'Cause I'd rather waste my life pretending, than have to forget you for one whole minute.
(Porque eu prefiro desperdiçar minha vida fingindo, à ter que te esquecer por um minuto sequer.)


"Que aula mais chata" pensei, ao repetir a mesma frase no caderno sem perceber e bufando baixinho, com uma preguiça tremenda de virar pra trás e pedir um corretivo emprestado à .
Eu estava cansada da última festa que a minha adorável amiga tinha enchido a cara e eu tive que carregá-la até em casa. Ela era pesada, na maioria das vezes não se aguentava sozinha e me carregava de encontro ao chão por inúmeras vezes.
Isso tudo graças a um idiota da nossa escola.
Não sei porque todo homem foi feito pra fazer alguma garota sofrer.
Mas eu tinha a sorte desse fato não se enquadrar à mim. Na maioria das vezes era sempre eu que fazia alguém sofrer e nunca me interessei por qualquer garoto que sempre gostava de mim.
Eu nunca soube se era porque achavam que eu era bonita, ou por causa da minha fama não merecida na escola. Sim, não merecida porque eu não tinha nada de especial. Nunca fui a melhor aluna da sala e minhas notas eram razoáveis. Talvez porque meus pais gostassem de se meter um pouco demais na minha vida e graças a isso, o diretor do colégio praticamente lambe o chão que eu piso.
Na maioria das vezes, toda pessoa que enxerga o meu mundo de fora, me chama de patricinha mimada e egoísta. Digamos que em parte eu era um pouco de cada. Patricinha por causa de e mimada pelos meus pais, graças ao fato de ser filha única. Mas nunca fui egoísta. Tenho consciência de que o meu maior defeito é a preocupação com a minha reputação e fazer as coisas sem pensar antes.
Mas eu não gostava de gastar meu dinheiro à toa, e seu consumismo obsessivo que sempre me levava pro mau caminho.
Minha vida era chata e monótona. Em geral eu ia da escola para casa e de lá pra casa de . Isso quando eu não resolvia aparecer nas minhas aulas de tênis e de natação que eu havia sido obrigada a frequentar, mas nunca apareci por mais do que duas semanas.
sempre me carregava pro shopping ou pro cabelereiro. Tirando a casa dela e a minha própria, o shopping era meu terceiro lugar favorito.
Falando em shopping, lembrei que tenho que pintar minhas unhas. Meu esmalte está começando a sair.
Havia três coisas que mais me irritavam nesse mundo: minha aparência fora do lugar, as ironias da e a indiferença do único idiota que eu ousei gostar até hoje.
Ah claro, que cabeça a minha, esqueci de me apresentar. Eu sou , 17 anos e sou apaixonada pelo maior nerd da sala e a última pessoa que eu gostaria que me vissem em sua companhia.



I forgot to say out loud how beautiful you really are to me. I can't be without, you're my perfect little punching bag.
(Eu esqueci de dizer bem alto o quão lindo você é pra mim. Eu não consigo ficar sem, você é meu saquinho de pancada perfeito.)


- Por que você está tão calada, heim? Não tá pensando nele de novo né? - me cutucou atrás de mim e eu virei o rosto para encará-la.
- Shh, fala baixo. - coloquei o indicador na frente da boca, pedindo silêncio quase apavorada por alguém ouvir.
- Você devia se animar mais, nada que umas comprinhas não resolva. - ela sorriu e eu fingi que não ouvi.
- Eu não sei porque raios fui gostar justamente dele. - falei, confessando que o que estava em minha mente era exatamente o que ela pensava ser.
- É, nem eu. Você pode ter qualquer um, não sei porque você quer justamente o .
- ! Sem nomes, por favor! - a repreendi num tom de súplica - Mas eu queria entender também. - bufei, apoiando o cotovelo na mesa dela e a cabeça nas mãos.
- Fala sério, . Você não é de ficar se lamentando pelos cantos por causa de um garoto. Ainda mais com o... você sabe qual. - ela se apressou em dizer ao ver minha próvavel cara de apavorada - São eles que ficam assim por você.
- Mas eu não gosto disso. Me sinto mal com tanta atenção.
- Isso é ótimo, ! Você é linda, rica e popular, amiga. - disse e eu preferi não discutir. Ela até poderia estar com a razão.
Voltei minha atenção à ele, o dilema da minha vida, sentado na segunda cadeira na fileira ao lado da minha.
Parecia concentrado no que escrevia em seu caderno. Como ele ficava lindo enrolando involuntariamente uma mecha de seu cabelo. Sua expressão mudava cada vez que voltava a rabiscar rapidamente algo que eu tinha certeza que não estava relacionada a matéria da aula.
Ele não tinha razão pra ter que estudar. Era o melhor aluno da sala sem fazer esforço algum. E muita gente ali não dava valor a isso.
Mas eu dava. Poderia fazer qualquer coisa pra não assumir isso, mas dava. Aliás, essa era uma das razões pela qual me apaixonei por ele.
O seu jeito era tão simples, mas tão chamativo ao mesmo tempo, pelo menos aos meus olhos.
A calça jeans surrada em contraste com a camisa impecavelmente branca que me fez imaginar um cheiro ótimo de perfume masculino misturado à alvejante. E particularmente hoje, ele estava ainda mais lindo com aquela roupa e o par de All Star pretos mais velhos que eu já tinha visto na vida.
Apoiei minha cabeça na mão esquerda dessa vez, tentando arranjar uma posição melhor para observá-lo.
Lembrei-me de quando tudo começou e deixei escapar um sorriso involuntário dos meus lábios.
Eu e éramos da mesma sala tempos atrás, mais precisamente na sétima série. Mas no ano seguinte ele foi embora e eu nunca soube o porquê. Não que eu me importasse, naquela época eu nem sabia que ele existia.
Dois anos depois ele voltou a estudar na Riverston School e de novo, na mesma sala que eu. Lembro exatamente do dia, como se tudo estivesse acontecido ontem.
Eu estava discutindo com sobre o vestido que a Angelina Jolie tinha usado na premiação do Oscar, quando ele adentrou na sala, vinte minutos atrasado. Parei de falar na mesma hora, com os olhos pregados naquela figura que estava acostumada a ignorar por nunca reparar em sua presença antes. Ele estava diferente do que eu me lembrava, o cabelo tinha crescido e sua altura definitivamente tinha aumentado. Suas roupas largas não interferia no fato de que ele tinha perdido algum peso. falou algumas palavras à Sra. Keaton, professora de História, provavelmente tentando convencê-la a deixá-lo assistir a aula depois do atraso e sorriu para ela. Foi naquele momento que eu me peguei hipnotizada por aquele rosto tão perfeito e que eu nunca me dei conta de que sempre esteve tão próximo a mim. A professora o deixou se sentar e a única cadeira livre era aquela que ele ocupa até hoje. Ele deslizou lentamente pelo corredor entre as cadeiras e graças a minha brilhante amiga , que deixou seu estridente estojo metálico cair bem ao meu lado, fez com que os olhos de encontrassem os meus pela primeira vez.
Aqueles milésimos de segundos que o encarei fez meu coração bater tão rápido que eu achei que não fosse conseguir segurá-lo dentro do meu peito. Ele não mudou em nada em sua expressão, se virou de costas pra mim e sentou na cadeira.
À partir daquele dia, nunca mais saiu dos meus pensamentos.
- , acorda! Vamos embora ou prefere ficar aí? - a voz fina de me despertou, fazendo com que eu voltasse a realidade e perceber que a presença do , e de mais ninguém, não estavam mais na sala.
- Ai, desculpa! Eu estava pensando na roupa da festa da Jill. - menti e o sorriso se abriu no rosto de . Era fácil enganá-la quando o assunto era moda em geral. Mas eu odiava ter que mentir para a minha amiga, ou pra qualquer outra pessoa, mas teria de fazer isso enquanto ela não aceitasse as minhas opiniões sobre garotos.
- Essa festa vai ser o máximo! Só espero que não vá nenhuma daquelas vacas do terceiro ano. - ela disse, fazendo cara de nojo.
- Duvido que não. Elas não perdem uma.
- Elas podem ir, mas duvido que farão mais sucesso do que nós. - falou, se achando a superior.
- Você sabe que eu não ligo pra isso, . - retruquei pra ela, que deu de ombros.
- Não importa, . Você não pode mudar o que está escrito pra acontecer. E vamos logo, você ainda vai no shopping comigo. Eu simplesmente necessito daquela bolsa roxa que vimos na TV ontem! - ela exclamou empolgada e eu balancei a cabeça.
Assim que saímos, minha mente vagou por alguns pontos da escola, em busca de , mas bufei ao lembrar que ele já deveria ter ido para as aulas de piano.
Não pensem que eu sou psicopata e vivo atrás das minhas vítimas. É que a fama servia pra algo, às vezes. Era só usar meu poder de persuasão que eu conseguia qualquer informação naquele colégio. Não que eu o use muito, me sinto tão fútil depois. Mas modestia à parte, eu era muito boa em sempre conseguir o que queria.
- Hey ! - olhei pra trás, vendo a maior perdição do planeta Terra dirigindo a palavra a mim.
Só havia uma coisa que me tirava do sério, porque em geral eu era bastante calma.
Essa coisa tem nome e sobrenome: .
- Hey, ! - retribuí o sorriso contagiante que ele havia me lançado e voltei a caminhar com uma repentinamente estressada.
Ele era daquele tipo que sempre tem em filmes colegiais americanos: , olhos , alto, bonito, simpático, inteligente, capitão do time de futebol do colégio, o queridinho das meninas e absurdamente sexy e maravilhoso.
E para piorar, isso graças a , ele era apaixonado por mim. E por ele.
Eu não a culpo, metade da escola era. E justo eu, de quem ele gosta, não posso dizer o mesmo, graças ao nerd idiota mais conhecido como .
O mundo podia ser tão injusto às vezes.
Estou pra descobrir o que era pior: ter ficado quase um mês sem olhar na minha cara quando descobriu sobre o e atualmente eu nem poder tocar em seu nome, sem que entrasse em surto. Ou o fato dela morrer de raiva por eu não aproveitar a chance que ela sempre sonhou em ter, por causa do mesmo nerd idiota citado anteriormente.
Acho que essa sempre fora a verdadeira razão do ódio dela pelo .
Mas uma das coisas que mais admiro na minha amiga, era ela aceitar que o amor da vida dela gostasse de outra. Mesmo que essa outra fosse sua melhor amiga. Se fosse comigo eu nunca aceitaria.
Creio que isso só acontecia porque eu não retribuía as intenções do . Mas aí não vem ao caso.
Passamos pelos corredores do colégio sem deixar de cumprimentar algumas pessoas que sorriam para nós. Era sempre assim, todos simpáticos mas por trás queriam ver a nossa caveira. Eu demorei anos para entender como as coisas funcionavam.
Eu apenas acenei para uns e sorri tímida para outros enquanto parecia estar desfilando num concurso de Miss Universo.
abriu a bolsa gigante de couro que estava pendurada em seu ombro e ergueu a chave do seu Porsche lilás nas mãos.
O barulho do apito do carro soou um pouco mais à nossa frente, mas era impossível não enxergar o pouco chamativo carro da minha amiga.
Entramos nele sob o olhar de metade das pessoas no pátio e amaldiçoei o ego infinitamente grande de .
- I'm a, I'm a a diva, I'm a, I'm a… Na na na diva is a female version of a hustla, of a of a hustla. - ouvi a voz de se misturar com a da Beyoncé no rádio que acabara de ser ligado. Imediatamente comecei a dançar quase saltando pra fora do carro enquanto se achava a própria cantora enquanto dirigia. Nos encaramos e o som de nossa gargalhada foi ainda mais alto do que a música.
- Nós somos estranhas. - ela falou, arfando, assim que acabou a música e eu assenti ainda rindo.
- , porque você ficou toda sorridente quando falou com o ? - ela perguntou do nada, sem desviar a atenção do trânsito, mas pude perceber a raiva transparecendo no seu rosto. não sabia disfarçar quando algum assunto assolava sua cabeça.
- Pensei que nós tivéssemos combinado de não tocar mais nesse assunto.
- Estou abrindo uma exceção. - ela contraiu os lábios, visivelmente impaciente.
- Eu não fiquei toda sorridente para o , . Apenas retribuí o sorriso que ele deu primeiro. - falei, e era a verdade. Eu nunca tive outras intenções com o , ele era apenas bonito demais para que eu pudesse suportar.
- Por que você cisma de chamá-lo pelo apelido? Como se fosse íntima dele. - ela perguntou, com a voz claramente carregada de ciúmes e eu revirei os olhos, com o mínimo de paciência pra discutir uma questão indiscutível quando se tratava da teimosia de .
- Porque eu falo com ele, oras. Coisa que você deveria fazer. - fiquei nervosa pelo rumo que a conversa estava tomando e aumentei o tom de voz sem realmente ter a intenção de gritar com ela.
- E coisa que você faz até demais com o né. - ela disse irônica, tocando no meu ponto fraco. Uma das coisas que eu mais odiava na era quando ela usava esse tom de voz comigo.
- Então não podemos falar nada uma da outra. - retruquei dando fim ao assunto. Eu podia pensar o que quisesse em relação ao , ninguém nunca ficaria sabendo. A única que sabia das minhas verdadeiras intenções estava ali ao meu lado e eu acreditava que nunca contaria a ninguém se isso fosse me prejudicar. E eu tinha medo.
Medo do que pensariam, medo do que poderiam falar sobre o meu novo relacionamento estranho. As pessoas daquela escola tinham o poder de intimidar e eu dava graças a Deus às vezes, por estar no grupo dos intimidadores. Mas em certos assuntos, eu era uma fraca.
Eu era capaz de deixar o medo da influência das opiniões alheias sobre mim, ultrapassar o amor que eu sentia por uma pessoa. Isso chegava a soar ridículo, mas eu estava acostumada a ser uma covarde.
Senti a velocidade do carro diminuir e quando notei, já estávamos no estacionamento do shopping. abriu a porta e saiu, quase esquecendo que eu ainda estava dentro de seu carro, quando voltou e abaixou a cabeça pra me encarar ainda na mesma posição de antes.
- Pega minha bolsa aí atrás pra mim? - ela pediu sorrindo um pouco sem graça e eu fiz o que ela pediu.
- Obrigada. - agradeceu e eu finalmente saí do carro depois de pegar minha mochila que estava ao lado da dela.



