É necessário ter lido "Songs about: Sunday Morning" e "Songs about: Misery" em Maroon 5 / Finalizadas
A noite começou com Nicki Minaj e David Guetta. Uma produção para deixar qualquer Lady Gaga e fã de Star Wars com inveja. não sabia o que brilhava e piscava mais, mas estava tentada a apostar na roupa cromática da cantora com alter ego.
Permanecia tranquila a medida do possível, afinal só precisaria sentar e assistir todos os astros e estrelas do momento. Nada de muito excepcional, levando em conta sua profissão e sua vida como filha de produtora. Não estava nervosa. Por que estaria? O que, raios, poderia acontecer quando a banda a qual ela agenciava já havia se apresentado? Um pré-show ovacionado, diga-se de passagem, que deixou os novatos da Hot Chelle Rae tão felizes quanto pinto no lixo.
piscava os olhos em um tique nervoso, que ela não tinha, causado pela junção de luzes, estouros, vozes agudas e coisas brilhando na apresentação de Minaj. Particularmente, a brasileira preferia a simplicidade e o estilo refinado na música pop. Algo entre Michael Jackson, em Thiller, e Adele, em Someone Like You; mas estar ali, naquele momento, eram ossos do ofício.
Quer dizer, não que suas mãos estivessem suando e ela fizesse um esforço sobrenatural para evitar roer as unhas.
Conhecia o maldito set list de cabo a rabo: Minaj e Guetta, Bieber e seus Blue Caps, passando pelo “conteúdo farofa”, entre Chris Brown, Pitbull, Enrique Iglesias, JLo, Kate Perry... até chegar a encantadora Mary J Blige.
O show poderia até parar ali. Blige era uma escolha magnífica para finalizar o AMA 2011, afinal Drake, Will.I.Am e LMFAO eram... Tudo bem, não tinha porque desmerecer nenhum daqueles artistas. Mesmo porque, conhecia cada um deles, ainda que de vista, e sabia que eram talentosos – a sua maneira. O problema, o grande problema, o Senhor Problema, não estava naquela gente toda. Estava em um homem. Na apresentação de apenas uma daquelas bandas.
Seis letras e um número que faziam a cabeça de girar: Maroon 5.
Adam estaria lá e, por motivos óbvios, ela teria de se manter muito bem escondida. Nada de ficar sentadinha o tempo todo, não. Isso seria representar um alvo fácil. Já pensou? Se ele a visse de longe e resolvesse passar do seu lado junto a loira magricela, sardelenta e desgraçadamente rica, sedutora e poderosa? Seria o fim! teria uma crise de... uma, quer dizer, bem, não que ela tivesse ciúmes, mas... Ora, ela teria sim! Morreria de ciúmes!
Estava na hora de assumir a si mesma que não sabia como agir com aquele homem. Não tinha noção de tempo e espaço, embora quisesse arremessá-lo na primeira parede que encontrasse, para viver cada segundo do clipe que o idiota fez com a outra. Com outra, dá pra entender? Misery? Rá! Grande miserável ele era mesmo.
Ah, mas Adam pagaria caro! Engoliria cada segundo da arrogância que expressou depois da cena da blusa. Onde já se viu? Fazê-la sair de São Paulo e ir até Miami pra entregar uma porcaria de blusa e, sem maiores explicações, correr atrás da loira oxigenada depois da quinta chamada consecutiva!
estava exausta. Justin Bieber ainda estava no meio da apresentação e ela não conseguia parar de bater o pé freneticamente; o pior é que nem fazia isso no compasso. Batia o pé para não sair pulando, tamanho o seu nervosismo.
E foi uma frase cantada pelo prodígio do pop infanto-juvenil que fez com que divagasse... Your lips on my lips.
Flashback on. Miami, 2010.
- Não acredito que você me fez vir até aqui! - falou alto, caminhando em direção à mesa onde Adam estava sentado.
Ele sorriu com o canto da boca, tirando seus óculos escuros, semicerrando os olhos por causa da luminosidade do dia ensolarado.
- Achou o restaurante longe? - ele perguntou.
- Refiro-me à Miami. Não acredito que caí na sua lábia e viajei de São Paulo para cá. - chegou perto dele.
