Escrita por: Cell Moreira
Betada por: Larys




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Prólogo



Eram duas pessoas engraçadas.
Completamente diferentes, completando-se.
Mas por quê? Era em ódio, rancor, raiva, ou no mínimo indiferença que aquela relação deveria se basear... Eles não podiam se querer.
Tarde demais. Ela seduziu, ele caiu. Ele quis de novo, ela cedeu. E logo estavam os dois presos naquele jogo de apostas, para ver quem levaria tudo... Especialmente o coração um do outro.
Pena que eles não sabiam, que lá no fundo, seus corações já se pertenciam...
E um jogo nunca os traria de volta. Porque o amor era a mais poderosa das cartas.

UM



Eram duas da tarde de sexta-feira. Uma garota bonita, com traços delicados e cabelos brilhantes estava sentada em uma das poltronas de uma sala de espera.
Tamborilava as unhas parcialmente grandes na mesinha de canto ao lado de sua poltrona, demonstrando sua grande impaciência em esperar.
O telefone tocou. A recepcionista atendeu. A menina prestou atenção na cena, esperando o que viria a seguir. Ao desligar o telefone, a mulher lhe disse:
- Certo, Srta. . Pode entrar. O Sr. a aguarda.
Levantou-se, ajeitando o vestido junto ao corpo e murmurou um 'obrigada' à mulher. Abriu a porta de supetão, encontrando um de terno sentado em sua confortável cadeira de escritório, diante de uma mesa cheia de papéis.
- Então é assim: você manda suas empregadinhas me ligarem às oito da manhã, dizendo que tem um assunto urgente para tratar comigo e ainda me faz esperar quinze minutos? - perguntou a garota, irritada, enquanto fechava a porta.
- , ... - Disse ele, com um sorriso malicioso, observando a menina se sentar a sua frente. - Você ainda vai tropeçar na sua própria pressa... Nunca te disseram que 'apressado come cru'?
- , ... - ela imitou, exibindo o mesmo sorriso malicioso. - Você ainda vai engasgar com suas próprias cantadas... Nunca te ensinaram a conquistar uma mulher?
- Eu não preciso desse tipo de coisa com você, ... Eu tenho meus meios próprios de te colocar na linha. - disse ele, mexendo em seus próprios papéis.
e deveriam ser como irmãos.
Eu disse deveriam. Porque não eram...
fora adotada pela mãe de , Naomi, aos dois anos, quando vira uma prostituta abandonando a filha em um lixão enquanto passava pela rua. , nessa época, tinha apenas três anos, e fora instruído por sua mãe a chamar a garota de irmãzinha...
Só que ele cresceu. E seus defeitos, principalmente seu talento para manipulação e chantagem no quesito 'conseguir o que quer', cresceram junto. Aos doze anos, descobriu o segredinho sujo de e começou a se utilizar disso para fazer da garota seu capachinho oficial.
No ínicio eram coisas bobas; coisas como entrar na sala da diretora e roubar um arquivo, mudar uma nota, ir a festas como acompanhante dele...
Quando fez 15 anos e começou a notar o quanto ela estava bonita e desenvolvida é que as coisas mudaram. Ele começou a pedir favores mais físicos, até finalmente tirar sua virgindade. E então eles evoluíram de irmãos para chantagista e chantageado até finalmente chegar no estágio sex buddies.
não admitia para ninguém, mas era louco por ela, por isso lhe importunava tanto. Era um cara bonito, musculoso e um homem de muitas mulheres... Mas era a que ele realmente gostava.
, no ínicio, odiava . Odiava o fato dele jogar seu passado na sua cara e obrigá-la a fazer seus trabalhinhos sujos. Mas quando a coisa começou a se tornar mais corporal, ela acabou se envolvendo. Começou a querer por perto, a querer ser dele.
Os dois ainda ficavam nesse jogo idiota, onde chantageava , ela fingia se irritar, fazia o que ele queria e então sumia por um tempo.
- Vamos ser diretos. O que você quer de mim? - perguntou a garota.
- Uau, sem preliminares? Certo então... - disse ele. - Digamos que eu tenha entrado para um ramo que te interessa.
- Qual seria o ramo?
- Pôquer.
Pôquer. Aquela maldita perdição. era apaixonada por aquele jogo, até meio viciada. Na verdade, quando não estava fazendo os serviços de , vivia disso. Jogava algumas mesas, mesas baixas, ganhava uns 2 mil dólares e parava até que ficasse sem grana de novo.
Era bastante experiente e esperta, principalmente para alguém que vivia em Vegas. Não tinha problemas com dinheiro ou com empréstimos. Era apenas conhecida por ser linda e boa jogadora (e por ser amante de , mas ela detestava que dissessem isso a ela.)
- O que você quer com pôquer?
- Digamos que eu tenha descoberto um segredinho de uma pessoa em especial que eu sempre fui doido pra ferrar... E eu sei que só você pode fazer isso para mim.
- Certo, quem você quer que eu ferre? - perguntou ela, entediada, como se fosse a missão mais fácil do mundo.
- Hum... .
levou um susto e encarou com uma expressão assustada.
era, atualmente, o maior jogador de pôquer do mundo. E sua segunda maior vocação era encrenca nos cassinos. Apesar de milionário, estava sempre devendo a alguém, ou pegando a mulher casada de um bicheiro ou criminoso da área... E não era para menos. O cara era lindo, corpo sarado, cabelos bagunçados, uma jaqueta de couro sexy cobrindo os ombros musculosos e olhos brilhantes. nunca havia falado com ele, não era nem louca de entrar numa mesa com o cara porque perder era certo... Mas ele a interessava. Mais pelo físico do que por qualquer outra coisa.
- O que você quer com ? - perguntou, perplexa.
soltou uma gargalhada.
- Que foi, hein? Ficou nervosinha? Já pegou?
- Infelizmente não... - disse ela, mordendo o lábio maliciosa e dando de ombros. - Mas não foi por falta de vontade, sabe...
fez uma cara de raiva. Ele sentia ciúmes de e odiava descobrir que ela estava com outros homens.
- Olha aqui, hein, prostituta... - disse , irritado, colocando o dedo na cara dela. - Não ouse ficar jogando esses seus charminhos baratos para cima dos outros. Você é minha!
- Não sabia desse detalhe. Achei que eu só te fizesse favores. - disse ela, dando de ombros. - Não sou sua, . Você sabe muito bem disso. Sabe que é louco por mim e que o que eu tenho por você é só atração. E você sabe muito bem que é só por causa da grana e do bom sexo que eu continuo a trabalhar para você.
estava vermelho de irritação. sorria satisfeita com a reação que sua pequena provocação causara.
- Mas então... Que tal meu dono me contar o que eu terei que fazer com ? - disse ela, sarcástica. - Se for algum serviço físico, eu terei prazer em ajudar, você sabe. - disse ela, com uma piscadela.
Ele massageou as têmporas, tentando se acalmar.
- Esse cara é filho do maior jogador de pôquer da história. Você deve saber disso com certeza. Parker . E Parker tinha um segredo para ganhar os jogos... Um segredo que ele nunca revelou e acabou custando sua vida.
- E daí? - perguntou a menina.
- E daí que agora seu bebê, , anda ganhando demais. E muita gente das antigas suspeita que ele tenha descoberto as manhas do pai.
- Eu ainda não entrei na história... - murmurou a menina, entediada. - Princesa, pensa comigo: Você trabalha para mim. Você descobre o segredinho do antes que alguém faça isso, ou o mate. Ai você usa esse segredo. E tcharam! Criamos uma máquina de dinheiro.
- Você é idiota ou algo assim? Aí o novo alvo seria eu! - bradou a menina.
- Não seria. Porque nós faríamos um favor a todos... Nós eliminaríamos . Ninguém ia ter coragem de tocar nos . - disse .
- Você sempre pecou por ser ambicioso... Não é melhor a gente só arranjar a senha dos cofres dele e tudo certo? - perguntou a menina, receosa.
- Com medo, linda? - perguntou ele, maldoso. - Eu te protejo...
- Sim, eu tenho medo. Se você matar o odiado, a sua família fica bem na fita. Acontece que eu não sou uma . Nunca fui. Meu nome é . .
- James Bond ficaria orgulhoso de você. E depois te levaria pra cama, claro. - disse disse, com um risinho de escárnio. lhe olhou com uma de suas expressões irônicas, soltando um 'haha', como se não achasse a mínima graça. - Você sabe que não precisa se preocupar com isso, minha linda. Existem muitos meios de fazer uma pessoa ter o mesmo sobrenome que a outra.
- Esse foi seu jeito de me pedir em casamento? - perguntou ela, erguendo a sobrancelha. - Você pode fazer melhor, amor.
- Não seja convencida, . Seria profissional. E aberto.
- Tenho certeza de que se eu casasse com você e nós dois dividíssemos a mesma casa e a mesma cama, você nem sequer iria querer sair para trabalhar. Ia abusar de mim o dia todo. Como você gosta...
- Se eu peco por ser ambicioso, você peca por ser convencida. Você confia demais no seu taco, linda.
- Você me dá motivos. Aquele ataque de dois minutos atrás, o que foi? - abriu a boca, mas nada disse. sorriu. - Acho que te deixei sem respostas, meu anjo.
- Vai pegar o serviço, então? - disse ele, mudando o assunto. - Certo.
- Ok. Certo. Me mande as instruções corretamente, bem explicadas, e eu executo da minha maneira, fechado? - disse ela.
- Parece perfeito.
- Eu estou curiosa. - disse , mordendo o lábio. - O que você tanto quer com o ?
- É um assunto meio antigo. De família. Digamos que ele tem uma coisa que nos pertence. - disse , cruzando os braços.
- Nos pertence? - perguntou ela, com um sorriso. - Me incluindo na família, é?
Ele sorriu de volta e deu de ombros de maneira simples.
- Pode ser. - disse o rapaz.
abriu um sorriso e se levantou, ajeitando o vestido curto e colado ao corpo.
- Se é só isso que você tem para tratar comigo... Tchau... Passar bem. - disse a menina.
- Volta aqui, . Agora. - ordenou . A garota, obediente, virou e caminhou até ficar de frente para ele. - Senta aqui comigo. - disse ele, puxando-a para a cadeira.
sorriu e se sentou no colo dele, passando uma perna de cada lado do seu corpo, fazendo com que sua peça íntima roçasse contra a barriguilha da calça de ... Enlaçou o pescoço dele com os braços enquanto o rapaz estacionava a mãos em sua cintura. colou os lábios dos dois e a menina não correspondeu, só de charme.
- Vamos, . - disse ele, contra a boca dela. - Vamos, me beija e não enche.
- Não sei se você merece. - disse ela, afastando os lábios dos dois. - Ficou dando ataque, me chamando de prostituta... Eu não gosto dessas coisas... - falou, fingindo um biquinho.
- Você sabe que, na verdade, ama tudo isso. Vamos, , pára de charme. - sussurrou ele, mordendo o lóbulo da menina.
- Aaah, não sei se eu te perdôo. - disse ela, sorrindo sem que ele pudesse ver.
- Não pedi seu perdão. - murmurou ele. - Você é minha, eu te chamo do que quiser... - ele disse, soprando o ouvido dela. - Prostituta. - e uma mordida no pescoço. - Vadia. - e um apertão na coxa direita. - Minha...
Seus lábios desceram do pescoço ao colo da menina, que acariciava seus cabelos. Ele passou o nariz pelo decote do vestido que dava uma mostra de seus seios fartos.
- Gostou do meu vestido, amor? - perguntou ela. - É azul... Sua cor favorita.
- Ele é lindo... A gente bem que podia ver como ele fica no chão do meu quarto... - disse .
- Que cantada de pedreiro! Eu adoraria, mas não posso... Hoje eu vou estar ocupada. - disse ela, enquanto sentia o rapaz abaixar seu sutiã para beijar-lhe os seios.
- Ocupada com o quê? - perguntou ele, distraidamente.
- Missão , ora. Tenho que fazer isso direito.
afastou a cabeça do colo da garota, com um olhar raivoso.
- Você não está cogitando dar pra ele ou algo assim, certo? - perguntou ele, com um olhar maníaco.
- Você é que não devia estar cogitando a hipótese de eu não dar para ele. - disse ela, simplesmente.
- Escuta aqui, vadia... - sussurrou raivoso, prendendo-a contra a mesa. - Quantas vezes eu vou ter que te dizer que não quero você de pernas abertas pra ninguém?
rolou os olhos impaciente.
- Ai, , você me cansa. Ele é um cara de 25 anos! Como você espera que eu chegue nele? Quer que eu seja amiga? Fala sério! - reclamou ela enquanto acariciava a nuca de seu amante ciumento. - E além do mais, você disse que nós vamos nos livrar dele... Então! São apenas ossos do ofício...
- Você não vai mais fazer essa missão. - disse o garoto, emburrado. - Eu não quero que você vá para a cama com esse cara.
- Ai, bebê, quanto ciúmes... - disse , mordendo sua bochecha de leve. - Eu vou fazer a missão, sim, e vou dormir com o . E depois nós dois vamos ser o casal mais rico de Vegas com todo o dinheiro de pôquer e herança que nós vamos levar dessa minha "amizade colorida" com ele...
sorriu então.
- Tá, você venceu. Mas só se você for a um lugar comigo no almoço. - disse ele.
- Um lugar que tenha cama, por favor... Não quero ter dor nas costas. - murmurou ela.
riu e avisou na recepção que ia sair para almoçar.
E que não tinha hora definida para voltar.

xx

acordou com um barulho de celular tocando. Abriu os olhos meio confuso, procurando ver se era o seu.
- Pode deitar, é o meu. - Uma voz feminina disse ao seu lado.
se virou e encontrou uma menina loira, de olhos verdes, bonita e nua em sua cama, agora se levantando atrás do celular. Tentou se lembrar de como ela fora parar ali... Mas só via flashes. Bufou.
, como todo o cara, gostava de noites de sexo. Mas só tinha graça se lembrasse dos acontecimentos... Pelo menos ele sabia que tinha sido boa, pois se sentia muito leve.
- Voltei... - disse ela sorrindo. - Bom dia, .
- Bom dia, hã... - murmurou ele, tentando a todo custo lembrar o nome daquela garota.
- Você esqueceu meu nome, né?
- Não! - negou ele. - Claro que não... É Rachel, não é? - disse ele, rindo. - Ah, acertei.
- Lisa, . - disse a garota. - Passou longe.
- Verdade, Rachel foi a de ontem... - disse ele, pensando alto. - Hã, me desculpe, Lisa... - completou, meio encabulado.
- Tá tudo bem. Já tinham me dito que você era assim... Uma mulher a cada dia. - disse ela.
- Claro. Mas nada me impede de ter a mesma mulher duas vezes, sabe... - disse ele, esticando-se para tocar a menina, que logo sorriu e chegou mais perto.
não perdia tempo quando o assunto era mulher ou pôquer. Ele jogava, vencia e comemorava com uma menina bonita que estivesse no cassino...
Antigamente, ele costumava ter umas meninas fixas... Mas depois que começou a ganhar desenfreadamente, sempre tinha uma diferente e tão bonita, ou até mais, do que a anterior... E assim ele ia se divertindo.
Quando acabou com Rachel, Lisa, ou seja lá qual fosse o nome da garota, mandou chamar um táxi. A menina foi embora e deixou seu telefone.
Tudo bem. Ele não ia ligar mesmo.
vestiu a boxer e desceu as escadas para tomar seu café de todo o dia. Um copo de leite com chocolate e menta, feito especialmente por uma das empregadas da casa...
vivia numa casa de três andares, sete empregados e quatro quartos. Para o dinheiro que tinha, era bem simples... Mas vivia sozinho, apenas com seu "tutor", Jack, que ajudava ele a cuidar das finanças e a não fazer tantas burradas.
- Dia, Jack. - murmurou ao entrar na cozinha.
- São duas e meia da tarde, . - murmurou Jack.
- Certo... Tarde, então. - disse o rapaz, simplesmente.
- Outra menina? - perguntou Jack. sorriu. - Você não tem jeito mesmo... Tem que ficar trazendo essas putas pra casa?
- Qual é, Jack, são só garotas num cassino... - disse o garoto, despreocupado.
- Você anda chamando muita atenção. Todo mundo anda comentando sobre você. Não podemos dar mole, . A gente sabe o que aconteceu com seu pai e como ele morreu. E sabemos muito bem como esses criminosos safados trabalham.
- Sei, sei... Garotas. Mas as que eu pego, eu geralmente chego com elas grudadas na minha boca, como elas e depois simplesmente mando um táxi as deixarem em casa... Eu nem costumo repetir!
- Eu sei, mas um dia vai ter uma que você vai acabar se afeiçoando. E se ela for a piranha que vai te foder? , não podemos deixar isso acontecer na família! Não de novo...
- Não vai acontecer... E, além do mais... A menina que ajudou a matar o papai não revelou o segredo dele, né? E ela sabia. De tudo.
- Eu preferia que ela tivesse revelado. Quem sabe ele não estaria vivo ainda... - disse Jack, com pesar. - Seu pai foi o melhor amigo que eu tive na vida. E ele sempre gostou de aparecer. Você está fazendo tudo exatamente como ele fazia...
- Isso não é ruim.
- Sim, , é! É péssimo! Seu pai acabou morto. - disse Jack. - Só tenta se ligar, tá certo? Não confie em ninguém aqui em Vegas. Principalmente nas mulheres.
concordou, mas por dentro sorriu. Até parece que um dia seria enganado por uma garota.
Ele ainda não conhecia de fato.

xx

saiu do motel andando meio torta. estava provavelmente em um dia ruim, pensou. Ele estava tão nervoso e agressivo... Havia a deixado meio dolorida.
A garota se perguntava se deveria diminuir na provocação. Mas ela gostava tanto! Deixá-lo descontrolado era seu esporte predileto...
Às vezes se perguntava se era uma boa idéia mexer com ... Apesar de gostar dele mais do que de qualquer cara que ela já tinha transado, não era apaixonada por ele.
Mas achava que casar com ele era bom negócio. Ela poderia suportar uma vida fazendo sexo apenas com , seria até bom. E ele era rico e inteligente... Além de lhe dar trabalhos muito divertidos a fazer.
Afastou do pensamento. Pelos próximos meses, teria um novo brinquedo: .
Teria que conquistá-lo, dar-lhe muita satisfação e ganhar sua confiança...
se sentia má... Aquela sensação de estar prestes a acabar com a vida de alguém era tão boa! Ela quase poderia saltitar de alegria...
Entrou no primeiro bar que viu. Sorriu para a atendente e disse:
- Eu gostaria de ver Katherine Monroe.
A mulher assentiu e entrou nos fundos do bar. Katherine Monroe era uma mulher de mais ou menos cinquenta anos, cabelos vermelhos e roupas extravagantes .Conhecia todo mundo, a vida de todo mundo, os podres de todo mundo. Até mesmo os de .
- . - disse Katherine abrindo um sorriso. - A que devo essa adorável surpresa?
- Precisamos bater um papo, Kath. - disse , mexendo na bolsa.
- Esse papo vai lhe custar o de sempre... Você sabe... - disse a mulher.
- Tá, tá... Eu sei... Vamos, eu tô sem tempo. - disse a menina, sentando numa mesa.
Katherine a acompanhou e pediu duas cervejas. acendeu um cigarro.
- Não deveria fumar esse troço... Você não tem nem 22 anos...
- É bom. - respondeu dando de ombros. - Mas vamos ao que interessa...
- Certo, o que você quer de mim? - disse Katherine.
sorriu e deu um leve tapa na mesa.
- Preciso que você me diga tudo, mas tudo que sabe sobre .<

DOIS


e Katherine tiveram uma longa conversa. Com seus olhos grandes e brilhantes, a menina absorvia cada palavra da mulher mais velha como se guardasse cada uma daquelas informações preciosas em um compartimento de sua mente.
De certa forma, estava realmente fazendo isso. Cada palavra que Kath pronunciava seria importante em algum momento para .
- Certo. Então ele é encrenqueiro, nunca perde, freqüenta o Jack e leva uma menina diferente pra cama a cada dia? - confirmou .
- Basicamente. - respondeu Kath. - tem uma vida um pouco mais complexa do que isso.
- Ele é esperto. - concluiu a menina, baixo. - Eu preciso me mover devagar. Kath, ele já veio até você?
- Algumas vezes... Ele é bastante desconfiado quanto às meninas com quem dorme...
'Merda', pensou .
- Quanto você quer para dizer exatamente o que eu te pedir sobre mim? - perguntou , puxando um talão de cheques.
- , ... Eu gosto de você. É uma menina inteligente. Mas eu não posso mentir por você... - disse Kath, sorrindo.
- E por que não? Eu estou disposta a te pagar... - falou a menina, nervosa.
- , minha querida. Sabe o que eu sou? Eu sou a pessoa mais influente dessa cidade. Todo mundo aqui vem me pedir ajuda. Sabe por quê? Porque eu trato todo mundo igual. Não tem preferido... Se vier aqui e me pagar, eu conto o que eu sei. - disse ela, de forma simples.
- Eu não posso deixar que saibam a verdade sobre mim, Kath. A verdade que, só Deus sabe como, você sabe. Eu passei a vida inteira me comportando nessa cidade para que ninguém suspeitasse. Não posso deixar um mauricinho imbecil estragar tudo! - bradei, irritada.
- Por que você quer se meter com ele afinal? - perguntou ela. - Mais um servicinho para o filho? Você faz de tudo para esse moleque...
- Não vou te contar, você vai dizer tudo para o mesmo! - reclamei.
Katherine soltou uma gargalhada.
- Sabe, , você me lembra uma garota... Uma garota muito parecida com você que veio procurar informações sobre um há muitos anos atrás.
- O Parker morreu porque entregaram ele... O pai do . Você tá querendo dizer que foi uma menina que fodeu a vida dele? - perguntei interessada.
- Uma menina muito parecida com você, . E ela fez tudo certinho... Poderia dizer que foi perfeita, se não tivesse cometido o maior dos erros que uma mulher pode cometer nessa cidade.
- O que ela fez? - perguntou a garota.
- Se apaixonou. Se apaixonou pelo cara que ela tinha que matar. Ah, , eu fiquei tão irritada... Eu a protegi por causa daquele plano... Prometi desde então que nunca mais protegeria ninguém.
- Eu não vou me apaixonar, Kath. Eu vou te pagar e posso conseguir todas as informações da construtora ... Por favor, Kath. Por favor. - implorou a menina, segurando a mão da mais velha.
- Certo, . Eu vejo potencial em você... Você vai virar essa cidade de cabeça para baixo, garota.
- Eu só quero a grana, Kath. E o segredo do sucesso dele. É isso que eu preciso.
- Era disso que ela precisava também, . Só que ela se apaixonou...
- Eu não vou cometer o mesmo erro. Vamos, presta bastante atenção porque, quando vierem perguntar de mim, é isso que você vai dizer...

xx

Sete horas da noite, estava parada na porta do Jack, o cassino mais barra pesada da cidade. Ela usava um vestido verde menta colado ao corpo com um cinto de argolas douradas circundando a cintura e uma jaqueta de couro preta que parecia um bolero por terminar na altura do busto. Os sapatos eram altos e finos.
Seus cabelos brilhantes estavam soltos e caindo pelos ombros. Seus olhos estavam carregados de maquiagem preta e os lábios molhados pelo gloss incolor. Ela parecia uma menina de atitude, uma menina sexy.
Entrou pela porta da frente do local e foi direto em direção à banca de fichas do cassino.
- Hey. - ela chamou o rapaz das fichas. - Quero 500 dólares. - abriu a bolsa, retirou o dinheiro e colocou no balcão.
O rapaz lhe abriu um sorriso e entregou um punhado de fichas coloridas organizadas por valor. A menina mentalmente conferiu para ver se estava correto.
- Você pega o seu dinheiro na saída aqui mesmo... Se você ganhar algum, certo?
- Eu sei como as coisas funcionam num cassino, querido. - disse com uma piscadela, saindo dali e observando as mesas.
Ela tentava encontrar . Jogar contra ele seria um bom jeito de chamar sua atenção... Ainda mais porque ela sabia que as meninas que ele dormia não jogavam nem dado. Não havia muitas meninas da idade de naquele ramo. A maioria das jogadoras de pôquer era feia e não sexy.
aprendera a jogar ainda na escola, quando a obrigava a ir a alguma festa com ele. Os amigos de geralmente eram excelentes jogadores e ensinaram muitas coisas a ... Logo, com sua sorte e esperteza, ela começara a jogar tão bem quanto eles. Às vezes jogava também, mas ele não era tão bom. Pôquer com aposta não é puramente sorte, tem que ser inteligente. O garoto era afobado, apostava alto em jogos bobos e geralmente perdia.
procurou com seus olhos atentos. Ele provavelmente estaria em uma das mesas, jogando. Ela olhou mesa por mesa... E nada. não estava jogando. O que a levou a concluir que não estava ali.
Bufou irritada e foi até o bar do cassino.
- Tem Martini com Campari? - perguntou ela ao barman. O cara assentiu. - Me vê um, por favor.
Pegou a bebida de tom vermelho alaranjado da mão do homem e bebericou. Seu olhar ficou dando voltas.
De repente, sorriu. Num sofá de canto, com uma garota de cada lado do corpo, estava ele. O mais novo alvo. .

xx

estava sentado com duas meninas num sofá do Jack. Uma era morena e tinha uma bunda enorme, na qual ele estava meio tentado, e a outra era ruiva, com um dos maiores seios que ele já vira.
Quando aquelas duas garotas se ofereceram para ele na entrada, nem se preocupou em jogar algumas partidas para levar alguém para a cama. Naquela noite, as mulheres vieram fáceis demais...
Naquele momento, enquanto a ruiva beijava seu pescoço e a morena acariciava sua coxa, ele passava os olhos por todo o cassino em busca de uma visão interessante. E achou. Uma garota bonita de cabelos longos e brilhantes com uma bebida alaranjada na mão.
Aquela garota era linda e, mesmo de longe, sensacionalmente atraente. suspirou ao prestar atenção em seu corpo inclinado no balcão, curvilíneo e ressaltado pelo vestido colado. Ela, como ele, procurava algo com os olhos.
Num momento, a garota voltou seu olhar para e os dois se encararam. , como um bom conquistador que era, abriu seu melhor sorriso de cafajeste.
Em resposta, a desconhecida fez algo que considerou muito sensual. Ela bebericou a bebida e devolveu o sorriso enquanto jogava os cabelos para trás. Lançou a ele uma piscadela e se encaminhou até uma das mesas onde estava rolando uma partida de pôquer de três pessoas.
ficou empolgado... Queria ver aquela menina de perto, queria vê-la jogando... Queria jogar com ela. Em todos os sentidos que essa frase pudesse tomar.
Ele afastou a morena e a ruiva dizendo:
- Hey... Meninas... Eu preciso jogar algumas partidas. Sabem como é, né...
- Ora, , não estamos te divertindo? - perguntou a ruiva, apertando os peitos contra a lateral do braço de .
- Nada disso, amor... É só que jogar é meu trabalho. E o trabalho vem antes da diversão. - disse ele, levantando-se com um sorriso maroto e ajeitando a jaqueta de um modo sexy. - Que tal a gente se encontrar aqui no mesmo lugar, mais tarde?
As duas concordaram sorrindo e acenou brevemente, procurando a mesa onde estava sentada a menina sexy de vestido verde.
A mesa na qual ela estava não era uma das mais populares daquele cassino. Mesas de jogos eram quase como as de escola: Cada uma tinha um status. Em uma mesa apostavam baixo demais, na outra, alto demais... Algumas mesas eram apenas para jogadores iniciantes, outras para os melhores... Aquela especificamente era uma mesa normal: Não envolvia nem muito nem pouco dinheiro e não tinha jogadores excepcionais.
- E aí, galera! - disse , sorrindo para as pessoas da mesa. A menina o observou atentamente, erguendo a sobrancelha. - Hoje eu vou me sentar com vocês...
O dealer(n/a: cara que dá as cartas) deu um sorriso e perguntou:
- Quer conferir o baralho, ?
- Hoje eu passo, Mike. - respondeu ele, sorrindo.
As outras pessoas da mesa ficaram se encarando. Menos, é claro, a menina do vestido verde, que ficava fitando com um interesse meio óbvio.
- Vamos sair. - disse um dos jogadores.- Foi mal, , mas eu já não estou ganhando muito. Jogar com você não me parece uma idéia inteligente.
deu de ombros.
- Sinto muito, cara. Boa sorte...
A mesa esvaziou... permaneceu sentado esperando que a garota seguisse o resto dos jogadores. Ela, para seu espanto, nem se moveu.
- Não vai sair também? - perguntou .
- Por que eu sairia? - perguntou ela, sorrindo. - Não tenho medo de perder. E muito menos de ganhar.
- Tem razão. - disse ele sarcástico. - Iniciantes geralmente pensam assim. É normal.
- E quem te disse que eu sou iniciante? - perguntou ela, com um olhar desafiador.
- Várias coisas me disseram. Em primeiro lugar, nunca te vi aqui. E em segundo, nenhuma garota vem aqui e fica numa mesa sozinha comigo sem achar que isso vai ter sérias conseqüências. - disse ele, sorrindo com malícia. - Quer dizer, ficar sozinha em qualquer lugar comigo tem sérias conseqüências. Não que elas sejam ruins, pelo contrário.
- Quanta prepotência, . As meninas acham isso sexy? - perguntou a garota, com um falso olhar de dúvida.
- Na verdade, elas acham sim. E como sabe meu nome, querida?
- Quem em Vegas não sabe seu nome, querido?
- Eu não sei o seu. Qual seria o nome da dama corajosa? - perguntou ele galante.
- É . - disse ela, simplesmente. - .
Ele arregalou os olhos. sorriu em resposta, satisfeita por tê-lo surpreendido.
- Eu te disse que não era iniciante. Já ouviu falar de mim, docinho? - perguntou ela, num tom provocante.
- Já... Já ouvi dizer que você era uma garota muito bonita. E devo dizer que não discordo.
- Sou muito mais que bonita, . - rebateu a menina.
- Eu sei... Ouvi dizer também que você é a bonequinha do e que todo mundo que ele fode nessa cidade, que não são poucas pessoas, tem dedo seu no meio. Ou seja. Você é bonita, espertinha e perigosa. - concluiu , enumerando as características de com os dedos.
- Bom... Eu e já tivemos nossos lances. E eu realmente tenho talento para foder as pessoas. Mas de maneira nenhuma sou a bonequinha dele. Longe de mim. Eu acabo com quem me dá vontade. E com quem me dá lucro, é claro. - respondeu ela, com um sorriso.
- Vocês vão ficar de papo ou vão jogar? - perguntou o dealer.
- Pode distribuir, Mike. - disse .
- Tem certeza de que não quer conferir o baralho, ? - perguntou Mike.
- Não, Mike... Hoje eu to confiando nas coisas de olhos fechados.
sorriu para Mike quando ele lhe deu suas cartas, em forma de agradecimento mudo.
olhou seu jogo... No Texas Hold'em cada um recebe duas cartas e na mesa são abertas cinco. Com essas duas cartas você precisa formar "jogos", sendo esses:
1. Par - duas cartas iguais.
2. Dois pares.
3. Trinca - três cartas iguais.
4. Sequência - cinco cartas em ordem crescente.
5. Flush - cinco cartas com o mesmo naipe.
6. Full Hand - uma trinca e um par.
7. Four - quatro cartas iguais.
8. Straight Flush - sequência de cartas com o mesmo naipe.
9. Royal staight flush - sequência das cartas mais altas do baralho com o mesmo naipe.
tinha uma dama e um rei. Era um jogo bom, jogo alto. E hoje ele nem estava se utilizando de seus talentos especiais para ganhar aquela menina...
- Dez dólares. - apostou . - Paga para ver ou sai?
A menina sorriu para seu jogo.
- Dobro. - disse ela, colocando duas fichas de dez. - E aí, paga ou sai?
- Pago. - disse ele. - Pode abrir, Mike.
O dealer abriu as três primeiras cartas. Um ás, um dez e um valete. sorriu. Sequência máxima. Dez, valete, dama, rei e ás. Tão rápido... Ele ia ganhar uma grana sem precisar nem usar seus macetes...
- Trinta dólares. - disse , colocando as fichas na mesa.
- Pago. - disse ela, com uma expressão indecifrável.
- Boa menina. - disse ele. - Vamos botar mais vinte pra animar, certo? - disse , colocando mais dinheiro na mesa.
- Do jeito que você gosta. - ela repetiu o ato dele.
O dealer abriu mais uma carta. Um dois.
mordeu o lábio, tensa. Limpou as mãos sobre o vestido.
- Ei bonita, já ouviu falar em poker face? Não vem com essa carinha assustada. Vai desistir? - perguntou ele, provocando-a.
- Não mesmo. - disse ela. - Vai, , aposta logo!
- Vou dar mesa porque não quero acabar com seu dinheiro... - disse ele, rindo.
- Sessenta. - disse ela, colocando as fichas na mesa com raiva.
- Você gosta de brincar, pelo visto... - disse ele, pagando a menina.
A última carta se abriu. Era um valete.
não conseguiu conter o sorriso.
- All in. - disse ela, colocando todo o seu dinheiro.
- Você acha que eu sou burro? - perguntou ele rindo. - Você não percebeu que eu tenho realmente jogo? Você acha mesmo que eu vou cair num blefe ridículo desses?
- Acredite no que quiser, amor. Duzentos e quarenta pratas. Paga ou sai?
- Pago. - disse ele . - Vamos princesa, hora de abrir o jogo.
- Primeiro as damas. - disse ela, rindo sarcástica.
- Você está brincando comigo, né? Tudo bem. Eu tenho uma seqüência máxima.- disse , mostrando seu rei e sua dama.- Dez, valete, dama, rei e ás.
- Eu sei como é uma sequência, idiota. - disse , rolando os olhos.
- E aí, que tal o seu blefe? - disse ele rindo.
- Um four, pra mim, nunca foi blefe, . - ao perceber os olhos arregalados do menino, ela sorriu. - Par de valete na mão, par de valete na mesa. Quatro cartas iguais.
não conseguiu esboçar reação enquanto via rir e abrir os braços puxando todas as fichas para si. Ele estava chocado.
- Foi muito legal jogar com você ... Muito proveitoso. - disse ela, juntando as fichas e saindo. - Tchauzinho.
Agora era questão de honra. ia atrás daquela garota. Nem que fosse para seduzi-la.
Porque, se tinha uma coisa que não aceitava, era perder. Para ninguém.
Em nenhum tipo de jogo.

xx

sorriu ao perceber que tinha deixado estupefato. Ela quase perdera o jogo e, por muito pouco, tivera sua confiança abalada.
Mas pelo visto, a sorte estava do seu lado. Seu plano estava saindo mais que perfeitamente bem... parecera encantado por sua aparência. Mas ela estava conseguindo encantá-lo por sua esperteza também... E isso era essencial. Era o diferencial de em cima de todas as outras.
Ela foi até o guichê das fichas pegar seu dinheiro. 740 dólares. Nada mal...
- Ei, boneca. - disse uma voz atrás dela. se virou e viu e sua jaqueta de couro preta sexy. - Então é assim: você me ganha e nem me dá direito a revanche?
- Nunca dou segundas chances, . Comigo é assim. - disse ela, rindo.
- Na verdade, você deveria. Sabe, você não é burra. Sabe muito bem que só ganhou porque deu uma puta de uma sorte de virar a carta que você queria no finalzinho... Você nem jogou bem. Tinha uma sequência praticamente pronta na mesa e você ficou apostando numa trinca até o fim...
- Primeiro, eu estava esperando um fullhand. E segundo, eu estava jogando com você. Se eu perdesse, eu teria perdido para você, que é o melhor do mundo. Se eu vencesse, eu seria lendária.
- Então, - ele disse, aproximando-se dela. - você não faria isso numa mesa com outra pessoa? Eu te levo a agir de formas diferentes? Isso é o quê? Nervoso? - ele ria enquanto questionava a menina.
rolou os olhos.
- Ai, . Fala sério. - reclamou ela.
- Tá afim de ir lá em cima tomar um drink? Eu te pago... Afinal, alguém que me vence no pôquer merece... - disse ele, sorrindo.
quase comemorou por dentro.
- Tudo bem, . Se você me pagar um Campari dos bons...
sorriu e envolveu a cintura de com um braço enquanto a guiava para a parte superior do cassino.
As luzes eram de boate, a música era alta. Havia apenas uma mesa de blackjack e algumas máquinas... conduziu a um pequeno sofá.
- E o meu Campari? - cobrou , fingindo um bico.
acenou para um garçom que veio na direção deles.
- Aí, Todd, me vê uma cerveja e um Campari pra dama aqui.
O garçom saiu e para buscar as bebidas.
não havia planejado aquele momento. Precisava conversar com um assunto que o deixasse interessado... Um assunto que o fizesse querer tê-la... Mas qual seria?
- Ei, , eu vou ao banheiro, certo? - disse ela.
- Não demore. Eu e seu Campari não gostamos de esperar.
- Pode deixar. - disse ela com uma piscadela, saindo rebolando em direção ao banheiro.
entrou no banheiro feminino claro e iluminado e se enfiou em uma das cabines. Abriu a bolsa e olhou o celular... Pensou em ligar para Katherine para saber que tipo de coisa atraía caras como ...
Por que ela estava nervosa? Costumava ser tão boa nisso... Ela estava com medo. Porque ele era sexy e bonito e ela não queria cair na dele. Se entregar estragaria tudo...
- Você viu aquela menina com o ? - uma voz ecoou no banheiro. prestou atenção.
- Aquela do vestido verde? Sim. Ela é famosa aqui em Vegas... Joga também. E é amante daquele gostoso do . - disse uma outra.
- Filha da puta sortuda... Passa a vida inteira dando pro e ainda tem atenção do . - bufou a primeira mulher.
- Fala sério, Brit. Nós duas sabemos como o é... Ele vai pegar ela hoje a noite e amanhã, quando ela acordar, vai ter um táxi pago para onde ela quiser ir. Ele já fez isso comigo, com você... Por que com essa menina seria diferente? Ela é só uma putinha de luxo tentando diversificar... - disse a mulher.
O sangue de subiu. Ela abriu a porta com raiva e as duas garotas voltaram seus olhares assustados para ela.
- Sabe por que eu seria diferente? - disse , parando em frente a elas com as mãos na cintura. - Porque eu não sou 'aquela menina'. Eu sou . E eu nunca, nunca perco nada.
Dito isso, se virou e saiu rebolando do banheiro. Sabia agora exatamente como se tornar a maior obsessão de .

xx

não havia chegado, mas não se importou em começar a beber sem ela. Muitas garotas passaram dando piscadelas, mas todas pareciam desinteressantes.
estava interessado naquela menina. era sensacional. Bonita demais, esperta demais... O tipo de mulher que ele desejaria mais de uma vez em sua cama.
Quando a menina voltou rebolando e se sentou ao seu lado, não hesitou em colocar um braço em volta de sua cintura, que não protestou. Nenhuma delas protestava.
- Seu Campari. - disse ele, entregando a bebida.
- Obrigada... Hey, , acho que você é mais popular do que imagina. - disse ela, olhando as garotas que saíam do banheiro lhe lançando olhares fulminantes.
- E por que essa conclusão?- perguntou ele, sorrindo.
- Bom, eu estava no banheiro e tinham duas garotas lá dentro... Elas estavam falando de mim, na verdade... Dizendo que você ia me levar para cama, como leva a todas, e depois não se lembraria nem do meu nome. - respondeu , fitando os lindos olhos a sua frente.
abriu um sorriso malicioso. havia lhe dado a brecha que ele precisava para seduzi-la.
Ele apertou um pouco mais o corpo da menina contra sua cintura e sussurrou em seu ouvido:
- E você acreditou nisso, amor? Não é verdade. Eu não sou assim...
estava arrepiada com aquela aproximação. , ao perceber isso, começou a depositar beijos leves no lóbulo da orelha da garota.
- Ah, você não é assim, ? Você acha que eu sou burra? - perguntou ela, meio hesitante. - Eu sei o que você está fazendo... Você praticamente me deixou ganhar no poker hoje, nem usou o macetinho que você sempre usa, mas ninguém sabe qual é, me pagou um campari e agora está com a boca no meu pescoço, doido para me ver nua na sua cama. Porque é só isso que você quer de mim. Me levar para a cama e depois esquecer que eu existo. - murmurou , fingindo irritação.
- Eu não sou desse jeito, boneca... Quer dizer, - ele deu um risinho malicioso. - eu posso ser, é claro... Se você não for boa. Mas eu tenho certeza, - disse , dando um leve apertão na coxa da garota. - certeza absoluta, que não vou me esquecer de você.
- Por quê?- perguntou ela.
- Porque você é boa demais para ser esquecida. - sussurrou o rapaz contra o ouvido de .
Ela estremeceu ao se virar para ele. colocou a mão em seu pescoço, juntando os lábios dos dois.
Era uma sensação diferente para ambos. Não dava para explicar o que os dois sentiram... Foi um desejo enorme, um calor intenso...
agora segurava pela cintura, passando a mão por toda a lateral do seu corpo, parando em seus seios e dando leves apertões. arranhava a nuca do menino com uma mão enquanto invadia a camisa dele com a outra, acariciando suas costas musculosas.
separou os lábios dos dois e procurou pelo pescoço da garota. Começou a dar mordidas e chupões que ficariam marcados naquela pele macia...
- Você é muito, muito gostosa. - sussurrou ele. estremeceu.
- Sou, é? - perguntou ela. - Você também não fica muito atrás, .
- Eu sei... - disse ele, arrancando um sorriso dela. - Vamos pro banheiro? Eu preciso te ter logo...
A garota se aproveitou da situação. Naquele momento, ela se tornaria diferente das outras.
- Banheiro, ? - disse ela, afastando-se dele. - Sério mesmo?
- O que é que tem? - perguntou ele, erguendo a sobrancelhas.
- Eu não sou do tipo que dá uma rapidinha no banheiro do cassino e vai embora... Pra me levar pra cama, tem que me conquistar. Você estava se saindo razoavelmente bem, mas acho que depois dessa, vou pra casa. Você tenta outro dia. - disse ela, levantando-se com um sorriso.
não sentiu raiva. Ele sentiu ódio. Queria agarrá-la e obrigá-la a fazer tudo que ele quisesse ali mesmo.
se inclinou e deu um selinho no rapaz, puxando seu lábio inferior entre os dentes.
- Até uma próxima... - sussurrou e com isso se afastou rebolando.
olhou em volta... Teria que descontar numa pobre menina dali...
Ele estava com raiva, mas sabia que no fundo isso era bom. Quanto mais demorasse, melhor seria o resultado final. E agora, ele tinha um objetivo muito claro em sua mente...
Se para levar para cama ele precisaria conquistá-la, esse agora seria o seu mais novo joguinho.
Um joguinho que, como todos os outros, ele se recusaria a perder.


