8 de dezembro de 1994.
O inverno era rigoroso na cidade de Londres naquele ano, em plena madruga escura e sem vida, poucos se atreviam à vagar nas ruas, o que deixava tudo muito sem vida, ainda mais naquele bairro nobre da capital britânica. Nem mesmos os piscas que denunciavam a chegada do Natal fazia aquele dia um dia feliz, não para aquela adolescente. Os dias não vinham sendo felizes para ela há muito tempo. Parou em frente a uma imensa casa branca, em meio do jardim uma placa de vende-se anunciava a saída daquela família de lá, e isso parecia perfeito para ela naquele momento. Andou em passos calmos até a varanda da casa. O casal que ocupava aquela residência estava sofrendo, descobriram que a mulher não poderia ter filhos, um sonho dos dois, logo não fazia sentido algum permanecer numa casa tão imensa se não tinha como deixá-la cheia de crianças, mas isso mudaria se dependesse da garota de 15 anos parada ali. Ela posicionou o cesto revestido de manta e cobertores na porta da frente e com delicadeza posicionou o bilhete aos pés da criança que dormia tranquilamente e confortável no cesto, apenas nove dias de vida e tão vulnerável, alheia do caminho triste que tomava seu destino, mas a adolescente não parecia ter noção daquilo, a única coisa que passava por sua mente era que logo amanheceria e era melhor sair antes que alguém pudesse notá-la, ela não poderia ser reconhecida. Não poderia ao menos se dar ao luxo de olhar para trás.
17 anos depois...
O bilhete já havia sido decorado, era a única coisa que ela via em todo esse tempo de viagem, a música não lhe distraia, a paisagem muito menos, ela não conseguia pensar direito há um bom tempo. Perdera os pais em um acidente horrível, e ela daria a vida para que não pudesse se sentir sozinha. Talvez o destino daquela garota fosse realmente ficar sozinha, ela estava fadada a isso, desde os seus primeiro dias de nascida quando fora abandonada no frio na porta daqueles que ela teve sorte de acolhê-la, dar-lhe um nome, sobrenome, casa, comida e o principal de tudo; amor. Agora eles estavam mortos, só lhe restando a esperança, esperança de encontrar a mãe biológica, mesmo sendo uma missão considerada impossível, como encontrar uma pessoa com apenas suas iniciais, numa cidade enorme, onde ela morou há dezessete anos, nem ao menos sabia se ela ainda existia. Ah, sim, e a idade, sua mãe hoje pode estar beirando os 33 ou 32 anos de idade. Era difícil, mas não impossível, era no que a garota tinha que se agarrar para que ela pudesse se livrar da tia, digna de uma vilã de contos de fadas, se livrar da solidão apossada em seu peito há semanas.
Logo ela estava em frente ao prédio de luxo, rezava para que ela fosse aceita no apartamento, ela precisava daquilo, era a única pessoa que conhecia em Londres, lógico que nenhuma pessoa em sã consciência iria atrás do ex-namorado pedir por hospedagem enquanto procura a mãe biológica pela cidade... Mas no seu caso, ela simplesmente não tinha outra opção. Mantinha o bilhete em mãos, era o único jeito de encontrar coragem para atravessar a rua, foi o bilhete que a impulsionou. Com uma última olhada no papel, respirou fundo, era isso ou nada. Atravessou a rua, andou até a portaria, empurrando a mala, e pediu para ser anunciada. Sua ex sogra que a ajudou, ela lhe assegurou que o garoto estaria em sua nova casa a esse horário, não teria riscos de ficar na rua, literalmente. Assim que recebeu a autorização, pegou o elevador, seu coração acelerava, não podia acreditar que realmente estava fazendo isso, era loucura, e loucuras não fazia parte do seu histórico. Buscou a bombinha de ar na bolsa, a asma costumava dar sinais quando ficava muito nervosa, a doença fora uma das marcas do abandono, a garota adquiriu por ficar muito tempo no frio, sem as devidas proteções. O Elevador abriu as porta e lá estava ela no corredor de entrada do flat, visto que era apenas um por andar. Bombeou mais uma vez ar para os seus pulmões e tocou a campainha, não demorou muito para que ele abrisse a porta. Parecia tão bonito e com certeza mais alto, os cabelos encaracolados agora estavam alguns centímetros mais longos do que ela costumava lembrar, o sorriso gentil sempre nos lábios fazia-se moldar uma sutis covinhas nas bochechas, os olhos verdes brilhavam em sua direção, e era impossível não sorri na frente de Harry.
- ... - O garoto abraçou a ex, era fato o carinho que ele ainda senta pela garota - Há quanto tempo...
- Muito tempo, Harry - A garota se sentiu aliviada ao não receber uma porta na cara - Depois que a fama sobe na cabeça das pessoas, fica difícil elas lembrarem os meros mortais - brincou, mas sabia que ele nunca faria isso.
-Haha, muito engraçado bobona. Mas o que faz aqui? - O garoto a olhou confuso, quando percebeu a mala que ela carregava.
- Preciso da sua ajuda. - Ela respirou fundo, o garoto prontamente pegou a mala da garota e delicadamente a guiou para a sala de estar, posicionando-se de frente para ela, indicando que estava todo a ouvidos - Bom, não sei como começar, é difícil, meu pais, eles faleceram faz um mês e poucos dias, enquanto não completo dezoito estou morando com a tia Megan, e ela que controla todo o dinheiro da herança e essas burocracias...
- , sinto muito, eu não sabia, juro que se eu soubesse eu iria até Holmes Chapel sem nem pensar duas vezes. Você deve estar sofrendo tanto. - O garoto abraçou novamente a menina, dessa vez tentando passar qualquer tipo de conforto. - Eu realmente sinto muito.
- Tudo bem Harry, obrigada. - segurava as lágrimas, era difícil para ela falar ou lembrar do acontecido - É realmente doloroso saber que não tenho mais as pessoas mais importantes da minha vida ao meu lado. Por isso eu estou aqui, eu preciso da sua ajuda para reencontrar meu passado. Eu vim atrás da minha mãe biológica, Harry. Mas não conheço pessoa alguma nessa cidade, e meu dinheiro não duraria muito se eu fosse para um hotel...
- E eu não permitiria você hospedada num hotel enquanto essa casa fica vazia a maior parte do tempo. Fique aqui, no quarto de hospedes, acho que está arrumado, você pode descansar, não vai querer começar as buscas hoje, deve estar cansada.
A garota sentiu suas vistas ficarem embaçada, é tão bom saber que existe alguém que se importa com você o suficiente para que a solidão fosse mascarada por alguns instantes, as lágrimas saíram do seu rosto tão fácil quanto o sorriso brotou em seus lábios. Sem pensar duas vezes, se jogou aos braços de Harry, tentando demonstrar o mínimo possível do quão agradecida ela estava. O garoto por sua vez acariciou os cabelos da menina, odiava vê-la chorar, nunca gostou de fato que isso acontecesse, mas se ela estava sorrindo podia ser de felicidade, e ele estava feliz em poder fazê-la feliz.
Vazio, era isso que sentia todas as vezes que se deitava. No escuro ela começava a pensar, conseqüentemente ela se lembrava do dia em que recebeu a notícia da morte dos pais, estava na aula de sociologia quando pediram para ela acompanhar o reitor até sua sala, foi um choque, e por mais irônico que fosse, ela nunca pensou que poderia ser órfã pela segunda vez. Saber daquilo comprimia seu coração, ela sentia-o diminuir dentro do peito, o nariz arder com o choro preso. Perdeu as contas de quantas vezes havia chorado, nessas semanas chorara mais do que em toda sua vida, e não demorou para que as lágrimas começassem a cair sobre o travesseiro macio, lágrimas que ficavam mais fortes a cada momento, lágrimas que viraram soluços desesperados em alguns minutos, era dor demais para poder ser escondida em finas gostas de água. Para sua sorte, chorar cansa, e em meio de lágrimas suas pálpebras se fecharam para só serem abertas no dia seguinte, numa cama estranhamente confortável, que só faria sentido após um bom tempo para se lembrar. Ela ainda podia ter esperança que em algum lugar dessa cidade uma pessoa poderia lhe tirar toda a dor com apenas um sorriso, a única coisa que ela teria que fazer era procurar, ela encontraria a mãe, era nisso que tinha que se focar para não desmoronar totalmente.
Hoje começava definitivamente sua maratona em busca da mãe. E ela esperava ansiosamente por isso. Sentou-se na cama, dobrando os joelhos. Buscou a única prova da existência da mãe em sua bolsa, que estava no criado-mudo, e olhou mais uma vez para aquela letra, um pouco tremula, mas dava para perceber o cuidado que ela depositava para que aquele bilhete saísse o mais visível possível. Aquele pedaço de papel era como ouro para ela, o maior tesouro, era o maior símbolo de esperança que ela tinha. Sem aquele papel, ela votará a ser nada.
Três batidas na porta e essa foi gentilmente aberta, ela pôde ver os cabelos cacheados aparecerem para depois os olhos e o sorriso covudo de Harry, sorriu tímida.
- Bom dia. Trouxe seu café da manhã. - Só então o garoto mostrou-se, entrando no quarto com uma bandeja - Bom, e o meu também.
- Obrigada, Harry, mas realmente não precisava se incomodar, eu me virava depois.
- Não tem essa de se virar depois, você é minha hóspede e merece o melhor cuidado possível. E esse waffle que a Miss Smith fez é simplesmente delicioso.
- Harry, sério, muito obrigada, mas não estou com fome.
Harry olhou para a garota, analisando cada detalhe, ela com certeza estava mais abatida e magra do que ele lembrava, lógico que se algo acontecesse com seus familiares ele ficaria abatido, mas ela já estava passando do que poderia se considerar normal.
- , seja sincera. Qual foi a última vez que você se alimentou de verdade? Digo, um prato de comida de verdade, não beliscos ou café. - A garota não falou nada, apenas abaixou a cabeça, nem ela podia dizer quando, ela não se lembrava - preste atenção, hoje nós vamos almoçar juntos, eu, você e os meninos. Vou ver se a Caroline vai querer ir também, ela deve estar em reunião, mas eu quero que você a conheça. - Ele sorriu doce - coma, me diga o número do seu telefone, e anote o meu, e na hora do almoço eu te ligo, e não quero ouvir nenhum tipo de desculpa.
- Eu não quero atrapalhar sua vida em nada, Harry. Se você ficar mudando seus planos para empurrar comida no meu estômago, obrigada pela hospedagem, mas eu vou para um albergue, coisa assim.
- Você não atrapalha em nada, ok? - Harry colocou um waffle próximo a boca da garota que se viu obrigada a comer- Louis chega hoje à tarde, ele vai ficar feliz em te ver, você se deram bem quando se conheceram.
- Sim, ele é legal - a garota mal podia engolir o alimento que Harry colocava mais algo perto de sua boca, quase a forçando comer - HARRY! Pare já com isso, eu sei comer sozinha, ok?
- Você gostava quando eu dava sorvete na sua boca.
- Você ficava bonitinho fazendo caras e bocas, agora é diferente, muito obrigada mesmo, mas tenho que me arrumar, tenho uma lista de maternidades para visitar.
- Então, você já tem um plano formado?
- Na verdade formei quando fui dormir.
- Antes ou depois de chorar? - A menina foi pega de surpresa, não soube como agir de inicio, gaguejou, mas as palavras não se formavam em sua boca - Me desculpe, eu não pude deixar de ouvir, quando eu fui para sala, foi meio inevitável. Eu queria entrar, mas eu não sabia se você queria, você nunca gostou que as pessoas vissem você chorar, principalmente a mim.
- Não quero que criem uma imagem de coitadinha ao meu respeito, eu só estou fragilizada.
- , você é humana, você pode chorar, eu já chorei em rede nacional, virou gif animado - os dois sorriram- Só quero te avisar que da próxima vez, não importa o que você vá achar de mim, eu entrarei correndo e ficarei ao seu lado, como amigos devem fazer um pelo outro.
Amigos. Essa não era uma palavra boa para ambos, estava mais do que na cara que eles não eram amigos, eles eram algo mais, eles foram algo mais, eles se apaixonaram um pelo outro e mesmo que aquela paixão adolescente avassaladora tenha se tornado em carinho, cumplicidade, eles não poderiam se definir como amigos, eles sabiam disso, só não tinham coragem de admitir um para o outro.
- Coma, eu não vou deixar você sair daqui sem comer tudo.
O silêncio predominou enquanto comiam, logo depois ambos foram cuidar das suas obrigações, a de , por sua vez, muito mais complicada do que ela imaginava. Andou por quase todas as maternidades de Londres, demorou muito tempo em cada uma delas, por sorte os diretores sentiam pena e era nessas horas que a solidariedade aparecia. Recebeu o catálogo dos nascidos na data do seu aniversario e pesquisou todos os nomes que batessem com as iniciais do bilhete C.L.F. No fim do dia ela tinha encontrado 24 nomes, o que reduzia muito suas buscas. Anotou os dados importantes e quando tirou o celular da bolsa se arrependeu de não ter mandado uma mensagem para Harry desmarcando o almoço, isso se ela tivesse lembrado do almoço. Eram vinte e quatro chamadas não atendidas, dezessete mensagens e três mensagens de voz. Ela teve medo de voltar para casa.
O céu já estava completamente escuro, eram quase seis da tarde, voltar para o flat do "amigo" era o melhor que ela tinha que fazer, talvez levasse chocolate ou chá, ele gostava disso, mesmo não achando que ser suficiente. Talvez um gato, Harry adora gatos, ele tem suas fascinações por esse tipo de animal. Mas não, ainda não era o suficiente. A única maneira era a verdade, ela sempre funcionara. Pegou o metrô e parou na estação mais próxima do flat, o resto do caminho ela pensava na melhor maneira possível para que Harry não a expulsasse, logo agora que ela estava chegando muito perto de tudo... Só vinte e quatro nomes, vinte e quatro possíveis mães. Ela até se permitiu sorrir, era a esperança que fazia-lhe ficar quente por dentro, fazia cócegas no estômago, seria aquilo alegria? Não importa, ela sabia que aquela sensação era maravilhosa, e ela queria sentir aquilo para sempre.
Sorriu para o porteiro, subiu sorrindo no elevador. Quem se importava com Harry estar com raiva? Logo ela teria uma mãe novamente! Tirou a chave debaixo da pedra no vaso de planta que tinha perto da porta e a girou na fechadura, o sorriso ainda estava no rosto. Andou até a sala ainda acanhada, não se sentia completamente à vontade, aquela casa não era dela, ela estava ali por um favor e não podia se esquecer disso. Ouviu gargalhadas e gritos animados, talvez Harry não estivesse tão bravo assim, encarou quatro dos cinco garotos já conhecidos por ela acompanhados de uma garota dos cabelos castanhos muito longos e uma mulher que ela já havia visto na televisão, era Caroline Flack, ela não precisava ser apresentada, era a namorada atual de Harry. O sorriso aberto se transformou numa linha tímida e curvada, que faziam combinação perfeita com as bochechas rosadas e as mãos para trás do corpo.
- Olá - Sua voz quase não saiu, apenas alguns olharam para ela, e eles não incluíam Harry.
- Oi! - A garota da qual não conhecia se levantou e foi até ela - Sou Eleanor, namorada do Louis, vocês já se conhecem? - era doce e delicada a forma que a garota falava.
- Sou , prazer. Sim, conheci Louis há um tempo, e onde ele está, não o vejo...
- HARRY, COMO VOCÊ DEIXOU AS CENOURAS ACABAREM? - Isso era Louis vindo da cozinha com uma vasilha de pipocas em mãos, enquanto uma garota de cabelos encaracolados aparecia logo atrás dela. - Oi ! Seja bem vinda.
- Dan, Dan, deixe-me lhe apresentar a amiga do Harry, , essa é Danielle, a namorada do Liam que está ali quase chorando com o fim do filme.
- Lea, não enche o Liam, ok? Você e Lou fazem um belo casal mesmo - a garota revirou os olhos e apertou a mão da recém conhecida - Vamos, se sente aqui, você chegou bem na hora do próximo filme, vamos assistir "Se beber, não case"!
