Two Different Worlds Collide


Capítulo 1 - Ser Forks, ou não ser Forks? Eis a questão.

null’s POV

- Eu não quero ir! Eu não vou! Soltem-me! - Eu gritava, enquanto aquelas duas tentavam puxar meu braço e eu me segurava na cabeceira da cama.
- Você vai, null! Pára com isso, vai ser legal. - null disse, revirando os olhos.
- Não vão me enfiar em um avião para me levar àquela cidade desconhecida e estranha. Vocês não sabem que todo filme de terror tem como cenário uma cidadezinha pequena e desconhecida?
- Ai, null, dá pra parar com o drama? Obrigada. – Agora, foi a vez de null se pronunciar.
- Não, não e não. Se vocês querem ir, vão em frente. Eu estou dizendo, eu não saio desse quarto. No way.
- Caramba, estou vendo que vou ter que usar medidas drásticas. - null disse, em um tom ameaçador. Olhei para ela, com medo. Quando ela começava assim...
Ela simplesmente se enfiou no meu armário e começou a futucar em tudo. Eu me soltei lentamente da cabeceira da cama, puxando meu braço da mão da null. Fui andando com cautela até a null, quando se tratava dela, não podia fazer movimentos bruscos.
- null, o que está fazendo? - Eu perguntei, com a voz baixa.
- AHÁ, ACHEI! - Ela gritou, dando um pulo com algo nas mãos, algo que eu não podia ver. Ela começou a rodopiar pelo quarto com a coisa nas mãos, e eu não conseguia fazê-la parar.
- O quê? O QUE É? O que você pegou, null?
Então, ela deu a língua pra mim e saiu correndo pela casa. Eu não sabia o que ela estava segurando, mas sabia que era algo muito importante. Fui correndo atrás dela, tentando alcançá-la. Pude a ver entrar no quarto dela e fechar a porta. Entrei logo em seguida, em tempo de ver aquele sorrisinho cínico no rosto dela. Não pude deixar de reparar que null, agora, tinha as mãos vazias. null acabava de entrar no quarto também, sorrindo.
- Querida null, eu realmente não queria ter que fazer isso, mas foi você que pediu.
- O que é, null? O que você pegou? Seja lá o que for, eu quero de volta.
- Bem... É meio que uma chantagem. Mas, não se preocupe, tudo vai acabar bem, se você aceitar viajar com a gente. - Declarou a diabinha loira na minha frente, com um sorriso maligno.
- O-QUE-É? - Eu gritei, finalmente impaciente.
- Seu pôster do Paramore autografado pela Hayley. - ela declarou. E meu rosto ficou vermelho de raiva, eu tinha certeza.
- NÃO! , ISSO NÃO É BRINCADEIRA, ME DEVOLVE AQUILO. É MINHA VIDA, VOCÊ SABE DISSO! ONDE VOCÊ COLOCOU? ME DEVOLVE! - Comecei a gritar e correr pelo quarto, procurando em todo o canto.
- Você não vai achar, null. Fica calma. Ele não precisa ir para a fogueira, se você for viajar logo.
Eu olhei para null e para null, que sorriam triunfantes, e suspirei.
- Tá, vocês venceram. Mas, por favor, deixe o pôster em paz, ele não tem culpa de nada.
- Tudo bem, ele estará a salvo. Não se preocupe. Agora, vá arrumar suas malas.
- Isso vai ter volta, vocês vão ver. - Eu disse, saindo do quarto, emburrada.
Embora estivesse realmente chateada pelo sequestro do meu pôster, eu sabia que ia passar logo. Apesar de elas serem duas loucas, que não entendem o valor que um autografo da Hayley pode ter, eu ainda amava aquelas duas. E até que a viagem poderia ser boa. Se o avião não caísse. E se não fôssemos sequestradas por nenhum psicopata. E se não fôssemos torturadas por nenhum psicopata. E se não fôssemos mortas por nenhum psicopata. E... E...
- AAAAAAAAAAAAAAAH, MENINAS, SOCORRO! - Eu gritei, enquanto saía correndo pela porta do quarto, apavorada.
- Nem vem, null! - Ouvi a null gritar lá do outro lado do corredor.

null’s POV

Omg, eu estava tão feliz. Consegui as passagens, e, o mais difícil, convenci a null-tenho-pânico-de-viagens a ir com a gente. Sinceramente, achei que o pânico dela fosse maior que o amor pelo Paramore. Pelo visto, eu estava errada. Que bom. Realmente seria uma pena queimar um pôster tão bonitinho.
Eu saltitava feliz e alegre (eu sei que são sinônimos, mas os dois juntos deixam o texto mais... contente?) pelo quarto, enquanto jogava peças de roupa na minha mala rosa da Hello Kitty.
Era tão mágico, finalmente eu ia sair do país. Mesmo que fosse para uma cidade pequena, ainda assim seria muito legal. Eu fiz questão de escolher um lugar frio, embora tenha tido que chantagear a null também para isso. É completamente irracional que ela quisesse ir para um lugar quente; nós já vivíamos nesse inferno de Brasil, valia a pena ver, pelo menos, um pouco de neve dessa vez. Se tivermos sorte.
Forks parecia um bom lugar, e barato, o que era importante, já que ninguém aqui era milionária. Eu esperava que Forks tivesse muitos gatinhos, ia ser tão divertidinho.
Eu continuei saltitando feliz o dia inteiro, pra lá e pra cá. Só pra vocês verem, eu não sou uma pessoa do mal o tempo inteiro, geralmente sou uma garota boazinha. Só de vez em quando eu tenho que mostrar meu lado mau. Muahahaha.
Durante a janta, a null tagarelava o tempo inteiro sobre alguma característica de Forks que ela tinha descoberto na internet. null apontava em cada característica uma coisa perigosa.
- Mas, amicíssima, você não sabe que lá só chove o tempo todo? É horrível. Ainda não é tarde para mudar de idéia e irmos para o norte da Austrália, ou Hawaii, com os surfistinhas, o que acha? - null tentou a sorte, pela milésima vez só hoje.
- Chuva o tempo todo? Com certeza, é um lugar perfeito para assassinatos. Estou dizendo, garotas, é melhor ficar por aqui. - null, claro.
- Aaaah, chega! Não vamos mudar de ideia, vamos para Forks e ponto. Eu gosto muito da chuva e do frio, então, sem problemas. E, null, pelo amor de Deus, aqui você pode colocar a cabeça para fora da janela e levar uma bala perdida no meio da testa! - Eu disse, perdendo a paciência.
A viagem conseguiu sobreviver ao jantar. Era bem difícil, já que eu era a única realmente a fim de ir. null queria ir, mas não exatamente para Forks. E null não queria ir para lugar nenhum, talvez até a esquina. E eu realmente estava animada com isso. Eu sentia que algo bom ia acontecer, que tinha que ser Forks e nenhum outro lugar, era estranho, mas, às vezes, eu tinha esses pressentimentos esquisitos, vai entender. A parada é que sempre estou certa. Tinha algo de mágico e emocionante esperando por nós em Forks, e, no fim, as meninas me agradeceriam por isso.
Eu rolei muito na cama naquela noite, sem conseguir entrar em um sono profundo, por conta da ansiedade. Até que peguei meu Ipod e coloquei os fones, fiquei ouvindo Jesse Mccartney até pegar no sono, quase sempre funciona. Se não funciona, o resultado é que eu começo a cantar a música sussurrando bem baixinho, e no fim estou cantando a plenos pulmões e dançando de um jeito estranho, deitada na cama. Felizmente, dessa vez o resultado foi o sono profundo mesmo.
Quando acordei, percebi que estava cedo. Que estranho, eu nunca acordo cedo. E também percebi que eu estava feliz. Mas não feliz feliz, estava feliz de um jeito estranho. Eu não sabia bem por quê. Só sabia que tinha tido um sonho perfeito, tinha algo como um homem muito lindo, mas não me lembro de mais nada, só sei que me fez feliz.
Bem, saí da cama, calcei minhas pantufas de coelhinhos cor-de-rosa e fui descendo a escada, encontrando a casa vazia (pelo menos, de gente acordada), como o esperado. Devia estar realmente cedo.
Aproveitei que eu estava sem sono e sem nada para fazer, e fui pegar minha caixinha de manicura. Comecei a dar um jeito nas minhas unhas enquanto cantarolava Jonas Brothers. Não demorou muito, como eu estava acostumada, para que eu estivesse cantando em alto e bom som. E também não demorou muito até null aparecer e atirar um tamanco contra a minha cabeça. Ela sempre fazia isso, dizia que era tratamento de choque, e que um dia eu aprenderia a lição. Bem, esse dia ia esperar, porque eu continuei cantando feliz enquanto pintava minhas unhas de rosa pink.
null bateu o pé no chão e me olhou emburrada. Eu estava ignorando ela totalmente.
- null, para de cantar essa musiquinha fresca e me ouça…
- Fale, null. – Eu autorizei, pacientemente.
- A que horas devemos estar no aeroporto?
- Hm... Não sei... Deve ter a hora nas passagens, por que não dá uma olhada? – Eu sugeri, ainda concentrada na minha unha.
- Ai, null, você é muito imprestável.
- Eu sei, amor. – Eu respondi, mandando um beijo para a null.
Ela deu as costas para mim e subiu as escadas.

null’s POV

Ai, às vezes a null torrava minha santa paciência, cara. Ainda não estava acreditando que ela me acordou cantando aquela musica tosca. É impressionante o sono pesado da null, ela nem parece ter ouvido a null cantando. Às vezes eu meio que desconfio que a null está sempre dormindo, de tão desligada que ela é.
Bem, isso não importava. Eu subi as escadas e entrei no quarto da null para pegar as passagens em cima da escrivaninha dela. Eu segurei uma das passagens aleatoriamente, só para conferir a hora e... E... AAAAAAH, EU MATO AQUELA GAROTA!
Levei uma das passagens comigo, como prova, para esfregar na cara daquela irresponsável, enquanto descia correndo as escadas. Cheguei até o sofá, onde estavam null e seus esmaltes.
- null! Levanta daí, sua tapada! Nosso vôo sai daqui a exatamente uma hora!
- Uma hora? – Perguntou a lesadisse em pessoa. Aaaai, como eu queria dar um soco nela!
- UMA HORA!
- Nossa! Por que não me avisou antes?
- PORQUE VOCÊ DEVIA CUIDAR DISSO! Ai, deixa, eu te mato mais tarde. Agora, precisamos correr e pegar nossas coisas.
- Caaaaaaalma, null, estamos de pijama!
- ai, droga!
Eu disse para a null ir se arrumar depressa, enquanto ia acordar a null. Eu sacudi a pamonha adormecida até cansar, e ela não acordava. Que merda, o aeroporto era muito longe daqui. Se não corrêssemos, não daria tempo! Tudo bem, ia ser pelo jeito difícil, então. Me aproximei bastante do ouvido da null e preparei meus pulmões e minha garganta.
- AAAAAAAAAH, OLHA! O PARAMORE ESTÁ AQUI! – Gritei com todo o volume que conseguia, e, no mesmo instante, null pulou da cama.
- Paramore?! Onde?! Onde? – A anta questionava, correndo em círculos pelo quarto.
- Lugar nenhum, null. É só que estamos super atrasadas pro vôo, graças à null, e você tinha que acordar e se arrumar.
- Ah, que bom que estamos atrasadas, assim é melhor. Se eu enrolar bastante, nós não vamos. –Ela deduziu, dando um sorrisinho como se fosse a idéia do ano.
- Jura? Aaah, a null vai adorar saber disso. Já o seu pôster do Paramore talvez não vá gostar tanto assim... Pobrezinho.
- NÃO! Tudo bem, estou indo me arrumar! – Ela gritou, correndo para o banheiro.
Eu dei sorte porque já tinha tomado um banho de madrugada, como eu gostava de fazer. Então, apenas fui vestir algo decente e escovar os dentes. Fui arrastando minhas malas pela escada até a porta da frente, onde a null já me esperava. Uau, quando a vida dela estava em jogo, ela era bem rápida. Bom, tínhamos poucos minutos para chegar ao aeroporto, e cadê a null? Fiquei batendo o pé por um tempo até me estressar de vez. Caramba, ela era a que mais queria ir, e agora ia ficar enrolando?
Subi as escadas, raivosa, e abri a porta do quarto da null. Não acreditei no que vi. Ela estava semi-enfiada embaixo da cama, usando um roupão grosso rosa.
- null, o que está fazendo? Por que ainda não está pronta?
- Aai, null, socorro! Não encontro meu shampoo especial. – Ela respondeu, saindo debaixo da cama e me olhando com uma expressão triste no rosto.
- Deixa isso pra lá, a gente compra outro por aí. Se veste logo e vamos!
- Mas ainda não tomei banho.
- O QUÊ? O que ficou fazendo durante esse tempo?
- Procurando meu shampoo, oras. – Ela declarou, revirando os olhos, como se fosse óbvio.
AAAAARGH. Nota mental: paciência com a null esgotada. Lembrar de comprar um novo estoque.
Eu agarrei a loira irritante pelo braço com uma das mãos, com a outra fui puxando a super mala de carrinho dela, e com o pé, fui chutando para frente a maleta de “produtos de primeira necessidade” dela.
- Ai, null! O que está fazendo?
- Te levando para a droga do aeroporto!
- O quê? Está ficando louca? Olha o meu estado! – Ela disse, sinalizando com a mão livre para o roupão e as pantufas de coelhinhos.
- Não me interessa.
- null, me solta!
- Não, null! Eu cansei, cara.
Eu fui arrastando-a com todas as minhas forças até a porta da frente. null segurava o riso.
- Eu já chamei o táxi. Está esperando aqui na frente. - null disse, rindo da situação da null.
- Nem pensar que eu vou assim! Vocês não podem me obrigar! - null reclamou. Mas null e eu a agarramos e enfiamos no táxi, rindo demais. O taxista também estava se cagando de rir.
- Desista, null, você não tem chances. – Eu disse a ela. Em resposta, ela fechou a cara para mim e cruzou os braços.
null, eu e o taxista colocamos as malas no carro também. Depois todos entramos e seguimos nosso caminho para o aeroporto. Se tudo desse certo, não estaríamos mais atrasadas.

null’s POV

EU NÃO ESTAVA ACREDITANDO NAQUILO! NÃO ESTAVA ACONTECENDO! NÃO ERA POSSÍVEL!
Respira fundo, null, eu disse para mim mesma.
Sim, estava acontecendo. Eu estava mesmo em um táxi, usando roupão e pantufas. null estava comigo no banco de trás do veículo, e null estava sentada no banco do carona. E, para piorar meu dia, a roupa que a null estava usando era totalmente inaceitável. Até eu estava mais bem vestida que ela. E, para piorar ainda mais, eu não tinha mesmo achado o meu shampoo querido. Na verdade, eu podia ter resistido. Eu tinha forças para me recusar a ir assim pro aeroporto. Mas eu não queria me atrasar. Eu sentia que não podia perder essa viagem de jeito algum.
Finalmente tínhamos chegado ao aeroporto. Com apenas três minutos para chegar a tempo pro nosso vôo. Droga, eu não teria tempo para ir ao banheiro trocar de roupa! Saímos do táxi correndo, e nosso vôo estava um pouquinho atrasado. Ufa! Eu fui correndo para o banheiro, com várias pessoas olhando para mim, e alguns homens babacas jogando cantadinhas de pedreiro. Eca.
Cheguei no banheiro com minha mala, e não tinha muito tempo. Apenas tirei o roupão, coloquei uma calcinha e vesti um sobretudo por cima. Coloquei um óculos escuro para esconder o fato de não estar usando nenhuma maquiagem.
Eu saí do banheiro, com as meninas impacientes esperando por mim. Elas me olharam, segurando o riso. Aff, será que elas não podiam esquecer que eu vim pro aeroporto usando um roupão? Isso era passado, agora eu estava linda e arrumada. Elas podiam parar de rir, por favor?
Bem, ignorei as duas e fomos embarcar. Estavam fazendo a última chamada para o vôo quando adentramos os portões.
Eu entrei e reparei todos me olhando dos pés à cabeça, a maioria tentando ser discreta. Na certa deviam estar imaginando o motivo por trás do fato de uma pessoa chique como eu estar perambulando pela classe econômica. Um garotinho retardado, no fundo do corredor, soltou uma gargalhada em alto volume.
Eu me sentei com as meninas em nossos respectivos lugares.
- Vem cá, gente, alguém sabe por que estão todos olhando tanto para mim? - Eu perguntei, e as duas começaram a rir. - Será que dá para dizer qual é a graça?
- null... - null começou, ainda rindo. - Eu sei que você já trocou de roupa e está muito gata, mas...
- Você esqueceu de trocar as pantufas! - null completou, gargalhando.
Eu olhei para os meus pés e vi a confirmação cor-de-rosa ali. Malditos coelhinhos! Essa será a última vez que usarei essas pantufas; elas definitivamente não me dão sorte. As meninas ainda riam, mas, francamente, o que eu podia fazer agora? Ficar descalça? Aí, em vez e acharem que eu sou louca, iam achar que sou uma mendiga. Sendo assim, sosseguei no meu canto, como a null e a null já estavam fazendo. Na verdade, a null já estava quase dormindo.
- Soninho, null? - Eu perguntei, sorrindo.
- Não muito, na verdade. Só não quero estar acordada caso o avião caia, sabe como é. - Ela respondeu, dando de ombros e voltando a fechar os olhos.
A viagem foi tão entediante que null e eu também dormimos, então, parecia que não tinha se passado nem um minuto quando o pouso foi anunciado.
Assim que saímos do avião e pegamos nossas malas, eu tratei de colocar um sapato decente, claro. Depois, deduzimos que pegar um táxi de Seattle para Forks ia sair um pouquinho caro.
- Ah, então, o que pretendem fazer? Pedir carona para caminhoneiros? - A null questionou, sarcástica.
- Eu não sei, null. Será que alguém tem uma idéia decente? - Respondi e acabei perguntando de volta.
Eu só percebi que estávamos falando super alto quando um garoto se aproximou de nós.
- Oi, desculpe, mas... Precisam de carona para Forks?
As meninas e eu avaliamos o rapaz. Ele era alto e forte, mas não parecia especialmente perigoso.
- Hmm... Está indo para lá? - Eu perguntei.
- Na verdade, La Push, baby. Mas posso deixar vocês por perto... - Ele sugeriu.
Nós pedimos licença ao garoto e fizemos uma reuniãozinha. Decidimos que ele nos deixaria perto e depois pegaríamos um táxi.
- Er... Ok, nós vamos com você, er... Qual o seu nome mesmo? - null perguntou.
- Eu sou o Jacob.
- Prazer, Jacob. Eu sou null; e essas são minhas amigas null - eu acenei - e null.
- Oi. - Ele saudou, sorrindo.
Após as apresentações, fomos até o carro do suposto Jacob. Cara, aquilo era uma carroça ou o quê?
Bem, carroça ou não, era a única coisa (não chamo aquilo de automóvel) disponível. Então, entramos todas. null parecia que ia ter um piripaque a qualquer momento.
- null, você está bem? - Eu sussurrei para ela.
- Vocês não ouviram suas mães? Não se deve pegar carona com estranhos.
- Aah, ele não me é estranho, já conhecemos o Jacob. - null acrescentou.
Seguimos em silêncio grande parte da viagem. null ligou o Ipod e eu peguei um dos fones para escutar música com ela. Não deu em outra: em menos de um minuto, estávamos as duas cantando escandalosamente.
- Hey, hey, you, you, i don't like your girlfriend. No way, no way, i think you need a new one. Hey, hey, you, you, i could be your girlfriend. Hey, hey, you, you, i know that you like me. No way, no way, no, it's not a secret. Hey, hey, you, you, i want to be you girlfriend. You’re so fine, i want you mine. You’re so delicious... - null e eu estávamos dançando no carro, jogando o cabelo para todos os lados e apontando para o Jacob, que nos observava pelo retrovisor, assustado.
Então, reparamos que null também estava paralisada, olhando para as nossas caras. Imediatamente, null e eu paramos de cantar e dançar, e fitamos Jacob e null. Em seguida, soltamos um sorrisinho sem graça.
- Er... Oi, gente. Tudo bem? - Eu perguntei, ainda sem-graça.
- Elas são sempre assim? - Jacob disse, rindo, mas mantendo os olhos na estrada.
- Nããão. - null respondeu, parecendo ofendida. - São piores. - Ela acrescentou, rindo.
- Shut up and drive, drive, drive, drive! - null e eu cantamos juntas para o Jacob, aproveitando que o Ipod havia mudado de música.
Todos nós rimos juntos. Mas depois de causar aquela super má impressão pro Jacob, que é bem gatinho, null e eu achamos melhor permanecermos caladas daqui pra frente.

null's POV

Eu tinha que admitir que apesar de estarmos presas em um carro velho com um estranho (gostoso, mas ainda assim, estranho), em uma cidade estranha (bonitinha, mas ainda assim, estranha), a viagem estava sendo legal. Eu não pude deixar de rir quando tinha visto a cara do Jacob a presenciar minhas loucuras com a null. Pobrezinho, ele pensou mesmo que tinha oferecido carona para pessoas normais.
Jacob disse que estávamos na fronteira entre La Push e Forks, então, as meninas e eu dissemos que íamos ficar por aqui mesmo.
- Têm certeza que está tudo bem, gente? - Jacob perguntou, preocupado.
- Está tudo bem, Jake, a gente se vira a partir daqui. - Eu o tranquilizei.
- Hm... Ok, então. Boa sorte. Foi um prazer conhecê-las, meninas. Eu posso aparecer por Forks a qualquer hora dessas, quem sabe nos vemos por aí.
- Quem sabe... - null disse, parecendo animada com a idéia. - O prazer foi nosso. - Ela completou.
Então, null, null e eu saímos do carro, pegamos nossas malas e nos preparamos para esperar na beira da estrada, enquanto Jacob e seu... Carro - Incrível, aquilo era mesmo um carro! - desapareciam das nossas vistas.

5 horas depois...
Cara, parecia que estávamos ali há uma eternidade! Já estava tarde e nem sinal de táxi nenhum até agora. null estava sentada em cima de sua mala de carrinho. null estava sentada na grama (lê-se mato) mesmo. E eu andava de um lado para o outro. Sim, isso há 5 HORAS!
- Enquanto houver sol, enquanto houver sol, ainda haverá... Enquanto houver sol... - Eu cantava, entediada.
- Tá, acho que a idéia de pedir carona a um caminhoneiro não me parece tão ruim agora. - null declarou.
- Ah, claro, é uma ótima idéia... SE PASSASSE ALGUM CAMINHÃO POR AQUI! Nessa cidade não tem um carro decente! - null se revoltou.
E, como se já não estivesse ruim o suficiente, começou a chover.
- AH! Não acredito que está chovendo! Que merda! - null berrava, enquanto erguia o capuz para proteger o cabelo.
- E aí, null, FELIZ POR TER ESCOLHIDO UMA CIDADE CHUVOSA? HEIN? - null gritou, também procurando algo para se proteger da chuva.
- When it rains on this side of town it touches everything. Say it again and mean it. We don't miss a thing. You made yourself a bed at the bottom of the blackest hole. Convinced yourself that it's not the reason you don't see the sun anymore. No, oh how could you do it? Oh I - I never saw it coming. No, oh I need an ending. So why can't you stay just long enough to explain? No, oh how could you do it? Oh I - I never saw it coming... *(*Quando chove desse lado da cidade, toca em tudo. Diga isso de novo e queira dizer isso. Nós não sentimos falta de nada. Você se levou a uma cama no fundo do mais escuro buraco. Se convenceu de que esse não é o motivo de você não ver mais o sol. Não, oh, como você pôde fazer isso? Oh, eu - eu nunca vi isso chegando. Não, oh, eu preciso de um fim. Então por que você não pode ficar tempo suficiente para explicar? Não, oh, como você pôde fazer isso? Oh, eu - eu nunca vi isso chegando...) - Eu cantava justo essa parte quando percebi algo.
De repente, tão rápido que eu nem vi de onde veio, um carro prata manobrou e parou na nossa frente.
- Retiro o que eu disse sobre os carros decentes. - Eu ouvi null sussurrar para null.
Eu não estava acreditando no que via. Um carro finalmente apareceu! Fiquei tão animada que não pensei em nada, apenas corri para chegar ao carro, mas, sendo eu, é óbvio que eu tinha que tropeçar e cair no chão, me apoiando nas minhas mãos para salvar meu rosto, mas minhas roupas não foram salvas da lama. "Ai, droga!" - Eu pensei comigo mesma, e quando levantei a cabeça, quase desmaiei com o que vi.
Quem era aquele garoto? Como ele podia ser... Como ele podia ser tão... Tão... Indescritível? Fiquei olhando para ele, embasbacada. Ele vinha na minha direção e perguntou alguma coisa com a voz mais linda que já ouvi na minha vida. Continuei fintando-o, sem reação. Ele disse mais alguma coisa naquela voz perfeita, e, então, outro ruído não tão majestoso rompeu o meu clima de transe.
- ! - Ouvi null gritar.
- O quê?
- O garoto esta falando com você, acho que ele queria uma resposta, sabe.
- Ah... – Então, reparei que eu estava fazendo papel de idiota com síndrome de down (nada contra as pessoas com síndrome de down), o que o garoto-deus ia pensar de mim ali, praticamente de quatro no chão enlameado? Como certeza, ia me achar retardada. Tratei de levantar do chão e falar com o menino. - Desculpe, eu não ouvi.
- Eu perguntei se estava tudo bem com você. Se machucou?
- Eu... Eu... Estou bem.
- Hm... Vocês precisam de alguma ajuda?
- Er... Er... Nós... Hãã... - Eu tentei dizer alguma coisa, mas era impossível, olhando naqueles olhos profundos.
- A gente meio que se perdeu. Queríamos pegar um táxi, mas não apareceu nenhum. - null entrou na minha frente, percebendo que me status atual era: "Incapaz de falar com clareza. Tente novamente mais tarde".
- Precisam de uma carona, então? Para onde vão? - O garoto lindo perguntou.
- Forks. Conhece?
- Eu moro lá, estava indo para casa.
- Hmm... Não sei, não queremos dar trabalho nenhum. - null começou a dizer, mas eu a interrompi.
- Não! Claro que aceitamos! Seria muito útil, obrigada. - Me apressei para dizer. O menino sorriu para mim. ELE SORRIU PARA MIM! E que sorriso...
- Bem, então, vamos. Não será trabalho nenhum. A propósito, meu nome é Edward Cullen.
- Oi, Edward. Eu sou null. - Eu me apresentei, com um sorriso.
- Eu sou a null.
- E eu me chamo null.
- Então... você mora em Forks, é? - Eu perguntei, tentando puxar assunto, mas, ao mesmo tempo, sem saber o que falar.
- É, null, foi o que ele disse. - null disse, zombando.
- Ok, é muito bom fazer uma social com os moradores locais e blábláblá, mas será que dá pra gente entrar logo no carro e sair da chuva? - null sugeriu, já toda estressadinha.
- Uuh, falou a garota que é fã de chuva. - null provocou.
- Eu disse que gostava da chuva, e não que gostava de me molhar. - null respondeu em um tom ignorante. Como eu disse, estressadinha.
Mas todos concordamos e entramos no carro. Edward entrou após colocar nossas malas molhadas no porta-malas.
A viagem para Forks foi silenciosa. Edward tinha o rádio ligado em uma estação suuuuper brega. Eu tinha que lembrar de, durante o tempo que eu fosse passar com ele - que eu esperava que fosse muito -, ensinar algumas musiquinhas mais atuais.
Eu queria conversar mais com Edward, e as meninas também gostariam de conversar um pouco. Mas, cara, tínhamos acordado cedo, tudo chegou muito perto de dar errado, ficamos paradas no meio do nada por 5 horas, depois pegamos chuva, e eu ainda tropecei e sujei toda a minha roupa. Definitivamente, estávamos todas muito cansadas. Eu estava sentada no banco do carona, ao lado de Edward. A última coisa que me lembro é de ter encostado a cabeça no vidro da janela e apagado.

Quando acordei, eu estava em um lugar que nunca tinha estado antes. Era um quarto elegante. Eu estava deitada em uma cama super confortável, enrolada em lençóis quentes e macios. Eu rolei um pouco até levantar da cama e reparar que eu ainda usava as mesmas roupas sujas de ontem. Eu precisava urgentemente de um banho. Olhei em volta e achei uma porta. Eu a abri e me vi em um corredor enorme. Caramba, eu estava completamente perdida naquele lugar. Onde estavam null e null? Onde estavam minhas coisas? Onde estava Edward? Aliás, onde eu estava?
Então, vi Edward chegando. Ele parou na minha frente e eu o olhei, deslumbrada.
- Que bom que acordou. Você dorme muito, hein.
- Er... onde eu estou?
- Ah, sim... Bem-vinda a minha casa. - Ele anunciou, com um sorriso.

Capítulo 2 - Ninguém sabia onde estavam se metendo.

Edward's PoV
*Os pensamentos vêm em itálico, logo em seguida das falas dos respectivos donos.

Tudo bem, eu ainda me perguntava por que eu estava fazendo aquilo. Eu não era de confraternizar com humanos. Enquanto eu dirigia, percebi que não sabia para onde, exatamente, elas queriam ir. Quando me virei para perguntar à null, vi que ela estava dormindo. Então virei para perguntar às outras, mas elas também estavam dormindo.
Involuntariamente, captei os sonhos da null. Algo com ela em um aeroporto usando roupão e pantufas... eu hein.
Bom, já que estavam todas dormindo, deviam estar cansadas, então, não quis acordá-las. Para onde levá-las? A única opção era a minha casa. Ok, meus irmãos iam me matar por isso.
Parei o Volvo na frente da casa. Emmet e Jasper ouviram o som da minha aproximação e trataram de aparecer. Não demorou até que eles percebessem que eu não estava sozinho.
- O que é isso, Edward? Trouxe o lanche para viagem? - Emmett brincou. Como se eu fosse fazer algum mal àquelas garotas humanas.
- Uma para cada? - Jasper entrou na brincadeira, rindo.
- Haha. - Eu ri sem humor algum. - São turistas, ao que parece. Estavam perdidas, esperando um táxi, como se fosse aparecer algum por aqui. Então, eu pensei: Por que não ajudá-las? - Eu expliquei, dando de ombros.
- Hmm... elas estão dormindo? Por que as trouxe para cá?
- Elas dormiram antes que eu pudesse perguntar onde ficariam hospedadas.
- Elas podem ficar aqui! - Emmett deu a brilhante idéia.
- Emmett, não... - Jasper começou, mas eu interrompi.
- Olha, elas ficam aqui esta noite, e quando acordarem, podem decidir melhor.
Emmett e Jasper assentiram. Com a ajuda deles, cuidadosamente tiramos as garotas do carro, para não acordá-las, e colocamos cada uma em um quarto. Carlisle e Esme não estavam em casa, mas eu não me preocupei com a aceitação deles, porque sabia que eles gostariam de ajudá-las.
Enquanto elas dormiam, fui conversar com Emmett e Jasper.
- Se vamos dividir, a loira é minha. - Emmett anunciou, já marcando território. Jasper e eu rimos.
- Bem, já que está interessado... O nome dela é null. - Eu disse e Emmett parecia mesmo interessado na garota.
- Emmett, pelo amor de Deus, ela é humana. - Jasper repreendeu.
Eu conversei com eles por um tempo, mas depois todos foram fazer suas próprias coisas. Emmett estava bem animado com a chegada das garotas. Digamos que a nossa vida não tem muitas novidades, então agora que havia aparecido uma, as coisas estavam mais interessantes, eu tinha que admitir. Mas Jasper parecia um pouco preocupado, ele não se sentia confortável abrigando humanos aqui em casa.
Eu não percebi o tempo passando, isso foi até perceber movimentos no andar de cima. Ouvi null acordando, parecia animada. Ela se vestiu a jato e logo estava descendo as escadas. Emmett entrou na sala como um foguete, a tempo de ver null descendo.
- BOM DIA, GENTE! - Ela saudou, muito contente.
- Bom dia. - Emmett respondeu. Eu falei o mesmo quase ao mesmo tempo em que ele.
- E aí, o que tem pro café? - Ela perguntou, se sentindo bem à vontade.
- Er... não sei, na verdade. - Eu enrolei. Me esquecendo completamente que humanos precisavam de comida. - Nossos pais saíram... a comida tá zerada. Mas o Emmett vai comprar, não é, Emmett? - Eu disse, acotovelando levemente o meu irmão.
- Por que não vai você, Edward?
- Porque a null nem te conhece e... - Eu tentei dizer, mas fui interrompido pela null.
- Posso conhecer agora. Oi, Emmett. É Emmett, não é? "Caramba, que gato. Não é possível... Ele consegue ser mais gato que o Jacob e o Edward juntos! Essa cidade foi mesmo uma boa escolha, eu disse que sempre acerto." - Ela pensou.
- É. Oi, null. "Com certeza, é a humana mais gostosa que eu já vi. Não que as outras sejam de se jogar fora, mas... cara! " - Emmett disse e pensou, com um sorriso largo. - Vai logo, Edward! A gente está esperando. Cadê o rango? - Emmett se dirigiu a mim agora, me empurrando na direção da porta. Eu saí sem reclamar. Não precisava ficar ali ouvindo os pensamentos pervertidos do Emmett e nem os da null, cheios de segundas intenções.

Emmett's PoV

Assim que Edward saiu, eu me joguei no sofá, sinalizando para null se sentar ao meu lado. Ela sorria quando se sentou e olhou bem para mim. Eu não lia pensamentos, mas sabia que ela estava me avaliando. E pela expressão dela, ela gostava do que via.
- Então, como vieram parar em Forks? Tantos lugares para ir... e é aqui que resolvem passar as férias? - Eu perguntei, puxando assunto.
- A escolha foi minha, na verdade. Eu achei que Forks pudesse ser legal e tal... - Ela respondeu.
- E, então, mudou de idéia sobre Forks, já que você achou que seria legal?
- Não. Na verdade, não me arrependi nem um pouco. - Ela disse isso olhando intensamente nos meus olhos, e sorriu em seguida.
- Que bom. - Eu ia dizer mais alguma coisa, mas ela falou primeiro:
- Hm, então, quer dizer que eu não conheço todos os moradores dessa casa? Quem mais mora com vocês? - Ela perguntou, curiosa.
- Bem, tem meu irmão, Jasper. Ele foi dar uma volta por aí, deve chegar logo. O nosso pai, Carlisle, que saiu por alguns dias com nossa mãe, Esme, mas eles voltam amanhã. E Edward e eu você já conhece. Isso é tudo.
- Então, vocês são todos irmãos? - Ela perguntou, surpresa.
- Sim. - Eu confirmei.
- Será que Jasper é gato como você e Edward? - Ela perguntou naturalmente, sem parecer constrangida com aquilo. Como se estivesse perguntando o que achei da novela ontem... (Foi muito boa, caso vocês queiram saber. A Maya e aquele outro cara lá formam um belo casal e... ok, voltando à história...)
- Ah, claro. Jasper é o mais gostoso. - Eu zombei, e ela riu. O riso era doce, me fez esquecer o que estava dizendo e me concentrar apenas naquela risada.
- Uau, então, eu devo ter morrido e estou no paraíso.
- Mais ou menos... acho que anjos não curtem uma suruba, né? - Ela riu de novo, e me deu vontade de ficar o dia inteiro fazendo piadas, falando bobagens, só para ouvir aquele som.
- É, ok, opção paraíso: eliminada. Deve ser um sonho, então.
- Hm... se for, tome cuidado para não acordar.
- É, vou mandar um sinal para que me mantenham sedada.
- Na real, pra que ficar sonhando quando você pode ter a coisa de verdade? - Eu perguntei, e fui me aproximando dela. Eu não estava nem aí se ela era humana e eu era um vampiro. Eu não precisava ficar pensando nisso agora. Eu raramente pensava em alguma coisa, por que resolver pensar agora?
Eu hesitei, imaginando se era isso que ela queria. Afinal, acabamos de nos conhecer. Mas ela já tinha os olhos fechados, só esperando. Então, encostei meu lábios nos dela, com cuidado...
- EI, PESSOINHAS! - Ouvi uma das meninas gritar, aparecendo no alto da escada, de repente. Caramba, será que todas elas ficavam gritando quando acordavam?
null deu um pulo no sofá, se assustando. E, consequentemente, se afastou de mim. Ela lançou um olhar matador para a garota parada na escada.
- null! Vai interromper a mãe, merda! - null gritou, com raiva.
- Mamãe está muito, longe agora. Vou ficar interrompendo você mesmo, desculpa aí. - A tal da null anunciou, já no ultimo degrau da escada. Ela olhou para mim e reparou que não me conhecia. – Oi, menino, eu sou a null. - Ela disse, com um sorriso no rosto. null podia estar com raiva, mas eu levei na boa. Eu e ela teríamos muitas outras chances como essa, mais tarde.
- Oi, null. Sou Emmett. - Eu acenei para ela, e ela retribuiu o aceno, de um jeito animado e saltitante.
- Emmett, desculpa atrapalhar você e a null, mas eu adoro perturbar a vida dela, é tão legal! - Ela disse, lançando um sorriso implicante para a... null.
- null... - null começou, com um sorriso cínico - ... MORRA! - Ela terminou, revirando os olhos. null não pareceu se abalar.
- Ai, cara, que fome! - null declarou, ignorando a ameaça da null.
- Dois votos! - null concordou, de repente esquecendo que havia acabado de desejar que a amiga morresse. - Sabe há quanto tempo que não como nada? Acho que mais de 24 horas!
- Jura? - Eu perguntei. null assentiu com a cabeça. Humanos não precisavam comer de três em três horas? - Merda, e o Edward que não chega...
- Aonde ele foi? - null perguntou.
- Foi buscar nossa comida. - null respondeu, olhando esperançosa para a porta.
- E a null? Alguém sabe dela? - null questionou, lançando um olhar para a escada.
- Deve estar dormindo. - Eu respondi.
Ficamos ali por algum tempo, até que a maçaneta da porta girou. null e null pareciam estar realmente famintas, porque os olhos delas brilharam, observando a porta ainda fechada começar a fazer um ruído. A porta se abriu e Jasper entrou na sala. Não era o café-da-manhã que elas esperavam, mas o interesse não saiu das faces delas. Imaginei se elas estavam o vendo como um cachorro-quente, que nem nos desenhos animados.
- Er... oi. - Jasper disse, acenando levemente com a mão.
- Oi. - null disse, como se estivesse vendo uma coisa chocante, totalmente admirada.
- Sou Jasper. - Ele se apresentou, tentando parecer educado. Mas eu podia imaginar o quanto seria difícil para ele.
- Oi, Jasper. Me chamo null. - Ela disse, e esperava que null dissesse seu nome também, mas a garota estava paralisada, olhando para o Jasper, praticamente o comendo com os olhos, se me permite dizer. Então, null falou por ela: - E essa é a null.
Jasper olhou para a menina ao meu lado - null -, e a expressão dela se transformou de paralisada abismada para admirada com um sorriso abobalhado. Ou, então, apenas esfomeada, imaginando Jasper como algo de comer.
- A propósito, você estava errado. - null disse para mim. Eu levantei uma sobrancelha, sem entender do que ela estava falando. - Você é o mais gostoso. - Ela concluiu, sussurrando sensualmente no meu ouvido.

Jasper's PoV

Ah, cara, agora até Emmett estava socializando com as garotas humanas. Não entendi o que aquela null quis dizer sobre Emmett estar errado; concluí que devia ser uma piadinha interna.
E qual era o problema da outra garota, a que se chamava null? As ondas de emoção que emanavam dela não faziam a menor coerência. Nem mesmo eu poderia dizer o que era aquilo que ela estava sentindo. Era uma coisa confusa e estranha.
Outra pergunta que não queria calar era: Por que ela não se movia? Por que ela não dizia algo? (É, eu sei que foram duas perguntas. Ignore)
Foi aí que eu percebi que talvez eu pudesse entender o estado dela, porque eu estava no mesmo estado! Eu estava totalmente parado, assim como ela. Eu não ouvia nada do que Emmett e null falavam, assim como ela. Eu a observava, sem desviar o olhar, tal como ela fazia comigo.
Sendo assim, ela devia estar pensando sobre mim, e me analisando, assim como eu fazia com ela. Decidi fazer alguma coisa, qualquer coisa. Nós não podíamos ficar daquele jeito para sempre. Bem, pelo menos, ela não podia.
Eu estava focado demais na null, então, mal percebi quando Emmett atirou um abajur em mim. Eu pisquei, e parecia a primeira vez em muito tempo.
- Emmett! O que é isso? - Eu gritei, repreendendo meu irmão, que ria junto à null.
- Você estava brincando de estátua com a null e não convidou null e eu para participarmos? Estamos ofendidos. - Ele disse, fazendo uma falsa expressão de descrença.
- É, e a Esme vai te matar quando ver o que você fez com o abajur dela. É uma raridade do século XIX. Quer dizer, era uma raridade do século XIX. - Eu corrigi, olhando os cacos do abajur delicado, no chão.
- Ai, merda. - Emmett disse, levantando do sofá e indo catar os pedaços do abajur. - Jasper, tem superbonder aqui?
Eu e as duas meninas rimos, enquanto Emmett olhava, preocupado, para o que um dia fora um abajur.
- Cola com sabonete. - null sugeriu. Eu olhei para ela, reparando que era a primeira vez que eu ouvia sua voz. Engraçado como não me surpreendi. É como se eu já conhecesse a voz dela, como se a tivesse ouvido a vida toda.
- Ok, Jasper sempre foi meio autista, mas hoje ele está viajando mais do que o normal. - Emmett tinha que ser o dono dessa frase.
- Já a null não... então, acho que tem mesmo algo mais errado com ela hoje. - null disse para o Emmett, que riu.
- Vem, null, vamos deixá-los a sós. Formam um belo casal de estátuas.
Eu olhei feio para Emmett, era a cara de ele ficar brincando com essas coisas. Ele pegou a mão da null e ela foi com ele, sem nem ao menos perguntar para onde iam. Se eu fosse ela, não confiaria assim tão cegamente em um vampiro como Emmett, apesar de ela não saber exatamente o que ele era, imaginei se ela não o achava perigoso só de olhar para ele. Bem, medo era a última coisa que ela sentia quando estava perto dele. Assim que Emmett e null saíram pela porta, voltei meu olhar para null.
- Parece que a null encontrou alguém tão retardado quanto ela, né? - Ela perguntou para mim.
- Não. Emmett é mais. - Eu respondi, rindo.
- Não vejo como isso pode ser possível.
- Se ficar por aqui por tempo suficiente, vai ver.
- Hm... isso é um convite? - Ela perguntou com um sorriso e eu gelei. Era um convite? Eu queria que ela ficasse por mais tempo? Bom, não sou em quem vai resolver essa história mesmo, então, não importa a minha resposta.
- O convite está aberto, você e suas amigas poderão ficar quanto tempo precisarem. Ah, isso é, claro, se quiserem. Quer dizer... Forks não é uma cidade muito voltada para o turismo, acho que será difícil encontrarem um bom lugar para ficar.
- Acho que não posso tomar essa decisão sozinha, mas eu quero ficar.
- Bem, quando sua outra amiga acordar, e quando Emmett terminar de brincar com a null, vocês podem conversar sobre isso. Agora não. Acho que Edward já está chegando com o café de vocês. - Eu disse, ouvindo a aproximação de Edward.

