Prólogo:
Eu estava lá, sentado naquele banco costumeiro do colégio, a observando.
conversava animadamente com e enquanto o Sol refletia em seu cabelo castanho, o deixando levemente dourado. Ela era incrivelmente linda! Os grandes olhos verdes-rubi destacavam sua pele extremamente clara e suas bochechas rosadas ficavam facilmente avermelhadas quando eu dizia o quanto ela era maravilhosa!
E pensar que tudo começou com um mal entendido...



Stolen


Outro ano havia começado e minha mãe me obrigou a fazer uma droga de aula de teatro. Eu odiava teatro! Além disso, as aulas seriam à tarde e eu perderia uma boa parte do tempo, que eu poderia estar fazendo qualquer outra coisa mais produtiva, com uma droga que não me levaria a lugar algum.
Na primeira aula, conhecemos a turma. Dois nerds bizarros que eu nunca tinha visto na vida, duas meninas aparentemente normais, o , meu melhor amigo (eu obriguei ele a entrar nessa droga também, não me ferraria sozinho nunca) e uma menina muito diferente de todas as outras que eu ja tinha visto na vida, mais bonita, mais formal e aparentemente mais carismática também.
- Eu sou - uma das meninas normais disse, se apresentando para a sala num jogo que chamamos de Stolen.
As regras eram simples: Cada pessoa dizia seu nome e depois todos "roubavam" o nome de alguém do grupo para dizer caracteristicas de "primeira impressão" que tiveram sobre a pessoa. Era fácil, só para memorizarmos mais rápido.
- Eu sou a - A outra garota normal sorriu um pouco tímida.
- Eu sou Derek - um dos nerds falou.
- Eu sou Jerry - o outro disse.
Derek e Jerry, dois nerds (IN)populares - como eu e o gostávamos de chamar os retardados que não estavam em nosso ciclo de amizade. Sem querer me gabar, mas eu e ele não somos o que chamamos de... (IN)popular, haha.
- Eu sou - ele disse e fez careta para mim, me fazendo rir baixinho.
- Eu sou - tentei parecer sério, mas sorri mais tímido do que esperava ser quando vi que aquela garota me olhava.
- Eu sou ... Podem me chamar de - sorriu sem a menor timidez.
Eu disse que ela era diferente! Sabem? Eu tinha um grande potencial para enxergar o caráter da pessoa antes de conhecê-la. Devia começar a investir.
- Ótimo, escolham o nome de alguém e vou chamar um por um para dizer o que achou da pessoa. - o professor anunciou.
- ... E espero que possamos ser bons amigos - terminou de falar sobre a . Era a minha vez, escolhi ficar por ultimo, mas fez a mesma escolha, então, como um bom homem que sou, a deixei apresentar por ultimo. Eramos os únicos que faltavam, escolheu o , eu escolhi a e vice-versa, fazendo não ter escolha e falar sobre os nerds Drew e Jimmy, acho.
- Bom... Eu escolhi a - a encarei nos olhos enquanto falava. Percebi suas bochechas ficarem vermelhas e ela olhou para baixo, disfarçando. - Como não nos conhecemos, acho que não tenho muito a dizer, mas notei que ela é diferente das outras meninas - deixei escapar. Não era para eu dizer, Deus.
- Aham... Por que você acha isso, ? - O professor perguntou interessado.
- Ah... - porque ela é mais gata que as outras? - Porque ela foi a unica que falou mais quando fomos nos apresentar? - senti meu rosto queimar. Não sabia o que falar.
Comecei a pensar em como explicaria para a minha mãe o grande zero redondo que estaria em meu boletim na matéria Teatro.
- Interessante - murmurou o professor. - Pode se sentar. Próxima. - chamou.
se pôs em pé no pequeno palco de ensaio que tinhamos na sala e começou:
- Eu escolhi o . - disse firme, encarando o professor. - Ele me chamou atenção, porque eu acredito que por trás desse jeito de garanhão dele, haja alguma coisa que ainda não sei o que é, mas posso descobrir quando o conhecer melhor. - concluiu de queixo erguido. Ela era muito boa com isso.
- Bravo! - o professor exclamou batendo algumas palmas. Ele não bateu palmas para mais ninguém!
Jeito de garanhão? Hey, quem ela pensa que é para julgar sem antes conhecer? Ok, era esse o objetivo do jogo, mas como ela podia saber? Tanto faz!
- - ela me chamou - Será que você poderia guardar a minha pulseira? Eu posso perder no meio da aula... Ela é muito importante para mim - pediu meiga.
- Erm... Claro - sorri manso e coloquei sua pulseira no bolso do casaco.