- Obrigada meninas, mas eu vou para o quarto, tenho que organizar umas coisas, descansar, estou cansada, hoje o dia não foi fácil, mas muito obrigada.
- Precisando é só gritar! - Louis, que ainda abraçava a garota pelos ombros, falou- E fique sabendo, mi casa, seu casa.
A garota ensaiou uma gargalhada e se retirou, ela na verdade tinha ficado incomodada ao perceber que Harry não havia nem se quer olhando para seu rosto, ele estava mais preocupado em beijar a namorada do que saber se ela estava ou não viva. E ela não sabia por quê, mas aquilo realmente a deixava com a pulga atrás da orelha. Onde estava aquele garoto que disse que não importasse nada ele estaria ao seu lado, como amigos... Ela sabia que era questão de tempo para perceber que não eram amigos, mas horas... Isso era muito pouco tempo.
Descansou a bolsa no criado mudo e foi tomar um banho, tentar tirar tudo o que sentia da cabeça, ela não podia cogitar a idéia de sentir ciúmes, não podia se permitir a isso. Ela era apenas o passado de Harry, e sentimentos como aqueles deveriam permanecer lá, junto com o significado que ela teve pra Harry, tudo no passado, vestiu uma roupa qualquer e montou um plano para ir atrás das pessoas ali, poderia cogitar mais dias para a busca, afinal, pessoas mudam de endereço, mas ela poderia ir ao fim do mundo, ela não desistiria.
Estava enrolada em papéis por toda a parte da cama, endereços antigos, números de telefone, Xerox de fichas hospitalares, bilhete, fotos, lembranças... Era tanta coisa para pensar que nem conseguia respirar direito. Abriu a porta do quarto com intenção de tomar um copo de água, viu o violão encostado no quarto da frente, talvez se pegasse emprestado por algum tempo, ninguém daria falta, estavam todos assistindo o filme fim das contas. Voltou pro quarto com o instrumento em mãos, respirou fundo e dedilhou algumas notas. Sem perceber começou a cantar Sober, e de Sober vieram músicas que representavam seus sentimentos, músicas de tristeza, esperança, ela mal via o tempo passar, logo se lembrou dos pais, de como queria estar em casa naquele momento, então fechou os olhos, ela tinha que tirar aquele pensamento da cabeça de alguma forma. Começou a cantar nobody's home, incrivelmente parecida com o que ela estava sentindo naquele momento. O que ela não contava era que no outro lado da porta havia uma pessoa escutando tudo, e sabendo o que se passava naquele momento na cabeça dela. A sua mão estava na maçaneta, pronto para entrar no quarto e dizer que estar tudo bem, que ela não estava só, que aquela poderia ser sua casa também, definitivamente ela não estava sozinha.
- Hazza! - Por sorte era Niall e não Caroline que apareceu no corredor - Cadê o violão, cara? Ele não é tão pequeno assim pra você demorar tanto tempo procurando.
Logo Harry tirou a mão da maçaneta da porta e olhou para Niall, estava na cara que ele não estava tão feliz como estava há alguns minutos, mas Niall preferiu não comentar, não era o momento para isso. Essa era uma qualidade do irlandês, ele tinha o timing preciso.
- A está usando, entra aí e pede, aproveita e a chame para a sala, ela precisa comer alguma coisa. - O garoto passou pelo loiro, mas parou - Por favor, diga para os outros que eu estava afinando o violão.
O loiro apenas afirmou e se encaminhou para o quarto de hospedes. Ficou impressionado, aquela garota era afinada pra caramba. Assim que a música acabou ele abriu a porta, sem pedir autorização nem nada, estava embasbacado.
- Tem certeza que mandaram a pessoa certa pro X-Factor? - O garoto se aproximou e sentou na beira da cama, com a menina ainda em silêncio - Ah, vamos lá, não fique envergonhada, não de mim, por favor! - sorriu tímida, e olhou para o garoto, seus olhos estavam vermelhos - , você estava chorando? Deus, como eu sou insensível, Harry nos falou dos seus pais, não que ele seja fofoqueiro, ele só não estava se sentindo bem o bastante, compartilhou conosco, ele ficou preocupado com você.
- Ele não me pareceu tão preocupado agora. - A garota falou sem pensar, mas Niall irradiava confiança - Pode parecer que estou com ciúmes, mas não é. Digo... É complicado, eu achei que encontraria um amigo em Harry, mas ele mal olhou para minha cara quando eu cheguei.
- Já passou pela sua cabeça que você pode encontrar um amigo em outra pessoa? Talvez um irlandês que acaba de te chamar para um jantar a dois, bom, na verdade a pizza seria só para mim, mas eu posso te dar uma fatia. - ambos gargalharam, a risada de Niall era tão contagiante e gostosa de ouvir - Vamos, a gente come escondido e depois vai pra sala tocar violão e cantar, músicas divertidas, tipo YMCA!
Depois de muito tempo na cozinha comendo duas pizzas grandes e refrigerante, Niall colocou nas costas e os dois foram para a sala enquanto a mesma gargalhava e tentava se equilibrar e segurar o violão ao mesmo tempo, tentando evitar maiores danos para ambos.
- Olha só, o duende resolveu aparecer com a princesinha. - Louis brincou - Posso saber onde vocês estavam?
- Terminando de afinar o violão. - segurou o riso, como podia Niall mentir tão descaradamente?
- Então essa sua boca suja de molho de tomate não tem nada haver com as pizzas que estavam na cozinha?
Zayn fazia uma cara de desconfiado, o que fez gargalhar mais. Aquilo deixou Harry feliz, mas por que ele não estava assim tão feliz quanto queria estar pela amiga estar se divertindo com seus amigos?
Foram adicionados mais nove nomes em sua lista, foram visitadas trinta e duas pessoas, das quais tinha seus filhos devidamente bem direcionados, ou talvez não, foram mais dias do que ela imaginava ser, foram mais endereços do que aqueles que estavam anotados, foram informações extras vinda de ex vizinhos, foram passagens de trem que iam de Southampton à Glasgow, tudo para entrar sua mãe. Foram milhares de histórias, de pessoas mal educadas que batiam a porta em sua cara, de pessoas solidárias, pessoas de outras nacionalidades, sim, conheceu uma Cláudia Lima Fontoura, brasileira, que se casou com um inglês, que teve o seu filho aqui. Também não teve a oportunidade de conhecer muitas das pessoas, entre elas Carsta Lee Fletcher, que morrera após um câncer, mas ela havia conhecido a filha dela, Hope, que nascera na mesma data que ela, também conheceu Carrie Lauren Finnegan, que teve a filha morta por traficantes, tudo por uma divida após o vicio de drogas. Eram trinta e duas historias incríveis, mais de um mês na cidade e agora só um nome, não lhe restavam mais dúvidas. Celine Lavigne Fisher, ela era a sua mãe, só poderia ser e ela não poderia estar menos nervosa que isso.
Estava na casa de Zayn jogando monopoly, desde o dia anterior não ia para o flat, Louis iria para casa de Eleanor e Harry pedira um tempo sozinho com Caroline no flat, a idéia lhe desagradava, ela não podia se afetar, ela não tinha esse direito, Harry continuava o mesmo doce que sempre foi, um grande cavalheiro, mas não era nada além de seu amigo, com uma namorada mais velha e famosa, não precisaria de uma ex, órfã e que mora em um vilarejo. O que lhe restava era jogar um jogo de tabuleiro com os mais novos amigos e se distrair. Se é que isso era possível.
- Niall, para de roubar, Londres é minha, vai logo pagando.
- Mas Liam, tem que sobrar dinheiro pro Nando's.
- Você está falido, dear, a única coisa que você querer do Nando's é um emprego para pagar o que está devendo, e olhe só, o Liam colocou um hotel, amor, acho que estamos ricos!
- Ih, pobre Liam, nem casou e já tem divisão de bens... -Zayn fez uma cara triste, fazendo todos rirem.
- Cale a boca Zayn, não se esqueça, você faliu e agora trabalha na nossa pub.
- Trabalho escrevo para o pobre DJ Malik.
- Nem vem, você também tá falida, , a disputa é entre casais, quem será o casal real da Inglaterra? Será a bailarina e o quebra nozes ou eu, o super-cenoura e a coelhinha mais linda desse mundo?
- Ok, depois dessa eu vou buscar algo para beber.
- Espere Zayn, vou com você, meu diabetes vai para as alturas se eu continuar aqui!
- E vocês vão me deixar aqui sozinho no meio de toda essa tensão? Esperem os dois aí.
Era fato que havia encontrado ótimos amigos naquele grupo, quando conheceu os garotos, que por sinal fora no mesmo dia que o relacionamento com Harry teve fim, logo simpatizou com eles, sabia que seu Harry estava em boas mãos, mas agora com esse tempo de convivência não poderia achar outra definição para eles a não ser perfeitos. Ainda tinha as meninas, Eleanor fazia o estilo irmã mais velha moleca, doce e extrovertida. Fazia piada com tudo e com todos, realmente o par perfeito para Louis. Já Danielle era tão centrada e intuitiva que era quase uma mãe, não poderia negar, ela era a alma gêmea do daddy direction. Zayn e Niall eram a salvação da garota quando ficavam no vácuo, faziam piadas e conversavam enquanto os pombinhos namoravam, pombinhos que incluía Caroline e Harry, que mais pareciam viver em seu próprio mundo, não eram muito enturmados quanto os outros dois casais, talvez pela idade da mulher, que não se permitia brincadeiras mais infantis ou jogos de tabuleiro com empregos e casas fictícias, mas isso não importava muito para , ou importava tanto que ela preferia se enganar dizendo não se importar, afinal, ela precisava de tudo, menos sentir ciúmes de Harry.
O jogo acabou com Louis e Eleanor campeões, o que causou uma comemoração mais exagerada que o normal. Ao olhar no relógio, viu que já se passava da meia noite.
- Pessoal, já vai dar uma da manhã, será que é tempo suficiente para Harry e Caroline?
- Mas você já quer ir? - Zayn torceu o bico, ele realmente tinha aprovado a nova amiga.
- Amanhã tenho que acordar cedo, os dados que eu tenho podem não ser o necessário para encontrar a mulher, e eu estou tão nervosa que eu mal consigo me divertir direito, eu só preciso dormir e acordar cedo.
- Calma, você vai encontrar sua mãe, - Liam falou, passando a mão pelos ombros da garota- Daí então, você passa a viver em Londres e todos os dias vão ser divertidos como os que nós estamos tendo.
- Deus te ouça, Liam. Mas de qualquer forma, estou adorando o tempo que estamos passando juntos, eu realmente não quero voltar para Holmes Chapel. Se qualquer coisa, ruim que seja acontecer... Eu vou dar um jeito, me mudarei para cá.
- Hey, . Não pense no pior, você vai conseguir tudo o que quer, e amanhã.
- Ai Dan... Meu estômago revira só de lembrar!
- Só não vá vomitar no meu tapete, minha mãe o adora. - Zayn deitou esparramado no tapete, como se tentasse protegê-lo, causando risos.
- Ok, Zayn, mas hora de ir.
- Vamos, eu te dou uma carona, tenho que voltar para pegar umas coisas que eu esqueci em casa. - Louis se levantou do chão, ajudando a namorada a fazer o mesmo.
- Louis, você não precisa ir por que estou indo.
- Eu e o super-cenoura aqui temos assuntos para resolver, . Não é por sua causa.
- Oh meu Deus, Lea, não faça essa cara! - Danielle repreendeu a feição maliciosa do rosto da garota.
- Só espero que não queira brincar de coelhinho na toca enquanto eu estiver no carro.
Gargalhadas, pedalas na cabeça da mais nova do grupo e despedidas. Não demorou muito para que eles estivessem no flat, que estava totalmente escuro e silencioso. foi acompanhada por Louis e Eleanor até o quarto, ela tinha pavor de andar no escuro sozinha, se despediu dos amigos e se preparou para dormir.
Já fazia meia hora tentando encontrar a melhor posição para dormir, não dera certo. Não tinha sono, a única coisa que pensava era em como poderia ser a mãe, tinha os mesmo olhos ou boca, talvez a risada, mas vai que ela tenha puxado mais ao pai, será que seus pais estavam juntos? Eram tantas hipóteses misturadas com ansiedade que ela se arriscou sair do quarto e ir beber um copo de leite, talvez assistir um filme qualquer na televisão, não iria pegar no sono mesmo.
Por sorte estava passando Recém-casados em um canal, e ela tinha uma paixão platônica pelo Ashton Kurtcher, especialmente nesse filme, que dera a sorte de pegar no começo, bebericava o leite e ria das cenas engraçadas do filme até perceber que estava sendo observada, se sobressaltou, deixando que um pouco de leite caísse por sua blusa. Ficou feliz em saber que era só Harry.
- Vejo que a bela adormecida não está tão adormecida assim. - Harry se aproximou da garota, ele sentia choques no estômago a cada passo - O que faz acordada às duas da manhã?
- Ansiedade, nervosismo, vontade de gritar meus pulmões para que amanheça logo e eu vá atrás da minha mãe biológica.
- WOW, muita coisa para essa sua cabecinha. Relaxa, amanhã tudo vai sair melhor que o esperado. - ele sorriu, tentando confortar a menina, já que isso era o que ele precisava para se sentir confortado- Eu até pensei em ir com você, se você quiser, lógico.
- Harry, quantas vezes eu preciso falar que não quero te incomodar?
- Por que você nunca aceita as coisas vindas de mim? Zayn te chama para andar por aí, você vai, Liam te chama para assistir filmes da Disney e não precisa de uma segunda vez, você já estar lá, Louis só precisa chamar seu nome que você já aceita tudo o que ele fala, Niall é o seu companheiro de comida, no dia que eu levei café da manhã para você, você não quis nem comer, já ele faz uma piadinha e uhul, lá se vai os melhores amigos devorar duas pizzas família.
- Harry...
- Não , não vem com essa de Harry pra cima de mim, eu quero ser gentil, quero me aproximar de você, mas você me afasta toda vez que eu tento, é tão injusto isso, não é agradável saber que você prefere estar com outras pessoas, não é bom ver os meninos serem mais amigos seus que eu, sou eu que te conheço melhor!
- Eu não quero que você ache isso, Harry. Você sempre vai ser meu amigo, meu melhor amigo, sempre. Eu só não quero tomar seu tempo por muito tempo, não quero que você se sinta obrigado a ter responsabilidades comigo sendo que você não tem alguma. Os garotos, eles são gentis e amorosos, realmente são meus amigos, mas eles estão me conhecendo agora, para eles eu só sou "a órfã amiga do Harry que veio procurar a mãe", a menina nova e legal, a que sorri mesmo passando por momentos difíceis. Mas pra você eu não sou isso, eu não suportaria cogitar a idéia que você tem pena de mim.
Foi um silencio causado pela tensão das palavras, eles não pareciam um casal adolescente que discutiam de como a vida seria daqui a uns anos enquanto eles festejavam a juventude. Eles era jovens, sim, mas maduros o suficientes para saber que a vida não era para ser jogada pro alto enquanto as oportunidades passavam. Um ano sem se ver proporcionou para Harry e mais do que algum amadurecimento físico, mas internamente eles estavam mais maduros do que jamais foram, ambos num ritmo diferente, de formas diferente, amadurecimento causado pela dor da perda ou pela alegria da conquista, não importava aquilo naquele momento. Pois mesmo estando maduros demais eles sabiam que continuavam sendo o mesmo Harry e a mesma que desfrutaram do primeiro amor juntos.
- Eu jamais vou ter pena de você, Raii.
- Eu sei, mas eu não tinha certeza. - A garota sentia nós na garganta se formarem, fazendo sua voz sair esganiçada - Harry, eu estou com tanto medo e você é a única lembrança que eu tenho que eu já fui feliz, eu... Eu não quero perder isso.
O garoto não teve outra opção a não ser deixar a garota chorar em seu ombro enquanto a abraçava. Era tão bom tê-la nos braços, ele havia praticamente esquecido daquele sentimento de grandeza quando a tinha nos braços, era como se esse ato protetor fizesse com que Harry se tornasse invencível, e ele não se sentia assim com outras pessoas, só com , a sua .
