Escrita por ** Sue **
Betada por Lelen


“E eu acho que é justo dizer que estou um tanto
viciada em você.
Beijar seus lábios à meia noite
parece tão certo.
Então eu acordo e vejo que tudo
não passou de um sonho.
Sentir seu toque pela luz da lua
abraça-me esta noite.
Quando eu acordo e vejo que tudo
não passou de um sonho.
Apenas um sonho maluco de fã.”¹


THE DOWNEY's

PRÓLOGO

Olhos castanhos, às vezes, intensamente verdes. Nariz afilado e imponente. Lábios tentadores, que escondem, em sorrateiro, dentes perfeitos e alinhados, formando um sorriso arrebatador. Cabelos tão sedosos que a vontade em passear as mãos por entre os fios é quase enlouquecedora.
Seja de cavanhaque, barba rente ou rosto limpo... não importa. Ele continua lindo. O corpo espetacular completa a maravilha, denominada Robert Downey Jr. E não só o físico que o faz único. De astuta inteligência e voz encantadora, este singelo espécime de masculino, de fato, deixa qualquer mulher em estado de êxtase.
E aqui estou, na maior nevasca dos últimos tempos abatida em Los Angeles, frente a frente com ele.
Sim, belisquem-me!
Não, melhor não. Deixem-me sonhar.
O frio que envolvia aquele galpão imenso, de repente foi dissolvido. Robert irradiava calor. O intenso raiar de Sol em uma tarde de verão.
A surpresa dele em me encontrar foi evidente. Acredito que ele não pensava em topar com ninguém.
Pois, nem eu.


TRANCADA

Era a minha primeira viagem para o exterior, desde que me formei na faculdade de moda. Fiz alguns importantes trabalhos na minha terra natal, o Brasil, tendo como cliente um dos influentes na indústria cinematográfica local. Não demorou muito para que eu recebesse um convite para ajudar no figurino de um filme com maior renda, que era composto por atores americanos e latinos.
Fui convidada para ir até Hollywood ver as gravações e como as peças de roupas seriam utilizadas. E qual foi a minha surpresa ao saber que ele estaria lá, vestindo um dos trajes que fui a responsável por fazer.
Infelizmente, não consegui ao menos me aproximar, mas só de vê-lo ao longe, senti o coração acelerar. Oh, Robert era da exata maneira que imaginei. Meus olhos fixaram em sua beleza característica e o modo como fluía pelo set, encantando com simpatia e graça.
Fui encaminhada para um dos traillers reservados ao pessoal de apoio. Acomodei as poucas que coisas que trouxe na viagem, sabendo que somente teria três dias para aproveitar. Tudo estava perfeito, exceto o frio absurdo. Praticamente me enfurnei nas roupas mais pesadas da mala e recebi um grosso sobretudo, emprestado de uma amável maquiadora.
E aqui estou, nesta fatídica noite, esquecida. Sim, literalmente esquecida! Logo no meu primeiro dia, fiquei presa no galpão de figurinos. Diga-se de passagem, o único sem sistema de aquecimento. Pelo menos as luzes não se apagaram e conseguia andar por entre as inúmeras araras. Nem eu mesma sei como consegui a proeza de ficar sozinha em um ambiente tão... Oh, espere. Claro! A ordem da produtora visual, pedindo para que eu verificasse a qualidade das peças. Fiquei tanto tempo aqui dentro, que quando fui dar por mim, passava do horário de gravação. Todos estavam em seus respectivos traillers e só conseguiria sair dali pela manhã. Ah, não! Saquei o celular da bolsa e... nenhum sinal. Procurei algum alarme contra incêndio e... nada. O frio pareceu aumentar, tanto pela repentina nevasca, quanto pelo medo em estar ali, separada do mundo exterior.
A distância entre o galpão e o trailler mais próximo era de aproximadamente quinhentos metros. Nem se eu me pusesse a berrar como uma condenada, daria jeito. Respirei fundo, tentando conter o desespero, procurando algum lugar mais seguro e confortável para passar a madrugada.
Só algumas horas.
Não seria tão complicado, seria?


