Por: Pixie Z. Beta: Fê (a partir do capítulo XXXIII)
OBS: Leiam a Fic Poynter: Shine a Light on Her [McFly - Em Andamento (S)]
Part I
De todos os anos, 2008 estava sendo o pior da minha vida. Por sorte, já estava terminando. Não passava um dia que eu não brigasse com minha mãe, e era sempre por motivos tolos como, por exemplo, passar muito tempo no PC. Se eu saísse de casa, reclamava, se eu ficasse em casa, reclamava. Às vezes, pelo modo como ela me trata, esqueço que tenho quase 21 anos. E para ajudar, , minha amiga desde sempre, tinha ido viajar junto com a . Isso é algum tipo de complô? Ah, sim, tem a , minha sis, mas ela morava em outra cidade. Oh, vida cruel!
Conheci a na Internet. Todo mundo pensa que é idiotice, mas nos conhecemos faz sei lá quanto tempo, sim, sou péssima com datas. Foi num chat sobre os meninos mais lindos da face da Terra: Harry, Dougie, Tom e Danny. Yes, baby! Mcfly. Eu simplesmente os amo de paixão. Para ser mais exata, o senhor Harold Mark Christopher Judd.
Mas enfim, o fato é que estou tentando falar com a doida da há meio século e menina simplesmente desapareceu do planeta. Será que foi abduzida? Se foi, tenho pena dos pobres coitados.
Depois de muito tentar consegui falar com essa poia, ela parecia estar em outro planeta ainda...
— Hum, ok! — eu disse sem acreditar muito. — Bom, eu liguei só para saber onde você estava. Estou precisando conversar contigo, gata. Quando voltar para sua casa me avisa. Tenho que ir que minha mãe está enchendo o saco por causa da conta telefônica, sabe como é, interurbano.
— Ok .. ok. — disse sem ouvir uma palavra do que eu disse, odeio quando ela faz isso. Bufei, ela vai ver só quando nos encontrarmos. — Já vi que você está em Plutão. Beijos, sis, quando voltar, me liga. – falei antes que a “socasse” pelo telefone mesmo.
— Ok, gata! Love you, bye! — sem dar muita atenção.
Definitivamente, a estava mais estranha do que de costume. MEDO!
Mas eu precisava muito falar com ela. Será que ela está chateada porque eu não consegui “permissão” para ir ao show do Mcfly? Tanto faz. Quando ela voltar desse bendito congresso eu falo com ela.
Não, aquele dia estava impossível ficar em casa. Minha mãe estava mais insuportável do que nunca! Dizia que eu não fazia nada, nunca. Qual é? Pensa que faculdade é moleza? E ainda tem o estágio. Céus, estava ficando louca.
Mais tarde a me ligou, finalmente aquele congresso tinha acabado, pensei que fosse morar por lá, aff!
— Oi, . — disse um pouco mais séria que o normal e parece que ela percebeu.
— Iiiih, deixe-me adivinhar. Brigou com sua mãe. — odeio quando ela dá essas risadas irônicas, a irônica aqui sou eu.
— Não vou nem comentar senão eu me irrito, mas é isso mesmo. As pessoas fazem questão de me irritar, parece que é conspiração. — realmente aquilo me tirava do sério.
— Sei como é, nem precisamos comentar. — riu. — Mas vamos falar de coisas boas. Eu tenho coisas pra te contar, gata.
— Ihh, pela sua voz, você aprontou alguma esse fim de semana. — Ahá! Sabia que tinha alguma coisa, essa praga não me engana.
— Ahh, mew, por que você sempre acha que eu aprontei alguma? Juro que não foi minha culpa – tá se defendendo por quê, zinha?, ri em pensamento.
— Ahhh, tá bom, , eu nem te conheço, né? — ela acha que me engana.
— Ahhh, ok, ok ! Deixa eu contar, sua chata.
OMG! Foi a única coisa que consegui dizer, como assim ela vai para um congresso e volta de lá com essas coisas para me contar? De fato, eu preciso começar a ir a mais congressos, hahaha. É, tenho um pra ir no começo do ano que vem, é uma coisa para se pensar. Ri com meus pensamentos e fui dar uma volta, definitivamente, se eu continuasse em casa com aquela pessoa chamada , vulgo mãe, eu teria um colapso nervoso e aí adeus planos futuros. Drama, drama, drama.
Part II
É torcida brasileira, alemã, italiana, inglesa, finalmente chegou o dia. Não, não é o dia do congresso, esse já foi faz tempo, e não voltei com nenhuma história como a da , essa menina tem sorte. Só pode. Mas enfim, esse final de semana, depois de quase declarar uma 3ª Guerra Mundial contra minha mãe, consegui fazer com ela concordasse com minha ida a Santo André – SP, casa da . Afinal, e voltariam do intercâmbio, aquelas vaquinhas de presépio.
Mas o melhor mesmo foi quando entrei no Twitter — afinal, o que se pode fazer dentro de um ônibus? Nunca que minha mãe me deixaria ir de carro para lá –, vi um tweet do meu sexy Harry dizendo que tinham acabado de chegar ao Brasil. Yes, baby, meu sonho de consumo tão perto e tão longe. Alguém me explica porque cargas d’água eles tinham que fazer o primeiro show em Manaus? Poderiam fazer todos em São Paulo, ou lá em casa mesmo. Egoísta mode on. Hahaha.
Quando finalmente desci do ônibus, pude ver a lesada da esperando—me, mas a cara dela ao ver minha mala foi o “Top Foda”, comecei a rir na hora.
— Cacete, vai ficar aqui um ano ou fugiu de casa? — ela riu e nos abraçamos. – Saudades de ti, sis.
— HÁ HÁ HÁ! Que engraçada você é! Nem trouxe muita coisa, cabia mais umas 3 malas de sapatos, mas fiquei com dó de você, já que teria que ir dormir com a “Molly” (a linda e amada cachorra dela). — ri ironicamente, sim, eu posso.
— Eu que colocaria você para dormir na varanda, tá. — e lá vem ela com as ironias, ela me ama.
— Besta! Me ajude aí com as malas, folgada, tá pesado. — fui pegar minhas coisas que estavam no chão.
— Você trás sua casa e eu que tenho que ajudar, ahhh, vou te falar, viu! — hahaha, só rindo mesmo da cara dela.
Depois te acomodar minhas pequenas malas no carro, entramos no carro e assim que ela ligou o rádio estava tocando a música mais linda até aquele momento “Falling in Love” dos meus amores tudo de bom, Mcfly.
— Ah, essa música e linda! Não vejo a hora de ir ao show deles dia 28. — eu disse toda animada.
E eu estava mesmo! Afinal, verei meu Harry. Não do jeito que eu gostaria, de perto, sentindo todo o suor dele, vendo aqueles lindos olhos azuis, mas já estava valendo. Sorri com meus pensamentos e olhei para a . Ela concordou com o que eu disse, mas aparentemente não estava muito animada. Há algo de podre no reino da Dinamarca. E eu vou descobrir o que é. Cedo ou tarde.
Ao chegarmos à casa de , encontramos sua mãe trabalhando no computador.
— Oi, , quanto tempo. Nunca mais veio aqui. — disse se levantando da mesa.
— Oi, , tudo bom? É verdade, ficou um pouco difícil de aparecer. — sorri, sei ser simpática também, não é? Hahaha.
— Tudo bem, sim. Bom, fico feliz que conseguiu vir. Agora fique à vontade que eu tenho que sair. – sorriu e olhou para a .
Era muito engraçado ver a e sua mãe conversando, isso quando elas não brigavam.
Como sou muito abusada, falo mesmo, já fui logo levando minhas coisas para o quarto da , depois resolveríamos o que fazer.
Part III
Eu ainda vou descobrir o que acontece com esse trânsito! O voo das meninas já deve estar chegando e nós aqui, paradas. Odeio muito tudo isso. Mas não vou me estressar, afinal, se eu ficar enrugada, aí sim que o Harry nunca vai me querer, a menos que ele tenha fetiche por mulheres mais velhas. Eca, fiquei com um pouco de nojo agora, me veio a imagem dele beijando a vovózinha da Chapeuzinho Vermelho.
Ok, vamos deixar esses pensamentos insanos para lá e prestar atenção no trânsito (?).
Depois de muito nada para se fazer, conseguimos chegar ao aeroporto e não me perguntem como, ainda com 10 minutos de antecedência. Coisas estranhas acontecem. Fato.
Outro fato é a estressada da .
— Porra, que demora. Já era pra elas estarem aqui. — disse a nervosinha, soltando fogo pelas ventas.
— Ahh, pára de reclamar, , só 5 minutos de atraso, até parece que você não sabe que avião atrasa. — quem vê, pensa que ela nunca se atrasou.
— Eu sei!! — disse fazendo bico. — Mas estou com saudades delas, estou ansiosa, poxa.
— Novidade! Quando que você não é ansiosa, histérica, maluca e cara de pau? — outro fato. Se isso acontecesse, com certeza seria o apocalipse.
— Ahhh, tá bom por aí, né? Também não precisa lembrar de todas as minhas qualidades. — e olha que eu nem comecei, hahaha.
Mas antes que eu pudesse dizer qualquer coisa, duas vozes do além ecoaram pelo meu canal auditivo:
— Qualidades que nunca mudam se só piram com a idade, né? — disse uma pessoa atrás da gente, rindo.
— Concordo plenamente! Uma louca e a outra pior ainda. — continuou outra pessoa também rindo, espera aí, ela me chamou de louca?
Quando que ia me virar para xingar a dona daquela voz, a única coisa que consegui foi dar um grito junto com a , que com certeza, até os controladores da NASA ouviram e acharam ser um atentado.
— AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAHHHHHHHHHHHHHH! — sim, esse foi nosso grito básico.
— Mew, vai deixar surda a sua mãe. PQP! — disse , outra estressada, tampando os ouvidos.
Ficamos matando as saudades ali mesmo no aeroporto, e assustando as pessoas que passavam. Mas tudo que é bom dura pouco, fomos embora antes que nos despachassem para o Pólo Sul.
Se antes o trânsito estava aquela maravilha, agora eu fiquei assustada. Estava uma tranquilidade. Às vezes acho que passei por algum portal tridimensional e entrei numa realidade paralela.
Mas lá estava eu, linda, maravilhosa, “glamuralizando”, quando ouço um grito ardido. PQP, alguém morreu? Não, era apenas a estressada da , again.
— Não se tocaram ainda que está tocando “Lies” do McFly? — todas deram um gritinho, menos . Ah, tem coisa estranha.
— Iiiiih! O que foi, ? Não gosta mais de McFly? Nem do seu querido Dougie Poynter? — disse estranhando aquela reação.
— Lies, Lies, Lies... — cantava enquanto falava.
— Nem liga, . A , depois que começaram os problemas na casa dela, não é mais a mesma, anda em outro mundo, nem acompanha mais McFly direito. — eu disse, contornando a situação.
Estou achando a muito, mas muito estranha esses dias. Era para estar super empolgada, finalmente veríamos nossos babies, e ela nada. Suspeito, muito suspeito.
Ficamos conversando ainda um bom tempo, falando sobre nossas vidas. Apesar de conhecer a desde sempre, depois que ela me trocou por São Paulo e foi morar junto com a , nossas conversas já não eram tão frequentes, afinal temos faculdade, — fazia moda, PP, Letras e Tradutor Intérprete; e eu, Biologia —, estágio, família, ou seja, problemas, problemas e mais problemas. Mas evitávamos falar sobre isso. Já era raro nos encontrarmos, e quando acontecia ainda iríamos falar de coisas ruins? Nã-nã-ni-não!
Até que veio na conversa o seguinte assunto:
— Estou precisando sair de casa e cuidar da minha vida, mas São Paulo é muito perto, fácil de minha mãe me achar e me perturbar, gostaria mesmo é de ir para fora do país. — soltou .
— Estou contigo, gata, sem pôr e nem tirar! Quero o mesmo. — boba? Eu? Lógico que iria concordar.
— Podemos fazer uma viagem para Europa. Vamos começar a fazer umas economias e fazer um intercambio por lá. O que acham? — opa, agora sim, a falou comigo, haha.
— O problema é o dinheiro mesmo, mas acho que se morarmos todas juntas fica mais fácil de pagar já que a acomodação é sempre o mais caro. Eu tenho até uma amiga inglesa que conheci pela net que pode nos ajudar com o lugar, isso é algo para se pensar, acabo a faculdade esse ano e não seria nada mal sair daqui, não acha, ? — perguntou .
— Bom, eu acho a idéia maravilhosa, só sabem como minha mãe é, né. Não gosta nem que eu venha para cá. — isso era a mais pura verdade, minha mãe é do tipo extremamente controladora, e ficou pior depois que meu pai faleceu.
— Ahhhh, , manda sua mãe para o espaço. Você é adulta já e sabe o que faz, foi mal falar assim, mas eu me revolto fácil, sabe como eu sou. — disse revoltada, fazendo todas rirmos.
De fato, a era muito revoltada, não sei quem era/é pior: ou . Empate técnico.
Bom, eu terminaria minha faculdade naquele ano, finalmente seria uma bióloga e o que eu mais queria era ir embora daqui. Nada contra meu país, mas quero aproveitar enquanto posso, enquanto tenho memória e juventude para isso. E, convenhamos, a idéia de ir para a Europa me pareceu muito convidativa, afinal, qual país fica na Europa? Acertou quem disse Inglaterra. E quem mora na Inglaterra? Acertou de novo quem disse Mcfly, ou seja, MEU Harry. Vamos concordar que estar no mesmo país que ele já é uma vantagem. Quem sabe eles não me descobrem e me escolhem para fazer um clip com eles? Ay, papi. Hahaha.
Aliás, já comentei que fiz curso de fotografia? Mais uma razão para trabalhar com eles. Ai, que emoção.
Mas não vamos contar com os ovos sem ter a galinha. Primeiro vou dar meus pulos, fazer tudo na surdina. Surdina? Que expressão mais avó, hahaha! Mas então, vou fazer tudo que preciso para ir até lá. Primeiro, acho que preciso tirar de novo meu passaporte, devo ter perdido ele em algum momento da minha vida. Depois, conseguir meu visto. Em seguida dizer “Tchau, mãe. Tô indo pra Europa e não sei quando volto!” e aí esperar a 3ª Guerra Mundial. Viram, nem é tanta coisa assim.
Voltando ao presente, eu mal poderia esperar para ir ao show deles. Óbvio que já tinha comprado meu ingresso, e com direito a área VIP, meu bem. Pensa que sou pouca coisa? Hahaha. Minha roupa estava devidamente preparada para o grande dia, tinha que estar apresentável, vai que por ironia do destino, o Harry resolve olhar na minha direção e se apaixona? Beleza não é tudo, mas ajuda, ou vocês acham que ele iria se apaixonar por mim estando pior que uma mendiga? Não, né?!
Enquanto não chegava o dia do show, 28 de maio, eu aproveitava para descansar (quem pode tirar um mês de férias da faculdade no meio do semestre é TOP FODA!) e rever alguns amigos que tinha em comum com a poia da . Ou seja, pouquíssimos, pois a maioria não gostava de mim. Deve ser meu jeito grosso, irônico e frio de ser. Mas eu adoro isso! Hahaha. Às vezes sou meio Cruella Devil, mas tenho meus momentos de loucura, de simpatia e amabilidade. Raros, mas tenho.
Estava mexendo no PC, quando percebi que recebeu um novo SMS. — como se tivesse como não perceber com aquele toque nada discreto. E pela cara dela, era de alguém interessante.
— Uii, quem é? Admirador novo e não me contou, né, safada? – ri.
— Não, não! É meu pai perguntando como estou. — disse disfarçando. Pai? Ahãn, e eu sou a nova queridinha da América.
Resolvi deixar aquilo pra lá, afinal, é a vida da . Se ela quiser, me conta depois. Sem crise, sem dor, sem lamentações. Eu acho.
Desliguei o computador e fui dormir, afinal, daqui dois dias finalmente seria 28 de maio, e eu, em fim, veria meu baterista mais gato e sexy de todo o universo. Com certeza sonharei com ele essa noite...
PQP! Dia 26 de maio, e adivinha onde as meninas resolveram ir? Shopping. Eu ainda não consigo entender como é que as vésperas do show de nossas vidas, elas ainda não tenham arrumado suas roupas, e o mais chocante é a . Aloow! Ela faz moda, roupa é o que não falta no quarto dela. Mas não tive nenhuma objeção, afinal, fiquei o dia inteiro no ouvido da dizendo que queria comprar um sapato.
— , cacete mulher, você trouxe a sua casa, como assim você quer um sapato novo? — definitivamente, ela não entende minhas necessidades “sapatalísticas”, aliás, essa palavra eu acabei de inventar. Hahaha!
— Fuck you. – foi apenas minha resposta, ignorando-a.
Estava tudo muito lindo, até o momento que eu achei que ficaria surda.
— AHHHHHHHHHHHHHHH !! — ouvimos um grito.
— Meu, por que você não arranja um namorado para gritar no ouvido dele? — eu estava brava já com aqueles gritos, e para ser sincera, tenho minhas dúvidas se algum namorado aguentaria aquilo.
— Aiii, gente, também não é para tanto! Eu só acabei de ver na MTV que os Guys chegam amanhã em São Paulo. — disse na maior naturalidade.
— NÃOOO! JURAA? — fez uma cara de espanto e depois de paisagem, essa menina tem algum distúrbio.
— SÉRIO! Achei que eles chegariam só no dia mesmo, mas não, amanhã eles estão aí. — disse toda animada se jogando no sofá.
— E onde será que eles vão se hospedar, né? — será que se eu me disfarçar de camareira, consigo entrar no quarto deles e ver o Harry só de boxer?
— No Hilton da avenida Paulista. – disse como se fosse óbvio.
— E como é que você sabe disso? — perguntou com cara de ponto de interrogação. E como todas nós estávamos.
— Ahh, tenho um conhecido que trabalha nesse meio de eventos, ele ficou sabendo e me contou. — estranho isso, hein, dona “Maria” .
— Eu nunca ouvi falar nesse amigo. — disse olhando-a.
— Ele estuda na mesma faculdade que eu, não somos muito amigos, só conhecidos. — disse e voltou a olhar a revista.
deve achar que sou retardada. Eu sei que tem algo de muito estranho nisso, mas às vezes é melhor fazer vista grossa e deixar as coisas para lá.
Fomos ao shopping e compramos meus lindos e adoráveis sapatos. Sim, sapatos, no plural. Esse é um dos meus vícios, além de bolsas. E as meninas compraram suas roupas, uma mais fresca que a outra. E lógico que a era a mais metida, né?! Nunca vi alguém usar aquilo para ir a um show, mas enfim.
Estávamos na Starbucks, conversando, tomando qualquer coisa, tá, eu sei o que eu estava tomando: um frappucino de baunilha e comendo um brownie de amoras. Já disse que amo amoras? Mas então, estávamos lá, lindas, maravilhosas e no nosso momento gordas, quando a perguntou se os meninos já teriam chegado em São Paulo. E mais uma vez, quem foi nossa informante? . Ela disse que eles só chegariam à noite. Todo mundo, mais uma vez, a olhou com aquela cara que fazíamos nas aulas de cálculo. A sorte foi que me lembrei que o Danny tinha colocado isso no Twitter. E então comentei que tinha visto também.
Lá pelas 18 horas, voltamos para a casa da e ficamos fazendo o quê? Não, não ficamos comendo feito loucas, ficamos assistindo “Just My Luck”. Esse filme é demais! Eu me divirto vendo meu Harry tão novinho, só aquele cabelo dele, com aquele “manetes” que estava meio tenso. Ainda bem que todos evoluem. Hahaha. E ainda tem o gato do Chris Pine. Na cena que o Harry se perde, a se matou de rir. Ela sempre faz isso. Mas, dude, que culpa ele tem de ser tão lesado? Hahaha.
Part IV
Que dia lindo. Os pássaros cantam, as borboletas cortejam as flores e, nossa, acabei de ver um gavião pegando um animal no mato, deve ser um rato. Mas o que importa é que o dia está lindo, o sol está banhando a terra e mandando vitamina D para meu corpo e eu já parei com meu momento bióloga, hahaha! O que importa é que nada pode estragar esse... MEU DEUS DO CÉU! O QUE É ISSO?? , essa pessoa no espelho é mesmo você ou é um espectro? Não, não, preciso urgente dar um jeito nisso, desse jeito Harry Judd nunca irá me querer. Ok, ok, depois de fazer tudo aquilo que as mulheres fazem para ficar bonitas, percebi que já estava anoitecendo.
— Guys, nem acredito que vamos ver eles hoje! Nossa, quando eu ver o Tom terei um treco. —disse .
— O problema são essas menininhas que ficam berrando e empurrando a gente, mesmo sendo pista VIP. Legal mesmo seria se tivéssemos conseguido Camarote, né, mas lá só os empresários e amigos. — eu disse com o maior desdém do mundo.
— Calma, girls, tudo vai ser maravilhoso, tenho certeza. – disse piscando. — Não acha, ?
— Acho, lógico que acho! — que sorriso maroto foi esse, ?
PQP! A tá parecendo uma noiva. Já está quase na hora do show e a belezinha está no quarto ainda. Juro que daqui a pouco eu vou lá buscá-la pelos cabelos.
— , eu juro que se você não sair logo desse quarto eu entro aí e te pego pelos cabelos. — gritou brava, pelo visto eu teria ajuda.
— E eu vou junto. — disse.
— Calma, gente. Quanta pressa. Já estou pronta. — disse a belezinha aparecendo na sala.
Roupa de .
Roupa de .
Roupa da esquerda de e da direita de .
— Uauuu, como estão todas gatas! Tão querendo arrumar um gatinho, é? — disse rindo e eu ri junto. – Ali só da menina, gente.
— Não quero gatinho nenhum, só os Mcgatos. — disse com cara de safada.
E eu que achava que a safada era a , essa ainda me mata de vergonha.
Quando chegamos ao local do show, estava tudo muito lindo. Mas lindo mesmo seria eles ali. Ai, ai, ai, que coisa linda.
Estávamos conversando, comentando como seria perfeito se aquelas meninas de dez anos não ficassem nos empurrando como se não houvesse amanhã. Acho que é por isso que evito ir em shows, mas do Mcfly não tinha como não ir.
Eu olhava com cara de vontade para o camarote, juro que daria meus dois pares de sapatos favoritos para ir lá.
— Tenho uma surpresa para vocês. — tirou quatro pulseiras de cor laranja da bolsa.
— O que é isso? — perguntou. Ela deve ter deixado o cérebro em casa.
— É o nosso passe para o camarote e camarim. — sorriu feliz. — Eu tenho um amigo que trabalha aqui no Via Funchal e conseguiu esses ingressos Vips no valor que já íamos pagar.
Juro que vi a ficando branca.
— Gente, vamos ficar no camarote, e depois ainda temos acesso ao camarim para conhecê-los! — falava muito animada.
OMG! OMG! Alguém me belisca! Eu vou ao camarim conhecê-los? Conhecer meu Harry? Jesus, apaga a luz que eu faço o resto! Hahaha! E esqueçam o que eu disse sobre meus sapatos. Não vou dá-los coisa nenhuma, a é uma vaquinha. Mas é minha vaquinha favorita.
Gente, a não tá bem. Essa garota tá mais branca que não sei o quê.
— Você esta bem, ? Está tão pálida. — disse. — Ficou emocionada de poder conhecer o Poynter, é? — ri.
— É .. é ... é isso. — respondeu gaguejando.
Um som. Um som de guitarra. O show vai começar. E ouso dizer que foi o melhor show que eu já vi! Eu não parava de pular, cantar, berrar e tudo mais. Juro que depois dessa vou precisar de um mês para me recuperar. Estava incrível, e o Harry na bateria... ai, ai, ai. Daria tudo para estar lá com ele. Daria tudo, menos meus sapatos, rs.
Danny e Tom são divinos, as vozes são maravilhosas! Dougie cantando “Transylvania” foi demais. Juro que a deve ter parado de respirar só para guardar aquele momento. Todos eles estavam perfeitos. O show foi perfeito. Até mesmo a histeria das meninas foi perfeita! Não tinha como não se empolgar com aquilo. E quando eu achava que já tinha visto tudo, eis que tinha mais uma surpresa.
— Essa música, eu tenho certeza que vocês conhecem, é o nosso novo single, e nós quatro gostaríamos de dedicá-la a uma pessoa que se tornou muito importante pra gente. — Tom disse.
— Verdade, além dela ser gostosa, claro, é brasileira. — a platéia gritou e todos riram. — Também é muito meiga e amiga. Conhecemos ela aqui no Brasil e com certeza estamos “Falling in Love” with her .
— Verdade, se pudéssemos, todos nós casaríamos com ela, mas somos comprometidos, então deixamos para o nosso Jones aqui. — ele levantou o braço cantando vitória, palhaço, haha. — Girl, you’re an Angel. – disse Harry por fim.
Cara, como eu invejo essa menina.
— SEXYYYY LADYYYY! – Dougie gritou daquela maneira que conhecemos. — You mean a lot to us [N/A:Você significa muito para nós] e sei que você está por aí, só não vamos falar seu nome senão você não terá mais paz. — riram os quatro enquanto o público gritava. — Se prepara garota, porque você vai entrar em outra dimensão. — É, aquela garota era uma sortuda.
Após as palavras de Dougie, ele deu uma piscadinha safada pro público e Tom voltou a falar.
— I think, todos vocês conhecem essa música. Essa garota me ajudou a escrever a nova versão dela, então essa vai para você “ONE FOR THE RADIO”! — Tom gritou e o público mais ainda. Oi, Brasil, escândalo pouco.
— Caralho, menina sortuda. Por que não acontecem essas coisas comigo? — eu praticamente berrei por causa do barulho.
— Verdade, com certeza ela deu pra todos eles para conseguir isso. — disse , sempre revoltada, eu tive que rir.
O show já tinha acabado, o povo já começava a se dispersar.
— Gente, eu morri de rir com eles tentando falar português. Aliás, alguém conseguiu identificar que língua era aquela? — comentei rindo, ainda no camarote.
— , você está estranha! — disse .
— Verdade, acho que ver o Poynter deixou ela afetada. — completei e nós três rimos.
— Vamos, vamos ver eles. — falou enquanto puxava pelo braço.
Lalalá, eu vou ver Mcfly pessoalmente, ao vivo, em cores, em carne, osso, pele e suor. Hahaha.
Enquanto andávamos, pude perceber que a parecia meio aflita. Estávamos quase chegando na porta do camarim, quando resolveu se manifestar.
— PÁÁREEEMMM! — com aquele grito todo mundo olhou pra gente. — Será que podem me ouvir? Preciso falar com vocês antes de entrarmos.
Caramba, depois de ter berrado feito louca no show ela ainda tinha voz?
— Olha, eu sei que devia ter contado para vocês antes, mas não podia, dei minha palavra que não faria.
Fala sério, com todos os momentos do mundo para fazer uma confissão, ela tinha que falar agora? Não mesmo!
— Pow, , não pode fazer uma confissão em casa quando chegarmos lá, agora estamos tão perto dos McGuys. — disse entendiada.
— Ahhh, mas vocês não me ouvem mesmo, não posso, tenho que contar agora que .... — quando ela ia falar alguém interrompeu.
— Damn, dude, quem foi que deu um berro aqui? Alguém morreu? — olhamos todas para a porta um pouquinho mais a frente de onde estávamos e vimos Danny Jones com a camisa pendurada no ombro e procurando da onde vinha o barulho.
OMG! Danny Jones na minha frente. E sem camisa. Eu entrei em coma, só pode. Ops, não, não entrei em coma. Mas alguém me explica por que do Jones está olhando para a e dando esse sorriso? Confuso.
— OMG, it’s You! — ele passou pela gente e abraçou de um modo forte, a levantando do chão. — Que escândalo, , não precisava tudo isso, era só bater na porta. — oi? Como assim só bater na porta?
Eu olhava tudo com a maior cara de interrogação, assim como e . olhou para mim e pôde ver minha sobrancelha levantada, e quando isso acontecia, era porque coisa boa não estava por vir.
— Quem são, ? Suas amigas? — sorrindo, agora ele percebe que tem mais gente aqui?
— É .. é, sim ... são. — respondeu meio baixo. Por enquanto, , por enquanto.
— Hey, Jones, pára de fazer escândalo, dude. — Tom vinha em direção a nós da mesma maneira que Danny, com a camisa no ombro. Nesse momento, deve ter ido ao céu e voltado, mas ainda estava nas estrelas (piadinha tosca). — !! Minha compositora predileta. — compositora? Predileta? Ah, não!
— Pára tudo. O que está acontecendo aqui? — disse confusa, e em inglês, of course my horse. Hahaha!
— Era isso que eu estava tentando falar pra vocês, droga. — disse visivelmente chateada.
Tom e Danny olhavam tão confusos como nós.
Mas antes que eu pudesse dizer qualquer coisa, um infeliz, que não deve enxergar, se chocou comigo, quase levando meu ombro junto.
— Ai, não olha pra onde anda não? — reclamei, vendo se meu ombro ainda continuava conectado ao meu corpo.
— Oh, I’m sorry! — sorriu Harry debochadamente.
Juro que quando vi meu “agressor”, meu mundo parou. Harry Judd tinha trombado em mim. OMG! Mas isso não justificava! Ainda sim, foi uma grosseria.
— ! — Harry voltou o olhar para a e a abraçou forte. — Pow, girl, estávamos te esperando, não sabíamos onde te encontrar. — dando um beijo na sua bochecha. Ótimo, ele a beija todo carinhoso e comigo é um iceberg? Ponto negativo para você, Judd.
Harry olhou de novo pra mim e disse:
— Já passou a frescura ou precisa de uma maca? — curto e grosso. Mais um ponto negativo.
— Quem vai precisar de uma maca é você daqui a pouco. — respondi invocada. Ainda mais depois que eu arrancar seu rim.
e , que até agora não tinham pronunciado uma palavra, se manifestaram.
— Acho que você tem algumas coisas para nos explicar não é, ? — sérias.
— Heyyyy, gays!! Achei que tinham me largado lá, eu não falo português, não ia achar o Hotel nunca.
Quem faltava aparecer? Sim, Dougie Poynter. E ele estava um arraso com aquela camisa xadrez. E aquele cabelo molhado desarrumado? OMG! Esqueci até a confusão que se estabelecera até o momento.
— HEEEYYY, Sexyyy ladyy ! Vejam se não é a ! — Dougie a abraçou e pude perceber ela prendendo a respiração.
— Heyy, Doug. — ela disse baixo. Quando está nervosa, no bom sentido, fala baixo.
— Como você está? Sentiu a vibe lá no palco, né? Ouviu a declaração de amor que eu fiz para você? – riu.
Ok. Agora a teria muito mais para explicar. Quer dizer que aquela declaração era para ela? Ela não estava ferrada. Ferrada é apelido. E se ela realmente me conhece, é melhor me convencer, senão pode esquecer que fui sua amiga.
Primeira coisa para explicar: era deles que ela me disse quando voltou do congresso?
Segunda: Com quem deles ela ficou? Se foi com o Harry eu juro que a mato.
Terceira: Que história é essa de compositora? Eles ainda se falam?
Quarto: Por que escondeu tudo isso? Embora nada justifique. Isso é traição.
Part V
— Gente, desculpa, vai. Sabe que eu não faria isso de propósito. Eles me pediram para não contar, e eu não tinha o direito de invadir a privacidade deles assim, espalhando o que faziam ou deixavam de fazer. — disse enquanto olhava pra gente.
— Você mentiu pra gente, . Somos nós, suas amigas de vida inteira, não de qualquer desconhecido que podia utilizar o assunto como matéria. — falou calma, porém desapontada.
— Verdade, acho que podia ter confiado na gente. — conclui.
Aquilo não justificava, não mesmo! tinha razão, éramos amigas há anos. Não fãs enlouquecidas que fariam qualquer coisa para ter seus 15 minutos de fama. E naquele momento, eu não sabia quem eu queria matar primeiro: , pela sua traição. Ou o Harry, pelo seu jeito arrogante e pelo sorriso lindo que tinha, mas ainda sim, debochado que dava no espelho. Certeza que ele sabe que estou vendo. FDP!
Meus pensamentos de vingança foram interrompidos por uma voz linda, que vinha de uma boca quando sorria, tinha a covinha mai charmosa da face da Terra.
— Olha, eu peço desculpas a vocês, não queria que brigassem por nossa causa. Nós pedimos para que ela não falasse nada para ninguém e como uma ótima pessoa que ela é, cumpriu com o combinado. — Tom disse olhando para nós.
Danny se sentou ao lado da traidora, digo, e soltou o verbo.
— Vocês não deviam crucificá-la assim. Ela podia confiar em vocês, mas nós não as conhecíamos. Estamos tão acostumados com pessoas inventando coisas por aí, mesmo que vocês não falassem nada, podia escapar em alguma conversa. É perigoso, por isso tomamos cuidado, se quiserem brigar com alguém, briguem com a gente.
A única coisa que eu fiz, foi ficar olhando para a cara dele e ver o Harry nos olhando de canto. Esse ser está me dando nos nervos já. Daqui a pouco ele vai realmente precisar de uma maca.
levantou e saiu praticamente correndo do camarim. Todos olhavam para a porta ainda, quando Dougie saiu atrás dela.
Resolvi me manifestar.
— Olha, Fletcher, você não precisa dizer o quão boa pessoa é a , nós — disse apontando para as meninas e para mim. – a conhecemos há anos, sabemos como ela é. O que me chateia é não ter confiado em nós. Qual é, vocês não cometeram crime algum. — disse olhando para os 3 presentes.
Eles se olharam e Harry fez a menção de dizer algo, mas antes mesmo que pudesse terminar de formular a frase em sua mente, eu já fui logo cortando.
— Sabe, Jones, vocês também não a conheciam e o que fizeram? — eles se olharam. — E se ela fosse uma louca sensacionalista? Acha que não poderia ter feito várias coisas? — nessa hora fiquei em pé. — E você tem razão, vocês não nos conheciam, mas ela sim! Ela nos conhecia! Sabia que seríamos incapazes de fazer qualquer coisa do tipo. Temos uma reputação também. Podemos não ser famosas, mas temos uma reputação ainda sim. E não desceríamos tão baixo por míseros 15 minutos de fama. Ela nos conhecia! — disse nervosa. — Pelo menos eu achava que conhecia. E você disse que poderíamos ter deixado alguma coisa escapar. Em anos de amizade, nunca, nada que dissemos entre nós foi dito sem querer em outra conversa.
Já não aguentava mais olhar para a cara deles. Tudo bem que eram a minha banda favorita, ou uma boa parte dela, mas eu estava com raiva, estava decepcionada. Se fosse outra circunstância, seria um dos melhores momentos da minha vida. Mas estava sendo um dos piores. Imagine descobrir que sua melhor amiga passou um final de semana todo com o Mcfly, descobrir que o cara com quem ela ficou era um deles e na mesma hora descobrir que o cara por quem você nutriu uma paixão platônica é um estúpido? Eu sou fria, calculista, grossa, irônica, mas também tenho sentimentos perdidos em algum lugar aqui dentro.
Esparramei-me em outro sofá que tinha por lá e fiquei olhando para eles.
— Você tem razão, a conhecia vocês. — disse Harry por fim. — E ela gosta muito de vocês. Agora, vocês acham justo jogar esses anos de amizades que a amiguinha azeda ali, — disse apontando pra mim. “Amiguinha azeda”? repeti. — fez questão de frisar por conta disso? Isso foi ano passado. É passado.
— Acontece, Sr. “I’m Stupid”, que você não tem que se intrometer em nossa amizade. — disse me levantando e parando em frente a ele, que agora estava em pé. — Não se preocupe que a gente se resolve. Nos dê duas semanas e tudo estará resolvido. Pelo menos comigo é assim. A e a são mais tranquilas e no momento que a voltar com o Poynter por aquela porta, elas já estarão amigas de novo. Mas eu não. E não me diga como devo agir com minha amiga. Eu acabei de te conhecer, e não te dei liberdade para se intrometer na minha vida, isso vale para você também Jones. – disse brava.
Harry me encarava e eu pude perceber que ele estava nervoso com aquilo, eu não baixava meu olhar nem um segundo, e estava me segurando para não enchê-lo de tapas naquele momento. Se ele achava que eu era uma dessas fãs histéricas e apaixonadas que falaria e faria exatamente aquilo que ele queria e estava cansado de ouvir, se enganou. Afinal, ele que começou com aquela guerra. E eu só paro quando ganhar.
Continuei o encarando por um tempo ainda. Parece que só o Tom percebeu a tensão que se estabelecia ali, a declaração silenciosa de guerra. As meninas se divertiam com o Danny, ignorando todo o resto.
— , desculpe mesmo por tudo isso. Não sabíamos o que esperar. foi muito legal com a gente e lamento mesmo que isso tenha causado essa confusão entre vocês. — disse sincero.
— Tudo bem, Fletcher. — disse desviando meu olhar do Harry para ele. — Como já disse, isso vai passar. Mas nesse momento, eu só quero sair daqui. E infelizmente, tenho que esperar a , já que estou na casa dela, e com o carro dela. — disse sorrindo de canto.
— Hey, guys, olha quem eu encontrei perdida por aí? E olha que o estrangeiro sou eu. — Dougie disse, entrando no camarim com a ao seu lado. Eu apenas a olhei.
— E aí, , foi conhecer as redondezas? — disse Danny, sorrindo, como se nada tivesse acontecido.
— É, estava precisando de ar. — mais uma vez eu a olhei, e levantei uma sobrancelha.
— Pára de mentir, baixinha, pode falar que você não aguentou ver tantos gostosões na sua frente assim. — Harry disse e fez uma cara de ‘eu sou o máximo’.
Eu virei os olhos, achando aquilo patético e apenas ria.
— Cala a boca, Harry. Você não é tudo isso não. Apesar de certas pessoas pensarem diferente. – ela realmente olhou pra mim? Ok. Mais um motivo para eu matá-la.
— Bom, , está na hora de você contar tudo, né? Como os conheceu e tal, mas que tal uma cervejinha lá em casa? Lógico, se vocês quiserem, sei que são ocupados, não sei nem se podem. — disse .
— Cerveja? Come on, dudes! I need to drink A LOT! — Dougie fez a mesma cara de uma criança que acaba de ganhar um doce.
riu e olhou para . Eu apenas observava aquilo tudo, calada.
— Está falando comigo? Achei que não fossem falar comigo nunca mais. — disse quase num sussurro e baixou a cabeça. Consciência pesa. ( Cruella Devil).
— Digamos que 3 britânicos nos convenceram. — diga por você, . — Isso não quer dizer que você não vai pagar pelo que fez. — sorriu e logo ficou séria.
sabia que contaria toda a história e assim e ficaram tão felizes que esqueceriam tudo, mas comigo, a coisa era mais embaixo. Ela me conhecia o suficiente para saber que não seria fácil. E para ser sincera, eu estava pensando em até ir embora no dia seguinte. Não é muito educado e tampouco inteligente ficar na casa de alguém com quem você brigou. Mas nesse momento, eu não queria era ir para a casa da . Todos lá, como se fossem amigos desde sempre e que os momentos fossem apenas de felicidade. Não. Isso não era para mim. Eu achava tudo muito hipócrita.
— Hey, tá tudo bem? — perguntou Tom, baixinho, acho só eu ouvi.
— Tá sim. — sorri amarelo.
Todos estavam conversando e rindo. Amigos.
— Pois não parece. — observou. — Não te conheço direito, mas você não me engana. Tá achando muito forçado, não é? — sorriu.
— Desculpa, Fletcher, mas eu não sou assim. — disse e logo saí, indo em direção a rua.
Agora quem precisava de ar era eu.
Sai daquele camarim, não aguentava mais ficar naquele lugar. Tudo estava me sufocando, as pessoas, as conversas. Tudo.
Sentei no meio fio da rua, que eu julgava ser atrás da Via Funchal. Estava praticamente deserto. Respirava fundo, contando até 10, repetia esse mantra até me acalmar. Mas parecia que contar até 10 já não estava resolvendo. Bufei de raiva.
— Hey, lady. Não fique assim. – Tom disse, sentando-se ao meu lado.
— Se você veio aqui para me convencer a desculpar a , pode dar meia volta e ir para onde você nem deveria ter saído. — nervosa.
— Não, , não vim aqui para te convencer de nada. Apenas vim conversar. Achei que poderia querer desabafar, I don’t know. — dando de ombros.
— E o que te faz pensar que eu faria isso com você? — o encarando. — Na boa, Fletcher, não tenho nada contra você, não quero ser grossa, mas eu quero ficar sozinha.
— Não acho que seria uma boa ideia, afinal, essa rua está deserta. E bem, minha mãe sempre dizia para minha irmã que era perigoso uma menina bonita ficar sozinha na rua a essa hora da noite. — disse passando a mão pela nuca. Nervoso?
— Você tá dizendo que eu sou bonita? — o olhei com uma sobrancelha levantada e ri.
— Você sabe que é bonita, . — disse sem graça.
— Obrigada, Fletcher. — sorri. — Continue assim e você se tornará meu favorito. — pisquei, para logo em seguida rir da cara de ‘hein’ que ele fez. — Todo mundo tem seu favorito. Não desmerecendo os outros. — expliquei. — Mas é aquele com quem se identifica mais. O meu era o Judd. — dei de ombros.
— Era? — confuso.
— Depois de hoje, tenho minhas dúvidas se continuará a ser. Ele é sempre grosso assim? — perguntei rindo.
— Ele é meio estressado às vezes. Não gosta de levar desaforo para casa.
— Deve ser por isso que ele é meu fave. — sorri de canto. — Ambos irritadinhos.
Ficamos alguns minutos em silêncio. Tom chegou mais perto e me abraçou. Estranhei aquilo.
— , não deixe isso que aconteceu estragar sua noite. Me diga quando é que você imaginou que estaria sentada na calçada, sendo abraçada pelo Tom Fletcher? — riu.
— Hum, para ser sincera, acho que nunca. — rindo junto com ele.
— Então, aproveite, lady! Vamos lá. — disse piscando.
Ah, isso é golpe baixo! Tom Fletcher me abraçando e piscando pra mim? Deus está querendo me compensar por algo. Hahaha. Mas tudo bem. Ele venceu.
Voltamos para o camarim, abraçados. Juro que se o Harry fosse como o Tom, eu já o teria agarrado ali mesmo e nem Deus sabe o que eu faria.
Assim que entramos, o silêncio reinou e todos nos olharam.
— Então, guys, vamos? — disse Tom olhando para todos.
— Okay, então vamos! — disse já saindo do camarim. Quando fala de beber, essa menina é a primeira! Eu hein.
Os meninos foram falar com o Fletch, e pela cara dele, parecia que eles tinham dito que iriam para a zona. Aliás, eu acho que se eles tivessem dito que iriam para a zona, ele teria deixado sem grandes problemas. Depois de ele passar mil e uma recomendações para os guys, conseguimos sair, pelos fundos, claro.
1 hora depois — PQP! Até de noite essa cidade é um inferno! — chegamos ao apartamento das meninas. Durante todo o trajeto, eu não me pronunciei. Pode me chamar de ignorante, orgulhosa, e o que for, mas eu sou assim.
Apesar da minha cara de poucos amigos, no momento só considerava Tom como meu amigo, eu até que estava me enturmando. Exceto com o Judd. Aquele lá decidiu que iria me provocar. E deve ter sido no mesmo instante que decidiu esbarrar em mim.
— Credo, garota, como você é fresca! — Harry disse.
— Fresca? Você que é um nojento! Presta atenção no que você fez! — irritada. — Eu só pedi pra você pegar a Heineken pra mim, não para beber metade dela e ainda por cima babar.
— Ah, confesse que você vai guardar essa garrafa só por causa disso. — disse com aquele sorriso sínico.
— Ai céus! Você descobriu meu segredo, e agora? — irônica. — Acredite, meu bem, você não está com essa bola toda comigo. — não mais.
Eu passava pelo sofá, indo para a cozinha buscar outra cerveja, quando vejo a se jogando no sofá, reclamando dos pés. Ninguém mandou usar esses sapatos, meu bem, olhei irônica para ela, e ela saberia que aquele olhar queria dizer o que pensei.
Bingo! Ela percebeu meu olhar e virou os olhos, como quem dissesse que já estava de saco cheio disso. Mas logo mudou a expressão ao ver quem tinha se sentado ao lado dela: Poynter. Eles vão se pegar ainda. E dane-se se ele tem namorada. Ela tá aqui? Acho que não. Credo, ! Você não era assim. A raiva deve realmente estar borbulhando no seu coraçãozinho.
Pelo menos, nem precisei ir até a cozinha buscar minha cerveja. Logo e apareceram na sala com várias bebidas. É. A festa vai ser boa!
— Come on, guys, let´s get the party started!
Part VI
A ‘festa’ já estava bem animada, nem preciso dizer que aqueles quatro músicos bebiam mais que todas nós. Eu já estava mais solta, diga-se de passagem. Já dizia minhas besteiras de sempre e ria com todos. Todos, menos e Harry. O fato era que Harry fazia de tudo para me irritar, e ele estava conseguindo. Já , era só olhar para ela que já saiam faíscas de nossos olhares. É, a situação estava tensa.
Foi então que a vi levantar e logo depois, Dougie ir atrás dela na sacada. Eu apenas dei um sorrisinho malicioso, eu sabia da ‘leve’ queda de pelo Poynter, e ao que tudo indica, dele por ela.
Eu estava rindo das besteiras que Danny falava, e ele nunca parava de beber. Logo teríamos que sair para comprar mais bebidas. Falávamos de tudo, passado, presente e os planos para o futuro, contávamos histórias uns dos outros e ríamos.
— Gente, e aquele dia que a brigou com aquela menina por causa do Rodrigo? — disse , visivelmente bêbada.
— Não foi por causa dele! — me defendi. — Ele já era maior de idade e vacinado! — ri. — Briguei porque ela era muito folgada! Onde já se viu, derrubar aquilo que ela estava bebendo em mim? Nem sei o que era aquilo, mas tive que jogar minha blusa fora.
— E era sua blusa favorita! — ria . — Eu teria socado aquela menina.
— O pior foi ela vir me encher o saco no MSN depois. Dizendo que o Rodrigo estava com ela porque era muito melhor do que eu. Onde ela era melhor do que eu? — me levantei de dei uma voltinha, arrancando risos de todos, menos Harry, que apenas me olhava em silêncio.
— Pelo visto você adora brigar, hein, ? — Tom disse.
— Não, Tom. Eu sou a pessoa mais paciente que existe. — Harry me olhou com a sobrancelha arqueada. — Não brigo por qualquer coisa. — disse, para logo depois me arrepender.
— Não briga por qualquer coisa? — Harry finalmente se pronunciou.
— Não, só quando realmente me tiram do sério. — disse séria e ele soltou uma risada muito irônica.
— Você é uma fresca, menina! Ficar brigando com sua amiga por causa de uma coisinha dessas. — ele disse alterado.
— Fresca? Quem você pensa que é pra me chamar de fresca? — eu disse bem irritada.
— Alguém muito melhor que você, porque em 10 minutos na sua presença, já percebi que você não merece ser amiga de alguém como a . — Harry estava muito irritado também. Mas não alterava muito o tom de voz.
— Realmente, eu não mereço a amizade de alguém que é falsa, mentirosa e traidora. — disse sem pensar muito. Mais uma vez me arrependi.
— Se toca, garota! Você tá fazendo tempestade em copo d'água! A é alguém muito melhor que você, em todos os sentidos! — aquilo doeu muito em mim. Senti um nó se formar em minha garganta.
— Argh! VÁ PRA PQP! VOCÊ E ESSA BITCH DA ! VOCÊS SE MERECEM! — gritei extremamente irritada e alterada pelo álcool.
Nesse momento, vi aparecer na minha frente com muita raiva. Então ela tinha ouvido tudo.
— COMO É QUE É? QUEM É BITCH AQUI? VOCÊ NÃO TEM O DIREITO DE FALAR NADA AO MEU RESPEITO! — ela gritou, e todos, até eu, se assustaram.
— Calma, . — Danny disse, aproximando-se de mim, junto com Tom.
— CALMA UMA PORRA! ELA SABE MUITO BEM COM QUEM ESTÁ LIDANDO, EU POSSO SER MUITO LEGAL, MAS MUITOOO RUIM QUANDO EU QUERO! — ela estava descontrolada.
— A BITCH AQUI É VOCÊ! PORQUE NÃO TÔ VENDO MAIS NENHUMA! — gritei, encarando-a.
— , pega leve. — disse Tom um pouco assustado.
— Não, Fletcher! Ela vai me ouvir! ELA SE ACHA A SANTA, A BOAZINHA, MAS SÓ É LEGAL QUANDO A INTERESSA! NÃO É,
? NÃO FOI INTERESSANTE BANCAR A LEGAL COM 4 CARAS QUE VOCÊ NUNCA TINHA VISTO NA VIDA E ENGANAR SUAS AMIGAS? ENGANAR AQUELA QUE VOCÊ CHAMAVA DE MELHOR AMIGA? EU NÃO SABIA QUE VOCÊ ERA TÃO BAIXA!
— , abaixa sua bola. — mais uma vez Harry a defendia.
— E você cala a boca, Judd! Ninguém aqui tá falando com o boi, por enquanto, é só com a vaca! — faltava um tantinho assim para bater no Judd.
—
E , JÁ CHEGA! — gritou , que estava muito bêbada ao lado de , no mesmo estado, jogadas no sofá, visivelmente com dor de cabeça. Mas foi ignorada.
— COMO? A ÚNICA VACA QUE TEM AQUI É VOCÊ, SUA VADIA! — gritou furiosa e Dougie, assustado, segurou-a pelo braço.
— , calma, ela esta bêbada, não leve tão a serio — falou para ela.
— Não, Dougie, agora ela que vai me ouvir. — falou enquanto nos encarávamos. — Sim, meu bem, banquei a legal com todo mundo, porque é assim que eu sou. Eu sou legal com as pessoas que eu gosto e não é porque você é minha melhor amiga, ou era, que eu lhe devia mais fidelidade do que com os outros. E se quis me ofender dizendo que eu fui interesseira por estar sendo legais com eles, está MUITO enganada, guria. Porque eu realmente os adoro, e não é pela banda não, e sim pelas pessoas que eu descobri que são, eu não sou e NUNCA fui interesseira, devia saber disso. — ela tá me chamando de idiota?
Pude perceber que todo mundo que estava prestando atenção na briga, nos olhava assustado. e apenas eram pesos mortos no momento.
— A , por exemplo, eu conheço desde que nasci praticamente e mesmo assim, sempre te considerei minha melhor amiga, e isso não fez dela menos importante. A mesma coisa aconteceu com eles, mas se você não foi capaz de compreender o que eu fiz e quiser ficar com raivinha por besteira, que fique, sabe que eu não sou de implorar nada pra ninguém. Não te peço mais desculpas de nada, porque passou dos limites. – ela não iria pedir desculpas? Então que não espere as minhas por tê-la xingado.
— Isso aí, , está totalmente certa! — eu juro que logo faço engolir a cerveja com garrafa e tudo, esse debochado.
— , fica tranqüila, dude. — Tom praticamente implorava que aquilo acabasse.
— Escuta bem, , eu não tô pedindo mais ou menos fidelidade da sua parte, mas consideração é o mínimo que se espera em uma amizade! E eu não fiquei com raivinha por besteira! Você me conhece, sabe que não fico irritada com pouca bosta, e eu não estou implorando desculpas, nem quero! Você é maior de idade e vacinada, sabe bem o que faz! E não se preocupe, amanhã mesmo eu volto pra minha casa. E você, Judd, é um completo idiota! Não imaginei que você fosse tão acéfalo assim. Mas não se preocupem, já passou dos limites? Ótimo! Porque pra mim chega também! Cansei dessa palhaçada! — eu disse no mesmo tom que ela, mais baixo.
Eu já estava saindo da sala, quando voltei e olhei para todos, dizendo:
— Se agora ela quer pagar uma vítima, que pague! Se quiserem me crucificar por causa disso, que me crucifiquem! Mas não venham dizendo o que não sabem! — pude perceber minha voz ficando embargada.
— , não precisa ser tão radical, pra que ir embora? Isso passa, vocês são amigas. — disse Danny, o pacificador.
não deu tempo de ninguém sequer pensar em algo, e logo se pronunciou.
— Deixa, Dan, ela faz o que achar melhor, ela me conhece muito bem também e sabe como eu sou. Agora, eu não me faço de vítima e nunca me fiz, nem sou falsa ou traíra. Eu tenho o direito de ter meus segredos também e minha privacidade, esperava que fosse entender isso. — ela disse olhando diretamente pra mim, e pude perceber uma ponta de decepção. — Agora é contigo, quando achar que é capaz de perdoar as pessoas, já que você não se acha capaz disso, é só me procurar, porque ao contrário de você, eu não guardo mágoa de ninguém, não importa o que seja. Essa sou eu, — disse apontando para si mesma. — e eu tenho muito orgulho de ser assim. — ok, ok, vamos parar por aqui. Ela me chamou de sem coração? Disse mesmo que eu não sei perdoar? Certo, , você vai realmente ver quem não tem capacidade aqui.
passou por mim e seguiu para um quarto qualquer. Percebi então todos aqueles olhares sobre mim, e o que mais pesava era do Harry. Ele poderia ser um idiota, mas era o idiota com quem eu sonhava.
— Parabéns, . Agora sim, você provou para todos nós a pessoa mesquinha que é, você só pensa em você mesma, não consegue compreender que a vida das pessoas não giram ao seu redor, que elas não são obrigadas a lhe contar tudo. — Harry soltava como se dissesse ‘Good morning, London’. — Estava me perguntando se você tem um coração aí dentro, como pode ser assim? Magoar e decepcionar tanto sua melhor amiga. Você é mesmo uma mimadinha, uma fresca, egoísta! — WHAT? Ele realmente me disse tudo isso?
Depois de ouvir tudo aquilo que Harry me disse, eu caminhei até ele com os passos mais firmes que pude, olhei bem nos olhos dele e tive que me concentrar para não me jogar nos braços dele. Respirei fundo.
— Você realmente acha tudo isso sobre mim? — perguntei um tanto triste.
Todos estavam em silêncio, assistindo a cena.
— Não só eu, mas todo mundo que presenciou essa cena patética. Você é vil, mal amada, não me surpreende que não tenha ninguém e agora nem amiga tem mais. — disse com aquele sorriso cínico.
Eu juro que tentei me segurar, mas quando percebi, minha mão já estava fechada e indo na direção do queixo dele. Só pude ouvir aquele barulho e logo minha mão começou a doer.
Harry levou a mão que estava livre, já que a outra segurava sua cerveja, ao seu queixo, massageando-o. E logo deu, novamente, aquele sorriso. Eu apenas estreitei os olhos, peguei minha cerveja e fui para a sacada. Mas antes, pedi desculpas pela cena, menos ao Harry, e deixei bem claro com o meu “Me desculpem, menos o Judd, ele mereceu”.
(OK!)
Fiquei um tempo lá, massageando minha mão que agora latejava e estava levemente vermelha. Consegui ouvir a risada de Danny junto com as meninas. Ah, agora elas acordaram? Espertas.
— Trouxe outra cerveja. — Tom disse, sentando-se ao meu lado.
Eu apenas sorri em agradecimento, peguei a cerveja e ao perceber que estava bem gelada, a coloquei sob a mão dolorida. Tom riu daquilo.
— O que foi? — olhei sem entender muita coisa.
— Eu trouxe a cerveja para você beber, achei que iria precisar depois daquilo lá dentro, — dando de ombros. — e não para colocar na sua mão.
— Haha, quer me deixar mais bêbada, Fletcher? — rindo. — acho que minha mão precisa mais dessa cerveja do que meu sangue.
— Não quero te deixar bêbada. Mas foi engraçado te ver dando um soco no Judd. — rindo.
— Eu tentei, não é? Mas acho que me machuquei mais do que a ele. — olhando para minha mão.
— Deixe-me ver isso. — Tom pegou delicadamente minha mão.
— Você é médico? — rindo.
— Não, mas já machuquei muito minha mão. — olhando. — Você vai sobreviver, e vai morrer com essa mão. — sorrindo de lado.
— É isso que eu espero. — sorri de volta.
Ficamos um bom tempo em silêncio, apenas olhando para o céu e bebendo nossas cervejas.
— Fletcher, você acha mesmo que sou tudo aquilo que disseram? — disse tomando um longo gole da minha cerveja e sem olhar para ele.
— Olha pra mim, . — ele disse sério. Eu olhei. — Você se acha assim?
— Eles acham. A acha, minha, talvez, ex-melhor amiga. E o Judd. Ele acabou de me conhecer e já acha isso. Ele nem trocou 10 palavras de forma amigável comigo, aliás, acho que foi só o “I’m sorry”. — sorri tristemente.
— Você tá mais preocupada com o que o Harry acha? — me encarando. — Você deveria se preocupar com o que as pessoas que se importam com você acham.
— A única pessoa que se preocupava comigo eu fiz questão de afastar. Talvez o Judd tenha razão, eu devo ser mesmo uma egoísta. — mirei o chão.
— Não é verdade. Nenhuma das suas alternativas.
— Ah, não? — ri debochada. — A e a devem estar me odiando nesse momento pela cena, a não deve querer me ver nem se eu fosse desenho animado e eu sou mesmo egoísta. Na verdade, insegura. — sorri de canto. — Tenho dificuldade de me relacionar com as pessoas. De confiar. E mais uma vez, o Judd tinha razão, sou uma mal amada, uma sozinha.
— Esquece o que o Harry disse. Ele não sabe nada a seu respeito para ficar dizendo isso. Se ele soubesse a pessoa incrível que está por baixo dessa mágoa e revolta toda, não seria um idiota em dizer nem 1/3 das coisas que te disse. E se você acha que ninguém mais se importa com você, tenho uma novidade: EU me importo. — ele disse isso olhando em meus olhos e fez questão de dar ênfase que ELE se importava.
— Fletcher, não precisa ser gentil comigo só porque se sente culpado por tudo isso. — disse sincera. — Já estou acostumada a suportar tudo sozinha. — sorri amarelo.
— , não estou dizendo isso apenas por gentileza, é a verdade. Eu realmente me importo com você. Eu gosto de você. Nesse pouco tempo e mesmo com essa confusão, consegui perceber a pessoa maravilhosa que você é. — disse sorrindo.
— Ah, Fletcher...
Mas antes que eu pudesse terminar a frase, ele me interrompeu com um beijo.
Seus lábios eram firmes como eu nunca imaginaria e estavam com gosto de cerveja. Podia senti-los sussurrando juntos aos meus, como se guardassem um segredo.
Tom abriu a boca um pouco, sentindo o gosto dos meus lábios com pequenas mordidas delicadas.
À nossa volta, a noite estava ativa com os zunidos e conversas que vinham da sala. Os sons e o beijo me deixaram agitada. Bom, talvez eu devesse culpar a cerveja pelo que aconteceu.
— Uau... — foi o que ele disse.
Como é que é? Eu acabo de ser beijada por Tom Fletcher. E... OMG! Ele tem namorada! E, OMG²! Ele é o amor platônico da . O que eu fui fazer?
— , eu...
Mas logo o interrompi.
— Isso não vai sair daqui. Não se preocupe. E eu lamento. — disse tudo de uma vez.
— Lamenta? — perguntou desacreditado. — Eu acabei de te beijar e você lamenta? Pois eu não lamento, . Foi muito bom. — sorriu. — Eu gostei.
Eu apenas suspirei, me dando por vencida.
— Ok, eu também gostei. Mas isso não muda nada. Continuamos amigos. Pelo menos por essa noite.
— Como assim por essa noite? — sem entender.
— Fletcher, daqui a pouco vocês voltam para o hotel, e depois vão embora para a Inglaterra. Você acha que eu tenho a ilusão de que vocês se lembrarão da gente? Bom, da com certeza, mas da , e de mim? Não mesmo. — sincera.
— Eu não esquecerei. Juro! — sorriu. — Me passe todos seus contatos, agora! — disse num divertido tom de ordem.
— Sim, senhor, senhor! — ri.
Passei todos os meus contatos: celular, twitter, MSN, Skype, tudo que eu tivesse.
— Pronto, Sir. — sorri, devolvendo o celular para ele, que tirou uma foto minha.
— Apenas para identificação. — afirmou e eu ri, mais uma vez.
Encostei minha cabeça em seu ombro, e ficamos em silêncio, observando o céu.
— Sabe, Fletcher, eu também gostei. — disse sincera.
Pude perceber que ele sorriu e beijou o topo da minha cabeça.
— E aqui começa uma amizade. — ele disse.
— Não, ela começou naquele camarim, no meio da confusão. Aqui ela só for firmada. — disse. — E, diga-se de passagem, de uma forma muito peculiar. — sorrimos juntos.
Ficamos conversando, rindo e fazendo graça até percebermos que já estava quase amanhecendo.
— Fletcher? – perguntei e ele respondeu com um murmúrio. — Não estou te expulsando nem nada, mas é que logo vai amanhecer, e não seria melhor você irem para o hotel? Digo isso porque podem ver vocês saindo daqui e aí já sabe... — expliquei.
Tom olhou no visor do celular e deu um pulo ao ver a hora.
— Caramba, ! Você tem razão! Vou chamar os caras. — disse se levantando e me puxando pela mão.
Ao entrarmos na sala, eu não contive minha risada. A cena era bem final de festa. Harry estava largado no tapete, Danny jogado na poltrona, e deitadas, uma em cima da outra no sofá.
— Hey, guys! Acordem! — gritou Tom. — Temos que ir! Fletch vai nos matar!
Danny deu um pulo e ficou olhando para os lados, totalmente perdido. Eu apenas ria. Harry estava imóvel, parecia não ter se incomodado com os gritos do Tom. Preciso descobrir como ele consegue isso.
Foi então que olhei para Tom, dizendo para deixar comigo. Fui até a cozinha, peguei dois cubos de gelo e coloquei em um copo. Agachei-me na frente do corpo do Harry, sorrindo de uma forma irônica. Ele tinha me provocado a noite toda, mas eu provocaria de outro jeito.
— Harry... — disse, surpreendendo-me por dizer seu nome. — Harry, acorde, docinho. — sussurrei ao seu ouvido, dando ênfase no ‘docinho’.
Harry apenas murmurou alguma coisa que não compreendi. Mas no momento era indiferente. Foi então que ele fez o movimento perfeito para minha leve vingança, se virou, ficando de barriga para baixo.
Sorrindo mais maliciosa ainda, peguei um dos cubos de gelo e deslizei pelas costas enquanto colocava o outro dentro de sua calça.
A cena foi impagável! Harry deu um grito e logo em seguida estava em pé, se balançando todo, tentando tirar o gelo de seu corpo.
Eu ria muito, minha barriga até doía. Danny já estava se contorcendo no sofá e Tom não ficava atrás. me olhava com cara de ‘quero morrer sua amiga’ e não sabia se ria ou ia ajudar o Harry.
Depois de todo mundo se recompor e Harry soltar algumas palavras nada agradáveis ao ouvido de uma pobre mocinha como eu, Tom foi logo soltando a programação do dia. Menino organizado, gente!
— Então, mates, temos que voltar para o Hotel, hoje a noite temos outro show e precisamos checar o som, fora que temos uma entrevista numa rádio as 12h.
— Calma, dude, está parecendo o Fletch, relaxa, vai dar tempo de tudo. — Danny disse enquanto se jogava no sofá.
Passaram-se mais alguns minutos, todos conversavam e eu encarava divertida a cara que Harry fazia. Todo emburradinho. HAHAHA! Até que a disse algo que com certeza ignoraria.
— Guys, e a , hein? Como ela está? Poxa, eu nem fui ver ela ontem, estava tão mal. — legal, e de mim ninguém lembra? Ah, é, sou a vilã.
— Eu fiquei com ela até dormir, não estava muito bem, mas ela é forte, tenho certeza que hoje já vai estar bem. — Danny, o pacificador, ataca novamente.
Eu apenas me abstive do assunto.
— Não é só a , e o Doug? Cadê ele? — ahá! Tá preocupadinho.
— Perdeu o namorado, Judd? — alguém aí duvida que eu fosse deixar passar?
Ele me ignorou? É. Ele deve estar realmente bravo. Dane-se.
— Pow, a última vez que eu vi o Doug, ele estava indo ao banheiro, e me disse que se ele não descesse, era pra eu ir procurá-lo lá. Ele estava bem bêbado, não duvido nada que tenha morrido na privada. — Danny ria e eu tive que acompanhar.
— Vamos lá ver os dois. — finalmente aparece na conversa.
