Será que o nosso amor vai um dia ser escrito? E vai deixar de ser só uma doce ilusão minha?
Essas eram as perguntas que ele se fazia todos os dias quando pensava nela, quando pensava naqueles olhos, naquele sorriso. Seu coração batia rápido quando estava ao seu lado, suas pernas tremiam, suas mãos suavam: era isso que acontecia quando ele estava ao seu lado, mas ele sabia que ela não sentia o mesmo, porque, para ela, ele não passava de ser o seu “melhor amigo”.
Mas ele não se contentava só com isso... Ele queria mais! Mas como poderia tê-la se ela amava outro? Ser seu melhor amigo era a única maneira de estar próximo. Ele ficaria... Mesmo não se contentando com esse cargo.
Capítulo 1 -"Don't know what's down this road, I'm just walking, trying to see through the rain coming down" A Place In This World - Taylor Swift
’s POV
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Acordei eram 07h00min em ponto, levantei-me e fui tomar um banho para acordar direito, já que hoje é o primeiro dia de aula, eu preciso estar bem acordada e concentrada. Tomei um banho demorado e fiz minha higiene matinal, vesti o uniforme e desci. Encontrei meus pais e meu irmão, Caio.
- Bom dia, gente – eu falei, sentando-me na mesa.
- Bom dia, filha, dormiu bem? – minha mãe perguntou. Minha mãe é do tipo protetora, que sempre quer saber o que ta acontecendo e tudo mais.
- Dormi sim, e a senhora? – perguntei.
- Também, filha – disse e sorriu. O que eu mais adorava nela era o seu sorriso, que sempre me fazia rir também... Ela não era do tipo rabugenta e chata, mas, sim do tipo que te faz rir quando você ‘tá brava e sempre está lá pra te ajudar quando você precisa.
Fomos conversando sobre assuntos aleatórios, quando terminei, subi pro meu quarto escovei meus dentes, peguei minha mochila e desci.
- Quem vai me levar pra escola? – perguntei quando cheguei na sala e encontrei todos assistindo TV.
- Filha, o Caio vai te levar hoje, tudo bem? – meu pai falou.
- ‘Tá sim.
- Vamos lá, então – Caio disse se levantando do sofá.
- Tchau, gente – falei.
Caio e eu fomos a caminho da minha escola num silêncio absoluto, não é que nós não nos dávamos bem, mas nós éramos do tipo de irmãos que não tentavam se meter na vida um do outro. A gente não andava brigando e nem nada do tipo.
- Chegamos – disse quando paramos na frente da escola.
- Valeu! – falei tirando o cinto de segurança.
- A que horas é pra vim te buscar?
- Três e meia – falei abrindo a porta do carro.
- ‘Tá bom, se comporta – ele disse e eu revirei os olhos.
Segui para o prédio grande e vermelho. Assim que entrei, peguei meu horário e o número do meu armário, e segui para o mesmo para guardar os livros que não ia precisar nas primeiras aulas.
Terminei de guardar meus livros e segui para a sala cinco, teria aula de Matemática no primeiro horário – matéria que eu gostava porque a entendia bem e gostava da professora - nada poderia me atrapalhar na aula daquela querida matéria... A não ser ! Ela é a garota mais popular da escola, mas também a mais esnobe e além de tudo, a namorada do meu melhor amigo, - ou , como eu gosto de chamá-lo. era meu melhor amigo desde sempre, a gente se conhece desde pequenos, mas perdemos o contato quanto minha família se mudou para Paris. Depois de 10 anos, eu voltei e, desde então, nós somos melhores amigos.
Eu não suporto a , mas finjo que gosto dela pra não magoar o . Ele é um ótimo amigo e a última coisa que eu quero que aconteça é perder sua amizade.
- Sai da minha frente – ela disse com aquela voz de taquara rachada que eu não suportava.
- Com todo prazer – falei e sai da sua frente, não queria brigar com ela agora.
- Oi, meu amor – ouvi-a dizer. O deveria ter chegado. Nem olhei para trás e segui meu caminho até minha cadeira, não conseguiria ser falsa e fingir que gostava da agora. Sentei na primeira cadeira bem no centro da sala, passou ao meu lado, sendo arrastado por . Ele sorriu pra mim e eu sorri de volta.
A professora logo chegou e começou a aula, tudo foi normal... Tinham alguns meninos que bagunçavam no fundo e eu tentava prestar o máximo de atenção. A aula passou e eu segui pra sala nove - aula de Física.
- ! – ouvi a gritar para mim. Como falar dela?! Ela é muito louca, acho que essa é a palavra que a define.
- Oi – falei, abraçando-a.
- Cara, faz tanto tempo que eu não te vejo – ela disse me soltando do abraço.
- Pois é – falei.
- Então... O que andou fazendo?
- Nada demais, não é? Só o de sempre – falei, começando a andar e ela fez o mesmo.
- Nossa! , você nem ‘tá animada – ela falou fazendo uma careta que me fez rir.
- Eu ‘tô... É que... Sei lá, ‘tô sem novidades.
- Você ‘tá sem, mas eu tenho uma – disse.
- Fala... – falei parando em frente à minha sala
- Sabe o Raymond? – Raymond... Ao ouvir aquele nome meu coração pulou. Ele era o garoto mais lindo da escola e que, desde a primeira vez que eu o tinha visto, eu era completamente apaixonada, mas ele nunca deu bola pra mim e, pensando bem, para um tanto de meninas também, porque ele tinha quase todas do colégio aos pés dele.
- Sei – ela sabia que eu gostava dele e, sempre que ela ia puxar o assunto comigo, falava: “Sabe o Raymond”, só para me deixar apreensiva.
- Ele terminou com a Jenna – ela disse. Como é que é? Jenna era a namorada do Raymond... Bom, agora, ex. Meus olhos brilhavam e eu tinha certeza disso.
- Que coisa chata – tentei disfarçar.
- O que é chato? – chegou ao nosso lado.
- O Raymond terminou com a Jenna – a falou.
- Nossa! Eles ficaram juntos o quê? Dois meses?! – ele disse.
- Pois é, sorte da que pode tentar agora – ela disse. Percebi que a expressão do mudou, há um segundo ele esta sorrindo e agora sua expressão era de tristeza.
- Bom... Eu vou entrar – falei.
- Eu também já vou pra minha sala... Vejo você na hora do almoço, – disse e saiu.
- Que foi? – perguntei.
- Nada, eu só ‘tava pensando – disse.
- Senti sua falta – falei, abraçando-o.
- Eu também – ele falou e respirou fundo. era como um irmão pra mim, apesar das pessoas não acharem o mesmo. Elas falavam que a gente tinha um caso ou algo do tipo, mas acho que isso nunca ia acontecer, era muito bonito e inteligente, mas eu não me via com ele... Como eu disse anteriormente, ele era como meu irmão.
- É melhor a gente entrar – ele disse quando eu o soltei.
- , é sério... Você ‘tá bem? ‘Tá tão... Estranho – eu falei olhando-o.
- Não foi nada, é que eu briguei com a e aí... – falou. Sabia que aquela vaca tinha feito alguma coisa, essa menina não presta mesmo.
- O que ela fez? – perguntei tentando deixar minha voz calma e sem raiva.
- Nada... Deixa pra lá – disse.
- Ah, qual é, ? Eu sou sua melhor amiga, você pode me contar tudo... Eu te conto tudo – falei.
- ‘Tá. Eu vou te falar, mas não agora... A gente tem que ir pra aula – ele disse.
- ‘Tá bom, mas se você ficar me enrolando, você vai se ver comigo – falei e ele riu. Entramos na sala e sentamos um do lado do outro, como sempre fazíamos quando ele não estava com a . O professor logo chegou na sala e começou dar a aula, entendi perfeitamente o assunto e ajudava o com alguma coisa às vezes. Quando a aula acabou, nós fomos para o refeitório e encontramos com a no caminho. Nós três nos sentamos em uma mesa mais afastada dos outros – por eu não querer ser incomodada por ninguém -, mas havia uma coisa que estava em incomodando: era o fato de não ter visto o Raymond ainda. Eu passava os olhos por todo refeitório, mas nada dele.
- ‘Tá procurando quem? – perguntou.
- Ninguém – menti. Eu não gostava de tocar no assunto garotos porque ele ficava constrangido quando eu e a falávamos deles, então tento evitar isso na frente dele.
- Eu vou comer alguma coisa – falei, levantando-me.
- Também – ele disse, levantando-se também.
- Vão... Quando vocês voltarem, eu vou – a falou e nós dois seguimos para a fila, conversávamos sobre assuntos aleatórios.
- E aí, casal?! – , que é o irmão do , disse. Ele tem uma mania feia de dizer que eu e o um dia vamos namorar, mas, tirando isso, ele é legal, e muito lindo - assim como -, sério, a tia (Mãe deles) tem um dom pra fazer filho que ninguém mais tem. tem três irmãos: , e o pequeno Frankie.
- Oi, – falei.
- E aí, , o que fez nas férias?
- Nada de bom, fiquei em casa mesmo.
- Me parece muito bom ficar em casa sem fazer nada – ele disse e eu ri.
- , se você não entrar na fila, nunca vai chegar sua vez – disse sorrindo.
- Ah é – disse.
Eles pegaram os seus devidos almoços, eu peguei uma maçã e um suco e voltamos para a mesa. nos acompanhou e a foi pegar o dela.
- ...A Katherine pegou uma faca e cortou todos os dedos dele, foi hilário – falei, estávamos falando sobre minha série preferida: Vampires Diaries.
- Na manicure que ele não vai mais – disse e eu ri.
- , você é engraçado – eu disse.
- Ei! – a chegou me chamando.
- Fala, .
- A Nina acabou de me ligar... Ela quer que a gente vá ao Shopping com ela hoje – disse se sentando. Nina era outra amiga minha, ela é meio patricinha, mas é legal.
- Cadê ela, afinal? Não a vi hoje – falei.
- Ela não veio pra aula... Disse que não tem nada de bom hoje – disse e nós sorrimos.
- ‘Tá, eu vou. Mas que horas? – perguntei.
- Sete e meia – disse.
- Vocês não querem vir também? – ela perguntou, referindo-se aos meninos.
- Carregar sacolas parece o programa perfeito para a noite de hoje – disse.
- Nossa, , até parece que a gente manda vocês carregarem sacola – a falou.
- Não, vocês nunca mandaram, não.
- Pois é, porque nós somos pessoas do bem – falei.
- ‘Tá bom, a gente vai – foi esta a vez de falar.
O sinal apitou e cada um seguiu pra sua sala.
As últimas aulas passaram rapidamente e, logo, nós estávamos na porta da escola.
- Cadê o Caio? Só falta que ele tenha me esquecido – falei andando de um lado pro outro.
- Calma, ele não te esqueceu, logo ele ‘tá aí – disse tentando me acalmar. Eu já disse o quanto ele é fofo? Meu amigo... Queria o quê?
- É, , relaxa – a falou enquanto digitava alguma coisa no celular.
- , me empresta teu celular?
- Pra quê? – ela perguntou sem tirar o olho da tela.
- Pra eu ligar para o Caio – falei e ela me deu o telefone. Disquei e chamou três vezes até ele atender.
- Caio, são mais de três e meia, onde você ‘tá? – perguntei assim que ele atendeu.
- , pode ter certeza que eu não te esqueci, é que ‘tá o maior trânsito aqui e eu acho que vai demorar um pouco – disse. Era só o que me faltava.
- E agora? – perguntei
- Pede pra alguém te levar aí – ele disse.
- ‘Tá, vou ver, tchau – falei e ele desligou o telefone.
- Ele ‘tá no engarrafamento – falei, entregando o telefone pra de novo.
- Eu te levo – disse.
- É, agora você pode me levar, já que eu já sei que o Caio não vem – falei.
- Minha mãe chegou... Tchau, gente, até as sete e meia – ela disse.
- Tchau – eu e falamos juntos e ela saiu correndo até o carro da mãe.
- Vamos – ele disse.
- Vamos – falei e saímos andando até o carro dele.
- Sabe... A gente podia tomar um sorvete – ele disse abrindo a porta para mim.
- Comer? Acho que não é uma boa idéia, mas se quiser ir a gente vai – falei e ele contornou o carro e entrou.
- Por quê? Não quer sorvete? – perguntou.
- Não ‘tô com fome – falei. Já estava acostumada a esse tipo de pergunta, sempre eram as mesmas. Às vezes, eu ficava irritada, mas tentava ser o mais natural o possível.
- Você não comeu nada no almoço – disse se virando pra mim.
- ‘Tá bom, eu quero – se eu não falasse isso, ele ia ficar me fazendo várias perguntas que eu não ‘tava a fim de responder.
- Mudou de idéia rápido – falou.
- Eu fui obrigada – falei e ele riu, sentia falta do seu sorriso e de ficar com ele. Eu havia ficado um mês sem vê-lo - já que ele havia viajado - mas a gente se falava por celular e na Internet. Entretanto eu preferia falar com ele assim, ao vivo, poder abraçá-lo e falar pra ele o quanto ele era especial pra mim.
- Eu vou quer um sundae de chocolate, e você, ? – estávamos na sorveteria olhando o cardápio.
- Acho não vou querer nada não – falei fechando o cardápio e colocando-o na mesa.
- Onde já se viu vir a uma sorveteria e não tomar qualquer coisa – ele disse.