ACOMPANHADA

Meia hora, desde que me dei conta da burrice que fiz. Como pude ser tão distraída a ponto de ficar presa?! Aliás, ninguém percebeu a minha falta neste tempo todo?
Oh, céus!
Envolvida em um manto de roupas retiradas das araras, no intuito de reter o calor, sentia a espinha dorsal retorcer. Nunca fui acostumada a temperaturas extremas, muito menos o inverno abismal do momento.
Mexia sem parar, friccionando nos tecidos para ter maior aconchego, ficando um pouco sufocada, visto o ar não estar passando propriamente pela pilha de roupas; ao contrário do frio, que insistia em me incomodar.
Saudades da cama quentinha, do agradável clima da primavera, da brisa fresca a tocar o rosto, dos passarinhos a cantarolar em uma divina manhã... os olhos arderam e previ o choro saindo. Ah, claro, agora eu ficaria a chorar como uma criança! Comecei a ficar com raiva da situação em que me encontrava e já começava a praguejar, quando escutei um grito que reverberou pelo galpão inteiro.
Saltei de susto e pensei o pior.
O grito era tão desesperado que me fez arrepiar da raiz do cabelo até a ponta dos pés. Assombração! Não, não. Que idiotice! Mas poderia ser alguém ruim... ou mal intencionado... o que, na verdade, era a mesma coisa. Cruzes! Meu cérebro estava afetado pelo frio e os neurônios adormecidos.
Encolhi o corpo e fiquei em posição fetal, dando graças por ter feito a montanha de tecidos em um canto escondido. Daria tempo em perceber a aproximação da criatura ( ou o que quer que seja) e eu sairia correndo sem pensar em mais nada, fugindo até o amanhecer, tal qual perseguição de gato e rato.
Rolei os olhos, notando a minha repentina falta de sorte. Agora, senão me enganaria nos cálculos; estava presa, esquecida, encolhida, congelada e com um acompanhante desconhecido assustador.


DESESPERO

Eu tremia.
Tremia de medo e frio.
Agora eu escutava claramente as batidas no portão do galpão, parecidas a socos e pontapés. Tive uma ponta de esperança, mas logo desvaneceu, pois percebi que o barulho provinha de dentro e não de fora; jogando às traças a minha momentânea alegria ao pensar que alguém veio ao meu resgate.
Então, era real. Estava acompanhada.
E se fosse alguém também do figurino? Não. O grito era um tanto grave, lembrando um... homem. Até onde sabia, somente mulheres eram encarregadas desta parte. Bem, poderia ser alguém do elenco ou até... Ah! Impossível! É claro que ele não estaria aqui! Estapeei o pensamento, me sentindo a mais idiota possível. Eu, no meio de um desesperador momento, imaginando estar trancada com Robert Downey Jr.!
Mas... e se...
Balancei a cabeça, na tentativa de afastar a insanidade, ficando em alerta por ouvir passos se aproximando de mim. A respiração acelerou e o coração bateu forte contra o peito. A mente bloqueou e fiquei imobilizada; mesmo querendo sair dali, seria impossível, visto que meu corpo não obedecia às ordens cerebrais.
Pânico.

- Olá? Alguém ai? - uma voz grave questionou a poucos metros de mim.

Virei a cabeça para a esquerda, na direção do som, sentindo de imediato as órbitas abrirem em espanto.
Não era possível!
Estava delirando?!
Ainda não conseguia ver nenhuma forma humana, apesar da luz no local, pois ele parecia estar traçando um caminho por entre as araras. Escutei murmúrios, quase certa que eram palavrões, e tive a absoluta certeza.
Robert Downey Jr.


ENCONTRO

Ele apareceu, frente a mim, ofegante e surpreso. Foi inevitável admirá-lo dos pés à cabeça. Não mais vestia o figurino do filme, mas sim uma roupa casual, composta por um tênis estiloso, calça jeans e um grosso casaco de lã.
Ficamos um tempo em silêncio; escutando o vento bater furioso nas paredes de aço do galpão. E como um passe de mágica, todo o frio que me atormentava, desapareceu. Meus lábios curvaram para cima em alívio. Alívio por tão perfeita companhia e por finalmente conhecê-lo. Claro, o momento não era muito agradável e um tanto inusitado, porém a felicidade que invadiu o meu peito foi capaz de aplacar qualquer negativismo.
Aqueles maravilhosos olhos estavam fixados em mim e pude observar um risco de ironia neles. Então percebi a minha situação. Eu estava sentada, com os cabelos bagunçados e coberta por uma montanha de roupas. Senti as bochechas ficarem quentes, adquirindo um tom rosado de vergonha. Engoli em seco, mostrando-lhe um sorriso amarelo.
Ele, em resposta, piscou rápido, deixando aqueles dentes brancos e alinhados apareceram, parcialmente escondidos pelos lábios tentadores, dando a mim a visão mais sublime da noite, o indescritível sorriso de Downey Jr.
Suspirei. Aceitando de bom grado as mãos dele estendidas a mim, ajudando-me a levantar. Custei um pouco a firmar as pernas - um pouco cambaleantes - e não consegui distinguir se a reação era por estar tanto tempo no chão ou por encontrar Robert. Tão logo fiquei em pé, ele começou a disparar perguntas.