Parecia que tudo tinha sido ensaiado. acabou de falar isso e todos se levantaram e marcharam em direção ao banheiro. No princípio, minha intenção era permanecer exatamente no lugar onde eu estava, mas Tom fez questão de voltar e me puxar pela mão. Vai fazer alguma diferença eu ir? Se o Dougie tivesse se afogado no banheiro, a essa altura do campeonato, já seria tarde e eles teriam que achar outra pessoa para a banda. Eu seguia emburrada, odeio quando me tratam feito criança, embora estivesse agindo como uma.
— Olha só, a criança precisa de ajudar para andar pela casa. Tem medinho? — Harry disse. Parecia que ele lia meus pensamentos.
— Judd, vai arrumar alguma pra fazer e esquece que eu existo! — disse brava.
Ao chegarmos ao banheiro percebemos que Dougie não estava lá. A menos que ele tivesse sido levado pela descarga, ele ainda estava naquele apartamento.
Eu estava encostada na parede, analisando minhas unhas, quando decidiram ir ver a . Ok, dessa vez eu poderei ficar, não é mesmo? Enganada de novo. Só que dessa vez, não foi o Tom quem saiu me puxando, e pela falta de delicadeza, nem foi preciso muito esforço para saber que aquela mão que estava em contato com a minha era do Harry. Apesar de estar extremamente irritada, aquilo me provocou uma série de arrepios, que eu desejo do fundo do meu coração cheio de sangue, que ele não tenha percebido.
Quando abriu a porta do quarto, nos deparamos com a cena mais fofa do mundo. dormindo com a cabeça encostada no peito de Dougie e ele abraçando-a pela cintura. Ah, eu posso ter brigado com ela, mas ver aquela cena, algo com que todas nós sonhávamos, era muito surreal! Caramba, era o sonho dela. Não teve como não sorrir. Olhei para Harry, que tinha um sorriso malicioso nos lábios. Tom parecia assustado, tinha um sorriso sonhador, e Danny, bem, ele parecia bem sério, como se não estivesse gostando nada daquilo.
— Que cara é essa, Dan, ficou com ciúmes? — Harry comentou. Depois a irônica sou eu.
Tom segurou o riso.
— SHUT UP, Harry! Só não sei o que o Doug está fazendo aí. — emburradinho.
— Achei que você já tinha superado a . — Tom falou debochadamente.
Oi? Como assim ‘já tinha superado’? Danny era ou é afim da ? Pára tudo e me explica! E eu que achava que não passava de uns simples beijos. Essa é fogo mesmo! Apanhou o Danny pela boca.
Mas como esse povo é escandaloso! Todo mundo começou a rir alto e logo, Dougie acordou. Eu tava achando que quando ele acordasse e visse todos no quarto, iria ficar super constrangido. Bem, eu ficaria. Mas não, ele acordou, olhou para deitada sobre si, arrumou-a na cama e se levantou. Simples. Natural. Quando finalmente percebeu que estávamos ali, ficou com a maior cara de ponto de interrogação que eu já tinha visto, até o momento. Digo até o momento, pois ao dar uma geral no rosto do pessoal, percebi que a cara do Dougie era muito normal. E sua reação mais normal ainda.
— Estão olhando o quê? — Dougie, ou você fala ou boceja.
— Viemos acordar a , mas encontramos companhia. — Harry, sempre malicioso.
— Ah, não quis deixar ela sozinha ontem, estava muito abatida. — desculpa, hein, Dougie.
— Ah, sei, eu já tinha cuidado dela, não precisava. — ciúmes, Danny?
— Porra, Danny, não disse que já tinha superado ela? — Dougie debochou.
Tom e Harry começaram a rir. Pelo jeito, o beijo da era apaixonante. Acho bom ela não tentar beijar mais ninguém da banda, só o Dougie, ou então ela teria sérios problemas.
— Ai, que barulho é esse aqui? — ótimo, a bela adormecida acordou.
acordou e foi logo perguntando o que estava acontecendo. Gente fofoqueira é fogo. Harry disse alguma coisa que a deixou mais confusa ainda, só não sei se foi pelo que ele disse ou pelo sorriso malicioso. Vai ver foi pelos dois. foi a que melhor explicou. Já o Danny, bem, ele estava visivelmente incomodado com aquilo tudo. Eu te entendo, Danny, eu te entendo. Apesar da se esforçar para manter a pose de indiferente diante dos fatos, consegui perceber a enorme felicidade que crescia e gritava dentro dela. E tenho certeza que a vontade era de sair pulando por aí feito uma louca.
O clima já estava ficando menos tenso, até que a resolveu pagar uma de boa samaritana.
— Eu queria mesmo falar com vocês quatro. — apontando para os meninos. — Gostaria de pedir desculpas por toda confusão de ontem, eu não queria ter causado tudo aquilo, foi culpa minha, vocês vieram pra se divertir, e trabalhar, e eu que dei trabalho. — meio sem graça. — Bom, além de tudo, eu fui MUITO mal educada, pois estava morrendo de vontade de ver vocês e nem ao menos quando os vi, agradeci pela homenagem que fizeram a mim. — já estava sorrindo. — Own, foi tão lindo, nunca ia imaginar que vocês iam fazer algo desse tipo pra mim, acho que vocês sabem o quanto são especiais pra mim, não é? E nem digo mais como fã. — eles sorriam.
O que eu ouvi foi apenas ‘blá blá blá’. Aquilo me irritava. Não sei por que eu ainda continuava ali.
— Que é isso, , esquece essa besteira, nem você e nem as meninas atrapalharam em nada. — pensa que eu não vi a piscadinha, Danny Jones?
— Quase nenhuma delas, né? — mas tava demorando o cavalo relinchar.
Ainda bem que posso contar com um deles ainda. Sorri satisfeita quando vi o Tom dando uma cotovelada no Harry. Bem feito, e foi pouco.
Tom, mais uma vez, a agradeceu pela música que o ajudou a compor e ela se jogou nos braços dele. Eu apenas revirei os olhos. Ridículo.
Mas a coisa ficou mais tensa quando ela resolveu se jogar nos braços do Harry! Qual é, eu não me joguei nos braços do Dougie!
— Sexy Harry Tigrão Judd. — nem preciso dizer que eu fui a única a não rir com aquilo, né? – Obrigada pela homenagem, além de você ser gostoso, é um fofo também.
Essa pessoa tá pedindo pra morrer! É, eu deveria ter ido embora enquanto tive a chance, agora tenho que presenciar cenas como essa.
Mas devo confessar que quando ela chegou no Danny, eu tive que rir. Depois de toda a lengalenga, ele soltou a pérola.
— Girl, “eu te amo”. — ele falando em português foi o ponto alto da minha manhã! Aquele sotaque é o melhor!
E por último, foi até o Dougie, como se já não tivesse sido suficiente ela ter dormido com ele a noite toda. Juro que não sei como ela conseguiu se manter firme diante dele. Depois de mais melação, alguém decidiu dizer algo diferente.
— Então, galera, agora que a voltou a ser louca e ficar agarrando e beijando todo mundo, brasileiros, — Tom disse revirando os olhos. – vamos que o Fletch vai matar a gente, e só pra constar, vocês vão ao nosso show hoje de novo, isso não é um pedido e sim um comunicado.
Ah tá! Comunicado esse que eu não pretendo cumprir, hoje mesmo volto para minha casa. É, eu era a única que não estava empolgada com isso, mas fazer o que, é a vida.
— Vamos tomar café, pelo amor de Deus, esse melodrama me deu fome. — eu disse saindo do quarto, logo atrás de Tom.
Ao perceber os risos vindo atrás de mim e o ‘ouch!’ da , logo desconfiei ela tinha me imitado de uma maneira que me ridiculizaria. Respirei fundo e continuei andando. Aquilo estava sendo demais pra mim.
Part VII
Estávamos indo para a Starbucks, os meninos em seu carro com seguranças e toda aquela parafernália; e as meninas com o carro da . Eu estava indo a pé. Precisa esfriar a cabeça, que ainda permanecia quente, colocar as ideias no lugar e decidir o que fazer dali em diante.
Estava tão absorta em pensamentos, que quase fui atropelada umas duas vezes. Senti meu celular vibrar com uma mensagem. Era o Tom.
“Hey, lady, onde você está? Desistiu de tomar café? Harry está dizendo que é bom, já que você está muito gorda (idiota, eu sei). A tá dizendo que você deve ter se perdido em alguma loja de roupas ou sapatos para o show de hoje. XX, Tom.”
Gorda? Aquele baterista lindo dos olhos azuis acha que é quem para me chamar de gorda? Ele vai ver a gorda!
“Então, Fletcher, quem chegou mais perto da verdade foi a . Mas foi porque eu percebi que minha blusa estava com uma mancha feia, então, vim comprar outra. E quem sabe, alguma roupa para o show de hoje, afinal, agora sou VIP, não?! (risos) Diga ao Judd que a gorda logo chega, é bom ele comer enquanto pode. XX, .”
Ao mandar a mensagem, eu percebi que tinha sido três. Preciso começar a escrever menos.
Por sorte, naquele momento, estava passando em frente a uma das minhas lojas favoritas e, por mais sorte ainda, eu estava com meu cartão de crédito. Comprei um look completo para aquele show, eu iria. Mas agora era por uma questão de honra. Seria o último show que veria deles. Lamento, guys, não verei os outros como tinha planejado com as meninas. Mas nesse show, Harry Judd verá quem é gorda.
Que os jogos comecem. Versão Brasil.
Part VIII
Bom, eu tentei, bem que tentei ser rápida nas minhas compras, mas como as meninas sempre dizem, quando entro numa loja, pode me esquecer lá dentro! E não é exagero. Só saio de lá se estiver completamente satisfeita, e bem, eu estava! Tinha comprado roupas que dariam para ir em 23672 de shows. Mas resolvi sair de lá quando senti uma leve pontada no estômago. Sabem como é, quem tem gastrite não pode ficar muito tempo sem comer.
Saí da loja carregando milhões de sacolas, são nessas horas que eu queria ter um carregador particular. Cheguei ao Starbucks e claro que todos já tinham ido embora. Tomei meu frappucino tranquilamente e comi meu brownie, pelo menos, o Judd deixou alguns pra mim.
Quando cheguei na casa das meninas, estava tudo no maior silêncio, nem parecia que na noite anterior tinha acontecido uma festinha. Ri com meus pensamentos, lembrando das provocações que fazia para o Judd, mas logo um sorriso triste surgiu em meu rosto. Eu tinha beijado Tom Fletcher! Não que o beijo tenha sido ruim, mas é que: primeiro, ele tem namorada; segundo, OMG! Eu realmente estava gostando do Judd. Mesmo com aquele jeito grosso dele, ignorante de ser, eu estava gostando dele. Mesmo sem ele ter dito nenhuma palavra gentil, eu gostava dele. SHIT! Ele tem namorada. Céus, o que eu fiz para merecer tanto carma na minha vida? É algum tipo de punição por algo que fiz em vidas passadas?
Ao entrar no quarto que dividia com a , pois é, tropecei em alguma coisa. Merda! Tinha que ser um sapato, e não era meu. Só poderia ser da . Com o tropeço, acabei me desequilibrando e algumas sacolas foram parar no chão.
- PORRA! Que barulho é esse? – disse a irritada .
Sabe, eu até poderia pedir desculpas, mas só de pirraça não vou.
- Precisa fazer tanto barulho? – disse se jogando no travesseiro.
Resolvi ignorar. Não estava a fim de começar mais uma discussão.
Arrumei minhas compras e resolvi sair. Estava todo mundo dormindo naquele lugar, bando de preguiçosas, mas eu tinha coisas para fazer. E ficar ali, desperdiçando meu tempo dormindo, não era uma delas. Peguei minha bolsa e saí.
Fui andando até um ponto de táxi, não estava com paciência para esperar, e segui para meu destino, ou melhor, destinos. Voltei para casa quando estava quase na hora de estar saindo para o show. e estavam na sala, prontas e lindas.
- ! – escandalosa. – Por onde você andou? E por que não está pronta? Não vai?
- Respira, ! – ri. - Eu estava por aí, resolvendo umas pendências. E já vou me arrumar, - disse calmamente. – podem ir na frente, eu me viro pra chegar lá. – respondi, dando uma piscadinha.
- Então vou deixar meu carro aqui e você vai com ele. Sabe usar GPS? – me acha com cara de mulher das cavernas, só pode.
- Claro que sei né ?! – sorri e fui para o quarto.
Resolvi me arrumar, e tinha que ser o mais rápido possível. Afinal, o show começaria dali, OMG! Tenho duas horas para me arrumar e chegar ao show! OK, respira, , respira! Decidi tomar logo meu banho, arrumar meu cabelo, fazer aquela make estilo rock, me vestir e partir.
Tentei fazer aquilo o mais rápido possível, com a esperança que chegasse logo ao show. Doce ilusão. Demorei 1h:30m para me arrumar, e de quebra, peguei um senhor de um trânsito. Caramba, onde esse povo fica durante o dia? Tudo bem que de dia já é um caos, mas agora estava mil vezes pior. E se eu não chegar a tempo? Fletcher nunca vai me perdoar! Vai gente, agiliza aí!
Depois de 60 minutos, isso mesmo, 1 hora inteira, eu consegui chegar. Torci muito para ter acontecido alguma coisa e o show tivesse atrasado, caso contrário, já estaria no final. Deixei o carro no estacionamento e corri o mais rápido que consegui.
Cheguei ao camarim deles ofegante. Fiquei alguns segundos parada na porta, com as mãos apoiadas nos joelhos, esperando minha respiração e batimentos cardíacos se normalizarem.
- Nossa, achei que vocês já estavam no show há muito tempo! Estão fazendo suspense é? – disse ainda ofegante.
Consegui me recompor, ajeitei minha roupa [N/A: é a da frente.] e coloquei um sorriso no rosto.
- Não, , houve um problema, por isso o atraso. – dizia calmamente. Ela é bipolar, uma hora é estressada, na outra toda calma...
Bem, já que eles estão aqui, vou cumprimentá-los. Notei que a estava sentada ao lado de Dougie, que estava deitado. Deve ser ressaca.
- Fletcher, conseguiu dar um jeito no cabelo? – ri, eu sabia da dificuldade dele. E logo lhe dei um beijo no rosto.
- A ajudou. – disse meio sem graça.
- Ela leva jeito. – disse sincera. – E você, Jones, tá um arraso também! – repeti o gesto com ele.
- Quem sabe não arrumo uma namorada? – disse rindo e piscou para mim.
- Vou fingir que não vi a piscadinha. – ri e pisquei também.
Quando chegou a vez de cumprimentar o Harry, apenas o olhei e o vi ali, parado, como se nunca tivesse me visto.
- Bela camisa, Judd. – disse, mais uma vez, sincera.
Não esperei pela sua resposta, pois sabia que seria uma grosseria. E hoje eu não queria brigar.
Aproximei-me do Dougie, que ainda estava deitado e lhe dei um beijo na bochecha. Percebi que ele estava um tanto quanto quente demais. Já estava quase na porta, quando me virei para e perguntei o que ele tinha.
- Está com febre. – respondeu, sem nem olhar para mim.
Fiquei em silêncio por alguns segundos.
- Bom, só passei para desejar um bom show para vocês, vou me juntar à platéia – pisquei para os meninos, sorri e logo me fui.
Sai daquele camarim tão rápido quanto cheguei. Não estava me sentindo bem. Não digo isso fisicamente, mas emocionalmente. Ver todos ali, se divertindo, Dougie sendo cuidado pela . Eu era como uma estranha ali. Por mais que os meninos, exceto Judd, fossem simpáticos comigo, eu percebia que não era a mesma coisa. E ainda tinha o Tom. Tínhamos combinado que aquele beijo não significaria nada, mas ainda sim, ficava um clima estranho. Eu precisava falar sobre aquilo com alguém. Aquilo estava me matando. Eu tinha beijado o Fletcher, mas gostava do Judd. Estava perdida. Poderia falar com o Tom, mas ele era parte da complicação. É, , você está numa sinuca de bico, como diziam os meninos da faculdade.
Já havia se passado alguns vários minutos desde que eu tinha saído do camarim e me encostei na parede do camarote onde ficaríamos. Eu nem percebi quando e chegaram. Estava desistindo de ficar ali, eu iria embora e depois explicaria para o Tom o que tinha acontecido, ou melhor, inventaria uma desculpa.
Quando me virei para sair, quase trombei com a , que agora chegava ao camarote. Ficamos em silêncio por algum tempo, apenas nos olhando, como se esperássemos que alguém fosse a primeira a começar a falar. Até que o silêncio chegou ao fim, com as duas falando ao mesmo tempo.
- EuOfiqueiHarrycomficouTombabandoontememvocê! – hein? Eu não entendi nada!
Bem, talvez eu tenha entendido, mas quero ter certeza.
- O que foi que você disse? – ela me perguntou, confusa
- Eu fiquei com o Tom! E o que você disse? – perguntei.
- Que o Judd ficou babando em você. – respondeu com ar pensativo.
OMG! OMG! Harry Judd ficou babando em mim!!! Aaah, alguém me belisca, porque devo estar sonhando!
Depois de acalmar meus pensamentos, fiquei olhando para e percebi que ela me olhava com uma cara, diria, de espanto.
- Por isso você está assim? – perguntou.
Suspirei e me encostei novamente à parede.
- Não é pelo Tom, é pelo Judd! Digo, me sinto mal pelo fato de ter feito isso e ele ter namorada, mas o Judd... – dei um longo suspiro.
Eu sabia que não precisava explicar mais nada. sabia o que estava acontecendo e a confusão que se formava em minha cabeça. Eu a olhava com olhos pedintes de ajuda. Eu não sabia o que fazer! Estava gostando de alguém que me detestava e que era um rockstar! E tinha o fato da namorada e que dali alguns dias ele iria embora e provavelmente nem se lembraria de mim.
me deu um sorriso torto e deu de ombros. Isso só significava uma coisa: ela não sabia o quê fazer pra me ajudar. Eu mordi meus lábios, como sempre faço quando estou nervosa, e cruzei os braços. Ela permanecia ali, parada, como se estivesse esperando que uma luz surgisse e resolvesse tudo.
Um barulho muito forte começou, anunciando o início do show. saiu de seus devaneios e foi sentar-se ao lado de . Eu permaneci onde estava. Estava pensando no que fazer.
Dificilmente eu ficava sem saber o que fazer, mas isso era até me deparar com aquela situação. Com tantas pessoas por quem me apaixonar, tinha que ser justo por ele? Bem, eu poderia pensar em dois grandes problemas nessa história de me apaixonar. Não, eu não poderia permitir aquilo! Eu não queria me apaixonar, todo mundo sabe que apaixonados sofrem, e de sofrer já estou cheia.
Quando começaram a tocar “Falling in Love”, pude perceber minha visão ficando embaçada. Essa não! Eu não poderia chorar, não ali, na frente das meninas. Olhei para elas e percebi quão animadas estavam e percebi minha deixa. Saí daquele camarote e corri para qualquer lugar longe dali, onde não houvesse ninguém. Como eu tinha free pass, poderia entrar em qualquer lugar, só não imaginava que o lugar seria o camarim. Mas não estava me importando. Não naquele momento.
Como uma criança assustada, me encolhi num canto, abracei minhas pernas e chorei. Sentia as lágrimas quentes rolarem pelo rosto, mas mais uma vez, não me importava, desde que ninguém me visse.
Não sei ao certo por quanto tempo fiquei ali, mas quando consegui voltar para o camarote, os meninos já estavam anunciando a última música, e então percebi que perdi o show inteiro. olhou para mim como quem dissesse “Depois a gente conversa”, mas eu sabia que aquela conversa não aconteceria.
Talvez a resposta para todos os meus problemas fosse apenas uma. Talvez não fosse a melhor resposta, mas por enquanto poderia resolver.
Respirei fundo ao perceber que todos já estavam se retirando, as meninas caminhavam em direção ao camarim. Quando passou por mim, apertou meu ombro, um gesto que dizia “Vai ficar tudo bem”. Eu apenas suspirei e as segui.
Ao chegar ao camarim, tinha colocado o melhor sorriso em meu rosto. Todos conversavam, riam e eu permanecia ali, alheia a tudo. Saí de meus devaneios quando Danny perguntou se eu não iria. Mais uma vez, sorri. Aquela era minha resposta, mas iríamos aonde? Parecendo perceber minha dúvida, disse a frase salvadora: “Nos encontramos no hotel então”. Ótimo, iria rolar uma festa. Eu não estava no clima, mas iria mesmo assim. Vai saber se não acabo me animando.
Ficamos um tempo no camarim ainda, esperando que todos fossem embora para conseguirmos sair. Percebi vários olhares do Harry sobre mim, estava ficando incomodada, e bem, não sou boa em disfarçar quando algo me incomoda, então participava de algumas conversas, respondia algumas coisas, e sempre mexia no meu cabelo, meu lábio, coitado, acho que nunca foi tão mordido em toda minha vida, às vezes, sentia um gosto de sangue e parava de mordê-lo, mas logo depois voltava a isso.
Assim que pudemos, saímos de lá. Saí em disparada para onde tinha estacionado o carro da . Pelo menos lá eu ficaria sozinha com meus pensamentos. Pude ver o carro das meninas passando por mim, e depois o carro da banda. Fiquei parada alguns minutos, olhando a direção que eles tinham seguido, até resolver ligar o carro e seguir pelo mesmo caminho.
Meus pensamentos estavam me assombrando, a cena do beijo, o jeito como Harry me tratava, a briga com a . Era muita coisa para uma pessoa só. E sempre pode piorar, não é?
Senti meu celular vibrar no banco, tinha o colocado entre minhas pernas, mania. Vi que era uma mensagem, então aproveitei que parei no sinal vermelho para ler.
“Preciso falar com você. Explicar-me, me desculpar. Não sei. Tentar resolver as coisas.”
Deus! Quanto mais eu rezo, mais assombração me aparece! Já dizia aquela máxima: ex bom, é ex morto! Ainda mais quando era um canalha, estúpido como aquele. Apenas fechei meu celular e voltei a dirigir, depois de alguns protestos de motoristas que buzinaram avisando que o sinal já se encontrava aberto.
Liguei o rádio e, por ironia do destino, estava tocando “Yesterday”, The Beatles. God, alguém deve realmente me odiar!
Comecei a ouvir a música e a pensar em várias coisas, várias coisas, que assim como o nome da música, me remetiam ao ontem.
Yesterday
All my troubles seemed so far away
Now it looks as though they're here to stay
Oh, I believe in yesterday
Suddenly
I'm not half the man I used to be
There's a shadow hanging over me
Oh, yesterday came suddenly
Até ontem, meus problemas pareciam distantes, eram coisas corriqueiras: faculdade, estágio, família. Problemas que todos têm. Só que agora foram agregadas mais coisas. Tenho problemas com minhas amigas, problemas com pessoas que acabei de conhecer, e com pessoas que nem conheço, como a Falcone. Ter beijado o Tom foi um erro. Não me arrependo, mas foi errado. Ele tem namorada, e agora também descubro que gosto do Harry. É estranho, afinal, eu beijei o Fletcher, deveria estar gostando dele, certo? Mas também, por que eu fui beijar ele, se na verdade, meu fave sempre foi o Judd? Oh, God. É estranho isso. Estranho, esquisito, complicado e complexo.
Why she had to go I don't know
She wouldn't say
I said something wrong now I long
For yesterday
Dude! Como me arrependo de ter brigado com a . Eu não deveria ter dito aquelas coisas para ela. Gostaria de apertar um botão nesse momento e voltar no tempo para me impedir de dizer tudo aquilo.
Yesterday
Love was such an easy game to play
Now I need a place to hide away
Oh, I believe in yesterday
Caramba! E se não bastasse todos os meus problemas, dúvidas e confusões, agora me reaparece mais um. É. O amor é algo complicado. Não creio que um dia que seja capaz de compreendê-lo. Eu gostava mais de como eu agia antes. Apenas jogando, me divertindo… Será que ainda dá tempo de voltar a ser como eu era?
Part IX
Não sei como, devo ter ligado meu piloto automático, já que quando dei por mim, já estava em frente ao hotel onde os garotos estavam hospedados. Parei o carro e fiquei esperando o funcionário vir pegá-lo para estacionar. Eu não estava com pressa. Mas confesso que se ele demorasse mais, eu entenderia aquilo como um sinal para ir embora de vez. Ele apareceu, e pela cara dele, já deveria ter ido até o carro algumas vezes, afinal, me olhava com uma cara de “ou vai ou desce”. Saí do carro, mas ainda não entrei no saguão do hotel. Quando criei coragem para entrar, senti alguém puxando meu braço. Apavorei-me. Mas me apavorei mais ainda ao perceber quem me segurava.
— Por que você fugiu de mim?
— Eu não fugi de você. Eu terminei com você. — seca.
— , não me venha com essa. Eu não terminei com você. — ríspido.
— É aí que você se engana, . Você terminou comigo de todas e das piores formas possíveis. Ou será que você esqueceu tudo que fez? — questionei, mantendo a voz firme.
— Aquilo foi um deslize. Um incidente isolado. — calmo.
— Deslize? Incidente isolado? — ri sarcasticamente. — Você tem noção do que eu passei? Do que eu senti? Eu tive que implorar para meu irmão não ir até sua casa, ele estava transtornado, te mataria! — disse, já alterando minha voz.
— Isso mostra que você se importa comigo, amor. — disse, reforçando a última palavra.
— Não me chame de amor. Você não sabe o que essa palavra significa! E eu não queria que meu irmão sujasse suas mãos com um traste feito você! — disse cuspindo as palavras. — Agora se você me soltar, eu ficarei muito grata! Você está me machucando. — disse olhando para sua mão que ainda segurava firmemente meu braço.
— Não, você vai entrar comigo nesse carro e vamos embora! Você é minha, tem que ir aonde eu vou. — disse totalmente alterado e me arrastando até o carro, que estava do outro lado da rua.
— Me solta agora! — já começava a me desesperar. — Me solta! Não vou a lugar nenhum com você! — gritava.
Finalmente alguém ouviu meus apelos e veio me ajudar.
— Algum problema senhorita? — perguntou um segurança do hotel.
— Nenhum problema, não é mesmo, meu amor? — respondeu e eu tive vontade de vomitar ao ouvi-lo me chamar de “meu amor”.
— Todos os problemas! Esse senhor está praticamente me sequestrando! — respondi com a voz totalmente alterada. — Ele quer me obrigar a ir com ele, mas não vou a lugar nenhum!
— Senhor, peço que solte a moça ou serei obrigado a tomar atitudes drásticas. — o segurança disse isso já pegando seu rádio para pedir reforços, imagino eu.
— Tudo bem! Não precisamos disso. Somos civilizados, não? — respondeu enquanto me soltava. — Mas essa conversa não acabou. — disse segurando meu rosto virado para si.
Podia sentir a força com que ele me segurava, estava me machucando. Assim que ele virou as costas para ir embora, corri até o segurança. Não conseguia dizer nada, lágrimas brotavam em meus olhos, definitivamente aqueles últimos dias estavam sendo um inferno. Consegui balbuciar um “obrigada” ao segurança e entrei no hotel.
Parece que as recepcionistas tinham assistido aquela cena, pois assim que entrei, me trouxeram um copo de água com açúcar. As agradeci e informei para onde estava indo. Assim que entrei no elevador, pude ver as marcas que ele tinha deixado em meu braço e no meu rosto, que agora também estava vermelho devido às lágrimas.
Assim que cheguei ao andar do Mcfly, coloquei minha mão onde estava a marca a fim de que conseguisse disfarçar.
— Hey, lady! — disse Danny me abraçando. — Achamos que tivesse se perdido. — riu.
— Quase isso! — respondi forçando meu melhor sorriso.
— ! — Tom chegou me beijando no rosto e me abraçando. — Por que está vermelha? Andou chorando?
Shit! Esqueci do meu rosto, pense rápido, ! Estão todos te olhando! Vai garota!
— Passei por um susto agora, Fletcher. — respondi. — O elevador parou do nada. A tecnologia me odeia! — ri sem graça.
— É, acho que eu também ficaria apavorado. — disse.
Olhei para as meninas e pude ver seus olhos acusadores em mim. Elas sabiam que eu estava mentindo. E parecia que elas sabiam o que tinha acontecido.
— Hey, Poynter! — disse me aproximando dele e de . — Está melhor?
— Estou melhorando, . — disse sincero. — A tem sido minha babá. — riu e eu o acompanhei com um sorriso.
— Guys, onde fica o banheiro, acho que preciso retocar a maquiagem por causa do susto. — falei e Danny me apontou a porta do banheiro.
É, , eles você conseguiu enganar, mas as meninas não. Será que elas viram algo? Acho que não. Elas apenas sabem quando estou mentindo. É, é isso.
Retoquei a maquiagem, tentei camuflar as marcas que ainda estavam bem evidentes e saí a tempo de ouvir um comentário do Harry.
— Sério, dude! Não cheguei a ver quem era, mas parecia que o cara tava forçando a menina a ir com ele, ela tava desesperada! Se o segurança não tivesse ido ajudá-la, eu iria. — disse, aparentemente, preocupado e sincero.
Eu não sei se ele iria falar mais alguma coisa, mas quando me viu, parou de falar e ficou apenas me olhando. Eu dei um sorriso de lado e fui pegar algo para beber. Dizem que se você quer esquecer, o melhor jeito é beber. E eu faria isso.
Part X
Eu estava com muito calor, o ar condicionado da suíte não estava ajudando muito. Resolvi ir até a sacada e foi aí que eu gelei. Dali, daquele ponto exato, dava para ver tudo o que acontecia na rua, e mais precisamente o que tinha acontecido comigo. Mais uma vez torci para que nenhuma delas tivesse visto aquela cena.
— , quem era o cara que tava com você lá embaixo? — perguntou .
— Que cara? — me fingindo.
— Nós vimos você conversando com um cara. — disse . — Já está causando por essas bandas é? — riu.
Nunca fiquei tão aliviada por ouvir as besteiras da .
— HÁ, HÁ! Até parece, né? — sorri amarelo. — Ele só estava perguntando um endereço. — mentir é feio!
— E justo pra quem ele foi perguntar? Para a pessoa mais perdida do mundo! — riu. — Aposto que deixou o cara mais perdido ainda. — eu tive de rir junto com elas, mas não antes de mostrar a língua.
Dito isso, as meninas entraram e eu fiquei mais uma vez sozinha. Sozinha com meus pensamentos. Senti novamente o medo e a tristeza tomarem conta de mim, suspirei fundo e me apoiei na sacada. Percebi alguém se aproximando, mas nem me dei ao trabalho de me virar. Pelo menos não até saber quem estava ali.
— Cuidado para não cair. Vai ficar caro limpar a sujeira depois. — ahá! Só poderia ser o Mr. Ironic.
Me virei para ele, mas não disse nada. Pela primeira vez eu não iria responder uma provocação, e ainda mais um provocação do Harry.
Ele ficou me olhando, com a sobrancelha levantada, adoro quando ele faz essa cara de “Ué”. Eu apenas sorri de canto e voltei a minha posição inicial, acho que ele pensou que isso fosse um convite e se aproximou mais de mim, ficando ao meu lado. Eu apenas o olhava pelo canto dos olhos e percebia que ele fazia o mesmo. Ok, mais alguém aqui está achando essa situação bizarra?
Eu já mordia meu lábio de novo. Estava nervosa com aquela aproximação. Não ficaria tão nervosa se ele tivesse tentado me jogar pela sacada.
— Você vai ficar sem boca. — disse ele, quebrando o silêncio.
Eu apenas sorri.
— Eu não falei com você antes, mas vocês fizeram um bom show. Eu gostei. — disse.
— Das quatro músicas que você ouviu? — retrucou.
— Como? — desentendida.
— Eu vi que você não ficou ali o show inteiro. Não precisa me contar nada, estou apenas comentando.
— Não me senti muito bem. — isso é uma meia verdade.
— Uhn, certo.
— Mas de qualquer jeito, eu gostei das quatro músicas que ouvi. — disse sorrindo mais abertamente. — Parabéns.
— Obrigado. — disse. — É estranho falar civilizadamente com você. — rindo.
— Não se acostume. — respondi sorrindo e dei uma piscadinha.
— Não vou. — disse entrando novamente no quarto. — Aliás, você está muito bonita hoje. — disse isso e se foi.
OK! Agora acho que vou realmente me jogar daqui! Eu tive uma conversa normal com Harry Judd? O mesmo Harry Judd que me provoca e tira do sério? Ele me notou no show? Acho que sim, para saber que só fiquei ali quatro músicas. E o melhor de tudo, ele me elogiou! Disse que estou muito bonita. OMG, OMG, OMG! Acho que as coisas começaram a melhorar. Finalmente!
— , podemos conversar? — aproximou-se.
— Claro. — respondi sorrindo.
— Era ele lá embaixo, não era? — perguntou, mas creio que ela já sabia a resposta.
— Era. — suspirei pesadamente
— Como ele sabia onde você estava?
— Eu não sei, minha mãe deve ter dito a ele. Você sabe que ela o adora. — dei de ombros.
— Mas ele fez tudo aquilo com você. — irritada.
— Ela não acredita. — disse negando com a cabeça.
— Caramba! Ela é sua mãe! Como não acredita em você? — nervosa. — Ai, meu Deus! O que é isso no seu braço? Ele encostou em você, não foi?!
— Não! — disse rápido. — Eu que estava nervosa e acabei apertando meu braço, você me conhece. — sorri amarelo.
— Exatamente! Quando você fica nervosa morde o lábio e mexe no cabelo, não fica se “apertando”. — disse fazendo aspas com os dedos. — você tem que dar um basta nisso!
— Você acha que eu não sei disso? — elevando minha voz. — Eu não sei o que fazer! Eu tenho medo do que possa acontecer. Não sei o que esperar dele. — disse já com a voz embargada.
— Você tem que acabar de vez com isso. — disse por fim, saindo dali.
Eu fiquei ali, parada, pensando no que eu poderia fazer. Mas não conseguia pensar nada. Quem sabe se eu mudar de planeta ele não me deixe em paz. Suspirei pesadamente.
— Qual é a sua?
— Hã? — sem entender.
— Por que você sempre tem que estragar tudo? — nervoso.
— Do que você está falando Judd? O que eu estraguei agora? — confusa.
— Estava tudo bem até você chegar! — segurou meu braço. — O que você disse para a ? Ela veio aqui e voltou nervosa.
— Eu... eu não disse nada! Juro, dessa vez não disse nada! — assustada.
— Para de ser mentirosa! Eu achei que pelo menos hoje você seria amigável — disse apertando mais meu braço, no mesmo lugar que tinha apertado. — Mas você não muda não é mesmo? — com a voz alterada.
— Judd, me solta. — disse firme, porém sentindo o bolo se formar em minha garganta. — Você está me machucando.
— Você não passa de uma vadiazinha mimada quer ser sempre o centro das atenções não importa o que tenha que fazer para isso. — disse apertando ainda mais meu braço.
— Me solta, ! — gritei o último nome. — Judd, — me corrigi. — me solta! — com os olhos cheios de lágrimas. — Você não sabe de nada e não pode falar sobre o que não sabe. — disse me soltando. — E nunca mais me chame de vadizinha mimada! — disse saindo dali, me segurando para não chorar.
Passei por todos no quarto, estava ciente do meu estado, meu rosto vermelho queimando, meu braço que doía, mas não era só ele. Tudo em mim doía, eu me sentia pior do que estava. Por que tudo tinha sempre que ser estragado? Estava ótimo antes daquela conversa! E cadê esse elevador que não chega?! Vou descer pela escada de incêndio e dane-se quem achar ruim.
Já estava abrindo a porta quando alguém me puxou pela mão, mas que mania infeliz desse povo!
— What the hell! — disse puxando minha mão.
— , calma. — disse a voz calma. — Are you fine?
— Está tudo ótimo, Fletcher! — grossa. — Pode voltar para a festa, estou indo embora.
— Você mente muito mal. — disse. — Eu não sei o que o Harry fez, mas a está muito brava com ele. — me fazendo virar para olhar para ele. — Você estava chorando?
— Eu sinto vontade de chorar, mas não choro. — sorri amarelo.
— Foi ele que fez isso no braço? — Tom perguntou apontando para a marca.
— Não, já estava feito. — disse olhando para meu braço.
Tom me abraçou e por alguns segundos achei que não fosse conseguir segurar o choro. Eu mordia meu lábio fortemente e me afundava ainda mais naquele abraço.
— ?
Soltei-me do abraço e olhei para quem me chamava.
— Será que posso falar com você, please? — Judd disse olhando para o Tom. — E a sós?
Tom olhava para mim, esperando minha resposta. Eu apenas assenti com a cabeça, então ele me deu um beijo na bochecha e sussurrou um “Qualquer coisa grite”. Eu sorri em resposta, dizendo que ficaria tudo bem.
— Diga logo o que quer, Judd. — séria.
— Quero pedir desculpas. — disse sem olhar para mim. — A me disse o que houve.
— Você precisou ouvir isso dela? Já tinha dito que você não sabia o que tinha acontecido. — mordendo meu lábio.
— Realmente, me desculpe. Eu não sabia que a garota lá embaixo era você. — disse olhando para mim.
— Foi bom ver sua preocupação por algum momento, mesmo sem você saber quem era. — sorri de canto.
— Vem, vamos voltar para a festa. — disse me estendendo a mão.
Fiquei olhando para a mão dele enquanto decidia o que fazer. Mordi meu lábio pela última vez e o olhei.
— Não. Não tenho mais clima para festa, Judd. — abaixando a mão dele. — Desculpe. — disse apertando mais uma vez o botão do elevador.
Dessa vez o elevador chegou mais rápido. Entrei e dei um sorriso singelo para o Harry. A porta se fechou e então eu finalmente chorei.
Part XI
Doía muito saber que apesar de tudo, Harry me odiava. Achei que as coisas poderiam começar a dar certo, mas estava enganada. Quando as coisas são assim, a única solução é se afastar. E era exatamente o que eu faria. O problema era sair desse problema e voltar para outro: .
Já tinha chegado à casa das meninas. Desliguei e fechei o carro, abri rapidamente a porta do apartamento. Eu estava com medo, tinha medo que tivesse me seguido. Tranquei a porta e fui correndo para o quarto, peguei minhas coisas e fui tomar banho. Estava me sentindo suja, me sentia péssima. Não sei quanto tempo ao certo fiquei no banho, mas quando saí, as meninas ainda não estavam lá.
Comecei a organizar minhas coisas, afinal, amanhã iria embora. Os shows em SP já tinham terminado e eu voltaria a minha rotina, mas estava muito cansada, resolvi terminar quando acordasse.
Quando encostei minha cabeça no travesseiro, todas as lembranças ruins voltaram a minha mente, não consegui me controlar e chorei. Aproveitando que estava sozinha, chorei tudo que estava guardado. Entre lágrimas, adormeci.
Sonhei a noite toda, e era o mesmo sonho. Sonhava que estava numa casa que não era a minha. Harry estava lá comigo, ele sorria de um jeito extremamente apaixonante, eu olhava para ele e sorria mais ainda. Ele então pegou minha mão e a beijou. Aproximei-me ainda mais dele e passei meus braços pelo seu pescoço e encostei nossos lábios. Podia senti-lo sorrir entre o beijo e eu o acompanhava. Estava muito feliz, estávamos felizes. Porém, quando me separei dele, vi tudo ao meu redor se desfazendo. Eu olhava para ele sem entender e ele apenas me olhava cheio de sarcasmo e ria.
— Harry, o que está acontecendo? — confusa.
— Você estragou tudo, de novo e como sempre, . Tudo que você toca estraga. — me olhava com nojo enquanto se afastava.
— Não, Harry! Espera! Eu te... — não consegui continuar a frase. Alguém tinha me batido. — ?
— Achou mesmo que se livraria de mim, meu amor? — disse se aproximando.
— Fica longe de mim! Se afaste! Você não tem direito algum sobre mim, não encoste em mim novamente! — disse enquanto corria na direção de Harry.
Quanto mais eu corria, mais longe do Harry eu ficava, a imagem dele se afastava e podia ouvi-lo dizer o quanto me odiava, e ao fundo ouvia a risada de . Conseguia sentir as lágrimas escorrendo pela minha face. Num susto eu acordei.
Olhei assustada no escuro, procurando saber onde estava. Percebi uma claridade vinda da porta e me localizei, passei a mão pelo rosto tentando me acalmar. Notei que ele estava molhado, eu realmente havia chorado enquanto dormia. Me virei para o lado e vi que dormia tranquilamente, levantei-me silenciosamente e fui até o banheiro. Depois de ter cuidado da minha higiene e beleza, me senti, fui terminar de arrumar minhas malas. Roupa de , foto da esquerda.
Já estava arrumada quando acordou.
— Ué, aonde você vai? — perguntou com a cara de sono.
— Para casa, ué. Nossas férias acabaram, não é? Os shows já foram, eles estão indo embora. — respondi enquanto arrumava meu cabelo.
— Bom, isso se você quiser! — disse enquanto colocava um envelope na minha frente.
Olhei sem entender.
— O que é isso?
— Passagens de avião e ingressos para os shows do McFly no Rio e POA. Os meninos pediram para nós irmos e nos deram como um presente, disseram que querem muito nossa presença até o final da turnê no Brasil.
— Eu não vou. — disse invasiva.
respirou fundo e passou as mãos pelo rosto, ela já estava se irritando.
— Você quem sabe, , mas coisas assim não acontecem todos os dias. E eles foram atenciosos o suficiente para dar esse presente a todas nós, eu tenho certeza que metade do mundo gostaria disso. Vai mesmo desperdiçar e ficar chorando dos problemas que tem? Você vive reclamando que não pode sair de Campinas, que não faz nada da sua vida, então, acho que essa é sua oportunidade. Grita um basta para o mundo e faz aquilo que você deseja, tenho certeza que te fará muito bem.
Ela saiu do quarto antes que pudesse responder.
Pensava no que ela tinha dito quando meu celular soou com uma nova mensagem.
“Hey, , como está? Queria falar com você, tem como vir ao hotel? Xx, Tom.”
Peguei minha bolsa e fui.
Harry’s POV
Acordei aquela manhã me sentindo mal. Tudo aquilo que tinha dito a sem razão estava me corroendo por dentro. Não sabia o que tinha acontecido comigo, não era de meu feitio agir daquela maneira. Precisava falar com ela, certamente, mais calmos conseguiríamos nos entender. Não compreendi muito bem, mas quando me disseram que ela era a menina em frente ao hotel, senti meu sangue ferver e senti uma vontade de socar aquele ex-namorado dela.
Eu sabia que se eu pedisse para ela vir até aqui, não viria. Então recorri ao Tom.
— Tom, eu preciso de um favor. — disse me sentando ao lado dele, que comia.
— O que você quer, Judd? — pelo jeito ele também estava bravo comigo.
— Quero falar com a . — ele me olhou de um jeito estranho.
— Não está feliz com tudo que disse ontem?
— Não é isso, Fletcher! Quero me desculpar, conversar com ela agora que estamos todos mais calmos.
— O telefone dela está no meu celular. — disse enquanto enfiava um enorme pedaço de bolo na boca.
— Ela não vai querer falar comigo. Liga pra ela e diga para vir até aqui. Por favor. — eu já estava quase suplicando.
— Ok, mas se você a fizer mal de novo, pode esquecer. — disse para logo pegar o celular e digitar uma mensagem. — Agora é só esperar.
Eu apenas sorri em agradecimento. Normalmente, eu agiria como se nada tivesse acontecido, mas algo em mim gritava para falar com ela, pedir desculpas mais uma vez.
Part XII
Cheguei ao hotel, me identifiquei e logo autorizaram minha entrada. Entrei no elevador e fiquei me ajeitando no espelho, eu sou assim, não posso ver um espelho que já fico me olhando. O sinal sonoro logo avisou que cheguei ao andar desejado. Bati levemente na porta e ouvi um “Who are you?”, eu sorri reconhecendo a voz do Tom, “Room service” respondi sorrindo. A porta se abriu e vi o Tom com uma cara de ponto de interrogação.
— ! — disse abrindo mais a porta para que eu entrasse.
— How are you, baby? — sorri.
— Bem! Aliás, se todos os serviços de quarto fossem como você, eu ficaria muito feliz. — rindo e logo recebendo um tapa meu.
— Well, well. Pare de me enrolar e diga logo o que você quer falar comigo. — me sentando e cruzando os braços.
— Na verdade...
— Na verdade sou eu quem quer. — Harry foi interrompendo Tom.
Eu estava confusa. Certo, se o Judd queria falar comigo, porque Tom me mandou a mensagem? Tudo bem que eu não viria se soubesse que era ele, mas isso não vem ao caso.
— Right. Pode começar a falar. — o olhando séria.
Ele olhou para Tom e esse logo entendeu que era para nos deixar sozinhos. Aquilo me deixou nervosa, ficar sozinha com Harry não estava nos meus planos, ainda mais depois de ontem à noite.
— ... — disse sentando-se ao meu lado e pegando minha mão.
Aquilo me causou arrepios, espero que ele não tenha percebido.
— Primeiro, quero me desculpar por tudo o que disse ontem. — suspirou.
— Depois que inventaram as desculpas, ficou fácil errar. — disse.
— Foi mal, mas é que desde que nos conhecemos, só temos brigado. Você e vivem se alfinetando. Quando a vi daquele jeito, achei que tivesse feito de novo, eu vi a cena do apartamento das meninas se repetindo.
— E claro, como eu sou sempre a vilã, você foi logo tirar satisfações comigo. — disse tirando minha mão da sua, ao perceber que estavam unidas ainda. — Sabe, Judd, não devemos nos intrometer naquilo que não sabemos. Eu já estava péssima o suficiente ontem e você veio, nós conversamos civilizadamente, achei que finalmente as coisas começariam a dar certo entre a gente. Mas o seu lado estúpido, ogro, apareceu de novo! E me mostrou que eu tinha me iludido. De novo. — tentando controlar minhas emoções.
— De novo? Como assim? — confuso e curioso.
— Me iludi achando que você fosse legal. Que apenas tivemos um começo errado.
— Você também me passou uma primeira impressão errada. — dando de ombros.
— E o que mudou agora? Porque dizem que a primeira impressão é a que fica. — olhando e me perdendo em seus olhos azuis.
— Não sei. Acho que o fato de pelo menos uma vez, ontem, você não ter feito nada para magoar ninguém. — agora ele olhava pra mim.
— Se primeiras impressões fossem realmente válidas, com certeza minha vida seria muito diferente. Mas as pessoas nos enganam, mostram ser o que não são. — disse e logo em seguida passei a mão direita pelo cabelo.
— O que foi isso? — perguntou olhando assustado para meu braço. — Eu fiz isso quando discuti com você? — chocado.
Ele viu o roxo que tinha no meu braço. Eu era assim, alguém encostava em mim e já ficava roxa.
— Não, Judd. Não foi você, eu...
— Foi aquele desgraçado? Son of a bitch! — visivelmente nervoso.
Harry se levantou do meu lado e ficou andando na minha frente, passando as mãos nervosamente pelo cabelo, eu mordia meu lábio, também nervosa.
— Harry? — o chamei meio temerosa. — Are you ok?
Pela primeira vez o chamei de Harry numa conversa.
— Se eu estou bem? Eu quero saber se você está bem! O que aquele mother fucking fez com você? — me olhando como se procurasse algo.
— Relaxa, Judd. Ele não fez mais nada. Apenas isso e o vermelho que tinha em meu rosto ontem.
Harry se aproximou de mim e tocou meu rosto com a ponta dos dedos. Senti meu coração acelerar como isso, minha respiração começava a ficar ofegante, fechei meus olhos e tentei não pensar no que estava acontecendo. Tentava me concentrar em qualquer coisa, nem que fosse a geopolítica. Percebi um arrepio percorrer todo o meu corpo quando a respiração de Harry bateu na minha pele. Rapidamente fechei minhas mãos, uma forma de me controlar, e mordia mais forte meus lábios, que com certeza já estavam bem vermelhos.
— Canalha.
Consegui ouvir Harry esbravejando entre dentes.
Ele postou as duas mãos em meu rosto.
— . — sussurrou.
Eu apenas murmurei algo como um “Hun?” e abri meus olhos. Maldição. Quando abri os olhos, me deparei com aqueles lindos e azuis e maravilhosos e fascinantes olhos. Ele olhava fixamente para mim, como se quisesse saber o que eu estava pensando.
Não sei bem ao certo se foram segundos ou minutos que permanecemos assim, um olhando nos olhos do outro. Meu nível de agitação interna aumentou quando percebi seu rosto se aproximando do meu, nossos narizes já estavam se tocando, faltavam milímetros para nossas bocas também se tocassem.
Mas isso foi até um som de bateria chegar aos meus ouvidos. Afastei-me bruscamente de Harry e o vi passar a mão na nuca, um gesto de nervosismo misturado com sem jeito. Ele deu um sorriso amarelo e atendeu o celular, pude ouvi-lo dizer o nome de quem ligava: Izzy. Olhei para ele e dei um sorriso semelhante ao que ele me dera antes, peguei minha bolsa e fui embora. Muito abalada com tudo aquilo.
Part XIII
Cheguei ao apartamento e eu ainda não acreditava no que tinha acontecido, e nem no que quase tinha acontecido! OMG, eu quase beijei Harry Judd. Subi correndo e fui para o quarto. Cheguei lá e vi que a bolsa da não estava lá, provavelmente tinha saído. e ainda estavam dormindo. Peguei minhas coisas, chamei um táxi e fui embora.
- Alô? – disse a voz do outro lado da linha.
- Mãe, estou indo embora.
- Até que fim, . Achei que fosse morar aí! – brava. Eu apenas bufei.
- Só liguei para avisar. Tchau. – desliguei.
Minha mãe me cansava. Por mais que eu fizesse, por mais que fosse a filha perfeita, para ela nunca, nada, estava bom.
Depois de algumas horas de viagem, cheguei a Campinas. Peguei outro táxi para chegar em casa. Peguei meu celular e vi que tinha dezenas de mensagens e ligações perdidas. Suspirei pesadamente.
Primeira chamada: . Nossa, ela me ligou 14 vezes! Segunda chamada: Tom. Me ligou 8 vezes. Terceira chamada: . 12 vezes. me ligou umas três vezes, essa desistia fácil.
Mensagens:
“
, ONDE VC SE METEU?” – .
“, atende esse celular, estamos preocupadas.” – .
“Hey, lady, what’s happened?” – Tom.
“Hey, are you ok? I'm worried you.” – essa eu fiquei sem saber.
“Me again. Call us. Harry” – agora eu sei de quem era a outra mensagem.
Eu sorri ao ler as mensagens, que agora sabia ser do Harry.
Cheguei em casa e minha mãe não estava. Coloquei minhas malas sobre a cama e comecei a desfazê-las. Coloquei as roupas sujas para lavar e quando saía da lavanderia, bati sem querer meu braço no batente da porta.
- Droga! – passando a mão, onde antes já estava roxo.
- Ora, ora. Vejam só quem voltou. O bom filho a casa torna. – irônica. Devo ter herdado isso dela.
- Ah, oi, mãe. – estava indo para meu quarto, quando resolvi voltar e perguntar uma coisa que me incomodava. – Mãe, tem falado com o ultimamente?
Eu sabia que quando não estava por perto, minha mãe sempre dava um jeito de falar com ele.
- Sim, falei com ele faz dois dias. Por quê?
- Ele perguntou de mim?
- Como sempre. Eu disse que você tinha ido a São Paulo, ao show de uma banda. – sabia.
- Mãe! Você é louca?! – irritada. Tá vendo isso aqui no braço? – disse apontando para o roxo. – Foi ele quem fez! – disse revoltada.
- Duvido que tenha sido ele. – disse com desdém.
- PQP! Mãe! – eu estourei. – Você acha que eu terminei com ele por quê? Ele me faz muito mal. Não o quero perto de mim! É tão difícil pra você entender isso?
- ! Quem você pensa que é para falar comigo assim? Ainda sou sua mãe. – disse ela brava.
- Mas que bela mãe você me saiu! Jogando sua filha nos braços de um louco! – disse indo para meu quarto.
- Onde você pensa que vai? – percebi certa confusão por parte dela ao me ver colocando outras e mais roupas na mala.
- Tenho uma viagem para fazer. E, não, não vou dizer para onde vou. – disse enquanto fechava a mala.
- E a faculdade? Esqueceu que esse é seu último ano? – cruzou os braços.
- Não, dona , não esqueci. E caso a senhora não saiba, sou a melhor aluna do curso. Conseguirei recuperar a matéria. Agora, com ou sem sua licença, estou indo!
Por sorte, ao sair, vi um táxi parado na casa da minha vizinha, perguntei se ele estava desocupado e entrei no carro.
- Aeroporto.
Cheguei ao aeroporto e só então olhei minha passagem. Queria ir embora dali o mais rápido possível. Por sorte conhecia alguns funcionários e eles trocaram minha passagem, já que eu deveria sair de São Paulo e estava em Campinas. Havia um voo que sairia dali 2 horas. Consegui embarcar nesse.
Encostei minha cabeça no banco e fechei os olhos, logo estaria no Rio de Janeiro. Longe dali, não tão longe quanto eu gostaria. Adormeci.
- Senhorita? – pude ouvir uma voz suave ao meu lado.
Abri os olhos lentamente e pisquei algumas vezes até conseguir focalizar a imagem a minha frente.
- Já pousamos. – disse de forma polida a aeromoça.
Apenas sorri em forma de agradecimento, peguei minha bagagem de mão de saí do avião.
Saindo do aeroporto, fui bombardeada com aquele ar quente e marítimo do Rio de Janeiro, fechei os olhos e respirei fundo. Achei um táxi e pedi que me levasse até o hotel onde os meninos tinham dito que ficaríamos. Copacabana Palace. Chique, né?!
Fiz o check-in no hotel e logo subi para meu quarto. Abri a sacada e fiquei olhando a paisagem. As palavras que tinha me dito mais cedo martelavam em minha cabeça, “Vai desperdiçar mesmo e ficar chorando dos problemas que têm? (...) acho que essa é sua oportunidade, grita um BASTA para o mundo e faz aquilo que você deseja, tenho certeza que te fará muito bem”, estava certa. Essa era minha oportunidade e tinha que aproveitá-la. Com um sorriso no rosto, abri minha mala procurando um biquíni: iria para a praia.
Fui para a praia, mas não fiquei muito tempo. Não gosto de lugares públicos cheios, aliás, lugar nenhum cheio. E aquela praia estava quase tão lotada quanto o inferno deve estar. Voltei para o hotel e perguntei onde ficava a piscina, fiquei pouco tempo também. Em pouco tempo teria que me arrumar para o show que aconteceria em breve.
Subi para meu quarto apenas com uma bata transparente, já que não se pode andar em trajes de banho pelo lugar e fui tomar um banho, a hora do show se aproximava.
Já estava secando meu cabelo quando meu celular tocou, avisando que tinha uma nova mensagem.
“Eu não posso acreditar que você realmente não virá ao show. Desconsidero você.” – .
Eu ri com aquilo, mal sabia ela onde eu estava. Estava quase abrindo a porta quando ouvi vozes, e aquelas vozes eu conhecia muito bem, as meninas já estavam indo para o show. Fiquei imaginando a cara delas ao me verem.
- Você não tem noção, o Tom ficou muito chateado com a . – dizia .
E pelo visto, eles também ficariam surpresos. Voltei para o banheiro, dando uma última olhada no visual e vendo se não tinha nada fora do lugar.
Peguei mais um táxi, estou gastando horrores com isso, e fui para o local do show. Apresentei meu free pass e fui direto ao camarim.
Part XIV
Cheguei ao camarim e não havia mais ninguém, olhei no relógio que tinha na parede e percebi que tinha me atrasado. De novo.
- Ai, , você não muda mesmo. – disse comigo mesma.
Fiquei parada bem no meio camarim pensando no que faria. Ficaria ali esperando e perderia o show, ou iria logo para meu lugar. A resposta parecia óbvia, porém, não queria que ninguém me bombardeasse com perguntas, não queria saber de “por quê” e nem de “pra quê”.
- Hey! – ouvi aquela voz atrás de mim. – Who are you?
- Que feio, Judd, não me reconhece mais? – me virei para ele, rindo.
- ! – ele veio até mim e me abraçou. – O que você está fazendo aqui?
- Eu vim assistir o show de vocês. Mas o que VOCÊ está fazendo aqui? Não deveria estar no palco já? – perguntei confusa.
- Esqueci as baquetas.
- Judd, você é o baterista, como é que você sai do camarim sem as baquetas? – disse rindo. – Você está andando muito com o Jones.
Ele apenas riu e ficou me olhando. Certo, estou me sentindo uma idiota.
- Judd? Tá olhando o quê?
- Você está linda. Aliás, não disse antes, mas você é linda. – disse, ainda me encarando.
- Ok, você andou fumando o quê? Maconha embolorada? – ri.
- Nossa, não te elogio mais. – fez cara de triste.
- Ai, olha o drama, Judd. Agora vai logo para o palco, antes que as fãs destruam tudo. – disse empurrando-o porta afora.
- Vai assistir ao show todo dessa vez? – perguntou parado na minha frente.
- Vou. Prometo estar lá quando você olhar. – ri e dei uma piscadinha, indo para meu lugar na platéia.
Como prometido, fiquei no meu canto o show inteiro. Harry, assim que entrou no palco, ficou me procurando e quando me avistou deu aquela piscadinha e abriu um lindo sorriso. As meninas que estavam perto de mim quase me deixaram surda ao verem a cena, ficaram gritando mais que uma mulher dando a luz. Cruzes! Isso porque aquilo nem foi para elas. Ou será que foi? Saí de meus devaneios quando uma delas se chocou comigo. Olhei com cara feia, mas ela só tinha olhos para o palco e eu não sei por que eu também não olhava para o local. Assim que foquei meus olhos no palco, senti novamente aqueles olhos azuis sobre mim. Cacete! Mesmo longe ele conseguia me deixar sem jeito, estar apaixonada é a coisa mais chata do mundo.
Quando “Falling in Love” começou, não pude deixar de sorrir. Peraí, mas esse não é o ritmo original, eles mudaram! Certeza que tinha o dedinho da nisso. Confesso que gostei, mas ainda prefiro o original. Eu cantava junto com eles, pulava, gritava, e olhava para Harry, que se divertia as minhas custas, certeza que aquele sorriso não era só por causa da música e da animação do público, já que quando ele olhava para mim, sorria mais ainda. Eu apenas ignorei e continuei a cantar, essa música e “POV” eram umas das que eu mais gostava. Tocaram mais algumas músicas até que chegassem a minha outra favorita, nessa hora eu fechei os olhos e fiquei ouvindo-os cantar, seguidos pelo coro do público. Eu apenas sussurrava as palavras. Quando abri os olhos, vi um Harry concentrado, mas ainda me olhando, dessa vez com a sobrancelha arqueada, o local de onde eu estava me dava uma visão bem privilegiada dele, eu apenas sorri e coloquei a mão sobre meu coração. Ele deve ter entendido, porque sorriu. Antes que a última música acabasse, olhei para Harry e fiz um sinal de silêncio, esperava que ele entendesse que não era para comentar que me vira lá. Assim que eles saíram do palco, me retirei também, peguei o celular e mandei uma mensagem para ele pedindo que não falasse sobre mim, queria fazer surpresa.
Cheguei ao hotel e fui trocar de roupa, a menina deve ter derrubado sua bebida em mim, mas na hora estava tão hipnotizada com aqueles olhos azuis que só percebi quando saí do “Vivo Rio”.
Estava terminando de me arrumar
quando recebi uma mensagem.
“Hey, já chegamos aqui. Party?” — Harry.
Festa? Não precisava dizer duas vezes. Enrolei mais um pouco para ir até o quarto deles, adorava um suspense.
Bati na porta algumas vezes até a mesma ser aberta por um Danny que ria à toa. Tudo bem que ele ria de qualquer coisa, desde que a entendesse, mas dessa vez foi demais.
- Hey, ! – disse me abraçando.
- Hello, Jones! – sorri.
- Quando é que você vai me chamar de Danny?
- Sorry, tenho essa mania. – dando de ombros.
Danny se afastou de mim, rindo sem parar. Certeza que estava bebendo desde que saiu do palco.
- OMG! ! – Tom veio em minha direção e me abraçou bem forte. – Achei que você não viesse.
- Você acha mesmo que eu perderia isso? Apenas me desculpe por ter sumido sem explicar. – disse fazendo bico.
- Tudo bem. Creio que teve alguma razão para isso. – piscou.
Procurei pelo Harry e não o vi, mas encontrei Dougie conversando com , e . Aproximei-me deles e dei meu melhor sorriso de desculpas, vi abrir a boca, mas foi cortada por um Harry que chegou me abraçando. Oi? Mais alguém aqui não tá entendendo nada? Pela cara de todos, acho que sim.
- ! Que bom que você está aqui! – me abraçando ainda. – Achei que não iria mais te ver.
Isso é o teatro dele?
- Harry, você tá bem? – perguntou.
- Ótimo, por que pergunta?
- Então eu estou delirando, sofrendo de alucinações graves! Você realmente tá abraçando a ? – ele então me soltou.
- Qual o problema? – eu observava tudo calada.
- É. Ele ficou muito sem brigar com ela, isso afetou o pobrezinho. – riu e eu tive que rir junto.
Eu pensei que depois disso Harry pararia com o “teatro”, mas não, ele me puxou pela mão para a sacada.
- Desculpa. – o olhei sem entender. – Não sei o que eu fiz, mas peço desculpas.
- E como você pede desculpas por algo que você nem sabe? – perguntei confusa.
- É que depois que você falou comigo, assim que atendi ao telefonema da Izzy, você foi embora. Não entendi. – me olhando firmemente.
- Eu apenas tive que ir, Judd. – dando de ombros. – Você não fez nada. – apenas fez com que eu me apaixonasse por você e depois me lembrou que tem namorada, pensei.
Harry apenas assentiu com a cabeça e ficou parado ao meu lado, até chegar.
- Some, não atende o celular, não fala com ninguém, chega, finge que nada aconteceu, não cumprimenta ninguém — a não ser quem foi falar com você — parabéns, se superou dessa vez. – me encarava séria.
Harry permaneceu em silêncio, talvez na expectativa que saíssemos no tapa.
- Precisei ir. – disse simplesmente.
O movimento no quarto tinha começado, acho que estavam esperando, assim como o Harry, que outra briga acontecesse.
- Só isso que você vai me dizer?
- ? – Harry falou a olhando.
- Não se preocupe, Harry. – respondeu como se explicasse que a briga não se repetiria.
Eu respirei fundo e comecei a falar, contrariada, devo dizer.
- Não queria estragar os shows deles, o momento de vocês, estavam bem se divertindo, eles são seus amigos, não é? Você estava louca para revê-los, achei que ninguém ia sentir minha falta. – dei de ombros e voltei meu olhar para meus pés.
- Ahh! Come on, , não vem com essa. Eu te conheço muito bem, esse draminha barato não cola comigo, isso é desculpa, esse não foi o motivo.
Todos estavam prestando atenção na conversa.
- Pois foi isso, , eu não estava me sinto bem e fui para minha casa. Eu não queria ficar em São Paulo, vocês estavam felizes e eu sempre estrago tudo.
- E por que voltou, então? – já mencionei como a é simpática?
- Porque briguei com a minha mãe. – respirei fundo e passei a mão pelos cabelos. Harry parecia bem interessado. – Você tinha razão, , eu tenho que curtir minha vida, resolvi escutar seu conselho.
Ela apenas me olhava.
- E você vai embora sem falar com ninguém, me deixa mega preocupada, não faz a mínima questão de lembrar que havia outras pessoas esperando por você... Nem com eles você falou para explicar que não viria.
Fiquei quieta e olhei para Harry, como se esperasse ver o que ele estava achando disso. Harry apenas colocou as mãos nos bolsos e não disse nada, mordi o lábio inferior e voltei a olhar para .
- Foi mal, , devia ter avisado, sei que ficou preocupada. Desculpa. – disse arrependida.
respirou fundo, parecia se acalmar.
- Tudo bem, já passou. O importante é que você está bem, eu estava aflita aqui. E ainda bem que não ficou lá ouvindo sua mãe falar coisas que te deixam mal. Agora, , não vem falar pra mim que você foi embora porque estava mal por minha causa ou porque a gente estava se divertindo e você estragando tudo, eu não nasci ontem e te conheço. Você foi embora porque não agüentou ver o Harry sempre te tratar daquele jeito, foi embora porque o ouviu falando com a Izzy, você foi embora porque está apaixonada por ele...
Quando começou a falar, eu fiquei em choque. OMG! Ela tinha dito isso mesmo? Ela realmente falou isso, e em inglês? Por que não em alemão? Francês? Ou até mesmo português! me olhava como se esperasse uma resposta minha, e parecia até se divertir com isso. Ela queria saber como eu sairia dessa saia justa. Eu me recusava a olhar para Harry, ou para qualquer outra pessoa, mas eu desconfiava que ele tivesse arqueado a sobrancelha, como se esperasse entender aquilo e, com certeza, os meninos lá dentro também esperavam uma explicação. Já as meninas, elas deveriam esperar pela minha reação, eu apenas respirei fundo e dei um sorriso falsamente despreocupado.