- Olha só, isso vai acontecer agora – falei.
- Não, eu não vou deixar. Traga-me dois sundaes de chocolate, por favor – ele falou para a garçonete.
- Como você é insistente – falei cruzando os braços.
- Aprendi com você – ele riu descaradamente.
- Sabe o que eu ‘tô lembrando agora? Que o senhor me enrolou e não contou nada do que aconteceu com a – disse.
- Eu ‘tava tão feliz que você tinha esquecido e aí você lembra pra acabar com a minha felicidade – falou fazendo careta.
- Não enrola não, vai contando.
- Nossa Senhora! Você ‘tá esquentada hoje, hein – disse e eu ri.
- Fala logo, – eu disse e o celular dele começou a tocar. Ele saiu pra atender e a garçonete trouxe os nossos sundaes, enquanto isso, eu fiquei olhando para aquilo - ele era enorme e cheio de calorias.
- Então, o que ‘tá esperando pra começar a comer? – ele falou se sentando de volta na sua cadeira.
- Nada – sorri. Talvez se eu fizesse o que ele queria, ele me contaria o que o que havia acontecido com a .
Ocasionalmente, eu não estaria tão curiosa por alguma coisa que tivesse a ver com ela, mas, agora, era diferente... Ele parecia magoado e isso me deixava triste.
Comi meu sundae numa rapidez assustadora - aquilo ‘tava muito bom.
- Nossa! Pra quem não queria, até que você comeu bem rápido – ele disse sorrindo. Minha expressão mudou na hora, uma tristeza me dominou e meus olhos se encheram de lágrimas.
- Ei! Que foi? – perguntou percebendo minha mudança repentina. Apenas levantei e fui direto pro banheiro, já havia ido naquela sorveteria algumas vezes com ele e sabia exatamente onde o banheiro ficava. Entrei no banheiro e senti aquele tão conhecido enjôo me dominar.
- Não! Aqui não – disse pra mim mesma, respirei fundo, fui até a pia, abri a torneira, joguei água em meu rosto e respirei fundo novamente, tentando fazer aquele enjôo sumir.
- ! ‘Tá tudo bem aí? – ouvi perguntar do outro lado da porta.
- ‘Tá sim – falei, tentando controlar minha voz.
- Tem certeza? – perguntou novamente.
- Tenho sim – falei sentindo o enjôo ir embora. Respirei aliviada e sai em direção da porta abrindo a mesma, encontrei aquele par de olhos me olhando com uma expressão de preocupação.
- ‘Tá tudo bem? – perguntou olhando pra mim.
- ‘Tá sim – engoli seco, odiava mentir pra ele, mas era o único jeito.
- Leve-me pra casa, por favor – pedi.
- Tudo bem – ele disse, voltei pra mesa e fiquei esperando ele pagar a conta.
- Vamos – disse.
Entramos no carro novamente e ele ligou o rádio, uma melodia conhecida começou a tocar: era You Belong With Me da Taylor Swift.
’s POV
Liguei o rádio e estava tocando umas das minhas músicas favoritas, aquela música me lembrava das tardes em que íamos pra praia, cantando pelo caminho. Sorri sozinho em pensar naquilo.
f you could see
(Se você visse)
That I'm the one
(Que sou eu)
Who understands you
(Quem te entende)
Been here all along
(Estive aqui o tempo todo)
So why can't you see me
(Então, por que você não vê?)
You belong with me
(Você pertence a mim)
You belong with me
(Você pertence a mim)
Aquela musica falava tudo o que eu sentia. Por que ela não percebia que ela era a garota certa pra mim? Não sei mais por quanto tempo posso guardar esse amor dentro do corpo, às vezes, eu fico pensando em como seria se ela soubesse o que eu sinto por ela.
Oh, I remember you
(Eu lembro quando você)
Driving to my house
(Dirigia até minha casa)
In the middle of the night
(No meio da noite)
I'm the one who makes you laugh
(Sou eu quem te faz rir)
When you know you're about to cry
(Quando você está preste a chorar)
And I know your favorite songs
(Conheço suas músicas prediletas)
And you tell me about your dreams
(Você me conta sobre os seus sonhos)
Think I know where you belong
(Acho que sei o seu lugar)
Think I know it's with me
(Acho que é comigo)
O lugar dela sempre foi do meu lado, mais ela não queria ver isso, ela queria ficar babando por um cara que não ‘tá nem aí para ela. Se ela soubesse o quanto isso dói, o quanto isso me faz sofrer.
You belong with me
(Você pertence a mim)
Have you ever thought
(Você já pensou)
Just maybe
(Que talvez)
You belong with me
(Você pertence a mim)
You belong with me
(Você pertence a mim) (You Belong With Me – Taylor Swift)
Agora ela estava ali, sentada no banco do passageiro, em silêncio; e eu estou aqui, me controlando para não perguntá-la por que ela nunca pensou em nós dois como um casal, como namorados, por que ela nunca pensou que eu poderia fazê-la feliz.
Capítulo 2 - "Does someone hear my cry? I'm dying for new life" Beautiful - Bethany Dillion.
’s POV
Não falamos nada o caminho todo. Ele estava bastante pensativo, talvez pensando sobre o que aconteceu na sorveteria, e eu não queria mentir mais pra ele, mas eu também não sabia se podia contar a verdade, e aquilo estava me matando aos poucos.
De repente, lembrei do dia que nós prometemos sempre confiar um no outro e nunca mentir, sempre contar a verdade, pois teríamos um ao outro e aquela não foi uma lembrança que me ajudou muito. Eu me sentia um lixo por mentir pra ele, que não merecia. Ele sempre foi tão gentil e fofo comigo, sempre me apoiava quanto acontecia algo de ruim em minha vida, sempre ficava ao meu lado: ele era o melhor amigo de todos os tempos, já eu, não poderia dizer isso sobre mim mesma, já que estava mentido pra ele e quebrando nossa promessa - algo que ele nunca fez.
- Chegamos – disse quando paramos em frente a minha casa.
- Obrigado, , foi muito gentil da sua parte me trazer – disse.
- Não tem problemas, é pra isso que serve os amigos – disse. Ele não ‘tá ajudando, pensei.
- Mas obrigada assim mesmo, você é sempre tão gentil e fofo comigo – falei.
- Que isso! Ei... Vou passar aqui ás sete, tudo bem? – perguntou
- Pra quê? – boiei total.
- Pra irmos ao Shopping com as meninas – disse. Cara, como eu havia esquecido desse detalhe?
- Ah! É mesmo, tudo bem, até as sete então – disse e lhe dei um beijo na bochecha.
- Tchau – eu falei e sai do carro.
- Tchau – ele disse. Entrei em casa e ouvi minha mãe me chamar na sala.
- Oi, mãe – falei.
- Onde você estava? Eu já tava ficando preocupada – ela disse.
- Eu, er... Eu fui à sorveteria com o , desculpa não ter avisado.
- ... É – ela disse sorrindo.
- É – falei. Olha para mim aqui de novo, boiando.
- Vocês dois andam muito juntos, né? – disse.
- Mãe... Eu e o ... A gente é amigo, ‘tá? – falei.
- Mas vocês ficam tão lindinhos juntos, e o é um bom rapaz, além de ser muito bonito – como é que é, mãe?
- Nem vem, mãe, eu e o ... A gente não tem nada! Agora eu vou pro meu quarto – falei.
- ‘Tá bom – ouvi-a resmungar.
- Ah! Mãe, hoje eu e as meninas vamos no Shopping e o vem me buscar; e se a senhora se atrever a falar qualquer coisa para ele, vai se ver comigo – falei.
- ‘Tá bom, eu não vou falar nada – disse.
- Muito melhor – subi pro meu quarto e joguei a mochila na cama me sentando na mesma, apoiei meus cotovelos em minhas pernas, olhei para o lado e vi a porta do banheiro aberta, levantei-me e segui pra lá. Parei na frente do vaso sanitário senti aquele enjôo de volta e não pensei duas vezes antes de me ajoelhar a sua frente. Vomitei tudo que havia comido naquele dia.
Não sabia como ainda conseguia fazer aquilo, minha garganta ardia, minhas mãos tremiam e minhas pernas não aguentavam o peso do meu próprio corpo. A bulimia nunca me ajudou em nada, absolutamente em nada. Eu sabia que fazer aquilo era errado, e não fazia bem pra minha saúde, mas eu não conseguia mais evitar o enjôo que vinha e, a partir daí, eu vomitava. Isso se repetia várias vezes no dia. Abaixei a tapa do vaso, puxei a descarga e me sentei no chão; as lágrimas já desciam pelo meu rosto e minha vontade era de gritar, mas eu não conseguia. , era dele que eu precisava agora, mas eu não podia contar para ele sobre isso... Ele ficaria com raiva e brigaria comigo, e eu não suportaria brigar com ele. Levantei-me com um pouco de dificuldade, despi-me e liguei o chuveiro - ficando debaixo do mesmo -, senti a água quente cair sobre meu corpo e aquilo me acalmou um pouco. Enrolei-me em uma toalha, peguei meu pijama e me vesti. Peguei meu violão, - que estava largado em um lugar qualquer – e comecei a dedilhá-lo.
Uma doce melodia começou á soar, sem mesmo eu perceber. Levantei-me peguei uma folha qualquer e uma caneta, e comecei a escrever.
I was so unique
(Eu era tão única)
Now I feel skin deep
(Agora sinto profundamente em minha pele)
I count on the make-up to cover it all
(Eu conto com a maquiagem para esconder tudo)
Crying myself to sleep cause I cannot keep their attention
(Choro até dormir porque não consigo a atenção deles)
I thought I could be strong
(Eu pensei que podia ser forte)
But it's killing me
(Mas isso está me matando)
Does someone hear my cry?
(Alguém pode ouvir meu choro?)
I'm dying for new life
(Estou morrendo por uma nova vida)
As lágrimas caiam livremente sobre meu rosto, a cada frase, meu coração se apertava. Eu estava cantando com o coração, isso nunca havia acontecido, mais era uma sensação ótima.
I want to be beautiful
(Eu quero ser bonita)
Make you stand in awe
(Fazer você parar diante de mim)
Look inside my heart, and be amazed
(Olhe dentro do meu coração, e se surpreenda)
I want to hear you say
(Eu quero escutar você dizer)
Who I am is quite enough
(Que o que sou é o bastante)
Just want to be worthy of love and beautiful
(Eu só quero ser preenchida com amor e linda)
Eu me sentia livre, pela primeira vez, eu me sentia limpa, sem mágoas, pois eu estava colocando elas para fora, da melhor maneira possível, através de música.
Sometimes I wish I was someone other than me
(Às vezes eu quero ser outra pessoa diferente de mim)
Fighting to make the mirror happy
(Lutando para deixar o espelho feliz)
Trying to find whatever is missing
(Tentando encontrar aquilo que está faltando)
Won't you help me back to glory
(Você não pode me ajudar a voltar para a gloria)
Eu tenho tanta pessoas ao meu redor, mais mesmo assim me sinto sozinha. Queria ter alguém que me entendesse, alguém para conversar comigo. Mais eu não podia contar com ninguém. Era melhor assim, é melhor ficar sofrendo escondido, do que ficar sem ninguém.
You make me beautiful
(Você me faz bonita)
You make me stand in awe
(Me faz parar admirada)
You step inside my heart, and I am amazed
(Você entra no meu coração, e eu me surpreendo)
I love to hear you say
(Eu amo escutar você dizer)
Who I am is quite enough
(Que o que sou é o bastante)
You make me worthy of love and beautiful
(Você me faz digna de amor e beleza)
(Beautiful - Bethany Dillion)
De alguma forma essa parte era feita pro , ele me fazia me sentir tão especial, tão única. Ele que colocava um sorriso em meu rosto, quando na verdade eu queria chorar. Ele realmente me surpreendia com seu jeito, quando eu achava que nunca iria encontrar um menino tão atencioso e gentil, ele aparecia para me fazer mudar de idéia, e para provar que isso podia sim acontecer.
Quando terminei de escrever a música, peguei o papel em minhas mãos e olhei. Uma lágrima solitária desceu sobre meu rosto. Dobrei o papel e guardei dentro de um antigo livro que eu tinha. Deitei-me em minha cama e dormi, simplesmente adormeci.
Acordei era por volta das 05h30min da tarde, peguei minha mochila e fiz os deveres que os professores haviam passado; quando terminei, fui até a cozinha e bebi quatro copos de água, aquilo serviria pra enganar qualquer fome que aparecesse, subi pro meu quarto de novo e vi que eram 06h30min, então tomei um banho e me vesti. Deitei-me em minha cama e fiquei assistindo uns clipes que passavam.
- Entra – falei quando ouvi batidas em minha porta.
- ‘Tá pronta? – ele perguntou adentrando o quarto.
- ‘Tô sim – falei, sentando-me.
- ‘Tá tudo bem? Você ‘tá meio pálida – disse.
- Não, eu ‘tô bem sim, podemos ir? – falei colocando-me de pé, não me sentia fraca, acho que a água estava me sustentando.
- É claro – disse, peguei minha bolsa e, quando descemos, encontramos minha mãe na sala.
- Mãe, já vou – falei.
- ‘Tá bom. Tome conta da minha filha, – disse.
- Vou tomar – ele disse pegando minha mão e eu a soltei, não queria encher mais ainda minha mãe de ilusões.