- Não precisa ter medo, eu não vou a lugar nenhum. - a garota riu, e ao perceber o que disse o garoto acabou rindo também - Ok, eu não planejava sair falando letra de músicas para você. Mas é a verdade.
- Obrigada. - afastou-se do garoto e sorriu chorosa enquanto olhava em seus olhos - Muito obrigada mesmo, Harry, você não sabe o quanto isso significa pra mim.
- Você também significa muito pra mim, pequena - O garoto sorriu, parecia que eles haviam rebobinado a fita - Agora, me diz, o que você estava assistindo? Posso assistir também? Você não encontrou nenhum pornô, não é? Vou logo falando, é do Louis, não é meu.
Os garotos riram, e encontraram uma maneira confortável para terminar de assistir o filme. Não precisaria de discussão, o lugar mais confortável para era abraçada a Harry e para Harry nada mais confortável que abraçá-la; e foi assim, abraçados, que eles riram das loucuras e idiotices do casal, até bem perto do fim.
- ? - Harry se pronunciou depois de um tempo, algo não saia de sua cabeça - Por que terminamos?
- Por que terminamos? - repetiu a pergunta enquanto pensava, nem mesmo ela sabia o porquê - Não sei Harry, talvez porque era o momento certo. Você precisava do máximo de liberdade possível, você tinha uma vida nova, com uma banda nova, o que menos você precisaria era de uma garota te prendendo.
- Mas isso quem tinha que decidir era eu, não você. Não achei justo você tomar essa decisão por mim.
- Mas eu não tomei a decisão por você, Hazza.
- Lógico que foi, um certo dia você olhou para mim e falou: "Harry, acho melhor pararmos por aqui" e foi embora.
- Harry, a partir do momento em que você aceitou minhas palavras, sem lutar para que continuássemos juntos, a decisão se tornou sua.
- Vocês, mulheres, nasceram para complicar a vida do homem.
- Vocês, homens, nasceram para acabar a vida das mulheres. - Ambos reviram os olhos e riram - Vamos assistir o fim do filme, eu adoro.
O sol batia no rosto do garoto que não conseguiu se mexer, um peso em cima do seu braço fazia com que isso fosse impossível. Abriu os olhos e constatou que dormia em seus braços, deveriam ter adormecido antes mesmo de o outro filme começar. Bateu o braço no sofá até encontrar o celular para ver as horas, já estava perto das dez da manhã. Olhou mais uma vez para a garota que dormia tranquilamente em seus braços, o rosto tranqüilo e um leve sorriso no rosto denunciava que ela estava sonhando, Harry se viu incapaz de conter o sorriso ao ver aquela cena, guiou os dedos delicadamente até o rosto da garota e tirou os fios de cabelo que tocavam sua face, a garota se mexeu um pouco, mas logo voltou ao inconsciente, sua mão havia ido parar no peito de Harry. A campainha desesperada fez com que acordasse, mesmo não querendo abrir os olhos, sonhava com os pais e com Harry, eles estavam juntos novamente e os pais aprovaram aquilo.
(Ponha a música para carregar).
(Aperte play).
Havia um bom tempo que as meninas saíram do seu quarto, era verdade que ela tinha perdido a noção do tempo enquanto estava presa em seus pensamentos, pensamentos que impediram que ela dormisse, impediram de chegasse em uma conclusão. Ela estava perdida, estava acabada, não conseguira o sucesso em sua missão. Ela sentia novamente aquela dor de perda. Ela voltaria para Holmes Chapel, esperava que tivesse alguma resposta da universidade, esperava que acabasse aquela sensação de que nunca mais fosse ser feliz.
And the tears come streaming down your face
As roupas dobradas em cima da cama eram cuidadosamente colocadas na mala, enquanto os olhos enchiam de lágrimas mais uma vez naquele dia, naqueles meses... Viu foto com os pais em cima do criado-mudo, teve que sorrir, como ela podia ter chegado a pensar que encontrar a mãe biológica iria substituir aquelas duas pessoas que tanto amou? Era impossível, se haviam pessoas insubstituíveis para , sem dúvida elas eram seus pais e Harry... Harry, ele era a prova de que ela um dia teve um lar. Mas nunca chegou a agradecê-lo de fato por isso.
Lights will guide you home
Saiu do quarto em direção ao quarto do garoto, deu três batidas na porta e aguardou resposta. Ao ouvi-la, entrou e ficou na porta, observando o garoto deitado na cama, sem camisa, enquanto tocava Coldplay no rádio.
And high up above or down below
Ambos se olharam, as lembranças, a saudade... Saudade de quando tudo era simples, saudade de quando Harry não devia satisfações para o mundo, de quando só precisava se preocupar com o que se vestir no baile do colégio. Harry se levantou da cama , deu um passo para frente, e foi assim que eles se aproximaram, não se atreviam falar, só em se olhar já sabiam o que tinham que fazer. Ele tocou o rosto dela, cada vez mais próximos, as bocas se entreabriram, os olhos se fecharam, lábios se tocaram.
Lights will guide you home
Intenso, tudo naquele lugar estava intenso, os sentimentos, as frequências cardíacas, o beijo... Era como antes, era como estar em casa, era como se tudo desaparecesse e só restasse os dois jovens. As mãos tocavam o máximo de pele que elas podiam percorrer, ficar de pé começou ser incomodo, e caminhar em passos lentos até a cama fez com que cortasse o beijo para encarar aqueles dois olhos cor de esmeralda. Estava tão receosa em fazer o que estava a ponto de fazer, ela não podia se entregar, não podia agir precipitadamente. Ela pediu para Harry esquecer o que ela não havia esquecido, e se caso ele vir a esquecer de tudo o que estava restes a acontecer?
Tears streaming down your face
Acordar pareceu extremamente difícil, abrir olhos e ver que tudo não passava de um sonho... Mas não foi isso que aconteceu. Assim que a claridade refletiu nos seus olhos verdes, ele pôde ver a delicadeza e serenidade no rosto de , deitada de bruços ao seu lado. Sorriu. Como não sorrir ao estar ao lado daquela garota? Estava tão claro agora quanto à luz do sol, ele a amava e queria tê-la para si naquele exato momento, ele não adiaria mais nem um segundo. Levantou-se quase que instantaneamente assim que a ideia que lhe passou pela cabeça. Foi à cozinha e pôde sentir os cheiros deliciosos que se misturavam deixando ainda melhor a manhã. Abraçou a senhora que preparava massa de panquecas e depositou um beijo demorado na bochecha da mesma.
Baby Lux era a garotinha mais fofa que poderia existir em toda a Londres. Era impossível não se encantar com toda a graciosidade que enraiava em cada dobrinha das coxas ou do sorriso sem dentes. E foi todo esse encanto que fez com que se apaixonasse quase que automaticamente pela garotinha. Apaixonada também pela forma que Harry tratava o bebê, num momento de devaneio se imaginou em um futuro um pouco distante onde assistiria o garoto, já homem, embalar e brincar com seus filhos. Os filhos que eram dela também.
- Eu não acredito, ! Você não pode simplesmente abandonar o amor da sua vida por causa de uma ameaça!
As três batidas na porta foram ouvidas com clareza pela garota, que não fez muita questão de levantar. Estava exausta, não parava de pensar sobre a noite anterior, onde, num momento de insanidade, jogou tudo para o alto e resolveu declarar sua existência. Mas as batidas insistentes só faziam com que sua cabeça doesse mais ainda, então, com muito esforço, levantou para abrir a porta, murmurando qualquer coisa para que parassem logo com tanto baticum. Ao abrir a porta, arrependeu-se imediatamente , tentou fechá-la, mas quando viu, já estava jogada na cama e Caroline Flack, totalmente disfarçada, parada em sua frente com um sorriso perverso nos lábios, nem teve tempo de sentir pena de si.
- EU POSSO SABER O QUE É ISSO?
Uma voz completamente alterada fez com que ela abrisse os olhos de vez, amaldiçoando-se por isso, a claridade machucou os mesmos. Após se acostumar, percebeu que seu rosto estava a poucos centímetros do de Harry e isso fez seu estomago revirar, olhou para onde a voz vinha e deu de cara com uma Caroline Flack completamente irada, e sem pensar duas vezes se afastou, o que possibilitou que ela caísse com tudo no chão, mas em segundos já estava de pé.
- Não é nada do que você deve estar pensado.
- Cale essa boca, garotinha, desde a primeira vez que pus meu olhar em você percebi que você me traria problemas.
- Caroline, também não é assim, nós só estávamos assistindo um filme e acabamos dormindo.
- Harry, nós marcamos para tomar café da manhã juntos! Já são dez da manhã e nada de você aparecer.
Aquilo despertou ainda mais a garota, ela estava muito atrasada pro seu compromisso. Saiu correndo da sala e foi se arrumar o mais rápido que pôde, deixando pra trás uma discussão que lhe faria mal ouvir. Nunca fora saudável para ela ter que admitir que não passasse de uma amiga para Harry, era melhor ele falar aquilo longe de seus ouvidos. Pegou a bolsa, jogou todos os dados que restavam da sua mãe, o bilhete que era peça chave para a sua jornada. Passou pela sala e ainda percebia gritos, mas não conseguiu passar despercebida por Harry.
- Raii, onde você pensa que vai?
- Estou atrasada, Harry, vou encontrar minha mãe.
- Mas eu te disse que eu iria com você.
- Não Harry, não quero lhe causar problemas, já disse! Vá sair com Caroline, não quero ser motivo de briga para ninguém. Eu me viro, já aprendi a fazer tudo sozinha mesmo. Não precisa se preocupar, qualquer coisa te ligo.
- Promete? - O garoto se aproximou e a segurou pelos ombros, ela apenas afirmou com a cabeça, não estava se sentindo à vontade sendo observada pela namorada do seu ex. -Então, boa sorte.
Harry depositou um beijo demorado na testa da menina e a deixou partir, respirando fundo para encarar a namorada. Naquele momento ele se perguntava o que tinha na cabeça ao começar o relacionamento com ela, já que definitivamente maturidade era algo que faltava naquela relação, até , no auge dos seus 15 anos, conseguiu ser uma namorada madura e compreensiva. Muito o contrário dela, que mal parecia ter 32... Se realmente tivesse ouvido todos que disseram que aquilo não daria certo, ele com certeza estaria ao lado de nesse momento, ao lado dela para sempre. Nesse tempo em que reviu a garota não podia pensar em outra coisa além disso. Era fato, Harry havia se apaixonado por ela novamente. Se é que existiu algum dia em sua vida que deixou de amá-la.
A porta da frente bateu em suas costas e ela não pensou duas vezes em se encostar nela. Era sobrenatural o que estava sentindo. Na verdade nem ela sabia o que estava sentindo naquele momento. As pernas fraquejaram e ela foi escorregando centímetro por centímetro até o chão, apoiou os cotovelos nos joelhos, os dedos trêmulos se fechavam em seus cabelos, ela só não queria que aquilo fosse verdade, só isso. Um soluço forte escapou de seus pulmões e só então se deu conta que chorava, aquilo fez com que o seu choro se tornasse ainda mais desesperado.
- ! Você chegou! Pensamos que você ia demorar mais e... - a garota de cabelos encaracolados se calou, aquilo era assombroso demais para fingir que não estava acontecendo. - , querida, o que aconteceu? - Não obtendo resposta, Danielle se agachou e passou a mão pelos cabelos da garota - , vamos sair daqui, vamos pra sala. - Mas a menina ainda chorava descontroladamente - Liam! Liam, me ajuda aqui!
- O que foi, linda? - Assim que Liam apareceu não precisou perguntar duas vezes, estava ajoelhado em frente das garotas - , o que houve?
- Ela não diz nada, só chora aí, me ajude a levanta-la, ok? No três.
Os dois apoiaram a garota nos ombros, mas mal conseguiram dar mais que três passos, com isso Liam a colocou nos braços, levando-a para a sala. Os outros se assustaram vendo a garota daquele jeito, Zayn fora pra cozinha pegar água, enquanto Eleanor e Danielle tiravam a bolsa e prendiam o cabelo da garota em um rabo de cavalo. Louis abriu a bolsa dela e pegou a bombinha de ar, já que costumava ter crises de asma em situações como essas. Seu choro era descontrolado, era sofrido, era simplesmente angustiante para quem estivesse vendo aquilo, mas mesmo não sabendo o motivo de tamanha tristeza, Zayn, Louis, Liam, Danielle e Eleanor tentavam consolar a garota.
- Olha de onde viemos... NANDO'S! - A voz de Niall invadiu a sala, mas logo seu sorriso se desfez. - O que aconteceu aqui?
- Eu não sei, ela está assim desde que chegou.
Harry, que vinha muito atrás de Niall, não estava nem um pouco agradado com o silêncio que se instalava na casa, seu humor não vinha sendo um dos melhores hoje, depois da briga com Caroline, então pedia internamente que os amigos não estivessem preparando nenhuma piadinha sem graça pra cima dele. Mas ao ver o porquê do silêncio seu coração acelerou, seu punho se fechou ao ver sua menina naquele estado, sem pensar duas vezes se ajoelhou em frente da garota e lhe segurou o rosto entre suas mãos, fazendo com que o abraçasse forte, voltando a chorar o quanto estava chorando antes.
- Shh... Calma, meu amor, eu estou aqui.
Cuidadosamente Harry levantou que, colada ao seu corpo, foi guiada até o quarto de hóspedes, a deitou na cama, tirando-lhe os sapatos, e se deitou ao lado dela, trazendo-a para mais perto, para que pudesse lhe abraçar e proteger de qualquer mal que haviam feito para ela.
- O que fizeram com você, hum? - Harry beijou carinhosamente a testa dela, enquanto ouvia seus soluços - Não sabe o quanto eu queria tirar essa dor de você.
Morfina. Era isso que Harry estava sendo para ela, seu toque, sua proteção e cuidados faziam com que a menina sentisse a dor sendo aliviada, ela estava completamente anestesiada e ela agradecia isso a Harry, ele era o que a mantinha forte e viva a cada "não" que recebia. Era triste, mas só em chegar na casa e ver o sorriso do garoto já era um ótimo remédio, e ainda mais hoje, quando ela mais precisou de seu medicamento mais eficaz, o abraço de Harry. Mas ela sabia que aquilo tinha uma consequência, aquilo viciava.
- Não me abandone, por favor. - A garota finalmente pronunciou algo, a voz trêmula e rouca, quase não fora ouvida pelo rapaz. - Não me deixe sozinha.
- Hey... - Harry se virou para a garota, com seu rosto centímetros de distância dos dela, seus olhos verdes encontraram-se com os de e ele não desviou o olhar, para ela ter certeza de que aquilo era verdadeiro - Eu nunca, nunca mesmo, vou te abandonar, estarei ao seu lado. Você nunca mais vai estar sozinha.
- Obrigada, não sabe o quanto isso significa para mim. - a garota olhou para o garoto, que ainda estava sério, ela sabia que devia satisfações - Sobre o que aconteceu... - Seus olhos voltaram a encher de lágrimas. Era ruim lembrar.
- Não precisa contar agora se não estiver preparada. Eu posso esperar.
- Não, está tudo bem. - ela sorriu, tentando fingir que estava realmente tudo bem. - Eu fui no endereço, e Celine ainda morava lá, ela cuida da mãe que é doente. Ela realmente teve uma filha aos quinze anos, mas só que Celine resolveu dar para a adoção, ela não tinha condições de cuidar da criança, a família do pai da criança não apoiou, o garoto então fugiu da responsabilidade, e a família dela não tinha muitas condições.
- Então ela te deixou por amor. Isso é um bom motivo , ela não simplesmente te abandonou, só quis o melhor para você. - A menina achou graça do otimismo de Harry, mas seus olhos cheios de lágrimas denunciavam algo errado.
- Aí que está... Ela não me deixou.
- Mas como não? Você acabou de falar que ela deu a filha para a adoção.
- Isso, ela deu a filha dela. Não a mim. - as lágrimas presas caíram seguidas de outras e mais outras e ela estava chorando novamente. - Foi tudo em vão, Hazza, eu... Nunca vou encontrá-la, estou sozinha mais uma vez, eu sou órfã mais uma vez, esse é o meu destino, era esse o meu destino desde sempre, não era para os meus pais terem aberto aquela porta, terem me acolhido.