- Do que você está falando, ? – me fazendo de desentendida.
- Não se faça de boba, ! – respondeu irritada. – Já está na hora de você parar de pensar que todo mundo é como o . Nem todo mundo é um completo imbecil como ele. Você tem que mostrar o que sente, sinceramente, não sei como o Harry pode ser tão lerdo a ponto de não ter percebido isso. – ela olhou para ele, que permanecia em silêncio. Acho que era informação demais. – Quando ele me disse que você tinha ido até ele hoje de manhã e que depois que ele atendeu o telefonema da Izzy, você foi embora, eu já tinha sacado tudo.
- , você não sabe do que está falando. – eu sorria nervosa, como se implorasse que ela parasse com aquilo.
- Eu sei muito bem do que estou falando e você também sabe. Por que você não diz logo que está apaixonada pelo Harry? – ela me olhava como se tivesse me desafiando.
- Você quer que eu diga isso? É isso que você quer? Tá bem, então. – fechei os olhos e respirei fundo. – Pois bem, eu estou apaixonada mesmo pelo Judd. E nem me pergunte como, por que ou quando isso aconteceu. Parece insano se apaixonar por alguém que só te trata mal, briga com você, se importa mais com sua melhor amiga do que com você, porém, essas coisas acontecem sem explicação, não é?! – ri sem humor. – Mas não se preocupe Judd, - disse me virando para ele, que ainda parecia tentar entender tudo. – eu sei onde é o meu lugar. Sou apenas um fã que deu sorte de conhecer vocês. – olhei para todos os outros e sorri, voltei meu olhar para Harry. – Eu sei bem que você tem uma namorada e que a ama. E eu sei que sou uma ninguém. Relaxe. – me aproximei e coloquei minha mão sobre seu ombro. – Nada vai mudar. – sorri sem vontade. – Feliz, ? – falei me virando para ela e a encarando. – Agora é sua vez: diga ao Poynter exatamente o que você sente por ele, porque sente um carinho tão especial, e porque devota tanto sua atenção a ele. – sorri sarcasticamente e saí dali.
Passei por todos no quarto, que me olhavam como se eu fosse de outro planeta. Senti meus olhos arderem e os apertei com força enquanto repousava minha mão na maçaneta, olhei para trás e vi 14 pares de olhos em cima de mim. Dei um sorriso forçado e sussurrei um “I’m sorry” e logo depois “Goodbye”. Saí dali e fui direto para meu quarto, joguei tudo dentro das malas, sentia as lágrimas rolando pela minha face, assim que saísse dali, tinha certeza que não os veria mais. Liguei para a recepção do hotel e pedi um táxi, iria para o aeroporto e embarcaria no primeiro voo disponível.
Assim que abri a porta, encontrei Tom parado no corredor.
- Fletcher. – disse acenando com a cabeça.
- , aonde você vai? – reparando nas malas.
- Para casa. – respondi simplesmente. – Desculpe, Fletcher, mas a turnê termina por aqui pra mim. – sorri sem graça. – Não posso continuar com vocês depois de tudo que foi dito hoje.
- Se eu fosse o Harry, ficaria feliz e honrado em saber que uma pessoa como você gosta de mim. – disse sorrindo.
- Se fosse por você que eu tivesse me apaixonado, talvez as coisas fossem diferentes, ou não. Afinal, tem a Falcone, não é? – suspirei e disse por fim. – Goodbye, Fletcher. Mande notícias. – dei um beijo em seu rosto e entrei no elevador.
Part XV
Assim que cheguei em casa, minha mãe me bombardeou de perguntas e sermões. Eu não dava muita atenção, minha cabeça já estava com excesso de pensamentos, informações e preocupações. Em breve eu voltaria para a faculdade, e dessa vez eu tinha uma decisão tomada: arrumaria um lugar para ficar, uma república, o que fosse, mas não ficaria mais em casa. Não estava mais aguentando minha mãe, ambas temos gênios complicados, uma não leva desaforo para casa e minha mãe acha que pode controlar minha vida, dizer o que devo fazer, com quem devo sair, com quem devo namorar. Já estava na hora de começar a viver minha vida em minha função e não na dos outros.
Voltei à faculdade e logo consegui um lugar para ficar, lógico que minha mãe declarou uma guerra quando saí de casa, mas eu não me importava.
Eu conversava sempre com as meninas. me pediu desculpas pelo o que falou naquele dia, eu disse para não se preocupar, sentia-me melhor desde que tinha dito tudo aquilo. Ela disse que logo iria para a Inglaterra e que quando eu me formasse, era para ir também. e falaram que iriam algum tempo depois dela, estavam resolvendo algumas coisas por aqui ainda. Minhas futuras estilistas eram meu orgulho. Para ser sincera, não estava muito empolgada pra ir para a Inglaterra, talvez eu fosse para a França, já que tenho cidadania francesa — oui, mon amour.
@tommcfly:Hey, lady! I miss u! When you come to UK? [Hey, moça! Sinto sua falta! Quando você virá ao Reino Unido?]
Toda vez que entrava no Twitter, havia algo do Tom para mim. @:Hey, babe! I miss u too! I don’t know, but maybe coming soon ;) [Hey, baby! Também sinto sua falta! Eu não sei, mas talvez em breve]
@:What miracle answer me so fast? Hahaha [Que milagre é esse de me responder tão rápido?]
@tommcfly:I don’t answer anymore. [Eu não respondo mais nada.]
@:Drama. Talk to you later. Xx [Drama. Falo com você depois. Beijos]
Fiquei surpresa com a rapidez que Tom me respondia, tudo bem que ele era um viciado em Twitter, mas deveria receber uns 300 tweets por segundo, no mínimo.
Eu estava já em minha última semana de aula, já havia terminado as provas, já tinha sido aprovada, estava apenas cumprindo calendário. O tempo passou rápido, e as meninas já estavam na Inglaterra, elas queriam que eu fosse passar o Natal com elas, mas por mais que eu brigasse com minha mãe, gostaria de passar a data com ela. Talvez eu fosse antes do Ano-novo.
O tempo passou sem grandes acontecimentos. Falava com Tom praticamente todos os dias, falava mais com ele, do que com a , e ele a provocava dizendo que agora ela era a minha segunda opção em amizade.
O Natal havia chegado. O clima em casa estava mais leve, pelo menos nessa data. A ceia transcorreu da maneira mais calma possível, minha família estava toda reunida, o típico quadro de família feliz do comercial de margarina. Na manhã do dia 25, decidi sair um pouco de casa, ir dar uma volta no bosque que havia por perto. O bosque estava bem tranquilo, algumas pessoas caminhavam, outras estavam fazendo piquenique, sempre quis fazer um, mas nunca dava certo. Eu caminhava tranquilamente, ouvia música pelo Ipod, até que alguém me puxou bruscamente pelo braço.
- Mas o quê... – comecei a dizer, mas minha voz morreu e meus olhos começaram a demonstrar medo.
Eu estava numa parte mais afastada do bosque, não havia ninguém por ali. Apenas eu e ele.
- Quanto tempo, querida. – disse sarcástico.
- Nem todo tempo do mundo é o suficiente para ficar longe de você, . – respondi ríspida. – Será que pode me soltar? – disse olhando para o meu braço que ele ainda segurava.
- Desculpe. – disse com um sorriso irônico. – Apenas quero conversar com você.
- Não temos nada sobre o que conversar, . – me virei para sair dali.
- Temos sim. Eu vi que você estava com um novo namoradinho. – eu apenas fiz uma cara de interrogação. Queria saber sobre o que ele estava falando.
- Do que você está falando?
- Eu vi vocês na sua faculdade.
- O QUÊ? VOCÊ TEM IDO A MINHA FACULDADE? ESTÁ ME SEGUINDO? – gritei irritada com aquilo.
- Você tem que saber que é minha, só minha. – seus olhos pareciam mais escuros, ele estava furioso.
- , entenda que não temos mais nada. Eu não sou mais nada sua, não quero ser mais nada sua. – dizia calmamente.
- Você não percebe, não é? Você sempre vai ser só minha. Não adianta fugir, eu vou te encontrar, e um dia vamos ficar juntos novamente.
- , isso é doentio. Essa sua obsessão por mim tem que acabar! Vá viver sua vida e deixe a minha em paz! – dizia.
- Vem comigo. – disse me puxando.
- Não! – puxei meu braço. – Eu não vou a lugar nenhum com você. – disse isso e saí correndo. Aquele pesadelo precisava acabar.
Cheguei em casa ofegante. Minha mãe estava na cozinha, preparando o almoço de natal. Fui direto para o banho, eu esperava que, de alguma forma, a água levasse embora a sensação de repulsa que eu sentia. Saí do banho e fui para o meu quarto, precisava arrumar minhas malas, afinal, dali dois dias eu iria para Inglaterra. No início minha mãe não gostou da idéia, mas depois acabou aceitando, e não foi fácil. Porém, ao chegar ao meu quarto, meu pesadelo estava lá.
- O que você está fazendo aqui?
- Sua mãe me chamou para almoçar.
ARGH! Existe algum país onde matar a mãe não seja crime? Porque eu acho que estou prestes a cometer um assassinato.
- Bem, ela te chamou para almoçar, não para ficar no meu quarto. Então, caia fora. – abri a mala e colocava minhas roupas dentro.
- Aonde você pensa que vai? – ele fechou minha mala.
- Não interessa, . Nenhum lugar nesse mundo seria longe o bastante de você.
- Você não vai. – disse alterado.
- Claro que vou! Quem você pensa que é para me impedir? Nem minha mãe me impede mais. – eu o encarava.
- Sou seu namorado. – disse convicto.
- Namorado? – ri sem humor. – Não me faça rir. Você não é nada meu. Pensei que tivesse entendido o que eu disse mais cedo lá no bosque: eu sinto nojo de você, tenho pena de você, mas, principalmente, eu te odeio. O-D-E-I-O. – falei pausadamente. – Você não é ninguém pra mim.
, nessa hora, me pegou pelo ombro e o apertava com muita força.
- , me solta. – disse firme.
- Eu sei por que você ir embora. Vai atrás dos seus amiguinhos ingleses, não é? – ele me balançava de modo descontrolado.
- Não, , eu vou para a França. – menti. – Vou fazer minha especialização lá. – menti outra vez.
- Vai se especializar em quê? Vai virar prostituta? França está cheia delas já. Se bem que você faria sucesso lá. – ele me olhava de um jeito estranho. – Você se sairia uma bela vagabunda.
Eu não aguentei. Soltei-me de suas mãos e dei um tapa em sua face.
- Nunca mais me chame de vagabunda! – eu cuspia as palavras. – Não me compare a você e as suas amiguinhas.
revidou. Ele me acertara bem no rosto. Senti meu rosto queimar e meus olhos arderem, anunciando as lágrimas.
- Você não passa de uma qualquer.
Ele já se preparava para me dar outro tapa, quando minha mãe entrou no quarto, assustada pelos gritos.
- Fora da minha casa. – ela disse firme, enquanto ele segurava sua mão prestes a me acertar. – Nunca mais toque, fale ou olhe para minha filha. Você não merece nem lamber o chão por onde ela passa. Fora daqui. E se eu te ver novamente por aqui, você saberá do que é capaz. – minha mãe dizia enquanto o arrastava para fora do meu quarto e da minha casa. Eu tinha esperança que também o arrastasse de vez da minha vida.
Eu me joguei na cama e logo senti meu travesseiro úmido por conta das lágrimas. Todas as sensações e imagens da primeira vez que ele me bateu voltaram. Sentimentos aqueles que eu tinha guardado, tinha escondido. Senti uma mão afagar meu cabelo e me levantei assustada, dando de cara com minha mãe. Ela me olhava com aquele jeito preocupado e arrependido, parecia pedir perdão com os olhos.
- Me desculpe, filha. – disse. – Eu deveria ter acreditado me você.
- Você precisou que ele me batesse de novo para acreditar? Você precisou ver, você preferiu acreditar em alguém que você mal conhecia ao invés da sua filha! – eu dizia enquanto secava com as costas da mão meu rosto.
- Me desculpe. – disse mais uma vez.
- Tudo bem, mãe. Eu vou embora daqui dois dias mesmo. Eu vou ficar bem sabendo que não o verei mais. Não diga a ninguém para onde vou. – falei quase como uma ordem.
Minha mãe apenas assentiu e saiu do quarto, me deixando fazer as malas.
Part XVI
Olhei pela janela e avistei Londres abaixo de mim. Sorri com aquilo. Dentro de alguns minutos eu estaria pisando em solo britânico, respirei fundo e fechei meus olhos, desejando que tudo fosse diferente.
As meninas, quando souberam que eu estava indo, pediram que eu ficasse na casa delas, mas achei melhor não. Embora tenha feito as pazes com a , nossa amizade não estava como antes. Éramos amigas, não melhores amigas. Pedi então que elas procurassem um apartamento para mim, não que eu fosse rica, mas conseguiria me virar sozinha com as despesas, pelo menos por enquanto. Assim que me estabelecesse direito na Inglaterra, procuraria um emprego.
Peguei minhas malas e fui de táxi até minha nova casa. Agora eu começaria uma vida nova, eu tinha sorte. Ninguém, com exceção das meninas e dos meninos da banda, saberia quem eu era. Poderia começar tudo do zero, sem medo, sem preocupações graves. Sorri quando cheguei ao prédio onde eu moraria, as meninas tinham bom gosto. Abri a porta do meu apartamento e sorri mais uma vez, ele estava completamente decorado já, certamente tinha o dedo delas nisso também. Comecei a desfazer as malas para poder ir ao supermercado abastecer minha cozinha e também minha casa, além de comprar um celular com um número novo, tinha deixado o outro no Brasil.
Fui ao supermercado e, para minha surpresa, encontrei com Tom lá. Tinha esquecido que aqui na Inglaterra eles podem andar tranquilamente, pessoas completamente civilizadas.
- ? – Tom me olhou como se estivesse vendo um fantasma.
- Yeah, babe! – sorri. – Mas pode mudar essa cara? Estou me sentindo um fantasma. – eu ri.
- Sorry. – sorriu. – O que você está fazendo aqui?
- Compras? – arqueei a sobrancelha e ri. – Cheguei hoje. Vou morar aqui.
- Really? – ele parecia bem animado com isso. – Onde?
Expliquei a ele onde estava morando, ele disse que era perto de onde eles moravam e as meninas também. Ele ficou super bravo porque eu não tinha dito nada, disse que queria ter ido me buscar no aeroporto.
- Tom, sério, pára com isso. O que importa é que estou aqui já. – sorri.
- Tom? Você me chamou de Tom? – ele sorria, mas fazia uma cara de choque.
- O que tem? – perguntei sem entender.
- Você nunca me chamou de Tom, e faz quase um ano que a gente se conhece. – eu tive de rir.
- Quanto drama, Fletcher! – ele fez uma cara engraçada. – Só não conta pro Danny, ele pode ficar com ciúmes. – ri e Tom me acompanhou.
Terminamos nossas compras e eu disse para Tom aparecer no meu apartamento no dia seguinte, para uma festa de inauguração. E imagine se ele dissesse que não iria? Falou em festa, Thomas Fletcher está no meio — não só ele como todo o resto do bando. Pedi para que ele avisasse as meninas, já que iria providenciar minhas coisas tecnológicas depois de deixar as compras em casa. Despedi-me dele com um beijo no rosto e segui para minha casa. Precisava providenciar minha carteira de motorista inglesa e comprar um carro, ou logo iria à falência com tanto gastar com táxis.
Assim que cheguei definitivamente em casa, fui correndo tomar um banho. Em menos de duas horas o pessoal chegaria e eu ainda estava com cheiro de avião, ri do meu pensamento, porém, logo veio outro pensamento: essa seria a primeira vez desde aquele dia no Rio, que eu veria o Harry, isto é, se ele fosse até minha casa. Eu fiquei pensando nisso enquanto tomava banho. Qual seria a reação dele ao me ver? Qual seria a minha reação?
Terminei meu banho e coloquei uma roupa relativamente quente, já que estava em pleno inverno europeu. Olhei-me no espelho, verificando se não tinha ficado “demais”, afinal, eu estaria na minha casa, mas mesmo assim queria ficar apresentável.
Eu sabia que aquela noite seria longa, muitos assuntos para colocar em dia, provavelmente até dormiriam por lá. Sorte o apartamento ser bem grande e ter quartos extras. Coloquei mais algumas bebidas na geladeira e deixei algumas cervejas para fora. Britânico adora cerveja quente — eca.
A campainha tocou, anunciando que meus convidados haviam chegado. Fiquei pensando que fosse o Harry, o que eu faria? Respirei fundo e falei um “que Deus me ajude”. Abri a porta com meu melhor sorriso, mas logo fui afogada por vários braços que vinham me abraçar. Juro que nem sei de onde saiu esse polvo.
- Gente! – disse ofegante. – Não consigo respirar!
Quando me soltaram, eu pude ver de quem eram os braços. Todos sorriam para mim, e eu sorria de volta. Passei meus olhos por todos, mas percebi que faltava alguém, um certo alguém dono dos olhos azuis mais lindos do mundo, suspirei pesadamente, mas de modo discreto. Já estava fechando a porta, quando uma força do além me impediu. Abri a porta rapidamente e me deparei com aqueles olhos que eu sentira tanta falta. Harry estava parado na minha porta, ele me encarava com um sorriso torto. Eu devo ter parado de respirar por alguns segundos.
- Vai fechar a porta na minha cara mesmo? – Harry disse, me fazendo recobrar a consciência.
- So... – nem terminei de falar e ele já foi invadindo minha casa.
- Não pede licença para entrar na casa dos outros? – educação mandou lembranças.
- Deixei minha educação em casa. – ele piscou pra mim e depois olhou para a .
Fechei a porta já pensando que aquela realmente seria uma longa noite.
- Cadê os mates, ? – o que ela quer dizer com esse sorriso irônico pra ele?
- Estão na cozinha, eu acho! Pelo menos, onde tem comida, o Tom está lá e onde tem bebida o Danny está, já o Dougie foi atrás de feliz. – ouvi dizer que eles estavam na cozinha e logo após, Harry seguia pelo mesmo caminho, mas eu só ouvia e via, não assimilava informação nenhuma.
- Ainda fica assim quando vê o Harry? Achei que tivesse superado, mas sua cara de besta apaixonada me mostrou o contrário. – disse, me fazendo assimilar alguma coisa desde que Harry chegou, eu apenas revirei os olhos.
- E você não perde a mania de ser engraçadinha com assuntos inoportunos, não é? – dei meu melhor sorriso cínico. – Mas me conta, . - me aproximando dela. – Você perguntou de mim, mas já superou o Doug?
- Superou o que de mim? – alguém me diz de onde esse ser surgiu?
- Vocês, por acaso, já atacaram a geladeira da ? – me olhou e eu aumentei ainda mais meu sorriso. Essa aí não muda mesmo, apenas o assunto.
- Eu não ataquei nada, foi o Tom. – apontando em direção a cozinha.
O quê? Tom na minha cozinha? Olhei para os lados e vi que apenas as meninas e o Dougie estavam na sala. Fiquei furiosa! Tenho um ciúmes absurdo das minhas coisas, eu sinto que vou assassinar todos eles! Parei na porta da cozinha ao perceber que Harry estava encostado no batente.
- Eu não preciso superar nada, mas se precisasse, pelo menos disfarçaria. – falou baixo ao meu lado e logo riu, isso me tirou do transe e eu a fuzilei com os olhos.
- THOMAS MICHAEL FLETCHER! SAI DA MINHA COZINHA JÁ! – entrando na mesma com sangue nos olhos.
Danny estava com metade do corpo enfiado na geladeira e Tom fazia uma mistura estranha com atum num prato.
- JONES! – gritei. – Quer fazer o favor de sair da minha geladeira? Por que tanta cerveja assim? Beba uma e depois pegue outra. Fletcher, você tem quantas bocas? Apenas uma, não é? Então por que você precisa de três talheres? E Judd, - me virando para a porta da cozinha. – tire o pé da minha parede ou eu faço você limpar com a língua! – disse irritada.
Danny saiu da cozinha todo emburrado e resmungando. Tom estava ocupado demais comendo para dizer qualquer coisa. Harry saiu em silêncio. Eu estava arrumando a bagunça que eles fizeram, mas ainda consegui ouvi-los reclamando.
- , manda a parar de ser chata e egoísta, fica regulando bebida pra mim, dude.
- Porra, dude, nem pra dividir. – reclamou Dougie, provavelmente ao ver o que Tom comia.
- Sai fora, mate, foi um sacrifício fazer a liberar esse aqui.
- Egoísta, mate. – reclamou Harry, lendo meus pensamentos, ri.
Estava arrumando as coisas da pia, quando me assustaram.
- E aí, matou a saudades do tigrão? – PQP! Vai assustar a mãe!
- Ai, , nada a ver isso, já passou. – tentava me convencer disso também.
- Já passou, é? Sei... Eu vi você decepcionada achando que ele não tinha vindo. – ela deu um sorrisinho sem-vergonha.
- PQP, como você é chata, , não muda nunca, né? – ela começou a gargalhar.
- E você não perde essa sua mania de frescurite com suas coisas, Barbie demais. – disse ao me ver arrumando as coisas que os meninos tinham deixado fora do lugar.
Logo depois voltamos para a sala, vi Harry puxando a num canto, mas não dei muita importância.
A noite passou de forma muito agradável. Conversamos demais, brincamos, eles me disseram o que estavam fazendo, as meninas me disseram o que estavam achando de Londres. Enfim, apenas duas pessoas não participavam muito disso: Harry e Dougie. Tudo bem que Dougie sempre fora quieto, mas dessa vez ele tinha se superado, algo acontecia e eu não fazia ideia do que era.
- Hey, Doug, por que está tão quieto?
- Me chamou de Doug? Está doente. – ele brincou comigo e eu acabei rindo. – Eu sou quieto, .
Eu sabia que ele não diria mais nada, então não insisti. Já com Harry a coisa era diferente, nossos olhares sempre se cruzavam e ficávamos nos encarando por alguns segundos, como se esperássemos que um dos dois tomasse a iniciativa, o que nunca acontecia.
- Meu, acho .. que ..be..bi .. dema..is – eu olhei para um tanto quanto desconfiada.
- Gente, vamos embora, a não está bem não. – disse , mas percebi que ela também não estava lá essas coisas.
- Também acho. – disse já se levantado.
Não vou negar que quase todos ali estavam bêbados, com exceção de Dougie e Harry. Eu também estava um pouco alta, eles se despediram de mim e se foram.
Eu já tinha terminado de levar as coisas para a cozinha quando bateram na porta, ao abri-la, dei de cara com Harry.
- A esqueceu a bolsa. – levantei a sobrancelha, juro que a vi sair com a bolsa.
Dei de ombros e disse para entrar.
- Fique à vontade para procurar e quando sair, feche a porta. – disse dando uma piscadinha e pegando minha taça vinho, indo para meu quarto.
Eu sabia muito bem que não tinha bolsa alguma, mas seria divertido vê-lo perdendo tempo procurando algo que não estava lá, tomei um banho rápido e quando fui para a sala novamente, vi Harry sentando no meu sofá.
- O que você faz aqui ainda? – simpática sempre.
- estava com a bolsa dela o tempo todo, e bem, eles foram embora e me deixaram aqui.
- E você não foi embora por quê?
- Você ouviu a parte que eles foram embora? – respondeu grosso.
- Caso você saiba, existe uma coisinha chamada táxi.
- Qual é, , está tarde. Custa me deixar dormir aqui? – eu apenas bufei e fui pegar mais uma taça de vinho. Agora sim a noite seria longa, talvez fosse melhor pegar a garrafa toda.
Fui para o quarto e entrei no Twitter pelo celular. Já passava da meia-noite e Tom estava por lá também, conversei um pouco com ele e por DM me pediu para pegar leve com Harry, era complicado para ele, eu apenas respondi que tentaria. Logo depois ouvi batidas na porta, só poderia ser o Harry e logo foi entrando.
- O que você quer? - simpatia é meu sobrenome.
- Eu queria conversar com você na boa, acho que está na hora da gente se acertar, .
- Acertar o quê? – por acaso tenho alguma coisa para acertar com ele e eu não sei?
- Nós temos muitas pendências, muitas coisas não resolvidas, . Não podemos ficar assim, sempre brigando por tudo.
- Sabe, Judd, eu também acho que não podemos continuar assim, ainda mais agora que vamos nos ver frequentemente. – Harry sorriu e então eu percebi que ele estava sem camisa. OMG.
- SHUT UP, besta! – Harry disse e eu estranhei essa atitude.
- O quê? – sem entender.
- NÃOOOOOO, sua mula, não era pra falar isso! – ele tá me zuando, né?!
Não aguentei e comecei a xingá-lo e estapeá-lo, foi então que percebi que ele estava usando um fone. , foi o que pensei. Expulsei Harry do meu quarto e mandei uma SMS para Tom, pedindo para ele dizer a que ela se entenderia comigo depois.
Depois de algum tempo, fui para a cozinha e ao passar pela sala, vi o Harry deitado todo sem jeito no sofá. Droga, pensei. Eu sou uma pessoa muito boa.
- Harry? Harry. – o chamava baixinho e nada. – Judd! – disse mais alto e ele deu um pulo do sofá, eu não aguentei e ri. – Hey, relaxa. Só estou te chamando porque vou te levar até o quarto.
Assim que cheguei ao quarto, eu entrei para mostrar a Harry onde ficava tudo.
- Meus aposentos. – disse Harry, aproximando-se por trás. Eu dei um pulo, surpresa.
- É claro. – respondi.
Eu teria saído dali na hora, mas Harry estava parado na minha frente, ele botou a mão na porta, bloqueando essa direção, e se inclinou mais para perto de mim.
- Tenho pensado nesses últimos meses, tive bastante tempo para isso, sabe.
- E...? – fiquei olhando-o, esperando que continuasse.
- Sinto-me atraído por você, e você não pode negar que se sente atraída por mim. Senti o desejo em você. Então, por que negar o que ambos sentimos?
Harry aproximou o rosto. Eu tive dificuldade de respirar... ou até mesmo pensar de forma coerente. Seus lábios tocaram os meus suavemente, provocando um formigamento delicioso em mim.
- Seu quarto é logo aqui em frente. – murmurou ele.
Por um instante, nossas bocas ficaram próximas. Eu pude sentir a respiração dele em meu rosto, o calor de seu corpo. Minha pele se arrepiou. Tudo em que conseguia pensar, tudo o que queria, era o beijo dele.
Um instante antes de nossos lábios se tocarem, afastei-me para o lado. Meu coração estava batendo tão rápido e tão forte que era um milagre Harry não ouvi-lo, pensei, e minhas mãos estavam trêmulas.
Dei um sorriso mecânico e, saindo do quarto, com uma das mãos para trás, fui fechando a porta.
- Espero que esse quarto seja suficiente. – disse antes de fechar a porta de vez.
Part XVII
Harry’s POV
Quando fui para a cama naquela noite, já tinha me acalmado. Tive medo de ser difícil pegar no sono, mas a verdade é que adormeci muito rápido e continuei dormindo tranquilamente até o meio da noite.
Então, de repente, voltei à consciência no escuro, os olhos se abriram, o coração disparado. Não sabia ao certo o que me acordara. Fiquei deitado por um instante, ouvindo e olhando em torno. Ouvi um grito e deduzi que fora algo assim que devia ter me acordado.
Um grito de mulher veio pelo corredor.
- Não!
Saltei da cama, impelido pelo tom de urgência e horror naquela voz. Atravessei o corredor correndo e abri a porta do quarto de .
O quarto de estava escuro, mas a luz da lua penetrava pelas cortinas o suficiente para que eu vislumbrasse os contornos de na cama. Ela estava se mexendo, inquieta, os lençóis emaranhados nela. Corri para seu lado, ainda estava dormida, mas obviamente no meio de um pesadelo. Ela gemia, o rosto contorcido e suando, e estirou a mão de repente, me fazendo pular.
Segurei sua mão.
- , , acorde!
Os olhos dela se abriram, e, por um instante, ela olhou para mim sem focar-me, o peito subindo e descendo em uma respiração arfante.
- , sou eu, Harry. Acorde. Você está tendo um pesadelo.
Seus olhos mudaram e conseguiram se focar. Olhou para mim, e um longo tremor percorreu seu corpo.
- Judd? O que você...?
Ela sentou-se atordoada, apoiando as costas na enorme cabeceira. Sentei-me ao seu lado na cama, ainda segurando sua mão.
- Você estava tendo um pesadelo, e me despertou.
- Ah. – ela passou a mão no rosto. – Entendi. Desculpe-me.
- Não precisa se desculpar. – sorri. – Todos nós temos pesadelos de vez em quando. Você está bem?
- Sim. Eu... Só estou um pouco desorientada.
- Com que estava sonhando?
deu de ombros.
- Tenho esse pesadelo com frequência, desde aquele dia no Rio. É... – ela passou a mão no cabelo e suspirou. – Estava sonhando com você, no começo é um sonho, mas depois você vai embora, me acusando de sempre estragar tudo e então aparece outra pessoa e começa a me machucar.
Abracei-a bem apertado, enfiando o rosto em seus cabelos, que tinham um cheiro delicioso.
’s POV
Quando percebi que Harry segurava minha mão, aquilo pareceu a coisa mais natural do mundo. Agradável e terna, bem de acordo com o que eu precisava no momento, mas havia uma corrente subliminar de excitação no toque também, uma percepção da pele dele tocando a minha, seu calor, seu cheiro...
Depois que ele me abraçou, ficamos sentados assim por um bom tempo e pude sentir meu corpo tenso relaxar conforme a dor se esvaía, creio que ele também percebera. Aos poucos, percebi a intimidade da posição em que estávamos, naquele abraço apertado, sentados em minha cama. Eu estava apenas de camisola, uma barreira tênue entre o peito nu dele e minha própria pele. Aquela ternura entre nós começou a mudar e esquentou. De repente, o que havia sido apenas consolo e solidariedade, agora estava carregado de sexualidade.
Soltei-me de Harry e me afastei rapidamente. Olhei para ele e vi, refletido em seus olhos, a mesma consciência da situação. Senti minha face ruborizar, eu não tinha reparado até aquele momento que Harry estava vestido com pouca roupa e não pude evitar que meus olhos percorressem aquela pele musculosa. Tive que fechar as mãos para conseguir resistir ao forte desejo de estendê-las e tocar cada estrutura ressaltada dos ombros e da clavícula, os músculos acentuados dos braços.
- Bem, - limpou a garganta. – acho que já posso voltar para minha cama agora.
- Judd... – coloquei a mão no braço dele. Passei o polegar pela pele, tentando encontrar as palavras certas. Dei um suspiro e o soltei. – Nada não. – suspirei. – Apenas, obrigada. Foi um ato muito bondoso de sua parte vir aqui me ajudar.
- Não foi nada. Boa noite.
Harry saiu da cama e atravessou o quarto, passando pela porta, mas antes que pudesse fechá-la, eu o chamei.
- Judd? – ele colocou novamente a cabeça para dentro do quarto e eu pensei: “Que se dane”. – Você pode dormir comigo esta noite? – perguntei e logo depois mordi meu lábio. Harry deu um sorrisinho e entrou novamente.
Parou ao lado da cama e ficou me olhando por um bom tempo. As cortinas da janela deixavam que a luz da lua iluminasse o rosto dele.
Harry inclinou-se para baixo e botou a mão em meu colo. Pude sentir o toque quente de sua carne e fiquei levemente arrepiada, e tremia um pouco com a batida de meu coração. Eu apenas o alcancei e coloquei a mão em seu punho.
- Quero você. – minha voz saiu baixa.
- Eu quero você. – fora a vez de Harry dizer, sua voz estava rouca, o que me causou mais arrepios ainda e creio que ele tinha percebido, pois um sorriso malicioso brotara em seus lábios.
Ele me beijava com voracidade. Uma de suas mãos estava entre meus cabelos e a outra causava um ardor por onde passava em minha pele. Ele trocou a inclinação de sua boca na minha, pressionando os lábios ainda mais, a sua língua explorava a minha boca.
- ... – ele sussurrou meu nome quando seus lábios se separaram dos meus e percorreu com a boca o caminho da face até a orelha. – Deixe-me... por favor, posso te mostrar como pode ser bom. – ele pegou o lóbulo da minha orelha entre os dentes e o mordiscou, enviando pontadas de calor por todo meu corpo.
Sua boca moveu-se para baixo. Todo lugar que tocava parecia incendiar-se. Tremi, soltando-me no braço dele, duro como ferro, em minhas costas.
- Harry...
Harry’s POV
- Harry...
Ao ouvir meu nome da boca de , senti um tremor de desejo pelo corpo. Havia um tom de intimidade ali, uma afeição que nunca acreditei que ainda sentisse por mim.
Abri a palma da mão no abdômen de , envolvendo toda aquela dimensão com a mão. Depois a deslizei para o quadril e para a perna, voltando para cima e cruzando para o outro lado.
Unimo-nos com voracidade, arrancando as roupas e jogando-as de lado, todo o desejo que sentíamos, repentinamente, fora liberado em uma corrente de paixão. Minha boca estava sedenta; a dela, não menos. Beijamo-nos e acariciamo-nos. Não conseguia me saciar de – o gosto, a sensação, o cheiro dela. Eu a beijava sem parar, meus lábios passavam pelo rosto, pelo pescoço e desciam até o tórax. Provocava-a com a língua, lábios e os dentes, ouvia gemer e arquear o corpo, cravando os dedos em meus ombros.
’s POV
Um calor tomava conta do meu corpo. Ansiava por ele. Minhas mãos vasculhavam Harry, querendo sentir todas as suas texturas – a ossatura sólida das costelas, a curva tesa dos músculos das costas, a pele macia do abdômen que tremia quando meus dedos o acariciavam... Cada parte dele era instigante, intrigante, e eu seria capaz de continuar explorando-o por horas a fio.
- Harry... – murmurei seu nome e ele me beijou intensamente.
Eu não conseguia acreditar que aquilo estava acontecendo, a sensação era maravilhosa.
Ficamos agarrados, esquecidos do restante do mundo, cansados e realizados.
Harry’s POV
Despertei lentamente. Sentia-me, depois de muito tempo, total e completamente em paz. Virei a cabeça e olhei para a mulher que estava deitada ao meu lado. ainda estava dormindo, os cílios negros fazendo sombra na face, a expressão inocente e vulnerável do sono, os cabelos em um emaranhado vibrante sobre o travesseiro. Ela era bonita, pensei, e me perguntei como poderia ter pensado algo menos que isso. A noite passada havia sido como a primeira vez para mim, assim como fora a de . Nunca senti tanta sede e desejo, tanto prazer, tanta satisfação e alegria. Mesmo todos os truques sedutores de Izzy nunca me fizeram explodir com felicidade e ao mesmo tempo em alívio.
Izzy. Como eu poderia pensar nela em uma hora dessas? Aliás, como poderia pensar nela com ao meu lado? Percebi que estava entrando numa fria. Mas ao olhar novamente para deitada bem ali, todos esses pensamentos se foram.
Toquei a face de com o dedo, descendo vagarosamente até o queixo. Ela acordou e olhou para mim meio sonolenta, com um sorriso brotando nos lábios.
- Bom dia. – murmurou ela.
- Bom dia. – me inclinei sobre ela e a beijei delicadamente nos lábios. – Como se sente?
- Bem. – o sorriso de abriu-se ainda mais. – Melhor do que isso, na verdade. Estou me sentindo maravilhosa.
- Isso você é mesmo. – concordei e a beijei de novo, mais demoradamente dessa vez.
riu entre o beijo e se afastou.
- Vou tomar banho. – me deu um selinho, se enrolou no lençol e saiu da cama. Eu comecei a rir com isso. – O que foi?
- Você está se escondendo de quem? Além do mais, eu acho que vou precisar disso. – disse rindo e apontando para mim. ficou extremamente vermelha.
- Harry! – disse enquanto corria para seu banheiro e jogava o lençol em direção a cama, eu apenas ria.
’s POV
- Escutei a campainha quando estava no banho. Quem era? – disse, sentando-me na cama.
- .
- E você foi atender a porta assim? – apontando para seu corpo. – Apenas de cueca?
- O que tem? Era só a . – dando de ombros. – Ou você está com ciúmes? – disse com aquele sorrisinho sem vergonha dele.
- Ciúmes? Não, mas imagine se fosse outra pessoa? Pensaria o que de mim? – perguntei, encarando-o.
- Outra pessoa quem? Só a gente sabe que você mora aqui.
- Poderia ser, tipo assim, meu vizinho gostoso que veio fazer a política da boa vizinhança. – disse eu como se fosse óbvio.
- Ah, seu vizinho gostoso? Chegou ontem aqui e já está assim? – ele parecia indignado.
- Cheguei ontem aqui e já estou com o cara mais sexy de toda a Inglaterra. Tá bom pra você ou quer mais? – eu disse, segurando o riso.
- Cara mais sexy, é? – eu não agüentei, tive que rir da cara dele. Metido.
- Idiota. – jogando o travesseiro nele, que me puxou, encostando minhas costas em seu peito.
- Linda. – disse ele beijando minha cabeça.
- Eu te chamo de cara mais sexy e só recebo um “linda”? Desconsidero você, Judd. – disse fazendo bico.
- Você é linda, maravilhosa, espetacular, perfeita, gostosa, sexy e agora minha bicudinha. – disse, para logo em seguida me encher de beijos.
- Mas você ainda é idiota. – disse interrompendo o beijo e rindo.
Part XVIII
O último dia do ano tinha chegado e eu estava em Paris. Sozinha. Pois é, não era uma atitude muito esperta, ir para a cidade mais romântica do mundo sozinha e bem no reveillon. Mas foi muito de última hora. Um dia antes, uma prima minha que trabalha na Chanel me ligou, perguntando se eu não queria/poderia ir para Paris fazer uma campanha para a marca. Segundo ela, eu era o que procuravam. Aceitei, mas nunca fui muito de posar para fotos, eu gostava mesmo era de tirá-las. Assim que cheguei a Paris, não tive chance de fazer nada, apenas deixei minha mala no hotel e logo fui para o local das fotos. Tentei falar com Harry pelo menos umas três vezes, ligava em horários diferentes, mas sempre tocava para depois cair na caixa postal. Achei aquilo estranho, mas resolvi não dar tanta importância.
Já tinha anoitecido e da janela do meu quarto eu via as pessoas saírem com seus vestidos e roupas elegantes para irem a alguma festa, jantar ou algo do tipo. Pouco antes da meia-noite, liguei para as meninas e atendeu.
- Joyeux Nouvel An! – deve ter feito uma cara de “hã?”.
- Sorry, but I don’t understand you. – eu comecei a rir.
- Mas é uma imbécile mesmo! Todos esses anos comigo e não aprendeu nada em francês?
- ! How are you? – rindo.
- Estou em Paris, em pleno ano novo, e sozinha. Como você acha que estou? – ironia dando um “oi”.
- Bem? – rindo. – Eu sei que você está mal. Odeia passar essas datas sozinha, não é. - antes que eu respondesse, a ouvi dizendo de um modo abafado meu nome, certamente alguém deveria ter perguntado quem era.
-
! – é, eu acertei e devo ter perdido 20% da minha audição agora. – Happy New Year, baby!
- Hey, Danny! Tá bêbado já? – disse rindo.
- Não, não. Apenas mais feliz que o normal e... – pausa dramática. – VOCÊ ME CHAMOU DE DANNY! – ele ria muito mais agora.
- É. Chamei. Por quê? Não pode? – perguntei rindo.
- Você resolveu fazer isso só porque está longe. – ele devia estar fazendo um bico gracinha. – Idiot.
- I love you too, babe! – ria.
- Hey, sexy lady! Happy New Year!
- Thanks, honey! Mas você sabe que só seria realmente feliz se eu estivesse aí com vocês, Tom. – disse triste.
- Don’t worry. Be happy! É o que eu sempre digo. Você está em Paris! Vá comer uns croissants.
- Mas você só pensa em comida! – ri. – E você não diz sempre isso não! Aliás, deve ser a primeira vez que ouço você dizendo isso.
- , a e a estão te mandando um enorme beijo e um feliz ano-novo! – pude ouvir ao fundo elas gritando “beijo” e “feliz ano novo”, ao mesmo tempo. Bêbadas. – Dougie também está te desejando isso. Enfim, você entendeu que todo mundo, não é?! – ela ria, mas eu percebia um som de seriedade em sua voz.
- Ele, – Harry, óbvio. – não tá aí, né?
- Não, ele ainda não chegou. – ela parecia meio chateada, meio brava.
- Ok. Diga a todos que desejo um ótimo ano-novo. Volto em uma semana. Beijos, love you. – desliguei sem ao menos esperar uma resposta.
Harry não me atendia, não estava com o pessoal. Onde ele tinha se metido? Eu estava preocupada e triste. Fiquei observando um pouco da noite parisiense e fui tomar banho, colocar uma roupa nova e fazer todo o ritual de passagem de ano, modificado para um quarto de hotel. Não estava a fim de participar da festividade do hotel, nem de sair do quarto, tanto que observei a queima de fogos da sacada, acompanhada apenas por minhas uvas e uma taça de champagne. É, feliz ano-novo pra mim.
Na manhã seguinte acordei com o irritante toque de mensagem do meu celular.
- Merde! – reclamei em francês, com se tivesse alguém para ouvir.
Peguei meu celular, que estava embaixo do travesseiro – mania estranha de – e vi que era uma mensagem do Harry.
“Happy new year, baby. I miss u. Xx”
Ele tá tirando uma com a minha cara? Eu fiquei feito louca e idiota atrás dele ontem e ele só me manda isso? Francamente. “Same here”, foi o que eu respondi. Nada de “também sinto sua falta” ou “beijos”.
Eu já tinha terminado minhas fotos e como dito a , uma semana depois eu já estava voltando para Londres. Os meninos estavam num tipo de férias, então quase toda noite saíamos para algum lugar. Nem sempre Giovanna acompanhava Tom, ela dizia ser mais caseira. Eu, por saber de toda a fama dos meninos, mantinha-me um pouco afastada de Harry, não ficava o abraçando, nem o beijando em público. Não queria ver minha foto nos tablóides. Eu amava minha privacidade.
Em uma noite qualquer, eu estava em casa, bem tranquila e folgada, pensando na morte da bezerra, quando Tom me ligou perguntando se poderia ir para lá. Não deu nem 5 minutos e ele já estava tocando minha campainha.
- , preciso falar com alguém. E esse alguém é você. – ele estava sério, isso me preocupou.
- Tom, o que foi? Quer beber alguma coisa? – eu o olhava, preocupada. Ele recusou.
- Estou num dilema. – eu o olhava mais atentamente. – Não sei se caso ou compro uma bicicleta. – epa! Essa frase é minha! – Eu amo a Gio, mas... mas, as coisas estão mudando. Tenho pensado muito em casamento, conversamos muito sobre isso, mas agora me bateu uma indecisão. – ele dizia apreensivo.
- Quem é? – ele me olhou com uma cara de ponto de interrogação. – Quem é a outra pessoa por quem seu coração balança?
- . – ele disse num sussurro. Eu apenas respirei fundo.
- Tom, você veio até mim, então, acho que posso expressar minha sincera opinião de amiga e mulher. – ele assentiu, como se eu tivesse perguntado algo. – Você está confuso. Eu percebi o quanto você e a estão mais próximos, confesso que fiquei com ciúmes. – fiz bico e ele riu. – é uma pessoa maravilhosa, é fácil se encantar por ela. Você disse que pensou em casamento e até conversou com a Giovanna sobre isso. Bem, casamento é uma coisa séria. Não fale sobre ele se não tem certeza. Se ela tocar no assunto de novo, diga que é melhor que vocês pensem melhor nisso, pois morar junto e casar são coisas diferentes. Agora, em relação a , deixa rolar. Pode ser uma coisa sem muita importância, que logo passa, afinal, ela é uma novidade, digamos assim. Mas se não for, vai persistir, e na hora certa você saberá o que fazer. Só não magoe a nenhuma delas. E não se magoe! Converse com ela, interaja! Descubra mais sobre ela e veja se é isso mesmo que você quer. Mas lembre-se: não a magoe!
Tom ficou me olhando, como se estivesse processando tudo que eu disse, ou tentando entender alguma coisa, já que eu sou péssima como conselheira amorosa. Depois de algum tempo, ele se aproximou de mim e me abraçou bem forte.
- Você é única, . Não merece que ninguém, nunca, a machuque. Você é maravilhosa e especial. – eu juro que tive vontade de morder aquela covinha dele e arrancá-la de sua face, mas ao invés disso, apenas sorri.
Os dias foram se passando e as coisas estavam voltando ao normal. Harry tinha voltado a ser o Harry de antes da minha viagem a Paris, estava carinhoso e atencioso. Danny estava tendo um caso com . Pois é, acontece que ele ainda estava com a Georgia, e apesar de odiar a voz e principalmente a risada dela, não achava que isso fosse justo. Cheguei a falar sobre isso com a , mas a conversa terminou com ela gritando comigo e, como eu não tenho paciência, saí da casa delas antes que eu matasse alguém. Dougie continuava quieto, mas eu soube que ele estava em crise com a Frankienstein – trocadilho mara. Tom se aproximou ainda mais da , estavam bem amigos – ciúmes. vivia apenas para o trabalho, estudos e para respirar. Às vezes até esquecia de comer, eu tinha que brigar com ela. Pior que criança. Eu entendia que o McFLY era importante demais para ela, mas ela merecia se divertir também. Mas ela sempre dava uma desculpa. Aff!
Um belo dia, eu estava em minha caminha, pensando no que eu faria da vida, quando sou tirada dos meus pensamentos pelo toque irritante que a colocou como Id dela.
- Diga, slut. – carinho nota 10 aqui.
- Perdeu o respeito, bitch? - ela ria.
- Fala logo que não tenho a vida toda. – sem paciência.
- Ih, acordou de mau humor, é? Isso é falta do Tigrão! – ela riu e eu bufei. – Ok, ok. Tem como vir aqui na Super Records agora? Aproveita e passa na Starbucks. Bye.
A deve ter batido com a cabeça quando era mais nova, não é possível!
Quase um hora depois eu estava na Super Records, cheia de sacolas da Starbucks, devem ter achado que eu trabalhava lá e fazia entregas. Quando entrei na sala da , todo mundo estava lá. Eu olhei meio desconfiada, já que eles me olhavam e davam sorrisinhos. Harry se levantou e me deu um selinho. Eu ainda continuava com aquela cara de “ué”.
- What’s happening? – perguntei confusa.
- Well, temos uma proposta indecente pra você. – Danny falou.
- Se é indecente, eu já topei! – ri e Harry me olhou assustado, o que me fez rir mais ainda. – E qual é essa proposta? Um ménage a trois? – ri.
- Não. – disse Tom sério.
- Mas não seria uma má ideia, vi suas fotos para a Chanel, onde você esconde toda essa sensualidade? – perguntou Danny com uma cara de tarado.
- Deixo guardada numa caixa embaixo da cama. – ri. – Agora, falem sério. O que é?
- Antes que digam mais alguma besteira, eu vou falar. A gente quer que você trabalhe aqui na Super Records. – disse.
- Oi? Como? – perdida no mundo.
- A pessoa que cuidava das fotos, filmagens e todo tipo de imagem junto com o Dave se demitiu, e bem, eu me lembrei como você é boa com tudo isso, apesar de não ter feito faculdade disso, mas fez aquele curso mega caro, não é?! – assenti. – Então, o que te impede de trabalhar aqui? – perguntou.
- Saber se todos concordam e se isso é realmente verdade. – ri.
- Bem vinda à equipe! – Dougie finalmente se pronunciou e me abraçou.
Part XIX
- Está difícil, né, gata? – perguntei a ao vê-la observando Dougie com uma menina.
- Difícil o quê?
- Difícil ver o Dougie pegando várias por aí. – ela me olhou, tentando disfarçar.
- Ele está solteiro, é mais do que normal, melhor ele assim do que sofrendo pela Francesca. – ah, tá!
- Não estou falando por ele, , estou falando por você. Até quando vai tentar negar que é apaixonada por ele? Está escrito na sua testa, amiga. – disse séria.
- Eu não estou e não quero falar sobre isso, . – me disse isso e foi para o bar.
Naquele dia tínhamos ido ao pub de sempre. Já fazia algum tempo que eu estava trabalhando na Super Records. As coisas entre Harry e eu estavam muito bem, obrigada! Eu estava muito feliz por estar com ele, parecia que eu estava sonhando e não queria que nunca me acordassem. Lógico que tínhamos nossos momentos de crise, mas nada que não fosse rapidamente resolvido. Ele era tudo o que eu precisava e tudo o que eu queria. Encaixávamo-nos perfeitamente.
Olhei para o bar e vi bebendo algo que parecia vodka pura. Nesse instante, ela se virou, como se fosse vir em nossa direção, mas parou. Ficou olhando fixamente em certa direção e ao acompanhar seu olhar, vi algo que partiu meu coração ao me colocar em seu lugar: Dougie agarrando uma cópia mal feita da Frankie. virou todo o conteúdo do copo e eu logo pedi para Danny ir falar com ela. Se eu fosse, sairia barraco. Ouvi Danny gritar pela , mas só consegui vê-la saindo pela porta do lugar. Merda! O Dougie não dá uma dentro! Como pode ser tão tapado assim? Todo mundo já tinha percebido que gostava dele, gostar é modo de falar, ela era louca por ele. E a belezinha nada! Se ele não tomar alguma atitude logo, eu juro que serei obrigada a tomar atitudes drásticas. Parecendo ler meus pensamentos, Dougie foi falar com o Danny e logo depois saiu apressado do pub.
- Onde ele foi? – perguntei.
- Atrás da louca da nossa amiga. – confirmei minhas suspeitas.
- Finally! – disse antes de terminar minha bebida. – Acho que me vou também. Estou cansada.
- Você está velha. – respondeu Danny.
- Velha é a sua cara! – ri.
- Já sei, tá cansada por causa do Judd, não é? – fez cara de safado.
- Shut up, Jones! – ri. – Bye, kids! – despedi-me mandando beijos para todos.
Harry foi embora junto comigo. A maioria das vezes era assim, ele dormia na minha casa.
- Será que eles vão se entender? – perguntei enquanto colocava meu pijama.
- Espero, viu? O Dougie tem que tomar um rumo na vida. Está pior que o Danny. – disse já deitado.
- Correção: pior que o Danny e você juntos. – ri. – Ou pensa que não sei da sua fama, Judd? – coloquei as mãos na cintura e fiz cara de séria enquanto me aproximava da cama.
- Passado, , passado. – disse, puxando-me pelos braços e fazendo sentar em seu colo. – Agora, o que você acha da gente se entender? – beijou meu pescoço.
- Por acaso brigamos?
- Não, mas a gente pode se entender de outro jeito. – disse já me deitando na cama e ficando por cima de mim.
No dia seguinte, foi até minha casa para conversarmos. Ela tinha me dito que havia ficado com Dougie, ela evitava demonstrar, mas eu sabia que ela estava nas nuvens. Juro que fiquei muito feliz por ela. Ela estava me contando como tinha sido, e eu até brinquei de agradecer ao Danny por isso. Afinal, ela estava mal, Danny foi falar com ela, que o ignorou então ele a gritou e o Dougie ouviu e foi atrás dela, fim. E o modo como foi? Juro que achei fofo! Eles estavam se zoando e ela jogou o travesseiro nele, que fez drama. Ela, como sempre preocupada com ele, foi ver se o tinha machucado, aí ele a puxou, disse umas coisinhas bonitinhas e lá se foi o espaço que havia entre a boca deles. So cutie! Mas no fim, acabei dando uns sermões nela.
- , você sabe que ainda corre o risco de que ele ainda esteja apaixonado pela filha do Frankenstein, não é? – ela apenas me olhava. – Eu sei como você é apaixonada é por ele, por mais que negue. – disse, vendo-a abrir a boca para me contradizer. – E sei que é difícil fazer isso que vou te dizer, mesmo porque eu tenho que repetir isso todos os dias pra mim, mas por favor, por enquanto, não se envolva tanto com o Dougie. Não quero te ver magoada. E você sabe que se ele te fizer algo, eu acabo com a raça dele. – disse séria. – Mas preciso dizer: estou muito feliz por você! Lembra quando ficávamos imaginando isso? Você com o Poynter e eu com o Judd? – nós duas rimos. – Pois é, amiga, conseguimos!
Estávamos conversando como duas apaixonadas quando disse que tinha que ir.
- Bom, , eu vou indo. Estou atrasada, eles têm ensaio hoje. – levantou-se da minha cama.
- Ah, , eu vou ficar em casa, mais tarde o Dave vem aqui, vamos terminar de editar alguns vídeos.
- Ok, então, gata. O Hazz deve estar lá embaixo ainda, vou arrastar ele, que está atrasado. – eu ri.
- Hey, , – ela se virou e me olhou. – boa sorte com o Doug, faz tempo que não te vejo feliz assim. – dei um sorriso e ela o retribuiu com uma piscadela.
Como não ouvi o barulho da porta, resolvi ir até a sala ver se estavam todos vivos e vi que Tom também estava em casa, de onde ele surgiu? Quase chegando lá, comecei a ouvir e prestar atenção na conversa.
- Harry, você tem que contar toda a verdade para a , ela não merece isso que você está fazendo. – falou Tom um pouco autoritário.
- O Tom tem toda razão, Harry, eu não aguento mais ter que mentir para a sobre esse assunto, isso não se faz. – parecia brava.
- Eu sei, , mas eu não sei como contar a ela, e estou confuso. – ele andava de um lado para o outro, preocupado.
- Me contar o quê, Harry? – eu o olhava confusa.
- ... – disse ele com um fio de voz.
- Do que vocês estão falando? – disse, já ficando nervosa.
- Harry, é melhor você contar a verdade. – disse Tom com convicção.
- Isso mesmo, Harry, chega disso, já passou do tempo de você contar a verdade pra , eu não vou mais fazer parte disso. – disse já alterada.
Aproximei-me de Harry e fiquei encarando-o, com os braços cruzados abaixo do peito, eu estava esperando uma resposta, e já estava ficando com medo dela.
- , eu... eu não sei como te falar isso. – ele respirou fundo.
- Fácil, fala com a boca. – disse curta e grossa.
- ... a verdade é que... – um som interrompeu a conversa.
Era a campainha, desviei meu olhar de Harry para ir abrir a porta, embora aquela não fosse uma boa hora para visitas. Quando a abri, senti meu coração apertar, eu sabia que aquilo não era coisa boa. Será tinha alguma relação com o que o Harry iria me contar?
- HARRY, O QUE VOCÊ ESTÁ FAZENDO AQUI? – gritou Izzy furiosa, entrando sem ser convidada na minha casa.
- Izzy? – perguntou Harry, parecendo não acreditar no que via.
- O que essa mulher está fazendo aqui? – perguntei confusa.
- Responde, Harry? – perguntou Izzy novamente.
- Calma, amor. – ele se aproximou dela.
- Amor? – ok, alguém pode me explicar que patifaria é essa?
- ... – Izzy não deixou Harry terminar a frase.
- , então é você. – disse Izzy, então me olhando. – Você que está tentando tirar o meu namorado de mim? – muito furiosa.
- Do que você está falando? – isso já estava me irritando. – Que namorado?
- Não se faça de besta, menina, sabe muito bem que estou falando do Harry. Ele é seu ídolo? Está louca pra namorar um rock star? Procure outro, garotinha, porque esse tem dona há muito tempo.
- Pelo que eu saiba, você e o Harry estão separados há muito tempo, então faça o favor de sair da minha casa. – eu estava visivelmente irritada.
Izzy começou a rir. Harry olhou para e Tom, pelo visto eles sabiam de tudo.
- Como é que é? Harry e eu terminamos sim, meu amor, mas voltamos faz tempo, desde o ano passado.
Eu olhava para Harry, implorando para que ele dissesse que era tudo mentira, que aquela pessoa na minha frente tinha algum transtorno mental. Respirei fundo.
- Harry, o que significa isso? – perguntei séria.
- , me perdoe. – ele estava envergonhado.
- Isso é verdade, Harry? – eu estava muito desapontada com ele.
- Sim... – ele respondeu num fio de voz e abaixou a cabeça, envergonhado.
- É claro que é verdade. Achou o quê? Que ele ia trocar um namoro de anos por você? Harry e eu temos casamento planejado em nosso futuro, então você faria um grande favor de desaparecer da vida dele. Oportunista! – Izzy vomitava as palavras.
- Já chega, Izzy, você passou dos limites agora! O que o Harry fez foi errado, mas a não tem nada a ver com isso, então, não a ofenda. – veio em minha defesa.
Izzy deu uma risada cínica.
- ! Claro, essa garota é sua amiga, não é? Tinha que ser! Desde que você entrou na vida dos quatro que não temos mais paz. Eles praticamente moram com você. Você destruiu o namorado do Dougie e da Frankie. Vive sendo pivô de brigas entre o Danny e o Georgia, fica dia e noite trabalhando com o Tom, fazendo com que ele deixe a Giovanna sozinha e agora está querendo destruir o meu relacionamento com o Harry.
- Já chega, Izzy! – falou Tom irritado. – Você não tem o direito de ofendê-las assim. O seu problema é com o Harry, não com as meninas.
- Deixa, Tom, ela sempre me odiou. Agora vou te falar, meu amor, eu não tenho culpa se perto de vocês, eles não se sentem tão bem, porque se sentissem, não precisariam passar tanto tempo comigo e na minha casa como acabou de dizer.
- Brasileiras, tudo umas vadias, toda vez que eles vão pra esse maldito país, a nossa vida vira um inferno.
- AGORA CHEGA, IZZY! VOCÊ ESTÁ NA MINHA CASA E AQUI VOCÊ NÃO VAI ME OFENDER, NEM MINHA AMIGA E MUITO MENOS O MEU PAÍS! – gritei furiosa, fui até a porta do meu apartamento e a abri. – SAIA DA MINHA CASA AGORA E FAZ O FAVOR DE LEVAR SEU PRECIOSO NAMORADO PORQUE EU NÃO QUERO ROUBAR NADA DE NINGUÉM!! – olhei para Harry numa mistura de raiva e decepção.
- Vou mesmo, só vim buscar o que é meu. – ergui meu rosto, me mostrando superior e tentando não chorar. – Vamos, Harry! – exclamou Izzy autoritária.
- , me perdoa eu não queria te machucar, eu juro e...
- VAI EMBORA COM SUA NAMORADA, NOIVA, ESPOSA, O CARALHO QUE ELA SEJA! - gritei sem deixá-lo terminar a frase. Eu apenas olhava para um ponto fixo, sem encará-lo, e apontando a saída com um dos braços.
- Eu tenho que ir trabalhar, não vou voltar com você, Harry, a gente conversa a noite, mas você vai sair dessa casa comigo, não vou deixar nenhuma oportunidade para essa louca por seus 15 minutos de fama, acabar com nosso relacionamento de anos. – permaneci na porta do apartamento esperando que eles saíssem olhando para o “nada”.
Izzy saiu do apartamento e Harry foi atrás, quando ele passou por mim apenas sussurrou um “Me perdoe, estava confuso, eu não sabia o que fazer”.
Eu os vi saindo, mas eu estava em choque, não conseguia me mexer, ainda mantinha minha cabeça erguida e meu olhar fixo na parede. Sentia meus olhos arderem, mas nem piscava.
- , ela está bem? – ouvi Tom perguntando para .
- Ela vai ficar, honey. Me faz um favor? Leve o Harry pro estúdio, converse com ele. Ele fez besteira, mas a gente sabe que está sofrendo com isso.
- Mas e a , não quero deixá-la assim. – disse, parecendo preocupado.
- Lembre-se que acima de mim e da ou qualquer um, estão seus amigos, mesmo quando eles erram. O Harry precisa de você. Deixa que eu fico com a . Não vou pro estúdio hoje, ela vai precisar de mim.
- Não se preocupe, . A gente se vira lá, isso se tiver ensaio, o Hazz tá mal. Mas você tem razão, vou atrás dele.
Eu ouvia a conversa deles, mas não esboçava nenhuma reação. Era como se eu não tivesse controle sobre meu corpo.
- Se precisar de mim, me liga... A qualquer hora. – Tom me disse antes de me dar um beijo em minha testa e sair.
então se aproximou de mim, tocou minha mão, tirando-a da maçaneta e me virando para ela.
- Hey, gata, eles já foram. – disse baixo para mim.
Assim que a ouvi dizendo isso, eu não aguentei mais nenhum minuto e comecei a chorar. Chorava de raiva, de dor, de decepção, de coração partido.
- Desculpa, , eu queria te contar, mas não cabia a mim, e você estava tão feliz que não tive coragem de falar a verdade. – disse, me abraçando forte.
Eu não conseguia responder nada, apenas chorava. Era como se as minhas lágrimas tirassem todas as minhas forças.
Desvencilhei-me dos braços de e caminhei até o sofá, onde me sentei. mais uma vez estava ao meu lado. Ela me olhava como se esperasse que eu dissesse algo, mas não o faria. Pela primeira vez em anos, estava chorando por alguém, e em público, ainda que fosse apenas em frente da . Estava me sentindo uma completa idiota. Todos sabiam e ninguém me contou.
- Quero que você me conte tudo. – disse de repente, mas com a voz baixa.
então começou a me contar toda a história, eu ouvia tudo atentamente, mas meu cérebro parecia não reter nenhuma informação. E, graças a Deus, Dave não apareceu naquela tarde para trabalharmos, Tom deve ter dito a ele o que acontecera.
Eu ficava um tempo sem chorar, mas logo depois voltava a chorar algumas vezes com grande intensidade, outras com menos. guiou-me até o meu quarto, eu tinha a impressão que desabaria a qualquer momento. Já passava das 5 p.m, quando consegui dormir um pouco. Eu dormi, mas não descansei. Minha mente ficava repassando a cena que tinha acontecido mais cedo.
Não sei quanto tempo eu havia dormido, mas eu esperava que tivesse sido tempo suficiente para perceber que tudo aquilo não passasse de um pesadelo, ou então para que eu esquecesse tudo aquilo. Acordei com um barulho vindo do andar de baixo do meu apartamento. Estava descendo as escadas quando vi as meninas na minha sala, elas estavam rindo, eu olhei confusa para tudo.
- O que estão fazendo? – me aproximei.
- Noite das garotas, gata, senta aí. – falou .
- Desculpa, mas não estou bem pra isso. – disse com a voz baixa.
- Meu amor, é exatamente por isso que é noite das garotas, você não vai ficar assim, não. – retrucou .
Pelo visto, já as tinha deixado a par do ocorrido.
- Isso mesmo, umas calorias a mais não vão matar nossos corpos lindíssimos. – brincou e eu dei um singelo sorriso.
Sentei-me com elas no sofá e começamos a assistir “Amor à segunda vista”. Eu adoro esse filme, adoro a Sandra Bullock. Quando crescer, quero ser como ela. Depois de comer e beber um pouco, eu comecei a me soltar.
- Ai, girls, “Amor à segunda vista” devia ser o nome do filme da ! – brincou .
- Ué, e por quê? – perguntou.
- Ah, gata por causa do Dougie, né! Só que no seu caso foi à primeira, ele que foi à segunda vista! – ela mostrou a língua e nós rimos.
- Verdade! Dougie Poynter é meio lerdinho, mas finalmente se tocou que a é a mulher da vida dele. – brinquei.
- Ai, que exagero, ele não esqueceu a Frankie ainda, só ficamos, quero ir com calma, mas ele disse hoje que passou o dia pensando em mim. – alguém filma essa cara de boba apaixonada dela, é algo inédito.
- OOOOWWWNNNN! – as três juntas.
- Tem alguém aqui apaixonada. – brincou .
Pulamos em cima da , quase a sufocando e rindo.
Aquelas eram as melhores amigas que eu poderia querer, estavam ali, me ajudando, me animando, enquanto, se eu estivesse sozinha, estaria deitada na cama, assistindo filme de fossa e comendo chocolates, bem estilo ao filme “Legalmente loira”. No final, fomos dormir de madrugada, isso porque a tinha que ir trabalhar cedo. E bem, eu pretendia acordar cedo e colocar minha vida em dia, afinal, perdi um dia todo chorando e sofrendo por conta daquele egoísta do Harry Judd. Tinha que ligar para o Dave e terminar nosso trabalho.
Part XX
Quando levantei, estava na sala assistindo TV e tomando uma xícara de café.
- Eca, como você consegue tomar isso? – brinquei.
- Vício. – ela riu. – E é bom pra ressaca.
- Nem comento! E as meninas? – me sentei ao lado dela.
- ainda está dormindo e já foi trabalhar. – ela revirou os olhos.
