One More Weekend.


Rolou na cama, tentando encontrar uma posição favorável pra dormir. Não adiantava. Por mais que tentasse, sua mente ainda vagava pela a noite que acabara de ter. Tantas coisas foram ditas, será que alguma delas era verdade? Segurou as mãos dele, que, pra variar, estavam na sua cintura. Se virou para poder enxerga-lo melhor. A madrugada era sombria, apenas a luz fraca da Lua iluminava alguma parte do quarto, o que a permitia enxergar somente a silhueta dele. Do rosto do mesmo, apenas enxergava os lábios e o nariz. Devia faltar pouco tempo para amanhcer. Sorriu de leve e deu-lhe um selinho, tirando as mãos dele de sua cintura. Do jeito que ele dormia, mal iria notar sua ausência. Sentou-se na cama e em poucos segundos, levantou-se, começando á buscar pela a sua lingerie. Odiava quando ambos entravam em casa eufóricos, excitados, ou qualquer coisa que se encaixe nessa descrição, e deixava que ele jogasse sua lingerie para qualquer canto. No dia seguinte, ou nas noites de insônia, eram tão difíceis de achar.

Quando conseguiu achar o conjunto, vestiu as mesmas e pegou a camisa dele, vestindo-a e prendendo o cabelo em um rabo de cavalo frouxo. Não se importava muito com a aparência naquela altura do campeonato, até porque, se ela fosse procurar todas as coisas que precisava para tomar um banho decente... com certeza não acharia metade e, talvez, o acordasse. Fechou a porta do quarto, silenciosamente, indo para a varanda, passando pela a sala luxuosa. Será que existiam vantagens de morar em uma das coberturas mais luxuosas de Las Vegas? Se encostou no parapeito da varanda, enquanto sentia a brisa gélida passar por si. Olhou para baixo e sentiu um frio na barriga. Mais de vinte andares, talvez, se caísse, podia-se considerar sem vida. Via, abaixo de si, várias luzes de neon, avisos chamativos, no geral, casinos que ela nunca sentiu vontade de ir. Sorriu de leve quando lembrou da sua primeira vez em um. Foi quando teve a sorte (ou azar?) de conhecê-lo.

"A roleta girava pela décima vez, mas ela não cansava de apostar. Apostava sua última nota, dez dólares, enquanto tomava uma dose de uísque com gelo. Por ela, sua vida poderia acabar ali mesmo. Quem diria que no seu aniversário de vinte e um anos, teria tanto azar? Terminar com o namorado, ser despedida do emprego dos sonhos, quase ser atropelada, ver uma amiga que considerava com seu ex... tudo maravilhoso, diga-se de passagem.
Ainda sim, as únicas pessoas que lhe disseram parabéns, havia sido sua mãe, seu irmão, seu pai e sua melhor amiga, que havia lhe aconselhado a não torrar o resto do dinheiro que tinha, justamente pra não acabar sem nada. Mas quem disse que ela escutou?

A primeira coisa que fez como 'aniversariante' foi torrar o resto das suas econômias no casino. Perdeu, quase boa parte daquilo que tinha, no jogo. As únicas coisas que lhe restaram havia sido as roupas que tinha no corpo e os dez dólares que apostou. Engoliu o último gole de uísque, sentindo o mesmo descer amargo pela sua garganta.

- Jogadores, façam suas apostas! - disse o homem, que coordenava os jogos da roleta. Pela primeira vez, ela ficou em dúvida no que apostar. Será que deveria apostar no doze, no sete ou no nove de novo? Os números que sempre haviam considerado de sorte, dessa vez, lhe traíam, assim como o resto das pessoas haviam feito. Pegou sua última fichinha e deu um beijo na mesma, sentindo um último pedaço de esperança ser depositado ali. Se ganhasse tudo aquilo que os outros apostadores jogavam, com certeza ela ficaria rica e poderia dar uma lição em todos aqueles que arruinaram seu dia.