- ! Nunca... Nunca mais diga isso novamente. Eu estou aqui, eu sempre vou estar aqui, nunca mais repita que você está sozinha, principalmente na minha frente. Não quero ficar te lembrando toda hora que eu estou aqui! Eu imagino como deve ser péssimo perder os pais, eu não sei o que seria de mim se eu perdesse a minha mãe... Eu posso te adotar! Não, melhor, o Liam pode te adotar, ele é um melhor pai que eu e os sanduiches dele são realmente deliciosos... - O garoto riu e segurou o rosto dela, para que ela olhasse diretamente em seus olhos - Só quero que não se esqueça, eu estarei aqui por você a cada segundo da minha vida.
permitiu-se sorrir em meio às lágrimas, e aquilo aqueceu o coração do rapaz, um pouco, mas o suficiente para que num movimento involuntário tocasse os lábios da garota com seus lábios.
Fogos de artifício, era essa a melhor descrição para seus estômagos. Um simples tocar de lábios causou tantas reações marcantes naqueles dois adolescentes que até ficaram sem ar. Foram os três segundos mais longos da vida de Harry e , mas mesmo assim, se eles fossem eternos, os dois, com certeza, não se incomodariam.
não queria abrir os olhos, dar de cara com aquela imensidão verde brilhante que ela tanto amava. Harry, por sua vez, esperava desesperadamente que ela abrisse os olhos, ele queria saber se aquilo que estava acontecendo com ele era o mesmo que estava acontecendo com ela, ele não queria ter dúvidas, era como se sua vida dependesse dos olhos dela naquele exato momento.
Ambos pronunciaram os nomes um do outro ao mesmo tempo, no mesmo tom sussurrado de voz, com as mesmas reações ao ato... Arrepios, corações acelerados, frio intenso na barriga...
- Não, por favor... Só, me deixe um pouco sozinha. - mantinha os olhos fechados, mordia o lábio inferior, estava claro o quanto nervosa estava.
- Mas...
- Por favor, eu... Eu preciso... Eu estou cansada. Só esqueça isso, eu vou esquecer também. Por favor, eu preciso ficar sozinha.
O garoto respirou fundo e se retirou do quarto. Harry caminhou até a sala, onde todos os amigos estavam apreensivos, sentou no sofá, apoiou os cotovelos nos joelhos, passou as mãos pelo rosto e segurou forte a nuca e mais uma vez soltou o ar pesadamente.
- Desse jeito você vai nos deixar ainda mais aflitos. - Louis quebrou o silencio - O que tem? Por que você está desse jeito?
- A tal mulher, a que ela foi visitar hoje, não é a mãe biológica dela.
- Nossa! E agora? O que ela vai fazer?
- Não sei, Liam! Ela não me disse.
- E por que você deixou-a sozinha? Ela com certeza está precisando de alguém lá.
- Ela pediu para eu sair, Dani. Queria ficar sozinha.
- Quando vocês, homens, vão aprender que quando uma mulher diz que quer ficar sozinha, ela nunca quer ficar sozinha? - Eleanor levantou, indo em direção aos quartos - Vamos, Danielle! precisa de nós, e de doces. Louis, vou pegar seus chocolates.
As garotas saíram da sala, mas Harry não parou de agir como se estivesse em outro mundo. Ele realmente estava em outro mundo, no mundo em que aquele mero selinho pudesse ser repetido, pudesse ser intensificado, no mundo em que fosse dele novamente. O que Harry mais queria naquele momento era rebobinar.
- Ok, pode falar, elas já foram. - Zayn se mexeu no sofá ao lado de Harry, querendo pegar o melhor ângulo do amigo - O que realmente aconteceu?
- Nós... A gente... Eu a beijei. - Silêncio. - Eu grudei minha boca na dela por segundos e... E foram os segundos mais maravilhosos da minha vida!
- Você ainda gosta dela?
- Eu simplesmente não sei, Niall. Foi tão diferente, foi tão mais... Não sei, eu não sei... Meu Deus, o que está acontecendo comigo?
- Isso se chama paixão, Harry.
- Paixão? Liam, eu estou apaixonado pela Caroline, eu tenho certeza disso, e mesmo assim eu não me sentia desse jeito, eu saí daquele quarto tremendo! Só pode ser uma crise alérgica.
- Se você acha isso, não sou eu que vou negar. - Zayn se recostou no sofá - Mas está mais do que na cara que você e ela têm uma conexão incrível, como se entendessem com o olhar.
- Isso é verdade, às vezes, sem piadas, num olhar e vocês riem, vocês sabem exatamente o que fazer num olhar! Isso é muito assustador pra mim.
- Isso é meio lógico, Niall. A única coisa com que você pode ter conexão é com a comida.
- Muito engraçado, Louis. - Niall riu sem humor - Voltando ao que eu estava dizendo, é assustador, mas é muito legal de ver, tem uma coisa em você, não me pergunte o quê, que a gente só percebe quando você está com ela, com a , e eu nunca havia visto você desse jeito.
- NEM EU! Eu estou um pouco desesperado! Eu nunca agi dessa forma, eu nunca fui dessa forma. Eu preferia quando eu era egoísta o suficiente para não me importar com os sentimentos dela. Cara, quando ela terminou comigo eu não quis nem saber! Mesmo eu querendo estar com ela naquela época, eu não quis agir como um cachorrinho e correr atrás dela, por que eu não posso voltar a ser desse jeito?
- Por que você AMA a . E não. Não venha falar que você ama a Caroline, porque eu bem sei que você está com ela até hoje por puro capricho. Eu moro com você, eu conheço você mais do que você imagina, caro Harry. Eu sou quem mais percebo o quanto você precisa mostrar para todos que você não precisa da opinião deles para fazer alguma coisa, eu sei o quanto você quer se mostrar independente. Mas às vezes ser independente não é fazer o que você quer fazer, mas fazer o que você PRECISA fazer, o que seu coração quer que você faça.
Harry olhou para Louis, ele estava sério, sério como ele raramente tinha visto nesse tempo em que se tornaram melhores amigos. Isso intensificou ainda mais suas palavras, o que fez Harry ficar ainda mais confuso. Como ele mal podia saber o que estava acontecendo e Louis pôde ver através de toda essa confusão que estava em sua cabeça?
- Eu vou pro meu quarto. Acho que está na hora de pensar. - Harry se levantou e olhou pros amigos. - Eu realmente agradeço muito a vocês, não há dúvidas que eu estaria perdido sem vocês.
Ele não pôde evitar, abraçou os quatro garotos, seus quatro melhores amigos, as quatro pessoas que ele levará para o resto da vida. Eles nunca iriam se separar.
When you try your best, but you don't succeed,
(Quando você tenta o seu melhor, mas não tem sucesso.)
When you get what you want, but not what you need,
(Quando você consegue o que quer, mas não o que precisa.)
When you feel so tired, but you can't sleep
(Quando você se sente tão cansado, mas não consegue dormir)
Stuck in reverse
(Preso em marcha ré.)
(E as lágrimas começam a rolar pelo seu rosto.)
When you lose something you can't replace
(Quando você perde algo que não pode substituir)
When you love someone, but it goes to waste
(Quando você ama alguem, mas é desperdiçado)
Could it be worse?
(O que pode ser pior?)
(Luzes te guiarão para casa)
And ignite your bones
(E aquecerão seus ossos)
And I will try, to fix you
(E eu tentarei, consertar você)
(Bem no alto ou bem lá embaixo.)
When you're too in love to let it go
But if you never try, you'll never know
(Mas se você nunca tentar, nunca saberá)
Just what you're worth.
(Quanto você vale)
(Luzes te guiarão para casa)
And ignite your bones
(E aquecerão seus ossos)
And I will try, to fix you
(E eu tentarei, consertar você)
- Eu não posso simplesmente esquecer, eu não posso ficar mais nem um minuto sem ter você. - a voz grave e aveludada de Harry fez-se ouvir - Eu não quero que se arrependa, mas, por favor, confie em mim.
Aquelas foram às mesmas palavras que ele havia dito há alguns anos atrás, ela não podia esquecer, confiar nele... Era a única coisa que ela fazia desde a primeira vez que pertenceu a Harry Styles.
- Confiar em você foi a única coisa que restou para minha vida.
O garoto deu um meio sorriso, novamente os lábios se tocaram, e cada movimento que se seguiu depois daquele beijo fora tão sutil e carinhoso, fora tão cuidadoso que não havia maneiras de não se entregar, eles estavam entregues aquele momento, entregues um ao outro, eles pertenciam um ao outro.
(E as lágrimas rolam pelo seu rosto.)
When you lose something you can't replace
(Quando você perde algo que não pode substituir)
Tears stream down your face
(lágrimas rolam pelo seu rosto.)
And I...
(E eu...)
Tears stream down your face
(Lágrimas caem pelo seu rosto)
I promise you I will learn from my mistakes
(Eu te prometo que vou aprender com meus erros)
Tears stream down your face
(Lágrimas caem pelo são rosto)
And I...
(E eu...)
Cada vez que as peles se tocavam era como se choques percorressem pelo local. Harry deslizou suas mãos pelo corpo despido da garota sob ele, uma de suas mãos parou firme na sua cintura e a outra se seguiu até se entrelaçar com a de . Seus olhos novamente se fizeram, e num sorriso terno de cumplicidade e confiança Harry deixou que as palavras escorregassem de sua boca como tamanha facilidade que até mesmo ele chegou a se arrepiar, não eram simples palavras, eram de fato pequenas para o seu significado, e ele sabia que valia a pena serem pronunciadas para ela, pois era ela que fazia valer a pena o que ele estava sentindo naquele exato momento.
- Eu amo você.
Foi assim que eles se uniram. Se tornaram um.
Lights will guide you home
(Luzes te guiarão para casa)
And ignite your bones
(E aquecerão seus ossos)
And I will try, to fix you
(E eu tentarei, consertar você)
- Bom dia, Miss Smith.
- Bom dia, querido, vejo que acordou de bom humor hoje.
- Estou de ótimo humor, melhor impossível. E me atrevo a dizer que se depender de mim, minhas manhãs vão ser sempre assim!
- Perfeito, você não é a pessoa mais desposta quando acorda. - A senhora riu, não foram poucas às vezes que viu o garoto de mau humor pela casa - Quer que eu lhe sirva?
- Não, não. Quero tudo numa bandeja, para dois.
- Hm... Agora entendo o motivo de tanto bom humor - a gargalhada fora alta - Quando a paixão é despertada nos jovens... É uma coisa bonita de se ver.
- E de sentir! Me sinto tão feliz que mais um pouco eu vou explodir! E olha que coisa mais gay que eu estou dizendo! - O garoto sorriu.
- Ah! Fico feliz que você e a senhorita Caroline tenham se entendido.
- Hm... Não se trata da Caroline, é mais complexo do que parece. Mas garanto que não vai ser daqui a alguns dias. - Harry falava com tal naturalidade que não parecia estar falando do seu relacionamento falido - E miss Smith, há quanto tempo não faz um piquenique com suas filhas?
- Ah, Harry... Faz um bom tempo.
- Você cuida demais da gente, mais do que suas filhas. Tire um dia de folga, saia com suas filhas e qualquer dia desses as traga para eu conhecer, espero que elas gostem de One Direction.
- Sem ofensas, mas uma pré-adolescente não gostar de One Direction é a mesma coisa que macaco não gostar de banana. Vocês são muito talentosos, Harry, não há um ser que não se apaixone por vocês.
- Obrigado, mesmo. - O garoto sorriu envergonhado. - Vou acordar o Lou.
- Ah, o Louis acordou muito cedo hoje, disse que iria sair com as irmãs e a mãe e que não era para esperá-lo para o almoço e talvez pro jantar. - A bandeja estava pronta com todo o tipo de comida matinal possível- E aqui está sua bandeja. Tem certeza que não quer que eu prepare o almoço, dê uma arrumada no flat?
- Miss Smith, vá se divertir! - Ele pegou a bandeja nas mãos e foi saindo da cozinha - E mande lembranças para as pequenas. Diga que eu estou louco para conhecê-las. Tchau, até amanhã e muito obrigado!
Harry deixou uma senhora sorridente pronta para partir e se encaminhou para o seu quarto. Com dificuldade conseguiu abrir a porta e se deparou com uma vasculhando todo o quarto usando apenas uma calcinha. Assim que percebeu a presença do garoto ela se assustou e tentou cobrir o corpo com as mãos e os braços, e o menino sorriu ao ver o quão vermelha ela estava. Ele posicionou a bandeja de café da manhã no criado mudo e sentou na ponta da cama, próximo a garota que estava de costas para ele.
- Harry, fecha os olhos, eu estou procurando meu sutiã!
- , não preciso fechar os olhos eu já...
- NÃO! Por favor, não diga o que você está prestes a dizer! Só feche os olhos! Não vai demorar muito.
O garoto soltou todo o ar e fechou os olhos. revirava todo o quarto em busca do sutiã, mas não encontrava, como se a peça tivesse ganhado vida. Desistiu ao ver a blusa preta do Ramones e não resistiu, sempre amou aquela blusa, não perderia a oportunidade de vesti-la.
- Pronto, pode abrir os olhos.
- Wow!
- Harry, por favor, pare de me olhar assim!
- Se eu soubesse que essa blusa ficaria tão bem assim em você eu já teria te dado faz tempo.
- Ok. Obrigada então! - A garota foi se direcionando à porta para sair do quarto, mas Harry a impediu - O que você pensa que está fazendo?
- Não, eu que te pergunto, o que VOCÊ pensa que está fazendo?
- Indo para o quarto, terminar de arrumar minhas coisas? - para ela parecia muito óbvio.
- Eu não acredito! , depois de ontem, depois de tudo aquilo que aconteceu com a gente! Você vai dar as costas para tudo aquilo? Você ao menos pensou nos danos que isso causaria a mim?
- Pensei, Harry... Mas...
- Não parece que você pensou!
- Harry! Você não merece uma pessoa como eu do seu lado! Você tem uma vida nova agora, você tem dinheiro, você tem sucesso, você tem todos os seus sonhos realizados... E eu estou uma bagunça, eu estou completamente perdida. Eu sou o que você menos precisa na sua vida agora. Harry, você merece a garota perfeita e eu estou milhas de distância disso.
- Do que adianta ter a garota perfeita para o mundo, se o perfeito pra mim é você? - Os olhos não se desgrudavam, e a surpresa das palavras de Harry foi tão grande que ela ficou imóvel, tentando raciocinar, foi a deixa para que garoto se aproximasse, e assim que suas mãos seguraram a cintura da garota e suas testas se encostaram, ele pronunciou - Vamos esquecer o mundo, pelo menos por hoje, por um dia, seja minha sem pensar nas consequências que isso pode trazer para nós. Vamos ser apenas o Harry e a que nós sabemos que existe, pelo menos por hoje, depois pensamos num jeito. Mas quero deixar bem claro que sem você eu não fico.
não conteve a vontade de tocar o rosto do garoto, suas mãos deslizaram da bochecha covuda de Harry até a nuca, onde seus dedos se prenderam nos cachos castanhos e macios que ela tanto amava.
- Por que você faz isso comigo? Você sabe que é impossível resistir a você... Isso não é justo. - eles sorriram cumplices - Sabia que você fica completamente adorável enquanto dorme?
- Não me diga que você ficou velando meu sono? - A feição dele se tornou incrédula.
- Só um pouquinho - A garota deixou o polegar paralelo ao indicador, indicando que fora realmente pouco - Enquanto eu decidia se eu ia embora ou ficava até amanhecer. Mas você estava tão encantador que eu resolvi ficar. - mordeu o lábio, envergonhada.
- Que bom que você ficou, porque assim eu posso fazer isso - Harry deu um selinho na garota, que sorriu - E isso.
