- , você deve ser nossa fã número um.
- AHHHHHHHH, seus lindos!
- Podemos adotar você como mascote da banda?
- Já deveriam ter feito isso faz tempo, óbvio que sim!
- Então hoje declaramos você oficialmente como a mascote do One Direction.
- OBRIGADAAA!!!
Comecei a rir no banheiro, estava tendo a noite da vida dela, e com os meninos a mimando tanto não poderia ser melhor. Realmente, eles sabiam como tratar as fãs e estava sendo tratada como uma princesa. Ouvi mais risadinhas e uns estalos de beijos, ela deveria estar beijando a banda toda. Peguei a toalha e sequei minha nuca, pescoço e rosto, me olhei no espelho e dei de cara com uma menina semi-zumbi e com olheiras absurdas, as bochechas do meu rosto estavam meio vermelhas, mas era por culpa da febre. De repente o mal estar em meu estômago voltou e eu senti que o ‘nada’ que eu tinha comido queria sair, quase chorei de desespero. Tranquei a porta do banheiro correndo, liguei o chuveiro e me abaixei de novo na privada, e aquela gosma sem cor e sem cheiro saiu da minha boca. Meu estômago ardeu e eu coloquei a mão na boca abafando um grito, que porra! O cheiro de comida tinha me deixado enjoada de novo, e talvez a melação na tivesse ajudado um pouco. Eu não estava com ciúme, mas tem outra menina nesse apartamento! Outra menina que não curte One Direction... Tá, entendi o recado. E de novo outra gosma saiu da minha boca, e dessa vez eu gritei um pouco mais alto, parecia que meu estômago estava sendo rachado ao meio e lágrimas saíram dos meus olhos. EU NUNCA MAIS COMO SALMÃO NA VIDA!
- ?
Merda, mil vezes merda!
- , tá me ouvindo?
- Que foi, ?
- Tá tudo bem? – Ela perguntou um pouco preocupada.
- Tô ótima – falei forçando a voz que saiu um pouco rouca. – Me dá um tempinho aqui.
- Nem pensar, ! – E essa era a voz de . – Abre a porta.
- NÃO! – Dei descarga, passei uma água na boca, delsiguei o chuveiro e abri só um pouquinho da porta, vi seis cabeças do lado de fora, todos com cara de preocupados.
- , deixa eu entrar? – pediu passando na frente de e colocando o pé pra dentro do banheiro.
- , sai daqui – respondi, eu tava vendo um embaçado. – Sério, não é um bom momento.
- Desculpa, – falou mais atrás. – Ficamos empolgados conversando e não prestamos atenção em você.
- Desculpaaaaaaaaaaaa – quase berrou mais atrás e todos riram. – Que você tem?
- Estômago fraco – falei dando de ombros e ainda mantendo a porta do banheiro meio fechada com o pé de ali. – , eu vou machucar seu pé.
- Você nem tá com força pra se manter de pé, – ele falou meio irritante. – Sai daí.
- A tá fazendo uma meleca de sal e açúcar, que é isso? – perguntou olhando na direção da cozinha. – Credo.
- É SORO CASEIRO – ouvi berrar, nem vi ela sair dali da multidão. – É ALGO QUE A MÃE DA GI ENSINOU.
- Soro caseiro? – me olhou meio ressabiado.
- Remédinho brasileiro – eu falei. – Tira o pé, porra!
- Vai sair?
- Vou – bufei.
tirou o pé e eu fechei a porta rápido só pra dar tempo de dar uma escovada nos dentes, os meninos ficaram berrando pra eu abrir e minutinhos depois eu abri a porta. veio até mim e me deu um abraço apertado que eu não estava esperando, me deu um beijo no rosto e passou as mãos carinhosamente em meus cabelos.
- Oi, faltava só eu te dar um abraço – ele disse todo fofo e eu comecei a rir. – Sou o .
- Eu sei – acabei sorrindo. – Obrigada pelo abraço, eu acho.
- De nada – ele me soltou. – E agora, o que tá acontecendo com você?
- Ai gente – eu tava sem graça, não gosto de ser o centro das atenções, eu deixo isso pra , e agora os cinco estavam me olhando de forma curiosa. – Eu tô com o estômago fraco hoje, por isso não fui ao show, aí vocês trouxeram comida e eu fiquei enjoada de novo...
- ESCONDE A COMIDA! – disse e no segundo seguinte ele e estavam fechando todos os potes onde a comida estava e escondendo na cozinha.
- Não quis dizer pra vocês esconderem a comida...
- Eles são doidos – falou, eu memorizei mesmo todos os nomes deles, score pra mim! – Olha aí a .
- Oi – ela sorria meio sem graça. – Espero que tenha ficado igual ao soro que você tomou mais cedo, eu segui as instruções que você anotou da sua mãe – ela me entregou um copo com o soro, pelo menos a cor era a mesma. – Desculpa, .
- Desculpa pelo quê? – Eu tentei sorrir tomando um gole do soro, realmente estava igual ao meu. – A é doida por vocês e vocês deram atenção pra ela! Que fofos.
- Eles podiam dar atenção pra e eu dar atenção pra você – disse ao meu lado com um cara meio de culpa.
- A gosta do ONE DIRECTION – apontei para todos os meninos, inclusive e , que estavam na cozinha. – E não apenas parte dele! Se você não desse atenção pra minha amiga ia ficar muito chato.
- E por que você não participou da conversa? – me perguntou.
- Porque eu... – mordi os lábios, ai caralho. – Eu não conheço tão bem a banda como a conhece, ia ficar um pouco perdida.
- Ah, que besteira – falou e os meninos riram. – Como que você espera conhecer a banda se não passar um tempo COM a banda?
- Exatamente – voltou e abraçava por trás. – O que você quer saber sobre nós, ?
- Gente, sério... – eu ri nervosa e bebi outro gole do soro. – Não se preocupem comigo, eu realmente estou de boa.
- Mas nós não – disse ao meu lado. – Pelo menos eu não estou.
- Nenhuma garota é ignorada pelo One Direction – disse. – Não interessa se ela sabe tudo sobre nós ou não.
- Somos garotos normais – deu de ombros. – A diferença é que a nossa vida tá meio exposta.
- E a diferença é que você não fica 24h lendo tudo sobre nós, o que na verdade é bem legal – complementou. – Não que você não seja legal, .
- Eu entendi – ela sorriu.
- Promete que da próxima vez vai participar da conversa e se não entender alguma coisa vai perguntar? – ficou de frente pra mim e me fez essa pergunta como se fosse a coisa mais importante do mundo pra ele.
- E vai ter próxima vez? – Perguntei.
- Por que não teria? – disse. – Nós adoramos vocês, eu adorei.
- A agora é a fã número um do 1D, e você é amiga da nossa fã número um... Realmente vamos nos ver VÁRIAS vezes – disse empolgado. – Não temos mais muitas amigas, então é legal.
- Obrigada – agradeci e recebi um beijo no rosto de , não sabia mais se tava tonta pelo beijo ou pela falta de comida no estômago.
- , por que seu rosto tá tão quente? – me perguntou passando a mão na minha bochecha e depois colocando a mão na minha testa. – Caraca, você tá com febre.
- É normal – dei de ombros. – Geralmente quando eu passo mal do estômago me dá febre também, mas com o soro eu já melhoro.
- Quer que eu compre alguma coisa, ? – me perguntou. – Tem uma farmácia aqui perto.
- Não precisa, eu tô bem, digo, vou ficar bem – respondi tentando colocar um ânimo em minha voz, não queria todo mundo me bajulando.
- O que vocês acham de deixar a e a descansando? – perguntou abraçando de lado, eu vi claramente ela prender a respiração.
- Acho uma boa idéia – disse. – Quando nos vemos de novo?
- A tem o telefone do , é só eles se ligarem – falou rindo meio sacana e os meninos deram um olhares maliciosos para mim e para , acho que nós dois ficamos sem jeito.
- Vai que ela tá perdida em Londres, ela precisa de ajuda... – começou a dizer, mas a zoação dos outros acabou cortando sua frase pela metade e ele desistiu.
- Tá bom – disse. – Meninas, vamos estar ocupados a semana toda, mas só mandar um tweet ou algo assim e vamos nos falando.
- Vocês tem dois milhões de seguidores, como vão nos achar? – Perguntei.
- Qual o Twitter de vocês? – perguntou, já tirando o BlackBerry do bolso. disse o dela e eu disse o meu. – Estou mandando DM para as duas, vamos nos comunicar assim. É mais fácil.
- Fechado – respondi.
- Vamos? Amanhã tem mais um show, mais ensaios... – dizia enquanto dava um beijo em e depois um beijo em mim. – Sério, , você tá com a febre alta.
- Eu vou cuidar dela – veio até mim e me deu um abraço, os meninos fizeram uma cara fofa enquanto nos encaravam. – Eu sei cuidar das pessoas.
- Espero que sim – falou sorrindo pra nós duas, eu acabei sorrindo de volta. – Me liga amanhã?
- Claro, que horas você vai estar livre? – Perguntei.
- Me liga qualquer hora, se eu não atender eu te retorno – respondeu, estava dando a impressão que nos conhecíamos desde sempre.
- Vocês dois são tão fofos – falou abraçando por trás e nós rimos. – , quer ser minha melhor amiga fofa?
- Eu quero ser mais que sua melhor amiga fofa – ela respondeu com um olhar cheio de segundas intenções e nós caímos na gargalhada.
- Sério, como você consegue? – Perguntei olhando pra ela totalmente abismada e ela fez cara de desdém. – , cuidado com o que você pergunta pra ela.
- Tô ligado – ele piscou pra mim e eu sorri.
- Paul ligaaaaaaaaaaaaaando – mostrou o celular. – Precisamos ir, meus amores.
- Vamos sair pela porta ou pela janela? – olhou pra porta e pra janela e nós rimos.
- Acho que não tem problema vocês saírem pela porta, a essa hora nem tem muita gente acordada mesmo – respondi. – Mas, vocês podem jogar um lençol por cima e irem iguais cinco fantasmas.
- Gostei da ideia – respondeu. – Vocês tem pelo menos uns três lençóis?
- Temos – disse de prontidão. – Podemos ir com vocês?
- Aham... – disse pegando o lençol e jogando por cima de si mesmo e de .
, e foram embaixo do mesmo lençol de casal, e sobrou pra e eu dividirmos o outro. Ele jogou por cima de mim e me abraçou pelo ombro enquanto eu abria a porta, estávamos tão perto um do outro, mas a zoação dos outros meninos era tão grande que nem dava pra rolar um clima. E eu não queria que rolasse um clima, ele é amigo! AMIGO!
Chegamos no andar debaixo e abriu a porta. Paul já esperava com a van aberta e nós todos corremos juntos para o veículo. Primeiro os três (, e ) saíram do lençol e pularam para a van, eu e estávamos um pouco mais atrás esperando os meninos se acomodarem.
- Você tá muito quente, e isso não está sendo um elogio – falou encostando o rosto no meu e medindo minha temperatura, já que as mãos estavam ocupadas segurando o lençol. – Promete que vai voltar, entrar debaixo das cobertas e se cuidar? Se não der pra me ligar amanhã, não tem problema.
- – eu falei rindo. – Você tá parecendo minha mãe falando!
- Desculpa – ele olhou pro chão. – Eu, eu gostei de você, , e eu não confio muito na pra cuidar de você.
- Sei me cuidar sozinha – eu ri. – Vamos, Paul só está esperando você.
- Ok...
Corremos até a van, antes de pular pra dentro dela me deu mais um beijo no rosto e pulou caindo no colo de . Eu e ficamos do lado de fora enroladas no lençol enquanto Paul fechava a van e dizia pros meninos ficarem quietos e não chamarem mais a atenção, era uma situação hilária.
- E aí, ? – Paul falou comigo, ao meu lado quase caiu dura.
- Oi, Paul – respondi sorrindo. – Cuida bem deles, tá?
- Pode deixar – ele sorriu. – Precisamos ir, meninas, até mais.
- Até – eu falei, já que não dizia nada.
Subimos as escadas com me falando o quanto eu era sortuda, que além de TUDO o segurança dos meninos me conhecia, que ficou me olhando de forma fofa a noite toda – coisa que eu sei que era mentira –, o quanto ela me ama agora, já que por uma brincadeira do destino eu acabei me esbarrando com e consequentemente acabamos conhecendo o One Direction por completo, como eu tenho que parar de ser trouxa e dar em cima do porque ela vai dar em cima do – na verdade ela já deu, e foi bem descarada – e mais um monte de coisas que eu não consegui acompanhar.
Naquela noite decidi ir para o meu dormitório, ele estava meio vazio, já que eu estava levando tudo para o dormitório da . Porém eu realmente queria ficar sozinha, nem tava com tanta febre assim e meu enjôo tinha melhorado. Quando deitei na cama e ameacei fechar os olhos, vi a luz do meu celular começar a piscar e eu tinha quase certeza de que era falando pra eu ir pra lá ou comentando mais alguma coisa dessa noite; parte de mim não queria ler, mas eu sou curiosa demais. Peguei o celular meio desastrada e só cliquei em ‘ler mensagem’.
‘You’ve got that one thing – X’
Sorri igual uma besta quando aquelas letrinhas miúdas e brilhantes apareceram pra mim no visor do celular. Tudo bem que era o trecho de uma música deles, mas receber essa mensagem me deixou tão feliz que acho que minha febre até foi embora. Todos os meninos eram lindos, eram fofos e eram simpáticos, mas pra mim tinha algo especial, algo que eu não sabia exatamente o que era. O sorriso, o jeito que ele mexia no cabelo, o olhar, a bunda – ah tá, eu olhei, pô – e o fato de ser famoso. O sorriso murchou, ele era famoso, ele seria aquela coisa de uma noite e pronto. Ou eu levo de boa nossa relação como amigo ou eu vou me machucar, nunca vou conseguir algo sério com ele, não é esse tipo de garoto. Eu não sou o tipo de garota dele, e não é o garoto das músicas que ele canta. Volta para o mundo real, .
Capítulo 05
Yeah, as I stumble into the night
We're touching
But I feel like you're still out of reach
The people here are buzzing like a bug on a light
I'm feeling like I always see them,
But they can't see me
Kelly Clarkson a todo vapor tocava nos carros em frente à nossa escola. Primeira semana de aula e eu nunca estive tão feliz como estou hoje. Apesar de estar frio, o sol brilhava em Londres e eu só conseguia pensar em SUN IS IN THE SKY AND IT’S GONNA BE A GLORIOUS DAAAAAAAAAAAAAY, trecho de Everybody Knows do McFly. já tinha feito umas amizades e eu ainda estava sentada em um murinho perto da porta da escola. Eu adorava Kelly Clarkson, então pra mim estava sendo ótima a trilha sonora de fundo. Os meninos do 1D mantiveram contato conosco durante os dias que se passaram, ocasionalmente me mandava mensagens e duas vezes me ligou pra saber se eu estava melhor. Vi hoje pela manhã eles em um programa e foi muito surreal, as meninas quase se jogavam na frente do carro onde eles estavam só pra receber um ‘oi’; mandei uma mensagem pra ele quando vi isso, e o imbecil estava com o celular no bolso DURANTE a entrevista. Os dois entrevistadores incentivaram a pegar o celular e ler a mensagem, eu mandei algo do tipo ‘vocês tem fãs absurdamente loucas, sorte minha que não gosto de One Direction X’ . e riram quando leram, foi passando o celular para os outros meninos e eles riram também, quando ele foi perguntado de quem era a mensagem ele respondeu algo como ‘alguém especial’; eu era especial? As perguntas sobre namoro, quem era essa pessoa e coisas do tipo começaram a pipocar, e sempre na defensiva. Entrei no Twitter da – já que ela seguia praticamente o fandom INTEIRO dos meninos – e logo vi xingamentos e surtos das fãs, só de imaginar se estava namorando. Me senti mal, me senti péssima... Se alguma fã suspeitasse desse relacionamento secreto que eu e tínhamos com eles, seria o fim da minha vida. Eu tenho medo dessas fãs, eu SOU uma dessas fãs, ou era. Eu fiquei louca quando o Tom disse que ia casar, fiquei mais louca com a Frankie e quis tacar uma bomba na cara da Georgia de tão insuportável que eu a achava. A única que eu sempre amei foi a Izzy, ela é perfeita; pois bem, eu sei como funciona o coração de uma fã e sei que essas meninas loucas por 1D não vão pensar duas vezes antes de começar a ameaçar eu ou a de morte caso elas descubram alguma coisa. Tentei não pensar mais nisso enquanto fazia meu caminho pra escola, por isso estava sentadinha no murinho ouvindo Kelly Clarkson e vendo balançar os cabelos de um lado pro outro enquanto conversa com dois meninos, eu queria ter os cabelos da .
Sentimental feelings
Never get me anywhere
My heart continues beating
Is there anybody, anybody?
Hello
Hello, is anybody listening?
Let go as everyone lets go of me
Won't somebody show me that I'm not alone, not alone
- Hello?
Um garoto com a pele branca como a neve, bochechas coradas, olhos azuis piscina e cabelos acobreados em um tom que misturava loiro, caramelo e cobre estava parado na minha frente com um sorriso ridiculamente perfeito no rosto. Seu porte físico parecia de um jogador de rugby – estilo baterista gostoso do McFly – e sua roupa parecia aquela amassada no fundo do guarda roupa. Calça jeans surrada, tênis mais ou menos velho nos pés, camiseta branca e uma camisa xadrez azul jogada por cima. Ele tinha um ‘quê’ Zac Efron, mas com todo aquele ar britânico de lord... Não consigo nem colocar em palavras, ele era lindo demais. Será que é famoso também e eu vou dar outra bola fora?
- Oi? – Perguntei meio confusa e ele ainda sorria.
- Você estuda aqui? – Sua voz era doce, grossa, suave, meu Deus!
- Comecei hoje, e você? – Sempre tentando manter o tom casual.
- Também – ele sorriu. – Desculpa te incomodar, mas vi que você tá meio perdida e sozinha assim como eu – ele riu meio sem jeito e uma covinha linda e discreta apareceu do lado esquerdo do seu rosto. – Sou Sam.
- Prazer, Sam – estendi minha mão. – Sou .
- Prazer é meu – ele sorriu e eu também. – Posso me sentar aqui enquanto a aula não começa?
- Claro – tirei minha mochila do meu lado dando espaço pro garoto bonitão se sentar, por dentro eu tava berrando. – Faz curso de quê?
- Fotografia, e você? – Ai caralho!
- Também – respondi um pouco animada, mas não tanto quanto eu realmente estava, eu podia assustar o menino.
- Legal, já conheço uma pessoa da minha sala – ele riu. – Você é de onde?
- Brasil – falei sem graça. – E você pelo visto não é do Reino Unido.
- Austrália – ele falou sorridente. – Mas não gosto muito de lá.
- Como não gostar da Austrália? – Perguntei meio abismada. – O país é lindo!
- Já foi alguma vez pra lá?
- Não – falei sem graça e ele gargalhou. – Mas pelas fotos e filmes eu vejo que é maravilhoso.
- Nem tanto, a mídia abusa um pouco na propaganda enganosa. Por exemplo, Brasil é só carnaval e favelas?
- Claro que não.
- Então, Austrália não se resume a apenas praia e cangurus – ele disse sorrindo e eu acabei rindo junto. – Nem se resume a ‘Procurando Nemo’.
- Eu ia chegar lá...
Ficamos jogando conversa fora uns cinco minutos. Sam era muito fofo e altamente tímido; mal me olhava nos olhos e o tempo todo coçava a nuca e olhava pros próprios pés como se tivesse medo de fazer contato visual. Não que eu me incomodasse, eu era bem tímida também e, como já disse outras vezes, não gosto e não sei ficar perto de pessoas bonitas demais, e esse garoto era LINDO! Enquanto conversávamos dei uma olhada na , que encarava a mim e a Sam como uma bocona aberta em ‘O’ e ao mesmo tempo sorria. É, eu tava me dando bem no primeiro dia e nem sei como isso aconteceu. Quando ia me levantar pra aula – já que o sinal bateu e Kelly Clarkson parou de tocar – senti meu bolso de trás vibrar e presumi que era uma mensagem chegando. Me dava arrepios imaginar de quem era essa mensagem.
‘A aula já começou? X’
Sorri sem ao menos perceber quando li a mensagem. A entrevista no programa matinal devia ter acabado e eu já imaginei os meninos no camarim não fazendo nada, sentado em um canto com o celular na mão digitando a mensagem pra mim. Alguns segundos da vida dele ele desperdiçou pensando em mim, achei tudo muito encantador.
‘Estou indo pra aula agora – X’
Respondi rápido, já que uma das diretoras estava na porta chamando os alunos. Sam foi indo na frente enquanto me esperava do lado de dentro. Corri um pouco pra não ficar atrasada e coloquei o celular no bolso da mochila, caso ele me respondesse eu iria ver mais tarde.
A temperatura de cor é uma caracteristica da luz visível, usada em muitos casos, incluindo a fotografia. Para medir esta temperatura é usada uma escala, cuja unidade de medida são os graus Kelvin, que mede a intensidade da luz refletida por um corpo preto em incandescência.
- ?
Olhei pra cima e vi aquela fada em forma de pessoa, Olivia! Ela sorria e estava com uma caderneta na mão e uma caneta preta na outra.
- Oi – falei sorrindo.
- Assine aqui, por favor, é só pra comprovar que você estava na minha aula – ela colocou a caderneta em minha mesa e eu assinei quase com uma caligrafia trêmula, ela era minha ÍDOLA!
- Vai ficar chato se eu falar que te amo e você é minha profissional favorita? – Falei totalmente fangirling over her!
- Obrigada, flor – ela disse toda meiga e delicada e mantendo o sorriso no rosto, estava correndo o risco de ficar apaixonada por ela.
Voltei minha atenção para o livro que estávamos lendo. Aprendíamos como tirar fotos com iluminação diferente, temperatura e etc. Iríamos ter aulas práticas pelo menos uma vez por semana, sem falar que na próxima segunda seria o photoshoot da Sugar Scape e eu estava tendo calafrios só de imaginar. Para não ficarmos com cara de bocós, teríamos umas aulas práticas a mais essa semana com algumas modelos, pelo menos para aprender como devemos nos comportar em um estúdio fotográfico, saber qual é o melhor tipo de iluminação... Essas coisas. Tô torcendo pra um dia fotografar com o Leishaman – o fotógrafo do McFly –, e, quem sabe fotografar o Dougie com as roupas da grife Saint Kidd; eu sonho alto demais.
- ? – , que estava sentada atrás de mim, me cutucou com uma régua.
- Fala.
- Quem era o bonitinho que você estava conversando de manhã?
- Ai, sério, ?
- Qual é? Você não me disse absolutamente nada e eu to hiper blaster curiosa.
- Muda o palavriado para palavras mais simples – eu disse rindo e ela bufou.
- Não muda o curso da conversa, quem é ele?
- O nome dele é Sam, ele é da Austrália e só foi um carinha bonitinho que se sentou ao meu lado lá fora. Só isso – falei tentando me concentrar de novo no meu livro.
- Ele é solteiro?
- , eu não sei – falei baixo.
- Você vai pegar ele?
- ! – Falei um pouco alto e a linda Olivia olhou pra mim, que mico.
- , está tudo bem por aí?
- Está sim, professora, eu só... estava tentando chamar a atenção da minha amiga – ai que vergonha.
- Okay, volte para o livro, por favor – Olivia disse meiga e eu senti minhas bochechas pegarem fogo.
- Vai virar queridinha da professora agora? – me provocou.
- Eu a amo, cala a boca – falei rindo e dessa vez, fiquei quietinha lendo o livro.
Tivemos duas horas de aula com Olivia, eu realmente aprendi muita coisa. Não tenho experiência e acabei de descobrir que preciso de uma câmera nova. Por dia tínhamos quatro horas de aula e um intervalo de meia hora a cada duas horas. Falei com Olivia depois do término da aula e tirei algumas pequenas dúvidas, na verdade eu estava na grande parte do tempo inventando perguntas. O jeito que ela falava de fotografia era impressionante, e eu quase cheguei a perguntar como foi trabalhar com Mcfly e como que ela conseguiu tirar as fotos do Motion in the Ocean, mas preferi me calar. Danny era um tema muito delicado – ainda mais depois de uma entrevista que ele deu em 2009, se não me engano ele admitiu que a traiu, besta – e eu acho que a amo demais pra falar disso. Perguntei mais ou menos como seria o photoshoot de semana que vem e, com um sorriso enorme, Olivia me respondeu que seria uma experiência única. É, realmente seria.
Saí para o nosso refeitório e encontrei sentada sozinha com o laptop aberto no colo. Ela tinha uma leve cara de preocupação e eu não gostei do que vi. Enquanto caminhava dei ‘oi’ pro Sam, que conversava com um grupo de meninos – ele estava fazendo amizade, bom pra ele –, e fui na direção da minha amiga. Sentei-me ao seu lado e, sem falar absolutamente nada, ela só me virou a tela do notebook. Ali estava a página dela no Twitter e do Tumblr, e eu nunca li tantas palavras absurdas na minha vida de uma vez só. Asks no Tumblr perguntando ‘quem era a garota especial de ’, no Twitter já com mil suposições de quem poderia ser a garota, algumas meninas afirmando que ELAS eram a garota – com fotos e montagens delas com o – e tanta coisa que me deu dor de cabeça e um embrulho no estômago.
- E ele só falou que é alguém especial – disse com uma certa dor na voz. – Esse fandom é muito obcecado, tenho medo e ao mesmo tempo dó dos meninos.
- já ficou com fãs, certo? – Perguntei dando uma mordida em uma maçã que peguei no caminho; afirmou com a cabeça. – As fãs deviam ficar acostumadas quando ele tem alguém especial, qual o problema?
- O problema é que One Direction tá sendo maior que Justin Bieber e que as fãs acham que os meninos são propriedades delas – falou com um certo pesar na voz, ela não gostava disso. – Não acontece isso com McFly não?