Sua mão se dirigiu ao número sete, para variar.
Foi então que sentiu o hálito dele na sua nuca, onde ele lhe soprou um número.
- Aposte no vinte e um. - Ele esticou uma mão e segurou a dela, colocando a fichinha no número em que havia dito. Olhou para trás, tentando ver quem era aquele homem. O reconhecia de algum lugar, sabia disso. Será que ele era algum famoso? Será que ela devia se esforçar o suficiente para pedir um autógrafo? Ou quem sabe uma carona pra casa? A última opção era mais agradável. O homem que estava atrás da roleta esperou pacientemente todos fazerem suas apostas. sentia seu corpo tão... mole, que mal pode protestar quando o aquele cara lhe mandou apostar no tal número. Vinte e um. Maioridade, responsabilidades, emprego... Ao pensar nisso, sentiu o estômago revirar e vontade de jogar todas aquelas doses de uísque pra fora. Não se importava nenhum pouco de parecer uma bêbada.

Olhou bem para a fichinha que havia apostado. Seu último pedaço de esperança havia ido embora, com toda a certeza, quando o homem girou a roleta com força. Sentia o cara segurar sua mão, mas não se sentia bem o suficiente para virar e ver quem ele era. Seja lá quem ele fosse, ela o amaldiçoava silenciosamente. E se caísse no sete? Ela iria perder sua chance de ficar rica, tudo por causa de um estranho. Mas agora, já era. Ela pensou em se virar para ir embora, no entanto, a roleta parava de girar. Talvez, só por curiosidade, ela achou melhor ficar. A bolinha saltava frenéticamente enquanto passava pelas barreirinhas, ela sentia todos ao seu redor cruzarem os dedos e fazerem rezas compridas e complicadas, coisas que ela não era capaz de entender, até porque, mal entendia as próprias palavras. Não demorou muito e a roleta parou. Vinte e um preto. Olhou para a mesa, procurando a sua fichinha solitária. Bom, não era díficil não vê-la. Estava ali, no vinte e um preto. Nos primeiros instantes, ela piscou duas vezes para ver se era verdade. De repente, as pessoas começavam á aplaudir, alguns xingavam baixinho e davam sorrisos falsos, só pra fingir que estavam feliz por ela. Foi então que a "ficha dela" caiu. Ela estava rica. RICA! Podia gastar tudo de novo!

Virou-se e não viu mais aquele homem que havia mandado-a apostar. No entanto, sorriu em agradecimento á ele. Quem quer que ele fosse, havia salvado sua vida financeira! Pegou todas as fichinhas que pode na bata e foi até o caixa, trocar as mesmas. Meu Deus, quanto deveria ter ali? Uns 500 mil dólares? Bom, isso não importava. Logo que chegou no caixa, esperou o rapaz trocar todas as fichinhas, pacientemente. Havia dado menos do que ela esperava, mas já era o suficiente para tirá-la da lama e fazer um tour pela a Europa.

Saiu do caixa, toda feliz, sentindo-se mais lúcida. Seria o fim dos seus problemas? Contava as notas, lentamente, tentando acreditar que era verdade. Quando terminou de contar, após duas vezes seguidas, resolveu ir comemorar no bar. Certo, ela já havia bebido todas, então que diferença faria uma bebida á mais? Sentou-se e pediu uma dose de 'Blood Mary', onde o barman (que segundo seus pensamentos insanos, tinha uma bunda deliciosa) foi preparar de imediato.
- De nada. - Ouviu uma voz masculina do seu lado e se virou, rápido, vendo ali o homem que havia... salvado-a? Bem, vamos descrever assim. sorriu, sim, o primeiro sorriso sincero do seu dia. Abraçou o cara, sem ao menos conhecê-lo.
- Muito, muito, MUITÍSSIMO obrigada! Salvou minha vida financeira. - Ouviu uma risada do outro e se separou dele, estendendo a mão. - , prazer. - Ele ficou encarando a mão dela, olhando-a, como se fosse algum tipo de maníaca. Bom, ela devia parecer mesmo.
Então, estendeu a mão, com um sorrisinho de canto no rosto.
- , o prazer é todo meu. - Ele viu o 'Blood Mary' dela chegar e logo pediu uma água. olhou pra ele, arqueando a sobrancelha.
- Ué, quer dar uma de bom moço? - continuou com seu pequeno sorriso e seus olhos pousaram nela. Não soube explicar, mas foi como se aquele olhar, tivesse tido... algo investigatório, algo que ela não soube explicar.
- Não bebo em serviço. - Foi a última lembrança que ela teve daquele fatídico dia."

Ao lembrar-se disso, sentiu suas bochechas corarem.
Por que raios deixou-se levar por ele? Ela podia ter simplesmente ignorado a ordem dele e colocado a maldita ficha no sete e estaria tudo certo! Bom, nem tudo, já que suas econômias acabariam e ela teria que morar com e o namorado, o que não seria NADA agradável pra ela. Então, por um lado, tinha mais é que agradece-lo.

