by: Thayenne Loran.
beta: _tally.




Capítulo Um
Prólogo


Era um dia frio e triste. Lupin acabou de chegar do Ministério da Magia e tinha acabado de ver seu melhor amigo morrer. Ele estava na sala da casa de Sirius com alguns membros da Ordem: Alastor Moody, Gui e Arthur Weasley e Ninfadora Tonks. Todos estavam sem palavras, esperando notícias do Ministério por Kingsley Shacklebolt.
Lupin percebeu que Tonks o olhava profundamente. Há alguns dias ele havia terminado um namoro que nem realmente começou com ela. Ele a amava muito, mas depois de pensar por uns dias, chegou à conclusão de que ele não a merecia. Ela merecia ficar com alguém da idade dela, que pudesse lhe dar uma família, tivesse dinheiro e que fosse saudável. Uma pessoa totalmente oposta a ele.
– Vou pegar uma garrafa de cerveja amanteigada na cozinha. Remus, me acompanha? – perguntou Tonks de repente, tirando todos de seus pensamentos.
– Ah, claro. – respondeu Lupin, sabendo o que viria a seguir.
– O que foi? – perguntou ele quando chegaram na cozinha.
– Ah, nada... Só queria uma companhia. Sabe, me dá uma tristeza enorme ficar aqui agora. Depois de tudo o que aconteceu ao Sirius. – disse Tonks tristemente – E só de pensar na culpa que tive...
Ela começou a chorar e Lupin a abraçou carinhosamente.
– Você não teve culpa de nada, ninguém teve. Sirius foi pra lá por livre e espontânea vontade. Ele sabia muito bem dos perigos, ele quis correr os riscos.
– É... Mas se eu tivesse d-derrotado Belatriz, e-ele...
– Pare com isso. – disse Lupin, reforçando o abraço.
– Ok. E você... Já pensou naquele assunto? – perguntou Tonks com o olhar suplicante.
– Q-Que assunto? – ele se fez de desentendido, parando de abraçá-la abruptamente.
– Ahh... Você sabe... Sobre nós dois. Remus, não pode acabar assim, eu... Eu nunca senti isso por nenhum outro homem,sabe? – disse ela.
– Eu... Eu prometi pensar no assunto. Dê-me um tempo, por favor. – disse ele, evitando os olhos dela.
– Tudo bem, eu sou paciente. Só não demore muito, não sei se agüento...
E com um beijo no rosto de Lupin, deixou a cozinha com cinco copos e uma garrafa de cerveja amanteigada. Lupin voltou a sala atrás dela.
- Aqui. – disse ela dando copos cheios a todos.
- Nós vamos a King's Cross deixar Harry com os tios. Acho que precisamos conversar baixinho com eles. – disse Moody de repente – Tudo bem pra vocês, Remus? Ninfadora?
– Ok. – disseram Lupin e Tonks juntos.
A porta se abriu. Kingsley Shacklebolt chegou, dando as últimas notícias do Ministério.


Capítulo Dois
Aqui Sem Você


Na estação de King's Cross estavam Olho-Tonto Moody, Tonks, Lupin, o senhor e a senhora Weasley, Fred, Jorge e o senhor e senhora Granger.
– Bonita blusa. – disse Lupin para Tonks, que estava usando uma blusa da banda bruxa As Esquisitonas.
– Valeu. – agradeceu ela – E aí, já pensou naquele assunto?
– Humm... Já. – respondeu Lupin evitando, mais uma vez, os olhos de Tonks.
– E...? – perguntou ela esperançosa.
– E a minha decisão é não, Tonks. O problema não é com você. – acrescentou ele ao ver a expressão no rosto dela – O problema é comigo. Sou velho demais para você. Pobre demais, perigoso demais. Eu não te mereço. Você merece um homem bem melhor que eu.
– Mas eu não me importo, juro! Eu te amo... – disse Tonks, tentando argumentar.
– Chega, Tonks. Ah! Veja, aí vêm eles!
Lupin viu Harry, Rony, Hermione e Gina e suas caras de espanto ao verem pessoas da Ordem ali. Eles falaram com Harry e com os tios dele, que os olharam como se fossem aberrações da natureza. Tonks percebeu que Petúnia a olhava com mais repugnância do que a qualquer outro ali.
Então Harry foi embora com seus tios e Hermione com seus pais.
– Tonks, querida, você está bem? – perguntou a senhora Weasley, que com seu incrível poder de percepção notou que havia algo errado com Tonks.
– Estou sim, Molly. – respondeu Tonks casualmente.
– Tem certeza? Vamos tomar um chá em minha casa? Venha conosco, assim você pode me contar tudo.
– Tudo o quê, Molly? – perguntou Tonks com um ar cansado – Mas tudo bem, eu vou.
– Ótimo, então vamos. – disse ela à Tonks e ao restante da família Weasley.

~xxxxxxxxxxxxx~


Quando chegou à Toca, Molly Weasley ficou sozinha com Tonks na cozinha.
– E então? O que Remus fez desta vez? – Molly perguntou carinhosamente à Tonks.
– Ele apenas disse que não quer ficar comigo! – ela disse aborrecida.
– Humm... Imagino porque seja...
– Se você imagina que ele disse que é velho demais pra mim, perigoso, pobre e tal, acertou! – disse ela ainda mais aborrecida.
– Ah, querida, você tem que entender o lado dele também. Ele viveu em meio ao preconceito a vida toda e... – Molly nem chegou a terminar a frase.
– E agora que encontra uma pessoa que o ama do jeito que ele é, ele dá as costas!
Tonks não conseguiu se controlar e começou a chorar.
– Olhe, tenha calma. Dê tempo ao tempo, você vai ver, tudo dará certo. – falou Molly, dando palmadinhas carinhosas na costa de Tonks enquanto a garota chorava em seu ombro.
– Ah, M-Molly, a-acho que j-já vou indo... – disse Tonks soluçante.
– Tudo bem, querida. E vê se tenta conversar com ele de novo quando você tiver oportunidade.
– É... Eu não sou daquelas que desistem tão fácil. – disse Tonks mais calma - Tchau Molly, e obrigada pelo chá e pela compreensão.
– Disponha!
E Tonks aparatou em sua casa. Meio abalada pelo que tinha ouvido, ela se deitou em sua cama e começa a pensar. "Por que esse preconceito agora? Não estava tudo bem há umas semanas? E daí que ele é pobre e lobisomem? E a diferença de idade nem é tão grande! Pelo menos não para mim." Ela achava aquilo uma infantilidade muito grande dele. Ela sabia se cuidar. Não era uma princesinha para ficar só com homens jovens, lindos e ricos. Ela só queria estar com ele. Só mais uma vez.

~Flashback~

– Então é isso, Remus. Falei! Eu tô... Hum... Apaixonada por você! – ela admitiu de olhos fechados.
E então Lupin começou a rir.
– O que foi?! – perguntou ela, fazendo força para não rir também.
– Nada... É que... Pode-se dizer que eu também sinta esta suposta atração por você.
E Tonks começou a rir também. Eles começaram a rir juntos, ficando cada vez mais próximos um do rosto do outro. Quando os narizes se tocaram, pararam de rir e apenas se beijaram.
Nada como o primeiro beijo. Foi um beijo inocente, puro e sem razão, só as emoções estavam ali.
~fim do Flashback~


Então viu o horário no relógio, em uma hora teria que estar no Ministério. Ela sabia que agora ia trabalhar muito, já que as pessoas finalmente tiveram as provas de que Voldemort e seus Comensais voltaram a ativa. Foi até o banheiro checar sua aparência. Nem tinha percebido, mas seus cabelos estavam castanhos opacos. Foi tentar se metamorfosear, mas não conseguiu. Talvez sua saúde mental estivesse se refletindo na sua saúde física. Então foi para um beco próximo à sua casa e aparatou.
Lupin estava em sua casa, recebera uma grande tarefa. Teria que se infiltrar, na semana seguinte, entre os lobisomens de Greyback. Mas agora seus pensamentos se desviaram e estavam em uma linda moça de cabelos rosa chiclete. Tonks. Será que ele tinha sido insensível com ela? Garotas são difíceis de entender, se deixam levar demais pelos sentimentos e emoções. Mas certamente ele não queria fazê-la triste, e é por isso que não quis nada com ela, para ela ser feliz com outro rapaz. Só de pensar em Tonks a tristeza o abatia. Mas com certeza, pensou ele, iam passar um bom tempo separados. Talvez nesse tempo ela o esquecesse.
Uma coruja velha entrou estabanada pela janela da casa de Lupin. Ele a reconheceu, era Errol, a coruja da família Weasley. A coruja tinha no bico um convite para um pequeno almoço na semana seguinte, na Toca, e pedia resposta imediata. Lupin respondeu que sim. Os almoços na Toca eram sempre bons.


Capítulo Três
Despercebida


Lupin apertou a campainha da Toca. Molly Weasley foi quem atendeu:
– Ah, olá, Remus! Entre, por favor. Linda tarde de julho, não?
– Oh, sim... Olá a todos! – falou ele quando entrou na cozinha e viu todos sentados à mesa.
– Oi Remus! – disseram Fred, Jorge e Gina de um canto da mesa.
– Olá! – disseram Rony, Gui e Fleur.
– Grande Remus! – saudou-o Arthur Weasley.
E foi quando a Sra. Weasley mostrou-lhe seu lugar que ele viu Tonks. Ela estava muito diferente, parecia triste. Com os cabelos sem vida e castanhos. Ela não o cumprimentou, então ele resolveu falar primeiro.
– Olá, Tonks.
– Oi, Remus, beleza?!
– Uhum. – ele assentiu.
E assim se seguiu o almoço na Toca.
Às vezes Lupin notava que Tonks o olhava com tristeza, mas logo disfarçava. Quando o almoço acabou, Rony, Gina, Gui e Fleur subiram. Fred e Jorge foram embora, para cuidar dos negócios das Gemialidades Weasley. Lupin, Tonks, Molly e Arthur foram para a sala, mas Arthur logo teve que sair, assuntos do Ministério, segundo ele.
– Bom, acho que tenho que arrumar a bagunça do almoço. – disse Molly.
– Quer ajuda, Molly? – perguntou Tonks, que não queria ficar sozinha com Lupin.
– Ah não, querida. Acho que você e Remus têm assuntos pendentes para conversar. – disse Molly, contendo um sorrisinho.
E saiu da sala deixando Lupin e Tonks sozinhos.
– Por que você está assim? – perguntou Lupin a ela, como se não soubesse a resposta.
– E você ainda pergunta? Depois do que você fez comigo? Ah não, é brincadeira! – disse ela aborrecida com Lupin.
– Tonks, eu não fiz por mal. Aliás, fiz pro seu bem! Quando você for maior... – mas Tonks o interrompeu.
– E você acha o quê, hein?! Que eu sou uma criança louca e inconseqüente? Que não sei o que é a vida real? – falou ela ainda mais aborrecida com Lupin por ter dito a frase “Quando você for maior...”.
– Não! Eu não acho isso! Você nem me deixa terminar, eu só ia dizer que daqui há alguns anos, você vai me agradecer por isso! – falou ele, já começando a se alterar.
– É, com certeza! Vou te agradecer por me ter feito a mulher mais infeliz do mundo!
– Eu não quero isso! – falou ele calmamente tomando em suas mãos o fino rosto de Tonks.
– Não quer o quê? – perguntou ela, sentindo o calor das mãos de Lupin em seu rosto.
– Te deixar infeliz. É a última coisa que eu iria querer. Odeio te ver assim e saber que a culpa é minha. – disse ele sinceramente, olhando fundo nos olhos dela.
– Pensasse nisso antes de me... – ela parou de falar.
Se desvencilhando das mãos de Lupin, enxugou duas lágrimas que caíram sobre seu rosto.
– Tchau, Remus. – disse ela se dirigindo à cozinha e correu.
– Tonks! O que aconteceu?! – perguntou uma preocupada Sra. Weasley.
Mas Tonks não disse nem adeus, saiu pelas portas do fundo e aparatou. Pelo que Molly viu, ela estava chorando. Com certeza os dois tinham brigado de novo.
Ela entrou na sala e encontrou Lupin com as mãos no rosto, sentado no sofá.
– Você está bem, Remus? Vi Tonks saindo pelas portas do fundo, me parecia que ela estava chorando. Ai, Remus, acho ridícula a sua atitude. Você não ama Tonks? – falou a Sra. Weasley, sentando-se ao lado dele.
– Sim, mas... Será que ninguém entende? Eu não estou sendo ridículo, eu apresento perigo à Tonks. Eu não a mereço. Ela merece um rapaz bem melhor que eu. – falou ele.
– Argumento fraco. Ainda acho que você está sendo ridículo! – disse Molly.
– Aff... – resmungou Lupin. – Bom, acho que já vou. Muito obrigado pelo almoço, Molly, estava tudo delicioso.
E se dirigiu a porta dos fundos e aparatou bem no lugar onde Tonks aparatara.

~xxxxxxxxxxxxx~


Estava escuro como breu, Tonks estava fazendo guarda com mais dois aurores no Beco Diagonal. Ela estava meio que com medo do que estava por vir. O Sr. Olivaras e Florean Fortescue desaparecidos, era tudo muito estranho. Sem contar as lojas fechadas.
Tonks estava com medo. Será que iria acontecer outra guerra ainda pior que a outra? Ela sempre gostou de lutar, de se manter em ação e de proteger as pessoas. Afinal é por isso que se tornou uma auror. Mas nesses últimos dias, só queria esquecer que existia,. Não tinha forças pra nada, mas tinha que trabalhar. Estava muito cansada. Além de sua tristeza, estava trabalhando dez vezes mais, e era muito para alguém que se formara a menos de três anos.
Acabou sua hora de trabalho e tinha o resto da noite de folga, só iria trabalhar na manhã seguinte. Tonks estava com muita vontade de conversar com um amigo, desabafar e pensou logo em Sirius, e uma tristeza maior a envolveu. Depois pensou em ir à Toca conversar com Molly, que estava se mostrando uma grande amiga.
– Ah, Tonks! Que surpresa agradável! – disse Molly Weasley, na porta da Toca, recebendo Tonks.
– Ahh, Molly, espero não estar incomodando, já é meio tarde...
– Que isso... Vou esperar Arthur mesmo, e parece que tão cedo ele não volta. Muito trabalho no Ministério agora que ele foi promovido. Ah, entre! – acrescentou ao ver Tonks ainda do lado de fora – Bom... Então, qual motivo da visita? – perguntou Molly, sentando em uma cadeira na cozinha.
– Ah, Molly, eu não agüento mais ficar assim! – disse Tonks se jogando em uma cadeira ao lado de Molly.
– Então não fique! – disse ela simplesmente.
– Mas... Mas... É mais forte que eu! Eu não consigo me controlar! Eu não tenho culpa de estar A-PAI-XO-NA-DA! – disse ela irritada consigo mesma.
– Ai ai! – suspirou Molly Weasley.
– E o pior é que eu tô me prejudicando por causa disso! Acredita que até meu patrono mudou?! E eu não consigo de jeito nenhum me metamorfosear... Se bem que, pra quê, né? – desabafou Tonks com um ar desesperado.
– Ah, mas como o Remus é cabeça dura! Ele acha que está fazendo um bem enorme pra você, mas só está te prejudicando... – disse a Sra. Weasley.
– É... Aquele cego idiota!
– E se você contasse tudo isso a ele?! – perguntou a Sra. Weasley em um sussurro inaudível.
– O quê? – perguntou Tonks, que não entendera o que Molly dissera.
– Nada não. Humm... Que tal você vir jantar no fim de... – mas batidas na porta a interromperam e ela andou até a porta e perguntou parecendo nervosa. – Quem é? Identifique-se!
– Dumbledore trazendo Harry. – disse uma voz conhecida.
A Sra. Weasley abriu a porta imediatamente.
– Harry, querido! Nossa, Alvo, você me assustou. Não disse que não chegariam até amanhecer?
– Tivemos sorte. – disse Dumbledore fazendo Harry entrar. – Slughorn foi mais fácil de persuadir do que imaginei. Um feito de Harry, é claro. Ah, olá, Ninfadora!
– Olá, professor. E aí, beleza, Harry? – cumprimentou Tonks da mesa.
– Oi, Tonks. – cumprimentou-a Harry.
Tonks tentou dar um sorrisinho, mas sentiu que estava parecendo um sorriso forçado. Estava mesmo era com vontade de ir pra casa, chorar no seu travesseiro e dormir.
– É melhor eu ir andando. – disse depressa, levantando-se e cobrindo os ombros com a capa – Obrigado pela simpatia, Molly.
– Por favor, não vá embora por minha causa! – disse Dumbledore gentilmente – Não posso ficar, tenho assuntos urgentes a tratar com Rufo Scrimgeour.
– Não, não, preciso ir mesmo. – respondeu ela sem retribuir o olhar de Dumbledore. – Noite...
– Querida, por que não vem jantar no fim de semana? Olho-Tonto e Remus virão...
– Sério, Molly, não. Mas, obrigada assim mesmo. Boa-noite para todos.
Tonks passou ligeira por Dumbledore e Harry, e saiu para o quintal. A alguns passos da porta, rodopiou e desapareceu no ar.
Molly ficou bastante preocupada com ela, ia falar com Remus assim que tivesse chance.
Tonks aparatou em um beco próximo de sua casa.


