, já que tive oportunidade agora de socar sua barriga e logo puxei um pedaço de pano que descobri ser sua blusa, que eu havia acabado de rasgar, deixando um de seus seios amostra. Pagou peitinho!
- GENTE! PÁRA, PELO AMOR DE DEUS! - e gritaram juntos, vindo em nossa direção, tentando me segurar, e a Limonaja dele; , e apenas riam e gritavam em coro.
- , , !
- ME SOLTA, , PORQUE EU QUERO ARREBENTAR ESSA GAROTA! - gritava se debatendo e tentava contê-la.
- VEM ME ARREBENTAR, MINHA FILHA, QUERO VER SE VOCÊ É MULHER! AH, ISSO EU QUERO VER. ME SOLTA, CARALHO! - Disse dando unhadas em , que acabou me soltando e fazia o mesmo com , que também acabou cedendo, e em meio segundo estávamos novamente nos estapeando e puxando o cabelos de ambas.
- ME SOLTA!
- ME SOLTA!
- EU VOU TE MATAR!
- EU VOU TE ARREBENTAR!
Gritávamos enquanto éramos seguradas agora por pares trocados. Acho que ainda não havia reparado no seio de fora, apenas agora quando, por segundos, ela tirou sua atenção de mim e mudou para o seio descoberto, estávamos as duas em pé e quando sua atenção voltou-se para mim, não desperdicei a oportunidade, fechando as mãos em punho e acertando seu rosto, sentindo em seguida meus dedos estralarem. Puta que pariu, que dor. virou o rosto atingido pelo soco e me tirou do chão com os braços, me suspendendo em seus ombros e me carregando dali escada acima, minhas pernas estavam jogadas por uma parte de sem ombro e meus braços ele segurava com a outra mão livre do outro lado. fez o mesmo com , só que seguindo o caminho da cozinha, enquanto ambas gritávamos palavrões, insultos e outras palavras inapropriadas para o horário.
***
- Ok, já dá para você parar de me bater agora? - disse me jogando em um lugar macio logo em seguida, que eu defini por sua cama, pelo cheiro gostoso que exalava, tirei os cabelos que me tapava a visão, respirando fundo e sentindo o olhar cortante de em cima de mim. O encarei, e em menos de cinco segundos estávamos as gargalhadas na cama, eu sei que isso pode parecer estranho, mas é o que realmente aconteceu. – , o que está acontecendo com você? Não sabia que você era violenta! Onde está a paz e amor que eu conheci? – Ele perguntou me olhando de forma engraçada.
- Se perdeu por aí desde que essa garota veio morar aqui! – Respondi, ficando séria.
- , vocês estão morando juntas não tem nem quarenta e oito horas e vocês já estão nisso! Imagina em uma semana? Ela não é tão ruim assim.
- Não me diga! - Fiz careta, revirando os olhos, e ele apertou meu nariz.
- Cara, tenta relaxar um pouco mais, eu te conheço e sei que você pode respirar fundo antes de partir para a porrada, ok? E, putz, é a , cara, não faz mais isso... - Disse por fim, tentando me dar uma bronca pela briga. - Eu sei que vocês têm essas diferenças... - Ele disse, se sentando ao meu lado. – Mas eu realmente gosto dela, sabe? Eu me sinto bem com ela, e você é minha melhor amiga, fica difícil para eu tentar equilibrar as duas.
- , não é porque ela é sua namorada, é porque ela realmente me irrita! - Disse fazendo gestos exagerados com as mãos e soltando um riso fraco.
- Relaxa, cara, eu sei que sou gostoso e que é super sexy ver duas mulheres brigando por minha causa, mas você é minha melhor amiga e ela minha namorada, as coisas não podem continuar desse jeito, entendeu? Se não meus pais vão me matar quando souberem que a casinha preciosa deles foi destruída por duas malucas! - Disse se levantando da cama e esticando os braços. - E para todo o efeito, eu te dei uma baita bronca, ok?
- Ha, quem vai dizer que você me deu bronca? , você não sabe nem gritar para dar esporro, você é muito mole! - Disse rindo da sua cara e mandando-lhe uma piscadela antes de pular em seu colo e morder sua bochecha.
- Eu já te disse alguma vez que isso dói? - Fez careta, acariciando o local afetado.
- Sério? - Ergui a sobrancelha e ele concordou com um aceno de cabeça. - Nem senti! - Disse antes de bater em sua bunda e descer as escadas correndo. Era engraçado e chato, ao mesmo tempo, ver dividido, era engraçado porque ele nunca fora bom com as escolhas, geralmente sempre ficava na dúvida e levava as duas ou simplesmente nenhuma, nunca sabia escolher. E esse era o meu medo, que entre nós duas ele resolvesse escolher alguém.
- Toma sua cueca maldita - jogou a boxer em minha direção. Sua blusa agora estava emendada e seu rosto arranhado. HÁ, O OLHO DELA ESTAVA FICANDO MEIO INCHADO! Alguém por aqui vai ficar de olho roxo! Eu e os outros ali seguramos o riso pela sua enorme cara de bunda. De coração, cara, ela estava hilária, sua cara vermelha parecia que iria explodir. Sua maquiagem usada em excesso estava borrada e seu cabelo, sempre impecavelmente arrumado, estava muito mais do que bagunçado. Há! Ainda sou boa nisso, o que as batalhas com não podem te ensinar?
- Thank you, Honey! - Sorri debochada pegando minha boxer. Já achava que era hora de ir para casa, afinal, amanhã seria mais um dia de aula, e esse era apenas o primeiro dia de minha vida com presente nele, infelizmente, o primeiro de muitos.
Seis
Acordei ainda sentindo meu corpo pesado de sono, mas não abri os olhos. Contei os segundos mentalmente, esperando que o som do despertador chegasse aos meus ouvidos, mas isso não aconteceu. Esperei também que a voz de chegasse, mas isso também não aconteceu. Tinha certeza que não era madrugada, pois, embora ainda estivesse com os olhos fechados, podia sentir a claridade. Abri os olhos, enrugando-os pela luz que os atingia, mas que diabos estava fazendo com que eu me esquecesse de fechar as cortinas? Olhei o relógio na minha cabeceira e quase caí da cama de susto. Já passava das oito, mas por que caralho não viera me acordar? Corri para o banheiro, escovando os dentes ao mesmo tempo em que prendia os cabelos e colocava a calça jeans. Desci as escadas correndo, terminando de calçar o tênis quando alcancei a porta. Corri pela rua com a pesada mochila nas costas e xingando até a décima geração de . Corri o mais rápido que pude, ainda na esperança de chegar a tempo na escola, quem sabe, pelo menos, para o intervalo. Em menos de dez minutos estava em frente à escola, completamente descabelada, suada, esbaforida e com raiva, ódio, para dizer a verdade. Passei pelo portão sobre o olhar assustado do porteiro, provavelmente pelo meu estado. E caminhei bufando pelo pátio vazio. No momento em que meus pés pisaram no corredor, o sinal tocou e os amontoados de rinocerontes saíram de suas salas. Era o horário da troca de professores, o olhar de cruzou com o meu e ela arregalou os olhos, assustada.
- Hey, amiga, o que aconteceu com você? – Ela perguntou ajeitando meu uniforme, e eu aproveitei para prender os cabelos descentemente dessa vez.
- Meu despertador não tocou – Disse apenas.
- Mas e o ? – Ela perguntou. Ótimo! Eu não era uma maluca psicótica que estava me fazendo essa mesma pergunta desde a hora que abri os olhos. Não respondi, procurando o mesmo com os olhos, não precisei mais me dar ao trabalho, já que logo sua voz me chegou aos ouvidos, por trás.
- Hey, , chegou agora por quê? - Ele sorria e chegou logo atrás dele, assim como os outros meninos. Mandei um olhar fuzilador para a Limonaja, virando–me para .
- Obrigada por me acordar, valeu mesmo, ! – Disse, fazendo um joinha com uma das mãos e respirando fundo para não socar ninguém. Que foi? Eu fico de mau humor quando tenho que fazer muitas coisas em um curto espaço de tempo, e, principalmente, quando essas coisas tinham que ser feitas assim que eu acordasse. E isso, com certeza, incluía: correr oito quarteirões com uma mochila pesada nas costas, quando meu melhor amigo que deveria ter me acordado, provavelmente estava se agarrando em um canto qualquer com minha meia irmã, que você detesta! É, isso realmente me deixava de mau humor.
- Mas a disse que você estava acordada! - Se defendeu, olhando para a Limonaja pendurando em seu ombro, meus olhos seguiram o mesmo destino que os seus e eu fiz o que estava mais acostumada a fazer naqueles dias, a fuzilei com os olhos. Acho que se eu continuasse a fazer isso com tanta freqüência, raios lasers iam acabar brotando dali.
- Mas é claro que ela estava! - Ela disse séria, olhando e virando-se para mim logo em seguida. - Você até falou comigo! - Ela me deu um sorrisinho de lado, seu olho não estava mais tão roxo. Que pena, mesmo que aqueles olhos roxos tivessem me restado o resto da semana de castigo. Valeu muito a pena, e quando eu digo muito, eu realmente digo muito. Alguém aí segura minha mão antes que ela resolva fazer outro estrago na casa dessa vaca, por favor!
- Mas é claro que não estava! – Disse, controlando a minha vontade de socá-la, mais ninguém aí quer socar essa garota ou sou apenas eu quem tenho andado meio violenta ultimamente?
- , se você se atrasou, tente arranjar uma desculpa melhor ao invés de culpar os outros! - disse e eu abri a boca, incrédula.
- Desculpa?
- , eu te conheço, e sei muito bem que você adora arranjar desculpas para os seus erros! - Ele sorriu de canto e foi sua vez de ser fuzilado com os olhos.
- Sério, ? Se você me conhecesse realmente tão bem assim, você, com certeza, saberia que eu não acordo apenas com o despertador. E é por esse motivo que eu peço para que você esteja no meu quarto todo dia pela manhã, mas já que você não sabe disso, eu acho que você não me conhece tão bem assim. – Respondi, virando-me em seguida para a outrazinha. - E se eu fosse você, tomava cuidado, porque seu cabelo ficaria muito bonito como peruca de algum careca, seu quarto não tem tranca, honey! - Sorri ironicamente. Em seguida apontando meu indicador para seu rosto. - Toma cuidado com sua língua, naja, porque uma hora o seu veneno acaba escorrendo garganta abaixo. - Virei-me, seguindo em direção à minha próxima aula, que, como hoje já era quinta, infelizmente era Física. Não estava puta por ter perdido a primeira aula, mesmo que meu professor de sociologia seja um gato não pedófilo, e bota gato nisso, eu estava puta porque preferiu acreditar em ao invés de mim. Isso sim estava me deixando puta. Muito puta, bem puta. Eu já disse puta alguma vez?
- Desculpa! - Disse para uma menina que havia acabado de esbarrar, fazendo-a derrubar todas as coisas que tinha em mãos, caminhava distraída pelo corredor que me levaria ao pátio, o sinal que anunciava o intervalo acabara de tocar e todas as pessoas andavam como hipopótamos famintos, esbarrando em mim toda hora, e, conseqüentemente, fazendo com que eu embarrasse em alguém. - Eu estava distraída. - Acrescentei assim que devolvi uma revista sua que havia caído com a trombada.
- Dia ruim? - Ela perguntou e só então eu a olhei. Diferente do jeito que a maiorias das pessoas se vestiam naquele lugar, (algumas de salto alto, maquiagem em excesso e roupas curtas, minha irmã definitivamente se enquadrava naquele meio. E as de calça e tênis, como e eu), a menina possuía os cabelos em cachos grossos e negros, que lhe caiam pelas costas, chegando até a altura da cintura. Seu rosto branco possuía traços delicados que eram bem disfarçados graças ao lápis preto muito forte usado no local. Seus olhos eram azuis. Bom, sua roupa? Ela usava uma saia verde camuflada do exercito, da BillaBong, um All Star cano longo preto, com um cadarço da mesma cor, cheio de caveirinhas rosas (minha melhor amiga se vestia assim, então não achem estranho! Fran, é você!) e seu uniforme. Bom, era diferente da maioria das pessoas ali, uns desenhos estranhos tapavam totalmente o branco escolar, definitivamente ela era meio estranha.
- Um pouco. - Disse, observando agora suas unhas, simplesmente enormes e quadradinhas, lindas, por que eu roia unhas mesmo? Que merda, a unha dela era perfeita, e estava pintada de preto. Hey, já disse que seus braços eram cheios de pulseiras iguais aos meus? Acho que essa era a única coisa em comum que tínhamos.
- A fim de fumar? - Ela perguntou, mostrando o maço de cigarros em sua bolsa.
- Por que não?! - Sorri e então seguimos o caminho que nos levaria até a parte de trás da escola, reservada aos viciados e namoradores cabuladores de aula. Fiquei pensando em meus amigos, que provavelmente se perguntariam onde eu estava, mas dei de ombros, afinal, estaria lá. E também, e eu estava com raiva por ele ter se esquecido de mim. Mas iria me pagar, ah, se ia.
- Pensando em como destruir alguém? - A garota perguntou, se sentando em um canto qualquer, jogando seu material ao lado. Acenei com a cabeça, repetindo os movimentos e sentando-me ao seu lado.
- Quero me vingar da minha meia irmã! – Sorri, pegando o cigarro que ela me oferecia, já aceso.
- Irmã muito praga? - Ela perguntou, franzindo o nariz de um jeito engraçado.
- Muito praga, mentirosa, e atual namorada do meu melhor amigo.
- Você quer acabar com esse namoro?
- Acabar não, só mostrar para o quem ela realmente é.
- ? - Ela perguntou, arqueando as sobrancelhas.
- O próprio!
- Hey, você é ! - Ela exclamou de uma forma engraçada. - E está falando com uma loser!
- Hey, eu sou uma loser, meu bem! – Disse, ajeitando o óculo de grau que usava, devido ao meu atraso, havia me esquecido de colocar as lentes.
- Não é não! – Ela sorriu debochada. - E você está diferente.
- Bom, se acordar atrasada, colocar a primeira calça que viu, ou seja, a mais velha que você tem, pôr uniforme amarrotado. Esquecer as lentes, e sair sem brinco (eu me sinto nua sem eles), me faz diferente, eu nem ligo! – Disse, entortando a boca. - Mas tem uma pessoa que vai ligar muito por eu estar “diferente”, - Fiz aspas com os dedos. - Hoje, ah, se vai!
- Relaxa, cara, vingança é um prato que se come frio, congelado, de preferência. - Ela disse, soltando a fumaça de seu cigarro e olhando para frente.
- No meu caso eu quero comer quente, fervendo, mais que feijão na pressão! - A menina riu da minha frase, acrescentando em seguida.
- Já que é assim, eu tenho uma idéia que pode te ajudar. A namorada dele é aquela que se parece um pouco com você, certo? - Fechei a cara com sua comparação.
- Claro que não, eu sou bonita, benhê! - Disse com minha modéstia.
- Já que é assim, preparada para colocar o plano em ação? - Ela disse, apagando o resto de seu cigarro, se levantado e limpando a bunda, em seguida.
- Mais do que preparada! – Respondi, repetindo seus gestos e pegando meu material. - Mas o que nós vamos fazer?
- Aguarde e verás! - Ela disse tomando o mesmo rumo no qual viemos, comigo ao seu encalço.
- Ok. E, a propósito, qual é seu nome?
- , mas pode me chamar de .
Sete
- Bom dia! – Disse para meus pais sentados na mesa, tomando café.
- Bom dia, minha filha. – Meu pai disse se levantando de onde estava, depositando um beijo em minha testa e dando um selinho em minha, mãe, que fofo ele, não? Sentei-me onde ele estava pegando um pedaço de pão, colocando um pouco de geléia e levando a boca em seguida.
- Com você está, meu amor? – Minha mãe perguntou me olhando significativamente.
- Ótima! – Sorri ainda com pão na boca, eu tinha estendido o que ela quis dizer com esse “como você está”, o problema era que eu realmente não queria explicar para ela como eu realmente estava, entendeu? – Meus dedos já pararam de doer. – Disse fazendo os gestos de abrir e fechar a mão direita, que desde que haviam acertado um soco em estava doendo muito e minhas articulações haviam ficado um pouco inchadas. Praga daquele estrupício.
- Você sabe que eu não estou falando fisicamente, eu estou perguntando como você está aqui! – Ela apontou seu indicador para minha cabeça. - E aqui. – Ela apontou desta vez para o meu coração. Eu sei que não deve estar sendo fácil para você ter a morando aqui e ainda por cima ter que dividir o com ela. – Soltei o ar dos pulmões, me dando por vencida.
- Realmente, está sendo uma merda, mãe. A não tem mais tempo para mim porque a única coisa que sabe é ficar com o e falar dele o tempo inteiro, os outros meninos... É divertido ficar com eles, mas é estranho sem o , sei lá.
- Você só acha que é estranho, porque você gosta do e é com ele que você quer sempre estar, por isso! – Minha mãe segurou minha mão. – Mas, filha, eu sei que você e a não se dão bem e ter ela namorando o deve estar sendo difícil para você, mas tenta levar em consideração de que ela é sua irmã e que vocês estão dividindo o mesmo teto agora.
- Mãe, eu estou tentando, ok?
- Mas e você e o , como estão?! Eu não o tenho visto tanto por aqui. Não com você, pelo menos. – Ela acrescentou.
- Estamos bem, tirando o fato de que ele não acreditou em mim quando eu disse a verdade, não tem vindo me acordar, e me deixou de lado a semana inteira. Acho que a vaga de meu melhor amigo está quase indo a leilão. – Sorri ao dizer aquilo, havia completamente esquecido de mim durante aquela semana, os meninos estavam atrás de alguma caloura gostosa que havia entrado no colégio, e, bem, eu havia passado completamente o resto de meus intervalos semanais com , o que me fez rir bastante de suas idéias malucas, ela era completamente uma de calcinha. E, falando nesse, desde a casa de que não nos pegávamos, era sempre assim, rolava ocasionalmente.
- Isso daqui a pouco passa, é só essa fase de início de namoro, depois ele volta ao normal.
- Tomara que a vaga dele não tenha sido preenchida quando isso acontecer! – Disse. – E, mãe, quem te disse que eu gosto do ? – Perguntei, agora me tocando do que ela havia dito.
- , até parece que você não saiu de dentro de mim, né, garota? – É, acho que ninguém jamais me conheceria como minha mãe. - E acho melhor você desarrumar essa tromba porque já está na hora de você aproveitar o tempo perdido.
- Hãm? – Ergui as sobrancelhas.
- Bom dia, . – Minha mãe disse e eu me virei, encontrando um recém acordado com aquele cheiro de colônia masculina que a maioria dos homens tinha, mas que só nele fazia um efeito diferente, o boné estava virado para trás, suas bermudas dois números acima do normal e uma blusa branca, simplesmente lindo, e meu cunhado. Meio na realidade.
- Bom dia, tia. – Ele disse dando um beijo na testa da minha mãe. – Bom dia, ! - Ele sorriu para mim, me beijando a testa também e sorrindo daquele jeitinho Lucas Scot, sabe? Como se ele nem tivesse me ignorado dois dias seguidos. Como esse garoto é cínico.
- Ué, lembrou que eu existo? Ou só veio falar comigo por que sua namorada está dormindo e você detesta ficar sozinho? – Perguntei de maneira natural, pegando mais uma torrada e passando mais geléia de morango, essa parada realmente é muito boa.
- Bom, estou saindo. Tranca a casa se fizer o mesmo, entendido? – Minha mãe disse e eu a olhei na dúvida, eu não estava de castigo por ter batido na coisa? – Está liberada! – Ela disse como se lesse meus pensamentos, como ela mesma disse, eu saí de dentro dela, né? Nada mais normal do que ela adivinhar o que eu estava pensando. Eu acho.
- Ah, , deixa de ser dramática. Eu sei que essa semana eu te deixei meio de lado...
- Meio? - O interrompi, ele ainda tem coragem de assumir isso assim, na maior cara de pau. Sem nem se preocupar em arranjar desculpas, nem nada?
- Ok. , desculpa, eu sei que eu deveria ter te acordado ontem, mas é que a disse que você estava meio bolada e que era melhor eu esperar você esfriar a cabeça... E você sabe que eu te conheço bolada, então eu também achei melhor esperar você ficar mais calma.
- A disse? – Perguntei, não tinha prestado a atenção em nem metade do que ele tinha dito a partir da frase “a disse”, desde quando o ouve o que alguém diz, mesmo?
- , escuta, desculpa, ok? Mas é que vocês ficam com toda essa briga idiota e eu não quero ter que decidir entre nenhuma das duas. Você é minha melhor amiga e ela é minha namorada, não tem com vocês pararem com essa briga besta?
- , meu problema com a eu resolvo com A , não tem nada a ver com você ou com qualquer outra pessoa. Mas o que me deixou chateada foi o fato de você não ter acreditado em mim e ainda por cima ter me ignorado depois disso, isso foi o que realmente me deixou chateada.
- Me desculpa... - Ele fez uma careta super fofa e eu sorri de lado. - Estou desculpado? - Ele sorriu de forma mais fofa ainda e eu não resisti. Olhar dentro daqueles olhos me fazia querer ficar dentro deles e, sei lá, que aquele momento não acabasse nunca. Será que eu sou maluca por me sentir tão bem assim só de olhar dentro dos olhos de uma pessoa?
- Desculpado! - Sorri e ele me puxou, desajeitado, para um abraço. É, definitivamente, aquela era a melhor sensação do mundo.
- Anda, , é só deixar solto e pronto! - falava deitado na minha cama, encarando a porta do banheiro onde eu estava. Já se passava das dez da manhã (é eu acordo cedo) e a Limonaja ainda não havia acordado. havia me chamado para ir ao shopping com ele, pois estava precisando de algumas roupas, e segundo ele eu era a única que sabia escolher as roupas do jeito que ele realmente gostava. Onde já se viu isso? Olhei-me no espelho e optei pelo mesmo penteado de sempre, prendi os cabelos em um coque desajeitado, passei um gloss nos lábios e saí.
- Vamos? - Perguntei para o boyzinho deitado na minha cama olhando o teto entediado. Calcei meu All Star branco, estava simples, um short jeans e uma regata da mesma cor do tênis.
- A senhorita não acha que esse short está curto, não? - Ele perguntou, me seguindo até a porta.
- Eu ainda acho que a sua namorada está dormindo no quarto ao lado, meu bem! - Disse e no exato momento que fechava minha porta, abria do quarto dela. - Pelo menos estava! - Acrescentei ao vê-la, e ela mandou um olhar interrogativo para o .
- Aonde você vai? - Perguntou erguendo uma das sobrancelhas. É impressão minha ou alguém aqui anda querendo imitar meus gestos?
- Vamos ao shopping! - Respondi já que o parecia paralisado, cara, ele está com o que medo dela? Af, fala sério. Que cara de idiota é essa que ele fica a olhando? Ninguém merece isso, cara!
- Quer... - ia se pronunciando, mas lhe dei um beliscão e pude ver seus olhos se arregalarem. Ele está pensando o quê? Ele não disse que seriamos apenas nós dois? - Quer alguma coisa de lá?! - Disse meio engasgado e tive que conter um sorriso.
- Não, eu acho que eu...
- Vamos, . - Cortei , ela realmente acha que vai ao shops conosco? Bem capaz!
- Er, , mais tarde eu passo aqui, ok? - Ele disse, dando-lhe um selinho e descendo as escadas na minha cola.
- Qual vai comprar? – Perguntei a ao vê-lo com duas camisas pólo em uma das mãos, uma era roxa e possuía listra branca, simplesmente perfeita, a outra era rosa e lisa.
- Você decide! – Ele disse e eu apontei a roxa, achei a mais bonita e ficava simplesmente perfeito de roxo. Caminhamos em direção ao caixa onde entregou as camisas – ele já havia escolhido outras – e o cartão de crédito para a atendente que o olhava descaradamente, como se ele nem estivesse com uma menina do lado. Bufei incomodada com aquilo, ninguém merece. O telefone de começou a tocar uma música qualquer do Linkin Park e eu diria que era se em menos de um segundo meu telefone também não tivesse começado a gritar uma música qualquer da Pink.
- . – apontou o próprio celular, rindo.
- . – Disse e consultei o visor do meu telefone que piscava o nome “”.
- . – fez uma cara engraçada antes de atender seu telefone e eu fazer o mesmo.
Estávamos dentro do carro de e uma música qualquer tocava na rádio. Os pais de haviam viajado, o que significava que teríamos uma nova casa para usarmos para fazer bagunça. E tem o fato de que a piscina da casa do é maravilhosa. me deixaria na casa de , minha mais nova amiga de infância, e depois passaria para pegar “a coisa”. e já estavam no recinto, assim como .
