Parte I
I'm sittin' here tryin' to convince myself
that you're not the one for me
But the more I think, the less I believe it
and the more I want you here with me
(A Lonely September – Plain White T’s)

Ela já estava há semanas sem dormir direito. Desde que resolvera deixar definitivamente, tudo ficou mais escuro, mais sem graça e muito mais dificil do que ela poderia imaginar. A falta que sentia dele, de seus beijos, do seu sorriso torto... Era algo inimaginável. Ela sabia – desde o começo – que não seria assim tão fácil, mas aquilo estava sendo algo praticamente insuportável.
Ela estava visivelmente mais magra. Suas olheiras eram profundas... Ela sequer se lembrava da última vez que havia secado seus cabelos com o secador e ajeitado perfeitamente sua franja, como costumava fazer antes de tudo. Ela já nem ligava para o que iriam dizer da sua roupa, para o que iriam dizer das suas olheiras toda vez que entrasse pela porta da agência de publicidade em que trabalhava. O resto era o resto, e ela não se importava com isso. Ela sabia que seu nome era o mais falado naquele lugar nos últimos dias. Ela andava faltando frequentemente ao trabalho. E quando ia, era normal vê-la fumando em algum canto e sempre com um copo de café ao lado. Sem sorrir para ninguém, sem falar com ninguém.
Ela sabia que só estava assim por sua própria culpa. Ou era assim, ou então ela sofreria aos poucos e se desgastaria ainda mais do que estar esperando por uma mudança e sofrer com a espera da mesma.
Agora, ela estava sentada em um dos bancos que havia na cozinha do seu novo flat. Os cotovelos apoiados no mármore gelado e preto do balcão que havia ali. Em uma das mãos segurava entre o dedo médio e o indicador um cigarro já pela metade – havia adquirido o habito de fumar depois de se ver sozinha naquele lugar. Sem ninguém para contar. Sem ninguem para lhe apoiar. Suas amigas tinham vida própria e ela não podia tê-las consigo todo o tempo... Já havia tirado tempo demais de todas elas.
Naqueles quarenta e três dias, seus dias passaram a ser totalmente depressivos e melancólicos. Na primeira semana, a bebida e o cigarro haviam se tornado seus fiéis companheiros – justo dela, que nunca havia gostado de beber coisas realmente fortes. , sua melhor amiga, também fazia parte do grupo de fiéis companheiros. Havia passado os primeiros três dias no apartamento da amiga... Mas sabia que de alguma maneira estava atrapalhando a vida dela. Fora quem havia lhe informado nesses dias sobre o estado de , já que a amiga estava saindo com . E ela considerava um dos fatos mais interessantes – e felizes – dessas últimas semanas. Ela sabia que estava mudando. Ela sabia que ele iria mudar. E de fato, isso era uma das coisas que não deixavam seu coração desmorronar por inteiro.

já não era mais o mesmo. Depois de perder , ele pôde perceber que certas coisas deveriam ser levadas a sério. Certos sentimentos deveriam ser respeitados, acima de qualquer coisa. De qualquer desejo e/ou impulso.
Infelizmente, ele havia percebido tais coisas quando já não tinha ela ao seu lado. Sentia-se o pior dos miseráveis por isso. Agora, ele estava – definitivamente – sem . Já não tinha ela ali, em seu apartamento, quando chegasse de algum lugar. Já não tinha o sorriso dela lhe recepcionando depois de reuniões estressantes com produtores, quando acontecia-lhe algo importante... Ele se condenava a todo o momento. Ele se sentia arrependido de tudo a todo momento.
Mas de alguma forma, ele sentia-se diferente. Depois de ver realmente como algumas coisas faziam uma falta imensa, ele já não ia a tantas festas. Já não beijava qualquer uma. Já não dormia mais com todas. Havia dormido somente com duas garotas e no dia seguinte a tal ato, ele queria morrer, pois voltava a se sentir o pior dos homens... E aquela sensação, era a pior de tudas – sem qualquer dúvida. De qualquer forma, ele sabia que recuperar não seria tão fácil.
Por mais que por fora ele demonstrasse um sorriso, o brilho em seu olhar já era inexistente. Por dentro, a culpa que sentia aumentava cada vez mais quando ouvia – atual garota de – dizer que estava enfurnada em casa, fumando e bebendo. Coisas que ele realmente não esperava da garota. Da sua (ex) garota.