I won’t let you down and I won't leave you falling. If the moment ever comes... It's plain to see it's trying to speak.
(Não quero te decepcionar e não quero te deixar ir. Se o momento chegar, está claro para ver o que tento dizer.)


- Meu Deus, ! É ou não é um sonho? - me mostrava a tão sonhada bolsa roxa, apenas um dos milhares acessórios que ela tinha comprado. não podia ter um cartão de crédito em mãos. De jeito nenhum.
Eu apenas comprei um scarpin envernizado vermelho sangue e insistiu em comprar um vestido florido frente única pra mim e cismou que ficaria lindo no meu corpo.
- Obrigado pelo vestido, .
- Já disse que não precisa agradecer. Sei que faria o mesmo por mim. - ela sorriu e eu concordei com a cabeça - Agora me diga, o que achou daquela frente única brilhante pra festa da Jill?
- É, vai ficar legal, vou com ela. Você vai ficar legal com aquela de fitas também.
- É, eu sei. - ela assentiu rindo. - Você idem com aquela saia. Não vai ter nenhuma cretina do terceiro ano pra nos barrar!
- Claro que não. - rimos
- . - me chamou baixinho e eu olhei pra ela, me deparando com sua expressão assustada. - Não olha agora, mas aquilo ali naquela loja de instrumentos é uma visão minha?
Tentei disfarçar, demorando alguns segundos para olhar aonde ela tinha apontado com a cabeça, mas a curiosidade dominou meus pensamentos.
Meu coração deu um pulo dentro do meu peito e eu tive que colocar a mão nele, como se conseguisse fazer pará-lo de bater tão forte.
- Você viu certo, . É mesmo ao lado de .
- E o que eles estão fazendo juntos numa loja de instrumentos? - ela perguntou. Minha amiga ficava tão idiota quando o assunto era o .
- Como vou saber, .
- Vem, vamos lá.
- O quê? Eu não vou lá nem que me paguem por isso. Você ficou maluca?
- Não. É assim que se começa, sabia? - me arrastou até a porta da loja e eu não pude questionar nem por um segundo. Quando vi já estávamos paradas na frente dos dois.
- Hey, ! - exibiu seus dentes brancos e perfeitamente alinhados na minha direção e eu retribuí sem coragem de olhar para o lado.
- Oi . - sorri sem jeito e ele continuava a me encarar com seus olhos brilhantes.
- Você já conhece o né?
- Aham, nós somos da mesma sala.
- Hey, . . - ele cumprimentou à mim e a , que pude perceber, não tirava os olhos de .
- , essa é a . - abriu seu sorriso hipnotizante pra ela que retribuiu da mesma maneira. Sorri por dentro com isso. parecia lidar bem com a situação e não demonstrou nada na frente do . Queria ser como ela nessas horas. Minhas mãos estavam tremendo e eu tive de as esconder no bolso de trás da calça, disfarçando meu nervosismo.
- Então, o que fazem aqui? - perguntou, observando a guitarra que segurava nas mãos.
- Descobri que o aqui quer formar uma banda. - apontou para o e eu o encarei, surpresa, imaginando o que estaria pensando no momento. Provavelmente que além de nerd, fazia parte de algum grupo que toca flauta no colégio.
- Na verdade eu não penso tão longe assim, . Só pretendo comprar uma guitarra.
- Você sabe tocar? - fez que a pergunta que eu quis fazer e não a fiz por falta de coragem.
- Sim. Sei tocar várias coisas. - respondeu e o olhou, sorrindo cinicamente de lado.
- Sabe tocar várias coisas, heim? - gargalhou e o acompanhou, me fazendo cutucá-la de leve com o cotovelo.
- Eu não quis dizer isso. - pareceu envergonhado e eu achei fofo o jeito que ele desviava o olhar da conversa às vezes.
- Claro que não quis. Sabemos que você só tem olhos para os livros. Além de tocar várias coisas, logicamente. - falou achando graça da própria fala e eu rolei os olhos com a cabeça virada pro outro lado, sem deixar que ele notasse meu descaso.
- Você se acha engraçado, ? - perguntei, do nada, olhando em seus olhos. Ele me encarou confuso, claramente sem entender porque eu lhe dirigi a palavra com uma quantidade suficiente de ironia na voz.
- Eu não disse piada alguma. - ele respondeu, se fazendo de vítima e eu suspirei, me sentindo um pouco mal pelo clima péssimo que havia surgido. - Mas enfim, foi legal encontrar com vocês, eu vou indo agora. - tive a impressão que falou isso olhando apenas na minha direção e tive um estalo. Ele não deveria estar a fim de ficar na companhia de por muito tempo. Não depois de ter sido flagrado ao seu lado por e eu. Me senti o ser mais patético desse mundo depois desse pensamento. Eu não podia julgar de maneira alguma. Eu era exatamente igual.
Ele deu seu típico sorrisinho de canto e devolveu a guitarra a vendedora. Depois saiu da loja sem olhar pra trás, parecendo um modelo na passarela, com seus cabelos lisos perfeitamente arrumados e suas roupas de marcas caras.
Pisquei várias vezes até acreditar que ele era real. parecia mil vezes pior do que eu.
- Você não precisava ter falado aquilo. - me despertou do transe, me fazendo lembrar que ele ainda estava ali e trazendo toda a tensão de volta.
- Não foi nada. - sussurrei, me amaldiçoando mentalmente por ficar nervosa na frente dele e quase gaguejar. Não sei o que anda acontecendo comigo.
- Não pensei que você tivesse outras qualidades além de se enfiar atrás dos livros, . - sorriu e ergueu as sobrancelhas e ela completou: - Considere isso um elogio.
- E você acha isso bom? - ele perguntou, ainda confuso.
- Isso é ótimo, . - me apressei a dizer, sentindo todo o sangue se concentrar nas minhas bochechas quando ele virou o rosto para me encarar. - Digo... é bom ser inteligente.
- Ela diz isso porque sempre precisa de ajuda extra pra passar em algumas matérias, né ? - e sua boca grande quase me fizeram entrar em surto ali mesmo.
- N-não precisa tanto, . Mas na verdade eu não presto muita atenção nas aulas. - bufei, imaginando se descobrisse que ele é um dos motivos da minha desatenção.
- Não acho que isso seja falta de inteligência, mas se você quiser eu posso estudar com você. - disse, sorrindo sem mostrar os dentes. Meu coração quase deu uma reviravolta dentro do meu peito e eu levei alguns segundos para levar a informação ao meu cérebro.
Eu era oficialmente patética.
- Mas é claro que ela quer. está mesmo precisando estudar e você é perfeito pra isso. - respondeu por mim, dando seu melhor sorriso, me fazendo ter vontade de socar cada milímetro do rostinho dela.
esperou por minha resposta e eu acabei assentindo, recebendo aquele sorriso lindo dele, que eu não estava acostumada a ver tão de perto.
- Passa lá em casa amanhã depois da aula. - ele pegou sua mochila, tirando um caderno e uma caneta de lá. Anotou o endereço e me entregou o papel.
- Ok. - falei, me surpreendendo com minha própria voz, que soou mais confiante. me puxou para fora da loja, carregando as milhares de bolsas de um lado e me segurando pelo braço do outro.
- O que foi aquilo, ? Você ficou doida? - perguntei ainda atordoada, retomando o controle e ainda notando passando os dedos pelas teclas de um piano dentro da loja.
- Claro que não. Se eu depender de você pra ter alguma reação com aqueles dois, nunca vamos conseguir nada. E agora você já sabe aonde usar o vestido que eu comprei pra você. - sorriu, com seu ar de superior habitual e eu rolei os olhos sem acreditar.



