Expulsa de mais uma escola em menos de dois anos. Nossa , novo recorde, parabéns!
Eu estava sentada na minha cama, ouvindo meus pais conversarem sobre como eu sou irresponsável e que eu deveria estudar em uma escola de freiras. Eu ri.
Nem se eu estivesse bêbada, eles me obrigariam a ir para um lugar que eu não quero.
- O que mais a gente pode fazer, Joseph? Não tem mais o que fazer para essa menina se tornar alguém no mundo, você não vê os absurdos que ela faz na escola, não? Você não viu que essa é a terceira escola que ela é expulsa em menos de cinco anos? Pelo amor de Deus, ela tem que fazer alguma coisa nessa vida além de matar aula e paquerar professores casados!
- O que você quer que eu faça, Ann? – Meu pai respondeu com ar de enterro, me fazendo rir baixo.
- Quero que converse com ela, não sei, tem que fazer alguma coisa! Afinal, a filha não é só minha.
Eu não ia ficar parada o domingo inteiro ouvindo meus pais conversarem aos berros no quarto do lado.
Levantei da cama, apertando meu casaco no corpo. Amarrei os cadarços do meu All Star vermelho e abri a janela.
O vento que bateu em meu rosto era mais do que gelado, era um vento de congelar. Eu respirei fundo, sorrindo em seguida. Apoiei os joelhos no tronco da árvore perto da minha janela e desci, sem problema nenhum, aquele velho caminho que fazia para ir às festas sextas-feiras à noite.
Saí correndo pela rua, rindo sem olhar para trás. Eu estava sem peso nenhum na minha cabeça. Pelo contrário, eu estava feliz, somente feliz.
Sei que nunca daria o orgulho que minha irmã mais nova dá aos meus pais, mas nem me importo com esse tipo de coisa. Andei mais um pouco e cheguei até a casa de . A janela do quarto dele estava aberta, – e como sempre – ele estava sem camisa usando o computador. Talvez vendo algum site pornô novo que ele ouviu falar na escola.
- Hey! ! – Gritei do andar de baixo tentando chamar a atenção dele, mas a única coisa que ele fez foi levantar a cabeça e olhar para o lado contrário que eu estava. – Ô, animal! Olha aqui! – Eu gritei mais alto e ele finalmente me olhou, rindo.
- Ah, é que você é tão baixa que eu nem te vi direito – ele falou se debruçando na janela. – Seus pais vão te matar – eu ri.
- Eu adoro quando eles fazem isso – sorri com malícia fazendo rir.
- , você é maluca.
- Eu sei, eu sei. Desce aqui, vamos fazer alguma coisa. Eu tô entediada.
- Espera eu trocar de roupa?
- Não, vem assim, xuxu – ele sorriu e fechou a janela em seguida.
Eu fui até a parte de trás da casa dos . Era uma casa bonita.
Eu me sentei com as pernas cruzadas perto da piscina. Se não estivesse de calça jeans e tênis, eu me atreveria a molhar os pés.
com certeza era o meu melhor amigo, eu nunca vi pessoa melhor do que ele para ser um amigo de verdade. E ele seria bem útil comigo hoje à noite, onde eu teria que ficar fazendo pose de babá em uma casa lá no final do mundo porque os pais dele vão sair com os meus. Sendo que eu nunca nem ouvi falar dessas pessoas.
Eu coloquei a ponta dos dedos na água da piscina, tirando logo em seguida. Fiz uma careta. A água estava gelada, quase tão fria quanto o vento.
Porque será que Cardiff tinha que ser um lugar tão frio? Eu odeio o frio, frio é ruim, você não pode sair de casa sem um agasalho se não morre congelada, até mesmo no verão.
Eu estava olhando o meu reflexo na água clara e limpa da casa dos .
Por que os meus pais tinham que inventar de fazer eu de babá logo hoje? Na verdade, porque eles têm que sair hoje? É simples, dói muito ficar em casa uma sexta-feira à noite fazendo biscoitos e chocolate quente para sua filha de 16 anos, que foi expulsa da escola por falar que o professor de matemática era um gay que se melava com as alunas na cara dele e depois jogar tinta óleo no quadro branco – isso foi muito legal – escrevendo as palavras “Life's a bitch and so are you” somente pra Louise, que agarrou o na frente de todo mundo... Não que eu me importe com ela, eu só não achei legal o que ela fez, nem aonde. Depois de eu escrever essas coisas na parede da escola, me expulsaram, foi tão... Injusto! Eu sou como qualquer outra adolescente revoltada com a escola, todos fazem isso.
Dei de ombros e estava começando a me acostumar com o vento frio que batia nos meus cabelos ruivos, trazendo-os para frente.
Não era a melhor sensação do mundo, mas eu poderia suportar.
estava demorando demais, devia ter parado pra comer alguma coisa... Só eu sei o quanto que ele come. Eu e metade do mundo.
De repente, mãos quentes passaram pela minha cintura, me empurrando para dentro da água gelada. Eu tentei agarrar o braço dessa pessoa, mas o que eu consegui fazer, foi quebrar minha unha.
- QUEM FOI O IDIOTA SEM AMOR À VIDA QUE FEZ ISSO? CORRE, CORRE QUE EU VOU TE COMER! – Eu gritei assim que consegui por os pés no piso da piscina. Eu ouvi e vi rindo alto da minha cara. – EU VOU TE MATAR, !
- Não, calma, . – Ele se controlava para parar de rir e eu me controlava para não tacar um tijolo na cabeça dele. – É brincadeirinha... – ele sorriu e eu fechei os olhos com força, fechando as mãos em punhos – Mas e aí? Como está a água?
- EU TE MOSTRO COMO ELA TÁ! – Ele rui mais e eu saí da piscina, me controlando pra não bater a cabeça no chão. Não seria uma coisa muito linda de se ver, nem de sentir, ainda mais se eu estou querendo dar medo em alguém. Coisa que não acontece com freqüência.
Eu fui andando – me arrastando – até . Aquela roupa toda estava começando a pesar. Eu estava com tanto frio que sentia meus dentes baterem uns nos outros e eu também sabia que o meu cabelo deveria estar a coisa mais maravilhosa do mundo. Ele não andou nem um passo para trás, só abriu os braços. Eu levantei uma das sobrancelhas, parando de andar no mesmo segundo. O vento estava mais forte agora, que era um pouco mais tarde. Forte e gelado; Com certeza, iria chover mais tarde. riu de mim e depois deu alguns passos, passando a mão na minha cintura e me puxando contra seu peito quente. Eu ri baixo e ele passou a mão nos meus cabelos encharcados, rindo em seguida.
- Vai fazer alguma c-coisa hoje à noit-te, cowboy? – eu falei baixo, me aninhando no peito dele, era confortável, eu estava segura ali.
- Não, por quê?
- Quer ter uma noite m-muito excitante comigo, ? – Ele riu alto, eu não pude não rir. Eu estava molhada, tremendo e gaguejando, não era a melhor das horas para tentar parecer tarada com . Eu era péssima nisso.
- Ô se quero. Na minha casa ou na sua?
- Na casa dos Osmenth. Se importa? – Ele sacudiu a cabeça. – Meus pais vão sair com os pais da Lucy e do Bryan. Eu não vou, me obrigaram a ficar de babá lá com eles. Eu sei que você é uma pessoa bem legal e vai comigo, não é? – Eu senti-o dar de ombros.
- Que horas?
- Eu acho que umas cinco – ele sorriu e segurou minha mão, me puxando para dentro de casa pela porta da cozinha.
Eu nunca me cansava daquele lugar. Era completamente diferente da minha casa – onde eu não suportava mais estar. Aqueles detalhes em amarelo na cozinha toda branca sempre me reconfortavam, eu tinha certeza que estava em um lugar melhor do que eu não queria estar. Ele me guiou até a escada – onde eu não me cansava de olhar os porta-retratos grudados na parede -, subindo até o segundo andar e me levando até o último quarto.
A cama de casal estava com os edredons e lençóis jogados no chão. Havia um travesseiro de um lado e outro no outro canto do quarto. Eu olhei para de costas pegando alguma coisa dentro do guarda-roupa e depois ri. Esse quarto era bem a cara dele.
- Vai comigo, zito? – Ele sorriu, jogando para mim uma blusa branca com a cara dos Beatles e uma boxer azul marinho. Eu agradeci e entrei no banheiro, tirando aquela roupa molhada e fria.
- Posso ir sim, amor.
- Aeoe! – Eu o ouvi rir do outro lado da porta e sorri comigo mesma, vestindo a roupa que ele tinha separado. Ficou grande, mas confortável. Abri a porta e coloquei as mãos na cintura, dando uma voltinha – Como estou?
- Sedutora. – Ele sorriu se jogando na cama e se enrolando naquela muvuca.
- Já vai dormir?
- Vamos passar a noite cuidando de crianças de sete anos, eu preciso de energia.
- Não só cuidando de crianças. – Eu falei me deitando do seu lado. – Por que sua cama é boa e a minha não?
Ele apenas riu, fechando os olhos em seguida.
Capítulo 2 – O começo de tudo.
Fiquei bastante tempo vendo dormir. Não sei realmente por quê fiquei observando ele ali, mas não tinha realmente nada mais interessante pra fazer até esperar dar a hora pra eu ir dar uma de babá na casa dos Osmenth. Mas que saco isso! Por que meus pais tinham que ser tão... Mongóis? Eu nem tinha feito tanta coisa assim, tá?
Esperei dar o horário de me arrumar e saí da casa de . Ele estava em um soninho tão gostoso que eu nem me atrevi em acordá-lo para dizer um “tchau, até logo, meu bem”.
Cheguei em casa e fui direto ao meu quarto, para me arrumar. O que se veste para cuidar de pirralhos? Qualquer coisa além de sutiã e calcinha, eu creio. Se bem que seria mais divertido, mas tudo bem. São pirralhos. Peguei meu short verde e curto e minha blusa branca colada com um decote gatinho. Isso deve servir. Vesti isso mesmo e calcei meu tênis All Star. Ele machuca meu pé, mas quem liga? Eu não ligo. Tratei de pegar também uma faixa preta e coloquei, deixando a franja caída em meu olho. Olhei-me no espelho.
- Tá ótimo! – Afirmei. São só umas crianças que com certeza não gostam de tomar banho!
Só acrescentei os famosos acessórios, como o meu colar querido. Saí de casa deixando uma montanha de roupas em cima da cama. Odiava ter que tacar todas as minhas roupas no chão para achar algo que preste pra vestir e depois ter que arrumar. Se bem que eu não arrumo de nenhum jeito. Enfim, assim que passei pela porta, senti aquele mesmo vento batendo em meu rosto. Agora estava mais certa ainda de que choveria, e, com aquela roupa, eu passaria um frio dos infernos. E depois do que me fez passar, eu não queria estar bem quentinha. Voltei rapidamente para pegar meu casaco preto que tem bolsos e um capus.
Fui andando meio despreocupada até a casa dos Osmenth. Andava cambaleando, com as mãos no bolso e olhando para o meu pé. Tenho certeza de que aquelas pessoas que passaram me olhando me chamaram de maluca, autista, sem função ou qualquer coisa do tipo. Estava cansada, não queria correr, muito menos andar rápido. Não tinha motivo, realmente.
Andei procurando aquele endereço, quando eu vi uma pista que saía de uma casa.
- Deve ser aqui. – Afirmei, olhando para todos os lados que eu conseguia.
Depois que terminava aquela pista, tinha uma ponte super gatinha. Passei por ela olhando para baixo, onde tinha um lago. Que bom que não tinha nada na minha frente, porque eu ia bater e beijar o chão, com certeza, porque não parei de olhar um segundo praquele lago. Acho que procurava um peixe, sei lá. Talvez eu seja mesmo uma autista. Finalmente olhei pra frente. Ali estava a casa. E que casa! Era gigante, com três andares. A porta da frente era bem no meio, e dos dois lados tinha umas janelas imensas. Com certeza qualquer um que passasse na rua, veria o que estava acontecendo ali dentro na hora, e quem está dentro dela também. Talvez aquilo se tornasse algum passatempo pra mim, já que cuidar de pestes deve ser uma coisa bem mongol e chata. Ficar olhando pessoas estranhas passar na rua... Que legal! Esse seria o meu fim de semana. Bom, pelo menos, estaria comigo.
Eu continuava a olhar para todos os lados, e pude ver que ali havia um jardim lindo, com flores maravilhosas. Os Osmenth devem ser muito organizados. Passei novamente pela ponte voltando, para poder ver o jardim de mais perto. Tinha tudo quanto é tipo de flor que você pode imaginar. As mais bonitas: rosas, violetas, copo-de-leite, e etc... Realmente muito bonito. Voltei mais um pouco e comecei a ir a direção ao outro lado da casa, onde havia uma piscina enorme. Um lago, um jardim maravilhoso, uma casa gigante e piscina. Bom, eu teria o que fazer quando eles dormissem.
Finalmente, voltei à porta principal e avistei um tapetinho dizendo “Seja bem-vindo”.
Uou, que chocante.
Abaixei para ver se a chave estava no lugar combinado. Se não estivesse, eu ia sair de lá satisfeita e depois colocar a culpa nos velhos que vão sair com os meus pais, falo mesmo. Levantei o tapete e passei a mão por de baixo dele, quando eu encontrei a maldita chave.
- Nossa, que broxante. – Disse. Peguei a chave e abri a porta, que parecia pequena em comparação àquela janela gigante.
Entrei naquela casa e eu fiquei admirada com o tamanho dela por dentro. Ela não era só gigante por fora, uma dica. Primeiramente, havia a sala de estar. Um sofá de quatro lugares branco parecia ser bastante confortável, virado para uma lareira bem bonita. Tinha também umas mesinhas: uma tinha por cima um telefone, e, na outra, uma plantinha. A casa realmente era uma gracinha. Um pouco mais à frente, havia a cozinha. Aproximei-me mais de lá – que seria o lugar que passaria a maior parte do tempo, com certeza – e vi que também não era nada humilde. Tinha uma pia enorme, pra começar. A geladeira parecia mais um faz-tudo. Não sei porque nela tinha que ter um mini-filtro, já que já havia um filtro maior e bem potente no canto. O fogão também era bem... Sinistro. Tudo naquela casa era sinistramente maravilhoso. Eu, com certeza, queria morar lá. Saindo da cozinha para o lado oposto da sala, havia uma sala de jantar.
- Ah, ótimo. – Pensei fazendo birra. – Que droga, essa casa vai ter tudo? Se bem que uma sala de jantar não é muita coisa... Mas com as coisas que existem lá fora? – Resolvi calar a boca, iria facilitar as coisas.
Atravessei a sala de jantar, e pude avistar uma escada. Subi à procura dos dois pirralhos. Pelo menos eu não ficaria entediada, já que ali parecia ter um bom espaço para diversão. No segundo andar, encontrei quatro cômodos. Fiquei meio confusa em qual entrar, mas depois optei pelo que havia à minha frente. É bom começar do começo, né? Ri comigo mesma. Entrei naquele quarto, e encontrei uma cama de casal e um armário bastante... Foda. A cama era gigante, acho que são capazes de dormir ali umas quatro pessoas confortavelmente. Tinha uma coberta bastante grossa e de pele de onça. Eu ri daquilo, parece aquelas camas de madame perua. Em frente à cama, havia uma TV de plasma de 52 polegadas pregada na parede.
Não sei porquê quis abrir a porta do armário, mas não foi uma ação bem sucedida. Todas as portas que eu tentei primeiro estavam trancadas. Acho que aquela puta perua achou que eu poderia roubar suas roupas de marca, sei lá. Mas, na última tentativa, eu achei uma porta aberta. Legal, não? Ela dava para um banheiro. Aquela família, realmente, vivia muito bem. Quando resolvi parar de babar naquela cama, – tirando a coberta – saí do quarto. Afinal, ainda tinha que encontrar os pirralhos. Saí daquele quarto e fui ao que estava à direita. Não tinha nada de importante, acho que era algo parecido com uma sala de... Brinquedos. Não tinha nada além de bagunça, um fato. Só espero não me mandarem arrumar isso. Saí logo de lá, tenho agonia de tudo conter bagunça que não seja a minha própria. Resolvi ir ao quarto da esquerda ao quarto do casal. Pensei que fosse um quarto, como todos os outros dois. Mas não, era um banheiro sinistramente grande. Aquilo não parecia só uma simples banheira, mas uma banheira de hidromassagem, não sei. Algo do tipo, com certeza. A pia era grande e branca, com a torneira dourada. O vaso sanitário era um luxo, parecia mais um trono. Eu me sentiria uma rainha só em sentar naquele vaso. Saí logo de lá também, não gosto de sentir inveja das coisas. Finalmente, dirigi-me até o único quarto que ainda não havia entrado. É claro que eu escolheria entrar por último no quarto dos pirralhos. Quando entrei, vi que eles estavam dormindo.
- Eu disse que eram pirralhos babões. – Ri tentando não fazer barulho. Havia uma cama alta, mas porém de solteiro com a coberta azul. E, ao lado, havia uma cama também alta, rosa. Coisa típica, não? Também tinha um armáriozinho bem bonitinho, arrumadinho. Essas crianças devem ser muito mimadas. Fechei a porta, tentando fazer o mínimo de barulho possível, para não acordá-los.
O único local que tinha televisão naquela casa gigante, era no quarto do casal. Isso, sim, eu achei estranho. Talvez fosse algum tipo de educação idiota, vai saber. “Educar sem televisão, é mais fácil”.
Isso foi o que eu li em um cartaz de propaganda qualquer. Mas isso é muito é inútil, isso sim. Coisa mais idiota, até parece que aqueles dois pirralhos não vão ver TV nunca. Vão ser uns desinformados, isso é um fato.
Desci as escadas, voltando àquela lareira. Eu tinha gostado daquilo, com certeza. Estava um frio de congelar o cérebro, aquilo me aqueceria por enquanto que não chegava. Não, não pense nisso, seus safados. Enfim, fiquei um bom tempo em frente àquela lareira, só colocando minhas mãos perto do fogo, tomando cuidado para não acabar me queimando. Não ia ser muito legal.
Estava curtindo a maior “lombra” quando eu pude ver chegando. Eu não disse que quem estaria ali dentro poderia com certeza ver tudo lá fora e vice-versa? Ele começou a rir, e, com certeza, viu o meu desespero à procura de calor. Levantei e abri a porta. Ele ainda sorria.
- Do que mesmo você está rindo?
- Eu venho passar o meu sagrado domingo nessa casa cuidando de pirralhos com você, e é assim que você me recebe? – Eu ri.
- Mas você está rindo de mim! E eu ainda vou me vingar por hoje mais cedo. – Disse voltando à querida lareira.
- Deixa isso pra lá, . Eu te esquento. – Olhei pra ele com cara de ofensa.
- Que absurdo! – Nós rimos.
Capítulo 3 – O primeiro contato.
e eu estávamos na cozinha preparando alguma coisa para jantar - eu falei que ele passaria o tempo todo na cozinha, mas ninguém acreditou em mim.
Eu estava sentindo todos os pêlos que eu tinha no corpo subirem por causa do frio que estava fazendo dentro daquela casa, mesmo com a lareira acesa e todas as janelas e portas trancadas. Sempre fui muito friorenta, mas esse dia estava me superando. Eu me sentei em uma das cadeiras brancas e altas da cozinha cruzando os braços e as pernas. desviou a atenção de seu sanduíche para... Rir da minha cara.
- Pára de rir de mim, ! – Eu falei entre dentes olhando para a janela. Tinha um movimento lá fora só que eu não via nada, apenas alguns vultos. Devo estar ficando louca.
- Eu não estou rindo de você, eu estou rindo com você. – Ele falou se sentando do meu lado e tirando o seu casaco enorme da Hurley e jogando em cima de mim. Eu peguei o casaco e me encostei à parte da frente do meu corpo. Aquele casaco estava quente e com um perfume inconfundível de . Eu sorri de lado e vesti, ficou enorme em mim, mas quem liga? Ninguém, isso mesmo.
- Está tão na cara assim que eu estou com frio? – Perguntei fazendo rir.
- Mais ou menos. É que eu te conheço bem pra saber que você está com frio – deu de ombros.
- Me conhece bem? – Eu levantei uma das sobrancelhas e ele sorriu sem mostrar os dentes.
- Conheço. Dois anos é conhecer bem, não é? – Ele foi até o meu lado colocando as mãos nos meus ombros.
Eu sorri me levantando e agarrando a cintura dele. foi andando comigo até a sala, me jogando em cima do sofá em seguida. Eu ri.
Ele deitou em cima de mim apoiando a testa na minha. não fazia isso com freqüência. Só quando ele estava bêbado ou queria morder minha bochecha.
- O que você quer de mim, ? – Eu falei me perdendo em seus olhos. Era fácil acontecer isso. tinha olhos lindos e nenhuma pessoa em seu estado normal não se perderia neles. Eu era uma das milhares de pessoas que se prendiam nesse olhar.
- Eu quero ver uma coisa – ele sorriu com malícia, encostando o nariz dele no meu. Eu respirei fundo e tentei controlar os batimentos fortes do meu coração.
- Ver o quê?
- Quero ver se você resiste ao meu charme – eu ri alto fazendo-o sorrir de lado.
- Esse comentário foi broxante, .
- Duvido que você resiste, quer tentar?
Isso não foi uma pergunta legal. Ninguém precisava saber que eu era perdidamente apaixonada por ele e não tentava nada mais de amizade por causa da... Amizade.
era um dos meus melhores amigos, eu não iria perdê-lo por causa de um amor mal resolvido de três anos e meio.
- Faça o que puder – desafiei fazendo rir.
- Tem certeza, ? – Ele falou voltando a me encarar com o nariz encostado no meu.
- Tenho – sussurrei.
- Ótimo.
passou as mãos livres no meu cabelo, colocando-os para trás, depois começou a dar beijos de leve no contorno das minhas bochechas, meu maxilar, meu queixo e meu pescoço, fazendo eu me arrepiar.
Eu não estava entendendo mesmo porque ele estava fazendo aquilo. Se era pra me deixar completamente louca, estava dando muito certo.