- Que foi? Não posso segurar sua mão? – perguntou quando saímos da casa.
- Pode... É que minha mãe acha que a gente dá um bom casal e eu não quero a deixar pensando outras coisas de nós dois – falei.
- Ah, não sabia que ela era dessas pessoas que acham que a gente tem alguma coisa – ele disse abrindo a porta do carro pra mim como um perfeito cavalheiro.
- Ela não era, até hoje. Acho que, se ela fosse 20 anos mais nova, ela namoraria você – falei e ele fez careta enquanto eu me sentava no banco do carona. Ele fechou a porta, contornou o carro e entrou no mesmo.
- O que ela disse? – perguntou colocando o cinto de segurança.
- Ela disse que você é um bom rapaz e é muito bonito – falei.
- Nossa, não sabia que meu charme e minha beleza faziam até a mãe da minha melhor amiga se apaixonar por mim – disse e eu ri. Ele é tão modesto, pensei.
- Pois é ninguém resiste a você e ao seu charme – falei.
- Até você? – perguntou dando partida no carro.
- Até eu. Sabe... Você até que você é bonitinho – falei e ele riu.
- Você me acha bonito? – perguntou olhando pra mim e depois voltando a atenção á estrada
- Acho. Você é bonito, inteligente, fofo e muito gentil.
- Eu também te acho bonita, inteligente, meiga e fofa.
- Nem eu sabia que eu era esse tanto de coisa – falei.
- Pois eu sabia que eu era – disse.
- Você deixou sua modéstia amarrada no pé da cama de novo, não foi? – falei e ele riu. Como eu não queria estragar tudo entre nós, aquela noite eu estava sendo o mais normal possível, e tentando deixar de lado a garota problemática que eu era. Ele ligou o rádio e logo começou á tocar Your Love Is My Drug da Kesha, e nós começamos a cantar feitos dois malucos.
- Sabe que eu sentia falta disso? – ele disse quando a música acabou.
- De quê? – perguntei.
- De ouvir você cantar no carro – ele disse sorrindo.
- E aí você começa a cantar também, só que fazendo uma voz fina e cantando super fora do ritmo da música pra me fazer rir... É, também senti falta disso – falei, rindo só de lembrar da gente cantando indo pra praia.
- Nas próximas férias a gente tem que ficar junto, para mim não sentir tanto sua falta – falei.
- Tem razão – disse. Conversamos assuntos aleatórios, o que fez eu nem notar o caminho para o shopping. Quando chegamos, a e a Nina já nós esperavam no estacionamento.
- Oi, gente – falei quando cheguei perto delas.
- Oi, – Nina disse abraçando-me.
- Senti sua falta nas férias – disse quando me soltou.
- Também.
- Oi, – ela falou.
- Oi, Nina – ele sorriu pra ela.
- Adorei sua roupa – ela disse se virando pra mim.
- Essa coisa? Comprei quando fui em Paris – falei.
- Simplesmente adorei!
- Cadê o ? – a perguntou.
- Ele deve estar chegando – disse. Ficamos esperando chegar para podermos entrar. Resolvemos ir pro cinema assistir um filme: os meninos queriam de ação, mas, como as mulheres eram a maioria, nós fomos ver um filme de comédia romântica, que eu adorei.
- Eu ‘tô com fome, por que a gente não vai comer alguma coisa? – disse quando nós passávamos na frente da praça de alimentação, senti um forte cheiro de pizza e eu senti minha barriga roncar.
- É, vamos... Também ‘tô com fome – a falou. Nos sentamos em uma mesa e fizemos nossos pedidos, pedi uma salada bem leve, com um pouco de suco de laranja, e os outros pediram uma pizza, conversamos sobre a escola e o garçom trouxe nossos pedidos. Comi metade da minha salada, não aguentava mais comer nada já estava cheia. Depois fomos jogar Guitar Hero, senti um pouco de enjoo, mas me controlei, respirei fundo e ele sumiu.
- , que horas são? – perguntei assim que nós terminamos de jogar.
- São onze e meia – disse olhando em seu relógio de pulso.
- Nossa! Já!? – falei.
- Pois é, a hora passa rápido quando a gente se diverte – disse.
- Acho que já tá na minha hora, galera – Nina falou.
- Tchau. Eu te vejo amanhã na escola – falei abraçando-a.
- Ah é, a escola – ela fez uma careta e entrou em seu carro.
- Eu levo a e você leva a , – falou.
- ‘Tá bom – ele respondeu.
- Tchau, – ela falou.
- Tchau, até amanhã. Tchau, – falei.
- Tchau, – ele sorriu e eu retribui.
- Vamos, então – disse abrindo a porta pra mim.
- ‘Tá cansada? – perguntou quando o carro começou a andar.
- Um pouco – falei.
- Também ‘tô quebrado – ele falou bem na hora que eu estava prestes a pedir pra ele dormir lá em casa, com ele lá eu não cederia e não acabaria colocando minha salada pra fora.
- A gente precisa descansar – falei.
O caminho de volta foi todo em silêncio, nós estávamos cansados demais pra conversar. Logo que chegamos em casa, eu senti o medo crescer em mim e as lágrimas se acumularem em meus olhos.
- Ei... O que foi? – ele havia percebido, que droga!
- Não foi nada, , ‘tá tudo bem – falei fechando os olhos e tentando controlar as lágrimas.
- É claro que há alguma coisa de errado – ele disse.
- Não tem nada de errado – falei abrindo os olhos e olhando-o.
- Me fala o que aconteceu – disse abraçando-me. Aquele abraço era a única coisa que eu precisava naquele momento, era ele que sempre me ajudava sem ao menos saber.
- É que, ás vezes, eu fico pensando se um dia, eu vou perder tudo isso, vou perder vocês por uma idiotice qualquer, e as consequências disso me tirar de vocês, dos meus pais e do Caio... – eu já chorava muito, não consegui mais controlar meus soluços.
- Ei! Aconteça o que acontecer, eu vou estar do teu lado... Não vou te deixar, eu prometo, vou estar aqui sempre por você – disse olhando em meus olhos. Pude ver o brilho destes e a sinceridade que eles tinham. Sustentei mais um pouco aquele olhar que me passava muita segurança e percebi que nós estávamos perto demais, nossos narizes já se tocavam. Abaixei minha cabeça colocando meu rosto em seu pescoço, seu cheiro entrou em minhas narinas e me fez ficar hipnotizada, – o aroma era forte e simplesmente maravilhoso. Levantei meu rosto novamente e o olhei, ele era lindo: seus olhos, seus cabelos, seu corpo, tudo era perfeitamente certo pra ele. Olhei para seus lábios, eles estavam e um tom avermelhado, o que me fez ter vontade de beijá-lo e, por isso, aproximei-me um pouco dele.
Capítulo 3 - "What the hell happened to me, i've become such a mess, i'm a walking disaster" All Because Of You - Avril Lavigne
Mas algo me fez sair do transe e voltar pra realidade. Ele era o meu melhor amigo que eu não podia sair o beijando assim.
- Você precisa descansar – falei, dei-lhe dei um beijo na bochecha e me virei pra abrir a porta do carro.
- Ei, espera! – ele puxou minha mão me fazendo virar pra ele.
- , eu realmente preciso entrar agora, boa noite – falei e sai do carro.
- Boa noite – ele disse. Fechei a porta do carro e sai meio que correndo pra entrar em casa.
Quando entrei e fechei a porta, encostei-me a mesma e escorreguei até o chão.
Aonde é que eu ‘tô com a cabeça? Meu Deus, eu quase... Quase o beijei! Eu só posso estar ficando louca... E ele ia me deixar fazer isso? E a ? Por que eu senti essa vontade louca e avassaladora de beijá-lo?
- ! – Caio me chamou.
- Oi – falei levantando-me.
- Aconteceu alguma coisa? – perguntou olhando-me.
- Não, eu vou dormir, boa noite – falei seguindo pra escada. Subi pro meu quarto, tomei um banho e vesti meu pijama. Não senti enjôo e fiquei feliz por aquilo, não queria mais vomitar, não queria ter aquela doença, pois ela só me fazia mal, não me ajudava em absolutamente nada e não ia me levar à coisa alguma. Não demorou muito para que eu adormecesse e, logo, apareceu em meus sonhos.
’s POV
Minha mente girava... Como eu não a beijei? Ela estava tão perto e eu perdi a chance.
- Como eu sou idiota – falei pra mim mesmo, ainda estava parado do lado de fora da sua casa. Esperando que ela aparecesse ali, mais isso era outra ilusão minha, ela não viria.
Ouvi meu celular tocar, olhei no visor, estava escrito: .
- Alô.
- Cara, onde você ‘tá? A mãe ‘tá pra ter um ataque aqui.
- Calma... Fala para ela que eu ‘tô bem e indo para casa – desliguei o telefone, liguei o carro e segui pra casa. Até liguei o rádio para tentar me distrai no caminho, mas não conseguia... Minha mente sempre me guiava a ela.
Parei o carro em uma praia que ficava perto dali e me sentei na areia, a brisa que batia em meu rosto fez com que a imagem de voltasse a invadir minha mente.
Ficaria lá, pensando nela por quanto tempo fosse necessário, mas me lembrei da minha mãe - ela deveria estar surtando uma hora dessas. Voltei pro carro e comecei a dirigir novamente, só que, dessa vez, eu realmente ia para casa.
- Meu filho! Onde você estava? Quase me matou de susto! – minha mãe disse quando eu entrei em casa.
- Eu ‘tô bem, mãe – falei e ela veio me abraçar.
- Bom... Já que o ‘tá são e salvo, eu vou dormir – disse.
- Boa noite, meu filho – minha mãe disse. e subiram as escadas deixando eu e minha mãe sozinhos, sentei-me no sofá e ela se sentou ao meu lado.
- O que aconteceu, meu filho? Foi a ? – perguntou. Ela era a única que sabia dos meus sentimentos por ela - eu havia lhe assim que eu descobri e até hoje ela me ajuda com tudo isso.
- É. Foi, mãe, eu não entendo como ela pode gostar do Raymond... Ele é o cara mais sujo que eu já conheci! E ela fica lá, babando por ele – falei.
- Meu filho, ela precisa perceber que este Raymond não presta e ver o rapaz bom que é você. O que você precisa é ter paciência, porque logo ela vai perceber que ele não é o homem para ela.
- Quanto mais eu vou ter que esperar, mãe? Já faz cinco anos e ela nunca percebeu – falei.
- Se você realmente gosta dela, vai esperar o tempo que ela levar – disse.
- Não sei se posso aguentar mais! Qualquer hora dessas, eu vou acabar contando para ela o que eu sinto – falei olhando-a.
- Quando a hora certa de contar chegar, você vai saber – ela disse.
- O que eu tenho mais medo é ela se afastar quando ficar sabendo disso.
- Ela não vai fazer isso, ela vai entender – ela disse, levantou, deu-me um beijo na testa e subiu as escadas.
Subi pro meu quarto, tomei um banho e fui dormir. Amanhã seria um dia cheio: tinha a , a , a escola... Com certeza seria um dia cheio.
’s POV
Dormi a noite inteira e acordei as sete totalmente descansada e feliz, tomei um banho e fiz minha higiene matinal, troquei de roupas e desci só encontrando minha mãe.
- Cadê o papai e o Caio? – perguntei sentando-me na mesa.
- Eles saíram cedo – ela disse.
- Ah! – disse bebendo um pouco de suco de laranja.
- Mas então, e ontem como foi? – perguntou.
- Foi bom, mãe – falei olhando-a.
- Eu o vi pegando sua mão quando veio a pegar ontem – ela disse com um sorriso malicioso. Para que ela foi me lembrar daquilo? Eu estava tão feliz e agora ela acabou com a minha felicidade.
- Mãe...
- E vi também quando ele veio te deixar.
- Mãe, eu tenho que ir pra escola... Tchau – falei levantando-me e seguindo pra porta.
Fui a pé mesmo já que nem o meu pai nem o Caio estavam em casa e, obviamente, eu também não ligaria para o vir me buscar, de agora em diante eu evitaria estar em lugares pequenos com ele pra que não acontecesse o mesmo de ontem. Segui andando para a escola, que não ficava tão longe assim, de modo que só levaria alguns minutos.
Gastei meia hora pra chegar na escola e fiquei suada como uma porca, mas pelo menos fiz uma caminhada.
- , por que você demorou tanto? – Nina perguntou.
- É porque eu vim a pé – falei.
- Por quê? – a perguntou.
- O meu pai e o Caio já tinham saído, então...
- Por que não me ligou? Eu ia lá e buscava você – disse.
- Não seria preciso – seria preciso sim, mas eu estava com medo de querer te beijar de novo, só isso.
- Vamos entrar então – a disse.
Entramos na escola e cada um foi para sua devida sala, as aulas passaram mais rápido do que eu imaginei. Eu estava indo para o refeitório, sentei-me na mesma mesa do dia anterior com, Nina, , e a , falamos sobre assuntos aleatórios, almoçamos e voltamos para nossas devidas salas.
Eu e seguimos para a sala nove: era Química novamente e nós teríamos, juntos a aula.
- Bom, gente, eu vou passar um trabalho... – o professor disse. Ih! Ferrou... Trabalho em pleno segundo dia de aula.
- E eu quero que vocês o entreguem amanhã – Como é que é, oh homem? Amanhã? ‘Tá louco?