- Hey, essa menina nova é maneira? - Ele perguntou no decorrer do trajeto que nos levaria até a casa de .
- Eu só ando com gente legal! – Disse mandando-lhe uma piscadela.
- Mas é porque, tipo, - Ih ele lançou o “é porque, tipo,”, lá vem bomba. – ela é meio estranha! – Ele franziu o nariz de forma engraçada, o que me fez rir. – Digo, sei lá...
- A é um doce de pessoa, e se você quer saber como ela realmente é, imagine o de calcinha. – Agora foi sua vez de gargalhar.
- Acho que o de calcinha não é uma coisa muito boa de imaginar. - Disse virando a esquina, a casa da não era muito longe da minha.
- É aqui. – Disse apontando a casa que ficava a apenas três ruas de distância da minha, e onde ele parou o carro.
- Está entregue e não demora a chegar, hein?! – disse e eu acenei com a cabeça, dando-lhe uma mordida na bochecha e fazendo um joinha com uma das mãos. – E, obrigada!
- De nada! – Sorri-lhe. – Ao seu dispor.
- Obrigada por continuar sendo minha amiga! – Ele me mandou uma piscadela.
- Você acha mesmo que alguma pode mudar minha amizade por você? – Perguntei abrindo a porta do carro. – Você está muito enganado se estiver pensando assim.
- Por isso que te amo, sua loser! – Ele me deu um tapa na testa. – Você é minha Best.
- Hey, dude, isso soou meio gay.
- Mete o pé, tampinha, sua irmã já está me ligando. – Disse pegando o telefone que começava a tocar alto uma música qualquer das Spice Girls. Franzi a testa com o toque e ele apenas riu. Desci do carro e o vi fazer o trajeto da minha casa. Toquei a campainha da casa a minha frente e em questão de segundos uma totalmente diferente da que eu via na escola atendeu a porta. Sem um pingo de maquiagem, shortinho curto, regatinha verde e os cabelos presos e um rabo de cavalo, que faziam parecer que seus cachos eram bem maiores e mais grossos.
- Hey, garota, madrugou, hein?! – Disse dando passos para trás para que eu entrasse na casa.
- Coloca um biquíni porque vamos para a casa do .
- Fazer? – Ela franziu a testa.
- Tomar banho de piscina, e é bom que você conhece melhor os meninos.
- Ok, sobe. – Disse e eu a segui pela escada que dava em seu quarto, que mais parecia um quarto de boneca, todo branco e rosa, muito fofo. - As coisas já estão prontas. - Disse saindo do banheiro com dois potes em uma das mãos, e devidamente arrumados.
- Ótimo, a gente aproveita que não tem ninguém lá em casa e coloca as coisas no lugar. – Sorri ao ver os ingredientes de nosso plano diabólico. Descemos as escadas e seguimos na direção que eu imaginei que daria na garagem.
- Ah, já ia esquecendo de dizer, minha mãe saiu com o carro, então só nos resta a segunda opção.
- Que segunda opção? – Perguntei e ela me apontou “a” segunda opção, uma moto enorme e preta que, de coração, fiquei até com medo. é pequena demais para agüentar aquele troço. – Eu não vou andar nisso, e ainda por cima com você. – Disse para que ria da minha cara de besta, tudo bem que eu nunca tinha andado de moto. Mas dava medo.
- Que foi?! Não confia em mim? – Perguntou me estendendo um capacete preto e colocando outro em seu antebraço, montou na moto, ligando-a e, em seguida, abrindo a porta da garagem com o controle, fiquei observando-a. – Anda, garota, você é uma mulher ou uma rata? - Não respondi, apenas subi na moto com um pouco de medo e fechei os olhos, quando dei por mim passávamos a uma velocidade razoável pelas casas. Dude! Andar de moto é muito bom, dá uma sensação de liberdade! Paramos em frente a minha casa e rapidamente subi, colocando os potes no devido lugar e troquei de roupa, voltando em seguida para o meu trajeto original, ou seja, ’s House.
- Olá, corações! - Disse indo na direção dos meninos que conversavam na varanda, dei um beijo no rosto de casa um, assim como um apertão nas nádegas. – Criança, deixe-me, oficialmente, apresentar minha mais nova amiga para vocês! Essa aqui é a . – Apontei a menina um pouco atrás de mim. Que sorriu com os braços cruzados na frente do peito. – , essa são , , e o . – Apontei respectivamente os meninos que seguiram e deram um beijo em cada bochecha de . Educados eles, né? - Onde está a ? – Perguntei ao .
- Ouço meu nome? - saiu de dentro da cozinha pulando em cima de mim, fazendo com que eu quase caísse.
- Vaca! – Disse dando-lhe um tapa nas nádegas. - Amiga, me deixa te apresentar, essa é . – Disse e deu lhe um abraço.
- É você que está roubando a de mim, né? – Ela perguntou e sorriu.
- Nada mais justo, afinal, o te roubou de mim! – Protestei e só então notei a presença da Bananaja (o biquíni dela era de um amarelo gema, e gemanaja não pegaria muito bem, pareceria que eu estava mandando-a gemer então vai Bananaja mesmo.). Ela tomava sol em um canto isolado qualquer do quintal, em uma espreguiçadeira. - O que vocês estão esperando para entrar na piscina? – Perguntei para os meninos. – Estou louca para ver esse bando de homens gostosos apenas de sunguinha branca nadando para mim! – Disse e foi ouvido um coro de gargalhadas. – Está bom, gente, eu sei que vocês são um bando de magrelos, branquelos e esquisitos, mas até que vocês ficam bonitinhos com os cabelos escorrendo pela cara. – Sorri jogando a bolsa que carregava em um canto e indo me sentar em uma das espreguiçadeiras bem longe de . e seguiram a mesma direção que eu e logo engatamos uma conversa qualquer sobre em qual filme o Ashton Kutcher ficava mais bonito e em qual filme Channing Tatum ficava mais gostoso (o cara de Ela dança, Eu danço, Veia de lutador, Ela é O cara, GIJOE, Querido John, esse cara bom aí, mesmo). tinha voltado a ser a velha , onde o assunto principal da sua vida não era . Não que eu tivesse algo contra, longe disso, mas é que às vezes enjoava, sabe aquelas crianças especiais que vivem no seu “mundinho feliz”? parecia uma delas, ela vivia no seu mundinho feliz e lá só existia . Mas agora não! Ela havia voltado a ser a boa e velha de sempre, ela e estavam se dando bem. Maravilha! Tem como tudo ficar melhor? É claro que tem, se a Bananaja sumir daqui e nunca mais voltar. Aí sim, meu mundo ficaria perfeito!
Oito
(Nota da Autora: Se quiser entrar no clima na hora, coloca para carregar essa música)
- Cara, me diz que não foram vocês duas que vieram naquela moto lá fora! – apareceu do nada na nossa frente, nos tirando da conversa anterior.
- Não fomos nós! – disse e ele fez uma cara de idiota muito engraçada.
- Não?
- É claro que fomos nós, quem mais poderia ter sido?! – Ela respondeu fazendo aquela cara de óbvio.
- Depois deixa a gente dar uma volta? – pediu.
- Mas é claro! – disse, jogando-lhe a chave.
- Acho que vou entrar na água. – Disse me levantando e tirando a regata que vestia.
- Acho que vou deixar a voltinha para mais tarde. – sorriu me olhando de um jeito safado, levando uma latinha de cerveja vazia na cabeça em seguida.
- OUTCH! – Ele exclamou acariciando o local afetado e olhando para a direção na qual fora acertado. – Qual é, ? – apenas passou rindo, sem camisa e com uma bermuda azul claro caindo, deixando a mostra sua cueca branca. É impressão minha ou as coisas ficaram mais quentes?
’s POV On
Ok, eu acho que eu realmente devo ser anormal. Porque, dude, como ninguém percebe que a e o estão se pegando, porque está mais do que óbvio isso, pelo menos para mim. Fato. Ok, pára tudo, será que esse povo daqui é realmente besta ou eu que sou anormal mesmo? Porque, tipo, que sorriso besta é esse na cara dessa menina? E que brilho besta é esse nos olhos? Ah, cara, ela não precisou me dizer que pegava o de vez em quando porque isso eu já desconfiava, mas agora ela não precisa me dar um motivo a mais para ter raiva da , porque isso já tinha ficado mais que óbvio.
- Se comporte, . – disse indo em direção a piscina e, em questão de segundos, suas mãos espalmaram as costas de e , jogando-s dentro da água ao mesmo tempo. O local explodiu em gargalhadas, ria com ambas as mãos apoiadas no joelho. e emergiram xingando todos os palavrões possíveis existentes e inexistentes. ria da cena, ainda com a camiseta em mãos, de uma forma tão apaixonada. O jeito que ela olhava para daria inspiração para qualquer poeta escrever um soneto.
- Porra, dude, essa água está gelada pra caralho! – exclamou saindo da piscina e indo agarrar que o estapeava rindo.
- Acho que eu desisto de entrar na água. – disse voltando ao lugar de origem, pude observar olhar que estava de bunda para cima dando a mínima atenção para o que acontecia ao seu redor. Então voltou sua atenção para que havia acabado de se sentar ao meu lado.
- Ah, , você vai entrar, sim! – Ele disse se aproximando de onde estávamos e se virou olhando, agora, em nossa direção de uma forma esquisita, poderia dizer que era até inveja, na realidade, essa garota é toda esquisita, fato.
- Nem ouse fazer o que está pensando, . – falou sério, mas ao mesmo tempo sorria com os olhos. deu mais um passo, chegando mais perto de onde estávamos. – , se você se atrever a fazer o que está pensando, eu garanto que você nunca mais vai ser capaz de fazer filhos. Seu bonitinho nunca mais vai levantar! – Ela falou olhando significantemente para o meio das pernas dele. Ok, pode ser a minha mente pervertida, mas vai dizer que ela não quis dar uma conferida no volume da criança? Bem capaz que não, né? apenas riu, chegando mais perto, se levantou passando agora a ficar atrás da cadeira onde estava.
- Um... – disse sem tirar os olhos dela, é impressão minha ou tem um brilho diferente ali também?
- ! – Ela ameaçou.
- Dois...
- , eu estou falando sério! A água está gelada eu não quero mais entrar. – Ela apelou para o lado manhoso.
- Três! - Quando ele terminou de pronunciar a frase os dois já corriam pelo jardim como duas crianças e a olhava a cena quieta, como se, sei lá, ela admirasse. Essa garota é muito estranha. Após correr pelo jardim, gritar, pedir, implorar, se esconder atrás do . Tomar um pedala da e um empurrão de mim, o finalmente conseguiu jogá-la na água. Eu ria da cena assim como ao meu lado. xingava um caralho a cada duas palavras, o que me fazia querer gargalhar mais ainda, foi quando vi e caminhando até onde estávamos com caras sapecas. Em questão de segundos eu e já estávamos dentro da água também rindo. era o único ainda seco, então todos nós saímos atrás dele, que corria com suas perninhas tortas finas e brancas. Era, simplesmente, hilário. , e eu pulamos juntas em suas costas, jogando-o no chão. Os meninos o pegaram, dois pelas pernas, um pelo braço e correram com em direção à piscina.
- Um, dois, três! – Nós gritamos e vimos cair como um maracujá podre dentro da água. foi em direção a , mas ela o deu alguma resposta atravessada e ele voltou emburrado, mas logo caiu na piscina e começou a rir. saiu da piscina por instantes apenas para ligar o rádio no último volume.
- Briga de galo! – gritou pulando e batendo palminhas como uma foca. – Vem, . – Ela falou rindo e tão espontaneamente que eu e nos entreolhamos meio assustadas, os meninos discutiam quem ficaria com a mais pesada e não ouviram o convite de .
- Não, muito obrigada. – respondeu e se virou novamente para nós, eu e ainda a encaramos incrédulas e ela apenas deu de ombros. Ok, não entendi mesmo.
- , você vai me carregar! – disse pulando nas suas costas e o menino fez cara de sufocado, ainda rindo.
- Eu sempre fico com o maior peso! – Ele disse levando um pedala de e mergulhando em seguida para que a menina se sentasse em seus ombros.
- A vem comigo. – se aproximou e fez o mesmo que para que eu sentasse.
- E eu sou o juiz, então! – riu. – Umdoistresjá. – Ele disse as palavras todas juntas e começamos a nos bater, e empurrar uma as outras. O cabelo de batia no meu olho, minha unha arranhava que, por sinal, tentava derrubar , eu e nos olhamos e ao mesmo tempo partimos para atacar que ria mais do que nada. Sem que esperássemos, os três meninos levantaram nossas pernas e nos jogaram dentro da água.
- GANHEI! – Eles gritavam e pulavam comemorando, e nós rimos ainda mais, eles se juntaram em um montinho, tentando afogar e nós fizemos o mesmo, só que, dessa vez, a vítima fui eu. Uma música começou a tocar no rádio e os meninos se entreolharam saindo da piscina correndo e voltando para nossa frente, cada um segurando algo diferente em uma das mãos, como se fosse um microfone. segurava um pente, segurava um celular, segurava uma lata de cerveja e uma banana. Pude reconhecer a música como Santana - Smoth (coloquem para tocar), e ri da careta que fez quando começou a narrar a música.
Man it’s a hot one, Cara, essa é quente Like seven inches from the midday sun É como estar a dois passos do sol do meio dia I hear you whisper and the words melt everyone Eu ouço você sussurrar e suas palavras derretem a todos But you stay so cool Mas você fica tão fria
cantou rebolando desengonçadamente sua bunda farta e fazendo biquinho ao terminar a frase, acariciando os próprios seios.
My muñequita, Minha bonequinha, my Spanish harlem monalisa, minha Mona Lisa do Harlem Espanhol our my reason for reason Você é a razão da minha razão The step in my groove A cadência do meu balanço
Foi a vez de cantar, fazendo cara de atriz de filme pornô mexicano, e tentando morder os lábios de um jeito sensual.
And if you say this life ain’t good enough, E se você dissesse que a vida não é boa o suficiente I give my world to lift you up,I change my life Eu daria o meu mundo pra te levantar to better suit your mood, Eu poderia mudar toda a minha vida para me adaptar ao seu estilo Cause you’re so smooth Porque você é tão suave
Agora quem assumia o comando e cantou última palavra fazendo caras e boca para , que quase se mijava de rir ao nosso lado na piscina, assim como nós.
And just like the ocean É como o oceano sob a lua under the moon sob a lua Well that’s the same as the emotion that I get from you É a mesma emoção que eu recebo de você You got the kind of lovin’ that can be so smooth, Você tem esse jeito de amar tão suave Give me your heart, Me dê o seu coração, make it real faça acontecer Or else forget about it Ou vamos esquecer tudo
Todos cantaram juntos, rebolando de um jeito muito hilário, fazendo gestos exagerados e muito homossexuais. abraçou e abraçou . Começaram a dançar a introdução como se estivessem dançando bolero. Dois para lá e dois para cá.
I’ll tell you one thing, Bem, vou lhe dizer uma coisa If you would leave it would be a crying shame Se você partisse seria lastimável In every breath and every word I hear your name calling me out Em cada respiração e cada palavra eu ouço você chamando meu nome Out from the barrio, Por todo o bairro, you hear my rhythm on your radio, você ouve meu ritmo no seu radio You feel the turning of the world so soft and slow, Você sente o mundo girando tão suave e lentamente Turning you round and round Fazendo você girar e girar
parou de dançar e começou a cantar fazendo caras e bocas, oras para , oras para , quem olhava aquilo com uma expressão indecifrável. fez aquela famosa cara de tigrão, mostrando as patinhas como se quisesse pegar algo.
And if you say this life ain’t good enough, E se você dissesse que a vida não é boa o suficiente I give my world to lift you up,I change my life Eu daria o meu mundo pra te levantar to better suit your mood, Eu poderia mudar toda a minha vida para me adaptar ao seu estilo Cause you’re so smooth Porque você é tão suave
assumiu novamente e desta vez, ao cantar a última palavra, virou a bunda para nós, balançando-a e ouvindo nossos gritinhos.
O coro se repetiu e eles gritavam como se fossem os seres mais afinados do mundo. Eles jogaram seus microfones para o alto e assumiram os pares de novo, pegou na cintura de e na de , como se fossem o homens que conduziam a dança, e os outros dois seguraram em seus ombros, fazendo cara de donzelas oferecidas, jogando os cabelos para o lado e fazendo cara de orgasmo. rebolou a bunda de um jeito ridículo e nos olhou com cara de sedução. A bermuda de abriu e ele fez cara de donzela envergonhada.
- Uhul! Dança para a gente, tchutchuca! – gritou e eu e entramos no ritmo.
- TIRA, TIRA! – Começamos a gritar e os meninos se soltaram um dos outros, começando a fazer um mini strip tease, abrindo suas bermudas e tirando-as e jogando para cada uma de nós. jogou para sua bermuda, jogou para , jogou sua bermuda para mim e jogou a sua para , que apenas agarrou a bermuda e jogou para o lado.
- LINDO, TESÃO, BONITO E GOSTOSÃO! – Gritávamos como malucas para os meninos apenas de boxers a nossa frente. Nada sexy, por sinal, ou melhor, sexy sim, mesmo com boxers de bichinhos, eles eram bem saradinhos e, dude, acho que estou no paraíso! Os olhos de brilhavam e os de também, não sei se eu estou observadora demais, mais havia uma coisa que estava me intrigando desde a hora que cheguei e eu não sabia se isso era ruim ou não. Os olhos de estavam sempre indecisos, sobre para qual das duas irmãs olhar. Era engraçado de se ver, e, cara, os outros podem não ter percebido, mas eu percebi para quem os olhos dele mais olhavam, e para quem, sem sombra de dúvidas, eles brilhavam muito mais.
Nove
- Eu não entendi nada! – disse quando fazíamos o almoço.
- Muito menos eu! – Foi a vez de .
- Ah, gente, eu estava tentando ser boazinha. E não custava nada chamar a garota para tomar banho com a gente, estava todo mundo lá, sei lá, e ela destacada, e eu resolvi chamar, ué. – Dei de ombros, pegando mais do material necessário para terminar o nosso almoço.
- Você boazinha, ? Eu te conheço há dezessete anos, gatinha, você nunca tenta ser boazinha com ninguém.
- Eu só estava testando para ver se meu plano ia valer a pena e se ela não merecia uma segunda chance, mais ela me mostrou que sempre vai ser uma vaca e que nunca vai merecer uma segunda chance.
- Que plano? – perguntou, parando o que fazia e olhando de mim para .
- A parada é o seguinte... – Depositei as coisas que tinha em mão na mesa a minha frente e comecei a contar à o que havia planejado.
- Você não vale uma bala chupada! - disse quando terminei de lhe contar tudo o que havia feito. – Eu não estou acreditando que você fez isso.
- A idéia foi dela. – Apontei para , que fez cara de inocente. - O que foi, vai dizer que você não gostou?
- Mas é claro! Mas mesmo que a idéia tenha sido da , a maldade é sua, afinal, a irmã é sua!
- Ah, mas chega de falar disso.
- É, realmente, vamos falar agora sobre coisas mais interessantes...
- Como? – Perguntei arqueando uma das sobrancelhas.
- Como a festa que vai ter lá no colégio semana que vem. – Ela falou como se o assunto fosse a coisa mais óbvia do mundo.
- Que festa? – Eu e perguntamos em uníssono.
- Vocês não estão sabendo da festa? Em que mundo vocês estão? Tem cartazes espalhados por todos os lados da escola.
- Acho que devo estar meio míope. – disse.
- Míope? Vocês devem estar cegas, isso sim. A escola inteira só fala dessa festa.
- Mas que festa é essa? Vai ser sobre o que? Qual vai ser o tema?
- Vai ser a festa do sinal! – Vendo nossa cara de besta, continuou. – As pessoas só podem ir vestidas de três cores, vermelhas, se forem comprometidas, amarelo se forem enroladas e verde se estiverem solteiras.
- Hum... Gostei dessa festa! – Disse, já pensando com qual cor iria. - E quando vai ser?
- Daqui quinze dias.
- Ainda? – colocou as coisas que havia picado na panela, refogando o molho.
- Ainda, mas não vai se animando muito não, senhorita !
- Por que não?
- Porque essa festa só promete pegação para os solteiros, e isso não é algo que podemos dizer que você é. E não se faça de sonsa porque você sabe exatamente do que eu estou falando.
- , amorzinho da minha vida... – A voz de entrou na cozinha. Olhar vindo na minha direção, com aquela bermuda caindo, aqueles cabelos escorridos na testa e aquele sorriso no rosto, simplesmente me fazia sentir que podia enfartar a qualquer momento. Ele sempre vinha para perto de mim com aquele sorriso que fazia meu coração disparar mais que um sei lá o que. E eu não conseguia parar de sorrir. Era como se os músculos do meu rosto congelassem e eu não conseguisse parar de mostrar os dentes.
- O que você quer, ? – Perguntei, passando as mãos por seu cabelo.
- A comida já está pronta? – Ele perguntou se sentando na bancada da cozinha. - Eu já to sentindo meu corpo ficando mole. – Ele fez uma cara engraçada.
- , eu acho que não agüento mais um minuto sem comida, por favor, alimente essa pobre alma faminta! – Um mais pálido do que o normal entrou na cozinha se jogando no chão da mesma, ao nosso lado.
- Amor, eu estou com fome! – Dessa vez foi .
- Ah, não agüento mais não, estou com fome, estou com fome, estou com FOME! - falou de forma meio “desesperada” e começando a abrir as panelas.
- Mete o pé! – Disse, dando-lhe um tapa na mão e ele se sentou na bancada ao lado de .
– O que vai ter de comida?
- Arroz, feijão, bife e batata frita. – disse, indo se posicionar entre as pernas de .
- O bife vai ser acebolado? – perguntou com os olhos brilhando.
- Coitada da ! – riu.
- Falando de mim? – Ela entrou na cozinha rebolando sua bunda branca e prendendo os cabelos em um coque. Soltei os meus.
- O estava falando coitada de você porque eu vou comer bife acebolado. – disse, explicando a situação.
- A comida já está pronta? Estou com fome! – Ela disse abraçando o por trás e encaixando o rosto na curva de seu pescoço.
- Está quase. – respondeu, porque as meninas, bem, acho que para me apoiarem, ficaram em silêncio coletivo.
- O que tem para comer? – Ela perguntou com sua voz manhosa.
- Arroz, feijão, bife e batata frita. – quem a respondeu.
- Não tem nada mais leve para comer, não? Só coisa gordurosa. – Olhei para aquele ser, respirei fundo para não mandá-la educadamente ir para O caralho e saí da cozinha revirando os olhos, indo colocar os pratos na mesa. Cara, se existe uma coisa com a qual eu não tenho paciência, é futilidade, não tenho mesmo.
’s Point Of View On
- Eu acho que a gente não deveria ver nem Titanic, nem Um amor Para Recordar, nem As Tartarugas Ninjas... Esses filmes ridículos de humor e muito menos De Volta Para o Futuro, não sei como vocês agüentam ver esses filmes o tempo inteiro, eu que estou aqui a pouquíssimo tempo já não agüento mais! – disse e um instante de silêncio se fez, todos, inclusive eu, a olhamos como que não acreditássemos no que ela havia acabado de falar. Como assim? – Bom, pelo menos essa é minha opinião. – Disse dando de ombros e indo se sentar no sofá a nossa frente.
- Eu acho que vou fazer a pipoca e o brigadeiro, e eu voto por As Férias de Mr. Been. - disse perdendo os cabelos, e a imagem de caminhando para o sofá segundos atrás parecia se repetir, elas se pareciam muito. E quando eu digo muito, eu realmente digo muito.
- Eu estou de acordo com a ! – disse.
- Eu também! – concordou.
- Eu voto por As Férias de Mr. Been também. – disse e sem mais nem menos começou a rir como um maluco.
- Então vamos ver as férias de Mr. Been mesmo. – Disse indo até o DVD e colocando o filme, me sentei do lado de e passei meu braço por seus ombros.
- Não sei como que vocês agüentam isso... - Ela resmungou para mim de cara emburrada, onde foi parar o humor dessas pessoas, hein? – Ah, amor, faz eles colocarem outro filme. – Ela disse fazendo aquela voz, sabe aquela voz que acaba com a vida de qualquer homem? Inclusive eu? Pois bem, foi exatamente essa que ela fez.