Eu estava com as minhas mãos presas em punhos em baixo de mim, para não correr o risco de agarrar e duas crianças aparecerem do nada e verem um filme pornô ao vivo. Não seria uma coisa divertida para elas, aposto. Para mim seria bem divertido, e daí?
parou de me beijar por um segundo e depois passou o nariz na minha bochecha. Eu ri, fez cócegas.
Ele riu baixo e passou a mão na minha franja, tirando a mesma dos meus olhos.
Ele estava tão perto de mim, com sua boca a centímetros da minha, sua respiração – tranqüila e coordenada – se juntando com a minha – descordenada e falha. Como ele conseguia ser tão perfeito? Como ele conseguia me fazer ir as nuvens com um sorriso? Como ele conseguia fazer eu ficar assim?
- Acho que eu estou ganhando. – Ele falou sorrindo vendo minha expressão de desespero. Eu ri e fechei os olhos com força.
- Acho que você não sabe de na-da. Eu estou óóóóóóótima – ele riu. – Sério, poxa... , por favor, me responde uma coisa? – Eu perguntei virando o rosto e encarando aquela sala enorme e linda. Mais uma vez eu vi um vulto, só que dessa vez ele estava mais perto, e, quando olhei, ele se abaixou. Deve ser algum empregado dessa casa enorme.
- Depende – ele virou meu rosto em sua direção. Eu, mais uma vez, fiquei perdida em seus olhos, eles estavam mais claros e mais brilhantes do que o comum.
- Por que você está fazendo isso? Quer dizer, você nunca me tratou melhor do que como uma amiga, e, de um dia para o outro, fica me seduzindo com esses seus olhos “gamantes” e esses beijinhos no pescoço e não sei mais o quê... Por que isso?
- Não sei. Diversão, talvez. – ele deu de ombros e eu arregalei os meus olhos.
- Diversão?
- Não exatamente... , você me entendeu.
- Não, não entendi.
- , eu não posso dizer sabe...
- Por quê? – Interrompi. me olhou feio com os lábios em uma linha. Eu sentia que meu coração poderia pular pela minha boca e bater na cara dele a qualquer momento. Ele continuava muito perto de mim e eu estava começando a pensar pelos outros lados com isso que ele falou. Não, eu não tinha o direito de pensar isso. Sacudi a cabeça tentando espantar esses pensamentos e ele riu, entendendo errado.
- Porque eu não posso. É simples, tem coisas que você pode falar e outras não. Essa é uma das que eu não posso falar.
Eu virei o rosto mais uma vez, aquele olhar não estava me fazendo muito bem. respirou fundo e afundou o rosto no meu pescoço, respirando fundo o meu perfume. Eu rezei para ter passado algum perfume cheiroso e que o meu cabelo não estivesse com aquele cheiro de cabelo depois de um dia de lavado.
- Como você acha que vai morrer, ? – Ele falou e a voz dele ficou abafada, me fazendo cócegas. Pescoço é uma área sensível para falar ou respirar. Eu ri.
- Morrer? Ah... Eu acho que eu vou morrer que nem nos conto de fadas...
- Em contos de fadas ninguém morre – eu tirei aquela cara empolgada e fiz um bico enorme. – Sim, continue... Em contos de fadas...?
- Tipo, em conto de fadas as princesas morrem do lado dos seus príncipes, e eles vivem felizes para sempre, vivos, mortos, almas penadas ou diabinhos no inferno.
- E você quer morrer do lado do seu príncipe encantado? – ele sorriu encostando a bochecha na minha, fazendo mais uma vez eu sentir sua respiração na minha boca.
- É, mais ou menos isso... E você? Como quer morrer?
- Como um herói. – Ele se calou e eu esperei. – Quero morrer salvando a vida de alguém.
O telefone tocou me fazendo dar um pulo. riu alto e se sentou na minha cintura, se esticando ao máximo para pegar o telefone em cima da mesinha atrás de nós dois. Não era uma cena muito bonita. Eu conseguir ver os pêlinhos da barriga de , o famoso caminho da perdição. Eu ri e ele me olhou com cara de “hã?”. Eu balancei a cabeça e me ajeitei sentada no sofá.
Agora as pernas de estavam entre o meu quadril, encaixando perfeitamente. Ele olhou o telefone – branco, fino e pequeno – e depois me entregou.
- Oi, casa dos Osmentt. Sou a babá por essa noite. – começou a rir e eu bati de leve em seu ombro.
- Como é seu nome? – Era uma voz masculina forte, grossa e rouca. Me fez ter leves arrepios no braço e na espinha.
- ... – E aí desligaram.
- Quem era? – perguntou me olhando confuso.
- Não sei, não falaram.
Capítulo 4 – Ameaças.
Eu estava olhando para o mesmo lugar que vi o vulto pela última vez. ficou quieto – por incrível que pareça -, acho que ele reparou que eu estava um pouco assustada.
Eu não sei que pessoa não ficaria em uma situação dessas.
Eu estou afastada de todo mundo em uma casa que não é minha, estou com um amigo magrela que, com certeza, não é um super-herói que não vai morrer se levar uma bala, e no andar de cima tem duas crianças sob minha responsabilidade. Sendo que eu recebi um telefonema de um cara com voz esquisita perguntando meu nome.
Se algo acontecesse com elas, eu iria ser expulsa do país, já que os pais delas não iam me deixar em paz tão cedo.
Eu estava perdida em pensamentos imaginando como seria minha vida em outro país que nem reparei que não estava mais do meu lado. Eu ouvia barulhos de talheres batendo em pratos na cozinha, mas não fui lá saber o que ele estava comendo.
Peguei o telefone e fiquei encarando ele. Quando olhei os números reparei que o telefone marcava as horas e a temperatura ambiente. Eu sorri comigo mesma. O que mais esse telefone poderia fazer?
Já havia passado uma hora que eu estava naquela casa e até agora as crianças não acordaram ou deram sinal de vida. A temperatura estava baixa, marcando sete graus. Eu tinha motivos para estar congelando.
Quando o barulho da cozinha parou de chamar minha atenção, outro barulho chamou. Era o barulho de uma porta sendo trancada no segundo andar. Devem ser as crianças acordando. Mas não tenho certeza, intuição.
Levantei do sofá ainda cambaleando por causa do sono, subi as escadas me segurando no corrimão e olhando para onde eu pisava. Chegando no segundo andar, as coisas estavam completamente normais e a porta do quarto das crianças estava fechada.
Estranho... Não teria motivos para elas estarem dentro do quarto... Eu ouvi o barulho de alguém entrando aqui.
Encolhi os olhos e liguei as luzes do corredor. Ele não ficou tão mais claro como eu esperava – pelas luzes que se focavam nas paredes beges. Eu ia fazer o mesmo trajeto que fiz quando cheguei na casa, veria todas as portas e todos os lugares do segundo andar. Eu não posso estar ficando louca.
Fui primeiro ao quarto do casal. Coloquei a mão na maçaneta e a virei lentamente. Quando virou completamente, um barulho de porta abrindo ecoou no corredor silencioso. Eu respirei fundo e abri a porta.
Não havia nada de diferente no quarto, estava tudo completamente normal. Eu não me atreveria olhar em baixo da cama – a cama não tem parte de baixo, é praticamente grudada no chão.
Fechei os olhos aspirando todo o ar que eu consegui, segurando-o por um tempo.
“Eu devo estar ficando maluca” ficava repetindo várias vezes em minha cabeça.
Sorri comigo mesma e abri os olhos. Nada havia mudado, não teria como ter mudado.
Fechei a porta e segui para o outro quarto. O quarto de brinquedos. Essa porta estava trancada e eu achei muito estranho. Ela não estava aberta quando cheguei?
Tenho péssima memória, mas tinha certeza que quando cheguei essa porta estava aberta.
Dei de ombros e fui até o quarto dos meninos, eles estavam do mesmo jeito de quando os vi da primeira vez. Dormindo feito pestes e na mesma posição. O abajur estava ligado no fraco e refletia nos cabelos loiros das duas crianças. Eu mais uma vez fechei a porta sem tentar fazer barulho, o último lugar que eu teria que ver era o outro banheiro.
Eu dei dois passos para trás e encostei em alguém. Esse alguém estava com o corpo quente e as mãos cobertas por luvas.
Senti que meu coração estava a ponto de pular de dentro de mim e uma pontada de medo invadir o meu sistema nervoso. Eu estava começando a ofegar quando essa pessoa passou a mão pelos meus cabelos, tirando os mesmos do meu pescoço e colocado tudo para um lado só. Pelas mãos grandes e os ombros largos deduzi que era um homem. Ele inclinou minha cabeça para o lado e pousou os lábios no meu pescoço.
Ótimo, vou ser estuprada!
Os lábios dele estavam quentes, mas molhados. Eu sentia o ar sair da minha boca e eu não conseguia puxá-lo de volta, eu estava respirando fundo e soltando o ar pela boca. Estava sendo engraçado? Se sim ou se não, a pessoa estava rindo.
- O que foi que você está com tanto medo, ?
- ?
Todo meu medo e pavor sumiram, dando espaço para a raiva e o ódio.
- Quem pensou que fosse? – Ele falou me virando para ele. Quando vi seus olhos senti um frio estranho, eu estava ainda com medo, estava apavorada na verdade. Não sei por que, não pode ser síndrome do pânico.
- N-não sei... Eu estou um pouco... Atordoada. – Eu falei. Senti ardência no nariz e algumas lágrimas querendo cair dos meus olhos. – ... Me abraça?
- Ô, pequena... Eu não queria te assustar... – Ele falou puxando minha cintura para mais perto dele, me abraçando no jeito que só ele sabia me abraçar.
Eu pousei a cabeça em seu peito e deixei que as lágrimas caíssem, não eram muitas, mas me perturbavam. Tentei chorar baixo para ele não perceber, e deu certo.
fazia carinho na minha cabeça e cantarolava alguma música que eu não estava reconhecendo qual era. Eu respirava fundo e tentava controlar os batimentos do meu coração.
- Não era nada. – Falei para mim mesma e senti concordar.
- Me desculpa.
~
Depois de um tempo eu estava um pouco mais calma. tinha preparado um chá de qualquer coisa que me acalmou. Mas eu ainda estava paranóica.
Eu não entendia o porquê daquela ligação, não entendia por que ligaram para cá perguntando o meu nome, sendo que as pessoas que sabiam que eu estaria aqui não tinham motivos para ligar, e algum amigo da família deixaria recado e não perguntaria o meu nome... Ok, a pessoa poderia até perguntar, mas ela não desligaria o telefone na minha cara.
Eu estava sentada no tapete de pêlos brancos e macios – me lembravam pêlos de urso, mas eu não queria pensar que estava sentada em um urso morto -, com uma caneca de chá nas mãos. estava do meu lado fazendo carinhos na minha cabeça. Eu estava quase dormindo quando a mesinha, com o telefone, começou a vibrar e logo depois o barulho irritante de telefone ecoou pela sala.
Uma onda de pânico fez um nó na minha garganta que dificultava minha respiração. Por que eu estava assim, afinal?
Eu me levantei e estiquei a mão para o telefone, reparei que meus dedos estavam trêmulos e que eu estava suando frio. É SÓ UM TELEFONE, QUE MERDA!
- Alô? - Falei com a voz mais firme que eu consegui fazer, não saiu tão confiante como eu pensei que sairia.
- , querida. Como está o frio dentro dessa casa? Aqui está bem frio. – Aquela mesma voz rouca, forte e grossa falou, eu me joguei no chão, voltando a respirar bela boca fazendo menos barulho. – Não se jogue assim, você pode se machucar.
- Q-quem é v-v-você?
- , não fique assim. – Ele riu, uma risada estrondosa e medonha. Eu me arrepiei e fechei os olhos tentando me controlar. viu minha expressão e se sentou do meu lado com as sobrancelhas unidas. – Que lindos vocês dois. Seu namorado?
- N-não. Q-quem é você?
- Se sente no sofá, não estou vendo seu rosto direito.
Eu olhei para todos os lados possíveis e imagináveis, não vi ninguém em lugar nenhum, somente do meu lado com uma expressão horrível. Eu abracei minhas pernas e fiquei quieta.
- Se sente no sofá. – Antes soava como um pedido, agora parecia uma ordem. O tom de voz dele aumentou. Eu mordi meu lábio e sem mais delongas, me sentei no sofá, ainda abraçando minhas pernas. – , eu te vejo, eu te escuto, eu sei o que você está pensando em fazer. Eu não quero saber de policiais aqui, eu não gosto deles. Aposto que as crianças também não vão gostar do que pode acontecer com elas se algum policial aparecer aqui. Eu estou seguindo todos os seus passos, e se você der algum passo em falso eu vou saber e outros vão sofrer. Não quero mais ninguém nessa casa além de você e esse seu amigo, entendeu?
- E-e-entendi. Quem é v-você?
- Não importa, só saiba que eu estou te vendo e te ouvindo. , você já assistiu o filme Jogos Mortais? – Eu parei de respirar arregalando os olhos. Não, ele não poderia fazer isso. Poderia? – Pela sua cara já assistiu. Eu adoro esse filme, sabia? – Ele riu mais uma vez, mais alto, mais claro, mais apavorante. – Aproveite o tempo curto de paz que você tem, . – E desligou.
Eu tirei o fone do ouvido e apertei no botão de desligar em seguida sem olhá-lo. Eu estava apavorada, tudo que eu tinha medo que acontecesse, aconteceria essa noite. Tudo que eu mais temia estava prestes a se realizar. Eu pensava que cuidar de crianças seria uma tarefa fácil e divertida com do meu lado. Mas eu estava perdidamente enganada.
Capítulo 5 – Pesadelos.
- ? ! Fala comigo! Quem era? O que te falaram? , amor, fala comigo! – me balançava e olhava em meus olhos.
Eu estava traumatizada demais para conseguir falar.
Eu sempre tive pavor de pessoas que se trancavam na casa dos outros para fazer qualquer tipo de mal para as pessoas que estavam dentro da casa. Eu já havia passado por isso, mas era pequena e não sabia de muitas coisas. Não lembro direito como foi, nem o que aconteceu. Eu era muito pequena para ter visões claras do que tinha acontecido.
Eu me lembrava das últimas horas de tortura, eu só sabia que o meu irmão mais velho tinha morrido para nos salvar.
O nome dele era Josh, ele tinha somente 14 anos enquanto que eu tinha três. O cara que estava na nossa casa não queria dinheiro, não queria nenhum bem material, ele queria se divertir.
Josh estava comigo no quarto quando o maníaco falou que queria alguém em troca dos quatro. Que ele iria embora satisfeito se tivesse um em suas mãos. Minha mãe estava apavorada, é claro que ela preferiria ter dado a vida pelos filhos do que os filhos pela vida. Meu pai se ofereceu várias vezes, só que ele já estava machucado e torturado demais, “não teria mais graça”, lembro das palavras até hoje em meus pesadelos.
Os únicos que estavam ilesos era eu e Josh, que ficamos trancados dentro do quarto a noite inteira, apenas ouvindo os gritos de dor de meu pai e de minha mãe. Josh ficava cantarolando músicas que eu gostava na época para me acalmar, eu não sabia direito o que estava acontecendo. Ele me falava que meus pais estavam jogando com um homem que veio pra nossa casa essa noite. Eu acreditei bobamente no que ele falou. Eu não estava tão preocupada como deveria estar.
Depois de muitos gritos abafados, vidros quebrados e pedidos desesperados de socorro, o homem subiu para o segundo andar, entrando no quarto em que eu e Josh estávamos. Eu lembro de como o homem era até hoje.
Ele era alto, magro e tinha músculos bem definidos nos braços e nas pernas. Era o homem mais alto e mais forte que eu tinha visto em todos os anos da minha curta vida. Ele tinha uma cicatriz no pescoço e uma tatuagem de arame farpado contornando essa cicatriz, como se estivesse machucando, como se fosse a tatuagem que causou aquela cicatriz enorme e medonha. Os olhos dele eram de um azul claro muito lindo e penetrante, dava arrepios na espinha apenas de encará-los, as pessoas percebiam que aqueles olhos estavam sedentos por mortes e torturas. Ele tinha um cabelo loiro escuro curto e mal cortado. Acho até hoje que ele mesmo que cortava o cabelo dele.
O homem olhou para mim e para Josh sorrindo, seus lábios finos e grandes faziam um sorriso macabro que me fez gritar e começar a chorar. Josh me abraçou e falou que tudo ia ficar bem.
“Não, , fique calma, ele é só o amigo dos nossos pais. Lembra que eu te falei sobre ele?” Josh falava me abraçando e tampando meus olhos em seu pescoço.
“Que menino heróico!” O homem falou soltando uma risada estrondosa. “Como é o seu nome?”.
“Meu nome é Josh, porque você está aqui?” A coragem dele me surpreendeu e me fez parar de chorar, eu já poderia encarar o homem sem ter medo de seus lábios finos.
“Seus pais foram uma bela diversão para mim, Josh. Mas eu não quero mais eles”.
“Não faça nada com meus filhos! Eu dou tudo que você quiser!” Minha mãe berrava do primeiro andar, sua voz estava alta e escandalosa. Ela estava chorando. O maníaco sorriu mais uma vez e eu me encolhi no colo de Josh.
“Quem você quer então?” Josh perguntou segurando minha mão com força. “O que você quer?”.
“Não estou feliz ainda, Josh. Eu ainda não saciei minha vontade de jogos mortais. Ainda falta a sobremesa”.
“Me leve, se é isso que quer, só deixe minha família em paz. Já machucou muito meus pais e traumatizou minha irmã. Não me atingiu, atinja se puder!” Josh falou se levantando do chão, eu o olhei com tanto orgulho, tanta admiração que a partir daquele dia prometi nunca mais pegar as coisas dele sem pedir. O homem encarou os 1,70 de Josh e sorriu, se encostando à porta.
“Você realmente é corajoso, moleque, vai ser uma coisa divertida”.
Foi tudo... Tão rápido... O homem pulou no pescoço de Josh, jogando-o no chão do meu lado. Ele não se importou se eu estava ou não vendo aquilo, ele só queria se divertir.
Eu ouvia os gritos de minha mãe do andar de baixo e via o rosto de Josh ficar vermelho e depois roxo-cinza, o homem era forte demais para Josh se livrar de seus braços grossos e fortes. Em menos de dez minutos, Josh não tinha mais forças e foi se soltando aos poucos do braço do homem. Seus olhos não estavam mais verdes como sempre foram, estavam parados olhando para um ponto no nada. Depois de um segundo, eles se transformaram em brancos e seu corpo foi ficando pálido.
O homem se levantou, um pouco ofegante e estralando os dedos da mão direita. Ele olhou o que tinha feito sorrindo, depois olhou para mim com o mesmo sorriso, acariciando meus cabelos e me dando um beijo rápido da testa.
Eu o olhei, por dois segundos, sair da porta e dando mais algum golpe em meus pais – apenas pelo grito deles. Depois foquei minha atenção em Josh.
Eu não estava acreditando que o cara que me ensinou a soltar pipa, me ensinou a jogar dominó e deixava eu brincar com sua coleção de carrinhos estava sem vida na minha frente. Eu coloquei minha mão em seu braço, balançando ele. A única coisa que aconteceu foi eu ver melhor o estado de seu rosto – pois ele tinha se virado para o meu lado.
Ele estava ainda com os olhos e a boca aberta. Seu pescoço estava com marca de dedos e com algumas manchas vermelhas. Eu fiquei assustada, mas não com medo. Eu cheguei mais perto de Josh e o abracei em seguida. Josh morreu como ele sempre quis morrer, como um herói que salvou a vida de várias pessoas com sua bravura.
Ele só não salvou meus pais. Ele me salvou de algo que me deixaria com muito mais medo hoje em dia.
Eu viajei no tempo, eu voltei para aquele mesmo quarto rosa e branco daquela noite. Eu pude ver a cena se repetir várias e várias vezes diante dos meus olhos. Eu pude me ver acolhida em seu colo, eu pude ver sua bravura mais uma vez. Assim como em meus pesadelos.
Pesadelos, pesadelos, pesadelos... Era tudo que eu conseguia ter depois daquele dia.
Como em um filme, eu voltei para o presente. Eu pude ver aquela maldita sala daquela maldita casa milionária em que eu estava presa com Dougie.
- Josh... – eu sussurrei olhando para . Ele continuou com as mãos no meu ombro e com o mesmo olhar confuso. – Josh... JOSH NÃO! – Eu gritei sentindo várias e várias lágrimas descerem de meus olhos de uma só vez.
- , calma! Eu estou aqui! Eu estou aqui com você. – falou me olhando nos olhos aproximando mais uma vez seu rosto do meu.
- NÃO, O JOSH! ESTÃO MATANDO O JOSH! LARGA ELE! VOCÊ VAI MATÁ-LO! – Encarava o nada sem deixar transparecer minha agonia e minhas lágrimas enfurecidas, eu estava soluçando alto e meu choro não parecia querer parar nunca mais.
- , não tem nenhum Josh aqui. Por favor, me explica o que está acontecendo para eu te ajudar!
- ... – eu falei olhando para ele, eu não pude ver direito sua expressão por causa das benditas lágrimas que estavam ganhando espaço em meus olhos. – Mataram o Josh, ele... Ele não consegue mais respirar... Ele... Ele está... Morto. – Minha voz falhou na última palavra.
- Eu estou aqui, , estou aqui para o que você precisar, eu não vou deixar ninguém te fazer mal. Ok? Você confia em mim, não confia? – ele me abraçou pousando a cabeça no meu ombro, dando vários beijos em seguida.
- C-confio...
- Só isso basta... Fica calma. Eu estou aqui e não vou te deixar nunca. – Ele prometeu, juntando seus lábios nos meus em seguida.
Capítulo 6 – Diversão.
Eu estava deitada entre as pernas de , com ele fazendo carinhos no meu cabelo tentando fazer, assim, eu ficar mais calma. Estava dando certo.
Eu já tinha conseguido esquecer aquelas cenas horríveis e pensar no que estava acontecendo e em alguma coisa que eu poderia fazer.
Os batimentos do coração de estavam a coisa mais tranqüila e coordenada do mundo, enquanto eu ainda lutava para acalmar os meus.
