tirou seu gorro cinza e o sacudiu antes de entrar em uma cafeteria que ficava na 5ª Avenida. Ela empurrou a porta de vidro e logo o ar quente a envolveu, esquentando até seus dedos dos pés. Foi até o balcão bem arrumado da cafeteria e sorriu - o que fez até suas bochechas doerem por causa do frio - para a barista antes de dizer: - Um chantico, por favor. Deus abençoe o criador do Starbucks. Enquanto esperava seu pedido, sentou em uma das cadeiras que haviam em frente ao balcão e passou as mãos por suas bochechas, que já deviam estar roxas, tentando esquentá-las. Ela só queria chegar logo m casa, tomar um banho, se enfiar debaixo das cobertas ou arranjar um outro jeito de fazer com que aquele frio passasse. Seus pensamentos foram interrompidos quando a atendente apareceu, trazendo seu pedido, e murmurou um "Aqui está seu chantico" para ela. agradeceu e continuou no conforto da cafeteria, tomando sua bebida quente, o que fez com que um bigodinho de leite surgisse acima de cima de seus lábios, fazendo-a rir. Quando terminou, ela pagou a barista, pegou sua bolsa e colocou sua touca de volta em sua cabeça, puxando ainda mais para esquentar suas orelhas, enquanto saia para a rua gelada e cheia de neve. Ela amava Nova York. Sair do Tennesse com uma mala na mão, deixando para trás seus pais, suas botas de cowboy e seu sotaque caipira nunca pareceu tão certo. começou a esfregar as mãos uma na outra, caminhando depressa até em casa antes que seus dedos caíssem. Ao chegar no seu apartamento - pequeno, mas aconchegante - a primeira coisa que ela fez foi correr para tomar banho. Ficou durante bons minutos debaixo da água quente e quando saiu, seu banheiro inteiro estava molhado e uma grande fumaça de vapor estava no ar. Ela abriu a porta e foi até seu quarto, abrindo seu guarda-roupa e escolhendo uma boa roupa. vestiu-se, colocando sua touca, luvas e um casaco por cima. Maquiou-se de um modo simples, pegou sua bolsa e passou a chave na fechadura antes de sair de casa. Pela terceira vez no dia, ela andou por entre as calçadas cobertas de neve, até um bonito apartamento. Chamou no interfone e logo o portão do prédio foi aberto para ela, que entrou em seguida. pegou o elevador até o nono andar e quando saiu dele, deu de cara com uma porta branca, bem cuidada. Ela deu duas batidas de leve e logo um homem, que aparentava no máximo ter 25 anos, com uma calça jeans e sem camisa, a abriu. Eles sorriram um para o outro e o homem puxou a garota para dentro do apartamento, dando um beijo rápido nos lábios dela. - Você está bonita hoje - ele abriu um sorriso ainda maior, passando o nariz pela curva do pescoço dela. - Charlie - ela riu, fazendo com que ele fizesse o mesmo - Vamos. Senti saudades. O tal de Charlie beijou o maxilar dela e sorriu, antes de fechar a porta totalmente.
passou o polegar pelo peito de Charlie, fazendo desenhos abstratos, e quando ela sentiu um arrepio nas costas, levantou a cabeça para ele. - Você sabe que eu não gosto disso - ela murmurou para ele, que subiu os carinhos - Eu andei pensando... - começou, se apoiando nos cotovelos e olhando para Charlie, que só prestava atenção - Nós nos conhecemos há algum tempo, você sabe... Nos conhecemos tão bem... Não é como se fosse a primeira vez que dormimos juntos - ela comentou o mordeu a parte interna da bochecha antes de continuar. Ela tinha que dizer isso, não conseguia mais guardar seus pensamentos que envolviam esse cara que estava a sua frente para si mesma. Esse cara que ela gostava tanto - E eu queria saber se não seria uma boa ideia, sabe, se nós fôssemos morar juntos... Afinal, nós nos conhecemos bem... - Ah, ... - Charlie disse, um pouco desconcertado, sentando-se na cama. - Nós nos gostamos muito, Chuck - ela disse isso com mais um dos apelidos de Charlie - E então? O que você acha? - Bom... - ele começou e coçou a nuca. Charlie pegou as mãos dela de repente e continuou - Eu também gosto muito de você, ... - isso a fez abrir um sorriso, mas logo sua expressão feliz desmoronou - Mas não a ponto de morarmos juntos. Eu tenho só 24 anos! O trabalho está me sufocando, você também está muito ocupada desenhando suas casas, sei lá... Não é o momento certo. Eu sei que nós nos conhecemos há um tempo, mas nossa relação não é assim tão intensa. Às vezes você vem aqui, eu vou para a sua casa... Mas não é um namoro. É mais como um caso de uma noite só. Você entende, não é? Não, ela não entendia. Ela não entendia porque eles não