Escrito por: Giovanna | Betado por: Ane Vieira (Até o capítulo 11) | Lara Scheffer (Capítulo 12 em diante)




Epílogo: Há um tempo ela confiava em todos, confiava cegamente, achava que ninguém nunca iria decepcioná-la ou magoa - lá, que eles só queriam seu bem. Todos só queriam vê-la feliz.
Achava que confiança existia e que devíamos confiar em todos para vivermos bem, mas ai vem à vida e te dá um banho de realidade, mostra que nem tudo é perfeito ou cor-de-rosa. Mostra que quanto mais você vive, mais coisas você perde, ninguém mais limpa suas lágrimas quando você chora e ninguém realmente vai "estar lá" quando você precisar. Pessoas sempre vão te magoar. A vida lhe mostrou que não devemos confiar em ninguém porque confiança não existe que os seres humanos são capazes de qualquer coisa, inclusive te machucar.



Capítulo 1;

- Estou indo ao parque, você não quer ir querida? – Ashley perguntou de um jeito maternal a filha que estava sentada em frente à penteadeira encarando o espelho.
Ela balançou a cabeça negativamente ainda encarando o espelho, a mãe sentiu-se mal por ter pedido as esperanças de ver a filha falar, não que tivesse algum problema de voz e coisa tal, só não falava, não tinha vontade de falar, ninguém entendia o porquê. – Você não vai falar nada não é? Não vai me responder como uma pessoa normalmente responderia, usando a voz, não é mesmo?
Ela não respondeu e começou a bater os pés incessantemente. Ashley saiu do quarto da filha sentindo-se derrotada. Encarava seu reflexo no espelho, viu que estava magra e pálida, tudo bem que sempre fora assim, mas estava mais do que o normal. Porém antes tinha uma aparência saudável, não era como é hoje em dia, um cadáver vivo, irônico é eu sei. Ela era quase invisível aos olhos dos outros.
Num ato de revolta tacou a escova em que penteava seus cabelos incrivelmente pretos e lisos no espelho, fazendo-o rachar.
Levantou-se e foi até o rádio colocando para tocar o CD do Linkin Park. Easier to run começou a tocar.
Detestava silêncio, já bastava o silêncio que a vida dela havia se tornado.
Pegou as tintas no armário e sentou-se de frente para a tela desejando que sua vida fosse como suas telas. Em branco. Podendo mudar e recriar o seu belo prazer. Que assim como suas telas, a sua vida fosse como ela queria, que pudesse simplesmente apagar os meses passados. O acontecimento passado.
Então, como um relâmpago, tudo lhe veio á mente. Tudo que mais queria esquecer, nem que fosse por um dia, um momento, um minuto.


Flashback

- Vamos . Vai ser legal.
- Não sei não, to com um pressentimento ruim.
- Ah, pára . Já fomos a festas bem mais barra pesadas que essa. O que poderia acontecer de ruim?


End Flashback

soltou um riso sem humor, quase sombrio.
- O que poderia acontecer de ruim?- repetiu para si mesma, as palavras da amiga.
Estranhou um pouco sua voz, afinal já quase não falava, só quando estava sozinha, coisa que nunca acontecia. Sua mãe era típica mãe coruja, logo, tentava protegê-la. Principalmente dela mesma, .
Quando abandonou um pouco seus pensamentos, se deparou com sua própria tela. Uma árvore. A mesma de sempre. Não se passara um dia em que não houvesse pintado ou desenhado, tanto que se tornara automático para ela, tal como respirar.


Seu despertador começou a tocar irritando-a. Jogou o edredom para o lado oposto em que estava e foi tomar um banho.
Quando se encontrava já vestida e de banho tomado, desceu as escadas indo em direção a cozinha, mas parou no quinto degrau da escada ao ouvir as vozes de seus pais falando algo sobre ela.


- Estou muito preocupada , ela não fala nada a meses, só quer saber de escutar música e pintar, suas notas na escola caíram. – o rosto da mãe era bem cansado e preocupado.
- Eu acho que ela quer é chamar atenção. – Robert, seu pai, sempre fora grosso e insensível. Típico homem machista que acha que quem manda nada casa é o homem e a mulher tem que cuidar da casa. Mas ela não o culpava, ele fora criado no interior por um pai também machista e uma mãe típica dona de casa que sofre calada.
- Ele não sabe de nada, isso sim! Velho machista! – falou em pensamente, mas olhou para os lados com medo que alguém ouvisse, mas lembrou-se que não havia emitido som algum, havia apenas pensado.
Passara tanto tempo só pensando, sem falar nada que quando pensava em algo achava que estava falando, por isso tinha medo que alguém a ouvisse, ela poderia acabar contando algo que não deveria, algo que tem que ser enterrado.
Desceu as escadas fazendo seus pais a encarem assustados, com medo de ela ter escutado algo que não devia
- Filha, q-quer tomar café? F-Fiz torta de limão como você gosta – Ashley tentou um sorriso, mas fracassou, saiu mais para uma linha reta. negou com a cabeça, estava realmente sem fome e atrasada. Saiu rapidamente de casa antes que sua mãe a obrigasse comer.


Foi até a garagem e entrou no seu carro preto, dando partida em seguida. Era incrível como conhecia aquela cidade tão bem, como passou tantos momentos bons naquela cidade, como tem tanta história naquele lugar, mas parece que elas estão mortas, foram enterradas, junto dela, porque para ela estava morta, ela vivia apenas por viver, não por ser feliz. Felicidade, palavra que ela não sabia mais o que significava.
Alguns poderiam falar que ela é dramática demais, mas ninguém além dela mesma poderia decidir o que ela é ou não, só ela sabe o que passou, só ela sabe a que ponto está sendo dramática, só ela sabe a dor que sente, só ela sabe o quanto é ruim ficar calada e sem proteção.


Estacionou o carro no estacionamento da escola. Pegou sua bolsa e saiu do carro indo em direção ao portão de entrada.
Vários rostos estavam lá, conversando e rindo, a maioria olhando para ela como se fosse uma estranha, uma maluca. A maioria deles eram conhecidos, alguns deles foram seus grandes amigos, seus melhores amigos, mas a abandonaram por um motivo idiota, a abandonaram quando ela mais precisava deles, só porque ela quis se proteger. Mas eles não entendiam, não fizeram nem um esforço pra compreender.
Andou rapidamente até sua sala antes que perdesse a coragem e voltasse correndo para casa como uma criancinha faz quando vai ao primeiro dia de aula, era assim que ela se sentia, uma criancinha, uma criança que precisava de proteção, mas que ninguém nunca lhe deu.


Chegou à sala e percebeu os olhares que lhe lançavam e as piadinhas que faziam ao seu respeito. Foi até o fundo da sala e sentou-se na última carteira, longe de todos, abriu sua bolsa e começou a desenhar. A árvore.


- Quem é ela? – um menino do outro lado da sala perguntou para Josh apontando discretamente para , Josh ex-amigo dela.
- É a , ela é meio autista cara. Alguns meses atrás era linda, legal e tinha muitos amigos, mas ai foi para uma festa com a gente e chamou a polícia. Ninguém entendeu o porquê e ficamos chateados com ela porque acabou com a nossa festa, mas ai a garota enlouqueceu e parou de falar com todo mundo, não participa mais de nada, só desenha e pinta uma árvore ai. Ela ta estranha, feia, mudou muito, ta ficando pirada, isso sim. Escuta que eu estou te falando, não perca seu tempo falando com ela, ela não fala com ninguém, nem com a mãe dela e ainda é maluca. Abre teu olho com ela novato, é perda de tempo – Josh falou para , querendo abrir o olho dele. não entendia o porquê, assim como ninguém entendia. Ele era novo na escola então ficara meio deslocado e sem saber de nada, sentira que ela precisava dele, era estranha essa sensação. Não era aquilo de amor a primeira vista, só era um carinho. Ele queria ao menos saber o porquê dela ser assim e tentar ajudá-la a melhorar, não era normal uma pessoa mudar do nada. Não acreditara no que Josh disse que era louca, não queria acreditar nisso.
- Bom dia classe – o professor de biologia falou assim que chegou a classe. – Hoje vamos fazer um trabalho em dupla, vou escolher.
- Professor nós não podemos escolher não? – Lindsay um loira falou. Ela era melhor amiga de , mas parou de falar com ela pelos mesmos motivos que os outros.
- Não Lindsay, não podemos. Bom, vamos lá. – ele pegou alguns papéis e foi abrindo – Anne e Claire, Josh e Steve, Lindsay e James – ele fazia o sorteio enquanto os alunos começavam a juntar-se com a dupla não prestava atenção no que o professor falava, estava muito concentrada desenhando sua árvore. Já estava concentrando nos movimentos dela, no rosto dela, nos olhos absurdamente azuis dela que estava fixos na folha, ele riu por ser achar tão idiota a ponto de ficar babando por uma garota normal e que ele nem sequer conversara. – e . – um sorriso largo apareceu nos lábios dele, ficou feliz em saber que teria a chance de falar com ela. Ela continuava indiferente, pintando sem importa-se ou não se iria fazer trabalho com alguém. A turma inteira os encarava surpresos. – Bom, gente, todo mundo fazendo o trabalho.


foi até a mesa de e sentou-se ao seu lado, ela continuava imóvel desenhando ignorando o fato de que ele estava sentado ao seu lado esperando alguma reação dela.
- Então... Sou – ele tocou a mão dela querendo cumprimentá-la, mas num ato para proteger-se ela tirou a mão rapidamente. Ele ficou a encarando sem graça, sem entender o porquê de ela ter feito aquilo. – Desculpe. Você deve né? – sorriu timidamente para ela, mas ela ainda o ignorava e continuava desenhando. – Bom, acho que eu que vou ter que fazer o trabalho sozinho. – falou mais para si mesmo do que para ela, mas ouvira.

Ficaram praticamente a aula inteira quietos, ela desenhando e ele fazendo o trabalho. Vez ou outra ele a olhava de esguela, mas ela percebia, preferia fingir que não via, mas na verdade via. Estava começando a ficar incomodada com os olhares curiosos que ele lançava a ela, a presença dele estava a incomodando, como ninguém havia conseguido há meses, ele conseguia somente num dia. Isso estava irritando-a, ela estava tensa e ansiosa para bater logo o sinal.
Para a sua sorte o sinal bateu fazendo-a dar um pulo da carteira e guardar seu caderno. Ele a encarava incrédulo, sem entender nada.


- Sim, meu nome é – ela falou num sussurro torcendo para que ele não tivesse escutado, mas ele havia escutado e sorriu por saber que ela havia falado com ele. Logo ela que não falava com ninguém resolver falar com ele, isso o deixou satisfeito, feliz e surpreso pela atitude dela. Imprevisível

Capítulo 2 ;

- O que você achou do... Qual o nome dele mesmo? – andavam em círculos e balançava as mãos. De repente parou e encarou a cama, o que para alguns não havia ninguém, para ela tinha e via claramente.
- , , o nome dele é . – repetia o nome dele com a voz cansada.
- Ah sim, . Então, o que você achou dele? – ela perguntou contente e sentou-se ao seu lado encarando-a apreensiva.
- Eu achei como todos os outros, um mau-caráter. – ela continha um pouco de raiva na voz.
- Mas ele me pareceu ser tão sincero, tão inofensivo. – falava de um jeito inocente.
- INOFENSIVO? – elevou o tom de voz. – Nenhum deles são inofensivos, nenhum deles são sinceros, eles não prestam , não prestam!
- Ele me pareceu ser diferente. – ela tentou convencer não somente a outra com a ela mesma.
- , aprende uma coisa. – ela segurou os braços de e fez ela a encará-la. – Nenhum deles presta, nenhum deles! Você quer passar por aquilo de novo, quer?! – a encarava quieta e assustada. – Responda-me! – ela ordenou sentindo seu sangue ferver de raiva.
- Não, de novo não, por favor! – ela balançava a cabeça negativamente. Só em saber que poderia passar por aquilo mais uma vez deixava-a amedrontada e desesperada, ela não iria suportar, não de novo.
- , estou lhe falando isso porque eu não quero te ver machucada, mais uma vez. – ela abraçou a menina fortemente acariciando sues cabelos. Ficaram um tempo em silêncio, apenas abraçadas.
- , por que você está usando a minha roupa? – ela falou soltando-se do abraço de e a analisando dos pés a cabeça. deu um sorriso sacana.
- Ah, eu achei que essa roupa ficou tão bem em mim. – ela fez pose e um biquinho fazendo Joanna rir de leve.
- Você é tão idiota ! – ela riu da cara de espanto da outra. – Já não basta você ser idêntica a mim, agora vai ficar usando minhas roupas também? Vão achar que somos irmãs gêmeas.


(N/A: Coloquem para tocar Easier To Run – Linkin Park)

It's easier to run
É mais fácil correr
Replacing this pain with something numb
Substituindo essa dor por algo insensível
It's so much easier to go
É muito mais fácil fugir
Than face all this pain here all alone
Do que encarar toda essa dor aqui sozinho


- ! – ouviu a voz de sua mãe gritar do andar debaixo.
- vá se esconder, rápido! – falou desesperada empurrando-a para o guarda-roupa.
- , quantas vezes eu vou-te falar que sua querida mamãe não me vê? Ninguém me vê somente você. – ela falou como se fosse a milésima vez que repetia aquilo. Estava começando a ficar chato aquele mesmo assunto, sempre explicava pra que somente ela a via, mas ela sempre discordava. Não queria acreditar naquilo.
- Na verdade querida , ela finge não ver, qualquer coisa relacionada a mim, ela finge não saber. – deu de ombros e adentrou no guarda-roupa.
- , você voltou a falar minha filha! – Ashley abriu a porta do quarto e correu até a menina tentando abraçá-la, mas ela se afastou e ficou atrás da cama, como se aquilo fosse uma barreira de proteção. Seu sorriso murchou ao ver que a própria filha havia negado seu abraço. – Filha, deixa eu te dar um abraço? Deixa eu te tocar? – ela tentou se aproximar, mas se afastou.
Uma lágrima solitária e tristonha desceu dos seus olhos contornando sua face, deixando ali uma marca de dor. – Desça e tome seu café, você está atrasada. – ela falou rude, aquilo assustou . Ashley já estava cansada daquilo, já estava cansada da palhaçada de com esse charminho de não falar e não deixar ninguém tocá-la. Ela já estava cansada de sofrer por algo inútil, como ela pensava.


Something has been taken
Algo foi tirado
From deep inside of me
Bem do fundo de mim
A secret i've kept locked away
Um segredo que tenho mantido trancado
No one can ever see
Ninguém pode sequer ver
Wounds so deep they never show
Ferimentos tão profundos nunca mostrados
They never go away
Nunca desaparecem
Like moving pictures in my head
Como figuras se movendo em minha cabeça
For years and years they've played
Por anos e anos elas passam


- , você vai agora comigo? – ela perguntou depois de um longo tempo em silêncio em que sua mãe havia saído. Já não estava mais agüentando ter que ouvir seu coração batendo e sentir sua respiração se intensificar cada vez mais.
Então era verdade o que havia dito? Ninguém além de , a via? Não podia ser, ela via tão claramente e conversava com ela, os outros também deveriam fazer o mesmo. Não era possível ela tocar, conversar e ver algo irreal, não podia ser somente ela a olhar aqui.
Uma parte dela acreditava naquilo, outra queria simplesmente ignorar. Talvez seja mais fácil encarar nossas próprias mentiras do que nossas verdades, porque a verdade nem sempre é do jeito que queremos. Talvez seja mais fácil enganar a nós mesmo dizendo que está tudo bem, mesmo sabendo que não está. Para pessoas como ela era mais fácil ficar em silêncio e agüentar tudo calada.
- Não, esqueceu que você não queria que ninguém me visse? Mesmo que eu já tenha lhe falado várias vezes que somente você me vê. – ela falou num tom de provocação saindo do guarda-roupa, deitou-se na cama e encarou o teto.
- Não irei discutir sobre esse assunto, tchau. – ela saiu do quarto batendo a porta com força. Já estava cansada daquele mesmo assunto, era tão teimosa.


If i could change i would
Se eu pudesse mudar eu o faria
Take back the pain i would
Tirar a dor eu tiraria
Retrace every wrong move that i made i would (2X)
Refazer cada passo errado que eu dei, eu faria
If i could
Se eu pudesse
Stand up and take the blame i would
Ficar e levar a culpa eu o faria
If I can take all the shame to the grave i would
Se eu pudesse levar toda a vergonha pra sepultura eu o faria


Desceu as escadas ouvindo seu tênis surrado batendo contra o a escada, Viu sua mãe sentada no sofá. Sua mãe sentada no sofá vendo TV, sua respiração estava acelerada, seu rosto estava vermelho e inchado. Saber que sua mãe havia chorado por causa dela doía. Mas ela não poderia fazer nada, ela não tinha culpa por não confiar em ninguém, quer dizer, por somente confiar em , que é a única que a protege e a compreende. Sua mãe nem sequer percebia que ela também sofria? Que ela não gostava de passar por isso? Que queria que tudo fosse como antes? Ela poderia ao menos tentar entender o porquê disso tudo. Ela não queria falar, tinha medo que dissesse algo que nunca deveria ser dito ou lembrado, mas que infelizmente ela se recordava todo dia. Acredite, passar por aquilo doía mais nela do que em qualquer pessoa.
- Você vai comer algo? – estava andando em direção a porta para sair daquela prisão, mas parou ao ouvir a voz seca de sua mãe. Ela continuou parada sem responder nada.
Ashley ainda tinha esperanças que ela dissesse pelo menos um ‘sim’ ou ‘não’, no lugar disso ela bateu a porta, deixando ali duas respostas. Não, ela não iria comer, ela não iria falar.
It's easier to run
É mais fácil correr
Replacing this pain with something numb
Substituindo essa dor por algo insensível
It's so much easier to go
É muito mais fácil fugir
Than face all this pain here all alone
Do que encarar toda essa dor aqui sozinho


Quando colocou os pés para fora sentiu uma onde de paz invadir seu corpo, limpando ali qualquer vestígio de dor e medo, deixando somente a paz ali dentro. O dia estava lindo e ensolarado, o sol estava machucando seus olhos, mas não se importou com isso. Resolveu ir de bicicleta dessa vez, queria sentir o calor do sol, o vento gostoso batendo na sua pele. Aquele era um momento único para ela, um momento só dela, era naquela hora, às sete horas da manhã de quarta-feira em que pela primeira vez depois de alguns meses, ela finalmente sentiu-se livre. Sem ter que se preocupar se ela havia dito algo que não deveria.
Mas infelizmente essa felicidade durou pouco, ao chegar à escola e começar a ouvir vozes que causavam arrepios e embrulhava seu estômago.


Sometimes i remember
Às vezes me lembro
The darkness of my past
Da escuridão de meu passado
Bringing back these memories
Trazendo de volta essas memórias
I wish i didn't have
Que eu desejava nunca ter
Sometimes i think of letting go
Às vezes penso em deixar
And never looking back
E nunca olhar para trás
and never moving forward so
Porém nunca seguir adiante
there'd never be a past
Nunca haveria passado


- ! – ouviu uma voz conhecida chamar seu nome e estranhou, afinal não era um fato comum alguém querer falar com ela. Ignorou a voz, iria ser inútil ela ver quem era sabendo que não iria falar com a pessoa mesmo.
Estava a indo em direção a sua sala, mas foi impedida por um par de mãos nuas e suaves segurando levemente seu braço. Ela puxou o braço abruptamente impedindo qualquer contato entre eles. Virou e encarou o dono daquela voz e mãos. O insistente . – . – ele falou num sussurro, tinha um sorriso débil no rosto e um brilho no olhar. o encarou com dúvida nos olhos e pode perceber que ele estava numa roda de ‘’amigos’’. Norah, David, Kim, Josh e Lindsay, seus ex-amigos encontravam-se nessa roda. – Tudo bem? – ele perguntou animado olhando-a intensamente sem deixar de reparar na sua beleza exótica. Ela continuo em silêncio, mas agora entediada. Aos poucos o sorriso dele foi sumindo e a decepção tomou lugar da animação. Risinhos abafados eram ouvidos dos outros que estavam na roda.
- Eu te avisei , falei que ela não iria falar. Ela é simplesmente uma mudinha. – Kim aproximou-se de abraçando-o pelos ombros com um sorriso incrivelmente lindo e provocativo, chegava a irritar. As risadas passaram a ser escandalosas, achava que iria defendê-la, que iria falar para Kim que ela não tinha o direito de falar assim dela. Porém a única coisa que ele fez foi ficar parado encarando-a sem expressão, sem falar, nem fazer nada, deixando somente Kim com seu sorriso e agarrada ao seu ombro.
parou de encarar e passou a olhar fixamente para o casal Lindsay e Josh, que estavam abraçados. Ficaram se encarando brevemente, Josh e Lindsay a olhavam sem entender. focou seu olhar em Lindsay, tentou lhe alertar em relação à Josh. Seu olhar dizia: Cuidado! Ele vai quebrar seu coração. Por mais que ela achasse que Lindsay merecesse aquilo, não queria deixar Josh se dar bem mais uma vez. Esperava que Lindsay entendesse o que ela queria falar.

If i could change i would
Se eu pudesse mudar eu o faria
Take back the pain i would
Tirar a dor eu tiraria
Retrace every wrong move that i made i would
(2X) Refazer cada passo errado que eu dei, eu faria
If i could
Se eu pudesse
Stand up and take the blame i would
Ficar e levar a culpa eu o faria
If I can take all the shame to the grave i would
Se eu pudesse levar toda a vergonha pra sepultura eu o faria


Virou-se para sair daquela roda de cobras que tentavam envenenar contra ela, mas não se importava com esse fato. Pode perceber que ele ainda a encarava com uma expressão indecifrável, ela ignorou não somente ele como todos os outros presentes, tendo ali uma certeza de que era como todos os outros, merecia ser ignorado.
Entrou na sala e sentou-se no lugar de sempre. Não havia ninguém na sala, somente ela. Como era de se esperar, começou a desenhar uma árvore. O que era mais incrível era que a árvore era da mesma forma, lembrava claramente dela. Mas como se esquecer de algo que foi testemunha de um pesadelo?
- Bom dia alunos. – o professor chegou, nem se dera conta de que a sala já estava cheia. Ignorou a presença do professor, assim como ignorava a dos outros.
O professor explicava algo relacionado a matéria, mas ela achava inútil demais para prestar atenção. Ele falava e falava, porém sua voz parecia distante. Acabou sendo interrompida de seus pensamentos quando alguém puxou brutalmente a folha em que desenhava fazendo ela acidentalmente deixar um rabisco na folha.