- Bom – mordi de novo a maçã e engoli o pedaço. – Acho que já aconteceu. Sempre tem uma fã ou outra que não gosta da Giovanna ou, no meu caso, da Georgia. Mas Mcfly é família, sabe? As fãs geralmente apóiam os meninos em praticamente tudo, rola aquele sentimento de ciúme, mas o amor é maior – falei sentindo um orgulho queimar em mim.
- Mas não teve um rolo com alguém das The Saturdays?
- A Frankie é vaca – eu ri e também. – As fãs caíram em cima dela porque ela arrasou o Dougie. Ele ficou mal, foi pra rehab, mas deu a volta por cima porque ele é foda demais. Mas ela não conta, ela foi uma garota que todas as fãs odiaram, mas ninguém ficou mandando ameaça de morte pra ela por Twitter, só mandaram ela tomar no cu algumas vezes – eu gargalhei meio baixinho, eu fiz isso.
- Entendi – disse. – Espero que nunca fotografem você com o , amiga, se não a coisa vai feder pro seu lado.
- Como assim? – Perguntei totalmente na dúvida.
- Olha isso.
virou novamente o laptop pra mim e eu vi uma ask no Tumblr que fez eu me sentir gelada e quase morta ao mesmo tempo.
Ask: Se o estiver namorando eu vou matar essa garota!
Resposta: Eu acho que devemos apoiar os meninos, mas o tem um péssimo gosto pra garota e essa daí deve ser mais uma biscatinha. POR FAVOR, SE ALGUÉM VER O COM UMA MENINA, TIREM FOTOS!
- Entendeu agora o motivo pelo qual você não pode ser vista com o ou com qualquer outro do One Direction? – me olhou séria.
- Amiga, isso não vai acontecer. Digo, eles estão mega ocupados e acho que se nos vermos vai ser muito rápido, eles não tem tempo pra nada e...
E nesse momento meu celular vibrou, e não era mensagem.
- Aham, tô vendo, – falou fechando o laptop. – Só fica segura, ok? Eu tô falando sério. Cyberbulling é foda e o pior é quando passam isso pra vida real.
- Tudo bem, – falei me afastando dela e indo atender a ligação. Preciso falar que era ? – E aí?
- Ocupada?
- Nem um pouco – respondi me sentando um pouco distante de todos. – Tudo bem?
- Aham... PARA QUIETO, CACETE! – Ele disse alto no telefone e eu acho que quem estava perto de mim pode ter escutado. – Desculpa, me diz que você tirou o telefone da orelha quando eu gritei.
- Não, não tirei – respondi rindo e passando o celular da orelha esquerda pra direita. – O que está acontecendo?
- está berrando aqui do meu lado e fica tentando tirar o celular da minha mão pra falar com você.
- Deixa eu falar com ele, oras – respondi rindo.
- Mas quem tá falando com você SOU EU – ele berrou de novo. – QUE PORRA, DEPOIS TE DOU O NÚMERO DELA, TÁ FELIZ?
- Tô sim – ouvi a voz de ao fundo e gargalhei.
- , quer me ligar outra hora?
- Não, depois não vou conseguir cinco minutos livres – ele disse. – Liguei pra saber como você está, e... tá tudo bem mesmo?
- Pra que essa preocupação toda? – Perguntei e dois segundos depois a ficha caiu levemente. – Ah meu Deus, você viu o Twitter?
- Exato, pensei que você nunca fosse entender – ele riu sem humor do outro lado da linha. – Alguém te falou alguma coisa ou fez alguma coisa?
- Como que alguém vai fazer alguma coisa sendo que nem me conhece?
- Não sei, as nossa fãs são meio bizarras.
- Isso eu percebi, , elas deixaram bem claro que vão me matar caso me vejam com você, e elas nem sabem quem eu sou – bufei. – Olha, eu tô bem, ninguém nunca viu minha cara e eu espero que continue assim.
- Quer dizer o que com isso? – A voz dele estava meio séria.
- Não quero dizer nada, mas se vamos nos ver de novo eu acho melhor que seja bem escondido e de noite, sem luz solar. Na boa, eu temo pela minha segurança.
- Entendo, – ele suspirou e meu coração apertou. – Olha, se você achar melhor se afastar eu vou entender, eu só queria que... Eu gosto de ser seu amigo.
- Eu não vou me afastar – falei meio sorrindo. – Se eu fizer isso a me mata, agora que tenho a chance de ir em shows de graça? Tá doido?
- Obrigado por abusar da minha boa vontade – sua voz tinha um tom um pouco mais animado.
- , eu só não quero que as pessoas me associem ao One Direction – falei o nome da banda baixinho, vai que alguém ouve? – Nem que me rotulem ou que alguma fã de 12 anos me jogue um ovo na cabeça porque eu sou amiga do ‘bebê’ dela – ele riu quando eu disse isso. – Vocês são adoráveis e é lógico que eu quero continuar amiga de vocês, mas se não der pra te ver durante o mês todo porque você estão ocupados, ou porque vocês estão sem tempo ou porque é arriscado demais, não tem problema. Vamos nos falando por mensagens, telefonemas e DM’s.
- Sério – ele suspirou do outro lado da linha. – Você é incrível.
Fiquei muda. Tá, fiquei mesmo! Não estava esperando por isso e a voz de me dá MUITO arrepio, é aquela voz gostosa e ao mesmo tempo misturado com esse sotaque forte, puta que pariu. E aí ele solta essa que eu sou incrível com o timbre de voz de um garoto que nem tem 21 anos. É pedir pra em matar.
- Tá aí ainda? – Ele perguntou rindo.
- Aham – respondi. – Tipo, por que eu sou incrível?
- Com tudo isso o que tá acontecendo você fica tão calma e, porra, , não quero me gabar nem nada, mas sendo nossa amiga você ia conseguir tanta coisa e você nem pensa nisso! É incrível.
- Obrigada – eu ri. – Já disse, odeio groupies.
- Eu sei disso – ele tinha uma certa ansiedade na voz. – Você é o tipo de garota que eu queria ao meu lado.
- Mas você me tem, sou sua amiga, não sou?
- Não ... Você... Deixa pra lá – ele riu sem humor.
- ?
- Eu preciso ir, vamos dar uma entrevista na Rádio Capital, tem como você ouvir?
- Infelizmente não, tenho que voltar pra aula... – vi Sam ao longe me chamando, a maioria dos alunos já tinham entrado. – Espera um pouco, .
- Okay...?
- SAM! – Eu o chamei. – Guarda um lugar pra mim no fundo, por favor?
- Já guardei, , eu e sua amiga doida lá pegamos o seu material – ele sorriu e eu comeei a gargalhar, já tinha falado com ele.
- Obrigada, to indo já...
- Belê.
- , tá aí ainda?
- Tô – ele tava sério. – Quem é Sam?
- Ah, um amigo novo – falei já andando. – Conheci ele hoje, todo tímido, tadinho. Acho que ele devia estar mais perdido que eu – acabei rindo.
- Tá... – e de novo sério. – E vocês se deram bem?
- Claro que sim, o cara é da Austrália, mega fofo – a respiração de ficou pesada do outro lado da linha, decidi me calar. – Escuta, vou passar a tarde treinando as fotografias por Londres, vai ficar ocupado?
- Vou, digo... Vamos. A banda toda – ele riu fraco. – Mais pro fim da tarde eu vou ficar livre, pode me ligar.
- Vai fazer alguma coisa hoje? Preciso de um crítico para as fotos que vou tirar.
- Manda pro meu email, te passo por mensagem daqui a pouco. Assim que você tirar já me manda e mais tarde nos falamos e eu te falo o que achei das fotos.
- Obrigada, – falei feliz comigo mesma. - Sua opinião vai ser importante pra mim.
- Escuta – ele fez um estalo com a boca. – Amanhã nós temos o dia de folga e, bom, por que você e a não vão pra nossa casa hoje? Assim eu te digo o que achei das fotos pessoalmente, e você ainda tem a chance de treinar o photoshoot hoje com a banda toda.
- Uau, tentador – eu comecei a rir nervosa. – Mas não é perigoso?
- Paul te busca no apê de vocês, acho que não tem problema.
- Promete não publicar nada no Twitter e nem falar que ‘a garota especial tá na sua casa’? – Falei mordendo os lábios nervosa e ele riu do outro lado da linha. – , tô falando sério.
- Tá, prometo – ele disse. – É bom eu já avisar o , porque ele vai ficar todo empolgado de saber que vocês vão vir pra casa hoje.
- Ok – eu ri. – Preciso mesmo ir agora, quando ficar livre mais pro fim da tarde me manda mensagem ou me liga.
- Pode deixar, , beijo e boa aula.
- Obrigada – e desliguei o telefone.
Suspirei fundo, eu tinha acabado de falar com o e com a que talvez fosse ser extremamente difícil nos vermos novamente, e agora eu acabei de marcar um encontro básico na casa dele mais tarde. E não apenas pra mim, mas pra também! Guardei o celular no bolso traseiro da minha calça e corri pra próxima aula; seria aula sobre como fotografar em preto e branco, provavelmente seria uma das minhas aulas favoritas.
- E seu nome seria? – Um professor cheio de gala que lembrava um ator de cinema me perguntou quando apareci na porta da sala dez minutos atrasada.
- – falei com uma certa dificuldade. – .
- Bem, – ele suspirou e me deu uma olhada de cima a baixo. – Acho que você deve saber que aqui na Inglaterra nós não admitimos atrasos.
- Eu sei e eu realmente sinto MUITO! Isso não vai mais acontecer, eu simplesmente... Bom, acho que me perdi – falei tomando mais ar que o necessário e relaxando os ombros.
- Espero que arrume um mapa para amanhã, não quero ter que ficar interrompendo minha aula porque uma aluna incapaz de se localizar na escola acabou chegando atrasada – e de novo aquele olhar. – Vai se sentar, por favor.
- Obrigada.
Lembra que eu disse que ia ser uma das minhas aulas favoritas? É, pode esquecer.
- Que aconteceu, ? – me perguntou assim que me sentei ao seu lado e já fui logo abrindo meu livro e meu caderno. – Você tá com a cara branca.
- Isso é de correr mesmo, sou sedentária – ri baixo. – Na verdade, eu preciso te comunicar uma coisa.
- O quê?
- Nós vamos hoje à casa do e dos meninos – falei mordendo a boca e só vi o olhar de arregalar absurdamente, ela parecia um mangá. – , não grita, pelo amor de Deus.
- Caraaalho! – ela disse colocando a mão na boca. – Puta que pariu, puta merda, caralho, que porra é essa?
- Cacete, tem como sair mais palavrão?
- Não fode, , não fode! – Ela respirava com dificuldade, eu queria muito rir, mas não estava numa zona de conforto pra isso. – Como que isso foi acontecer?
- Na verdade – eu dei uma olhada de leve pro professor, que estava de costas escrevendo algumas coisas na lousa e falando ao mesmo tempo. – me ligou pra saber como eu estava. Ele leu algumas coisas no Twitter e ficou preocupado comigo.
- Que gracinha!
- É, mas nem tem como nada acontecer, ninguém me conhece – dei de ombros e concordou. – Então eu disse que ia passar a tarde treinando fotografia por Londres e pedi pra mostrar minhas fotos pra ele.
- E...
- Ele me disse que estão de folga amanhã e me perguntou se não queremos ir a casa dele hoje – sorri e ela sorriu mais ainda. – Paul vem nos buscar, foi isso o que ele disse.
- Me belisca, – ela esticou o braço e eu ri baixinho. – Eu sabia que achar seu passaporte era um sinal do destino, você é a criatura mais rabuda que eu conheço!
- Queria eu ter essa mesma percepção que você – falei. – Eu tô achando isso tudo demais, não vou mentir. Mas não é uma empolgação assim tão grande quanto a sua.
- Imagina Tom Fletcher virando seu amigo e te convidando pra um jantar na casa dele com o resto do McFly – disse me provocando.
- Aí sim – eu sorri, meu estômago quase caiu só de imaginar essa oportunidade.
- Você sabe que eles moram em um complexo, né? Estilo, sei lá, teletubbies?
- Não faço idéia do que você está falando – disse rabiscando umas coisas no meu caderno só pra disfarçar. – Eles não moram juntos na mesma casa?
- Se não me engano tem dois que moram juntos, mas não sei quem são – ela disse meio pensativa. – De qualquer forma, nós vamos entrar no ninho do One Direction! O lugar onde qualquer menina do mundo queria entrar...
- Desculpem... – uma menina loira muito bonita me cutucou nas costas.
- Pois não? – Perguntei sendo simpática.
- É, eu ouvi vocês falarem ‘ninho do One Direction?’ – O olhar dela tinha um brilho quase psicopata, morri de medo.
- Ehr... – olhei pra procurando por ajuda, eu não sei me livrar bem desse tipo de situação.
- Não, fofa – disse. – Eu disse ‘o bonitinho do One Direction’ – ela falou e a menina fez aquela cara de ‘ahhhh entendi’. – Você gosta deles?
- Se eu gosto? – A loirinha jogou os cabelos pra trás e sorriu. – Eu sou apaixonada por eles! Na verdade eu sou apaixonada pelo , mas não é amor de fã, é amor de homem mulher mesmo, sabe? Eu vou até o fim do mundo pra conhecer ele, eu sei que ele é o amor da minha vida, o cara mais perfeito...
Blá blá blá. Desliguei um pouco.
- Uau, boa sorte, garota – disse meio sarcástica olhando pra mim, abafei uma risada.
- Não preciso de sorte – ela disse ainda sorrindo. – Eu sei que quando ele me conhecer ele vai se apaixonar por mim, eu tenho tudo o que ele procura em uma garota. Sei de cor as coisas que ele fala em entrevistas, eu sou a alma gêmea dele.
- Mas – me arrisquei a dizer – eu vi uma entrevisa dele hoje de manhã e, hm, parece que tem alguém especial na vida dele.
- Essa vadia? – Ela levantou a sobrancelha e eu senti meu estômago embrulhar. – Ela que não se meta na vida do . Na boa, ela não sabe com quem está se metendo.
- Mas você nem a conhece – me arrisquei a dizer, me olhou repreendedo-me.
- Não preciso conhecer, deve ser alguma putinha que o andou comendo por aí e agora fica mandando mensagem pra ele. E pra não ficar chato ele disse isso na entrevista, ele gosta de mexer com as fãs e adora quando nós ficamos com ciúme.
- Bom – falou me abraçando de lado. – Eu realmente espero que você tenha sorte com o ; ele será um garoto de sorte caso encontre você.
- Eu sei disso – ela sorriu convencida.
Eu e nos viramos pra frente e ficamos caladas. De repente todo o meu medo pareceu voltar; eu não fazia nem ideia do que essas garotas pensavam com respeito aos meninos, e vendo uma falar na minha frente o que ela pensava era muito assustador. Estava com as mãos tremendo debaixo da mesa quando senti segurar minha mão e apertar firme passando seu polegar na palma da minha mão. Olhei pra ela com meus olhos quase marejados e ela sorriu de forma encantadora.
- Estamos juntas, não estamos? – Ela disse baixinho.
- Sim – foi a única coisa que consegui responder.
E com muito esforço foquei o professor e passei a aula toda ali, sentada quietinha segurando a mão de como se minha vida dependesse disso. E, de certa forma, dependia sim.
As últimas duas horas acabaram e eu finalmente pude sair daquela sala de aula que estava sendo claustrofóbica pra mim. Aquele professor realmente não foi com a minha cara tudo porque eu cheguei dez minutos atrasada; me lembre de matar mais tarde, o meu atraso foi culpa dele. Sam disse que tinha que ir pra casa mais cedo, mas depois de trocarmos telefones e derivados, nos prometeu que nos ligaria mais tarde; talvez ele fosse conosco até o centro de Londres tirar as fotos. Eu ia adorar, o cara era um fofo! Assim que saímos, eu e vimos um grupo de umas cinco meninas sentadas naquele mesmo murinho que eu estava quando cheguei à escola; uma delas segurava o Iphone na mão e tremia ao mesmo tempo que chorava. Fiz careta pra e quase deixei passar em branco, mas o timbre de voz do garoto que falava no vídeo que as meninas assistiam me chamou a atenção. Era o timbre de voz do .
- Elas devem estar ouvindo a entrevisa que eles deram hoje pra Rádio Capital – falei baixo. – me disse que eles estavam indo pra lá.
- Sssshhh, vamos ouvir – fez sinal pra eu ficar em silêncio e, delicadamente, ficamos próximas às meninas que ouviam a entrevista no Iphone.
Entrevistadora: , você causou um furor hoje cedo lendo uma mensagem e dizendo que era de uma pessoa especial. Pelo amor de Deus, quem é essa pessoa?
: Ahhh, tem como não falarmos sobre isso?
: É realmente particular.
Entrevistadora: Acho que vocês deveriam saber que agora é meio difícil esconder alguma coisa da mídia.
: Nós sabemos disso, mas realmente não sabíamos que ia causar essa revolta toda. Todos nós temos pessoas especiais em nossa vida, mas não indica que necessariamente estamos em algum tipo de relacionamento.
: Exato. Ela é realmente uma amiga muito especial e eu tenho um grande carinho por ela, mas não estamos juntos nem nada.
Entrevistadora: Suas fãs ameaçaram se matar caso você estivesse namorando.
: Isso é um exagero. Nós amamos nossas meninas e elas são tudo na nossa vida; não estaríamos em lugar algum se não fosse por elas.
: Por favor, fiquem vivas e em segurança. Amamos vocês mais assim do que falando que vão se matar ou algo do tipo.
Entrevistadora: E se vocês começarem a namorar e algumas fãs mandarem ameaças para a garota de vocês?
: Então essa pessoa não pode ser considerada fã. Fã nos apóia e quer nossa felicidade; ameaçar alguém que amamos nos deixa triste e chega a ser doentio.
Entrevistadora: Algum dia vamos saber quem é essa garota especial da mensagem, ?
: Conversei com ela poucos minutos atrás, como eu já disse ela é uma grande amiga e eu tenho um carinho enorme por ela. Vamos continuar sendo amigos e, não sei, se algum dia alguém nos ver juntos então vocês vão saber quem ela é.
: Por favor, a tratem com respeito.
: Sim, nós a amamos e queremos que vocês possam amar elas também.
Entrevistadora: Elas?
: Ela tem uma amiga que é nossa amiga também. Amamos as duas.
: Vamos parar de falar sobre isso, rapazes?
- ELAS? SÃO DUAS?
- falou com ela minutos antes da entrevista – uma menina ruiva falava, tremia e chorava. – Quem é ela, meu Deus? Quem pode ser essa vaca?
- Eles são muito lindos, mas será que não percebem que desse jeito estão nos matando? Nós não queremos eles namorando.
- Deus me livre, Deus me livre!
- One Direction precisa pensar mais nas fãs. Nós somos TUDO pra eles, eles não podem nos decepcionar ficando com garotas.
É isso mesmo? As fãs queriam que eles fizessem celibato e permanecessem virgens e solteiros pro resto da vida? Só eu acho que elas estão confundindo com os Jonas Brothers? Olhei em desespero pra , que agora tinha o tom de pele mais pálido. disse sobre ‘ a amiga’ e que a ama também – eu sei que o verbo ‘amar’ aqui não é exatamente como uma paixão, mas a cabeça da deve estar a mil – e agora o mundo inteiro sabe que One Direction tem duas amigas, que sente um grande carinho por uma delas e o ama a outra. E o disse que NOS AMA! Tá, quem está passando mal agora sou eu.
Puxei pra longe daquelas meninas e caminhamos até o nosso apê caladas. Agora eu estava no mesmo quarto que ela, então ficaríamos juntas o tempo todo. Esse silêncio estava me matando e de novo eu me lembrei de McFly, ‘Silence is a Scary Sound’, e como é! Me sentei na cama ainda meio zonza e vi pegar o computador e ligá-lo de forma rápida, a página que ela entrou era óbvia, Twitter, e também o Tumblr. Como era de se esperar, o fandom 1D estava aos prantos, indo à loucura; apenas alguns comentários eram razoáveis dizendo que os meninos estavam certos em namorar e que deviam dar apoio. Em contra partida, a maioria dos comentários eram ofensivos, maldosos e exagerados. Mordi os lábios confusa, não conseguia entender o que se passava na cabeça dessas garotas; uma coisa é você sentir ciúme do seu ídolo e, claro, ficar meio chateada porque ele está namorando ou tá de rolo com alguém, isso é normal! Eu senti isso pelo Joe Jonas quando ele namorou a Camilla Belle, e pior ainda quando o Danny começou a namorar a Georgia, mas eu nunca desejei a morte delas, eu nunca quis me matar porque eles estavam namorando. Na verdade, depois de um tempo, eu comecei a achar eles lindos, eu acho que o Danny super combina com a Georgia, embora ela seja altamente irritante. Mas o que vou fazer? Eu não tenho a MÍNIMA chance com ele, vou querer me matar por isso? Vou querer matar ela por isso? John Lennon tá aí pra mostrar até que ponto o fanatismo pode levar uma pessoa. Lembrete: manter o livro O Apanhador no Campo de Centeio longe das fãs do One Direction. Se Mark David leu esse livro e matou John Lennon, vai saber o que as fãs podem fazer com um dos meninos da banda ou alguém que se aproxime da banda.
Ai, eu sou nerd demais.
- – me chamou meio rindo. – Você não vai acreditar em quem está te defendendo.
- Hã?
- Georgia Horsley é o nome da namorada do Danny?
- É sim... Que foi?
- Vem ver o que ela acabou de escrever no Twitter – me virou o Mac pra eu ler o último tweet da Miss e eu fiquei sem ar.
@GeorgiaHorsley1 só eu estou achando ridículo o que estão falando da garota do ? Vocês nem a conhecem, amadureçam xxxxx
- Retiro tudo o que eu já disse dela em toda a minha vida! – Falei rindo. – Nossa, que surpresa.
- Ela deve saber muito bem o que é sofrer cyberbulling – disse dando de ombros e pegando o Mac de volta. – Achei legal da parte dela.
- Eu achei o máximo – sorri. – É de mim que ela tá falando! Eu... Caramba, que emoção.
- Tá vendo, é assim que me sinto quando você fala do 1D – ela riu – McFly é muito amigo dos meninos?
- Não sei, eles já trabalharam juntos, mas não sei se são amigos – dei de ombros.
- Hm...
- Escuta, vou mandar mensagem pro . Quero saber que horas podemos ir pra lá, e ainda temos uma tarde toda de fotos pela frente.
- Você quer mesmo ir pra casa deles?
- – suspirei. – Não quero me afastar dos meninos, eles são legais.
- Não quer se afastar dos meninos ou do ?
- Cala a boca – disse entre os dentes e vi abafar uma risadinha.
Peguei o telefone e antes mesmo de pensar em mandar a mensagem, o Iphone já acusava uma ‘nova mensagem de ’. Sorri sozinha, até nossos pensamentos estavam ficando sincronizados e... deixa pra lá.
‘Esteja pronta às 19h. Paul vai parar na esquina e vai buzinar três vezes. Não se atrase – X’
Segurei com força o celular em minhas mãos, estava pensando em mim durante o dia mais do que eu estava pensando nele. Isso era bom sinal, não era? Quer dizer que nossa amizade estava de verdade amadurecendo, e não tinha motivo para as fãs me odiarem. Ele disse que só sente um carinho por mim, como amiga. Óbvio, faz uns dez dias que nos conhecemos, não tem como ser nada demais... É isso. Respondi a mensagem correndo agradecendo e falando que estaríamos prontas e pedi para eles pedirem pizza, iríamos estar com fome. Olhei pra , que ainda estava com cara de preocupada olhando pro computador. Onde estou me metendo dessa vez?
Capítulo 06
- Eu tô morrendo de fome – falei enquanto esperava do lado de fora algum dos meninos abrir a porta.
Paul havia pego eu e às sete em ponto, não nos atrasamos um minuto sequer. Nós duas passamos a tarde toda tirando fotos de Londres e de todos os pontos turísticos. Não foi impossível lembrar de quando eu tirava fotos panorâmicas de dentro da cabine do London Eye, realmente é uma visão absurdamente maravilhosa e eu tive que me controlar pra não chorar de emoção. Mandei uma mensagem para ele dizendo que estava no topo do London Eye e ele me respondeu com simples, porém magnânimas palavras :’Gostaria de estar aí com você’. Quase deixei cair minha câmera fotográfica e meu celular quando recebi a mensagem, ele conseguia ser fofo e direto em poucas palavras; sorri como nunca. , óbvio, ficou me zoando o resto da tarde e eu tentava a convencer que era apenas um amigo muito carinhoso e nada mais que isso – nem podia desejar mais que isso, com o tanto de fãs me odiando sem ao menos me conhecer.
- Seu amiguinho não disse que ia pedir pizza? – me provocou e eu ri.
- Disse sim, espero que ele tenha pedi...
abriu a porta. De cueca. Apenas. De Cueca.
- E aí, meninas?
E o sorriso. E cueca. Ok, garotos com a idade nele não se desenvolvem tão rápido assim, desenvolvem? Abdômen, aquele maldito ‘V’ na zona de perigo – ou que leva até a zona de perigo – aquele sorriso brincalhão como se não tivesse noção do que ele pode fazer com um corpo feminino cheio de hormônios em fúria igual o meu no momento, aquela porra de cabelo todo desgrenhado e arrumadinho ao mesmo tempo, aqueles olhos, as mãos – sou apaixonada por mãos – e, porra, que CORPO! Sério, McFly teve corpo agora depois dos 24 anos – Tom Fletcher, eu AMO o seu corpo, tá?! – e como que esse merdinha na minha frente tem todas essas ondulações deliciosas na barriga? Todas essas definições que me dão vontade de mordê-las? NHAC!
- , tu não sente frio não? – perguntou mordendo os lábios de forma meio provocativa e riu graciosamente. – Na boa, amigo, não faz isso com meu pobre coração de fã.