A aula foi passando, ficamos três horas e meia trancados no mesmo ambiente, respirando o mesmo ar e eu, descobrindo cada vez mais coisas novas no jeito dela de agir. Ela era imprevisível - é até hoje!
Fui para casa tomar um banho e resfrescar a minha mente, não conseguia parar de pensar nela, em seu perfume, seus olhos... Quando coloquei a mão no bolso senti sua pulseira. Droga!

Why do fools fall in love?
Tomei meu banho, mas depois voltei correndo para o colégio. Procurei por ela em todos os cantos e só a achei depois de ter desistido. Ela estava sentada na ultima mesa, a mais distante e escondida do refeitório.
- Oi - sorri tímido ao chegar perto.
- Me devolve! - Ela praticamente pulou em cima de mim, nervosa. Estava com um olhar fuzilante coberto por lágrimas recém enxugadas.
- Calma - coloquei a mão no bolso procurando pela pulseira. Não estava lá!
Depois de ter tomado banho, a deixei em cima do criado mudo. Eu sou um idiota... Um idiota ao cubo!
- Eu deixei em casa - mordi o lábio e falei com o tom mais manso que pude, para evitar estresse da parte dela.
- Ladrão! - gritou. As lágrimas começaram a escorrer pelo rosto.
- Não! - protestei - Ei, o que eu vou querer com uma pulseira de garota?
- Me devolve ela agora! - ordenou.
- calma! Eu deixei ela em casa, acabei de voltar de lá. Vamos lá buscar e tudo se resolve, ta? - fiquei com medo dela. Fala sério, quando foi a ultima vez que uma garota doce, meiga e adorável tentou te matar?
- Eu não vou na sua casa - enxugou as lágrimas e falou como se isso fosse óbvio.
- Olha você quer a sua pulseira não quer? - perguntei impaciente. - Então você vai! - não esperei sua resposta.
A puxei pelo pulso fazendo-a acompanhar meu passo acelerado até em casa. Subimos para meu quarto e eu a entreguei a pulseira, que estava onde eu imaginei estar.
- Obrigada - ela disse, agora num tom agradável, colocando a pulseira de volta do pulso.
- De nada - disse mais calmo.
Ela me encarou com aqueles olhos enormes, profundos. Foi a vez que notei que seus olhos eram verdes. Sua mão ainda segurava o pulso.
- Me desculpe por ter te chamado de ladrão - se sentou em minha cama e só então soltou o pulso.
- Ah... Você tinha razão, eu pensaria a mesma coisa se um estranho pegasse um... objeto importante?
Ela acentiu com a cabeça.
- Meu pai me deu esse pingente quando eu tinha dois anos - me mostrou um coração, provavelmente de ouro, preso na pulseira.
- Ah...
- Ele desapareceu no dia seguinte. - explicou. - Não sei nada dele, não me lembro. A única coisa que sei é que seu nome era ... Está escrito no coração - ela sorriu.
Ficamos algum tempo em silêncio. Eu realmente não sabia o que dizer sobre aquilo. Eu tenho um coração de pedra e não sei interpretar histórias comoventes como aquela.
- Você toca guitarra? - ela sorriu olhando para a minha guitarra pendurada na parede.
- Toco - sorri de volta.
- Toca alguma coisa pra mim? - ela piscou frenéticamente fazendo charme com os cílios grandes, exibindo seus olhos.

Depois dessa tarde, passamos a nos falar cada dia mais, iniciando uma forte amizade...