... lembrou-se da primeira vez em que ele conheceu a melhor amiga, que era como irmã.

"- Ah, então você é o famoso ? - disse, enquanto abria a porta de seu apartamento com o famoso sorriso de 'eu já te conheço'. - Eu já não aguentava mais ouvir seu nome. - , que segurava o braço do , lançou um olhar pouco amigável para . A mesma apenas sorriu e deu espaço para eles passarem.

Eles entraram no pequeno apartamento de , que fechava a porta atrás dele. olhou ao redor. Havia alguma coisa diferente por ali. Quanto tempo será que não entrava na casa da amiga? Ela sempre dava as desculpas mais esfarrapadas e acabava não passando da porta. Olhou para a sala de estar que havia apenas uma mesa de estudos, com um notebook branco repousado em cima da mesma. Ao lado da mesa, havia um hack. Maioria deles já tinha visto milhares e milhares de vezes. A casa de era como uma biblioteca para ela. Trabalhos de faculdades? Casa da . Livros de romance? Casa da . Pesquisas longas? Casa da . Ela sempre soube do vício da amiga pelos livros, mas agora, ela olhava a prateleira e não lembrava-se de ter visto certos livros ali. Depois da seção de livros, haviam vários copos enfileirados, de várias cores, marcas, tamanhos e texturas. Eles ficavam guardados em um armário alto, protegidos por uma porta de um acrílico, especial para aquele tipo de coisa. sorriu. Era a coleção de copos do pai dela, que mesmo depois de morto, a menina fez questão de continuar. Abaixo haviam vários tipos de bebidas e fotografias diversas. sorriu ao ver uma foto delas na festa de quinze anos da irmã mais nova de . Eram tempos sem preocupações... Suspirou e logo viu a melhor amiga parada, sorrindo.

- O que foi? - perguntou, enquanto largava a mão de .
- Nada. Tô só pensando. - Sorriu novamente, até que ouviram barulhos violentos vindo da cozinha. Algo como.. panelas caindo? passou a mão pelo o rosto e deu uma risadinha. - De novo não... - Bufou e esticou as mangas. - , eu sou a , prazer. - Acenou e logo lançou um olhar de ironia para . - Sua namorada não teve a decência de me apresentar a ti. - , que estava quieto até então, analisando a casa, deu uma risadinha. , que parecia meio aérea, não perdeu tempo. Se jogou no sofá-cama da melhor amiga, dando uma risada meio falsa.
- Não somos namorados. - , que acompanhava a cena do sofá, olhou pra ele, e ficou no rosto com o esboço de um sorriso. Eles ficavam já fazia um mês, por que ele ainda insistia em dizer que não eram namorados? Os lábios de se moveram, mas no entanto, ela não perdeu tempo em tentar descobrir o que ele havia dito. Provavelmente algo como 'e nunca vamos ser'. Sentiu um certo desespero ao pensar nisso.