- Desculpa, amor, mas aqui sempre funcionou assim, vai por votação. E sem sombra de duvidas eles são a maioria. – Disse deitando minha cabeça no seu colo e esperando que ela fizesse carinho na minha cabeça. O que não aconteceu. voltou da cozinha e se sentou do lado de , que logo deitou a cabeça no colo dela, ela tinha os cabelos soltos, uma coisa que havia percebido no decorrer dessa semana, se estava por perto e de cabelos soltos, prendia o dela, se estava com os cabelos presos, soltava, acho que era para não se parecer nem um pouco com ela. O que eu achava engraçado, já que mesmo sem querer as duas se pareciam muito, ai de mim se ousasse dizer isso. Mas, sem sombra de duvidas, era a verdade, acho que o fato de rirem do mesmo jeito, aquele jeito espontâneo, sabe? Pena que só faça isso quando estamos apenas nós dois. Na realidade, meio que virava outra pessoa quando outras pessoas estavam por perto. Seu jeito de sorrir mudava totalmente, a forma como ela olhava as coisas, seu olhar não me parecia tão especulativo quando estávamos apenas nós dois juntos, quando as outras pessoas, principalmente , estavam por perto, parecia que se transformava em outra pessoa, ela tinha o dom de parecer metida e de irritar as outras pessoas, a sua voz ganhava um tom diferente e eu achava isso estranho, mas não comentava, ficava quieto, vai ver é apenas insegurança, não sei do que, já que desde o começo eu deixei bem claro o que significava para mim, uma irmã, mas ela parecia não entender, vai entender as mulheres? Olhei para e e notei que ela começou a fazer carinho na cabeça dele, olhei para que prestava muito mais a atenção nas unhas do que em mim, então não me pronunciei, olhei para a janela e vi que o tempo começava a fechar, vai entender? Até agora a pouco o sol estava queimando e agora às nuvens já começavam a tomar conta do céu. Meu olhar bateu em de novo, quem cochichava algo com . Sabe, aquela menina tem um futuro brilhante pela frente, não digo por inteligência ou capacidade, porque mesmo assim ela tem, mas digo pelo coração, ela tem um coração muito grande, ela, quando gosta de alguém, não mede esforços para fazer aquela pessoa feliz, ela tem um coração de mãe. Mas existia uma coisa que ela tinha quase tão grande como o coração, a teimosia e a impulsividade, e a sua teimosia era algo que eu via também em , eu fiz que não, mas bem que eu vi chamando para dentro da piscina, e a cara que a outra fez para o pedido, fiquei feliz por saber que havia deixado um pouco de lado orgulho. É, essa é minha garota. Minha irmãzinha.
– Amor, pega água para mim?! – Despertei com falando, que a propósito fez de novo aquela voz de dengo. Já disse que pensar me dá sono, é, dude, me dá. Tanto que acabei dormindo enquanto o filme rolava. Acenei com a cabeça, dando-lhe um selinho e me levantando, notei que faltavam duas pessoas na sala, e . Provavelmente fazendo pipoca, pensei e fiz meu trajeto ate a cozinha, mas mudei completamente de idéia sobre o que achava que eles estavam fazendo quando entrei cozinha e vi algo que nunca esperava, e se beijando.
Dez
(Nota da Autora: se quiser, coloca pra carregar esse vídeo, só usa um trechinho)
Um barulho fez com que eu e nos soltássemos, aturdidos, senti meu coração bater na goela, mas quando olhamos para a porta, não tinha nada lá.
- Acho melhor a gente voltar para a sala... – Disse e fez sua carinha de bunda.
- Ah, por quê? Vamos continuar aqui, a gente já viu aquele filme trezentas vezes...
- Mas eu acho melhor a gente voltar... – Disse, olhando ainda para a porta da sala, uma impressão estranha de que estava nos olhando me vinha à cabeça e eu não gostava de pensar assim, acho que ele ficaria chateado se me visse beijando e não contasse nada para ele, mas também ficaria puto porque não gostaria que eu ficasse com , mas qual o problema? Na realidade, eu queria me libertar dessa necessidade de querer agradar a todo tempo, dessa coisa que tem dentro de mim, sei lá, as vezes só queria seguir minha vida sem me importar com o que ele diria sobre o que faço ou deixo de fazer, mas não consigo, fazer o que?
- Alguma coisa que eu diga vai mudar sua opinião de voltar para a sala? – Ele perguntou e eu fiquei em silêncio. – Acho que não... – Concluiu por fim, me roubando um selinho. – Estou voltando. - Fiquei um tempo parada no mesmo lugar ‘pensando’ na vida, por que eu, simplesmente, não tomava vergonha na cara e dizia “, a parada é o seguinte, estou pegando o ”? Por que eu sempre ficava com esse medo idiota? Não é tão simples?
Pronto, está decidido, vou contar para o .
- Pensando na morte da bezerra? – apareceu na cozinha e eu quase engasguei com a própria língua, devido ao susto.
- É... – Respondi sem graça, abrindo e fechando a boca várias vezes, antes de dizer meu chocho ‘é’.
- Que foi?! Aconteceu alguma coisa que você queira me contar? – Ele perguntou, pegando um copo no armário e me olhando. Fodeu, ele viu, anda , cadê a sua coragem?!
- Não... – Respondi colocando a mão na boca, maldita pelinha que estava doendo pra cacete.
- Tem certeza? – É, ele fez aquela cara de Lucas Scoot que me fazia lembrar o motivo de ter me apaixonado por ele, ele ergueu aquela sobrancelha e cerrou os olhos.
- Absoluta. – Respondi rápido. – Er, vou voltar para a sala, sorri sem mostrar os dentes e saí da reta do olhar de . Idiota! É isso que sou! Consigo ser mais medrosa que Scooby Doo em cidade fantasma, por que eu não falo logo? Aff.
- Que foi?! – perguntou quando me sentei ao seu lado.
- Nada, não. – Disse colocando as pernas no sofá e voltando a pensar na vida.
- Você está comendo a pele do seu dedo, , isso significa que você está bolada com alguma coisa. – Ela fez cara de óbvio.
- Acho que o me viu beijando o ...
- Até que enfim! E o que tem isso de mais?
- Sei lá!
- , minha amiga, já está na hora de você deixar de lado um pouquinho essa influência do , você pega o , gosta disso, e o que tem de mais, o não é seu dono! - Ela disse naquele tom “você sabe que eu tenho a razão, então não discuta comigo” que eu estava acostumada a fazer.
- Ah, sei lá, você sabe que eu sou estranha... – Disse e uma trovoada roncou do lado de fora.
- Tempo doido! – disse indo até a janela. – Vai chover muito, acho melhor a gente ir para casa... – Ele disse e então peguei o telefone no meu bolso, consultando a hora.
- Acho que vou para casa, ainda tenho que terminar um trabalho de Biologia... – Disse, fazendo careta.
- Eu já terminei o meu, graças a Deus! – disse e concordou com ela, em um aceno de cabeça.
- Sorte de vocês, eu nem cheguei à metade ainda. – Disse, me levantando. – Crianças, vou-me já, pois a pressa me abunda. – Disse e dei um beijo na bochecha de cada ser ali presente, claro que com exceção de um, né?
Mesmo sentindo meu corpo pesado, não conseguia pegar no sono, mesmo tendo tomado banho de piscina, que geralmente é uma coisa que me dá muito sono, não conseguia dormir, minha mãe costuma dizer que quem pensa muito perde o sono, deve ser por isso então, tenho pensado de mais. Na realidade, desde que cheguei da casa de , a única coisa que fiz foi pensar, e as questões da minha morgação eram: por que eu tenho medo do que ele possa pensar de mim? Por que eu sou tão dependente? Por que, simplesmente, não sigo minha vida, ah, sabe por quê? Por que, infelizmente, eu gosto daquele ser. Por que a opinião dele é importante para mim, e por que, mesmo que eu não queira e ele não saiba, ele tem uma influência gigantesca sobre mim. Como agora, por exemplo, no meio da minha insônia, a quem eu poderia recorrer? Advinha só?! Mas não ia fazer isso, não ia ligar para , não mesmo, havia outros truques tão infalíveis quanto a voz de , como, por exemplo, secar os carinhas dos pôsteres na minha parede, o que eu já estava fazendo há mais de meia hora, as estrelinhas verdes fluorescentes penduradas em meu teto também já não estavam me dando a sonolência esperada. O barulho do ar condicionado em meus ouvidos não estava passando apenas de um zumbido, fechei os olhos, e sem querer voltei a pensar. Há quanto tempo eu me sentia assim por ? Desde a sexta série? Sétima? Sexta, para dizer a verdade. Tanto tempo, tantas coisas já passamos juntos, tantas lágrimas eu já havia derramado por aquele que agora se autodenominava meu cunhado, quantas oportunidades eu havia tido de dizer a ele como eu me sentia, mas sempre dava para trás, sempre amarelava, e agora outra veio e pegou a vez. Agora, eu me via pensando, será que um dia eu consigo tirar esse garoto da minha mente? Será que um dia eu vou conseguir vê-lo apenas como um amigo, ou até mesmo como meu cunhado? Meu celular vibrou uma vez e parou, me assustei e peguei-o olhando o visor, era uma mensagem, e o nome aparecia nela. Ouvi essa música e pensei em você, estou mandando a acústica, beijos.
Cliquei na música e deixei que tocasse, estava sempre me mandando uma música nova para ouvir.
And I'll hold a place for you inside / Eu vou manter um lugar pra você aqui dentro Inside my heart for you and I / Dentro do meu coração somente para nós dois And I won't forget these tears I cried / Eu não vou esquecer essas lágrimas que eu chorei With every year that passes by / Com cada ano que se passou
And I can't sleep without you / E eu não posso dormir sem você And I can't breathe anymore / E eu não posso mais respirar
Travei com a música, juro. Às vezes me assustava. Disquei, no telefone, seu número e nem o primeiro toque havia se completado quando ele atendeu.
- Te acordei com a mensagem? – Ele perguntou de forma cuidadosa.
- Não! – Sorri para mim mesma, não sei porque, mas meus olhos começaram a marejar, coisa estranha, devo estar para ficar menstruada, só pode.
- Gostou da música?
- Aham, acho que ela era tudo o que eu precisava ouvir... – Disse, mexendo nos cabelos.
- Insônia?
- É, né... - Disse e se fez silêncio. – Canta para mim?
- Só se você vier para cá... – Sua voz soou pidona do outro lado.
- Mas está tarde!
- Eu vou te buscar. – Novamente, o silêncio. – Por favor, , tem muito tempo que você não dorme comigo.
- Tudo bem, vou colocar uma roupa.
- Estou chegando aí, beijo. – Ele disse e desligou o telefone, com preguiça de acender a luz, iluminei meu quarto apenas com a lanterna do telefone, catando uma calça jeans que estava por perto e um casacão da Hurley de que eu havia catado. Calcei minhas havaianas brancas e saí do quarto, apenas a luz que vinha do lado de fora iluminava a casa e tive que tomar cuidado para que não me estabacace no chão. Procurei minhas chaves na mesinha ao lado da porta e quando eu finalmente as achei, a luz da sala se acendeu, e a voz do meu pai ecoou pelo local.
- Aonde a senhorita pensa que vai?! – Ele ressaltou bem a palavra pensa em sua frase e logo em seguida apontou com a cabeça para o relógio da sala, que marcava duas e dezessete da manhã.
- Ai, que susto, pai! – Disse, levando uma mão de encontro ao peito e respirando fundo.
- Acho que essa não é minha resposta, certo? – Ele cruzou os braços e me olhou cerrando os olhos.
- ? – Perguntei mordendo os lábios e ele fez aquela cara de “me convença se puder”. – Por favor, pai, tem tanto tempo que eu não durmo lá.
- , ele está namorando sua irmã!
- E daí? – Perguntei, erguendo uma sobrancelha.
- Você não pode pegar o namorado da sua irmã! – Ele fez uma cara absurda.
- Pai, eu não pego o ! - Fiz dessa vez cara de “tem coisa mais óbvia que isso!”.
- E eu sou o Elton John!
- Se você gosta de piano e terno rosa, isso eu já nem sei, o que eu sei é que eu NÃO pego o !
- Não? Digo, não mesmo? Não rola nada sexual entre vocês? Nem nada a mais...
- Nada além de amizade, pai.
- Nunca rolou? Você nunca ficou com ele?
- Nunca, pai.
- Vocês dois dormem na mesma cama, e nunca ficaram? Nem um beijo?
- Nem um beijo, pai! – Eu já começava a achar graça da cara que meu pai estava fazendo.
- O é gay! – Ri alto do que meu pai disse. – Ele é gay! – Meu pai disse com mais convicção. – Só pode, porque se ele nunca te pegou, minha filha, ele só pode ser gay, porque você é muito gata! Ou então o Junior é pequeno e ele tem medo de mostrar.
- PAI! - Não podia acreditar no que meu pai estava dizendo, ele sempre fala besteira, mas hoje estava se superando.
- Okay, parei, mas já que não rola nada sexual entre vocês, você pode ir, mas não deixa sua irmã saber, porque, se não rola nada sexual entre vocês, também não quero que role nada sexual entre eles! – Ele disse.
- Pai, você está falando sério que estava levando numa boa se tivesse usado ‘sexualmente’... – Fiz aspas com as mãos. -... Suas duas filhas?!
- Claro que não! – Ele fez cara feia. – Nunca deixei a dormir lá, então eu achava que só tinha rolado algo ‘sexual’... – Ele imitou meu gesto. –... Com você.
- Paizinho, querido, meu amor, para rolar algo sexual entre eles, a não precisa dormir lá! – Disse, lhe mandando uma piscadela. – Agora posso ir? - Ele acenou com a cabeça, ainda com uma cara engraçada.
- Você vai sozinha? – Ele perguntou e nesse exato momento o telefone na minha mão começou a vibrar, o sacudi no ar, mostrando ao meu pai.
- Ok, vai lá, e use camisinha! – Disse rindo antes de subir as escadas.
Já disse que meu pai é uma figura? Pois bem, anote isso então, por favor!
Onze
- Você realmente não vai me dizer por que está com essa cara? - Perguntei a , estávamos deitados na cama dele, olhando para o teto há mais ou menos meia hora; conhecendo como conheço, ele tinha algo para perguntar, mas não sabia exatamente como.
- Somos amigos, certo? - Ele continuou olhando para o teto e então fiz o mesmo.
- Acho que nem preciso responder sua pergunta...
- Amigos contam tudo um para o outro.
- Exatamente. – Concordei.
- Você me conta tudo, ? - Pela primeira vez desde que me pegara em casa ele olhou diretamente para mim. Porém, eu não correspondi ao olhar, acho que sabia aonde aquela conversa podia parar.
- Não... – Respondi e então ele fitou o teto novamente.
- Por quê?
- Não sei. - Respirei fundo e ele fez o mesmo, um clima tenso parecia predominar no local.
- Tem alguma coisa que você deveria me contar?
- , às vezes calar é bem melhor do que mentir. Eu prefiro que a gente troque de assunto.
- Por que você sempre foge das coisas? Principalmente daquelas que sempre vão mostrar um pouco dos seus sentimentos?
- Porque eu sou assim, eu não gosto de falar do que eu sinto. Eu não me sinto bem falando dos meus sentimentos! – Não para você, pensei.
- Eu queria saber porque você esconde tanto as coisas que você sente... Às vezes é muito mais fácil colocar para fora.
- Eu já acho que é muito mais fácil deixar rolar, e acho melhor a gente trocar de assunto. - Me virei de lado, encarando-o, e ele fez o mesmo, cruzando suas pernas nas minhas e passando um de seus braços por baixo do meu pescoço, por incrível que pareça, o clima tenso havia desaparecido, e eu e voltamos a ser apenas nós dois, sem mais climas tensos. – Como você está? - Perguntei e ele riu.
- Você pergunta como se não tivesse passado o dia comigo. - Respondeu rindo.
- Mas eu quero ouvir de sua boca como você tem se sentido, há muito tempo não passamos um tempo só nós dois.
- , a gente foi para o shopping hoje de manhã.
- Ah, você entendeu o que eu quis dizer! – Fiz careta e comecei a fazer carinho em sua cabeça.
- Eu estou bem, muito feliz, e você?
- Normal... – Disse e o momento de silêncio voltou, minha mão continuava fazendo carinho em sua cabeça e ela começou a brincar com uma de minhas mechas.
- Sabe, , eu estou me sentindo tão bem, sua irmã me faz bem, sabe, e gosto do jeito dela, do jeito que ela sorri, quando ela meche no cabelo, eu nunca me senti assim por ninguém na minha vida, é um sentimento tão gostoso, o jeito que eu sinto meu coração se acelerar quando ela está perto de mim.
- Que bom. Eu fico feliz que você esteja feliz, você sabe que a sua felicidade é a minha felicidade.
- E eu fico feliz que você esteja tentando. Você tem um coração muito grande, . E você tem um futuro brilhante pela frente.
- Digo o mesmo para você, . – Ele sorriu e então começou a cantarolar alguma música qualquer, que fazia com que o sono viesse com mais facilidade que o normal. Meus olhos se fecharam e eu foquei minha atenção ao som da sua voz, que a cada vez ia ficando mais distante, até sumir por completo.
- Sua filha da puta! – Bem, essa foi a frase que me fez abrir os olhos, e logo em seguida pude ver que algo verde voava em minha direção. Não sei se por ainda estar meio dopada de sono, mas não conseguia reagir devidamente. O que me fez compreender que aquilo realmente não era um sonho, foi sentir meus cabelos sendo puxados e algo se chocando contra a minha pele, em tentativas nada frustradas de tapas.
- Caralho, está doendo! – Disse, empurrando o corpo estranho de cima de mim e fazendo-o cair da cama. Passei as mãos por meus cabeços bagunçados e por meu rosto inchado – do sono, diga-se de passagem. – O que está acontecendo? – Perguntei, arregalando bem os olhos para ver se eles me obedeciam e não teimavam em se fechar, puta que pariu de sono. – Você está maluca, garota? Tem merda na... - Caí na gargalhada quando meus olhos pararam em , Agora sentada com os braços apoiados no chão, seus olhos pareciam que poderiam soltar chamas a qualquer momento e me queimar viva. Seus cabelos, antes de um tom castanho claro e com mechas quase loiras naturais, agora tinham um tom de verde catarro, e as mechas naturais? Mais para verde diarréia. Gargalhei na maior cara de pau de seus cabelos e ela se levantou, vindo novamente em minha direção. Suas pernas se encaixaram de cada lado de meu corpo e suas mãos atingiam aonde conseguiam. Eu apenas protegi meu rosto com as mãos, ainda rindo. Eu não correspondia aos tapas que ela me dava, muito pelo contrário, as lágrimas saíam de meus olhos de tanto que eu ria, parecia que iria explodir a qualquer momento de tanto rir, minha barriga já começava a doer. entrou no quarto eu não conseguia ler o que estava escrito em seus olhos, era um misto de irritado, lamentoso e divertido. Sinceramente, dessa vez ele me confundiu. Suas mãos seguraram pela cintura, tirando-a de cima de mim e ele acenou com a cabeça para que eu pudesse sair do quarto, eu apenas ria, ria de uma forma que eu acho que nunca ri na minha vida. Seu cabelo estava foda, simplesmente fodástico. gritava palavras de baixo calão – falei bonito agora –, tentando se soltar dos braços de . Seu rosto estava vermelho, seu cabelo parecendo algas e o olhar faiscante de raiva. Saí do quarto tentando segurar o riso. Pude ouvir tentar acalmar , que tinha a voz chorosa. Não me contive e colei meus ouvidos na porta, tentando ouvir o diálogo.
- Olha o que essa filha da puta fez comigo! - disse e eu sorri vitoriosa, agora sim estávamos quites.
- Amor, calma, não xinga a mãe da , porque ela tem sido bem legal com você ultimamente.
- Mas ela criou um monstro, . Olha só o que ela fez comigo! Olha para o meu cabelo.
- Você está linda! – Ele disse e eu revirei os olhos, era um filha da puta, mentiroso.
- Linda? - Ela perguntou e um silêncio, seguido de algo que eu não entendi, tomou o local. - O que ela estava fazendo aqui?
- Dormindo? - Ele usou aquele tom de “tem coisa mais óbvia que isso?”.
- Dormindo? E posso saber, por um acaso, aonde você dormiu? - Ela ressaltou bem o uso da palavra você.
- Aqui! – De novo, o mesmo tom.
- Você está tentando me dizer que dormiu com a como se fosse a coisa mais normal do mundo! - Ela elevou sua voz.
- Não, eu não estou tentando, eu estou te dizendo que eu dormi com a porque É a coisa mais normal do mundo!
- E você vai me dizer que também não rolou nada entre vocês? - Sua voz parecia, sei lá, chorosa.
- Mas não rolou nada entre a gente! – Ele fez aquele tom de ‘estou começando a ficar irritado’. - Nunca rolou, e provavelmente nunca vai rolar! – Fechei a cara com aquela afirmação dele, feita com tanta convicção.
- Ah, sim, e eu sou a Lindsay Lohan. - Ela usou exatamente o tom que ele detestava que usassem com ele.
- Se você é drogada e lésbica eu não sei, quer saber? Foda-se! Eu não quero e não vou me meter nessa história de vocês duas. Vocês querem se matar? Se matem! Eu só quero que deixem minha casa e de preferência me deixem inteiro. - Ele disse e eu ouvi seus passos vindo em direção a porta. Corri, entrando no cômodo ao lado, e os passos de vieram nessa mesma direção. Ele abriu a porta e eu o olhei com carinha de criança quando apronta. - Pegou pesado! – Foi tudo o que ele disse e saiu, dei de ombros. Esperei um tempo até que provavelmente tivesse saído do quarto e entrei no mesmo, olhei para a cama aonde eu havia passado a noite com – ui, bem segundas intenções essa frase – e cacei minha calça, que por pura amnésia matinal ou desleixo mesmo, eu não tinha idéia de onde tinha enfiado. Minha pergunta foi respondida quando meu celular começou a tocar e como ele estava no bolso da mesma, logo a achei. E advinha onde estava? Debaixo da cama. Catei minhas calças e como naqueles filmes de terror, enquanto estava em baixo da cama, vi um par de pés se aproximarem e ficarem parados ao lado contrário a mim. Levantei-me e me encarava. Não a encarei de volta, apenas coloquei minhas calças, não admito isso para ninguém e nego até a morte se me perguntarem, mas acho que peguei pesado com a coitada, coitadinha, está com o cabelo verde, se bem que ela mereceu. Caminhei em silêncio até a porta, mas senti uma de suas mãos puxarem meu braço quando fiz questão de abri-la. Sua expressão, misturada com a cor exótica dos cabelos, estava me assustando, fato.
- Acho que nós duas precisamos ter uma conversinha... – Ela disse e forçou um sorriso que mais fez parecer uma careta.
- Acho que não temos nada para conversar, honey. – Disse debochada. – E, a propósito, seu cabelo está verde. - Ri na sua cara, na maior cara dura e soltei meu braço.
- Eu sei muito bem que meu cabelo está verde, não sou daltônica! – Ela disse com a cara emburrada.
- Claro que não, daltonismo é uma doença que só se desenvolve em homens, pena que a burrice não, né? - Sorri de lado. – Agora que você já sabe disso, acho que já pode me deixar ir embora, certo?
- Mas não é sobre meu cabelo que eu quero falar... – Disse cruzando os braços na frente do peito e emburrando mais ainda a cara.
- Bem como já disse, não tenho nada para falar! – Disse, voltando ao meu trajeto.
- Eu quero que você se afaste de ! – Parei ao ouvir suas palavras e me virei, a encarando, perplexa, ela realmente não queria isso, queria?
- Como é que é?
- Eu disse que quero que você fique longe dele, e se puder, de preferência, desaparecer. - Ela realmente estava com cara de mal.
- Você só pode estar brincando de me pedir isso, né, garota? - Eu sorri.
- Não... – Sua cara era realmente séria. – Eu acho que nunca falei tão sério em toda a minha vida. Eu quero que você se afaste do meu namorado.
- Bem capaz! - Ironia mode on.
- Sabe qual o seu problema, ? Você quer tudo para você!
- E você sabe qual o seu problema, ? Você quer que tudo seja feito do seu jeito, eu já te falei uma vez e vou repetir, o mundo não gira ao seu redor.
- Muito menos ao seu, e eu não digo o mundo, eu digo . Ele não é seu! - Seus olhos brilharam ao pronunciar a última frase e sua voz subiu um pouco de tom.
- Não sei se alguém já te disse, mas o não tem dona! – É, estávamos discutindo por ele.
- Mas ele tem namorada, e não sei se alguém já te disse, mas ela NÃO é você! – Sorri ironicamente para ela, sacudindo a cabeça. Vaca.
- Bom, honey, recadinho dado, agora me deixa ir porque eu tenho coisas mais interessantes do que olhar para esse seu cabelo cor de catarro. – Disse e novamente dei meu passinho, dessa vez pegando na maçaneta.
