Era meu primeiro dia como entregadora de pizza, como eu havia acabado de comprar minha moto, eu tinha que trabalhar para pagar a gasolina... Bem, não vou entrar em detalhes sobre as dívidas que fiz por causa dessa motocicleta, mas lá estava eu, sentada na minha moto, ouvindo no mp3 That Girl, entre outras músicas do McFly, quando minha amiga, que é recepcionista da pizzaria, veio correndo e disse: - ! Sua primeira entrega sai em 15 minutos. - Mas é tipo Habib's ? 28 minutos ou é de graça? - É.
Legal, os 15 minutos se passaram, peguei a pizza que era pra um tal de (, mas soa mais legal). Adoro esse nome, esses, , , , e nem sei porquê. Subi na minha moto, ô lugarzinho difícil de achar, droga! Já tinha se passado uns vinte minutos e eu não achava o endereço! Finalmente entrei numa rua à direita e lá estava o prédio. Deixei minha moto encostada no estacionamento e entrei. Não tinha ninguém por lá, passei reto, o prédio era pequeno, tinha cinco andares, o da pizza era o terceiro. Ótimo, o elevador estava quebrado, subi os lances de escada segurando a pizza e comecei a procurar o quarto do terceiro andar... Achei! Mas só pra animar meu primeiro dia de trabalho, já tinham se passado 26 malditos minutos. Algo me dizia que aquela noite só iria piorar. - Quem é? - ouvi uma voz masculina. - Pizza! - gritei. - Ah, qual é? Essa já ficou velha. - ele disse do outro lado da porta. - Han? - É... Tem gente que se esforça mais. Ok, eu peguei um retardado ou estava no endereço errado? Eu olhei a notinha que me deram. Estava certo. - Você é o ? - É... Talvez. O que você quer? - Sua cueca! - Há! Eu sabia! - Han? - eu fiquei sem entender – O que que você tá achando que eu sou? - Mais uma das loucas que vem me entregar "pizzas" - ele disse com sarcasmo na última palavra. - Mas eu vim entregar pizza! Eu tenho até uma notinha! - Passa por debaixo da porta. - Beleza. Eu tirei a notinha do bolso no mesmo momento que abriram a porta do lado, tinha um ventilador ligado ou algo assim e eu corri, mas ela saiu por uma janela no fim do corredor. Eu soltei uns cinco palavrões aleatórios e voltei para a porta daquele infeliz. - Então? - VOOU - eu sussurei. - O que? - VOOU! Agora abre essa porra de porta! Já se passaram 28 minutos, a pizza já é de graça, eu tenho mais um monte de entregas e minha moto ta lá em baixo e só falta nela uma placa de "roube-me"! Ele ficou em silêncio uns 2 minutos. - Wow... Essa foi boa. Já pensou em ser escritora? Você tem uma imaginção boa. Aquilo me subiu a cabeça, eu larguei a pizza no chão e comecei a esmurrar a porta. - Eu vou chamar a policia! - gritei. - Você? Eu quem deveria chamar. Você chega na minha casa, atrapalha o filme que eu tava assistindo e ainda tenta derrubar minha porta?! Ah, vá pra... - Se completar te dou um soco. - À vontade pra furar a porta. Eu já estava quase chorando de raiva pra poder sair dali. Eu bati o pé. - Tudo bem, se não for pela porta eu entro pela janela. - Você não é louca. - Ah, é? Eu corri pra janela no fim do corredor e olhei pra baixo, ventava forte e eu não tinha lugar pra andar direito, não valia a pena morrer por uma pizza. Eu voltei. - Tá bom, não sou louca. Ele deu uma risada escandalosa de dentro do apartamento. - Mas... - Tem mais? - ele perguntou - Claro baby, enquanto você não abrir a porta e pegar a pizza eu não saio daqui. Eu me sentei no chão e encostei-me à porta. - Quando você vai entender que eu não pedi pizza, mulher?! - Tinha seu nome aqui. alguma coisa. Ou você é bipolar, ou bateu a cabeça na privada depois que desligou o telefone ou é de nascença. - Tá bom, que se dane. Eu vou assitir tv. Eu tinha que pensar rápido, se ele fosse assistir TV eu podia morrer aqui e ele nem notaria. Encostei meu ouvido na porta: era jogo. Corrigindo: eu vou morrer aqui. Comecei a bater na porta e berrar uma música: - You've never been so used As I'm using you, abusing you My little decoy Don't look so blue, You should've seen right through I'm using you, my little decoy My little decoy! Pude notar que ele aumentou a TV. Estava funcionando, ebtão bati mais forte. O jogo era entre Arsenal e . Arsenal fez um gol, a voz dele soltou um grande "não!" Tinham mais algumas vozes, mas nada importante. Eu aproveitei o momento. - HEY , VAI TOMAR NO CU! - eu comecei a berrar. Eu nem era torcedora do Arsenal, mas... Ele abaixou a tv e eu mantive as batidas. - Ela é guerreira, cara. - uma outra voz masculina disse. - É, abre logo, a gente dá alguma coisa pra ela, ela leiloa no Ebay e a gente compra de novo. - outra voz. - É, eu não quero ninguém dormindo na minha casa! - mais uma voz diferente. - Não! Ela me provocou agora que aguente. - - Ai que medo. - Eu gritei. - É bom ter mesmo! - Fala sério! Isso não paga meu salário! Desisto! - gritei enquanto levantava me apoiando naquela porta vagabunda. Se alguém quisesse, podia