Levine arrastou a cadeira e levantou-se, erguendo o braço direito para acomodar o corpo de em um abraço apertado.
- Precisava da minha camiseta. - brincou, puxando a barra de sua roupa que, como combinado, a garota vestia. - Só dela. - foi sarcástico.
- Embora o local esteja relativamente vazio, não posso despir-me aqui, agora.
- Te ajudo a tirá-la no hotel. - lançou a indireta, beijando-lhe metade da boca e parte da bochecha.
- Não comece, por favor. - pediu, mesmo adorando a proposta; Adam riu ao perceber a incerteza em sua voz.
Sentaram-se à mesa do restaurante na Ocean Drive. Pediram uma bebida, trocaram olhares, perderam a fala. analisou o menu e pediu uma comida leve; Adam continuou bebendo, porém roubou algumas coisas do prato da garota. Ele pagou a conta, a contragosto dela que queria dividir.
Foram à praia. Ela tirou os scarpins, segurando-os com os dedos, e caminharam pela areia. encostava seu braço no de Adam, um convite para que ele pegasse em sua mão. Levine distorceu o apelo e a abraçou na cintura. Andaram descompassadamente alguns passos até entrarem em sincronia; riram do desastre e ele aproveitou para segurá-la mais forte.
Sentaram na areia, um de frente para o outro, ignorando o mar.
Conversaram e não contabilizaram o tempo. Adam só soube do horário quando recebeu uma ligação em seu celular; viu que passava das cinco e que Anne era a pessoa no outro lado da linha.
- Não vai atender? - questionou, o vendo recusar a chamada.
- Não é importante - avisou, e o celular voltou a tocar.
- Pela insistência...
- É uma amiga - recusou novamente.
- Com benefícios? - riu.
O vocalista não respondeu.
É a Anne? - ela perguntou.
Levine a olhou.
- Vi uma foto de vocês, mês passado, andando de moto. - sua voz foi ficando baixa conforme terminava a frase.
- Saímos algum...
- Adam. - pausou. - Não precisa me dar explicações. Saí de São Paulo sabendo deste... - não queria usar a palavra "empecilho" e deixou subentendido. - Vim te ver. Precisava disso. Mas ainda mantenho minha opinião de que não podemos... - também não completou a frase; com tudo o que sentia, dizer que não poderiam ter algo era doloroso.
- ... - ele se levantou da areia e a puxou delicadamente pelos braços, erguendo-a também.
Ela começou a falar, mas foi interrompida pelos argumentos do vocalista.
- Você deixou claro que a gente não ia ter nada.
- Adam, não quero saber.
- Toquei minha vida, saí com outras, não só com ela. - ignorou o pedido dela e continuou.
- Bem típico. Precisa disso para acalmar seu ego. - apelou, porém ele não deu a mínima.
- Você morar no Brasil e eu aqui não é problema. Mesmo na mesma cidade ficaríamos um tempo sem nos ver por causa das turnês. Mas eu voltaria...
- O que quer dizer com isso?
- Que te quero.
não pensou. A frase, dita em tom selvagem e urgente, a excitou. Esqueceu-se de Anne, da distância e de manter o equilíbrio.
- Me beija. - a garota pediu, surpreendendo Adam e a si mesma.
E então foi atendida, recebendo os lábios de Adam nos seus, a língua quente na sua, e as mãos nas laterais de seu corpo, deslizando, dedilhando, apertando sua pele por baixo da camiseta que precisava devolver.
Flashback off.
- ? ! Ôh !
A agente estava tão absorta em lembranças dos detalhes do último encontro com Levine, que acabou esquecendo de seu primo. Pedro era acompanhante dela naquela noite californiana e, por algum motivo interplanetário, ele havia se solidificado do seu lado, nas poltronas confortáveis onde os convidados esperavam por mais atrações.
Saindo do mundo da Lua e tentando se concentrar em Pedro, sorriu.
- Desculpa. – Pedro arqueou a sobrancelha espessa, imaginando quando é que sua prima havia começado a curtir Justin Bieber. Devia ser o espírito natalino da canção...
- Vamos?
continuou sorrindo, tentando lembrar para onde eles iriam. Pedro percebeu que a roda dos ventos interna da prima não estava funcionando muito bem.