TRÊS



saiu do Jack igual a um furacão. Não podia ficar mais nenhum segundo naquele lugar pois, se o fizesse, acabaria agarrando e esquecendo todas as suas intenções iniciais de não ir para cama com ele até que fosse a hora.
Ela dirigia rápido, apressadamente. Precisava se livrar daquele maldito calor... Daquele maldito homem a tocando.
estacionou o carro em frente a uma grande casa branca e iluminada. Dava para ver a sala, que tinha paredes de vidro. Os quartos ficavam na parte superior.
conhecia aquela casa como se fosse a sua. E praticamente era. Morara ali por dezoito anos, até ganhar de seu pai adotivo, o Sr. , um apartamento para si. , que era o filho legítimo, ficara com a casa da família. E o Sr. e a Sra. se mudaram para uma ainda maior do que aquela.
Parou o carro na porta e olhou a sacada enquanto tirava um cigarro da bolsa. Acendeu o cigarro e tragou. não gostava que ela fumasse dentro de sua casa, mas ela estava precisando, então ficou do lado de fora por alguns segundos.
Ela não se surpreendeu ao ver colocar a cabeça para fora da janela do segundo andar. parecia farejá-la de longe... Abriu um sorriso para ele, que correspondeu.
lhe fez um sinal para que esperasse e ela lhe mostrou o cigarro, numa resposta muda. Ele sorriu e entrou. ficou pensando no que ele havia ido fazer.
Alguns minutos depois, a porta da casa se abriu e uma morena com um vestido curto demais, até para os padrões 'vadia de Vegas', saiu pela porta pisando forte e com cara de raiva. Ela olhou de cima a baixo como se quisesse matá-la.
lhe abriu um sorriso, jogou o cigarro no chão e pisou. Pegou uma bala de menta dentro da bolsa e entrou naquela tão conhecida casa.
Subiu as escadas passando pela sala iluminada por lustres de cristal. As portas do segundo andar eram todas brancas, como o resto da casa inteira.
sentiu vontade de olhar seu antigo quarto... Ela passava tanto tempo nele quando criança e adolescente. Era geralmente lá que ia atormentá-la...
O quarto era rosa claro. Tinha uma grande foto de na parede, foto tirada em sua festa de 16 anos (que sua mãe adotiva, Naomi, a obrigara a fazer). Havia também uma cama de casal branca, uma escrivaninha e um laptop prateado...
A menina se perguntava por que mantivera seu quarto daquela maneira, como se ela nunca tivesse saído. Aquele lugar lhe trazia lembranças dos dois, especialmente da primeira vez de ambos, naquela cama.
sentiu uma mão em sua cintura e se virou lentamente para ver parado ali ao seu lado.
- Você entra na minha casa e vai direto para o seu quarto? Nem vem me dar um oi? - perguntou ele, passando o nariz pela curva do seu pescoço.
- Oi. - eu disse, virando-me para ele. - Tinha uma garota aqui com você?
fez uma cara sonsa.
- Claro que não! - disse ele. - Por quê?
gargalhou enquanto passava as mãos pelo pescoço dele.
- Eu vi a menina indo embora, ... A morena boazuda...
- Tá, tudo bem. - disse ele com um sorriso. - Eu mandei a menina embora. Feliz?
- Sim, muito. - disse . - E com o ego no topo da torre Eiffel.
não disse nada, apenas beijou a menina. correspondeu, puxando os cabelos dele com calma enquanto sentia as mãos do rapaz percorrendo seu corpo.
Era um beijo bom. Muito bom. Não era nem de longe tão quente quanto os beijos trocados por ela e , mas tinha uma explicação: era brinquedo novo. Ela não o conhecia. De ela sabia exatamente o que esperar...
- Vem, vamos pro meu quarto. - sussurrou o menino enquanto a beijava.
não hesitou em envolver a cintura dele com as pernas enquanto se deixava ser levada ao outro quarto.
Em algum momento, a boca de foi para seu pescoço... E ela começou a lembrar de quando a havia beijado ali. Tão quente, tão bom... Ela se sentia de ferro por ter resistido àquele cara. E se sentia esquisita agora. Por que estava pensando nele mesmo?
Estava tão atônita em pensamentos que nem sentiu quando foi arremessada na cama com força.
- Tá com pressa? - perguntou , sorrindo ao vê-lo tirar a camisa preta que vestia e se jogar em cima dela na cama.
- Muita. - disse ele, puxando os sapatos da menina. ajudou, jogando a bolsa e a jaqueta num canto do grande quarto branco.
já estava subindo o vestido quando algo o parou. Ele focou os olhos no pescoço de e exibiu uma expressão indignada.
- O que foi? - perguntou ela, tentando entender o olhar raivoso dele. - Você não tá conseguindo tirar o vestido? Eu tiro pra você. - e foi isso que ela fez, jogando o vestido em qualquer canto como o resto de suas roupas. Mas continuou carrancudo. - ? Vem aqui, vem... - chamou ela sedutoramente, puxando-o para cima dela.
- O que é isso no seu pescoço? - perguntou , segurando os ombros dela com raiva.
olhou sem entender.
- Isso o quê? - disse ela, nervosa.
- Essas marcas! - gritou ele. - Que merda, !
A menina passou a mão pelo pescoço confusa. Depois se lembrou... Lembrou de , dos toques e dos beijos dele... Suspirou.
- Eu estava tentando conquistar o , . - disse ela, cravando as unhas nos braços dele devagar, fazendo com que o rapaz, ainda bufando de raiva, se aproximasse. - Eu e ele demos uns amassos. Só isso.
- Eu não quero você com ele! - gritou . - É sério, , que se foda tudo... Eu não posso aceitar isso, de jeito nenhum!
- Você não só pode como vai. - disse ela friamente, segurando o seu rosto. - Você sabe de quanta grana estamos falando? Muita, meu amor. Muita mesmo.
Ele se levantou, zanzando pelo quarto.
- Eu não me importo... Não quero você com esse imbecil. Não quero ele te tocando.
- Você já parou para pensar no que eu quero? - perguntou ela, num tom malicioso. - Talvez eu queira continuar com o plano. Talvez eu tenha gostado de dar uns amassos no . - a olhou com fúria. Ela sorriu antes da última provocação. Uma quase letal. - Talvez, ... Talvez ele seja melhor que você.
sabia que tinha ido longe demais quando viu praticamente voar em cima dela. Mas era assim sempre, ele só sabia fazer as coisas na provocação.
Os lábios dos dois se encontraram furiosamente, travando uma briga mais que doentia um contra o outro. O rapaz apertava os seios e coxas de sem nenhuma pena enquanto mordiscava seus lábios.
Ele desceu os beijos violentos para o pescoço da menina, que cravava as unhas médias em suas costas.
- Se você acha que aquilo que aquele mauricinho metido a jogador deixou no seu pescoço é uma marca, - sussurrou . - espera para ver o que eu vou fazer com você agora...
Os chupão que ele dera na menina fora tão violento que ela acabou por soltar um gemido de dor. Quando ele desceu os beijos, ela pôde sentir a área pulsar.
Seu sutiã não foi retirado e sim rasgado e destruído sem o mínimo de pudor. E logo seus seios foram atacados com a mesma violência de sempre.
estava gostando, não podia reclamar. Ela não era o tipo de mulher que se satisfazia com carinho e atenção; gostava de violência.
Logo sua calcinha estava sendo arrancada também, e a cueca de , a qual tentara ajudar a tirar, mas mal conseguira por todo o peso em cima dela.
O menino separou suas pernas e a penetrou com força. gemeu alto enquanto arranhava as costas dele com toda a raiva que conseguira sentir naquele momento.
- Foi assim que ele fez, ? - sussurrou . - Foi desse jeito que ele te deixou?
não respondeu. Ela simplesmente não conseguia... Apenas mordia o lábio com força, tentando reprimir.
- Não, . Porque só eu sei te deixar assim. - disse ele, finalmente.
E foi aí que ela relaxou.
investiu mais algumas vezes até chegar ao seu máximo.
Ele soltou um longo suspiro e seu corpo caiu em cima do dela. , que estava de olhos fechados, recuperando a respiração, apenas levou as mãos aos cabelos do rapaz e os acariciou levemente, descendo até o início das costas.
Alguns minutos naquela posição e chamou:
- Ei, ?
- Oi. - respondeu ela com a voz mais doce e calma do que geralmente era.
- Eu te machuquei? - perguntou ele com, uma voz preocupada.
riu de leve. saiu de cima dela, ficando ao seu lado.
- Não, . Você fez do jeito que só você faz. - disse ela, sorrindo.
Ele então a beijou, pronto para começar tudo de novo.

xx

passara aquela noite sozinho em sua cama.
Não porque não conseguira nenhuma menina... Pelo fato de estar vivo e respirando, ele já atraía várias. Mas a menina que ele quis, na noite anterior, havia lhe deixado na mão.
Irritava-lhe profundamente o fato de ter resistido a ele. Ninguém fazia isso, nunca. As meninas sempre queriam dele tudo, mas tudo, que ele pudesse dar. Como uma garota metida a jogadora ousava lhe ganhar no pôquer e o dispensar no sexo numa mesma noite?
- Você, acordado às nove? - perguntou Jack, ao ver entrar na cozinha vestindo uma camiseta e um short vagabundo. - Isso é sério mesmo?
riu enquanto pedia a uma das empregadas que lhe trouxesse seu café.
- Bom dia pra você também, Jack. Eu lhe digo isso todo o dia, já reparou? Você devia ser mais gentil comigo... - concluiu .
- Me fala aí, . Aconteceu alguma coisa ontem que eu sei... Você chegou em casa meia noite sem nenhuma mulher pendurada no seu pescoço!
suspirou.
- Ta certo, Jack. Uma menina...
- Sempre tem uma. - bufou Jack.
- Ela me ganhou no pôquer. Mas eu não estava usando, sabe, meus artifícios. - disse enquanto murmurava um obrigado à empregada que havia acabado de lhe dar seu café.
- Então ela deve ser boa mesmo. Você, mesmo sem nenhum macete, é muito difícil de ganhar... - concluiu Jack, pensativo. - Mas pelo visto não foi isso que te deixou com o ego abalado.
- Bom, depois de me ganhar, eu, é claro, tentei dar em cima dela...
- Você deu em cima de uma jogadora de pôquer? Elas sempre são feias e velhas... - disse Jack, rindo.
- Essa era gostosa, né, Jack. - rebateu , como se fosse óbvio. - Acha mesmo que eu a cantaria se não fosse?
- Sei lá, com essa coisa de ter muita mulher bonita, você pode estar ficando meio doido...
- Tanto faz. Ela era muito gostosa. Aí eu, bem, paguei uma bebida pra ela e a gente começou a dar uns amassos e tal... Então, eu tentei levá-la pra cama. E ela recusou. Ela R-E-C-U-S-O-U. - disse ele pausadamente, em tom perplexo.
Jack teve um ataque de risos. ficou olhando para ele com uma expressão muito emburrada.
- Ai, ai... - disse o homem, com a mão na barriga. - , ... Fala sério, você tentou direito? Não se pode ser grosso com certo tipo de garota...
- Eu disse “vamos pro banheiro”. Ela disse “pra me levar pra cama tem que me conquistar”. Não ofereci uma cama pra ela, oras. Garota problemática. - bufou ele, arrancando mais risos de Jack.
- Sabe de uma coisa, ? Gostei dessa menina... Espertinha. E pelo visto você gostou também.
- Na verdade, eu estive pensando e acho que ela é perfeita para os nossos planos. - disse , tomando um longo gole de seu café.
já havia ganho quase todo o tipo de campeonato de pôquer. Até mesmo os mundiais. O único que ele não havia jogado era o mundial de duplas.
Ele não costumava confiar nas pessoas e Jack não jogava. Então ele nunca havia entrado numa competição dessas...
Mas havia se tornado um novo desejo de vencer um desses. Ele queria ser ainda maior que seu pai. Ele queria ganhar tudo.
Parker morrera durante o campeonato de duplas, quando sua parceira, a mãe de , o traiu. Todos queriam descobrir o segredo de Parker ou vê-lo morto, já que ele, com suas vitórias descontroladas, estava ferrando o sistema "um dia a gente ganha e no outro a gente perde" que Vegas tinha.
A mulher, que nunca soubera nem mesmo o nome, seduziu Parker e virou parceira dele no mundo do pôquer. Logo os dois estavam compartilhando um relacionamento, muita grana, uma casa e... O segredo dos para vencer no pôquer.
O problema era que ela havia sido contratada para descobrir esse segredo. E agora que estava descoberto, era só entregar. Mas ela não fez isso porque estava grávida e apaixonada.
Os dois tentaram fugir e não deu certo... Parker foi assassinado e a mãe de conseguiu se esconder até que tivesse o menino e o desse a Jack, o melhor amigo do casal. Depois nunca mais alguém soube dela.
E agora ele estava no mesmo caminho. Ganhando muito, atraindo atenção... Só que, para sua sorte, ninguém havia tentado um golpe ainda. E mesmo que tentassem, ele não era burro, não ia cair numa imbecilidade daquelas... Ele venceria o campeonato de duplas, tornando-se lendário.
E lhe parecia a parceira perfeita. Era inteligente e, pelo que já havia provado, uma boa jogadora. Além de ser excepcionalmente bonita, é claro. Ele teria uma boa jogadora de pôquer e uma parceira perfeita de cama... Nada mal.
- Uma garota? - disse Jack, fazendo se desligar de seus pensamentos. - Você realmente não aprendeu nada com seu pai?
- Não to falando de confiar na primeira vadia bonita que aparecesse que nem ele fez. Parker era burro, eu não sou. - disse .
- Não chame sua mãe de vadia e nem seu pai de burro. - ralhou Jack.
- Jack, eu não tenho mãe e meu pai é você. Simples assim. - disse . - E eu estou pensando em descobrir todos os podres dessa menina antes de chamá-la para ser minha dupla.
- Eu acho que você deve chamar um homem. Mulheres são um veneno. Elas te seduzem e te dão o bote sem que você nem sinta... Aliás, você sabe o nome dessa garota?
- . - pronunciou .
- Você só pode estar de sacanagem. A ? - disse Jack, revoltado. - Sério mesmo, ?
- O que é que tem?
- Ela é uma puta jogadora, todos sabem. E é bem espertinha, nunca entra em furadas. Mas pelo amor de Deus! Ela é amante do !
- E daí? Ela não parecia ser amante do ontem... - disse .
- O pai gostava muito de foder jogadores espertinhos como você e deixá-los sem dinheiro. O filho não deve ser muito diferente.
- O cara é um retardado. Ele não sabe nem o que é um par... Já me falaram dele. - disse . - O filho é um merdinha rico e pegador que come constantemente a garota mais bonita da cidade.
- Você vai acabar se perdendo na sua prepotência, . Você não sabe com quem está lidando. - alertou Jack.
- Mas eu tenho uma idéia infalível pra saber com quem estou me metendo. - disse . - Eu vou até Katherine Monroe e vou fazer ela dizer tudo, tudo o que sabe sobre .

xx

acordou e não conseguiu se mexer. dormia praticamente em cima dela, com um dos braços por baixo do seu corpo, o outro por cima, com a mão localizada no seio direito da garota e o nariz enterrado em seu pescoço.
- . - chamou ela. - , acorda...
Ele abriu lentamente os olhos. sorriu, achando a visão adorável. Ele realmente era muito bonito.
- O que foi? - sussurrou ele, de forma abafada, no pescoço da garota.
- Eu não consigo me mexer...
Ele a soltou, jogando-se para o lado.
- Desculpa.
- Tudo bem. - disse ela, dando de ombros. - É gostoso dormir assim.
sorriu e lhe deu um selinho.
- Quer café?
- Quero. - respondeu , sorrindo.
- Vamos então... - ele disse, puxando a menina para se vestirem e descerem.
Era por volta de meio dia e e tomavam sol na piscina enquanto conversavam. Os dois costumavam ser bem parecidos com um casal normal, a não ser pelo fato de saírem com outras pessoas (porém, fazia isso sem saber.)
De repente, a empregada apareceu na área externa da casa gritando:
- Srta. , o seu celular está tocando!
se levantou, enrolando-se a uma toalha, e foi em direção à parte superior da casa.
- Alô? - disse ela ao atender.
- ? Aqui quem fala é Kath. Você estava certa. Aconteceu.
- O quê? - questionou , curiosa.
- veio aqui perguntar de você.

xx

Duas horas antes...
e Jack Muller estavam na porta do bar de Katherine Monroe. Os dois entravam lentamente, despertando curiosidade dos que lá estavam.
parou no balcão onde uma garçonete loira secava copos de vidro lentamente. Quando a menina subiu os olhos, ele lhe abriu um sorriso galante. Ela correspondeu.
- Posso ajudar? - perguntou ela, com falsa inocência.
- Ah, você pode. Com toda certeza pode. - disse , malicioso, encarando o busto saliente da menina.
Ela abriu um sorriso. Jack rolou os olhos.
- Querida, você pode chamar a Katherine para nós, sim? - disse ele, com impaciência.
A menina soltou um muxoxo e entrou nos fundos.
- Você é um grosso. - disse , com falsa voz afeminada.
- E você é impossível. Não estava maluco pela tal da ?
- Mas a garçonete era gostosa, oras... - reclamou .
Katherine apareceu, seguida pela garçonete loira, com seu sorriso aberto.
- Jack, há quanto tempo... - disse ela. - Pois é, Kath. Muito. - concordou Jack. - Mas hoje o aqui quer bater um papinho contigo...
Katherine olhou de cima a baixo e abriu um sorriso.
- Você é ainda mais lindo do que o seu pai. Ele não tinha esses olhos .
sorriu.
- Eu me esforço. - disse ele, dando de ombros.
- Hannah. - Katherine chamou a garçonete. - Traz umas cervejas para nós três. Por conta da casa. - ela se sentou e inclinou a cabeça para que os dois homens a seguissem.
Eles o fizeram. Hannah, a loira, colocou as cervejas para os três.
- Aqui. - disse ela, sorrindo.
- Obrigado. - disse .
Ela colocou um papel em frente ao rapaz e piscou antes de sair. checou o papel, que tinha um número de celular anotado. Guardou no bolso e sorriu.
- Você me lembra demais o seu pai. - disse Katherine, sorrindo. - Mas então, me digam... O que querem de mim?
- Quero saber sobre uma pessoa... Tudo o que você puder me contar. - disse .
- E essa seria...?
- . - disse , com um sorriso.
Katherine fez uma cara pensativa.
- Ela é uma garota interessante... Meio misteriosa, mas sem nenhum problema em sua ficha. Foi adotada pelos quando era ainda muito pequena e foi muito amada como filha. A não ser por , o filho mais velho, que, ao invés de tratá-la como irmã, tinha outros interesses nela... Quando fez vinte anos, o Sr. lhe deu um apartamento de luxo e um carro, além de continuar pagando parte das despesas dela. Mas, substancialmente, ela vive de pôquer.
- Ela tem um caso com o Júnior? - perguntou .
- Ela teve, ainda adolescente, mas hoje em dia eles mantém uma relação normal e se falam quando necessário. A única pessoa da família com quem ainda tem contato é sua mãe adotiva, Naomi. O Sr. está sempre trabalhando, portanto, não são muito ligados.
- Ela trabalha pra eles. Todo mundo sabe que os adoram foder as pessoas. E ela é uma garota bonita e esperta. - disse Jack. - Isca perfeita.
- Na verdade, não. É o que todos pensam, mas não. é uma garota muito independente... Ela gosta de fazer as coisas por si só. Nunca trabalharia para eles fazendo esse tipo de serviço sujo, como ter que seduzir alguém, por exemplo. É uma pessoa muito cuidadosa, muito passiva e extremamente inteligente. Ela não aceita ser mandada ou subjulgada. E tem muito apreço pelo seu dinheiro.
- Quem em Vegas não tem? - perguntou , rindo.
- Só sei isso sobre ela.
- Acha que ela é confiável? - perguntou Jack.
- Acho que ela pode ser, se for bem convencida. - conclui Katherine.
- Então está decidido, Jack. É ela mesmo. Vou convidar a para ser minha parceira de jogo.

xx

chegara ao seu apartamento rápido demais. Depois da ligação de Katherine, ela ficou extremamente empolgada.
havia mordido a isca. Kath havia cumprido sua parte no plano e contado a história que ela mandara ao ser perguntada sobre ela. E havia pedido seu endereço e telefone, o que significava que em breve seria telefonada ou procurada.
A menina entrou no banho, limpando-se da piscina que estava algumas horas antes. ficara chateado com sua saída repentina, mas aceitara, por ser parte do plano.
secou os cabelos e vestiu uma camiseta e um short de pijama. Sentou-se no sofá de sua grande sala com o celular ao lado, enquanto comia qualquer coisa que achara na geladeira e começou a assistir TV.
Quando a campainha tocou, já tinha pegado no sono. Mas mesmo assim, ela ficou empolgada e abriu um sorriso enorme ao confirmar suas suspeitas, olhando no olho mágico.
A garota fez sua melhor cara de confusa ao abrir a porta.
- Como você descobriu meu endereço? - perguntou ela, ao abrir.
sorriu.
- Oi para você também, boneca. - disse ele, entrando no apartamento, sem convite. bufou antes de fechar a porta. - Apê maneiro.
- Obrigada. - disse ela, sem emoção. - Então, , o que você quer na minha casa?
Ele abriu seu melhor sorriso. sentiu seu coração acelerar.
- Você é linda demais para ser tão nervosinha.... - disse , aproximando-se e acariciando o rosto da menina. - Os homens por aí não tem te dado a atenção necessária? Eu posso cuidar de você. - e se aproximou lentamente, colocando as mãos em sua cintura. estava ficando arrepiada.
- Eu estou muito bem sem você incluído nos meus parceiros sexuais, obrigada. - retrucou a menina, com desdém, soltando-se dele. - Mas, afinal, o que você quer? Me levar para a minha própria cama?
- Tsc, Tsc... Que convencida.... Tudo bem, você pode. - disse ele, olhando para todo o corpo da menina e sorrindo para os seus seios, que estavam soltos debaixo da blusa. - Mas tudo bem, não é isso que eu vim lhe falar. Quero te fazer uma proposta.
- Já vou logo te avisando que não vou ser sua amiga com benefícios e muito menos vou com você pra cama por dinheiro. Nem tenta. - disse , em tom de desconfiança.
- Sua mente é poluída demais, . Você já ouviu falar no campeonato mundial de pôquer em dupla? - perguntou ele.
- Já, é claro. Dez milhões, no mínimo, de prêmio, além do que você tirar dos jogadores. É o campeonato que dá mais dinheiro no mundo. Por quê? - perguntou ela.
- Eu nunca disputei. Não gosto de jogar acompanhado, principalmente de homens. E não tem muitas mulheres bonitas jogando pôquer por aí. Eu sempre quis disputar esse campeonato, porque foi o único que meu pai não ganhou.
- E o que eu tenho com isso? - perguntou , entediada.
- Quero que seja minha parceira. - disse ele simplesmente.
ficou boquiaberta. Realmente não esperava por aquilo. Se aproximar de seria muito mais fácil e discreto do que ela jamais acreditara. Era perfeito.
- Isso seria cinco milhões para mim e cinco para você... Mais os adicionais. - contou . - E você nunca perdeu... Tirando o fato de ter que te aturar, me parece um bom negócio. - Conclui ela. - Quer saber, ? Tô dentro.
Ele sorriu satisfeito.
- Te ligo amanhã e faremos a inscrição. Ah, você e eu temos que treinar algumas coisas antes. Começa na semana que vem.
assentiu com a cabeça, concordando. se jogou no sofá da menina.
- Você tem mais algum assunto para tratar comigo? - perguntou ela, caminhando e parando na frente dele.
- Acho que é só isso. De assunto verbal pelo menos... - disse ele com um sorriso maldoso brincando em seus lábios.
- Então por que diabos você ainda está aqui? - perguntou ela, com impaciência.
se levantou do sofá, ficando de frente para ela, que pareceu congelar.
- Vai dizer que quer que eu vá embora?- perguntou ele, tocando a mão da garota de leve.
suspirou. Por dentro, ela estava doida para pular em e deixar ele fazer com ela o que bem entendesse... Mas ainda precisava manter as aparências, bancar a difícil, nem que fosse por uns dias.
- Eu não acho que você tenha algo para fazer aqui nessa casa, . Só isso. - disse ela, dando de ombros.
segurou a cintura dela de leve, encostando-a levemente na parede mais próxima. A menina achou aquilo sexy demais para protestar.
- Eu acho que tenho muitas coisas para fazer aqui. Aqui ou em qualquer lugar que você esteja. - ele sussurrou, sorrindo.
A respiração de começou a falhar quando ele tocou os lábios em seu pescoço. Instintivamente, suas mãos entrelaçaram os cabelos do rapaz enquanto soltava um suspiro baixo.
- Eu te conheço há menos de 24 horas e já sei que você está doida por mim. Não resista, . - sussurrou ele.
- Você é convencido demais. - resmungou a garota.
- Você é que não quer admitir o que é óbvio. Mas fique tranquila, minha linda. Eu também estou louco por você.
Aquilo foi o suficiente para sair do controle. Procurou os lábios de e os capturou num beijo forte, cheio de desejo, mais intenso do que o do dia anterior.
Ela sentia calor e desespero naquela grosseira demonstração que os dois estavam dando para provar um para o outro o quanto se queriam. Mas estava louca, ardendo... Só podia sentir aquele cara ali, fazendo-a ter uma vontade absurda de tê-lo. Vontade que ela nunca tivera com ninguém.
a jogou no sofá e deitou-se por cima, livrando a menina da blusa que usava. Ela não estava de sutiã, portanto as mãos dele apalpavam sem a mínima pena os seus seios num contato direto.
Seus lábios desceram para explorar o colo da menina ofegante. sussurrava coisas como 'deliciosa', que estavam deixando totalmente excitada e submissa. Ela gemia baixo e puxava os cabelos dele, às vezes cravando as unhas nas costas e braços sarados do rapaz.
Quando os beijos famintos de desceram por sua barriga, estremeceu. Ele já segurava seus shorts, pronto para puxá-los, quando um barulho vindo da calça de ecoou. Ele soltou de súbito, ela o encarou assustada.
- Alô? - disse ele, puxando o celular do bolso. - Ah, Oi Jack. Hannah? Ah, sim, Hannah... - dizia ele, enquanto olhava meio vagamente. - Tudo bem, eu estou indo. Certo. Ok. Tchau.
cobriu o corpo, envergonhada, e levantou em busca da blusa. Ao fazer isso, a puxou e colou seus corpos.
- Ei... Eu vou ter que ir. - sussurrou ele, com as mãos nos seios dela. - Mas se você quiser, eu volto amanhã... Sabe, estou interessado em ver você não resistir mais.
- Some logo daqui, . - brigou ela.
Ele a beijou de novo, ainda apalpando-a.
- Até amanhã, .
A garota observou o rapaz sumir pela porta. Bufou então.
Ela não podia ser tão fraca... Não devia se sentir assim...
tinha certeza. Para que o plano desse certo, ela tinha que se fazer mais forte do que essa atração maluca. E ela com certeza o faria.

Capítulo betado por Sarah C.


QUATRO


estava parado na porta do cassino Royale, que era o lugar onde ocorreriam as inscrições para o campeonato mundial de poker em dupla.
Ele olhava seu relógio rolex para consultar a hora. Ela estava atrasada.
cruzou os braços, imapaciente. Deveria ligar para a garota?
Sua batalha de pensamentos parou ao ver uma figura feminina vir em sua direção. caminhava sob o sol vestindo um vestido amarelo claro justo e drapeado com uma alça no pescoço. pode reparar que seu colo estava ressaltado pelo vestido apertado. Ela usava também óculos escuros grandes e um salto alto bege.
- Boa tarde, . - cumprimentou ela ao parar na frente dele.
- Estava boa... Agora, maravilhosa. - comentou ele.
A menina rolou os olhos.
- Que cantada de pedreiro, .
- Me chamou de , quanta intimidade! - disse ele, animado. - Vamos lá, . Nós somos parceiros de poker. Nós já trocamos saliva. Eu já vi bastante coisa que você tem ai por baixo desse vestido. Por que me chamar pelo sobrenome?
- Eu gosto. - disse ela, em tom de desafio. E no final, soprou: - .
- Até que com você falando fica sexy. - comentou ele, rindo com malícia.
- A gente veio aqui para você me cantar ou para se inscrever? - perguntou a menina, cruzando os braços, em pose de impaciência.
passou sua mão pela cintura dela, levando-a para entrar no Royale. não protestou, apenas fingiu que não ligava enquanto caminhavam juntos.
Aquele cassino era, sem dúvida, o mais luxuoso da cidade. se lembrava de ter ido ali muitas vezes, geralmente acompanhada de . Por ser um cassino/hotel, diferentemente do Jack, a garota costumava conhecer gente de todo o mundo ali dentro. E também costumava ir para um dos quartos com seu irmão adotivo e se divertir como nunca.
- Você já veio aqui? - soprou , fazendo a menina fitá-lo.
- Sim, algumas vezes. - respondeu ela.
- Não gosto daqui. É meio esnobe. - disse , torcendo o nariz.
riu daquele comentário. era rico. Muito rico. Mas sempre lhe parecia tão simples... Ele ia ao cassino mais mal-ajambrado da cidade, usava roupas normais e bebia cerveja... se pegou tentando imaginar fazendo tudo aquilo. O cara mal conseguia andar na rua sozinho sem um carro! nunca colocaria os pés no Jack. Nunca usaria uma roupa que não fosse de uma marca cara. E muito menos beberia algo alcóolico tão banal quanto cerveja.
Ela gostava daquela simplicidade dele. Do jeito que ele jogava cantadas baratas nela e conseguia ser sexy...
- Você é rico, poxa. Deveria gostar de coisas esnobes. - ela concluiu.
Ele deu de ombros de um jeito fofo.
- Sou um cara simples.
- Eu não sou. - disse . - Nem um cara e muito menos simples.
riu, mas não um sorriso malicioso como o de sempre. Um sorriso divertido, como se achasse graça.
- Eu já percebi isso.
Um sorriso tímido se abriu nos lábios da menina. Depois morreu.
Ela não podia se deixar levar por aquele charminho barato dele! Era seu trabalho destrui-lo, ela e tinham um trato. E ela tinha que parar com aquela maldita mania de compará-lo a !
não era nem a metade do que era para ela. Mesmo que não admitisse, era dele que ela gostava. era seu parceiro, seu único e melhor amigo, seu protetor. E independente das chantagens do passado, ele já havia feito muito por ela. Tanto que ela nem conseguia pensar como agradecer.
Ofendia se sentir assim com . Ela não queria se sentir atraída por ele da forma que se sentia... Ela não queria duvidar do seu amor por , que até agora ela sempre tivera certeza que existia.
- ? - chamou . - Eu estava falando com você.
- Não escutei, me desculpe. - disse a garota.
- Eu acho que eu te deixo avoada demais. Tá lembrando de quando eu te deixei na mão ontem? - perguntou , de forma maldosa.
A garota bufou.
- Eu é que sou a convencida, né? Você é um poço de pretensão.
- Eu estava te perguntando se você trouxe seus documentos pra inscrição. - disse ele. - Porque, sabe, não to vendo você usando bolsa...
abriu um sorriso malicioso, colocando a mão por dentro do sutiã discretamente e puxando a identidade. ficou estático pelo ato da garota, como se aquilo fosse a coisa mais incrível que ele já houvesse visto.
- Uma garota inteligente sabe exatamente como usar seu corpo. - disse ela, com uma piscadela.
- Que tal embaixo de mim, gemendo? Acho um uso digno. - provocou .
rolou os olhos e seguiu em direção à sala de inscrições com às suas costas.

xx

- Então é isso. - disse , entregando o papel na mão da menina. - Estamos inscritos.
- Legal. - disse ela, sorrindo.
- Topa um almoço comigo? - perguntou ele. - Prometo não jogar cantadas de pedreiro pra cima de você.
A menina deu um sorriso.
- Certo então. Vamos.
e foram em direção ao restaurante do Royalle, que não estava muito cheio. Era caro demais para lotar...
Pediram seus pratos e uma taça de champagne para comemorar sua união pacífica.
- Então, eu estive pensando... Durante a semana, vamos ter que ficar hospedados aqui, se passarmos pra segunda fase. E cada dupla tem direito a um quarto. - disse .
- Certo. Eu fico no quarto e você aluga outro, oras. - disse ela dando de ombros.
- E por que eu alugaria outro quarto? - perguntou ele confuso.
- Porque você é rico e eu não e porque eu não vou dividir o quarto com você. - disse ela dando de ombros.
- Tudo isso é medo? - perguntou , rindo.
- Talvez seja. - disse ela com um sorriso escondido. - E se você tentar me agarrar enquanto eu durmo?
Ele riu.
- Convencida. Mil vezes convencida. Sorte sua que pode.
Ela abriu a boca para responder, mas parou de súbito ao ouvir uma voz as suas costas.
- Filha?
se virou rapidamente. Ali estava Naomi, sua mãe adotiva, parada com um sorriso encantador no rosto.
Ela era uma mulher muito bonita, apesar da idade. Os cabelos castanhos curtos, os olhos profundamente , as roupas elegantes...
- Mãe! - disse , sorrindo e se levantando para abraçar a mulher.
observou a cena. Ver sendo doce com alguém era meio estranho para ele, mesmo que fosse com a mãe. Lembrou-se das coisas que Katherine havia dito, sobre ela ter sido adotada...
- O que faz por aqui, mãe? - perguntou a menina.
- Ah. - disse a mulher. - Vim ver uma velha amiga minha, sabe... Seu pai anda trabalhando muito e eu estou sozinha... Aliás, ele te mandou um beijo, o seu pai.
- Diga ao que eu agradeço. - falou , com um sarcasmo implícito na voz.
- E você, querida? - disse ela, com um sorriso.
- Vim me inscrever no campeonato de poker em dupla. Ah, aliás, mãe... - ela puxou a mulher na direção da mesa. - Esse é o . , essa é minha mãe, a Sra. .
- Muito prazer. - disse , levantando-se e beijando a mão da mulher. - .
Naomi pareceu ter levado um susto ao ouvir o sobrenome do rapaz. Ela congelou por alguns segundos.
- ? - perguntou ela. - Como o Parker?
abriu um sorriso que fez suspirar discretamente.
- Na verdade, o filho dele.
Naomi parecia congelada. Ela encarava e depois , totalmente desnorteada.
- Ele é seu namorado, filha? - perguntou ela.
- Oh, não... Claro que não, mãe! Ele só é meu parceiro no campeonato...
- Sua filha é muito díficil. - disse , provocativo.
- As boas mulheres geralmente são. - alfinetou a Sra. . - Bom, tenho que ir. Estou encantada em te ver, filha. E foi um prazer te conhecer, .
- Digo o mesmo. - respondeu o rapaz. - Mãe, me ligue para a gente sair para um almoço. - disse , dando um beijo na bochecha da mulher.
- Eu certamente ligarei. - ela disse, séria. - Precisamos conversar. Mas agora eu preciso ir. Até mais ver, querida.
A sra. se virou e saiu em passos rápidos. franziu a testa, estranhando o comportamento da mãe.
- Eu tenho o dom de deixar mulheres desconsertadas! - disse , sorrindo.
- Você é tão idiota! Vamos, pede a conta e me leva em casa logo. - mandou a menina, bufando.
- Adoro nervosinhas! - disse , num sussurro, enquanto chamava o garçom.
não rolou os olhos. Estava simplesmente cansada de fazer aquilo com ele e não ceder nunca.

xx

sabia dirigir rápido e logo os dois estavam na porta do prédio luxuoso de .
Quando ele parou o carro, a menina lhe olhou e sorriu.
- Muito obrigado pela carona e pelo almoço. Foi divertido. - ela disse, soltando o cinto.
- Não há de quê. - disse ele. - Sou um cara legal, apesar de tudo.
- Eu sei que é. - disse a menina. - E foi mal por não dividir a conta no Royalle... É que eu realmente não achei fossemos almoçar em um restaurante tão caro.
- Tá certo, eu não ligo de pagar. Não me importo tanto assim com dinheiro. Mas, - disse ele, abrindo um sorriso malicioso e começando a usar seu tom sedutor: - existem outras maneiras de você me pagar, sabe.
abriu um sorriso e subiu rapidamente no colo dele. ficou meio extasiado com aquela ação; fora inesperada.
- E quais seriam essas maneiras? - sussurrou ela.
apertou sua cintura e colou os lábios dos dois. Aquela já conhecida sensação de calor intenso tomou o corpo dos dois, principalmente quando começou a mordiscar o lábio inferior da menina.
As mãos dele em sua cintura escorregaram por suas pernas e logo estavam próximas à parte inferior das coxas de . Ele apertava aquela região fazendo com que a menina rebolasse involuntariamente, friccionando o volume nas calças do rapaz.
- Sabe, ... - sussurrou ele no ouvido dela. - Você anda dificultando demais pra mim... Vamos terminar isso logo... Eu quero muito, muito você.
perdeu o controle ao ouvir o sussurro dele. Ela não podia mais esperar.
- Vamos pro meu apartamento. - disse ela, rapidamente.

xx

Um barulho de beijo incessante dominava o elevador de luxo do prédio. As câmeras estavam sendo ignoradas. e só pensavam em se agarrar, sentir seus corpos grudados, seus lábios juntos, suas mãos percorrendo um o corpo do outro.
- . - disse parando o beijo. Ele resmungou. - Espera, eu preciso entrar em casa.
Os dois saíram do elevador e beijava o pescoço de enquanto ela enfiava a chave na porta.
Quando finalmente conseguiu abrir, ela pulou no colo dele, que entrou no apartamento com a menina e fechou a porta com a sola do pé.
Prensou o corpo da menina contra a parede, direcionando seus lábios ao pescoço dela.
- Você é gostosa demais, . - gemeu baixo, o que fez continuar a falar: - Eu estou doido por você. Desde a primeira vez que te vi...
- O meu quarto. - sussurrou ela. - Lá é melhor. Passa pela sala, é a primeira porta do corredor...
- Que empolgadinha... - sussurrou ele, sarcástico.
- Eu quero você logo, . Não me faça desistir.
assentiu enquanto levava a menina em seus braços, aos tropeços, em direção ao quarto.
estava excitada como nunca. era bom demais; seu toque prazeroso, seus lábios macios, seu gosto incrível... Ela o queria demais para o seu próprio bem. Mas quem se importava com bem ou mal naquele momento? e certamente não.
Eles estavam aos tropeços e muito rápidos, até que sentiu suas costas chocarem contra algo duro. Algo duro, que não era uma parede. Era mais como um... Corpo.
parou o beijo e fez uma expressão confusa. Depois olhou por trás do ombro de e, de súbito, gelou.
- Acho que eu estou interrompendo algo por aqui. - disse a voz atrás de .
engolia em seco. Mas que porra estava fazendo ali? Naquele momento? E por que ele estava usando apenas boxers?
- Você certamente está, cara. - disse , abrindo um sorrisinho presunçoso enquanto a menina pulava de seu colo para o chão.
Ela entrou em pânico. Olhou os dois, que se encaravam; com uma expressão de ódio e com um sorrisinho sarcástico cheio de raiva implícita. E ela percebeu volumes nas calças dos dois. Aquilo era mais que tenso. Aquilo era uma guerra mental dentro dela.
- Eu não vou embora para você comer a minha irmã, sabe, . - disse .
- Olha lá, ele sabe meu nome! Eu não sei o seu, mas suponho que seja o . E aposto que você trata ela como irmã mesmo.
- É claro que ela é minha irmã. - disse , rindo sonso.
- Claro. Todo mundo fica no apartamento da irmã esperando ela chegar para empatar a foda da coitada. - alfinetou .
- Chega, ok? - falou , histérica. - Olha , eu não sei o que você está fazendo aqui, mas por favor não fique irritado. Eu não sabia que você vinha. E , não irrite meu irmão.
Os dois olharam para ela.
- Tá. É só ele ir embora e eu não fico irritado com você. - disse , dando de ombros.
´- Ah, eu vou embora? - disse rindo. - EU cheguei com ela. Ela ME convidou para subir. E ME chamou para ir para o quarto dela. Você é que o intruso.
- Mas eu sou o...
- MENINOS! Por favor, né? - pediu . - Olha, venham aqui. - Disse ela puxando pelo braço, e também. Ela passou um braço pela cintura de cada. - Sabe, eu sou uma garota só, mas eu não me importo de me divertir com os dois...
deu um sorrisinho malicioso. olhou para ela, incrédulo. sorriu, como se achasse aquilo o máximo.
- A cada segundo que passa eu te acho mais gostosa. - disse . - Espero que você seja isso tudo que eu acho que é.
Ela sorriu e lhe deu uma mordida no pescoço.
- Prometo não te desapontar...
estava com raiva, ódio, ira, e tudo que se possa imaginar. Simplesmente estava se sentindo o ser mais calmo do mundo por não ter ido ainda ao quarto de , pego a arma da garota e matado aquele otário.
- Dá pra você me soltar, sua vadia? - rosnou ele.
riu, como se já estivesse acostumada com aquilo.
- Ah, meu lindo, vem cá. - disse ela saindo do pescoço de e indo para o dele. - Imagina que divertido... Nós dois e o ? Ia ser legal... Eu ia te provar o quanto eu sou boa nisso.
- Eu não vou assistir você dando para ele, ok? Demais para o meu estômago. - disse , parecendo amolecer com as mordidas que a menina estava lhe dando.
- . - chamou puxando a menina. - Ele tem razão. Você já me quer, e quando eu te tiver, quero que você seja só minha. Só minha mesmo. Se livre desse idiota e me procure perto do campeonato. Você nunca mais na sua vida vai querer outro homem.
Dito isso ele beijou a garota possessivamente, soltou-a e saiu, dando uma piscadela.
bufou, nervosa.
- Mas que caralho. - resmungou. - Porra, . Já ouviu falar naquela merda chamada celular?
Ele bufou de ódio.
- Você me trai e ainda me culpa?
- Retardado! Eu não estou te traindo. Não sou sua namorada! E é a porra da minha missão que você está destruindo! - gritou .
Ela estava irada. Mas não era pela missão. Ela tinha simplesmente amado a idéia de ir para a cama com e tinha atrapalhado! Aliás, ela tinha amado a idéia de ter os dois... Mas seu irmãozinho novamente havia fodido a idéia.
Ela olhou . Ele respirava rápido e pesadamente. Seus olhos estavam estreitos, sua barriga perfeitamente musculosa se contraía e o volume em sua cueca parecia pulsar. se xingou por achar aquilo sensual... Ela não conseguiria se irritar com ele por muito tempo mesmo.
- Vem cá... - chamou , puxando ele para perto dela. Sua expressão continuava rígida. - Desculpa, bebê... Não fica assim. - disse ela, com um bico.
- Você é uma puta. Eu não sei por que eu insisto em você...
- Você me ama, . - ela disse, sorrindo, encostando os lábios na clavícula dele. - E eu te excito. Só por brigar com você, eu te excito.
- Vadia. - resmungou ele.
- Meu irritadinho... Acho que você ta precisando relaxar. - ela disse, beijando os lábios inexpressivos do rapaz. - Tudo bem... Eu te ajudo com isso.
beijou o queixo dele e foi descendo lentamente pela garganta, peitoral, até chegar à barriga... encostou-se a parede, olhando-a e esperando pelo que vinha depois.
Ela baixou a boxer branca dele, revelando o membro rígido. Olhou profundamente nos olhos do rapaz enquanto encostava de leve os lábios na glande.
O contato com a boca dela foi o suficiente para que ele gemesse. Logo os movimentos da garota eram rápidos e coordenados, fazendo com que ele soltasse o ar pesadamente e jogasse a cabeça para trás, acariciando os cabelos da menina.
- Vai, . Mais rápido.
Ela não hesitou em obedecer. Logo estava chegando ao seu ponto máximo. engoliu seu prazer e tirou o membro da boca, lançando-lhe um sorriso.
a puxou e beijou com vontade. Enquanto a beijava, abriu seu vestido com violência. Trocou as posições dos dois, colocando a menina na parede, de costas para ele. Seu peitoral batia contra as costas da garota e suas mãos estavam deslizando pela lateral daquele corpo curvilíneo. Seu queixo se apoiou no ombro da garota, encostando os lábios no ouvido...
- Eu vou te ensinar de uma vez por todas quem deve estar dentro de você. Quem deve te tocar. Eu.
E, um segundo depois, ele abaixou a calcinha da menina e a invadiu.
sentiu dor. Estava despreparada e não tão excitada quanto antes. apertava seus seios enquanto ouvia os gemidos baixos e reclamões que a menina soltava em protesto ao movimento doloroso e frenético dele.
- Vamos, , seja boazinha. Sem reclamar...
A garota puxou a mão dele em sua cintura para sua barriga, descendo devagar, num pedido mudo de carinho.
riu baixo em seu ouvido.
- Certo... Eu vou ser bonzinho. Vou fazer ser bom... - e dito isso escorregou mais a mão, tocando a intimidade de .
Daquele jeito estava bom. Os gemidos de dor estavam dando lugar aos de prazer...
relaxou novamente, mas continuou investindo e a tocando para que acontecesse o mesmo com a menina...
E aconteceu. Mas por um estranho acaso, foi o rosto de que apareceu na sua frente quando o orgasmo lhe antingiu.