- Você está bem? - a voz era composta com os olhos preocupados.

Ah... aquela voz.
Ele ainda mantinha as mãos envolvidas nas minhas. Foi difícil raciocinar uma resposta que não fosse “- Ai! Lindooooo!” e me abalançar sobre ele igual a uma maluca. Soltei o ar que prendia nos pulmões, afirmando com a cabeça. Diante da minha resposta silenciosa, ele continuou.

- Pode me dizer o seu nome e o que faz aqui?

Abri a boca para contestar, mas nenhum som saiu.


COMUNICAÇÃO

Eu não sou muda!
Mas por que estava agindo daquela maneira?!
A minha boca abriu e fechou algumas vezes, sem emitir som, igual a um peixe fora d'água. Robert franziu o cenho e apertou as mãos contra as minhas, fazendo meu coração acelerar mais do que a velocidade anormal em que batia. Quase pensei que teria um infarto.

- Consegue se comunicar? - ele questionou, falando as palavras com calma, como se quisesse se fazer entender. Provavelmente, pensou que eu realmente era muda, mas poderia ler lábios.
- Sim. - respondi, após um breve silêncio. - SIM! - repeti mais alto, como se meu corpo acordasse, notando que Robert abriu levemente os olhos em espanto.
- Ótimo. - ele sorriu em alívio. - Pode me dizer seu nome e o que faz aqui? - repetiu a pergunta, soltando as mãos das minhas.
- Meu nome é e sou uma das responsáveis pelo figurino. - falei nervosa, embolando um tanto a frase, amaldiçoando mentalmente as aulas recentes de inglês.

Robert estreitou os olhos e pareceu estar processando a frase.
Repito: DROGA DE AULAS DE INGLÊS!
Ele abaixou um pouco a cabeça e intensificou o olhar. A minha garganta secou e senti os pés flutuarem.

- Olá ... - tentou pronunciar meu nome e eu consegui prender uma gargalhada. Se nem brasileiros conseguiam pronunciar direito, imagine um gringo!
- Pode me chamar de . - sorri amistosa, firmando as pernas ao notar que ele me respondeu com um piscar sorrateiro de olhos.
- Olá . - o meu apelido saiu como uma melodia dos lábios dele. Derreti. - Eu sou o Robert. Acho que você já deve me conhecer. - estendeu a mão para mim, num sentido claro para cumprimentar.
- E como conheço! - respondi mentalmente, logo balançando a cabeça para afastar o inútil pensamento. - Claro. É um prazer conhecê-lo. - e apertamos as mãos.


POSSÍVEL?

Era a terceira vez em que parávamos no mesmo lugar. Robert e eu rodávamos aquele galpão, procurando uma forma de sair. O celular dele também não possuía sinal e o nervosismo de ambos também não ajudava. Downey, por não estar conseguindo encontrar uma solução e eu por estar em um debate interno entre permanecer presa com ele ou voltar ao trailler quentinho.
Eu ainda não entendia o por que de um ator tão famoso ficar esquecido pelo assessor ou então o por que de ele ter conseguido a mesma proeza de ficar trancado em um lugar como aquele.
De qualquer forma, Robert não me perguntou como fui parar ali, então, para inclusive esconder a minha... er... distração, resolvi não tocar no assunto. Também, naquele instante, conversar sobre aquilo era irrelevante. E ponto final.
Por ficar dando voltas, os pés começaram a reclamar. Uh! Benditas botas de couro! Parei de andar e sentei no chão, sem a mínima cerimônia. Não demorou muito e Downey me chamou. Gritei de onde estava para ele me encontrar; retirando as botas e sentindo alívio imediato. Pendi a cabeça para trás e soltei um gemido de satisfação. Quem inventou sapatos apertados, com certeza, não sabe o quanto que dói!
Wow! Imagine só o estado deplorável de uma pessoa, com a maquiagem desfeita, o cabelo preso em um coque mal feito, vermelha de frio e com uma satisfação esquisita no rosto.
Escutei uma gargalhada ecoar e franzi o cenho. Levantei a cabeça e vi Robert quase sem ar de tanto rir. Confesso que fiquei com raiva na hora, mas aquilo tudo era tão surreal, que me juntei a ele, gargalhando com toda a força nos pulmões, descarregando um pouco o peso sobre as costas.
Abri os olhos, um pouco embaçados pelas lágrimas que verteram do meu riso, vendo a mão de Downey para me ajudar a levantar. O mesmo gesto, pela segunda vez. Logo que fiquei de pé, ele suspirou pesado e me encarou sério.