Capítulo Quatro
A Confissão


Remus estava sentado na porta da casa de Tonks. Encontrou um tempo livre para visitar a garota. Ele queria, precisava ver como ela estava.
Lupin sabia que tinha mexido com os sentimentos dela, assim como ela com os seus. Mas ele se sentia muito culpado por isso, principalmente por não poder fazê-la feliz. Olho-Tonto contou a ele havia uns três dias que Tonks estava muito mal, abatida e sempre parecendo triste e cansada, e que ela já não sorria mais como antes. Lupin se sentia imensamente culpado, por isso foi vê-la. Para pelo menos poder oferecer-lhe uma amizade, já que ele sabia que era ridículo se iludir que poderiam ficar juntos como dois amantes.
Então ele a viu. Ele não soube explicar, mas uma sensação de felicidade e tristeza tomou conta de si. Felicidade por vê-la ali, bem diante dos seus olhos. E tristeza por vê-la tão abatida por causa dele.
– Remus?! Você por aqui? – perguntou Tonks parecendo muito surpresa.
– É... Bem... Vim ver como estava, estive muito preocupado com você esses dias.
– Ah, sim... Entre! – e com um aceno de varinha abriu a porta da casa. - Pode sentar. – falou Tonks apontando uma poltrona a sua frente – E então?
– Bom... Você... Você está melhor? – perguntou Lupin sem saber o que falar.
– Já estive bem melhor. – disse ela com impaciência.
– Ah, Tonks... Desculpa por tudo, eu não queria fazer você sofrer assim, não mesmo. Mas é que não podemos realmente ficar juntos, pois sou...
– Já sei, já sei. Velho demais, pobre demais, perigoso demais, idiota demais! – disse ela aborrecida – Olhe! Porque não diz realmente os seus motivos?
– Esses são os meus motivos!
– Não cola, Remus! Isso lá são motivos? – falou ela muito irritada – Você não me ama como eu te amo, é isso?
Lupin ficou sem fala, não era nada disso, ele a amava mais do que tudo nessa vida. Mas não podia dizer isto, ou ela criaria novas esperanças.
– Eu sabia... – falou ela pausadamente e franzindo a testa.
– Olhe, Tonks... – ele tentou falar com calma, mas sua tentativa não deu certo e logo se irritou e gritou – Você não sabe de nada, entendeu?
– Ah! Se você se acha tão sabido, vivido e eu uma obtusa, me explique!
– Olhe, a questão não é essa. Vamos supor que eu a ame. – falou ele – E aí? Você não conseguiria viver comigo, não iria suportar namorar um lobisomem! Não é apenas a Lua Cheia, é uma vida! Sempre fui rejeitado por ser lobisomem. Não consigo arranjar emprego, sempre fico doente depois da lua cheia. É muita coisa, Tonks! Você não suportaria! – disse ele em pé e caminhando de um lado para o outro.
– É, pelo visto o obtuso aqui é você! Você realmente não sabe o que é o amor, Sr. Lupin. Não sabe o que é querer estar perto daquela pessoa, dar o seu apoio, enfrentar o mundo, largar tudo somente pra ficar com ele. Você realmente não acredita que o amor supera todos os obstáculos da vida?
– Eu sei muito bem o que é o amor! Mas não posso parar de pensar com a minha razão e pôr somente meus sentimentos e emoções à frente. E o amor também é, senhorita Tonks, pensar sempre no bem da pessoa amada. Mesmo que isso seja ruim para os dois.
– É, mas isso não tem absolutamente nada a ver! Seus motivos são facilmente superáveis, basta você mesmo querer. – disse ela se aproximando dele.
– Veja. – disse Lupin tomando o rosto em forma de coração de Tonks em suas mãos – Eu só estou fazendo isso porque te amo, Ninfadora Tonks.
Deu um beijo na testa da garota e saiu porta afora.
Tonks ficou olhando ele sair pela porta. Demorou alguns segundos para perceber a profundidade das últimas palavras de Lupin. 'Eu só estou fazendo isso porque te amo.' E pensou, “Que diabos de amor é esse?! Que prefere deixá-la sofrendo sozinha e ficar sofrendo também, do que fazer os dois felizes amando-se infinitamente?" E então, ao invés de ficar feliz por ele ter dito pela primeira vez que a amava, ficou triste e com mais raiva. Ela xingou ele de tudo que vinha à sua cabeça. “Homem estúpido!” Pensou ela. “Mais estúpida ainda sou eu que sofro tanto por causa das tolices dele!”
Com grande exaustão, Tonks se deitou na cama, começou a chorar e logo adormeceu, imersa em seus devaneios.

~xxxxxxxxxxxxx~


Lupin estava na Toca, sentado a mesa. Era o décimo sexto aniversário de Harry.
– Aconteceram mais dois ataques de dementadores! – ele anunciou, quando a Sra. Weasley ofereceu-lhe uma grossa fatia de bolo de aniversário. – E encontraram o corpo de Igor Karkaroff em um barraco no norte do país. Sobre o local pairava a Marca Negra. Aliás, para ser franco, fico surpreso que ele tenha sobrevivido quase um ano depois de desertar os Comensais da Morte. Lembro que o irmão de Sirius, Régulo, durou poucos dias.
– Foi. – disse Molly Weasley – Mas quem sabe devíamos mudar o rumo dessa...
– Você sabe o que aconteceu com o Florean Fortescue, Remus? – perguntou Gui – O cara que dirigia...
– A sorveteria no Beco Diagonal? – perguntou Harry – Que aconteceu com ele?
– Foi levado à força pelo estado em que ficou a sorveteria.
– Por quê? – indagou Rony, agora Molly olhava irritada para Gui e Remus.
– Quem vai saber? Deve ter aborrecido os caras. Ele era um bom sujeito. – falou Gui.
– Por falar em Beco Diagonal... – lembrou o senhor Weasley – Parece que o Olivaras também desapareceu.
– O fabricante de varinhas? – exclamou Gina surpresa.
– É. A loja está vazia. Não há sinais de luta. Ninguém sabe se foi embora porque quis ou se foi seqüestrado.
– Mas, e onde as pessoas vão comprar varinhas agora?
– Terão de se arranjar com outros fabricantes. – respondeu Lupin – Mas o Olivaras era melhor, e se o outro lado o tiver levado não será nada bom para nós.
– Muito bem. Gina, Hermione, me ajudem a tirar a mesa. E o resto já pra sala! Conversem lá queridos, temos que arrumar aqui.
– Ah, acho que já vou. – falou Lupin, que não queria mais conversar – Feliz aniversário, Harry.
– Ah, não! Não não, senhor! Quero falar com você antes de ir embora, a sós.
– Ai, tudo bem... – suspirou ele, já sabendo de que assunto seria.
– Podem me deixar a sós com Remus na cozinha, por favor? – disse Molly para Gina, Hermione, Rony e Harry.
– Remus, ainda nessa semana conversei com Tonks...
– É, eu também. – interrompeu-a.
– Então você sabe como ela está, né? – perguntou uma irritada senhora Weasley.
– Sei. Só não sei porque ela ainda insiste nisso. Se certas pessoas parassem de incentivá-la...
– Está falando de mim?
– Só disse certas pessoas. – disse quase sorrindo.
– Não é para rir não! Isso é realmente sério!
– Sim, eu sei. É por isso que já conversei com ela e já me expliquei. Se a senhora quiser ajudar eu sugiro que...
– Faça a sua cabeça voltar ao lugar! – interrompeu-o.
– Ela está no lugar devidamente certo. No lugar da razão. – falou ele se dirigindo a porta.
– Tudo bem, faça como quiser. Mas só lhe lembro que assim você está fazendo uma linda mulher infeliz. E sim, ela é uma mulher, Remus. Pare de tratá-la como se fosse uma menina, ela está se mostrando bem mais madura que você.
– Tá, Molly... Adeus.
– Tchau.
E saiu pela porta da cozinha, aparatando em seguida.
Naquela noite ele iria se juntar aos outros lobisomens. Tinha que se preparar, saber o que fazer e falar. Não podia estar com os pensamentos vinte e quatro horas em Tonks.


Capítulo Cinco
Em Hogsmeade


Tonks estava na estação de Hogsmeade, fazendo sua rota com mais alguns aurores. Os alunos de Hogwarts iriam chegar a qualquer momento. Estava tudo tranqüilo, não havia nem sinal de bruxos das trevas. “Eles não se atreveriam vir à Hogwarts ou à Hogsmeade com Dumbledore por perto.” Pensou ela. E então ela vislumbrou algo que lembrava um trem, que foi se aproximando, se aproximando, até se tornar sólido à sua vista. O trem parou, e vários estudantes de Hogwarts saíram dele.
Tonks, que ainda estava na estação, viu os rostinhos conhecidos de Gina, Hermione e Rony, mas não sentia a mínima vontade de dizer nem um olá. Estava péssima, não queria passar seu baixo astral para eles. Mas foi aí que ela notou que estavam sem Harry. Ficou preocupada.
“Harry não está junto dessa galerinha? Muito suspeito. É melhor eu investigar." Depois de passar os olhos mais uma vez pela estação, Tonks entrou no trem. “Harry tem a Capa da Invisibilidade.” Pensou ela. Viu uma cabine suspeita, com tudo fechado, então entrou nela. Viu alguma coisa no chão da cabine e logo percebeu que era a parte de uma camisa. Então raciocinou muito rápido: Harry + Capa da Invisibilidade + Cabine suspeita...
Então Tonks apalpou o chão, sentiu a Capa da Invisibilidade e puxou-a.
– E aí, Harry, beleza?
Ela logo viu que ele estava sob um feitiço paralisante, e então fez o contra feitiço em Harry. Tonks ficou segurando a capa enquanto Harry se levantava e tentava se endireitar e viu que ele estava seriamente machucado no rosto.
– É melhor sairmos rápido daqui. – disse ela, pois o trem já estava andando – Anda, vamos pular.
Ela saiu correndo da cabine com Harry a seguindo. Tonks abriu a porta do trem e saltou para a plataforma, Harry imitou-a. Tonks ficou observando-o pensando o que teria acontecido, e então lhe devolveu a Capa da Invisibilidade e perguntou:
– Quem fez isso?
– Draco Malfoy. – respondeu Harry – Obrigado por... Bem...
– Tudo bem. – disse Tonks séria, pois não conseguia mudar seu humor ou o tom de voz – Posso endireitar o seu nariz se você ficar parado. – disse ela vendo o nariz de Harry sangrando e visivelmente quebrado.
– Episkey! – ordenou Tonks, apontando sua varinha para o nariz de Harry.
– Muito obrigado. – disse Harry o apalpando.
– É melhor usar a Capa da Invisibilidade para podermos andar até a escola. – disse ela ainda séria.
Enquanto Harry se cobria com a capa, Tonks agitou sua varinha fazendo sair o seu patrono e mandando um recado a Hagrid. O quadrúpede patrono voou célebre na escuridão.
– Aquilo era um patrono? – perguntou Harry.
– Era. Mandei avisar no castelo que você está comigo para não se preocuparem. Anda, é melhor não perdermos tempo.
Eles saíram em direção à estrada que levava a escola.
– Como foi que você me encontrou?
– Notei que você não tinha desembarcado do trem e sabia que levava a Capa da Invisibilidade. Achei que podia ter acontecido algo. Quando vi a cortina baixada naquela cabine, resolvi investigar.
– Humm... Mas o que você está fazendo aqui? – perguntou Harry.
– Estou baseada em Hogsmeade. Para reforçar a proteção à escola.
– É só você que está lá ou...
– Não, Proudfoot, Savage e Dawlish também.
– Dawlish, aquele auror que Dumbledore atacou no ano passado?
– Esse mesmo.
Eles caminharam pesadamente pela estrada deserta, seguindo os sulcos frescos deixados pelas carruagens. Tonks andava olhando para o chão, estava pensando aonde iria depois que acabasse sua hora de trabalho. Ela não queria ir para casa, pois sabia que ia começar a se lamentar e chorar.
“Vou naquele bar que tem perto do Caldeirão Furado.” pensou ela “É um bar trouxa, mas parece ser muito bom, assim eu me distraio um pouco.” Estava tão imersa em seus pensamentos sobre isso que nem percebeu quando ela e Harry chegaram aos portões de entrada de Hogwarts.
– Alohomora! – ordenou Harry, apontando a varinha para o cadeado, mas nada aconteceu.
Tonks estava esperando alguém chegar e ficou olhando a tentativa de Harry.
– Não faz efeito nesses portões. Dumbledore enfeitiçou-os pessoalmente.
Harry olhou para os lados.
– Eu poderia pular o muro. – sugeriu Harry.
– Não, não poderia – respondeu Tonks, categoricamente. – Feitiços antiintrusos em todos os muros. A segurança está cem vezes mais rigorosa este verão.
– Bem, então, suponho que eu vou ter de dormir aqui fora e esperar amanhecer.
– Está vindo alguém buscar você. Olhe.
Um lampião balançava à entrada do distante castelo. A pessoa chegou mais perto e Harry despiu sua Capa da Invisibilidade. Tonks, com certa irritação, viu que era Severo Snape.
– Ora, ora, ora – debochou Snape, e puxando a varinha, deu um toque no cadeado fazendo as correntes soltarem e os portões abrirem, rangendo. – Que prazer você ter aparecido, Potter. Embora seja evidente que, em sua opinião, o uso do uniforme da escola desmerece sua aparência.
Tonks ficou assistindo, vendo como Snape era ruim e injusto com Harry.
– Não pude me trocar, não tinha o meu... – começou Harry, mas Snape o interrompeu.
– Não precisa esperar, Ninfadora, Potter está bem seguro em minhas mãos.
– Enviei minha mensagem a Hagrid. – replicou Tonks, enrugando a testa.
– Hagrid se atrasou para o banquete, como o Potter aqui. Então eu a recebi. E a propósito... – disse Snape, afastando-se para deixar Harry passar – Achei interessante conhecer o seu novo patrono.
Tonks agora sentia raiva, pois notou a malícia no tom de Snape. Ele bateu os portões com estrépito na cara de Tonks e deu um novo toque nas correntes, que deslizaram, tinindo, à posição inicial.
– Acho que você estava mais bem servida com o antigo. – comentou Snape, com inconfundível malícia na voz. – O novo parece fraco. Tonks agora estava chocada e transbordando de raiva de Snape. “Como ele soube? Até onde ele sabe?” Pensou ela. “Ai, que ódio desse...”
– Boa noite! – gritou Harry por cima do ombro, quando começou a andar com Snape em direção à escola – Obrigado por... tudo.
– A gente se vê, Harry. – respondeu Tonks.
Ela agora caminhava de volta ao seu posto. Ainda se perguntava como Snape sabia. Aliás, se ele sabia. Se bem que para fazer essa brincadeirinha de péssimo gosto devia saber. "Ai, também que me importa se esse cara sabe ou não?! Que se dane Snape e suas insinuações!"
Já estava em sua base, quando Dawlish se dirigiu para ela.
– Ô Tonks! – chamou-a.
– Que foi?
– Onde você estava? Te vi indo em direção à Hogwarts.
– Não lhe interessa, Dawlish. Só estava verificando, afinal é para isso que estamos aqui, não?
– Hum... – e foi embora, caminhando em frente.
Tonks olhou no relógio, já era quase onze horas. Às onze horas terminava sua rota.
Ficou pensativa novamente. Para onde iria depois dali? "Para casa de Dona Andrômeda não." Pensou. "Muito menos para a minha. Então é isso, vou ver como são os bares trouxas. Vou naquele da rua trouxa do Caldeirão Furado." Ela se lembrou que uma vez, passou tarde por aquela rua, mais ou menos à meia-noite, e ouviu músicas suaves e bonitas. Era exatamente o que estava precisando.
Deu mais uma olhada no relógio e já era onze e dez. Seu substituto já deveria estar ali. Então Tonks andou até Savage, que estava à vista dela, e perguntou:
– Meu substituto, que não sei quem é, já chegou? Posso ir?
– Já chegou sim. Pode ir. Boa noite Tonks e te cuida.
– Valeu. Boa noite pra você também.
E caminhou até uma rua de Hogsmeade, perto do Cabeça de Javali para aparatar.


Capítulo Seis
Uns Drinques a Mais

Remus estava em uma mesa no bar de Tom, o Caldeirão Furado. Essas semanas ele tinha andado com seus iguais, lobisomens, mas ali estava ele, querendo se distrair um pouco de sua tarefa na Ordem da Fênix.
Tomou um copo de cerveja amanteigada, que apesar de não ser de madame Rosmerta, estava deliciosa. Quando deixou o copo na mesa, enxergou uma garota parecidíssima com Tonks.
Pensou por um momento estar vendo coisas de tanto pensar na garota. E lembrou-se de um livro que leu a uns meses, que dizia a seguinte frase: você atrai o que você pensa. “Será possível ter sido mesmo Tonks? Melhor eu checar isso.” Pensou Lupin. Foi até o balcão do bar-hospedaria e perguntou a Tom:
– Tom, por algum acaso, passou uma garota por aqui há uns minutos?
– Oh, sim, sim. Aquela auror. – respondeu Tom, limpando o balcão.
– Auror, é? E você sabe para onde ela foi? – perguntou ele como se não quisesse saber para onde a garota tinha ido.
– Atravessou para a rua dos trouxas.
– Ahh, bem. Obrigado.
– De nada. – Tom respondeu olhando de esguelha para Lupin.
Lupin seguiu correndo para a rua dos trouxas. Quando chegou lá, viu Tonks em uma porta de um bar quase em frente do Caldeirão Furado. Seguiu até o bar.
O lugar estava meio cheio, era pequeno, com várias mesinhas com cadeiras, e um balcão enorme, que tomava uma parede do bar inteiro, com vários banquinhos de bar. Tinha também um pequeno palco no extremo do bar, onde dois homens cantavam e tocavam sax.
Em um dos banquinhos do balcão do bar, Lupin avistou Tonks, mas não queria falar com ela, queria apenas olhá-la. Então resolveu sentar-se na mesinha mais distante de Tonks, mas que ainda desse para enxergá-la.

