(n/a: Preciso que você coloque a
canção para carregar e dê play quando a letra começar. Quando ela acabar pode repetir, fica mais legal ler ouvindo-a!)
Parece que as horas não passam! Estas paredes brancas desnorteiam a minha mente, a multidão de pessoas correndo de um lado para o outro cansa a minha visão. O alto som das sirenes machuca os meus ouvidos e meu pensamento se prende a uma única coisa... A porta da sala de cirurgia! Aquela por onde ela acabou de passar, deitada sobre uma maca, empurrada por três ou quatro enfermeiros, carregando na barriga um filho... O nosso filho. A garota a quem me referi é a minha ex namorada, , uma linda garota de pele branca e curtos cabelos escuros bem lisos, descendente de japoneses e estudante de Comunicação e Publicidade na University of London. E eu, sou , estudante de Literatura Inglesa da mesma faculdade, um cara comum, com um sonho de encantar as pessoas com as palavras, de adentrar a vida de milhares e mudá-las pra melhor através das páginas de um livro. Este sou eu, um cara perdidamente apaixonado, e extremamente egoísta. Eu e namorávamos há três anos, pouco depois de entrarmos pra faculdade, éramos dois jovens sonhadores e bobos, que faziam planos, tinham projetos e desejos, mas tudo mudou quando nós resolvemos nos entregar um ao outro por inteiro, e algo que nós não esperávamos, nem planejávamos caiu em nossas vidas como uma bomba.
Flashback On
How the hell did we wind up like this?
(Como diabos nós fomos terminar desse jeito?) Why weren't we able to see the signs that we missed?
(Porque nós não fomos capazes de ver os sinais que perdemos) And try to turn the tables
(E tentar "virar o jogo"?)
I wish you'd unclench your fists
(Eu gostaria que você não apertasse seus punhos) And unpack your suitcase
(E desfizesse suas malas) Lately there's been too much of this
(Ultimamente vem acontecendo muito isso) But don't think it's too late
(Mas não pense que é tarde)
- Amor, eu quero te levar num restaurante novo hoje! - eu disse deitado na cama de , enquanto esperava que ela deixasse o banheiro. Nós dois havíamos acabado de chegar da faculdade é ela correu para o banheiro, alegando um forte enjoo. Ela estava tendo estes enjoos há umas duas semanas já, e quase não comia por conta deles. Ouvi o som da água cair na pia e segundos depois, abria a porta do banheiro, enxugando seus lábios numa pequena toalha vermelha.
- Tá tudo bem, pequena? – perguntei ao notar sua face pálida; ela deu um sorriso fraco e deitou seu corpo próximo ao meu. – , você tá fraca, não consegue comer, e quando come sempre enjoa e coloca tudo pra fora. Você já procurou um médico? – perguntei, acariciando a sua pele macia, vendo-a fechar os olhos ao sentir meu toque.
- Eu estou bem, . Acho que foi alguma coisa que eu comi na faculdade hoje. – falou tranquila, tentando não me preocupar, mas ela não conseguiria, eu ia fazê-la procurar um médico e tratar essa doença hoje.
- Mas amor, você tá assim há duas semanas. Com certeza não foi só algo que você comeu. – me sentei na cama, olhando-o sério. Ela se levantou lentamente e me olhou, sorrindo da minha preocupação, que ela sem dúvida achava desnecessária. Minha pequena odeia ser tratada como um bebê, mas eu não posso evitar... Eu a amo demais pra não cuidar dela.
- Nós vamos à enfermaria agora, e você vai explicar tudo pra Dra. Carrie e ver o que você tem e que remédio vai tomar. – falei, puxando-a pelo braço, antes que ela se esquivasse, e em poucos minutos ela entrara na sala de consultas.