Parte II
Mas espera que ele ligue a qualquer hora
Para conversar
E perguntar se é tarde pra ligar
Dizer que pensou nela
Estava com saudade
Mesmo sem ter esquecido que
É sempre amor, mesmo que acabe
(Mesmo Que Mude – Bidê ou Balde)

Quarenta e oito dias. Exatamente quarenta e oito dias que já não tinha mais nada com . olhou para o relógio e constatou que eram apenas 02h30min da manhã. Mas que porra. Por que diabos ela não conseguia fechar os olhos e simplesmente dormir?
Talvez a culpa fosse de ! Talvez fosse pelo simples motivo que a amiga havia lhe contado uma de suas conversas com ... Ela sabia exatamente o sentimento que estava tomando conta de seu corpo: a aflição, a angústia.
Perdida em pensamentos, seu coração simplesmente pulou quando o toque do telefone ressonou por todo o flat. Quem ligaria para ela aquela hora da madrugada? Um louco! Era a única resposta que ela conseguia encontrar... Esticou o braço até o criado mudo, onde tirou o telefone do gancho e levou-o até o ouvido.
- Sim?! – disse com a voz um pouco baixa, as horas sem falar causavam um efeito estranho em sua voz. Ela ouviu somente um suspirou do outro lado da linha – Quem é? – ela perguntou com a voz um pouco mais alta que o normal, já impaciente.
- Hey... – foi só o que a pessoa do outro lado disse, mas o suficiente para fazer seu coração dar um salto tão grande, que ela pensou que nunca mais ele voltaria a bater normalmente. Era ele! Ele estava ligando para ela!
- Vo... Você?! – foi a única coisa que ela conseguiu dizer, e no momento seguinte se sentiu uma estúpida por não ter dito algo melhor. Mas pensar era algo quase impossível para se fazer numa hora como aquela. Seus olhos já estavam cheio de lágrimas e seu coração apertado – no fundo, ela rezava para que ele não desligasse tão cedo.
- Eu... Eu só queria saber como você estava! – ele falava pausadamente e em leves sussurros, que a faziam ter uma vontade imensa de chorar ainda mais. Ela fungou ao sentir mais lágrimas caírem de seu rosto. – Não chora, por favor! – foi então que ela o ouviu suplicando isso para ela, da mesma forma que havia pedido para ela não partir.
- Eu sinto muito sua falta! – foi o que ela conseguiu dizer entre as lágrimas que insistiam em cair por seu rosto. Ouvi-lo outra vez era tão bom, sentir que ele tinha a atenção voltada para ela era uma sensação incrível. Depois de muito tempo, ela voltou a acreditar realmente nele, voltou a acreditar que o final feliz deles ainda estava guardado.
- Eu também, ! Eu também! – ela o ouviu dizer, com um tom de voz um pouco mais alto. – Eu nunca pensei que ia sentir tanto a falta de alguém... Eu nunca pensei que eu ia realmente amar alguém. Mas você me fez ver que isso é possível! – ele dizia praticamente sem respirar, enquanto ela chorava ainda mais. Chorava de medo que ele desligasse o telefone justo nessa hora, ou então, terminasse dizendo que ele ainda não estava pronto para ela.
- Eu não quero que você diga isso para me ver melhor! – ela falou entre sussurros. O choro não deixava que sua voz saísse normalmente. Seu coração ainda tinha os batimentos acelerados.
- Eu não estou dizendo isso por nada, ! – ele falou parecendo um pouco impaciente. – Talvez... Bom... Talvez você já possa confiar em mim inteiramente! – ele falou as palavras que ela tanto esperou ouvir, as palavras que ela mais queria ouvir nesses quarenta e oito dias, finalmente haviam sido ditas. E uma felicidade imensa e inexplicável tomou conta dela.
- Você não faz idéia em como eu esperava ouvir isso, ! – ela disse rindo e chorando ao mesmo tempo. Na verdade, ela nem sabia o que pensava naquele momento.
- Eu quero você de volta pra mim, ! Só minha. – ele disse rindo – Eu quero poder te beijar e te abraçar toda hora, quero ver você esperando por mim com um sorriso toda vez que eu estiver mal humorado... Eu juro! Juro pelo que você quiser que eu vou ser só seu... Eu percebi que já não tenho idade pra ficar curtindo com menininhas, eu quero só você agora.
Ela já não sabia nem o que pensar; muito menos o que falar. Sua boca estava aberta, de surpresa, de felicidade, de emoção. O choro já não era de medo, era de felicidade. Seu coração estava acelerado de pura e total emoção... Ela jamais havia imaginado tal coisa de , ela jamais imaginaria falando tais palavras. - Se você quiser... É só abrir a porta! – ela o ouviu dizer e então, inevitavelmente, uma gargalhada ela soltou. Depois de tanto tempo sem realmente rir, sem dar um sorriso verdadeiro, ela estava gargalhando. Correu até a porta com o telefone ainda no ouvido e ao abri-la, o encontrou escorado na parede, com o celular no ouvido e um sorriso imenso no rosto.
Ele estava mais lindo do que poderia imaginar. Simplesmente perfeito! Ele se desencostou da parede ao vê-la ali, tão frágil e alegre ao mesmo tempo e parou justamente na frente dela. O mesmo perfume. O olhar abatido, agora cheio de lágrimas e o rosto mais fino do que ele se lembrava.
Sem pensar duas vezes, ela o abraçou. O abraçou tão apertado que ela podia jurar que ele havia ficado sem ar. Mas ela precisava daquele abraço da mesma forma que precisava do ar para sobreviver. Abraçou a cintura dele com as pernas e sentiu que ele caminhava com ela para dentro do flat.
Ela não precisava de mais nada. Tudo o que ela precisava estava ali, abraçado a ela.

