Ela nunca pensou que fosse sentir uma dor tão grande quanto essa. Suas lágrimas embaçavam-lhe a visão e ela não conseguia ver nem um palmo à sua frente.
Uma parte sua havia ido embora. A culpa era dela, e não pôde fazer nada para ajudá-lo.
DOIS DIAS ANTES
Então ela estava lá. De novo. Olhando para a fúria do mar de Malibu, fingindo pra si mesma que aquilo a fazia esquecê-lo. “Pobre iludida!” ela pensava. Estava sozinha na praia, sempre ia pra lá quando queria pensar. Acabava pensando nele, e sentia mais raiva. Raiva por ele ter feito o que fez, raiva de si por ter sido tão boba e raiva dos dois por não admitirem um para o outro que se gostavam. Parece que só a fúria do mar era maior do que a dela, e por mais que aquele lugar a fizesse lembrá-lo, era lá que se sentia bem.
- Dude, deixa de ser gay! – ouviu a voz de seu irmão e fechou os olhos com força. “Não aqui, por favor, ele não pode estar no meu único lugar de paz!”, ela pensou.
- Cala a boca. – ouviu sua voz baixa e perfeita. Sentiu um arrepio na espinha e virou para trás, mesmo sem querer. Era ele, , em carne e osso. Estava com o irmão de , e mais dois de seus amigos: e .
Apesar de ser seu irmão, o garoto que ela mais gostava era . Era divertido e a fazia rir quando precisava. Ele percebeu o olhar da garota e sorriu fraco. Ela mandou outro sorriso, e se virou novamente para o mar.
- Ei, ! – gritou e se virou para trás automaticamente. Ele se assustou e riu. – Dude – ele disse pra -, eu ia te perguntar se aquela era a sua irmã, mas acho que já descobri. – e riu. Como se aquilo fosse engraçado. era uma figura estranha.
tirou os cabelos do rosto, que com a brisa, haviam voado para seus olhos, e finalmente dirigiu seu olhar pra ele. já estava olhando para a garota há algum tempo e desviou o olhar instantaneamente. sentiu seu coração apertar, a garganta dar um nó, era como se alguém a tivesse dado um soco bem no meio do estômago. Mexeu-se desconfortável na areia onde estava sentada e olhou para o mar. Torceu silenciosamente para que eles não fossem até ela. Torceu principalmente para que não fosse inconveniente à ponto de levar até ela. Se não estivesse triste e com medo da possibilidade, teria rido da situação. Seu irmão conseguia ser a pessoa mais inconveniente que conhecia, e ela conhecia muita gente. Não que fosse melhor amiga de todas, e nem gostava de algumas pessoas com quem ele andava, mas ser irmã de tinha suas vantagens.
O melhor (ou pior, ela ainda não tinha decidido) da relação dos dois, era que o garoto era super protetor. Odiava ter uma irmã bonita (não que se achasse linda de morrer, essas eram as palavras dele), por causa dos garotos que olhavam diretamente para lugares não apropriados quando ela passava. Até seus amigos. Menos , é claro. Era o melhor amigo de .
Mas o resto incluía . Na vez em que ela chegou um sábado chorando em casa, depois das cinco da manhã, e não saiu do quarto pelo resto do fim de semana, pela primeira vez na vida os dois brigaram sério. e ficaram por quase sete meses até que ele a pedisse em namoro. E com uma semana de namoro, a garota viu uma morena desconhecida pendurada em seu pescoço. As mãos sempre espertas de estavam logo em sua bunda, e os dois davam um beijo empolgado, numa festa em que estava presente.
não queria bater no melhor amigo, mas ele avisara ao garoto para tomasse muito cuidado com sua irmã. Exatamente porque ele conhecia a reputação do amigo.
Nem uma semana depois, eles já se falavam como se nada tivesse acontecido. E ... Bom, ela nunca mais foi a mesma garota animada e feliz. Digo, ria das coisas, e sorria, mas suas amigas, e principalmente , percebiam que por trás de cada sorriso dela, uma lágrima invisível caía de seu olho. Ela sempre teve medo de entregar seu coração a alguém, e quando finalmente o fez, se decepcionou. Não se arrependeu, pois tinha o lema de não se arrepender de nada, porque no final, isso definia quem ela era. Mas ficou decepcionada.
E voltando à praia, tudo o que ela queria fazer naquele momento era levantar, ir até ele e beijá-lo, esquecendo de tudo. E faria isso, se não fosse extremamente orgulhosa. A merda era que era ainda mais orgulhoso, se é que era possível. Pediu desculpas uma vez, e logo desistiu. dizia que todo dia ele falava que tinha saudades, e ela amolecia. Por alguns segundos apenas, claro.
sentiu alguém se sentar ao seu lado e sorriu. Sabia quem era, porque sabia que ele preferia a sua companhia à dos amigos. Ela o entendia como ninguém, e talvez por isso eles fossem melhores amigos.
- Oi. – ela sussurrou para .
- Oi. – ela se virou pra ele e uma lágrima teimosa finalmente caiu de seus olhos. Ele estendeu a mão e jogou a lágrima para longe. – Não fica assim. Ele não te merece.
- O problema é esse. Por mais que ele não me mereça, eu não ligo. – ela respondeu e outra lágrima caiu. Fez de tudo para segurar as outras. – Eu só queria que isso tudo acabasse, e a gente pudesse ficar junto. – sorriu.
- Então fala isso pra ele – ele riu -, não pra mim. – ela tirou os olhos do rosto do amigo, e voltou a encarar a imensidão azul à sua frente. Riu ironicamente.
- Eu não posso fazer isso. – ela bufou. – Não, , não é simplesmente por orgulho! É porque eu não vou passar por cima dos meus princípios. Ele está errado, ele tem que vir falar isso tudo pra mim. – ela fez uma pausa. – Isso se ele ainda quiser, é claro.