Nothing's wrong,
(Nada está errado) Just as long as you know that someday I will
(Só até que você saiba que algum dia eu vou)
Meia hora passou e permanecia dentro daquele consultório, e eu olhava preocupado, agoniado, nervoso para a porta azul a minha frente, esperando que a minha pequena saísse de lá mais corada, menos fraca e com algum papel que dissesse o que ela tem. Levantei da cadeira e me pus a andar de um lado pro outro, chamando a atenção de outros alunos e professores que passaram pelos corredores, mas eu não estava me importando com isso, a única coisa que me interessava naquele instante era a minha . Então, a porta se abriu e a minha garota passava por ela, segurando, trêmula, um papel em suas mãos e um brilho diferente no olhar, quase como se estivesse chorando. Corri em sua direção e a abracei, sentindo seus braços apertarem a minha cintura com força.
- E aí, , o que você tem? Te mandaram tomar algum remédio? Por que você demorou tanto lá dentro? – enchia-a de perguntas e ela sorriu fraco.
- Calma, amor, vamos voltar pro meu quarto, lá eu explico tudo.
Someday, somehow
(Algum dia, de alguma forma) I'm gonna make it all right but not right now
(Vou fazer com que tudo fique bem, mas não agora) I know you're wondering when
(Eu sei que você está se perguntando quando) (You're the only one who knows that)
(Você é a única que sabe disso)
- O QUÊ? – perguntei atônito depois do que acabara de ouvir. estava sentada em sua cama, com as pernas próximas ao tronco, e lágrimas nos olhos, enquanto eu, de pé próximo ao final de sua cama, segurava o papel que ela trouxera da consulta. Dentro dele estava uma pequena fita com duas listras vermelhas, o que significava que ela estava grávida... Exatamente, estava esperando um filho... Um filho nosso.
- Mas como? Isso não podia ter acontecido com a gente, não podia ter acontecido comigo... – lamentei, andando de um lado pro outro do quarto da minha namorada, segurando aquele papel, perdido em meus pensamentos. Agora tudo mudaria, minha carreira acabaria sem ao menos começar, porque eu teria que trabalhar pra sustentar a nós três e para isso largaria a faculdade. Justo agora que eu estava tão perto de concluí-la, essa bomba cai sobre os meus ombros.
- Por que você deixou isso acontecer , huh? O que você quer? Arruinar as nossas vidas? – falei visivelmente alterado. O medo e o desespero tomaram conta do meu corpo, e subitamente eu me aproximei dela e puxei seu braço com força, assustando-a.
- Eu não tive culpa nenhuma, amor... – começou a dizer com lágrimas em seus olhos – Eu não planejei, simplesmente aconteceu. Eu sei que é difícil, mas nós podemos dar um jeito nisso juntos... Eu, você e o nosso bebê. – terminou, colocando minha mão sobre sua barriga.
Someday, somehow
(Algum dia, de alguma forma) I'm gonna make it all right but not right now
(Vou fazer com que tudo fique bem, mas não agora) I know you're wondering when
(Eu sei que você está se perguntando quando) (You're the only one who knows that)
(Você é a única que sabe disso)
Uma repulsa enorme me dominou e eu tirei minha mão de debaixo da sua e levei-a a minha nuca. Eu não podia conviver com isso, eu não posso ser pai com 23 anos. Eu sou jovem, estou começando minha carreira profissional agora e um filho e casamento só atrapalhariam. Eu amo muito a , mas ela vai ter que escolher entre esse bebê e eu.
- Você não vai ter esse filho, . – falei firme, olhando em seus olhos. – Nós não podemos lidar com este problema. Um filho só nos atrapalharia agora. – observei seu olhar mudar de assustado para irritado. – Você não pode ter esse filho entendeu?! Você vai tirá-lo!
Well I'd hope that since we're here anyway
(Bem, eu espero que já que estamos aqui) That we could end up saying
(Que nos poderíamos terminar dizendo) Things we've always needed to say
(Coisas que nós sempre precisamos dizer) So we could end up staying
(Então poderíamos acabar ficando)
- Como é? – ela praticamente gritou ao perguntar. – Você tem noção do que acabou de me pedir? – falou irritada, apontando o dedo em minha direção. – O nosso filho já tem um mês e você está cogitando a possibilidade de aborto? Você quer matar o fruto do nosso amor, o nosso filho, ? – alterou o tom de voz, assustando-me com o tamanho da raiva que ele demonstrava naquele instante. Respirei fundo, controlando a vontade de discutir ainda mais com ela. Sei que aborto é errado e doloroso, mas eu não posso arriscar perder tudo que conquistei por um erro.