- é meu orgulho. – ri. – Bom, vou comprar o jornal, quer alguma coisa?
- Compra a Star Magazine, terá uma matéria sobre meus desenhos.
- Uia, mas está metida, hein?! Vê se não se esquece dos amigos quando ficar famosa. – disse já fechando a porta.
Normalmente eu não iria querer sair de casa, mas seria pior ficar lá onde tudo me lembrava dele e do acontecido. Fui caminhando lentamente, pensando na vida. Assim que comprei a revista, dei uma folheada rápida e então vi algo que me assustou.
- DOUGIE LEE POYNTER! – gritei no meio da rua, o que fez algumas pessoas me olharem como se eu fosse louca.
Corri para casa, peguei as chaves do carro e saí em disparada para a Super Records. já tinha acordado e junto com perguntaram aonde eu iria. Não respondi, apenas pedi para ligarem para a e dizer para ir para casa.
Assim que cheguei ao estúdio, vi Tom ao telefone, ele falava com a .
- ! – veio me abraçar. – Como está?
- Irritada. Onde está o Dougie? – eu perguntei alterada.
- Lá no estúdio de gravação, junto com os meninos. Sabe da ? Liguei para ela e me pareceu triste.
Eu apenas peguei um exemplar da revista que havia sob uma mesa de canto e mostrei para Tom. Ele fez a mesma cara de espanto que eu fiz.
- Agora, eu preciso conversar com seu amiguinho.
Saí pisando firme, mas ainda sim, apressada em direção à sala de gravação. Quando cheguei lá, Harry me viu, ficou em pé e veio em minha direção.
- . Oi... – disse ele.
- Agora não, Judd. Meu assunto é com seu amiguinho. – disse brava. – Poynter! Venha aqui. – autoritária.
- , o que houve? E cadê a ? – perguntou confuso e preocupado.
Eu apenas peguei a revista que estava em minhas mãos e joguei na cara dele.
- Isso é o que houve, Poynter! Isso! – irritada. – Como você pôde enganar minha amiga assim? Aprendeu com seu amigo metido a pegador? – Danny me olhou indignado. – Porque o Judd fez a mesma coisa comigo. – Danny ainda me olhava indignado, dessa vez por ele não ser o pegador. – Escuta aqui, Poynter, você deve muitas explicações sobre isso. – o vi abrir a boca, mas logo o cortei. – Mas quem deve ouvi-las é a . Se você realmente fez isso com minha amiga, você conhecerá um lado meu até então desconhecido. O que você chama de inferno, eu chamo de amizade. – disse séria.
- Dougie, isso é verdade? – perguntou Danny confuso.
- Claro que não, isso é mentira. – ele respondeu já irritado.
- Então da onde saiu essa foto, mate? – Harry se pronunciou pela primeira vez desde que o cortei.
- No pub, naquela noite que a saiu de lá do nada. Logo que chegamos, antes das meninas, a Frankie estava lá com as The Saturdays, ela disse que queria voltar, que sentia minha falta. Ela tentou, mas eu não quis, ela já tinha brincado muito comigo, eu não estava pronto para voltar e nem estou.
- Pronto? Quer dizer que uma hora vai querer voltar? – perguntou Danny, assim como eu, não gostando do assunto.
- Não foi isso o que quis dizer! Eu não quero voltar com a Frankie, eu quero esquecê-la de vez, só isso! Dudes, será que a viu isso? – ele soou preocupado.
- Eu não sei, mate, a não é muito de olhar revista de fofocas, mas se ela está desse jeito, esse pode ser um dos motivos.
- Eu preciso ir lá falar com ela.
- Mate, nós precisamos gravar, estamos atrasados. À noite, quando terminar, você vai até a e explica tudo, só não a magoe, ela é especial, Doug. – comentou Tom.
- Você tem razão, à noite vou lá e esclareço tudo.
- Acho bom, Poynter, pelo seu próprio bem e da também. – eu disse ameaçadora.
- Vamos gravar, então. – disse Tommy, que estava esperando pelos meninos.
- Mate, – Harry se aproximou de Dougie, então eu vi como ele parecia abatido – Não faça a besteira que eu fiz, decida-se com quem quer ficar antes e só depois iluda a , ela gosta de você de verdade.
- Thanks, Harry! Vou pensar muito bem antes de falar com a , não se preocupe.
- É, Poynter, pense bem. Porque depois pode ser tarde. – disse para Dougie, mas olhando para Harry. – Bom, - me virei para a porta. – agora vou procurar o Dave para terminarmos umas edições.
Saí da sala seguida por Harry, ele estava querendo me irritar, não era possível.
- Judd, pare de me seguir! Você tem que ir ensaiar e eu preciso trabalhar. Além do mais, se você quiser conversar, converse com sua namorada! – disse e logo dei graças a Deus por ter encontrado Dave.
Passei o dia na Super Records e não apareceu por lá, pelo menos não que eu a tenha visto. Dave já tinha ido embora, eu estava terminando de organizar minhas coisas, quando Tom entrou em minha sala.
- , tudo bem? – disse, se sentando em meu sofá.
- Tudo sim, Tom. – dei um sorriso quase que automático.
- , quer parar de arrumar suas coisas e conversar comigo? – ele ficou em pé e me segurou pelo ombro.
- Ok, Tom, sobre o que você quer conversar?
- Quero pedir desculpas por não ter te dito nada sobre...
- Tom! – o interrompi. – Deixe isso para lá. Já foi mesmo. E eu entendi que você estava sendo meu amigo e dele também. Não se preocupe, eu não estou brava com você. – dei um sorriso sincero.
- Mesmo? – eu apenas assenti. – Obrigado. Não queria nem pensar que você estivesse brava comigo. Ainda mais depois que vi como você falou com o Doug.
- Hahaha, não seja tolo. – o abracei. – É difícil ficar brava com você. Eu apenas queria saber como a Izzy soube onde eu morava e que o Harry estava comigo. – confusa.
- Eu também fiquei sem entender essa parte. Mas, vamos embora que já está tarde. – ele me abraçou de lado e saímos juntos.
Quando cheguei em casa, vi que as meninas já tinham ido embora e, provavelmente, estavam em alguma balada, afinal, era sábado. Tentei ligar para , mas ela não atendia. Provavelmente estava se afastando de todos, deveria ter visto a reportagem do Dougie e eu espero que ele tenha ido falar com ela. Liguei o aquecedor e resolvi tomar um banho para me deitar. Até aquele momento, eu não tinha chorado, eu tive tempo para lembrar o que tinha acontecido, mas agora eu estava sozinha e sem nada para fazer. Enquanto a água escorria pelo meu rosto, ela se misturava com as lágrimas que eu já não segurava. Fui tirada de meus devaneios com o tocar incessante da campainha. Vesti meu roupão e fui atender. Poderia ser a .
Para minha surpresa não era a , era Harry.
- O que você está fazendo aqui? – perguntei surpresa.
- Vim conversar com você. – respondeu ele enquanto entrava.
- Mas eu não quero falar com você. – disse ainda parada na porta, mas de costas para a mesma.
- , por favor. Deixe-me explicar... – ele dizia cansado.
- Explicar o quê? Que você estava com ela e comigo ao mesmo tempo? – disse incrédula. – Como você pôde ser tão baixo assim? Tão fraco?
- , eu... eu realmente gosto de você. – ele disse.
- Gosta? E você por acaso sabe o que significa isso? – ri sem humor. – Você é egoísta, mimado! Não sabe dar a valor a nada, porque tudo vem fácil pra você, não é?! – eu já gritava. – Afinal, para a estrelinha do rock, tudo é permitido! Quando você iria me contar? Se é que iria me contar...
- Eu estava esperando o momento certo. – ele disse alterado.
- Momento certo? E quando seria isso? Quando eu visse vocês juntos? Ou, quem sabe, quando eu tivesse me envolvido ainda mais e não tivesse mais volta. Você é pior do que eu um dia pensei que fosse, Judd! Você não é metade do homem que eu achei que você fosse nesses últimos meses, e nem 1/3 do homem que você se acha.
- , vamos conversar. – disse ele enquanto segurava meu braço.
- Me solta! – puxei meu braço. – Não temos nada para conversar! E caia fora da minha casa! Saia daqui e leve junto tudo aquilo que cheguei a sentir por você! – eu gritava e sentia minha voz embargando, o nó se formando em minha garganta. Mas eu não choraria. – Só fale comigo ser for realmente necessário! – disse isso e fui para meu quarto, no caminho ouvi a porta da sala batendo.
E mais uma vez eu chorei. Eu abracei meu travesseiro e chorei o mesmo que antes. Aquilo realmente estava acontecendo comigo? Por que tinha que acontecer justo comigo? Eu sempre fui uma boa pessoa, não fui? Não era perfeita, mas ainda sim, era boa. Acho que tinha alguém lá em cima que não gostava de mim. E mesmo depois de tanto chorar naquela noite, eu não consegui dormir.
Estava sentada em minha poltrona no quarto, quando os primeiros raios de sol começaram a entrar pela janela. Foi então que tive um acesso de fúria. Comecei a tirar violentamente a roupa de cama, joguei o colchão de lado, comecei a tirar todas minhas roupas do armário, até que encontrei algumas peças do Harry. Agarrei-me a elas, como elas fossem capazes de fazer tudo voltar a ser como antes, antes de descobrir toda a farsa. Não sabia o que era pior, viver uma farsa ou sofrer com a descoberta dela. Sentei-me no chão, no meio da bagunça, e fiquei olhando para o nada mais uma vez.
Part XXI
Decidi que precisava me mudar dali. Aquele lugar me trazia lembranças dolorosas, lembranças que eu lutava para esquecer.
A semana passou rápido, eu estava trabalhando muito e estava dando glória por isso. Mente ocupada não pensa besteira. Eu já tinha encontrado a casa perfeita, ela era linda, mas o jardim foi o que me ganhou, eu queria espaço. Me mudaria em duas semanas.
- Mas o que é isso? – perguntou Tom chegando em casa.
- “Oi” pra você também! – ri.
- O que é isso? – ele ignorou minha fala.
- Minha mudança. – respondi como se fosse óbvio, e era.
- Mudança? Você está indo embora? Mas por quê? – perguntou confuso.
- Estou indo embora daqui, Tom. Não quero ficar num lugar que me traga tantas lembranças. Já basta vê-lo na Super Records.
- E quando ia nos contar?
- Quando eu já estivesse instalada. Seria uma surpresa. – sorri. – Mas como sempre, você estraga tudo. – me fingi de brava. – Ninguém sabe... – vendo o resto do bando entrar, todos estavam lá, menos Harry. – Correção, ninguém sabia. – rindo da cara que eles faziam.
- , você vai embora? – perguntou Danny.
- Não, baby, eu apenas vou me mudar para uma casa. – respondi, terminando de embalar umas peças.
- Que pena. Achei que teria que viajar sempre para o Brasil para te visitar. – Danny fez uma cara de tristeza tão cômica que tive que rir.
- Idiot! Mas bem, já que estão todos aqui, podem ir me ajudando! Daqui a pouco o caminhão de mudança chega e vocês conhecerão minha casa nova. – disse toda alegre.
Depois que me mudei, achei que as coisas entrariam nos eixos novamente. Eu estava trabalhando direto, me trancava em minha sala na Super Records e só saia quando terminasse o que tinha de fazer. Muitas vezes eu já não tinha mais nada o que fazer, mas ficava lá até ter certeza que todos tinham ido embora, não queria me encontrar com Harry de novo. Para se ter uma noção, nem meus vizinhos eu conhecia. Você deve estar se perguntando: mas e seus amigos? O Tom, as meninas. Bem, eles estão bem. Pelo menos é o que tudo indica. está se entretendo com um carinha que conheceu por aí, e Tom está se mordendo de ciúmes, mas também não decide se casa ou compra uma bicicleta. e Danny continuam ficando, às vezes, isso acontece com mais frequência quando eles saem e Danny fica bêbado, embora eu ache que ele use isso como desculpa. Ah, sim, ele continua com a Geoconda, digo, Georgia. e Dougie estão bem, parece que finalmente resolveram se render ao destino. E Harry, bem, Harry está firme e forte com a Izzy, pelo menos é o que a mídia e eles têm mostrado. Pelo visto, aquela confusão toda que aconteceu serviu para aproximá-los. É, há males que vêm para o bem. Pelo menos no caso deles. Eu continuo sozinha, mas também não estou procurando e por acaso tem como procurar alguma coisa dentro de uma sala de edição? Ou dentro da sua casa? O homem que você tanto procura não vai bater na sua porta. No máximo será o entregador da pizza que você pediu.
Serei sincera, ultimamente tenho evitado todo mundo. Não por estar chateada com eles, bom, isso também, mas é principalmente porque não quero que tenham dó de mim. Sou do tipo que sofre calada, mas que depois de um tempo, esse sofrimento começa a transparecer. Eu estava abatida, tinha emagrecido horrores, mas também não estava comendo direito; o que eu poderia querer? Eu poderia querer e ainda quero que meus sonhos parem! Não aguento mais sonhar com Harry. E era o mesmo sonho sempre, de novo. Na verdade, eu não conseguia ver o rosto do Harry, mas eu sabia que era ele. Tudo que eu conseguia enxergar eram suas costas enquanto ele se afastava de mim, por mais que eu corresse; por mais alto que eu gritasse, parecia ser tudo em vão. Ele não se virava, não me esperava, e então sumia. Aquilo estava me deixando perturbada. Eu não estava mais dormindo direito. Tinha medo de fechar os olhos e começar a sonhar de novo.
Eu tinha duas soluções, ou quase.
Perder o resto da sanidade que me restava, ou começar a encarar os fatos.
E bem, eu ainda preciso de minha sanidade.
O restante do domingo passou da forma mais tediosa possível. Meus amigos deviam estar com seus respectivos pares, e eu estava sozinha. Esse é o problema de ter amigos que namoram, quando você fica solteira, só você fica. Querer que eles ficassem te paparicando é egoísmo demais, e sair com eles: não, muito obrigada, é ser vela demais.
- ! – Tom me chamou assim que coloquei os pés na Super Records.
- Tão cedo aqui Tom? – eu ri.
- Culpa da . – ele revirou os olhos e eu ri mais ainda. – E você? O que faz aqui?
- Ninguém mandou colocarem ela como produtora. – sorri. – Bem, eu vim trabalhar, é isso que meros mortais fazem. Além do mais, preciso me ocupar. – dei de ombros.
- Você precisa sair mais, se distrair, conhecer alguém.
- Tom, mesmo depois de tudo, não sei se consigo isso. Ninguém vai ser ele, entende? – mordi meu lábio.
- Você deveria se permitir. – ele disse antes de sair andando na minha frente.
Tom, talvez, estivesse certo. Eu precisava me divertir, sair mais. E, bem, a única pessoa que eu sabia que não estava com ninguém era a , então a chamaria para sair comigo na sexta à noite.
Part XXII
A tão esperada sexta tinha chegado, iríamos para um pub super conhecido, e que já tínhamos ido antes de tudo aquilo acontecer. chegou em casa e foi ajudar-me com a roupa. Como tinha emagrecido a maioria de minhas roupas não me serviam mais, então ela ficou de ir fazer compras comigo antes de sairmos naquela noite.
- , você já experimentou dezenas de roupas e todas ficaram lindas em você. Decida logo! Ainda temos que nos arrumar. – disse ela impaciente.
- Posso saber por que a senhorita está tão ansiosa para irmos ao Morpeth Arms? Marcou com alguém é?! – ri.
- Não, sua tonta! É que algo me diz que essa noite promete! – disse animada.
- E tem alguma noite que não prometa para você? – ri e mostrou-me a língua.
Experimentei mais algumas roupas, fiz minhas escolhas e fomos para casa nos arrumar.
Roupa de e .
- Nossa, como isso aqui está cheio! – comentou assim que chegamos.
- Argh, só porque eu odeio. – fiz careta e ela riu.
- Deixe de ser fresca! Vamos nos divertir! – falou puxando-me para dentro e rindo.
Se sem entrar eu já achava que estava cheio, quando entrei percebi que, realmente, o Morpeth estava lotado. Com certa dificuldade, e eu chegamos ao bar e fomos logo pedindo nossas bebidas.
- Gente, como tem cara gato aqui! É hoje que eu me acabo! – ria enquanto tomava sua bebida.
- O Jones não está dando conta? É ruim ter que se dividir em dois, não é? – eu cutuquei, mas ela me ignorou.
- , não olhe agora! – ela fez uma cara de espanto e eu me assustei. – Mas aquele não é James Bourne? Ele está olhando para você! – afobada. Vem cá, quantas cervejas ela já tomou e eu não vi? Só pode estar bêbada.
- Como vou saber se é ele, se você me disse para não virar? – revirei meus olhos e tomei um gole de minha bebida.
- OMG! É ele sim! E, OMG! Ele está vindo aqui! Eu sabia que a noite seria boa. – ela deu um sorriso safado e antes que eu pudesse dizer alguma coisa, alguém já havia dito.
- Hi, ladies. – ele estava parado ao meu lado e sorria lindamente. – I’m James Bourne.
- We know! – respondeu uma bem animadinha. – Eu sou e essa é a minha amiga . – levantou a garrafa em minha direção, eu apenas sorri. – Mas minha presença aqui é insignificante, e, olha, acabei de ver um amigo. See you later. – disse, saindo rapidamente dali.
- Sorry. Minha amiga é louca assim mesmo. – disse sem graça.
- Parece ser muito divertida. – ele sorriu e ficou de frente para mim, lugar onde antes estava a .
- E é. – disse, bebendo mais um pouco. Sim, eu estava sem assunto.
- Eu queria me oferecer para pagar uma bebida a você, mas vejo que já está bebendo. Nesse caso, se importa se eu lhe acompanhar? – ele deu um belo sorriso.
- Claro. – respondi sorrindo também. Quem sabe, não tivesse razão, quem sabe aquela noite não prometia mesmo?
- , seu rosto não me é estranho. – ele olhava-me como se tentasse lembrar-se de onde me conhecia, mas, sinceramente, de onde James Bourne poderia me conhecer?
- Eu iria te dizer o mesmo, mas eu já sei de onde te conheço. – eu ri e ele me acompanhou.
- Sério, não consigo me lembrar de onde te conheço, mas sei que te conheço.
- Dos seus sonhos, talvez. – disse para logo começar a rir. – Ok, essa foi péssima. – James se divertia.
- Mas me diga, o que uma mulher atraente como você está fazendo em Londres, e sozinha, imagino.
- Obrigada pelo elogio, mas estou aqui para respirar novos ares, cansei do meu país. – sorri, como se fosse possível se cansar do nosso lar.
- Pretende ficar quanto tempo? – ele perguntou interessado.
- Quanto tempo Deus quiser, e eu aguentar. – tomei um gole de minha cerveja. – Talvez para sempre e um dia.
- Nesse caso, terei muito tempo para te conhecer. – ele piscou e eu sorri, envergonhada.
James era muito divertido. Ficamos todo o tempo conversando sobre os mais diversos assuntos, falamos do tempo, de futebol, de bebidas, música, filmes, livros e até sobre relacionamentos.
- Não acredito que ele fez isso! Muito otário! Se ele foi capaz de trair a namorada para ficar com você, é óbvio que ele já não tinha certeza do que sentia por ela. E ainda assim ficou com ela? Sem comentários. – ele parecia revoltado.
- Ele é homem. No final das contas, usou seus instintos. – eu dei de ombro.
- Você já se conformou? – perguntou confuso.
- Não, mas busco todos os dias uma explicação aceitável para isso. – dando um último gole em minha cerveja. – Mas chega desse assunto. Ele não merece que desperdicemos nosso tempo. So, next! – eu ri.
- Sabe, , eu quero fazer uma coisa desde que você entrou por aquela porta, mas não sei se devo. Devo? – ele me olhava com a sobrancelha levantada.
- Bom, não posso dar uma resposta sem saber do que se trata. Mas devo dizer que você deve arriscar, afinal, a rejeição você já tem, então, o que custa tentar? – disse, sorrindo de um jeito até que sedutor.
James aproximou-se lentamente de mim, passando a mão carinhosamente pelo meu rosto e descendo até minha nuca, onde fez uma leve pressão, fazendo-me aproximar meu rosto do seu. Então, ele enroscou seus dedos em meus cabelos e ficou olhando em meus olhos. Sorri, mordendo meus lábios. Já conseguia sentir seu hálito misturando-se ao meu, nossas bocas estavam prestes a se tocar...
- ... – uma voz embolada nos interrompeu.
Fechei meus olhos, tentando me conter para não xingar minha amiga. Olhei para James e ele já tinha se afastado e passava a mãos pelos cabelos, sem graça.
- O que foi, ? – meu tom foi seco.
- Não estou passando bem... – ela apoiou-se em mim. – Vamos embora, sim? – ela parecia implorar.
Olhei para James e ele sorriu como se disse “Tudo bem”. Pedi desculpas e saí dali arrastando minha amiga bêbada e sem noção.
Quando chegamos em casa, fui preparar algo para curar a bebedeira da e ajudá-la a trocar de roupa. Depois de cuidar da amiga da onça, fui tomar banho e me trocar para dormir. OMG! Foi então que eu parei para pensar. Eu quase beijei ninguém mais, ninguém menos, que James Bourne! E esse quase foi graças à , amanhã irei acabar com ela! Então reparei que desde que comecei a falar com James — tirando a parte em que conversamos sobre relacionamentos — eu nem tinha pensado no Harry. É, talvez aquilo tivesse dado certo. Mas onde eu encontraria James de novo? Hoje tinha sido um golpe de sorte. Apenas um golpe de sorte.
Part XXIII
Como eu já imaginava, quando acordei no sábado para ir até a Super Records, ainda dormia. Bêbado é uma coisa louca. Como eu também tinha bebido um pouco e chegado tarde em casa, acabei chegando atrasada no trabalho.
- Hey, Tom! Anda madrugando por aqui, hein? – ri, cumprimentando-o com um beijo no rosto.
- Finalização do CD. – ele disse cansado e eu ri ainda mais. – E então, saiu ontem?
- Sim, foi comigo. Foi bacana.
- Apenas bacana? – ele me olhava meio descrente. – Aonde foram?
Mas antes que pudesse responder qualquer uma das perguntas, Harry apareceu na minha porta chamando Tom para irem falar com não sei quem, não prestei atenção.
- Hey, . – disse sem jeito.
- Good morning Judd. – disse com um sorriso automático.
Harry ainda ficou parado, olhando-me por alguns instantes depois que Tom saiu, já eu olhava-o como quem quisesse saber o que ele estava esperando. Tom voltou e o arrastou de lá, fazendo-me rir com a cena.
Estava fazendo o rascunho de alguma ideias que tivera para o site que idealizou criar. Tom deu a ideia de ser algo futurista, e eu apoiei totalmente. Afinal, sou a “garota da NASA”, como eles me apelidaram por gostar de coisas do tipo. O site chamaria-se Super City. No dia da sugestão da criar o site, ficamos todos sabendo que e Dougie estavam juntos, namorando mesmo. So cutie. Mas voltando, eu estava rascunhando algumas ideias quando meu celular começou a tocar, era .
- Diga, cretina.
- Bom dia para você também, . - irônica.
- Bom dia? Já passa da metade do dia. – ri.
- Mas ainda não almocei, então é bom dia.
- Você me ligou para dizer isso? - ela tem problemas.
O fato de ela ter dito que não havia almoçado ainda lembrou-me de que eu não tinha comido nada. Resolvi sair para comer alguma coisa.
- Não, quero pedir desculpas por ontem. Eu acho que estraguei seu lance com o James. – disse ela sem graça.
- Não se preocupe, amiga, talvez eu não devesse mesmo ter ficado com ele. – ao dizer isso, Harry, que passava por mim, começou a prestar atenção na conversa, eu o ignorei. – Talvez as coisas estivessem rápido demais.
- Então, vamos sair hoje? – perguntou-me animada.
- Não sei, , acho que não vou hoje, não. – ao terminar de dizer, Danny tomou o celular de minhas mãos. De onde ele saiu? Ando muito desligada.
- , é o Danny. – como se ela não fosse reconhecer a voz dele. – A vai sair, sim! Vamos arrastá-la. – ele me olhava desafiador e eu o olhava sem entender. – Ela quer falar com você. – disse, devolvendo-me o celular.
- Obrigada, Jones. – irônica. – Pois não? – rindo.
- Você ouviu o Danny, não é? Você vai e pronto.
queria tanto que eu fosse porque ela tinha a esperança de que eu encontraria com James de novo. Mas qual a probabilidade de encontrar-me com ele sendo que, para ajudar, iríamos a outro pub hoje? Essa história do secret affair da com o Danny deveria estar afetando a noção de realidade da coitadinha.
Já estava em casa, terminando de arrumar-me quando meu telefone tocou.
- Alô?
- , esqueci de te dizer uma coisa muito importante! - parecia afobada, então deixei que continuasse. – Eu dei seu telefone para o James.
- Wow! Você fez o quê? – disse, não acreditando.
- Dei o seu telefone para o James Bourne. – acho que agora ela se tocou do que fez.
- ! Quando você fez isso?
- Quando cheguei passando mal e você foi encerrar nossa conta, bem, eu voltei até onde ele estava e entreguei seu número. Eu tinha certeza de que você não o tinha feito.
- É, e não fiz. Sinceramente, ... – antes que eu terminasse a frase, meu celular começou a tocar, no visor, um número desconhecido. – ! Tem um número estranho me ligando! E se for ele?
- Sinceramente, , você sabe o que fazer, agora pare de falar comigo e vá falar com ele. Kisses, Love u! – ela desligou o telefone na minha cara, bandida!
- Hello? – atendi ao celular.
- Hi. Is ? – perguntou a voz masculina do outro lado da linha.
- Yes. Quem está falando? – que não seja o James, que não seja o James, eu repetia mentalmente.
- Hey, , é James. – preciso melhorar meus mantras. – Espero não estar sendo muito invasivo te ligando, mas sua amiga me passou seu telefone.
- Não, tudo bem, James. Mas ao que devo a honra da sua ligação?
- Gostaria de saber se não quer sair comigo e uns amigos hoje?
- Desculpe, mas já combinei de sair com meus amigos hoje. – o que era uma verdade.
- Ok, e que tal amanhã?
- Amanhã combinamos de ir à praia, caso não chova. – isso era uma mentira.
- Bom, eu tentei a sorte. – riu. – Durante a semana te ligo para combinarmos algo então.
- Certo, vou evitar qualquer compromisso para ter tempo para você. – eu ri. – Até mais então.
- Kisses, adorable . – não tive como deixar de sorrir com isso.
OMG! James Bourne tinha realmente me ligado ou aquilo era o efeito de muito cappuccino no corpo? Bom, mas agora não importa. Preciso terminar de me arrumar e ir me encontrar com aqueles loucos, e... Epa! Será que o Harry vai? Será que a Izzy vai? Oh, God. Preciso caprichar mais, afinal, eu estou bem, não estou?
Saí de casa atrasada, apenas para variar um pouco. Foi difícil achar o pub, já que nunca tinha ido àquele. Assim que entrei, percebi o lugar um pouco lotado e comecei a procurar pelos meus amigos, queria encontrar-me com eles logo, aquele monte de gente olhando para mim já estava me deixando constrangida. Olhei para a parte do mezanino e vi o Tom acenando freneticamente para mim.
- WOW! Veio vestida para matar, hein, ? – comentou Danny, fazendo-me dar uma voltinha, com ele assobiando.
- Besta. – ri.
- Danny tem razão, está um arraso, gata. – piscou .
- Aposto que isso tudo tem nome. – disse .
- Claro que tem. – respondi. – , prazer. – disse rindo e ela me mostrou a língua. – Quem mostra língua quer beijo. Dougie, por gentileza, beije a sua namorada. – ri e fui terminar de cumprimentar os outros.
- , a estava dizendo que a saída de ontem rendeu. – Tom disse divertido.
- Rendeu, rendeu tanto que eu tive que cuidar dessa bêbada! – me fiz de brava. – Estragou a minha noite.
- Só porque ela não conseguiu beijar o... – olhei para ela, proibindo-a com o olhar que ela dissesse o nome. – gatinho. – sorriu sem graça.
Antes que começassem com as perguntas, tratei de achar uma desculpa para sair dali.
- Vou pegar uma bebida, alguém quer? Não? Então tá! – saí antes mesmo que respondessem.
- e sua falta de paciência em esperar que alguém traga algo. – comentou e eu mostrei a língua.
- Quer beijo, ? – brincou.
- Opa, te espero lá embaixo, gata. – pisquei e saí rindo.
Demorei um pouco para chegar até o bar, já que toda hora tinha alguém me parando. E ainda dizem que britânicos são reservados. O caramba que são! Mas o fato é que eu já estava me arrependendo de ter ido vestida desse jeito. Afinal, o Harry não estava com eles.
Assim que voltei, vi que tinha alguém no lugar onde eu estava antes, ao me aproximar, percebi que era Harry.
- Até que fim voltou, ! – Danny brincou. – Achei que alguém tivesse te arrastado para um cantinho mais reservado. Bom, eu faria isso. Porque esse seu vestido... – Danny fez uma cara de tarado e eu ri, sendo seguida pelos outros do grupo, menos Harry que bebia.
- Deixe de ser retardado, Jones. – sentei-me ao seu lado, no lugar vago. – Ah, oi, Harry. – dei um sorriso.
Eu não sei o que fiz de errado, mas todo mundo na mesa ficou em silêncio e começou a olhar para mim como se eu fosse de outro planeta. Eu os olhava de volta, com a sobrancelha arqueada, como quem disse “O que foi?” e dei um gole na minha cerveja. Harry limitou-se a cumprimentar-me com um aceno de cabeça, mas não dei importância.
- Dude, eu acho que deveríamos ter ido naquele pub que o Jimmy falou.
- Quem? – disse curiosa.
- James, um amigo nosso que chegou junto com o Harry, mas já foi. Disse que o encontro dele já era, então, iria para casa. – Tom explicou e eu fiz uma cara de “Ah, tá” e continuei prestando atenção na conversa.
- E por que você queria ter ido lá, Danny? – curiosa pela segunda vez.
- Ora, ele disse que além de ter gente bonita, ele arrumou uma gata por lá! Ele disse que a menina é simplesmente maravilhosa, que fala de tudo, sem problemas. Mas que lá tem muita mulher bonita.
- Jones, por que você queria ir lá? – insisti na pergunta.
- Porque tem mulher bonita!
- Danny, raciocine comigo, eu sei que é difícil, mas tente. – todos riram. – Primeiro: você, além de ter namorada, tem um secret affair com a aqui. – aponte para a garota. – Segundo, nosso querido Tom, embora esteja decidindo se casa ou compra uma bicicleta, está com a Gio; Dougie está com a louca da – ela fez uma careta e recebeu um selinho do namorado. – , “está” – fiz aspas com os dedos – com você. está enrolada com um cidadão local, Harry está firme e forte com sua namorida, – tive que explicar que em português era uma mistura de namorada com “marida” – logo, a única solteira, livre, leve, solta e desimpedida de nós, sou eu. E você acha mesmo que eu vou querer ir para um lugar que só tem mulher bonita? Não, né?! É muita concorrência, além de quê, eu não gosto de dividir o que é meu. – lancei um olhar significativo para Harry.
- Mas a disse que você quase ficou com o cara ontem. – Danny disse e Harry me olhou como se quisesse entender a história.
- Quase, meu caro Jones, não é fato. E é culpa da bêbada da . – fiz-me de brava.
- Obrigado, . – disse Harry para , eu apenas olhei para ambos com os olhos estreitos.
Eu poderia achar que tivesse feito aquilo de propósito na noite anterior, mas ela estava tão mal que não foi mesmo. Além do mais, por que ela faria aquilo e depois daria meu telefone para o cara? Não tem lógica.
Estávamos nos divertindo muito naquela noite, como há muito eu não fazia. Eu ignorava a existência de Harry, mas tinha consciência de seus olhares e aquilo estava mexendo comigo, de formas bem distintas. O modo como ele me olhava me deixava nervosa, eu queria xingá-lo e ao mesmo tempo agarrá-lo e nunca mais soltar. Diante dessa confusão, decidi ir embora.
Part XXIV
Os dias foram passando e eu estava cada vez melhor. James sempre me mandava mensagens ou me ligava, em outras palavras, sempre nos falávamos. Porém, nem tudo era perfeito e sempre eu me encontrava com o Harry, eu ficava mal. Sei que não deveria ficar assim, que o melhor era esquecê-lo e não me importar. Mas se esquece uma pessoa que vemos todos os dias, que está em todos os lugares, que aparece sempre em seus sonhos? Eu não sabia a resposta, mas talvez James pudesse me ajudar. Bem, eu não o estaria usando para esquecer outra pessoa, estaria apenas permitindo que outra pessoa entrasse em minha vida e me ajudasse a solucionar algumas questões.
James tinha me ligado e combinamos de ir até o parque no sábado à tarde. Bem, quem sabe não poderia sair algo dali, não é?
- , a gente vai à praia esse final de semana, quer ir? – perguntou quando me encontrou na saída da Super Records.
- Não vai dar, amiga, já tenho um compromisso esse final de semana.
- Hum, vai sair com alguém? – ela riu.
- Na verdade... – percebi Harry vindo em nossa direção. – vou sim. – ele parou ao nosso lado e mexia no telefone. – Faz um tempo que ele vem me chamando para sair e bem, nesse final de semana finalmente consegui um tempo para isso. - sorri.
- É o mesmo do pub?
- Claro que é! Ou você acha que eu sou o quê? – ri.
- Ah, vai saber, não é?! Do jeito que você é gata, caras atrás de ti é o que não deve faltar. – piscou.
- Claro, claro. – eu ri. – A gente se vê depois, . – fui para o carro.
Estava procurando a chave do carro quando a voz do Harry me assustou.
- Então tem um encontro?
- O que isso te importa? – perguntei olhando-o.
- Apenas quero saber. – deu de ombros.
- Então, para satisfazer sua curiosidade, sim.
- Humm. Que bom. – forçou um sorriso. – Será que eu posso ir à sua casa hoje à noite? – WHAT? O que ele quer na minha casa?
- Não acho que seja uma boa ideia, Harry. – e não era.
- Por favor, . Eu realmente preciso falar com você.
Dei um longo e pesado suspiro e, depois de pensar um pouco, dei-lhe minha resposta.
- Ok, Harry. Apareça lá às 8 p.m. – entrei em meu carro e dei a partida.
Juro que, pelo retrovisor, vi Harry dando um sorriso de satisfação. Oh, God, essa noite será longa.
Quando Harry chegou em casa eu não estava me sentindo muito bem. Um mal estar me dominava, meu corpo todo doía, minha cabeça parecia que ia explodir e estava com um pouco de febre. Que ótimo, estava ficando gripada.
- Nossa, , você está péssima. – Harry disse assim que abri a porta.
- Muito obrigada, Harry, estou me sentindo muito melhor agora. – revirei os olhos.
- Acho melhor nos falarmos outra hora, quando você estiver melhor. Não quero que você fique mais nervosa comigo aqui.
- Como é que é? Você acha que me deixa nervosa? – mas é muito egocêntrico.
- Não, não quis dizer isso. Mas é que o assunto sempre te deixa nervosa e... – ele parou de falar quando percebeu de que se tratava.
- Ok, Harry, então eu agradeceria se você fosse embora, gostaria muito de dormir. – Harry apenas me olhou e saiu.
Eu já estava deitada tinha alguns minutos quando meu telefone começou a me perturbar.
- Mas que inferno! – disse ao atender o telefone.
- ! É assim que atende ao telefone? – a voz da do outro lado me deixou mais irritada.
- Amiga, você sabe que te amo, mas eu preciso muito dormir.
- Harry me disse que você não estava se sentindo bem. O que você tem?
- Aquele fofoqueiro desgraçado! Estou apenas ficando gripada.
- Tem certeza? – respondi com um “Uhum”. – Ok, qualquer coisa me liga.
Nos dias que se seguiram, eu passei com os mesmos sintomas, não melhorava nem piorava. Até liguei para James e desmarquei nosso encontro. E para minha surpresa, ele disse que viria em casa para cuidar de mim, pediu meu endereço e disse que em breve estaria ali. Não demorou nem cinco minutos e minha campainha tocou.
- Nossa, você tem algum teletransportador? – assustei-me por ver James parado ali.
- Não, eu apenas moro aqui do lado. – ele riu. – Somos vizinhos!
Nossa, isso que eu chamo de pessoa desligada. Eu era vizinha do meu affair e não sabia.
James mostrou-se um perfeito cavalheiro, ficou o tempo todo cuidando de mim, sempre ao meu lado, mimando-me.
O tempo passou e, bem, começamos a namorar. No começo ele era um príncipe, enviava-me flores e pequenos mimos pelo menos três vezes por semana no meu trabalho. Mas com o tempo as coisas mudaram. James mostrou-se muito controlador e ciumento, duas coisas que eu não suportava.
- James, eu não acredito nisso! – eu já estava gritando ao telefone.
- , não quero mais você perto dele! – ele também gritava.
- Pois você sabe que não vou deixar meu trabalho por conta de uma insegurança infantil da sua parte!
- Insegurança? Você pensa que eu não sei que ele fica te cercando aí? Pensa que eu não sei dos teus sentimentos por ele?
- James, presta atenção: aqui eu sou estritamente profissional! Saio apenas da minha sala para ir até a sala da ou do Dave, e sempre para falar sobre o trabalho. E por falar nisso, tenho que trabalhar. Tchau, James. – desliguei o telefone e senti a sala toda rodar.
Oh, shit! Aquela sensação de vazio, de perda de sentidos estava voltando. Apoiei-me na mesa e respirei fundo. . Eu ouvi alguém me chamando, mas parecia estar tão longe. . Outra vez. ! A voz agora viera como um grito e senti alguém me chacoalhando.
- , pelo amor de Deus! Responda! – Harry. Harry era quem me chamava.
- Eu estou bem. Estou bem. – soltei-me dele. – Tenho que ir falar com o... com o... – não conseguia me lembrar o nome dele. – Eu tenho que ir.
Desvencilhei-me dos braços do Harry e dos seus olhos preocupados e saí de minha sala, sem saber ao certo aonde iria.
Part XXV
Semanas se passaram e minha relação com James apenas piorava. Tudo era motivo para ele começar uma briga: uma hora porque trabalhava demais, outra hora porque não o deixava trabalhar; minhas roupas que eram curtas; minhas amizades (leia-se: Harry) do trabalho que não era confiáveis. Eu já estava ficando de saco cheio. Felizmente, tinha tido uma ideia brilhante: abriríamos nossa empresa de designers de moda, e com isso, eu me manteria focada em algo que não fosse minhas discussões com James. A empresa se chamaria Devine’s. Adorei o nome e, principalmente, por ficar responsável pela publicidade da marca. Sugeri aos meninos da banda que se vinculassem à marca, lançando roupas e acessórios exclusivos feitos pela Devine’s e isso foi uma bela jogada. Tê-los como parceiros fez nossa marca ganhar ainda mais prestígio.
O dia do lançamento tinha chegado, e eu estava muito nervosa. Nervosa por enfim ver todo o nosso trabalho finalmente pronto, nervosa por querer saber a reação das pessoas, nervosa para que tudo desse certo e nervosa por conta de James, que desde que viu a minha roupa não parou de reclamar. Meu vestido, assim como o de , e , eram exclusivos da Devine’s, as meninas quem os tinham desenhado.
- , vamos logo! E espero que você não use aquele vestido. – James resmungava no andar de baixo.
- Já estou pronta, James! E, sim, vou com este vestido! A o fez exclusivamente para mim, é um vestido da Devine’s e vou usá-lo, quer você queira ou não! – peguei minha bolsa/carteira e saí. – Vamos logo, então. – disse emburrada.
Durante todo o caminho, James não disse uma única palavra, e eu o agradecia silenciosamente por isso. A última coisa que eu precisava era de mais uma discussão antes da festa. Eu já tinha preocupações suficientes para me dar ao luxo de ter um DR agora. Minha cabeça já doía, sentia meus sentidos menos apurados. Respirei fundo e fechei os olhos, tentando mentalizar coisas positivas, mas para minha surpresa, a imagem de Harry invadiu minha mente, então eu abri os olhos e decidi encarar as luzes da cidade.
- Vamos, James, mude essa cara! Ao menos hoje fique feliz, ok?! É muito importante para mim e gostaria que você me apoiasse. – disse-lhe, pegando sua mão e depositando um beijo em sua palma. James me sorriu e estacionou.
Respirei fundo pela, bem perdi as contas de quantas vezes tinha feito isso naquela noite, e saí do carro quando James abriu a porta. Estampei meu melhor sorriso e segui pelo tapete vermelho que nos levava até a entrada da festa.
- , como se sente abrindo esta empresa com suas melhores amigas? – perguntou alguma jornalista.
- Sinto-me ótima! É ótimo trabalhar com pessoas que têm os mesmos pensamentos que você, as mesmas ambições. Mas espero que isso não nos impeça de discutirmos sobre os negócios. É assim que as coisas dão certo. – pisquei e segui pelo tapete, de mãos dadas com James.
Minhas dores e sensações pioraram, então decidi não responder mais perguntas e entrar logo no salão principal. Eu já tinha andado pelo salão, fazendo a social e escutando reclamações de James por meu vestido ser muito curto, por ficarem olhando para mim, por eu não dar atenção a ele... Quando e Dougie chegaram, faltavam apenas Harry e para a festa ficar completa.
- Que demora, hein? – estava irritada, mas dei graças a Deus quando os avistei.
- A mocinha aqui que demora para se arrumar. – Dougie reclamou e revirou os olhos.
- Mas valeu à pena, hein, Dougie? Sortudo, a está maravilhosa. – cara, o Danny não se preocupava com nada, nem com a Georgia.
- Ei, cuidado com o comentário, mate. – brincou Dougie.
- Dougie Poynter com ciúmes? Isso sim é uma novidade. – debochou , fazendo todos rirem.
- E aí, mate, te mandei um e-mail hoje de manhã, mas você nem me respondeu. – disse Dougie para James.
- Foi mal, dude, estava com a cabeça meio aérea. – James me olhou como se eu fosse a razão disso, eu precisava ficar longe dele um pouco.
- , , vamos ao bar? – foi uma afirmação camuflada de pergunta.
Assim que chegamos ao bar, pedimos nossas bebidas e eu desabafei.
- Precisava sair de perto do James, não aguento mais essas brigas. – disse cansada.
- Eu não sei nem o que você está fazendo com ele. – eu também me pergunto isso, .
- Nem eu. Você não deveria nem ter começado. Você é apaixonada pelo Harry, é com ele que você tem que estar. – e seus conselhos amorosos de banca de jornal.
- Harry? Como posso perdoar e confiar nele novamente, me diga? – não podia negar que ainda sentia algo pelo Harry, mas ainda não havia cicatrizado o que ele tinha feito.
- Buenas noches, gatas! – uma toda alegre e sorridente aproximou-se. Certeza que já tinha bebido.
- Está linda, ! – elogiou.
- Obrigada, amiga, você também está perfeita! Não sei como o Dougie não reclamou, esse vestido é curtíssimo. – comentou ela
- Obrigada pela parte que me toca. – brincou .
- Dougie não faz o tipo ciumento. Acho que nem com a Frankie, que andava quase pelada, ele não ligava. O que acho bom, não gosto muito dessas posses de ciúmes. Se eu quisesse homem assim, tinha procurado no Brasil, latinos são possessivos. – fez cara de desdém.
- Concordo plenamente. Sorte a sua que o Doug não é assim, já o James ficou falando do tamanho do vestido do momento que saímos até chegarmos aqui. – revirei os olhos e virei meu copo.
- Por um lado acho ótimo, por outro, pode ser que ele não liga mesmo. – e sua insegurança.
- Ah, , tenha dó! Até parece que ele não liga. Você conhece esses quatro como ninguém, sabe muito bem que o Dougie sempre foi assim, ele não fala as coisas, é muito reservado. – mas vou falar, viu, essa menina precisa de uns tapas às vezes.
- Eu sei! Mas com você, pelo menos, o Harry dizia que te amava. – pegou pesado, .
- Dizia que me amava da boca pra fora? Antes o Dougie que sempre foi sincero com você. – eu preferiria que Harry nunca tivesse dito nada do que ter dito para depois acontecer tudo aquilo.
- O Harry te ama sim, você deveria lhe dar uma nova chance. – fácil falar.
- Concordo. – , sua amiga da onça.
- Ah, não, . Eu não sou igual a você que aguenta estar com alguém que sabe que ainda gosta de outra. – shit! Falei de mais. ficou triste na hora. – Ah, amiga, desculpa, de verdade, eu não queria dizer isso! É que você sempre foi tão determinada e agora fica se submetendo a isso.
- Não se preocupe, você tem razão! Ele sempre vai ser apaixonado pela Francesca, eu que fico tentando de todas as maneiras fazer com que ele me ame! – parabéns, , conseguiu estragar a noite da sua amiga.
- Me desculpe, , mas eu não acho que o Dougie sinta mais nada pela Francesca. Olha lá! – apontou com a cabeça para Dougie. – Desde que viemos pra cá, ele não para de olhar pra você. Isso, sim, é algo que não se vê todo dia no Dougie. Ele é um fofo, mas todos sabemos que ele é reservado ao extremo, por mais que pareça brincalhão. Não fica encarando, não fica se expondo, mas parece que ele mesmo não consegue se conter. Fica com os olhos fixos em você como se estive com medo de te perder de vista. Ele está deslumbrando contigo, amiga.
- Também, você está bem gostosa, né? Até eu pegava fácil. – vamos consertar a burrada que você fez, não é, ? E olha, deu certo! Ela riu!
- Own, não fica triste, . Ele te ama, só não quis se precipitar em falar isso pra você sem ter certeza. – completou .
- Espero que tenham razão, porque agora é tarde. Se ele chegar pra mim e disser que errou e não gosta de mim, ou me trair, não sei como irei suportar. Acho que eu não vou conseguir trabalhar mais com a banda, e isso me mataria. Por isso nunca quis aceitar o quanto era apaixonada por ele.
- Se isso acontecer, o que eu acho que não vai, todas nós iremos estar ao seu lado, amiga! – e eu acabo com a raça dele, acrescentei mentalmente.
- Isso mesmo! E seremos as primeiras a quebrar aquela cara bonitinha loira! – leu meus pensamentos. MEDO!
- Sabem que vocês são as melhores amigas do mundo, né? – já tá ficando manhosa. Melhor parar por aí antes que minha maquiagem borre.
- Lógico que eu sei! – nossa, às vezes, eu acordo me sentindo muito diva.
- Vai se fuder, . – disse isso, mas eu sei que ela quis dizer que me amava, por isso a abracei.
Ficar ali conversando com minhas amigas tinha servido para, além de darmos risadas, esquecer um pouco dos meus problemas. Falamos sobre a festa, que estava sendo um sucesso, falamos de relacionamentos mal resolvidos — meu caso —, alguns clandestinos: e Danny, alguns receosos: e Tom e outros felizes: e Dougie. deu vários conselhos de revista de adolescentes para nós. E uma hora nós percebemos que aqueles conselhos tinham um fundo de verdade. Minutos se passaram e tinha chegado a hora do nosso discurso, na verdade, quem mais falou ali foi a . Eu falei apenas sobre a campanha, falei sobre a participação dos meninos, e e falaram sobre a inspiração para os desenhos e tudo mais. Depois de mais ou menos uma hora e alguns minutos em cima daquele palco, todos decidiram aproveitar a festa, que deveria estar muito boa. Digo isso porque assim que desci do palco, James foi me puxando para o bar.
- Amor, calma! – ri, achando engraçada a afobação dele em querer ficar comigo.
Pena que eu estava enganada.
- Não me venha com essa, ! – ele estava furioso.
- James, o que aconteceu? – estávamos sentados no bar.
- O que aconteceu? Aconteceu a falta de pano nesse seu vestido e os olhares indiscretos das pessoas que estão aqui. – disse nervoso.
- James, o vestido da é mais curto que o meu! Poderiam estar olhando para ela. Aliás, todo mundo estava olhando pra gente lá em cima. – tentava fazê-lo se acalmar.
- Harry Judd não comeu a com os olhos! Ele fica te seguindo com o olhar aonde quer que você vá! – eu o olhei e comecei a massagear minhas têmporas, eu sabia onde aquela discussão iria terminar. – Agora mesmo ele está olhando pra cá.
- James, - respirei fundo e senti minha cabeça latejar mais. – deixe o Harry pra lá! Ele aprontou comigo e não quero mais nada com ele. Eu estou com você! É com você que me preocupo. – tentei me aproximar dele, mas ele se afastou.
- Ele terminou com a Izzy! Isso deve dizer alguma coisa. – ele me olhava acusador.
- Não estou nem aí por ele ter terminado com ela! É tarde pra isso! – disse nervosa, eu sentia que estava ficando cada vez mais difícil respirar.
- Ele terminou pra ficar com você! Ele gosta de você! Ele quer ficar com você.
- James, eu estou namorando você, e já tem um tempo...
- Tempo. – James me interrompeu. – Eu acho que a gente precisa de um tempo.
- Tempo? Não sou relógio! Não vou dar tempo algum!
- Então a gente termina por aqui. – ele disse alterado.
- Eu me pergunto como aguentei isso! Você é inseguro, ciumento, possessivo e eu não suporto isso!
- Então pronto, ! Não precisa mais aguentar porque eu não aguento mais esses olhares, essas atitudes e tudo mais!
James disse isso e saiu do bar, deixando-me sozinha. Eu sentia vontade de chorar, mas nenhuma lágrima saiu. Eu olhava para frente, mas não enxergava nada. O som da festa que eu ouvia antes foi diminuindo até sumir. Estava me esforçando para respirar, mas o ar parecia não chegar até meus pulmões. Apoiei minha cabeça em minha mão, eu a sentia pesada, era como se eu estivesse correndo sem parar de tanto cansaço que sentia. Percebi que alguém havia se sentado onde James estava, forcei minha visão até conseguir identificar quem estava ali. Harry. Senti meu coração acelerar.
- , está tudo bem? – o ouvi perguntar, mas antes que pudesse pensar em uma resposta, a escuridão silenciosa tomou conta de todos meus sentidos.
Harry’s POV
Desde que tinha visto naquele salão, não conseguia tirar meus olhos dela. Estava simplesmente perfeita. O que não era perfeito era o namorado dela: James. Ele era meu amigo, mas de repente começou a se afastar e deixamos de nos falar. Depois do discurso, vi James arrastando para o bar e começar a discutir com ela. Minha vontade era de ir até lá e dizer umas verdades para James, mas minha noção de “não se intrometa”, não me permitia isso. No instante que ele se levantou e saiu do salão, resolvi ir até lá. Ela não me parecia nada bem.
- , está tudo bem? – perguntei, mas a resposta que veio foi caindo para trás, toda mole. – ! – eu apenas gritei e a peguei antes que caísse.
Com no colo, saí dali o mais rápido que pude, indo para uma sala mais reservada. Fechei a porta atrás de mim com o pé e a acomodei no sofá.
Sua respiração estava pesada, como se o ar não fosse suficiente. Ela trazia uma expressão de dor. Puxei uma poltrona e aproximei-me dela. Sua mão estava gelada, mas assim que a toquei, seus dedos se mexeram de forma que seguravam minha mão, como se quisessem ter certeza que eu não sairia dali. E eu não faria isso. Alguns minutos se passaram e nada de acordar, eu já estava ficando preocupado. Eu a vi passando mal algumas vezes no trabalho, mas ela sempre dizia que não era nada, que era a pressão do lançamento da marca e alguns projetos que Dave tinha lhe pedido — segundo o que ela disse ao Tom, porque a mim não dizia nada. Ela não tinha tempo para sentar e comer de verdade, então comia apenas o que fosse prático: como barras de cereais e algumas frutas. Mas isso não me convencia. tinha emagrecido mais ainda. Desde o episódio em sua casa estava abatida, mas não esta noite. Esta noite ela estava linda, meus olhos eram atraídos até ela como imãs. Mas agora toda sua beleza tinha sumido, ela estava pálida, gelada e respirava com dificuldade. Fechei os olhos e comecei a cantar coisas que vinham a minha cabeça, na verdade, era uma música que eu tinha feito com os caras, e que eu tinha me inspirado nela, em todo meu sentimento por ela.
- Onde... onde estou? – abri os olhos rapidamente e olhei para , que abria os olhos lentamente.
’s POV
Minha cabeça doía, meus olhos ardiam e meus pulmões pareciam estar em brasas. Tudo girava. Quando consegui focar minha visão, vi Harry olhando-me com um misto de alívio e preocupação.
- Harry? – perguntei confusa. – O que aconteceu e onde estou?
- Você desmaiou. Sua pressão deve ter caído, pois você ficou muito gelada.
Eu tentava assimilar as informações, Harry começou a dizer o que tinha acontecido até que seu telefone tocou. Não consegui entender muito bem o que ele dizia, mas parecia ser sobre mim. Tentei me sentar, mas minha primeira tentativa falhou. Deitei-me de novo e levei minha mão à cabeça.
- Era a , está preocupada, mas eu disse que cuidaria de você. – Harry disse, dando um sorriso meio sem jeito.
- Obrigada. Mas cadê o James? – foi então que me lembrei da briga e ele terminando nosso namoro. Harry deu de ombros. – Não importa, não temos mais nada. – baixei meu olhar e me concentrei em sentar e depois ficar em pé.
- Hey! Vamos com calma! Eu te ajudo. – Harry disse, amparando-me.
- Toc-toc! – a cabeça de Tom apareceu na porta. – Como está a nossa Bela Adormecida? – esbocei um sorriso. – Que linda, está sorrindo pra mim. – ele piscou.
- Parece que fui atropelada por um caminhão. Alguém anotou a placa? – brinquei, Harry e Tom riram.
- Vou te levar para casa.
- Não! – disse rapidamente. – James vai estar lá e não quero vê-lo tão cedo.
- Mas quem disse que iria te levar para sua casa? É para a minha. – disse Harry.
- Eu vou até sua casa e pego algumas roupas para você. – se prontificou Tom e ao passar por ele, junto com Harry, lhe beijei a bochecha.
Como dito, Harry me levou até a casa dele e Tom apareceu com uma mochila com minhas roupas e coisas pessoais.
- Obrigada, Harry. Você não precisava fazer tudo isso por mim. – disse enquanto me deitava em sua cama, depois que Tom foi embora.
- É o mínimo que devo fazer: tentar te ajudar depois que causei tanta coisa em sua vida. – percebi sinceridade e tristeza em suas palavras.
- Harry, - assim que ele me olhou, passei a mão pelo seu rosto, sentindo aquela barba mal feita que eu tanto adorava. – deita aqui comigo. – percebendo que ele dormiria no chão.
- , não acho que...
- Eu preciso de alguém por perto, estou assustada e preciso de alguém me abraçando. Por favor. – eu o olhava, esperando uma resposta, foi quando ele se deitou ao meu lado e me abraçou forte.
- Eu nunca deveria ter te deixado, nunca deveria ter feito aquilo. Era você, sempre foi você.
- Você não precisa me deixar ir agora. – disse, sussurrando em seu ouvido antes de ser vencida pelo sono. – E sempre foi e será você. – balbuciei, sem saber se ele entenderia.
Part XXVI
Eu não sei por quanto tempo eu dormi, mas ao despertar, não senti mais a presença de Harry perto de mim. Esfreguei meus olhos com os nós dos dedos e me sentei. Percebi que havia um enorme silêncio pelo quarto, que estava escuro devido às cortinas fechadas, apenas uma luz passava pelo vão de uma das portas e eu julguei que ali era o banheiro. Esforçando-me um pouco para ficar em pé, fui até onde Harry tinha deixado minhas coisas e peguei meus objetos para fazer minha higiene matinal. Abri a porta do banheiro lentamente e, naquele instante, prendi minha respiração. Harry tinha acabado de sair do banho e se secava. Involuntariamente, meus olhos percorreram todo o seu corpo, que estava de costas para mim, e minha boca se abriu, soltando um suspiro de desejo. Deus, como eu amava aquelas costas, como eu amava aquele corpo. Oh, God, como eu o amava! Meu suspiro deve ter saído mais alto do que eu imaginava, já que ele se virou, colocando a toalha abaixo da sua cintura.
- ?? – ele me olhava curioso.
- E... Eu... – droga, não conseguia formular uma frase que prestasse. – Desculpe. – finalmente consegui dizer e saí fechando a porta.
Voltei para a cama e senti meu corpo esquentar e, com certeza, minhas bochechas estavam vermelhas. Tudo bem que já o tinha visto nu, mas isso era quando estávamos juntos.
- , você está sentindo alguma coisa? – calor, ah, sim, e como estou sentindo calor.
- Harry, me desculpe. Não sabia que você estava lá. Eu acordei e quando vi que estava sozinha, achei que você tivesse saído. Estava silencioso então fui até o banheiro para tomar um banho, e aí... – ele começou a rir e eu o olhei sem entender.
- Está tudo bem. – ele sorriu. – Afinal, você não viu nada que não tinha visto antes. – senti minhas bochechas ficarem muito quentes e com certeza estava parecendo que eu havia comido pimenta malagueta. – Você fica linda envergonhada. E eu acho que já pode ir tomar banho. Só não tranque a porta, tenho medo que aconteça algo a você. – apenas assenti, e quando fechei a porta do banheiro, um sorriso estampava meu rosto.
estava certa, ele me amava.
Quando saí do banho, senti um cheiro de comida que vinha da cozinha. Escovei meu cabelo e o prendi num coque mal feito.
- Que cheiro bom. – disse ao entrar na cozinha. – Não sabia dos seus dotes culinários. – sorri.
- Espero que goste. – ele disse, colocando um prato com waffles e um copo de suco. – Se não gostar, posso fazer outra coisa.
- Não, está ótimo, de verdade. – sorri e comecei a comer.
No entanto, logo me arrependi de tê-lo feito. Não que os waffles não estivessem bons, estavam maravilhosos, mas meu estômago realmente não estava colaborando. Esforcei-me para terminar de comer, não queria que Harry achasse que eu estava achando ruim.
- E então, já posso casar? – ele riu e eu pensei “Só se for comigo”.
- Desde que eu seja convidada para o casamento. – pisquei.
Então o semblante do Harry tornou-se sério.
- Como você está se sentindo?
- Bem. – ele me olhava como se tentasse descobrir alguma mentira. – Sério, Harry, estou bem. – sorri, tentando tranquilizá-lo.
- Você estava linda ontem. Eu não conseguia deixar de te olhar. Parecia que você era como um imã para os meus olhos. – ele fechou os olhos e sorriu. – Mas aí ele apareceu ao seu lado e começou a discutir com você, minha vontade era de ir até lá e brigar com ele. Eu via como aquilo estava te deixando mal. Finalmente você tira sua máscara, mostra seus sentimentos e aquele idiota te trata daquele jeito. Eu deveria ter ido lá e dado uma surra dele. – o vi fechar os punhos, bem nervoso. – E então, quando ele foi embora, te deixando lá, sozinha, com aquela expressão de dor, resolvi me aproximar. Na verdade, meus pés criaram vida própria e quando dei por mim, estava ao seu lado, mas quando vi você perdendo a cor e os sentidos, entrei em pânico. Não consegui raciocinar direito e tudo o que fiz foi te pegar no colo e te tirar daquele salão.
- Obrigada. – toquei sua face e peguei suas mãos, entrelaçando nossos dedos e depositando vários beijos nelas. – Obrigada por ter me tirado de lá, por ter cuidado de mim...
- , - ele abriu os olhos e quando nossos olhares se encontraram, eu senti como se um choque percorresse meu corpo todo. – por que isso está parecendo uma despedida? Ontem você disse que não eu precisava deixar você ir, e eu não quero que você vá. Eu não quero que você saia da minha vida nunca mais.
Senti seus lábios pressionando os meus e a sua língua pedindo permissão. Lentamente entreabri meus lábios e, finalmente, depois de tanto tempo, senti o gosto do seu beijo. Aquele gosto que eu tanto amava. Pousei minhas mãos em seu rosto e ele aprofundou o beijo no mesmo instante que uma mão apertava minha cintura e a outra afundava em meus cabelos, que já tinham se desfeito do coque. Percebi meus cílios molhados, eu estava chorando, não sabia bem ao certo o porquê, mas eu sentia vontade de chorar. Harry separou nossos lábios ao sentir suas bochechas também molhadas pelas minhas lágrimas.
- Amor, por que você está chorando? – ok, agora, sim, eu senti mais vontade de chorar. Amor. Era tão bom ouvir tal palavra ao som da voz dele.
- Eu não sei. – disse num misto de choro e sorriso. – Devo estar parecendo uma tola. – sequei as lágrimas.
- Nunca te vi chorar. E só quero ver se for de alegria. – deu-me um selinho.
- Eu acho que agora é. – sorri.
- , eu sei que você terminou com o James há menos de 24 horas, mas o que você acha de tentarmos de novo? Sem mentiras, sem mágoas, só coisas boas, apenas você e eu?
Harry me olhava esperançoso e eu apenas sorri antes de pular em cima dele, fazendo-o cair da cadeira.
- Ok, vou considerar isso um “sim”. – ele riu.
- Hum... Harry? – seus olhos voltaram-se para mim. – Eu vou precisar voltar para minha casa.
- Não vou te deixar ficar perto dele. – apertou-me mais forte, como se quisesse deixar claro que não permitiria que eu fosse.
- Minha casa é aquela, minhas coisas estão lá.
- Você poderia morar comigo. – disse simples.
- Amor... – seus olhos brilharam quando pronunciei tal palavra. – minhas coisas estão lá, não posso trazê-las para cá. Não caberia! Sua casa tem tanta coisa já. Além do mais, tem o Peter. Ou você achou que ele nunca mais voltaria de viagem? – ri. – Mas... você poderia ir morar comigo. Minha casa é maior que a sua, caberiam suas coisas. E me sinto sozinha lá. – fiz bico.
- Isso... – deu-me um selinho. – É golpe baixo.
- Mas você vai? – continuei olhando para ele com aquela cara do gatinho do Shrek.
- Vou. Mas até arrumarmos tudo, você fica aqui. – autoritário.
- Tá bom, mandão. – mostrei-lhe a língua e então ele me beijou de novo.
Part XXVII
Já fazia uma semana que eu estava na casa de Harry e as coisas não poderiam estar melhores entre nós. Aliás, parecia que estava melhor para todos. e Dougie estavam namorando firme e forte, estavam muito felizes. Danny estava brigado com Georgia desde antes do lançamento da Devine’s e estava sempre com à tira colo — não dou mais um mês para eles assumirem que estão juntos e então a Georgia-voz-de-gralha será carta fora do baralho. Já o Tom... Bem, o Tom estava, aparentemente, decidido.
- ? - disse enquanto entrava na minha sala na Super Records.
- Hey, baby! – sorri ao vê-lo. – A que devo a honra da sua visita? – sentei-me no sofá juntamente com ele.
- Eu conversei com a Giovanna ontem. Eu disse que não estava certo sobre o nosso futuro, que não sabia exatamente o que queria.
- E o que ela disse?
- Ela disse que achava ser coisa da cabeça dela, mas que ela percebeu que tem certo tempo que estamos distantes, não estamos mais como antes. Pareceu bem compreensiva. Enfim, não estamos mais juntos.
- E a pessoa mais interessada nisso já sabe? – eu sorria, imaginando a reação da .
- Vou contar a ela essa semana ainda. – sorriu meio sem jeito.
- Torço muito por vocês! Espero que deem certo. – disse sincera.
- Eu também. – ele suspirou, pensativo.
- Você sabe que pode contar sempre comigo, mas se fizer a sofrer, eu acabo com você! – fiz uma cara de psicótica e ele riu.
- , você está bem?
Eu estava em pé, estava indo para minha mesa quando senti Tom me chamar e logo em seguida me segurar antes que eu caísse. Escuro. Escuro e silêncio.
Tive que piscar várias até que minha visão se focasse.
- Hey.
- Hey. – disse forçando um sorriso para Harry.
- Como está, ? – Tom me olhava preocupado.
- Minha cabeça dói. – levei a mão até ela.
- Você nos assustou, amor. – mais uma vez não pude deixar de sorrir ao ouvir Harry me chamar daquele jeito.
- Desculpe. – disse num sussurro.
- Quando foi a última vez que você comeu? – Tom queria saber.
- Ontem à noite, e porque ainda a obriguei. – agradeço a nota Harry. – E nem adianta fazer essa cara porque é verdade. – disse após ver minha careta.
- Certo, então, Harry, vá pegar suas coisas que vamos levar a para comer. – Tom parecia autoritário.
Assim que Harry saiu, depois de me ajudar a sentar, Tom veio conversar comigo:
- , você tem que ir ao médico.
- Tom, foi apenas porque eu fiquei sem comer.
