Você passa a vida toda esperando por aquela data. Aquela que está em você com uma tatuagem que não se apaga. Aquela data que esta na sua pele desde o dia em que você nasceu. Aquela que diz exatamente o dia em que você encontrará a pessoa da sua vida. O dia, a hora, o minuto. A data que fará de você a pessoa mais feliz do mundo. A data que seus avós tinham, que seus pais tinham, que seus irmãos têm. Você olha seu corpo e lá esta ela, só esperando pra acontecer. Só esperando pra se manifestar naquela exata seqüência de números em alguma parte do futuro. Aquela data te dá o único amor da sua vida, o único verdadeiro. Algumas vezes esse amor termina bem, algumas vezes ele acaba se tornando frustrante e triste, mas você sabe que ele é o único.
Só que eu não nasci com essa data. Eu nunca a tive escrita no meu pulso esquerdo. Então ao contrário de todo o resto, talvez eu nunca saiba ao certo do que se trata o amor.
Parte 1
17 anos
- Você tem certeza disso? – Jenna perguntou pra mim, enquanto todo mundo em volta nem ligava.
O calor do verão deixava tudo absurdamente ruim. Eu tinha feito 17 e iria para a faculdade no outono, então aquela era a minha chance.
- Mas como você sabe que é ele? – Ela estava cada vez mais curiosa. Essas meninas e suas datas.
- Eu não sei! – Dei de ombros, voltando a encarar Chris que estava em pé no outro lado da sala.
- Você deveria olhara data dele, vai que bate com o dia em que você se conheceram. – Ela sugeriu enrolando o cabelo nos dedos.
- Você sabe que eu não faço isso, nunca fiz! – Fiquei de pé, desamassando meu vestido.
- Mas devia, você perde a chance de conhecer o amor da sua vida, só porque você não veio com a droga da data em seu pulso. – Ela se irritou um pouco. Jenna sempre implicava por eu não ligar muito.
- E você perde a chance de aproveitar a sua vida antes que o senhor perfeito apareça. – Sai rápido, para evitar a discussão recebendo um olhar de reprovação.
Chris era lindo com aqueles olhos azuis e cabelo baixinho. E como qualquer outro garoto, não se importava muito com a data. Na verdade, não se importava nada. Tanto que até o fim da festa nós já tínhamos dormido juntos.
Não é a questão de ser vadia, mas eu havia decidido que não seria uma anormal por não ter essa data, eu só aproveitaria o máximo possível. Mesmo que no fundo, doía saber que você não era especial para alguém.
21 anos
John. Nick. Josh. Chris. Alex. Martin. Chaz. O cara de fraternidade. Ryan. Outro John. Paul. Outro Martin. O cara que eu conheci na festa de Luci. E Petter.
Todas as tentativas de saber a data. De descobrir quem tinha a minha data. Todas falhas.
John tinha sido legal, ele era meu amigo e o único que eu sabia que não viria a ser o amor da minha vida. Ficamos juntos quando eu tinha 16.
Nick jogava basquete e tinha uma mancha em forma de morango no tornozelo. Ele era tão legal. Eu gostava dele demais e esperava todos os dias que a sua data batesse. Depois de cinco meses, ele veio até eu, pediu desculpas e me deu um fora, puxei a manga da sua camisa e a data era do dia anterior. Oito meses depois ele me convidou para o casamento.
Depois o Josh. Saímos juntos uma vez e dormimos juntos uma vez. Na manha seguinte ele deixou um papel com a data dele, que seria dali dois anos. Depois dele prometi que não veria a data de mais nenhum menino.
Ai o Chris, que foi antes da faculdade. O Alex, que estudava psicologia comigo. E depois os outros. A seqüência de nomes sem datas. E algumas vezes até sem nome.
A parte engraçada é que eu me sentia presa a uma espécie única de realidade paralela que só eu conhecia. Era como se por dentro eu esperasse que todo cara que conhecesse estivesse em seu pulso tatuado o dia em que nós nos vimos. Mas eu silenciava essa vontade e me entregava fingindo que essa historia todo de datas fosse uma bobagem.
21 anos e 8 meses.
- Então, você é daqui? – Foram as primeiras palavras que saíram da boca de Ryan aquela noite. Ele tinha me dado o último chocolate do mercado e eu tinha lhe pagado um café. Assim, sem problemas. Até que em algum momento entre ele por o açúcar na xícara e devolvê-lo na mesa, sua manga esquerda subiu um pouco revelando a tão medonha cicatriz. Que de uma forma esquisita era datada aquela dia. Aquele exato dia.
Eu fiquei sublime, a hora ainda estava escondida. Mas sua data era a certa. E naquele exato momento eu senti que nunca mais teria que procurar por ninguém novo.
Ele era o cara certo, o cara de data que eu não tinha.
Durante os 8 meses em que saímos, ele se parecia cada vez mais com o cara que eu sempre quis. Os cabelos, os olhos, a personalidade, a forma com que ele falava, o jeito dele andar, até sua voz rouca tocando violão. Absolutamente tudo. E eu estava certa, certa que ele era o cara da data que eu não tinha.
No dia do seu aniversario, eu me aventurei por Nothing Hill (onde ele morava) para lhe dar seu presente. E no exato momento em que passei em frente ao seu apartamento ele estava lá, se agarrando com outra garota. Respirei fundo, prendi o choro e prometi que não faria escândalo, afinal, ele tinha a minha data. Só mais tarde naquela noite eu notei que sua hora, marcava de manha. Não a noite quando nós tínhamos nos conhecido.
Nunca mais o vi.
