Once
Escrita por: JULES POYNTER
Betada por: Rafaela C.
Oi. Tá, “OI” é o pior jeito de começar uma história como essa...até porque vocês nem vão me responder, mas enfim... Meu nome é , sou brasileira descendente de ingleses e alemães, tenho vinte e três anos e moro em Londres desde os vinte. Trabalho como editora de uma revista um tanto quanto famosa. Divido meu apartamento com minha melhor amiga, a . A gente se conheceu na faculdade de Jornalismo e assim que a desistiu da república, eu ofereci o meu apartamento.
Mas minha história não se trata sobre minha melhor amiga louca e sem noção que quase me obriga a jogar paint ball dentro daquele mínimo apartamento por causa de uma pizza (n/a: McFly tbm é cultura u.u). Não.
Se trata sobre alguém como moi que conheceu – demais – seu ídolo de um jeito inesperado. Bem inesperado...
Eram quase seis da tarde em Londres, chovia como se o Apocalipse tivesse chegado. Eu estava saindo do metrô já no bairro do meu apartamento com a . Ela já havia me ligado umas três vezes, era sexta-feira, dia de vídeo game, pizza e cerveja junto com um amigo nossos, James.
Parei num banco de 24 horas, precisava tirar dinheiro para o sábado de compras com a , e sabendo a senha de seu cartão de crédito e tendo seu cartão na carteira – se você tivesse uma amiga mega distraída e bobona que nem a minha, ia entender – tiraria dinheiro para ela também.
Passei pelas portas automáticas de vidro e coloquei minha bolsa num balcão, procurando minha carteira com os dois cartões. Não tinha ninguém ali, só eu e um cara usando um moletom cinza, um boné e... Óculos escuros? Ele sabia que àquela hora não tinha mais sol nenhum, certo?
Fui até o caixa eletrônico um pouco afastado do dele. Ele não tirava os olhos da tela do caixa. Eu conhecia aquele nariz pontudinho de algum lugar, tinha certeza. Voltei minha atenção para o meu saque de dinheiro, sacudindo a cabeça após perceber que estava encarando o cara e ele parecia estar se divertindo com aquilo, ao mesmo tempo em que estava tenso, reparei em sua mão fechada em punho sobre o caixa. Admito que aquilo me deixou nervosa.
De repente, um pico de luz que tirou minha concentração e alguns minutos depois, mais dois picos. Mas que porra. E a luz acabou. Não conseguia enxergar nada, nem o cara do meu lado. Era um apagão na cidade ou na rua inteira porque nem do lado de fora dava pra enxergar alguma coisa. Duas luzes de emergência acenderam do nada, o que me assustou. Tenho horror de escuro e de silêncio. Ainda mais de silêncio no escuro.
Eu rosnei para o caixa eletrônico e esmurrei o mesmo, quase tendo um ataque e quebrando minha mão. O cara de óculos escuros olhou para mim e riu. Eu o encarei e... UMA COVINHA NA BOCHECHA ESQUERDA? Ah, com certeza era só uma coincidência.
Ele foi até as portas automáticas e as sacudiu, tentando abri-las. Sem sucesso algum, é claro. Era óbvio que elas não abririam, mas eu não falaria isso pra ele na cara de pau.
Peguei minha carteira que estava sobre o caixa eletrônico e joguei dentro da bolsa. A raiva estava me consumindo, quase literalmente. Me sentei no chão e encostei a cabeça no caixa eletrônico logo atrás de mim. O carinha fez o mesmo só que bem distante de mim. Ah, poxa, eu não era tão estranha assim! Em seguida tirou o boné e jogou o cabelo loiro num tom dourado para o lado, caindo perfeitamente sobre sua testa. Era outra coincidência, certo? Espero que não. Por favor, não. Depois tirou os óculos, deixando-o no chão. Apertou os olhos e respirou fundo. Parecia que tinha uma dor de cabeça ou qualquer coisa do tipo. Foi aí que minha ficha caiu. Eu estava pensando “coitado, deve estar morrendo de dor de cabeça” quando o coitado era ele. NÃO, não poderia ser...Tom Fletcher! Era ele! Meu amor platônico, meu Mr. Dimple, meu carinha da covinha estava bem ali, alguns caixas eletrônicos de distância! Thomas Michael Fletcher, o vocalista e guitarrista – e letrista – do McFLY, o dono dos meus sonhos eróticos estava no mesmo banco 24 Horas que eu!
