- Não, não! Espera, está tudo errado! – eu exclamei.
- O que foi? – ela disse preocupada.
Dei três passos para trás, passando da porta e ela me imitou. Ela me olhava preocupada enquanto eu estava parado no corredor. Passei minhas mãos rapidamente por debaixo de seu ombro, fazendo com que suas pernas se levantassem e eu pudesse pegá-la no colo. Passei pela porta de novo com ela em meus braços.
- Agora sim, agora está certo – falei com um sorriso.
- , você é tão antiquado! – ela disse rindo, ainda em meu colo
- Sou mesmo, mulher, agora vai pra cozinha e faz um sanduíche enquanto eu vejo TV – falei de um modo grosseiro, soltando-a de meus braços.
Ela gargalhou.
- Tudo bem, pode ficar vendo TV, eu vou estar aqui no quarto, tá? Me chama quando precisar... – ela disse calma, tirando seu salto e segurando o par pelas pontas dos dedos, enquanto andava para trás em direção ao cômodo.
Eu abaixei a cabeça, soltando um riso baixo. Voltei a olhá-la. Tinha acabado de passar pela porta do quarto, segurando suas sandálias apoiadas no ombro. O modo com o qual ela se movia era lento, e aquele vestido branco de seda fazia aquilo mais sedutor ainda para mim. Coloquei a mão na minha gravata, afrouxando-a. Estava começando a me sufocar. Tirei o palitó preto e o apoiei sobre meus ombros, segurando a gola pela ponta dos dedos, assim como ela fez com o salto. Fui andando devagar e encostei-me no batente da porta, olhando-a. Ela estava sentada na ponta da cama.
- Não tinha nada de bom passando na TV? – ela disse, sem direcionar o olhar a mim.
- Percebi que nada ia ser mais interessante do que vir para cá – disse sorrindo.
O quarto estava escuro e eu somente via sua silhueta contrastar com a luz fraca que passava pelas cortinas.
Fui me movendo devagar até a janela. Joguei o palitó em um canto e me concentrava em afrouxar aquela gravata borboleta quando senti algo puxando meus suspensórios. Era seu pé. Virei calmamente e a vi deitada na borda da cama, com o pé levantado dentro do elástico do meu suspensório, e, com habilidade, ela fez com que ele passasse pelos meus ombros e caíssem. Fez a mesma coisa com o outro lado. Enquanto a observava, me livrei daquela angustiante gravata. Apoiei minhas mãos na cama, cada uma de um lado de seu corpo. Ela pôs suas mãos na gola de minha camisa branca e desabotoou o primeiro botão, logo o segundo, o terceiro e assim até o final. Logo que a abriu por completo, passou as mãos de leve em meu peito e as subiu para o meu ombro, fazendo com que a camisa despencasse pelas minhas costas.
Abaixei meu corpo, ficando mais perto do dela e beijei seus lábios. Ah, aqueles lábios. Não importa quantas vezes eu já tenha os beijado, essa sensação de primeiro beijo sempre me ocorre. Enquanto uma de minhas mãos apoiava o meu corpo, a outra contornou a lateral do seu. Por pura surpresa, achei um pequeno zíper no vestido, logo abaixo de seus braços. Ela riu.
- Eu achava que você ia demorar mais para achar – ela falou baixo, rindo.
Não falei uma palavra, apenas acompanhei seu riso, descendo o zíper devagar. Minha mão foi até seus ombros, abaixando a alça, e meus lábios agora passeavam por aquela pele descoberta.
Ela foi se arrastando pela cama enquanto abaixava a outra alça. Enquanto o seu corpo de movia, o vestido permanecia parado e não demorou muito para que estivesse no chão. Tirei meus sapatos com meus próprios pés e logo em seguida as meias. Ela me olhava encostada em um travesseiro. Vestia um corpete branco, como o vestido. Fui engatinhando até ela, encostando meus lábios mais uma vez nos seus. Suas mãos agora me puxavam pela calça e não demorou muito até que esta se juntasse ao vestido.
Ela me beijava com mais intensidade a cada segundo e nossos corpos rolaram pela cama uma, duas, três vezes. Quando o beijo se encerrou, ela virou de costas para mim, ficando de bruços, e, com a mão, colocou seu cabelo de lado. Não demorou para que eu entendesse seu gesto.
Achei o pequeno laço em seu corpete e puxei a fita de cetim. Logo ele foi se afrouxando até que estivesse aberto por completo. Passei meus dedos por suas costas nuas e em seguida meus lábios fizeram um caminho até seu pescoço. Senti seu corpo se arrepiar.