Ele estava relaxado demais para quem estava preso em uma casa com um cara que queria praticar jogos mortais com nossas vidas. Eu respirei fundo e me ajeitei em seu colo, entrelaçando nossos dedos e encarando os mesmos.
A pele dele ficava mais escura do que a minha e eu ficava parecendo um fantasma. As unhas dele eram pequenas comparada às minhas e eu adorava ver como nossas mãos se encaixavam perfeitamente.
- Está melhor? – Ele perguntou baixo, acariciando as costas da minha mão com seu dedo.
- Um pouquinho... – Admiti com a voz rouca. – Eu vou pegar uma água.
Eu estava com medo de ficar em cantos sozinha nessa casa enorme, mas sabia que não poderia me seguir para todos os cantos que eu fosse.
Ele assentiu dando um beijo demorado na minha mão assim que levantei, sussurrando algo como “Não vou sair daqui”. Eu sorri o mais convincente que pude e segui para a cozinha, alguns passos dali.
Ela estava perfeitamente igual, nada havia mudado – somente a quantidade de pratos na pia.
Estava com o mesmo ar de cozinha que estava antes desse pesadelo começar. Estava tão fria como antes e continuava com as mesmas coisas. Eu respirei fundo e andei até o balcão, onde havia três copos virados de cabeça para baixo e um pouco de água em cima. Eu peguei um e deixei derramar um pouco de água no casaco de . Dei de ombros e fui até a geladeira, abrindo a mesma e pegando uma garrafa que continha água gelada. Coloquei dentro do copo e tomei um tanto quanto lentamente. Devo ter passado, no máximo, sete minutos dentro da cozinha e sem a companhia de ninguém.
Sorri comigo mesma, estávamos evoluindo. Nenhum telefonema em dez minutos ou mais.
Andei em passos lentos e cansados até a sala, onde – por incrível que pareça – não estava mais.
Eu hesitei, parando de andar. Olhei em todos os lados e não via nem um fio de cabelo de .
Ele não poderia ter saído dali sem me avisar, seria um golpe muito baixo. Eu já sentia todos os meus membros paralisados e minha respiração falha. Eu estava ofegando e começando a chorar. De novo.
-? , onde você está? – Eu falei andando em passos rápidos por toda a sala. Fui no segundo andar com as pernas bambas procurando algum vestígio dele, alguma pista... Nada.
Tentei abrir a porta do quarto de brinquedos mais uma vez e nada dela abrir. Fui até o quarto das crianças e a única coisa de diferente foi a posição delas. Estavam viradas em lados opostos do que estavam da última vez que a vi. Fui no banheiro e nada de lá também.
Eu me desesperei.
- O QUE VOCÊ FEZ COM ELE? – Eu gritava olhando para as paredes, minha voz estava falha e eu não enxergava direito por causa das desgraçadas lágrimas que estavam amando fazer companhia para mim nesse dia.
Eu respirei fundo e corri de volta para a sala, olhando em todos os cantos para ver se encontrava o telefone.
Olhei em cima das poltronas, em cima da mesa, no tapete, na mesinha central e dos cantos e não achei a merda do telefone. Coloquei as mãos no rosto limpando com violência as lágrimas de raiva que estavam caindo.
Eu estava com raiva do desgraçado que estava fazendo isso comigo. O que era tão legal nisso tudo? Era legal ver o sofrimento de alguém?
-TEM ALGUMA COISA DE DIVERTIDO NISSO?
Eu fui até o sofá, tirando todas as almofadas e jogando-as no chão da sala. Quando olhei a bagunça que tinha feito reparei um papel. Ele estava dobrado no meio. E sem remetente. No final dele tinha um círculo enorme de vermelho, eu não quis pensar o que era aquilo. Eu estiquei a mão e peguei o papel. Abri e vi uma letra grossa e curva. A pessoa estava com pressa quando escreveu. Eu respirei fundo e comecei a ler o que estava escrito. “ ... Quantas saudades de ouvir sua doce voz. Tudo bem, você reparou que seu namoradinho não está mais com você, não é? Acho que sim. Bem, ele está aqui comigo e, devo admitir, ele é bem forte para um morador de cidade grande. Foi um pouco complicado fazer ele não fazer nenhum barulho, você precisava estar relaxada para não quebrar nada na cozinha.
Bebeu água, deve estar mais calma. Espero eu... cansei de te ver chorando, isso estraga o meu ego, eu pareço uma pessoa má assim. Se você quiser ver seu namorado magricela mais uma vez, terá que fazer o que eu peço. Enquanto que você procura esse papel, ele já está... Sofrendo um pouco. Quer ver? Bom, você já deve ter visto. Essa gota de sangue aí no final do papel é um sanguezinho que tirei da língua dele... Barulhos incômodos, desculpe-me se escutou. Até mais tarde, princesa”.
Eu respirei fundo fechando os olhos e mordendo os lábios. Eu tentei imaginar alguma outra cena, qualquer outra cena que me fizesse não pensar em sendo torturado por um maníaco.
Eu me joguei no chão entre as almofadas e ouvi aquele irritante barulho de telefone. Dei um pulo, abrindo os olhos e voltando a ofegar.
poderia falar comigo! Eu tinha que achar aquele bendito telefone!
Eu comecei a remexer nas almofadas no chão, era de onde o barulho vinha. Segui até a ponta do tapete, puxando-a para cima, e lá estava ele!
Peguei o telefone com dificuldade e atendi em seguida.
- Onde ele está?
- ! Que saudades! E veja só, a água te acalmou mesmo. – Ele falou rindo. Eu estremeci, me encolhendo no tapete.
- O que você fez com ele?
- ? Ah, ele está bem. Acho que ele consegue até falar. Quer tentar?
- Por favor. – Falei cinicamente, fazendo-o rir mais uma vez.
- , você não sabe o tanto que isso vai ser divertido.
- EU QUERO FALAR COM O AGORA! – Apertei minha mão em uma almofada no chão, tentando não parecer desesperada por querer ouvir a voz dele me falando que tudo estava bem, mesmo quando eu sabia que não estava.
- ? – Finalmente era a voz dele. Eu afrouxei a mão e coloquei no meu colar que tenho desde quando meu irmão morreu. Sempre lembrava dele com o colar. Apertei o mesmo e mordi o lábio.
- ... Você está bem, m-meu am-mor?
- Estou... Estou um pouco machucado, mas eu vou viver. Olhe, escute... Fique calma, minha pequena bola de pêlos. – Eu sorri fraco, me lembrando do primeiro dia que ele falou comigo me chamando de pequena bola de pêlos pelo suéter rosa que eu estava usando. – Tudo vai terminar bem. Faça o que ele pede, não chame a polícia, cuide das crianças e lembre de respirar.
-... – Choraminguei, sentindo ardência no nariz. Fechei os olhos e mordi o lábio mais uma vez.
- Eu estou bem, amor. Eu vou ficar bem e você também.
- Me promete?
- CHEGA, CHEGA DE TANTO AMOR! – A insuportável voz rouca e grossa pegou o telefone de e voltou a falar comigo. – Senti saudades.
- Se você fizer alguma coisa com ele, eu juro que...
- O que vai fazer, pequena bola de pêlos? – Ele gargalhou alto, desligando o telefone em seguida.
Joguei o telefone longe e agarrei uma almofada, já voltando a chorar. Minhas pernas estavam encolhidas e eu estava com os cabelos grudados no rosto por causa das lágrimas.
Quando isso iria terminar?
Capítulo 7 – O banheiro dos fundos.
Só em pensar na possibilidade daquele maníaco estar fazendo alguma coisa com , meu estômago já reagia e meu coração também.
Eu já não conseguia controlar as lágrimas de jeito nenhum. O que aquele cara queria afinal? Por que tudo isso? Não pode ser que exista pessoa igual aos maníacos de filmes... Aqueles sedentos por derramar sangue, ou algo assim.
Eu já não conseguia pensar direito, o meu coração estava apertado e eu não tirava a imagem de da minha cabeça. Dele, do meu amor, do cara que sempre me ajudou, me apoiou! Eu não podia pensar por um segundo que aquele sangue era dele. Respirei fundo e tentei me controlar. Tudo o que eu podia fazer, era esperar. Esperar mais uma ligação do maníaco, esperar... Na simples esperança de poder ouvir a voz de novamente, pra ele poder me falar que estava tudo bem, como ele sempre fazia. Eu precisava daquilo, precisava dele comigo! Precisava que aquele pesadelo acabasse.
Eu ainda estava no chão agarrada em uma almofada. As lágrimas desciam em uma rapidez incrível, e meus dedos estavam trêmulos. Vamos, toca telefone! Me dê uma noticia de , é só o que eu peço. Minha cabeça já começara a doer, e eu estava sentindo que meus olhos iriam pular. Resultando em mais um pulo de susto, escutei aquele toque estridente do telefone. Respirei fundo e atendi, tentando me controlar.
- Princesa... Atendeu rápido dessa vez. – Ele riu, como sempre fazendo piada de uma coisa que não tem a menor graça.
- O que você quer agora? Me deixa falar com mais uma vez!
- Não, não... Assim fica chato, princesa. Coopere comigo, tudo bem? – Respirei fundo, novamente na tentativa de me acalmar. – Isso... Bom trabalho! Então, quer ver um filminho legal?
- Que filminho legal? – Fechei os olhos e comecei a roer minhas unhas.
- Ah, vai ser divertido. Você vai gostar. Vá até o quarto de brinquedos, no segundo andar. Você vai ver assim que abrir a porta, uma caixinha bege. Abra ela, e se divirta, princesa! – Mais uma vez ele desligou o telefone, não permitindo que eu falasse nada.
E agora, o que seria? Subi as escadas segurando no corrimão, pela fraqueza que eu estava sentindo. Achei que se eu não andasse devagar, rolaria escada a baixo. Meus dedos ainda estavam trêmulos, meus batimentos cardíacos estavam acelerados... Uma sensação horrível.
Finalmente cheguei na frente da porta do quarto dos brinquedos. Abri a mesma e de cara vi a tal caixinha bege. Controlei minha respiração, abaixei-me, peguei a caixa e abri. Vi uma fita e embaixo dela havia uma carta. Mais uma carta. Comecei a ler aquela mesma letra grossa e redonda.
“Então, princesa. Isso é só um presentinho pra você! Olha só como eu sou um cara legal, você não acha?! Vá até o quarto do casal, e assista a essa fita. Só não estrague a minha diversão, por favor. Não faça isso comigo. Seja boazinha, assista de boa e não tenha um treco. Até mais”.
Já estava com medo do que aquilo poderia ser. Saí do quarto dos brinquedos e fui ao quarto do casal. Avistei aquela cama grande e grudada no chão e fiquei com raiva por ter ficado perdendo meu tempo olhando pra isso. Dei de ombros em seguida.
Coloquei a fita no vídeo-cassete que tinha ali. Sabe aqueles aparelhos que tem entrada para DVD e fita? Pois é. Como eu disse antes, essa família, com certeza, vivia bem.
Dei play e fiquei esperando para ver o que iria acontecer. Quando vi aquelas cenas, meu coração deu um tranco e eu achei que cairia dura ali mesmo. Meu corpo todo gelou, as lágrimas percorreram minhas bochechas e eu fiquei desesperada. Comecei a gritar, estava descontrolada.
- SOLTA ELE, SEU MARGINAL! SOLTA ELE! – Eu gritava desesperada.
Uma mão – era só o que aparecia no vídeo – enforcando . O meu . Fazendo ele gritar, chorar de dor! Eu nunca havia visto ele assim. Logo depois, uma mini faca passando levemente sobre a pele clara dele, resultando em sangue derramado do meu porto seguro. A face dele era de horror, sofrimento! Nunca vi uma coisa pior. Eu já estava em cima da cama, gritando e chorando sem parar.
- PELO AMOR DE DEUS, PÁRA COM ISSO! – Minha voz saía rouca. Eu não estava conseguindo com aquela dor. Me joguei na cama, ficando finalmente sentada. Meus cabelos ruivos estavam mais ainda grudados em minha face, todos os meus membros estavam trêmulos, meus olhos sinistramente inchados e vermelhos. Eu não sabia o que fazer, estava sozinha e completamente desnorteada.
Escutei o telefone tocar mais uma vez e meu coração se desesperou. Quando ia acabar? Eu não podia acreditar que aquilo estava acontecendo mais uma vez comigo! Primeiro Josh, agora ?! Não podiam fazer isso comigo! NÃO ERA JUSTO!
Desci rapidamente as escadas para atender aquela porcaria.
- LARGA ELE! SOLTA ELE SEU MANÍACO! PELO AMOR DE DEUS, ME PEGUE NO LUGAR DE , MAS PARA COM ISSO! – Ele começou a rir no outro lado da linha. Aquela mesma risada maléfica, medonha.
- Eu não pedi para você ser boazinha? Mas se bem que você está aumentando minha diversão. – Ele deu uma pausa para rir mais.
- ME DEIXA FALAR COM !
- Não... Antes, vá ver as crianças. Mas não me tire disso... Me deixe na linha.
AS CRIANÇAS! Com toda essa loucura eu nem sequer pensei nelas! O que ele fez com elas?! Não pode ter feito NADA!
Subi novamente aquelas escadas em busca ao quarto das crianças. Ele não poderia fazer tudo isso... O coração humano não pode ser tão mal! Torturar alguém como e... Crianças... Não! Eu não podia pensar nisso. Abri a porta rapidamente – dessa vez fazendo o maior barulho possível – e as vi lá. Estavam sem se mover, na mesma posição que estavam antes. Senti uma revolta imensa passando por todo o meu corpo. Eu não poderia acreditar em tudo o que estava acontecendo. Cheguei mais perto de Bryan primeiro. Toquei em sua pele macia de criança. Não estava gelada. Senti-me aliviada. Mas, de qualquer jeito, ele não se movia. Comecei a balançá-lo, em busca de qualquer movimento, respiração... QUALQUER COISA! Precisavam estar vivas! Fui à cama da pequena Lucy, na mesma esperança dela acordar. Mesmo que acorde assustada, precisava acordar! Balancei-a também, cutuquei, gritei, falei no ouvido... Fiz o que pude! E nada daquelas crianças se mexerem. Tratei de me acalmar.
- Elas não estão mortas, se estivessem, estariam geladas. – Pensei e isso me reconfortou. – Ele deve ter dado alguma coisa à elas. – Continuei.
- Princesa? Ô, princesa, não machuque as crianças! Coitadas. – O telefone estava no auto-falante e eu pude ouvir tudo o que ele falava. As piadinhas, as brincadeiras... Tudo estava acabando comigo. – Princesa... Chega de perturbar as crianças! Deixe-as dormirem em paz, poxa. – Agora, ele desligou. Não sei se gostei ou não dele ter desligado... Deveria ter me reconfortado, mas eu queria mais pistas! Queria saber o que eu tinha que fazer naquele momento!
Sai do quarto das crianças, meu estômago estava todo revirado, e eu já começara a sentir falta de ar. Fui ao banheiro que tinha ao lado do quarto do casal. Eu estava sentindo uma vontade horrorosa de vomitar, mas estava me controlando. Isso não ajudaria as coisas.
Abri a porta do banheiro pronta para colocar tudo o que estava em meu estômago pra fora, quando levei o maior susto de todos.
- AI, MEU DEUS! – Eu gritei, ainda com a voz rouca. Coloquei a mão na boca e voltei a chorar desesperadamente.
Capítulo 8 – Tortura.
A visão que eu estava vendo eu com certeza poderia ter morrido sem ver.
Ali estava o motivo da governanta não estar na casa quando eu e chegamos... Ela estava... Morta! Ela estava morta, morta na minha frente!
Seu corpo estava enrolado em arame farpado, sua pele estava branca e seus olhos revirados, sua boca estava tampada com um pano e ela estava com muitos machucados e sangue seco pelo corpo. Todos os lugares em que o arame estava encostado estavam com buracos fundos. O arame estava apertado, estava afundando a pele dela. Seus cabelos estavam molhados e seus pés e mãos atados.
Eu já estava começando a soluçar do tanto que estava desesperada, eu não sabia simplesmente como agir. A primeira coisa que veio à minha cabeça foi a ação que tomei rapidamente.
Saí daquele banheiro o mais rápido que pude e bati a porta. Antes, eu já sabia que era sério... Mas agora! Realmente era um maníaco brincando de jogos mortais com a minha vida. Com a minha vida, com a de duas inocentes crianças, e com a de . Pensar nele com certeza não ajudou as coisas. Meus batimentos cardíacos ainda estavam muito acelerados, meu corpo estava gelado – mas com certeza não era mais pelo frio – e eu ainda tremia.
Desci devagar as escadas, pensando nas crianças agora. Coitadinhas... Duas crianças inocentes de apenas 7 anos, vivendo esse pesadelo. Bryan e Lucy... Eu não podia simplesmente aceitar tudo aquilo.
Eu tinha que fazer alguma coisa... Mas fazer o quê? estava nas mãos de um bandido, havia duas crianças sedadas e uma mulher gorda morta no banheiro. Já estava ficando com medo do que ele poderia fazer comigo.
Cheguei à sala sem saber o que fazer. Olhei praquelas janelas gigantes. Será que esse cara estava dentro da casa? Ou será que ele conseguia ver através dessas janelas? Tantas perguntas sem respostas! Eu estava com medo de virar pra trás e dá de cara com ele, com medo de tropeçar em uma armadilha e perder a cabeça... Não sei! Estava completamente apavorada... Sabe? Apavorada!
Eu não podia simplesmente sentar e esperar mais uma ligação daquele maníaco! Eu tinha que fazer alguma coisa. Se eu fizesse qualquer coisa errada, ele com certeza mataria , ou alguma das crianças. E isso eu não poderia permitir.
Saí da sala e fui em direção à porta. Não sei onde estava com a cabeça, o que queria fazer... Mas, antes que eu pudesse tentar qualquer coisa, o telefone tocou novamente. Recuei na mesma hora, e coloquei mais uma vez aquele telefone no ouvido.
- , não faça isso. Você não vai querer ver mais filminhos legais, vai?
- Não, eu não ia fazer nada! Por favor, não faça nada com . – Implorei.
- Ah, que bonitinho. – Ele zombou. – Então, você viu o meu trabalho com a gordurinha, não?
- Gordurinha?
- A governanta, princesa. Vai me dizer que você não percebeu que ela era pura gordura? – Relembrei aquela imagem horrorosa e estremeci. – Calma... É só você continuar me obedecendo que aquilo não vai se repetir, eu prometo. – Sua voz calma me dava nojo.
- Onde você está?
- Não seja tola. Acha que eu vou te falar? – Ele novamente desligou o telefone.
Eu estava precisando ouvir a voz de novamente. Não saber o que estava acontecendo com ele estava me matando! Como ele conseguiu pegá-lo sem fazer nenhum barulho? Como foi tão perfeito?
Não podia ficar muito tempo parada, eu tinha que pensar em algo, procurar alguma coisa pela casa, achar mais pistas. Bom, por que ele matou a governanta? Não, eu não queria pensar nisso agora.
Voltei a pensar nas crianças... Elas eram a única coisa que eu podia – e devia – proteger no momento. Subi novamente aquelas escadas, mas dessa vez tratei de levar o maldito telefone sem-fio comigo, e entrei no quarto delas.
Sentei-me na cama de Bryan e fiquei olhando aquelas duas inocentes criaturas na minha frente. Não mereciam passar por isso... Não merecem passar pelo trauma que eu passei. Não precisa ser assim.
Senti uma movimentação lenta vinda das crianças e fiquei feliz por elas finalmente estarem acordando.
- Quem... Quem é você? – Perguntou primeiramente Bryan.
- Cadê a mamãe? – Perguntou Lucy. Dei o sorriso mais sincero que consegui, mas em uma situação como aquela, era difícil sorrir.
- Eu sou , amores. Vim cuidar de vocês hoje por enquanto que seus pais saem.
- Eles vivem saindo. – Reclamou quase que para si mesmo Bryan. Vi ali um motivo de revolta no futuro.
- Estou com fome. – Avisou Lucy.
- Tudo bem, vamos lá em baixo que eu preparo qualquer coisa pra vocês comerem. – Estava tentando agir naturalmente, mas estava difícil. Eu não parava de tremer e eu conseguia sentir meus olhos inchados. Do jeito que eram espertinhos, perguntariam o porque dos olhos vermelhos e inchados.
- Quero falar com a mamãe. – Pediu Bryan. – Tenho que pedir pra ela assinar uma coisa pra mim.
- NÃO! – Quase gritei. – Quer dizer, calma Bryan. Quando ela voltar você fala com ela, tá? – Tive que me controlar para não chorar com essa fala. Eu não sabia se eles veriam os pais de novo, eu não sabia se eu veria os meus, não sabia se veria de novo... Aquilo tinha que acabar logo.
Estávamos quase chegando na cozinha, quando o telefone tocou novamente. Soltei um grito abafado, com o susto que levei. Meu coração acelerou e eu – como sempre – fiquei com medo do que aconteceria.
- Sabia que essas pestes não ficariam dormindo por muito tempo. – Ele bufou. – Mas então... Bonitinhos eles, não acha, ?
- Quando você vai me deixar falar com de novo?
- Que tal se você ver ele?
- PERFEITO! – Quase gritei.
- Pois é. Dê comida para os pirralhos, e depois suba com eles até o quarto do casal. Vai ser legal, agora eu quero mais drama. – Estremeci com isso. Como assim mais drama? Como ele conseguiria mais drama do que aquilo? – Vai ser legal se elas souberem. Até mais, princesa. – E ele desligou de novo. As crianças não podiam saber! O que esse cara estava pensando? Elas iriam ficar loucas, perturbadas! Não, eu não quero isso para elas. Vão ter o mesmo trauma, o mesmo pânico que eu tenho?! Não pode... NÃO PODE SE REPETIR!
Preparei qualquer coisa pra Bryan e Lucy comerem, e não pude evitar de deixar lágrimas escorrerem. Era impossível agir com naturalidade perto de duas crianças quando a coisa estava tão séria. Não tinha como, eu não conseguia.