You left me with a broken heart... You left me with nothing but a kiss.
(Você me deixou com um coração partido... Você me deixou com nada além de um beijo.)


Eu estava claramente nervosa e com medo de deixar transparecer ou fazer qualquer besteira na frente dele quando chegasse lá. Minhas mãos estavam suando e meu coração batia rapidamente. Foi o bastante pra eu me achar a maior ridícula da face da Terra.
Assim que avistei a casa de respirei fundo e me censurei mentalmente, tentando lembrar de manter o controle daqui a minutos.
- Obrigada, Steve. - falei ao meu motorista e ele sorriu pelo retrovisor em agradecimento.
Saí do carro e bati a porta, olhando o caminho que ele havia percorrido e desejei que ele voltasse e me levasse de volta pra casa. Mas isso era impossível. Era só a vergonha que me perturbava, na verdade eu queria estar ali.
Olhei a casa amarela clara e com o gramado da frente impecavelmente bem cuidado, iguais as de todas as outras casas da rua. Tão típico.
Subi os três degraus da escada de frente pra porta de madeira escura e toquei a campainha. Eu não estava tremendo, só podia ser uma peça que meu cérebro estava armando contra mim.
A porta se abriu e eu levantei a cabeça, esperando olhar para o rosto de , mas uma senhora sorria para mim. Senti meu rosto esquentar na mesma hora e me amaldiçoei por não ter prestado atenção no número da casa que estava no papel.
- Me desculpa, a senhora sabe onde o mora? Acho que eu errei o número. - perguntei, quase procurando um buraco no chão pra enfiar a cabeça.
- Sei sim, é aqui mesmo. - ela respondeu simpática e eu ergui as sobrancelhas, mas do que surpresa. - Eu sou a avó dele, pode entrar. - ela sorriu ainda mais e abriu a porta para eu passar.
- Ah, eu não sabia que o morava com a senhora. - comentei ao olhar a decoração do interior da casa. Tudo parecia combinar com ela, as toalhinhas de renda sobre a mesa de centro, que combinavam com o tapete felpudo de frente para a TV.
- Desde pequeno, mas o sempre foi uma pessoa maravilhosa, sabe? Nunca me deu trabalho! - ela disse com os olhos brilhando. Imagino o quanto ele deve ser maravilhoso. Franzi o cenho e agradeci ao mesmo tempo pela avó do não ler pensamentos.
- Mas se você está aqui, imagino que saiba o quanto ele é maravilhoso né? - ela sorriu e eu por pouco não arregalei os olhos. Tive medo de pensar por alguns segundos.
- Sim, claro, é sim. - me enrolei com as palavras e torci meus dedos sem saber o que falar. - Ele não está?
- Está sim, pode subir, querida. Segunda porta à esquerda. - ela respondeu toda fofa e eu quis que ela fosse minha avó também. tinha sorte.
Subi a escada em círculo e andei até a porta que ela havia indicado. Parei em frente a ela, sem coragem de bater e covardemente tentei ouvir por trás dela.
Não sei porque estava com tanto medo de encará-lo dessa vez, já havia falado com ele antes. Não tinha sido à sós e dentro de um quarto, mas não poderia ser o fim do mundo. me chamaria de patética se me visse nesse momento, eu tinha certeza.
Ergui o braço e fechei os olhos, puxando uma coragem tirada não sei de onde e batendo duas vezes na porta.
Esperei impacientemente por alguns segundos e a porta se abriu, revelando um com os cabelos bagunçados, de calça comprida que parecia ser a combinação de um pijama e camiseta branca. Eu encarei a boca dele avidamente e disfarcei lançando um sorriso sem graça para o nada.
- Hey, não sabia que você já tinha chegado, entra! - deixou a porta aberta pra mim e eu entrei, reparando no quarto dele que era bem diferente do resto da casa. Todo azul claro, com uma cama de solteiro encostada no canto perto da janela, um armário branco combinando com ela e o tapete da mesma cor. Uma mesa repleta de papéis e livros espalhados perto do computador, duas portas na cor azul escura uma ao lado da outra estavam fechadas e um abajur no formato de um foguete me chamou a atenção, pousado em cima do criado-mudo ao lado da cama.
- Gostei do seu abajur. - apontei e ele sorriu.
- Minha mãe que me deu. - ele continuou com o sorriso no rosto, mas sua expressão mudou ao falar na mãe.
- Aonde ela está? - perguntei, encostando o ombro no armário ao meu lado.
- Ela morreu. - sibilou e eu senti um bolo se formando na minha garganta e a vergonha se espalhando pelo meu corpo novamente.
- Ah, desculpa. Não foi minha intenção, você... Você sabe. - fiz uns gestos incompreensíveis com a mão e ele riu pelo nariz.
- Tudo bem, já faz muito tempo.
- Ok. - comprimi os lábios e desviei o olhar, como sempre faço quando não sei mais o que dizer.
- Senta, . - ele apontou a cama e eu afundei no colchão macio me sentindo um pouco melhor do que antes - Eu vou pegar os livros, pra a gente começar. - completou, indo até a cadeira da escrivaninha e eu assenti um pouco tímida. Eu definitivamente deveria parar com aquela atitude na frente dele, porque se eu quisesse algo com aquele garoto, a iniciativa não partiria dele.
- Eu não lembro onde a Keaton parou a matéria. - franzi o cenho tentando puxar alguma informação na minha memória sobre o que aquela velha chata sempre gritava em suas aulas, como se fosse enfiar cada palavra na mente dos alunos, quando bufei derrotada, sem conseguir lembrar de coisa alguma.
- Terceira parte da Revolução Industrial na Europa. - respondeu com simplicidade sem pesquisar em nenhuma anotação e fazendo-me parecer a maior burra da história. Literalmente.
- Hmm, ok. - abri a mochila em busca do meu caderno e supreendentemente descobri que eu havia anotado qualquer coisa sobre a Inglaterra ser o país mais dominante na industrialização a partir de 1815. Eu não costumava ser tão desligada assim em anos anteriores. Ao menos me lembrava do meu último 10 na média no ano passado.
- A gente pode começar a estudar a parte da expansão da produção industrial para as outras partes da europa e mundo. Já que a professora Keaton parou no começo da Inglaterra. - ele disse após uma olhada rápida em seu caderno - E não teremos o que estudar na próxima semana.
- Ah, então é assim que você faz?
- Geralmente sim. E eu tenho a sorte de entender as coisas bem rápido. - deu um sorrisinho de canto e eu o achei extremamente sexy com aquela expressão convencida.
- Creio que não é em tudo que você é tão esperto assim. - soltei essa me arrependendo logo em seguida, notando o rosto dele que continuava tão indecifrável pra mim. Era como se nunca fosse capaz de adivinhar o que ele estaria prestes a fazer ou pensar e isso me dava agonia. Era tão insuportável não ter o poder de saber o que se passava pela mente dele.
- O que você quis dizer com isso? - perguntou e eu vibrei por dentro por ao menos ter colocado uma questão para ele passar a noite pensando na resposta.
- Nada não. Pode começar a explicação. - voltei a minha atenção para o caderno e ele não perguntou mais nada, fazendo uma pausa para passar algumas folhas e começando a falar logo em seguida.
Folhas e mais folhas depois, a vó de apareceu no quarto com uma bandeja para o lanche da tarde. Eu estava morrendo de fome e com a mão doendo de tanto escrever.
- Não sei porque minha vó insiste em trazer chá. - falou após ouvir os passos da vó pela escada abaixo. - Eu não gosto muito.
- Prefere o quê?
- Cerveja. - ele respondeu e eu ergui uma sobrancelha, chocada.
- No chá da tarde? - perguntei com a boca semi aberta. Nunca imaginaria que ele pudesse dar tal resposta.
- Não de tarde, você perguntou o que eu prefiro e eu apenas respondi. - deu de ombros e eu concordei, quase o xingando por ser tão esperto.
- Essa torrada está divina.
- As torradas da minha vó em geral são a parte boa. - ele gargalhou e eu fiquei encantada com o som do sorriso dele. Os olhos repuxando no canto, fazendo com que os olhos dele ficassem pequenininhos e eu quase babei no meu vestido novo. Terei de não me lembrar desse fato quando for contar as novidades para a mais tarde.
- É, são muito boas. - concordei dando outra dentada - E com geleia fica ainda melhor. - falei com a boca cheia de torrada e ele continuou rindo.
- Uma vez minha vó se irritou comigo por eu tirar uma foto dela de surpresa enquanto fazia suas preciosas torradas. Ela alegou que era um segredo especial da culinária, que ela aprendeu com a mãe. - contou animado e eu sorri com a história de família. Era tão legal ouvir isso às vezes, e com a minha família era impossível.
- Adoro fotos de surpresas. São tão espontâneas. - disse e ele concordou sorrindo.
- São as minhas preferidas. Na maioria das que eu tiro, geralmente são paisagens ou pessoas que eu gosto muito.
- Você é fotógrafo, então? - perguntei fascinada por outro fator que me ligava tanto àquele garoto a minha frente. Incrível como ele parecia gostar das mesmas coisas que eu ou então complementar o que eu penso, como se eu tivesse esquecido o que falar e ele estivesse sempre com a resposta na ponta da língua.
- Não sou profissional. Apenas gosto de tirar fotos de vez em quando. Mas tenho um quarto escuro e tudo mais. - ele respondeu e eu me vi mais do que interessada por qualquer coisa que ele fazia. Mesmo gostando de fotografia antes de saber que ele também gostava.
- Mentira, aqui?
- Sim, quer ver? - perguntou dando de ombros.
- Claro! - exclamei levantando um pouco a voz e soltei um pigarro em seguida, para disfarçar a animação. pareceu não perceber e se dirigiu a uma das portas azuis e a abriu, revelando uma sala pequena, pelo que eu pude ver com a iluminação do quarto, mas que em geral estava toda escura. Ele acendeu a luz e eu pude ver uma sala totalmente branca, com uma mesa quadrada no meio, várias vasilhas em cima e uma cordinha pendia por cima da mesa. Milhares de fotos estavam espalhadas ao redor da sala e eu parei na frente de uma que me chamou mais a atenção. Um homem sentado no banquinho que parecia ser de uma praça, observando uma criança ao longe, sentada no balanço e a foto congelada eternamente na criança voando no alto. Era tão linda e colorida. Eu ainda estava observando a foto quando senti uma luz forte na minha direção, mas que sumiu num piscar de olhos. Quando olhei pro lado, estava com a máquina em mãos e demorei alguns segundos para perceber que ele havia tirado uma foto minha.
- Pensei que você só tirasse fotos de quem você gostasse. - comentei despreocupada enquanto ele foi até a porta da sala e a fechou, apagando a luz normal e acendendo a vermelha.
- E eu pensei que você fosse mais esperta. - ele respondeu, colocando a máquina de lado e pegando algumas folhas em branco, que imaginei serem fotos que ele ainda ia colocar na vasilha. Fiquei sem saber o que pensar com a resposta dele, sem acreditar que realmente era o que eu imaginava. A única possibilidade que era a última opção na minha lista.
Me aproximei para ver o que fazia de perto, vendo que mexia na foto com uma espécie de pinça. Era um pouco estranho enxergar tudo tão vermelho dentro de uma sala fechada. Tanto que meus olhos ardiam e eu tive que piscar várias vezes quando parou de mexer nas fotos e se aproximou de mim.
Ele abaixou um pouco o rosto na direção do meu e eu tive que respirar fundo, engolindo em seco e tentando manter o controle. Senti aquele perfume que agora pude ter a certeza de que era como eu imaginava.
- Tem restos de torrada... na sua roupa. - ele sussurrou, passando a mão de leve no meu vestido na parte da barriga e eu me apoiei com as duas mãos na mesa atrás de mim. Minha boca estava tão seca de repente e eu não tive nenhuma reação àquele toque tão sutil e próximo a mim.
afastou meus cabelos do ombro, passando a mão pelo meu pescoço e me fazendo estremecer com o toque na minha pele. Colocou uma mecha pra trás da minha orelha e eu levantei a cabeça para encará-lo. Não poderia ser capaz de explicar como ele poderia ficar ainda mais lindo com aquela luz batendo em seu rosto tão minuciosamente detalhado. aproximou lentamente seu rosto do meu, como se durasse uma eternidade para que acontecesse o que eu esperava a tanto tempo, mas a tempo de eu fechar os olhos e sentir sua boca encostar levemente no meu pescoço e depositar um beijo ali.