Just washing it aside
Apenas lavando
All of the helplessness inside
O desamparo profundo
Pretending i don't feel so misplaced
Fingir que não estou fora do lugar Is so much simpler than change
É muito mais simples que mudar


Tomou um susto tão grande que quase caiu da cadeira. Olhou para cima e pode perceber que o professor de física estava parado a sua frente com um sorriso diabólico nos lábios e a folha dela em suas mãos gordas e enrugadas. Aquilo a deixou atormentada.
- A minha aula não é de artes e sim de física. – falou cada palavra pausadamente. – Eu... – rasgou um pedaço de folha olhando fixamente para ela. – Não quero... – rasgou outro pedaço, os olhares de todos estavam presos neles. – Saber de você... – outro. – Desenhando. – mais um. Pegou os pedaços da folha e jogou tudo no rosto dela que o encarava entediada, achava patética demais aquela ceninha dele. Não havia mais surpresa e nem medo nos seus olhos, isso o deixou mais irritando ainda.
Ele a pegou pelo braço, apertava tão fortemente os mesmos que ela quase não sentia seu sangue circular.
- O que você aprendeu na minha aula, querida ? – ele falou num tom irônico.
Tentava inutilmente soltar-se das mãos do professor, não que deixar que ele encostasse suas mãos imundas nela, não queria deixar ninguém encostar as mãos nela, somente . Mas ele era bem mais forte que ela, não a soltava. – Diga-me querida, o que aprendeu na minha aula? – a cada palavra dele, sentia vontade de vomitar e gritar. Os olhos daquele professor baixinho e gordinho queimavam de raiva.
A sala inteira olhavam para eles, inclusive . o encarava suplicando por uma ajuda, tentava pedir socorro através do olhar, mas ele nada fez, continuou imóvel.
- Você está proibida de colocar os pés na minha sala enquanto não voltar a falar e parar de desenhar essa árvore inútil. – suas palavras transbordavam raiva. – Sai da minha sala agora! – ainda segurando o braço dela, pegou suas coisas e arrastou até a porta junto com as coisas dela, como se ela fosse uma qualquer, como se não merecesse respeito algum.


It's easier to run
É mais fácil correr
Replacing this pain with something numb
Substituindo essa dor por algo insensível
It's so much easier to go
É muito mais fácil fugir
Than face all this pain here all alone
Do que encarar toda essa dor aqui sozinho


Pegou suas coisas e saiu de lá, não iria assistir mais aula nenhuma, iria para casa, já estava farta de ser humilhada. Subiu na sua bicicleta e saiu daquela escola; aproveitou que não tinha ninguém no portão de trás e pedalou rapidamente.
O que a deixava intrigada era o fato de ninguém se preocupar com ela, não que tivessem obrigação, poderiam pelo menos ter consideração. Eles não ficavam ao lado dela, não davam o apoio que ela precisava. Nem mesmo sua própria mãe era capaz de fazer isso. Para eles era mais fácil simplesmente julgá-la por ter chamado a polícia para uma festa inútil em que eles nem sequer sabiam o que estava acontecendo. Ela deu uma risada sarcástica. ‘Eles nunca sabem’ Repetiu para si mesma.


Its easier to run
É mais fácil corer
If i could change i would
Se eu pudesse mudar eu o faria
Take back the pain i would
Tirar a dor eu tiraria
Retrace every wrong move that i made
Refazer cada passo errado que eu dei


Entrou na garagem de sua casa e jogou a bicicleta num canto, correu até a porta de entrada. Sua mãe estava na cozinha e assim que ouviu um barulho de alguém subindo as escadas correndo, foi até a escada com seus passos precisos e urgentes e viu .
- , o que faz aqui a essa hora em casa? – correu até a menina, mas ela foi mais rápida e se trancou no seu quarto, o seu refugio.
Quando entrou no seu quarto esperava que ali ela encontrasse a paz, mas não encontrou. Tudo o que encontrou foi sentimentos de meses passados, a angústia, medo. Tudo que ela lutou e continua lutando para não voltar à tona. Mas ele continua voltando, quanto mais ela luta, mas ele vence, mesmo que ela ignore isso. Ainda não havia superado, não se acostumou com a dor e as recordações... Não se preparou para isso.
Lentamente foi escorregando até o chão, encostou a cabeça na porta e começou a chorar, sua visão estava embaçada devido às lágrimas cruéis e frias que rasgavam seu rosto, revelando ali uma menina frágil. Um soluço escapou dos seus lábios fazendo ela mesma se assustar com a altura do som, era alto demais.
Cadê nessas horas? Para lhe abraçar, passar conforto e segurança? Sentiu alguém a abraçando pelo ombro, passando ali um conforto que ela queria.
Porém havia algo que havia se esquecido. era como um anjo, sempre que precisava, não importava a hora e muito menos o lugar, ela estava lá, para ajudá-la.


It's easier to go
É mais fácil correr
If i could change i would
Se eu pudesse mudar eu o faria
Take back the pain i would
Tirar a dor eu tiraria
Retrace every wrong move that i made i would
Refazer cada passo errado que eu dei, eu faria
If i could
Se eu pudesse
Stand up and take the blame i would
Ficar e levar a culpa eu o faria
If i could take all the shame to the grave
Se eu pudesse levar toda a vergonha pra sepultura.

Capítulo 3;

O sol invadiu seu quarto iluminando aquele ambiente sombrio. A luz batia no seu rosto sem pedir permissão, tentou ignorar o sol batendo no seu rosto, mas foi em vão. Aquilo já estava deixando-a incomodada. Remexeu-se na cama e cobriu a face com o edredom evitando que a luz batesse no mesmo. Sentia seus olhos pesados, não era por causa do sono e sim por causa das lágrimas do dia anterior.
- , levante, vocês tem escola. – ouviu a voz calma de lhe chamar. Sentiu suas mãos suaves acariciarem seu rosto, tirou alguns fios de cabelo que caíam na sua face. resmungou algo indecifrável e virou para o lado ficando de frente para o joelho de . – Não seja teimosa. – abriu os olhos lentamente e encarou os olhos azuis de . Às vezes ela parecia ser sua mãe. tinha um olhar amargurado, sem algum sinal vital. Olhou atentamente para , ela compreendeu o que queria dizer. Ela estava com medo. – Você consegue você é corajosa! – acariciou levemente a mão dela dando-lhe um sorriso encorajador, os olhos de começaram a lacrimejar. limpou rapidamente antes que escorresse. – Não chore, por favor.
- Você está certa. – jogou o edredom pro lado e levantou-se, foi até o banheiro sobre os olhos atentos de .
Entrou no banheiro e tirou a roupa calmamente, as colocou no cesto e adentrou no Box.
Assim que ligou o chuveiro e a água quente bateu na sua pele, sentiu seus músculos relaxarem. Ficou um bom tempo parada debaixo d’água, por ela ficaria mais, a sensação de estar tranquila a deixava bem. Não pode ficar mais, sua mão havia aberto a porta do banheiro sem nem pedir permissão; se assustou.
- ! Você não me ouviu lhe chamar? – Ashley perguntou preocupada. tentou se cobrir com os braços, porém aquilo não tampou seu corpo que estava exposto.
Olhava atônita para a mãe, sem entender a reação que ela tivera, Ashley nunca fizera isso durante os 17 anos da filha. Porém o que não sabia é que sua mãe só entrou daquela forma no banheiro porque estava com medo que se matasse. Durante esses meses o maior medo que Ashley tinha de , era a capacidade de tirar sua própria vida. – Eu estava te chamando faz um tempo e batia na sua porta, mas parece que você não me ouviu. O que aconteceu? – perguntou olhando para a menina que ainda estava debaixo d’água tremendo dos pés a cabeça. Esperou que ela fizesse algum gesto, já que sabia que ela não iria falar. Porém nada ela fez, continuou a encarar sua mãe e abraçada ao seu corpo. Ashley entrou no Box e rapidamente foi para um canto, ficou encolhida ali mesmo. Ashley bufou, as vezes a reação de era um tanto quanto infantil.
Desligou o chuveiro e parou em frente à filha, apertou mais ainda os braços ao redor do corpo. – Eu não mordo . – falou docemente chegando mais perto da filha.
Por um momento pensou em abraçar sua mãe, em deixar tocá-la. Aproximou-se mais um pouco e pode ver que Ashley abrira um sorriso, mas quando ouviu a voz de ecoando na sua cabeça, dizendo que ela não poderia confiar, andou para trás e escorregou até o chão. Já não sentia mais frio. – Você é patética! – ouviu a voz de sua mãe gritar e em seguida o barulho da porta batendo com força.
Ela parecia um animal indefeso, com medo, atormentada, mas aquilo já não era mais novidade para ela.
- Vamos , você vai se atrasar. – estava tão absorta nos seus pensamentos que nem se dera conta de ouvir a porta se abrindo novamente. Levantou seus olhos e viu segurando uma toalha, levantou-se e pegou a toalha das mãos da amiga, logo saiu do Box e andou até seu quarto com no seu encalço. Era bom tê-la como amiga.
Sentou-se na cama ainda enrolada na toalha, seus cabelos pretos lisos pingavam no lençol branco da cama. foi até o armário e tirou de lá um blusa lilás, uma calça justa preta e um all star roxo. Entregou a roupa a , a menina encarava a peça de roupas em suas mãos, maravilhada.
- Nossa! Faz tanto tempo que eu não uso essa roupa. – passava as mãos pela peça. sentou-se ao seu lado e sorriu.
- Eu sei, o que você acha de largar um pouco aquela calça larga e um pouco do preto? Parece até que você está de luto. – a encarou por um momento, talvez ela esteja certa.
- Tudo bem. – respondeu simplesmente e um pouco contente, estranhou esse fato. Pegou a roupa e a colocou, colocou também sua roupa íntima. Secou o cabelo e o penteou.
- Estou pronta. – compreendeu o que ela havia dito, aquilo não foi um ‘’, já coloquei minha roupa’’ e sim um ‘’ , já me enchi de coragem’’
- Você não vai comer nada? – perguntou com a sobrancelha arqueada.
- Não. – deu de ombros.
- Você está magra demais. – observou o corpo da menina e percebeu que ela encontrava-se num estado quase critico.
- Como se alguém fosse prestar atenção no meu corpo. – sua voz era carregada de sarcasmo. – Estou indo, beijos. – saiu rapidamente do quarto antes que começasse com seu discurso de que ela vai morrer se não comer e blá blá blá.

Desceu correndo as escadas, estava atrasada. Estranhou o fato de a casa estar silenciosa, já que hoje era a folga do seu pai, bom, eles devem ter ido ao supermercado ou algo do tipo.
Entrou no carro e o ligou, dirigiu até a escola. Assim que estacionou o carro, desceu rapidamente do mesmo e andou apressadamente para a sua sala. Desviava das pessoas como se fosse uma bailarina, seus passos eram graciosos e pareciam ensaiados. Ensaiados para fugir das pessoas.
Entrou na sala de aula e avistou o professor de artes.
- , querida. Entre, por favor. – Dave, o professor como sempre amigável, falou com . Porém, diferente das outras pessoas, ele não esperava uma resposta. Em tão pouco tempo ele já compreendia o silêncio dela, mesmo que não saiba o motivo. Deu um levo aceno com a cabeça e foi até o seu lugar, no fundo da sala. Sentou-se na cadeira onde em frente estava uma tela branca. Pode sentir os olhos atentos de sobre qualquer movimento que ela fazia.
- Eu queria que vocês desenhassem algo relacionada à vida de vocês. – Dave disse aos alunos. Eles começaram a desenhar o que professor havia pedido. Seria inútil demais falar o que eles desenhavam, já que a grande maioria eram desenhos fúteis. começou seu desenho.
Enquanto desenhava sentiu um papel voar e parar no seu colo, largou o lápis num canto da mesa e pegou o papel.
‘’Preciso falar com você, encontre-me no intervalo. Xx, .’’ Amassou o papel com força e olhou para o lado, ainda a encarava, imóvel. Levantou-se e foi até a lixeira, sentindo suas costas pesarem sobre o olhar de . Jogou o papel ali e sentou-se novamente na sua cadeira, voltando a desenhar.
Se o professor queria que ela desenhasse algo relacionado a sua vida, ela conseguiu.
Quando pintava ou desenhava, colocava todos os seus sentimentos para fora, tudo aquilo que estava guardado num quarto escuro onde ela via somente uma árvore, sentia um toque, ouvia seu choro abafado. Pintar era uma terapia para ela, era um calmante.
Todos já haviam terminado seus desenhos, o professor passava de mesa em mesa avaliando os trabalhos. Sentiu uma respiração quente batendo no seu braço, não pode evitar que um tremor passasse pelo seu corpo. Virou o rosto brutalmente e viu o professor ao seu lado, encolheu-se na cadeira.
- Desculpe. – ouviu a voz de o professor soar constrangida. sempre gostara daquele professor, principalmente da sua voz. Ela era doce e sincera ao mesmo tempo, uma das coisas que mais reparava nas pessoas, era a voz e o olhar. Para ela aquilo dizia como era as pessoas, verdadeiramente. – Já terminou? – assentiu com a cabeça. Dave abriu um sorriso. – Posso ver? – virou a tela para o professor. Quando analisou o desenho, foi inevitável sua expressão mudar para surpresa. Aquele desenho expressava muitas coisas, mas somente duas pessoas eram capazes de compreender. , a primeira pessoa. A segunda ninguém sabia quem era, nem mesmo , ela só tinha uma desconfiança. – Isso é magnífico! – sua voz era empolgada, observou atentamente o desenho de , uma mão, uma árvore, uma festa, uma menina, pessoas rindo da menina que por sinal chorava um rio de lágrimas misturadas com sangue, abaixo dela.
O sinal havia batido interrompendo Dave de lançar mais um comentário a respeito do desenho de . Despediu-se formalmente da turma, antes de sair da sala, lançou um olhar de pura satisfação a . Outro professor entrar na sala. Outra aula começara.

Andava silenciosamente (não que isso fosse alguma novidade) até o refeitório. estava a sua espera, mas ela não iria encontrar com ele, não mesmo. Assim que entrou naquele lugar extremamente barulhento, logo a avistou e caminhou até ela.
- . – ignorou a voz rouca de vindo atrás. Odiava quando uma pessoa a chamava pelo apelido sem nem ter intimidade suficiente para isso. Odiava por não conseguir ter raiva de . – ! – ele falou com a voz firme, mas ela ignorou, mais uma vez. – !!! – ele gritou, os olhares de todos os presentes voltaram-se para eles. Porém aquilo não a deteve, continuo a andar. a segurou fortemente pelo braço deixando-a assustada, ela virou-se para ele e tentou tirar as mãos deles de seu braço, em vão. a prensou contra o balcão, ainda segurando seus braços.
- Agora você vai me escutar! – falou entre os dentes. tentava de todas as formas se soltar. Todos os encaravam. se contorcia nos braços de , quase não sentia seu sangue circular de tanto que ele apertava seu braço. – Não adianta tentar se soltar, daqui você não sai enquanto não me ouvir! – sua voz era grave a autoritária. se encolheu nos braços de , já havia desistido. Mas quando abriu a boca e começou a falar, não foi a voz dele que ouviu. Foi a de , dizendo-lhe: ‘’, não seja fraca, não de novo! Faça-o tirar essas mãos imundas de você , tire-as imediatamente.’’ Parecia não ter mais forças, achava que e os olhares diabólicos que lhe lançavam, havia sugado toda sua energia, se é que ela ainda tinha alguma.
‘’Não me decepcione Ouviu novamente a voz de falar. Então tudo voltou ao normal, ela não podia deixar encostar nela.
- ME SOLTA! – gritou desesperada e começou a tacar objetos nele, que se encontravam na bancada do refeitório. – ME SOLTA! – repetia várias vezes a mesma palavra enquanto tacava coisas nele, estava fora de si. – Me solta! – falou num sussurro, assim que se dera conta de que ele não a segurava mais e a escola inteira tinha os olhos fixos nela. Tampou a boca imediatamente quando se deu conta que deixou sua voz escapar. Droga! Ela não devia falar.
Sentiu seus olhos encherem-se de lágrimas, saiu correndo o mais depressa possível. Empurrava todos que apareciam na sua frente. Entrou no banheiro, achava que ali não iria incomodá-la.
Escorregou lentamente pelo chão e deixou que suas lágrimas escorressem livremente pela sua face.
- ? – ouviu a voz de lhe chamar, sua voz estava tranqüila, reconfortante. – ? – repetiu mais uma vez em busca de alguma resposta, mas ficou sem elas. entrou no banheiro e parou a sua frente. Por que às vezes ele tinha que ser tão insistente? Por que ele não agia como os outros, ignorava-a? Por que ele se importava tanto assim com ela?

Capítulo 4;

- ! – ele a chamou novamente, tentando ouvir sua voz querendo achá-la. Ouviu um soluço baixinho e caminhou até onde ia o barulho. Viu sentada no chão, abraçada aos seus joelhos e chorando. Vê-la daquela forma tão acabada, o deixou mal. De alguma forma ele sentia que devia cuidar de , sentia que ela precisava dele.
Sentou-se ao seu lado e a viu abraçar ainda mais forte seu joelho. Sentiu vontade de abraçá-la, de acariciar seus cabelos, mas não queria assustá-la ainda mais. Então ele ficou em silêncio, junto com .
Depois de alguns segundos em silêncio, virou para encará-lo, já não agüentava mais ter que ficar sentindo o olhar dele sobre ela. viu o quanto o rosto – antes pálido – dela estava vermelho e inchado, assim como seus olhos. Ele sentiu vontade de protegê-la, não entendeu o porquê. Talvez seja porque ela sempre fora solitária.
- Está tudo bem Joan, não vou lhe machucar, não vou nem tocar em você. – falou sincero e a encarou, querendo passar um pouco de calma a ela. assentiu com a cabeça e encostou a cabeça na parede, encarou o teto. Engoliu o choro e pensou nas palavras dele. Há uns meses, naquela maldita festa, lhe disseram a mesma coisa e fizeram justamente o que prometeram não fazer. Porém, as palavras e o olhar de , eram sinceros, diferente da outra pessoa – que tinha uma malícia -.
Acreditou nas palavras dele, não sentiu vontade de correr para proteger-se dele. passava uma tranqüilidade a ela que nem mesmo seria capaz de conseguir. confiava nele, sentia que ele também poderia ajudá-la, era algo surreal. Com , sentia que devia arriscar.
- Desculpe. – pediu, com a voz embargada. a encarou com os olhos arregalados. Como assim ela havia pedido desculpas a ele? Como assim ela havia falado novamente com ele?
- V-Você f-falou? – perguntou de um jeito débil fazendo soltar uma gargalhada que ecoou pela sala inteira. riu junto com ela, observou como a sua risada era graciosa e contagiante. Ria sem nenhuma vergonha, com os olhos fechados – parecendo rir também -. Sua risada deslizava por cada cômodo da sala, como se dessa vida ao lugar. – Nunca vi você rindo, devo admitir que você fica ainda mais linda. – falou encantado. sorriu timidamente.
- Obrigada e mais uma vez desculpa, por hoje... Eu fiquei nervosa, ninguém nunca chegou tão perto assim de mim. – mexeu nos seus dedos, evitando olhar para .
- Tudo bem. – pegou na mão de , mas ela a retirou e abaixou a cabeça. – , por que você faz isso? – ela o encarou com uma expressão triste e sombria, então ele compreendeu. não iria dizer o porquê, não agora, ou talvez nunca dissesse.
Ouviram a porta abrir brutalmente, a imagem do diretor apareceu na porta, junto com os pais de e uma mulher de jaleco branco e cabelos pretos soltos.
- , para a minha sala agora! – a voz grossa do diretor ordenou. levantou-se e também, andaram até ele.
Quando aproximou-se o bastante do diretor e ficara cara a cara com ele, pode ler no jaleco da mulher ao seu lado escrito de vermelho: Psicóloga.
- , você fica. Quero somente com os pais dela e a doutora Elisabeth na minha sala. – o diretor falou sério. sentiu medo, medo do que poderia acontecer a , medo de perdê-la.
- Joan, nós podemos ser amigos? – ele perguntou, com ternura e receio. apenas o olhou sem dizer nada. O diretor e seus pais e a moça desconhecida encaravam a cena. reparou nos olhos azuis dela e viu que parecia que eles sorriam, como resposta a sua pergunta.
deu lhe as costas e saiu da sala, sendo seguida por eles.
- Estão vendo? Ela não fala! Suas notas estão caindo cada vez mais, essa menina tem que mudar ou irá repetir o ano! – o diretor falou exasperado. Estava sentado na sua enorme cadeira, e seus pais estavam na sua frente. Ela estava praticamente deitada na cadeira, de um jeito desleixado.
- ! Pare com essa palhaçada e fale já! – seu pai ordenou, com os punhos fechados. Aquela conversa já estava lhe dando dor de cabeça. Queria estar em casa, assistindo futebol e com uma cerveja bem gelada em mãos.
Queria estar longe de qualquer assunto que lembrasse sua filha.
- Robert, não é assim querido. Assim você vai assustá-la, tem que falar calmamente. – Ashley falou paciente. Esticou o braço para tocar o joelho de , mas a outra esquivou-se fazendo Ashley soltar um suspiro derrotado – , responde o diretor, por favor. Seja educada. O que há de mal em respondê-lo? – encaravam esperando uma resposta, mas ela não as deus e nem sequer os olhou.
- Essa garota só vai aprender na base da porrada! – Robert levantou alterado, estava se remoendo de raiva. Quando ele ia pra cima de – que estava encolhida -, Ashley o segurou.
- Robert, pelo amor de Deus, se acalme. – Ashley estava nervosa, sentia seu coração bater rapidamente. Não queria de maneira alguma que Robert batesse na sua garotinha.
- Está tudo bem? – perguntou o diretor, com os olhos arregalados.
- Ele está bem, ele vai ficar bem. Está preocupado com , é só isso. – Ashley falou com a voz firme, ainda segurando o marido. reprimiu uma risada sem humor. Preocupado com ela? Isso era uma piada aos seus ouvidos.
- Tudo bem, voltando aquele assunto... deveria começar um tratamento com a psicóloga Elisabeth, quem sabe ela não a ajuda? – Ashley e Robert nesse momento viraram-se e encararam . Talvez aquilo realmente a ajudava, mas eles não sabiam ao certo. Ultimamente era difícil saber o que a ajudava.
- Tudo bem. A que horas? Onde e quando? – Ashley tornou a perguntar, fitando . Sentiu um temor passar pelo seu corpo, não se sentiu bem ouvindo o diretor lhe dizer que sua filha precisava de ajuda, era duro demais para ela.
- Eu vou pedir a Rosie – minha secretária – para chamar a doutora Elisabeth, ela seria a melhor pessoa a lhe dizer isso. – o diretor falou e, em seguida ligou para a secretária pedindo que chamasse a doutora. ainda estava encolhida ao seu joelho e de cabeça baixa.
Estava tão preocupada em segurar o choro que nem se deu conta de ver a doutora entrando, só enfim a olhou quando ouviu sua voz cortar o silêncio que havia se estalado na sala.
- Bom dia, doutora. Os pais da aluna querem saber a que horas, onde e quando você poderá atendê-la? – o diretor que estava impaciente, perguntou.
- Depois da escola, as quarta feiras. Poderia ser na casa de vocês mesmo ou em algum lugar que ela se sinta em casa. – começaram uma conversa a respeito de como seria o tratamento de . Ignoraram totalmente a presença dela, menos Elizabeth, que ainda sentia o olhar de sobre ela. Aquilo a deixou amedrontada e encabulada.
A conversa havia acabado e a decisão estava tomada. Iria ser as quintas feiras, 15 h na casa de .
Saíram da sala do diretor dirigindo-se ao estacionamento. Ninguém falava, ninguém tinha coragem, então somente andavam. Andavam para se afastar do problema.
Não era um silêncio reconfortante, era algo desagradável, como se qualquer palavra dita pudesse magoar alguém, ou melhor, pudesse magoar .
Assim que chegaram em casa – depois de um longo trajeto num silêncio torturante -, rapidamente correu até seu quarto, para um lugar em que ela se sentisse mais confortável.
Quando chegou ao seu quarto, jogou-se na sua cama e finalmente respirou aliviada. Aliviada por estar sozinha num lugar em que ela se sinta confortável e em paz.
- Como foi lá, ? – ouviu a voz de soar ao seu lado.
- Eu gosto do . – jogou suas palavras para fora da boca num jato. Elas ficaram pairando no ar.
ficou em silêncio, apenas balançando os pés e então finalmente falou:
- Não acho bom você gostar dele.
- Ele é bom, .
- O outro também era bom, . – ela engoliu a seco as palavras de . Sentiu-as rasgar sua garganta.
- Eu sinto que posso confiar nele, sinto que posso arriscar. – tentou ao máximo convencer , mas aquilo era uma tarefa difícil.
- Você tem certeza disso? Não vai se arrepender?
- Tenho. – respondeu com firmeza.
- Tudo bem, só não diga que eu não avisei – era estranho não acreditar em , sempre a ouvia e fazia tudo o que ela achava que era certo. Mas ela simplesmente não conseguir não acreditar em .
- Achou que vou dormir, estou um pouco cansada. – tirou seu tênis com os próprios pés, encolheu-se na cama e se cobriu em seguida. Num instante tudo ficara escuro.