Ela virou de frente a mim, jogando o corpete para fora de meu alcance. Seus olhos encontraram os meus estáticos em seu busto e ela soltou uma risada tímida. Estava completamente corada. Era como uma prévia do paraíso. Seu corpo ali ao meu alcance, pronto para se unir ao meu. Assim que percebi sua risada, também me envergonhei e voltei meus olhos para seu rosto. Ela me olhava apreensiva. Passei a ponta dos meus dedos em sua face para acalmá-la e ela fechou os olhos, sentindo meu toque. Beijei seu pescoço, seu colo e cheguei ao meio de seus seios, contornando-os. Suas pernas se contraíam. Beijei sua barriga, passando minhas mãos pela sua cintura e quadril, apertando-os de vez em quando. Assim que cheguei nesse último, senti o elástico fino de sua roupa íntima. Meus dedos passaram por ele, enrolando-o em meu dedo indicador, e continuaram descendo, assim como meus beijos. Suas pernas ainda estavam fechadas. Abri meus olhos e me deparei com uma surpresa. Primeiramente, pensei que era uma pinta ou uma marca de nascença, mas ela tinha outra igual do outro lado de seu quadril. Tinham a mesma forma: um coração. Sim, era definitivamente uma tatuagem, nenhuma marca de nascença tinha uma forma tão igual e repetida assim. Minhas mãos agarraram suas coxas enquanto meus lábios agora beijavam aquela nova descoberta. Ela deixou suas pernas se abrirem um pouco para que a roupa íntima deslizasse pelas mesmas.
Todo cuidado era pouco para mim naquele momento. Era ela. E ela não era as outras, de modo algum. Para falar a verdade, que outras? Ela era a única que eu realmente queria ter. Eu estava sendo cauteloso ao extremo para não pressioná-la ou machucá-la, e, ao sentir suas pernas fechadas, desci meus beijos por suas coxas, passando direto pelo quadril. Logo seu corpo foi se relaxando mais, então decidi subir meus beijos novamente. Mordiscava a parte interior de suas coxas e ela tremia. Senti sua mão em meu cabelo e entendi como uma permissão. Suas pernas se fecharam em minha cabeça, num reflexo brusco, e eu podia ouvir gemidos baixos e abafados. Suas mãos puxavam meus cabelos com força e suas pernas estavam reagindo, fechando-se mais a cada toque de minha língua. Seus pés se cruzaram nas minhas costas. Finalmente subi meu toque, fazendo com que ela relaxasse. Beijei de novo aquela tatuagem e acariciei suas coxas, tentando parar a tremedeira de suas pernas. Olhei para seu rosto, sua cabeça jogada para trás e seus olhos fechados. Sua boca aberta, paralisada. Sua mente tentando organizar as sensações. Soltou um gemido fraco mais uma vez até abrir seus olhos. Olhou-me com ternura. Eu nunca tinha recebido um olhar daquele, daqueles que te enchem de paz e felicidade, pelo menos não em uma situação parecida. Seu olhar era gentil, sem segundas intenções. Aquele olhar despertou o melhor de meus sorrisos.
Suas pernas abraçaram meu quadril e eu pude sentir seus dedos do pé puxarem o lado da minha boxer, tentando abaixá-la. Fiz uma cara de surpreso.
- Além da tatuagem e da sua incrível habilidade com os pés, tem algo mais que eu não saiba sobre você? – falei baixo em seu ouvido.
Ela riu, porém não me respondeu.
Jogou seu corpo para o lado, fazendo com que eu ficasse embaixo dessa vez.
- Com o tempo você descobre – ela disse em forma de gemido em meu ouvido e mordeu minha orelha.
Senti um calafrio descer pelo meu corpo. Como aquela voz mexia comigo. Mordeu meu pescoço e meu ombro enquanto descia minha boxer com as mãos. Chacoalhei minhas pernas, me livrando dela por completo. Ela deixou seu corpo cair, pude sentir seu peito junto ao meu, suas pernas entrelaçadas às minhas. Minhas mãos agarraram suas costas enquanto ela beijava e mordia meu ombro. Os beijos passaram do ombro para meu colo, do colo para minha barriga. Pude sentir suas mãos no meio de minhas pernas. Eu estremecia a cada toque, cada beijo, cada mordida. Segurava-me para não deixar o ápice chegar antes do tempo. Era uma tarefa que ficava cada vez mais e mais difícil. Meu cérebro não pensava mais coisa com coisa. E quando ficou praticamente impossível de aguentar, a puxei para cima pelos cabelos. Fiz com que ela ficasse embaixo novamente.