Tonks já se encontrava no bar. Ela entrou, olhou fascinada para o lugar, que era bem diferente do Caldeirão Furado, e se sentou em um dos banquinhos que estavam postos em um enorme balcão. Quando se sentou, um rapaz veio de trás do balcão e perguntou:
– O que vai beber, senhorita? Temos de tudo.
Tonks ficou olhando o rapaz falar os diversos tipos de bebidas que tinha. Ela não reconhecia o nome nem da metade. Enquanto falava as bebidas o rapaz girava garrafas na mão e fazia malabarismo com elas, enquanto ainda preparava bebidas. Era divertido, pensou Tonks.
– E então, o que a senhorita vai querer?
– Bem... ah, me dê essa que você preparou, vou provar.
– Não sei não, senhorita. Essa é meio forte. A senhorita não tem cara de que costuma beber, então...
– Não, não. Eu agüento. Pode me dar, beleza?
– OK, a senhorita é quem manda. Mas depois não diga que não lhe avisei. Então, que sabor?
– Hum, laranja com cenoura.
– OK, um laranja com cenoura saindo! – disse o rapaz.
E foi a bebida mais gostosa (depois de cerveja amanteigada, é claro) que já tomou. Era doce, mas ao mesmo tempo muito forte. Dava um ardor na garganta, mas fazia a pessoa querer mais. Foi aí que ela prestou atenção no ambiente. Viu os dois homens, um tocando um sax e o outro cantando, e ouviu a letra da música que eles estavam tocando:

When somebody loves you
Quando alguém te ama
It's no good unless he loves you
Isso não é bom a menos que ele te ame

All the way
De todos os modos
Happy to be near you
Feliz por ele estar perto de você
When you need someone to cheer you
Quando você precisa de alguém para te incentivar
All the way
De todos os modos
Taller than the tallest tree is
Mais alto que a mais alta árvore
That's how it's got to feel
É assim que deve se sentir
Deeper than the deep blue sea is
Mais fundo que o profundo mar azul
That's how deep it goes if it's real
É essa sua profundidade se ele for real
When somebody needs you
Quando alguém precisa de você
It's no good unless she needs you
Isso não é bom a menos que ela precise de você
All the way
De todos os modos
Through the good or lean years
Através dos bons e maus anos
And for all those in between us, come what say
E que tudo entre nós, venha como tiver que ser
Who knows where the road will lead us
Quem sabe onde esta estrada nos levará
Only a fool would say
Só um tolo diria
But if you let me love you
Mas se você me deixar te amar
It's for sure i'm gonna love you
É certo que eu vou te amar
All the way
De todos os modos
When somebody needs you
Quando alguém precisa de você

Ficou mais triste ainda e chorou um pouquinho. Identificou-se com aquela música. Será que se Remus ouvisse essa música, se lembraria dela?
– Pode trazzer mais um dessse? – pediu ela ao barman, já não estando em seu estado normal.
Ela já tinha perdido a conta de quantos drinques daquele havia tomado.
– Humm... OK. – falou o barman meio incerto.
Lupin estava observando Tonks. "Ela já está meio bêbada." Pensou ele. "Quer dizer, já está bêbada! Será que ela ainda está assim por causa... de nós dois? Melhor eu ir lá falar com ela e evitar dela fazer alguma besteira." Lupin se levantou da mesinha em que estava e foi até o balcão do bar.
– Ahh... Tonks?
– Remus... vozê porr aqui?
– Vamos embora, Tonks. Eu te acompanho até sua casa.
– Mas eu...
– Não, não, não, Tonks. Você já bebeu o suficiente. Vamos. – disse Lupin sério.
– Ah, tudo bem. Ah! E quanto deu? – perguntou Tonks para o ocupado barman.
– Hoje, batida liberada para as damas até três horas da manhã! – disse o barman para Tonks, girando garrafas no ar – Estratégia de marketing, sabe? – acrescentou ele, ao ver a cara de descrença de Tonks.
– Ahh! E porr quê vozê não me avisô antes?!
Tonks e o barman riram, mas Lupin continuara sério. Pelo visto ela estava mesmo bêbada, pensou Lupin, pois ria de um jeito que não era o dela.
– Vamos logo. – disse Lupin a ela.
Tonks desceu do banquinho quase caindo, se não fosse Lupin a segurar.
– Opss, acho que tô meio tonta. – disse ela enquanto se encaminharam à porta.
Lupin a segurava pelos ombros, conseqüentemente a abraçando.
– Meio é?
– Tudo culpa zua! – disse ela, muito bêbada, batendo seu dedo indicador no peito de Lupin, já chegando ao Caldeirão Furado.
– Uhum... Pronto, segura firme em mim. Se você conseguir, né?
– Conzigo sim! – respondeu Tonks.
E aparataram na casa de Tonks. Lupin estava praticamente a carregando em seus ombros. Mal abriu a porta da casa, Tonks vomitou.
– Ai! Tá vendo no que dá beber além da conta?! Acho melhor você ir tomar um banho frio, para ver se passa um pouco.
Tonks estava limpando a boca nas vestes.
– E vozê pode me azudár? – perguntou ela para Lupin.
– E eu tenho escolha? Você mal consegue andar! – disse ele meio com medo.
"Dar banho nela significa que vou ter que vê-la despida ou algo parecido?" Perguntava ele a si mesmo em pensamento. Ela começou a se despir pesadamente.
– Err... Eu vou ligar o chuveiro, já volto. – disse Lupin.
– Uhum...
Lupin foi até o banheiro. Sabia onde era de tantas vezes que fora à casa de Tonks no ano passado. Ligou o chuveiro e voltou à sala. Tonks estava largada no sofá apenas de calcinha e sutiã. Lupin gelou. Nunca a tinha visto tão intimamente.
– Já, Tonks. Vamos. – disse Lupin, odiou como sua voz saiu rouca.
– Uhum... - disse ela, aparentando não estar nada bem.
Lupin a carregou pelos ombros, como a trouxe para casa, até o banheiro. Estava meio sem graça de tocá-la, pois ela estava apenas de roupas íntimas, e ele, tendo que carregá-la, estava tocando suas costas e sua barriga. Chegaram ao banheiro com muita dificuldade e Lupin a colocou debaixo do chuveiro.
– Aiinn! Tá gelada! – exclamou Tonks com um arrepio.
– É para ver se você acorda.
Tonks estava muito tonta. Sentia a água gelada cair sobre seu corpo e sentia a mão quente de Lupin acariciando suas costas. Ela sentia que estava prestes a vomitar, e mal sentiu a vontade, vomitou. Sentiu o braço de Lupin passar pela sua cintura e a segurar, e sentiu a outra mão de Lupin esfregar suas costas. E ouvia de relance ele falar coisas como “calma, vai passar”.
Lupin desligou o chuveiro. Tonks sentia que ia desmaiar, mas já estava melhorzinha, pelo menos não sentia mais vontade de vomitar.
Lupin, vendo que ela estava quase desmaiada, enrolou-a na toalha e a carregou em seus braços até seu quarto. Colocou-a na cama e remexeu em seu guarda-roupa. Pegou uma blusa larga e branca, que parecia ser de trouxa, e uma parte de baixo de pijama, uma calça cinza e larga de algodão. Ele não podia negar, estava meio nervoso por ver a mulher que amava bem à sua frente, apenas com roupas íntimas. A ajudou a se vestir praticamente a vestindo.
Tonks estava muito indisposta até para se vestir. Depois que a vestiu, ele a endireitou na cama e ela levou a mão à cabeça. “Com certeza ela está com dor de cabeça.” Pensou Lupin. Então Lupin resolveu ir até à cozinha para ver se ela tinha algum remédio ou poção para dor de cabeça. Quando estava saindo pela porta ouviu Tonks murmurar.
– Você vai embora?
– Olha, já está conseguindo falar direito!
– Há, há, há. Engraçadinho. – disse ela lá da cama, com a voz manhosa de cansaço e sono. – E então, você já vai?
– Não, vou buscar um remédio para dor de cabeça pra você.
– Uhumm... só não me deixe aqui sozinha, Remus. – disse com muito sono, quase de olhos fechados
– Não se preocupe, não deixarei. – disse Lupin.
Com isso se dirigiu à cozinha, lá ele encontrou uma poção para dor de cabeça, pegou a poção e mais um copo de água e se dirigiu de volta ao quarto.
– Tonks? Acorde! – disse Lupin calmo e amavelmente ao ouvido de Tonks.
– Humm? – resmungou ela.
– Aqui, a poção. Tome, se sentirá melhor.
Ele a ajudou a se sentar na cama. Passou seu braço pela cintura dela e a ajudou a tomar a poção. Depois que ela engoliu de uma vez a poção e tomou o copo de água que Lupin deu à sua mão, encostou sua cabeça no ombro dele, se aninhando e fechando os olhos.
– Fica aqui comigo? Senti tanto a sua falta essas semanas... Acho que foi por isso que bebi, para ver se te esqueço, mas né...
Lupin não podia ficar. Mas se sentia imensamente culpado pelo estado de Tonks, e deixá-la sozinha naquele estado não era muito recomendável.
– Fico, Ninfadora.
Deu um sorrisinho enviesado e se aninhou mais em Lupin, mas ele se desvencilhou.
– Melhor você dormir. Boa noite, Ninfadora. – disse ele ajeitando-a na cama.
– Uhumm... só não me chame de Ninfadora, por fa... – Tonks nem terminou a frase, acabou dormindo antes.
Lupin se sentou em uma poltrona que havia no quarto dela, e adormeceu.
Tonks acordou e se viu em seu quarto. Por um momento não sabia como tinha ido parar lá, mas de repente se lembrou de tudo, quando viu Lupin em sua poltrona. Ela podia sentir seu rosto corar de tanta vergonha. Como pôde ficar bêbada? E ele, como pôde ficar depois de tudo que fez para ela? Será que ele queria uma espécie de amizade colorida? Porque se fosse, não suportaria...
– Ahh... Lupin? – disse ela passando a mão pelo rosto dele.
– Ai! Tonks... – sobressaltou-se Lupin.
– Bem... É... Sem comentários sobre ontem. Bem, muito obrigada por tudo tá? – disse ela, ainda envergonhada, ela estava com um pingo de raiva de si mesma por Lupin tê-la visto assim por causa dele.
– Claro, de nada. Só vê se não apronta mais, hein, Ninfadora!
Tonks deu um sorrisinho enviesado.
– Tudo bem.
– Bem, agora já vou... Muita coisa a fazer para a Ordem.
– Ah! Mas antes me deixa pelo menos te servir um café da manhã?
– Não, Ninfadora. Tenho que ir mesmo. – disse ele – E mais uma coisa. Eu não valho tudo isso, Tonks. Te cuida mesmo, não quero ver você tão triste assim, muito menos doente.
– Eu também não, Remo. – disse Tonks, agora séria. – Mas o quê fazer?! Eu só queria ter você pra mim...
Ele baixou a cabeça, se virou de costas para ela e saiu do quarto. Tonks logo atrás.
Agora, Tonks não sabia de onde vinha sua raiva, achou que ainda podia ser efeito da bebida da noite anterior.
– Ah! É assim?! Medroso! – gritou ela para Lupin, ainda na sala. – E mais uma coisa! – acrescentou quando Lupin já estava saindo pela porta da frente. – Eu estou morrendo aos poucos por sua tolice! E se eu morrer, porque depressão mata, sabia?! A culpa será inteiramente sua!!
E Lupin desapareceu de vista, dobrando a rua da esquina.
Assim que ela acabou de gritar e Lupin desapareceu de vista, Tonks bateu com violência a porta da frente (o que fez muitos vizinhos esticarem o pescoço para ver o que estava acontecendo) e se escorou nela, e chorou desesperadamente, caindo lentamente para o chão.
– Por quê?! Por que tem que ser assim?! Por que, por que, por que? – falou Tonks para si mesma, ainda chorando desesperadamente.
Ficou assim por mais uns dez minutos e depois falou para si mesma “Te orienta, mulher! Você não pode ficar chorando assim! Simplesmente não pode.”. E enxugou os olhos, agora inchados.
Estava decidida, séria. Não queria mais chorar, mas também não sentia a mínima vontade de sorrir. O jeito era insistir. Ia lutar pelo seu amor. Não ia deixar de ser feliz por preconceitos. “Tenho que trabalhar esta tarde no Beco Diagonal, mas nada de bares!” pensou Tonks.


Capítulo Sete
Relutantes Lembranças


Novembro chegou arrastando uma névoa fria, e trouxe consigo uma triste Tonks. Ela não tinha uma folga há dois meses, mas finalmente conseguiu dois dias de folga do Ministério e da Ordem, o que era realmente raro. Estava em seu antigo quarto na casa de seus pais, tinha aproveitado a folga para fazer-lhes uma visita.
Pegou uma caixa que guardava em um criado mudo, a caixa que continha os momentos mais marcantes de sua vida, como fotos, objetos e recortes de jornais. Sentou-se na beira da cama com a caixa, abriu-a e viu uma manchete de jornal que dizia "Morte no Ministério". Era sobre a morte de Sirius.
Seus olhos encheram de lágrimas pensando no primo, tirou a manchete do topo e viu uma foto que estava sob ela. Era uma foto dela com uma de suas melhores amigas de Hogwarts. Estavam pulando na foto e acenando freneticamente. Tonks loira e de olhos verdes. Riu ao ver a foto e se lembrar dos tempos de Hogwarts. Deixou a foto de lado perto da manchete de Sirius e pegou a próxima foto. E lá estavam ela e Lupin, abraçados na sala do Largo Grimmauld. Estavam se beijando. Ela sentiu uma tristeza por não provar mais daquele beijo, mas riu ao se lembrar da cena.

~Flashback~

Tonks e Lupin estavam na sala do Largo Grimmauld. Lupin estava acariciando o rosto de Tonks com a mão, preparando-se para beijá-la. Ela sentiu todos os pêlos arrepiarem quando a mão quente de Lupin acariciou seu rosto. Então ela o beijou, ficaram uns dois minutos se beijando no sofá quando...
FLASH!
– Ohhhh! – exclamou Tonks.
– SIRIUS!! – gritou Lupin.
Tonks estava gargalhando, pois Sirius estava rindo e correndo com a máquina na mão e Lupin correndo atrás dele.
~Fim do Flashback~


Aquele dia tinha sido muito engraçado, Tonks se divertia com a lembrança, mas logo pensou em Lupin, já não o via há quase dois meses. Ficou olhando aquela foto, um casal se beijando cada vez mais e depois se exclamando de susto. Ela não agüentou, começou a chorar. Pegou a foto com violência e pensou em rasgá-la, mas viu que não conseguiria. Então a jogou junto com a manchete a outra foto dentro da caixa, guardando tudo de volta ao criado mudo. Sentou-se na cama, tentando conter o choro.
Alguém bateu à porta.
- Dora, eu e a tia Drômeda... - uma criança de cabelos longos e cacheados e intensos olhos azuis entrou saltitando no quarto, assustando Tonks - Dora, você está chorando?
- Ah não, Alana. Só caiu um cisco no meu olho. O que você estava dizendo mesmo?
- Que eu e tia Drômeda fizemos o bolo. E ela me deixou fazer um feitiço! Saiu errado, mas tudo bem, eu não me machuquei e nem quebrei nada na cozinha.
- Ai ai... Você só tem dez anos. Não pode fazer magia fora da escola. Aliás, você nem vai pra escola ainda!
- Ok. Vem logo comer! Tia Drômeda tá te esperando. - a menina abraçou Tonks, que retribuiu beijando sua bochecha, e saiu do quarto.
Tonks tinha esquecido que aquele dia era aniversário de sua mãe! Era por isso que Alana, afilhada de Andrômeda, estava em casa desde cedo. Não teve tempo nem cabeça para comprar algum presente, e o fato dela ter resolvido dormir na casa de seus pais na noite passada tinha sido apenas uma incrível coincidência. Pelo menos sua mãe não pensaria que Tonks tinha esquecido de seu aniversário.
Tonks desceu as escadas de cabeça baixa e avistou sua mãe ao pé da escada. Ela deve ter percebido que a filha andara chorando, porque quando Tonks chegou ao pé da escada, ela abriu seus braços e envolveu a filha num abraço apertado. Tonks até tentou conter o choro, mas não o conseguiu por muito tempo. Com um abraço desses, sua mãe acabaria percebendo sua aflição.
- Ô minha filha, o que está acontecendo? Faz tempo que venho notando essa sua angústia... - Andrômeda disse ainda abraçada à filha, que chorava soluçante.
-Ah, mã-mãe... Estou sofre-endo por amoooor. - Tonks disse com dificuldade.
- Ah, minha filha. Por amor? Essa é a pior das dores.
Tonks se desvencilhou dos braços da mãe.
- Mas não se preocupe, mãe. Eu supero. - ela tentou sorrir.
- Então tá. Mas saiba que eu estou sempre aqui, filha. Sua mãe é sua melhor amiga.
- Ah, mãããe... - Tonks abraçou a mãe novamente - Mas e então, aniversariante, cadê o bolo? - ela abriu um sorriso largo.
- Ah, que bom ver esse seu sorriso! Vamos logo pra cozinha. Espero que Ted não tenha conspirado com Alana para comer toda a cobertura!
Tonks se sentiu feliz como não se sentia mais há anos.