Edward's PoV

Eu estava dirigindo de volta para casa, agora. Depois de ter ido ao mercado, só para me deparar com o dilema de não saber o que elas gostam de comer e comprar de tudo.
Coloquei o Volvo na garagem e saí. Eu carregava várias sacolas em cada mão, e, quando passei pela entrada, vi Emmett e null sentados na varanda da casa. Eles pareciam realmente terem se dado bem.
- Oba! Comida! - null gritou, quando me viu passar, se levantando do batente da varanda imediatamente.
- Corre, Edward! Corre! Ela está te confundindo com um hambúrguer! - Emmett berrou, e eu ignorei os dois, revirando os olhos.
Eu entrei e encontrei Jasper e null lá dentro. Cara, eu saio por um tempo, e, quando volto, estão todos organizados em casais? O que eu perdi?
Lancei um olhar questionador para Jasper. "Ei, o que foi? Só estou tentando ser gentil". -Ele pensou.
Dei de ombros e levei as sacolas para a cozinha.
"Uau, ele não morre cedo. Jasper acabou de dizer que ele devia estar chegando". -null pensou, e eu me segurei para não rir.
Assim que coloquei as sacolas no chão, null e null apareceram.
- Edward, não precisa se preocupar com isso, não. Deixa que a gente prepara o nosso café. - null disse, indo mexer em uma das sacolas.
- Ah, ok. Qualquer coisa, estamos na sala. - Eu disse, saindo da cozinha.
Quando estava chegando na sala, ouvi que null tinha acordado. Mas ela não parecia ter acordado bem, como as outras. Ela estava confusa e assustada, eu percebi, pelos pensamentos dela. Então, fui ao andar de cima, dar uma mãozinha a ela, afinal, ela também parecia meio perdida. Ela estava parada na porta, olhando para o outro lado. Então, ela se virou, e eu parei na frente dela.
- Que bom que acordou. Você dorme muito, hein. - Eu disse, sorrindo.
- Er... onde eu estou? - Ela perguntou, confusa.
- Ah, sim... Bem-vinda a minha casa. - Eu expliquei.
- Sua casa? Como eu vim parar aqui? Não me lembro de nada... - Ela dizia, parecendo um pouco nervosa.
- Desculpe, você dormiu. E, como as outras também estavam dormindo, não pude perguntar aonde queriam ir. Então as trouxe para cá.
"Ai, meu Deus. Não acredito em como eu estive perto de ter sido sequestrada! Como eu pude dormir? E se ele me levasse para um cativeiro? Mas, se bem que... Eu não acho que me importaria muito de ser sequestrada por ele. " - Ela pensou, os devaneios dela rumando para um lado pervertido.
Eu ri, sem consegui evitar. Humanas eram tão bobas, não conseguiam ver o real perigo com clareza.
- Então... onde estão as outras? - Ela perguntou, claramente preocupada com as amigas.
"Omg, será que fomos mesmo sequestradas? Será que ele vai me matar? "
- Er... suas amigas estão no cativeiro no andar de baixo. - Eu disse, brincando um pouco com a situação. Ia ser engraçado, até porque ela não sabia que eu podia ler os pensamentos dela. - Vou te levar para o cativeiro agora, me siga. - Eu disse, retirando um molho de chaves do bolso e as girando nas mãos, falando com uma voz ameaçadora. null recuou um passo, me olhando, apavorada. Então eu caí na gargalhada. - Eu estava brincando!
- Ah! - Ela exclamou, compreendendo e, agora que estava tudo bem, soltando risinhos bobos de alívio.
- Não acredito que você levou a sério! - Eu disse, rindo junto com ela. - Suas amigas estão tomando café-da-manhã lá embaixo. Vem comigo.
- Você é louco! Eu quase tive uma parada cardíaca, ok?! - Ela reclamou, mas ainda rindo. Se apressou para ir atrás de mim pelo corredor.
"Cara, cara, caaaara. Como ele pode ser tão gostoso? Meu Deus, eu realmente tenho que agradecer à null. Incrível, mas dessa vez ela acertou, tenho que admitir. Tá, pára de ficar olhando pra bunda dele, null, que coisa! " - Ela pensava consigo mesma, e eu precisava me concentrar para não rir, senão ela ia achar que eu sou louco. Se bem que eu acho que a loucura está ficando cada vez mais comum por aqui...
Eu desci as escadas com a null bem atrás de mim. Assim que pus meus pés no primeiro piso que eu ouvi os gritos.
- AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAH, cuidado com isso, null! null! AAAAH, ESPERA, TIRA DE PERTO DE MIM! - A null gritava da cozinha. Todos corremos para lá para conferir se estava tudo bem, o que claramente não estava.
Quando cheguei na porta, me deparei com a null correndo em círculos pela cozinha com um prato de bananas em chamas, e a null do outro lado, em um canto, encolhida, com um copo d'água, atirando pequenas gotículas pela cozinha, sem que as gotas nunca conseguissem tocar sequer em algum lugar perto de null e das bananas.
- null, será que dá para apagar o fogo direito? Socorro, eu vou me queimaaaaar! - null gritava.
Incrível como todo o cavalheirismo desapareceu dessa casa tão de repente, porque, em vez de algum de nós ir ajudá-las, permanecemos na porta, rindo.
- Gente, o que pensam que estão fazendo com essas bananas? - null questionou, em meio às risadas.
- Bananas flambadas, vai dizer que nunca ouviu falar? - null respondeu, revirando os olhos.
- É, mas acho que elas descobriram o nosso plano maligno de atacá-las no café-da-manhã e resolveram se voltar contra nós. - null completou, parecendo realmente com medo das tais bananas.
- Em caso de bananas em chamas, chame o Emmett! - Eu nem tinha percebido que Emmett tinha saído, mas agora ele voltava com um balde cheio de água e o atirou pela cozinha. Quando eu digo que ele o atirou pela cozinha, imagine que ele realmente atirou água para todos os lados.
Gritos. Muitos gritos.
Então, null e null, após terminarem com os gritos histéricos, ficaram totalmente paradas no meio da cozinha.
- Er... então... o que tem pro café, já que as tais bananas já eram? - null perguntou, bem devagar.
- Torradas molhadas, que tal? - null respondeu, apontando para as torradas em cima do balcão, afogadas em uma poça de água.
- Oops. - Emmett disse.

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Após o café desastroso, que terminou em pão francês com ovo frito, as garotas se espalharam, eu nem sabia dizer onde todas elas estavam. Mas null estava por perto, em um banco do jardim. Ela estava sozinha, então, fui até lá fazer companhia para ela.
- Oi, null. - Eu saudei, enquanto me sentava ao lado dela.
- Ah, olha só quem é... Meu querido sequestrador. - Ela disse, sorrindo. Eu correspondi o sorriso.
- Sinto muito por isso. Tenho certeza de que você preferia estar em uma pensão/terreiro-de-macumba do que em uma casa cheia de loucos como essa. Mas, eu juro, nós não somos sempre assim. Não sei o que está acontecendo hoje.
- Há, estou acostumada em estar em um hospício. Eu moro com a null e a null, sabia? E, pior, elas são assim o tempo todo. E, pior ainda, eu também! - Ela riu com isso, e depois olhou para o céu nublado, suspirando.
- Quer dizer que elas quase põem fogo na casa todos os dias, na hora do café? Você deve ter mesmo uma vida agitada.
"Ele é simplesmente tão... perfeito. Ele está perto demais. Oh, meu Deus, se controle, null. Ele está sorrindo para mim, CARA, ver esse sorriso de perto me deixa muito tonta. Puts, se eu continuar assim, ele vai achar que eu sou drogada! " - Ela não estava prestando atenção no que eu estava dizendo. De novo. Eu ia a fazer prestar atenção agora.
- Se eu te sequestrasse por um tempo, você ia se importar? - Eu perguntei, e, imediatamente, ela focou o olhar em mim, fazendo uma expressão surpresa.
- Er... sequestrar? O que... é... eu... hm... - Ótimo, agora ela tinha prestado atenção, mas não conseguia responder.
- É, vou te prender por um pequeno período de tempo. - Ela ainda me olhava, sem conseguir fazer uma palavra coerente sair pela boca dela. - Esquece, não é um sequestro de verdade se eu tiver que pedir sua permissão. - Eu disse, e a puxei gentilmente pelo braço. Ela se levantou.

Jasper's PoV

Após as meninas tomarem o café-da-manhã delas, Emmett saiu arrastando a null para algum lugar. Eu não estava aprovando nada nada esse comportamento irresponsável característico do Emmett. A outra garota - null -, após sermos todos apresentados, disse que ia passar um tempo no nosso jardim e se retirou. Edward saiu, logo em seguida.
Então eu me vi sozinho na sala de jantar com a null olhando para mim. Ela parecia ter sido tirada de uma distração intensa, porque, de repente, ela olhou em volta e viu que estávamos a sós.
- Aonde foi todo mundo? - Ela perguntou, confusa.
- null saiu com Emmett, null foi dar uma volta e Edward, provavelmente, foi atrás dela.
- Aaah, que sem-graça! Não posso deixar que todos se divirtam e eu não! Jasper, vamos dar um passeio também? Por favor, não quero ir sozinha. - Ela pediu com um olhar de súplica que, com certeza, era falso, mas ainda assim era de dar dó.
- O que quer fazer? - Eu perguntei, cedendo aquele olhar.
- Hmm... não sei. Quem mora aqui é você. O que tem de legal para fazer em Forks?
- Legal? Acho que veio ao lugar errado, null. Não tem nada de legal para se fazer em Forks.
- Ah, sem problemas. Quando se está com a pessoa certa, qualquer lugar pode ser divertido. Agora, vamos, o que tem por aqui?
Eu fiquei parado por um tempo, absorvendo o que ela tinha dito. Ela achava mesmo que eu era a pessoa certa para tornar qualquer lugar divertido? Ela não fazia idéia do quanto estava errada e de quanto perigo corria.
De qualquer forma, ela estava esperando uma resposta.
- Além das florestas e todo aquele mato...
- É isso! Já sei, já sei, já sei! - Ela gritou, dando pulinhos no mesmo lugar.
- O quê?
- Vamos fazer um piquenique! Você falou em floresta, aí a idéia me veio à cabeça. - Ela dizia, e seu corpo se enchia de animação.
Tentei pensar em um jeito de escapar dessa. Afinal, o que ela ia pensar se eu fosse fazer um piquenique com ela e não fosse comer nada?
- Não acho que seja uma boa idéia, null...
- Por que não? - Ela perguntou, agora sentindo decepção. Usei meus dons para fazê-la se sentir melhor.
- Depois do desastre da cozinha, você já está pensando em comida de novo? - Eu brinquei, ao mesmo tempo tentando arranjar uma desculpa para eu ter dito não. - Nada mais de bananas flambadas ou torradas molhadas, ok? - Deu certo. Ela riu.
- Tudo bem, então. Tem uma idéia melhor?
- Para falar a verdade... tenho. Podíamos ficar aqui até Emmett e null voltarem. Então, iríamos todos até Seattle e você iria se divertir com suas amigas. - Era o que parecia o mais certo a ser feito. Ela devia se divertir com humanos, não com um monstro como eu. Idem para as outras duas.
- Hmm... é uma boa idéia. Mas caso Emmett e null demorem, qual é o seu plano para me distrair?
Algo me dizia que isso era pra ser uma proposta indecente. E algo também me dizia que ela queria uma resposta indecente. É claro que era só uma impressão, uma suposição. Ela sentia ansiedade, mas eu estava sem criatividade para responder algo interessante.
- Não sei. Vou deixar as coisas nas suas mãos, que tal?
- Hm... então tomara que a null e o Emm demorem bastaaaante. - Ela disse, sorrindo. null deu alguns passos na minha direção, fechando a distância entre nós. Os sentimentos, de repente, saíram de controle, encheram a sala, e eu não sabia mais o que eu estava sentindo e o que ela estava sentindo. Estava tudo confuso, parecia uma coisa só. Ela se aproximou de mim e eu não conseguia me mover. O cheiro dela encheu minhas narinas e eu senti minha garganta queimar. Ela parecia deliciosa, em todos os sentidos (e isso não era bom). Se ela chegasse mais perto, eu não ia aguentar, então eu me afastei.
- O que foi? - Ela perguntou, um pouco constrangida pela minha rejeição.
- Nada. É só que...
- O quê? - Ela insistiu. Meu cérebro não estava trabalhando rápido o suficiente para formular uma resposta. - Er... quer dizer, deixa pra lá. - Ela disse, agora sentindo constrangimento. Provavelmente, pensando que ela quase não me conhecia.
- Não, tudo bem.
Então ela sorriu pra mim e fez menção de se retirar da sala.
- Aonde vai? - Eu perguntei, mais interessado do que talvez eu devesse estar.
- Vou esperar o Emm e a null na sala. - Ela respondeu com um sorriso e saiu pela porta. Eu saí logo em seguida.
Ok, algo estranho está acontecendo comigo.

Capítulo 3 - Bem-vindas a Forks.

null's PoV

Quando terminei de tomar o café, meu cérebro involuntariamente começou a planejar o que eu faria hoje (tá pensando o que, rapá, meu cérebro funciona, sim). Eu tenho que admitir: todos os meus planos para essa viagem acabaram de mudar completamente. Mudar para melhor, é claro. Eu simplesmente não poderia ter imaginado que viríamos parar nessa mansão linda, com três homens maravilhosos e solteiros (pelo menos, eu esperava que fossem solteiros).
Bem, agora que tudo mudou, as meninas e eu precisávamos de um tempo, só nós três, para decidir os novos planos.
Enquanto pensava nisso, levantei minha cabeça e avistei Emmett encostado na parede da sala de jantar, do lado oposto ao meu, me encarando intensamente. Meu Deus, será que eu já percebi o quanto estou a fim dele? Será que alguém já percebeu? Ok, talvez a pergunta certa seja: Será que alguém não percebeu?
Enquanto eu olhava, admirada, para ele, ele fez um sinal com o queixo, indicando a porta da sala. Era claramente um convite. Beeem... parece que a reunião com as meninas vai ter que esperar (esperar muito, se depender de mim).
Eu me levantei da grande mesa e caminhei ansiosamente até Emmett; meu coração batia inquietamente no meu peito. Ele sorriu, divertido, para mim. Não entendi qual era a graça. OMG, será que eu de repente estou usando pantufas de coelhinhos de novo? Rapidamente olhei para os meus pés e verifiquei que minhas sandálias eram perfeitamente normais. A não ser que ele visse alguma graça em moda e tendência.
Talvez eu esteja com alface no dente! Ai, meu Deus, que mico! Vou me matar, enfiar minha cabeça na privada e dar descarga (é, eu sei. Isso foi nojento). Mas, espera, eu nem comi alface.
Eu decidi parar com essas suposições bobas. Talvez o motivo para Emmett estar rindo seja só porque ele é o Emmett. Nesse pouco tempo em que o conheço, percebi que ele é uma daquelas pessoas que riem o tempo inteiro. Eu adorava isso; destacava as perfeitas covinhas nas bochechas pálidas dele.
Quando o espaço entre nós reduziu consideravelmente, Emmett e eu nos direcionamos à saída. Ninguém perguntou aonde íamos, isso era bom. Ficaríamos sem interrupções por um tempo.
Saímos da sala de jantar pela porta que dava para a cozinha, onde havia a porta dos fundos da casa, que se emendada a uma janela, a qual se você reparar bem, verá que é a própria parede. A casa tinha muitos vidros.
O quintal dos fundos da casa poderia ser resumido a mato. Quando Emmett fez menção de se enfiar na floresta densa, eu estaquei no chão.
- O que foi? - Ele me perguntou quando percebeu que eu não tinha a intenção de segui-lo.
- Para onde vamos?
- Só dar uma volta. Está tudo bem, null. - Ele encorajou, sorrindo de novo.
- Er, não podemos dar uma volta por um lugar menos... natural e com menos... insetos? - Eu não pude deixar de fazer uma cara de nojo ao mencionar a última palavra.
- Desculpe, null, mas... Bem-vinda a Forks! - Ele brincou, e eu ri. Eu devia imaginar que isso aqui era uma evolução de roça.
- Hmm... ok. Mas... podemos passar na cidade mais tarde, não é? - Eu questionei em um tom implorativo.
- Claro, como quiser. - Ele disse, estendendo a mão para mim. Eu a segurei e percebi que estava muito gelada. Se bem que o clima estava frio mesmo. Assim que demos as mãos, Emmett e eu nos embrenhamos entre as samambaias, que eram apenas uma camada na borda da floresta. Assim que passamos por elas, um espaço plano, cheio de árvores se abriu a nossa frente.
Emmett parou repentinamente a caminhada e se jogou no chão, encostando em uma das árvores mais grossas dali. Não sei o que deu em mim, não faço idéia de onde meu senso de urbanização foi parar, mas imediatamente minhas pernas cederam e eu me vi sentada na terra úmida, ao lado de Emmett.
- Viu? Não foi tão ruim, foi? - Ele perguntou, divertindo-se.
- Não. Eu acho... eu acho que gosto daqui. Eu nunca estive em uma floresta antes, sabia?
- Imagino. - Ele respondeu, obviamente. - Aliás, tem muita coisa sobre você eu não sei. Mas pretendo descobrir.
- Digo o mesmo. Até porque você parece muito mais interessante do que eu.
- Por que acha isso? - Ele perguntou, com um olhar intrigado fixado no meu.
- Porque vocês me parecem tão diferentes... superiores. - Eu fiz uma pausa. - Vamos fazer um joguinho? - Eu sugeri, de repente, tendo uma boa idéia de como conhecê-lo melhor. Ele abriu um sorriso tão grande quanto o meu.
- Claro! Adoro jogos! - Ele disse com a voz alta, parecendo, de fato, muito animado.
- Você me conta seu maior segredo e eu te conto o meu. O que acha? - O sorriso dele desapareceu junto com as covinhas. Ele não precisava dizer nada para que eu soubesse que ele não gostou desse jogo. Mas ele disse, mesmo assim:
- Eu acho que se eu contar, não vai ser mais segredo, não concorda? - Ele disse, claramente tentando escapar. Mas isso só me fez arder ainda mais de curiosidade. O que será que ele escondia?
- Não, não concordo. Eu penso que podem existir segredo entre duas pessoas. - Eu argumentei - Ah, vamos, só um segredinhozinho, não me deixe morrendo de curiosidade!
- Que tal o segundo maior segredo? - Ele pediu, novamente na evasiva.
- Não, aí não vale. Tem que ser o maior, o mais importante. - Eu insisti. Ele fechou os olhos, obviamente em um conflito interno.
- null, confie em mim. Você vai saber no tempo certo. - Ele finalmente disse, depois de pensar bastante. Como eu queria poder ler mentes!
- AAAH, se eu sobreviver até lá! - Eu disse em um tom choroso. Os olhos dele se arregalaram de espanto, eu não entendi por quê.
- Por que você disse isso? A que se refere? - Ele perguntou, preocupado com alguma coisa.
- Porque... eu posso morrer de curiosidade? - Eu disse, como se estivesse fazendo uma pergunta. Imediatamente, a expressão dele relaxou.
- Ah, sim. Claro. Não se preocupe, você vai sobreviver. - Ele disse, sorrindo. Eu não entendi bulhufas, mas achei melhor deixar quieto.

null's PoV

Eu me sentei no sofá da sala, morrendo de vergonha. Qual era o meu problema? O que eu tinha para ter tentado agarrar o Jasper daquele jeito?! Eu mal o conheço, ele deve ter ficado com muito medinho de mim, isso é fato consumado. Eu queria ser um avestruz e enfiar minha cabeça na terra. Se a fada azul transformou o Pinóchio em menino, ela pode me transformar em avestruz, não pode? Não é biologicamente possível? Claro que é! Mas se, de repente, eu começasse a fazer um culto invocando a fada azul bem aqui, no meio da sala, Jasper ia achar, com toda a razão, que eu sou uma macumbeira. É, acho melhor não.
Eu decidi encará-lo, porque, de repente, a vergonha desapareceu. Ok, isso foi estranho. O silêncio era constrangedor, então, eu resolvi falar.
- Então, se por aqui só tem comida de cavalo para todo o lado, o que vocês, moradores, fazem para se divertir?
- Bem, minha família costuma acampar quando o tempo está bom.
- E quando está ruim como hoje? - Eu insisti.
- Sei lá, ficamos em casa e jogamos alguma coisa. - Eu não me segurei, eu tinha que rir.
- Tipo o quê? Baralho? - Eu chutei, ainda rindo. Não conseguia imaginar aquilo: três irmãos super gatos que passam o dia todo em casa jogando... baralho! Quando podiam estar em uma cidade grande e ensolarada, fazendo o maior sucesso com todas as garotas e... pensando bem, é melhor eles ficarem trancadinhos aqui com os joguinhos deles, er.
Eles parecem tão isolados morando aqui no meio de uma floresta que eu chego até a pensar que minhas amigas e eu achamos um tesouro escondido para o público feminino.
- A gente joga mais vídeo game. - Ele explicou.
- Vocês não saem muito, não é? - Eu perguntei, sentindo o isolamento deles. Eu só não entendia o porquê. Eles eram lindos, ricos e muito legais. Então, por que se esconder da sociedade?
- É, na verdade não. A gente gosta de ficar em casa. - Ele disse, parecendo sincero.
- Vocês gostavam. Até hoje. A gente vai sair e se divertir, e não jogar "paciência" no computador. - Eu disse, sorrindo. Ele correspondeu ao sorriso.
- Você e suas amigas não deviam conversar sobre sua hospedagem antes de irem passear em Seattle?
- A gente conversa sobre isso quando voltar. Aliás, cara, como a null e o Emm estão demorando! Não quero nem imaginar o que eles estão fazendo. A null e o Edward também sumiram, meu Deus. - Eu protestei, já impaciente. Se eles demorassem muito mais tempo, eu mesma ia atrás deles e ia arrastá-los para casa. Elas não perdem tempo mesmo. E, pensando bem, eu também não. Pena que Jasper não parecia ser desse tipo.
Uma onda súbita de tristeza me atingiu com esse pensamento. E de repente, se esvaiu, tão rápido quanto apareceu. O meu humor estava mudando com tanta freqüência que não me parecia natural. Mas seja lá o que for, estou agradecida por não precisar sentir coisas ruins.
Depois de um tempo incontável só olhando pra cara do Jasper (sim, é uma ótima visão), eu finalmente cansei de esperar pela null. Tudo bem que a null e o Edward também não estavam presentes, mas pelo menos eu sabia que eles estavam em casa.
Já com a paciência esgotada, me levantei do sofá. Jasper me lançou um olhar confuso.
- Aonde vai? - Ele perguntou.
- Dar uma volta. - Eu respondi, planejando encontrar a null e trazê-la de volta.
- Quer que eu vá com você? - Ele se ofereceu, já se colocando em posição para sair.
- Não, tudo bem. - Eu recusei, não querendo dar trabalho.
Eu saí pela porta da frente e escaneei o jardim com o olhar. Nem sinal deles. Só o que havia além do jardim era uma floresta.
Se eu fosse parar para pensar duas vezes, eu provavelmente não entraria na floresta. Mas eu raramente fazia isso, então, segui o caminho para a floresta sem preocupações.
Comecei a procurar por eles entre as árvores e arbustos por algum tempo até que veio aquele típico pensamento que aparece depois de você ter tomado uma decisão impensada. Nada muito complexo... Pensamentos como: o tamanho que uma floresta pode ter; o tempo que pode levar até você encontrar uma pessoa em uma floresta de tamanho desconhecido; o fato de você nem sequer saber se essa pessoa está mesmo ali, dentre tantos outros lugares em que ela poderia estar; e, por último e mais importante, O FATO DE QUE VOCÊ NÃO CONHECE O CAMINHO DE VOLTA!
Tudo bem, eu devia ter feito uma trilha com pedacinhos de pão ou algo assim.
Mas não preciso me desesperar. Logo, logo eu vou dar um jeito de sair daqui. Se eu me apressar, talvez chegue em... alguns anos.
Bem, alguém pode estar me procurando nesse exato momento. Talvez Jasper. Eu aprendi que o melhor a fazer quando se está perdida é sentar e esperar que alguém te encontre. Então, me sentei no chão e me preparei para esperar.

null's PoV

O meu coração quase saiu pela boca quando Edward pediu para... me sequestrar!
De novo, eu perdi capacidade de falar com clareza enquanto ele pegava minha mão e me levantava do banco. Minha mente girava com as possibilidades. Para onde será que estávamos indo? Bem, agora andávamos em direção a casa, então, imaginei que não devia ser nenhum lugar especial. Já o acompanhante... aí já é outra história.
A confusão dominou minha expressão, quando Edward e eu começamos a subir as escadas da sala. Ele me guiava pelos corredores que pareciam que não tinham fim. Então, parou tão abruptamente que eu me choquei com ele. Uau, eu não sei se foi a força do impacto ou sei lá, mas, cara, aquilo doeu.
Enquanto eu me recuperava, Edward abriu a porta diante de nós depois de sussurrar um "Desculpe".
A porta se abriu, e eu pude finalmente avaliar o ambiente. Parecia... um quarto! Tá, não é uma boa hora para desmaiar. Fique em pé, null, fique em pé! Eu não estava surtando à toa dessa vez. Edward diz que vai me sequestrar e me traz para um quarto! Agora sim meu coração ia sair pela boca.
- Você está bem? - Ele perguntou, parecendo preocupado.
Eu olhei para o rosto dele e tudo se acalmou.
- null? null? - Ele me chamava, estalando os dedos na frente do meu rosto.
- Ãã? - Eu disse, piscando e acordando pra vida.
- Tudo bem?
- Ah, tudo ótimo, estou ótima. Nunca estive melhor. - Eu respondi, sorrindo e olhando em volta, para o quarto elegante.
- Isso é bom. Só queria te trazer para conhecer melhor a casa. Pensei em começar pelo meu quarto. Assim, quando precisar de qualquer coisa, já sabe onde me encontrar.
- Aah, como se eu tivesse decorado o caminho do jardim até aqui.
- Não é um caminho difícil. Como você não decorou?
- Não consigo me concentrar muito nas coisas com você do meu lado. - Eu respondi, e depois quis me socar quando percebi o que eu estava dizendo. Automaticamente, coloquei minha mão na frente da minha boca para evitar que mais coisas idiotas e constrangedoras como essa escapassem de mim.
Edward estava sorrindo para mim, provavelmente me achando a maior babaca deslumbrada da face da Terra.
- Estamos quites, então. - Ele respondeu, por fim.
Ele não devia estar falando sério. Devia estar... sei lá, me iludindo. Bem, quem se importa? Ilusão, aí vou eu!
Ainda estávamos parados na porta, então, eu resolvi me mover.
Caminhei vagarosamente pelo quarto. Não toquei em nada, não queria quebrar algo (algo que provavelmente eu levaria uma vida toda para poder pagar).
- Fique à vontade. - Edward disse. Impressionante como ele sempre dizia as coisas certas, no momento exato em que eu estava pensando nelas. Quem sabe nós realmente combinamos, e pensamos na mesma coisa ao mesmo tempo com tanta frequência? Ok, estou sonhando alto demais. Daqui a pouco, vou acabar batendo a cabeça no teto, se continuar muito alto.
Nesse momento, Edward riu. Foi completamente do nada, eu hein.
- O que foi? - Eu perguntei, assim que ele cessou o ataque de risos.
- O que foi o quê?
- Do que você está rindo?
- Er... nada. Só uma coisa que eu lembrei. - Ele explicou, nada convincente, aliás. Mas eu deixei passar.
- Tá, né. - Eu disse, só pra ter uma resposta. E, como ele havia dito para que eu ficasse à vontade, me senti livre para fuxicar melhor pelas coisas dele... Uau, ele tinha uma estante enooorme cheia de CDs e alguns discos. Algumas bandas conhecidas, outras que eu nem sequer tinha ouvido falar. - Caramba! Você é musicomaníaco! Que medo.
- Você não gosta de música? - Ele perguntou, fazendo uma expressão que dava a entender que ele já conhecia a resposta.
- Gosto. Bastante. - Eu respondi, visualizando mentalmente minha humilde coleção de CDs em casa. Ele me lançou um sorriso, satisfeito.
- Estamos quites de novo, então. - Edward concluiu, falando mais para ele mesmo do que para mim.
Eu sorri de volta e continuei a observar as coisas dele. O silêncio encheu o quarto, e eu não gostava disso. Eu queria ouvir a voz dele.
- null... - Ele começou a dizer, e meu coração acelerou ao ouvir meu nome dito por aquela voz perfeita. - ...Você e suas amigas... Vocês... Pretendem ficar? - Ele perguntou, e meu coração ficou ainda mais frenético quando eu detectei o tom esperançoso na voz dele.
- Por mim, Edward... eu ficaria aqui para sempre. - Eu respondi, falando besteira de novo, o que não deixava de ser verdade, a propósito.
Ele lançou um sorriso tímido para mim, e eu me deixei deslumbrar por aquilo tudo (realmente, aquilo TUDO).
Ele parecia indeciso se devia me dizer alguma coisa... Eu tentei sorrir mais abertamente para encorajá-lo.
- Isso é bom. Muito bom. Gosto da sua presença aqui. - Ele disse, me olhando com tanta intensidade que eu, inconscientemente dei um passo em direção a ele.
- Não quer que eu vá embora, então? - Eu questionei, usando um tom de voz com a mesma intensidade que ele me olhava. Agora, foi ele que deu um passo para mais perto de mim.
- Nunca. - Ele respondeu, e eu tinha certeza que meus olhos nunca brilharam tanto. Agora, nós dois demos um passo ao mesmo tempo, mandando pro inferno qualquer distância que pudesse haver entre nós.
Ok, era a hora. "Não surte, null, não surte! " Eu dizia para mim mesma, enquanto o rosto de Edward (vulgo perfeito) chegava cada vez mais perto do meu. Foi naquele momento que eu percebi que eu tinha um problema muito sério. Eu senti vontade de me chutar até a morte quando meu corpo involuntariamente deu dois passos desajeitados pra trás. O QUE EU ESTAVA FAZENDO, MERDA? POR QUE EU ME AFASTEI DELE QUANDO TUDO O QUE EU QUERIA ERA ESTAR MAIS PERTO?
O que eu não esperava era que talvez meu corpo fosse mais inteligente do que eu pensava. Porque, nesses dois passos para trás, eu não calculei que havia uma cama imediatamente atrás de mim. Eu ia cair com tudo, tentei me segurar em Edward. Nós dois caímos juntos no colchão macio. E ele não desistiu em nenhum momento da ideia de me beijar.
Deus existe, galera... Eu estava beijando Edward Cullen! Minhas mãos passeavam pelos cabelos cor-de-cobre perfeitos dele, enquanto as mãos dele alisavam gentilmente o meu rosto. O beijo foi ganhando mais urgência com o passar dos segundos. E eu o queria cada vez mais, cada parte perfeita daquele homem. Eu o queria para mim e nada me faria mudar de ideia. Nunca.
Até que, cedo demais, nossos lábios se separaram. Edward sorriu caloroso para mim e eu não conseguia nem piscar. Ele parecia realmente radiante, como se, assim como eu, ele também tivesse esperado ansiosamente por aquele momento.
Ele segurou minha mão e saiu de cima de mim, em seguida me ajudando a levantar da cama. Ainda sorrindo, muito feliz, ele nos guiou para fora do quarto.

null's PoV

Emmett e eu estávamos nos divertindo juntos. Incrível, eu sei, mas é, sim, possível se divertir em uma floresta, acredite.
Emmett era aquele tipo de cara descontraído e que sempre diz o que pensa. Durante toda a manhã, ele esteve jogando indiretas o tempo todo. Eu não aguentava mais aquilo, eu queria ir direto ao ponto. Isso estava sendo torturante.
De repente, ele se levantou do chão barrento onde estávamos sentados.
- Ei, aonde você pensa que vai, Emm? - Eu perguntei, não querendo acabar com meu pequeno tempo a sós com ele.
- Acho que devemos voltar agora. Você não quer voltar para a civilização? - Ele respondeu, com um lindo sorriso divertido no rosto.
- Hmm... civilização... é uma idéia realmente atraente. Mas sabe o que eu acho?
- Eu devia saber?
- Eu acho que tem gente demais na civilização. Não que Forks seja muito civilizada. E, além do quê, ainda não consegui o que eu quero com você. - Eu acrescentei, dando um tom pervertido à minha frase. O sorriso de Emmett cresceu ainda mais. Ele, obviamente, havia gostado do que ouviu.
- E o que você poderia querer comigo, null?
Eu não queria responder, mas eu podia mostrar.
Quando eu terminei de pensar, decidi que era hora de agir. Me aproximei sugestivamente de Emmett, enquanto ele me olhava intensamente. Estávamos os dois de pé, frente a frente, e ele era tudo que eu precisava. Nunca estive atraída por ninguém da mesma forma que eu estava por ele.
Quando a distância entre nós tornou-se inexistente, e nossos lábios se tocaram, Emmett pôs ambas as mãos na minha cintura e o simples contato me fez estremecer.
Então, antes mesmo do beijo começar realmente, Emmett se separou de mim. Eu estava delirando tanto que, como uma idiota, continuei a procurar os lábios dele enquanto ele se distanciava. Tudo que eu consegui com isso foi quase cair para frente, se Emmett não tivesse me segurado. Ok, por que motivo justificável ele não tinha me beijado, agora? Eu juro que se a null estiver por aqui agora eu vou esmurrar a cara dela. Sim, eu fico violenta quando estou frustrada.
- O que foi? - Eu perguntei, sem conseguir esconder minha frustração.
- Hmm... acho que precisamos voltar agora, null.
- Por quê?
- O que foi? Gostou da natureza, é? - Eu ri.
- Tá, vamos voltar, então.

Emmett fez o caminho do modo contrário ao que eu esperava. Eu não era nada boa em caminhadas, mas podia jurar que não estávamos voltando pelo mesmo percurso que viemos. Decidi nem questionar, apenas andei atrás dele.
Enquanto caminhávamos, Emmett me surpreendeu quando, de repente, ele segurou a minha mão. Estava tão frio, e a mão dele estava gelada. Mas eu não me importei com isso.
Eu percebia cada vez mais que estávamos demorando mais para voltar do que tínhamos demorado para chegarmos onde estávamos antes.
Quando passamos por uma grande árvore, ouvimos uma voz familiar.
- Emmett! null! - A pessoa gritou, e eu me virei para a null, que agora corria na minha direção e me abraçava.
- null, o que você está fazendo aqui? - Eu perguntei quando ela me soltou.
- Eu vim procurar você e o Emm, e acabei me perdendo.
- null! Meu Deus, o que você tem na cabeça? Titica de pombo? - Eu perguntei, repreendendo-a.
- Bem provável. - Emmett disse, rindo. null também riu.
- Gente, isso é sério! E se a gente não tivesse te encontrado? Como ia ficar? Você não pensa não, é? - Eu disse, muito preocupada com minha amiga desmiolada.
- Ei, null, relaxa. Tá tudo bem. - Emmett disse, tentando me acalmar, enquanto passava a mão pela minha cabeça.
- É, cara, ela se preocupa demais com as coisas. - null falou, apoiando o Emmett. Então eu respirei fundo e me senti mais calma.
- Ok, ok. Tudo bem. - Eu sorri, para mostrar que estava de boa. - Agora, vamos voltar logo para a casa. Esses insetos estão me dando nos nervos.
Emm riu abafado e todos demos a volta pelo caminho. Eu estava louca para sair logo dali. E estava com uma sensação estranha de que havia algo diferente com Emmett, muito esquisito.
Parecia até... que ele sabia que a null estava perdida e sabia, também, onde encontrá-la. Ele seguiu o caminho oposto de propósito... muito, muito esquisito.
- O que foi, null? - Ele perguntou, me tirando de meus devaneios.
- O que foi o quê?
- Por que está me olhando desse jeito?
- Como? - Eu me fiz de desentendida.
- Como se eu nem estivesse aqui. Está me olhando como se estivesse tentando ver através de mim.
- Só testando minha visão de raio-X. - Eu brinquei, piscando pra ele. Ele sorriu com isso, e eu escapei de ter que explicar para ele as coisas bizarras que se passavam na minha mente.
Caminhamos alguns passos, Emmett ainda mantinha o mesmo sorriso no rosto, como se estivesse pensando calculadamente em uma resposta para dar. Então, ele sussurrou no meu ouvido:
- E você estava gostando do que estava vendo com sua visão de raio-X?
- Só vou responder quando eu puder ver com clareza. - Eu provoquei.
- Olha só, gente, qual foi? Eu estou ouvindo, sabiam? Não quero saber do seus "dons especiais", null. - null repreendeu, e Emmett e eu caímos na gargalhada.
Quando Emmett teve certeza de que null não estava mais prestando atenção, sussurrou, quase inaudível até mesmo para mim:
- Breve.

null's PoV

Edward e eu descemos até a sala de estar e encontramos Jasper, prestes a sair. Ele se virou, assim que percebeu nossa presença.
- Ah, oi. Vocês sumiram. - Jasper disse para Edward e eu. Eu corei instantaneamente; Edward se limitou a rir.
- Pois é. Eu só estava mostrando a casa à null. - Edward explicou.
Bem... Ele me mostrou muitas coisas, mas não creio que a casa estivesse entre essas coisas.
- Você ia atrás da null? - Edward perguntou a Jasper. Fiquei um pouco confusa. A null não estava com Jasper? Edward sabia disso?
- Sim, mas vou esperar mais um pouco. Ela foi atrás da null e do Emmett.
- Por quê? - Eu perguntei, querendo saber por que a null estava se metendo na vida da null.
- Ela queria reunir todas vocês para que pudéssemos ir até Seattle.
- Aaah, vamos sair! - Eu gritei, animada. Edward sorriu calorosamente para mim e... e... err... onde eu estava mesmo? (Longa pausa) AH, É! Na sala dos Cullen!
Quando eu acordei do meu transe, a porta da frente se abriu. Entraram pela porta a null, primeiramente, seguida por Emmett, e, por último, null.
- null! - null gritou ao me ver. - Achei que você tivesse sido abduzida.
- Só se o Edward tiver um disco voador na garagem. - null disse, zoando com a minha cara. - Na verdade, eu não duvido nada. Levando em conta que ele tem aquele carrão prata.
- Ai, null, qual foi? A null não é você não, tá? Ela não sai atacando os garotos logo no primeiro dia. - null provocou a null. Como se também não estivesse rolando um climinha entre ela e Jasper.
Ao perceber que as palavras de null contrariavam a realidade, não consegui evitar olhar para Edward, ruborizar e desviar o olhar para um local que não houvesse ninguém.
Eu sabia que esse ato dava uma super dica para a null e a null, pois elas conheciam minhas reações e expressões faciais como ninguém. Sendo assim, não ia demorar muito até elas deduzirem que Edward e eu já... somos meio íntimos.
Eu sabia que a ficha havia caído para elas quando ambas lançaram um olhar chocado para mim, exatamente ao mesmo tempo. Droga!
- O QUÊ?! - null e null perguntaram juntas, certamente pensaram na mesma coisa, ao mesmo tempo. Elas me conheciam tão bem que chegava a ser deprimente. Nesse caso, muito vergonhoso.
- Você tem que contar essa história, null! - null implorou. Eu revirei os olhos, parecendo cada vez mais com um tomate maduro. Os garotos estavam totalmente por fora, exceto o Edward, que já tinha sacado do que elas estavam falando.
- Ai, gente, será que dá pra parar? - Eu pedi. E eu sabia que elas não me dariam ouvidos.
- Não! Caraca, não acredito! Você tá pegando o Edward! - A null não disse. ELA GRITOU! Eu vou acabar com essa garota agora! Ela não sabe que certas coisas exigem um pouquinho de discrição?!
- null! - Eu repreendi. Edward riu. Ele estava rindo da minha vergonha? Era isso mesmo? Estranho, mas nessa hora ele parou de rir, segurando o riso. Ele sempre sabe o que fazer nas horas certas. Isso é tão esquisito.
- Não... peraí. Isso só pode significar uma coisa... - A null começou de novo. Caramba, eu sabia que não ia vir boa coisa desse começo de frase. - A null foi mais rápida do que eu! Não acredito! Emmett, eu vou te matar! - null gritou, avançando no Emmett.
- Espera! O que eu fiz? - Emmett perguntou, já se afastando para trás do sofá, enquanto a null se aproximava dele.
- Você me fez perder para a null!
Com essa frase da null, todos tivemos que rir.
- Ah, então é o quê? Uma aposta? Estou me sentindo usado. - Edward brincou. Mas, mesmo com o tom de brincadeira, me preocupei que ele realmente achasse isso.
- Não! A null é que é maluca com essas coisas. - Tentei explicar.
- É que a null sempre foi a mais lenta nos relacionamentos. - null disse, para o meu total constrangimento.
- Tá, tá... Olha só... vamos para Seattle ou não? - Eu lembrei, na tennullva de desviar do assunto sobre minha vida amorosa.
- Seattle? - null questionou, confusa. Eu reparei que ela já estava nos braços do Emmett de novo, esquecendo o acesso de raiva que havia tido contra ele.
- É, é, é! Vamos para Seattle agora, não é feliz? - null explicou.
- Ah, sério? Uh, tenho que ir me arrumar! - null saiu voando pelas escadas em um piscar de olhos. Em outro piscar de olhos, a sala estava praticamente vazia. Apenas eu e Edward estávamos lá.
Eu fiquei hipnotizada pelo olhar dele de novo, nem conseguia me mover. Mas um pouco e eu ia começar a babar.
- Não vai se arrumar? - Ele perguntou.
- Ah... é... arrumar. Vou sim. - Eu disse, meio sem-graça, dando passos desajeitados para trás.
- Ok, eu também. - Dizendo isso, ele me deu um selinho rápido e subiu as escadas. Levei um tempinho para me recuperar da pequena surpresa. (Lembre-se: Na minha percepção do universo, um tempinho não significa o mesmo que significaria para você. Pode ser algo como... 20 minutos). Então, eu subi para o quarto também.

Capítulo 4 - Cuidado, Seattle!

Edward's PoV

Estávamos todos prontos e reunidos na sala de estar. Quer dizer... quase todos.
null ainda estava se arrumando, e null estava batendo na porta do quarto dela para apressá-la.
Enquanto esperávamos, me sentei no sofá, ao lado da null. Depois de todo aquele constrangimento que ela apresentou quando as amigas anunciaram sua descoberta sobre nós, eu estava um pouco receoso de tocá-la na frente de todos. Ela poderia não gostar disso.
null parecia cansada de esperar, e me surpreendeu quando deitou sua cabeça em meu ombro. Aquilo não ia ser muito confortável para ela, mas se ela não ligasse, quem sou eu para fazer o contrário? O ato dela me fez ver que um relacionamento público não a incomodava tanto, então, me senti livre para envolver seus ombros em um dos meus braços. Com esse movimento, acabei tirando meu ombro de baixo da cabeça dela, mas ela não se importou em escorregar suavemente para se apoiar em meu peito.
"Edward, como você consegue isso? Tê-la, assim, tão... perto? " -Jasper pensou, surpreso. Lancei um olhar tipo "conversamos depois" para ele.
"Edward é do mal, pega um, pega geral! " - Emmett cantarolava em pensamento para me irritar. Eu o ignorei.

Quando null ficou pronta e desceu as escadas com null, todos nos levantamos e saímos pela porta dos fundos, para a garagem. Quando a garagem se abriu, sucedeu-se o que eu já imaginava que ia acontecer:
- Wow! - As meninas disseram ao mesmo tempo.
- Agora, eu já sei por que não tem nenhum carro decente na cidade. Vocês escondem todos aqui. - null disse, fazendo eu e meus irmãos rirmos.