- Sim, estou mais do que cogitando! Eu te amo, mas não posso ser pai! – falei decidido. Eu não deixaria meu sonho por nada, e nem por ninguém! – Você terá de escolher, ou esse bebê ou eu!
Now the story's played out like this
(Agora a história é contada assim) Just like a paperback novel
(Exatamente como uma novela) Let's rewrite an ending that fits
(Vamos reescrevê-la com um final apropriado) Instead of a Hollywood horror
(Em vez de um horror de Hollywood)
- Eu nunca imaginei ouvir de você este tipo de proposta. Eu te amava porque pensava que você era especial, diferente dos outros, mas você é igual a qualquer um... Um egoísta, um idiota! E eu fui uma idiota ainda maior por ter acreditado nas suas mentiras! – ela cuspiu todas estas ofensas na minha cara, enquanto eu ouvia calado. Não tinha palavras pra expressar a dor de ver seu olhar desapontado, desesperançoso, mas eu tinha quer ser firme... Por mim. - Eu não preciso escolher, você já o fez por mim. – se afastou de mim com repudio e andou até a porta de seu quarto, abrindo-a com certa força. – Já que você escolheu sair da minha vida, não precisa mais manter contato algum comigo. Esqueça de mim e do meu filho... Nós com certeza seremos mais felizes sem você! – ela finalizou apontando para a saída e olhando pra mim, com os olhos marejados, contudo cheios de dor e raiva. Andei lentamente até a porta, sentindo pedaços da minha alma ficarem dentro daquele quarto.
- Adeus, – olhei-a uma última vez apenas para guardar o seu rosto em minha memória. Ela fechou a porta com tamanha força na minha cara e me deixou sozinho no corredor.
Nothing's wrong,
(Nada está errado) Just as long as you know that someday I will
(Só até que você saiba que algum dia eu vou)
Someday, somehow
(Algum dia, de alguma forma) I'm gonna make it all right but not right now
(Vou fazer com que tudo fique bem, mas não agora) I know you're wondering when
(Eu sei que você está se perguntando quando) (You're the only one who knows that)
(Você é a única que sabe disso)
Os meses foram passando vagarosos e a ausência de se tornava cada vez mais dolorosa. De longe eu observava a sua barriga crescer e, por mais que eu quisesse negar, fiquei feliz em saber que tudo corria bem com os dois. Eu estava no último semestre de faculdade e ela estava praticamente com nove meses de gestação. Percebi que ela se ausentara das aulas, e ouvia ao longe suas amigas comentando que a (essa era o nome da minha bebê) nasceria perto do aniversário da .
- Tudo bem, ? – , uma das amigas mais chegadas de , chamou minha atenção, tocando o meu ombro. Eu estava parado em frente à janela do dormitório que ela divida com , tomando coragem para entrar lá e conversar com ela. Eu sei que não tem a mínima chance da me perdoar, eu sei que nem mereço, mas todo esse tempo longe dela, me fez enxergar o quanto eu a amava e quão importante ela e a são para mim. No começo eu não queria saber das duas, mas sempre me manteve informado de como elas estavam, em alguns momentos contra a minha vontade. Ela me contou a primeira vez em que a mexeu, da primeira ultrassonografia, de quando descobriram que era uma menina... Tudo! Com o tempo a idéia de ser pai se tornou mais aceitável, mais bonita, e sem perceber, eu já amava este bebê com todas as minhas forças, e tudo o que eu desejava agora era estar junto de sua mãe quando ela nascesse e poder cuidar delas... Ser uma família, esse era o meu desejo. Contudo, eu teria que travar a maior e mais difícil de todas as batalhas... Reconquistar .
Someday, somehow
(Algum dia, de alguma forma) I'm gonna make it all right but not right now
(Vou fazer com que tudo fique bem, mas não agora) I know you're wondering when
(Eu sei que você está se perguntando quando) You're the only one who knows that
(Você é a única que sabe disso)
- Não sei dizer, . Estou parado aqui há sei lá quanto tempo, decidido a conversar com ela, mas não consigo me mover. Travei... Tenho medo do que posso ouvir dela. – falei olhando penosamente para o rosto da garota morena a minha frente. estampava um leve sorriso. Ela sempre foi a favor do nosso romance e, apesar da minha burrada, sempre esteve do meu lado e me manteve informado sobre as minhas garotas.