- Que foi, Tia ? – Perguntou-me Lucy.
- Olha... Vocês vão ter que ir lá pro quarto da mamãe, tá?
- Ah não! Mas eu queria brincar! – Reclamou Bryan.
- Mas não vai brincar. – Falei um pouco mais rude. – Sejam bonzinhos, POR FAVOR! Somente me obedeçam, ok? E tudo vai ficar bem, eu prometo. – Falei, colocando as mãos no rosto logo em seguida. Lucy e Bryan deram de ombros.
Depois de comerem, peguei na mão dos dois e coloquei o telefone em meu bolso. Chegamos ao quarto do casal depois de um milhão de perguntas sobre o porque o céu é azul. Eu não estava com paciência.
Fiz eles sentarem na cama e fiquei lá com eles um bom tempo sem nada acontecer. Tinha medo de alguém passar pela porta e atirar em todos nós, ou algo do gênero.
Do nada, a TV ligou. Me assustei, claro. E pude ver a cara do sujeito, maníaco, desgraçado que estava fazendo da minha vida um completo inferno. Ele estava com , como de esperado. Ele estava todo amordaçado e vendado também. Não podia vê-lo daquele jeito, meu coração não agüentava. Respirei fundo e tentei não chorar. Só prestei atenção no que ele faria a partir dali.
- É incrível essa tecnologia de hoje em dia! – Começou ele. – Agora a gente consegue fazer isso, sabia princesa? Ao vivo! Olhe, você é privilegiada. – Respirei fundo novamente e mordi o lábio inferior ainda na tentativa de me controlar.
- Legal! Filme de terror! – Comemorou Bryan e meu coração se apertou. Tinha que falar logo o que estava acontecendo, eles tinham que saber!
- Olha, Bryan e Lucy... – Disse chegando mais perto deles e segurando suas mãos. – Isso aqui não é um filme de terror, ok? – Eu já não conseguia segurar e chorei.
- Deixa eu explicar à eles, princesa! – Bryan e Lucy começaram a prestar atenção naquele nojento maníaco. Seus rostinhos estavam assustados. – Vocês vão ter que obedecer, se não coisas bem ruins vão acontecer, está bem? Vai ser fácil, crianças.
- Você não é minha mãe, eu não vou te obedecer! – Disse Bryan. Eu vi que ele seria um adolescente BASTANTE rebelde.
- Bryan, não fale isso! Coopere!
- Olha só... Agora vai ser mais divertido ainda! Sempre tem um que quer dar uma de herói... Não é mesmo, ? Você se lembra bem, não é? Claro que se lembra! Olha aí para seu pescoço! – Estremeci novamente. Segurei com força meu colar e senti minhas bochechas arderem junto aos meus olhos. Ódio, tristeza e desespero passavam pelo meu corpo, só de relembrar de meu irmão. Então, ele sabia o que tinha acontecido comigo... Tinha alguma ligação! Eu só não sabia qual era. Mas eu tinha que descobrir! Desvendar tudo aquilo, saber o porque de tamanha vontade de me ver desesperar. – Cada vez que você, , ou qualquer uma dessas crianças babonas falharem comigo, vai sofrer um pouquinho. Fazer um filminho pra vocês, tudo bem? Se vocês tiverem estômago fraco com sangue, é melhor seguir todos os meus mandamentos. – Continuou ele. Eu prestava atenção, e via lá... Daquele jeito que estava, por minha culpa! Isso... Tudo... É minha culpa. É minha culpa. Senti dificuldade em respirar e fiquei tonta com isso. Tudo aquilo estava acontecendo por MINHA CULPA! – Só pra dar um exemplo... – Ele pegou um barbeador elétrico e ligou. Meu coração se acelerou na hora e eu senti aquele mesmo desespero voltar.
- PÁRA! PÁRA COM ISSO! NÃO TRISCA NELE, PELO AMOR DE DEUS! – Eu gritei, já chorando novamente.
- Tem certeza que você vai querer dar uma de rebelde agora, ? Não é a melhor hora, poxa! Será que vocês não conseguem pensar? – Parei de gritar na mesma hora. Guardei o desespero, a angustia e todos os sentimentos horrorosos que estavam misturados dentro de mim. Realmente não era uma boa hora para soltá-los. Bryan e Lucy estavam completamente assustados e olhavam pra TV como se vissem uma coisa... Horrenda. E realmente estavam vendo.
Tirei minha atenção de Bryan e Lucy para prestar atenção também na TV. O maníaco começou a passar com força o barbeador na sobrancelha de . Juntei as mãos em meu rosto na mesma hora para evitar de gritar e chorei mais desesperada ainda. gritava de dor, e aquele sangue começou a sair da região da sobrancelha.
- Pára, por favor... Pára! – Eu falei baixinho, já sem forças. Ele parou e olhou para câmera novamente. Mostrou o aparelho e suas luvas – antes brancas – para que nós conseguíssemos ver, o quanto estavam sujos de sangue.
- Agora olha só que legal. – Ele saiu um tempo de cena, e depois voltou com um cigarro aceso. Arregalei os olhos. Ele não pode fazer isso!
Ele começou a passar a ponta do cigarro acesa em todo o corpo de , resultando em gritos e gemidos fortes. Ele estava queimando todo o braço direito dele, e a dor em meu coração só aumentava. Ele tinha que parar, TINHA QUE PARAR.
- Perceberam? Saiam da linha, que quem sofre é o camarada aqui! - Ele deu um leve tapinha no braço de .
A TV desligou sozinha, da mesma maneira que ligou e o silencio predominou por alguns longos segundos. Pude perceber que Bryan estava com raiva e que Lucy estava muito, mas muito MESMO atordoada. Pobre Lucy, eu não tinha como protegê-la! Isso estava me matando, eu tinha que dar um jeito de sair dali!
- A GENTE TEM QUE LIGAR PRA POLÍCIA! – Gritou ela, que estava com o rosto muito pálido e também já estava chorando.
- NEM PENSAR! Lucy, vem aqui. – Peguei em seu pequeno e magro braço e a trouxe para mais perto de mim. – Nós não podemos ligar pra policia, meu bem... Você não viu o que aquele cara mal vai fazer com o moço se a gente não obedecer ele? – Eu continuava soluçando de tanto que chorava.
- Mas a minha mãe disse que a gente tem que ligar pra polícia!
- É... Ela ensinou a gente! O número é 190! – Afirmou Bryan, finalmente falando alguma coisa. E agora? Como controlar aquelas crianças?
- Acalmem-se, tá? A gente não pode ligar pra polícia... – Disse novamente.
Me joguei na cama. Não tinha mais nada pra fazer, a não ser deitar e cuidar para que Lucy e Bryan não fizessem alguma besteira que resultasse em mais uma tortura à .
- Um... Nove... Zero... – Escutei uma voz baixa, como quem conta um segredo ou faz algo escondido. Me assustei na hora e dei um pulo da cama quando ouvi isso. - É da policia? – Falou Lucy. Fui correndo até ela.
- LUCY DESLIGA ISSO AGORA! – Eu já berrava. Tomei o telefone e desliguei na hora. Uma onda da pavor passou por mim, as lágrimas já estavam bastante presente o dia todo, não me surpreendi delas estarem ali novamente. Voltei a sentir todos os meus membros trêmulos. O que ele faria com ? O QUE FARIA COM ? – FALEI QUE NÃO ERA PRA LIGAR! – Eu gritava e chorava ao mesmo tempo. Coloquei meu cabelo pra trás, mordi o lábio e olhei praquelas crianças à minha frente. – Tomem MUITO CUIDADO a partir de agora, ok? Olhem para onde estão andando, não sei! TOME CUIDADO! – Eles só assentiram com a cabeça.
O que ele faria... O que ele faria?! Já mostrou que não tem sentimentos mesmo, não vai ficar sentido em machucar qualquer um de nós ali, ou ate . Não conseguia parar de olhar para os lados, eu já estava com medo de facas aparecerem voando do nada. Balancei a cabeça em tentativa de jogar essa idéia longe.
Sentei novamente na cama e fiquei paralisada. Estava pasma, simplesmente. Não tinha o que fazer, o que pensar, o que falar, o que sentir...
Olhei pra Bryan depois de um tempo que fiquei olhando para o nada, e percebi que ele estava sozinho.
- CADÊ A LUCY, BRYAN? – Gritei.
- Eu não sei. – Ele respondeu de cabeça baixa e com a voz de medo. Engoli em seco e sai do quarto rapidamente.
- LUCY? LUCY CADÊ VOCÊ? APARECE LUCY NÃO É UMA BOA HORA PRA BRINCADEIRAS! – Continuei procurando por todo canto, mas eu não conseguia achar aquela pequena criança loira de jeito nenhum!
Desci as escadas correndo, por pouco não desço ela rolando, ainda a procura de Lucy. Ela tinha que aparecer. Olhei na sala, nada. Corri para a cozinha, nada. Eu gritava por seu nome, e ninguém respondia. Ela não poderia estar de brincadeira comigo nem numa hora dessas! Fui para o único lugar que não tinha olhado ainda. Quando parei na mesma hora e em seguida soltei um grito bastante... Alto. Eu não senti minhas pernas, não senti mais meu coração, não senti mais nada. Lucy, não! Ela não! Bryan estava ao meu lado e viu aquela cena horrível. Uma pequena criança de apenas 7 anos, completamente inocente, jogada no chão, cheia de cacos de vidro enfiados por todo o corpo. Eu olhava aquela cena sem saber o que fazer. Cheguei mais perto daquele corpo – agora sim sem vida e gelado – de um bebê de 7 anos! Eu estava inconformada! Mas, uma coisa era certa: Ele era especialista em mortes drásticas. Segurei com mais força o corpo sem vida de Lucy e virei para poder ver seu rosto. Me arrependi na hora.
- MEU DEUS! – Coloquei uma mão na boca e chorei mais. Tinha um caco de vidro enfiado no canto do olho de Lucy, na parte de dentro, resultando em muito sangue. Caí sentada no chão, sem forças, sem reação, sem conseguir respirar direito.
Capítulo 9 – Pessoas inocentes.
Ainda estava caída no chão, sem forças para respirar. O corpo de Lucy estava lá, morto. Um corpo tão frágil, de uma menina de apenas 7 anos!
Sete... Sete... SETE ANOS! Não conseguia parar de repetir isso em mente.
Bryan estava parado na porta da sala de jantar e eu desejei que ele não tivesse visto a irmã naquele estado. Eu sabia como era. Não queria que o mesmo acontecesse com ele.
Finalmente levantei-me e ajoelhei perto do corpo sem vida da pobre Lucy. Tirei de seu braço uma pulseira que tinha escrito em verde e rosa: “LUCY” e uma flor do lado. Apertei novamente meu colar e a imagem de Josh veio à minha cabeça. Respirei fundo e andei até Bryan segurando a pulseira. Ele me olhava curioso.
- Por que a Lucy está deitada ali? – Perguntou ele, fazendo eu gelar. – Ela vai brigar com você. – Avisou ele. Voltei a chorar e mordi o lábio.
- Por que ela vai brigar comigo? – Ainda estava apertando meu colar e me lembrei da dor de perder um irmão.
- Ela adora essa pulseira. – Ajoelhei para poder ficar do tamanho de Bryan. Segurei suas pequenas mãos e beijei as mesmas.
- Olha Bryan... – ele ainda me olhava curioso – A Lucy... Er, ela...
- Fala logo! – Engoli em seco.
- Ela não está mais entre a gente, amor. Mas não se preocupe, ela está em um lugar bem melhor agora. Está em melhores mãos, está mais feliz. – Eu mal conseguia segurar a pulseira do tanto que tremia. Bryan estava com os olhinhos arregalados e eu pude perceber um bico se formando. – Fica com essa pulseira, tá?
- Mas é de menina! – Retrucou ele.
- Shiu, Bryan! Com isso, você vai sempre ter uma parte da Lucy contigo, ok? – Ele somente assentiu com aquele rostinho triste e permitiu que eu colocasse a pulseira em seu fino pulso.
Terminei de colocar a pulseira e Bryan fez a pior cara que pôde. Percebi que ele ficou bastante chocado e deprimido com a morte da irmã, obviamente. Eu sabia que uma criança de 7 anos poderia se tocar de que o lance é sério.
- ISSO NÃO É JUSTO, MUITO MENOS ENGRAÇADO! – Berrou Bryan, com uma cara de revolta que eu nunca tinha visto em uma criança tão jovem. Ele foi correndo – e ainda gritando – para o quarto. Com certeza ele se tornaria um adulto perturbado, e eu não queria que isso acontecesse.
Fui atrás dele, mas a porta de seu quarto estava trancada. Estremeci. Péssima hora para trancar a porta, já que eu não fazia idéia onde aquele maníaco estava. Não poderia correr o menor risco de perder Bryan também.
- ABRE ESSA PORTA, BRYAN! – Gritei. Pude ouvir barulho de coisas quebrando. – Amorzinho, eu sei que é duro e acredite... Eu sei MESMO! Mas. por favor, você tem que cooperar agora! Sei que está triste e revoltado, mas não se rebele agora! Não piore as coisas, Bryan... – Ele parou de tacar coisas no chão, agora eu só escutava um som de choro abafado. – Destranque, ok? – Ordenei, já mais calma.
Ouvi um barulho vindo do quarto do casal. Gelei de novo e me dirigi até ele deixando Bryan sozinho para pensar em seu quarto – assim que verifiquei que a porta estava destrancada.
Entrei e pude ver que o barulho era da TV. Ela havia ligado sozinha novamente, e apareceu a imagem daquele maníaco, desgraçado, idiota que estava tramando tudo aquilo. De primeira, não vi . Senti um desespero momentâneo.
- Aquela menina era uma abusada. Como uma criança de sete anos pode ser assim, não é mesmo? – Ele balançava a cabeça negativamente. – Mesmo a gente avisando, esses pirralhos não nos obedecem! Ainda bem que eu não tive filhos... - Continuei encarando aquela TV para ver se poderia ver . – Ela me obrigou a dar um fim nela! – Senti um ódio tremendo com essa frase. – Se bem que foi bastante divertido. – Ele agora ria. – Mas, como o combinado, teremos que fazer um filminho de novo... Poxa, que pena. Eu não queria. – Ele olhou pra , que finalmente aparecera em cena. – Você ainda vai ver tudo ao vivo! Princesa, já disse que você é privilegiada! – Eu não conseguia reconhecer onde eles estavam e isso não ajudava as coisas. Se eu pelo menos soubesse onde procurar!
Parei meus pensamentos quando o maníaco apareceu com um pedaço de madeira. Mas, se fosse só um pedaço de madeira, seria com certeza melhor. Tinha vários pregos pregados na madeira. Engoli em seco e arregalei os olhos. Ele maltrataria novamente, bem ali na minha frente! E eu não podia fazer nada!
- Por que não vem aqui e me mata de uma vez? – Tomei coragem.
- Porque não seria divertido.
O maníaco começou a passar aquele pedaço de madeira pelo braço direito de com força, e novamente eu vi o rosto de desespero de meu amor. Claro que eu já estava chorando desesperadamente, como todos os momentos. Agarrei uma almofada e apertei a mesma com força. Por onde o maníaco passava aquela madeira, jorrava sangue dele. gritava de dor e desespero e eu não conseguia mais olhar praquela TV. Meu estômago começou a embrulhar, mas eu não podia gritar ou dar uma de rebelde naquela hora. Sei que seria pior pra ele.
Depois de fazer um estrago na pele de meu porto seguro, o maníaco encostou a madeira na bochecha de e olhou pra câmera sorrindo.
- Já sabe qual vai ser o próximo. Até mais. – E a TV mais uma vez desligou.
Deitei na cama agarrada com aquela almofada. Meus olhos estavam inchados e ardendo, minhas mãos e meus pés estavam trêmulos, meu cabelo ruivo grudado em minha face. E agora, o que fazer?
Eu não agüentava mais esse joguinho, mas não tinha nada que eu pudesse fazer. Qualquer passo que eu desse, ele maltrataria ou ate mataria . E isso eu não poderia permitir, nem suportar.
Depois de algum tempo sem noticias, sem movimentação nenhuma na casa – sem ser a revolta de Bryan no quarto ao lado – a campainha tocou.
Gelei. Quem seria? Não poderia colocar mais ninguém nesse jogo.
Desci as escadas olhando para as gigantes janelas da sala. Quando vi quem era, fiquei sem saber o que fazer. Era a polícia. Como agir? Se eu deixasse a policia entrar, o que ele faria com ? Fiquei um tempo sem me mover, enquanto o policial batia na porta e gritava por mim.
- SENHORITA! ABRA A PORTA IMEDIATAMENTE! – Ótimo. Agora sim eu estava numa fria. Tentei me controlar, enxuguei as lágrimas e fui até a porta. Não podia simplesmente ignorar a policia ali.
- Sim? – Disse assim que abri a porta.
- Fizeram uma denúncia...
- Querem entrar? – Falei rapidamente. Eu sabia que o maníaco estava vendo tudo aquilo, ele daria alguma pista do que eu tenho que fazer. Ou não...
- Como eu dizia... – Disse o policial assim que se sentou em meu sofá. Na mesma hora, o telefone tocou. E eu fiquei sem reação. Engoli em seco e fiquei encarando o policial enquanto aquele mesmo toque estridente tocava. – Não vai atender?
- C-claro! – Disse rapidamente e corri ao telefone. – Alô?
- Sabia que aquela garota me traria problemas! Ainda bem que acabei logo com ela.
- Oi, mãe, como está?
- Espertinha você hein princesa? Muito bem... É o seguinte: você tem que enganar a polícia. É, isso mesmo. ENGANAR. Fala pra ela que foi um trote de criança... Sei lá! Se não colar, deixe ela no andar de baixo... Porque eu preciso você aqui em cima já, já. Repita essas palavras comigo: Não, mamãe...
- Não, mamãe...
- Está tudo bem.
- Está tudo bem. – Estava tentando aproveitar alguma coisa das aulas de teatro que eu fui obrigada a fazer quando era menor.
- Foi só uma rebeldia de Bryan... Você sabe como ele é.
- Foi só uma rebeldia de Bryan... Você sabe como ele é.
- Isso, muito bem! Agora, se livre deles e vá ao quarto do casal, princesa. Quero que você me veja de novo, já estou com saudades. – Ele desligou.
- Tá bom, mãe. Também te amo, beijo. – Fingi.
- Então, senhorita... Recebemos uma denúncia...
- Ah! – Disse batendo a mão na testa. – Sabe como são essas crianças... Me perdoe, realmente. – Eu estava tentando dizer entrelinhas para o policial que tinha sim alguma coisa errada, mas que eu estava sendo ameaçada. Não sei se ele estava entendo, mas eu espero que sim. Eu balançava a cabeça apontando para as escadas. – Mas o senhor pode ir embora... – Fiz uma cara de desespero e neguei com o dedo. Ele tentava me entender. – Porque não tem nada aqui! – Fiz gestos para ele sair. – Mas, qualquer coisa eu te chamo, pode deixar! – Continuei fazendo meus gestos, pra ver se ele me entendia. Ele me fitava curioso, como se tentasse me desvendar. Ele deu uma olhada para a escada e fez cara de dúvida. – Aham, isso mesmo! – Confirmei. Agora sim eu tive certeza de que ele tinha me entendido perfeitamente. O policial somente assentiu e se retirou da casa. Respirei fundo. Espero que agora dê tudo certo, tem que ter entendido!
Subi as escadas e voltei àquele quarto da tortura. Estava com medo. Muito medo dele ter percebido minha comunicação com o policial. Sentei na cama e esperei aquela maldita TV ligar e aquele maldito aparecer.
- Princesa! É incrível como você é boa atriz, sério. –Aquele medo ainda não tinha me abandonado. – Então, o que eu quero de você é o seguinte... – Soltei o ar dos pulmões. – não esta me dando tanta diversão assim... Eu estou entediado! E nem você, porque você não esta aqui comigo. – Estremeci. – Mas eu também não quero aquele pirralho do Bryan. Matar criança é chato, elas morrem muito rápido. – Ele deu uma pausa. – Faz o seguinte... Liga para alguém.
- O QUÊ? – Gritei sem querer. Arrependi na hora.
- Ah, não! Seja boazinha. Liga pra alguém, ou esse alguém aqui... – Novamente ele bateu no braço de . – Vai receber toda a culpa, como sempre. – Ele deu um sorrisinho cínico e a TV desligou.
Senti medo, desespero, ódio, tristeza, vontade de morrer, tudo o que você pode imaginar. Como eu poderia ligar para alguém e dizer: “então, venha me ver... Mas é melhor se despedir direito da sua família por que você pode não voltar pra casa”. Eu não podia fazer isso com ninguém! Não podia meter mais ninguém nessa história. Mas, se eu não ligasse, ele maltrataria de novo. O QUE FAZER?
Eu passava a mão no meu cabelo o tempo todo, mordia o lábio e chorava ao pensar ter que fazer isso. Eu não tinha outra saída... Não havia outro jeito.
Eu teria que envolver pessoas inocentes nisso. Estremeci e me joguei na cama para pensar no que fazer.
Capítulo 10 – Surpresa.
Pensei em todas as pessoas da minha lista de contatos. Eu preferiria estar com alguém a estar só, meu único medo era que esse maníaco seqüestrasse essa pessoa assim como seqüestrou na minha ausência. Eu poderia ficar com essa pessoa o tempo inteiro, assim ele não teria maneiras de pegá-la, somente se ele me levasse junto. Isso não era um plano tão mal assim.
Sorri comigo mesma e fui até o banheiro tentando arrumar um pouco a minha aparência horrível.
Quando olhei meu reflexo tive medo do que vi. Meus cabelos estavam em pé, minha roupa estava amassada e meus olhos estavam vermelhos e pequenos. Tirei o casaco de e coloquei do outro lado da enorme pia. Peguei uma escova que estava em cima da pia e tentei pentear minhas madeixas, deixando-as um pouco menos em pé. Lavei o rosto com água gelada e arrumei minha blusa sobre meu corpo, colocando o casaco de volta em seguida. Arrumei as mangas e voltei para o quarto, me sentando virada de costas para a TV.