- Sim, e semana passada foi por causa da pressão do lançamento e do trabalho; e na outra semana uma gripe. Qual é, ! Isso está se tornando rotina, assim como seus supostos motivos para isso acontecer. E se eu não conseguir te convencer a ir, talvez a e o Harry consigam.
- NÃO! Não quero o Harry envolvido nisso. Não quero que ele saiba.
- Então você tem medo do que possa ser isso. – aquilo não era uma pergunta, era uma afirmação. E ele estava certo, eu tinha medo do que poderia ser.
- Só não quero deixá-lo preocupado, mais preocupado, com o que quer que sejam esses desmaios. – e de fato não queria mesmo. Harry já tinha suas preocupações com o lançamento do CD e tudo mais.
- Você não estaria, hum, grávida, estaria? – percebi o receio ao perguntar, pois se estivesse, o filho seria de James.
- Não, Tom. Eu acabei de ficar menstruada, se isso te alivia. – ri da cara envergonhada dele.
- Hey, já está rindo! – olhei para a porta e vi Harry me esperando.
- Viu? Já estou melhor. – sorri, indo até ele e lhe dando um selinho.
- Mas isso não te livra de ir comer com os caras mais quentes de Londres. – Tom fez uma pose de Superman.
- Certo, e onde eles estão? – eu comecei a rir mais alto com a cara de indignação deles.
Harry então veio ao meu lado e, com a mão embaixo na minha axila, segurou-me, e logo Tom veio e fez a mesma coisa. Conclusão: saí carregada da minha própria sala pelo meu namorado e pelo meu melhor amigo. É ou não é fim de carreira?
Part XXVIII
Havia duas semanas que Harry se mudara para minha casa e, naquela semana, eu ficaria sozinha — ou não — porque eles viajariam para Manchester e eu para Paris, junto com e para o lançamento de uma nova coleção da Devine’s. ficaria em Londres arrumando as coisas para o lançamento de seu livro, sobre o qual eu dei uma singela opinião, na Inglaterra e depois na Espanha.
O melhor foi a visita do Peter, amigo do Harry e que morava com ele, na Super Records. Ele queria saber se Harry ainda estava vivo e onde morava.
- Hey, ! Você sabe por onde anda o Harry? As coisas deles sumiram de casa.
- Ele está morando comigo, mas antes ele queria que eu fosse morar com ele, na casa de vocês. Você ficou tanto tempo viajando que ele esqueceu que vocês moravam juntos. – ri.
Harry logo apareceu na minha sala e começamos a conversar os três, colocando o assunto em dia e contando as novidades para Peter, que se divertia ao saber das loucuras.
- Eu não acredito que você não avisou ao Peter que veio morar comigo. – deixei minha bolsa no sofá.
- Oras, ele irá sobreviver. – abraçou-me por trás. – Falando em sobreviver, minha mãe quer que a gente vá almoçar com ela antes que eu viaje.
- Bom, levando em consideração que você irá viajar em dois dias, temos de ir amanhã? – com cara de óbvio.
- Se não quiser ir, eu invento uma desculpa.
- Não, amor, a gente vai. – dei-lhe um selinho. – Mas agora eu preciso de um banho.
Enquanto me despia no banheiro, vi minha imagem refletida no espelho. Aquela visão me pareceu tão estranha, já tinha retirado a maquiagem e pude ver o quão profundos estavam meus olhos. Os ossos da minha face estavam mais evidentes, havia algumas marcas pelo meu corpo que, por estarem mais escuras, julguei serem antigas. Passei a mão pelo meu ombro e percebi como minha clavícula estava protuberante. Senti meus olhos molhados. O que quer que eu tivesse, estava acabando comigo. Tom tinha me acompanhado até o médico, mas os exames ficariam prontos apenas na semana que vem.
Coloquei meu roupão quando percebi que Harry estava parado na porta do banheiro. Parei de chorar e respirei ofegante, virando-me para ele. Por um momento houve silêncio. Harry estava olhando meu rosto vermelho, eu o olhei de volta, com as costelas subindo e descendo, o sangue batendo nos ouvidos. E de repente ele se curva e me beija.
- Achei que fosse precisar de uma ajuda no banho. – arrancou um sorriso dos meus lábios.
Foi então que eu percebi que Harry estava apenas com sua cueca boxer e que me sorria meigamente. Quem diria que o senhor Arrogante, sorriria assim para mim. Sorri de volta e tirei meu roupão enquanto puxava Harry para o chuveiro comigo. O banho foi repleto de brincadeiras, carícias e trocas de declarações de amor.
Terminei o banho e fui para o quarto, estava cansada. Harry ficou no banheiro, fazendo a barba, ou melhor, deixando-a do jeito que gosto, malfeita.
Harry saiu do banheiro e meu olhar encontrou com o seu. Sinto meu corpo pinicar. É incrível como ele consegue me fazer esquecer tudo. Lentamente, ele anda em minha direção e consigo sentir o cheiro do perfume de sua loção pós-barba e ouvir o ruído de sua camisa de algodão enquanto ele se movimenta. Ele para bem na minha frente.
- Você está bem?
- Estou sim, amor. Por quê? Você quer conversar ou alguma coisa?
- Nós podíamos só conversar ou alguma coisa. – ele repete e lentamente levanta as mãos até envolverem meu rosto.
E depois ele me beija.
Sua boca está na minha, gentilmente separando meus lábios e sinto uma flechada incandescente de excitação. Suas mãos estão descendo pelas minhas costas e envolvendo meu quadril, passando os dedos sob a barra do shorts do meu pijama. Depois ele me puxa apertado contra ele e, de repente, acho difícil respirar.
E está mais do que óbvio que não vamos conversar muito coisa nenhuma.
Harry está deitado de costas, minha cabeça descansa em seu peito. Ouço as batidas de seu coração. Aperto-me mais contra seu corpo.
- Amor, tá tudo bem? – ele passa suas mãos pelo meu cabelo.
- Está sim. – dou um beijo em seu peito. – Apenas não consigo dormir. Você poderia cantar para mim, né?! – faço manha.
- Humm, e qual música você quer que eu cante?
- Hero. – digo de pronto.
Harry começa a cantar baixinho uma das canções que eu mais gosto sem ser da banda.
Quando o som de sua voz atinge meus ouvidos, é como se nada pudesse me atingir, é como se o mundo lá fora não existisse. Queria que o tempo parasse.
O almoço na casa da mãe do Harry foi ótimo. Emma foi uma fofa comigo: super atenciosa e preocupada com minha magreza. Harry lhe disse para não se preocupar, que eu tinha acabado de sair de uma gripe muito forte, mas que já estava me cuidando para recuperar meu peso. Quando conheci o pai dele, Chris, eu soube na hora de quem Harry herdara seu lado de Lord. O pai dele era um verdadeiro Sir. Educado, simpático, atencioso e inteligente. Porém, aquele dia passou mais rápido do que eu esperava e, no dia seguinte, Harry estaria indo para Manchester e eu para Paris.
A viagem para Paris foi maravilhosa. Óbvio que eu quase não tive tempo para bancar a turista, pois o lançamento ocupava todo o meu tempo. Eu só venho a Paris quando é a trabalho, fala sério. Harry me ligava sempre que chegava dos shows e cantava “Hero” para eu dormisse. E dessa vez eu não achei ruim que os dias passassem rápido. Queria voltar para minha casa, queria voltar para o meu namorado.
Durante os dias que estava na França, tentei falar com diversas vezes, mas ela não me atendia e nem respondia minhas mensagens ou e-mails. E assim que cheguei em casa, já em Londres, pude perceber o motivo de ter sumido. Estampado bem na capa da Star Magazine estava uma foto do Dougie beijando Frankie. Na hora chamei as meninas e fomos até o apartamento de . Ao chegarmos lá, vimos que ele estava exatamente como antes, a não ser pelo seu closet vazio. Em cima da mesa de centro da sala estava a revista que trazia a traição de Dougie. Ao imaginar tudo aquilo que minha amiga estava sentindo, meu sangue começou a ferver.
deixara um bilhete, mas não dizia aonde tinha ido. Enquanto e estavam na sala tentando entender o que tinha acontecido, eu fui até seu quarto. Tinha de haver alguma pista que me dissesse onde aquela louca estava.
Estava no quarto de sentada em sua cama, pensando, quando ouvi vozes vindas do andar debaixo. Entre uma das vozes, pude distinguir a do Dougie. Como ele tinha a cara de pau de aparecer depois do que aprontou? Senti uma raiva imensa e uma vontade de matar alguém. Saí do quarto decidida a torturá-lo e depois matá-lo. Meus passos eram firmes e rápidos. Dougie, assim que me viu, pôde perceber como eu estava.
- SEU FILHO DA PUTA, IMBECIL! COMO TEVE CORAGEM DE FAZER ISSO, COMO? – eu já estava indo para cima dele quando senti alguém me segurando pela cintura.
Eu me debatia tentando me soltar e dar alguns tapas naquele moleque!
- ME SOLTA, HARRY! ... EU VOU TE MATAR, DOUGIE! ELA CONFIOU EM VOCÊ, COMO PÔDE?
Tom veio ajudar Harry a me segurar, quem diria que um dia fossem necessários dois homens para me segurar?
- , as coisas não aconteceram bem assim... – disse Tom.
Mas eu não ouvia, só queria me soltar e espancar aquele, aquele... desgraçado! Quanto mais eles diziam para que eu ficasse calma, mas eu me debatia. Foi aí que eu dei um chute bem na parte mais sensível do Tom e uma cotovelada no estômago do Harry e, nesse momento, eles me soltaram e eu finalmente consegui meu objetivo: bater no Poynter. Eu dei vários tapas em seu rosto, socos em seu braço e estômago e alguns chutes. Dougie permanecia estável, não se mexia, parecia não se importar em apanhar. Ele sabia o que tinha feito.
- VOCÊ NÃO A MERECE, DOUGIE, NÃO A MERECE!! DEPOIS DE TODA A PACIÊNCIA QUE ELA TEVE, DEPOIS DE TER FEITO TUDO POR VOCÊ. DEPOIS DE TER TE ENTENDIDO E TE ESPERADO TODO ESSE TEMPO. VOCÊ É UM DESGRAÇADO, INFELIZ!
- , CHEGA, NÃO FALE ASSIM COM O DOUGIE. VOCÊ NÃO SABE O QUE ACONTECEU!! – Harry gritou comigo enquanto me segurava e me tirava de perto de Dougie.
- AH, CLARO! E VOCÊ O DEFENDE PORQUE FEZ A MESMA COISA, NÃO É? VOCÊ NÃO SABIA COM QUEM FICAR E RESOLVEU FICAR COM AS DUAS, NÃO FOI, DOUGIE? – ele permanecia em silêncio, aliás, todos estavam em silêncio agora. – RESPONDE, DROGA! – eu estava nervosa, irritada e tudo mais.
- ... – Harry falou mais baixo. – Você tem que se acalmar. E não fale sobre aquilo que fiz. Você não sa...
- É, eu não sei o que aconteceu e blá-blá-blá. Mas eu sei que essa foto foi publicada e que minha melhor amiga sumiu por conta disso! – disse chorosa.
- , eu...
- Não quero ouvir sua voz, Dougie! – saí da sala e fui novamente para o quarto da .
Eu estava no meio da escada quando senti algo como uma força me puxar para trás, minha cabeça pesou, meus joelhos vacilaram e quando fechei os olhos, a escuridão durou mais do que eu esperava. Quando acordei, sentia fortes dores na cabeça e em todo meu corpo, era como seu tivesse sido atropelada. Olhei em volta e tudo o que eu via eram paredes brancas e o Harry sentado todo sem jeito num sofá que não parecia muito confortável.
- Ha... – minha voz estava fraca. – Ha...rry.
- ? Você está bem? – ele atravessou a distância entre a cama e o sofá muito rápido.
- O que aconteceu? – perguntei confusa.
- Você desmaiou depois de brigar com o Dougie. E caiu da escada.
- Isso explica porque estou com dor. – ri sem graça.
- Você deixou todos preocupados. Dougie está se sentindo culpado.
- Diga que isso não foi culpa dele, mas ele é culpado pelo o que quer que aconteça com a . – disse rancorosa.
- Ele acha que você não quer vê-lo, então me pediu para te entregar isso. – colocou em minhas mãos um papel dobrado. – Leia quando se sentir melhor.
- Quanto tempo eu fiquei assim?
- Dois dias. Foram feitos alguns exames. E bem, parece que você tem uma anemia profunda, que precisa ser tratada. – pelo tom na voz do Harry, eu percebi que não era só isso, mas decidi não perguntar.
- Quando posso ir embora?
- Terá que ficar mais uns dias. – ao ouvir isso, revirei os olhos. – Agora que você acordou, acho que posso ir para casa tomar banho. – cheirou sua camisa e isso me fez rir. – Não saia daí.
Assim que Harry saiu, vi que havia uma pequena bolsa com roupas, meus itens de higiene e minha carteira com meus documentos e cartões. Levantei-me com certa dificuldade e fui ver meu prontuário. Ter feito faculdade na área de saúde me ajudava em termos médicos. E foi então que eu vi que não tinha uma simples anemia profunda. Digo simples porque perto do que eu tinha, tudo era simples. Respirei fundo e lembrei-me de uma pessoa. Eu precisava falar com ela e sabia onde encontrá-la. Bom, ao menos sabia o país e a cidade. O resto seria de improviso e com um golpe de sorte.
Saí escondida do hospital, peguei um taxi e fui até o aeroporto. Comprei a passagem e resolvi ler a carta de Dougie. Lá ele me explicava tudo o que tinha acontecido e bem, eu resolvi dar um voto de confiança, afinal eu não estava lá para ver o que tinha acontecido e Harry confiava nele. E se eu dei uma chance para o Harry quando ele fez tudo aquilo comigo, poderia dar meu braço a torcer pelo Dougie e resolvi, tentar, explicar a situação para a .
Eu estava fazendo uma loucura e Harry me mataria quando voltasse e não me encontrasse. Deixei apenas um bilhete que dizia para ele não se preocupar e que voltaria logo.
Já era noite quando desembarquei. Perguntei para todos que encontrava se sabiam onde ela morava. Por sorte, encontrei um entregador de pizza que me disse que faria uma entrega e bem, pelo nome, só poderia ser ela. Peguei a pizza dele e dei certa quantia para que me dissesse onde ela morava. Quando achei o apartamento, tive que subornar o porteiro para que me deixasse entrar. Assim que toquei a campainha, ela veio atender. E quando me viu, fez uma cara de surpresa.
- Achou mesmo que eu não saberia onde te encontrar? – disse parada na porta, segurando uma pizza.
Part XXIX
- ?
- Não, a Mulher-Maravilha. – respondi irônica. – Vai ficar parada aí até quando? – perguntei já dentro do apartamento.
- , o que você está fazendo aqui? Quem sabe que você está aqui? E como me achou?
- Uma pergunta de cada vez. Primeiro, eu vim aqui porque achei que tinha que vir. E ninguém sabe que estou aqui. E, por último, em uma das nossas conversas de bêbadas, você me disse que se tivesse que fugir para algum lugar, seria para Madrid. Eu me lembrei de que você amou este bairro quando viemos nas férias do ano retrasado pra cá. Sou ou não sou uma boa amiga, ?
- E cadê suas coisas? Malas?
- Bom, eu meio que fugi para vir aqui. Ninguém sabe e eu acho que a essa altura do campeonato, o Harry já deve ter colocado até a Scotland Yard atrás de mim.
- Fugiu? Como assim?
- De fugas você entende, não é? Aliás, acabou de fugir pra cá. Eu estava no hospital, aproveitei que Harry foi para casa e vim pra cá. Mas não vim até aqui para falar de mim... Vim falar do que aconteceu. – a encarei.
- Não quero falar sobre aquilo, não quero falar sobre ele.
- , você precisa falar com ele. Dê a ele uma chance de se explicar.
- Ele me traiu! E com a Frankie!! – disse alterada. – E você quer que eu lhe dê uma chance?
- Me diz uma coisa, o que o Harry fez comigo não foi a mesma coisa? Aliás, até um pouco pior. Ele me enganou todo aquele tempo. O Dougie só beijou a Frankie uma vez!
- Agora deu para defendê-lo?
- Não estou defendendo ninguém, . Mas você mesma me disse para dar uma chance ao Harry, lembra? Você deveria ouvir seus próprios conselhos. E se você quer saber, minha raiva pelo Dougie foi tanta que eu até bati nele. E teria batido mais se o Harry não tivesse me segurado.
- Você bateu nele? – ela perguntou chocada.
- Queria que eu desse os parabéns pela merda que ele fez? Mas enfim, ele escreveu isto aqui. – entreguei-lhe a carta. – Ok. Eu leio então. – disse ao perceber que ela, aparentemente, nem ligara.
“
Primeiro quero pedir desculpas pelo que aconteceu. Não queria que você passasse mal, caísse da escada e fosse parar no hospital.”
- Você estava no hospital porque passou mal porque brigou com o Dougie? – quantos ‘porquês’, hein?
- Deixe-me terminar de ler.
“E, também quero me desculpar pela ter ido embora.
Juro que nunca, jamais, sequer passou pela minha cabeça magoá-la de qualquer forma. Aquela foto foi um tremendo mal entendido. Quero dizer, aquele beijo aconteceu, mas a Frankie armou tudo. Depois do show, os mates e eu fomos até esse pub para relaxar — ideia do Danny — e a Frankie estava lá. Eu já tinha bebido um pouco, estava com saudades da e a Francesca aproximou-se para me cumprimentar. No princípio achei que fosse apenas pela boa educação, mas quando dei por mim, a mão dela já estava em minha coxa e sua boca colada na minha. Conhecendo-a como a conheço, deve ter visto que havia um fotógrafo por perto e quis se aproveitar da situação. Pode perguntar ao Harry, tão logo ela me beijou, eu já me afastei dela, mas é claro que as revistas não publicariam isso. Elas só querem ferrar com a nossa vida.
Resumindo, foi isso o que aconteceu. Sei que será difícil da me perdoar, e acho que você também ficará com raiva de mim por um bom tempo, mas quero que saiba que nunca tive a intenção de fazer qualquer coisa que fosse ferir a e ainda mais afastá-la de mim... Eu sei que a perdi. Só espero que um dia eu posso reencontrá-la e recomeçar de novo.
Espero que você fique boa logo e, bem, obrigado pelos tapas, eu merecia e mereço mais.
Dougie.”
Olhei para a e vi seu olhar parado. Eu conhecia aquele olhar. Ela estava pensando em tudo aquilo.
- , você está bem?
- Estou. – simples. – Acho que você vai querer uma roupa para dormir, não é? – disse depois de um longo período de silêncio.
- É, acho que sim. Meu voo sai amanhã às 10 da manhã.
me mostrou onde eu dormiria e me emprestou uma roupa mais confortável — o problema era que a roupa era composta por um short. Olhei para minhas pernas e vi as marcas. Aquilo me chamou de volta à realidade. Harry deveria estar furioso, preocupado e mais furioso. E eu não queria que a me visse daquele jeito.
- , você tem uma calça? – perguntei do quarto.
- Calça? Mas, , está calor. – respondeu do corredor.
- Eu sei, mas me sinto mais confortável assim. – desculpinha.
Eu estava esperando que a batesse na porta, mas por ser minha melhor amiga, foi entrando sem avisar e parou ao me ver.
- O que aconteceu com você? – perguntou ela assustada.
- Eu devo ter batido em algum lugar. – dei de ombros.
- Batido? , eu não sou otária! E essa magreza toda? Está treinando para ser modelo anoréxica? – ela me olhava de cima a baixo.
Sentei-me na cama e comecei a chorar. sentou ao meu lado e começou a mexer em meu cabelo. Logo, eu estava deitada em seu colo aos prantos e ela me consolando.
- Eu preciso de você, . Se você não quiser voltar para conversar com o Dougie, volte porque eu preciso da minha amiga. – disse chorosa.
- O que você tem, ? De verdade. – ela perguntou séria.
- Uma anemia severa. – dando a mesma explicação que o médico deve ter dado ao Harry.
- Bullshit! – respondeu brava. – Você não tem apenas uma anemia. Eu vi o Tom preocupado com você, o Harry também. Você saindo para ir ao médico com o Tom. – a encarei. – Eu sei de tudo.
Sentei-me novamente e sequei minhas lágrimas.
- Você vai voltar?
- Não sei, .
- Bom, eu tenho que dormir. Amanhã cedo eu tenho que voltar e ouvir o sermão do Harry e do Tom. – dei o assunto por encerrado.
Se aquela teimosa e cabeça dura não queria voltar, eu não iria obrigá-la. Mas eu tinha que voltar. Tinha que resolver minha vida, cuidar dela.
Part XXX
Abri a porta de casa o mais silenciosamente que consegui. Quando entrei, vi Harry dormindo sentado no sofá com o celular em uma mão e o telefone na outra. Embora estivesse adormecido, tinha uma expressão de preocupação no rosto. Subi até meu banheiro e tomei um banho, ao descer para a sala, notei que Harry ainda dormia. Fui até a cozinha e preparei um café para que tomasse quando acordasse, levei a xícara com o café fumegante até a mesa de centro, sentei-me ao seu lado com cuidado para não acordá-lo e então me aconcheguei em seu peito.
- ... – ele sussurrou meu nome dormindo.
- Shh... Estou aqui, Harry. – dei um beijo em seu queixo que o despertou.
- ? – meio sonolento. – Onde você estava? – e lá se foi o sono.
- Harry, eu estou bem, ok? Não aconteceu nada que possa te preocupar.
- Como não aconteceu nada? Você tem noção que fui até o hospital e você não estava lá e ninguém sabia onde você estava? E você ainda me diz que não aconteceu nada que pudesse me preocupar?!
- Harry, eu tive que sair. Precisava fazer uma coisa.
- E que coisa é essa que é mais importante do que a sua saúde?
- A . Eu fui atrás dela. Mas foi em vão. – disse chateada.
- Eu fiquei preocupado com você. Não saberia o que fazer se algo acontecesse a você. – abraçou-me forte. – Eu te amo, garota implicante, fresca, mimada e chata.
- Que bom que você me ama mesmo eu sendo tudo isso. – ri. – Toma, fiz café pra você.
- Há quanto tempo você chegou? – ele tomou um gole da bebida.
- Mais ou menos há uma hora.
- Você precisa ir ao hospital. – olhou-me sério.
- Não. – ele me olhou espantado. – Agora eu quero ficar com meu namorado, estou sentindo saudades dele. – dei-lhe um selinho.
No mesmo instante, aquele singelo toque entre nossos lábios transformou-se em um maravilhoso beijo. Já disse o quanto amo o beijo dele? Não? Então que fique registrado, eu A-M-O o beijo do Harry. E nem preciso dizer que o beijo foi só o começo do que aconteceu, não é? Mas para satisfazer a curiosidade e me deixar com gostinho de quero mais, vou dizer, não detalhadamente, porque a censura não me permite contar o que aconteceu — devo ser louca por formular tudo isso na minha cabeça. Logo as mãos do Harry já estavam embaixo da minha blusa acariciando minha barriga e minhas mãos também já estavam trabalhando, mas em suas costas. Num piscar de olhos, nossas roupas já estavam espalhadas pela sala e nós dois nos unimos.
Eu não me lembro de muita coisa depois que Harry e eu nos desconectamos, mas quando acordei, estava na cama enrolada no edredom. Levantei-me um tanto cambaleante e fui até o banheiro, devo ter dormido mais do que o normal, pois meus olhos estavam fundos e com olheiras arroxeadas. Se a me visse assim, mandaria-me para um SPA — o que não seria má ideia. Tomei um banho e coloquei uma roupa de frio, afinal, eu estava com frio e passei um pouco de maquiagem para disfarçar minha situação lamentável. Quando desci para a sala, vi que todos os meninos, e estavam por lá — até mesmo o Doug, que parecia não saber muito bem como agir. Cumprimentei todos e disse para Dougie ficar tranquilo, que já estava tudo resolvido, pelo menos da minha parte.
- Então, já que nossa bela adormecida acordou, podemos começar com o churrasco? – tinha que ser o esfomeado do Tom.
- Também estou feliz em te ver, Fletcher. – ironizei.
Todos já estavam no quintal, rindo e conversando. Eu estava na cozinha, com o Harry, preparando uma salada.
- Amor, você está com frio? – ele me perguntou e então eu reparei que ele estava de bermuda e sem camisa.
- Er... Para ser sincera, estou. – dei de ombros.
Harry colocou a costa da mão na minha testa, medindo minha temperatura.
- Você está um pouco quente. Se não estiver se sentindo bem, vá deitar. Eles são nossos amigos, vão entender.
- Não, amor, eu estou bem. Assim que sentir calor, eu troco de roupa. – dei-lhe um demorado beijo e fui para junto dos outros.
Harry foi até a churrasqueira, Tom, e vieram para perto de mim, enquanto Danny e Dougie exilaram-se perto da piscina.
- , onde você estava ontem? Harry quase teve um treco porque você sumiu! - disse .
- Fui ver a . - disse simplesmente e eles me olharam como se eu tivesse acabado de confessar um assassinato.
- A ? Onde ela está, , está bem? – Tom estava eufórico.
- Ela está como você a conhece, Tom. Superando tudo com a fortaleza que ela sempre demonstra ser. - dando de ombros.
- Ela não é tão forte assim, eu quero vê-la, onde ela está? Vou convencê-la a voltar. - boa sorte Tom!
- Tom, me desculpe, mas eu prometi que não diria e não direi. - eu cumpria minhas promessas, ou quase todas.
- Ela sabe o que faz, Tom, é bem grandinha. – falou Harry impaciente.
Harry estava muito irritado ultimamente. O sumiço da , depois o meu, o fato de estar doente e ele achar que eu não importava com isso, a finalização do álbum que estava mexendo com todo mundo. Tudo aquilo estava acabando com ele. Mas eu não aguentava ver como ele estava tratando as pessoas.
- Eu não sei por que está com tanta raiva da . Pelo que eu sei, foi o Dougie quem a traiu. – eu não havia gostado nada do jeito como ele tratou o Tom.
- O Dougie está sofrendo pra cacete, . E da mesma maneira que você sofre pela sua melhor amiga, eu sofro pelo meu . - eu apenas o encarei, estava pronta para dar uma resposta, mas resolvi deixar por isso mesmo.
- Eu não sei porque vocês ficam dando tanta ênfase pra . É sempre assim, desde que a conheceram. O Danny então, nem se fala, parece que ela largou dele, não do Dougie. – estava irritada e muito enciumada.
- , você sabe que a e o Danny são muito apegados. Ela não largou só o Dougie, o largou também. Como a banda e como todos nós. - eu falei com toda a calma do mundo.
- Eu acho que ficam a bajulando demais. Tudo já foi explicado, ela não voltou porque não quis. – estava impaciente.
- , me estranha você, uma das melhores amigas dela, falar isso. - agora ficava irritada.
- Não é isso! Só acho muito drama da parte de todos.
- Drama? O que é drama pra você, ? – Harry levantou a voz, assustando a todos. – Você trabalha todos os dias na sua empresa, faz suas coisas sem problema nenhum. O que aconteceu entre o Dougie e a não afetou você em nada. Já a nós, afetou muitíssimo. A , além de ser alguém especial para todos nós, coisa que eu pensava que também era para você, também trabalhava conosco. Nosso novo álbum, que trabalhamos tanto para sair perfeito, está desmoronando. O Tom não consegue terminar as últimas composições porque estava acostumado a compor com a . O Danny não pode ajudar porque está péssimo, o Dougie então, nem se fala. Estamos todos perdidos porque ela tinha o controle de todo o trabalho, já que o Tommy e o Fletch, passaram essa responsabilidade para ela. A – Harry apontou para mim. – não está bem. E ela não quer me dizer o que tem, mas é visível que algo está acontecendo, coisa que me deixa mal. Ela desapareceu ontem sem avisar ninguém, quase me matando de preocupação. Então me diga você, cadê o drama aí? Porque eu não estou vendo.
Harry não gritava, mas o modo como falava assustava a todos. Eu apenas o olhava triste e preocupada.
- Eu não acho que o problema de vocês seja um drama, eu só acho que vocês dependem muito da e a tratam com muita devoção mais do que deveriam. Devia dar todo esse carinho para a sua namorada. - e quem disse que ele não me dá carinho?
Olhei para Harry novamente e vi que agora ele realmente tinha ficado irritado, sua cara fechou e também seus punhos. Ainda bem que eu sei que ele não bate em mulher. Não é?!
- Já chega, . Lembre-se de que viemos de países diferentes e temos culturas diferentes. Não estamos acostumados aqui a dar satisfação da nossa vida para ninguém. Se somos ou não dependentes dela em relação ao nosso trabalho é um problema apenas nosso e da nossa equipe, não vou aceitar palpites de ninguém. Muito menos por você falar tudo isso por ciúmes da com o Danny. Agora, quanto a minha vida pessoal com a , não quero que se meta, entendeu? Se tem alguém que pode reclamar alguma coisa pra mim é a minha namorada, apenas ela, e não a vi falar nada até agora. Talvez porque ela seja madura o suficiente para distinguir dois tipos de sentimentos: um a amizade que tenho pela e outro o que sinto por ela. Coisa que você não parece saber fazer em relação ao Danny. Sempre agimos assim com a , desde que a conhecemos. Quando conhecemos vocês, nada mudou. Por que você acha que agora nós teríamos que mudar nossa maneira de agir só para agradar a você ou a qualquer outro? – Harry parecia soltar tudo o que lhe irritava e cansava.
- Não precisa falar assim comigo, Harry. – disse .
- Então não se meta mais onde não deve. – respondeu Harry de uma maneira séria e imponente, mas sem gritar.
Hazz saiu de perto, irritado, e entrou na casa.
- Harry! – gritei preocupada com tudo aquilo. Apenas lancei um olhar repreensivo para e fui atrás dele.
Harry tinha ido para nosso quarto e entrado no banheiro.
- Harry? - bati na porta, preocupada.
Logo ele abriu a porta e me abraçou muito forte. Seus olhos estavam vermelhos e sua expressão ainda era de irritação. Fiquei passando a mão pelas suas costas na esperança de acalmá-lo.
- Hey, está tudo bem. – disse, dando-lhe um selinho. - A merecia ouvir tudo aquilo. A insegurança dela ainda vai ser a perdição no relacionamento dos dois. Mas fiquei preocupada com a sua reação, Harry. Nunca te vi tão irritado assim.
Harry partiu nosso abraço e me puxou para sentar ao seu lado na cama.
- Estou esgotado, . E a última coisa que eu preciso agora é ver a tendo crise de ciúmes por causa da e do Danny. Eu sei que o Danny é extremamente próximo da , mas ele escolheu a e não ela.
- Ela sempre foi insegura. Todo mundo sempre gostou mais da , mas é por causa do jeito dela. Eu sou a reservada, a e a são as quietas, as centradas. Mas não se preocupe, se ela começar de novo, eu falo com ela, ou a mesmo fala. Nem que eu tenha que levá-la até a .
- Esse seu jeito reservada, de achar que pode resolver tudo sozinha, também está acabando comigo. Você não me diz o que tem. Está sempre cansada, emagreceu muito, tem essas marcas pelo corpo. - passando a mão em meu rosto. - Quero saber o que acontece.
- Harry, você sabe o que eu tenho. O médico te disse. Agora, - fiquei em pé e o puxei. - vamos mudar essa cara e vamos ficar lá com nossos amigos.
Tínhamos acabado de voltar para a área da churrasqueira, quando vi a cena mais cômica do meu dia, talvez do ano! Danny Jones levou um tremendo tombo na piscina. Eu estava deitada na espreguiçadeira e gargalhava até não poder mais, Harry sentou-se no chão de tanto rir. Aquele tombo do Danny na piscina serviu para aliviar um pouco o clima.
O telefone tocou e saiu correndo para atendê-lo e se afastou um pouco para ouvir a outra pessoa, porque ainda ríamos. Foi quando ouvimos ''. Com certeza era a ligando.
Dougie ficou desesperado querendo saber o que ela queria, quando desligou. Tom teve que acalmá-lo.
- Ela só ligou para saber da . Estava muito fria comigo. Ah! – todos me olharam. – Ela te mandou um recado, .
- Qual?
- Disse que se precisar dela é só procurá-la e que a resposta para o que você lhe perguntou ontem, era... Não.
- O que ela quis dizer com esse “Não”, ? – perguntou Danny.
Eu apenas suspirei triste e olhei para Danny e depois para Dougie. Era minha esperança indo embora.
- Eu... perguntei ontem se ela ia voltar e me disse que não sabia. Pelo jeito essa foi sua resposta final.
- Como você falou com ela? Você sabe onde ela está, não sabe? Por que não me disse nada? – perguntou Dougie, um pouco irritado.
- Sim. Eu desapareci ontem porque fui vê-la e me desculpe, Dougie, mas ela é uma das minhas melhores amigas. Tenho certeza que se fosse ao contrário e perguntasse ao Harry a mesma coisa, ele não diria se você não quisesse.
Dougie logo depois foi embora. Ele estava arrasado. E era uma cabeçuda. Pelo visto, eu teria que ir falar com ela de novo.
Todos já tinham ido embora e eu estava deitada em minha cama, olhando para o teto enquanto Harry tomava banho.
- Em que tanto pensa? - apareceu no quarto com a toalha enrolada na cintura.
- Penso que se não estivesse com preguiça, tiraria essa sua toalha agora. - ri e logo ele a tirou e jogou em cima da cama.
- Problema resolvido. - safado.
- Hey! Toalha molhada em cima da cama não! - ri e então me sentei na cama. - Estava pensando no Dougie. - ele me olhou com a sobrancelha arqueada. - E na . Acho que eu tenho que ir falar com ela de novo.
Harry me olhou com os olhos arregalados.
- Você não vai! - disse autoritário.
- Amor, - levantei-me e segurei seu rosto. - eu preciso ir. Ela é minha amiga e eu sei que está sofrendo com tudo isso. Vou amanhã cedo. Eu já decidi e comprei a passagem.
Harry suspirou pesadamente e passou a mão pelos cabelos molhados.
- Você vai, mas quando voltar, irá para o médico. E vai me dizer exatamente o que ele disser que você tem. - eu apenas sorri e o beijei.
***
Cheguei a Madrid quando passava de 12 pm. Peguei um táxi e fui para a casa da . Nem me dei ao trabalho de tocar a campainha, já fui logo entrando. E estava rolando uma pequena reunião entre , e . Para variar, o ciúmes da era a pauta do momento.
- , o sentimento que tenho por eles é muito diferente do que você está pensando.
- Tirando o Dougie, lógico! – completou .
- Concordo plenamente. Pelo menos com o Harry, eu estou super segura. Eles dois jamais ficariam juntos. Caso o contrário, seria a terceira guerra mundial. Dois mandões não dão certo!
- O QUE VOCÊ ESTÁ FAZENDO AQUI? – gritaram e ao mesmo tempo.
- Pelo jeito, o mesmo que vocês. Não sabia que viriam. E eu que achei que teria um pouco de paz. – eu estava precisando mesmo.
se jogou no sofá, cobrindo a cabeça com o travesseiro.
- Ah, eu mereço! – resmungou.
- Eu não sei se você me merece, não. Sou muito especial. – joguei-me no outro sofá.
- Cale a boca, ! – revirou os olhos.
- Ei, vê se não vão pegar meu quarto. Eu vi primeiro.
- Folgada! – bufou .
- Seu quarto? – levantou a cabeça e me olhou.
- Lógico. Pode falar que você pegou essa casa pensando na gente. Tem quatro quartos, certinho. E nem adianta falar que são pros quatro Mchatos porque desta vez eles são as últimas pessoas que você quer ver.
- Aliás, você comprou esta casa? – perguntou .
- Não! Aluguei. Não sei quanto tempo vou querer ficar aqui.
- Você não vai aguentar ficar muito tempo longe dos quatro, da Super Records e da banda. – disse convicta.
sentou-se ao lado de no sofá e ao meu.
- Não tenha tanta certeza, . Sabe que quando coloco algo na cabeça, ninguém me faz mudar de opinião.
- Teimosa e chata que nem o Harry. Vocês podiam ser irmãos. – comentei.
- Deus me livre! – ela bateu na madeira e eu ri. – Eu teria matado aquele folgado ainda na infância.
- Já o Danny não seria bem como irmão que a gostaria de ter. – resmungou .
- , pare com isso! – ficou séria. – Poxa, eu estou aqui sofrendo pelo Dougie e você acha que eu vou ficar com o Danny.
- Ele é apaixonado por você!
- Ele foi apaixonado por mim, correção! Danny e eu temos um carinho especial. É difícil de explicar, mas não é da maneira que você está pensando. Ninguém vai conseguir afastar ele, nem os outros de mim. É uma ligação forte, inexplicável talvez, mas não tem nada a ver com esse tipo de relacionamento. Eu amo o Dougie. Mesmo não o tendo, vou amá-lo sempre.
- Mas o Danny...
- Mais nada, . – eu já estava impaciente. Troca o disco, filha!
- Isso mesmo, mais nada. Se você ficar falando mal de mim e se irritando comigo perto dele, você o perderá. O Danny gosta de você. Eu o conheço melhor do que ninguém e, por isso, também sei que esse tipo de atitude só vai afastá-lo.
Os olhos de lacrimejaram.
- Tenho medo de perdê-lo.
- Eu também tive medo de perder o Dougie! Na verdade, eu o perdi. Mas isso não quer dizer que eu vou tirar o Danny de você e vou ficar com ele. Isso nunca vai acontecer. O Danny ama você, o Tom ama a e o Harry ama a . O amor deles por mim é TOTALMENTE diferente. Consegue entender isso?
- Sim! Desculpe-me, . Eu sei que você está muito mal pelo Dougie e eu fiquei somente pensando em mim.
Que lindo, elas se abraçaram!
- Tudo bem!
Nesse momento meu celular tocou. Eu apenas bufei.
- Puta que pariu! É a quinta vez que o Danny me liga. Ele tá sem a e está achando que eu sou ela.
- O que você quer, Jones? – pausa. – Sim, te chamei de Jones porque estou querendo te matar. Danny eu já disse que não sei onde você colocou sua nova guitarra. Eu não sou a . Tá! Me desculpe por te lembrar dela. – respirei fundo. – Pelo amor de Deus, não destruam a Super Records. – pausa. – Que gritos foram esses? – Como assim o Dougie, o que houve? – pausa. – Danny, pare de falar com o Tom e me responde. - é pior que criança. - Hã? Revista? – olhei para e depois para a revista em cima da mesa que tinha e Piquet, jogador do Barcelona na capa. – Danny, pare de surtar! Deve ser um mal entendido, como foi a capa que saiu do Dougie com a Frankie . Eu sei que a Super Records está uma zona sem ela, mas... – ele começou a reclamar de novo. – Daniel, pare. Vocês precisam trabalhar, têm um álbum para terminar, não podem depender da para tudo. Ela também tem a vida dela, ela não vive pra vocês! – disse muito irritada. – Que porra, Danny, ela não estava se divertindo com cara nenhum. Dá pra vocês quatro calarem a boca, eu estou ouvindo o fuá que está aí! Deixa-me falar com o Harry! – pausa. – DANIEL, PASSA PRO HARRY AGORA! - Danny passou finalmente para o Harry. – Harry, vocês podem, por favor, parar de surtar? – pausa. – Eu sei que o Doug está mal, imagino como ele deve ter ficado, mas a também ficou quando viu algo muito pior. – pausa. – Harry, eu vou falar o mesmo que falei pro Danny. Vocês têm um trabalho pra terminar. Estão atrasados com as gravações. A não faz mais parte da Super Records, pelo menos não por enquanto. Ela não é mais a produtora e nem empresária da banda, então, por favor, façam o favor de pararem de serem egoístas surtando porque a não está aí. Ela tem que cuidar da vida dela também. Então sejam maduros e façam o mesmo. – pausa. – Não sei quando volto, mas esse tempo vai ser bom pra vocês. Vocês têm muito o que fazer, precisam ficar sozinhos e focarem na banda. – pausa. – Manda o Danny calar a boca porque eu não te escuto com ele gritando. – bufei. – Eu não vou dizer onde a está! Se vocês já deduziram que ela está em Madrid, que bom, mas da minha boca não sai nada. Agora, vão trabalhar e parem de reclamar. Te ligo depois, beijos. Te amo! - desliguei o telefone antes que Harry respondesse. - Aff, a Super Records está de cabeça pra baixo. Vou ter um infarto com esses quatro. – respirei fundo e encostei minhas costas no sofá.
- Dougie viu essa capa? – perguntou, ignorando a bagunça que estaria a Super Records.
- Sim, ! Ele viu. E pelo que o Danny falou, ele está muito mal. Os outros estão revoltados achando que você veio pra cá se divertir enquanto eles estão se matando no término do CD.
- Isso não é verdade! Ontem foi o lançamento do meu livro aqui na Espanha. – ela retrucou.
- Nós sabemos que não, ! Mas você os conhece. – falou .
- A culpa é sua mesmo, . Você faz tudo pra eles, resolve tudo! Eles estão completamente dependentes de você. – retrucou .
- Concordo com a ! Você os deixou assim! – ela os mimou.
- Dougie deve estar me odiando. – eu sabia que ela ficaria preocupada com ele.
- Ah, , pelo amor de Deus. Ele beija a Frankie e você ainda está preocupada com a reação dele com uma foto que nem tinha nada demais? – reclamei.
- Sei que não deveria, mas não posso evitar me importar com o que ele pensa de mim.
- Então vá conversar com ele, , vá esclarecer as coisas! Vocês se amam! – disse.
- Não! E nem tentem me convencer do contrário. Eu sei como estou. Estou preocupada mesmo com a finalização do álbum. - mudando de assunto. - Foi muito antiprofissional o que eu fiz. O CD estava em minhas mãos, eu o estava produzindo junto com Dallas. Imagino como devem estar perdidos. Como estão as coisas, ? – ela me olhou séria, eu sabia que queria saber deles como profissionais.
- Nada bem. As gravações estão bem atrasadas. O Harry está perdido e surtado, o Danny nasceu perdido, mas está o triplo, fora que está muito mal com sua ausência e não consegue se concentrar em nada. O Dougie então, nem se fala, ele não vive mais no Planeta Terra, não consegue fazer mais nada. E o Tom diz que não consegue se inspirar porque acostumou a compor com você e como os outros compositores da banda são Danny e Dougie, ele não tem muita opção porque não estão em condições de escrever. Resumindo, está um caos.
- Eu preciso fazer alguma coisa! – disse pensativa.
- O quê? Comprar um novo cérebro pra cada um? – brincou .
- Não! Isso só eles nascendo de novo. – todas rimos. – Eu ainda não sei, mas alguma coisa eu vou fazer. E, vocês, por que resolveram vir agora? Por causa da revista? - olhou para nós.
- Não! Acho que nós três viemos te dar. – respondeu .
- Quando tive meu problema com o Harry, vocês estiveram lá pra me ajudar, principalmente você, . Agora estamos aqui por você. Tirando que eu quero saber de tudo sobre o bonitão do “Barça”. [N/A: Barça = Barcelona] – ela me olhou feio, que egoísta, o que só para ela. – Tá, eu sei que ele não é o loirinho Poynter, mas é um loirão bem gato! – ela riu.
Ficamos conversando o dia inteiro, assistimos a vários filmes e depois de alguma insistência da minha parte, alguns desenhos animados também. Eu adoro SpongeBob e os desenhos da Disney, deve ser por isso que me entendo tão bem com o Tom. Quando as meninas, entende-se e foram dormir, eu fui até o quarto da .
- Precisa de alguma coisa, ? – perguntou ao me ver parada na porta.
- Não! – sorri. – Só queria te falar uma coisa. - ela apenas me olhou. - Você não precisa ser forte o tempo todo. Vai sofrer muito assim, da mesma maneira que sofreu esses dois anos tentando não demonstrar fraqueza e escondendo o que sentia pelo Doug.
- Eu estou bem, . – ela forçou um sorriso.
- Eu sei que não está. E tudo bem não estar. Faz parte, você tem sentimentos também, não precisa ser uma fortaleza. Pode chorar, faz bem. - sorri.
Nesse instante, o celular de apitou, anunciando uma nova mensagem. Ela leu e deu um longo suspiro, chamando-me a atenção e a entrar no seu quarto.
- Quem é, ? – disse após entrar.
- Veja você mesma. – mostrou-me o celular.
- UAU! O gatão do Barça querendo almoçar com você?
- É o que parece. - e tá pensando o quê? Eu já teria respondido: 'topo, topo, por que não?!'
- Menina, que sorte você tem! Pergunta se ele não pode me apresentar o Xabi Alonso também [ N/A: nessa época o Alonso ainda jogava no Barcelona. Hoje ele é do Real Madrid.]
- Claro, porque o Alonso nem é casado, né? – ela riu.
- E daí? Não sou ciumenta! – ela ainda ria. – Ok, então o goleiro gatíssimo do Barça: Victor Valdés. Prefiro ele do que o Alonso. Fora que não quero complicações com a esposa dele.
- Deixa o Harry ficar sabendo disso.
- Ele não precisa saber de nada. Eu amo o Harry. O Victor é minha fantasia sexual. – ela agora gargalhava.
- Não posso reclamar do Piquet também. – brincou.
- Tá vendo, safadinha!
- Mas, não. Eu ainda não estou bem pra sair com ninguém.
- Você quem sabe, amiga. Faz o que seu coração mandar. – falei antes de sair. - Mas caso decida sair com ele, não se esqueça do esquema com o Victor, ok? – ela gargalhou novamente.
- Cala a boca, ! – ri e saí do quarto antes que ela me jogasse o travesseiro.
No dia seguinte, e me acordaram. Com amigas como elas, para que despertador, minha gente?! Enquanto eu enrolava na cama, elas foram fazer café e comprar coisinhas na padaria que havia ali perto.
Quando acordou, veio se juntar a nós e foi ver os jornais e revistas que havia comprado, mas pela cara dela, eu soube que algo não estava bem. Uma das notícias era que Dougie havia reatado com filha do Frankenstein. Eu sabia que ele tinha feito isso de forma impensada depois de ver a notícia da , mas mesmo assim era um burro! viu aquilo e ficou muito mal, mas para variar, fez-se de forte. Apenas saiu da cozinha e disse que ia tomar banho, pois tinha um almoço. As meninas quiseram ir atrás dela, mas eu sabia que ela precisava ficar sozinha.
***
Já fazia muito tempo que havia subido e ainda não havia voltado. Fiquei preocupada e junto com as meninas fomos até seu quarto. Batemos na porta do banheiro e ela não respondeu — mais preocupadas ainda — abrimos a porta e encontramos desacordada.
Eu não sabia o que fazer, então liguei para o Harry — como se ele pudesse fazer muita coisa de lá da Inglaterra.
- Harry! – disse nervosa. - A !
- Calma, amor, o que houve?
- Ela viu aquela maldita foto do Poynter com a feiosa e desmaiou! E a gente não sabe o que fazer!
- A desmaiou depois que viu a foto? – perguntou preocupado. – Mas como ela está?
- Como assim ‘como ela está’? Ela está desmaiada, Harry!
- , se acalme. Tente reanimá-la, senão vão ter que levá-la a um médico e nós iremos pra aí.
- Que inferno, Harry! Eu já estou cheia disso tudo. - se eu visse o Dougie agora, eu bateria nele de novo. - Ela está acordando! - desliguei o telefone na mesma hora.
Ela parecia se localizar ainda. Mas eu não estava nem aí.
- Droga, ! Como você assusta a gente assim? Meu coração estava saindo pela boca. Eu sempre falo pra você não ficar dando uma Mulher Maravilha por aí. Você não é de aço, porra! – eu estava muito irritada e preocupada.
- Não grita! – disse manhosa. - O que houve?
disse, entre lágrimas, que ela tinha desmaiado. Por que as pessoas, quando desmaiam, nunca sabem o que acontece?
- Você vai ao médico. Deve estar com esgotamento. Trabalha que nem uma escrava e ainda tendo esses problemas pessoais... – mandona eu? Imagine.
Com certa dificuldade, foi até sua cama e procurou por seu celular. Quando ela disse que iria responder a mensagem do Gerard, eu fiquei abismada. Ela acaba de desmaiar e vai sair? Eu juro que mato o Dougie. Depois que mandou a mensagem, trancou-se no banheiro.
- Eu juro que não sei mais o que fazer. Ela está se matando e o pior é que ela não é masoquista desse jeito. Sempre foi muito consciente nas coisas que fazia. Esse sentimento pelo Dougie a está destruindo. - eu disse para as meninas.
Part XXXI
Depois que voltou do almoço, nos disse que Gerard a convidara para uma festa dada pelo time do Barcelona. E quer me deixar louca é dizer que estarei perto dos jogadores do Barça. Porque, fora do Brasil, meus times são: Inter de Milão, Barcelona e Liverpool — o que deixava o Harry bravo, afinal, ele torce pelo Arsenal. Quando ela perguntou se queríamos ir, eu fui a primeira a aceitar. Imagine: o time do Barcelona todo e eu? Loucura, loucura, loucura!
Quando chegamos ao local da festa, Gerard veio nos receber, ou melhor, receber à . E ele era muito mais gato pessoalmente, disse isso para a e em troca levei uma cotovelada, quanta agressividade. Ele, claro, só notou a . Ela então nos apresentou e, quem diria, ele sabia quem éramos. A roupa de Roupa de Roupa de Roupa de — segunda da esquerda para a direita.
Em nossa mesa, ou melhor, na mesa em que ficamos, também estavam Gerard Piquet, Xavi Alonso e Victor Valdés. Quase que surtei ao ver aquilo. Alguém lá em cima realmente gostava de mim.
Gerard nos apresentou a todos que ali estavam e começou a conversar com . Eu via que ela se divertia e era bom. Ela precisava disso.
- Então, , Gerard comentou que vocês são donas da Devine's. Ela é muito conhecida aqui. - Victor comentou.
- Verdade. - dei um gole no champagne. - Esse vestido mesmo é uma criação das meninas. São apenas e que desenham. e eu cuidamos da imagem e finanças. – disse sorrindo.
- Devo dizer que tenho certeza que elas desenharam esse vestido pensando em você. Não o imagino tão perfeito em alguém como ficou em você. - ele sorria de modo encantador. Sorte do Harry que eu sou fiel.
- Obrigada. - apenas sorri.
- Oh! Não vá me dizer que você é tímida? - ele parecia se divertir.
- Não, mas você conseguiu me deixar sem graça. – olhei para a minha taça.
- Me desculpe, não era a minha intenção. Mesmo porque achei que você recebesse elogios o tempo todo. – mais uma vez fiquei sem jeito. – Mas vamos falar de futebol. – ele percebeu minha vergonha. – Qual time você torce?
- Ok, momento tiete! – ri. – Aqui na Espanha, torço pelo Barcelona. E antes que diga qualquer coisa, eu gosto de futebol e entendo. – sorri.
- Nossa, depois dessa, posso apenas te chamar para dançar. – Victor Váldes me chamando para dançar. Morri.
A noite foi muito divertida e prazerosa, no bom sentido da palavra e não no sentido melhor ainda da mesma. Victor era muito simpático e gentil. Aliás, todos eles eram.
Três dias depois, eu estava de volta a Londres. Eu não poderia deixar Harry sozinho muito tempo, ele surtava. Fora que tinha que terminar alguns trabalhos junto com o David. Harry não pôde me buscar no aeroporto porque estava em estúdio com os meninos, então fui para casa tomar um banho e depois teria que ir ao supermercado, aquela casa estava muito vazia.
- Alô?
- Posso saber por que só me atendeu quando liguei pela terceira vez? ¬– Harry estava nervoso.
- Oi, amor, também estou com saudades. E, sim, a viagem foi muito boa, correu tudo bem. Ah, sim, agora estou no supermercado. – disse irônica.
- Desculpa, mas por que não atendeu? ¬– homem chato!
- O celular estava na bolsa, não o ouvi tocar. Você ainda está gravando ou já está em casa?
- Estou indo embora agora. Você vai demorar?
- Não, já estou indo para o carro. Te vejo em casa. Te amo.
Terminei de colocar as compras no carro fui para casa. Harry ainda não tinha chegado, então comecei a tirar as sacolas sozinha. Não sei se era pelo cansaço da viagem, mas quando entrei na cozinha, acabei sentando no chão por conta de uma tontura que sentia. Fiquei uns três minutos daquele jeito: sentada e com a cabeça entre as pernas, mas a tontura parecia não ir embora. Eu queria melhorar antes que Harry chegasse, caso contrário, ele me levaria ao médico e eu sabia o que ia acontecer depois. Fechei os olhos fortemente, como se assim aquela sensação pudesse ir embora.
- Você está brincando com a sua saúde. – era Tom, eu nem ouvi ele se aproximar, em suas mãos ele tinha um copo de água.
- Não te ouvi. – peguei o copo enquanto ele me ajudava a levantar.
- A porta estava aberta. Harry esqueceu o celular na recepção da Super Records. Vim trazer. Ele ainda não chegou? – eu neguei com a cabeça. – Sorte a sua que fui eu quem te achei aqui. Caso contrário, você sabe o que aconteceria. – Tom me olhava reprovador.
- Tom, não vou deixar tudo o que eu fazia por conta disso. Eu já disse que vou ao médico. Só preciso organizar tudo. E, por favor, não conte isso ao Harry.
Mais uma vez, ele me olhou daquele jeito. Eu sabia que estava pedindo o mesmo que ele guardar um segredo sobre quem matou Kennedy, mas eu queria resolver aquilo sozinha. Tom foi embora pouco antes de Harry chegar.
- Hey! – disse quando ele passou pela porta da sala.
- Oi. – seco.
Eu estranhei aquilo. Não parecia ser o mesmo Harry que havia falado comigo ao telefone.
- Harry, o Tom veio trazer seu celular. Por que demorou? – fui atrás dele, que foi para o quarto.
- Precisava colocar as ideias em ordem antes de vir pra cá.
- Mais problemas com o cd? – perguntei preocupada.
- Não. Quero dizer, são os problemas de sempre. O que me perturba é saber que minha namorada que não me diz o que tem, – lá vinha ele de novo. – vai para a Espanha alegando que irá ajudar a amiga que está sofrendo por conta do imbecil do Dougie e vai a uma festa e fica cheia de gracinhas com um goleirozinho! – disse irritado.
Então era isso. Ele ficou sabendo da festa. Ele soube que falei com Victor e que dancei com ele.
- Victor Váldes. – disse e ele me olhou. – Ele é goleiro do Barcelona. E, sim, a gente conversou e dançamos. Mas só isso. Sabe por quê? Por mais que eu o ache charmoso, atraente, simpático e gentil, ele não é meu namorado arrogante, prepotente e ciumento.
- Enquanto eu fico aqui, aguentando o Danny e suportando as burradas do Dougie, você sai com suas amigas na Espanha para uma festa onde só há jogadores de futebol!
- Sim, eu fui para uma festa onde só havia jogadores de futebol, mas eu fui porque eram jogadores do Barcelona! Você sabe que gosto do Barça. E por Deus! Eu não fiz nada! Apenas conversei e dancei. – retruquei irritada. – Eu não sou a Francesca que vai trocar o namorado por um jogador de futebol, não depois de tudo o que aconteceu até ficarmos juntos. Você acha que estou com você por orgulho? Não, estou com você porque eu te amo, idiota! – terminei de falar isso e fui para o banho.
- ... – ele disse dentro do banheiro.
- O que você quer? Me acusar de mais alguma coisa? Talvez queira me acusar de não ajudar com o cd, mas me desculpe se não sou escritora, compositora, nem nada do tipo. – eu ainda estava irritada.
Harry não disse mais nada, apenas saiu em silêncio do banheiro. Terminei meu banho e coloquei minha roupa para dormir.
Estava sentada na cama, lendo o livro que havia acabando de lançar, "Amante Sombrio", quando Harry veio me chamar para jantar.
- Não estou com fome. – disse seca.
- Você precisa comer, .
- Já disse que não estou com fome, Harry! – falava sem olhá-lo.
- Ok. – ele sentou-se na cama. – Sei que está chateada comigo por tudo o que eu disse, mas entenda, eu fiquei com ciúmes, com raiva... – ele se explicava.
- Eu não me lembro de ter pedido alguma explicação. – fechei o livro e olhei para Harry.
- Amor, você não pode ficar sem comer para me punir. Pense em você. – ele me encarava.
- Tem razão! – disse e joguei o lençol que cobria até meus seios para o lado e levantei. – Tem outro jeito de te punir pela desconfiança. – sorri e me alonguei, o que fez a parte de cima do meu baby doll subir um pouco e mostrar a poupa de meus glúteos.
Olhei para Harry e vi que seu olhar estava fixo em mim, dei um sorrisinho sexy e fui para a cozinha. Não demorou muito ele estava trás de mim.
- Você vai me punir me provocando? – ele me olhava incrédulo.
- Quase isso. Até eu decidir, você só vai poder olhar, nada de tocar. – pisquei.
Harry's POV
estava me punindo por gostar tanto dela? Vai entender essas mulheres. brigava com Danny por ele não estar nem aí e briga comigo por eu estar muito aí?
Ela sabia que não precisava de muito esforço para que eu quisesse estar com ela, tocá-la e senti-la. Mas do jeito que ela olhava, parecia que estaria jogando com armamento pesado.
Terminamos de jantar e fui lavar a louça. sentou-se no balcão da cozinha e começou a comer uma maçã, ela cruzou as pernas de uma maneira muito sexy. Ela poderia estar mais magra, ainda sim, conseguia ser linda, provocativa e desejável. Ela comia a maçã como se fosse a coisa mais deliciosa da face da Terra. Ver seus lábios tocando na pele vermelha da fruta estava fazendo minha imaginação fluir e o sangue fluir por T-O-D-A-S as partes do meu corpo. Quando ela terminou de comer, pediu licença e colocou seu corpo entre o meu e a pia, para jogar os restos da fruta no lixo. Aquilo fez o meu desejo por ela acender ainda mais. Ela devia ter percebido, pois fez questão de encostar ainda mais em mim.
- , não provoca. – disse com a voz rouca.
- Não estou fazendo nada. – ela se virou de frente e colocou as mãos em minha cintura. – Que culpa eu tenho se você é fraco? – ela mexeu com meu ego.
Segurei-a pelos cotovelos e comecei a roçar minha barba pelo seu pescoço, eu sabia que aquilo a deixava doida. Mas daquela vez, ela parecia que era uma estátua. Nada aconteceu. Nem um arrepiozionho, um suspiro, um gemido. Nada! Vai ter autocontrole assim lá longe! Então eu a soltei e a encarei com a sobrancelha arqueada, queria entender o que tinha se passado. Mas ela apenas me olhou, deu um sorriso muito sem-vergonha e foi para o quarto.
Pelo jeito, a coisa era séria dessa vez.
's POV
Os dias se passaram e agora estávamos em Lisboa. Era o Rock In Rio Lisboa. E eu pergunto, por que não Rock In Lisboa? Rock In Rio é só no Rio, o resto é falsificado. Ah, sim, minha 'briguinha' com o Harry continuava. E ele evitava ficar sozinho comigo, então sempre estava na cola dos meninos, o que os deixava loucos, pois queriam aproveitar suas garotas. As meninas e eu apenas nos divertíamos com a situação.
Os meninos já estavam se posicionando para entrarem no palco, então , e eu corremos para nossos lugares na área vip, de onde teríamos uma visão privilegiada.
Depois de tocaram Falling in Love e POV, que eram a sexta e sétimas músicas do setlist, eles começaram a fazer um cover de Beat It do Michael Jackson, e então o Tom começou a falar que era o momento do Harry, e Danny a dizer que era para ele cantar a canção. Dougie começou a zoar com ele e Harry reclamou que eles estavam rindo antes mesmo dele começar a cantar. Eu olhei para as meninas, mas elas me olharam com a mesma cara de interrogação. Aquilo não estava no roteiro oficial. Eles haviam mudado. E então Harry começou a cantar a minha música, aquela que ele cantava sempre que eu não conseguia dormir, Hero. [N/A: Quem nunca ouviu, clique no nome da música.]
Assim que aquelas palavras entraram em meus ouvidos, as lágrimas começaram a sair de modo incontrolável. As meninas apenas olhavam para mim encantadas com aquilo. Eu não conseguia parar de chorar e de olhá-lo.
- Essa música foi para uma pessoa muito, mas muito importante mesmo e especial na minha vida. Ela é alguém que tornou meus dias mais lindos, minhas noites mais maravilhosas – eu fiquei vermelha com aquilo. – e minha vida completa. Eu não saberia viver sem ela e acho que essa música, uma música que ela gosta tanto, representa bem isso. , eu te amo!
OMFG! Ele fez mesmo essa declaração para mim ou estou delirando devido à falta de açúcar no organismo? e , assim como todos os que assistiam àquilo, gritavam e aplaudiam.
- Pois é, Dougie, acho que você perdeu mesmo o Harry. ¬– Danny brincava com eles.
- Depois dessa, só cantando mesmo. – Dougie riu e a próxima música, Too Close For Comfort começou.
Eu não conseguia ver e nem prestar atenção em mais nada do show! Eu só queria que acabasse logo para poder abraçar e beijar o Harry! E não estava nem aí para a nossa provocação. Por mim, depois daquilo, estava mais do que encerrada. Eles ainda cantaram mais três músicas e, quando estavam se despedindo do público, eu saí correndo para ir até o camarim deles. Logo, e chegaram rindo e conversando.
- , está tudo bem? – me olhava preocupada.
- Tá sim. Só estou assimilando as coisas. – eu estava parada em frente ao camarim, sem saber o que fazer.
- Eu também ficaria chocada se fosse comigo. – riu e logo recebeu um abraço por trás do Tom, que ganhou um beijo estralado na bochecha.
- E então, , gostou da surpresa? – Tom perguntou.
- Claro, Tom. Foi lindo. Obrigada. – respondi sorrindo.
– Agradeça ao Harry, ele não parava de falar nisso. – revirou os olhos.
- Vou agradecer. Cadê ele? – não o tinha visto.
- Aqui! – ele apareceu atrás de mim, quase me matando de susto. Os outros riram e entraram no camarim.
- Muito obrigada pela surpresa! Eu adorei mesmo. – dei-lhe um selinho.
- Isso quer dizer que a sua greve acabou? – ele me olhava com uma cara engraçada.
- Está oficialmente encerrada. – sorri.
Ele pegou minha mão e entrelaçou nossos dedos.
- Eu daria meu ar se você precisasse. Eu não sei mais ficar sem você. Não quero que se passe outro dia sem você. – ele encostou sua testa na minha enquanto dizia tais palavras.
E ali, no meio de gente que corria de um lado para outro, entrando e saindo de camarins, nos beijamos apaixonadamente.
Eu poderia dizer que aquele era o final feliz que eu sempre esperava e sonhava, mas não. Mais coisas aconteceriam e, se eu soubesse, teria parado o tempo naquele momento.
Algumas semanas se passaram e agora estávamos em Madrid, mas dessa vez não era por causa da , mas, sim, porque aconteceria outra falsificação do Rock In Rio, o Rock In Rio Madrid.
Devido aos compromissos em Londres, chegamos no dia da apresentação dos guys no Rock In Rio. Os deixamos no hotel, preparando-se para a apresentação e fomos atrás da , ao menos tentar convencê-la a ir ao show.
- Bom dia, gatérrima! Que saudades! – disse assim que ela abriu a porta e nós três a agarramos.
- O que estão fazendo aqui? – assustadinha, hein, ?
- Calma, não precisa olhar assim. Os meninos estão no hotel. Devem de estar a caminho do Rock in Rio. – disse .
- E por que vocês não estão lá? – perguntou confusa.
- Porque viemos te buscar! – respondeu .
- Me buscar? – ai, tá difícil hoje.
- Sim! Aqui está o seu ingresso! – entreguei um ingresso da área VIP. – Os meninos pediram pra te dar e imploraram para que você fosse.
- Eu não vou! – disse decidida.
- , pare com isso. Eles deram duro nesses últimos meses. Não custa nada você ir assisti-los. Não precisa vê-los .
- Frankie está aqui também?
- Ela está, sim, amiga. Veio com todas as The Sats.
- Me desculpem. Peçam-lhes desculpas, mas eu não vou. – tentou falar. – Nem adianta, . Eu não vou e acabou! – ela estava bem séria.
- Ok! – disse decepcionada. – Achei que eles fossem tão importantes pra você quanto você é pra eles. Estão loucos pra te ver. Os quatro, . Você sabe o que significa para cada um.
- Os três, você quer dizer.
- Não! Os quatro. – essa história estava já me deixando sem paciência. – Ele pode negar o quanto for. Pode até casar com a “monstrenga” da Frankie, mas não consegue disfarçar o quanto gosta de você.
- Eu não quero ouvir, . Por favor! – disse irritada.
- Ok, . Não vamos mais te perturbar.