- Ah, tanto faz. - mexeu a mão e prendeu o cabelo, estralando os dedos. - Esperem por mim, crianças, acho que eu vou ser... - Foi interrompida por um grito masculindo vindo da cozinha.
- ! ME AJUDA AQUI! EU ACHO QUE VOU FICAR CASTRO MAIS CEDO! - Isso a fez corar muito, onde ela apenas sorriu e foi pra cozinha. arqueou a sobrancelha. Desde quando recebia visitas masculinas? Não se lembrava da última vez em que a amiga recebeu uma visita de homem em sua casa. Certo, lembrava. Mas ela preferia não lembrar, por que aquilo era meio que... pecado dizer isso na casa dela. Não pecado, própriamente dito, mas aquilo fazia mudar de humor drásticamente (mais do que o normal) e não queria que isso acontecesse quando ela fosse conhecer .
Ajeitou-se no sofá e olhou para ele, parado na sua frente. Ele parecia meio pensativo, mas a luz que adentrava a casa da amiga, fazia com que ele ficasse parecendo alguém realmente iluminado. Ok, algo menos piegas, não sabia explicar. Antes que pudesse conter, já o analisava de cima á baixo. O All Star preto, a calça certa nas pernas, de lavagem escura, a camisa branca. O cabelo bagunçado e o perfume favorito dela. Qual era a dele? Ele vivia dizendo que não eram namorados, porém, sempre fazia tudo para agrada-la, como se realmente fossem como tais. Ele lhe dava calafrios quando se aproximava, sentia que era 'agora ou nunca' quando o beijava. Não conseguia definir o que era, no entanto, sabia que já não tinha mais volta.
Estava apaixonada por ele.
, que até então estava calado, deu uma risadinha. Isso a fez acordar do transe e olhar para o rosto dele.
- O que foi? - Perguntou ela, enquanto ajeitava o vestido. Um vazio no peito lhe incomodava. Talvez por que ela não parava de pensar que eles nunca dariam certo.
- Você tá me comendo com os olhos, admita. - Ele se virou e se sentou ao lado dela, rindo.
levantou o olhar e sentiu as bochechas corarem rápidamente. Balançou a cabeça de modo negativo e mordeu o lábio inferior, dando uma risadinha.
- Você não presta, ! - Deu um tapinha no braço dele, onde ele segurou a mão dela, a puxando para perto.
- Eu só estou dizendo a verdade. - deu um sorrisinho convencido, fazendo carinho no rosto dela. Como podia resistir á isso!? Era tortura demais pra uma mulher só. - Mas eu vou ser sincero... - Ele se aproximou do ouvido da garota, onde sussurrou com a voz rouca. - Você tá muito hot nesse vestido. - Ele se afastou dela, porém, não soltou a mão da mesma. , que já estava corada, corou mais ainda. Girou os olhos e ficou sem falar nada. Simplesmente não havia o que falar. Quer dizer, havia, mas ela simplesmente não queria se arriscar.

fazia carinho em sua mão, o que dificultava muito com que ela ficasse brava. Olhou pra ele, sorrindo, logo entrelaçando os dedos com os dele.
- , o que você e a são, exatamente? - Dessa vez, ele parecia curioso. Ajeitou-se no sofá, sem largar a mão dela, ficando de frente, encarando-a nos olhos. Ela sorriu.
- Eu e a somos como irmãs. Tipo, irmãs que se conhecem desde a quinta série e tem onze anos de amizade. Em todo o caso, ela é como se fosse da família. Ela quem conhece todos os meus... ahn, ficantes, pra saber se meus pais aprovariam. - Sentiu-se nervosa ao dizer aquilo. Não queria que ele pensasse que ela estava caindo de amores por ele, que ela queria, MAIS DO QUE NUNCA, que ambos namorassem. apenas sorriu e assentiu. Ficaram alguns minutos em silêncio, esse o qual, parecia gritar nos ouvidos dela. Não fora acostumada ao silêncio.

- ? - olhou pra ela, sorrindo brincalhão.
- Eu? - Ela deu o mesmo sorriso, desviando o olhar do dele.
- Oi! - Ele riu e ela apenas girou os olhos. - Brincadeira, não é isso.
- Fala então.
- Ahm... er... tipo assim, a tua amiga não se importa se... por acaso... - Ele deu de ombros e foi se aproximando mais dela. O coração de deu um salto, diminuindo o seu sorriso, apenas ouvindo o que ele tinha pra falar. - A gente... tipo, sei lá, trocar uns beijinhos, né? - soltou a mão dela e sua mão esquerda acariciou-lhe o rosto. Ela apenas sorriu, sentindo os malditos calafrios de novo. adorava aquele jeito fofo dele.
- Na realidade, ela não liga muito não. - Sentiu seus lábios encostarem nos dele, acidentalmente, por causa da proximidade de ambos. Ela foi fechando seus olhos devagar, já podia sentir os lábios quase se encostando... até que...

aparece na sala, batendo panelas, fazendo o casal se assustar. Só então que, quando nota a situação de ambos, fica meio quieta.
- Eu atrapalhei alguma coisa? - Deu um sorrisinho sem graça, onde APENAS quis que ela sumisse de vez em quando. Ela deu um sorriso forçado, se levantando.
- Imagina. A comida tá pronta? - E quando ela menos esperava, um homem surge atrás de e a abraça por trás, fazendo com que a mesma se sinta envergonhada.
- Prontíssima. Espero que gostem, eu que fiz. - O tal homem sorriu e logo olhou para o . Ambos trocaram olhares rápidos e pareciam perplexos.
- ? - perguntou, olhando para o homem atrás de , que parecia meio confuso.
- ? - Ambos ficaram se encarando durante um tempo, onde logo soltaram as garotas e se abraçaram forte, dando risada.
- Meu Deus, que saudades dude! - disse, dando uns tapinhas nas costas dele.