- Se eu fosse você – ele cruzou os braços e se encostou no batente da porta – não entraria no quarto do . Se não me engano ele acabou de sair do banho.
- Espera... Essa aqui é a casa de quem? – Ela arregalou os olhos dando uma olhada geral. – Pensei que vocês morassem todos separados.
- Na verdade – ele fez um estalo com a boca e olhou pra mim, eu ainda estava meio maravilhada com a escultura na minha frente – Nós moramos nesse complexo, mas ficamos todos na mesma casa, sei lá... A casa de um é a casa de todos. Só quando estamos acompanhados, aí colocamos uma meia na maçaneta pra alertar – ele riu e eu não.
- Hm, e isso acontece com que frequência? – Eu perguntei me arriscando a falar alguma coisa.
- Bom – ele sorriu pra mim e pegou uma meia que estava na maçaneta do lado de dentro e a colocou do lado de fora. – Hoje seria um desses dias.
- Safado – falou já rindo e passando por ele entrando na casa. Na boa, queria ser como ela um dia. – !
- Ela já o achou – falei rindo. – Espero que você coloque alguma roupa quando eu fizer o photoshoot.
- Você realmente trouxe a câmera? – perguntou dando um sorriso de lado, meu estômago revirava e eu não sabia pra onde olhar.
Vamos começar pelo topo do corpo de . Seu cabelo deve ser o mais macio e mais delicioso de se deslizar os dedos, e isso eu ainda não tinha feito e tava morrendo de vontade de fazer. É aquele cabelo que você quer ter no seu colo e ficar massageando e brincando e deixando o leve cheiro de perfume impregnar entre seus dedos. Descendo nós temos seu tão perfeito e simétrico e único rosto. Esses olhos que se iluminam cada vez que ele sorri, que ficam um pouco menores e quase se fecham quando seus lábios desenham um sorriso; o nariz perfeito, a boca que eu não consigo parar de olhar! Essa boca perfeitamente desenhada e, cada vez que ele a morde quando não quer dizer alguma coisa, eu mordo os meus lábios pra controlar minha vontade de pular em cima dele. Então nós temos seu pescoço estranhamente atrativo e com uma veia que sempre aparece quando ele canta ou faz alguma nota alta. Então colo, peitoral ambulante cheio de ondinhas parecendo um tanquinho – eu só quero lavar minha roupa ali, na boa – a parte do ‘meio’ do corpo que eu vou ter que pular, porque nunca vi (mas já olhei, e, meu Deus, papai do céu caprichou!), as coxas, que são gostosas porque eu acho que ele joga futebol ou gosta de ficar correndo com os meninos; e a coisa menos atrativa dele seria o pé. Mas com todos esses atributos citados acima, quem vai se lembrar da porra do pé? Virando ele de costas nós temos uma bunda melhor que a minha, dá vontade de morder literalmente! Ou apertar, morder e apertar... E tem as costas, desenhada e eu queria fazer desenhos com as minhas unhas ali. é o tipo de cara que você chama de ‘delicioso’ e te dá água na boca. Óbvio, nada nunca vai acontecer entre nós dois, então vou acalmando os meus hormônios e me conformo com a ideia de que eu tenho um amigo perigosamente desenhado pelos deuses e mais quatro dentro de casa mais ou menos iguais a ele.
- É claro que eu trouxe a câmera – respondi depois de tirar fotos mentais desse menino e guardar em um cantinho especial. – Aqui, ó – bati na bolsa que eu carregava ao lado do meu corpo.
- Vem, entra...
Ele deu espaço para eu passar enquanto abria a porta. Prendi a respiração quando estava ao seu lado pra eu não inalar o cheiro delicioso que estava vindo do seu corpo e quase entrei correndo dentro da casa. Quando entrei me dei de cara com um lugar típico adolescente bagunçado. Tinha uma bela sala, não muitos móveis, mas nos poucos que tinham havia roupa em cima – cueca, sapato, camiseta, jeans – ao fundo eu podia ver o que deveria ser a cozinha e do lado esquerdo aparecia um corredor que devia levar para os quartos. A gritaria vinha da cozinha e eu pude ouvir a voz de e gritando um com o outro e rindo ao mesmo tempo. Sorri comigo mesma, para ela deveria estar sendo um sonho estar na casa do ídolo e ficar brincando com ele e coisas do tipo. Coloquei o case da minha câmera em cima de uma mesa que estava ali perto e tirei minha jaqueta jeans, colocando-a em cima.
- Os meninos estão na cozinha preparando pizza, eu vou colocar uma roupa.
- Ah, você não pretende então ficar andando de cueca pela casa? – Perguntei rindo enquanto o encarava com a mão na cintura.
- Eu até pretendia, mas não quero ficar te tentando desse jeito, – ele sorriu de lado e coçou a nuca. – Deve estar sendo muito difícil pra você não me agarrar agora.
- Você é sempre tão pretensioso assim? – Eu ri e dei um passo na direção dele. Seu corpo parecia um ímã e nem eu sei porque estava fazendo isso. – Se eu não te agarrei até agora, , não vai ser exatamente hoje que vou perder o controle.
- Ah, então você quer me agarrar – ele se aproximou mais de mim e meu corpo todo pegava fogo, o que eu estava fazendo? Se safa dessa agora, ...
- Por necessidades puramente físicas e fisiológicas. E não porque eu talvez esteja sexualmente atraída por você – respondi mordendo meus lábios com força e sentindo um formigamento em minhas pernas, eu acho que ia cair.
- Você fica sexy demais falando desse jeito – quando que eu não percebi o corpo de totalmente em cima do meu e meu nariz quase encostando em seu queixo? Ele era relativamente mais alto que eu, então...
- Já mandei você parar de flertar comigo – respondi sentindo a respiração dele em meus cabelos; quente e pesada. – Tchau, – e com um empurrão em seu corpo descamisado eu saí daquela situação perigosa e constrangedora.
- Uma hora você não vai mais aguentar, – ele disse aos sorrisos e se dirigiu para um dos corredores que deveria levar até o quarto.
Respirei fundo algumas vezes e dei tapas de leve em meu rosto pra eu acordar dessa vida. Isso não me pertencia, eu não sou de ficar flertando com as pessoas e nem de me colocar nesse tipo de situação; mas que merda tinha nesse menino? Coloquei mais oxigênio em meu corpo a fim de meu cérebro receber a quantidade necessária para começar a raciocinar direito, peguei minha case com a câmera e a abri. Arrumei minha Canon SLR, coloquei as novas lentes novas que tinha comprado naquela tarde e fui correndo pra cozinha.
Assim que cheguei vi segurando por trás pela cintura enquanto os dois gargalhavam, e estavam decorando duas massas de pizza que estavam em cima da pia e preparava sete copos de suco de uva – um para cada um de nós eu imagino. Nenhum deles realmente viu minha presença lá, por isso peguei minha câmera, ajustei para o modo interno e bati uma foto sem precisar do auxílio do flash. A foto ficou linda, espontânea e parecia aquelas de revista Casa e Construção. Sorri com o resultado e bati outra, pegando o momento em que erguia o corpo de do chão ao mesmo em tempo que dava um beijo em seu rosto; ainda bem que bati essa foto, eis uma coisa que ela vai querer guardar pra sempre. Quando eu ia bater a próxima foto, ergueu o rosto e me viu soltando um belo “HEEEEEEEEEEEEEEEEEY” que me fez ter ataque de riso. Todo mundo parou o que estava fazendo para me olhar e falar “HEEEEEEEEEEEY” igual ao , me vi obrigada a parar de tirar fotos.
- Como que a senhorita chega aqui, de mansinho e fica tirando fotos nossas assim? Quem te deu essa liberdade? – falou enquanto limpava as mãos no avental do Pateta que usava e vinha até mim. – Deixa eu ver como ficaram essas bagaças.
- Nem pensar – falei rindo escondendo a câmera atrás de mim. – Isso aqui é ferramenta de trabalho e eu morro de ciúme dela.
- Fala sério – ele sorriu enquanto me dava um beijo estalado e molhado na bochecha e um abraço. – Boa noite, .
- Boa noite, – respondi bagunçando o cabelo dele de leve. – E aí, meninos?
- Oi, – e falaram, estava ocupado demais se enroscando com e ela dando gritinhos de alegria.
- É sério? – Eu apontei pros dois enquanto colocava minha câmera de volta no case e deixava em cima da bancada da cozinha. – é mais safado do que eu pensava.
- Sua amiga é bem atirada, – falou. – E ela é gata – ele riu, assim como os outros meninos. Obrigada por ressaltar o óbvio, .
- É, eu sei – falei meio sem graça. – E então, o que estão cozinhando?
- PIZZA! – disse vindo até mim e me dando um abraço e um beijo, pelo menos todos estavam com suas camisas e bermudas... Ninguém descamisado, graças a Deus!
- Gosta de pizza? – finalmente falou depois de soltar e vir até mim também me dar um abraço e beijo; eles são muito carinhosos.
- Adoro – respondi sorrindo. – Precisam de ajuda?
- Na verdade, não – disse colocando uma das pizzas no forno e jogando um beijo pra mim, sorri em resposta. – Vai demorar ainda uns trinta minutos, vamos pra sala?
- Eu vou lá em casa pegar cerveja, alguém me acompanha? – falou olhando pra , que tinha ficado um pouco corada.
- Eu não vou deixar vocês dois sozinhos nem pensar, eu tô com sede e quero cerveja. Portanto, vou junto – falou tirando o avental e pulando nas costas de .
- Que caralho, você não é leve não! – disse saindo correndo com nas costas, enquanto este gritava parecendo uma menina. – VEM, ISA!
- Tô indo – disse sorrindo pra nós e correndo na direção dos dois.
- Eles já se pegaram – disse enquanto caminhava pra sala e ia me abraçando e caminhando junto comigo. – Deram uma estaleca quando se viram.
- Dar estaleca não é se pegar – falei abraçando e indo pra sala. Que abraço gostoso, meu Deus. – Se pegar é dar beijo de língua.
- Acho que eles vão se pegar agora então – ele respondeu rindo. – Por falar em se pegar, já pegou algum londrino, ?
- Ainda não – eu ri sem graça me sentando no sofá ao lado de e vendo zapear canais na televisão. – Hoje conheci um aluno gatinho.
- Whoo, não fala alto – disse. – Nosso fica com ciúme.
- Que ciúme o quê – respondi. – Tem um bando de fã pagando pau pra ele, pra que ter ciúme de mim?
- Porque ele gosta de você – respondeu me dando um carinhoso peteleco no nariz. – Ele fala de você o tempo todo.
- , sério – olhou pra mim sorrindo. – Ele tá todo gamadão.
- Cala a boca – respondi. – Na verdade, calem a boca! Isso é pra você também, .
- Só estou ressaltando o óbvio – ele respondeu e tanto quanto sorriram cúmplices.
deixou em um canal de comida e tomou conta do sofá maior, estava totalmente deitado e brincava com o próprio cabelo. Eu e estávamos no outro, tinha o braço atrás do meu corpo e de uma certa forma estávamos abraçados, sem segundas intenções, eu juro. Quando apareceu na sala – vestido da cabeça aos pés, já que agora ele usava um gorro cinza – entortou o nariz ao ver a cena entre nós. Sorri pra ele e tirei a almofada que estava ao meu lado, o convidando pra se sentar ali conosco, mas ele respondeu uma coisa que eu não entendi, e foi pra cozinha argumentando que estava com sede. Sede, aham!
- Posso fazer uma perguntinha de uma leiga pra vocês? – Cutuquei na perna e olhei pra , que agora estava ocupado demais vendo Cake Boss. – Se não quiserem responder, tudo bem.
- Manda – falou.
- É que – mordi os lábios – eu conheci hoje uma fã de vocês no curso – eles sorriram, deviam estar acostumados. – Sério, ela muito louca por vocês.
- Legal – falou fazendo ‘joinha’ com a mão. – E daí?
- Bom, eu e estávamos falando baixinho sobre vir pra cá hoje e ela meio que caiu de paraquedas no assunto. Não comentamos nada, óbvio, mas ela disse umas coisas que eu fiquei meio neurótica – fiz careta e tanto como se viraram para me encarar. – E depois da aula nós duas vimos um grupo de meninas ouvindo a entrevista que vocês deram pra rádio...
- Vocês ouviram? – perguntou meio sorridente.
- Aham – falei rindo. – Bom, primeiro... Obrigada por ‘nós amamos as duas’, foi realmente fofo da parte de vocês – os dois me olharam totalmente fofos e meu coração explodiu metade. – Porém fiquei meio apavorada, porque o fato do dizer que tem uma amiga especial fez com que as fãs quisessem se matar! E as meninas que eu vi estavam tremendo e chorando só de pensar nessa possibilidade. Digo, ele nem tá namorando nem nada e elas surtaram!
- Algumas fãs tendem a ser um pouco apaixonadas demais – respondeu me olhando meio preocupado. – Alguma delas te falou alguma coisa?
- Claro que não, elas nem sabem quem eu sou – ri nervosa. – É que eu fiquei com medo, entenderam?
- Medo do que em especial?
- Caso algum dia futuro alguém descubra quem eu sou, o que vão fazer? Tipo, a tá toda no balacobaco com o ... Se alguém ficar perseguindo a menina?
- Nossas fãs? – parecia preocupado.
- Olha, eu sei que vocês falam em entrevistas que as ‘suas meninas’ são tudo na vida de vocês, elas são realmente lindas, mas, vamos ser sinceros, tem limite.
- Uma vez um de nós que eu não vou falar quem é – começou a contar – se envolveu com alguém durante o Xfactor. – É, eu não fazia idéia de quem era. – As fãs na época realmente foram meio pesadas e até mandavam ameaças de morte no Twitter pra essa ‘pessoa’.
- É disso que eu tô falando – respondi.
- Nós tentamos ao máximo manter nossa vida pessoal em segredo, mas às vezes não dá. Como hoje – ele riu.
- Eu só fico um pouco apavorada com o meu futuro – olhei para os dois. – Minha vida não está ganha como a de vocês, sem ofensas.
- Não me ofendi – falou.
- Minha mãe não é exatamente uma mãe careta, ela tem Twitter e sabe usar a internet muito bem. Não quero que no futuro ela leia uma fofoca da filha dela que veio pra Londres e acabou se engraçando com uma banda! Dei muito duro pra conseguir essa bolsa e pensar que posso perder tudo por culpa de uma fofoca ou... Amizade...
- – virou o corpo pra mim e segurou minha mão, senti sentar atrás de mim no sofá e segurar meus ombros com carinho. – Nós entendemos o que essa situação toda deve estar sendo pra você e na verdade pedimos desculpas.
- Desculpas – disse atrás de mim e eu ri.
- Vocês não precisam pedir desculpas, a culpa não é de vocês.
- Se você não quiser que comentemos de você ou da em entrevista, não vamos mais fazer isso – falou. – A princípio eu acho bom mesmo não falarmos nada.
- As notícias na internet são rápidas, o que é fofoca hoje vira besteira no dia seguinte. Logo mais as fãs vão ter esquecido isso e ninguém mais vai comentar do assunto.
- Vou falar pro sair com outras meninas – falou com um sorrisinho no rosto e eu senti minhas bochechas corarem. – Aí ninguém precisa ficar sabendo quem é essa pessoa especial e vocês dois ficam, de verdade, sendo só amigos.
- É... – forcei minha voz a sair. – Acho que, acho que seria...
- Deixa de ser tonta, – falou me abraçando por trás. – é completamente doido por você, ele fica até de madrugada rolando o celular pelo seu número com vontade de te ligar, mas não faz isso.
- Sério? – Olhei para , de madrugada eu já estaria dormindo pesado. – Eu não... Não imagino...
- Se você gostar dele – disse – nós vamos apoiar! Isso inclui as fãs e qualquer fofoca que venha a aparecer.
- E isso vale pra e pro – falou. - Vocês duas apareceram na hora certa para todos nós. E são completamente diferentes do tipo de meninas que estamos acostumados a conhecer.
- Modelos, cantoras, groupies, hipsters, interesseiras... – dizia listando o provável tipo de meninas que eles conheciam e foi impossível eu não rir.
- É mais ou menos por aí – acrescentou.
- Eu e somos duas meninas normais, é isso?
- Ser normal é ser interessante, e vocês duas são isso – falou. – Não sei, o jeito despreocupado de vocês duas nos deixam com os pés no chão. A vida não é só esse momento que estamos agora, essa fama ou esse brilho. É muito mais que isso, é encontrar pessoas que podem mudar tudo de perspectiva, como vocês.
- Caramba – eu olhei pra ele com os olhos arregalados e ri. – Isso foi a coisa mais complicada e mais bonita que alguém já me disse.
- Eu nunca entendo direito o que o diz – falou fazendo careta e nós rimos.
- O que eu estou querendo dizer é...
- Não explica, – eu o cortei rindo junto com . – Obrigada, gente.
- De nada – e recebi um abraço apertado de ambos. – Se eu fosse você, iria na cozinha.
- ficou o dia todo meio mal depois do que as fãs falaram. Ele só queria ficar com você e ligar pra você – falou. – Ele gostou muito da sua pessoa, .
- Eu gostei da pessoa dele também – falei rindo. – Vou lá falar com ele.
- Vamos lá com o e o resto do povo, um pouco de privacidade vai fazer bem pra vocês dois – comentou enquanto se levantava do sofá. – Afinal, acho que vocês nunca ficaram realmente sozinhos.
- Ficamos na van – eu falei.
- Aquilo não conta, Paul estava calculando cada minuto – disse. – Se precisarem de algo é só gritar, a casa do é um metro daqui.
- Temos paredes finas – disse piscando um olho e rindo, eu ignorei esse comentário dúbio e vi os dois irem embora enquanto eu me dirigia pra cozinha pra falar com .
Assim que cheguei, vi sentado em cima da pia com a minha câmera em mãos vendo as fotos. Tinha um sorriso quase infantil no rosto e as pernas pendiam na frente do seu corpo e balançavam; era como ver a visão de uma criança de cinco anos sentada em uma cadeira, por ser pequena ou a cadeira alta demais, seus pés não chegavam ao chão. Limpei minha garganta um pouco alto e cruzei os braços na frente do corpo observando e querendo chamar sua atenção. Funcionou.
- Belas fotos – ele disse levantando o olhar pra mim e sorrindo um pouco mais aberto.
- Obrigada – respondi. – A câmera é nova, então ajuda um pouco.
- Acho que o que ajuda é a fotógrafa – ele disse em um pequeno elogio enquanto pulava da pia e vinha na minha direção. – Sua câmera.
- Valeu – peguei a câmera da mão dele, dei uma olhada na foto que ele estava vendo e vi e no zoom. – Seus amigos são fotogênicos.
- Você gosta de tirar fotos deles, não é a primeira vez que os pega de surpresa.
- Tá querendo me lembrar daquela vez no London Eye? – Perguntei meio brincalhona e ele balançou a cabeça afirmando. – Aliás, as fotos daquele dia ficaram lindas.
- Por que eu nunca as vi?
- Eu gosto das coisas caseiras – respondi. – Não passo minhas fotos pro computador, digo, não todas. Eu montei um pequeno estúdio lá no apê com a e revelei as fotos lá, todas estão guardadas comigo em um local especial.
- Como que você revela fotos em casa? – Ele fez careta e coçou a cabeça. Eu sorri.
- Não quero me gabar, mas, se você faz curso de fotografia, isso é o BÁSICO que você tem que saber, nem é tão difícil assim. Qualquer dia te mostro.
- Como você fez isso? – Ele perguntou curioso, sério que ele estava interessado na minha vida?
- Bom, – pigarreei um pouco antes de falar – não é algo tão simples, mas também não é nada impossível. Digo, com um pouquinho de dedicação, qualquer pessoa que não seja familiarizada com esse tipo de processo consegue montar um laboratório e revelar as fotos sem problema. Aí, como a faz fotografia também, nós duas meio que dividimos os custos – falei sorridente, eu amava falar do meu trabalho.
- Continua – ele me incentivou sorrindo mais do que eu.
- Você precisa de um ambiente onde a luz possa ser vedada, no nosso caso escolhemos a lavanderia que fica no fundo do apê. Aí você precisa de uma lona preta pra isolar a entrada da luz, um revelador pra papel fotográfico, fixador, casquilho pra lâmpada incandescente e... , você realmente quer saber disso?
- Você fica linda explicando sobre fotografia – ele sorriu e pegou minha câmera. – É quase a primeira vez que converso com uma garota sem que ela fique fazendo charme pra mim, não tô querendo me achar...
- Nem precisa – respondi sem graça.
- Posso bater uma foto sua? – Ele pegou minha câmera e apontou pra mim.
- Eu acho que já disse uma vez que odeio fotos, e você já tem uma foto minha em seu celular, que por sinal foi tirada de maneira totalmente clandestina.
- Por isso que dessa vez eu estou perguntando se posso tirar uma foto sua, quero me sentir fotógrafo uma vez na vida – ele riu.
- Não sou fotogênica – bufei.
- A foto que tenho em meu celular diz o contrário – ele sorriu malandro. – Vai, , por favor!
- Ugh! – Gemi. – Tá bom, mas vamos em um lugar onde você possa se sentir realmente como um fotógrafo profissional. Onde é um bom lugar com iluminação?
- Meu quarto – ele falou já gargalhando e eu o olhei séria, mas por dentro querendo rir.
- Tô falando sério, !
- Lá fora, a varanda é bem iluminada.
- Ok, vamos lá.
Saí na frente de me dirigindo para porta dos fundos. Assim que a abri, dei de cara com um jardim muito maior do que minha casa no Brasil... FENOMENAL! ligou as luzes e o ambiente ficou perfeito, era lindo demais. Com certeza eu faria o photoshoot dos meninos ali, já super imaginei mil fotos.
- E agora, o que faço? – Ele perguntou olhando pra câmera e olhando pra mim.
- Primeiro você encontra um lugar onde não faça muita sombra, como é de noite, precisamos do máximo de iluminação possível – falava enquanto dava uma geral na varanda tentando achar um lugar. – Aqui, por exemplo, é perfeito.
- Sério? – Ele perguntou meio duvidoso quando eu me sentei em uma das cadeiras de descanso.
Eu estava sentada na parte verde do jardim, havia a iluminação tanto da varanda quanto da lua. Havia uma sombra suspeita, porém com o flash ela iria desaparecer. Atrás de mim não tinha nada, apenas o muro que estava a muitos metros, ou seja, seria uma foto clean, sem adição de objetos ou pessoas. Eu gosto muito mais desse tipo de foto, onde você pode ver o que está sendo fotografado sem se perder no que acontece ao redor.
- Aham – respondi me levantando. – Eu vou ficar aqui e você precisar achar o foco da câmera. Primeiro, ligue-a.
- Isso eu já fiz – ele riu. – É nesse botão verde, né?
- É sim – eu ri. – Vai aparecer um quadradinho e você precisa colocar meu corpo no centro desse quadrado.
- Acho que consegui – ele falava enquanto parecia ajustar a câmera para mim. – E agora eu bato a foto?
- Liga o flash, como que tá a luz? Tá dando pra me ver?
- Tá sim – ele disse. – Posso bater?
- Aí pode – falei olhando pro meu lado esquerdo, não gosto de fotos onde a pessoa está olhando diretamente pra câmera. – E aí?
- Caralho! – Ele disse rindo enquanto olhava pra foto. – Dá muita diferença tirar com uma câmera profissional.
- Eu sei, certo? – Ri comigo mesma e fui até ele ver como ficou a foto. – Hm, não tá tão mal.
- Quando alguém diz que você é bonita e que você fica bem nas fotos, acho que poderia começar a acreditar – ele me respondeu, virando a câmera pra mim e batendo mais uma.
- HEY! Quer parar? – Respondi rindo. – Me devolve!
- Vem aqui – ele abriu um dos braços na minha direção. – Quero deixar essa noite como uma memória boa.
- Vai bater uma foto nossa? – Perguntei fazendo careta. – Ai Deus!
- Prometo não publicar, mas você vai ter que revelar e dar uma cópia pra mim depois.
- Tem a minha palavra – respondi. – Vai, vamos logo.
Me aninhei meio sem jeito ao corpo de sentindo seu braço me aconchegar mais ainda. Encostei minha cabeça no seu ombro e coloquei a língua pra fora, enquanto ele encostava a cabeça na minha e eu presumi que sorria. Ele bateu a foto e logo em seguida virou a câmera pra ver como tinha ficado; como era de se esperar, ele ficou lindo e eu mega esquisita.
- Não sabe tirar foto igual pessoa normal não? – Ele perguntou rindo desligando a câmera e a colocando em cima de uma mesinha de centro.
- Não gosto de fotos! – Falei de novo, arrancando mais uma risada dele. – Mas essa ficou mais ou menos espontânea.
- Gostei – ele disse.
- Cara, é só você sorrir que você já fica lindo! Não te irrita isso não? – Falei um pouco na demência. Realmente, é só ele sorrir e já fica gato, se eu começo a sorrir pareço o Chandler de Friends.
- Você quando sorri fica linda – ele me disse passando as mãos nos cabelos.
- Fico estranha – respondi dando de ombros. – Escuta, posso te perguntar uma coisa?
- Que foi?
- Naquele dia no London Eye, quando você me viu – garganta, agora não é o melhor momento de você ficar seca. – Por que eu? Digo, por que dentre tantas garotas naquele dia você me escolheu?
- Quer mesmo saber? – Ele perguntou meio risonho.
- Por favor!
- Você se destacou no meio de todo mundo – ele disse sorrindo. – Você não estava ali para aparecer ou chamar a atenção de ninguém, mal olhava para os lados enquanto andava. E quando eu te vi tirando fotos das crianças e o seu sorriso mais infantil no rosto, eu simplesmente tive a certeza de que precisava falar com você.
- Isso é ridículo – falei nervosa.