Nos dividimos em dois carros, para ficar mais confortável.
Fomos null, eu e null no Volvo; e Emmett, null e Jasper no Jeep.
Na velocidade com que dirigíamos, não demoraria muito para chegarmos à Seattle.
- O que vamos fazer quando chegarmos lá, Edward? - null me perguntou, pensando em várias possibilidades tentadoras de passarmos um tempo juntos.
Mas eu não havia esquecido o propósito daquela pequena viagem.
- Na verdade, null, o plano era que você e suas amigas saíssem juntas. - Eu expliquei.
- Você não vai com a gente? - Ela tornou a perguntar. Não pude deixar de ficar satisfeito ao sentir a decepção dela.
- Não. Vou dar uma volta com Jasper e Emmett.
null tentou animar null, e até que deu um pouco certo.
Como eu havia previsto, não demorou para chegarmos à Seattle. Eu estacionei o Volvo em uma rua comercial, ao lado do Jeep do Emmett. Saímos dos carros e fomos combinar o passeio.
As garotas iriam andar pelas lojas, e eu e meus irmãos iríamos encontrá-las em uma lanchonete lá perto.
Claro que eu usaria meu dom para monitorá-las e garantir que nada de ruim acontecesse em nossa ausência.
Não deram nem três minutos que elas sumiram de nossa visão periférica, e Emmett e Jasper já queriam saber o que elas estavam fazendo.
- Então? - Emmett insistiu.
- Ok... Estão só andando. null está pressionando a null para que ela conte sobre mim. - Eu narrei. Emmett riu. - Shh... Eu quero prestar atenção nisso.

"Ai, null... o que eu posso dizer? "
"O que rolou que a null e eu não estamos sabendo. Come on... sem segredos. "
"Tá. Nós nos beijamos, foi isso. " - null respondeu, rápido demais.
"Detalhes, null! Anda logo! " - null ordenou. Agora, elas se sentavam em um banco de praça.
"Querem detalhes do beijo? Eu não mereço vocês, cara. " - null protestou. Até mesmo eu estava quase gritando para ouvir os detalhes. Esperava que null e null não desistissem de arrancar tudo da null.
"Detalhes de tudo. Queremos saber como foi. "
"Aaah, tá bom. Desisto. Foi perfeito, mas acabou muito rápido. " - null começou o relato, mas null a interrompeu:
"Foi quando? Onde? "
"Hoje cedo. No... Quarto dele. " - null respondeu, meio apreensiva com a última parte.
"Ôôôôh... Então, parece que você está escondendo mais do que a gente pensava! Não acredito, null! Tô rosa! " - null gritou. null fez sinal para que ela falasse mais baixo, olhando para os lados para verificar que ninguém tivesse ouvido.
"A gente não fez nada demais. Como eu disse, acabou muito rápido, foi só um beijo. Mas foi incrível! Ele é tão... lindo."
"Uuh... tem alguém apaixonada aí? Acho que sim! Que fofo! " - null brincou. Eu pude sentir, pela primeira vez em muito tempo, que algo ainda existia dentro do meu peito esquerdo. Foi uma sensação incrível ao ouvir a palavra que null usou para definir o estado em que null sem encontrava em relação a mim.

- Edward? - A voz de Jasper invadiu meus ouvidos. Eu foquei o espaço onde eu me encontrava. Nunca estive tão concentrado em outro lugar que não fosse no qual eu me localizava no momento.
- O que está rolando lá? - Emmett perguntou.
- Hmm... nada. Elas só estão... vendo roupas. - Eu disse, ainda meio fora de mim.

Apaixonada...

Emmett's PoV

Eu não tinha sacado o que houve para o Edward ficar tão estranho. Ele estava distraído, devia estar escutando as meninas.
- Do que elas estão falando, agora? - Eu perguntei, louco para saber. Parecia interessante.
- null e null querem saber o que tem entre null e você. - Edward disse para mim.
- E o que você está esperando para começar a narrar?
- Estou esperando ela começar a falar. - Ele fez uma pausa. - Aah, pronto.
Então, Edward começou a transferir para nós as conversas.

"Tá, antes que vocês comecem com as suposições, eu NÃO estou pegando o Emmett, tá? " - null começou.
"Aham... vamos fingir que acreditamos. " - null contrariou, e foi interrompida por null:
"Não, não vamos fingir, não. A gente não acredita mesmo. "
"Mas é verdade! Tudo bem, eu admito que eu tentei, mas não deu muito certo. " - null disse. As meninas olharam para ela, boquiabertas, segundo Edward.
"NÃO CREIO! Ele... BROXOU? " - null gritou. Aff... Eu acho melhor a null explicar as coisas direito, senão ela acaba com a minha reputação. Edward e Jasper começaram a rir da minha cara; eu revirei os olhos.
Edward demorou para se recuperar do ataque de risos, eu tive que mandar ele se focar.
"Não! A gente não chegou tão longe. Você atrapalhou nas duas vezes, null. " - null acusou.
"Eu? " - null perguntou, confusa.
"É. Primeiro foi na sala, de manhã... "
"Tá, isso eu lembro. E a segunda? "
"A segunda foi na floresta. Por ter se perdido. "
"Mas vocês não sabiam que eu estava perdida... Como eu posso ter atrapalhado? "
"Hmm... ok. Vocês vão me achar louca, mas eu tenho que contar isso para alguém... " - null sussurrou.
"O que é? " - null perguntou, curiosa.
"Acho que... tem algo diferente no Emmett. " - null sussurrava, cada vez mais baixo.
"E o que seria? " - null perguntou.
"Eu acho que... sei lá... que ele sabia como achar a null, não sei como. Como se ele pudesse... sentir a presença dela."
Então as outras duas riram. Edward parou o relato e todos nos olhamos, sérios.
- Emmett, contou algo a ela? - Edward me perguntou.
- Não contei nada. É só que eu ouvi a null e tentei disfarçar que eu estava procurando por ela. Parece que a null estava mais atenta do que eu pensei. Não achei que ela fosse reparar que eu fui pelo caminho contrário, ela não liga para as plantas, achei que pareceria tudo a mesma coisa para ela.
- A gente conversa sobre isso depois. Vamos ouvir o que elas acham da teoria da null. - Jasper propôs. Todos concordamos e Edward prosseguiu com o relato.

"Ai, null, que bobeira. Como ele poderia saber? Foi só coincidência vocês me encontrarem." - null disse, não levando a sério o que null havia dito.
"Na verdade, eu também reparei uma coisa. Sobre o Edward. " - null disse. null revirou os olhos e null a olhava, atenta.
"O quê, null? " - null perguntou, muito interessada.
"Ele... parece... não sei... Ele parece saber o que eu penso. " - Ela concluiu, enfim, torcendo os lábios e desviando o olhar para o chão, constrangida pelo absurdo das suas palavras. null a olhou, séria.
"Ah, gente, qual foi? Do que vocês estão falando? Isso é loucura! Vocês... vocês não estão levando esse negócio a sério, né? " - null perguntou, confusa e atordoada com aquelas teorias.
"Olha, null, a gente fala sobre isso depois. " - null disse, balançando a cabeça. Elas cessaram o diálogo e foram observar as lojas em silêncio.
Edward e Jasper se entreolhavam, parecendo muito preocupados com alguma coisa. Não entendi o que poderia ser.
- O que foi, gente? - Eu perguntei, tentando entender. - Qual a preocupação? As garotas estão bem. - Eu disse, sorrindo. Edward ainda mantinha o olhar triste.
- Elas gostam da gente, Emmett. - Ele disse. E eu boiei.
- Eu sei. E daí? Também gostamos delas, não gostamos?
- Você não vê o problema aí? Você ouviu o que o Edward contou. Elas desconfiam de nós. - Jasper tentou explicar. Eu ainda não via razão para tanta preocupação.
- Tudo bem, elas desconfiam. Mas elas ainda não sabem nada, de fato. - Eu disse, mantendo o sorriso.
Edward olhou sério para mim. Eu conhecia esse olhar; era agora que ele dizia algo que não ia me agradar.
- Emmett, vamos ter que parar de nos envolvermos com elas. Não é certo. - Ele disse, por fim. Eu me recusei a levar aquilo a sério. Ia fazer piadinha, como sempre.
- Aah é, Edward. E isso dito por você, o pegador! - Eu brinquei, rindo. Edward revirou os olhos. - Você dizendo aí que é errado como se não fosse o único que já andou dando "uns pegas" por aqui.
- Tá, Emmett, eu errei, ok? O que... - Ele ia dizer algo mais, mas eu o interrompi:
- Olha, eu gosto da null. Sei o que eu tô fazendo, não precisa se preocupar com isso.
- É esse o problema, Emmett! Ela gosta muito de você! Você devia protegê-la de você mesmo. - Edward repreendeu.
- Ela não quer ser protegida. Ela quer ficar comigo.
- Ela não sabe quem você é.
- Talvez ela devesse saber.

Jasper's PoV

Tá, agora era oficial: Emmett enlouqueceu de vez. Não que ele fosse muito normal anteriormente. Ele não podia contar nada, ia estragar tudo!
- Emm... você não pode contar à null! É loucura! - Eu disse, tentando convencê-lo.
- Tudo bem. Vamos fazer um trato, então. Eu não conto nada a ninguém, e vocês tiram essa idéia idiota de nos afastarmos delas da cabeça, que tal? - Emmett propôs. Eu espero que ele não achasse que eu e Edward não perceberíamos que isso era uma chantagem.
- Qual a diferença, Emmett? Elas vão acabar descobrindo se continuarmos tão próximos. Nos conhecem há um dia e já repararam um monte de coisas. - Edward disse, eu concordei.
- Eu propus um trato. É pegar ou largar. - Emmett disse com seu sorriso despreocupado de sempre.
- Faça o que quiser, Emmett! - Eu disse, por fim, desistindo de persuadi-lo.

Quando terminamos nossa pequena discussão, vencida pela irresponsabilidade característica do Emmett, resolvemos seguir para a lanchonete, esperar as meninas.
Edward estava as vigiando pelos pensamentos. Segundo ele, agora elas estavam em uma loja de roupas íntimas. Apenas observando, pois não haviam levado dinheiro suficiente para compras.
Edward não queria ficar observando-as nessa situação, mas Emmett ficou enchendo o saco para saber o que elas estavam fazendo na tal loja.
Quando Emmett viu que não era nada de interessante e que a null não ia comprar nenhuma lingerie nova, Edward teve permissão para dar a elas privacidade.
Estávamos andando normalmente até a lanchonete, até que Edward sobressaltou-se e riu. Emmett e eu lançamos olhares questionadores.
- null esbarrou em uma pilha de lingeries e caíram todas por cima dela. - Ele explicou, rindo. Emmett riu também.
- Ela está bem? - Eu perguntei.
- Jasper, é só um monte de pano. - Emmett disse, revirando os olhos.

Andamos mais um pouco - como era irritante caminhar à velocidade humana! -, estávamos quase chegando à lanchonete, quando avistamos null, null e null correndo desesperadas em nossa direção, com um guarda no encalce delas.
Quando elas chegaram ao nosso encontro, rapidamente se esconderam atrás de nós, como se o guarda não tivesse visto.
- O que houve? - Eu perguntei.
- Socorro, Jazz! Esse homem está nos seguindo desde que saímos da loja! - null disse, muito assustada e ofegante.
- Obviamente! Essas três garotas foram pegas roubando a loja. - O guarda disse. Eu e meus irmãos arregalamos os olhos.
- O quê?! É mentira! Não roubamos nada! - null se defendeu.
- Espera. Deve haver uma explicação. - Edward disse, tentando controlar a situação.
Todos nos calamos e tentamos pensar em alguma coisa que pudesse justificar. Até que null rompeu o silêncio.
- null, o que é isso preso na sua bolsa? - null puxou um pedaço de pano da bolsa de null. Acho que devia ser uma... calcinha. Mas aquilo não cobria quase nada.
- AÍ! A PROVA DO CRIME! - O guarda gritou, puxando o pedaço de pano da mão da null.
- Eu não roubei essa coisa! - null gritou em seu favor.
- TODO MUNDO PRO XILINDRÓ! - O guarda insistiu.
Eu tinha que pensar rápido e nos tirar dessa. Certamente, null era inocente. A calcinha fio-dental com um rabinho tosco de coelhinha atrás devia ter prendido na bolsa dela quando ela esbarrou no balcão e foi atingida por uma avalanche de roupas de baixo femininas.
Eu usei a primeira saída que veio na minha cabeça.
- É, amor, eu gostei dessa. Vamos levar. - Eu disse, pegando a calcinha da mão do guarda e passando o braço pela cintura da null. O guarda nos olhou, confuso. - Ela fica com vergonha de entrar nas lojas comigo. Só trouxe até aqui para que eu pudesse dar uma olhada, não é, amor?
- Err... claro. - Ela disse, tentando ser convincente; e não conseguindo.
- Vamos voltar para a loja e comprar. - Eu disse.
Então, voltamos à loja para comprar aquele pedacinho de pano. Eu sabia que tava demorando para Emmett fazer alguma piada:
- Então, null, agora que comprou vai ter que usar. Jasper vai se dar bem, hein. - Todos riram. Menos eu, que revirei os olhos, e null que abaixou a cabeça, constrangida.
- Jasper, vai ficar chateado comigo se eu jogar fora? Eu posso te pagar depois. - null perguntou, eu ia responder, mas Emmett chegou na frente:
- Mas, null, o pagamento que o Jasper queria incluía justamente você usando o presentinho dele.
- Emmett, cala a boca. - Eu repreendi. - Eu não me importo, null. É sua, pode fazer o que quiser com ela.
- Uuuh... vocês entenderam a indireta na última frase? - null provocou. null olhou feio para ela. Ignorando a null, null se dirigiu a uma lixeira com a sacola da loja na mão.
- Não joga fora! Eu fico com isso. - null disse, arrancando a sacola da mão da null. Todos nós olhamos para ela com caras surpresas; menos Emmett, que sorriu.

Edward's PoV

Depois de todo aquele vexame desastroso e humilhante para a null, finalmente pudemos ir à lanchonete. As meninas estavam morrendo de fome. Emmett, Jasper e eu fingimos que já havíamos comido.
Quando entramos na lanchonete, tentei não me sentar perto da null, tentei fazer a coisa certa. Mas foi inútil. null tratou de trocar de lugar com ela para poder se sentar ao lado do Emmett.
Minha segunda opção era ignorá-la, mas eu sabia que isso não ia dar certo, eu não ia conseguir.
- Então, Edward, se divertiu na minha ausência? - Ela perguntou. Não consegui ser mal-educado e não responder.
- Não. - Respondi, simplesmente.
- Quem? Edward? - Emmett começou, eu queria bater nele se ele resolvesse mesmo dizer o que estava pensando em dizer. - Pegador do jeito que ele é... Se divertiu muito. - Ok, eu queria mesmo bater nele.
- Emmett, fica quieto, tá? - Eu disse, tentando calar a boca do meu irmão preferido, mas também mais irritante.
Consegui fugir do assunto sobre a minha mais nova fama de pegador quando sugeri que fizessem seus pedidos.
- Vou querer uma salada de frutas... - null começou. null fez uma cara de reprovação.
- Detesto frutas. - Ela disse.
- Eu adoro todas as frutas. Desde tamarindo... - null foi interrompida pela null:
- Até o Zac Efron.
Então, todos rimos, inclusive a null, que não ligou para a ofensa ao seu ídolo da beleza.
Estávamos todos rindo tão alto que uma senhora atrás de nós ficou um pouco irritada.
- Posso saber qual é a piada? Quero rir também. - Ela disse, se voltando para nós. Imediatamente nos calamos, exceto Emmett, é claro:
- Conta pra ela, null! Conta a piada! - Ele disse, rindo.
- Err... Emmett, ela quis dizer que estamos incomodando. - null explicou. Todos nós reviramos os olhos.
- Aaah, tá. - Emmett entendeu, finalmente, e riu, sem se constranger.

As meninas fizeram seus pedidos e todas comeram felizes por ser a primeira comida decente que ingeriam em dois dias.
Quando todas acabaram, resolveram ficar na lanchonete descansando por um tempo. Os sapatos de null não era adequados para bater perna nas ruas.

- Gente, já repararam uma coisa? Só tem coroa por aqui. - null apontou, e todos observamos que realmente, o local estava cheio de pessoas de idade.
- É verdade... eu não tinha reparado. - null concordou.
- É... eu estava olhando, procurando algum gatinho... aí eu vi esse monte de velhos.
- Nossa, null, eu não sabia que esse era o seu tipo de homem. Se eu soubesse, tinha te dado um vale-tiozinho no seu último aniversário. - null brincou.
Então, uma música começou a tocar na lanchonete, era uma música clássica. As pessoas começaram a se levantar para dançar. Agora eu entendi o porquê de tantos senhores por aqui... Era um pequeno clube de dança clássica e também lanchonete.
A música que tocava me agradava muito... Então, eu me levantei da minha cadeira, rindo da situação, e estendi a minha mão para null, convidando-a para uma dança comigo. Ela me olhou, meio confusa, meio constrangida.
- O que foi, Edward?
- Estou te tirando para dançar.
- Dançar? Mas... eu... eu não sei dançar.
- Está me dando um toco? - Eu perguntei, fazendo uma falsa expressão de ultraje.
- Estou. - Ela disse, rindo. - Eu não vou dançar. Sem chance.
Eu olhei em volta, tentando pensar em um modo de convencê-la... Antes que a música acabasse. Aproximei meus lábios do seu ouvido e sussurrei:
- Por favor. Poderia me dar a honra dessa dança? - Eu a senti se arrepiar. Ela me olhou, indecisa. Não respondeu nada, apenas se levantou, segurando a minha mão. Eu sorri para ela, enquanto a guiava para a pista de dança.
Eu resolvi não abusar muito da boa vontade da null, então, começaríamos com uma dança leve. A música era lenta; ela olhava para mim, sem ter a mínima ideia do que fazer.
Puxei as mãos dela para a minha nuca, pus as minhas duas mãos ao redor da cintura dela e apoiei meu queixo em seu ombro. Ela imitou meu gesto. Então começamos a girar pelo salão.
Aquilo estava sendo muito agradável. A respiração quente da null em contraste com minha pele gelada...
"Ah, droga. Meu celular descarregou. Ainda bem que eu trouxe o carregador. Agora, vejamos... onde eu consigo uma tomada? Essa deve servir, é só desligar esse negócio aqui e... " - Emmett estava pensando. Eu nem tive tempo de impedi-lo. Ele tirou o fio que estava na tomada e a música parou no mesmo instante.

- EMMETT! - Eu, as meninas e Jasper gritamos ao mesmo tempo. Impressionante como todos sabíamos que só ele poderia ser o responsável por aquilo.

Emmett's PoV

Depois que eu acidentalmente desliguei a música dos coroas ("coroas" – incluí o Edward, obviamente); o dono do estabelecimento veio me dar uma bronca. Eu fingi que estava ouvindo, enquanto ele falava um monte de coisas.
Ele disse algo sobre os clientes terem que esperar até ele reconfigurar o som e não sei o quê. Depois, pediu que eu me retirasse.
Eu dei de ombros e me preparei para sair. Assim que passei pela mesa onde estava o pessoal, null se levantou para ir comigo.
- Parabéns, Emmett. Conseguiu ser expulso do bar dos tiozinhos.
- Obrigado. Eu fiz o melhor que pude. - Eu agradeci, sorrindo. Ela riu também. Agora já estávamos na rua... a luz do dia já tinha se esvaído.
- Para onde vamos? - null perguntou.
- O que acha de... qualquer lugar?
- Parece legal. - Ela respondeu, sorrindo. Eu passei meu braço pela cintura dela e fomos andando sem rumo pelas ruas.
Era uma ideia muito inteligente, assim, não nos perderíamos. Afinal, não tem como se perder quando você não está indo para nenhum lugar específico, certo? Eu sou mesmo um gênio.

Nós andamos um bom pedaço de Seattle, até que null resolveu parar um pouco para descansar, pois, segundo ela, seus sapatos estavam realmente a machucando.
Então, ela se sentou em um banco e eu me ajoelhei na frente dela para tirar-lhe os malditos sapatos; em seguida, me sentei na outra ponta do banco e fiz um gesto para que ela deitasse a cabeça no meu colo. Foi o que ela fez.
Só então eu prestei mais atenção em onde estávamos. O banco no qual eu estava sentado ficava de frente para a baía de Seattle. A Lua se refletia na imensidão do mar a nossa frente.
- Hmm... Fico feliz que Edward tenha chamado a null para dançar. Antes, ele parecia tão frio com ela. - null comentou.
- Como assim?
- Respondendo com monossílabos... sei lá.
- Não se preocupe com isso, null. Edward e Jasper podem pensar o que quiserem, mas eu não vou me afastar de você.
- E por que Edward e Jasper pensariam algo sobre isso? Por acaso pretendem se afastar da null e da null? Por quê? - Ela perguntava, parecendo meio nervosa. Tentei pensar em um jeito de acalmá-la.
- Ei, fique calma. Eu já disse que não ligo para o que o Edward e o Jasper pensam. Eu gosto de você, null. Estamos apenas começando, então não se preocupe.
- Mas não é só por mim que me preocupo. - Ela disse, agora se levantando do meu colo para me olhar nos olhos. - Eu sei que a null e a null gostam deles. Não quero que elas sofram, eu só quero que fique tudo bem, sabe? Não entendo por que eles estão fazendo isso. Principalmente o Edward. Cara, a null leva os relacionamentos muito a sério.
Perturbava-me muito ver a null tão desesperada. Eu olhei em volta, procurando por alguma solução para aquela angústia, que não envolvesse contar a verdade ou qualquer outra coisa que fizesse meus irmãos arrancarem minha cabeça.
Foi então que eu vi... Os iates flutuando nas águas da baia...
- É ISSO! TIVE UMA IDÉIA! - Eu gritei. null se assustou, mas logo prestou atenção.
- Idéia? Que idéia?
- Um iate.
- Hã?
- Simples. O fato dos meus irmãos quererem se afastar das suas amigas não tem nada a ver com eles não gostarem delas... Porque eles gostam, confie em mim. A gente só precisa de uma ocasião para fazê-los verem que vale a pena, entende? - Eu expliquei, sorrindo. null fez uma cara pensativa, tentando entender.
- Hmm... Um iate? - Ela perguntou, começando a compreender.
- Exatamente.
- Ei... Até que não é uma má ideia. Vai ser divertido. - Ela concordou, abrindo um lindo sorriso. - Quando?
- Ainda não sei. Vamos ver o que rola até lá.
- Ok. - Ela fez uma pausa, olhando para o horizonte. - Está ficando tarde. Eu quero voltar.
- Tudo bem.
Nós nos levantamos do banco e null olhou para o chão, confusa. Acho que procurava alguma coisa...
- Emmett, onde você pôs meus sapatos?
- Eu coloquei aqui no chão. - Eu disse, abaixando para procurar.
- Ow, o que aquele cachorro tem na boca? - Ela disse, apontando para um animal que passou correndo na calçada. Era mesmo um lado do sapato dela. - Não acredito! Era o meu Prada preferido! - Ela gritou e tentou ir correndo atrás do bicho-ladrão. Mas foi no exato momento em que eu me abaixava para procurar pelo menos o outro pé do sapato, então, ela tropeçou por cima de mim, que estava de quatro que nem um idiota no chão. Eu rapidamente rolei para baixo dela por reflexo, porque se ela se machucasse o bagulho ia ficar feio aqui.
Naquela embolação toda, o cachorro desgraçado já tinha corrido pra longe há muito tempo, com os gritos da null. Ainda por cima, passou uma senhora com uma criança que nos olhou horrorizada e usou as mãos para tampar os olhos do menininho que estava com ela. Ela tratou rapidamente de sair de perto da gente.
- Ah, null, pense pelo lado bom. Agora o sapato não vai mais machucar seu pé. - Eu disse, rindo. Ela mostrou a língua pra mim.
Nesse momento eu ouvi a aproximação de alguém. Eu levantei junto com a null e olhei para trás; eram Edward, null, Jasper e null.
- Finalmente achamos vocês. Vamos, a gente já está indo embora. - null disse. null e eu concordamos e todos fomos andando juntos para onde tínhamos estacionado os carros.

- Espera, por que a null está descalça? Por acaso é porque ela esqueceu as pantufas de coelhinho em casa? - null perguntou, rindo.
- Cala a boca, null. - null respondeu, revirando os olhos.
Eu não entendi nada, mas ri mesmo assim.

Capítulo 5 - Quem foi que disse que seria um mar de rosas?

null's PoV

Ontem, quando chegamos, não tivemos tempo para falar sobre nada. Apenas fomos dormir.
Quando eu acordei, tratei de me arrumar rapidamente e fui dar uma olhada nas meninas.
Passei no quarto da null primeiro, porque é quase certo que a null devia ainda estar dormindo.
- Bom dia, null! - Eu disse, quando entrei. null arrumava algumas peças de roupa na mala.
- Ah, oi, null. Bom dia. - Ela respondeu, sorrindo. - E a null?
- Provavelmente ainda dormindo. Vamos passar lá e acordá-la?
- Espera, melhor ainda. - null disse, pegando o celular em cima da mesa de cabeceira. - E se a gente filmasse a null gatinha dormindo pra pôr no youtube?
- Ótimo!
Então, fomos nós duas, catar o quarto da null. Os quartos de hóspedes ficavam todos em linha, pelo que eu tinha percebido, então, a null devia estar na porta depois do quarto da null, considerando que o meu quarto era o último do corredor.
null preparou a câmera e, então, abrimos a porta com tudo, já filmando.
- Oh, my God! - Eu gritei, tapando os olhos. AQUELE ERA O QUARTO DO JASPER! E isso era o de menos... Ele estava trocando de calça nesse exato momento! Ele se sobressaltou quando entramos no quarto. Eu estava morrendo de vergonha, mas a null estava se borrando de tanto rir. - Jasper, desculpa! A gente... Er... A gente... Tá saindo e... - Eu olhei para a null, muito sem-graça para olhar para o Jasper e vi que a louca ainda estava filmando! - null! Desliga isso, agora! - Eu disse, tentando tomar o celular da mão dela.
- Peraí, null. Qual foi?
- Ei, tudo bem. Apaga o vídeo e fica tudo certo. - Jasper disse, já devidamente vestido. - É, null, apaga.
- Tá brincando? Isso aqui é mil vezes melhor do que a null dormindo. - null disse, correndo do quarto com o celular na mão.
Jasper foi atrás dela e a alcançou sem dificuldade.
- Com licença. - Ele pediu educadamente ao tirar o celular da mão dela e apagar o vídeo.
Ela olhou para ele emburrada, enquanto ele devolvia o aparelho.
Foi nesse momento que a null apareceu, confusa, no corredor.
- Gente, o que houve? Que gritaria é essa?
- null, você acredita que consegui filmar o Jasper trocando de roupa, mas a null o deixou apagar o vídeo?!
- Eu? Eu não fiz nada. - Eu me defendi.
- Você o apoiou.
- Cara, que droga! Eu queria ter visto isso! - null protestou.
- Nossa, gente, que fogo. Eu hein. - Eu repreendi.
- Hmm, null... Você diz isso só porque é o Jasper. - null provocou.
- Er... Nada a ver, null. É só que eu acho sacanagem, pô.
- Aham... Sei. - Ela continuou provocando. Decidi ignorar. - Ué, o Jasper sumiu. - null reparou. Eu olhei em volta e vi que ele não estava mais lá.
- Claro, ele ficou com medo de vocês, suas taradas. - Eu disse. null riu.
- Tá, que seja. - null disse. - Vamos conversar no quarto, tá? A gente tá bem no meio do corredor, já repararam?
Todas concordamos e fomos para o quarto da null, que não era o do Jasper, obviamente.

Tudo bem, mas eu tinha que admitir que... WOW. Certo, eu devia ter defendido aquele vídeo com unhas e dentes. Mas, beleza, as imagens não vão sair da minha cabeça tão cedo.

null's PoV

Chegamos no quarto que a null estava hospedada e nos sentamos na cama. Ok, nós tínhamos mesmo muito o que conversar. Só nós três.

- Então, gente. - null começou. - Sobre o que vamos falar?
- Os Cullen! - Eu sugeri, dando pulinhos sentada no colchão de molas.
- Os Cullen, que surpresa. - null brincou. - Agora, falando sério; não que eu esteja reclamando da hospitalidade deles, mas... vocês não acham que estamos abusando? Quer dizer, Edward só nos trouxe pra cá porque estávamos dormindo e ele não tinha mais para onde nos levar. A gente se apossou da casa... Sei lá, é estranho.
- Edward quer que nós fiquemos. - null disse.
- Bem, Jasper também não se opõe...
- Muito menos o Emmett. Então, assunto encerrado. Vamos ficar.
Todas ficamos felizes com a decisão. Então, eu me lembrei dos planos de Emmett ontem...
- Gente, gente! Tenho uma coisa para dizer. Emmett planeja que a gente tenha um cruzeirinho particular com os Cullen, não é legal?
- Como assim? Cruzeiro? - null perguntou, confusa.
- É. Acho que ele quer alugar um iate... Não entendi muito bem. Para que a gente possa aproveitar melhor o tempo em que estamos todos juntos.
- Parece muito legal! - null disse, muito animada.
- Para quando? - null perguntou.
- Não sei... Emmett ainda está planejando. Mas, então, vocês têm planos para hoje?

Nenhuma das garotas tinha planos para hoje, então, ficamos no quarto com nossas conversas estúpidas. Até que ouvimos alguém bater na porta.
- Quem é? - Eu perguntei.
- Serviço de quarto. - Ouvi a voz de Emmett responder e sorri automaticamente para o som.
- Entra. - Eu autorizei, tomando posse do quarto da null.
Então, a porta se abriu e os três garotos lindos entraram no quarto, segurando bandejas cheias com comidas deliciosas para o nosso café-da-manhã. OMG, isso é tão lindo.
- Bom dia! - Eles disseram em coro. Nós respondemos o mesmo, sorrindo.
Eles se sentaram no carpete e puseram as bandejas no chão. Rapidamente, todas nós levantamos da cama para nos juntarmos a eles.
- Own, meninos, obrigada! - null disse, já atacando a fatia de pizza.
null e eu também nos servimos, mesmo achando que tinha comida demais para nós ali, que não comíamos quase nada no café, mas não queríamos fazer desfeita.
Eu, particularmente, estava achando que estávamos todos silenciosos demais. Varri a bandeja a minha frente com os olhos, a procura de algo para falar. Meus olhos pararam em uma coisa muito melhor do que assunto: duas latinhas de chantilly.
Quando olhei para cima, meus olhos encontraram o rosto do Emmett, com a mesma expressão divertida. Ele piscou para mim e sinalizou com os olhos para as latinhas.
Eu quase não pude segurar o riso quando vi o Emmett pegar uma xícara com café e colocar o chantilly por cima. Discretamente, ele encheu a mão com a espuma branca.
- null, que negócio é esse no seu cabelo? - Ele perguntou.
- Que negócio? Onde? - null disse, passando a mão pelo cabelo.
- Aqui. - Ele respondeu, metendo a mão cheia de chantilly no cabelo dela. Aí não aguentei: caí na gargalhada.
null ficou irritada, mas logo começou a rir também.
- Agora você vai ver, Emmett! - Ela ameaçou, pegando uma latinha e espirrando na camisa dele. Emmett ia revidar, mas Edward o impediu.
- Tá, chega, Emmett. - Ele repreendeu.
- Ok, Edward, parei. - Emmett disse, nada inocente.
- Essas brincadeiras não são legais, Emm. - Edward dizia, enquanto tirava a latinha da mão do Emmett. Inesperadamente, ele se virou e espirrou chantilly na cara do Jasper. - Só quando você briga com alguém do seu tamanho! - Ele completou, rindo da cara do Jasper, literalmente.

O café terminou com muita bagunça. Ainda bem que a sujeira ficou toda no quarto da null.
Antes de todos irmos tomar um banho, Emmett sugeriu que fôssemos assistir um filme na sala para passar o tempo. Então, quando terminei meu banho e me arrumei, fui imediatamente para a sala, onde todos já estavam reunidos no sofá e no carpete.
Eu fui me sentar ao lado do Emmett.
- Então, que filme vamos assistir? - Eu perguntei.
- Esse aqui. - Ele respondeu, mostrando um DVD. - Baby, o porquinho atrapalhado.
- Ah, não acredito que vamos assistir essa coisa! - Eu protestei.
- E quem disse que é para assistir? Eu disse que era para passar o tempo. - Ele respondeu em um tom malicioso.

null's PoV

- Ah, qual foi? Pelo amor de Deus, vão assistir isso em um lugar mais reservado, por favor. - null protestou.
- Tá bom. - Eles disseram juntos e se levantaram do sofá.
Ok, agora que a nossa sessão tinha furado, já que Emmett levou o DVD que todos queríamos tanto assistir, todos ficamos parados, olhando para a tela plana de incontáveis polegadas a nossa frente. Quando cansei de ficar naquela posição, apoiei minha cabeça no Edward. Eu ouvi Jasper sussurrar alguma coisa para a null e, em sequência, ambos se levantaram do chão e saíram não sei por onde, não me dei o trabalho de perguntar ou olhar. Era óbvio que procuravam dar privacidade para Edward e eu.
Depois que eles saíram, eu olhei para Edward. Ele não estava olhando para mim, simplesmente encarava o teto. Fiquei observando os traços perfeitos do rosto dele, esperando desesperadamente que ele dissesse algo, pois eu não sabia o que dizer. Então, de repente, ele olhou para mim, e eu sorri.
- Então... todo mundo nos abandonou, né? - Eu disse, tentando puxar assunto.
- Querem nos dar privacidade. - Ele respondeu, indiferente.
- Bem, eles devem ter um motivo por trás disso, devem pensar que queremos ficar a sós por alguma razão. - Eu disse, e fiz uma pausa, encarando intensamente meu Edward. - Nesse caso, acho melhor não os desapontarmos. - Eu completei, sorrindo e me aproximei dele.
Edward pôs a mão suavemente sobre o meu rosto e a deslizou pela minha bochecha, mas algo nos olhos dele estava tão errado, tão diferente da primeira vez em que nos beijamos. Eu não queria mais olhar nos olhos dele, senão minha imaginação ia começar a criar asas e isso ia acabar sendo doloroso, já que o olhar dele não me inspirava bons pensamentos, não era feliz. Então, em um impulso, colei meus lábios nos dele, fechando meus olhos com força.
Ele estava muito imóvel enquanto eu, desesperadamente, corria minhas mãos pelos cabelos macios dele. Havia momentos em que ele parecia prestes a se distanciar, e outros em que ele correspondia melhor ao beijo.
Quando ele, enfim, decidiu o que queria, escolheu a opção que não me agradava, rompendo o beijo.
- O que foi? - Eu perguntei, ofegante.
- Nada. É só que... tínhamos que parar em algum momento, não é?
- Não é só sobre isso que estou falando, Edward. Você... Está estranho desde Seattle. - Eu acusei. Ele desviou o olhar. Culpado!
- Não sei do que está falando, null. Continuo perfeitamente eu mesmo. - Ele argumentou, agora com mais convicção. Perfeitamente... põe perfeito nisso.
- Não é o que parece. - Eu disse, simplesmente, e me levantei do sofá. Edward segurou meu pulso.
- Onde está indo?
- Você não vai me explicar nada, vai?
- Não há o que explicar! - Ele disse, tão convincente... Mas eu não ia me deixar convencer.
- Foi o que pensei. – Então, puxei meu pulso e Edward o soltou.
Eu subi as escadas correndo, tentando afastar para bem longe aquele aperto no meu peito. Entrei no quarto, sem ter nenhuma outra opção de conversa e desabafo agora, já que a null devia estar por aí com Jasper, e null devia estar "assistindo" Baby, o porquinho atrapalhado com Emmett, me joguei na cama, com o rosto enfiado no travesseiro.
Eu nem sabia pelo que eu estava lamentando, droga! Como eu sou idiota de levar tão a sério um garoto com quem eu fiquei uma vez, por mais que ele seja absolutamente perfeito. Pfff... Nem acredito que cheguei a pensar que tínhamos alguma coisa.
Afinal, o que ele podia querer comigo? Ele é... Edward! E eu sou só... Sei lá, alguém por quem ele não devia estar interessado.
Na verdade, eu nem sei por que eu estava pensando nessas coisas, aliás, ele nem disse nada. Bem, ele queria dizer algo porque ele segurou meu pulso, mas eu o impedi. Com certeza devia ser algo como: "null, não há coisa alguma entre eu e você, então, pare de me atacar".
Não pude evitar a maldita lágrima que escorria pela minha bochecha agora. Nem a outra que a seguia.
Eu ouvi batidas na porta e me sobressaltei, rolando para o lado para tentar levantar, mas eu não estava acostumada com aquela cama, então, tudo que consegui foi um lindo encontro do meu rosto com o chão.
- OUCH! - Eu gritei, e tentei levantar, ficando de joelhos.
Ouvi a porta se abrir e me virei para ver quem era. Edward.
- Você está bem?
- Estou ótima. Muito ótima. - Cara, muito ótima? De onde eu tirei essa?
- Ainda está com fome? - Ele perguntou, sorrindo.
Eu não entendi o porquê da pergunta, até que ele passou o dedo indicador na minha testa e mostrou a porção de chantilly que ele havia removido de lá. Eu olhei pro chão onde eu havia caído e percebi que o carpete estava sujo de chantilly do café-da-manhã. Ah, que mara, agora, ele vai me achar ainda mais lesada.
- Hm... O que você quer? - Eu perguntei para fugir do assunto do quão retardada eu posso ser, caindo da cama e ainda me sujando.
- Eu vim... Pedir desculpas. Eu não queria te magoar. - Ele disse, olhando no fundo dos meus olhos, ardendo em sinceridade. Confesso que delirei um pouco até poder responder.
- Er... Tudo bem. Eu acho que não estou interpretando as coisas corretamente. Se você diz que não há nada errado, vou confiar em você. – Eu disse, sorrindo, mas ele não correspondeu. Ele parecia meio... Torturado, quando desviou o olhar, fitando a vegetação que transparecia pela janela.
- Na verdade, eu acho que você interpretou certo.
- O quê? O que você quer dizer com isso? - Eu perguntei, quase engasgando com o vento.
- Eu acho que nós dois... - Ele demorou muito para terminar a frase, e eu demorei mais ainda para perceber que ele não ia terminá-la.
- Ok, já entendi. Por que veio pedir desculpas, então? Pessoas pedem desculpas quando estão arrependidas do que fizeram.
- Só vim me desculpar por ter te magoado.
- Não estou magoada. - Eu disse, tentando parecer forte. Mas, por dentro, eu estava prestes a desmoronar.
- Que bom. Desculpe, mesmo assim. - Ele disse, sem se convencer. E, então, saiu do quarto.

null's PoV

Jasper e eu deixamos a null lá se pegando com o Edward e aproveitamos para seguir o exemplo deles. Não, brincadeira, quem dera.
Jasper, na verdade, andou até a cozinha comigo e, quando eu parei para ajeitar a sandália que estava saindo do meu pé, ele desapareceu.
Eu comecei a andar pela casa, tentando encontrá-lo. Fui para o quintal, dessa vez ficando longe da floresta para não me perder de novo e levar outra bronca da null.
Até que aquela droga de sandália saiu do meu pé de novo e eu quase caí. Eu a tirei do meu pé, porque obviamente ela tinha um plano maligno para me assassinar, pelo visto. Então, a atirei para frente, sem olhar direito.
Quando olhei, Jasper estava segurando a sandália.
- Jasper! Hm, eu estava te procurando. - Eu disse, enquanto pegava a sandália da mão dele. - Desculpa, eu não te acertei com isso, né? - Era só o que faltava, eu ter acertado o Jasper com aquela sandália assassina.
- Não. Só não fique descalça, pode machucar o pé e pegar tétano. - Ele disse, e eu podia jurar que detectei um tom de preocupação ali.
- Ok. Então, coloca para mim. - Eu pedi, levantando um pouco a perna.
Jasper pôs um dos joelhos no chão e eu apoiei meu pé sobre a perna dele. Ele segurou meu calcanhar para encaixar o calçado no meu pé, e eu não sei o que deu nele, mas a mão dele começou a deslizar pela minha ante perna. Hoje eu não estava usando calça comprida, porque eu não esperava ter que sair de casa e lá dentro tem aquecedor.
Bem, quem disse que eu me importava? Jasper estava me deixando louca, não que eu estivesse reclamando, claro que não.
Era muito estranho, alguns segundos antes, eu estava perfeitamente normal, e agora estava sentindo uma coisa muito estranha. Mas era tão forte que estava me deixando descontrolada! Jasper pareceu pensar um pouco e tirou a mão da minha perna, se levantando logo.
Eu apenas olhei para ele e... o ataquei! Não sei o que deu em mim, mas não tava nem aí. Mandei tudo às favas e aproveitei o momento.
Eu o beijava; era tudo muito rápido. Minhas mãos deixando os cabelos dele ainda mais desgrenhados iam descendo pela nuca dele. Já as mãos de Jasper, se aventuravam pela minha cintura. Eu não sei se eu estava enlouquecendo ou sei lá, mas... Ele parecia tão selvagem. Como se estivesse se controlando muito pra não fazer alguma coisa. Imaginei o que seria... Seja lá o que fosse, estava sendo muito difícil para ele.
Eu sei, era loucura, mas eu realmente não conseguia me importar com nada, pelo menos, não o suficiente para parar. Minhas mãos foram parar na gola da jaqueta do Jasper, fui deslizando-a pelos ombros dele, até que a peça de roupa caiu no chão.
- null... - Eu não entendi muito bem se ele queria dizer alguma coisa ou só estava sussurrando o meu nome mesmo. Seja lá o que for, continuei beijando-o.
Eu nem sabia como é que eu fui acabar encostada na parede da casa, com Jasper de frente pra mim. Ele parou o beijo abruptamente, me deixando ofegante, procurando pelos lábios dele. Ele segurou meu rosto e eu abri os olhos. Eu me assustei com o que vi, ele parecia mesmo muito feroz; me olhava com muita intensidade.
As mãos dele deslizaram da minha bochecha para o meu pescoço, eu voltei a fechar os olhos.
- Jasper, eu... - Eu queria dizer alguma coisa, mas eu não sabia o quê. Então achei melhor ficar quieta e calar a boca.
Os lábios dele se encostaram no meu de novo, mas, dessa vez, de um modo mais tranquilo, bem suave.
Então, nossos lábios se separaram. Eu abri os olhos e ele não estava mais onde estava antes. Jasper se afastou de mim, parou para pegar a sua jaqueta no chão e começou a andar.
- Jasper, aonde você vai?! - Eu gritei, tentando alcançá-lo. Ele se virou pra mim. Uma expressão estranha no rosto.
- Me deixe em paz, null. - Ele disse, de um modo muito grosseiro, e continuou a andar. Dessa vez, não tentei impedi-lo. Apenas fiquei parada, observando, sentindo como se a terra fosse se abrir embaixo dos meus pés a qualquer momento. Seria ótimo se isso acontecesse, seria uma bela vingança para essa droga de sandália. Afinal, a culpa era toda da sandália, para começar.

null's PoV

Eu fiquei refletindo sobre tudo depois que Edward saiu do quarto. Por que isso estava acontecendo?
E eu não conseguia deixar de pensar no quanto eu gostava dele, e no quão incrível ele era e... Em como não estava nem aí para mim.
Eu não podia nem pensar em olhar para a cara dele depois disso, só o faria ver o quanto eu estava magoada. E ver que ele não estava nem um pouco magoado me deixaria ainda pior.
Mas... Se eu não podia mais vê-lo, como poderia continuar aqui na casa dele, com esse clima tão estranho entre nós? Essa era a casa dele, e eu era a intrusa aqui.
Eu não queria mais pensar em nada disso agora, então, peguei uma muda de roupas e fui tomar um banho. A água quente na minha pele gelada pelo clima frio me fazia relaxar. Infelizmente, quando voltei para o quarto, mais relaxada, percebi que isso só me deixou mais calma para... Pensar com clareza.
Eu simplesmente não podia mais ficar hospedada aqui, não fazia o menor sentido. Edward não me queria mais aqui, e eu devia aceitar isso.
Mas... A null tinha o Emmett, e a null tinha o Jasper. Eu não podia arrastá-las comigo. Elas estavam felizes aqui, e eu nunca poderia fazê-las irem comigo.
Mas, também, se eu dissesse que ia sozinha... Elas não iam permitir, iam querer ir comigo. Era mais que óbvio que elas tinham algo especial com o Emmett e o Jasper, e seriam capazes de desistir deles para me apoiar.
A solução era... Se eu fosse embora sozinha e não contasse a ninguém. Eu não ia ser a "estraga-férias", porque eu tinha certeza de que elas me apoiariam agora, mas depois iam ficar o resto da vida me culpando por elas não terem ficado com o Emm e o Jazz; isso era a cara delas.
Então, era isso, ninguém ia ficar sabendo.