- E é em dupla – ele falou.
- Na minha casa ou na sua? – perguntou ao meu lado.
- Olha que eu não sei, sabe... ‘Tá difícil escolher entre minha mãe e seu irmão falando que a gente é um casal... Essa é uma decisão muito difícil – falei e ele riu.
- Mas a Clara fez bolo de chocolate? – ele perguntou. Clara era a funcionaria da minha casa e ela sempre fazia os melhores bolos e tortas para a gente.
- Acho que fez... Fez – falei.
- Então vai ser na sua casa – disse.
- Seu interesseiro, só quer na minha casa porque tem bolo – falei e o sinal apitou.
- Não sou nada, eu não tenho culpa que ela faz um bolo de chocolate maravilhoso – disse pegando seus materiais.
- ‘Tá bom, lá em casa – falei me levantando.
- Então a gente vai a minha casa, eu tomo um banho e a gente vai pra sua – ele disse enquanto passávamos pela porta.
- Mas e eu vou ficar fedorenta? – perguntei quando nós começamos andar pelo corredor.
- Não ‘tá fedida não, você ‘tá muito cheirosa – ele disse chegando perto de mim e colocando seu nariz em meu pescoço respirando fundo, fiquei roxa de vergonha. Caramba! Esse menino quer me matar, já não basta o que aconteceu ontem.
- Você realmente sabe tirar proveito de uma situação – falei e ele riu.
- ‘Tá, então te encontro na saída – ele disse e piscou pra mim. Jesus, cadê o ar? O que eu ‘tô falando? Foco , foco. Ele é seu amigo e você não pode ter nada com ele, não pode nem pensar nisso.
- Cacetada! – falei sozinha.
- Que foi ? – a Nina perguntou chegando do meu lado que ainda estava parada no meio do corredor.
- Nada – falei.
- Tem aula de que agora? – perguntou.
- Olha... Eu... Esqueci – falei.
- O que aconteceu? Você nunca esquece essas coisas – ela disse
- Não foi nada – falei.
Capítulo 4 - "I'm hypnotized by your destiny, you're magical, lyrical, beautiful, you are" Love You Like A Love Song - Selena Gomez.
Olhei novamente no horário e vi que teríamos aula juntas, então seguimos para a sala e logo que entrei, a primeira cara que eu vi foi a do Raymond, meu coração bateu muito rápido – vê-lo era a melhor coisa de todos os tempos. Tentei me focar na aula, mas a Nina a toda hora falava que ele ficava me olhando e isso não ajudou em nada no meu aprendizado.
- Cara, eu não acredito que o Raymond ‘tava olhando para você – a Nina falou.
- Tipo, nem eu – estávamos pulando do lado de fora da escola feito duas malucas... Feito não, porque nós somos malucas. Ah! Deixa pra lá! Nós somos sim, mas eu estava tão feliz que não ‘tava nem aí para o que as pessoas estavam achando da gente.
- O que houve, suas macaquinhas? – a perguntou chegando perto da gente.
- O Raymond ficou olhando a a aula inteira – ela disse.
- Cara! Isso é maravilhoso, . Agora ele sabe que você existe – ela falou e começou a pular.
- Pois é, eu ‘tô tão feliz – falei. Era verdade, eu estava bastante feliz.
- Ae! – gritou.
- Que foi que aconteceu? – perguntou fazendo uma careta e eu tapei a boca da antes que ela falasse alguma coisa.
- Nada, não foi nada – falei.
- ‘Tá bom, a gente pode ir agora, porque se não vai ficar tarde? – perguntou.
- ‘Tá, mas até parece que você se importa com a hora – falei e ele riu.
- Tchau, gente – ele disse.
- Tchau, meninas, eu vejo vocês amanhã – falei. Elas acenaram e eu e o fomos em direção ao carro dele.
- A gente passa lá em casa, eu tomo um banho e a gente vai... Certo?
- Certo.
- Então, como foi a última aula?
- Maravilhosa.
- Por quê?
- Por nada não – falei ligando o rádio. Começou á tocar DJ Got Us Fallin' In Love Again do Usher.
- ‘Cause, baby, tonight the DJ got us fallin’ in love again, baby tonight the DJ got us fallin’ in love again, so dance dance dance like is the last last night of your life. – comecei a cantar, adorava aquela música.
- Não sabia que gostava dessa música – ele falou olhando pra mim.
- Pois é, eu adoro essa música – falei.
- Faz tempo que eu fui numa festa – raciocinei.
- Quem vê você falando assim pensa que você só anda nas festas – disse.
- Não, mas faz tempo sim – falei.
- ‘Tá bom – logo chegamos na casa dele, entramos e encontramos a Tia Denise falando com alguém no telefone.
- , você já chegou e trouxe a - ela disse vindo em minha direção e me abraçando, Denise era sempre carinhosa e gentil comigo.
- Como está, querida? – perguntou soltando-me do abraço.
- Eu estou bem e a senhora?
- Estou ótima – disse.
- Mãe... Eu e a vamos fazer um trabalho na casa dela então eu só vou tomar um banho pra gente ir – disse e foi em direção das escadas.
- Mas então, como sua mãe está? Não a vejo há algum tempo.
- Ela tá ótima, tia – falei sentando-me ao seu lado no sofá.
- Daqui a alguns dias é aniversário dela, vocês vão fazer festa?
- Ela sempre diz que não quer festas e nem nada, mas meu pai sempre faz, então acho que esse ano não vai ser diferente.
- Isso parece ser ótimo.
- E é, apesar de sempre sobrar para que eu arrume tudo – falei e ela riu.
- Se precisar de alguma coisa é só me pedir que eu te ajudo, querida – disse.
Ficamos conversando mais um pouco até o telefone tocar e ela ir atender. Falei para Denise que ia ver se o já estava pronto, subi as escadas e bati na porta do seu quarto.
- Entra – disse.
Eu abri a porta, entrei e percebi que ele estava só de calça jeans e com uma toalha sobre o ombro. Ele tinha um corpo dos deuses, seus músculos eram bem definidos, e eu nem preciso dizer que eu babei.
- Desculpa, – falei virando-me e ficando de costas para ele.
- Não tem nada – ele disse.
- E você nem para me avisar – falei.
- , não foi nada – ele disse e pude sentir ele se aproximando e me abraçando de lado.
- Já ‘tá pronto? – perguntei.
- Já sim – Virei para ele que agora estava vestido com uma camisa gola V preta e uma calça jeans com um all star preto, completamente perfeito.
- Então vamos logo que minha mãe é capaz até de chamar a polícia se eu não chegar em casa na hora – falei e ele riu pelo nariz. Descemos e nos despedimos da Tia Denise e seguimos para minha casa que não ficava muito longe dali.
- Mãe! – chamei por ela assim que entrei em casa.
- Staley! Onde você estava? Quer me matar do coração, menina? – disse assim que adentrou a sala onde eu estava.
- Mãe, eu ‘tô bem e inteira, eu fui à casa do com ele – falei fazendo ela perceber a pessoa ao meu lado.
- Ah! Oi, – ela disse.
- Oi, Senhora Staley – disse.
- , eu já te disse pra me chamar de Anne – falou.
- Desculpe, eu me esqueci, Anne.
- Muito melhor.
- O estresse passou? – perguntei.
- Passou e da próxima vez a senhorita trate de ligar antes que eu tenha um infarto – falou e nós rimos.
- A senhora sempre diz isso e nunca teve um infarto – falei jogando minha mochila encima do sofá.
- ‘Tá bom, eu acho que eu exagero às vezes.
- Às vezes? Tem certeza?
- É, só às vezes. Mas vocês não querem comer nada? Sabe, um bolo? – perguntou.
- Chegou a parte favorita do – falei e minha mãe ficou boiando.
- Muito obrigado – disse.
- De nada – respondi.
- Mãe, leva o para comer bolo enquanto eu tomo um banho – falei pegando a mochila e indo pra escadas. Subi, tomei um banho rápido, troquei de roupa, fiz um coque desajeitado no cabelo e desci, fui direto pra cozinha, pois sabia que eles estavam lá. Eu estava enganada, quando cheguei lá percebi que não havia ninguém, segui para a sala e vi minha mãe mostrando minhas fotos de bebê pro . Ai! Mereço isso, pensei.
- Mãe, por que a senhora sempre faz isso? – perguntei.
- Você era tão fofa, – disse sorrindo, ou melhor, zoando da minha cara.
- Ah é! Você também era com suas bochechas enormes – falei e ele parou de rir.
- Não fala das minhas bochechas, olha as suas – disse me mostrando uma foto.
- Até parece... As minhas eram muito menores que as suas – falei me sentando ao seu lado.
- Eram nada – resmungou.
- Eram sim – falei
- Não.
- Sim.
- Enquanto vocês brigam por causa de bochechas eu vou beber um chá – minha mãe disse se levantando e seguindo pra cozinha.
- Então, pronto pra começar o trabalho? – perguntei.
- Prontíssimo – disse. Fomos pro meu quarto e começamos a fazer o trabalho, mas é claro que eu liguei o computador e coloquei umas músicas pra tocar.
- Oh kiss me, like you mean it, like you miss me, ‘cause I know that you do, i wanna get back, get back with you – comecei a cantar Get Back da minha diva Demi Lovato.
- Você deveria ser cantora, sabia? – disse.
- Só eu? Não! Você também canta muito bem.
- Até parece.
- É sério, .
- You know, I can’t help myself, I love you and nobody’s else, I can’t help myself. Acha isso bom? – perguntou.
- , isso foi incrível.
- Sério? – perguntou fazendo uma careta.
- Sério, tipo, totalmente.
- Você e o seu “tipo” – ele disse e eu ri. Ficamos fazendo o trabalho, minha mãe veio avisar que ela ia ao salão e que ia demorar. Duas horas e meia foi exatamente o tempo que passamos fazendo aquele trabalho.
- Terminamos! – disse vitorioso.
- Graças a Deus – falei
- Ei! Vamos assistir Hannah Montana – falei.
- Não, por favor, não – ele disse fazendo cara de sofrido.
- O que você quer fazer? – perguntei.
- Que tal um filme?
- Eu voto na Hannah Montana.
- Deus, o que eu fiz para merecer? – perguntou olhando pra cima.
- Para! Isso só é engraçado quando eu faço – falei e ele riu.
- Mas que tal a gente fazer o seguinte: a gente assiste um episódio de Hannah Montana e depois a gente assiste o filme – falei.
- Só se você fizer pipoca.
- Feito. Descemos e eu fui fazer a bendita da pipoca, depois fomos assistir Hannah Montana. Enquanto eu cantava a música da abertura, que eu sou simplesmente viciada, ele fazia cara de tédio.
- Ah! Não é tão ruim assim – falei.
- ‘Tá, vamos assistir o filme agora e eu só espero que o nome da menina não seja Hannah – disse. Assistimos ao filme comendo pipoca - na verdade, a gente não comeu quase nada, eu ‘tava sem fome e o também, coitado, minha mãe deve ter feito ele comer metade do bolo. Quando o filme acabou nós colocamos outro, esse era de comédia romântica. Já sentia o sono me dominar então coloquei a almofada na perna do e me deitei sobre ela.
- Virei parte do sofá agora? – perguntou. Não disse nada, só me ajeitei, fechei os olhos e senti o sono me rondar, respirei fundo sentindo seu agradável perfume que me fazia ficar hipnotizada a cada vez que eu o sentia e logo adormeci ali mesmo.
Capítulo 5 -“And I will love you in reality and dreams” Second Lover – Noah and The Whale
’s POV
- Virei parte do sofá agora? – perguntei e ela não respondeu, somente fechou os olhos. Fiquei olhando-a, como ela podia ser tão perfeita? Aqueles cabelos, aqueles lábios que cada vez mais me matavam de vontade de tê-los junto aos meus... Passei a mão pelos seus cabelos e a vi adormecer. Como seria bom se ela soubesse o que eu sinto por ela, eu a faria tão feliz e ela me faria feliz também, disso eu tinha certeza, ela me faria me sentir completo, sentir algo que eu ainda não havia sentido. Fiquei olhando-a por alguns minutos tentando gravá-la em minha mente, até ouvir sua mãe chamá-la.
- – ela se assustou ao me ver.
- Oi, Anne.
- Ela dormiu?
- É, a gente tava assistindo o filme e aí ela dormiu.
- Tem quanto tempo?
- Uns 5 minutos, mas eu vou levar ela lá pra cima.
- Obrigada, – ela disse e se retirou indo rumo à cozinha.
Peguei-a no colo com facilidade, já que ela nem pesava tanto, subi as escadas e entrei em seu quarto colocando-a deitada em sua cama, tirei sua mochila e os cadernos de cima da cama e a cobri com o edredom lilás ajoelhando-me ao seu lado.
- Boa noite, minha princesa – falei e encostei meus lábios em sua testa dando-lhe um beijo. Fechei os olhos, tentado sentir somente a textura de sua pele.
- Eu te amo – sussurrei, levantei-me e segui até a saída. Olhei-a mais uma vez e fechei a porta, desci as escadas e encontrei sua mãe, despedi-me e fui para casa.
- ‘Tava onde? – perguntou assim que abri a porta e entrei.
- ‘Tava na casa da – falei me sentando no sofá ao seu lado.
- Vocês dois... Acham que eu não sei de nada – ele disse.
- O que você sabe, ? – perguntei.