Foi como se uma corrente elétrica passasse por todo o meu corpo mas se concetrasse somente na região onde ele havia beijado, senti um arrepio passar por toda a minha pele e ele pareceu perceber isso, dando um risinho pelo nariz perto do meu ouvido.
passou a mão que estava em meu pescoço por todo o lado esquerdo do meu corpo, me puxando pela cintura na intenção de diminuir o espaço entre a gente.
Ele continuou subindo a trilha de beijos até chegar no canto da minha boca, eu já não sabia como ele poderia ser tão bom naquilo e superou todas as minhas expectativas antes mesmo de chegar até aonde eu queria. Passei a língua nos meus próprios lábios, para umedecê-los e esbarrei na boca de , sem imaginar que seu rosto estava tão perto do meu.
Ele parou por um instante e senti suas mãos segurarem um lado do meu pescoço enquanto a outra estava parada em minha cintura e finalmente beijou meus lábios.
Eu tirei as mãos da mesa e passei a colocá-las ao redor do pescoço de , que se inclinou de repente, me segurando pela cintura e me fazendo sentar em cima da mesa. passou a língua nos meus lábios e eu permiti que ele intensificasse o beijo, sentindo o toque quente e macio de sua língua tocando na minha.
A boca dele era tão macia e seus lábios se movimentavam tão perfeitamente que por um instante eu imaginei que aquele momento era um fruto da minha imaginação. Eu não podia simplesmente acreditar naquilo, por tantas vezes imaginar aquela situação e quando realmente estava acontecendo era bom demais pra ser verdade.
interrompeu o beijo um pouco assustado, se afastou de mim a maior distância possível e eu o encarei sem entender nada.
- Eu não posso fazer isso. Desculpa, . - ele passou a mão pelo cabelo, visivelmente atordoado.
- Por que não? - desci de cima da mesa.
- Não é o que você quer. - disse baixo, sem olhar nos meus olhos e se virou pra abrir a porta enquanto eu encarava as costas dele, totalmente irritada.
- Você é adivinha agora? - perguntei tentando colocar o máximo de ironia possível em minha voz.
- Vem, . Vamos voltar a estudar.
- Eu não quero estudar droga nenhuma. Eu... Vou embora. - tentei segurar as lágrimas idiotas que se formaram no canto dos meus olhos enquanto saí andando rapidamente até minhas coisas em cima da cama de e enfiando tudo na mochila de qualquer jeito. Eu não sabia ao certo o que fazer, mas eu não podia ficar mais um minuto na frente dele. Desci as escadas correndo e torci pra não encontrar a adorável avó de e ter que explicar porque eu estava chorando e correndo para fora de sua casa. Suspirei de alívio ao ver que não havia ninguém na sala e abri a porta, respirando fundo o ar gelado e corri. As lágrimas embaçavam minha visão e eu já não sabia que caminho tomar, mas continuei correndo como se minha vida dependesse disso.
Senti meu coração parar de bater por alguns segundos e meu corpo estremecer com o baque de encontro ao chão. Quando me dei conta, eu estava sentada no meio-fio, totalmente descabelada e sem ter a mínima noção do porquê eu tinha tomado aquela decisão.
Eu não entendia o que ele quis dizer com o "Não é o que você quer". Como não era o que eu queria se eu estava ali com ele, se eu tinha retribuído, se aquele momento tinha sido o mais perfeito em toda minha vida.
Agora eu tive a confirmação. era definitivamente um idiota.
Passei a mão em meus braços sujos pela poeira do chão, senti meus joelhos arderem e notei que estavam saindo sangue.
Legal, agora ficaria um enorme roxo ali, algo que não combinaria em nada comigo.
Suspirei, derrotada, e peguei meu celular, discando o número tão conhecido por mim. Esperei alguns segundos e ouvi a voz suave e fina do outro lado da linha.
- , pode vir me buscar? - choraminguei e ouvi ela bocejando. Franzi o cenho, estranhando a possibilidade dela estar dormindo tão cedo. Isso era tão anti-.
- Aonde você está? - ela perguntou, com a voz embargada. Eu balancei as pernas, impaciente, olhando para os lados e tentando identificar qualquer detalhe. Eu não me dei conta do quanto eu tinha corrido.
- Ah, acho que estou em uma rua antes daquele sorveteria que a gente foi com o Clay e a Tess, lembra? - forcei a vista, tentando enxergar além do que eu podia no fim da rua. Não havia muito tempo desde o dia da sorveteria, e prestando atenção agora, era definitivamente a rua por onde passamos. Eu reconheceria a casa amarela da esquina mesmo que estivesse bêbada.
- Lembro, daqui a dez minutos estarei aí. - falou e eu fechei meu celular, o jogando dentro da mochila.
Me pergunto como vou olhar na cara do outra vez, depois do ataque óbvio de ciúmes e raiva que eu havia dado. Afinal, ele não tinha que me dar satisfações do motivo pelo qual ele não quis mais continuar.
Balancei a cabeça fortemente, olhando para os lados, limpei a terra das minhas pernas e passei a mão pelos meus cabelos bagunçados, tentando inutilmente colocá-los no lugar.
É claro que ele tinha que me dar satisfações. Ele havia começado tudo, se não fosse por aquela atitude, eu nunca tentaria nada com ele, obviamente pelo medo da rejeição. Mas ele havia me beijado.
Fechei os olhos, sentindo meu nariz arder, em sinal de que mais lágrimas estariam prestes a cair. Se qualquer pessoa daquele colégio pudesse ver minha situação agora, eu estaria arruinada. Me levantei rapidamente, com esse último pensamento na cabeça, e me encostei no poste à minha frente, esperando algum sinal do porsche lilás da minha amiga.
Eu não suportava a ideia de ser submissa e muito menos chorar por causa de alguém. Eu nunca passei por isso em toda a minha vida e não ia ser agora, por causa de um nerd besta, que eu o faria.
Eu tinha que aceitar. Ele apenas me beijou, porque não conseguiu resistir. Ninguém resiste. Mas ele não quis mais nada, terei que viver com essa rejeição ridícula por um bom tempo.
Eu estava perdida em pensamentos quando ouvi a buzina do carro de bem na minha frente.
Ela seria uma que não me deixaria esquecer. Mas eu também não era obrigada a contar.
Entrei no carro e não disse nada, mas pude sentir o olhar de sobre mim assim que ela deu a partida no carro. Peguei um espelho dentro da mochila e notei meu maldito nariz que entregava que eu havia chorado, meu cabelo estava uma lástima e eu não via a hora de chegar em casa e me enfiar debaixo do chuveiro.
Senti meu estômago quase sair pela boca assim que freou o carro bruscamente. Olhei para o lado e notei sua expressão de psicopata.
Eu tinha medo da minha amiga às vezes.
- Vai. Pode começar a contar. - ela me encarou séria e eu senti um bolo se formando na minha garganta. Não queria me humilhar na frente dela.
- Contar o quê? - fiz a minha maior cara de inocente e última a saber de tudo, mesmo sabendo que isso não funcionaria com ela e rolou os olhos.
- Tudo, em detalhes, do que se passou na casa do . - ela disparou, sem se importar se estava invadindo minha privacidade ou não. Droga, pela primeira vez tive raiva de sempre contar tudo pra minha amiga, desde o que comi no café da manhã até os meus mais podres desejos.
- Não aconteceu nada demais. - afirmei, balançando a cabeça e dando de ombros, esperando infinitamente que ela esquecesse esse assunto e continuasse o caminho sem tocar nele.
- Claro. Tanto que você está toda suja, estava chorando quando me ligou e agora está com essa cara de bunda querendo matar o próximo que aparecer na sua frente. - Legal, era tão detalhista que me dava nojo. Eu não tinha escapatória, era contar ou matar ela. E se eu matasse, ela me assombraria até o fim da minha vida, querendo saber da verdade. Não, isso nunca poderia ser considerado exagero no caso de .
- Ok. Ele me beijou. Mas depois disse que não poderia continuar, eu fiquei com raiva e saí correndo da casa dele. - cuspi as palavras todas de uma vez e encostei o cotovelo na janela do carro, apoiando a cabeça na mão e olhando pra tudo, menos para o rosto de .
- Não poderia continuar? - ela perguntou, confusa e eu assenti com a cabeça, mais interessada nas árvores passando rapidamente do lado de fora.
- Ele disse que eu não queria aquilo. - falei, com um tom de voz que admitia a culpa que eu estava sentindo.
- Por um lado, você nunca quis, né . - ela bufou sarcástica e eu virei o rosto pra encará-la pela primeira vez desde que entrei em seu carro. Eu fiquei quieta e ela continuou - Ele é bem inteligente pra saber que você tem vergonha dele.
- Eu não tenho vergonha dele. - me apressei em responder. Não era bem assim, só via as coisas que ela queria ver e por isso, distorcia os verdadeiros fatos.
- É o que então? - ela perguntou, com aquele tom de ironia que eu tinha aversão. Suspirei, tentando me controlar.
- Eu gosto dele e isso é um assunto que não precisa cair na boca do povo daquele colégio, você mais do que ninguém sabe como eles são.
- Quer um conselho? Dá próxima vez que vocês se encontrarem, mostra à ele quem manda. - sorriu, daquele jeito vingativo e que só ela possuia. Como se tivesse tramando uma vingança maligna contra alguém. Eu agradecia a cada dia por ela não ser minha inimiga.
- Como assim, ? - perguntei levantando uma sobrancelha e ela continuou com o sorriso maléfico pregado no rosto e ainda se olhou no retrovisor do carro, como se estivesse conferindo se o sorriso estava bom o bastante.
- É simples né, . Mostra que você está interessada, se esse é o problema dele. Um ótimo ponto pra começar, amanhã na festa da Jill.
- Não sei se estou a fim de ir em alguma festa. Além do mais o nem deve ir e... - comecei a falar mas fui interrompida pela mão esquerda de quase na frente do meu rosto.
- Você ficou maluca? Quanto você bebeu na minha ausência? Nunca que eu vou deixar você ficar fora dessa festa, ainda mais por causa de um garoto idiota. - disparou, quase a beira da histeria, me fazendo quase chegar pra trás devido ao seu ataque desnecessário.
- Eu vou, satisfeita? Mas duvido que ele vá. - dei de ombros, ele nunca iria a uma festa daquelas mesmo. Com todas as pessoas da nossa sala e mais o resto do colégio, que ele possivelmente deve odiar.
- Não se preocupe quanto a isso, ele deve ir. - voltou a usar o sorriso perverso e eu cheguei a conclusão de que melhor ele não poderia ficar. Ela intimidaria qualquer um com aquele sorriso.
voltou a ligar o carro e eu suspirei de alívio por isso, agradecendo aos céus pelo final do assunto. Balancei as pernas nervosamente e senti a ardência em meus joelhos. Droga de sapato que me fez cair. Como eu usaria a saia que eu planejava usar na festa amanhã, com essa porcaria de machucado nos joelhos? Nada poderia ficar pior.
- Ele beija bem? - e sua bipolaridade. Meu coração disparou só de lembrar da cena e eu bufei alto, para que ela percebesse meu desconforto com o assunto. Ela nem se deu conta e continuou a olhar pra frente. Típico.
- Sim. - fui monossilábica, esperando que dessa vez ela se tocasse.
- Sim e... ? - ela ergueu as sobrancelhas e sacudiu a cabeça empolgada, esperando que eu falasse mais. - Quero dizer, ele tem pegada?
- ! - a repreendi e ela levantou as duas mãos, em sinal de defesa, e logo as colocou no volante outra vez.
- Eu só queria saber, oras. Você sabe que eu sou curiosa.
- Não deu tempo, ok? - cruzei os braços, pouco à vontade e sorri sozinha, aliviada por estar entrando na rua da minha casa.
- Eu sabia que o era um idiota, mas não sabia que era um frouxo. - provocou e eu rolei os olhos.
- Ele não é frouxo. E te garanto, é melhor do que o em praticamente tudo. - provoquei também e vi sua expressão de superior se desmanchar na minha frente. Ponto pra mim.
- O quê? Desde quando você sabe disso? - ela perguntou e eu sorri, vendo o brilho de curiosidade em seus olhos.
- Você vai ter que viver com essa dúvida, amiga. Eu apenas sei. - sorri, mandando um beijinho no ar e abrindo a porta do carro assim que ela o estacionou em frente a porta de carvalho da minha casa. Bati a porta do carro, já do lado de fora e abaixei, encarando o rosto de e sua expressão afetada. - Até amanhã, money honey. - acenei sorridente e sai desfilando pela calçada e sem olhar pra trás, entrei em casa, quase morrendo de rir ao imaginar se roendo de raiva. Coitada, eu adorava perturbar ela às vezes. Mas ela merecia.