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Enquanto isso, Remus Lupin estava sentado no sofá da Toca a convite de Arthur Weasley. Aproveitou e deu seus relatórios a Arthur, ele não iria a reunião da Ordem na noite seguinte, era lua cheia.
Estavam na sala, Gui, Arthur e Remus. Arthur estava contando as novidades do Ministério aos dois, mas Lupin estava meio aéreo, tudo o que o senhor Weasley falava entrava por um ouvido e saía pelo outro. Estava com os pensamentos na pessoa que mais queria esquecer, Tonks. Por que ainda pensava nela? Ele sabia a resposta, era porque a amava, sabia que ela o amava também, mas queria mudar esse fato.
- Remus? - Molly Weasley tinha entrado na sala sem que ele a percebesse - Estava limpando um álbum do Sirius e vi esta foto aqui. - ela entregou a foto a ele - Achei que gostaria de tê-la. Deve significar algo pra você. Ou pelo menos deveria.
- Ah...
Ele perdeu as palavras quando viu a foto. Era uma foto dele com Tonks na sala do largo Grimmauld. Ele não tinha nem expressão ao ver a felicidade de Tonks na foto. Não a viu mais desde aquele doloroso dia em que terminou com ela.
- E então, quer ficar com ela?
Gui e Arthur olhavam para Lupin, esperando sua reação.
- O quê? Com quem?
- A foto, Remus. Você vai querer ficar com ela?
- Ah sim. Vou...
- Ótimo. Arthur, vou arrumar lá em cima.
- OK, querida. - Arthur Weasley ainda olhava para Lupin, o clima da sala estava tenso.
Então a senhora Weasley subiu e a sala ficou em silêncio total, cortado apenas pela respiração dos três homens.
- Remus, eu não entendo. Se você a ama, e ela o ama também, e já até ficaram juntos, por que não agora? - Gui perguntou calmamente para Lupin.
- Ah, é que... Bem, eu já expliquei pra ela porque não dá, Gui. - Lupin respondeu aturdido.
- É. E parece que ela não aceitou o seu motivo, certo? Das poucas vezes que a vi, ela tinha uma expressão de dar dó.
- Sei. Esse drama todo é porque ela é teimosa. Ela não pensa no futuro, só se deixa levar pelo presente.
- Gui, você está se intrometendo. - Arthur tentou cortar o clima tenso.
- OK. E Greyback, Remus? Como estão indo as coisas com ele?
- Estou conseguindo observar muita coisa, mas eles já estão desconfiados de mim. Parece que souberam que eu já dei aula em Hogwarts.
- Nossa! E você ainda vai até lá hoje? - Gui perguntou.
- Tenho que ir. Mas acho que consigo contornar a situação até janeiro. Se eu tiver sorte, posso ficar até quando Dumbledore achar necessário.
Arthur suspirou.
- Acho que já vou indo. - Lupin se levantou.
- Virá passar o natal conosco, certo? - o senhor Weasley perguntou, apertando a mão de Lupin e o acompanhando até a porta.
- Tudo bem. Se Molly não aprontar...
- Não se preocupe. Ela não irá. Palavra de honra!
- OK. Até o natal, Arthur.
- Até.
E Lupin foi para o lugar onde sempre aparatava e desaparatava. Pensou um pouco antes de ir e desaparatou.

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- Hoje é natal. Estou de folga. - Tonks se espreguiçou, animada - Putz, ainda tenho que comprar os presentes. Melhor ir ao Beco Diagonal, espero que aquela lojinha não esteja fechada.
Ela conversava consigo mesma enquanto se vestia. Minutos depois, estava no Beco Diagonal. Andando pela rua principal, próximo à farmácia, ela encontrou um conhecido. Esticou o pescoço para verificar se era mesmo a pessoa que estava pensando, e era, Remus Lupin. Ela gelou e sua alegria matinal passou quase instantaneamente. Foi como se um balde de água fria tivesse caído em sua cabeça. Lembrou-se de como foi dormir triste e com o rosto incahdo de tanto chorar por ele. Rapidamente, ela entrou na farmácia, tentando se esconder, olhando para o chão. Quando achou que ele já tinha passado e se virou para sair da farmácia, quase deu de cara com ele entrando no recinto. "E agora? Como eu saio daqui sem que ele me veja? E por que estou me escondendo?"
Ela ficou escondida atrás de uma estante de ingredientes, olhando curiosa entre as pequenas brechas da estante.
- Minha querida...
- AI! - Tonks se assustou com a senhora de cabelos brancos a cutucando nas costas de repente.
- Precisa de ajuda para achar o que procura? - a senhora lhe perguntou.
- Não, obrigada. Só estou dando uma olhadinha mesmo. - ela respondeu muito nervosa, olhando de um lado para o outro.
De tão nervosa que estava, tropeçou em seu próprio pé quando tentou sair de trás da estante e caiu de quatro no chão, fazendo muito barulho.
- Querida, você está bem? Se machucou? - a senhora a olhava no chão.
- Sim...
Tonks correu, tentando se esconder, para fora da loja.
Estava andando a passos largos no estreito Beco Diagonal. Entrou na loja de madame Malkin, precisava comprar uma veste a rigor para o natal, pois toda sua família ia estar reunida. Eram praticamente todos trouxas, mas ela não estava nem um pouco a fim de ir à festa de natal.
Molly Weasley a tinha convidado para passar o natal na Toca, ela tinha convidado Remus e ele já tinha aceitado o convite. Primeiro, ela pensou em aceitar, mas pensou melhor e não queria mais sofrer por causa dele. Então, disse que não, dizendo a Molly que preferia passar o natal sozinha.
- Olá, posso ajudá-la? - madame Malkin veio atender Tonks.
- Ah sim. - Tonks respondeu sem tirar os olhos da rua - Bem, eu preciso de uma veste a rigor bem bonita. Sabe, para o natal.
- Oh, claro. Tem vestidos lindos aqui, venha ver. - a mulher agitou a varinha em direção aos vestidos pendurados.
- Oh, sim, odeio vestidos... - Tonks sussurrou para si mesma.
- O que disse?
- Nada não. Olhe, acho que vou experimentar esse aqui.
Tonks pegou um vestido realmente bonito. Era lilás, de alças finas, com uma faixa de pedrinhas douradas amarradas nas costas, embaixo do busto. O comprimento era um pouco abaixo do oelho.
- Ótimo. Entre ali e vamos ver como fica.
- Uhum. - Tonks respondeu indo em direção ao provador.
- Nossa, ficou maravilhoso em você. - madame Malkin disse quando Tonks abriu a cortina do provador para mostrar com tinha ficado.
- Ficou mesmo. Acho que vai ser esse aqui. - ela olhava-se no espelho, crítica.
- Não quer ver mais nenhum?
- Não. Tô sem tempo. Vai ser esse mesmo.
Tonks passou a manhã no Beco Diagonal, tomando cuidado para não dar de cara com Lupin de novo.

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Lupin acabou de chegar em casa. Estava no Beco Diagonal para comprar ingredientes para a Poção Mata-cão. Ele estava desconfiado de que a garota que tinha visto na loja de madame Malkin era Tonks, mas Tonks não usaria um vestido daqueles. Lupin achava que ia morrer sem ver Tonks vestida daquele jeito, mas ela estava linda. Ele parecia meio surpreso. Será que Molly a tinha convidado para passar o natal na Toca? Se sim, ele esperava que ela se contivesse, e ele também.


Capítulo Oito
Um Presente de Natal


Tonks estava se arrumando para o Natal muito tristemente. Não queria comemorar o Natal, só iria mesmo por causa de seus pais. No dia anterior, ela tinha visitado Molly, para lhe dar seu presente: um livro com um lindo cartão de Natal a agradecendo por tudo que ela tinha feito pela amiga, o que fez Molly chorar. Ela também tinha deixado com Molly o presente de Lupin, somente um cartão de Natal em que Tonks tinha se permitido desabafar, já que ele passaria o Natal na Toca.
- Nove horas. Melhor eu ir. - disse ela para si mesma.
Já se encontrava na casa de seus pais. A casa estava cheia. Com sorte não notariam sua chegada, mas infelizmente, quando entrou no quintal sua avó paterna já começou a exclamar:
- Ninfadora! Nossa, como cresceu! Venha cá dar um beijo na vovó.
- Oi, vó. - Tonks foi até a avó e a abraçou apertado.
- E aí, Dora? - Rian, um primo metido e seu ex-namorado cumprimentou-a.
Rian e Ninfadora eram os únicos bruxos da família Tonks.
- Ah, oi. - Tonks respondeu de má vontade, não o suportava.
- Mas que oi mais feio, senhorita Tonks. Venha até aqui dar um abraço no seu priminho querido.
- Me solta, Rian! Você não dá valor ao que tem entre as pernas? - Tonks soou muito brava, mas mal se agüentava por dentro quando lembrou da bela azaração que jogou no primo em seu lugar mais querido.
- Ô, como se desse pra esquecer... - ele respondeu meio sem jeito, se afastando dela.
Tonks foi até a cozinha, onde se encontrou com sua mãe.
- Oi, filha. Que bom que veio. Hey, mocinha, que cara é essa? É natal, anime-se! - Andrômeda disse à sua filha.
- Ah, mãe. Eu não queria estar aqui, me desculpe. Não estou em clima de festas esse ano. - Tonks disse cansada e triste, se apoiando no balcão.
- Tudo bem, querida. Se não quiser ficar até a ceia, pelo menos leve algo consigo para comer.
- Então, posso ir? A senhora não vai ficar chateada comigo? - Tonks pergountou, supresa com a reação da mãe.
- Pode ir, filha. Eu não acho que isso te fará bem, mas fazer o que, né?
- Não vai ficar chateada?
- Não, querida. Pode ir.
- Obrigada, mãe. Deixei os presentes, todos identificados, na sala. Só entreguei o da vovó.
- Tudo bem. - Andrômeda respondeu virada para o fogão - Gostou do presente que te dei?
- Adorei, mãe. É lindo. Então, tchau.
Tonks deu uma abraço apertado na mãe e desejou feliz natal. Ted Tonks entrou na cozinha nesse momento.
- Pai, eu já vou! Te amo muito, tá? Feliz natal. Eu te amo.
E foi embora sem ao menos esperar o pai responder.

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Remus Lupin chegou à Toca. Assim que colocou o pé na casa, ficou observando. Cumprimentava os amigos monotonamente, sem nenhuma emoção. Será que Tonks estaria lá? Será que ela já estava lá?
- Remus, poderia me acompanhar um instante? - Molly Weasley perguntou, tirando Lupin de sua conversa com Harry e Rony.
- Claro, Molly.
Molly o levou para a cozinha, abriu um armário e com um aceno de varinha fez um cartão levitar até as mãos de Lupin.
- O que é isso, Molly? - ele perguntou intrigado.
- Um cartão de natal. Presente de Tonks. - seu tom era reprovador.
- Ah sim. - ele respondeu meio sem jeito.
- Então, eu vou voltar para a sala.
Lupin queria muito abrir o cartão logo, então preferiu lê-lo ali, sozinho na cozinha. Abriu o cartão, que era muito bonito, com uma Hogsmeade cheia de neve e efeitos de Natal, e com as pessoas se mexendo fazendo compras. Dentro, Lupin reconheceu a letra de Tonks.

Lembro-me bem do dia em que nos conhecemos
Não sei se foi por proteção ou por implicância
Você me queria fora dali.
Mas sou muito útil, e fui aceita.
Trabalhamos muito tempo juntos sem nos falarmos
E eu o olhava com pena, pois sabia de seu problema.
E quando nos falamos pela primeira vez
Parece que acendeu uma luz dentro de mim.
Todos sabem o quanto sou desastrada.
E quando derrubei aquele santo suco em você
E ficamos corpo a corpo, cara a cara.
Aprofundei-me naqueles olhos cor de âmbar
E foi mais forte que eu
Apaixonei-me perdidamente por aquele homem.
E hoje estamos aqui, todos já sabem do nosso intenso amor,
Que você repudiou tanto,
Que você quis tanto esconder
Você vive dizendo que é velho demais, pobre demais, perigoso demais.
Mas eu não me importo.
Doze anos não é muito, dinheiro não é tudo,
E eu não sou mais criança,
Sei me cuidar e posso cuidar de você.
E não adianta esconder ou ignorar, nossos destinos já se traçaram.
Sempre irei te amar,
Mesmo você me fazendo chorar todo esse tempo.
O que me dá esperanças para viver,
É saber que você também me ama.
E os dias que passamos juntos foram os melhores de nossas vidas,
E que um faz parte do outro,
Que não podemos ser felizes assim tão distantes.
E hoje posso dizer que a única pessoa que desejo é eternamente você


Ele ficou sem pensamentos, sem palavras, sem chão. A poesia que Tonks escreveu era linda, ele sabia que ela tinha escrito seus sentimentos mais profundos nela. Se sentia mal por estar fazendo-a se sentir daquele jeito. Queria muito que nada disso estivesse acontecendo, ou que só pudesse ficar com ela. Mas ele só estava pensando no bem dela, e o bem dela não seria ao seu lado.
Guardou o cartão em seu bolso e voltou para a sala. Ele se sentou, contemplando a lareira e não pensando em nada além de Tonks e o cartão que ela deu a ele. Ele não tinha sequer pensado em um presente a ela.
Lupin agora escutava atentamente uma conversa de Arthur Weasley com Harry, ele acabou se metendo na conversa. No final, ao invés de Arthur, ele ficou conversando com Harry. Estavam falando de Snape e Malfoy e a conversa tinha ido parar em Greyback.
Quando as "crianças" subiram pra se deitar, Lupin aproveitou para ir embora. Na verdade, ele queria muito ir embora. Aquela conversa toda com Harry o deixou num humor não muito bom, e ele já estava afetado e com o cartão de Tonks para completar a noite...
- Bom, já vou. - ele disse se despedindo de Arthur e Molly - E obrigado pelo jantar, estava maravilhoso.
- Ah, de nada. Você vem amanhã para o almoço de natal, certo?
- Claro, Molly. - e sorriu enviesado.
- Boa noite, Remus. - Arthur disse acenando.
- Boa noite.
Lupin chegou em casa acabado emocionalmente. Tudo estava afetando seu corpo. Estava mais magro do que nunca e com uma aparência terrível. Não conseguiu dormir, rolava na cama, somente pensando em Tonks. Quando tentava não pensar nela, pensamentos ruins vinham a sua mente como a lua cheia, a Ordem... Então, preferia ficar pensando nela, era mais agradável, porém doloroso.
Nesse mesmo instante, Tonks estava em sua casa, também em sua cama, pensando em Lupin. Como ele queria poder passar o natal com ele, perto dele. Seria ótimo para aliviar todo esse estresse que vinha sentindo por culpa do trabalho. Mas ela já estava quase perdendo as esperanças. Ela pensava: "Eu nunca fui mulher de desistir. Com fé, sempre consegui o que queria. Não é dessa vez que vou falhar."

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Era dia vinte e cinco, natal. Tonks tinha sido convidada para passar o natal na Toca, mas negou o convite. Ia passar o natal sozinha, em sua casa, que ficava próxima ao Ministério da Magia.
Ficou pensando se Remus tinha recebido seu cartão, e na sua reação ao lê-lo. Estava sentada, comendo porcarias da Dedosdemel e de uma loja de chocolates trouxa. Ela não se alimentava mais direito, mal sentia fome, e quando sentia, comia chocolates, sorvetes, comia sanduíches na rua. Suas únicas refeições decentes eram as de quando ia comer na Toca ou na casa de seus pais. Não era bem assim que Tonks pretendia passar o natal, ficou lá sentada em frente a lareira, por horas, pensando em como seria o natal se Remus estivesse ali ao seu lado.
Por outro lado, Lupin almoçou na Toca com os Weasley, Harry e Hermione. Molly demonstrou certa raiva no almoço com o "assunto Tonks". Harry também tinha perguntado por que razão o patrono de Tonks tinha mudado, e Lupin se sentiu imensamente culpado, afinal, era por causa do choque emocional que ele tinha causado a ela que ela não conseguia mais se metamorfosear. A mudança de seu patrono também era por causa de seu choque.
Agora ele estava em sua casa, contemplando as profundezas de sua lareira e pensando em Tonks. Desde a noite de natal, quando recebera o presente de Tonks, ficou com a consciência pesada. Não deu nada pra ela. Nem sequer tinha respondido o cartão.
A voz de Molly ecoou em sua cabeça, e ele teve a idéia de ir visitá-la em casa. Pelo menos para lhe desejar feliz natal.
Na verdade, ele queria realmente vê-la. Sentia falta de sua voz, de sua ternura, de sua alegria, e sabia que talvez não encontraria nada disso.