Ele ficou calado por alguns segundos, e pela visão periférica, a garota viu o amigo virar para onde os garotos estavam sentados, conversando. sorriu mais uma vez e encarou o perfil de .
- E você tem alguma dúvida de que ele quer? - ele soltou uma risada fraca e se levantou. – Vou te deixar aí pensando, sei que você precisa. –disse, e beijou a testa da amiga. Foi andando pra onde , e estavam. Ela ficou olhando pra mesma direção por alguns segundos, sentindo uma brisa fria balançar de leve seus cabelos, e voltou o seu olhar para o mar agitado. Não tinha ninguém dentro dele. Ninguém que tivesse o mínimo de juízo entraria no mar, com ele agitado daquela forma.
Mas não podia ser comparada a alguém que tinha juízo. Porque ela mesma não tinha nenhum.
Ignorando os avisos de todos, ela tirou a regata que usava, e sem paciência para tirar o short, entrou no mar. Ela poderia ficar ali na beira, só aproveitando o vento, ou ficar com a água na cintura. Mas foi cada vez mais longe. Não respondia mais por si mesma. Queria morrer, e mesmo que sem querer, percebeu que estava quase lá.
Estava debaixo d’água. Eram poucas as vezes das quais ela conseguia botar a cabeça na superfície, as ondas dificultavam tudo. Então, simplesmente desistiu. Deixou-se levar. Fechou os olhos, e em poucos segundos ficou inconsciente, como se estivesse apenas caindo em sono profundo. Pensar assim talvez aliviasse as coisas.
Estava frio, mas ela não estava tremendo. Era uma sensação boa. Suas roupas estavam molhadas; o cabelo, úmido. Abriu os olhos, ficou de pé e encarou o nada à sua frente. Era um lugar enorme, ou muito pequeno. Não tinha como saber sua extensão; não dava para ver onde começava e onde terminava. Era todo branco, não tinha cor. Não dava para ver a parede mais próxima, se é que tinha parede. Então, assim que era morrer? Até que não era tão doloroso.
Sentiu algo a puxar pelos braços, o frio passar e pouco tempo depois, sentiu seus lábios formigarem. O lugar branco, o nada começou a se dissolver. Percebeu que o lugar estava inteiro. Ela sim estava sumindo.
Abriu os olhos, ainda que inconsciente, começou a tossir, e muita água saiu de seu pulmão. O olhou nos olhos, ali, tão perto dela, e tremeu. Mas sabia que por maior que estivesse o frio, essa não era a verdadeira razão da tremedeira.
- O que aconteceu? – ela sussurrou, lhe dirigindo a palavra pela primeira vez em dois meses.
- Você... Não estava respirando. –disse. A voz dele não saiu, mas ela sabia que eram essas as palavras saindo de sua boca. – Eu... Eu te salvei.
Ele a fitou nos olhos, e sem aviso prévio, nenhuma permissão, ele a beijou. Sua língua invadiu a boca de , e ela sentiu um calor repentino. De repente, tudo pareceu certo. A mão dele em sua cintura, a mão dela em sua nuca, os corpos comprimidos em um só... E para os dois, nada importava. Nenhum erro, nenhum deslize, só os dois. Algo na consciência de a fez acordar pra realidade.
Não era só a salvar e fingir que nada aconteceu. Ela partiu o beijo. Queria ser brusca, mas com ele ali tão perto, não conseguiu. Com toda a delicadeza do mundo, o afastou dela, e antes que pudesse falar qualquer coisa, ele disse:
- Me desculpa. – ele estava chorando. De verdade. – Te ver ali, quase... Morrendo, me fez acordar e perceber que não posso te perder. Eu não sei o que eu faria! – a garota o encarou por algum tempo, sem saber o que falar, até que uma mão a puxou pra cima pelo ombro.
Já de pé, sentiu um abraço muito apertado. De seu irmão.
- Você tá maluca? – ele também estava chorando. – Nunca. Mais. Faça. Uma. Coisa. Dessas. Comigo. – então ele a abraçou de novo. Dessa vez, retribuiu com toda força que ainda conseguiu encontrar em seu corpo. apoiou o braço da irmã em seus ombros, e a pegou pela cintura. – Vamos pra casa. Acho que a mamãe vai ficar sabendo disso de um jeito ou de outro...
Ela parou de ouvir. Ele começou a arrastá-la para a casa deles, que era logo ali, em frente. Quando já estavam um pouco longe, virou a cabeça pra trás.
Ele estava lá, parado. No mesmo lugar onde, segundos atrás, a tinha trago de volta à vida.
- Se ela tivesse morrido... Eu a matava. – disse a senhora , ao terminar de ouvir a história por . Estava horrorizada. – Foi o tal garoto que a salvou? – perguntou, ainda em choque. Sabia de toda a história entre e . No começo, achava que era uma coisa passageira. Mas depois de dois meses, a garota nunca mais havia sorrido sinceramente e sua mãe enfim percebeu o quão sério aquilo tudo era.
- Sim. – seu filho respondeu. – Eu teria salvo, mas... Aconteceu muito rápido, mãe. Quando gritou que ela estava se afogando, eu só tive tempo pra cuspir a coca que estava na minha boca, bem na cara de . No momento seguinte, o estava correndo em direção ao mar. – ele suspirou. – Por mais que não pareça, eu não sei o que faria sem a minha caçulinha. – ele disse baixo. Logo depois, ouviram alguns passos na escada.
- Acalmem-se, a razão das suas existências ainda está aqui. – disse, se sentando em um dos bancos da cozinha. Estava rindo, como se tivesse feito todas as coisas do mundo naquele dia, menos quase morrido afogada. Ao perceber a tensão do lugar, não conseguiu conter a boca. – O que? – disse, pegando uma maçã e dando uma breve mordida.
