Autora: Tati Ippolito | Beta: Sofia Queirós


- Nossa, esses perfumes são ótimo - falei, cheirando as amostras. (n/a: estão falando em francês, tá? haha)
- E vai querer algum?
- Sim, este com a forma da torre Eiffel - paguei o perfume e fui às fotos que teria que tirar da própria torre.

- Como vai? - um homem incrivelmente lindo apareceu na frente da lente, atrapalhando minha foto.
- Quem é você? - perguntei, fazendo gesto para que ele fosse para o lado e tirei a última foto daqui.
- Sou , - ele deu um sorriso de lado que qualquer adolescente cambalearia.
- O que quer, ? - perguntei, guardando a câmera.
- Te conhecer. Também é turista, não é? - o vento batia fazendo seu cabelo se mover levemente e o seu perfume enchia o ar.
- Sou. Mas vim a trabalho - que legal, ele parecendo artista de cinema com o vento e eu só engolindo cabelo.
- Ah sim, fotógrafa... e está aqui sozinha? - ele tirou o cabelo do meu rosto.
- Sim. Mas ainda não entendi o que quer - ele não pode ser um estuprador, já teria feito alguma coisa. Ou não...
- Eu vim porque adoro o país, mas vim sozinho. Por seus traços percebi que não era daqui, e poderia me fazer companhia. Você quer? - Isso foi uma cantada? Se sim, foi péssima.
- De onde você é, ? - ele estendeu a mão pra mim, que fiquei olhando sem entender.
- Me acompanha em um jantar? Aí conversamos melhor - olhei o relógio, eram 17:30hs, não como tão cedo, mas... confirmei com a cabeça e segurei sua mão.
Fomos andando até o restaurante, um ao lado do outro, e aquela câmera era mais pesada do que parecia.
Sentamos em uma mesa do lado de fora e ele pediu um vinho.
- Ainda não sei seu nome - ele disse, quando o garçom saiu.
- Me chame de - falei.
- É muito bonito - ele deu aquele sorriso e galã novamente - E respondendo àquela pergunta, sou do Brasil.
- Brasil? - falei surpresa, e ele olhava com uma expressão bem curiosa - Eu também sou do Brasil - expliquei (n/a: o diálogo deles agora é em português)
- Mesmo? De que cidade? - ele perguntou, animado.
- São Paulo - respondi.
- Ah, eu sou do Rio - ele voltou ao tom sério.
- Hm... - o garçom chegou com o vinho.

Acordei. Nossa, que dor de cabeça! E sede. Pera, esse não é o meu quarto. Meu quarto não tem essa cadeira azul. O que é isso? Ah, vinho. Melhor eu me sentar, a cabeça parece estar levando muitas marteladas. Espera um pouco... o que é isso? Um pé?
- Não acredito, seu filho da p*ta! - berrei, e ele acordou em um pulo. Eu estava com a blusa dele, só agora reparei. Ah, ótimo, e ele sem camisa - Que p*rra aconteceu ontem?
- Nada - ele falou ao mesmo tempo assustado e com sono.
- Como nada? Acorda, ! - dei um soco nele que rinha deitado novamente.
- Que é? - ele respondeu irritado sentando.
- O que aconteceu ontem? Não lembro de nada - eu tentava buscar na memória, mas nada. Lembro que ele pediu vinho, aí ficamos conversando, jantamos, mais vinho... e apagou tudo, não lembro do resto da noite.
- Não aconteceu nada, p*rra! - ele colocou as mãos na cabeça.
- É sério , me fala - puxei as mãos dele.
- Você ficou bêbada, te trouxe aqui e te coloquei no sofá porque você não lembrava onde era seu hotel, depois veio aqui me acordar e pedir pra dormir na cama comigo, só - ele falou mais calmo. Ok, será que foi só isso mesmo? Mas e a p*rra da blusa?
- Mas então o que eu tô fazendo com a sua blusa? - eu não conseguia controlar o tom de voz.
- Ah tá... então, você foi tomar banho e pediu uma roupa, ai tá com a minha camisa e minha cueca - cueca? Levantei o lençol. Era uma samba-canção azul-marinho - E relaxa que não te dei banho, você não quis, mas fez muito barulho caindo pelo banheiro.
- Ah - senti meu rosto arder, e ele riu - Desculpa.
- Tudo bem. Quer pegar suas roupas? Estão espalhadas por aí - O quê?
- Como assim? No banheiro, né? - eu devo estar uma pimenta.
- Não. Entrou lá de calcinha e sutiã - ai meu Deus. Deitei de novo e cobri a cabeça com o lençol. - Relaxa - como posso relaxar com você rindo assim, idiota?

Ah, que legal, minha blusa branca tá com vinho. E tá na sala. Maravilhoso.
- Que horas são, hein? - perguntei, analisando a mancha.
- Dez e quinze - ok, tem tempo ainda.
- Tem remédio pra dor de cabeça? - ele riu de novo, será que tenho cara de palhaça? - É sério, .
- Pera - ele voltou pro quarto. Que legal, eu parada no meio da sala dele, com minha blusa suja de vinho na mão e vestindo a camisa e a cueca dele, que lindo.
- Toma, é engov - virei para ele - É bom pra ressaca.
- Ah - corei, lógico - Obrigada.
- Vem - ele me guiou até a cozinha e me deu um como d'água - Pode pegar o que quiser, vou tomar um banho e já volto.
- Ok - ele já tinha saído... legal. Vou tomar remédio e recolher minhas coisas pela casa.