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I'm addicted to you, it's like I'm not me
Certo dia, numa bela manhã de sol, ta parei... Eu e ela resolvemos matar aula naquele dia, eu já era inteiramente, de corpo e alma, apaixonado por ela. Ficamos sentados na grama, num parque. Várias crianças corriam e brincavam em volta de nós dois.
- Ninguém me liga! - ela suspirou e cobriu o rosto com as mãos, fechando o flip do celular.
- Quem está esperando para te ligar?
- Qualquer um! - descobriu o rosto e olhou para mim. Seus olhos lacrimejavam de sono.
Peguei meu celular e apertei duas vezes o botão de ligar (discava seu numero automáticamente). Ela olhou o visor do celular e me encarou com um olhar de "que ridículo!". Eu ri muito de sua expressão.
- Você é um bobão mesmo - sorrimos.
- Quer sorvete? - perguntei ao ver um homem com carrinho de sorvete vindo em nossa direção.
Ela balançou a cabeça em afirmação.
- Morango, já sabe - pediu e eu pisquei um olho.
Voltei com um sorvete de morango e um de flocos.
- Estava ótimo - suspirou quando terminamos e bocejou depois.
- Está com sono, né? - sorri.
- É - ela sorriu também e apoiou a cabeça no joelho, a sua frente.
- Quer deitar aqui? - perguntei fazendo sinal para a minha perna.
- Ta - ela deu de ombros e deitou.
Fiquei a encarando enquanto seus olhos estavam fechados. Nós eramos de dois mundos completamente diferentes; Eu vivia em festas, baladas, estava o tempo todo bêbado ou de ressaca, enquanto ela era uma aluna exemplar, com notas perfeitas, amigas perfeitas, do tipo que qualquer um ficaria orgulhoso.
- Se importa se eu ficar olhando? - perguntei apenas para garantir que ela ainda estivesse acordada.
- Olhando o quê? - murmurou baixinho com os olhos fechados.
- Você dormir - sorri.
Ela abriu os olhos e ficou vermelha de vergonha.
- ! - ela me repreendeu pela pergunta mas riu depois, ficando ainda mais corada.
- Você fica linda toda vermelhinha - falei a provocando e ela me deu um leve tapa na cara, brincando.
- Cala a boca - rimos juntos e ela voltou a sua cor natural.
se sentou e roubou um beijo em meu rosto. Foi a minha vez de corar, mas eu disfarcei e voltei a provocá-la.
- Você está pedindo guerra! - falei e nós dois rimos juntos.
De repente, nos encaramos com olhares penetrantes que nos fez ficar sérios e paramos de rir. Nossos rostos estavam próximos; eu não sabia como agir.
Senti meu coração disparar, minhas mãos ficaram tremulas e começaram a suar. Eu estava me sentindo como um garotinho em seu primeiro beijo - não que tenha sido o meu, eu já tinha perdido a conta de quantas garotas eu tinha beijado antes disso.
Continuamos nos aproximando, senti sua respiração bater em meus lábios.
- ... - ela sussurrou se afastando - , eu sei que a gente está muito próximo, mas não quero levar isso para frente. - pegou sua mochila e foi embora.
- Espera aí! Pra onde você vai? - fui atrás dela.
Se tem uma coisa que eu aprendi ao longo da minha vida, é que garotas adoram quando os homens vão atrás delas.
- espera - chamei e ela diminuiu a velocidade do passo até parar completamente.
- ... - choramingou.
- Fica aqui - coloquei uma mecha de seu cabelo atrás de sua orelha e ela sorriu.
- , eu sabia que estava acontecendo, mas... - olhou para baixo - eu acho que a gente não daria certo - tirou a mecha de trás da orelha e voltou a andar, sem me encarar.
Fui novamente atrás dela.
- pára! - chamei novamente e segurei seu braço a fazendo parar. - Não precisamos levar a sério se você não quiser - sorri, apesar de estar se abrindo uma ferida dentro de mim, acariciei seu rosto.
Suas mãos seguraram as minhas, ainda as deixando em seu rosto. Ela sorriu, me fazendo entender que aquele acordo estava bom para ela.

Bons tempos aqueles, quando começamos a nos apaixonar...