- , essa vai ser a melhor festa de todas! – Lindsay gritou no carro de trás que estava em alta velocidade, assim como o de . No carro de Lindsay estava Tommy (um garoto que ela namorava na época), Kim e o ficante dela, Bryan.
No carro de estava somente ela e Josh. Ela ria escandalosamente sentindo o frio gelado e cortante batendo no seu rosto e bagunçando sues cabelos. Josh também ria, todos riam.
Começaram a gritar assim que chegarão ao local da festa, já era possível ouvir Phonography da Britney Spears estourando na caixa de som.
- Nossa, essa árvore é linda! – falou admirada, observando uma árvore grande com o troco grosso e firme, suas folhas eram de um verde vivo. Ela estava afastada do local da festa, não havia ninguém lá.
- Depois eu posso te levar lá, ver de perto. – Josh falou fixando seu olhar na estrada. sorriu e assentiu com cabeça. Que mal há nisso?


Abriu os olhos assustada com o sonho e com a mão fria que estava abaixo do seu nariz. Teve medo, ficou desesperada. Era estranho, ela sentia que alguém poderia matá-la a qualquer momento, bastava ela fechar os olhos ou se desligar do mundo.
Sentou-se na cama e encolheu-se. Sentiu um pequeno alivio passar elo seu corpo ao ver que era sua mãe, mas não ficou totalmente relaxada.
- Desculpe, mas é que fazia tanto tempo que você estava dormindo que resolvi trazer um lanche. – olhou para o lado e viu que na sua escrivaninha havia uma bandeja que continha bolo, sanduíche, maçã e suco. Voltou seu olhar a Ashley. – Quando voltei vi que ainda dormia na mesma posição e resolvi ver se estava tudo bem. – Ashley a olhou com ternura. Ah, se soubesse o medo que ela tinha de perder sua filha (mesmo que já a tenha perdido), se ela soubesse o quanto ela queria ter sua garotinha de volta.
a ignorou e virou-se para o lado, adormecendo em seguida, sem nem tocar na comida.
Sonhou, sonhou quatro vezes e em todas elas estavam Lindsay e Josh. Agora ele está com Lindsay e poderia magoá-la também. E ? Ela estava sozinha, porém não havia como ninguém magoar seu coração. Ele já estava despedaçado.


Capítulo 5;

- Então , como é sua vida? O que você faz quando está longe de seus pais? – Elizabeth perguntou enquanto fitava a menina sentada na ponta do sofá, encarando seu tênis. Elizabeth estava sentada numa cadeira em frente a menina, segurava um caderno. Esperava pacientemente alguma reação de , mesmo sabendo que seria inútil. – Estou vendo que isso vai ser mais difícil do que eu pensava. – falou ao perceber que não ia ter nenhuma resposta. – Sua mãe disse que você gosta de desenhar, é verdade? – silêncio. – O que você acha de desenhar então? – virou seu rosto para ela, Elizabeth percebeu que seus olhos estavam brilhando. Sorriu, aliviada. – Vejo que você gosta. – Elizabeth pegou um caderno e um estojo onde continha um lápis, canetinha e lápis de cor, tudo que fosse precisar. Entregou a ela e pegou.
- Eu quero que você desenhe uma árvore. – falou, observando começar seu desenho. Sua concentração em fazer tudo perfeito.
Depois de alguns minutos desenhando, entregou o caderno a Elizabeth que o pegou sem demora.
Elizabeth olhava atentamente o desenho. Uma árvore com um nó no meio do tronco e no galho da árvore, uma cobra. Tais coisas que passavam despercebidas para , era tão comum ela desenhar isso como respirar.
- A árvore representa o crescimento do ser humano. – Elizabeth começou, mostrando o desenho a . – Só que no meio dessa árvore tem um nó, isso quer dizer que você sofreu algum trauma que lhe prejudicou no seu crescimento. Você sabe que trauma é esse, ? – nada. Ela nem sequer abrira a boca para falar algo. Elizabeth soltou um suspiro derrotado. – Bom, a cobra representa falsidade, isso quer dizer que você tem muito medo de alguém ser falsa com você, certo? – mas uma vez, nada disse.

A consulta passou assim: Elizabeth pedindo a para fazer desenhos (já que a mesma não falava) e esperando alguma resposta dela, mas nenhuma obtinha. Já estava ficando difícil trabalhar daquele jeito, Elizabeth já estava ficando irritada.
- Chega! Pra mim já deu! – Elizabeth levantou-se exasperada. Aquele silêncio de estava deixando-a incomodada.
- O que houve? – Ashley perguntou assustada. Estava na cozinha lavando a louça, mas correu até a sala ao ouvir a voz alterada de Elizabeth.
- Essa menina, , não fala nada! Como vou poder trabalhar com ela se ela não fala? Como vou tentar ajudá-la se ela mesma não quer ser ajudada? – falou indignada. levantou os olhos para encará-la, sem expressão alguma no rosto.
- Vamos conversar, não se precipite, por favor?! – Ashley tentava de todas as formas convencer Elizabeth, ela sabia o quanto precisava da sua ajuda.
- Desculpe Ashley, mas não depende só de mim. – sentiu um aperto no coração ao ter que ‘’abandonar’’ . Sabia o quanto precisava dela, sabia o quanto Ashley queria aquilo. Mas ela não podia fazer mais nada, não dependia somente dela.
Elizabeth saiu rapidamente dali, antes que se sentisse mal. Ao sair da sala acabou esbarrando em Robert, que voltava de seu trabalho. Saiu daquela casa, saiu da vida deles.
Robert entrou em casa meio encabulado, receoso. Fitou as duas mulheres presentes na sala, esperando alguma reação da parte delas.
- O que aconteceu aqui? – Robert dirigiu seu olha a , mas ela continuava a fitar a parede.
- Ela desistiu Robert, desistiu de . – Ashley falou com a voz embargada, sem nem acreditar ainda. A que ponto sua filha havia chegado?
- Garota inútil. – falou entre os dentes, subindo logo em seguida. Se ficasse mais um segundo no mesmo local que ela, poderia fazer algo que se arrependesse depois.
- SATISFEITA? – Ashley gritou aos prantos, as lágrimas já desciam livremente pelo seu rosto. Seguiu o mesmo caminho do marido e ao chegar ao seu quarto, bateu a porta com força. assustou-se ao ouvir o barulho da porta e acabou encolhendo-se ainda mais.
Ficou um tempo em silêncio encolhida. Depois se levantou e saiu de casa. Resolveu ir para um lugar seguro, onde talvez sentisse bem.
Não foi de carro e nem de bicicleta, resolveu correr mesmo. Havia poucas pessoas na rua. Passou correndo em frente a uma lanchonete, os olhares de todos os presentes foram para ela, como sempre. Eles a olhavam como se fosse alguma anormal, uma estranha.
Subiu uma escadaria (correndo) que dava em direção ao topo de um morro. Sentou-se no chão e encarou a vista maravilhosa que aquele lugar lhe proporcionava. Sua camiseta estava molhada de suor assim como seu corpo, sua respiração estava ofegante devido a corrida.
Aquele lugar tinha tantos segredos sobre sua vida, tantas lembranças, tantos perigos.

(N/A: Coloquem para tocar My Sacrifice - Creed)


Hello my friend we meet again
Olá meu amigo, nos encontramos novamente
It's been a while where should we begin?
Pouco tempo se passou, por onde devemos começar?
Feels like forever
Parece que foi eterno
With in my heart a memory
No meu coração, há memória
A perfect love that you gave to me
Do amor perfeito que você me deu
Oh I remember
Sim, eu me lembro


- Nossa, você tem muito fôlego! Como conseguiu subir esse morro correndo? Foi difícil te alcançar. – perguntou, sentando-se ao lado de . Viu quando ela estava correndo e achou que talvez ela precisasse da ajuda dele, queria sentir que fazia algo útil por ela. Ela mostrou pelo menos ir com a cara dele. sentia que deveria sempre ajudar , por mais que ele não quisesse, dissesse que não, era inevitável ficar longe dela. Ela era misteriosa demais para ser ignorada.
- O que faz aqui? – perguntou de uma forma sombria, mas não queria que sua voz soasse daquela forma, não com ele.


When you are with me
Quando você está comigo
I'm free, I'm careless, I believe
Me sinto livre, despreocupado, eu creio
Above all the others we'll fly
Que por cima de todos iremos voar
this brings tears to my eyes
E isso traz lágrimas aos meus olhos
My sacrifice
Meu sacrifício


- Você quer que eu vá embora? – perguntou um pouco magoado, sentia que ainda não confiava nele totalmente, mas não era isso que ele queria. Queria que ela confiasse nele cegamente. Achou-se tolo por cobrar tanto dela sendo que ela o conhecia tão pouco, mas era mais forte que ele, o carinho que ele sentia por ela era muito mais forte que qualquer coisa. Era como se ela fosse uma parte dele, uma parte em que ele estivera procurando a tanto tempo e que somente tivesse essa outra parte. Era como se fosse a sua missão na terra, a missão de mostrar a um novo mundo, uma outra vida.
- Não, fique aqui, me sinto segura com você. – falou sincera e não sentiu vergonha alguma por admitir tal coisa. Ora, ela não poderia negar isso, ela não poderia se envergonhar de algo que ela mesmo se orgulhava, que o próprio se orgulhava. definitivamente não iria se orgulhar disso, mas não ligava, naquele momento somente a opinião e a presença de era importante, o resto era o resto, levado junto com o vento para um lugar qualquer, mas somente e permaneciam ali, sentados no topo daquele morro.


We've seen our share of ups and downs
Temos vivido nossos momentos altos e baixos
Oh how quickly life can turn around
É, como a vida pode dar voltas tão rapidamente
In an instant
Em um instante
It feels so good to reunite
Parece ser tão bom reunir
Within yourself and within your mind
A sua alma e a sua mente
Lets find peace there
Vamos achar a paz lá


- Você sabe que pode contar sempre comigo, não é? – virou o rosto para encará-lo e sentiu-se bem ao notar os olhos de fixos no dela, ele não estava reparando no seu peito e sim nos seus olhos. Ele a olhava com uma admiração que fazia o ego de aumentar, nem que fosse um pouquinho. a encarava tão profundamente, como se achasse que a olhando assim poderia descobrir algo a respeito dela, poderia acabar com todas as suas dúvidas e medos.
- Eu sei, você sabe que também pode contar comigo. – sorriu consigo mesma, sentiu-se tão bem ao ouvir as palavras de , a preocupação que ele estava em relação a ela. Sentiu-se bem por saber que ele ainda não havia desistido dela, mesmo que ela nem tivesse dado chances a ele para tentar.


When you are with me
Quando você está comigo
I'm free, I'm careless, I believe
Me sinto livre, despreocupado, eu creio
Above all the others we'll fly
Que por cima de todos iremos voar
this brings tears to my eyes
E isso traz lágrimas aos meus olhos
My sacrifice
Meu sacrifício


- Como foi seu dia hoje? – perguntou como se fosse um velho e íntimo amigo dela. Era estranho porque ambos sentiam essa sensação, como se conhecesse há anos. Eles se entendiam apenas com um olhar, satisfaziam-se apenas com poucas palavras.
- Chato, minha psicóloga desistiu de mim porque resolvi não falar com ela. – falou com displicência voltando a encara a paisagem a sua frente. gargalhou, quem não a conhecesse direito acharia que ela era apenas uma adolescente rebelde que quer se aparecer, mas sabia que não era isso. Sabia que havia algum motivo para todo esse silêncio, mas sabia que quando ela estivesse preparada, ela iria falar. Mesmo que isso nunca acontecesse, somente a presença dela já estava bom para ele. Somente cheiro do seu perfume doce misturado com o aroma do seu xampu de flores, estava bom.
- Imaginei que iriam te colocar na psicóloga, só esperava que ela te ajudasse e não desistisse de você. – falou um pouco mais sério, sentiu um clima pesado instalar naquele local e se amaldiçoou mentalmente por ter sido tão estúpido a ponto de deixar um clima pesado entre ele e , logo agora estava indo tudo tão bem.


I just want to say hello again
Só queria dizer olá novamente
I just want to say hello again
Só queria dizer olá novamente


- Todos desistem de mim , isso já é normal. Até minha mãe desistiu de mim! – sua voz saiu fraca e embargada, pode ouvir a voz de ecoar na sua cabeça falando o quanto ela era fraca. Não havia nada que ela pudesse fazer, a dor de ser ignorada era mais forte que ela, tudo bem que ela mesma havia procurado por isso, mas não foi por mal, pelo contrário, foi pelo seu bem.
- Eu não, não desisti de você e nem vou. – falou com uma voz incrivelmente meiga, incrivelmente reconfortante. deu um sorriso torto para ele, agradecendo a Deus por ele ter aparecido na sua vida, por ele estar aqui com ela e por ele colocar um sorriso (mesmo que fosse pequeno) no seu rosto quando ela mais precisava.


When you are with me
Quando você está comigo
I'm free, I'm careless, I believe
Me sinto livre, despreocupado, eu creio
Above all the others we'll fly
Que por cima de todos iremos voar
this brings tears to my eyes
E isso traz lágrimas aos meus olhos
My sacrifice
Meu sacrifício


- É lindo, não? – perguntou apontando para o a vista que estava a frente deles.
- Sim, é maravilhoso. Sabe, nunca tinha visto aqui, primeira vez. – respondeu maravilhado ao perceber o quão belo era aquela paisagem, ficava mais belo ainda ao lado de , Em todo aquele tempo que ele passou sentando ali com ele, ficou questionando-se quem era mais bonita, ou a vista. As duas eram misteriosas, as duas eram lindas, as duas tinham uma beleza exótica.
- Fico contente por você conhecer esse lugar comigo. – virou para encará-lo, o sol batia no rosto dele fazendo com que ele fechasse os olhos devido a claridade. Seu cabelo bagunçado cai perfeitamente no seu rosto, o sol deixava-o com umas mechas claras. Ele estava lindo e simples.
- Eu também. – sorriu largamente ao notar os olhos de avaliando cada traço seu.


When you are with me
Quando você está comigo
I'm free, I'm careless, I believe
Me sinto livre, despreocupado, eu creio
Above all the others we'll fly
Que por cima de todos iremos voar
this brings tears to my eyes
E isso traz lágrimas aos meus olhos
My sacrifice
Meu sacrifício


- Sabe, várias vezes vim aqui e todas essas vezes eu fiquei em pé no topo desse morro, pronta para me atirar. Várias vezes eu vim aqui para tentar me matar, mas em todas as vezes falhei, em todas elas fui fraca. – soltou uma risada sombria ao lembrar-se do medo em que sentiu quando quase caiu, o medo de sentir dor. A vida dela já era dolorosa demais, seria pedir demais morrer sem sentir dor alguma? Seria pedir demais implorar a Deus para que escutasse suas preces e a levasse embora? Sem dor, sem mágoa, sem nenhum sentimento que faz parte da natureza humana, aquele capaz de matar sua própria espécie, seja fisicamente ou mentalmente.
assustou-se ao ouvir as palavras tão frias de pairarem no ambiente, deixando-o atormentado. Não sabia que ela fosse capaz disso.
- Por que você faz isso? – perguntou indignado.


I just want to say hello again
Só queria dizer olá novamente
I just want to say hello again
Só queria dizer olá novamente
My sacrifice
Meu sacrifício


- Porque me sinto uma inútil, ninguém sequer se importa comigo! Eu não sirvo pra nada, nada! – gritou alterada, sentindo seu sangue circular rapidamente. Ela só servia para uma coisa, a qual ela gostaria que não servisse. Sentiu seus olhos ficarem marejados tamanha era a raiva estava sentindo, seu rosto estava vermelho. a encarou, sentindo uma vontade imensa de abraçá-la, mas preferiu não fazer isso para não ter que assustá-la ainda mais.
- , entenda uma coisa. – falou calmamente. – Você é importante pra mim, você é útil para mim! Você vale por milhões de pessoas daquela escola ou cidade, ou até mesmo país! Eu não quero que você faça isso, pra mim você é essencial. Pode me achar um louco por falar isso sem nem te conhecer direito, mas é o que eu sinto e isso ninguém pode mudar. Acredite, pra mim você vale muita coisa. – fechou os olhos com uma certa urgência, querendo guardar aquelas palavra de para sempre em sua mente, querendo guardar aquele momento para sempre em sua memória. Fechou os olhos com tanta força que parecia que eles iriam saltar, mas ela achava que assim nunca iria esquecer-se das palavras dele e descobrisse que não foi um sonho, foi mais que real! O sol, o morro e o vento estavam como testemunhas e ela sentia que eles torciam pela amizade e o carinho deles dois. Eles torciam por e .






Capítulo 6;

Seu final de semana foi como todos os outros. Trancada no seu quarto ouvindo Papa Roach o dia inteiro. Comia pelo menos uma maçã por dia, estava começando a sentir-se fraca pela falta de comida. Houve, porém, uma coisa diferente: Ela e haviam brigado.
não aceitava o fato de ela confiar em , dela falar com ele. o defendia, dizendo que ele era uma pessoa boa e realmente se preocupava com ela, isso deixava ainda mais revoltada. preferia deixar a discussão por encerrada.


No caminho da escola se distraia com as pessoas andando ao seu redor. Todas elas cercadas de amigos. Em pensar que sempre fora cercada de amigos – mesmo que eles fossem falsos -. Uma mulher alta, esbelta, cabelo liso e brilhante e, linda, passou ao seu lado. Uma mulher que todo homem sentiria atraído.
Automaticamente olhou para si mesma. Observou sua roupa, seu corpo magro e ossudo, seu cabelo quebrado e sem vida. Uma mulher que definitivamente nenhum homem se sentiria atraído. Ela era invisível aos olhares masculinos, ela estava longe de ser algum desejo carnal.