Me sentia humilhada e envergonhada por acreditar que tinha alguém com uma data esperando por mim.
Foi naquela noite fria de novembro, quando percebi quão idiota eu era, notei que talvez não tivesse uma data, por não haver com quem partilhá-la e foi ai que eu desisti do amor, e dessa idéia toda.
Parte 2
30 DE JANEIRO DE 2011. 9:38.
A chuva caia grossa do lado de fora do café e eu bebia meu cappuccino em silêncio, apenas ouvindo os barulhos externos. O bebê chorando, duas amigas discutindo sobre o garçom bonito, uma senhorinha irritada com o marido. Essas coisas comuns de cafés no domingo de manhã.
- Se importa se eu sentar? – Ele disse, me tirando do transe e fazendo com que eu o olhasse de forma impartical. Mas uma imparcialidade que durou poucos segundos.
Senti minha respiração falhar.
Assenti, ligando cada um de seus traços.
- Sou . – Ele sorriu e formaram-se ruginhas em seus olhos.
tinha uma corte de cabelo esquisito, e olhos claros lindos, conforme ele sorria, seu rosto todo sorria junto. Ele era magrinho e alto, e tinha a parte visível do braço coberta por uma tatuagem colorida. De alguma forma, estar ali com ele sorrindo pra mim, me deixa extasiada.
- Sou . – Sorri de volta.
se sentou na minha frente e silenciosamente bebeu sua bebida. Ele ficou lá, em silêncio, durante algum tempo prestando atenção no café em suas mãos.
- O que você quer, ? – Disse carinhosamente, para não soar fria.
- Eu queria tomar meu café na companhia de uma moça bonita. E você, , o que quer? - Ele sorriu atrás da xícara.
Uma data.
- Saber mais sobre esse moço que esta tomando café comigo! – Imitei seu sorriso, fazendo-o sorrir ainda mais.
- Bem, o que você gostaria de saber? – Ele encostou-se à cadeira mantendo as mãos por trás da cabeça, e ainda sim, sorrindo.
- O que você quer me contar? – riu da minha resposta.
- Bem, eu sou o , tenho 23 anos, cozinho pra viver, tenho um cachorro chamado Palerno, moro no Soho e gasto a maior parte do meu salário em livros e CDs. – ele sorriu, e apoiou-se sobre a mesa com os cotovelos. – Se eu contasse mais que isso, teria que te matar. – piscou, voltando a encostar-se na cadeira. – Sua vez!
- Bem, meu nome é , acabei de fazer 23, ganho um salário de merda estagiando para uma revista de moda, mas ganho roupa grátis, então já vale. Não gosto de gatos, só consigo acordar com musicas animadas, sou um saco de manhã e me odeio por isso. Não gosto de pessoas arrogantes e de quem me xinga em uma língua estrangeira. Acho que é isso. – Sorri bebendo meu cappuccino.
- Justo. - se aproximou aos poucos. – Você tem bigode! – ele disse tocando o próprio buço.
- Hum? – tomou o cappuccino das minhas mãos, tomando logo em seguida deixando um displicente bigode de espuma sobre os lábios. Eu ri.
- Tem algo que queira em contar? – Ele continuava sorrindo pra mim. E alguma coisa me dizia que aquilo era certo.
27 DE FEVEREIRO DE 2011. 11:28.
- Você deveria parar de levantar e sumir, gosto tanto de te ver quando eu acordo. – Ele se jogou em cima de mim no sofá, sussurrando aquelas palavras em meu ouvido. Sorri involuntariamente.
- Você que acorda tarde demais!
- Você que acorda cedo demais! – Ele tocou minhas coxas.
- Tá pesado hoje! – Pude ouvi-lo rindo em meu ouvido, se aconchegando mais ainda em minhas costas e afundando a cabeça no travesseiro sobre meu ombro.
- Então acho que deveríamos pular o almoço.
- Mas o almoço é a melhor parte do domingo. – Sorri o olhando nos olhos depois de finalmente conseguir virar de frente. Os olhos. Aqueles malditos olhos me faziam querer gritar para o mundo todo como ele era incrível.
- Você é tão linda. – disse serio, me olhando nos olhos. Senti um arrepio que nunca tinha sentido. – Você é absurdamente linda. – nossos olhos ainda estavam em contado. Aquele apartamento. Aqueles domingos. Aqueles cafés que viravam almoços, que viravam jantares, que viravam dormidas em seu apartamento fofo, que viravam outros cafés. Naquela rotina simples que nos fazia tão feliz. Ele sabia meus segredos. Ele respeitava minhas escolhas. Ele me olhava nos olhos. Aqueles olhos. Eu nunca precisei dizer uma palavra.
Beijei-o gentilmente, enquanto ele nós cobria com o lençol que eu tinha trazido da cama. Ele tocou-me cautelosamente, como se eu fosse um cristal caro. E fizemos amor como em todos os domingos de manhã. Com ele tudo parecia distinto. Tudo parecia mais fácil. E até as complicações corriqueiras sumiam quando ele sussurrava que me amava.
Assistimos a um filme antigo na TV, enquanto ele descansava sobre meu ombro e me olhava durante as cenas. Comemos cereal com chocolate e um sorvete caseiro que ele trazia do restaurante. Vesti suas roupas e nós amamos outras vezes. Tudo simples, tudo fácil, tudo .