- Olha, , eu sei que a parece estar muito decepcionada contigo, e no começo ela estava, mas agora ela sente muito a sua falta e tenho certeza de que, se vocês conversarem com calma e você explicar todos os teus motivos a ela, a vai entender e te perdoará. – falou, segurando as minhas mãos, num gesto de ternura bem típico dela. Ela sempre fora gentil comigo e sempre cuidou da , mantendo-a longe da tristeza, certamente causada por mim.
- Ela te ama! Disso eu tenho certeza. E se você quiser mesmo a minha amiga linda de volta e a sua bebê maravilhosa, é melhor você correr, a decidiu que daria a luz junto da sua mãe e saiu hoje cedinho pra última consulta com a médica dela e de lá iria para Hastings... – falou, olhando em seu celular o horário. Como assim ela viajou? Ela não pode viajar 110Km sozinha, ainda mais estando grávida!
- Ela falou que sairia as onze, são onze e dez agora. Talvez você ainda consiga alcançá-la, ! – falou sorrindo e eu beijei sua face em agradecimento, correndo em seguida ao meu dormitório para pegar umas roupas e meu carro.
How the hell did we wind up like this?
(Como diabos nós fomos terminar desse jeito?) Why weren't we able, to see the signs that we missed?
(Porque nós não fomos capazes de ver os sinais que perdemos) And try to turn the tables
(E tentar "virar o jogo"?)
Now the story's played out like this
(Agora a história é contada assim) Just like a paperback novel
(Exatamente como uma novela) Let's rewrite an ending that fits
(Vamos reescrevê-la com um final apropriado) Instead of a Hollywood horror
(Em vez de um horror de Hollywood)
Eu dirigia rápido! Não poderia deixar que escapasse de mim, não a perderia mais essa vez. Já estava há pouco mais de dez minutos na estrada e nenhum sinal do seu Camaro Vermelho. Liguei para sua mãe, que apesar de tudo me atendeu de forma doce, perguntando se ela já havia chegado lá, o que, infelizmente ou felizmente, não tinha acontecido. Respirei fundo e continuei dirigindo, percebendo uma estranha movimentação quilômetros à frente. Fui desacelerando e então consegui enxergar claramente aquilo que nunca desejei presenciar: um Camaro vermelho, idêntico ao de , com a lateral direita completamente destruída; bolsas infantis na cor rosa e roupas de bebê espalhadas pelos bancos traseiros, pingos de sangue sobre o volante. Meu corpo estremeceu apenas ao imaginar que poderia ser a minha , a minha pequena, que estaria dirigindo aquele carro. Me aproximei como um furacão do local onde os paramédicos retiravam, com cuidado, o corpo desacordado do motorista, e então senti meu mundo desabar.
Nothing's wrong,
(Nada está errado) Just as long as you know that someday I will
(Só até que você saiba que algum dia eu vou)
Era ela! O amor da minha vida, carregando uma barriga coberta por um vestido amarelo manchado de sangue, inconsciente naquela maca. Senti meu coração se quebrar e minhas pernas perderam as forças. Mesmo assim corri na direção da maca e os policiais tentaram me impedir. Gritei que era a minha namorada e então me permitiram chegar perto dela. Ao avistar seu rosto pálido marcado por pequenas gotas de sangue, lágrimas rolaram dos meus olhos e eu inevitavelmente culpei a mim por tudo o que havia acontecido. Ela não precisaria sair de Londres pra ter a se eu tivesse aceitado ser pai logo de inicio, e então não teria deixado-a sozinha todo esse tempo. Chorei! Copiosamente! Não estava me importando com o que pensariam de mim, tudo o que eu queria naquele momento era que o meu amor e a minha filha estivessem bem, estivessem vivas... Toquei a sua face com meus lábios e sussurrei um Me perdoa em seu ouvido, então percebi uma movimentação rápida em seus olhos. Ela havia acordado, graças a Deus! Os paramédicos levaram-na para dentro da ambulância, e então partiram em direção ao hospital. Eu voltei ao carro e pedi permissão aos policiais para pegar as malas de e as roupas de e logo depois fui em direção ao hospital. Assim que cheguei lá, fui informado de que perdera muito sangue e que precisaria realizar uma cesariana de emergência para retirar nossa filha, antes que as duas não pudessem sobreviver. Corri desesperado em direção à sala de cirurgia e a última coisa que vi foi o seu olhar brilhante, mesmo com dor ela conseguiu sorrir e sibilou um EU TE AMO, antes da enorme porta branca fechar-se e impedir-me de olhá-la novamente.