- Chris Brown, All Back, eu, teclado... preciso desenhar? – Pedro falou com calma suficiente para irritar , ou talvez ela estivesse em uma espécie de TPM, porque o que aconteceu depois foi ainda mais dramático do que a ceninha que ela fez com o primo, acusando-o de um momento “você chamou minha atenção em público”.
Acostumado com a oscilação de humor da prima, em especial com ele, que era além de tudo seu recente ex-namorado, Pedro foi acompanhado por até os bastidores.
- Não fique bravo comigo, eu não falei por mal.
- Você já se desculpou três vezes. – andava de um lado para o outro no pequeno camarim do Primo, que era tecladista há cinco anos. Com seu look meias altas, camisão branco, cinto marcando a cintura, saia preta levemente armada e sapatos Oxford, ensaiava roer uma unha, mexer nos cabelos presos e retocar o batom vermelho, quase tudo ao mesmo tempo, ao passo que tentava acalmar o primo para a apresentação.
- Eu sei, eu sei. Mas você pode ficar nervoso, quer dizer, não é tão simples assim, é um grande dia e, veja bem, tem muita gente importante aqui, sabe como é, eu...
Pedro segurou os braços de e a olhou no fundo dos olhos.
- Você está em pânico.
não aguentou e liberou a euforia em um abraço apertado. Prometeu mentalmente que não choraria, muito menos em um lugar como aquele. Ficou ali alguns segundos e logo afrouxou os braços.
- Melhor agora? – Pedro sorriu e segurou o queixo da prima. Feliz por estar com sua família por perto, respondeu balançando a cabeça positivamente. – Ótimo, então espere lá fora, depois da salinha branca tem um corredor, eu te encontro lá. Nós vamos nos reunir e volto daqui a pouco.
Um pouco menos ansiosa, saiu do camarim.
E bastou que a porta entre o camarim e o corredor fosse fechada para que seu coração desse um duplo twist carpado.
Ele acabara de sair do camarim de Trave McCoy. O sorriso de Adam murchou no instante em que a viu. Estava linda. Seus olhos pareciam brilhar tanto ou mais do que quando a viu pela primeira vez. Aqueles olhos o matariam. Talvez nem tanto quanto a boca, mas eram desesperadores em igual medida.
Ele não pode conter o impulso de puxá-la para si, assim que a viu empalidecer com a sua presença. soltou um pequeno suspiro de surpresa e de prazer. Levine subiu sua mão pelo braço de pelos eriçados e teve de se conter para apenas observar aquele corpo. O californiano podia sentir as batidas do coração da brasileira, e esse detalhe não ajudava a controlar o seu desejo.
- Um ano desde o último beijo.
tentou desanuviar a mente, naquele momento em que, a exemplo de quando se conheceram, Adam tocava seu lábio como se o desenhasse.
De ímpeto, a mulher afastou o homem com demasiada mágoa e violência. Como uma fera selvagem, trocou o aspecto doce, que sempre partilhara com ele, pelo aspecto de dor que ela conhecia tão bem, graças ao reflexo que mirava todos os dias: sua imagem de mulher bem sucedida, jovem e interessante, reduzida a cacos por não ter a seu lado o homem que amava.
- Não encoste em mim. – As quatro palavras não faziam parte do que Adam pretendia ouvir dela quando a revisse. Havia imaginado algo muito mais quente, depois dos momentos que passaram juntos.
Como costumava contra-atacar, por instinto, Adam usou o seu melhor sorriso irônico.
- Então você quer assumir o controle?
Irritada e sabendo que cederia se não fosse firme, devolveu o sorriso e a ironia.
- Eu não preciso tentar controlar você. Como é que se diz em inglês, mesmo? – fingiu buscar a palavra. – Ah! Overexposed?
Adam sabia exatamente onde ela queria chegar. Da última vez que a encontrará em Miami, Anne ligou transtornada, dizendo coisas horríveis, que ele jamais imaginaria ouvir da namorada. Ela o ameaçava e, o pior, ameaçava a si mesma, então o cantor americano teve de largar a mulher de sua vida e voltar para a modelo russa semi-suicida. Como explicaria isso e todo o resto para ? Como diria que tocar no desfile da Victoria Secrets, ser jurado do The Voice e ter participações em séries e filmes eram apenas uma consequência do que ele sabia fazer de melhor?