- Você morre de inveja de mim! – Ok, depois dessa e realmente tive que voltar. - Você tem inveja porque em duas semanas eu consegui o que você tenta há anos, ser a namorada do . - Ela falou calma, dessa vez seu olhar não tinha ódio, tinha desafio, curiosidade, ela estava blefando, plantando verde para colher maduro.
- Sério? Não me diga? Acho que você descobriu a América, meus Deus, ó, , como eu invejo você!
- Você sabe que é verdade, , você finge que não, mas você se morde por dentro toda vez que nos vê junto. Porque lá no fundo você sabe que o que você mais queria era estar no meu lugar! – Uh, dedo na feriada mode on.
- E por que você acha isso? - Recostei-me na porta, cruzando os braços e a encarando, esperando resposta, olhando-a com ar de desafio.
- Olha para você! Você está se roendo por eu estar com , porque você queria o que EU tenho dele! – Ela sorriu de forma vitoriosa.
- Bom, agora vamos ver, o que você tem dele? - Ergui minha mão e segurei meu dedo mindinho, contando os itens. – Você tem a língua dele na sua boca, a mão dele na sua bunda e dentro do teu sutiã. - Mostrei meus três dedos erguidos para ela. – Já eu, tenho a chave da casa dele, o telefone particular da mãe dele, eu sou o rosto de 95% das fotos dessa casa, eu tenho livre acesso àquela cama, que a propósito nós passamos a noite, eu sei quando ele está bem, eu sei quando ele está mal, eu sei ao que ele tem alergia, a comida predileta, o que ele gosta, o que não gosta... - Parei para respirar, já podia sentir o sangue correndo mais forte por minhas veias, eu já estava começando a ficar alterada. Troquei a mão que fazia as contas. – Eu compro as roupas dele, quando ele fica doente é para mim que ele liga, sou eu quem está com ele quando uma puta qualquer o machuca, quando ele chora porque queria que os pais tivessem lembrado seu aniversário, sou EU quem estou com ele, então não venha me dizer que eu tenho inveja de você, porque esses seus míseros três itens, honey, não significam nada diante do que eu tenho dele! - Ela me olhava quieta. – Você quer que eu me afaste? – Perguntei, pensando na conversa da noite anterior, no que tinha dito há minutos atrás “nunca vai rolar”. Ele estava feliz. – Então ótimo, eu me afasto. Mas eu só vou te dar um aviso, , um só. Você o magoa, e não vai ser só seu cabelo que vai ficar verde, não. Você pode ter certeza disso, eu acabo com sua raça. - Ela abriu a boca para falar algo, mas de sua boca não saiu nada. - O significa muito para mim, e eu não meço esforço para a felicidade dele. - Disse e me virei. – Acho que estamos devidamente conversadas. - Falei antes de bater a porta atrás de mim. Desci as escadas e não procurei para dizer que estava indo embora. É, eu cedi. Já ouviu falar que quando se gosta muito de uma pessoa a felicidade dela é mais importante do que a sua própria? significa demais para mim, e a felicidade dele era o que importava, e se a felicidade dele consistia em eu ter que me afastar, era isso que iria fazer.
Cheguei em casa mais rápido do que imaginei, a chamada perdida do meu telefone era de meu pai, eu nem precisava atender para saber do que se tratava. Abri a porta e foi ele a primeira pessoa que vi, sentado no sofá, com um jornal em mãos.
- Nem preciso dizer, né? - Ele perguntou e eu joguei minhas chaves na mesinha do lado da porta, a conversa com havia me dado uma enorme vontade de chorar.
- Castigo. – Afirmei, indo em direção às escadas.
- Exatamente! – Ele tirou os olhos do jornal e me encarou. – Aconteceu alguma coisa? - Ele perguntou com uma cara preocupada, beijei sua testa e me virei.
- A aconteceu, pai! – Disse tão baixo que duvido que ele tenha escutado.
Fechei a porta de meu quarto, e algumas lágrimas desceram por meu rosto. Não adiantava eu tentar me convencer que não sabia o porquê, porque eu sabia, no fundo estava certa. As palavras de me rodeavam a mente, ‘nunca vai rolar’ ‘eu estou muito feliz’. Uma tristeza muito grande tomou conta de mim naquele momento. E mesmo que eu não quisesse admitir, aqueles três míseros itens, me faziam mais falta do que qualquer um poderia imaginar.
Doze
Eu não sei explicar, mas me sentia triste. Não era uma tristeza, “oh, vou me matar”, era mais uma tristeza, “estou com vontade de chorar sozinha e, por favor, ninguém me atrapalhe”; esse era o tipo de tristeza que eu estava sentindo, e, consequentemente, estava deixando que os outros percebessem isso, o que estava me deixando puta comigo mesma. Detesto quando as pessoas sentem pena de mim ou então me perguntam se eu tenho certeza quando digo que está tudo bem. Af, isso realmente me irrita. Fato. Acho que não existe nenhum problema no fato de uma pessoa querer ficar trancada dentro de seu quarto, ouvindo músicas cu, comendo chocolate e olhando para o teto, existe? Minhas amigas achavam que sim, porque elas simplesmente não paravam de me encher o saco, já havia dito que estava de castigo, mas não se convenceu que era apenas isso, e , movida por ela, também não. Duas vacas. Quando digo que está tudo bem, é porque está tudo bem! E, se não está, vai ficar, não é isso que dizem? Tudo no final dá certo, se não deu certo é porque ainda não chegou ao final. Então considero que meu final ainda não chegou. havia me perguntado o que tinha acontecido por eu estar tão quieta e eu apenas disse que era tensão pré menstrual, há três dias ele e nem os meninos apareciam na escola, quando perguntei à do paradeiro deles, ela disse que apenas lhe disse que eles foram acampar. Aham, acredito muito. não deu as caras na escola, estava tratando o cabelo, e o foda disso tudo é que eu quem estou pagando o ‘tratamento’. Minha puta que pariu. Também não tinha a visto em casa, afinal, eu estava na monotonia de apenas quarto, escola, cozinha, quarto, escola e cozinha. Apenas isso. A porta do meu quarto se abriu e quase voei no teto de susto. e entraram sorrindo e se jogando em cima de mim. Sinceramente, acho que tenho cara de pula-pula, só pode.
- Bom dia, cabrita! – disse, saindo de cima de mim e se sentando, apoiada na parede.
- Olá, coração! – se sentou em um pufe de frente para a minha cama e as duas me encararam.
- Oi! – Respondi, colocando os fones no ouvido de novo e olhando para o teto, acho que já tinha dito à elas que queria ficar sozinha. Por que será que ninguém respeita meu humor negro?
- Tira essa cara de bunda, pelo amor de Deus! – disse, puxando os fones e entregando à .
- Merda, , que música cu! – disse depois de tirar um dos fones do ouvido. Sorri com a frase.
- Sua frase realmente me emocionou, merda, , que música cu! – Disse, rindo de lado e fazendo cara de pensativa. Cara, eu não conheço essa menina há muito tempo, mas não sei porque, gosto dela pra cacete!
- Ah, deixa isso pra lá, levanta dessa cama porque você está feia! – disse, fazendo careta.
- Muito obrigada pela parte que me toca! – Falei, fingindo estar comovida.
- Você não penteia o cabelo há, pelo menos, três dias, não passa um lápis no olho há uns quatro e seu esmalte já está mais que descascado.
- Acho que alguém aqui está começando a ligar para ‘futilidades’! - Sacudi os dedos no ar.
- Não é futilidade, , são coisas essenciais, me diga o que te afliges, muchacha! – Ela se deitou do meu lado e eu fiquei quieta.
- E eu não vou sair daqui, entendeu? – Bati minha outra mão do lado vago, fazendo sinal para que se deitasse ao meu lado também, e foi o que ela fez. – Cara... – Comecei. –... Eu gosto muito dele, muito mesmo, e eu quero que ele seja feliz, só isso.
- ?! – disse e eu acenei.
- Eu gosto muito dele, tanto que a palavra gostar acho que não é o suficiente, sabe? Eu me sinto tão bem quando eu estou com ele, e tal, mas ele gosta da !
- Mas ele também gosta de você!
- Como amiga! Irmã é a palavra que ele descreve.
- , vai ver ele não descobriu ao certo o que ele sente por você, ainda! – disse.
- Porra, quanto tempo ele precisaria para saber que gosta de mim? Um ano? Porque eu já estou nessa há quatro! Ele gosta da , me disse isso com todas as palavras, e ela gosta dele, ele está feliz com ela e então é hora de tirar meu time de campo.
- E a deixar ganhar?
- Não é questão de ganhar ou perder, ele nunca foi meu, então não se perde o que nunca se teve.
- , você me desculpa, honey, mas se tem uma coisa que eu e o colégio inteiro sabemos, é que sempre foi seu, independente de qual sentido! – riu.
- E você não pode perder, sem, pelo menos, lutar, , eu nunca te vi lutando por ele, coloca isso que você sente por ele para fora, garota. Sentimentos são feitos para serem compartilhados, e não escondidos.
- Não é tão fácil assim!
- Por que não? – perguntou.
- Por que... E se ele mudar comigo? Você quer que eu vire e diga “, cara, esse tempo todo fui afim de você!”? Não dá. Eu tenho certeza que ele mudaria comigo, e se eu perdesse a amizade dele?
- , de duas, uma. Se ele mudar com você, ou é porque você mexeu com ele, ou é porque ele não é seu amigo de verdade.
- Cara, vocês não entendem, eu tenho medo.
- Medo é o caralho! – disse, se revoltando e se sentando. – Toma vergonha na porra da cara e vai atrás da porra do homem que você ama, se não eu juro que vou ter que te dar uma porrada! Estamos entendidas? – Ela se levantou, indo até a porta. – Tenho que ir que minha mãe está me esperando! – Ela nos mandou uma piscadela e eu ri. Baixou a revolucionária.
- A está certa, , bota um sorriso nesse rosto e vamos animar! – se sentou também e eu ri da atitude delas. - Aquele bofe é teu, guria, e ninguém vai te tirar isso, muito menos uma estranha de cabelo verde, você não concorda? – Ela sorriu marota, indo até minha coleção de CDs e tirando um da capa, logo uma música alta e animada começou a tocar pelo quarto, é, dude, elas tinham razão. Eu tinha que lutar, e, bem, acho que é isso que vou começar a fazer.
’s Point Of View
O sinal tocou e eu agradeci mentalmente por mais um fim de semana que chegava. Juro que se tivesse que agüentar a mal comida da professora de Biologia falando mais cinco minutos, eu tinha um surto psicótico e batia nela ali mesmo. Ok, eu não sou do mal, cara, é que ela é chata, só isso.
Assim que pisei no pátio que dava até o portão central, senti um peso em minhas costas e não precisei me virar para ver de quem se tratava. . Graças aos céus! Estava sentindo saudades da minha amiga louca.
- Porra, , desce logo! – Gritei, me sacolejado e a assistindo cair de bunda no chão. - Estou com cara de burro de carga, agora? Você está gorda, folha. – Sorri, debochando da sua cara de Broke Davis e logo se juntou a nós. Rindo de , que se levantava, ajeitando as costas. Era bom tê-la de volta.
- Vaca! - Ela resmungou e eu apenas ri. Geralmente éramos assim, nos amávamos, sabe? Logo minha atenção foi chamada por um grupo de quatro garotos que caminhavam em nossa direção, rindo de qualquer besteira que um deles havia pronunciado.
- Olá, garotas! - Eles disseram.
- Hey, guys, comeram muitas cabritas? - Perguntei, arrancando algumas gargalhadas. Bom, eles sumiram por dois dias, alegando que iriam acampar, está bom e eu sou a fada do dente.
- Não, sua mãe não estava lá! - disse, debochado, rindo da minha boca aberta e eu lhe mandei o dedo do meio. Muito bonito, por sinal. Ia abrir a boca para responder, porém me interrompeu, enfiando a língua na minha boca, e isso é bem melhor do que responder o , te garanto. cortou nosso beijo com seu típico “éca”, passando por entre nós e se jogando em cima de , da exata maneira que fizera comigo segundos atrás.
- Pessoa, me leva no colo? - Ela perguntou, sorrindo. Bem, será que eu sou a única pessoa que percebe aquele brilho besta nos olhos e aquele sorriso besta nos lábios dela quando ele está por perto ou eu preciso de óculos? Sério, cara, ela não sabe disfarçar. Como ela tinha medo de colocar isso para fora? Era tão fofinho o jeito do olhar dela.
- , às vezes você esquece que você está pesada! - disse rindo e levando alguns pedalas da menina.
- Hey, acabei de dizer isso à ela! – Falei, indo em direção aos meninos e dando uma mordida na bochecha de cada um.
- Hey, o que vamos fazer de tarde?! Hoje é sexta, pelo amor de Deus, não quero morgar, não! – Disse, enquanto caminhávamos em direção ao portão central, que nos daria liberdade daquele hospício. e seguiam em nosso encalço, conversando sobre algum filme que viram na televisão, eu falei que eles não tinham ido acampar. e iam à frente, com ele a carregando nas costas, e ? Bom, esse aí eu não sei, provavelmente se agarrando com alguma estranha nos arredores.
- Ué, vão lá pra casa, oras. – falou. – A gente pode ver filme, comer pipoca com brigadeiro a tarde inteira e inventar algo diferente à noite. - Falou animada, batendo palminhas de um jeito que lembrava uma foca. Observei como o sorriso dos três seres a minha frente cresceram no rosto e arqueei as sobrancelhas não entendendo o motivo, ah, já sei, ela citou brigadeiro. Virei-me novamente, indo em direção ao portão onde o pseudo casal nos esperava em frente ao carro de . - Isso é, se vocês quiserem ir! – Falou, ainda andando um pouco na frente e observando as unhas.
- Mas é claro que vamos! - respondeu, colocando um dos braços em volta de seus ombros. É impressão minha ou não ficou mais quente aqui para alguém corar? - Mas só se for de terror, Jogos Mortais, de preferência, nada daqueles filmes melosos de donzelas! - Ele disse e sorriu mostrando todos os seus dentes, muito bem escovados, e eu vi dar um sorriso sem graça –danada.
- Ah, esse filme nojento não! - se pronunciou, fazendo careta, o que fez com que todos rissem.
- Deixa de ser gay, Jones! - disse, dando um pedala no menino, que fez careta.
- Desse jeito vocês matam meus neurônios, sabiam? - Ele perguntou, passando uma das mãos no local atingido.
- , sinto te informar, mas não existe mais nenhum vivo aí dentro. – disse, dando um último tapa na cabeça de Jones antes de entrar no mesmo carro que . Apenas ri, a seguindo, e todos caminharam para seus devidos carros e caronas. Seria simplesmente apenas mais uma tarde de filmes em uma das casas, mas alguma coisa me dizia que aquele seria diferente. Ah, e como eu gosto de confirmar que eu não estou enganada!
Não sei explicar o que aconteceu ou o que fez essa situação chegar aqui, só sei que estávamos sentados no chão do quarto de , os meninos sem camisa – meu namorado é um gato, fica a dica –, uma garrafa já vazia de vodca estava parada no centro da roda, e outras duas, uma pela metade e outra ainda cheia, ao lado de , o mais sóbrio. Pelo menos era o que eu achava. O filme havia acabado há tempo, então resolvemos fazer algo mais ‘interessante’ para animar nossa noite – bebidas e besteiras -, já havia saído há mais ou menos meia hora, provavelmente foi se encontrar com , essa, por sinal, não apareceu na escola nenhum dia da semana, nem mesmo para ir ao ensaio das líderes de torcida, que ela havia passado no teste, havia dito que ela estava ‘tratando o cabelo’. Coloquei algum CD de que encontrei perdido pelo quarto e uma música maneira começou a ecoar pelo local. Todos estavam sentados em roda e conversavam mais soltos que o normal, o que a bebida não faz?
- Eu quero eu nunca! - gritou, erguendo os braços para o alto, seguido de , que começou a rir sabe–se lá de que. Sentei-me novamente na roda que era seguida de , , , , , e eu.
- Vou pegar mais copos, então! – disse, se levantando, e eu e a seguimos até a cozinha.
- Você podia pegar o ! – disse rindo, segurando o copo que lhe dava.
- Concordo plenamente! – Disse, recebendo os meus copos. gargalhou e, sem se virar para nós, disse.
- Concordo absolutamente! – E saiu na frente, correndo junto com , seria um lindo casal eles dois, muito fofos. As duas subiam as escadas como duas hienas rindo de sabe-se lá o que, que eu não entendia. A campainha tocou e me mandou abrir, sumindo escada acima.
- Hey, de novo! – Disse para , abrindo caminho para ele entrar e cumprimentando com um aceno de cabeça. – Ainda estão no mesmo lugar! – Disse e sorriu animado, subindo as escadas na frente da namorada, nem a esperando. estava com os cabelos pretos, me segurei para conter a cara de espanto. Ela estava estranha. Sem sombra de dúvidas.
Assim que entrei no quarto, pude ver torcendo o nariz e segurando o riso, todos olhavam espantados os cabelos, antes claros, agora pretos de .
- Peguem seus copos pessoas, porque a brincadeira vai começar! – disse imitando Jim Carey e todos rimos, inclusive , o que foi super estranho, já que ela nunca ri de nossas piadas. Mas vai, né?! se sentou ao lado de e ao seu lado, consequentemente ficando de frente para , as duas se entreolharam por instantes e logo se pronunciou.
- Só vale a verdade, somente a verdade, nada além da verdade! – Disse, enchendo os copos e passando para cada um. – Eu, como o mais bonito... – Ele ia dizendo e uma camisa voou em seu rosto, e as gargalhadas voltaram. – Como eu ia dizendo... – Ele falava rindo. –... Eu, como o mais bonito, começo, e a roda gira no sentido horário. Bom, para começar... – Ele parou um pouco e pensou, mordendo os lábios, super sexy. – Eu nunca beijei um menino! – Ele disse e gargalhou em seguida, , , e eu levamos o líquido à boca e bebemos sem pestanejar. ergueu o copo e todas as atenções se viraram para ele, assustados...
- Brincadeirinha! – Ele soltou uma gargalhada estrondosa, que contagiou a todos.
- Que susto, já ia te proibir de dormir no ! – Disse.
- Hey, sou macho, nunca te provei isso, não, amor? – Ele fez a pergunta perto de meu ouvido e pude sentir minhas bochechas corarem. – Próximo! – Ele disse e foi a vez de .
- Eu nunca beijei uma mulher! - Ela disse sorrindo e os meninos ergueram seus copos, brindando. Graças a Deus por isso! Eles beberam com orgulho e rindo a toa, acho que alguém soltou o gás do riso aqui e eu não vi. Agora era a vez de .
- Eu nunca... – Ele parou para pensar. -... Nunca peguei alguém em um momento mais íntimo. – Ele fez sinais com as mãos para melhor interpretar a pergunta. bebeu e todos a olhamos rindo e pude ver os olhos de se estreitando, acho que já sabemos quem ela pegou em um momento mais íntimo.
- Eu nunca vomitei dentro de um carro. – disse e , , , e eu bebemos. – Fracos! – Ela disse.
- Eu nunca fumei um baseado! – Foi a vez de . e beberam.
- Foi só para experimentar, detestei! – disse e concordou com ela.
- Nunca faça isso! – Ele disse, alertando aos amigos.
- Eu... – pensou e seus olhinhos estavam um pouco vidrados, demonstrando o alto teor de água que ela já tinha ingerido. –... Eu nunca transei! - Ela riu alto e todos nós bebemos, o que gerou uma gargalhada mutua.
- Virgem Maria! – A zoei.
- Acho que preciso resolver esse meu problema! – Ela disse.
- Olha eu aqui! – ergueu os braços e uma camisa voou na sua cara, junto com um olhar feio de .
- Ah, eu nunca peguei, ou dei em cima da por medo do , pronto falei! – Ele jogou os braços ao lado do corpo de forma engraçada, mostrando revolta. bebeu o líquido tão rápido, na tentativa do não ver, que acabou se engasgando, gerando mais risadas. batia em suas costas enquanto ele tossia, ria e xingava ao mesmo tempo.
- Eu nunca dei em um banheiro! – Disse e bebeu, safadinha.
- Eu nunca dei em um banheiro! – disse, inconformado. - Na verdade, eu nunca dei!
- Eu também não! – .
- Muito menos eu! – .
- Eu já! – disse e nós o olhamos. – Já dei beijo no rosto da , da ...
- Idiota! – Disse, lhe tacando algo que nem percebi o que era. – Serve comer também! – Disse e todos os meninos beberam.
- Eu nunca peguei a Clarckton! – disse e sorriu vitorioso. bebeu.
- Aquela espinhenta do segundo ano? – perguntou fez cara de nojo.
- Eu estava bêbado, ok? – Ele justificou.
- Eu nunca tratei mal alguém da minha família. – disse e mandou uma piscadela irônica para . Ela e beberam.
- Eu nunca fiquei com uma amiga. – disse. , , , e eu bebemos.
- Eu nunca quis matar alguém! – e beberam.
- Eu nunca transei na escola. – e beberam.
- Eu nunca... – parou, pensando. –... Eu nunca tive o cabelo verde! – sorriu debochada e tomou, com cara de desafio.
- Eu nunca coloquei uma calcinha. - Era a vez de , com exceção de nós meninas, e tomaram. Eu ri alto com isso.
- Eu nunca toquei uma punheta! – Disse vitoriosa e gargalhei da minha própria frase, todos os meninos beberam.
- Eu nunca recebi um oral. – Tenso. - e beberam, rindo com os olhos.
- Éca! Vocês fizeram um no outro! – disse tão naturalmente que fez com que e cuspissem o líquido em suas bocas, exclamando reclamações e xingamentos. A vez agora era de , ela encarou o copo a sua frente com um sorriso maléfico – diga-se se passagem – seus olhos buscaram o de e ela sorriu mostrando os dentes, olhando minha amiga.
- Eu nunca fui apaixonada pelo namorado da minha irmã! – Ela disse e o quarto caiu em silêncio. Ao contrário das outras pessoas, leia, eu e , que fazíamos cara de assustadas, pareceu não se surpreender. Todos os olhos estavam em cima dela, inclusive os de , que parecia confuso e olhava fixamente para as mão de no copo. abriu um sorriso e deu uma gargalhada, arqueando a cabeça para trás, e logo em seguida fez algo que nunca imaginei que ela teria coragem de fazer. Ergueu o copo com o líquido e bebeu.
Treze
Acordei sentindo mãos envolvendo minha cintura, mas não fiz nenhum movimento para que pudesse ver quem era. Tinha certeza que se movimentasse minha cabeça, ela provavelmente se deslocaria de meu corpo, rolando pelo quarto e provavelmente mataria alguém do coração – ok, parei. Eu ainda não havia aberto os olhos, mas tinha certeza de que quando fizesse, isso me arrependeria amargamente, assim como estava me arrependendo, naquele momento, de ter bebido na noite passada, fazer o que, né? É a vida, vivendo e se arrependendo, se bem que pelo que eu me lembre, o ditado não é bem assim, mas eu ainda estou meio bêbada, porém, dessa vez, de sono, e de ressaca, então, deixe-me pensar os ditados errados, por favor. Algo se chocou contra meu rosto e instintivamente abri os olhos, me arrependendo, minha cabeça deu uma pontada tão forte que se eu não soubesse que gritar a faria doer mais ainda, eu o teria feito. O pé de havia batido em meu rosto quando o mesmo fez menção de se mexer na cama. Quase soltei uma gargalhada ao olhar nosso estado. , , e eu dormíamos na cama da mesma. Os braços de estavam passados por minha cintura de forma engraçada, ele havia me abraçado para não cair no chão, fato. Do outro lado, no chão, os casais dormiam em paz. Eu poderia ver apenas os cabelos negros de , provavelmente rolara para debaixo da cama, como sempre fazia. Ergui meu tronco, apoiando meu corpo em uma das mãos, enquanto outra massageava minha testa. Fechei bem os olhos, apertando-os contra minhas pálpebras e os abri, sabe quando você vê uma porção de churumingos quando abre os olhos? Ok, você vai me dizer que não sabe o que é churumingo. Eu explico. e eu costumamos dizer que vemos churumingos quando vemos uma porção de luzinhas brancas diante de nossos olhos, entendeu?