Tirei o telefone idiota do bolso e liguei para os números não tão conhecidos de Alex. Para meu desespero ela atendeu depois de um toque.
- Alex! Nossa, amiga, quanto tempo. – Falei tentando controlar meus batimentos ainda acelerados.
- ? Nossa! Quantos anos! Onde você está? Vamos nos ver. – Fechei os olhos e mordi o lábio com força, foi tudo tão fácil...
- Claro que sim! Eu estou aqui na casa dos Osmenth...
- Casa dos Osmenth? Está mentindo, não é? Garota, eu moro um pouco perto daí... Essa casa é meio afastada das outras, mas eu posso dar uma passadinha aí antes de sair com o Drake.
- Ah! Seria... Ótimo, claro. Passe aqui a hora que quiser... Não me importo de esperar, sério!
- Ok, garota. Daqui a pouco passo aí. Não vou demorar mais de meia hora, ok? Tenho que terminar de me arrumar, falar com meus pais e depois ligar para o Drake falando que vou me atrasar um pouco, nada fora do comum. – Ela riu e eu tentei acompanhar, sem humor nenhum.
- Ok, Alex. Não se apresse. Beijo...
- Beijos. – E desligou.
Eu lembrei da última vez que vi Alex, ela estava com aqueles mesmos cabelos curtos pretos brilhantes que teve toda a vida. Os mesmos olhos castanhos claros e o mesmo sorriso angelical. Ela era tão pequena... Era tão Alex... Eu não conseguiria vê-la no mesmo estado que estava, era pedido de suicídio!
Eu respirei fundo e desci as escadas com o telefone em mãos. Eu estava ainda um pouco trêmula, somente os batimentos estavam começando a ficar estáveis. Senti meu estômago roncar... Como eu poderia sentir fome uma hora dessas, pelo amor de Deus?
Andei em passos lentos até a cozinha abrindo a geladeira em seguida. As únicas coisas que vi que realmente me chamaram a atenção foram quatro potes de Danoninho e um suco de morango.
Peguei dois Danoninhos e uma colher que estava dentro da secadora. Sentei em uma das quatro cadeiras e comecei a comer lentamente aquele Danoninho. Estava me acalmando.
Em pouco tempo eu parei de tremer e consegui até contar mentalmente de 1 a 20. Respirei fundo e coloquei a colher suja dentro da pia, se pudesse mais tarde lavaria, quando quisesse pensar em outras coisas.
Fui andando até a sala e – como sempre – olhei para a enorme janela. Eu estava caminhando até o sofá quando vi um vulto vindo para perto da casa. Eu esqueci como respirar, como andar e como pensar.
Ele não poderia estar vindo pra cá. Poderia? Alex não chegaria tão cedo e não se atreveria a andar no escuro em dias como os de hoje, maníacos correm soltos por aí...
Eu paralisei e fiquei encarando aquela pessoa se aproximando cada vez mais da casa. Em um momento de milagre, corri até a cozinha procurando alguma coisa afiada ou que pudesse surpreender a pessoa que estava se aproximando da casa. Abri todas as gavetas, revirei cada em delas e tudo que achava eram colheres de pau, colheres de arroz, conchas de feijão, garfos e qualquer coisa que não assustasse nem um peixe.
Respirei fundo e abri a última gaveta, ÓTIMO! Todos os tipos de faca estavam lá, faca de sobremesa, faca com ponta, sem ponta, de cortar carne, de cortar pão... Todos, todos os tipos. Eu sorri abertamente e peguei o maior facão que achei, quando coloquei as mãos no facão a porta bateu.
Seja quem for estava dentro da sala. Eu não estava mais só dentro da casa. Na verdade nunca estive, mas agora a pessoa estava mais perto de mim ainda.
Eu prendi a respiração e me abaixei atrás do balcão e das gavetas.
A pessoa dava passos lentos e pesados, parando em cada parte que passava, observando.
Eu hesitei espiar para saber onde ela estava agora. Seus passos pararam e eu senti um forte cheiro de sangue, me deixando enjoada. Eu escorreguei e acabei caindo sentada no chão, fazendo um pequeno barulho que pode ser ouvido para quem estava na cozinha. A faca bateu no chão fazendo um barulho ainda maior. Desesperei.
Eu iria morrer agora. Fechei os olhos e abracei as pernas, apenas esperando a morte chegar em mim do modo mais doloroso e torturante possível.
A pessoa andou um pouco mais perto de mim, eu sentia ela na minha frente – o cheiro de sangue estava mais forte e uma respiração ofegante batia em meus cabelos. Eu estremeci, abaixando a cabeça entre as pernas.
Um flash de toda minha vida passou diante dos meus olhos. Os piores momentos foram deixados para serem vistos por último.
Eu senti que tudo que eu queria era ver bom mais uma vez. Não seria válido ver ele sendo torturado por um maníaco, machucado e com sangue escorrendo de todos os furos de seu corpo. Eu queria vê-lo como o vi hoje de manhã, sem nenhum machucado, sem nenhum arranhão, sorrindo, feliz e sem preocupações.
A pessoa se sentou na minha frente e pousou as mãos nos meus cotovelos, fazendo carinhos de leve.
Por que uma pessoa que estava prestes a me matar faria carinho em mim?
Respirei fundo e levantei a cabeça abrindo os olhos lentamente. Eu não acreditava no que estava vendo... Eu estava sonhando? Eu estava tendo visões? estava mesmo na minha frente? estava vivo na minha frente?
- ? – Perguntei com medo da resposta. Eu temia que aquilo fosse apenas um sonho.
Se fosse um sonho, estaria completamente curado.
Todos os machucados de torturas estavam visíveis em sua pele clara, eu podia ver muito mais claramente onde ele foi torturado com ele na minha frente.
fez um sorriso no canto de seus lábios se transformando em um sorriso enorme, o sorriso que eu sentia falta.
Eu estava pressentindo que iria chorar, se já não estivesse chorando. Surpreendi-me quando passei a mão no rosto e ele estava seco, como se nada tivesse acontecido. Meu coração estava pulando de felicidade por vê-lo, por poder tocar nele. Eu sorri o mais sincero possível e abracei com todo o cuidado que eu tinha – principalmente nas feridas.
, pelo contrário. Ele me abraçou com toda a pouca força que tinha, me dando muitos beijos no ombro, pescoço, maxilar, boca e nariz.
Eu estava tão aliviada de ter ele mais uma vez em meus braços que nem me lembrava mais meu nome. Eu suspirei me encaixando mais no corpo de .
- Senti tanto a sua falta... – Murmurei com os olhos fechados.
- Senti medo de nunca mais poder te ver...
afastou seu corpo do meu e logo depois ficou em pé, esticando a mão para que eu pegasse. Eu sorri e tomei cuidado com os ferimentos de sua mão.
Estavam horríveis, mas pensei que estariam piores. Pareciam que estavam tratados. Todas as feridas do corpo de não estavam transbordando sangue – para minha felicidade.
Mesmo com os ferimentos “tratados” eu o puxei para as escadas, entrando com pressa dentro do quarto do casal. Em algum lugar teria um quite de primeiros – socorros.
- Eu estou bem, . Não preciso de curativos.
- Não precisa de curativos, ? Eu vi todas as torturas que aquele cara fez com você, eu sei que você precisa de curativos. – Falei sentando-o na cama e indo até o armário.
- Eu vou ficar bem... Essas marcas irão sair daqui a pouco... Você vai ver.
- Isso não é um chupão mal-dado. – Murmurei pegando a caixinha de primeiros-socorros dentro do armário. Sentei do seu lado na cama e tirei um algodão de dentro da caixinha, passei o único antiinflamatório que tinha ali dentro, cujo nome eu nem conseguia ler. Ele tinha uma cor amarelada e um cheiro forte, parecia arder. Eu respirei fundo e comecei a passar o remédio em todos os ferimentos do braço de .
Ele respirou fundo em cada toque que eu dava em sua pele. O líquido ficava de amarelo para transparente e o cheiro sumia. Eu passei em todos os ferimentos do braço de , seguindo pelo outro braço. Eu respirei fundo por enquanto que tirava sua camiseta e a jogava em um canto qualquer no quarto.
Seu tórax estava muito pior do que os outros lugares. Tinha feridas e pequenos furos em todos os cantos que meus olhos percorreram. Ele se deitou e eu me sentei um pouco mais para cima, apoiando meu cotovelo na cama e passando o mesmo remédio com o mesmo cuidado que passava antes.
- Como ele pôde fazer isso com você? – Murmurei.
Quando terminei de passar o remédio em todos os machucados de , ele fechou os olhos respirando fundo. Eu peguei mais um pouco de algodão e mais um pouco de remédio, passando nas feridas do rosto dele. As feridas em seu rosto estavam menos fortes do que as feridas do resto do corpo. Eu peguei um Band-Aid e coloquei no lugar que antes ficava sua sobrancelha esquerda. Ficou estranho, mas era melhor do que ver uma pessoa sem sobrancelha.
- Pronto, herói. Está curado. – Falei sorrindo satisfeita com meu próprio trabalho. abriu lentamente os olhos e eu senti as famosas borboletas no estômago.
- Obrigado, enfermeira.
Eu sorri e ele sorriu junto. Ele se levantou e se endireitou na cama, encostando as costas na parede e me puxando para seu colo. Eu estava com tanto medo de machucá-lo que preferi sentar do seu lado, encostando as costas na parede, assim como ele.
- Eu amo tanto você... – Ele falou depois de um minuto de silêncio.
Eu olhei para , cada traço perfeito de seu rosto – mesmo com os machucados e curativos – ainda estava como hoje de manhã, ele estava na minha frente, eu não conseguia acreditar!
Eu sorri de lado e pousei a mão em sua bochecha direita – onde não tinha nenhum ferimento, graças. Sem pensar no que estava acontecendo eu me inclinei para mais perto de , encostando meus lábios nos dele. Em pouco tempo estávamos nos beijando.
estava com a mão na minha cintura, tentando trazê-la mais para perto de si. Eu estava com uma mão em sua bochecha e a outra estava em sua nuca, puxando de leve seus cabelos.
forçou meu corpo mais para perto do seu, eu nem tinha como pensar no que estava acontecendo e nas conseqüências disso. Eu deixei comandar o que estava acontecendo, se eu encostasse em alguns de suas feridas a culpa seria dele.
Ele foi aumentando o ritmo do beijo e em pouco tempo eu estava sentada em cima dele com as pernas encaixadas em seu quadril. A mão de passeava livre em todas as partes do meu corpo com certa pressa e peso. Ele apertava todas as partes que sua mão passava, me causando pequenos arrepios em todas as partes do corpo.
Eu estava começando a ficar sem fôlego quando partiu o beijo e começou a beijar e morder meu pescoço, todos os pêlos do meu corpo estavam em pé e com isso eles não iriam abaixar tão cedo. Eu estava ofegante e não pensava direito.
passou uma de suas mãos livres dentro da minha blusa, passando pela minha barriga, arranhando minha cintura e parando em minhas costas, puxando-as para mais perto dele. Estávamos tão perto que eu sentia a respiração ofegante de .
Eu respirei fundo e mordisquei a orelha dele, sorrindo logo depois.
O clima dentro do quarto estava quente e eu não estava mais suportando aquele casaco enorme no meu corpo. Olhei de relance para a janela e reparei que estava chovendo forte do lado de fora. Ri comigo mesma. Não estava tremendo de frio trinta minutos atrás?
Ele continuava com os beijos, mordidas e lambidas em meu pescoço. Eu me senti em desvantagem não podendo deixar minhas marcas nele também.
segurou meu rosto com as duas mãos olhando fixamente em meus olhos. Eu ainda estava ofegante e aqueles olhos estavam me fazendo perder todo o ar que eu conseguia. Ele sorriu e encostou nossos narizes, me dando um selinho demorado em seguida. Eu respirei fundo sorrindo.
- Eu amo tanto você... – Repeti suas palavras encostando minha testa na dele. Ele sorriu abertamente me beijando novamente.
O beijo começou e terminou calmo. Eu estava finalmente segura e com um pouco de esperança dentro de mim.
estava comigo, somente isso bastava.
Capítulo 11 – Alex Willians.
Eu ainda estava aninhada no colo de , com sono. Que horas deveriam ser?
Quando voltei minha concentração para o dia de hoje lembrei de tudo que tinha acontecido e uma pergunta ecoava em minha cabeça...
- , como você escapou de lá? – Perguntei sem encara-lo. Apenas olhava nossas mãos e o quarto onde nós estávamos, estava esperando aquele louco atrapalhar meu conto de fadas.
- O quê? – Ele falou quase sem pensar, menos de um segundo depois.
- Como você escapou de onde o maníaco estava? Ou está... Não sei.
- Como eu escapei de lá? Bem... O lugar onde ele está é um tipo de quarto... E tem várias câmeras que mostram toda a casa, de vez em quando essas câmeras pifam e ele faz outra coisa. Ele me torturava nos momentos em que as câmeras paravam. Já como a ligação não é tão direta elas pifam o tempo todo e às vezes demoram a voltar a prestar... – Ele sussurrava sem mexer muito os lábios, eu estranhei, mas não comentei nada. – Eu não sei... Exatamente... Onde ele está porque eu estava desmaiado quando ele me levou e quando ele me largou na estrada aqui perto... Acho que não está tão longe. – Ele olhou para o nada por um longo tempo, parecia que estava tendo uma visão de alguma coisa. Eu esperei. – O quarto... Era um quarto grande... Com vários computadores, tinha mais de um telefone e... Várias coisas que poderiam matar um touro... De tão... Torturantes e... Horríveis. Ele nunca ficava parado, sempre estava fazendo alguma coisa, te vigiando, olhando para mim, maltratando um peixe qualquer que tinha dentro de... Um aquário em um... Uma mesa.
- É doloroso lembrar? – Falei no mesmo tom de voz de , ou seja, só nós dois poderíamos ouvir com muita dificuldade.
- Não... É só um pouco confuso... , escute. – Seu tom de voz aumentou um pouco, tornando de pensativo a sério. Eu uni as sobrancelhas e me ajeitei em seu colo, ficando com o rosto mais perto do dele. – Isso está ficando perigoso demais. Você tem que sair daqui, não pode correr mais riscos... Eu tenho medo de te perder, fiz coisas horríveis e mal-pensadas em tão pouco tempo, não quero que você se prejudique por conta delas.
- , eu vou ficar com você, não importa o quanto vai ser perigoso. Não vou sair de perto de você. – Eu me virei, encarando-o depois de alguns segundos. fechou os olhos e suspirou. Depois os abriu me encarando e colocando a mão no meu rosto.
- , por favor, não seja assim. O cara que está lá fora não é um daqueles bandidos que roubam doces dos primos menores. Aquele cara é da pesada, ele não se importa em machucar alguém, em matar alguém. – Engoli em seco lembrando de como Lucy estava depois de ser morta pelo cara. Respirei fundo e pensei em outras coisas para tirar aquela imagem da minha cabeça. – Eu não quero causar mais danos em você do que os que você já tem pelas coisas que ele fez em mim. Olhe meu estado... Olhe como você pode ficar se continuar aqui, olhe para mim e escolha a melhor opção.
Eu respirei fundo tentando não olhar para os machucados de . Ele estava tão calmo com tudo que estava acontecendo... Era uma coisa estranha, eu estava tendo quase um piti e estava tranqüilo me contando normalmente como foram as horas de tortura que ele teve, como se estivesse contando para o melhor amigo como foi transar pela primeira vez.
Mesmo com ele estando assim, eu não iria deixá-lo. Não poderia fazer isso.
Ficar mais de uma hora sem saber o que está acontecendo com ele seria a pior coisa a fazer. Eu precisava ficar com ele até eu acordar desse pesadelo e ver que era realmente só um pesadelo e que eu estava dormindo.
Quando eu acordar minha vida vai estar perfeitamente normal e eu nunca mais irei ter medo de atender um telefone, nunca mais terei pavor de olhar para a televisão e essas feridas nunca iriam estar ali.
Qual escolha ele queria que eu tomasse? Que eu o deixasse aqui só, com um maníaco um tanto quanto perto podendo matar ele a hora que quiser?
Era isso que ele queria que eu fizesse ou qual é o esquema?
O toque da campainha fez meus pensamentos expirarem. Eu respirei fundo, deveria ser Alex.
Eu levantei da cama rápido, sem encarar , peguei o telefone jogado em um canto e coloquei no bolso do short. Desci as escadas com pressa e corri até a porta, me deparando com um Alex ruiva e com fios longos... Estava parecendo muito... Comigo. Eu a olhei evitando uma careta. Ela riu alto e me abraçou em seguida.
Alex estava fazendo uma versão minha? Estava idêntica!
- Alex... Você... Você está tão... – Procurava as palavras certas para descrever que ela era uma vadia que roubava meu visual. – Diferente...
- Ah, você gostou? Fetiche do Drake, amiga. Ele sempre falou que as mulheres ruivas eram mais... Quentes! – Ela riu e eu sorri falso, sentindo que ela reparou. – Então eu fiz essa surpresa para ele... Posso dizer que ele adorou! – Ela entrou na casa sem convite e já foi se sentando no enorme sofá totalmente bagunçado.
- É que você está... Tão parecida comigo... – Não consegui evitar uma careta. Alex sorriu abertamente olhando para todos os lados da casa, como se fosse uma sem-teto entrando na sua casa nova... Se é que pode dizer assim.
- Essa era a intenção, garota! Eu fiz até as ondinhas do seu cabelo... É uma dificuldade, mas ficou igualzinho, não é mesmo? – Ela falou sorrindo e puxando uma parte da enorme cabeleira ruiva para frente. Eu fechei a porta e encostei as costas na mesma, olhando para ela com a mesma cara o tempo todo: sorrindo falso.
- Ficou, ficou bem... Igualzinho a mim... – Eu parei de falar por um momento e encarei o nada. – ALEX, ALEX EU TENHO UMA IDÉIA! ! , DESCE AQUI!
Alex me olhou espantada. Eu estava pulando feito uma maluca e balançando as mãos para cima e para baixo como se estivessem queimando. Senti minhas bochechas arderem com a força que estava fazendo de tanto sorrir, apareceu sem camisa e eu lembrei que se Alex o visse assim não seria a coisa mais comum do mundo... QUE SE DANE!
- O que foi? Ele ligou? – Ele falou com raiva fechando as mãos em punhos.
- Não, não, nada disso! Desça aqui e veja Alex. Ela está idêntica a mim! – Falei apontando para minha versão mais baixinha. Alex finalmente ficou quieta sem falar um “Ah” se quer. Eu sorri mais ainda vendo minha idéia dar certo.
- Alex? , não acredito que você meteu mais gente nisso. – Ele falou tenso, descendo as escadas ainda com as mãos fechadas.
- Oh, cala a boca e me escuta! Sabe o que podemos fazer? – Falei puxando a mão de Alex e fazendo ela ficar do meu lado na frente de . Ele encarou nós duas com a boca um pouco aberta, acho que parecíamos ainda mais uma do lado da outra.
- Você não está pensando em...
- ESTOU! EXATAMENTE! Alex fica no meu lugar caso ele ligue. Se ele ligar as câmeras, “eu” vou estar aqui com você. Por enquanto eu posso sair da casa e procurar onde ele está, posso ver atrás da casa... Posso olhar a casa do caseiro! A polícia está do lado de fora! Posso chamá-los para me ajudar com isso, caso alguma coisa aconteça eles vão estar comigo... Ele não tem como torturar mais você, ele não têm mais ninguém para torturar! Nós trancamos os cômodos e deixamos apenas a sala e a cozinha aberta... Se ele ligar, Alex vai estar no meu lugar!
- respira. – Ele falou sorrindo um pouco. – ESTÁ LOUCA? – O sorriso se foi e eu dei um passo para trás com seu grito. – ISSO É PERIGOSO DEMAIS, ELE PODE DESCONFIAR, ELE VAI TE PEGAR, VOCÊ VAI MORRER!
- Não vou ! Alex vai estar aqui, as câmeras estão desligadas e...
- ESPERA! Quem vai ligar? O que vai acontecer? Por que tanta gritaria? Que negócio de câmera é essa? Que marcas são essas em ? Por que ele está sem camisa? Por que estão falando que vão morrer? O que é perigoso, alguém, POR FAVOR, pode me explicar? – Alex falou se colocando no meio de nós dois.
- Acho melhor você se sentar. – falou descendo o resto das escadas e se sentando do lado de Alex no sofá.
*
Depois de contar toda a história eu estava morrendo de sede e achei que ela iria sair correndo pela porta gritando que estava com gente louca, chamando a polícia e tudo mais. Ainda por cima porque Alex não falou nada durante toda a explicação. Isso é a coisa mais... Estranha do mundo! Alex fala muito, muito mesmo!
- Agora eu estou com a idéia de procurá-lo e levar a polícia junto comigo. Qualquer coisa, você fica aqui com , se ele ligar, não se intimide, é isso que ele quer, por medo em nós.
- Ou seja, a é louca. Diga a ela que ela não pode fazer uma coisa desse tipo, que ela está se arriscando demais indo até esse cara, que ele pode matar ela que nem ele quebra um palito de dentes! – falava de braços cruzados encarando o lago do lado de fora da casa. Alex continuou quieta encarando um ponto no nada. – Alex?
- Gente... Isso é...
Pronto, estava demorando para ela começar a gritar que isso é loucura e que deveríamos fugir. Eu respirei fundo e me joguei na poltrona cruzando os braços em seguida.
olhou para ela com um sorriso de vencedor, eu o encarei e fiz uma careta, voltando a olhar para a janela esperando ouvir os berros de “Socorro” de Alex.
- GENTE, ISSO É DEMAIS! – Ela levantou e começou a rir. olhou para ela com uma das sobrancelhas levantadas e eu comecei a rir, me levantando e pulando junto a ela. Como era bom ter alguma boa e velha amiga conosco em horas dessas! – EU SEMPRE QUIS VIVER COM MAIS ADRENALINA VOCÊS NÃO ESTÃO ENTENDENDO! ISSO É TÃO... TÃO... EXCITANTE!