- Claro que não – ele riu e se aproximou mais de mim. – , no meio de tanta gente você foi a única que eu quis me aproximar. E não tinha como eu falar com você porque você não largava essa câmera por nada no mundo! O único jeito foi realmente começar a fazer gracinhas, o que deu certo.
- Tirar as calças no meio do povo não foi uma ‘gracinha’.
- Eu IA fazer isso, mas não fiz – ele sorriu e pegou minha mão, acariciando com o polegar. Meu Deus, eu vou morrer!
- Só queria saber quem era essa garota que não se importava em ser cara de pau o suficiente pra tirar fotos das pessoas, que sorria quando uma criança olhava pra ela, que colocava o cabelo atrás da orelha e mordia os lábios quando parecia gostar de uma foto que havia acabado de tirar – carinhosamente colocou uma mecha de meus cabelos atrás da orelha e eu inconscientemente mordi meus lábios.
- Agora você já sabe quem ela é – falei meio sem ar.
- Há muito mais nessa garota que eu quero saber, há muitas coisas que eu queria descobrir, mas ainda não consegui. Chamei ela pra um passeio pro London Eye e tudo acabou errado...
- Foi ótimo, – falei quase em um suspiro. – Foi perfeito.
- Ainda tem meu cachecol?
- Claro que sim.
- Ainda quer ir de verdade em um encontro comigo?
- O Paul vai junto? – Nós dois rimos, eu sou tão idiota.
- Vou tentar vetá-lo, mas acho meio impossível – ele riu. – E então?
- Eu adoraria, mas seria comida viva pelas suas fãs no dia seguinte – falei meio triste.
- Isso realmente te incomodou – e agora ele passava as mãos desde meus ombros até minhas mãos, aquele vai e vem de mãos me dava calafrios. – Sinto muito.
- Não é sua culpa, , eu entendo – falei. – Digo, também tenho meus ídolos e sinto ciúme deles de vez em quando, é totalmente normal.
- Mas...?
- Tenho medo de perder meu foco – funguei. – Vim pra cá com um propósito, e com certeza ter quinze minutos de fama não é o principal.
- Não queria que as coisas fossem assim pra você, – ele suspirou. – Nessas horas eu queria não ter essa fama.
- – levantei meu olhos e o encarei, puta merda, como ele era lindo. – Essa vida que você escolheu é a vida que você ama! Tem noção do quanto você pode curtir? Você tem milhões de garotas lindas que se jogam aos seus pés o tempo todo, quatro melhores amigos fantásticos e uma amiga que topa fazer photoshoots de graça!
- Há, palhaça – ele riu. – , eu não... – pausa pra um suspiro dele. – Você realmente me vê só como um amigo?
- Claro! – A voz saiu um pouco aguda, é o nervoso. – Digo, claro que sim. Não é isso o que somos? Amigos?
- Você gosta do ? – Ele me perguntou baixo. – Ou do ?
- ! – Me afastei um pouco pra olhá-lo melhor. – De onde você tirou essa ideia absurda?
- É que hoje eu vi vocês no sofá e tem fotos demais deles na sua câmera, e o jeito como o te tratava, e o próprio ...
- Eles não são seus melhores amigos? – Ele balançou a cabeça afirmando. – Não seria legal da parte deles dar em cima de uma garota que o amigo está a fim.
- O quê? – Essa pergunta saiu quase como um soluço. – O que, o que eles falaram?
- Disseram que você gosta de mim – eu ri. – Do tipo muuuuuito, sabe?
- Eu vou matar aqueles caras! – Vi as bochechas de ficarem coradas e, ai meu Deus, que coisa linda!
- – eu disse rindo e indo até ele, puxando sua mão e fazendo-o olhar para mim.
- Eu tô levando um fora?
- Não – quase gargalhei, quem sou eu pra dar uma fora nele?
- Mas você acabou de me dizer que me vê como amigo!
- Quer me olhar por meio segundo? – Eu controlava meu riso, até que finalmente ele me encarou. – , você é um lindo! E eu não entendi até agora porque você está interessado em alguém tão sem graça como eu.
- É que...
- Shhh, espera – coloquei minha mão em cima dos seus lábios, senti um leve formigamento e decidi tirar minha mão de lá. – Você é o sonho de toda garota, ; e faz totalmente o meu tipo – eu ri e ele também. – Mas eu me amo mais! E amo essa segurança que tenho de poder ir aos lugares sem ninguém me importunar, de ter 98 seguidores no Twitter e ninguém dar a mínima ao que escrevo.
- Você não quer ser vista comigo.
- Se você fosse um garoto sem essa fama ao seu redor, eu teria te chamado pra sair há muito tempo atrás – falei. – Mas e se não der certo? E se eu ficar marcada como a garota que namorou você? E...
- ‘Garota que me namorou?’ – Ele perguntou com um sorriso brincalhão, ai Deus Pai, eu falei demais. – Você também quer isso?
- Tô falando por falar, não muda de assunto! – Respondi meio nervosa, meu estômago fazia festa e dava cambalhotas dentro de mim. – Que seja, , você acha mesmo que alguma garota iria dizer ‘não’ pra você?
- Você acabou de dizer – ele apontou pra mim com um “micro bico” nos lábios, ah, pff!
- – respirei fundo e dei dois passos pra trás. – Eu gosto de você, mas tenho medo de ser morta pelas suas fãs e ver minha privacidade se escafeder porque sou sua amiga, namorada ou sei lá o que mais!
- – ele pegou minha mão e segurou forte. – Eu já disse pro mundo inteiro que tenho uma pessoa especial em minha vida hoje, por que não falar que essa pessoa é você?
- ...
- Por favor! – Ele encostou a testa na minha, agora eu podia sentir sua respiração um pouco mais pesada e quente em meu rosto. – Vamos fazer tudo em doses homeopáticas, bem devagar...
- Eu vou me foder!
- Eu tô aqui, não estou? – Levantamos nossos rostos ao mesmo tempo. – Antes de tudo eu sou seu amigo, eu te quero bem e eu tô completamente louco por esse enigma chamado . Me dá a chance de te decifrar, de ficar mais perto de você, de poder falar de você sem eu ter que me enrolar nas respostas.
- E se me odiarem?
- E se não te odiarem? – Ele riu. – Ao mesmo tempo que eu vou te conhecer melhor, as outras pessoas também vão te conhecer. Dá essa chance a elas e... Pra mim.
- Amigos? – Perguntei meio rindo e ele fez careta. – Quê? Primeiro vamos mostrar pro público que somos amigos.
- Você aceita? – Ele sorriu, acho que pela primeira vez na noite ele sorriu com tamanha sinceridade. – Posso, posso falar de você?
- Pode – eu ri. – E seja o que Deus quiser!
- Obrigado – e me abraçou.
E foi aquele abraço demorado, gostoso e lerdo e cheio de emoções. Eu estava colocando minha vida na mão dele, eu iria me expor de uma maneira que eu nunca fiz na vida. Não seria apenas no Reino Unido, seria no mundo INTEIRO! Todos iriam saber quem eu era, a garota sem graça que é amiga do One Direction, que é amiga de ! Eu não estava preparada pra isso, mas, ao mesmo tempo, por que não? O que demais poderia acontecer? Se eu fosse lembrar da reação das meninas na escola eu sei bem o que poderia acontecer comigo: morte!
- Vem aqui – ele me puxou pela mão e sentou na cadeira, me puxando junto e fazendo com que eu me sentasse em seu colo.
- O que vai fazer? – Perguntei meio nervosa, coloquei um dos meus braços em volta do corpo dele e deixei minha mão pousar no seu ombro.
- Quer saber já como vai ser a reação das fãs? – Seu sorriso era feliz, malandro e travesso, senti de novo aquele gelo na barriga.
- Quais são seus planos, ?
- Tem como sorrir pra uma foto dessa vez? – Ele pegou o celular e virou pra nós.
- Ah não, você vai publicar uma foto NOSSA?
- Claro, já não quer saber como vão reagir?
- Eu tava pensando em alguma coisa pros próximos seis meses, e não agora.
- Por favor, , prometo que vou falar que você é uma amiga, nada mais.
- Ah, que seja!
1, 2... pronto! Sorri com os lábios fechados e saiu com seu típico sorriso feliz. Eu estava sentada em seu colo com um dos braços ao redor do seu corpo, enquanto ele estava com o seu braço me segurando pela cintura. Pela foto dava pra ver claramente isso, agora eu tava ferrada de vez! Não precisou de muito tempo para publicar a foto pelo Instagram e no segundo seguinte ela estar em seu Twitter.
- E agora esperamos alguns segundos – ele disse.
- Você sabe que arruinou minha vida, não sabe?
- Nem falei qual o seu Twitter, olha como eu sou bacana!
- POR FAVOR, não fala! – Quase gritei. – Sério, é capaz de eu ganhar um milhão de seguidores e vai saber quantos haters.
- Vamos tentar pensar pelo lado positivo? – Ele sorriu pra mim. – Vamos imaginar que todo mundo vai adorar você?
- Ok – suspirei. – E caso isso não aconteça...?
- Eu vou estar aqui com você – disse beijando meu rosto e me abraçando.
Dei uma olhada na foto recém-publicada no Twitter em seu celular:
‘A garota especial’
Esse era o título da foto. E ali estava eu, sentada no colo dele sorrindo tentando esconder meu susto e medo, enquanto , por outro lado, parecia quase que completamente satisfeito. Em questão de segundos o número de mentions no Twitter subiu de 345 para 987, e esse número aumentava cada vez. Meu coração batia na garganta, estariam essas pessoas falando de mim? E se estivessem falando mal?
Agora o estrago já estava feito, prometi a mim mesma que só veria os comentários na manhã seguinte. Me aninhei ainda mais ao corpo de e enterrei minha cabeça no seu pescoço, pelo menos por alguns minutos de privacidade meu mundo se resumia a ele, e ninguém precisava saber disso.
Capítulo 07
SUGARSCAPE PHOTOSHOOT!!
Para aumentar meu desespero, acordei com uma terrível dor de cabeça! Os últimos dias não têm sido realmente os mais fáceis; de alguma maneira as fãs descobriram meu Twitter e meu Facebook. Está um misto de ódio com surpresa e fofocas que eu não sei de onde surgiram. Recebo tweets dizendo ‘VOCÊ É LINDA DEMAIS’ até ‘FICA LONGE DELE, SUA VADIA GORDA’, e por aí vai...
vem sendo absurdamente fofo comigo, ele sabia que isso ia acontecer e tem sido um tanto quanto cavalheiro. Além de ter dado uns foras em algumas fãs, ele me defende em entrevistas e diz que ‘ela é realmente minha amiga e eu a adoro, não entendo de onde possa vir esse ódio todo’. não foi descoberta, quase implorei pra ele e para os meninos deixarem ela no anonimato, já basta eu sendo esculhambada com bombardeios de tweets, não queria isso pra ela. Ah, e claro, o número dos meus followers cresceu de 98 para 300,000 em apenas dois dias, e a quantidade só vem aumentando. As meninas na escola mal me olham, especialmente a loira que ‘ama o assim como uma mulher ama um homem’, que está sendo a típica loirinha que gosta de bulinar todo mundo; eu, no caso, sou um prato cheio para as bulinações. Hoje estou com muito receio desse photoshoot, conversei com os meninos na noite anterior e pedi para eles não me tratarem de maneira especial e muito menos ; nós vamos estar com pelo menos mais umas vinte garotas loucas por One Direction e eu não quero ser a estrelinha da situação, pelo amor de Deus, mantenha isso longe de mim.
- Vamos precisar levar a câmera? – me perguntou enquanto esperávamos a van que nos levaria até o estúdio SugarScape. – Acho que não, né?
- Até agora não sei se vamos fotografar os meninos ou simplesmente ficar olhando pra aprender algumas técnicas – respondi bocejando, eu tava com sono. – Olívia não nos disse nada, disse?
- Ela tinha dito que piranhas não estariam no photoshoot, mas acho que ela se esqueceu de mencionar você – uma das meninas da sala disse isso passando por mim e esbarrando em meu ombro. – Você fede, sabia?
- nunca reclamou do meu cheiro, interessante – respondi com um sorriso insuportável no rosto, o que deu pra aquela garota um asco tão grande que ela saiu de perto de mim. – Sério, não vou aguentar isso.
- Qual o nome dela? – me perguntou abrindo um pacote de bolacha e enfiando umas três na boca.
- Ambreel – respondi. – Ela é linda, mas chatinha...
- Chatinha? Ela é um nojo! – falou engolindo as bolachas e enfiando mais duas na boca.
- Cara, tem como ser mais educada?
- nunca reclamou – ela respondeu me imitando e eu caí na gargalhada.
- Por falar nisso, como vão as coisas entre vocês dois?
- Bom, ontem quando você estava com o em um momento ‘pelo amor de Deus não me trate de forma especial amanhã’, eu e o meio que, hm... nos beijamos.
- Vocês... O QUÊ? – O sorriso em meu rosto não iria sumir tão cedo, beijou !
- Cala a boca, caralho, quer que todo mundo fique sabendo? – Ela disse me beliscando e rindo. – É, nos beijamos.
- E como foi? E por que você não me disse NADA quando voltamos pra casa?
- Porque você estava tão tensa com respeito ao e como seria hoje que eu achei melhor não falar nada. Eu pedi pro não falar nada a respeito também, mas pelo menos eu estou a alguns passos na sua frente – ela sorriu.
- Não tá na frente de ninguém, , eu e não somos esse tipo de...
- Casal?
- Cala a boca, não somos um casal! – Bufei. – Só de saberem que somos amigos eu tô sendo trollada todo dia na internet. Pensa se passa da amizade pra algo maior, eu to ferrada!
- Será que isso pode acontecer comigo e com o também? – me perguntou assustada. Bom, não deixava de ser uma possibilidade...
A van chegou e os alunos que estavam ao nosso lado praticamente passaram por cima de mim e da . Escutei coisinhas como ‘você não é amiga deles? Pede pro vir te buscar...’ e daí pra baixo. Cada vez que ouvia uma coisa desse tipo sentia meu estômago borbulhar de ódio e ficar enjoada ao mesmo tempo. Entrei na van e, como já era esperado, não tinha lugar pra eu sentar. Ou as meninas colocaram as bolsas e me olhavam de cara feia, ou faziam questão de falar em alto e bom som que eu não era bem vinda ali. Parecia a segunda série toda de novo! sentou-se ao lado de Sam mais pro fundo da van e os dois me olharam com aquele olhar de pena; não era culpa deles, poxa, e é exatamente esse olhar que eu to tentando evitar. Eu vejo a me olhando quando passo horas no computador lendo os tweets, quando alguém me olha de cara feia e como ela sempre tenta me animar. Não é culpa dela se os fãs do One Direction são um bando de virgens que não saem de casa e gosta de ficar inventando merda de qualquer garota que se aproxime de um dos meninos. No momento, eu sou uma dessas meninas.
Sentei-me na última fileira de poltronas da van e fiquei lá quietinha esperando a nossa longa jornada até SugarScape acabar; demoraria cerca de 20 minutos e com o trânsito londrino ia demorar uns 40 minutos. Me acomodei na poltrona pequena, apertei meu casaco mais um pouco em meu corpo e já me preparei para pegar meu Iphone e ligar música no alto; e juro que não ia ouvir One Direction. É, eu ia ouvir McFly. Assim que peguei o telefone, vi duas mensagens não lidas aparecendo no visor e o nome ‘’ brilhando ali. Mordi os lábios e coloquei o celular dentro do casaco meio escondido, não ia correr o risco de alguma outra aluna ler a mensagem.
‘Que horas você chega? Já estamos aqui X’
Essa foi enviada 30 minutos atrás. Eles já estão lá? Caralho!
‘Tá, acabei de perguntar pro Paul que horas vocês chegam. Daqui a pouco, né? X’
E essa era de cinco minutos antes. Eu ri baixinho e olhei pra , que estava uma fileira na minha frente, ela também olhava o celular, acho que ela havia recebido uma mensagem de . É, nós duas éramos sortudas e azaradas ao mesmo tempo.
- ? – A linda, perfeita Olívia estava parada ao lado do lugar onde eu estava sentada, ainda não tinha me acostumado em tê-la como professora. – A van está toda lotada, posso me sentar ao seu lado?
- Cla-claro! – É, gaguejei. – Claro, professora.
- Me chame de Olívia – ela sorriu e se sentou. – Então, devo perguntar por que você não está sentada com alguma outra menina da sala? Embora eu já saiba a resposta.
- Já sabe? – Olhei pra ela quase que implorando. Mostrei meu celular com a mensagem de e ela sorriu. - Não sei como lidar com isso, Olívia.
- Ele é muito charmoso – ela me disse. – Você é garota sortuda.
- Nós somos só amigos – falei mordendo meus lábios. – Não quero ser mais nada além disso.
- Sabe – ela colocou uma mecha do cabelo atrás da orelha e suspirou – quando Danny e eu começamos a namorar, as fãs também não gostaram muito.
- Olívia, você não precisa me falar do seu namoro...
- Fica tranquila, , eu já superei essa parte da minha vida – ela riu. – Eu queria dizer que no começo foi muito angustiante pra mim ficar nesse meio. Eu já era exposta devido ao meu trabalho, mas é bem diferente o tipo de exposição que você sofre quando namora um ídolo adolescente.
- As fãs te tratavam mal?
- Na época não tinha Twitter, Tumblr ou metade das redes sociais existentes hoje. Era mais fácil ficar no anonimato, mas o pouco de exposição que tínhamos causava um furor – ela suspirou. – Nunca recebi ameaças de morte, mas sempre ouvia comentários falando que eu não era boa o bastante pra ele.
- E como você se sentia com tudo isso?
- Me sentia péssima e durante o namoro pensei em colocar um ponto final várias vezes. Não era pelo Danny, mas por mim mesma; porém, tanto ele quanto os outros meninos e as meninas foram sempre gentis. A Giovanna era a que mais recebia ódio das fãs, diziam que ela não era bonita, era gorda. Porém ela sempre foi um modelo pra mim, ela nunca ficou abalada. Ela tinha o Tom, não tinha?
- Até hoje algumas fãs falam mal dela...
- Exato – Olívia sorriu. – , não tem como você agradar todo mundo, ainda mais uma legião de fãs. Mais saiba que sempre vai ter aquele grupo que gosta de você e apóia o seu namoro.
- Mas eu e ...
- Tá, que não seja namoro. Apóia a amizade de vocês – ela riu. – E eu tenho mais certeza ainda de que o vai fazer o impossível pra te proteger dos ‘haters’. Ele é uma pessoa muito doce, e aquela foto mostra muito mais do que um simples carinho de amigo.
- Eu gosto dele – acabei falando. – De verdade.
- Sei disso – ela sorriu. – Dá pra ver na sua cara.
- Mas eu morro de medo, não sei até que ponto vou aguentar. E o dia que eu explodir? Eu sou estúpida de vez em quando...
- Seja! – Ela riu. – Seja, fala, se mostra! Tem que colocar limites de vez em quando. E se você quiser soltar um ‘foda-se, ele está comigo’, que fale. Não há motivos pra se prender aos pudores sociais, .
- Você tinha medo de perder o Danny pra alguma fã?
- Sempre tive – ela sorriu. – Mas ele sempre me provava que me amava mais do que qualquer pessoa.
- Sinto muito.
- O Danny foi e sempre será uma pessoa especial em meu coração. Dou graças a Deus que até hoje tenho contato com a Frankie, a Izzy...
- Não gosto da Frankie – acabei falando e sem querer fiz bico. Olívia sorriu.
- Tá vendo? – Ela apontou pra mim.
- Que foi?
- Você a conhece? Sabe de verdade o que aconteceu no relacionamento dela com o Dougie? Sabe se ela foi realmente o motivo pelo qual ele se internou?
- Não, pra todas as perguntas – fiquei sem graça.
- Frankie tem um coração enorme. Dougie e ela de verdade tentaram, mas chega um dia em que não dá mais; mas ela não é nem metade do que foi pintado pela mídia ou pelas próprias fãs.
- Me senti péssima agora – murmurei.
- Não sinta – ela me abraçou de lado, como uma amiga. – Como fã você ficou chateada com o que aconteceu e é normal. É praticamente a mesma coisa que está acontecendo agora com os fãs do ; elas estão chateadas e se sentindo traídas.
- Que faço? – Suspirei me controlando pra não começar a chorar.
- Você quer ficar com ele? Você gosta dele?
- Muito!
- Então faça você mesma feliz e fique com ele – ela sorriu e me deu um beijo no rosto, controlei mais ainda minha vontade de chorar. – E o faça feliz também.
- E as fãs?
- Dê para elas motivos pra gostarem de você – ela riu. – Bem vinda ao mundo do show business.
- Obrigada – eu ri sem humor algum.
Nosso caminho até a SugarScape não demorou muito já que fiquei o tempo todo conversando com Olívia. Quando chegamos, ela esperou todos os alunos descerem e ficou ao meu lado, sabia que alguém ia fazer uma piada de mau gosto uma hora ou outra. Agradeci mentalmente por tanto cuidado e carinho e, quando finalmente entramos no estúdio fotográfico, pude me sentir em casa. , eu e Sam ficamos atrás do grupo principal de alunos; todas as meninas estavam em êxtase por ver One Direction, enquanto eu estava com medo. O estúdio era enorme e era minha primeira vez em um estúdio profissional. O fundo onde eles fariam as fotos era branco assim como o chão, e absurdamente GRANDE! Nós estávamos atrás com umas 12 pessoas – que incluíam o diretor de fotografia, duas jornalistas da SugarScape e maquiadores – mais câmeras profissionais por todos os lados e Olívia estava na frente com mais dois fotógrafos. Fomos de roupas leves – calça jeans, camiseta e tênis – embora algumas meninas estivessem com blusas apertadas demais e saltos altos demais; mas o dia seria longo e eu acho que todas nós teríamos a chance de tirar uma foto do One Direction. Nossa sala tinha mais ou menos vinte e cinco alunos, então imaginem...
- Seu celular está vibrando – Sam me cutucou, eu nem tinha percebido.
- Não vou atender, Olívia está no meio da explicação de como devemos nos comportar em um photoshoot desse tamanho.
- Esse barulinho está me irritando – ele falou rindo.
- Então vai pro outro lado, Sam – falei dando um empurrão de leve nele. O celular parou de vibrar e dois segundos depois voltou a vibrar.
- , atende isso!
- , não posso...
- Você sabe quem é, até eu sei quem é – ela ria.
Peguei o celular e lá estava o nome de brilhando e ele ligando. A foto que ele tirou no dia da van aparecia, seu sorriso moleque e todo não comprometimento de ambas as partes naquela noite. Olhei ao redor pra me assegurar que ninguém estava me olhando e foi aí que eu vi. Pela porta que entramos bem ao fundo, ali estava ele. estava balançando o celular de forma brincalhona e sorrindo pra mim, há quanto tempo ele estava lá? acompanhou meu olhar de desespero quando nós duas avistamos e ela teve que colocar a mão na boca pra não começar a rir.
- Eu não vou até ele! – Falei pra e tentando fazê-la parar de rir.
- Qual o problema? Vai saber a quanto tempo ele está lá te esperando!
- Mas daqui a pouco começa a sessão e eu não vou estar aqui...
- Uma sessão com o One Direction não vai começar sem o – ela riu.
- Me dá cobertura? – Perguntei já quase caindo na gargalhada.
Fui saindo de marcha ré do local onde eu estava com mais ou menos na minha frente me dando cobertura e disfarçando o fato de que eu estava saindo. Olívia estava prestando atenção em um dos fotógrafos, porém ela me avistou e sorriu de forma cúmplice pra mim; só dou graças a Deus que nenhum dos alunos viu.
- Vem aqui! – me puxou pela cintura e no segundo seguinte lá estava eu no corredor que passei alguns minutos atrás. – A não vem?
- Não, vai ficar meio na cara se nós duas sairmos – eu falei rindo. – Oiii!
- Oi! – Ele sorriu e nos abraçamos, eu adorava seus abraços. – Queria falar com você antes do photoshoot.
- Você não deveria estar com uma roupa diferente? – Perguntei o vendo com uma camiseta e jeans, nada especial.
- Acabamos de sair da maquiagem e cabelo, agora vamos colocar a roupa. Quer vir?
- Tá doido?
- Qual o problema? – Ele riu. – Por favor, os meninos estão completamente loucos pra falar com você e . Especialmente o .
- É, fiquei sabendo que eles, hm...
- Estão quarenta passos na nossa frente?
- HEY!!
- Qual é? – gargalhou. – Escuta, quando esse photoshoot acabar eu queria, hm, falar com você.
- Tem que ser depois? Agora você me deixou curiosa – eu ri.
- Bom, a banda recebeu uma proposta e...
- AMÉM! VOCÊ TÁ AQUI! – e saíram correndo de algum lugar e no momento seguinte estavam me abraçando e me enchendo de beijos. Desde quando sou tão amada assim?
- Senti saudades de vocês também – eu só dava risada. – Nossa, vocês estão lindos.
- E ainda vão colocar photoshop na nossa cara! – falou meio emburrado. – Às vezes nem minha mãe me reconhece na foto!
- Quanto exagero, eu ia adorar ter um dia onde me colocam roupa nova e maquiagem e cuidam do meu cabelo...
- Pra quê? Você odeia fotos – falou me irritando um pouco, até colocou a língua pra fora e fez uma cara mais ainda sapeca.
- Não queria me produzir toda pra tirar fotos, só pra me sentir bonita – respondi e senti umas risadinhas ao meu lado. Era .
- Você já é linda, – falou me abraçando. – E se o não fica falando isso o tempo todo, acho que você precisa passar mais tempo com outros membros do One Direction.
- É, não sou bem tratada pelo – falei e ele exclamou um ‘HAYHOUHAY’.
- Se você me aceitasse como seu namorado, quem sabe não seria melhor tratada?
- Eita, já estamos nesse nível? – perguntou. – Que parte foi que eu perdi?
- tira foto com no colo, fãs piram, ela é ameaçada de morte pelas fãs, hm, por que será que ela ainda não aceitou namorar você? – dizia isso com cara de pensativo, mordi meus lábios pra controlar minha vontade de rir.