5 DE ABRIL DE 2011. 1:50.
Batia os saltos no ladrilho, enquanto a chuva molhava meu casaco novo. O outro garçom retirava as mesas em frente ao restaurante e eu esperava sentada numa mureta do outro lado da rua. Não fazia mais frio, mas usar o casaco já era um habito terrível. Eu estava cansada e com sono, mas não podia ir embora. Tinha que vê-lo, tinha que contar-lhe a novidade. Ele saiu do restaurante rindo acompanhado de um senhor gordinho e adorável, e sorriu abertamente ao me ver. Toda a minha ansiedade triplicou quando eu o vi, sabendo que aquilo tudo era real. Atravessei a rua correndo e o abracei sem medo. Estava absurdamente feliz e ninguém tiraria essa felicidade de mim.
- Eu consegui - sussurrei em seu ouvido em meio ao abraço. Ele me largou por alguns segundos e me olhou nos olhos. Aqueles olhos.
- Conseguiu? – estava tão incrédulo quanto eu. Assenti em silêncio. – AI MEU DEUS VOCÊ CONSEGUIU! – ele me abraçou apertado, beijando todo meu rosto. – Você conseguiu! Ela conseguiu! – Ele sorria e me abraçava apertado, não sabendo se me parabenizava ou se dizia a todos o que tinha acontecido.
- Mas o que ela conseguiu, meu filho? – O senhor gordinho, perguntou curioso. me olhou com a sobrancelha arqueada de forma curiosa, da mesma forma que o senhor.
- O que é que você conseguiu, ? – Eu ri, pois não tinha lhe contado.
- O emprego na revista é meu! – Sorri abertamente, recebendo um abraço apertado de .
- Sabia que você conseguiria, mesmo não sabendo que você estava tentando. – Ele riu.
- Sua namorada é uma garota de sorte, . Não são todas elas que acabam empregadas nessas revistas caras. – O gordinho me sorriu se despedindo de nós com abraços, enquanto aquela palavra ecoava em minha mente. Eu nunca tinha sido namorada de ninguém.
- Namorada, gozado não? – disse, enquanto caminhávamos de mãos dadas na rua, rumo ao seu apartamento no fim da rua. Eu ainda sentia arrepios ao tocar qualquer parte de seu corpo.
- É, gozado. – Respondi sem animo.
- O que foi? – Ele me olhou preocupado. De repente conhecia cada tom da minha voz, cada careta que eu fazia, cada forma que eu falava. Assim, do nada, ele sabia absolutamente tudo sobre mim.
- É que... – me sentia envergonhada em dizer, mas ele fazia sinal pra que eu continuasse dizendo. – Eu nunca fui namorada de ninguém.
- Sério? – Ele estava meio chocado, meio receoso, como se não soubesse ao certo o que fazer. Eu nunca tinha o via assim. Ele sempre arranjava um jeito de me surpreender.
- É... – Suspirei tentando sair do assunto.
- Mas isso te incomoda? – Neguei. – Mas te incomodaria ser namorada de alguém? – Neguei mais uma vez. – Então se não te incomoda, eu adoraria poder te chamar de namorada. – Ele sorriu bobo, me olhando nos olhos. Aqueles olhos.
- O quê? – Minha voz falhou um pouco e eu parei de andar.
- É, , o que acha de ser minha namorada? Com direito a relacionamento no Facebook e tudo – Ele riu. Eu estava sem palavras. – Bem, não é como se a gente não namorasse. Porque faz - ele parou para contar – Quatro meses que nós estamos nos vendo e eu não tô vendo mais ninguém, mas se você estiver e não quiser terminar tudo bem, porque eu nunca pedi exclusividade. Mas, porra, você é tão incrível, tão linda e eu gosto tanto de você. Então, por favor, se você estiver vendo outra pessoa, não me deixe saber. Juro, não me deixe ou eu vou quebrar a cara do cara, vou ser preso e tudo mais. Então, ah que porra, eu não sei o que fazer. Podemos fingir que eu não perguntei e ficar tudo bem, ai você pode ver quem você quiser e eu não vou pra cadeia. Mas se eu for pra cadeia você me visita? Será que é sexy transar naquelas cabines esquisitas? Ai, meu Deus. O que eu estou perguntando? Eu não quero ser preso. – eu não conseguia associar mais nada do que disse depois do “o que acha de ser minha namorada?”, mas simplesmente não quis interrompê-lo.
- Eu quero. – Disse sorrindo, fazendo ele se assustar por eu tê-lo interropido.
- Hum?
- Eu quero, ! Mil vezes quero.
Então ele abriu um sorriso. O sorriso mais lindo que eu já tenha visto. O sorriso mais iluminado, sincero e bonito que eu já vi. E tudo que eu consegui fazer foi amá-lo tão intensamente que nada mais fazia sentido.
17 DE JUNHO DE 2011. 2:34.
Toquei a campainha mais uma vez. E mais uma. Eu outra vez. E mais uma vez. E assim estava sendo há meia hora. não queria abrir a porta. Quando ele viu que era eu, simplesmente ligou os fones de ouvi e fingiu que eu não existia. Não podia culpá-lo, eu faria à mesma coisa. Lá dentro, Palermo latia como se pedisse por mim, para que ele abrisse a porta. Eu estava completamente cansada, com o pé a apertado pela bota que eu usava desde as seis da manha e sem paciência alguma para qualquer outra pessoa que não fosse ele. Mas eu precisava vê-lo, precisava encarar seus olhos. Precisava me desculpar. Me sentia péssima. Aquela era nossa primeira briga e a culpa era toda minha. Inteiramente minha. Toquei mais uma vez. abriu a porta emburrado, com um com os headphones no pescoço e um suéter que ficaria feio em qualquer um, mas que nele caia como uma luva.