Capítulo 6 - E termina o último round

Emmett's PoV

Eu tinha ido até o meu quarto com a null fingir que ia assistir "Baby, o porquinho atrapalhado", mas obviamente não era isso que a gente pretendia. Pelo menos, não eu.
null entrou meio tímida no quarto e ficou meio que parada em um canto. Eu não queria que ela se sentisse assim perto de mim, embora eu saiba que é da minha natureza ser intimidante. Mas como eu sou gostosão, deve ser fácil 'desentimidá’-la.
Coloquei o DVD em cima da estante da TV, e fui pra perto da null.
- Tudo bem? - Perguntei.
- Aham, tudo. E você? - Ela retornou a pergunta, desviando um pouco o olhar para o chão. O que o chão tem que eu não tenho? Por que ela fica olhando para ele?
- Também. E você? - Retornei de volta, de brincadeira. Ela riu abafado, mas levantou a cabeça para mim.
- Bem também, e você? - Ela perguntou, rindo mais evidentemente agora.
- Também estou bem. - Eu respondi e percebi que ela ia me impedir de retornar a pergunta, então, falei antes dela. - Mas dá pra ficar melhor. - Completei.
- Er... vai ficar melhor quando a gente for assistir ao filme? - Ela perguntou, tentando olhar para a televisão, enquanto eu ficava cada vez mais próximo dela.
- Quase isso.
- Haha, er... eu tô com sede. - Ela disse, tentando se esquivar. Eu a segurei delicadamente pelo pulso.
- null, aconteceu alguma coisa? - Eu perguntei, meio preocupado. Geralmente ela não era assim.
- Não, nada. Eu só tô com sede.
- Aham, nessa eu não vou nem fingir que acredito. Pode dizer o que é, pode me dizer qualquer coisa. - Eu disse, tentando encorajá-la. Ela hesitou por um momento.
- Não, você vai me achar boba.
- Ah, isso eu já acho, não se preocupe. - Eu disse, e ela quase riu. Quase. O que estava acontecendo com ela? - Conta, null, senão eu vou te obrigar, hein?
- Posso saber como? - Ela perguntou, com aquela cara de "duvido".
- Nem queira saber, meu bem. - Eu provoquei.
- Ah, eu quero saber sim...
- Você quer? Eu vou te mostrar o verdadeiro significado da palavra 'dor'.
- Ah, vai é? – Ela disse, totalmente me provocando.
- Vou sim. E quer saber o que eu vou usar pra te mostrar isso? Quer mesmo saber? Se eu fosse você, eu contaria agora, ou então fugiria.
- Eu pago pra ver.
- Você vai pagar caro. - Falei, com um tom muito macabro, e juro que vi ela se arrepiar. As garotas sempre se arrepiam por mim.
- Você fala demais e faz pouco.
- Tá bom, mas foi você quem pediu.
Após concluir minha frase, fui andando lentamente até a mesa de cabeceira, segurando os pulsos da null o tempo todo. Não ia deixá-la fugir. Cheguei até a mesa de cabeceira e fui abrindo lentamente a gaveta; ela olhava por cima do meu ombro, curiosa.
Em um daqueles movimentos desconcertantes para os humanos, peguei o objeto em um vulto e comecei:
- Dor, do latim, dolor. Substantivo Masculino. 1. Sensação mais ou menos aguda, mas molesta. 2. Pesar, mágoa, sofrimento. 3. Dor de alma ou de coração, mágoa profunda. - Eu li, e null imediatamente começou a rir. Ela tentou respirar um pouco para poder responder.
- NÃO! PÁRA COM ISSO! PÁRA! ISSO É MUITO CRUEL! É MUITA CULTURA PRA MIM! - Ela gritava, tentando entrar no teatro.
- Acho bom você falar logo o que te incomoda, senão eu vou começar a te mostrar o verdadeiro significado da palavra 'prazer', hein? - Eu ameacei, voltando a abrir o dicionário.
- Ah, essa eu quero saber.
- Sério, null... fala o que é. Você tá diferente e eu quero saber por quê. - Eu pedi, delicadamente colocando o dicionário em cima da mesa de cabeceira e acariciando a mão dela com o polegar.
- Hmm... ok. Eu... to com um mau pressentimento em relação à null. - Ela falou rápido, olhando pra uma parede o tempo todo.
- Como assim um mau pressentimento?
- Sei lá, desde que a deixei sozinha lá com o Edward, eu fiquei meio... sei lá, não sei explicar.
- Eu tenho certeza que ela está bem. O Edward tem a cabeça no lugar.
- Hm... - Ela resmungou, ainda sem se convencer. Eu passei meus braços ao redor da cintura dela, no intuito de abraçá-la.
- A gente pode ir assistir ao filme, e aí vamos lá falar com a null, o que acha?
- Assistir ao filme? - Ela perguntou, erguendo uma sobrancelha.
- É, podemos assistir se você quiser. Ou...
- Ou o quê?
- Ou eu posso te mostrar o verdadeiro significado da palavra 'prazer'.

Jasper's PoV

Após ter deixado null lá plantada, o que com certeza era a coisa certa a fazer, eu fui dar uma volta por um lugar que de preferência fosse bem longe dela. Mas à medida que eu avançava, correndo pela floresta a toda velocidade, mais eu queria voltar pra lá e terminar o que começamos.
Não, Jasper, nem pense nisso. Você está fazendo a coisa certa, não vai cometer o mesmo erro de novo.
O negócio era que eu queria cometer o mesmo erro de novo. Qual é o meu problema? Eu estava tentando salvar a vida da null, e ficar me agarrando com ela com certeza não era o jeito certo de fazer isso.
Então, enquanto eu corria, me deparei com um lago e achei melhor não atravessar, embora a água não fosse me incomodar, as minhas roupas não eram tão imunes quanto eu.
Eu me sentei à beira do lago, tentando tirar null da minha cabeça. Mas o mais irritante era que quanto mais eu tentava não pensar nela, mais eu pensava. Nem na minha mente complexa de vampiro, fácil de distrair, eu conseguia afastar os pensamentos. Talvez porque fosse tão difícil me afastar dela.
Então, como não conseguia lutar contra minha mente, resolvi me render à batalha. Deixei as imagens invadirem e então visualizei.
Visualizei que eu a deixei sofrendo. Isso parecia muito mais cruel, pensando melhor, agora. Se eu tivesse que matá-la, seria uma morte bem rápida, do tipo que ela nem perceberia. Mas isso que eu estava fazendo nem se comparava, era um sofrimento lento, que ela certamente estava sentindo. E eu também.
Sendo assim, talvez não seria melhor eu matá-la de uma vez do que fazê-la sofrer assim?
Eu sacudi a minha cabeça, tentando com mais força tirar esses pensamentos da minha mente. Não, eu não ia matá-la. E não, eu não a faria sofrer mais.
Eu tinha que encontrar um modo de poder fazê-la feliz sem feri-la, em nenhum sentido.
Eu percebi que o jeito brusco como me afastei dela em meio àquele beijo foi o modo mais cruel que eu poderia ter feito. Eu precisava voltar, falar com ela, e pedir desculpas. E, acima de tudo, explicar que não podíamos ficar juntos. Mas talvez pudéssemos ser amigos, sem proximidade.
Resolvi dar meia volta, então, e procurar null. Mas eu não voltei correndo a toda velocidade como eu tinha feito para chegar aqui; queria ir mais lentamente dessa vez, para poder pensar. Mas não na velocidade humana, porque isso já era irritante demais, e era capaz de eu só chegar em casa amanhã, se fosse assim.

Quando adentrei o quintal, automaticamente olhei para o lugar onde eu tinha visto null pela última vez, como se esperasse que ela ainda continuasse lá parada. Esperança vã, não havia nada ali, exceto um par de sandálias. As sandálias da null.
Entrei na casa e a primeira coisa que eu ouvi foi:
- NÃO! PÁRA COM ISSO! PÁRA! ISSO É MUITO CRUEL! - Pelo o que eu detectei, era a voz de null gritando. E o som vinha do quarto do Emmett.
Meu Deus, o que o Emmett tava fazendo agora? Como se eu precisasse de mais problemas para me preocupar.
Eu corri pra porta do quarto não muito rápido, pro caso da null ou a null verem. Fui abrindo a porta com tudo, na intenção de chegar a tempo de impedir o Emmett de fazer a maior besteira de todas.
- Emmett, o que... - Eu comecei, mas parei assim que vi que ele não estava tentando matá-la. Pelo menos, não diretamente.
- Jasper! Será que dá pra ter um pouquinho de privacidade aqui? - Emmett reclamou, tirando os braços da cintura da null e a afastando um pouco.
- Er... desculpa. Eu ouvi gritos e fiquei preocupado.
- A gente nem começou ainda. Você tá ouvindo coisas, cara. - Emmett disse com um sorriso debochado. Só ele pra falar uma besteira dessas. null corou e olhou pro chão.
- Ok, continuem, então. Estou saindo. - Eu fui me virar e, na mesma hora, null apareceu na porta do quarto.
- Emm, a null tá com você? - Ela foi perguntando, sem prestar muita atenção. - Ah... oi... Jasper. - Ela cumprimentou, totalmente constrangida.
- Oi, null. Eu estava te procurando. - Eu falei delicadamente, tentando me redimir do meu comportamento anterior.
- É? Eu estava procurando a null. Achei! - Ela exclamou, vendo a amiga em um canto do quarto. - null, desculpa interromper, mas eu posso falar com você?
- Ah, será que todo mundo tirou o dia pra atrapalhar a gente? - Emmett reclamou, se jogando na cama, inconformado.
- É, null, a null e o Emm estão ocupados agora. Você conversa com ela depois, eu quero falar com você primeiro. - Eu pedi, andando em direção a ela.
- E quem disse que eu quero falar com você? - null perguntou, muito séria, olhando para a null.
- OUCH! OUCH! TOMA JASPER! DEPOIS DESSA, EU IA DORMIR PRA SEMPRE! AI! AI! - Emmett começou a gritar pra mim, eu lancei um olhar matador pra ele.
- null, por favoooor. - null pediu, fazendo null olhar por um momento para Emmett.
- Hm... Emm, eu já volto. - Ela disse, já andando até null.
- Ah, fazer o que, né? - Emmett reclamou. - Depois eu te mostro, então.
- Mostrar o quê? - null perguntou com os olhos surpresos.
- Nada, null. Vamos?
- Espera, null. Será que não dá pra você me ouvir nem um pouco? - Perguntei, persistindo.
- Não, Jasper! A null sumiu! - Ela gritou, de repente.
- WHAT? - null perguntou em um tom alto. Emmett levantou na hora. - Tem certeza? Você já falou com o Edward? Eles devem estar se pegando em algum canto...
- Só se eles foram se casar em Las Vegas, null. Eu chequei tudo, a null levou as malas dela.

Edward's PoV

Assim que acabei de "terminar" com a null, fui imediatamente caçar. Primeiro porque eu estava começando a ficar com sede, e segundo porque eu queria descontar a raiva de mim mesmo em alguma coisa. De preferência algum leão-da-montanha suculento.
Mas, pra piorar ainda mais o meu humor, não havia droga de leão-da-montanha nenhum por perto, então, tive que me contentar com alguns alces. Eu até me senti um pouco mal por ter matado dois alces só por matar, eu nem cheguei a beber o sangue deles, já estava cheio. Então, resolvi que ficar ali e acabar com toda a fauna da península não era justo, só porque eu não queria voltar pra casa e encarar todo mundo. Eu não podia ser tão covarde e ficar aqui caçando pra sempre, eu tinha que voltar.
Após tomar essa decisão, já com a cabeça fria, eu corri de volta pra casa.
Tudo bem que esse meu dom de ler mentes pode ser um castigo às vezes, mas eu tenho que admitir que eu adoro. Eu nem preciso perguntar o que eu perdi, eu simplesmente posso ler as mentes das pessoas e saber todas as novidades. Isso me faz lembrar quando o Emmett me deu aquela ideia de fazer um blog fofocando a vida de todo mundo... só podia ser ideia dele mesmo, até parece que eu sou desocupado que nem ele (ok, todos nós Cullens somos desocupados, é o que a eternidade faz com você), mas eu não chegaria ao ponto de fazer um blog de fofocas pra tornar minha vida mais interessante.
A minha linha de pensamento foi interrompida assim que me aproximei o suficiente para ouvir os pensamentos dos meus irmãos. Era isso mesmo que eu tinha entendido?
Imediatamente, corri o mais rápido que pude e entrei pela porta da frente, surpreendendo null e null, que não esperavam a minha chegada, e estavam distraídas conversando com Jasper e Emmett nos sofás da sala.
- AI, EDWARD! QUE SUSTO, MAN! - null gritou, colocando uma das mãos sobre o peito para controlar a respiração.
- Onde está a null? - Eu perguntei, e tinha certeza que a minha expressão devia estar assustando ainda mais a null e a null, mas não consegui me importar o suficiente com isso.
- Ai, caramba! A gente tinha a esperança de que ela estivesse com você! Onde essa garota se meteu agora? - null disse, preocupadamente passando as mãos pelos cabelos.
- Ninguém sabe aonde ela foi? - Eu perguntei, embora a resposta fosse óbvia. Pude ouvi-la nos pensamentos de todos eles antes que dissessem uma só palavra.
- Como a gente saberia? A última pessoa que esteve com ela foi você, Edward, até onde a gente sabe. - null atirou para cima de mim, em um tom acusador.
- Er... foi. Mas a gente meio que discutiu, então, eu a deixei sozinha. Mas, da última vez que eu a vi, ela estava no quarto dela.
- Olha só, Edward, se você fez alguma coisa à nossa amiga, eu... eu... - null me ameaçou, levantando do sofá e dando um passo na minha direção. Mas Emmett tratou de segurar o braço dela e puxá-la para ele, prevendo que quem ia sair machucada da briga era a própria null.
- Hey, hey, calma, null. Guarda a violência para mais tarde, quando estivermos só você e eu, que tal? - Emmett disse, tentando tranquilizá-la. Não deu muito certo.
- Meninas, se acalmem. – Jasper disse, lançando uma onda tranquilizadora pela sala. Eu tentei resistir, porque tranquilidade não ia trazer a null de volta agora, mas o dom de Jasper não me dava escolhas.
- Tá, estamos todos calmos. Mas temos que achar a null. - Eu insisti. Claro que para três vampiros não seria nada difícil encontrá-la, já que poderíamos rastrear a trilha dela pelo cheiro. O problema era que não podíamos fazer isso na frente da null e da null, e também seria impossível elas aceitarem ficar aqui sozinhas enquanto procuramos a null.
- Então, vamos! O que estamos esperando? - null disse, pondo-se de pé.
- Olha, null, não acho que vocês devam ir. Está anoitecendo e não sabemos por onde a null foi, se ela tiver ido pela floresta, sem chances de vocês irem com a gente. – Jasper disse, bem decidido. Mas null olhou pra ele com uma expressão descrente. "HÁ, ele que tente me impedir. Agora ele quer me dizer que não posso ir procurar a minha melhor amiga?! Quem ele pensa que é?" - Ela pensava, furiosa.
- Ele tem razão. - Eu comecei, antes que null começasse a pôr a sua revolta em palavras. - Essa casa fica no meio de uma floresta, então, eu aposto que a null deve estar perdida por aí a essa altura. E não seria bom vocês irem com a gente, sem querer ofender, mas vocês só atrapalhariam.
- Mas ela é nossa amiga, Edward! A gente tem que ir com vocês! - null insistiu, batendo o pé no chão.
- Podemos ficar com as garotas, se for necessário. - Eu ouvi de repente, e todos se viraram para a porta.
- Carlisle! Esme! - Emmett saudou, indo recebê-los na porta.
- Olá, Emmett. Edward, Jasper. - Carlisle nos saudou de volta, entrando na sala e colocando seu casaco pendurado. - Vejo que temos visitas.
- Olá, meninos, eu senti a falta de vocês. - Esme disse, sorrindo carinhosamente. - Quem são as adoráveis garotas? Creio que ainda não fomos apresentadas.
- Ah sim, Esme. Essas são null e null. É uma longa história, explicamos depois. – Jasper disse, apresentando as garotas rapidamente. - Meninas, essa é a nossa mãe, Esme. E nosso pai, Carlisle.
- Er, é um prazer. - null disse e null concordou com a cabeça, as duas com os olhos fixos em Carlisle. "WOW, wow, wow, se eu tivesse um pai desses... meu Deus"
- A gente queria ter mais tempo para explicar, mas não vai dar. Estamos com um pouco de pressa, Carlisle. - Eu disse, já me preparando para sair e sendo seguido pelos meus irmãos. - Mas foi bom vocês chegarem agora, assim, podem tomar conta da null e da null, por favor.
- Mas é claro, vamos poder conversar bastante. Inclusive, estou certa de que elas mesmas poderão nos explicar o que está acontecendo. - Esme disse docemente, indo se sentar ao lado delas no sofá.

Emmett, Jasper e eu saímos e fomos correndo em volta da casa. Não demoramos a pegar o rastro da null, ele vinha do quarto dela, saía pela janela e parava no chão. Ela era louca? Não acredito que ela pulou da janela do segundo andar. Impressionante não haver nem sinal do sangue dela no local, ela realmente teve sorte.
Então, assim que pegamos o rastro dela, foi a coisa mais fácil do mundo, apenas fomos seguindo o cheiro e, como eu imaginava, ela nunca ia conseguir encontrar a saída para a estrada, que estava bem discreta na vegetação. Como eu previ, o rastro de null seguia um caminho desigual floresta adentro.

"Edward, e se ela estiver sangrando? Quer dizer, você sabe como essas garotas conseguem se colocar em perigo, ainda mais em uma floresta, à noite..." - Jasper pensava, preocupado com a nossa vulnerabilidade em relação ao sangue humano.
- Eu sei, Jasper, mas vamos ter que correr o risco. Preciso achá-la. - Eu disse, enquanto fazíamos uma pequena volta, ainda seguindo o rastro de null e, consequentemente, andando em círculos.
- A propósito, você sabe o que deu nela pra fugir assim? Acha que ela sabe alguma coisa sobre o que nós somos? - Emmett perguntou em voz alta, pela primeira vez se preocupando com esse assunto.
- Dificilmente, Emmett. E, falando nisso, agora você resolveu levar isso a sério, é? - Eu perguntei, erguendo uma sobrancelha para ele. Ele desviou o olhar pro chão.
- Não é que eu me importe com isso, eu só... não sei se a null se importaria.
- Até parece que ela não se importaria. Você acha mesmo que... - Jasper dizia, mas eu tive que interrompê-lo.
- Estão sentindo? Aqui o rastro dela se cruzou... ela está realmente perdida, passou duas vezes aqui. Vamos seguir o rastro mais fresco.

Seguindo o rastro mais fresco, não demorou nem um minuto até que os pensamentos da null entrassem na minha mente. Eu suspirei de alívio ao "ouvir" a voz dela na minha cabeça.
"O que eu estava pensando? Tudo bem que não quero olhar na cara do Edward, mas passar os restos dos meus dias presa aqui não fazia parte do meu plano de fuga. Mas se eu ligar pra null e pra null, cara, elas vão falar pra caramba da minha irresponsabilidade, e eu não estou a fim de ouvir sermão. Eu só queria saber como eu faço para chegar à cidade, que droga!"
- Estou ouvindo os pensamentos dela. - Eu avisei aos meus irmãos, que imediatamente ficaram mais atentos.
- É, acho que dá pra ouvir o coração também. - Jasper disse e colocou o braço na frente de Emmett quando ele fez menção de se mover. - Vamos te deixar falar com ela. Mas, qualquer coisa, estamos aqui.
- Obrigado, Jasper. - Eu agradeci, e fui correndo até onde ela estava.
Eu me aproximei bem delicadamente, não fazendo nenhum som para os ouvidos humanos. Ela estava sentada embaixo de uma árvore, abraçando os joelhos e com a cabeça baixa.
Eu tinha que parecer preocupado, porque, para um humano, seria muito difícil encontrá-la, e eu tinha que agir como um.
- null? null, é você? - Eu disse, fingindo que não estava vendo direito.
- Edward? - Ela perguntou, levantando a cabeça e encontrando meus olhos. Eu me aproximei para que ela pudesse me ver melhor.
- Não acredito! Você ficou louca, é? Eu achei que nunca fosse encontrar você! - Eu gritei, começando a minha farsa, porque obviamente eu sabia que ia encontrá-la.
- Ah, maravilha! Alguém para gritar comigo, tudo que eu precisava - ela disse, com seu sarcasmo característico. - Olha, Edward, se você veio aqui só para me dar lição de moral, pode ir embora.
- Pára com o drama, null. Eu vim pra te levar para casa - eu disse, estendendo uma mão para ela. Ela levantou o olhar para mim, mas não se moveu nem um pouco para se levantar do chão. -Vamos?
- Não. Sua casa não é a minha casa. - Ela disse, me olhando com certo desprezo. Isso machucou, mas eu não podia culpá-la, porque eu sabia que eu a havia machucado mais.
- Por favor, null. Suas amigas estão preocupadas, então, não me faça carregar você a força. - Eu propus, mas ela decidiu continuar com a teimosia. - null, olha para mim. - Eu pedi, mas ela fez justamente o contrário, então, eu me abaixei para ficar ao nível dela. - Eu sei que você está chateada comigo, mas você não pode tomar decisões precipitadas assim, entende? Não é porque eu disse aquilo tudo mais cedo que eu não me preocupo com você, tá? - Eu tentei me explicar, mas ela não parecia convencida.
- Não, Edward, isso não faz o menor sentido. Por que você se arriscou a entrar no meio da floresta à essa hora para vir procurar por mim? - Ela perguntou em um tom nervoso, totalmente confusa.
Enquanto eu observava atentamente a expressão de angústia dela e lia todo o conflito nos pensamentos dela, eu desejei não ser um mentiroso tão bom assim. Eu queria que ela pudesse ver a verdade: que eu somente estava tentando afastá-la de mim enquanto ainda conseguia, porque eu sabia que pelo jeito que null me fazia sentir, não ia demorar muito até que me afastar dela se tornasse insuportável. Inclusive, eu acho que já se tornou.
A percepção desse fato chegou tão rápido que nublou meus pensamentos. Eu tinha que ser forte o suficiente agora para admitir para mim mesmo que eu estava de fato apaixonado por ela. E uma vez que eu deixei que ela se aproximasse, eu era o único culpado por isso.
- É mais forte que eu. - Eu sussurrei, mas não foi baixo o suficiente para que ela não ouvisse.
- O quê? - Ela perguntou só para confirmar, porque ela tinha entendido perfeitamente bem o que eu disse.
- Nada. Eu só vou te dizer uma coisa, mas somente se você prometer voltar comigo para casa. - Eu propus, esboçando um sorriso, que ela retribuiu para o meu alívio. Ela não parecia mais me odiar tanto.
- Ok, eu prometo. Agora diz o que você ia dizer.
- Tudo bem, é minha parte do trato. Eu ia dizer para você não ficar com tanta raiva pelo que eu disse. Eu disso aquilo só para proteger a nós dois.
- Proteger do quê? - Ela perguntou, confusa.
- Nada disso, eu já cumpri minha parte do trato, agora é sua vez. - Eu disse, pegando as malas dela do chão, enquanto ela se levantava também, com uma expressão aparentemente indignada.
- AAAH! Você é tão extremamente irritante que isso me deixa louca! - Ela reclamou. "Ele me deixa louca de todas as maneiras possíveis" - Ela acrescentou em pensamento.
- Desculpe, mas trato é trato. - Eu disse, guiando null pela floresta. À essa altura meus irmãos já tinham voltado para casa, pois já sabiam que eu havia encontrado null e que estávamos indo para casa. Demorou um pouco para chegarmos até a casa, e null parecia exausta. Quando eu abri a porta, imediatamente null e null correram na nossa direção e deram um abraço grupal na null. Os olhos das duas estavam visivelmente inchados por causa do choro.
- ! Eu achei que nunca mais veríamos você de novo! - null disse, abraçando a amiga.
- É, eu sei que vocês iam sentir a minha falta loucamente. - null disse, rindo um pouco. null e null riram também.
- Até parece. A gente só estava preocupada com o que sua mãe ia fazer com a gente quando descobrisse que deixamos você ir brincar sem segurar na sua mão. - null explicou, fazendo null e null rirem.
- Que bom que Edward conseguiu trazê-la de volta, null. Eu me sentiria muito culpada se algo acontecesse a você. E também queria muito te conhecer. - Esme disse carinhosamente, fazendo com que null ficasse um pouco sem graça. "Oh, Edward! Ela é simplesmente adorável!" - Esme se dirigiu a mim por pensamento; eu apenas assenti discretamente com a cabeça. - Ah, perdão. Eu quase esqueci. Meu nome é Esme.
- null, Esme é minha mãe. - Eu disse, tentando explicar melhor.
- Ah, sim! É um prazer conhecê-la, senhora Cullen. - null disse, simpática.
- Por favor, me chame apenas de Esme.

Jasper's PoV

Após null ter sido apresentada à Esme e ao Carlisle, todos ficaram mais tranquilos do que aquele desespero que estava antes. null e null agora estavam rindo como se nada tivesse acontecido.
- Hm, gente, eu queria me desculpar pela minha irresponsabilidade. Eu não sei o que eu estava pensando. E... Edward, obrigada por ter arriscado ir até lá para me buscar. - null disse, lançando um sorriso sincero para Edward no fim da frase. - Agora, eu to indo lá pra cima. null, null, vocês vêm comigo?
- Aham, eu vou! Aí você me explica bem direitinho essa história aí. - null disse, levantando imediatamente do sofá.
Assim que null fez o primeiro movimento para se levantar do sofá e seguir null, eu falei:
- null, espera. Será que a gente pode conversar agora? - Eu perguntei em um tom baixo, e imediatamente usando meus dons para deixá-la o mais calma possível.
- Er, agora não, Jasper. Já está meio tarde, e eu queria conversar com a null e a null. - Ela disse, e nem me deu uma chance de responder. Foi correndo para onde a null estava.
- null, você não pode adiar essa conversa para sempre, sabe? Se vocês têm alguma coisa para resolver, então é melhor resolver logo. - null disse para null, que se virou um pouco para olhar na minha direção.
- Eu não tenho nada para resolver com o Jasper, null. - null disse, tentando parecer determinada.
- Tem certeza? Não é o que parece. - null disse, levantando uma sobrancelha.
- Olha, eu nem faço ideia do que está rolando entre você e o Jasper, null. Mas eu to com a null. Vai lá e conversa com ele. Depois você sobe correndo e conta tudo pra gente, ok? - null aconselhou, o que fez null rir.
- Como se você pudesse dizer alguma coisa. Fugiu de casa na primeira briga que teve com o Edward.
- Faça o que eu digo, não o que eu faço. Agora vai lá, ele ainda está esperando. - null disse, empurrando null de volta para o centro da sala.
null veio andando na minha direção bem lentamente. Edward, Carlisle e Esme se retiraram da sala. Mas Emmett ficou olhando para a nossa cara.
- Com licença, Emmett? - Eu pedi, bufando.
- Ah, eu tenho que sair também? Achei que você confiasse em mim, irmãozinho! - Emmett disse, fazendo um falso tom dramático. Eu revirei os olhos para ele. Como se ele não fosse ouvir a conversa de qualquer lugar da casa onde ele estivesse.
- Se manda, Emmett! - Eu disse, e ele prontamente saiu, rindo. null também riu um pouco, mas depois voltou ao seu tom de seriedade. Ela se sentou no mesmo lugar onde estava antes.
- Então, o que é isso que você quer taaaanto me dizer? - Ela perguntou, me olhando firmemente. Eu queria poder abraçá-la agora, mas isso não estava nos meus planos.
- Basicamente, desculpas. - Eu disse, e ela revirou os olhos. Provavelmente achando que era tudo que eu tinha a dizer. -Eu sei que o jeito como eu agi com você hoje cedo não foi certo, mas eu queria poder me explicar.
- E você não pode?
- Eu posso tentar. - Eu disse. Comecei a colocar as palavras em ordem na minha mente. Eu vinha pensando no que dizer pra ela durante o dia todo, e eu tinha toda a desculpa decorada. - null, eu gosto de você. Inclusive, mais do que eu devia.
- Não foi o que pareceu hoje de manhã. - Ela disse, mantendo a expressão. Mas, pro dentro, todas as emoções que vinham dela mudaram. Isso não era bom.
- Na verdade, foi exatamente o que pareceu hoje de manhã. Você e eu... não devíamos ter chegado aquele ponto...
- Você não quer um compromisso, é isso? Olha, Jasper...
- Me deixe terminar, ok? Não é isso, null. O problema é que se nos envolvermos demais agora, vai ficar ruim depois, entende? - Eu tentei explicar. Ela com certeza não ia entender o que esse "ruim" queria dizer.
- Ruim como? - Ela perguntou, exatamente como eu imaginei que ela faria.
- Você tem que voltar pro seu país, e vai ser difícil para nós dois se deixarmos as coisas irem longe demais. - Eu disse, jogando a minha primeira carta. Essa era a única desculpa que eu poderia dar por enquanto.
Eu fiquei surpreso quando o sentimento de nervosismo da null se esvaiu sem que eu precisasse interferir, e em seguida mudou para felicidade. Ela estava feliz?
- É só isso, então? Você tem medo de sentir minha falta? - Ela perguntou, deixando escapar um sorriso.
- Bem... sim. Mas eu não queria ter me afastado daquele jeito, entende? Eu acho que podemos ser bons amigos.
Ela ficou calada por um tempo, provavelmente pensando se sermos amigos era o suficiente para ela. Os olhos dela cruzaram com o relógio de repente, e ao seguir o olhar dela e vi o quão tarde estava.
- Hm... null e null devem estar esperando por mim. - Ela disse, se levantando do sofá. Eu fui andando atrás dela enquanto ela chegava até a escada.
- E sobre o que eu disse? - Eu perguntei quando chegamos na porta do quarto da null. Não podia deixá-la fugir assim. Ela riu.
- Ok. Eu só não vou garantir pra você que a sua ideia de amizade é a mesma que a minha. - Ela disse, piscando para mim antes de entrar no quarto.
Eu fiquei olhando para a porta por um tempo, até ouvir Emmett se aproximando.
- Hey, Jasper! Acho que não tem hora mais certa para a gente alugar aquele iate, o que acha?

Capítulo 7 - 1, 2, 3 vampirinhos remando no iate ?

null's PoV

Acordar no dia seguinte foi difícil. Eu estava morrendo de sono e queria poder ficar na cama pra sempre, mas, infelizmente, aquele povo puxa-saco que não vive sem mim começou a sentir a minha falta, sabe. Tradução: povo puxa-saco igual à null e null.
Sem ter outra escolha, eu tive que descer para tomar café-da-manhã com todos os meus fãs. Todo mundo estava bem arrumado, e eu ainda nem tinha penteado o cabelo direito.
- Vamos a algum lugar? - Perguntei, sentando-me e puxando a jarra de suco.
- Vamos dar uma volta em Seattle. - Edward informou. Gente, ele sempre foi tão lindo assim? Parece que ele fica melhor a cada dia que eu acordo, eu, hein.
- De novo? - Eu perguntei, meio indignada. Não existia mesmo mais NADA de interessante para se fazer aqui?
- Não vamos dar uma volta à pé. - Jasper explicou.
- De carro? Que sem graça. - Eu opinei. Edward balançou a cabeça, negativamente.
- Emmett não parou de encher o saco até fazer a gente alugar um iate. É para isso que vamos a Seattle agora. - Edward disse, explicando mais completamente.
- Jura? Ah, Emmett, você é divo. - Eu disse, animada, virando um copo de suco em um gole só e me levantando da cadeira.
Eu subi para me arrumar depois do café. Nos dividimos em dois carros para chegar até Seattle.
No Volvo, fomos Edward, eu, null e Emmett. null e Jasper tiveram que ir no outro carro. Isso foi uma discussão enorme, na verdade, e eu também não estava muito a fim de ir com Edward, mas era só um passeio de carro, não era como se fôssemos juntos pro motel ou coisa assim, então, eu não entendia pra que aquela briga infantil de quem vai no carro de quem.
- Por que eu tenho que ir sozinha com o Jasper? - null ainda reclamava, enquanto Jasper apertava um botão no chaveiro para destrancar as portas.
- Porque sim, null. - Eu respondi, entrando no Volvo pelo lado do passageiro. - E anda logo, antes que eu te enfie no porta-malas! - Eu gritei da janela, fazendo null rir, enquanto se sentava no banco de trás com Emmett.
Finalmente, null desistiu e entrou no outro carro, então, pudemos deixar a casa e pegar a estrada.
- A gente podia cantar uma musiquinha. - Emmett sugeriu, depois de dez segundos de viagem.
- Ê, vamos lá! - null concordou toda animada, mas, assim que ela abriu a boca pra puxar alguma música idiota, eu interrompi.
- Ah, não. Pelo amor de Deus! - Reclamei. Ouvi Edward suspirar de alívio por eu ter impedido Emm e null. - Se vocês querem musiquinha, vamos ouvir música de verdade. - Eu disse, pegando meu celular do bolso e conectando por bluetooth com o rádio do carro. - PARAMORE!
- Ah, não. - null e Edward disseram ao mesmo tempo. Mas não era uma negação, só um lamento. Mas eles não podiam fazer nada para me impedir, então, eu continuei ouvindo e cantando junto.
Quando chegou ao segundo refrão, Emmett começou a cantar comigo e com a Hayley.
- "ALL I WANTED WAS YOU!"
- Ah, chega! - null gritou mais alto que a Hayley e eu, depois de algumas faixas do álbum. - Diz que já estamos chegando, Edward, por favor!
- Na verdade, ainda não. - Edward respondeu, mas até parecia estar se divertindo com Emmett e eu cantando. É claro que ele jamais admitiria isso.
De repente, o celular de Edward, que estava jogado sobre o painel do carro, acendeu. A tela dizia que ele havia recebido um novo e-mail. Hm, o celular dele estava com a Internet liberada? E se não estivesse liberada para mim, quem se importa com permissão?
- OMG, você tem TWITTER? - Eu perguntei com a voz meio histérica, já me apossando do celular dele.
- Er... não. - Ele respondeu, meio confuso. Claro que ele não tinha, não foi isso que eu quis dizer.
- Claro que não. Mas eu tenho! - Eu disse, com os olhos brilhando, enquanto digitava a minha senha.
- O quê? Twitter? - null começou a prestar atenção, enfiando a cabeça entre o banco de Edward e o meu. - Passa pra cá, null!
- Nem vem! Eu vi primeiro! - Eu afirmei, digitando a minha senha de novo. Eu sempre errava!
Como eu já esperava, ela começou a tentar tirar o celular da minha mão, e eu tentei desviar, mas ela já estava praticamente na parte da frente do carro, se esticando do banco traseiro.
- null! Pára!
- Me empresta! Tenho um monte de coisas pra twittar!
- Eu também!
- Gente, parem! - Edward entrou na discussão. - null, senta direito. - Ele alertou, mal prestando atenção no trânsito. Quem se importa com um acidente de carro? O importante é que desse tempo de twittar isso antes de eu morrer. Se a null deixasse, é claro.
Mas espera aí... eu não costumava ser pessimista com essa história de acidentes?
- Ah! Edward, presta atenção na estrada! null, fica quieta lá no seu canto! - Eu ordenei.
- Tá bom, mas me deixa postar um tweet, pelo menos! - null pediu, tentando pegar da minha mão de novo. Eu afastei o celular dela bruscamente, mas foi no exato momento em que o carro fazia uma curva meio fechada, então, eu me desequilibrei e, de repente, senti algo escapar pelos meus dedos. Só tive tempo de observar o objeto prateado voar pela janela
- Meu celular! - Edward reclamou, freando o carro bruscamente.
- Twitter! - null e eu lamentamos ao mesmo tempo.
- Que inveja da tecnologia do celular do Edward. Ele até voa! - Emmett debochou.
A playlist do Paramore acabou nesse exato momento.

null's PoV

- O Sol está saindo... - Eu comentei depois de um longo tempo de silêncio.
- É... talvez essa ideia do iate não seja tão absurda assim, se o tempo ficar mais quente. - Jasper respondeu, mas ainda sem olhar para mim.
Mais silêncio.
Alguns minutos depois...
- Escuta, qual o seu problema? Achei que tínhamos nos entendido ontem! - Reclamei em voz alta, fazendo com que ele voltasse a prestar atenção em mim.
- E nos entendemos. Não estamos brigando ou coisa assim. Pelo menos não estávamos.
- Você disse que seríamos amigos, mas sinceramente não estou vendo você tentar. - Eu cruzei os braços.
A ideia de que ele não queria nem mesmo ser meu amigo machucava muito.
- Eu não estou tentando? E aquele escândalo que você fez porque não queria vir sozinha comigo no carro? - Ele perguntou em tom de acusação. Também parecia um pouco magoado, mas não deixou transparecer muito.
- Porque eu sabia que você ia agir estranho comigo se ficássemos sozinhos.
- null, é porque eu... eu queria poder ser seu amigo. Mas acho que você me vê de uma maneira diferente de como eu te vejo. E não sei o que posso fazer para mudar isso. - Jasper, você está sendo idi... hey, o Edward parou. - Eu disse, fazendo com que Jasper parasse o carro sem nem parecer checar para ver o que eu estava falando.
Jasper e eu saímos do carro para checar, e logo fomos informados do que havia acontecido. null deixou o celular de Edward cair pela janela, e para piorar, Jasper passou por cima do pobre aparelho com o carro. Agora ele estava morto.
- Ai, só podia ser a null mesmo. Você me envergonha, garota. - Eu disse, colocando a mão sobre o meu rosto.
- Ah, fica quieta, null. Foi sem querer e eu vou pagar outro celular pra ele, ok?
- Tudo bem, agora deixa para lá. Vamos continuar? - Edward sugeriu, já começando a voltar para o Volvo.
- Certo. O celular do Edward iria querer que seguíssemos em frente e fôssemos felizes, e não que ficássemos sofrendo para sempre, certo? - null disse, fazendo todos, até Emmett, levantarem uma sobrancelha para ela.
Depois do incidente com o celular do Edward, Jasper e eu voltamos para o carro, levando a null com a gente como castigo. Ela ficou emburrada no canto dela, e Jasper e eu ficamos calados o resto do percurso.
- - -

- Chegamos! - Jasper anunciou, depois de minutos de silêncio, e, em seguida, parou o carro. Eu olhei pela janela e reconheci a baía de Seattle.
A null ainda estava emburrada por causa do castigo, e saiu em silêncio.
- Ah, null, não fica assim. Você já está com o Edward de novo. - Eu disse, para animá-la, apontando para o próprio, que saía do Volvo com Emmett e null.
- Pf, não é por causa dele! É porque, além de eu ficar sem Twitter, vocês me tiraram do banco da frente! - Ela reclamou, com um tom dramático na voz.
Eu e Jasper reviramos os olhos ao mesmo tempo.
- Estão vendo, gente? - Emmett perguntou, gesticulando para o mar como aquelas auxiliares de palco de programas chatos, tipo: "Atrás da cortina número dois, nós temos... um iate!"
Todos olharam automaticamente na direção que Emmett apontava.
- Ah! - null surtando, claro. - Emm, você arrasa!
- null, deixa de ser escandalosa. - null repreendeu. - Vem, vamos embarcar! - Ela gritou mais alto que a null e saiu puxando nós duas pelo cotovelo, saindo correndo pelo píer como uma criança que viu um caminhão de sorvete tombar na estrada.
null e null, como as duas desesperadas que eram, foram logo subindo a bordo no iate, mas eu hesitei, observando o vão entre o píer e o iate. Parecia instável.
Enquanto eu ficava parada, com medo de tentar subir, tomar um tombo, cair na água e morrer afogada ou atacada por tubarões, os Cullens subiam a bordo também.
- null? - Ouvi Jazz me chamar, e quando ergui a cabeça, ele estava estendendo a mão para mim. - Não vou te deixar cair. - Ele disse, com um sorriso discreto.
- Obrigada. - Eu agradeci, segurando a mão dele e quase morrendo por dentro. Eu sentia tanta falta de tocar nele, e não pude evitar sorrir de volta.
Meus pés pisaram firmes no chão do iate e eu me sentia mais segura. Não soltei a mão de Jasper e ele também não reclamou disso. Quando paramos para olhar em volta, estávamos completamente sozinhos.
- Er... Wow. Isso é... legal. - Eu disse, depois de um tempinho de silêncio, me referindo ao iate em geral. Eu me encostei na grade que protegia o hall, e Jasper se apoiou na grade ao meu lado.
- Tem razão. Eu achei que era uma ideia idiota, mas... até que eu gosto. - Jasper disse, se virando para olhar na direção do mar. Eu me virei também, meu coração batendo a mil.
- Jazz... me promete uma coisa? - Eu perguntei, olhando fixamente para o balanço leve do mar, que, de repente, mudou para pequenas ondas porque o iate foi posto em movimento.
- O quê?
- Chega de defensivas e segredos. Não aguento mais isso. - Eu pedi, ainda sem olhar para ele, agora, desviando o olhar para o céu que estava clareando. O Sol realmente ia sair hoje. - O que é? Você tem uma namorada? Um filho? Uma máfia do tráfico? Pode me contar, eu não me importo, só... por favor...
Ele ficou em silêncio. Eu suspirei. Ele nunca ia me contar, seja lá o que fosse.
- Você me faz parecer um idiota, null. - Ele disse, em um tom baixo.
- Não é uma tarefa muito difícil. - Eu disse, rindo para o céu. - Mas por que você acha que é culpa minha, e não uma condição natural?
- Porque você me faz pensar que nem o Emmett. É motivo mais que suficiente.
- Pensar como o Emmett? - Eu perguntei, finalmente perdendo a competição de quem desvia o olhar por mais tempo. Eu virei meu rosto para ele.
- Irresponsável.
- E se... eu não precisar saber? Quer dizer, você não precisa me contar se realmente não quiser, mas... será que dá pra parar de agir tão estranho comigo?
- Agir estranho com você é parte do pacote do que eu não posso te contar, null. - Ele explicou, e eu bati o pé com força no chão como uma menininha pedindo bala para a mãe que se recusa a comprar.
- Não é justo! - Eu reclamei, me sentando em uma espécie de sofá que havia na popa do barco, mas era mais como um puff enorme. Jasper se sentou ao meu lado com uma expressão de pesar no rosto.
- Eu odeio isso. Quando você fica chateada por minha causa e eu não posso fazer nada.
De repente, me senti mais calma e relaxada. Devia ser o balanço do mar ou as gaivotas, ou talvez a mão de Jasper que estava pousada suavemente sobre a minha agora.
- Não estou chateada. Eu só queria que... uma vez na vida você abaixasse a guarda, Jazz.
- Eu já expliquei que...
- Não, você nunca explica nada. - Eu disse, interrompendo o que ele ia dizer. - Se o problema é o seu medo do que vai acontecer depois se nós... formos longe demais com isso, eu só tenho uma coisa pra te dizer. - Eu não concluí, apenas ergui a minha mão e a apoiei na base da nuca de Jasper.
- O que é? - Ele perguntou, olhando fixamente nos meus olhos. Presa no olhar dele, me sobressaltei quando senti a mão dele envolver a minha mão livre.
- Dane-se. - Eu disse, fazendo com que ele erguesse uma sobrancelha. Não pude evitar sorrir com a reação dele. - Que se dane o que vai acontecer depois. - Eu concluí a frase, acariciando a nuca dele levemente com as pontas das unhas. Ele fechou os olhos para sentir melhor meu toque. - Jazz... Eu não me importaria de entrar em depressão se eu tivesse que ficar longe de você. Não me importaria se me acontecesse coisa pior.
- Do que você está falando, null? Como assim, não se importaria? - Ele perguntou, abrindo os olhos, agora parecendo estar com raiva. - Você tem que ser feliz, eu não vou interferir nisso.
- É disso que estou falando! Há momentos que valem por uma vida inteira, Jazz. Por isso, se eu estiver com você agora, mesmo que seja por pouco tempo e que eu vá sentir sua falta depois... Não importa. O que importa é que eu estive com você e que eu... estava feliz assim. Entende?
- null, eu... eu não sei... isso ainda parece errado pra mim... - Ele disse, indeciso. Eu ri um pouco.
- É porque você é assim. Sempre planejando tudo e pensando dez vezes antes de fazer algo. Eu não sou assim... eu gosto de viver o presente e não pensar no resto. A questão aqui é: você vai fazer parte do meu presente, ou vai deixar pra outro cara?
- Você só pode estar brincando. - Ele disse, com um sorriso irônico, passando os braços pela minha cintura, automaticamente arrastando meu corpo para mais perto do dele.
- Que bom que você pensa assim. Porque não acho que outro cara poderia preencher o seu lugar aqui. - Eu disse, abraçando-o carinhosamente. Eu o senti beijar o topo da minha cabeça e apoiar o queixo nela.
Eu levantei a cabeça e olhei para ele. Tudo bem, tínhamos progredido bastante, embora eu ainda não soubesse o que quer que ele estivesse escondendo de mim. Mas eu ainda precisava de mais uma coisa para poder sentir que estávamos bem.
Eu tentei avisá-lo com o olhar ao começar a me aproximar do rosto dele. Ele mantinha os lindos olhos dourados presos nos meus, enquanto a distância entre nós era fechada aos poucos. As mãos dele se posicionaram na base das minhas costas e me pressionaram delicadamente contra ele. Eu o puxei não tão delicadamente para mim, com meus braços em volta do pescoço dele. Então, nossos lábios se tocaram suavemente, e começamos a trocar um beijo calmo e carregado com um forte sentimento que me deixou sem ar. De repente, eu senti aquela mesma sensação que eu tive na primeira vez que nos beijamos, como se eu estivesse prestes a enlouquecer de novo. Antes que isso acontecesse, eu me separei dele.
Os olhos dele estavam ferozes de novo, mas, aos poucos, foram voltando ao normal. Ele aproximou o rosto do meu de novo, mas dessa vez para depositar um beijo em minha bochecha. Então, encostou os lábios na minha orelha.
- Então, está bem. Dane-se. - Ele sussurrou no meu ouvido, me fazendo rir de leve.