- O quê? – perguntou batendo a mão de leve na testa. – Ele deve ter me dopado, isso não pode estar acontecendo, eu não estou com duas doidas achando excitante ficar preso com um cara que quer comer nossos cérebros com tempero de carne... – Ele disse se levantando e andando de um lado para o outro no tapete. Sua mão estava nos olhos, empurrando-os para trás, como se estivesse fazendo uma massagem. Eu ri e Alex gargalhou.
- É sério, ! Imagine só, quando tudo isso terminar vamos ser famosas, vamos sair em vários jornais e não sei o quê!
- SE isso terminar. – a interrompeu com a cara fechada, parecia não acreditar na futilidade de Alex.
- Vai terminar, meu amor. – Falei sorrindo e indo para seu lado. – Eu vou ficar bem, confie em mim.
- Se ele fizer alguma coisa com você...
- Ele não vai fazer. – Interrompi sorrindo abertamente. Estava confiante. Ele me encarou sem sorrir e com os olhos suplicantes, eu fiz um biquinho e ele mordeu o lábio para não sorrir. Alex começou a assoviar e eu a ignorei. colocou a mão no meu rosto e selou nossos lábios por um longo momento. – Eu vou ficar bem. – Falei com minha boca ainda colada na da dele.
Ele apenas suspirou soltando meu rosto e voltando a cruzar os braços. Eu sorri e me levantei do sofá, segurando a mão de Alex e a guiando para o quarto.
- Certo, porque não me contou que estava dando uns pegas no ? – Ela falou séria assim que entramos no quarto. Eu a olhei sorrindo.
- Porque isso começou hoje... – Dei de ombros começando a tirar o meu casaco.
- Mas mesmo assim! – Ela se levantou tirando o vestido rosa bebê tomara-que-caia que ela estava usando.
- Desculpe, Ax. – Eu falei terminando de tirar meu short e entregando para Alex.
- Ainda bem que eu fiz regime. – Ela deu de ombros colocando o short, que coube perfeitamente em Alex. Eu sorri e peguei o vestido jogado em cima da cama.
- Alex, não está com medo? – Perguntei me olhando no espelho, ficou um pouco justo no peito, mas nada que me matasse.
- Medo? – Ela perguntou assim que colocou o casaco enorme de . – Não, por que estaria?
- Não sei... Corremos risco de morte estando aqui... Ele pode nos matar a qualquer momento. Você viu as coisas que ele fez com , soube da morte de Lucy... Sabe agora do que ele é capaz. – Andei até o banheiro, pegando todos os produtos para tirar a maquiagem que vi ali. Peguei uma bolsa que continha várias maquiagens, todas de marca. Sorri comigo mesma, estava me sentindo uma pobre em amostras grátis.
- Eu sei sim do que é capaz e com o que estamos lidando. Com um maníaco louco que gosta de matar e torturar pessoas. Como nos filmes! – Ela sorriu e eu sorri fraco. – Mas não sinto medo, você deveria saber que eu quase nunca sinto medo e que eu me apavoro muito mais com espíritos do que com gente viva. – Ela deu de ombros chegando perto de mim. – Demorei tanto para fazer essa maquiagem... – Eu ri alto e passei uma grande quantidade do produto em seu rosto, na primeira vez que eu passei saiu tudo. Arregalei os olhos e peguei o vidro e li o nome.
- Lembre-me de comprar esse treco. – Ela riu e eu sorri. – Certo... Acho que não preciso me maquiar né?
- Ah... Acho que não. Só precisa arrumar um pouco seu cabelo. Ah, sua tiara. – Ela sorriu apontando para a faixa preta na minha cabeça. Eu sorri e tirei a mesma, colocando de qualquer jeito na cabeça de Alex.
- Ok, sabe o que fazer, não é, Ax? - Ela assentiu mordendo o lábio. – Eu não vou demorar, amiga. Fique tranqüila.
- Não sou eu que tenho que me tranqüilizar. – Ela falou segurando minhas mãos. Quando ela tocou em mim, reparei que minha pele estava gelada comparando a da dela, além de estar trêmula. Eu olhei nossas mãos e ri.
- Droga. – Sorri respirando fundo. – Eu te adoro. – Voltei a olhar para ela sorrindo meigamente.
- Eu te amo. – Ela falou me abraçando em seguida.
Dois minutos depois nós duas estávamos no andar de baixo já terminando de nos despedir. Parecia que nunca mais iríamos nos ver. Aquilo foi estranho, como se eu estivesse viajando para nunca mais voltar. Eu sorri e dei um último beijo em . Ele ainda não estava aprovando isso, mesmo concordando que era uma boa idéia. Eu não vi nada de errado, Alex estava igual à mim e a diferença pouca de corpo que tínhamos, sumiu de vez com as roupas.
- , se você demorar mais de uma hora eu vou atrás de você. – disse abrindo a porta para mim. Eu o olhei sorrindo cinicamente, ele revirou os olhos e me abraçou, murmurando um “eu te amo tanto” em meu ouvido. Eu sorri e saí, finalmente, da casa.
Pouco tempo depois de andar, eu já estava atravessando a ponte perto da casa. Estava tão frio que era inevitável não se arrepiar. O vestido de seda tomara-que-caia de Alex não era uma boa escolha para dias frios como este.
Eu respirei fundo e continuei andando pela madeira fria da ponte, eu não conseguia ver quase nada por causa da escuridão, o vento estava frio e o céu não tinha estrelas, iria chover.
Eu andei um pouco mais e pisei na estrada de terra na frente da casa. Eu olhei para trás e conseguia ver perfeitamente tudo que estava acontecendo na sala. Alex e estavam sentados um do lado do outro no sofá, o telefone estava entre os dois. Voltei minha atenção para a estrada na minha frente, eu conseguia ver poucas coisas, mas, mesmo assim, eram coisas.
O silêncio era profundo, eu conseguia ouvir minha respiração baixa e meus passos. Se continuasse assim, seria fácil saber se tinha alguém atrás de mim.
Andei um pouco e avistei uma luz a uns dez metros de distância, parecia uma luz pelo menos. Poderia muito bem ser um vaga-lume.
Andei um pouco mais rápido e respirando fundo, para não ficar ofegante.
Quando cheguei mais perto pude reparar que era uma pequena casa de madeira e uma luz acesa. Não cheguei tão perto, o medo se instalou em mim. Uma gota de água escorreu em meu braço e quando olhei para cima foi como ter recebido um balde de água fria no corpo.
A chuva estava forte e o barulho era perturbador, não conseguia mais ver direito e o barulho estava me atrapalhando.
Cheguei um pouco mais perto, encostando minhas mãos em uma árvore ali perto. Conseguia ver um homem vestido de preto amolando uma faca enorme, parecia um facão, só que muito maior.
Ele estava sério e atrás dele tinha um computador com a tela preta, eu encolhi os olhos para ver melhor. O homem era alto e forte. Seus olhos eram pretos e ele tinha várias cicatrizes no rosto. Em sua careca havia uma tatuagem de uma caveira. Eu estremeci... De frio.
A chuva estava forte e meus cabelos estavam pingando, o vestido de Alex estava colado sobre meu corpo, como um pano transparente. Eu bufei e voltei a olhar para o cara que parecia estar fazendo todas aquelas coisas comigo.
Quando olhei de volta o computador estava mostrando todos os cômodos da casa, principalmente a sala, onde e Alex continuavam sentados, parecendo entediados. Eu uni as sobrancelhas e o vi pegando uma câmera e colocando em qualquer ponto daquela casinha. Ele a posicionou e colocou uma máscara e luvas pretas, eu hesitei chegar mais perto e ver melhor.
Um clarão de repente fez ele olhar para a janela, eu encolhi e me joguei no chão, sujando o vestido de lama. Eu fechei os olhos e fiquei deitada atrás da árvore rezando mentalmente para que ele não tivesse me visto.
Capítulo 12 – Trancafiados.
Alex Willians.
Estava começando a cair uma tempestade do lado de fora. ficava a cada segundo mais agoniado e não parava de mexer a perna um segundo sequer. Ele estava realmente preocupado com . Ficava se xingando o tempo inteiro, como se ele fosse o culpado por tudo isso. Ele nem se importava se eu estava ou não ali, ele simplesmente conversava sozinho.
falou que por ele isso nunca deveria ter acontecido e que não sabe por que essas coisas estão acontecendo com ele, que a primeira coisa que ele prometeu a si mesmo é que ele não iria se apaixonar.
Eu o olhava às vezes e nas outras apenas concordava. Aquilo estava me deixando com sono. Onde estava o terror e as ameaças que me dizia com tanto medo?
De repente o telefone que estava do nosso lado começou a tocar. Eu mordi o lábio, tentando esconder meu sorriso. me olhou espantado e eu peguei o telefone, mexendo os lábios em um “represente bem”.
- Princesa! Que saudades senti de você.
- Anh... Né... – Falei com indiferença e se virou para mim.
- Vamos aos pedidos. Primeiro, cadê aquela sua amiga que eu pedi para você chamar?
- Minha... Amiga? – Olhei para e ele assentiu. – Bem... Ela deve estar chegando...
- Ah, claro. Mulheres demoram a se arrumar. – Ele riu alto, fazendo meus ouvidos doerem com aquele som que mais parecia um bruxo comendo uma criancinha. – Vou te pedir uma coisinha bem básica. A única coisa que você terá que fazer é se levantar... Agora. – Eu segui sua ordem, com imitando meus passos. Eu o olhei controlando com todas as minhas forças minha vontade de rir. segurou minha mão e deu um beijo na mesma. – Depois, você vai seguir para as escadas e trancar todos os quartos com as chaves que eu sei que você tem. Essas chaves serão colocadas na ponte do lado de fora da casa e, depois desse telefonema, se eu ver alguém saindo dessa casa, você nunca vai se arrepender tanto.
Uh, que meda! Eu estava gargalhando por dentro.
Fiz o que ele mandou ainda com o telefone grudado na orelha. As chaves estavam em cima da cama de casal do quarto de casal... Eu tranquei todos os cômodos, mas quando ia trancar um dos quartos do segundo andar apertou minha mão. Eu o olhei e ele negou com a cabeça. Concordei e respirei fundo, fingindo trancar a mesma.
Quando desci de volta para trancar a porta dos fundos me lembrei de .
Como ela voltaria para casa com as portas trancadas?
- Eu disse para trancar todas.
Ele falou e eu comecei a perder a vontade de rir. Aquilo era mesmo sério. Fechei os olhos e do mesmo jeito que fiz no andar de cima fiz com a porta dos fundos.
Quando voltei para sala, deixei a chave em cima da mesinha e voltei a me sentar no sofá.
- Boa garota, por isso gosto tanto de você... Mas... Eu estou um pouco curioso. – Ele riu mais uma vez. – Estou olhando aqui para você e estou vendo... Você tem um corpo bem gostosinho...
- Uau, sério? Malho todos os dias e... – Comecei a falar, mas apertou minha mão com força, arregalando os olhos. Eu mordi o lábio e respirei fundo. – O que quer que eu faça? – Falei por fim. Fazendo ele rir.
- Não é nada demais, princesa. Tire a roupa, fique bem de frente para a janela.
- O QUE? POR QUÊ? – Ele riu mais uma vez, qual era a graça?
- Porque sim. Eu estou mandando. Lembre-se do que pode acontecer com você...
Eu respirei fundo e fechei a cara. Levantei do sofá dando o telefone nas mãos de . Andei em passos longos e furiosos até a janela, tirando rápido todas as peças da minha roupa. Em menos de um minuto estava somente de sutiã e calcinha.
Eu virei de costas para a janela com a mesma cara de bunda de antes. me olhou e depois desviou o olhar para o telefone, colocando em seguida no ouvido.
- É o . – Ele falou me olhando, se levantando e me virando para a janela mais uma vez. Eu revirei os olhos, que coisa mais idiota. – Ah... Tá. , fique nua...
- Ah, velho, que coisa mais imbecil. – Falei, soltando os braços. Desabotoei meu sutiã, tacando-o em qualquer canto da sala. Em seguida abaixei minha calcinha, sentindo meu rosto arder. – FELIZ? – Gritei perto do telefone, fazendo sorrir um pouco.
tirou o fone do ouvido e jogando em algum canto do sofá.
Ele colocou a mão na minha cintura e aproximou a boca do meu ouvido. Eu uni as sobrancelhas e fiquei séria.
- Ele disse que tinha ficado tempo demais na linha. Desculpe por isso, Alex. – Ele sussurrou no meu ouvido, parecendo triste e culpado.
- Nada que você não tenha visto na sua mãe. – Ele gargalhou, me fazendo rir em seguida.
Ele me soltou e começou a pegar as peças de roupa jogadas pela sala. Eu cobri o que dava com as mãos, esperando ele me entregar as roupas.
.
Quando eu vi aquele maníaco ligando pra Alex, eu tratei de voltar correndo. Levantei-me da lama com dificuldade e corri tropeçando nos meus próprios pés.
A polícia não tinha ido comigo como disse ao , não poderia correr nenhum risco. Também, não sei o que aconteceu nem o que ele queria com Alex, quer dizer... Comigo.
Comecei a avistar a casa logo e fiquei contente por isso. Atravessei aquela ponte, e já podia ver o que estava acontecendo dentro da casa. Sinceramente, não gostei NADA do que vi. Alex estava parada de costas pras janelas enormes, completamente nua e olhando-a.
Parei de andar e fiquei observando. O que aconteceu ali? O que vai acontecer? Parei com os olhos arregalados e os batimentos cardíacos altos. Ele... Ele, a abraçou.
Andei mais rápido até a porta da casa e prossegui olhando aquela cena horrorosa. Já não estava acontecendo coisa demais? Eu ainda tinha que suportar isso?
Comecei a bater desesperadamente na porta, até que Alex e olharam pra mim assustados. Ele abriu um sorriso enorme e foi até mim, enquanto Alex me olhava com o mesmo olhar de... Alex.
Eu estava tão nervosa que nem pensei em tentar abrir a maldita porta. Achei que estava trancada, sinceramente.
- O QUE É ISSO, ? – Eu estava fora de mim. Olhei pra Alex. – O QUE É ISSO ALEX WILLIANS?
- , calma... Não é nada disso...
- CALA A BOCA, !
- Você não me pediu pra explicar agora pouco? – Ele estava com as mãos esticadas, fazendo um sinal de “pare”. Respirei fundo e esperei que eles se explicassem, mas minha raiva era imensa.
- Vamos parar de gritar, primeiramente? – Disse Alex. Assenti.
- O cara ligou e pediu pra ela tirar a roupa! – Começou . Suas palavras me reconfortaram, mesmo que isso pareça irônico. – Foi SÓ isso. Eu não te disse que te amava? Você acha que alguém que ama faz isso? – Ele chegou mais perto de mim e envolveu seus braços em minha cintura, puxando-me para mais perto dele. Ainda estava me recuperando no choque. Coloquei meus braços em sua nuca e encostei meus lábios nos dele.
- Desculpa. – Foi só o que eu falei. Soltei-me de e olhei pra Alex. – Desculpa por isso, Alex. Eu disse que era uma coisa séria e...
- , chega. Eu tô bem, é sério. – Ela deu aquele sorriso que eu tanto gostava e me abraçou também.
- Mas então, amor, você conseguiu achá-lo? – Perguntou . Balancei a cabeça afirmativamente.
- Sim... Ele está em uma casinha aqui perto... Ele estava amolando uma faca. Quando o vi ligando, vim correndo. – Dei uma pausa, eles me fitavam. – Agora, a gente tem que voltar lá!
- Ah não...
- Calma, . Vamos voltar lá com a polícia! Não dá mais pra ficar nesse joguinho, temos que descobrir logo quem é esse cara, por que está fazendo isso e prendê-lo logo! – Senti engolir em seco, mas ignorei.
- Eu acho uma ótima idéia. – Concordou Alex. Fiquei olhando .
- Tá bom... Tá bom! – Dei uma comemoração de segundos, peguei na mão dos dois e, em seguida, o telefone.
Saímos da casa e eu fui logo procurando a polícia. Quando fui na primeira vez, ela já não estava mais lá, então liguei novamente.
Em pouco tempo o mesmo policial já estava lá conosco e eu fui guiando-os até a mesma casa que vi o maníaco.
Chegamos rápido, eu já estava ofegante, mas confiante também. Eu estava com medo, claro. Mas já estava mais segura de que tudo daria certo. Levei-os até a janela, onde tinha o visto. Estremeci ao perceber que ele já não estava mais lá.
- Cadê ele, ? – Perguntou o policial.
- Eu... Eu não sei. – Eu olhava para todos os lados. – Ele estava aqui agora pouco! – Comecei a ficar mais nervosa. arregalou os olhos e Alex agora ficara um pouco preocupada.
Rodamos aquela pequena casa algumas vezes até eu escutar aquele mesmo toque estridente do telefone que estava em minha mão direita. Como de costume, levei um susto com aquele toque. Mas, eu estava com medo do que aconteceria. Coloquei o telefone no ouvido e atendi.
- Princesa, princesa... Foi uma péssima idéia deixar Bryan sozinho em casa. – Foi a única coisa que ele disse antes de desligar o telefone. Senti que meu coração sairia pela boca, aquele mesmo arrepio de desespero passou por meu corpo. Eu não poderia perder Bryan também... NÃO PODERIA!
- ... , que foi? – Perguntava .
- Vamos voltar AGORA pra casa!
Comecei a correr, seguindo aquele mesmo caminho de volta pra casa. Todos eles me faziam um monte de perguntas no decorrer do caminho, mas eu estava preocupada demais pra responder.
Passei correndo por aquela mesma ponte, e – como de costume – já pude ver tudo o que acontecia dentro da casa pelas enormes janelas. Eu o procurava, mas também não vi.
Entrei na casa rápido, passando na frente de todos que me acompanhavam. Quando estava no segundo andar, pude ouvir um barulho de porta batendo. Não me importei com isso, eu precisava encontrar Bryan!
Tentei passar por todos os cômodos à procura dele, mas foi impossível já que todos estavam trancados.
- BRYAN? BRYAN CADÊ VOCÊ? – Eu gritava desesperada. Tinha medo de encontrar aquele frágil corpo do mesmo jeito que encontrei o corpo da pequena Lucy. Meu coração se apertou com esse pensamento.
Pude ouvir um movimento vindo do quarto de brinquedos. Parei na frente daquele quarto e bati na porta varias vezes.
- BRYAN? VOCÊ TÁ AÍ, MEU AMOR? – Perguntava gritando.
- TIA ? TIA , EU TÔ COM MEDO! – Pude perceber que a voz dele era de choro. E agora? O que eu faria? Ele não PODIA tocar em Bryan!
Fiquei sem reação, simplesmente sem saber o que fazer. Olhei pra trás, para os lados e percebi que , Alex e o policial não estavam comigo.
Desci as escadas à procura deles e ouvi um barulho da cozinha. Mais uma vez, estremeci sentindo um arrepio de desespero logo em seguida. Olhei em direção às janelas gigantes, e vi que eles tinham ficado do lado de fora.
Cheguei mais perto da porta e tentei fazer o possível pra que ela abrisse. Eu já estava começando a ficar desesperada, sem eles seria impossível. Ainda mais com uma criança trancada no quarto de brinquedos!
A porta estava mesmo trancada. Eu teria que fazer tudo sozinha. estava inquieto do lado de fora, andava de um lado pra outro, mordia o lábio... Ele estava bastante estranho.
Comecei a andar pelo primeiro andar, tentando achar algum cômodo aberto e tentando saber que barulho era aquele.
Fui surpreendida mais uma vez com aquele toque do telefone que já estava me deixando louca. Mais uma vez, coloquei o telefone no ouvido e esperei que ele falasse alguma coisa.
- O QUE É ISSO, ? – A voz dele estava mais rouca, mais alterada. – TENTANDO ME ENGANAR? – Pude perceber o quanto ele estava furioso. Aquilo me deixou ofegante pelo medo. – Eu já sei de tudo. Achou MESMO que poderia me enganar? - Ele parara de gritar, mas ainda estava com a voz rouca e forte. – Agora, já era. Não tem mais jeito pra vocês, a vida de vocês não existe mais. – E então ele desligou.
Eu não conseguia respirar, meu coração estava muito acelerado, eu já havia começado a suar. Eu não sabia onde ele estava... Provavelmente dentro da minha casa, com todas as pessoas que poderiam me ajudar do lado de fora, correndo risco de vida, assim como eu, E UMA CRIANÇA PRESA NO QUARTO DE BRINQUEDOS! Corri – já sem forças – até a porta novamente, tentando avisá-los do telefonema.
Estava quase chegando na porta, quando eu senti uma mão segurando meu braço com a maior força possível. Senti dor na hora, e depois o medo tomou conta de mim. Olhei para seu rosto, vi aquele mesmo rosto cheio de cicatrizes. Ele apertava meu braço com tanta força, que eu senti que ficaria roxo.
Pude ouvir o grito de e Alex. Finalmente ela percebera o quanto que aquilo era sério e perigoso.
- Você se acha a esperta, não é mesmo, ? – As veias de seu pescoço estavam quase pulando da garganta, seus olhos estavam vermelhos e arregalados, sua voz era de pura fúria. Eu não consegui falar nada, somente fiquei olhando-o. – Que pena que a sua esperteza, não foi o suficiente, não é mesmo? Pessoas vão morrer de novo por você! – Senti o ódio tomando conta de mim, e todas as emoções possíveis se misturaram.
Ele levantou a mão livre e bateu com toda a força em meu rosto. Senti minhas bochechas arderem de um jeito horrendo, ele era muito forte. Inevitavelmente coloquei minha mão no lugar que ele havia batido, e logo depois ele me tacou no chão, soltando meu braço. A queda foi dolorosa, bati minhas costas com força no chão. A dor foi aumentando e eu soltei um grito sem perceber.
Fiquei caída no chão por algum tempo, até que me esforcei pra olhar pelas janelas gigantes à procura de , Alex e o policial.
Antes que eu pudesse raciocinar que não estava mais lá, escutei um grito. Algo parecido com “NÃO!” e olhei rapidamente pra onde o maníaco estava. Ele tinha uma faca na mão, me mataria naquele mesmo momento. Mais uma vez, minha vida passou por minha cabeça em um segundo.