Adentrou na escola, o lugar que ela julgava ser sombrio, assustador como um filme de terror. Seus passos eram firmes, seu balanço desleixado. Algumas patricinhas cochichavam algo a seu respeito, revirou os olhos pensando o quão fúteis eram elas.
Sua barriga roncou, implorando por comida. Ela tentou mantê-la quieta, mas sua fome era enorme. Entrou na sala, sentou no seu devido lugar. O sinal batera, anunciando o começo da aula de Física. Logo os alunos entraram e sentaram-se nos seus lugares, em seguida o professor entrara. Cumprimentou a turma e logo em seguida começou a sua aula.
observou entrar na sala, o jeito que ele caminhava, seu rosto, o sorriso que ele dava ao ver . Ela admirou cada parte dele, não esquecendo sequer uma.
caminhou até , sentando ao seu lado. Ela o encarou, espantada. O que ele pensava que estava fazendo? Por que ele estava ali sentado com ela? Uma estranha e não com seus ‘’amigos’’.
Todos os alunos (inclusive o professor) os olhavam intrigados. Perguntavam-se como aquele novato conseguiu chegar tão próximo dela? Em menos de um mês! Isso era algo que nem havia conseguido durante meses, nem mesmo sua mãe. Sangue do seu sangue.
- Oi. – ele falou baixo, ainda com um sorriso estampado no rosto.
- O que pensa que está fazendo? – perguntou, espantada.
- Sentado com você, que problema há nisso? - ele perguntou confuso. Por que estava assim? Eles não eram amigos?
- Não há nada de errado, mas você deveria estar sentado com eles, seus amigos. Eles podem ficar chateados. – apontou discretamente para Norah, David, Kim, Josh e Lindsay. olhou para eles e fez uma careta, dirigiu seu olhar novamente a .
- Não, prefiro você como amiga. – soltou uma risada baixa, acompanhada de . – Somos amigos, né? – ele ainda tinha dúvida em relação a isso. era imprevisível demais. A cada dia ela o surpreendia.
- Sim, nós somos. – relaxou seus músculos antes contraídos, numa forma de alivio. pegou o caderno e o colocou em cima da mesa, folheou as folhas do caderno em busca de uma em branco. acompanhou seus gestos, franziu a testa ao perceber que só havia árvores naquelas folhas.
- Não querendo ser incoveniente, mas por que tem somente árvores nesse caderno? – de imediato chocou-se com a pergunta dele. Ele sempre fazia perguntas que não era para ser feitas.
- Digamos que ela foi testemunha de algo não muito bom que aconteceu comigo. - O que teria sido? Ele se perguntava várias e várias vezes.
- E isso fez com que você se afastasse e parasse de falar com todos? – concordou com a cabeça. – Você quer falar sobre isso?
- Não. – Não mesmo! Deus! Era tão difícil entenderem que ela queria somente esquecer isso?
Eles calaram-se, deixando somente a escuta a voz do professor misturado com as dos alunos. continuava a observar a forma que desenhava.


- O que você vai querer comer? – perguntou, estavam na fila da cantina.
- Hm, me deixa ver... – pensou um pouco, observando aquele enorme balcão com variedades de comida, aquilo só a deixou ainda mais confusa. Balançou as mãos de uma forma desleixada. – Qualquer coisa.
- Tudo bem, vai ser Trakinas com Coca-Cola! – falou de uma forma infantil, fazendo rir. Ele fez o pedido. Assim que o recebeu foi até o jardim sendo acompanhado por . Sentaram-se se em baixo de uma árvore.
- Esse é um dos poucos lugares em que eu me sinto segura nessa escola. – falou, cortando o longo silêncio que havia se instalado ali.
- Concordo com você. – dirigiu seu olhar a toda extensão do jardim, parando em Kim. Ela estava com os punhos fechados e séria, observava os dois, parecendo não gostar nem em um pouco do que via.
- Acho que sua amiga não está gostando de nos ver juntos. – desviou seu olhar da Coca-Cola ao ouvir o tom de voz irônico de . Seguiu o olhar dela, deparando-se com a imagem de Kim.
- Deixa ela pra lá. – falou, observando pegar o pacote de biscoito. viu o quão ossudas eram as mãos dela, esqueléticas. Rapidamente desviou seus olhos, reprimindo uma vontade de tocá-las.
- Sinto que a qualquer momento ela virá aqui me matar. – dito isso, Kim caminhou até eles, como se tivesse escutado que havia dito.
- ! – ouviram a voz animada de Kim. revirou os olhos, não deixou de sorrir ao pensar que aquilo tudo era somente um ciúme de .
- Oi Belford. – falou, com um desânimo evidente na voz. reprimiu uma risada ao ver Kim sem graça.
- Vem sentar com a gente. – um vento passou, bagunçando o cabelo impecável de Kim. sentiu inveja do seu cabelo, corpo e beleza, mas uma coisa não invejou: sua falsidade.
- Não, vou ficar por aqui mesmo. – tentou ao máximo ser educado para não magoar Kim.
- Ah, vamos ! – fez uma voz infantil, tentando convence-lo.
- Eu já disse que não! – sua voz, antes, baixa elevou-se, assustando Kim. Ela saiu rapidamente de lá, sem antes ouvir a risada vitoriosa de .
- Está feliz, não é mesmo? – falou, sorrindo. Ela riu mais ainda.
- Cala a boca ! – pegou um biscoito e o comeu calmamente.
- . – a chamou, em resposta ela balbuciou algo. – Você não tem nenhum amigo? – perguntou, lembrando de sempre ver sozinha.
- Ah sim, eu tenho sim. – ele a encarou, surpreso e um pouco decepcionado, queria que somente ele fosse seu amigo.
- Hm, quem? – tentou disfarçar o desânimo em sua voz, para sua sorte não havia reparado.
- A ), ela é minha melhor amiga! – um entusiasmo apareceu em sua voz, assim que lembrou de ).
- Que bom ! – ela percebeu a falsa animação na voz dele. Mas ele não queria seu bem? Por que estava agindo daquela forma? Perguntava-se internamente por isso.
- O que houve? – acabou sendo rude. Arrependeu-se logo que viu o espanto na face de .
- É que eu não gostaria de perder sua amizade, mesmo que estivéssemos no inicio de uma. – admitiu, um pouco sem graça. Não queria que interpretasse de outra forma.
- Você não vai perder minha amizade, é minha amiga e é importante para mim, você também. – relaxou sues músculos e sorriu, ele era importante para ela.
- Você também é importante para mim. – relaxou sua cabeça no tronco da árvore. O vento antes fraco estava um pouco forte, bagunçando completamente seu cabelo. Sorriu ao imaginar tocando no seu cabelo.


e caminhavam em direção a casa de , conversavam sobre qualquer coisa. No caminho de casa ela não se sentiu atormentada por estar próxima de sua casa, ela simplesmente não sentia nada. Só andava, com ao seu lado.
Sem perceber seus pensamentos dirigiu-se ao local da festa. Ela ainda podia sentir a dor, o toque da mão quente, seu coração batendo rapidamente, sua respiração descompassada e o desespero.
- ? – ele a chamou calmamente, percebendo quão distraída a garota estava. virou para encara-lo, sua testa estava franzida.
- Desculpe, eu distraí-me. – admitiu, um pouco sem graça, apenas sorriu, concordando.
- Chegamos na sua casa. – firou a velha casa a sua frente, seus olhos vagaram até a janela de seu quarto. estava na janela olhando fixamente para os dois. sentiu um arrepiou percorrer pelo seu corpo.
- É. Acho melhor eu entrar. – falou, sem ainda tirar os olhos da janela. estranhou o fato dela estar olhando tanto para a janela, dirigiu seu olhar até lá também, esperando ver algo, mas nada ele viu.
- Fique bem. – ele falou, voltando a andar, dessa vez seguindo seu caminho. Eu tentarei. pensou.
Entrou em casa, ouviu o barulho da televisão vindo da sala. Seus pais estavam em casa.
- Filha, fiz torta de chocolate, quer? – viu a imagem de sua mão aparecer na porta da sala de Tv. Ela apenas negou com a cabeça, sua fome já havia se passado. Subiu as escadas, sem antes ouvir a voz de seu pai.
- Deixa ela Ashley, eu já lhe disse que ela é uma inútil. – muitas pessoas poderiam achar que se sentia mal com o que seu pai falava a seu respeito. Mas ela não ligava aquilo já havia se tornado algo comum, como dizer um “bom dia”.
Entrou no quarto, esperava já ouvir alguma piadinha de . Nada ouviu. ainda estava parada, olhando para a janela.
jogou a mochila num canto do quarto e cautelosamente andou até onde estava , parando ao seu lado.
- Você não larga desse garoto, não é? – para o susto de , a voz de estava sombria.
- , ele é meu amigo. – mediu as palavras, com medo de interpretar de outra forma.
- EU sou sua amiga, eu! É tão difícil você entender que eu sou a única que eu quero seu bem? – virou seu rosto para ter uma visão melhor do rosto de . Assim a menina pode perceber o quão duro estavam os olhos de .
- Você não é a única, ele também quer meu bem. – sua voz saiu como um sussurro.
- Não seja estúpida! Todos eles não estão nem ai pra você, para eles você está morta! MORTA!. – as palavras de foram como uma facada, indo diretamente no coração dela. Sentiu que a qualquer momento suas pernas poderiam fraquejar e ela cair, acordando para a vida.
Agora ela se via sozinha, sem , sem . Somente ela mesma, com seus medos e revoltas. Lagrimas caiam de seu rosto. sentiu a raiva crescer ainda mais e mais no seu corpo. Foi até sua tela e a quebrou. Ela chorava, soluçava e quebrava. Sentiu raiva de , raiva por faze-la chorar e raiva dela mesma por ser tão fraca.
E então, como previsto, as pernas de fraquejaram e ela caiu de joelhos no chão, chorando ainda mais. O quarto foi tomado por uma onda de dor.
viu o desespero da amiga e sentiu-se mal com isso, não era sua intenção magoá-la. Ela era a verdadeira estúpida. Correu até , ajoelhou-se a sua frente e a abraçou. Sentiu compartilhar toda a sua dor com ela, assim que ela retribuiu o abraço.
- Desculpe, desculpe. – implorava desesperada. Em resposta nada disse, apenas afogou os cabelos da amiga.
sorriu aliviada, ela enfim estava perdoada. Com palavras nunca fora boa, mas com gestos simples sempre fora.


Capítulo 7;

O tempo corria cada vez mais rápido. Já estavam no meio do ano. passava a maior parte do tempo com . Na escola todos ainda os olhavam encabulados. Era uma grande novidade e um grande mistério para aquela cidade pequena.
Depois da escola eles caminhavam pelo parque e tomavam sorvete. Nesses quatro meses que andavam juntos raramente, muito raramente, havia algum toque. Todas as vezes que se tocavam era acidentalmente. nunca pode sentir de verdade a pele quente e macia de . Mas mesmo assim, mesmo sem nenhum abraço, um beijo, um aperto de mão, somente sorrisos e olhares, eles haviam tornado-se um só. Cada um preenchendo o vazio que era a vida de ambos. Iluminando.
já havia aceitado o fato de ser amiga de , então nem implicava mais com isso. Na verdade, tem estado bem ausente ultimamente. desconfiava que ela estivesse doente, por estar tão pálida, por estar sem aquela luz que carregava dentro de si. O medo de perder aumentava dentro de si, mas quando estava com esquecia completamente a existência da amiga. A não ser quando perguntava sobre ela.
estava mudando, sua mãe havia reparado nessa mudança. Desconfiava que fosse o tal garoto que sua filha andava, . Era esse o nome que o diretor havia lhe falado. estava engordando, com uma aparência mais saudável. Suas notas na escola estavam subindo. Continuava a pintar, mas não pinturas sombrias como antigamente, eram mais alegres. Mas ela ainda não falava e não deixava ninguém tocá-la. Aquilo não incomodava mais Ashley, afinal ela já havia se acostumado.
Pegou o Cd Plus 44 e o colocou no rádio, deu play e escutou a música Baby Come On começar a toca.
fechou os olhos e respirou fundo ao ouvir a música. Tornou a abri-los. Pegou as latas de tintas e se pôs na frente da tela que novamente estava branca. Começou a pintar.
- Você andou um pouco sumida. – murmurou, sem tirar sua atenção da tela. deu de ombros, observando a amiga pintar.
- Estava por ai. – falou indiferente.
- Fazendo o que?
- Nada de mais. E ai, o que está pintando? – seus olhos se estreitaram numa mistura de desconfiança e curiosidade.
- É um lugar que tenho sonhado ultimamente. – referiu-se a uma casa velha de madeira, ela caia aos pedaços. Ficava num meio de um campo, havia um árvore com uma casinha e a direita da casa, um varal cheio de lençóis limpos e brilhantes onde havia uma mulher estendendo roupa, em frente a casa haviam três crianças brincando com duas galinhas.
Era isso que sonhava ultimamente. Desconfiava que fosse ali onde sua avó morava.
- Parece que não tem pesadelos e nem lembranças ruins ultimamente. – concluiu.
- É, ultimamente eu só tenho sonhos. Nem as lembranças ruins eu tenho mais, acho que finalmente estou em paz. – no fundo ela sabia que realmente não estava em paz.
- Eu gostaria de conhecer o . Queria agradecer a ele por tudo que lhe fez. – parou de pintar e virou-se bruscamente para a amiga. Estava chocada com a sinceridade de . Então ela sorriu e sentiu lágrimas brotarem de seus olhos, abraçou e deixou as lágrimas silenciosas rolarem pelo seu rosto.
- Você iria adorar conhecê-lo! – sua voz era alegre. Ela sorria radiante. afastou-se delicadamente do abraço da amiga.
- O que você acha de amanhã à tarde no parque? É sábado!
- Acho uma ótima idéia.


Deitou-se na cama e cobriu-se com o edredom. Fechou os olhos e esperou pelas lembranças que já estavam intocadas. soube que naquele momento em que a lembrara das lembranças e pesadelos, eles viriam a tona. Então fechou os olhos e esperou.


Flashback On
dançava no ritmo da música. Fechava os olhos e mexia o quadril, seus braços descansando ao lado do seu corpo. Na sua mão esquerda uma garrafa de cerveja, na outra um cigarro. Ela via tudo girar, já estava bêbada. Oito doses de tequila, duas de whisky com tequila e limão, duas de absinto, caipirinha e lagoa azul. Sabia que já estava muito mal.
- , ajeite sua roupa! – Kim falou gritando e rindo, com os braços em volta do ombro de . Kim também estava bêbada.
- Deixe-me, Kim. – resmungou. Tirou os braços da garota de seus ombros e cambaleou um pouco para o lado, já sentindo a tontura. Não sabia se era por causa do álcool ou simplesmente a presença irritante de Kim.
- Você está muuuuuuuito bêbada! – ela falou com a voz embolada e tornou a rir.
- Você também. – falou mal humorada. Sem nenhuma permissão sua, acabou rindo também. As duas ficaram rindo no meio das pessoas. Caíram no chão e riram ainda mais.
- Suas bêbadas! – Lindsay e Bryan chegaram rindo e gritando.
Aquilo parecia ser uma felicidade, mas era apenas uma válvula de escape. Era apenas uma força, ainda sentiam-se sozinho. Tentavam de todas a maneiras fugir do cotidiano, mas não haviam se tocado que fugindo daquele jeito acabaram ficando preso ao cotidiano.
- Vou lá fora vê se acho minha insulina. – levantou-se ainda tonta. Fez uma careta ao ver Lindsay e Tommy se beijando e foi para o quintal, pisando nos próprios pés.
Parou a alguns metros de distância da piscina, observando dois casais que discutiam aos sussurros. Era seu irmão, Ben e a namorada dele, Tracy. Mordeu o lábio inferior sentindo-os dormentes. Ben parecia estar bem alterado e Tracy assustada. Pensou em ir até lá, mas seus pés não a obedeceram.
- Está a fim? – Bryan perguntou, referindo-se ao baseado em suas mãos. Ele estava bem ao seu lado, sentindo o forte cheiro de álcool e cigarro que exalava da menina.
- Estou, preciso mesmo relaxar. – ela pegou o baseado que estava nas mãos dele e deu uma tragada e depois outra, e mais outra e outra. Sentiu partes dos seus músculos relaxarem.
- Eu sei uma forma bem melhor de te fazer relaxar. – Bryan sussurrou no seu ouvido, num tom de voz malicioso.
- É melhor relaxar sua namorada, Kim.
- Ela não vai saber. – ele mordeu o lóbulo da orelha de e beijou seu pescoço. Os beijos passaram a ser chupões, mas aquilo não a excitou como normalmente faria. Foi indiferente. Talvez fosse por ela estar tão preocupada com Ben e Tracy.
- ? – Bryan afastou-se imediatamente ao ouvir a voz aveluda de Ben. Ele encarou os olhos que o fuzilavam e manteve a postura ereta. Ben e Tracy estavam à sua frente.
- Ben! Está tudo bem? – perguntou de uma forma débil. O irmão rolou os olhos e fechou os punhos.
- Está, érm... Será que eu poderia falar com você a sós, por favor? – sua voz saiu rápida e perigosa. Ben lançou um olhar significativo para Bryan que apenas desviou os olhos. os encarou confusa, sua cabeça estava em outro lugar. Olhou para Tracy que estava de cabeça baixa, viu que ela e o irmão não estavam de mãos dadas. Soltou um suspiro.
- Claro. – Ben deu-lhe as costas, indo em direção ao banco que ficava bem afastado da casa, mais atrás do banco estava a árvore. o seguiu, sentindo um arrepio estranho passar pelo seu corpo.
Ele sentou-se no banco, seus cotovelos estavam em cima do joelho, seus punhos fechados e sua expressão vazia. sentou-se ao seu lado.
- Você e Bryan? O que estava acontecendo? – perguntou, virando-se para encarar a irmã. A garota riu. Sabia o quanto o irmão era protetor demais.
- Eu só estava fumando um baseado com ele. – Ben rolou os olhos. Não suportava que a irmã usasse drogas e nem que ficasse saindo com aquele bando de maconheiros, como ele pensava.
- Parecia muito mais que isso. – acusou.
- Bem, você sabe como é, eu e Bryan, não é mesmo? Nada demais, só nos pegamos às vezes.
- Sim, eu sei. Olhe , não quero parecer chato ou protetor demais... É que não gosto desse garoto, ele não me parece ser boa pessoa. Devia tomar cuidado com ele ou até mesmo se afastar. – sua voz era séria e ao mesmo tempo agoniada.
- Por favor, Ben, Bryan não faz mal nem a uma mosca. – bufou, revirando os olhos.
- Se é o que você acha. – ele murmurou, entediado demais, misterioso demais. – Apenas fique de olho, está bem?
- Está bem, está bem.
- Eu te amo, irmã. – Ben beijou carinhosamente o topo da cabeça de .
- Eu te amo, irmão.


Flashback Of


Como era de se esperar, veio às lembranças e o pesadelo, junto com a dor.


Os raios solares invadiram seu quarto e clareou seu rosto. O sol machucou seus olhos e aqueceu sua pele macia. remexeu-se na cama e lentamente abriu os olhos, observando o quão iluminado estava seu quarto e o quão bonito estava seu dia.
Levantou-se num pulo ao lembrar que era Sábado. Correu até o banheiro e trancou a porta. Tirou seu pijama e entrou no Box, tomando um banho gelado para despertar.
Saiu do banheiro e vestiu sua roupa, penteou o cabelo, escovou o dente e admirou seu reflexo no espelho. Ela estava bonita. Sem olheiras, cabelo com vida, não era mais esquelética e nem pálida. Fazia tempo que ela não se achava bonita, tempo em que não se admirava. Estava quase perfeita, quase curada.
Passou a mão cuidadosamente pelo cabelo que agora brilhava. Nenhum fio de cabelo caiu, nenhuma ponta estava quebrada. Estavam sedosos. sorriu sentindo seu peito pulsar de alegria.
- Vejo que alguém acordou feliz. – virou-se para a porta ao ouvir a voz de . Ela estava encostada no batente da porta.
- ! Você não acha que meu cabelo está maravilhoso? – ela jogou o cabelo para trás, riu.
- Sim, está realmente maravilhoso. – ela sorriu, mas não aquele sorriso caloroso. Era um sorriso sem vida. Desencostou-se do batente da porta e virou-se para a cama, sentando na mesma.
- ... – ela falou manhosa, indo sentar ao lado da amiga e passando o braço sobre seu ombro. – Está tudo bem? Você me parece bem abatida ultimamente.
- Estou ótima. – tentou ser o mais convincente possível. Quando viu que iria protestar, apressou-se a falar: - Desça, vá tomar seu café. – assentiu, levantando-se da cama.


