Right now I wish you here
História por Anab. | Revisão por Carol Mello
Participação especial Fernanda Saluceste
And I remember, all those crazy things you Said
(Me lembro de todas aquelas coisas malucas que você disse)
You left them riding through my head
(Você as deixou correndo pela minha cabeça)
You're always there, you're everywhere
(Você sempre estava lá, você estava em toda parte)
But right now I wish you were here.
(Mas agora eu queria que você estivesse aqui)
Os lindos barulho que meus dedos faziam quando passavam pelas cordas do violão, sempre me encantaram, mas agora, eram perfeitos, tinha as notas certas para a letra que saía de minha boca. Condizia com o que eu estava sentindo naquele momento.
Tinham três dias que eu não falava com ele.
Três meses atrás, nem sabia que ele existia, agora era uma menina dependente dele.
Nunca tinha ouvido sua voz. Não o tinha visto (tinha sim; uma foto). Apenas as mensagens, ah, as mensagens mais fofas que um menino que não te namora pode mandar!
Ele morava a duas horas da minha cidade, quase nunca entrava no MSN (e mesmo quando ele entrava, NUNCA nos falávamos por tal), estava entrando em colapso!
Tinha um aperto no coração, grande, eu me afogava no sofá, agora, o violão estava apoiado no mesmo, mas no chão.
Um vento frio entrava pela janela aberta por descuido. Sentia frio, mas preguiça de pegar uma coberta ou mesmo fechar a janela.
Mas tive de me levantar assim que meu celular começou a “berrar”, levantei-me e segui até a cama, “” piscava freneticamente na tela pequena do W150. Sem nenhuma vontade de atender minha prima, levei a mão que segurava o aparelho até a orelha.
- ! – gritou , muito feliz do outro lado da linha.
- Oi, ... O que quer, vadia? – eu disse e ela riu do outro lado.
- Nada! Só... Que você venha até o centro, sabe?! Tenho uma surpresa pra você!
- O que é? – eu disse sem paciência, amava minha prima, e ela amava me tirar de casa.
- Sur-pre-sa, não sabe o significado disso?!
- Tá, em meia hora estarei aí.
Eu não estava nem um pouco animada pra ver minha prima, mas devo confessar, estava curiosa pra saber qual era sua surpresa.
Eu estava muito curiosa.
Ainda com o celular em mãos, procurei por um número em particular.
estava nos favoritos, em uma lista única, onde ele era único.
“Ahn, a acabou de me ligar, tem uma surpresa para mim! Tem ideia do que aquela vaca louca tem em mente?!”
Sim, eu sou muito carinhosa com a minha prima, ou saco de pancadas particular!
A é mais velha dois anos, mas temos a mesma idade mental, nós sempre discutimos pra saber se ela é atrasada ou eu sou adiantada, fico com a primeira opção!
Fui em direção do banheiro, estava todo bagunçado, na noite passada, minha amiga tinha vindo aqui e se arrumado pra um festa a dois quarteirões daqui, e quem foi a pessoa linda que emprestou o banheiro? E a maquiagem? Tem pó de sombra em toda a minha pia! Meu secador também tá todo desmontado.
Suspirei pesado e fui para o quarto de novo, vendo que não tinha toalhas no suporte.
Peguei a toalha que minha mãe havia usando antes de sair, e tomei banho no quarto dela mesmo.
Enrolei-me na toalha e sai correndo. Para variar, a janela do corredor estava aberta e uma corrente de ar muito fria passou por mim.
Abri a porta do meu guarda roupa antigo, comecei a revirar as roupas emboladas nele, é bom que minha mãe não abra isso aqui! Comecei a cheirar as roupas, pra saber quais estavam limpas e quais não estavam. Eu achei um vestido preto, curto e com mangas, e limpo, aleluia! Peguei minha bolsa bege e troquei todos os itens para a bolsa listrada que havia comprado semana passada. Vestida, fui até o banheiro e passei apenas uma camada de máscara para cílios, um pouco de blush e gloss incolor. Voltei por quarto e chequei meu celular, tinha 15 minutos, bom, cinco minutos daqui até lá, estava na hora certa, calcei meu all star e coloquei uma corrente e um anel. Me olhei no espelho, eu não me acho a pessoa mais bonita do mundo, mas eu estava me amando. O vestido parecia feito para mim. Meus cabelos caíam em cachos que, por causa do tempo que ficou com trança, estavam perfeitos. A roupa que eu escolhi por acaso estava perfeita.
Desci as escadas correndo, peguei uma bala na bacia que ficava na entrada, e fui andando pela calçada, já não estava tão frio, ou estava, mas em casa o Sol não bate, e aqui ele parecia estar me seguindo. O Sol estava fraco, mas mesmo assim esquentava. O meu celular vibrou dentro da bolsa, e eu me enchi de esperanças ao alcançá-lo rapidamente. Podia ser ele.
Não.
Uma mensagem da .
“Então, onde estás?”
Eu já estava chegando, então, com a minha má vontade, nem respondi.
Andei até onde nós sempre nos encontrávamos, era um parque, no centro de uma vila, quase como uma imitação do Central Park, era bonito, a melhor coisa nesse cortiço onde eu vivo.
Na entrada, havia um carrinho de pipoca, um de algodão-doce, e sorvete. Sorri e disse “obrigada” ao senhor que me ofereceu pipoca, depois fui andando em direção à lojinha de açaí, e me senti em um dos bancos.
