By: May Lioncourt - Thinking of You
Prólogo
"Like an apple hanging from a tree, I picked the ripest one [...] I am thinking of you." (Katy Perry)
A noite caiu assustadora. Aconcheguei-me aos lençóis buscando o calor que outrora encontrava em teu corpo, mas o que eu realmente desejava era poder estar ao seu lado, admirando sua bela face, mesmo que pela última vez.
Estava difícil respirar, difícil aceitar que nunca mais encararia seu rosto envergonhado após um elogio meu e que seu belo e inocente sorriso jamais desabrocharia de novo para iluminar minha vida, agora sombria e misteriosa.
Tentava a todo custo fechar os olhos para dormir, mas sempre que tentava, sua imagem se formava diante de minhas pupilas apertadas e escuras. Desejei morrer ou ao menos entrar em estado de coma para nunca mais acordar.
- Eu não viverei sem você!
Califórnia, 29 de Agosto de 2006; 06:42am
Acordei cedo, o suor se formava em gotículas na minha testa, fazendo alguns fios de meu cabelo ficarem grudados nela. Levantei devagar e senti a cabeça rodar, então sentei e respirei fundo. Ao meu lado dormia, ele estava sonolento quando estendeu sua mão e a pousou nas minhas costas, perguntando-me com a voz embargada:
- Está se sentindo bem, ?
Eu virei para ele e encarei seus olhos , forcei um sorriso e soprei-lhe um beijo.
- Eu vou ficar melhor se você me abraçar! - respondi.
Ele sentou na cama deixando o cobertor azul anil escorregar por sua pele branca e lisa, olhou para mim carinhoso e beijou-me na testa. Seu corpo quente acalmou minha taquicardia e trouxe-me lembranças da noite anterior, quando com fervor nos amamos e sussurramos um ao outro o quanto estávamos apaixonados. Puxei-o para mim, como se viver dependesse apenas de tê-lo ao meu lado, trouxe seus lábios para junto dos meus e o beijei.
apertou-me com força e eu podia jurar que um pouco de desespero. Ele estaria sentindo a mesma angústia que eu? Voltamos a deitar na cama macia e quente, eu ficaria daquele jeito o resto da minha vida e não pediria mais nada a Deus e se eu soubesse que aquela seria uma das minhas últimas oportunidades de tê-lo tão perto, eu teria aproveitado mais.
O banheiro branco estava completamente sujo de rosa. Quando abriu a porta eu estava secando meus cabelos, ele sorriu e logo depois fez uma cara engraçada ao perceber que as pontas dos meus fios estavam tingindas de um pink fluorescente.
- Eu avisei que ia pintar! - disse eu sorrindo e olhando seu reflexo no espelho.
me envolveu por trás e beijou meu pescoço com os olhos vidrados no meu reflexo.
- Não me importo, você é perfeita de qualquer jeito. - falou ao meu ouvido.
- Mesmo com essa espinha enorme na testa?
- Mesmo com essa enorme, vermelha e sórdida espinha na testa. É seu charme. - ele beijou minha bochecha e entrou no box.
Terminei de limpar toda minha bagunça e fui para a cozinha, eu sempre havia sido péssima cozinheira e comprava nosso café da manhã na padaria em frente, mas naquela manhã eu quis ser um pouco mais prendada. Busquei em meus armários vazios alguns ingredientes que pudessem ser usados para preparar um desjejum digno do . Eu estava atordoada ao perceber que não havia nada que não fosse industrializado, quando a voz dele gritou de dentro do banheiro:
- , pega a toalha que esqueci em cima da cama?
- Droga , você sempre esquece de tudo! Está com sua cabeça no lugar? - briguei.
Entreguei a toalha branca na mão que estava estendida na fresta da porta, essa mesma mão segurou meus dedos com força deixando-os brancos por falta de circulação sanguínea. me puxou para dentro do banheiro e com um movimento rápido de pugilista fechou a porta atrás de mim, prendendo-me contra ela e seu corpo.
- E agora?