Someday, somehow
(Algum dia, de alguma forma) I'm gonna make it all right but not right now
(Vou fazer com que tudo fique bem, mas não agora) I know you're wondering when
(Eu sei que você está se perguntando quando) (You're the only one who knows that)
(Você é a única que sabe disso)
Flashback Off
Dois anos se passaram... Dois longos anos desde aquele 20 de Março. Dois anos em que a perda de doía mais que qualquer dor. Naquele dia, ela não resistira a cirurgia e falecera segundos após o nascimento de . Uma das enfermeiras veio contar a mim tudo o que acontecera na sala de cirurgia e eu caí de joelhos em prantos no meio daquele saguão branco. O amor da minha vida se fora, deixando-me sozinho, perdido, vazio... passara uma semana na incubadora, recebendo cuidados médicos para garantir que ela cresceria bem. Ela possuía fortes traços da , tão fortes que parecia uma cópia perfeita da mãe. Os dias passaram longos e mesmo com toda a dor em meu peito, cuidar da trazia a minha vida uma alegria consoladora. Hoje ela estava com dois anos, e a cada dia apresentava os traços perfeitos da junção entre e eu: seu cabelo preto, acima dos ombros, tão lisos, tão bonitos, seus pequenos olhos como os meus tornavam-na bela e ao mesmo tempo misteriosa. Ela guardava em seu sorriso toda a doçura de em seu jeito toda a minha teimosia. era a coisa mais importante para mim, meu maior e melhor tesouro. Eu terminara a faculdade, pouco depois do seu nascimento e estava começando a escrever meu segundo livro. O primeiro, intitulado “Aprendendo com a Perda” era basicamente um retrato de tudo o que vivi durante estes anos longe da minha , por não saber o que escolher. Hoje era 20 de Março... Mais um 20 de Março sem ela. Algumas lágrimas ameaçaram cair dos meus olhos, mas , que corria entre as árvores do parque próximo a nossa casa em Londres, se aproximou de mim e chamou-me de forma tão doce, que não tive como não sorrir. Peguei-a nos braços e sentei seu pequeno corpo sobre as minhas pernas.
- Que foi, papai? – perguntou, enxugando uma lágrima que, mesmo com todo o meu esforço, conseguiu rolar em meu rosto.
- Nada, meu amor, papai só está com saudade da mamãe! – falei, ajeitando a tiara vermelha acima de sua cabeça. Os fracos raios do sol da primavera batiam sobre nós, aquecendo levemente nossos corpos.
- Eu também sinto muita sódadi da mamãe! – falou baixando a cabeça de um jeito triste. Senti meu coração se apertar ao vê-la tão tristonha. Abracei-a com muita força e fiz uma leve cócega em sua barriga, arrancando uma risada gostosa dela.
- Mas não precisa ficar triste não... A mamãe tá lá em cima – falei apontando para o céu que começava a ficar alaranjado com o pôr-do-sol – Junto das estrelas mais bonitas e cuidando de você todo dia. Então sempre que você tiver saudade, é só olhar pra lá! – terminei sorrindo para ela, que desviou seu olhar da imensidão laranja para mim. encostou-se em meu ombro e começava a dar sinais de sono. Beijei o topo da sua cabeça e levantei-me do banco, virando-me para buscar a bolsa dela sobre ele. Virei rápido sem notar que uma moça passava ao nosso lado e, sem querer, esbarrei nela, fazendo-a se assustar e quase cair, o que eu consegui impedir por pouco. Assim que olhei-a meu coração acelerou. Eu vi a minha ali na minha frente. Exceto pelo longo cabelo escuro e uma tatuagem na altura do ombro, tudo nela era a . Os pequenos olhos castanhos, a pele branca, o sorriso doce. Era como se ela tivesse voltado pra mim... Pra nós.