As costas de encostaram na parede com a mesma força que os lábios de Harry atacaram os seus, era um beijo voraz, mas extremamente apaixonado, tão apaixonado que chegava a ser romântico. As mãos do garoto subiram por baixo da blusa que usava, fazendo-a arfar entre o beijo, sem dúvidas era uma ótima forma de começar o dia, como também seria perfeito terminá-lo daquele jeito, mas ambos precisaram de ar.
Tomaram café juntos e curtiram mais um pouco da manhã na cama, logo depois de um banho os dois foram para a sala de tv, não precisavam de muita coisa para passar o dia, bastava a presença dos dois. Harry ligou para um restaurante pedindo comida italiana para o almoço, chegaram até a brincar de Dama e Vagabundo com a macarronada, o que, claro, gerou risadas e um momento completamente romântico.
Agora eles estavam na sacada do flat sem fazer muita coisa, apenas abraçados num silêncio relaxante enquanto o sol começava a se por naquele fim de inverno. estava com a cabeça encostada no ombro de Harry, ela passou levemente a unha pelo pescoço do garoto distraidamente, fazendo com que ele se arrepiasse e apertasse a cintura dela, trazendo-a mais perto de seu quadril.
A garota voltou à posição normal, estava séria e Harry não gostava disso. Ela analisou cada parte do rosto do menino, mordendo o lábio para conter a vontade de beijá-lo novamente, ela via uma necessidade de falar antes de agir daquela forma. Seu dedo contornou os lábios do garoto e sua mão descansou na bochecha esquerda do menino, que abrira os olhos depois do movimento delicado da garota.
- Eu amo você, Harry Edward Styles. Amo tanto que machuca. - Os olhos de Harry focaram de forma intensa nos de . - Amo tanto que chega a ser insuportável não poder falar isso para você todos os dias.
- Você pode fazer isso agora, nunca vou me importar com isso. - Os lábios dos dois se tocaram rapidamente - Eu também te amo, e é inacreditável a intensidade com que eu faço isso.
- Sabe, quando nós estávamos juntos, eu sentia medo do que isso poderia fazer comigo, e tanto tempo se passou e eu ainda não me acostumei, parece que só aumenta. Acho que nunca vou me acostumar com isso.
- Nós podemos aprender juntos. - trocaram um beijo apaixonado e sorrisos. - , me perdoa por não ter corrido atrás? Por não ter pedido por mais uma chance?
- Hazz, não precisa pedir perdão por isso... Foi o melhor que tínhamos que fazer, talvez não estaríamos aqui, desse jeito, se tivéssemos continuado juntos. Esquece o passado.
- Talvez você tenha razão. Vou esquecer o passado, até por que você está no meu presente, e vai estar no meu futuro. Você vai passar para a Universidade de Londres, vai estudar aqui, vai morar aqui. Vai ser minha para sempre.
- Pra sempre parece tempo suficiente. - Mais uma vez os dois se beijaram.
- Vem, eu quero te apresentar a uma pessoa.
A garotinha bocejou, despejando o cansaço de tanta risadaria causada pelas brincadeiras com sua mais nova amiga. E foi no ombro de que Lux descansou a cabeça.
- Acho que está na hora de alguém dormir... - Harry acarinhou os cabelos da garotinha.
- Venha , me dê a Lux, vou colocá-la para dormir.
- Não, Lou, por favor, me deixe com ela, quando ela dormir eu prometo que a coloco no berço.
- Bom, já que você tem certeza... Vou fazer um jantar pra gente.
Lou Tesdale deixou os dois acompanhados de uma Lux sonolenta. acomodou melhor a criança em seu colo, deixando-a deitada sobre seu braço esquerdo. Harry se aproximou e fez movimentos leves e circulares na testa da garotinha, que bocejou mais uma vez e se aconchegou, segurando uma mecha de cabelo de .
- Ela adora quando eu faço isso.
- Você daria um ótimo pai, Harry. - sorriu.
- Lux ajuda. Ela é uma ótima garota. Não é, meu amor? - Harry infantilizou a voz quando dirigiu a palavra para a garotinha.
- Ela é a menininha mais encantadora que eu já tive o prazer de conhecer! Agora silêncio que a princesinha vai dormir...
Mesmo bocejando e com pálpebras pesadas, Lux insistia em olhar e sorrir para Harry, que retribuía a brincadeira e não fazia com que ela realmente dormisse.
- Harry! Pare, a Lux está com sono!
- Mas é ela que começou, ela que pediu, !
- Não importa, ela é uma criança, não tem culpa de ter um padrinho idiota.
se levantou e começou a embalar Lux enquanto rodava a sala. Harry se divertia com aquilo, era uma das cenas mais encantadoras que ele já havia visto na vida. Sacou o telefone sem obter nenhuma atenção de e registrou aquela cena numa fotografia, assim que colocou o celular no bolso, se aproximou das duas e enlaçou a cintura da mais velha com seus braços, encostando o queixo no ombro de , enquanto observava a pequena Lux de olhos entreabertos.
- Sabia que ela gosta quando cantam pra ela dormir? - O sussurro de Harry, tão distraído e próximo, causou um arrepio enorme na garota. - E tenho que dizer que ela tem um ótimo gosto musical.
- Sério? Vamos ver se ela gosta dessa... - preparou a garganta e respirou fundo, logo sua voz baixa e calma tomou conta dos ouvidos dos presentes - When she was just a girl...She expected the world... But she flew away from her reach... So she ran away in her sleep. She dream with a para, para, paradise, para, para paradise... Every time she closed her eyes. - Lux estava de olhos fechados e com respiração calma, isso fez sorrir - Olha, não é que funciona?
- Shh... Não para de cantar, se não ela acorda. - Harry também observava a pequena entrando no sono profundo, e ele a conhecia muito bem para saber que ela não estava completamente adormecida - Life goes on, it gets so heavy... The wheel breaks the butterfly... Every tear, a waterfall, In the night, the stormy night she'll close her eyes... In the night, the stormy night, away she'd fly...
Os dois então cantaram o refrão, estavam se divertindo, como se a felicidade fosse encontrada apenas numa canção de ninar improvisada, mas eles sabiam que não, a felicidade só era encontrada ao lado das pessoas que amamos, e eles se amavam.
A pequena Lux adormeceu completamente e só então colocaram-na no berço, velaram o sono da criança por mais algum tempo, abraçados. Harry depositou um beijo demorado na bochecha de , que sorriu, virou-se para o garoto e colocou os braços em volta do pescoço dele.
- Talvez você não seja um padrinho tão idiota assim. - Harry riu alto, o que fez tampar a boca dele rapidamente - Não me faça retirar o que eu acabei de falar.
- Nós fazemos um bom time, deveríamos fazer isso mais vezes.
- Então precisamos de uma playlist com canções de ninar. - A garota riu da própria análise.
- Hm... Acho que podemos resolver isso depois. - E entre sorrisos os dois se beijaram calmamente.
- Pessoal, o jantar está na me... - Os dois se assustaram com a voz de Lou e se afastaram - Eu estou atrapalhando?
- Não Lou, eu estava mesmo morrendo de fome!
disse rindo, indo em direção à cozinha, mas antes de ficar distante demais de Harry ele entrelaçou as mãos nas dela. Do jeito que ele queria que fosse para o resto da vida dele.
Caroline Flack não era uma pessoa má. Era simplesmente um ser humano que fez as escolhas erradas. Não pelo fato de começar um relacionamento com uma das mais recentes sensações adolescente do Reino Unido. Muito pelo contrário, namorar Harry Styles foi uma das poucas escolhas que foram certas em sua vida. Irônico, mas verdade. Coberta de toda a sorte do mundo, Caroline Flack cobre também um passado sombrio e dramático. A vida dela com certeza daria um filme, um livro... Talvez uma série com sete temporadas. As pessoas chorariam se vissem a história de Caroline Flack no ponto de vista de Caroline Flack. Triste, porém verdadeiro. Verdadeiro também a felicidade que ela encontrou ao lado daquele garoto. Ela viu em Harry a chance, o brilho de uma adolescência arrancada de suas mãos à força. Um amor adolescente pode fazer isso com as pessoas, e ela foi uma das que teve a infelicidade de encontrar um sapo ao invés de um príncipe, um sapo asqueroso que foi capaz de arrancar toda a magia de um romance digno de contos de fadas para uma garota de quinze anos. Mas ela só foi perceber isso tarde demais, tudo já havia sido feito, não havia como mudar o destino. Bom, talvez a negação não fosse aceita por Caroline, o destino podia sim ser mudado. E foi o que ela fez.
E foi por pensar que era a dona do próprio destino que não mediu esforços por estar ali, naquele apartamento, lutando para que aquele não fosse o fim. Poderia estar se comportando como uma adolescente imatura, mas quando se tratava de sentimentos ela não era nada mais além disso. E com toda a imaturidade de sua adolescência tardia ela faria de tudo para que não fosse rejeitada novamente, nem que para isso ela vasculhasse o apartamento vazio, nem que ela estragasse todas as roupas da hospede do namorado como forma de vingança, ela precisaria dar uma lição, ninguém entra na frente de Caroline Flack, e iria perceber isso da forma mais dolorosa, se precisasse.
Andou em passos lentos até a cama, a mala da garota estava por fazer, viu fotos antigas de e Harry, não pensou duas vezes em rasgá-las, e o ódio de ver aquelas fotos não a fez por satisfeita, rasgou outras fotos, fotos da garota com os pais, com amigos, a blusa que ela havia vestido na noite em que dormiu no sofá de Harry. Então Caroline viu o que não deveria. Tomou à folha de papel, amarelado pelo tempo, era um bilhete com letras caprichadas e tremulas, o sorriso de Caroline sumiu aos poucos, sua mão esquerda foi automaticamente para a boca. Foi então que seu corpo tombou na cama, com os olhos coberto de lágrimas, talvez de surpresa, tristeza... Ódio. É, talvez Caroline não fosse assim tão dona de seu destino. E o destino pregou a maior peça nela para que pudesse saber disso. Agora não tinha mais volta. Ela não podia mais rebobinar.
Harry fazia piadinhas com durante todo o caminho de volta, era bem visível a felicidade que trasbordava dos dois. Com Harry, esquecia as decepções, esquecia de que era dona do seu próprio nariz e que não podia contar com mais ninguém, e isso fazia bem para ela, era como se Harry fosse a solução de todos seus problemas. Já Harry via em a chance de ser ele mesmo, o garoto de Homes Chapel que trabalhava em uma padaria e tinha uma banda de garagem, e ser este Harry era tudo o que ele precisava para não enlouquecer em meio de todo o caos que se tornou sua vida, embora ele amasse o que ele fazia.
estava sendo carregada nas costas de Harry que fez questão de jogá-la no sofá quando chegaram. Depois de alguns minutos gastando risada, resolveram se mexer.
- Vou tirar essas botas e essa calça, volto daqui a pouco, faz aquele chocolate quente delicioso que a Anne te ensinou? Com pedaços de mashmellows?
- O que você pede sorrindo que não faço?
Harry puxou pela mão e deu um selinho rápido, fazendo com que cada um fosse a uma direção.
Ao chegar ao quarto, o sorriso no rosto de sumiu instantaneamente: As roupas espalhadas pelo chão, algumas rasgadas, suas fotos, os papéis que fizeram parte da busca a sua mãe, tudo estava rasgado e espalhado, como se um furacão estivesse acabado de passar, mas o furacão ainda estava lá e ele tinha nome, Caroline Flack.
- O que você está fazendo? O que você fez, sua louca? - A risada alta e irônica da mulher fez se arrepiar.
- Era isso então? Agora tudo faz sentido... - Caroline ficou de pé, segurava o papel forte que até o amassou - Sinto muito queridinha, mas seu plano acabou! Já era! Você não vai conseguir.
- Do que você está falando? - estava confusa. A mulher parecia louca, e isso causava medo na mais jovem - Eu não estou entendendo...
- Não sabe do que eu estou falando? Não seja sínica, queridinha, sua máscara caiu, não precisa se fazer de inocente, é disso que eu estou falando, seu plano idiota de estragar minha vida mais uma vez!
A carta era apontada para garota. estava em estado de choque, não podia ser verdade tudo aquilo, ela não queria pensar na única hipótese que vinha em sua cabeça, mas ela ecoava em sua cabeça enquanto as peças se juntavam, as idades, as iniciais... Tudo parecia se encaixar tão perfeitamente que por um instante ela se sentiu idiota por não ter percebido antes.
- Você... Você está querendo dizer que... Você é minha... Minha... Você é minha mã...?
- NÃO, NÃO DIGA ESSA PALAVRA! - Caroline Flack descontrolou-se, deu um passo para frente, mas se conteve, deu um passo para trás - Até parece que você não sabia que eu fui a idiota que cometeu a burrada de te colocar no mundo! Eu sabia, eu sempre soube... Esses seus olhos... São os mesmo olhos do idiota que me enganou, a malícia nesse seu sorriso sínico, a mesma capacidade de se fazer de inocente quando na verdade é um monstro. UM MONSTRO!
18 anos atrás...
Caroline Louise Flack estava radiante, a garota de enormes cabelos castanhos e o brilho intenso nos olhos, uma garota de 14 anos que acabara de encontrar o príncipe encantado, o cara perfeito, mais velho e cavalheiro, havia dito que a amava na noite anterior, quando decidiu que era o momento certo para concretizar tudo aquilo, ela quis que ele fosse o primeiro.
Jody, sua irmã gêmea, parou ao seu lado enquanto andavam. Ela contava sonhando com todos os fatos acontecidos, sabia que podia contar com Jody, mas ela não se movia, não mostrava nenhum tipo de emoção ao ouvir as palavras da garota.
- Jody, vamos andar, não podemos nos atrasar para a primeira aula!
- Carol... Olha para a frente.
O coração da menina parou, lá estava seu príncipe, com outra, aos beijos no pátio do colégio. Segurou seu caderno firme, engoliu o choro que já dava seus sinais e caminhou em direção do namorado.
- Eu não posso acreditar...
- Ah! Olha só, temos companhia... - a garota alta, de seios fartos, loira e bem mais atraente que a pequena Caroline riu. - Diz, aí pirralha!
- Ah, oi, Carol... - O garoto finamente olhou para ela.
- Como você pode me explicar isso? Como você me trai depois de tudo?
- Trair?- o garoto riu - Eu nunca tive nada com você, garota.
- Mas... Eu pensei...
- Pensou errado, eu nunca disse para você que estávamos namorando, foi apenas um passa tempo, sabe, você até dá pro gasto. Mas eu enjoei, você não é o suficiente, quem sabe daqui a alguns anos...
- Mas... - a garota não segurava as lágrimas que escorriam livremente pelo seu rosto - Você disse que me amava!
- Ah, aquilo? Eu disse aquilo só... Você sabe, pra você se sentir motivada. Agora esquece, ok? Ou talvez... Você pode voltar depois, quando estiver um pouco madura, quem sabe? Agora, se me der licença...
A loira riu da menina e voltou a se pegar com o garoto, que não soltou sua cintura por nenhum instante. Caroline saiu correndo daquele lugar, as lágrimas embaçando sua vista. Correu sem rumo até cansar, sentou-se na calçada de uma rua desconhecida e põe-se a chorar desesperadamente. Mal sabendo ela que isso teria frutos ainda maiores, consequências que ela iria abandonar em uma enorme casa branca em pleno inverno de Londres.
__
18 anos se passaram desde tudo aquilo, Caroline Flack havia crescido, havia mudado e jurado nunca mais cometer a burrada de se apaixonar novamente, nunca mais se enganar ou machucar novamente. E ela vem cumprindo tal juramento muito bem durante todos esses anos. Ela não havia só amadurecido, mas também se tornado uma pessoa fria, calculista e egoísta. Ela não admitia que ninguém passasse por cima dela.
Caroline caminhava pelo quarto, despenteava os próprios cabelos e tinha um sorriso insano nos lábios, maligno, mas o olhar mostrava, embora todo o descontrole, que a mulher não passava de uma garotinha assustada que teve seu castigo por fazer alguma molecagem.