- O que você quer? – Ele nunca tinha sido indiferente a mim, e aquilo dói muito. – Diga logo antes que eu esqueça que você é menina e te soque. – Eu podia ver como ele estava irritado. Como ele estava completamente sexy.
- Me desculpe? – Nunca tinha me desculpado com ninguém. Nunca mesmo. Eu sempre achava que estava certa e se algo assim acontecesse com qualquer um, com qualquer outro garoto eu nunca mais iria procurá-lo, mas com tudo era diferente. Absolutamente tudo. Ele simplesmente ficou quieto sem demonstrar emoção. – É serio, ! Que droga. Eu não queria que você ficasse chateado, mas eu não podia negar. Ela é minha chefe. Me desculpa mesmo, juro, eu sei como você ficou louco por causa dos ingresso e como você queria que eu fosse no show, mas ela me prendeu e eu não consegui sair. – De repente do nada, ele abriu um sorriso maliciosos ficando mais e mais perto. Com aqueles olhos a poucos centímetros dos meus.
- Se eu soubesse que arrependida você ficava tão gostosa, eu brigava com você todos os dias. – Ele sussurrou baixinho, me agarrando no corredor.
Seu toque, seu corpo, seu tudo, ele era meu , da melhor forma que eu imaginei. Estávamos, suados, colados, cheirando sexo no carpete da sala.
- Vou começar a brigar com você todos os dias. – Ele riu baixinho, brincando com a ponta dos meus cabelos.
- Para, . – Fiquei emburrada e ele sorriu pra mim.
- É que sexo de reconciliação é muito bom. - Ele sussurrou beijando a ponta do meu nariz. E me olhando nos olhos. Com aqueles olhos.
10 DE JULHO DE 2011. 5:48.
Acordei olhando pela janela. O sol nascia ao fundo do mar em São Francisco e eu sentia falta de . Sentia muita falta de . Tinha passado à semana na casa do meu irmão que estava se mudando pra Califórnia. tinha ficado em Nova York. Algo sobre todo mundo resolvido fazer reservas para as revistas de culinária e se ele se ausentasse do restaurante nada daria certo. Era domingo de manhã e simplesmente era impossível ficar sem ele.
O telefone tocou.
- Bom dia! Você é linda e eu sinto muito a sua falta. – ele disse do outro lado da linha.
- Bom dia! Você é lindo e eu sinto sua falta mais ainda. – Respondi sorrindo.
E ficamos ali, por alguns segundos até que ele desligou o telefone. Parecia idiota aos olhos de qualquer um, mas eu jamais conseguiria levantar de cama sem ouvi-lo dizer isso. Principalmente no domingo. Já sentia falta daqueles olhos, mas pelo menos os “bom-dias”, os telefonemas de madrugada me garantiam.
02 DE AGOSTO DE 2011. 23:57.
- Você deveria se mudar pra cá. – Ele disse assim, como quem não quer nada, colocando um punhado de macarrão na boca.
- HUM? – Me assustei de começo, foi rápido demais, entre um rolinho primavera e um biscoito da sorte.
- É, estou falando serio. – disse como se eu estivesse brincando. – Você não viu o bilhete? Ele diz “mantenha-se perto das pessoas que você ama” – Ama. – E bem, você finalmente conseguiu o emprego que queria. – Ama. – E passa mais tempo aqui, do que no seu apartamento. – Ama. – E assim, você se livra daquela sua colega esquisita do dente aberto, sabe né? Nunca lembro o nome dela... – Ama. – ?
- Você disse que me ama, ? – Estava cansada demais de sofrer e estar tão próxima a alguém, que no fim do verão ainda me causava arrepios, era espetacular demais pra ser real.
- Eu disse. – ele riu como se não fosse serio. – Eu disse que te amo, . O que tem demais?
- Isso não é uma daquelas piadas, né? Aquelas que você faz comigo pra me assustar... – Pateticamente eu palpitava e suava frio nas mãos. Ele só podia estar brincando.
- , é amor, não é eu chorar porque eu coelho da páscoa morreu. – me respondeu sério me fazendo rir logo em seguida. Ele sabia absolutamente tudo sobre mim. – Eu estou falando sério. – desmanchou o sorriso, pegou minhas mãos e me olhou nos olhos. Aqueles olhos. – Eu não estou brincando, isso não é uma piada e se eu disse que te amo, é pra valer. Fim de papo, fim de história. Então traga sua mudança e nós seremos muito felizes. – Ele desfez a cara seria rindo em seguida. Senti meu coração leve. Leve demais pra ser real.
Eu só pude beijá-lo e amá-lo como nunca tinha feito antes.
28 DE AGOSTO DE 2011. 0:47.
- Sua vez! – entreguei a garrafa de tequila em sua mão e ele deu um longo gole. Estávamos envoltos por inúmeras caixas de mudança sem nenhuma vontade de desempacotar o conteúdo de nenhuma delas.
- Quando eu era criança eu matei meu peixinho e enterrei no quintal, para minha mãe não saber que eu tinha o matado de fome. Só que na semana seguinte ela achou, enquanto mexia na horta. Eu chorei muito e pensei que ela fosse me dar uma bronca, mas ela achou que ele tinha morrido e meu pai pra não me ver triste tinha enterrado. Então ela me abraçou e me deu chocolate por duas semanas. Eu nunca disse pra ela que eu matei o peixinho. – Ele riu da travessura antiga, me entregando a garrafa. Minha vez de beber.
