by yasmin duarte
beta reader: Bella
estava se vestindo em seu quarto. ligara há duas horas atrás, a convidando para dar uma volta no shopping. Colocava sua calça quando a campainha tocou. ''Droga'', pensou . ''Por que ela tem que estar sempre meia hora adiantada?''. Correu para abrir a porta, enquanto fechava a calça e se enrolava em uma toalha. Ao mesmo tempo em que abria a porta, começou a xingar:
- , será possível que você nunca consegue... - e então, parou. Sua voz se congelou, sentiu sua garganta se fechar e, de repente, ela não conseguia mais respirar. Simplesmente encarava atônita o garoto à sua frente.
- Oi, - disse calmamente Jonas. Estava mais lindo do que se lembrava. Seu cabelo recém-cortado fora levemente bagunçado pelo vento, dando-lhe uma aparência de despreocupação e desleixo que caía bem. - Cheguei em má hora?
continuou a encará-lo, sem saber o que deveria responder. Ou melhor, não sabia nem como responder. Sua voz tinha desaparecido.
- Sim. Quer dizer, não, claro que não. - Quando finalmente conseguiu recuperar a voz, após um minuto tenso, ela saíra trêmula. Afinal, o que ele fazia ali? Por puro hábito, consultara o calendário de turnês no MySpace da banda, e sabia que, nesse momento, deveria estar no meio da Europa, em Paris, com seus irritantes irmãos.
- Bem, eu queria conversar. Mas talvez não seja a melhor hora. Volto mais tarde. - E começou, hesitantemente, a se virar para ir embora, parecendo um pouco desapontado.
- NÃO! - A exclamação saíra antes que a garota conseguisse contê-la. Era exatamente isso que seu coração gritava: NÃO, , FIQUE AQUI! Mas era óbvio que não era isso que ela falaria. - Quero dizer... Eu estava saindo do banho. Em 2 minutinhos eu termino de me vestir e a gente pode conversar. Quer entrar pra esperar?
- Ãhn... ok, quero sim. - agora parecia mais confiante. Entrou, e ficou por um momento parado no hall de entrada, olhando para (e sua toalha). Seu cabelo estava molhado e bagunçado, ela obviamente ainda não o tinha penteado.
- Bom, você sabe onde é a sala. Se quiser esperar lá, eu já volto. - tinha um dom para estragar momentos só seu. Correu para o quarto, dando as costas à e, ao chegar lá, agarrou o celular. Digitou rapidamente uma mensagem para cancelando a saída, ao mesmo tempo em que abria o armário para escolher uma blusa. Pegando a primeira que apareceu pela frente, a colocou e correu para o espelho. Não havia tempo para pentear o cabelo. A garota fez um rabo-de-cavalo alto, passou um gloss rapidamente, colocou um pouco de perfume, calçou o primeiro tênis que apareceu em sua frente, agarrou um casaquinho de moletom abandonado em uma cadeira e saiu. Respirando fundo, abriu a porta da sala.
- Estou pronta. - a observou durante algum tempo. Não olhava para seus tênis sujos nem para seu corpo, mas sim diretamente em seus olhos. Era esse tipo de coisas que o fazia tão diferente dos outros garotos.
- Ok, vamos dar uma volta? - Ele convidou. concordou com um aceno de cabeça e abriu a porta, lutando contra a maçaneta: suas mãos tremiam. O ar fresco os envolveu, enquanto caminhavam até a calçada. Não se tocavam nem se olhavam. O ritmo dos passos de era lento, e os acompanhou. Ele a conduzia - sem dizer nada - até a mesma lanchonete onde, 4 meses antes, haviam se encontrado. Por coincidência ou não - não saberia dizer - sentaram-se naquela mesma mesa. pediu uma Coca para a garçonete. A garota não quis nada: sentia seu estômago dar cambalhotas. A Coca dele chegou e tomou um gole, sabendo que não podia adiar mais o silêncio.
- . - Disse, parecendo saborear a palavra. Um minuto se passou. Ele estava perdido em seus pensamentos: como diria o que queria dizer? Ela estava perdida nos olhos de . Havia neles um brilho especial, invisível nas fotos. Sentira mais falta desse brilho do que poderia imaginar. - . - Repetiu, respirando fundo. - Eu queria falar contigo.