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A campainha soou. Tonks acordou de seus devaneios, se levantou da cadeira estabanada e acabou tropeçando, quase caindo no chão.
- Quem é?
- Sou eu. Remus.
O que ele estava fazendo ali? Tonks começou a se preocupar com sua aparência, mas foi abrir a porta.
- Olá. - Lupin a cumprimentou, com as mãos nos bolsos do casaco.
- Oi. - disse Tonks olhando para o chão.
- Posso entrar? - ele perguntou olhando nos olhos dela.
Podia perceber que eseus olhos estavam inchados e vermelhos. Ela tinha com certeza chorado o dia todo.
- Ah, claro. Entre.
Lupin fechou a porta e foi direto em direção a Tonks, que estava de costas para a lareira.
- Ah, feliz natal. - ele disse, tentando iniciar o diálogo.
- Feliz natal. - ela respondeu de cabeça baixa, ainda de frente para a lareira, sem olhar para Remus.
- Recebi seu cartão. - ele disse, vacilante.
- Uhum... - ela não sabia o que dizer.
De repente, Tonks se sentiu envolvida em um abraço aconchegante. Lupin a tinha pegado pelos ombros, a virado na direção dele e dado um forte abraço. Ela não agüentou, se sentia muito bem naquele silencioso abraço, mas começou a chorar.
- Tonks, me perdoe por não poder te fazer minha mulher. Me perdoe. - ele disse, se sentindo mal com a situação, mas bem por poder abraçá-la de novo finalmente.
Ela não respondeu absolutamente nada. Só continuou chorando envolvida nos braços de Lupin. Trinta segundos se passaram e ela reuniu coragem suficiente para falar.
- Eu... Er... Você leu o cartão? - ela disse numa tentativa frustrada de sair daquela história de perdão.
Ela não queria perdoá-lo, queria tê-lo.
- Li. É por isso que vim aqui te ver. - e a soltou.
- Ele não mexeu nem um pouco com você, não é mesmo? - Tonks disse calma.
- Claro que mexeu. É por isso que...
- Que veio aqui dizer que não dá? - ela o interrompeu.
Ele baixou a cabeça.
- Você parece que não entende nunca. Isso é para a sua própria proteção.
- Então, por que você nunca admite? - Tonks perguntou, olhando bem fundo nos olhos de Lupin.
- Admito o quê? - ele não conseguia entender.
- Se tudo isso é somente para a minha proteção, por que não admite que me ama? Aliás, agora, eu não sei nem se algum dia me amou, se me enganou, se me iludiu... - ela disse sem parar para respirar, para ver a resposta que conseguiria obter dele com aquela insinuações.
Ela tinha certeza de que ele a amou.
- Não fale isso. Eu te amo como nunca amei ninguém. E se tô fazendo tudo isso e te vendo sofrer de perto, mesmo te amando, é porque eu te amo e quero somente o seu bem.
Tarde demais. Lupin percebeu que tinha agido com a emoção a flor da pele e falara demais.
Tonks já estava chorando outra vez. Eles foram aproximando os rostos cada vez mais e Lupin não conseguia se afastar, era como se fosse feito de pedra. Só conseguia ficar ali, esperando ela se aproximar, emocionada, de seu rosto. Quando deu por si, estava beijando-a.
O beijo durou apenas dez segundos. Depois dos dez segundos, Lupin a afastou com carinho.
- Não, Tonks, é sério. Eu não sou o suficiente para você. Não sou mesmo.
- Pare! Pare de besteiras. - berrou Tonks, frustrada - Pare... - sua voz foi amansando.
Ele só abaixou a cabeça. Precisava pensar rápido. O que iria fazer? Não podia a deixar nessa frustração como da última vez em que a visitou. Não podia.
- Tonks, por favor. Olhe, não é besteira. Pense. Por favor. Olhe o meu lado, e fique calma.
Ele não resistiu. A abraçou e dava palmadinhas carinhosas em suas costas. Dizia em pensamento "Um dia, irá me agradecer por isso. Você merece um home melhor que eu, querida. Mas eu te amo muito, muito, muito.". Ele a soltou e viu que não tinha como explicar para ela que eles não poderiam ficar juntos. Mesmo que ele dissesse um milhão de vezes.
- Remus, me desculpe se às vezes te coloco contra a parde, mas é que você nunca me dá uma explicação plausível e ainda diz que me ama. Desculpe por não te entender.
Ele ficou em silêncio. A abraçou de novo, um abraço de despedida tão forte que parecia ser pra sempre.
- Tchau, Tonks. A gente se vê. E feliz natal. - ele disse, já na porta.
- Tchau. Feliz natal.
Tonks fechou a porta e sorriu. Apesar da conversa, ela tinha ganhado um ótimo presente de natal. Já tinha se esquecido de como era o beijo dele. Não, com certeza não. Não tinha como esquecer aqueles beijos, mas sentia falta deles. E também tinha descartado a possibilidade dele não amá-la, porque ele tinha admitido que ainda a amava. Então ficou mais feliz. Ainda não tinha desistido dele e falava o tempo todo pra si mesma. "Remus Lupin, você ainda vai ser somente meu."
Por outro lado, Lupin estava muito aborrecido consigo mesmo. "Por que eu não podia ter me segurado? Por que tinha que sempre dar mais esperanças a ela? Remus Lupin, seu grande idiota." Ele dizia para si mesmo nas ruas de Londres. Passou os dedos por seus lábios e se sentiu feliz por tê-la beijado mais uma vez, depois de tanto tempo.


Capítulo Nove
Aventuras e Desventuras


Dumbledore estava pensando em sua sala. Pensando em quem, na Ordem, seria capaz de completar a missão sem danos graves. Ele precisava muito da lembrança daquele velho homem, mas certamente não poderia buscá-la pessoalmente. Sabia que vários integrantes da Ordem iam se voluntariar, mas estava com medo de escolher a pessoa errada. Resolveu seguir os conselhos de Molly Weasley, e decidiu mandar Ninfadora Tonks e Remus Lupin para esta perigosa missão.

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- Senhorita Tonks, na minha sala. Agora. - Kingsley Shacklebolt a chamou, prontamente.
- Claro, senhor Shacklebolt. - respondeu Tonks, meio surpresa.
Seriam assuntos da Ordem ou do Ministério? Tonks estava preocupada.
Na sala de Shacklebolt.
- O que aconteceu, Kingsley? Estou ficando preocupada.
- Calma, não é sua demissão.
- Ainda bem. - disse Tonks dando um sorrisinho enviesado.
- Bom, Dumbledore me pediu para contar. Você e Remus sairão em uma missão. Primeiro, você concorda?
- Remus? Ah, vai... Tudo bem. Então, qual é a missão?
- Vocês terão que ir para esta floresta protegida. - Kingsley colocou um mapa da Grã-Bretanha em cima da mesa e apontou o local circulado com tinta vermelha - E trazer a lembrança desse senhor aqui.
- Ah, moleza.
- Moleza? Você diz isso porque não sabe o que te espera lá.
- E o que me espera lá? - Tonks perguntou, fazendo cara de tédio.
- Como o nome já diz, é uma floresta protegida. Tem trasgos que parecem que são treinados pelo velho, criaturas das trevas, e o pior de tudo, a floresta é a prova de magia!
- Como? Como assim a prova de magia?
Tonks estava assustada. Não podia se enfiar em um floresta cheia de trasgos e criaturas das trevas sem sua varinha.
- Isso mesmo. Nenhum tipo de mágica feita por varinha funciona lá. E mais uma coisa, você parte hoje às nove horas da noite da Toca com Lupin. Ah, e não pode aparatar lá, como você já deve ter entendido.
- Nossa, nossa, nossa... - ela disse, respirando fundo e olhando para o chão, tentando imaginar o que enfrentaria.
- Ah, e outro detalhe. - Kingsley disse, se pondo de pée pondo sua mão direita no ombro de Tonks, olhando diretamente em seus olhos - Vocês terão que pegá-la antes dos Comensais da Morte.
- O QUÊ?
- Não grita! Quer que alguém nos ouça?
- Ok. Mas como é que é? Comensais?
- Isso. E é bem provável que se encontrem. Tomem cuidado, acho que na floresta tem armas como espadas pra vocês, mas infelizmente para os Comensais também.
- Espera aí, que eu ainda tô absorvendo.
- Ok. E olhe, você e Remus irão desaparatar bem aqui. Está vendo? - ele disse apontando para uma parte no mapa.
- Estou.
- O portão fica a cem metros dali.
- Portão?
- É. A floresta é do velho, é cercada. E todo cuidado é pouco. Tenho certeza de que você e Remus conseguirão, afinal, você tem a mão pesada. Vai dar um show se os Comensais aparecerem. Tenho quase certeza de que vão.
- Ai, ok. Posso ir?
- Claro. Boa sorte.
- Valeu.
-Tonks saiu da sala meio aflita. Tinha mesmo que ir nessa missão justo com Lupin? Era uma boa hora para mostrar pra ele do que era capaz, mesmo sem varinha.