- Que vocês dois se gostam.
- , por favor, não começa a achar que a gente tem algo porque nós não temos – falei. Mas eu queria ter, pensei.
- Eu nunca disse que vocês tinham alguma coisa, eu disse que vocês se gostam, isso ‘tá escrito na sua testa, .
- O que ‘tá escrito na minha testa?
- Que você gosta da – disse. Ih! Ferrou, pensei.
- É claro que não, , nós somos amigos – falei.
- Você acha que me engana, mas você não me engana – disse e eu me levantei e fui pro meu quarto. Fui direto pro banheiro e tomei um banho daqueles, saí apenas com uma toalha enrolada na minha cintura.
- Ei! Ninguém aqui quer te ver pelado não, vai se vestir – disse virando o rosto.
- Eu não quero ver vocês no meu quarto e, segundo, eu não ‘tô quase pelado, eu ‘tô de toalha – falei notando que também estava ali.
- Mas mesmo assim, se veste – disse se sentando em minha cama. Peguei uma bermuda e uma camiseta qualquer e voltei pro banheiro, vesti a roupa e saí novamente.
- Então, o que vocês querem? – perguntei, eu não costumava ser grosso com eles, mas é que nesses dias eu ando estressado: é muita coisa acontecendo ao mesmo tempo.
- Se acalma – disse.
- Eu ‘tô calmo, – falei e me deitei em minha cama.
- Bom... A gente veio conversar sobre a – disse.
- Ah não, por favor.
- , a gente sabe que você gosta dela, não importa o que você diga, a gente sabe a verdade e a gente quer te ajudar – disse.
- Eu não preciso da ajuda de vocês – falei me levantando.
- Então confessa que gosta dela – disse.
- Eu não gosto, ‘tá? Dá pra parar de falar isso?
- É claro que gosta, a gente vê o jeito que você olha pra ela, o jeito que você fala dela... – será que eu dava tanta bola assim?
- Meninos, o jantar está pronto! – minha mãe disse entrando no quarto. Até que enfim alguém pra me salvar desses dois, pensei.
- A gente não terminou nossa conversa, Sr. – disse saindo do quarto logo seguido de .
- Que conversa? – minha mãe perguntou.
- Eles deram pra achar que eu gosto da – falei.
- E você não gosta? – disse rindo.
- O pior que eu gosto e muito dela – falei.
- Vai contar pra eles? – perguntou se aproximando de mim.
- Eu quero, mas... Eu não quero que eles fiquem fazendo piadas na frente dela, não quero que eles fiquem a enchendo – falei e um sorriso se abriu em seu rosto.
- Por que ‘tá rindo? – perguntei rindo também.
- Por que eu ‘tô encantada. Sabe, há um tempo, você era só o meu bebê e agora você é um homem, um homem que está apaixonado – disse.
- É, eu acho que eu não sou mais um bebê – falei.
- Vai ser sempre, pelo menos para mim você vai sempre ser meu bebê, meu filhinho.
- Vamos descer e jantar – falou me abraçando de lado.
- Eu não ‘tô com fome – falei. Eu realmente não ‘tava com fome, tinha comido uns três pedaços de bolo, porque a mãe da me obrigou e depois comi pipoca com ela.
- Ah! Mas você tem que comer, se não vai ficar fraco e a não vai te querer – disse e eu ri pelo nariz.
- Ela já não me quer agora, imagina se eu ficar fraco – falei.
- Por isso que você tem que comer – fui arrastado por minha mãe até a sala de jantar, encontrei meu pai e meus irmãos a nossa espera. Fizemos uma oração e começamos a jantar como sempre fazíamos.
- , eu quero falar com você – meu pai me chamou quando eu ia subir as escadas para ir para o meu quarto.
- ‘Tá – falei e ele me guiou até o seu escritório.
- Eu quero te fazer uma proposta – disse se sentando em sua cadeira e eu me sentei em sua frente.
- Que tipo de proposta? – perguntei.
- Eu quero que você vá morar na Espanha – disse.
- Como?
- É, em Madri, na verdade, uma escola viu suas notas e te acharam um aluno incrível, e querem você lá.
- Mas, pai, eu tenho minha vida aqui, tenho meus amigos, e tenho vocês.
- Eu sei, meu filho, mas é que isso pode ser muito bom para você. Sabe, sair um pouco de Dallas, conhecer coisas novas, aprender mais.
- Eu não quero... Pelo menos não agora.
- Tudo bem, por que você não pensa sobre isso? Eles vão poder te aceitar até o meio do ano, depois disso, não tem como você entrar... Essa vaga é muito disputada, então pense muito bem.
- Eu vou pensar – falei me levantando. Saí dali e fui pro meu quarto, pensar.
Capítulo 6 - "All this time i was waiting for you we got all these words can't waste them on another so I'm straight in a straight line running back to you" All This Time – OneReplubic
’s POV
Abri os olhos e vi que estava tudo escuro, percebi que estava deitada em minha cama, encarei o teto por um breve segundo e me lembrei de . Levantei e sai correndo rumo à sala.
- !
- ! – chamei novamente, mas nada dele responder. Fui em direção da cozinha e encontrei minha mãe lendo alguns livros de receita.
- Mãe, a senhora viu o ? – perguntei.
- Ele já foi embora e já faz tempo, filha – ela disse se aproximando de mim. - Aconteceu alguma coisa? – perguntou colocando uma mecha do meu cabelo para trás de minha orelha.
- Não – falei tentando lembrar daquela tarde, e logo a resposta me veio, eu havia dormido em seu colo.
- Quer comer alguma coisa?
- Não, eu vou voltar a dormir – falei.
- Boa noite – deu-me um beijo na testa.
- Boa noite – eu voltei para meu quarto e fui tomar banho rápido, vesti meu pijama e me deitei na cama, mas o sono não veio: estava em minha cabeça. Peguei o celular e disquei seu número, chamou três vezes até eu ouvir sua voz.
- Alô? – ele disse, sua voz estava rouca como de alguém que acabara de acordar.
- , sou eu... Eu te acordei? – perguntei.
- ! Não, eu não estava dormindo, aconteceu alguma coisa?
- Não, não aconteceu nada não.
- Ah.
- Então, boa noite.
- Espera.
- O que foi? – perguntei.
- Amanhã te falo.
- ‘Tá bom, boa noite.
- Boa noite – disse e eu desliguei o telefone. Eu estava sentindo uma sensação estranha respeito ao , sei lá, algo me dizia que nada ia ficar bem. Fiquei mais um pouco acordada, mas logo o sono veio e eu dormi.
Acordei ás 07h00min da manhã, tomei banho, vesti minhas roupas e desci. Só o Caio estava tomando café.
- Bom dia – falei.
- Bom dia.
- Cadê minha mãe?
- Ela saiu, foi ao supermercado comprar alguma coisa – disse.
- Ah – falei tomando um gole de café. Ouvi um barulho de carro chegar e deduzi que era minha mãe, mas foi engano meu, minutos depois vi adentrar a cozinha.
- .
- Bom dia – ele disse.
- E aí, cara? – Caio o cumprimentou.
- Oi.
- O que ‘tá fazendo aqui?
- Vim te buscar para ir para a escola.
- Mas ainda ‘tá cedo.
- É, mas eu queria conversar com você.
- ‘Tá bom – falei me levantando.
- Caio, quando a minha mãe chegar, fala pra ela que eu já fui pra escola.
- ‘Tá.
Saímos da minha casa e fomos até uma pracinha que ficava alí perto.
- Então, o que queria me contar? – perguntei quando me sentei em um dos bancos.
- Eu não sei por onde começar – disse se sentando ao meu lado.
- Pelo começo, oras.
- Não, é sério – disse rindo ele estava aparentemente nervoso.
- ‘Tá bom.
- A gente se conhece desde pequeno e sempre fomos amigos, agora, melhores amigos, mas desde que você voltou de Paris eu tenho visto as coisas por outro lado... Olhado de outro jeito e venho guardando isso pra mim, o que eu to tentando dizer é que... Que eu te a...
Ele começou a falar, mas foi interrompido por alguém que me chamava.
- ! – era a Nina que me chamava.
- Nina! O que ‘tá fazendo? – perguntei.
- Eu ia te buscar pra ir pra escola, se não você vai se atrasar – disse.
- Mas eu ‘tô com o .
- Se quiser ir com ela, pode ir acho que vou ficar mais um tempo por aqui – disse cabisbaixo.
- Mas...
- Vai, você vai se atrasar.
- Mas e você?
- Não se preocupe comigo.
- ‘Tá bom – falei, levantei e segui até o carro. Acenei pra ele que sorriu de volta, entrei no carro e nós fomos a caminho da escola.
Capítulo 7 - "So why do I try? I know i'm gonna fall down, I thought I could fly, so why did I drown? I'll never know why, Its coming down, down, down." Down - Jason Walker
’s POV
Que idiota eu sou! Que ódio de mim, eu estava tão perto de falar pra ela, mas não consegui. Fiquei olhando para o chão, precisava me distrair um pouco e esquecer o que aconteceu naquela manhã. Peguei o telefone e disquei para o número da , chamou umas três vezes até ela atender.
- Amor.
- Oi, , onde você está?
- Eu ‘tô indo para a escola agora, acabei me atrasando de novo.
- Você quer ir mesmo pra escola? Sabe, eu tenho uma coisa melhor pra fazer.
- Você vai perder aula? Você nunca perde aula.
- Vem até a praça, vou ficar te esperando – falei e desliguei o telefone, precisava dela pelo menos pra me distrair e me fazer esquecer a pelo menos por um tempo. Não demorou muito até eu ver seu carro parando atrás do meu, levantei e segui até seu carro e, quando ela saiu, eu a beijei antes que ela pudesse falar qualquer coisa.
- Nossa! O que aconteceu? – perguntou quando nos separamos.
- Não aconteceu nada, só me beija – voltei a beijá-la, aquela era a única forma de não pensar nela, a única. Ficamos mais um tempo assim e fomos pra escola já que estava no horário do almoço. Eu dei um jeito da gente entrar.
’s POV
- Você viu o ? – perguntei pra quando nós nos sentávamos em uma mesa qualquer no refeitório.
- Não. Por quê?
- Ele ‘tava muito esquisito essa manhã, sei lá.
- Pra entender esse menino só você mesmo, .
- É um dom – falei e ela riu.
- Oi, meninas – disse se sentando ao meu lado.
- Oi – falamos juntas.
- E aí, cunhadinha? – ele disse. Quem esse garoto é pra chegar e me chamar de cunhadinha?
- , não começa, ‘tá? – disse.
- Quê? ... Tu e o ... Vocês...
- Não, , a gente não tem nada, é mentira do .
- Então me explica o que ele tava fazendo na tua casa até tarde ontem.
- A gente tava assistindo um filme, seu bobo.
- Com umas pausas para derem uns beijinhos – ele disse fazendo bicos e barulhos como de alguém que estivesse beijando.
- Credo! Sai pra lá, garoto – falei.
- Por que não a deixa em paz, ? – ouvi a voz de falar atrás de mim.
- O namorado protetor chegou – ele disse. Se ele falar mais alguma coisa eu não me responsabilizo pelos meus atos.
- Se você não calar a boca eu vou acabar te batendo, mas eu não quero fazer isso por causa do , em respeito a ele.
- Por mim tudo bem, pode bater nele – disse.
- autorizou, então cala a boca ou então vou te deixar roxo – falei.
- Você é muito agressiva – ele disse e todos nós rimos.
- E você não sabe o quanto – falei e todos nós rimos novamente.
- Bom... Então quem vai à festa do Marco no sábado? – a perguntou. Marco era um dos populares amigos do Raymond, todo começo de ano tinha uma festa para comemorar não sei o quê, mais todo mundo ia.
- Eu não sei se eu vou, é aniversário da minha mãe – falei.
- Mas o aniversário da sua mãe é na sexta e a festa é só no sábado – ela disse.
- Mas para todo o caso eu tenho que falar com ela – falei.
Ficamos conversando sobre assuntos aleatórios, na verdade, a ficou reclamando da professora de História, que seria minha próxima aula. Nunca gostei de História, qual a graça de estudar o que aconteceu há um milhão de anos atrás?
Segui pra aula com , teríamos aula, juntos, de novo. Ainda bem, pelo menos ele estaria lá para aguentar essa comigo, apesar de estar estranho.
Entramos na sala e sentamos um do lado do outro, conversava com uns amigos enquanto eu observava o movimento da sala.
- Ei, ! O falou que hoje vai ter prova de matemática? – disse se virando para mim.
- Como é que é?
- Pois é, a professora vai fazer tipo um teste surpresa.
- Fud...
- Não fala palavrão – ele disse e eu comecei a rir.
- Mas e essa professora que não chega? – falei depois de rir, é engraçado que os professores sempre esquecem que tem que dar aula e na minha sala.
Demorou um pouco até a professora chegar, a tinha razão: ela tinha a cara ruim e era rabugenta.
- Vocês vão ler e depois cada um vai me falar o que entendeu sobre o texto – ela disse entregando um texto para cada um na sala. O texto era enorme, de três páginas cheias, e ainda por cima de um cara lá que já tinha morrido há muito tempo. Ninguém merece, pensei.
- Esse texto ‘tá parecendo a lista de coisas que a gente não pode fazer aqui no colégio – falou baixinho pra mim que soltei um riso, fazendo todos olharem pra mim, inclusive a professora.