Ela pedalava rapidamente, o vento chicoteava sem nenhuma delicadeza seu rosto, bagunçava seu cabelo. ria escandalosamente do medo que estava sentindo da velocidade que ela estava. estava na garupa da bicicleta, agarrada na cintura de .
vasculhou na sua mente uma resposta que fizesse sentindo do porque ela não queria sair com . Era tão divertido, deveria sair mais vezes com ela. Ah, claro. Agora sim ela havia se recordado de uma resposta que realmente fazia sentindo. Ela tinha medo que tirasse a única amiga que ela tinha e realmente sabia o que ela passava.
Mas não faria isso, ele não tiraria sua melhor amiga de sua vida tão rapidamente, com uma simples palavra. Não mesmo. Hipótese alguma ele iria magoá-la, ele só quer o bem dela, só quer vê-la bem. Ele a entenderia como sempre entendeu.
freou a bicicleta e esperou descer. Assim que a amiga desceu, ela fez o mesmo, jogando a bicicleta num canto qualquer e correndo até o parque. vinha atrás, correndo também. Rapidamente avistaram sentado embaixo da árvore arrancando alguns matinhos, gargalhou sem motivo algum. Na verdade ela tinha, estava ali novamente, ao seu encontro.
- Bú! – falou, parando na frente de . Ele colocou a mão no peito e fingiu ter levado um susto, logo um sorriso apareceu no seu rosto.
- Você finalmente chegou. – ele falou animado. Quis levantar-se e abraçá-la, tomá-las em seus braços e rodá-la no ar, mas contentou-se apenas com um sorriso. sentou-se ao seu lado e riu.
- Pois é, trouxe uma pessoa para você finalmente conhecer! – sua voz era animada e graciosa aos ouvidos de . Ele a encarou surpreso demais para dizer algo, respirou fundo e finalmente disse:
- Você quer que eu conheça a ?
- Sim, o que acha? – ela estava radiante.
- Eu adoraria, . – agora sim, ele tinha mais uma certeza de que fazia cada vez mais parte da vida dela.
- Vem, ela está ali. – apontou para a bicicleta, onde estava. uniu as sobrancelhas ao ver que não havia ninguém ali, mas ignorou. Levantaram-se e foram até onde estava , pelo menos onde pensava.
- , esse é ! , essa é ! – falou animada apontando para o nada – onde para ela deveria ser – e apontando para , que olhava a cena sem entender nada.
- Oi . – sorriu timidamente. Mas nada respondeu, encarava incrédulo.
- , ela disse oi. Responda.
- , eu não vejo ninguém. – ele falou cauteloso, querendo não magoá-la. chocou-se e arrependeu-se de imediato ter trago para apresentar a , ele não merecia tal crédito.
- EU SABIA! VOCÊ É COMO TODOS OS OUTROS BABACAS! É CLARO QUE ELA ESTÁ AQUI, NA SUA FRENTE, MAS VOCÊ QUER ME FAZER ACREDITAR QUE ELA NÃO ESTÁ SÓ PRA ME DEIXAR SEM ELA, SEM NINGUÉM. DEIXAR-ME SOZINHA! – lágrimas brotaram dos seus incríveis olhos azuis que estavam realçados por causa do sol. Aqueles olhos que tanto admirou estavam desmanchando-se.
- Não, , não é isso. Eu não quero tirar ninguém de você, só que a não é real. Ela é uma invenção da sua cabeça. – sua voz saiu cortante, falha. Mas para ela era forte demais para machucá-la, forte demais para derrubá-la.
- Uma invenção da minha cabeça? Para que eu iria inventar uma amiga, ? – ela gritou, quase arrebentando suas cordas vocais. Mas ela não se importava. Nada mais a importava. Voltou à estaca zero.
- Para proteger-se, . – Ela o fuzilou com os olhos, sentiu seu sangue circular mais rápido, seu coração bater freneticamente. Como ele ousava? Como ele sabia? Como ele conseguia desvendar tudo em menos de cinco minutos? Ele não poderia apenas fingir?
- Você é um tremendo otário e sabe do que eu realmente tenho que me proteger? De você e de todas essas pessoas medíocres dessa cidadezinha nojenta, tenho que me proteger de todos vocês. – chorava, já nem se importava com a presença de ou com as lágrimas teimosas que desciam pelo seu rosto, sem autorização alguma. Assim como as palavras de a machucou, sem nenhuma autorização pra isso. Mas é assim mesmo que a vida é, hoje você está bem, no dia seguinte você está caída ao chão, despedaçada. Hoje você está forte, amanhã você pode estar mal. As pessoas te fazem feliz, te machucam e entram na sua vida, sem nenhuma autorização. O destino muda sua vida tão rapidamente sem nenhum aviso.
- , por que você tem tanto medo? Por que você se protege tanto? – ela o encarou sem expressão alguma no rosto ao ouvir sua pergunta. Seu corpo enrijeceu e ela pareceu ser uma estátua. Nada ela disse, por longo um, dois, três, quatro, cinco minutos. Ela ficou calada, apenas respirando. duvidava se ela realmente respirava. Seus olhos azuis estavam inexpressivos, assim como seu rosto, suas lágrimas já estavam secando. Nada ela fazia, continuava imóvel, encarando .
- Porque eu fui estuprada.


Capítulo 8;

Foi como um baque. Foi como pular de um penhasco e cair de cara na água gelada. Assim que sentiu-se ao finalmente descobrir a temida verdade.
- O que você está dizendo? – ele foi rude, mesmo não querendo.
- Isso mesmo que você ouviu , eu fui estuprada!
- Você está brincando? – ele não conseguia acreditar, para não fazia sentido. Era difícil de acreditar que alguém poderia fazer isso a . Para ele isso era desumano, era acabar com a saúde mental da pessoa. Para o resto da vida.
- Eu queria estar brincando, você não tem idéia de como queria. – falou sarcástica.
- Quem fez isso com você? – deixou de lado o tom rude e passou a ser sério, preocupado. Aquela pergunta deixou desconfortável e intrigada com si mesma.
- Eu não sei. - passou as mãos nervosamente pelo cabelo.
- Diga quem você acha que é. – ouviu a voz grave de sussurrar no seu ouvido. Estremeceu-se ao lembrar.
- Como não sabe? – ele arqueou a sobrancelha, intrigado.
- Eu não vi o rosto, . – falou com a voz embargada. Sentiu uma forte pontada na cabeça por estar segurando o choro. Havia um nó na sua garganta. Ela não estava psicologicamente preparada para esse momento, esperava que ele nunca chegasse.
- Não tem nem uma idéia de quem seja? – mesmo não sabendo quem fez isso com ela, ele já sentiu nojo da pessoa.
- Diga. – ouviu novamente a voz de sussurrar, mas agora no seu ouvido.
- Eu, eu... Acho que foi o Bryan. – suas palavras jorraram de sua boca. arregalou os olhos ao ouvir o nome do amigo ser pronunciado de uma forma desesperadora da boca de . Por um momento seu coração parou de bater, logo ele voltou a bater, com mais força.
- Agora tudo faz sentido. Seus olhares significativos para ele, o porquê de você odiar tanto ele e seus amigos, o porquê de você não falar e não deixar ninguém te tocar. Tudo faz sentido. Eles sabem, não sabem? – perguntou amargurado. Ele estava sugando um pouco da dor de e passando para seu corpo.
- Eu não sei. – se não estivesse tão perto de , ele provavelmente não iria escutá-la.


(N/A: Coloquem para tocar: Paramore - Breathe )

I Climb, I Slip, I Fall
Eu subo, eu tropeço, eu caio.
Reaching for your hands
Para alcançar suas mãos
But I lay here all alone
Mas eu deito aqui sozinha
Sweating all your blood
Suando todo o seu sangue.
If I could find out how
Se eu pudesse descobrir como
To make you listen now
Fazer com que você ouça agora
Because I'm starving for you here
Porque eu estou desesperada por ter você aqui
With my undying love and I
Com meu amor eterno e eu
I Will
Eu vou...


Finalmente depois de meses, ele deixou de ser tão inseguro em relação a e fez o que sempre quis fazer e achava que ela precisava. Aproximou-se dela e a puxou pela cintura deixando para trás sua insegurança. Pega de surpresa ela ficou paralisada sentindo apertar seu corpo contra o dele. Voltando a realidade ela fez algo que não deixara somente surpreso, como a ela mesma. o abraçou apertado, sentindo o calor da sua pele, o disparo do seu coração, o tremor do corpo dele ao entrar em contato com o seu. Parecia que seus corpos foram desenhados cuidadosamente para serem perfeitamente encaixados.
Então como uma criança desesperada que percebe que perdeu os pais no supermercado, ela se pôs a chorar como nunca chorou a vida inteira. Encharcando a camisa de e deixando seu rosto molhado. ficou calado alisando os cabelos que ele tanto sonhou em tocar e deixou colocar toda a mágoa para fora. Tudo que estava trancado dentro dela.
A respiração de sua menina estava descompassada. Mas ele não tentou se preocupar com isso ou com seu choro preferiu prestar atenção nos batimentos do coração dela, o calor e o perfume da sua pele e o a sensação de abraçá-la. Tão frágil tão pequena. Parecia uma boneca.
Aos poucos a respiração de foi se normalizando, logo ela já estava sentindo-se melhor. Ela enterrou a cabeça na curvatura do pescoço de e o apertou ainda mais contra si.


Breathe for love tomorrow
Respirar por amor amanhã
Cause there's no hope for today
Porque não há nenhuma esperança para hoje
Breathe for love tomorrow
Respirar por amor amanhã
Cause maybe theres another way
Porque talvez haja outra maneira


- Está melhor? – ele perguntou carinhoso. confirmou com a cabeça. afastou-se um pouco de para olhá-la nos olhos. Delicadamente ele pegou o rosto de em suas mãos e secou algumas lágrimas. – Hey, estou aqui, entendeu? Você não está sozinha, estou com você. – ela sorriu timidamente.
- Eu confio em você. – ele também sorriu. Pensou no quanto a confiança de era rara. Logo ele a valorizaria.
De uma forma meiga ele beijou sua testa, depois seu olho esquerdo, direito, nariz e por último seu queixo. Demorou alguns segundos. Os corações de ambos dispararam e automaticamente fecharam os olhos. Não fizeram nada, apenas ficaram com os olhos fechados. Tinham medo de que qualquer reação precipitada pudesse acabar com esse momento.
- Ele vai pagar por isso , ele vai ter o que merece. – falou, quebrando o momento intenso que se instalara entre eles. Seus olhos queimavam em ódio e vingança. ficou preocupada, não queria que se prejudicasse, é claro que ela queria vingança, se Bryan fez realmente aquilo com ela, ele tinha que pagar. Mas ela não queria que ele fosse injustiçado. Não queria que ninguém mais saísse perdendo nessa história. Já bastava ela.
- ... Eu acho melhor deixar isso pra lá. – mediu suas palavras.
- Não! Por Deus , o que ele fez foi cruel, ele tem que pagar por isso. – ela podia perceber a raiva tomando conta do seu corpo e aquilo a deixou mal. Não queria que ninguém sentisse o que ela sentisse, era doloroso demais. Não queria principalmente que sentisse isso, ele não merecia isso. Sempre fora tão bom com , tão carinhoso e prestativo, tê-lo na sua vida fora como ganhar outra vida. Ela estava ponto de enlouquecer, de tentar se matar, mas ele mudou todos os seus planos insanos. Cruel mesmo seria deixá-lo sentir toda essa dor sem merecer.


I Climb, I Slip, I Fall
Eu subo, eu tropeço, eu caio.
Reaching for your hands
Para alcançar suas mãos
But I lay here all alone
Mas eu deito aqui sozinha
Sweating all your blood
Suando todo o seu sangue.
If I could find out how
Se eu pudesse descobrir como
To make you listen now
Fazer com que você ouça agora
Because I'm starving for you here
Porque eu estou desesperada por ter você aqui
With my undying love and I
Com meu amor eterno e eu
I Will
Eu vou...


- Eu tenho que ir.
- Tudo bem. – ele deu um beijo estalado na testa dela. apenas sorriu e lhe deu as costas, avistando parada ao lado da bicicleta com uma expressão indecifrável no rosto.
- Está tudo bem? – perguntou, mas foi com muito esforço que pode ouvi-la. percebeu que havia algo estranho ali, como se algo estivesse se perdendo junto com as folhas que sumiam pelo ar.
- Está. Vamos embora? – ela não se sentia totalmente bem, sentia-se leve. Como se tivesse tirado um peso das suas costas. não disse nada, apenas concordou com a cabeça. engoliu a seco, temendo o que pudesse acontecer dali pra frente.


Breathe for love tomorrow
Respirar por amor amanhã
Cause there's no hope for today
Porque não há nenhuma esperança para hoje
Breathe for love tomorrow
Respirar por amor amanhã
Cause maybe theres another way
Porque talvez haja outra maneira


- ? – a gritou, ela virou para encará-lo. – Deixe-a ir embora, está na hora. – parecia que ele sabia exatamente o que se passava na cabeça de e isso a desesperou ainda mais. Ela sabia que havia chegado a hora, mas estava adiando para isso. Não queria perder , não iria suportar. Mas eram outros tempos, agora ela tinha , ela poderia suportar a perda. Respirou fundo enchendo seu pulmão de coragem e fechou os olhos, finalmente dizendo o que temia tanto:
- , acho que você pode ir embora agora, vá para o outro lado. – ainda estava de olhos fechados, sabia que se estive de olhos abertos não iria conseguir falar e nem olhar para sua querida amiga, a qual sempre foi tão presente e importante para ela. Mas tinha que ir embora, não poderia depender sempre dela. Tinha que seguir em frente e agora que tinha as coisas ficariam mais fáceis. foi seu segundo maior refúgio e ela em momento algum se arrependera de ter feito uma amiga como ela. Mas nada é eterno e por mais que ela quisesse sua amizade, não seria eterna. Uma hora ou outra ela teria que enfrentar a perda.
Tornou a abrir os olhos novamente e olhou para os lados, não estava mais lá. Não havia mais um rastro seu.
O que não esperava é que essa perda seria tão rápida e fácil. Sem dor. Ela achava que agora não havia mais nada para se lembrar, nada que a fizesse sentir dor. Mal sabia ela que ainda tinha muita coisa pela frente e não estava livre da verdadeira dor. Ela ainda não estava em paz.

I Climb, I Slip, I Fall
Eu subo, eu tropeço eu caio
Into Your Empty hands
Nas suas mãos vazias
But I Lay Here All alone
Mas eu deito aqui sozinha
Sweating all your blood
Suando todo o seu sangue


Capítulo 9;

Ela resmungou ao ouvir o barulho do despertador acordá-la, espreguiçou-se e levantou-se da cama sonolenta. Não havia dormido muito bem. Remexia-se várias e várias vezes na cama tentando pegar no sono. Aquela conversa com não saia de sua cabeça e não ter com quem conversar dificultava as coisas.
Entrou no banheiro, tirou a roupa e adentrou no Box ligando o chuveiro em seguida. A água quente relaxou seu corpo. Gostava do prazer que sentia quando tomava um banho quente. Era relaxante. se esquecia de todos os seus problemas, não pensava em nada. Absolutamente nada. Era como se tivesse perdido a memória.
Ao terminar de colocar sua roupa saiu do quarto e desceu a escada ouvindo os degraus rangerem. Entrou na cozinha e sentou-se na cadeira sobre o olhar surpreso de sua mãe. Seu pai ignorou completamente a presença da filha e continuou a ler o jornal do dia.
- Você quer um pedaço de bolo, meu bem? É o seu preferido. – Ashley perguntou gentilmente a filha sentada a sua frente. concordou levemente com a cabeça. Ashley abriu um sorriso ao ver a filhar aceitar a comida, Robert tirou os olhos do jornal e focou-se na menina. Bufou irritado, já começara as melações, logo de manhã. Sentia falta de ter um homem a mais em casa.
- Finalmente vai ter mais um homem para botar ordem nessa casa. – Robert falou e em seguida bebericou um pouco do seu café amargo. o encarou curiosa e Ashley colocou um pedaço de bolo no prato da filha e limonada no copo dela.
- Seu irmão vai vir nos visitar nesse final de semana, . Não é maravilhoso? – ‘’É realmente maravilhoso.’’ Pensou . Ela amava demais Ben e sentia muita falta dele. Do seu jeito protetor e carinhoso. Tudo que ela precisava no momento era de alguém como ele e .
Continuaram a tomar café em silêncio, apenas saboreava a comida. Ashley se lembrou de suas manhãs de antigamente. Ben, Robert, e ela, sentados a mesa comendo e conversando, como uma família ‘’normal’’. Muitas coisas mudaram desde o ‘’surto’’ de , não se via mais cafés da manhã como esses. Mas ela tinha que contentar-se com o que presenciava na mesa, mesmo não querendo contentar-se com tão pouco.
Saiu de seus pensamentos ao ouvir o barulho da cadeira arrastando e levantou-se. Colocou o prato na mesa e saiu da cozinha indo até a porta da sala.
- Já vai tarde. – Robert falou. Ashley o repreendeu, mas nem ligou. Bateu a porta de casa, foi até a garagem e entrou no carro. Resolveu dirigir hoje.


Entrou na sala e logo avistou sentado na última cadeira. Andou até sua mesa e parou a sua frente, ele escrevia algo no papel, mas ao sentir o perfume doce de levantou a cabeça para olhá-la e logo um sorriso apareceu nos seus lábios. Ela retribuiu o sorriso e sentou-se ao seu lado.
- Bom dia. – falou animada. estranhou isso, mas preferiu não comentar. Afinal, ele não sabe que era o responsável por essa animação.
- Bom dia, dormiu bem? – perguntou gentilmente.
- Dormi. – mentiu, não queria mais tocar nesse assunto. Afinal ela também merecia um pouco de paz.
O professor entrou na sala e os dois calaram-se para prestar atenção no que ele dizia. Ou fingiram prestar.
Bateu o sinal do segundo tempo. Alguns alunos entraram na sala, entre eles estava Bryan. Seus olhos estavam vermelhos e inchados, gotas de suor escorriam de seu rosto. o olhou enojada, desviou do olhar quando Bryan a encarou enquanto ia sentar-se na sua cadeira. Fitou pelo canto do olho e viu o quão sério ele estava, seus olhos estavam fixos em Bryan e queimavam em ira, suas mãos estavam fechadas como se estivessem preparadas para socar alguém. Hesitante, pegou as mãos de e entrelaçou seus dedos, fazendo um carinho na palma da mão dele. Surpreso com a atitude da menina ele não fez nada, entendeu errada sua reação e tentou soltar sua mão, mas ele a segurou fortemente. Um suspiro de alívio escapou dos lábios dela o fazendo rir. levantou suas mãos até seu rosto e beijou a palma da mão dela.
Estavam tão focados naquele momento que somente os dois compreendiam o que se passava ali – na bolha impenetrável deles – que não haviam percebido que a turma inteira olhavam curiosos e surpresos para eles. Só perceberam quando o professor deu um pigarro. Abaixaram as mãos, mas sem soltá-las.


Quando bateu o sinal do intervalo todos os alunos saíram da sala. pegou o trabalho de Filosofia na mochila.
- Você não vai comer?
- Não posso, tenho que entregar o trabalho de filosofia. – fez uma careta. beijou seu rosto e avisou que estava indo comer – já que sua barriga implorava por comida -. concordou e o avistou sair da sala, logo saiu também.


Quando adentrou na cantina e viu a mesa com os seus antigos “amigos’’ sentados, sentiu a raiva o cegar. Foi até eles e parou em frente a Bryan que estava sentado ao lado de Lindsay. Todos os olhares pairaram em Dougie.
- Veja quem resolveu voltar para o nosso grupo. Cansou de brincar com a , ? – comentou maliciosamente fazendo todos, exceto Dougie, rir. As palavras de Bryan eram nojentas ao invés de engraças, pelos menos para Dougie.
Tremendo de raiva, ele levantou Bryan pela gola da camisa e o encostou na parede gélida e dura. Todos levantaram da mesa e os encararam chocados.
- Meça suas palavras ao falar dela, Roberts. – esculpiu as palavras. Apertou com mais força sua mão envolta do pescoço de Bryan, o impedindo de respirar. Ele deu um soco no nariz de Bryan, sua mão ficou melada devido ao sangue que escorrera do nariz dele. Ouviram-se um grito de dor, em seguida de desespero.
Bryan e socavam-se no meio da cantina sem nem se importarem com os melados nas mãos. Alguns vibravam de excitação ao ver a briga, outros estavam aflitos tentando separar a briga.


chegou na cantina olhando as pessoas curiosas. Uma roda de pessoas estava formada em volta de algo que ela não havia identificado o que era. Só poderia ouvir gritos e mais gritos. Correu até a roda e enfiou-se no meio da multidão de pessoas que pisoteava seus pés, mas aquilo não a incomodou. Era estranhou, pois uma voz gritava na sua cabeça dizendo para ela ir pra lá, como se era lá que devesse estar. Meio surreal. Mas era realista, pelo menos foi isso que ela descobriu ao ver e Bryan ensangüentados e socando-se no meio da cantina. Ficou sem reação, sem saber o que dizer. Parecia que seus pés estavam presos aquele chão, aqueles mesmo pés que poderia correr até eles e obrigá-los a pararem de fazer isso.
Na sua cabeça passavam-se perguntas sobre o porquê de estar fazendo isso? Nunca presenciara nenhuma violência vinda da parte dele. O que o faria a cometer uma atitude tão insana? Então percebeu que os olhares de Kim e Lindsay pousaram nela, faiscando ira. Seu coração acelerou. Ele não teria feito isso por ela, teria?
- ! – ouviu sua voz gritar desesperada por ele. Na mesma hora os dois pararam de brigar e viraram-se para encará-la. pode ver o arrependimento nos olhos dele.
Todos da roda abriram um espaço para o diretor passar. Agora o respeito era perceptível em todos os olhos. O diretor encarou e Bryan de cima abaixo de uma forma enojada, fazendo-os sentirem-se um lixo.
- Sr. e Sr. Roberts, direto para minha sala. – Roberts falou exasperado. Bryan e não disseram nada, apenas abaixaram a cabeça e o seguiram até sua sala.


e Bryan entraram na sala junto com o diretor que sentou-se na sua imensa cadeira, os meninos sentaram-se nas cadeiras em frente ao diretor. A tensão pairou naquele lugar.
- O que vocês pensam que estavam fazendo? – ele gritou exaltado batendo os pulsos na mesa de madeira, assustou os meninos.
- começou. Ele veio até a nossa mesa e do nada socou meu rosto, meus amigos estão de provas. – Bryan protestou-se. sentiu ainda mais nojo dele e controlou-se para não socá-lo ali mesmo. O olhar do diretor fixou em .
- Você não vai dizer nada Sr. ? – disse ironicamente ao ver nenhuma palavra sair da boca dele.
- Acredito que eu vá falar não deixe o senhor muito contente e muito menos o Sr. Roberts. – respondeu no mesmo tom de ironia. Já estava na hora de Bryan receber um troco decente.
- Seja direto Sr. , não gosto de enrolação. – ordenou e logo os outros dois o encararam curiosos.
- Bryan Roberts estuprou Chevalier. – pronunciou pausadamente cada palavra a fim de que elas grudassem na cabeça de cada um deles. Os olhos de Bryan esbugalharam-se e não soube o que dizer, estava sem reação.
- Essa acusação é muito grave, Sr. . – falou sério após recuperar-se do choque ao saber que uma de suas alunas havia sido estuprada por um de seus alunos preferidos.
- A própria Chevalier disse isso. – sorriu sarcasticamente ao ver Bryan sem reação. Ahá, te peguei otário
Ninguém conseguiu dizer mais nada. O diretor estava chocado e decepcionado. Bryan estava aflito e também chocado. estava feliz, Bryan iria pagar pelo o que devia. Pelo menos era assim que pensava.
- Esse assunto morrerá aqui. – o diretor falou tenso dirigindo seu olhar para os dois. Bryan engoliu a seco as palavras do diretor eas de .


andava aflita de um lado para o outro naquele corredor. ainda não saíra da sala do diretor, estava ansiosa. Queria saber como ele estava, se havia se machucado, o que iria acontecer com ele. Continuou a roer a unha desesperadamente como se isso fizesse sair da sala e sua ansiedade acabar.
Sua ansiedade aumentou ainda mais ao ver Bryan e saindo da sala do diretor, quietos demais. correu até eles, mas especificamente correu até .
- E ai, o que vai acontecer com vocês? – perguntou aflita olhando somente para .
- Fomos suspensos. – disse. Bryan andou na frente sem nem sequer olhar para . Ela não estranhou, já imaginava o porquê.
- Vem, vou fazer um curativo no seu machucado. – pegou a mão de e o levou até a enfermaria.
Entraram naquele ambiente incrivelmente e estranhamente branco. A enfermeira já cuidava de Bryan. Olhou para os dois meninos com olhar de repreensão. deitou-se na maca em silêncio.
- Eu vou fazer o curativo nele. – explicou ao ver a enfermeira olhá-la. Logo a expressão da mulher ficou surpresa, fazia meses que não ouvia a voz da menina que já havia esquecido como era. Bryan nem se ligara que voltara a falar, sua mente vagava em outro lugar. Na conversa na sala do diretor para ser mais exata.
Molhou a gase com Povidini e passou delicadamente na ferida de , ele se contraiu ao sentir seu machucado arder e fez um careta. Observou cuidar dele, toda a atenção dela no curativo que fazia, como se fosse uma enfermeira. O carinho e cuidado que ela tinha ao fazer isso. gostava disso, de ser cuidado, por ela. Assim que terminou de fazer o curativo, jogou os objetos que eram para serem jogados foram no lixo e guardou o Povidini. Voltou-se para e o olhou, esperando por alguma palavra. Ele engoliu a seco, já imaginando o que veria pela frente.
- Desculpe. – olhou para os seus pés evitando encarar os olhos de . Era uma atitude infantil, sabia disso.
- Você não deveria ter feito isso, .
- Como não ? Ele merecia ter pagador por isso, olhe o que ele fez com você? Isso o que eu fiz não foi nem a metade do que ele merecia. – gritou exasperado. A enfermeira e Bryan dirigiram-se seus olhares a ele. Bryan levantou-se da maca sem dizer nada e saiu da sala, a enfermeira fez o mesmo achando melhor deixar e conversarem sozinhos. passou a mão no braço de tentando acalmá-lo.
- Deixa isso pra lá , o que é dele está guardado. – tentou sorrir confiante para ele, mas não se saiu muito bem na tentativa, afinal não sabia se tudo poderia ficar bem ou se o que era de Bryan realmente estava guardado.
- Senta aqui. – bateu no espaço ao seu lado. sentou-se ao seu lado, ele passou seu braço pelo ombro dela e entrelaçou suas mãos. Ambos os corações dispararam com esse mínimo gesto.
- Então...?
- Então...? – riram em sintonia. – Sabe, eu sempre imaginei ficar assim com você. – admitiu. Sorriu ao ver a menina abaixar os olhos, envergonhada. – É boa essa sensação. – aproximou o corpo de ainda mais, ela deitou a cabeça dela no seu ombro e ouviu os batimentos dele acelerarem de acordo com os delas. A respiração dela ficou pesada, imaginou que a dele também havia ficado. Não tinha dúvida dos efeitos que causava nele e muito menos os sentimentos dele por ela. Era impossível não acreditar em , não depois de tudo que ele fez por ela. Seria impossível viver sem tê-lo.