A menina continuou em silêncio. Isso era óbvio, não precisava de confirmação. O que a estava intrigando é o que ele fazia ali que era tão urgente que não podia esperar mais duas semanas para seu retorno oficial?
- . - Ele disse pela terceira vez. - Ah, vou ser sincero contigo. Eu tinha ensaiado um jeito bonito e coerente de dizer tudo o que eu quero. Mas esqueci, esqueci o discurso que eu preparei durante a noite toda. - Ele tomou fôlego. Esqueceu o discurso? Isso era tão... ! - Eu preciso te dizer algumas coisas. Eu posso ser incoerente e repetitivo, mas vou ser verdadeiro. Eu preciso te dizer que você é minha vida. Que antes eu não tinha percebido isso. Que ficar longe de você durante as turnês era como deixar uma parte de mim para trás, mas que perder você foi como se essa parte de mim tivesse morrido. Que o tempo que eu passei aqui em casa era horrivelmente solitário sem você. Que o tempo que eu tinha entre os ensaios não era relaxante, como era quando eu ligava para você. Que a frieza com que eu te tratei naquele dia em que, nessa mesma lanchonete, nessa mesma mesa que estamos, - Ah, não fora coincidência, então! -, você disse que me perdoava e eu respondi 'OK' me doeu mais do que o meu 'OK' em você. Que passar na frente da sua casa a caminho da minha virou uma tortura. Que eu não aguentei ficar aqui e aluguei um apartamento em outro bairro. Que eu não podia nem brincar com o Frankie no parquinho, porque eu tinha muitas lembrancas de você, lá. Que em todo lugar que eu ia, eu pensava sentir seu perfume e começava a te procurar, pensando em você, por perto. Que eu sonhei muitas vezes com você, com a gente. Que eu sonhei que você vinha pedir desculpas novamente e que eu aceitava. Que, cada vez que eu tocava 'When you look me in the eyes', eu me lembrava de você e de como essa música descrevia minha relação com você. Que eu errei mais nessa música do que nunca, até que os rapazes decidiram tirar do repertório e substituir por Video Girl. Que, mesmo assim, eu continuei errando. Que eu sonhei também que eu tinha coragem suficiente para vir até aqui te procurar. Que eu não podia olhar para livros de Química sem lembrar de você e do jeito que você odeia essa matéria. Que sem você nada tem graça, sabia? Que eu preciso de você do meu lado, sempre. Que eu preciso de você pra rir comigo, pra comemorar comigo, pra chorar comigo, pra brigar comigo, pra ouvir os 'eu te amo' que eu ainda vou dizer. Que eu preciso de você para ser a minha mulher, ser a mãe dos meus filhos, ser aquela para quem eu vou poder dizer: 'olhe lá o nosso netinho!', ser aquela ao lado de quem eu vou envelhecer. , eu sei que eu errei. Eu sei que eu te magoei. Eu sei que eu usei muitos clichês. Eu sei de tudo isso, e a plena ciência desses fatos e da dor que eles causaram em ti me machuca, ainda mais do que eles, em si. Mas eu peço, por favor, que você não veja meus erros do passado. Eu peço que você entenda uma única coisa: Você é a minha vida, agora.
estava sem ação. Lágrimas vieram aos seus olhos. Cada detalhe da sua vida, da vida que tinham tido em comum estava ali: as ligações apressadas nos intervalos, a última conversa nessa lanchonete, o motivo pelo qual tinha sumido do bairro, os primeiros beijos no parquinho, o perfume que usava desde os 12 anos e que adorava, When you look me in the eyes e Video girl (as músicas que mais gostava da banda), o jeito como ela odiava Química: como ela podia não aceitar as desculpas de , quando ele próprio parecia tão arrependido de tudo isso, de tudo o que ele mesmo tinha feito?
Ele mesmo. Por outro lado, fora ele mesmo quem havia deixado ir embora naquele último encontro. Por quê? Ela não podia responder a ele antes de saber o motivo. E por que ele voltara tão de repente? Será que tinha terminado com a nova namorada? Ela precisava saber.