- E agora o que ? Você precisa ir ensaiar hoje! - resmunguei infantilmente.
- Ah! Os caras podem esperar, mas isso aqui não.
Ele beijou minha boca com força, suas mãos corriam da minha cintura até a curva das minhas costas fazendo com que um calafrio percorresse minha espinha e arrepiasse os pelos da minha nuca.
me levantou e eu me rendi cruzando as pernas em seu quadril, procurando algum apoio naquele momento de total descontrole mental. Seus lábios agora percorriam a extensão do meu pescoço enquanto minhas mãos puxavam seus cabelos molhados do banho. Nossas peles perfumadas de sabonete começavam a suar de prazer e nossos movimentos estavam cada vez mais agressivos. Senti-me a garota mais feliz do mundo, ele me amava e eu tinha certeza disso.
Descemos de mãos dadas para irmos tomar café no lugar de sempre. Fizemos nossos pedidos e sentamos em uma mesa escondida que já parecia ter nosso nome, os outros fregueses nem ousavam sentar nela. Eu e já éramos fiéis e conhecidos no estabelecimento.
- Ei , o que acha de ir comigo ao ensaio hoje? - perguntou-me , colocando patê em uma das torradas.
- Ah amor, tenho tantas coisas pra fazer. Preciso terminar design daquela camisa ou o cliente vai desistir de mim. – sorri me inclinando por cima da mesa para beijá-lo em desculpa.
- Tudo bem. - sua voz triste me cortou o coração.
- Eu prometo que vou no próximo. - cruzei os dedos na boca em promessa. Se eu tivesse ideia...
Saímos em direção ao nosso apartamento, mas somente eu entrei no prédio. entrou em seu Range Rover prateado e mandou-me um beijo antes de subir o vidro fumê de seu carro.
Sentei em minha escrivaninha com vários esboços de estampas não terminados e alguns pintados pela metade. Abri meu notebook e comecei a trabalhar. Uma hora depois eu já estava de saco cheio e resolvi tomar um banho, mas no meio tempo entre minha decisão e ir até ao banheiro meu telefone tocou.
Peguei-o em cima do sofá e deslizei o slide rapidamente, geralmente não atendia números desconhecidos, mas meu coração avisou que eu deveria levar aquela ligação a sério.
- Alô? - minha voz soou urgente aos meus ouvidos.
- Srta. ? - perguntou uma mulher do outro lado da linha.
- Sim, sou eu mesma! Quem fala? - continuei urgente, andava de um lado para outro, ansiosa.
- Sou do serviço de emergência, estou ligando para perguntar se a senhorita conhece ?
- Ele é meu namorado. - guinchei, já desesperada a esta altura. - O que aconteceu, o que houve...
- Acalme-se, seu namorado sofreu um acidente de carro e estamos lhe informando que o levaremos para o California Hospitals and Medical Centers, achamos o cartão do plano de saúde e seu número na carteira dele.
- Meu Deus! - sussurrei - Estou indo para lá agora. Como ele está?
- Seu estado é delicado.
Desliguei sem me despedir, peguei apenas minhas chaves e corri porta afora. As lágrimas já desciam pelo meu rosto, eu estava em pânico. Chamei o elevador, mas ele estava parado dois andares acima, abri a porta das escadas e desci o mais rápido que pude.
Meu carro estava guardado na parte mais distante do estacionamento e eu acelerei a corrida para alcançá-lo mais rápido enquanto as cenas de nossa manhã passavam em slides pela minha cabeça, eu continuava chorando, mas dessa vez alta e copiosamente.
Solucei o caminho inteiro até o hospital, puxei minha bolsa do banco traseiro e telefonei para minha irmã.
- , por favor preciso que me ajude! - gritei no telefone enquanto avançava para dentro do hopital.
- O que houve , fala mais baixo para eu entender. - disse ela do outro lado do fone.
- sofreu um acidente, eu tô no California Hospitals and Medical Centers, por favor...
- Eu estou já aí, procura ficar calma!