Ignorem a parte dos sonhos eróticos, ok?
O impulso de gritar foi quase inevitável, ainda bem que eu tenho autocontrole. Segurando o grito, apertando os lábios um contra o outro, peguei o celular dentro da bolsa apressadamente. Sem bateria.
- Puta que pariu! – o grito saiu bem diferente do que eu imaginava. Bom, qualquer grito que eu desse, ele ainda ia achar que eu era louca.
Tom olhou para mim de canto de olho e riu baixinho, pegando algo no bolso do moletom. Eu corei. Ai que vergonha, meu ídolo achando que eu era louca e ainda tirando sarro com a minha cara. Com todo motivo.
- Quer fazer uma ligação? – ele perguntou, doce como sempre.
Tom tinha que parar de ser tão fofo com uma louca que ele nem conhecia.
Estendeu a mão para mim com um BlackBerry em bom estado. Me lembrei de quantas vezes já tinha quebrado celulares da . Ai, daria até pena quebrar o BlackBerry dele.
- Obrigada. – murmurei, quase inaudível. Peguei o celular em sua mão e senti uma corrente elétrica passar por todo o meu corpo ao encostar a ponta dos dedos na palma de sua mão. E quase morri quando ele sorriu, apertando o celular por impulso. Meu coração já batia tão forte que me assustou quando consegui ouvi-lo.
Concentre-se, , você não pode quebrar o celular dele, pelo amor de Deus.
Disquei o número do celular da lentamente, morrendo de medo de quebrar uma tecla se quer. Por último teclei a teclinha (?) verde. Levei o fone ao ouvido, enquanto dava o segundo toque.
- Alô? – era o James. James? Que porra...? De novo apertei o celular, por raiva. James era a pessoa mais inútil no momento.
- James, desde quando você...? Enfim. – me levantei e andei de um lado para o outro, parando bem longe dele. – IztchoucumTchomFletscherzumbancuvintchefatrohorass. – falei tudo rápido, era um código entre eu e , o James nunca entenderia. Era só pra disfarçar, sabe como é.
- Oi? Andou bebendo, ? – ele gargalhou.
Eu não disse?
- Passa pra , James! – gritei, impaciente.
- Diga. – disse , rindo. Num momento me senti até aliviada de estar falando com ela.
- IztchoucumTchomFletscherzumbancuvintchefatrohorass.
- VOCÊ ESTÁ COM TOM FLETCHER NUM BANCO VINTE QUATRO HORAS? – ela berrou e James fez o mesmo logo em seguida, me obrigando a afastar o fone do ouvido. – Larga de ser gay, James! – continuou .
- Gente, presta atenção, droga!
- Que porra de número é esse, ? – disse ela, me ignorando completamente, é simplesmente irritante quando ela faz isso. Imagina quando ela e o James fazem isso.
- To usando o celular dele. – falei com um sorriso bobo no rosto, mordendo o lábio inferior e sacudindo o corpo de um lado para o outro.
- Nossa, falando desse jeito até parece que você já dormiu com ele. – eles começaram a rir descontroladamente. – E aí? Como é o sexo num banco 24 Horas? – deu pra sentir o tom de voz debochado até pelo telefone.
- Seus idiotas. – desliguei logo em seguida. Voltei ao meu lugar e devolvi o celular a ele, me sentando. – Obrigada.
- Você já disse isso. – ele sorriu. Senti meu rosto esquentar por completo, como se o sangue automaticamente estivesse correndo para minha cabeça. Quis esconder meu rosto debaixo da terra, exatamente como uma avestruz de desenho animado faria.