- Por que... - perguntou, com a voz fraca mas firme - você me deixou ir embora? Por que não fez nada?
Ele a olhou e sacudiu a cabeça, pesaroso.
- Você acreditaria se eu disser que, verdadeiramente, não sei? - Ele a olhou por um longo minuto, revendo cada detalhe daquele rosto há muito tempo já decorado. - Creio que fui fraco, orgulhoso. Não queria admitir que também estava errado. Que você podia ser tão importante para mim. Não queria dizer: me perdoe?; queria mostrar que era totalmente indiferente a você. Coisa que eu não sou. Ah, como eu estava errado - Murmurou essa última frase baixinho, como se fosse para ele mesmo.
- Por que.. - perguntou novamente . Ela fez uma breve pausa. Temia essa resposta, e ansiava por ela. As duas sensações eram conflitantes. - Por que você voltou tão de repente? Já que esperou 4 meses, não podia esperar mais um só?
- Não. - Seu olhar se tornou sombrio. - Eu já estava pensando em vir até aqui, há muito tempo. Na verdade, praticamente desde o momento em que eu saí, eu pensei em voltar. - Ele respirou fundo novamente. Cada palavra parecia ser difícil para ele. - Então, ontem à tarde, após uma entrevista, eu estava vendo TV, pensando em você, e passei por um canal de filmes. O filme era ''Um lugar chamado Nothing Hill''. - Ele sorriu. O fato de ele se lembrar que este fora o primeiro filme que assistiram juntos e que ela disse ser um dos seus preferidos fez mais lágrimas caírem. 'Droga, eu sou mesmo uma boba', pensou , odiando-se por se importar com detalhes como estes. - Nem hesitei. O engraçado é que eu tava pensando se te ligava enquanto zapeava pelos canais. Interpretei o filme como um sinal do além e fui para o aeroporto na hora. Só avisei meus irmãos quando já estava na sala de embarque. Eles ficaram bravos comigo, tiveram que remarcar um monte de coisas, mas eu soube que valeu a pena na hora em que você abriu a porta. - Ele segurou sua mão, que estava sobre a mesa. - Por isso que eu te pergunto: , você me perdoa pelos meus erros e por minha falta de maturidade, esquece tudo isso e aceita voltar a namorar comigo? - Ele a olhou cheio de expectativas. Ela optou por não responder diretamente.
- Sabe, eu também senti muito a sua falta. Provavelmente mais do que você sentiu a minha. Em cada minuto livre, eu lembrava de você. Enquanto eu estava na escola, enquanto escrevia, enquanto sonhava. Em todos os momentos, a única coisa que sempre estava na minha mente era você. Eu sentia que não ia aguentar ficar tanto tempo sem te ver, ou ficar pra sempre sem te ver, eu não sabia. Eu precisava ouvir a sua voz, ver o brilho dos seus olhos, sentir seu cheiro, tocar em você. Precisava ter certeza que eu não estava morrendo por causa de um sonho. Precisava de uma confirmação de que você era real. Foi por isso que te procurei naquele dia. Eu precisava ficar com você. Não podia aguentar a idéia de ter te magoado, isso não parecia certo. Então tentei falar contigo, sem sucesso. Depois daquele dia, eu prometi pra mim mesma que ia enterrar você no fundo do meu coração. No momento em que eu mais precisava ao menos falar com você, você me desprezou. Isso doeu. E ainda dói.
- , é sério, eu... - mal tinha começado a falar quando a garota pediu silêncio com um gesto. Ele se calou e, tranquilamente, ela continuou a falar.
- Mas claro que não eu consegui te esquecer, porque você é, ou era, parte de mim. Isso só me prejudicou. Nesses meses todos, não consegui me concentrar em nada. Ah, você errou uma nota, em uma música, em um show? Nossa, que terrível. Eu praticamente joguei um ano de escola fora, por não conseguir me concentrar nem nas aulas, nem nas provas, nem nos testes. Ah, você pensava em mim? E o que acha que eu sentia sabendo que eu tentei, , eu tentei! E você me desprezou. Quando eu mais precisava. - Ela repetiu, baixinho. A frieza de sua voz era pontuada com soluços audíveis. Ele novamente tentou dizer algo. Abriu a boca mas, aparentemente incapaz de encontrar as palavras certas, a fechou novamente. - É claro que eu te perdôo, mas quero que você entenda o quanto isso é difícil pra mim. Eu poderia dizer um 'OK' do jeito que você disse há 4 meses. , e só te olhar até que você saísse. Mas eu não vou fazer isso porque te amo demais para te magoar desse jeito.