If you knew how I wanted someone to come along and change my life the way you've done.
(Se você soubesse o quanto eu queria que alguém viesse e mudasse minha vida do jeito que você fez.)


Eu já estava irritada o bastante com me ligando de meia em meia hora, perguntando se eu já estava arrumada. Não gosto que me pressionem a nada e gosto de fazer tudo com calma, e com enchendo minha paciência ficava meio impossível.
Me olhei no espelho uma última vez e me orgulhei do resultado final da minha maquiagem. Não tinha ficado sequer um rastro dos meus machucados nos joelhos. Eu daria a minha alma a quem inventou todo tipo de maquiagem, a começar pela base corretiva.
Minha blusa fina frente única brilhava de acordo com meus movimentos e a mini-saia deixava minhas pernas quase totalmente à mostra.
Para completar, uma sandália preta, combinando com a blusa, cheias de tiras que se fechavam em meu tornozelo. Usei a sombra preta que havia me emprestado e lápis prateado. Preferi gloss à batom, pra não pesar muito o visual, mais do que ele já estava.
Meu celular começou a tocar, me despertando da análise do meu look, e amarrei a cara na mesma hora.
- Já estou saindo, . Pára de ser paranoica. - disparei sem olhar no visor do celular, já sabendo que era ela.
- Não sou paranoica, anda logo, estou esperando aqui fora. - ela respondeu gritando, desligou na minha cara e eu gargalhei. Adorava estressar .
- Mãe, tô saindo! - gritei da sala, já pegando minhas chaves de casa e saí porta afora.
- Até que enfim, ! - já estava parada em frente ao meu carro e batia os pés impacientemente no chão. Ela usava a blusa vermelha de fitas amarradas nas costas que havia comprado no shopping e uma saia preta de couro ainda mais curta que a minha. Ia arrasar como a própria já havia dito.
- Apressada. - falei, sorrindo calmamente e me abraçou, sorrindo também. Ela e seus distúrbios bipolares um dia ainda me deixam maluca.
Abri o carro e ela entrou primeiro, depois dei a volta e finalmente partimos para a festa.

