“Você tem um brilho no olhar
Que me deixa louca
Hipnotizada, sem pensar
To me sentindo boba
Você tem sabor de hortelã
Com gosto refrescante.
Eu fico pensando em você
A todo instante”



Beleza, uma barrinha de maçã, caramelo, canela ou nozes? Se bem que o Cookie com aveia e passas está com uma cara ótima. Nossa! Ela está trazendo Muffin de chocolate!
- Moça, eu vou querer o Muffin. – ela sorriu para o homem moreno, de 1.73, com a delicadeza de uma atendente paciente. Eram oito e meia da manhã e se recusaria a ficar estressada com um chocólatra.
- O senhor pode fazer o seu pedido no balcão, esse eu vou entregar na mesa... – ela ergueu o papelzinho de anotações e conferiu. –... 6. – olhou para o cliente da mesa e sorriu, mais uma vez. usava um avental verde por cima de um vestido simples, de algodão, cinza e sapatos brancos, de couro, sem salto, nos pés. Os cabelos loiros presos com fivelas verdes.
- Ah, ok, me desculpe. – ele já tinha visto aquela mulher por ali, quase nunca aparecia na Starbucks, mas não lhe era estranha. Ele preferia a Maria mesmo, muito mais simpática. Com certeza entregaria o Muffin para ele, afinal, ela sabia bem do desespero que tinha por doces. Voltando-se para o balcão, fez seu pedido.
- Bom dia, Seu , o que vai ser, hoje?
- Bom dia, Aninha, hoje vai ser um Muffin de chocolate, uma barrinha de coco com doce de leite e um Apple Roll, esse embalado para viagem, está bom?
- Café Latte?
- Como sempre, bem grande. – ele estava receoso em perguntar, Aninha já tinha digitado o pedido e lhe daria o ticket, mas ele queria saber. – Desculpa, Aninha, essa moça... Essa de vestido, ela é nova aqui?
- A Dona ? – a mocinha que tinha uns quatorze anos riu. – Não senhor, Seu . Ela é a dona da loja. – ele olhou, espantado.
- Dona? Da Starbucks? – ela riu e olhou de soslaio, com uma típica chamada de atenção. Horário de trabalho e a mocinha rindo à toa? Aninha resolveu engolir o riso depois dos olhos castanhos cravarem nela.
- Um dos parentes dela é acionista e a Dona gerencia a filial dessa cidade.
- Ela quase não aparece, né?
- Não, a Maria cuida daqui, porque a Dona é chef cuisine e trabalha mais fora do que dentro, mas a confeitaria é dela, porque tem um xodó por esse lugar.
- Ah, que bacana. – ele sorriu amarelo. - Ok, vou pegar meus doces. Obrigada, Aninha. – ele sorriu, sem graça por se enfiar na vida da mulher, perguntando tanta coisa.

Esperando no balcão, como de costume, começou a reparar ao redor e achou o cara da mesa 6, o clone do Jack Black; com um sorrisinho, o cara olhava para os doces, conversando com eles e comendo cada um, como se fosse pai deles. ergueu a sobrancelha, assustado em pensar que tinha gente mais louca que ele. Em outra ocasião, entraria em pânico por não comer o Muffin que a tal dona da confeitaria tinha levado para o gordinho comilão, mas, naquele dia, estava tudo bem, afinal, ele havia recebido o exame de sangue recente e tido a maior felicidade da vida.
Foi bem estranho ir à casa do pai, maior amante de doces do planeta, e ouvir o velho dizer “sou diabético”, ele pegou um cotonete e limpou os ouvidos, para ter certeza do que ouvia. Era uma notícia horrível, porque seu paizão dividia os bolos de morango com cobertura de caramelo com ele, todas as tardes de sábado, nas visitas que fazia. Em compensação, agora, ele era obrigado a sofrer sozinho.
entrou na cozinha com uma pulga atrás da orelha, aquele cara era conhecido, mas de onde? Ela já tinha visto tantos chocólatras que nem conseguia assimilar os rostos, pensou, sorrindo.
- Dona ... – Aninha encostou-se à parede e olhou para fora, espiando se alguém ouviria.
- Fala, Aninha! – viu a cara de fofoca da funcionária e quis saber, era louca por fofoca, coisa de confeiteira.
- Se eu te contar que o nosso melhor cliente ficou caidinho pela senhora?! – derrubou um copo de café e quase se queimou.
- Aninha! Volta já para o balcão, e fica quietinha lá, menina!