- Uma vez, quando eu fazia ballet, eu, minha amiga e a mãe louca dela, enfaixamos meu pé, pra eu não precisar fazer a apresentação, porque eu dançava muito mal. Minha mãe ficou arrasada, ela queria tanto que dançasse, sério. Eu quase tirei a tala só por causa dela. Mas ver a seqüência toda errada foi muito mais engraçado. – Gargalhamos juntos no tapete da sala, eu por lembrar da cena, porque ele estava bêbado. Passei lhe a garrafa de tequila.
- Quando eu era adolescente tinha tesão pelo canal de crochê. – Ele disse sério, e eu gargalhei. Gargalhei alto. – OH! Era legal. Imagina uma loira gostosa falando “coloca a agulha aqui, enfia a linha assim, troca o ponto desse jeito!” – Continuei gargalhando. – Você nunca vai entender.
- Eu já quis foder com o cara do tempo! Sabe o do canal 6? – riu, era um absurdo com pessoas bêbadas conseguem o que querem.
Olhei pros pés dele cobertos por uma meia furada.
- Nós nem começamos a morar junto e você já esta quebrando o encanto. O que aconteceu com as cuecas e a meias boas, heim?
- O mesmo eu aconteceu com seus sutiãs sexys, agora é só bege, bege, bege, bege. – Ele fez bico e eu ri.
- ME DÁ! – agarrei a tequila e bebi mais. – No começo da minha adolescência, eu costumava escrever uma data no meu pulso só pra todo mundo achar que eu era tão normal quanto qualquer outro. Mas um dia a caneta saiu no chuveiro do vestiário e a Megan, a menina mais má do colégio, fez piada de mim até o fim do ensino médio, foi horrível.
- Quando eu era mais novo, eu costumava esconder a data, porque eu tinha medo de amar e sofrer. – ele disse quase lúcido, sério, olhando o teto a partir da outra extremidade no meu corpo. – Mas você nunca quis saber a data de quem você costumava ver?
- Já, várias vezes. No começo era muito mais difícil, eu esperava que milagrosamente e data deles batesse com a de quando nós nos conhecíamos. Eu chegava a rezar noites e noites por isso. Mas eu acabava sozinha e sofrida quando a data deles chegava. Depois, quando eu percebi que isso nunca aconteceria, eu fiquei com tesão, mas tesão mesmo. Porque eu podia não ser o amor da vida deles, mas eu seria a que eles mais lembrariam. Eu sei que parece coisa de vadia, mas existe uma diferença entre amor e paixão. Amor é pra sempre, mas se não alimentado cai na rotina, paixão é passageira, mas você se entrega como se nunca houvesse amanhã. Eu estava ali presa a uma realidade só minha e de mais ninguém. Então eu resolvi que aproveitaria o máximo.
- Comigo é a mesma coisa? – Ele ainda estava serio enquanto cariciava o Palermo que parecia ter um pelo alaranjado por causa da luz.
- Não, com você é completamente diferente – Pude notar um meio sorriso em seu rosto, mas os olhos estavam fechados. – Eu não sei porque, mas no momento em que eu te vi lá no café, tudo pareceu diferente. Quando eu estou com você eu sinto um arrepio, uma coisa única, que eu não sinto com ninguém. Com você não é só paixão, com você é amor de verdade. E dói, dói muito saber que daqui a algum tempo você vai encontrar uma pessoa com uma data e eu vou ficar sozinha de novo. Mas sabe, eu quero que dure, o quanto puder, o quanto der. Porque depois de você, , os outros vão ser apenas outros.
Então eu encontrei seus olhos na escuridão, marejados e transbordando. Sem toque, sem carinho, não naquele momento. Não quando eu vi aqueles olhos chorando por mim.
04 DE OUTUBRO DE 2011.15:18.
Eu o vi entrar pelos corredores da revista com o maior sorriso do mundo, como se naquele exato momento ele tivesse ganhado o mundo.
- VOCE NÃO SABE O QUE EU ACHEI! – gritou, sacudindo um pedaço de papel na mão. Completamente animado.
- O QUE? – gritei no seu mesmo tom, ficando em pé e o olhando animada, enquanto as loiras magrelas da seção de beleza nos olhavam torto.
- UMA MOÇA SEM DATA! – arquei a sobrancelha, enquanto ele pegava a folha. – Senta ai! – o obedeci. – Whitney Volter, de 72 anos, passou sua vida inteira sem saber qual era sua data. “Eu nasci com ela, mas quando era muito criança queimei meu braço e a perdi pra sempre. Como ninguém sabia ao certo qual era, acabei nunca sabendo” diz a senhora. Whitney se casou com Jack, seu companheiro a 40 anos, e juntos tiveram 3 filhos. “No começo eu achava que não tinha ninguém pra mim, mas depois que conheci Jack, nunca mais pensei no número que não tenho, e sim nos números que adquiri. 3 filhos, 42 anos de casamento, 28 de janeiro quando ele me pediu em casamento”. E ai gostou? – parecia tão animado e tão feliz, que eu não sabia como mostrar minha tristeza. Lá estava ele me mostrando que as coisas podiam dar certo, mas lá estava eu querendo que as coisas dessem certo com ele. – Você gostou, né? – concordei em silêncio sentido as lágrimas virem. – AHHH .VOCÊ NÃO GOSTOU! DROGA! – Ele se ajoelhou na minha frente me olhando os olhos. QUE MERDA AQUELES OLHOS. – , vai dar certo, você vai ver. Eu tenho certeza que vai! – Ele me abraçou apertado, daquela forma especial que ninguém mais sabia fazer. E eu me senti sem chão. E pela primeira vez, mesmo tento alguém, eu me sentia sozinha.