- Era para você estar morta, você não sabe o quanto eu pedi para que não sobrevivesse ao frio, que aquele casal te deixasse na rua, definhando, com fome, morresse e fosse comida por cachorros de rua! Mas o mundo nem sempre é justo, não é verdade? Agora eu estou aqui, olhando para a sua cara nojenta, e tudo o que eu tenho vontade é vomitar todo o desgosto de saber que você tenha saído daqui - pousou as mãos pro próprio ventre - Seu verme insolente! Mas aqueles idiotas, eles tinham que querer um filho. Eu os dei, mas eram tão retardados que não a manteve longe o suficiente para nunca ter que olhar nessa sua cara.
- Não abra a boca para falar dos meus pais! - , que estava em estado de choque, reagiu, a voz saía entre os dentes enquanto seu maxilar trancava na tentativa de se acalmar - Nunca ouse falar deles dessa forma! Ninguém é obrigado a ser desprezível quanto você! Não os culpem por terem um coração!
- Ora, ora... A santinha está mostrando as garras...
Nessa hora a porta do quarto fora aberta, e então Harry entrou no quarto.
- , o chocolate está... Caroline? O que você está fazendo aqui? O que é essa bagunça toda no quarto?
- Que bom que está aqui... Para ver a vermezinha defender os pais adotivos idiotas. Como se chamavam? Senhor e senhora dementes?
- CALA ESSA BOCA, SUA BRUXA! - teria batido em Caroline se Harry não a segurasse pela cintura. -VOCÊ NÃO TEM ESSE DIREITO! NÃO TOQUE NOS NOMES DOS MEUS PAIS OU EU FAÇO VOCÊ SE ARREPENDER! - tremia. Ela sentia raiva, isso fez com que a lágrimas demorassem a se derramar, mas não eram de tristeza, eram lágrimas de ódio.
- Isso foi um ameaça? - Caroline sorriu de lado com isso. - Olhe só... Eu posso muito bem acabar com sua vida, assim como você acabou com a minha, nunca mais entre no meu caminho, acabe com esse seu plano, não vai adiantar, eu sou melhor que você, tenho mais recursos que você, então não ouse aparecer novamente na minha frente ou EU faço você se arrepender do dia em que eu infelizmente te pus no mundo.
- Que plano? Você é uma louca, Caroline, se eu soubesse que saí de você eu teria o prazer de me afastar, você é nojenta, não me orgulho de ser sua filha. Realmente, a vida é injusta... Mamãe.
lançou lhe um sorriso de lado, ela queria que Caroline se sentisse provocada, era a vingança por ter ofendido seus pais. Mas não pensou que a resposta seria imediata, em um momento ela estava sorrindo de lado, no outro a mão direita de Caroline encheu sua bochecha, num tapa. O rosto da garota virou, ela pousou a mão na bochecha que ficara quente em consequência do atrito. Na mesma questão de segundos Harry segurou Caroline pelos pulsos, ele estava sentindo ódio, ninguém tinha o direito de encostar na sua , principalmente machucá-la.
- Escuta aqui, Caroline - Sua voz estava grave, carregada de sentimentos não amigáveis - Se você não fez o papel de mãe antes tudo bem, se não quer assumi-lo agora, melhor ainda, mas nunca, JAMAIS encoste um dedo em mais uma vez, principalmente na minha frente. EU não responderei pelos meus atos se isso acontecer. Agora, saia.
- Harry, você não está sendo sensato, você quer realmente que eu vá? Ok, eu vou, mas quando eu voltar eu não quero rastro disso aqui.
- Não, você nunca vai encontrar rastros de aqui, porque você NUNCA mais vai voltar aqui. Eu não quero que você saia somente do apartamento, quero que você saia da vida de , você estava se saindo muito bem antes... Quero que você saia da MINHA vida também. Eu sou uma pessoa muito melhor sem você.
Caroline olhou superior para os dois, posicionou a bolsa no ombro, Harry pegou-a pelo cotovelo e levou a mulher para a porta. Ao chegar ao destino, a mesma depositou um selinho no garoto, que não esperava tal ação.
- Harry, você ainda vai se arrepender do que você me fez passar agora.
Com essas palavras, Caroline Flack deixou o apartamento.
Harry respirou aliviado por um instante, finalmente ele estava livre de Caroline. Dane-se o que os outros vão pensar, dane-se o mundo, os holofotes e os jornais, ele queria ficar com , não importa se aprovavam ou desaprovavam, era ela quem ele queria, era com ela que ele iria ficar...
Caminhou de volta para o quarto e se deparou com a garota colocando as roupas de qualquer jeito na mala, as poucas roupas que ficaram inteiras. Ao ver aquilo o coração dele disparou, ela não podia abandoná-lo, não podia ir simplesmente embora, aquela cena era tão perturbadoura em sua mente que ele ficou ali, parado, apenas observando os próximos passos da garota. , por sua vez, tentava controlar as mãos que tremiam, o coração que pulsava com tamanha força que fazia com que pensasse que iria explodir, e o pior... Explodir de ódio. Ela odiava a vida miserável que estava levando, odiava o fato de ter idealizado uma coisa completamente diferente do que aconteceu, mesmo que em seu inconsciente ela soubesse que aquilo iria acontecer, mas ela precisava ouvir da boca de Caroline Flack todo aquele veneno, todo aquele ódio por sua existência, ela mal conseguia pensar naquela mulher como mãe agora, seus sonhos foram destruídos... Não havia mãe, não havia amor, não havia vida. teria que recomeçar do zero, precisava de um motivo para que não colocasse fim em sua existência por conta própria, e pensar estava sendo espantosamente louco para ela naquele momento. Estava confusa, estava perdida, estava só.
Passou uma mão por entre os fios de cabelos e a outra apoiou na cintura, olhando para a parede atrás de si, tentando focar seus pensamentos, respirou fundo mais uma vez e voltou-se para a porta. E lá estava Harry, os olhos verdes, perdidos nos dela, fez com que todos os sentimentos ruins desocupassem sua mente, e mais uma essa Harry se tornou a respostas de todos seus problemas. Ele era o motivo para viver, ele era o suficiente.
- Você está... - Ele tentou falar, mas ela adiantou os passos e pousou o indicador em seus lábios.
- Sh... Não fale nada, por favor. Você pode apenas... Me abraçar?
Ele não pensou em hesitar, puxou-a para seus braços. apoiou a cabeça o ombro de Harry, ela sabia o que tinha que ser feito, e ela não podia colocar Harry em risco, não podia acabar com a vida da única pessoa que ela amava. E sabia que isso doeria demais, mas era o que ela tinha que fazer, talvez, quando tudo estivesse resolvido, Harry queira olhar mais uma vez em seus olhos, talvez ele permitisse que ela o amasse.
- Vamos sentar, meu amor.
Da forma que ele sussurrou o "meu amor", os acontecimentos recentes, os futuros, isso fez com que ela ficasse tonta. Ela travou os braços no pescoço de Harry, não queria chorar, queria ser forte como sempre fora, como sempre aparentou ser, pelo menos. Mas Harry fez com que olhasse em seus olhos, e foi então que ela desmoronou, ela chorou. sentia um misto de raiva e tristeza, ela estava uma bagunça por dentro, não tinha dúvidas disso.
- Você quer conversar sobre isso? - apenas negou com a cabeça. - Tudo bem, teremos tempo para isso.
Não, eles não teriam. E sabia disso.
- Els, a Danielle entendeu. Por que você simplesmente não pode fazer o mesmo?
Finalmente podia chamar aquele lugar de habitável, depois de mudar de dormitório para os de estudantes da universidade de Londres, recebia pela quarta vez Eleanor, dessa vez sem que ela ajudasse com qualquer tipo de decoração do lugar.
- A Caroline não é tudo isso! Ela não vai acabar com tudo, . Ela não vai destruir a banda, as pessoas amam a One Drection. Os meninos têm fãs que nunca deixariam isso acabar assim!
- Eu estava tão assustada, Els... Você leu o que ela escreveu, foi horrível. E ela foi capaz de me abandonar, a própria filha! Quem ia me garantir que ela não iria fazer nada contra os meninos, até por em risco a vida deles... Eu amo o Harry, eu realmente o amo, se eu pudesse eu estaria batendo na porta dele agora, implorando para ele me perdoar por ter fugido, mas... Eu não posso fazer isso! Se acontecer alguma coisa... Eu não vou me perdoar.
- , você já se mudou de Holmes Chapel, está vivendo nesse dormitório e conseguiu que sua tia assinasse as papeladas, você finalmente é livre. Harry está solteiro, vivendo a maior fossa por você não ter se despedido, mas livre.
- Caroline veio atrás de mim, parece que ela está na minha cola! Assim que vim para cá ela deixou bem claro que não está nada afim deixar que eu volte para Harry. Além do mais, nem sei se ele vai me perdoar, eu o abandonei, Eleanor! Pela segunda vez!
- Vocês se amam. O que mais eu posso fazer pra você entender que seu lugar é perto do Harry mesmo com todas as ameaças que a louca da Caroline mandou pra você todo esse tempo?
Três batidas na porta e logo cabelos encaracolados entravam por todos os cantos. Danielle Paezer abraçou e Eleanor sorrindo.
- Dani, ainda bem que você chegou! Eleanor está mais determinada em fazer com que eu vá atrás do Harry do que nunca!
-Você não falou à ela, Els? - Eleanor negou com a cabeça - ... Desculpe, mas dessa vez tenho que concordar com Eleanor. Olhe, nós sabemos que você sofre, mesmo não querendo demonstrar isso pra nós... Mas Harry está pior! A incerteza de não saber o porquê de você ter ido embora... Isso fez com que as coisas se tornassem piores pra ele, ele nem queria fazer o show de hoje à noite! Deixei o Liam lá no flat pra tentar convencê-lo... E eu sei, , que isso está sendo tão ruim pra ele quanto está sendo pra você. Definitivamente, vocês não nasceram para ficarem separados um do outro.
suspirou, cansou de acordar com os olhos ardendo das noites que chorara até adormecer, das vezes que ficara distraída imaginando como seria diferente se ele estivesse ali, de abaixar a cabeça a cada vez que um casal apaixonado passava ao seu lado. Estava cheia das ligações pela madrugada com a voz aguda e aterrorizadora de Caroline relembrando das consequências, certificando-se de que ela estava fazendo o que era mandado... Cansada de ler aquela ameaça idiota que Caroline deixou em sua mala escrita de batom em uma blusa branca “Deixe-o, ou ele irá sofrer as consequências”, mas não adiantava, de qualquer maneira ambos estavam sofrendo a consequência de ter cruzado com Caroline Flack.
Se jogou na cama e respirou fundo, ela queria estar com ele, mas não podia ser egoísta, porém... Talvez Eleanor estivesse certa, eram apenas ameaças, eles poderiam superar isso juntos. Ela também sabia que não conseguiria aguentar muito tempo sem Harry. Se talvez ela estivesse certa disso tudo...
- Eu não sei! Eu, eu estou confusa, eu não estou aguentando mais, só que...
- Eu tenho uma ideia. Por que você não vê o que estamos falando com os próprios olhos?
- Do que você está falando?
- É, Dani, do que você está falando? - Eleanor perguntou, tão confusa quando .
- O show, hoje, com certeza Harry entrará no palco. Você pode ir conosco e ver com os próprios olhos o quanto ele está abatido...
- Isso vai me fazer mal...
- Mas vai fazer você enxergar que o amor de vocês é maior do que qualquer ameaça... - Elanor sorriu como se acabasse de descobrir a receita secreta do hambúrguer de siri - Passaremos aqui às dez. Esteja pronta! Agora temos que ir, Louis deve estar nervoso e Liam também precisa de Dani! Passaremos aqui e, se você estiver de pijama, levaremos você mesmo assim. Amamos você, !
“Eu mal posso esperar por hoje à noite, Danielle, me doa um pouco da sua esperteza! Com certeza...” não pôde mais ouvir o que Eleanor tagarelava atrás da porta, já estava à muitos passos de distância. Deitou na cama e sentiu o estômago embrulhar. Iria ver Harry mais uma vez, mesmo ele não sabendo que dividiriam o mesmo espaço, e aquilo fazia com que a ansiedade se misturasse com uma adrenalina e corresse por suas veias, deixando-a com uma imensa vontade de gritar e gargalhar enquanto chorava, tudo ao mesmo tempo. Escondeu o rosto com o travesseiro e berrou. Num instante se esqueceu de tudo, das ameaças, da forma que teve que deixá-lo, de tudo! Ela veria Harry mais uma vez! Ela veria Harry mais uma vez!
Foi repetindo esse mantra que conseguiu criar coragem para se arrumar.
Harry não conseguia se reconhecer ao olhar no espelho, acreditava que se os pelos do seu rosto tivessem a tendência de crescer como os de Zayn, sua barba estaria desgrenhada em seu rosto, talvez escondesse a falta de seu sorriso, mas não esconderia a infelicidade dos seus olhos, mesmo ele fazendo o máximo para escondê-lo. Ele podia sentir que não iria aguentar por muito tempo, mais algumas horas disfarçando em frente das pessoas e ele poderia explodir.
Um estúpido. Ele não poderia se descrever de outra maneira. Uma parte dele se achava estúpido por ter caído mais uma vez de amores por , por mais uma vez ter sido abandonado por ela, e, pior ainda, abandonado sem nem aquele “A gente não vai dar certo” que ela usou um ano antes. Mas em contrapartida a outra parte (que era mais forte que a primeira) esperava ansiosamente todos os dias que abrisse a porta e enfim ele soubesse que os dias ruins tinham acabado... No entanto, ela nunca veio. E isso que se apossava seu coração nunca teve fim. Ele se sentia estúpido por não ter acordado antes de ela partir, ele queria ter dito que eles estavam indo bem, que ele estaria com ela para sempre, ele seria o que ela quisesse que ele fosse... Mas ele não acordou, Harry não pôde rebobinar... Mais uma vez ele ficou próximo de tê-la em seus braços para sempre, mas a única coisa que parecia ser eterno nesse momento era aquele vazio idiota que ele estava sentindo.
O barulho dos meninos animados com o show em Londres, com certeza lotado, eram murmúrios em sua mente. Seus olhos vagavam de Paul para Josh, fazendo de suas pernas bateria, niall comendo uns dos canapés e bebendo uma cerveja, Zayn sentado, rindo de algo que Liam havia dito enquanto seu cabelo era modelado para ficar de forma impecável... Tudo parecia estar bem, ele estar de telespectador, como se não estivesse realmente ali... Será que havia roubado até seu direito de conviver com seus melhores amigos?
- Vamos lá, Harry! Hoje você revigora suas energias! - Lou Tesdale levantou o queixo de Harry, passando todos aqueles produtos que ele já estava acostumado de ter no rosto - Sabe, eu realmente acho que ela teve um motivo para fazer isso... Ela realmente parece te amar, talvez tenha se afastado pelo mesmo motivo de antes... – Mais uma vez ela tocou o rosto do garoto, analisando o trabalho, passando então a moldar seu cabelo, como havia feito com Zayn alguns minutos antes - Pode ser medo, era muita informação para a cabeça dela, Harry. Sei que Els e Dani falaram que ela pediu para você não procurá-la, mas isso não significa que ela ainda não te ame, que ela também não esteja sofrendo... Mas Harry, me ouça mais uma vez, a vida segue. Corra atrás da sua vida antes que você esteja atrasado.
O secador foi desligado, foi anunciado que faltava cinco minutos para que subissem ao palco.
E com isso uma luz acendeu em sua mente... Cenas passavam rápido por ela, fazendo com que ele conseguisse apenas capturar fragmentos como sua voz rouca e sussurrando “Não precisa ter medo, eu não vou à lugar nenhum...”
Três minutos...
Pôde ouvir as risadas vagamente, pode sentir os olhos dela nos dele enquanto ela explicava algo que ele achava complicado demais para uma mente masculina... “Harry, a partir do momento em que você aceitou minhas palavras sem lutar para que continuássemos juntos, a decisão se tornou sua...”.
A escada para o palco estava sendo subida degrau por degrau e mais uma vez sua voz ecoou na sua mente, fazendo com que um sorriso de esperança abrisse em seu rosto, “me perdoa por não ter corrido atrás? Por não ter pedido por mais uma chance?”
Entrou no palco sorrindo, ele se sentia motivado a fazer esse show...
- We go Na na na...
