Acordei novamente assustado de madrugada. Fui até o espelho e olhei meu estado deplorável. Olheiras roxas, barba crescente, cabelo desgrenhado, magro e pálido. O que ela tinha feito comigo?
Calcei meus sapatos, e minha rotina começaria ali. Novamente eu estava fazendo aquilo... Tudo de novo.
Fui até a cozinha e encontrei lá o que me “alegrava” todos os dias, desde ela. Vodca.
Vocês devem estar pensando... Quem toma vodca a essa hora da madrugada?
E eu lhes respondo. Eu.
Há dias a mesma coisa... Sempre a mesma coisa.
Aquilo era desgastante, mas aliviava o meu vazio.
Tomei um gole daquele álcool puro e senti a tão reconhecida por mim ardência. Aquilo ainda ia acabar me matando. E eu? Nem ligava, eu não a tinha mais.
Andei até a sala e abri aquelas duas enormes portas de vidro que lá tinha, abrindo passagem para a varanda. Ainda estava escuro e frio. Tudo muito quieto.
Suspirei tomando mais alguns goles na garrafa. Uma brisa gelada passou pelo meu rosto, levando meus cabelos e trazendo minhas memórias. Olhei rapidamente para dentro de casa e tudo aquilo que eu vivia reprimindo me invadiu sem permissão alguma. Asfixiei e meus olhos encheram-se de lágrimas. Meus joelhos vacilaram e eu caí, ficando sobre eles no chão. Lembrando-me de domingo.
- Hum... Não sabia que você era um ótimo cozinheiro – ela me falou enquanto terminava de comer seu ovo mexido.
- Muitas coisas que você não sabe – pisquei para ela –, mas pode descobrir. – Abri um sorriso um tanto quanto malicioso e a encarei. Seus olhos grandes e meigos olharam para mim com intensidade. Seus lábios muito bem modelados se curvaram para cima em um sorriso malicioso.
- Não sabia – ela olhou para baixo desenhando no prato com o garfo, com o seu sorriso apenas de lado – que você gosta tanto daquela sensação, mas gostei disso. – Ela jogou os cabelos dela que caíam sobre sua face para o outro lado e me olhou com malícia transbordando em seus olhos. Joguei minha cabeça para trás e ri.
- Você gostará de muito mais coisas, chérrie – falei com a mesma expressão que ela.
- Eu já gosto, mon ange – ela falou me encarando. Meus olhos desceram o corpo dela. Ela usava minha camisa social apenas. Os dois últimos botões não estavam abotoados, igualmente como os dois primeiros.
- Que bom, assim dá para repetir – falei abrindo meu sorriso.
Ela nada falou, apenas levantou com o olhar fixo no meu.
Tudo aquilo parecia tão familiar. E não deveria me parecer tanto assim, eu não a conhecia há anos. Apenas há um mês. Mas aquilo era o bastante.
Ela segurou minha mão e me levantei. Com as mãos dadas, ela me guiou escada acima com um riso malicioso. Ela guiava o caminho enquanto eu reparava em tudo. Na casa dela, que era parecida com a minha, em como ela era perfeita e em como eu estava apaixonado. Tudo isso. Tudo se define nela, apenas ela. .
Ela entrou no quarto primeiro que eu e deixou a porta aberta. Ela parou ao pé da cama e ainda me olhava com aquele sorriso malicioso. Ela foi abrindo a camisa aos poucos e mexendo levemente os quadris. O olhar era fixo no meu e aquilo estava me deixando louco. Extasiado.
A camisa se abriu completamente e eu dei um passo para frente. Ela aumentou o sorriso e balançou a cabeça negativamente. Parei imediatamente contra a minha vontade.
Ela fechou os olhos e as mãos dela traçaram o caminho: cocha, quadris, cintura, seios, cabelos...
Meus olhos acompanharam tudo aquilo. Eu podia sentir já a ereção formada em mim.
Ela suspirou e abriu os olhos. Eles encontraram o meu olhar. Ela mordeu o lábio inferior e, no mesmo momento, a minha camisa caiu no chão. Ela me chamou com o dedo estampando o mesmo sorriso. Sem pensar duas vezes, entrei no quarto completamente excitado. Agarrei-a pela cintura e a beijei intensamente. Apertei nossos quadris um contra o outro e ela pôde sentir minha excitação. Ela gemeu e suspirou.