Esperei.
Mais um pouco.
Minha paciência estava falhando, então retirei o celular da bolsa e disquei o número da .
Um bipe.
- Alô!
- , onde você está? Cheguei há um tempão. – menti razoavelmente.
- Hm, agora já posso contar!
- Contar o que, idiota?! – eu já estava ficando irritada, ela era ótima pra me fazer ficar assim, sempre fazia, ela adorava.
- Não sou eu quem vai te encontrar...
- Como assim? –eu ri, tinha que rir, só ela pra fazer isso – Quem é, então?
- Sou eu.
A voz que soou perto do meu ouvido era grossa, extremamente sexy, me fazendo arrepiar.
Meus tornozelos fizeram uma volta de 360° graus, e eu encarei a face branca e límpida do dono daquela voz. Seus grandes olhos , os cabelos caindo perto dos olhos, em uma franja perfeita.
Sorri fraquinho.
Reconhecia aquela pessoa de algum lugar.
O sorriso.
Ele retirou o celular do bolso traseiro da calça, e digitou algo rapidamente.
Um bipe e na minha mão.
Uma mensagem.
.
Olhei para a pessoa à minha frente, ainda cabreira para saber de onde o conhecia. Desviei minha atenção para a tela brilhante do meu celular.
Torci minha testa.
“Não vai falar comigo não?! O gato comeu sua língua? LA LA LA”
Desculpa?
- Você é um idiota, só pode! – eu ri nervosamente, e levantei o olhar, já que ele era bem mais alto que eu.
- Não sou não. – Ele sorriu – E eu quero um abraço.
Nesse momento eu juro que meu coração poderia sair pela boca. Os braços dele circularam minha cintura, me puxando para perto, o cheiro do seu perfume de ervas (doces) amadeirado invadiu meu nariz, e eu juro, que se não fosse pelos fortes braços dele, estaria no chão.
OK, isso foi clichê demais, mas isso aconteceria mesmo.
Eu me afastei dos seus braços, me amaldiçoando por tal ato.
- O que diabos você está fazendo aqui? – eu ri, olhando pra ele.
- Ué, se eu tiver incomodando posso ir embora... – ele disse, e deu meia volta.
Eu ri, porque sabia que ele estava brincando, porém ele continuava andando.
Eu corri rindo como louca, e pulei nas suas costas.
Ele olhou pra mim emburrado e falou com uma voz infantil.
- Num quelo mais. – fez bico – Eu vou pla casa e clomer um pirulito e vucê naum.
Eu ri, a língua dele prendia quando ele falava assim.
- Então tá, fica lá com seu pirulito, eu vou comer um açaí e paquerar uns gatinhos. – Eu disse com um ar superior, e elevei uma sobrancelha.
- OPA, se for pelos gatinhos eu vou, amiga! – ele disse que uma voz gay.
Eu ri, e nós seguimos de volta para uma mesa.
Eu tinha que admitir, ele era um pedaço, ou melhor, uma estrada inteira de mau caminho. Eu ria de casa coisa que ele fazia.
- O que quer fazer agora?
Ele perguntou quando nós estávamos andando de volta para a entrada do parque.
Um toque.
Um pouco mais.
Ele segurou a minha mão, mas não entrelaçou nossos dedos.
Eu olhei pra ele e ele olhou de volta, confuso, com medo, talvez, e eu sorri, apertando um pouco sua mão.
- Não sei, o que sugere?
Sorri de lado.
Ele fechou um dos olhos, como se pensasse.
- Onde tem um supermercado aqui perto?
- A umas duas quadras, por quê?
- O que acha de um piquenique?
Nós compramos sanduíches naturais prontos, queijo, vinho, morango, e calda de chocolate, e fomos de novo pro parque, onde sentamos mais afastados de todo mundo.
Em cima de um pano xadrez, que ele comprou lá, o legal, é que era um lençol, então tinha aquelas extremidades com elástico. Mas ele disse que piquenique não é piquenique sem a toalha xadrez. Nós conversamos um pouco, e rimos muito. Rimos do silêncio, rimos de tudo.
E foi na hora que ele parou de rir e olhou nos meus olhos que eu percebi uma coisa que há muito tempo não sentia, não sabia.
Eu estava amando.
Amava ele mais do que como um amigo, mais do que tudo.
Ele estava próximo.
Próximo demais.
Os lábios dele se abriram lentamente, quase que imperceptivelmente, e o ar quente de sua boca bateu na minha pele.
Pronto.
A distância que ainda existia entre nossas bocas, acabou. Ficamos só no selinho, até que ele colocou a mão na minha cintura me puxando para perto, eu fiquei praticamente sentada no seu colo.
Ele abriu um pouco sua boca e senti sua língua umedecer meus lábios, pedindo passagem, que foi concebida muito rápido.
Meus braços envolviam seu pescoço, e ele mantinha suas mãos na minha cintura.
A falta de ar não nos deixou ficar mais tempo apreciando um o gosto do outro.
Afastamos-nos um pouco e sorrimos, parecendo idiotas, completos idiotas.
- Isso vai soar muito gay, mas... Eu sonhei com isso desde o dia que vi aquela sua foto. – ele disse corando um pouco, o que eu achei muito fofo.
- Posso dizer que eu também.
Rimos, e voltamos a tudo de novo, o beijo.
Viciante.
Delicado.
Quente.
.
Fim.
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