- Está com algum problema, senhorita Staley? – ela perguntou com aquela cara de que chupou limão.
- Não ‘tô não. E a senhora? ‘Tá com algum problema? – perguntei e todos riram.
- Sim, esse seu sorriso – disse.
- Desculpa se eu incomodo a senhora – falei. Ela me ignorou e voltou a ler qualquer coisa no seu livro.
O resto da aula foi normal, todos explicavam o que haviam entendido do texto, o sinal tocou e nós seguimos para aula de matemática que também teríamos juntos. Sorte a nossa. Fizemos o tal teste surpresa, que não estava tão difícil, e saímos da sala para o pátio.
- Amor – veio ao encontro de .
- – ele disse abraçando-a, revirei os olhos e olhei pra trás, não queria ver eles se beijando. Era esquisito ver namorar, sei lá, vai me entender.
Senti meu celular vibrar dentro da bolsa e quase a derrubei para procurá-lo. Assim que achei, vi que tinha chegado uma nova mensagem.
Estou quase saindo da sala, me espera no pátio, temos aula juntas. .
Era só o que o que me faltava: eu querendo sair daqui e agora tenho que ficar.
- Quem era? – perguntou vendo que eu ainda encarava o celular.
- Era uma mensagem da , ela pediu pra esperar aqui – falei e me sentei em um banco.
- Então vamos esperar – disse e se sentou ao meu lado, imitou o gesto, só que do lado dele.
Peguei meus fones de ouvido e coloquei uma música bem alta, não queria ouvir a voz daquela vaca, o som de Girlfriend da Avril Lavigne começou numa altura quase insuportável me fazendo abaixar um pouco o volume, já que não queria ficar surda.
Hey, hey; you, you; I don’t like your girlfriend; no way, no way...
Isso era verdade eu não gostava da , na verdade eu a odiava.
Think you need new one...
Outra verdade: merecia uma garota legal e gentil assim como ele.
I could be your girlfriend
Agora isso era mentira, eu acho.
Troquei de música, não queria mais pensar naquilo, fiquei ouvindo Demi até a aparecer.
Despedi-me de e nós seguimos para a aula de Biologia. Sentamos uma do lado da outra e contei pra ela que eu não gostava da e tal, ninguém sabia daquilo porque eu nunca havia falado, achava que minha antipatia por ela era melhor guardar só pra mim. Logo o professor chegou e começou a aula, prestei o máximo de atenção já que eu não era muito boa em Biologia. A aula terminou, nós recolhemos os materiais e fomos para o portão esperar o resto do povo chegar.
- Nossa! Eles tão demorando tanto – ela reclamou.
- Calma, eles já chegam – falei, esperamos mais um pouco e logo vi , Nina e - com a -, mereço.
- O que essas princesas ainda fazem aqui? – perguntou abraçando eu e a de lado.
- Esperando vocês – ela disse.
- Nossa! Que honra, eu posso, né? – ele disse fazendo a gente rir.
- , quer que eu te leve? – perguntou. Deus me livre de ficar no mesmo carro que a .
- Pode deixar, , eu a levo – Nina disse.
- Não, obrigada vocês dois, eu vou ligar pro Caio vir me buscar – falei me soltando do abraço de para pegar meu celular, disquei o número de Caio que logo atendeu e disse que chegaria logo. Dei graças a Deus por isso, não ia aguentar ficar olhando para cara da querida namorada do meu melhor amigo, sei que isso pode parecer ridículo, mas acho que merecia uma menina mais direita e que não o fizesse sofrer tanto. Tipo, há dois dias, ele ‘tava mal por causa dela e agora os dois ‘tão aí, agarrando-se na frente de todo mundo.
Nós nos sentamos em um banco que tinha na entrada da escola para esperar o Caio, todos conversavam e riam de tudo.
- E aí, , ‘tá namorando? – perguntou me abraçando de lado de novo.
- Não, , eu não estou namorando – falei.
- Que tal se a gente sair e tal? – ele disse me olhando de um jeito malicioso, o que esse menino ta pensando?
- , chega dessas suas brincadeiras – falou em um tom furioso.
- Calma aí – ele disse me soltando.
O carro de Caio parou ao nosso lado, eu me levantei e me despedi de todo mundo entrando no mesmo. Fomos para casa e eu não conseguia parar de pensar na expressão de , por que ele tinha agido daquele jeito com o ? Eu não entendia. Tentei não pensar mais naquilo, era complicado demais para mim.
- Já chegaram – minha mãe disse assim que nos viu entrar em casa.
- É – Caio disse abraçando-a.
- Boa tarde, princesa, não te vi hoje – disse me abraçando.
- Pois é, fui mais cedo hoje pra escola – falei e ela me olhou um sorriso nos lábios, era por causa de o ter me buscado hoje, eu tinha certeza.
- Eu vou tomar um banho, com licença – falei indo em direção às escadas. Subi, tomei um banho e me vesti, ligaria para as meninas para irmos ao shopping, precisava de um vestido para festa da minha mãe e elas também, já que eu as convidei.
- Alô? – disse assim que atendeu.
- Oi, , sou eu, a .
- Diga o que queres, meu amor.
- Queria que você e a Nina fossem no shopping comigo, tenho que comprar o vestido da festa.
- Ah é mesmo! Eu ‘tô precisando de um vestido novo, espera aí, eu vou colocar ela na linha.
- Alô...
- Oi, Nina, aqui é a .
- E a .
- Oh! Chamada tripla, eu adoro isso – ela falou.
- Mas deixa de bobeira, a gente ‘tá querendo ir ao shopping, quer ir também?
- Não sei...
- Ah! Qual é, Nina? Nunca vi você dispensar uma ida ao shopping – falei.
- ‘Tava brincado com vocês, mas pra que essa ida repentina ao shopping?
- O aniversário da minha mãe, esqueceu?
- Ah é mesmo! Então vamos, passo aí daqui a pouco.
- ‘Tá bom, tchau.
- Tchau.
Desliguei o telefone e desci, encontrei Clara fazendo um bolo e minha mãe falando no telefone.
- Filha, quer comer alguma coisa? – minha mãe perguntou assim que desligou o telefone.
- Não, mãe... Eu e as meninas vamos ao shopping comprar o vestido pra festa – falei.
- Ah é! E por falar em festa, preciso da sua ajuda – disse.
- Quando eu chegar, eu te ajudo.
- Mas só vão você e as meninas? E o ?
- O não vai mãe, ele ‘tá com a namorada dele – falei e sai da cozinha, que saco, ela não esquece o ? Subi pro meu quarto, peguei minha bolsa e coloquei tudo o que eu precisava: dinheiro, celular e as outras coisas. Desci e fiquei esperando as meninas chegarem, logo ouvi uma buzina e falei pra minha mãe que já estava indo.
- E aí, gatinha – falou assim que entrei no carro.
- Oi – falei colocando o cinto de segurança.
- Mas a pergunta que não quer calar é: o que foi aquilo hoje? – falou enquanto estávamos andando em direção a uma loja do shopping.
- O quê? – Nina perguntou confusa.
- Aquilo que o disse pro hoje por causa da .
- Pois é... Tu viu aquilo? – elas começaram a conversar parecendo que eu estava lá.
- Ei – reclamei.
- Que foi? – elas perguntaram juntas.
- Será que dá pra mudar de assunto? O que eu to querendo dizer é... Esquecer o ?
- O que foi que aconteceu? brigou com o melhor amigo gato? – Nina perguntou.
- Não é isso, é que minha mãe não para de falar nele e isso irrita – falei abrindo a porta da loja.
- Não sabia que tua mãe era obcecada pelo – Nina disse ao meu lado enquanto falava com a atendente.
- E não era, mas agora ela não para de falar dele, em como ele é bonito e educado.
- E ela ‘tá certa, ele é um gato e muito educado.
- Não acredito, Nina... Até você – falei.
- Até eu, minha querida, quer um conselho de amiga?
- ‘Tá.
- Na verdade, dois: primeiro, se livra da e, segundo, agarra aquele Jonas antes que eu faça isso. – olhei-a incrédula. Como assim ela... Ai, minha Nossa Senhora, o que o ‘tá fazendo com essas meninas/mães que elas tão ficando assim?
- Tira o olho do meu Jonas! – disse.
- Até você, – Nina falou
- Até eu o quê?
- Gosta do .
- Não, não, ele até que é bonitinho, mas eu gosto mesmo é do .
- Não sabia que gostava do – falei.
- Nem eu sabia – rimos.
- Então, está aqui – a atendente entregou um vestido cor de rosa lindo pra .
- Nossa, é lindo – falei.
- Vou experimentar – disse se levantando e foi á caminho do provador, levantei e comecei a olhar os vestidos: tinham vários, de modelos e cores diferentes. Fiquei olhando-os e uma lembrança me veio.
- Ain, amiga, você ficou linda – ela disse assim que eu saí do provador.
- Você acha?
- Com certeza, ‘tá muito perfeita.
- Brigada – falei abraçando-a, Jenny, minha melhor amiga, sempre me colocando pra cima, mas eu realmente queria ser igual a ela. Como descrevê-la? Acho que a palavra “perfeita” não era o suficiente, ela era mais que perfeita com seus cabelos cor de ouro que iam até a metade de suas costas, seus olhos azuis... Tudo parecia muito certo pra ela. Já eu não chegava aos seus pés.
- Eu gostei daquele sapato – Nina falava enquanto andávamos para fora do shopping.
- É, ele é bonito – concordou.
- Tem certeza que o sapato deu certo com o vestido? – perguntei.
- Com certeza, , nem se preocupa. Ficou lindo – Nina falou.
- Desculpa – falei quando, sem querer, esbarrei em alguém.
- Tudo bem – era Marco.
- Tudo bem – repeti e saí. Marco era do tipo galinha que se aproveitava das garotas
- só as garotas burras, porque, vamos combinar, que todo mundo sabe que ele é assim, quem fica com ele ou é burra ou tem problemas. Quando cheguei em casa fui ajudar minha mãe com as coisas da festa, havia muito a fazer ainda.
- , seu telefone ‘tá tocando – Caio disse entrando na cozinha onde estávamos. Peguei o celular de sua mão e olhei no visor onde estava escrito “”, meu coração deu um pulo na hora, eu não sei o que ‘tá acontecendo comigo.
- Alô – atendi.
- Oi, liguei pra saber como você está, não te vi a tarde toda... O que fez?
- Eu e as meninas fomos ao shopping comprar nossos vestidos – falei indo em direção à sala.
- Ah! É mesmo! Os vestidos... Eu nem sei que roupa eu vou ainda, acho que minha mãe vai cuidar disso, sabe como é - disse.
- Sei como é.
Conversamos mais um pouco até minha mãe me chamar e eu ter que desligar o telefone, eu terminei de ajudá-la com as coisas da festa e subi pro meu quarto, tomei um banho e fui dormir.
Capítulo 8 - "Boy, you're an alien, your touch so foreign, it's supernatural, extra-terrestrial" E.T - Katy Perry
Acordei atrasada no outro dia, tomei um banho rápido, vesti minhas roupas e desci, nem tomei café da manhã, não estava com fome. Caio e meu pai já tinham ido e o único jeito era ir a pé.
Saí correndo de casa, não podia chegar atrasada hoje.
Cheguei atrasada na escola, o primeiro sinal já havia batido. Sai correndo pra sala de Física, onde o professor me olhou com uma cara não muito boa mais me deixou entrar. A aula acabou rápido, já que eu tinha perdido a metade dela.
- Oi, - veio ao meu encontro quando eu entrava no refeitório.
- Oi - forcei um sorriso realmente, não estava tendo um dia bom. Seguimos até uma mesa qualquer. Não demorou muito ate o chegar e sentar com a gente.
- Dae, - ele me cumprimentou com aquele jeito todo agitado dele.
- Oi, - falei.
- Eu vou comer alguma coisa eu tô morto de fome - disse passando a mão na barriga.
- Novidade - disse e ele me ignorou e foi pra fila sendo seguido pela , que me deixou completamente sozinha.
- Oi! - disse ao meu lado, me assustado.
- Que susto! - falei pondo a mão no coração.
- Desculpa - disse sorrindo e se sentando ao lado.
- Tudo bem - retribui seu sorriso dessa vez eu estava realmente sorrindo.
- Não vai comer? - perguntou.
- Tô sem fome.
- Hum... - disse me encarando.
- Que foi?
- Nada - falou dando uma mordida em seu sanduíche.
Ficamos jogando conversa fora durante todo almoço, depois que o sinal apitou, fomos cada um pra sua devida sala, teria aula de Matemática, então como sempre digo vou me afogar no X. veio comigo, já teríamos aula juntos. Sentei em minha cadeira de sempre e estranhei quando ele se sentou ao meu lado. Olhei para trás e vi que a não estava ali, olhei pra ele que abria seu caderno.
- Cadê a ? - perguntei.
- Não veio hoje - disse pegando o lápis na mochila.
- Estranho - murmurei.
- Acredite, a é estranha - rimos.
- Nossa, que namorado ela foi arrumar.
- O mais lindo de todos - ele disse convencido.
- Gosta mesmo dela? – perguntei simplesmente do nada, mas eu precisava saber.
- Por que esta me perguntando isso? – perguntou nervoso, percebi que ele prendia sua respiração.
- Você não me respondeu a minha pergunta.