- Hm, você cozinha bem - falei, dando a primeira garfada no sei-lá-o-quê que ele fez.
- Lógico, tem que saber, né? - ele mexeu no cabelo ainda molhado e voltou a comer, eu dei uma risada muda.
Comemos e coloquei minha calça, eu ia com a blusa dele e depois devolveria, minhas roupas estavam sujas pra ir embora com elas.
Ele estava indo comigo, me levando até meu hotel.
- Bom, é aqui - falei quando estávamos na frente e ele estendeu a bolsa com minha câmera - Obrigada.
- , eu... - ele abaixou a cabeça e passou a mão pela cabeça. Meu Senhor, parece um deus grego - Droga! Não sei fazer isso - ele sussurrou para si, mas deu para ouvir. OMG, o que será? - Eu posso fazer uma coisa, que não quis com você alcoolizada? - corei, como sempre, e o coração disparado.
- Não sei, depende - tentei parecer normal, mas a respiração já estava evidentemente acelerada, ainda mais com ele se aproximando assim.
Ele colocou a mão em meu rosto, tirando o cabelo da frente e estacionando-a próxima à orelha. Ah meu Pai, eu vou desmaiar. A respiração tão perto que sentia em minha boca. Por que eu to assim? Pareço uma pré-adolescente tentando dar um primeiro beijo.
- Isso - ele falou perto o bastante para nossos lábios roçarem, passou a outra mão pela minha cintura e me beijou.
Na hora me bateu aquele frio na barriga, aquele enjoo que dá como quando temos o primeiro namorado, minhas mãos estacionadas na sua nuca.
Nos separamos em selinhos e ele encostou a testa na minha.
- Até hoje a noite? - ele perguntou.
- Até - respondi baixo e nos beijamos novamente.

O resto dos dias se passaram assim... tomávamos café-da-manhã juntos e eu ia tirando as fotos dos pontos turísticos, depois jantávamos juntos e cada um ia para seu respectivo hotel.
O nosso último dia aqui foi bem triste, pelo menos para mim, pois iríamos deixar de nos ver, seria como um término. Jantamos no hotel dele e dormi lá, já com minhas malas e tudo, de manhã tomamos o café e fomos até o aeroporto juntos. Eu embarquei primeiro, nos beijamos e entrei no avião, e esse foi o fim de meu amor de verão.
Todos os dias eu pensava nele, sei que é besteira e que eu não devia ficar assim, mas só o esquecia quando saía, ia para festas e tal. Ou quando tirava fotos, às vezes.
- , ânimo poxa - falava para mim, como todos os dias dessa semana. Eu não conseguia ter ânimo, não sei bem o porquÊ, mas passar mais um dia dos namorados solteira não era legal, ainda mais indo comprar o vestido para o casamento da minha prima mês que vem.
- Não dá, ser solteira é deprimente - falei abaixando a cabeça.
- Deixa de ser dramática, menina! - ela falou estacionando.
Andamos pelo shopping e entramos na loja que minha prima indicou.
Escolhi um vestido longo azul-claro, com a parte de trás em "x".
- Agora um curto - piscou. Como assim? A encarei com cara de que questionamento. - Pra festa - ela disse como se fosse óbvio.
- Que festa, criatura? - falei um pouco mais alto que o normal, e corei, como se fosse novidade.
- Ah, você não vai na festa dos solteiros comigo? - ela fez biquinho. Mas que festa dos solteiros? Que merda é essa? Tá, não vai adiantar, sei que ela vai insistir.
- Que dia? - perguntei meio desanimada.
- No dia dos namorados, ué. Uma festinha pra quem não namora - ela mordeu a ponta da língua sorrindo.
- Tá, tá. Eu vou - ela deu gritinhos e pulos, haha, só ela mesmo. Não sei... me anima.
Para a festa comprei um vestido preto de um ombro só, com uma tira prata abaixo do busto. Caros? Magina, só divido em 5 vezes e com compras restritas esse mês. Vou viver de pão e água.

- Pera, !! - gritava do banheiro. Olhei no relógio... 19:10hs?
- Eu já to há 40 minutos no seu sofá! Vamos! - berrei. Acho que essa acabou com a garganta.
- JÁ VOU! - ela gritou mais alto.
Demorou mais 15 minutos e fomos. Isso porque eu já cheguei meia hora atrasada, imagina o futuro namorado. Vai ter que ser bem paciente.

- Com licença - uma voz conhecida soou nos meus ouvidos, prendi o ar. Não pode ser, não pode ser.
- ? - perguntei ainda de costas, já com frio na barriga.
- Acertou - ele me deu um beijo na bochecha e eu virei, já com o olho cheio de lágrimas. Droga! Deixa... só não piscar e tudo bem - Senti sua falta - ele me abraçou. Droga, não aguentei. Que bosta.
- Como sabia que eu estava aqui? - falei, apoiando o queixo em seu ombro.
- Sua amiga me avisou que viria. Ela me ligou - olhei por sobre o ombro dele, e estava lá, jogando o cabelo e sorrindo. Agradeci de forma muda e soltei dele.
- Vai ficar quantos dias? - perguntei já me preparando para outra despedida.
- Todos - como assim?
- Todos? - perguntei confusa.
- Sim, vou me mudar pra cá - fiquei muda. Isso é... perfeito - Não gostou? - só então percebi que havia ficado paralisada por muito tempo.
- Eu amei - segurei no rosto dele - Eu amei, amei, amei - beijei ele e a berrou um "Awwwn", como quando contei pra ela, ou quando falava algo sobre ele.
- Quer namorar comigo? - eu sussurrou no meu ouvido, o que fez com que eu me arrepiasse. Segura , esconde.
- Sim - falei fraquejando novamente, deixando a lágrima cair.
- Então feliz dia dos namorados - ele me beijou novamente.


NOTA DA BETA: Encontrou erros que provavelmente passaram despercebidos pela desastrada aqui?
     
P.S: A opção "descontar na autora através dos comentários" foi desativada pela eminente injustiça que representa.




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