podiam morar juntos. Certo, eles se conheciam há um ano, mas e dai?! Qual era o problema de dar mais um passo na relação?! O problema era que não havia relação nenhuma. Como Charlie havia dito, era só um "caso de uma noite só". Sexo casual, sem compromisso. - Você entende, certo, ? - Charlie perguntou mais uma vez. - É, eu entendo - ela respondeu, com os olhos fixos no colchão. De repente, ela se levantou, puxando o lençol com ela - Hm, Charlie... Eu meio que preciso ir. Meu apartamento está aberto... E, sei lá, preciso resolver algumas coisas do trabalho - começou a andar pelo quarto, pegando suas roupas espalhadas pelo chão e vestindo-as desajeitadamente. Ela penteou o cabelo com os dedos, colocou sua touca para esconder a bagunça que ele estava e foi até a sala pegar sua bolsa, que ela se lembrava de ter deixado no sofá. Ou perto da cozinha. - Tudo bem, então - Charlie a seguiu até a sala, vestido somente com uma boxer. mal ousou olhá-lo. Enquanto ela ia até a porta, ele murmurava milhões de coisas nas quais ela não prestava atenção. Quando já estava com a mão na maçaneta, pronta para daquele apartamento, Charlie perguntou - Que tal quarta que vem, no mesmo horário? - e quando viu que ela estava saindo pela porta sem dizer nada, ele acrescentou - Eu te ligo, ok!? não se virou para responder.
O bar estava praticamente silencioso, exceto pela voz grossa do narrador que vinha da televisão, indicando o atual placar, e de alguns murmúrios vindo das pessoas que estavam no lugar. Ali eles não serviam nenhum chantico. Mas o ar condicionado era tão bom quanto o da cafeteria. era uma boba. Uma boba apaixonada por alguém que só queria um "caso de uma noite" com ela. Bateu a mão na testa de leve, pensando no quanto era burra. E no quanto estava cansada de Charlie e dos outros homens com quem ela se envolvia. só havia tido casos de uma noite. O que mais durara fora Charlie, mas aquilo não significava nada. Agora ela estava em um bar, segurando um copo de whisky em uma das mãos e vendo, distraída, um jogo de basquete com mais uns dez caras. Ela bufou e tomou mais um gole da bebida em seu copo, deixando-o de lado no balcão. Entrar em coma alcoólico, diferente do que mostravam os filmes, não a ajudaria em nada. Na verdade, isso só lhe daria mais dor de cabeça. - Faltam só mais alguns segundos para o jogo acabar. Você acha que os Jets ainda tem chance de vencer o Knicks? - uma voz rouca disse. girou no banco alto e sem encosto e deu de cara com um homem - ou seria um rapaz? - que parecia ter exatamente a mesma idade que ela. Seu cabelo molhado e bagunçado, o sorriso debochado e o brilho de diversão em seus olhos não combinavam em nada com a camisa e a calça social que ele usava. - Hm, acho que seu tempo acabou - ele tirou os olhos da televisão e os voltou para - Os Knicks ganharam por 101 à 97. De novo. piscou para o garoto a sua frente. Ele tinha os olhos mais bonitos que ela já vira. - Eu... eu não sei nada sobre basquete - ela gaguejou ao responder. Sacudiu a cabeça, voltando a realidade, e desviou seu olhar para o copo, ainda deixado de lado no balcão. - Eu também não - ele riu e, por um momento, se lembrou de Charlie - Estou te olhando desde que você entrou no bar e tenho que admitir que você bebe muito bem - ele admitiu, levando sua Stella Artois aos lábios. - É - deu um sorriso de leve, jogando seu copo de uma mão para outra. - E quando uma mulher como você bebe daquele jeito... - ele começou, inclinando a cabeça para o lado - é porque levou um pé na bunda. deu uma risada sarcástica. Largou o copo novamente no balcão e virou o rosto para encarar aquele cara sentado ao seu lado. - Pois é. É sempre a mesma história - ela respondeu, girando no banco até ficar de frente para ele - E o que você tem a ver com isso? - Nada - ele tomou mais um gole de sua cerveja, esvaziando a garrafa e colocando ao lado do copo da garota - Só acho idiotice se martirizar por uma coisa como essa. - Você não tem que achar nada - bufou. Ela não precisava que um desconhecido, aparentemente bêbado, lhe desse alguma lição de moral em um dia como aquele. - Na verdade, eu acho que você tem que aproveitar - ele disse, se levantando e puxando as mangas de sua camisa mais para cima - Mandar seu ex-namorado se foder, levantar daí e vir comigo. Seu jeito de falar também não combinava em nada com suas roupas. - Ir com você? - gargalhou - Eu nem te conheço. - E existe melhor hora pra isso? - ele sorriu para ela - - ele se apresentou e puxou , fazendo com que ela se levantasse - E você? - . - a garota abriu um sorriso de lado. - Então vem comigo, - ele disse após tirar a carteira do bolso da calça social e deixar algumas notas em cima do balcão - Não sei se isso vai dar certo, mas sei de um jeito que vai fazer com que você esqueça do seu ex. - Espera - ela soltou sua mão da (agora ela tinha certeza sobre o nome daquele estranho). Ela não queria parecer fácil, uma vagabunda. Não queria fazer parecer que ela ia para a cama - sim, sabia como ele tentaria fazer com que ela esquecesse Charlie - com o primeiro cara que pagasse seu whisky em um bar com outros dez homens. Não queria parecer boba, vulnerável, mais patética do que já estava se sentindo, por mais que fosse charmoso. Mas então ele virou seu rosto para ela e a encarou com seus olhos azuis. E ela simplesmente não resistiu, por mais que isso parecesse ridículo. aceitou a mão de e o seguiu até o carro dele, parado em frente ao bar. Ela entrou, meio boba, após ele abrir a porta para ela e fixou seu olhar nas suas mãos em seu colo durante todo o caminho que fazia. Quando a garagem de um prédio muito mais bonito do que o de Charlie - não que ela estivesse comparando - se abriu, levantou os olhos, mas só até sair do carro. Ela continuou olhando para o chão enquanto se aproximava perigosamente dela e eles entravam em um elevador. Ela só estava confusa com toda a situação. A porta do elevador se abriu e quanto os dois saiam dele, procurou algo no bolso da calça. Ele retirou uma chave de lá e abriu a porta do que esperava ser o apartamento dele. entrou primeiro e o seguiu. Ela finalmente ergueu seu olhos de uma vez e olhou em volta do apartamento. Nada demais. As paredes eram de um branco limpo, o lugar estava absurdamente organizado para um cara e tudo parecia de boa qualidade. Só não havia muitos móveis. - Pode se sentar, se quiser - indicou um sofá vermelho, quase vinho, e foi direto para lá. Ela não havia percebido o quanto estava cansada - Vou pegar algo para beber. Quer? - Claro - ela concordou, encostando a cabeça no encosto do sofá. Esperou e quando ele voltou, trazia consigo duas Stella Artois. Enquanto ela pegava uma garrafa da mão dele, reparou que ele havia tirado seus sapatos e dois botões, que antes estavam em suas respectivas casas, tinham sido desabotoados - Hm... Por que a falta de móveis? - ela perguntou, desviando o olhar para o rosto de . - Pra falar a verdade, eu não moro em Nova York - ele respondeu, inclinando a cabeça de novo, como havia feito há algum tempo - Moro em Los Angeles, mas sempre venho para cá por causa do trabalho. Fechar negócios e tudo o mais - olhou para e quando viu seu rosto, continuou, rápido - Mas antes que você pergunte, esse apartamento é meu, ok? vacilou. O que Charlie dissera mais cedo - "É mais como um caso de uma noite só" - invadiu seus pensamentos de uma vez e ela afastou sua garrafa da boca. Talvez ter concordado em ir ao apartamento de fosse um erro. Talvez não. Ela precisava de algo para fazer com que se esquecesse de seus outros relacionamentos fracassados. Talvez um caso de uma noite só não fosse a melhor opção, mas era a única que ela tinha além de se enfiar embaixo das cobertas, comer inúmeras barras de chocolates e ver filmes que a fariam chorar. E essa era uma péssima ideia. Por isso quando pegou as duas garrafas e as colocou na mesinha de centro que havia na sala, ela não fez objeção alguma. Nem quando ele a puxou para si e beijou seu pescoço de leve. Ela só conseguia retribuir os carinhos. subiu os beijos para o maxilar de , para sua bochecha, para a ponta de seu nariz e os desceu, beijando a boca da garota. Ela abriu os lábios, sentindo seu corpo todo entorpecer após suas línguas se tocarem. segurou os cabelos de com força, acabando com qualquer espaço restante que houvesse entre eles. Com dificuldade, ela tirou suas luvas, seu gorro e tentou tirar seu casaco, o que só foi possível com a ajuda de . Jogou seus sapatos para longe e apoiou uma das mãos no peito dele, enquanto a outra passeava em suas costas. Ele passou a mão pela perna da garota, ainda com a calça jeans, e quando chegou na coxa dela, a apertou, fazendo com que soltasse um gemido baixo. Quando ele voltou seus beijos novamente para o pescoço dela, moveu as mãos para a camisa dele e começou a desabotoar os botões com uma certa dificuldade. se afastou um pouco para que ela tirasse sua camisa, mas isso foi só