Onde já se viu?! Funcionária folgada: sai do balcão para fofocar do cliente e... Nossa! Ele era bem bonito mesmo. Gostou do estilo dele e sabia que o conhecia de algum lugar, se era o melhor cliente... Só podia ser aquele cantor, como era mesmo o nome...?

Ela saía para entregar o pedido, quando parou frente a frente com o homem, que tinha um sorriso nos lábios. Mas por que sorria para ela daquele jeito? Nervosa, mexia na sacola de papel... Sacola de papel? Papel de pão? Meu Deus! Era o do McFly! Não tinha ligação aparente, mas é que anos atrás ela tinha anotado o nome dos integrantes para fazer um café especial, e como estava sem papel, anotou na sacola de pão.
- O senhor é o número... – a mão tremia. –... 23?
- Sou eu mesmo. - ele não conseguiria parar de rir se não limpasse o rosto dela, sujo de chantilly do lado da boca. nem percebeu que, enquanto preparava o pedido, devorava um cupcake de maracujá, depois pensaria que foi para acalmar os nervos, nada de mais. entregou o ticket. leu, para conferir o pedido. E entregou, quando ele aproximou a mão de seu rosto, ao invés de alcançar a sacola, ela estremeceu com o toque. Suavemente, tirou o chantilly do rosto dela e levou o dedo aos lábios carnudos e vermelhos, estava delicioso, batido no ponto. - Desculpe, é que estava sujo. – o sorriso dele era malicioso agora, não seria nada ruim investir em uma mulher como aquela. Ele podia ver que era cheinha nos lugares certos, como uma tortinha doce. Intuitivamente ele fechou os olhos e a saboreou mentalmente.
Vendo aquela cena escrota, ficou vermelha e furiosa.
- O senhor já pode tomar seu café. Precisa que eu ajude a encontrar um lugar? - ele percebeu a leve irritação.
- Desculpe, eu não quis te... – ele estava olhando para dentro do papel de pão. – Cadê? – ele falou, espantado, e olhou com um brilho de ódio para .
- Cadê? O quê? – ela estava tentando não imaginar que ele parecia um brownie de chocolate com cobertura quente.
- Meu Apple Roll!
- Apple Roll? – ela tinha um, em outra nota, estava para entregar se o brownie, quer dizer, o homem, saísse de sua frente.
- Sim, eu quero meu Apple Roll! – Aninha olhou para o “casal”, pensando na porcaria que ia sair dali, agora que o assunto era doce. Ela precisava de férias ou não conseguiria agüentar a próxima temporada, com o triplo de maníacos por doce. Mal via a hora de ficar tranquila, recontando sua coleção de selos postais. Pelo jeito, o mundo ia cair por ali, a briga já estava começando e eles pareciam tão irritados como aqueles homens azuis em guerra, como se chamava mesmo? Avatar!
- Desculpe, mas eu já disse ao senhor que o ticket é outro e o seu número não é o mesmo.
- Então chame a Aninha, ela vai provar para você. Não quero saber, quero meu Apple Roll, agora!
- O senhor precisa provar que pagou por esse produto!
- Senhora, desculpe, o erro foi meu. – Aninha decretou sua morte na hora.
- Eu disse. – ele sorriu, vitorioso. olhou, chocada, mas entregou o embrulho, virou as costas e, pegando a chave da confeitaria, ao invés da chave do carro, saiu pela porta dos fundos, furiosa. Ela estava de TPM e descontou em um cliente, que ótimo! Quando sua mãe soubesse...


voltou nos outros dias da semana. Ele sempre ia até lá, mas se escondia assim que via ele entrar pela porta de vidro gigantesca. Ótimo, com vergonha de um cliente.
Ele pensava nela todos os dias, com aquele rosto de blueberry muffin, tão apetitoso, mas a garota doce insistia em rejeitá-lo. Era bem encantador ser rejeitado, quando todas as mulheres do mundo o desejavam; claro, ele era um gato. riu do pensamento bobo. Muito conveniente estar se interessando por uma confeiteira.