Aquele olhar me perseguia, me acalmava e por pouco tempo esqueci de toda a excitação, encontrei a paz nos olhos dela. Se eu a machucasse, eu nunca me perdoaria. Ela parecia um anjo, me olhando, esperando e entregue a mim. Entregue. Essa era a palavra certa, ela finalmente tinha deixado para trás aquela máscara de timidez e desconfiança. Agora eu observava seu corpo ali, nu. Somente usava um par de brincos que se esquecera de tirar. E eu torcia para que ela não lembrasse. Se ela soubesse o quanto o brilho vindo de seu brinco era fraco se comparado ao brilho de seus olhos. Eu faria tudo por aquele olhar, era sua arma secreta e ela nem se dava conta. Eu sentia que ela estava completamente segura me olhando. Prometi a mim mesmo naquele momento que, se um dia eu a ferisse, daria um tiro em minha cabeça. Não, um tiro seria pouco. Eu encontraria a forma mais dolorosa e lenta de se morrer se algum dia eu a ferisse.
Ela estava ali, deitada embaixo de mim, deixando com que eu a conduzisse e tudo o que eu consegui fazer foi beijá-la. Beijá-la até o beijo me consumir por completo. Beijá-la até meu corpo queimar em procura ao dela.
Senti meu quadril encostar-se ao seu aos poucos. Suas pernas abraçaram meu corpo e eu passei minhas mãos em suas costas, puxando-a para cima até nossos corpos estarem unidos. Pude ver sua cabeça se jogar para trás, junto com seus olhos, sua boca se abriu em um gemido mudo. Minhas mãos em suas costas a traziam cada vez mais para junto de mim, cada vez mais rápido. Sua boca se fechou por alguns instantes e seus dentes morderam com força o lábio inferior. Suas pálpebras se contraíam. O gemido mudo ganhou volume até se transformar em um grito, logo quando chegamos ao máximo que podíamos. Larguei suas costas, colocando-a de novo na cama. Eu estava ofegante, podia sentir gostas de suor caírem de meu cabelo e molharem o lençol. Ela continuava de olhos fechados, com os dedos arranhando meus ombros.
Quando me virei para também ficar de costas e me desencaixar de seu corpo, ela me acompanhou, ficando, deste modo, sentada em meu quadril. Foi a minha vez de jogar a cabeça para trás e virar os olhos. Ela movimentava-se sobre mim de forma calma. Abri meus olhos e pude ver seu corpo dançando sobre o meu. Seus movimentos eram sutis, era como se ela estivesse dançando balé ali. Desenhava círculos sobre meu quadril, e os círculos viraram formas sinuosas até se transformarem em uma obra prima que daria inveja a Da Vinci. Meu corpo esqueceu-se por um momento das sensações que ela estava me causando e ficou somente observando a delicadeza se seu corpo se movendo, era como assistir um espetáculo. Ela tinha tanta leveza, tanta magia.
Quando se cansou, jogou seu corpo sobre o meu, me fazendo chegar de novo ao meu limite. Ficou um pouco deitada em meu peitoral enquanto eu acariciava suas costas. Desencaixei nossos corpos com cuidado e fiquei de lado, observando-a, até meus olhos se fecharem.
Abri minhas pálpebras ao sentir seus dedos acariciarem meu rosto.
- Dormiu bem? – ela perguntou de um jeito doce.
- Já é de manhã?
- Não, mas você dormiu como um bebê por uns 15 minutos, ou meia hora, não sei, não contei – ela disse rindo.
Sorri beijando seus lábios.
- Quando você pretendia me contar da tatuagem? – disse assim que lembrei. Afastei qualquer imagem da minha cabeça, pois aquilo só me deixaria mais excitado e eu não queria pressioná-la.
Ela olhou para baixo, corando.
- Hoje mesmo – ela falou baixo – Agora duas pessoas sabem.
Fiquei apreensivo esperando que ela falasse quem era a outra pessoa.
- Você e o tatuador, é claro – ela disse, num tom de piada.
- E eu posso saber por que dessa tatuagem logo aí? – disse meio enciumado.
- Porque eu sou uma vadia, é óbvio – ela disse séria.
- Fala sério, – a olhei sem entrar na brincadeira.
- Porque assim você vai sempre saber que foi o meu primeiro e o meu último, porque só nós dois sabemos disso. Então, se alguém te disser que eu tenho uma tatuagem assim um dia, você vai saber que não pode mais confiar em mim. Promete que vai me apedrejar em praça pública se um dia isso acontecer?
Ignorei a parte do apedrejamento. Então ela confiava tanto assim em mim? Tanto ao ponto de fazer uma marca permanente em seu corpo e compartilhar essa eternidade só comigo?
- Sabe, eu devo ser o cara mais sortudo desse mundo – eu disse, vendo seu sorriso abrir – Saber que eu fui o primeiro e único a te ter assim, a te tocar assim, a te amar assim... é muito. Não mereço isso. Sabe, tudo o que eu mais queria no mundo era ter minha virgindade de novo e entregá-la para você. Se eu pudesse, eu faria tudo para consegui-la.