por um momento. Ele voltou a procurar, veroz, os lábios da garota e os mordiscou, fazendo com que arranhasse suas costas. Assim que ela envolveu seu pescoço com as duas mãos, a segurou com força pela coxa, levantando-a. Ainda com as bocas coladas, ele a levou pelo apartamento até o quarto dele. Procurou ofegante pelo interruptor e assim que acendeu a luz, levou os dois em direção a cama. Jogou nela e curvou o corpo por cima do da garota, enquanto ela abria um sorriso malicioso. Antes que pudesse fazer qualquer movimento, ela virou e ficou por cima dele, beijando sua barriga até o ponto em que a boxer escura dele estava visível. Ele passou as mãos por debaixo da blusa da garota, até seu sutiã. puxou a blusa de para cima e ela teve que fazer o mesmo que ele antes, se afastando e levantando os braços para que a peça de roupa fosse finalmente retirada. Ele a virou na cama, dessa vez ficando por cima dela, e traçando um caminho de beijos desde o pescoço de até cós do jeans dela. Ele abriu o botão e o zíper da calça e a puxou com dificuldade para baixo, jogando-a em qualquer canto do quarto. Irritada por estar tomando partido em toda aquela situação, puxou o cinto do jeans dele e logo os chutou para o pé da cama. Com um sorriso malicioso no rosto por causa da atitude da garota, ele voltou a beijá-la ferozmente, enquanto ela envolvia sua cintura com as pernas. tocou cada parte do corpo da garota, deixando marcas avermelhadas em alguns lugares e marcas roxas em outros. Antes que eles pudessem pensar, suas roupas íntimas já estavam em diversos cantos do quarto e cada toque dos dois estava cada vez mais ousado. E então, finalmente protegidos, eles eram um só. Sem arrependimentos.
Assim que acordou no dia seguinte na cama de , percebeu que ela não tinha trauma nenhum sobre o que acontecera na noite anterior. Dormir com alguém não faria dela uma vagabunda. E, como prometido, ele a havia feito esquecer Charlie no primeiro momento em que a tocou, com um beijo no pescoço. Pelo menos um de seus casos de uma noite só não havia sido um fracasso. E ela teve certeza disso quando se remexeu ao seu lado por causa da luz que vinha da janela que estava em seus olhos. E ainda mais certeza horas depois, enquanto os dois conversavam, ainda na cama. contou pra ele sobre Charlie. Sobre como o conheceu no Central Park há algum tempo, sobre como gostava dele e como sabia que já estava pronta para dar mais um passo no relacionamento, mas ele não. E, de repente, sabia mais da sua vida do que o próprio Charlie e ela sabia mais sobre a vida de do que qualquer outra garota com quem ele havia dormido. Ele sabia que ela havia feito Arquitetura na faculdade, que adorava desenhar, que amava frio e passar horas no Starbucks da 5ª Avenida, que havia sido criada em uma cidade pequena do Tennesse e que havia saído de lá com uma mão na frente e outra atrás para vir para Nova York, que sempre sonhou em ir para Las Vegas - uma ideia idiota segundo a própria - e que quando ela estava irritada, ela voltava a falar com seu sotaque caipira, como quando criança. sabia que havia se formado em Administração e trabalhava em uma empresa fechando negócios, que não sabia desenhar nem uma reta, que amava calor, que havia nascido no Kentucky, o interior mais interior que ele já havia visto e que por acaso ficava ao lado do estado em que nascera. Também sabia que ele odiava as roupas sociais que ele tinha que usar no trabalho e só continuava nele porque podia viajar bastante, principalmente para Nova York umas duas vezes ao mês. E que ele já havia ido para Las Vegas e nunca gostara muito de lá, apesar dos cassinos. Eles passaram praticamente a manhã inteira conversando, o que achara estranho vindo de alguém como . E quando ela achou que havia passado tempo demais no apartamento dele e que já estava na hora de ir embora, a parou na porta e pediu uma coisa. Ele havia dito que nunca tivera uma noite tão boa com alguém quanto ela - não só a parte do sexo, mas a conversa também - e que havia pensado se seria tão galinha da parte dele, e se ela iria concondar, em repetir aquilo. Sempre que ele voltasse a Nova York, duas ou até mais vezes em um mês. E concordou, por mais que aquilo lhe desse a aparência de puta (o que discordou, sem nem pensar duas vezes). Simplesmente porque ela havia gostado de ter a melhor noite da vida dela com um (des)conhecido, que agora sabia tudo sobre ela e mais um pouco. E porque ela não havia se arrependido.