Sentei-me, ereta desta vez, e prendi meus cabelos em um coque frouxo, passei a mão pelo rosto e joguei uma de minhas pernas por cima do corpo de , apoiando uma perna no chão e logo depois fazendo o mesmo com a outra, quando finalmente apoiei meu peso no chão, me levantando, tudo ao meu redor girou e tive que me segurar na cabeceira da cama para que não caísse. Fechei os olhos novamente e depois os arregalando e esperei que a tontura passasse para que pudesse seguir meu caminho, minha boca estava muito seca e meu organismo implorava histericamente por água. Desci as escadas em silêncio e entrei na cozinha, tirando da geladeira aquele bendito líquido denominado H2O e o bebi com tanta vontade que achei estranho que não tivesse engasgado. Sentei-me em um dos bancos de frente ao balcão da cozinha de e fiquei olhando a garrafa, logo minha mente se projetou a tentar lembrar-se de tudo o que havia acontecido na noite passada. Filme, pique pega, nada para fazer, começamos a beber, eu nunca e... Merda. Travei com a última lembrança e a mais sóbria que tinha. Merda, merda, merda, mil vezes merda. Caralho, eu...
- Achei que tivesse sido o único a madrugar! - disse, entrando na cozinha e sentando em minha frente, do outro lado do balcão. E eu arregalei os olhos, o olhando assustada, meu coração deu cambalhotas, um duplo twister carpado, antes de parar no mesmo lugar e começar a bater de maneira exageradamente ridícula, mais rápido do que escola de samba prestes a entrar na Sapucaí. Minhas mãos suaram e pude senti-las tremer de leve. Fodeu, fodeu! Abaixei a cabeça, fitando o meu copo e respondi sem olhá-lo.
- A sede falou mais alta! - Sorri sem mostrar os dentes, ainda olhando o copo, já sei o que iria fazer, ia fingir que nada havia acontecido. Amnésia pós bebedeira, isso era normal, certo? Cara, eu sou muito inteligente, quase uma Bill Gates. Ha. - Pensei que você ainda estivesse dormindo quando saí do quarto! - Ergui minha cabeça, o olhando, e passando as mãos pelo cabelo, não queria nem saber como eu estava, porque, de fato, deveria estar horrível. Minha puta que pariu, por que ele tem sempre que ser tão lindo pela manhã?
- Na verdade, nem dormi direito... - Ele sorriu de lado, um sorriso tão fofo, tão lindo, tão perfeito que eu tive que abaixar novamente os olhos para não secar descaradamente meu cunhado. - Você dormiu bem? - Nossa conversa estava, de fato, estranha, parecia que estávamos pisando em ovos para falarmos um com o outro. Mas ainda estava melhor do que se ele perguntasse: e aí, , tu és afim de mim, né?
- Com o e o na mesma cama? Bem capaz! – Disse, rindo e tomando mais um gole da minha água, que nesse momento nem me parecia mais tão gostosa, não com os lábios de na minha frente, super rosadinhos e parecendo apetitosos, não mesmo. Tarada.
- Ele roncou de novo? Nem ouvi! - disse, rindo dessa vez, mostrando os dentes.
- Se ele roncou eu nem sei, apaguei, nem lembro de nada! - Fiz questão de sutilmente destacar o nem lembro de nada, para que ele pudesse entender perfeitamente que eu não lembrava de nada. Muito menos da parte de ter admitido que era apaixonada por ele, eu nem me lembrava disso. Você se lembra? Porque eu não.
- Não se lembra de nada? Nada mesmo? - Ele perguntou e eu abri a boca para responder, mas meu corpo reagiu mais rápido, meu sangue subiu direto para minha bochecha, denunciando-me. Caralho de corpo que não colabora comigo. Cara, por que o caralho para mim soa tão libertador? Não é a mesma coisa que um porra, o caralho é tão... Tão caralho! Mas voltando, nem agora, corpo? Merda, você tinha que ser meu amigo! Briguei com meu subconsciente traidor. E abaixei meus olhos de novo para o copo fechando minha boca, merda, merda!
-Eu…
- , olha para mim! - Ele disse de forma tão suave que foi impossível não obedecê-lo. - O que você afirmou, ontem, quando bebeu, é verdade? - Ele me olhou, mas ele não parecia estar bravo, nem ressentido. Ele parecia entender, ou quem sabe ele já esperava por isso, afinal, eu não sei disfarçar. Um momento tenso, e meio que constrangedor se instalou entre nós até que eu respondesse a sua pergunta.
- É... - Respirei fundo, esperando ele me chamar de doida, dizer que eu estava confundindo as coisas e que éramos apenas amigos, e que precisaríamos nos afastar por um tempo, ao contrário, ele tirou o copo da minha mão, as segurando entre as suas.
- Há quanto tempo você sente isso? – Ele me olhou de uma maneira tão terna, seus olhos transbordavam tanto carinho, que pela primeira vez eu não senti medo de realmente dizer o que estava sentindo.
- Um bom tempo... - Me senti Edward Cullen respondendo quando a Bella pergunta: há quanto tempo você tem dezessete anos? Ok, parei de novo. Eu tenho mania de pensar em coisas ridículas quando estou nervosa, ok?
- E por que você nunca me falou antes? - Me senti obrigada e responder aquilo olhando em seus olhos, já havia sido feito, e já que era para dar continuidade, que fosse feito direito.
- Cara, você queria que eu virasse pra você e falasse: poxa, , você me desculpa aí, eu sei que você me vê só como sua amiga, mas eu sou muito a fim de você, sabe? E só você não percebe, porque eu sou burra o suficiente para não saber disfarçar em momento nenhum, tanto que minha irmã, que mora na minha casa há apenas quinze dias, já percebeu e joga isso na minha cara! Eu não podia fazer isso, . Você é meu melhor amigo, você se importa comigo, você está comigo sempre, é você que está lá todas as manhãs me acordando, é você quem segura minha mão na maioria das vezes que eu choro, é em você que eu penso sempre antes de dormir, é com você que eu sonho. Só você me olha desse jeito, que me faz sentir como se eu realmente importasse, é só o seu sorriso que me faz sorrir sem motivo, é você que me liga no meio da noite, e se o que eu sentisse mudasse tudo? - Olhei no fundo de seus olhos, eu me sentia tão segura quando estava perto dele, como se nada mais importasse realmente, apenas nós dois e o que estávamos vivendo no momento, mesmo que fosse a coisa mais simples do mundo, mas seu olhar mudava completamente tudo dentro de mim, e naquele momento até o medo que eu tinha de proferir aquelas palavras. - Eu, eu me sinto tão segura quando eu estou com você, é como se nada mais importasse, sabe? É uma coisa tão boa de sentir e se tudo isso mudasse por causa de um suposto sentimento que eu tenho? Eu poderia estar apenas confundindo as coisas e tal, e depois veio a ...
- Por isso toda implicância? – Ele ergueu as sobrancelhas, de um jeito meio sapeca.
- Minha implicância com ela veio desde o dia em que tínhamos apenas meses e nossos pais nos apresentaram. Então você não tem nada a ver com isso! – Disse, e ele cerrou os olhos com um sorrisinho de lado que dizia ‘me engana que eu gosto’. - Talvez isso tenha piorado um pouco as coisas entre nós duas, mas não fez nascer nada, nosso ódio já veio criado. E tem o fato de você sempre ter deixado bem claro que me via apenas como amiga... E eu não quero que você mude comigo só pelo fato de saber como eu me sinto. – Abaixei os olhos. – Eu ouvi quando você disse para a : nunca rolou nada entre a gente e provavelmente nunca vai rolar... – Não pude deixar de me sentir triste ao lembrar-se de suas palavras.
- , eu...
- Bom dia, pessoas! - Um mais animado que o normal entrou na cozinha e rapidamente puxei minhas mãos de encontro ao meu corpo.
- Nossa, que animação! - Sorri sem graça para ele, que nem percebeu que atrapalhou nossa conversa, é um lerdo mesmo.
- Posso saber por que toda essa animação? - perguntou, o encarando, curioso.
- Tive uma idéia de uma parada para a gente fazer hoje! – Disse, eufórico. - Na realidade, eu tive um sonho que me deu uma idéia! – Disse, se sentando em um dos bancos ao meu lado e bebendo minha água. Folgado.
- Então diga, né, homem! – Disse, pegando meu copo de suas mão e terminando de beber a água, enquanto ele explicava sua brilhante idéia.
- Vamos para a praia! Acampar? - Ele disse sorrindo, mostrando seus quarentas e três milhões de dentes muito bem cuidados, obrigada. Nada exagerada eu.
- Como assim? Com direito a barraca e tudo? - perguntou.
- Claro, né? Você já viu acampar sem levar barraca? - deu um tapa na cabeça de e riu em seguida.
- Bom dia, pessoas sem miolos que eu tanto amo! - entrou na cozinha se espreguiçando, e dando um beijo em cada um e se sentando em meu colo em seguida. Impressão minha ou só tem folgados ao meu redor? - O que vocês falam? – Perguntou.
- Vamos acampar na praia essa noite! - respondeu. Ok, como se todos nós tivéssemos concordado com isso, mas abafa. - Cara, eu acho que a idéia é perfeita, só basta saber se todo mundo vai aceitar! - Ele me lançou um olhar e eu entendi o que ele quis dizer com aquele todo mundo. .
- Por mim, eu estou dentro! – Disse.
- Eu também! - concordou.
- Você também o que, senhorita? - Um com a cara amassada entrou na cozinha, dando um selinho na namorada e se debruçando na bancada, quase dormindo em pé.
- Acampar na praia! - disse e pareceu perder todo o sono com suas palavras.
- Uhul! Estou dentro! - Ele disse, fazendo uma dancinha ridícula, o que nos fez gargalhar.
- Uhul! Eu também! - entrou e começou a imitar dançando, porém parou abruptamente, nos encarando, confuso. - Dentro de que? - Ele fez uma cara de idiota e lhe deu um pedala na cabeça.
- Só gente bonita, na minha casa, à uma hora dessas! - entrou na cozinha, já de roupa trocada e cabelos penteados. É impressão minha ou todos resolveram acordar de uma vez, e não me deixar terminar a conversa com ? - Meu Deus do céu, que beleza. - Ela cumprimentou a todos com um beijo.
- Vamos acampar? - e eu dissemos juntas, rindo em seguida e entrou na cozinha no exato momento em que fazíamos a pergunta.
- Acampar? - Ela, e perguntaram juntos. recomeçou a fazer a dancinha tosca.
- Mas é claro! Minha mãe tem uma van. Dá pra todo mundo e ainda cabem as coisas que vamos precisar levar.
- Então, está topado? Vamos todos acampar na praia? - perguntou com os olhos brilhando mais que o normal. Eu poderia tirar uma foto dele e jogar a legenda: Dorgas Manolo!
- Eu não vou! - se pronunciou. Todos a encaramos em silêncio. Eu, com um ódio nos olhos e vontade de arrancar todos os seus cabelos, não havia esquecido o que ela tinha feito na noite passada. Não mesmo.
- Por que, amor? - perguntou, erguendo uma das sobrancelhas. Amor? Hum, como estamos.
- Já não basta ter dormido no chão, essa noite, agora vou ter que dormir em uma barraca? - Ela ergueu uma das sobrancelhas, abrindo exageradamente a boca.
- Fecha a boca que senão vai entrar mosca, meu amor! – Disse, debochada, e ela apenas me fuzilou com o olhar, com um sorriso de deboche no rosto. Como eu adoraria torturá-la vagarosamente, exatamente como Hitler fez na época do nazismo. Ok, parei, nem sou tão má assim.
- Vamos, , vai ser legal, a gente vai pra praia. - tentava convencê-la e eu orei internamente para que isso não se concretizasse.
- Pra que eu vou querer ir pra praia se tem piscina na sua casa? E... E ainda por cima eu nem sei nadar! - Ela disse e eu me levantei.
- Se preocupa não, honey... - A olhei, sorrindo de canto. - Não sei se já te disseram, mas merda bóia! - Mandei lhe uma piscadela e então saí da cozinha.
Estávamos no carro a caminho para a praia, na realidade. não era um carro, era uma van que a mãe de havia nos emprestado. dirigia e e estavam ao seu lado, no banco da frente. Merda de poder de persuasão do . , , , e eu íamos atrás, cantarolando músicas de acampamento e músicas estranhas, como de Chaves, Eu, a Patroa e as Crianças, As visões da Raven e outras coisas estranhas. Estávamos indo para uma praia que já havia visitado há alguns anos, mas algo me dizia que estávamos perdidos, insistia que sabia o caminho e que chegaríamos à praia em breve, o que já estava começando a parecer difícil, porque quando se olhava pela janela, via-se apenas uma estrada deserta, onde tinha apenas mato no caminho e muito na frente uma pequena cidadezinha. É, parece que viemos parar bem no interior da cidade. Fato. Acho muito difícil encontrarmos alguma praia por aqui, mas o diz que não, então quem sou eu para duvidar? Estávamos brincando de Stop - menos , que dormia profundamente, chegando até a roncar ocasionalmente - e tentava não rir de algo que eu nem sabia o que, mas que estava me dando uma enorme vontade de rir também. Assim como tinha certeza que o resto do povo sentado ali também queria. Foi quando ouvimos a voz de .
- Hey, crianças, chegamos! - Ele disse e então o carro parou, olhei pela janela assim como todo o resto do pessoal e, uau, foi tudo o que consegui pensar. Uma praia com visão paradisíaca estava a nossa frente, ninguém por perto, e eu me perguntei como tínhamos chegado ali se há três minutos eu havia olhado pela janela e a única coisa que via era mato, mato e mato.
- , como a gente chegou aqui? – Perguntei boquiaberta, saindo da van, logo atrás de e , que conversavam algo super animados.
- Uma trilha que peguei no meio da estrada que dá para esse paraíso! – Ele disse, abrindo os braços e respirando fundo antes de abraçar a . e também conversavam algo um no ouvido do outro, rindo baixinho e eu desviei minha atenção, indo até a parte traseira do automóvel para ajudar os outros dois machos da trupe a tirarem as coisas dali. e já corriam em direção ao mar e eu apenas ri com aquilo, pareciam duas crianças. Bem capaz que eu iria entrar no mar àquela hora, a água deveria estar muito gelada. Em poucos minutos as barracas já estavam montadas e tudo arrumado no seu devido lugar. Todos foram para a água e eu sentei na areia, apenas os olhando enquanto riam descontroladamente, até ria. De certa forma, fiquei um pouco feliz. Ela estava deixando ‘se envolver’, mas uma pontadinha de ciúmes me martelou o peito, ver como ela estava rindo lá com os meus amigos, com o meu . Peguei o telefone e liguei o MP3 e selecionei uma música qualquer para que tocasse. Meus amigos eram lindos, pareciam modelos fakes, tamanha a beleza deles. A espontaneidade de cada um, às vezes eu tinha medo de que isso um dia acabasse, de que cada um seguisse seu caminho e que momentos como esse ficassem apenas na memória. Acho que estou passando por um momento emo, como diria . Ok, eu sei que não é o momento apropriado, mas o que eu podia fazer? Eu havia acabado de me declarar para o meu melhor amigo, que estava a metros de mim se divertindo e se agarrando com minha irmã. Também não era para menos. Está doendo, ok? Está doendo ver ele com a , está doendo ver meus amigos rindo, e de alguma forma eu me sentir triste. Simplesmente, está doendo um pouco.
- Dont look away, dont run away cause baby its only life. Don’t lose your faith. Don’t run away. Yeah its only life. - Cantarolei baixinho um trecho da música. Eu tinha que estar aproveitando o dia com meus amigos, mas estava lá. E eu ainda não conseguia olhá-lo nos olhos.
- , vem! – Ouvi a voz de de longe e acenei negativamente. A água realmente poderia estar gelada e eu que não me arriscaria. e participavam de algum momento casal, assim como e dentro da água. , e jogavam água um no outro e brincavam de algo como pique e pega, eu acho, correndo como uns loucos pela água. Foi quando os dois últimos saíram da água, vindo em minha direção.
- Nem adianta, eu não vou entrar e nem vem com essa parada de me jogar dentro da água porque nem coloquei biquíni ainda! – Disse, apontando para meus trajes, uma regata verde e um short jeans escuro.
- Olha só minha cara de preocupado! – Foi o que disse, antes de ele e me pegarem a força – que fique bem claro - um pegou meus braços e outro minhas pernas, enquanto eu apenas me debatia, xingando-os.
- Porra, me solta! - Eu tentava me desvencilhar, o que foi em vão, em questão de segundos eles começaram a correr em direção a água, - que nem estava tão gelada - e senti meu corpo ser mergulhado, quando me levantei, ao invés de xingar, brigar, gritar ou bater, eu apenas ri, nunca acreditei nisso, mas minha vó sempre dizia que um mergulho no mar tirava toda tristeza, e, de certa forma, tirou um pouco. Então eu gargalhei, jogando meus cabelos para trás. Gargalhei por ser uma burra que, por um medo idiota, deixou escapar pelos dedos o menino que gosta. Gargalhei por ter amigos que me amam e que realmente se importam comigo, gargalhei por ter uma vida boa, cercada por pessoas que me amavam de verdade, e então saí correndo na direção de , que correu para o lado oposto, rindo também, iniciando um pique pega. Acho que é aquela parada, eu não posso deixar minha vida passar por mim sem aproveitá-la. Porque tudo uma hora passa, as coisas ruins passam e as boas também, então eu tinha que aproveitar, para não me arrepender no futuro. Tinha que aproveitar e viver com intensidade cada segundo ao lado dos meus amigos, não importando o que estivéssemos passando. Não importando qual situação fosse, pensei, olhando para as pessoas em minha volta, correndo e rindo sem um motivo eminente, e depois me toquei sobre o que havia cantado. – Não olhe em volta, e não fuja, porque, querido, isto é apenas a vida. Realmente, isso é apenas a vida. Minha muito louca, mas, ainda assim, minha tão amada vida.
Quatorze
- Bom, então, a parada é a seguinte, os meninos vão pescar, e depois as meninas fazem a janta com o peixe que a gente trouxer, combinado? – disse, se levantando de repente e todos o olhamos, em silêncio, então ele se sentou. – Que foi, cara? Sempre tive vontade de dizer isso! – Disse, cruzando os braços, infantilmente. E soltou uma gargalhada alta, que fez com que todos a encarássemos, surpresos, é, cara, acho que alguém aqui está começando a mudar. Já passavam das três da tarde e estávamos todos sentados perto da água, e debaixo do guarda sol e o resto apenas na areia. Eu e jogávamos areia no corpo de , que já começava a ficar coberto e apenas ria, dizendo que era esfoliação ‘grátis’.
- Cala a boca, ! – disse, rindo, jogando areia nele e se levantando.
- Vai aonde, coração? – Perguntei, a olhando.
- Eu não sei vocês, mas eu estou com fome e com sede, e então acho que vou atrás de algo para comer! – Disse, e então me levantei, seguindo-a, assim como .
- Tragam algo para comermos! – se ergueu, tirando um pouco da areia do corpo. – Estou com uma fome de uns quarenta e cinco mendigos!
- E eu estou com fome de uns três s! – disse, rindo.
- Ok, o ganhou! – Dissemos e eu, juntas, rindo. superava todo mundo comendo, ele dava medo, fato. E, voltando em direção a van, que não estava muito longe, na realidade, ela estava em uma área perto de onde acabava a trilha e era gramada. As barracas – quatro ao total, uma para e – ARGH -, uma para e , uma para e e outra para e eu.
- ... - Ouvi chamando e, dude, foi bizarro ouvir a voz dela me chamando pelo nome, porque acho que ela nunca me chamou de por livre e espontânea vontade. Nunca, velho. Os olhares se voltaram para ela, e se seu rosto não estivesse tão vermelho devido ao sol, diria que ela havia corado.
- O que? – Perguntei, nem ignorante e nem simpática. Vamos aprender a ser social, né?
- Er, posso ir com vocês? – Ela perguntou, sem jeito, e eu dei de ombros.
- Por mim... – Disse, me virando e voltando minha caminhada ao encalço de . logo estava ao nosso lado, em silêncio, na realidade, um silêncio havia se instalado entre nós. E ouvia-se apenas o barulho do mar e as conversa dos meninos. abriu a parte traseira do carro, tirando dali uma enorme bolsa térmica e um isopor pesado, que eu a ajudei a carregar. abriu uma mesinha portátil, que tínhamos trazido, e nos ajudou a tirar as coisas para montarmos os sanduíches. Ainda em silêncio, montamos sanduíches. E pegamos algumas caixinhas de suco natural que havíamos trazido dentro do isopor. Estávamos muito lights.
- Eu vou chamar os meninos! – disse quando terminamos de arrumar nossa pequena grande mesa de mantimentos.
- E eu vou desenterrar o , porque ninguém vai querer fazer isso! – disse e eu a olhei, apelativa, para não me deixar sozinha com , juro que seria capaz de matá-la. Silêncio.
- Er... ... – me chamou. Ah, não. já é apelar demais.
- pra você. – Disse, não fazendo um pingo de questão de ser educada.
- ! – Ela disse. – Será que dá para a gente parar com isso pelo menos um dia de nossas vidas? – Ela perguntou, colocando as coisas que trazia na mesa e me encarando, séria. Sem deboches e ódio, quase como uma menina sensata.
- Parar? Parar com o que? Com o fato de você ter vindo morar aqui para infernizar a minha vida? Ou melhor, com o fato de você ter nascido para isso? Então, ok, eu te mato e a gente acaba com isso rapidinho. – Disse, debochada, e me sentindo uma criança de cinco anos de idade. Mas fazer o que? Minha verdadeira vontade, naquele momento, era matar aquela filha de uma puta.
- Eu estou falando dessa implicância ridícula que a gente anda tendo uma com a outra, cara, a gente está sempre juntas! Para que isso? – Espera aí, é impressão minha ou ela está tentando fazer parecer que sempre a culpa é minha? E pelo o que eu me lembre, nós não estávamos sempre juntas, ela insistia em estar junto comigo, ou melhor, junto dos meus amigos! Já que ela não largava do pé do .
- Escuta aqui, , não se faça de santa e fique falando como se você não tivesse culpa de nada que acontece entre a gente, porque você é tão culpada quanto eu!
- E quem está falando de culpa aqui, ? Sabe qual o seu problema? Tem que colocar sempre a culpa em alguém, a culpa nunca pode ser sua. Que eu me lembre, não fui eu quem pintou o seu cabelo de verde.
- Como se você não tivesse feito nada para merecer! – Sacudi as mãos no ar, em sinal de deboche. – Sabe qual o seu problema? – Perguntei, apontando meu dedo na sua cara. – Você está sempre tentando arranjar problemas em mim e para mim! Quem mandou você se meter no meio da minha relação com o ? Quem mandou você entrar na minha vida, será que só você não enxerga que você NÃO é bem vinda? Que inferno, garota! – Destaquei bem a palavra não e me segurei para não voar em seu pescoço. Eu detestava me sentir assim, com ódio mortal de alguém, era uma raiva tão forte que às vezes nem parecia ser eu, mas com era inevitável. – Eu realmente queria saber... Que diabos você veio fazer aqui? – não respondeu, apenas continuou parada, me encarando.
- Você não me aceita como irmã, né? – Ela perguntou, ao invés de responder minha pergunta.
- Não, , eu não te aceito como irmã. Para mim, você não passa de uma intrusa no meio dos meus amigos e dentro da minha casa, para mim, você nunca deveria ter saído de Nova York. Por mim, você nunca teria existido! – Disse, séria, e, por segundos, senti um pingo de remorso. Só um pinguinho. Mas logo me aproximei mais ainda dela, deixando meu rosto a centímetros do seu. – Para mim, você não passa de uma vadia que não consegue ser feliz e por isso tenta destruir a felicidade dos outros a qualquer custo. E, ontem à noite, quando você me desafiou na brincadeira, você só me provou uma coisa, que você é uma biscate de quinta categoria. Você achou que eu ia ter medo de beber, né? Você achou que eu e iríamos brigar, né? Você estava enganada, honey. Eu não te considero uma irmã, , muito menos uma meia irmã. Mesmo sabendo que cinqüenta por cento do sangue que corre nas suas veias é o mesmo que corre nas minhas, eu te considero um lixo! Porque, para mim, é isso que você é. – Meu tom de voz saiu calmo e controlado. piscou algumas vezes antes de dar dois passos para trás e se afastar de mim, dando a volta na mesa, fazendo com que apenas ela nos separasse.
- Você também não vale muita coisa, , que eu me lembre, desde pequena você sempre revidou minhas armações. – Senti um pouco de magoa na sua voz, e me senti feliz, de uma forma que eu não sabia qual, eu havia atingido algum ponto fraco dela, e isso me fazia querer pular de alegria, vê-la daquela forma, como se estivesse a ponto de chorar.
- Mas, ao contrário de você, eu nunca mexi com os sentimentos ou os medos de ninguém, sabe, , eu fico me perguntando... O que você veio fazer aqui? Os seus amiguinhos cansaram de ter uma cobra como amiga e te expulsaram de lá ou sua mãe cansou de ter uma filha puta? – Apoiei minhas mãos na mesa, a encarando com as sobrancelhas erguidas, e ela repetiu meu gesto.