- Acho que não tem muita solução por hoje. - ele afirmou, pegando a minha mão e andando após. - A madrugada costuma esfriar ainda mais, por isso é melhor nos mantermos aquecidos não só com os tecidos, mas com calor humano. Eu sei que é estranho para você e creia, para mim também. Mas, se você quer passar esta noite, no mínimo confortável, é melhor se acomodar. - parou frente a pilha de roupas (que fiz antes) e não consegui evitar o espanto, ao realizar o que estava prestes a acontecer.


BOA NOITE

Robert estava dormindo comigo! Bem, não no sentido... er... libidinoso da frase, mas mesmo assim!
Oh, meu, DEUS!
Nunca gostei tanto de dormir no estilo 'conchinha'. Ele me abraçava por trás, com um dos braços ao redor da minha cintura, repousando confortavelmente. Uma das pernas dele deslizaram para ficar entre as minhas. Sentia a respiração de Downey em meus cabelos, o tronco firme pressionado contra as costas.
A esta altura, eu não sabia se tremia ou ficava quente a ponto de explodir. Ouvi um murmúrio de Robert e fiz esforço em me concentrar além dos meus devaneios, para tentar entender o que ele disse.
De repente, ele atrelou-se ainda mais, afundando o rosto nos meus cabelos – como se quisesse aspirar o cheiro ao máximo - a ponto de tocar a ponta do nariz na nuca, e logo ronronando um ' - Boa noite.'. Aquela atitude me impactou tanto, que ondas de eletricidade percorreram o corpo inteiro, arrepiando dos pés até a cabeça, várias vezes. Nem consegui responder ou desejar um outro ' - Boa noite.' de tão chocada que fiquei.
Tem noção do que aquela voz, calculada daquela forma, dita daquela maneira e naquele momento poderia fazer comigo?
Sim, insônia.
Ele me levou ao limite sem ao menos tentar!
A respiração de Robert batia delicadamente contra a parte detrás da minha cabeça, enquanto o corpo estava bem relaxado. Ele, sim, conseguiu dormir. Eu, ao contrário, ouvia o coração pulsar nos ouvidos e os pensamentos voarem ao mesmo tempo de estarem em terra. Quer dizer... ah... esqueça! Nunca vou conseguir explicar a sensação. Só sei que era aterrador... e mágico. Aterrador porque eu parecia uma adolescente no primeiro encontro e mágico por óbvios motivos.
Não sei quanto tempo fiquei acordada, mas as têmporas começaram a pesar e pareceu que a respiração compassada de Downey me fez relaxar aos poucos. Bocejei umas quantas vezes e me aninhei o quanto pude, claro, com o cuidado de não despertá-lo.
Fechei os olhos e logo dormi, sem tirar o sorriso bobo presente na minha face durante toda a noite.


AMANHECER

Acordei me sentindo aquecida. Com os olhos ainda fechados, senti os músculos da face doerem; flexionei a mandíbula e notei que antes ela estava parada no mesmo lugar por um bom tempo; provavelmente durante todo o meu sono. Ué? Por que eu dormi... sorrindo? Tentei estirar o corpo e não consegui. Parecia que alguém estava a me impedir.
ESPERA! ALGUÉM?!
Abri os olhos em um estopim e logo meu coração acelerou. Dei uma rápida espiada onde estava, tendo clara noção que não era meu quarto. Foi quando percebi um peso na cintura. Tirei o que me cobria – roupas? - e vi um braço masculino bem no lugar. Prendi um soluço surpreso e o corpo atrás de mim se moveu um pouco.
O que eu fiz?! Com quem eu fiz?! Onde estou?! Por que a sensação é tão boa?!
As resposta veio em voz grave e rouca – pelo despertar do dono – murmurando um ' - Bom dia. ', com o selar de lábios no topo detrás da minha cabeça.
Robert!
Então, não era um sonho?!
Tudo se iluminou, igual ao dia que se iniciava. Ou pelo menos eu acho que já era dia. Não dava para saber. Mas, quer saber? Eu não ligava! Na verdade, eu queria que o tempo parasse e nós ficássemos ali, constantes e recém acordados.
Aquilo era tão precioso... tão raro...
Daquela vez, consegui responder, acariciando de leve o braço de Downey ao redor da minha cintura e dizendo, com a voz um pouco trêmula, ' - Bom dia, Robert.'
Senti os cabelos serem retirados do meu pescoço e ficarem acima da cabeça. Ouvi ele rir entredentes, fazendo com que o hálito quente dele batesse totalmente contra a pele da nuca. Fechei os olhos por instinto, não sabendo ao certo as intenções dele, mas movida o suficiente para suspirar.