- Você é tão forte, . E ao mesmo tempo tão fraca. Tem medo de encarar quatro pessoas que te amam por medo de sofrer, por não saber encarar as consequências. Larga sua vida, por MEDO. Definitivamente, não te reconheço mais. – argumentou .
- Vamos embora. – disse .
- O ingresso está aqui, caso mude de idéia. – coloquei-o em cima da mesa da sala.
Chegamos ao Rock In Rio e fomos falar com os meninos.
- E então? Conseguiram? – Danny perguntou.
- Não. – disse num suspiro.
- Desculpe, guys, a é muito cabeça dura. – disse abraçada ao Harry.
- Deixamos o ingresso lá, na esperança dela mudar de ideia. – disse e recebeu um selinho do Danny.
Ficamos algum tempo conversando, relaxando os meninos, que estavam muito nervosos, como se nunca tivessem feito uma apresentação na vida.
- 10 minutos pessoal! – anunciou Fletch.
- Acho melhor irmos para nossos lugares privilegiados. – dei um beijo em Harry.
- Verdade, você viu quantos gatinhos tem ali? – provocou Tom, que lhe mordeu o ombro.
- É, juízo, vocês! Essas roupas são um tanto quanto curtas. – Harry ciumento ataca novamente. A roupa de . Roupa . Roupa .
- Ah, claro! Com esse super calor, vocês não iriam querer que viéssemos vestidas como se fossemos esquiar, não é?! – disse rindo.
- Não seria má ideia. – oi? Danny Jones demonstrando ciúmes pela ?
A olhei e ela tinha um sorriso idiota nos lábios. É, ela percebeu. Me despedi deles desejando boa sorte e dei um beijo demorado em Harry.
- Nada de surpresas! – belisquei sua barriga.
- Certo. – ele disse enquanto roubava outro beijo.
e eu fomos para nossos lugares e ficou um tempo ainda com o Tom, curtindo o namorado.
Estávamos comentando coisas banais, quando uma voz conhecida chegou aos nossos ouvidos.
- Oi!
- ? O que está fazendo aqui? – perguntou . A roupa de
- Ué! Eu não fui convidada pela própria banda? Pois estou aqui. – ela estava sorrindo naturalmente?!
- Cadê a ?
- Está com o Tom. Resolveu vê-los? – cutuquei.
- Não, eu só vou ver o show. Eles merecem isso, por isso estou aqui.
- Hum! – e eu falamos juntas.
Então uma ideia me surgiu. Eu precisava avisá-los que a estava aqui.
- Eu já volto, girls. Meu celular não está pegando aqui. Preciso fazer uma ligação. – peguei o celular e saí dali.
- . Não quero que eles saibam que eu estou aqui. Somente depois que eu for embora. – eu apenas sorri em resposta.
- Fala, mulher. Eu já estou indo, não precisa me apressar.
- Escuta, . Preciso falar rápido.
- O que foi?
- A está aqui!
- O QUÊ? – PQP! Acho que fiquei surda com aquele grito dela.
- Sim! Avise os meninos. Ela não quer que eles saibam, mas vai ter que parar com isso. Eles vão se animar.
- Beleza. To indo lá. Beijos.
Voltei para meu lugar e disse que não tinha conseguido realizar a ligação. , para não dar na cara, perguntou se era importante, eu disse que não, mas que mais tarde tentaria de novo.
Quando os meninos entraram no palco começamos a gritar como as fãs escandalosas que sempre fomos. Até entrou no ritmo depois de um tempo. Estávamos nos divertindo muito. Eu me lembrei do primeiro show em que nós quatro estávamos, do estresse que rolou depois e tudo o que aconteceu em seguida. Tudo foi bom, até as brigas.
, e todas nós, fomos surpreendidas com a mudança que eles fizeram no repertório. Duas músicas inéditas foram tocadas, mas a surpresa naquele momento foi para , que já se desfazia em lágrimas. Melhor eu avisar os paramédicos, era capaz dela sair dali com uma séria desidratação. Quando o show terminou, a louca saiu correndo para vê-los. Eu apenas ria. Isso estava demorando a acontecer.
Ao chegarmos ao camarim — porque as meninas e eu fomos andando linda e tranquilamente — estava se agarrando com o Dougie já. É, parece que perdi muita coisa nessa história, mas eu sei que ela me contará depois, ou o Harry.
- Eu te amo! – Dougie disse em português. Tão gracinha.
- Eu também te amo! – e vamos todos falar português!
- Quanto mel. Pelo amor de Deus! – resmunguei e me ignorou.
- Dan... – ela falou chorosa.
Danny suspirou, parecendo aliviado.
- Não vai perder a manha nunca, né? – brincou ele para descontrair.
- Não sei se te perdoo por me deixar. – resmungou Danny emburrado.
- Eu te amo!
- Está perdoada! – respondeu Danny, fazendo todos rirem.
- Me perdoa por te deixar todo o trabalho? – fazia carinho no rosto de Tom.
- Por isso eu perdoo, mas por ter nos deixado... Sobre isso vamos ter que conversar!
- Eu te amo!
- Não vai me comprar com um “Eu te Amo” que nem o Danny! – resmungou.
- Que tal eu te levar no Starbucks e pagar tudo o que você quiser comer?
- Está perdoada e eu também te amo! – respondeu Tom.
- Puta que pariu, mas só pensa em comer! – resmunguei de novo e Tom me mostrou o dedo do meio. Esse menino foi corrompido.
- Hazz! – ela o abraçou. – Você deve estar bravo, né? – ele olhava feio para ela.
- O que você acha? – falou com a voz séria.
- Que você é lindo e gostoso e que vai me perdoar! – fez cara de anjinho. Sei, sei.
- O lindo e gostoso tem dona, ok? – falei no sentido 'oi, eu estou aqui.'
- Não quero seu lindo e gostoso. – ainda bem. – Pelo menos não dessa maneira! – disse rindo.
- Te perdoo se prometer nunca mais nos deixar, porque ninguém merece ouvir as lamentações do Danny.
- Eu prometo! – batendo continência.
- Você é especial pra gente, principalmente pro Dougie e pro Burrão aí atrás. – ele estava falando de Danny, que não gostou nada da comparação. - Não ouse em sumir de novo. – Harry, sempre autoritário.
- Ok. Pode deixar! – ela o abraçou de novo e foi levantada do chão.
- Tinha que mostrar a força que tem por causa dos músculos, né? – reclamou Danny.
- Vai se foder, Danny! – retrucou Harry. – Pelo menos eu tenho.
- Adoroooo! – fiz cara de tarada e desembestou a rir.
- Como senti falta disso.
- Até semana que vem, você estará surtando. – falou . Era a pura verdade.
- Obrigada pela música. Acho que eu não tenho mais lágrimas para chorar. Sem dúvida foi o momento mais importante da minha vida. A música ficou tão perfeita. Foi a melhor composição de vocês. – disse a todos eles.
- Só porque foi pra ela. – revirou os olhos.
- Estou falando sério. Não é só por ter sido feita pra mim. Ela tem algo de especial. Esse álbum vai ser muito especial. Como disse o Tom, o fim de um começo.
- Tom e suas proezas filosóficas! – disse Harry revirando os olhos.
- Insensível! – resmunguei.
– Por isso foi se apaixonar pela . – eu apenas olhei feio para ela.
Estava tudo na mais santa paz, quando uma louca alucinada metida a gostosa, vulgo Frankie, entrou no camarim parecendo uma vaca brava. Eu disse parecendo? Não, ela era uma vaca! Tinha até chifre, olha gente! E então começou a bate boca entre , Dougie — que era o pivô da discussão — e a Frankie. Eu me abracei ao Harry, encostando a cabeça em seu ombro e assistindo a tudo de camarote. Depois de a dizer-lhe algumas verdade, Dougie dizer que era a quem ele queria ao seu lado e a Frankie sapatear um pouco, ela foi embora. se virou para todos e falou o que todos queriam ouvir.
- Como diz uma das músicas de vocês “Home is Where the Heart is” e o meu está em Londres. Eu quero ir pra casa. – minha amiga estava de volta. Soltem os fogos!
- Não te deixaríamos ir pra outro lugar mesmo, srta. . – brincou Danny. – Dude, não aguento mais um dia com a no seu lugar. Ela parece uma ditadora maluca. – eu o olhei com um olhar de 'eu ouvi isso', peguei a toalha do Harry e bati em sua cabeça, fazendo todos rirem.
- Eu não iria querer ir para outro lugar, Dan. Não posso fugir do meu destino. E o meu destino é vocês. – que belezinha, dona , não é toa que é escritora, olhe as coisas que ela diz.
Part XXXII
Como prometido a Harry e a Tom, assim que terminei de organizar minhas coisas e com a volta da — tudo se encaixava novamente no lugar —, eu fui ao médico. Harry insistiu em ir comigo, mas eu disse que preferiria ir sozinha. Seja o que quer que eu tenha, teria que enfrentar sozinha. Estava saindo da Super Records, quando vejo Tom correndo até mim no estacionamento.
- ! – ele ofegava devido à corrida. – Eu vou com você.
- Não vai, não! Se não deixei nem o Harry ir comigo, o que o faz pensar que seria diferente com você? - olhava como se a resposta fosse óbvia.
- Eu não sou o Harry. – disse simplesmente. – Sou seu amigo.
- Lamento, Tom. Vou sozinha. – entrei no carro e travei a porta para que ele não tentasse nada.
- Tá bom, sua chata! – emburrado. – Mas qualquer coisa, me liga que vou lá te encontrar.
- Não se preocupe, será apenas uma anemia severa. Nada que vitaminas e alimentação adequada não resolvam. – sorri de modo despreocupado.
Tom sorriu, mas era um sorriso muito contido, como se forçasse a si próprio a acreditar naquilo. Eu também estava me forçando para acreditar.
Xx
- ! – veio ao meu encontro, quando retornei naquela tarde para a Super Records.
- Hey, ! Já colocou ordem aqui dentro? – sorrindo.
- Os meninos me disseram que você foi ao médico. – ela estava preocupada. – O que ele disse?
- Você não vai se livrar de mim tão fácil! Estou apenas com estresse e uma anemia. Nada que vitaminas e uma alimentação saudável não resolvam. – ela me olhava como se tentasse descobrir alguma coisa.
- Bullshit! Você pode enganar o Harry e o Tom, mas a mim você não engana! – ela acusava.
Então eu comecei a chorar. Eu sabia que não poderia enganar minha melhor amiga, mas eu gostaria de me enganar, ou melhor ainda, que o médico estivesse enganado.
- Vamos para minha sala. – me abraçou pelo ombro e foi me guiando. – Agora me diz o que ele realmente falou. – ela disse quando chegamos a sua sala.
Mas eu não conseguia falar, só conseguia chorar. Eu chorava de soluçar. me abraçou, mas isso só me fez chorar mais ainda. Fiquei muitos minutos nisso, apenas chorando. Quando finalmente consegui falar, disse tudo de uma vez, sem interrupções, eu ainda corria o risco de chorar de novo.
- Quando você começa o tratamento?
- Semana que vem. E será semanal. Os exames mostram que está num estágio muito avançado.
- Você demorou em procurar o médico, não é, ? E por quê? – ela estava irritada.
- As coisas aqui na Super Records estavam agitadas com a finalização do cd e depois que você foi embora, tudo piorou. Eu não poderia deixá-los. Eu não posso deixar o Harry... – e comecei a chorar ao pensar nessa possibilidade.
- Você não vai deixar o Harry e nem ele vai te deixar. Vocês se amam. Foram feitos um para o outro. – ela me olhava com sinceridade.
- Eu não quero que ninguém sinta pena de mim, então ninguém poderá saber disso. – séria e secando minhas lágrimas. – Vou seguir minha vida normalmente e quando tiver que sair para ir ao hospital, você dirá que pediu que eu fizesse algo. Nem as meninas deverão saber disso, nem minha mãe. Harry também não. Ninguém deverá saber! – autoritária.
me olhou meio contraditória, mas acabou aceitando minha condição.
Xx
- , o que você tem? Está nervosa. – Harry dizia depois que chegamos a Super Records.
- Não estou nervosa. É apenas uma impressão sua. A me pediu para resolver uns assuntos para ela, se importa de ir para casa de carona?
- Pediu? – ele me olhava desconfiado. – Tá, tudo bem. Eu peço para alguém me levar ou vou de táxi.
Harry estava certo, eu estava realmente nervosa. Naquele dia eu começaria o tratamento e estava com medo. Não conseguia me concentrar em nada, David teve que repetir umas 50 vezes as coisas para mim, aparecia na minha sala de 10 em 10 minutos para ver como estava. E apesar de tudo, o dia custava a passar. Eu sabia que precisava comer, eu ficaria a tarde toda no hospital tomando os medicamentos, mas não conseguia. Com muito esforço, comi um mix de folhas e tomates cerejas.
- , estou indo. – disse, aparecendo em sua porta.
- Você tem certeza que não quer que eu vá junto? – disse preocupada.
- Não, amiga, não precisa. Isso vai demorar e eles só vão me deixar sair se eu estiver bem.
- Qualquer coisa, me liga. E boa sorte. – ela sorria, mas sua preocupação era evidente.
Como esperado, fiquei a tarde toda no hospital. Eu senti um leve enjoo, mas nada que fosse fora do comum com aquele tipo de tratamento. Quando cheguei em casa, vi que a luz da sala estava acesa. Droga, Harry já havia chegado. Iria me fazer um monte de perguntas.
- Oi, amor! Demorou, hein? – deu-me um selinho.
- Pois é, amor, tive que ir até Birmingham. São duas horas de ida e mais duas de volta. Isso se o trânsito ajudar. – ri.
- Você deve estar cansada. Por que não toma um banho enquanto eu faço uma pasta pra nós? – beijava meu pescoço.
- Hum, ótima ideia. – sorri e lhe dei um selinho. – Quero molho branco. – pisquei e fui tomar banho.
Quando tirei a roupa para tomar banho, vi que onde tinha recebido os medicamentos estava roxo. Sorte que a roupa cobria e Harry não percebeu. Durante o banho fiquei pensando em como lhe diria que estava doente e que minhas saídas ‘misteriosas’, encobertas pela , eram na verdade para que eu realizasse o tratamento. E como eu reagiria se ele me deixasse, ou se eu tivesse que deixá-lo? Lágrimas começaram a escorrer pelo meu rosto, misturadas com a água do chuveiro. Harry bateu na porta e avisou que a comida já estava pronta. Eu falei que já estava saindo. Enrolei-me na toalha, fui até o closet e peguei uma blusa dele. Queria sentir o cheiro dele, não que ele não estivesse perto de mim, mas eu sentia essa necessidade.
- Wow! – ele disse quando me viu com a blusa. – Nunca ninguém ficou tão sexy com essa blusa quanto você. – sorrindo.
- Você fica sexy até usando uma cueca de oncinha. – ri e fui seguida por ele. – Ok, talvez não tão sexy. – fazendo uma careta depois de imaginar a cena.
Espantosamente, consegui comer muito bem no jantar, Harry até me olhava assustado, já que nos últimos dias eu comia pouquíssimo.
- Se eu soubesse que comeria tão bem assim, teria feito essa comida antes.
- E eu já teria me enjoado dela. – ri.
Harry foi lavar a louça e eu fiquei conversando com ele coisas banais, coisas que vi na rua, na TV, que ouvi no rádio. Naquela noite, dormi abraçada a ele, tinha medo que quando acordasse ele tivesse ido embora, ou que ele nunca esteve ali.
Na manhã seguinte, eu estava me sentindo bem. Levantei antes que Harry e fui tomar banho para depois preparar nosso café da manhã. Na Super Records as coisas estavam bem, eu estava mais animada.
- ? – apareceu na minha sala. – Como você está se sentindo?
- Hey, ! – sorrindo. – Estou bem. – ela me olhou desconfiada. – Sério, estou bem. Ontem tive um leve enjoo, mas nada espantoso, até jantei bem. Harry fez uma pasta ao molho branco, perfeita! – eu ri.
- E você está com aquele negócio enfiado em você? – eu ri da cara que ela fazia.
- Não, não preciso ficar com aquilo. Ainda bem.
- Estou indo almoçar, vem comigo, assim a gente vai conversando. – sorrindo.
Peguei minha bolsa e fui com . No caminho, mandei uma mensagem para o Harry dizendo que almoçaria com ela. Fomos ao Masala Zone, um restaurante indiano muito bom.
- E então, como se sente? – perguntou enquanto esperávamos a comida.
- Bem, para dizer a verdade, achei que ficaria muito mal, que começaria a sentir fortes enjoos e tudo mais, mas estou bem tranquila. Se continuar assim, será ótimo! – tomando um pouco do meu suco de maçã com menta.
- Quantas semanas você terá que fazer?
- 14 semanas. – ela me olhou assustada.
- Parece muito, não é? – ela assentiu. – Mas devido ao estágio, é isso mesmo. Pode ser que diminuam as semanas, mas a princípio são essas.
- Você contou ao Harry? Porque imagino que ele ficou perguntando.
- Não contei, embora eu saiba que terei que contar em algum momento. Eu disse que tive que ir para Birmingham, pois quando eu cheguei já estava anoitecendo. Por sorte, minha roupa cobria meu braço, já que ele ficou roxo.
- Eu acho que você deve contar logo para ele, . Antes que ele descubra por outros meios. – ela me encarava.
- Eu vou contar, só não sei como dizer isso. E você não ousaria contar, não é mesmo? – agora eu a encarava.
- Por mim ele não ficará sabendo. Mas você está com ele, e por tabela, você também é famosa. Fora que tem a Devine's.
- , eu não posso chegar e falar assim pra ele: Então, Harry, eu tenho uma doença muito séria, tá?! Ah, sim, já estou fazendo tratamento. Até parece, não é, ?!
- Você quem sabe, a vida é sua.
Xx
Eu já tinha passado da terceira semana de tratamento e, infelizmente, os efeitos colaterais começaram a surgir com mais frequência e intensidade. Eu já não conseguia comer, não tinha fome, comecei a ter náuseas todos os dias e, muitas vezes, eu chegava a vomitar. Tive uma grande diminuição de peso, meus ossos estavam mais evidentes. Sentia muita fraqueza e secura na boca.
Harry estava sempre atrás de mim com alguma coisa para comer, a cada momento trazia algo novo e diferente, mas eu comia o mínimo possível. Profundas olheiras começaram a surgir e eu já não dormia a noite por conta dos enjoos.
- Amor, o que você tem? – Harry entrava no banheiro e se deparou uma cena deplorável.
Eu estava sentada no chão, debruçada sobre o vaso sanitário colocando tudo para fora. Agora, o que era o tudo eu não sabia, já que não tinha nada em meu estômago.
- Harry, vai embora! – com a voz fraca e embargada. – Você não precisa ver isso.
- , me diz o que você tem! Há dias você está assim! Aposto que são essas viagens que você está fazendo pela , foi para a Espanha e agora fica indo sei lá pra onde toda semana! – nervoso e preocupado.
- Hazz, eu vou ficar bem. Por favor, volte pra cama.
Depois de muito custo, Harry saiu do banheiro. Eu achava que ele tinha ido para a cama, mas não demorou muito ele apareceu novamente, desta vez trazendo alguns comprimidos e um copo com água. Tomei os remédios e Harry me ajudou a ir até a cama. Deitou-se ao meu lado e ficou cantando Hero baixinho e fazendo carinho na minha cabeça. Finalmente consegui dormir. Eu deveria estar realmente cansada, pois dormi o dia seguinte inteiro. Sorte que era domingo. Acordei quando já passava das 8 pm.
- esteve aqui. Parecia preocupada por você estar dormindo desde ontem à noite.
- Depois eu ligo pra ela. – sonolenta.
Mas não liguei para . Depois que levantei, apenas tomei um banho, coloquei uma roupa mais quente, pois sentia que estava com febre, tomei um pouco de água e voltei a dormir. Não senti nem quando Harry veio para a cama.
- Está melhor? – Harry perguntou na segunda de manhã enquanto me arrumava para ir trabalhar.
- Um pouco, mas o mundo não vai parar até que eu melhore. Vai para a academia? – vendo que ele organizava sua mochila.
- Vou. Peter me ligou perguntando se poderíamos ir hoje cedo. Como não tenho compromissos, disse que iria.
- Ok, te vejo quando chegar em casa.
Despedi-me dele com um selinho e fui para a Super Records. Ao chegar lá, me esperava em minha sala.
- Wow, a que devo a honra dessa recepção? – sorrindo.
- Sem gracinhas, . – séria. – Estive em sua casa ontem.
- Harry me disse, me desculpe não ter ligado. Acabei dormindo.
- E ele me disse que você passou mal a noite toda. Que só dormiu depois que ele te deu uns comprimidos. Você dormiu o domingo todo! Ele até veio me perguntar se você estava grávida. – eu apenas a olhei. – Você não está, não é?! Pelo amor de Deus, ! Você sabe que não pode engravidar nessas condições.
- Eu não estou grávida, ! Bem que eu gostaria de dizer que todos esses sintomas são de uma gravidez, mas não são! São por causa dessa droga de tratamento! Eu fiz todos os exames antes de iniciar essa porcaria e não estou grávida. E depois que comecei a me tratar, tenho fugido do Harry. Por mais vontade que eu tenha de ficar com ele, eu invento uma desculpa. É bem capaz que ele se canse logo e me deixe. Assim ficaria melhor para nós dois. – disse séria, mas segurando as lágrimas.
- E você realmente quer que ele vá embora? – me olhava.
- É claro que não! Mas vê-lo desse jeito está acabando comigo.
- Então conte logo! Não sei como você aguenta. Eu não estou mais aguentando te ver assim e não poder fazer nada.
- Desculpe, não deveria ter te metido nessa.
Aquilo me acertou em cheio. Se minha melhor amiga não estava aguentando aquilo, o que me fazia pensar que Harry aguentaria?
- Você está bem? – se aproximou de mim.
- Estou. Tenho que trabalhar, então...
me deu um beijo no rosto e disse que tudo ficaria bem. E pela cara dela, deve ter percebido que eu estava com febre.
HARRY'S POV
Quando Peter me ligou para ir à academia, pensei em recusar, queria ficar com , cuidar dela. Mas por outro lado, precisava me distrair, vê-la daquele jeito e não saber o que tinha estava me corroendo.
Tom havia deixado uma mensagem no meu celular dizendo para nos encontrarmos pela tarde na Super Records. Depois de tomar um banho, fui até lá. Estava indo para o estúdio, quando me chamou.
- Hey, ! – sorri.
- Como você pode deixá-la vir trabalhar com febre? – eu a olhava sem entender. – está queimando em febre e você a deixa vir trabalhar mesmo assim? – ela estava nervosa.
- Eu estava na academia, . Nem sabia que ela estava com febre.
- Claro, porque seus músculos são mais importantes que sua namorada.
- , você nunca foi de se meter na minha vida com a da . Então, peço que continue não se metendo. – voltei as costas e fui atrás dos caras.
Assim que os encontrei, fui logo tirando uma com a cara do Dougie.
- Mate, você não dá conta da sua mulher, não? – ele me olhou sem entender. – Encontrei com ela agora e estava super nervosinha comigo porque deixei a vir trabalhar com febre. Isso pra mim é falta de uma coisa. – ri.
'S POV
Assim que saí da sala de , respirei fundo, tentando me controlar. Eu sabia que ela estava cada vez pior e um pressentimento horrível tomou conta de mim. Isso era um grande problema, eu sabia que meus pressentimentos não falhavam.
Guardar tudo aquilo sem poder contar pra ninguém estava me matando. Eu queria chorar, estava desesperada para ajudá-la, mas eu não podia, tinha que ser forte. Eu sabia que Harry não tinha culpa de estar vivendo feliz, sem preocupações. Ele não sabia o que se passava com . Se soubesse, eu não veria mais aquele sorriso em seu rosto. Um ato egoísta me dizia que ele não deveria saber, odiava ver Harry triste, gostava muito dele para isso. Tenho certeza que pensava o mesmo. Mas, por outro lado, ele tinha a obrigação de estar com ela, cuidar dela. Ela era a mulher dele, mesmo não estando casados, ainda, mas viviam juntos, ele a amava. Tinha que cuidar dela. Eu achei que podia tomar conta da situação sozinha, que carregaria esse problema com , sozinha, como faço com tudo. Minha mãe diz que eu tenho um espírito de “mãe”: que eu quero cuidar, proteger e resolver tudo o que está a minha volta. Lógico, referente àqueles que amo. Mas, desta vez, não estava conseguindo. Eu sentia que eu não era o suficiente para ajudá-la, que estava de mão atadas e não podia fazer nada. Essa sensação era horrível. Impotência, essa era a palavra certa para o que eu estava sentindo, e eu odiava senti-la. Eu sempre achei que podia resolver tudo e conseguir tudo, mas desta vez não estava ao meu alcance. Só um milagre concederia isso... Talvez um milagre de amor... Talvez um milagre chamado... Harry Judd.
- Hey, !
Disse Harry sorrindo. Eu estava tão distraída em meus pensamentos, tão preocupada, que nem notei que ele havia acabado de chegar e passar pelo corredor, parando ao meu lado.
- Como você pode deixá-la vir trabalhar com febre? – ele me olhava sem entender. – está queimando em febre e você a deixa vir trabalhar mesmo assim? – eu estava furiosa.
Ultimamente eu cobrava muito de Harry. Queria que ele ligasse para ela todos os segundos, que estivesse com ela todo o tempo. Ele não entendia essa minha atitude e nem porque eu estava me metendo tanto. Mesmo quando ele estava com Izzy e ao mesmo tempo, eu não interferi. Isso era estranho para ele. Principalmente, porque eu não era nada simpática. Hoje, especificamente, eu estava muito pior do que todos os outros dias.
- Eu estava na academia, . Nem sabia que ela estava com febre.
Falou ele um pouco impaciente. Harry estava cheio de ouvir cobranças minhas. Eu não podia evitar, o fardo estava demais somente para eu lidar com isso, sozinha.
- Claro, porque seus músculos são mais importantes que sua namorada. – meu lado simpática aflorou.
- , você nunca foi de se meter na minha vida com a da . Então, peço que continue não se metendo. – Harry virou as costas e foi para o estúdio.
Eu queria xingá-lo tanto por isso. Primeiro, porque eu odiava ouvir alguém falar assim comigo. Isso era pedir para morrer. Principalmente Harry sabendo o gênio que eu tinha. Mesmo assim, eu o deixei ir. Saiba que ele não sabia de nada. Então, me recuperei, respirei fundo e fui para o estúdio. Assim que cheguei, ouvi Harry rir e falar com Dougie.
- Mate, você não dá conta da sua mulher, não? – Dougie o olhou sem entender. – Encontrei com ela agora e estava super nervosinha comigo porque deixei a vir trabalhar com febre. Isso pra mim é falta de uma coisa. – ri.
Dougie também riu, mas não disse nada.
- Isso é falta de dar uns tapas na sua cara pra ver se acorda pra vida! – falei irritada, parada na porta.
Aquele dia eu não estava para humor. O peso estava demais, eu não aguentava mais. Precisava de alguém para chorar e me ajudar, porém, eu estava sozinha. Eu precisava ser forte para ela... mas como a própria sempre dizia, eu não era a Mulher Maravilha, eu não era uma rocha.
- Calma, ! Credo. O que foi que eu te fiz pra falar assim comigo? – perguntou Harry se espantando com meu tom.
Dentro da sala de estúdio estavam os meninos e toda a equipe da banda, inclusive Taio Cruz e Dallas Austin, além dos empresários, Fletch e Tommy.
- Não é pra mim que você fez, ou melhor... O que está fazendo. – eu fui até a mesa de som psra falar com Dallas, tentando terminar o assunto e começar a trabalhar. Mas Harry, com seu temperamento, tinha que me provocar bem naquele dia.
- ! Acho que você está exagerando. Eu adoro você, te respeito, sabe o quanto ficamos mal porque foi embora. Mesmo você mandando e desmandando na banda e até na gente, isso não te dá o direito de mandar, ou melhor, comandar meu relacionamento com . Isso é um problema nosso.
Eu já não aguentei mais, não deu. Meu lado brasileira falou mais alto.
- É MESMO, HARRY? SE VOCÊ FOSSE TÃO HOMEM PRA SEGURAR SEU RELACIONAMENTO E TOMAR CONTA DELE COMO FALA, EU NÃO PRECISARIA ESTAR COM TUDO ISSO EM MINHAS COSTAS! – gritei tão alto que eu podia ouvir meu próprio eco na sala.
Dougie se levantou assustado. Todos arregalaram os olhos e se movimentam realmente preocupados. Isso não era meu normal, pelo menos não o que eles conheciam. Mas essa, sim, era eu quando estava farta de alguma coisa.
- Acho melhor você não gritar comigo! – disse Harry com toda sua educação inglesa, porém, com toda a firmeza de sua cultura.
- POR QUÊ? POR QUE EU NÃO DEVERIA GRITAR COM VOCÊ? PORQUE VOCÊ É EGOÍSTA E SÓ PENSA EM SI MESMO! OU POR QUE VOCÊ ACHA QUE ME ASSUSTA COM ESSA POMPA TODA DE EU SOU “FODA”?
Ele me olhou feio, visivelmente irritado, porém todos me respeitavam muito e Harry não era diferente. Ele jamais discutiria comigo como ele estava louco para fazer.
- ! Se acalme, o que está acontecendo? O Harry fez alguma coisa? – perguntou Danny se aproximando de mim e visivelmente preocupado.
- ACONTECEU QUE EU NÃO AGUENTO MAIS! EU NÃO SUPORTO MAIS ISSO. EU NÃO AGUENTO VER O QUANTO ESSE IDIOTA É CEGO. SE ELE FOSSE UM POUCO MENOS EGOÍSTA, PALAVRAS NÃO PRECISARIAM SER DITAS. ELE NOTARIA DE IMEDIATO! – eu gritava cada vez mais.
- , eu já pedi pra não gritar comigo. Você não tem esse direito. Eu nunca faltei com respeito com você! ENTÃO, POR FAVOR, CONTROLE ESSA SUA BOCA, ANTES QUE EU PERCA A PACIÊNCIA.
Eu estava brincando com um copo que estava em cima da mesinha, tentando fazer com que esse objeto me acalmasse, mas ele só serviu para piorar tudo. Eu precisava extravasar de alguma maneira. Eu estava descontrolada, não vendo mais nada. Eu precisa fazer algo, foi aí que, após ouvir Dougie chamar a atenção de Harry, meu esgotamento dos últimos meses por causa da banda, Dougie, e todos os problemas, chegou ao seu ápice. Eu não me controlei mais.
- Harry! Não vou aceitar que fale assim com a . – disse Dougie seriamente. Doug não ficava irritado com frequência, era muito difícil, na verdade, mas quando ele falava sério, não era de brincadeira.
Quando Harry foi responder, eu peguei o copo que estava em minha mão e taquei com tudo na parede , ao mesmo tempo em que gritei, fazendo todos pularem para trás, arregalarem os olhos e se assustarem.
- EU TÔ POUCO ME FODENDO PARA SUA PACIÊNCIA. TÔ POUCO ME FODENDO PRA O QUE QUER OU DEIXA DE QUERER. PORQUE O MUNDO NÃO GIRA EM TORNO DE VOCÊ, HARRY. VOCÊ JÁ APRONTOU FEIO COM A UMA VEZ E EU FIQUEI AO SEU LADO SABENDO QUE VOCÊ ESTAVA ARREPENDIDO. MAS AGORA NÃO... JÁ CHEGAAAA!! – eu gritava tanto que ninguém tinha coragem de retrucar.
- O que foi que eu fiz? Eu não estou traindo a com ninguém, . Se é isso que você está pensando, porque sempre saio com meus amigos. Eu só preciso de um tempo pra mim.
- VOCÊ... VOCÊ... VOCÊ! TUDO É VOCÊ! JÁ PAROU PRA PENSAR QUE OUTROS PODEM PRECISAR DE VOCÊ TAMBÉM?! PUTA QUE PARIU, HARRY. ACORDA PRA VIDA ANTES QUE VOCÊ A PERCA... E NÃO ESTOU FALANDO LITERALMENTE, ESTOU FALANDO EMOCIONALMENTE, PORQUE ANTES QUE VOCÊ MENOS IMAGINE, PODE SE TORNAR O CARA MAIS INFELIZ DO MUNDO.
Quando disse essas últimas palavras, algumas lágrimas começaram a cair pelo meu rosto. Eu olhava para Harry com tanta raiva, mas eu não tinha raiva dele, estava com raiva da situação, de tudo o que estava acontecendo. Eu só queria que ele acordasse e resolvesse tudo isso. Eu sabia que ele podia, eu sentia que podia.
Dougie veio até mim ao perceber que eu começava a chorar. Eu estava tão nervosa que nem havia percebido o quanto chorava. Eu apenas fixava meu olhar em Harry, respirava compassivamente e tremia, tremia muito. Eu havia chegado ao meu limite. Harry, como todos, olhavam-me sem piscar, tentando entender aquele meu momento de surto.
- Amor! – sussurrou Dougie enquanto pousava suas mãos em meu rosto. – Se acalme. O que houve com você? Está me assustando. – sua voz era tão doce, seu toque tão tranquilizante, que eu fui me acalmando aos poucos. – ! – sussurrou ele novamente, acariciando meu rosto com suas duas mãos. – Olhe pra mim! – eu ainda tremia e olhava para Harry. – Hey! Olha pra mim... – dessa vez eu consegui me mover. Sua voz tinha me tirado do transe. Olhei nos olhos azuis de Dougie e me senti segura novamente. – Está tudo bem! Fica tranquila, tá tudo bem! – comecei a chorar desesperadamente enquanto Dougie me abraçava forte. Eu podia sentir seus lábios no topo de minha cabeça. Sua voz sussurrando baixinho que estava tudo bem e suas mãos acariciando meu cabelo.
O susto que todos levaram foi tão grande que o silêncio continuava reinando na sala. Ninguém se movia, pois eu não ouvia barulho e ninguém falava nada.
Eu odiava me sentir fraca, odiava perder o controle da situação, odiava que me vissem assim. Eu precisava ficar sozinha, chorar sozinha. Não queria olhá-los, muito menos para Harry. Ele não tinha culpa, eu sabia o quanto ele era maravilhoso com , mas vê-lo daquele jeito, sem fazer nada, deixava-me extremamente irritada. Então, desvencilhei-me de Dougie e saí correndo do estúdio, chorando, o mais longe que podia.
- ! – ouvi Dougie gritar, porém eu só me afastei mais.
Entrei em minha sala, fechei a porta e caí sentada no chão, encolhida como uma menina amedrontada. Eu já havia sofrido muito nos últimos tempos, eu não ia aguentar mais essa, não ia...
'S POV
Fui até a sala da depois de terminar uns trabalhos para conversar com ela, quando cheguei lá, vi-a encolhida no chão, chorando.
- ? – preocupada. – Está tudo bem? – agachei-me e fiquei na mesma altura.
- Eu não posso mais, . Eu não aguento mais. – ela dizia entre lágrimas.
- ! – Dougie irrompeu pela porta antes que eu pudesse dizer qualquer coisa a .
Ele parou assim que me viu. Imaginei que pudesse ser algum problema entre eles, então me levantei e saí, deixando os dois a sós.
- ! – Harry me chamava e pela cara dele, estava irritado.
- Hey! Não sabia que você estava aqui. – sorrindo.
- E eu não sabia que você estava com febre. – sério. – quase me matou por conta disso.
- Como? – perguntei sem entender. – Devo estar ficando gripada, apenas isso. Por conta da anemia meu sistema imunológico fica mais sensível. Não precisa se preocupar.
Tínhamos chegado a minha sala e ele fechou a porta.
- Você sabe que te amo, não é? – ele me encarava.
- Claro que sei, mas por que está dizendo tudo isso?
- deu a entender que eu estava te traindo. Ela disse que se eu não acordar para a vida, eu posso te perder.
- Amor, a está estressada. Bem que a disse que logo ela se estressaria com vocês. – ri. – E ela apenas ficou preocupada comigo. Não é fácil me ver doente, ela se assustou.
- Não é fácil? Ultimamente é só como tenho te visto.
- Eu já disse que...
- É por causa da anemia e blábláblá... – cortou-me.
- Viu? Até você já sabe. Então não se preocupe. Depois eu falo com a . Mas não fique brava com ela, ok?! – dei-lhe um selinho.
Harry saiu da minha sala e fui até a da , Dougie saia de lá e me olhou de forma estranha.
- ? Está melhor? – sentei-me ao seu lado no sofá.
- Estou. Desculpe por isso.
- Não precisa pedir desculpas por chorar. – sorri. – Harry me disse que você brigou com ele. O que houve?
- Eu não aguentei ver o descaso dele. Ele parece não se importar com você. – eu ia abrir a boca para dizer algo, mas ela não deixou. – Tudo bem você não querer que ele saiba, mas eu sei.
- , eu agradeço pela sua preocupação, mas não podemos cobrar nada dele. Se ele soubesse da minha condição, até que seria plausível, mas ele não sabe. Ele faz o que pode, ele cuida de mim, sim. Era por isso que estava chorando? – ela assentiu. – Ai, , desculpe por te meter nessa. Eu não...
- Contei para o Dougie. – ela me interrompeu.
- Você fez o quê?! – chocada. Então era por isso que ele me olhou daquele jeito.
- Eu precisava, ! Não estava mais aguentando. – desculpou-se.
- Mas, ! Ele é o melhor amigo do Harry! Ele vai contar. – disse preocupada.
- Não vai. Eu pedi para ele não dizer nada e eu sei que ele não vai dizer. – convicta.
- Ok. O namorado é seu e você o conhece melhor do que eu.
Part XXXIII
Duas semanas tinham se passado desde aquela briga entre e Harry. Apesar de tudo, eles ainda se estranhavam às vezes. estava a ponto de explodir toda vez que eu chegava mal para trabalhar, e, se Harry aparecesse, ele era o alvo. Sempre.
Fletch resolveu dar o dia de folga para os meninos. Harry disse que os meninos iriam para casa e jogariam videogame, porque os meus jogos são melhores, segundo o Tom.
- Hey, Doug! – encontrando com ele no corredor. – Não foi pra minha casa hoje?
- Fui sim, , mas vim buscar a para almoçar. – sorrindo. – Depois volto pra lá.
- Bom almoço, então. Tenho que ir para Birmingham, buscar uns documentos que o David pediu. Estão abusando da minha bondade. – ri. – Pelo menos depois disso posso ir para casa. – fazendo uma cara tão feliz que Dougie começou a rir.
Depois de voltar de Birmingham e deixar os documentos com David, fui para casa. Quando cheguei, não havia mais ninguém em casa, nem mesmo Harry. Sem dar muita importância, fui tomar banho. Ao terminar, quando fui abrir o closet, vi que algumas roupas do Harry, que ficavam junto com as minhas não estavam mais lá. Ainda vestida com o roupão abri a parte que cabia a ele e vi que estava vazio.
- What the hell? – sem entender.
Escutei a porta da sala bater e fui ver se era Harry. Quando desci a escada o vi com um olhar perdido, mas ainda tinha uma expressão de irritação.
- Onde estão suas roupas? Seu closet está vazio.
- Há quanto tempo você sabe? – seco.
- Há uns 5 minutos, quando saí do banho e vi. – sem entender nada.
- Há quanto tempo você sabe que tem leucemia? – irritado.
Eu gelei. Como ele descobriu? Alguém deve ter contado para ele. ou Dougie. Eu apenas olhava para ele em silêncio. Quando seu olhar encontrou com o meu, pude sentir toda a raiva que ele sentia.
- Harry, eu... – eu não sabia o que fazer. – Desde aquela vez que eu briguei com o Dougie por causa da e acabei desmaiando na escada. – disse por fim.
- E por que não me contou? Eu achei que a gente estava junto para tudo. – bravo.
- Amor, eu fiquei assustada, estava com medo.
- E você ia me fazer de trouxa? Você ficou sabendo do surto da comigo e não disse nada! Eu fui o último a ficar sabendo! Eu que estava com você.
- E eu ia contar para você ter mais problemas? Eu sei a confusão que está com o lançamento do cd! Caso você não se lembre, eu trabalho no mesmo lugar que você! Que droga, Harry!
Harry não disse mais nada. Apenas colocou as chaves de casa sobre a mesa de centro e foi em direção à porta.
- Aonde você vai? – vendo que ele iria sair.
- Eu não posso ficar aqui, . Eu não posso continuar com isso. Se você não confia em mim para contar tudo que estava passando, eu não tenho mais nada o que fazer aqui. – e se foi.
No momento em que caiu a ficha que ele tinha ido embora, eu comecei a chorar copiosamente. Uma dor imensa invadiu meu peito. Era como se meu coração estivesse sendo arrancado por pequenas mordidas, cada batida dele era um pedaço que ia.
Meu telefone começou a tocar, mas eu não queria atender, não queria falar com ninguém. Ele teve ter tocado umas cinco vezes. Logo depois foi meu celular. Eu vi que era .
- ? – ela disse quando atendi. – Você não está em casa? Estou ligando aí, mas ninguém atende. – eu dei um suspiro de choro. – Ai, meu Deus! Você está chorando! – eu não dizia nada, não conseguia. – Não saia daí! Estou indo para sua casa agora!
Meu mundo tinha desabado. A única pessoa que fazia com que eu me esquecesse de tudo tinha me deixado. Aquela máxima é verdadeira: o medo é traiçoeiro. É por medo de perder que acabamos perdendo. Não sei por quanto tempo fiquei ali. Eu ainda estava sentada no chão, com as costas encostadas na parede e abraçando meus joelhos. As lágrimas ainda não tinham secado. Eu queria gritar, queria fazer alguma coisa que mudasse aquilo que sentia. Comecei a beliscar meus braços, achando que assim acordaria e veria que Harry ainda estava ao meu lado, que nada daquilo estava realmente acontecendo.
- ! – veio correndo até onde eu estava.
Eu apenas a olhava, com os olhos vermelhos de tanto chorar. Dougie se aproximou também, tinha um olhar preocupado.
- O que houve? Onde está o Harry? – e Dougie me ajudavam a levantar.
- Ele... – minha voz estava embargada. – Ele foi embora.
- Ele o quê? – ficou nervosa. – Como? Por quê?
- , ele realmente fez isso? – Dougie parecia não acreditar.
- Fez, Dougie! – recomecei a chorar. – Ele soube que estou doente. Quando cheguei em casa ele não estava, quando abri o closet vi que a parte dele estava completamente vazia. Então ele chegou e disse que ficou sabendo que eu estava com leucemia e que não poderia ficar mais comigo, já que eu não confiava nele.
- Ele foi egoísta assim? – Dougie estava chocado.
- O pior foi o olhar dele. Era um olhar frio, com raiva. Eu estava diante daquele Harry que conheci em São Paulo.
- Dougie, se você ainda quer que a banda tenha um baterista e que sua namorada não seja condenada por homicídio, é melhor você ir falar com ele, porque se eu for o mato. – tinha raiva por trás das palavras.
- Eu vou falar com ele. Não acredito que ele fez isso. – Dougie deu um beijo em minha testa e um selinho em e foi.
- , é melhor você trocar de roupa e se deitar. Vou fazer um chá para você.
Subi para meu quarto e coloquei um pijama qualquer. Deitei na cama e abracei o travesseiro do Harry. Seu cheiro estava ali. Abracei mais forte e recomecei a chorar. Eu queria que ele estivesse ali, gostaria que ele tivesse sido mais compreensivo.
- ! – entrou furiosa no quarto. – O Dougie acabou de me ligar. Ele disse que o Harry ficou sabendo por que ligaram no seu celular dizendo que fazem 2 semanas que você não aparecia no hospital para realizar o tratamento. Foi ai que ele descobriu. – sentou na cama e ficou me encarando. – Sério mesmo? Duas semanas? Por quê? Quer se matar? – então foi isso. O celular que esqueci em casa.
- Caso não tenha notado, já estou morrendo. Parei de ir porque as reações estavam ficando mais intensas. Tinha febre quase todos os dias, já não conseguia comer, enjoos e vômitos. Você acha que isso é vida? Eu tinha que ir trabalhar. O trabalho não iria parar e com essas saídas tinha coisas acumuladas.
- Você foi completamente irresponsável e negligente com sua saúde, ! O que você tem é uma coisa séria. Amanhã nos vamos ao hospital e ficarei lá até terminar a sessão.
- Eu não vou. Eu só quero ficar quieta aqui no meu canto . O Harry me deixou, minha saúde me deixou. Se você quiser me deixar também, tudo bem. Acho que já sofri perdas o suficiente para me acostumar.
- Para de drama! O Harry vai levar o dele. Mas agora é você. Você acha que é a única que está sofrendo? Novidades para você: não é não! Eu estou super mal por ver você assim e não poder fazer nada. Dougie está mal também, Tom não sabe de nada ainda, mas está muito preocupado com você. Até o Danny que é um perdido no mundo está! e me ligam todos os dias para saber de você. Sabe , você já está bem grandinha para saber quais são suas prioridades. – dizia e eu só ouvia calada. – Agora tome o chá e descanse que amanhã vamos ao hospital.
Como havia dito, nós fomos ao hospital e eu levei um sermão do médico por ter sumido por essas semanas. Ele começou a dizer o quanto aquilo era perigoso, e eles retomariam o tratamento, mas se eu desistisse, ele não poderia fazer mais nada a não ser assinar meu atestado de óbito. Coisa legal de se dizer para alguém na minha situação. Dessa vez eu passei mal com os medicamentos. ficou assustada e preocupada. Logo depois que as primeiras substâncias entraram na minha corrente sanguínea eu comecei a passar mal. Suava frio, tive tontura, náuseas.
- Toda vez é assim? – perguntou.
- Não, essa é a primeira vez. – respondi com a voz fraca. – Antes isso acontecia horas depois ou nos dias subsequentes. – parecia analisar meu rosto. – . – ela me olhou, preocupada, expressão que se tornara frequente em seu rosto. – Quando meu cabelo começar a cair, eu não quero que ninguém me veja. – respirei fundo. – Eu vou pedir licença lá da Super Records, e se for o caso, vou me internar.
- Você sabe que virei te visitar.
- Não! Não quero que ninguém me veja no meu pior momento. Quando eu melhorar, se eu melhorar – nesse momento minha garganta fechou e tive que respirar fundo para não chorar. Pensar na possibilidade de não ver mais meus amigos era cruel. – eu deixo vocês me verem de novo.
apenas respirou fundo. Eu sabia que ela estava tentando se controlar para não socar minha cara (risos).
Xx
No dia seguinte fui até a Super Records conversar com David e avisar que me afastaria por problemas de saúde. Ninguém precisava saber exatamente o que eu tinha. Mas todos já me olhavam diferente, como se sentissem pena de mim. Estava em minha sala, organizando minhas coisas, quando vejo Harry passando pelo corredor. Ele continuava lindo. Seu rosto estava sério, sua mandíbula estava contraída, evidenciando a região. Suas mãos estavam no bolso da calça. Ele passou reto pela minha sala, nem ao menos olhou. Soltei um suspiro de decepção e terminei de arrumar as coisas. Feito isso, fui até a sala da . Tom estava lá.
- Hey Tom! – sorri e ele veio me abraçar. – Tom, se me abraçar mais forte vai me quebrar ao meio. – ri.
- Desculpe, mas é que... Ah, sei lá. – ele não sabia o que dizer, mas eu sabia o que ele queria dizer.
- , eu só vim dizer que já arrumei minhas coisas, já avisei que vou me afastar e já mandei tudo para o David. – disse tudo isso triste. Não queria que fosse assim.
- Você sabe que é para seu bem. – ela me olhava como se quisesse me confortar. Eu apenas sorri.
- Vou indo então. E por enquanto vocês ainda podem me visitar. – mandei um beijo para cada um.
Mas antes que pudesse fechar a porta uma escuridão tomou conta de mim, senti um frio e caí no vazio.
HARRY'S POV
Havia duas semanas que eu tinha me estranhado com e até agora eu não havia entendido. Mas foi até agora.
me ligou dizendo que tinha esquecido o celular e que era para pedir que ligasse na Super Records. Dougie tinha ido buscar para almoçar e então Tom, Danny e eu resolvemos pedir comida chinesa. Depois de almoçarmos voltamos ao videogame e então telefone da começou a tocar. Olhei no visor e era um número sem identificação.
- Alô? – desconfiado.
- Boa tarde, esse telefone é da senhorita ? ¬– uma voz feminina perguntou.
- Sim, eu sou o namorado dela, ela o esqueceu em casa. Algo em que posso ajudar?
- É que a senhorita estava em tratamento conosco e já faz duas semanas que ela não aparece. E é de extrema importância que ela retome o tratamento.
¬- Desculpe, mas que tratamento é esse? – agora que ela começou, vai ter que falar tudo.
- A senhorita está fazendo quimioterapia para combater uma leucemia. – respondeu.
- Leucemia? – olhei para Tom que me encarava, Danny deu pause no jogo e começou a prestar atenção na conversa.
- Infelizmente, devido ao estágio em que a doença está, ela não pode parar com o tratamento. Então peço que diga a ela que muito importante que o retome, sim? Muito obrigada pela atenção. – e desligou o telefone.
- Dude, quem tem leucemia? – Tom queria entender.
- A . – eu estava processando a informação. – Era do hospital onde ela faz o tratamento, disseram que ela não vai há 2 semanas e pelo jeito parece que é muito grave o estado dela.
- E quando é que ela fazia o tratamento que ela sempre estava na Super Records ou com você? Danny perguntou.
- Isso é o que... – de repente tive uma luz. – As saídas que ela dizia fazer a pedido da .
- Você tá dizendo que a sabia? – Danny brilhante.
- Isso explica porque ela tem andado tão nervosa comigo. Ela sabia.
- Cara, a já passou mal várias vezes enquanto estávamos conversando, mas ela sempre dava um desculpa. Ela disse que tinha apenas anemia. – Tom parecia chateado por não saber o que ela tinha.
- Era o que ela dizia para todo mundo. – eu estava tentando entender o porquê dela esconder aquilo.
O clima depois disso ficou estranho e eles resolveram ir embora. Eu estava com raiva, estava furioso! Como ela poderia esconder isso de mim? Não conseguia acreditar. Num momento de revolta fui até o quarto e peguei todas minhas roupas, eu iria embora. Se ela acha que pode se virar sozinha, sem contar para ninguém o que se passa então ela que fique sozinha.
Depois que levei minhas coisas para a casa que dividia com o Peter voltei para a da . Ela já tinha chegado.
- Onde estão suas roupas? Seu closet está vazio. – ela disse assim que me viu.
- Há quanto tempo você sabe? – minha vontade era de gritar.
- Há uns 5 minutos, quando sai do banho e vi.
- Há quanto tempo você sabe que tem leucemia? – minha irritação tinha voltado.
Eu sentia raiva dela e por ela. Por ela estar passando por tudo isso e dela por não ter me contado.
- Harry, eu... – eu a encarava – Desde que aquela vez que eu briguei com o Dougie por causa da e acabei desmaiando na escada.
- E por que não me contou? Eu achei que a gente estava junto para tudo.
- Amor, eu fiquei assustada, estava com medo. – agora vem com essa de 'amor'.
- E você ia me fazer de trouxa? Você ficou sabendo do surto da comigo e não disse nada! Eu fui o último a ficar sabendo! Eu que estava com você. – eu estava impaciente, irritado e nervoso.
- E eu ia contar para você ter mais problemas? Eu sei a confusão que está com o lançamento do cd! Caso você não se lembre, eu trabalho no mesmo lugar que você! Que droga Harry!
Eu não disse mais nada, se eu dissesse tudo que gostaria seria pior para nós dois. Então coloquei minhas chaves na mesa de centro e fui até a porta.
- Aonde você vai? – perguntou, me fazendo parar.
- Eu não posso ficar aqui . Eu não posso continuar com isso. Se você não confia em mim para contar tudo que estava passando, eu não tenho mais nada o que fazer aqui.
Sai de lá arrasado, irritado e com vontade de quebrar tudo! No caminho para minha antiga casa havia um pub, pensei em parar lá e beber, mas isso não resolveria meu problema.
Estava organizando minhas coisas no armário que já tinha sido meu quando Dougie chegou.
- Cara, qual é o seu problema? – já chegou me acusando.
- O meu? Nenhum. – desfazendo mais uma mala.
- Certeza? Por que um cara que larga a namorada por quem ele fez de tudo quando ela mais precisa dele, pra mim tem problema. E o seu meu caro, é egoísmo!
- Ela mentiu pra mim Dougie! – nervoso. – O que você faria se a mentisse pra você sobre a saúde dela?
- Eu surtaria, mas com certeza não a deixaria.
- Pelo visto você já sabia.
- me contou no dia que vocês brigaram, ou melhor, ela brigou com você. E eu não contei porque ela disse que a contaria.
- Só que ela não me contou! Fiquei sabendo só porque ela esqueceu o celular em casa e ligaram para avisar que há duas semanas ela não aparece para a quimioterapia.
- Ela dizia para a que ia.
- Tá vendo?! Até para a ela mentiu. Eu não posso com isso Dougie. Se ela não confia em mim, se ela acha que é tão autossuficiente, que fique sozinha. Eu não quero mais saber.
Dougie não disse mais nada, apenas deu um tapinha em meu ombro e foi embora. Esse era um daqueles momentos em que eu precisava ficar sozinho.
Eu estava com raiva e decepcionado com . E chateado pelos meus amigos não terem me dito nada do que estava acontecendo. No dia seguinte fui até a Super Records, passei pela sala da e vi pelo canto do olho que ela mexia em sua mesa. Ela parecia triste e também preocupada. Mas eu passei reto e fui falar com o Fletch. Quando voltava vi entrando correndo na sala da , espiei para dentro de sua sala e que Tom a acomodava no sofá. Ela estava desacordada.
- Vá embora. – apareceu atrás de mim, ela tinha um olhar furioso. – Você não vai entrar ai, não depois de tê-la deixado.
Ela entrou em sua sala e trancou a porta.
'S POV
Ver ali, caída no chão me encheu de desespero. Tom mais do que depressa a pegou no colo e colocou dentro da minha sala enquanto eu corria até sua sala atrás de sua bolsa na esperança que houvesse algo que me ajudaria. Quando voltava vi Harry parado em frente a minha sala.
- Vá embora. – eu era capaz de matá-lo só com o olhar. – Você não vai entrar ai, não depois de tê-la deixado.
Aos poucos foi recobrando a consciência. Eu sabia que aquele desmaio não era um bom sinal. Mas ela não quis nem tocar no assunto. Acho que ela também sabia o que aquilo queria dizer. Ela então terminou de arrumar suas coisas e foi embora, junto com Tom.
Foi tão difícil ver saindo da Super Records. A impressão que eu tinha era de que ela estava nos abandonando. Eu morria de medo de que fosse para sempre.
Fiquei um bom tempo em meu escritório perdida em meus pensamentos. Estava tudo tão corrido, mas eu não conseguia fazer nada.
- Hey! – acordei de meus pensamentos ao ouvir a voz de Danny.
Olhei para ele e sorri tristemente.
- Oi Dan!
- Como você está?
Eu ia responder, mas se eu fizesse isso começaria a chorar, então me limitei a abaixar a cabeça.
Danny atravessou a sala e se aproximou de mim. Agachou-se e pousou as mãos em meus joelhos.
- Vai ficar tudo bem! – Danny me conhecia como ninguém. Palavras não precisavam ser ditas.
- Tenho medo, Dan... – falei chorosa.
- É normal ter medo, ! Não fale isso como se fosse algo de outro mundo. Quando vai entender que você não é uma rocha?
Eu então comecei a chorar. Danny se levantou, me tirou da cadeira, se sentou e me colocou em seu colo. Ele era como um irmão pra mim, uma das pessoas mais importantes da minha vida.
Eu o abracei tão forte, como se estivesse implorando por ajuda.
- Eu preciso ser. Agora eu preciso ser. Eu sei que é comigo que ela conta, já que o Harry foi canalha o suficiente pra largá-la num momento como esse.
- Eu não vou defendê-lo dessa vez. Não tem nem como...
- Eu nunca tive raiva dele, Dan. Mesmo quando aprontou com a e a Izzy. Porque eu o conheço bem. Eu sabia que naquele momento ele estava confuso, que realmente não queria machucar nenhuma das duas, mas agora... Agora é diferente. Ele tá agindo como um...
- Covarde! – Danny completou.
- Exatamente. Ele que é sempre o mais sério de vocês, o mais maduro, o mais cheio de si, está sendo o mais covarde, porque tenho certeza que mesmo o Dougie sendo o mais “molecão”, jamais faria isso.
- Dougie tem a personalidade totalmente diferente de Harry, ! – Danny acariciava meu cabelo – Ele é o mais carinhoso e o mais adestrado de todos nós – eu dei uma risada fraca - Você está evitando o Harry.
Desde que Harry saiu da casa de eu não tinha falado com ele. Nos ensaios ou reuniões evitava até olhá-lo. Quando ele falava alguma coisa comigo ou eu não respondia ou eu respondia olhando para outro.
- Não posso falar com ele, Danny. Se eu falar vou explodir e eu me conheço. Posso ser muito tranquila com vocês, mas eu não tenho um gênio muito fácil.
- Percebi no dia que atacou o copo na parede. – Danny falou de uma maneira engraçada.
- Me desculpe por isso! Sei que assustei vocês.
- Harry mereceu aquele surto. Eu só estou preocupado com você. Aliás, todos nós.
- Não se preocupe! Eu sou dura na queda. – sorri e o olhei.
Danny sorriu e enxugou minhas lágrimas.
-Sabe que eu te amo, e que você pode contar comigo pra tudo, não é?
- Eu não tenho nem dúvidas disso. – sorri e o abracei forte, logo dando um beijo em sua face.
- Quanto a ... Lembre-se que você não está sozinha. Você tem a mim, ao Tom, as meninas e principalmente ao Dougie.
Eu sorri para ele.
- Eu sei disso. E vou precisar muito de você. A vai precisar muito de vocês já que aquele que ela mais ama não está com ela. – fechei a cara novamente irritada.
- Eu estou solteiro. Se ela me quiser estamos fazendo negócios! – eu ri e dei um tapa em seu ombro. Danny estava tentando descontrair o assunto.
- Não te dou pra ela! – emburrei.
- Você é muito egoísta. Está com o Dougie e eu não posso estar com mais ninguém! – ele bufou.
- Exato! – brinquei.
Danny riu e me deu um beijo na testa.
- Vamos! O Doug pediu pra eu te chamar pra irmos para casa.
- Irmos para casa? – arqueei uma sobrancelha.
- Exatamente! Nossa casa. Quando é que você vai entender que seu flat é comunitário?
Eu revirei os olhos e me levantei de seu colo.
- Nem vou comentar.
Danny riu e me puxou para fora da sala.
--- x ---
Todos foram para o meu Flat. Todos, inclusive Harry. Dougie foi me acalmando no caminho enquanto dirigia, pedindo pra eu não matar seu amigo.
Lá em casa estava e que tinham vindo com Tom e Danny, além dos quatro. A única que não estava presente era . Isso era horrível. Eu sentia como se algo estivesse faltando.
Os meninos estavam na sala tomando cerveja e assistindo futebol. Claro que Dougie e Tom reclamaram porque eles não gostam. Enfim, enquanto isso , e eu estávamos na cozinha terminando o jantar.
- Por que a não veio? – perguntou .
- Ela não estava se sentindo bem pelo tratamento, e fora que duvido que ela queira se encontrar com Harry depois de tudo que ele fez. – ocultei a parte do desmaio.
- Eu ainda não acredito que foi o Harry que fez isso. Eu não esperava uma atitude assim de nenhum dos quatro. Não se parece com eles. – comentou .
- É melhor nem comentar sobre isso antes que eu me descontrole de novo e o mate-o.
Nós mudamos de assunto e continuamos a terminar o jantar.
Assim que voltamos para a sala vi que Harry estava ao celular e rindo. Rindo? Como ele podia estar rindo? Aquilo me tirou do sério.
- Amor, o jantar tá ótimo! Você tem futuro como cozinheira. – disse Dougie.
- Já pode casar, ! – brincou Tom.
Dougie me puxou para me sentar ao seu lado no sofá e me deu um selinho.
- Fome eu nunca vou passar! – brincou ele.
Eu sorri para ele.
- Não mesmo! – o abracei carinhosamente, tentando fazer com que ele me acalmasse. Eu sabia que eu estava muito esgotada, e Dougie era o único que me tranquilizava.
- Lógico que eu vou, mate! – ouvi Harry dizendo.
O olhei irritada. Aliás, todos. O momento não era propício para tanta alegria.
Harry desligou o celular, então disse.
- Amanhã a tarde eu vou na casa do Ben. – disse após se sentar.
Eu o olhei fixamente e pela primeira vez depois de dias falei com ele. Eu sabia que não era bom eu ter Harry perto de mim.
- Amanhã a tarde tem gravação. Você não vai! – disse seriamente. Em seguida voltei a comer.
Dougie beijou o topo de minha cabeça. Eu sabia que ele estava tentando me acalmar.
- Você não é minha mãe, ! Eu faço o que eu bem entender da minha vida. Não é a primeira vez que preciso faltar em uma gravação. Aliás, você largou seu trabalho durante 1 mês inteiro.
Aquilo foi à gota d’água. Coloquei meu prato na mesinha da sala, batendo o com força. Todos se assustaram um pouco, menos Harry. Ele parecia querer me provocar.
- Qual é teu problema, Harry? – perguntei muito seria, mas tentando controlar minha voz.
- Do que está falando? – perguntou ele se fazendo de besta.
- Você sabe muito bem do que estou falando. Eu não te reconheço mais. Cadê aquele Harry que eu conheci no Brasil que me encantou como os outros três. Cadê aquele Harry responsável, simpático e amigo de sempre?
- Eu sou o mesmo, . Você que está irritada e se metendo demais onde não deve!
- Eu já te disse uma vez. Se você fosse homem o suficiente eu não precisaria me meter em nada.
Eu estava a ponto de explodir, novamente.
- Honey! Senta aqui! – disse Dougie segurando minha mão, ainda sentado.
Eu o ignorei.
- Do jeito que você está, era preferível que tivesse ficado na Espanha.
Agora foi demais.
- COMO É? EU FAÇO TUDO... TUDO POR VOCÊS. EU ME MATO POR ESSA BANDA. TENTO FAZER O MEU MELHOR. TUDO QUE VOCÊS PRECISAM EU AJUDO. SEMPRE OS APOIO EM TUDO MESMO QUANDO ESTÃO ERRADOS, E VOCÊ TEM A CAPACIDADE DE FALAR ISSO PRA MIM? ALÉM DE EGOÍSTA AGORA É MIMADO?
- ! – disse Danny pedindo para eu me acalmar.
- Eu acho que você está ultrapassando os limites, .
- EU ULTRAPASSANDO OS LIMITES? VOCÊ FAZ UMA CANALHICE DESSAS E EU QUE ESTOU ULTRAPASSANDO OS LIMITES? VOCÊ CADA DIA ME DECEPCIONA MAIS! - eu falava com desdém.
- TUDO ISSO PORQUE EU SAI DA CASA DA ? ISSO É UM PROBLEMA MEU E DELA, ! ELA BRINCOU COMIGO, ELA MENTIU PRA MIM, NÃO TEVE CONFIANÇA EM MIM. E VOCÊ QUERIA QUE EU FICASSE LÁ? – Harry agora gritou.
Dougie se levantou.
- Abaixa o tom, mate! – disse ele.
- A SUA MULHER PODE FALAR O QUE QUER, ME OFENDER E EU TENHO QUE FICAR CALADO?
- Você está errado, Harry! – falou Tom seriamente.
- COMO VOCÊ CONSEGUE SER TÃO MESQUINHO? – eu gritava cada vez mais – COMO CONSEGUE PENSAR SE ELA MENTIU, SE ELA NÃO CONFIOU EM VOCÊ QUANDO ELA ESTÁ COM UM PROBLEMA TÃO SÉRIO. VOCÊ TEM CONSCIÊNCIA DA GRAVIDADE DISSO, HARRY?
- ELA NÃO PRECISA DE MIM! – ele gritou.
Eu gritei mais alto ainda.
- VOCÊ É TUDO QUE ELA PRECISA, SEU IMBECIL!
Harry ficou quieto durante um tempo.
- Eu sempre te defendi. Sempre... Mas agora você ultrapassou todos os limites. Está agindo como um covarde.
Harry ficou mais um tempo calado, até que se pronunciou.
- Amanhã a tarde vou na casa do Ben.
Ele pegou a chave do seu carro e foi saindo do apartamento. Eu não acreditei nisso. Ele estava simplesmente fingindo que nada estava acontecendo? Essa atitude dele fez com que eu perdesse o pouco de sanidade que ainda tinha.
- SEU CANALHA, IMBECIL! – eu corri até Harry e comecei a estapeá-lo.
Logo, senti Dougie, Tom e Danny aparecerem, tentando me segurar.
- PARA, ! – gritou Harry.