null's PoV

Assim que todos percebemos o climinha que estava rolando entre null e Jazz quando subimos no iate, todos tratamos de deixá-los sozinhos. Edward e null desceram para o interior do iate, e Emmett me puxou para a proa. Eu tive que correr um pouco para acompanhá- lo. Quando chegamos à parte da frente da embarcação, Emm pegou um chapéu de capitão de navio que estava pendurado em um timão de madeira (para quem não sabe, um timão é aquela coisa tipo um "volante", só que para embarcações. É meio aquela coisa de piratas, sabem? Ok, chega de explicações), e colocou o chapéu na cabeça. Em seguida, ele segurou o timão e começou a girá-lo levemente. Então, virou a cabeça na minha direção e sorriu para mim. Um sorriso lindo, com aquelas covinhas.
- Eu não sabia que você sabia dirigir iates. Isso é tão legal! - Eu disse, indo para o lado dele.
- Ah, mas eu não sei. - Ele disse, rindo. - Esse troço não funciona de verdade. O controle fica naquela cabine lá em cima. - Ele apontou para uma cabine no topo do iate.
De repente, o barco começou a se mover para frente. Emmett e eu imediatamente saímos de perto do timão.
- Tem certeza que não funciona? - Eu perguntei.
- Bem... certeza não... mas deixa pra lá. - Ele disse, me puxando para a grade que marcava o limite da proa do barco. - Se a gente acabar batendo em uma ilha deserta, não me importo.
- É...talvez pudesse até ser interessante. Vamos, vamos procurar uma ilha deserta para afundarmos o barco! - Eu disse, saltitando e olhando em volta. Só havia água pra qualquer lado que eu olhasse, O que era bom, porque sem água não dava pra afundar, né...
- Isso soa que nem um filme que eu vi uma vez...
- Titanic? - Eu perguntei, rindo. Então, eu corri e subi um pouco na grade da proa. Emmett rapidamente estava atrás de mim e segurou o meu braço.
- Cuidado, null! Você pode cair desse jeito. - Ele me avisou, mas depois soltou o meu braço, em vez de me fazer descer, como qualquer pai chato faria com o seu filho.
- Eu não vou cair. - Eu revirei os olhos para ele e depois abri meus braços como na famosa cena de Titanic.
- Mas eu não estava falando de Titanic, estava falando de A Lagoa Azul. Aquele filme corrompeu toda a minha inocência. - Ele disse, rindo e abrindo os braços atrás de mim.
- Emmett, querido... você não pode ter corrompido aquilo que você nunca teve. - Eu ri para ele, e depois olhei para a imensidão azul a minha frente. Eu senti as mãos de Emmett segurarem as minhas e as puxarem para baixo, e, em seguida, a respiração gelada dele no meu pescoço. Ele roçou os lábios ali, e eu não pude evitar fechar os olhos. Mas, rapidamente, ele se afastou.
- Bem, já que estamos brincando de Titanic, eu bem que podia fazer uma obra de arte usando você como minha musa inspiradora, como o Jack faz no filme. - Ele propôs, erguendo as sobrancelhas comicamente.
- Eu não sabia que você era pintor, Emm...
- Eu não sou. Mas eu tenho uma câmera digital e efeitos de photoshop, isso deve servir. Talvez eu nem precise disso, você já é uma obra de arte.
- Uau, você sabe que isso soou completamente "cantada de pedreiro", né?
- Mas você gostaria de mim mesmo que eu fosse um pedreiro, não é? - Ele perguntou, em um tom convencido. Eu revirei os olhos.
- O que será que o Eddie e a null estão fazendo, agora? - Eu perguntei, mudando de assunto completamente, enquanto me sentava numa espécie de bancada que havia perto da grade. Emm veio se sentar ao meu lado.
- Você quer mesmo saber? - Ele ergueu uma sobrancelha e aproximou o rosto do meu. - Eu posso te demonstrar a minha teoria...
Ele fechou os olhos e aproximou-se ainda mais, movimentando-se lentamente. Embora eu quisesse mais que tudo finalmente beijá-lo, não conseguia me concentrar nisso, meus olhos mantinham-se abertos. Os lábios dele encostaram minimamente nos meus e minha cabeça se desviou.
- Tá tudo bem, null? - Ele perguntou, apoiando a mão sobre a minha bochecha. A pele dele estava fria, embora o Sol brilhasse sobre nossas cabeças.
- Insegurança, eu acho. - Respondi, rindo um pouco. Isso era ridículo, eu queria o Emmett! - Eu sei que tem algo estranho na sua família. Eu não queria te pressionar a contar, até porque você já me deu a entender que ia me contar. Mas... Emm... eu, às vezes, sinto que você não confia em mim nem um pouco. E aí sinto que não posso confiar em você, entende?
- null, que coisa idiota. Eu confio em você, é só que... é complicado. Não é um segredo só meu, mas eu sei que vocês vão acabar sabendo de tudo, quer o Jazz e o Edward queiram ou não. E eu vou ficar feliz quando você finalmente souber. - Ele disse, sorrindo abertamente e mostrando as covinhas. - Confie em mim, null, porque eu confio em você.
- Eu não quero deixar que isso nos afaste. - Eu disse, determinada, e passei os braços ao redor do pescoço dele.
Emmett sorriu para mim, e senti as mãos dele correrem pela minha coluna vertebral, me provocando um calafrio que o fez sorrir mais abertamente. Eu ri baixinho perto do ouvido dele, o que fez com que ele me apertasse mais forte contra o corpo dele. Meu coração começou a surtar, e eu podia senti-lo bater contra as minhas costelas, mas quem se importa? Emmett e eu já tivemos tantas tentativas frustradas de nos beijarmos que agora que íamos realmente fazer isso, não podíamos deixar de tentar fazer o possível para que fosse perfeito. Eu rocei meus lábios na base da orelha dele, e o ouvi suspirar pesadamente. Finalmente, ele se cansou de brincadeiras e segurou meu queixo delicadamente, nossos olhos se prenderam profundamente uns nos outros por um breve segundo, e, então, finalmente, o maldito beijo aconteceu.
As mãos de Emm desceram para a minha cintura, e ele parecia estar tendo problemas para ser delicado. O aperto dele no meu quadril machucou um pouco, mas não doía o suficiente para que eu ousasse romper o beijo. Minhas mãos também se aventuravam, puxando um pouco uma porção do tecido da camisa dele. Isso era simplesmente muito melhor do que eu havia imaginado, eu nem acreditava que isso estava acontecendo! Eu podia até ouvir os coros de ALELUIA! Então, Emm rompeu o beijo.
- Mas que merda é essa? - Ele perguntou, olhando em volta.
Foi aí que eu percebi que estava mesmo tocando "Halellujah" do Paramore.
- null. - Eu disse, simplesmente. Só podia ser ela.
Emmett olhou para a cabine de controle, e eu segui o olhar dele. Dava para ver a null e o Edward através do vidro.
- Aw, tava tão fofo! - Ouvi a voz da null sair dos autofalantes. Ela devia estar usando o microfone de comunicação do capitão, eu não conseguia ver daqui. - Mas não você e o Emm se pegando, tá? Estou falando de PARAMORE! - Ela gritou escandalosamente, fazendo o microfone emitir aquele barulhinho agudo agonizante. Eu tapei meus ouvidos.
Emmett ainda estava com as mãos em volta da minha cintura. Eu o fiz me soltar e levantei. Droga! A null ia pagar muito caro por essa intromissão! Eu ia fazê-la engolir todos os CDs do Paramore que ela tem!
Eu saí correndo para a cabine do iate, com Emmett me seguindo. A porta desse lado estava trancada, então, eu dei a volta para a parte de trás, mas, na minha correria por sede do sangue da null, eu tropecei em alguma coisa e caí por cima do que eu percebi ser a null, que devia estar de pegação com o Jasper.
- null! Eu vou te matar!
- Desculpa, foi mal. - Eu pedi, recuperando meu equilíbrio e ficando de pé.
- Você sabe o que você interrompeu? - Ela perguntou, eu neguei com a cabeça. - Corre. - Ela avisou com ódio no olhar (ok, isso foi meio dramático).
Eu saí correndo, não esquecendo que eu tinha que matar a null antes de ser morta pela null.
Quando eu cheguei na cabine de controle, apenas vi o Edward parado no meio da sala.
- Cadê ela? - Eu perguntei e ele ficou calado. Até que vi alguma coisa embaixo de uma bancada. Eu fui mais perto e vi que era a null.
- Não me bate! Clemência, piedade! Por favor! - Ela pediu.
- Gente, quanto ódio no coração. Por que não deixamos a vingança pra lá e vamos brincar de alguma coisa? - Emmett sugeriu e todo mundo virou pra olhar pra ele com expressões sérias.
- Quantos anos você tem, Emm? - null perguntou.
- É maduro o suficiente pra pensar em certas brincadeiras. - Edward explicou, com um olhar assustado, agora. - Nem pense nisso, Emmett. Ah, tarde demais. Emmett, você faz com que seja muito difícil ser eu.
- É isso! - null gritou, de repente. - Vamos brincar de troca de identidade.
- Como assim, null? Pros Cullens verem como é difícil estar por fora de todos os segredos? - null perguntou.
- Er... algo assim. Vamos? Vamos ver se os Cullens conseguem agir como a gente por 24 horas.
- 24 horas de tortura? - Jasper disse, e null mostrou a língua pra ele.
- Estou dentro. Aposto que nenhuma de vocês aguenta nem 12 horas tendo que carregar o fardo de ser gostoso que nem eu. - Emmett desafiou, em um tom convencido.
- Emm, é só uma troca de personalidades, não de corpos. - Eu expliquei, revirando os olhos. - Certo, então, vamos lá. Vamos embaralhar pra ficar mais divertido. null vai ser o Edward.
- Então, a null vai ser o Emmett. - null sugeriu.
- Então, sobra o Jasper pra null. - null concluiu. - Então, o Jasper é eu, Emmett é a null e Edward é a null.
- A null é muito esperta. Ela escolheu serem Emmett e null só pra fazer o Edward ser mais pervertido. - null reclamou.
- Ei, eu e Emm não somos o casal mais pervertido, tá? São você e o Jazz. - Eu me defendi.
- Eu provo que são a null e o Emm! - null, quero dizer, Emmett disse, e, então, agarrou o Edward, vulgo Eu.
- Protesto! Ela não está interpretando direito a minha pegada! - Emmett protestou.
- Tudo bem, isso não estava valendo. - Eu disse, para fazer a null soltar o Edward. Quando eles pararam, eu continuei a falar. - Está valendo a partir de agora. Quem cometer erros terá que pagar uma prenda para a pessoa que está imitando. QUALQUER PRENDA. Valendo.

Capítulo 8 - Se eu fosse você, eu não iria querer ser eu.

(N/A: hey, guys :D Só um aviso antes de vocês começarem esse capítulo, eu já tinha feito esse aviso antes, mas achei melhor falar de novo pra diminuir a confusão de quem não se lembra mais ou de quem começou a ler a fic agora. Com a brincadeira da troca de identidades, eu vou usar coisas do tipo /Ed, porque eu não espero que vocês decorem quem trocou de lugar com quem, até porque nem eu mesma lembro, kkk. E quando eu usar esse tipo de coisa, o primeiro nome é o nome de quem a pessoa é de verdade, ok? então é isso, tenham uma boa leitura, até a próxima nota da autora, rs)

Edward's PoV

"Talvez eu possa aproveitar um pouco dessa situação para me reaproximar do Edward! Às vezes, as ideias do Emmett até que são úteis. Mas, espera... essa ideia foi minha. Eu sempre soube que eu sou um gênio!" - null pensava, me deixando um pouco nervoso com o que ela seria capaz de fazer para interpretar o Emmett. Ok, agora que eu estava na situação de null, eu estava realmente assustado.
As meninas, meus irmãos e eu estávamos sentados em um círculo no chão e eu tinha que começar essa brincadeira idiota, porque algo me diz que ter que pagar uma prenda para a null seria ainda pior.
- null, eu te amo porque você é a única no mundo inteiro que concorda comigo quando eu digo que sou gostoso e sensual. - null/Emm disse, passando a mão na minha cabeça.
- Paga prenda, null! Isso não é verdade e eu não sou tão idiota assim. - O Emmett original reclamou.
- É sim, Emmett! - Todos dissemos exatamente ao mesmo tempo.
- Até você concorda, null? - Ele perguntou para a null original.
- Eu não sou a null. Sou o Jasper, prazer. - Ela respondeu, estendendo a mão para ele como quem se apresenta.
- Você paga prenda, Emmett! Você não está sendo a null. - null acusou. - Vai lá, null, escolha uma punição para ele!
- Uh, ok! Deixa eu pensar... Pode ser... ah, não. Já sei! Você pode... não, não, muito fácil. Hm, e se fosse... er, não. - Ela ficou pensando por um tempo, deixando todos impacientes. Até que eu captei o que se passava na mente dela. "Ahá, vou desafiá-lo a contar a verdade sobre os Cullen!" - Isso! Eu te desafio a...
- Mas você me ama só por isso, Emmett? - Eu cortei a null, voltando minha pergunta para a null/Emm. - Tem certeza que não é por causa dos meus cabelos sedosos, ou da minha habilidade com a maquiagem, ou do meu talento como consumidora capitalista induzida pela sociedade atual movida pelo capital produtor de lucro?
- Pf, eu nunca colocaria Sociologia, ou qualquer outra matéria chata, sem motivo no meio de uma frase. - A null original disse, apontando um dedo na minha cara. - Você paga, agora, Edward. Eu te desafio a fazer um strip em cima daquela mesa.
- Hey! Isso não é justo! - null reclamou em minha defesa. "Hm, mas até que seria interessante..." - Não, mudei de ideia! É extremamente justo.
Eu não merecia uma coisa dessas. Mas, pelo menos, era melhor do que o que a null tinha planejado para o Emmett.
Eu me rendi, e levantei do chão. null, null e null levantaram junto comigo rapidamente. Eu caminhei, derrotado, para a mesa e subi nela, não acreditando que eu teria que me submeter a isso.
De repente, a musiquinha da Pantera Cor-de-rosa começou a tocar, e eu percebi que null tinha ligado a música em seu celular.
- Por que você tem essa música? - Jasper perguntou, se levantando do chão e indo para o lado dela.
- Porque nunca se sabe quando você vai precisar dela para um showzinho, né... - Ela respondeu, rindo. - Vai lá, Edward, arrase!
Eu tirei a minha jaqueta sem o menor ânimo e parei por aí, começando a descer da mesa.
- Eu te desafio a fazer um strip decente. - null completou, me empurrando de volta para a mesa.
- Isso foi um strip decente, null. - Eu disse, suspirando pesadamente. - Acho que o que você quer é um strip indecente.
- Exatamente, você leu minha mente. - Ela disse, e Emmett e Jasper riram. Felizmente ninguém reparou que eles riram da ironia, porque eu li mesmo a mente dela.
- Tá, mas eu não vou tirar tudo. - Eu disse, voltando ao meu lugar em cima da mesa e tentando me mover no ritmo da ridícula música. Já que eu já estava nessa humilhação mesmo, não fazia diferença se eu entrasse logo no espírito da brincadeira. Eu me senti ridículo enquanto tirava a minha camisa por cima da cabeça e a atirava para a null. – Agora, chega.
Eu desci da mesa e voltei silenciosamente ao meu lugar no chão. Eu ouvi alguns aplausos das meninas e revirei os olhos. Mas eu me senti... bem, de certa forma, por ter despertado pensamentos como esse na null: "Wow, wow, wow, wow, wow. Isso é porque ele não tentou ser sensual. Se ele tentasse, eu não teria sobrevivido"
Ela veio se sentar ao meu lado, mas manteve certa distância por medo de perder o controle. null ainda segurava a minha camisa como se fosse algo que ela tivesse o dever de proteger com a própria vida.
- null, você está viva? - null perguntou, estalando os dedos na frente do rosto de null, cujos olhos estavam vidrados em mim.
- Er... estou. Vamos... continuar. - Ela sugeriu, conseguindo finalmente se concentrar na brincadeira.
"Nossa, Edward, acho que se você não se vestir logo, ela realmente vai te atacar" - Jasper me alertou por pensamentos, eu ri por baixo do fôlego. Pelo menos se ela fizesse isso, ela ainda estaria cumprindo o papel dela como Emmett.

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- null, por que você briga tanto comigo? - null/Jazz perguntou ao Emm/null em um tom magoado proposital.
- É porque você é muito devagar, Jazz... eu sou do tipo que gosta de caras de atitude, tipo o Emmett. - O próprio respondeu, lançando um sorriso, na tentativa de parecer sedutor.
- Ei! Se a null souber disso, ela quebra você na porrada, tá avisada! - null/Jazz ameaçou.
- Pf... não tem problema, Jasper... Se a null gosta de caras de atitude, então, definitivamente não é o Emm, porque ele demorou séculos para me beijar pela primeira vez, sabe... - Eu respondi zombador, interpretando uma resposta da null e fiz a verdadeira rir alto.
- Verdade! - Ela concordou, deixando o Emmett original irritado.
- Então, se se trata de quem tomou iniciativa primeiro, a null deveria tomar conta do Edward, porque a null pode estar de olho. - null/Emm alertou, olhando para mim intensamente por um segundo, enquanto lembranças do nosso primeiro beijo passavam pela mente dela, o que representava uma ameaça para o meu auto-controle.
Isso era enlouquecedor, de repente, parecia que ela sabia que eu podia ler a mente dela, e estava repassando as imagens daquela cena só para me provocar. Estava funcinando.
Nossas peles se tocando em contraste: quente no frio; o cheiro delicioso dela enebriando minha mente; e, mais que tudo, os lábios macios dela sobre os meus. Ela me fazia lembrar da melhor sensação que já experimentei.
- CAHAM! - Jasper limpou a garganta e só então eu percebi que não estava apenas lendo as lembranças da null, e sim revivendo-as.
- Er... desculpe. - Eu pedi, rompendo o beijo e libertando o rosto dela que eu segurava entre minhas mãos.
- Não... tudo bem. - Ela respondeu com a voz fraca e as bochechas coradas.
- OK, acho que o Edward agora mereceu o troféu de melhor null. - null comentou, e todos assentiram com a cabeça, meio pasmos com minha atitude.
Isso apenas me levava à conclusão de que era impossível. Impossível manter a null por perto e, ao mesmo tempo, tentar evitar um envolvimento com ela. Mas, ainda assim, parecia insuportável mandá-la embora. Será que não havia mais uma saída agora? Era o que estava parecendo.

Jasper's PoV

- Que pouca vergonha, null. - null reprimiu o Edward, balançando a cabeça em sinal de desaprovação. - Você tem que ser mais comportada, que nem eu (null/Ed) e a null (Jasper). Não é, null?
- Paramore! - Eu improvisei, fazendo a verdadeira null rir.
- Paramore! - Ela repetiu, gritando bem mais alto e fazendo o gesto do rock com a mão direita.
- Ahá! Emmett nunca gritaria "Paramore" todo entusiasmado assim. - Emmett acusou. - E agora... que tipo de mico pode ser maligno o suficiente para ser digno de você? - Ele ponderava, mentalizando possibilidades que fizeram o Edward arregalar os olhos.
- Não é justo, o Jasper jogou sujo pra me fazer errar! - null reclamou. - Pega leve, Emm, seja bonzinho.
- Vou ser bonzinho com você, só porque você está com o melhor papel para interpretar. Você vai ter que... acabar com meu celular também. Assim, eu posso pedir pro Carlisle comprar outro mais legal pra mim.
- Mas, então, não seria mais fácil você mesmo destruir seu celular? - null perguntou com uma sobrancelha erguida. - Emmett, você está andando demais com a null, daqui a pouco você vai estar tão inteligente quanto ela, hein?
- Você quer que eu pegue leve ou não? Ah, entendi, você quer uma coisa mais perverti... Quer dizer, desafiadora, null? - Emmett supôs, com mais ideias diabólicas em mente, julgando pela cara que o Edward fez.
- Não! Não, pode deixar que eu acabo com seu celular, e ainda posso ajudar a convencer o Carlisle a te comprar um novo! - null concordou desesperadamente. Ela não lia mentes (eu acho), mas, pelo visto, podia imaginar o que Emmett planejava.
- Aliás, que vergonha, Emm. Desse tamanho e ainda pede as coisas pro papai? - null perguntou. - Vocês não fazem nada da vida, não?
- Não. - Emmett respondeu com um sorriso orgulhoso. - Mas não é vergonha, porque somos uma família, então, tudo que é do Carlisle é nosso. - Ele concluiu brilhantemente.
- E tudo que é de vocês é do Carlisle? - null questionou.
- Isso aí!
- Então eu, null e null também somos do Carlisle? - null supôs, sorrindo. - Porque a gente não teria o menor problema com isso.
- Problema nenhum. - null e null concordaram fervorosamente.
- Aí depende. - Eu intervi. - Vocês são nossas, pra começar? - Eu provoquei, lançando um olhar sedutor para elas. Ondas de nervosismo se espalharam por elas, sem que eu tivesse que usar meu dom. E eu podia sentir que não era um nervosismo de medo, como seria comum um humano sentir ao ser encarado por um vampiro.
- Er... Como é que é? Vai cumprir o desafio ou não, null? - null desviou o assunto, constrangida.
Ela não respondeu, apenas estendeu a mão para Emmett, que lhe entregou o celular e, em seguida, ela saiu pela porta de vidro que dava passagem para o hall da popa. Nós a seguimos.
- E aí vem o Titanic de novo. - Disse null - Só que em vez de ser o colar com pingente de coração, é um celular. Que moderno.
null se debruçou meio exageradamente sobre a grade que limitava o iate, e Edward foi para o lado dela, provavelmente com medo de que ela se desequilibrasse e caísse.
- Emmett, tem certeza que quer que eu faça isso? É tanto desperdício... - Ela perguntou, hesitando com o celular na mão estendida para o mar.
- Pensando bem... tem razão. - Emmett ponderou.
Mas antes que o celular pudesse sentir alívio, um papel voou na cara da null, assutando-a, e fazendo com que ela soltasse o aparelho na água.
- Ops. Desculpa! Desculpa! Foi tudo culpa desse panfleto aqui! Desculpa! - null se desculpou pelo seu segundo assassinato eletrônico do dia.
- O que é isso? - Eu perguntei, pegando o panfleto do chão e começando a ler. - Ah, nada demais. É só um anúncio de uma festa de 16 anos de alguma garota.
- Uh, festa? Quem anuncia uma festa de aniversário em panfletos e sai distribuindo por aí? - null perguntou, pegando o panfleto da minha mão.
- Deixa eu ver! - null pediu, puxando o papel da mão da null. - Parece que vai ser uma super festa. O quê? "Penetras também estão convidados"? WTF?
- Mas que aniversariante surtada... eu, hein. - null disse, levantando uma sobrancelha.
- Então... vamos? - null perguntou, dando pulinhos no mesmo lugar.
- Pra onde? - Eu questionei, enquanto ela vinha até mim com um sorriso estonteante no rosto e segurava a minha mão num movimento natural.
- Vamos a essa festa! Para estar sendo anunciada em panfletos e permitindo a estrada de qualquer um, deve ser uma super festa! - null explicou, incompreensivelmente animada.
- Não me surpreende. null adora festas. - null disse, revirando os olhos.
- Ah, sim, adoro festas! - Emmett disse, voltando à brincadeira idiota de troca de identidades, interpretando a null. - Vamos!
- Por mim, tudo bem. - Edward cedeu, dando de ombros. - Se é o que vocês querem...
- Por mim, também! - null disse animada, mas depois ergueu um dedo. - Mas não vou a festa nenhuma desse jeito. - Ela sinalizou para as roupas casuais que estava vestindo.
- Aqui diz que começa às 20:00h. - Eu chequei o panfleto. - Se quiserem, podem fazer umas compras antes. Dá tempo. - Eu sugeri, fazendo que sorrisos surgissem nos rostos das três.

Emmett's PoV

Levamos o iate de volta até o cais, embora não tivéssemos ido tão longe quanto pareceu. Pegamos os carros e fomos para o centro comercial de Seattle. Dava pra ver que as garotas estavam muito animadas, e elas não eram as únicas. Afinal de contas, uma festa não é uma festa se o Emmett não está na festa!
Todos paramos em frente a uma loja de roupas formais que null, null e null acharam promissora. É claro que fazer compras parecia meio entediante, mas quando se é um vampiro com décadas de experiência e puro tédio, fazer compras até parecia divertido.
- Olá, boa tarde. Em que posso ajudá-los? - Uma atendente nos recebeu na entrada da loja, mas null já estava se direcionando às araras de vestidos e analisando um por um.
- Nós vamos a uma festa, vamos dar uma olhada nas roupas. - Edward explicou, conduzindo null para frente. Esta foi se juntar a null e foi seguida por null.
- Tudo bem, se precisarem de ajuda, é só me chamarem. Meu nome é Tanya. - Ela disse, piscando pra nós três e saindo dramaticamente, com uma jogada de cabelo. Eu quis rir, mas Edward me deu uma cotovelada para me advertir que isso era falta de educação. Leitor de mentes irritante.
- Eu ouvi isso. - Ele sussurrou pra mim.
A loja era dividida em duas partes, com uma mesa de cristal no centro e dois divãs dourados. A parte da direita era voltada para os homens, e a da esquerda para as mulheres, onde null, null e null já estavam empilhando vestidos sobre a mesa de cristal.
Eu me dirigi para os ternos, pensando se não era formal demais para uma festa na qual somos apenas penetras. Eu decidi que sim, então, peguei uma calça social e algumas camisas sem realmente olhar pra elas e joguei tudo por cima do ombro, indo para as cabines de prova. No meio do caminho, null entrou na minha frente, quase invisível por baixo dos milhões de vestidos que ela segurava.
- Emmett, vai me ajudar a escolher, né? - Ouvi a voz dela por baixo da montanha de roupas.
- Se você me ajudar também. - Eu pedi, sinalizando para a confusão de camisas que eu tinha trago comigo.
- Ãn... er... cla-claro. - Ela respondeu, meio nervosa. E depois entrou em um das cabines de prova, tendo dificuldades para passar pela porta com todos aqueles vestidos.
Eu entrei na cabine de frente para a dela e tentei me concentrar nas minhas opções. Depois de experimentar sete camisas, eu cansei. Então, ouvi três batidas na porta.
- Emm, vem, me ajuda! - Ouvi a null pedir e abri a porta. Wow.
- Esse. - Eu disse, sem nem pensar duas vezes.
- Mas você nem viu os outros. - Ela apontou para a montanha empilhada em um banquinho dentro da cabine dela. Tudo bem que eu tinha a eternidade inteira pela frente, mas isso já era demais.
- Você está linda nesse. - Eu expliquei, e não era só uma desculpa pra não ter que ver todos os outros, eu juro.
- Jura? - Ela perguntou, sorrindo e girando 360° para que eu pudesse ver todos os ângulos. Era esse e ponto final. O vestido se ajustava perfeitamente ao corpo dela, era preto, frente única, tomara-que-caia e... wow. Ela estava perfeita.
- Você está incrível. - Eu disse, olhando intensamente para ela.
- Tem certeza? Eu sempre quis usar um longo, são tão elegantes. - Ela dizia, se avaliando em frente ao espelho constantemente. Eu dei uma olhada no comprimento desse vestido que ela usava agora. Ele ia até metade da coxa. Para mim estava de bom tamanho.
- Não, nada de longo. Esse está ótimo. Confie em mim. - Ela sorriu e assentiu. Depois disso, percebi que não conseguia desviar os olhos do rosto dela. Até que um som interrompeu nosso momento.
- O que é isso? - Ouvimos a voz da null vindo do início do corredor, onde estava Edward.
- Nada, null. - Edward repondeu pacientemente. - Eu já disse que não preciso de ajuda, muito obrigado. - Ele se dirigia à Tanya agora, em tom educado.
- Desculpe, eu só estava tentando ajudar. - A tal Tanya tentou se defender. Em seguida se virou e saiu.
- Mas que vadia. - Ouvi null sussurrar, frustrada.
- Er... e você, null? Vai me ajudar com isso ou quer que eu chame a Tanya? - Eu sorri, sarcástico. Ela fechou a cara pra mim.
- Nem pense nisso. - Ela avisou. - Então, você gostou dessa? - Ela perguntou, ajeitando a gola da camisa azul clara que eu tinha vestido por último. Só de pensar em ter que fazer mais uma torca de roupas, eu já tinha minha resposta pronta.
- Aham, eu adorei essa. - Respondi, tentando parecer convincente. Na verdade, eu não me importava. Eu ia ficar lindo de qualquer jeito.
- Eu também gostei. - Ela ponderou por um momento. - Mas está faltando alguma coisa...
Ela andou de um lado para o outro por um tempo, até que saiu correndo de volta para onde ficavam as araras de roupas, e voltou quase tão rápido quanto uma vampira. Quase.
- Aqui. - Ela jogou uma peça para mim. Eu a analisei e vi que era um colete social cinza. Eu rapidamente o vesti por cima da camisa.
- Um gato. - Ela comentou, em um tom hipnotizado. - Er... quer dizer, cai bem em você. - Corrigiu ela, rapidamente. - Vamos ver se o resto do pessoal também já está pronto.
Após terminarmos as compras naquela loja, fomos à mais algumas, e, quando saíamos da última, fomos surpreendidos por um garoto que, pelo cheiro, dava pra perceber que era um daqueles lobisomens estranhos de La Push, baby. Mas a maior surpresa foi essa:
- Jacob! - null gritou e foi correndo na direção do tal garoto, dando-lhe um abraço. Em seguida, foram também null e null, completando o abraço grupal.
- Caramba! Não achei que íamos te ver de novo! - null tinha um sorriso enorme no rosto enquanto dizia isso.
- Nem eu! - Ele não parecia tão feliz, tinha o nariz franzido. Provavelmente sentindo o nosso cheiro nelas. Assim que ele fez a ligação entre o cheiro e os vampiros, olhou para nós com os olhos quase saltando da cara, como se nem tivesse percebido que elas estavam acompanhadas antes. - Er... Quem são esses?
- Ah, deixa eu te apresentar! - null o puxou pelo braço para mais perto de onde eu estava com meus irmãos. - Jacob, esses são Edward, Jasper e Emmett. Meninos, esse é o Jacob, ele foi nosso primeiro amigo aqui. Nos deu carona do aeroporto até Forks.
- E as deixou plantadas no meio da estrada? - Edward acusou em um tom frio.
- Ei, elas pediram. Eu achei que elas tinham um plano. - Ele se defendeu, erguendo os ombros. - Ãnh... meninas, posso falar com vocês por um minuto? - Ele as chamou, e, quando eu fiz menção de me mover, acrescentou: - A sós, por favor.
Eu já estava furioso com esse cara, quem ele pensava que era? Eu ia manter um ouvido na conversa, é claro. Eles não foram muito longe, só o suficiente para que ouvidos humanos não pudessem ouvir de onde nós estávamos.
- Onde conheceram esses caras? - Ele começou.
- A gente não conhecia Forks, então, ficamos meio perdidas. Mas Edward nos ajudou, estamos hospedadas com ele. - null explicou - Por quê, Jake? Algum problema?
- Não... quer dizer... sim. Eu... os conheço. Conheço os Cullen, e, na verdade, acho que vocês deviam saber que eles não têm uma reputação muito boa.
- Como assim? - null perguntou, meio hesitante, meio curiosa.
- Não posso explicar muito bem. Mas eles são muito, muito perigosos. Não olhem pra mim com essa cara, estou falando sério. - Ele pateticamente tentava convencê-las.
- Jake, a gente agradece a preocupação, mas... de qualquer forma, nem temos pra onde ir. - null justificou, sem muita credibilidade. Como se ela fosse preferir ficar na casa de assassinos ao invés de ficar na rua.
Jacob suspirou, derrotado.
- Tudo bem, mas se... qualquer coisa estranha acontecer, vocês, por favor, vão para La Push! Podem achar bobeira agora, mas, quando chegar a hora, por favor, façam isso. Prometem?
- Erm... Ok? - null respondeu, em tom de pergunta.

Edward's PoV

As meninas terminaram a estranha conversa com o estranho Jacob, na dúvida de que ou ele era louco, ou só estava com ciúmes. Pela minha leitura rápida da mente dele, pude perceber que era um pouco de cada, e que, é claro, também estava preocupado com elas. Ele sabia da verdade, mas também sabia que elas não acreditariam se ele contasse. Elas deixaram isso para lá e pudemos seguir para a festa.
Quando chegamos à mesma, fomos à procura dos garçons para que as meninas pudessem se alimentar. Foi nessa nossa caça aos garçons que acabamos chegando até a pista de dança, que estava de dar medo. Estava abarrotada de gente cheia de álcool na veia, que pareciam estar dançando algum tipo de dança do acasalamento.
As garotas repararam nossas caras de medo e riram.
- É, eu sei. Chamamos isso de funk, lá no Brasil. - null explicou.
- Olhando bem... - Emmett começou a avaliar melhor os movimentos do pessoal na pista. - Parece interessante. Você que é brasileira, null, me acompanha?
- Pf, prefiro dançar Justin Bieber. - Ela rebateu, com um tom sarcástico. Para a sorte dela, a música mudou naquele momento, e uma voz feminina toda remixada começou a tocar. - Ah, eu e minha boca grande.
- Vai lá, null. Você adora Justin Bieber. - null brincou, empurrando null na direção da pista. Ela fincou o pé no chão, se recusando a se mover.
Para a nossa total surpresa, null já tinha arrastado o Jasper para lá há muito tempo.
Quando você olhava em volta pelo salão, você podia dizer que a dona da festa tinha bom gosto para decoração. Mas para música... não se podia dizer o mesmo.
Depois de umas cinco músicas ruins, uma batida diferente começou a tocar. Não parecia algo comum de se ouvir em festas, e com surpresa eu percebi que conhecia o ritmo. Era... lambada. Eu peguei a informação na mente do Emmett.
- Uh, eu adoro lambada. - Ele anunciou, de repente. - Quer dizer... o Emmett adora lambada. - Ele corrigiu, se dirigindo à null agora. De volta à brincadeira idiota.
- A null também. Não é, null?
- Achei que já tínhamos decidido que essa brincadeira só provava que não sabemos nada um sobre o outro e que tínhamos desistido. - Eu disse, levantando a sobrancelha direita.
- Não desistimos, só demos uma pausa. 24 horas, lembra? Agora, se vocês não quiserem pagar prenda... acho que a lambada os espera. - null ameaçou, reprimido um sorriso.
- Como se isso já não fosse pior do que uma prenda. Eu não sei dançar, null! - null protestou, mas Emmett a corrigiu.
- Acontece que você é o Emmett, e ele sabe dançar muito bem. - Ele piscou.
Eu suspirei, desistindo. Primeiro, porque era melhor ir dançar do que ficar aqui lendo o que Emmett pretendia para punir a null se ela recusasse o desafio da dança. Segundo, porque eu queria dançar com a null, embora lambada não fosse exatamente o meu tipo de música. Mas tudo bem.
Eu segurei a mão da null, e ela me olhou desesperada. "Ele está louco? Quer mesmo que eu dance lambada com ele? Eu nem sei como se dança isso!"
- Só deixa comigo. - Eu sussurrei para ela e nos levei até o centro da pista.
A música era agitada e ela ainda estava insegura. Mais do que não saber dançar, null tinha pavor de dançar. Era engraçado, parecia que eu tinha acabado de contar a ela que eu sou um vampiro. Eu imaginei a expressão dela exatamente como estava agora.
Eu ri baixinho da expressão desesperada dela, e, então, a puxei para junto do meu corpo pela cintura subitamente, e, de repente, o medo de dança já não estava mais presente em seus pensamentos.
- Er... o que está fazendo?
- Eu disse pra deixar comigo.
Eu comecei a guiá-la pela pista, e conseguimos sincronizar os passos sem muitos problemas. Ela não era uma dançarina tão ruim quanto ela acreditava ser.
Depois de um tempo, começamos a perceber que estávamos nos divertindo muito com aquilo, e parece que foi ao mesmo tempo, porque começamos a rir juntos.
- Okay, estranho. Estou dançando e... não é tão ruim! - Ela exclamou, em um tom de surpresa.
- Verdade. - Eu respondi, ao mesmo tempo em que fiz aquele movimento levando o tronco dela até perto do chão, mas sustentando o peso dela, segurando-a pelas costas. Mas parece que foi rápido demais, e ela soltou um grito agudo com o movimento repentino.
- Edward! - Ela me repreendeu, dando um tapa leve no meu ombro.
- O que foi? Não vou te deixar cair. – Prometi, enquanto a girava duas vezes segurando-a pela mão e a passando por baixo do meu braço. - Aliás, eu já te disse que você está linda? - Eu sussurrei no ouvido dela, por causa da música alta. Um calafrio percorreu a coluna dela.
- O-obrigada. - Ela agradeceu, olhando para baixo. - Você também.
Depois que o constrangimento dela passou, ela levantou a cabeça e prendeu os meus olhos nos dela de propósito. A música animada já não chegava mais até mim, e nós tínhamos parado de dançar, mas as minhas mãos ainda estavam ao redor da cintura dela, e as dela no meu pescoço.
"Eu não sei porque estou pensando nisso agora, mas... talvez eu devesse dizer pra ele como eu me sinto. Nossa relação está sempre dependendo dele; às vezes, ele me quer, às vezes, não quer mais. Será que ele está esperando que eu confirme? Será que se eu disser que eu... gosto dele... Não, tenho que ser sincera comigo mesma: eu o amo. Será que isso faria ele vai ficar comigo?"
- Edward, eu...
- Sh. - Eu a silenciei, antes que ela pudesse falar. Eu ainda estava muito tocado pelas palavras dela, mesmo que tenham sido apenas pensamentos. E eu não sabia se devia deixar que ela me dissesse isso agora, eu não sabia se poderia dizer que sinto o mesmo, ainda não sabia se eu poderia mesmo ficar com ela, de verdade.
- Não, eu queria te dizer uma coi... – Então, eu a beijei. Eu não queria ter essa conversa. Não agora e nem aqui. Nenhum de nós estava pronto para assumir esse tipo de compromisso, e ela, na verdade, ainda não sabia em que tipo de problema ela estava se metendo.
No meio dessa minha reação sem sentido, comecei a procurar por um jeito de escapar desse clima, pelo menos por enquanto. Procurei até encontrar os pensamentos da null. "Ah! Camarão empanado! Eu adoro isso, tenho que chamar a null! Será que ela ainda está dançando com o Edward? Ah, achei!"
Então, eu rompi o beijo e olhei na direção da "voz" da null, até encontrá-la vindo na nossa direção.
- null está te procurando. - Eu avisei a null, apontando na direção de onde null estava vindo.
- Er... ok... vou... vou... - Ela se perdeu nas palavras e ficou em silêncio, não como se tivesse esquecido o que ia falar, mas sim como se tivesse esquecido que estava dizendo alguma coisa.
- Vai lá? - Eu sugeri.
- É... vou ver o que ela quer.
- Tudo bem.