Eu desliguei o telefone e bati com o punho no balcão. A recepcionista me atendeu e disse que se encontrava na U.T.I.
Fui obrigada a dar-lhe todos os dados necessários e assinar alguns papéis; a caligrafia trêmula.
- Sinto muito. - foram as únicas palavras do médico.
havia sofrido um TC (traumatismo craniano), o impacto forte afetou parte do cérebro e comprometeu diversas funções físicas e motoras, ele não sobreviveu a este e outros ferimentos. estava morto.
Não dava para acreditar, eu nem consegui derramar lágrimas. Apenas joguei-me contra o corpo da minha irmã que sussurrava para me acalmar.
Fomos embora, ela iria cuidar de tudo. Eu estava em estado de choque, para mim tudo havia sido uma mentira deslavada, a incompetência daquele médico tinha me arrancado o coração.
- Você fica aqui . Eu vou cuidar de tudo para você!
Não agradeci, nem mesmo movi um músculo. Apenas virei para a parede e adormeci de imediato.
A noite caiu assustadora. Aconcheguei-me aos lençóis buscando o calor que outrora encontrava em teu corpo, mas o que eu realmente desejava era poder estar ao seu lado, admirando sua bela face, mesmo que pela última vez.
Estava difícil respirar, difícil aceitar que nunca mais encararia seu rosto envergonhado após um elogio meu e que seu belo e inocente sorriso jamais desabrocharia de novo para iluminar minha vida, agora sombria e misteriosa.
Tentava a todo custo fechar os olhos para dormir, mas sempre que tentava, sua imagem se formava diante de minhas pupilas apertadas e escuras. Desejei morrer ou ao menos entrar em estado de coma para nunca mais acordar.
- Eu não viverei sem você!
- Não mesmo. - sua doce voz invadiu meus tímpanos. Eu disse, tinha certeza que ele ainda vivia.
- ! - gritei de êxtase. - Eu sabia!
Ele estava parado ao lado da nossa cama, sorrindo e com as roupas que saíra de casa. Sua pele intacta e sem nenhum arranhão.
Abracei-o com força e uma energia fluiu dele para mim. Amor!
- Eu não posso ficar aqui. Pertenço a outro lugar agora meu amor! - disse ele fazendo carinho em meus ombros cansados.
- Então eu vou com você! - decidi.
- Mas você deve ficar aqui, ainda tem um destino, pela parte de mim que você carrega!
Sua mão encostou em meu baixo ventre com delicadeza e eu finalmente entendi. Ele jamais iria embora por completo, enquanto eu o mantivesse vivo em meu coração ele sempre estaria comigo.
não iria embora sem me deixar uma marca forte e eterna.
Uma luz encheu nosso quarto, era branca e forte. Ela envolveu o corpo de levando-o para longe de mim, só então percebi que ele próprio caminhava em direção a ela. Sorri, deixando vazarem as lágrimas e me senti melhor.
Epílogo
Hoje vendo meu filho corrijo o que disse a quatro anos atrás:
- Não viveremos um sem o outro!
Meu pequeno filho caminhou até mim, com a mão estendida. Os dedinhos sujos de terra traziam bem apertada uma flor amarela.
- Papai mandou dizer que ama você.
Dei-lhe um beijo delicado na bochecha rosada e o carreguei nos braços, distante vi a imagem brilhante de e sussurrei de modo que somente eu, nosso filho e ele pudéssemos ouvir:
- E eu estou sempre pensando em você, .
Nota da autora:
Oi sacos de hormônios (Isso soou pejorativo?). Estive há tempos para escrever essa fic, mas ainda não tinha tido uma TPM tão
emocional quanto essa. Me baseei na fic da Katy Perry e confesso que senti o coração apertar só de imaginar meu Daniel Jones
me deixando sozinha e com um bebê. Só que é reconfortante saber que ele está sempre ao seu lado né?
Bom, não creio que tenha sido um final feliz, mas foi emocionante (ao menos para mim).
Nota da beta:
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