- Deixa de se culpar por isso, . Você não me conhecia na época.
- Isso não resolve o fato de você ter se entregado a mim desse jeito e eu não poder retribuir.
- Não poder retribuir? Isso é meio ofensivo, sabia? Você já me retribuiu com todo seu amor, seu respeito e seu carinho, nenhuma virgindade vale isso – ela falou meio brava e eu fiquei calado.
- Quando você me disse que não iria se entregar até estar casada, eu quase terminei com você – eu disse sem pensar e ela se calou.
Porra, . Cala sua boca. Cala essa merda de boca. Quer estragar seu casamento logo na lua de mel é?
- Desculpa – eu disse.
- Tudo bem – ela suspirou.
- Eu era um idiota antes de te conhecer, você sabe. Tinha até perdido a conta de quantas eu já tinha...
- ! – ela me interrompeu – Por favor, eu não quero nenhuma imagem mental de você comendo uma vadiazinha, por favor.
Certo, eu tinha acabado de ter a melhor noite da minha vida e estava estragando tudo agora. Parabéns, , parabéns.
- Você me olhava com tanto... amor – eu disse, mudando o assunto.
- Você não me olhou diferente disto também – ela falou, afundando seu rosto em meu peito.
- Eu te amo, .
- Que bom, amar a pessoa é um pré-requisito para se casar com ela – disse brincando.
- Agora é você que está estragando o clima, tá certo?
- Eu te amo, .
Ela disse que me amava. Não que ela nunca tivesse falado antes, mas ela disse que me amava de um jeito diferente. Não foi um "eu te amo também" ou um "eu também". Foi simplesmente um "eu te amo", simples e sincero, assim como seu olhar.
Flashbacks invadiram minha mente enquanto ela contornava as tatuagens do meu peito.
Lembrei da noite que eu a conheci. Ela estava implorando a amiga para que pudessem sair daquele lugar, era um bar estranho que cheirava a rum. Um dos lugares que o antigo eu costumava a frequentar para achar garotas. não era do tipo de garota que chamava atenção para si, como algumas ali. Vestia algo comportado para os padrões de lá. Estava sóbria e implorando para sair. Aquilo me chamou a atenção, diferente das roupas curtas, rostos maquiados e curvas artificiais que geralmente captavam meus olhos. Ofereci uma carona e recebi uma resposta mal criada sobre não aceitar carona de estranhos. Então permaneci do lado dela pelo resto da noite, até seu tédio desaparecer. Ela não se abria fácil. Ela é do tipo de garota que não se entrega, que sempre deixa algo para trás, algum mistério, alguma surpresa. É do tipo de garota que você se apaixona sem perceber, quando você está querendo a conhecer melhor já se pega pensando nela sem querer no meio da noite. Lembrei de quando fui conhecer seus pais, minha blusa de manga comprida para tampar as tatuagens em pleno verão. Lembrei do olhar do seu pai para o meu braço quando eu, acidentalmente, ergui as mangas. Lembrei das discussões que tivemos, discussões que sempre acabavam com um sorriso ou um beijo. Lembrei de quantas vezes ela teve que me parar para que não fôssemos longe de mais. Lembrei de quando eu disse que a amava, de quando eu ajoelhei no chão e a pedi para casar comigo. "Casa comigo", disse, sem entonação de pergunta, como se fosse uma ordem a ser cumprida. Lembrei do seu rosto horas atrás, andando pelo corredor, toda de branco. Agora ela estava ali, deitada nua do meu lado, passando as pontas da unha em meu corpo e tudo parecia um filme em câmera lenta.
- Não foi fácil para mim também, sabe? – ela interrompeu meus pensamentos – Não é porque eu sou mulher que eu não tenho esse tipo de desejo.
Acariciei seu rosto.
- Você é forte. E sabe muito mais de amor do que eu já pensei um dia saber.
- Eu só estou aprendendo – ela disse.
- Seu olhar prova o contrário.
Quando falei a última frase, ela olhou diretamente pra mim. Aquele olhar terno, formoso e que me enchia de paz.
- Obrigada por me mostrar como é amar alguém – eu disse – Eu poderia ficar a vida inteira aqui, conversando com você e olhando seus olhos.
- Você realmente acha que eu esperei esse tempo todo para passar a minha noite de núpcias conversando? – ela falou num tom sério que se transformou numa risada
A risada se transformou em um sorriso e o sorriso em um beijo, e o beijo, bom, o beijo se transformou em amor.
Nota da Beta: Hey, pessoa! Só pra avisar que se você encontrar qualquer erro na fic pode entrar em contato comigo por e-mail. E não custa nada deixar um comentário pra fazer uma autora feliz, porque ela merece.
Letii