Jasper's PoV

Eu estava me sentindo meio deslocado no meio de toda aquela gente, a confusão de emoções que emanava deles estava me confundindo e a maioria ali parecia estar interessada apenas em beijar algum desconhecido naquela noite, e com sorte ir mais além. Toda essa luxúria estava me incomodando, mas null parecia à vontade, dançando a música fora do ritmo, e sem se preocupar com isso. Ela estava animada e feliz, e eu me concentrei nessas emoções e pude ficar satisfeito de estar aqui com ela também.
- Você não está muito a fim de dançar, né? - Ela me perguntou, reparando que eu estava parado olhando pra ela.
- Ele não quer dançar? Eu danço, gata. - Um estranho se intrometeu entre eu e ela de repente; eu podia sentir o cheiro de álcool no sangue dele. Não faltava muito pra ele atingir a dose fatal. Ele pôs as mãos na cintura dela antes que ela pudesse se afastar.
- Com licença, ela está acompanhada. - Eu o avisei, e minha voz saiu um pouco mais ameaçadora do que eu pretendia. Sem o menor cuidado, tirei as mãos dele de cima dela e o afastei.
- Qual foi, mermão? Cai na mão, bródi! Você vai nadar no asfalto, sacou?
- Er... Jazz, é melhor irmos... pegar alguma coisa pra comer. Vamos. - null me puxou para longe da confusão que estava prestes a começar. E foi melhor assim, eu já estava meio de cabeça quente, e se eu matasse aquele inútil, ia ter muita sujeira pra limpar depois. Não valia a pena.
Fomos até a mesa do buffet, e null beliscou algumas coisas. Ela não estava com fome realmente, foi só uma desculpa pra me tirar de lá.
- Ah, camarão empanado! Adoro isso! A null também, vou lá dizer pra ela que tem aqui! - Ela disse, pegando um na bandeja e se dirigindo de volta para a pista de dança. Eu estava bem atrás dela, esses caras trêbados por todo o lado não eram nem um pouco confiáveis.
Ela foi esbarrando pela multidão, e segurou na minha mão para não se perder. Logo ela encontrou a null com o Edward no centro da pista.
- Oi, null.
- null, eles têm camarão empanado aqui! - null anunciou toda animada.
- Ah, legal. Vamos lá pegar, eu estou com fome. - null propôs e null assentiu. Eu já estava indo junto, mas Edward segurou o meu braço.
- Deixa elas conversarem sozinhas um pouco. - Ele disse pra mim, rápido e baixo demais para que elas ouvissem.
Eu assenti e elas foram, percebendo que nenhum de nós iria acompanhá-las.
- Algo errado? - Perguntei.
- Não, nada demais.
- Está de olho nelas, não é? - Eu perguntei para checar, e ele fez que sim com a cabeça.
- Foram pegar a comida, tá tudo bem. Então, você está tendo que enfrentar competição pesada com todos esses bons partidos daqui, hein? - Ele provocou. Eu devia saber que Edward estaria xeretando tudo, então, ele sabia do incidente com o inútil bêbado.
- Pois é, eu saí correndo da briga porque achei que eu não era páreo pro cara. - Eu disse, com sarcasmo pesado e Edward riu da impossibilidade disso.
- Elas estão bem, não fica preocupado. Só tem uns três caras pegando a null de jeito em um cantinho, mas isso você supera. - Edward disse, em um tom muito sério.
- O QUÊ?! - Eu quase saltei sobre a multidão, mas ele me segurou antes que eu pudesse.
- Calma, eu estava brincando. - Ele sussurrou pra mim.
- Eu sei. - Eu disse, rindo. - Mas foi uma reação reflexa, foi mal.
Edward me segurou ali por algum tempo, e eu tinha certeza que era algo a ver com a null, só não entendia porque ele não queria me contar.
- Não era nada. - Ele respondeu aos meus pensamentos. - Ela só queria conversar com a null sobre... eu e ela. Nada demais.
- Ah, sim, então, tudo bem.
- Ei, gente, vocês foram abandonados? - null nos perguntou, chegando até onde estávamos com o Emmett ao seu lado.
- É, parece que sim. - Eu respondi, fingindo que chutava uma pedrinha.
- E você perdeu o Edward e a null interpretando Dirty Dance: Ritmo Quente aqui. - Emmett zombou, e eu ri, imaginando a cena.
- Jasper! - Edward sussurrou para mim, de repente. - Vai atrás da null. Vai pegar o rastro dela na mesa de buffet. - Ele dizia, preocupado e tomando cuidado de ser silencioso para null.
- Er... tenho que ir. - Eu disse subitamente e saí da pista de dança o mais rápido que podia sem chamar a atenção de nenhum humano. Fui até a mesa do buffet e peguei o rastro da null como Edward disse para fazer. O que será que estava acontecendo?
Eu corri, seguindo o cheiro dela. Até que cheguei a uma parte mais vazia do salão, as pessoas estavam muito bêbadas, então, eu corri até me tornar um borrão e a vi e a ouvi também.
- Para! Me solta! - Era a voz da null.
- Sh! - Essa voz eu também conhecia.
Eu cheguei no canto onde eles estavam, e estava tomado pela fúria. Mal tive tempo de olhar pro garoto que pressionava null contra a parede e tentava beijá-la contra a vontade dela. Eu o puxei pela camisa e o joguei com força contra uma das paredes. Ouvi o barulho do impacto e soube que as chances de ele estar morto agora eram muito boas.
- Jasper! - null gritou e se jogou contra mim, me envolvendo em um abraço firme. Percebi as lágrimas pretas de maquiagem escorrendo pela bochecha dela.
Eu retribuí o abraço, afagando as costas dela na tentativa de acalmá-la.
- Tá tudo bem. - Eu sussurrei. E, então, senti cheiro de sangue fresco. Minha garganta começou a arder em fogo, mas eu tinha que me lembrar de me controlar. Eu me virei para trás no mesmo momento que null também virou.
- Meu Deus! - Ela exclamou, colocando a mão direita aberta sobre a boca e dando três passos para trás. O garoto tinha um ferimento feio na testa, e o chão abaixo da cabeça dele apresentava uma poça de sangue.
- Vamos sair daqui. - Eu sussurrei, me esforçando para não respirar.
- Ma-as... Jasper...
- Ele vai ficar bem. Foi um só um cortezinho. Feridas na cabeça costumam sangrar mais que o normal. - Eu disse para acalmá-la. A verdade era que o cara já tinha perdido muito sangue, e não foi só um cortezinho. - Vamos. - Eu chamei de novo e a arrastei pra longe do local. Algum lugar onde eu pudesse respirar e pensar com clareza.
- Não temos que ajudá-lo? - Ela me perguntou, quando eu parei de andar. Estávamos em um lugar seguro agora, a salvo do meu descontrole.
- Não! - Eu disse com o tom ameaçador demais. Ela se encolheu. Parecia tão assustada. - Ele vai ficar bem, eu já disse. Meu pai é médico, eu entendo um pouco disso.
Ela respirou fundo, prendendo o ar por um tempo e depois soltando lentamente.
- Tudo bem. E... Obrigada, Jasper.
- Não precisa me agradecer por isso. Você está bem? O que ele... ele fez alguma coisa?
- Não, não. Estou bem.
- Certo. Vamos voltar pra onde os outros estão, eles devem estar preocupados.
Ela assentiu, e eu passei um braço ao redor da cintura dela. Fomos andando assim até chegarmos perto da mesa do buffet, onde Edward, Emmett, null e null nos aguardavam.
- null, você está bem? – null perguntou, vendo a maquiagem da null borrada pelas lágrimas.
- É melhor irmos para casa agora. - Eu sugeri, e Edward concordou comigo. Emmett, null e null não discutiram.

Capítulo 9 - Pronto, falei.

null's PoV

Eu acordei meio desnorteada. Não me lembrava de ter vindo até o quarto, e sabia que não podia culpar a bebida, porque eu não tinha bebido. Eu só me lembrava de estarmos no carro, e a null ter dito o que aconteceu com ela - depois disso, eu devo ter dormido.
Levantei da cama, me arrumei e desci as escadas. null e null já estavam tomando café.
- Bom dia. - Eu as saldei. - Você está melhor, null?
- Sim, eu estou bem. Parem de me perguntar isso o tempo todo, o cara nem chegou a fazer nada, não tenho motivos pra ficar traumatizada. Mas aposto que ele tem, não é, Jazz?
- Com certeza. - Jasper respondeu, sentado do lado oposto da mesa.
- Você deve ter o quebrado na porrada. - null riu.
- Na verdade, eu fiquei até com medo que ele tivesse matado o cara. Mas o Jasper disse que não foi pra tanto.
- Nossa, que horror. - Eu disse, franzindo a testa, enquanto passava requeijão em uma bisnaguinha. - Eu não gosto dessas violências, mas principalmente quando envolve animais. Não suporto gente machucando os bichinhos fofinhos inocentes.
Eu levantei a cabeça e vi Emmett, Jasper e Edward me encarando com expressões estranhas. Como se eu ser uma espécie de protetora dos animais os preocupassem por algum motivo.
- Que foi? Não vão me dizer que vocês organizam briga de galo nos tempos vagos. Pior, briga de cachorros. - Eu zombei.
- Não, claro que não. Quem é que faria uma coisa dessas, né? - Emmett falou de um jeito que não soava convincente, mas eu sabia que essa era a intenção dele.
- Vocês estão estranhos hoje. - null notou. - Eu estou ficando assustada. O Jake com aquela conversa de que vocês são perigosos e depois o Jasper quase matando o cara...
- O que o Jacob disse... - null sussurrou como se tivesse esquecido disso e por algum motivo fosse algo importante agora.
- Gente, ele só estava com ciúmes. - Eu revirei os olhos. Elas não podiam levar a sério o aviso bobo dele.
null se levantou da cadeira repentinamente e encarou Jasper.
- Eu só estava te defendendo! - Ele tentou explicar, mas ela parecia confusa. Apenas se virou e saiu correndo para sala e provavelmente pelas escadas até o quarto. Jasper foi andando atrás dela.
- O que deu nela? - Eu perguntei, sem entender nada.
- Eu acho que sei. - null disse. - E também acho que não a culpo. Vocês... - Ela apontou pro Edward e pro Emmett, que estavam parados na nossa frente. - Têm escondido algo horrível da gente durante todo esse tempo em que estivemos aqui. - Ela acusou.
- Então, por que ainda estão aqui? - Edward disse rudemente bem na cara dela. null se encolheu um pouco com a súbita hostilidade na voz dele, e eu também.
- Porque... talvez a gente esteja tentando descobrir o que é isso que vocês escondem. - Eu respondi por ela.
- Não, eu digo por que. - Edward revidou. - É porque vocês são idiotas. - Ele disse, e eu olhei pra ele com descrença. Quem ele pensa que é? Além de um cara gostoso pra caramba, quero dizer.
- Oh. Quê? Repete. - Eu desafiei. Alguém aqui vai apanhar hoje.
- Por que ficar morando com pessoas que vocês não confiam? Que vocês mal conhecem? - Ele perguntou.
E, de repente, eu, ele e null estávamos discutindo que nem um bando de papagaios, de um jeito que ninguém entende nem o que está falando, muito menos o que o outro está falando.
- OK, chega! - null bateu na mesa, e todos se calaram. - Isso é ridículo! Pra que toda essa discussão?
- Vocês têm que ir embora. - Edward disse, e null olhou pra ele, magoada. Eu imitei a expressão dela. Eu costumava gostar do Edward.
- O quê? Não vamos a lugar nenhum. - Eu disse, decidida, e olhei pro Emmett, esperando que ele me apoiasse, mas ele não disse nada.
- null... eles... estão expulsando a gente. - null sussurrou pra mim. - Acho que a casa é deles, não sua.
- Mas... - Eu não queria aceitar isso. Por que eles estavam fazendo isso com a gente?
- Espera, Edward, não acha isso meio drástico demais? - Emmett perguntou ao irmão em tom baixo, mas este ainda nos encarava com olhos hostis.
- Não me importo com pra onde elas vão... elas podem voltar pro Brasil. Mas aqui elas não ficam mais. - Ele disse, rude. Eu quis bater nele.
- Por que está dizendo isso, Edward? - null perguntou, já com o tom de lágrimas na voz.
- Não torne as coisas mais difíceis, null. Isso não deu certo. - Ele se aproximou dela, o tom se suavizando, quase como se agora ele estivesse se preocupando em confortá-la. Ela deu dois passos pra trás.
- OK, eu vou. Não quero ficar mais nem um dia na mesma casa que você! Eu te odeio, Edward Cullen! - Ela gritou pra ele e em seguida saiu correndo dramaticamente. Droga, eu sempre quis fazer uma saída dramática assim.
Bem, eu não queria isso. Dava pra ver que Edward estava botando palavras na boca dos Cullen por algum motivo. Emmett não podia estar de acordo com aquilo. Eu sei que ele vai me ajudar a convencer o Edward a mudar de ideia.
- Vamos lá fora, null. - Ele me chamou pro quintal dos fundos e eu fui com ele.
Chegamos ao lado de fora e ele foi se sentar embaixo de uma árvore enorme que havia ali. Eu me sentei perto dele.
- O que está acontecendo, Emm? - Eu perguntei, agoniada. - Por que Edward está fazendo isso?
- null... por favor, entenda que talvez isso seja para o melhor... - Ele começou a tentar explicar com suavidade.
- Como? Como pode ser para o melhor se eu vou ter que ficar longe de você, Emmett? - Perguntei, sentindo meus olhos úmidos demais.
- Ainda é muito complicado para que eu explique, mas você tem que confiar em mim. - Ele segurou a minha mão e a acariciou levemente.
- Isso é o quê? Alguma coisa tipo "livrem-se delas antes que isso fique sério demais"? Eu tenho uma novidade pra você, Sr. Cullen, isso já ficou sério demais!
- Não diga isso, null... - Ele disse em um tom baixo, parecia meio desesperado. - Eu...
- Eu amo você. - Eu disse assim na lata e ele calou a boca e ficou me encarando, paralizado. - Faz melhor que essa agora. – Eu o desafiei.
- Mas que droga, null, isso não vai dar certo! Será que não consegue ver?! - Ele gritou comigo, mas eu não me deixei intimidar.
- Não vai dar certo se você não tentar. - Eu disse docemente, passando uma das mãos no rosto dele. - Me diz que você não sente nada por mim, então, eu faço minhas malas e vou embora, prometo. Mas antes eu vou te daria um tapa na cara. - Eu avisei, e ele riu abafado.
- Isso facilitaria as coisas? Se eu dissesse que eu te amo, não ia ser mais difícil quando você for embora?
- Eu não tenho que fazer o que o Edward manda. Não se você quiser que eu fique. - Ergui uma sobrancelha e ele subitamente me puxou pelos ombros e me beijou. Eu correspondi ao beijo, mas ele não se demorou muito.
- Eu vou sentir sua falta, null. - Ele falou, olhando seriamente nos meus olhos. Fechei a cara pra ele. - Mesmo que você esteja longe, acho que devia saber que eu vou ser sempre seu.
- Pára com essa conversa! Já disse que não estou indo a lugar nenhum.
- Me escuta! - Ele me sacudiu, ainda segurando meus ombros. - Edward geralmente faz a coisa certa.
- Mas dessa vez... - Tentei argumentar, mas ele me interrompeu.
- É a coisa certa! Você quer um aviso? Quer uma dica? Se ficar aqui, as coisas não vão acabar bem pra você, entendeu? Por que não acredita no que Jacob disse a vocês e se manda logo? - Ele disse, rudemente.
- Como você sabe o que o Jacob disse? - Eu perguntei. Eles estavam longe quando o Jake disse aquelas coisas.
- Mais um motivo pra você desconfiar de nós. - Ele disse seriamente. - null, eu não queria ter que ser direto a esse ponto, mas não é seguro pra vocês ficar perto de nós, entendem? Ninguém aqui pode garantir que vocês vão ficar bem, que nada de ruim vai acontecer.
- Então, que aconteça. - Eu disse, sem saber de onde eu tirei essa coragem. Olhando nos olhos dele, eu sabia que era sério. Algo ruim ia acontecer.
- Não... não quero que nada aconteça com você. - Ele dizia, alisando o meu cabelo.
- Então, me proteja.
- Estou tentando, mas você está dificultando tudo.
- Por quê? Por que você prefere que eu vá embora? - A maldita ânsia de choro começava a afetar o meu tom de voz, e eu soava como uma garotinha chorona.
- Porque prefiro você viva longe de mim, do que morta ao meu lado.
- Ok, essa foi direta. - Afirmei, com os olhos arregalados.


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Eu corri pro meu quarto e podia sentir Jasper me seguindo. Mesmo assim, não parei até chegar e me jogar na cama ainda desfeita.
- O que está acontecendo aqui, Jazz? - Perguntei, meio assustada. As imagens do homem sangrando ontem não saiam da minha cabeça. - O que aconteceu com aquele homem? Nós tínhamos que ter ficado, tínhamos que ter ajudado.
- null, eu não podia deixá-lo sair ileso depois de te assediar daquele jeito. Desculpe se te assustou, mas, confia em mim, não foi nada, ele deve estar bem.
- Não! Você sabe que não, Jasper! - Eu estava chorando contra a minha vontade. Ele estava do meu lado agora, e eu levantei a cabeça pra olhar pros olhos doura... pretos? Ele tinha olhos pretos? - Estou com medo.
- Eu sei. Vai ficar tudo bem. - Ele fazia um carinho leve no meu cabelo.
- Ele talvez nem quisesse mesmo me machucar, ele só estava bêbado... - Eu ainda tentava defender o homem bêbado de ontem. Eu sentia que havia algo muito errado no jeito como ele estava estirado no chão, e aquela poça de sangue... era muito sangue.
Então, eu ouvi um barulho de vozes falando alto ao mesmo tempo vindo lá de baixo. Nós dois viramos a cabeça na direção da porta.
- O que está acontecendo? - Perguntei.
- Não sei, acho que é uma discussão. - Ele deu de ombros. Eu ainda olhava, curiosa.
Eu e ele ficamos só escutando as vozes vagas, e depois houve um silêncio.
- Eu vou lá ver. - Eu disse, levantando da cama. Ele me segurou.
- Não, fica aqui. - Ele pediu.
- Não, eu tenho que ver se está tudo bem.
Eu desci as escadas e de novo senti que ele estava atrás de mim. Cheguei até a sala de jantar, mas estava vazia.
- Onde está todo mundo? - Eu perguntei, andando pra sala de estar e saindo pro quintal.
- Eles não estão aqui fora. - Ele me disse. - Vem, null, vamos entrar. Daqui a pouco deve começar a chover. - Ele avisou, olhando pro céu coberto de nuvens negras.
- Jasper, se... vocês representassem algo perigoso... Digo, algum perigo de verdade pra mim e pras minhas amigas... você me avisaria, não é? - Eu não consegui segurar essa pergunta que estava borbulhando na minha mente desde que eu liguei o aviso de Jacob ao surto de fúria do Jasper para com o bêbado da festa.
- Eu avisaria, mas você me ouviria? - Ele lançou a pergunta e eu não entendi muito bem o que aquilo queria dizer. Isso era uma confirmação?
- Eu não sei, acho que não ia importar muito pra mim. Mas... eu tentaria tirar minhas amigas dessa. - Eu respondi com sinceridade.
- Como assim, não ia importar muito pra você?
Eu comecei a caminhar pelo quintal, e ele ia andando ao meu lado.
- Tipo, o que eu ia fazer? Terminar com você? Acho que não, mocinho. - Eu suspirei. Era idiotice, sim, mas... era verdade. Como eu ia ficar sem ele? Se eu tiver que entrar nessa de cartel de drogas com ele, eu entraria.
- Você não sabe do que está falando. Ficou maluca, agora? - Ele disse em tom de reprovação.
- Sempre fui. - Eu disse, rindo. Ele não riu.
- null, olha pra mim! - Ele ordenou, e eu fiz o que ele mandou. Mas aí eu me distraí com o rosto lindo dele, e dei uma bela de uma topada em alguma coisa no caminho.
A dor na minha canela foi forte, e eu me agachei no chão. Nesse momento, começou a chover forte. A água era geladíssima.
- Ai, ai, ai! - Eu protestei, e olhei pra minha canela, colocando a mão em cima pra analisar o corte.
- Você está bem? - Jasper me perguntou, preocupado e... tenso.
- Não! Olha só o que você fez! - Eu coloquei minha mão manchada de sangue em frente aos olhos dele e, de repente, um arrepio de puro medo percorreu meu corpo quando eu olhei a expressão do rosto dele.
Tudo aconteceu muito rápido, mas o jato de adrenalina nas minhas veias me vez ser capaz de absorver informações mais rapidamente. Vi Jasper se lançar pra cima de mim a uma velocidade impossível, e só tive tempo de me jogar pra trás no chão e proteger meu rosto com os braços.
Mas, então, o ataque não aconteceu. E quando eu recolhi meus braços, ouvi uma espécie de rosnado medonho sair da garganta de Jasper, e Edward o segurava por trás. Como ele chegou aqui tão rápido? E como ele sabia? Em um piscar de olhos, Emmett estava lá também, segurando-o.
Mas... mas... como? Ele não estava por perto um milésimo atrás.
- null! Corre! - Edward ordenou. - Vai pra dentro!
Ele estava brincando? Eu nem podia me mover.
- Ela está em choque. - Emmett disse pro Edward. - Vamos levá-lo daqui.
Edward assentiu, e os dois foram arrastando Jasper para dentro da floresta. O tempo todo, permaneci parada no chão, meus olhos no rosto do Jasper, distorcido com o que parecia ser uma fúria intensa.
Quando eles saíram de vista, vi null e null correndo que nem desesperadas até onde eu estava. Elas se abaixaram no chão e me ajudaram a levantar.
- null, você está bem? O que aconteceu? O que está acontecendo aqui? - null perguntava, nervosa.
- null, diz alguma coisa. - null pedia.
- Estou... com frio. - Eu falei entredentes. A chuva era gelada e eu estava encharcada.
- Ah... claro que está. Vem, vamos lá pra dentro. - null disse, envolvendo meus ombros com um braço, enquanto null me envolvia pela cintura, e nós fomos andando o vasto quintal assim, meio que cambaleando.
Quando chegamos à varanda, Carlisle veio nos ajudar, aparecendo do nada. Eu fiquei com medo. Estava com medo de tudo, com medo do que eles eram.
Eu sei que tinha dito pro Jasper que não me importava, mas eu não estava contando com isso... Achava que era perigoso, mas não que ele ia tentar me machucar, droga!
- null, você está bem? - Carlisle me perguntou. Eu me encolhi entre a null e a null. - Por favor, deixe-me ajudá-la.
null e null se afastaram, e meio que me entregaram ao Carlisle. Ele me segurou, porque acho que eu ia cair. Eu estava tremendo, mas não sabia dizer se era frio ou medo, provavelmente os dois.
Ele me levou pra dentro de casa e me sentou no sofá. Logo Esme apareceu e colocou uma maleta preta de médico sobre a mesinha de centro. Depois ela se afastou.
Todos ficamos em silêncio, enquanto Carlisle rapidamente limpava minha ferida. Pra que tudo aquilo, eu não sei. Eles não têm crianças levadas aqui nos EUA? Era só um arranhãozinho na canela.
- null, como se sente? - Ele me perguntou, quando terminou e limpou tudo. Eu já estava calma o suficiente pra falar com clareza.
- Bem, eu acho. Não está doendo. - Expliquei.
- Não me referia ao ferimento. - Ele especificou.
- Estou confusa... o que foi aquilo? - Perguntei. null e null estavam atentas à conversa.
- Creio que meus filhos explicarão quando voltarem. - Carlisle disse.
- Onde eles foram, Carlisle? - null perguntou.
- Eles estarão aqui logo. - Foi só o que ele disse. E depois se levantou do sofá fazendo um gesto para Esme o acompanhar até a porta. Ela passou por mim e jogou uma manta quentinha sobre meus ombros.
- Eu sinto muito, querida. - Ela me disse, e depois saiu da casa, seguindo Carlisle.
- null, o que houve? Você tem que nos contar, antes que a gente morra de curiosidade aqui! - null praticamente implorou. - Tudo que eu sei é que eu estava com o Emmett... e depois ele tinha desaparecido da minha frente. Foi tão... louco.
- Eu percebi... eles são... rápidos. - null disse. - Edward também praticamente se desintegrou na minha frente.
- Jasper... me atacou. - Expliquei. null e null arregalaram os olhos pra mim. - Ele tentou... o rosto dele... parecia que ia me matar. - Eu sussurrei, sentindo um aperto no peito ao me lembrar.


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null nos contou a história toda, e eu ouvi tudo de queixo caído. Como assim?
Agora, ela estava chorando, e null tentava confortá-la. Foi no meio disso que a porta da frente se abriu, e aqueles três deuses entraram na sala. Era agora.
- O que você fez? - Saí gritando pro Jasper assim que o vi, eu ia me levantar para confrontá-lo, mas null me segurou rapidamente.
- Pára, null. Não faz isso, não fala assim com ele. - Ela me alertou. Mas não era como se ela estivesse tentando protegê-lo, e sim como se ela estivesse apavorada com o que iria acontecer comigo se eu os ofendesse de alguma forma.
- Fiquem calmas. Vamos explicar tudo. - Edward disse, indo se sentar no outro sofá, de frente para nós.
- Acho justo. - null disse, lançando um olhar acusador pro Emmett.
Os Cullen se sentaram de frente para nós, e nós os encaramos.
- Não acho que tenhamos uma saída agora além de contar a verdade a vocês. - Edward disse, olhando diretamente pra mim.
- Então... - Eu pedi pra que ele continuasse.
- Somos vampiros, pronto, falei. - Emmett que respondeu.
Fez-se silêncio.
- Sem brincadeiras, por favor. - null revirou os olhos. Mas ouvi null ofegar do meu lado.
- Ele não está brincando, null. - Ela disse em um fio de voz. - O sangue... ele me atacou quando mostrei o sangue pra ele...
- null, por favor, me perdoe. - Jasper pediu, e ela desviou o olhar.
- Então... é verdade? - Eu perguntei, lutando pra absorver aquela informação. Os segredos, os avisos, o ataque à null, a velocidade incrível, a pele sempre fria demais...
- Sim, Emmett disse a verdade. - Edward admitiu.
De repente, null deu um salto do sofá.
- Temos que ir. - Ela disse do nada, puxando meu pulso, nervosa.
- Calma, null, estamos tentando esclarecer as coisas. - Reclamei, puxando o meu pulso da mão dela. - Senta aí.
- null... ele disse vampiros. Não tem o que esclarecer. - Ela sussurrou, mas acabou voltando a se sentar como eu mandei.
- Não... null tem razão. - Emmett disse. - Temos que esclarecer, não é tudo como vocês pensam. Vocês ainda não sabem de nada.
- Então, comecem a falar. - null me surpreendeu, usando uma voz determinada, e não aquela voz fraquinha e assustada de antes.
- Nós somos diferentes dos outros. - Jasper começou. - Não bebemos sangue humano... - Nós três ficamos tensas com a frase dele. Beber sangue? Que coisa nojenta. Duh, mas o que eu pensava que os vampiros faziam? Pelo visto eles não se enchem de Uísque que nem o Damon em Vampire Diaries.
- Sim, nós não matamos humanos. - Edward completou a explicação de Jasper. - Apenas sangue animal.
- Você disse animal? - null gritou, colocando uma mão sobre a boca. - Tadinhos. - Ela disse, em um tom mais baixo.
- Bem, antes isso do que uma pessoa. - Emmett tentou atenuar a situação com ela. Mas, pelo visto, não deu muito certo, acho que null preferia ver um humano morrer do que um poodle fofinho.
- De qualquer forma, nós preferimos caçar os predadores. - Edward explicou. - Aquele tipo que não hesitaria em arrancar sua cabeça se você estivesse por perto. - Ele disse pra null.
- O que foi aquilo quando você sumiu? - Perguntei. - Que tipo de coisas "especiais" vocês podem fazer?
- Super-velocidade, como vocês perceberam hoje. Também podemos ouvir à distância, e perceber cheiros como vocês não são capazes de fazer. Também enxergamos muito melhor. Resumindo, temos sentidos aguçados, e, além disso, força sobrenatural. Ah, eu leio mentes.
- O QUÊ? - Nós três perguntamos, quase dando um salto do sofá.
- Você já desconfiava disso, null, eu li seus pensamentos. - Ele me lembrou.
- Isso é... horrível! - Eu disse, pensando em tudo que eu já tinha pensado e que ele tinha lido. Caramba, que constrangedor! Eu só conseguia pensar que ele era gostoso, e todo mundo nessa casa era! E... pára de pensar nisso, null!
- De certa forma, temos esses dons extras. - Jasper continuou. - Eu posso controlar as emoções das pessoas ao meu redor, e também captar como elas estão se sentindo no momento. E Emmett é bem forte, mesmo pra um vampiro.
- Eu sabia. - Ouvi null sussurrar.
- Bem... e o que vocês fazem, agora? Estão livres pra ir embora, não vamos tentar impedi-las. - Jasper disse.
- Eu... não sei. - Eu estava confusa. O que eu faria? Eles disseram que não matavam humanos... isso queria dizer que eles eram bons? Mas podíamos confiar na palavra deles?
- Se vocês não se alimentam de sangue humano... Por que Jasper me atacou? - null perguntou, de repente.
- Isso é complicado. Nós tentamos resistir ao sangue humano, mas a tentação é muito forte. Principalmente quando a vítima esfrega o sangue na nossa cara! - Ele disse ironicamente. E null... acreditem se quiserem... riu!
- Desculpe, mas eu não tinha como saber. - Ela tentou se redimir.
- Felizmente, a constante presença de vocês aqui em casa tem nos obrigado a conviver bastante com o cheiro forte de sangue humano, e estamos começando a nos acostumar e nos controlar o suficiente pra ficar bem perto de vocês, mas, como aconteceu hoje, um pequeno acidente, como uma topada em alguma coisa, pode provocar uma catástrofe. - Edward disse.
- Então, a gente só tem que tomar mais cuidado daqui pra frente. - null afirmou com um sorriso, e eu e null olhamos pra ela, chocadas.
- Tá de brincadeira? Ele ia te matar, null, acorda! - null gritou com ela, sacudindo-a pelos ombros. - Você feriu a canela de propósito? Não! Foi um acidente, ninguém sabe quando vai acontecer!
- null... calma, vamos pensar direito. - Eu dizia, tentando acalmá-la. Mas ela se levantou do sofá.
- Vocês são loucas... eu vou arrumar minhas coisas. - Dizendo isso, ela se virou pra sair da sala.


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Eu me virei pra ir pro quarto, pegar minhas coisas e sair daquela casa de prováveis assassinos, mas uma mão fria segurou meu braço delicadamente.
- Espera... não podemos conversar? - Emmett me pediu.
- Por favor, não toca mais em mim. - Eu tentei fazer meu tom parecer educado, não queria deixá-lo irritado. Não sei o que um vampiro irritado pode fazer.
- Você não pode... pensar melhor...
- Emmett, você não queria que eu fosse embora? Não tentou me convencer de todo o jeito que você era perigoso, que as coisas iam acabar mal pra mim? Você inclusive me disse que eu ia morrer se ficasse ao seu lado, lembra disso? Então, me deixa em paz. - Eu não consegui segurar a raiva que eu estava sentindo, e, misturada com o medo, só a fiz ficar pior ainda. Ele me soltou e eu fui pro meu quarto correndo.
Droga, droga, droga, droga, inferno, inferno, desgraça, meleca, barata, ratos, mendigos e falta de cartão de crédito! Eu pensava todas as palavras ruins que vinham à minha mente enquanto abria minha mala em cima da cama e começava a pegar as peças de roupa que eu tinha arrumado na cômoda que havia no quarto.
As lágrimas escorriam abundantemente, agora. Como eu pude? Como pude me apaixonar por um... vampiro? Isso tudo era insano, e extremamente errado e perigoso.
Não se alimentam de humanos... e eles acham que só por isso, está tudo ok? Emmett acha que vou pegar meu unicórnio cor-de-rosa e atravessar o arco-íris com ele na garupa, todos felizes e alegres? Não, provavelmente ele ia sugar o sangue do unicórnio se tivesse a oportunidade. Um pobre unicórnio lindo e COR-DE-ROSA!
Terminei uma mala e comecei a outra, parecendo uma louca revoltada jogando as roupas lá dentro. No meio daquela tarefa, eu pareci perder as forças, meus joelhos cederam, e eu me sentei no chão, deitando minha cabeça sobre os meus braços apoiados na cama e deixei o meu desespero e minha decepção fluírem.
Chorei daquele jeito até sei lá que horas, e por mais que eu odiasse admitir, eu queria que Emmett estivesse aqui, que ele subisse, me abraçasse e dissesse que não tem o que temer. Mas eu sabia que se ele fizesse isso, provavelmente eu ia tacar nele todos os objetos que eu conseguisse levantar até ele ir embora. Por que a vida é tão contraditória? Tudo que eu queria era ele, mas... eu não podia querer isso.
Ouvi a maçaneta da porta girar e enrijeci imediatamente. Emmett!
- null. - Era a voz da null. Levantei a cabeça e vi que null estava com ela.
As duas andaram até onde eu estava sentada e me deram um abraço duplo.
- Que vergonha, null, tá todo mundo te ouvindo chorar lá de baixo. - null me repreendeu como se ela fosse minha mãe.
- Eu não estou chorando assim tão alto. - Revirei os olhos.
- É, mas eles têm super audição. - null piscou pra mim ao dizer isso, como se fosse uma coisa super legal. Tá, era uma coisa super legal, mas... ugh.
- O que vocês vão fazer? Não quero deixar vocês aqui. - Eu disse e depois funguei. Fiz um esforço pra parar de chorar e conseguir falar direito. - Não vou deixar vocês aqui com eles. Vão fazer suas malas.
- null, não faz isso... Você sabe que quer ficar com o Emmett. - null acusou.
- Claro que eu quero! - Admiti. - Mas... agora, não posso mais. Eu ainda sou nova pra morrer. Talvez eu volte quando eu tiver uns 95 anos, e já tiver vivido tudo que eu tinha pra viver.
- Para de falar bobagem, ainda tem muita coisa que a gente tem que saber. Vampiros devem ter, tipo... vida eterna. Imagina, sem rugas... - null me deu uma cotovelada amigável.
- Tentador. Mas o que você quer dizer? Que só tenho duas opções? Ou eu morro ou eu viro uma sugadora de unicórnios cor-de-rosa? - Questionei, angustiada. Ambas ergueram uma sobrancelha pra mim, sem entender do que eu estava falando.
- Tem uma terceira. Você vai embora agora, fica longe do seu vampiro encantado, e vive uma vida infeliz. - null sugeriu. - Nem tente argumentar, vai viver infeliz sim! Ou você acha que é fácil encontrar um cara gostoso que nem o Emm?
- Hey, guarde a sua opinião pra si mesma. - Briguei. Só eu podia achá-lo gostoso. – Então, sua decisão é qual? Vai ficar aqui? Pelo Edward? E você, null?
- Eu ainda não sei. Caramba, null, eu o amo. - null disse pra mim, e depois pareceu se arrepender. - Ai, droga, será que ele ouviu? - Ela sussurrou, e eu e null rimos. - Que se dane, ele já deve saber. Ele lê mentes. Ele deve saber o que vocês sentem também. E eu também sei, eu não leio mentes, mas conheço vocês como ninguém.
- Eu não acho que esteja preparada pra pegar minhas coisas, voltar pro Brasil e largar tudo pra trás. Eu sei que Jasper chegou perto de me matar hoje, mas... ele não fez de propósito, não é? - null perguntou como se esperasse a nossa aprovação pra não ser a única insana aqui.
- Bem, acho que não, ele parecia bem arrependido. - null disse. - Mas isso não é uma coisa sobre a qual eles têm algum controle. Só porque eles não querem nos machucar, não quer dizer que eles não vão, entendem? Esse é meu dilema. Ainda não sei se dá pra confiar. Mas se vocês pensarem, até hoje eles não tinham feito nada pra nos machucar.
- E se for assim que as coisas funcionam? E se vampiros precisam de... sei lá, a confiança plena da vítima pra poder atacar? E se eles estivessem tentando seduzir a gente desde o começo? Não acham estranho? Edward nos trouxe pra cá, todos eles são lindos de morrer, e cada uma de nós se... apaixonou por cada um deles. E se esse era o plano deles desde o começo? - Eu dizia, sem pausas pra respirar.
- Então, se esse for o plano, está funcionando perfeitamente. - null disse, e eu quis dar um tapa nela pra ver se ela saía desse transe. Ela estava hipnotizada?
- null, você está ouvindo o que está dizendo? Você está dizendo que se ele quiser te matar, você vai dar o seu pescoço pra ele de boa vontade? - Perguntei, indignada. Nunca tinha percebido o quão emo ela era antes. Claro que entregar seu pescoço pra um vampiro hot era melhor do que ficar cortando os pulsos sentada no chão do banheiro.
- Gente, eu conheço vocês. - Ela respondeu. - Estão desesperadas agora, mas eu sei que, no fim, vocês vão ficar com eles. Eu não sei vocês, mas eu... nunca senti isso por alguém antes. E não quero desperdiçar essa chance, agora. Acho que uma coisa assim, você só sente uma vez na vida, e, quando acontece, você deve se entregar de corpo e alma. - Ela terminou o discurso tocante, e se levantou. - É isso, vou lá embaixo falar com o Jazz. - Dizendo isso, ela saiu.
Assim que a porta foi fechada, ouvi alguém batendo.
- Entra, null. - Eu autorizei. Mas a porta se abriu e eu vi que, na verdade, era o Emmett.
- Er... melhor eu... ir. - null avisou e saiu, enquanto Emm entrava. Eu rapidamente virei o meu rosto e tentei dar uma limpada rápida com a manga da minha blusa. Infelizmente, manga de blusa não é removedor de maquiagem borrada.
- Emmett, por favor... me deixa sozinha. - Eu praticamente implorei.
- Eu vou, prometo. Só quero que você me diga aqui e agora o seu veredicto. - Ele pediu, e eu virei pra ele.
- Acabou. Eu sinto muito. - Eu revelei e virei o rosto de novo. Eu não senti e nem ouvi nada, mas quando eu virei pra olhar pra ele de novo, eu estava sozinha no quarto.


null's PoV

Deixei Emmett com a null no quarto e fui andando pro meu quarto. Meu coração deu um baque quando vi Edward encostado na minha porta casualmente. Ele parecia um galã de cinema misturado com um super modelo misturado com um deus grego misturado com um anjo. Não tinha como essa criatura ser maligna.
- Ei. - Eu falei meio sem jeito quando lembrei que ele tinha ouvido tudo que eu pensei.
- Oi. Como você está? - Ele perguntou, um pouco preocupado.
- Podia estar pior. E você? Não deve estar sendo fácil pra vocês também.
- Estamos bem. Sei que talvez você não acredite, mas foram as primeiras humanas a pisar nessa casa, e definitivamente as primeiras a saber do nosso pequeno segredo. - Ele revelou.
- Acredito em você. - Eu tentei sorrir de leve pra ele. Bem... as primeiras? Era bom acreditar nisso. Mas... não, ele era lindo demais. Com certeza, no mínimo, ele já pegou centenas de vampiras por aí.
Ele ficou em silêncio por um tempo, e eu o imitei. Então, me ocorreu que ele devia estar esperando que eu tomasse uma decisão, que eu definisse logo o que eu ia fazer daqui pra frente.
- Não estou te pressionando a nada. - Ele me disse, lendo meus pensamentos. Nossa, isso podia ser irritante, às vezes. - Às vezes, mas em outras é bem útil. Hoje me permitiu salvar a null a tempo, captando as intenções do Jasper assim que ele perdeu o controle.
- Ai, ok, agora, pára com isso. Finja que eu ainda não sei que você lê mentes, tá bom? É mais fácil assim. - Pedi, e ele riu.
- Como quiser. É só que... nossa, é tão bom. Ter você sabendo de tudo, sem precisar de fachadas humanas, eu posso... ser eu mesmo.
- Não sei se eu prefiro assim. Antes havia suspeitas, mas estava tranquilo. Agora está tudo tão confuso e estranho. - Eu suspirei. Ele ergueu uma mão pra me tocar, mas depois pareceu desistir.
Hm, eu estava assustada o suficiente pra não permitir que ele me tocasse? Acho que não, ele já me tocou antes e eu não morri. Então, eu andei pra mais perto dele e o abracei, descansando minha cabeça sobre o peito dele.
- Você ainda quer que eu fique com você? Quer dizer... o que você me disse hoje mais cedo machucou bastante. - Eu disse, lembrando o modo rude como ele gritou comigo e tentou me expulsar daqui.
- Me desculpe por aquilo. Foi uma última tentativa de tentar salvar você. - Ele explicou. - Mas não deu certo, acho que agora é tarde demais. Desculpe-me por ter feito isso, por ter colocado você e suas amigas no meio disso tudo.
- Não se desculpe. Se isso é ruim? Sim, claro que é. Mas... o tempo que passamos com vocês, tirando essas horas que sabemos o que vocês são, com certeza foi a melhor coisa que já nos aconteceu, eu acho. - Eu revelei pra ele, tentando ser sincera. Nossa, deve ser difícil mentir pra ele. Droga, isso de ler mentes acaba com todas as minhas chances de uma traição bem-sucedida.
- O quê? - Ele perguntou, meio irritado.
- Brincadeira, estava só te dando uma lição por ler as mentes alheias. - Eu ri, mas a risada saiu abafada porque eu ainda estava com o rosto enterrado na camisa dele.
- Certo, mas vou ficar atento, antes que eu consiga uma galhada. Não ia me cair bem.
- Mas, antes de pensar em traições, você precisa ter um relacionamento concreto com alguém. - Eu disse, rompendo o abraço que já estava durando tempo demais. - Edward, não sei se estou pronta pra isso. - Admiti.
- Eu entendo perfeitamente. Não tem que me dizer agora o que vai fazer. A decisão é sua.
- Então, você me dá um tempo? - Pedi. - Acho que preciso pensar em muitas coisas. Como... o que acontece se eu disser sim? Eu fico com você e as coisas continuam como sempre foram? Ou... Edward, como você virou vampiro?
- Carlisle me transformou. - Ele respondeu vagamente. - Mas não precisa pensar nisso, não vai acontecer.
- Por que não? - Perguntei, curiosa, mas antes de ele responder, comecei a pensar em várias perguntas que eu queria fazer. - Você vive pra sempre? Quantos anos você tem de verdade? Você tem presas? Posso ver?
- Calma. - Ele me parou. - Uma pergunta de cada vez, ok? Sim, se eu não for morto por outro vampiro, posso viver pra sempre. Tenho mais de 110 anos. - Ele fez uma pausa pra olhar pra minha cara pasma. Nossa, 110 é muito tempo. Mas acho que sempre preferi os caras mais experientes. Ele riu com esse meu pensamento. - Eu não tenho presas, mas meus dentes são afiados o suficiente pra cortar sua pele como se fosse gelatina.
- Isso é bom, gelatina tem colágeno, isso indica uma pele saudável. - Eu brinquei.
- Você não existe. - Ele me disse, rindo baixo. - Eu vou te dar o seu tempo, null. E saiba que não vou te julgar se você quiser ir embora, é até a escolha mais prudente a se fazer.
- Olha, você está tentando me influenciar. - Eu o adverti. - Mas... é, eu costumava ser uma pessoa bem prudente. Mas a essa altura, acho que isso mudou. E pensar que eu tinha dito pra null, que vir pra Forks ia ser perigoso.
- Se elas te ouvissem...
- Elas nunca ouvem. - Eu afirmei, sorrindo.

Capítulo 10 – Transformação.