Uns vinte minutos em silêncio – o que me deixava desconfortável – depois, Tom se levantou, andando pelo mínimo espaço do banco. Tirou algo do bolso traseiro de sua calça jeans escura. Chiclete, claro. Parou naquele balcão e apoiou o cotovelo sobre o mesmo, desembrulhando o chiclete do papel e o colocando na boca. Por um instante, invejei aquele maldito chiclete.
- Quer um? – ele perguntou, sorrindo daquele jeito doce e sem graça.
- É diet? – ah, ta brincando que eu perguntei isso. Era o chiclete do bolso traseiro de Tom Fletcher, não importa! Nem se fosse daqueles de pimenta que me fariam não sentir a língua por uma semana. Mesmo que eu nem goste de chiclete, era o chiclete dele!
- Não. – ele franziu o cenho, rindo num tom baixo. Rasgou um pedaço da embalagem e dobrou a pontinha que sobrou. – Como se você precisasse de algo diet. – murmurou guardando o chiclete no bolso.
Ele insinuou que eu sou gostosa? Cara, eu adorei essa. Ri baixinho ao ver seu sorriso quase safado no rosto.
O silêncio permaneceu por mais uns vinte minutos, eu estava completamente desconfortável, de braços cruzados, apertando-os contra meu corpo. Além de que eu estava morrendo de vergonha de puxar assunto com ele, Tom ainda deveria achar que eu era uma louca mascadora de chicletes diets. Um tempinho depois, ele se sentou ao meu lado, sorrindo.
- Tom. – estendeu a mão amigavelmente para mim. Provavelmente reparou no meu desconforto que eu já nem fazia mais questão de esconder.
- . – apertei a mão dele, sentindo aquela mesma corrente elétrica por todo meu corpo.
- Bonito nome. – Tom pareceu um pouco sem jeito para falar comigo, o que me fez sorrir e corar logo em seguida. – Então...
- Acha que sou louca? – vomitei as palavras. É nessas horas que o autocontrole deveria funcionar. Eu estava mesmo quase me abrindo com ele? Minha loucura chegou a um novo nível, que ótimo.
- Hãn? Claro que não. – ele gargalhou. Legal, virei motivo de piada. – Na verdade, você é bem... Atraente.
Tom olhou pra mim da cabeça aos pés de novo com aquele sorriso quase safado. Ah claro, a calça de couro que eu vestia não ajudava em nada.
Passamos quase uma hora inteira fazendo exatamente nada. Nos primeiros minutos, falamos da vida, música, nos conhecendo melhor. Logo depois inventamos coisas inúteis para passar o tempo enquanto a chuva só aumentava. A brincadeira que inventamos foi “ping – pong”. Jogávamos a carteira um para o outro, cada vez que a carteira era lançada, tínhamos de fazer uma pergunta qualquer. Caso a carteira caísse no chão, tínhamos de responder uma pergunta embaraçosa tipo “quando e como foi a sua primeira vez” ou “qual foi o melhor sexo oral que você já fez e em quem”. Imagina jogar isso no quase-escuro (?).
Quando finalmente cansamos de jogar a carteira pra lá e pra cá, me sentei no balcão após pegar minha bolsa no chão, meu estômago roncava. Cruzei as pernas sobre o balcão e procurei alguma coisa na bolsa.
- Quer chocolate? – murmurei, mexendo na bolsa e achando uma barra de chocolate. Ele assentiu, parecendo ansioso. O chocolate estava molenga, quase derretido e eu fiquei totalmente sem graça. – Que merda.
Tom quebrou – desmanchou, para ser exata – um tablete e enfiou na boca, rindo.
- Chocolate crocante derretido. Meu favorito. – ele falou com a boca cheia de chocolate, o que me fez rir. Quebrei um tablete e comi, chupando a ponta dos dedos. – Isso é sexy.