Demorei pra entender tudo o que estava acontecendo. Quando percebi, estava jogado no chão, ao meu lado, com a perna sangrado e o maníaco estava com a faca cheia de sangue.
- Parece que você GOSTA de sofrer, . – Zombou o maníaco, com um tom engraçado na voz. Quer dizer, aquilo não tinha nada de engraçado.
estava se contorcendo no chão ao meu lado, com a mão na perna no lugar onde a faca havia sido colocada. Meu coração se apertava só de ver ele daquela maneira, a dor que ele deveria estar sentindo... Tudo aquilo era horrível para meu corpo. Eu já estava começando a ficar tonta com o cheiro forte de sangue que estava subindo da perna de .
O maníaco ajoelhou-se perto de mim e segurou meus braços. Eu fiquei com medo do que ele faria, afinal, ele queria me ver morta. Eu estava ofegante, pelo medo e pelo desespero.
Ele segurou com mais força o meu braço e me arrastou pra frente de . Ele me olhava também com desespero, seus olhos eram de reprovação e pavor, acho que ele já sabia o que ele faria comigo. Eu estava com medo. Muito medo. Era tanto pavor que eu não me surpreenderia se de meus poros saíssem sangue, como aconteceu com Jesus. Esse era o maior sinal de pavor.
Ele me balançava e me segurava com mais força cada vez mais. Estava machucando bastante.
Eu podia ouvir Bryan batendo na porta do quarto de brinquedos com desespero, com certeza ele estava muito assustado, assim como todos nós.
Eu estava sentada no chão, com as pernas esticadas, enquanto o maníaco estava ajoelhado atrás de mim, segurando-me virada pra . Ele gritava, sua perna sangrava muito, e eu pude perceber que seus olhos estavam cheios de lágrimas.
- Você gosta disso, ? – Perguntou o maníaco, e logo em seguida passou a faca por meu braço direito, fazendo-me gritar de dor e jorrar sangue por onde ele passava. A dor era simplesmente insuportável, eu já quase não conseguia encontrar minha voz. estava desesperado.
- PÁRA COM ISSO! LARGA ELA, PELO AMOR DE DEUS! – Ele gritava, enquanto continuava se contorcer no chão.
- Ah, que bonitinho, gente. – Zombou mais uma vez o maníaco. – Isso está divertido... Vamos ver o que isso faz. – E então ele pegou alguma coisa no bolso, que eu não vi o que era de início, e segurou minha mão. Ainda olhava , e ele aumentou sua face de desespero, e eu inevitavelmente olhei pra minha mão, pra saber o que o maníaco estava fazendo.
Pena que olhei tarde demais pra tentar me safar. Ele colocou o alicate na unha do dedo indicador, e puxou com toda sua força – e era uma força imensa – pra cima, fazendo com que minha unha voasse para o alto. Gritei o mais alto possível, tentando esquecer aquela dor horrorosa que eu estava sentindo. O lugar onde estava minha unha, estava latejando e ardendo de uma maneira inexplicável.[N/A: eu senti agonia quando a Gabs me mandou essa parte, eu apertei todas as minhas unhas rs] (n/b: Eu juro que berrei aqui G_G)
- Então, ... Está sendo tão divertido como achávamos que fosse ser? – Não entendi aquilo. Olhei pra . Ele estava com os olhos arregalados e engolindo em seco. Suas mãos estavam fechadas em punhos e sua perna ainda sangrava muito. O maníaco olhou pra mim. – Pois é, princesa... Você fica aí toda preocupadinha com esse cara aí, colocou sua vida em risco por ele... Mas ele não é nada do que você acha que é. – Ele agora se levantou, largando meu braço fazendo com que ele batesse no chão. Eu estava muito machucada e sem forças.
Levantei do chão quando consegui encontrar minhas forças e encarei as costas largas daquele maníaco.
- Como assim? – Falei pausadamente, eu não queria ouvir realmente aquela resposta. Ele soltou uma risada sarcástica.
- Vai me dizer que você realmente estava apaixonada por ele, ? – Ele não parava de brincar e aquilo estava me deixando extremamente nervosa. começou a ficar super inquieto, já que não parava de gemer, gritar e de se contorcer.
- CALA A BOCA! – Ele gritava. – NÃO! – Meu corpo todo também estava inquieto.
- Como você é fraco, . Nem fazer o serviço direito você consegue. – Ele bufou. – Mas agora eu vou esclarecer tudo para a nossa princesa aqui. Não teria graça se eu não contasse. – Ele me fitava e eu estava nervosa, impaciente e morrendo de medo da tal verdade. Eu já começara a entender mais ou menos o que ele queria dizer, mas meu cérebro não estava concordando e não queria aceitar aquilo. – Princesa... O que aconteceu depois que o seu querido irmãozinho, heróizinho e metidinho morreu? – Lembrar de Josh fez meu corpo todo gelar e meu coração se apertar. Aquilo era muita maldade.
- M-meus... P-pais...
- Isso, seus pais ligaram pra polícia. – Completou ele, percebendo minha dificuldade de falar. Deixei meus ouvidos atentos. – Pois é. Que pena que a polícia fez o maior estrago com o assassino do teu irmão, cara... Por isso eu não gosto de polícia. – Ele soltou a mesma risadinha sarcástica que eu odiava. – Mas, um fato que ninguém sabia era que...
- NÃO, CALA A BOCA! – Continuava a gritar .
- Ah, , puta que pariu. Coopera, colega! Ah, mas que saco! – O maníaco foi até ele e apertou com toda a força o machucado de sua perna, fazendo gritar e se contorcer mais ainda. – Continuando... – Disse, ele voltando a ficar perto de mim. – Um fato que ninguém sabia, era que esse assassino, era o irmão de . – Soltei um grito abafado. Por um segundo, eu fiquei sem ar e meu corpo estremeceu. COMO ASSIM IRMÃO DO ? – Então, o seu amorzinho, porto-seguro ou qualquer outro apelido tosco que você deu pra ele, ficou revoltadinho, sabe? E pegou ódio mortal da Família . – Olhei pra com as lágrimas já rolando por minha face sem meu comando. Eu não podia acreditar que tudo aquilo era verdade. Minha cabeça estava confusa e um sentimento estranho foi crescendo dentro de mim. me olhava com os olhos cheios de lágrimas e não parava de morder os lábios com força e apertar o machucado. Ele estava se torturando. Realmente não queria que o maníaco me contasse tudo... Obviamente. – E aí, ele planejou um plano super maligno e infalível. – Fez piada. – Ele me ligou, pra fazer tudo isso aqui. – A revolta só crescia dentro de mim; eu queria gritar, pular de algum abismo, enfiar alguma coisa em meu coração, acabar com aquela agonia, com aquela dor, com aquela decepção. – E ele me contratou, se aproximou de você e agora estamos aqui. – Ele cruzou os braços e se encostou a parede. – Mas como ele é um idiota, acabou se apaixonando e estragando tudo. – Ele fazia uma cara de tédio. – Mas, com sorte, eu sou um ótimo profissional e eu termino meu trabalho. – Eu não conseguia mais ouvir, não agüentava tamanha dor dentro de mim. Eu já chorava de uma maneira desesperada novamente, minhas pernas estavam bambas e a qualquer hora elas poderiam falhar e eu desmaiaria. Todos os meus membros estavam super trêmulos e meu cérebro estava quase pifando com tanta informação.
Eu não conseguia olhar pra , o ódio misturado com decepção não permitiam.
- ... , eu...
- CALA A BOCA, ! – Eu o interrompi. Minha voz saía rouca e grossa. Percebi que estava chorando. – QUEM VOCÊ PENSA QUE É PRA CHORAR? – Ele tentava falar, tentava levantar. Mas sua fraqueza o impedia. – Eu te amava, . Meu amor por você era algo surreal, eu te tinha como meu porto seguro. Ninguém nunca me deixava bem como você me deixava. Agora, tudo o que eu sinto por você não passa de desprezo. Você me usou... Como ousa? VOCÊ ME USOU! – Meus olhos ardiam de tal maneira que estava quase impossível de suportar. ainda chorava muito. Chorava de um jeito desesperador, aquelas palavras com certeza o magoaram e o feriram bastante. Mas não me importei com isso. Nada iria ser mais doloroso do que a desgraça que ele fez comigo.
Capítulo 13 – Forças ocultas.
Em um movimento rápido, arrancou a faca de sua perna e a jogou para longe de seu corpo. Eu olhei a faca perto de mim e vi a força que ele estava fazendo para ficar de pé.
O maníaco não se moveu, ele estava encarando aquilo tudo com uma enorme cara de tédio e nem um pouco intimidado com os policiais do lado de fora da casa. Ele bufou alto e foi para perto de mim mais uma vez, segurando meus braços com força e me erguendo no ar.
- Solta ela, Paul! Solta a ! – gritou e a única coisa que saiu da minha garganta foi um grito abafado quando ele apertou o corte de meu braço.
- Não to a fim, não, . – Ele falou com desdém, pegando uma cadeira da sala de jantar e colocando na frente de . Ele me sentou nessa cadeira e amarrou meus pulsos com um arame que estava em seu bolso.
Que pessoa normal anda com arame farpado no jeans surrado? Ah, sim, um maníaco.
Eu respirei fundo já sentindo o arame perfurar minha pele. Fechei meus olhos esperando dores piores.
Eu não via o rosto de , eu não queria ver.
O maníaco pousou a mão no meu rosto, batendo com tal força que me fez quase cair da cadeira. Eu mordi os lábios e não voltei meu rosto para a posição anterior. Meu rosto ardia, palpitava, eu já sentia as lágrimas querendo descer dos meus olhos.
- Sabe outra coisa que é divertida? – Ele deu outro tapa, agora na outra metade do rosto. Dessa vez eu não evitei um grito curto e agudo. Abri os olhos com pressa, com medo do que ele poderia fazer. – Saber que vocês se apaixonaram um pelo outro. – Ele riu alto, aquela velha risada que me dava medo.
- Sabe uma verdade? – Falei com a voz trêmula, e ele segurou meu rosto com força, fazendo machucar e arder mais. Ele chegou o rosto perto do meu com a sombra de um sorriso nos lábios. – Eu não sou apaixonada por esse .
- Ótimo! Não sentirá tanto quanto eu o matar. – Ele riu abertamente, mostrando suas covinhas. Como um monstro possuía covinhas?
Ele puxou meus cabelos para trás com tal força que me fez levantar a cabeça. Estava machucando e ele puxava com força para baixo. O maníaco pousou os lábios frios e ressecados no meu pescoço, descendo para o meu busto e seios.
- PÁRA COM ISSO! – gritou e ele desgrudou os lábios do meu pescoço, rindo logo depois.
- Por que, ? Sente ciúme?
- O SEU NEGÓCIO É COMIGO, NÃO COM ELA! – Ele novamente fazia esforços para se levantar, até que conseguiu, apertando com força a perna.
- Engraçado... não foi isso que você me falou antes. – Ele falou em uma voz calma e rouca. Ele soltou meus cabelos e eu senti que minha cabeça girava.
- Sim, mas não entende que eu não quero mais isso? A polícia matou o MEU pai, não o seu!
- PAI? – Eu gritei tentando soltar meus pulsos do arame, fazendo minha pele roçar no arame, aprofundando os cortes. Eu não sentia mais dor, agora me concentrava na raiva e na força para conseguir gritar. – COMO VOCÊ PODE CHAMAR AQUELE MONSTRO DE PAI? ELE MATOU O MEU IRMÃO! ELE MATOU O JOSH E VOCÊ O CHAMA DE PAI? – O maníaco riu alto e por um bom tempo, se aproximando de e dando um soco em seu estômago.
caiu de joelhos no chão com a mão na barriga. Soltou um gemido de dor e eu senti meu coração apertar. Mesmo com imóvel, o maníaco deu um chute em seu rosto, fazendo-o cair no chão com uma marca enorme de sangue saindo de seu nariz e sua boca. Eu virei o rosto e me concentrei em me soltar dali.
Os cortes estavam profundos e eu rezei para não ter pegado nenhuma veia séria. Com a ponta dos dedos, encontrei a parte onde o arame estava preso e o puxei, fazendo outro corte fundo em meu dedo. Onde ele arrumou aquele arame totalmente farpado? Não tinha nenhuma parte naquele arame que não estava com uma ponta fina e cortante.
Ouvi um gemido forte vindo de e hesitei olhar para ver o que tinha acontecido com ele.
Respirei fundo e puxei a mesma parte mais uma vez, sentindo meus dedos arderem como o toque. O arame ficou mais folgado e eu já conseguia mexer minhas mãos e desenterrar alguns arames que entraram na minha mão e na parte superior do pulso. Respirei aliviada por um segundo e consegui me soltar.
Olhei para e a única coisa que consegui identificar em seu rosto eram seus olhos azuis (N/A: descuuulpem, Fletchers :$), as únicas coisas que não estavam cobertas por sangue ou por cortes de uma cor rosa-avermelhado, afirmando que estavam em carne-viva. Respirei fundo e me joguei no chão, pegando a mesma faca que estava encravada na perna de . O maníaco olhou para mim rindo eu me apoiei nos cotovelos me arrastando para trás.
Ele estava com o rosto marcado por algumas gotas de sangue e as mãos muito vermelhas. Eu senti minha respiração falhar e depois ele cair em cima de mim, espetando seu peito na ponta da faca.
Empurrei a mesma mais profundamente, fazendo-o gritar por um leve segundo.
Eu o tirei de cima de mim encarando um totalmente vermelho e com o corpo coberto de sangue. Ele estava ofegante e com a mão no braço, segurando o mesmo. Puxei todo o ar dos meus pulmões e a única pessoa em que pensei foi em Josh.
Eu levantei e peguei algo parecido com um ferro para mexer no fogo da lareira. Fui até o vidro, dando várias batidas no mesmo para ver se quebrava. pegou a faca do peito do estranho e enfiou em outro canto da barriga, recebendo outro urro de dor em seguida. Um barulho de soco ecoou pela sala avermelhada em seguida, xingamentos e juras de morte. Eu não poderia morrer.
Eu teria que ser forte, eu teria que ter coragem como Josh teve comigo. Eu teria que ser forte, eu teria que ser forte, EU TERIA QUE SER FORTE!
Com mais uma batida o vidro rachou, eu continuei batendo com mais força até que ele quebrou completamente. Larguei o ferro no chão e olhei minha mão. Ela estava ardendo como nunca ardeu antes. Estava palpitando. Era uma dor horrível e insuportável. Os cortes eram profundos, e o sangue escorria das mesmas e pingava no chão.
Eu olhei para os policiais pulando a janela e imobilizando o maníaco. Ele estava sangrando pouco comparado a .
Eu tirei forças de Josh, e ? Tirou forças de quem?
Ele estava em péssimo estado, muito pior do que eu. Como ele teve forças para empurrar o estranho para cima de mim, para que assim a faca espetasse seu peito? E depois ainda se jogar na sua frente e receber mais socos?
Um dos policiais olhou para e pegou algo como um rádio, chamando uma ambulância. Ele estava jogado no chão com a respiração muito acelerada. Uma de suas mãos estava sobre um corte em sua barriga, de onde jorrava muito sangue. Pude reparar todos os ferimentos dele, agora que tudo tinha, parcialmente, terminado.
Seu rosto estava distorcido em feridas e sangue, sua barriga estava com cortes profundos, sem mencionar os que ele já tinha. Sua calça estava completamente vermelha, e no local em que a faca estava tinha um corte e muito sangue de cor vermelho escuro. O corte era longo e profundo.
Eu lembrei de um animal sofrendo e esperando a morte. A respiração descompassada e a cabeça virando para todos os lados. Ele estava sofrendo, estava esperando a morte.
Senti todos os meus músculos vacilarem e, em uma fração de segundo, eu estava jogada entre grossos pedaços de vidro, perfurando lentamente minhas costas, meu rosto e a parte lateral do meu corpo.
Em menos de dois segundos depois, senti um forte chute no estômago e depois uma coisa perfurando minhas costas. Eu fiquei sem ar e o meu corpo começou a formigar.
Não estava mais vendo as coisas claras, minha visão se tornou uma coisa meio escurecida, meio embaçada. As únicas coisas que eu poderia ouvir agora eram os gritos apavorados de Alex, mais pedidos de reforço pelo rádio e a risada... A risada estrondosa, medonha e divertida... de um... maníaco sedento por torturas... Ele realizou o que ele tanto queria. Ele conseguiu matar duas pessoas.
Ele me matou por dentro, não via mais sentido em continuar viva.
E se não matou, um dia vai matar .
Capítulo 14 – O pior de todos.
Quando abri os olhos eu ainda estava na casa. As coisas estavam arrumadas e os vidros estavam intactos. Eu estava coberta por um pano branco e quando tirei o mesmo do meu corpo vi que estava mais pálida do que de costume e havia vários cortes em todo meu corpo. Eu respirei fundo e senti aquele cheiro forte do perfume de .
Olhei para o lado e ele estava deitado, parecia estar dormindo. Eu não cheguei mais perto, não queria falar com ele.
Quando levantei senti uma dor forte nas minhas costelas, elas estavam doendo e estavam roxas. Eu coloquei a mão em cima delas e senti que o local estava inchado. Tentei não respirar tão fundo e, sim, devagar para amenizar a dor.
Eu olhei para todos os lados da casa, mas não conseguia ver ninguém, somente um imóvel do meu lado.
“, enfim acordou!” A voz no maníaco ecoou pela sala me fazendo estremecer. Quando aquilo iria terminar? “Você dorme muito, princesa”.
“Onde Bryan está? O que você fez com... ?” Olhei para mais uma vez e vi que ele também estava muito pálido e que seus lábios estavam brancos. Ele não estava dormindo... Ele estava morto.
“Bryan está bem. Acho que está tão bem quando está agora”. Ele gargalhou e eu procurava vê-lo, mas não via ninguém. Era como se ele estivesse na minha frente, a voz saía alta e clara, mas eu não o via. Não conseguia saber onde ele estava.
Aquilo me apavorou. Ele poderia estar em qualquer lugar a ponto de me matar e eu não veria.
“O QUE VOCÊ FEZ COM BRYAN?” Gritei para as paredes, corri até a escada e subi sentindo as fortes dores que vinham de todo o meu corpo.
Todas as portas estavam escancaradas, e em cada quarto que eu entrava eu ficava mais apavorada.
Todos os lugares em que eu entrava tinha alguém que eu amava muito morto de um modo torturante. No quarto do casal, pude ver Lucy jogada em cima da cama com um braço encostado no chão. Sua cabeça estava virada para a porta e eu pude ver mais uma vez seus olhos azuis abertos e sem nenhum brilho. Eu gritei e fechei a porta com força.
No quarto das crianças estavam minha mãe e meu pai, abraçados, com uma lança enfiada no peito unindo os dois. Ambos estavam brancos. O piso estava encharcado de sangue e as paredes com marcas de dedos e pedidos de socorro.
No quarto de brinquedos estava Bryan. Ele estava com um arame entre o pescoço rasgado e quase saindo do resto do corpo. O arame estava preso em algum canto que eu não conseguia ver. Os olhos caramelos de Bryan estavam abertos e brancos. Ele estava desmembrado e com algumas coisas escritas no corpo.
“Coragem, princesa. Por que não lê o que eu escrevi no corpo do seu querido Bryan?” Ele falou ao pé do meu ouvido. Eu girei rápido a fim de vê-lo, mas nada aconteceu. Não havia ninguém atrás de mim, somente algumas fileiras de sangue escorrendo pela parede.
Eu dei um passo em direção a Bryan, já conseguindo ver melhor os cortes em forma de letras.
“Cuidado, você será a próxima”. Eu li em voz alta, ouvindo uma gargalhada alta mais uma vez perto de mim.
Os cortes estavam profundos e uma faca estava perto de Bryan, espetada na cama.
Eu esqueci como respirava quando senti alguém por a mão em mim. Mais uma vez eu me virei, não vendo ninguém.
Eu saí do quarto correndo fechando todas as portas com força. Virei de costas e fui passando a mão nas paredes, sujando as mesmas com o sangue que estava caindo delas. Quando olhei para o chão vi uma mão que conhecia bem, estava com a aliança de amizade e as unhas pintadas de um azul vivo.
Era a mão de Alex. Eu respirei fundo, me arrependendo depois. O cheiro de sangue e carne estava muito forte, o que fez com que eu ficasse enjoada. Tentei olhar para a escada, e a única coisa que pude ver foi o corpo morto de Alex sem uma das mãos. Ela estava com vários cortes no corpo todo, suas orelhas estavam jogadas do lado do corpo, sua boca estava aberta e deixava cair algumas gotas de sangue de vez em quando. Eu fechei os olhos e me joguei no chão, sentindo mais uma vez a dor em meu corpo.
Tudo estava palpitando e parecendo que iria explodir a qualquer minuto. Minhas mãos estavam ardendo e os cortes estavam ficando mais abertos e mais fundos. Eles estavam abrindo sozinhos, estavam deixando buracos vermelhos no meu corpo, sangue por todo o lado. Sangue jorrando pelas paredes, escorrendo de todos os lados.
Senti alguém se sentar na minha frente e passar a mão no meu cabelo.
A pessoa passou uma coisa gelada no meu rosto, me fazendo estremecer. Quando ouvi um barulho parecido com o barulho que ouvia quando meu pai ia caçar patos, percebi que era uma arma.
Ele passou a arma por todo o meu braço, rosto e parou em especial no meio da testa.