Enquanto eles se cumprimentavam e trocavam confidências, ou seja lá o que eles estivessem fazendo, e olhavam uma para a outra, meio perplexas.
- Você sabia disso? - arqueou a sobrancelha, apontando para os dois.
- Na realidade, tô tão surpresa quanto você. - piscou duas vezes e arrumou a calça legging que usava. Deu de ombros, segurando a panela e a colher. - Hey, rapazes, vamos comer e dividir o assunto, certo? - Ela riu, e pareceu meio confusa. - Acho que isso aqui vai ser uma reunião de casais. - Então, ela se retirou, indo para a sala de jantar, onde logo os outros três lhe seguiram."


Lembrando-se daquilo, não pode deixar de rir. Esticou a mão esquerda, olhando para o anel de ouro branco, que recebera de naquele dia. Ele lhe pedira em namoro, assim, no meio do almoço. O que fez com que e ficassem mais eufóricos, fazendo com que tudo ficasse mais divertido. e , segundo ela entendeu naquele dia, eram da mesma banda do colégio e acabaram crescendo juntos. Haviam perdido contato um com outro por conta da família de , que teve de se mudar de Londres.
Sentiu o vento gelado passar por si e encolheu-se, passando as mãos pelos braços, sentindo o cheiro dele na camisa.

Lembrou-se então da primeira briga que tiveram. Seu sorriso diminiu, porém, ainda continuava no rosto.

"- , PARA DE DRAMA, meu Deus, eu só tava abraçando a minha amiga! - , que olhava a namorada andar de um lado para o outro, frenética, parecendo fora do controle. Ambos estavam na casa dele, uma das raras vezes que ela havia ido. Tinham acabado de chegar de uma despedida de uma das amigas da , onde havia encontrado uma ex-namorada, que agora era amiga.
- , você não tá entendendo a situação! - gesticulava de modo exagerado, de um jeito que o fazia rir. Porém agora ele não achava graça, muito pelo ao contrário, não entendia MESMO.
- Qual é o problema de abraçar uma amiga? - Ele perguntou, cruzando os braços. - Você sempre abraça, dá beijos no rosto, dança com eles e eu nunca reclamo!
- , entende uma coisa, aquela menina é MUITO puta! Quero dizer, alô-ôu! - Ela estalou os dedos, parando na frente do namorado. - TODO MUNDO SABE que ela abraça com segundas intenções, que a vida dela é feita de segundas intenções! Aposto que ela te deixou alguma marca. - se sentou ao lado dele, verificando o pescoço do menino e a camisa. apenas girou os olhos.
- É, quer saber mesmo? - Ele já estava cansado daquela briga que não daria em nada. - Ela me deixou uma marca mesmo, uma marca em um lugar privativo. - arregalou os olhos e sentiu raiva. não deixou de encara-la. - Um lugar que você não tem acesso. - Ele se sentia irritado.

Por que ela não podia confiar nele uma vez sequer? Droga, ele só tinha olhos pra ela!
- , não me amola! - sentiu-se irritada, de verdade. Qual era a dele? Por um acaso ele havia fumado ou algo do gênero? A imagem de Stacy e de em um quarto privativo, não ajudou muito para que ela ficasse melhor.
- Já era meu amor, eu amolei. - Ele se levantou, abrindo dois botões da camisa, mostrando um arranhãozinho, que parecia descer pelo o peitoral dele. - Tá vendo isso aqui? Foi ela que fez. Então, como eu tive coragem de fazer isso, por que você não beija outro cara na minha frente? Não iria ser a mesma coisa? - Suas feições estavam sérias, ele realmente parecia certo do que queria. Já , sentiu o coração pequeno e os olhos começarem á marejar. - E aí? Aceita ou não o desafio, neném? - Ele deu um sorrisinho irônico e, no fundo, no fundo, sabia que iria se arrepender por isso mais tarde. Estava agindo por impulso, não queria dizer nada daquilo. se fazia de forte. As lágrimas se acumulavam em seus olhos, mas ela não as deixava cair.
- Não, eu não aceito! - Ela disse, respirando fundo, olhando para algum ponto fixo atrás dele.
- Ah e por que não aceita, hein, querida? - Ele deu uma risadinha debochada. Ela fechou os olhos, mordendo o lábio, sentindo como se tivesse desmoronado. As lágrimas começaram á rolar livremente e ela já não ligava mais.
- Porque... porque... e-eu... - Ela olhou pra ele novamente, já não se importando mais de estar chorando. Foi então que, ao vê-la chorar, ele sentiu o peso da culpa. Deus, o que havia dito?! Droga, odiava fazê-la chorar, odiava fazer as coisas por impulso, odiava se arrepender! - Porque... e-eu... - Ela mal conseguiu completar a frase. Apenas empurrou-o no sofá e pegou a bolsa, saindo á passos largos da casa dele.