CINCO


ainda bufava loucamente atrás de . A menina ofegava baixo, sentindo, calada, sua dor de ter feito um sexo agressivo.
Ele a soltou bruscamente e se sentou no sofá. apenas se virou e escorregou com leveza pela parede, sentando-se no chão.
- Você não precisava ser tão grosso, né? - resmungou ela.
- Eu nasci grosso, meu amor. - disse ele, sarcasticamente, apontando para o meio das pernas. bufou.
- Idiota. - murmurou ela.
- Você não entendeu o recado? - disse , com raiva na voz. - Me chama de idiota de novo, e eu te mostro com prazer quem é o idiota aqui.
- Vê se me erra. - brigou . - Eu to puta com você. Sai daqui logo.
Com isso, a menina levantou, bufando, e, cambaleante, seguiu para o seu quarto. Era o único do apartamento, portanto era grande.
Um sofá, uma mesa com a TV e uma penteadeira no primeiro compartimento do quarto. Havia uma porta para o closet e outra para o banheiro. E um pouco mais à frente, a cama gigante de casal, na qual ela tinha coisas escondidas embaixo.
A menina entrou no closet e vestiu uma camisola. Tacou-se na cama e apertou um botão para que a mesa de TV se virasse em sua direção.
entrou lentamente no quarto, vestindo apenas sua boxer. ignorou e continuou com os olhos na TV. Ele se deitou lentamente ao lado dela, que continuou com os olhos na TV, fingindo não ligar.
- Você vai mesmo ficar de bronquinha comigo?
Ela virou de costas para o rapaz e resmungou:
- Sai daqui, seu estúpido.
riu baixo e continuou com a carranca. Lá no fundo, ela não estava realmente brava, mas aquilo era parte da relação dos dois. Aquele tipo de teatro que ela fazia como ninguém era simplesmente irresistível para ambos.
O rapaz invadiu as cobertas que ela usava e colou seu corpo junto ao dela, colando seu peitoral às costas da garota.
- Desculpa. Eu não queria te machucar.
- Sei. - retrucou ela.
- Sério, , desculpa... Eu só fiquei com raiva dele... Mas eu juro que não quis te machucar desse jeito. Eu nunca faria uma coisa dessas com você.
- Tá. - disse ela, derrotada. riu e beijou seu pescoço. - Mas isso não significa que eu vou sempre aceitar esses seus ataques ridículos de ciúme.
Ele continuou beijando a menina de leve e acariciando sua barriga. E então disse:
- Tenho um assunto sério pra tratar contigo.
se virou lentamente em direção a ele, para que pudesse encarar seus olhos.
- O quê?
- Cass ligou e quer conversar com você.
A garota arregalou os olhos. Cass Caruso era sem dúvida nenhuma o maior bandido de Vegas. Ele não usava nenhum disfarce para foder, matar ou destruir as pessoas, ele fazia na cara dura. Por que ninguém o matava? Ele era prefeito da cidade, além de dono do Royalle.
- Mas em que porra que a gente foi se meter? – perguntou, nervosa. - Tem tanta gente assim querendo matar o ?
- Na verdade, tem... O problema é que ele está ganhando ainda mais que o pai dele ganhava, e confiando menos nas pessoas do que o pai confiava. - disse , acariciando sua cintura de leve.
mordeu o lábio, tensa. acariciou seu rosto.
- , não precisa ter medo. Eu vou com você... Eu sei que já te incomodaram no passado, mas hoje você é minha garota... Eu não vou deixar ninguém te fazer mal. E nem vão se atrever a isso.
Ela sorriu.
- Obrigada. - disse, beijando-o. Ele apenas retribuiu o beijo.
Mas não importava o quanto ele pedisse, a garota não conseguiria relaxar. Sua mente estava em outro lugar, outra pessoa...

xx

- Vai, , mais rápido! - gemeu a menina.
não hesitou em obedecer.
Onde ele estava? No banheiro feminino do Jack, com uma morena que ele havia agarrado na entrada. Estava tão desesperado para se livrar daquele maldito tesão que havia deixado nele...
Quando chegou ao orgasmo, simplesmente parou. Não importava realmente se a garota chegaria lá também, só queria se sentir melhor.
- Só mais um pouco...- gemeu a garota.
se sentiu mal por ela e se movimentou mais um pouco, num ritmo frenético. Logo a morena suspirou aliviada.
- Ah, como você é bom! – exclamou ela, beijando o pescoço de .
- Valeu. - murmurou ele, soltando-se dela e vestindo as calças.
A pobre desconhecida o olhava confusa e chateada, pelo desprezo com o qual estava agindo... Mas ele nem conseguia se importar. Não tinha o costume de ser um total cavalo; era um cara legal com as garotas com quem ficava. Mas no momento, ele sentia um nervoso estranho, uma raiva reprimida. E tinha tudo a ver com ... Aquela maldita garota. Tão bonita, tão inteligente, tão desafiadora!
- ? - chamou a morena, enquanto se vestia. - Você está bem? Eu fiz algo errado?
- Não, não. - disse ele, sacudindo a cabeça.- Sabe o que é... Hã, qual o seu nome mesmo? - perguntou ele, confuso.
- Joanne.- respondeu a garota, com um pequeno sorriso.
- Então, Joanne, sabe o que é? Eu estou meio estressado... Essa coisa de trabalhar com dinheiro não faz bem a ninguém! - comentou ele, tentando fazer piada e dando um pequeno sorriso. - Mas você foi ótima! Incrível, pra falar a verdade.
Aquilo era uma mentira... Ele só conseguia pensar em . Como poderia achar qualquer outra garota boa naquelas circunstâncias?
Terminou de se vestir e ajeitou os cabelos em frente ao espelho. Estava, então, pronto para voltar para casa.
- Hã... Então, tchau, Joanna, foi um prazer! - disse , saindo do banheiro.
Ele escutou uma voz às suas costas gritando 'É Joanne!', mas ignorou. Apenas seguiu seu caminho em direção ao bar. Ia tomar um drink e ir para casa dormir de novo... Sozinho.
- Me vê uma cerveja ai, Dennis. - disse ele para o barman, ao apoiar as mãos sobre o balcão.
- Esse mundo é mesmo mínimo... - disse uma voz feminina às costas dele.
se virou e logo já estava com um sorriso aberto. A menina loira de bustos salientes a sua frente sorria de volta.
- Hannah, não é? A garçonete da Katherine? - perguntou ele.
- Na mosca. - respondeu a garota, com uma piscadela. - Você não me ligou... Pensei que não estivesse interessado. - disse ela, com um bico.
- Ah, eu estava, muito. - murmurou . - Mas eu estive ocupado, organizando minha entrada num campeonato...
- Com a , né? - disse a menina, sorrindo.- Ai, a ... Se as pessoas soubessem...
- O quê, exatamente? - questionou , confuso.
- Nada, gatinho. - rebateu Hannah. - Não vamos pensar naquela prostituta de luxo sem sal... - Disse ela, passando os braços pelo pescoço dele. - Vamos pensar em nós.
crispou o lábio ao ouvi-la falar mal de ... Não sabia por quê, mas aquilo o incomodara. Então, apenas afastou os pensamentos... , naquele momento, provavelmente estava com em sua cama. Por que ele deveria pensar nela?
- Ah, é? - disse , agora sorrindo maliciosamente e pousando as mãos atrevidas bem próximas às nádegas da garota.- Então, o que você está pensando para nós?
- Nesse momento? Estou pensando se é melhor na minha casa ou na sua... - respondeu a garota, acariciando o pescoço dele com seu sorriso mais safado.
- Na minha, é claro. - foi o que respondeu, antes de começar a beijá-la.
Ainda não era , mas, por hora... Aquilo resolvia seus problemas.

xx

abriu a porta do carro para que saísse do mesmo. Estavam os dois na porta do Royalle.
Não importava realmente se já eram vinte para uma; ninguém em Vegas ligava para horários. Principalmente o prefeito boêmio Cass Caruso.
não admitiria nunca, mas estava assustada. Cass era o tipo de pessoa com quem ela não gostava de se meter, o tipo de pessoa que poderia acabar com ela sem pestanejar.
- , não faça gracinhas, por favor. - disse , enquanto os dois subiam para o quarto do prefeito. - Ele não é exatamente alguém que você possa ficar afrontando. Vê se pelo menos uma vez na vida você coloca esse seu rabo entre as pernas e se comporta.
- Relaxa, tá tudo sob controle. - disse a garota, sorrindo com falsa tranquilidade.
Era mentira, não estava. Mas era orgulhosa demais para demonstrar medo.
e ela subiram no elevador enorme até o último andar do hotel, onde ficava a suíte presidencial. Ele bateu de leve na porta, que foi aberta por uma morena de cabelo alisado e vestido vermelho minúsculo.
- Estamos aqui para ver o Sr. Caruso. - disse . - e .
Ela sorriu, maliciosa.
- Entrem. O Sr. Caruso vai ficar empolgado com sua visita.
rolou os olhos, achando aquilo deplorável, mas seguiu a mulher (que parecia mais uma prostituta sem sal).
O quarto era tão grande que poderia ser facilmente confundido com um apartamento. Havia uma TV enorme do tamanho de uma parede, dois sofás de couro marrom, tapetes com estampas de diferentes tipos de peles, luzes coloridas e vários quadros. prestou atenção aos lados e viu três portas fechadas. E logo ao lado de uma delas, pôde ver uma gaiola com um enorme tigre branco preso dentro. Aquilo a assustou... Já havia ouvido falar de pessoas em Vegas que criavam tigres como aquele, mas nunca havia visto um tão perto... Será que Cass o utilizava para dar lições nas pessoas? Ela não quis se questionar.
De repente, da terceira porta, logo ao lado do tigre, saíram dois homens. Um deles era careca, baixinho, gordinho, muito atarracado, que usava um escandaloso terno roxo com gola de pele de leopardo, além de várias pulseiras de ouro. Aquele era Cass, o prefeito safado. Atrás dele, um homem alto, elegante, usando um terno escuro de linho. Era igual a , porém com um olhar mais maldoso. Sr. , seu pai adotivo.
- Ora, ora, se não é meu casal preferido! - disse Cass, abrindo os braços, com um sorriso amigável.- e ! Que prazer recebê-los aqui.
, que segurava possessivamente o braço de , abriu um sorriso amigável.
- Boa noite, Sr. Caruso.
- E aí, Cass.- cumprimentou , sorrindo.- Oi, Pai. - disse ele, com a voz mais séria.
finalmente notou a presença de ali e o encarou com ódio. Odiava aquele homem. Odiava a prepotência dele, odiava-o por tudo que a fizera passar.
- Oi, filho. - disse o Sr. , sorrindo maldoso e logo voltando seu olhar para . - Oi para você também, filhinha.
Ela estremeceu, porém não demonstrou.
- Oi, . – cumprimentou, com desprezo na voz.
- Então, o que os traz aqui? - perguntou Cass, sentando-se no sofá grande e indicando o outro sofá menor para os dois.
- Seu convite, Cass. Queria falar conosco. - disse , despreocupadamente.
Cass deu um sorriso dócil e se sentou no sofá de couro, indicando a cabeça para que e o seguissem. Os dois o fizeram de prontidão, ainda com os braços entrelaçados.
- Ei, Sheila...- disse Cass, chamando a morena da porta. - Quero conhaque. E vocês, queridos? – ele perguntou aos dois.
- Eu lhe acompanho, Cass.- disse .
- Eu prefiro Uísque, Sr. Caruso.- comentou , sorrindo.
- Boa pedida. - disse o Sr. . - Uísque para mim também..
Sheila sorriu, saindo da sala.
As bebidas não tardaram a chegar. Assim que cada um estava com a sua e a porta se fechou, Cass pigarreou e comentou:
- Então, crianças... Eu andei sabendo que vocês dois resolveram brincar de Bonnie e Clyde sem mim.
- Desculpe? - perguntou a menina confusa.
Cass riu.
- Ora, Bonnie e Clyde! O casal de assaltantes! - disse ele, explicando-se.
sorriu, irônica.
- Não estou falando do filme, Sr. Caruso, - disse ela, com uma doçura forçada. - só não entendi a comparação.
- Não se faça de inocente, . Ninguém é idiota... Sabemos exatamente o que você quer sendo dupla do no campeonato. - disse o Sr. .
- Ela quer ganhar, apenas. ama poker, e é uma excelente dupla. - justificou , com seu melhor olhar cínico.
- Sempre achei uma graça a maneira como eles se protegem... - disse o Sr. Caruso. - Aposto que você tinha muitos problemas para educar essas crianças mal criadas, Steve. Especialmente a . - brincou.
O Sr. abriu um sorriso malicioso, enquanto direcionava o olhar às pernas cruzadas da garota.
- Ela sempre foi mesmo uma garotinha levada.
A garota, nesse momento, pode sentir todo o uísque pedindo para ser regurgitado. apertou sua mão de um jeito defensivo, como se quisesse protegê-la.
- Você não se cansa de ser um velho babão e nojento, pai? - bufou , irritado. - Compre uma puta para você, ao invés de ficar falando baixarias pra minha noiva.
- Noiva? Dessa eu não sabia. – Steve riu. - Você vai dar o nosso sobrenome à filha da prostituta?
quis chorar. Ela odiava Steve . Odiava a sujeira dele. Odiava o modo como ele a chamava de 'filha da prostituta', como se ela fosse inferior.
- Então vocês vão se casar, mas ela está dando uns amassos no ? - interrompeu Cass. - Interessante a teoria...
- Ela não está dando amassos em ninguém. - rebateu , com raiva.
- , é inútil. Não somos idiotas. Sabemos o que vocês querem. Você está usando o corpinho lindo da sua noiva para fazer o se perder.
bufou, irritada.
- Ok, e se estivermos planejando alguma coisa? Não é da conta de ninguém aqui, até onde eu sei.
Cass tocou a arma. enrijeceu, mas continuou com os braços cruzados e a expressão fechada.
- , querida... - disse ele, com a voz fria. - Tudo nessa cidade é da minha conta. E se você vai acabar com o e pegar a grana dele... Não é justo eu não ter nenhuma parte.
parecia tenso, mas não . Ela sabia exatamente como lidar com situações como essa.
- Não é justo, Cass? - disse ela, sorrindo maldosa. - Eu acho muito mais que justo. Afinal, qual o trabalho você vai ter? Nenhum. Só lucros. E a vida não é assim, Cass.
- Querida, você está brincando, certo? Eu mando aqui, .
- Cass, eu vou acabar com o por você. Você não vai precisar fazer nada. Agora o segredo e a herança... São meus. - disse ela.
Cass sacou a arma. assumiu uma posição defensiva e assustada, protegendo Marcela.
- Seus? Por hora, certo, querida? Porque eu posso simplesmente puxar esse gatilho e ponto. Nada mais é seu.
- E quem vai matar o , então? Você? - desdenhou ela. - Você é poderoso, mas não é indestrutível. Se matasse o , todos saberiam que foi você. E, no momento, ele é uma espécie de ídolo aqui na cidade... Sem contar que estamos em ano de eleição. Seria horrível para a sua campanha, não é, prefeito Caruso?
Cass Caruso bufava de ódio. Ele queria matar aquela garota. Queria destruí-la em pedaços, por toda aquela audácia.
- Mesmo que você não tenha acesso ao segredo e a fortuna, - começou - se o for desmascarado e morto, ele não vai mais ganhar. E todos os seus Cassinos, Cass, especialmente o Jack, voltam a lucrar.
- Eu sei, . - cuspiu ele - Mas a sua bonequinha se acha importante. Ela se acha invencível.
- Não sou invencível, mas sou a única que conseguiu a confiança de . Ele me colocou como parceira dele. Quantas putas você já mandou para dormir com ele, hein, Cass? Aposto que várias.
- , por favor, se controle. - disse , baixo.
- Ela gosta de brincar. - disse o Sr. , intrometendo-se, com um risinho. - Abaixe a arma, Cass. Deixe eles dois fazerem as coisas do jeito deles. No fim das contas, nós realmente vamos lucrar com o morto. E com a filha da prostituta na cadeia, por matá-lo.
O Sr. Caruso abaixou a arma, sorrindo maliciosamente.
- Tem razão, Steve. Vamos deixar a putinha trabalhar sozinha.
- Isso é tudo? - perguntou . - Acho que está na hora de irmos embora.
- Podem ir. - disse Cass.
e se levantaram e ele a puxou rápido, querendo indicar o caminho da porta. Mas antes de sair, a garota se virou e disse:
- Vocês estão errados.
- Sobre o quê, querida? - disse Sr. .
- Eu não vou para cadeia. Diferente de vocês dois, eu não sou uma criminosa. Nunca dormi ou tentei dormir com menores de idade, e nem nunca mandei matar ninguém. Eu não vou matar .
- Então o que você vai fazer, querida? O motivo pelo qual você está respirando ainda não é o seu corpo lindinho, é o fato de que você vai fazer o serviço sujo. - rebateu Steve, sorrindo abertamente.
suspirou, e um sorriso maldoso brotou em seus lábios.
- Eu não vou matá-lo. Vou descobrir o seu segredo. E fazê-lo escolher entre viver desmascarado ou morrer com sua dignidade intacta... E se tratando de um , acho que já sabemos exatamente o que ele vai escolher.
E assim, a garota se virou e seguiu o percurso para fora da sala, com um assustado segurando a sua cintura.


Capítulo betado por Nessa

SEIS


estava parado olhando fixamente para o teto acima de sua cabeça. A menina adormecida ao seu lado respirava calmamente, numa velocidade antagônica aos pensamentos frenéticos que ele tinha no momento.
A noite havia sido agradável. Hannah era muito boa, ele precisava admitir. Boa o suficiente para que ele pudesse até mesmo querer vê-la de novo... E como ela era garçonete de Katherine Monroe, provavelmente seria até mesmo útil tê-la por perto... Ela saberia de mais coisas do que as pessoas normalmente sabiam.
Apesar de tudo ele ainda pensava em . Lhe incomodara o modo como ela parecera trocá-lo por com facilidade no dia anterior.
Ele acreditava que estivesse totalmente amarrada nele... Até ontem. Porque sua relação com parecia ser bem mais intensa do que os dois faziam questão de demonstrar.
E de que forma isso era ruim? Ele não sabia ao certo. Se pensasse com o coração, seria ruim, porque talvez ele quisesse ter algo com ela. E se pensasse com a razão... Bom, ele não queria sua parceira, a quem poderia confiar coisas importantes, envolvida com um cara como , cheio de falcatruas e segredos.
De repente a porta se abriu e viu Jack meter a cara para dentro.
- O que houve?- sussurrou ele, tentando não acordar Hannah. - Eu to ocupado.
- Eu sei. - disse Jack rolando os olhos. - Mas isso é importante. Sua parceira está lá embaixo e quer falar com você.
sorriu por dentro. estava ali para vê-lo...
Mas ele não podia deixar as coisas fáceis assim para ela. Foi por isso que, mesmo não querendo, respondeu:
- Manda ela voltar mais tarde... Eu to ocupado.
Jack ergueu a sobrancelha.
- Deixa de ser rídiculo, . Atende a menina.
- Eu estou com a Hannah aqui. Mais tarde. - disse ele, fingindo voltar a dormir.
Hannah se mexeu e levantou a cabeça com cara de sono.
- O que houve, ? Ta cedo... - disse ela, coçando os olhos.
- O tem um compromisso agora, querida. - disse Jack, impaciente.
- Não tenho não. - resmungou ele, colocando a cabeça debaixo do travesseiro.
- , levanta dessa cama agora! O campeonato é amanhã! Quero você lá embaixo em meia hora! - disse Jack, gritando e batendo a porta do quarto.
Ele bufou. Olhou para Hannah, que levantava apressada.
- Ei, Hannah. - chamou ele sorrindo malicioso. - Quer tomar um banho?

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esperava pacientemente, sentada no sofá da sala da casa de . Jack, o fiel escudeiro, olhava-a de um jeito engraçado, meio que a analisando e ao mesmo tempo tentando não olhar.
Sua pose pomposa não denunciava a impaciencia. Os braços e pernas cruzadas apenas traziam charme à garota, que deixava as coxas mais a mostra por causa do vestido azul claro curto e os seios mais salientes pela pressão dos braços fortemente apertados contra o peito.
- Ele já deve estar descendo. - disse Jack, sorrindo culpado. - Você quer um café?
Ela sorriu abertamente.
- Eu aceito, obrigada.
Jack chamou a empregada e pediu que trouxesse um café. A mulher saiu rapidamente e logo estava de volta com a xícara.
bebericava o café lentamente, como se estivesse degustando sem pressa. Mas a irritava toda aquela demora. Quem estava pensando que era? Uma noiva?
E de repente ouviram-se passos na escada. E risadas altas.
Uma garota loira com os maiores peitos siliconados que já havia visto descia sorridente com um sem camisa, usando apenas uma calça jeans, atrás de si. Apertou os olhos tentando reconhecer a menina, e logo notou que sabia exatamente quem ela era. Hannah Miller. A garçonete peituda de Katherine. Inimiga de escola de .
Não é preciso dizer que ela ficou extremamente irritada. Odiava Hannah Miller desde os sete anos, quando as duas brigaram por um lugar na janela na classe. E desde aquele dia a rivalidade passou a existir.
Mas há muito tempo não se importava com a presença dela num lugar. Era só uma garçonete fracassada... Porém, vê-la com a irritava. E muito.
conduziu a menina à porta, ignorando quem estava na sala e, antes de abrir, sugou o lábio inferior da garçonete de forma sexy.
- Tchau, Hannah. - disse ele.
Ela sorriu satisfeita e virou as costas para sair, batendo a porta da sala.
não queria demonstrar, mas estava espumando. Então era assim mesmo? Ela praticamente se entregava a ele no dia anterior e agora ele estava ali comendo uma puta qualquer?
E aquela vadia, desgraçada, Hannah! Ela provavelmente já vira no bar milhões de vezes e provavelmente ja devia ter ouvido alguma conversa... Afinal, ela não se meteria com a troco de nada! Que merda.
- Oi, . - disse , finalmente lhe dando atenção. - Teve uma boa noite ontem?
Ela sorriu antes de responder: - Satisfatória. E a sua?
- Um prazer inenarrável. - rebateu ele quase conseguindo fazer a garota fechar a cara. - Que tal conversarmos no andar de cima? É mais vazio a essa hora. - disse ele, indicando a escada.
assentiu e se levantou.
- Obrigada pelo café e pela companhia, Jack. A gente se vê. - disse ela, acenando enquanto seguia na direção de .
O andar de cima da casa de era ainda mais impressionante que o primeiro. Aquela casa lhe lembrava um cassino, com todo aquele luxo e decoração hotel de Vegas... indicou uma porta, que provavelmente era a do seu quarto, e ela entrou.
- Me perdoe a bagunça. Tinha uma convidada aqui antes de você. - disse ele, deixando-a passar.
Estava realmente uma bagunça. Lençóis embrenhados, roupas pelo chão... avistou uma calcinha de renda e logo se irritou. Sem demonstrar, seguiu para a cama e se sentou na ponta.
- Então... O campeonato é daqui a dois dias. Você disse que tinha várias coisas para me ensinar e até agora nada... - disse ela, olhando as unhas calmamente.
- Eu ia te ensinar ontem, mas acho que você estava meio ocupada.
riu.
- Você não ia me ensinar ontem, . Você ia era me ocupar. - disse ela, maliciosa.
- Não, eu não ia. - rebateu ele, cruzando os braços nus na frente do peitoral maravilhoso, o semblante sério.
- O que há com você? Também ficou irritado porque achou que eu me comportei que nem uma prostituta ontem?- disse ela, levantando-se para olhá-lo melhor.
- Não há nada comigo, . - respondeu ele, impaciente.
Ela sorriu e caminhou até ele, parando a sua frente.
- Não há nada com você? Sem cantadas baratas, sem provocações... Você não é o que eu conheço.
- Você não conhece o . - disse ele, soltando os braços.
Aquilo era convite suficiente para , que logo tocou a cintura do rapaz, tentando aproximá-lo.
- Eu gostaria de te conhecer melhor, você sabe.
- Mudou de tática, bonequinha? Desistiu de resistir? - provocou ele.
- Você me deixa louca toda vez que me provoca, sabia disso? - sussurrou ela, mordendo o lábio e se afastando de novo para sentar na cama.
a olhou com luxúria. Ele não conseguia, mesmo que tenstasse, resistir aos encantos daquela menina.
Caminhou até ela, que sorria sexy.
Ele se ajoelhou, encaixado entre as pernas dela, apoiando as mãos em suas coxas e olhando fixamente em seus olhos.
- Você não devia ficar dizendo essas coisas, sabia? - disse ele, sorrindo.
- Que coisas? - perguntou passando os braços pelo pescoço dele e aproximando mais seus rostos.
- Essas coisas que você diz para me deixar louco... Eu posso acabar te agarrando e te pegando de jeito antes que você se dê conta.
- Talvez eu queira que você faça isso, . - sussurrou ela, inclinando-se para beijá-lo.
Ele se afastou um pouco e olhou com reprovação.
- Você está fácil hoje... O que houve?
Ela sorriu.
- Talvez eu só esteja mudando de tática mesmo. - disse, dando de ombros.
Ele a soltou e se jogou na cama, bufando com impaciência.
- Acho que terei que perguntar de novo: O que há com você hoje? Está tão estranho e bipolar. - reclamou ela. - Você parece a mulher dessa relação.
- Não é uma relação. - rebateu ele.
- Sério, você deve estar numa TPM daquelas. - disse , gargalhando. - Até me recusando você está.
- Eu te recusei porque você não me excita. - disse , sorrindo maldoso.
Ele sabia que tinha acabado de dizer a frase certa para deixar louca. Seus lábios vermelhos se comprimiram numa linha apertada e seus olhos fixaram os dele com uma estranha raiva exposta.
Ela pareceu entender o que fazer a seguir, pois a linha comprimida do lábio se tonou um sorriso malicioso e os olhos raivosos, ainda fixos nos de , ergueram uma sobrancelha numa expressão de dúvida divertida.
- Eu acho que não entendi o que você disse, querido. - falou ela, subindo na cama e ficando de quatro por cima dele, mas sem encostar, deixando os braços esticados do lado da cabeça dele e os joelhos ao lado do quadril do rapaz.
- Eu disse que você não me excita. - desafiou , sorrindo confiante.
emitiu um som de desaprovação.
- Que mentira deslavada, menino. Nunca te disseram que mentir é feio?
se inclinou e encostou os lábios na orelha dele, mordiscando de leve e sussurrando coisas que poderiam levá-lo a loucura sendo escutadas naquela voz.
Seus lábios desceram para o pescoço de , que continuou imóvel, tentando resistir a vontade de tocá-la. Ela era o pecado e ele sabia disso. Resistir era tão inútil...
- O que você quer de mim? - perguntou ele, suplicante.
- De você? - perguntou ela, levantando-se um pouco para abaixar as alças do vestido. - Eu quero tudo.
não resistiu e segurou sua cintura com força, rolando com a menina na cama. Ficou por cima dela e pressionou sua pélvis contra a de .
- Olha, pra alguém que não te excita, até que eu te deixei bem durinho. - disse ela, com um sorriso sacana, enquanto se ocupava em praticamente rasgar seu vestido.
- Cala a boca. - resmungou ele, encostando seus lábios nos dela com força.
Ele não podia explicar a sensação que era beijar aquela garota. Ela era tão feita para ele, para ser tocada por ele... Ele estava sedento e a queria como nunca.
não se sentia muito diferente. Aqueles lábios dele eram definitivamente um pecado. E suas mãos apertando com força seus seios agora nus a deixavam mais que louca.
desceu os lábios para o colo da garota e logo estava em seus seios, sentindo o gosto novamente. Ela suspirava pesadamente, puxando os cabelos dele que cada vez mais intensificava seus movimentos.
Ela o afastou e se sentou na cama, dando arranhões no peitoral dele. Depois desabotoou lentamente a calça do rapaz, vendo-o morder o lábio.
olhava com expectativa, como se pedisse para que ela fizesse o que tinha em mente. Ela não o decepcionou ao colocar a mão por dentro de sua boxer e envolver delicadamente o seu membro, movimentando lentamente.
- Você gosta disso, ? - perguntou ela, sensualmente.
Ele jogou a cabeça para trás e falou entre gemidos:
- Eu amo quando você faz assim, Hannah.
parou imediatamente o que estava fazendo, como se tivesse levado um choque.
- Do que foi que você me chamou? - esbravejou ela.
a olhou confuso.
- Hã? Eu não te chamei de nada! Continua, por favor... - pediu ele, manhoso.
- Seu imbecil! Você me chamou de Hannah! - gritou , irritada, puxando o vestido para acertá-lo no corpo.
- Ah, chamei? - disse ele, com um sorriso pretencioso. - Desculpa, , eu tenho essa mania de confundir o nome das garotas que eu pego... Sabe como é, são muitas!
- Ah, você tem essa mania, seu babaca? Então eu vou facilitar as coisas para você e vou embora. Assim é menos uma para você se confundir! Imbecil! - gritou ela, enquanto procurava a bolsa.
- Ah, , para com isso e volta aqui pra mim... - disse ele, manhoso.
- A GENTE SE VÊ NO CAMPEONATO! - berrou ela enquanto batia a porta do quarto, pisando com força para se retirar daquela casa.

xx

estava com ódio. De verdade, pouquíssimas situações em sua vida a deixaram tão irritada quanto ela estava naquele momento.
Como ousava chamá-la de Hannah? Ele não sabia das coisas que aconteciam na cidade?
Se ele tivesse a chamado de qualquer outro nome, não ofenderia tanto.
Tudo bem, ele não sabia... Mas Hannah certamente estava se metendo naquilo de propósito. E ela não podia deixar que ninguém, simplesmente ninguém, se metesse naquele plano.
E foi com essas intenções que foi ao bar de Katherine naquela tarde ensolarada. Ela queria colocar Hannah, a garçonete biscate, em seu devido lugar.
Estacionou seu carro na porta, saindo devagar, com o glamour habitual. Se tinha uma coisa que sabia ser era estilosa, e todos sabiam disso. Ela nunca passava desapercebida por lugar algum.
Quando caminhou para dentro do bar, logo avistou Hannah no balcão, limpando os copos. abriu um sorriso sarcástico, caminhando em direção a garçonete em seus saltos finos. A loira a olhava de volta com uma sobrancelha erguida.
- Veio ver a Katherine? - perguntou Hannah. - Ela não chegou ainda, volte mais tarde.
- Não, não, querida. Meu assunto é com você mesmo. - disse , apoiando as mãos no balcão.
- Olha, , vê se me esquece, tudo bem? Qualquer assunto que eu tinha com você acabou depois que a gente se formou. - disse ela, virando de costas.
- Eu pensava assim também, querida. Realmente pensava. Até você se meter com coisas que me pertencem.
- Que tipo de coisa? - perguntou Hannah, fazendo uma expressão desentendida.
- Ah, você não sabe? Pobrezinha... - rebateu .
Hannah a olhou confusa por um tempo. Então num estalo abriu um sorriso.
- Ah. - murmurou ela. - ? Desculpa, querida. Eu não tive culpa se ele me quis.
- Hannah, eu sei que você é uma putinha hipócrita, mas eu não sou. Eu vou direto ao ponto. E você sabe exatamente por que está atrás dele, assim como eu sei.
- Porque ele é um tremendo gostoso? - perguntou ela.
- Não se faça de boba. Você sabe, você já ouviu coisas aqui.
- E se eu tiver ouvido, hein? O que você vai fazer, filha da prostituta? - desafiou Hannah.
quase gritou de ódio. Ninguém naquela cidade deveria saber disso, muito menos Hannah Miller. Ela engoliu o ódio e disse:
- Me chame disso de novo, sua puta, e eu juro que você vai amanhecer debaixo da terra servindo de comida para vermes.
- Nossa... Que medo que eu estou de você. - disse Hannah, sorrindo.
sorriu sarcástica.
- Você deveria ter medo, Hannah. Deveria ter muito medo... Porque eu sou metida até a boca com gente que te mataria sem pensar duas vezes... Afinal, o que seria uma garçonete metida a problema a menos no mundo?
Hannah arregalou os olhos azuis.
- Vo... Você não teria coragem de me matar.
- Não teria? - perguntou . - Pague pra ver, então. Eu quero você longe de quando eu estiver com ele. E quero você de boca fechada. Estamos entendidas?
Hannah tentou se desfazer da cara assustada e soltou um suspiro.
- Não vou te obedecer, . Você é uma vaca metida a poderosa.
- Eu ja te disse tudo que tinha para dizer. Agora cabe a você pagar pra ver ou não. - disse .
E assim virou de costas e saiu do bar com firmeza, desejando que sua ameaça tivesse dado certo... Porque se não tivesse... Ela definitivamente teria problemas.


SETE


se sentia culpado.
Ele sabia que era idiota, já que era uma tremenda nojenta com ele. Mas simplesmente não conseguia ficar muito tempo longe dela, mesmo tendo conhecido a menina poucos dias antes. Tudo que ele fazia levava o pensamento a ela, seu jeito, seu corpo...
E foi por isso que ele resolveu se rebaixar ao máximo que poderia em uma vida e ir até ela para lhe pedir desculpas. Na verdade, mais se explicar do que pedir desculpas, já que em seu ponto de vista tinha apenas se vingado do pouco caso de .
Largou sua moto em qualquer lugar do outro lado da calçada do prédio da garota. Seria constrangedor, mas acreditava na recompensa. Afinal, nada é melhor do que reconciliação.
xx

estava irada. Tão irada que ignorara por um dia inteiro todas as ligações que recebera, até mesmo as de .
A confusão de nomes que fizera havia deixado a garota completamente perturbada e irritada. E ao que parecia, irritada a ponto de ir atrás da velha inimiga de escola e mandá-la se afastar do seu homem.
'Seu homem?' Ela realmente estava pensando assim? Estava pensando em como seu homem? As coisas estavam piores do que ela esperava.
Estava ficando louca. Nem a falta de ela estava sentindo! Quase um dia inteiro sem fazer sexo com ele e nem estava ligando...
estava seriamente considerando desistir de tudo. Não podia se deixar envolver desse jeito porque sabia como seria o fim dessa história. Seria , muito provavelmente, morto. Ela não podia gostar dele, não podia nem ao menos desejá-lo a ponto de sentir falta.
Quando a campainha do seu apartamento tocou, despertando-a de seus pensamentos confusos, ela se levantou bufando. Deveria ser querendo saber dela. Será que ele não poderia esquecê-la um dia que fosse?
Mas não era . Ela percebeu isso quando abriu a porta e deu de cara com segurando um buquê de rosas na porta de sua casa.
tem certeza até hoje de que não morreu de susto por vê-lo ali só pelo fato de esta ter sido uma das mais adoráveis visões de sua vida. ali, parado, cheirando a loção pós barba barata, com uma jaqueta de couro, flores na mão e seu mais lindo sorriso galante havia tirado dela qualquer possível ação (até mesmo a de morrer).
- Oi. - disse ele - Acho que você deve estar surpresa em me ver aqui.
, que ainda estava com os olhos arregalados, sacudiu brevemente a cabeça, como quem sai de um transe, antes de responder:
- Muito, muito surpresa. Aliás, quem te deixou entrar? - perguntou ela, confusa.
Ele deu um risinho.
- Bom, eu não gosto de ser incorreto, mas tive que usar meu dinheiro para isso. E o porteiro já havia me visto aqui, então acho que isso ajudou.
- Fico muito feliz em saber que os porteiros do meu prédio aceitam suborno de qualquer um que queira subir. - disse ela, irônica.
- Eu não sou qualquer um, . Será que eu posso entrar?
- Não, você não pode. - disse ela - Eu não estou com a mínima vontade de te receber na minha casa.
- Por favor. - pediu ele, do jeito mais carinhoso que já o vira falar na vida - Eu juro que você não vai se arrepender.
A garota soltou um muxoxo enquanto dava espaço para que passasse pela porta e, quando ele o fez, fechou a mesma e a trancou.
- Então, o que você quer? - perguntou .
- Te dar isso. - disse ele, estendendo as flores com um sorriso.
O buquê era de rosas vermelhas e brancas, como um buquê de noiva. Mas mesmo assim eram lindas e adoráveis.
- Tá, mas pra quê? - disse ela, pegando as flores tentando não demonstrar o quanto aquele gesto era lindo aos seus olhos.
- Eu queria me desculpar pela minha atitude ontem. Não foi correto falar o nome de outra garota estando com você. - disse ele.
- É, não foi. Mas não é algo que você possa se desculpar. Você tecnicamente não tem culpa por estar pensando nela quando estava comigo. - disse a garota com um bico irritado.
- Na verdade, eu posso me desculpar, porque... Eu fiz de propósito. - disse ele.
ergueu a sobrancelha, confusa.
- De propósito? Como assim?
Ele suspirou.
- Foi muito, muito irritante pra mim, , quando você e eu estávamos no maior clima e de repente aquele cara apareceu. E você ao invés de mandá-lo pastar, mandou ele se juntar a nós.
- Você não tem o direito de ficar irritado. - repreendeu ela - Não sou sua namorada, !
- Não, você não é, mas estava num momento íntimo comigo. E não foi certo.
- Ai, meu Deus. - reclamou a garota - Parece que o homem aqui sou eu!
- Não o homem, querida, a vadia mesmo. - rebateu , irritado. Ao receber um olhar mortal de , ele logo disse: - Desculpe, era só brincadeira.
- Não era. Mas você está certo: Eu sou mesmo uma vadia. Das boas. E é por isso que nem você nem homem nenhum pode me controlar.
- Eu não quero te controlar, . Eu não quero ser seu namorado. Mas eu quero muito, e nesse momento mais do que qualquer outra coisa, ter você. E não do jeito romântico da coisa, do jeito carnal mesmo. E eu te peço desculpas se fiz parecer que não te queria tanto quanto eu te quero. E me desculpe por agir daquela forma com você. - Disse ele, suspirando.
estava calada, olhando-o perplexa. Era simplesmente a coisa mais amável que ela já havia escutado de um homem. Ok, talvez não a mais amável, mas com certeza a que mais a deixou balançada.
Ele deu um aceno meio constrangido com a cabeça e continuou:
- Bom, eu já vou indo. Te vejo amanhã no campeonato. Não se atrase.
Ele virou de costas em direção a porta, o que fez sair de seu estado de choque. Ela o seguiu, segurando o braço do rapaz com força.
- ... - chamou. Ele se virou lentamente até que seus olhos se encontraram. - Obrigada pelas flores, elas são lindas.
- Não há de quê. - respondeu ele, simples, abrindo um sorriso.
se perdeu ali. Ele era lindo sendo o cafajeste de sempre, mas sorrindo daquela maneira doce, parecia ainda mais bonito.
Era a troca de olhares mais intensa que ela já tivera com alguém. Seu coração estava disparado. Sentia-se como se estivesse num jogo de pôquer com todo o seu dinheiro apostado e o adversário fosse lhe mostrar as cartas dele. Aquele nervoso estranho, como se estivesse entre ganhar e perder, triunfar ou fracassar. E, de certa forma, estava.
Ela precisava agir. Precisava tê-lo ali. A mão que segurava o braço do rapaz deslizou até o ombro do mesmo. A outra mão a garota dirigiu à nuca dele, tentando extinguir o espaço existente entre os dois.
O sorriso de aumentou e não fez mas nenhum movimento. E ele não a deixou nada desapontada ao colocar as mãos na cintura da menina e puxá-la ainda mais para perto.
Quando seus lábios se encontraram, não foi como da primeira vez, foi completamente diferente. A primeira vez que se beijaram havia um desejo insano e carnal contido no beijo. E ali não.
Aquele beijo estava sentimental e puro. Por incrível que pareça, ninguém pensava em tirar as roupas e ir logo para a cama. Eles só queriam ficar ali, se beijando até que não pudessem mais.
pela primeira vez podia ouvir o coração de . E ele batia em sincronia com o dela. E ele podia sentir as pernas dela fraquejarem, segurando-a com toda a força para que ela não caísse.
interrompeu o beijo, assustada. Aquilo era sentimento demais para ela.
continuou apertando o corpo dela contra o dele e encarando seus olhos profundamente.
- Eu... Não sei o que dizer. - disse , corando. Que diabos estava acontecendo? Ela estava corada e nervosa falando com um cara?
- Você não precisa dizer nada. Eu não quero bancar o sentimental, mas nós dois sabemos o que se passou aqui. Eu senti. E sei que você sentiu também.
- Eu não... - disse , tentando começar, porém logo foi silênciada pelos lábios de , que apenas encostaram suavemente nos dela.
- Não nega... Você sabe que eu estou certo. Você sabe o que sentiu porque foi o que eu senti também.
Ela nem sequer abriu a boca para contestar porque sabia que ele tinha razão. E era sobre essa razão que ela devia refletir, de fato.
- Eu acho melhor você ir agora... Tenho um jantar com a minha mãe hoje e não posso me atrasar. Além do mais, eu preciso dormir cedo pra amanhã.
- Ok. - disse , sem protestar - Passo pra te pegar amanhã às seis, certo?
- Certo. - concordou , afastando-se dele - Eu te acompanho até a porta.
Ela o encaminhou até a saída do apartamento.
- Tchau, .- disse ele, dando um selinho rápido na garota, batendo a porta devagar.
Quando se viu sozinha novamente, trancou a porta. Que Deus a ajudasse, porque pelo visto acabar com seria muito mais díficil do que ela poderia imaginar.

xx
precisou apenas dar um sorriso para que a porta do restaurante fosse cordialmente aberta para ela. E nem precisou ao menos procurar para encontrar Naomi sentada numa mesa de canto para duas pessoas. Segurando a bolsa de couro contra a lateral do corpo, a garota caminhou em seus sapatos de salto dez mexendo graciosamente os quadris que o vestido azul de babados realçava. Ela nem percebera, mas atraíra diversos olhares masculinos a cada passo que dava em direção a mesa na qual estava destinada a se sentar.
- Olá, mamãe. - disse com um sorriso, sentando-se.
- Querida! Quantas saudades! - disse Naomi esticando os braços sobre a mesa para segurar as mãos da filha.
- Eu também senti muitas, mãe.
Naomi começou a monologar sobre o quanto estava bonita e diferente. Também começou a dizer que não a procurava mais e que estavam afastadas.
certamente estava afastada. Enquanto a mãe adotiva falava, ela só conseguia pensar nos acontecimentos de mais cedo. Aliás, ela pensara nisso o dia inteiro.
- , o que há com você hoje? Está tão desligada! - reclamou a mãe, tirando a garota de seus pensamentos.
- Desculpa, mãe. Eu só tive um dia meio esquisito. - respondeu , justificando-se.
- Não minta para mim, eu conheço esse olhar. Você está apaixonada, não é, querida?
Quando Naomi disse isso, gelou. Não, ela não estava. Ela não estava apaixonada. não se apaixonava por ninguém. Em nenhuma circunstância. Como sua mãe poderia cogitar aquilo?
- Claro que não, mãe! Mas que idéia! - ralhou a menina.
- Ai, . Eu te conheço. Sei que aconteceu alguma coisa que envolve um homem. E eu sei que esse homem não é o seu irmão.
- Vamos nos casar, mãe. Ele não é meu irmão! - suplicou .- Eu não tenho nada com homem nenhum.
- Eu vi você com o filho do aquele dia. Vi como ele te olhava. Eu vi também a maneira que você sorria a cada piada estúpida dele.
- Mãe. Eu. Não. Estou. Apaixonada. Muito menos pelo ! Eu não posso!
- Você não pode, mas não manda no seu coração, não é? Eu entendo disso muito bem querida. Amei um homem um dia, um homem com o qual eu poderia fazer tudo, menos dar meu coração. Mas eu o fiz. E apesar de todo o meu sofrimento, eu não me arrependo. Só do modo como eu fiz as coisas. E me arrependo de ter tentado negar. Quanto mais cedo você encara os fatos, mais facilmente você lida com a situação, .
- Ele fez minhas pernas fraquejarem. - falou , baixo - Eu nunca senti nada assim antes. Mãe, eu não sei o que fazer. Eu não posso me afastar, mas eu não posso gostar dele! E eu estou morta de medo! Se conhecendo ele há duas semanas minhas pernas já fraquejam, imagina em meses?
- Isso é paixão, querida. Eu sei a dificuldade que você tem para entender o amor. Você não teve exemplos adequados de homens na sua casa. Aquele porco do meu marido tentando te levar pra cama a qualquer custo através das chantagens baratas dele. E , que é completamente igual ao pai, te levando pra cama por chantagens baratas.
- Mãe, o me protegeu muito daquele homem. - disse a garota, em tom de defesa.
- , querida. Eu amo meu filho. Mas ele é o pai sem tirar nem por. Ele te protegeu porque te queria para ele. Afinal, no fim das contas ele fez a mesma coisa que o pai. Te chantageou por sexo. Só que foi mais rápido.
- Eu amo o .- disse , tentando se justificar.
- Você tem gratidão pelo , filha. Uma gratidão que nem deveria existir, mas tem. Você não o ama. Quantas vezes ele fez suas pernas fraquejarem? Seu coração acelerar?
Sua mãe tinha razão em tudo e isso a apavorava.
- Mãe, não interessa. Eu não posso. Eu não estou andando com o filho do porque quero. Eu tenho algo a fazer com ele.
- Querida, amor vale a pena. Vale mais a pena do que qualquer coisa que se possa ter. Pense se o que o você está fazendo é o que realmente quer. Porque acho que você não vai querer acabar como eu, não é? Com um porco nojento de um marido que tentou abusar de sua filha adotiva enquanto você foi obrigada a ficar em silêncio para preservar as duas.
- Eu não entendo porque você não se separa dele. Ele é um pilantra, desgraçado!
- Existem coisas que a gente simplesmente não pode fazer. Dívidas que temos que pagar. Eu estou pagando a minha. Pagarei eternamente. Mas você ainda pode ser feliz, . Você pode desistir de qualquer que seja o plano maluco envolvendo o filho do , abandonar esse casamento e ser feliz. Porque se você continuar como está, certamente acabará como eu acabei.
tombou a cabeça na mesa, tendo os cabelos acariciados pela mãe. Ela realmente esperava que Naomi estivesse errada. Porque se ela estivesse certa, seria definitivamente o fim de uma femme fatale.

Capítulo betado por Nathália K.