Jasper's PoV

Eu estava aliviado por elas finalmente saberem da verdade, mas ainda estava me martirizando pelo meu lapso de controle lá fora. Eu ia matá-la, eu queria matá-la! Se Edward não tivesse chegado a tempo... Eu rosnei pra mim mesmo só de pensar.
- O que foi, Jazz? - apareceu de volta na sala de estar e veio para o meu lado. O mais incrível nisso tudo é que ela tinha me perdoado. Ela falava comigo agora como se nada tivesse acontecido.
- , eu realmente sinto muito pelo que aconteceu, eu... podia ter te machucado muito facilmente. Não quero que você menospreze esse fato. - Eu a alertei, lembrando que ainda não tinha tido a oportunidade de me desculpar adequadamente.
- Sh, tudo bem. - Ela me silenciou e sorriu pra mim. - Estou feliz com isso, acho que era preciso um pequeno acidente assim para fazer com que vocês contassem a verdade.
- Está feliz com isso? - Não, eu não podia acreditar naquilo. Sondei as emoções dela e percebi que sim, ela estava perfeitamente calma e feliz.
- Estou, porque... bem, eu queria te conhecer, saber tudo sobre você, e me incomodava essa incógnita que você escondia de mim. - Ela dizia isso o tempo todo com um sorriso. – Agora, eu só tenho que olhar por onde ando, e caso eu caia, lembrar de não esfregar o sangue na sua cara. - Ela riu, como se fosse muito engraçado.
Minha garganta ardeu enquanto ela dizia isso, e eu me lembrava do cheiro... eu podia senti-lo agora, mesmo que não tão concentrado quanto antes. Travei a minha mandíbula e prendi a respiração.
- Não fique me lembrando disso. - Eu disse, entre dentes. Ela deve ter percebido o motivo olhando a minha expressão.
- Ah, desculpe. - Ela pediu e ficou parada, esperando o meu controle se estabilizar. Lutei para pensar em outras coisas, e, por fim, era possível respirar novamente. - Sabe, a e a ainda estão meio que surtando, mas sei que elas podem lidar com isso. Eu posso lidar com isso, Jazz.
- Você acha que pode? - Perguntei.
- Eu sei que posso. - Ela respondeu, determinada, e se aproximou de mim. Eu enrijeci e prendi a respiração novamente. Os lábios dela pararam a milímetros dos meus. - Tudo bem?
- Sim, só... tome cuidado. – Eu a avisei.
- Por que? Antes eu não tinha que tomar cuidado. Jasper, nada mudou, a única diferença é que agora eu sei. – Então, ela me beijou.
Não tentei hesitar, não tentei me controlar, eu apenas estava feliz que ela confiava em mim dessa forma, mesmo que eu não merecesse tal confiança.
Ah, droga, mas o cheiro dela é tão bom... Meus lábios libertaram os dela e foram descendo para o pescoço dela. Em vez de me empurrar, ela me abraçou mais forte.
Auto-controle, Jasper, auto-controle! Humanos são amigos, não comida. Humanos são amigos, não comida! Continue a nadar, continue a nadar. Ah, droga, essa musiquinha não.
Será que ela não percebeu que isso não era um amasso, e sim uma tentativa de assassinato?
Reuni todas as minhas forças pra me afastar do pescoço dela, e depois consegui me afastar dela completamente.
- Desculpe, isso deve ser difícil pra você, não é mesmo? - O rosto dela estava levemente corado. A cor era tão... apetitosa. Quero dizer, bonita. - Mas acho que está tudo bem, vamos ter tempo pra nos acostumarmos, tipo, pra sempre.
- Está me pedindo em casamento? - Perguntei, erguendo uma sobrancelha. Ela riu.
- Claro, compromisso eterno e essas coisas. - Ela continuou brincando, e eu rolei os olhos. - De qualquer forma, é melhor eu segurar logo você, porque você é um partidão, Jazz. Deve ter muita gente de olho.
- Pare de brincadeiras, . Você ainda não sabe metade sobre vampiros. - Eu disse a ela. Ela se jogou sentada no sofá.
- Então tá. Me conta.

Eu passei o restante da tarde contando a tudo que eu podia sobre vampiros, e a cada vez que eu achava que ela ia ficar enojada ou assustada, ela me surpreendia dizendo que isso era super legal ou coisa parecida. Ela era incrível.
- Não brinca! Então você, tipo, lutava com vampiros recém-criados enlouquecidos? Caramba, que legal! - Ela dizia, toda animada.
- Bem, sim... e...
- ! - A voz de me interrompeu. virou para olhar para a amiga.
- Hey, , você sabia que o Jazz...
- Sabe que horas são? Deixa o Jasper em paz um pouco, está tarde, vamos dormir. - Ela falava como se fosse a mãe da . Percebi que talvez ela não quisesse ir dormir e deixar a acordada sozinha comigo. Ela achava mesmo que se eu quisesse fazer alguma coisa, eu me deixaria ser impedido só porque ela está dormindo no quarto?
- Ah, não se preocupe... você sabia que vampiros não precisam dormir? Tipo assim, nunca. Imagina, dá pra dançar em uma rave, tipo... pra sempre, sem precisar de ecstasy! - Ela jogou os dois braços pro ar quando terminou a frase.
- Garota, você fumou orégano, só pode. - disse, revirando os olhos.
- Ela tem razão, . Eu não preciso dormir, mas você, sim. - Eu a lembrei. - Vai lá, ainda vou estar aqui amanhã.
- Ok, ok... - Ela bocejou, enquanto concordava. - Boa noite, Jaz. - Ela me deu um selinho rápido e subiu as escadas atrás da .


Edward's PoV

Eu conversei com a até ela decidir que era hora de ir dormir. Ela estava preocupada porque a não saía do quarto há horas, e ela não sabia onde estava. Eu disse pra ela que estava no primeiro andar com o Jasper, e que já estava dormindo há um tempão.
- Certo, é melhor eu ir chamar aquela louca, antes que ela durma no sofá. - Ela disse, como uma mãe que está cansada da filha que dá trabalho.
foi buscar a , e dentro de minutos, só o que se ouvia na casa eram as respirações leves de três garotas dormindo.
Eu fui pro meu quarto, e tentei pensar no que fazer agora. tinha me pedido um tempo, era madrugada, eu era um vampiro que não dormia, e não tinha nada pra fazer. Então, eu dei pela falta de Emmett. Ele devia estar chateado, não parecia querer nem olhar na cara de vampiros. E eu podia ver que não era uma birra boba, ela estava realmente com medo de tudo isso. Ela tinha as desconfianças dela, e eu não a culpava. também estava confusa, mas, pelo menos, ainda estava falando comigo. estava... bem. No fim das contas, ela devia ser louca mesmo.
Emmett havia saído pra caçar, e a essa hora ele já devia ter acabado com todos os ursos do Estado, talvez do mundo todo. Tentei captar os pensamentos dele, mas ele estava longe.
Suspirei e saí pela janela, correndo pra floresta. De qualquer forma, eu estava mesmo precisando caçar.
Corri pela floresta, meio desanimado com a caça. Desde que eu havia trazodo , e para cá, só dava para caçarmos a noite. São poucas as opções apetitosas de animais noturnos, e os diurnos são sem-graça de caçar porque estão dormindo.
De qualquer forma, continuei procurando o rastro de alguma coisa, até que encontrei. Mas não era um animal.
Eu parei onde estava e virei a cabeça na direção do rastro, tentando captar pensamentos. "Droga, tem um vampiro aqui!" - Ouvi.
- Quem está aí? - Chamei em voz baixa. O cheiro era inconfundivelmente vampiro, ele devia ouvir. Não estava longe.
Em um segundo, uma forma adentrou o local onde eu estava, saindo de entre as árvores.
- Quem é você? - Ela me perguntou. Era uma vampira. Os cabelos eram loiros e ondulados e batiam pouco abaixo do ombro. Não demonstrava nenhuma hostilidade em seus pensamentos.
- Sou Edward Cullen. - Me apresentei. - Você está no meu território. - A informei educadamente.
- Desculpe, não tinha pegado um rastro fresco o suficiente pra concluir que ainda havia algum vampiro por aqui. - Ela sorriu, se desculpando. - A propósito, sou Reese Whinespoon.
- Você está sozinha aqui? - Perguntei, reparando nos olhos vermelhos dela e automaticamente me lembrando que e as amigas dormiam alheias a tudo isso, a alguns quilômetros daqui.
- Sim, viajo sozinha. - Ela respondeu. Eu vi na mente dela que era verdade, mas ela também interpretou errado a minha pergunta e achou que eu queria saber se ela estava sozinha por outro motivo. - O que faz por aqui? Não espera encontrar um humano andando fora da trilha há uma hora dessas, não é?
- Eu ia caçar, sim. Mas não caço humanos. - Eu disse a ela, e ela ficou chocada.
- Como é?
- Apenas me alimento de sangue animal. Não é muito bom, mas dá pra viver.
- Isso é estranho, Edward... Nunca tinha pensado nisso. - Ela pensava na possibilidade de experimentar. Estava curiosa. - Acho que quero tentar.
- Acha que consegue? - Desafiei. Eu nunca tinha visto um vampiro maduro que bebeu sangue humano por muito tempo se converter ao vegetarianismo. Carlisle já cansou de tentar, a única exceção foi Jasper.
- Hm... está duvidando da minha capacidade? Acho que deve ser mais fácil matar um bambi do que um humano. - Ela disse, mas eu ergui uma mão para que ela fizesse silêncio. Ouvi um barulho de patas batendo na grama por perto. Nossa conversa tinha sobressaltado um alce. Apontei na direção. Ela agora ouvia, atenta.
- Vá em frente, a presa é sua. - Eu autorizei, e ela começou a correr. Dei uma dianteira a ela, para que ela não sentisse a necessidade de proteger a reta-guarda, e depois a segui.
Eu a alcancei a tempo de vê-la cravar os dentes no pescoço do alce. Ela mal bebeu um gole e soltou o animal. Eu o peguei antes que ele escapasse.
- Ugh, isso é nojento. - Ela reclamou, limpando a boca com a mão. - É amargo.
Eu não respondi. Estava ocupado terminando de drenar o sangue por ela. Quando terminei, ri para ela.
- Eu disse. - Eu parei de rir quando vi o jeito estranho que ela olhava para mim. Imediatamente sondei seus pensamentos.
"Hm... Ele fica mesmo extremamente sexy caçando desse jeito. Acho que... bem, por que não? Não tenho nada a perder".
- Você parece bom nisso. - Ela me elogiou, mas eu agora estava cauteloso. Ela avançou para onde eu estava em super-velocidade, mas, com a vantagem de ler pensamentos, me afastei ao mesmo tempo.
- É melhor você não se demorar muito aqui. Foi divertido, Reese, mas meu clã tem cinco membros. Não gostamos muito de companhia, se é que me entende. - Eu disse a ela, tentando convencê-la a deixar a cidade. Se ela se aproximasse demais da nossa casa, ia captar a presença humana lá.
- Isso quase soa como se você estivesse me dispensando. - Ela riu, como se isso fosse impossível.
- Na verdade, estou. - Eu admiti, e ela ficou séria. - Desculpe, sou comprometido.
Ela se aproximou de mim de novo, mas não o bastante para representar algum perigo.
- Esse cheiro... - Ela murmurrou para si mesma, e chegou mais perto de mim. Ela era bem rápida quando queria. Mesmo com a vantagem de prever os movimentos dela pelos pensamentos, ela foi rápida o bastante pra me derrubar no chão antes que eu pudesse desviar. Mas consegui me levantar tão rápido quanto tinha caído. Rosnei para ela por instinto. - O cheiro é humano! Sua camisa tem cheiro humano nela! - Ela observou, surpresa.
- E daí?
- Mas você disse que não se alimenta de humanos, e deve ser verdade pela cor diferente dos seus olhos... E você disse que é comprometido, então... - Ela riu alto quando juntou as pistas. - Ah, não, você é comprometido com uma humana? - Ela perguntou, em tom de gozação.
- É melhor você ir embora agora, Reese. Falei sério sobre o meu clã, não queremos ninguém aqui e não queremos confusão. E você está sozinha, então, acho que também não vai querer arrumar problemas...
- Ah, não se preocupe. Estou tentando ficar longe de problemas por alguns séculos, pelo menos. - Ela ergueu os braços como quem se rende. - É só que... é um desperdício. Não se encontram vampiros como você em todo lugar. É uma pena. - Ela lamentou. - Até a próxima, Edward.
Eu apenas acenei com a cabeça.
- E obrigada por me levar pra jantar fora hoje, se o prato principal não fosse tão ruim, teria sido um encontro perfeito. - Ela riu e depois correu por entre as árvores, desaparecendo em poucos segundos.


Emmett's PoV

Eu voltei pra casa ao alvorecer. Entrei direto pela janela do meu quarto para trocar de roupa. Eu tinha tido boas brigas com ursos e o que mais que entrasse na minha frente ontem.
Agora, eu estava mais calmo, e tinha pensado em mil e uma formas de reconquistar a confiança da . Sim, eu estava sendo bipolar. Tudo bem que eu insisti para que ela fosse embora, mas eu sabia que ela não ia. Agora, era diferente!
Eu tinha que colocar meu plano em prática o mais rápido possível. Mas, assim que eu ia passar pela porta da frente, cruzei com o Edward e parei.
- Você está com um cheiro diferente. - Eu reparei.
- Não é nada, encontrei uma vampira desconhecida ontem à noite, mas... - Ele tentou explicar, mas eu não podia deixar passar essa oportunidade de perturbar a vida dele.
- Nossa, Edward, você entrou mesmo nessa de pegador, hein. Que vergonha, Carlisle não te criou pra ser assim, mocinho. - Eu dei uma bronca nele. E ele apenas revirou os olhos e continuou andando como se eu não estivesse ali. Bem, deixa pra lá, tenho que ir a Seattle, vou deixar pra perturbar o Edward mais tarde.
- Vai a Seattle? - Ele perguntou, enxerido como todo leitor de mentes que eu conheço. Se bem que só o conheço.
- Vou, e pára de ler minha mente. Não estou pensando no que vou fazer lá. Estou pensando em... - Comecei a pensar em Teletubbies, crianças batendo em uma pinhata com um bastão. Isso aí, o nome da pinhata é Edward.
Eu ia andando pra garagem, enquanto pensava nas crianças destroçando o Edward-pinhata e assim consegui sair sem que ele se metesse nos meus planos.
Só por garantia, peguei a estrada cantarolando a musiquinha de abertura de Teletubbies, até ter certeza absoluta de que já estava longe o bastante pra ele não me ouvir. Não que fosse estragar tudo se ele soubesse, mas eu arrumo qualquer desculpa pra cantarolar a musiquinha dos Teletubbies mentalmente e perturbar ele.
Acelerei pela estrada no meu jipe e parei quando cheguei ao centro comercial de Seattle. Eu já tinha passado aqui algumas vezes, e podia me lembrar perfeitamente de onde ficava cada loja.
Na verdade eu não sabia se meu plano ia sair como eu queria. Eu não tinha certeza se o que eu queria comprar estava mesmo por aqui, mas, mesmo assim, continuei procurando.
Depois de um tempo rondando as lojas, finalmente achei o que eu queria. Era perfeito, era exatamente o que eu estava procurando.
Pedi para que a atendente embalasse para presente e voltei pro carro, satisfeito.
Agora, eu tinha que pensar na parte dois do meu plano. Eu devia escrever uma carta? Ou isso era brega demais? E se ela realmente não quisesse mais nada de mim?
Não, isso não era possível. Afinal, eu sei que estou velho, mas ainda estou longe de ficar surdo. Eu ouvi perfeitamente quando ela disse que me ama, e eu não vou desistir enquanto ainda tiver certeza disso.
Eu acelerei, e, no fim, decidi que uma frase bastava.
Entrei em casa carregando o pacote. Ainda estava cedo, ninguém tinha acordado.
No caminho pro quarto da , roubei uma caneta no escritório do Carlisle e escrevi no topo do pacote "Desculpe se eu sou um monstro ou sei lá, mas... eu te amo".
Ok, era idiota. Gr, mas agora ia ficar feio se eu apagasse com liquid paper. Boa, Emmett, arrasou.
Certo, de qualquer forma, eu não tinha mesmo nenhuma ideia melhor. Apenas peguei a caneta de novo e escrevi abaixo da primeira frase: "Ah, e desculpe se eu não tenho criatividade também".
Quando terminei, me dirigi ao quarto dela, mas... a porta estava trancada. Ah, fala sério, isso é pra se proteger dos vampiros? Dava vontade de arrombar a porta só pra ela ver o quão boba ela estava sendo.
Deixa, eu não preciso de porta mesmo.
Voltei ao meu quarto e pulei a janela, e rapidamente corri até a janela da e subi em um único salto. Foi um pouso completamente silencioso, ela não mexeu um cílio sequer.
Eu fiquei um tempinho só olhando pro rosto tranquilo dela enquanto ela dormia. E, enquanto olhava pra ela, eu soube, que mesmo sentindo a necessidade de trancar a porta, ela confiava em mim. Confiava em todos nós. Caso contrário, ela não estaria aqui, nesse quarto, nessa casa, dormindo como um anjo. Se ela realmente estivesse com medo, já teria se mandado.
Eu sorri com essa revelação, e deixei o pacote no pé da cama.
Eu ia voltar e sair pela janela, mas hesitei. Eu queria estar aqui quando ela visse. Eu queria ver a reação dela. Será que ia conseguir ver sem que ela notasse minha presença?
Acho que sim, eu podia observá-la pela janela tão discretamente que ela não ia reparar, se não chegasse muito perto.
Então, eu desci pela janela e fiquei no quintal, atento para ouvir quando ela acordasse.

Algumas horas depois, ouvi um movimento. Nossa, ela estava preguiçosa hoje, justo hoje.
Eu a ouvi rolar na cama de novo, e decidi que ela ia mesmo acordar. Então, fui me empoleirar na janela. Eu tinha deixado a cortina estrategicamente posicionada para que eu pudesse vê-la sem que ela pudesse me ver, se não prestasse atenção.
Ela tinha rolado mais uma vez, depois se espreguiçou.
- Acho que dormi demais. Que horas são? - Ela perguntou a si mesma, e depois levantou e começou a tatear, procurando algo. Depois ela encontrou o celular e pareceu checar as horas. - Bem, parece que vou ter que descer e encarar o mundo. - Ela suspirou.
Ela se espreguiçou mais uma vez e se virou, indo para onde ela tinha deixado uma mala pronta, perto do pé da cama. E, então, parou.
- O que é isso? - Ela viu o pacote embrulhado e o pegou rapidamente, sentando-se sobre a cama e colocando-o no colo. - Parece que alguém quer me comprar. - Ela riu baixo, enquanto olhava pro pacote sem abri-lo. Então, ela pareceu reparar que tinha algo escrito. Ela demorou tanto passando os olhos sobre aquilo, que, com certeza, ela devia já ter lido umas dez vezes. - Emmett. - Ela sussurrou, e eu sabia que não tinha me visto aqui, porque agora ela alisava a caixa e os olhos dela se enchiam de lágrimas.
Aí eu lembrei que eu não tinha assinado. Bom, pelo menos, ela sabia que era meu.
Ela, então, fungou, tentando reter as lágrimas, e começou a abrir o embrulho cuidadosamente. Ah, era só papel, ela não podia rasgar que nem uma criança em noite de Natal?
Por fim, ela terminou de desembrulhar, e revelou-se a caixa de sapatos por baixo do embrulho. Ela ficou estática, e aos poucos vi um sorriso involuntário se formar no rosto dela.
- É um Prada? - Ela estava animada agora, puxando a tampa. - OMG, não acredito! É o meu Prada preferido que foi roubado pelo cachorro! Como ele achou um igualzinho?
Depois do surto de alegria, ela suspirou e franziu a testa.
- Droga, ele tá jogando sujo. Me dar sapatos de grife é golpe baixo. - Ela suspirou. - Acho que só o "eu te amo" já bastava. Tá, não sei desde quando eu prefiro "eu te amo" a sapatos de grife, eu devo estar louca. - Ela sorriu de novo. - E ele deve estar ouvindo tudo isso de algum lugar da casa, que maravilha. - Ela disse, ironicamente, constrangida.
Eu já estava satisfeito. Desci da janela tão silenciosamente quanto tinha subido.


Jasper's PoV

Edward tinha me contado sobre a tal vampira Reese, e nós estávamos um pouco preocupados. Ele me garantiu que ela disse a verdade quando falou que estava sozinha, mas, mesmo assim, nunca é bom ter vampiros tradicionais rondando o bosque aqui tão perto de casa. já se perdeu naquele bosque uma vez. Imagina se... mas eu estremeci só de pensar nisso.
A questão era que, enquanto Emmett estava em seu momento de reconciliação com a , eu e Edward estávamos alertas com essa vampira estranha. Simplesmente não dava pra confiar, ainda mais porque ela descobriu a ligação do Edward a humanos, isso podia despertar curiosidade. Vampiros curiosos não são bons.
Até agora, a única humana acordada era , mas eu ouvi claramente movimentos vindos do segundo piso.
Não me importei muito com isso no momento, até que ouvi uma sequência de tosses e me virei na direção do som.
- Jasper... - Ouvi a voz da me chamando do quarto dela, e subi em um segundo.
Eu bati na porta quando cheguei.
- Entra. - Ela autorizou, mas a voz dela estava estranha. Parecia meio rouca.
- Oi, me chamou? - Eu entrei e fui ficar de pé ao lado da cama onde ela ainda estava enfiada debaixo dos cobertores.
- Sim, eu acho... que estou doente. - Ela supôs, sendo interrompida por mais uma sequência de tosse.
- O que você está sentindo? - Eu me ajoelhei para ficar ao nível dela, e segurei a mão dela em uma tentativa de checar a temperatura. Estava mais quente do que o normal, que já era bem quente pra mim. - Está com febre? - Movi a mão para a testa dela.
- Acho que sim, meu corpo todo está meio sensível, isso é sintoma de febre, não é? E eu estou com dor de garganta. - Ela me disse. - Acho que foi por ficar na chuva ontem. Irônico, não é? Escapei do ataque do vampiro, mas não escapei do vírus.
- Sh, fica quietinha. Vou ligar pro Carlisle. - Eu disse, pegando o meu celular no meu bolso. Eu liguei e ele atendeu no segundo toque. - Alô, Carlisle.
- Jasper, algum problema? - Ele já vinha cheio de preocupação.
- Bem, mais ou menos. Acho que está gripada, será que você podia vir dar uma olhada nela? - Eu pedi.
- Hm, pode segurar as pontas um pouco pra mim? A Srª Forbes foi atacada... Jasper, não há marca de mordida, mas os sinais de violência são uma boa indicação de ataque de vampiro. - Ele me disse, e eu fiquei estático.
- Ataque de vampiro? - Perguntei e me arrependi. olhou assutada pra mim. Eu não queria que ela tivesse que se preocupar com mais isso. - Carlisle, quando isso aconteceu?
- Essa manhã, parece. A vítima está inconsciente, então ainda não tive a chance de perguntar o que aconteceu. De qualquer forma, não posso sair do hospital agora, tenho que ficar aqui para, pelo menos, tentar encobrir a história dela. O que você tem que fazer é conseguir alguns remédios para e tentar manter a temperatura dela estável se ela estiver com febre. - Ele me passou brevemente a lista de rémedios que eu devia comprar, e eu os guardei mentalmente.
- Tudo bem, obrigado, Carlisle. - Eu agradeci, e desliguei o telefone.
- O que aconteceu? O que você quis dizer com ataque de vampiro? - me perguntou assim que guardei o celular de volta no bolso.
- Nada, está tudo bem. Carlisle acha que foi, mas as evidências são fracas. Pode ter sido um humano que fez aquilo. - Eu tentei acalmá-la. Reese era o tipo de vampira fria o suficiente para torturar uma mulher até deixá-la inconsciente e não drenar o sangue? Isso não era sede, era maldade. Se Reese fosse má assim, Edward teria percebido, não teria?
- Nossa, isso é horrível. - opinou, e depois tossiu.
- Carlisle me disse pra te comprar uns remédios. Vou ver se mando Emmett ir na farmácia pra mim, ok? - Eu fiz um carinho rápido no cabelo bagunçado dela, e ela assentiu com a cabeça.
Eu saí do quarto da e fui para o escritório de Carlisle. Chamei os meus irmãos em um tom de voz que um humano usaria se eles estivessem aqui agora.
Logo Emmett e Edward entraram no quarto.
- Eu ouvi a conversa na sua mente. - Edward foi dizendo. - Acha que Reese não foi embora? Acha que ela fez aquilo?
- Acho que sim, Edward, ela é a única vampira além de nós que está em Forks. - Eu disse. Emmett já havia pegado o suficiente da história.
- A única que nós saibamos. - Ele lembrou. - Mas de qualquer forma, tem um vampiro que tortura as pessoas sem motivo perambulando pela cidade, e isso eu acho que não dá pra permitir.
- Sim, Emmett tem razão. - Edward concordou. - A Srª Forbes poderia ser a , ou a , ou a . Não podemos deixá-las correrem esse risco.
- Certo. - Concordei. - Edward, você esteve com a Reese, conhece o cheiro dela. Vá e tente pegar o rastro e ver onde ela está agora. Emmett... preciso que vá na farmácia pra mim. - Pedi.
- O que? - Ele questionou, indignado. - Edward fica com a parte do agente secreto e você me manda ir na farmácia? WTF? - Ele reclamou. - Também quero procurar os vampiros intrusos e ensinar uma lição pra eles.
- Ai, Emmett, paciência. Edward vai porque ele conhece o cheiro melhor. Eu vou ficar aqui, porque alguém tem que ficar pra proteger a casa, e porque a está doente. Você vai lá porque preciso dos remédios. Pronto, agora, anda. - Eu o empurrei pra porta e disse os nomes dos remédios que ele devia comprar. Ele saiu resmungando. Edward também saiu logo em seguida.
Eu fui até a cozinha e preparei um café-da-manhã rápido, e depois levei para a no quarto. Ela parecia mesmo mal. E, pra piorar, tínhamos um vampiro à solta.


's PoV


Eu levantei cheia de energia naquela manhã, não sei por que. Fiz minha higiene matinal e desci para o café. Eu me surpreendi ao encontrar a sala vazia.
- Tem alguém em casa? - Gritei para o nada.
Então, Jasper apareceu na minha frente com uma bandeja vazia.
- Ah, bom dia, . - Ele me saudou.
- Bom dia, Jazz. Onde está todo mundo?
- Hm, está de bobeira no quarto, ela está acordada. está no quarto também, ela não está se sentindo bem. Acho que pegou uma gripe por causa da chuva de ontem. Edward e Emmett saíram.
- Aonde eles foram? - Perguntei.
- Farmácia. Comprar remédios pra . - Ele me disse. – Agora, eu tenho que subir. Vou pegar mais um cobertor pra ela. - Ele sorriu pra mim e desapareceu.
Era estranho agora que eles não se preocupavam mais em usar a fachada humana na nossa presença. Eles ficam aparecendo do nada, respondendo pensamentos, te ouvindo do outro lado da casa quando você está sussurrando... Estranho.
Bem, pelo menos, era bom que ele estivesse cuidando bem da . Era até fofo.
Mas... eu ainda tinha minhas próprias coisas pra me preocupar. Eu não sei até quando ia o prazo que o Edward me deu, só sei que eu não aguentaria muito tempo sem poder tocar nele. Se eu tinha que tomar uma decisão, eu tinha que tomar agora. Mas eu precisava de ajuda... acho que preciso de uma segunda opinião.
Mas quem pode me ajudar agora? O Chapolin Colorado! Não, o Jacob! É isso, ele nos avisou sobre o perigo, ele devia saber! Talvez ele me diga coisas que os Cullen não nos disseram, coisas que não devíamos saber e que talvez sejam importantes. É isso, Jacob devia saber de tudo.


Edward's PoV

Eu corri a floresta inteira em busca do rastro, e o segui depois que achei, mas ele terminava na estrada. Ela tinha pegado um carro.
Eu pestanejei e continuei correndo entre a floresta e a estrada, mas tive que parar quando a cidade começou a invadir o bosque e os bairros residenciais começavam. Eu não podia ser visto correndo aqui. Agora, achar Reese era como procurar uma agulha no palheiro.
Voltei para casa, frustrado, e logo de cara percebi algo errado. Jasper desceu as escadas em um borrão e tombou comigo.
- A saiu. - Ele me disse.
- O quê? Você não estava tomando conta delas?! - Eu gritei, já perdendo o controle. Emmett já tinha voltado da farmácia e meus gritos chamaram a atenção de .
- Eu sei, mas não achei que ela fosse dar a louca e sair, do nada, sem avisar. Desculpe, não prestei atenção. Ela pegou seu carro. - Ele me informou.
Mas o que deu nessa garota agora, pra pegar meu carro sem me pedir? Tá, isso é o que menos importa. Não gostei dessa história de ela andando sozinha por aí com um vampiro não-identificado rondando a cidade.
- O quê? O que está acontecendo? - perguntava, freneticamente, mas ninguém parecia dar atenção a ela.
- Vamos, temos que trazê-la de volta. - Eu disse o óbvio, já me preparando para sair, quando o telefone da começou a tocar.
- Espera, Edward. - Ela disse, antes de atender. - É a . - Ela informou e depois atendeu. - Alô?
Eu comecei a ler o diálogo na mente dela.
"Er... é a ?" - Uma voz que não era a da perguntou.
- Sim, quem está falando? Você está com o celular da ?
"Você é amiga dela? Você está aqui em Forks agora?" - A pessoa perguntou, parecendo meio desesperado. Eu estava ficando louco parado aqui só ouvindo.
- Estou, estou aqui! O que aconteceu? Quem é você?
"Graças a Deus! Escuta, ela foi atropelada." - O homem informou e eu prendi a respiração. Tomei o celular da mão da em meio piscar de olhos.
- O quê? Onde? Onde ela está? Ligue pro hospital e peça pra falar com Carlisle Cullen! Diga a ele o que aconteceu e o nome dela. O nome dela é ! Faça isso agora! - Eu ordenei, quase começando a rosnar.
- Er, estamos na 101, quase na altura de La Push. - O homem dizia, uma pilha de nervos. - Venham para cá! Vou chamar uma ambulância, e...
- Não, fale com Carlisle Cullen e ele vai fazer o que for necessário! - Eu dizia desesperadamente, e depois desliguei.
- 101, altura de La Push, dá pra ir correndo. É floresta no acostamento. - Emmett me lembrou. Eu já estava me lançando porta afora o mais rápido que conseguia. E isso era muito rápido.
Senti Emmett correndo alguns metros atrás de mim, mas não diminuí o ritmo. No meio da corrida, meu celular tocou. Sim, eu já tinha comprado um novo.
- Alô? Carlisle? - Eu não tinha me dado o trabalho de olhar no identificador, mas sabia que era ele.
- Edward, estou indo. - Ele me avisou. - Fica calmo, vai ficar tudo bem.
- Tá, tchau. - Eu desliguei. Não tinha tempo pra conversas tranquilizadoras agora.
Eu estava chegando perto de La Push, então, comecei a ir pra mais perto da pista, até que avistei meu carro no acostamento. E, quando cheguei mais perto, eu a vi.
- ! - Eu gritei o nome dela e prendi a respiração. Tinha muito sangue ali, e ela estava desmaiada. Isso não era bom.
Com sangue ou não, caí de joelhos ao lado do corpo dela e segurei o pulso. Não precisava, eu podia ouvir o coração dela batendo, mas parecia que verificar o pulso era um procedimento crucial.
- Meu Deus! - Ouvi a voz da embargada pelo choro, e me virei, surpreso. Não tinha percebido que Emmett a tinha trazido, mas isso não era importante agora.
- Carlisle, corre! - Eu gritei a plenos pulmões, esperando que ele pudesse ouvir mesmo que estivesse na China e desse um jeito de aparecer aqui agora!
Por sorte, ele apareceu mesmo naquele exato momento.
- Estou aqui. - Ele informou, e eu dei espaço para ele analisar o corpo. - Bom, tem pulsação. Mas... Edward, é muito sangue que está aqui no chão. Está ouvindo, o coração está muito fraco...
- Não! - gritou dramaticamente. - Não, não, vocês têm que fazer alguma coisa! Têm que ajudá-la! - Ela ordenava. Eu não tirava meus olhos do rosto de , mas sabia que Emmett estava segurando no lugar.
- Carlisle, o que fazemos? - Pedi pela opinião de médico dele.
- O coração vai parar a qualquer momento, muito sangue foi perdido. - Ele informou.
- Não! - Eu e gritamos ao mesmo tempo.
- Edward, faz alguma coisa, use seus super poderes! - implorava. Ai, ela não podia ficar quieta um pouco? Estou tentando pensar na decisão mais importante da minha vida.
- Edward, ou a deixamos morrer, ou então...
- Faça o procedimento, Carlisle. Ainda não estou pronto para perdê-la. - Eu cedi, e virei o rosto quando Carlisle se inclinou para o corpo dela estirado no chão.
- O que ele está fazendo? Emmett, ele... - estava desesperada e preocupada que numa hora dessas eu tivesse mandado meu pai sugar o sangue da .
- Fica calma, ele não vai matá-la. Ele vai salvá-la. - Emmett a informou, e ela pareceu se acalmar. - Ela vai ficar ótima.
Eu não sabia se ser transformada em um monstro imortal contra a vontade dela era equivalente a "ótimo", mas ia deixar pra me arrepender depois, quando ela quisesse me matar.
Ouvi o corpo da sofrer um espasmo quando o veneno começou a circular pelo corpo dela. O coração estava fraco, então, ia demorar para bombear para o corpo todo.
- Hm... Edward, isso não é meio estranho? Só tem ela aqui. O cara que a atropelou deve ser o que ligou pra avisar, e depois deve ter se mandado. - Emmett começou a dizer. – E, repara, ela encostou no acostamento, e saiu do carro... pra ficar andando no meio da estrada? - Ele tentava pensar em um explicação para isso.
- Vamos esperar que ela nos diga o que aconteceu quando ela acordar. - Disse.

Capítulo 11 - Tudo começa com uma escolha.

's PoV

Eu estava confusa. Tinha ouvido Edward gritando com raiva lá embaixo. O que será que estava acontecendo?
Fiz um esforço para levantar da cama. Minha cabeça latejava e as paredes tinham ângulos estranhos. Quando cheguei ao corredor, senti minha vista escurecer, agarrei-me à parede e lutei para me manter de pé. Mas aí a gritaria lá embaixo já tinha cessado.
- ! - Ouvi a voz de Jasper e logo após senti as mãos dele na minha cintura. Então, me soltei da parede e caí em seus braços. Minha cabeça implorava para que eu me deitasse.
- O que está fazendo? Por que não ficou na cama?
Eu não respondi. Em poucos segundos, senti um braço dele passar por baixo dos meus joelhos e o outro em volta dos meus ombros; ele me ergueu em seu colo. Em um instante incrivelmente curto, eu estava de volta à cama macia e minha visão retornou ao normal.
- Desculpe, só queria ver o que estava acontecendo. - Eu expliquei, e ele ficou sério. - Qual o problema?
- Nenhum. Não se preocupe. – Jasper me tranqüilizou. Logo percebi que estava segurando um copo de água em uma mão e me oferecia uma cápsula verde e azul na outra.
- Você precisa tomar isso.
Eu assenti e ergui um pouco a cabeça para tomar o remédio. Estava bastante cansada, embora estivesse deitada o tempo todo.
Quando dei por mim de novo, havia dormido. Abri os olhos e percebi que me sentia bem melhor. Estava com calor, o que indicava que a febre tinha passado.
- Ei, você acordou. - Era a me trazendo mais um remédio. Desta vez era um comprimido branco.
- Como está se sentindo? - Ela perguntou, enquanto eu engolia o comprimido.
- Bem melhor. - Respondi.
Naquele momento, ouvi um grito que parecia de tortura. A voz era da , mesmo distorcida pela dor que ela parecia estar sentindo.
- O que foi isso?! – Perguntei, sobressaltada.
- Hm... bem... é a . - Ela se enrolou um pouco para explicar. Outro grito se fez ouvir.
- Ela precisa de ajuda? , o que está acontecendo? - Eu estava desesperada.
- Jasper me pediu pra ficar quieta até que você acordasse, para que eles possam explicar pra gente o que vai acontecer agora. - Ela disse, e eu fiquei ainda mais confusa.
Então, a porta se abriu, e enquanto Emmett e Jasper entravam, pude ouvir mais claramente os gritos da . Mas rapidamente a porta foi fechada novamente e os gritos foram abafados.
- Jasper, o que está acontecendo? A está bem? - Fui perguntando.
- , a foi mordida. - Ele me revelou e eu tentei absorver o significado daquilo. Ela não foi morta, porque eu podia ouvi-la gritando que nem uma condenada.
- E... O que isso quer dizer? - Perguntei. Jasper ponderou por um momento, antes de responder.
- Ela está se transformando. - Ele respondeu.
- Em... vampira? - Perguntei, que nem uma idiota.
- Não... , ela está se transformando na Lady Gaga. - disse, sarcasticamente.
- Mas... quem fez uma coisa dessas? - Eu perguntei. Não conseguia assimilar aquilo. Era a ! Ela mal era capaz de matar uma mosca, imagina ser uma vampira!
- Carlisle fez. - Ele explicou. - Foi necessário, , ela foi atropelada e estava prestes a morrer. Esse era o único jeito de salvá-la.
- Ele tem razão, . Eu estava lá, foi horrível! Eu mesma pedi pra que fizessem isso. - me disse. Eu arregalei os olhos pra ela.
- Você, ? Achei que odiasse vampiros.
- Bem, mudei de idéia. - Ela piscou para o Emmett, e ele lançou um sorriso lindo para ela. - De qualquer forma, você preferiria que ela morresse?
- Claro que não! Estou feliz por ela estar bem. - Como que para me contradizer, outro grito alto ecoou. - Er... ela não parece bem.
- A transformação provoca muita dor, mas ela vai ficar bem. - Jasper explicou.
- Ótimo, esperei a acordar como vocês pediram. Agora, posso ver a ? - perguntou ao Jasper e ao Emmett.
- Ah, eu também quero vê-la. - Pedi.
Emmett e Jasper se entreolharam.
- Ok, escutem. Não poderão vê-la. - Emmett disse.
- Temos que esperar a transformação concluir? - Perguntei.
- Na verdade, não vão poder vê-la por... algum tempo. - Jasper disse. Eu e estávamos confusas. - Olhem, a em breve se tornará o que chamamos de vampira recém-criada. Isso significa que ela não terá muito auto-controle. Pensem nisso, vocês, humanas cheias de sangue apetitoso perto da , a vampira descontrolada.
- Quer dizer que... Se chegarmos perto, ela vai nos machucar? - questionou, apavorada.
- Sim, portanto vão ter que manter distância até que ela desenvolva auto-controle. - Emmett impôs. Isso ainda era difícil de acreditar. Eu corria perigo nas mãos da ? Da ? Sério?
- E quanto tempo isso vai levar? - Perguntei.
- Cada caso é um caso, mas... Alguns anos devem bastar. - Jasper respondeu.
- Anos?! - gritou, e eu engasguei com a própria saliva.
- Vamos ter que ficar sem ver a por anos? - Perguntei, entre as tosses.
- Bem, no mínimo um ano. O primeiro ano é sempre o mais difícil, principalmente quando nós nos privamos do sangue humano. Isso exige muito mais controle para ficar perto de humanos.
- Isso é absurdo! Não podem esperar que fiquemos um ano inteiro sem ver nossa melhor amiga! - Protestei. Desde que fomos morar juntas, não ficamos nem um dia inteiro sem ver a outra.
- Tem mais uma coisa que precisam saber sobre recém-criados. Eles são mais fortes que um vampiro mais velho. será mais forte até mesmo que o Emmett. - Jasper explicou.
Eu tomei fôlego. Caramba, a ia ficar mesmo medonha. Será que, com tudo isso, ela continuaria sendo nossa amiga de sempre?
- Mas não precisam se preocupar muito com isso. - Disse Emmett. - Vocês ainda poderão se falar por telefone, ou por webcam...
- Que legal, ganhamos uma amiga virtual. - comentou, com sarcasmo.

's PoV

- Por favor! Acaba com isso, eu imploro! - Eu pedia, desesperada, pela milésima vez. Edward apenas acariciava o meu cabelo, mas eu não sentia o carinho, eu só sentia dor. Dor e mais dor.
- Faz parte da transformação, . Paciência. - Carlisle disse.
Eu não me importava com qual era o propósito daquilo, não me importava com nada disso, só me importava com a dor e tudo que eu queria era morrer e acabar com isso. Agora!
- Por favor! Não agüento mais nem um segundo!
- Agüenta sim, meu amor. - A voz de Edward me disse com doçura, mas as palavras dele nada significavam para mim.
É amor quando uma pessoa te deixa agonizando de dor? Ele me enganou, eu caí nessa e agora estava pagando com minha vida. Devia estar triste por saber que ele não me ama, que ele só queria me machucar; mas nessa situação não tinha lugar pra sentir dor por coração partido, só tinha a dor da queimação. Edward só estava ali, me assistindo queimar. Talvez essa seja a diversão dos vampiros.
Enquanto pensava nisso tudo, não parei de gritar por um segundo sequer. Será que eles eram assim tão desalmados? Eles não sabiam como era ser queimado vivo? E se eu estava queimando pelo que parecia uma eternidade, então por que eu não morria? Quanta dor eu ainda teria que suportar antes de finalmente chegar ao inferno? Ou será que esse era o inferno? Edward, esse demônio com rosto de anjo parado ao meu lado... Ele não parecia estar se divertindo com a minha dor, parecia estar sofrendo. Mas isso não era possível! Se ele estivesse sofrendo, faria alguma coisa pra me ajudar - ao invés de ficar parado observando. Ele teria compaixão e me mataria.
- Parece que está acabando... - A voz de Carlisle disse.
Estava acabando? Eu ia finalmente morrer? Mal podia esperar.
Com um alívio imenso, senti a dor se esvair lentamente do meu coração. Então, descobri que finalmente podia me mover.
Eu podia me mover? Por quê? Eu não morri?
- Você não morreu, amor. Você renasceu. - Edward explicou, e eu o fitei sem entender.
- O que quer dizer? - Perguntei confusa. A minha voz não parecia mais familiar.
- Você é uma vampira, . Acredita em mim? - Ele pegou a minha mão e eu me surpreendi com o toque dele. Era macio e morno, pela primeira vez desde sempre.
Minha garganta ardia e meus olhos enxergavam tão nitidamente; minha voz estava tão diferente...
- Acho... que sim. - Respondi, tentando absorver aquilo.
Eu era vampira? Por quê? Como?
- Eu sinto muito, . - Edward se desculpou com a voz sofrida, e depois me abraçou. Eu continuei parada, sem reação. - Por favor, não me odeie por ter feito isso.
Agora que a dor tinha passado, não conseguia ficar com raiva dele. Afinal, eu o amava e se ele me transformou em vampira, deve ser porque ele quer ficar comigo para sempre. Tudo bem que eu queria que ao menos tivéssemos conversado sobre o assunto antes de ele tomar a liberdade de me transformar, mas agora não tinha nada que pudéssemos fazer. Tinha como voltar atrás?
- Não tem como voltar. - Ele respondeu minha pergunta pensada. - E você não se lembra porque tive que fazer isso? Não se lembra do acidente? Não havia tempo pra conversar sobre o assunto, .
Eu o encarei confusa.
Acidente?
- Você pegou meu carro... Foi até La Push... Lembra disso?
- Seu carro... - Eu me lembrava do lindo Volvo prata brilhante. - Sim, eu queria ir à La Push, e falar com o Jake.
- Sim! - Ele exclamou, parecendo animado por eu estar lembrando. - E o que aconteceu? Você lembra disso?
Eu tremi ao me lembrar.
- Se eu repassar o que aconteceu na minha mente, você pode ver?
- Sim, posso assistir a história como se fosse um filme. - Ele sorriu e colocou uma mecha do meu cabelo atrás da minha orelha esquerda.
- Certo. Então, vou te mostrar o que aconteceu.