Da cozinha, observava a movimentação e olhava o pedido de : Muffin de banana & gotas de chocolate, bolo de laranja, barrinha de maçã, cookie com gotas de chocolate, Lemon Roll, nossa! Como aquilo tudo cabia naquele cara? Encantada, não se dava conta de que tinha comido três cupcakes e começado a mordiscar uma torta de maçã.
Quando esticou o braço para pegar a fatia da torta, uma mão a impediu. Eletrizada com o toque e com a cor da pele que a tocava, ergueu os olhos e viu mordendo sua torta.
- Deliciosa. – ele falou, mastigando e rindo, já era hora de colocar sua sedução em ação para conquistar aquele pão de queijo recheado com maçã e canela, que era ela, e ele usaria os truques de seu livro “Aprendendo a Seduzir”, presente de uma fã. Passo 1: Chame a atenção da presa.
- SOLTA A MINHA TORTA! – ela nem pensou duas vezes, ninguém coloca a mão na torta de ! Ninguém!
- O quê? – nem deu tempo de pensar melhor, porque um pratinho de chantilly fresco voou na cara dele.
Limpando o rosto e lambendo ao redor dos lábios, ele sorriu.
- É guerra? – pegou a farinha que estava dando sopa na mesa e jogou em , que deu um grito de ódio.
- Seu cretino! – ela não quis mais brincar e o livro não deu certo. Ele levou um tapa na cara e abaixou a cabeça, com a mão no rosto.

Já haviam passado sete semanas desde o incidente. estava em turnê e não foi mais à confeitaria naquele tempo. Comia, sempre que podia, uma ou outra Apple Roll, para lembrar-se de , mas, ainda assim, se sentia péssimo com os maus entendidos. Seus amigos não sabiam o que estava havendo de errado, mas davam conselhos.
Um dos conselhos foi ótimo para , que acordou bem disposto e tratou de fazer compras.
- Aquele ali, como chama?
- É o Sweet Daydream, da Victoria Secrets, senhor.
- Vou levar.

Aninha não estava no balcão, era Maria.
- ! Que bom te ver por aqui!
- Maria, quanto tempo, linda. – eles conversaram no balcão, enquanto olhava ao redor.
- Procurando a ? – ela sorriu e ele corou.
- Não, eu só... Onde ela está?
- Em casa, não vem aqui faz três semanas.
- E... Eu posso saber onde ela mora?
- Péssima época de aparecer lá.
- Por quê?
- Esquece, eu te passo o endereço, mas foi você quem implorou, ok?
- Você é um anjo, Maria!
- Eu sei. Toma. – ela estendeu um papel. – Boa sorte.


estava presa em casa, tentando uma receita nova, que teimava em não dar certo. O rosto sujo com farinha de trigo e o cabelo desarrumado. Avental preto, com uma cobra coral bordada na frente, em volta de uma maçã.
A campainha tocou.
- Um minuto e eu chego. Estou chegando, chegando... – ela abriu a porta... - Cheguei. – ela estava sorrindo, pensando ser o irmão. - Você? – ela murchou, ele foi obrigado a pigarrear e tentar de novo, péssima escolha aquela de continuar a fala da garota.
- Eu vim me desculpar. – ele entregou um buquê de violetas e duas pequenas sacolas, uma da Victoria Secrets e outra da Poulain, com chocolate 76% cacau.
Ela olhou, ainda receosa.
- Não vai se desculpar me comprando. – ele sorriu.
- Não sei porque, mas eu sabia que você diria isso. – ele sorriu e soltou as coisas no chão, puxando a mão dela para que saísse.
- Me solta! – ela ia começar a brigar, mais viu o outdoor com um cupcake gigante e a frase “O açúcar é o sal da vida”, não evitou olhar para o homem que segurava sua mão docemente e sentiu fome, olhando o outdoor.
- E então, me perdoa? – a boca dele era linda demais.
- Eu não sei o que dizer.
- Quer jantar comigo? – ele segurou a outra mão dela e viu o rosto ficar tenso, achou que levaria um fora.
- Só se for em um restaurante francês. – ele riu e puxou o corpo dela para um abraço. Ficaram ali, sorrindo e se olhando, foi então que aproximou seu rosto do dela, e lhe deu um beijo doce.