Manhattan, julho de 2009
A única coisa que havia mudado fora estação do ano. Seis meses havia se passado desde que Mari e se conheceram. Seis meses que eles ficavam juntos sempre que fosse pra Nova York. Ele viajava pra lá geralmente duas vezes ao mês, às vezes até três. E os dois sempre davam um tempo de ficarem juntos, apesar de quase sempre ter que ir embora no dia seguinte. Eles saíam, bebiam, se divertiam, iam a algum restaurante ou simplesmente fazia uma coisa mais... íntima. Agora era metade do mês de julho e a primeira vez no mês que ia para Nova York. Eles tinham ido para o apartamento de assim que havia terminado de sair de uma reunião e passaram a noite lá. Hoje ele já teria que voltar para Los Angeles. estava encostada na bancada da sua cozinha, segurando uma xícara de café e tomando um gole de vez em quando. Ela havia vestido uma camiseta de que estava com ela desde março e o shorts do seu pijama antes de sair do quarto com passos leves onde ele ainda dormia. queria ter uma conversa séria com antes que desse a hora do seu voo e ele tivesse que sair correndo do apartamento dela porque estava atrasado de novo. Ela só esperava que ele não pensasse que ela estava grávida, ainda bem. Meia hora depois, escutou o barulho de uma porta se abrindo e deu uma espiada no corredor. saia de seu quarto já vestido com a camisa e a calça social de sempre - exceto pelas cores - e bocejava, enquanto passava a mão no cabelo. Involuntariamente, ela sorriu. - Tenho uma hora pra chegar ao aeroporto e pegar o avião. De novo - ele abriu um sorriso de lado, ainda sonolento, e se aproximou de . Deu um beijo abaixo de sua orelha esquerda, fazendo com que ela se encolhesse com cócegas, e se afastou com um sorriso ainda mais largo no rosto. Enquanto ele procurava uma xícara no armário - aquela já era como sua segunda casa -, pensava em um jeito de abordar ele. Então ele percebeu que todas as opções que ela tinha em mente eram péssimas e optou pelo modo mais simples. - , eu preciso ter uma conversa séria com você. - Uma conversa séria? - perguntou, com uma leve curiosidade, e tomou um pouco de seu café - Sobre o quê? - Sobre nós dois - disse de uma vez. - Sobre nós... - começou, deixando sua xícara de lado, mas foi interrompido. - É. E antes que você possa dizer alguma coisa, me deixa continuar por favor - pediu e respirou fundo - Olha, . Você sabe o quanto eu gosto de ficar com você. Sabe como eu fico quando você vem pra Nova York e que se eu não gostasse não teria aceitado tudo isso, não é? - ela perguntou, mas não esperou uma resposta - Só que se passaram seis meses, . Seis meses e a gente continua nessa com você indo e vindo, dormindo aqui ou no seu apartamento pra de manhã voar de voltar pro outro lado do país e quem sabe dormindo com outras - fez uma pausa e olhou para com os lábios tremendo - Não é muito diferente do que eu e o Charlie tínhamos. E eu realmente não quero mais isso, . Eu gosto mesmo de você. Na verdade, eu amo você mais do que eu já gostei e qualquer outro cara, mas eu simplesmente não aguento mais. Você pode não saber, mas nem com outro eu fiquei, . E então? - perguntou, rouca. Finalmente ela havia se livrado de todo aquele peso. - - disse, levantando as mangas da camisa - Eu não sei o que dizer sobre isso tudo. Eu também gosto muito de você, mas... mas... Não sei, . Tem a coisa da distância e... e... - Eu entendi, - ela deu uma risadinha - Não vai dar certo, tudo bem. - ... - ele sussurrou, se aproximando. - Sério, tudo bem - ela se remexeu - Agora vai. Seu voo. E não precisa voltar se não quiser. abaixou os olhos. Deu mais um passo na direção de e pegou uma mecha de cabelo que estava solta e a colocou atrás da orelha dela. Beijou sua testa e antes de pegar sua mala perto do sofá e sair do apartamento, ele murmurou: - Não tenho certeza de quando eu volto. E mesmo antes de a porta se fechar, começou a chorar.