- Você tem noção do que aconteceu hoje? – sua mãe falou, sua voz estava incrédula.
- Eu estou tentando ignorar a minha experiência de quase morte – a garota respondeu com naturalidade -, mas já que insistem... Querem conversar sobre isso? – falou com seu bom e velho humor negro. Ouviu rir, e abriu um sorriso. Sua mãe tentou esconder o riso por alguns segundos, então se entregou às gargalhadas.
- Bom, já vi que a está super bem. – ela falou. – Vou à casa da Meredith, estou com o celular caso precisem de algo. – ela pegou a bolsa, as chaves da casa e do carro, e saiu sem falar mais nada.
Meredith era a melhor amiga da senhora . E de todas as amigas de sua mãe, era a mais suportável, na opinião de e .
- Sabe – começou hesitante -, ele pareceu preocupado. – ele olhou nos olhos de e a garota não precisou de mais palavras pra saber de quem ele estava falando. – Não que eu o esteja defendendo, só pra deixar claro. – o garoto disse rápido. riu pelo nariz.
- Que ele ficou preocupado, eu sei. Eu estava lá, caso não tenha reparado. – a garota disse irônica, e seu irmão riu. Perdia a amizade, mas não perdia a piada, era o seu lema. – Mas isso não quer dizer que esteja arrependido, de qualquer forma. –falou, terminando a maçã e procurando por chocolate pela cozinha. Rapidamente, achou um pote de Nutella, pegou duas colheres e ofereceu uma a , que aceitou sem objeção.
- Ele se mostra arrependido todo dia. – o garoto disse, depois de um tempo, botando uma colherada na boca. Se ele ainda tinha raiva pelo que o garoto fez com sua irmãzinha? Tinha e muita. Mas não dava pra negar o quanto estava triste, sem a sua irmã. E teria que engolir o orgulho, porque sinceramente, ele sabia que uma hora ou outra os dois iam voltar. – Não vou fingir que não vi aquele beijo de hoje, ok? – ele disse, surpreendentemente divertido. franziu a testa.
- Foi ele que...
- Você o correspondeu, não correspondeu? – perguntou, interrompendo a irmã. Ela assentiu, desconfortável. – , ele não pega ninguém desde que vocês brigaram.
A garota arregalou os olhos, não acreditando nas palavras do irmão. O eterno pegador não ficava com ninguém há dois meses?
- Ok, e eu sou a Hayley Williams. – disse, se levantando. suspirou. Quando a garota estava no meio da escada, ouviu-o falar:
- Bom, acredite no que quiser.
entrou com pressa em seu quarto, encostou na porta e se arrastou até sentir a bunda encostar no chão, pousando a testa nos joelhos. Sentiu as lágrimas ameaçarem cair e as deixou rolarem. Tinha cansado de fingir para todos que tudo estava bem, quando na verdade a sua vida estava um caos.
Levantou a cabeça, e encarou o porta-retrato que tinha em sua cabeceira. Era uma foto de quando tinha apenas 5 anos, com e sua mãe. Seu pai havia morrido pouco tempo depois de seu nascimento, e a garota ainda se pegava chorando à noite. Primeiro por não ter tido a oportunidade de conhecê-lo. Segundo por sentir tanto a falta de alguém que nem chegou a conhecer. E terceiro, por ter um coração mais partido que copo de vidro espatifado no chão.
Com esse pensamento, seu olhar foi inconscientemente para a gaveta de sua cabeceira. A garota se levantou lentamente, foi até sua cama, sentou-se e abriu a gaveta, seu olhar parando na fitinha verde. Suspirou pelas as lembranças.
#FLASHBACK
’s P.O.V.:
Eu estava numa festa com . Eu ODIAVA festas, onde todos enchiam a cara e faziam coisas horríveis das quais nem lembram no dia seguinte, quando acordam com a cabeça explodindo.
- Hey, linda. – meu melhor amigo disse, chegando ao meu lado. Somos amigos desde sempre. Claro que não desde SEMPRE, mas desde que nos conhecemos.
Estava esperando alguém me explicar o que eu estava fazendo naquele lugar cheio de gente que me odiava... E que eu confesso que também não ia muito com a cara.
- Oi, lindo. – falei, dando um abraço em .
- Esse é o , amigo meu e do . – ele disse sorrindo e eu retribuí, tentando ser o mais simpática possível com o garoto. Apesar de que ele tinha a cara de ser exatamente como o resto daqueles idiotas: mesquinho, nojento e louco por uma gota de qualquer coisa que contenha álcool. Mas as aparências podiam enganar. E ele era bem bonito. – Essa é a , irmã do . – Judd disse, e continuou sorrindo. E ele parecia simpático de verdade. E seu sorriso era muito lindo. Assim como seu cabelo, seus olhos, sua roupa, seu corpo, seu... Calei. – Agora – ele disse, se virando para o garoto – que eu te apresentei a alguém e você não vai ficar sozinho, eu posso catar a minha garota? – ele perguntou já se afastando. Eu ri alto e me olhou ofendido.
- Desculpa! – falei e não consegui segurar mais o riso. Ri de uma forma descontrolada, e fiquei com medo do garoto me achar uma louca desenfreada. Mas ele começou a rir junto.
Logo estávamos bebendo e nos divertindo como se nos conhecêssemos há anos.
- Você não pode ser irmã do . – ele disse do nada e riu mais. Nós já estávamos um pouco altos.
Sim, eu sei que há pouco tempo estava falando mal dessas pessoas, mas era legal. De certa forma. E acabei me levando pelo momento.