- E como está a bela adormecida? Conseguiu descansar? - ele questionou, com um tom divertido.

Prendi um sorriso, recordando que os músculos da face ainda estavam doloridos. Virei o corpo para ficar face a face e de imediato me arrependi. Ver Robert logo após acordar é uma tentação avassaladora: cabelos revoltos; olhos ainda sonolentos, com poucas olheiras; lábios rubros e semi abertos. Não consegui me conter e desci o olhar, admirando a regata branca e os músculos delineados, notando que ele retirou o casaco por alguma razão. Ao perceber a minha atitude, Downey sorriu, passando um ar inocente e brincalhão, abrindo um pouco mais as pálpebras.
Ter ele acima de mim, proporcionando tal maravilhosa visão, fez-me flutuar. Ergui uma das mãos e toquei o alto das bochechas de Robert com a ponta dos dedos, tendo a plena certeza de que aquilo era real. Oh! Não era fruto da minha imaginação! Comecei a respirar rápido e tão logo o ar se foi.
Sem motivo, sem senso, sem lucidez .
.. Os lábios de Downey sobre os meus.
Tempo e espaço postos em inércia.
De repente, o barulho do portão do galpão sendo aberto e uma gritaria absurda chamando por Robert, nos afastou.
Sim, de fato, amanheceu.


EPÍLOGO

Meus pés tocaram o solo brasileiro, após três dias no mais sublime dos sonhos.
Suspirei, ainda inebriada pelas sensações. Os lábios de Robert pareciam ainda beijar os meus, tal qual a composição de uma doce melodia. Andei apressada por entre a multidão de pessoas no vai e vem do aeroporto, sendo impactada pelo calor típico tupiniquim. Os passos diminuíram quando encontrei a saída. As portas automáticas correram e os pés pareceram travar, como não querendo prosseguir. Eu sabia que era insano o pensamento, mas a partir do momento em que pisasse fora do aeroporto, tudo se desvaneceria. E as lembranças seriam por definitivo parte do passado.
Tomei coragem e forcei o corpo a se movimentar. Oras, eu não era mais uma adolescente a morrer de amores por alguém a quem eu tive apenas um breve, inusitado – e lindo – encontro.
O taxista pegou as minhas bagagens e abriu a porta do passageiro para que eu me acomodasse.

- Para onde, senhorita? - o taxista perguntou, logo após tomar assento.

De volta para ele! O meu interior gritou.
Oh, céus!
Absurdo.
Eu tinha que superar.
Jamais esquecer.
Somente... transformar aquela experiência em finas recordações.
Era... isso.

- Para casa. - murmurei, com a tristeza latente nas veias, fornecendo o meu endereço.

Acabou, por fim?
“Um mês depois, ao vasculhar minha caixa de cartas, notei um envelope peculiar. Abri com cuidado o filete dourado que o envolvia e espiei o conteúdo. Era parecido a um convite; de pré-estréia. O quê?! Eu nem me precatei que o pessoal do figurino também era presenteado com um daqueles! A alegria tomou conta do meu ser ao somente imaginar encontrá-lo novamente.”

¹ trecho da música "Crazy Fan Girl Dream" da Satin Beige.

FIM


n/a: Amores! Como estão? Pois bem, este foi um conto que fiz de presente de aniversário para uma amiga minha. Ela ficou tão feliz que eu pedi a permissão ( oras, o conto É dela, hihi) para postar aqui ^.^ Espero que tenham gostado! Amei escrever algo que fugisse um pouco do habitual. Bjo a todos(as) que leram! Agradecimentos para a Lelen, que gentilmente betou. E, claro, please, comentem!


Erros? Entre em contato com a beta. Agradecida.




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