- COMO PÔDE FAZER ISSO? COMO? – eu tentava bater, chutá-lo. Estava tão descontrolada que não via mais nada.
- ELA PODE MORRER, SEU IDIOTA! ELA TEM LEUCEMIA... LEUCEMIA! – eu gritava as palavras com toda a força.
Harry me olhou sério.
- PARA! EU NÃO QUERO OUVIR ISSO! – ele falava como se essas palavras o perturbasse, como se não quisesse ouvi-las.
- NÃO QUER OUVIR? QUER AGIR COMO UM CANALHA, FDP QUE LARGA A MULHER SOZINHA COM UMA DOENÇA DESSAS? COMO PODE SER TÃO COVARDE?
- EU JÁ DISSE QUE EU NÃO QUERO OUVIR ISSO! – ele gritou tão alto se aproximando de mim que se eu não estivesse descontrolada teria ficado com medo.
O rosto de Harry estava próximo ao meu. Seu olhar era sombrio, assustador. Eu não pensei duas vezes, dei um tapa tão forte em seu rosto que ele até cambaleou para trás. Isso que eu era bem mais fraca que ele.
- Se ela não se curar você vai se arrepender pro resto da vida. E não falo como uma ameaça porque ninguém vai precisar fazer nada. Você mesmo vai se autodestruir.
- Sai daqui, Harry! – disse Dougie de uma maneira tão séria que não parecia ele.
Harry me olhava de uma maneira confusa, perdida, ainda com ódio, mas eu o conhecia bem. Ele estava com ódio de tudo, menos de mim, ou de , ou de qualquer um de nós.
- SAI DAQUI, HARRY! – gritou Danny dessa vez.
Quando cai em mim, percebi que estava sendo segurada por Dougie pela cintura e Tom e Danny estavam ao seu lado como em proteção. Eu só vi Harry saindo pela porta sem falar nada, em seguida uma escuridão tomou conta de mim. Eu estava esgotada.
--- x ---
Eu estava no estúdio esparramada no sofá, tocando uma das novas músicas da banda, e arrumando algumas notas. Eu gostava de ficar na Super Records a tardezinha quando não tinha ninguém. Era tranquilo. Dougie sempre reclamava, não queria que eu ficasse ali sozinha, mas ele não conseguia tirar essa mania de mim.
- Será que eu posso entrar? – me assustei ao ouvir a voz de Harry.
Depois de nossa briga de ontem, ele sumiu. Realmente não apareceu para as gravações a tarde.
Eu olhei em seus olhos. Ele estava parado na porta. Tinha algo diferente. Ele estava diferente.
- Essa produtora é mais sua do que minha – respondi voltando a olhar para a cifra da música.
Ele entrou e deu uma risada irônica e triste ao mesmo tempo.
- Pra falar a verdade acho que ela é mais sua do que nossa. Você faz tudo aqui.
- Já que você queria que eu estivesse na Espanha, quer dizer que eu não faço falta aqui.
Eu nem olhava em seu rosto. Continuava meu trabalho.
Harry suspirou e se aproximou de mim, sentando-se ao meu lado.
- Me desculpa... – sua voz saiu em um sussurro. Ele estava com a cabeça baixa.
Eu parei o que estava fazendo e o olhei. Meu Deus... Aquilo foi um susto pra mim. Nunca tinha visto o Harry daquele jeito. Ele tinha uma expressão cansada, um olhar triste contornado por olheiras, uma feição assustada.
- Não é pra mim que você tem que pedir desculpas! – suspirei.
Então ele começou a chorar. Agora sim foi espantoso. Harry não era muito emotivo e até um dia atrás estava sendo o mais arrogante possível.
- Eu agi como um idiota. Eu estava com medo. Eu fiquei desesperado, não sabia o que fazer, por isso sai, por isso fingi que nada tinha acontecido. Eu queria fugir da realidade.
- Isso não se parece nada com você! – falei ainda com a voz firme.
- Eu sei! Mas também nunca senti tanto medo em toda minha vida.
- Por que não foi falar com ela então? Por que veio aqui?
Ele agora me olhou.
- Não sei como chegar nela. Não sei como ser forte para ela, não o que fazer. Você sempre nos ajuda em tudo e nos dá suporte. Foi por isso que vim aqui!
Ele me olhou de uma maneira tão desesperada que eu não consegui continuar irritada. Eu vi o Harry de novo, o nosso Harry. Não o que estava aqui nos últimos dias.
- Ela precisa de você... E você simplesmente agiu como um covarde. – eu respirei fundo tentando me acalmar. Eu estava muito esgotada nos últimos dias. Por isso do meu desmaio de ontem. Eu me irritava com muita facilidade – Se você está com medo, imagine ela, Harry. Imagine eu que a conheço desde sempre, imagine as meninas? O problema é que você era a pessoa que ela queria que estivesse ao seu lado – Harry me olhava envergonhado. Muito estranho sua expressão. Ele nunca agia assim. – Eu a entendo muito bem. Num caso como esse, era o Dougie que eu gostaria de ter junto a mim. Ele é minha fortaleza, e a da é você.
- Eu não sei o que posso fazer para ajudá-la, ! – ele suspirou.
- Para ser bem sincera, você não precisa fazer nada. – ele me olhou confuso. – Só sua presença é uma diferença enorme, eu te garanto. Se tem uma pessoa que pode ajudá-la a se recuperar, não é o médico, não é o tratamento, não sou eu, nem as meninas e nem os meninos... É VOCÊ! Só você! Porque eu duvido que ela vá ter ânimo e vontade de alguma coisa sabendo que você não está nem ai pra ela. A pessoa que ela mais ama no mundo, age friamente sabendo a gravidade do problema! Pelo menos se fosse comigo eu não ia querer lutar. Pra que?
Harry apenas me olhava, escutando e digerindo minhas palavras.
- Eu fui horrível com você ontem. Me perdoa, ! Eu fui tão estúpido e você continua se importando tanto, tentando me ajudar.
- Coração de mãe é assim mesmo, né! – eu revirei os olhos e ele riu entre as lágrimas. Em seguida, inesperadamente me abraçou. Eu retribuí acariciando seu cabelo em conforto. – Vou estar sempre aqui pra você! Mesmo que faça qualquer burrada que seja. Se você precisar, eu vou estar aqui.
Ele beijou minha bochecha e me olhou.
- O Dougie é um cara de sorte! – ele sorriu e beijou minha testa.
- Eu sei! – revirei os olhos. Harry riu.
- Você vai ser uma ótima mãe!
Minha vez de rir.
- Já tenho 4 filhos e 3 filhas. To bem assim, obrigada! – ele riu ao saber que eu falava deles e das meninas.
- ! – ele respirou fundo.
- Me ajuda a trazê-la de volta. Você é a única que pode me aproximar dela novamente. Provavelmente a nem vai querer me ver.
- Nessas horas, Harry. Eu duvido que ela seja mesquinha a esse ponto. Ela deve chorar todos os minutos implorando para que você volte, porque era realmente precisa de você.
Ele me olhava fixamente compenetrado em minhas palavras. Eu abaixei o olhar e vi um papel em sua mão.
- O que é isso? – perguntei.
Ele deu uma risada sem graça.
- Não vai rir de mim! – eu sorri. Quando ele falava assim, boa coisa não era. – Eu passei a noite escrevendo uma música pra .
Eu arregalei os olhos.
- Olha só que nosso baterista tá gostando da coisa. Primeiro ajudou a escrever a minha música e agora uma pra ! – eu ri.
- Não ficou boa como a do Doug, ou se o Tom ou o Danny estivem escrito, mas eu tentei. – ele coçou a cabeça sem graça.
Eu olhei para ele e comecei a rir.
- Não precisa falar nada. Eu te conheço melhor do que você se conhece. – ele riu – Você quer que eu te ajude a melhorar a música e fazer uma melodia pra ela. Certo?
Ele apenas sorriu.
- Vamos ver o que temos aqui! – peguei o papel de sua mão e comecei a ler uma parte da canção.
Here I am
With all my heart
I hope you understand
I know I let you down
But I'm never gonna make that mistake again
You brought me closer
To who I really am
Come take my hand
I want the world to see
What you mean to me.
Olhei para Harry com os olhos arregalados.
- Ficou tão ruim assim? – ele também arregalou os olhos.
- Pelo contrário. Ficou perfeito. Algumas mudanças apenas com certas rimas, outras coisinhas pra mexer – ele ria. – tirando isso tá lindo. Acho que eu vou começar a compor com você.
Ele riu.
- Tenho muitas qualidades! – brincou arqueando a sobrancelha no estilo tigrão.
- Tem mesmo! E uma delas é ser uma das pessoas mais fortes e inteligentes que eu conheço. Não mude isso! – falei sério. Ele entendeu o recado.
- Então puxa o piano ai. Você toca e vamos tentar criar a melodia pra música. [n/a: para quem não sabe, Harry toca piano e trompete, além da bateria].
Quando Harry sentou de frente para o piano e tocou uma nota eu o cortei.
- Sabe, eu tive uma ideia.
Harry arqueou a sobrancelha.
- Eu tenho medo das suas ideias.
- Tigrão tendo medo de mim. Novidade!
Ele revirou os olhos.
- Já sei como você vai voltar pra e onde isso vai acontecer! – dei um sorriso sapeca.
Harry ficou confuso e novamente arqueou a sobrancelha.
- Provavelmente seu plano é maluco, mas por ela eu faço qualquer coisa! – ele sorriu tão lindamente que tive que dar um sorriso encantado.
- Isso era só o que eu precisava ouvir! Esse é o Harry que eu me orgulho tanto.
Me levantei, fui até o piano, acariciei seu cabelo e dei um beijo no topo de sua cabeça.
Ele sorriu e beijou minha mão.
- Vamos começar a trabalhar. Agora você vai quer como é difícil o meu trabalho.
Ele riu. Eu me sentei em cima do piano, então começamos a trabalhar na música.
'S POV
- Hey, olhe só quem acordou! – Tom sorria de um modo preocupado e me olhava preocupada.
- Oh God... – eu sabia o que tinha acontecido. Eu havia desmaiado. – Desculpem por isso.
- Você está assim por conta de tudo isso que está acontecendo. Essa doença, o Harry, e... – eu interrompi o discurso da .
- Todos nós sabemos por que estou assim. E eu acho que agora vou para casa. Tenho que descansar.
- Eu vou com você, depois volto de táxi. Não vou te deixar dirigir depois de um desmaio. – Tom se prontificou.
Eu apenas sorri. Sabia que seria inútil discutir. Despedi-me de e visualmente de tudo que havia ali. Eu tinha a impressão que não veria mais aquilo. Mas talvez fosse apenas uma impressão ruim.
- Até mais Tom. – me despedi dele com um beijo em sua bochecha.
- Mantenha-me informado. – eu apenas assenti e esperei que ele entrasse no táxi para fechar a porta.
Era estranho ficar sozinha em casa novamente. Eu já tinha me acostumado a ter sempre o Harry por perto, em ver suas coisas espalhadas pela casa, em brigar com ele por conta da toalha molhada em cima da cama (risos). Mas agora eu já não tinha nada daquilo. Ele se foi. Ele foi embora e levou tudo com ele.
Eu poderia ser dura e forte a maior parte do tempo e com todo mundo. Aliás, quando conheci o Harry eu era assim, eu o tratei assim, mas depois eu já não conseguia ser assim com ele. Agora eu teria que criar toda uma parede, ser forte e dura de novo, mas eu sabia e todo mundo sabia que por trás disso haveria sempre uma menina que se importa com tudo e que está assustada e com medo. Sentei em minha cama e peguei o travesseiro que era do Harry, comecei a sorrir ao me lembrar das coisas malucas que ele disse aquelas que ficavam correndo pela minha cabeça. Corri os olhos pelo quarto e era com se ele estivesse por toda a parte. Comecei a chorar de novo. Eu queria que ele estivesse aqui, eu faria qualquer coisa para tê-lo aqui de novo. Mas logo o choro de saudade, da ausência, tornou-se um choro de decepção, de frustração. O modo como Harry me olhava quando foi embora, tudo o que disse ainda estava bem vivo em minha memória. Iniciava em mim, uma batalha interna de sentimentos.
Mais tarde naquele dia, me ligou perguntando se não queria ir jantar na casa dela. Ela falou que todos iriam, e isso certamente incluiria o Harry. Eu não queria ir. Não queria vê-lo, pelo menos uma parte de mim. Mas também não me sentia disposta a ir. Agora que retomei o tratamento eu estava muito mais indisposta. Fiquei assistindo televisão até o que sono chegasse e ele só resolveu dar as caras lá pelas 3 a.m.
Apesar de ir dormir tarde, acordei cedo. Mas eu não queria sair da minha cama, eu não conseguia sair dali. Eu não me reconhecia. Se fosse há uns tempos eu já estaria em pé e pronta para viver do jeito que fosse possível. Mas estar com essa maldita doença e sem o Harry tinha acabado comigo. Eu já não sabia mais se iria à próxima semana fazer a outra sessão. Eu sentia que precisava era do Harry ao meu lado. Peguei meu Ipad e vi que Tom tinha postado uma foto do jantar na casa da . Todos estavam bem, sorriam para a foto. Eu me senti triste por não ter participado daquele momento. Estava olhando para todos naquela foto, se algo acontecesse, eu com certeza sentiria falta de todos. Fui passando os olhos por cada rosto que havia ali, até que cheguei ao Harry. Ele sorria, mas não com os olhos. Seu olhar era vazio. Passei a mão na tela, como se tocasse seu rosto. Eu sentia falta dele. Não sentia apenas saudade, sentia algo a mais.
Um pouco mais tarde, e vieram em casa.
- Hey meninas! Que saudades de vocês! – abraçando-as.
- Também estamos com saudades! Perdemos nossa companheira de eventos. - fez um bico e levou um tapa da . O amor é lindo.
- Também não é assim. – me sentando.
- Ok, como você está? – perguntou.
- Como podem ver. – eu estava acabada.
- Amiga linda e querida! Pode ir mudando essa sua carinha! Você não pode se entregar assim. Se ele foi embora o problema é dele! Porque quando você ficar boa, vai ficar mais linda e poderosa do que nunca e o otário vai ficar chupando dedo! – falou cheia de si.
- A tem razão. Você não pode continuar assim, só faz mal para você mesma! Ou você acha que assim vai afetar a ele? – me olhou. – Afetou tanto que ontem ele brigou com a , ou melhor, ela brigou com o Harry porque hoje ele disse que não iria ao ensaio porque iria à casa do Ben.
- Isso não é problema meu. Se ele está bem assim, que bom para ele. – dando de ombros.
- Mudando de assunto! – se empolga. – Daqui a três dias é o lançamento da nova coleção da Devine's! – os olhos dela brilham com isso. – E também do livro!
Logo depois do lançamento da marca, e todo o sucesso, resolvemos escrever um livro sobre moda, dando dicas e truques para diversos tipos de looks além de contar um pouco da nossa história.
- Jura? E por que me avisaram em cima da hora? – me levantando do sofá e começando a andar de um lado para outro.
- Em cima da hora? Você tem 3 dias.
- , minha flor de maracujá azedo, você está enxergando bem? Você viu como está meu estado? Eu só vou conseguir ficar bem se eu for para um SPA! E olhe lá! – e se entreolharam e começaram a rir. – Qual a piada? Estou falando super sério!
- Essa é a que conhecemos e de quem estávamos com saudades! – elas vieram me abraçar. – E não se preocupe, achamos um SPA perfeito para você.
- Vocês já tinham planejado tudo? – assustada.
- Digamos que a gente te conhece. – piscou. – Ah, você precisa ir até o atelier para ver se precisa de ajustes no vestido. Ele é lindo! – ela riu. – Agora vá arrumar suas coisas que vamos te levar até o SPA. Na sexta, antes do almoço, vamos te buscar.
Arrumei uma pequena mala e fomos para esse bendito SPA, e elas não estavam brincando quando disseram que era perfeito. Tinha vários tipos de massagens, todas tailandesas, o que, em minha opinião, são as melhores.
Aqueles dois dias e meio que passei no SPA foram muito bons. Esqueci um pouco das coisas, só não esquecia o Harry. Infelizmente ele tomava conta dos meus pensamentos a qualquer momento, o que quer que eu esteja fazendo. Mas tudo o que ele havia feito ainda doía, e muito.
Part XXXIV
Quando a noite de lançamento da nova coleção e lançamento/autógrafos do livro chegou eu estava muito melhor. As olheiras tinham diminuído, eu parecia mais saudável. O que ainda me incomodava era o roxo que ficou em meu braço por conta da injeção. Então escolhi usar um vestido que tivesse mangas. Depois de tomar banho, arrumar meu cabelo com um rabo de cavalo moicano e fazer a maquiagem, fui vestir o vestido, torcendo para que não ficasse muito largo, já que eu tinha emagrecido.
Vestido queria me buscar, não queria que eu fosse sozinha, mas eu a convenci de que estava bem para dirigir. Eu estava apenas nervosa. Tínhamos combinado que a banda cantaria no desfile, ou seja, eu encontraria com o Harry. Só de ficar pensando nisso minhas mãos transpiravam e meu coração acelerava. Cheguei ao local do evento junto com e Dougie.
Vestido - ! – me abraçou forte. – Por onde você andou? Não conseguia falar com você, estava preocupada!
- Fui para um SPA. – sorri. – Sou chique. – pisquei.
- Você está ótima . – Dougie disse abraçando pela cintura e sorrindo.
- Obrigada Dougie. Eu espero que a noite seja ótima também.
Na entrada havia muitos fotógrafos e pessoal da impressa. e Dougie entraram primeiro, e ficou respondendo algumas perguntas e tirando fotos junto com o Dougie. Eu fui em seguida, estava tirando várias fotos até que me perguntaram por que eu estava sozinha.
- , onde está Harry?
- , vocês não estão mais juntos?
Ouvir aquelas perguntas me entristeceu. Eu apenas sorria falsamente, mas não respondia nada. Depois de mais algumas fotos e perguntas não respondidas consegui chegar ao lounge Estava tudo belíssimo. E com certeza o desfile seria um sucesso e minha mão doeria de tantos autógrafos (risos). Não demorou muito e chegaram com Tom e Danny.
- Wow! Que gatas! – sorri, indo abraçá-las.
- Você está linda ! – Tom disse e eu o abracei.
- Você também está maravilhoso. – pisquei. – E olha o Danny. Parece até gente. – ri.
- Eu sei que estou muito gato. – cheio de si.
- Menos Jones, bem menos. – ele revirou os olhos e eu ri. – Toma conta da porque vai ter muito homem nessa festa hein. – o alertando.
Ficamos conversando um pouco até que e Dougie se juntaram a nós.
- Meninas, hoje vocês vão arrasar! – Dougie comentou sorrindo.
- Temos certeza disso! Ainda mais com vocês tocando. – muito animada.
Logo a conversa acabou se direcionando a vida de casal, e bem, eu já faço parte de nenhum, então me afastei, indo em direção ao bar. Pedi um Blueberry Martini.
- Você deveria beber? – era Harry, mas eu nem me virei para falar com ele.
- Isso não é da sua conta. – peguei meu drink e sai dali sem olhá-lo.
Eu não conseguia andar muito sem que alguém me parasse. Todos queriam conversar, cumprimentar, parabenizar e tietar (por que não?). De onde eu estava conseguia ver meus amigos conversando animadamente, logo Harry se juntou a eles e disse algo para que olhou pra mim com uma cara horrível e apontou para meu copo. Eu apenas dei de ombro e tomei um gole. Eu não estava cometendo nenhum pecado ou crime. Eu posso ingerir pequenas quantidades de álcool, desde que não sejam poucos dias antes ou depois da aplicação. Porém toda hora que eu olhava na direção deles, os via me encarando e aquilo me tirou a paciência. Deixei o Martini em cima de uma mesa e sai andando, irritada, para junto deles. Quando me aproximei os meninos saíram, deixando apenas o clube da Luluzinha.
- Posso saber que tanto vocês tomam conta da minha vida? – olhando para .
- Harry chegou aqui todo nervosinho porque você estava bebendo.
- Agora ele deu para se preocupar comigo? – brava. – E você sabe que posso beber um pouco.
- O problema é o significa 'um pouco' para você não é ? – parecia nervosa também.
- É amiga, pega leve ok?! – fazia coro.
- Gente, esse foi o primeiro drink que peguei. E eu nem o tomei todo. Deixei mais da metade no copo e vim para cá. Eu sei o que posso ou não fazer. E nesse momento preciso sentar porque estou cansada. – me virei procurando um lugar para sentar.
- A gente vai começar os autógrafos agora e depois o desfile. Os meninos foram arrumar as coisas para tocarem. – me informou.
Nem preciso dizer que a sessão de autógrafos fora um sucesso não é?! Minha mão estava doendo de tanto escrever (risos).
- Gente, eu acho que vou pegar um pouco de gelo. – falei rindo.
- Por quê? Algo errado? – já perguntou preocupada.
- Relaxa ! – ri mais ainda. – É que meu pulso está doendo de tanto escrever.
- Se for assim, traz gelo para todas nós, né?! – falou enquanto massageava seu pulso. – Até a deve estar sentindo dor, isso porque ela já é expert em dar autógrafos. – ela riu e eu a acompanhei.
- Parem de reclamar porque o desfile já vai começar. Vamos para nossos lugares. – mandona.
Como mandado pela , fomos para nossos lugares para acompanhar o desfile da alta costura da Devine's. Agora se você pensa que alta costura significa apenas aqueles vestidos dignos de Red Carpet está muito enganado. Não que esses não sejam dignos, mas quantas personalidades você já viu usando um vestido curto na entrega do Oscar? Bem, vestido curto também é alta costura.
e haviam se superado dessa vez, os modelos estavam simplesmente divinos. Todos ficaram boquiabertos com o desfile, e ainda por cima tinha McFly tocando. Os meninos estavam lindos. Harry também estava maravilhoso. Embora estivessem vestidos perfeitamente, com direito a gravata e tudo, cada um deu um toque especial ao look.
McFly Tom era o mais sério, estava vestido como um lord. Um gato, eu devo comentar. Danny e Dougie estavam muito bonitos também, e embora usassem jeans isso não desvalorizou o conjunto, mesmo com Dougie usando aquelas botas dele (risos). Harry também usava um jeans e os sapatos que minha avó chamaria de 'botina'. Ele estava simplesmente perfeito pra mim. Eu adorava quando ele usava roupas escuras, principalmente quando era terno. Queria que estivéssemos juntos para poder dizer o quanto ele estava irresistível aos meus olhos.
O desfile já estava para terminar quando disse que deveríamos ir até o backstage e entrar com as modelos. Quando entramos na passarela todos começaram a aplaudir e em pé. Eu estava orgulhosa do nosso trabalho, estava muito mais orgulhosa de e por terem feito todos os desenhos que ganharam vida nessa noite. Então quatro modelos entraram com arranjos de flores, buquês para dizer a verdade. Três eram de rosas com lírios e um de tulipas, já que eu não gosto de rosas e sou apaixonada por tulipas. Quando as modelos nos entregaram eles, eu olhei para as meninas e balbuciei que elas tinham se lembrado de que eu não gostava de rosas, elas riram.
Depois do desfile começou uma festa. Eu não estava muito no clima, mas resolvi aproveitar um pouco, afinal era nossa noite. De repente a música foi cortada e as luzes se apagaram. Blackout foi a primeira coisa que pensei. Mas então comecei a ouvir uns acordes de violão. Olhei na direção de onde julgava vir o som e vi os meninos tocando, e o Harry segurando o microfone.
- Senta que lá vem história. – falei mais pra mim do que para as meninas que me olharam sem entender.
Can't blame you
For thinking
That you never really knew me at all
I tried to
Deny you
But nothing ever made me feel so wrong
I thought I was protecting you
From everything that I'd go through
But I know that we got lost along the way
Harry começou a cantar e a olhar fixamente pra mim, aquilo me incomodava. Mas comecei a prestar atenção na letra.
Here I am
With all my heart
I hope you understand
I know I let you down
But I'm never gonna make that mistake again
You brought me closer
To who I really am
Come take my hand
I want the world to see
What you mean to me
What you mean to me
Ah, agora quer dizer que eu sou importante pra ele? Cruzei os braços e fechei a cara.
- Descruza esse braço e melhora sua cara.
- , você consegue ser pior que minha mãe. – bufando fiz o que ela disse.
Just know that
I'm sorry
I never wanted to make you feel so small
A story
Is just beginning
For let the truth break down these walls
And every time I think of you
I think of how you pushed me through
And show me how much better I could be
O olhar dele estava fixo em mim, mas eu desviava o meu. Se ele achava que uma música mudaria as coisas, estava muito enganado.
Here I am
With all my heart
I hope you understand
I know I let you down
But I'm never gonna make that mistake again
You brought me closer
To who I really am
Come take my hand
I want the world to see
Ele agora estava vindo em minha direção, caminhava lentamente, e eu me levantei rapidamente. Não queria passar por isso. Estava saindo dali quando me puxou pelo braço e se colocou ao meu lado e atrás de mim. Eu mereço.
What you mean to me
You make me feel like I'm myself
Instead of being someone else
I wanna live that every day
You say what no one else would say
You know exactly how to get to me
You know is what I need
Is what I need
Ele agora estava parado bem a minha frente, me olhando com aqueles olhos azuis. Foi então que percebi como ele parecia cansado, como se não tivesse dormido por dias. Ele me olhava como se pedisse perdão por tudo, havia medo também.
Here I am
With all my heart
I hope you understand
I know I let you down
But I'm never gonna make that mistake again
You brought me closer
To who I really am
Come take my hand
I want the world to see
What you mean to me
What you mean to me
Harry terminou a música e se aproximou mais de mim. Ele tinha um sorriso de esperança nos lábios. Ele abriu a boca par dizer algo, mas eu fui mais rápida e sai correndo. Conforme eu corria sentia meu rosto esquentar e meus olhos arderem, anunciando que as lágrimas estavam chegando. Cheguei ao lado de fora do salão, a impressa já não estava ali. Fui até uns bancos que havia no jardim em frente e ali comecei a chorar.
- .
Ele estava parado novamente diante de mim.
- O que você quer? – limpando as lágrimas enquanto olhava para o outro lado.
- Primeiro quero que você olhe pra mim. – respirei fundo e o encarei. – Segundo quero dizer que você está linda. – eu arqueei a sobrancelha. – E finalmente quero dizer que eu fui um egoísta, imbecil, covarde, imaturo e tudo mais do que você quiser me chamar. Mas eu te amo.
Eu me levantei e comecei a encará-lo.
- Ama? Se você me amasse realmente não teria fugido! Não teria me abandonado quando eu mais precisava de você! Você era a única coisa da qual eu realmente precisava Harry! Você era tudo pra mim. A cura de todos os meus males, você conseguia fazer com que eu me esquecesse de todos os meus problemas, apesar de estar um trapo humano eu me sentia linda ao seu lado. E o que você fez? Foi embora.
- , eu sei que eu agi errado, mas no fundo fiz isso porque queria fugir da realidade, não queria aceitar que você estava doente, não queria pensar na possibilidade de não te ver, de ficar sem você para sempre.
- Ah, e ir embora foi mais fácil? Porque se não me engano, desse jeito você também ficaria sem mim.
- Eu tive medo. E o medo nos faz fazer coisas que não queremos. Eu não posso ficar sem você. Eu fico perdido sem você , um inútil. Eu não consigo descansar, não consigo dormir sem você ao meu lado. Eu sei que não posso apagar o que eu fiz nada do que eu fiz, e eu vou sempre carregar essa culpa comigo. Não pense você que eu não pensava em você, eu pensava em você a todo o momento.
- Até quando foi para a casa do Ben? – ele me olhou sem entender. – As meninas me contaram. Contaram da sua discussão com a .
- Até lá eu pensei em você. Foi lá que veio a ideia de criar essa música pra você. A me ajudou e...
- Eu sabia que tinha um dedo, melhor, a mão inteira dela nisso! E você achou que vindo aqui e cantando essa música resolveria as coisas?
- Achei. – sincero.
- Mas não é assim que as coisas funcionam Harry! Você disse coisas que me magoaram, me machucaram. Você tem noção de quanto eu chorei por sua culpa? Eu queria morrer Harry! Se dependesse de mim eu não faria mais essa droga de tratamento, afinal, porque eu iria querer me curar se a pessoa que eu mais amo no mundo não estiver comigo?
- Eu estou com você agora. E quero ficar com você para sempre. – ele segurou meu rosto entre suas mãos e encostou nossas testas. – Eu te amo . E quero me casar com você.
Levantei meus olhos assustados e encontrei com os dele, que pareciam sinceros e tranquilos.
- Sei que fui um idiota, um estúpido, mas tudo isso piora sem você. Casa comigo.
- Não. – me afastando. – Não quero que você se case comigo por achar que é a melhor coisa a se fazer. Eu estou doente e não grávida. E mesmo grávida não aceitaria me casar apenas por esse motivo.
- Você me ouviu? Eu te amo e quero me casar com você. E-u-t-e-a-m-o. – ele soletrava. – Não me importo se você está doente ou não. Me importo em querer ficar ao seu lado, estar sempre com você, te ajudar quando precisar, cuidar de você, amar você.
- Eu devo ser muito idiota. – passando a mão pelo rosto e mordendo meu lábio.
- Eu sempre gostei quando você mordia o lábio, desde o dia que nos conhecemos. – ele sorria.
- Eu caso com você. – disse quase num sussurro.
- O quê? – ele estava atônito.
- Eu disse que me caso com você. – num tom já normal de voz.
Harry me levantou do chão e me rodou no ar. Quando me devolveu ao chão começou a me beijar.
- Agora sim eu sou o homem mais feliz do mundo.
Antes que ele pudesse me beijar eu o interrompi.
- Mas você precisa saber que as coisas vão piorar. Minha aparência vai piorar, minha saúde vai piorar. E pode ser que eu tenha que me internar.
- Estarei sempre ao seu lado e direi que você é a mulher mais linda do mundo, porque você é minha mulher.
- Então, se a gente for mesmo se casar, teremos que apressar as coisas. Não quero parecer com a noiva cadáver. – revirei os olhos e ele riu. – Acho que temos que avisar aos padrinhos. – estendi minha mão e ele entrelaçou nossos dedos.
Part XXXV
HARRY'S POV
Shakespeare já dizia que "nossas dúvidas são traidoras e nos fazem perder o que, com frequência, poderíamos ganhar, por simples medo de arriscar". Quando fiquei sabendo que estava doente fui tomado pelo medo e insegurança. Eu não sabia o que pensar, não sabia o que fazer. Achei que indo embora fosse ajudá-la já que ela não estava mais indo se tratar, mas logo depois que sai percebi como aquilo errado. Havia medo em seu olhar, medo e tristeza. Eu não conseguia parar de pensar nela, então eu fazia qualquer coisa para fugir da realidade, eu fingia que estava bem e esperava que um dia de tanto fingir eu acabasse acreditando nisso. Mas depois da discussão que tive com a durante o jantar na casa dela, eu percebi que isso seria impossível. Todos estavam dizendo que eu estava diferente, e isso era muito capaz de ser verdade, sem eu ficava perdido, não conseguia ser o mesmo de antes. Foi então que decidi que precisava dela e a teria de volta. E fiz algo muito inimaginável, escrevi uma música para ela. Uma música que fosse uma declaração e um pedido de desculpas. Bem é claro que me ajudou. E no dia do lançamento do livro e da nova coleção da Devine's eu a cantei para ela. A princípio ela não queria me desculpar, e nem eu sei se me desculparia, mas conversamos e bem, eu acabei fazendo o pedido. Eu a pedi em casamento. Duas semanas se passaram e agora estou aqui, me preparando para o casamento. Ela quis assim por causa do tratamento. Devo confessar, estou super nervoso. Há três dias não falo com a , nem tenho notícias dela. Falo apenas com as meninas, e elas me garantem que a está bem que estará no casamento, nem que seja para dizer 'não'. Mas isso não me acalma.
- Dude, parece que você está indo para a forca! – Dougie tirava com a minha cara.
- De certa forma está! – Danny falou. – Mas se bem que eu me casaria também com a . – ele fez uma cara de tarado e levou um tapa na cabeça do Tom.
- Que a não te ouça. – falei rindo.
Estava terminando de dar o nó na gravata quando meu celular tocou. Era .
- Alô? – desconfiado.
- Amor,eu tenho que falar logo. Peguei o celular escondido porque as loucas não me deixam falar com você. – ela riu e eu a acompanhei. – Como você está? – aposto que ela mordia os lábios.
- Nervoso para ser sincero. E bem ansioso. – ela riu.
- Que bom, achei que era apenas eu que estava assim. – ela suspirou. ¬– As meninas estão me chamando. Te amo!
¬- Te vejo daqui duas horas. Serei aquele que estará no altar, te esperando.
- E eu serei a de branco. ¬– ela riu com vontade. ¬– Te amo muito!
- E eu amo você.
Falar com ela, mesmo que rápido, me deixou mais calmo. Mas ainda estava ansioso para vê-la. e disseram que o vestido era perfeito e eu não duvidava disso, nem da capacidade delas, já que o fizeram em tempo recorde.
'S POV
Aquelas duas horas foram as mais longas da minha vida. Se não fosse meu casamento eu já estaria me descabelando e sem unhas de tanta ansiedade. As meninas me trouxeram para um SPA, diferente daquele que fiquei, mas com o mesmo nível de luxo, e agora que estava num hotel onde me arrumava e onde passaria a noite de núpcias. O que é estranho levando em conta que já moro com o Harry.
- WOW! – as meninas disseram em coro.
- Você está linda ! – disse.
- O vestido ficou lindo em você, você está perfeita! – sorria.
- O Harry vai pirar quando te ver. – tinha os olhos marejados.
- Vai borrar a maquiagem ! – eu ri.
- Nossa, esqueci que você é insensível. – ela mostrou a língua. – Não chora nem no dia do casamento.
- E estragar essa maquiagem linda? Não, obrigada. – sorri com desdém e elas riram.
Minha maquiagem era delicada, porém tinha os olhos bem marcados, combinava com o vestido. Meu cabelo era um tanto quanto elaborado. Tinha feito um semicoque no alto da cabeça e enrolado o restante, colocando um arranjo delicado.
Cabelo - , o Harry quer falar com você. – entregava o celular.
- Agora eu posso falar com ele? – irônica.
- Ele implorou, e ficou me devendo no SPA – ela riu.
- Harry?
- Oi amor. Quero que você escute uma coisa.
I'm running out of ways to make you see
I want you to stay here beside me
I won't be ok and I won't pretend I am
So just tell me today and take my hand
Please take my hand
Please take my hand
Please take my hand
Please take my hand
Just say yes
Just say there's nothing holding you back
It's not a test nor a trick of the mind
Only love
It's so simple and you know it is
You know it is
We can't be to and fro like this all our lives
You're the only way to me
The path is clear
What do I have to say to you
For God's sake, dear
For God's sake, dear
For God's sake, dear
For God's sake, dear
For God's sake, dear
Just say yes just say there's nothing holding you back
It's not a test nor a trick of the mind
Only love
I can feel your heart beat through my shirt
This is all I wanted
All I want
It's all I want
It's all I want
It's all I want
It's all I want
Just say yes just say there's nothing holding you back
foi correndo buscá-lo. Ele era feito de tulipas brancas . Era lindo.
O caminho até a igreja foi silencioso, pelo menos da minha parte, já que as meninas não paravam de falar. Quando finalmente chegamos à igreja meu estômago começou a dar voltas, meu coração acelerou e minhas mãos transpiravam horrores.
- Fique aqui, daqui a pouco a gente vem te buscar. – disse.
HARRY'S POV
Meu coração estava muito acelerado, em instantes eu seria um homem casado, casado e feliz.
Eu usava um fraque preto, com colete, camisa, gravata e lenço brancos.
Se antes eu já estava nervoso, piorei mil vezes depois que apareceu e disse que estava esperando para entrar. Respirei fundo. Aquele era o momento. Peguei o saxofone, não que eu toque, mas eu aprendi duas músicas especialmente para a ocasião. Estava me tornando multifuncional como dizia . Olhei para meus amigos que sorriam e me encorajavam.
Quando a porta se abriu, um violão começou a tocar e então logo comecei. Tocava a música que mais gostava aquela que eu cantava para ela antes de dormir, Hero
Muita gente que estava no casamento ficou espantada a me ver tocando. Até eu fiquei. Não imaginava que conseguiria. Toquei a música inteira. Dougie, Tom e Danny olhavam pra mim como quem dissesse que mandei muito bem e as meninas me olhavam encantadas.
Quando já estava posicionado no altar, olhava atentamente para a porta principal, esperando o momento em que ela se abrisse e entrasse. Esperei cerca de 5 minutos, que mais pareciam 5 horas. Foi então que Iris, do Goo Goo Dolls, começou a tocar e a porta se abriu.
estava simplesmente deslumbrante. O que vestido ela usava era lindo.
Ela era linda. Eu olhava para ela completamente fascinado. Vê-la caminhando em minha direção fez com que me esquece de tudo. Meu nervosismo foi embora. Ela tinha me acalmado. Ela sorria e mordia o lábio em sinal de nervoso. Quando nossos olhares se encontraram senti uma corrente elétrica percorrer meu corpo e eu soube que era com ela com quem eu passaria os restos dos meus dias.
'S POV
Enquanto caminhava em direção ao altar, meu olhar encontrou com o do Harry. Ele estava lindo. Todo aquele medo, ansiedade e insegurança que eu sentia nos últimos minutos evaporaram e apenas senti uma alegria, uma paz.
Vi que ele estava com um sax em mãos, e eu o olhei intrigada. Ele apenas sorriu e arqueou a sobrancelha. Eu sabia que ele tinha tramado alguma coisa. Estava na metade do caminho quando a música parou e no piano se iniciou outra. Harry começou a tocar o saxofone. A música era She, do filme " Um lugar chamado Notting Hill".
Ele vinha em minha direção e eu não sabia se andava ou ficava ali parada. Eu apenas sorria como alguém que ainda estivesse processando a informação. Resolvi caminhar na direção dele. Eu estava encantada com aquilo. Não sabia que ele tocava sax. Sabia do piano e trompete, mas sax era novidade pra mim. Ele parou de tocar quando nos encontramos, Tom veio pegar o saxofone e nós fomos até o altar. Chegamos lá e Harry sussurrou um 'você está linda', eu apenas sorria. A cerimônia foi rápida, ainda bem. Não gosto de coisas demoradas. Na hora dos votos, Harry deu maior ênfase na parte do 'na saúde e na doença'.
Na hora de sairmos da igreja, a música escolhida foi Can you feel the love tonight , do Elton John, que tocou no filme Rei Leão.
- Aposto que o Tom vai chorar. – comentei baixinho com o Harry.
- Apostado. – ele riu e me deu um selinho.
Olhei para trás como quem não quer nada e vi que passava a mão pelo rosto do Tom, secando as lágrimas.
- Ganhei. – sorrindo convencida.
- Fraco. – ele bufou e eu ri.
A decoração do salão estava linda, nas mesas havia arranjos altos e iluminados, já que a iluminação do ambiente era mais escura. E as flores, claro, eram tulipas e lírios. Quando chegamos fomos recepcionados com muitas palmas e ovações. Logo depois fomos para o centro do salão, onde dançamos a valsa com a música The Way , de Clay Aiken.
- É alguma coisa sobre o modo como você está esta noite, é alguma coisa sobre o modo que eu não consigo tirar meus olhos de você. É alguma coisa sobre o modo que seus lábios atraem, talvez seja o modo que fico nervoso quando você está perto. E eu quero que você seja minha, e se você precisar de um por que... – Harry cantava em meu ouvido.
- É o modo como você me comove, e o modo como você me provoca. O modo como eu quero você esta noite. É o modo como você me abraça, e o modo como você me entende, quando eu não consigo achar as palavras certas para dizer. Você sente isso no modo, você sente isso no modo. – eu entrei na dele e comecei a cantar também.
- É alguma coisa sobre o modo como você fica em minha mente, é alguma coisa sobre o modo como eu sussurro seu nome quando estou adormecido, oh garota. Talvez seja o olhar em seus olhos. Talvez seja o modo que me sinto ao ver o seu sorriso. E as razões podem mudar, mas o que eu estou sentindo continua o mesmo. – ele sorria enquanto cantava e eu o olhava encantada.
- É o modo como você me comove, e o modo como você me provoca. O modo como eu quero você esta noite. É o modo como você me abraça, e o modo como você me entende, quando eu não consigo achar as palavras certas para dizer. Você sente isso no modo, você sente isso no modo. – eu apenas cantava o refrão.
- Eu não posso colocar meus dedos sobre aquilo que me faz amar você, você baby. Então não me peça para descrever, eu fico paralisado por dentro, só pensando no modo. – ele fazia aquela cara de tigrão que só ele sabe fazer.
- É o modo como você me comove, e o modo como você me provoca. O modo como eu quero você esta noite. É o modo como você me abraça, e o modo como você me entende, quando eu não consigo achar as palavras certas para dizer. Você sente isso no modo, você sente isso no modo. – encostando meus lábios nos dele.
- É alguma coisa sobre o modo como você está esta noite. Não há nada mais a dizer do que, eu sinto isso no modo. – cantamos juntos e no final nos beijamos.
A festa estava maravilhosa, ver meus amigos ali, reunidos, era algo incrível. Sentia falta da presença da minha mãe, mas o medo de avião dela era muito maior do que a alegria de me ver casada (risos). Todos estavam muito alegres, rindo, comendo, bebendo, dançando, socializando até que Dougie cortou a música para fazer o discurso do padrinho.
- Bem, como é de praxe, o padrinho tem que fazer um discurso.
- E a madrinha também. – acrescentou e alguns risos foram ouvidos.
- Mas nesse caso, se todos nós fossemos falar demoraria mais que a cerimônia de casamento, porque temos o que dizer desses dois. Então resolvemos fazer uma pequena coisinha, com a ajuda do David. – Dougie piscou.
Então um telão apareceu na parede de fundo e várias fotos começaram a ser projetas ao som de Take Me There. Eram fotos em que eu estava com as meninas, com os garotos da banda, com o Harry. Fotos em que estávamos todos juntos. Alguns pequenos vídeos também passavam. Harry pegou minha mão e a beijou, lágrimas corriam pela minha face.
- Isso é tão novidade para mim quanto para você. – ele sorria sincero.
Depois de cumprimentar todos na festa, jogar o buquê, que caiu na mão da , encostei minha cabeça no ombro do Harry e ele começou a fazer carinho no meu braço.
- Estou cansada. – eu só não sabia se era pelo casamento ou pela doença. Ou talvez pelos dois.
- Vamos para o hotel então. De manhã vamos para Brighton. O apartamento do Dougie deve servir. – ele riu.
- Quanto tempo vamos ficar? – eu era a última a saber das coisas.
- Uns três dias. Temos que voltar logo por causa do tratamento. – eu assenti. – E as meninas fizeram sua mala. – ele sorriu.
Na hora não disse nada, mas o fato dele ter dito ‘temos’ e não ‘você tem’ significou muito para mim. Eu sabia que poderia contar sempre com ele e que acontecesse o que fosse ele estaria ao meu lado, estaríamos juntos.
- Aproveite a lua de mel. – disse antes que eu fechasse a porta do carro. Ela tinha me acompanhado até a saída. – E treine bastante porque quando sair dessa quero muito sobrinhos, ouviu?! – ele riu e eu a acompanhei.
Ao chegarmos ao hotel, Harry fez tudo como manda o figurino. Antes de atravessarmos a porta do nosso quarto ele me pegou no colo me fazendo rir.
- Não ria, é a tradição. – ele disse segurando o riso.
- Nunca fui ligada a tradições. – fazendo careta.
Ao entrar no quarto vi que ele estava preparado para recém-casados. Havia algumas flores vermelhas e brancas, nada de pétalas espalhadas, ele sabe que não gosto disso. A champagne estava no gelo.
- Tem alguém querendo me deixar bêbada? – ri quando ele me colocou no chão e apontei para a garrafa.
- Não, mesmo porque você não pode beber muito. – sério. – Mas uma taça você pode. – abrindo a garrafa e servindo. – Eu te amo senhora Judd. – me entregando a taça e me beijando.
- E eu amo você senhor Judd. – retribuindo ao beijo.
Depois que depositei minha taça na mesa de centro que havia no quarto, olhei para Harry que estava sentado na cama.
- Sabe, eu acho que a tradição diz que o noivo deve ajudar a noiva com o vestido. – sorrindo de modo safado.
- Você disse que não era ligada a tradições. – dando o mesmo sorriso.
- Com algumas eu tenho certa simpatia. – pisquei.
Harry se levantou e caminhou em minha direção. Eu conseguia notar que havia duas coisas em seu olhar: desejo e amor. Ele me virou de costas para ele e jogou meu cabelo para o lado. Suas mãos massageavam meu ombro e seus lábios roçavam na pele do meu pescoço. Não demorou muito e suas mãos trabalhavam no meu vestido, abrindo os botões que havia nele. Conforme ele ia abrindo-os seus lábios beijavam minhas costas, me causando arrepios. Quando terminou de abrir o vestido suas mãos voltaram para meus ombros, mas dessa vez para fazer o vestido cair do meu colo.
- Você é linda. – ele disse me fazendo morder o lábio.
Não demorou muito para minhas mãos começassem a trabalhar em suas roupas e meus lábios em seu pescoço. Na cama Harry foi maravilhoso, muito cuidadoso comigo, perguntando sempre se eu estava bem, até o momento que mandei que ele calasse a boca (risos).
Eu me sentia feliz, realizada e completa. Não me importava que daqui alguns dias eu voltaria para aquele hospital, nada disso importava sabendo que Harry agora estava comigo e que éramos um do outro.
Infelizmente nossa lua de mel não durou os três dias. No dia seguinte que chegamos a Brighton, eu comecei a passar mal. Estava com febre e náuseas. Fui para o hospital da cidade, fiz vários exames, mas o resultado sairia em dois dias. Harry não queria nem saber, mais do que depressa voltamos para Londres e então fomos direto para o hospital.
Part XXXVI
HARRY’S POV
As noticias no hospital não eram boas. teria que ficar internada. A doença e o tratamento acabaram com seu sistema imunológico e o risco de infecção era eminente. Mesmo correndo o risco de contrair uma infecção hospitalar ainda era melhor que permanecesse internada.
- Hey amor. – ela sorriu fracamente quando entrei em seu quarto.
- Você fica bem com essa máscara. – eu tinha que usar máscara para evitar passar algum agente patogênico para ela.
- Como está se sentindo? – ela tinha os lábios brancos e ressecados, sua pele estava muito pálida e tinhas vários fios e agulhas em seu corpo.
- Me sentindo um experimento do serviço militar. – ela começou a rir, mas logo começou a tossir. – Estou cansada. – suspirou.
- Você precisa descansar.
- Acho que é a única coisa que posso fazer nesse lugar. – ela revirou os olhos.
- Eu vou sair. A está aqui, aliás, todos estão. Então tenho que sair para ela possa entrar. Se der tempo eu volto, se não eu venho mais tarde. – me aproximei dela e mesmo indo contra as ordens do médico, eu tirei a máscara e beijei seus lábios. Eles estavam frios.
Assim que saí, comecei a rezar, orar, pedir, implorar para todos os santos, Deus, deuses, divindades que eu conhecia e até para algumas que desconhecia. Queria fora daquele lugar, saudável, junto comigo em nossa casa.
- Harry! – me tirou do transe. – Como ela está? – ela parecia preocupada.
- Não parece a mesma . – suspirei tristemente. – Ela está com aparência cansada e frágil. Estou com medo .
- Ela vai ficar bem Harry! – não sabia se ela estava sendo otimista ou tentando se convencer disso também. – Vou falar com ela.
Medo. Aquilo definia bem o que eu sentia. Tinha medo de ficar sem . Me lembrei de tudo que eu fiz a ela, como a tratei quando nos conhecemos, como a deixei mal quando estava confuso, quando não sabia se a amava ou se queria ficar com a Izzy. Eu não posso mais viver sem ela. Não quero e não vou dizer adeus.
’S POV
- Toc-toc. – fez antes de entrar no meu quarto. – Como está se sentindo?
- Estou bem . – forçando um sorriso.
- ... – ela disse triste, mas ao mesmo tempo me recriminando por não dizer a verdade.
- Ok. Estou cansada. E as coisas vão piorar. – ela me olhou confusa. – Eu vou ficar muito pior do que isso que você vê. Meu cabelo vai começar a cair.
- Você vai continuar a mesma de sempre. – ela tentava me animar.
- E a mesma de sempre, que é muito vaidosa, vai te pedir um favor. Na verdade, quero que me prometa, jure uma coisa, na verdade duas.
- Tenho medo disso. – ela me olhava desconfiada.
- A primeira coisa, quando meu cabelo começar a cair, que pelas minhas contas deve ser daqui duas semanas, visto que já noto um aumento da queda, quero que me prometa que ninguém virá me visitar.
- O quê? Você está louca? – ela se controlava para não gritar e me socar. – Quem você acha que vai segurar o Harry? Ele vai surtar se não te ver.
- Por isso que estou pedindo para você. Você pode com ele. Você o enfrenta, briga com ele. Então o fará entender que eu prefiro assim. Além do mais, vocês só não irão me ver. Mas ainda posso falar com vocês pela Internet e telefone.
- Você está com febre? – colocando a mão em minha testa. – Você só pode estar delirando. Não é possível. – ela revirava os olhos em sinal de reprovação.
- ! – eu a olhava séria. – Por favor, é o que eu peço.
- Você disse que eram duas coisas. Qual a outra?
- Se o pior acontecer, se eu morrer...
- ! – ela gritou. – Para com isso! – brava. – Isso não vai acontecer.
- Queria ter esse seu otimismo. Mas enfim, SE isso acontecer, quero que meu corpo seja cremado. Ninguém deve me ver. Tudo deverá ser lacrado. Diga para minha mãe que eu te ameacei para que fizesse isso. Ela vai entender que eu quero ficar onde eu fui mais feliz.
- Você não está com febre, mas diz coisas desconexas como se estivesse. Estão te dando vodka no lugar de soro? – inconformada.
- Opa! Vai embora logo que daqui a pouco vai rolar um Open Bar aqui e você está me atrasando. – fiz cara de esnobe e ela riu.
- Viu, você continua a mesma .
- Só que mais feia. – ri e ela me acompanhou.
- Vou embora, você tem que descansar. O Harry disse que viria mais tarde, e depois o pessoal vai tirar no Jockey Pow para ver quem vai entrar. Tá poderosa hein gata?! – ela piscou e eu ri. – Qualquer coisa me liga. – beijando minha testa através da máscara.
- Ah, ! – ela parou na porta. – Está para chegar um exame de sangue que fiz em Brighton, você cuida disso? – assentiu e se foi.
Como dito, Harry voltou mais tarde para me ver e dessa vez foi Tom quem entrou depois.
- Então você é ganhador do Jockey Pow de hoje? – ri.
- Eles acharam mesmo que poderiam me vencer. – fazendo pose o que me fez ri mais, isso se não tivesse começado a tossir. – Hey, vamos com calma. – se aproximando da cama.
- Como você está?
- Eu que deveria fazer essa pergunta não acha? – me olhando.
- Estou como você me vê. – dando de ombros.
- Então está melhor do que eu. – o olhei como quem dissesse ‘ah tá’. – Pelo menos não tem que aguentar o Harry.
- Ele está dando muito trabalho? – preocupada.
- Ele age como se você estivesse internada há meses. Isso porque só faz um dia.
- Ele não merece isso. – triste.
- Mas eu sei que quando você sair daqui irá brigar muito com ele. – sorriu e me fez sorrir também.
- Vou sentir falta dessa sua covinha. – o olhando triste.
- Mas do que você está falando? Ela ainda estará aqui quando você sair.
- Tom, serei sincera. Sei que faz apenas um dia que estou aqui, mas não acho que vou sair.
- Bobagem! – falando com desdém.
Tom ficou algum tempo ainda comigo antes de avisarem que ele deveria sair. Assim como ele se despediu de mim com um beijo em minha testa. Eu iria sentir muita falta dele. Dele e de todos. Mas nenhuma dor seria igual àquela que sentiria por deixar Harry. Por mais que eu tentasse ser otimista, pensar positivo, eu não conseguia, já que sempre tinha uma dor ou náusea que me lembrava da minha condição. Era algo injusto. Quando finalmente eu conseguia realizar todos os meus sonhos isso acontece comigo. Mas a vida não é justa, não é mesmo? Ela nos dá e nos tira algo quando bem entende.
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Como eu havia previsto em duas semanas meu cabelo começou a cair em grande quantidade, já havia falhas em meu coro cabeludo. Eu não conseguia me olhar no espelho. Liguei para e pedi que mandasse um cabeleireiro para que cortasse meu cabelo. Ela perguntou se poderia ir junto, eu disse que não e que a partir daquele momento nenhum deles mais poderia me ver. Então ela me disse que minha mãe estava em Londres. Que ótimo, pensei. Para meu casamento não pode vir por estar com medo de avião, e agora que estou internada ela vem? Devo estar morrendo mesmo.
- ? – olhei para a porta e vi minha mãe parada ali. – Oh minha filha! – ela veio me abraçar e as lágrimas romperam em meus olhos.
- Mãe... – chorosa.
- , por que não me disse nada?
- Não queria te preocupar. – dando de ombros.
- Se não fosse a me ligar, eu nunca saberia! Você e essa sua mania de ser autossuficiente. – irritada.
- Mãe, por favor... – cansada.
- Conheci seu marido. – mudando de assunto. – Ele é muito bonito e muito educado. E ele parece que te ama muito, apaixonado.
- Harry foi a melhor coisa que aconteceu comigo mãe. A melhor. – eu sorria. – Eu só fico triste por saber que não passei tempo suficiente com ele. – baixei os olhos e respirei fundo.
- E você vai passar muito mais tempo. Você vai precisar de um transplante, por isso a me ligou.
- Mãe, se o transplante foi requisitado quer dizer que o tratamento não está dando certo. É um caso extremo.
- Um caso extremo que pode salvar sua vida. Todos nós vamos fazer os exames amanhã. – antes que eu pudesse dizer qualquer coisa ela continuou. – Acho que você quer cortar o cabelo.
Ela chamou o cabeleireiro e junto com ele me ajudou a ir até o banheiro. Uma enfermeira veio para arrumar as proteções necessárias para que os cabelos não caíssem no cateter. Pode parecer clichê, mas quando os cabelos começaram a serem cortados e a caírem em meu colo, me senti como a personagem da Carolina Dickman na novela Laços de Família (para quem quiser lembrar basta clicar aqui). Eu comecei a chorar copiosamente, aquilo era mais que um choque de realidade. Perder o cabelo era como perder minha feminilidade, era perder algo que era fundamental em mim. Minha mãe segurava minha mão, olhei para ela e vi que seus olhos também estavam úmidos. Quando ele terminou de cortar meu cabelo perguntou se eu queria ver como tinha ficado, com muito esforço peguei o espelho e me olhei. Passei a mão pela minha cabeça e a sensação foi horrível, não tinha nada ali. Meu cabelo tinha sumido. Comecei a chorar mais ainda.
- Vai crescer de novo meu amor. – minha disse com a voz embargada. – Você continua linda.
Eu não respondia, apenas ficava olhando para meu reflexo. Minha mãe tirou o espelho da minha mão, agradeceu e pagou pelo corte.
- O Harry veio com você? – perguntei depois de parar de chorar e voltar para a cama.
- Não. me trouxe. Parece que ele tinha um compromisso com seus outros amigos.
- É melhor assim. Não quero ver mais ninguém.
- , ele é seu marido e eles são seus amigos. – brava.
- Não importa. Não quero e não vou. Eles podem colocar esse hospital a baixo, mas não vou permitir que me vejam.
- Você é quem sabe.
- Outra coisa, caso o pior aconteça, não quero voltar para casa. Quero ficar aqui. Você lembra que sempre dizia que queria ser cremada e ficar no local que mais me fazia feliz. E esse é o lugar.
- Bem que a disse que você não dizia coisa com coisa. Mas se isso for fazer você parar de dizer isso, tudo bem.
Minha mãe se despediu e foi embora. Eu fiquei passando a mão pela minha cabeça sem cabelo, seria difícil me acostumar com aquilo, e embora ainda sentisse os pequenos cabelos que havia logo eles também cairiam e minha cabeça ficaria lisa.
Naquela tarde ouvi vozes alteradas vindas do corredor. Não demorou muito para que eu reconhecesse aquela voz, era Harry.
- Como assim não posso entrar? É a minha esposa que está lá dentro. – ele não gritava, mas sua voz era firme.
- Senhor, se acalme, são ordens da paciente, ela não quer ver ninguém.
- Ela está doente, eu preciso vê-la.
- Eu entendo senhor, mas tente entender que ela se sente mais confortável assim.
- Se isolando do mundo? Ela não está confortável, está assustada e com medo! E eu irei vê-la.
- Senhor, se entrar ali terei que chamar a segurança.
- Então pode chamar, porque estou indo para lá.
Logo Harry estava entrando feito um furacão pelo meu quarto.
- Que história é essa de não querer ver ninguém? – ele estava bravo.
Eu, numa atitude infantil, cobri minha cabeça com o lençol.
- Harry, por favor. Vá embora.
- , quando me casei com você prometi que estaria ao seu lado na alegria e na tristeza, na saúde e na doença, então para de graça. – irritado.
- Não quero que ninguém me veja assim.
- Assim como? Viraram-te do avesso por acaso?
- Estou careca.
- E eu com isso? Por acaso me casei com seu cabelo? – senti que ele havia se sentado na minha cama. – Me casei com você por tudo que você é, e não por isso ou aquilo. – puxou o lençol. – E pra mim, você continua linda. – ele sorriu e automaticamente sorri de volta.
- Estou com medo e assustada. – finalmente disse. – E cansada.
- Ajuda se eu ficar aqui, deitado ao seu lado, fazendo carinho na sua cabeça até você dormir? – deitando ao meu lado e me aconchegando em seu peito.
- Ou até a segurança te tirar a força? – ri.
- Você ouviu?
- E tinha como não ouvir? Estava esperando para ver se você daria um soco na cara do enfermeiro.
- Me segurei para não fazer isso. – ele disse isso e eu bocejei. – Pode dormir.
- Eu te amo. – sussurrei.
- Eu te amo. – beijando minha cabeça. – I feel like something is special with you... I don’t ever want to spend another day without you, without you... – cantou baixinho.
Quando acordei Harry já não estava lá. Respirei fundo e passei a mão pelo meu rosto, foi quando eu senti algo quente em minha mão. Acendi a luz do abajur e vi que aquilo em minha mão era sangue. Com certa dificuldade caminhei até o banheiro e vi que rosto estava todo vermelho. Havia sangue saindo pelo meu nariz e minha boca. Desesperada, comecei a lavar meu rosto e minha boca. Mas aquilo não adiantava, pelo contrário, parecia que sangrava mais ainda. Eu comecei a chorar, era desesperador. Me encolhi no chão do banheiro, abracei as pernas e chorei tudo que podia.
- Meu Deus! O que houve? – a enfermeira me encontrou no banheiro, com a roupa toda ensanguentada.
- Eu... eu não sei... – chorosa.
- Venha, vou te ajudar a trocar de roupa e chamar o médico.
Depois que o médico chegou e me examinou, abaixou os óculos e me olhou seriamente.
- Senhorita ... – Senhora Judd, me casei. – o interrompi. – Senhora Judd, - se corrigiu – seu estado avançou muito rapidamente, e por conta disso teremos que te passar na frente na fila de transplante. Sei que seus amigos e familiares fariam os exames amanhã, mas não há tempo a perder. Por sorte temos alguém que é compatível com você. Já pedi para ligarem para sua família e avisar da cirurgia. A enfermeira e o anestesista irão te preparar para a cirurgia. – disse isso e saiu antes que eu pudesse pensar em formular qualquer pergunta.
--- x ---
Depois que tomei a anestesia tudo começou a ficar muito lento. Sentia a trepidação da maca indo para o pré-operatório. Conseguia ouvir os médicos e enfermeiros conversando embora não conseguisse distinguir sobre o que falavam. Com dificuldade abri meus olhos, mas não conseguia focalizar, apenas via uma forte luz sobre mim e alguns vultos. Lentamente fui fechando os olhos, a escuridão e o silêncio tomaram conta de mim, era como se um véu tivesse caído sobre meu corpo e minha mente permitindo apenas que eu visualizasse os olhos de Harry e ouvisse sua voz cantando Take Me There.
Part XXXVII
HARRY’S POV
Os dias passavam lentamente. estava internada a cerca de duas semanas, o que me parecia ser anos. O quadro clínico dela não evoluía em nada. Ela parecia não ter mais forças para lutar. Sempre que ia visitá-la eu fazia de tudo para ser forte e passar isso para ela, mas estava ficando cada vez mais difícil.
Na noite em que cortou todo o seu cabelo, tive que armar a maior confusão para conseguir vê-la. Ela tinha proibido qualquer pessoa de visitá-la, ela estava deprimida. Eu sabia disso. Ter perdido o cabelo significava, pra ela, que o tempo estava acabando. Queria poder dizer a ela que tínhamos todo o tempo do mundo, mas ultimamente nem eu acreditava nisso. Fiquei com ela até que pegasse no sono. Sua respiração era lenta e pesada, sua pele estava fria. O tempo todo eu a observava. Apesar de tudo, dormindo ela tinha uma expressão suave, como se ao menos nesse tempo todos os problemas e preocupações se esvaíssem. Queria ficar com ela o tempo todo, sempre. Mas parece que os outros tinham planos diferentes, e me avisaram que deveria sair. Despedi-me de com um beijo em seus lábios.
Naquela manhã, eu acordei mais triste que o normal. Nunca foi tão difícil sair da cama; mesmo sabendo que havia muitas providências a tomar, tive preguiça de cumprir os rituais que fazia sem nem prestar atenção no que estava sentindo, como tomar banho, colocar uma roupa e tudo mais. Desesperado, era assim que eu me sentia. Não poder falar com , não poder vê-la, abraçá-la, nem senti-la perto era como se estivesse faltando um enorme pedaço em meu ser. Ficar sem ela era como se alguém tivesse tirado meu coração e o despedaçado no tamanho de pequenas mordidas.
Doía. Minha cabeça doía, meu corpo inteiro doía. Mas nenhuma dor se comparava a dor que sentia dentro do meu peito. O lugar onde meu coração estava agora era um buraco.
Uma semana havia se passado desde o dia em que ela cortou o cabelo. E eu me lembrava de tudo como se tivesse sido há cinco minutos.
Flashback- On
Não me preocupei em ver que horas eram, tudo era indiferente. Fui até a cozinha e vi que havia um prato de comida e um bilhete escrito à mão: Coma. deveria ter ido em casa mais cedo e preparado tudo, mas ela deveria saber que eu não comeria. Apenas peguei uma cerveja e fiquei sentado à mesa, olhando tudo ao meu redor.
O silêncio foi interrompido pelo toque insistente do telefone.
- Senhor Judd? – voz do outro lado era fria.
- Sim.
- Aqui é do hospital St. Mary...
- O que houve com minha esposa? – eu a interrompi, queria saber de .
- Ela está sendo preparada para uma cirurgia.
- Cirurgia? Conseguiram um doador? Faríamos exames amanhã.
- Senhor, peço que venha imediatamente para o hospital.
Eu não esperei que ela me dissesse mais nada. Peguei minha carteira e as chaves do carro e fui para o hospital. Antes, liguei para a dizendo que era para ir pra lá também.
Eu dirigia feito um louco, não havia sinal vermelho que me parasse e não sei como não fui parado por nenhum policial. O trajeto, que normalmente era feito em 30 minutos, eu fiz na metade do tempo. Quando cheguei ao hospital algumas gotas de chuva começaram a cair. adorava a chuva, o cheiro de terra molhada. Rapidamente me encaminhei para a recepção.
- Judd! Sou o marido dela. – o desespero em minha voz era notável.
- A paciente está no centro cirúrgico. – a recepcionista me disse depois de mexer no computador.
- Com quem eu posso falar? Quero saber o que aconteceu!
- Senhor Judd? – uma enfermeira apareceu. – Gostaria de falar com o senhor, por favor.
- Por favor, me diga que minha esposa está bem! – eu implorava que estivesse bem.
- Bem, sua esposa teve uma séria hemorragia, e o médico achou melhor passá-la na frente na lista de transplantes. Nesse momento ela está sendo preparada para a cirurgia, e assim que a mesma terminar, o médico virá falar com o senhor.
Ela disse isso e então se retirou, me deixando sozinho. Caminhei até a sala de espera e me sentei em uma das cadeiras. A chuva tinha aumentado, raios riscavam o céu a todo o momento. Escondi meu rosto entre minhas mãos, eu comecei a pedir silenciosamente pela vida da . Queria ela novamente ao meu lado. Queria ouvir a risada deliciosa que ela tinha, queria até que ela brigasse comigo por eu estar tão desleixado.