Ela começou a beijar meu pescoço inteiro e depois a mordiscá-lo. Separei-a de mim e a joguei na cama. Ela caiu de costas na mesma, sorrindo mordendo o lábio inferior. Sem convites e nem demora, fui para cima dela, beijando-lhe todo o pescoço e colo. Ela agarrou meus cabelos com veracidade e começou a puxá-los sem dó. Aquilo me excitou mais. Ela entrelaçou as pernas dela na minha cintura e nossas intimidades ficaram em contato, fazendo-nos delirar de excitação.
A boca dela escorregou para a minha orelha e a mordeu inteirinha. Passando a ponta da língua no lóbulo da mesma.
Gemi e encontrei a boca dela o mais rápido possível.
Beijamo-nos com paixão e desejo. Puxei a calcinha dela o mais rápido possível para baixo. Introduzi um dedo em sua vagina, fazendo-a gemer mais alto.
Comecei com movimentos lentos. Passei os beijos para o seu ombro esquerdo e comecei a aumentar os movimentos. Ela começou a gritar de prazer.
Desci os beijos para os seus seios. Eu mordiscava e chupava os bicos com vontade e revezava entre os seios.
Desci as mordidas pela barriga dela e a sentir contrair a mesma por causa do contato da minha boca quente.
Passei meus lábios para a parte interna da cocha dela, mordendo-a. Eu continuava com os meus movimentos com os dedos. Introduzi mais um dedo nela, que gritou de prazer e agarrou o lençol ao lado dela.
Comecei a diminuir os movimentos até que eles pararam. Recebi um gemido em reprovação.
Dei risada.
Abri as pernas dela sem pudor algum. Movimentei minha cabeça para ela ficar de frente a intimidade dela. Passei a língua levemente pelo clitóris dela, que se contorceu um pouco. Minha língua escorregou mais ainda e a penetrou. Ela gemeu alto de prazer, contorcendo-se e puxando os lençóis da cama com força. Segurei-a fortemente pela parte interna da cocha e comecei a masturbá-la com a língua, chupava e fazia de vai e vem em sua vulva, arrancando quase gritos de prazer. A cada gemido, eu sentia meu pênis latejar. Comecei a brincar com o clitóris dela e a penetrá-la com um dedo, a senti contrair a vagina. Ela já estava quase no limite. Parei o que estava fazendo e ela soltou um suspiro misturado com um grunhido de reprovação.
Fui mais para cima e deitei sobre ela. A respiração dela era bem ofegante e suas bochechas tinham uma coloração rosada. Sorri e a beijei com intensidade.
Nossas respirações se misturavam e nossas línguas se entrelaçavam. Suspirávamos entre o beijo.
As mãos dela escorregaram para dentro da minha boxer e começaram a acariciar meu membro. Soltei pequenos gemidos.
Uma mão dela começou a acariciar meu pescoço e arranhá-lo e a outra começou me masturbar. O prazer era demasiado.
Ela alternava os movimentos de rápidos e devagar, alternava entre masturbação e arranhar, minha respiração estava completamente descompassada.
A mão que me masturbava foi para meu tórax o arranhando e foi descendo novamente. Eu me sentia extasiado.
Nossas respirações já estavam trêmulas e muito ofegantes. A boca dela mordeu levemente meu queixo e o puxou.
Eu a puxei e fomo-nos sentando. Ela estava no meu colo. Ela desceu os beijos pelo meu tórax até parar no cós das minhas boxers. Ela começou a puxá-la com a boca e eu ergui meu quadril para que ela tivesse mais acessibilidade.
Após a boxer ser lançada para qualquer lugar no quarto, ela abocanhou meu pênis ereto.
Ela me masturbava enquanto me chupava com velocidade. Ela variava a velocidade me provocando, novamente. Sua mão começou a acariciar a extensão do meu membro enquanto ela o chupava. Eu estava com a boca entreaberta e meus olhos semi-cerrados. Meus gemidos eram altos.
Logo senti uma queimação no pé da minha barriga. Eu iria gozar. Ela, recebendo meu pré-gozo, parou imediatamente o que fazia e me empurrou, fazendo-me deitar.
Ela foi até o criado mudo ao lado da cama e pegou um pacote de preservativo. Logo o rasgou rapidamente e a colocou em mim com a boca.
Inverti as nossas posições e a penetrei com força, sem dó e nem piedade. Comecei a fazer movimentos lentos e ela gemeu forte puxando meu cabelo. Seu quadril começou a se mover mais e logo estava rebolando contra mim. Aumentei os movimentos e vi um sorriso de lado crescer em seus lábios e logo se desmanchar por causa dos gemidos. Diminui de novo os movimentos e ela gemeu em desaprovação. Eu já não estava mais agüentando também e comecei novamente com os movimentos fortes e rápidos.