- Eu ia dizer que ainda não fui pedida oficialmente em namoro, mas gostei dos argumentos do – sorri.
- ONE DIRECTION, TRÊS MINUTOS.
- Nós ainda não terminamos essa conversa, – apontou pra mim e foi caminhando pra trás. – Se é um pedido que você quer, um pedido você vai ter.
- Uuuhhhh, ele tá te ameaçando – brincou. – Nos vemos daqui a pouco.
- Okay, amor – dei um beijo no rosto dele e voltei pra onde eu deveria estar desde o começo.
Voltei meio na surdina e agora os alunos já estavam espalhados de forma a todo mundo ter visões dos ângulos do photoshoot. Fui quase correndo pro lado de , que estava mais ou menos ao canto esquerdo e pro fundo, junto com Sam. O que Olívia mais falava era ‘se controlem, eles vão entrar daqui uns minutos’, mas parecia que todo mundo só queria saber do One Direction. me mostrou as anotações feitas enquanto eu estava com , e . Nós acompanharíamos vinte minutos do photoshoot que a Olívia faria, depois um por um ficaria sozinho com a banda para bater dez a doze fotos – esse era o momento que me preocupava. Depois, One Direction faria um pequeno show capela para nós alunos. estava freaking the fuck out ao meu lado, já que o sonho da vida dessa menina era ver 1D ao vivo. E olha que ela já beijou o , mas parece que isso ainda não importa.
Nós estávamos lá, esperando... Até que a porta se abriu. A gritaria foi absurda e eu acho que meu tímpano foi danificado. Vi a careta de quando ele entrou no estúdio e os outros meninos riram. A pequena multidão de meninas se aglomerou na frente da banda e eles não conseguiram mais caminhar; todas já estavam em cima deles, beijando e abraçando e algumas chorando e tremendo. Vi que algumas meninas passavam mal e ficaram brancas, ficou preocupado e acabou abraçando algumas e perguntando se elas estavam bem – como resultado recebeu um grito na cara de “AAAAAAAAAHHHHHHHHHHHHHHHHHHHH” – uma delas agarrou e não queria mais largá-lo e, ok, ela o beijou na boca! É, ela deu um estalinho na boca dele, mas deu, e ele riu... E isso não vai dar certo! e estavam ocupados demais tentando acalmar um outro grupo de três que só choravam e mal conseguiam equilibrar o celular na mão pra tirar a foto, tanto que eles pegaram os celulares das meninas e bateram a foto pra elas. O quão fofo eles conseguem ser? Eu, e Sam, que não saiu do nosso lado, acompanhávamos a visão do inferno na nossa frente e ficávamos meio sem graças. Sam não os conhecia, eu os conhecia e beijou um deles... Belo grupo! Olívia e um dos outros fotógrafos resolveu dar uma acalmada no furor hormonal feminino – Sam era o único garoto da sala – e depois de uns dez minutos os meninos do 1D conseguiram ser afastados das hienas e elas voltaram para o posto anterior; ainda chorando, ainda tremendo e ainda com gritinhos histéricos internos que eram possíveis ser escutados. Não falei com eles, o tempo todo fiquei com a cabeça baixa enquanto via rindo para os cinco, ela me cutucava vez ou outra, mas eu não estava muito segura de sorrir pra um deles, eu podia morrer a qualquer momento.
- Tá tudo bem, ? – Sam me perguntou me abraçando. – Você está meio pálida.
- Não vou conseguir ficar aqui Sam – falei. – Como vou bater as fotos? Tá todo mundo me encarando e encarando o esperando por alguma coisa. Coisa que não vai acontecer!
- Só relaxa, isso aqui é uma aula – ele sorriu. – Vem, vamos lá pra frente.
- Cadê a ? – Olhei pros lados procurando minha amiga.
- Ela já está na frente – ele riu. – Vamos...
Sam me puxou pela mão e me guiou até mais a frente. Sentei ao lado de e ouvi uns murmúrios atrás de mim, coisinhas que não valem a pena ser comentadas. Sam bufou e me abraçou de lado, fez o mesmo segurando minha mão. Quando dei por mim, vi sentado na minha frente e o murmúrio atrás mais alto.
- Passando mal, ?
- Falei pra não falarem comigo – respondi sem ao menos olhar pra cima.
- Eu me preocupei com as fãs que estavam passando mal, por que não faria isso com você? – Ele sorriu. – Oi, prazer.
- Sam – Sam estendeu a mão para e os dois se cumprimentaram cordialmente.
- E aí, ?
- Estou bem, – finalmente o encarei e sorri.
- Esse olhar me lembra aquele no dia que você comeu salmão – ele riu.
- Cala a boca! – falei brincando.
- Só olha pro e balança a cabeça afirmando que você está bem, você nos ignorar está matando o pobre coitado.
- Ugh! – Gemi e olhei pra ele acenando e sorrindo. Consegui um sorriso maroto de volta e uns gemidos de desprezo atrás de mim.
- Vou pra lá – deu uma piscadinha pra mim e se juntou com o resto dos meninos.
- Morreu por causa disso? – me perguntou quando percebeu que eu estava meio sorrindo.
- Não, agora cala a boca! – Respondi finalmente olhando para os meninos e vendo o quão fofos eles eram.
Olívia explicou tanto para eles como para nossa sala como funcionaria o dia de hoje. Todos nós nos sentamos no chão enquanto ela comandava o photoshoot junto com os outros fotógrafos. A maioria das meninas não estava prestando atenção em nada, e por mais que Olívia mandasse todo mundo calar a boca e parar de ficar tentando chamar a atenção de algum deles, o tempo todo eu ouvia gritinhos para cada gracinha que eles faziam. Eu nunca tinha visto One Direction como banda e a química deles é algo incrível, com um toque apimentado – se é que dá pra me entender desse jeito. Tinha pelo menos umas três que não paravam de chorar e tremer e mal conseguiam segurar o caderno com as anotações. Outras tiraram a blusa e ficaram só de top e jogavam os cabelos pra lá e para cá (e pensar que essas meninas vão ficar um tempo sozinhas com eles na sessão privada!) e óbvio que os meninos ficavam olhando, eu nem podia reclamar, essas meninas eram Barbies. Passando essa fase de ter que ficar reparando nessas garotas, eu, e Sam realmente prestávamos atenção na aula. Olívia ia direcionando os meninos e falando quais os ângulos e poses que ficariam bons; ao mesmo tempo se preocupava em nos ensinar qual o tipo de câmera que ela estava usando, como a luz podia ajudar ou atrapalhar e como essas fotos seriam reveladas. Eu anotava tudo muito rápido, minha caligrafia estava uma merda e eu nem sabia como conseguiria ler quando fosse estudar mais tarde.
A fotografia de estúdio é um mundo a parte dentro da fotografia. E é um mundo onde o fotógrafo é quem manda, porém, nesse mundo maravilhoso onde temos todo o poder sobre o ambiente, a modelo e, principalmente, sobre a luz, é o local onde se separa fotógrafos de sorte de fotógrafos que realmente sabem o que estão fazendo.
E lá vai eu escrever junto com e Sam. Ouvi a risada gostosa de ao fundo e quando olhei pra ver o que estava acontecendo, vi ele e em um momento íntimo e engraçado, ali na frente de todo mundo. Olívia estava tentando manter o controle, mas o problema não era nem os alunos, e sim a própria banda – às vezes eles parecem ter 13 anos! As meninas estavam gritando um pouco mais alto e a sessão de fotos estava ficando cada vez mais complicada. Só bufei de raiva, queria que nossa primeira experiência fosse com alguém menos famoso, porque com One Direction não estava dando certo. Finalmente Olívia desistiu de tentar controlar os hormônios em fúria da nossa sala e nos organizou a fim de deixarmos entrar um por um no estúdio e ter cinco minutos com One Direction. Todos nós fomos para o corredor do lado de fora e esperamos em uma fila indiana, eu junto com meus outros amigos fomos os últimos. Eu não ia fazer graça nenhuma, de verdade, eu ia tirar fotos, esse trabalho valia nota e a melhor foto estaria no editorial da SugarScape. Pensa, uma foto MINHA na revista! E eu queria estagiar ali no futuro, era bom eu fazer um bom trabalho.
- A iluminação mais básica para um estúdio consiste em iluminar o fundo e o assunto. Digamos que, para um setup básico, você vai precisar de uma luz principal 1, uma luz de preenchimento 2 e uma luz de fundo 3 – eu falava enumerando as coisas que eu lembrava ter lido no livro e via o sorriso de . – Que foi?
- Nerd!
- Cala a boca – eu ri.
- Você é amiga dos caras, senão quiser tirar foto e ficar cinco minutos conversando com eles você pode, pra que se preocupar? – Sam me perguntou e eu fiz careta.
- Não quero ter privilégios porque conheço os meninos, sou uma aluna como outra qualquer...
- Ai , você é tão bobinha – disse. – Eu vou me preocupar em mais do que simplesmente ficar tirando fotos.
- Você é doida , eu não – eu ri.
- Meus amores, precisam de alguma coisa? – Olívia apareceu ao nosso lado colocando a mão em meu ombro e sorrindo de forma angelical. – Tudo certo?
- Tudo sim – respondi. – Hm, podemos usar todo o espaço do estúdio e todos os objetos?
- Podem sim, tem alguma coisa em mente? – Ela sorriu.
- Na verdade tenho. Como eles são uma banda a tendência é tirar fotos de frente, porém o Tom Leishman sempre tira fotos do McFly com uma visão mais panorâmica, acho mais interessante – falei tentando parecer segura, mas eu estava bem nervosa.
Eu conhecia um pouquinho “a mais” de fotografia do que a minha sala toda. Venho me preparando pra isso desde os meus seis anos, quando ganhei minha primeira câmera, e passava o dia todo tirando fotos dos meus pais, dos vizinhos e de qualquer coisa que eu achasse interessante. Depois passava mais horas no meu banheiro – improvisei ali um pequeno estúdio fotográfico – revelando foto por foto, e depois espalhava pela casa a fim de fazer uma pequena exposição do meu trabalho. Acompanho American Next Top Model e acho bárbaro o jeito que os fotógrafos tratam as modelos, nós que comandamos como a foto vai ficar e damos ideias. One Direction tem uma dinâmica maravilhosa, tirar fotos deles deve ser uma experiência perfeita. E como eles têm toda essa energia, direcioná-los a fim de tirar a foto perfeita deve ser fácil!
- Tenho certeza de que você fará um excelente trabalho, – Olívia falou. – E vocês? Alguma ideia?
- Se eu entrar primeiro que a e roubar a idéia dela vai ficar chato? – perguntou e todos nós gargalhamos. – Na verdade eu ainda não tenho nenhuma ideia, deve aparecer quando eu entrar no estúdio.
- Foque-se nas fotos, , e não na banda – Olívia falou em um tom mais ou menos sério como nossa professora. – Não quero ter que entrar no meio das suas fotos pra ver o que você está fazendo.
- O quê? E por que você faria isso comigo? – Ela parecia brava.
- Porque você não saiu desse celular desde que chegamos e você ficou trocando olhares com desde o momento em que eles apareceram – Olívia deu um sorriso meio maldoso e eu abafei um riso.
- Você é boa – olhou assustada e eu ri. – Ok, vou tirar as fotos.
- Obrigada, – Olívia disse e depois se retirou.
Quase 50 minutos depois lá estava eu esperando sair para finalmente eu entrar no estúdio e fotografar One Direction. Havia felicidade nos olhos de cada menina que saía, e em algumas um olhar mega malicioso. Duas delas vieram até mim e falaram ‘você pode até ser a garota da foto, eu vou ser a garota que vai acordar ao lado de amanhã’. Sem falar das mil piadinhas que eu ouvia enquanto estava do lado de fora, algumas meninas tiraram fotos minhas enquanto eu estava esperando e as publicaram no Twitter e no Tumblr com uma pergunta em cima ‘ela parece boa o bastante?’, sei disso porque eu recebi links com as fotos. Não aguentei ficar muito tempo com o celular e desliguei, quanto mais eu via mais angustiada eu ficava.
Eu estava sentada em frente à porta que abria para o estúdio, algumas meninas jogavam papel em cima de mim e faziam questão de falar ALTO e em bom som coisas que ou um dos meninos provavelmente deve ter dito. Era sempre sobre , era sempre sobre o jeito que ele a olhou, que ele falou do perfume, que ele elogiou o corpo, cabelo, a voz, perguntou se uma delas não queria ir pra casa dele a noite tirar fotos e por aí vai. Não duvido que alguma dessas seja verdade, ele é solteiro e as meninas são realmente bonitas – são um nojo, mas o que posso fazer? – e ficam se jogando pra cima dele. Mas aposto que nenhuma delas foi pedida não-oficialmente em namoro, ou foi?
- , sua vez – Olívia disse assim que saiu do estúdio mais radiante do que nunca.
- Obrigada – eu falei me levantando. – E aí, como foi?
- Preciso de ar – falou toda esbaforida. – Sério, eles são... Ai meu Deus!
- Você já os conhecia – eu ri e só vi uma careta de . Entrei no estúdio e vi os cinco deitados no chão rindo de alguma coisa babaca.
- ? – A organizadora do photoshoot apareceu, me deu uma credencial e uma câmera. – Por aqui, por favor.
- Obrigada – agradeci dando uma olhada na câmera que me foi dada.
Puta merda, era uma CANON EOS 5D MARK II OBJECTIVA. Tá, devo dar detalhes? Essa câmera foi vencedora do prémio "melhor reflex digital" nos TIPA awards e do prêmio "Melhor máquina fotográfica reflex" nos EISA 2009-2010. Essa câmera é mega blaster resistente, seu corpo robusto, resistente ao pó e à água, protege um magnífico sensor CMOS 24 x 36 mm de 21,1 megapixeis efectivos. Ele produz imagens de 5616 x 3744 pixeis e o novo processador DIGIC 4 permite atingir 25 600 ISO de sensibilidade.
Além disso, com esta EOS pode tirar 3,9 imagens por segundo no seu modo de bracketing. E como se isso não chegasse, também dispõe de um modo de vídeo. A 5D Mark II é a primeira máquina fotográfica digital que pode filmar com uma resolução de 1920 x 1080 pixeis. Até é possível ligar um microfone para garantir uma elevada qualidade sonora. Tô falando grego? Me empolguei, e me empolguei DEMAIS! Essa câmera é muito cara e nos meus maiores sonhos eu imaginava segurar ela uma vez e agora aqui estou, vou chorar! Tá, todo mundo está empolgado porque estão fotografando One Direction e eu empolgada porque estou com a câmera mais foda em minhas mãos. EM MINHAS MÃOS!
- Você sabe como utilizá-la? – A mocinha me perguntou vendo que, provavelmente, eu estava com os olhos brilhando.
- Essa é uma EOS 5D, estou certa? – Minha voz até tremia.
- Exato – ela sorriu. – Uau, você é boa. Os outros alunos mal sabiam como segurar uma câmera e só queriam saber dos meninos. E você está muito mais empolgada com esse objeto valioso em suas mãos do que com One Direction.
- Ah, mil perdões – eu falei. – É que, meu Deus, eu sou totalmente apaixonada por fotografia e essa câmera é um dos meus maiores sonhos de consumo.
- Vamos usá-la, meu amor – ela sorriu e foi me encaminhando até onde os meninos estavam. – One Direction?
- Oi...OIEEE!! – abriu o maior sorriso quando levantou e viu que quem estava ali parada era eu. – Nossa, quase uma hora de espera!
- Podemos saber por que você foi a última? – disse vindo até mim e me dando um daqueles abraços apertados que só ele sabe dar. – Tivemos que sorrir pra outras garotas que não eram você ou a .
- E dar umas cantadas nelas também? – Perguntei marota e soltou uma risadinha.
- Quem disse isso? – perguntou vindo até mim e me dando um beijo no rosto, logo em seguida e fizeram o mesmo. – Quem foi?
- Quase todas as meninas que saíram disseram que levaram cantadas – eu ri.
- Algumas delas recebeu do ? – perguntou rindo e vendo se aproximar com a cabeça meio baixa e mordendo os lábios. Sexy.
- A maioria – eu ri.
- Eu estava treinando a cantada perfeita pra dar em você – falou finalmente se aproximando e dando um beijo demorado em minha bochecha. – Mas não consegui, você é mais inteligente do que todas elas juntas.
- Obrigada – agradeci sentindo meu rosto arder.
- Ah, chamar a de inteligente deixa ela tímida – falou e nós rimos.
- Calem a boca e vamos trabalhar, tenho cinco minutos pra tirar a foto perfeita e é bom vocês ajudarem – falei estralando meu pescoço e já dando uma olhada no espaço que eu tinha disponível.
- Você fica sexy desse jeito – falou indo se juntar ao grupo e me dando aquele sorrisinho sacana. – Adoro mulheres que mandam.
- Não me desconcentra! – eu ri.
O estúdio era grande, a iluminação era boa e tinha uma escada ENORME que eu podia usar pra finalmente tirar minha foto panorâmica. Lembrei do que Leishman fez com o photoshoot do calendário do McFly, mas acho que não tinha como eu escrever ‘One Direction’ usando o corpo deles. Mas tinha como eu fazer 1D, não tinha? Subi na escada a fim de ter uma visão do meu espaço visto de cima, dois outros fotógrafos me ajudaram e já começaram a rir e a fazer elogios como ‘nenhum outro aluno foi tão criativo como você’, eu só queria morrer de alegria. Fodam-se as groupies, eu sou a melhor fotógrafa da sala e ainda posso ser amiga da banda! Os cinco me olhavam lá de baixo com caras assustados e eu tenho certeza de que parecia uma doida.
- OK! – eu disse. – e vocês serão o número 1. , e vocês serão a letra D, entenderam?
- Como fazer isso? – perguntou rindo. – Você que nos comanda.
- Tá – suspirei, me segurei no topo da escada mantendo uma perna minha no degrau abaixo e uma no degrau acima. Afastei meu cabelo e já fiquei com a câmera em mãos, queria tirar foto também de como o logo 1D seria formado – você fica bem ali no meio, onde tem aquele X verde – e foi pra lá. – Deite, por favor, e deixe seu corpo reto com os braços pra cima.
- Você é boa – ouvi um dos fotógrafos dizer lá em baixo e sorri orgulhosa.
- E agora? – Ouvi perguntar.
- Com as suas mãos e um pouco do seu braço tente fazer a pontinha do número um. Por favor, tem como ajudá-lo?
- Sem problemas – o fotógrafo falou e foi até , o ajudando. – Me avise quando ficar bom – estava olhando de cima até que achei a posição perfeita.
- ÓTIMO! – Falei. – , aguenta firme.
- Sem pressa, – ele disse meio rindo, os outros meninos estavam concentrados. Foi realmente bom, não teve gracinhas, estava fazendo um bom trabalho.
- , fique abaixo de e, hm... você sabe fazer pé de bailarina?
- O QUÊ? – Os outros meninos caíram na gargalhada, na verdade o estúdio todo começou a rir. – Que é isso, ?
- Plié – eu disse rindo. – Vamos lá, , eu sei que você consegue.
- Que passo é esse? – Ele falava meio abestado.
- Alguém nesse estúdio sabe fazer um plié pra mostrar pro ? – Perguntei.
- Eu sei – acho que a moça que fazia maquiagem levantou-se e foi ficar de frente com . – Coloque seus pés nessa posição, um encostado no outro em direções opostas.
- Fala sério – falou tentando imitar a moça, e não é que ficou igual? – , eu vou acabar com a sua vida.
- TÁ LINDO! – Berrei. – Agora, , fique abaixo de e faça o plié.
- Nós NUNCA vamos esquecer desse momento, – falou lá debaixo olhando pra mim e eu pisquei concordando com o que disse.
- Espero que sua foto seja escolhida – falou. – Tá ficando massa.
- Com toda essa energia, eu quero você trabalhando aqui – um dos fotógrafos envolvidos disse isso alto e eu quase caí da escada.
- Tô trabalhando pra isso – falei tentando parecer casual. – Moça da maquiagem, obrigada!
- De nada linda – ela agradeceu.
- Bom, o número 1 está feito. e , preciso que vocês façam o mesmo que e , porém sem o plié e sem a mãozinha fazendo o comecinho do número um.
- Onde, ? – perguntou já se colocando mais ou menos no lugar.
- Daqui eu vejo um ponto roxo perto do , tem como ir pra lá pra eu ver como fica?
- Tem sim – foi até o ponto. Coloquei minhas mãos na frente do meu rosto fazendo uma câmera com meus dedos; sabe quando você usa seu indicador e polegar como se fosse um quadrado? É, assim. Fechei e dei uma olhada na posição onde estava, perfecto!
- AÍ MESMO! – Berrei. – e , por favor, deitem-se.
- Deitando... – falou e ficou na posição que eu pedi, eles ainda estavam zoando por estar fazendo plié, tava fofo demais.
- – o chamei e ele olhou pra mim sorrindo. – Você vai ser a barriguinha do D, então... hm...
- Deixa comigo – ele disse. Na mesma hora já foi pro chão e deixou seu corpo em uma posição côncava, fazendo a barriga do da letra D. – Ficou bom?
- Está excelente, EXCELENTE! – E comecei a fotografar.
Tirei de vários ângulos. A câmera era ótima e a resolução perfeita, em algumas fotos os meninos estavam rindo, o que só contribuiu para eu ter a foto perfeita. Depois de uns 20 shoots, eu acho que consegui o que queria. Tirei de cima, de mais pra baixo, do meio e até fui lá pra baixo tirar foto da cara dos meninos.
- , você manda bem pra caralho! – falou quando eu me abaixei pra tirar uma foto dele de perto. – Nenhum dos outros alunos nos comandou bem assim.
- Anos de experiência assistindo TV – eu ri e fui na direção de . – E aí, como está com o plié?
- Câimbra – ele disse rindo. – Ficou boa?
- As fotos estão excelentes – eu ri. – Fui pro outro lado e bati fotos de e , e, por último, de .
- Tirou foto da minha bunda?
- Não é minha culpa se você está virado pro lado oposto – eu ri e ainda dei um chute de leve na sua cueca que estava aparecendo.
- Lindinha – ele disse rindo.
- Meninos, acho que conseguimos a foto perfeita – falei. – Podem levantar e muito obrigada pelo trabalho.
- YAAAAY! – Eles falaram e assim que se levantaram foram pra cima de mim, quem acabou caindo no chão foi eu.
- , tempo esgotado – Olívia abriu a porta e disse. – Pode voltar, por favor.
- Pode deixar – eu disse saindo do abraço dos meninos. – Bom, agora vocês vão fazer mais alguma coisa?
- Vamos cantar duas músicas pra sala de vocês e depois acabou – me abraçando de lado. – E você, o que tem pra fazer hoje?
- Dormir – eu ri. – Estamos acordadas desde cedo e amanhã vai ser um longo dia. Vamos amanhã ao Museu Britânico ter umas aulas de arte, de acordo com os nossos professores é bom saber como era o mundo antes da fotografia.
- Fantástico – falou. – Não queremos te atrasar nem causar mais problemas, , então vamos indo.
- Ok, obrigada, meninos, foi tudo muito divertido – eu sorri e de novo abracei um a um.
- Você ainda tem um minuto? – pegou minha mão quando os outros meninos se afastaram – Só queria falar uma coisa pra você.
- Então corre – eu disse sorrindo.
- Quero te levar pra jantar hoje – falou mordendo os lábios, ele parecia um pouco nervoso.
- Da última vez que você me propôs isso acabamos em uma van – eu ri.
- Paul já fez as reservas, só preciso que você aceite.
- Uau – eu ri e fiquei meio tímida. – , dependendo do restaurante que você escolheu, não tem como eu pagar minha parte e eu nem tenho roupa...
- Primeiro, quem vai pagar sou eu! Segundo, você fica linda com qualquer roupa, , e não se preocupe com isso – ele sorria. – E então?
- Que horas devo estar pronta? – Perguntei já sentindo as borboletas fazerem festa no meu estômago.
- Dez horas. Vamos um pouco mais tarde assim o restaurante não vai estar tão cheio.
- Caraca, vou morrer de fome! – Falei fazendo drama e ele riu de forma gostosa, meu Deus!
- Engana seu estômago com batata frita – ele riu. – Então, fechado?
- Fechado! – Eu sorri. puxou minha mão para um abraço e envolveu minha cintura com seus braços, com muito cuidado senti seus lábios roçarem de leve em meu pescoço e depositar ali um beijo quase imperceptível. Só percebi porque meu corpo todo se arrepiou, e outras partes também. Hormônios.
- Você disse que tinha uma coisa pra me falar hoje quando chegamos. Vai me falar no jantar ou o que você tinha pra me falar era que você queria me convidar pra sair?
- Eu falo no jantar – ele piscou. – Agora vai, antes que eu te atrase mais ainda.
- Paul vai me buscar ou eu devo ir de táxi?
- Eu vou te buscar – ele sorriu, esqueci de comentar que ainda segurava minha mão. – Hoje você será tratada como merece, – e em um gesto absurdo de cavalheirismo ele depositou um beijo em minha mão.
- Mal posso esperar – tive uma noção de que minha voz saiu esganiçada, eu estava mega nervosa.
Nos despedimos e então fui embora. Dei a câmera para a mocinha que estava lá e ela ficou me olhando de forma engraçada; se deu cantada em todas as meninas eu pelo menos fui aquela que ele chamou pra sair no fim do photoshoot. Suspirei umas três vezes antes de abrir a porta e dar de cara com um grupo de meninas raivosas, todas com o celular na mão. Meu estômago enjoou e eu já quis matar o antes mesmo de saber o que podia estar acontecendo, será que esse ameba twittou alguma coisa?
- , o que foi? – Cheguei pra minha amiga e ela me mostrou o Twitter. Era o bocudo do . Tive que me controlar pra não rir. Haters gonna hate! Com quatro palavras ele matou o fandom inteiro!