Manhattan, setembro de 2009
A chegada do outono e do frio típico da estação fizeram com que se sentisse melhor. não voltou à Nova York. E se voltou, não a procurou. Hoje era mais um dia normal. Starbucks, trabalho, levar as últimas coisas para seu novo apartamento. É, ela havia se mudado para um outro apartamento, não muito longe de onde morava. Mas não fora para esquecer . Eram 6:30 P.M. e estava saindo do trabalho. Ela havia acabado de terminar o desenho de uma casa para um casal - seu projeito favorito até agora - e antes de ir para seu antigo apartamento, ela deu meia-volta e passou em um Starbucks e comprou um chantico como sempre. Algum tempo depois, foi até seu antigo apartamento para pegar uma última caixa com suas coisas e antes de sair, ela deu uma última olhada no espaço vazio, quase se estivesse se despedindo. Pegou um táxi e então desceu em frente ao prédio onde ela ia morar. entrou no elevador, apertou o botão que indicava seu andar, e esperou. Ela saiu do elevador com um pouco de pressa e logo tirou a chave do bolso do casaco, encaixando-a na fechadura. Quando abriu a porta, ela sorriu. Seu apartamento estava completo, só faltavam alguns ajustes. Mas ela já havia se acostumado com aquele novo espaço. E mostrou isso quando largou a caixa que segurava no chão e se jogou no sofá, com um sorriso no rosto. Talvez as coisas estivessem começando a mudar para melhor. continuou a fazer suas coisas como sempre, mas às 11 P.M. ela já estava dormindo no sofá, com metade do corpo pendendo para fora dele. Algum tempo depois, ela foi acordada por batidas insistentes na porta e se levantou, ainda sonolenta, resmungando. - Já vou - murmurou, passando a mão pelo cabelo. Quando as batidas ficaram mais fortes, ela gritou - Já disse que já vou, cacete! desamassou um pouco sua roupa enquanto abria a porta mas parou com qualquer movimento quando viu quem estava do lado de fora. Não podia ser. - Você sabe, não é? - ele disse. Passou a mão na testa molhada de suor e voltou a encarar - Eu teria me casado com você em Vegas se você tivesse me dado a chance de dizer "Eu aceito".* - ... O que... - começou a gaguejar e se viu enrolando, nervosa, a barra da camiseta que usava. A antiga camiseta de . - Antes de qualquer coisa, por favor, me deixa falar - ele pediu como ela havia feito há quase dois meses - Você não me deixou explicar da outra vez, . O que você queria que eu dissesse? - perguntou, puxando a gola de sua camisa. Ele parecia cansado - Eu não podia largar tudo como nos filmes, - ele baixou a voz - Eu achava que não podia até que me vi pensando em você vinte e quatro horas por dias desde que entrei no avião de volta para Los Angeles e percebi que tinha sido um cretino nesses seis meses com toda aquela história. Eu sei que tudo isso tá uma merda e que você deve estar morrendo de sono porque já são três da manhã aqui em Nova York, mas o que eu realmente quero saber é se você ainda sente algo por mim e se você ainda quer ficar comigo, mesmo depois de tudo o que eu te fiz passar - terminou de falar, ofegante, e encostou a testa no batente da porta antes de voltar a olhar para , que só o encarava perplexa. - Seu idiota - ela finalmente soltou a barra da camiseta - É claro... É claro que quero, claro que ainda amo você - corou, levemente - Mas como você me encontrou aqui?! E às três da manhã?! E por que você não me avisou quando veio para Nova York?! - ela perguntou com lágrimas nos olhos e deu um soco no braço dele. Ele estava querendo vê-la sofrer de propósito?! - Ah, - riu e a pegou pelos pulsos, puxando-a para si. Ele encostou seu corpo no dela e beijou seu ombro. E então sussurrou perto do ouvido dela - Eu estou há horas tentando te encontrar. Fui até seu antigo apartamento, tentei pedir