OITO


e encaravam o teto branco do quarto da menina suspirando ofegantes. Faltavam roupas aos dois e suas mãos estavam entrelaçadas.
- Eu senti sua falta esses dias... - disse . - Você anda sumida. Só quer saber de e mais .
- Você sabe porque eu estou fazendo isso, então pare de drama. - cortou a garota, com voz irritada.
- Tudo bem, . Não precisa ficar nervosa. Eu só comentei.
não falou nada, apenas sentiu se mover na cama para mais perto dela.
Por alguns momentos ela havia esquecido de naquela noite. Depois da conversa com sua mãe, ela encontrara em seu apartamento e de certa maneira ele conseguira distraí-la. Mas agora ela voltava a lembrar de e isso a irritava. Não queria pensar nele quando estava com o cara de quem ela gostava (ou, teoricamente, deveria gostar).
- Eu vou sentir saudades suas. Vamos passar um tempo longe. - comentou , colocando a mão atrevida sobre o seio desnudo da menina. - Com essa coisa de campeonato e várias fases em vários países... E já vai começar amanhã!
- Eu vou até sua casa quando der. - disse , fria. - Mas não me ligue e nem apareça aqui. Não quero e não posso levantar suspeitas.
- Ta, . Qual o problema com você hoje? Você geralmente é insensível, mas não assim.
então se tocou que realmente estava tratando seu noivo meio mal. Ela não podia descontar nele seus problemas mentais rídiculos. Não era culpa dele se ela era uma grande retardada que não conseguia diferenciar paixão de desejo. Ela não gostava de , estava fantasiando, e não merecia aquele tratamento.
- Desculpa. - disse ela, amolecendo a voz e se virando para abraçá-lo. - Eu só ando meio estressada. Mas isso não tem nada a ver com você.
- Certo, eu já estou acostumado com as suas grosserias. - disse , fazendo charme.
- Não faz assim... - falou , dengosa, dando beijos no pescoço do rapaz. - Você sabe que você é o número um.
- Falando nisso, vocês dois já transaram?- perguntou , com a voz dura.
- Não. - respondeu a garota, monossílabica.
- Aposto que você está dificultando as coisas pra ele só para deixá-lo mais caído.
- É o plano.
- Não transe com ele, . Não faz diferença. Você já conseguiu o que queria, que era ser dupla dele.
- O não quer ser meu amigo, entenda isso. Ele me quer... Uma hora ou outra eu vou ter que ceder. Ele precisa confiar em mim e me contar tudo.
O garoto ficou em silêncio. então jogou o corpo por cima do dele, envolvendo os quadris do rapaz com suas pernas.
- Você não precisa ficar assim. - Mentiu ela. - É só sexo.
Ela sabia que no fundo, estava certo de ficar preocupado. E sabia também que ele tinha razão quanto ao fato dela não precisar transar com para ganhar sua confiança. Mas ela não poderia mais negar... Precisava entender seus sentimentos. E não seria capaz disso se não se entregasse a .
- Eu não me sinto confortável, ta legal? - bufou . - É minha garota dando para outro cara. Não é divertido.
- Nós dois vamos foder com ele e seremos o casal Bonnie e Clyde de Vegas. Me ame. - brincou , dando uma piscadela.
continuava sem se mexer embaixo dela.
- Vamos, gatinho... Não fique assim. Desse jeito eu vou ter mesmo que dar para outros caras. Você não está me satisfazendo... - Falou ela, com um biquinho e uma voz cheia de malícia.
então deu um risinho sem humor.
- Você vai se arrepender de ter dito isso, garota.
Então ele a virou na cama para que começassem tudo de novo, enquanto restava tempo para aproveitarem juntos.

xx

escolhera seu melhor terno ao se arrumar. Faltavam apenas duas horas para o ínicio do torneio de duplas e ele já estava a caminho da casa de .
Mesmo tendo ido até lá apenas quatro vezes, sabia aquele caminho quase de cor... Já lhe parecia natural.
Quando chegou, estacionou o carro na porta e pediu para o porteiro interfonar para o apartamento de avisando sua chegada. Estava quase na hora de se tornar história.

xx

colocava os brincos quando ouviu o interfone. ainda estava em seu apartamento usando um terno preto e a esperando no sofá.
Ela atendeu e o porteiro anunciou . A garota o mandou esperar lá embaixo.
- Eu preciso ir. - avisou ela a , andando rápido pela sala. - Te ligo quando voltar para casa.
- Certo. - disse o rapaz, levantando e se aproximando de . Ele colocou a mão no rosto dela. - Não se esqueça de ser a melhor, como sempre.
beijou os lábios do noivo.
- Não vou me esquecer. Eu nunca esqueço. - disse ela, dando uma piscadela e se virando para sair.
Apertou o botão do elevador, feliz. Tinha certeza de que aquela noite seria épica em sua vida.

xx

Quando surgiu do lado de fora do prédio, quase caíra para trás. Ele nunca a vira tão deslumbrante. O vestido vermelho sangue era justo ao corpo perfeito e ia até o meio das coxas volumosas. Os cabelos presos num rabo lateral baixo... E o sorriso. Ah, o sorriso era o mesmo sensual de sempre, como se seduzir fosse algo tão natural para ela quanto respirar era para um ser humano.
- Boa noite, Sr. . - disse ela, num tom meio brincalhão, caminhando até ele em seus saltos mega altos.
estendeu o braço para a garota, que deu o dela em troca sem pestanejar. Levou a mão delicada até seus lábios, beijando-a num ato de cavalheirismo. - Boa noite, Srta. . Você está deslumbrante.
Ela deu um sorriso de agradecimento, que respondeu abrindo a porta do carro cordialmente para a garota. entrou e logo estava ao seu lado, ligando o veículo.
- Já sinto a nossa vitória. - disse ele ao dar partida.
- Espero que sim. - respondeu a garota, olhando as luzes da cidade e desejando que seu plano desse certo.

xx

Entraram no Royale de braços dados, atraindo olhares de quem quer que estivesse em volta. Sorriam cúmplices e conversavam baixo enquanto se dirigiam ao salão principal.
Um homem que estava a porta os parou e disse:
- Vocês estão com o papel da inscrição?
retirou do bolso da calça e entregou ao homem.
- Aqui está.
O homem olhou calmamente e pigarreou:
- Certo, vocês são a dupla de número sete. - disse ele, entregando aos dois pulseiras azuis que tinham seu número gravado. - Entrem logo para ouvir as instruções.
e colocaram suas pulseiras entraram no salão. Estava cheio de duplas, em sua maior parte masculinas e mesas de poquer vazias distribuidas pelo salão.
Não foram precisos menos do que cinco minutos para o salão encher ao máximo e sua porta se fechar. Logo depois, o Sr. Caruso, que como prefeito da cidade sempre estava presente nesse tipo de evento, subiu ao pequeno palco e falou ao microfone:
- Bem vindos ao quadragésimo sétimo campeonato de poquer em duplas de Las Vegas!
Uma chuva de palmas se espalhou pelo lugar. virou os olhos, fazendo rir.
- Não gosta dele? - perguntou em seu ouvido. - Ele é um pilantra, mas é um cara simpático.
- Não, eu não gosto dele. - respondeu meio irritada.
se calou então, prestando atenção nas palavras do prefeito:
- Essa noite, na primeira fase, vocês deverão ganhar individualmente. Cada um da dupla vai jogar uma mesa. As duplas nas quais seus dois componentes vencerem suas respectivas mesas estarão classificadas para a próxima fase. Escolham suas mesas e boa sorte!
Todos se dispersaram escolhendo uma cadeira no salão para começar a jogar. e lançaram um ao outro um olhar de despedida, enquanto iam para sentidos opostos começar de vez aquele campeonato.

xx

As mãos de suavam frio.
Estava quase sem dinheiro. ja havia ganhado sua mesa e assistia o jogo esperançoso, torcendo por ela.
não podia fraquejar. Não podia perder e acabar com todas as suas chances de fazer seu plano dar certo. Ela precisava ganhar...
Porém, a sorte não estava do seu lado. Não naquele dia. Da mesa de seis, haviam restado apenas ela e um cara loiro. Um cara loiro que estava cheio de sorte e louco para acabar com o dinheiro que lhe restava.
- Fora. - disse novamente ao ver que não tinha tirado boas cartas, arrancando um suspiro do rapaz a sua frente.
- Sabe, bonitinha, você não vai poder adiar sua derrota para sempre. - disse o homem, sorrindo.
- Podemos dar uma pausa rápida? - perguntou ao dealer. - Já estamos jogando há quatro horas e eu realmente preciso ir ao banheiro.
- Quinze minutos. - disse o dealer.
se levantou irritada, indo em direção a , que a olhava apreensivo.
- Eu não consigo, . Não consigo tirar cartas boas. - reclamou ela.
- Você está jogando bem, não está fazendo nada de errado. - disse ele, apertando o ombro da garota como quem a consola.
- Não adianta nada se eu não consigo ter sorte!
a encarou profundamente. Ele colocou a mão no seu rosto e disse:
- Vamos fazer o seguinte, . Vá ao banheiro, beba alguma coisa e volte na hora. Vou resolver isso para você.
- Como assim vai resolver? - perguntou ela.
- Fique tranquila, eu não vou fazer nada errado ou ilegal. Vá ao banheiro.
sabia que deveria ficar espiando o que ele faria, mas não o fez. Seguiu o conselho de e foi ao banheiro lavar seu rosto.
Bebeu um copo de uísque e viu de longe com uma mulher loira e bonita. Ela não estava com ciúmes, mas estranhou o fato de não estar lá assistindo-a jogar como . Apesar de saber que ele não gostava de poquer, era o tipo de coisa que ela esperava que ele fizesse por ela. Torcer por ela, pelo plano deles...
Olhou o relógio e descobriu que era hora de voltar.
conversava com o dealer e o cara loiro ja estava em seu lugar.
- Ah, ela chegou. - disse sorrindo. Ele puxou a cadeira para que se sentasse e disse: - Boa sorte, parceira.
- Ela vai precisar. - comentou o adversário com um sorriso.
riu de volta enquanto se afastava.
- Você não devia subestimar essa garota, meu amigo. Afinal, eu sou o melhor jogador de pôquer do mundo. E ela não é minha parceira por acaso.
sorriu aberto enquando o dealer distribuia as cartas. Esperava que a sorte viesse então.
E veio. Par de valetes na mão. Quase sorriu com isso. Notou que um dos valetes tinha uma ponta dourada, diferente das outras cartas. O que aquilo significaria?
- E aí? Cem ou fora? - perguntou o Dealer a ela.
- Cem. - disse, colocando as fichas.
O loiro pagou sorrindo.
As três primeiras cartas que se abriram foram um valete, um dez e um ás. ja tinha uma trinca. Apostou mais e novamente foi paga.
A quarta carta se abriu. Outro dez. agora tinha uma trinca e um par, um fullhand.
- All In. - disse ela, colocando todo seu dinheiro. Era agora ou nunca.
- Pago. - disse o loiro. - Aliás, vamos acabar com isso logo. All in também. Ou eu ou você, bonitinha.
A última carta se abriu. Um ás.
O loiro sorriu.
- Um fullhand de dez com ás. - disse ele, mostrando seu dez e seu dois insignificante. - E você?
- Um fullhand de valete com ás. - respondeu . - Acho que eu venci. Eu diria 'nos vemos na segunda fase', mas sabe como é, né... Não dá para todos.
A cara do loiro foi impagável. Assim como o abraço de . Ela tinha vencido, tinha conseguido!
- Eu não sei o que você fez, mas obrigado. - sussurrou ela para .
- Eu não fiz nada... Foi tudo você! - disse ele, soltando-a e indo até a mesa.
Ele mexeu nas cartas enquanto falava com o Dealer e logo voltou.
- Vamos, ! Vamos beber para comemorar! Estamos na segunda fase. Ibiza, baby!
riu e o acompanhou feliz pela vitória e pela noite que viria pela frente.

NOVE


Fora uma noite memorável.
não se lembrava em tempos de ter se divertido tanto. Eram quatro da manhã e estava esperando no saguão do Royale. As duplas classificadas tinham direito a um quarto de luxo para usufruir durante uma semana (o tempo que restava para o início da segunda fase). Após a semana de descanso, embarcariam para Ibiza, onde continuava a competição, no hotel/cassino Royale de lá.
voltou sorrindo.
- Quarto 1708. Vamos, querida? - disse ele, oferecendo o braço.
- Claro. - respondeu , segurando-o.
segurava os sapatos na mão direita e tinha sua gravata frouxa e parte da camisa aberta. Os dois pareciam cansados e esgotados.
Haviam passado a noite inteira juntos. Se divertindo. Jogando 21, dardo, videogames, dama, xadrez, apostando nas máquinas, dançando na discoteca, bebendo e rindo muito. havia descoberto que gostava da companhia dele, realmente. Talvez ele fosse a pessoa mais divertida que ela já conhecera, principalmente por ser homem... Os assuntos que ela tinha com homens geralmente eram resolvidos na cama e estritamente nela.
Quando chegaram ao andar, a puxou pela mão até a porta correta e passou o cartão eletrônico. Os dois entraram no quarto, mas só ficou maravilhada. Ja tinha ido ao Royalle uma vez com , mas não ficara numa Deluxe. Era enorme. Quase tão grande quanto a de Cass Caruso. Suas malas e as de ja estavam ali também.
A cama era a maior que ela ja havia visto. Era tão grande que caberia no mínimo oito pessoas.
- E então, o que faremos agora? - perguntou , indo até o frigobar e pegando uma cerveja.
- Eu vou tomar banho e dormir. - disse ela, sorrindo.
- Ah sim. Quer companhia no banho? - perguntou ele, levantando a sobrancelha, sugestivo.
- Acho engraçado como você fala... Como se eu realmente fosse um dia para a cama com você. - falou .
- Na verdade, eu acho mais cômico ainda quando você diz que não vai. - retrucou . - Pare de ser hipócrita e mentirosa.
- Falando em mentira, o que foi que você fez no jogo para que eu ganhasse? - Quando abriu a boca para retrucar, ela disse rápido: - E não me venha com essa de que eu consegui sozinha.
- Eu não vou te contar. - disse ele, puxando a gravata e a tirando do pescoço.
- E por que não? - indagou , aproximando-se com um sorriso maldoso.
- Muito espertinha você. Acha que eu vou te falar o segredo que Vegas inteira quer saber sem nem ter te levado pra cama ainda?
- Se essa é a questão, nós podemos resolver. - respondeu , rindo.
- Você tem vocação para a prostituição. - comentou , aproximando-se dela e tomando um tapa no braço.
- Eu só estava tentando fazer negócio. - rebateu.
- Não é um bom negócio, sabe por quê? Porque eu vou te pegar de qualquer jeito. Então pra que colocar o meu segredo para fora em troca de algo que eu terei logo?
- Você é muito convencido.
- E você muito vendida. As pessoas fazem muito alarde por causa desse segredo, mas aposto que se eu contasse, nenhuma delas iria acreditar.
- Você podia testar... Eu tenho muita credibilidade em você.
- Engraçadinha. - respondeu , rindo. Ele ficou de frente para ela, de modo que pudesse levantar seu queixo. - Saiba que eu não confio em você ainda. Você não me dá motivos. Então, vê se para de tentar meter seu narizinho bonitinho em tudo, ou eu vou ficar desconfiado.
- Ta certo. - respondeu ela. - Não precisa falar nada se não quiser. Mas eu ia te propor uma aposta.
- Que seria...?
- Se eu ganhar, você faz o que eu quiser. E se você ganhar, eu faço o que você mandar. A gente pode decidir no par ou ímpar.
riu.
- Par. - disse ele.
ficou chocada. Ela não esperava que ele fosse aceitar a proposta... Ele tinha que confiar muito no próprio taco.
- Ímpar. - pediu. - Um, dois, três e já. Os dois colocaram o número um.
- Venci. - disse com um risinho de escárnio. - Acho que sua tentativa pobre de me fazer contar meu segredo não deu certo.
- Valeu a pena tentar. - disse ela, dando de ombros. - Mas e então, o que você vai querer de mim?
a olhou malicioso.
- Vem aqui. - disse ele, puxando pela cintura e colando seu peito contra o dela. Ele aproximou os lábios dos dela, roçando-os. - Vou te dizer o que eu quero, princesa.
- Pode dizer. - respondeu contra os lábios dele. Já se sentia meio extasiada. - Você sabe que eu vou cumprir minha palavra. Você pode confiar em mim.
- Eu quero que você... - começou ele, roçando os lábios com mais força. - Tome banho e vá dormir. - terminou ele, soltando-a, deixando com uma expressão confusa.
- Você o quê?! - ralhou ela. - Quem você pensa que é?
- Você ia fazer o que eu quisesse, não ia? Pois é isso que eu quero. - disse ele, com certo sarcasmo na voz.
- Você é rídiculo. - disse , andando em direção à própria mala. a seguiu.
- Por quê? - perguntou ele, chegando cada vez mais perto. Parou atrás dela e disse: - O que você queria que eu dissesse?
se virou para encará-lo.
- Quero que você diga a verdade. O que você realmente quer!
- E o que você acha que eu quero? Vamos, . Me mostra.
Ela hesitou por alguns instantes. Os olhos de pareciam faíscar contra o olhar dela, e o rosto perfeito clamava por seu toque.
já sabia. Não poderia mais evitar... Na verdade, ela já sabia disso quando disseram que eles dividiriam o quarto. Tentara protelar por muito tempo, mas era impossível agora... Seu corpo pedia pelo dele e ela precisava atender.
Ela esticou os braços para envolver a nuca de . Logo ele entrara no jogo, passando os braços pela cintura fina e juntando o corpo dela contra o seu.
Eles ainda se olhavam profundamente. Mas não por muito tempo. foi quem tomou a atitude e juntou os lábios dos dois.
Beijar era sempre surpreendente. Ela esperava que o efeito fosse passando conforme fizesse isso. Mas nunca passava. Era sempre o mesmo calor envolvente, o desejo carnal e a sensação de preenchimento percorrendo seu corpo.
Os lábios dele deslizaram para o seu pescoço, fazendo a menina levar as mãos aos cabelos macios e puxá-los de leve como quem pede por mais. Porém ele não atendeu, logo estava novamente capturando os lábios rosados.
começou a desabotoar a camiseta inconveniente que ele vestia. Cada parte de pele descoberta correspondia a um afago que a garota fazia nele, ansiando por tocá-lo mais intensamente.
Eles se afastaram brevemente para que a camisa saísse do corpo de , mas logo estavam grudados de novo.
As mãos dele agora se mexiam rapidamente, sem saber ao certo onde se postar, então foram por cima dos seios da menina, ainda cobertos pelo vestido justo e elástico.
então a puxou em direção à cama, fazendo cair sentada. Ele se inclinou por cima dela colocando as mãos nas alças do vestido e descendo os lábios para o pescoço dela. soltou o próprio cabelo, jogando os grampos em qualquer lugar.
- Por que você está demorando tanto pra tirar essa merda? - reclamou com , que se demorava em seu pescoço e não mexia as mãos para arrancar o vestido de seu corpo.
- Você está com pressa? - perguntou ele baixinho no ouvido dela, o que quase a fez gemer. - Porque eu não estou com nenhuma. E quem manda aqui sou eu.
Ela bufou, contrariada. - Não fique irritada, . Só aproveita... Você está acostumada a ser tratada como um objeto de prazer. Tá na hora de você saber como é ser tratada como uma garota.
ficou estática ao ouvir aquilo. Porque talvez ele tivesse razão... Sua primeira vez fora sob uma chantagem. Quase todo o sexo que fazia com era rápido e raivoso (não ruim, mas sempre assim, sempre como se ele estivesse perto de explodir). As vezes que Steve tentara algo com ela foram porque ele era um pedófilo nojento. E os outros caras com quem ela tivera casos rápidos, foram apenas sexo casual. estava certo. Ela era um objeto.
Mas a cada beijo que recebia de ela se sentia melhor. Sentia-se mais forte, mais desejada, mais... Amada. Aquela sensação era tão boa... E ela não podia deixar passar rápido.
baixou a primeira alça e beijou o ombro descoberto. o olhava atentamente e acariciava seus cabelos. Depois, ele repetiu o processo com a segunda alça, começando a descer o vestido.
Os seios da garota ficaram expostos e ele deslizou as pontas dos dedos carinhosamente pelos dois. Isso arrancou de um gemido leve. Então ele colocou um deles na boca e sugou lentamente.
Agora ela gemia de verdade. Ele era tão calmo e carinhoso, mas seu toque era forte. Era diferente do que ela havia pensado.
Ainda com a boca nos seios dela, ele desceu mais o vestido justo. E logo seus lábios estavam acompanhando o caminho dele, deslizando pela barriga, fazendo , antes sentada, deitar-se na cama.
interrompeu o toque para, por fim, fazer a roupa se soltar pelas pernas femininas. E aproveitou também para desabotoar a calça, jogando a peça no chão.
chegou para trás na cama, até que sua cabeça recostasse no travesseiro fofo. engatinhou parando em cima dela e deitando, para começar um roçar prazeroso entre corpos.
Ele não a beijava; olhava-a nos olhos, enquanto movimentava o quadril como se estivessem no ato. Uma de suas mãos acariciava o rosto da garota e a outra o seio direito.
- Essa tortura toda... - disse , ofegante. - É tão... Ah... É tão desnecessária.
- Não acho que seja. - respondeu ele, com um sorriso divertido. Então baixou os lábios para encostar no ouvido dela: - Acho que você está amando.
E ela estava mesmo. Arranhava as costas dele sem muita força com uma mão e acariciava os cabelos com a outra. Mas já estava ficando agoniada com aqueles movimentos.
pareceu entender, pois parou de se mexer. Tirou a mão do seio da garota e deslizou até a barra da calcinha, que começava a abaixar. Então sussurrou no ouvido dela:
- Vou te beijar.
Mas ao contrário do esperado, ele não beijou sua boca. Levantou um pouco o corpo e desceu, ficando de frente para o íntimo da menina. Abriu as pernas dela de leve e abaixou de vez a calcinha úmida.
Antes que pudesse dizer algo, ele já estava com os lábios na intimidade dela, beijando como se fosse a sua boca. E soltava gemidos altos, beirando a gritos.
Era o nome dele, o nome dele que ela não conseguia parar de dizer. Aquela carícia profunda estava fazendo com que ela perdesse a cabeça. E ao se dar conta, seus músculos estavam se descontraindo e ela relaxando por inteiro.
Quando se afastou e fez menção de levantar, levantou junto, agarrando o pescoço do rapaz e lhe beijando avidamente. Fez toda a força para se tacar na cama por cima dele, até conseguir.
Ela era afobada. Beijava-o rápido, com força, passando as mãos por toda a extensão de seu tórax, até encontrar o membro rígido. Acariciava-o por cima da cueca.
foi até o ouvido de e mordeu o lóbulo. Então sussurrou:
- Você quer que eu te beije lá também? Você sabe que eu vou fazer qualquer coisa que você queira...
Ele suspirava alto. Então disse:
- Quero.
Ela sorriu e se afastou para retirar a boxer do rapaz. Segurou o membro pela base e levemente encostou seus lábios a ele, para logo depois envolver com a boca.
mantinha um contato visual enquanto fazia isso, o que deixava bastante ofegante. Ele levou a mão aos cabelos dela, quase que por instinto, guiando-a ali.
Quando sentiu que não poderia mais suportar aquela tortura, ele a puxou pelos cabelos. Tirou uma camisinha de debaixo dos travesseiros e entregou a garota.
- Não acredito que você pôs isso ai embaixo. - disse ela, rindo enquanto colocava a proteção nele.
- Sou um cara precavido. Vem aqui, vem. - chamou ele. Ela engatinhou e deitou do lado dele. subiu em cima dela, ajeitando o membro em sua entrada, deslizando centímetro por centímetro.
, que segurava seu pescoço, envolveu o quadril dele com as pernas, numa tentativa frustrada de puxá-lo.
- Porra, , anda logo. Eu não aguento mais isso. - reclamou ela, de olhos fechados.
- O que você quer? - perguntou ele. - Que eu te coma de uma vez por todas? Isso não teria graça.
- Teria sim. - reclamou ela. - Eu preciso de você, estou desesperada.
Ele riu.
- Fala, então. Fala agora.
- Porra, ! - gritou ela. - Vai logo com isso!
Ele começou a se movimentar num ritmo calmo. ja urrava praticamente.
- Vamos, mais forte, mais rápido. Eu preciso de mais!
- Mais assim? - disse ele, acelerando um pouco.
- Mais, , por favor. Ah, . - dizia ela, desesperada.
Ele então começou a se mexer furiosamente. incentivava: - Isso, assim. Vamos, , me come assim.
- Você gosta desse jeito, não gosta?
acenou de olhos fechados.
aumentou só mais um pouco a velocidade. Segundos depois, chegou ao orgasmo.
ainda resistia, então ele continuou a se movimentar. Alguns segundos depois ela chegou também, liberando-o em forma de suspiro.
rolou para o lado para tirar a camisinha e jogar no lixo ao lado da cama. Depois voltou para encarar , que estava suada e respirava ofegante olhando para o teto.
- Você é muito boa. - disse ele, sem pensar, esquecendo do quanto ela era convencida.
Ela riu e o olhou.
- Obrigada. Você também é muito bom. Meio cruel, mas muito bom.
- Gosto de torturar vocês.
Ela riu e chegou perto dele. a aconchegou num abraço.
- Estou cansada. - disse ela no seu ouvido.
- Eu também. - respondeu ele. - Vamos descansar para fazermos de novo.
riu.
- Parece bom para mim. - disse ela, fechando os olhos.
Adormeceram, então, abraçados.
E foi assim a primeira vez que e fizeram amor disfarçado de sexo casual.


DEZ


Quando acordou no dia seguinte, quase não acreditou. Sentia-se tão leve e tão calma como nunca antes.
E não era simplesmente o alívio da tensão. Era pelo simples fato de que aquela tinha sido a melhor noite de amor em toda a sua vida.
Ela não tinha coragem de virar para o lado e encarar , pois tinha receio do que poderia sentir. Tinha medo de olhá-lo e seu coração acelerar loucamente, suas mãos formigarem para tocá-lo de novo... Não queria e não podia sentir isso.
- Você está acordada? - ouviu a voz ao seu lado murmurar.
sorriu de leve e não teve escolha: virou-se para encará-lo. Seus olhos brilhavam em direção aos dela. Seu rosto parecia calmo, relaxado como nunca... As pequenas sardas no nariz eram perceptíveis agora que não estava franzido, e os cabelos estavam bagunçados.
- Estou. - respondeu .
Ele a puxou para mais perto, passando sua mão pela cintura nua da menina por debaixo da colcha. Esfregou o nariz no dela e sussurrou:
- Teve uma boa noite?
- Não tenho do que reclamar, sabe... E você?
- Hum, acho que ter essa noite foi um enorme prazer. - disse ele, rindo.
riu também. Eles pareciam um casal romântico. E não, ela não estava irritada com isso...
- Estou com fome. - murmurou , fechando os olhos.
- Tá? - perguntou baixinho em seu ouvido, de um jeito sensual. - Posso te dar leitinho se você quiser.
- Ai, que nojo! - reclamou ela, meio rindo. - Você é ridiculo!
- Por que, ué? - perguntou ele, rindo. - Foi só uma sugestão...
- Você realmente é rídiculo. - disse , rindo.
- Ah, mas cairia muito bem... - disse ele, apertando seu seio devagar. - Não cairia, ?
o olhou e não pode negar que uma excitação cresceu em si. Puxou os cabelos dele de leve, trazendo o seu rosto junto ao dela para beijá-lo.
Por que era tão viciante? Aquele gosto e aquele beijo... Eram tão maravilhosos. Tão feitos para serem só dela. Nesse momento ela se lembrou daquela vadia Hannah. Tocando-o, beijando-o. E foi quando ela hesitou.
- . - chamou ela, parando o beijo. Ele não se importou e continuou. - !
- Hã. - murmurou ele, com os lábios indo para o pescoço da garota.
- Eu sou melhor que a Hannah?
Aquele era o tipo de pergunta idiota que, num estado normal, nunca faria. Ela era uma garota cheia de si, que fazia questão de mostrar o quanto se achava boa em tudo o que se prestava a fazer. Além de geralmente não ligar a mínima para o que seus parceiros sentiam durante o sexo. O que a satisfazia era o importante.
Mas de alguma maneira, a tornava diferente. Talvez por ter sido tão atencioso com ela, e tão preocupado em lhe fazer bem, ela queria saber se tinha sido boa. Se tinha sido melhor que sua inimiga com ele.
Ele parou de beijá-la para encará-la.
- É sério isso? - perguntou erguendo a sobrancelha.
- Muito sério.
deu um sorrisinho sarcástico.
- Por que quer saber, Srta. Isso não é um relacionamento? - perguntou ironicamente.
- ! Responde! - pediu ela, com voz manhosa.
Ele a fitou seriamente.
- Não sei se você vai gostar muito da resposta.
ficou desapontada.
- Ela é melhor?
riu.
- Não, não é isso. É que... Hannah foi um bom sexo... Mas o que aconteceu ontem à noite foi meio diferente.
- Como assim diferente?
- Foi estranho... Foi sentimental pra mim. - disse ele. torceu o nariz. - Eu disse que você não ia gostar.
Ela, muito pelo contrário, gostou. Sua reação foi apenas a reação que qualquer pessoa em sua situação teria. percebeu que as coisas estavam dando muito errado.
- Eu... Eu acho que você não deveria... Sentir nada por mim. Eu não sou o tipo de pessoa que merece os sentimentos de alguém, .
- Todo mundo merece os sentimentos de alguém. - disse ele. - Você é uma garota especial... Por mais que te tratem como uma vadia, e que você queira parecer uma, você sabe que lá no fundo não é. É só uma mulher.
Ouvir aquilo era estranhamente bom. Era calmante, era puro. Era ser elogiada por um homem como uma mulher deve ser... Nunca tinha acontecido antes.
- Você é uma pessoa boa. - concluiu sobre .
- Só por que eu te disse o que qualquer homem deveria ter dito? Não, . Eu só sou um cara decente.
Ele era apaixonante e ela estava entregue. Sabia que estava.
Seu coração batendo descompassado, os olhos esbugalhando e a vontade que tinha de ter dentro dela não eram sentimentos normais.
E foi por isso que puxou e o beijou. Precisava aproveitar aqueles últimos momentos com ele antes de ter que acabar com tudo.
Que ele a possuísse por uma última vez.

xx
Mais tarde, disse a que ia em casa buscar mais roupas. Porém não foi.
A garota resolvera ir atrás do noivo, aquele noivo que ela andava colocando certos chifres, para dizer que o plano " Sedutora e Arrasadora" tinha sido um fracasso completo.
Quando chegou a casa de , entrou, como sempre, sem bater. Cumprimentou os empregados e subiu as escadas com seus passos rápidos. Abriu a porta branca para encontrar o noivo deitado em sua cama vestindo o short do pijama e usando seu óculos de leitura, vendo tv. Ao vê-la parada na porta, levantou os olhos e abriu um sorriso.
- Se não é minha golpista favorita! - exclamou ele, sorrindo.
- Precisamos conversar. - disse .
levantou-se e indo em direção a ela disse:
- Você me parece meio tensa, bonequinha.
- Não estou pra brincadeira. - retrucou ela, emburrada. - Quero te dizer que o plano deu errado e eu estou caindo fora.
- O quê? - perguntou o rapaz, mudando a expressão de divertida para confusa.
- É isso mesmo, . Não deu certo. Não consigo.
- Qual o problema com você, ? - perguntou ele irritado. Segurou os braços da menina com força e falou:- Estamos investindo todas as nossas forças nisso há quase um mês!
- Eu estou investindo todas as minhas forças nisso, você quis dizer. - rebateu ela.
- Somos um casal. O que você faz eu faço, .
- Mas não é você que está tendo que transar com outro cara para depois roubar todo dinheiro dele e deixá-lo à mercê de vários mafiosos assassinos! Eu me sinto uma prostituta fazendo isso. - gritou a garota.
- Não seja hipócrita. Você nunca importou em se comportar como tal.
sentiu uma imensa vontade de chorar naquele momento.
- Como você ousa falar assim de mim? Nós vamos nos casar, ! - bradou ela.
Ele suspirou e chegou mais perto. Tocou o rosto da menina de leve.
- Eu não te chamei de prostituta, . Só disse que você nunca se incomodou em interpretar o papel...
virou a cara irritada.
- O que aconteceu, ? O que ele fez com você? Se ele te machucou, eu....
- Ele não fez nada. - disse ela baixo secando as lágrimas que vieram contra sua vontade, antes que as visse.
- Vocês transaram?
- Sim. - respondeu ela.
- E foi ruim? É por isso que você não quer continuar com isso?
suspirou e se virou para .
- Foi horrível. Não quero mais transar com outro que não seja você. - mentiu ela, com uma voz manhosa.
a puxou pela cintura.
- Meu amor... Você já fez uma vez. Você pode fazer de novo... Tente enrolá-lo bastante, fazer isso só quando necessário. Não podemos desistir... Ainda mais porque agora estamos com Cass Caruso na nossa cola. Se você não tivesse sido tão folgada com ele aquele dia, talvez pudéssemos pular fora, mas nesse momento seria arriscado.
- Eu não posso, . Não posso mais. Por favor, não me obrigue. - suplicou . - Se eu continuar, as coisas podem acabar dando errado.
- Você tem que continuar. Por sua segurança, tem que continuar. Você jurou que ou entregaria o segredo de ou a cabeça dele a Cass.
sentou na cama, derrotada. tinha razão... Ela mesma tinha cavado esse buraco. Se caísse fora, provavelmente acabaria morta, ou pior: na cama de Cass ou Steve. Eles não iam aceitar simplesmente que ela falhasse depois de bancar a espertinha pra cima deles.
- Nós poderíamos fugir. - disse ela baixo.
riu.
- Ta brincando, né, ? Olha a nossa vida. Temos dinheiro, bons apartamentos, bons carros... Eu sou o futuro herdeiro de uma empresa! Eu não largaria isso tudo por nada.
- Nem por mim? - perguntou ela.
- Não. - respondeu ele secamente. - Porque você quer ir embora por um capricho.
- Eu pensei que você me amasse. - retrucou , com uma voz carregada de tristeza.
- E amo. - disse ele. - E é exatamente por isso que precisamos ficar. Quero que você tenha uma boa vida, e em nenhum outro lugar eu poderia te dar isso senão aqui.
se sentou na cama contrariada e começou a chorar. não se lembrava de tê-la visto fazer isso. Ele se sentou ao seu lado e passou a mão pelos ombros dela.
- Minha princesa... Por favor, não chore. Você não tem motivo pra isso...
- Eu só tenho motivos pra isso. Essa merda de vida que eu levo! - gritou ela. - Eu sou como a minha mãe biológica... Eu sou uma prostituta. É assim que você me trata e é assim que eu me sinto.
puxou o rosto dela para perto do dele e disse:
- Você não é uma prostituta. Eu te trato assim as vezes por puro fetiche meu. Eu te amo e você é a mulher da minha vida. Eu não acho isso de você, e nem nunca achei.
- Me mostra. - disse , baixinho.
- O quê?
- O quanto você me ama. Me mostra, .
Ele sorriu para ela enquanto selava levemente os lábios dos dois. Logo estavam se beijando lenta e apaixonadamente.
sentiu um conforto ao beijá-lo. Era conhecido, esperado e acolhedor. Não era puro fogo, puro desejo como . Era como beijar... Seu irmão.
Ela ficou agoniada ao pensar nisso, portanto logo afastou o pensamento da cabeça, sentindo os lábios do noivo em seu pescoço. Acariciava a nuca dele lentamente incentivando aqueles beijos calmos e maravilhosos.
Sutilmente como nunca antes, a empurrou para que se deitassem na cama. Sua mão direita apertou gentilmente um dos seios ainda muito cobertos da menina, enquanto a outra procurava a borda da blusa dela. Ao achar, puxou lentamente até que a peça estivesse no chão, e o contato de pele dos dois mais intenso.
sentia os lábios dele descendo de encontro ao meio de seus seios, ainda cobertos por um fino sutiã branco. Beijava aquela parte descendo o sutiã e tocando as partes aos poucos descobertas com os lábios.
Era a primeira vez que sentia a tratando com carinho e aquilo de certa maneira era bom... se sentiu aliviada por estar gostando. Isso significava que era um lance puramente carnal e que ela nunca estivera errada sobre o que sentia por seu noivo.
Ele a despiu por completo, acariciando seu corpo com a calma inicial. Puxou então o short para baixo e sorriu docilmente para antes de entrar nela.
Quando chegaram juntos ao ápice, o abraçou forte, se sentindo bem. Suspirou e sorriu feliz.
- Eu te amo. Obrigada. - disse ela baixinho, agradecendo pela demonstração de carinho.
sorriu de volta.
- Agradeça mesmo, . Afinal esse sexo chatinho é uma grande prova de amor da minha parte.
se levantou bruscamente, encarando-o.
- "Sexo chatinho"? - questionou ela, perplexa. - Você está chamando o nosso momento especial de chatinho?
desfez o sorriso.
- Ei, quando foi que você ficou tão sentimental?
- Não sei, . Só sei que estou ocupada demais para ficar fazendo "Sexo Chatinho" com você. Afinal, é como dizem: Alguém nessa casa tem que trabalhar.
Dito isso ela se vestiu sem dizer uma palavra, sendo assistida por um perplexo. Ele não conseguia entender aquele tipo de cobrança nunca feita antes. Afinal ele não era um romântico. Era um chantagista, filhinho de papai, egoísta que gostava dela. E sempre acreditara que sabia disso.
O que poderia estar havendo com ela? Ele não conseguia entender. Mas algo nele insistia em avisar que estava envolvido nisso. E ali soube que nunca desejara tanto a morte de alguém.

ONZE


se sentia muito bem. E ele tinha certeza que não era porque tinha dormido com uma garota. Isso para ele era quase banal. O sentimento bom vinha do fato dele ter conseguido A Garota.
era mais do que sensacional. Ela era perfeita. nunca havia se sentido assim em toda a sua vida e tinha quase certeza que com ela acontecera o mesmo.
Porém, havia algo de confuso na repentina saída da garota, logo depois da maravilhosa noite que tiveram. E havia ainda mais questionamentos sobre o que ela teria ido fazer.
Algo em simplesmente sabia que ela continuava a ver , e não do jeito que Katherine Monroe havia lhe dito. Mas Kath não mentiria. E muito menos não saberia de algo. não sabia a que conclusão exata chegar.
Quando ela voltou, usando mais um de seus vestidos apertados que acentuavam suas curvas perfeitas, ele esqueceu todas as perguntas e apenas sorriu.
- Oi. - disse ela, com uma expressão séria. - A gente precisa conversar...
- Há coisas melhores para se fazer em um quarto com cama. - retrucou ele, sem tirar o sorriso meigo do rosto.
- , é sobre isso que eu quero conversar. - respondeu ela, com um olhar desapontado. - Não podemos continuar.
- Competindo? - perguntou o rapaz, confuso.
- Não... Com essa coisa de sexo. Não dá.
- Por que não?- ele questionou, confuso. - Você não gostou?
soltou um suspiro.
- Claro que eu gostei... Eu só... Olha, você não entende. Eu não posso me envolver com você. Não posso gostar de você. Eu prometi a uma pessoa que casaria com ela, e essa pessoa merece meu amor... Ele fez simplesmente tudo por mim. Eu não posso simplesmente fazer sexo com você, porque nós dois sabemos o quanto isso foi sentimental para nós dois.
- É o ?
- Não importa, . Eu só quero que você entenda meus motivos.
Ele ficou em silêncio por instantes. Depois disse:
- Sabe, você realmente veio para a minha vida para me ensinar o que é rejeição.
- Isso não é rejeição... Só uma medida de proteção.
- E se eu te contasse o meu segredo? - ofereceu ele. - Eu poderia te contar se a gente continuasse como ontem até o fim da competição.
ficou boquiaberta. Ele simplesmente havia oferecido tudo que ela precisava em troca de dois meses de sexo. Se ela aceitasse, estaria livre.
Mas aquela não era . Ela não era uma prostituta vendida. Não aceitaria uma coisa dessas.
- ... Eu sei que você gosta de mim, por isso não me sentirei ofendida. Mas nunca mais ouse achar que eu iria para a cama com você em troca de recompensas. Se um dia você quiser me contar seu segredo, eu ficarei lisonjeada. Só não me peça nada em troca por isso. - Declarou ela.
Com isso, virou-se e foi direto ao banheiro, onde chorou por alguns minutos, acreditando ter feito a maior cagada da sua vida por não ter aceitado.
Mas o que ela não sabia é que tinha sido sua jogada mais inteligente. Porque agora a achava digna de confiança absoluta.
xx

não saiu do banheiro até que seu rosto estivesse limpo e sem nenhum sinal de choro. Porém, por mais que não chorasse, ela não sabia o que faria. não parecia convencido por suas palavras e ela sabia que se ele tentasse algo, não seria capaz de resistir.
Por isso, ao sair e se encontrar sozinha no quarto, deitou na cama para dormir e assim fez até o dia seguinte. Acordou com o barulho de entrando no quarto pela manhã.
- Ei, . - murmurou ele, cambaleando com a voz embargada. - O café já tá sendo servido la embaixo. Eu preciso dar uma dormida. Temos reunião da próxima fase hoje à noite. Me acorda, por favor, mais tarde?
- Tudo bem, . - respondeu , levantando.
Ele se arremessou na cama, exausto. Cheirava a cerveja.
'Deve ter passado a noite bebendo e com várias mulheres. Mas isso não é mais da minha conta.' pensou .
A menina desceu para o café e depois voltou ao quarto para vestir o biquíni e passar o dia tomando sol na piscina. Ignorou todas as ligações insistentes de para o seu celular e passou o dia tentando esquecer que nunca mais tocaria do jeito que desejava.
Levou um susto quando de repente foi puxada de sua espreguiçadeira pelo braço, por um parecendo nervoso.
o olhou chocada.
- Mas que porra que você está fazendo aqui? - sussurrou ela, desesperada. - Ninguém pode me ver com você, imbecil!
- Ninguém ou o ? - perguntou ele, em um tom insolente. - Eu vim falar com você. Em particular. Mas se você for ficar me ignorando de palhaçada, eu posso gritar aqui para todo mundo ouvir.
- Ótimo, vá em frente. - falou , dando de ombros, irritada.
a olhou com raiva. Então começou a falar em um tom mais alto possível, atraindo olhares:
- , será que dá para você me responder? Eu quero falar sobre o sexo que a gente...
- TÁ BOM! - gritou ela, pulando da espreguiçadeira assustada. - Para com isso.
- Vem comigo. - disse ele, segurando o braço dela com força.
irritado era algo que sempre achara divertido. Meio doentio, mas engraçado à sua maneira. Porém, agora, ela o achava um estúpido. E fazia questão de demonstrar isso no olhar irritado que o lançava.
Subiram algumas escadas depois de sair do deque da piscina e logo estavam no segundo andar do hotel. destrancou a porta do 207 e enfiou lá dentro, seguindo-a. Trancou novamente a porta e colocou o cartão que ligava as luzes.
caminhou até o meio do quarto e cruzou os braços.
- O que você quer? - Disse ela. - O que você tem de tão importante pra dizer você não tenha dito ontem, hein?
- Eu estou aqui pra te dizer uma coisa. - disse ele com a voz sombria. - Você é minha. - Nossa, muito obrigado por avisar! Trouxe minha coleira? Quer que eu lata pra você? - zombou a garota.
- Não faça gracinhas como se não soubesse do que eu estou falando. Eu sei exatamente porque você foi até a minha casa ontem pedindo para que eu esquecesse a história do roubo. E eu sei que não foi por causa de um sexo malfeito com .
- Ah, é? Então por que você acha que eu quero parar com isso, gênio?
- Você gostou. - disse , com um sorriso perverso. - Ele te tratou com carinho, não foi? Como uma princesinha. E você adorou. Adorou transar com ele. É por isso, , - ele continuou se aproximando da menina. - que você quer sair correndo. Porque você é covarde.
O corpo de enrijeceu. Ela estava perplexa com as observações tão corretas de e morrendo de raiva dele ao mesmo tempo.
- Você é um imbecil. - soltou ela.
- E você não nega nada do que eu disse. Eu não pensei que você fosse ser patética como as outras menininhas da cidade, que morrem de amores por ele. Ele disse o quê? Que você é especial? Que você é a única na vida dele?
- Cala a boca, . Ele não disse nada disso.
- Me impressiona você ter gostado das coisas dessa maneira. Afinal, não é como se você saísse por ai procurando príncipes, não é mesmo, ? Você só se envolve com malfeitores, devedores, grosseirões...
queria matá-lo.
- Você não sabe com quem eu transo ou deixo de transar, . E muito menos sabe do que eu gosto. Afinal, você só sabe fazer as coisas para se agradar.
- Você está muito errada. Eu sei exatamente com quem você transa. Sou obcecado por você o suficiente para dar um jeito de saber tudo o que você faz. E para a sua informação, - disse ele, puxando-a pela cintura com uma mão e segurando o queixo dela com a outra. - eu sei exatamente o que você gosta. Você gosta de ser tratada como a vadia que você é.
fechou os olhos, sentindo uma raiva misturada com exitação.
- , - começou ela, depois de se recuperar um pouco. - pare você de ser patético. Você está se borrando de medo que eu largue tudo e fuja com ele. Porque você sabe que nunca vai poder me dar o que ele me deu.
O olhar de parecia mais escuro. Ele sorriu, irônico.
- Eu já disse que você é minha. E eu sei que você não vai a lugar algum. Porque eu sou louco por você como nem ele e nem ninguém nunca vai ser. E só eu sei te tratar do jeito certo na hora certa. Eu te provei isso ontem e posso te provar isso todos os dias da sua vida se você quiser.
A garota amoleceu com aquele comentário.
- Eu sei que disse que foi um "sexo chatinho" ontem. E para mim foi. Mas eu faria isso com você todos os dias se você precisasse para se sentir amada. Porque até sexo chato com você é melhor para mim do que o melhor com qualquer outra mulher. - Ele então encostou os lábios na orelha dela. - Transe com ele se quiser. Se não quiser, não transe. Só não tenha medo de se apaixonar por ele, de jeito nenhum. Eu nunca, nunca vou deixar você ser de outro homem. Nunca vou deixar você não me querer como eu te quero. E se um dia eu deixar, eu morro, só para não ter que ver você gostando de outro. Então não tenha medo. Vai dar tudo certo.
sorria por dentro. Ela simplesmente se sentia orgulhosa do fato de saber exatamente o que ela estava pensando, e dizer para ela exatamente tudo que ela precisava ouvir. Que idiotice cogitar gostar de ! estava completamente certo de um jeito ou de outro.
Agora ele a estava tocando como sempre fazia: divinamente. E ela tinha certeza de que seria muito feliz com ele depois que tudo aquilo acabasse.
Mas será que isso duraria até ela tocar de novo?