Ele não ficaria parado, Lou tinha razão, ele ia correr atrás da vida, e sua vida era .
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(Coloquem essa belezura pra carregar apertem play quando eu pedir).
Foi difícil para controlar a tremedeira no corpo, só agora conseguira tomar o controle das próprias pernas e enfim levantar, mas a cada vez que ela olhava para os cachos de Harry ou escutava sua voz, era como e elas quisessem voltar a ser gelatina.
Não queria se livrar do frio da barriga, já que ela gostava quando eram causados por ele. Os pelos ouriçados e as lágrimas constantes em seus olhos, seu coração acelerado desde a vez que pisou naquele lugar. Danielle e Eleanor tentavam passar conforto e calma, mas ela sabia que nada iria fazer com que ela se acalmasse, por que apenas Harry era capaz de tal feito... Fechou os olhos e uma lágrima teimosa caiu do seu olho direito. Mordeu os lábios ao lembrar a sensação anestésica que sentia quando estava nos braços dele, ele era o band-aid de todas suas feridas... Sempre seria Harry, se ela pudesse ela rebobinaria para o momento que o deixou partir pela primeira vez, assim ela não deixaria chances de Caroline estragar a vida dela mais uma vez.
“Nothing is fine I’m Torn...”
Ela sentiu aquelas palavras entrarem como adagas em seu peito, era como se aquela mensagem fosse para ela, como se esse show fosse exclusivamente para ela, afinal, ela estava acabada.
Pedia internamente para que aquele devaneio saísse da sua cabeça, aquilo era apenas uma playlist. Ed Sheeran não podia prever o futuro, não podia imaginar que Moments cairia tão perfeitamente bem naquele momento, não iria prever que tanto ela quanto Harry quisessem a antiga vida mais uma vez, que queriam que o tempo voltasse... Certo?
não sabia explica como conseguira se manter inteira até aquela parte do show, talvez a mão apertando de Danielle, ou a forma que Els sempre a distraía suspirando o quanto seu Louis estava perfeito... Com certeza estava grata por isso, elas eram suas melhores amigas de fato.
Mais uma introdução começou e teve suas forças revigoradas, só faltava metade do show, até que...
Harry entrou no palco sozinho, gritos ensurdecedores tomaram conta do local, mas ele não estava sorrindo, ela muito menos, estava com muito medo do que viria a seguir.
- Muito obrigado! Vocês com certeza são as melhores fãs do mundo... - o sorriso brincou em seus lábios, mas logo após a multidão de adolescentes em completa histeria se calar, Harry ficou sério - Se não fosse por vocês eu não estaria aqui hoje, e não falo de um modo geral da fama que conquistei... Falo das coisas recentes que me aconteceram e que vocês não tem ideia, apenas especulam... O que eu tenho a dizer é que... Eu perdi o amor da minha vida. E não, não é a Caroline - pôde sentir uma onda de alívio atingir as fãs, mas isso deixou-a ainda mais aflita - Eu a perdi pela segunda vez, mas eu quero que ela saiba que... - Harry suspirou, sua garganta estava claramente seca, sua voz esganiçada, estava prestes a chorar, já chorava livremente ao entender que aquilo não estava apenas lhe machucando, mas sim a ele também, se sentia um monstro por fazê-lo sofrer. - ... Algo me diz que você vai ouvir minhas palavras, então eu quero que você saiba que eu não vou desistir como da outra vez, estar com você é tudo o que eu preciso, eu vou fazer as noites que eu passei em claro valerem a pena, eu vou trazer você de volta pra mim... - Ambos deixavam as lágrimas correrem por seus olhos. olhava atenta ao telão onde se notava cada lágrima no rosto de Harry, ela queria tanto poder abraça-lo... Harry fungou e prosseguiu - Tendo todas essas pessoas como testemunhas eu estou aqui te implorando mais uma chance... - (n/a: podem apertar play!) Os meninos enfim entraram e se sentaram no sofá, acordes de gotta be you foram ouvidos - Porque não pode ser outra pessoa, , tem que ser você.
Não houve tempo para gritaria, Liam começou a cantar sua parte e se sentiu ainda mais despedaçada, não podia acreditar em tudo aquilo, parecia mais um sonho, ela só precisaria acordar para que tudo aquilo tivesse fim e ela visse que estava ainda presa nas ameaças que recebia de Flack. A voz mais rouca que o costume de Harry ativou lembranças da história dos dois. Ela sorria e chorava, estava mais uma vez na contradição de sentimentos... Parou a fita, rebobinou...
Flashback on
- Eu não sei o que você fez comigo, Styles! Eu estou uma bagunça, não consigo pensar em nada além de você!
- Mas eu sei o que você fez comigo... Você me fez um cara apaixonado, você quer namorar comigo?
...
- ! Eu passei, eu estou nos bootcamp! Eu nem estou acreditando! - O garoto rodopiou a namorada no ar enquanto ambos gargalhavam.
- Ah, Hazz, estou tão feliz por você! Já vejo cartazes por toda parte falando sobre os shows do Harry Styles! E os prêmios que você vai ganhar... Meu namorado vai ser famoso!
- Sim, e todas as músicas que vou cantar vão ser pra você. Todos os prêmios, as entrevistas, todos vão saber que Harry Styles ama ...
- Eu te amo, Hazz!
- Também te amo, minha !
...
- Os meninos te adoraram, amor! Mas eu já deixei claro que você é minha!
- Harry... Precisamos conversar...
- Diz amor, você parece preocupada... Aconteceu alguma coisa?
- Hazz... Harry, nós... Nós não vamos dar certo, é melhor a gente parar por aqui!
- O quê? Você está terminando tudo? Você não pode...
- Só... Só não podemos continuar, Harry.
A garota correu o mais rápido que pôde, tentando fazer com que a velocidade acabasse com a dor de entregar o amor da sua vida de bandeja para o mundo...
- Me perdoa Hazz, é por amor, por favor, me perdoa...
Sussurrava baixinho na esperança de algum dia poder fazer com que seu remorso fosse ouvido.
Flashback off
- ... - Eleanor acordou-a das lembranças - Toma, escreve pro Harry...
O celular foi parar em sua mão, e, com muita dificuldade para escrever graças aos seus dedos trêmulos, ela escreveu a única coisa que passava em sua mente.
“Me perdoa, Hazz, foi por amor, você estará bem melhor sem mim... Por favor, me perdoa, amarei você até a última batida do meu coração”. Entre lágrimas, ela entregou o aparelho para Danielle e saiu correndo de lá sem se preocupar em esbarrar nas pessoas, não olhou pra traz.
Zayn perguntava pro Harry se os dois poderiam tentar mais uma vez, para fazer as coisas certas... Mal ele sabendo que isso não dependia do amor, que era claramente real e eterno, que sentiam um pelo outro, ou de um recomeço. Tudo dependia da misericórdia de Caroline Flack.
__
- DANIELLE, EU NÃO ESTOU BRINCANDO, OK? EU PRECISO SABER ONDE ELA ESTÁ!
- Mas... Harry...
- VOCÊ VIU, TODOS VIRAM. ELA AINDA ME AMA, SE ELA NÃO ME AMASSE, SE NÓS NÃO TIVESSEMOS CHANCES DE FICAR JUNTOS, ELA NÃO MANDARIA AQUELE TWEET, ELA ESCREVEU PARA QUE TODOS VISSEM, ELA AINDA ME AMA!
- Harry, cara... Você está muito alterado! Relaxa um pouco, dude, a Danielle não pode te falar nada com você desse jeito.
- Mas, Zayn... Vocês viram, vocês têm noção de como eu me senti ao ver naquele telão o tweet da , pra mim? No meio do show, depois da música que EU dediquei pra ela sem nem ao menos saber que ela estava lá. Vocês realmente acham que o destino da gente é ficar separado?
- Harry... teve seus motivos, ela também não quis ficar longe de você...
- Mas ela o fez, Louis! Eu preciso olhar nos olhos dela, eu preciso dela comigo, agora!
- Ok! - Eleanor, que estava calada até aquele momento, se pronunciou - Eu digo onde ela está. Eu sempre achei isso uma loucura! E nem me olhe com essa cara, Danielle, acho que Harry merece saber a verdade e você sabe muito bem da boca de quem ele merece ouvir...
Não houve advertências, Eleanor tinha razão de fato. Tanto ela quanto Danielle sabiam que aquelas ameaças já haviam ido longe demais. Danielle ajudou Eleanor com as coordenadas e Harry se sentia patético ao perceber que ela estava mais perto do que ele imaginava. Ele não podia mais esperar, sabia onde ela estava, sabia que ela o amava, não tinha porquê perder tempo. Levantou-se depressa e foi em direção às chaves do carro, mas uma mão muito maior que a dele foi mais rápido.
- Eu vou com você - Paul Higgins, que se mantinha calado todo esse tempo, se pronunciou.
- Paul, não preciso que você vá comigo.
- Harry, você está indo para uma república de estudantes, no meio de um lugar muito movimentado, além de estar nervoso... Se quiser chegar ao dormitório vivo, você precisa que eu vá com você, garoto. Além de que, você é minha responsabilidade, você precisando ou não, é o meu trabalho, garoto, não vamos discutir.
Harry bufou em protesto, mas acabou se dando vencido. Não adiantaria discutir com Paul, ele só iria acabar perdendo tempo, e ele já tinha perdido tempo demais.
Desde o momento que o tweet apareceu no telão do show Harry se sentia mais confuso que antes. Ela o amava, ele tinha certeza daquilo mais do que nunca agora, mas algo impedia que os dois continuassem juntos, e era isso que ele queria descobrir. Harry estava disposto a não sair daquele lugar até descobrir o que aconteceu. As mãos suavam de forma estranha, a perna sacudia de forma impaciente a cada sinal vermelho que pegavam, agradeceu mentalmente por Paul estar dirigindo por ele.
Harry pôde sentir os olhares se dirigindo a ele a cada passo pelo campus, pôde ouvir alguns gritinhos histéricos e ver Paul convencendo algumas fãs mais desesperadas que ele as atenderia mais tarde. Harry passou pelo portão de entrada, que achou um pouco estreito para ele, mas não deu dando a mínima, o que importava para ele é que em poucos metros sua felicidade estava lhe chamando.
Os corredores estavam vazios, já que aos domingos a concentração de alunos pelo campus era menor. Harry olhou os números que era indicados nas portas que iam seguindo, o coração batendo ligeiro, o passo cada vez apressado, a adrenalina correndo pelo seu corpo. Parou em frente à porta de número 19 e respirou fundo, Paul agora estava há alguns passos dele.
- Estarei aqui para não deixar que sejam atrapalhados. – Harry olhou para o mais velho um pouco distante de tudo e fez sinal afirmativo com a cabeça - Fique calmo... E boa sorte.
Sorte era uma coisa que Harry precisaria naquele momento, já que ele tinha uma grande possibilidade de ser chutado daquele lugar ou nem ser atendido. Respirou mais uma vez e deu três batidas na porta... Foram os segundos mais longos da vida de Harry.
__
Uma risada sínica fez com que ela se arrepiasse, algo no clima indicava que Caroline seria a última pessoa que veria na vida, e num momento ela até festejou o pressentimento da morte.
sentiu ser empurrada para o lado e, ainda em estado de choque, fechou a porta atrás dela, olhando automaticamente para a mulher que olhava o quarto decorado com fotos e pôsteres.
- Tenho que admitir, para uma inútil você até que é limpa. Mas suponho que você sabe que não vim aqui para falar sobre seu asseio... Você é uma danadinha , uma danadinha... Te falo de todos os riscos, aviso para não ser injusta, e quando viro as costas...Tsc, tsc... Você é uma menina muito má...
- Flack...
- Do que você...
Não houve tempo de se perguntar, em questão de segundos a visão de estava turva e sua cabeça latejando, por consequência do impacto com o armário. Alguns objetos caíram ao seu redor. Sem querer, ela prendeu a mão no lugar machucado e, ainda tonta, tentou focar em Caroline, por instinto pegou um dos objetos que haviam caído, um livro de história da arte, e trouxe para mais perto do seu corpo, Caroline sacou um canivete e seu coração bateu mais forte... Então era assim que tudo iria acabar? Sozinha e tendo um livro idiota como escudo...
- Que irônico... - Sua estava voz um pouco arrastada e a visão turva, mas ainda assim conseguiu sorrir de lado - Morta por quem me deu a vida...
- Garotinha, você não tem realmente a noção do perigo... E não vou sujar minha vida novamente por sua causa, você já me causou problemas demais, mas não é isso que eu vou fazer...
Caroline se agachou e tocou a ponta da lâmina na bochecha da garota, com um pouco de força, pôde sentir um corte pequeno se abrir... Caroline sorriu satisfeita. Tocou o canivete, sujou o dedo com o sangue que estava ali presente e levou até os lábios, riu... Mais uma vez ela parecia estar fora de si.
- Quem diria que uma ninguém como você teria sangue tão valioso. É uma pena ter que fazer você se arrepender, , sangue tão precioso derramado por nada... – Caroline usou uma falsa expressão de pena enquanto analisava o rosto da garota - Vamos ver onde eu posso cortar para sujar um pouco mais essa lâmina... Que tal sua boca? Assim você não vai mais roubar o namorado de ninguém. Ou então podemos começar pelos pulsos, assim vai parecer que você ear apenas uma pobre garotinha com problemas psicóticos querendo se matar... É uma ótima ideia, assim da próxima vez que você aprontar, tudo vai parecer suicídio.
As ideias passavam pela mente de Caroline e uma estranha excitação apossava seu corpo. Três batidas na porta foram ouvidas, estava tensa, com medo, a adrenalina pelo o que poderia acontecer com ela, caso quem estivesse naquela porta não a salvasse do controle de Caroline, fez com que ela agisse por impulso. Pegou o livro de história da arte e jogou contra a mãe, que caiu, fazendo com que o canivete cortasse sua mão, e em segundos já estava abrindo a porta, encontrando Harry Styles agoniado.
A expressão de alívio por ter aberto a porta desapareceu do rosto de Harry ao ver o rosto da sua garota sangrando, mas Harry não teve tempo para perguntar, não teve tempo para reagir, em pouco tempo caíra em seus braços, um grito agudo rasgando sua garganta. Uma Caroline Flack em pé analisava a cena perplexa com o canivete, agora com mais sangue do que antes, em suas mãos... sentiu uma dor agonizante em suas costas e não demorou muito para o sangue ensopar sua roupa. Sua mão e a mão de Harry, que agora estava no chão para poder aguentar melhor o peso da garota, estavam tão unidas que pareciam nunca mais ser capazes de ser separadas.
- O QUE VOCÊ FEZ? SUA LOUCA, O QUE VOCÊ FEZ? - O olhar de Harry sobre Caroline estava cheio de um ódio que nem ele mesmo sabia que existia - PAUL, PAUL, SOCORRO, CHAME UMA AMBULANCIA, PAUL!
- Eu... Eu não queria matá-la, eu...
- CALE SUA BOCA! Se algo mais acontecer com , eu juro, Caroline, juro que você vai se arrepender profundamente... PAUL, ME AJUDA!
Paul chegou correndo, algumas pessoas saíram de seus quartos para ver o que acontecia, e todos se impressionaram ao ver um integrante da One Direction segurar uma garota ferida em pleno corredor. O segurança ligara para a ambulância e agora tentava controlar as pessoas que queriam se aproximar. Caroline colocou os óculos escuros, o lenço que cobria o cabelo fora devidamente arrumado por mãos tremulas, e, em passos largos e ligeiros, ela fugiu do local.
Harry não se importou, poderia se entender com ela depois, agora o que mais importava era a sua , que estava quase desacordada em seus braços.
-Harry... - Um gemido escapou de seus lábios - É você?
- Sim, meu amor, sou eu.
- Tá... Doendo...
- Shh... Calma, já chamei ajuda, ok? Eu vou fazer parar, ok?
- Eu... Eu vou morrer.
- Não diz isso, nunca diga isso. Eu não vou deixar você morrer...
- Eu menti... Eu não vivo sem você.