~xxxxxxxxxxxxx~


Era quase nove horas da noite. Tonks aparatou no quintal da Toca. Estava nervosa com a missão. Não podia falhar de jeito nenhum.
Apertou a campainha.
- Ah, Tonks, que bom que chegou. Assim poderão partir mais cedo. - Arthur Weasley atendeu a porta.
- Uhum. - Tonks disse entrando na casa e já avistando Lupin.
Era incrível! Por que ela ficava tão nervosa em sua presença? Odiava isso.
- Olá. - cumprimentou Lupin.
- Oi.
- OK. Então, vocês sabem qual o objetivo disso, certo? - Arthur disse se colocando na frente deles.
- Sim. - disseram Lupin e Tonks em uníssomo.
- Capturar a lembrança. E muito cuidado com as criaturas daquela floresta. Cheguem ao senhor Tumnus antes dos Comensais, ok?
- Ok.
- Então levem esse mapa e podem ir agora. Aparatem onde está indicado.
- OK. Obrigado, Arthur. - Lupin disse pegando o mapa.
- Boa sorte. Aos dois.
- Valeu. Tchau, Arthur. Lembranças à Molly. - disse Tonks.
- Pode deixar.
Lupin e Tonks, que mal se olhavam, se encaminharam ao jardim e aparataram.
Estavam em um lugar que parecia uma montanha, cheio de árvores e arbustos. Era muito bonito, mas muito sombrio. Talvez porque fosse noite, mas era de arrepiar.
- OK, de acordo com o mapa, mais cem metros naquela direção. - Lupin disse, apontando para o norte - E estaremos nos portões da tal floresta.
- OK, então vamos. - Tonks respondeu tímida e de cabeça baixa. Ela não agüentava mais aquele silêncio incômodo - Você sabia que é a prova de magia?
- Sim.
- Já pensou no que vai fazer se precisarmos lutar?
- Vamos lutar de forma trouxa.
- Hum...
Mais um momento de silêncio e ela começou a falar novamente:
- Sabe, quando eu tinha catorze anos, eu fiz um curso de férias de esgrima. Sei utilizar muito bem uma espada, acho.
- Que bom, vamos precisar das suas habilidades.
- Hum... Já fiz cursos de férias de tanta coisa...
- Olhe, o portão! - Lupin disse apontando para o que estava vendo.
- É, é agora. - Tonks disse ainda meio nervosa.
Tonks, insistente, tentou abrir o portão com sua varinha. - Não dá, Tonks. - Lupin disse meio impaciente.
- Ai, não custa tentar.
Começaram a andar pela floresta.
- Alguma idéia de como chegar a casa do homem? - perguntou Tonks, olhando pela primeira vez para Lupin, que a olhou de volta.
- Não, nenhuma.
- Olhe, cavalos! - Tonks correu ao encontro dos cavalos.
- Tonks, espere! E se for uma armadilha? Tonks! - Lupin correu ao encalço dela.
Tonks estava acariciando um cavalo branco, belíssimo. Tinha cinco cavalos ali, um branco, dois marrons e dois pretos. Eram todos belíssimos e pareciam muito bem cuidados.
- Estribo, baixeiro, sela, rédea, está todo equipado, como se estivesse nos esperando. Incrível! - Tonks disse com os olhinhos brilhando.
- E veja, tem alguma coisa aqui. - disse Lupin, pegando um saco que estava perto dos cavalos - Nossa, parecem antigüidades. São espadas. Lindas.
- Não sabia que se interessava por espadas. - Tonks disse de esguelha, ainda acariciando o enorme cavalo branco.
- Nem eu sabia que você sabia tanto sobre cavalos.
- Como te falei, eu já fiz curso de tudo... - Tonks disse com um sorrisinho, rodeando o cavalo.
- Bom, vamos montar, certo? - E você acha que eu sei andar de cavalo?
- Aff... bufou Tonks - Vem, monta nesse. Eu te ajudo. - Tonks disse, saltando de seu cavalo e indo de encontro ao cavalo marrom à sua direita.
- Uhum.
Ela foi ajudá-lo e quando segurou sua mão, os dois sentiram um leve arrepio. Tonks mostrou para Lupin como se fazia.
- Você tem que segurar firme. Pise aqui no estribo, passe uma perna para o outro lado e se sente. Pronto, fácil.
- Obrigado, Tonks.
- De nada.
- Mas e agora? Como faço o cavalo andar? - Lupin estava parado em cima do cavalo sem saber o que fazer.
- Ai, Merlim, você não sabe mesmo! Bem, é só bater os dois pés assim. - e seu cavalo começou a andar - Se quiser que trote, que não é o nosso caso, bata assim. - e mostrou de novo, mas logo puxou as rédeas - E se quiser que galope, o que é o nosso caso, é só fazer assim. E mande beijos para o cavalo que ele vai mais rápido, entendeu?
- Ah, sim.
- Bom, então vamos. Você pegou as espadas?
- Sim, estão aqui.
Começaram a galopar rapidamente. Lupin ficou abobado de ver como Tonks cavalgava tão bem. Era linda a paisagem de sua amada cavalgando.
De repente, uma coisa muito grande, que no escuro parecia um monte, tinha se movido e parado na frente deles. O cavalo de Tonks, que estava a frente, se assustou e jogou Tonks para trás, que não resistiu e caiu bruscamente do cavalo. Lupin parou seu cavalo e foi ao seu encontro, que estava atirada no chão, enquanto isso, a criatura que se parecia com um monte ia se aproximando.
- Tonks! Tonks! Você está bem? Tonks! - ele disse bem alto, quase gritando.
- Estou, acho. Devo ter quebrado alguma coisa. - ela virou a perna e viu que estava ferida, sangrando muito - Ops, não quebrou. Mas tá sangrando e doendo.
- Ela parou de falar, pois o monte tinha se aproximado o suficiente para poderem identificá-lo.
- Trasgo, corre! - gritou Lupin se levantando.
Tonks tentou se levantar e correr atrás dele, enquanto o trasgo a perseguia, mas caiu em poucos segundos, pois sua perna estava sagrando e doendo demais. Lupin se virou assim que Tonks caiu e foi até lá. Em um movimento bem rápido, ele a pegou em seus braços e saiu carregando, ainda com o trasgo enorme ao seu encalço. Na correria, quando percebeu que não agüentaria mais carregar Tonks, começou a olhar para os lados procurando um lugar para se esconder. Logo avistou uma espécie de caverna, formada por rochas quebradas, entrou no lugar correndo e se abaixou para entrar, desesperado. Sem querer, a perna machucada de Tonks raspou na rocha, fazendo o corte ainda mais profundo. O trasgo parou em frente à caverna, ficou olhando para os lados, procurando sua presa, mas logo desistiu e foi embora.
- Tonks, você está bem? - Lupin perguntou, aflito.
- A perna dói. Fora isso, tudo bem. - Tonks respondeu, tentando evitar a careta de dor - Espera aí, já sei. - ela rasgou as mangas de seu casaco e amarrou na perna - Pronto.
- Ai, eu nunca pensei que correria assim de um trasgo. - Lupin disse.
- É, muito menos eu.
Tonks começou a sentir o frio da floresta. Não havia percebido, mas seus dentes já batiam de tanto frio.
- Tome. - disse Lupin tirando seu casaco.
- Não. Pode ficar.
- Tome logo. Você está morrendo de frio.
Tonks aceitou o casaco grande e quente de Lupin.
- Obrigada.
- Uhum. Mas agora temos que ir, né? Temos que chegar à lembrança antes dos Comensais.
- É verdade. Vamos.
- Você consegue?
- Claro que consigo. Vamos.
E saíram da caverna.
- Vamos andando. A casa de Tumnus deve ficar por ali. - Lupin disse, apontando o dedo para uma direção.
- Ok. Hey, você trouxe as espadas! Nossa, como conseguiu?
- Ao invés de prendê-las ao cavalo, prendi em mim mesmo.
- Nossa, deve ter sido bem... er... Pesado.
- É.
Então ouviram um barulho de espada saindo da bainha. Tonks e Lupin sentiram a lâmina gelada tocar seus pescoços por trás.
- Ora ora... O que temos aqui? Dumbledore mandou um casal da Ordem. Hum, inteligente... Ele não viria. Covarde demais. Identifiquem-se. Primeiro as damas.
- Por que não nos encara? Assim eu posso dizer meu nome. - respondeu Tonks corajosamente, respirando muito rápido e alto.
Mas o Comensal deixou o cavalheirismo de lado e mirou a espada bem no pescoço de Tonks, deixando Lupin livre.
- Chega de gracinhas, garota. Se não você vai ter uma morte muito dolorosa. - gritou o Comensal, puxando o cabelo de Tonks pra trás com grosseria e aproximando a espada perigosamente de seu pescoço. - DIGA SEU NOME, AGORA!
Lupin acertou o Comensal com a espada, e parecia que tinha acordado os outros dois Comensais que só estavam assistindo a tortura de Tonks. Lupin jogou uma espada para Tonks, que a pegou prontamente e começaram a lutar. Havia o Comensal que estava torturando Tonks no chão, um grande lutando com Lupin e o outro que era do mesmo tamanho de Tonks, todos mascarados. Era uma luta linda, Tonks, que já havia feito esgrima, lutava muito bem, e parecia que ia vencer o Comensal. Às vezes, ela olhava para o lado para ver como Lupin estava se saindo, e pelo que ela pôde ver, ele estava se saindo muito bem. - Então é assim que Voldemort os treina? Para lutarem pior que uma mulher? - Tonks disse, querendo provocar o Comensal.
Então, com um golpe final, conseguiu o pressionar contra o chão, com a espada contra seu pescoço. Enquanto isso, Lupin ainda lutava.
- Então, vamos ver quem é você, que é tão ruim com a espada. - dizendo isso, Tonks tirou a máscara do Comensal da Morte, que não era ninguém menos que Narcisa Malfoy - Ora, titia. Você?
- Me solte, sua mestiça multicolorida! Solte-me agora! - relutava Narcisa Malfoy.
- Ha, ha, ha. Ótimo senso de humor, titia. Mas diga-me, por que eu a soltaria?
Narcisa ainda relutava. Quando finalmente Lupin derrotou o Comensal, o amarrou em uma grande árvore.
- Deixe-a comigo, Tonks. Vou amarrá-la junto aos seus amiguinhos. - disse Lupin, respirando muito mal, por causa da luta.
- OK.
- Depois de amarrarem bem firme os Comensais na árvore, eles saíram andando rapidamente para o local onde suspeitavam ser a casa do Sr. Tumnus. A perna de Tonks sangrava descontroladamente e seu braço estava cheio de cortes superficiais, das vezes que Narcisa tentava acertá-la com a espada. Caminhava o mais rápido que podia atrás de Lupin, que só tinha cortes aparentemente superficiais nos braços e pernas.
Estavam andando pela floresta escura quando, de repente, vultos passaram pelo lado de Tonks.
- O que foi isso? - Tonks perguntou aflita, olhando para os lados.
O vulto passou novamente. Um vulto preto.
- Tá, o que foi isso? - ela disse pegando na mão de Lupin, que a apertou.
- Não sei, mas deve ser alguma criatura... - Lupin disse.
- Ai não. De novo não! - disse Tonks ainda de mãos dadas com Lupin e olhando aflita ao seu redor.
- CUIDADO! - gritou Lupin, a derrubando no chão, pois uma criatura enorme, com a aparência de um dementador avançara na direção deles.
Lupin reconheceu a criatura, afinal, já tinha sido professor de Defesa Contra as Artes das Trevas. Era um espectro.
- Minha nossa! - Tonks disse assustada e sem fôlego, caída no chão - Isso é um espectro! Estamos perdidos! Vamos nos esconder ou correr?
- Fique quieta! - ralhou Lupin.
Os espectros, era criaturas grandes que pareciam usar capa, como os dementadores, mas ao mesmo tempo, eram muito parecidos com fantasmas. Não tinham olhos, apenas ouviam. O monstro, é um seguidor da morte, cruel. Se se concentrasse em atacar alguém que não fosse socorrido em meia hora, a vítima acabaria semi-morta, se transformando em um espectro.
- Tonks! Você está bem? Tonks! - Lupin sacudia Tonks.
O espectro estava bem na frente dela, e ela parecia concentrada. Ela começou a se contorcer e ficou com os olhos quase brancos de tão azuis.
- TONKS! TONKS! - gritava Lupin.
Ele já estava quase chorando, com o corpo da amada no colo. Sabia bem qual era o destino de quem cruzava o caminho de um espectro selvagem.
- OLHE AQUI! ATAQUE A MIM! - Lupin gritava ao espectro, que não parecia nem notar sua presença.
Sugava cada vez mais a vida de Tonks, que suava feito louca e se contorcia. O espectro ia chegando cada vez mais perto dela. Então, Lupin sentiu o chão sumir, se viu chorando debruçado no corpo de Tonks. Sua mente só pensava em como a amava e em seu amor incondicional.
Então, Tonks, que não parecia mais estar viva, acordou de repente. Seus olhos voltaram ao normal e ela não se contorcia mais. Só respirava com imensa dificuldade. O espectro pareceu acordar e pareceu ter ficado muito furioso, mas não ousou atacá-los novamente. Ele saiu se arrastando rápido, como chegara.
- Tonks? Você está me ouvindo? Você está bem? - perguntou Lupin com o rosto preocupado cheio de lágrimas.
- Remus! - Tonks disse como se não o visse há anos e o abraçou, chorando.
- Calma, já foi. Está tudo bem. - Lupin disse a abraçando, sentado na bizarra floresta.
- Foi terrível. - disse Tonks o soltando e falando desesperada - Não me lembro muito bem do que aconteceu exatamente, mas foi terrível. Eu sinto como se tivesse passado anos em transe, como se tivesse durado anos. Para morrer e me transformar em uma coisa diferente de matéria. Não sei, foi terrível. Pensei que fosse morrer mesmo, ou virar um espectro.
Lupin a abraçou novamente.
- Sinceramente, eu também não sei como escapou. Realmente não consigo entender, mas vamos agradecer por isso. Foi realmente muita sorte, acho.
- Eu estava me afundando e de repente ouvi a sua voz. Parece que todas aquelas más lembranças que estavam me afogando desapareceram, e eu senti vontade de viver. Foi mais ou menos assim que voltei.
Ficaram em silêncio e Lupin a soltou do abraço.
- Temos que encontrar o senhor Tumnus. Você consegue?
- Claro. Se você me ajudar um pouco... Eu estou com um pouco de dificuldade para respirar e andar.
- Tudo bem, vamos.
Lupin a ajudou a se levantar e andar. Caminharam devagar durante quase uma hora e avistaram uma pequena casa em meio a muitas árvores.
- Ufa, finalmente. Achei que essa floresta não fosse acabar nunca. Nem sinto mais minha perna. Até parece que eu a amputei. - disse Tonks, que estava apoiada em Lupin.
- É, é lá. Vamos andando.
Andaram até a pequena casa. Chegaram até a porta e bateram, um senhor velho e carrancudo atendeu:
- Quem são vocês? O que querem? Como conseguiram penetrar em minha propriedade? - o velho mal-humorado perguntou em disparada.
- Senhor Tumnus, estamos aqui a pedido de Dumbledore. - Tonks respondeu.
- Dumbledore? E o que querem?
- Podemos entrar? Só queremos trocar uma palavrinha com o senhor.
- Hum, tudo bem, entrem.
O casal entrou na pequena casa e se sentou em um sofá.
- Senhor Tumnus, sou Remus Lupin, e essa é Ninfadora Tonks. Estamos aqui para lhe pedir uma coisa. - Lupin disse, dando ao velho um pergaminho que recebera de Dumbledore.
Ele ficou examinando o papel por uns cinco minutos. Enquanto isso, Tonks fazia força para não gemer de dor, pois depois que tinha se sentado, sua dor na perna voltou dez vezes maior. Lupin apenas observava os dois.
- Melhor cuidar desse ferimento, garota. - o dono da casa disse a Tonks, de repente.
- Bem, é que magia não funciona aqui, e... - Tonks começou, mas foi interrompida.
- Aqui funciona, em minha casa. Na floresta não.
- Ah... - Tonks disse com raiva por dentro.
- Deixe que eu cuido disso pra você. - Lupin disse, sacando sua varinha.
- OK.
Lupin pegou sua perna e com um toque da varinha fez o ferimento parar de sangrar.
- Assim que chegarmos à Toca cuidaremos melhor disso. Melhor?
- Muito. Valeu, Remus. E então, senhor Tumnus, vai dar a Dumbledore o que ele pediu? - Tonks disse se dirigindo ao velho Tumnus.
-Hum, tudo bem. Dumbledore sabe mesmo persuadir as pessoas. - o senhor Tumnus examinou mais uma vez o pergaminho.
Entáo ele pegou o pote e depositou, com sua varinha, a lembrança.
- Melhor que vocês a levem do que aqueles Comensais mascarados.
- Ô, com certeza. - disse Tonks.
- Por falar nisso, precisamos reforçar a segurança em sua casa, senhor Tumnus. A floresta é muito segura. Admito. Mas sua casa também tem que ser.
- Já sei, já sei! - disse o velho carrancudo.
- Ótimo então. Vamos, Tonks?
- O quê? Enfrentar aquela floresta toda de novo? - ela olhava incrédula para Lupin.
- Bem, posso abrir uma excessão para vocês. Mas só por causa da senhorita, Tonks. Podem aparatar daqui. Mas sejam rápidos, tenho medo de que nesse pequeno intervalo de tempo alguém que não deva apareça aqui.
- Muitíssimo obrigada, senhor. - Tonks estava realmente agradecida.
- Adeus. - o velho disse, voltando ao seu mau-humor característico.
Lupin e Tonks aparataram juntos, já que Tonks não conseguia nem se manter em pé, até a Toca. De onde tinham saído.


Capítulo Dez
O Amor é uma Dor


Chegaram a porta da Toca. Tonks estava tão cansada que sentia que ia desmaiar, Lupin a ajudava a andar.
Ele bateu na porta.
- Identifique-se! - ordenou uma voz feminina vinda de dentro de casa.
- Molly, somos nós. Rápido, Tonks está ferida!
- Nossa, já? - Molly Weasley abriu a porta - Vocês conseguiram? Estão bem?
- Uhum. - foi o único som que Lupin emitiu, ajudando Tonks a entrar na sala.
- Ui! - exclamou Tonks ao se sentar no sofá.
Lupin se ajoelhou no chão e levantou a calça de Tonks para ver sua perna. Molly soltou uma exclamação abafada e Tonks guinchou de dor.
- Nossa, está bem feio... - Molly comentou.
- É. Ainda bem que Remus fez um feitiço e não dói tanto.
- Molly, por gentileza, será que podia pegar água e gaze para limpar o ferimento antes do Feitiço Cicatrizante?
- Claro, estou indo. - Molly respondeu já subindo a pequena escada torta da Toca.
- Remus, como... Como? Eu não consigo entender, como sobrevivi? - Tonks perguntou olhando para Lupin que evitava olha para ela.
- Não faço a mínima idéia, também gostaria muito de saber. Talvez Dumbledore saiba. Quando ele vier buscar a lembrança, perguntamos a ele.
- Uhum.
- Pronto, aqui está a água limpa e a gaze.
- Obrigado, Molly.
- De nada.
Lupin começou a limpar o ferimento de Tonks, que reclamou de dor.
- Vai doer mesmo, agüenta aí. - Lupin disse, terminando de limpar o ferimento e dando um toque de varinha em sua perna, que voltou ao normal
- Vou ali na cozinha pegar algo para vocês comerem. Devem estar famintos. - Molly disse indo em direção a cozinha.
- Remus, obrigada. - Tonks disse a Lupin, sentindo um bolo na barriga, meio nervosa de segurar sua mão.
- Ok. - Lupin respondeu seco, mas Tonks já o abraçava forte com voa de choro.
- Sério, Obrigada mesmo. Lá na floresta, eu tenho a impressão de que só escapei porque você me salvou.
Ele não respondeu nada, só retribuiu o abraço.
- Então obrigada mesmo. - Tonks o soltou.
- O que? Quem foi atacada pos espectros? - Molly Weasley voltou da cozinha trazendo consigo uma bandeja de comida.
- Tonks foi atacada na floresta. - Lupin respondeu.
- Oh, meu Deus! - ela se sobressaltou, deixando a bandeja na mesa do canto da sala.
- Então, como foi? - Lupin perguntou de novo a Tonks.
- Bem, eu senti como se tivesse ido parar em outro mundo. É como os dementadores, pareceu sugar a minha felicidade, mas diferente deles, era como se quisessem que eu implorasse pela morte ou algo parecido. Eu senti cada vez mais vontade de morrer até que... - Tonks parou de súbito, alguém batia na porta da Toca.
- Deve ser Alvo para pegar a lembrança. - Molly foi em direção à porta para abri-la. Enquanto isso, Tonks permaneceu calada e Lupin não disse nada. Molly chegou a sala minutos depois com Dumbledore.
- Ah, Remus, Ninfadora! Que bom que conseguiram voltar ilesos!
- Ah, bem... Aqui está a lembrança, professor. - Tonks disse tirando um frasquinho do bolso de sua roupa.
- Ah sim, muito bom. Então, como está a fabulosa floresta de Tumnus?
- Fabulosa?! - exclamou Tonks.
- Bem, bastante perigosa, mas não deixa de ser fabulosa.
- Ô, com certeza! - Tonks disse meio irônica.
- Aconteceu algo lá? - Dumbledore perguntou a Lupin e Tonks.
- Bem, como você preveu, Dumbledore. Comensais.
- Hum, sabia. Que pena pra eles, não foi dessa vez... Mas algo aconteceu a vocês? Sabe, aquela floresta tem criaturas formidáveis.
- Bem, vimos um gigante e um espectro.
- Espectro? Interessante...
- INTERESSANTE? - Tonks se alterou - ESSA COISA QUSE ME MATOU! - Ah sim, minha cara. Mas foi exatamente por causa dos espectros que eu mandei vocês dois para essa missão.
- Pô, eu sou tão desprezível assim?
Dumbledore riu.
- Com certeza não, Ninfadora. Mas sabe dizer o que a salvou do espectro?
- Não. Gostaria muito de saber.
Dumbledore encarou Lupin em sua frente.
- O amor, minha cara. O amor.
- Lupin ficou vermelho como um pimentão e Tonks corou um pouco. Molly, que acompanhava a conversa de um canto da sala abriu um sorriso discreto.
- Molly tinha certeza de que se amavam e me indicou os dois para a missão. Além de tudo, Ninfadora é uma ótima auror e Remus é um bruxo muito inteligente. Eu tinha certeza de que conseguiriam.
Lupin parecia um pimentão de tão vermelho. Não tinha uma palavra sequer para responder Dumbledore.
- Então foi realmente o Remus que me salvou?
- Oh, sim.
- Hum... Que bom saber. - Tonks disse, tentando sorrir o sorriso que abriu em seus lábios.
- Então, eu já estou indo. Adeus. Ninfadora, Remus.
- Adeus, Dumbledore. - Lupin respondeu baixo.
- Tchau, professor. - se despediu Tonks.
- Vamos, Alvo. Eu o acompanho até a porta. - Molly Weasley seguiu Dumbledore.
Ficaram apenas Lupin e tonks na sala. Ele sentia o olhar dela em si.
- O que exatamente você pensou ou fez? - ela perguntou de repente.
- Eu? - ele não sabia responder.
- É, me diga a verdade.
- Eu...
- Prontinho! - Molly Weasley apareceu na sala os interrompendo.
- Ah, bem, eu jpa vou indo. Adeus, Tonks. Obrigado pelo lanche, Molly.
- De nada.
- Ah, eu já vou também. - Tonks se levantou dando uma piscada discreta para Molly.
- Ok, então tchau para os dois.
- Tchau. - os dois disseram em uníssono.
Foram andando até a porta juntos.
- Remus, onde você vai? - ela perguntou quando percebeu que ele estava para aparatar.
- Largo Grimmauld. - ele disse indiferente.
- Não quer ir lá em casa? - ela perguntou cautelosa, o coração martelando forte no peito.
- Não, Tonks. Mas obrigado.
- Espere. - ela disse antes que ele aparatasse.
- Sim?
- Depois de tudo o que aconteceu, você ainda age desse jeito?
Ele ficou calado, olhando pro chão.
- Depois de tudo o que passamos, você ainda me ignora? Depois de tudo que se provou essa noite, você não segue o seu coração?
- Tonks, eu...
- Me ouve! - ela disse em tom mandão, mas controlada - Eu sinceramente não acredito nisso. Você se julga sério e correto e não consegue fazer a coisa certa?
- Ah é? E qual é a coisa certa, Ninfadora? - ele disse entrando no jogo dela.
Ela se adiantou em sua frente e lhe deu um beijo nos lábios. Ele se surpreendeu, mas não conseguiu ignorar ou desviar do beijo.
- Isso. - ela finalmente respondeu, soltando o rosto de Lupin e se afastando com um sorriso maroto nos lábios.
Lupin nem teve tempo de raciocinar uma resposta, dizendo isso ela aparatou imediatamente, e se vendo sozinho no quintal da Toca, aparatou também.
Tonks chegou em casa feliz, gritando para si mesma em sua mente: "Ele me ama! Eu tenho certeza de que ama! Ele me ama!".