‘se deu bem, x’
Capítulo 08
Vinte garotas se aglomeraram na frente de um pequeno palco improvisado no meio do estúdio. Vinte garotas gritavam e alcançavam alguns decibéis que até então eu achava impossível de serem alcançados. Vinte garotas choravam, tremiam e quase desmaiavam por cinco garotos. One Direction.
, , , e estavam no palco ligando os microfones, eles iam cantar duas músicas acústicas e depois iriam embora; acho que iam tirar fotos e dar autógrafos também. Com muita insistência da , eu estava no meio desse furacão adolescente, e Sam estava um pouco mais afastado paquerando a mocinha da maquiagem que fez o plié para o . Eu nunca fui tão acotovelada igual eu estava sendo naquele momento, aquilo só me fez imaginar como seria um show do 1D, eu não ia sobreviver. Eu ouvia coisas como ‘você é amiga deles, vai lá pra trás’ ou ‘sai daqui, você nem é fã de One Direction’ e isso me fazia querer chorar. Quando eles começaram a cantar What Makes You Beautiful – só ao som do violão – pensei que ia desmaiar. ainda conseguia ficar em pé, mas eu só queria sair dali; se eu sou amiga deles não tem PORQUÊ eu ficar ali sendo chutada e acotovelada o tempo todo. Olhava pra pedindo misericórdia, mas ela só sabia gritar e berrar tanto quanto as outras; de vez em quando a olhava e eu tenho certeza de que as outras meninas perceberam isso também. Então chegou o refrão!
Assim que eles começaram ‘Baby you light up my world like nobody else’, as vinte garotas pularam quase em cima do palco, os meninos tiveram que dar um passo pra trás e eu vi claramente nos olhos de um certo pavor. Paul estava ali por perto, mas acalmar vinte feromônios não ia ser fácil nem pra ele; não estava sendo pra mim. Com o passar do refrão os pulos pioraram, os gritos também e os empurrões e chutes também. A loirinha que ama o mais do que tudo apareceu ao meu lado e me deu uma cotovelada na costela. Daí pra frente eu só sei de dor, muita dor. Caí no chão de joelhos e coloquei a mão na parte atingida enquanto as outras garotas mal se importaram de me ver ali, eu não conseguia me mexer e mal conseguia respirar. Duas garotas não me viram – ou me viram e fizeram de propósito – e começaram a pular ao meu lado, resultando em me derrubar no chão; só lembro de ser pisada nas mãos, nos cabelos, na perna, nos pés e alguém deu um chute pra trás que acertou meu lábio. Eu não conseguia falar nada, mal conseguia me mexer e se eu gritasse por ajuda ninguém ia me ouvir, eu mal conseguia ouvir os meninos cantando. Gritei um pouco mais alto quando a loirinha fez questão de pisar em minha mão, fiquei em posição fetal ali no chão só esperando a porra da música acabar e quem sabe eu conseguir me levantar; ergui meu rosto, mas só consegui ver lá na frente cantando com que estava de frente pra ela causando um furor maior nas fãs. Senti meus olhos ficarem cheios de água e não me importei em começar a chorar, tentava levantar e era arremessada ao chão de novo, tentei mais duas vezes, mas a dor em meus braços e pernas pisados não permitia que eu colocasse muita força, o que resultava na minha queda novamente ao chão. Meu lábio doía com o corte, mal sentia minhas costelas e meus dedos formigavam; se é isso que é morrer eu não tô pronta pra isso!
Foi então que eu ouvi berros mais altos, uma voz mais grave. ‘SAI, PORRA, SAI DAQUI...SAI, CARALHO...AFASTA, PUTA QUE PARIU!’ Me vi sendo carregada por dois braços longos e definidos. Era Sam, e ao seu lado Olívia.
- Coloca seu rosto no meu pescoço , vou te tirar daqui – ele disse me erguendo, a única coisa que consegui fazer foi gemer alto, a dor em meu corpo era absurda!
- Samuel, leve ela agora para a enfermaria e não comente nada – Olívia dizia enquanto caminhava ao nosso lado. – Isso não vai ficar assim, isso não vai ficar assim.
- Dor... AI! – Sam me segurou de mau jeito e minha costela latejou, vi estrelas e tenho uma impressão que apaguei. Minha visão ficou escura e daí pra frente não lembro de mais nada.
- Desculpe, Senhor , você não pode entrar aqui.
- Qual é? É minha amiga, sabia?
- , vamos, por favor.
- Vamos nada, , eu quero ver a !
- Vocês não acham que já deram trabalho demais hoje?
- A CULPA NÃO FOI NOSSA!
- Olívia, Olívia!
- , desculpe... Ela tá dormindo agora, você não pode vê-la.
- Na verdade eu não vou deixar esse grupo de aproximar da mocinha, com certeza vocês são as últimas pessoas no mundo que ela quer ver no momento.
- ELA É NOSSA AMIGA!
- SUA AMIGA FOI ESMAGADA!
- , cara, vamos! Você liga pra ela mais tarde.
- , você me avisa?
- Claro, , quando a acordar eu aviso pra vocês.
- POR QUE ELE PODE FICAR COM ELA E EU NÃO?
- ELE A SALVOU!
- Obrigado, cara.
- De nada.
- Obrigado o caralho, por que você não me avisou que ela estava sendo esmagada?
- Talvez porque você estivesse preocupado demais cantando o que faz uma garota bonita e paquerando a loirinha da frente?
- ESCUTA AQUI...
- , vamos!
Abri meus olhos com uma dificuldade tremenda. Havia uma luz branca bem em cima de mim e eu estava deitada em uma maca médica; não estava com as minhas roupas, e sim com uma camisola rosa clara da Hello Kitty. À minha volta estava uma cortina azul e eu só conseguia ouvir vozes e umas sombras, na verdade várias sombras. Tentei levantar minha cabeça, mas tudo doía; mexi meus dedos e meu braço e eu parecia sentir toda articulação se quebrando. Senti que meu lábio inferior estava inchado e de novo senti vontade de chorar; então me lembrei onde eu estava e me deu uma vontade maior ainda de chorar. SugarScape. One Direction.
- Alguém? – Fiz um esforço pra sair minha voz e deu certo, estava meio rouca, mas na mesma hora o burburinho lá fora parou. E foi aí que eu ouvi alguém gritando pro não entrar ali.
- – apareceu com a roupa que eu o vi mais cedo e com o rosto lívido e branco. – Puta merda, você está bem?
- Vou sobreviver – falei me erguendo em meus cotovelos e tentando sentar, novamente falhei, porque meus músculos ainda doíam. – Ai caralho!
- Deixa eu te ajudar – veio até mim e colocou força no meu corpo, ajudando-me a erguê-lo. – Meu Deus, o que fizeram com você?
- , agora pra fora! – Era a voz de Olívia.
- Eu não vou sair daqui – ele respondeu sem ao menos se virar, ainda me encarava com aqueles olhos que pareciam penetrar minha alma. – Desculpa, pelo amor de Deus, me desculpa.
- A culpa não foi sua – falei. – Foi meio de propósito, não fica se martelando com isso.
- ...
- , eu não vou falar de novo.
- Que bosta! – Ele olhou pra Olívia. – Qual o problema de eu ficar aqui com ela?
- precisa se trocar e já vai pra casa. Eu mesma vou levá-la, se você quiser eu telefono e te falo como ela vai estar mais tarde.
- Eu quero ficar COM ELA!
- Ela tem dois amigos que farão isso por ela, e Samuel – Olívia apontou para os dois, que estavam um pouco nervosos. – Eu não vou falar de novo, .
- Nós também somos amigos dela, Olívia – ouvi dizer. – Por favor, estamos nos sentindo absurdamente culpados.
- Não vai ter jeito, vai? – Olívia suspirou e passou as mãos nos cabelos. – Se mais alguma coisa acontecer com ela, eu juro que nunca mais vocês chegam perto. Me entenderam?
- Sim senhora – cinco vozes responderam.
- e Samuel, me acompanhem? Eu preciso que vocês assinem o boletim que eu fiz da tarde de hoje. Aceitam ser testemunhas?
- Claro que sim – disse de prontidão. – A revista vai publicar alguma coisa?
- Não – Olívia falou meio cansada. – E caso alguma menina presente publique alguma coisa, vou me encarregar pessoalmente de entrar na justiça. Isso que aconteceu foi errado, muito errado!
- Obrigada – falei olhando para ela. – Obrigada.
- Está dispensada da escola essa semana, , fique em casa e repouse. Estamos mandando um comunicado para sua família no Brasil para eles não ficarem preocupados caso saia alguma notícia.
- Minha mãe vai ficar pirada – eu falei sem humor algum.
- Eu espero que ela fique – Olívia disse. – Samuel, ?
- Nos vemos daqui a pouco, – disse me olhando com carinho.
- Sam – chamei-o. – Obrigada pela ajuda.
- Ao dispor – ele sorriu pra mim e eu senti ficar rígido ao meu lado.
- Eu preciso que vocês saiam para deixar a menina se trocar.
- Quer ajuda? – perguntou, mas na mesma hora eu disse que não.
- A enfermeira vai me ajudar – respondi. – Pode esperar lá fora.
- Não vou sair daqui – ele beijou minha mão e saiu para me esperar junto com os outros meninos.
Com muita dificuldade eu consegui tirar a camisola da Hello Kitty e vesti minha roupa. Eu não estava com machucados, mas o meu corpo todo doía por culpa das pisadas. Dei uma olhada em meus braços e constatei que haviam alguns roxos ali, nem me de ao trabalho de ficar olhando por muito tempo porque eu sei que iria ficar assustada, minhas mãos ainda estavam inchadas e com alguns cortes e meu lábio dolorido. Não sei mesmo se queria ficar na companhia dos meninos, de uma certa forma eu teria que concordar com a enfermeira, eles eram as últimas pessoas no mundo que eu queria ver agora. Eu sei que nada disso era culpa dos meninos, pelo amor de Deus! Mas foram as fãs da banda que fizeram isso comigo, eu acho que estava sentindo uma raiva por terceiros – se é que dá pra me entender. A primeira pessoa que eu ia falar era com o , por culpa da porcaria do tweet as fãs ficaram piradas e olha o que aconteceu comigo! Eu estava estressada, com dor e querendo tacar uma bomba em vinte garotas eufóricas e dar um soco nos cinco popstars!
- Oi, – veio até mim e me deu um beijo no rosto quando eu saí da enfermaria já com a minha roupa. – Quer alguma coisa?
- Quero ir pra casa – falei de forma monótona. – Eu queria só falar uma coisinha, pro .
- Pra mim? – Ele apontou pra si mesmo com uma cara assustada. – Que foi que eu fiz?
- Quando eu pedir pra vocês não comentarem nada no Twiyter, é pra vocês NÃO comentarem nada no Twitter – falei brava. – , aquele mínimo tweet matou o fandom inteiro! Quando eu saí as vinte garotas estavam me olhando com tanta raiva que eu sabia que ia morrer, você tem noção?
- Sinto muito, – ele abaixou a cabeça, tá, a raiva tinha ido embora. – Eu pensei que as fãs já fossem estar acostumadas com você e o . Ele quase te pediu em namoro hoje.
- É, mas não pediu – e agora olhei pro . – E as fãs nunca vão se acostumar com isso! Tem noção do que acabou de acontecer? Não foi um acidente, , foi de propósito, elas me derrubaram no chão, elas me chutaram!
- Nós gostamos das nossas fãs, , foi só uma crise de ciúme – falou sem ao menos me olhar. É SÉRIO que ele ia defender as pirralhas?
- SÓ UMA CRISE? – Aumentei minha voz. – Isso pra mim não é uma crise, isso pra mim é crime! – Apontei pro meu braço com alguns pequenos hematomas. – Isso pra mim é falta de vergonha na cara, é falta de tapa! – Mostrei meu lábio cortado. – É um bando de filhinha de papai que acha que pode fazer o que quiser.
- Você está falando das nossas fãs – disse e eu quis quase morrer. – Elas não fizeram por mal.
- – suspirei pesado e engoli o choro. – Eu juro que vou sair daqui agora porque eu não quero prejudicar o pouco de amizade que nós temos.
- Onde você vai? – perguntou preocupado, eu acho que ele e eram os únicos que tinham uma noção do que acabara de acontecer.
- Vou pegar um táxi e vou pra casa, e vou ficar trancada por uma semana.
- Chama o Sam pra cuidar de você! – soltou, os meninos soltaram um suspiro pesado e ouvi ralhar com .
- – voltei os passos que tinha dado e o encarei. – Foi muito bom conhecer você, mas, por favor, suma da minha vida pelos próximos cinco dias.
- Com prazer – ele respondeu.
Engolindo o gosto amargo em minha garganta e nem percebendo que minhas lágrimas estavam caindo de meus olhos, me virei e deixei One Direction para trás. Ouvi e ralharem com e e ficarem em silêncio. Quando cheguei do lado de fora, cinco fãs me esperavam e me olhavam com cara de pena, pelo menos não vi aquela raiva tão conhecida em seus olhares. Era um pouco mais de quatro da tarde, e no inverno em Londres já é escuro e já está bem frio, eu estava apenas com uma camiseta e calça jeans, com o frio a dor em meus braços ficou ainda mais intensa e eu fiz careta quando passei dos portões principais da SugarScape.
- ? ?
Uma menina de aproximadamente catorze anos me chamava. Sua pele era branca como todo britânico e suas bochechas coradas. Seus cabelos eram lisos e ruivos, todo despontado e com aquela franja enorme que as britânicas gostam de usar; ela me olhava com aqueles grandes olhos verdes cobertos de rímel e lápis preto, seu rosto me lembrava o de um lêmure, porém muito mais angelical. Vi que ela tinha escrito na bochecha o logo do One Direction e presumi que ela fosse fã, porém ela continuava chamando meu nome de forma tão doce que eu não pude simplesmente ignorar sua presença ali.
- Pois não? – Falei parando onde estava e abraçando meu corpo.
- Meu nome é Carrie e eu... Eu te adoro – ela sorria, sorri sem ao menos pensar. Como que ela podia me adorar?
- Desculpa, o quê?
- Eu adoro você, eu e minhas amigas – ela apontou para um grupo de meninas atrás dela, mais ou menos no mesmo estilo e mais ou menos com a mesma idade. – Você é linda e eu acho que você faz um casal fofo com o .
- Obrigada, mas nós... – olhei para o grupo e percebi um certo brilho no olhar de todas, que é isso? – Somos amigos.
- Não é o que falaram por aí – ela riu de forma desengonçada e sem mostrar os dentes, percebi que ela usava aparelho. – Posso tirar uma foto com você?
- COMIGO? – Arregalei os olhos. – Eu... Eu tô acabada agora!
- É verdade o que falaram? Que pisaram em cima de você durante o photoshoot?
- Quem disse isso? – Perguntei pra loirinha de cabelo azul borrado atrás que falava com um sotaque muito forte.
- Saiu no Tumblr, tinha até um vídeo. Aí apareceu um cara fortão e te tirou de lá, a cara do foi inapagável! Fizeram até gif.
- Oh meu Deus – coloquei a mão na boca, a Olívia ia morrer. – Você pode me informar quem postou?
- Não lembro o endereço dela, mas eu posso te deixar um link no seu Twitter e depois você olha – ela sorriu. – Tem como você pedir pro me seguir no Twitter?
- Claro – eu disse atordoada, era muita informação pra mim. – Escreve em um papel o seu Twitter que eu passo pra ele.
- AH, OBRIGADA! – Ela gritou, mas eu nem me importei. Vi o grupinho se aglomerar e escrever o Twitter de cada uma em um pedaço de papel. Olhei para o portão da SugarScape e vi os cinco garotos atravessando o portão. Na mesma hora as meninas pararam de escrever e começaram a tremer, chorar... Essa era uma reação normal?
- MEU DEUS! MEU DEUS! MEU DEUS!
- SÃO ELES! SÃO ELES! SÃO ELES!
- Com licença, meninas, eu realmente preciso ir embora – falei sabendo que nenhuma delas iria prestar atenção no que eu acabei de falar.
- NEM PENSAR! – A tal Carrie disse – Fica, quero tirar uma foto com você e o juntos.
- Realmente não seria...
- OIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIII!!!!!!!!!!!!!!!! – se aproximou de nós e Carrie parou de falar comigo para dar pulinhos e gritinhos e abraçar .
- Oi, linda, tudo bem? – Ele perguntou sendo completamente fofo, sorri sem ao menos perceber.
- E aí? Como estão? – disse se aproximando do outro grupo e abraçando as meninas.
Um por um falaram com as fãs, aquele One Direction que estava há pouco tempo no photoshoot ou na enfermaria não era o mesmo que estava lá fora. Aquele era o grupo que sorria para as fãs, que era simpático e que sempre tinha que estar de bom humor porque qualquer deslize podia passar uma má impressão; mas pelo que eu estava vendo não era esforço algum sorrir, tirar fotos, dar autógrafo e ser simpático. As meninas estavam até que controladas, choraram um pouco, mas o que mais falavam era o tão famoso ‘Ai meu Deus, ai meu Deus’. Duas delas gravaram o encontro, pediram para eles falarem ‘oi’ para – o que eu supus – serem outras amigas, os viram fazendo gracinhas para a câmera e pelo sorriso e olhar delas, percebi que as meninas estavam mais apaixonadas ainda pela banda. Eu estava afastada com os braços cruzados e tremendo de frio, ia ser rude eu sair assim do nada? Mas ninguém estava prestando atenção em mim mesmo! Dei uma olhada em meu braço e os roxos estavam menores, porém mais escuros, minha pele arrepiada e eu tava começando a me sentir meio mal por culpa do frio. Precisava ir embora dali.
- Vocês se importam se eu for falar com a nossa amiga? – disse para a loirinha com mechas azuis.
- De jeito nenhum, ela é linda!
- Obrigada – ele sorriu e veio na minha direção. Sorri com os lábios fechados e o vi tirar o casaco caramelo que ele usava. – Pega, .
- Estou quase indo embora, , eu estou bem – falei tentando controlar meus queixos que não paravam de bater, mas foi em vão.
- Será que, por favor, você pode pegar meu casaco? – Ele sorria. – Ou eu vou ter que enfiar ele por seus braços?
- UGH! – gemi e me certifiquei que as fãs não estavam olhando. Coloquei o casaco de e na mesma hora me senti melhor. – Volta lá com as meninas, eu sei cuidar de mim.
- Pra que esse mau humor todo? – falou meio triste – Vem aqui.
- ! – Eu ia tentar dar uma bronca, mas me abraçou por trás e ficou passando as mãos com força em meus braços a fim de me esquentar.
Na mesma hora meu queixo parou de bater e minha respiração voltou ao normal. parou de passar as mãos pelos meus braços e simplesmente ficou ali abraçado comigo e com o queixo encostado em minha cabeça. Não teve nada de romantismo e nem frio na barriga, nada mesmo; naquele momento eu simplesmente senti que gostava de mim como amiga e por alguma obra do destino que eu nunca vou entender, eu também gostava muito dele. Ele e eram os únicos que me mandavam mensagens apenas pra saber se eu estava bem, apenas para falar comigo; e agora com essa simples demonstração de carinho eu acabei de eleger meu melhor amigo da banda. Enquando estávamos abraçados, vi parar para tirar uma foto com Carrie e depois olhar diretamente para e eu, seu rosto se contorceu numa mistura de surpresa e depois decepção. Carrie abriu a boca para falar alguma coisa, mas depois se calou vendo a foto que tinha acabado de tirar com e dando pulos de alegria.
- Eu acho que você deveria ir lá falar com elas – falei baixinho para . – Elas estão aqui pra ver você, sabia?
- Vou chamar o – ele disse me soltando do abraço. – Pega leve.
- ...
- – ele ficou de frente pra mim passando a mão no meu rosto onde estava meio arroxeado e depois em meus lábios no corte, sorri meio triste. – Aquele filho da puta te adora! – Ele riu. – Sério, eu nunca vi o ficar babando em uma garota como ele baba por você, ficar o dia todo esperando notícia sua e quando você manda uma mensagem ele fica com cara de idiota e sorrindo pro celular. Todos nós tiramos uma com a cara dele, porque, na boa, ele fica muito gay!
- Vou tentar traduzir o que você disse, ele gosta de mim? – Perguntei meio rindo e gargalhou.
- Não, ele não gosta – ele ponderou. – Ele está totalmente apaixonado por você.
- Ai meu Deus!
- Sabe como ele ficou quando descobriu que você não estava mais com a sua sala? Ele ficou totalmente perdido e errou a letra de More Than This, tem noção? Logo na primeira parte o cara já errou porque não te viu lá – falava com tanto carinho na voz que eu estava me derretendo toda. – Nós realmente não te vimos, , digo, quando as meninas começaram a pisar em cima de você.
- Eu imaginei isso – mordi os lábios, fiz careta porque mordi bem em cima do machucado.
- Se tivéssemos visto teríamos parado de cantar na mesma hora – ele falou. – Assim que acabamos, foi correndo saber o que tinha acontecido com você, mas as fãs não nos deixavam sair e...
- , eu não preciso que você me explique nada, eu entendo perfeitamente. Essas meninas estão falando do photoshoot desde o primeiro dia de aula, todo mundo estava muito eufórico – falei. – Mas é que o twittou aquilo e eu não estou realmente em uma zona de conforto agora. Tem pelo menos cinco meninas da minha sala que são apaixonadas por vocês, mas de uma maneira mega doentia.
- Percebi isso hoje – ele disse balançando os ombros.
- Mas elas sãs fãs, elas amam vocês mais do que a própria vida! Porém tudo tem limite, , e hoje elas passaram do limite, eu só queria que entendesse isso.
- Eu entendo... – estava parado atrás de nos encarando. – Posso ter um momento com você?
- Demorou hein? – falou meio brincando arrancando um sorriso de leve meu e de . – Cadê as meninas?
- Estão lá gravando uns vídeos – apontou para as fãs. – Elas são engraçadas.
- Beleza – respondeu saindo. – Se cuidem.
e eu nos encaramos por alguns segundos antes de qualquer coisa. Minhas mãos estavam no bolso do casaco de e eu balançava meu corpo pra frente e pra trás como se fosse aquele tipo de criança que quer alguma coisa, mas não sabe o que fazer pra pedir. estava quase da mesma forma que eu, mas suas mãos estavam no bolso da calça e ele não estava balançando o corpo, ocasionalmente ele mordia os lábios enquanto me encarava, quando eu fui fazer o mesmo novamente me machuquei e fiz careta. Ele sorriu quando viu isso; já disse que ele deveria ser proibido de sorrir?
- Tá doendo? – Ele perguntou apontando para meus lábios.
- Só quando eu mordo sem perceber, o que está acontecendo com muita frequência.
- Hm – ele riu com os lábios fechados. Se aproximou mais de mim, juntou seu dedo indicador e o do meio e deu um beijo neles ainda me encarando. Veio até mim e encostou seus dedos recém-beijados em meus lábios e sorriu. – Ainda não estou autorizado a beijar seus lábios, esse é o máximo que posso fazer agora.
- Já vale o esforço – tentei responder, o simples toque me fez ficar tonta e sonolenta, e era só o DEDO do ! – Eu fui grossa com você antes, me desculpe.
- Você está certa – ele suspirou. – Eu fui estúpido com você também, me desculpe.
- , isso tudo está me deixando confusa...
- Vem aqui – e ele me abraçou. Ali, sem muito o que falar, sem muito o que fazer, fui tomada pelos braços de , e quando me posicionei, estava envolvida em um abraço.
Senti seu corpo desmoronar em cima do meu num misto de descanso com desespero, sua respiração pesada se misturava com a minha em uma perfeita confusão. Seus braços ficaram ao redor de minha cintura e me apertaram forte, eu estava com os meus ao redor do seu pescoço e meu rosto enterrado na curva de sua clavícula. Percebi que ele suspirava e a sensação de sentir gás carbônico quente saindo de sua boca me dava arrepios e fazia meu frio voltar, por mais que a jaqueta de me esquentasse, algo no universo me deixava com frio e trêmula. Talvez fosse esse garoto que tinha em meus braços, ou ele me tinha nos braços...
- Acho que vamos ter que adiar o nosso jantar – falei saindo do abraço e tentando sorrir. – Não estou em condições de sair desse jeito hoje.
- Eu entendo – ele passou a mão por meu rosto e sorriu. – Melhor você descansar, quer que eu fique com você hoje ou acha melhor ficar sozinha?
- Na verdade...
- AHH VOCÊS DOIS SÃO TÃO LINDO-O-O-O-O-O-OS! – Carrie apareceu meio do nada ao nosso lado e bateu uma foto com um flash muito forte, fiz careta. – Gente, me desculpa, atrapalhei?
- De maneira alguma – respondi rindo, olhei pra , que sorria de forma marota para mim. – Você é muito legal, Carrie.
- JURA? – Tem como essa menina falar sem ser gritar? – Eu acho você a garota mais linda que eu já vi na vida, e vocês dois super combinam!
- Nós não somos namorados – falei de novo, mas parecia se divertir.
- Carrie? – olhou pra menina e a abraçou, parecia que eu estava vendo na minha frente de novo. – Você acha que nós combinamos?
- Acho super – ela disse ainda eufórica e com o rosto muito vermelho.
- Você acha que ela deveria aceitar ser minha namorada? – Ele falava e me encarava, com um sorriso pra lá de malandro. Apelar pra fã é sacanagem!
- Você já a pediu em namoro? – Carrie olhou para nós dois, eu sorri sem graça e balancei a cabeça negativamente. – , como que você pergunta pra mim se eu acho que ela deveria namorar com você sendo que a proposta nem foi feita?
- Carrie? – Eu fui até ela e sorri. – Você é uma garota muito, muito legal – falei e ela abriu o maior sorriso que já vi na vida. – Quem é seu favorito?
- – ela disse quase se sufocando no próprio oxigênio.