me arrastou pelo braço como sempre, assim que chegamos, e quase não deixou que eu trancasse o meu próprio carro, tamanha a sua ansiedade assim que ouviu a música alta vinda de uma das maiores casas do quarteirão.
Me senti sufocada assim que vi a quantidade de pessoas indo a direção à casa e só de pensar em como estaria cheio por lá. me deu o braço e retribuia o sorriso que a maioria das pessoas dava para nós.
Entramos na casa com certa dificuldade devido ao bando de gente acumulada no hall. Alguns minutos a mais e eu notei que em qualquer lugar que tentássemos passar, ia ser bem difícil.
Quando percebi, já não estava mais segurando na mão de . Olhei para os lados, tentando achá-la no meio de tantas cabeças, mas foi em vão.
Não encontraria ela tão cedo.
Uma garota passou por mim, oferecendo bebidas em copos plásticos. Sorri para ela, aceitando o copo e olhando o líquido avermelhado dentro. Franzi o cenho e cheirei o conteúdo do copo, inalando um gostoso cheiro de morango misturado com álcool.
- É ponche. - uma voz soou alto no meu ouvido, mas era impossível me assustar, graças a música alta que estava ainda mais ensurdecedora ali dentro.
- Parece bom. - continuei olhando o copo e vi a figura de se aproximar de mim e sussurrar no meu ouvido.
- É ótimo. - ele disse sério e totalmente envolvente ao mesmo tempo. Ele estava ainda mais perfeito essa noite e seu olhar me encarando chegava a ser irresistível. Bebi o líquido e encarei nos olhos, retribuindo seu olhar. Meu cérebro protestava em dizer que aquilo não era certo, mas havia algo como um imã em que não me deixava ficar longe, não nesse momento, por mais que eu quisesse. - Quer sair daqui? - voltou a sussurrar no meu ouvido e eu entendi perfeitamente o que ele queria.
- Eu não posso. Não agora. - respondi um pouco confusa, sem saber direito o que pensar sobre aquela aproximação repentina. arrancaria o meu couro fora.
- Ok. Temos a noite toda pra isso. - falou, sem desviar os olhos do meu e me senti sufocada de repente, querendo acreditar mais do que qualquer coisa que era uma reação da bebida.
Passei pela mesma menina que havia me dado a bebida de antes e peguei outra da bandeja que ela segurava. Bebi o líquido vermelho sangue todo de uma vez, sentindo algumas lágrimas se formarem no canto dos meus olhos. Peguei outro copo da bandeja, recebendo um olhar que eu não soube identificar da mesma garota. Usei o meu melhor sorriso e ela retribuiu depois de segundos. Não sei se era paranoia minha ou não, mas ela parecia ter pena de mim.
Sorri sozinha e dei as costas à ela, procurando qualquer sinal de no meio da multidão. Andei com dificuldade até algum lugar que descobri ser uma cozinha e encontrei algumas pessoas fumando em um canto e a maioria bebendo e se pegando no outro. Ergui as sobrancelhas, incrédula por ter tanta gente ali. Não queria nem imaginar onde estaria agora.
Um enorme recipiente com gelo e bebidas estava tão convidativo em cima do balcão que não pensei duas vezes e peguei uma cerveja, bebendo-a rapidamente e sentindo o líquido extremamente gelado descendo pela minha garganta abaixo.
Fechei os olhos por um instante e me arrastei pelo canto da mesa até chegar ao chão. Parecia que tudo estava rodando.
Bebi outro gole da cerveja e respirei fundo, tentando imaginar se viria à festa. Estava sendo tão difícil não pensar nele ultimamente. Se antes já era ruim, agora era praticamente impossível.
A cada minuto eu lembrava daquela cena no quarto escuro, dos lábios dele tocando os meus, de suas mãos em minha cintura, de seus olhos misteriosos me encarando e eu que odiava não saber o que se passavam neles. Cada parte da minha mente reclamava por ser tão incapaz de desvendar um simples garoto. Simples pelo seu jeito de se vestir, ou de conversar com as pessoas. Fora isso, ele era muito mais do que simples. Ele era especial. Por outro lado, cada parte do meu corpo insistia em me aproximar dele, a superar a vergonha que eu tinha em ficar ao seu lado, a esquecer qualquer tipo de crítica que fariam ao vê-lo junto a mim. Eu tinha a certeza que a junção de tudo isso era o motivo principal dele ser tão atraente para mim.
Contraí as pálpebras dos meus olhos, tentando ignorar o barulho e as pessoas ao meu redor, e lembrando de cada pedacinho dos minutos que eu passei ao lado dele. Tive a certeza de que eu faria qualquer coisa para vivê-los novamente.
Levantei decidida a tomar alguma atitude, eu não poderia simplesmente ficar parada sofrendo sem fazer nada e me arrepender depois.
Peguei outra cerveja e parti rumo a sala, decidida a ir até a casa de e falar tudo o que tava engasgado, nem que isso fosse o bastante difícil pra mim.
Olhei rapidamente em volta, ainda tentando achar , mas bufei sozinha, admitindo a derrota. Por que tinha que ter tanta gente na minha frente só porque eu estava com pressa? Nem a dona da festa eu havia encontrado. E ainda perdi minha amiga no meio desse povo todo. Droga.
Até que o mundo inteiro e o resto dos planetas do Sistema Solar caíram em cima da minha cabeça quando eu o vi.
Eu podia ser a exagerada que for, mas ele estava ali.
Quando eu pensei em me aproximar, uma garota fez o que eu pensava e obviamente chegou na minha frente.
pareceu levar um pequeno susto assim que ela o tocou no braço. Ele sempre pensou muito antes de agir, dava pra perceber isso nele.
A ruiva estava de costas para mim e eu não podia ver o que ela falava e muito menos ouvir, mas passou as mãos pelo cabelo, jogando-o para trás, um pouco surpreso ou nervoso. A garota se aproximou dele, com um copo na mão esquerda e fazendo menção de que ia abraçá-lo ou beijá-lo, sei lá. Milhões de dúvidas passaram pela minha cabeça naquele momento e eu só pensei em sair correndo daquele lugar, coisa que seria impossível fazer sem ninguém me notar, o que eu preferia que acontecesse.
O que ele fazia ali, naquela festa tão nada a ver com ele, era a primeira dúvida. Como tinha certeza que ele viria, era outra.
Minha atenção se desviou do , me fazendo olhar em volta e notar como eu parecia patética sozinha na frente da porta da cozinha, olhando diretamente na direção dele. Se alguém prestasse atenção em mim por alguns segundos, perceberia o brilho nos meus olhos assim que eu o vi.
Passei os olhos pela sala, que percebi ser enorme só agora, e deixei um sorriso escapar dos meus lábios assim que vi num canto, bebendo sozinho. Meus pés pareciam pesar mais do que o normal, mas mesmo assim fui até onde ele estava.
A raiva que eu estava sentindo do era tão intensa que não consegui pensar em mais nada a não ser mexer com a cabeça dele. Nem que eu usasse outra pessoa para isso, eu conseguiria.
- Quer dançar comigo, ? - abaixei, com o rosto na direção dele e recebi aquele sorriso malicioso em resposta.
- Eu sabia que você ia voltar. - ele disse, largando o copo no chão. Segurou na minha mão e me levou até o centro da sala.
Uma música já tocava quando paramos e que, prestando atenção agora, descobri ser What Goes Around... Comes Around. Sorri por dentro com a coincidência da música tocar em tais circunstâncias.

Thought it was me and you, baby
Pensei que fosse eu e você, baby
Me and you until the end
Eu e você até o fim
But I guess I was wrong
Mas acho que estava errado

me puxou pela cintura lentamente e eu encarei seus olhos brilhantes. Logo depois meu olhar caiu em sua boca entreaberta, ao mesmo tempo que envolvi seu pescoço com as duas mãos.

I just can't do without ya
Não consigo seguir sem você
Tell me is this fair
Me diga: isso é justo?

Eu tinha perdido o de vista, mas mesmo assim comecei a balançar o corpo lentamente e senti a mão de roçar na minha cintura, levantando um pouco minha blusa e tocando minha pele com a ponta dos dedos. Fechei os olhos, sentindo que cada palavra dita na música estava sendo gravada na minha memória, como se eu estivesse hipnotizada. Virei de costas para , porém continuei encostada em seu corpo, levantando os braços e o abraçando por trás.

Now Girl
Agora garota
I remember everything that you claimed
Eu lembro de tudo que você alegou
You said that you were moving on now
Você disse que estava seguindo em frente
Maybe I should do the same
Talvez eu devesse fazer o mesmo

Mantive o ritmo lento enquanto dançava, agora totalmente encostada no , e senti sua excitação tocar na parte de trás do meu corpo e sorri levemente com isso.

I heard you found out
Ouvi dizer que você percebeu
That he's doing to you
Que ele está fazendo com você
What you did to me
O que você fez comigo
Ain't that the way it goes
Não é assim que funciona

Tornei a virar de frente para , coloquei as mãos em seus ombros e encostei a cabeça em seu peito, fechando os olhos e respirando fundo o cheiro ótimo de perfume masculino que emanava de sua camisa. Assim que reabri os olhos, olhei por cima do ombro de e encontrei parado, do mesmo jeito que eu estava antes, olhando para mim sem nem piscar.
Parecia que meu corpo todo estava queimando por dentro. Era uma mistura de ódio, paixão, dúvida, excitação, vingança. Tudo ao mesmo tempo.
Continuei dançando com sem desviar os olhos de . Não sei o que eu tinha na cabeça por pensar que ele poderia se importar, mas depois de vê-lo me encarar com aquela expressão, nada me tirava da cabeça que eu estava certa.
Agora era como se só existisse eu e ele naquela sala e que nada pudesse interferir no nosso contato visual. Parecia que eu estava dançando com ele e não com .
De longe dava para sentir a raiva nos olhos de , sua mão tremia levemente e o copo que ele segurava parecia prestes a ser destruído. A minha raiva não tinha passado, eu ainda tinha a sensação de que precisava jogar em sua cara tudo o que eu tinha sentido à minutos atrás.
Enterrei a cabeça no pescoço de , tentando ignorar a porcaria do turbilhão de sentimentos que me atormentava. Por que eu não podia apenas ignorá-lo como eu fazia antes? Por que ele tinha que me afetar tanto como agora?
Me afastei um pouco do abraço de e meu olhos pararam na única pessoa que eu não queria encontrar no momento: .
Eu tinha me esquecido completamente dela.
Me senti a maior vaca de todos os tempos ao usar o para fazer ciúmes no e com isso ter magoado minha melhor amiga.
Meu coração deu um salto assim que me vi sendo afastada de e uma forte pressão no meu braço esquerdo. Sussurrei um 'desculpa' à , esperando que essa fosse muito boa em leitura labial e olhei para frente, me surpreendendo ao ver me puxando e senti um turbilhão de coisas naquele momento, sem saber porque raios ele estava fazendo aquilo.
Saimos da casa e eu respirei fundo o ar puro que invadiu meus pulmões, estava sendo literalmente arrastada até algum lugar que eu não fazia ideia. Pra ajudar, minha visão estava totalmente embaçada graças a grande quantidade de bebida ingerida nas últimas horas. Mas eu não estava me importando, era ele que estava ali.



It's a hard part but the true love way, till you want it like I want it now.
(É a parte difícil o verdadeiro jeito do amor, até que você o queira como eu o quero agora.)