28 DE NOVEMBRO DE 2011. 16:48.
- O que acha deste aqui? – A simpática vendedora me mostrou um belo vestido rosa de alças finas. Sorri, talvez encontrando o vestido perfeito.
- É, este eu vou provar. – o coloquei na pilha.
Me sentia um absurdo por comprar roupas de verão enquanto lá fora, a neve caia e deixava Nova York branquinha. Em duas semanas me levaria para passar o feriado na casa dos pais dele na Flórida. Eu estava feliz, mas me sentia preocupada demais. Como se algo desse errado. Desde e dia em que ele me mostrou o artigo da senhora sem data, eu pensava naquilo o dia todo. Aquela história me consumia e me deixa louca. Ele displicente tapou a data no pulso, pra impedir que eu a visse, para me deixar mais tranqüila, o que não estava adiantando muito.
Escolhi mais alguns vestidos e me agarrei a pilha de roupas pra provar. Perto dos provadores havia uma seção de chapeis bacanas e eu acabei me perdendo enquanto via alguns, sempre me dizia que ir a Flórida sem um chapéu não era a mesma coisa. Longe eu avistei um chapéu lindo, bem do jeito que eu sempre quis, que passou para mão de um vendedora linda que seguiu até seu comprador, enquanto eu assistia tudo em silêncio. Ele estava de costas, mas eu reconheceria aquele suéter em qualquer lugar do mundo, lá estava . Que se virou o sorriu pra a moça. O sorriso mais lindo que eu já tenha visto. O sorriso mais iluminado, sincero e bonito que eu já vi. E assim, toda aquela historia fez o sentido necessário, e eu finalmente notei o que tinha acontecido. Eu estava sozinha de novo. Mais uma vez, alguém tinha encontrado sua data. E eu mais uma vez tinha ficado sem amor.
Parte 3
PRIMEIRA SEMANA
Eu só sumi. Eu simplesmente desapareci. Totalmente amedrontada, totalmente sozinha. Eu fugi. não me viu na loja. não me viu em casa. não me viu em lugar algum. Ele não teve a chance de se desculpar. Eu não lhe dei a chance de se explicar. Eu apenas saí e deixei que ele seguisse seu destino. Sua data ainda desconhecida por mim.
Sua apartamento repleto de livros e vinis, ainda dividiam espaço com meu sapatos e cheiros. Eu não tinha conseguido voltar até lá. Quando a coragem me vinha, eu lembrava aqueles olhos. Aqueles mesmo que sorriam abertamente a vendedora naquela tarde.
Setenta e oito. Setenta e oito chamadas não atendidas em três dias. Setenta e oito tentativas de explicação deixadas de lado por meu orgulho ferido e por um sorriso aberto. Setenta e oito chamadas não atendidas. Todas de . Nenhuma aceita, nenhuma retornada. Absolutamente nenhuma.
Só me restava manter o telefone desligado e me aconchegar no sofá de Susan, que me deixava ficar ali o dia todo. Na maior parte do tempo ela não estava em casa, me deixando sozinha. Completamente sozinha. Tão desprotegida sem aqueles olhos, aqueles malditos olhos.
SEGUNDA SEMANA
- Algum dia você vai precisar sair daí! – Susan sussurrou, afofando o edredom que me abraçava no sofá. – Você tá com esse pijama faz quantos dias? – Ela não agüentava mais minha falta de vontade, mas como todo boa amiga ainda me oferecia seu sofá – Serio, , você tem que sair daqui, Tomar um sol, se divertir, Beber uns drinks e achar um gatão pra dormir com você. Vai tirar essa flanela do corpo e lavar seu cabelo. Ele é só mais um cara com uma data. Você já passou por isso antes. – Para Su, tudo era mais fácil, ela tinha uma data afinal, ela tinha alguém a esperando.
- Ele não é igual aos outros, Su. – Virei do outro lado, deixando de encarar seus olhos azuis e grandes que me olhavam a pouco tempo.
Ela estava certa, sempre estava. Eu tinha que sair daqui, eu precisava, mas não conseguia. Pensar em enfrentar o mundo sozinha de novo me assustava. Fazer qualquer coisa sem ouvir o bom dia de me assustava.
Com o tempo a ligações cessariam e o cheiro dele sairia de mim – mesmo que eu não quisesse – mas por enquanto, esquecê-lo era humanamente impossível. Ele era muito de mim pra ser deixado de lado.
Eu vivia como se os dias não existisse e as manhas não precisassem de “bom-dia” seguidos por “você esta linda” ou “eu te amo”. Eu dormia quando o sol nascia e acordava quando a tarde atingia seu auge. Sem manhas, sem bom-dias, sem sexo no tapete da sala nos domingos, sem . Completamente sem .
- ? – Su me cutucou em algum momento do domingo. – Você tá viva? – Assenti sentando. - Eu sei que você não quer atender, mas um cara que diz ser seu pai, quer saber se você está bem. – Ela me entregou o telefone, continuei me aconchegando no sofá. – Alô?
- ? – Aquela voz rouca e falha. Eu a reconheceria até surda.
- ... – Queria desligar, mas era tão absurdo quando esquecê-lo.
era como uma droga. Daquelas que assim, sem mais nem menos você resolve largar. É ruim, é péssimo, é impossível. E quando você acha que a reabilitação está estabilizada, ela é posta a você de novo. E assim, você se vê provando mais uma vez. É difícil, é péssimo, é impossível.
- Você está bem? – Cautela.
- É, estou. – Frieza. - E você?
- Estou. – Indiferença.
- Sua data?
- É, vai bem. Ela chegou a algum tempo.
- Então você encontrou sua garota?
- É, faz algum tempo. Você me deixou por outro?