ficar o dia todo ouvindo o que eles falavam sem esforços. Desci as escadas com a pizza ainda em mãos. Cheguei lá e fui em direção à minha moto... Mas não estava lá! Roubaram a minha moto nova?! Eu ainda estava pagando! - Há! Mas aquele infeliz me paga! - gritei enquanto subia as escadas. Bati na porta feito uma louca e gritava. - Abre a porta e pega essa pizza! - Caramba, tu ainda tá aí?! - Não, já fui embora! Há, espera, não fui não, porque enquanto eu tava perdendo tempo aqui, alguém roubou a minha moto nova! - Sério? - disse uma voz masculina que já havia se manifestado antes. - Pode olhar a janela! Uns vinte segundos se passaram e os garotos com um grau incrivelmente elevado de QI me responderam que não tinha nada lá. - Mesmo? Será que é porque roubaram a minha moto?! - eu estava muito puta da vida, mas passei a falar como alguém que fala com uma criança, sabe? - Agora, abram essa porta, peguem a porcaria da pizza fria e me dêem o dinheiro da condução! - Você não quer carona? - Ouvi um soco - Oww! - Brigada. - Eu disse - Você vai pro céu, agora esses outros... Ou melhor, esse que começa com e termina com vai pro inferno! - A gente vai se encontrar lá. - falou. - Já que eu não tenho pra onde ir e nem como ir, acho que vocês não ligam de eu acampar aqui, né? É, eu acho que não. Eu me encostei-me à porta e fui escorregando até me sentar no chão. - "Chega vem dançar, quero ver tu rebolar, txurû txurû rû!" - comecei a cantar. Quando ouvi uns sussurros, parei. - Eu vou abrir! - um disse. - NÃO! - . - Sai , ela tá falando umas coisas estranhas, vai que é macumba? Eu ri, por um segundo esqueci que estava na Inglaterra e cantei em português. Bem, funcionou pra alguma coisa: deixá-los com medo. Eu arranhei a porta com as unhas. - Uma hora vocês terão que sair... - eu falei. - Cara, abre, acho que ela tá ficando louca. - Cala boca, , larga de ser cuzão. - Eu ainda estou aqui. - eu disse. - Não por muito tempo, a faxineira já vem recolher o lixo. - Lixo? Ah, se essa porta estivesse aberta, você não tem idéia de onde eu ia jogar essa pizza. - Uii - ele disse depois riu. Eu abaixei a cabeça e senti uma vertigem, meu estômago estava fazendo barulhos estranhos. Eu estava cansada, com sede, com fome e com vontade de matar. Mas a fome era maior, claro. Eu bati a cabeça na porta e tudo foi se escurecendo até eu perder a consciência.
[ narrando]
- Tá quieto aqui. - olhava, medindo as palavras para não apanhar de novo. - Quieto até de mais... - . - Putz, será que ela morreu? - se desesperou. - Não, ela não me deixaria tão feliz após todo esse tempo. Fui em direção a porta e abri uma fresta suficiente para poder espiar lá fora. Ao fechar a porta, pasmo, falei: - Alguém pode me ajudar? - Com o quê? - . - Isso! - exclamei e abri a porta - O corpo! - na medida em que a porta se abriu a garota e a pizza caíram pra dentro do apartamento. - Não é que ela tinha pizza mesmo? - comentei. - Dude, fudeu de vez! - . - O que a gente faz com o corpo? - perguntou. - Não sei, nem sei se ela morreu - disse olhando a garota meio pálida. - Deixa eu ver... - abaixou-se e colocou a mão sobre o peito dela. - Cara, tá louco? Vai se aproveitar do defunto? - eu gritei. - , eu só ia sentir o coração e o pulso. - Idiota. - disse numa risada. - É, e falar com a TV durante o jogo é muito inteligente. - Comentei. - ô cambada... A garota ainda tá caída! - lembrou . - Aé! Faz o seguinte, , segura ela pelo braço que eu seguro pelas pernas. , desocupa o sofá. ... Pega a pizza! - Pode deixar! - Ele pegou a pizza e colocou na mesa. Como o sofá já estava vazio, eu e a levantamos e quando chegamos perto do sofá, disse: - No três! - começamos a balançar de um lado para o outro - Um, dois... - Perai! É no três que a gente joga ela no sofá ou é três e já? - No já a gente joga. - Mas por que no já? Ela tá pesada! Vamos no três. - No tempo que a gente tá balançando ela e discutindo, já teria tempo de colocá-la no sofá umas três vezes!- . - Mas porque você iriam querer fazer isso, sabe, colocar, tirar, colocar, tirar... Ia dar muito trabalho - . Depois da excelente reflexão feita por , disse a solução mais inteligente após quase 4 minutos balançando a garota da pizza. - Coloca ela no sofá de uma vez! - Já! - jogou-a no sofá e eu fiz o mesmo sincronizadamente. - Ela tá viva, olha, tá respirando. - observou. - Mas isso não quer dizer nada, pode ser reflexo. - . - Vamos ficar esperando ela acordar ou eu posso ir comer pizza? - perguntou impaciente. - Pera aí, garota da pizza, acorda! - Eu a segurei pelo braço e comecei a chacoalha-lá, mas ela não acordou. Esperamos em volta dela por uns dois minutos e nada... - Ela não vai acordar agora mesmo, vamos comer pizza! - . - Tá legal - eu me levantei, assim como os outros, e demos as costas para a garota, que logo acordou e começou a chorar histérica. [...]
