My Sweet Sixteen, é quase inacreditável que adolescentes americanas precisem passar por essa tortura em pleno século XXI, mas contrariando tudo o que eu acredito, aqui estou eu, em uma luxuosa suíte do hotel mais caro da cidade, prestes a vestir meu vestido de baile. É claro que nada disso foi ideia minha, eu odeio ser o centro das atenções, passei a minha vida toda fugindo de situações como essa, e se fosse por mim, meu aniversário ideal seria passar a noite de pijama de flanela, assistindo todos os filmes do Freddie Krueger ao lado do Oliver, meu melhor amigo. O problema é que mamãe é ótima com chantagem emocional, ela me jurou com lágrimas nos olhos que o sonho da minha amada vózinha de 98 anos era viver o suficiente para estar presente na minha festa de debutante e que eu não poderia, simplesmente não poderia de forma alguma tirar isso dela. Bom, como argumentar? Mas se em algum momento mamãe pensou que o fato de eu concordar com tudo isso lhe daria carta branca para me colocar dentro de um vestido rosa de babados, ela estava muito enganada. Fiz questão de cuidar de cada detalhe da festa, garantindo que o tema ao invés de qualquer um dos cheios de frufru que ela tinha em mente fosse cinema mudo e que a decoração sobre as mesas não veriam nada parecido com enormes arranjos de rosas. Se eu fosse mesmo obrigada a isso, então seria do meu jeito. Eu podia claramente distinguir o desgosto dela ao tirar meu vestido curto e preto do cabide para me ajudar a vesti-lo - isso, eu sei, estava longe do que ela consideraria vestido de princesa, o que em sua mente seria o adequado para a ocasião - levantei os braços e deixei que ela o escorregasse pelo meu corpo e o prendesse na lateral, em seguida, calcei meu amado scarpin, também preto, uma verdadeira obra de arte assinado por Christian Louboutin.
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Eu mal podia acreditar que havia sobrevivido a toda a vergonha de dançar valsa com meu pai na frente de todos os meus amigos, felizmente, uma das minhas exigências foi a de não haver príncipe algum, eu dançaria com meu pai e só, assim seria torturada uma só vez e não iludiria as pobres crianças convidadas de que príncipes existem, porque nós sabemos, essa é uma grande mentira. Era chegada a hora de a festa realmente começar, havia um palco coberto no salão onde eu havia pagado o maior mico da minha vida. Abri um sorriso imenso quando todas as luzes principais se apagaram e apenas os refletores virados para as cortinas fechadas se acenderam, eu não sabia quem iria se apresentar e não via a hora de descobrir, e foi com esse pensamento que as cortinas caíram e eu pude distinguir a minha banda preferida, os caras que povoavam meus sonhos - aqueles nos quais nos imaginamos melhores amigas dos nossos ídolos - senti meu coração falhar uma batida quando Jared, Tomo e Shannon, os integrantes do 30 Seconds to Mars iniciaram os primeiros acordes da minha música favorita: 100 Suns.
I believe in nothing, not the end and not the start I believe in nothing, not the earth and not the stars I believe in nothing, not the day and not the dark I believe in nothing but the beating of our hearts
Minhas pernas falharam no momento que eu senti um par de braços fortes me segurando pela cintura, olhei para o lado e encontrei os lindos olhos azuis e brilhantes do meu melhor amigo, Oliver, que sorria lindamente em minha direção e eu automaticamente sorri de volta, surpresa por descobrir que ainda tinha algum controle sobre os músculos do meu corpo. Lado a lado, caminhamos por entre a multidão que nos abriu caminho até a frente do pequeno palco onde eles se apresentavam, aquele era o melhor momento da minha vida e eu estava feliz por estar nos braços da pessoa mais importante dela, o Ollie, meu Ollie.
I believe in nothing one hundred suns until we part I believe in nothing not in sin and, not in god I believe in nothing, not in peace and not in war I believe in nothing but the truth of who we are
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O dia estava amanhecendo e eu estava completamente exausta, a festa, por mais que me doa admitir, havia sido perfeita, mesmo com a valsa, ter os meus ídolos ali, ao alcance das minhas mãos, havia sido mágico e sobreposto qualquer trauma por ter que dar aqueles passos nos braços do meu pai na frente de todos os convidados. Após me despedir dos últimos convidados, tirei os sapatos dos pés, os quais eu duvido que um dia recuperariam a sensibilidade depois de horas sem fim encima daquele salto 15 centímetros e fui procurar pelo Oliver, depois que dançamos juntos 100 Suns ele havia sumido no meio da multidão, logo após Connor, meu ex-namorado, aquele que me traiu com a garota mais piranha da escola, nos interromper e me pedir uma dança. Confesso que me surpreendi quando ele passou o braço por minha cintura, ignorando o ritmo completamente louco e rápido da música que tocava - Hurricane - me obrigando a aspirar seu perfume forte, viril e eu não senti nada, simples assim, naquele momento, ele não era o cara por quem eu me apaixonei um dia. Depois da traição passei noites em claro chorando no colo do Ollie, agora ele era apenas mais um cara. Avistei os cabelos castanhos dourados do meu melhor amigo, sentado na areia da praia, que ficava em frente ao hotel, atravessei a avenida completamente vazia naquela hora da madrugada e fui ao seu encontro, me sentei ao seu lado e ficamos os dois em silêncios por minutos sem fim até que meu cotovelo nu encostou no tecido de sua camisa e eu senti instantaneamente uma corrente elétrica percorrer meu corpo partindo daquele ponto, posso jurar que o Ollie sentiu também, pois no mesmo instante ele virou o rosto na minha direcção. Fiquei presa no seu olhar e sem ao menos me dar conta do que estava dizendo, me vi sussurrando: "The feel of his shirt against my elbow, the fact that I still had an elbow."* Baixei os olhos envergonhada, esperando que ele não houvesse entendido a citação de um dos episódios da nossa série preferida “My So Called Life”, quando ele levantou meu queixo delicadamente e completou: "It was the perfect moment for him to kiss me..."** A próxima coisa que me lembro daquela noite, é de sentir os lábios dele sobre os meus.
* A sensação de sua camisa contra o meu cotovelo, o fato de que eu ainda tinha um cotovelo. ** Era o momento perfeito para ele me beijar...
Nota da Beta:Comentem. Não demora e faz a autora feliz. Qualquer erro encontrado nesta fanfiction é meu. Por favor, me avise por email. Obrigada. Kay xxx