Saiu de seu carro e entrou na sua casa. Estava silenciosa, estranhou. Eram raros os momentos em que ela ficava sozinha, Ashley não largava do seu pé. Deu de ombros e foi até a cozinha, viu na porta da geladeira um bilhete:


Filha, fui à casa da sua tia. Tem comida no forno, coma hein dona, !
Beijos da sua mãe.


Sentiu seu peito doer. Não era justo com a sua mãe passar por isso, ela não merecia todo aquele sofrimento, todo aquele drama. Sua mãe a amava tanto, ela merecia coisas boas, não ruins que traziam dor. Às vezes era tão egoísta, preocupava-se tanto com a sua dor que esquecia que passava para outras pessoas. Poderia ao menos fingir que estava tudo bem para não causar mais sofrimento.
Abriu a geladeira e pegou a garrafa de água. Encheu seu copo e bebeu todo o líquido que tinha ali rapidamente, sua sede era enorme. Ouviu o barulho da campainha, estranhou. Sua casa não era do tipo que recebia muitas visitas, não ultimamente.
Abriu a porta sentindo seu coração gelar no mesmo momento que abrira, por um momento esqueceu-se de como era respirar e só lembrou-se do medo. Bryan estava ali, parada a sua frente, na sua casa, sozinho, ele e ela. E o pior: Seus olhos faiscavam ira.
- O que você faz aqui? – perguntou grosseiramente. Bryan ignorou totalmente sua pergunta e adentrou na casa sem ao mesmo esperar para ser convidado. fechou a porta e virou-se para encará-lo.
- Por que você disse isso para o ? – sua voz transbordava ódio. respirou fundo como se isso fosse acabar com o seu medo. Planejou mentalmente algum plano para escapar dali. Pensou em tacar o abajur da sala na sua cabeça e sair gritando pela rua, mas o abajur estava longe demais.
- Foi você não foi? – tentou esconder o medo evidente em sua voz. Bryan sentiu seu sangue ferver. Como aquela garota que um dia ele foi apaixonado por ela poderia falar coisas tão absurdas dele? Com ela teria coragem. Tudo que ele sentia de era nojo.
Bryan a prensou na parede e passou suas mãos pelas pernas de e a outra apertou sua bunda enquanto dava chupões no seu pescoço. O coração da menina disparou. Não, aquilo não poderia voltar a tona. Não poderia acontecer novamente, aquela história cruel não poderia repetir-se. Uma lágrima grossa escorreu dos seus olhos enquanto ela estava imóvel sem conseguir mexer-se, sem conseguir fazer nada, nem sequer impedi-lo. Havia levado tanto tempo para curar-se mentalmente.
Os apertos de Bryan estavam machucando-a, mas não eram de excitação e sim de raiva, raiva dela. Um grito desesperador estava entalado na garganta de . Bryan a machucava cada vez mais, mas estranhou o fato dele não ter tocado seus lábios e nem ter aprofundado as coisas. Então os flashbacks daquela noite na festa vieram na sua mente. O toque da mão macia delicada e bruta ao mesmo tempo. A forma ágil em que ele tirava suas roupas e sussurrava coisas do tipo ‘’Eu sempre fui louco por você.’’ A forma intensa que ele beijava seus lábios. Nada disso era parecido com que Bryan fazia, era totalmente diferente. Por mais que não tivesse total consciência do que acontecia naquela noite, ainda conseguia lembrar-se dos toques dele, das suas palavras, sua respiração, seu corpo quente contra o seu corpo gelado. Tudo isso ela conseguia lembrar nitidamente.
- Eu nunca teria coragem de fazer isso com você, nunca. Eu era louco por você, não suportaria te machucar. Mas agora você fodeu com tudo. – Bryan sussurrou as palavras amarguradas no ouvido de , suas mãos caíram ao redor do corpo da menina sem manter aquele contato físico. As palavras dele desceram rasgando na sua garganta cortando-a cruelmente e dolorosamente. Tudo que ela não queria acontecer, aconteceu. Alguém foi injustiçado.
- Desculpe. – suas palavras saíram num sussurro, se Bryan não tivesse tão próximo a ela não iria escutar. Afastou-se dela indo em direção a porta sem antes olhá-la e sussurrar as palavras tão baixas e dolorosas escutadas por ela.
- Suas desculpas não vão resolver os problemas. – ela sabia disso. Deus, como ela sabia disso.
escorregou-se até o chão e fitei a parede com os olhos marejados e assustados. Ela havia perdido um amigo. Ele foi injustiçado. Não fora Bryan que havia feito isso com ela. Essas palavras ecoavam com mais força na sua cabeça deixando-a tonta até que tudo se apagou.


Capítulo 10;

Era inverno e o vento frio fazia as pessoas encolherem-se e estremecerem. As nuvens cinza escondiam o sol, o vento gelado substituiu os raios solares e os agasalhos tomaram lugar das camisetas.
Apesar do frio que fazia na cidade não impediu e de tomarem sorvete naquela tarde de domingo num parque da cidade. Eles estavam sentados no banco de madeira saboreando o sorvete. O de era morango com chocolate e o de era de baunilha.
O objetivo de era deixar livre das lembranças que a assustavam. Percebera que desde o dia em que brigou com Bryan ela havia estado distante, a mágoa nos seus olhos havia voltado. Sentia-se culpado, não deveria ter sido impulsivo, deveria ter pensado mais nos sentimentos dela. Ainda mais agora, que ela precisava mais dele do que nunca.
- Não gosto do inverno. – resmungou enquanto tirava o papel grudado na casquinha sujando as pontas do seu dedo. riu baixo.
- Eu gosto. Ficar o dia inteiro em baixo do edredom vendo um filme e tomando chocolate quente ou até mesmo ir ao parque com uma pessoa querida. – ao ouvir as últimas palavras dele não pode conter um sorriso bobo e envergonhado e que todo o seu sangue fosse para suas bochechas. Ele passou o braço sobre o ombro de e delicadamente a puxou para mais perto de si, ela deitou a cabeça no peito dele enquanto continuava a tomar seu sorvete.
- Eu tenho vontade ir para o céu, saber como é lá. Eu sei que é um desejo clichê, mas ultrapassar o meu limite já me deixa extasiada. – disse, após alguns segundos em silêncio. Automaticamente e olharam para o céu acinzentado e ambos imaginaram como era lá. Havia anjos? Você reencontraria pessoas queridas? Era tudo branco? Como era Deus?
- Podemos ir a roda gigante, eu sei que não chegaríamos nem tão perto assim do céu, mas pelo menos estaríamos mais perto do que os que estão na Terra. – riu da frustração na voz do menino ao concluir sua linha de raciocínio.
- Eu adoraria ir à roda gigante. – sorriu levantando-se e jogando o papel no lixo após terminar de comer a casquinha, repetiu sua ação e entrelaçou seus dedos gélidos tentando inutilmente esquentá-los.
Com eles um simples gesto era valorizado e guardado. Um sorriso, uma risada, a forma que o cabelo caia no rosto, a forma que o outro abraçava, era tudo novo e gostoso de ver e sentir. Eles já haviam tornado-se íntimos, tão íntimos que saberiam distinguir o que o outro estava sentindo apenas olhando nos olhos ou a expressão facial. Pareciam que se conheciam há anos e não há meses. A segurança e o carinho que sentiam ao estarem juntos era algo muito bom para eles e bastante importante. Queriam se conhecer cada vez mais, estarem ainda mais íntimos, queriam mostrar o desejo que sentiam pelo o outro, mas ainda havia uma pontinha de insegurança, mesmo sendo mínima. Não queria estragar a relação que demorou meses para ser construída.

(N/A: Coloquem para tocar With You – Jonah Johnson)

There was hope, there was faith
Havia esperança, havia fé
There was truth but I just couldn't get it
Havia verdade, mas eu não podia tê-la
Now there's love in my life can't let it go I just won't let it
Agora há amor na minha vida e eu não posso deixá-la ir, eu não vou deixá-la ir
Change has played its part
A mudança desempenhou o seu papel
And it's healed my wounded heart
E curou meu coração ferido


A fila da roda gigante estava pequena. Entraram na cabine e sentaram-se de frente para o outro entrelaçando suas mãos. Lentamente a cabine foi subindo, sentiu um frio na barriga e inconseqüentemente apertou as mãos do menino.
- Está com medo? – perguntou fixando os olhos na menina.
- Não, eu apenas senti um frio na barriga. – os seus olhos pairaram-se no céu que parecia estar cada vez mais próximo e ao mesmo tempo distante. A roda parou deixando a cabine no topo da roda. sorriu largamente e seus olhos brilharam ao sentir o vento gélido bagunçar completamente seus cabelos. Fechou os olhos e imaginou-se no céu, livre, totalmente livre! Livre das pessoas, dos pensamentos, dos sentimentos, livre dela mesma!
- , estamos perto do céu! – disse encantada ainda com os olhos fechados. sorriu com o que via, a expressão agora tranqüila da garota.
- , o céu pode ser aquilo que você quiser. Aquilo que te dá alegria. – abriu os olhos ao ouvir as palavras do menino e o fitou curiosa, enquanto o mesmo a encarava.
- Qual é o seu céu? – perguntou sem desviar um segundo sequer seus olhos do dele.
- Meu céu é você. – assim que disse isso ele inclinou-se para frente e beijou os lábios de . Desde o dia em que ela havia confessado a ele o que havia acontecido com ela e ter o deixado tocá-la, descobriu o quão grande era a confiança que depositava nele e isso fez com que aquele medo de antes sumisse.
A língua de pediu passagem para explorar aquela boca tão desejada por ele. Para o seu espanto e felicidade ela foi concedida. A língua dela tinha gosto de morango com chocolate devido ao sorvete que tomava. Todas aquelas emoções tão conhecidas por eles voltaram. O coração de ambos batia tão rápido e forte que eles achavam que poderiam rasgar o peito deles e o outro ouvir as batidas. queria soltar a mão de e tocar no seu rosto, cabelo ou até mesmo puxar seu corpo para mais perto do seu, mas ela não soltava sua mão em momento algum, apenas a apertava ainda mais.


All I wanna do and all I wanna be
Tudo que eu quero fazer e tudo que eu quero ser
All I wanna feel is something real
Tudo o que eu quero sentir é algo real
I want to believe that everything I do, from here on out will be with you
Eu quero acreditar que tudo que faço, de agora em diante será com você
It's gonna be with you
Será com você


Eles não desgrudavam a boca um minuto sequer, pareciam que haviam sido coladas. Foi necessário um pigarro do casal que esperava que eles saíssem do brinquedo para entrarem para separarem as bocas. Saíram envergonhados da cabine, num ato inconsciente entrelaçou suas mãos, mas sentiu-se desconfortável e não confortável como normalmente ficaria. havia percebido isso.
- Está tudo bem? – perguntou aflito. Será que havia se precipitado?
- Eu quero comer algodão doce – ignorou totalmente sua pergunta e apontou para a barriquinha de algodão doce a sua frente. assentiu indo até a barriquinha com ela.
– Um algodão doce, por favor. – pediu ao senhor assim que havia chegado à barraquinha.
- Qual cor a senhorita quer? – perguntou gentilmente.
- Azul. – o homem lhe entregou o algodão doce. Ela lhe deu o dinheiro e o agradeceu. Abriu o algodão doce e comeu um pedaço do mesmo, ofereceu a , mas ele negou. estranhou o modo distante que ele estava agindo, absorto demais em pensamentos.
Sentaram-se no mesmo banco que estavam sentados há minutos atrás e ficaram em silêncio, mas não era aquele silêncio que estavam acostumados a presenciar. Era um silêncio que não estavam acostumados a presenciar. Era um silêncio desconfortável e a cada minuto que passava o incomodavam ainda mais.


Here with you I feel safe and I know this is jut the beginning
Aqui com você eu me sinto seguro e sei que este é o apenas início
For so long I was lost, now it feels I'm finally winning
Por muito tempo eu estive perdido, agora parece que estou finalmente ganhando
I wouldn't mind,
Eu não me importaria
I could love you for the rest of my life
Eu poderia te amar pelo resto da minha vida


Eu poderia te amar pelo resto da minha vida

terminou de comer e jogou o plástico com o palito no lixo, virou-se para e lhe perguntou:
- O que está acontecendo? – referiu-se a maneira distante que o menino estava.
- Eu que te pergunto. – sua voz agora era carregada de sarcasmo.
- Como assim?
- Por favor, , sejamos honestos! Depois de nos beijarmos você ficou estranha do nada, como se estivéssemos acabado de cometer um crime. – sua voz e suas feições que sempre eram carinhosas e amorosas, agora estavam frustradas.
- Desculpe. – disse cabisbaixa. Magoar era a última coisa que queria.
- Isso é tudo que você tem a dizer? – levantou-se do banco e parou a sua frente. entendia que havia passado coisas terríveis em sua vida, coisas que tinha deixado marcas, mas ela tinha que superá-las. Às vezes parecia que nem tentava superar tudo isso, apenas deixava como está.


Oh, it's gonna be with you
Oh, será com você
I wouldn't mind,
Eu não me importaria
I could love you for the rest of my life
Eu poderia te amar pelo resto da minha vida
Cause
Porque


- O que você quer que eu diga ? Que eu minta dizendo que está tudo bem? Porque não, não está tudo bem. – levantou-se também e parou a sua frente.
- Você está certa, eu que lhe peço desculpas. Eu só queria que tudo fosse mais fácil. – disse num sussurro inaudível.
- Eu também queria. Você não tem idéia de como eu queria! Mas infelizmente não é, desculpe-me , mas comigo nada é fácil. – ao ouvir as palavras dolorosas e ter visto como foi difícil elas saírem da boca da menina, seu coração doeu. Ele estava sendo egoísta mais uma vez e com quem não devia. Seria injusto cobrar algo a , não era assim que deveria agir.
- Não, eu que lhe devo desculpas. Estou precipitando as coisas, eu sei. – rapidamente ele puxou para um abraço apertado e desajeitado. apertava o corpo da menina, sussurrou lentamente as palavras que saíram abafadas porque sua cabeça estava enterrada no cabelo dela: - Eu não quero te perder.
- Você não vai me perder, a não ser que você queira. – sorriu com as palavras dela. É claro que não iria perdê-la nunca.
- Desculpe por não ser tão bom o suficiente para você e compreensível. – Abaixou os olhos. Ela ergueu o queixo dela com as mãos e lhe deu um breve selinho e disse com a boca encostada na dele:
- Você é perfeito pra mim.


It's gonna be with you
Será com você
Now that I found you
Agora que te encontrei
I'm never gonna let you go
Eu nunca te deixarei ir
I'm never gonna let you go away
Nunca te deixarei ir embora




Capítulo 11;

Aquele dia não havia começado muito bem para . Apesar de o dia estar ensolarado do jeito que ela gostava, não estava muito animada para ir à escola. Estava, antes de chegar lá e ver que havia faltado. Esse era o motivo do seu desânimo. Não queria tornar-se tão dependente assim dele, mas era meio que inevitável já que ele era seu único amigo. Ficar um dia sem vê-lo a lembrava dos meses passados. O quão solitária era. Recordar aquela época lhe deixava melancólica.
Remexeu-se na cadeira. Não conseguia encontrar uma posição, estava inquieta e desconfortável. Não via a hora do sinal bater anunciando o término da aula. Não via a hora de ir para casa, jogar-se na cama e cair no sono. Estava cansada demais, fazia cinco dias que acordava no meio da noite assustada por achar que tinha alguém no seu quarto. Mas não havia ninguém, somente a escuridão. Nem estava mais lá.
Do outro lado da sala estava Bryan. Seus olhos estavam fixos nela assim como sua atenção. olhava distraidamente para a janela ao seu lado. A voz do professor parecia um zunido fraco aos seus ouvidos, um zunido chato. Bryan, assim como , não via a hora do sinal bater, levantar-se e ir até a mesa dela para lhe pedir desculpas. Havia sido um estúpido naquele dia com ela, não merecia passar por tal coisa. O que o deixava intrigado era a pergunta que rondava em sua cabeça: Por que teria inventado uma coisa tão cruel ao seu respeito?
O sinal tão desejado por grande parte da turma finalmente bateu. Bryan jogou todo o seu material sem delicadeza alguma na mochila e a colocou nas costas, atravessou a sala indo em direção a . O cabelo caía em seu rosto tampando-o. Bryan parou ao seu lado tomando coragem para falar com ela. Não sabia qual seria ao certo sua reação, mas esperava por algo frio. Ela era mesmo uma incógnita.
- Hey. – O timbre da sua voz demonstrava sua incerteza ao estar ali e falar com ela. Estava parado ao seu lado esperando alguma reação, ela apenas fixou seus olhos nos deles o encarando surpresa.
- O que você faz aqui? – Perguntou grosseiramente, mas Bryan ignorou. Aquela reação era até normal.
- Eu vim desculpar-me. Agi errado naquele dia, perdoe-me pelo meu comportamento. – Sua sinceridade era perceptível. suspirou pesadamente. Não poderia dizer nem fazer nada a não ser perdoá-lo. Estava tão errada quanto ele por acusá-lo sem provas.
- É claro que eu te perdôo. Errei tanto quanto você, não deveria ter lhe acusado sem provas. – Bryan viu sua expressão surpresa mudar para magoada. Mas ele sabia que estava ainda mais errado que ela. Não esteve ao seu lado quando mais precisava de um amigo e sempre dizia ser o melhor amigo dela, mas quando precisou de uma prova de sua amizade ele não a deu. Não poderia negar que em todas às vezes quando a via ou quando encontrava-se sozinho, perdido em pensamentos, a culpa alojava-se no seu corpo. Dói saber que soube o que aconteceu com e diferente dele, estava lá para apoiá-la.
- - Ele sentou-se numa cadeira e ela sentou-se em outra de frente para a dele, Bryan puxou a cadeira para mais perto dela. – Eu fui um péssimo amigo para você. – A mágoa pareceu tomar conta não só da sua voz como sua fisionomia. Aquela sensação ruim que sempre tinha quando via alguém sofrendo por ela voltou e milhares de frases a dizendo o quão egoísta era passaram por sua cabeça.
- Bryan, você não é culpado, também fui uma péssima amiga para você. Como você iria adivinhar o que aconteceu comigo se eu mesma não lhe disse? – Sentiu-se um pouco conformado com a história. Lembrou-se das épocas que passara com , era considerada a mãe do grupo por preocupar-se com todos ali e confortar os outros. Era a primeira pessoa a quem recorria quando queria desabafar.
- Senti tanta a sua falta. – Mordeu o lábio inferior demonstrando seu nervosismo. Tanto tempo que não falava com ela, dizia que a amava, que sentia sua falta, lhe dizia palavras carinhosas, a abraçava. Sentia-se ainda mais inseguro, com medo de tomar qualquer reação precipitada. Era como se fosse um recém nascido e ele o pai orgulhoso e com medo ao pegar a primeira filha no colo.
- Você não tem noção da falta que me fez, Bryan. – Colocou sua mão gélida por cima da mão quente dele. Bryan sentiu corrente elétrica passarem pelo seu corpo, riu da maneira infantil que seu corpo reagia ao estar em contato com o dela.
- Desculpe pelo o que te fiz passar. Eu só gostaria de entender o porquê de você ter dito que foi eu. – Percebeu que havia ficado incomodada. Os olhos dela foram parar na janela e sua mente ficou distante, bem distante. Começou a recordar-se daquela noite, à noite a qual julgou ser maldita. Tudo seria tão mais fácil se ela tivesse ficado em casa dormindo ao invés de ter saído pela janela. Não haveria mudanças. Seria tudo como era antes.
- Você foi o último que eu fiquei na festa, era o que fazia mais sentido. – Mas havia aprendido que fazer sentido nem sempre significava ser o que era.
- Sabe, quando eu entrei na sua casa estava disposto a vingar-me, eu realmente iria lhe... – Ouve uma pausa. Bryan não conseguia pronunciar aquela palavra tão dolorosa. Imaginou que também não iria conseguir escutá-la. Estava certo, ela não iria conseguir. – Bom, eu não consegui. Não consigo suportar a idéia de vê-la machucada, ainda mais se eu fosse o causador de tanta dor. – Ao ouvir as palavras tão dóceis e meigas de Bryan a culpa instalou-se no seu corpo. Amaldiçou-se quinhentas vezes por ter sido tão estúpida com ele. Que péssima amiga era.
- Ah, Bryan... – Incerta do que deveria dizer, apenas jogou-se nos braços dele ficando de joelho no chão e com a cabeça enterrada no seu peito. Ele ficou surpreso com a atitude da menina, porém não perdeu a oportunidade de acariciar seu cabelo negro. O seu perfume que lhe fora como uma droga, um tipo de droga diferente e único, feita especialmente para ele, invadiu suas narinas. Mas agora ela tinha uma essência diferente de todas que ele já havia sentido. Não era mais aquela mistura de shampoo de chocolate com álcool, cigarro e maconha. Agora era ainda melhor, mais viciante. – Desculpe-me, por tudo. – Estava sentindo sua garganta começar a se fechar.
- Esqueça isso, vamos começar a pensar no presente. Você sabe que eu te amo demais para ficar com raiva de você. – começou a ver que aquele dia não estava sendo tão ruim como imaginava que iria ser. As coisas com Bryan estavam finalmente resolvidas, ela tinha o seu melhor amigo de volta e isso era muito importante para ela. percebeu que depois de um dia chuvoso vinha outro dia, porém com um sol.
- Eu também te amo demais, você vai ser sempre meu melhor amigo. – Bryan sorriu ao escutar as palavras da menina. Não era bem o que ele queria ouvir, mas contentou-se com o que escutara. O tempo em que Bryan passou observando e , pode ver como eram bobos aos seus olhos. Teve também uma certeza: eles, mesmo sendo bobos aos olhos de muitos, pertenciam um ao outro.