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I wouldn't like taking you for a moment and take a whole life to regret me.
Me lembro como se fosse ontem do dia em que conheci sua mãe... Foi um dos dias mais bizarros da minha vida!
- A gente vai depois da aula para a minha casa e você me ajuda a escolher a roupa, tá?
- Ok.
iria num casamento àquela noite e tinha uns 500 mil vestidos para experimentar, como eu sou um amigo muito bom, aceitei quando ela pediu minha ajuda - apesar de não saber nada de moda e essas coisas...

Chegamos em sua casa e sua mãe estava na cozinha fazendo o almoço.
- Oi mãe - disse animada e me puxou pela mão até a cozinha.
- Esse é o - me apresentou a ela.
- Oi , é um prazer - ela sorriu para mim e não parou de cozinhar. - Ele é seu namorado? - perguntou aparentando não dar a mínima. ficou roxa de tão envergonhada.
- Não mãe! Somos só amigos! Já te expliquei isso - falou com ar de repreensão.
- Está bem! Não demorem muito lá em cima - disse desconfiada.

- Desculpe por isso, minha mãe quer muito que eu arranje um namorado e desconfia de todo mundo... - explicou.
- Bom... Se ela quer tanto, por que você não tem?
Sentei em sua cama e ela permaneceu em pé em minha frente.
- , que pergunta mais indiscreta! - ela riu cruzando os braços. - Mas está bem, eu te conto: Eu me envolvi com um garoto ano passado... Foi a pior coisa que eu pude fazer na vida! Eu... Eu peguei ele com outra. Na cama! - sua expressão mudou, ficou mais rígida, séria.
- Outch! Isso deve ter sido horrível. Mas, não quer se relacionar com outro cara por causa do incidente, ou por quê ainda está magoada? - perguntei super interessado, eu poderia manipulá-la pela resposta.
- Tenho medo que aconteça novamente. - Ela respondeu exatamente o que eu queria ouvir.
- Mas ! - levantei da cama, me aproximando dela. - Só porque aconteceu uma vez, não quer dizer que acontecerá novamente. Não pode se bloquear contra isso por algo que aconteceu no passado. - ficamos alguns segundos em silêncio. Ela estava absorvendo as informações. - E eu digo mais... Aquele cara com certeza era um idiota, porque ele tinha a garota mais maravilhosa do mundo aos pés e a trocou por... qualquer uma - desabafei.
Eu já estava planejando algum dia dizer para ela o que eu realmente sentia, mas nunca pensei que seria daquele jeito e de uma maneira tão indireta.
Ela me encarou com a expressão ilegível, sorria levemente com o canto da boca.
- Eu não vou me envolver com alguém enquanto eu não tiver certeza do que sinto - explicou.
- O que você sente? - perguntei obviamente me referindo a mim mesmo. Sabia que ela entenderia.
Segurei levemente sua nuca com uma mão enquanto acariciava-a.
- Eu não sei - desviou nossos olhares e andou para longe de mim, abrindo a porta do guarda-roupas e jogando uns 15 vestidos em cima da cama.
O clima ficou tenso enquanto ela mexia nas roupas esparramadas, evitou ao máximo me olhar nos olhos, ou até mesmo apenas me olhar. Percebi várias vezes que ela espiava com o canto d'olho. E mais uma vez, fiquei sem reação perante às suas atitudes.
Ela entrou no banheiro segurando um vestido e saiu de lá alguns minutos depois.
Era incrível como ela conseguia ficar extremamente linda de qualquer jeito, eu não sabia como elogiá-la sem usar a palavra "gostosa".
- O que achou? - perguntou com um breve sorriso.
O clima ficou mais leve, mas eu ainda podia sentir vibrações tensas vindo de seu corpo.
- Você. Está. Linda! - tomei cuidado para não deixar meu queixo cair. Eu não podia passar por essa situação sem me aproveitar um pouquinho, né? - dá uma voltinha - pedi e ela deu.
Ela definitivamente estava linda!
Repetimos o mesmo ritual com todos os vestidos, até eu escolher um roxo, que ela disse ser "Roxo Dark Violet", tomara-que-caia, com um laço na cintura. Ela ficou esplêndida com aquele. Usaria um sapato de salto alto, verde musgo com pulseiras da mesma cor - para destacar os olhos - e o cabelo ficaria solto. Absolutamente linda!