- Não fale sobre o que você não sabe! – Ela me encarou, com o olhar furioso.
- Então não se meta aonde não foi chamada! – Nos encarávamos com fúria, e acho que, se fosse possível, mataríamos uma a outra apenas com a força do pensamento.
- Hey, hey, meninas! – chegou, percebendo o ‘clima tenso’ no ar. E pegou um sanduíche na mesa, mas, mesmo assim, e eu não quebramos o contato visual. Era como se uma linha invisível nos ligasse de alguma maneira.
- Hey, , vem cá! – me puxou pelo braço, e só então virei o rosto, vendo meus amigos nos olhando, em silêncio. Andei com em direção à praia, sentindo meu rosto esquentando apenas agora, depois da discussão, e a raiva de era tão forte dentro de mim a ponto de eu ter vontade de chorar. E eu só chorava quando estava realmente com muita raiva. – , eu estou falando! - parou na minha frente, fazendo com que eu freasse de supetão.
- O que? – Perguntei e meu tom de voz saiu frio, como se ainda estivesse falando com . Respirei fundo, passando as mãos na cabeça. – Desculpa, amiga, eu não ouvi o que você falou.
- O que aconteceu com vocês? A gente saiu dois minutos e quando voltamos vocês estavam a ponto de se matarem com o olhar.
- A gente só teve uma conversa, só isso! – Disse e não pude manter contato visual com minha amiga, ela me conhecia bem demais para saber que minha quebra de olhares significava que não queria mais falar do assunto. Olhei de soslaio para o local de onde tinha acabado de vir e pude notar caminhando em direção ao carro do lado, onde não poderia vê-la, e a seguir com o olhar. E logo se virar para mim, com a sobrancelha erguida. Soltei pesadamente o ar de meus pulmões e me virei, quebrando mais uma vez qualquer contato visual. – Vou andar... – Disse, e antes que pudesse dizer ou fazer algo, saí andando.
Minhas pernas já doíam, mas eu ainda queria continuar andando, parecia que a dor física estava me fazendo, aos poucos, esquecer da minha oura dor, uma dor que eu não queria sentir, foi quando senti uma bola na minha cabeça.
- Outch! – Exclamei, e, por segundos, tudo a minha volta ficou preto, acho que a falta de alimentação, a alta temperatura, o esforço físico em excesso – é, eu levo uma vida sedentária e daí? Caminhar na areia é o ó! - e a bolada, contribuíram para que, por alguns segundos, eu pensasse que iria me estabacar no chão como uma manga podre quando cai do pé.
- Hey, menina, desculpa! - Alguém que eu não pude identificar disse, me segurando nos braços antes que meu corpo realmente desabasse. – Hey, olha para mim, tudo bem? – Ele me deu um leve sacolejo e aos poucos minha visão foi voltando a clarear, e logo tudo voltou ao normal, inclusive a cor deve ter voltado ao meu rosto, já que o dono do lindo par de olhos verdes respirou aliviado assim que meus olhos se encontraram com os seus. – Desculpa, acho que te acertei! – Ele disse, sorrindo sem graça. E que sorriso, hein, colega?!
- Tudo bem, acho que eu que andei demais sem comer nada e acabou que me senti mal... – Disse, me afastando um pouco e ele soltou meus braços, só então percebi outras pessoas em nossa volta, mais uma menina e um menino, na verdade.
- Está tudo bem mesmo? Você parece meio pálida. Você quer uma água?! A gente tem no carro... – Ele apontou para um carro esportivo, parado a uma distância boa de nós.
- Eu aceito a água... – Disse, sentindo minha boca salivar só de pensar em beber água.
- Eu vou pegar, calma aí! – Ele disse e logo correu em direção ao carro, as outras duas pessoas apenas me encaravam em silêncio, o menino logo voltou e me deu uma garrafinha de água, que eu bebi com uma vontade tão grande que cheguei me sentir envergonhada.
- Obrigada! – Disse, quando terminei de beber a água. – ... – Disse, estendendo a mão a ele. Não ia perder a oportunidade de me apresentar para um gatinho desses, né? – Mas pode me chamar de .
- Josh! – Ele disse, apertando minha mão e me puxando para dar dois beijinhos em meu rosto. – E esses aqui são a Julie e o Nick! – Ele disse, apontando para as respectivas pessoas, a menina chegou perto de mim, me cumprimentando com dois beijinhos no rosto e o outro menino apenas me cumprimentou com um aceno de cabeça.
- O que você faz aqui, menina? - A garota me perguntou, me olhando de uma forma estranha, ela usava a parte de cima de um biquíni e um short de lycra.
- Eu estou com uns amigos... – Disse, olhando para a direção de onde viera e percebendo que estava longe demais, muito longe, puta que pariu! Teria que andar tudo aquilo de volta e não chegaria lá antes do anoitecer, que merda!
- Bom, a não ser que você tenha uma super visão, eu realmente não estou vendo ninguém! – O menino, me apresentado como Nick, disse, olhando para a mesma direção que eu viera.
- É porque eu acho que andei de mais! – Disse, desanimada, e o dos olhos verdes me olhava em silêncio, com uma cara de mal, no bom sentido, é claro.
- Se quiser, te damos uma carona! – Ele disse. – Não costumamos ver muitas pessoas por aqui, poucas conhecem o caminho... – Disse com um sorrisinho de canto, ele tinha um olhar tão, como eu posso dizer, sexy.
- Um amigo meu conhece o caminho... – Disse, mexendo na tampa da garrafa em minhas mãos. – E não precisa, eu vou andando, rapidinho chego onde eles estão. – Disse, sem graça pela forma que ele estava me olhando, e que olhada! Não pude deixar de sorrir para mim mesma, nada melhor do que um cara bonito te secando, para inflar seu ego, concorda comigo?
- Mas é claro que eu não vou deixar uma linda dama andar por aí sozinha, e, pelo que eu entendi, seus amigos são aqueles pontinhos lá no final, certo? – Ele perguntou, apontando para a direção que eu viera, mas eu não vi pontinho nenhum. – E, se você não está vendo pontinho nenhum, significa que você está bem mais longe do que deveria! – Ele sorriu. - Então, não aceito um não como resposta.
- Tudo bem! – Disse, e a menina chegou mais perto, começando a puxar um assunto qualquer enquanto caminhávamos para o carro. Quer saber de uma coisa? Quero mas é que e todos os problemas que ela estava me trazendo se fodam, afinal, nada melhor do que fazer novas amizades, certo? E se nessas novas amizades estivesse incluído um moreno de olhos verdes, como aquele, valia mais que a pena!
A está surtando, isso é fato. Mas eu não a culpava por isso. Não mesmo. A sempre foi muito coração, e nunca consegue esconder o que sente, a não ser o fato do que sentia por mim, e preciso deixar bem claro que foi uma surpresa e tanto para mim, quando ela entornou aquele copo de vodka. Mas, ao mesmo tempo, eu me senti feliz, porque a sempre foi tudo o que eu procurei em uma menina, e nunca soube que o que eu precisava estava bem ao meu lado e eu nem percebi. Mas nada disso mudava o fato de que ela estava perto de ter uma crise psicótica e sair matando todo mundo com um sorriso enorme nos lábios, ok, não é para tanto, mas eu conhecia bem demais para saber que ela estava prestes a explodir, por dois motivos óbvios. Primeiro, ela realmente não gosta de . Segundo, mexeu com uma coisa da que ninguém ousa se intrometer, os sentimentos, as coisas que ela sente. Cara, e fazer com que a dissesse que era a fim de mim, naquele quarto, mesmo com ela estando bêbada, era demais, e eu entendia a estar querendo explodir. Mas nada justifica o fato dela ter saído por aí, andando, sem dar uma mínima justificativa, e não ter voltado até agora! Essa menina quer me deixar louco!
- Porra, , senta que você está começando a me deixar preocupado! – disse, sério.
- Cara, a não voltou ainda, daqui a pouco começa a escurecer, e cadê ela? – Disse, já nervoso, passando a mão no cabelo, eu, junto com , estava perto da água, olhando para a direção em que saíra caminhando, e o resto do pessoal estava espalhado entre o carro e as barracas. Nem dando a mínima para o meu pequeno surto sobre onde estava a .
- Dude, calma, acho melhor a gente ir atrás dela, porque você já me deixou preocupado. – disse, e, nesse instante, um carro apontou no horizonte e eu parei meus movimentos, observando enquanto ele se aproximar. Aos poucos, pude identificar uma figura conhecida, em pé, na parte de trás do jipe. Aquele balançar de cabelos era impossível de não ser reconhecido. Junto com ela, estava mais uma menina, que ria de algo que uma das duas havia falado. O carro parou a nossa frente, e desceu da parte traseira, junto com a menina, e, da parte da frente, dois caras esquisitos desceram. Mas que merda ela...
- , você precisa experimentar andar daquele jeito! – Ela disse, animada, prendendo os cabelos em um rabo de cavalo alto.
- Você quer me matar do coração? – Perguntei, com as mãos na altura da cabeça.
- Ham? – Ela fez aquela cara de desentendida e eu respirei fundo. , ... Essa menina está começando a me deixar de cabelo em pé.
- Onde você estava?
- Fui andar... – Ela respondeu. – Essa daqui é a Julie. - Ela apontou para a menina um pouco mais atrás. - E esses são Josh e Nick! - Apontou para os dois esquisitões que saíram do carro. – Pessoal, esses são e , e ainda tem o resto que deve estar... - Ela continuou falando, mas eu apenas acenei com a cabeça, sem fazer questão de ser simpático, e voltei meu olhar para .
- Eu quero falar com você! – Disse, estreitando meus olhos e indo em direção ao carro.
- Seu namorado? – Ouvi um dos estranhos perguntar.
- Não, somos só amigos... - A ouvi responder.
- Que bom! – Ouvi o estranho falar e senti seu tom carregado de malícia. Então, apressei os passos.
- Posso saber onde você estava? Pelo amor de Deus, , você quer me matar? Você nunca veio aqui e, então, sai andando por aí, como uma maluca! Você sabe o que poderia ter te acontecido? – Disse, e não dei tempo para que ela respondesse. – E, ainda por cima, volta em um carro com dois garotos, que você nem sabe quem são! E sabe-se lá de onde vieram! Você sabe o que eles são? O que eles fazem? , eles podem ser maníacos! – Falei, e um leve sorriso se formou em seus lábios, se desmanchando logo em seguida. – Será que você não vai parar de fazer merda?
- Merda? – Ela perguntou, arqueando as sobrancelhas daquela forma revoltada dela. – E desde quando eu só faço merda?
- Desde o momento em que você mudou, desde que você deixou de ser o que você era! – Respirei fundo, sei que ela ficaria muito puta comigo, mas aquilo era o que eu achava. – Desde que a chegou.
- Eu mudei? - Ela perguntou, apontando para si mesma. – Por quê? Por que eu não aceito que os outros passem por cima de mim?
- Não, , você simplesmente mudou! Eu não enxergo mais em você a que eu costumava ver! Porra, , você me deixou preocupado!
- Preocupado?! Por quê? Por que eu não pedi sua ‘benção’?! – Ela fez aspas com as mãos, como eu costumava fazer. - Por isso que eu mudei? – Ela falou exatamente naquele tom que me irritava, então ela sai por aí andando, não dá nenhuma justificativa, me deixa preocupado e ainda quer dar uma de certa? Só a mesmo!
- Não, , porque você passou a fazer coisas que não fazia. Você passou a esconder as coisas, você não era assim! Você passou a arranjar briga por tudo, a aprontar para cima dos outros, você ficava com o e não me disse, até um sentimento por mim você escondeu! Será que ele existia mesmo ou você só o inventou por causa da ? – Falei, me arrependendo logo em seguida, pelo olhar que me lançou, ótimo! Morte ao !
- Escuta aqui, ... - Ela me chamou pelo sobrenome, é, dude, acho que me fodi. – Se você acha que o que eu digo sentir por você é invenção, eu não posso fazer nada! Mas, todas as vezes que eu estive com você, eu nunca fiz questão de esconder nada do que eu sentia por você, e eu não posso fazer nada se você é burro o suficiente para nunca ter percebido. Mas se você realmente acha que eu inventei isso por causa da sua linda namorada, eu tenho duas coisinhas para te dizer. Primeira, você realmente não me conhece, e, segunda... – Ela disse, alongando a palavra e apontando seu dedo indicador na minha direção, de forma raivosa, e, por incrível que pareça, dude, ela estava linda. Mas suas palavras não foram nem tão lindas e nem tão doces como suas feições eram, e suas palavras me magoaram, mais até do que eu achara que magoariam. - Você não é quem eu pensava que era! – Disse, e saiu pisando duro, e... Caraca! Cara, a está com uma bunda enorme.
’s POV Off
Minha barriga já doía de tanto que eu ria das palhaçadas que Nick e Josh falavam, mas não era apenas eu que ria. , , , e também riam do que os meninos falavam, e , nesse momento, se aproximavam, os antissociais resolveram se socializar, uma salva de palmas para eles. Aí! Aí é o cacete, eles poderiam ficar bem longe daqui, isso sim! Principalmente essa baranga que eu tenho que chamar de irmã. E esse traste que ela chama de namorado também. Julie, Nick e Josh eram irmãos. Ela era gêmea de Nick e ambos tinham dezessete anos, e Josh era mais velho, tinha dezoito. Eles moravam em uma cidadezinha perto da trilha para a praia e costumavam ir para lá para se distraírem. Dos três, Josh era o único comprometido, o que fez se sentar mais perto ainda da menina, e não tirar o sorriso galanteador do rosto. Danado!
- Mas e vocês, contem mais sobre vocês... – Nick disse vocês olhando diretamente para mim, estou sentindo um interesse aí, é! - Têm namorados, meninas? – Ele sorriu para mim, antes de olhar para o resto das meninas. puxou para mais perto e Josh soltou uma risada gostosa de ser escutada.
- Essa daqui tem! – disse, aproximando mais de si e lhe dando um selinho.
- E vocês duas?
- Eu estou solteiríssima! – Disse, mandando uma piscadela para Nick, e pude sentir um sorriso discreto no rosto de e , e um olhar reprovador de . Quer saber?! Que se dane o mundo, e que se dane tudo. Ele não acreditava que eu gostava dele? Então foda-se, quem saiu perdendo foi ele. Estou errada?
- Também estou solteira, solteiríssima! – disse, sorrindo de canto, meio sem graça pela olhada que lhe deu.
- Nossa! Um desperdício, lindas meninas, como vocês, estarem solteiras. Acho que está faltando homens com atitude lá onde vocês moram! – Nick disse e os meninos o olharam, reprovadores. – Tirando vocês, é claro! – Disse, com um sorriso maroto nos lábios, para os meninos.
- Bom, chega de papo furado, o que vocês acham de pegarmos os violões, hein? – se pronunciou, se levantando, acho que ele não estava gostando muito do rumo da conversa.
- Acho uma ótima idéia, vou te ajudar! – Disse, me levantando e tirando a areia da bunda, sendo minuciosamente acompanhada por , Nick e... ! Quem ele pensa que é para ficar olhando minha bunda? Segui , e, quando percebi que ninguém mais podia nos ver, pois o carro nos tapava, advinha o que fiz? – , amor da minha vida, quando você vai tomar postura de homem e dar uma agarrada daquelas na ? – Perguntei e pude perceber sua cara de espanto.
- O que? - Ele sorriu, sem graça.
- Ah, para, , geral percebeu que você fica secando ela e babando por ela, então, quem está impedindo vocês? Mostra para ela sua pegada, homem! – Ri do meu modo de falar. Oi, sou estranha.
- Você não ficaria chateada? – Ele arqueou as sobrancelhas de um jeito estranho.
- Por quê? Nós não temos um casamento de 32 anos e muito menos 19 filhos juntos, e somos amigos acima de tudo isso, certo? – Ele não me respondeu. – Certo, ? – Perguntei mais uma vez, e, então, ele alargou o sorriso.
- Então você realmente não vai ficar bolada, né?
- Claro que não! – Sorri junto com ele. Ele realmente achou que eu ficaria bolada? Acho que meus amigos realmente não me conhecem.
- , você não existe! – Ele me puxou para um abraço apertado, indo pegar o violão logo em seguida, me dando um e carregando outro.
- Alguém de vocês sabe tocar? – perguntou, colocando o violão que havia lhe entregado no colo e começando a fazer algumas notas aleatórias.
- Eu sei! – Nick disse, e quase me derreti. Que foi? Acho um charme homens tocando. Mesmo quando eles não sejam , e, quando é, cara, eu me derreto mais ainda. Entreguei um violão a ele, que repetiu o gesto que . – Vocês conhecem essa? - Ele começou a tocar as notas de Remembering Sunday e eu quase pulei em cima dele, mordi sua bochecha e apertei sua bunda. Cara, aquela era uma das minhas músicas prediletas, ele começou a cantar e foi acompanhando as notas com o outro violão. A voz de Nick era simplesmente perfeita. Não era um da vida, mas também não ficava muito atrás. Todos cantarolavam baixinho, balançando de um lado para o outro, hora tomando um gole de nossas bebidas, hora apenas olhando um para o outro, sendo embalados pelo ritmo gostoso da melodia, quando Julie começou a cantar a música junto com Nick, morri de inveja, a voz dela era simplesmente perfeita, linda, ela cantava de uma maneira tão gostosa. Quem me dera ter uma voz como aquela! Remembering Sunday acabou e emendou, começando a tocar Tomorrow, da Avril Lavigne, ele sorriu de canto, ainda sem me olhar, e eu não pude deixar de sorrir também, ele sabia o quanto eu amava aquela música, e isso me fez lembrar das inúmeras vezes em que eu e ele cantamos essa música em seu quarto, rindo das vezes em que tentava, ainda, aprender as notas. De sempre que ele elogiava minha voz. Das inúmeras vezes em que nos perdíamos um no outro, enquanto estávamos embalados pelo ritmo da melodia. Era incrível, mas eu não sentia mais raiva de . A nota que daria início a música entrou, mas eu não comecei. , pela primeira vez naquela noite, ergueu seu olhar para mim, me incentivando com os olhos, ele sabia que eu tinha medo de que os outros ouvissem minha voz. Na realidade, sabia tudo sobre mim. Ele recomeçou a introdução. Ainda me olhando, e quando a música finalmente iria começar, ele sorriu, me incentivando, e, sinceramente, era impossível não fazer algo que quisesse toda vez que ele dava aquele sorriso.
And I wanna believe you
When you tell me that it'll be okay
And I try to believe you
But I don't
When you say that it's gonna be
It always turns out to be a different way
I try to believe you
Not today, today, today, today, today
Sentia minhas bochechas quentes e abaixei meu olhar, cantando, olhando diretamente para a areia, mas, ainda assim, podia sentir o olhar de sobre mim, e aquele olhar, sim, não me faria parar, aquele era o olhar com o qual eu sonhava todas as noites, era o olhar que vinha a minha mente de vinte em vinte segundos, pelo menos.
And I
I don't know how I'll feel
Tomorrow
Tomorrow
And I
I don't know what to say
Tomorrow
Tomorrow is a different day
sorria, olhando, dessa vez, para o violão. Fechei os olhos, e a única imagem que me vinha à cabeça enquanto cantava, era de seus olhos, de seu sorriso. Ele começou a cantar a música junto comigo, e, então, era como se mais ninguém estivesse ali, como se tivéssemos voltado a sermos apenas nós dois, sentados na sua cama, em uma quarta-feira à tarde, onde não tínhamos nada para fazer e resolvíamos cantar, era como se nenhum problema mais existisse, e, naquele ambiente, fossemos apenas nós. Nós e mais ninguém. Abri meus olhos e eles encontraram novamente com os de . Eu sabia que ele não duvidava dos meus sentimentos, e que havia dito aquilo apenas da boca para fora. E, no fundo, eu sabia que ele pensava a mesma coisa que eu, nós éramos assim, não precisávamos de palavras para que pudéssemos entender o que queríamos dizer um ao outro, nossos olhares se comunicavam por si só. E, naquele momento, eu sabia que o olhar de dizia a mesma coisa que o meu. Que ele daria tudo para voltar atrás, ao tempo em que era apenas eu e ele, e mais ninguém para nos atrapalhar.
Dezesseis
Música, música, música, risada, bebida, música, olhares, sorrisos e músicas. Assim tinha sido nossa noite. Nada de mais, nada de menos, nada de muito bombástico e nada de muito entediante. Apenas música, bebidas e risadas. As barracas foram montadas para nada, já que cantamos até o amanhecer. Despedimo-nos de Josh, Nick e Julie e convidamos eles para aparecerem na festa da escola, afinal, não custava nada, e eles eram maneiros. Na realidade, quem os convidou fomos e eu. , por sinal, sentiu um pouco de interesse em Julie, que não demonstrou negação. Hum, danado!
- ... - Ouvi a voz de me chamar, segurando meu braço, quando ia sair do carro. havia sido a primeira a ser deixada em casa, porque disse que estava com sono de mais. E o resto, agora, estava em frente à casa de , ajudando-a a tirar as coisas do carro. Para que pudéssemos seguir cada um para a sua casa.
- Fala. – Disse, e não consegui soar fria como eu gostaria de ter soado. Mas, pelo menos, o meu tom saiu indiferente, pelo menos aos meus ouvidos.
- Você não acha que a gente tem que conversar? – Ele fez aquela carinha de gatinho do Shrek, e, porra, que vontade de apertar suas bochechas.
- Conversar sobre o que? O fato de você achar que eu sou uma mentirosa e falsa? Acho que a gente não tem nada para conversar, .
- , para de palhaçada! Você sabe exatamente que eu não acho nada disso de você, e que falei aquilo da boca para fora, ontem. – Ele disse, ainda segurando meu braço para que eu não saísse do carro.
- , olha...
- , eu quero que você me diga o que realmente está acontecendo! – Ele disse, me olhando sério. E eu não respondi. - Eu estou falado sério, , o que aconteceu com você? O que aconteceu comigo? O que aconteceu com o nós que existia na nossa amizade? – Ele perguntou, e eu continuei quieta. – Nem você sabe a resposta. Sabe por quê? Porque a gente mudou um com o outro, sem nem percebermos, a gente não dorme mais juntos, não brigamos mais pelo mesmo lugar à mesa, a gente não vai mais ao cinema, você não aparece mais lá em casa com a mesma freqüência, eu não te acordo mais, e nem a gente sabe o motivo de tudo o isso ter parado de acontecer!
- É, eu sei... – Disse, derrotada.
- , desde que você bebeu, lá na , eu não duvidei, em momento nenhum, do que você sentia por mim, eu me senti até feliz. Porque, , você é linda, minha melhor amiga, e é a garota que eu sempre achei perfeita, mas agora eu tenho uma namorada e não quero que o que eu tenho com ela, atrapalhe o que eu tenho com você, porque, cara, você é a , a garota que está sempre ali comigo, é você quem me conhece melhor do que ninguém e nada, nem ninguém, pode mudar isso que a gente tem, entendeu? Nada pode mudar a nossa amizade, porque, cara, eu amo você! – Ele disse a última frase colocando meu cabelo atrás da orelha. – E ontem, enquanto a gente estava cantando lá, eu senti falta de como nós éramos um tempo atrás, de você sempre lá em casa, da gente sempre juntos, eu senti falta de acordar você de manhã e de, até, acordar com você ao meu lado, eu sinto falta de ter você mais perto de mim... – Ele falou aquilo de forma tão doce, que quase escorreguei pelo banco do carro, de tão derretida que fiquei. Diga-me como eu posso não me apaixonar por esse garoto? Sorri de lado e ele continuou. – Eu só quero voltar ao que éramos antes da , só isso.
- Tudo bem... – Sorri, encostando minha cabeça no encosto do banco, estava de lado e de frente para ele, assim como ele para mim. – Eu também sinto falta de estar mais com você. Mas...
- Sem mas, por enquanto... – Ele abriu aquele sorriso que contagiava aonde quer que ele passe. - Promete que vamos voltar a ser a e o de um mês atrás? - Ele mostrou aquele sorrisinho sapeca.
- Prometo. – Sorri junto.
- Promete mesmo? – Ele ergueu, dessa vez, uma das mãos, mostrando seu dedinho, e não pude deixar de rir mais ainda. – Olha que promessa de mindinho não pode ser quebrada!
