Pizza Girl.
(Baseada na música Pizza Girl, dos Jonas Brothers)



Ela é encantadora. Tem um sorriso simpático e uma voz doce. Cabelos , sempre presos num rabo-de-cavalo alto. Ela tem mais ou menos a minha altura – 1,70 – e fica deslumbrante naquela roupa de cozinheira. Estou falando da garota da pizza.
Ontem eu estava faminto, a geladeira vazia e nem sequer um macarrão instantâneo na dispensa.
Meus pais haviam saído com meu irmão mais novo, meus irmãos mais velhos estavam na casa dos amigos e iriam dormir por lá. Já eu, solitário e muito faminto, resolvi pedir uma pizza para saciar minha fome, apreciando-a e assistindo Saturday Night Live.
A campainha tocou. Segui até a porta rapidamente, quase escorregando por causa das meias que esquentavam meus pés – estava bastante frio – e fazendo com que meu cabelo cacheado balançasse. Abri a porta.
Esperava uma pizza de mussarela e não uma pizza de mussarela acompanhada de uma entregadora gata.
– Uma pizza média de mussarela. Confere?
Cocei os olhos com uma mão e, com a outra, peguei o dinheiro no bolso da calça do pijama de bolinhas – um pijama muito pessoal, minha avó que me deu no natal passado.
– Confere – entreguei o dinheiro para ela e peguei a pizza. Nossas mãos se tocaram e eu a olhei com mais atenção. – O-obrigado – eu disse, bobo.
– De nada. A Pizzaria agradece seu pedido – disse simpática, virou-se e foi embora, me deixando, mais uma vez, solitário, mas dessa vez, pensativo. Pensativo sobre ela.
Devorei toda a pizza em questão de minutos e só assisti o primeiro bloco de SNL. Não tinha mais cabeça para pensar em nada, seria amor à primeira vista?
Coloquei a louça suja na pia e fui dormir. Na verdade, fui me deitar e pensar na garota da pizza, só dormi depois de algumas horas. E, claro, sonhei com a garota da pizza.
Ouvi meus pais e Frankie, meu irmão mais novo, chegarem de madrugada de algum lugar. Mas não me levantei, apenas voltei ao sonho com a garota da pizza.

Hoje à tarde, ao invés de estudar, comecei a escrever uma música sobre a garota da pizza. Começou a virar obsessão, amor platônico, essas coisas que as garotas vivem e eu nunca imaginei que fosse acontecer comigo. Até pareceu meio gay. Até que minha mãe perguntou o que eu queria jantar:
, o que você quer jantar? – Ela gritou da cozinha.
– PIZZA! – Gritei do meu quarto, com o violão na mão e sem palavras para continuar a música da garota. Dedilhei alguns acordes e cantei o comecinho:

Love
Showed up
At my door
Yesterday
It
Might sound cheesy
But I wanted
Her
To
Stay