Os olhos de pesavam toneladas, tudo estava estranhamente turvo e escuro, mas o rosto de Harry brilhava, ela podia ver todas as cores que faziam ele ser ele, o verde dos olhos nunca lhe pareceram tão verdes, a pela alva completamente nítida em meio da escuridão, a voz grave ecoava em sua mente, mas ela não podia ouvir com clareza. Harry, em sua aura angelical, a hipnotizava, e ela lutava consigo para não poder perder aquela visão. sentia algo queimar sua pele perto da cintura, sentia dor, mas não gritava, não queria deixar Harry preocupado, queria falar, mas a garganta estava seca demais, a língua não obedecia os comandos, e por mais que se esforçasse, não conseguia ouvir sua voz, ela queria muito dizer que o amava, mas aquela dor, aquele sono... De repente, a luz foi se apagando e o sorriso de Harry sumindo na escuridão. Não queria se entregar, tinha que ficar com os olhos em Harry, ela precisava daquilo... Fechou as mãos, tentando se agarrar em algo que não a deixasse cair no escuro, sentiu a dor aumentar, um grito doloroso escapou de sua garganta, ouviu seu nome em algum lugar da mente, ela estava com medo do escuro, chamou por Harry, mas não teve mais forças... Apagou.
__
A ambulância não demorou muito tempo para chegar ao local e isso foi fundamental para que continuasse viva. Por ter perdido uma quantidade significante de sangue, precisara fazer uma transfusão, levara alguns pontos, mas não sofrera nenhum dano mais sério. também passara um dia em observação na UTI, mas no dia seguinte, ainda desacordada pelos efeitos dos medicamentos, fora transferida para o quarto onde ficaria de observação por mais algumas horas. Não era surpresa Harry ter permanecido ali, a camisa suja de sangue só fora trocada após Paul trazer algumas mudas de roupa e insistir para que pudessem disponibilizar um banheiro para que Harry fizesse o que era necessário. Embora os amigos insistissem para que ele fosse para casa descansar, mesmo com seu corpo pedindo por descanso, Harry não saiu em nenhum instante daquele hospital. Sabia que não iria conseguir descansar, ele não conseguia nem pensar na ideia de dormir sem ver antes... E não sairia daquele hospital enquanto ela não estivesse com ele.
Quando a transferência para o quarto fora anunciada, Harry prontamente se pôs de pé e se indicou como acompanhante. De início o médico não gostou da ideia de um jovem ser responsável por sua paciente, e só deixou ao conversar com a mãe do rapaz, que fora pra Londres assim que soube da notícia. No momento em que entrou no quarto, acompanhado da mãe, Harry ficou analisando o rosto tranquilo de enquanto dormia, um curativo na bochecha que fora cortada, os lábios tão pálidos quanto o rosto, a respiração leve, tão frágil que ele quis segurá-la em seus braços e protegê-la, como ele deveria ter feito desde o início. Tocou suavemente o rosto da garota e então segurou-lhe a mão. Anne pousou a mão no ombro do filho, se preocupava com os dois, sentia-se um pouco mãe de também, já que ela conquistara não apenas o coração de Harry, mas também dela.
- Que tal você ir descansar um pouco? Eu posso cuidar dela, prometo que não vou deixar ninguém importuná-la...
- Mãe, eu não vou conseguir, eu tenho que ver acordar, preciso ouvir da boca dela que ela está bem...
- Harry, eu sinceramente não sei o que faço com você e essa sua cabeça dura. - Embora quisesse discutir com o filho, sabia que não daria em nada, sabia o que ele sentia. - Vou deixá-los a sós, resolver algumas coisas com o hospital, com Simon, saber sobre o que vão fazer, você sabe, se vão entregar Caroline ou não... Eu sempre fui contra, mas você nunca acreditou em mim...
- Mãe, Caroline é passado em nossas vidas, ela fez isso não apenas por ser a pessoa que eu amo... Caroline foi quem abandonou na casa dos pais dela.
- Harry, você está querendo dizer que Caroline é a...
- Mãe, por favor, é uma longa história, não quero falar sobre isso agora, depois voltamos a este assunto, o que importa é que nunca vou deixar que Caroline chegue perto de , nem que seja preciso eu colocá-la atrás das grades.
Anne suspirou, olhou mais uma vez a garota desacordada e encarou o filho que ainda acariciava a mão de .
- Bom, vou conversar com o médico, Simon e Paul, não podemos esquecer que você é uma figura pública agora. Não ache que vou deixar você aqui sem dormir, assim que acordar você vai para casa e eu assumo aqui e não discuta.
Harry não falou nada, apenas balançou a cabeça e voltou a velar o sono de , ficou em silêncio, enquanto que em sua cabeça tudo estava muito barulhento. Respirou fundo, cansado, sua estava machucada e era tudo culpa dele.
-If you’re pretending from the start like this, with a tight grip, then my kiss can mend your broken heart, I might miss everything you said to me...-Os olhos de Harry lacrimejaram pela primeira vez depois do acontecido, pela primeira vez ele se sentiu fraco- And I can lend you broken parts that might fit like this and I will give you all my heart... So we can start it all over again.
Se permitiu chorar, acariciou os cabelos de e quando terminara de cantar os versos soltos, que vieram em sua cabeça enquanto andava em círculos na recepção, tocou os lábios pálidos da garota com os seus. Encostou a testa na dela e fungou.
- Me perdoa, por favor, me perdoa... - Harry implorava em meio às lágrimas para uma imóvel - Foi tudo culpa minha, se eu... Se eu tivesse lá, se eu não tivesse deixado você ir. Por favor, pequena. - Mais uma vez ele a beijou nos lábios, agora com o polegar tocando a bochecha que não estava com o curativo - Eu amo tanto você, por favor, acorda, acorda para eu poder te levar pra casa, pra eu cuidar de você, pra gente nunca mais se separar... Acorda para eu poder ouvir você dizer que me ama...
As pernas fracas fizeram com que Harry puxasse uma poltrona para perto da cama. Voltou a segurar e a beijar, de tempos em tempos, a mão de , cantava algumas músicas que ela gostava e sempre pedia para que ele cantasse, mas o cansaço foi lhe vencendo aos poucos e, sem perceber, acabou dormindo com a cabeça encostada na cama, de mãos dadas com a garota que amava, exatamente da forma que tem que ser.
acordou sem saber onde estava, mas ao notar a mão picada por uma agulha por onde passava um líquido transparente, as paredes brancas e o cheiro típico percebeu que estava em um hospital. Buscava na mente entender como chegara até ali, mas tudo o que lembrava era de correr até a porta e ver Harry, depois apenas sentia dor, até não sentir nada. Tentou mover a mão livre da agulha mas não conseguiu, só então notou que Harry estava estranhamente recostado no colchão da cama e sentado em uma cadeira, dormindo enquanto segurava-lhe a mão. Aos poucos conseguiu tirar a mão sob a de Harry e tocou-lhe o rosto tranquilo, não houve como não sorrir ao vê-lo assim, tão próxima dela. Tentou se mover para alcançar os cachos do rapaz, mas a dor incômoda nas costas fez com que ela gemesse. Xingou-se mentalmente assim que o fez, pois Harry acordou assustado, embora estivesse cansado, não pegara no sono tão pesado assim. Olhou para e a viu com rosto de culpa, automaticamente se pôs em pé, aproximando-se mais da garota.
- , você está bem? Está sentindo algo? Quer que eu chame o médico? Espera, eu vou chamá-lo...
- Harry, Harry, calma...
- Algo está doendo? Está com fome? Você está sentindo suas pernas?
- Harry, eu to bem... Hazz... - Ela tentava impedir o interrogatório de Harry, mas estava sendo em vão. Riu - Hazz, eu to bem, calma!
- Não ri, eu to preocupado!
O garoto concertou a postura e gemeu de dor, colocando as mãos nas costas.
- Desculpe, é que você estava me interrogando sem nem esperar que eu respondesse... – disse enquanto tentava aos poucos abrir espaço para que Harry deitasse ali com ela - Venha, deite aqui, suas costas e devem estar doendo...
- Não, negativo, eu estou ótimo, você precisa descansar...
- Harry, por favor, você estava todo torto, deve está cansado... Deita aqui... Por mim...
“Maldita cara fofa”, foi o que Harry pensou ao deitar na cama. achou que a posição que estava melhorou a dor, já que agora ela se encontrava de lado. Os dois ficaram assim, deitados e se encarando por alguns minutos, cada um com seu pensamento, até que resolveu quebrar o silêncio.
- O que aconteceu depois que eu abri a porta? - Os olhos de Harry ficaram escurecidos por um tempo enquanto ele relembrava os fatos.
- Caroline... Ela surgiu do nada e atingiu suas costas... Depois fugiu. - Harry respirou fundo - Por sorte o corte não foi profundo, se ela tivesse tentado cravar o canivete... Bom, ainda bem que ela não foi tão longe.
- Por sorte ela veio atrás de mim primeiro. Não me perdoaria se ela fizesse algo contra você, por mínimo que fosse, eu simplesmente não me perdoaria.
- Foi por isso? - Ele parecia entender agora - Foi a Caroline que forçou você a ir embora?
- Foi... Mas não me olhe com essa cara! Hazz, ela ameaçou fazer algo com você caso eu não me afastasse, se eu não me afastasse poderia ser você nessa cama de hospital! Eu não podia arriscar.
- Se você tivesse me contado nós daríamos um jeito, juntos!
- Harry, meus pais estão mortos, minha mãe biológica tentou me matar, minha tia não está nem aí pra mim, não tenho família, meus amigos também são seus amigos, eles não iriam sofrer tanto se acontecesse algo comigo, eu não tenho nada a perder, apenas você. Se Caroline fosse atrás de você, se ela te machucasse, te prejudicasse, eu não sei o que seria de mim, eu iria acabar perdendo você de uma forma mais terrível. Por isso preferi assim. – depejava em Harry tudo o que vinha em sua mente, não parava para pensar no que ia falar, apenas dava voz aos pensamentos - Você pode me odiar, você pode sair daqui e nunca mais olhar pra mim, é seu direito fazer isso, mas entenda que o que eu fiz não foi por egoísmo, ou foi por não amar você, porque a cada segundo eu pensava apenas em você, no melhor pra você, que com certeza o melhor pra você não sou eu.
- ... Você me ama?
À essa altura já chorava, era evidente que ela o amava. Será que Harry não percebia que tudo o que fizera fora por amor? Ela não podia medir o quanto o amava.
- Mais do que minha própria vida.
Harry não pode deixar de sorrir ao ouvir aquilo, era apenas aquilo que bastava para ele, saber que o amava da mesma forma que ele a amava... Mais do que a própria vida.
- Isso faz com que você seja o suficiente e mais um pouco pra mim. Não se inferiorize, nós podemos ter mudado em algumas coisas, mas continuamos sendo aquelas mesmas pessoas de antes. Você continua sendo perfeita pra mim e eu continuo fazendo qualquer coisa pra poder ser o melhor pra você. Eu amo você, não vejo o porquê de nos separamos mais uma vez.
- Mas e se a Caroline...
- Não tem essa de Caroline, ela não vai mais nos incomodar, ela poderia estar na cadeia agora, sabia?
- Não quero que façam isso... Não quero me igualar a ela, não quero ser o motivo para que ela anule a vida dela, assim como ela fez anular a minha ao me separar de você.
- Sim, entendo... Simon pode dar um jeito, ele sempre dá. Ela não vai mais encostar o dedo em você, não vou permitir isso. Só não se afaste nunca mais de mim. Haverá fãs que vão te colocar pra baixo, haverá exposição da sua vida, haverá muitas barreiras que pode fazer você querer desistir de mim... Mas, por favor, não pense nelas, pense em nós, eles não vão saber nada do que realmente acontece... Eles não vão saber como eu me sinto, o quanto eu te amo.
- Se não fosse difícil, não seria a gente - riu, ao lembrar de todos os obstáculos que passaram juntos - Não podemos esquecer das garotas da escola correndo atrás do cantor da White Eskimo, ou do inspetor correndo atrás da gente...
- E os garotos que iam atrás de você...
- Nenhum Hazz
- Epílogo:
Os raios de sol invadiam o quarto por frestas da cortina mal fechada, a luz amarelada incomodou o garoto deitado na cama, que entre o quase despertar começou a observar a garota junto a ele e relembrou como ele sonhava poder estar assim, abraçado a ela enquanto a mesma dormia salva em seus braços, se perguntava até se aquilo era um sonho.
Os dedos passaram calmamente pelas costas da garota e ele redesenhou a cicatriz deixada por uma história que fez com que o amor dele por ela ficasse ainda maior. Fora há um ano atrás, um ano que estavam juntos. Nada havia feito com que os dois se separassem de novo, mesmo que obstáculos surgissem, boatos maldosos e falsos, fãs que não aceitavam, fãs que desrespeitavam, mesmo que a insegurança de fizesse com que algumas pequenas e inevitáveis brigas aparecessem, mas mesmo assim continuaram juntos e ,se dependesse dele, iriam continuar assim pelo resto da vida.
acordou aos poucos e sorriu instantaneamente, ela estava mais uma vez ao lado dele, não tinha porquê estar triste. Levantou o rosto e se deparou com os olhos verdes que tanto amava, sendo acompanhados por um sorriso encantador.
- Bom dia, Bela adormecida...
- Bom dia... – Harry puxou-a para um selinho - Há quanto tempo está acordado?
- Não muito... Tempo o suficiente para lembrar o quão sortudo eu sou. Tenho o emprego dos meus sonhos, os melhores amigos do mundo e, por último, e com certeza o menos importante... - Harry brincou, podia ver isso no olhar dele - Uma garota ao meu lado... E sabe que eu até que gosto dela?
- Sério? Você tem muita sorte, eu queria ser forte como você, mas eu estou verdadeiramente, loucamente, profundamente apaixonada. E por um cara que canta meia dúzia de músicas, salva minha vida algumas vezes, mas é um idiota.
- Mas eu tenho certeza que ele é seu idiota, de mais ninguém.
- Sim, ele é... E sabe?! Acho que essa sua garota está na sua.
Harry abraçou mais apertado, fazendo a garota rir, os narizes se tocaram e era incrível como o mal hálito matinal de ambos não cheirava tão ruim assim pra eles.
- Azar o dela, porque, na verdade, eu vou ser sempre verdadeiramente, loucamente, profundamente, totalmente, completamente apaixonando... Por você.
N/a: IT’S OVEER, OVEER. HUM YOURSELF A LULLABY, THIS IS THE END BUT BABY DON’T YOU CRY... ? Gente, eu poderia fazer essa nota toda em caps, só pra demonstrar todas as emoções que estão passando por dentro de mim. Sei que demorei de mandar a atualização, mas eu queria que tudo estivesse perfeito para vocês, lindas que me apoiaram todo esse tempo, sei que eu não posso agradecer a cada uma exatamente como vocês merecem, mas de forma geral, quero agradecer por cada comentário, cada tweet me cobrando atualização, cada ask no tumblr, obrigada por lerem a fic, eu a fiz pra vocês e espero do fundo do meu coração que vocês tenham gostado. Além de vocês quero agradecer a Isa, se ela não fosse tão legal não só comigo eu não seria uma fã da 1D hoje, também por ela divulgar a fic, isso foi muito importante, e se vc estiver lendo isso, saiba que eu sinto sua falta Isoca cara de Paçoca. Também quero agradecer a Ju, que me aguentou falar horas sobre a fic, e ficar mandando os trechos e mesmo ela não estando afim de ler, ela lia e me ajudava e ela sabe que eu amo muito ela. E por ultimo e não menos importante, quero agradecer a Sarah, minha beta diva, que aturou meus erros e também teve paciência pra fazer o script, já que isso dá muito trabalho e eu sei disso, agradecer também por ela não ter me abandonado depois de tanto tempo sem escrever, e por ser essa pessoa maravilhosa a cada email, serei eternamente grata por tudo que a Sarinha fez por mim, obrigada! <3.
Rewind chegou ao fim e finalmente vocês estão livres de mim... Talvez por hora. Quem sabe vocês vão ver outra fic minha por aí, eu realmente espero que sim, então, até a próxima, minhas lindas... Aqui vai pra vocês meu ultimo beijos e queijos. :*
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