- Harry? – uma mão tocou em meu ombro.
- .... – eu não consegui segurar as lágrimas.
- O que te disseram? – Tom também estava lá, aliás, todos estavam.
- Ela teve uma hemorragia, e por isso a passaram na frente para o transplante. Mas não vou mentir, estou com medo. – minha voz estava embargada.
- Dude, a é teimosa. Não vai ser isso que vai levar ela da gente. Você acha mesmo que ela iria te deixar? Ela te ama demais, cara! – Dougie dizia.
Eu notei que ele segurava firmemente a mão da , passando forças pra ela.
Minha mãe conversava com , mãe da , Tom, Danny, Thomas e Kate, meus irmãos, estavam perto de mim, tentando me tranquilizar.
- Eu vou buscar um café, mais alguém quer? – falou depois de ficarmos um longo tempo em silêncio.
- Eu vou com você. – Danny se colocou ao seu lado e a abraçou.
- Trás um pra gente e pro Harry. – disse.
- Eu não quero, .
- Harry, deixa de ser idiota! Você precisa ter forças. Você acha que a vai querer te ver assim? Você está parecendo um zumbi! – agora estava sentada ao meu lado.
Já passava da meia-noite quando o médico apareceu na sala de espera. Assim que o vi, corri até ele, atropelando tudo que estivesse à minha frente.
- Doutor! Como ela está? – afobado.
- Acalmem-se. A cirurgia transcorreu sem problemas. O seu corpo reagiu bem e agora ela está apenas descansando. Amanhã cedo acordará e vocês poderão vê-la.
- Viu, Harry! Eu disse que ela era teimosa! – Tom me deu um tapinha nas costas. – Ela ainda vai implicar muito com a gente, principalmente com você. – ele sorria.
Flashback-Off
’S POV
No outro dia de manhã, bem cedo, Dougie e eu fomos para o hospital. Emma havia dito que passaria em meu flat para pegar .
Quando chegamos, todos tinham acabado de chegar. Chegamos praticamente juntos.
- E então, já viram a ? – perguntei.
- Acabamos de chegar. Avisamos a recepção. Eles pediram para esperarmos pelo médico. – disse .
Eu assenti. Dougie me abraçou por trás e beijou o topo de minha cabeça.
Em pouco tempo, várias pessoas apareceram. A família de Dougie, Danny e Tom, já que a de Harry já estava lá. Tirando todos os nossos amigos. Todos queriam vê-la e dar apoio ao Harry.
Passados uns quinze minutos, eu comecei a ficar impaciente. O médico estava demorando muito.
- O médico está demorando. – reclamei.
- Concordo! - falou Harry também ansioso.
No mesmo instante, uma movimentação surgiu no hospital. Pessoas correndo de um lado para o outro, alguns policiais conversando com um senhor, que parecia o diretor ou responsável do hospital. Alguma coisa séria tinha acontecido.
Tentando passar o tempo, todos assistiam ao noticiário matutino da BBC News em uma TV de plasma que estava disponível na sala de espera.
No noticiário, o assunto principal que estavam discutindo me chamou atenção.
"Recapitulando, Evans, devido à chuva, a pista ficou escorregadia e infelizmente essa ambulância acabou se envolvendo em um acidente. Temos a informação de que ela saiu do Hospital St. Mary e estava indo para Hitchin. Havia uma paciente dentro...”
Hospital St. Mary... esse era o hospital em que estávamos. O hospital que estava internada.
Um barulho próximo a mim me tirou de meus pensamentos.
Vi o médico de passar correndo por um corredor atrás da gente e acompanhado de enfermeiros. Eu sabia que isso era normal vindo de um hospital, mas aquilo fez meu coração disparar. Eu não sabia o porquê, mas aquela notícia na televisão tinha me deixado com uma sensação ruim. Era como se minha mente estivesse me alertando de algo.
Eu me desvencilhei de Dougie e andei em passos largos em direção ao corredor.
- ! – Dougie me chamou, achando estranho a minha reação. Acho que todos acharam.
Eu segui o médico e gelei assim que o vi entrar no quarto de . Eu tive um pressentimento muito ruim. Tanto que assim que um enfermeiro saiu, eu fui até ele.
- O que está acontecendo? Esse é o quarto de Judd, por que não podemos vê-la? Já faz um tempo que estamos esperando! Onde ela está? – eu já estava nervosa.
- Senhorita, não pode ficar aqui. Só com a autorização do médico.
- EU ESTOU POUCO ME FODENDO PARA O MÉDICO, EU EXIJO SABER AGORA MESMO O QUE ESTÁ ACONTECENDO!
Acho que por causa dos meus gritos, o médico saiu do quarto. Ele tinha o semblante sério e confuso.
- Senhorita ... – arregalou os olhos, surpreso.
- O que está acontecendo com ela? Por que ainda não podemos vê-la? Não a estou vendo na cama. Ela não está no quarto? – eu podia ver a cama vazia pelo pequeno vão aberto da porta.
- Tivemos um problema... – ele parecia não saber ao certo como me falar. Talvez porque o peguei de surpresa.
- Que problema? – meu coração se apertou.
- O corpo dela reagiu mal à cirurgia agora de manhã. Sua pulsação baixou, estava com falta de oxigênio, então tivemos que entubá-la e transferi-la a outro hospital.
- ENTUBÁ-LA? – gritei. – E, COMO ASSIM, TRANSFERI-LA? SEM AUTORIZAÇÃO DA FAMÍLIA, SEM NOS COMUNICAR NADA? E POR QUE ELA FOI PARA OUTRO LUGAR? – estava furiosa.
- Por favor, senhorita. – disse o enfermeiro.
Eu o ignorei.
- Ontem o senhor nos disse que ela estava bem. Como agora vocês me dizem que ela está entubada e que foi transferida de hospital? Eu quero vê-la.
Eu avancei até a porta, porém o médico e o enfermeiro me seguraram.
- Senhorita , me escute. – disse o médico.
Eu já não escutava nada. Eu estava furiosa, nervosa, preocupada e com um pressentimento horrível.
- Me deixe entrar. – falei tão friamente que o enfermeiro se assustou.
- Não temos mais nada a fazer. – o médico disse fazendo meu coração parar, e os movimentos do meu corpo, também.
- O que está querendo dizer com isso? – perguntei friamente com a voz falhando.
- O QUE ESTÁ ACONTECENDO? – gritei já em desespero.
- Quisemos transferi-la para outro hospital especializado em câncer. Ela piorou muito nessa madrugada, e não tinha mais o que ser feito, aqui, neste hospital. Porém...
- Porém... o quê? – perguntei em um sussurro. Sabia que a notícia que viria não seria boa.
- A ambulância que a levava ao hospital, que fica em Hitchin, sofreu um acidente... – o noticiário... eu sabia que tinha algo naquela notícia... Meu Deus... Não...
Cortei o médico sem deixá-lo terminar.
- ONDE ELA ESTÁ? COMO ELA ESTÁ? SE MACHUCOU MUITO? EU PRECISO VÊ-LA! – me descontrolei.
Tentei, novamente, passar pelos dois homens. Queria ir até a UTI. Porém, me seguraram.
- ME DEIXEM VÊ-LA! – gritei tão alto, parecendo uma louca. Os dois arregalaram os olhos. Suas feições eram de tristeza, pena e culpa.
- A paciente não está na UTI... – sussurrou o médico, tristemente.
- Como não? Onde ela está, então? – eu tinha os olhos penetrados no médico.
- A... Senhora Judd, acaba de... Falecer. – sua voz saiu trêmula e incerta.
Assim que ouvi a última frase do médico, parei de me mexer, falar, respirar. Entrei em choque. Não, ele não tinha falado aquilo. Ele estava brincando, ou eu estava sonhando. Só podia ser.
- Senhorita , está se sentindo bem? – eu ouvia a voz do médico, mas meu corpo não se movia. Minha voz não saia.
Falecer, Falecer, Falecer.
A mesma palavra estava ecoando em minha mente.
Após alguns segundos, a única coisa que consegui fazer foi me virar e sair andando calmamente para fora do corredor. Ninguém pareceu me seguir. Eu andava, mas não sabia para onde ia. Eu olhava tudo à minha volta, mas não enxergava nada. Até que tudo começou a girar, minhas pernas foram ficando fracas, e então me desequilibrei, sentindo meu corpo se chocar forte contra a parede ao meu lado.
- ! – era Dougie. – Amor, o que você tem? Está se sentindo bem? – ele me segurava pela cintura. Eu me sentia um papel de tão mole que estava.
Olhei para Dougie e nada saiu de minha boca. Olhei para o lado e percebi que estava próxima à sala de espera, onde todos me olhavam.
- , me fala o que você tem! – dizia Doug.
Eu me desvencilhei dele e me apoiei na parede por não conseguir me manter em pé. Foi então que tudo começou a ficar claro. Eu consegui me lembrar das palavras do médico. Eu estava saindo do transe em que estava.
Ele disse que tinha falecido, eu tinha escutado isso, eu tinha certeza. Ela tinha falecido...
Sem mais, caí de joelhos no chão e comecei a chorar desesperadamente. Envolvi meus braços ao redor de minha barriga e chorei, chorei, chorei. Eu chorava tão alto que qualquer um naquela área poderia ouvir.
Senti os braços de Dougie me envolverem. Ele tinha se sentado ao chão e tentava me acalmar como um adulto tentando tranquilizar um bebê que chorava descompassadamente.
HARRY'S POV
Flashback-On
Vi sair correndo pelo hospital, mas não entendi por quê. Depois de um tempo ela voltou, e parecia estar em transe, como se tentasse entender alguma coisa. Dougie se aproximou dela e ela só chorava. Chorava feito um bebê.
- , cadê a ? Você a viu? – minha voz estava fria.
Ela não me respondeu e começou a chorar de novo. Aquilo me desesperou.
- , CADÊ A ? – eu gritei tão alto que todos se silenciaram e me olharam.
chorou mais ainda ao, que me parece, ouvir o nome da .
- EU PRECISO VÊ-LA! – gritei e fui em direção ao corredor de onde tinha voltado.
- Calma, filho! – meu pai disse enquanto Tom e Danny me seguravam pelo peito.
- TIRA A MÃO DE CIMA DE MIM! – empurrando eles, mas sendo segurado pelo meu pai.
A mãe do Dougie, Tom e a minha mãe tentavam tranquilizar minha sogra. Todos já haviam percebido o que havia ocorrido. e estavam sentadas no chão, chorando. Tom estava no sofá, chorando de cabeça baixa e Danny com a testa encostada na parede.
Me desvencilhei do meu pai e fui até , que estava sendo amparada pelo Dougie e ainda chorava.
- ! – eu gritei, era tudo que eu sabia fazer. – DIZ PRA MIM... POR FAVOR, ME DIZ...
Ela não me disse nada, apenas virou a cabeça para a televisão, que noticiava alguma coisa. Comecei a prestar atenção nas palavras do repórter.
"Recapitulando, Evans: devido à chuva, a pista ficou escorregadia, e infelizmente essa ambulância acabau se envolvendo em um acidente. Temos a informação de que ela saiu do Hospital St. Mary ..."
Hospital St. Mary? Acidente? Essas palavras começaram a dançar em minha mente.
Olhei para buscando respostas, e quando olhei em seus olhos tive a resposta que eu mais temia.
- Não, não... ela não! Pai... – olhei para meu pai pedindo ajuda, queria que ele me dissesse que aquilo não era real!
Me sentei no chão e comecei a chorar descontroladamente, eu estava desesperado.
- Como, mas, como? – ninguém foi capaz de me responder isso.
Minha mãe se aproximou de mim, me abraçando, e passando a mão em minha cabeça como sempre fazia quando eu era criança.
Naquele momento, o mundo parou e a vida acabou.
Flashback-Off
Fui até o quarto que era nosso e em cima do criado-mudo de estava uma corrente que eu havia dado a ela. Dentro havia uma foto de nós dois, juntos, alegres, apaixonados. amava aquela corrente, mais até do que a aliança de casamento. A vida não tinha sido justa conosco. Demorei o que pareciam séculos para encontrar alguém que me completasse tanto quanto a , que me deixasse tão feliz, louco, e um idiota de tão apaixonado. E então a vejo partir entre meus dedos sem poder fazer nada.
Não sei por que, mas peguei o travesseiro que era da e embaixo dele havia um envelope. Não me surpreendi tanto dele estar lá, afinal, desde que voltamos para Londres e ela foi internada eu não havia trocado a roupa de cama. Virei o envelope e vi que tinha meu nome escrito. Meio receoso, o abri, e notei que a letra era da .
Tem tomado banho? Tom me disse que você anda meio perdido, sem saber o que fazer esses dias rs.
Mas agora você deve estar se perguntando como essa carta foi parar aí, não é? Mas essa é fácil de responder: . Eu pedi que ela fizesse isso.
Bom, estou escrevendo essa carta porque eu sei que não me resta muito tempo...”
Lágrimas brotaram em meus olhos, ela sabia, sempre soube que esse dia chegaria.
“... Desculpa-me por ir assim tão de repente, eu não queria, juro que não queria me separar assim de você, mas eu cansei. Meu corpo cansou. Você não sabe como isso dói...”
Havia uma mancha no papel, provavelmente de uma lágrima.
“... Hoje eu sei por que a um tempo atrás eu não fui embora, não fui porque temia sentir essa dor que estou sentindo agora... Temia dizer adeus... Temia te perder.
Hoje a fome não me dói. A sede não me importa. O sono não me encontra. As cores não existem. Os sons não me agradam, apenas o som da sua voz. O tempo não passa. A minha mente não descansa. A sua falta me preocupa. A saudade me consome. A vida me perde.
Difícil olhar para trás e saber que o tempo não retorna...
Difícil não entender e tentar explicar. Difícil é saber e não querer acreditar...”
Lágrimas agora rolavam pelo meu rosto, pingando pelo papel que já tinha recebido as lágrimas de . Difícil é saber e não querer acreditar. Ela disse tudo nessa frase. Eu não queria acreditar naquilo que eu sabia que eu estava vivendo.
“Não é fácil escrever tudo isso. Não quando eu sei que te amo com todas as forças... Meu peito dói tanto...
Uma vez, li num livro do Nicholas Sparks, e, se não me engano, o nome do livro era ‘O Caderno de Noah’, o seguinte trecho:
‘A razão por que a despedida nos dói tanto é que nossas almas estão ligadas. Talvez sempre tenham sido e sempre serão. Talvez nós tenhamos vivido mil vidas antes desta e em cada uma delas nós nos encontramos. E talvez a cada vez tenhamos sido forçados a nos separar pelos mesmos motivos. Isso significa que este adeus é ao mesmo tempo um adeus pelos últimos dez mil anos e um prelúdio do que virá. ’
Isso não é um adeus definitivo Harry. É apenas um ‘até breve’. Eu tenho que ir agora, mas você não tem que ir comigo. Viva e deixe viver. E, por favor, se me encontrar um dia desses na rua, me reconheça! Mesmo que eu não faça a menor ideia de quem você seja, me reconheça, me conquiste. E não me deixe.
Eu tenho que ir e deixá-lo sozinho, mas sempre saiba que eu te amo tanto. Adeus olhos azuis. Adeus meu amor. Adeus por enquanto.
Eu te amo Harry Judd, eu te amo para sempre.
Da sua eterna .”
Céus, tinha acabado comigo. E de todas as maneiras possíveis. Pequenos flashes começaram a passar em minha mente. O dia em que nos conhecemos, o modo como fui um grosso com ela, nossa, me arrependo muito de tê-la tratado daquela forma. Quando a a fez assumir que era apaixonada por mim. Seu primeiro dia em Londres, o primeiro dia de nossas vidas juntas. Mesmo eu tendo bancado o idiota e estragar tudo. O dia em que ela finalmente me aceitou de volta... O dia do nosso casamento. Nunca me senti tão realizado quanto naquele dia.
Estava perdido nos meus pensamentos que nem percebi quando e Dougie chegaram. Eles me levaram para a sala, e começaram a dar um jeito na bagunça.
- Não. – eu disse em voz baixa. – Não quero que mexam em nada.
- Dude, você precisa sair dessa! Ela iria odiar ver você assim. – Dougie estava ao meu lado.
estava parada na porta da cozinha, me olhando. Seus olhos estavam vermelhos.
- ELA NÃO ESTÁ AQUI PRA ME ODIAR! EU NUNCA MAIS IREI VÊ-LA! – eu gritei e apertei com mais força a corrente de .
Desde que ela ficou internada eu vivia no automático, a correspondência estava toda acumulada em cima da mesinha na sala, a pia estava transbordando de louça, meu closet estava quase vazio, eu não lavava as roupas. A nossa empregada estava de férias e eu nem me preocupei em procurar uma substituta. Sem ali, nada daquilo parecia ser necessário ou ter utilidade. Nada daquilo a traria de volta para mim...
“And now I'm running in circles, feels like I'm losing my mind and I'm trying to get off anywhere before she's gone. Going down this lonely road hoping to see her again…”
’S POV
Passou-se uma semana desde a maldita operação de . Eu ainda estava desolada, era como se a ficha não tivesse caído. Eu sempre achava que ia acordar no outro dia com meu celular tocando e gritando do outro lado da linha por algum motivo, ou se não, que ela estaria sentada em sua mesa na Super Records esperando David chegar para trabalharem. Ela quase sempre chegava antes de todo mundo. Ela chegava antes e eu era a última a sair, nem da pra perceber o quanto nos importávamos com a banda, não é?
Todos esses dias Harry não colocou a cabeça pra fora de casa, ou seja, a casa de onde eles moravam juntos. Nós íamos todos os dias lá, apesar de ser muito difícil, tínhamos que ajudar Harry. Eu tinha feito uma promessa a , e por mais que minha dor fosse grande, tanto quanto a de Harry, eu tinha que cumprir o que prometi a ela.
Dougie segurava minha mão enquanto eu abria a porta da casa de . Ele permanecia 24 horas por dia ao meu lado. E só Deus sabe o quanto eu precisava dele nesse momento. Doug parecia entender isso, pois, por mais que também estivesse sofrendo, não saia nenhum segundo de perto de mim.
Assim que entramos na casa, vimos Harry na mesma posição e no mesmo lugar que o deixamos ontem à noite. Aquilo era assustador. Ele parecia um boneco de cera, não se mexia.
Harry estava sentando no chão, encostado à parede com as pernas dobradas e uma corrente de na mão, a qual ele apertava com tanta força que com certeza o estava machucando, mas ele não parecia perceber.
Olhei para Dougie e apertei sua mão como quem pedisse para ir até lá. Doug soltou minha mão delicadamente e se afastou de mim. Lentamente se aproximou de Harry, agachou em sua frente e tocou em seu joelho, tentando chamar sua atenção.
- Mate... – disse Dougie em uma voz baixa e tranquila.
Harry não olhou, continuou com seus olhos fixos no mesmo ponto de antes.
- Mate, nós viemos arrumar suas coisas para irmos embora! – disse Dougie.
Harry lentamente virou sua cabeça e encarou seu melhor amigo. Seus olhos lacrimejaram, então novamente a cena que acontecia todos os dias apareceu. Harry começou a chorar feito uma criança desesperada e sozinha no mundo, como se tivesse se perdido da mãe e não soubesse o caminho de volta pra casa. Dougie o abraçou e o deixou chorar como todos os dias.
Eu passei meus braços em volta de meu corpo como em um abraço, tentando me segurar para não desabar da mesma maneira que ele. Dougie respirava fundo para se controlar. Todos estavam tão abalados com o que tinha acontecido. e não tinham falado com a gente durante uns dias. Ontem que vieram com a gente ver o Harry. Tom estava arrasado, era sua melhor amiga. Danny estava tão sério como eu nunca tinha visto antes.
Na noite anterior quando viemos ver o Harry, contamos a ele a ideia que eu tive. Eu sugeri que comprássemos uma casa e morássemos todos juntos. Harry precisaria da gente mais do que nunca, e todos nós precisaríamos um dos outros para superar tudo isso. Harry deu de ombros quando o contei. Para ele não importava mais nada, acho que nem se eu falasse que ele ia morar debaixo da ponte. Por isso hoje tínhamos vindo para arrumar suas coisas... e as de . A mãe dela queria levar alguns pertences de sua filha, ela ficou em meu flat desde que chegou. Ela estava tão mal que eu não a deixei voltar para o Brasil, mas agora ela tinha decidido ir. Precisava de sua família.
Eu fiquei um pouco alheia aos meus pensamentos, mas podia ouvir Dougie consolar Harry. Ele falava algumas palavras de apoio, tentando reconfortá-lo. Olhei para os dois e me perdi em uma lembrança de algumas semanas antes. Uma conversa entre mim e .
Flashback-On
estava deitada na cama do hospital, cheia de agulhas para todos os lados. Deus, como aquilo era torturante, eu sabia o quanto a devia estar machucando. Com o gênio que eu tenho a minha vontade era de gritar com os médicos e tirar todos aqueles equipamentos que a machucava e a levar para casa. Mas eu sabia que isso não era possível.
- ... – ela me chamou com a voz fraca. Sua pele estava tão branca que ela poderia ser um dos irmãos Cullen sem problema nenhum.
Eu a olhei esperando que continuasse, enquanto isso arrumava a máscara em meu rosto. Odiava ter que usar aquela porcaria. Minha voz não saia direito.
- Quero que me prometa uma coisa! – ela me olhou com muita seriedade.
- Lá vem você com isso. Já não basta ter me pedido pra não deixar o Harry vir quando seu cabelo cair? – falei bufando. Odiava quando ela falava dessa maneira parecendo que seria a última vez que iríamos nos ver.
- ! – sua voz saiu mais firme, por isso teve uma pequena tosse. Eu fiquei quieta esperando-a se acalmar.
- A autoritária aqui sou eu! – fingi estar emburrada pelo seu tom de voz.
- Então aja como você é realmente. Para de fugir da realidade. Você é a única com quem eu posso contar nesse momento para o que eu vou pedir. Nós duas sabemos no que isso pode acabar.
Eu quis retrucar, mas eu sabia que ela queria que conversássemos francamente.
- Eu não sei se sairei viva daqui. – eu apertei meus olhos com força tentando não pensar nessa probabilidade. – Eu preciso que você cuide do Harry.
Eu a olhei nos olhos novamente. Seu olhar estava vago, porém, firme.
- Não me peça isso, , porque não vai ser necessário, você sabe disso.
- Para, ! – ela ficou um pouco impaciente – Para de se enganar. Eu posso sair viva daqui, sim, mas posso também não voltar nunca mais. Pelo avanço da minha doença você sabe que isso é verdade. É inteligente o suficiente pra isso.
Eu respirei fundo, controlando para não chorar em sua frente. Então, , ao perceber que eu estava mais controlada, continuou.
- O Harry vai ficar perdido, inconsolado, eu o conheço e você também. Você precisa cuidar dele pra mim. Não quero que sua vida acabe por minha causa. Ele tem um álbum para terminar – eu queria espancá-la por estar pensando em trabalho nesse momento. Como se alguém estivesse preocupado com isso. – O segundo semestre nós sabemos que vai ser bem puxado. O trabalho pode distraí-lo. Ele vai precisar de alguns empurrões às vezes, vai precisar de consolo. Os meninos, eu sei que estarão do lado dele, mas você é a única que pode repreendê-lo e fazer com que ele volte para sua vida normal.
- Como você pode achar que em tão pouco tempo o Harry vai voltar a ter uma vida normal, ? Ficou maluca? – eu me irritei um pouco com a maneira fria e decidida que ela falava. Eu sabia que ela estava morrendo por dentro pra falar essas coisas, mas não demonstrava.
- ! – ela me repreendeu novamente. – O Harry precisa continuar sua vida. Eu só posso morrer tranquila – eu olhei feio pra ela – Nem adianta me olhar assim. Eu só morrerei tranquila sabendo que ele está bem. Eu preciso que ele fique bem.
- Está pedindo demais! – resmunguei.
- Não. Eu estou pedindo pra minha melhor amiga, minha irmã, algo que eu sei que ela pode conseguir.
- Eu não vou conseguir fazer com que ele volte ao normal, – eu falei mais irritada. – Como vou fazer com que ele volte ao normal se nem eu vou conseguir isso. – Eu abaixei a cabeça e comecei a chorar. Que droga, eu não queria que ela me visse assim. Eu não podia desmoronar na frente dela. Mas ela tinha que ficar falando essas coisas.
Cobri meu rosto com minhas mãos em uma maneira ingênua de que ela não me visse chorando. É óbvio que ela estava vendo tudo.
- Eu o amo demais. O vê-lo sofrer me faz morrer aos poucos, muito pior do que essa maldita doença faz.
Eu fiz todo o esforço do mundo para controlar o choro. Respirei fundo inúmeras vezes. Até que assim que me acalmei voltei a olhá-la. Seu rosto estava molhado. Ela também estava chorando.
- Ele precisa encontrar outra pessoa. Alguém que o possa fazer feliz...
- , ai já é demais. – falei com a voz ainda falha. – O Harry não vai querer saber de mulher por muito e muito tempo. Isso se um dia ele se recuperar. E isso se alguma coisa acontecer. Não se esqueça de que você ainda está viva e seu coração ainda bate.
- Só me prometa que vai cuidar dele. Eu sei o quanto os quatro são importantes pra você e o quanto eles te idolatram. O Harry não vai escutar mais ninguém. Se não quiser fazer por eles e nem por você, faça por mim. Prometa que esse álbum vai sair, que vai ser o melhor que o McFly já fez, que eles vão entrar em turnê e vão arrasar como sempre fizeram. Prometa-me isso, ! – eu me controlei novamente para não desabar em sua frente. Algumas lágrimas escorriam pelo rosto de , mesmo seu semblante estando sério.
- Ok! – suspirei e virei a cabeça, olhando para o caminho que o soro fazia até o corpo dela.
- Me prometa! – ela falou mais firme.
Eu respirei fundo e soltei o ar.
- Eu prometo.
Flashback-Off
Eu permaneci em pé durante uns 15 minutos enquanto Dougie conversava com Harry. Eu tinha prometido a ela que cuidaria dele, que faria com que ele voltasse à sua vida. Ele voltar ao normal seria impossível, mas eu faria com que ele voltasse a viver. Era uma promessa que eu tinha feito a ela e cumpriria.
Me aproximei de Dougie e coloquei uma mão em seu ombro.
- Amor, arruma as coisas do Hazz para a mudança. Eu vou cuidar do resto. – Eu quis dizer que cuidaria do Harry e depois dos pertences de . Eu não queria falar o nome dela na frente dele. Ele não precisava de mais tortura.
Dougie deu um tapinha leve no ombro de Harry, suspirou e se levantou, ficando de frente pra mim.
- Estarei no quarto deles. – eu dei um pequeno sorriso sem alegria alguma. Dougie segurou minhas mãos e beijou as duas. Em seguida, saiu em direção às escadas. Quando não pude mais vê-lo, me aproximei de Harry e me sentei ao seu lado ficando na mesma posição que ele. Entrelacei meu braço no seu e o beijei carinhosamente. Pude sentir o suspiro forte que Harry deu. Em seguida, ele deitou sua cabeça em meu ombro. Ficamos ali mais uns 15 minutos sem falar nada. Acho que somente um compreendia o outro.
O silêncio era perturbador. Dougie escreveu uma música anos atrás, antes de eu os conhecer pessoalmente, que descrevia exatamente esse momento “Silence is a Scary Sound”; em português, “Silêncio é um Som Assustador”.
- Thank You! – a voz de Harry pareceu alta demais devido ao silêncio que estava, mas ele apenas sussurrou.
Ele ainda estava com a cabeça em meu ombro enquanto eu acariciava seu cabelo.
- Pelo o quê? – perguntei mantendo o mesmo tom de voz que ele.
- Por vir aqui todos os dias, arrumar a casa, deixar comida pronta, eu sei que estou dando trabalho. Eu juro que não queria atrapalhar ninguém. – sua voz estava embargada novamente. Com certeza ele estava se lembrando de que era quem fazia tudo isso.
Eu me afastei um pouco de Harry, então ele levantou a cabeça e me encarou. Deus, como ele estava destruído.
- Não quero que me agradeça de nada. Sabe o quanto é importante pra mim. – tentei sorrir, lhe passando confiança e segurança, mas era muito difícil fazer algo que eu mesma estava precisando.
- Acho que você é a única que realmente compreende minha dor! – ele suspirou. – E eu estou te privando de sentir a dor que eu sei que sente.
Eu respirei fundo e mentalizei várias vezes “Você não pode chorar, ”.
- Não se preocupe comigo. – tentei mostrar tranquilidade. Deus! Será que eu conseguia mostrar alguma coisa que não fosse tristeza?
Ele segurou minha mão e ficou um tempo olhando pra ela.
- Eu a amava muito, ! – ele me olhou de uma maneira como se tivesse explicando algo para mim. Como se tivesse me pedindo desculpas por algo.
- Harry, você não tem culpa do que aconteceu.
- Se eu tivesse ficado com ela desde o início, talvez ela não tivesse parado o tratamento e talvez...
- Pode parar! – eu falei de uma maneira mais séria. – O que aconteceu não é culpa de ninguém. Você esteve com ela a todo instante, não tem o porquê se martirizar por isso. Ela te espancaria se você falasse isso pra ela.
Ele deu uma pequena risada triste.
- Ela realmente adorava me bater! – eu sorri ao lembrar.
- É! Não se preocupe, eu faço esse trabalho por ela.
Ele sorriu e me olhou. Não demorou muito, aliás, não demorou nada pra começar a chorar novamente feito uma criança. Eu o abracei forte sem conseguir controlar minhas próprias lágrimas. Ainda bem que ele não estava vendo meu rosto.
- Eu... eu preciso arrumar minhas coisas, não é? – ele perguntou com sua voz grossa totalmente falha. Era como se ele não soubesse exatamente o que estava acontecendo, nem pra onde íamos. Como se tivéssemos falado que moraríamos juntos, mas ele não tivesse prestado muito a atenção.
- Não se preocupe com isso. Danny e Tom já arrumaram uma parte hoje de manhã quando vieram. Dougie está arrumando suas roupas. Nós cuidaremos de tudo.
- E quanto as... – ele demorou pra continuar – coisas dela? – ele perguntou já se afastando e olhando com aqueles olhos azuis que estavam tão cinzas.
- Eu vim pra arrumar tudo. – ele me olhou preocupado. – Não se preocupe. Nada vai ser jogado fora. Nós vamos levar pra nossa casa, guardaremos tudo num quarto e você será o único que decidirá o que fazer com tudo. Inclusive com essa casa que é sua agora.
Harry respirou fundo.
- Não quero que nada seja jogado fora ou doado. Essa casa também não vai ser vendida, vai ficar aqui, fechada. É a única coisa que me restou dela.
- Vai ser como você quiser. – falei de uma maneira doce enquanto passava minha mão pelo seu rosto, enxugando suas lágrimas. – Somente algumas coisas eu separarei para a mãe de . Ela irá lá em casa antes de ir embora e decidirá o que ela quer. Depois enviaremos para sua casa no Brasil. É justo... é a mãe dela.
Harry assentiu concordando comigo.
- Dougie e eu trouxemos algumas coisas do Starbucks pra você tomar café. Eu vou ajudá-lo a encaixotar tudo. – disse enquanto beijava sua testa e me levantava do chão. Minha bunda estava totalmente dormente. Acho que passei mais tempo ali do que tinha percebido.
- Thanks! – sussurrou Harry. – Mas, eu não tenho fome.
- Não perguntei se você tem fome eu não. Eu disse que trouxe seu café da manhã, e é bom você tomar logo antes que esfrie. – coloquei as mãos na cintura.
Ele me olhou e deu um sorriso sem emoção.
- Ok!
- Eu já volto. Espero que tenha comido quando eu voltar, senão enfio goela abaixo. – tentei brincar.
Ele apenas sorriu. Eu me virei e fui em direção às escadas. Eu não sabia como tinha conseguido me segurar na frente de Harry. Era doloroso chegar naquela casa e a ver tão vazia.
A porta do quarto de e Harry estava encostada, a abri e vi Dougie fechando uma mala de roupas.
- Eu já ia te chamar. Terminei aqui. Não mexi em nada do que era da , com certeza você vai querer fazer isso. – Dougie me olhou assim que fechou a última mala. Eu ainda estava na porta olhando para ele. Doug e eu éramos tão conectados que eu não precisava falar nada para que ele soubesse o que se passava comigo. Ele simplesmente atravessou o quarto, abriu seus braços e eu me joguei neles enquanto começava a chorar compulsivamente. Ele me apertou forte como se tivesse me protegendo.
- Eu não vou conseguir, não vou... – eu, com certeza, parecia uma criancinha amedrontada.
- Vai sim. Eu estou aqui pra isso! Não vou sair do seu lado, nunca... eu te prometo.
Sem dúvida nenhuma Dougie era a única pessoa capaz de me ajudar. Sem ele ao meu lado eu não suportaria a dor que estava sentindo.
- Eu prometi a que cuidaria do Harry, da banda, mas eu não posso, Doug. Eu to sentindo um vazio tão grande – ele me apertava cada vez mais forte. Eu o senti fungar algumas vezes. Ele também estava chorando.
- Vai ficar tudo bem! Eu te prometo isso. – sua voz estava um pouco falha. Ele com certeza estava se segurando.
- Eu não posso fracassar com ela. Eu preciso de você, Doug. Eu sinto... – parei de falar ao sentir o soluço vindo de minha garganta. – como se eu fosse enlouquecer. Os últimos meses foram terríveis. Eu sinto como se tivesse perdido uma parte de mim, e se eu ficar sem você eu vou enlouquecer de verdade. – eu chorei mais forte ainda, se isso era possível.
Ele foi me levando até a cama e me sentou nela enquanto se sentava ao meu lado.
- , você não tem o porquê ficar com essa sobrecarga toda pra você. – ele segurou minha mão e a acariciou com seu polegar.
Eu tentava falar entre o soluço.
- Sim, é minha obrigação, eu prometi isso a ela. Eu tenho que ser forte. Eu... – respirei fundo tentando me acalmar antes de continuar. – preciso conseguir, por ela. – o olhei desesperada. – Consegue entender?
Dougie enxugou uma lágrima do seu próprio rosto. Eu não estava acostumada a vê-lo chorar. Ele realmente devia estar abalado.
- Eu entendo, meu amor. Entendo também a dor do Harry, pois só de pensar em algo assim acontecer com você eu me desespero. – eu o olhava fixamente enquanto tentava me acalmar. – Mas sou eu, . Comigo você não precisa ser forte. Eu sou seu bote salva-vidas. – ele tentou brincar, mas sua feição não tinha muito humor.
Eu me aproximei dele e encostei minha testa na sua.
- Você se abalou muito também, não é? – perguntei em um sussurro, mantendo os olhos fechados e sentindo a respiração tranquila de Dougie.
- Ela era minha amiga também, né! A mulher do meu melhor amigo, meu irmão. E principalmente minha companheira de zoológico. – eu ri entre as lágrimas e ele também. – Vou sentir falta dos presentes que ela me dava no natal, aniversário. Sempre os melhores de todos.
Dougie sorriu.
- Verdade. Ela sempre ganhava de mim porque te dava algo melhor do que eu. Nunca vou entender a obsessão de vocês por esses bichos estranhos.
- Isso é uma arte da qual só nós dois compartilhávamos, ok? – eu ri baixinho. – É assim que eu quero te ver, amor. Sorrindo e se lembrando das coisas boas de . Ela não ia querer te ver dessa maneira.
Eu respirei fundo. Ele tinha razão.
- Thanks! – sussurrei ainda com a testa encostada na sua.
Dougie acariciava meu rosto.
- Pelo o quê?
- Por existir! – abri os olhos e encontrei os seus. Aquele azul safira que eu tanto amava.
Lentamente, Dougie passou seu nariz pelo meu em um carinho suave.
- Eu existo por você e pra você! – meu coração saltou ao ouvir essas palavras.
Eu nunca pensei em me entregar dessa maneira, nunca quis me apaixonar e amar alguém mais do que a mim mesma. Eu sempre achei que tinha que me amar antes dos outros, mas só quem se apaixona intensamente e de verdade sabe o que é isso. O que é amar alguém mais do que sua própria vida. E eu amava Dougie Lee Poynter mais do que a mim mesma. Eu já sabia, mas parecia que só agora eu tinha notado isso. Talvez o medo de perdê-lo como perdi minha “irmã”.
- Eu te amo! – sussurrei.
Dougie sorriu lindamente e limpou uma lágrima de meu rosto.
- Eu te amo mais, bebê – ele imitou em português a maneira como eu o chamava, me fazendo dar uma pequena risada.
Não tinham mais palavras para serem ditas. Sobretudo, seus lábios nos meus terminaram de selar aquele momento. Aquele beijo foi calmo, tranquilo. Sua língua deslizando na minha como se a estivesse acariciando. Esse beijo mostrava o início de uma nova vida, o início de outro nível ao nosso relacionamento. A cumplicidade, a lealdade, a segurança, a conexão e ao amor elevado que hoje sentíamos um pelo outro. Nosso relacionamento definitivamente tinha superado mais um obstáculo de muitos que ainda estavam por vir.
--- x ---
Nós terminamos de descer as malas, as caixas e levá-las até a van da banda, que tínhamos pegado para transportar tudo. Harry, quando descemos, estava comendo. Na verdade estava mais brincando com a comida. Eu o fiz tomar um banho. Acho que não entrava debaixo de um chuveiro desde o que aconteceu. Enquanto ele tomava banho eu terminava de empacotar algumas coisas na sala. Eu só estava guardando os pertences de , os móveis e tudo mais ficaria ali, afinal, Harry manteria a casa.
- Amor, onde eu ponho isso? – disse Dougie com uma caixa na mão.
- O que é isso? – perguntei.
- Alguns “quinhentos mil” livros da .
Eu sorri quando ele revirou os olhos. Tinham pelo menos mais umas cinco caixas só de livros.
- Isso que ainda faltam os do escritório.
- Leva pra van e deixa em casa. Na sala, onde vamos fazer a biblioteca, eu vou colocar tudo. Depois arrumo com calma.
- Ok! – Dougie saiu quase caindo pelo peso da caixa. Com certeza ele estava xingando mentalmente por causa do peso desses livros. Eu neguei com a cabeça e ri ao vê-lo quase morrendo sair da casa até a van.
Quando Dougie voltou, eu estava fechando a última caixa da sala.
- Pronto! Aqui acabou. Só falta o escritório.
- Ah! Me esqueci de te falar. O Danny me ligou enquanto eu estava lá no quarto. Ele avisou que ele, o Tom, o Keith [n/a: Keith é um amigo do Danny, pra quem não sabe.] e o David, já levaram todas as suas coisas do flat para a nossa casa.
Eu assenti enquanto ele falava. Dougie já tinha transportado as coisas de seu flat no dia anterior, como Danny, Tom, e . Só faltava Eu, Harry... e as coisas de .
- Outra coisa. O Danny disse que hoje de manhã, quando eles vieram aqui arrumar algumas coisas, encontraram um envelope grande embaixo da porta. Estava destinado a e o remetente era de Brighton. Eles não quiseram mexer, já que você quem estava arrumando tudo. O Tom deixou no escritório junto com toda a papelada.
Enquanto Dougie ia falando eu me lembrei de ter comentado comigo sobre esse envelope.
- Ah, ! Está para chegar um exame de sangue que fiz em Brighton, você cuida disso?
Do que adiantava agora esse exame? Com certeza não serviu para nada. Pensei, irritada.
- Tudo bem. Eu olho quando for arrumar o escritório.
- Eu te ajudo! Acho que você já terminou aí, não é? – ele se aproximou, me ajudando a me levantar.
Eu sorri.
- Já sim! – no mesmo instante, sem perceber, eu cambaleei.
- Hey! O que você tem? – Dougie me segurou preocupado.
- Nada, amor! Não é nada. – falei colocando a mão na testa ao sentir uma tontura forte.
- Você está cansada, . O último mês você vive tendo essas tonturas e alguns desmaios. Isso está me preocupando. – ele falou sério.
- Eu só estou muito esgotada e estressada. Pode ter certeza. Não precisa se preocupar. – passei a mão em seu rosto.
- Nós vamos ao médico assim que nos instalarmos na casa. Só assim ficarei mais tranquilo.
Eu dei um sorriso fraco para ele. Estava realmente me sentindo fraca, mas eu conhecia meu corpo, eu tinha passado por muitas coisas nos últimos tempos, estava muito estressada, fora que não estava me alimentando bem.
- Como você quiser, bebê! – falei passando a mão em seu rosto.
Ele ficou mais tranquilo em perceber que eu concordei.
- Vamos deixar isso pra manhã. Está cansada.
- Não! – falei em sobressalto. Eu não queria mais adiar isso.
Dougie não retrucou, me conhecia bem, nada me faria mudar de ideia. Ele bufou.
- Ok! Então vamos terminar de arrumar tudo. Eu te ajudo com o escritório.
- Não, Doug! – ele arqueou uma sobrancelha. – Eu preciso terminar isso sozinha. Leva o Harry, eu termino tudo e tranco a casa.
- De jeito nenhum vou te deixar sozinha nesse estado. – ele falou com convicção.
- Amor, eu preciso fazer isso sozinha. Por favor... – eu sentia como se fosse minha obrigação. Eu que tinha que terminar tudo e guardar o que era dela. confiava em mim tanto quanto eu confiava nela. Éramos cúmplices em tudo. Esse era meu dever, e de mais ninguém.
Dougie me olhou durante um tempo. Depois apertou os olhos, respirou fundo e voltou a me olhar enquanto acariciava um de meus braços.
- Ok! Eu vou te deixar fazer isso sozinha porque sei o quanto é importante pra você. Mas vai me prometer que não vai demorar, que vai comer e que vai me ligar de uma em uma hora. – eu ri ao ouvi-lo.
- A mãe aqui sou eu, ok! – brinquei.
- Está bem, então eu sou o pai! – eu dei uma risada fraca. Ainda me sentia um pouco tonta. Me aproximei dele, segurei seu rosto e dei um selinho demorado.
- Você é incrível.
- Eu sei! – mostrei a língua.
--- x ---
Depois que Dougie me fez comer - não tinha muita coisa na geladeira, mas deu pro gasto -, eu fui para o escritório. Poucos minutos depois ouvi a porta da frente se fechando. Ele e Harry tinham partido. Eu respirei tranquila como se agora pudesse ser eu mesma.
Saí do escritório e comecei a andar pela casa. Algumas lembranças nossas vieram em minha mente. Eu chegando de manhã, vendo o Harry seminu abrindo a porta. Indo até o quarto dela pra contar a primeira vez que Dougie e eu nos beijamos, entre outros momentos. Algumas lágrimas começaram a cair pelo meu rosto.
Parei na sala e alguns flashbacks de quando estávamos no Brasil começaram a aparecer em minha mente como um filme.
Flashback- On
Eu estava no meu quarto no Hilton quando conheci os quatro. me ligou naquele momento.
- Fala gata! – Disse em português – Todos eles estavam quietos me olhando, constrangedor isso.
- Maria , estou te ligando desde ontem e nada. Onde você está? – perguntou com uma voz autoritária
- Pra começar, não me chame de Maria, porque não tenho esse nome horrível, folgada. E respondendo sua pergunta, estou no Hotel Hilton, tive um congresso aqui em São Paulo. – respondi.
- Metida! Nem me leva com você! – resmungou.
- Nhaa, não reclama, , você mora aí no fim do mundo e nunca vem pra cá! Ainda, vou te sequestrar e te levar para Inglaterra comigo.
- “Bora”, só vir me buscar, gata! De preferência me leve para a casa de um dos Mcgatos, okay? Harry Judd, para ser mais específica. – safada.
Flashback-Off
Eu caí de joelhos no chão e me abracei enquanto chorava soltando toda a dor que estava sentindo.
Flashback- On
Cheguei à rodoviária e dei sorte, o ônibus dela chegou na mesma hora. Fiquei na porta esperando e a vi descer do ônibus, pegar sua mala e vir em minha direção.
- Cacete, vai ficar aqui um ano ou fugiu de casa? – ri e a abracei – Saudades de ti, sis.
- HÁ HÁ HÁ! Que engraçada você é! Nem trouxe muita coisa, cabiam mais umas três malas de sapato, mas fiquei com dó de você, já que teria que ir dormir com a “Molly” (minha cachorra) – riu ironicamente.
- Eu que colocaria você para dormir na varanda, tá – sorri com ironia
- Besta! Me ajude aí com as malas, folgada, ta pesado – disse pegando suas coisas no chão.
- Você traz sua casa e eu que tenho que ajudar, ahhh, vou-te falar viu! – bufei e peguei as malas enquanto ela ria da minha cara.
Chegamos até o carro, guardei as coisas dela no porta-malas, entramos e liguei o rádio. Estava tocando “Falling in Love”, o novo single da banda Mcfly.
- Ah, essa música é linda! Não vejo a hora de ir ao show deles dia 28 – disse toda animada.
Eu dei um sorriso amarelo e concordei. “Droga, o que eu vou fazer? A e as meninas vão me matar se me virem com eles”.
Flashback-Off
Olhei para o teto da casa e apertei meus olhos com força. Precisa soltar tudo, chorar tudo, pois depois eu não poderia mais fazê-lo. Harry não podia me ver assim, isso não o ajudaria em nada. A lembrança de nossa briga no Brasil assim que elas os conheceram veio em minha mente.
Flashback-On
- Realmente eu não mereço a amizade de alguém que é falsa, mentirosa e traidora! – cuspiu as palavras.
Eu fiquei furiosa quando ouvi o que ela disse de mim, senti meu corpo todo ficar quente. Acho que Dougie percebeu, pude sentir seu olhar sobre mim, e logo em seguida sentir sua mão em meu ombro tentando me acalmar.
- Se toca, garota! Você tá fazendo tempestade em copo d'água! A é alguém muito melhor que você, em todos os sentidos! – Cuspiu as palavras de volta para
- Argh! VÁ PRA PQP! VOCÊ E ESSA BITCH DA ! VOCÊS SE MERECEM!
Nessa hora eu explodi, não consegui me conter, afinal, eu não tenho um gênio tão bom também.
- COMO É QUE É? QUEM É BITCH AQUI? VOCÊ NAO TEM O DIREITO DE FALAR NADA A MEU RESPEITO – Gritei fazendo todos se assustarem e se aproximarem.
- Calma, – Disse Danny enquanto se aproximava de com medo que algo acontecesse, o mesmo fez Tom.
- CALMA UMA PORRA! ELA SABE MUITO BEM COM QUEM ESTÁ LIDANDO, EU POSSO SER MUITO LEGAL, MAS MUITO RUIM QUANDO EU QUERO – gritei mais ainda, já descontrolada.
Harry me viu andando em direção à e me segurou me fazendo recuar um pouco meu corpo. Dougie apareceu do meu outro lado. Eles estavam um pouco assustados com a situação, afinal, eles não eram tão emotivos como nós. Britânicos são muito mais educados e ponderados, não se irritam com facilidade e nem gritam um com o outro, somente em casos extremos.
- A BITCH AQUI É VOCÊ! PORQUE NÃO TÔ VENDO MAIS NENHUMA! - gritou enquanto me encarava.
- , pega leve – Disse Tom um pouco assustado.
- Não, Tom! Ela vai me ouvir! ELA SE ACHA A SANTA, A BOAZINHA, MAS SÓ É LEGAL QUANDO A INTERESSA! NÃO É, ? NÃO FOI INTERESSANTE BANCAR A LEGAL COM QUATRO CARAS QUE VOCÊ NUNCA TINHA VISTO NA VIDA E ENGANAR SUAS AMIGAS? ENGANAR AQUELA QUE VOCÊ CHAMAVA DE MELHOR AMIGA? EU NÃO SABIA QUE VOCÊ ERA TÃO BAIXA.
- , abaixa sua bola – Disse Harry visivelmente irritado.
Eu a encarava com os olhos estreitos e fixos, como sempre fazia quando estava muito irritada, como uma leoa realmente.
- E você cala a boca, Judd! Ninguém aqui tá falando com o boi, por enquanto é só com a vaca! – AHHHH ela me chamou de vaca, nossa, agora baixou o nível.
- E , JÁ CHEGA! – Gritou , que estava muito bêbada ao lado de no mesmo estado, jogadas no sofá, visivelmente com dor de cabeça.
Eu ignorei e continuei, afinal, estava bêbada também; bêbado não pensa, age (risos).
- COMO? A ÚNICA VACA QUE TEM AQUI É VOCÊ, SUA VADIA! – gritei furiosa, Dougie se assustou com meu grito e segurou meu braço.
- , calma, ela esta bêbada, não leve tão a sério – falou calmamente.
- Não, Dougie, agora ela que vai me ouvir. – falei enquanto encarava , que fazia o mesmo – Sim, meu bem, banquei a legal com todo mundo porque é assim que eu sou, eu sou legal com as pessoas que eu gosto e não é porque você é minha melhor amiga, ou era, que eu lhe devia mais fidelidade do que aos outros, e se quis me ofender dizendo que eu fui interesseira por estar sendo legais com eles, está MUITO enganada, garota, porque eu realmente os adoro, e não é pela banda não, e sim pelas pessoas que eu descobri que são. Eu não sou e NUNCA fui interesseira, devia saber disso.
Pude perceber a feição dos quatro, eles estavam muito preocupados e tenho certeza que se sentindo culpados por isso. Eu queria dizer que eles não tinham culpa de nada, mas estava muito nervosa e bêbada para falar algo (risos).
ia tentar falar, já que estava quase morta no sofá, mas eu me adiantei e continuei.
- A , por exemplo, eu a conheço desde que nasci, praticamente, e mesmo assim sempre te considerei minha melhor amiga, e isso não fez dela menos importante. A mesma coisa aconteceu com eles, mas se você não foi capaz de compreender o que eu fiz. E se quiser ficar com raivinha por besteira, que fique, sabe que eu não sou de implorar nada pra ninguém. Não te peço mais desculpas de nada, porque passou dos limites. – Senti lágrimas brotarem em meus olhos, porém, respirei fundo e me segurei, não ia dar esse gostinho a ela.
- Isso aí, , está totalmente certa! – Disse Harry enquanto dava um gole de sua cerveja, debochando de .
- , fica tranquila, dude – Tom me olhava já quase implorando, estava dando dó (risos).
revidou já em um tom mais baixo, igual ao meu.
- Escuta bem, , eu não to pedindo mais ou menos fidelidade da sua parte, mas consideração é o mínimo que se espera de uma amizade! E eu não fiquei com raivinha por besteira! Você me conhece, sabe que não fico irritada com pouca bosta, e eu não estou implorando desculpas, nem quero! Você é maior de idade e vacinada, sabe bem o que faz! E não se preocupe, amanhã mesmo eu volto pra minha casa. E você Harry, é um completo idiota! Não imaginei que você fosse tão acéfalo assim. Mas não se preocupem, já passou dos limites? Ótimo! Porque pra mim chega também! Cansei dessa palhaçada!
ia sair andando quando olhou e disse para todos.
- Se agora ela quer pagar uma de vítima, que pague! Se quiserem me crucificar por causa disso, que me crucifiquem! Mas não venham dizendo o que não sabem!
- , não precisa ser tão radical, pra que ir embora? Isso passa, vocês são amigas - disse Danny tentando melhorar a situação.
Eu logo me pronunciei.
- Deixa, Dan, ela faz o que achar melhor, ela me conhece muito bem também e sabe como eu sou. Agora, eu não me faço de vítima e nunca me fiz, nem sou falsa ou traíra. Eu tenho o direito de ter meus segredos também e minha privacidade, esperava que fosse entender isso. – disse olhando pra ela, agora eu que estava decepcionada - Agora é contigo, quando achar que é capaz de perdoar as pessoas, já que você não se acha capaz disso, é só me procurar, porque ao contrario de você eu não guardo mágoa de ninguém. Não importa o que seja. Essa sou eu – apontei o dedo para mim mesma, encostando-o em meu peito – e eu tenho muito orgulho de ser assim.
Senti as lágrimas novamente em meus olhos. Resolvi sair dali antes que chorasse na frente de todo mundo, e eu não queria de maneira alguma fazer isso. Passei por e fui direto para o quarto.
Flashback- Off
Me levantei de onde estava e fui até a cozinha. Os soluços e as lágrimas eram impossíveis de serem controlados. Ali, me lembrei do primeiro dia que fomos visitar quando ela chegou na Inglaterra.
Flashback-On
- ! – todo mundo gritou, fazendo aquele escândalo básico - acho que eles estão andando muito com brasileiras (risos) - e a abraçou, quer dizer, quase todos, certa pessoa estava subindo ainda porque esqueceu o celular no carro.
Sem pedir licença fomos entrando na casa dela. Lógico, amigos não precisam de cerimônia. Eu e as meninas fomos nos acomodando na sala, os meninos foram para a cozinha procurar bebida; lógico que o Tom foi atrás é de comida, né. estava parada na porta como se esperasse por mais alguém: claro, Harry, o atrasado. Quando ela ia fechar a porta, decepcionada, ele a segurou com a mão impedindo que a fechasse.
- Vai fechar a porta na minha cara mesmo? – perguntou ele com um sorriso debochado, encostado de lado na porta com cara de tigrão RAWW (risos).
Me sentei no sofá, fiquei só observando a reação da , ela tinha uma cara de besta que dava vontade de dar risada. O que o tigrão não faz na vida de uma pessoa, né?! (risos). Não dava para ouvir a conversa dos dois direito, mas consegui pegar o final.
- Não pede licença para entrar na casa dos outros? – Disse tentando dar uma de durona. Só tentando, né?!
Harry deu um sorrisinho cínico
- Deixei minha educação em casa – ele piscou para ela e me olhou.
- Cadê os mates, ? – eu estava com um sorriso irônico que ele entendeu e retribuiu.
- Estão na cozinha, eu acho! Pelo menos onde tem comida o Tom está lá, e onde tem bebida o Danny está. Já o Dougie foi atrás de feliz – Harry, e riram, ainda estava com cara de paisagem e com os braços cruzados.
- Thanks, honey – agradeceu Harry com um sorriso e uma piscadinha. Em seguida foi procurar a cozinha.
Olhei para e resolvi provocá-la, estava com saudades disso.
- Ainda fica assim quando vê o Harry? Achei que tivesse superado, mas sua cara de besta apaixonada me mostrou o contrário – ri e ela revirou os olhos.
- E você não perde a mania de ser engraçadinha com assuntos inoportunos, não é? – ela deu um sorrisinho cínico, as meninas já estavam rindo da gente – Mas, me conta, – ela se aproximou de mim – Você perguntou de mim, mas já superou o Doug?
- Superou o que de mim? – todas nós olhamos ao mesmo tempo para o lado, vendo Dougie entrar na sala, meio distraído, comendo um pedaço de pizza que com certeza o Tom que achou. Ele estava entretido com a comida e nem prestou muita atenção sobre o que era o assunto, simplesmente ouviu seu nome. Antes que falasse algo eu me adiantei.
- Vocês, por acaso, já atacaram a geladeira da ? – mudei de assunto e olhei para ela, que mantinha um sorriso sarcástico no rosto.
Dougie, como não estava prestando muita atenção, nem lembrava o que tinha acabado de perguntar, estava mais preocupado em comer. Acho que esse menino passa fome, com certeza ele é obrigado a fazer a dieta da Frankie, já que ela é magrela e quer que os outros sejam também, blá!
- Eu não ataquei nada, foi o Tom – respondeu Doug de boca cheia dedurando o amigo, apontando em direção à cozinha.
Olhei para , que já estava furiosa. É, gente, ela tem um ciúme tremendo das coisas delas, vai querer assassiná-los agora, e eu vou rir muito. Me levantei e fui até o lado dela ao perceber que via Harry encostado no batente da porta da cozinha. Falei baixo em seu ouvido para que Dougie não ouvisse.
- Eu não preciso superar nada, mas, se precisasse, pelo menos disfarçaria – dei uma risada e ela me fuzilou com o olhar. É! Já estávamos íntimas novamente.
foi para a cozinha assassinar Danny, Tom e tentar fazer o mesmo com o Tigrão (risos).
- THOMAS MICHAEL FLETCHER! SAI DA MINHA COZINHA JÁ! – gritou .
Flashback- Off
Caminhei até a sala de TV e ali vi o DVD da festa de abertura da Devine’s que tínhamos mandado gravar. Outra cena de nós quatro no bar rindo e brincando veio em minha mente.
Flashback-On
- Um brinde à nova etapa de nossas vidas – continuou .
- Um brinde ao amor – sorriu .
- E um brinde a Devine’s ! – concluiu .
- UHULLL – gritamos e juntamos nossas taças uma nas outras.
- Hello, Devine’s, Goodbye Prada! – brinquei e todas gargalharam.
Flashback- Off
Voltei para o escritório e parei na porta, segurando a maçaneta com as mãos trêmulas. As últimas imagens que vieram foram de quando ela foi atrás de mim na Espanha e chorou já sabendo de sua doença, e de quando me pediu pra cuidar de Harry. Comecei a andar pelo escritório enquanto me lembrava.
Flashback-On
- O que aconteceu com você? – tinha algumas manchas roxas pela perna.
- Eu devo ter batido em algum lugar. – deu de ombros. Tinha alguma coisa errada.
- Batido? , não sou otária! E essa magreza toda? Tá treinando pra ser modelo anoréxica? – eu a olhava de cima a baixo. Fiquei realmente assustada com o que vi.
Eu pensei que fosse me ignorar como sempre fazia quando não queria falar sobre o assunto, entretanto, a cena me assustou mais ainda. Ela sentou-se na cama e começou a chorar. Sem demora, me sentei ao seu lado e comecei a mexer em seu cabelo, logo ela se deitou em meu colo aos prantos enquanto eu a consolava. Tinha alguma coisa muito séria acontecendo, eu a conhecia muito bem.
- Eu preciso de você, . Se você não quiser voltar para conversar com o Dougie, volte porque eu preciso da minha amiga. – disse chorosa. , não me pede isso, pensei. Comecei a me sentir culpada por pensar só em meus problemas, mas dessa vez era algo que nem eu podia controlar.
- O que você tem, ? De verdade. – perguntei séria. Estava realmente muito preocupada.
- Uma anemia severa. – ah, conta outra.
- Bullshit! – disse brava. Não gostava quando ela tentava me enrolar – Você não tem apenas uma anemia. Eu vi o Tom preocupado com você, o Harry. Você saindo para ir ao médico com o Tom. – me olhou – Eu sei de tudo.
Ela sentou-se novamente e secou suas lágrimas.
- Você vai voltar? – me perguntou.
- Não sei, – eu não podia mentir para ela. Eu não tinha pretensão de voltar, mas vê-la daquele jeito me deixou arrasada.
Flashback-Off
Me sentei na cadeira atrás da mesa do escritório, fechei os olhos e encostei minha cabeça ali.
Flashback-On
Eu fiz todo o esforço do mundo para controlar o choro. Respirei fundo inúmeras vezes. Até que, assim que me acalmei, voltei a olhá-la. Seu rosto estava molhado. Ela também estava chorando.
- Ele precisa encontrar outra pessoa. Alguém que o possa fazer feliz...
- , ai já é demais. – falei com a voz ainda falha. – O Harry não vai querer saber de mulher por muito e muito tempo. Isso se um dia ele se recuperar. E isso se alguma coisa acontecer. Não se esqueça de que você ainda está viva e seu coração ainda bate.
- Só me prometa que vai cuidar dele. Eu sei o quanto os quatro são importantes pra você e o quanto eles te idolatram. O Harry não vai escutar mais ninguém. Se não quiser fazer por eles e nem por você, faça por mim. Prometa que esse álbum vai sair, que vai ser o melhor que o McFly já fez, que eles vão entrar em turnê e vão arrasar como sempre fizeram. Prometa-me isso, ! – eu me controlei novamente para não desabar em sua frente. Algumas lágrimas escorriam pelo rosto de , mesmo seu semblante estando sério.
- Ok! – suspirei e virei a cabeça, olhando para o caminho que o soro fazia até o corpo dela.
- Me prometa! – ela falou mais firme.
Eu respirei fundo e soltei o ar.
- Eu prometo.
Flashback-Off
Comecei a chorar novamente.
- Eu prometo... – falei para mim mesma esperando que de onde ela estivesse pudesse me ouvir. – Eu vou conseguir, custe o que custar... vou fazer por você!
--- x ---
Após me acalmar, me concentrei na arrumação do escritório. Já fazia umas quatro horas que Dougie e Harry tinham saído.
Doug nem esperou eu ligar, me ligou pelo menos umas três vezes. Aquela atitude não me irritava, me fazia rir. Ele estava preocupado, mais do que devia.
O escritório já estava quase todo arrumado, estava faltando apenas os papeis em cima da mesa. Comecei a olhar todos para saber o que jogar fora e o que guardar. Não joguei quase nada fora, afinal tinham várias coisas de trabalho, tanto da Super Records como da Devine’s.
Eu jogava tudo dentro da caixa quando me deparei com um envelope grande e fechado. Depois de alguns segundo me lembrei de que Dougie disse que o Tom havia deixado esse envelope aqui. Era um exame que tinha feito em Brighton. Eu senti uma raiva tão grande. Aquela porcaria não servia para mais nada. Eu o joguei com força na lixeira e fechei a última caixa que restava. Amanhã os meninos passariam aqui para pegar tudo isso. Coloquei todas as caixas na sala para ficar mais fácil para eles e voltei para o escritório a fim de trancá-lo. Quando ia fechar a porta, olhei para a lixeira. Parei por um instante, e não sei por que algo me levou até lá. Alguma coisa dizia que eu tinha que olhar aquele exame.
Lentamente o peguei da lixeira, fiquei olhando para ele durante alguns segundos, em seguida o abri. Demorei um pouco para começar a ler. Ver tudo sobre a doença de doía. Eu estava me sentindo uma masoquista por ler aquilo, que não iria servir mais pra nada. Era muito tarde. Mesmo assim a curiosidade foi mais forte do que eu.
Comecei a ler o papel. Foi quando notei que aquele não era um exame sobre seu câncer. Comecei a lê-lo com mais atenção e então vi algo que me fez parar de respirar por alguns minutos.
- Meu Deus...
Li aquele exame pelo menos mais umas dez vezes para ter certeza de que não estava vendo coisas, mas não... eu não estava. Harry não podia saber daquilo, jamais, ele sofreria demais... não podia. Uma lágrima caiu pelo meu rosto e então cobri minha boca com uma das mãos enquanto ainda olhava o exame.
- Judd – comecei a ler em voz alta para que eu mesma pudesse acreditar. – Beta-HCG Quantitativo: 30,50 mUI/mL. – parei de ler .
Respirei fundo.
- estava... Grávida?
Tenho razão de sentir saudade, tenho razão de te acusar. Houve um pacto implícito que rompeste, e sem te despedires foste embora. Detonaste o pacto. Detonaste a vida geral, a comum aquiescência de viver e explorar os rumos de obscuridade, sem prazo, sem consulta, sem provocação, até o limite das folhas caídas na hora de cair.
Antecipaste a hora. Teu ponteiro enlouqueceu, enlouquecendo nossas horas. Que poderias ter feito de mais grave
do que o ato sem continuação, o ato em si, o ato que não ousamos nem sabemos ousar porque depois dele não há nada?
Tenho razão para sentir saudade de ti, de nossa convivência em falas camaradas, simples apertar de mãos, nem isso, voz modulando sílabas conhecidas e banais que eram sempre certeza e segurança.
Sim, tenho saudades. Sim, acuso-te, porque fizeste o não previsto nas leis da amizade e da natureza nem nos deixaste sequer o direito de indagar porque o fizeste, porque te foste”
Carlos Drummond de Andrade
[N/A]: Oi meninaaas!!! Tudo bem? Estão todas vivas?? Querem me matar? Bom, antes de vocês colocarem os planos assassinos de vocês em prática, gostaria de agradecer a todas pela companhia, pelo tempo que gastaram lendo minha fic. Muito obrigada pela paciência, por acompanharem meu progresso como autora (nota-se minha evolução desde o começo da fic até o final rs). Muito obrigada mesmo!!! Agradeço ainda pelos comentários, eu os adoro e isso sempre serviu de motivação! Bom, acho que é isso... Aqui se encerra uma fase da minha vida, minha primeira fanfiction, mas não a última... Quem quiser, pode acompanhar outras fics que tenho aqui no FFOBS ou pelo Tumblr, me seguir no Twitter, me adicionar no Facebook e ainda pedir para fazer parte do Grupo Laxie (Lali e Pixie). Abaixo seguem os links.
Ah, uma última coisa, fiquem ligadas, qualquer fanfiction com "Something" e "Shine" no nome pode ser uma 2ª temporada, para isso fiquem atentas ao Tumblr ;)
Acho que agora é isso mesmo. Obrigada e até logo! Xx