- É complicado – disse encarando o chão. Mas o que havia de errado naquela pergunta, se ele estava com ela, era por que gostava dela, certo? Certo.
- Gostar da é complicado? – perguntei confusa. Desde quando gostar de alguém é complicado? Bom... Mas se esse alguém é a , sim é complicado.
- Eu não gosto dela. – Pára tudo ele não gosta dela... ELE NÃO GOSTA DELA, eu sabia, bom... Na verdade eu não sabia mais eu tinha certeza que meu melhor amigo tinha cérebro o suficiente pra não gostar daquela vaca.
- Por que ‘tá com ela? – perguntei. Que pergunta indiscreta essa minha, mas tudo bem, ele vai entender minha curiosidade, ele vai perceber que eu só estou tentando compreender e ajudá-lo.
- Porque ela gosta de mim, e eu não quero magoá-la. – respondeu cabisbaixo. – , eu... Esse seu comportamento só vai adiar o sofrimento dela, não vai fazer parar, olha quando você terminar tudo, ela vai sofrer, e ai não vai adiantar nada todo esse tempo que você esteve com ela. – falei, eu realmente não sei da onde veio isso. Acho que foi do coração, eu não quero ver ele magoado ou triste, eu faria tudo para não vê-lo assim.
- Eu sei disso, sei que estou usando-a – ele disse agora me encarando, e me deixando mais confusa.
- Usando-a, como assim?
- Eu estou... Estou usando a para tentar esquecer uma pessoa.
- Uma menina? Gosta de outra garota?
- Sim – respondeu risonho. Certo, ele realmente gosta dessa garota, mais eu não gosto dessa situação.
- Quem é ela? Eu conheço? Ela é bonita? Estuda aqui? Me conta! – ele riu quando foi bombardeado pelas minhas perguntas, fazer o que eu queria saber.
- Eu já disse que você é muito curiosa? – perguntou levantando a sua sobrancelha e rindo, e eu? Simplesmente babei.
- Já, muitas vezes – sério alguém traz um babador pra mim se não eu vou molhar a cadeira.
Realmente eu não sei o que ta acontecendo comigo, últimamente eu ando tendo uma queda de 547657654357 pelo , que é “meu melhor amigo”.
Eu acho ele lindo, cheiroso educado, lindo, gostoso, carinhoso, lindo, gentil, lindo, lindo e lindo.
Quem eu tava tentando enganar, ele é um Deus.
- Bom, vamos ver... A primeira pergunta eu não vou dizer, já a segunda é sim, sim, sim e pro “me conta” é um não – disse fazendo aspas no “Me conta”.
- Por quê? – perguntei fazendo aquela carinha de gatinho Shrek.
- Primeiro, por que eu não quero contar agora e segundo por que a professora chegou – ele falou rindo da minha cara, que de gatinho do Shrek se transformou em indignação.
Como ele não iria me contar? Tudo bem, eu não queria saber mesmo. Mentira! Mentira cabeluda, eu estava me roendo pra saber. Mas o meu amigo aqui não quer me contar.
Tentei tirar aquilo da minha cabeça e me concentrar na aula, o que foi muito difícil, mas tudo bem.
As aulas passaram rápido, logo nós já estávamos fora da escola.
- Não acredito que ‘tá chovendo – Nina reclamou.
- Mas é melhor que aquele calor insuportável – respondeu. Eu somente olhava a chuva cair e molhar toda a grama da entrada da escola.
Peguei meu celular para ligar pro Caio vir me buscar, mas disse que não precisava, que ele me levaria.
- Vamos? – perguntou me tirando do transe.
- Vamos – falei. Ele me deu seu casaco para minha roupa não acabar toda molhada por causa da chuva.
Seguimos correndo até seu carro, já que a chuva havia ficado mais forte. Eu mantinha a atenção nas pessoas correndo tentando se proteger da chuva.
Era a mesma coisa com a dor, as pessoas tentavam ao máximo não se machucar, elas não arriscavam sempre tinham um escudo ao redor de si mesmas, no caso da chuva, esse escudo era o guarda chuva, ele as protegiam de se molhar. E o fato delas não se arriscarem as protegiam de se ferir futuramente. Comparação boba essa a minha, mais chegava a ter um pouco de sentido.
Olhei para o e ele dirigia com atenção por causa da forte chuva que caia. Às vezes eu queria saber o que ele estava pensando, sempre tive esse desejo de saber o que as pessoas estão pensando, eu sei que é falta de educação, mas mesmo assim eu queria, desejava poder ler as mentes, mas tinha uma que eu tinha maior vontade que a dos outros, essa era a de .
Ele me parecia tão misterioso, mas ao mesmo tempo tão aberto, nunca conseguia distinguir o que ele sentia ou mesmo suas emoções, isso que me fazia ficar mais curiosa.
Algumas pessoas era mais fácil de desvendar, mas ele não, era reservado ao extremo, e nunca deixava transparecer suas emoções.
- Chegamos! – falou assim que paramos em frente de minha casa.
- Obrigada!
- De nada, princesa! – respondeu risonho e pela segunda vez no dia me perdi em seu sorriso.
- Quer entrar? – perguntei.
- Eu não sei...
- Eu faço chocolate quente pra você – sabia que ele não recusaria, ele ama chocolate quente, e eu amava ver ele se lambuzar todo, era divertido ver ele se sujar, já que sempre acontecia somente comigo e nunca com ele.
- Isso é golpe baixo, tá bom, eu fico – disse rindo da cara que eu fiz quando ele pareceu pensar.
- Amei sua cara de não-acredito-que-ele-pensou – ele disse rindo enquanto saiamos do carro e corríamos até a entrada da minha casa.
Entramos em casa e vimos que não tinha ninguém, seguimos pra cozinha que também estava vazia.
- Não tem ninguém em casa – falei derrotada.
- Pois é, mais pensa pelo lado bom, podemos fazer o que quisermos – ele falou com um sorriso safado no rosto, e eu fiquei tipo “Jesus, cadê o ar?”.
- , seu safado, você tem namorada! – dei um tapa no braço dele, mas não pareceu nem afetá-lo.
- Nossa, vai com calma, gata, assim você arranca meu braço! – disse rindo descaradamente, mas eu parei de raciocinar no “gata”.
- , até um tapa de uma formiga dói mais que o seu – ele disse ainda rindo feito um louco.
- Não tenho culpa se você é gordo.
- Isso aqui não é gordura, mas sim gostosura – ele disse levantando um pouco a camisa deixando um pouco a mostra sua barriga, não preciso nem dizer que fiquei rocha de vergonha, mas também admirada. Lembrete: Parar de ficar com vergonha na frente do , porque ele se aproveita mais ainda da situação.
- Tampa isso menino, não quero ficar cega, por causa de tanta banha – falei tapando os olhos.
- Banha, é? – perguntou fazendo cara de maníaco, medo mode on.
- É sim.
- Você vai ver o que é banha agora – ele falou e começou a correr atrás de mim, e eu sai correndo pela casa.
Já era a terceira vez que descia as escadas com atrás de mim, saí correndo e gritando até a sala e depois abri a porta da frente e sai na chuva, e ele veio atrás de mim.
- Eu vou te pegar – ele disse ainda correndo atrás de mim, e eu me pergunto: ESSE GAROTO NÃO CANSA NÃO?
- VAI NADA – gritei de volta, pois já estava muito longe dele, atravessei o jardim e parei em frente a piscina para descansar um pouco, ainda chovia forte, mas eu não ligava mais, já estava toda molhada mesmo.
- AH – senti alguma coisa me agarrar pela cintura e me jogar dentro da piscina. Sim, essa coisa era meu melhor amigo.
- , eu vou te matar! – falei jogando água nele que só ria.
- O que ‘tá acontecendo aqui? – ouvi a voz da minha mãe atrás de mim e no mesmo instante eu parei de jogar água no e virei para encará-la, ela segurava um guarda-chuva amarelo e nos encarava com um olhar bravo.
- A gente tava... É, o que a gente tava fazendo mesmo, ? – perguntei me virando pra ele.
- Passo.
- A gente tava dando um mergulho! – falei segurando o riso.
- Seus engraçadinhos, já pra dentro, vão pegar uma gripe assim! – minha mãe brigou e nós, bom nós obedecemos, ninguém tava a fim de apanhar.
Entramos de baixo de seu guarda chuva e fomos a caminho da entrada de minha casa.
- Por que não vão tomar um banho e tirar essa roupa molhada, ? Vou pegar uma roupa do Caio pra você acho que vai servir, vocês dois tem o mesmo tamanho – minha mãe disse sorrindo gentilmente assim que entramos em casa.
Avistei meu pai descendo as escadas e corri para abraçá-lo ainda não tinha o visto hoje, estava com saudades.
- Pai! – falei abraçando.
- Oi, filha.
- Tava com saudades!
- Amor, a gente se viu ontem a noite.
- Mas mesmo assim eu tava com saudades, oras – falei soltando-o e rindo.
- Ai, pai, te molhei todo! Desculpa! – olhei pra sua camisa que havia ficado ensopada pro conta do meu abraço.
- Tudo bem, agora vai tomar um banho bem quente se não você vai ficar doente, os dois – ele disse rindo.
- Aqui, , acho que vai servir – minha mãe disse descendo as escadas, eu estava tão envolvida abraçada com meu pai que nem percebi que ela havia subido.
- Muito obrigado! – ele disse pegando as roupas nas mãos.
- Agora vão tomar um banho, porque eu vou fazer um chá pra vocês.
- Ah, não, mãe, eu odeio chá! – reclamei, mais eu odiava mesmo aquele negocio é tão sem gosto, sei lá.
- Eu faço chá e chocolate quente, então – ela disse saindo e meu pai foi atrás.
- Vamos? – estiquei minha mão pra ele pegar.
- Vamos – ele a pegou, sua pele macia e quente ao contato com a minha me fez arrepiar.
Subimos de mãos dadas até a porta do quarto do Caio, onde ele iria tomar banho, segui pro meu e fui direto por banheiro e pela primeira vez em dois dias, eu vomitei.
Minhas pernas tremiam muito, eu mal conseguia parar em pé, minha visão era embaçada pelas minhas lágrimas.
Não sei como consegui me sentar no chão em baixo do chuveiro, a água fria caia sobre mim me fazendo tremer de frio, mas não me importei. Minhas lágrimas se misturavam as gotas que caiam do chuveiro. Olhei para meus dedos e os vi muito enrugados, meu frio era tamanho que eu não conseguia me mover somente conseguia era bater o queixo e tremer.
Fiz uma força enorme e me levantei, me enrolei numa toalha, ainda estava vestida, então me despi e fui em direção ao meu closet, ainda me sentia muito fraca.
Peguei qualquer coisa pra me esquentar e me arrastei até a minha cama.
Fechei os olhos tentando parar de tremer, mas eu não conseguia, precisava me aquecer o mais rápido possível.
- ! – ouvi me chamar colocando a cabeça pra dentro do quarto.
- – me assustei com minha própria voz, ela estava muito baixa e rouca.
- Aconteceu alguma coisa? – ele disse adentrando o quarto e se ajoelhando ao meu lado.
- , eu tô... Com... Muito frio – eu mal conseguia falar de tanto tremer.
- Deixa eu te ajudar – ele falou se deitando ao meu lado e me abraçando, ele era quente muito quente, me agarrei a ele, na tentativa de fazer aquele frio passar.
- Fica calma, vai passar logo, você vai ver... – ele sussurrou.
Ficamos assim por uns dez minutos. O frio havia passado um pouco, mas ainda era existente.
- Eu vou buscar o chá pra você, tudo bem?
- Aham.
Ele se levantou e saiu em direção a porta e eu me encolhi mais ainda, o frio havia passado um pouco, mas continuava ali.
- Aqui! – ele disse adentrando o quarto com uma xícara de chá na mão.
- Eu não quero tomar chá – resmunguei embaixo dos cobertores.
- Larga de ser birrenta e levanta logo – respondeu rindo da minha desgraça.
Eu odeio chá, nunca vi coisa mais sem graça, mas fazer o quê? Tenho que beber esse negócio, antes que enfie em minha boca.
- ‘Tá bom – falei contrariada me sentando na cama.
- Ainda ‘tá com frio? – perguntou enquanto eu tomava o primeiro gole do meu chá.
- Sim.
Ele ajeitou o cobertor em minhas pernas e depois se sentou ao meu lado.
- Não quero mais não – falei me referindo ao chá, ele pegou a xícara de minhas mãos e colocou no chão ao lado da cama.
Ele me deu um beijo estalado na bochecha, e eu fiquei sem reação, na verdade, a única reação que eu tive foi corar.
- Você não pode ficar doente! Amanhã é a festa da sua mãe – ele disse passando o braço por meu ombro.
- Tem razão! – falei olhando-o.
- Vamos assistir alguma coisa? – perguntou e eu somente aceitei.
Assistimos a um filme e depois decidimos descer, o meu frio já havia passado, pelo menos grande parte dele.
Estávamos eu, e Caio sentados na sala conversando sobre assuntos aleatórios.
- Já está ficando tarde, eu tenho que ir – falou olhando em seu relógio de pulso.
- Mas já? A chuva ainda nem parou! – falei, não queria que ele fosse agora.
- Minha mãe vai ficar preocupada! – disse me olhando.
- Liga pra ela e diz que vai quando a chuva passar! – olhei pra ele com cara de cachorrinho que caiu da mudança.