- Não.
- Então é isso?
- É. É isso?
- É.
- Adeus, .
- Adeus, .
Nenhum sentimento, nenhuma vontade. Apenas frio e indiferença. Aqueles olhos frios e indiferentes. Eu simplesmente não podia imaginar.
TERCEIRA SEMANA
Estava chovendo, chovendo muito. Só chovia. Não acontecia mais nada em Nova York há uma semana a não ser chuva.
Eu tinha deixado o sofá há três dias. Tinha voltado à revista, nas horas vagas e nos domingos de manha ligava o rádio e me aconchegava na poltrona. Era a única coisa que me fazia mais feliz naquele momento. Lembrar dele. As ligações tinham cessado desde domingo, mas o cheiro dele ainda estava em mim. Era humanamente impossível esquecê-lo.
Não tinha absolutamente nada pior do que as manhãs de domingo. Tudo que a semana ocupava na minha cabeça, os domingos de manhã a esvaziavam. Os domingos ainda sem seus “bom-dias”.
A chuva na janela da casa de Susan fazia um barulho engraçado e a musica que tocava no radio era A Lonely September. Minha música preferida de amor.
- , eu sei que você está ouvindo, por favor, olhe na janela. – Um voz conhecia tomou o lugar da dedicatória da música quando ela acabou. Era aquela voz, a voz de .
Assustada levantei da poltrona e pela janela encharcada de Susan, eu vi um molhado e sem camisa. Abri a porta num pulo. Nada mais fazia sentido.
- Ficou louco? – Estava frio e eu observava seu corpo molhado pela chuva. Sem nenhuma cobertura. Totalmente revelado. Com uma data exposta.
- É , eu tô. Redondamente louco! – Ele me olhou nos olhos, aqueles malditos olhos. – Eu não sei o que deu em você, não sei porque você sumiu, não sei porque você ficou indiferente. Mas, porra, eu não posso deixar as coisas assim, não quando você não me explica mais nada.
- Eu tinha que ir embora, . Eu precisava. – Caminhei em sua direção sentindo a chuva fria me atingir.
- Por que, ? Por quê? – Ele gritava se aproximando cada vez mais. Eu só podia olhar seus olhos. Tentava inutilmente fugir deles, mas jamais conseguiria. Nada mais importava, só , ali, na minha frente.
- Porque acabou! Eu sei que acabou, eu sei! Você encontrou o amor da sua vida e pra mim acabou. O que nós tivemos foi à coisa mais real e perfeita que eu já senti, mas quando você olhou pra ela, eu vi, eu senti que estava na hora deu ir. – Eu o olhava nós olhos, tendo certeza que aquela seria a última vez. E eles nunca estiveram mais tristes.
- Não, , não acabou. Nada acabou. – Ele tocou meu corpo sussurrando. – Eu encontrei minha data. – Estávamos próximos demais pra eu evitar olhá-lo. – Você!
virou o braço esquerdo deixando a mostra pela primeira vez, entre as inúmeras tatuagens sua marca. 30 de janeiro de 2011, 9:38. Sua data. Finalmente a minha data.
Seus lábios macios tocaram os meus e o calor de seu corpo me aquecendo naquela chuva fria, eram as únicas coisas que eu sentia. E felicidade. A absurda e inexplicável felicidade do amor. O verdadeiro. Aquele que eu encontrei naqueles olhos.
Mais tarde, senti a respiração quente de se arrepiando quando ele se aconchegava em meu ombro. Estávamos cansados, felizes e jogados no tapete do domingo de manha. De uma forma que nunca estivemos.
- Eu não sei por que você duvidou do que eu sentia, . Você sempre foi a garota mais perfeita e incrível que eu já conheci. E eu te amo. Não tem nenhuma data nesse mundo que vai me fazer duvidar disso. – ele sussurrou enrolando uma mecha do meu cabelo em seus dedos, me olhando com aqueles olhos.
- Nada é tão simples quando você não tem o que todo mundo tem. Você sabia disse. E sabia que com você tudo seria diferente.
- Você me promete uma coisa? – assenti em silêncio o olhando. – Nunca duvide quando eu disser que te amo. Porque é de verdade, . Sempre foi.
Ele me beijou entre sorrisos e mais uma vez eu senti a felicidade pura. Nenhuma felicidade se compararia ao que eu sentia com ele ali, sendo só meu. Olhando apenas pra mim com aqueles olhos.
Parte 4
Primeiro ano. 2012.
- Me promete que não vai doer? – segurei sua mão firme o olhando receosa.
- Vai doer, , vai doer muito. – o encarei indignava vendo o gargalhar. – Mas quando acabar eu vou estar aqui pra fazer você sorrir.
Felicidade pura e um arrepio. Engraçado como depois de um ano eu ainda sentia isso.
Ouvi a maquininha ser ligada e senti uma dor meio absurda enquanto ela tocava minha pele. Mas olhar nos olhos de fazia com que tudo passasse. Ele segurava minha mão e não soltou por nada. Ele nunca mais a soltaria. Ele dizia isso o tempo todo.
O barulho finalmente cessou e eu senti uma ardência no pulso esquerdo.
- Isso arde, sabia? – reclamei para e Jack, o tatuador. Ambos riam. – Eu não tenho culpa se vocês já estão acostumados com a dor. Eu nunca tinha feio isso antes.
- Você tem que manter o plástico durante cinco horas e recolocá-lo antes de dormir, pra não grudar no lençol nos três primeiros dias. Entendeu? – Jack me aconselhou cobrindo com o plástico a minha mais nova marca.
