Era uma manhã de Natal na qual, pela a janela do meu quarto, eu podia ver algumas crianças brincando com a neve que caía lentamente sobre suas cabeças. Na qual na frente da minha casa eu via cada familiar meu chegar, abraçar meus pais e sorrir para mim, que via tudo pela minha janela. Eram nove horas da manhã e eu tinha muitas coisas para fazer. Tinha que tomar coragem e entregar o presente de natal para .
era irmã do melhor amigo, . Todos os finais de semana eu ia até a casa dele, ensaiar com a banda, e sempre via com seus cabelos presos em um coque mal feito e suas roupas largas de ficar em casa. Ela tinha aqueles olhos grandes e penetrantes, moldados por seus cílios longos. Aquela boca, sempre bem desenhada com um lápis-de-boca, seu sorriso perfeito e seus dentes branquinhos. Suas longas pernas descobertas, já que ela sempre andava pela casa com as boxers que roubava de e, por fim, aquela pele branquinha, que fazia grande contraste com piercing de argolinha preto que ela sempre usava no nariz.
Eu sempre me perguntei o que aquela menina tinha: ela nunca estava com suas amigas, dificilmente aceitava minhas propostas de ir em festas com a banda e ficava em seu quarto o dia inteiro. Às vezes ia até a cozinha beber um copo d'agua ou até mesmo comer umas bolachinhas de água e sal.
Teve uma vez que foi comprar pizza e eu fiquei na casa dele, sozinho, mas conseguia escutar um doce timbre de uma voz diferente e alterada, em um ritmo totalmente diferente dos que passavam nas rádios de nossa época. Eu achei estranho e subi as escadas lentamente. O som aumentava a cada passo que eu dava. Parei em frente de uma porta lilás, com alguns desenhos, e encostei meu ouvido nela para escutar. Só consegui ouvir as últimas notas da música que tocava:
- I'LL BE OK! - depois disso, escutei ela choramingar alguma coisa e abafar seu choro no que devia ser seu travesseiro.
Eu não sabia o que fazer. Abri, lentamente, a porta do quarto e a vi ali, chorando, com seus cabelos grudados em seu rosto, seus grandes olhos inchados e vermelhos e suas maçãs do rosto rosadas. Ela olhava para mim:
- ... - ela veio em minha direção e me abraçou. Me abraçou forte e chorou em meu ombro. Tudo o que ela precisava chorar, ela chorou. E eu fiquei ali, sem dizer nada, só alisando seus cabelos. A peguei no colo e a deitei em sua cama, contornando cada traço de seu rosto e a vendo adormecer. Apenas sorri e dei um beijo no topo da testa dela. Ouvi chamar meu nome e desci, fechando a porta do quarto.
Depois desse dia, tinha certeza que ela realmente era a menina que eu queria para o resto da minha vida. Aqueles lábios, que eu desejava tanto, colados aos meus. Mas odiava o Natal. Eu não sei porquê, mas ela não gostava. Eu achava que era pelo tempo frio, mas todos os londrinos gostam de neve. Ela era diferente, eu não sabia porquê. Mas, mesmo assim, eu iria à casa dela e daria o meu presente.
Ouvi minha mãe me chamar e sorri, balançando meus cabelos desarrumados. Coloquei minha roupa de Natal e desci para cumprimentar meus familiares.
Eu ficava feliz em ver meus priminhos correndo pela sala atrás do Bob, meu cachorro, meus avós conversando com os meus tios, minhas avós e tias junto de minha mãe, preparando a ceia, na cozinha, e minhas primas, da minha idade, conversando sobre esmaltes, na sala. Eu sorri para elas e avisei a minha mãe que iria na casa de rapidinho. Sem ouvir sua resposta, saí rapidamente, apertando meu gorro mais fortemente sobre minha cabeça. Cumprimentava as crianças, que brincavam com a neve. Ouvi Marte me chamar:
- Hey, !
Marte era um menino de, no máximo, 7 anos. Era baixinho, possuía cabelos enrolados e dourados e olhos claros. Eu gostava muito dele. Sempre que podia, ia vê-lo.
- Hey, Marte. Tudo bom, amigão? - sorri, me agachando para ficar da sua altura e despenteando seus cabelos com as mãos.
- Estou bem. Como está ficando meu boneco de neve? - ele perguntou, sorrindo e ficando ao lado do boneco. Era um boneco de neve simples. Seus olhos eram botões, sua boca era de balas de goma, seu nariz uma cenoura e seus bracinhos eram humildes gravetos que ele achara na rua, quando esta não estava coberta pela neve.
- Está ficando ótimo. Daqui a pouco vira um artista, hein!? - sorri para ele, me levantando. Ele sorriu e abraçou minhas pernas, a única parte do meu corpo que ele alcançava.