- Hum? – eu ri de novo. Adoro me fazer de desentendida para caras bonitos. Tom quebrou outro tablete e colocou na boca, deixando uma pequena manchinha de chocolate bem próxima a boca. Ui. Aquilo era sexy.
- Espera aí... – passei o polegar perto de sua boca, limpando o chocolate. Reparei que estava incrivelmente perto de seu rosto e quase tive o impulso de beija-lo. Mas não o fiz, meu autocontrole me salvou de novo. Chupei o chocolate do meu dedo totalmente sem graça.
Tom tirou minha mão de perto da boca e a segurou, acariciando-a com o polegar. Senti minha respiração falhar e agradeci mentalmente por estar sentada – minhas pernas tremiam. Por um instante, esqueci de como respirar. Meu coração começou a bater cada vez mais rápido, e Tom estava cada vez mais perto de mim. Eu estava estática.
Senti seus lábios roçarem levemente nos meus. Quando o beijo ficou mais intenso, eu agarrei a camisa dele, impedindo-o de se afastar. Não que ele estivesse se afastando. Tom apertou minha cintura, provavelmente pensando o mesmo que eu. Levei a mão à sua nuca, entrelaçando meus dedos em seu cabelo, quando puxei o mesmo levemente, Tom gemeu baixinho, o que me arrepiou por inteira.
Levou suas mãos para dentro da minha blusa, levantando-a devagar. Desci minhas mãos por seu peito, procurando o cinto debaixo do moletom. Enquanto o abria, Tom dava leves chupões no meu pescoço, me fazendo gemer. Quando estava a ponto de descer sua calça até os tornozelos e ter a melhor rapidinha da minha vida, a luz voltou. Eu nem tinha reparado que a chuva tinha parado. Tinha coisas mais importantes para me importar. Mas já era, no escuro estava incrivelmente bom.
Uma palavra: broxei.
- Merda. – sussurrei. Apoiei a testa sobre seu ombro, com as mãos agarradas em sua camisa. Comecei a rir para não chorar.
- Acabou o clima, né? – ele me abraçou, rindo e beijou o topo da minha cabeça.
- Totalmente.
- Espera. – Tom pegou o celular no bolso do moletom e me beijou, um selinho mega demorado, e tirou uma foto. Depois digitou alguma coisa. – Número?
- Quê?
- Telefone, lerda. – ele me deu um pedala de leve. Eu até diria que ele não tinha intimidade nenhuma pra me chamar de lerda, mas na verdade, tinha sim. Após dar meu telefone, Tom ajeitou sua roupa e ajeitou a minha em seguida, que coisa mais fofa. Ele me olhava do jeito mais carinhoso e amável que já tinha visto. Pegou um papel e escreveu seu telefone com aquela caneta presa a uma corrente.
- Pode me ligar quando quiser, ok?
Ele pegou seu boné e seus óculos escuros no chão. Balancei as pernas um pouco desanimada. A maldita noite tinha mesmo que acabar, oba.
- Tom? – falei baixinho, olhando para o chão.
- Oi? – ele olhou pra mim, colocando o boné, com o mesmo olhar carinhoso e fofo de antes. Ele quer me matar, meu Deus.
- Me leva pra casa?
Saltei do balcão e fui em direção à ele, colocando as mãos no bolso traseiro da minha calça de couro. Ele riu baixinho e colocou os óculos.
- Claro.
Peguei minha bolsa e meu sobretudo, o vestindo. Fomos em direção às portas automáticas.
- LIVRES! – gritou Tom, erguendo os braços. Eu gargalhei alto. Enquanto andávamos pela rua, senti sua mão encostar na minha e em seguida, ele entrelaçou os dedos nos meus. Inevitável não sorrir, com a boca e com os olhos. Olhei para ele, um pouco sem graça, o rosto corado.
- Então, você vem ao banco amanhã? A previsão do tempo de amanhã é pior do que a de hoje. – perguntei, balançando meu braço para frente e para trás.
- Claro, temos que terminar algo que não terminamos.