- te diz alguma coisa? – eu disse rindo e tirando minha identidade da bolsinha. – Ignore a foto. – eu ri mais. Fotos de identidades são péssimas, ainda mais a minha. Eu tinha onze anos quando a tirei, isso era há cinco anos atrás. Meu cabelo era uma droga, e eu ainda usava aparelho. Não que o aparelho aparecesse na pequena foto 3x4, mas mesmo assim, eu era uma criança horrível. Ele riu.
- Vocês são diferentes demais. – ele parou de rir. Apenas ficou com um sorriso muito fofo no rosto. – Digo, ele não tem esse seu humor, essa sua facilidade de ironizar as coisas... –botou uma mecha de meus cabelos para trás da minha orelha e seu sorriso sumiu. – E não é nem de longe tão lindo quanto você. – senti minhas bochechas esquentarem. Engraçado como eu conseguia ficar constrangida enquanto estava bêbada. Mas logo depois, comecei a rir.
Não, rir não. Gargalhar.
Ele me olhou confuso.
- Você acabou de me cantar, usando o meu irmão? – eu disse e soltei outra risada. – Isso foi muito estranho. – ele franziu o cenho e eu me aproximei de sua boca. – Mas muito fofo. – o vi abrir um sorriso, envergonhado, e quase apertei suas bochechas.
Botei minha mão em sua nuca e o puxei delicadamente, de encontro aos meus lábios. Ele me puxou pelos quadris com uma mão, e os ombros com a outra. Senti sua língua fazendo o contorno dos meus lábios, sem pressa, e quando eu dei passagem... Parei de sentir minhas pernas, e se não estivesse sendo segurada por ele, com certeza teria caído.
Quando vi que estava ficando excitada demais e ele estava correspondendo, mordi seu lábio inferior e encostei nossas testas.
- É melhor tomar cuidado. – falei baixo. Ele sorriu me soltando, e puxou duas fitinhas verdes da decoração da festa; amarrou uma em meu pulso, como uma pulseira. A outra, guardou em seu bolso. Sorri.
- Verde é minha cor preferida. – ele disse simplesmente, e me puxou para outro beijo de tirar o fôlego.
’s P.O.V. off.
#FLASHBACK OFF
sorriu involuntariamente. sempre era culpado pelos seus casos de uma noite. Azar o dele que aquele durou muito mais do que isso. Parou de sorrir e se lembrou de todos os detalhes de sua vida. Olhou para o telefone, para a fita verde que fora guardada com todo cuidado do mundo, e repentinamente tomou uma decisão.
Pegou a fitinha, amarrou em seu pulso, e saiu correndo do quarto.
- , eu vou... Ali, e já volto. –gritou, e sem esperar uma resposta, saiu correndo pelo quintal de casa. Olhou para o mar logo em frente e sentiu um arrepio, antes de correr para dentro de seu carro.
Dentro da casa, jogado no sofá, sorriu satisfeito. Apesar de tudo, fazia bem para sua irmã. E sua irmã fazia bem para o seu melhor amigo.
Ele estava em seu quarto, deitado em sua cama, apenas de boxers e com uma fitinha verde em mãos. Seu olhar estava perdido no teto, onde via um filme de todas as suas lembranças com .
Fora um verdadeiro idiota.
A morena o agarrara. Nunca tomaria iniciativa para trair a garota que amava. Mas correspondeu. E correspondeu com vontade.
Imbecil.
Idiota.
Burro.
Canalha.
Tudo de ruim no mundo.
Hoje ele a salvara. Da morte.
Só então percebeu o que tinha perdido. Podia ter apenas 17 anos, mas sabia o que era amor. Mesmo que não pudesse explicar com palavras, ele sabia. Não entendia e não dominava o assunto. Mas o sentia. E era o melhor sentimento do mundo. E saber que o amor de sua vida o correspondia, era ainda melhor. Saber que o amor da sua vida correspondia o seu amor, mas tinha nojo de você, era outra coisa.
Ouviu Red Hot Chilli Peppers em algum lugar, e começou a procurar seu celular. estava ligando.
Era só o que faltava, lição de moral.
- Fala, cara. – disse, um pouco frio.
- Minha irmã está indo aí. – ele disse. sentiu o estômago cair.
- Tem certeza? –perguntou mais alegre do que se lembrava.
- Na verdade não. – o amigo respondeu e ele sentiu vontade de dar um soco em alguém. – Mas algo me diz que sim. – revirou os olhos.
- Tchau, dude. – disse, e sem esperar resposta, desligou.
Sentou em sua cama e enterrou as mãos no cabelo. Só mesmo para fazer isso. É claro que a garota não estava indo lá, até porque era ele quem devia ir até ela. E era orgulhosa demais resolver por si algo do qual fora vítima.
Enquanto isso, a garota estacionava seu carro em frente a uma casa um pouco menor e menos luxuosa que a sua. Só duas ou três pessoas da escola tinham o privilégio de morar em frente ao mar.
Ela saiu do carro, o travou e, hesitante, foi até a porta da casa. Como sempre, estava destrancada, e não parecia haver ninguém ali. Pelo menos, não no primeiro andar. Não conhecia o interior daquele lugar, tinha ido pouquíssimas vezes até lá, mas conhecia muito bem o caminho que tinha de fazer agora.
Subiu as escadas e parou em frente a uma porta de madeira escura e brilhante. Viu que lá dentro, a luz estava acesa, então bateu de leve.
Ele levantou a cabeça devagar, olhou para a porta e quase pôde sentir a presença da garota ali. Podia ser alucinação, ouvir a porta bater. Talvez fosse sua mãe, seu pai, sua irmã mais nova, mas ele tinha certeza de quem estava atrás da porta. Suspirou antes de ir até lá olhando pra baixo, para o pulso da menina, onde estava amarrada uma pulseira verde improvisada com uma fitinha, e sorriu involuntariamente.