- ... - por fim conseguiu falar. - Isso não quer dizer que eu não te amava, é só que eu... - Ele parou quando ergueu a mão para silenciá-lo. Ele obedeceu ao pedido mudo, com uma expressão já não tão tolerante no rosto. Ela sabia que uma coisa que o irritava era não poder dizer o que pensava.
- Eu não te interrompi, então, por favor, ouça. A tentação de dizer um 'OK' só para que você se sinta como eu me senti também é grande, porque uma parte de mim nutriu um ódio muito grande de você durante esse tempo. Parece cruel, mas é a mais pura verdade. - Um sorriso fraco surgiu no rosto do garoto. - Mas, como já disse, eu não vou fazer isso. Eu continuo não te entendendo. Não entendo porque você fez aquilo e agora está de volta, não entendo como teve tempo de vir até aqui, não sei onde arranjou coragem. Mas isso não importa. Eu não preciso entender você para te amar. - Eu sussurei. - Minha resposta é sim. Sim, eu aceito namorar contigo de novo. Sim, eu te perdôo pelos teus erros e idiotices. Mas não me peça para esquecer isso. Não peça o que eu não posso fazer. Infelizmente, esses meses ficaram gravados em mim, dentro do meu coração. E permanecerão lá. Só espero que, daqui para a frente, tenhamos bons momentos para ocultá-los. - Ela respirou, aliviada, por ter falado tudo aquilo que queria dizer há meses, e que muitas vezes já havia dito para o seu reflexo no espelho. Mas encarar seus próprios olhos não fora tão difícil quando continuar a encarar os de , repletos de arrependimento e dor. Mesmo assim, ela sorriu.
estava mais próximo agora; depois de muitos meses, sentiu novamente seus lábios macios e doces tentando recuperar tanto tempo perdido, suas mãos delicadas acariando as dela. Ah, como ela sentira falta disso!
- Eu te amo irracionalmente, incondicionalmente, irremediavelmente e eternamente. - Ele sorriu torto e se levantou, segurando forte a mão de . Foram para o mesmo parque onde começaram a namorar. ' está aqui', pensou a menina. O sonho era verdade novamente. De repente, tudo estava bem.
N/A:
Obrigada por você ter lido :D .
Então, essa (ex) triologia foi a primeira série de shorts que eu escrevi. Inicialmente era para ter apenas três partes, mas agora empolguei e vou fazer mais uma - a última. Já comecei a escrevê-la e tudo o que posso prometer é uma história doce cheia de clichês MUAHAHA. Desculpem se o tema 'novelinha mexicana' dominou novamente, ainda estou começando a escrever este tipo de história. Com o tempo, eu prometo que melhoro rs.
Eu queria agradecer e muito a algumas pessoas especiais: primeiro, à bel, minha nova beta maravilhosa ^^. depois, à Fernanda de novo, porque acho que só ela lê TODAS as minhas fics e diz que TODAS estão maravilhosas. Muito obrigada, amiga (: Também, a todas minhas amigas que, de algum jeito, sempre me apóiam, seja sugerindo alguma coisa para a história ou me passando os conteúdos das aulas que eu gasto para escrever minhas histórias. Hélen, Alissa, Maria Helena, Carol, obrigada :D E , por último, a todas vocês, leitoras queridas, que chegaram até o quase fim dessa série. Um obrigada especial para todas/todos vocês :D
P.S.: Eu sei que Video Girl e WYLMITE não fazem parte do mesmo show rs. Mas dane-se, ficou cute assim. E também sei que turnês não duram quase um ano, mas releve o fato, era necessário :D
Algumas fics minhas no site:
Like a Dream
The dreams can be real >A PRIMEIRA PARTE AE
The dreams can be real >A SEGUNDA PARTE AE
Higher Love (Em andamento)
So, its all :D xx,
- yas ;)
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