alguma informação pro porteiro, mas ele não sabia de nada... Achei seu novo endereço na lista telefônica - ele voltou a rir, abafado. percebeu que tremeu de leve, mas ele não disse nada - Desculpe pelo horário, mas esse era o próximo voo de Los Angeles para cá e eu não podia esperar mais um segundo. Além do mais, ainda é meia-noite em lá. E desculpe também por não ter voltado antes - ele levantou o rostou e encarou . Pois as mãos dos dois lados do rosto dela e passou o polegar por suas bochechas molhadas - Eu realmente não sabia quando voltava e também não sabia se você ia querer que eu voltasse. Fiz de tudo para evitar vir pra cá, mas acho que foi sem sucesso, não é? - E o que você quer fazer agora? Afinal você ainda mora do outro lado do país, na Califórnia - sussurrou e sorriu. - Bom... - se afastou devagar, fazendo uma careta, mas continuou segurando a mão dela - Esse é o problema. Eu pedi transferência pra cá, vendi meu apartamento aqui e anunciei o que eu morava - abriu a boca para falar, mas logo a fechou, sem palavras - Então você é a minha única opção. Não vou voltar pro Kentucky com as mãos abanando como acabei de fazer - ele deu de ombros. - Foi proposital? - riu e mordeu o lábio inferior. - Talvez - sorriu para ela. abriu um sorriso e o puxou para dentro do apartamento. esticou os braços de um de cada lado da garota até que ela encostasse as costas na porta, fechando-a, e encostou seu lábios no dela. passou os braços pelo pescoço dele e resolveu finalmente acabar com a saudade. A saudade do beijo dele, do cheiro dele, do sorriso dele. Do jeito que ele ria com qualquer toque, do toque quente dele na pele fria dela, do jeito que ele a fazia suspirar. Ela resolveu acabar com a saudade dele. Depois de suspiros e gemidos em excesso, roupas espalhadas pelo apartamento e toques ousados, e foram parar entre os lençóis dela, com respirações descompassadas. O que aquele cara não fazia com ela? O que aquela garota não fazia com ele? se aproximou mais dela, colocando a mão nas costas pequenas de e puxando-a para seu peito. Ela beijou seu nariz, fazendo-o sorrir, e ele enterrou seu rosto na curva do ombro dela, dando um beijo em seu pescoço antes de sussurrar: - Eu te amo.
"Now make a change. I'm counting down The mile marks to every town And falling more in love With the distance put between us." (Vegas - All Time Low)
FIM.
* "I would've married you in Vegas had you given me the chance to say 'I do'". Trecho retirado da música Vegas, do All Time Low.
(23/01/2011 às 20:32) N/A: Oi, meninas! :3 Não sei muito bem o que dizer agora. Eu tinha escutado Vegas em uma tarde e fiquei com o trecho "One more long night..." na cabeça antes de dormir. Então, de repente, eu tive a ideia pra fic e no outro dia eu já estava escrevendo ela. Pensando agora, One More Long Night veio no momento certo. Eu dedico ela principalmente à Débora, que me fez gostar de All Time Low e que infelizmente não pode mais ir no show do dia 29. Agora você tem algo quase inesquecível com suas duas bandas favoritas, Debbie. <3 Eu tenho que agradecer à Carolina, por sempre ler tudo o que eu escrevo e por não ter me matado por ter demorado tanto pra terminar essa fic, e à Bianca, que mesmo depois de ter passado três dias em um carro, ficou horas comigo no MSN, esperando pra ler os trechos que eu escrevia HAHA Sem elas essa fic nunca estaria no site. <3 Obrigada também à Mayara, que depois de alguns problemas que eu tive, aceitou betar sem problemas One More Long Night. De verdade, obrigada. <3 E, finalmente, à você que leu essa fic. Espero que goste e por favor comente! xx Mari @dearvegas
Minha outra fic:What Will You Bet? N/B: Se encontrar algum erro nesta fanfic, por favor, avise-me, seja por e-mail ou twitter. Boa leitura!