DOZE


Depois de alguns dias de reuniões explicativas aproveitando a hospedagem no melhor cassino de Las Vegas, e estavam no aeroporto junto às outras duplas classificadas embarcando no avião para Ibiza, onde ocorreria a segunda fase do torneio.
estava animada, pois apesar de já ter feito muitas viagens com sua família adotiva milionária (mais com sua mãe e , já que Steve nunca estava em casa, e quando estava, passava o tempo todo espreitando o quarto da garota), ela nunca tinha visitado Ibiza.
Sua relação com estava melhor do que ela pensou que deveria estar. Eles não andavam conversando muito, afinal, todos os dias quando estava se levantando para tomar café, o rapaz estava indo dormir. Isso quando ele chegou a voltar ao quarto.
passara todos os dias com . Depois de brigarem feio, eles costumavam, como todo o casal normal, entrar em uma espécie de lua de mel. Portanto ela fugira, ou ficara em um dos quartos especiais do noivo, quase todo o tempo. Mas fizera questão de voltar à noite para dormir no seu.
Porém, agora, evitarem-se durante todo o percurso da viagem era impossível. E sem para e alguma garota para , a tensão sexual também estava tendendo a crescer ali.
Com todos esses pensamentos na cabeça, seguia para a primeira classe do avião, sentando em seu assento com logo ao seu lado. Seria uma longa viagem.

xx

Era noite e estava adormecida em sua cadeira de avião coberta por um cobertor grosso. , ao seu lado, a fitava pensativo.
Ele se questionava se ela sentira sua falta. Perguntava a si mesmo se todo aquele esforço para evitá-la teria realmente sido útil em algum aspecto.
Olhando-a assim, ele via o quanto ela era bonita. Imaginou-a sem o grosso delineador e sem as roupas coladas... Ela até poderia parecer virginal se assim vista.
Logo então pensou na garota enquanto adolescente. Assustada, chantageada, dentro daquela casa cheia de gente louca. O pai adotivo tentando convencê-la a dormir com ele e o irmão a "protegendo", porém tentando dormir com ela também. A vida dela deve ter sido um inferno.
Ele sabia disso porque fora uma das coisas que Jack soubera por meio de Katherine. E talvez por isso se sentisse tão obrigado a dar carinho àquela garota. Afinal, ela não tinha ninguém de verdade perto dela, a não ser a mãe (que pelo que Kath havia dito, era uma pessoa que precisava mais da proteção dela do que qualquer outra coisa).
E não sabia por que ela o recusara. Ele não entendia... Ele podia dar a ela o necessário para que todo aquele passado pesado se apagasse. Era na verdade exatamente o que ele queria fazer. Mas parecia determinada a recuar por conta de uma gratidão ao júnior. ainda não sabia ao certo como, mas a faria esquecer isso e ser dele, e só dele.
- Eu não consigo dormir com você me encarando desse jeito. - bufou , abrindo os olhos e cortando seus pensamentos.
- Não era para você estar vendo que eu estou te encarando. - murmurou o garoto em resposta.
- O que é que tem de tão legal em olhar para a minha cara? - perguntou ela, irritada.
- Nada, ué. Você é bonita. - retrucou.
- Como se você realmente ligasse para o meu rosto.
- Por que eu não ligaria?
bufou, como se a resposta fosse óbvia.
- Homens não se importam em como a mulher é. Eles só querem saber de peitos, bunda...
- Eu não sei como seu namorado é, mas eu gosto muito de um rostinho bonito.
rolou os olhos.
- Você pensa que vai me comprar com esse papo de "sou um homem diferente"?
- Eu não pretendo te comprar com papo nenhum. Eu sou rico o suficiente para te comprar com dinheiro se eu quiser. Eu sou um homem diferente com você. E você sabe muito bem disso.
- Eu não sei de nada, . Sei que preciso dormir, pois duvido muito que eu vá conseguir quando chegarmos em Ibiza.
- Ninguém está te impedindo, está? - retrucou ele, irritado.
Ela bufou.
- Que tal maturidade aqui, hein? Somos adultos. Só porque a gente não está mais transando, você não precisa ficar com esse ar irritadinho pra cima de mim.
- Eu sou irritadinho. Tenho um gênio péssimo. Se não quiser aturar, se manda.
- Estou dentro de um avião, se você não percebeu, babaca! Não posso me mandar.
- Você pode tentar melhorar meu humor então. - disse ele, rindo maldoso.
quis rir também. Adorava essas discussões com e o jeito que ele tinha de cantá-la nas horas mais inapropriadas possíveis.
- Você é um otário. - murmurou , virando a cabeça para o lado para não mostrar o sorriso.
Ele chegou perto dela e falou no seu ouvido:
- E você quer rir. - o ignorou enquanto o sentia sussurrar sorrindo em seu ouvido. - Quer rir que eu sei.
virou o rosto para encontrar o dele. E os lábios dos dois ficaram muito próximos.
- Eu não estou rindo. - disse ela, baixo.
- É, agora parou de ser engraçado. - respondeu o garoto.
A proximidade parecia ao mesmo tempo agradar e incomodar os dois. , porém, recuou.
- Sem palhaçada, .
bufou.
- Será que você nunca cansa de bancar a frígida?
- Eu não sou frígida!
- Comigo você é. - retrucou ele.
- Desde que nos conhecemos você só me fez insinuações sexuais. No único dia em que eu não as respondo, você me acusa de ser frígida. - retrucou a garota, cruzando os braços.
- Eu não só fiz insinuações sexuais pra você. Eu já te dei até flores. Talvez se eu te desse uns tapas você virasse uma boa menina comigo. - disse , sorrindo sarcástico.
Agora queria sorrir. Ela amava o jeito que ele tinha de ser cafajeste mas ao mesmo tempo saber exatamente como tratar uma mulher. Sentia falta dele. Não resistiu e soltou um risinho baixo.
- Você é um idiota.
- Acho que consegui arrancar um sorriso da senhorita frigidez. Quem sabe amanhã eu não roubo um beijo? Aposto que em três dias estaremos na cama de novo.
mudou de expressão. Agora ela estava com sua cara de jogadora.
- Você deve saber o quanto eu adoro apostas.
- Fechemos uma então. - falou . - Se em três dias eu não fizer você transar comigo conscientemente, eu te conto o meu segredo. Se eu conseguir, você é minha até o fim do campeonato. É pegar ou largar, . - completou, estendendo a mão para a moça.
- Ah, querido. Eu jamais diria não para você. - respondeu , apertando a mão dele, e selando assim a aposta mais importante de toda a sua vida.

TREZE


Ibiza era como um sonho que não deveria jamais acabar. soube disso dois passos a fora do avião.
O clima era agradável, a vista boa, as pessoas simpáticas e o Royale de lá fazia o de Vegas parecer um lixão. E ela estava muito feliz de ter chegado a tempo de curtir sua primeira noite nele.
Seu único problema era . Ele era a única pessoa que ela conhecia em Ibiza e também a pessoa que deveria evitar pelos próximos três dias caso quisesse fazer com que seu plano desse certo e sua missão com ele acabasse logo. Mas agora tinha um novo problema.
Ela não queria que matassem . De jeito nenhum. Então planejara na sua cabeça um modo de terminar o serviço sem deixá-lo morrer, que era arrancar logo seu segredo, explicar a ele sobre suas intenções iniciais, aconselhá-lo a fugir e voltar para Las Vegas com o segredo nas mãos dizendo a todos que estava morto. E isso tudo deveria ser feito em Ibiza mesmo.
Mas para executar seu plano, precisaria resistir a ele, o que ela, de fato, conseguia a cada dia menos.
"É pela segurança dele." pensou. "Se eu não aguentar firme, ele não vai me contar o segredo e vai acabar morto em Las Vegas."
Mas o que mais a incomodava era o fato de estar tão preocupada com o bem estar do rapaz. era uma golpista e não costumava ligar muito para quem vivia ou não vivia. Refletindo sobre isso, a garota estava cada vez mais perto de chegar às piores conclusões possíveis sobre seus sentimentos por .

xx

estava confiante sobre os ares da cidade. Eram bons para ele e pareciam bons para .
Ele tentava compreender o vício que tinha nela. E por que aceitara fazer aquela aposta imbecil? Era quase certo que perderia. A moça já havia rejeitado ele por uma semana inteira, aguentaria facilmente três dias sem ele...
A necessidade de em testar criara-se desde que Hannah o contara que ela estivera no bar de Katherine perguntando por ele. Sabia que não era só uma garota interessada em ser sua parceira... Ela ainda via e provavelmente era uma golpista de quinta. Mas havia algo nela que não o deixara desistir naquele dia. Ele nem sequer contara a Jack porque sabia que ele o obrigaria a se separar da garota no torneio.
Ela podia ser golpista, mas não era como as outras. não parecia ser do tipo que chegaria até o final do que precisava fazer, o que quer que fosse. Ele tinha essa sensação sobre ela. No fundo, sabia bem que a garota sentia algo mais forte do que demonstrava e que ela não iria querer machucá-lo.
Mas ele não queria ter que entregar seu segredo. levava vantagem sobre ele em quase todos os aspectos, e esse pequeno detalhe que ele escondia parecia ser a única coisa que os colocava em igualdade de condições. Era a única coisa dele que ela queria ter e não podia.
Era um . Um maldito . Sua família levava um legado de vitórias no pôquer condicionadas ao segredo literalmente estúpido que guardavam, que de alguma forma inexplicável os fazia ganhar tanto. Não iria entregar sua herança de família a uma vagabunda qualquer. Mesmo que talvez gostasse dela um pouco demais.
Então ia ganhar a aposta. Ia levar aquela maldita garota para a cama. Naquela noite mesmo.

xx

Quando chegou ao cassino/bar do hotel, todos a olhavam. Estava maravilhosamente bonita com o vestido azul rendado, curto e colado ao corpo que escolhera para aquela noite.
As outras moças usavam vestes longas e clássicas, mas gostava do destaque que tinha. Gostava de ter as atenções voltadas para a sua beleza.
Andou confiante até o bar. Sua entrada era a provavel última aparição bonita que faria aquela noite.
A aposta com dizia que ele tinha que levá-la para a cama consciente. Então tudo que ela precisava fazer era beber até perder a alma.
- Me dê a coisa mais forte que você tem aí e em uma ótima quantidade. - disse ao barman bonito que secava os copos calmamente.
- Não quer se lembrar do que vai fazer? - disse o barman, sorrindo malicioso e lhe entregando o copo com uma bebida escura.
- Não é uma questão de querer. - respondeu, séria, virando o conteúdo rápido e sentindo arder por dentro.

xx

chegou ao cassino as 20:15. Saíra para comprar um terno e chegara depois, não encontrando mais no quarto. Andou pelo local procurando por ela. E não foi exatamente díficil achar.
Sentada em um dos bancos do openbar, a garota parecia entretida em sua conversa com um barman com uma cara um tanto quanto entediada. sabia que aquilo não era um bom sinal.
- Eles são uns escrotos!- falava alto a moça com uma voz meio carregada. - Todos os homens daquela família são um lixo. Aquele puto do Steve tenta me comer desde que eu tenho 12 anos. Filho da puta desgraçado. E o filho dele me chantageia sabe por quê? Porque eu sou filha de uma prostituta de rua! UMA PROSTITUTA DE RUA! - gritava ela erguendo o copo vazio. - Você sabe o que é ser uma prostituta de rua em Las Vegas? É muito degradante. Todo mundo em Vegas é puta. Você anda no cassino e acha milhares delas. Não é muito necessário fazer programa na rua. Tem que ser extremamente fodida para isso. E pensar que uma mulher dessas me pariu é mais degradante ainda. Dizem que crianças adotadas querem saber de seus pais biológicos. Eu jamais quero saber de que óvulo sou fruto e muito menos de qual espermatozóide. Eu só espero que ele tenha pago ela bem, o meu "pai".
- . - disse , tocando o seu braço. - , você está legal?
Ela abriu um sorriso maldoso.
- Olha ele aí, Jeff. Meu príncipe encantado. O homem dos sonhos de qualquer golpista. O maior jogador de pôquer do mundo... Eu disse que era boa no que fazia. Eu fisguei ele. Como todo mundo queria que eu fizesse... Mas agora eu não sei mais o que fazer com ele. Não sei como dar o golpe em você, .
- Cara. - começou o Barman, ignorando - Ela bebeu três copos de vodka preta e já me contou a vida dela inteira. Acho melhor você colocar ela pra dormir antes que ela comece a gritar a senha do cartão de crédito.
caiu na gargalhada.
- Ai, Jeff, você me diverte! Mas sabe que você me deu uma idéia boa? Acho que vou entregar meu cartão a um morador de rua. Imagine a cara do pedófilo filho da puta desgraçado do quando visse a fatura...
- , nós vamos sair daqui. - disse . - Eu vou te levar para o quarto.
- Uau, que malvado você... - disse ela sorrindo. - Jeff, estou indo nessa. Tenho uma aposta pra perder com esse gostoso.
Porém, quando ia levantar, perdeu o equilíbrio. bufou e percebeu que seria uma longa noite.

xx

Era algo próximo de duas da manhã e já estava dormindo no quarto com sentado ao seu lado. Ela havia ficado completamente bêbada em meio segundo, por falta de costume com aquilo.
Um barulho, no entanto, a acordara.
- ? - chamou ela, calmamente abrindo os olhos.
- Oi. - respondeu o rapaz.
- A minha cabeça está explodindo. Tem remédio?
se levantou e pegou uma aspirina com água para a moça. - Toma. Ela pegou e tomou o comprimido. O rapaz se sentou a sua frente com um olhar misterioso.
- Você está bem acordada, ?
- Sim. - respondeu ela, olhando-o com curiosidade.
- Que ótimo. Então podemos conversar. Quero saber o que exatamente você quis dizer quando falou que não sabia como me dar o golpe.

CATORZE


- O quê?
não sabia o que fazer. Sempre se considerara uma pessoa inteligente e com pensamento rápido, mas nesse momento nenhum dote intelectual que possuía fora capaz de se manifestar. Ela simplesmente estava sem saída.
Olhou a porta cautelosamente e pensou em sair correndo. No entanto, fazer isso seria muito suspeito. Por isso a única coisa que saiu de sua boca foi isso. Esperava ganhar tempo até pensar em algo convincente para dizer. Mas apenas sorriu sarcástico.
- Não se faça de desentendida. Você sabe do que eu estou falando. Eu não vou acreditar se você disser que mentiu. Qualquer um é mais honesto bêbado do que sóbrio.
- Eu... - Ela começou, mas precisou parar para limpar a garganta.
então a cortou e começou a falar:
- , eu sei que você me procurou na Katherine. Hannah me contou. E eu também sei que nem tudo que a Katherine me disse sobre você é verdade. Você e são um casal e você trabalha para a família dele... E eu sei que você é uma golpista. Jack descobriu isso sozinho por mim. Eu não vou te matar, não vou te bater. Eu já suspeitava de você, apesar de ter ficado extremamente em dúvida quando você se recusou a dormir comigo para descobrir meu segredo. Eu só quero a verdade.
A moça soltou um suspiro. Não havia saída. Ela falhara e precisava admitir a derrota. Precisava contar a a verdade.
- Você quer a verdade? - perguntou ela. - Tudo bem, você a terá. Mas eu vou te contar tudo. O que eu fiz, por que eu fiz, o que me levou a fazer e especialmente quem eu sou. E eu espero que você seja capaz de suportar.
Ele assentiu.
- Bom, você já deve ter escutado uma história sobre como a Naomi me encontrou em uma caçamba enquanto dirigia e me levou para casa, não é? Isso não é verdade. Antes de eu entrar na família, Steve não tinha só uma construtora. Ele era dono de alguns cassinos. Minha mãe era uma prostituta que trabalhava em um deles. Era uma mulher muito bonita e ele gostava muito de tê-la na cama. Mas quando a conheceu, ela tinha uma filha de um ano que lhe dava muito prejuizo e pretendia vender a criança. , como um presente para a sua esposa insatisfeita, resolveu comprar a menina por quinze mil dólares. E foi assim que eu cheguei à mansão dos .
"A vida para mim nunca foi exatamente fácil. Naomi me amava e me tratava como uma princesa, mas meu irmão mais velho sempre tentou infernizar a minha vida. Steve também não gostava de mim, especialmente depois de perceber que eu não tinha ajudado em nada o seu casamento, apenas feito com que sua esposa se afastasse ainda mais. Certa noite, quando eu tinha dez anos e o doze, estavamos discutindo e eu o fiz chorar. Ele então correu para o quarto do pai, voltando alguns minutos depois com um sorriso maldoso nos lábios. Ele me disse:
- Meu pai me contou o que você é. Você não é minha irmã. É filha de uma prostituta.
A partir desse dia, no qual descobri minha origem, eu decidi que nunca mais iria querer ouvir aquelas palavras novamente. Mas eu obviamente ouvi. passou a ser a pessoa mais infernal do mundo. Aos 12 anos eu era tão inteligente que, mesmo dois anos mais nova, estava na turma dele. Ele me obrigava a fazer o dever de casa em troca de não contar às pessoas meu passado."
até então não parecia nada comovido. Sua expressão continuava dura e séria, como no ínicio da conversa. Era o que temia. Ela realmente ia ter que contar tudo.
- Mas até então, - continuou a moça. - eu não tinha problemas sérios. Uns dois anos depois Steve perdeu os cassinos e passou a voltar mais na casa. Foi quando o inferno começou.
"Ele batia em Naomi quase todos os dias. Especialmente quando não estava em casa. Era um inferno ter que escutar minha mãe chorar com aquele bêbado maldito. E ele ainda trazia os amigos velhos babões dele pra casa. Foi em uma noite dessas que eu cheguei da rua e ele e os amigos dele estavam sentados bebendo. Ele então me olhou e disse:
- A cada dia que passa você se parece mais com a sua mãe.
Todos à volta dele riram. Sabiam do que ele estava falando.
- Eu não sou como ela. Eu vou para a faculdade e vou me tornar uma advogada.
E nesse momento todos gargalharam.
- Quantos anos você tem, garota? - perguntou um homem gordo e baixinho. Eu não sabia naquele dia, mas era Cass Caruso.
- 14.
Ele riu e olhou para o Sr. .
- É, Steve. Acho que ela já está na idade.
Eu subi e fui dormir. De madrugada acordei com um barulho. Steve estava no meu quarto e me olhando estranho.
- O que você está fazendo aqui, sr. ? - perguntei, assustada.
- Eu vim te visitar. - disse ele, com a voz embargada e se aproximando da minha cama. - Visitar minha filhinha... Tão bonita.
- Tá tarde. Sai do meu quarto, por favor? - pedi educamente, mas já me sentindo assustada.
- Cala a boca, filha da prostituta.
Ele voou na minha direção e eu gritei enquanto ele fazia o possível para me agarrar e me calar. Mas em algum momento, alguém abriu a porta do quarto e disse:
- Sai de cima dela.
Steve virou-se para olhar. estava parado ali, apontando uma arma para ele, enquanto eu tremia e chorava copiosamente.
- Você não teria coragem. - disse o homem.
- Pague para ver. - retrucou ele.
Eu não sabia o que fazer, apenas tremia.
- Sai daí, . - disse . - Vem aqui comigo.
Eu o obedeci. Steve nos olhava indignado.
- Você realmente vai defender a filha da piranha? Eu não tenho problemas em dividi-la com você.
Seu olhar escureceu, no entanto, ele não cedeu.
- Sai de perto da .
Desse dia em diante eu passei a ter medo até da minha sombra. Procurava saber quando Steve estaria em casa para não ficar sozinha, fugia sempre que conseguia. e eu começamos a ficar amigos, e quando raramente seu pai passava a noite lá, eu dormia em seu quarto.
Naomi apanhava toda vez que ele estava lá. Eu e ouvíamos os gritos, enquanto eu chorava e ele sempre me consolava.
- Por que a gente não pode ajudá-la? - eu perguntava.
- Porque cada um cuida do que é seu. - era o que ele sempre respondia.
Mais tarde, inevitavelmente começamos a ter uma espécie de namoro escondido. Foi a melhor época da minha adolescência, a que eu me senti mais segura e feliz.
Porém, quando eu estava prestes a fazer 16 anos, minha mãe pediu a Steve que me desse uma grande festa. Eu logicamente não queria, nada que viesse dele poderia ser benéfico para mim. Mas parecia importante para ela, então não fiz objeção.
Nessa festa, todos da minha escola foram convidados. E como os adoravam ostentar, os grandes empresários, executivos, jogadores e políticos da cidade foram também. Estava tudo planejado para ser o maior evento do ano.
Alguns dias antes, porém, eu escutei uma conversa do Steve quando andava pela casa, dizendo:
- Eu quero que tudo esteja certo. Quero dar uma lição de aniversário nessa vagabundinha que ela jamais se esqueça.
Automaticamente eu me apavorei. Me tranquei no quarto e fiquei pensando no que faria para me livrar do que nem ao menos sabia que seria. Mas eu tive uma idéia e resolvi aplicar.
Durante a festa, tudo estava maravilhoso e minha mãe parecia feliz. Já eu, estava preocupada. Sabia que uma hora ou outra Steve faria algo contra mim.
Em um dos momentos em que eu trocaria de vestido, senti alguém me puxar para trás e entrar numa sala comigo. Eu sabia que era ele ou algum capanga maldito dele. Mas estava tudo escuro.
- Tirem a roupa dela. - ouvi a voz dele no fundo.
Nessa hora eu saquei as coisas que tinha colocado por debaixo das minhas vestes: Um spray de pimenta e o revólver do .
Joguei o spray na cara do homem que veio me atacar. Quando ele gritou, Steve ligou a luz e eu me vi cercada por ele e mais dois homens, um deles com o olho ardendo no chão.
Apontei a arma para ele.
- Eu acho bom você não encostar em mim.
Ele sorriu amargo.
- Sua putinha esperta. Como é que você sabia que eu tinha planejado te dar uma lição hoje?
- Você tenta me estuprar desde os catorze anos. Eu passei a andar segura.
- Eu sonho com você desde os seus doze... Quando você começou a ter peitinhos. - disse ele, provocando riso dos outros dois homens na sala.
- Seu imundo. - retruquei, com ânsia de vômito.
Ele bufou.
- Até parece que você não ia adorar. Esse seu sangue de putinha deve ter aflorado. Sua mãe me amava... Você jamais seria diferente. Mas tudo bem, eu sei que você gosta de bancar a díficil. Some daqui, vagabunda, não quero tiroteio aqui hoje. Mas fica esperta, porque quando eu for para cima de você, eu vou com tudo.
Sai dali o mais rápido que pude com um alivio e uma alegria súbita. Tirei o gravador que tinha colocado a festa toda no meu sutiã e voltei um pouco. Eu tinha gravado todas as palavras do Steve.
No dia seguinte à festa, a primeira coisa que eu fiz foram cinco cópias da fita. Uma eu entreguei a , que já era tão apaixonado por mim que faria qualquer coisa. Outra eu guardei comigo. A terceira, entreguei a minha mãe para que ela guardasse em sua caixa de jóias que tinha uma senha que não conhecia. A quarta entreguei a Katherine, a sabe tudo da cidade. E a quinta eu tive mais trabalho, porém consegui encontrar um lugar seguro: Fui atrás da minha mãe biológica.
Encontrei-a em um bordel falido e cheio de ratos da periferia de Vegas, depois de perguntar a Katherine por ela. Não foi díficil encontrá-la, já que era uma versão mais velha e bem mais acabada de mim.
- Criança. - disse ela, abrindo um sorriso de dentres escurecidos e mal cuidados. - Eu nunca esperaria te ver de novo.
- E eu nunca esperaria te ver. Mas acontece. Vim aqui lhe pedir um favor. - eu respondi.
- Eu não faço favores, criança. Vendi você que era sangue do meu sangue. Não há nada que eu faça de graça.
- O homem para o qual você me vendeu pensa que eu sou uma escrava sexual em potencial, mas eu não sou. Eu não posso deixá-lo me estuprar. Gravei uma fita dele falando coisas que o incriminariam e queria pedir que você a guardasse e, caso algo aconteça, revelasse a alguém.
- E o que eu ganho com isso, garota? Não é bem mais fácil você seguir o caminho da sua mãe? - disse ela, sorrindo maliciosa.
- Eu não sei se você percebeu, mas eu não sou sua filha. E não sou um lixo feito você que abre as pernas por quaisquer dez centavos. E eu não pretendo te deixar lisa nisso. Eu pretendo chantageá-lo e pedir uma pensão para você.
- Agora me pareceu interessante. De quanto?
- Dois mil dólares. - respondi, simples.
- Isso é uma merda! - gritou ela. - Quem você pensa que eu sou?
- Acho que você é uma fodida sem noção que acha que uma criança vale quinze mil dólares. E eu estou fazendo isso por caridade. Vamos, não é como se você vivesse com mais de mil dólares aqui por mês! - falei sem paciência.
- Tudo bem, eu aceito. Me dá a merda da fita. - disse ela, puxando. - O que eu faço se você morrer ou algo assim?
- Vende isso para alguém. Qualquer um que não seja ele. Um jornalista investigativo pagaria por uma fitinha dessas.
- Tudo bem, garota. - disse ela, olhando-me de cima abaixo. - Acho que você deve ser bem esperta. Nunca vi ninguém tapear o .
- Eu sou, sim. Adeus. - falei, virando as costas e me permitindo chorar por ter tido o encontro mãe/filha mais perturbador possível.
Alguns dias depois, apareceu para jantar em casa. Quando ele entrou em seu quarto e me viu sentada o esperando, abriu um sorriso maldoso.
- Acho que a piranha resolveu se entregar.
- Não dessa vez, papai. - respondi sorrindo. - Tenho uma coisa para conversar com você. E você vai ter que estar disposto a ouvir.
Liguei a fita e me diverti ao ver sua cara espantada ouvindo tudo aquilo. Quando terminou de tocar, ele me olhou com ódio.
- Eu vou te matar, sua putinha.
- Você pode até tentar, mas muita gente já tem essa fita. Qualquer notícia da minha morte e ela vai estar tocando por aí.
- Você está blefando.
- Quer pagar para ver? - perguntei. Sua cara fechada de puro ódio respondeu a pergunta. - É, acho que não. Então temos algumas coisas a acertar.
- O que você quer?
- Nada de muito extraordinário. Em primeiro lugar, quero um apartamento bom na zona dos cassinos nobres. E não quero que você saiba nem o endereço. Quero também uma mesada mensal de dez mil dólares. E carros, de troca anual. Ter uma filhinha pode ser bem caro, Steve. - falei sorrindo.
- Piranha mercenária.
- Só estou me aproveitando de você porque é um escroto estuprador. Tem mais: Quero que você mande uma pensão mensal de dois mil dólares a minha mãe biológica, porque ela está passando necessidade.
- Você quer que eu banque a prostituta? Eu não vou...
- Tudo bem se você não quiser. Revelar a fita é sempre uma opção. - retruquei e ele se calou. - Bom, pelo visto você não quer. E tem mais duas coisas: Não me deixe sonhar que você está fazendo isso com outra menina, eu não penso duas vezes antes de colocar essa fita na boca do povo, e se algum dia você bater de novo na Naomi, e eu souber, isso não vai só para a polícia, mas como para qualquer jornal que existir. Eu fui clara?
- Sim. - murmurou ele.
- Eu não escutei, Steve. - falei, levantando e andando até ele. - Você me entendeu bem?
- Sim. - respondeu o homem, furioso.
- Ótimo. Que bom que estamos resolvidos. - falei, saindo do quarto. - Passar bem, papai.
Naquele dia eu soube que queria fazer isso para o resto da vida: acabar com a raça desses escrotos. Eu seria uma golpista Robin Hood.
Depois que eu sai de casa e comecei a trabalhar nisso junto com o , eu obti resultados ainda melhores que a chantagem do , com outros caras tão ruins quanto ele. E foi assim que eu me tornei uma golpista." parecia estarrecido. Ele finalmente entendera. Desconfiava que tivesse tido uma infância difícil mas não naquele nível. Ela tivera que ser esperta para o seu próprio bem, ou não ia nem sobreviver.
- É foda, não? - perguntou ela, rindo. - Todo mundo fica assim quando eu conto.
- Sim, é. Mas eu ainda não entendi o que eu tinha a ver com isso.
- Você foi ideia de . E eu só fui na onda. Mas eu me arrependo muito disso, porque você não é o tipo de cara que eu planejei destruir na minha adolescência. E foi por isso que deu errado.
- Mas só por isso? - perguntou , com um olhar distante.
- Não. - falou ela, suspirando. - Tem também o fato de eu gostar muito de você.
Ele sorriu.
- Não dá para te culpar por isso.
- Você não está chateado comigo?
- Por mais surreal que pareça, não. Eu sei por que você continuou aqui. Você poderia ter dado o fora ao ver que eu não era o tipo de cara com o qual você faz o serviço. Mas você ficou porque queria provar para si mesma que não se apegaria. Só que aconteceu.
não falou. Ela só sentiu ele avançar na cama e abraçá-la.
- Eu posso cuidar de você, . De você e da sua mãe. Posso fazer você feliz. Você é tão desolada de amor que sente gratidão por um cara que ouvia a própria mãe apanhar sem fazer nada. Que acha que você é uma propriedade dele. Você precisa de amor, . Carinho. Eu posso te dar isso. Eu quero te dar isso. Larga esse plano e fica comigo.
- O Cass vai me matar se eu não entregar você. Se eu ficar com você, ele vai matar a nós dois. Foge só você e eu volto para lá, tendo a proteção do e...
- Eu não vou fugir sem você, . Nem pense nisso, tá legal?
- , eu preciso pensar um jeito de te fazer ficar vivo, ok? Um jeito de te fazer ficar vivo, de não magoar o e de salvar minha mãe.
- Existe um jeito de fazermos isso. Podemos dar o golpe neles.
- Como assim, o golpe?
- Ora, a golpista aqui é você. Comece a pensar em algo rápido.
E assim ele a beijou. E a partir daquele dia, Bonnie parecia ter encontrado um novo Clyde.

QUINZE


tremia na cama embaixo dos braços de . Mas não por frio ou desconforto, disso ela estava segura. Tremia de preocupação.
Desde que os dois tiveram a "conversa honesta", na qual revelara seu passado intenso e ele lhe prometera fugir com ela, a garota tinha uma nova missão: tapear ao mesmo tempo os dois homens mais poderosos de Las Vegas, salvar da morte que lhe esperava caso ele não entregasse seu segredo (ou morresse, ou parasse repentinamente de dar prejuízo aos cassinos), tirar sua mãe daquele ninho de cobras e não magoar .
Enganar Cass e Steve parecia, honestamente, a parte mais simples do plano. A mais complicada para ela era .
Não importava o quanto ela tocasse , o quanto ele lhe dissesse que seu irmão nada irmão não prestava ela o amava e era eternamente grata a ele. Não estava em seus planos magoá-lo nunca. Mas parecia aquele tipo de situação onde ela teria que escolher entre a sua felicidade e a dele.
No entanto, algo ainda pesava para ela: Ficar com era mesmo o melhor?
Ele dizia que a faria mulher de verdade, que poderia lhe dar amor, mas jamais havia dito que sentia isso por ela. Na verdade, nem poderia, já que se conheciam há tão pouco tempo. sabia que não o amava. Ou amava?
Só o fato de estar cogitando aquilo perturbava a moça de maneiras inexplicáveis. Nervosa como estava, esquivou-se dos braços do rapaz sonolento ao seu lado e se levantou da cama, procurando o celular.
Precisava falar com agora, mais do que nunca.
xx

Em Las Vegas, três homens estavam sentados bebendo uísque em uma sala mal iluminada de um cassino suburbano qualquer. Afinal, era nesse tipo de lugar que Cass Caruso, o mais velho deles, gostava de fazer reuniões.
O lugar cheirava a cigarro e mofo, e três lindas moças de vestidos bizarramente apertados circulavam o local de vez em quando para reabastecer o copo dos três homens e, quando o faziam, retiravam-se novamente pela pequena porta de madeira ao fundo da sala.
- Quem diria, não é mesmo, Steve? - gargalhou Cass Caruso. - Estar tendo essa reunião, nós três, parecia inimaginável alguns meses atrás.
- Só se for para você, meu amigo Cass. - respondeu Steve com um sorriso nos lábios molhados de um gole de Uísque. - Eu sempre disse que quem sai aos seus não degenera.
O terceiro rapaz os olhou e bebericou o copo também.
- Eu perdi muito tempo. - disse ele. - Muito. Mas agora eu sei o que devo fazer: Colocar aquela filha da prostituta no devido lugar dela, junto com o seu novo namoradinho jogador de pôquer.
Cass sorriu satisfeito.
- É isso mesmo, . Se não deu certo trabalhar nesse golpe com ela, vamos destrui-la também. O reinado de golpes da piranha acaba essa noite. Brindemos!
Os três homens levantaram seus copos e concretizaram o ato. Mas só sentia o devido peso que aquele selar de acordo tinha.
Ele amava . Feri-la nunca estivera em seus planos. Mas quando seu pai lhe mostrara a câmera que colocara no quarto do cassino no qual ela e fizeram uma festinha pós vitória de primeira fase, ele não pode deixar de perceber que estava jogando no time errado. Até mesmo quando ela "terminara" com , tinha sido amável e doce. "Nós dois sabemos o quanto isso foi sentimental" eram palavras que o rapaz jamais iria esquecer. Palavras que sua mulher dissera a outro homem.
Mas ele não pretendia deixar que a matassem. Ninguém encostaria em um fio sequer de cabelo dela quando a moça chegasse de Ibiza. Ela seria simplesmente dele, e se não por vontade própria, na marra mesmo. Cuidaria dela como ela merecia, prenderia-a no porão de casa se fosse necessário. Tinha visto muito tempo seu pai lidar com sua mãe para saber como um homem faz uma mulher dele, quisesse ela ou não.
Para , ele tinha outros planos. Ele sempre os tivera. Ele era um caso de família, que precisava ser resolvido de um jeito aniquilante. destruíra muitas coisas em sua vida e pretendia retribuir da melhor forma possível o favor. Começara isso ao mandar atrás de sua fortuna, e agora que a piranha estava arregando, terminaria ajudando Cass Caruso e seu pai.
Olhou para os dois homens a sua frente discutindo planos enquanto ele estava absorto em pensamentos. Uma coisa então o fez sair daquele lapso. Seu telefone tocando e o visor piscando escrito "" com uma foto da garota mais bonita e mais amada por ele no mundo. Mesmo que nesse momento de ódio a ela, ele precisava atender. Pediu licença e se retirou com seu coração batendo forte, num misto de nervoso e ódio, deslizando a seta verde do celular para ouvir a voz de veludo de sua traidora favorita.

xx

- ? - perguntou , ansiosa, quando o telefone foi atendido pelo outro lado da linha.
- Oi.- disse a voz dele do outro lado. sorriu em paz. Finalmente estava ouvindo a voz de seu noivo, e aquilo era como um antídoto para todos os pensamentos culpados que tivera aquela noite ao planejar uma possível fuga com .
- Eu estou com saudades. - disse ela aliviada. - Tenho pensado muito em você. Não sei mais o que fazer aqui nessa cidade.
- Você está ai há um dia. Nem sequer jogou nada ainda.. - respondeu.
- Eu sei mas... Mesmo assim. Como você está?
- Bem. - Por que você está monossilábico? Aconteceu alguma coisa?
- Não quero te atrapalhar com seu plano. E acho que o rapaz ai não vai gostar muito se souber que você anda ligando para outros.
- Ele não se importa. E nada disso é a sua cara. Aliás, por que você não me mandou nem uma mensagem desde que eu parti?
- Eu não quis mandar, . O que é isso, a santa inquisição? - perguntou, bufando.
- Será que dá para você parar de ser um imbecil estúpido? Toma logo um remédio para essa sua esquizofrenia! Por que é que você tem que agir desse jeito e tornar tudo tão díficil para mim? - gritei no telefone.
- O que é que eu estou tornando dificil para você, hein?
percebeu que tinha dito mais do que deveria. Respirou fundo, tentando manter a calma, e disse:
- Nada. Vou desligar, conversamos depois.
E o fez. Esperava que retornasse, curioso pelo fim enigmático da ligação, então desligou e telefone e o deixou na mesa da varanda. Foi erro da garota, de fato.

xx

- Era ela? - perguntou Steve quando voltou para dentro da sala.
- Era. - respondeu. - Está rastreada. Hotel El Puerto, quarto 1302.
Cass sorriu.
- E era com essa vagabunda que estávamos preocupados? Ela é fácil demais de tapear. - Então se virou para a moça de poucas roupas que lhe servia mais uísque. - Sheila, vá la fora e diga ao Jay que quero que coloquem uma escuta no quarto de e no celular, se possível. Já temos vários rapazes pela cidade de olho nela. Ele vai saber o que fazer.
- Sim, senhor Caruso. - disse a garota, saindo apressadamente da sala.
Os homens continuaram conversando distraídamente enquanto refletia sobre as palavras enigmáticas da moça. "Por que é que você tem que agir desse jeito e tornar tudo tão díficil para mim?", ela dissera. Como a piranha ousava? Ele a amava, protegia, e era tratado como um problema. Cada vez mais tinha certeza de que tinha feito a opção certa ao mudar de lado.
Alguns minutos depois, Sheila voltou com um celular, fazendo prestar a atenção finalmente em outra coisa que não seus pensamentos.
- Sr. Caruso, Jay pediu que eu encaminhasse essa ligação do Santiago para o senhor. Diretamente de Ibiza.
O homem esticou a mão para alcançar o telefone.
- Sim, Santiago. - disse ele compenetrado. - Isso é sério? Acho que lhe darei um aumento. Sim, sim. Ótimo, continue o bom trabalho. - Virou-se e entregou o telefone a garota sem nem sequer desligar. - Santiago disse que a vagabunda deixou o celular na varanda do quarto enquanto fazia sexo com o playboy.
sentiu seu sangue ferver.
- E o que isso significa? - perguntou Steve.
- Significa - começou o velho, sorrindo maldosamente. - que o celular da puta tem uma escuta. E que ela está cada vez mais perto da mira da minha arma.

XX

voltou ao quarto calmamente, tentando fazer o mínimo de barulho possível para não acordar . Ele continuava dormindo, sereno, arrancando dela um sorriso bobo só por observá-lo.
Era tão mais fácil com . Ele gostava dela e demonstrava isso. Ele era pacífico, divertido, o sexo com ele era bom...
Ouvira a vida inteira que mulheres gostavam dos homens que as maltratavam, mas quando estava com ele, simplesmente não compreendia tal teoria. Ela amava ser bem tratada. Amava que ele cuidasse dela e a fizesse sentir uma princesa sem nem sequer ser um babaca meloso e mal resolvido.
Sentou-se na cama o mais lentamente que conseguiu, mas não foi o suficiente. abriu seus lindos olhos para olhá-la e sorrir.
- O que fazia fora da cama? - perguntou ele, esfregando o rosto com as costas da mão.
- Fui olhar o céu. - mentiu . - Não estou conseguindo dormir.
- Você parece nervosa. - comentou, sentando-se na cama, ficando de frente para a moça.
- Eu não deveria estar? Aliás, você não deveria estar também? - questionou ela. - Foi uma noite e tanto. E temos um futuro meio perigoso pela frente, .
Ele a olhou maldosamente e sorriu se aproximando.
- A única coisa que eu devo estar é por cima de você, te beijando. - falou, quase contra os lábios dela. - Preocupado, jamais. Não enquanto houver para mim.
não conseguiu evitar sorrir. então juntou os lábios dos dois, segurando as costas da menina e a empurrando para deitar na cama. Ela correspondeu, colocando as mãos no pescoço dele e acariciando com as unhas mal feitas. Desceu então as mãos pelas costas nuas do rapaz até chegar à barra de sua samba canção, voltando a deslizar as mãos para cima. Ele desceu os beijos para o pescoço dela, fazendo aquilo de forma tranquila.
se cansou e resolveu tirar a blusa da garota, a única peça que ela usava além da lingerie. Olhou-a e, com um sorriso abobalhado, disse:
- Por que é que você tem que ser tão linda?
Então apressou-se para desabotoar o sutiã dela.
- Não é como se você ficasse atrás. - respondeu , baixo e com certa dificuldade por causa dos suspiros que soltava causados pelos toques dele.
Sentiu uma risadinha de contra a sua pele. Ele agora beijava seus seios.
Quando se cansou de tudo aquilo, o rapaz retirou a calcinha da moça, sua própria samba canção e a penetrou lentamente. Os dois se movimentavam de forma calma no começo, mas aceleraram para buscar juntos um ritmo agradável a ambos. Chegaram juntos ao ápice, parando de se movimentar de súbito e lentamente.
Ele saiu de cima dela e a puxou para deitar em seu peito, beijando o topo de sua cabeça.
- Eu poderia fazer isso sempre, todos os dias. - comentou ele, tranquilamente.
- Sim. Eu também. - respondeu , com a voz arrastada, acariciando o peito do rapaz. - Ninguém me faz sentir do jeito que você faz. - confessou a garota, arregalando de súbito os olhos ao ouvir o que tinha acabado de dizer por puro instinto, e se arrependendo instantaneamente.
riu ao sentir o desconforto repentino da moça em seus braços.
- Calma, . Você não precisa se sentir mal por ter dito isso. - Ela continou em silêncio e com o corpo tenso. - Eu nem sequer levo em consideração o que falam para mim depois do sexo. Sou muito bom e deixo as meninas meio fora de sério.
riu, ficando um pouco mais relaxada.
- , você é muito convencido, mas de um jeito bonitinho. Isso é tão engraçado.
- Fico feliz em poder agradar. - respondeu ele, levantando o rosto dela. - Pretendo conseguir fazer isso sempre para você.
A garota o olhou com ternura.
- Acho que você já consegue. Como nunca antes conseguiram. - falou, tocando o rosto dele com a mão, e dessa vez sem nenhum arrependimento. Ele merecia aquelas palavras. Merecia porque eram verdadeiras.
Ele a apertou um pouco mais contra o seu corpo e ela se aconchegou, sentindo-se repentinamente enfeitiçada por Morfeu. também fechou os olhos, desejando que aquilo durasse para sempre.
Nenhum dos dois viu quando um rapaz hispânico espreitava a varanda e mexia no celular abandonado de . E nenhum deles ouviu quando o mesmo rapaz enfiou algo pela janela aberta da varanda.
Alguém os escutava, observava-os e arquitetava seus fins. Mas, por hora, a melhor coisa era se deixar adormecer.