Naquela noite, estava tudo dando certo: arroz gaxuxa, aspic mariso, Charlotte... Não fosse a sobremesa: Fresas al cava. Ao invés do restaurante servir a sobremesa em porções, havia uma refratária lindíssima de cristal para ambos.
não parecia saciada, nem , mas como pedir repetição na sobremesa?
- Pode pegar.
- Pega você, querido.
- Não, o último morango é seu, minha empadinha.
- Imagina, sorvetinho de pêssego, fica com o morango.
- Ele tem uma calda boa mesmo.
- Muito boa.
- Excelente calda. – os olhos brilhavam e ele pensou em pegar com uma garfada, mas ficou sobressaltada.
- O que você pensa que vai fazer? – ele olhou para ela, espantado.
- Comer, ué.
- Não acredito que você ia aceitar comer o meu morango com calda.
- Seu morango com calda? Você me deixou comer.
- Eu? Estava sendo gentil, ! Ora, francamente, eu vou embora!
- Como é que é? Vai me deixar aqui por causa de uma fresa al cava?
- Nossa! Você fala como se não fosse uma obra de arte da culinária!
- O que? , volta aqui!
- Adeus, !
- , volta aqui, agora, ou será definitivo! – ela se virou.
- Fique com o seu morango com calda, ! – e saiu correndo de lá, aos prantos.


Três meses se passaram até que fosse à conferência, para a qual a tinham chamado. Seria incrível, a pauta era Doces do Mediterrâneo, e seria na maravilhosa Itália, em Napole. Sua viagem estava agendada e tudo daria certo. Ela havia demorado em se recuperar do idiota esfomeado, engordou dois quilos de tédio e agora era hora dela se empanturrar no lugar em que havia mais massas no universo. Tudo o que suas calças queriam.
Embarque AZR-004, plataforma 1
Embarque AZR-004, plataforma 1


- É esse. – ela disse e sorriu, levantando-se do banco em que esperava. Primeira classe, fileira tal, número... – Oh meu Deus. – ela ficou branca. – Você?
- ? – ele se mexeu no banco, com o pacote de bolachas recheadas.
- O que está fazendo aqui?
- Temos um show em Roma, mas...
- E por que está nesse avião?! Você está me perseguindo, oh meu Deus! – ela começou a entrar em pânico.
- Senhora, sente-se, por favor. – a aeromoça pediu.
- Senta aqui, não vou te morder, foi o destino. – ele riu, queria beijá-la, mas nada.
- Eu não vou ficar ao seu lado!
- Pare de ser idiota e senta, , o avião vai levantar, a aeromoça chamou sua atenção...
- Olha como fala comigo! – ela estava brava demais para raciocinar.
puxou e fez ela sentar-se, segurando seu rosto e beijando-a sem dó.
- Cala a boca agora? – ele perguntou, vendo a respiração dela fazer o corpo arfar. Rendida, olhou para com fúria.
- Não vou te perdoar tão fácil dessa vez!
- Quer o último morango? Eu dou. – ele sorriu, achando aquela história toda tão boba, perca de tempo, afinal, queria beijá-la.
- Não. Eu prefiro comer um brownie de chocolate. – ela falou, mordiscando o pescoço dele, enquanto voavam alguns quilos mais magros do que quando voltariam.

Fim!

Nota da Autora: Minha fiction ficou fofa né, fala sério? Ofereço para minha prima GOSTOSA Thai, que me ajudou procurando os erros, hahahaah e para MEU TOM BISCOITINHO DE COVINHAS, HUAHAUHAUAHUAHAUHAHU. Beijos meninas.
L.A.


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