Ao acabarmos, ela estava deitada sobre meu peito e ofegante. Estávamos suados e a franja dela estava colada na testa. Passei a mão sobre a testa dela, soltando os cabelos molhados.
- Eu poderia me acostumar. – Eu sorri e olhei para ela.
- Eu já estou acostumada. – Sorrimos e eu a beijei.
- Eu te amo – murmurei.
- Eu também – ela falou com os lábios encostados ao meu.
Ao sair do meu transe, percebei que lágrimas escorriam o meu rosto. Joguei a garrafa longe e ela quebrou ao bater na parede. Passei as mãos pelo meu rosto, limpando as lágrimas, e depois pelo meu cabelo, puxando-o para trás.
O que eu iria fazer sem ela? Eu já estava completamente enlouquecido. Nunca que eu iria conseguir viver sem ela, não novamente.
Entrei em casa e olhei para o relógio, eram seis horas da manhã. Por quanto tempo eu fiquei lá fora? Sinceramente eu não sei.
Vesti meu casaco de moletom velho e calcei meus all star surrado. Sai de casa à procura dela. Ascendi meu cigarro e saí pelas ruas gélidas de Londres. Eu olhava em todos os lugares.
Peguei meu celular e olhei no visor. Tinha uma foto minha com ela e então tive uma idéia.
Comecei a andar para perto da praça onde eu a encontrava sempre. Eu chamava baixinho o nome dela. Era quase um sussurro.
Não a encontrei quando cheguei lá, e isso já era previsto.
Fui até o carinha que vende café e o abordei:
- Me perdoe, eu estou tentando encontrar minha vocação, estou chamando através da noite, eu não pretendo ser um incômodo, mas você tem visto esta garota? – mostrei a ele a foto no celular.
- Eu já a vi com você – ele falou.
- Sim! Aqui na praça. Você há viu esses dias? – perguntei aflito.
- Me desculpe, ela nunca mais apareceu – ele respondeu e minha esperança foi mais uma vez pisoteada, jogada água a baixo.
- Obrigado – respondi.
- Mas o que aconteceu? – ele perguntou.
- Ela tem corrido pelos meus sonhos, e está me deixando louco, parece que eu vou pedir para ela se casar comigo – falei baixinho e olhei para ele, dando um sorriso melancólico.
Sai dali correndo, comecei a correr e a perguntar para todos. Mas ninguém havia a visto.
- Acredite! Eu não acredito que alguém possa ter esse sentimento! – ela me falou quase gritando.
- Então por que você falou que me amava? – perguntei.
- Porque... Não sei, ! Eu gosto muito de você que chega a doer – ela falou olhando para o chão –, mas esse negócio de amor não existe! – ela falou dando um sorriso triste.
- BLEFE! TUDO BLEFE! EU NÃO ACREDITO! – eu explodi, como ela poderia fazer isso comigo? Por quê?
- Se contente, ! – Ela levantou a cabeça. – EU NÃO TE AMO!
- EU JÁ DISSE QUE É MENTIRA! COMO VOCÊ... PODE NEGAR O QUE SENTIMOS? – perguntei incrédulo.
- EU NÃO SINTO NADA! – ela gritou com os olhos marejados.
- VOCÊ REALMENTE IRÁ NEGAR ESSAS MALDITAS BORBOLETAS? – eu gritei de novo. Aquilo não estava acontecendo. Não... Por favor, não...
- BORBOLETAS? QUAIS? – ela perguntou cínica.
- AS MESMAS QUE PREENCHEM O SEU INTERIOR – eu suspirei – quando você está comigo e eu com você. – Eu olhei nos olhos dela e ela saiu correndo chorando.
Acordei a noite suando. Era mais um sonho, na verdade, isso era um pesadelo! Eu com o coração acelerado, não me admiro se gritei e chamei por ela. Como eu fiz naquele dia.
Fui para o banho e fiquei lá uns minutos, nem isso me acalmava mais. Coloquei roupas limpas e meu celular vibrou em cima da cômoda. Atendi.
- Alô? – perguntei.
- ? – ouvi me chamar ao outro lado da linha.
- Fale – eu falei.
- Finalmente te encontro sóbrio. – Ele suspirou.
- Fale logo – falei impaciente.
- Liguei para saber como você estava – ele falou.