- Eu cuido dela, Jack, relaxa. – disse me pondo de pé da cadeira.
Finalmente olhei meu pulso. Depois de tanto tempo ele finalmente tinha uma marca. Uma de verdade. Eu finalmente tinha uma data. 30 de janeiro de 2011, 9:38. Era tatuada, mas era mais verdadeira do que a da maioria das pessoas que já nasciam com as suas.
- Se eu soubesse que te faria tão feliz, teríamos feio isso há muito tempo. – riu encostado no batente, ao notar minha felicidade extrema em ser uma pessoa datada.
- Você me faz feliz. – O abracei de leve. – Não é nenhuma data que me prove isso. Seu cheiro me faz feliz, seu sorriso me faz feliz. Seu cachorro me faz feliz. Seus olhos me fazem feliz. Seu tapete nos domingos de manhã me traz felicidade. – Sorri, feliz.
- Sabia que você ia falar do tapete. Eu tinha certeza que você só esta comigo por causa do meu corpo. – Gargalhamos juntos enquanto saímos do estúdio.
- Claro! Você não é nada sem seu físico sensual, . Absolutamente nada. – fiz feição de desprezo e ele riu.
- Quem desdenha quer comprar sabia? – me abraçou, enquanto andávamos. O frio estava chegando e as folhas já tinham um tom amarelado. – De qualquer forma, o tapete nos espera, já que é domingo de manha. – rimos cúmplices. Eu o amava tanto que chegava doer. – Vou te contar uma coisa, mas você me promete que não vai rir. – ele parou de súbito e me olhou. – Eu já parei pra pensar várias vezes, de que em um domingo de manhã qualquer, nós estaríamos lá, na maior pegação, e um dos nossos filhos entraria na sala e nos pegaria juntos. – Gargalhei. – Não, , não ri. Eu tô falando sério. Imagina que constrangedor você pegar seus pais fazendo sexo no tapete da sala.
- É, , é bastante constrangedor sim. Mas até o ponto que eu saiba, não estou casada pra ter filhos. – respondi sem pensar e ele me olhou como se quisesse ouvir exatamente as palavras que eu disse.
- Não seja por isso, dona ! – se desvinculou de mim tão rápido que quando eu vi, ele já estava no chão, ajoelhado, me encarando com aqueles olhos. – , casa comigo? – Fiquei zonza me senti extremamente feliz. – Não pensa, . Se você for pensar vai me dar o fora, então só responde que sim e acaba logo com esse tormento. Ai meu Deus, você tá hesitando. Sabia que não ia querer, eu sabia. Porra, eu te amo tanto. , me responde. Você tá me assustando. Não é uma piada, me responde! !
- Eu aceito, ! – respondi sorrindo. – PORRA, EU ACEITO! – gritei recebendo um olhar torto de uma velinhas e sorrisos sinceros de um grupo de adolescentes. – Eu quero e vou casar com você!
Ele deu um grito absurdo e me abraçou forte. Como nunca tinha feito.
- Você me faz o homem mais feliz desse mundo, dona ! Você não tem idéia do quanto! – disse tocando minhas bochechas com as mãos e me fazendo olhá-lo nos olhos. Aqueles olhos que ainda me causavam um arrepio.
Nós beijamos como nunca e nós simplesmente não parávamos de sorrir.
- E é só nós levarmos o tapete para o quarto quando tivermos filhos. – Sussurrei em seu ouvido o fazendo sorrir malicioso pra mim.
Continuamos caminhando rumo ao apartamento. Apenas abraçados e sorrindo. Não era necessária uma palavra. Era preciso apenas aqueles olhos que me amavam tão intensamente. Eu tinha tudo. Eu tinha um homem maravilhoso que me amava que queria casar comigo. Que me dava beijos e bom-dia todas às manhãs como se nunca o tivesse feito. Que me tocava todas as vezes de uma forma apaixonada e maravilhada. Que era lindo, em absolutamente todos os sentidos. Que tinha realizado os meus maiores sonhos. Que tinha me dado amor, que tinha me dado uma data. E essa data que parecia tão importante, perdia toda sua significância ao lado dele. Eu finalmente a tinha. Mas mais importante que ela, eu tinha . A minha data real. O amor da minha vida.
Fim.
Nota da autora: OI GENTE! Bem, essa é a minha primeira fic publicada, e se vocês gostaram tem muito mais de onde veio! PÇODKPSDOAKDSOK
A idéia surgiu quando eu tava discutindo com a fofa da Bianca (que tem uma fic aqui, vai lá ler) sobre o Bobby, o homem mais perfeito do mundo!ÇL,ÇLSAL´~PLASD
Então pensei, e se nós soubéssemos o dia em que o amor da nossa vida fosse mostrado a nós? Não ia ser tudo muito mais fácil? A Bibis não gostou da idéia, então tive que escrever uma fic pra persuadi-la!
Quero agradecer as minhas amigas chatas que tentam me conversar a dois anos a postar alguma, e finalmente conseguiram. A minha Beta que eu sei que teve MUITO trabalho, você é uma fofa mesmo. Ao Bobby Hicks por ser tão lindo que me deu vontade de escrever. E a vocês que leram até o fim. Muito obrigada mesmo :D
Espero que tenham gostado, e se o fizeram deixa um comentário que alegrar meu dia.
P.S. se você quiser saber quem é o Bobby (http://thisfellow.com/)
Gente, eu simplesmente adorei a idéia dessa fic, sério. Quero roubar sua idéia, posso? HAHA
Qualquer erro nessa atualização são apenas meus, portanto para avisos e reclamações somente no e-mail.
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