- Feliz Natal, ! – eu o abraçei e vi que ele me olhava com um sorriso meio tristonho. - Você é meu único amigo, sabia? - ele disse, com os olhos cheio de lágrimas, tentando lutar contra elas. Esbocei um sorriso meio torto e dei um grande beijo em sua bochecha.
- Feliz Natal, Marte! – e saí andando, rumo a casa de . Senti um aberto no coração com as palavras de Marte: ele era uma criança tão legal, não era chata como a maioria, aquelas mimadas. E já tinha um cabecinha formada, já pensava como gente grande. Quando me dei conta, já estava apertando a campainha da casa de . Ela abriu a porta sorrindo e me olhou confusa:
- ? - ela sorriu, tímida. - O que faz aqui?
- Vim falar com você. - abri um sorriso.
- Pra quê? - ela deu uma meia risada e meu coração bateu forte.
- Queria te dar isto aqui... - dei a ela uma carta. – Mas, por favor, abra apenas quando for meia-noite. É meu presente de Natal pra você.
- , você sabe que eu não gosto de Natal e eu nem comprei nada pra você... - ela falava, meio enrolada.
- Hey, relaxa, ! Agora eu preciso ir, o almoço deve estar quase na mesa e a minha mãe vai matar se eu chegar muito tarde. Ainda parei para conversar com Marte... - eu disse, coçando a nuca.
- Feliz Natal, ! - ela me deu um beijo estalado na bochecha e fechou a porta. Fiquei fitando a mesma com cara de bobo e, depois de uns 5 minutos, percebi que precisava ir.
Andei até minha casa olhando para meus pés e me equilibrando no meio-fio da rua, quando ouvi meu nome:
- , espera! – me virei e vi Marte correndo em minha direção.
- Hey, Marte, diga... - eu falei, sorrindo e agachando novamente.
- Eu queria te dar isto. Feliz Natal! - ele me deu um caixinha e me abraçou, envolvendo seus pequenos braços em meu pescoço.
- Obrigada, Marte. Pedi para o Papai Noel não deixar o meu presente para você na árvore. Eu te darei amanhã mesmo, pessoalmente. - ele abriu um sorriso gigante e me abraçou de novo - Feliz Natal, mande lembranças à sua mãe. – completei, sorrindo e entrando em minha casa, mandando um "tchauzinho" para ele.
Eu já estava impaciente. me deu esta carta e eu queria MUITO ler, mas ainda eram onze horas da noite e as pessoas aqui em casa revelavam o amigo oculto. Eu não participei, nunca gostei de Natal. Estava realmente impaciente, não conseguia mais agüentar a curiosidade. Subi para meu quarto e me sentei na cama. Abri lentamente a carta, onde, aos poucos, aparecia um grafia bonita, em preto:
"FELIZ NATAL!
Eu achei melhor te mandar uma carta, você sabe como homens não sabem expressar seus sentimentos cara-a-cara...
Eu queria dizer que você é a menina mais linda que eu já vi! Seus cabelos, sempre brilhando com o reflexo do sol, seus dentes branquinhos... E, a cada sorriso, me deixa com as pernas bambas. Sua simpatia, seu jeito de dormir...
Você é tão perfeita! COMO VOCÊ CONSEGUE? O é tão feio, coitado...
Eu queria dizer que eu não consigo mais ficar longe de você. Seus lábios me chamam toda hora que você estica-os em um largo e sincero sorriso. Você me completa. Eu sou tão imperfeito...
Queria você para mim. A cada dia que se passa, os relógios me ensurdecem cada minuto que eu não estou junto a ti.
Você me cega, você me deixa surdo, você me deixa mudo, você faz minha cabeça rodar a cada toque das suas mãos macias em meu corpo...
VOCÊ É MINHA VIDA E EU NÃO CONSIGO MAIS FICAR LONGE DE VOCÊ!
Eu sei que você nunca vai me querer como eu te quero. Eu só queria que você fosse a minha mulher!
EU TE AMO!
Beijos, .
P.S.: Pedi de presente, para o Papai Noel você, só que ele não pode se meter em amor verdadeiro."
Depois daquela carta, eu não sabia o que realmente sentia por .
N/A: AMOOOOOOOOOOOOOOOOOORES! Hahaha, eu sei que não é Natal, mas bateu um espírito natalino aqui no meu peito :S Hahaha! Please, eu tenho uma fic em andamento chama The Winner Takes it All, seria bem legal vocês lerem :) Hahaha! Vou dedicar esta fic para Giovanna Favaretto!
Se comentarem bastante, eu faço a parte dois, com o presentinho do fofo do Marte e com o que vai acontecer com os seus sentimentos, depois da carta do sue McGuy :))
bgs <33