- Prometo bem prometidinho! – Eu gargalhei, e, então, juntamos nossos dedinhos, rindo um pouco da nossa infantilidade. – Agora, mete o pé, pirralho, que eu quero dormir! – Disse, dando um beijo em sua testa e descendo do carro. fez o mesmo, e, quando estava quase entrando na porta da garagem que daria acesso à casa de , me virei, vendo-o saindo pela garagem. – Hey! – O chamei, vendo-o virar-se com o telefone em mãos. – Eu também amo você, seu pirralho chato! – Mandei-lhe uma piscadela e sorri, pensando o quanto aquelas palavras poderiam ter um duplo sentido.
***
Sabe quando você tem aquela sensação de estar acordada, mas, ao mesmo tempo, estar dormindo? Você sente as coisas ao seu lado, consegue até ouvir vozes, mas, ao mesmo tempo, não consegue se mover por que sabe que está em um sono pesado? Minha mãe costuma dizer que isso é o cochilo, o dormir e estar acordado, bom, já eu, acho que isso é esquisito para cacete, mas, fazer o que? Eu já estava acordada, mas estava dormindo. Eu sabia que a qualquer momento o telefone despertaria, mas eu continuava imóvel. Estava cansada, de todos, eu sou sempre a mais fraca com as coisas, com a bebida e, principalmente, com a falta de sono. E ter uma das minhas noites não dormidas por ter estada na praia, com meus amigos, me deixou morta, e ter ido dormir apenas às vinte horas do dia seguinte, me deixou mais morta ainda, eu e ficamos em sua casa, conversando com sua mãe por horas, a tia era show de bola. Mas agora estou aqui, esperando que o telefone despertasse para que eu pudesse reclamar por existir a escola e virar para o lado e dormir, mesmo que, no fundo, eu soubesse que já estava acordada. É, eu sou estranha. Contei mentalmente, esperando que o som, que, no momento, iria me estressar, de Barry and Fible, entrasse por meus ouvidos – é eu sentia quando o telefone ia tocar, já disse que sou estranha –, mas quando minha contagem regressiva estava quase perto do final, uma voz inesperada chegou aos meus ouvidos.
- Acorda! – disse, bem pertinho de meu ouvido, e eu movi meu corpo para frente, ainda de olhos fechados, dando com a minha testa na parede. Puta que pariu, que susto.
- Outch! – Exclamei, ainda de olhos fechados, e puxei minhas cobertas, tapando meu rosto, não precisava abrir meus olhos para saber qual era meu estado, eu havia ficado uma noite acordada e dormido a outra como uma pedra, eu havia lavado os cabelos e não esperei eles secarem para dormir, então, não queiram que eu esteja uma princesa. Minha cara deveria estar mais inchada do que quando a Broke Davis tomou uma surra em OTH, e digamos que isso, comparado a ‘princesa’ com quem tinha dormindo, ao lado, me deixava, digamos que, meio sem graça. Eu sei que não sou feia, e que também não. Mas minha irmã parecia estar sempre pronta para uma grande ocasião, a maquiagem sempre perfeita, os cabelos sempre perfeitos, não é inveja, mas eu tenho uma competidora de alto nível.
- Anda, , acorda! – Ele pulou em cima da cama, mais precisamente, em cima de mim.
- Ah, , mais uns minutinhos! – Puxei mais ainda as cobertas para tapar meu rosto, porém percebeu o que fazia e começou a puxá-las de mim. – Não, ! – Disse, manhosa, enquanto sentia minhas cobertas me deixando aos poucos, mas não fui fraca, fui forte e resisti até o fim. Lutei até que minhas forças, ou meu estado completo de preguiça, não me permitissem mais lutar. Abri um dos olhos e estava ali, de joelhos, na minha cama, ao meu lado, com aquele sorriso lindo, aquele cabelo despenteado, com a cara inchada de quem também tinha acabado de acordar, e, simplesmente, o cara mais lindo do mundo. Então me senti feia, engraçado que nunca tive essas crises de auto estima perto dele, mas ele é tão perfeito. Tapei meu rosto com o travesseiro. - Deixa eu dormir, tio! – Minha voz saiu abafada, por causa do travesseiro na minha cara.
- Ah, , deixa de ser preguiçosa! – Ele se jogou na cama, ao meu lado. – Você sabe que se não se levantar, vai se atrasar, né?
- Uhum... – Ainda o travesseiro.
- E você não vai levantar? – Pude sentir maldade em sua voz.
- Huhum... – Isso foi um som negativo, que se desprendeu de minha garganta.
- Então acho que ser legal não adianta com você, então vou ter que apelar para a baixaria! – Ele disse, e podia imaginar o sorriso em seu rosto.
- , não... – Antes que eu pudesse terminar de me pronunciar, já estava em cima de mim – ui –, me fazendo cócegas. – Para, ! – Eu ria, e, então, consegui segurar suas mãos. estava com uma perna de cada lado de minha cintura e ria, divertido. – Você é muito mau, sabia? – Disse, ainda segurando seu braço, e ele fez uma careta super fofa.
- Você fica bonita quando acorda! – Ele disse e eu senti minhas bochechas esquentarem. Como assim bonita? Cara inchada, cabelo desnorteado... Será que tem algum problema de vista? Acho que vou emprestar meus óculos a ele.
- Você é problemático! – Disse, soltando suas mãos.
- Sério, , você é o tipo de menina que não precisa de maquiagem para ficar bonita, porque você já é naturalmente! – Oi? Que isso? me elogiando essa hora da manhã?! Me senti, aqui.
- Você também, , você é o tipo de garoto que faz o coração de qualquer garota parar de bater por alguns segundos, quando você dá um de seus sorrisos ou quando você, simplesmente, manda um olhar! – Disse, rindo de canto, vendo-o ficar sem graça. Na sua cara, . Ele sempre ficava sem graça com elogios. Silêncio. Nós apenas estávamos nos olhando, eu gostava tanto de olhá-lo, seus olhos tinham um magnetismo tão grande.
- , você... – Minha mãe entrou no quarto, mas parou quando viu . – Ah, eu não tinha visto seu carro lá na frente, ... – Ela disse, aparentemente, feliz demais. É! Minha família é estranha. Minha mãe entra no meu quarto e encontra um cara em cima de mim e não diz nada, simplesmente parece estar feliz de mais para a reação de uma mãe.
- Vim sem carro, hoje vamos todos a pé! – Ele falou, olhando para minha mãe e se virando para mim. – Acho que algumas pessoas aqui estão precisando emagrecer! – Ele apertou minha barriga, rindo, e eu abri a boca, indignada. Minha mãe apenas riu.
- Só vim te chamar porque achei que você ia acabar perdendo a hora, mas vejo que já retomou seu posto! – Ela disse, com um sorriso enorme no rosto, e se virou, indo em direção à porta, mas acrescentando antes de sair. –... É muito bom ver vocês assim, de novo! – Ela deu um sorriso tão fofo que eu tive vontade de apertar suas bochechas.
- Sua mãe me ama, cara! – Ele disse, de forma convencida.
- Eu estou gorda? – O empurrei de cima de mim, e ele quase caiu da cama, o que resultou em gargalhadas múltiplas de nossa parte.
- Você quer me matar, é? - Ele perguntou, ainda se recuperando do susto.
- Gorda é a senhora sua mãe! – Retruquei, ainda rindo e me levantando.
- É verdade... - Ele se deitou na cama, observando enquanto eu levantava. – Você não está gorda, você está mais para gostosa! – Disse, e toquei uma almofada em sua cara, antes de entrar no banheiro. É, acho que finalmente voltamos a ser o que éramos antes.
Não podia dizer que estava confortável com a situação, mas digamos que eu realmente estava com uma puta vontade de rir, é, cara, eu estava. Caminhávamos para a escola em uma situação bizarra, , de mãos dadas com e comigo. Quando ele disse que voltaríamos a ser o que éramos antes, ele realmente estava falando sério. Quando eu descia as escadas de minha casa, estava me esperando, para irmos para a escola junto com , que mantinha a cara emburrada, e preciso dizer que quase morri quando ela pegou na mão dele para irmos andando, e, então, ele pegou na minha?! Para nós era super normal isso, andarmos de mãos dadas, mas com ali, a situação estava engraçada, porque, para completar, resolveu nos ignorar e colocou os fones no ouvido. Toda vez que tentava me desvencilhar de suas mãos, sentia que ela se apertava mais ainda em torno da minha, impedindo de me soltar. E tenho certeza que ele fazia o mesmo com . Já que ele quer assim, né? Deixa estar. Assim que cheguei à escola, pude ver , , e conversando, porém, nada de , provavelmente fumando atrás do colégio, havia chegado a uma conclusão. Não fumaria mais, e, se dependesse de mim, faria abandonar ao hábito também. Cumprimentei aos meus amigos com um beijo no rosto – leia-se: mordida na bochecha – de cada um deles, e sentei ao lado de , que parecia incomodada com alguma coisa.
- Que foi, amiga? – Perguntei, baixo, para que só ela ouvisse.
- Ai, amiga, eu preciso conversar! - Ela disse, mordiscando a unha.
- Vamos lá atrás? Quem sabe a gente encontra a ? – Sugeri e ela que concordou com um aceno de cabeça. – Pois bem, meninos, a dor do parto é grande, mas vou lhes deixar! – Disse, fazendo gestos exagerados com as mãos e os meninos apenas riram de mim. havia ido ver algo sobre líderes de torcida, dei mais uma mordida na bochecha de cada um, e, por último, em , que retribuiu o carinho.
- É bom te ter de volta! – Ele sorriu e eu não pude deixar de encarar aquele olhar que tanto me prendia, que tanto me chamava e que tanto me encantava.
- É bom estar de volta! – Sorri, antes de sair caminhando com . Uma coisa eu havia entendido naquele momento, seja lá o que fosse que eu tinha com – uma amizade muito forte ou um amor mais forte ainda –, era forte o suficiente para que nós pudéssemos encarar, e nada podia nos separar, e, quando eu digo nada, isso, literalmente, inclui a .
Dezessete
A semana havia passado tão rápida que nem a havia notado, os professores haviam nos enchido de trabalho, o que dificultou para que nos encontrássemos. Na escola, o único assunto tratado era a tal festa do sinal, não se falava mais em outra coisa, apenas em quem apareceria de que cor, e como. , minha linda irmã, havia passado no teste das líderes de torcida e havia se tornado mais uma das Barbies do colégio, só que não loira. Foi bom, já que seu intervalo ela não passava mais conosco, mas, ao mesmo tempo, ruim. Não sei se era coisa da minha cabeça, mas acho que estava mudando um pouco de personalidade, ou então estava finalmente parando de fingir, e começado a ser o que realmente era. O intervalo já estava quase acabando, e já não estava mais tão inquieta, no começo da semana, ela havia chamado a mim e para conversarmos, ela estava pensando em transar com o , e queria saber o que achávamos. se considerava virgem, já que só tinha feito sexo uma vez, quando tinha quatorze anos de idade - precoce ela - com seu primeiro namorado, por pressão do mesmo e havia odiado, mas, segundo ela, com a coisa era bem diferente, ela tinha vontade e se sentia a vontade para isso. , no começo, preferiu não opinar, ela disse que nunca fez amor, e apenas sexo, e que nunca tinha sentido a sensação do prazer e sentimento juntos, então, não podia opinar, já eu? Eu sou virgem, porra. Mas dei uma força, se era isso que ela queria.
Flashback
- Mas, , tem muito tempo que eu fiz, e doeu muito, será que vai doer de novo? - Ela perguntou à , que estava sentada na sua frente, exatamente no lugar onde estávamos quando ela me trouxe para fumar. O que ela estava fazendo, por sinal. , na escola, era diferente, sua maquiagem era mais carregada, e suas roupas mais pesadas, mas, ainda assim, era linda.
- Bom... - Ela disse, apagando seu cigarro. -... Quando eu transei pela segunda vez, doeu um pouco, na realidade, nem foi dor, foi mais ardência, sabe?! Mas eu estava excitada e isso nem me incomodou tanto, por esse motivo. Você precisa estar excitada, gatinha, assim você vai ao céu e volta, sem tirar o fato de relaxada também, porque, senão, fodeu.
- , com quantos anos você perdeu sua virgindade? - Eu perguntei. Ah, sou curiosa, e daí?
- Doze... - Ela disse e senti meu maxilar se desprendendo do rosto. - Não me olhem com essa cara de assustadas! Minha mãe, como vocês mesmas já viram, não bate bem da cachola, e quando ela ia para esses shows que ela gosta de ir, eu ficava na casa de uma vizinha, que tinha um filho dois anos mais velho que eu, e como não tinha outro lugar para ficar, eu sempre dormia no quarto dele, a vizinha era inocente de mais para nunca imaginar o que poderíamos fazer. - Ela sorriu. - E era engraçado.
- Por que engraçado? - perguntou.
- Por que a Meggi teve filho tarde, quando ela teve o Bryan, ela já estava com 42 anos. E na cabeça dela, um menino de 14 e uma menina de 12, nunca transariam, e, às vezes, quando, por imprudência nossa, um gemido escapava, ela sempre gritava “Crianças, não briguem, vocês vão acabar se machucando de verdade!”, ela dizia, do outro lado do quarto. - Ela sorriu, mas pude perceber uma nuvem rodar seus olhos.
- Você morava aonde? Aqui mesmo?
- Na verdade, não, minha mãe resolveu se mudar para cá quando soube o que acontecia entre Bryan e eu. - Ela sorriu, sem humor, e encarou o chão.
- Como ela soube? – Perguntei, insegura.
- Aquilo já rolava há dois anos. Sempre que podíamos, nós nos encontrávamos, mas não rolava sentimento, era mais excitação, sabe? Acho que se jogassem água em nós, quando nos beijávamos, ela viraria fumaça. - Ela respirou fundo. – Mas, por descuido nosso, eu... Eu engravidei. - Ela evitou nos olhar e eu fiz o máximo que pude para não olhá-la com pena, ou, até mesmo, espanto.
- E o que aconteceu? - se pronunciou, quando eu fiz questão de abrir a boca para perguntar o mesmo.
- Eu era nova, eu não sabia o que fazer quando minha menstruação atrasou e fui procurar o Bryan, quando fiz um exame de farmácia e deu positivo. Sabe o que ele fez? - Ela nos olhou, com os olhos brilhantes, não de choro, mas de raiva. - Disse que era para eu me virar! - Ela riu. - O cara tira minha virgindade, me come por dois anos e quando nós dois cometemos um erro, ele diz que a culpa é só minha e me manda pastar. Eu cheguei em casa, desesperada, e me vi obrigada a contar para minha mãe. Quando ela soube, quis matar o filho da puta. E, então, resolvemos nos mudar para cá, minha mãe tinha recebido uma proposta de emprego e resolveu aceitar. Mas eu era nova, meu corpo ainda estava passando por muitas mudanças e eu acabei perdendo o bebê antes mesmo de chegar a completar dois meses. O médico disse que era normal, por causa da minha idade. - Seus olhos brilhavam muito mais que o normal. - Acho que foi quando minha mãe e eu ficamos mais amigas, ela me contou a história de quando engravidou de mim, ela só tinha 17 e meu avô a expulsou de casa e tal. E ela disse que isso nunca aconteceria comigo, ela conversava comigo sempre. Eu fiquei um ano parada, sem estudar e sair de casa para nada, mas, depois, fui me recuperando, por isso que eu sou do mesmo ano que vocês, mesmo sendo mais velha.
- Você nunca mais voltou e ver o Bryan? - perguntou.
- Voltei, ele veio atrás de mim porque queria saber do filho, não acreditou em mim quando eu disse o que tinha acontecido e falou que eu tinha matado o filho dele.
- E o que você fez? – Perguntei.
- Eu nada, mas minha mãe bateu muito nele! - Ela sorriu. – , o que quer que vá fazer, faça com alguém de quem você goste, e que não vá se arrepender depois. O coração é muito mais importante que a carne. End of Flashback
Lembrar das coisas que havia dito, me deixava meio, sei lá, mexida. Ela tinha a minha idade e já havia passado por coisas que eu sequer imaginava, um dia, passar.
- Hey, , você ouviu o que lhe falei? - perguntou, depois de me jogar uma bolinha de papel na cabeça.
- Ham? - Arqueei a sobrancelha.
- Passa lá em casa depois da escola?! Queria que você fizesse aquela macarronada para mim! - Ele fez aquele olhar pidão, eu ri.
- O que você não me pede sorrindo que eu não faço chorando?
’s POV On
O barulho que fazia, na cozinha, dava para ser ouvido a quarteirões de distância! Ok, nem tanto, mas dava para ser ouvido do outro lado do quintal. Ela batia as coisas com vontade, e cantava enquanto cozinhava. Ela estava vestindo apenas um short jeans curto, que havia deixado por aqui, e uma camiseta minha, que ficava muito bonita nela, por sinal. cantarolava algo que eu reconheci como Roxete- Listen To Your Heart. É, a gosta dessas músicas mais antigas. Na realidade, ela gosta de todo tipo de música que se pode imaginar, nunca vi uma menina para gostar tanto de ouvir e descobrir novas bandas como a . Era encantador o jeito que ela ficava quando ouvia uma música que, segundo ela, a fazia ter um orgasmo mental, com vontade de sair pulado e gritando por aí, o jeito que ela sorria era contagiante, o modo como ela inclinava a cabeça para trás e cerrava os olhos, como ela passava a língua pela bochecha toda vez que estava pensando, mesmo que nunca percebesse isso, a é uma menina de ouro, e sortudo é o cara que ficar com ela. E ela gosta de mim! Mas, agora, não adianta fazer mais nada em relação a isso, eu tenho a , e nada muda esse fato. era minha melhor amiga, e vai ser assim, mas, confesso, fiquei mexido com tudo o que ela me disse, com tudo o que ela sentia. E, por mais que eu quisesse me afastar temporariamente, para não magoá-la, eu não conseguia, eu queria sempre ela por perto. Ela para me fazer rir, ela para secar minhas lágrimas... Engraçado que quando eu penso na minha vida daqui a alguns anos, em como eu e todo o resto vamos estar, eu penso da seguinte forma: a casada com o , e com dois filhos. O com um filho, mas não casado, o ? Esse não consigo imaginar nada concreto. Talvez trabalhando em um circo, e a , bem, eu a imagino ao meu lado, não como algo a mais ou menos, eu só imagino ela do meu lado, junto comigo. Estranho isso, né? Mais estranho ainda é uma coisa que vem preenchendo minha cabeça nos últimos dias, beijando . É uma cena que não sei explicar, mas que, quando vi, me perturbou um pouco, nada contra o , mas a era de mais para ele. O cara é um dos meus melhores amigos, mas aquela, dude, aquela é a , a garota mais perfeita do mundo, ao meu ponto de vista, e...
- Um prato e brigadeiro pelos seus pensamentos! - disse, entrando na sala e se jogando no sofá, com um pano de prato entre as mãos.
- Isso é golpe baixo! – Sorri, vendo-a olhar para a televisão e pegar o controle jogado na mesinha ao lado.
- Não é, não! - Ela me mostrou a língua e colocou em um canal qualquer de clipes. - Não vai me dizer?
- Estava pensando em quando você vai parar de me torturar e dizer que a comida está pronta! - Disse, estava cozinhando um dos meus pratos prediletos e que só ela fazia do jeito que eu gostava. Pode parecer estranho, mas a fazia um macarrão e temperava-o com alguma coisa que eu não sabia o que era, depois jogava molho branco, frango desfiado, misturava uma porção de treco, e, no final, colocava queijo e presunto e jogava no forno, era simplesmente perfeito. Mas não mais perfeito do que o sorriso que ela havia dado naquele momento, não mesmo.
- Então sua tortura acabou, senhor , está pronta! - Ela disse, de supetão, se levantando e correndo até a cozinha. Levantei-me e a segui. Quando entrei na cozinha, ela já colocava a travessa com o macarrão em cima da mesa, que estava coberta com uma parada que eu não entendo. A campainha tocou no exato momento em que tirava a luva que usava para pegar as coisas no forno e colocava os pratos a mesa.
- Eu atendo! – Disse, e, por um momento, pensei que se fosse , o barraco estaria armado, ela implicaria e falaria, falaria por toda vida pela estar aqui. E quando aquela ali começa a falar... Mas não poderia ser ela, afinal, ela estava em um daqueles treinos de líderes de torcida e, de lá, sairia com as amigas para comprar algo para ir à tal festa. Bom, eu realmente espero que ela compre vermelho, né? Se bem que a de vermelho...
- Hey, dude, o cheiro está bom! - disse, já entrando na MINHA casa, e indo direto para a cozinha. Olhei, boquiaberto, para o tal, que nem comigo direito falou. Quando cheguei à cozinha, ele já estava com um prato em mãos.
- Esfomeado! – Disse, pegando meu próprio prato e passando para , quando ela terminou de encher o de .
- E com muito orgulho, a comida da é a melhor.
- Deixa a ouvir isso! - disse e deu de ombros, sorrindo, bobo. Oh, paixão. Era só falar no nome dela que ele ficava assim, com esse sorriso idiota no rosto.
- Ela também acha a sua comida a melhor. – Disse, se sentando à mesa e começando a comer. A refeição foi feita em silêncio. Eu comia pensando, também e comia rápido para poder repetir a comida, o que fazia com que ríssemos de lado. Assim que terminamos de comer, se levantou para lavar os pratos.
- Pode deixar que nós vamos lavar! - Disse e ela deu de ombros, provavelmente iria deitar no sofá da sala e tirar um cochilo. E foi exatamente o que fez. - Você lava e eu seco e guardo. - Disse a , me levantando e colocando meu prato e o de na pia. Estávamos em silêncio, porém o quebrou.
- Dude, aconteceu alguma coisa? - Ele perguntou, ligando a torneira e começando a ensaboar as coisas.
- Como assim? – Perguntei, saindo do transe em que estava.
- Eu perguntei se aconteceu alguma coisa! Você está estranho...
- Na verdade, não é que tenha acontecido alguma coisa, mas é que... Sei lá, dude, não sei explicar.
- É por causa da , não é? - Ele perguntou, como se já soubesse a resposta.
- É... Cara, ela gosta de mim, você já sabia disso? – Perguntei, na dúvida, afinal, contava tudo para também.
- Na realidade, , o mundo inteiro já tinha percebido isso, menos você. – Disse, me encarando, sério, e logo depois voltando ao seu trabalho.
- Cara, mas, tipo, eu achava que era apenas amizade, que era o jeito dela, você sabe como a é.
- , mais uma coisa, ela agia totalmente diferente com você, a forma dela te olhar e sorrir. O jeito de te tratar... Você jura que nunca desconfiou de nada?
- Não, eu nunca parei para pensar na dessa forma, como algo a mais que uma amiga e... - Deixei as palavras morrerem na minha boca, respirando fundo.
- E o problema é que agora você começou a pensar! - Ele disse, como se completasse minha fala interrompida.
- Não é que eu pense assim, é que, como eu posso dizer, eu comecei a enxergá-la não só como minha amiga, entende?! Antes eu enxergava a como se ela fosse um de vocês, mas, agora... Sei lá, depois das coisas que ela me falou, eu percebi que a garota que eu sempre precisei, estava do meu lado e eu nem percebi.
- Nunca é tarde, meu caro amigo! - disse, colocando alguns pratos no escorredor.
- É claro que é tarde, eu tenho namorada. E... E eu gosto da .
- Bom, se você pensa assim, e se você realmente gosta da , deixa as coisas como estão.
- É... Acho melhor mesmo deixar as coisas como estão, mas, dude, tem outra coisa que está me incomodando.
- O que?
- Eu vi a e o se beijando...
- Então você já sabe...
- Eles estão ficando? – Perguntei, com receio de receber a resposta.
- Não, eles ficaram algumas vezes, mas nada de mais. A me falou que não ia ficar mais com ele.
- Por quê? – Perguntei, sentindo um sorriso de canto de boca se formar em meus lábios.
- Você sabe exatamente a resposta do porquê. Quando você viu os dois ficando?
- Alguns dias atrás, aqui em casa.
- E você jura que realmente não fez nada? Dude, como você é imprevisível.
- Vontade não me faltou, eu quis pular em cima do e arrebentar ele por estar ficando com a , mas que direito eu tinha de fazer isso? Ela é só minha amiga, certo?
- Certo... - disse, indiferente. -... Já que é o que você está dizendo... – E, então, o silêncio caiu na cozinha, apenas na cozinha, porque, minha cabeça, bem, essa aí continuava funcionando a mil por hora.