- Faz um favor pra mim? – Ela balançou a cabeça nervosamente. – Chama o ? Eu preciso perguntar uma coisa pra ele.
- Eu? Eu vou chamar pra ? – Ela se afastou um pouco e arregalou os olhos. – Meu Deus, esse é o melhor dia da minha vida!
- Você distraiu a fã?
- Aham – respondi rindo. – , pare de ficar colocando suas fãs nesse bolo!
- Só fiz uma pergunta sem malícia alguma – ele sorriu.
- Não faça!
- , me chamou? – apareceu. Carrie estava meio perdida com as amigas ao fundo conversando com os outros meninos.
- Tem como me levar pra casa?
- Hey, eu tô aqui! – bufou.
- É, eu sei, mas eu to precisando conversar com o … Sozinha.
- Primeiro a jaqueta do – apontou pra jaqueta – E agora uma conversa com o … Tô ficando perdido!
- Eu só preciso conversar com seu amigo primeiro, antes de tomar uma decisão a respeito de nós dois – falei indo até e segurando sua mão. – Eu quero isso, mas me dá um tempo.
- O quê? – Ele parecia não acreditar no que eu acabei de falar, nem eu acreditava direito. atrás de mim soltou um muxoxo engraçado. – , você tá me pedindo em namoro?
- Não, imbecil – falei. – Tô afirmando que sim, eu quero namorar com você. Mas não, não agora. Estou afirmando que eu gosto de você e que, apesar do que aconteceu hoje, eu acho que, acho que consigo passar por cima de tudo. Existem fãs que aprovam você e eu, por que não tentar algo mais concreto?
- Você não tá falando sério – ele sorria, e dessa vez era um sorriso que eu não conhecia, era novo. – ... ...
- – eu sorri. – Eu só tenho que conversar com – apontei para , que estava atrás de nós. – Eu go-gosto dele.
- Como amigo!
- Óbvio – eu ri. – Tudo bem pra você?
- Claro – ele entrelaçou os dedos com os meus. – É bom saber que você quer o mesmo que eu.
- É bom tirar esse peso de mim também – suspirei. – Mas eu não sou melosa, então já cansei dessa conversa.
- Por que eu escolhi gostar de você? – Ele disse baixo e só eu escutei, ri igual uma menininha de cinco anos.
- Porque você é babaca! – Respondi me afastando e indo até . – E aí, vamos?
- Tá com fome? – Ele me perguntou já sorrindo e me abraçando. – Tô morrendo por um hambúrguer.
- Se alguma fã me ver com você...
- Para de pensar nas fãs! – Ele disse. – E aí? Eu pago.
- Vamos – falei sabendo que não ia vencer essa discussão.
e eu fomos caminhando juntos para um dos carros onde o One Direction veio. se juntou com os outros meninos e eu os vi se despedindo das meninas e elas pulando felizes no momento em que eles viraram de costas. Ri comigo mesma enquanto sentia me abraçar mais pra perto.
Fomos para a Queen’s Way, um bairro mais tranquilo e, devo acrescentar, bem terceira idade. Sentamos-nos em uma lanchonete de nome estranho, parecia o Pônei Saltitante do Senhor dos Anéis, mas com menos hobbits e eu não vi Aragorn em lugar algum. pediu um cheeseburguer bacon duplo, batata média e um milkshake gigante de chocolate com baunilha. Eu pedi um milkshake pequeno de morango, estava meio enjoada por tudo o que tinha acabado de acontecer, na verdade eu só ia beber algo pra fazer companhia pra e porque eu sou um pouco gorda mesmo.
- O que você acha? – Perguntei quando parou de mastigar seu cheeseburguer e depois de muita conversa fiada entre nós dois. – e eu.
- Acho fofo – me respondeu e nós caímos na gargalhada. – Sem brincadeira, acho fofo.
- Pulando a parte do conto de fadas, vamos ser realistas...
- Quantos anos você tem, ?
- Por quê?
- Porque às vezes você parece uma velha! – Ele disse sério, bebeu um gole do seu milkshake e me encarou. – Semana passada eu conheci uma garota.
- Jura?
- Não rolou nada – ele deu de ombros. – Mas duas fãs me viram com ela e no dia seguinte ela tinha deletado o Twitter – ele suspirou. – Ela era linda, mega gente boa e eu fiquei muito interessado nela.
- Sinto muito, – falei baixinho. – Eu não fiquei sabendo de nada.
- Foi meio obtuso, ninguém falou nada a respeito e foi uma fofoca espalhada só pra quem vive e respira One Direction – ele riu sem humor. – Voltando pra história, essa menina me mandou uma DM usando a conta de uma amiga dela. Disse que realmente tinha gostado de mim, ela é meio você, não é bem nossa fã...
- Tadinha – eu ri e ele também.
- É, eu sei – ele riu. – O ponto em questão, , é que eu posso ter perdido a oportunidade de ter conhecido uma garota legal por culpa das fãs. Eu sei que é tudo meio assombroso e que as coisas estão acontecendo rápido demais em nossas vidas, mas estamos perdendo coisas no caminho e isso não é legal. Por mim eu iria chamar aquela garota pra sair, mas como posso fazer isso se nem ela quer falar comigo?
- Você acha que eu devo investir no ?
- Eu acho que você tem que investir na sua felicidade – ele sorriu. – Somos jovens apenas uma vez na vida, , aproveita.
- E as fãs?
- Elas vão te amar da mesma maneira que nós te amamos, e se não gostarem de você, vamos aprender a lidar com isso.
- Você sabe que eu to completamente apavorada, não sabe?
- Sei sim, tá bem estampado na sua cara – ele riu. – Mas o também está com medo, ele tá cagando de medo! Ele gosta de você, mas tem medo de te chamar para esse furacão que está a nossa vida; infelizmente não escolhemos de quem vamos gostar, , e você foi a garota que captou a atenção dele.
- Entre tantas ele tinha que escolher a mais cabeçuda de todas – falei rindo sem humor algum.
- Ele não podia ter escolhido melhor – sorriu.
Passei minha noite sozinha, e – com a ajuda de Paul – fugiram escondidos para algum lugar que eu suponho que seja a casa dele. Pensei em mandar mensagem para perguntando se estava com uma meia na porta para bloquear a entrada dos meninos, mas depois mudei de ideia. Primeiro porque eu não estava no clima de mandar mensagem pro , segundo porque eu também não queria saber se a estava mandando ver com o – informação demais na mesma noite. Embora eu ame a , uma parte de mim diz que ela se preocupa primeiro com ela e depois com os outros; ok ela é fofa e ficou preocupada comigo, mas tecnicamente hoje foi um dia mais ou menos traumatizante pra mim. Eu literalmente fui pisoteada por fãs, parei na enfermagem, a Olívia ficou puta, briguei com o por cinco segundos, encontrei fãs, me declarei pro , jantei com o e ainda por cima no período da manhã eu tentei tirar uma foto foda para sair no editorial da SugarScape. Eu estou sendo egoísta demais em achar que queria só um pouquinho da atenção feminina da minha amiga? Digo, eu tô passando por uma crise e de vez em quando ter uma AMIGA do lado ajuda! E muito. Ah, que saudade da minha MÃE!
Dei uma olhada nos livros que eu trouxe do Brasil, avistei um que vinha protelando a leitura há um bom tempo. Jogos Vorazes. Não é exatamente meu tipo favorito de livro, mas é o que temos pra hoje; desisti de assistir televisão depois que vi que a única coisa que canais sabiam falar era sobre One Direction, a internet estava cheia de comentários sobre o dia de hoje, fotos da minha pessoa caída no chão, com a cara de assustado possivelmente quando Sam levantava e me levava para a enfermagem. Tinha comentários de fãs que estavam ao meu lado, que realmente não gostavam do que viam e que acharam um absurdo o que tinha acontecido na SugarScape, outras perguntaram porque eu não tinha morrido. Embaixo dos gifs as tags diziam: #porque #não #morreu #? Ou o pior #tentando #chamar #atenção #do #bebe, ah, claro, eu estava querendo chamar a atenção do sendo esmagada por vinte fãs! Sendo que eu tinha falado com ele cinco minutos atrás e podia falar com ele qualquer hora, mas NÃO, eu tinha que chamar a atenção do no chão esmagada! Agora eu acredito nisso que você não pode acreditar em tudo o que você lê, e cada vez mais eu tenho certeza de que as fofocas que aparecem são inventadas por fãs e pessoas que não tem o que fazer. Esse material que estava agora na internet foi divulgado por alguém da minha sala, DA MINHA SALA! Como que eu vou encarar todo mundo amanhã? Tá, chega... Peguei Jogos Vorazes e me joguei na cama, quem sabe um pouco de ação não ia tirar o foco dos meus pensamentos estranhos.
“Uma vez, quando eu estava em uma cobertura numa árvore, esperando imóvel por uma caça a vaguear, eu cochilei e caí 3 metros no chão, caindo sobre minhas costas. Foi como se o impacto tivesse bloqueado todo fragmento de ar dos meus pulmões, e eu fiquei deitada lá, lutando para inalar, exalar, fazer qualquer coisa.
Era como eu me sinto agora, tentando lembrar como respirar, incapaz de falar, totalmente estupefata enquanto o nome salta para dentro do meu crânio. Alguém está agarrando meu braço, um garoto de Seam, e acho que talvez eu comecei a cair e ele me pegou. Deve ter sido algum engano. Isso não pode estar acontecendo. Prim era uma tira de papel entre milhares! Suas chances de ser escolhida eram tão remotas que eu nem mesmo me incomodei em ficar preocupada. Eu não tenho feito nada? Tomado o tesserae, recusando a deixar ela fazer o mesmo? Uma tira. Um tira entre milhares. As chances tinham estado inteiramente a favor dela. Mas isso não importou.”
Nem a leitura estava me fazendo bem, a imagem novamente da SS, das fãs! E minha conversa com depois e eu tecnicamente me declarando, e depois o falando que eu deveria de verdade investir nessa relação! Eu sou muito cagada ou será que eu não gosto do o suficiente pra ficar com ele apesar de todo mundo odiar? Todo mundo que eu digo são as fãs, e se as fãs não gostam isso vai ser um belo problema. Digo, se ele escolhesse alguma fã pra namorar, eu tenho certeza de que ela não ia se importar com o fato de outras meninas ficarem com inveja, na verdade eu tenho certeza de que ela ia adorar essa possibilidade; e agora eu estou aqui! gosta de mim e eu gosto dele, mas será que gosto o bastante? Sentir calafrios quando se está perto dele não significa nada, ele é bonito e garotos bonitos dão arrepios – pelo menos pra minha pessoa – e eu sinto saudades, e cada vez que ele me manda mensagem eu começo a sorrir igual boba e sinto borboletas no estômago bem do jeitinho mais clichê que existe!
““Prim!” Um grito estrangulado sai da minha garganta, e meus músculos começam a se mover de novo. “Prim!” Eu não preciso empurrar pela multidão. As outras crianças fazem um caminho imediatamente me permitindo uma passagem direta para o palco. Eu a alcanço justo enquanto ela está para subir o piso. Com um arrastão do meu braço, eu a puxo para trás de mim.
“Eu me voluntario!” Arfo. “Eu me voluntario como tributo!”
Há alguma confusão no palco. Distrito 12 não tinha um voluntário em décadas e o protocolo tinha ficado enferrujado. A regra era que uma vez que o nome do tributo tinha sido puxado do globo, outro garoto elegível, se um nome de garoto tinha sido lido, ou garota, se o nome de uma garota tinha sido lido, pode andar para tomar o lugar dele ou dela.”
Será que eu teria coragem de me voluntariar como tributo? Digo, tributo não... Me voluntariar como namorada de ? O que seria mais importante pra mim? Tem muita coisa em questão agora e minha cabeça está em um nó sem fim:
- ser namorada de
- terminar meu curso de fotografia em plena tranquilidade
- ficar no anônimato e morrer de ciúme se ele aparecer com outra garota
Eu queria que minha vida fosse um pouquinho mais simples, é pedir demais?
Capítulo 09
Adormeci assistindo Romeu e Julieta versão Leo DiCaprio e Claire Danes – na verdade é minha versão favorita e menos melo dramática, se é que isso é possível quando o assunto é Romeu e Julieta. A chuva caía de forma torrencial do lado de fora (óbvio, porque não podia ser DENTRO, odeio pensar pleonasmos) e eu me encontrava toda encolhida debaixo das cobertas e parecendo um pacotinho. Não sei onde estava e, na verdade, mal me lembro da última vez que nos falamos. Parece que estou em um universo paralelo ou coisa do tipo, andava meio zonza nos últimos dias. Desde tudo o que aconteceu na SugarScape, minha conversa com e especialmente minha conversa final com , eu andava meio tonta e pensando seriamente em voltar pro Brasil, na verdade não queria voltar pro Brasil, mas eu só queria não ter me esbarrado no aquele dia perto do London Eye. Ou que ele fosse simplesmente um cara regular, que não fosse famoso e que gostasse de mim de boa, e que eu não tivesse que ficar me preocupando com fãs maníacas que por alguma razão obscura do universo me odeiam.
Passei a semana em casa, por recomendações de Olívia e da escola eu não participei das aulas, mas eu recebi o material todo via e-mail. foi à escola, porém a situação estava ficando um pouco pesada pra ela também; as meninas agora sabiam que ela era amiga do One Direction tanto quanto eu, só não sabiam por enquanto do rolo dela com – mas isso não era algo que ela fazia muita questão de esconder. Todo dia ela voltava com a cara meio triste e era bem claro perceber que ela estava chorando, mas quando me via abria o maior sorriso e dizia que o dia tinha sido ótimo e que eu fiz muita falta na escola; sorria pra fingir que estava tudo bem, mas nós duas sabíamos muito bem que a escola poderia se tornar uma tortura. É lógico que foram tiradas fotos daquele dia fatídico do photoshoot, e as fotos caíram nas redes sociais. Teve fã que disse que preferia me ver morta, que deveria ter me deixado lá caída no chão, teve fã que ficou preocupada e teve fã que nem sabia direito o que estava acontecendo. Recebi uns tweets desejando melhoras, outros falando que eu deveria morrer e que não era boa o bastante pra , outras me chamando de biscate e caça dotes, falando que eu estava de ‘rolo’ com porque eu queria fama... E, sério, as fofocas só estavam aumentando. Não conversei com nenhum dos meninos desde que voltei pra casa e nem eles me procuravam, também ficou afastada de e nós duas estávamos sentindo saudades daqueles cinco filhos da puta! Me pegava olhando pro celular pensando que podia receber uma mensagem de a qualquer momento, mas mal recebia notícias de minha mãe então acabava desistindo. Acompanho a vida deles pela internet e pelos blogs, o sorriso no rosto dos cinco me mata porque eu sei que no fundo pelo menos dois deles estão preocupados. Vi uma fã um dia chamar pra sair, filmar e colocar no Tumblr; a resposta dele foi um sem graça ‘claro’ e depois ele olhou pra e deu de ombros, a menina já postou o vídeo falando que tem um encontro com e, querendo ou não, eu voltei a ser a atenção. Fãs diziam que havia encontrado alguém melhor que eu, que tudo foi apenas um passatempo, que eu era a peguete da semana, e, PASMEM, tudo isso aconteceu em um espaço mínimo de cinco dias. Novamente devo falar, esse fandom me assusta em proporções ridículas!
Como eu dizia antes desse desabafo, eu estou parcialmente adormecida em minha cama ouvindo a chuva cair e quase destruindo o telhado enquanto eu me mantenho quentinha e aquecida aqui debaixo das minhas cobertas. Queria que meu cérebro parasse de funcionar por alguns minutos, eu realmente estou disposta a dormir! Tomei por dois dias um remédio chamado ‘Rivotril’, praticamente um ‘boa noite Cinderella’. Eu APAGUEI por dois dias, acho que estava querendo me poupar da minha realidade maldita. Pois bem, tomando esse remédio eu desapareci do mundo por dois dias e agora parece que eu só sei dormir, por mim eu tomava Rivotril hoje de novo, mas escondeu de mim porque o treco pode ser viciante. Enquanto eu estava naquela luta interior de olhos fechados tentando apagar cem por cento e não apenas setenta por cento, escutei alguém cutucando a janela; por um instante achei que fosse a chuva e todo o vento, mas comecei a ouvir uma voz conhecida chamando meu nome. Abri meus olhos – já que estava mais ou menos acordada mesmo – e levantei, não estava com medo porque ladrões não avisam que vão entrar na casa das pessoas, podia ser que esqueceu a chave em algum lugar e agora estava tentando entrar pela janela, ou podia ser o guarda vindo avisar que alguma coisa aconteceu com ela. Mas pela janela?
Fui andando meio tonta e, quando afastei a cortina da janela, tive que colocar uma das mãos em cima dos meus lábios para não gritar. estava ali, totalmente ensopado e com os lábios num misto de roxo com vermelho, e tremendo muito. Sua roupa totalmente ensopada e seu cabelo caindo por sua testa, o que eu estava fazendo ali que ainda não tinha ido abrir a janela para o garoto entrar? Ele sorriu pra mim e vi seu queixo vacilar e tremer, suas mãos estavam brancas e não tinha como sua roupa estar mais colada ao seu corpo, a chuva era tanta que eu mal conseguia vê-lo.
- ! – Exclamei abrindo a janela. Senti aquele vento cortante entrar por meu quarto e quase tive que puxar o garoto pra dentro. – Puta que pariu, o que você tá fazendo?
- E-eu... – seu queixo tremeu. – Vi-vim t-te ve-ve-ver.
- Por Deus, seu maluco! – corri os olhos pelo quarto e peguei a manta de lã que estava em cima da cama e joguei-a por cima de , abraçando-o quase de imediato. Nunca tinha visto uma pessoa tremer tanto. – Você poderia ter me ligado, sabia? Eu pelo menos teria deixado a janela aberta.
- Você não ia que-quer me ver – ele soltou um longo suspiro e senti os músculos de seu corpo relaxarem ao passo que ele ia se esquentando. – Obrigado.
- Nós teríamos uma pequena discussão pelo telefone, mas no fim você ganharia e eu ia deixar você vir aqui – respondi rindo enquanto me afastava. – Tá se sentindo melhor?
- Volta aqui – ele me chamou de volta para seus braços e eu recuei em pensamento.
- , o que você quer?
- Eu quero você – ele me respondeu sério.
A manta que antes o mantinha quente estava no chão e seu corpo agora todo contra o meu. Nós estávamos na cama. Como que isso aconteceu?
Seu corpo era pesado, mas ao mesmo tempo confortável e se encaixava perfeitamente com o meu, nunca pensei que eu fosse ser tão pequena perto dele. Nossos rostos estavam quase na mesma altura e ele me encarava como se a vida dele dependesse daquele momento, mordi meus lábios e engoli a seco a vontade que eu estava de gritar ou de finalmente beijá-lo. Ergui minhas mãos para passar por seus cabelos molhados e vi fechar os olhos e soltar um suspiro de aprovação, um sorriso delicioso apareceu no canto de seus lábios e era bom saber que ele sorria por mim. Ele abaixou um pouco mais o rosto para encostar sua testa na minha enquanto eu sentia suas mãos brincalhonas passearem pela lateral do meu corpo e levantarem a minha camiseta, de repente eu senti aquele velho formigamento na barriga e um pouco mais embaixo, devo acrescentar. Usando uma das mãos ele apertou a parte interna da minha coxa e eu deixei escapar um gemido alto, seu rosto estava ainda colado ao meu e eu pude sentir seus lábios finalmente tocarem os meus de forma macia a fim de calá-los. Não houve língua, apenas o toque, pude sentir sorrir por cima e foi impossível não sorrir junto, ele apertou um pouco mais minha coxa ao passo que ia separando minhas pernas e se encaixava em mim, outro gemido escapou e tive que morder meu lábio inferior para eu não dar nenhum escândalo. Nunca senti nada parecido e ninguém nunca havia me tocado desse jeito! Pensei em falar alguma coisa, mas meus pensamentos e minha talvez voz foram calados quando, ainda com os lábios entre abertos, senti a língua de pedir passagem e um beijo delicioso e molhado ser iniciado. Era melhor do que eu podia sonhar, do que eu podia imaginar, e melhor do qualquer outro beijo que eu já tivesse provado. A princípio nós abrimos nossas bocas de forma sincronizada e eu apenas apreciei o toque molhado e quente de sua língua, depois o beijo tomou forma e nós ficamos naquela briga de abre e fecha a boca enquanto brincávamos um com a língua do outro, puta merda, que beijo BOM! Inclinei meu corpo e deixei ele roçar em mim, aumentando a fricção lá embaixo, foi a vez dele soltar um grunhido e eu sorri durante o beijo. Me permiti emaranhar meus dedos por seus cabelos que eu tinha tanta fascinação e depois eu controlava o ritmo do nosso beijo e a posição de nossas cabeças, cada vez que eu recuava ele vinha sedento de volta procurando meus lábios. Nossas respirações se misturavam ao passo que a nossa temperatura corporal aumentava, por vezes ele me beijava e mordiscava meu lábio inferior, o prendia por seus dentes e depois soltava; eu fazia caretas de reprovação porque esse tipo de provocação me deixava cada vez mais e mais louca por ele, por seu corpo e por tudo o que podia acontecer. Finalmente tirou sua camiseta e no segundo seguinte eu tirei a minha, nossos corpos agora quentes e suados podiam ter um contato digno, os arrepios por minha espinha eram constantes e cada vez mais o incômodo mais embaixo começava a ser desconfortável, eu precisava de fazendo o que ele queria fazer logo, caso contrário eu ia ficar louca! Ele começou a beijar meu queixo e meu colo, os beijos foram descendo e minha pressão arterial foi caindo junto, sentia meu corpo gelado e meu coração batendo num ritmo acelerado demais e podia jurar que estava quase morrendo, mas a sensação de ter beijando meu corpo e apertando minha coxa ao mesmo tempo me deixava acordada e dava uma adrenalina em minhas células me deixando ligada, ou era tesão, sei lá. Ele mordiscou a pele abaixo do meu umbigo e dessa vez eu soltei um grito, não foi nem um gemido, foi grito de insatisfação porque eu estava querendo mais, eu precisava de mais e ele estava sendo um garoto muito mau. Joguei minhas mãos pra cima e puxei com força meu cabelo pra trás, quase como que querendo ter um autocontrole dos meus sentimentos, ele olhou pra mim debaixo pra cima e eu pude ver o tão conhecido sorriso sacana em seus lábios; lábios estes que estavam vermelhos e inchados, provavelmente iguais aos meus. Aos poucos ele foi abaixando minha calça e ele não parava de me beijar, suas mãos me apertaram um pouco mais e foram subindo pela lateral do meu corpo, era como se ele quisesse segurar em alguma coisa quando fosse fazer o... quando fosse fazer o que todo mundo faz com a boca LÁ! Bom, nem todo mundo faz, mas quem faz adora. Eu já estava me sentindo tonta e aquele incômodo no meio das minhas pernas estava ficando cada vez pior, não ajudava em nada apertando seu polegar na minha cintura e deixando marcas ali, seus outros dedos estavam massageando minhas costas e me arranhando de leve, cada vez mais eu me arqueava pra cima e fazia um enorme esforço de permanecer sã. Senti ele morder a renda da minha calcinha e brincar com os lábios ali, passando a língua suavemente na minha pele fina e arrepiada, senti ele fazer desenhos com os lábios e a língua enquanto eu não controlava mais os gemidos e gritos que escapavam de minha boca; não posso mais afirmar se era tesão ou se era desespero! Ele ia me matar, eu ia morrer! Foi então que pareci ouvir meu nome, mas estava um pouco longe e não conseguir distinguir. Balancei a cabeça e respirei fundo tentando me concentrar no que estava acontecendo, mas não deu certo; novamente ouvi meu nome ser chamado, olhei pra baixo e não era a voz de . Na verdade, cadê o ? Hein?
- ? Tá aí?
Meu corpo estava completamente ensopado e o lençol nunca esteve tão molhado. Eu estava deitada na cama, sozinha! Levantei sentando-me no colchão e passei as mãos pelos meus cabelos e meu colo, eu estava suada, melequenta... Mexi minhas pernas e constatei que não era apenas a parte superior que estava molhada, eu também estava úmida mais pra baixo. Espera... PUTA MERDA, EU TIVE UM SONHO ERÓTICO! O desespero tomou conta de mim e minha respiração aumentou, mas dessa vez não foi de prazer, foi de vergonha! Eu nunca tive um sonho assim na minha vida, eu nunca nem se quer devo ter me masturbado da forma correta – nem sei se tem forma pra isso, minha mãe sempre me disse pra eu tomar cuidado com o chuveirinho do banheiro – e agora eu tô tendo sonho erótico com ! E eu sou virgem, não sei como que funciona essas coisas, eu tive um orgasmo? Porra, eu tive um orgasmo enquanto eu dormia só de pensar no , QUE VERGONHA! E eu estava com vontade de fazer xixi e com sede, era por isso que eu estava sonhando com chuva? Dizem que quando você sonha com chuva é porque você quer fazer xixi ou quer beber água, no meu caso eu quero os dois; e eu queria o ! Que caralho, que vergonha meu Deus, eu nunca NUNCA mais vou conseguir olhar pra cara dele, meu Deus, meu coração vai sair pela boca. Olhei pra televisão e vi Leonardo DiCaprio falando alguma frase do Romeu, pelo menos parte do sonho era realidade. Mas, meu Deus!
- , você tá me ouvindo?
Tinha realmente alguém me chamando do lado de fora do quarto, e não era da janela, o chamado estava vindo da porta mesmo. Forcei-me e levantar-me da cama e senti o quão chato era caminhar me sentindo meio suja, eu precisava de um banho e logo! Peguei o roupão de que estava jogado em cima de uma das nossas poltronas e me enrolei, joguei meu cabelo pra trás na tentativa frustrada de melhorar minha cara, mas quando eu passei em frente ao nosso espelho eu vi que estava com uma cara péssima! Fui até a porta e a destranquei, quase caí pra trás no susto quando vi quem me chamava do lado de fora. Entre todas as pessoas no mundo, o que fazia ali?