Capítulo Onze
Hogwarts


Lupin chegou em casa mais feliz do que esperava. Mas, novamente, aquele sentimento de culpa tomou conta de si: como podia? Como ela podia amá-lo? Quis afastar esse sentimento, mas não podia negar que se sentia muito feliz.
Foi se deitar com essa felicidade dentro de si, mas prometeu a si mesmo que se esforçaria ao máximo para esquecê-la, ou que pelo menos se afastaria dela, mesmo tendo plena consciência de que se amavam. Talvez assim ela encontraria outra pessoa que a amasse tanto quanto ele. Era muito difícil admitir aquilo, só de pensar em outro homem a tocando, ficava com um misto de ciúmes e de raiva, mas tinha que se conformar, porque ela nunca poderia ser sua.
Os meses se passaram e vieram trazendo a primavera. Era junho, e eles não se viam desde aquele dia. Fazia uma linda noite de lua cheia. Tonks estava em sua janela. Estava acordada a exatamente vinte e sete horas, se sentindo cansada demais. Estava trabalhando dobrado e quando finalmente tinha um dia de folga, não conseguia descansar. Ficava pensando no homem que lhe roubava sempre os pensamentos, mesmo contra sua vontade. Ele lhe roubou tudo o que tinha, até seu imenso orgulho, vaidade, pensamentos e coração. Ela tinha se humilhado por ele, coisa que nunca fez e prometera nunca fazer. Perguntava-se: "Por que eu faço isso? Por que me apaixonei? Nenhuma mulher deveria se apaixonar, isso só traz tristeza, sempre." Mas agora que estava apaixonada, não entendia como pudera um dia dizer que nunca iria se rebaixar por um grande amor. Que nunca iria casar ou ter filhos, como suas amigas planejavam. Desde criança, na escola trouxa, sempre dizia que meninos eram nojentos e que só prestavam para lhe pagar sorvete. Na adolescência, a mesma coisa, dizia que nenhum homem prestava, só seu pai. E agora ela estava ali, naquele estado. Sem dormir vinte e sete horas e vinte e quatro minutos por causa de um homem que mudou sua vida completamente. "Por que eu fui me apaixonar? Agora vivo pra te amar."
Aquele dia era a lua. A lua que tanto amaldiçoou sua vida estava de volta. Era sua última aparição naquele mês. Estava se perguntando como ele estaria agora. Sabia que ele sempre ficava muito mal depois da lua cheia, mas tinha notado que quando estavam juntos, não tinha comparação. Ele ficava mal, mas logo se recuperava e ficava feliz. Na verdade, ficava muito feliz depois da lua cheia, talvez porque soubesse que tinha alguém que o amava muito o esperando ansiosamente.
Mas depois da morte de Sirius, tudo mudou. A magia se perdeu e ele voltou a se sentir infeliz e sozinho no mundo, e junto consigo, levou Tonks. Agora ela estava triste e depressiva. Ela se deitou e logo dormiu pelo cansaço que sentia.
No dia seguinte, Tonks estava de folga, então aproveitou para dormir até tarde. Acordou às quatro da tarde.
- Nossa! Dormi muito. - disse se espreguiçando.
Já que não tinha absolutamente nada pra fazer, ficou ali mesmo na cama. Não sentia vontade de fazer nada. Ficava lá, deitada, pensando nele. Só se levantou para comer, mesmo sem fome. Tonks se sentia fraca.
Já eram quase oito da noite quando ouviu um barulho.
- Mas o que é isso? - exclamou, sentada na grande janela de seu quarto.
As batidas se repetiram.
Tonks foi correndo para a sala, de onde estava vinto o barulho. Parecia que meninos estavam brincando de jogar pedras nas janelas dos outros de novo.
Assim que chegou à sala, viu que não eram as crianças, e sim uma coruja lutando para entrar pela janela, com um pergaminho preso ao bico. "O que será isso?" pensou ela "Eu não vou trabalhar agora. Não mesmo!" Abriu a janela e deixou a coruja entrar, tirou o pergaminho de seu bico e deixou a coruja sair pela janela. Depois de observá-la voando janela afora, Tonks abriu o pergaminho e viu, imediatamente, que era de Dumbledore.

Cara Ninfadora,
Terei de sair de Hogwarts por um momento com Harry Potter e preciso muito de pessoas da Ordem dispostas a fazer guarda nos arredores da escola, caso haja algum imprevisto.
Se puder, compareça a Hogwarts imediatamente.
Grato,
Alvo Dumbledore.


- Para onde será que ele vai com Harry? Melhor ir logo...
Vestiu-se rapidamente e saiu de casa murmurando à porta:
- Protego Totalum!
Vestiu sua longa capa preta e saiu caminhando apressada para um beco escuro, suspirando fundo pelo que viria a seguir. E com um sonoro CRACK, aparatou.
Desaparatou próximo a Hogwarts, no povoado de Hogsmeade. Foi caminhando até a escola o mais rápido que conseguia, quase correndo. Estava quase na frente dos portões com javalis quando viu um vulto junto ao portão.
- Olá?
- Ai, Tonks! Você me assustou! - respondeu uma voz muito conhecida, que lhe deu um frio na barriga.
- Remus? Dumbledore te chamou também?
- Sim. Pode passar. - ele disse, segurando o portão aberto para ela passar.
- Obrigada. - ela ficou parada, olhando-o fechar de volta aos portões.
- Vamos!
-Ah, sim... Vamos. - ela o seguiu, insegura.
Chegaram ao salão principal e encontraram Gui Weasley.
- Gui, o que está acontecendo? - Tonks perguntou.
- Não sei. Mas é melhor andarmos pelo castelo. Dumbledore disse que Comensais poderiam vir nos visitar.
- Nossa, não estou entendendo nada! - ela disse.
- Pois é. Vamos. - Lupin saiu andando.
Os três subiram. Quando estavam rondando o sétimo andar, toparam com Rony, Gina e Neville correndo.
- O que aconteceu? - Lupin perguntou.
- Comensais... Torre... Astronomia... Malfoy... - Neville respondeu ofegante.
Lupin, Tonks e Gui correram em direção à Torre, com Gina e Rony ao seu encalço.
- Esperem! - Neville ofegava, correndo atrás do grupo.
Chagaram a um corredor, no caminho da Torre de Astronomia, aonde estavam os Comensais da Morte. Todos encapuzados e ligeiramente surpresos, prontos para lutar.
Uma batalha começou no corredor. Comensais da Morte, mais numerosos, lançavam feitiços. Tonks, Lupin e Gui não sabiam de onde, mas mais gente surgia para ajudar. Tonks viu de relance a professora McGonagall e Lina Lovegood lutando contra os Comensais. Ela também tinha visto Greyback e começou a lutar com mais ferocidade. Viu Neville no chão, depois de tentativas de subir à Torre atrás dos Comensais. Viu também Gui no chão, atacado ferozmente por Greyback. Um Comensal morto e um grandalhão atirando Maldições da Morte por todo o lado.
Estavam lutando, e os Comensais pareciam que iam lutar até a morte quando Severo Snape apareceu gritando algo que ela não conseguiu entender e de repente os Comensais cessaram fogo e começaram a correr pra fora do castelo.
Tonks foi correndo em direção a Gui, que ainda estava no chão.
- Gui! Gui! - ela gritou.
- GUI? - Rony gritou junto.
- Rápido, vamos levá-los daqui! - Lupin disse.
- Vão para a Ala Hospitalar. - McGonagall indicou.
Lupin carregou Neville, suspenso no ar por magia, parecendo muito ferido.
Andaram o mais rápido possível até a Ala Hospitalar. Rony, Hermione, Flitwick, Lupin com Neville, Tonks com Gui e Luna. Chegando lá, madame Pomfrey parecia aturdida.
- Mas o que está acontecendo? Que barulhos foram esses? E estes feridos?
- Rápido, madame Pomfrey! Gui foi atacado por Greyback! - Rony disse, quase desesperado.
- Oh, certo. Ponham os feridos na cama, por favor. Cuidarei de todos.
Neville já tinha sido medicado e Flitwick também. Ele já tinha até saído para cuidar dos alunos na Corvinal, já tinha muita gente sabendo do que acontecera na Torre de Astronomia.

~xxxxxxxxxxxxx~

Tonks estava sentada ao lado de Lupin, do lado da cama de Gui. Ninguém falava nenhuma palavra. De repente, Harry entrou na enfermaria. Ao ouvirem as portas se abrindo, todos viraram reflexivamente. Hermione correu para abraçar Harry e Lupin também se adiantou, ansioso.
- Você está bem, Harry?
- Estou ótimo. E o Gui?
Ninguém respondeu. Harry se esticou para ver o estado de Gui deitado na cama. Era deplorável.
- A senhora não pode fechar os ferimentos com um feitiço ou outra coisa qualquer? - perguntou à madame Pomfrey.
- Não tem feitiço que dê resultado. Já experimentei tudo o que sei, mas não há cura para mordida de lobisomem.
- Mas ele não foi mordido na lua cheia. - Rony lembrou, olhando fixamente para o rosto do irmão, como se pudesse forçar a cura só de olhar - Greyback não estava transformado, então, com certeza, Gui não vai virar um... um verdadeiro...
Lupin se sentiu mal com a última palavra da frase de Rony, que olhou inseguro para Lupin.
- Não, não acho que Gui vá virar um lobisomem de verdade. - Lupin concordou - Mas isso não significa que não haja alguma contaminação. São ferimentos malditos. Provavelmente não cicatrizarão totalmente, e talvez Gui adquira alguma característica lupina daqui pra frente.
- Dumbledore talvez saiba de alguma coisa que dê um jeito. - Rony disse - Cadê ele? Gui lutou contra aqueles maníacos por ordem dele. Dumbledore tem obrigações, não pode deixar meu irmão assim.
- Rony... Dumbledore está morto. - Gina disse.
Lupin sentiu uma faca atravessar seu peito.
- NÃO!
Ele olhou desvairado de Gina para Harry, como se esperasse que ele a desmentisse. Mas, ao ver que Harry não o fez, Lupin se desmontou em uma cadeira ao lado da cama de Gui com as mãos cobrindo o rosto. Tonks ficou chocada com a notícia, e ao ver Lupin descontrolado, ela quis muito poder consolá-lo, abraçá-lo, dizer que ia ficar tudo bem.
- Como foi que ele morreu? - sussurrou ela, tirando os olhos de Lupin e olhando para Harry - Como foi que aconteceu?
- Snape o matou. - Harry respondeu - Eu estava lá e vi. Voltamos direto para a Torre de Astronomia porque vimos a Marca lá. - à medida que Harry contava, todos ficavam cada vez mais boquiabertos - Dumbledore estava mal. Fraco. Mas acho que percebeu que era uma armadilha quando ouviu passos rápidos subindo as escadas. Ele me imobilizou, não pude fazer nada. Estava coberto pela Capa da Invisibilidade. Então Malfoy entrou e desarmou Dumbledore.
Hermione levou as mãos a boca. Rony gemeu. E a boca de Luna tremeu. Tonks estava cada vez mais bestificada.
- Chegaram mais Comensais da Morte, e depois Snape. E Snape o matou. A Avada Kedavra. - Harry não conseguiu prosseguir.
Madame Pomfrey caiu no choro. Ninguém lhe deu atenção, a não ser Gina, que sussurrou:
- Psiu, escute.
Engolindo em seco, Madame Pomfrey parou com esforço, com os olhos arregalados. Em algum lugar lá fora, na escuridão da noite, uma fênix cantava de um jeito hipnotizante. Um canto comovido de terrível beleza. Tonks não sabia quanto tempo ela e os demais ficaram hipnotizados pelo canto do pássaro, as portas da Ala Hospitalar se abriram e McGonagall entrou.
- Molly e Arthur estão a caminho. - ela anunciou.
O encanto da música se quebrou. Todos despertaram com se tivessem saído de um transe.
- Harry, o que aconteceu? Segundo Hagrid, você estava com o professor Dumbledore quando ele... Quando aconteceu. Ele diz que o professor Snape esteve envolvido em alguma...
- Snape matou Dumbledore. - interrompeu Harry.
Ela o encarou por um momento. Então seu corpo começou a balançar de um modo alarmante. Madame Pomfrey parecia ter se controlado e a socorreu depressa, conjurando uma cadeira que empurrou pra próximo de McGonagall.
- Snape. - repetiu McGonagall com um fio de voz, desabando na cadeira - Todos nós nos perguntávamos. Mas ele confiava... Sempre. Snape... Não consigo acreditar.
- Snape era um oclumente excepcionalmente talentoso. - Lupin disse, sentindo-se muito amargurado e desolado - Sempre soubemos disso.
- Mas Dumbledore jurou que ele estava do nosso lado. - Sussurrou Tonks, ainda chocada com a traição de Snape - Sempre pensei que Dumbledore soubesse de alguma coisa de Snape que todos nós ignorávamos.
- Ele sempre insinuou que tinha uma razão inabalável para confiar em Snape. - McGonagall murmurou, agora secando as lágrimas que caíam do canto de seus olhos - Quero dizer, com o passado de Snape, é claro que as pessoas duvidavam. Mas Dumbledore me confirmou, de modo explícito, que o arrependimento de Snape era absolutamente sincero. Não queria nem ouvir nenhuma palavra contra ele.
- Eu adoraria saber o que Snape disse para convencê-lo. - comentou Tonks.
- Eu sei. - disse Harry, e todos se viraram, o encarando - Snape passou a Voldemort a informação que fez Voldemort caçar meus pais. então, Snape disse a Dumbledore que não tinha consciência do que estava fazendo e que lamentava realmente o que tinha feito. Lamentava que eles tivessem morrido.
Lupin sentiu uma raiva o invadindo.
- E Dumbledore acreditou nisso? ele perguntou, incrédulo - Acreditou que Snape lamentava a morte de Tiago? Snape odiava Tiago!
- E achava que minha mãe também não valia nada porque tinha nascido trouxa. 'Sangue-ruim', foi como a chamou.
Todos parecim estar completamente absorvidos pelo horror da revelação. Tentando digerir a realidade mostruosa do que tinha acontecido.
- É tudo minha culpa. - disse McGonagall. Ela parecia desorientada, torcia um lenço molhado nas mãos - Minha culpa! Mandei Filio chamar Snape essa noite. Fui eu quem mandou buscá-lo para vir nos ajudar. Se eu não tivesse alertado Snape, talvez ele não tivesse se reunido com os Comensais e...
- Não é sua culpa, Minerva. - Lupin disse com firmeza - Todos queríamos mais ajuda. Ficamos contentes quando soubemos que Snape estava a caminho.
- Então, quando chegou ao lugar do confronto, ele passou para o lado dos Comensais? - Harry perguntou.
- Não sei como aconteceu. - McGonagall disse aturdida - É tudo tão confuso. Dumbledore tinha nos dito que ia se ausentar da escola e que devíamos patrulhar os corredores. Remo, Gui e Ninfadora viriam se reunir conosco, então, nós patrulhamos. Tudo parecia tranqüilo, todas as entradas do castelo estavam poderosamente encantadas. Continuo sem saber como é possível que os Comensais entraram.
- Eu sei. - interpôs Harry - Entraram pela Sala Precisa.
- Meti os pés pelas mãos, Harry. - Rony disse sombriamente - Fizemos o que você pediu. Consultamos o Mapa do Maroto e não vimos Malfoy, pensamos que estava na Sala Precisa. Então, Gina, eu e Neville fomos montar guarda, mas Malfoy conseguiu passar por nós.
- Ele saiu da sala mais ou menos uma hora depois que começamos a vigiar. - Gina acrescentou - Estava sozinho, segurando aquele horrível braço seco...
- A Mão da Glória. - explicou Rony - Só o portador enxerga, lembram?
- De qualquer forma... - continuou Gina - Ele devia estar conferindo se a barra estava limpa para deixar os Comensais saírem, porque, no momento em que nos viu, ele lançou algo no ar e ficou tudo escuro.
- Pó Escurecedor Instantâneo do Peru. - esclareceu Rony, com amargura - Do Fred e Jorge.
- Tentamos de tudo: Lumus, Incêndio. - explicou Gina - Nada deu certo. Só nos restou sair tateando pelo corredor, enquanto ouvíamos gente passar correndo por nós. É óbvio que Malfoy estava enxergando por causa da tal da Mão da Glória e orientou os Comensais. Mas não nos atrevemos a lançar feitiços nem nada. Com medo de atingirmos a nós mesmos. Quando chegamos a um corredor iluminado, eles já tinham ido embora.
- Sorte a de vocês. - Lupin disse, rouco - Rony, Gina e Neville toparam conosco logo em seguida. Encontramos os Comensais da Morte minutos depois, a caminho da Torre de Astronomia. É óbvio que Malfoy não esperava que houvesse mais gente vigiando pelo jeito, tinha esgotado o suprimento de Pó Escurecedor. Lutamos. Eles se dispersaram e nós os perseguimos. Um deles, Gibbon, escapou e subiu a escada da Torre.
- Para lançar a Marca? - Harry perguntou.
- Deve ter feito isso sim. Eles devem ter combinado antes de deixarem a sala precisa. - disse Lupin - Mas acho que Gibbon não gostou da idéia de esperar lá em cima por Dumbledore, sozinho, pois voltou correndo para se juntar aos que estavam lutando e foi atingido por uma Maldição da Morte que por pouco não me atingiu também.
Tonks perdeu o fio da conversa, de tão absorta que estava em seus pensamentos.
- Não é culpa sua. - Lupin disse firmemente e logo depois voltou à conversa - Hermione, se você não tivesse obedecido e saído do caminho, Snape provavelmente a teria matado com Luna.
- Então ele subiu. - disse Harry - E encontrou o lugar onde todos lutavam.
- Estávamos em apuros. estávamos perdendo. - disse Tonks em voz baixa - Gibbon estava fora de combate, mas os outros Comensais pareciam dispostos a lutarem até a morte. Neville tinha sido atingido. Gui, atacado ferozmente pelo Greyback. Estava tudo escuro, voavam feitiços pra todo lado. O garoto Malfoy tinha desaparecido. Deve ter saído despercebido e subido a Torre. Então, os outros Comensais correram para acompanhá-lo, mas um deles bloqueou a escada depois de passar com algum feitiço. Neville avançou a escada e foi atirado no ar.
- Nenhum de nós conseguiu passar. - disse Rony - E aquele Comensal grandão continuava disparando feitiços para todo lado, que ricocheteavam nas paredes e por um triz não nos atingiam.
- Então Snape estava ali. - completou Tonks - E em seguida não estava.
- O vi quando veio correndo em nossa direção, mas logo depois que o feitiço daquele enorme Comensal passou por mim, sem me atingir, me abaixei e perdi a noção do que estava acontecendo. - contou Gina.
- Vi Snape atravessar correndo a barreira mágica como se ela não existisse. - disse Lupin - Tentei segui-lo, mas fui jogado pra trás exatamente como Neville.
- Ele devia conhecer um feitiço que desconhecíamos. - sussurrou McGonagall - Afinal de contas, ele era o professor de Defesa Contra as Artes das Trevas. Presumi que estivesse correndo no encalço dos Comensais que tinham fugido para o alto da Torre.
- E estava. - Harry disse com selvageria - Mas para ajudá-los, não para detê-los. Aposto que era preciso ter uma Marca Negra para atravessar aquela barreira. Então, o que aconteceu quando ele voltou?
- Bem, o Comensal grandalhão tinha acabado de disparar um feitiço que fez metade do teto ceder e também desfez o feitiço que bloqueava a escada. - relembrou Lupin - Todos avançamos, pelo menos os que ainda estavam de pé. então Snape e o garoto saíram do meio da poeira. Obviamente nenhum de nós os atacou.
- Simplesmente os deixamos passar. - Tonks disse com pesar, quase inaudível - Pensamos que estavam sendo perseguidos pelos Comensais, e no momento seguinte, os outros Comensais e Greyback estavam voltando e recomeçando a luta. Pensei ter ouvido Snape dizer alguma coisa. Mas não entendi.
- Ele gritou 'acabou'. - disse Harry - Tinha feito o que pretendia.
Todos se calaram. O lamento de Fawkes ainda ecoava pela propriedade às escuras. Tonks se sentia muito mal. Dumbledore morto por Snape. Não podia ser. E Gui? O que aconteceria a ele? Não queria que ele e Fleur sofressem como ela e Lupin estavam sofrendo graças ao maldito Greyback.
As portas da Ala Hospitalar se abriram de repente, sobressaltando a todos e o senhor e a senhora Weasley entraram na enfermaria. Fleur vinha logo atrás, com seu belo rosto atemorizado.
- Molly, Arthur... - a professora McGonagall levantou-se depressa e foi cumprimentá-los - Lamento muito...
- Gui. - sussurrou a senhora Weasley, passando direto pela professora ao avistar o rosto desfigurado de seu filho - Ah, Gui!
Lupin e Tonks tinham se levantado rapidamente e se afastaram para que o casal pudesse se aproximar da cama. Molly curvou-se em direção ao filho e levou os lábios à sua testa.
Tonks segurou a mão de Lupin, que parecia meio desorientado, mas ele a largou, e ela não o fez mais.
- Você disse que Greyback o atacou? - perguntou Arthur aflito à professora McGonagall - Mas não estava transformado, então, o que significa? O que acontecerá ao Gui?
- Ainda não sabemos. - respondeu a professora, olhando desamparada para Lupin.
- É provável que haja certa contaminação, Arthur. - explicou Lupin - É um caso raro. Provavelmente único. Não sabemos qual será o comportamento dele quando acordar.
Molly tirou o ungüento de cheiro acre das mãos de madame Pomfrey e começou a aplicálo nos ferimentos de Gui.
- E Dumbledore? - disse Arthur - Minerva, é verdade? Ele realmente?
A professora McGonagall confirmou.
- Dumbledore se foi. - sussurrou Arthur.
Sua mulher só tinha olhos para o filho mais velho. Ela começou a soluçar, as lágrimas caindo no rosto mutilado de Gui.
- É claro que a aparência não conta. Não é r... Realmente importante. Mas ele era um g... Um garotinho tão bonito... E... ia... ia se casar!
- E o qu é qu a senhorra querr dizerr com isse? - perguntou Fleur, repentinamente, em alto e bom som - Qu querr dizerr com el ia se casarr'?
Molly ergueu o rosto manchado de lágrimas, parecendo espantada.
- A senhorra ache qu Gui vai desistirr de casarr comigue? - quis saber Fleur - A senhorra ache qu porr côse desses morrdides, el non vai me amarr?
- Não, não foi o que eu quis...
- Porrqu el vai! - afirmou Fleur, empertigando-se e jogando seus cabelos pra trás - Serrá prrecise mais qu um lobisome parra fazerr Gui deixarr de me amarr!
- Bem, claro. eu tenho certeza disso. - respondeu Molly - Mas pensei que talvez... Visto que... Visto que ele...
- A senhorra pensô qu eu non ia querrerr casarr com el? Erra essa a su esperrance? - desafiou Fleur, com suas narinas tremendo - Qu me imporrte a aparrênce del? Ache qu sô bastante bonite porr nós dois! E eu é qu vou fazerr isse! - acrescentou com ferocidade, empurrando Molly para o lado e arrebatando o ungüento de suas mãos.
Molly recuou para junto do marido e ficou observando Fleur com uma expressão curiosa no rosto. Ninguém disse nada. Ficaram aguardando alguma explosão.
- Nossa tia-avó Muriel... - disse Molly após um longo silêncio - Tem uma tiara linda, feita pelos duendes. Estou segura de que posso convencê-la a lhe emprestar para o casamento. Ela gosta muito do Gui, entende? E a tiara ficaria muito bonita em seus cabelos.
- Muite obrrigade. - respondeu Fleur formalmente - Tan cerrtez de qu ficarrá bonite!
E então, as duas mulheres estavam chorando e se abraçando.
- Está vendo! - exclamou Tonks cansada, olhando aborrecida para Lupin - Ela ainda quer se casar com Gui. Mesmo que ele tenha sido mordido. Ela não se incomoda!
- É diferente. - respondeu Lupin, quase sem mover os lábios, parecendo subitamente muito tenso - Gui não será um lobisomem típico. São casos completamente diferentes.
- Mas eu também não me importo! Nem um pouco. - retrucou Tonks, agarrando Lupin pela frente das vestes e sacudindo-o, ela já não tinha noção de onde e com quem estava - Já lhe disse isso um milhão de vezes.
Tonks estava com os olhos tremendo involuntariamente.
- E eu já disse a você um milhão de vezes. - respondeu Lupin, evitando os olhos de Tonks e encarando o chão, sentindo o frio na barriga - Que sou velho demais pra você! Pobre demais, perigoso demais.
- E tenho lhe dito o tempo todo que sua atitude é ridícula, Remus. - interpôs Molly, por cima do ombro de Fleur.
- Não estou sendo ridículo. - disse Lupin com firmeza - Tonks merece alguém jovem e saudável!
Tonks já se sentia pequena e impotente. Queria sair dali.
- Mas ela quer você. - disse Arthur com um sorrisinho - Afinal de contas, Remus, homens jovens e saudáveis não permanecem assim pra sempre.
- Este não é o momento para discutir esse assunto. - replicou Lupin, evitando os olhares de todos e olhando aflito para todos os lados da sala - Dumbledore está morto.
- Dumbledore teria se sentido o mais feliz dos homens em pensar que havia um pouco mais de amor no mundo. - disse secamente a professora McGonagall, no momento em que as portas da enfermaria se abriram novamente e Hagrid entrou.
- Fiz. Fiz o que mandou, professora. - disse Hagrid com uma voz sufocada - Re... Removi ele. A professora Sprout fez a garotada voltar pra cama. O professor Flitwick está descansando, mas diz que logo estará bem. E o professor Slughorn disse que o Ministério já foi informado.
- Obrigada, Hagrid. - McGonagall se levantou imediatamente e voltou sua atenção para o grupo em torno da cama de Gui - Terei de ver o pessoal do Ministério quando chegar. Hagrid, por favor, avise os diretores das casas. Slughorn pode representar a Sonserina. Avise-os que quero vê-los em meu escritório sem demora. Gostaria que você também se reunisse a nós.
Ao ver Hagrid assentir, dar as coisas e sair da enfermaria, ela se dirigiu a Harry.
- Antes de me reunir com o Ministério, eu gostaria de dar uma palavrinha com você, Harry. Se puder me acompanhar...
Harry se ergueu e saiu atrás de McGonagall. Tonks olhou de esguelha para Lupin e disse com a voz trêmula:
- Bem, acho que já vou. Tchau, pessoal.
Ela ouviu murmúrios de adeus, mas não prestou atenção. Quando saiu da enfermaria, aumentou o passo. Já estava quase correndo, as lágrimas visíveis em seu rosto.
- É melhor você ir atrás dela. - Arthur Weasley disse sério a Lupin - Ela não parecia bem.
Ele olhou para as pessoas em volta. Luna conversava com Rony e Hermione e Fleur cuidavam de Gui com Molly.
- É, vou lá. Tchau, Arthur.
- Tchau, Remus.