, música nova? – Frankie, meu irmão de 7 anos perguntou quando apareceu na porta do meu quarto.
– É. Mas agora sai daqui! – Espantei o pirralho.
E aí minha mãe gritou novamente da cozinha:
– Você já comeu pizza ontem! Não pode dar esse exemplo de alimentação ao seu irmão mais novo.
Revoltei-me. Minha vontade de comer aquela pizza de mussarela era maior do que qualquer exemplo de alimentação. Abri o armário, coloquei uma camiseta, peguei meus chinelos e saí correndo pela porta dos fundos com meu violão pendurado nas costas, deixando meus irmãos, Joe e Kevin, falando sozinhos. Apenas gritei:
– Volto logo!
Segui até a pizzaria da família e sentei-me no balcão, esperando o atendimento. Um homem de cabelos e cavanhaque me atendeu, simpaticamente.
– Boa noite, o que deseja? – Disse com um bloquinho de notas na mão.
– Uma pizza de mussarela pequena, por favor.
Assentiu e se retirou. A pizzaria estava praticamente vazia, então peguei o violão e comecei a tirar alguns acordes – de leve – da minha música novamente. Aos poucos fui cantando baixinho, até que o mesmo garçom pediu para que eu parasse. Fiquei um pouco irritado, mas guardei o violão e logo minha pizza chegou.
– Mais alguma coisa? – Ele perguntou, com o bloco de notas na mão.
– Sim, uma coca-cola.
O garçom se virou mas eu o chamei novamente.
– Pois não?
– Ontem eu pedi uma pizza em casa e... bem, uma garota de cabelos e fez a entrega…
Temendo alguma reclamação, o garçom se explicou.
– Ah... me desculpe. é minha filha e está trabalhando na cozinha da nossa pizzaria. Como ontem as entregas eram muitas, pedi para que ela ajudasse. Ela fez algo de errado?
– Não... – O que eu iria dizer? “Oi, estou apaixonado pela sua filha, a garota da pizza”? – Não é nada demais, é que fiquei curioso sobre uma garota da minha idade entregando pizzas. Mas não foi nada. – Disfarcei e comi minha pizza sozinho, assim como no dia anterior.
Não estava tão boa quanto a de ontem, mas não estava ruim. Quando mordi o último pedaço, uma garota de cabelos e estava sentada na cadeira ao meu lado.
Era ela.
– Fiz alguma coisa de errado, garoto do pijama de bolinhas? – Ela perguntou sorrindo tranquilamente, com os cotovelos apoiados na mesa e a cabeça apoiada nas mãos.
– Sabe, você é ainda mais bonita de cabelo solto – tentei essa, mas não sei se deu muito certo.
– Acha mesmo que essa funciona comigo? – demonstrou se sentir insultada.
– Desculpe, . , não é mesmo? – Olhei ela assentir e continuei. – Desculpe se não sou tão bom assim para você.
– É, acho que não é bom mesmo. Garotos de pijamas de bolinhas não me agradam – e continuou na sua pose atraente, sorrindo mais ainda.
Eu não entendia mais nada. Olhando a cara dela era impossível ter raiva.
– Por que você está rindo? – Perguntei, assustado.
– Porque você é engraçado, oras! – Ela saiu da pose “bonitinha” e cruzou os braços, ainda sorrindo e olhando para mim. – Afinal, qual o seu nome?
. Jonas.
– Ah, sei. Já ouvi falar de uma pequena banda de garagem aqui perto. Jonas Brothers... você e os seus irmãos, não é?
– Isso mesmo – sorri um pouco vitorioso. É legal saber que as pessoas conhecem sua banda, por menor que ela seja.
– Não aumenta o ego não, tá? – Ela percebeu rapidamente que eu tinha ficado convencido. – Agora pede a conta e me mostra uma música da banda nesse seu violão aí.
– Opa, isso é jeito de falar da Nix? – Referi-me ao meu violão.
– Nix? É o nome do seu violão? – Ela perguntou por trás de um sorriso torto.
– É isso aí. Nix é a deusa da noite, mitoligia grega, sacou?
Ela acentiu, ainda por trás do sorriso torto.
Paguei a conta e nós fomos até uma pracinha ali perto, conversando no caminho.
Nos sentamos em um banco e ela apontou para Nix, pedindo para que eu tocasse uma música da banda. Não foi beeeeem uma música da banda, mas uma futura música da banda.

Love
(Amor)
Showed up at my door
(Apareceu na minha porta)
Yesterday
(Ontem)
It might sound cheesy
(Isso pode parecer estranho)
But I wanted her
(Mas eu quero ela)
To stay
(Para ficar)

I fell in love with the pizza girl
(Eu me apaixonei pela garota da pizza)
Now I eat pizza every day.
(Agora eu como pizza todos os dias) (2x)
Oh


Sem graça, com as bochechas coradas, gaguejou.
– Acho que parece um pouco comigo, não é mesmo? A música, quis dizer.
– Eu sei que você sabe que é para você. – Guardei o vioão na capa e me aproximei dela.
– Então quer dizer que essa situação lhe pareceu estranha? – Ela disse, esquecendo a timidez e as bochechas coradas.
– Um pouco. Apaixonar-me assim pela garota da pizza foi bem estranho. – Agora eu que devia estar com as bochechas coradas. Odeio isso.
- Não mais estranho do que a garota da pizza se apaixonar pelo garoto do pijama de bolinhas.
Eu soltei um sorriso insano e ela escondeu a cara, deixando a situação muito bizarra.
Mas aos poucos nos entendemos e nos beijamos. Fizemos isso em excesso, para falar a verdade. E não foi nada mal...
Com a garota da pizza como minha namorada, com certeza, eu iria comer pizza todos os dias.


FIM

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