Dezoito
(n/a coloca essa musica pra carregar http://www.youtube.com/watch?v=OhLSBPhHaTE)
- TIRA, TIRA, TIRA! - era isso que ouvia de cima da mesa em que estava. Minha vista estava embaçada, meus cabelos grudando na testa, e o suor em meu pescoço, mas eu não estava me importando com aquilo. Para dizer a verdade, eu estava adorando aquilo, aquela sensação de liberdade. De fazer o que me desse na telha, de estar pouco me importando com o que os outros estavam pensando. Eu estava amando aquilo! Fechei os olhos, me mexendo mais ainda o meu corpo conforme a batida da musica e fui descendo um pouco, ouvindo os murmúrios positivos da mini platéia masculina a minha volta. Olhei para ao meu lado e ri; na realidade eu não ri, eu gargalhei. Gargalhei como nunca tinha feito antes na minha vida; ergui minha mão até a alça de minha blusa e meus olhos por breves segundos se encontraram com os de , e antes que ele pudesse pronunciar a frase, não faça isso, minha blusa já voava em direção ao aglomerado de pessoas a minha volta.
3 horas antes...
- Anda, , você já ta me irritando com essa indecisão! – disse, estressada por eu não ter escolhido ainda minha roupa pra festa.
- Ai, o que eu posso fazer se eu não sei o que usar? – disse olhando para o meu guarda-roupa aberto e não encontrando nada que realmente me agradasse.
- Agora você não pode fazer nada, porque a já esta esperando a gente, você poderia ter feito ontem, antes de ontem! – ela fez gestos exagerados.
- Feito o que? – perguntei, fechando o guarda-roupa e me jogando desanimada sobre a cama, já não estava mais com vontade de ir.
- Poderia ter ido comprar uma roupa descente, mas não, tava lá com o ; é o pra cá, o pra lá – ela disse imitando minha voz de uma forma ridícula e fazendo gestos bestas.
- Eu não falo assim – disse rindo de sua péssima performance de mim.
- Ta, mas você precisa achar uma roupa para ir a essa festa hoje! – ela disse de forma desesperada, abrindo meu guarda-roupa. – Que tal esse aqui? - ela perguntou me mostrando um vestido verde limão que eu havia ganhado de uma tia, ele até que era bonitinho, mas gritava muito “to na pista pra negócio”.
- Muito: solteirona na pista, solteirona na pista. – eu cantei e só faltou eu colocar as mãos nos joelhos para ficar uma verdadeira cavalona do funk – nada contra quem é.
- Ai , chata do jeito que você é não vai querer colocar nada que o “ julgue fora do indicado”. - ela fez aspas com os dedos, ta e o que o tem a ver com a nossa conversa mesmo? – A já esta esperando. – ela fez aquela cara de impaciente, que já estava me irritando.
- , meu amor, vamos fazer o seguinte. - eu me levantei e fui em sua direção. - Você vai para a casa da , porque como você mesma disse, ela já esta esperando. – eu fui empurrando-a para fora do quarto. – E eu fico aqui, vendo o que vou usar, ok? E vocês passam aqui pra me buscar. Eu juro que vou estar pronta, já é? – eu lhe mandei uma piscadela antes de fechar a porta do quarto em sua cara e rumar em direção ao meu guarda-roupa, tentando desesperadamente achar algo que pudesse usar. Por que eu tinha que ser tão indecisa com roupas mesmo?
Terminei de passar o gloss e como se sentisse meus movimentos, buzinou do lado de fora. Dei uma última checada no espelho e sorri satisfeita pra mim mesma. Sai de casa trancando a porta e andando a passadas largas até o carro.
- Que isso hein. – falou me mandando uma piscadela exatamente que nem aqueles coroas fazem quando passamos por aquelas paradas de obras, e eu ri.
- Assim você mata o do coração. – disse me avaliando assim que entrei no carro.
- Mas quem disse que eu quero matar o do coração? – perguntei de forma inocentemente. – Eu preciso dele bem vivinho, e com o coração batendo muito bem, de preferência. – ri e então saiu com o carro. Fomos o caminho inteiro cantando músicas antigas que tocavam na rádio, com direito a Whitney Houston e tudo meu bem. Assim que chegamos ao estacionamento da escola, pudemos ouvir uma música alta que já ecoava pelas redondezas; o estacionamento estava com muito mais carros do que costume e eu ri pra mim mesma começando a me animar para a festa. Descemos do carro e eu estranhei quando tirou uma única chave do molho que tinha nas mãos. - Ta fazendo o que? – perguntei e ela jogou as outras chaves dentro do carro, trancando os mesmo com a única chave que restava em suas mãos e guardando-a no decote de sua blusa.
- Precaução, honey. - ela me mandou uma piscadela e nós rimos. usava uma calça jeans escura com uma blusa verde bem justinha e tinha os cabelos soltos com todos aqueles cachos de dar inveja em qualquer um, inclusive eu. Oi. Nos pés ela tinha uma sandália estilo botinha preta com prata. estava com um vestido vermelho tomara que caia – ou que Tomtie - estilo – não toque em mim, que tenho dono, - e tinha os cabelos estilo princesinha, metade solto e metade preso, nos pés uma sandália dourada super fofa. E eu? Estava com o melhor look que consegui montar, um shortinho preto, com uma blusa branca bem justinha na barriga, porém mais larguinha na parte de cima, com alguns detalhes de pedrarias verde na frente e com detalhes de amarração verde nas costas, que faziam lembrar um espartilho. Nos pés eu usava uma sandália branca e verde com lacinho na frente e meus cabelos estavam presos em um rabo de cavalo com minha franja de lado. Preciso dizer que estávamos lindas? Preciso? Preciso? Assim que passamos pela porta de entrada, ai sim eu fiquei boquiaberta, o local estava perfeito. Luzes verdes, vermelhas e amarelas piscavam por todo o canto e as pistas eram divididas em cores. Pelos cantos , podiam –se ver algumas áreas neutras, onde algumas pessoas conversavam com outras de cores diferentes das suas e um bar ficava nessa área mesmo, algumas mesas estavam espalhadas por todo canto, assim como alguns pufs e sofás. No meio da pista verde era possível ver um mini palco com um daqueles ferros no meio estilo pra quem pratica pole dance. Estava simplesmente perfeito.
Em uma das mesas da área neutra pude ver os meninos sentados e algumas latinhas já vazias em volta deles, assim como muitas outras cheias também.
- Olá rinocerontes de minha vida. – disse dando um beijo na testa de cada um deles, e me sentando entre e , quase de frente a e .
- Eu vou, hein. – disse me olhando e rindo antes de chegar em e tascar-lhe um beijo desentupidor de pia.
- Eca! Tem menores de idade aqui – disse lhes tacando algo não identificado. assim como eu, cumprimentava os meninos com um beijo, a única diferença era que era no rosto, no momento em que ela ia dar um beijo em , eu o chamei.
- . – disse um pouco mais alto do que deveria, mas valeu à pena, já que o beijo que depositaria no rosto pegou exatamente nos lábios deles! Aê! Tudo tem que ter um dedo meu! Fazer o que, né? Ri da cara de agradecida que me fez e da de safado de . Ele é um fofo, mas meio lerdo às vezes, e ela é uma menina de atitude, não sei o que anda acontecendo com esses dois que ainda não se pegaram. se sentou entre e , e entre e , peguei algo nas mãos de e beberiquei; tinha um gosto bom, forte, mas gostoso e era doce.
- O que vocês estão fofocando ai? – perguntei terminando em uma só golada a bebida. E os meninos começaram a rir. ria daquela forma engraçada que fazia qualquer um rir, suas bochechas estavam em uma linda tonalidade rosada, e ele tinha os olhos bem apertadinhos, de tanto que ria. E eu ri junto olhando o quão lindo ele era. Nós, as meninas, não entendemos o motivo de risada, mas rimos junto, apenas pelo fato da cena ser engraçada. E então tomou a posição de contador de história. Respirou fundo, secou uma lágrima que ameaçava cair e a única coisa que conseguiu dizer antes de cair na gargalhada foi:
- levou mó tombão! – e então a mesa explodiu de novo em gargalhadas, levou quase meia hora pra que os meninos conseguissem contar a história de que , mais cedo,quando estava na casa de jogando video-game, havia cochilado e sonâmbulo levantou e subiu as escadas; depois na hora de descer, tropeçou nas próprias pernas e saiu quicando com a bunda os degraus até chegar no último, e quando ele chegou só levantou, olhou pra cara dos meninos e disse: legal – e saiu andando mancando pra banheiro. É claro que eu quase me mijei de rir imaginando com aquela bunda toda e ainda caindo, dizendo legal, e saindo mancando. Muitas latas vazias já estavam na nossa mesa e eu já sentia o álcool começando a ferver no meu sangue. Mas na mesa agora só tinha cerveja, e eu queria mais daquele negocio rosa que eu havia bebido mais cedo.
- Gente eu vou pegar algo diferente pra beber. – disse já bem animada. e eram os que estavam bebendo menos, quase nada pra dizer a verdade, provavelmente voltariam dirigindo, meninos responsáveis. Mas tudo bem, eles já eram totalmente cachaçados naturalmente. Sai da mesa e logo depois saiu também, com o telefone nas mãos e na direção oposta a minha, caminhei sorrindo sozinha – acho que isso já ta virando uma rotina minha rir sozinha, acho que to ficando maluca. Fui direto ao bar onde caras muito gatos faziam nossas bebidas, ai sim eu ri mais ainda. Cheguei ao bar me debruçando sobre o mesmo e chamando a atenção de um atendente loiro dos olhos verdes, morri, que sorriso era aquele meu Deus.
- Posso te ajudar? – ele perguntou ‘claro, para de sorrir desse jeito que ai sim eu não morro precocemente na véspera dos meus dezessete aninhos, que você me ajuda muito’, foi o que eu queria dizer, mas não disse.
- Claro, eu quero uma daquelas bebidas rosas. – disse apontando uma outra atendente que entregava a bebida a uma menina do outro lado do bar.
- Claro, seu pedido é uma ordem. – ele disse ainda sorrindo e me dando uma piscadela, eu sorri de volta quando ele me entregou a bebida e agradeci, recebendo mais uma piscadela dele quando saia. Uma música com uma batida gostosa começava a tocar e eu senti uma enorme vontade de dançar, mas sentia vergonha de dançar sozinha, quem sabe não aceitaria? já estava agarrada em algum canto da área vermelha com , avistei , vestida de branco com uma camiseta escrita organização bem decotada, todas as lideres de torcida usavam iguais. Minha irmã estava dando esporro em algum garoto que ameaçava vomitar no chão. Quase gargalhei quando ela o xingou e enfiou o dedo na cara dele por algo que ele tinha feito, e o menino arregalou os olhos não esperando aquela reação dela. Por um momento aquela imagem me pareceu familiar, e logo depois eu me toquei, ela lembrava a mim mesma quando brigava com alguém. Sacudi a cabeça revirando os olhos para aquilo e me virei, tomando a direção de minha mesa, quando esbarrei em alguém que quase me fez derrubar minha bebida em mim mesma.
- Desculpa. – uma voz conhecida disse e um par de braços me segurou. – ! – ergui cabeça e encontrei os olhos de Josh me encarando com um sorriso aberto pra mim. Será que eu já to ficando bêbada, ou todos os garotos que se dirigem a mim tem um sorriso encantador?
- Josh! – disse mais animada do que deveria. – Vamos dançar. - pedi e provavelmente devo ter feito uma cara de criança feliz, porque Josh sorriu engraçado.
- Claro. – ele disse e eu segurei em sua mão, terminando minha bebida em um só gole e colocando-a na bandeja de algum garçom que passava por nós. Assim que cheguei ao meio da pista verde, comecei a mexer meu corpo conforme a música, ergui meus braços e me sacudi, como diria minha vó. Josh parecia meio tímido, mas logo a timidez sumiu e ele começou a se mexer também. Rimos de nós mesmos, eu já estava meio sobre o efeito da bebida, mas ele estava totalmente sóbrio e ria de mim. Dançamos três músicas sem parar, um pouco de suor já começava a brotar em minha testa e eu já estava ficando com sede. Uma música mais lentinha começou a tocar e eu tratei de puxar Josh para fora da pista antes que ele resolvesse dançar coladinho, isso não, coladinho hoje não.
- Eu to com sede! – disse quando chegamos a um canto da área neutra, colocando minha franja atrás da orelha.
- Vou pegar algo para bebermos. – ele disse.
- Eu vou pra mesa. - disse e apontei para a mesa onde se via apenas , e sentados e conversando. Eles não podiam me ver, mas eu os via perfeitamente.
- Ok. – Josh disse antes de sair em direção ao bar, passei pelas pessoas bêbadas e cheguei ofegante a mesa, dançar havia sido bom, e Josh era uma ótima companhia.
- Voltei! – disse chamando a atenção dos três integrantes da mesa.
- Até que enfim, - disse. - achei que tinha se arranja... – ela ia continuar, mas foi interrompida.
- Sua bebida – Josh me entregou um copo com um liquido agora verde, e eu agradeci. – Oi. – ele sorriu e eu o puxei para se sentar.
- Arranjado por ai. – terminou sua frase com um sorriso sapeca nos lábios e me olhou da mesma forma. se esticou no lugar onde estava e cumprimentou Josh com um aceno de cabeça, bebendo um gole de sua cerveja.
- Agora entendi porque o sumiu. – ele disse. - Sua irmã ta ai também, né? – ele perguntou a Josh.
- Ta, foi ela quem ficou insistindo em vir a essa festa. – ele disse e passou os braços por cima de meus ombros, terminei a bebida que Josh tinha trazido e peguei uma latinha de cerveja que estava em cima da mesa; eu queria beber, e muito.
- Acho que sobrei .– disse por fim olhando diretamente para o braço de Josh e se levantou. – Vou pegar algo diferente para beber. - ele saiu andando e eu quase me afoguei na minha própria baba ao secar sua farta bunda andando, merda, por que ele tinha que ser tão lindo?
- Eu preciso ir ao banheiro. – disse. – Bebi demais. – ela também era outra que já estava meio alterada. – Vamos, ?
- Ah, vamos, eu também to precisando. – disse me levantando e sentindo um pouco as coisas rodarem.
- Ainda vou descobrir o que vocês tanto fazem juntas no banheiro! – disse rindo.
- Um dia eu também descubro esse segredo. - foi Josh dessa vez.
- Segredos do banheiro? Nunca saberão. – eu disse rindo e andamos em direção ao banheiro. Assim que entramos, o banheiro não estava cheio, me olhou com aquela cara de curiosa.
- Você pegou o Josh! – ela não perguntou, ela afirmou.
- Não! – respondi rindo e ela fez careta.
- Mas vai pegar? – ela perguntou com um brilho nos olhos.
- Quem sabe? – eu lhe mandei uma piscadela e uma música entrou pela porta do banheiro, que fora aberta por umas garotas do primeiro ano bêbadas. – AH, EU AMO ESSA MÚSICA! VAMOS DANÇAR! – é, eu gritei, e sai puxando pela mão em direção a pista de dança, tropeçando nas pessoas a nossa volta. Getting Over You tocava a todo vapor e eu dançava mexendo meu corpo e sacudindo a cabeça no ritmo, assim como meus quadris; , assim como eu, estava se acabando. - THERE’S JUST GETTIN OVER YOU! – eu cantei a plenos pulmões e a imagem de veio a minha mente, sacudi mais a cabeça, tanto pela música, tanto para afastar os pensamentos dele de mim, sai da minha cabeça! Era o que eu tinha vontade de gritar. A música acabou e London Bridge começou a tocar. e eu rebolávamos até o chão, não nos importando se estávamos chamando atenção demais, queríamos apenas dançar, bom, eu pelo menos queria. Mas no momento eu não sabia se conseguiria continuar dançando se não bebesse algo, minha garganta estava seca. Olhei na direção do bar e lá estava , nossos olhos se cruzaram por breves segundos, pois logo depois minha visão dele foi tapada pelos cabelos de , e tudo o que vi, foi os dois se beijando.
- Eu preciso beber. – eu disse a e sai na direção oposta a que tinha olhado, parando logo em seguida, estava em frente ao bar, isso significava que eu teria que ir lá pra pegar bebidas. Argh, mas que caralho!
- Que foi? – parou ofegante ao meu lado.
- Quero beber! – disse me sentindo uma criança.
- Bebidas? Por aqui. – um garoto mais velho que nós disse e nos guiou em direção a um aglomerado de pessoas, quando chegamos mais perto vimos que elas estavam em volta de uma mesa, e que de cada lado da mesa havia uma pessoa, com oito copos a sua frente e um prato com limão e sal. Uma das pessoas segurava uma bola e a outra parecia prestes a vomitar. – Ping pong, topam? – o garoto perguntou, ele estava visivelmente bêbado.
- Como é que é isso? – eu perguntei, mas foi mais rápida.
- É claro que topamos, eu desafio a ! – ela disse e foi andando em direção ao garoto que parecia prestes a vomitar, puxando-o e ficando em seu lugar.
- Senhora e senhores, temos duas novas desafiantes. – o garoto ao meu lado gritou, segurando minha mão e me puxando para o meio da roda, me fazendo ficar de frente a mesa, onde os copinhos estavam sendo novamente enchidos. - É o seguinte, ela vai tacar a bolinha, e se cair dentro do seu copo, você vai ter que tomar, o objetivo é você acertar mais bolinhas, pra ela ficar bêbada mais rápido e não conseguir mais acertar o seu copo.
As pessoas a nossa volta falavam e me mandou um olhar pervertido, ela tinha a bolinha em uma das mãos e tacou, acertando no terceiro copo da fila, sorri pra ela debochada e derramei o liquido garganta a baixo, que logo depois eu descobri ser vodka, e logo em seguida chupei o limão fazendo careta.
- É assim, né? – eu sorri com malícia sentindo um calor se espalhar por meu corpo. As pessoas ao meu lado gritaram, mirei a bolinha e taquei, acertando seu primeiro copo, acho que não percebeu, mas eu sim, os copos, começavam mais cheios e terminavam mais vazios. errou a segundo bolinha assim como eu, acertamos a terceira, eu errei a quarta, e ela acertou, assim como a quinta que eu também errei. O álcool já tinha feito efeito em mim e eu começava a ver as coisas rodando e ria de nada, não via mais com clareza o copo de e tinha certeza que ela não via mais o meu. – CHEGA, VOCÊ GANHOU! – eu disse tacando a bolinha dentro do meu último copo cheio, tirando e bebendo tudo em um gole; em seguida, meu olho ardeu, a lágrima desceu e a garganta queimou. – wins! – eu falei erguendo meu copo e correndo em sua direção, queria saber como não me estabaquei no chão, devido à altura do meu salto e meu grau de embriagues. Abracei , que me abraçou também. É, parecíamos duas débeis mentais. Olhei pra pista de dança, puxando-a novamente pra lá, e então aquele mini palco me pareceu tão atraente, eu sempre tive vontade de fazer pole dance. Olhei para , que logo pareceu entender o recado; como se fosse um sinal, uma música do Marron 5 que eu amo começou a tocar, puxei pelo braço em direção ao palco, dois degraus auxiliavam a subida e nós subimos, chamando a atenção de algumas pessoas. (n/a coloque a música pra tocar ) Eu gargalhei alto e soltei meus cabelos me balançando conforme o ritmo da batida quando a voz sexy do Adam Levine me chegou aos ouvidos.
I really, I really
Eu realmente, eu realmente Whoa
Ooohhh I really need to know
Eu realmente preciso saber I really, I really
Eu realmente, eu realmente Whoa
Ooooohhh Or else, ya gotta let me go, oh
Ou você precisa me deixar ir I really, I really
Eu realmente, eu realmente
Eu mexia meu corpo conforme a batida da música, adorava Maroon 5, me fazia sentir tão sexy! Encostei-me na barra erguendo as mãos acima da cabeça e comecei a me mexer.
This time I really need to do things right
Esta vez eu realmente preciso fazer as coisas direito The shivers that you give me keep me freezing all night
Você me arrepia e me mantem estremecido a noite You make me shudder
Você me arrepia! I can’t believe it, I’m not myself
Eu não posso acreditar, não sou eu mesmo, Suddenly I’m thinking about no one else
De repente eu estou pensando em ninguém mais You make me shudder
Você me arrepia!
I really, I really
Eu realmente, eu realmente Or else, ya gotta let me go, oh
Ou você precisa me deixar ir
, assim como eu, se mexia sem se importar com o que os outros iriam pensar. Quando dei por mim, alguns caras já estavam em volta da mesa, gritando e soltando assobios. Olhei para um deles e mandei uma piscadinha me abaixando e chegando próximo ao seu rosto antes de subir rebolando. Balançava meus cabelos e jogava-os para trás. Minhas mãos deslizaram por minha blusa e logo um coro de vozes pode ser ouvida.
- TIRA, TIRA, TIRA! - era isso que ouvia de cima da mesa em que estava. Minha vista estava embaçada, meus cabelos grudando na testa, e o suor em meu pescoço, mas eu não estava me importando com aquilo. Para dizer a verdade, eu estava adorando aquilo, aquela sensação de liberdade. De fazer o que me desse na telha, de estar pouco me importando com o que os outros estavam pensando. Eu estava amando aquilo! Fechei os olhos, me mexendo mais ainda o meu corpo conforme a batida da musica e fui descendo um pouco, ouvindo os murmúrios positivos da mini platéia masculina a minha volta. Olhei para ao meu lado e ri; na realidade eu não ri, eu gargalhei. Gargalhei como nunca tinha feito antes na minha vida; ergui minha mão até a alça de minha blusa e meus olhos por breves segundos se encontraram com os de , e antes que ele pudesse pronunciar a frase, não faça isso, minha blusa já voava em direção ao aglomerado de pessoas a minha volta. Os assobios e murmúrios positivos se tornaram gritos de comemoração e eu ri mais ainda, adorando a positividade da minha mini platéia. Joguei minha cabeça novamente para trás, fechando os olhos e quando os abri tudo girou; não girou pelo fato de eu estar bêbada, mas sim por que havia sido acabada de ser jogada sobre algum ombro, ri assustada com aquilo e tive a visão de uma bunda, bem farta e gostosa por sinal. Por que tinha sempre o prazer de acabar com a minha felicidade? Eu tentei me debater, mas um dos braços de segurava firmemente minhas pernas e sua outra mão livre meu braço. Olhei para o lado e pude ver na mesma posição que eu, porém sobre os ombros de , olhamos uma para a outra e rimos acenando como se estivéssemos em uma passeata. Antes de sair do salão da festa, a última coisa que vi foi o olhar de , e o sorriso espantado que ela me deu.
- , me solta! – eu disse quando tive certeza que ele poderia me ouvir, e então ele me pôs no chão, tudo girou e por breves segundos eu achei que ia cair, mas suas mãos me seguraram. Segundos depois chegou ofegante com , colocando-a no chão também, ela ao contrário de mim veio lutando até o fim para ser posta no chão.
- Você tá maluca? – dizia sério e eu me senti uma criança quando faz algo errado. – O que te deu na cabeça pra beber desse jeito e sair por ai se exibindo? – seu rosto possuía uma tonalidade vermelha e ele me lembrou meu avô quando brigou comigo por ter posto salgadinhos de camarão no prato de sabendo que ela era alérgica, quando tínhamos 11 anos. Eu fiquei em silêncio, meio assustada e com uma enorme vontade de rir. respirou fundo e olhou para os dois ao meu lado, parecia não saber o que fazer. – Dude, tu leva a em casa, porque ela ta de carro, que eu vou levar a pra minha casa; o também ta de carro então ele leva o resto do povo. – continuava sério e então e desatei a rir, eu ria que nem hiena com cólica. Eles me olhavam com cara de quem não estava entendendo nada.
- , manda ele pegar a chave. – eu disse e ela pareceu entender o que eu falava e começou a rir também.
- Pega a chave – mandou e não entendeu.
- E onde está a chave? – ele perguntou com aquela cara de ameba.
- Adivinha? – ela fez sua melhor cara se sexy e olhou para os seios agora cobertos apenas pelo sutiã. ficou vermelho e eu ri mais ainda.
- , entra no carro. – mandou sério e eu não ousei desrespeitar. – E vocês se virem para pegar a chave. - disse antes de entrar e dar a partida, eu olhei para a janela e olhei para que continuava serio. Mas que merda, ele ia ficar bolado comigo mesmo?
- ... – eu chamei com voz de criança, mas ele não me respondeu. – ! – eu insisti, me virando para ele.
- O que passou pela tua cabeça pra você fazer uma coisa dessas? – ele me encarou de verdade pela primeira vez e eu me senti tonta, não pela bebida, mas por aquele olhar, aquele jeito de olhar dele que me fazia perder as estribeiras, me fazia esquecer toda noção do que era certo e errado, me fazia esquecer o mundo. Me fazia querer ficar horas ali, só olhando para ele. Respirei fundo me ajeitando no banco e deixando minha cabeça descansar no mesmo, e respondendo sua pergunta com a única coisa que andava rondando minha cabeça e a única resposta para todas minhas ações.
- Você. – foi o que respondi antes que o silêncio total tomasse o carro.