Com medo do que ia ver, fitou receoso os olhos de , e o que viu lá dentro o deu vontade de se matar. Sentiu a dor dela, não suportava vê-la assim. A puxou suavemente pelos braços e a abraçou, enquanto ela mordia o lábio inferior, percebendo os trajes de . Ou a falta deles. Passou os braços por seus ombros, parando na nuca, e enterrou o rosto em seu pescoço, antes de se entregar ao choro. Ele acariciou os cabelos dela por alguns minutos, antes de puxar seu queixo para cima, a fim de fazê-la olhar em seus olhos, secando suas lágrimas.
- Me desculpa, por favor. –pediu num sussurro, e a garota suspirou. Sua intenção ao ir à casa de era agradecer pelo garoto ter salvado sua vida. Mas não conseguiu evitar e, na verdade, nem queria. Quando deu por si, estava trancada com em seu quarto, com uma perna de cada lado de seu corpo, deitados em sua cama.
There was a new girl in town (Tinha uma menina nova na cidade) She had it all figured out, had it all figured out (Ela tinha tudo decidido, tudo decidido) Well I'll state something rash (Bom, eu vou dizer algo imprudente) She had the most amazing... smile (Ela tinha o mais maravilhoso... sorriso)
Ele não conseguiu evitar os sorrisos que soltou entre os beijos, coisa que não passou despercebida pela garota. Suspirou com a boca colada na dele. Não ia parar o que começou, até porque isso deixaria em uma situação um difícil (se é que me entendem. E eu sei que entendem). Mas que depois eles teriam uma conversa séria, com certeza teriam.
I bet you didn't expect that (Aposto que você não esperava por isso) She made me change my ways, she made me change my ways (Ela me fez mudar o meu jeito) With eyes like sunsets, baby (Com olhos como por do sol, baby) And legs that went on for days (E pernas que andavam por dias)
Ficaram se beijando por mais alguns minutos, até que tivesse certeza que podia ultrapassar alguns limites. Ainda tinha medo de fazer algo errado e ela fugisse mais uma vez. Eles não tinham noção do quanto haviam sentido falta um do outro. De suas bocas coladas, seus corpos comprimidos, da mistura de suas respirações ofegantes...
Ele subiu uma de suas mãos que brincavam com a coxa da menina por dentro do vestido que ela usava, ainda inseguro. Ela não fez nenhuma objeção.
- When we were in love, oh things were better than they are… - ele separou as bocas e cantou baixinho ao pé do ouvido da garota, a fazendo arrepiar-se. – Let me back into... Into your arms.
Ele voltou a beijá-la e ela sorriu ao reconhecer a letra da música que começara a tocar em algum lugar do quarto, uma de suas músicas preferidas de uma de suas bandas preferidas. No entanto, outra música veio em sua cabeça. Guardou esse pensamento pra si, agora não era hora de cantar, de qualquer forma.
I'm falling in love (Estou me apaixonando) But it's falling apart (Mas está caindo aos pedaços) I need to find my way back to the start (Preciso achar meu caminho de volta ao começo) When we were in love (Quando nós estávamos apaixonados) Things were better than they are (As coisas eram melhores do que são) Let me back into... (Me deixe ir de volta...) Into your arms (Pros seus braços) Into your arms (Pros seus braços)
A mão dele, antes em seu quadril por baixo do vestido, agora passeava sem nenhum medo pelo corpo da menina. E logo depois, o vestido estava perdido em alguma parte do chão.
Alternava beijos entre sua boca, pescoço e colo enquanto a colocava o mais delicadamente possível em baixo dele, na cama.
Então ele parou tudo, para ficar parado alguns segundos, com a cabeça afundada no pescoço dela, que respirava com dificuldade, só sentindo seu cheiro e seu coração bater descompassado. Ficou pensando se aquilo seria bom para os dois. Não era a primeira vez que viviam esse momento um com o outro, mas dessa vez parecia tudo diferente e novo... E ao mesmo tempo, parecia tão certo.
Ela pensava exatamente aquilo, então arranhou as costas de de leve, e ele esqueceu todas as dúvidas.
She made her way to the bar (Ela fez seu caminho até o bar) I tried to talk to her (Tentei falar com ela) But she seemed so far, she seemed so far (Mas ela parecia tão longe) Outta my league (Longe do meu alcance) I had to find a way to get her next to me (Eu tinha que achar um jeito de fazer ela vir para mim)
Voltou a beijá-la, e sem medo, dúvidas e insegurança, abriu seu sutiã, o deixando cair no chão. Sorriu mais uma vez, tê-la perto de si era muito bom. Ela já havia perdido toda a sua insegurança também, e tirou a única peça da roupa do garoto sem hesitar.
brincou com a peça que ainda vestia, sem pressa. Queria que aquele momento durasse para sempre.
I'm falling in love (Estou me apaixonando) But it's falling apart (Mas está caindo aos pedaços) I need to find my way back to the start (Preciso achar meu caminho de volta ao começo) When we were in love (Quando nós estávamos apaixonados) Things were better than they are (As coisas eram melhores do que são) Let me back into... (Me deixe ir de volta...) Into your arms (Pros seus braços) Into your arms (Pros seus braços)
Oh she's slipping away (Oh, ela está escorregando) I always freeze when I'm thinking of words to say (Eu sempre congelo quando estou pensado em palavras pra dizer) All the things she does (Oh, as coisas que ela faz) Make it seem like love (Fazem isso parecer amor) If it's just a game, just a game (Se é só um jogo, só um jogo) Then I like the way that we play (Eu gosto do jeito que nós jogamos)
Começou a tirar a calcinha da garota, a olhando nos olhos, e ela não precisou de palavras pra entender. “Desculpa”. E ele também não precisou de palavras pra saber que ela já o havia perdoado. Tinha tanto medo de perdê-la...