Capítulo Doze
The Heart Never Lies


Lupin correu castelo afora tentando alcançar Tonks. Ela não devia estar muito longe dali.
Tonks já estava nos portões de entrada, ia aparatar assim que pudesse. Estava aflita e inconsolável, tinha sido feita de boba de novo. Foi boba em mostrar para todos que o amava e que o queria mais que tudo. Uma boba.
Lupin já tinha chegado nos portões de entrada de Hogwarts e nada de Tonks, ela já devia ter ido embora. Parou e encostou-se nas grades, pensativo, e então tudo veio a tona em sua mente, como uma avalanche o afogando com gelo. Em sua mente perturbada, ele viu como tinha conhecido Tonks na Ordem da Fênix e como ela era linda, feliz, diferente, o fazendo sempre sorrir. Viu lembranças soltas de como ela se declarou pra ele e os dois caíram na gargalhada, e do beijo que ele jamais esqueceria. Lembrou-se também de quando cuidou dela quando ficou bêbada por sua culpa em um bar trouxa. Lembrou-se dos momentos felizes juntos, dos tristes, dos angustiados... "Eu tenho que ir atrás dela. Não dá mais pra segurar." Ele sempre temeu fazer o que estava decidido a fazer. Queria procurá-la e dizer que a amava mais que tudo na vida, e pedir para que o perdoasse para ficarem juntos pra sempre. Era isso que ia fazer. Tinha medo, mas era o que queria com cada fibra de seu ser.
Se ela já tinha dito que o amava mil vezes e que não ligava pro fato dele ser um lobisomem, por que a ignorava? A única mulher que o amava, ignorada. Lupin se sentia um traste, o menor dos seres existentes na Terra.
Será que ela ainda o queria? Será que iria perdoá-lo? Depois de tudo que ele fez, ele, no lugar dela, não o perdoaria, mas ele sabia que ela era incrível. A mulher mais incrível que ele já conhecera. E que ela tinha um coração enorme, do tipo que o perdoaria.
Foi direto pra casa dela, chegando lá, ele parou diante da porta por alguns segundos. Bateu. Nada. Bateu de novo e nada. Ficou exatamente quarenta e dois minutos ali, batendo na porta, e nada de Tonks. Ela com certeza não o perdoaria, nem atendia a porta. Ou, ela podia não estar ali, ele não tinha ouvido nenhum barulho vindo de dentro da casa. Onde será que ela estaria?
Tentou na casa de seus pais. Já era muito tarde e ele estava com medo de acordar alguém em vão, mas, pensou ele, era por amor. Na verdade, não sabia qual era a casa dos pais de Tonks, só sabia que ficava ali naquela rua, que Tonks mencionou uma vez.
O céu estava começando a adquirir um tom de rosa, estava prestes a começar a chover. Havia muitas casas ali, e aí, qual era?
Seguido de um relâmpago soou o trovão e começou a chover muito forte. Lupin achou que não ia demorar a amanhecer, e ele estava lá, olhando para as casas debaixo de uma tempestade.

Some people laugh
Algumas pessoas riem
Some people cry
Algumas pessoas choram
Some people live
Algumas pessoas vivem
Some people die
Algumas pessoas morrem
Some people run
Algumas pessoas correm
Right into the fire
Direto para o fogo
Some people hide
Algumas pessoas escondem
Their every desire
Todos os seus desejos

Olhando para o alto das casas, nas janelas, ele avistou uma pessoa conhecida. Justamente a que queria tanto encontrar. Tinha achado a casa.
Ficou olhando para Tonks debruçada na janela. Ela estava linda, mas a decepção estava muito visível em seu rosto.

But we are the lovers
Mas nós somos os "amantes"
If you don't believe me
Se você não acredita em mim
Then just look into my eyes
Então só olhe dentro dos meus olhos
Because the heart never lies.
Porque o coração nunca mente.

Ele olhou para si. Estava encharcado. Mas correu até a casa de Tonks.

Some people fight
Algumas pessoas lutam
Some people fall
Algumas pessoas caem
Others pretend Outras fingem
They don't care at all.
Que não se importam.
If you wanna fight
Se você quiser lutar
I'll stand right beside you
Eu estarei ao seu lado
The day that you fall
O dia que você cair
I'll be right behind you
Estarei logo atrás de você

Tonks estava na casa de seus pais, em seu antigo quarto, sentada na grande janela da casa. "Me humilhei." pensava ela "Me humilhei na frente de todos por ele. E ainda assim ele não me quer. Eu tinha prometido a mim mesma que ele ia ser meu e eu seria dele, mas acho que vou ter que romper a promessa. Perdi as esperanças. Nós nunca vamos ficar juntos. Eu cansei de sofrer! Vou buscar alguém que me ame e queira ficar comigo! Ou melhor, vou ficar sem homem nenhum! Eles não prestam. nenhum!"

To pick up the pieces Pra recolher os pedaços
If you don't believe me
Se você não acredita em mim
Just look into my eyes
Só olhe em meus olhos
'Cause the heart never lies.
Porque o coração nunca mente.

Ela olhou para a rua deserta. Uma forte tempestade caía lá fora e outra caía de seus olhos.
De repente, quando estava chorando, ela avistou um homem correndo na rua que pensava estar deserta. Um homem que rapidamente reconheceu.
Lupin corria acelerado até a casa de seus pais. Ela não sabia se era realmente isso, se ele estava arrependido e estava ali para lhe jurar amor eterno, mas seu coração sabia que o coração dele tinha vindo atrás do seu. Ela não pensou duas vezes, achou que ele corria, dessa vez, de um jeito que queria dizer que ele ficaria para sempre ao seu lado. Esqueceu-se da humilhação que ele a causou, esqueceu de sua raiva e saiu correndo ao seu encontro.
Abriu a porta da frente e parou ali. Ficou toda molhada, tinha parado na chuva, ele estava a poucos e pequenos metros dela. Ele também parou.
Se encararam de longe e seus olhares compreenderam o que ambos queriam. Depois da breve pausa em que cruzaram os olhares, correram de novo. Um ao encontro do outro. E se abraçaram debaixo da tempestade. Um abraço muito forte que já dizia tudo.

Another year over
Outro ano acabou
And we're still together
E nós ainda estamos juntos
It's not always easy
Não é sempre fácil
But I'm here forever
Mas eu estou aqui pra sempre

- Te amo, Tonks. Me perdoa por tudo?
- Eu também te amo. - ela sorriu pra ele, ainda engatada ao seu braço.
- Bom, então me perdoa?
- Depende. Quais são as suas intenções comigo, senhor Remus John Lupin?
- As melhores! Então...
- Então?
- Tonks, quer casar comigo? - ele a pediu, sorrindo muito.
Ela não acreditava no que estava ouvindo. Há poucos minutos estava chorando por ele e agora ele pedia pra se casar com ela. Não! Ela não conseguia acreditar.
- Você está bêbado? - ela perguntou sorrindo abobada e suas lágrimas se misturando na chuva.
- Não. Acho que estive pelos últimos dois anos, mas agora eu me recuperei e vim resgatar o amor da minha vida.
- Ai, Remus!
Tonks se jogou no pescoço de Lupin e o beijou ardentemente.

Yeah, we are the lovers
Sim, nós somos os "amantes"
I know you believe me
Eu sei que você acredita em mim
When you look into my eyes
Quando você olha nos meus olhos
Because the heart never lies
Porque o coração nunca mente

- Posso entender isso como um sim? - Lupin perguntou quando pararam de se beijar.
- Claro, bobinho! - e voltaram a se beijar. Tonks parou de repente - Só me promete uma coisa?
- Qualquer coisa. Você tem todo o direito de pedir.
- Nunca me abandona? Fica comigo até que a morte nos separe.
- Não, amor. Porque nem a morte nos separará outra vez. Te amo e prometo nunca te abandonar.
Os dois estavam chorando de emoção. Seus corações ansiavam por esse encontro.. E ela o agarrou novamente, andando até a casa de seus pais, em direção ao seu antigo quarto.

'Cause the heart never lies
Porque o coração nunca mente.
Because the heart never lies
Porque o coração nunca mente.

Parece que nada separaria esses dois novamente. Nem a morte.

~FIM~




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