- Aonde você tá me levando?
- Você ficou maluca, ? - me empurrou em uma surperfície lisa qualquer, eu não estava prestando muita atenção em nada além da expressão diferente e ameaçadora estampada no rosto dele. Senti um frio correr pela minha espinha e um misto de medo e excitação invadir o meu corpo. Só senti um forte impacto nas minhas costas e as mãos de apertando meus pulsos contra meu próprio corpo.
- Não sei do que você está falando. - sussurrei, me sentindo um pouco sufocada pela pressão que ele fazia e sua respiração tão próxima ao meu rosto.
- Não me provoca. Você não sabe do que eu sou capaz. - disse sério e eu percebi finalmente, que a superfície lisa atrás de mim, era uma parede num corredor mal iluminado.
- É, . Não sei mesmo, por que você não me mostra? Ah, já sei. Você tem medo do que pode sentir quando está do meu lado. - gritei tudo no rosto dele, ignorando a pressão que seu corpo fazia no meu e suas mãos que ainda prendiam as minhas.
- Não tenho medo. - ele murmurou, com a boca perto do meu ouvido, me fazendo arrepiar até o último fio de cabelo.
- Não mesmo? - perguntei, encarando seus olhos e pude ver o desejo correndo por eles. Assim como eu tinha certeza que comigo não era diferente.
Ele não me respondeu, diminuindo o espaço entre nossos rostos e senti seus lábios se chocarem contra os meus, num beijo desesperado e cheio de milésimas intenções.
Suas mãos soltaram as minhas e foram parar em minha cintura, levantando minha blusa quase por inteira. desceu seus beijos pelo meu pescoço e eu fechei os olhos, puxando seus cabelos involuntariamente, delirando ao sentir os leves chupões que ele dava em meu pescoço.
voltou a beijar minha boca, dificultando o trabalho que minhas mãos estavam tendo ao puxar o zíper da calça dele.
Eu não tinha a mínima consciência do que estava fazendo, que junto com a quantidade considerável de álcool que eu havia ingerido, não ajudava em nada. Eu só sabia de uma coisa, não havia outra pessoa no mundo que eu queria mais do que aquele garoto na minha frente.
segurou nas minhas mãos de novo, que estavam entretidas em arrancar os botões de sua camisa, e parou de me beijar, me fazendo entrar em desespero na mesma hora. Ele não poderia simplesmente me cortar como já havia feito antes.
- Não podemos continuar aqui. - ele falou com a voz um pouco carregada e mesmo assim eu me senti um pouco aliviada por ser somente isso.
- Vamos pra sua casa? É mais perto. - perguntei um pouco incerta, tentando não demonstrar ansiedade. Era inegável a vontade que eu estava sentindo. Era tão forte que parecia esmagar o meu peito.
Ele assentiu com a cabeça rapidamente e saiu me puxando em direção ao seu carro. Eu já não me importava se tinha alguém me olhando ou se falariam depois. Eu mal olhei para os lados.
- Eu não tenho condições de dirigir... Por favor. - ele não completou a frase e eu entendi o recado, dando um risinho e pegando as chaves, indo em direção à porta do motorista.
Pisquei várias vezes enquanto tentava encaixar a chave na ignição, totalmente desesperada em chegar logo ao nosso destino. Tentei evitar o contato visual com ele e milhões de pensamentos rondaram minha cabeça, todos direcionados ao garoto sentado no banco do carona.
Não segurei minha vontade de encará-lo e notei seu rosto totalmente transtornado e sua respiração rápida. Seu cabelo estava bagunçado e suas roupas amassadas. Respirei fundo, tentando me concentrar na rua escura demais para o farol baixo do carro que a iluminava.
Parei o carro em frente a casa amarela e abriu a porta do carro rapidamente, dando a volta dele e abrindo a porta pra mim. Saí do carro e ele saiu me puxando até parar em frente a porta de casa, retirando as chaves do bolso de trás da calça e com as mãos tremendo, tentou abrir a porta. Achei uma graça o nervosismo dele e a dificuldade de encaixar a chave na fechadura. Seu rosto estava um pouco vermelho e os cabelos caíam por cima de sua testa.
finalmente abriu a porta e me empurrou contra ela assim que a fechou, me surpreendendo com um beijo rápido, enquanto arrancava minha blusa com força. Seu rosto desvairado e sua expressão enlouquecida me excitou, fazendo com que eu arranhasse seus ombros e ele soltasse um gemido baixo. estava tão diferente do que eu estava acostumada a conviver. Eu nunca imaginaria que ele fosse capaz de me enlouquecer antes mesmo que fizesse algo a mais. Existia muito mais nele do que eu jamais conseguiria descrever.
Eu sabia que ele havia bebido o bastante para deixar uma pessoa ao menos tonta, eu também estava igual. Ou até pior. Mas eu estava consciente o suficiente para saber que aquilo era o que eu queria.
Pousei as mãos em seus ombros e desci pelo seu peito, em outra tentativa desajeitada de desabotoar sua camisa, dessa vez obtendo sucesso, e inalei o cheiro maravilhoso que exalava de sua pele.
voltou a depositar beijos em meu pescoço e senti suas mãos passearem pelas minhas costas, na intenção de retirar meu sutiã.
Retomei a consciência por um segundo e percebi que ainda estávamos na sala. Se a vó de aparecesse a qualquer momento, eu me jogaria da ponte mais próxima depois.
- ... nós estamos na sala, se sua vó aparece aqui... - arfei e ele continuou beijando cada extensão do meu pescoço, sua mão quente fazendo com que eu me sentisse ainda mais sufocada.
- Ela dorme fora aos sábados, não tem problema. - sorriu maliciosamente, fazendo sua boca repuxar de um lado só. - Vem comigo. - Ele largou seus sapatos pelo caminho enquanto subia a escada e eu lutava contra as tiras da minha sandália.
escancarou a porta de seu quarto e me puxou pela cintura de encontro a ele, mas não me beijou. Ficou me encarando por um momento, me fazendo corar e me sentir a pessoa mais feliz do mundo ao mesmo tempo. Só de estar ali com ele e nada mais importava.
- Você não sabe o quanto eu esperei por esse dia. - falou, me olhando diretamente nos olhos e segurou no meu rosto com as duas mãos. Eu quase gargalhei com a possibilidade dele esperar por esse momento mais do que eu, mas não o fiz. Me contentei em beijar seus lábios delicadamente e sorri quando caímos juntos em cima da cama.
- E você deveria saber que não existe ninguém além de você aqui. - apontei na direção do meu coração e ele deu aquele sorriso espontâneo e contagiante que eu amava ver nele. O meu preferido. Tipo aqueles que nada de ruim no mundo destruiria a sensação inexplicável que eu tinha quando ele sorria.
- Deixa os detalhes pra depois. - ele me encarou e usou aquela expressão indecifrável de sempre, que era tão irritantemente adorável e eu odiava, às vezes, amá-la tanto.
levantou e desabotoou sua calça lentamente e eu mordi meu lábio inferior, pensando no que estaria por vir. Ele terminou de tirar a calça sem parar de me encarar e senti quando ele se aproximou de mim e suas mãos brincarem com o elástico da minha saia.
Fiquei de joelhos na cama e tirei meu próprio sutiã, recebendo um olhar de pelo meu corpo. Senti a vergonha passando pelas minhas veias, mas mesmo assim o chamei com o dedo indicador. Ele deslizou as mãos pelo meus ombros em direção à lateral do meu corpo.
O empurrei, fazendo-o bater com as costas no encosto da cama e coloquei cada perna ao lado de seu corpo. Comecei a beijar lentamente seu pescoço até chegar em seu peito e sua barriga perfeitamente esculpida.
Observei seu rosto um pouco corado e seus cabelos colados na testa. Os olhos dele estavam fechados, praticamente implorando para que eu parasse de torturá-lo.
Mordi meu lábio inferior ao ver o evidente volume dentro de sua boxer que eu imediatamente me apressei em retirar. Segurei nas mãos de , direcionando-as a barra da minha calcinha, o incentivando a retirá-la de uma vez.
Desci um pouco, ainda segurando em suas mãos, mas dessa vez prendendo-as contra a cama, enquanto direcionei minha boca até a parte debaixo do corpo de . Sorri com a expressão dele de quem sabia o que viria pela frente e comecei a chupá-lo lentamente no começo e mais rápido depois, ao mesmo tempo que os gemidos dele começaram a ecoar pelo quarto.
se soltou facilmente das minhas mãos e me empurrou na cama, ficando por cima de mim. Apoiou as mãos em cada lado do meu corpo e abriu minhas pernas com as suas. Eu não conseguia parar de olhar para seu rosto, que tinha adotado uma nova expressão de alívio assim que retomou o controle sobre meus atos. E sua boca, altamente convidativa, um pouco entreaberta e com um pequeno sorriso torto que me arrepiava só de olhar.
Fechei os olhos e senti a aproximação do rosto dele perto do meu e sua boca beijar meus seios com a maior delicadeza do mundo. foi subindo os beijos até chegar em minha boca, sua língua passou pela minha e eu acabei mordendo sua boca em resposta, fazendo com que ele soltasse um gemido baixo.
sorriu baixinho e continuou a beijar cada parte alcançável do meu pescoço, começando a me torturar com a demora de seus movimentos. Ele voltou a sugar meus seios e eu deixei minha cabeça pender para trás, mordendo fortemente meu lábio inferior, sabendo que ficaria marcado depois. Ele segurou em meus braços, me deixando indefesa e logo depois senti sua intimidade invadir a minha. começou devagar, como se estivesse com medo de me machucar, mas eu sorri para ele o incentivando.
Respirei fundo com a sensação que eu estava tendo, incapaz de explicar em palavras ou descrever em pensamentos. continuava se movimentando lentamente, mas eu perdi a paciência e fiquei por cima dele, retomando o controle.
Eu já havia mencionado que eu não gostava de ser submissa a ninguém. Ele era meu naquela hora e faria o que eu quisesse.
Aumentei a velocidade dos movimentos quase explodindo de prazer e mordi meus lábios para reprimir um gemido. estava de olhos fechados e eu o beijei, mordendo seu lábio inferior, fazendo-o gemer de dor.
levantou sem parar de me beijar e usou de sua força para ficar por cima de mim de novo, pressionando seu corpo contra o meu, retirando seu membro de dentro de mim e o recolocando todo de uma vez, aumentando a velocidade e força cada vez mais.
Cravei minhas unhas em suas costas como resposta àquela tortura. Era impossível não reagir daquela maneira, não consegui controlar minha respiração e estava próximo à isso também.
Seu rosto estava colado na curva do meu pescoço e vez ou outra ele dava chupões naquela região. O peso do corpo de estava me sufocando, mas eu já não me importava. Eu estava tão fora de mim que não consegui ter forças para me desvencilhar dele e retomar o controle.
não diminuiu os movimentos em um minuto sequer e não demorou muito para que chegássemos ao orgasmo quase que ao mesmo tempo.
Meu corpo parecia responder apenas ao toque dele. Como se ele fosse a droga que aliviaria as minhas dores e os meus problemas.
Era como uma dependência viciante, como se apenas fosse necessário para me fazer feliz.
Ele deitou do meu lado, totalmente exausto e eu senti cada músculo do meu corpo protestar contra o cansaço. Não consegui resistir à ele por muito tempo, e adormeci com a imagem de me encarando com aquele sorriso lindo em seus lábios.