A verdade é que eu queria que ela não ficasse tão bonita assim para não atrair muitos olhares, mas não fui egoísta com a escolha, ela estava realmente maravilhosa.

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You have stolen my heart.
A data do baile de fim de ano do colégio estava se aproximando, eu ainda não havia a convidado, mas meu plano para aquela tarde era fazer isso de qualquer maneira possível, mesmo sabendo que poderia receber um tapa como resposta.
Naquela tarde, teríamos a maravilhosa aula de teatro semanal, ou seja, ficaríamos a tarde inteira juntos, sem poder reclamar. Depois, era só eu tomar vergonha na cara e pedir.
Como a nossa turma de teatro tinha muitos alunos iniciantes - apenas a era veterana, fazia aulas há três anos -, não interpretamos Romeu e Julieta como minha mãe queria. Nem se quer interpretamos Dom Quixote de La Mancha como eu queria! Estávamos ensaiando uma peça ridícula, eu odiava, chamada Os Cigarras e Os Formigas [n/a: Ygor, desculpe por chamar sua peça de ridícula, mas eu precisava de um nome engraçado], se não fosse pela , eu com certeza mataria todas as aulas de maneira a qual ninguém percebesse quem eu era e nem se quer notariam que eu estava faltando.
Quando a aula de teatro terminou, fomos comer alguma coisa, no colégio mesmo. Era a oportunidade perfeita.
- - chamei seu nome alto de mais para a distância entre nós e ela olhou imediatamente.
- O que foi? - perguntou conferindo o troco em moedas.
- Erm... - comecei a gaguejar. Eu não sabia explicar por quais motivos ficava assim todas as vezes que íamos nos falar. Nunca soube. Ainda me sinto bobo quando falo com ela.
- O que foi? - perguntou novamente agora me olhando. Ela sorriu quando percebeu que eu estava completamente sem graça, me fazendo rir também, mas de nervoso.
- Você erm... Baile. Quer comigo ir? - falei tudo completamente embolado. Nem eu mesmo entendi o que tinha dito.
- O quê? - ela perguntou rindo. - relaxa - pediu se controlando. - Respira e fala. Devagar!
A encarei nos olhos. A melhor forma de convencê-la era olhando profundamente em seus olhos.
- Você quer ir ao baile comigo? - falei calmo, tranquilo, apesar de estar nervoso, consegui esconder completamente a angústia.
Ela piscou algumas vezes, fazendo cara de que não tinha entendido. Vi um brilho radiante vir de seus olhos. Um brilho de raiva? Era a hora do tapa:
- Eu adoraria - abriu um sorriso largo, sincero.
- Jura? - não.
- Sim. - sorriu e corou fraco.
Eu sabia desde o começo que ela era diferente. Seu jeito de agir... Ela era simplesmente imprevisível, ilegível, inimaginável... Inexplicável.
Apesar de não fazer ideia do que se passava em sua mente naquele momento, eu sabia que aquele "sim" responderia todas as minhas perguntas.
Abri um sorriso de orelha a orelha e ela riu timidamente. Segurei seu rosto com uma mão e a beijei desesperadamente.
O beijo foi longo, lento o tempo todo. Senti meu estômago virar e revirar várias vezes enquanto nossas linguas se roçavam. Eu poderia parar o tempo para sempre, exatamente daquele jeito.
Ela sorriu entre o beijo e nos separou, continuando sorrindo.

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Hoje estou aqui, um ano depois, sentado naquele banco costumeiro do colégio, o mesmo lugar onde eu a esperava todas as manhãs, minha namorada, apenas para ver seus olhos verdes e seu sorriso sincero.
Ela me olhou e sorriu. Eu sorri de volta - sempre diz que eu fico ridículo quando sorrio abobado para ela... Tanto faz!
- Oi amor! - ela veio em minha direção.
Celamos nossos lábios rapidamente.
- Oi - sorri novamente.
- Tudo bom? - perguntou, sempre sorrindo.
- É... - dei de ombros - Tudo ótimo! - suspirei.
E pensar que tudo começou com um mal entendido...

The End


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