não perdeu tempo. Levantou-se, indo atrás dela.
- ... , meu amor, me desculpa. - Merda, merda, MERDA! Se odiava acima de tudo! Ela não o olhava, apenas andava cada vez mais rápido, tentando se afastar dele. - , eu não quis dizer aquilo, eu... - Ela abriu a porta, rapidamente, e fechou na cara dele. pensou em abrir a maçaneta e ir atrás dela, porém, algo lhe dizia que era melhor deixar assim. Soltou um longo suspiro, sentindo o peso da culpa sobre si. Recostou-se na porta de madeira escura e passou á pensar em tudo o que havia dito. Merda, como era um imbecil! Por que ao menos uma vez na vida, eles não se acertavam? O tempo passou devagar para eles, bom, ao menos até os dez minutos em que eles passaram afastados um do outro. Não demorou muito para abrir a porta e encontra-la ali, na sua porta, chorando.

Ambos se abraçaram, entrando na casa aos beijos, agarrados.
- , meu anjo, me desculpa... me desculpa, esse arranhão foi a Susie que fez, a minha gata do sítio, lembra? - Ele dizia enquanto beijava o rosto dela, tentando acalma-la. - Eu e a Stacy não fizemos nada, não aconteceu nada.. eu só a abracei, juro... por favor, me perdoa, me perdoa... eu sou o maior idiota, o maior imbecil do mundo, não sei por que te propus aquele desafio estúpido, eu jamais aguentaria te ver com outro homem... - Ela o abraçou, cessando as lágrimas, escondendo o rosto no pescoço dele. Ele se sentou no sofá com ela no colo, beijando o ombro nu da garota. - E... e... aquele lugar, só você tem acesso á ele... digo, se quiser ter, porque... bom, de todas, ele gosta mais de você... e... e... - se sentia desconcertado ao dizer isso. No entanto, a ouviu rir. Ela esticou um dedo e colocou nos lábios dele, fazendo-o ficar quieto de imediato.

- Sabe por que eu não aceitei sua aposta? - Ele balançou a cabeça negativamente, meio ansioso. - Porque eu te amo. - Essa resposta o fez sorrir, onde ele á encheu de beijos.
- Eu te amo também meu anjo, demais... - sorriu, sentindo-se amada novamente. Por que raios não aguentava ficar brigada com ele?"


Era tudo tão bom... mas por um lado, até agradecia por terem passado da época de 'namorados santinhos'. Riu de leve e corou ao lembrar da primeira vez de ambos. Foi tudo imprevisto e simplesmente aconteceu, com uma naturalidade incrível... a naturalidade que a fazia gostar cada dia mais dele. Então, que lembrou-se de como eles terminaram. Seu sorriso desapareceu por um instante.

"- Eu simplesmente não consigo acreditar! Eu saio para uma entrevista de EMPREGO, para nós mantermos essa casa, e você tá se agarrando com a minha EMPREGADA?! - Agora sim ela havia perdido o controle de vez. Havia chegado cedo da entrevista, justamente porque queria fazer uma surpresa pra ele. Conseguiu o emprego que tanto queria e agora, eles poderiam sobreviver com o emprego dele no restaurante e o dela de advogada. No entanto, ela não foi tão bem recebida.