[Você narrando] Onde eu estava? Minha vista começou a desembaçar, dando forma para as quatro criaturas mais perfeitas do mundo. Essa não, eu comecei a chorar e gritei: - Eu conheço essas bundas! Eles olharam pra trás num salto. - Ai meu Deus! - me derramei em lágrimas - Vocês também morreram...? Nossa, o céu é bem mais legal do que eu imaginava, ele parece mais um apartamento do que com aquele lugar azul e cheio de nuvens e tal. - Mas garota, você não tá no céu! - disse uma das perfeições, - Uhn, eu sempre soube que vocês iriam pro inferno, eu só não quis falar nada - disse com a voz meio maliciosa - Mas... Eu sempre achei que a Lindsay também estaria aqui. Quem sabe daqui uns tempos ela se junte a nós? - Mas você não tá no inferno! - disse outra perfeição, . - Saquei! Tô na sala de espera do purgatório, eu tenho que pegar senha? - Sua porra louca, você tá viva! - ... Uhh - ! Ah! A pizza era pra vocês! - Mas a gente não pediu pizza! - . - Mas... Por que tanto ódio da pobre massa recheada de quatro queijos? - Ah, é que você é a quarta louca que, só hoje, vem entregar "pizza" pra gente... Quando a gente abre não vê mais nada pela frente. - - É, eu já perdi três camisas por que alguém sempre abria a porta, não é, ? - . - Nada pessoal, foi mal. - . - Ah, tudo bem, no final até que foi engraçado. - eu disse. - Então, nos acompanha nessa pizza fria? - estendeu a mão pra me ajudar a levantar. - É, pode ser. Tô com um furo no estômago e com certeza já perdi meu emprego. Por que não? Eu dei a mão pra ele, e wow, aquilo sim revirou meu estômago, no bom sentido. Eu não queria mais largá-lo. Nós nos sentamos na mesa e tive que soltá-lo. - Nossa, depois de tudo isso, eu tô comendo pizza com o McFly. - eu disse. - Mas só tem uma pergunta que não quer calar - começou - Quem pediu a pizza? A porta da frente abriu. - Oi pessoal - , a atual namorada de , pelo que falavam na mídia e eu confirmava com meus olhos, entrou. – Nossa, ainda tem pizza? Eu pedi, mas não pensei que ia chegar a tempo. - Foi você?! - . - Foi, e espero não ter causado problema nenhum por ter usado seu nome. - Magina, problema nenhum. - me olhou e nós rimos. Era estranho pensar que há 10 minutos eu estava prestes a quebrar aquela porta pra matá-lo... Eu iria me arrepender tanto de matar meu ídolo. - Perdi alguma coisa? - ela perguntou, se sentando no colo de . - Muita coisa - . - Vale a pena? - . - Acho que sim, depois a gente te atualiza. Por falar nisso, essa é a... Eles se entreolharam. - Acho que a gente ainda não sabe seu nome. - falou. - , só . - Eu sorri. - Mais conhecida como garota da pizza - disse, rodando a caixa de pizza no dedo. - Provavelmente ex, mas tudo bem. - Sabe, eu acho que chegamos a uma conclusão bem interessante - . - Qual? – Todos perguntaram. - Não é só na política que tudo acaba em pizza. Depois de falar isso ele deve ter levado uns três pedalas, seguidos de um monte de "darr", mas eu concordava com ele. E vida de entregadora de pizza pra mim? Não, obrigada, por um bom tempo. Vai que eu dou de cara com outro ?! Eu acho que fico bem só com esse. E muito BEM.
FIM
n/a Larissa: Bom essa foi nossa primeira comédia tosca, surgiu de uma brincadeira e virou essa fic. Espero que tenham gostado. Obrigada a Kaah Jones por betar a fic e a todas que leram. Se você chegou aqui, saiba que melhorou a alto estima de duas meninas xp Então, x's e o's , como eu to com preguiça de ligar pra Quel e nós pensamos quase do mesmo jeito, fica aqui o agradecimento dela também. ;D'