DEZESSEIS


Naomi sentia-se sozinha sem sua filha na cidade. era sua única alegria em vida, já que seu filho mais velho se parecia demais com o pai para ser seu favorito... E o filho que tivera fora do casamento já era passado demais para que ela pudesse se lembrar.
Seu menino era tão bonito! Tinha os olhos tão azuis quanto os dela. Era a única coisa dele que ela era capaz de se recordar. Seu rostinho pequeno e assustado, enquanto era tirado ainda com dias dos braços da mãe. Mas o passado estava onde deveria estar: Em sua mente, escondido.
Deitada em sua cama ela refletia sobre tudo que vivera até ali. E rezava para que não passasse pelas mesmas dores. Rezava para que ela desistisse de se casar com seu filho e fugisse da cidade o quanto antes.
Seu celular então tocou, despertando-a de devaneios. Leu o nome da filha no visor e abriu um sorriso de saudades.
- Minha princesa! - exclamou ao atender.
- Oi, mamãe. Estou com saudades. - a voz de tilintou em seus ouvidos, fazendo-a sentir-se feliz.
- Eu estava justamente pensando em você! Como vai a cidade?
- Bem. Aqui é quente. Tenho passado meus dias na praia com . Mas hoje à noite temos o campeonato e... Bom, logo temos que voltar, eu acho.
- Você acha? - perguntou a mulher, pesarosa. - , o que é que você anda aprontando?
A garota soltou um suspiro contra o celular.
- Mãe, eu não sei se vou voltar. Mas eu pretendo te tirar daí.
- Como assim não sabe se vai voltar?
- Eu acho que estou apaixonada por . E certamente não quero deixá-lo morrer na mão dos pilantras daí. Então pretendo não voltar e causar o mínimo de danos possível. Mandaríamos passagens para você e Jack, o tutor dele.
- Eu não posso, ! Você enlouqueceu? Seu pai me caçaria no inferno.
- Você tem que desgarrar desse velho! Ele não pode controlar sua vida para sempre, mamãe! - disse a moça, bufando.
- , você não entende... Há coisas que algum dia eu vou explicar, mas que agora... Querida, você tem que me prometer que vai fugir sem olhar para trás. Não perca a chance de sair dessa cidade de uma vez por todas e de proteger esse menino que eu sei que você ama.
- Mãe, eu não amo ninguém como eu amo você. E não vou te deixar aí sozinha. Eu prometo que volto para te buscar... Mesmo que você não queira vir comigo de jeito nenhum, eu volto para enfiar você em um saco preto e fugir.
Naomi riu.
- Eu te amo, filha. Se cuida, tá?
- Eu também te amo, mamãe. E eu vou me cuidar. E vou cuidar de você. Vai dar tudo certo na nossa vida dessa vez.
Naomi sentiu um sorriso brotar em seu rosto ao desligar o telefone. parecia decidida a fazer um futuro alegre para ambas. A mulher então puxou uma carta para escrever, que entregaria a sua filha na próxima vez que a visse. Contando toda a verdade.

xx

olhava em seu biquíni laranja e sorria. Ela era tão gostosa que ele mal podia acreditar que já quisera dormir com outras.
Estava sol e a praia em Ibiza parecia o paraíso. em sua espreguiçadeira passando bronzeador nos braços a cada dois segundos, completamente distraída no ato, e ele ao seu lado, observando-a abobalhadamente.
- Falei com a minha mãe hoje.
sacudiu a cabeça, afastando os pensamentos.
- E o que ela disse?
- Que não vai com a gente porque o a mataria. Mandou que eu me mandasse logo com você.
- E o que você vai fazer sobre isso?
- Vou atrás dela, . Não vou deixar minha mãe apodrecendo lá.
- Eu não entendo por que você tem que voltar a Vegas para buscá-la. Jack já juntou meu dinheiro todo e colocou na conta dele e do meu pai da Suíça. Não tem necessidade de você buscar nada lá. Sua mãe viria segura junto com Jack no avião e escolheríamos nosso destino. De preferência algum lugar com cassinos.
Ela sorriu e sentiu seu corpo arrepiar.
- É tão bonitinho quando você vem com essa de "sou milionário, fique tranquila". - comentou a garota, rindo. - Mas eu já te expliquei. Ela está com medo de vir, e nunca ia permitir. Mas eu já sei como tirá-la de lá.
O rapaz a olhou, esperando que explicasse.
- Bom, quando eu chegar a Vegas, vou dizer a que preciso ver meu vestido de casamento com a Vera Wang. E ela está em Nova Iorque. Vou pedir a ele que peça ao porco para eu levar mamãe. E de NY, nós vazamos.
- E se ele não deixar?
- Ele vai deixar. Não há nada que eu peça que o velho não faça. Provavelmente vai mandar uns dois seguranças com a gente, mas eu pretendo estar com tudo esquematizado até lá para que assim que chegarmos no aeroporto de NY, nem sequer saiamos.
- Me sinto mal por não voltar com você. - disse .
- É mais seguro... De verdade.
- Eu também queria poder ganhar o campeonato de duplas. Seria o ápice de uma carreira brilhante.
- É uma pena mesmo... Nem sei por que vamos jogar hoje. - falou ela.
- Você vai jogar hoje. Eu só assisto... A segunda fase, o membro da dupla que mais teve dificuldade para vencer sua mesa tem que vencer outra para se provar o bastante. Assim iríamos para a terceira de volta a Vegas. - comentou o rapaz em um tom meio decepcionado.
- , você é o melhor jogador de pôquer do mundo. Nada vai mudar isso... Nem mesmo o fato de você não ter vencido esse torneio idiota.
- Eu sei, eu só... Eu queria ser melhor que o Parker.
- Me desculpe por isso. - falou , sentando na espreguiçadeira para olhá-lo nos olhos. - Eu sei que é culpa minha essa situação...
- Você sabe que não é. Acho que eu ganhei dinheiro demais para o meu próprio bem... O Jack me avisou tantas vezes. No fim das contas eu fui burro como ele.
A garota segurou a mão do rapaz e sorriu meiga.
- Vamos morar em algum lugar que você possa ganhar bastante também. E dessa vez sem ameaças.
- Se sairmos dessa, vou jogar o segredo dos fora. A minha família não precisa dessa coisa se só for trazer morte.
Ela se inclinou e beijou seus lábios.
- Sim. E agora vamos esquecer os problemas, porque essa praia está maravilhosa. Vamos para a água antes que tenhamos que voltar para o quarto e nos arrumar.
E os dois se levantaram de mãos dadas em direção ao mar, esperando aproveitar uma última tarde juntos na cidade.

xx

Naomi terminou de escrever sua carta a . Entregaria quando fosse a hora do reencontro das duas, pois não tinha coragem de revelar todo o seu passado a filha. Dobrou e escreveu o nome da menina na parte de cima. Até ali parecia bom.
Sua campainha tocou e ela se levantou para atender. Quem poderia ser numa tarde de sexta-feira?
Levou um susto ao abrir a porta e se deparar com seu marido Steve, seu filho e alguns seguranças.
- Olá, Naomi. - disse a fria voz de Steve , fazendo a mulher estremecer.

xx

Era noite e já vestia um vestido preto tomara que caia e longo. Estava realmente de gala para a segunda fase do campeonato, a qual só ela jogaria.
e ela só estavam indo pela diversão, já que nenhum dos dois pretendia sequer jogar a terceira. Mas a moça jurou a si mesma que faria seu melhor para vencer.
Quando desceu até a festa do hotel e encontrou a mesa dez, na qual fora colocada, seu coração acelerou. O pôquer lhe trazia um sentimento emocionante que só os golpes que aplicava em homens ricos e maldosos se assemelhava: o coração acelerava e os órgãos pareciam prestes a sair do lugar.
- Fique tranquila. - Disse . - Hoje é só pela diversão. Estarei aqui para assisti-la e depois vou jogar algumas por diversão nas mesas de hóspedes. Mas você vai ser fantástica.
- Espero que sim. - falou a garota, sorrindo de leve.
Sentou-se enquanto os outros jogadores faziam o mesmo. Estava finalmente começando.

xx

estava muito bem e concentrada no jogo. Vencera todos da mesa, menos um rapaz alto de nariz adunco que continuava carrancudamente dando mesa sem parar. A garota já estava nervosa com aquele adiamento do que seria sua vitória, e sorria aprovando do outro lado, junto com outros que assistiam.
- Até que você é boa. - comentou o rapaz.
- O quê? - perguntou , confusa, depois de horas com o silêncio do rapaz.
- Você, garota. Até que sabe o que faz. Sempre achei que fosse a putinha de comer do . Mas você me parece competente.
A garota espumou.
- Escuta aqui, seu babaca. Ninguém me chama de putinha. Honre suas calças e jogue que nem homem. Terror psicológico comigo não funciona. - falou, colocando o dedo na cara do narigudo.
- Essa é a minha garota! - gritou de fora, puxando aplausos da platéia.
O dealer deu as cartas e dessa vez o jogo veio bom. A garota estava confiante. E não deu outra: O rapaz, cansado de sair toda hora, acabou entrando. Mas não deu para ele, acabou levando a melhor.
- Vitória de . e classificados para a próxima fase em Vegas.
recebeu uma salva de palmas e sorriu agradecida. Levantou-se sem nem sequer olhar para ninguém, indo direto a .
- Como eu fui? - perguntou, com um sorriso brilhante.
- Maravilhosa. Você sempre é maravilhosa. - disse o rapaz, colocando as mãos na sua cintura.
Ela soltou uma gargalhada.
- Seria tão legal poder jogar! Eu realmente queria poder. - disse, fazendo um bico.
- É, eu também. Mas acho que eu escolhi minha sobrevivência.
A garota riu novamente.
- É. E eu escolhi um bom futuro para mim.
Ele segurou o rosto de com as duas mãos para beijá-la nos lábios de leve. Então murmurou:
- Eu amo você.
sentiu como se todo seu mundo estivesse desmoronando. Eram as mais doces palavras que ela já havia escutado, e seu coração se sentia enobrecido como jamais antes. Ser amada era novo, porém alegre e brilhante para aquela linda garota que já tivera tudo de um homem, menos seu coração.
- Eu te amo também, . - Ela se permitiu responder.
Ele a beijou lenta e profundamente, fazendo aquele momento praticamente pedir por uma eternização. Porém, isso era impossível.
O celular de tocou na bolsa e a garota soltou o rapaz de supetão, que bufou.
- Você tem que atender isso agora? - reclamou ele.
- Para com isso, . Pode ser importante, ok?
Abriu rapidamente e puxou o aparelho de lá de dentro. Sentiu-se surpresa ao se deparar com o rosto de e seu nome no visor.
- Alô? - murmurou a garota, atendendo desconfiada.
- Oi, . Desculpe a inconveniência, mas tenho notícias, e não são nada boas.
- O que aconteceu?
- Encontraram a mamãe morta em seu apartamento esta tarde. Eu sinto muito.



DEZESSETE


Aquela noite, chorara.
Como talvez jamais tivesse feito, abraçando com a força de alguém que segura a borda de um penhasco. Ela sentia com força a dor de ter perdido a pessoa que mais amava em todo aquele mundo.
, compreensivo, se limitava a acalmá-la e a dizer que iria passar.
Foram dois dias assim. Ao telefone, dissera que o funeral de Naomi ocorreria no final daquela semana. E que sua mãe deixara a ela uma carta. A moça estava decidida, portanto: Voltaria a Las Vegas por um último adeus.
- Você ficou maluca? – disse quando ela avisou. – Por que você vai voltar, ? Para correr o risco de não sair nunca mais?
- Eu ia voltar antes, não ia? – disse ela. – É minha mãe, . Eu não posso... Não posso deixar que só pessoas que faziam mal a ela participem desse momento.
Ele apoiou os cotovelos nos joelhos e colocou as duas mãos no rosto, sentado na cama do hotel suspirando. se compadeceu da cena e ajoelhou no chão em frente a ele.
- Olha para mim. – falou, afastando os braços do rapaz para que pudesse encarar seus olhos. – Eu vou voltar, tudo bem? Aliás, eu vou fazer o possível para isso.
- Não diga isso. – retrucou ele. – Eu não entendo. Todas as coisas que te prendiam a Vegas desapareceram, mas você insiste em voltar lá e correr o risco.
sentiu os olhos marejarem.
- Me perdoa, mas a minha mãe ainda está lá. E eu preciso saber direito o que aconteceu. Não reclame disso, por favor. E faça por mim o que eu mais desejo.
- O quê?
- Se mantenha a salvo. Não coloque seus pés naquele lugar maldito nunca mais. Eu vou fazer o possível para te encontrar.
Ele assentiu com a cabeça e ela se aproximou para selar seus lábios.

Mais tarde naquele dia, levou ao aeroporto. Ela chorou novamente em seu peito na hora de voltar ao seu inferno. Ele continuava apertando-a com força.
- Eu amo você. – sussurrou ele. – Você não perdeu a única pessoa que te amava no mundo, porque eu ainda estou aqui. Faça o que tem que fazer e volte para mim.
Ela assentiu e o beijou. Foram minutos, mas pareceram segundos para os dois que não queriam se afastar mesmo sabendo que precisavam.
- Te amo também. – disse ela. – Se cuida.
Deram mais um beijo e se afastaram. seguiu pelo corredor sem olhar para trás, sabendo que se o fizesse desistiria de partir.
Mal sabia ela então, que olhar para trás teria sido a atitude mais inteligente que ela poderia tomar em sua vida. Afinal, qualquer coisa que a impedisse de voltar a Las Vegas seria bem vinda. Ah, se ao menos ela soubesse o que a aguardava...

xx

Quando desembarcou em Las Vegas, se sentia ainda pior. Parecia dolorosa e terrível a idéia de estar de volta àquela cidade, sua casa, sem sua mãe por lá. Durante o voo dormira tanto que nem sequer lembrara-se disso, mas agora sentia as lágrimas pesarem novamente. Secou-as rápido, pois aquele território não permitia fraquezas. Nenhuma sequer.
Digitou uma mensagem a avisando que o avião já tinha pousado e que ela esperava as malas. Ele respondera que já estava lá. Talvez fosse a única parte boa de estar de volta: Revê-lo.
Quando puxou sua mala de carrinho e seguiu o corredor, logo avistou o irmão adotivo parado, de braços cruzados e um semblante sério. Ele vestia uma calça jeans e blusa de manga comprida azul, que parecia apertada em seus bíceps fortes. Estava bonito, mesmo com aquela atmosfera pesada a sua volta.
Ele não demonstrou nenhuma emoção sequer em vê-la, logo ela fez o possível para se manter da mesma forma. Parou a sua frente encostando a mala ao lado direito do corpo.
- Oi. – disse .
- Oi. – ele respondeu.
Nesse momento a garota fez um bico como quem não aguentava mais segurar lágrimas. Atirou-se nos braços do rapaz, ainda cruzados, porém sem chorar ainda.
Ele não fez muito para consolá-la. Apenas lhe deu tapinhas superficiais nas costas.
- Vamos, eu vou te levar para casa. – disse o rapaz, puxando-a pelo braço.
O trajeto foi silencioso e desconfortável. A moça apertava os braços contra o corpo, apreensiva.
- Já descobriram como ela morreu? – perguntou, quebrando o silêncio.
- Excesso de remédios. Foi suicídio, ao que parece. – respondeu seco.
As lágrimas rolaram novamente seus olhos, quase tão fortes quanto a chuva no céu de Las Vegas. Ela não queria que as visse então virou o rosto lentamente para o lado oposto. Assim como o tempo chuvoso numa cidade deserta como a sua natal, o choro em era raro. E ela não gostava de dividi-lo com ninguém por muito tempo.
- Você pode me deixar em casa? – disse com a voz embargada.
- Não, . Vamos para a minha casa. Nossa antiga casa.
- Eu não quero ir, ... Por favor, me deixe no meu apartamento sozinha.
- Você vai comigo. Tem uma carta de mamãe lá para você. E além do mais, precisamos conversar.
não queria discutir. Iria pegar a carta e voltar antes mesmo que desse tempo dele querer ter uma conversa sobre o que quer que fosse.
estacionou na porta e saiu do carro para retirar a única mala de . A garota o seguiu para dentro quando ele o fez, e logo depois trancou a porta.
Estava um silêncio estranho no lugar. Tudo parecia impecável, mas nenhum dos empregados fazia qualquer barulho.
- Estamos sozinhos? – perguntou ela curiosa.
- Sim. E finalmente livres para esclarecermos muitas coisas. – respondeu ele com um olhar estranhamente nervoso.
A moça soltou um longo suspiro, parando em frente ao rapaz.
- Meu amor, eu simplesmente não estou em condições de...
- De me explicar como você pretendia me fazer de palhaço e fugir com seu namorado jogador de pôquer?
sentiu o corpo congelar.
- D... Do que você ta falando?
O rapaz deu um sorriso irônico.
- , ... Você se acha muito esperta, mas não faz a menor ideia.
A garota deu um suspiro, recobrando a consciência. Percebeu que teria que usar seu cinismo para tentar sair daquela situação quase impossível.
- , você anda escutando o seu pai, não é? Eu aposto que isso é coisa dele! Você já é ciumento, com ele falando no seu ouvido...
não terminou a frase, pois um tapa forte acertou seu rosto em cheio, fazendo-a cair sentada no chão. Algo ardeu em seu supercílio e ela colocou a mão instintivamente. O anel da aliança de noivado de a havia acertado ali, fazendo-a sangrar.
- Você ficou louco?! – gritou.
- CALA A BOCA, VAGABUNDA! – berrou ele, dando um chute na barriga da garota ainda caída.
deu um grito de dor. Ele chutou novamente. E sem parar.
- PARA COM ISSO! PARA, PELO AMOR DE DEUS! – berrou.
O rapaz bufava. Parou por uns instantes e começou a falar:
- Sabe por que você andava livre por aí, ? Porque mesmo sendo uma puta, no final você sempre acabava obediente a mim. Fazia os serviços para a empresa, jogava o seu pôquer e vinha a minha casa para a gente transar. Eu até considerava você uma espécie de namorada. Eu até mesmo amava você. Mas a partir do momento em você começa a querer deixar outro cara meter em você sem a minha permissão, eu sou obrigado a interferir.
Ela soluçava de dor, mas fez esforço para falar.
- Eu o amo. Não é culpa minha, ... Eu juro que não. Eu amo você também, mas não desse jeito. Por favor, para com isso.
- Não me ama desse jeito? – disse ele ironicamente. – Você não vai precisar me amar, . Você agora é minha para sempre... A morte da mamãe só facilitou as coisas, porque pensei que teria que ir atrás de você e de seu namoradinho patético no exterior. Mas agora você está aqui e não vai sair nunca mais.
- , pelo amor de deus... Por favor, me deixa em paz, eu...
Ele a puxou violentamente do chão para o sofá. se encolheu, esperando um novo soco, ou tapa, mas o que ele fez foi arrancar a força sua blusa. Ela nem podia acreditar que aquilo estava acontecendo. Começou a se contorcer de forma insana, gritando com toda a voz que ainda lhe restava.
No entanto, desistiu. Não havia ninguém no mundo para ouvir a dor e o sofrimento de uma jovem sozinha no mundo sendo violentada.

xx

sentia dor em todo o seu corpo. Abriu os olhos devagar e encontrou o quarto branco e rosa, decorado anos atrás por sua mãe. Sentia-se com catorze anos novamente, tremendo assustada naquela casa, com medo de alguém estar a espreita de sua cama e atacá-la. Mexeu-se devagar, mas logo gemeu de dor. Suas costelas ardiam feito o inferno. Talvez estivessem quebradas... Porém nada podia estar mais partido do que seu coração.
Fez o maior esforço que podia para levantar e se olhar no espelho em frente à cama, para quase chorar de desespero pela aparência. Seu rosto estava arroxeado em várias partes, e o corte do supercílio, apesar de estranhamente limpo, parecia vermelho e inchado. A barriga estava roxa especialmente na região das costelas e havia marcas de dedos, como se tivesse sido beliscada, próximos aos quadris.
Caminhou até a cômoda e puxou uma blusa comprida para não ter que ver seu corpo marcado por toda aquela violência.
Voltando à cama, encontrou no criado mudo um envelope. Seu coração acelerou novamente. Estava escrito "De Mamãe". A garota deu um suspiro nervoso e o pegou, tentando cuidadosamente se sentar, mesmo com a dor que o ato gerava em certas partes. Abriu lentamente puxando a folha escrita de lá de dentro.
Querida filha,
Como lhe conheço, sei exatamente o que irá acontecer: Buscarei você no aeroporto junto com , ele lhe receberá com um abraço apertado e você vai mudar de ideia sobre o que fazer afinal de contas. Por isso, pretendo deixar essa carta no seu quarto em Nova York para quando estivermos considerando a ideia de escolher um Vera Wang para o seu casamento (porque eu sei que você vai desistir da fuga).
Então, vou lhe contar uma história. Há muitos anos, eu era uma moça inteligente, bonita e espertinha demais para o meu próprio bem. Estudava direito na Universidade da Califórnia porque meu pai acreditava que era um desperdício deixar uma mente brilhante como a minha confinada em um apartamento sendo dona de casa. Conheci Steve na universidade. Ele cursava ao mesmo tempo engenharia e administração, mas seu grande prazer eram os jogos de azar. Me apaixonei por ele e fomos namorados durante longuíssimos cinco anos.
Ao final dessa época, ele resolveu começar um negócio em Las Vegas: Uma construtora. Como sua namorada fiel, fui com ele tentar ajudá-lo na parte jurídica da empresa. Mas de nada adiantava ser honesto por lá, e as coisas iam de mal a pior. Steve então decidiu que precisava fazer amizades e deixar os outros devendo favores a ele. Foi assim que eu comecei.
Cass Caruso era um jogador metido a besta, filho de uma família de políticos. Uma noite, depois de deixá-lo encantado por mim, ele aceitou um convite para jantar num cassino de luxo comigo e meu namorado, o engenheiro inteligente. Provavelmente para me impressionar, Cass disse que pretendia pedir ao pai de presente um cassino só dele, e que a construtora de Steve seria bem vinda para ajudá-lo nesse processo. O olho dele brilhava de felicidade, finalmente tínhamos conseguido dar passos à frente.
Não precisei fazer mais muitas coisas durante um tempo já que Cass e Steve aparentemente eram almas gêmeas. Eu simplesmente continuei por um tempo na parte jurídica da empresa, que ia lucrando cada vez mais com a amizade preciosa que nós conseguimos. Logo, Cass passou a surgir irritado por ai, pois um velho jogador fanfarrão estava vencendo demais. Steve sugeriu que eu fizesse algo para pará-lo, como fingir que ia dormir com ele e roubá-lo. Naquela época, era bem mais fácil fazer esse tipo de coisa. Eu fiz, e deu certo. O prazer foi inexplicável... Dar um golpe em alguém traz uma maravilhosa sensação. Virei a golpista oficial da construtora e dos cassinos Caruso. Cada vez que aparecia um festeiro desses vencendo mais do que deveria, eu ia até lá colocá-lo em seu devido lugar.
Até que um dia, um jovem rapaz de lindos olhos e sorriso sincero surgiu e se tornou o novo jogador de pôquer mais poderoso do mundo. Seu nome era Parker . Inicialmente, Cass queria matá-lo. Mas seu pai, o prefeito, disse que seria escândalo demais para um ano de eleição e achou mais digno que fizessem do jeito de sempre: Mandar eu, Naomi, a golpista de sempre, para cortar as asinhas dele.
O problema todo aconteceu quando eu percebi que Parker não perdia, nunca. Ele era invencível, e mesmo que eu o deixasse sem dinheiro, ele daria um jeito de voltar a jogar. Comuniquei isso a Steve e Cass e eles me mandaram em uma nova missão: Descobrir o segredo do sucesso de .
Foi bem fácil seduzi-lo. Ele estava participando de um torneio de duplas, junto com seu melhor amigo, Jack, e eu ia até lá assisti-lo todos os dias. O problema disso tudo foi que, assim como você, eu acabei me apaixonando, rapidamente e sem dúvida alguma de meus sentimentos. Em duas semanas de plano eu não tinha mais pretensão de descobrir nada sobre Parker e sim de estar com ele para sempre.
Tentei terminar com Steve, mas ele surtou. Declarou que se eu o deixasse me mataria e mataria qualquer um que me ajudasse nessa idéia. Contei a conversa a meu namorado e decidimos fugir juntos.
Ficamos rodando o mundo juntos por um ano. Ele jogava em cassinos alternativos e fazia cada vez mais dinheiro. Éramos felizes todos os dias de nossas vidas, e fomos mais ainda quando fiquei grávida. Tive nosso filho nove meses depois, quando estávamos em Punta Cana. Foi um momento de muita alegria para mim.
Ele era lindo como o pai, mas tinha meus olhos . Chamei-o de e Parker apenas concordou.
Algum tempo depois, Jack, o melhor amigo de Parker, ligou para ele pedindo seu retorno só por um fim de semana. O campeonato de duplas do ano anterior tinha adiado a sua final com o desaparecimento dele, mas esperavam remarcar naquele ano para que eles finalmente a jogassem. Eu podia ver o brilho nos olhos dele... Era seu sonho vencer aquilo. A única coisa que ele não tinha vencido.
Convenci-o a ir. Já fazia um ano e, certamente, Steve já teria esquecido todas aquelas ameaças. Achamos por bem partir juntos e levar nosso filho.
Voltamos a Vegas e resolvemos deixar com uma babá na casa de Jack. E, à noite, fomos todos para o cassino Royale.
Não me surpreendi ao ver Steve e Cass sentados juntos na mesa de sempre. O olhar de Steve brilhou de ódio ao me ver. Algo naquele momento me disse que as coisas não terminariam bem.
Enquanto Parker e Jack jogavam, fui ao banheiro. Nesse trajeto, me puxaram e colocaram uma arma na minha cabeça. Era meu ex, cheio de vingança na voz avisando que faria como combinado. Eu gelei.
De repente ouvi um barulho de tiro alto vindo do salão. Senti Steve sorrir atrás de mim. Ali eu soube que algo tinha dado muito errado.
Nenhuma cena pode ser na vida tão dolorosa quanto ver a pessoa que mais se ama morta no chão. Foi com isso que me deparei chegando ao salão com aquele homem ruim ao meu encalço. Sai correndo em direção ao corpo de Parker sem nem ligar e chorei copiosamente agarrada nele.
Ninguém sabia de onde o tiro tinha vindo, o que nos fez concluir que fora planejado. Até mesmo a final tivesse sido, talvez. Eu sabia que meu fim tinha chegado e que o próximo a morrer caso aquilo continuasse seria . Pedi a Jack que cuidasse dele e usasse o dinheiro de Parker para isso. Ele me prometeu que o faria, e sabemos hoje que ele cumpriu muito bem sua promessa.
O resto da história você conhece. Fui forçada a ir viver na casa dos e a me casar oficialmente com ele. Essa foi a proposta que ele me ofereceu em troca de não ir atrás de a não ser que ele chegasse a se envolver com Pôquer e se tornasse, assim como o pai, um prejuízo. Também fui proibida de ter qualquer contato que fosse com o garoto. O último que tive aconteceu no dia em que você me apresentou a ele em um almoço no Royale.
A vida com Steve foi um inferno. Clareou um pouco quando nasceu, e se tornou quase boa quando ele chegou à mansão com você no colo, desnutrida e assustada. Vocês dois foram meus presentes e durante todo o resto dessa vida, a única fonte de alegria que eu cheguei a ter.
Eu sei que toda essa história é difícil, mas serve para que você enxergue o que fazer. Você ainda tem escolha e não pode hesitar. Conheço meus filhos, mesmo que um deles não muito de perto, mas sei exatamente que é sua melhor opção. Porque você o ama por quem ele é e não por nada que ele tenha feito por você.
Espero que, assim, você consiga decidir mais facilmente. Não viva a minha vida, . Aproveite a chance de ser feliz enquanto pode. E me leve com você para que eu possa ter mais alguns anos de vida ao lado do filho que tiraram de mim.
Com todo amor que houver no mundo,
mamãe.

chorava. Ela não tinha se suicidado então. Alguém a matara... Ela pretendia fugir com eles.
Steve. Aquele homem abusivo, mau caráter, desgraçado. ia matá-lo, com certeza.
Quase tremeu quando ouviu então, a voz do maldito em suas costas.
- É mesmo uma história interessante, não é ?

Capítulo betado por Bruna Kubik


DEZOITO


- Você. - disse a garota, olhando o homem parado a sua porta. - Você é o culpado disso tudo.
Ele deu uma risada enérgica que fez sentir um arrepio na espinha.
- Eu acho engraçado esse jeito que você tem de agir, toda enojadinha de mim. , querida, vamos parar de show. Comece a se acostumar com a minha presença, porque ela pelo visto vai ser eterna nessa sua vida insignificante.
- Talvez eu prefira morrer então.
- Não é como se essa fosse uma escolha sua. - retrucou ele, ainda sorrindo. - Eu quero que você tome um banho e se arrume. Eu, você, e Cass vamos jantar e conversar.
- Eu não estou com fome. - respondeu a menina.
- Alguém lhe perguntou se estava? Eu sugiro que você comece a se comportar como alguém que é o que você é, a partir de agora: uma prisioneira. E noiva do meu filho. Mas como isso é contra a sua vontade, você ainda é nossa prisioneirinha...
Dito isso, ele se virou retirando-se do quarto. baixou os ombros exausta e ponderou a ideia de tomar um banho. Caminhou até o banheiro da suíte lentamente, entrou e fechou a porta. Notou que a tranca tinha sido removida e quis novamente chorar. Sua vida a partir dali pertenceria a um bando de criminosos, assim como seu corpo, sua mente e sua alma. Ao menos ela ainda tinha seu coração. Ou não, pois estava com outra pessoa, bem distante e diferente daquelas que ali em Vegas tentavam domá-la.
Fazia pouco tempo que o vira pela última vez, mas sentia demais a sua falta. O seu , com seu sorriso doce, tranquilo, seu jeito de falar as cantadas mais rídiculas e improváveis e ainda assim fazer qualquer uma cair de quatro. Não sabia se deveria continuar pensando nele. Por um lado, parecia um escape daquela situação assutadora e por outro, parecia talvez mais saudável tentar esquecê-lo, já que jamais o teria novamente.
Abriu o chuveiro e entrou com toda a roupa que estava. Parecia bom ter a água caindo sobre seu corpo e a sensação de limpeza tomando-a.
- ? - ouviu a voz de chamá-la, fazendo todo o relaxamento sumir. Fez uma oração interna para que ele não a machucasse novamente. - , me responde. - repetiu ele.
- Oi. - falou a moça com a voz fraca, encostando-se contra a parede do box. Viu a silhueta do rapaz do lado de fora, mas o vidro embaçado não permitia que ela enxergasse seu rosto.
- Eu só queria saber se você está bem. - disse ele com a voz tranquila. - Você estava bastante machucada.
- Fico feliz que tenha percebido. - retrucou ela com sarcasmo na voz, mas se arrependendo logo em seguida. - Desculpa, eu...
- Não precisa se desculpar, eu sei que exagerei. Mas não pense que isso me deixa menos irritado com você, .
abriu o box para encará-lo.
- Meu deus, , do que é que você está falando? Você me estuprou, me agrediu e ainda diz que exagerou, mas ainda está irritado?
- Eu não te estuprei! Eu sou seu noivo, isso não é estupro. Mas eu te amo, . Esqueça tudo que aconteceu. Você errou comigo e eu com você. Vou te fazer feliz agora..
- , eu amo você, mas... Você sabe que não é com você que eu quero estar, não sabe? - falou, pesarosa e assustada.
- Não. Diga. Isso. - sibilou ele, transmitindo ódio em sua voz. - Não ouse. Você sabe muito bem o combinado. Nós vamos ficar juntos e isso não está em discussão. E se você começar a agir como uma rebelde sem causa, eu vou ter que ser severo com você.
- Meu deus. - disse ela chorando. - O que há com você? O que fizeram com meu ? Eu nunca quis me casar com o seu pai.
- Esse é o jeito que você me obrigou a assumir com o seu comportamento, . Se precisar de ajuda, estarei no quarto.


xx


não tinha mais nada para fazer ali em Ibiza. saíra de lá há pouco tempo, mas parecia estranhamente vazio e chato sem ela.
E ele já estava ficando meio preocupado. Recebeu da garota uma mensagem assim que ela pousara, avisando que estava bem. E depois disso nenhum contato sequer... E isso era preocupante.
Tentou o celular dela diversas vezes e só recebia desvio de chamada, avisando que estava fora de área ou desligado, mas ainda assim era estranho. não o deixaria sem notícias assim.
Resolveu então ligar para Jack, procurando saber alguma coisa que pudesse estar acontecendo em sua cidade natal.
- Jack.
- , meu rapaz. A quantas anda o plano de fuga?
- Esse é o problema: Eu não sei. Por isso estou te ligando. Preciso que descubra para mim aonde está e como ela está. Estou há quase um dia inteiro sem nenhum contato com ela.
- Meu deus, um dia? É realmente impossível que ela ainda esteja viva. - falou o homem, com sarcasmo na voz. - Pelo amor de deus, . Deixe a garota respirar. Ela deve estar ocupada.
- Ela está metida com aquele . Eu nunca achei esse cara confiável. Não zombe de mim, Jack.
O rapaz sentiu a voz do homem congelar.
- Você disse ? Ela voltou para Las Vegas para se encontrar com os ?
- Sim, Jack, eu já havia dito isso. Eles são a família adotiva dela. Parece que a mãe dela morreu, a Naomi.
- Naomi está morta e a veio para cá por ela?
- É... Ela tinha uma carta para pegar. Uma carta que falava sobre alguns segredos... não explicou muito bem. Você sabe, ela é toda misteriosa e tudo mais.
- Eu vou fazer o possível para descobrir onde ela está. E você não vai sair daí. Se sair, é para bem longe de Las Vegas, escutou? Não ouse colocar seus pés aqui.
- Jack, por que você está com essa voz?
- Porque, , sendo cem por cento sincero com você, acho que a corre perigo.


xx


vestiu uma roupa sob os olhos curiosos de a analisando. Penteou os cabelos e se olhou no espelho. Mesmo depois do banho, parecia terrivelmente destruída e abatida.
- Você não vai usar maquiagem? - questionou o rapaz.
- Por quê? Quer que eu fique bonita pro seu pai? - retrucou, sarcástica.
- Eu não vou aturar esse seu mau humor sem sentido.
A garota quis rir. "Sem sentido". Além de presa, sequestrada, estuprada e agredida ela deveria ser bem humorada. Ignorou e continuou a se arrumar em silêncio.
- Você está pronta para descer? - perguntou ele. assentiu. - Então vamos. Desceram juntos as escadas para chegar à luxuosa sala da mansão, que era ocupada por uma longa mesa. Steve e Cass ja ocupavam seus lugares e a conduziu até a ponta da mesa na qual os dois se encontravam. Puxou a cadeira para a garota como um perfeito cavalheiro e se sentou ao lado dela, segurando fortemente sua mão gélida.
- , é bom te ver. - disse Cass, sorrindo amigável.
- Oi. - falou a garota, sem ânimo.
- Mas que horror, ! Isso é jeito de cumprimentar nosso velho amigo, Cass? - disse Steve, com falso tom de incredulidade. - Levante e lhe dê um abraço!
o encarou horrorizada.
- O quê? - perguntou.
- É isso mesmo que você ouviu, mocinha. Vá dar um abraço no Cass. Ele é como um tio para você.
virou o rosto para na esperança de que ele protestasse por ela, mas o rapaz olhava para baixo como quem se retirava da situação.
- Eu não vou... - começou ela, tentando se impor.
- . Eu mandei você abraçar o Cass. Não vou repetir. - falou Steve, dessa vez em tom de ameaça.
bufou e se levantou, indo até Cass, que também saiu de seu assento, abrindo os braços para recebê-la. Quando ele a envolveu, ela sentiu o cheiro repugnante de uísque e cigarro que nele estava e contou os segundos para que aquela tortura acabasse. Mas antes de soltá-la, escorregou a mão para o traseiro da garota, dando um leve apertão. recuou rápido, enojada e assustada.
- Ei, Cass!- repreendeu Steve. - Não me deixe com inveja! Vem aqui dar um abraço no papai também, lindinha.
- Chega, tá legal? - falou alto. - Esse não foi o combinado que fizemos. O combinado era: eu ajudava a trazer a de volta e ela seria minha noiva e minha propriedade. Eu não quero que vocês toquem nela. Até porque muito do dinheiro para a operação de eliminar o está saindo da construtora, da minha - frisou ele - construtora. Então não vou deixar que vocês me desrespeitem dessa forma.
Steve rolou os olhos.
- Eu jamais vou entender o apego que esse moleque tem por prostitutas. Deve ter sido a convivência com a mãe.
- Cala a boca, seu maldito! - berrou , indo para cima dele. - Não ouse falar dela assim!
O homem então levantou a mão e virou com toda a força na cara da garota, fazendo-a cambalear para trás.
- Não ouse falar assim comigo, putinha desgraçada.
levantou e a puxou para sentar novamente, e a garota já chorava. Não ligava mais em parecer forte na frente daqueles homens, já que estava sendo humilhada de todas as maneiras possíveis.
- Vamos conversar sério agora. - disse Cass. - Precisamos trazer seu namorado pra cá, vagabunda.
- O... O quê? - perguntou , secando as lágrimas.
- Isso mesmo que você escutou. Estávamos felizes em ter seu namorado no exterior, mas esses procriam. Então, vamos matá-lo, exatamente como fizemos com o pai dele. E o que eu quero é que você o atraia de volta pra cá.
- Falando nisso. - disse Steve. - Você já descobriu o segredo dele?
- Não. - respondeu sinceramente. - Eu me recusei a saber... Não queria ter que entregá-lo caso isso acontecesse.
- Olha, vagabunda, eu vou acreditar em você dessa vez. Até porque ele vai morrer, então não interessa a mais ninguém esse maldito segredo.
- Seria bom tê-lo. - falou Cass.
- É, mas não se pode ter tudo. Eu me contento com a morte do desgraçado. E para isso acontecer, precisamos da ajuda da putinha mais linda e inteligente dessa cidade.
- Pai, por favor. - interrompeu . - Dá um tempo, ok?
O homem bufou.
- Eu sempre te julguei bem espertinha. Sempre. Me prove que você é. Ligue para o seu namoradinho e diga a ele para voltar as Vegas. - falou Steve, com poder na voz.
- E por que eu faria isso? - perguntou a moça, que apesar de parecer ferida, ainda assumia um tom desafiador.
- Porque ou você se alia a mim, garota... Ou sua vida vai ser para sempre esse inferno.
- Um inferno pior do que esse? - questionou ela, irônica.
- Acho engraçado como ela parece não entender da primeira vez. - disse Cass, rindo. - E você achando que ela era inteligente.
- Ela é. Não é mesmo, lindinha do papai? Vou te dar o seu celular. Tomei a liberdade de olhá-lo e meu deus, seu namoradinho anda bem desesperado atrás de você. Dar uma ligada para ele vai aliviar a tensão, você não acha?
engoliu o choro.
- Tá, eu ligo. Eu vou pedir para ele voltar.
- Você está fazendo a coisa certa, . - disse , segurando a mão dela e a encorajando. A garota sentiu nojo dele, um completo banana, escravo das ordens do pai.
Puxou o telefone da mão de Steve e colocou contra o ouvido. "Não atende, , não atende" desejou em seu interior. Mas o destino era cruel quando se tratava de , e antes que ela pudesse repetir aquele mantra, sua atual voz preferida falou em seu ouvido.
- Meu Deus, ! Não acredito que você finalmente me ligou! Achei que estivesse morta.
- Oi, . Eu ando ocupada por aqui. Só liguei porque preciso que você faça uma coisa, com extrema urgência.
Steve olhou para a garota sorrindo. "Diga agora", sibilou ele. assentiu sem tirar seus olhos dos do homem.
- Eu faço o que você quiser.
- Fuja, para o lugar mais longe que conseguir. Querem te matar por aqui. - disse a garota, de forma convicta, pegando o telefone e o desligando.
- SUA DESGRAÇADA! - berrou Steve, com ódio. - EU VOU TE MATAR! - falou, levantando e indo em direção a ela.
- Não tente me escravizar, Steve. Você nunca vai conseguir. - falou ela, com coragem, sentindo a aproximação do homem. e Cass nesse momento haviam se afastado e encaravam a cena do outro lado da sala. Quando fechou a mão e acertou um soco no rosto de , a garota deu um grito de dor. Porém, falou em seguida. - Pode me bater o quanto quiser! Eu não vou fazer parte dos seus planos. Me mate se for necessário. Só não pense que eu algum dia vou cooperar com um lixo feito você.
Porém, quando o segundo golpe foi deferido em seu rosto, a dor extrema fez tudo ficar preto e se apagar.


DEZENOVE


Steve, Cass e estavam ainda sentados a mesa jantando. O mais jovem levara , que antes ali se encontrava, para o quarto.
- Você quase desfigurou o rosto dela, pai. - comentou . - Como é que a gente vai explicar quando ela tiver que ir a rua?
- Ela não precisa ir à rua por um bom tempo. De qualquer jeito, chame um médico para a vagabunda.
- Você realmente perdeu a noção, Steve. Não precisava ser tão agressivo com a menina. E, além do mais, eu já tinha te dito que ela não entregaria o namoradinho. Você sabe como são essas garotinhas apaixonadas. - comentou Cass, limpando a boca cheia com o guardanapo.
- Ela não é uma garotinha apaixonada. - retrucou com um olhar raivoso.
- Moleque, já está na hora de você aceitar os fatos. Ela pode ter gostado de você algum dia, mas agora o que ela quer é o playboy. Se quiser ficar com ela, vai ter que ser na rédea curta que nem seu pai fazia com Naomi. Meu deus, vocês dois são iguais. - respondeu o prefeito, parecendo impaciente.
- Calem a boca vocês dois. E fiquem sabendo que eu não estou com raiva da vagabundinha.
- Ah não, pai? - perguntou , irônico. - Eu quero ver você com raiva então. Vai tacar a numa panela de óleo fervente.
- Eu não sou um idiota cheio de sentimentos feito você, garoto. fez exatamente o que ela tinha que fazer, e nem imagina isso.
Os outros dois homens encararam Steve com um ar de questionamento.
- Vocês são mesmo burros. Ela disse pro namorado não voltar, e eu espanquei ela. Agora eu vou subir e mandar umas fotos do rostinho de princesa dela para ele. E sabe onde é que ele estará cinco minutos depois? Em um aeroporto para salvar a namorada gostosa. Se ela mandasse ele voltar, talvez desconfiasse. Ele é bem esperto, até conseguiu perceber que era golpista. Nós estamos atraindo ele do jeito mais certo possível.
- Como é que você pode ser um psicopata genial assim? - falou Cass, rindo.
- Pai, você espancou a por nada então?
- Não foi por nada, . Ela merece apanhar só pelo fato de ter uma bundinha gostosa daquelas e não me deixar meter nela. - respondeu o homem com seu sorriso maldoso.
agora sentia sua consciência pesar. Seu pai era um monstro e, talvez, ser como ele não fosse algo bom. Ele não queria ser ruim. Algo lhe dizia que talvez deixar com tivesse sido uma boa opção, ainda que isso pudesse significar perdê-la para sempre.

xx

estava altamente perturbado.
Recebera uma ligação esquisita de sua namorada depois de quase um dia sem notícias, pedindo que ele não voltasse de modo algum à cidade natal, já que corria perigo. Ora, mas ele já não sabia disso?
Sentiu seu coração apertar. Aquela situação não tinha feito sentido nenhum e isso era, de certa forma, preocupante. O que será que sua garota estava passando? Os planos ainda estavam de pé?
Tentou ligar para ela mais vezes, porém o celular estava desligado. Merda de garota complicada e misteriosa.
Deitou a cabeça contra a cama do hotel e fechou os olhos tentando se acalmar. Daria tudo por uma bebida alcoólica bem forte e uma massagem de nos ombros, como eles faziam todos os dias que estavam juntos e ele por algum motivo ficava tenso. "Sei exatamente como fazer isso passar." Ela diria com um sorriso malicioso. Ele deitaria na cama e pediria que ela mostrasse sua técnica infalível e ela faria exatamente isso.
- Deus. - disse baixinho. - Eu sei que nunca nos falamos antes, mas... Por favor, traga de volta para mim. Eu acho que preciso dela para viver. Daria qualquer coisa por ela aqui...
Seu celular vibrou de repente e ele tomou um susto. Sorriu ao ver "Uma nova mensagem de " no visor.
"Que seja algo bom, que seja algo bom", repetiu em sua mente como um mantra enquanto abria.
A primeira coisa que apareceu foi uma foto, que demorou um ou dois segundos para começar a observar atento. Um rosto bastante machucado, inchado e sangrando. Um rosto feminino...
gelou. Conhecia aqueles lábios cortados, aquele delicado nariz sujo de sangue. Sua mão começou a tremer e ele desceu a barra de rolagem na tela do celular.
Se quiser sua namorada viva, é bom que volte e jogue a melhor partida de pôquer da sua vida.
O rapaz levantou e começou a catar as roupas pelo quarto. Estava na hora de voltar para casa.

xx

- Está feito. - disse Steve com uma risada maníaca. - Não dou dois dias pro playboy aparecer aqui reivindicando a namorada.
observou na cama dormindo profundamente e, ainda que machucada, parecendo tranquila. Era bonita até com as feições desfiguradas.
- Bom, eu vou beber uísque. Ver a cara dela assim está me deixando agoniado. E olha que eu já vi gente em estado pior! Mas uma garota ferida assim é demais até para o prefeito mafioso de Las Vegas. - falou Cass com um suspiro, dirigindo-se à porta do quarto cor de rosa.
- Vou com você, Cass. - completou Steve. - Acho que posso dormir na minha casa por enquanto. Você consegue mantê-la sob controle até amanhã, ?
O rapaz lançou a ele um olhar irônico.
- Não, pai. Parece impossível manter uma garota completamente ferida e desacordada na cama.
- Me incomoda, sabia? - disse Steve.
- O quê? - perguntou o rapaz.
- O jeito que você tem de venerá-la. Acho isso perigoso... Talvez devêssemos fazer com ela o que vamos fazer com o namorado.
- Você não vai encostar na nem por cima do meu cadáver. - retrucou o rapaz ríspido. - E lembre-se: você está velho e a construtora passou para o meu nome. O dinheiro da família é meu.
- O dinheiro legal da família é seu, garoto. Não pense que eu não tenho minha própria renda. Eu quero que você comece a se controlar. Se eu perceber que essa garota esta te amolecendo e te fazendo tomar decisões estúpidas, ela vai aparecer com a boquinha de boqueteira dela cheia de formigas, certo?
Dizendo isso, Steve bateu a porta com força fazendo a moça na cama se mexer levemente.
se levantou e deitou ao lado dela na larga cama de solteiro da moça. Lembrou de quando eram adolescentes e ele ia até lá dormir ao seu lado só para que Steve não pudesse tentar machucá-la.
- Acho que voltamos à adolescência de novo, . – falou, abraçando-a com cuidado para não ferir seu corpo. - Eu não vou deixar ninguém te machucar mais. Nem que eu precise te perder para isso.

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As malas de estavam prontas. Sacou o celular e ligou novamente para Jack, com o objetivo de avisá-lo para não vir a Ibiza e esperar por ele na cidade natal.
- Que diabos você quer comigo às 4 da manhã, moleque? - rosnou o homem ao atender.
- Quero te avisar que estou indo para casa. Não venha me encontrar e nem vá atrás da .
- Você surtou, garoto? A porra da cidade toda quer a sua cabeça num espeto! Que merda você vem fazer aqui? Deixar que te obriguem a ganhar o campeonato, a revelar o segredo e te matar depois?
- ELES ME MANDARAM FOTOS! - gritou no celular - ELA ESTÁ DESFIGURADA! DEUS SABE O QUE ESTÃO FAZENDO COM ELA, JACK, E EU NÃO VOU DEIXAR ISSO ACONTECER!
- Essa garota maldita tinha que se meter com esses ! Puta que pariu. - xingou o homem.
- Ela não tem culpa. - respondeu , fungando um pouco para não chorar. - É a porra da família dela.
- Enfim, o importante é que você se acalme e sente o seu rabo ai. Eu já sei de algo que podemos fazer para tentar, e eu repito, tentar salvar a sem que você morra.
- Jack, está decidido, não enche a porra do saco. Eu vou voltar para Las Vegas. Mesmo que eu morra, eu... Não posso deixar ela lá.
- Você vai voltar, mas não antes de eu te dar consentimento.
- Você espera que eu sente aqui no meu hotel cinco estrelas enquanto eles matam minha namorada?! - perguntou o rapaz revoltado.
- Não. Mas eu espero que você volte a essa cidade com um exército te esperando para lutar por você.
- E como exatamente eu teria isso?
- Cass Caruso e Steve têm inimigos. Você tem dinheiro. Que tal comprar uma gangue?