Quando entrou no estacionamento pode ouvir de longe risadas e alguns gritinhos. Quando se aproximava cada vez mais do carro podia ouvir nitidamente as vozes, conseguia até distingui-las. Abriu a porta do motorista e quando ia sentar-se no banco alguém puxou com força seu braço fazendo-a virar-se bruscamente para a pessoa. Era Josh.
- O que você quer? – Perguntou entre os dentes quando viu a imagem repugnante de seu ex amigo. Josh deu um sorriso irônico sem soltar o braço dela.
- A mudinha voltou a falar? – Perguntou sarcasticamente. tentou puxar seu braço, mas ele segurava com força.
- Fala logo o que você quer.
- Só quero lhe dar um aviso: você já tirou do nosso grupo, se tirar Bryan também as coisas podem ficar ainda mais difíceis para você. – Suas mãos apertaram ainda mais seu braço e ele quase cuspiu as palavras. tentava inutilmente espantar o medo que lhe apossara ao corpo. Ultimamente ela sentia medo de tudo e todos, queria que aquela coragem de antes voltasse.
- Não quer perder seus homens para mim, é? – Não sabia de onde tirou forças para fazer piadinhas. Sentia os dedos de Josh machucar ainda mais seu braço. Ele levou seu dedo até seu rosto e o colocou a centímetros de distancia do rosto dela.
- É só um aviso. – Josh soltou o braço de fazendo com que aquela dor sumisse, mas somente a dor física. Ele lhe deu as costas contando até onde estavam seus amigos. Quando Josh estava um pouco distante do seu campo de visão ela começou a chutar o pneu do carro. Estava inconformada com o rumo que as coisas estavam tomando. Às vezes parecia que nada dava certo.

estranhou quando viu um carro preto estacionado do outro lado da rua. Não soube dizer a marca do carro já que nunca soube definir a marca de um, mas soube dizer que ele não parecia muito novo e nem era tão bonito, era mediano. O que a deixou curiosa era porque aquele carro estava ali já que as únicas pessoas que lhe visitavam eram seus amigos, seus pais não era muito de fazer amigos. Deu de ombros e passou a ignorar esse fato. Saiu do carro e o trancou, abriu a porta de casa e pode ouvir o barulho dos pratos misturados com as gargalhadas que vinham da cozinha. Aquela não era a sua casa, não mesmo. A felicidade nunca foi bem vinda lá. estava completamente confusa.
Ao aproximar-se ainda mais da cozinha já conseguia distinguir os donos daquelas vozes. Ashley e Robert, claro. Mas havia uma terceira voz, uma voz doce que lhe passava uma segurança somente ao ouvi-la. Ela saberia reconhecer aquela voz facilmente, mesmo sem ouvi-la por meses. Era Ben, seu irmão, aquele que ela julgava ser seu protetor, seu herói.
Entrou na cozinha e viu Ashley lavando a louça, Robert sentado na cadeira e do outro lado da mesa outra pessoa que lhe chamou bastante atenção. Ben estava sentado ali conversando com seu pai. Deixou escapar um suspiro de alívio ao vê-lo. Sem se importar em cumprimentar as pessoas que estava ali, não que ela faça isso com frequência, porque não fazia, correu até o irmão e jogou-se nos seus braços. Ben levou um susto, mas depois que sentiu aquele calorzinho e o frio na barriga que só uma pessoa causava, ele reconheceu sua irmã. Retribuiu seu abraço a apertando contra si, porém com uma cautela um tanto exagerada. Alisava o cabelo macio da irmã e lembrava-se de como aquele simples gesto a acalmava nas noites frias e que havia tempestades. Já poderia sentir as lágrimas traiçoeiras formaram-se nos seus olhos. A saudade e o amor que sentia por ela eram tanto...
Ashley e Robert observavam a cena. Ashley estava emocionada, Robert indiferente como sempre. Mas os dois irmãos não se importaram com a presença deles, aquele era um momento único, somente deles.
- Você vai ficar? – perguntou torcendo para que a resposta fosse sim. Sentia falta da segurança que Ben lhe passava.
- Infelizmente não, só vou ficar duas semanas. – Ela afastou-se do abraço dele para encará-lo. Sua expressão facial mudou rapidamente para chateada, já estava sentindo falta dele. – Hey, não faça essa cara, está bem? Passaremos essas duas semanas inteiras juntos. – Logo um sorriso largo apareceu na face dela, jogou-se novamente nos braços do irmão.
- Está bem, está bem. – Ben gostava daquilo em , sua simplicidade e como as coisas mais simples do mundo a alegravam. Sua mãe estava enganada em dizer que a garota encontrava-se num estado deplorável.


Não estava conseguindo dormir, rolava de um lado para o outro na cama, mas o sono não chegava. Bufou irritado e levantou-se da cama, iria até a cozinha pegar um copo d’água. Quando estava indo em direção a escada uma porta roxa entreaberta lhe chamou atenção. Parou em frente a ela evitando ao máximo fazer barulho, aproximou-se e encostou-se no batente da porta. Devido ao silêncio que predominava ali era possível escutar a respiração descompassada de , Ben ficou ali parado a observando dormir. Sempre a definiu como um anjo, principalmente quando dormia. Sua fisionomia era tranqüila e ela parecia estar em paz, longe de qualquer coisa que a deixasse perturbada. Ben sempre teve isso por , certo amor e proteção exagerada demais.
Ficar parado ali a observando dormir era magnífico.
- Ela vai melhorar. – O silêncio era tão intenso que Ben levou um susto ao ouvir a voz de Ashley. Ela estava parada ao seu lado usando seu habitual roupão azul claro e com uma caneca em mãos. De início ele não compreendeu o que sua mãe quis dizer, mas ao lembrar-se da conversa no café da manhã pode entender.
- Parece estar melhor, pelo o que a senhora me disse. – Respondeu assim que se recuperou do susto. Não olhou sua mãe, observou a expressão cansada dela, seus olhos estavam fixos na irmã. Observava a forma que alguns fios de cabelo caiam no seu rosto, sua boca rosada entreaberta deixando o ar escapar dando um sinal de que estava viva, seu rosto descansado.
- Acredito que seja por causa dele, aquele menino que lhe disse. – . Ela não havia esquecido o nome dele desde o momento em que ouviu a mãe pronunciar seu nome numa forma agradecida, como se ele tivesse salvado sua vida. De fato havia. Mas não para Ben, para ele não havia feito nada demais, nada do que ele faria e ainda melhor.
Ashley desejou boa noite ao filho e lhe avisou que voltaria para cama. Então ela saiu, o deixando sozinho novamente com . Ele continuou a observar a irmã reprimindo a vontade que crescia dentro dele de tocá-la. Ele não poderia fazer isso, não de novo.
Cautelosamente ele se aproximou da cama e deitou-se ao lado de ficando de frente a ela. Sorriu consigo ao sentir a respiração dela bater no seu rosto. Aproximou seu rosto do dela e delicadamente beijou-lhe os lábios finos sentindo seu coração pulsar. Ele iria protegê-la, de qualquer coisa que acontecesse. Só não garantia protegê-la dele mesmo.

Capítulo 12

Acordou assustada ao lembrar-se do pesadelo que tivera com Ben. Horrível e nojento. Lembrar-se do irmão passando a mão no seu corpo e beijando seus lábios – como fazia no pesadelo – causavam-lhe tremores e náuseas. Aquilo era assustador demais, até mesmo para um pesadelo.
Mas algo, ali dentro de si, dizia-lhe que não era um sonho. Aquele maldito pressentimento a confundia cada vez mais.
levantou-se e foi ao banheiro, decidida a tomar um banho gelado. Enquanto tomava banho, milhões de coisas passavam-se na sua cabeça. Pensou em e no quanto sentia sua falta. Quando tinha , ela não ficava completamente sozinha, sempre estava ali presente, como uma fiel amiga.
Saiu do banho, secou seu corpo e arrumou-se para ir à escola. Quando já estava pronta, desceu a escada e foi à cozinha. Naquele cômodo não havia mais ninguém além de sua mãe. Seu pai havia saído mais cedo e seu irmão ainda estava dormindo. achava melhor não ver o irmão naquela manhã. Ainda estava assustada com seu pressentimento. Não queria contar o pesadelo que tivera para ele, tinha medo do que ele fosse pensar. Talvez a achasse uma louca obcecada por ele.
- Bom dia. – Ouviu a voz melodiosa de Ashley falar enquanto a menina arrastava a cadeira para sentar. Assim que se sentou, olhou para a mãe e deu um pequeno sorriso. Uma coisa simples para , algo quase insignificante para ela, mas um gesto encantador para Ashley. As coisas estavam começando a evoluir.
cortou um pedaço de bolo de laranja e o colocou no prato. Encheu o copo com leite e começou a beber e comer.

- , espere! – Ouviu a voz grossa de lhe chamar desesperadamente. Virou-se para trás e o viu correndo até ela, fazendo gesto com a mão. Após alguns segundos, ele estava parado à sua frente, com a respiração ofegante. achou graça da situação.
- Se continuar desse jeito você vai poder entrar na maratona. – disse em tom de provocação, em seguida soltou uma risada. fez uma careta.
- Muito engraçadinha você. – Ele passou seu braço ao redor do pescoço de e a menina entrelaçou seus dedos no dele. Continuaram a andar, adentrando no pátio da escola.
- Então, o que você me conta de novo? – fingiu estar pensando em algo, mas logo fez uma expressão decepcionada.
- Nada, e você?
- Meu irmão está em casa. – Ela abriu um largo sorriso ao lembrar-se do irmão, mas quase o perdeu quando se lembrou do pesadelo.
- Tenho certeza que está tão feliz que provavelmente vai me esquecer. – fez bico. desejou, secretamente, beijá-lo. desejou o mesmo.
Ela sabia que mesmo se quisesse, tentasse de várias maneiras, ela nunca iria conseguir esquecê-lo.
- É claro que não! Eu quero compartilhar essa felicidade com você.
- Mesmo? – Sentiu-se meio bobo por ter ficado contente com as palavras da menina. Era uma frase tão simples. Não deveria ter causado tanto efeito nele.
- É claro que sim. O que acha depois da escola ir almoçar lá em casa? – Entraram na sala de aula, onde puderam ouvir o barulho que vinha do cômodo.
- Eu adoraria. – sorriu, confirmando. Deu um beijo no rosto do menino e foi sentar-se na quinta cadeira do canto, sentou atrás dela.
O professor chegou e logo a aula começou.


Ben estava na janela do quarto. Seus olhos estavam vermelhos, sua mão fechada – fazendo com que sua unha machucasse a palma de sua mão. Ele olhava fixamente para um casal que estava na rua. A menina de cabelo preto estava sendo carregada pelo menino. Ambos riam escandalosamente, sem nenhuma vergonha. Eram e . Ben não estava gostando nenhum um pouco do que via. Essa relação da irmã com o novo garoto o incomodava bastante.
Observou os dois adentrarem na casa. Rapidamente correu para o banheiro e trancou-se lá dentro. Olhou seu reflexo no espelho e viu seu estado lamentável. Lavou o rosto e o secou. Saiu do banheiro e desceu as escadas, indo em direção à cozinha.
Teria que enfrentar aquilo.
Quando entrou na cozinha ouviu a voz encantadora da irmã misturada à voz grossa do menino. . Esse era o nome dele. Ouvira a irmão falar diversas vezes dele, e toda vez que ouvia aquele nome, seu sangue fervia.
- Ben! – disse quando viu o irmão parado no canto da cozinha. Correu até ele e o abraçou fortemente. Ignorou completamente todos os seus pressentimentos.
- Oi, . – Quando a irmã se soltou do abraço dele, os olhos de Ben foram direto para , o homem o olhava com desprezo. percebeu isso, mas preferiu ignorar.
- Esse é o meu amigo: . – , que estava desligada do que acontecia ali, apresentou o irmão ao amigo.
- Prazer, . – Educadamente ele apertou a mão de Ben ao se apresentar.
- O prazer é meu. – Rapidamente ele soltou a mão do menino e passou os seus olhos pelo local. Percebeu então que Ashley e Robert estavam ali. Robert estava sentado na sua cadeira e com a mesma expressão de desgosto, como sempre. Ashley estava em pé, ao lado do marido. Tinha um sorriso largo no rosto, como sempre. Era irônico como os olhos de sua mãe não sorriam junto.
- Vamos almoçar? – Ashley disse, com sua voz fina. - Vamos. – Disse , animada. Isso também incomodava Ben.
Todos se sentaram a mesa.


- Acho que seu irmão não gostou de mim. – disse, após um longo minuto em silêncio em que ele e andavam de mãos dadas.
- E por que você achou isso? – Perguntou a menina. Os dois sentaram-se num banco de madeira que tinha na praça.
- Não sei, ele me olhava de uma maneira estranha. – fez uma careta ao lembrar-se da expressão do irmão dela. Aquele olhar frio.
- Ah, não o leve a mal, Ben é protetor demais. – Ela rolou os olhos. Já estava cansada de toda aquela proteção.
- Não sei, acho que ele realmente não gostou de mim.
- Afinal, o que importa isso? Eu gosto de você, isso basta. - sorriu com as meigas palavras da menina. Beijou sua testa num gesto de gratidão. Ele não precisava repetir suas palavras, ela já sabia que era recíproco.


Apagou a luz e deitou-se na cama. Estava cansada demais. Sentiu suas pálpebras pesarem e aos poucos foi fechando os olhos, até que pegou no sono.
Sentia uma mão passando desesperadamente pelo seu corpo. Os lábios beijavam seu pescoço, causando-lhe alguns arrepios. sentiu o cheiro daquele perfume forte. Ela conhecia aquele cheiro.
Como num flashback, foi relembrando daquela terrível noite.
E então tudo fez sentido.


Flashback

Estava um pouco tonta e enjoada, queria sair daquele lugar cheio. Precisava de ar. Saiu da casa, indo em direção ao enorme jardim, sem perceber o olhar curioso e malicioso que a seguia. Ficou feliz ao ver a árvore – que vira com Josh – vazia. Seria naquele lugar mesmo que iria ficar. Deitou-se embaixo da árvore, ignorando completamente a tontura.
- ? – Ouviu uma voz masculina lhe chamar. Ela conhecia aquela voz de algum lugar. Murmurou algo quase inaudível para mostrar que estava ouvindo e virou a cabeça para o lado. Um homem estava parado à sua frente, vestia a mesma camisa de Bryan. Parecia um pouco com ele. não conseguia ver seu rosto por causa da escuridão que estava o lugar.
- O que você quer, Bryan? – Perguntou, com a voz embolada e os olhos entreabertos.
não ouviu nenhuma resposta.
O mesmo deitou-se ao seu lado e começou a passar a mão pelo seu corpo. Seu toque era bruto e desesperado. Sentiu-se tonta com aquele perfume forte.
- Não, Bryan! Agora eu não estou afim. – Tentou tirar a mão dele sobre seu corpo, mas ele era muito mais forte que ela e estava mole demais para fazer qualquer esforço. Ele começou a beijar seu pescoço, apertar seu corpo. – Bryan! Já disse que não! – Tentou gritar, mas sua voz não saiu alta o suficiente.
Ele começou a levantar o seu vestido e passar sua mão pela coxa de , ele a apertava com força, fazendo-a gemer baixo. Ele ficou por cima dela, tentava empurrá-lo, mas foi inútil. As mãos dele arrebentaram o elástico da calcinha dela. Ele pressionou seu corpo contra o dela, fazendo-a sentir sua ereção.
Temendo o que pudesse acontecer dali pra frente, começou a estapeá-lo, mas era tarde mais, o homem já estava com a calça e a cueca arriadas. Sem nenhum cuidado, ele a penetrou.
mordeu com força os lábios e sentiu uma lágrima cair dos seus olhos.
End Flashback

Quando sentiu aquela mão a tocando, aquela mesma mão que a tocou naquela noite, pôde sentir o desespero dominá-la. Estava acontecendo tudo de novo. Tudo o que ela temia, tudo o que ela implorava para não acontecer. Aquela mão que a tocava era a mesma mão que ela confiava, era a mão que vinha da pessoa que ela amava. A pessoa que lhe ensinou a andar de bicicleta, que lhe deu força e segurança, que ajudou, abraçou, amou e agora: feriu.
Era a mão de Ben. Seu irmão Ben.
começou a estapeá-lo e o empurrou, tirando-o de cima dela. Queria gritar, mas parecia que sua voz havia sumido. Ben a olhava assustado, sua testa estava molhada de suor. - Saia do meu quarto agora! – falou cada palavra pausadamente, transbordando ódio. Levantou-se da cama rapidamente.
- ... – Ben tentou se aproximar da irmã, mas a mesma afastou-se.
- Saia daqui ou eu vou gritar. – Ele saiu do quarto, quando estava no corredor voltou e parou na porta do quarto da irmã. Os olhos de Ben estavam cheios de lágrimas, não viu isso, pois não olhava para o irmão.
- Me desculpe. – Ele pediu, com a voz embargada. Saiu do quarto, deixando-a sozinha.
Ela levantou da cama e foi até a porta, trancando-a. Encostou-se ali e foi escorregando até o chão, aonde permaneceu. Aonde xingou a si mesma, o irmão, a família e os amigos. Aonde chorou de soluçar, aonde tremeu da cabeça aos pés, aonde tentou compreender injustiças feitas com ela. Onde ficou até pegar no sono.

Capítulo betado por Sarah C.

Capítulo 13;

Ela não conseguia parar de tremer. Mesmo tendo passado dois dias após aquele terrível acontecimento, ela ainda sentia seu coração acelerado e seu corpo tremendo. Ela ainda temia o que poderia lhe acontecer em uma noite qualquer.
O vento gelado cortava seu rosto e fazia com que o seu cabelo batesse nos seus olhos. Aquilo não a incomodou. Para falar a verdade, aquilo foi indiferente. não queria ir para escola, mas também não queria ficar em casa. A segunda opção não era segura, definitivamente. Mas ela não queria ir para escola e ter que ver . Era fato de que ele iria notar que ela estava angustiada e então iria perguntar o que aconteceu, não iria conseguir mentir pra ele. Por isso optou por matar a aula, iria ficar no parque onde ela e sempre ficavam. O parque onde ela se sentia segura. Era disso que ela precisava: Segurança.
A cada passo que ela dava em direção ao parque, parecia que a temperatura diminuía. Inconscientemente, seu queixo havia começado a bater. Apesar desse detalhe, não desistiu de ir até o seu lugar favorito.
Quando chegou ao parque, viu que o mesmo estava vazio. Sentou-se em um banco e ali permaneceu por um bom tempo. Tantas coisas passavam em sua cabeça, isso a deixava tão confusa. Lembrou-se de Ben e isso apertou cada parte do seu corpo, lembrar-se dele fez seu nariz formigar e a súbita vontade de chorar apareceu. Era incontrolável. Lembrar-se dele a fazia se perguntar: Por quê?
Ele não a amava, não mesmo. Se ele a amasse, não teria feito aquela crueldade. Ele era um monstro. Em pensar que ela confiava cegamente nele, em pensar que ela se sentia segura com ele. É irônico você sentir-se segura com uma pessoa que lhe passa insegurança, não faz sentido. Ben não tinha o direito de fazer isso com ela, não tinha o direito de prejudicar sua mente, de abusar do seu corpo, de enganá-la.
chegava a ter raiva de si mesma. Raiva por ter desconfiado de Bryan e por tê-lo acusado. Raiva por ter abandonado , sua única amiga, sua protetora. Raiva por ter nascido em uma família como aquela. Raiva por ter confiado no seu amigo, por ter confiado em um monstro.
Seu rosto estava inchado e vermelho, assim como seus olhos. Ela havia chorado pelo menos uma hora, mas mesmo assim ainda conseguia chorar, ainda havia lágrimas. Meu Deus! Como ela podia ser tão fraca? Ser tão indefesa? Tão inútil que não conseguia ao menos se defender. Tão tola.
Seu bolso vibrou. Era seu celular avisando que havia chegado uma mensagem. tirou o celular do bolso e leu a mensagem que era de . ‘’Cadê você? Não vá me deixar sozinho hoje, hein.’’
Ela não respondeu. Ignorou a mensagem e pôs o celular de volta no bolso.