estava no sofá, enrolado em um lençol branco, com os braços cruzados. Atitude típica de quando ele não aguentava de ouvir os sermões dela.
Apenas deu um sorrisinho maroto, passando as mãos pelos cabelos. Ele era arrogante quando estava com muita raiva.
- Nossa, cara, você demorou pra perceber. - Ele deu uma risadinha. - A gente tentava deixar na sua cara, mas acho que você tava tão preocupada com NADA que acabou esquecendo de verificar se seu namorado existe! - estava mais sério do que nunca. passou as mãos pelos longos cabelos, apenas sorrindo.
- Na realidade, acho que invertemos os papéis, querido. - Ela esticou a mão esquerda, tirando o anel de ouro branco do dedo. - Quem esqueceu de mim, foi você. Por várias noites te esperei acordada, por várias noites, passei em claro, querendo saber por onde você andava. Por vários DIAS eu estourei as contas de telefone, querendo saber se estava tudo bem com você. Por MESES que eu queria o que eu conheci, o por quem eu me apaixonei. Por QUATRO ANOS eu te amei, mas sabe de uma coisa? - segurava a aliança de namoro deles na mão, onde ele apenas a encarou.
- O que? Você resolveu se tocar e dar o fora da minha vida? - Ele apenas sorriu, cínico, onde ela retribuiu na mesma moeda.
- Que bom que você sabe, sweetheart. - Jogou a aliança nele, sem o mínimo de delicadeza. Ela sentia um nó na garganta, mas não se manifestava. - Agora, você tá com o caminho livre. Se afogue na sua própria vida e ESQUEÇA que algum dia já namoramos, esqueça da minha existência, esqueça de tudo o que é meu. - Ela saiu em direção ao quarto deles, onde pegou alguns pertences, ao menos o suficiente para passar a noite em um hotel. apenas ficou olhando para a aliança que ela jogara. Ela adorava fazer uma cena, ele sabia que sim. Ele sabia que ela ia passar da porta, ir até o elevador, ficar uns dez minutos ali fora e depois voltaria, se arrependendo, chorando, e pedindo pra voltar. E ele aceitaria. Porque, apesar de tudo, ele ainda precisava dela. Não sabia porque, mas algo lhe dizia que ainda precisava.

passou correndo por ele, segurando sua chave.
- Não esteja aqui quando terminar de buscar minhas coisas. - Disse, enquanto abria a porta.
- Pode deixar, não estarei. - Essa foram suas últimas palavras, onde ela bateu a porta com força.
Agora era só questão de esperar. Enquanto isso, ele olhava para o anel em suas mãos. Não sentiu-se culpado, muito menos amargurado. voltaria daqui á dez minutos, ele sabia disso.

Dez minutos, quinze minutos, vinte minutos, vinte e cinco minutos, trinta minutos, quarenta minutos, cinquenta minutos, uma hora. Nada de ela voltar. Foi então que, depois de todo esse tempo pensando, a ficha dele realmente havia caído. Eles haviam acabado de verdade e dessa vez, não havia volta."


Será que não havia volta mesmo? Era o terceiro mês que ela o via e agora estava no parapeito da janela dele, um ano depois de terem terminado, apenas olhando o Sol nascer lentamente. E pensar que ele havia dito tantas coisas durante os momentos na cama.. Se permitiu suspirar e olhar para Las Vegas. Os grupos bêbados começavam á esvaziar os Casinos, apesar do Sol estar fraco. Ela decidiu que era hora de ir. Hora de voltar á ter sua vida, não só por si, mas por aqueles que estavam por vir. Quando ia se afastar, sentiu duas mãos enlaçarem sua cintura e os lábios dele tocarem seu pescoço.