“Eu falei que você seria a próxima. Eu falei que sua vida não existia mais. O que você fez? Você desistiu. Você não se importou em quem estava perdendo, só pensou no seu orgulho. Assim como o nojento do Josh. Ele foi querer dar uma de herói e veja só o que aconteceu com ele...” Aquilo estava sendo um tapa na cara para mim. Eu levantei as mãos e apertei meu colar com força, sentindo o metal e as partes finas nas minhas feridas, fazendo arder e sangrar. Com a dor apertei com mais força. “Acho que o que você deveria fazer é apenas uma vez na vida levantar a cabeça para os seus problemas e não se jogar no chão e apertar um colar idiota. Você disse que sentia desprezo por mim, você não sebe ainda o que eu sinto por você. Quer mesmo saber o que eu sinto? Amor. E sabe o que eu vou fazer? Destruir ele, assim como fiz com Josh, seu pai, sua mãe, Bryan, Lucy, Alex, senhor e senhora Osmentt e agora... .” Eu respirei fundo sentindo minhas costelas estalarem umas contra as outras. Sabia quem era, era . Aquela voz só poderia ser dele, e eu nunca disse para alguém que sentia desprezo por essa pessoa.
puxou meus cabelos para cima, fazendo eu o encarar nos olhos. Olhos escuros e sem brilho, uma boca fria e roxa, um sorriso macabro, um barulho alto de tiro e uma dor forte na cabeça.
*
- ? Querida, você está bem? – Eu ouvi a voz de minha mãe. Abri os olhos com rapidez e encarei um teto branco e luzes fracas.
Olhei para os lados e vi que estava em um quarto de hospital com vários curativos em todas as partes do meu corpo. Minhas costelas ainda estavam doendo, mas não tanto quanto antes. Em uma mesa do meu lado havia um vidro grande, grosso e com uma marca de sangue. Tinha uma faixa colada escrita “Vidro das costas”. Eu estreitei os olhos e olhei para minha mãe.
O mesmo sorriso doce de sempre e olhos preocupados.
Eu estava viva?
Olhei mais uma vez em volta e vi uma bolsa de sangue injetada na minha veia.
- Mãe? – Perguntei sentindo minha voz sair mais baixa que um sussurro. Estava rouca, falha, parecia que eu não a usava há tempos.
- Oh, meu Deus! Joseph, ela acordou! acordou! – Minha mãe gritou sorrindo abertamente chamando meu pai do lado de fora. Ele apareceu com um copo de café enorme nas mãos e uma cara enorme de cansaço.
- Quanto tempo eu fi-fiquei d-desa...?
- Dois dias, querida. Mas fique calma... Não fale muito, perdeu muito sangue com o vidro em suas costas e a facada na perna. – Meu pai falou sorrindo, talvez, um pouco mais do que minha mãe.
- F-fac-cada...?
- Sim, aquele maldito se soltou e ainda teve coragem de te bater mais, alguns chutes e uma facada na perna. – Meu pai falou com nojo e raiva.
Eu estava bem, e ? Como ele estava? As dores em meu corpo eram enormes, mas eu ainda tinha espaço para pensar no que estava acontecendo.
- ... Bryan...
- Eles estão bem...
- Não minta, Joseph! – Minha mãe o cortou e eu ouvi meu coração acelerar. – Se acalme, querida.
- Bryan está bem. – Ele corrigiu. Meu coração não quietou.
- estava muito ferido, querida. Ele estava com muitos cortes e todos profundos. Perdeu muito sangue e ele tem um tipo de sangue um pouco... Difícil de se encontrar. A única pessoa que poderia doar seria você e Alex. Somente vocês duas tinham o tipo de sangue que ele apresentava. Aqui em Cardiff não existem muitas pessoas com esse tipo de sangue, e somente uma velhinha pôde doar para você. Alex doou o tanto que ela pode e você não poderia doar... Ele está em um estado crítico... Os médicos estão fazendo tudo o que podem. – Minha mãe disse com um tom triste na voz.
- O-onde... Onde ele está? – Falei fechando os olhos e tentando controlar meus batimentos.
Abri em seguida quando voltei a ver o sorriso macabro de quando ele ia me matar.
- Ele está na UTI, filha. – Meu pai falou pousando sua mão na minha.
Era bom sentir uma mão quente, depois de sentir tantas mãos frias e sem vida me tocando.
Eu sorri o máximo que consegui recebendo outros dois sorrisos enormes e sinceros. Era bom estar viva.
Capítulo 15 – O começo de algo novo.
Dezesseis meses depois.
Eu estava ainda com algumas dores nas costelas e várias cicatrizes no corpo.
Era só mais uma das lembranças daquela noite. Dia vinte e oito de fevereiro.
Tive vários pesadelos com Paul ao decorrer dos meses. Os primeiros dias foram os piores, eu não conseguia fechar os olhos e não encarar . Eu sempre tremia ao lembrar de Bryan morto em cima da cama e as palavras grifadas em seu corpo... “Você será a próxima”.
Eu respirei fundo e continuei encarando o enorme lago daquele dia claro e único de Cardiff. Meus pés estavam batendo na água calma e fria, eu estava respirando normalmente e pensando em como minha vida mudou em um ano. Ter medo é uma coisa normal, você apenas tem que aprender a controlá-lo.
O vento que estava batendo no meu rosto era um vendo fraco e um pouco frio. Refrescante.
Eu estava usando um vestido azul de seda, que deixava minhas cicatrizes a mostra. Eu passei a mão em todas, contornando cada uma. A da perna era a maior e mais visível. Eu sempre me lembraria dela.
Ouvi passos de tênis na ponte que estava sentada. Não olhei para trás. O cheiro denunciou quem era.
- . – Falei com precisão. Ele se sentou do meu lado, tirando os tênis e colocando eles do seu lado, molhando os pés em seguida.
- ... – Ele falou um pouco mais baixo do que eu, respirando fundo em seguida. – Que bom que terminou...
- Terminou há um tempo. – O cortei, fria.
Ainda não tinha me acostumado com a idéia que tinha colaborado para as 27 horas mais horríveis da minha vida.
- , desculpe... Você sabe que não era minha intenção te deixar assim...
- Claro que sei. – Disse irônica.
- Está brava comigo por que... Por que eu arrumei aquelas coisas todas?
- E porque você é masoquista.
Silêncio.
- Sabe, . Você está estragando o meu domingo. – O encarei pela primeira vez em dez minutos. As marcas de seu rosto eram fáceis de serem notadas.
- Não era minha intenção...
- Nunca é sua intenção.
- , pare! Pare com isso, por favor! Eu me arrependi, ok? As pessoas se arrependem das coisas que fazem quando elas reconhecem o que fizeram! Você não acha que minha vontade era morrer quando você não quis me ver quando eu acordei? Você não acha que eu tenho sofrido todo esse tempo porque você não olha na minha cara? Você não acha que eu tenho sentimentos para saber que fui uma anta fazendo o que fiz com você? Você não acha... Que eu sou completamente apaixonado por você?
- Não. Não acho. Eu tenho certeza que você não tem sentimentos. Acho que você deveria saber que o que fez comigo... foi por... vingança? – Perguntei mais para mim mesma do que para . – Porque o seu “papai” matou o meu irmão. Ficou com raiva de mim por uma cara qualquer... Me usou! E ainda quer que eu acredite que você tem sentimentos? , faça-me o favor. Não tem como acreditar que você seja apaixonado por mim, pessoas que amam não fazem esse tipo de coisa com outras.
- Alex mandou eu vir falar com você... Tentar me explicar...
- Alex! – Bufei cruzando os braços. – Acha que ela está como eu estou? Acha que ela quebrou a cara e perdeu a vontade de viver como eu? Acha que o melhor amigo dela mandou matá-la? Acho que não, porque isso não aconteceu com ela.
Eu me levantei pegando meu chinelo, que estava ao meu lado. levantou e segurou meu pulso, me puxando para mais perto dele. Eu senti meu corpo estremecer com nossa proximidade. Mesmo com tudo que ele fez comigo, eu ainda gostava dele. E muito.
Eu tentei me soltar, mas ele era tão forte como o seu “amiguinho” Paul.
- Me solta, . – Falei entre dentes, evitando olhar em seus olhos.
- Se você me escutar, quem sabe. – Ele falou baixo, mas de um modo carinhoso.
- Fala logo. Tenho mais o que fazer. – Olhei para o meu pé, esperando ouvir mais mentiras.
- Sabe por que eu fiz tudo aquilo? Primeiro, foi sim por vingança, mas eu nunca tinha te olhado melhor, reparado em quantas coisas que você passou e continuou firme. Eu nunca tinha reparado em quanto você amava seu irmão, nunca tinha reparado que você era tão corajosa. Eu sempre te vi como uma menina metida a rebelde só porque os pais dão pouca atenção. Eu nunca te conheci melhor. Quando eu falei que queria ver se você resistia ao meu charme, eu falei que te conhecia. E menti. Eu não te conhecia até aquele dia. Eu não conhecia minha melhor amiga. E foi só passar três horas com ela para eu mudar totalmente o modo que eu a via. Eu mudei tudo o que eu sentia por ela e dei espaço para amá-la. Quando se olha com outros olhos, se vê coisas diferentes. Eu via o seu desespero quando eu estava sendo torturado por Paul, eu via sua coragem quando você foi saber onde ele estava. Eu vi o seu modo carinhoso de ser quando foi cuidar dos meus machucados. Eu vi a que eu estava perdendo, a que eu estava amando. Agora eu me pergunto: Como eu pude ser tão burro a ponto de deixar essa menina tão fantástica em mãos erradas?
- É uma boa pergunta. – Falei em alto e bom som, ele me ignorou.
- Porque eu fui um idiota. Eu agi por impulso e não pensei nos meus atos. Eu fiquei com raiva e não pensei antes de fazer o que fiz. Lembra quando você estava deitada no chão e Paul foi pra cima de você? – Eu estremeci com a lembrança, segurou em meus braços, impedindo de eu cair no chão.
- Não teria como esquecer. – Murmurei.
- Eu tirei forças de você. – E o encarei e vi seus olhos marejados.
- Como? – Pensei ter escutado algo, mas isso nunca sairia da boca de .
- Eu não poderia saber que você morreria por um erro meu. Se fosse para alguém morrer ali, a única pessoa que morreria seria eu.
- Não minta mais, . Já chega. – Falei quando sento meu nariz arder.
- Eu não estou mentindo. Acha que se eu estivesse mentindo isso estaria acontecendo? – Ele pegou minha mão e colocou em cima de seu peito, eu senti seu coração bater forte e acelerado em minha mão. Eu respirei fundo e lembrei que sabia me controlar.
- Você representa muito bem, . Tenho que me lembrar disso sempre. – respirou fundo, passando a mão pelo rosto em seguida. – Não seja falso, . Sei que está fazendo isso por puro peso na consciência, não por estar verdadeiramente arrependido.
- EU NÃO ESTOU MENTINDO, ! QUE MERDA, EU TE AMO! – Ele falou e eu vi uma lágrima cair de seus olhos. nunca chorou por pessoa nenhuma, será que ele estava falando a verdade quando disse que me amava?
Não, Dougie é um falso. Ele não seria capaz de amar.
- Eu também te amava muito, , mas você fez as coisas inverterem. Agora quem não te conhece sou eu.
- Me desculpa, me desculpa, por favor. – Ele falou colocando o rosto entre as nossas mãos juntas. Eu respirei fundo e olhei para cima, evitando com que as lágrimas caíssem. Senti minhas mãos molhadas. estava mesmo chorando por mim.
- Eu vou me mudar. – Falei com a voz esganiçada pelo nó na minha garganta. – Meus pais acharam melhor sair de Cardiff e ir para Londres... Ou algum lugar maior. Aqui nunca vai trazer lembranças boas a nós. Eu preciso arrumar minhas coisas. Até um outro dia.
Falei, soltando nossas mãos, e voltando a pegar meus chinelos jogados no chão. Eu ouvi chorar alto e se xingar. Nesse momento eu não contive as lágrimas que estavam presas em meus olhos. Elas desceram com rapidez e, em pouco tempo, estavam parecidas com as dele.
Quando ouvi seus soluços, comecei a correr para minha casa. Aquilo estava me torturando e eu não queria sofrer mais do que eu já estava sofrendo.
*
Minhas malas estavam prontas e eu estava na porta da minha antiga casa. Eu conseguia ver em sua janela me observando, com uma cara nada boa.
Eu sentia que eu estava deixando para trás uma parte de mim, mesmo essa parte sendo . Ele poderia ter feito todas as coisas que fez comigo, mas estava arrependido. Senti isso quando ele me falou, mas o medo sempre vai falar mais alto em questão a ele.
Meu pai estava terminando de pôr as coisas dentro do carro quando segui para o fundo da casa, onde tinha um velho balanço de pneu que eu costumava brincar quando era pequena.
Eu me sentei e fiquei lembrando dos momentos que tive com naquela casa.
Eu me lembrei de como ele estava preocupado quando falei que iria atrás de Paul... Eu me lembrei de como era comigo antes...
Respirei fundo e fechei os olhos, dando um impulso e balançando um pouco.
Por que ele estava sendo assim comigo? Por que eu estou tão afetada ainda por causa dele?
Senti uma lágrima descer de meus olhos, mas apenas uma.
poderia mesmo me amar? Ele poderia ter forças para isso, mesmo depois de tudo que fez?
Eu suspirei, ouvindo passos em minha direção. Passos apressados e raivosos. Deveria ser meu pai, cansado de me chamar e eu ignorar.
Eu abri os olhos e o vi na minha frente. estava com os olhos vermelhos e vindo em minha direção com pressa.
Ele segurou meus braços me levantando e eu nem tive tempo de pensar no que fazer quando ele juntou nossos lábios. O beijo estava desesperado, como se ele nunca tivesse me visto na vida.
Eu passei meus braços entre seu pescoço o beijando da mesma forma que ele.
Quando ele rompeu o beijo eu pude ver que ele estava chorando mais uma vez. Ele colocou o rosto no meu pescoço, me abraçando com força.
- Eu amo tanto você. – Ele falou entre soluços.
- Eu... também te amo. – Fechei os olhos e respirei fundo, rezando mentalmente para não ter feito a coisa errada. – Eu preciso de você, . – Admiti, me sentindo completamente completa, como na primeira vez que o vi.
(...)
“HOMEM ACUSADO DE MATAR E TORTURAR MENORES FOGE DA CADEIA APÓS TRÊS DIAS PRESO”.
A polícia procura o homem conhecido como “O Estranho” por toda a Inglaterra, ninguém tem notícia do paradeiro desse homem.
FIM
Nota das Autoras:
Mah Medeiros: Agora é a parte que vocês comentam "Que final mais tosco". Comentando sobre os comentários. Queridas, flores do meu jardim... no começo da fic eu tinha falado com todas as letras "essa fic é baseada em um filme 'Quando um estranho Chama". Se vocês nunca assistiram esse filme, perdoa a minha burrice, mas, quando eu vi, achei legal e pensei que poderia ser uma boa fic. Chamei minha melhor amiga e começamos a escrevê-la. Conforme as coisas iam acontecendo, tudo ia ficando muito monótono, então colocamos um pouco de comédia na fic. Aí entra a nossa querida personagem: Alex. Algumas pessoas comentaram que essa fic seria legal restrita e, depois, em outro comentário, disse que achou sem noção o fato deles se pegarem. Tudo bem que eu concordo que o clima de sequestro não permitia isso, mas pensem: o amor da sua vida foi sequestrado, a primeira coisa que você vai fazer quando vê-lo vai ser abraçá-lo e fazer o caralho a 4, certo? Desculpem mesmo se eu estiver errada. Pois sim, críticas e mais críticas sobre a nossa ideia da Alex e a pequena pegação em um dos capítulos. O interessante foi que em alguma nota antiga, eu perguntei o que vocês tinham achado da Alex, a maioria das pessoas comentaram que tinham amado ela, que ela era super divertida e engraçada. O engraçado mesmo, é que algumas atualizações depois, essas pessoas comentaram que a Alex era tosca, que ela era retardada e sei lá mais o quê. Porra, a gente perguntou o que vocês tinham pensado, poderiam ter sido sinceras como foram nesses últimos comentários! Mas não, deixaram a gente acreditar que essa era uma fic legal e que as pessoas gostavam. Sacanagem.
Sei que muitas pessoas não vão gostar desse final, sei que milhões vão comentar que foi ridículo eles terminarem juntos, sei que várias pessoas vão me chamar de grossa. Mas, que seja. Por mim a gente não publica mais a Strange, porque, se várias pessoas não gostaram dela aqui, nesse site, não vão gostar dela como um livro. Adeus sonho, foi ótimo te ter nas mãos por alguns meses. Além do quê, o editor está demorando demais pra mandar uma resposta, então, i give up.
Não é para todas, mas quem viu filme policial sabe eles nunca entram na casa e procuram alguém para prender/bater/matar/esfaquear e afins. Eles ficam do lado de fora negociando com o cara do mal. Além do quê, o cara não estava dentro da casa, ele estava em uma OUTRA casa, com câmeras, vendo o que acontecia em uma outra casa, onde os protagonistas estavam.
Strange terminou, quem sabe tem uma continuação. Eu espero que pelo menos neste capítulo alguma pessoa comente "Nossa, chorei". Mas pelo menos que seja um "chorei" de emoção, não de desgosto. Ou algumas até vão rir, tenho certeza.
Bons meses, mas acabaram. Bons comentários, bons risos, boas amizades. Mas chegaram ao fim. Obrigada às pessoas que leram, comentaram e gostaram. Valeu pelas críticas que eu não vi sentido e qualquer coisa, fale no twitter: /mahjuddnull.
Pra quem se interessar: Tomorrow - restritas - em andamento.
Futuramente, uma fic com a Julia Soares, nossa querida beta, linda, com um sorriso lindo, que eu tive o prazer de conhecer, passei momentos ótimos, ri pra caralho e quem sabe ela passa mais tempo comigo, aqui, em Brasília.
Viajem de aniversário, pra quem não sabe, dia 28-06. Amei o presente de vocês, sério! Me deixaram suuuuuper feliz! :)
Enfim, meninas, por favor. Críticas sempre estarão comigo, se eu quiser ser uma escritora, mas PELO AMOR DE DEUS, não me entendam mal: críticas certas. Eu NÃO entendi o por quê que vocês detestaram a Alex, não sei por quê vocês não gostaram da pegação, não sei por quê vocês implicaram TANTO com a porra do DANONINHO! Véi, SÉRIO! Queria que fosse uma coisa assim: o cara ligava, ela chorava, depois ele dava umas pauladas no e todo mundo ficava mal no final? Todo mundo se matava e a fic terminava por que acabaram os "artistas"? Por Deus, um beijinho com umas passadas de mão e uma amiga maluca eram pra tirar a fic dessa coisa igual, se vocês não gostaram, comentassem no capítulo certo e não no final.
Quem quiser reclamar, falar alguma coisa, me xingar ou algo do tipo: uimecome_@hotmail.com
Desculpa a grosseria e as pessoas que não tiveram nada a ver com isso.
Mah
xx
Gabs Jones: Bom gente, de inicio eu queria dizer que me apaixonei perdidamente pelo Bruce Springsteen e não foi por culpa do Danny, é. Foi mais culpa do Michael Jackson e sua triste morte. Haha Enfim, não estou com muito ânimo pra gracinhas hoje. *respira fundo* Vamos lá às respostas dos comentários. O que eu vi foi que 99% das pessoas ficaram com agonia na parte de arrancar as unhas. KKK Escrita por mim, bom, que ótimo que disso vocês gostaram. Não vou mentir que os comentários negativos mexeram bastante comigo e não foi pouco... Mas, uma amiga minha me disse que críticas vamos ter por nossa vida toda e se eu quiser mesmo ser uma escritora eu ainda vou ouvir muitas críticas. Eu só gostaria de dizer que assim, minha graça opinião, eu não concordei com seus comentários :/ MAS, fico feliz que vocês sejam de verdade sinceros quando não gostam, porque isso quer dizer que quando vocês falam que está boa, é porque está realmente boa. As maiores críticas foram: Alex em primeiro, certo? Bom, eu não entendi essa, porque no começo todos pareceram gostar da Alex :S Em segundo foi a pegação deles? Bom, eu acho assim, eles ficaram um tempo agoniante longe um do outro, ainda mais com você assistindo as torturas de seu mcguy favorito, aquela coisa toda... Então quando ele voltou ao seus braços vocês se empolgaram [?] Não é uma coisa que vocês fariam? Do jeito que falo parece que estou super puta com os comentários negativos, não é isso viu, gente? Pelo amor de Deus, eu sei ouvir críticas! Fiquei triste confesso aliás, bastante triste, mas é a vida uai. Eu me esqueci das críticas agora.. Ah, sim! Os policias que não fizeram nada... Eu não sei se vocês costumam ver filmes policiais onde há seqüestros... Mas eu já vi muitos e neles os policiais não invadem a casa, ou fazem coisas bruscas assim não :S A única coisa que eles fazem é negociar com o seqüestrador, porque se eles invadirem a vítima pode acabar sendo morta e não é isso o que eles querem :/ Acho que reclamaram também do danoninho... Bom, essa eu não vou comentar. ASKPAOSKA . Enfim, fim da Strange. Eu estava com muito medo desse final, por muitos comentários que diziam “eu quero ver esse final” ou então “vocês vão ter que arrasar no final pra salvar a fic” ou alguma coisa assim... Gente, falaram até que nós “fudemos” com a fic :S Sinceramente, isso doeu demais em mim :/ Mas, como disse essa minha amiga que comentei mais acima, se nem Deus agradou à todos eu que não agradarei. Desculpem se vocês acham que a Strange decepcionaram vocês ao final ou qualquer coisa do tipo... Mas, eu tenho um pedido pra fazer à vocês. STRANGE II já está sendo escrita! Por favor esperem ela chegar ao site e leiam! Talvez vocês entendam melhor o final da I ou então goste mais, sei lá.. :/ A Strange II, na minha opinião, está bem melhor que a I. Então gente, acho que é isso... Desculpe mais uma vez e, espero não querer me suicidar ao ler os comentários finais. Foi ÓTIMO o andamento da Strange, ler os comentários de vocês, realmente... MUITO BOM MESMO *-* Obrigada pelo carinho de vocês e, dedos cruzados para que ela saia logo nas lojas e vocês possam comprar *-* Beijones gente :* Se alguém quiser se comunicar comigo pra falar sobre a Strange ou algo do tipo:
gabrielaccr1@hotmail.com
http://twitter.com/gabsjones__ N/b: Sejam boazinhas e comentem, hein. Qualquer reclamação de betagem, cliquem aqui. xx Ju S.