[FLASHBACK]
Eu dirigia o carro de Edward com extrema facilidade, mas me sentindo bastante culpada por ter pego o carro emprestado sem pedir a permissão dele. Eu não costumava fazer esse tipo de coisa, mas eu tinha que falar com Jacob em particular, e os vampiros não podiam saber disso.
"Vire a esquerda, depois siga reto" - A voz no GPS indicou. Eu fiz o que ela mandou.
Quando estava seguindo reto na estrada e o GPS mostrava que eu já estava chegando à La Push, uma coisa apareceu bem na minha frente do nada. Eu freei o mais rápido que meus reflexos permitiram, mas a figura na minha frente caiu no chão. Não senti o impacto de uma batida, mas fiquei morrendo de medo de ter atingido alguém. Destravei a porta e o cinto de segurança e saí correndo do carro o mais rápido que pude.
Eu me apoiei no capô quando vi uma garota loira linda estirada no asfalto.
- Ah, meu Deus! Você está bem? - Eu me abaixei e toquei de leve o braço dela. No momento que meus dedos encostaram em sua pele, a mão dela se moveu a uma velocidade incrível e segurou meu braço. Eu gritei.
- Eu sabia... é o cheio certo. - Ela sussurrou e sorriu. Depois se levantou em uma posição meio sentada e me encarou dos pés a cabeça. Eu tremi quando vi os olhos dela. Eram de um tom vermelho vivo.
- V-v-você n-não é humana. - Eu gaguejei e tentei me soltar da mão dela, mas ela era forte demais.
- Não sou. E você também não é lá grande coisa. Pergunto-me o que o Edward viu em você. - Ela falou, com deboche. Então, esqueci que ela era algo sobrenatural e franzi a testa para ela. Não gostei do jeito que ela falou o nome dele, como se estivesse acariciando a palavra.
- Você conhece o Edward? - Perguntei com indignação.
- Ah, sim, conheço o Edward. O conheci ontem à noite, um cavalheiro. Divertimo-nos muito, ele até me levou para jantar. - Ela sorriu, convencidamente. Senti uma pontada no peito com as palavras dela.
- Não acredito em você. - Eu disse secamente, e tentei mais uma vez me soltar dela. - E me larga, sua louca!
- Insultando uma vampira que já não tem muitos motivos pra gostar de você? Não é muito inteligente. Acho que se alguém aqui é louca, é você. - Ela disse, e por algum motivo, senti um tom de ameaça nas palavras dela.
- Nada do que fizer contra mim vai fazer o Edward gostar de você. - Eu argumentei com a voz fraca, porque percebi que ela estava interessada nele e talvez por isso tenha vindo atrás de mim.
- É, talvez. Mas não quero o Edward, ele me insultou profundamente. Agora, por culpa dele, estou com a auto-estima baixa. Matar você vai ajudar a me fazer sentir melhor. - Ela me lançou um sorriso sinistro.
Eu levei a sério as palavras dela, e agora estava realmente com medo. Dei dois passos cambaleantes para trás quando ela finalmente soltou meu braço.
- Por favor... Não. - Eu pedi em um sussurro, sabendo que não ia adiantar se ela realmente quisesse me machucar.
- Pode implorar à vontade. - Ela avançou para mim e eu tentei me afastar de novo. Eu devia tentar correr? Devia tentar entrar no carro e me mandar dali?
Então, ouvi um carro se aproximando e pensei em pedir ajuda. Isso ajudaria em algo ou só mataria outro inocente?
Mas quando o carro se aproximou o suficiente, senti a mão da vampira me empurrar com força no meio da rua. A dor do impacto foi tão forte que desmaiei na hora.
[/FLASHBACK]

- Reese. - Edward rosnou o nome dela quando minhas lembranças terminaram.

's PoV

- Ela já acordou. - Ouvi a voz de Emmett nos meus sonhos.
- Ãnh? - Perguntei com um resmungo, querendo saber do que ele estava falando.
- , oi? Você tá me ouvindo? - Ele perguntou e senti alguma coisa pousar no meu rosto. Movi a mão para tirá-la dali, estava atrapalhando o meu sonho. - , acorda!
De repente, abri meus olhos e me vi em um lugar totalmente diferente de onde eu estava antes. Eu estava no meu quarto na casa dos Cullen. Então, todo o meu sonho de ter comprado o shopping todo só pra mim não foi real? Droga, de novo!
- Emm! Que susto! - Eu reclamei, esfregando os olhos com as mãos.
- Desculpe, só te acordei porque você pediu pra te avisar quando a transformação da terminasse... e terminou. Ela é uma vampira completa, agora. - Ele deu um meio sorriso ao dizer isso, sem saber se era uma boa notícia ou não.
- Ah, quero falar com ela! - Eu saí pulando da cama.
- Espera um pouco. - Ele me segurou na cama. - Edward vai levá-la pra caçar, e você também devia tomar o café-da-manhã. Estou te esperando lá embaixo. - Ele sorriu abertamente pra mim e saiu pela porta.
Eu me aprontei para descer, tentando não pensar muito no que a estava tendo pro café-da-manhã... Um bicho bem feroz, feio, grande e malvado? Ou um coelhinho fofinho? Não, não pense nisso, !
Após o café-da-manhã com a , fiquei entediada e acabei na sala, assistindo Two and a Half Men na TV. Emmett se sentou ao meu lado e nós dois ficamos assistindo, apenas rompendo o silêncio para rir de alguma piada feita no seriado.
Jasper tinha saído com a para exibir todas as habilidades vampíricas dele. E eu ainda não tinha conversado com Emmett sobre nada, embora ele deva ter percebido que eu meio que o perdoei por ser o que ele é - já que eu estava falando com ele de novo e tudo mais. Mesmo assim, eu sentia que ele estava esperando que eu tocasse no assunto, que eu dissesse que está tudo bem entre nós. Estava tudo bem entre nós? Por que não? Eu não estava mais com medo, talvez um pouco insegura pelo que aconteceu com a e pelo que pode acontecer comigo se eu continuar com essa história, mas agora eu confiava nele e sabia que ele jamais deixaria alguma coisa ruim me acontecer. Ok, é claro que o sapato Prada que eu ganhei também ajudou bastante, mas não vamos falar de futilidades...
Porém, quando tomei a decisão de falar tudo isso para ele, percebi que não sabia como dizer. Seria algo tipo: "Tudo bem você ser um vampiro, eu te amo mesmo assim"? Isso não ficava bem de se dizer do nada, e eu não sabia como começar o assunto. Então, decidi que não precisava dizer nada, apenas deitei minha cabeça sobre o ombro dele e o abracei o mais forte que podia. Ele retribuiu o abraço sem questionar nada. Eu levantei a cabeça e olhei fundo nos olhos dourados dele, esperando que ele pudesse ver ali dentro dos meus olhos tudo que eu não conseguia dizer, e em seguida, encostei suavemente meus lábios nos dele. Mas no momento em que me preparava para aprofundar aquele beijo, meu celular começou a tocar.
Eu o soltei e procurei meu celular nos bolsos desajeitadamente, depois chequei o identificador de chamadas.
- ! - Eu disse, com a voz estridente demais.
- ! - Ela também estava com a voz animada. Mas a voz dela estava extremamente diferente.
- Emmett me disse que terminou... Você é uma vampira agora, parabéns! - Eu disse, sem saber muito bem o que comentar sobre isso.
- Pois é, eu achava que ia ser meio estranho... mas me sinto ótima. - Eu a imaginei sorrindo do outro lado da linha enquanto dizia isso. - A não está aí?
- Hm, não, ela foi brincar com o Jasper lá fora... Mas ela também estava louca pra falar com você. - Eu a informei. - E você tem que me contar tudo. Como está sendo? Sua voz está muito diferente.
- Não só minha voz. Você não vai acreditar em como estou gata. - Ela riu, e eu ouvi vagamente a voz do Edward no fundo dizendo que ela sempre foi. - É uma pena que você não esteja vendo... - A voz dela estava triste agora.
- Como vamos fazer isso, ? Um ano sem se ver é tipo... muito tempo. É insano sentir falta de alguém que está morando em um quarto no segundo andar da casa.
- É, Edward me disse que é perigoso eu ver vocês agora. Mas vamos dar um jeito. - Ela fez uma pausa. - Mas talvez não seja uma boa idéia arriscar. Eu estou tão forte agora que consigo fazer o Edward dizer "ai". Quer ouvir ele dizendo ai? É tão bonitinho.
- Não, não estou a fim de ouvir vocês fazendo uma sessão de sado-masoquismo, obrigada. - Eu brinquei, e nós duas rimos.
- Edward está me ensinando a exercitar o meu controle...
- Isso tudo é tensão sexual mesmo? - Eu a interrompi, pasma.
- Não, idiota! - Ela foi delicada como sempre. - O meu controle em relação ao sangue, duh. E ele disse que se eu me esforçar bastante, vou poder ver vocês mais cedo.
- Então, vamos esperar que seja bem cedo. - Eu sorri com a ideia. – Er... , vocês têm alguma notícia do que aconteceu com a vampira que te "matou"?
- Ainda não. Edward acha que ela levou o aviso dele a sério e fugiu da cidade. Mas ele disse que vamos ficar atentos pra que ela não machuque mais ninguém. Eu estou louca pra ter uma vingancinha com ela, de igual para igual agora.
- Certo... - Eu disse, meio insegura. O tom vingativo da realmente me assustou. - Vamos esperar que ela tenha ido embora.
- Você quer que ela continue viva depois do que ela fez comigo?! - Ela esbravejou. Eu me encolhi no sofá e Emmett colocou as duas mãos nos meus ombros. Ouvi Edward a acalmando do outro lado da linha.
- Calma, ! Eu não quis dizer isso... O que ela fez foi muito errado, mas... não acho que você devia guardar rancor. Afinal, você é uma vampira diva e imortal agora - graças a ela. - Eu tentei atenuar a situação.
- Você acha isso legal? Eu passei por uma dor do caramba pra terminar a transformação, e agora não posso nem ver minhas melhores amigas! - Ela ainda estava alterada, mas mais calma do que antes. - Ah, sem contar que a vadia deu em cima do meu namorado!
- Eu... eu sinto muito. - Sussurrei, sem saber mais o que dizer.
pareceu respirar fundo do outro lado da linha.
- Não, tudo bem. É só que minhas emoções estão meio bagunçadas agora, Edward disse que é assim mesmo. - Ela riu de leve. - , vou desligar agora. Eu ligo de novo mais tarde, quando a voltar.
- Tudo bem, tchau.
- Até mais. - Ela se despediu e depois desligou.

's PoV

Jasper e eu estávamos em um dos lugares mais lindos que eu já tinha visto. Estávamos sei lá quantos quilômetros floresta adentro, e tínhamos chegado aqui super rápido, graças ao Jasper. O capim era alto, mas havia árvores de copas enormes ao nosso redor pra nos proteger do... tempo nublado? Mas a melhor parte era um lago vasto que se estendia completamente plano e tranqüilo em nossa frente. Mas não era a paisagem que tornava o lugar lindo, e sim o homem que eu tinha ao meu lado.
- Então, qual é o plano? - Jasper perguntou do nada quando terminou de me beijar pela trecentésima vez só hoje. Ele já parecia bem acostumado com o cheiro do meu sangue.
- Que plano? - Eu questionei com a voz fraca, ainda sob efeito do beijo.
- Sobre a sua vida... Sobre suas amigas, seu país, sua casa, sua família... tudo. - Ele explicou, me olhando seriamente.
- Sei lá, quem se importa com isso? - Eu sorri, mas ele continuava com a mesma expressão.
- Isso é sério, . - Ele me repreendeu. - Quanto tempo acha que pode ficar aqui sem se preocupar com nada?
- Por quê? Está me expulsando? - Eu brinquei, mas com medo que ele estivesse falando sério.
- Claro que não, pode ficar o tempo que quiser. Só que você está aqui pra passar as férias, o que vai fazer quando esse período acabar? - Ele acariciou o meu cabelo suavemente.
- Bem, ainda não pensei nisso. - Eu respondi, franzindo a testa ao pensar no assunto.
Quando eu estava aqui com o Jasper, nesse lugar, o Brasil parecia tão distante; como se fosse outro planeta. A faculdade, o Rio de Janeiro, família pareciam coisas completamente estranhas.
- Talvez aqui seja meu lugar. - Eu dei de ombros. Jasper apenas ficou me encarando. - Mas ainda é cedo pra dizer. E, além do mais, agora que a é vampira, ela deve ficar aqui com o Edward. E eu e vamos ficar com ela... e com vocês.
- Talvez isso seja o que você acha. Elas podem não concordar com você. - Ele me lembrou.
- Eu as conheço melhor do que você pensa. - Eu beijei a ponta do nariz dele e me afastei, sorrindo. Então, ele puxou o meu queixo para o rosto dele e me beijou. Mais uma vez.
- Eu te amo. - Ele sussurrou por baixo dos meus lábios.
A próxima coisa que eu sabia é que estávamos os dois deitados sobre a grama. Estava tudo muito bom, até que Jasper ficou de pé em um daqueles movimentos super rápidos que ele anda fazendo agora.
- O que foi? - Perguntei, frustrada.
- Tem alguém aqui. - Ele não respondeu olhando pra mim. Tinha os olhos fixos na floresta atrás de mim.
- Alguém, tipo...
- Um vampiro. - Ele rosnou ao dizer a palavra, e eu imediatamente levantei e corri pra trás dele.
- O que você vai fazer? - Perguntei com um tom de voz baixo. Em parte por nervosismo e em parte pra não sobressaltar o vampiro que estava por aqui.
- Vamos esperar que ele não incomode. De qualquer forma, é melhor voltarmos pra casa. - Ele pegou minha mão ao dizer isso. - Reese! Se for você, não tenho tempo pra brincadeiras! - Ele exclamou para o nada.
Fez-se silêncio por um momento, mas eu tinha a impressão que meus ouvidos perdiam muita coisa. Então, Jasper me levantou no colo.
- Vamos voltar. - Ele explicou e começou a correr de volta para a mansão. Chegamos lá ainda mais rápido do que chegamos ao ponto onde estávamos antes.
Ele me colocou no chão na varanda da casa e abriu a porta pra mim.
- Emmett, Edward, Reese apareceu. - Jasper falou como se tivesse alguém na sala.
Mais silêncio. Era irritante, eu sabia que eles estavam conversando, só que cada um de um canto da casa e eu não conseguia ouvir nada.
- Não, estamos bem. Ela fugiu quando eu a desafiei a se mostrar. - Ele respondeu a uma pergunta que não ouvi.
Pausa.
- Claro que não fui atrás dela! Eu estava sozinho com a , Edward. - Ele revirou os olhos ao dizer isso. Houve mais um tempo para uma resposta. - Se quiser, pode tentar pegar o rastro. Mas acho que ela já está longe.
Eu percebi que o diálogo tinha acabado quando ele se virou pra mim com um sorriso fraco.
- Emmett disse que a quer te ver. Eles estão lá em cima, no quarto dela. - Jasper me informou.
- Vamos lá. - Eu peguei a mão dele e subimos as escadas até o quarto da .

's PoV

Edward teve que se esforçar pra me segurar no lugar para que eu não pulasse aquela janela e fosse atrás daquela Reese quando Jasper disse que ela estava por aqui. Agora que eu era vampira, eu perdia o controle das minhas emoções com muita freqüência, e Edward me dizia que esse era o problema dos recém-criados. Eu não via a hora de poder ser considerada uma vampira madura.
Achava que tudo isso ia ser estranho, mas na verdade eu até que gostava. Podia ouvir o que todo mundo estava fazendo em qualquer canto da casa, até mesmo na estrada lá fora. Claro que com a e o Emmett bem aqui no quarto do lado a super-audição podia se tornar uma maldição - mas pelo visto não agora. tinha chegado e agora todas nós podíamos conversar.
Eu tinha pego o notebook do Edward e estava sentada na cama dele com o aparelho no colo. Sim, depois da transformação, se Edward ia ter que ser minha babá 24 horas por dia, achamos melhor eu me mudar pro quarto dele: é maior e mais longe dos quartos da e da . Eu ri comigo mesma ao pensar que isso parecia um estágio inicial de casamento.
Edward riu com esse pensamento, para o meu total constrangimento.
Enfim, liguei o notebook e me conectei no usual serviço de mensagens instantâneas. Como combinado, o IM da estava online. Eu abri uma janela de conversa e enviei um convite de conversa por vídeo.
Logo a janela mostrava a imagem de uma e uma sorridentes.
- Oi, gente! - Eu sorri pra elas também. Era bom poder vê-las depois de três dias de transformação e isolamento total.
- ? - e disseram ao mesmo tempo, e só aí lembrei que elas ainda não tinham visto como eu fiquei depois da transformação.
- Er... eu mesma.
- Uau, acho que centenas de clínicas de estética lucrariam muito com essa tecnologia exclusiva de vampirização. - comentou, rindo.
- Pois é, não é eficiente? Mas chega de falar disso, a gente tem que conversar sobre uns assuntos mais sérios. - Eu as lembrei.
- Ah, você também querendo que a gente decida agora o futuro da nação? - reclamou.
- Não, . A tem razão. Já viu que dia é hoje? Logo o semestre na faculdade vai recomeçar e as nossas passagens de volta já estão compradíssimas, se não se recordam. - lembrou. - E não venham falar comigo de desperdício de dinheiro, eu disse que só queria as passadas de vinda pros USA, vocês encheram o saco falando que a gente tinha que comprar as de volta também.
- O que isso quer dizer, ? Que você já decidiu ficar? - Perguntei.
- Bem, o que você acha? Querida, estou nos Estados Unidos, oi! Por que razão eu iria querer voltar pro Brasil?
- Eu não falei, Jazz? - se dirigiu ao Jasper que também estava no quarto com o Emmett.
- Olha, gente, eu sei que pra mim, a vida acabou. - Eu disse, desviando o olhar para baixo. - Eu não sou mais humana, então... bem, eu morri... Mas vocês...
- Não vem, ! Já disse que não vou a lugar algum. Os impostos aqui são bem mais baratos pra comprar produtos de grife, sabia? - continuou com os motivos fúteis, mas eu sabia que tudo se tratava do Emmett.
- E você não morreu, . - afirmou. - Escutem, por que temos que fazer de tudo isso um drama enorme? Só porque estamos querendo vir morar com vampiros a longo prazo? Podemos muito bem lidar com isso como se fosse uma situação normal. Somos todas aqui donas das nossas próprias vidas, ok? Os meus pais morreram há um tempo, a mãe da também e ela não vê o pai dela há um tempão, assim como você, . Qual é a dificuldade de ligar pra lá e dizer que conhecemos pessoas especiais e que resolvemos vir morar aqui?
- Vendo por esse lado... - Eu comecei a aceitar o raciocínio da .
- Eu também acho que ela tem razão. - concordou. - Todas nós deixamos família pra trás pra ir estudar em uma boa faculdade, pra começar. Não acho que tenhamos algo a perder.
- Eu acho. - Edward se intrometeu na conversa. - Por que fazer isso? Por que se afastar de tudo que vocês sempre conheceram?
- Porque já tínhamos nos afastado há um tempão, Edward. - respondeu pela . - Saímos das casas dos nossos pais, mudamos de cidade para estudar na melhor faculdade possível, e então nos conhecemos, ficamos amigas e resolvemos morar juntas pra rachar o preço da casa. Acho que foi aí que começamos a traçar nosso destino.
- Ela tem razão, Edward. - Eu disse a ele. - Sentimos falta dos nossos pais, mas já aprendemos a ficar longe deles.
- E se formos embora agora, a gente nunca conseguiria ser feliz lá. - acrescentou. - Acho que temos que ficar todos juntos, bem aqui.
- Dois votos. - chacoalhou os braços no ar, toda animada.
- Três. - Eu disse, cedendo.
- Quatro, cinco e seis - da minha parte e dos meus irmãos. - Edward disse, provavelmente lendo as opiniões de todos nas nossas mentes. - E tenho certeza de que Carlisle e Esme também querem que vocês fiquem.
- Decisão unânime? Nossa, estou me sentindo agora. - se gabou, jogando o cabelo para trás do ombro teatralmente.
- E querem saber o que mais? - começou. - Acho que quando a disse que temos que ficar todos juntos, ela quis dizer juntos mesmo. E não conversando por computador.
- , isso ainda é muito perigoso... - Eu tentei argumentar. Só de ouvir as batidas dos corações delas me dava água na boca. Eu não ia agüentar sentir o cheiro do sangue.
- Não quis dizer isso. Quero dizer que eu também quero ser uma vampira.
Por cinco segundos inteiros, houve silêncio na casa.

Capítulo 12 – Conclusão.


Emmett's PoV

Eu podia sentir que essa história da querer ser uma vampira não ia ser uma boa ideia. Quero dizer, até agora (um dia, na verdade), estava se comportando bem, mas duas vampiras recém-criadas era um pouco demais para lidar. Sem contar que Jasper nunca permitiria.
- Gente, por que essas caras? - perguntou quando o silêncio começou a se estender. Então, todos começaram a falar ao mesmo tempo.
- Você não sabe o que você está pedindo, sua retardada! - .
- Nem pensar, você só pode estar louca. - Jasper.
- Espero que não esteja pensando que isso é brincadeira, . Isso é muito sério. - Edward.
- Mas qual o problema dessa juventude? - Ouvi até mesmo Carlisle opinar do escritório dele.
- Olha, geralmente eu sou o insano, mas tenho que concordar com o pessoal. - Eu disse, erguendo as mãos como quem se rende.
- Mas vocês não entendem! - reclamou. - Isso não pode ficar assim. Eu sei que a transformação da foi só um acidente, mas o que vocês esperam? Que ela fique com a parte legal e eu e a continuemos sendo as humanas frágeis que têm que tomar cuidado pra não tropeçar em nada?
- Olha... Nesse ponto, eu tenho que concordar com a . É um pouco injusto com a gente que sejamos as únicas humanas aqui. - , por incrível que pareça, concordava com a ideia insana da .
Eu não conseguia acreditar naquilo, e nem mesmo sabia se queria acreditar ou não. Se eu queria viver a eternidade ao lado da ? Duh, claro que sim! Mas eu nunca esperei que ela também quisesse isso.
Tudo bem que ela parecia ter superado a repulsa inicial por vampiros, mas daí a querer se tornar uma... Isso já era algo completamente diferente.
Eu tentei pensar um pouco no porquê isso parecia tão errado. Bem, eu certamente não ia querer que ela passasse pela dor excruciante da transformação, mas fora isso... A sede constante é algo com o que você pode se acostumar, e a esterilidade talvez fosse algo que a fizesse se arrepender da transformação daqui a uns anos, ou não. não parecia o tipo maternal, como Esme.
- Não acha que devemos todos conversar sobre o assunto antes de vocês pedirem por uma coisa dessas? - Sugeri.
- Por que, Emmett? Está pensando na possibilidade, por acaso? - Jasper perguntou, surpreso. Eu dei de ombros.
- Se mesmo depois de colocarmos todas as cartas na mesa sobre a transformação e a vida de vampiro, ela ainda assim quiser, não vejo porque não dar isso a ela. - Expliquei meu pensamento. me olhava com uma expressão meio feliz e meio apreensiva. - O que me diz, ?
- Er... não sei, Emm. Acho que se eu pensar demais no assunto, vou acabar voltando atrás. - Ela riu sem humor. - Acho melhor fazer isso agora enquanto ainda estou decidida.
- Não, eu realmente acho que você devia saber bem onde está se metendo. - Insisti.
- Não importam as consequências, desde que possamos ficar juntos. - Ela me lançou um meio sorriso.
- Gente, não acredito que estamos tendo essa conversa. Ser uma vampira não é realmente tudo isso, acreditem... - ainda tentava persuadi-las pela web cam.
- Ah, , cala a boca. - pediu, de brincadeira. - Você só tá com medo que eu e fiquemos mais hots que você quando formos vampiras.
- Rá, sem chance, querida. - revidou.
- Olha, eu concordo com o Emmett, totalmente. Se for uma escolha nossa, vocês não precisam se preocupar com isso. - opinou.
- , não e tão fácil assim. Não é nem um pouco fácil. - Jasper ainda tentava persuadi-la da ideia. Ela balançou a cabeça negativamente.
- Pode não ser fácil, mas você faz valer a pena, Jazz.
- Poxa, agora eu senti. - A voz da voltou a sair pelo alto-falante do computador. - E eu achando que vocês queriam virar vampiras porque sentiam a minha falta. Como eu sou ingênua. - Ela fez um falso tom de choro.
- Awn, quanta carência. - comentou. - Enfim, quando faremos isso?
- Como assim? Ainda não concordei com isso, que eu me lembre. - Jasper protestou.
- Não estava falando com você. - disse a ele. Eu reprimi um "TOMA! AHA!" - Emm... se você tiver certeza que me quer por toda a eternidade, então...
- É claro que eu quero. - Eu bufei, em um tom óbvio. - Mas por que essa pressa toda? Tem que ser agora?
- Por que demorar mais? Quanto mais rápido fizermos isso, mais rápido poderemos libertar a de ficar trancada naquele quarto o dia todo.
- Isso tudo é mesmo só sobre a ? - Eu levantei uma sobrancelha, desconfiado. desviou o olhar pro chão.
- Bem... não só ela, claro. Também é sobre ficar com você pra sempre... você sabe... - Ela parecia meio enrolada ao dizer isso, e o olhar dela fixo no chão não passava confiança. Vampiros são bons mentirosos, então é fácil pra nós identificar uma mentira. Além do mais, Edward começou a rir do outro lado da tela do computador.
- O que foi? - Perguntei a ele.
- Nada... nada... - Ele desviou do assunto, mas ainda estava com aquela expressão de diversão. - Só vou dizer que transformar a vai te trazer muitos benefícios, Emmett.
- Edward, cala a boca! - gritou, meio constrangida. Isso me fez imaginar o que se passava na mente dela. Bem, eu ia torturar Edward para que ele me conte mais tarde.
- Não vou dizer nada. - Ele respondeu ao meu pensamento.
- Eu realmente espero que nenhuma de vocês tenha algum dom irritante, sério. - Eu disse à e à . Elas riram.


Jasper's PoV

Ótimo, agora todos estavam se divertindo imaginando como ia ser a vida (ou não-vida) de vampira da e da . Era como se minha opinião sequer importasse.
- Ótimo, vá em frente, arruíne a sua vida. Só não venha me responsabilizar por isso depois. - Eu disse como quem não dá a mínima, e me virei para saltar a janela.
Aterrissei suavemente no quintal à beira da floresta, e pude ouvir me chamando lá de cima. Pensei em ignorar e apenas sair dali.
- Espera, Jasper. Se você se mexer, eu pulo a janela pra ir atrás de você, não me obrigue a fazer isso. - ameaçou, e eu soltei o ar em uma lufada.
- Não, você não vai pular. - Eu duvidei. Ela fez um som de descrença.
Incrédulo, eu a vi deliberadamente se atirar da janela, toda confiante. Meu Deus, a garota era louca! Eu me movi o mais rápido que pude, e a aparei ainda no ar. Voltei ao chão com ela no meu colo, sorrindo pra mim, vitoriosa.
- Eu disse que pulava. Pena que não apostamos nada. - Ela brincou, e eu a coloquei no chão e revirei meus olhos.
- Você enlouqueceu? E se eu não te pegasse a tempo? - Eu estava indignado com a imprudência dela.
- Bem, aí provavelmente ia doer bastante. Mas eu sabia que você ia conseguir. - Ela continuou sorrindo, e piscou pra mim.
- , será que você não entende? - Eu inconscientemente tinha aumentado meu tom de voz.
- Eu sei que está chateado, Jazz... Mas vai ficar tudo bem, confia em mim. - Ela continuava toda otimista. Isso me irritava profundamente.
- Confiar em você? Você mal sabe o que está fazendo! Você não leva nada a sério, .
- Não fala assim, eu levo você a sério!
- , quem você está querendo enganar? No fim das contas, você é só uma adolescente impulsiva. - Eu cuspi as palavras pra ela. E me arrependi imediatamente quando vi umidade demais nos olhos dela.
- Talvez eu seja, e me desculpe por isso, senhor eu-sou-um-imortal-centenário. - Apesar de ela estar claramente magoada comigo, ela continuava com a cabeça erguida, tentando se manter a minha altura. - Já fiz muitas coisas idiotas e impulsivas que adolescentes fazem, já me arrependi demais, mas, Jasper, quem nunca passou pelo mesmo? Eu aprendi que nunca se deve se arrepender de nada, afinal, o que você fez ou deixou de fazer foi uma decisão que você tomou quando você era um certo tipo de pessoa, e não tinha nenhuma outra decisão que você poderia ter tomado, porque era parte de quem você era na época. O que eu sei é que tem uma hora que você tem que ir em frente e escolher o que você quer, não dá pra se preocupar com as consequências agora. Jasper, nesse momento, não tem nenhuma outra decisão diferente pra mim. - Ela terminou o discurso e permaneceu me encarando.
- , eu entendo, mas...
- Mas se você acha que eu sou imatura demais pra você, ou sei lá, dane-se. Sou madura o suficiente pra ter certeza absoluta de que eu amo você.
Eu podia ver que ela estava profundamente chateada comigo, mas ela não era orgulhosa, ela sempre dizia o que pensava. Ela terminou de falar, e se virou para voltar para a casa, mas eu a segurei pelo pulso e a puxei para mim, envolvendo-a em meus braços.
- Eu também te amo. E eu só quero o melhor pra você. - Eu declarei, e ela levantou a cabeça para sorrir pra mim.
- Pode ter certeza de que o melhor pra mim é ficar aqui com você... sempre. - Ela se ergueu na ponta dos pés para me beijar.
Eu a beijei até que o cheiro do sangue circulando por baixo da pele dela começasse a me deixar inebriado demais. Separei nossos lábios só o suficiente para que eles não estivessem mais se tocando.
- Você vai me morder agora? - Ela perguntou em um sussurro que soava esperançoso. Então, inclinou a cabeça para trás, me dando uma visão ampla do pescoço suculento dela.
- Não, não posso fazer isso. - Eu a afastei de mim, exigindo o máximo do meu autocontrole.
- Mas, Jaz...
- Não disse que não vai ser feito, só disse que não posso fazer. Vai ter que pedir ao Carlisle.
- Uh, Carlisle vai me morder? - Ela irradiava animação agora. Eu fechei a cara pra ela e tratei de diminuir aquela euforia toda.
- Comporte-se.
- O quê? Eu sempre fui uma menina comportada.
- Ah, claro. - Fui sarcástico. – E, a propósito, a batalha ainda não está ganha pra você, ok?


Edward's PoV

Com a fuga de Jasper e o quase suicídio da , as coisas ficaram meio tensas. Então, decidimos falar sobre essa história toda mais tarde, desligamos o computador, e nos dispersamos.
Eu guardei o notebook na estante e me virei para olhar pra . Ela estava preocupada, é claro. Podíamos ouvir e Jasper se desentendendo lá fora, e agora ela e estavam com essa ideia louca fixa na mente.
- Vai ficar tudo bem, . - Eu fui me sentar ao lado dela na cama, e acariciei a lateral do rosto dela suavemente.
- Eu sei que é meio que loucura, mas eu estou ansiosa pra isso. Quando elas forem como eu, tudo vai meio que voltar ao normal de novo, ou talvez ainda melhor. - Ela não pôde evitar um sorriso involuntário.
- Que bom que você está positiva em relação a tudo isso. - Eu sorri pra ela, e ela retribuiu.
- Ah, que tédio. Não aguento mais ficar trancada aqui dentro como um animal no zoológico. - Ela disse, de repente, se levantando da cama e começando a andar sem rumo pelo quarto.
- Podemos dar uma volta lá fora. - Eu sugeri.
- Vamos caçar de novo?
- Não, se você não quiser. Podemos só ver... o quão longe podemos ir e estar de volta ainda hoje, o que me diz?
- Qualquer coisa pra sair daqui. - Ela concordou.
Nós dois saímos pela janela, e imediatamente começamos a correr para o norte. se sentia à vontade correndo a toda velocidade pela floresta, ela realmente estava se divertindo.
- Ok, acho que aqui é o mais longe que a gente pode chegar e conseguir voltar ainda hoje. - Eu a avisei, segurando o seu pulso para que ela parasse de correr.
- Aqui parece bom pra mim. - Ela olhou em volta pela floresta, e depois ficou mais atenta, sondando o ambiente além do que os olhos podiam ver. - Tem um rio, está ouvindo?
Eu procurei prestar atenção no som também, e logo detectei um rio não muito longe dali.
- Vamos. - Eu a chamei, e começamos a correr na direção do som.
Saímos da floresta e finalmente chegamos ao rio, margeado por pedras. Eu fui andando na frente e parei de pé na beirada, observando o rio. Então, percebi que estava pensando em vir correndo e me empurrar no rio de surpresa. Ela esperava mesmo me pegar desprevenido?
Quando ela começou a correr, eu simplesmente desviei. Eu estava acostumado a fazer isso com o Emmett sempre que ele tentava essas brincadeiras, a essa altura ele já sabia que devia parar assim que eu desviasse. Mas a não, e eu lembrei disso tarde demais, quando ela continuou em frente e caiu com tudo no rio.
- Argh, seu idiota! - Ela gritou pra mim quando emergiu da água.
- Desculpe! Eu me esqueci que eu não estava acostumada com isso! - Eu estendi uma mão para ajudá-la a sair da água, embora ela não precisasse realmente da minha ajuda, mas pareceu a coisa certa a se fazer.
- Tá, tudo bem. - Ela sorriu pra mim, me perdoando, enquanto segurava a minha mão. Então, ela puxou meu braço, e eu inevitavelmente caí na água também. Não tinha jeito, ela era mais forte que eu.
Ela riu enquanto eu levantava a cabeça pra fora da água e sacudia o cabelo da frente do meu rosto.
- Sua aproveitadora. - Eu a acusei.
- Só dando o troco, meu amor. - Ela disse com um tom divertido, e em seguida, envolveu seus braços ao redor do meu pescoço.
- Vem, vamos sair da água.
Eu passei um braço ao redor da cintura dela e saltamos para a margem novamente, nos sentando nas rochas da beirada e apenas ouvindo o barulho da água correndo à nossa frente.
- Viu como ser vampira tem seus benefícios? Se eu fosse humana, não ia poder ficar usando essas roupas molhadas, senão ia ficar doente. - Ela me disse, mas estava se esforçando para manter a mente dela focada em coisas sem importância. Certamente estava tentando esconder algum pensamento de mim. É claro que ela não tinha a menor prática nisso, e uma hora ou outra ela ia acabar deixando escapar.
- Na verdade, nesse momento, isso não é um benefício.
- Nossa, Edward, seu pervertido! - Ela me deu um tapa leve no ombro, visivelmente constrangida. E deu certo, era exatamente nisso que ela estava pensando.
Eu tentei ignorar isso, mas não conseguia deixar de me perguntar "por que não?". No fim, não achei nenhuma resposta convincente pro meu conflito mental, então que se dane.
estava quieta, ainda constrangida por ter deixado as intenções dela escaparem, então tudo que eu fiz foi puxar o rosto dela pro meu e beijá-la com vontade.
Ela retribuiu o beijo, meio receosa a princípio, mas logo também deixou pra lá, e colocou os braços ao meu redor, com toda a intensidade que podíamos.
Ela se pressionou contra mim com um pouco mais de força, o que já foi o suficiente pra me derrubar no chão de pedra com ela sobre mim. Felizmente, a batida da minha cabeça nas pedras não me incomodou nem um pouco, com certeza machucou mais a pedra.
Com esse movimento, toda a calma do momento se foi, e eu me vi me apressando para tirar a jaqueta dela ao mesmo tempo em que nos beijávamos. As mãos dela se moviam pelo meu peito, e eu me levantei para tirar a minha camisa eu mesmo. Se alguma peça de roupa aqui fosse danificada, nós não tínhamos substitutas, e não ia ser divertido chegar em casa completamente despido.
Então, já que a ainda não tinha muito controle sobre a própria força, eu me encarreguei da tarefa de remover as roupas dela também.
- Eu te amo. - Eu disse a ela antes de deitá-la de volta no chão, mas dessa vez ficando por cima.
- Eu também. - Ela respondeu, com um tom de voz doce e baixo, suavizando o momento de desespero.
Ela acariciou meu cabelo de leve, e eu voltei a beijá-la com urgência. Embora eu já soubesse que ela me amava, era diferente ouvi-la agora dizendo isso diretamente pra mim. Ela se sentia da mesma forma, ao julgar pelo que se passava na mente dela.
Era simplesmente tudo que precisávamos saber, todo o resto era irrelevante.


Emmett's PoV

Não tinha jeito. Nada do que eu e Jasper disséssemos iria convencê-las do contrário. E na verdade, o único motivo para sermos contra a decisão delas era porque parecia egoísmo transformá-las para que não tenhamos que nos preocupar com acidentes, nem com o constante cheiro de sangue, nem com a eventual morte delas. Realmente, não dava pra negar que os benefícios eram grandes, mas, ainda assim, não parecia certo.
Eu e Jasper estávamos na sala de estar com a e a há horas e ainda não conseguíamos chegar a um acordo.
- Desistam, vocês não têm mais nenhum argumento contra nós. - já contava vitória.
- Isso mesmo, nós vencemos, vocês perderam. Agora vão ter que nos transformar. - concordou.
Eu não tinha mesmo mais nada a dizer. Olhei pro Jasper e esperei que ele tivesse como revidar.
- Vocês não conseguem entender! Ser vampiro não é uma coisa legal como vocês estão pensando! É uma coisa terrível, uma maldição sem volta, para todo o sempre! - Ele insistiu.
- Mas que coisa! Vocês vampiros têm sérios problemas de auto-estima. - comentou.
- Eu desconfiei disso quando perguntei pra eles se eles achavam o Robert Pattinson, o Kellan Lutz e o Jackson Rathbone bonitos, e eles disseram que não. - acrescentou. - Pobrezinhos. - As duas disseram juntas, balançando a cabeça, com pena.
- Ok, eu me rendo. - Eu finalmente disse. Brincar com a minha auto-estima não era justo, eu me acho muito hot, se elas querem saber. - Se vocês têm certeza de que é isso que vocês querem.
- Emmett! - Jasper me repreendeu.
- O que mais podemos fazer, Jasper? Mais um pouco e elas vão enfiar os pescoços entre nossos dentes por livre e espontânea vontade.
- Mas... mas... - Ele ainda tentava encontrar alguma desculpa. Eu dei um tapinha sobre o ombro dele.
- Desculpe, Sr. Lutei-contra-recém-criados-e-nunca-fui-derrotado, mas parece que as humanas aqui acabaram com a gente. - Eu tive que admitir a verdade. Jasper bufou, mas pareceu se contentar.
- Hm, Carlisle está chegando. - Jasper as avisou. Podíamos ouvir o carro dele na entrada de carros. Ele tinha saído antes porque tinha que ir ao hospital.
- Então está na hora! - começou a saltitar pela casa. Eu, Jasper e ficamos parados olhando pra cara dela.
- Na hora de quê, se me permite perguntar? - Carlisle entrou pela porta da frente (Não, pela janela, duh. Se bem que ele poderia, se quisesse. Enfim, ignorem esses parênteses.)
- Carlisle, só você pode colocar algum juízo na cabeça dessas garotas. - Jasper fez uma súplica, praticamente.
- Não, vocês terão que me deixar fora dessa discussão. - Carlisle disse, se declarando café-com-leite. Ou só o leite, no caso dos vampiros. A não ser que você seja o Laurent. Aliás, quem inventou essa expressão de café-com-leite? - Se me pedirem para fazer isso como um favor, eu farei, mas não vou opinar sobre a decisão de ninguém.
- Mas... - Jasper não conseguia aceitar um não como resposta.
- Parem! Por que vocês não podem simplesmente aceitar que nós escolhemos isso e pronto? - gritou conosco, já de saco cheio dessa discussão que vem rolando durante o capítulo todo.
- Vocês? - Perguntei. - Reclama com o Jasper, eu já me rendi. Bandeira branca!
- Jazz... - se voltou para ele, abaixando o tom de voz. - Por favor, eu preciso do seu apoio. - Ela pediu enquanto acariciava o rosto dele levemente.
Ele pensou por um momento. Todos ficamos em silêncio. Em seguida, ele soltou uma lufada de ar.
- Certo, eu tentei. Agora não tem mais nada que eu possa fazer. - Ele deu de ombros.
- Então, essa é a decisão final? - Carlisle perguntou. Todos fizemos que sim com a cabeça. - Vocês têm certeza? - Todos fizemos que sim com a cabeça de novo. - Estão mesmo certos disso?
- Ah, chega de imitar o Silvio Santos, essa é a decisão. Pode perguntar, ôe! - brincou, mas ninguém na verdade entendeu a piada.
- Então, que assim seja. - Carlisle concordou. - Querem fazer isso agora?
- Agora. - e disseram em uníssono.



Epílogo

Sete anos depois...
Em uma floresta no estado de Virgínia, os seis jovens podiam ser vistos entre as árvores, mas não podiam ser vistos por um ser humano comum, devido a velocidade em que corriam. Estavam em uma excursão de caça, mas estavam mais concentrados na diversão do que na caça em si.
- Sentem isso? - parou na frente, fazendo com que os outros cinco vampiros parassem atrás dela.
- Urso pardo? Tão cedo no ano? Que sorte! - se animou.
- Nem vem, ! É meu e ninguém tasca! - Emmett já e preparava para o bote.
- Sossega, Emm. Conhece as regras. - Jasper o segurou pelo braço para rendê-lo.
- Ok, ok, eu vou ganhar dessa vez! - Emmett estava todo elétrico, pensando no apetitoso urso pardo que o aguardava.
- Quem pegar primeiro leva. - ditou as regras. - Passando pelo riacho ali na frente, não vale saltar o riacho, e depois rolando cinco vezes naquela poça de lama. - Ela apontou os obstáculos do percurso.
- Certo. - Todos concordaram.
Os seis vampiros se posicionaram na linha, esperando pela partida. Emmett tinha os olhos focados no objetivo.
- Um... - Edward começou a contagem. - Dois... Três... e... Já!
A largada foi dada e Emmett saiu na frente como um vulto, se jogando no riacho e nadando o curto trecho, e em seguida rolando na poça de lama cinco vezes como mandavam as regras.
Então, a clareira na floresta explodiu em gargalhadas. Porque Emmett tinha sido o único a sair correndo e passar por tudo aquilo, enquanto os outros continuavam parados na linha de partida, rindo da idiotice do Cullen mais forte.
Emmett se virou para eles de cara amarrada.
- Ele sempre cai nessa!
- Ah, de novo não! - Ele reclamou. - Por quantos séculos vocês vão continuar fazendo essa brincadeirinha idiota?

FIM!




N/A: É isso, gente, depois de dois longos anos de fic e enrolação, eu finalmente cheguei ao fim dessa história.
Eu queria agradecer a todo mundo que leu, gostou e que comentou, e quem leu, não gostou e não comentou (porque se vocês comentassem que não gostaram, eu ia entrar em depressão e nunca mais escrever nada, rs)
Essa fic foi minha primeira fic no mundo das fics, e eu espero que vocês tenham curtido a história, e todos esses caracteres que eu levei tanto tempo pra escrever.
Queria agradecer às minhas amigas Camila e Letícia, que me inspiraram nas personagens dessa fic, e principalmente à Mila, por não só ser a minha inspiração para a garota do Edward, mas por também estar sempre me apoiando e nunca me deixando desistir (lê-se me ameaçando e me obrigando a escrever, é)
Bem, quero agradecer a cada um dos comentários aqui postados, mesmo aqueles que apenas pediam por atualização. Foram 101 antes daquele problema com as caixas de comentários, e até agora são 68 nas novas caixas de comentários, o que totaliza 169 comentários ao total (são estatísticas dos dois sites onde essa fic é publicada)
Quando eu comecei, jamais imaginei que chegaria a isso, e eu devo tudo a vocês, então obrigada, mesmo.
Bem, é aqui que eu vou me despidindo... mais uma vez obrigada *-*
bjs,
@eveelima

N/B: Ah, acabou mesmo? ):
Brenda, adorei betar sua fic.
Parabéns e sucesso! <3


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