Levine não se sentia culpado por estar super exposto. Não se sentia pior por gostar de ser o centro das atenções. Mas entendia, sabia perfeitamente, que havia uma grande parcela de fãs e pessoas importantes para a sua vida que haviam ficado para trás. Que não acompanhavam os holofotes e as cores. Que continuavam embaladas por Songs About Jane e sentiam falta do seu antigo corte de cabelo.
O que ele poderia fazer? Havia mudado. Sim, havia mudado! E ela também! Todas as pessoas mudavam, aprendiam, caiam, levantavam. Por que ele tinha de ser o alvo das críticas?
Controlado? Ela estava muito enganada. Ele não era um fantoche da mídia. Era ele quem usava a mídia a seu favor.
Com os olhos brilhando, com um fogo intenso de ódio e paixão, Adam a encarava.
- E você? – Por um segundo, ficou confusa e não soube responder.
- Eu o que?
- Também não está aqui? – Incrédula com a petulância de seu interlocutor, a agente respirou fundo antes de contestar.
- O meu trabalho não tem nenhuma relação com o que você faz.
- E o que eu faço? – Ele deu um passo a frente, com o sorriso desafiador nos lábios. correspondeu.
- Você? Nada. Gira em uma cadeira depois de apertar o botão para escolher um competidor que já sabe cantar. Grava um CD que não vende e procura uma namorada influente pra se apresentar no maior desfile de lingeries do planeta. Faz bico como ator em seriadinho de quinta e...
Adam pensou em beija-la e calar sua boca. Mas aquelas palavras, que ele costumava ignorar, rasgaram o seu coração, ao serem ditas por aquela mulher.
Encarando-a de perto e com a paixão borbulhando, ele devolveu o golpe na mesma moeda, sem deixá-la completar os insultos.
- E sabe por que você se importa? – se calou - Porque ninguém além de seus amigos e de sua mãe conhece o seu trabalho. Ninguém além de você lembra das bandinhas que já produziu. E porque o único papel que você recebeu para atuar na vida foi o de uma falsa moralista que não faz sexo com cantores populares.
Ele receberia um tapa. Talvez um tapa fosse pouco, então ele se renderia para que um caminhão passasse por cima de sua cabeça. Aguentaria qualquer coisa. Tudo.
Menos vê-la chorar.
Pedro saiu da reunião do camarim e Christina Aguilera apareceu no corredor, em um vestido caríssimo, com os seios avantajados e os cabelos armados. Ela olhou para Adam e para a mulher que chorava na frente dele. Atenciosa, perguntou o que estava acontecendo, foi quando Pedro, percebendo que a crise da prima tinha nome e sobrenome, abraçou-a em defesa.
Adam se desculpava e tentou tocar em , mas ela não estava mais sozinha e o cantor ficou impossibilitado de aproximar-se.
Christina pousou sua mão sobre o ombro de Adam e disse que eles tinham que ir, já que não era apropriado que ficassem dando sopa por ali. Em baixo tom de voz, ela falou que a menina ficaria bem e que o namorado dela, provavelmente, a consolaria. Adam olhou para os dois e, com um nó na garganta, consentiu, acompanhando Christina e vendo entrar no camarim, batendo a porta em sua cara.
Fim
Nota das autoras: Olá marooners, curtiram a atualização? Escrevemos a fic no dia 22 de agosto de 2012, um dia antes de eu conhecer os caras da banda pessoalmente e ter um momento "Endless Love" com o homem de olhos verdes da minha vida. Não, desculpa, não é o Adam. Sou adepta do backstage e prefiro menos holofotes, portanto, estou falando de Matt Flynn, vulgo, meu homem <3 Conto detalhes em uma fic qualquer por aí, aqui o assunto é outro! Divido os louros dessa super fic com a Li, que sabe tudo de Levine e tem detalhes que >> me matam<<. Quero agradecer a todos os comentários que recebemos (e receberemos), além do cuidado que a Gabee tem com a betagem de nossas fics.
Falo por mim e pela Li. Na próxima é a vez dela divagar... Opa, próxima? Será?
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