- Estou bem – falei ríspido.
- Já vi que nada mudou, mas você a encontrou? – ele perguntou.
- Não. – Suspirei pesadamente.
- Vamos procurá-la – ele falou.
- O quê? – Quase cuspi isso.
- Vamos logo, você tem que parar com isso! Você tem que viver, se não encontrarmos ela... Você nos promete que tenta viver novamente? – ele perguntou com ansiedade na voz. Hesitei um pouco... Mas era isso ou nada.
- Vamos – respondi.
- Já passo ai.
Eu estava morrendo de medo, não poderia ser a última vez que eu tentava. Caminhei até meu closet e adentrei-o. Fui até uma caixa e abri a mesma, encontrando uma caixinha pequena, abri a mesma e lá se revelava o interior almofadado dela e uma pequena aliança de ouro branco coberta de pó de diamante e com um coração em esmeralda nele.
Deixei uma lágrima cair. Era agora ou não.
Ouvi a capainha tocar e sai correndo de lá colocando a caixinha no bolso do meu casaco de moletom da Hurley. Era agora.
Eu corria como um louco pela rua dela, , e me ajudavam. Várias portas já tinham se fechado na minha cara. Eu já começava a ficava desesperado.
Aquela frase já saia da minha boca automaticamente: “Me perdoe, eu estou tentando encontrar minha vocação, mas estou chamando através da noite... Eu não pretendo ser um incômodo, mas você tem visto esta garota?” – sempre me perguntavam o porquê, se não fechavam a porta na minha cara – “ela tem corrido pelos meus sonhos e está me deixando louco, parece que eu vou pedir para ela se casar comigo”.
- Os vizinhos disseram que ela se mudou para longe... – me falou. E um silêncio muito ruim se instalou.
- Engraçado como choveu o dia todo. Eu não tinha pensado muito nisso até então – falei olhando para o céu e quebrando aquele silêncio incomodo entre nós quatro.
Eles olharam para o céu também. E agora eu vi como aquilo fazia sentido.
Elas me acompanhavam em meu desespero em encontrá-la. Tão desesperado para encontrar alguém que eu não sei onde está.
Olhei para tudo ao meu redor. Eu estava cansado e desesperado. O que ela tinha feito comigo?
Essa pergunta oscilava dentro da minha cabeça.
- MAIS QUE MERDA! – eu gritei em plenos pulmões enquanto meus amigos me olhavam com pena. – , CADÊ VOCÊ? ! – Eu ajoelhei no chão aos prantos. Eu puxava a minha franja para trás com as mãos e chorava.
Meu celular tocou e tocou e vibrou. Quem era o filho de uma puta? Peguei-o, vendo cair gotas de água no visor e nele, que se foda.
Atendi se nem ver quem era.
- O que... – fui interrompido pela a voz mais doce que já ouvi em minha vida.
- ? – a voz meiga dela soou pelos auto-falantes do celular. Congelei.
- ? Cadê você? ? – perguntei desesperado e ansioso. Minhas mãos tremiam.
- ... Levanta – falou. Ignorei-o.
- ... Agora – falou.
- ... – me chamou.
- Que é, porra? – perguntei mal educado. Será que eles não viram que eu estava falando finalmente com ela?
- Olha para frente, dude – falou e eu olhei. Ao fim daquela rua – que não era longe de onde eu estava – estava ela, com o celular em mãos, olhando-me. Minha expressão deve ter sido a pior possível, porque a vi fazer cara de dor. Ou era o meu rosto que não apresentava uma boa face mesmo.
- ... – falei a olhando. Levantei-me e fiquei feito estátua a observando. Meu celular escapou entre meus dedos enquanto eu analisava a minha pequena. Ela estava mais magra e pálida, mas estava linda do mesmo jeito. A minha ... Só minha.
Minhas pernas, sem qualquer ordem, mexeram-se, indo de encontro a ela.
- Pequena – falei quando já estava a três passos dela.
- Não venha. – Ela deu um passo para trás, com lágrimas se formando em seus globos oculares.
- , por favor – insisti.
- ... – ela sussurrou.
- Por quê? – Eu parei de andar. – Por quê, ? – Senti lágrimas encherem meus olhos também. – Volta para mim! – eu falei, abrindo os braços na esperança de tê-la neles mais uma vez.
- Eu não irei voltar – ela falou, fazendo a dor que eu sentia há alguns minutos antes de encontrá-la me acertar em cheio.