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acordou sentindo uma tonteira absurda e dores muito fortes. estava deitado ao seu lado, encarando-a com seu rosto perfeito.
- ... - falou com a voz fraca. - Eu acho que vou vomitar.
- Você está há muito tempo sem comer. Vou buscar algo para você.
- É sério, eu preciso vomitar. Me leva pro banheiro, pelo amor de deus. - implorou a moça.
O rapaz de prontidão a pegou no colo, arrastando-a para o local lentamente. sentia dores por toda a parte.
- Como está a minha cara? - perguntou baixo.
- Fica tranquila, linda. Eu vou chamar um médico aqui para você. – falou, sentando ela no chão. - Vou mandar as empregadas voltarem e enquanto isso te faço um lanche.
ignorou o que ele disse e vomitou qualquer coisa que tivesse dentro de si, sentindo a tonteira passar por alguns instantes.
Quando se sentiu mais aliviada, levantou-se devagar e olhou-se no espelho. Uma lágrima escorreu ao se ver quase irreconhecível. Steve tinha que pagar pelo que estava fazendo e já sabia exatamente como. Tudo que ela precisava era de um celular.

xx

Jack levantou cedo e pegou seu carro esporte para dirigir até o outro lado da cidade. A casa na qual vivia não ficava exatamente próxima a Strip, rua dos cassinos. Mas toda vez que chegava naquele local, sentia-se com 20 anos outra vez, entrando com seu melhor amigo Parker no mundo da perdição e dos jogos de azar.
Ele sentia falta de Parker todos os dias. Também levava consigo a culpa pela sua morte, afinal, fora ele quem pedira que o amigo voltasse mesmo sem uma boa proteção. Porém via em sua redenção. Protegera por toda a vida o rapaz com unhas e dentes, espantando prostitutas, controlando gastos, impedindo-o de fazer amigos suspeitos. Falhara com . Mas no final das contas, chegava à conclusão que todo homem poderoso tem por detrás de si uma mulher mais poderosa ainda. Seu fim ou sua ascensão estará sempre ligado a forma com a qual se lida com a tal. E já que o fim de seu garoto estava fora de questão, Jack teria que dar um jeito de fazer com que ele resolvesse a questão feminina, dessa vez de forma certa.
E foi isso que ele foi fazer quando chegou ao Flamingo Hotel, um dos cassinos mais antigos da Las Vegas Boulevard. Saltou do carro, entregando a chave ao guardador, e entrou no glamoroso hall dourado do lugar.
- O senhor deseja um quarto? - perguntou a recepcionista antes que Jack pudesse sequer tocar a bancada.
- Não. Preciso falar com Sasha Lansky. Diga que Jack Hettfield está aqui para vê-lo.
- Queira aguardar um instante, por favor.
A moça puxou o telefone e falou rapidamente em uma língua desconhecida. "Russo, óbvio", pensou Jack. Ele aguardava enquanto ela discutia rispidamente com alguém na outra linha.
Bateu de prontidão o aparelho, virou-se e disse:
- Sr. Hettfield, pode subir. Sétimo andar.
Ele murmurou um "obrigado" a ela e seguiu para os elevadores, pegando o primeiro que se abriu para ele. Apertou o botão dourado com um sete e aguardou calmamente. Quando a porta se abriu, dois homens louros fortes como armários estavam postados ali.
- Hettfield? - murmurou um deles com um sotaque russo forte.
- Eu mesmo. - respondeu Jack, saindo do elevador.
- Venha conosco.
Caminharam juntos até um dos quartos. O armário louro, que até agora nada tinha dito, abriu a porta indicando-a a Jack, que entrou no local.
Não era nada diferente de nenhum escritório de mafioso que ele já tivesse visitado. Talvez só a temperatura glacial do ar condicionado e as fotos históricas em alguns cantos, mostrando a época da Rússia Czarista.
"Russos capitalistas conseguem ser mais doentios que americanos" Pensou consigo mesmo.
No centro do local, estava uma mesa imponente, dourada como todo o hotel, e um homem musculoso, de traços grossos e cabelos pretos, estava sentado mexendo em papéis.
- Como vai, Jack? – perguntou, abrindo um sorriso.
- Achei que talvez não fosse se lembrar de mim, Sasha.
- Eu não me esqueço de ninguém. O dia em que você apareceu aqui implorando a ajuda de meu pai nunca saiu da minha mente. Principalmente após aquela noite no Royale.
- É... A ajuda de seu pai teria sido de bom grado.
- Ele teve os motivos dele para não querer lhe dar suporte. - falou o homem. - Eu não entendia na época, mas hoje entendo. Tocar esse negócio é muito mais difícil agora que eu sou o dono. Mas sente-se, Jack. Quer um pouco de vodka?
- Eu aceito sim, mas, por favor, misturada. Não sei se aguento a vodka russa assim pela manhã. – falou, rindo.
- Vladmir, peça a Anya para servir bebidas para nós. Misturada pro Jack. - ordenou Lansky a um dos homens na porta.
- Sim, Sr. Lansky.
- Bom, Sasha, eu queria te pedir uma ajuda. - começou Jack.
- Vocês sempre querem. - falou ele, com um sorriso bem humorado.
- Eu não sei se você já ouviu falar no meu sobrinho, ...
- Filho do Parker? Já sim. Graças a deus ele nunca colocou os pés aqui, ou teríamos falido. Ele parece gostar de brincar com o dinheiro do Caruso e do mesmo.
- Ele é um rapaz bom. Só joga no cassino Jack porque gosta de lá. Acontece que o pessoal daqui quer a cabeça do rapaz num espeto.
- Espera, espera aí. - cortou Sasha. - Você não vai me pedir o que pediu ao meu pai há 23 anos, não é Jack?
- Vou. Eu preciso que você proteja o , ou vai acontecer com ele o que aconteceu com Parker.
- Eu sei que fiquei com pena de você na época, mas eu era um moleque de dezessete anos e não entendia nada de negócios. Hoje eu sei que não podemos sair comprando briga com qualquer mafioso rico. E por favor, você quer que eu compre briga pela vida de um moleque que só da prejuízo nessa cidade, Jack. Mande ele para fora do país rápido, cate as coisas e suma.
- Ele está fora do país, mas quer voltar.
Nesse momento, uma mulher loira entrou na sala com uma bandeja e dois copos. Serviu a eles e saiu.
Sasha deu um longo gole antes de dizer:
- Se você me disser que seu sobrinho quer voltar por causa de uma piranha, eu realmente não vou ajudar.
- É a namorada dele, Sasha. sequestrou ela e está fazendo o diabo com a garota. Ontem ele mandou fotos do rosto da moça todo desfigurado.
- Eu adoraria matar esse psicopata, mas ainda não me parece boa coisa. Que mal lhe pergunte, quem é a garota dele?
- .
Sasha riu irônico.
- Puta que pariu, Jack. Essa vagabunda transou com meu irmão ano passado e roubou 200 mil dólares dele. Você quer que eu arrume uma briga para salvá-la? Só pode estar de brincadeira com a minha cara.
- Sasha, eu não sou burro. Eu sei o que isso te custa. Mas não pretendo te deixar de mãos abanando nessa.
- E o que é que você vai me dar para que eu ajude o seu sobrinho e a namorada se mandarem da cidade vivos?
- Você já ouviu falar no segredo dos ?

xx

- Acho que está tudo bem com a .- falou o doutor Carlson por fim.
estava deitada na cama sendo examinada há um bom tempo. Ainda se sentia tonta e enjoada, mas a dor no rosto parecia aliviada pelos curativos e anti-inflamatórios. estava sentado ao seu lado segurando sua mão.
- Você precisa ver mais alguma coisa, doutor? Estão me ligando no trabalho e eu preciso passar lá por algumas horas.
- Na verdade, eu gostaria de acompanhar mais uma alimentação da . Preciso ver se ela ainda vai ter algum tipo de tonteira ou refluxo, se é necessário dobrar a quantidade de remédio de enjoo... Esse tipo de coisa. Mas se o senhor quiser, Sr. , pode pedir na cozinha que preparem um sanduíche e um suco de laranja para ela e ir trabalhar. Acompanho a refeição dela e, se estiver tudo bem, vou embora.
- Acho que vamos ter que fazer isso. Vou indo então, Princesa. – falou, dando um beijo leve no topo da cabeça da garota que nada respondeu. - Até mais, Doutor Carlson. Obrigado pela ajuda.
Quando bateu a porta do quarto, o médico encarou e sorriu.
- Queda da escada, né?
A garota confirmou com a cabeça, sentindo o coração acelerar.
- Sabe, . Eu não posso reportar nada do que vi aqui hoje, afinal, existe uma coisa chamada sigilo médico. Mas se você me contar e me der permissão, eu posso ir à polícia e...
- Não. Pelo amor de deus, doutor, ficou louco? - sussurrou a garota. - Eles te matariam. A única polícia que poderia me ajudar é a federal, mas eles não se envolvem em casos domésticos.
- Eu só quis ajudar. Faria uma denúncia anônima.
- O senhor conhece Steve e Cass Caruso?
- É claro. - disse o homem.
- Então deve saber com o tipo de gente que eu me meti.
- Existe mais alguma forma de te ajudar sem que eu acabe morto? - perguntou ele.
- Na verdade, existe sim. O senhor pode me emprestar seu celular e olhar a porta enquanto eu uso ele. Depois obviamente apagar o registro da ligação.
O médico sacou do bolso um iphone e entregou na mão da garota.
- Use com sabedoria. – disse, sorrindo.
colocou no modo de número desconhecido e discou a combinação que decorara no intuito de ligar caso um dia estivesse nessa situação. Fechou os olhos e rezou para que tivesse resposta.
- Quem fala? - disse uma voz arrastada no telefone.
- Terrence. Graças a deus. Sou eu, . Sua filha.
- Criança. A que devo a honra?
- A coisa fedeu, puta velha. - falou nervosa, da forma mais incisiva que conseguiu. - Lembra daquela caixa que eu te dei no mês passado? Você precisa pegá-la e levar na polícia federal. Conte a história triste que eu te ensinei. "Dei minha filha em adoção e ela foi abusada sexualmente, então juntou essas provas e me entregou para que caso um dia algo acontecesse com ela, todos soubessem quem era seu pai adotivo de verdade". Depois disso, abra a caixa e pegue o número da conta e as senhas que eu deixei para você. Nessa conta tem uns 500 mil reais. Transfere tudo para a sua e se manda daqui. A polícia federal provavelmente vai te oferecer de entrar no programa de proteção, e se eu fosse você, aceitava.
- Mas você não chantageia o ? O que é que aconteceu?
- Ele não sabe que eu andei catando as ilegalidades dele por aí. Ele acha que eu só tenho aquela gravação que eu te entreguei quando tinha 16 anos. E, mesmo assim, ele nem sonha que você tenha uma cópia disso. Todas as outras cópias existentes estão com ele, só a sua ainda está segura. Se você não levar essas coisas na polícia o mais rápido possível, eu vou acabar morrendo aqui.
- Calma, criança, eu vou ajudar. Só deus sabe o quanto eu te amaldiçoei quando te dei por 10 mil dólares aquele homem. Achei que, talvez, você fosse ter uma vida melhor vivendo numa família rica. Mas acho que se tivesse te deixado aqui comigo no bordel, talvez você visse menos sujeira nessa sua vida. Faça o possível para se cuidar. Vou tentar resolver isso para você.
- Obrigada, mãe. - falou sinceramente, sentindo uma lágrima escorrer.
- Não há de que. Sei que você banca a golpista durona, mas é uma boa menina. Faça o possível para sobreviver. Farei a minha parte para ajudar.
Quando desligou o celular, entregou ao Dr. Carlson.
- E agora, srta. ?
- Agora, tudo que eu posso fazer é te agradecer. E rezar.

Capítulo betado por Bruna Kubik



VINTE


Jack Hettfield, ou Jack Muller, como se chamava há tempos, aguardava seu sobrinho no aeroporto de Las Vegas. Estava tranquilo, com as mãos nos bolsos, esperando pacificamente. Ao seu lado, Vladmir e Greg, capangas de Lansky, aguardavam junto dele.
"Está tudo dentro dos planos." Pensou Jack. "Dessa vez, vai dar certo. Essa vai ser por Parker."
Quando viu caminhar pela porta do desembarque com sua mala simplória, quase gritou o nome do antigo amigo. O garoto era tão parecido com o pai que chegava a doer nele. O semblante apreensivo do sobrinho nesse momento, no entanto, o diferenciou do progenitor que era sempre relaxado e tranquilo.
- É ele. - sinalizou Jack para os russos. - Vou até lá explicar a situação.
Os dois assentiram e ele virou de costas em direção ao sobrinho. Quando o olhar de encontrou o seu, o garoto apertou o passo quase numa corrida.
- Jack. - disse o rapaz, abraçando-lhe. - Cadê ela?
- É bom te ver também, . - falou, com a voz carregada de ironia.
- Eu não estou brincando. Você sabe como eu tenho me sentido por saber que nesse exato momento ela está sofrendo? Morto.
Encarou o rosto do rapaz e notou ali que finalmente tinha o chegado o momento. Ele não era mais o garoto que queria apostar todo o dinheiro que tinha em uma jogada arriscada. Era homem feito, carregando as responsabilidades de amar alguém que precisava dele.
Jack sentiu orgulho.
- Vamos salvá-la, .
- O que você combinou com Lansky mesmo? Não lembro de ter mencionado.
- Vamos dar a ele o segredo.
ficou branco.
- Por um acaso você surtou? Que segredo, Jack? Você sabe muito bem que eu não tenho um segredo! Essa é só uma lenda que a gente deu continuidade para todo mundo ficar com medo de mim.
- Opa, peraí, garoto. E tudo o que eu te ensinei até hoje? E a tática do jogador perfeito? E a carta Hettfield que o Parker usava e eu te dei?
- A carta é só um amuleto de sorte! Ela e um pé de coelho tem a mesma finalidade! Espera só para dizer ao bandido que o segredo é esse. Vamos morrer todos.
- Eu sei o que estou fazendo, . Dá pra se controlar e confiar em mim?
O rapaz mordeu o lábio, nervoso.
- Dá.
- Tudo bem, vamos para casa. Lansky vai tentar fazer o contato avisando a trupe dos bandidos que você voltou por .

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prendeu o choro mais uma vez aquela manhã. estava se movimentando por cima dela.
Aquilo era estupro, não era? Afinal, se dissesse "não", possivelmente teria terríveis consequências. E ela simplesmente não aguentava mais apanhar.
Eles a haviam vencido pelo físico. Teria que passar o resto de sua vida consentindo, ou esperando que tivesse um plano para resgatá-la.
Até nisso sua mente martelava. Fazia duas semanas desde o telefonema e ele não movera ainda um músculo para tirá-la dali. A parte que o amava estava feliz por ele ter feito o possível para sobreviver. Mas a parte que acreditava ser amada se sentia terrivelmente aprofundada em decepção.
A única chance remanescente de escapar era a possível denúncia que, talvez, sua mãe biológica tivesse feito.
"Mas do jeito que essa puta é drogada, é capaz dela ter vendido essa merda pro Steve só pra arrumar mais heroína", pensou.
terminou e saiu de cima dela, sorrindo. Seu estômago embrulhou.
- Vem, amor, vamos descer para o café.
o ignorou sem fazer nenhuma questão de se mostrar feliz. Foi para o banheiro e vomitou como fazia quase todas as vezes que ele a forçava a fazer sexo. Depois se enfiou no banho e, ao sair dele, vestiu uma roupa para descer.
Ainda nas escadas, percebeu uma movimentação peculiar pela casa. Quando chegou à sala, seus olhos puderam se deparar com meia dúzia de homens fardados e um vestido de terno e gravata.
- Sou o Detetive Michaels. - disse este.
- Eu só quero saber o que todos esses policiais estão fazendo na minha casa.
- Temos um mandado de busca. Estamos procurando provas para investigações contra Steve . E precisamos levar o senhor para depor.
fez barulho para que fosse ouvida.
a olhou rapidamente, com uma cara nada satisfeita.
- Volte lá pra cima, eu vou resolver umas coisas e já retorno. - disse a ela, secamente.
- Você é ? - perguntou um dos policiais.
a furou com os olhos, quase como se a ordenasse a mentir. Fingindo não ver, acenou com a cabeça.
- Então, você também vem com a gente. - falou o detetive Michaels.

xx

- Srta. ? Queira fazer o favor de me acompanhar. - chamou uma policial loira cuja farda dizia se chamar "Parpynter".
fora escoltada para a delegacia junto com . Durante todo o caminho, ele não dissera uma palavra sequer. Provavelmente sabia que ela estava por trás daquilo. não queria vê-lo preso, mas não podia negar que se sentiu alviada.
A sala na qual ela entrou era gelada como o inverno do Canadá; Sua primeira reação foi abraçar o próprio corpo. Tudo era escuro e a mesa e as cadeiras de ferro. O detetive Michaels estava sentado logo à frente.
- Acho que ela está com frio. Parpynter, traga uma manta e uma xícara de chá bem quente para a Srta. . - disse, amigável.
A garota sorriu de leve, satisfeita com a atitude terna do detetive. Caminhou até a cadeira e sentou-se.
- Srta. , algumas semanas atrás sua mãe biológica apareceu por aqui com uma caixa de gravadores, fitas e coisas do gênero, que ela dizia terem sido recolhidas por você. Todas elas incriminavam Steve de crimes federais.
A oficial voltou com os pedidos do detetive. se encolheu na manta e bebeu um gole da caneca, sentindo-se instantaneamente mais relaxada e aquecida.
- Eu a instruí que fizesse. - disse ao homem após se acomodar.
- Instruiu que fizesse?
- Eu sempre tive medo de morrer. Que ele me matasse. Então deixei a cargo de Terrence fazer isso caso eu sumisse.
- Por que você não denunciou antes?
- Eu tinha muitas coisas a perder detetive. Agora eu...
Ela por algum motivo não quis terminar aquela frase.
- Me explique sua relação com ele.
A moça pigarreou.
- Cheguei a casa deles com um ou dois anos de idade e nunca fui tratada como filha por ele. Quando eu fiquei adolescente, ele começou a me assediar sexualmente.
- Ele... Te estuprou?
- Ele tentou, muitas vezes. Na primeira, ouviu e me socorreu. Daí passei a dormir no quarto dele toda vez que Steve estava em casa.
- Já chegou a abusar de você de alguma forma?
- Bom, sim. Nas vezes que tentou me forçar ou... Bom, eu não tinha um olho nas costas, entende? Ele passava o tempo todo me espreitando e tentando ficar sozinho comigo, e às vezes conseguia. Eu não...
Ela não foi capaz de continuar. Aquele assunto a deixava nervosa, enojada e com vontade de chorar.
- Tudo bem, srta. , acho que você já foi bastante clara. Quando isso parou?
- Aos 16 anos eu tive a ideia de nos gravar em um desses momentos que ele tentava fazer esse tipo de coisa comigo. Gravei, fiz cópias, as escondi e mostrei uma delas a ele dizendo que iria a polícia se ele voltasse a me incomodar.
- Isso o parou?
- Hoje eu não entendo exatamente o porquê muito bem, mas sim. Ele jamais teria sido preso com o tanto de dinheiro que tem. Talvez ele não tenha querido confusão. Eu não valia tudo aquilo.
- Por isso que você pediu a Terrence que levasse essas gravações que juntou à polícia federal?
- Sim. E nas gravações há algumas indicações de envolvimento com de envolvimento com tráfico de drogas e prostituição internacional, que são crimes federais. Coloquei várias escutas no escritório dele da mansão.
- Veja bem, , você foi inteligente e isso não há como negar. A polícia da cidade, de fato, não lhe ajudaria. Acontece que os federais vão investigar as suas denúncias, mas elas não são provas. As únicas provas de crimes de Steve que temos é dos abusos e agressões que você sofreu. E estes são crimes civis. Eu fui chamado pelo delegado para conduzir seu caso porque sou um homem ético da polícia da cidade, mas você precisa saber que se quiser prosseguir com isso, tem muitas chances dele se safar.
- Eu só quero ir para longe deles.
- O que houve com você recentemente? Mencionou que sua mãe achou que estivesse desaparecida, e está claramente ferida e assustada.
- Eu estava concorrendo no campeonato mundial de pôquer em duplas. Fui para a segunda fase em Ibiza, mas voltei pois recebi um telefonema de dizendo que minha mãe adotiva, Naomi , estava morta.
- Ela está morta? - perguntou o detetive, parecendo surpreso.
- Eu creio que sim. Não cheguei a ir ao enterro, pois logo no aeroporto Steve e seus capangas me buscaram, me enfiaram em um quarto e eu tenho sido espancada e presa lá.
- Seu irmão adotivo sabe disso?
ficou nervosa. Não queria que fosse preso, por mais doente que isso pudesse soar. Só queria distância dele.
- Ele me protege. É o pai dele. Ninguém quer denunciar o pai.
- E Cass Caruso?
Se acusar Steve era tiro no escuro, acusar Cass era no pé. Além de rico e influente, ele era político. O melhor era fingir que ele nem existia.
- Só sei que ele é parceiro de negócios do Steve. Não temos uma relação muito próxima.
Michaels a encarou, desconfiado. Mas antes que pudesse dizer qualquer coisa, a porta se irrompeu.
Um rapaz moreno, forte, usando um terno de corte perfeito e com um sorriso luminoso entrou na sala.
- Boa tarde. , por favor, nem mais uma palavra.
O detetive Michaels o olhou com ódio.
- O que faz aqui, Price?
- Sou o advogado da Srta. . - respondeu, simples. Virou-se para com seu sorriso galante e disse: - , Charles Price. Seu advogado e ao seu dispor.
- Quem mandou você aqui? - perguntou ela.
- Price, ela não está sendo acusada de nada. Não há necessidade disso.
- Ela ainda não está sendo acusada de nada, você quis dizer. Porque até onde eu sei, detetive, falsos depoimentos à polícia podem levá-la a ser processada. - retrucou o advogado.
- Eu não estou depondo falsamente!
- Querida, deixa que eu resolvo, tudo bem? - disse o rapaz, colocando a mão no ombro dela docilmente, como quem manda uma criança se calar em meio a uma conversa de adultos.
- Como assim, falso depoimento? Como você diz que a sua cliente está mentindo, Price? - questionou Michaels, revoltado.
Charles abriu a pasta que carregava e, de prontidão, puxou um papel.
- Esse é um atestado médico da psiquiatra mais conhecida da Universidade de Las Vegas, Marianne Williamson. Se ler isso, vai descobrir que sofre de uma série de doenças psicológicas causadas pelo tempo difícil que passou na infância. Uma delas é a mitomania, doença da mentira. Mas se puder, Michaels, leia isso lá fora. Preciso de alguns minutos a sós com minha cliente.
- Eu não sofro de doenças psicológicas! - esbravejou .
- É claro que não, querida. - falou o advogado com certa ironia, como se estivesse ainda falando com uma criança.
- E esses ferimentos? Ela se bateu?
- Na verdade, sim. Leia o atestado. Ela sofre de esquizofrenia e isso pode ser uma reação de portadores da doença.
- E quanto às gravações do , hein, Price? Ela mentiu sobre isso também?
- Gravar alguém dizendo que vai fazer algo não é prova alguma, Michaels, e você sabe disso. Se eu disser que vou lhe dar um tiro se não me deixar falar a sós com a minha cliente, você poderá me prender agora?
- Não, mas...
- Você recebeu as gravações como uma denúncia de Terrence e tem todo o direito de investigá-las. No entanto, em primeiro lugar, temo lhe dizer que perderá tempo, já que Steve é um homem totalmente íntegro. E eu não vou deixar que você interrogue minha cliente sem que ela esteja em seus plenos direitos para depois ter margem de processá-la caso seus depoimentos sejam comprovados falsos, como serão. Agora será que dá para eu ter um tempo a sós com ela?
Visivelmente irritado e contrariado, Michaels levantou e saiu.
- Ufa. Pensei que ele não fosse sair nunca. - reclamou Charles, com a voz leve.
- Quem te mandou aqui? - perguntou , irritada. - E como assim eu tenho mitomania? Que merda é essa?
- Olha, eu vou te contar, você me fez ter trabalho. Foi díficil abaixar todo esse auê e fazer eles liberarem e Steve. Você é mesmo esperta.
- Eles foram liberados?
- Não precisa ficar nervosa. Ninguém mais vai te machucar. Agora você já colocou Steve na mira dos federais e qualquer coisa vai ser motivo para que ele volte a ser chamado aqui. É bem provável que ele te deixe em paz. Mas eu não vim por isso. Cass me mandou aqui.
- Cass?
- Sim. Ele mandou que eu te dissesse que isso não é uma ameaça, mas que se você quiser prosseguir com essa história, pode acabar colocando a vida do seu namorado em perigo. E que ele tem uma troca bem justa para fazer com você caso você retire as acusações.
- Troca? - perguntou confusa.
Michaels entrou na sala de novo.
- Isso aqui não é um Talk Show, Price, por mais que você goste de fazer esse tipo de apresentação glamorosa. Preciso terminar de fazer perguntas a ela.
- Na verdade, estamos indo embora. - disse ele, puxando pelo braço. - Minha cliente está invocando seu direito de permanecer calada. Não é? - questionou ele, olhando .
Algo dentro dela a fez dizer:
- É.
- Não tenha medo deles. - disse Michaels, aproximando-se da garota e puxando um papel do bolso. - Qualquer coisa que você precisar, você pode me ligar que eu resolvo o caso pessoalmente.
- Obrigada, detetive. - falou, sincera, pegando o cartão.
- Venha, . - ordenou Charles, puxando-a para fora da sala.
Quando saíram da delegacia, Cass Caruso, vestindo seu terno roxo exuberante os esperava olhando curioso.
- Ai está você, menina travessa. Venha, vou te levar para casa. Obrigada pela ajuda, Chuck. - disse ao advogado.
- Disponha, Cass. - respondeu Charles. - Até mais, .
E o belo advogado seguiu pela rua, entrando em um luxuoso carro. e Cass ficaram sozinhos e novamente ela sentiu medo.
- Você é a pessoa mais espertinha que eu já conheci. E a mais subestimada também. Quase que você leva todo o nosso plano por água abaixo em meio segundo, sabia disso? - falou ele.
- Sem querer parecer audaciosa, mas esse era o objetivo. - retrucou a garota.
- , eu deixei as coisas serem conduzidas pelo Steve por tempo demais. Ele já teve a sessão de sadismo dele. Agora eu cuido da situação.
- Como assim? - perguntou a garota.
- Em primeiro lugar, da próxima vez que esse pessoal te ligar, quero que você diga que está retirando qualquer acusação que tenha feito.
- Cass, novamente sem querer parecer audaciosa, por que eu faria isso?
- Para alguém que não quer parecer audaciosa, você quase cospe audácia. - retrucou, irônico. - Mas eu tenho uma coisa para você. Se retirar as queixas, levo você até sua mãe.
- Terrence? - perguntou confusa.
- Não, bobinha. Naomi. Ela está viva e escondida. Eu não deixei Steve matá-la.

VINTE E UM


tremeu o tempo todo que passou sentada ao lado de Cass Caruso no banco de trás do carro chique dele. O motorista os levava para longe e ela quase se arrependia de não ter permanecido na polícia.
Ela nunca se sentira tão assustada quanto vinha se sentindo nos últimos tempos. Parecia ter a sensação de que seria agredida a qualquer momento, por qualquer pessoa. E ela sabia de quem era a culpa.
Steve . Ela quase o vencera dessa vez... Passou tão perto! mordeu o lábio, soltando um suspiro. Moveu-se desconfortável no banco.
- Fica calma, garota. - resmungou Cass. - Você não para de se sacudir.
- Eu queria saber para onde a gente vai. - disse ela apreensiva.
- Já te disse, . Ver a sua mãe. - respondeu rolando os olhos. - Pare de ser tão desconfiada! Eu não sou o Steve. Não vou te machucar.
- Não é como se você me tratasse exatamemente bem, Cass. - falou a garota. - Eu tenho meus motivos para não me sentir confortável.
- Perto do que seu papai faz, eu sou sim um anjo. E eu faço muitas coisas por que sou um bom ator, sabia?
deu de ombros e se recostou na cadeira. Não sabia se era mentira, mas não havia opção melhor. Se sua mãe estivesse mesmo viva, ela era a coisa que mais lhe importava. E se a matassem ou a machucassem muito, a polícia iria saber. Podia relaxar ao menos um pouco.
Quando o veículo parou de frente para uma luxuosa casa branca, olhou Cass.
- Sim, chegamos, antes que você pergunte. - disse ele.
- E que lugar é esse?
- A casa do meu pai. Onde eu hospedei confortavelmente a sua mãe e vou te hospedar por um tempinho, até que tudo se resolva.

xx


e Jack se olhavam apreensivos enquanto Sasha Lansky rodava raivoso pela sala da casa luxuosa dos .
- Olha, Sr. Lansky, o senhor pode acreditar. O negócio de fato funciona. - disse tentando parecer calmo.
- Que funciona com você é bem óbvio. Mas vai funcionar com os meus garotos? Eu estou investindo tempo e ocupação nessa operação aqui. Para salvar aquela puta golpista da sua mulher. Esse tal desse segredo não me parece nada infalível ou satisfatório. - cuspiu o russo.
- Nós vamos te dar a carta. Ela é a única coisa que temos do Parker. O resto é extremamente teórico. O único jeito simples de ser bom, em qualquer atividade que se faça na vida, é através de prática, Sasha. - disse Jack.
- Eu só não mato os dois nesse instante porque existe a chance de faturar 10 milhões de dólares naquele torneio de semana que vem. E eu vou querer cada centavo. Vocês me entenderam?
- Você terá, Sasha. O que eu quero é só sair vivo dessa cidade com a minha mulher. - defendeu-se .
- E tem mais uma coisinha... Eu quero que o Jack fique para treinar meus garotos com essa história de tática.
- Não, Sr. Lansky, o Jack é como se fosse meu pai! Quando eu for embora eu quero que ele...
- Tá tudo bem, . - cortou-o Jack, com a voz tranquila.
- Eu vou ligar para o Cass. - disse Sasha por fim, sentando-se na poltrona.
voltou seu olhar horrorizado a Jack e sussurrou:
- Porra, você surtou? Primeiro você aposta essa merda desse segredo imbecil e depois você promete ao russo que vai ficar aqui sendo "adestrador dos russos do pôquer" dele?
- Você precisa relaxar. - respondeu o mais velho, olhando para frente e fitando Sasha Lansky discar números com seu celular.
- Relaxar, Jack? Puta que me pariu! - murmurou.
- Não fale assim da sua mãe. - repreendeu.
- Eu falo daquela puta como eu quiser. Aliás, por que é que você defende ela tanto assim? Aliás, quem é ela? Se eu vou morrer você poderia ao menos me contar as coisas que tem me escondido a vida inteira.
- Nós não vamos discutir isso aqui, com a porra do russo maluco segurando um celular e uma arma, tá legal? - ralhou Jack em baixo tom. - Se contenha, garoto! Você não nadou até aqui para morrer assim de bobeira!
se recostou na cadeira, tenso, e cruzou os braços. Tudo o que ele queria era estar com , e não ali naquela porra de mundo doentio, no qual todo mundo achava que ele era algum tipo de máquina de cédulas com poderes mágicos.
As vezes ele odiava Jack por tê-lo ensinado a jogar pôquer, a apostar, a entender tudo de lógica e probabilidade. As vezes ele queria ser só um cara comum, não um campeão. Mas ai ele lembrava que se nada daquilo estivesse acontecendo, ele jamais teria tido ela. Manter isso em mente o fazia sentir melhor.
Estava viajando em seus pensamentos quando ouviu a voz do russo reverberar.
- Cass. Aqui quem fala é Sasha Lansky.
O homem indicou o celular para e Jack, colocando-o fora do ouvido. O rapaz presumiu que fosse estar no viva-voz.
- O que você quer, seu russo capitalista maldito?- rosnou a voz do prefeito pela sala.
- Não é o Steve que está com ela? - questionou , confuso.
- Eles são da mesma laia. - murmurou Jack. , por alguma razão, não acreditou nas palavras do tio.
- Fiquei sabendo que vocês estão desfalcados. Espero que Steve seja um sucesso na cadeia. - falou Lansky, sorrindo maldoso.
- Ué mas se ele está na cadeia... - começou novamente.
- , cala essa boca. - cortou Jack. - Ouve a conversa e fica quieto.
- Ele já vai pagar a fiança. Foi só um truque daquela espertinha ardilosa. Mas já está sob controle.
- Truque ou não, o que importa é: Steve está preso e eu estou com o garoto de ouro. Já você tem a vadia de ouro. Juntos eles podem vencer um campeonato de 10 milhões de dólares, que podem ser divididos por nós.
- E se eu não quiser? O garoto só está de volta a cidade porque queremos o segredo dele e a cabeça em um espeto. Não quero ele em campeonatinhos.
- Senhor Caruso, eu só quero a minha namorada de volta. - se manifestou , nervoso.
- Cala a boca, ! Meu Deus! - ralhou Jack. - Deixa a porra do Sasha resolver isso.
Sasha olhou com desprezo.
- Garoto, isso é conversa de adulto.
- Ele quer a namorada, Lansky. Deixe o rapaz falar.- disse Cass, rindo ao telefone.
- Bom, foda-se isso. Se você não quiser, eu posso começar a mandar ele jogar em uns cassinos seus bem lucrativos, disfarçado e com alguns seguranças. Tipo o Bellagio. O rapaz pode te falir, me deixar rico e você nem vai ficar sabendo. - disse Sasha rindo. - Vamos lá, Cass. Vai juntar a putinha com ele para o campeonato ou não? É pegar ou largar.
- Sabe de uma coisa, Sasha? Dinheiro não faz falta pra mim como pra você, mas é sempre bom. E a fiança do Steve não foi nada barata. Vou colocar aquela vagabunda pra pagar o prejuízo que ela me deu. Vamos sim colocá-los na competição semana que vem.
- Bom menino, Cass! Você sabe o que faz.
- Eu quero ver a !- manifestou-se , de novo. - Me enviaram uma foto do rosto dela completamente desfigurado! Eu preciso saber se ela está bem.
- Ela está ótima garoto. Você pode visitá-la, se quiser. Venha com seu tio, seus capangas e todo mundo. - falou Cass.
- Você acha que eu vou cair nessa, Caruso? Deixar o meu garoto se enfiar no seu ninho pra você matá-lo? - rosnou Sasha.
- Tudo bem.- bufou Cass. - Eu levo a garota onde vocês quiserem. Mas ela não vai sem seguranças.
- Tragam ela pra cá. - manifestou-se Jack. - É até bom para que eu possa instruí-la melhor para o jogo.
Sasha suspirou.
- Acho que estamos certos então. Até amanhã, Caruso.

xx


- Esse é o quarto da senhorita. - disse a empregada, ao abrir a porta.
Era todo pintado de branco, tinha uma tv, um armário grande e uma cama no centro. Parecia aconchegante e respirou fundo.
- Obrigada por mostrar, mas... Eu queria saber quando vou poder ver a Naomi. - falou apreensiva.
- Querida, ela não está no momento. Saiu a passeio. - disse a mulher com um sorriso calmo. - Ela faz isso o tempo todo.
- Ela sai de casa? - perguntou a garota, chocada.
- Sim. A senhora tem muita liberdade por aqui. No que isso a espanta? - questionou erguendo a sobrancelha.
sorriu amarelo.
- Não é nada. Acho que vou aproveitar enquanto ela não chega para tomar um banho e descansar.
- Faça isso, querida. Há roupas no armário. Eu a chamo quando Naomi estiver de volta para a janta.
Quando a porta bateu e se viu, pela primeira vez em tempos, completamente sozinha, ela respirou aliviada.
Por que Cass estava tratando-a bem? Por que sua mãe estava ali naquela casa, dando passeios pela rua e sem fugir, ou telefonar? Algo estava errado naquele lugar.
A garota, no entanto, nada podia fazer naquele momento. Por isso, optou por um banho quente e bem relaxante.
Ao sair do chuveiro, se deparou com um armário cheio e com roupas que pareciam ter sido escolhidas milimetricamente para ela, por alguém que a conhecia. Aquilo tudo estava estranho demais para que aceitasse sem matutar.
Porém, estava tão cansada que limitou-se a vestir uma blusa e um short largos de pano, fechar a porta do armário, se atirar contra a cama e dormir. Pela primeira vez em semanas, sem medo de ser violentada.

xx


- Acho que nem preciso dizer quantas vezes eu avisei que isso aconteceria. - resmungou Cass novamente.
Steve estava calado, sentado na mesa da sala da mansão , observando o copo de uísque com ódio.
- Aquela vagabunda... - murmurou.
sentia medo do pai quase sempre. Mas naquele momento, ele tinha certeza que nunca o vira tão assustador. Era provável que se estivesse ali, ele a matasse sem sequer ponderar a questão. Isso o fez agradecer mentalmente a Cass por tê-la levado para longe.
O rapaz fora levado pelo carro de polícia mais cedo naquele dia e sofrera inúmeros interrogatórios. Sobre , sobre seu pai, sua mãe e até mesmo sobre Cass. Fora um dia tremendamente estressante, e ele só podia agradecer pelo fato do prefeito ter lhe mandando um advogado e pagado a fiança de Steve.
Mas o que ele não entendia era como. Como tinha conseguido arquitetar um plano debaixo de seu nariz para levar todos eles a ruína? Ele não a deixava descansar nunca. Ficavam juntos a todo tempo, faziam amor, e ele cuidava de seus machucados. Ela jamais ficava livre para fazer coisas do tipo.
- Foi mesmo a que armou pro pai?- questionou.
Cass o olhou e sorriu.
- Foi sim. Ela deu um jeitinho brilhante. Essa garota é mesmo impossível.
- Ela não é impossível. - falou Steve ainda sem olhar. - Ela não foi vigiada direito. Imbecil. - cuspiu, agora voltando seu rosto para o filho. - Você fica ai, pagando paixão pra ela! Ela é uma prostituta! Você entende isso, seu saco de merda?
nada disse. Apenas abaixou a cabeça.
- Isso, covarde. Se curve mesmo. Você era mais homem quando tinha catorze anos e dizia que só você ia comê-la. Quem mandou virar um moleque apaixonadinho?! Nós poderíamos estar terminando o que começamos! Poderíamos vingar a porra da família! Esse era o seu trabalho desde o início, garoto! - berrou o mais velho.
- Pai, eu não tive culpa. A foi vigiada, eu juro, eu...
- Você e eu combinamos que íamos matar aquela cria do inferno do Parker. Não era você, moleque, que chorava por que sua mãe não te amava? Ela não te ama mesmo. Você tem razão. Ela ama o outro filho dela. E sabe quem mais não ama a você e ama ele? A vagabunda. Mas mesmo assim parece que você não consegue focar no que deve ser feito. Nós precisamos matá-los, . Você precisa fazer isso em nome dessa família, seu garoto imbecil.
queria chorar, mas sabia que se o fizesse na frente de seu pai, seria muito pior.
- Me desculpa, pai. Eu vou te ajudar. Vou matá-la se for preciso, eu juro. - implorou o rapaz.
Cass, que estava achando aquela cena um tanto quanto patética, resolveu intervir:
- Sabe, não foi exatamente culpa do garoto, Steve. A deixou uma caixa cheia de provas contra você com uma pessoa da confiança dela e, por algum motivo, essa pessoa entregou tudo a polícia. Porque ela desapareceu, muito provavelmente. Ou talvez, tenha visto aquela foto desagradável da namorada desfigurada e tenha contatado esse indivíduo. A culpa do plano errado não é do . É sua e do seu sadismo doentio.
- Eu planejo isso há anos! Acabar com esse garoto de uma vez por todas antes que ele procrie! - gritou o homem irritado.
- Não adianta gritar comigo, seu velho idiota. O que adianta agora, é você sentar sua bunda na cadeira e sair de cena. Eu vou cuidar disso. A garota vai jogar aquele campeonato na semana que vem e vai ter um tempinho com o namoradinho dela. Bem feliz e solícita, ela vai arrumar a minha parte do dinheiro. O moleque está protegido pelo Sasha Lansky - falou rindo, quase irônico. - e o russo tá a fim de tirar uma grana. Então vou dar a ele os meus cinco milhões do acordo em troca da cabeça do garoto. Depois a putinha volta pra cá e todo mundo aquieta a bunda. Mas que fique claro que ,a partir de agora, ninguém mais mete a mão na cara dela, ou todos terão problemas com a polícia.
- Eu não quero que ela tenha um tempo com o ! - rugiu .
- Bom, querido, ela vai. Eu quero essa garota satisfeita. Tratar alguém que você precisa como bicho nunca levou ninguém a lugar nenhum. Se levasse, vários patrões não teriam morrido em revoltas operárias. E eu preciso dela pra ajudar vocês com essa sangria desatada de matar o maldito moleque. - retrucou Cass.
- É bom para os negócios que ele morra. - disse Steve.
Cass balançou a cabeça, rindo.
- Steve, quanto mais velho você fica, mais senil fica também. Me poupe desses seus papinhos. Eu não caio neles de novo, sou mais esperto que você. Mas tudo bem. Se você quer matar o garoto, nós vamos matar o garoto. Só deixe que eu cuide disso.

xx


- Filha? - ouviu uma voz lhe chamar.
abriu os olhos para encontrar dois globos . Azuis como os de e lindos como ele. Porém, o sorriso tranquilo e as faces delicadas a impediam de achar que estava vendo seu amor. Era seu outro amor, na verdade.
- Mamãe. - murmurou a garota, se agarrando ao pescoço da mulher. As duas se abraçaram com força e ali acreditou em um final feliz. Era sua mãe, sua mãe querida, bem e viva.
- Meu Deus, você está tão abatida. - disse a mais velha, quando o abraço foi interrompido. - Magra e machucada. Filha, eu vou mandar que lhe preparem um ótimo café da manhã. Dorothy disse que você chegou aqui com uma cara de apavorada e só fez dormir.
bem que tentou engolir, mas antes que se desse conta, estava desabando em lágrimas.
- Tem sido horrível. - falou ela. - Steve me batendo, me... Ele me forçando e... Mãe, eles me fizeram voltar pro seu enterro e me prenderam. Me sequestraram e me torturaram! Eu tive que pedir a Terrence que vazasse aquelas fotos do Steve que eu tenho guardadas, e quando a polícia apareceu lá, Cass me fez retirar as queixas e me enfiou aqui! Onde você estava esse tempo todo?
Ela deixou escorrer uma lágrima também.
- Me perdoa, meu amor. O Cass disse a eles que ia me levar para fora do país e que não ia deixar que te machucassem. Eu não apareci porque fiquei com medo de te matarem. Ou de matarem o .
- E você é mãe do ! Meu Deus, como você pode não me dizer isso quando eu te contei do plano, do golpe? Você ia deixar que eu fizesse isso com o seu filho?
- ... - ela disse apreensiva, acariciando o rosto da filha. - Meu amor, tem várias coisas que eu não posso te explicar agora. Eu só te prometo que dessa vez vai dar certo! Você vai ficar bem e ele também.
- Como você pode ter essa certeza, mãe? Olha pra mim! Olha o que me fizeram! Não restou nada da garota que você conhecia antes. Eu sou só um nada magoado. Todo mundo que eu amei nessa vida me abandonou.
- Não diga isso, jamais! - ralhou Naomi a abraçando. - Eu estou aqui, querida!
- E sabe quem mais está aqui? - disse uma voz que ecoou pelo quarto. As duas mulheres olharam para a porta para dar de cara com a visão do prefeito sorrindo amigável. - Seu namoradinho. Vista-se, garota. Vou te levar para vê-lo.

xx


Quando viu a mansão , só fazia tremer.
Estava tão perto de rever , algo que, por semanas, ela acreditara que jamais faria de novo, que nem podia se conter.
- Olha, - disse Cass. - seu namorado recrutou uns bandidos pra protegê-lo. Então pode ser, eu repito, pode ser, que isso seja problemático. Mas eu vou fazer o possível para manter tudo sob controle. Caso algo saia disso, não saia de perto do seu namorado. Vocês dois são intocáveis por causa do campeonato.
- Cass, quando foi que você virou alguém legal? - questionou a garota, erguendo a sobrancelha.
- Mocinha, eu ando com gente que você nem imagina. Sou muito mais legal do que você sequer sonha.
A garota deu de ombros e nada disse. Estava achando tudo que acontecia muito estranho. Nada parecia se conectar com o que ela sabia ou soubera sobre as pessoas.
Mas se tinha uma coisa que - tanto a antiga, quanto a nova - não aceitava, era não compreender uma situação. E ela daria seu jeito.
Quando desceu do carro, ela alisou o vestido branco que usava. Tentara se arrumar da melhor forma que conseguira para que não visse o quanto estava estragada.
Cass caminhou até a porta, na frente dela, e os seguranças os seguiram. O prefeito tocou a campainha e em menos de dez segundos a porta foi aberta por um homem loiro e alto como um armário.
- Caruso? - cuspiu com um sotaque forte. não foi capaz de identificar qual.
- Na verdade, prefeito Cass Caruso, rapaz. Olha o respeito. Mas sim, eu. E trazendo a namorada do garoto maravilha.
O homem abriu a porta e deu espaço para que todos passassem. Cass puxou pelo braço para dentro da casa, quase como se ela não conhecesse a casa. Com o coração acelerado como estava, aceitou o puxão de bom grado.
Estar novamente no hall dos a remetia a lembranças. Hannah Eryn saindo dali; Ela quase tendo um ataque e brigando com , os dois na cama do rapaz... Tudo tão lívido em sua memória a fez pensar que por mais que todo aquele sofrimento fosse terrível, era, em pouco tempo, parte das melhores memórias de sua vida.
A sala estava cheia, mas ela o viu primeiro. Seus olhos antes de tudo. As conhecidas voltas no estômago e o fraquejar de pernas ainda estavam ali. Um sorriso abriu instantaneamente.
Ele se levantou de supetão da poltrona na qual estava sentado e caminhou até ela quase correndo. A garota fez o mesmo movimento e os dois nem sequer hesitaram em chocar os corpos com rapidez. Estar nos braços dele era como estar no céu. Alguma parte dela sempre soubera disso, mas agora só poderia ter certeza. Tudo sobre aquele rapaz. Seu cheiro, sua beleza, seu jeito e especialmente, o quanto ele era devoto a ela, a fazia sentir que não poderia encontrar nada mais próximo ao paraíso do que ele.
- Eu amo você. Amo muito você. Hoje e sempre. - falou no ouvido dele, apertada a seu pescoço como se quisesse se fundir ali.
- Eu amo você desde o segundo em que te vi. - respondeu ele. - Amo mais a cada minuto que passa.
- Vamos dar privacidade aos pombinhos e conversar, Lansky? - disse Cass. e o ignoraram e continuaram fechados naquele abraço perfeito.
- Um segurança meu e um seu os acompanham até o andar de cima. Eles podem conversar no quarto e nós ficamos por aqui. - respondeu o homem.
Os dois seguranças fizeram menção em subir, então o casal - agora de mãos dadas - os acompanhou.
olhou pro teto da casa e em uma prece muda agradeceu por aquele momento maravilhoso, no qual ela experimentava mais uma vez a sensação de ser amada.

xx


- Eu não acredito que te encontrei. Achei que nunca mais fosse sentir seu cheiro. - falou a moça chorando.
- Estamos juntos agora. Não chora assim. - disse acariciando os cabelos macios dela.
Deitados na cama, sozinhos no quarto, os dois se olhavam e se tocavam com saudades. E a amava. Tanto que as vezes achava que seu coração explodiria no peito.
- Eles me machucaram tanto! Eu fiquei com muito medo... Pensei que ia ter que passar a vida com o entrando em mim, dia após dia... Isso é tão...
- É horrível e eu quero que você deixe isso pra lá. Eu morreria se fosse preciso, mas viria te salvar. O que você pensou? Que eu ia deixar a donzela em perigo mais perigosa da história do pôquer, sozinha com esses bandidos? - respondeu o rapaz sorrindo tenro, enquanto contornava os machucados do rosto da garota.
Queria fazer que cada um deles, cada homem daquela família maldita pagasse pelo que tinham feito a ela. E a seus pais, que finalmente, ele era capaz de entender.
Não havia nada, nenhuma riqueza, nenhuma carta mágica da vitória, nenhum exército armado que o fizesse abrir mão daquela garota.
Beijou calmamente os lábios dela, sentindo as feridas e as lágrimas que ali estavam.
- Eu queria ver eles mortos. - confessou em um sussurro.
- Eu também, . E eu te juro, se houver qualquer jeito de fazer com que eles paguem pelo que fizeram, eu vou atrás disso.
- Tem tanta coisa errada aqui nesse lugar. Você envolvido com esses bandidos... - falou ela.
- Eles estão me ajudando a não ser morto.
- Talvez você devesse ter ficado por lá. Afinal, é lindo você vir até aqui por mim, mas como eu fico se você morrer?
- Eu não vou morrer. E nem você. Vamos só fazer dinheiro e pronto. Eu me mando daqui contigo. Esse é o combinado. - respondeu o rapaz.
- Eu não confio em Cass. - falou ela. – Ele, há três dias, estava me maltratando e agora parece que eu sou algum tipo de princesa.
- Se acalma. Confiando nele ou não, você não pode fazer nada agora.
- O Jack contratou esses bandidos? Como ele fez isso? - questionou , ignorando o tom apreensivo de sobre o assunto.
- . - disse segurando os ombros dela. - Relaxa, tá? Por favor.
Ela suspirou.
- Eu tô com medo. De perder você. , eu não estou mentindo, mas sinceramente, a única parte de mim que ainda existe e tem uma razão nesse mundo, é a parte que te ama.
O rapaz sorriu para ela e a beijou mais. E por um longo tempo.
Quando pararam, ele colocou uma mecha de cabelo dela atrás da orelha e disse:
- Nós vamos acabar isso juntos, . Agora que eu tenho você aqui de novo, nada mais poderá te afastar de mim.