I'm falling in love (Estou me apaixonando) But it's falling apart (Mas está caindo aos pedaços) I need to find my way back to the start (Preciso achar meu caminho de volta ao começo)
Ele pegou uma camisinha na gaveta de seu criado mudo, e a vestiu ainda sem pressa. A olhou nos olhos mais uma vez, sorrindo, antes de transformá-los em um só.
I'm falling in love (Estou me apaixonando) But it's falling apart (Mas está caindo aos pedaços) I need to find my way back to the start (Preciso achar meu caminho de volta ao começo) When we were in love (Quando nós estávamos apaixonados) Things were better than they are (As coisas eram melhores do que são) Let me back into... (Me deixe ir de volta...) Into your arms (Pros seus braços) Into your arms (Pros seus braços)
Seu corpo caiu sobre o de suavemente e ele a beijou de uma forma tão calma que a assustou. Deitou ao lado da garota e a puxou delicadamente para si, a abraçando, então ela virou de frente para ele. Novamente, não precisaram de palavras. O que eles precisavam ter certeza, conseguiam ver nos olhos um do outro.
Ele era dela. E ela era dele.
Into your arms (Pros seus braços) Into your arms (Pros seus braços)
acordou no dia seguinte, abraçada a . Into Your Arms ainda tocava baixinho em algum lugar, estava para repetir. Levantou com cuidado e começou a se vestir, conforme foi encontrando suas roupas, e riu sozinha ao encontrar a origem do som. O iPod de estava jogado no chão, no bolso da bermuda que ele estava vestindo quando tirou a garota do mar. Sentiu uma tremedeira com esse pensamento e deu pause na música. Estava ficando com nostalgia.
Sentou-se na beirada da cama e observou o corpo do garoto, coberto apenas por um fino lençol, e mordeu o lábio inferior. Puta merda.
Ela não conseguia mais resistir, e ele sabia disso. E usava isso contra ela. A menina enterrou as mãos nos cabelos e encostou os cotovelos nas coxas. Ficou assim por algum tempo, até sentir a cama balançar e sentar.
- Hey. – ele a saudou sorrindo, enquanto ela o fitava, hesitante. Não queria sorrir de volta, mas não conseguiu evitar. O sorriso dela sumiu, mas o de permaneceu em sua boca.
- Promete que nunca mais vai me magoar? –perguntou baixo e o sorriso dele desapareceu de uma vez. Pensou que, com a noite que tiveram, o assunto estivesse encerrado. Suspirou.
- O que mais você quer? – perguntou, alterando a voz sem querer. Ela apertou os olhos, franzindo o cenho. – Que eu me arraste no chão e me humilhe pra conseguir seu perdão? –levantou, procurando sua boxer e a vestindo. fechou os olhos, não acreditando no que estava ouvindo.
Abriu os olhos, encarando os de que pareciam arrependidos. Ela só não tinha certeza se era da sua pequena explosão, ou pela noite que tiveram. E então, começou a chorar. Só que dessa vez, de raiva.
- Eu já havia te perdoado, pensei que soubesse. –disse com a voz incrivelmente controlada. Mas seus olhos estavam ardendo.
estava arrependido do que dissera. Era só dizer um simples “eu prometo”, que tudo estaria bem. Mas era um idiota. Merecia ficar sozinho. Quando ia abrir a boca para se desculpar, ela levantou bruscamente da cama e foi até a porta.
- You did the wrong thing to the right girl, . – ela falou o mais friamente que conseguiu, fechando a porta com um barulho alto. Era essa a música que pensou no dia anterior. Correu até seu carro e dirigiu até sua casa, ainda chorando.
- Bom dia! – disse todo sorridente ao ver a irmã chegar em casa. Mas ao ver suas lágrimas e sua expressão infeliz, revirou os olhos e suspirou. – Porra , o que você fez agora? – sussurrou baixo o suficiente para que sua mãe, que olhava tudo aquilo sem reação, não escutasse.
- Você sabia que ela não estava em casa? – a senhora perguntou para o filho, quando ouvir a porta do quarto da garota bater com força. teria rido, se a situação fosse outra. Apenas murmurou um “sim”, e subiu as escadas em direção ao seu próprio quarto.
Em sua casa, enterrou a cara em um travesseiro percebendo a ironia da situação. Passara uma noite incrível ao lado dela, ao som de Into Your Arms, e ele conseguira estragar tudo, a fazendo ir embora citando uma parte de Right Girl, apenas trocando o pronome. E ele sabia, ela era sua Right Girl.
Ouviu novamente Red Hot Chilli Peppers e começou a achar aquela música e aquela banda muito irritantes. Tudo o que queria era ficar sozinho, mas levantou e procurou o celular. era o que dizia o visor. Sentiu vontade de dar um tiro em alguém. Era agora que o mataria.
- Alô? – disse, com medo do que estava por vir.
- VOCÊ TEM MERDA NA CABEÇA? – ele gritou e afastou automaticamente o aparelho de seu ouvido.
- Acho que sim. – foi só o que conseguiu responder, e ouviu o amigo respirando do outro lado da linha, tentando se acalmar.
- O que você fez agora? – perguntou com a voz controlada.
- Não me sinto à vontade pra falar o que fiz ou deixei de fazer com a sua irmã pra você. – respondeu depois de dar um suspiro, sem ironia.
- Porra, ! Que merda. – começou a xingar e tremeu. Começou a falar antes que pudesse segurar sua boca.
- Passamos a noite juntos e eu sabia que ela tinha me perdoado. Essa manhã, quando acordei, me pediu pra prometer que não ia mais magoá-la... – ele fez uma pausa e sentiu uma lágrima passar por seu rosto. – E eu perguntei o que mais ela queria. Mas disse de uma forma grossa, juro que foi sem querer. Você sabe como eu fico quando acordo. –disse de uma forma apelativa e ouviu um muxoxo de afirmação do amigo. – Ela disse que já tinha me desculpado, mas acho que se esqueceu disso quando eu fui grosso. Foi embora dizendo que eu fiz a coisa errada com a garota certa. – terminou e riu sem humor.