Estava na rua de casa quando encontrou , ele havia ido à sua casa para saber o motivo de sua ausência na escola.
- ? – Ele perguntou, desconfiado ao notar a aparência da menina. Rosto inchado e vermelho, olhos também, olheiras.
- Oi, . – Tentou ser animada, mas não conseguiu.
- O que aconteceu? – Perguntou, preocupado. Aproximou-se mais da menina.
- Nada, está tudo bem. – Afastou-se dele e continuou seu caminho até em casa, mas foi impedida pelas mãos de , que seguravam seu punho.
- Como nada? Você está abatida. Conte-me, , o que aconteceu? – Ele segurou delicadamente o rosto de forçando-a a olhá-lo nos olhos, ela tentou desviar, mas era impossível.
- Oh, ! – Ela o abraçou, desesperada. Ele alisava seu cabelo e a apertava com força, tentando acalmá-la. Não demorou muito para que começasse a chorar. – Por favor, não me pergunte nada. Apenas me abrace.
- Tudo bem, vai ficar tudo bem, eu estou aqui.
Ele a amava e ela sabia que sim. Ela também o amava e ele também sabia que sim.

Respirou fundo antes de abrir a porta de casa. Assim que abriu e entrou dentro daquela casa, pôde sentir o mal estar vir à tona.
Sua mãe estava na cozinha terminando de preparar o almoço. Seu pai estava vendo TV na sala. não viu Ben. Subiu as escadas até o seu quarto rapidamente antes que alguém a visse, mas foi impossível, pois sua mãe ouviu o barulho dela subindo a escada.
- ? Onde você estava? – Sua mãe gritou da cozinha, mas a menina ignorou e continuou a subir a escada. Entrou no quarto e trancou a porta, jogou-se na cama. – ! – Sua mãe voltou a gritar, mas agora batia na porta do seu quarto. – cobriu o rosto com o travesseiro, mas ela ainda podia ouvir sua mãe gritar.
- Deixe-me em paz! – Ela gritou, começando a sentir a ira crescer dentro de si. E então o silêncio permaneceu.

Naquela noite, deitou-se em sua cama, cobriu-se e esperou pelo irmão. Esperou que ele viesse e a encontrasse e, além de encontrá-la, que encontrasse outra coisa.
Mas ele não veio.
Mas ela sabia que ele viria.
Nessa noite ela jurou a si mesma que nunca mais seria fraca, ela iria se defender.

Na noite seguinte, deitou-se novamente na sua cama, cobriu-se e continuou na mesma posição da noite a anterior. Seu braço estava debaixo do travesseiro escondendo algo. Seu coração batia rapidamente contra o seu peito.
Ela esperava por Ben.
Ben abriu a porta devagar para não fazer barulho, não queria acordar a irmã. Ele queria vê-la antes de ir embora. Queria tocar o seu corpo, acaricia-lo, beijar sua boca. Precisava disso. Sabia que sua atitude havia ferido os sentimentos da irmã, não tinha sido sua intenção machucá-la, mas ele não conseguia controlar seus sentimentos por ela. Ele a amava tanto, desejava tanto. Era incontrolável.
Entrou no quarto evitando fazer qualquer barulho possível. Viu deitada na cama, sua respiração estava acelerada. Devia estar tendo algum pesadelo. Sentiu vontade de deitar ao lado dela, abraça-la e espantar o seu medo. Aproximou-se ainda mais da cama e lentamente deitou-se ao seu lado. Foi passando a mão lentamente pelo seu corpo, aproveitando aquele momento. Beijou seu ombro, seu cabelo, seu rosto, sua boca. Como ele a amava.
sentia seu irmão tocando seu corpo e a cada vez que ele fazia isso uma lágrima caia dos seus olhos. Ela teve medo de que ele pudesse ter visto isso, mas deveria estar tão concentrado no que fazia, pois ao menos deu atenção a isso. Apertou sua mão com força em volta da faca, apertou também os seus olhos. ‘’Perdoe-me, Deus.’’ Disse mentalmente. Puxou a faca do travesseiro, virou-se de frente para o irmão e enfiou com toda força no seu peito. Ben arregalou os olhos e tentou segurar sua mão, mas a irmã foi mais rápida e enfiou novamente a faca, dessa vez no outro lado do peito. Enfiou na barriga, no pescoço, no braço, na coxa. O irmão gemia e se contorcia na cama. Levantou-se da cama, calçou seu chinelo e colocou o casaco, jogou a faca no chão e viu Ben, seu irmão, morto na cama. Seu sangue sujava todo o lençol branco da menina. Seu corpo estava esfaqueado.
saiu correndo de casa. Seu coração batia muito rápido, suas mãos tremiam e estavam ensanguentadas, assim como sua roupa.
Era madrugada, não havia ninguém na rua. Somente uma garota vestindo uma camisola suja de sangue, que havia acabado de matar o irmão que tinha lhe estuprado.

Capítulo 14;

- ? - o chamou assim que ele havia acabado de atender o telefone. Sua voz trêmula denunciava o seu desespero. Seu coração batia descontroladamente e suas mãos tremiam, ela mal conseguia segurar o telefone.
- ? O que aconteceu? - Ele perguntou, preocupado. Sua voz estava sonolenta.
- , por favor, vem me buscar. Eu estou precisando tanto de você. - Pronto, foi só ela falar isso e lembrar do que aconteceu para que começasse a chorar e a preocupação de aumentasse. não conseguia falar mais nada porque chorava demasiadamente e soluçava.
- O que aconteceu? Aonde você está? - Ele já estava de pé, colocando sua calça e vestindo seu casaco azul.
- Eu estou naquele parque onde sempre nos encontramos. Por favor, venha logo.
- Eu já estou indo, não sai daí! - Desligou o telefone e desceu as escadas correndo. Não se preocupou se tal barulho acordaria seus pais, estava preocupado demais em ajudar . Viu a chave do carro do pai em cima do balcão da cozinha, sem hesitar pegou a chave. Ele não queria saber se isso lhe causaria algum problema, a garota que ele amava precisava dele e ele faria tudo para ajudá-la.

Sentou-se no banco e continuou a chorar, o arrependimento veio à tona. Como pode? Como teve coragem de fazer isso com o irmão? Tudo bem, ele não era nenhum santo. Havia a magoado, causou-lhe feridas que não iriam cicatrizar nunca mais, talvez. Mas não justificava matá-lo, nada justifica tirar a vida de alguém. Ela não deveria ter devolvido na mesma moeda, não era correto, essa não era a maneira correta de cessar a dor. Pelo contrário, a dor só havia aumentado, e trouxe de brinde a culpa. A culpa por tirar a vida de alguém que amava. Sim, amava Ben. Muitos vão chamá-la de idiota, tola, estúpida, imbecil. Mas ela não poderia mudar o sentimento que carregava dentro de si pelo irmão. Por mais que ele tivesse errado, por mais que ele não merecesse tal sentimento, ela o amava. O amava pelos momentos em que estiverem juntos, por ter cuidado da irmã quando ela precisava.
não parava de chorar. Sabia que era um atitude estúpida, já que chorar não faria com que as coisas se ajeitassem. Sentia-se uma inútil, pois era só isso que conseguia fazer. Estava confusa com tantos pensamentos que se passavam na sua cabeça. O que mais lhe preocupava era saber o que seria dela daqui pra frente. Seria presa? Ou teria que viver como uma fugitiva pra sempre? Era tudo tão complicado...
- ? - Seus pensamentos foram interrompidos assim que ouviu a voz doce de . Ele estava parado ao seu lado, as mãos enfiadas no bolso da calça e a testa franzida. Ela não pensou duas vezes em sair correndo e abraçá-lo fortemente, ficou mais tranquila ao sentir os braços dele ao redor de sua cintura. - O que aconteceu? Pelo amor de Deus, me conte o que aconteceu. - Ele implorou, queria acabar de uma vez por todas com aquela dúvida. Ficou ainda mais preocupado ao ver a camisola de suja de sangue, assim como suas mãos também estavam. Tinha medo da resposta da garota, tinha medo de saber o que poderia ter acontecido com ela.
- Não pergunta nada agora, prometo que lhe conto depois. Só me abraça. - Atendendo ao pedido dela, a abraçou com mais força.
Depois de alguns minutos abraçados, o soltou e sentou-se no banco. tentou não olhar para as mãos da menina, mas foi inevitável. Ele sentou-se ao lado dela e a observou esperando alguma reação dela, mas foi em vão. Cansado de todo esse suspense ele perguntou:
- O que foi isso na sua mão? - Ao ouvir a pergunta dele, suspirou. Essa era a hora, ela sabia disso. Só estava com medo, talvez ele nunca mais quisesse estar perto dela e ainda pudesse odiá-la, assim como ela mesma se odeia. Não queria perdê-lo, não iria suportar, havia se tornado tão importante para ela.
- Você promete que quando eu lhe contar o que aconteceu você não se afastará de mim? Vai continuar sendo a mesma pessoa?
- Você está me deixando com medo.
- , isso é sério. Me prometa, por favor.
- , eu nunca vou me afastar de você, não importa o que você tenha feito ou o que tenha acontecido. Eu te prometo. - Com essas poucas palavras, ele conseguiu tirar um pequeno sorriso da menina e ainda a deixar mais aliviada. Ele era o garoto dos seus sonhos.
- Lembra do que eu te contei? O que havia acontecido comigo? - Ele concordou com a cabeça, estava atento ao que a menina dizia. - Bom, quando o Ben veio pra cá eu tive uns sonhos estranhos com ele. Sonhava que ele ia no meu quarto e me beijava, passava a mão em mim. - Ela mexia descontroladamente com as mãos, notou o seu nervosismo. - Eu descobri que não foi um sonho, era real. Ele realmente ia ao meu quarto e fazia tudo isso que eu achava que era um sonho. Foi ele que me estuprou, . - Ele não sabia o que se passava na cabeça dele. foi tomado por uma mistura de emoções. Tinha ficado sem reação, não sabia o que falar, o que fazer. Era tudo muito complicado pra ele tentar entender. Na verdade não queria entender, queria que isso nunca tivesse acontecido.
- Eu vou matá-lo! - Levantou irado e saiu andando. foi até ele e o puxou.
- Não, !
- O quê? Você ainda vai defendê-lo? , ele não merece isso, seu irmão é um desgraçado! - Seu rosto estava vermelho, ele estava irreconhecível.
- Eu o matei! - Ela gritou, de uma vez só. Para que ficasse bem claro, não aguentava mais ter que repetir isso.
- O quê? - Não conseguia acreditar naquilo, era incapaz de matar uma mosca, quem dirá matar o irmão que tanto ama. Mas seus pensamentos mudaram quando olhou para as mãos ensaguentadas dela.
- Teve uma madrugada que ele tinha ido ao meu quarto, eu acordei assustada dai ele foi embora e então eu entendi que não tinha sido um sonho. Quando eu fui me deitar, eu coloquei a faca debaixo do travesseiro esperando que ele voltasse, eu sabia que ele iria voltar. Quando ele voltou e começou a fazer tudo aquilo de novo eu não aguentei mais e comecei a esfaqueá-lo... , eu não aguentava mais todo aquele sofrimento, eu não estava suportando mais, eu estou muito arrependida, mas eu agi por impulso. - Ela voltou a chorar, como uma criança. Na verdade, ela era uma criança, indefesa.
- Oh, querida... - Ele abraçou, fortemente. Como poderia culpá-la? Olha tudo que ela havia passado, ela não poderia agir de forma correta porque o que fizeram com ela não era correto. Ele tinha que protegê-la, ela precisava dele agora mais do que nunca.
- Eu me arrependo tanto, tanto. - Ela disse com a voz embargada, enterrou a cabeça no ombro de .
- Esquece isso, agora eu estou aqui com você. - Ficou acariciando a cabeça dela. Ele a pegou no colo e a levou até o carro, abriu a porta do carona e a deixou no banco, sentada. Deu a volta, abriu a porta do motorista e sentou ali. Antes de ligar o carro ficou parado pensando, o observava.
- O que vamos fazer agora, ?


- Eu não sei, , sinceramente não sei. Eu só sei que temos que sair daqui. Não vai demorar muito para que a polícia comece a te procurar. - Ele soltou um curto suspiro e observou o parque pela janela. O céu estava um pouco mais claro, não iria demorar muito para que o sol aparecesse.
- Temos? Como assim, ? Quem tem que fugir sou eu, e não você. Até porque você não tem nada a ver com meus problemas. Eu que errei, então sou eu quem tem que assumir o erro.
- , você me pediu ajuda e eu vim até aqui atender o seu pedido. Não posso te deixar sozinha agora, não posso te abandonar. Nós dois vamos enfrentar isso. - Pegou a mão da menina e entrelaçou os seus dedos. O sangue nas mãos dela não o incomodava. Mesmo que aquele sangue fosse de Ben.
- Eu não posso fazer isso com você, seria muito injusto. Você não pode fugir comigo, . Você tem escola, família, amigos, uma vida inteira pela frente, sonhos para realizar. Não seria certo você pagar pelos erros que eu cometi, viver como um fugitivo por minha causa! - Os olhos de eram doces, mas sabia que dentro dela havia muita mágoa.
- Tudo isso que você acabou de me dizer não é importante. Eu não me importo com meus amigos, minha escola, minha família... No momento, eu só me importo com você, somente você. Que se dane se vou viver como um fugitivo, desde que eu esteja ao seu lado. Eu quero realizar os meus sonhos ao seu lado e quero ver você realizando os seus ao meu lado. , precisamos um do outro. Por favor, não tire de mim uma das coisas mais importantes, não tire de mim o motivo da minha felicidade. - Os olhos dela encheram-se de lágrimas. Não era justo ele dizer aquelas coisas para ela, principalmente no estado sensível em que se encontrava. Ela não o merecia.
era bom demais para ela, correto demais, gentil demais. Por que ele tinha demorado tanto para aparecer na sua vida? Seria muito mais fácil se ele já estivesse entrado nela bem antes. Talvez se ela conhecesse antes de usar drogas, beber e fazer sexo com qualquer um ela não teria se tornado aquela pessoa ruim, não teria aqueles amigos ruins, não iria naquela festa ruim e nada de ruim teria acontecido com ela.
não teria mais nenhum trauma, porque ela teria . Como seria tudo mais fácil. Mas não, isso não era fácil. Infelizmente, conheceu bem depois de usar drogas, beber e fazer sexo com qualquer um, bem depois de ter tornado-se uma pessoa ruim, ter tido amigos ruins e ido a uma festa ruim. Infelizmente, ela conheceu na época em que estava traumatizada. Mas dizem que se tudo fosse fácil demais não iríamos valorizar nada, que só valorizamos aquilo que é difícil ou quando perdemos.
e tinham sorte por não terem se perdido, mas quem disse que tudo seria fácil para eles? Eles tiveram que enfrentar milhões de obstáculos para hoje ter essa relação bonita que eles tem. Sim, eles queriam que as coisas fossem mais fáceis. Afinal, quem não queria? Mas eles valorizavam, respeitavam e amavam a relação bonita que construíram, mesmo tendo sido difícil.
- Você tem certeza disso? - Torcia para que a resposta dele fosse sim. Não queria agora bancar a altruísta e deixá-lo fazer o que fosse melhor para ele, só queria ao seu lado.
- Eu só tenho certeza de que quero você ao meu lado. - lhe mostrou um pequeno sorriso, sem mostrar os dentes, um sorriso tímido. Seu rosto ficou levemente corado, amava quando isso acontecia. Delicadamente, ela aproximou-se dele e levemente tocou os seus lábios, abriu um pouco a boca, dando passagem para a língua dela. Eles nunca tinham gostado tanto de um beijo como haviam gostado agora. Não era um beijo quente, era um beijo calmo, sem segundas intenções. As mãos de tocaram o rosto dela e acariciaram aquela região. Era difícil dizer qual coração batia mais rápido.
- Eu amo você. - disse assim que terminaram o beijo. Ela nunca teve tanta certeza do que dizia agora. Sim, ela o amava, e sempre soube disso.
- Eu amo você. - Ele repetiu, mas assim como ela, usou a sinceridade. Ambos sabiam que esse não era um sentimento em vão.


acordou com a claridade do sol batendo no seu rosto. Quando abriu os olhos, deparou-se com o dia lindo que estava lá fora. Acabou dormindo no banco e deixou acordado sozinho, coitado. Ainda estavam na estrada, mas não sabia que lugar era aquele. Lembrava bastante uma cidade do interior, ela só queria saber qual cidade. Viu algumas crianças correndo pela rua, achou graça da alegria deles e, por um segundo, sentiu inveja. Mas balançou a cabeça e espantou tal pensamento dela. Agora ela teria uma nova vida e se Deus quiser seria uma vida muito mais feliz. Olhou para e o observou dirigindo, concentrado no volante. Ele era tão lindo. Sorriu quando sentiu os olhos da menina pesarem sobre ele.
- Até que enfim você acordou, dorminhoca! - Brincou, olhou para ela e piscou, segundos depois voltou a sua concentração no trânsito.
- Eu estava muita cansada, tá bom. - Ela sorriu.
- Tudo bem, tudo bem, vou te poupar dessa vez.
- Onde nós estamos? - Perguntou curiosa.
- Não sei. - Balançou os ombros de uma forma desleixada.
- E aonde nós vamos? - Ela arqueou uma sobrancelha.
- Não sei. - Repetiu o gesto de segundos atrás.
- Você nunca sabe de nada? - Riu, achando graça da atitude do menino.
- Não, e também não quero saber de nada. Só quero continuar nossa viagem sem rumo.
- Você é doido. - Deitou a cabeça no peito dele e o olhou de baixo para cima.
- Só se for por você. - deu um breve sorriso para a menina.
- Que brega, ! - Ela havia ficado corada, mas riu para tentar disfarçar, percebeu.
- Fazer o que? Você me torna brega. - Era impossível ficar sem rir perto dele, era quase impossível não ser feliz do lado dele.
- Agora é sério. Precisamos arrumar um lugar para ficar, não vai demorar muito para que o combustível acabe e não temos dinheiro.
- Vamos virar hippies. - Ele estacionou o carro em algum lugar no meio da estrada. Curiosa, levantou-se e observou o lugar. Era um lugar cheio de mato onde não havia ninguém, do outro lado da rua só tinha a estrada em que eles estavam.
sentou no colo de , de frente para ele. Ficaram se encarando por alguns minutos, sem dizer nada. Só era possível escutar a respiração dos dois. Não estavam preocupados em saber o que cada um estava pensando, só queriam se olhar, gravar aquele momento e aquele rosto na memória deles. Talvez aquilo poderia se perder com o tempo, essa era a hora de aproveitarem. Aproximaram-se os seus rostos e beijaram-se. As mãos de estavam na nuca de , acariciando a pele dele, enquanto a dele estavam na cintura dela. E daí que eles não tinham casa, comida, dinheiro e a polícia estavam atrás deles? Eles tinham um ao outro. Iriam sim ficar fome, frio, sede, calor, medo, tristes. Iriam passar por momentos ruins como qualquer outro ser humano. Mas eles ainda tinham um ao outro para proteger, para cuidar, para amar. E era isso que mantinha a esperança deles, era isso que os tornava felizes e fazia com que eles acreditassem na vida. Nesse momento, eles amavam a vida mais do que qualquer coisa. Eles amavam o tempo mais do que qualquer coisa. Porque graças a essas duas coisas tão maravilhosas eles estavam juntos. Eles sabiam que ainda existiam muitos obstáculos pela frente, mas sabiam que tinham a maior arma de todas para enfrentar esses obstáculos. Eles tinham o amor.

Nota da Autora:Sinceramente? Não sei o que escrever aqui... Estou comendo feito uma porca e digitando, hahaha. Esse capítulo já estava pronto faz tempo, mas eu estava enrolando pra mandar, ai me dá dó em saber que é o último capítulo! Que não vai ter mais silence scarys me e nem os comentários fofos de vocês... ;/ Eu não iria terminar a fanfic assim, ia ser de um jeito bem dramático, mas como a personagem sofreu tanto a fanfic toda achei digno dar um final feliz e bonitinho pra ela rs. Eu gostei do que escrevi, mas espero de todo o coração que vocês também tenham gostado! É isso gente, vou sentir muita falta de escrever ssm e ler os comentários de vocês, mas outras fanfics virão né rs. Antes de dar tchau para vocês eu quero agradecer a Lara por toda paciência para betar os últimos capítulos da fanfic e por me aturar enchendo o saco dela hahaha! A Ane por ser uma fofa, fã nº 1 de SSM e por ter betado a maior parte e também pelo seu apoio, te amo demais sensível demais! Rs. A Thaís Dantas por ser uma bitch que não fala mais comigo e não me perturba mais mandando atualizações das fanfics dela e perguntando da atualização da minha rs. A Thalynne Lopes por ser uma escrota e pelas ideias que sempre me deu, o incentivo também. A Carol por ser a sis mais linda e por estar sempre me apoiando! A Emy por ser essa fofura de sempre e leitora fiél s2. E o meu namorado mais fofo do mundo, por sempre me apoiar, me ajudar, me escutar e me amar hahaha. Amo vocês! Beijos meninas.

Facebook: Giovanna Gonçalves; Twitter: @cole_gio;

Minhas outras fic’s:

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Salvation Of Your Soul - Restritas/andamento
Just Fake It - Restritas/andamento
How Could You Be So Heartless? - McFly/andamento
Your Love Is My Drug - McFly/andamento

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Nota da Beta: Qualquer erro nessa fanfic é meu, então me avise por email ou mesmo no twitter. Obrigada. Xx.