Parte III
Cada vez que me levanto
y veo que a mi lado estás, me siento renovado
Me siento aniquilado, aniquilado si no estás
Tu controlas toda mi verdad y todo lo que está de más
Tus ojos me llevan lentamente al sol
Y tu boca me habla del amor y el corazón
(Es Por Ti - Juanes)

- Eu nunca mais quero ficar longe de você! – ela dizia, apertando o rosto dele com as mãos, numa forma de ver que ele realmente estava ali – Por Deus... Foram os piores dias da minha vida! – ela completou, após beijar levemente os lábios dele.
a mantinha presa contra a parede, agora dentro do apartamento. Os dois tinham as testas coladas e os olhos cheios de lágrimas. Ela realmente havia ficado surpresa por ter feito tal coisa. Não era do tipo dele fazer tal coisa. Talvez ele houvesse realmente mudado, mas se não havia, ela não se importava. Ela o tinha ali ao seu lado. E isso lhe bastava.
Nenhuma dor era maior do que ficar sem ele.
- Eu não vou mais te decepcionar, ! – ele sussurrou no ouvido da garota, com a voz levemente rouca, enquanto suas mãos acariciavam a cintura dela – É você quem eu quero... Só você! – ele falou e logo ela sentiu sua orelha sendo mordida por ele. Aquela carícia que a deixava tão arrepiada e que ela sentiu tanta falta.
As mãos dela, que estavam na nuca de , subiram para seu cabelo, puxando-os levemente, quando ele começou a beijar o pescoço dela. Não havia tortura pior. Ela precisava logo dele. Ela puxou a cabeça do garoto para cima, fazendo com que se encarassem brevemente, antes dos lábios dos dois se tocarem em um beijo ávido, cheio de desejo. A partir daquele momento, eles já não tinham controle sobre as mãos, já não mandavam nos próprios atos, apenas, deixavam-se levar pela saudade. Pelo desejo.

acordou sentindo um peso estranho nas costas, e uma respiração muito próxima do seu ouvido. Tentou abrir os olhos, mas a claridade lhe impedia de fazer tal ato no momento. Esperou um tempo, abrindo vagarosamente os olhos, para poder se acostumar com a luz do sol que adentrava o quarto. Virou-se para o lado e então sorriu. Não havia sido um sonho ou alucinação. Ele estava ali mesmo. Totalmente nu, coberto, até a cintura, apenas pelo lençol de seda.
Ela passou as mãos pelas costas nuas dele, que dormia de bruços. Tão perfeito. A pele macia, o cheiro próprio dele não se igualava nem ao perfume mais caro que existia. Ele era único. Ele era dela. Seu sorriso aumentou ao constatar mais uma vez isso.
Ela se aproximou mais, ajeitando os braços dele ao redor dela, ela não queria perder o contato. Depositou um leve beijo na nuca dele e o ouvi murmurar algo incompreensível. Soltou um riso baixinho e passou de leve o dedo indicador por toda coluna dele e o viu arrepiar. E virar o rosto para o lado em que ela estava.
Só Deus sabia o quanto ela havia sentido falta dele. Sentido falta de acordar ao lado dele. De beijá-lo a todo o momento. De tê-lo consigo. Ela estava, sem dúvida alguma, viciada em e no momento, aquilo era algo extremamente bom.
Continuou com as carícias, apenas para provocá-lo. Minutos depois, o viu abrir um pouco os olhos e então sorrir. Ela retribuiu o sorriso, vendo os olhos dele brilharem. Definitivamente, ela não era a única a estar radiante com aquele novo começo.
- Eu estava com medo de abrir os olhos! – ele falou com a voz rouca, sempre era assim logo que ele acordava.
- Por quê? – ela perguntou soltando uma gargalhada, mesmo sem motivo.
- E se tudo fosse um sonho? – ele falou se ajeitando na cama, de modo que seus corpos ficassem frente a frente – Eu não agüentaria ficar mais um dia longe de você! – ele ajeitou a franja da garota que insistia em cair sobre seus olhos.
- Eu também não! Pode apostar! – ela sorriu de leve e ele a abraçou mais apertado.
- Eu prometo que vou fazer tudo para merecer você! – ele falou sério, olhando-a nos olhos.
- Não quero falar disso agora – ela fez uma careta, enquanto passava as mãos levemente por todo peitoral dele – Eu quero começar de novo. Eu não quero lembrar todos esses momentos ruins. Daqui pra frente, é outra história! É a nossa história. E só vai caber a nós dois fazer o meio e o fim!

FIM!


N/A: Eu nem acredito que vou realmente mandar isso aqui pro site. Eu não gostei e estou me perguntando por que eu não mando pra categoria Hein?! Mas por livre e espontânea pressão da Bruna, eu vou mesmo publicar isso... Desculpem por ela estar sem nexo, mas foi o melhor que saiu! Queria agradecer a todos que comentaram na primeira parte! Eu leio todos os comentários... Obrigada mesmo!

Acho que é isso... Tentem ler e comentar (: Eu não ficarei triste...
Obrigada a Bruna por toda ajuda com essa fic! Love you, bitch!

Outras fics:
Push Me Away I By Thai (finalizada)
Mil Palavras By Bruh e Thai (em andamento)


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