- ? – Perguntei fazendo um esforço para não ver tudo embaçado, eu ainda estava vendo meio estranho e sentindo coisas estranhas. – Que faz aqui?
- Deixa eu entrar? Acabei de despistar três garotas e eu acho que elas vão voltar daqui a pouco – ele ria. – Dá espaço.
- Entra – eu ri e afastei meu corpo deixando entrar. – Tudo bem?
- Aham.
- ? – Ele me chamou, tinha um sorriso engraçado no rosto. – Você tá ok?
- Eu... Estava dormindo – falei suspirando. – Tive um... Hm... Pesadelo.
- Pesadelo? – Ele ria. – Tá toda suada por culpa do pesadelo?
- , chega...
- Não foi pesadelo, foi? – E agora ele ria. – Caralho, você teve sonho safado.
- Não quero falar disso com você, – eu ri. – Fica à vontade, eu vou tomar um banho.
- Sei que vai...
- CALA A BOCA!
Deixei um que estava morrendo de rir na sala e fui para o banheiro. Tirei aquela roupa suada e entrei debaixo do chuveiro gelado, assim que senti a água bater nas minhas costas senti uma sensação de alívio e pude relaxar por alguns minutos. Molhei meus cabelos e massageei minha nuca, meus ombros e o resto do meu corpo, nunca um banho foi tão prazeroso. Eu ainda sentia o toque imaginário de em mim e isso me dava espasmos, eu precisava parar com isso! Molhei a esponja e coloquei o meu sabonete líquido, passei por todo meu corpo e em cada parte que eu massageava eu me arrepiava, tenho certeza de que esse sonho ainda vai me provocar por muito tempo, só de pensar eu já estou tendo dificuldades pra respirar de novo. Lavei os cabelos demorando bastante nesse processo, depois deixei a água escorrer por meu corpo, acalmando-me célula por célula; só quando percebi que estava mais calma e que conseguiria encarar foi que desliguei o chuveiro.
Nós tínhamos alguma roupas no banheiro, então saí e me sequei. Procurei por roupas íntimas e depois que as tinha colocado em meu corpo coloquei um short jeans largo e uma camiseta velha dos Simpsons, não estava me importando muito em ficar bonita. Penteei meu cabelo e tirei o excesso da água com a toalha, me olhei no espelho e vi que estava um pouco melhor do que antes, pelo menos não estava mais com aquela cara de orgasmo imaginário. Suspirei três vezes e, pra garantir, joguei mais um pouco de água gelada no rosto e na nuca, se eu estava meio ansiosa pra ver o imagina quando eu tiver que encarar o de novo? Assim que saí do banheiro não vi , pensei que ele tivesse ido embora, mas então ouvi o som de alguma coisa caindo no nosso improvisado estúdio de fotografia... Ah meu Deus!
- ? ? – Perguntei abrindo a cortina e vendo o garoto no chão pegando minha câmera, MINHA câmera. – Não me mostra!
- Não quebrou, – ele disse se levantando. – Mas pra que você precisa desse negócio redondo na frente da lente?
- Ai, puta merda – eu ri. – Só deixa ali em cima da bancada e depois eu vejo o que faço, e, pelo amor de Deus, vamos sair daqui.
- Espera um pouco – ele riu depois de deixar minha câmera onde eu pedi. – Todas essas fotos, você quem tirou?
- Eu mesma – sorri orgulhosa. – Gostou?
- São excelentes – ele sorria olhando foto por fofo.
Como eu já disse uma vez, eu e montamos nosso próprio estúdio de revelação fotográfico, ele ficava na nossa pequena lavanderia e era até fofinho. Todas as fotos recém-reveladas estavam penduradas em algo que chamamos de ‘varal’, as tigelas com o líquido revelador embaixo e as luzes escuras localizadas em pontos estratégicos. De verdade, esse estúdio era meu orgulho particular. As fotos que tirei dos meninos no dia em que fui a casa deles estavam lá, e isso incluía as fotos que tirei com . parou de frente para a foto de nós dois e sorriu, cruzando os braços na frente do corpo e fazendo ‘não’ com a cabeça.
- Que foi? Não gostou da foto?
- Na verdade, tudo nessa foto é simplesmente perfeito – ele sorriu. – Vocês fazem um casal maravilhoso, já disse isso antes?
- Algumas vezes – respondi rindo. – já disse isso também.
- Vamos lá pra fora, preciso falar com você – ele apontou pra cortina, eu apenas concordei e saí.
- Manda – disse pegando um copo de água e me sentando em cima do nosso balcão da cozinha.
- , nós vamos para os Estados Unidos semana que vem – disse olhando meio pra baixo, mas não pude deixar de notar um sorriso.
- Cara – sorri. – Cara, isso é ÓTIMO!
- Estamos muito empolgados. Na verdade soubemos da notícia ontem, tivemos uma reunião com o Simon e nossos outros produtores, eles acham legal talvez começar a expandir nosso trabalho, e quer lugar melhor que os States?
- Nossa, agora sim o mundo inteiro vai conhecer vocês – eu ri.
- Se nós já tivéssemos estourado lá antes, talvez você já nos conhecesse. Por exemplo, você deve conhecer Justin Bieber...?
- Ah sim – eu disse rindo. – Mas vocês são bem melhores que ele!
- Hey, eu gosto do Justin!
- Sem ofensas – eu ri. – , eu espero de coração que vocês façam muito sucesso por lá, na verdade eu tenho certeza de que vocês vão ser adorados!
- Obrigada, – ele sorriu.
- Ah caramba, me dá um abraço, pô!
Pulei da bancada e fui logo dar um belo abraço apertado em . Foi um abraço tão apertado e tão gostoso, eu parecia que ia ser esmagada, senti ele sorrir atrás de mim e soltar uma doce risada, tive que fazer o mesmo. Ele me segurou pela cintura e me ergueu, rodando meu corpo pela cozinha, tive que alertá-lo que a cozinha era pequena e eu podia bater minha perna em qualquer lugar. Conquistar os EUA era um grande passo pra banda e eu tenho certeza de que eles iam brilhar, e brilhar demais! Iam ser estrelas mundiais, podia ver o futuro do One Direction estampado na minha frente, meu Deus, eles iam ser grandes!
- Você veio aqui me dar essa notícia maravilhosa?
- Na verdade, não – ele riu, bagunçando os cabelos. – queria te dar essa notícia no dia do photoshoot, por isso ele te chamou pra jantar. Nós só confirmamos isso recentemente, mas ele já queria te avisar.
- Pena que deu tudo meio errado – falei dando de ombros. – Cadê ele?
- Essa é a segunda parte da minha visita – ele sorriu. – Vim aqui te buscar pra um esconderijo secreto, te espera lá.
- Oh meu Deus, ...
- Qual é? Vocês dois tem muita coisa pra conversar, , você tem que ver como que o cara está meio miserável.
- Mas eu não fiz nada!
- Vocês não estão juntos, isso está o matando!
- , agora com vocês indo pros EUA vai ficar mais difícil ainda. Vamos passar tempo separados, e o tanto de menina maravilhosa que vocês ainda vão conhecer pela frente...
- Ele quer VOCÊ! – pegou na minha mão e me olhou sério. – Acredite, , não tem ninguém nesse mundo que ele queira mais que você.
- ...
- E vendo sua cara quando eu cheguei, você quer isso tanto quanto ele – sorriu meio maroto. – Não mente pra mim, você estava sonhando com ele.
- Eu podia estar sonhando com outra pessoa – falei sem graça, ele riu. – Que seja, isso não significa nada.
- Significa que você gosta do meu amigo, e ele gosta muito de você também.
- – suspirei, que se dane. – Me dá cinco minutos.
- É isso aí, garota! – Ele riu.
Só troquei o short por uma calça jeans e joguei meu moletom da GAP por cima da minha camiseta dos Simpsons. Meu cabelo ainda estava meio úmido, então só o joguei pra frente e depois pra trás e dei uma bagunçada, não ia melhorar muito mais. Peguei minha bolsa e saí do apartamento com . Não fazia nem ideia do que me esperava e nem do que eu ia conversar com , mas eu confiava nele e confiava também em .
- ?
- Manda.
- Desculpa por brigar com você no dia do photoshoot.
- Esquece isso, .
- Não, sério – funguei. – É que, depois do que aconteceu eu fiquei aborrecida e tive que descontar na primeira pessoa. Você foi muito fofo, não queria...
- Eu gosto de você e gosto do . E gosto muito mais de vocês dois juntos, se eu falei que ele se deu bem é porque de verdade ele se deu bem.
- Obrigada.
- Quando vocês dois se tornarem um casal público eu vou poder ficar fazendo piadinhas de vocês dois? – Ele perguntou rindo.
- Claro que sim – respondi sorrindo. – Posso contar com você pra me defender se alguma fã falar mal de mim?
- Pode contar com todos nós – ele sorriu de forma meiga. – E isso vale pra também.
- Acho que vamos matar o fandom inteiro – comecei a rir e me acompanhou.
Dez minutos depois estávamos em um lugar que eu não fazia idéia de onde era. parou em uma rua mais ou menos deserta em frente a um prédio com uns dez andares. O prédio era um pouco abandonado, mas eu podia ver que lá no terraço havia luzes e a sombra de uma pessoa.
- Você só tem que subir lá em cima e pronto – disse. – Ele já está te esperando.
- Valeu, – respondi dando um beijo em seu rosto e pulando pra fora do carro no minuto seguinte.
Todos os arrepios que eu senti durante o sonho não se comparavam a nada com o que eu sentia naquele momento, aquilo era real e me deixava apavorada. Entrei no prédio mais ou menos abandonado e frio e me deparei com velas colocadas nos degraus de uma escada. Caminhei até elas com um sorriso idiota no rosto e vi um bilhete que dizia ‘siga as velas – x’. Comecei a rir de forma descontrolada e senti um fogo tomar conta de mim, eu era tão babaca! Por mais que eu não gostasse de coisas fofas e românticas, devo dizer que estava me pegando de surpresa a cada segundo, nada com ele era clichê e nada com ele era premeditado, era tudo uma confusão e tudo muito rápido. Subi cada lance de escada sentindo meu coração ir parar na boca, quando estava quase chegando ao topo pude ouvir a risada de e então me apressei. Finalmente, depois de vários lances e estar um pouco mais cansada do que eu devia, eu cheguei! O terraço ainda não tinha nada, só conseguia ver concreto e tijolos para todos os lados, porém o que mais me interessava estava bem ali na minha frente. Sabe, eu só lembrava do do meu sonho, ver ele assim era muito melhor. Ele estava de social, e eu de moletom e calça jeans, por que raios não me disse pra vestir uma roupinha melhor?
- Cansada? – Ele me perguntou vindo até mim e me dando um abraço. – Desculpa, não consegui achar um lugar com elevador.
- Sem problemas – eu falei rindo pegando um pouco de fôlego. – Falando nisso, como você achou esse lugar?
- Contatos – ele piscou. – Senti sua falta, .
- Eu também – sorri sentindo um peso que estava em meu coração ir embora. – me contou as boas notícias, parabéns!
- Ah, obrigado – vi sorrir de uma forma tão feliz que meu mundo se iluminou só com aquele sorriso. – Vai ser muito surreal, eu mal consigo imaginar isso.
- Vai ser incrível, eu tenho certeza de que vocês vão adorar – falei passando as mãos pelos seus braços e sorrindo. – Traz uma lembrança pra mim?
- Eu vou trazer muito mais que isso – ele sorriu. – Vamos ser número um, escreve o que eu tô falando.
- Tenho certeza de que vão, confio muito em vocês – respondi. – Bom, você deve ter marcado de me ver aqui por uma razão, eu suponho.
- É – ele mordeu os lábios. – Vem aqui – me puxou pela mão e me levou até um banco feito de concreto .– , nós vamos ficar fora por mais ou menos um mês e meio.
- Caralho, sério?
- Nós vamos primeiro pra LA fazer uma divulgação por lá, depois vamos rodar algumas cidades, vai ser quase uma cidade por dia – ele suspirou. – Vai ser bem puxado.
- Mas isso tudo é pra divulgação do CD e da banda?
- Aham – ele concordou. – O CD ainda nem foi lançado nos EUA, então vamos fazer alguns shows para promover nosso trabalho.
- Que massa, , que demais!
- É, vai ser incrível – ele sorriu. – Então, como eu dizia, vamos ficar fora por quase dois meses e... Ai, caramba, como vou falar isso?
- Que foi? – Perguntei segurando em sua mão, vi meus dedos serem delicadamente entrelaçados aos dele. – , pode falar qualquer coisa pra mim.
- , eu gosto muito de você, eu gosto mais do que eu deveria gostar – ele riu. – E eu queria saber se... ai meu Deus – ele riu nervoso. – Eu quero você ao meu lado.
- ?
- Seja minha garota.
E agora senti meu mundo desabar por debaixo dos meus pés. Sabe quando você está esperando por algo, mas aí você escuta isso sair da boca do cara que você gosta e quando você ouve você não tem certeza se isso foi realmente direcionado para a sua pessoa? Eu não me via ao lado de , eu não me via namorando o e eu nunca imaginei ele falando isso pra mim! Mas tinha muita coisa pra ser levada em consideração, e não apenas a minha paranoia, tinha muito mais ALÉM de ser a namorada dele, e eu não tive tempo pra pensar no assunto. Tá, eu sou racional demais e isso só me fode, mas é minha vida, fazer o quê? Já tinha tido uma experiência mais ou menos desagradável naquela semana, agora pensa vivenciar isso todos os dias? E não era apenas, é... ele vai ficar longe por um, epa, por quase dois meses! Se eu aceitasse naquele momento, selaria um relacionamento que já iria começar com distância. Puta merda, por que eu não podia gostar de um cara que vai ficar pra sempre no mesmo fuso horário que eu? Na verdade eu até poderia viver com isso se e eu estivéssemos namorando há mais tempo, mas agora?
- Você está quieta – ele soltou minha mão. – Não é isso o que você quer?
- , pelo amor de Deus, não coloca dessa forma!
- Como dessa forma, ? – Ele riu sem humor. – Eu realmente estou te pedindo em namoro e o que eu consegui em resposta foi silêncio da sua parte!
- Ugh! – Gemi e me levantei, ele bufou. – , você está me pedindo em namoro um dia antes da sua partida pros Estados Unidos! Olha que legal, eu vou ser sua namorada e logo de cara vou ficar quase dois meses sem você.
- Essa é a minha profissão, sabia? Não vai ser a primeira vez que você vai ficar longe de mim, infelizmente eu faço turnê! Mas eu queria muito levar você comigo.
- Eu não tô reclamando do seu trabalho, porra – agora quem bufou alto fui eu, que saco. – Nunca vou reclamar do seu trabalho, , pelo amor de Deus!
- Então, o que tá sendo tudo isso?
- Isso – apontei pra nós dois. – Vai acontecer, mas quando você voltar.
- Por quê?
- , você está indo pro país primeiro mundo! Tem noção de quantas pessoas você vai conhecer? Quantos lugares você vai visitar? Quantas fãs vão cair de amores por você?
- ...
- Eu quero que você VIVA tudo isso antes de se enroscar comigo – ri sem humor. – Eu sou apenas uma caipira do Brasil que deu a sorte grande.
- Eu sou um caipira que nem ganhei o Xfactor, e aí?
- Você não tá me entendendo...
- Quê? Você acha que, por eu conhecer outras pessoas eu vou me esquecer de você? , se eu tô pedindo pra você ficar comigo é porque eu quero ficar com você, eu quero ir sabendo que quando eu voltar você é minha e que estamos juntos.
- Não quero perca oportunidades que ainda estão por vir porque estamos juntos, eu posso ser bem ciumenta quando eu quero – falei séria, riu.
- Não me importo de você ser ciumenta, eu até prefiro assim – ele caminhou até mim e eu dei dois passos pra trás. – , quer parar de se afastar?
- , eu não quero namorar você agora – falei e ele arregalou os olhos. Essa frase ficou muito mais assustadora quando saiu da minha boca.
- É o Sam? – E lá vem o semblante de ciúme de novo. – É o Sam, não é?
- Que caralho Sam! – falei alto. – Na boa, , eu tenho quase certeza de que o Sam é gay, então para de ficar colocando ele no meio do assunto.
- Como assim gay?
- Gay, que gosta do mesmo sexo! – Falei explicando e ele fez cara de desdém.
- Eu sei o que é uma pessoa gay.
- Se sabe então por que me perguntou?
Silêncio.
Não é que eu não queria namorar o , puta merda, é claro que eu queria, mas tem como me entender aqui? Eu sou mega insegura, mega ciumenta e mega chata! Amanhã aquela pessoa na minha frente estaria embarcando para o país das tentações, o país da Kim Kardashian! É onde a primeira Starbucks foi criada, é de onde saem os filmes, é cinema... é Stan Lee! Tá, na Inglaterra há muitas coisas boas, mas venhamos e convenhamos, EUA dá de mil em qualquer país, não importa o quão desenvolvido ele seja. FACEBOOK, isso lembrei de mais uma coisa – maldito seja Mark! Depois de longos minutos de silêncio, eu olhando pro meu pé e bufando de frente pra mim, resolvi caminhar os poucos passos que nos distanciavam; parei de frente pra ele, peguei sua mão e comecei a passar meu polegar em sua palma e cantar baixinho pra mim a letra de New York. Ele ia pra LA primeiro, mas eu só consegui pensar na letra de NY cantada pelo pessoal de Glee, aprendi muitas músicas assistindo essa série. riu baixinho, provavelmente por culpa da minha falta de afinação vocal, eu não tinha o mínimo dom pra música.
- Você sabe que eu gosto de você, não sabe? – Perguntei sem olhar pra ele.
- Sei.
- Você sabe que desde que eu te vi aquele dia perto do London Eye eu não parei de pensar em você, por mais que eu ficasse mentindo pra mim o tempo todo falando que eu não me importo com você?
- Isso eu não sabia – ele riu.
- E você sabe que eu vou estar aqui te esperando quando você voltar dessa divulgação?
- Você vai?
- Eu sempre vou – levantei meu rosto pra dar de cara com a poucos centímetros de mim.
Um simples suspiro poderia ser considerado nosso primeiro beijo, era só eu me mover meio milímetro e nossos lábios se encostariam, nossos olhares se encontraram e ficou naquela coisa de eu acompanhando os movimentos de sua pupila e ele acompanhando os movimentos das minhas. mordeu seu lábio inferior sem parar o contato visual comigo e percebi uma certa tensão em seus ombros. Eu queria mais do que tudo na vida beijá-lo, mas eu sabia que se sentisse o seu gosto ia ser tortura, porque eu ia ter que ficar um mês e meio sem senti-lo novamente. moveu-se em minha direção, mas eu virei o rosto, o que deveria ser um beijo na boca foi um beijo no rosto. Eu ri baixinho porque senti ficar com os lábios por mais tempo na minha bochecha enquanto soltava um suspiro de total reprovação. Olhei pra ele e vi que ele estava com aquela cara meio ‘que porra foi essa?’ e eu comecei a rir, deixando mais puto ainda.
- Não, eu não estou me fazendo de difícil – falei parando de rir. – É que, hm... Bom...
- Desembucha!
- Eu gosto de beijo na boca, TÁ! – Falei sentindo minhas bochechas corarem e um calor tomar conta de mim, porra de hormônios. abriu o maior sorriso e quem comeceu a gargalhar foi ele.
- E desde quando isso é algo ruim?
- Não tô falando que é ruim, mas é que... – coloquei quase todo meu cabelo pra trás, se divertia vendo o quão envergonhada eu estava. – Bom, se eu te beijar agora vai ser bem difícil ficar sem te beijar por mais um mês, quase dois. Se eu já tivesse te beijado antes seria mais fácil, mas agora...
- Nunca me arrependi TANTO de não ter te beijado aquele dia na van!
- Você disse que não me chamou com segundas intenções – abri a boca em um ‘O’ e ele riu de forma histérica.
- Sério que você caiu naquele papinho de merda? Ah, você é mais inteligente que isso, .
- Fui muito ingênua – eu ri. – Charlatão.
- Eu queria te beijar desde a primeira vez que te vi, , só que eu já sabia que você ia ser difícil, então...
- A espera vai valer a pena – eu falei mordendo os lábios e ele encarou de forma nada discreta meu rosto e minha boca. – Eu prometo.
- Literalmente estou com água na boca, e isso não é bom – ele falou.
- Me leva pra casa? E você também tem que ir pra casa – ergui minha mão esperando que ele a segurasse, foi exatamente isso o que ele fez.
- Vamos sair nessa madrugada, o aeroporto está mais vazio, acho que as fãs não sabem o horário do nosso vôo – me disse enquanto caminhávamos.
- E já sabem que horas vão chegar em LA?
- Sei não, nem sei quanto tempo é de vôo, não fico pesquisando essas coisas – ele riu.
Saímos do prédio abandonado de mãos dadas e, meu Deus, tudo parecia tão certo. Por algumas vezes eu olhava para nossas mãos juntas e não podia acreditar no que estava acontecendo, quem nos visse na rua ia achar piada. de roupa social com uma estudante mediana brasileira de calça jeans e moletom, o que há de errado no mundo?
O carro dele estava de frente pro prédio, como um bom cavalheiro ele abriu a porta pra mim – ele riu antes, já que eu fui pro lado do ‘motorista’, nunca vou me acostumar com a mão inglesa –, me esperou eu entrar e depois a fechou. No caminho para minha casa fomos conversando de tudo um pouco, de como ele estava ansioso para saber o que as fãs iam achar da banda, de como eles não iam poder beber porque nenhum deles tem mais de 21 anos (essa é a maioridade nos EUA), dos shows, da possibilidade de eles se apresentarem no Today Show e, quem sabe, Saturday Night Live. Claro, falamos de nós dois; de como iríamos fazer quando ele voltasse, de como talvez fôssemos abrir o jogo e essas coisas. Eu disse pra que nunca tinha namorado sério na vida e ele sorriu de forma prepotente; ‘então eu vou ser o seu primeiro?’ e essa pergunta estava cheia de segundas intenções. É, , você ia ser meu primeiro, e se fosse igual ao sonho de mais cedo... Puta que pariu!
- Que horas sai seu vôo? – Perguntei quando o carro parou em frente ao meu prédio.
- Se não me engano, perto das quatro da manhã – ele disse com uma voz mega preguiçosa, eu ri.
- Melhor você ir dormir então – falei passando minhas mãos por seus cabelos, abrindo e fechando meus dedos. Sensação maravilhosa; vi sorrir com os olhos fechados enquanto eu fazia carinho em seus cabelos e depois desci para seu rosto. Ele deve ser a pessoa mais linda que eu já vi na vida.
- Vem comigo? – Ele disse manhoso ainda com os olhos fechados, – Vou sentir muito a sua falta.
- Não posso, nesse tempo que você vai ficar fora eu vou ter pelo menos três provas e uma aula prática – respondi parando os carinhos e vendo abrir os olhos. – Você parece um bebê.
- Exato, eu preciso de cuidados constantes e regulares – ele disse ainda manhoso e todo sorridente, eu comecei a rir. – Não vou conseguir um beijo seu hoje, vou?
- Hm-hm – falei travando os lábios e fazendo ‘não’ com a cabeça. – Se quiser beijar alguma americana, tem carta branca.
- Pra passar o tempo? – Ele disse brincalhão. – Não, obrigado.
- Vou fingir que acredito – respondi. – Deixa eu ir, . Obrigada pela noite mega surpresa, não vou me esquecer.
- Lembra o que você disse no dia do photoshoot? – Ele perguntou antes de eu abrir a porta do carro. – Que você queria um pedido de namoro oficial?
- Eu falei brincando, o tava zoando!
- Mas eu não estava – tirou de dentro do bolso do paletó uma caixinha azul e a deu pra mim. – Eu ia te dar isso se você me dissesse sim, você me disse de um jeito estranho – ele riu. – Mas eu considerei como uma resposta afirmativa pra minha pergunta.
- Não precisava se preocupar, , não faço a mínima questão dessas coisas – disse pegando a caixinha de forma trêmula. Quando olhei a label em cima eu quase chorei, aquilo era uma caixinha Tiffany! – , isso foi uma NOTA!
- Só abre, por favor? – Ele mordia os lábios, acho que ele faz isso com frequência, especialmente quando está nervoso ou ansioso.
Abri a caixinha com as mãos trêmulas e, quando vi o que estava dentro, aí que eu quase morri. Era um pingente de uma bússola prata, bem pequena e bem delicada. Estava pendurada em um cordão fino e também prata; na mesma hora já peguei e coloquei no pescoço.
- Não sei o que o universo tinha planejado pra mim naquele dia, mas de um jeito ou de outro ele fez eu te encontrar – falou passando a mão na bússola recém-colocada no meu pescoço e depois em meu rosto. – É engraçado o nome da banda ser ‘One Direction’, porque a bússola sempre marca apenas para uma direção.
- Norte – eu falei e ele concordou.
- Você é o meu Norte – ele sorriu e eu também. – Você é a minha única direção, , não pode ser mais ninguém.
- Obrigada – respondi quase aos sussurros, minha voz insistia em não sair. – Eu amei.
- Se cuida, princesa – falou todo galanteador e veio me dar um beijo no rosto.
O beijo como sempre demorou mais do que devia, enquanto ele depositava o beijo em minha bochecha, senti seu corpo relaxar e ele respirar em alívio. Fechei meus olhos guardando com carinho aquele mínimo toque tão simples, mas ao mesmo tempo tão intenso para nós dois. Dei um beijo em seu rosto também e logo em seguida saí do carro. Acompanhei virar a esquina e sumir no meio da noite londrina, apertei meu presente junto ao meu corpo e fui quase saltitante pro quarto. Esse mês tinha que passar muito rápido, pelo amor de Deus! Vai ser clichê demais se eu falar que já estou com saudades dele?
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