- Você já vai? - Seus dedos brincaram com o cabelo dela, enquanto ela apenas se sentia... não sabia explicar. Tinha tanta coisa que queria dizer.. mas não tinha coragem.
- Já. Não vou mais te incomodar, muito menos te procurar. Então, tenha uma boa sorte, certo? - deu um sorrisinho fraco, falso, quase que inexistente. Tentou se soltar, porém ele a segurou. sorriu ao vê-la daquele jeito, onde se apoiou no ombro dela, olhando para o Sol nascendo.
- Eu não quero que você vá embora. - Ele disse, no ouvido dela, sussurrando. - Fica comigo de novo. Dessa vez eu prometo fazer dar certo... - fechou os olhos, segurando o impulso de virar e beija-lo. Apenas ficou parada e logo deu uma risadinha.
- Você não sabe o que é ser comprometido, . Pra você, eu fui só mais uma aventura. - Ele ficou quieto, sem falar uma palavra depois disso. Já ela, se arrependeu de ter dito aquilo. Sentiu-se vazia, completamente... inútil. Ia se soltar dele, porém, ele a segurou novamente.
- Depois que você foi embora, eu fiquei te esperando voltar, você sabe, os nossos "dez minutos". - A voz dele era séria, parecia ser sincero. - Você não voltou e foi a primeira vez que eu senti desespero, que eu senti como era perder alguém que você ama de verdade. - Respirou fundo e prosseguiu. - Eu aprendi com os meus erros, prometi que jamais iria repeti-los de novo. Ao menos, não se eu te reencontrasse. Aquela época, eu ainda queria viver meus anos de cafajeste, pegar todas, ser feliz assim. Mas você entrou na minha vida, me fez perceber que nem tudo era daquele jeito. - Ela ficou quieta, apenas ouvindo as palavras dele. Ele percebeu que devia continuar. - Eu errei com você, eu me enganei, mas principalmente, fiz a pessoa que eu mais amava no mundo desistir de mim. Você não sabe o quanto eu mudei nesse último um ano, o quanto eu senti sua falta. - Sussurrou no ouvido dela, dando beijos carinhosos no pescoço dela. - E nessas últimas vezes que a gente tem se visto mais, eu não quero te perder, eu tenho rezado pra não te perder e não vou desistir tão fácil assim. Mesmo que pra isso eu te sequestre, monte uma caverna pra ti... eu não quero te perder de novo. Não de novo. - Ele respirou fundo, sorrindo de leve. - Então, mesmo que eu vá receber um fora por te pedir isso... ... casa comigo?

Silêncio. Os dois olhavam para o nascer-do-sol, mas cada um com seus pensamentos. se sentia ansioso. Ele já meio que sabia a resposta, mas no fundo, queria acreditar que seria diferente.
- ... - Ele apurou os ouvidos e a ouviu dar um suspiro, seguido de um longo silêncio. - Eu quero tanto acreditar nisso que você diz, tanto! - respirou fundo e segurou as mãos dele. Ele se sentiu inseguro. - Você não sabe o quanto eu sonhei com o dia em que você me pediria em casamento, exatamente desse jeito em que estamos agora. Você não sabe o quanto eu senti falta do seu cheiro, dos seus abraços... de tudo que envolve você. Quando eu descobri que... que... já te carregava dentro de mim... - Segurou as mãos dele, fazendo-o acariciar a barriga. - Eu... entrei em pânico, queria ter alguém pra me dizer o que fazer. Pensei em várias coisas, várias, mas no entanto... - respirou fundo, dando um pequeno sorriso. - Ter uma parte de você aqui dentro é maravilhoso. Quero dizer... - Suspirou e encheu seu pulmão novamente, encarando-o, séria. - Se eu aceitar o seu pedido de casamento, você aceita ser pai? - Ela deu um sorriso, virando-se pra ele, entrelaçando as mãos na nuca dele.

Ele olhou pra ela, meio rindo, meio sério.
- , não brinca com isso. - Ele riu. - Eu não estava brincando quando te pedi em casamento!
- E eu não estou brincando quando digo que estou grávida de você! - Silêncio novamente. Os dois trocaram olhares, olhares que só eles entenderiam e então, começaram á rir, onde logo pegou-a no colo, girando-a, feliz.
- Eu vou ser pai! Meu Deus, eu vou ser pai! - Beijava o rosto dela, feliz da vida, enquanto ela se sentia amada novamente.

Afinal... todos merecem uma segunda chance, mesmo que nem sempre seja do jeito que imaginamos ou dentro do tempo em que esperamos. Ou vocês não sabiam que a vida é uma caixinha de surpresa?


***
N/A: final da fiiic! :D eu, particularmente, não gosto muito do final. algumas coisas eu poderia ter mudado, mas aí iria deixar de ser uma short-fic. é a minha primeira fic no fanfic addiction. alias, é a primeira fic minha que eu posto em algum lugar, durante quase cinco anos. então, o comentário de vocês é extremamente importante pra mim. críticas, sugestões, tudo. queria agradecer á Luka, por ter betado essa fic, á Vicky por ter me enxido a paciência pra escrever essa fic, aos meus amigos no geral por estarem sempre me apoiando á escrever, por existirem, ás McSneakers por existirem (L) e por sempre montarem tramas legais comigo, para os meus pais e minha irmã, que sempre me compram livros novos e me fazem feliz por demais da conta rs, pra Xuxa por ter feito minha infância... er... -n. só de brimks galere. mas enfim, é isso, obrigada para os que leram e gostaram e para os que leram e não gostaram :D he.


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