If I would have known what I know now, would've left never had a chance.
(Se eu soubesse o que eu sei agora, nunca deixaria de ter uma chance.)


Assim que abri os olhos, estranhei o lugar diferente em que eu havia acordado. O sonho que eu havia tido era real demais para ser ignorado.
Ao sentir um braço envolvendo minha cintura, lembrei da noite anterior e sorri idiotamente para o nada. Era tudo verdade.
Olhei para o lado e observei o rosto sereno de dormindo e sua respiração calma.
Eu nunca entenderia como ele poderia ser tão completo e tão perfeito enquanto apenas dormia. Ele era bom demais para mim e estava claro que eu não o merecia.
Mas agora eu faria por merecer.
Nenhum vestígio de qualquer vergonha que eu sentia por ele anteriormente voltaria a me assombrar.
Eu sempre fui cretina o bastante para me importar com a imagem exterior das pessoas, enquanto o que importa está por dentro. De nada adiantava ter amigos que só queriam te ver pelas costas ou namorados que só se importavam com o seu dinheiro ou sua fama.
me provou isso. Me provou que nada é como parece ser. Me fez sofrer por querê-lo tanto. Me fez amá-lo pelo seu jeito único de ser.
Ele se mexeu, retirando o braço de cima do meu corpo e me encarou, com a cara de sono mais linda do mundo, me fazendo sorrir involuntariamente.
- Eu... te amo. - deixei escapar essa, me supreendendo com as três simples palavras que sairam da minha boca e que sempre causavam reações diferentes e inesperadas nas pessoas, mas sem vergonha alguma de pronunciá-las para a pessoa mais importante, mais sincera e mais pura, do meu mundo inexplicavelmente fútil.
- Isso é, no mínimo, estranho. - ele respondeu e eu concordei com a cabeça, um pouco surpresa pela sua reação.
- É... - sorri pelo nariz e ele se apressou em dizer:
- Não, não digo nesse sentido. É estranho ver a garota mais linda do colégio ao meu lado, dizendo que me ama e que eu sempre amei. - completou, fazendo meu coração bater descompassado, sem acreditar no que acabei de ouvir.
- Sempre? Como assim sempre? - perguntei ainda confusa, sem imaginar qualquer possibilidade dele gostar de mim antes que eu gostasse dele.
- Desde que entrei no colégio. Desde que te vi pela primeira vez, apoiada nos armários do colégio e com a cara emburrada mais linda, enquanto segurava os livros que te dava. - sorriu, provavelmente ao perceber minha cara de patética e continuou - Eu tenho certeza que você não sabe o quão encantadora você pode ser às vezes.
- Definitivamente não. - completei ainda estarrecida e senti aquele sorriso idiota e feliz voltar a aparecer em meu rosto e continuei - Mas repete pra mim, acho que ainda não entendi direito.
- Qual parte? - ele perguntou sorrindo abertamente e eu pisquei várias vezes, tentando acreditar que aquilo era real e que eu não acordaria em minha cama daqui a minutos.
- Que você me ama. - sorri, apoiando a cabeça nas mãos e o cotovelo no travesseiro, tentando ter uma visão melhor do rosto de pela manhã e tentar gravar essa cena na memória para sempre.
- Eu amo você, . - murmurou e eu o encarei, com os olhos cheios d'água, incapaz de imaginar outra situação na qual eu estaria mais feliz do que essa. Sem pensar duas vezes, o agarrei num abraço apertado, para acreditar que tudo aquilo era real e que ele realmente estava ali, me dizendo que retribuía o que eu sentia.
sorriu e passou a mão na minha cabeça, afastando meus cabelos do rosto. Abraçar ele era uma das melhores coisas na face da Terra, seus braços grandes envolvendo o meu corpo, a temperatura de sua pele em contraste com a minha. Chegava a ser difícil de descrever o quanto aquilo fazia bem para mim.
- Vai, se arruma. Eu preciso fazer uma coisa. - pulei da cama, totalmente animada em lembrar de algo que passou rapidamente pela minha cabeça, enquanto me olhava sem entender nada.
Desci as escadas correndo, corri os olhos pela sala e sorri avistando o telefone sem fio numa mesinha de canto. Disquei o número tão conhecido e esperei que ela não estivesse planejando minha morte nesse momento.
- Alô? - respondeu, com a voz totalmente embargada pelo que deu para ouvir. Olhei rapidamente em volta, tentando achar um relógio e descobri ser onze e meia da manhã, ela provavelmente estava dormindo.
- , sou eu... - falei baixo. Ela ficou em silêncio e eu me apressei em responder - , me desculpa por aquilo ontem, não foi a minha intenção, eu só queria atingir o e...
- Tá tudo bem, . Eu não liguei. - ela me interrompeu e eu franzi o cenho imediatamente. Como assim não tinha ligado?
- É sério, . Aquilo foi por uma boa razão. - retruquei, me sentindo totalmente culpada por ela estar puta comigo agora.
- Eu já disse que está tudo bem. Você está com ele agora, não é?
- Bem... estou sim. - senti minhas bochechas queimarem de vergonha e ouvi soltar uma gargalhada do outro lado da linha.
- Que bom, fico feliz por você. - ela disse e eu sabia que estava sendo sincera. E isso tirou um peso enorme das minhas costas.
- Obrigada. - sorri para o nada, mais feliz do que qualquer outra pessoa na história do universo. Exagerada, eu sei.
- Mas você não está mais feliz que eu. - falou e eu ergui as sobrancelhas, tentando entender porquê ela falava isso.
- Hmm, qual o motivo?
- Depois eu te conto, tenho que voltar pra casa.
- Ahn? E onde você está? Pensei que você tivesse acordado agora. - continuei com a cara de idiota sem entender nada e ouvi o risinho baixo dela.
- E eu acordei agora. Estou na casa do .
- O QUÊ? EXPLICA ISSO DIREITO, ! - gritei. Lógico que gritei, afinal, que outro poderia ser a não ser aquele que ela amava? Ai meu Deus.
- Ai, fala baixo, . Sim, estou na casa dele. Sim, nós ficamos. E sim, depois eu te conto tudo e você me conta tudo, que tal?
- Ótimo! Estou tão feliz por você, amor. - senti meus olhos enchendo d'água com o que eu acabara de ouvir. Eu era tão emotiva, chorava à toa. Ok, eu tinha vários motivos dessa vez.
- Também estou feliz por você. - respondeu, me fazendo abrir um sorriso imenso. Era estranho tudo dar certo assim, tão de repente.
- Até mais tarde. Te amo.
- Também te amo! - disse e eu desliguei o telefone, correndo para as escadas e saltando os degraus de dois em dois.

Cinco minutos depois estávamos vestidos e eu o puxei quarto a fora sem prestar atenção em nada em nossa volta.
Saímos correndo, com a mão de entrelaçada à minha e fechei os olhos rapidamente com a claridade ao abrir a porta. O sol brilhava no céu praticamente sem nuvens e pude notar uma grande quantidade de pessoas na rua, algumas caminhando com crianças no colo, outras com seus animais de estimação. Não sei se era porque eu era a pessoa mais feliz naquele momento, ou tudo parecia mais colorido e animado naquele lugar.
Eu podia ser tão melosa e clichê quando eu queria.
Mas seja o que for, à partir daquele dia eu nunca mais precisaria ter vergonha da pessoa que eu amava e teria orgulho de dizer que ele era somente meu. Ele estava ali ao meu lado e não havia nada que me faria mais feliz do que isso.
Parei no meio do caminho e me posicionei em sua frente, forçando a vista contra o sol que insistia em bloquear minha visão. Sua expressão confusa permanecia em seu rosto e eu sorri com a carinha fofa que ele fazia.
Fiquei na ponta dos pés e segurei em seu rosto, beijando sua boca logo depois. imediatamente colocou a mão em minha cintura, me puxando para perto de si. Eu queria mostrar para todos que ele era alguém que fazia parte da minha vida. Que fazia e que faria parte de muitas outras coisas se dependesse de mim. E sei que dele também.
Eu não precisava esconder meus verdadeiros sentimentos. Eu me sentia tão bem que poderia espalhar minha felicidade para todos.
Eu não estava mais sozinha. Eu não precisava mais desesperadamente gritar no silêncio.
Ele estava ali comigo.



FIM



n/a: Oee, nem sei o que escrever aqui, a fic ficou um pouco maior do que eu esperava ._. Mas espero que vcs gostem o/
Os títulos representam cada cena diferente na fic e as músicas, pra quem quiser ouvir, estão nos links na tradução embaixo dos trechos.
Well, thanks a minha irmã idiota que gostou da capa da fic e disse que ia ler e eu disse à ela que não, pq ela so tem 13 anos. Afinal isso aqui foi uma tentativa de uma restrita rs
Anna amor meu, que me encheu o saco todo santo dia pelos trechos da fic. Mike nasceu, amor. Supere essa ;x
Ivinne que tbm leu isso aqui antes e deu ataques por causa de dono Pelle hehe. Ah brigada Nathy, Dany e Isa também. Elas sabem o qto eu sou insegura rs
E thanks geraaal, só de ler issozinho aqui já me deixa feliz, se comentarem melhor ainda \o/ Espero meeeesmo que gostem :D
Beijos :]


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