Someday, somehow
(Algum dia, de alguma forma) I'm gonna make it all right but not right now
(Vou fazer com que tudo fique bem, mas não agora) I know you're wondering when
(Eu sei que você está se perguntando quando) You're the only one who knows that
(Você é a única que sabe disso)
- Muita obrigada, senhor, me salvou de um tombo feio! – disse sorridente, ajeitando sua blusa lilás, pegando uns poucos papéis caídos no chão, e a bolsa de , que eu havia largado para poder segurá-la. Permaneci atônito por alguns minutos apenas desejando que ela realmente fosse , e que eu pudesse pedir-lhe perdão olhando em seus olhos, dizer que eu sempre a amei e que sempre amarei, que a foi a melhor coisa que já me aconteceu e que me arrependo todos os dias por tê-la abandonado quando ela mais precisou de mim. Mas, infelizmente aquela moça não era a minha e eu nunca poderia dizer essas coisas a ela. Pisquei algumas vezes, ao ouvir a voz daquela moça chamar-me e sorri envergonhado pelo meu demorado devaneio.
- Me desculpe, é que você se parece muito com alguém que eu perdi há pouco tempo e há algumas coisas eu não tive a chance de dizer... – falei triste, e ela tocou meu ombro, e sorriu.
- Perder alguém que se ama nunca é fácil pra ninguém, mas a vida continua e há sempre uma forma de recomeçar... – ela falou, dando de ombros, e então passou sua mão pelo cabelo da minha filha, que cochilava encostada em meu ombro. – E tendo uma jóia como essa ao seu lado, vai ser muito mais fácil! – ela disse com um olhar bobo. Sorri e desviei meu olhar para minha filha linda, que se remexeu em meus braços e abriu seus pequenos olhinhos.
- Casa, papai! – disse , num tom de voz manso, levantando sua cabeça de meu ombro, vendo que era observada por mais alguém além de mim.
- Ainda não, meu amor, o papai esbarrou na moça e estava pedindo desculpas a ela. – falei de uma forma totalmente fofa (sempre fazia isso quando era para a ), percebendo que a garota nos olhava totalmente encantada.
- Papai bulo... decupa, moça! – , toda cheia de si, falou para a garota a nossa frente, e nós rimos muito.
- Não tem problema, meu amor, ele já tá desculpado! – disse ela, ajeitando a tiara na cabeça da minha filha. – Bem, agora eu vou senão chego atrasada no trabalho. Mais uma vez obrigada, e foi um prazer conhecê-los... – disse apertando a minha mão e depositando um leve beijo na face de .
- ! e minha filha . – respondi simpático e vi minha filha sorrir e acenar um tchau de uma forma fofa. – O prazer foi meu, senhorita!
- Di Laurentis! Mas pode me chamar só de ! – respondeu como eu, e pegou suas coisas, se preparando para sair - A gente se esbarra, !
- A gente se esbarra, ! - permaneci observando-a se distanciar e logo depois deixei o parque em direção a minha casa, pensando em quão fortes foram as suas palavras... “Mas a vida continua e há sempre uma forma de recomeçar!”
The End
N/a: Hey pessoinhas! Então, em primeiro lugar eu quero dedicar (novamente) essa fic para a minha grande amiga e irmãzona de coração Tiemy (é essa mesmo, a autora de História de Nós Dois; podem correr e ler a fic dela haha). Essa fic foi escrita próximo ao aniversário de 21 aninhos dela e foi a forma que eu encontrei de homenagear essa pessoa especial e maravilhosa que é a minha flor oriental! Desejo a você muitas felicidades e te espero em 2014 no meu casório hein maninha hehe. Mil beijos ^^
CinthyXx