Do outro lado da linha, sorriu. Estava mais orgulhoso da irmã do que com raiva de .
Pra falar a verdade, ele não estava com raiva do amigo. Conhecia o temperamento bipolar de do garoto. E ele sabia que eles tinham que ficar juntos. Engolindo o orgulho, disse:
- Está na hora de você ir atrás dela. – ele falou suspirando. franziu a testa e ficou calado. explicou. – Vai dizer que não percebeu que por mais que estivesse errado na história, foi sempre ela quem correu atrás de você? – ele perguntou e o amigo não precisou responder. Era verdade. era um covarde. – Eu quero que saiba que dessa vez, não vou deixá-la ir. Dessa vez, é você vai procurá-la.
Com isso, desligou o telefone sem dar chance de responder. Não que ele tivesse uma resposta, de qualquer forma.
desceu para a sala, esperando que a irmã descesse para conversar. Mas sabia que ela não desceria. Não tão cedo. Mas não iria trás dela, daria tempo ao tempo.
Já , ainda estava com o telefone encostado na orelha, pensando em tudo que o amigo dissera. Deu um grunhido baixo e levantou, indo até o banheiro. Tirou a única peça de roupa que vestia e entrou debaixo da água fria.
Podia ser algo de sua mente, mas um choque de realidade o atingiu ao sentir a água fria escorrer por seu corpo quente. Tinha que ir atrás dela.
Saiu de casa o mais rápido que pôde. Colocara a primeira roupa que viu pela frente. Nem sabia o que estava vestindo.
Entrou no carro, e sem hesitar, tomou o caminho tão conhecido por ele. O fato de sua garota morar na casa do seu melhor amigo tinha suas vantagens.
Mas sua cabeça estava longe, perdida em pensamentos. Nem percebeu que seu carro chegou ao limite de 200 km/h. E viu o caminhão tarde demais.
Não comia nada desde aquelas duas colheradas de Nutella na tarde anterior, mas não sentia a mínima fome. Algumas horas haviam se passado desde que chegara em casa ignorando Deus e o mundo. Precisava ficar sozinha, e agradecia por sua mãe e seu irmão entenderem isso. Senhora só havia passado no quarto para perguntar se iria querer o almoço, e não insistiu quando a garota recusou.
Não tinha mais lágrimas para chorar, estava olhando para o teto branco de seu quarto, deitada na cama, de barriga pra cima, o rosto sem expressão. Ia ficar tudo bem, era só ele dizer um simples sim. Uma palavra pequena, apenas três letras. Não podia ser tão difícil, mas como sempre, ele estragara as coisas.
Ouviu a voz de John Lennon em algum lugar do quarto, cantando Imagine. Seu celular tocara umas 20 vezes nas últimas duas horas, mas a menina não se importava. Queria ficar sozinha.
Sem perceber, caiu num sono profundo.
HOJE
Acordou quatro horas depois, já de madrugada. Finalmente, tomou coragem de pegar seu celular e viu as ligações perdidas, mais de cem. Sentiu uma sensação ruim na boca do estômago e viu uma por uma. Eram todas de , ou, por mais estranho que parecesse, de . Nenhuma de . Prendeu a respiração ao apertar o botãozinho verde, retribuindo a primeira ligação de , e foi atendida no primeiro toque.
- Aonde você se meteu? – ele atendeu com a voz trêmula. não esperou mais sinais, a pergunta saiu de sua boca automaticamente.
- O que aconteceu com ele? – sentiu as lágrimas ameaçarem voltar a cair, e fez de tudo para segurá-las. suspirou do outro lado da linha, demorou um pouco para criar coragem para falar algo que ele mesmo não conseguia e nem queria acreditar.
- Ele tá morrendo, . – ela sentiu todo o ar sair de seus pulmões. Não tentou mais evitar as lágrimas que caíram.
- Ele... , não... Brinca... O que... Onde vocês... – ela tentou falar, entre os soluços, mas não saía nenhuma frase coerente. O amigo não entendia nada, e ficou com medo de que ela fizesse alguma besteira. Não saberia o que fazer se perdesse sua melhor amiga.
- Eu vou te buscar. – ele falou convicto. – Isso é... Se você quiser.
- Sim. – conseguiu sussurrar, antes de perder as forças na perna e cair no chão de seu quarto. O celular abriu com o impacto no chão, a bateria foi para um lado, o teclado foi para o outro, a capa para o outro. Sua mãe entenderia o motivo para ela ter quebrado um smartphone dos mais caros. Ou pelo menos, era o que a ela esperava.
Ficou sentada no chão, em choque. A única coisa que se movia no corpo da menina eram suas pálpebras e as pequenas gotinhas d’água que caíam de seus olhos, e seu busto conforme respirava. Sua respiração estava vacilante, soluçava mais do que podia controlar.
Alguns minutos depois, chegou. Ao ver a menina naquele estado, finalmente deixou que as lágrimas que estavam presas durante todo o dia caíssem. Foi até o seu lado no chão e a abraçou. Ela não reagiu, não o abraçou de volta. Parecia morta.
E de certa forma, estava.
- ... – chamou. Quando chegou ao hospital com , naquela situação, seu irmão quase enfartou. Já havia perdido as esperanças, os médicos já haviam feito o possível. O ferimento do amigo fora muito profundo, e seus batimentos cardíacos estavam mais devagares a cada minuto. Quando viu branca como morta, quase morreu junto. Perder o melhor amigo e a irmã no mesmo dia, era muito pra ele.