VINTE E DOIS


Naomi trançava os cabelos cuidadosamente enquanto observava o próprio reflexo no espelho da penteadeira. Se olhando daquela forma, tinha lívidas em sua mente memórias da mulher jovem, feliz e saudável que um dia fora. A vida, no entanto, a marcara de diversas formas dolorosas, e até, talvez, injustas. Porém, estava cada vez mais próxima do momento em que todo seu sofrimento faria valer a pena: A vingança.
Seu coração acelerava só de pensar que, em pouquíssimo tempo, eliminaria de sua vida os inconvenientes, e poderia, por fim, ser feliz ao lado de seu único grande amor.
Ao passo que refletia sobre isso, a porta do quarto que ocupava na mansão Caruso foi aberta, cortando seus pensamentos. O prefeito gordinho e atarracado entrou sorrindo e falou:
- Lady Naomi, tudo certo. Seus filhos estão felizes.
Ela deu um meio sorriso. Então, suspirou e disse:
- Nem todos não é, Cass? Afinal, onde está meu ?
O homem bufou.
- Você sabe como seu marido é. Está fazendo chantagem psicológica no garoto.
- Cass, você tem que trazer meu bebê para perto de mim. - suplicou a mulher.
- Naomi, o pai dele não tem passado pra ele a melhor das imagens de você. E além do mais, acho que te surpreenderia saber o que ele fez com a sua filha.
- A o usava demais. O pobrezinho estava com raiva.
- Era parte do seu plano maluco com seu namorado que ela fizesse isso, Naomi! Não seja hipócrita.
- Eu nunca quis que ficasse entre meus dois garotos.
- Não finja que não a usou. - retrucou o homem em tom acusatório. - No momento em que Steve começou a abusar dela, você considerou incluí-la no plano. O que, aliás, foi muito inteligente da sua parte, já que sem teríamos que contar com a boa vontade de para colaborar.
Ela rolou os olhos.
- Do jeito que você fala, é como se eu fosse uma psicopata que fez a filha adotiva ter uma péssima infância de propósito.
- O que você acha que ela vai concluir quando souber do plano inteiro?
- Nós não precisamos explicar tudo.
- Você acha mesmo que vai se contentar com meia dúzia de historinhas? Parece até que você não criou essa garota... Pelo amor de Deus, Naomi. Ela colocou Steve, um homem rico, influente e amigo do prefeito, na cadeia só com coleta de informações. As pessoas têm que parar de subestimar essa garota o tempo todo e lidar com a realidade de que ela é tão, ou mais, inteligente que todos nós.
Naomi ficou em silêncio encarando o próprio reflexo. Cass a observava como se esperasse uma resposta digna do que havia dito, mas a mulher fatalmente não tinha. Então, ela apenas se dignou a perguntar:
- O que fez com ela?
- Coisas dignas de um psicopata.
- Cass, me poupe. - disse a mulher rolando os olhos. - Você mata as pessoas e dá seus restos mortais pro seu tigre branco. Como ousa chamar meu filho de psicopata?
- Bom, seu filho é tão doentio que impressionou até a mim. Ele a estuprou diversas vezes. Assistia Steve bater nela e não movia um músculo sequer. E depois ainda jurava amor eterno a pobre garota. Eu quase a tirei dali várias vezes porque estava difícil se manter neutro, ou melhor, a favor do que estava se passando ali.
- Ele tem um exemplo péssimo do pai. - justificou ela.
- Naomi, não tente justificar a loucura do seu filho com historinhas. Ele é obcecado por e está disposto a qualquer coisa só para que ela não esteja com outro homem. Até mesmo vê-la agonizar.
- Eu sempre disse a para não se envolver com ele. Ela jamais me deu atenção. Ele é louco sim, Cass, e por isso precisa de ajuda. Você tem que me ajudar a salvar meu filho.
- Naomi, o se sente preterido por você. Ele nem sequer vai aceitar ficar com você.
- Eu sei que uma mãe não deveria dizer isso, mas ele é o filho que eu mais amo. Ele é filho do único homem que eu realmente amei. Precisamos salvá-lo.
- Peraí, você está dizendo que o não é filho do Steve? - perguntou Cass, chocado.
A mulher, temerosa, apenas mordeu o lábio e concordou levemente com a cabeça.

xx


- , quando uma pessoa dá mesa toda hora, ela parece assustada. Você precisa se controlar. - advertiu Jack.
- Eu só não quero perder meu dinheiro.
- E você não vai. Mas também não vai ganhar. - retrucou ele parecendo impaciente.
- Acho que já chega por hoje. - se meteu . - Vamos todos descansar.
Jack e deram de ombros e largaram as cartas na pequena mesa do segundo andar.
Havia poucas horas desde que reencontrara , mas já se sentia cem por cento mais feliz. Os dois agora estavam, junto a Jack, treinando para o jogo que aconteceria em poucos dias.
- Antes de vocês descansarem, quero mostrar uma coisa no quarto, venham. - murmurou Jack.
O casal o seguiu tranquilamente, enquanto o mais velho abria a pesada porta de madeira para que entrassem no que se recordava ser o quarto de Jack.
Havia, logo na entrada, um cabide com um vestido longo, vermelho vivo. Os olhos da garota se perderam no pedaço de pano perfeitamente cortado.
- Acho que ela já gostou. - comentou Jack olhando para , que sorriu concordando.
- O que é isso?
- Esse vestido foi usado por uma garota muito especial que eu conheci. E ela tinha o corpo parecido com o seu. Ontem, quando soubemos que você ia mesmo estar no campeonato, pedimos emprestado a ela e mandamos que fizessem alguns ajustes.
- Ele é lindíssimo. - comentou sorrindo, segurando a cauda com leveza.
sabia que, muito provavelmente, o vestido pertencera a sua mãe. Mas não quis questionar profundamente, pois sabia que não conhecia a real história de sua família, e ela não queria ser a responsável por gerar esse tipo de discussão entre ele e Jack.
- Tem mais uma coisa que eu comprei para você também. – disse , saindo de trás dela para puxar da cômoda uma caixa e entregá-la.
abriu com calma e seus olhos se arregalaram ao ver o conteúdo. O colar de pequenos rubis brilhantes a deixou sem palavras.
- Isso é ... Eu não posso aceitar. - falou balançando a cabeça.
- Você vai aceitar. - retrucou .
- Esse não é um presente comum! Isso deve ter custado um rim seu!
- Bom, então fico feliz que eu tenho dois. Assim posso te dar um de safiras na próxima vez, o que você acha? - questionou divertido.
- Você ficou louco. - retrucou ela balançando a cabeça de um lado para o outro.
- Sim, eu fiquei louco. Exatamente no dia que você pisou naquele cassino e me olhou bebendo seu campari, perdi completamente a noção.
sorriu.
- Mas por que tantos rubis?
- Essa pedra vermelha é preciosa, bonita, custa caro, fica bem com qualquer vestimenta e pode ser a ruína de um homem se ele quiser demais tê-la. E sabe quem também é assim? Você.. Agora aceite o meu presente de bom grado e seja uma boa menina.
A garota deu um suspiro satisfeito. Em sua vida, a felicidade era um momento raro. Mas situações como essa a faziam sentir que tudo o que passara sempre valera a pena.

xx


Steve não tinha muito costume de sair de casa depois que chegara a casa dos sessenta. Mas hoje era um caso especial.
Aparentemente, a única pessoa que lhe sobrara fora o traste que chamava de filho. O canalha otário, apaixonado por uma putinha de quinta. Ele não se conformava com essa situação, então resolveu partir para a velha tática de qualquer golpista de Las Vegas: Ir ao bar de Katherine obter informações.
Chegou sozinho e se sentou. A garçonete loira peituda lhe perguntou o que ele queria e a resposta simples e direta foi que era um copo de Uísque e a oportunidade de falar com a dona.
Apressada, a mocinha voltou para dentro trazendo consigo em seu retorno os dois.
Katherine sorriu cordial e se sentou.
- Steve. Eu jamais esperaria lhe encontrar aqui de novo.
- Vim por um bom motivo. Preciso de algumas informações para acabar de vez com a gracinha de na minha cidade.
- Não deixe o Cass lhe escutar dizendo essas coisas. Ele pode sentir ciúmes. - respondeu a mulher brincalhona.
- Enfim, preciso saber de coisas que...
- Me desculpe, Steve, não vai acontecer. - informou a mulher. - Eu estou sendo muito bem paga para guardar alguns segredos e não posso simplesmente abrir mão disso.
- Eu dobro qualquer oferta.
- Você não pode, Steve. Teria que me vender sua alma para conseguir cobrir essas ofertas. Mas como somos amigos de longa data, acho que posso te dar um pequeno conselho.
- Diga - falou o homem, nervoso.
- Eu acho que você tem que parar de se preocupar em se vingar do filho de e começar a se preocupar em se vingar de pessoas que vêm te enganando há anos. E cuidado com seu filho, Steve. Ele pode não ser tão seu assim.

VINTE E TRÊS


olhou seu reflexo no espelho. Estava estonteantemente perfeita com seu vestido vermelho carmim, delineando seu corpo esguio.
- Vermelho é a sua cor, querida. - disse Naomi, ao fundo do quarto.
Ela se virou para abrir um sorriso.
- Obrigada, mãe.
- Bem, já que você está perfeita no vestido, acho que cumpri minha missão. - disse Jack. - Vou embora. Até mais tarde, .
- Até mais, Jack, obrigada pelo vestido e pelo cordão! - disse a moça.
- Eu o acompanho até a porta. - falou Naomi calmamente.
Jack deu um aceno desconfortável com a cabeça. estranhou a cena, então os acompanhou com os olhos. Quando notou que tinham descido as escadas para o lobby, seguiu-os e esperou atrás de uma pilastra.
Sua mãe vinha agindo de forma muito estranha e ela precisava descobrir o porquê.
- Nos vemos mais tarde, Naomi.
- Jack, não vá assim. Por favor. - suplicou ela.
- Naomi, você não pode confundir os momentos que tivemos durante esse plano com seus sentimentos. Nós superamos isso há anos.
- Mas e o nosso filho? O nosso filho, Jack?
- Se ele é nosso filho, por que você o criou com Steve Lerman? Passar bem, Naomi.
Jack então bateu a porta e encarou a cena chocada. filho de Jack...? Isso significava que sua mãe teria dormido com o melhor amigo de seu grande amor?
Mas não podia ser. era a cara do pai em todos os sentidos.
- Mãe, por que você estava mentindo para o Jack? - confrontou . - não é filho dele. Ele se parece com o Steve.
-O quê? - questionou uma Naomi atordoada. - Desde quando você escuta as minhas conversas?
- Desde que você passou a agir estranha. Se fingir de morta sem estar, ficar de segredinho com o Cass pelos cantos. Eu quero saber a verdade de uma vez por todas.
- Você quer mesmo, ? Então desça aqui. Vamos conversar de mulher para mulher.
A garota obedeceu a mais velha e as duas seguiram para a mesa da sala de estar. Naomi puxou dois copos e uma garrafa de scotch, servindo uma dose generosa.
- Beba. - disse a . - Você vai precisar.
A garota deu um gole.
- Não me enrole, mãe.
- Você pode pensar que é a única volúvel com seus amores aos 21 anos, mas eu era igualzinha a você. Em duas semanas de romance com Parker, eu já estava cansada dele. Eu queria Jack.
"Jack não demonstrava o mínimo interesse em mim e quando as coisas ficaram difíceis e eu me vi grávida, resolvi fugir com meu namorado. Afinal, ele era rico e prestativo.
Me cansei daquela vida muito facilmente e logo me vi tentada a voltar para Vegas. Mas eu sabia que não poderia ficar com Jack enquanto Parker estivesse ao meu lado, e até mesmo depois que eu o mandasse pastar. O único jeito de eliminá-lo da minha vida, era fazendo-o não existir.
Resolvi ligar para Steve e pedir ajuda. Steve queria a cabeça dele em um espeto tanto quanto eu e eu esperava que ele tivesse superado sua obsessão por mim. Combinamos assim uma estratégia perfeita para que ele fosse morto. E deu tudo certo."
- Você está brincando... Mãe, como você...? Ele era seu grande amor! - murmurou , chocada.
- Ele não era. E não me julgue. Você provavelmente faria o mesmo no meu lugar.
"Quando Parker morreu, no início Jack relutou. Mas eu consegui fazê-lo dormir comigo uma noite. No dia seguinte, ele pediu que eu fosse embora e não o procurasse mais. Foi quando Steve apareceu na minha porta me pedindo em casamento.
Eu obviamente recusei. Quem se casaria com aquilo? Mas ele tinha uma carta na manga. Disse que seu eu não me casasse, ele entregaria para a polícia as provas de que eu era a mandante do assassinato de Parker. E que como ele era amigo do filho do prefeito, influente na cidade e eu só uma golpistinha, seria fácil saber a palavra de quem valeria.
Não tive escolhas senão aceitar. Mas antes, entreguei meu filho mais velho a Jack com a promessa de que voltaria a procurá-los para que pudéssemos juntos nos vingar de Steve, a quem Jack culpava pela morte de Parker.
Descobri que estava grávida pouco tempo depois de me mudar para a casa de . Foi mais fácil viver lá depois que nasceu, já que ele tomava quase todo meu tempo. Dois anos depois, Steve apareceu com você. E eu achei que fosse ser mais uma forma de passar o tempo... Mas não.
Steve nunca resistiu a um rabo de saia e eu sabia que com você não seria diferente. Bastava que eu te criasse para ser tudo que ele gostava em uma mulher e logo eu teria ele te caçando pela casa.
Fiz tudo certinho: Te comprava roupas provocantes, nunca te ensinei a ter modos de mocinha, sempre te incentivei a cuidar do corpo... Antes que pudesse notar, você era a mulher dos sonhos dele. E logo Steve estava te perseguindo.
Eu não podia contar com o fato de que se apaixonaria por você e te protegeria. Fiquei furiosa. Pensei até em te expulsar de casa. É compreensível que todo homem adore uma putinha, mas nenhuma mãe quer ver seu filho casado com uma.
Quando você apareceu com aquela gravação, eu sabia que era a minha redenção. Mostrei a Steve e disse que não mostraria a ninguém se ele apagasse minhas provas. Ele concordou e assim selamos o trato."
- Você me usou o tempo todo! Esses anos inteiros eu pensei que tivesse uma mãe e... - começou .
- Queridinha, você acha que uma mãe de verdade deixaria um homem entrar no quarto de sua filha toda noite e não faria nada sobre isso? O seu senso de amor é realmente muito perturbado. Só quem te amou nessa vida foi quem transou com você.
quis chorar, mas não o fez. Como era de costume, endureceu a expressão e disse:
- Continua a história.
- Eu estava livre do casamento, mas sabia que não adiantava sair correndo para os braços de Jack. Ele ainda não ia me querer, especialmente depois de 16 anos. Então, o procurei para a vingança, como havia prometido anos antes.
"Nós sabíamos que os dois não seriam suficientes para destruir Steve, então resolvemos recorrer a uma terceira pessoa. Eu sabia que meu marido desviava dinheiro nas construções de Cass Caruso, por isso sugeri ele.
Contei a Cass sobre as superfaturações de Steve, e quando ele comprovou, aceitou participar do plano. Resolvemos que usaríamos como isca para uma armadilha, na qual ele cairia facilmente com todo aquele ódio que sentia por Parker.
Jack treinou lhe dando a carta de ponta dourada que seu pai usava nos jogos, para que o garoto acreditasse que aquilo era o segredo da vitória. Mas na verdade, Cass garantiu a sorte dentro de seus cassinos. A ordem era sempre ajudar em qualquer jogo que fosse.
Por ser invencível, ele chamou a atenção de Steve, que logo convenceu a colocar você atrás dele para lhe dar um golpe. O plano era comprar você, mas tudo foi facilitado quando você se apaixonou pateticamente pelo seu alvo.
Ficamos preocupados quando vocês ameaçaram fugir, mas, graças a Deus, você acreditou naquela patética história sobre a minha morte e voltou desesperada. Você quase colocou todo plano em risco novamente quando mandou a polícia atrás de Steve, mas Jack teve a ideia de colocar Sasha Lansky e seus russos burros na jogada, e nós conseguimos bolar um plano para fazer Steve cair nas mãos deles. Agora estamos aqui."
- Como você pode ser tão suja?
- Eu ainda não terminei. Hoje à noite eu vou embora da cidade com Jack e meus dois filhos, e você vai ficar aqui, e ainda vai ser presa. É uma pena que as coisas tenham que terminar assim, querida.
- Por que eu seria presa?
- Assassinato.
a olhou confusa.
- Mas se Steve vai ser morto por Lansky pelo plano de vocês, quem eu poderia... Meu Deus. Cass! - murmurou se dando conta.
- Ele vai encontrar arsênico em sua bebida.
- Por que acusariam a mim?
- Cass tirou você da delegacia no meio da sua confissão. Qualquer um juntaria dois mais dois. Você o matou e ajudou a matar Steve. Todos os outros suspeitos estarão fora da cidade. Até porque, com Cass morto, eu vou conseguir convencer Jack a fugir por medo da acusação. E com ele pensando que é seu filho, ele não hesitará em levá-lo junto a . Minha família estará a salvo e você, aqui para servir de culpada. É uma pena, queridinha. Eu a levaria se pudesse.
- Por que você acha que eu não contaria isso a Cass? Ou a ?
- Cass não vai acreditar em você. Eu sou amiga dele há anos e você uma golpistinha que vive fazendo de tudo para provar o quanto é esperta. E ? O que ele vai fazer? acredita que até meia noite estará morto. Ele está morrendo de medo por vocês dois.
- Você está me subestimando. - murmurou a garota.
- Ah não, querida. Eu sei que você é espertinha. É só que... Eu sou a vadia inteligente dessa cidade, não te disseram?

xx


sabia que não tinha muito tempo, mas tinha uma ideia consistente para desmascarar Naomi.
Se trancara no banheiro e ligara a água para que ninguém ouvisse nada que estava fazendo. Trancara o quarto também. Saíra durante o colegial com um garoto que pretendia estudar química e descobrira alguns meses antes que ele estava de volta a Las Vegas, depois de formado. Tinha pego o telefone dele e eles saíram algumas vezes.
Puxou o celular e discou o número do rapaz. Foi uma agradável surpresa quando alguém atendeu:
-? Que surpresa!
- Oi, Miguel! Eu sinto muito a ligação surpresa, mas preciso de um favor meio urgente.
-Pode falar. Nunca é um incomodo uma ligação sua.
abriu um sorriso e continuou a falar.
- Eu preciso saber como eu identifico arsênico em uma bebida.
-O teste mais seguro é em laboratório, mas, geralmente, se você colocar uma ou duas gotas de sulfeto de hidrogênio em uma solução com arsênico, ela fica amarelada. Alguém vai ser assassinado?
- Talvez. Onde eu posso conseguir esse sulfeto de hidrogênio?
-Ele é venenoso, então você não pode. Mas eu posso. Quer que eu encontre você e te arrume uns frascos?
- Seria perfeito. Eu preciso disso pra hoje, no cassino Bellagio. Estarei na porta por volta das sete horas.
-É a hora que eu saio do trabalho, e eu passo pela rua dos cassinos. Posso levar pra você.
- Obrigada, Miguel. Você está salvando a vida de várias pessoas. Inclusive a minha.

xx


- O sr. Caruso espera as senhoras do lado de fora, na limusine. - avisou o porteiro.
As duas mulheres se levantaram e deu passagem a mais velha. Ela tinha poucos segundos para dar um jeito de fazer Naomi atrasar e ter um tempo a sós com Cass.
Foi quando viu uma poça d'água, um pouco mais a frente. E olhou a cauda do vestido da mulher a sua frente. Apertou o passo e deu um pisão no tecido, prendendo o vestido com toda a força no chão.
Naomi se desequilibrou e caiu em cheio na poça.
- Ops. - murmurou com a voz sarcástica e um sorriso a mulher, que olhava para trás atordoada e logo notava quem havia causado sua queda.
- O que aconteceu ai? - perguntou Cass saindo da limusine.
- Mamãe não se conforma que está velha demais para usar esses saltos. - falou a Cass. - Olha só o que arrumou! Qualquer dia desses quebra a bacia.
- Eu estou bem. - disse ela se levantando com dificuldade. - Mas estou suja. Preciso me trocar.
- Por que eu e Cass não vamos indo e depois a limusine volta para buscá-la? Eu não posso me atrasar. - disse colocando a mão no peito em falsa preocupação.
- Você tem razão, . Volte para dentro e se troque, Naomi, mais tarde o carro estará à sua espera.
Cass saiu andando e o seguiu. Mas não sem antes virar para trás e dizer:
- Um a zero, vadia velha.

VINTE E QUATRO


- Cass, para o carro e fecha a divisa. Preciso falar com você. - ordenou depois de perceber que eles tinham tomado certa distância da mansão.
Ele a olhou confuso.
- Por quê?
- Eu não pediria se não fosse importante. - justificou a garota.
O homem bufou.
- Ted, pare o carro. - ele então apertou o botão da divisa. - Fala logo.
- Naomi vai tentar te matar hoje.
- O quê? - perguntou ele, rindo. - Você ficou maluca?
- Eu peguei uma conversa dela com Jack, dizendo que era filho dele. Confrontei ela porque é uma mentira óbvia, é a cara de Steve. Ela então confessou tudo. Os planos de vocês contra Steve, o fato de terem me usado e usado ... E então ela me contou os planos pra essa noite. Ela vai matar você com arsênico e convencer Jack a fugir com ela, levando e, o teoricamente, filho deles. Eu vou ficar para levar a culpa.
- Se ela fosse fazer isso, por que te diria, garota?
- Ela disse que você não acreditaria em mim. Porque ela é uma amiga de anos e eu sou só uma golpistazinha que passa o tempo todo tentando foder todo mundo.
- Naomi não está tão errada, você sabe.
- Eu não estou te pedindo dinheiro, nem que você arrisque a vida por mim. Só que não beba nada essa noite. É muito difícil?
Ele ficou em silêncio por um tempo. Então disse:
- Se isso for uma das suas armações para cima de mim, eu juro...
- Cass, só não beba. Por favor.
- Se você está dizendo a verdade, e ela vai me matar, por que está me protegendo? Eu nunca fui seu amigo.
- Porque se você for morto, eu serei a culpada.

xx


- Miguel, muito obrigada! - disse abraçando o rapaz moreno.
- Não foi incômodo algum. Eu não negaria um pedido urgente desses. - disse ele. - Sempre que precisar.
- Bom, espero nunca mais precisar de você para isso. Tchau, Miguel.
Ele acenou com um sorriso e atravessou a rua, voltando para seu carro.
virou-se e caminhou até Cass, estendendo uma pequena caixa com vidrinhos de um líquido transparente dentro.
- Aqui. Duas gotinhas dessa substância e se tiver arsênico na bebida, vai ficar amarela.
- Você é bem ardilosa.
- Não beba nada. Mas se Naomi te oferecer algo diretamente, você despeja um pouco disso na bebida, tudo bem?
- Tudo bem. Agora concentre-se no que importa: Seu namorado chegou.
se virou para ver saindo de sua limusine, vestido em um smoking que o deixara ainda mais bonito. Ele andou até ela, tomou-a nos braços e a beijou.
Por alguns segundos, a moça esqueceu os problemas. Ele a amava e isso era real. Alguém nesse mundo, afinal de contas, se importava com ela. não podia deixar que estragassem a chance que tinha de ser feliz ao lado dele.
- Você está linda. - sussurrou ele em seu ouvido.
- Você também está. - respondeu.
- Crianças! Hora do show. - disse Cass.
Então segurou sua mão e os dois entraram no cassino.
Que começassem os jogos.

xx


Fazia quatro horas de partida e já estava exausta.
Todas as mãos de eram de sorte, já ela nem tanto. Como nessa fase os dois jogavam em dupla, quase toda vez que era ela recebendo as cartas, eles saíam, e quando recebia, eles venciam.
Talvez estivesse sem humor, já que sabia que era tudo uma grande farsa. Isso diminuía bastante a graça do jogo.
Havia duas duplas na mesa além deles. A sala já estava quase vazia, a não ser por Cass, sentado no centro da pequena plateia, Steve ao seu lado, Naomi, por conseguinte, ao lado dele e Jack. Acima deles estava Sasha Lansky e seus dois capangas.
- Vamos dar um intervalo. - Disse Cass, ao fim de mais uma mesa.
agradeceu mentalmente a ele e disse a :
- Vou ao banheiro, amor.
Ele acenou parecendo concentrado em outra coisa.
A moça caminhou até a porta da sala fechada e olhou para Cass antes. Ele correspondeu o olhar negando com a cabeça, o que provavelmente queria dizer "Não, não fui envenenado".
Se a puta da Naomi não estava tentando matá-lo logo, o que ela aprontava então?
Desceu um pequeno lance de escadas indo em direção ao toalete. Foi quando uma porta, que ela nem sabia que existia, abriu de supetão e a puxou para dentro.
Ela lutou contra a mão que a agarrava, mas logo sentiu um pano molhado encostar no seu rosto, fazendo-a perder levemente os sentidos.
Antes de desmaiar, ouviu a voz que disse:
- Minha de novo, .

xx


- Faz mais de meia hora que foi ao banheiro! - disse , nervoso.
- , se acalme, ela deve ter tido uma emergência. - suplicou Jack.
- Ela sabe perfeitamente bem que o intervalo dura quinze minutos.
- O garoto tem razão. pode ser tudo, menos burra e distraída. Sheila, - falou, chamando a moça morena, que ficava sempre perto de Cass. - quero que você mande interceptar todas as saídas. Peça os rapazes que não deixem nenhuma mulher parecida com ir embora sem ser identificada. Mande procurarem também nos banheiros e nas salas vazias.
- Tudo bem, Sr. Caruso. - disse ela.
- Fica tranquilo, garoto. Vamos achar a sua namorada.
xx


abriu os olhos e sentiu tudo ao seu redor girar rápido. Uma vontade forte de vomitar a tomou e ela só não o fez pois se segurou a cadeira que estava sentada.
A sala que estava era mal iluminada e cheirava a mofo. Havia um grande móvel branco velho no fundo e algumas velas em cima dele fortificavam levemente a luz do local. Estava quente.
No canto esquerdo do móvel, estava . Ele vestia uma calça jeans e uma blusa azul clara de botões. Em sua mão direita, uma faca enorme girava.
- Você até que acorda rápido.
- Eu sabia que você era louco... - disse ela meio grogue. - Mas não achei que fosse assim. Sério? No cassino? Vão achar a gente em cinco minutos.
- Não preciso de muito tempo. Minha mãe te queria longe da situação enquanto ela a resolvia e eu te queria por uma última vez. Você não acha conveniente?
- , você me apagou com clorofórmio. Já devem estar me procurando. - suplicou .
- Será que estão? Nesse caso, você já pode começar a tirar seu vestido. Ou eu vou ter que fazer isso a força?
o encarou ultrajada.
- Você o quê? , você perdeu a noção...?
Ele saiu caminhando em direção a ela e apontou a faca para o pescoço fino da moça.
- Eu não acho que você quer me contrariar.
- Eu não acho que você vai me matar. - disse ela, colocando a mão na frente da faca.
então forçou o objeto contra a pele dela, fazendo soltar um grito e seu sangue escorrer.
- Pague pra ver. - retrucou ele com voz odiosa.

xx


- Uma hora e nada dessa garota! Vou cancelar o jogo. - disse Cass. - Crianças, vocês - falou apontando para as outras duas duplas. - podem ir pra casa. Deixem seus nomes com Sheila e eu remarcarei a partida.
- Você não pode remarcar a partida! - esbravejou Sasha Lansky enquanto via os quatro rapazes que enfrentaram e partirem. - Jack, nós fizemos um acordo.- falou ele, puxando a arma. - Eu quero meu segredo.
- Você vai ter, Sasha, se acalme. - disse Jack, fazendo um gesto com as mãos.
- Sheila, feche a porta. - disse Cass levantando. Ele se dirigiu ao centro da sala, próximo a . - Eu estou ficando cansado de tanta palhaçada nessa cidade.
- Acho que nós precisamos de um drink. - disse Naomi, se levantando e indo em direção ao bar.
Ela ficou virada de costas servindo doses de uísque para eles.
- Eu vou embora. - disse Steve se levantando. - Todo mundo está fraquejando nessa merda e eu não vou ficar assistindo.
- Senta essa bunda ai, seu infeliz. - disse Cass com raiva. - Ninguém deixa esse prédio até que eu diga que deve deixar.
- Cass, seu uísque. - falou Naomi, lhe estendendo um copo.
O prefeito analisou o conteúdo do recinto e puxou o vidrinho que lhe dera mais cedo do bolso.
- Por que a gente não troca, Naomi? Da esse pro Steve.
A cor do rosto da mulher desapareceu.
- Esse não é o que o Steve gosta, Cass. - disse ela, sorrindo e tentando se recompor. - Esse é o seu scotch preferido.
- Bebe um gole então. - desafiou.
- Eu não quero, Cass, obrigada. – falou, recusando. - Mas beba! Vai lhe fazer bem.
- Que palhaçada é essa aqui, Caruso? Olha, eu cansei! - esbravejou Sasha. - Gastei dinheiro defendendo a bunda desse moleque e tudo que vocês fazem aqui é ficar de conversinha...
Cass então empunhou a arma e disparou um tiro na cara dele. Depois seguiu o trabalho com os dois capangas.
A sala mergulhou em silêncio e todos pareceram chocados.
- Ele era irritante demais, vocês precisam concordar. - falou dando um riso sem humor.
- Sr. Caruso... Mas vão ouvir os barulhos de tiro e... - disse .
- Se acalme, . Eu tenho tudo sob controle. Voltando ao nosso assunto, Naomi... O que você acha de eu despejar isso aqui - falou empunhando o vidrinho. - nesse uísque que você me serviu?
- Eu não sei o que é isso, Cass. Mas sei que matando Lansky você arruinou o plano.
- Que plano? - perguntou Steve.
- Calem a boca. - disse o prefeito com os olhos cheios de ódio. - Sabe o que acontece, Naomi, quando você despeja isso em um copo de uísque cheio de arsênico? O líquido fica amarelo.
O rosto de Naomi parecia perplexo.
- Você está... Está me acusando de...
- Eu não estou te acusando de nada. Mas o que você acha de testar? - perguntou ele, abrindo o vidro e jogando sobre o copo.
Em alguns segundos, o líquido marrom tomou uma coloração amarelada.
- Eu não faço ideia de como isso aconteceu. - disse a mulher olhando não só pra Cass, como para as outras expressões perplexas da sala.
- Tentando me matar, Naomi? Cara e velha, amiga Naomi?
- Por que você tentou matar o prefeito? - perguntou , chocado.
- Eu repito a pergunta. - ratificou Jack. - Cass tem sido nosso amigo, Naomi. O que você estava pensando?
- Eu não... - começou ela.
- Cass é amigo de vocês? Que tipo de piada é essa? - perguntou Steve, irritado.
- Parece piada mesmo. - concordou .
- Moleque, vai procurar sua namorada. Naomi, vem até aqui.
A mulher trêmula se levantou e caminhou até ele. Cass empunhou uma segunda arma e entregou a ela.
- Mate Steve. - ordenou.
- O quê? - disse o homem, chocado. - Cass, você ficou louco?
- Isso aqui é uma conspiração, Steve . Todos queremos te matar. Menos o garoto, ele não sabia de nada. Mas ele quer te ver morto também, com certeza. - disse Cass. - Naomi te odeia porque você a chantageou. Jack te odeia porque acha que você matou o amigo dele. E eu porque você é um bastardo desgraçado, que como essa puta, acha que pode abusar da minha confiança. Naomi, mate ele.
- Como assim eu acho? - disse Jack. - Steve matou Parker.
- Não foi ele quem mandou o assassinato. Foi ela. - disse Cass apontando para Naomi.
Jack a olhou chocado.
- Eu amava você! - gritou a mulher, se justificando. - Queria que ficássemos juntos. Eu não podia ficar junto de você enquanto Parker e eu fôssemos casados, e até depois! Eu fiz o que eu tive que fazer para estar com você.
- Ela é a minha mãe? - questionou . - Ela está viva a esse tempo todo e ninguém me disse a verdade, e ela matou meu pai?
- Você matou meu melhor amigo. - falou Jack olhando pra ela com ódio e ignorando .
- Eu fiz o que precisava pra ficarmos juntos.
- Nunca ficaríamos juntos. Eu te desprezo. - cuspiu Jack, enojado.
- Agora, mate Steve. Vamos, Naomi, a gente sabe que você quer.
- Eu não vou fazer isso! - disse ela, chorando. - Eu não vou levar a culpa pela morte dele.
- Se você não matá-lo agora, eu o mato. E digo que foi você. Depois, eu mato aquele seu filho psicopata, , e mando cada pedaço do corpo dele pra sua sela na cadeia, todo mês. - ameaçou Cass. - Mate-o agora. Estou te dando o prazer de resolver isso sozinha.
Ela chorou.
Jack levantou e puxou pelo braço.
- Vamos procurar, . Eles três são criminosos, deixe eles se resolverem.
- Faça isso, Jack. - disse Cass.
- Jack, por favor! Eu amo você. - suplicou a mulher.
- Desculpe. Eu não fico perto de assassinos.

xx


- Você está me enrolando há um tempão, . Chega. Tire a roupa logo e vamos acabar com isso.
não tinha muito tempo, então tentou calcular as opções. As chaves da sala estavam no bolso de , mas ele tinha uma faca e já mostrara não ter medo de usá-la. Ela precisava fazê-lo largar a faca para ter qualquer chance. Talvez o jeito de fazer isso era insinuando sexo com ele.
- Tudo bem, seu psicopata. - disse soltando o vestido, para ficar apenas com o body que usava por baixo.
Ele se sentou na cadeira, tirando a blusa e bateu com as mãos nas coxas, em um convite mudo para que ela se sentasse ali.
caminhou até ele e o fez.
- É impressionante como você tenta fugir, mas sempre acaba nessa situação. Sendo minha putinha. Me obedecendo e me servindo, desde que nasceu. - sussurrou em seu ouvido.
cravou as unhas nos ombros dele e sorriu tentando evitar o refluxo na garganta.
- Solta a faca. - pediu, sentindo o objeto roçar em sua coxa.
- Você acha que eu vou cair nessa? - respondeu ele mordendo a bochecha dela.
- Você é mais forte que eu, . Pode me vencer com as mãos. Solta a faca, por favor. Pra ser bem gostoso. - pediu com a voz sensual.
- Eu sabia que você era uma putinha.
Ele então soltou a faca e ela tilintou no chão. puxou a mão direita e deferiu com toda a força um soco nos testículos do rapaz.
soltou um berro e ela se soltou dele, segurando a faca. Correu para o outro lado da sala.
- PUTA! - esbravejou ele.
- Talvez, . - retrucou ela com ironia. - Mas jamais a sua. Agora me dê as chaves.
Ele saiu correndo em direção a ela, que não largou a faca. Tentou segurar o pulso da moça, que puxou de volta. Os dois caíram no chão entrando em uma briga pela faca. conseguiu a vantagem e subiu em cima dela, forçando a mão que empunhava a faca em direção ao rosto da garota.
não estava mais resistindo e deixou que o braço cedesse. O objeto acertou seu ombro, deferindo um corte grosseiro. Ela gritou e ele cedeu um pouco, na tentativa de recuperar a arma. Quando o fez, lhe deu espaço de abertura e a garota enfiou o objeto com força na barriga dele.
Foi um grito forte e que nunca esqueceria. O barulho dele tombando do lado ficaria para sempre em sua mente.
Ela puxou a faca cravada no corpo dele e chorou.
- , pelo amor de Deus. Não morre, me perdoa!
- Chama a ambulância. - pediu ele com a voz fraca. - A culpa não é sua. Eu teria te matado se pudesse também.
- Eu não queria fazer isso com você. - disse ela chorando. - Mas você ia me estuprar de novo e me machucar e eu...
- Se eu tivesse... Se eu tivesse sido bom pra você, não tivesse ouvido minha mãe ou meu pai e me comportado como um animal, ainda estaríamos juntos?
Ela chorou.
- , me desculpe. Eu nunca quis te magoar e nem machucar você. Eu só... eu me apaixonei pelo seu irmão.
- Tá tudo bem, . Eu amo você. - respondeu, segurando a mão dela e fechando os olhos.
Ela abraçou o irmão adotivo pela última vez, sentindo no coração o aperto de ver alguém que ama enlouquecer e morrer de amor.

xx


- Isso foi um tiro. - disse Jack a enquanto procuravam .
- Espero que Steve esteja morto. - respondeu o garoto.
Cass então apareceu atrás deles no corredor, alguns segundos depois.
- Ouvi seu desejo, , e ele se realizou. Steve está estirado no chão e Naomi está chorando. Basta encontrarmos e é o fim dessa história.
Foi quando a visão de um corpo magro, vestido apenas por uma lingerie preta em forma de collant atravessou o corredor em disparada e parou na frente deles, chorando.
- ! - gritou , abraçando a namorada. - Meu Deus, o que aconteceu?
- me sequestrou. - falou ela, soluçando. - Ele tinha uma faca e ia me estuprar... Eu parti pra briga com ele e acabei... Ele está morto. - disse chorando.
- Fica calma, . - disse Jack. - Vamos chamar a ambulância.
- Eu medi o pulso, ele está morto. Não há o que fazer. Ele está morto e eu vou ser presa. Vocês estão bem?
- Todos ótimos, graças a você. - disse Cass. - Naomi ia mesmo me envenenar. Você salvou a minha vida e a deles dois.
Ela deu um meio sorriso, parecendo mais bonita em meio ao sangue, os machucados e a maquiagem borrada.
- Obrigada por confiar em mim, Cass.
- Eu é que lhe agradeço. E como símbolo da minha gratidão, você e vão pra casa em segurança. Ninguém nessa cidade poderá ferir vocês.
- Eu fico realmente grata.
Ele se virou e saiu andando, com seu corpo gordinho e seu terno lilás.
- Cass, me espera! - gritou Jack. - Vamos tomar uma bebida sem veneno pra comemorar.
- Claro, amigo. - disse ele, chamando o homem.
- Enfim, sozinhos. E sem ameaças de morte. - comentou , sorrindo. - Vamos subir para um dos quartos, Cass com certeza vai permitir.
- , só... De todas as coisas que eu fiz até agora, me arriscar por você foi a única que valeu a pena. E eu faria tudo de novo. - disse , abrindo um sorriso em meio as lágrimas.
- E de todas as coisas que eu tive na minha vida, você é a única que eu quero pra sempre. Acho que assim temos um final feliz, não é?
- Eu espero que sim.
E os dois se beijaram. Dessa vez com a certeza de que estavam sozinhos e livres para viver o mais intenso e verdadeiro dos amores.

EPÍLOGO


- Jack, eu vou desligar! está correndo com as crianças sozinha na praia. - disse . - Até mais. Venha nos visitar logo.
Há anos, a família , que começara em Las Vegas, se mudara para Santa Barbara, na Califórnia. Fora fácil trocar os quentes cassinos pela leve e divertida brisa do verão e pela praia bonita e agradável.
e tiveram dois filhos, uma moça chamada Cassandra, que todo mundo chamava de Cass, e um rapazinho chamado Parker, em homenagem ao falecido pai de .
- Papai, a mamãe já me ganhou na corrida duas vezes. - disse o garoto, correndo em direção ao pai. - Você precisa me ajudar no time dos meninos.
Logo e a menina mais jovem pararam na frente dele.
- O que você faz no celular? - perguntou a esposa.
- Eu estava falando com Jack. Naomi recorreu novamente e perdeu. Ela não consegue de jeito nenhum se livrar de prisão perpétua.
- O que é prisão perpétua? - perguntou Cassandra.
- É ficar preso para sempre. São termos que a mamãe estuda na faculdade. - explicou .
- Sua mãe está estudando para ser a advogada mais bonita da Califórnia. - falou .
- Da Califórnia? Eu já fui a mulher mais bonita do mundo pra você. - comentou ela fingindo estar zangada.
- Você é a mulher mais bonita do mundo pra mim, mamãe. - falou Parker abraçando-a.
- Obrigada, filho. Agora por que vocês dois não vão correr sozinhos? Estou velha e cansada pra correr mais.
As crianças concordaram e saíram em disparada.
- Eles são uma ótima dupla. - comentou a mulher.
- Como nós. O melhor jogador de pôquer do mundo e a melhor golpista do mundo. - disse o marido, rindo.
- No fim das contas, não éramos isso. Seus pais eram.
- Sim. Mas ainda somos uma boa dupla. – comentou, abraçando a esposa.
- Na verdade... Acho que somos a melhor dupla. - respondeu ela.
E os dois observaram os filhos correrem das ondas. O passado não incomodava mais.


CONTINUA



Nota da autora (30/01/2015): Sem nota.


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