- Por quê? – eu perguntei, sentindo meu coração acelerar e minha garganta arder. Meus olhos começavam a embaçar mais e mais.
- Me perdoe – ela sussurrou abaixando a cabeça. - Eu fiz algo tão terrível, estou com muito medo para falar – ela falou mais alto, olhando para mim.
- Seja o que for, podemos conversar! Seja o que for, eu te perdôo, volte para mim! Eu ouvia você me chamar! – eu falei, sentido aquelas lágrimas rasgaram meu rosto.
- Mas você esperaria isso de mim, estou confusa, vou ser insensível! – ela falou e sussurrou novamente enquanto balançava a cabeça de um lado para o outro e lágrimas escorriam em sua face: Não estou chamando, não estou chamando.
- Você está me deixando louca – ela falou soluçando e olhando para mim. -Agora a chuva está apenas lavando você dos meus cabelos, e da minha mente....
- Podemos recomeçar! Por favor! – eu suplicava e ela me olhava chorando. – DROGA, ! EU TE AMO! – gritei, passando as mãos em meus cabelos molhados pela chuva.
- Eu... Eu... – ela falava me olhando.
- Eu sei que você também me ama – eu falei, aproximando-me dela.
- Não venha... Não venha... – ela balançou a cabeça fortemente, fazendo seus cabelos chicotearem seu rosto. – ...
- Você me ama, ... Eu te amo, – eu falei e a peguei pela cintura, beijando-a fortemente. O gosto do beijo era de saudade, paixão, raiva e, finalmente, amor. Quando o beijo se quebrou, olhamos um para o outro e nossas bocas estavam vermelhas pela intensidade do mesmo, eu continha um sorriso em meus lábios e ela nos dela. – Podemos recomeçar, volta para mim – pedi novamente.
- ... Eu...
- Shiiu, só fala que aceita. – Eu passei a ponta do meu dedo sobre os lábios dela, que automaticamente fechou os olhos e suspirou.
- Aceito, ... Vamos recomeçar... – Ela abriu os olhos e sorriu. Senti felicidade explodir em mim. Senti meu sangue voltar a circular totalmente. Peguei-a no colo e a girei enquanto ela ria.
Ouvi as risadas dos meus amigos atrás de mim.
- EU TE AMO! – gritei a plenos pulmões.
- EU TAMBÉM TE AMO! PARA SEMPRE! – ela gritou enquanto ria.
Coloquei-a no chão e nos beijamos ao som das palmas dos nossos amigos.
Estávamos deitados na cama de casal da casa dela. Nossas mãos estavam entrelaçadas e ela apoiada com a cabeça no meu peito.
- Senti tanto medo – confessei.
- Eu bem mais, me desculpe – ela falou.
- Seja o que for, estaremos recomeçando, certo? – perguntei, olhando-a com medo.
- Certo, mon ange, certo – ela sussurrou antes de selar nossos lábios. Ela rolou para cima de mim e entre nossos lábios falou: Sempre eu e você.
Adormecemos assim.
No outro dia, acordei. Ela não estava na cama. Desesperei-me. Onde ela estava?
Senti uma brisa passar por mim e olhei para a sacada do quarto. As portas estavam abertas. Coloquei minha boxer e fui até ela. Encontrei-a olhando para fora com roupão de seda e lingerie. Abracei-a pela cintura. A mão dela foi para o meu cabelo, acariciando-o.
- ... – Ela me olhou curiosa. – Casa comigo? – Eu estava nervoso como nunca estive.
- C-casar? – ela perguntou, olhando-me abobalhada.
- Sim, – eu falei mais nervoso.
- Aceito. – Ela sorriu. – Eu caso com você, mon amour – ela falou e eu a abracei. Mesmo eu a beijando não parava de sorrir.
Acomodei-me naquela poltrona e sorri a vendo se sentar ao meu lado. Estávamos voltando da lua de mel, que foi na Califórnia. Eu poderia ser mais feliz?
Estávamos de mãos dadas e ela olhava pela janela. Em poucos minutos o avião decolou e ela apertou levemente minha mão.
- Mantendo um olhar no mundo, a milhares de pés afastada do solo, eu estou sobre você agora – ela me olhou - estou em casa nas nuvens, me elevando sobre sua cabeça.
- Eu acho que irei para casa agora, eu acho que irei para casa... – falei, olhando fixamente para ela.
- Para nossa casa.
- Sim, nossa – eu falei e a beijei. Nunca mais passaria por aquilo. Porque eu estava indo para a nossa casa agora.
FIM –q
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