Ele estava com medo. Nunca vira a garota chorar tanto quanto agora.
Ela virou lentamente o rosto sem expressão para a direção da voz do irmão. Ele queria sorrir, dizer que tudo ficaria bem, mas não conseguiria dizer uma coisa que nem ele mesmo acreditava. Deixou outra lágrima cair.
Nunca fora de chorar. Estava triste com a situação, não conseguia descrever a tristeza em palavras, mas as lágrimas caíam poucas vezes de seus olhos. Foi até a irmã e a abraçou. Eles não trocaram nenhuma palavra, mas sabiam exatamente o que estavam pensando. Tinham uma ligação de gêmeos, mesmo sendo um ano mais velho. Um sentia a dor do outro. Ficaram assim alguns segundos, até que um dos médicos foi até eles.
- ? –perguntou, e a garota levantou a cabeça. – Ele acordou, mas não tem muito tempo. – o médico falou com um pesar forçado. –Disse que quer que você seja a última pessoa a falar com ele, se for possível.
A garota olhou para o irmão. Já sabia que não tinha salvação, mas ouvir aquilo era diferente. assentiu e ela se levantou, indo até o quarto em que estava.
- Oi. – ele disse tentando se sentar. Ela foi rápido até ele, e fez pressão para que ficasse deitado. Ele sorriu.
- Eu precisava que você soubesse... – ele disse. Estava pálido, sua voz estava fraca.
- Shh. – fez. – Fica caladinho.
- Não, , eu realmente preciso que você saiba. –falou. – Eu estava indo na sua casa. Ia pedir desculpas. –tossiu de leve. – E ia prometer que nunca mais ia te magoar. – ficou em silêncio, sem saber o que dizer. Então, ele ia atrás dela? Era... Culpa dela? Ela franziu a testa, e ele continuou. – Eu preciso saber se... Você me desculpou. Eu não vou morrer em paz sabendo que minha Right Girl não me perdoou. –olhou para o pulso de , ainda estava com a fitinha verde. Ele sorriu, e entregou a outra fitinha verde que estava em sua mão o tempo todo. Ela sentiu as lágrimas chegarem aos olhos um pouco mais fortes.
- Eu te perdoei desde o início, . –disse, e a voz ficou presa. Não conseguiu completar a frase. “Só era orgulhosa demais para admitir.” Talvez, se tivesse admitido de uma vez, nada daquilo estaria acontecendo. Ele sorriu fraco.
- Seu mundo vai ser melhor sem mim. – ele falou, sua voz falhando. Apesar da dor que sentia por dentro, sorriu ao ouvir a frase de Chuck, de Gossip Girl. Ela sabia exatamente o que responder.
- O meu mundo não seria o meu mundo sem você aqui. – citou a frase de Blair. Ele sorriu ao ouvir isso, sentindo uma das lágrimas da menina cair sobre o seu rosto.
- Eu te... Amo. – ele fechou os olhos, e logo depois ela ouviu o apito irritante do monitor que mede os batimentos cardíacos. As lágrimas de ficaram mais fortes, e entre soluços, ela disse a frase que daria tudo pra ter conseguido dizer antes de ele lhe deixar.
- Eu te amo também. Mais do que a mim. –falou firme para o corpo sem vida, e se abaixou para dar um beijo nele. – E esse amor vai além da vida. – finalizou com o rosto enterrado em seu pescoço, ainda quente.
Tinha que encarar a realidade. O seu Right Boy tinha morrido. Foi quando percebeu que nunca chegou a agradecer por ter salvado sua vida.
Ele salvou sua vida.
Era pra ela estar morta. Não ele.
Botou a mão no peito e suspirou.
Ela nunca pensou que fosse sentir uma dor tão grande quanto essa. Suas lágrimas embaçavam-lhe a visão e ela não conseguia ver nem um palmo à frente.
Uma parte sua fora embora. A culpa era dela, e não pôde fazer nada para ajudá-lo.
***
Nota da Autora: Olha eu aqui de novo, risos.
Essa short fic é meu xodozinho. Baseei-a em um sonho que eu tive há muuuu...uuuito tempo. Mas no meu sonho o casal principal nem se beijava. Bem, pra mim, fic sem beijo não é fic. Então eu dei uma incrementada.
É a primeira fic de drama que eu escrevo. As outras são bem dramáticas, do meu jeito. Tão dramática ao ponto de ser engraçada. Nessa tem um toque do meu humor (que eu não abro mão), mas a ideia principal dela é o drama no final. Eu chorei igual a um bebê escrevendo! Hahahahaha.
Quero dedicar essa short pro meu Poynter. Me deu um aperto enorme no peito, quando eu tive que dar esse final a ele, quando eu simplesmente podia ter dado um final feliz... É só que, sei lá. Esse foi o meu sonho. Quase mudei de ideia algumas vezes, enquanto estava escrevendo, pensei em mudar tudo e dar um final feliz a eles e tal... Mas eu quis ser fiel ao meu sonho. Ficou exatamente como eu queria (não que eu queira que o Dougie, ou que o seu Guy morra, só pra deixar claro! Hahahaha). Enfim, foi muito difícil escrever esse final, e esse é o motivo pelo qual eu estou dedicando essa fic pro meu bebê lindo.
E bem, obrigada por ler.
Se puder comentar com a sua opinião, ou mandar um reply, eu ficaria agradecida. Preciso mesmo das críticas.
E espero lhes encontrar em breve, em uma das minhas longs que eu estou pensando em postar.
comments powered by DisqusNota da Beta: Brotos, caso tenha algum erro de português/script/html, podem entrar em contato comigo pelo twitter ou por e-mail, fiquem à vontade. E pelo twitter eu digo como ta o processo de betagem/se já mandei pro site, essas coisas, então pode seguir, se quiser =D