- ‘Tá bom – ele disse rindo derrotado.
- , você é muito fraco, faz tudo que ela pede! – Caio exclamou quando se levantava para ligar pra sua mãe.
- Você também não pode falar nada – ele disse rindo e depois saiu da sala.
- Eu não faço tudo que você quer – Caio reclamou.
- Faz sim.
- Faço nada, lembra daquele dia que você queria ir no shopping e eu falei que eu não ia te levar...
- Eu te enchi até que você me levou – completei.
- Isso não é justo! – falou emburrado.
- Aceite, eu consigo tudo o que eu quero – nem tudo, né, pensei.
voltou e nós continuamos conversando, logo minha mãe veio avisar que o jantar estava pronto e nós seguimos para a sala de jantar.
- ... Eu simplesmente dormi, lembro que no dia seguinte o Lucas ficou com muita raiva de mim – meu pai nos contava uma história da sua adolescência.
Eram raros momentos como esse. Todos juntos pra jantar, meu pai é muito ocupado com seu trabalho e sempre está viajando ou no escritório, mas ele tenta estar sempre presente na minha vida e na do Caio, sempre queria saber de tudo que fazíamos.
- Não sabia que tinha aproveitado tanto assim, pai – Caio disse assim que acabou de rir.
- Eu fiz muitas coisas, um dia eu conto todas as histórias.
- Tomara que sim – Caio disse novamente.
- Filha, o que aconteceu você comeu tão pouco? – meu pai perguntou vendo meu prato com mais da metade de meu jantar.
- Eu fiquei sem fome por causa do chá que eu tomei.
- Hum.
O jantar correu normalmente meu pai e conversavam animadamente, eu tentava ao máximo prestar atenção na conversa. Depois voltamos para a sala, estávamos conversando sobre o aniversário da minha mãe, meu pai se levantou para atender uns telefonemas.
- Acho que agora eu já vou – declarou.
- Mas a chuva... Ela passou – falei olhando pra fora e vi que a chuva havia passado. se despediu de minha mãe e do Caio e eu o acompanhei até a porta.
- Então te vejo amanhã – disse se virando para mim.
- É.
Não sabia o que dizer, pela primeira vez eu ficava sem palavras em sua frente.
- Boa noite – ele disse se aproximando e me dando um beijo na testa.
- Boa noite.
Ele se afastou e caminhou até seu carro e entrou no mesmo. Fiquei observando ele ir embora, senti um grande vazio dentro de mim. Quanto mais o carro ia se distanciando, mais o vazio crescia, parecia que ele estava levando uma parte de mim. Seria essa parte o meu coração?
Eu já não entendo mais meus sentimentos, tem horas que eu vejo o como meu melhor amigo, meu irmão.
Mas tem horas que eu não o vejo como um irmão, mas sim como um homem, um homem que me encantava a cada vez que eu o via.
Não sei por quanto tempo fiquei ali parada, presa em meus devaneios.
Minha mãe veio chamar-me, entrei, pois estava um pouco frio ali. Ela me deu um remédio – mesmo eu dizendo que não seria preciso – para eu não ficar doente.
Depois de tomar o remédio, subi e fui para o meu quarto.
Deitei-me em minha cama e não foi muito difícil dormir, estava bastante cansada.
Capítulo 9 – “'Cause I can't help it if you look like an angel, can't help it if I wanna kiss you in the rain so, come feel this magic I've been feeling since I met you, can't help it if there's no one else” Hey Stephen – Taylor Swift
Acordei cedo no dia seguinte, arrumei-me assim como fazia todas as manhãs.
Desci as escadas e encontrei com minha mãe ajudando o pessoal da decoração.
Dei-lhe seus parabéns e meu presente e fui para a escola a pé mesmo. Havia acordado cedo não iria me atrasar.
Assim que cheguei a escola, fui direto para a quadra, teria aula de Ed. Física. Entrei no vestiário, que estava cheio, e procurei uma cabine para me trocar e assim que achei, vesti meu uniforme para a aula e saí.
A professora ainda não havia chegado, então sentei-me em uma das arquibancadas e fiquei observando as pessoas chegarem para a aula. Olhei para a entrada da quadra e vi Raymond entrar junto com Marco e Ryan, meu coração acelerou, ele esta lindo, pensei.
Deus, ele é perfeito, como pode? Ele caminhava junto com seus amigos, os quais eu nem prestava atenção, eu só tinha olhos para ele. Ao passar ao meu lado ele sorriu, e eu sorri de volta. Desde quando ele sorri para mim, eu não sei, mas espero que ele faça isso mais vezes, pois o sorriso dele era uma perfeição só.
A professora chegou e nos disse que iríamos jogar vôlei.
- Eu escolho a Staley! – Marco falou de primeira na hora de dividir os times.
- Eu? – perguntei em dúvida, talvez ele tenham errado o nome, sei lá.
Marco nunca olhou para mim, nem ao menos sabia que eu existia, por que agora ele estaria interessado em mim? Até mesmo para um jogo de vôlei.
- É, você! – ele disse mostrando um sorriso perfeito, não posso negar, Marco é bem bonito, o que tem de galinha, tem de bonito. Isso é um fato, não dar para negar.
- Tudo bem! – fui para o seu lado e pude perceber a cara nada boa que Raymond tinha. Meus olhos só podem estar me enganado. Pude perceber que Marco ainda tinha um sorriso vitorioso no rosto e encarava Raymond, que o encarava de volta, seu olhar era cheio de raiva, todos viam isso.
O jogo já havia começado e nós estávamos ganhando.
Por incrível que pareça, eu estava me saindo bem, nunca fui boa em esportes, mas dessa vez até que não estava sendo tão ruim.
O time de Raymond havia acabado de empatar. Podia ver o sorriso que Raymond tinha nos rosto, ele ficava muito mais lindo do que já era ao sorrir.
Parei de encará-lo e olhei para ver que iria fazer o saque. Jenna. A ex do Raymond. Ela se preparou e deu seu saque, fazendo a bola bater em minha cabeça, consequentemente levando-me ao chão.
- Você está bem? – Raymond correu até mim e se abaixou a minha altura.
- Estou! – respondi meia tonta por ele está tão perto.
- Eu vou te levar na enfermaria! – disse ajudando-me a levantar.
Ele me ajudou chegar até a enfermaria, a enfermeira deu um saco de gelo para colocar em minha cabeça e saiu dizendo que iria buscar um remédio para dor de cabeça.
- Está doendo? – ele perguntou quando a enfermeira saiu.
- Não! Obrigada por me ajudar, foi muito gentil – agradeci e ele se sentou ao meu lado, fazendo meu coração disparar.
- De nada! – sorriu.
- Você sabe o porquê do Marco ter me escolhido? – tanta coisa para mim falar para ele, e eu falo logo isso, mas já foi, não é hora de chorar sobre o leite derramado.
- Me pareceu que você sabia – continuei enquanto ele encarava as mãos.
- Ele fez isso para me irritar – disse levantando o olhar e olhando-me nos olhos.
Estava começando a achar que teria um ataque cardíaco, meu coração é frágil, não auenta tantas emoções ao mesmo tempo.
- Como assim?
- Eu venho prestando atenção em você tem alguns dias e ele sabe e quis me irritar!
Para o mundo que eu quero descer, como é que é? Ele prestando atenção em mim?
Que lindo, mas ao mesmo tempo confuso. Há poucos dias ele não sabia da minha existência e agora, ele tava prestando atenção em mim.
- Eu tenho que ir! – disse assim que o sinal apitou.
- Claro!
- Você vai a festa do Marco, amanhã? – perguntou assim que chegou a porta, virando-se para mim.
- Sim.
- Então a gente se vê lá! – sorri e saiu da enfermaria, deixando-me ali sem nada para dizer.
Capítulo 10 – “Do you want to be my one and only love?” One And Only – Teitur
’s POV
Eu vagava pelos corredores da escola, não tinha visto a hoje, e isso já estava me corroendo por dentro, poucas horas longe dela me deixava assim, perdido.
Resolvi matar a próxima aula e fui em direção ao jardim e sentei-me embaixo de uma árvore, agora era só torcer para aquela inspetora chata não aparecer.
Fiquei encarando o nada até vê-la correr em minha direção.
Meu coração pulou dentro do meu peito ao vê-la vindo em minha direção.
- Oi! – ela disse sentando-se ao meu lado e eu respirei fundo ao sentir seu perfume tão doce.
- Oi! – respondi olhando-a, estava linda, como sempre estivera.
- O que faz aqui sozinho?
- Nada – rimos.
- Você está matando aula, e isso não é bom.
- Eu sei, mas eu não queria ter que assistir aula de História, aquilo é muito chato.
- Tem razão.
- E você, o que está fazendo aqui fora?
- Me atrasei para a segunda aula!
- Que bom! Assim você me faz companhia!
A conversa melhorava a cada minuto, e eu não tirava os olhos dela, que nem mesmo percebia que eu a encarava de forma muito suspeita. Ele estava tão linda essa manhã, e eu não conseguia parar de olhá-la, era tão difícil desviar o olhar de sua beleza.
- Eu tenho que ir! – disse levantando.
- Você não vem?
- Eu já vou – respondi. Peguei meus livros e a segui até a sala de Física, onde seria sua aula, segui para a sala de Inglês.
Ao entrar na sala, percebi que a professora ainda não havia chegado á sala. Sentei-me em uma cadeira no fundo da sala.
Ao me incomodava, uma melodia tininha em minha mente, peguei meu caderno e abri em uma folha qualquer e comecei a escrever o que me vinha em mente.
I like the way you sound in the morning
(Eu gosto da forma que você parece de manhã) When we're on the phone and without a warning
(Quando nós estamos no telefone e sem um aviso) I realize your laugh is the best sound I have ever heard
(Eu percebo que sua risada é o melhor som que já escutei) I like the way I can't keep my focus
(Eu gosto do jeito com que não consigo me manter concentrado) I watched you talk, you didn't notice
(Eu observei você falar, e você não notou) I hear the words, but all I can think is we should be together
(Eu ouço as palavras, mas tudo no que consigo pensar é que deveríamos estar juntos). Everytime you smile, I smile
(Cada vez que você sorri, eu sorrio). And everytime you shine, I'll shine for you
(E toda vez que você brilhar, eu brilharei por você).
Enquanto escrevia pude imaginá-la sorrindo, esbanjando aquele sorriso perfeito que ela tinha, sua risada que sempre fazia-me rir junto, aqueles olhos brilhantes, em cada milimetro de sua pele que me deixava cada vez mais fascinado com sua beleza.
I'm feeling you, baby
(Estou sentindo você, baby). Don't be afraid to jump, then fall
(Não tenha medo de pular e depois cair). Jump, then fall into me
(Pule e depois caia em mim). Baby, I'm never gonna leave you
(Baby, eu nunca vou deixar você). Say that you wanna be with me too
(Veja que você quer estar comigo também). Cause I'mma stay through it all
(Porque eu ficarei até o fim de tudo). So jump, then fall
(Então pule, e depois caia).
Nunca senti o que sinto por ela por garota alguma, ela é a peça que me falta, a única que me faz sentir-me completo e feliz, a única que conseguia colocar um sorriso em meu rosto. Só por ela respirar eu tenho razão para viver, só levanto-me de minha cama todas as manhãs porque eu sei que vou vê-la.
Well, I like the way your hair falls in your face
(Bem, eu gosto do jeito como seu cabelo cai sobre rosto). You got the keys to me, I love each freckle on your face
(Você tem um pedaço de mim, eu amo cada sarda do seu rosto). I've never been so wrapped up
(Eu nunca estive tão amarrado). Honey, I like the way you're everything I ever wanted
(Querida, eu gosto da forma como você é tudo o que eu sempre quis).
Chegava a ser estranho o jeito que eu gostava de cada um de seus traços, de cada sorriso, cada olhar. Eu encontrava meu paraíso quando olhava em seus olhos. Aqueles olhos, tão lindos.
I have time to think it all over
(Eu tenho tempo pra pensar em tudo). All I can say is 'come closer'
(Tudo o que posso dizer é ‘chegue perto’). So take a deep breath
(Então respire fundo). And jump, then fall into me
(E pule, então caia em mim). 'Cause everytime you smile, I smile
(Porque cada vez que você sorri, eu sorrio). And everytime you shine, I'll shine for you
(E toda vez que você brilhar, eu brilharei por você).
Eu já não sabia mais viver sem ela, sem admirá-la. Ele tem meu coração, ela me tem por inteiro. Meu coração e alma são dela, e ela nem mesmo percebe que tens isso tudo.
The bottoms gonna drop out from under our feet
(O fundo vai cair debaixo dos nossos pés). I'll catch you, I'll catch you
(Eu te pegarei, eu te pegarei). When people say things that bring you to your knees
(Quando as pessoas disserem coisas que te deixarão ajoelhada). I'll catch you
(Eu pegarei você). The time is gonna come when you're so mad you could cry
(A hora vai chegar quando você estiver tão louca que você poderia chorar) But I'll hold you through the night, until you smile
(Mas eu te abraçarei durante a noite, até você sorrir).
(Jump Then Fall – Taylor Swift)
Não importa o que acontecesse, eu estaria lá por ela, se ela chorasse, eu iria estar lá para enxugar suas lágrimas e no final de tudo lhe diria que tudo iria ficar bem, pois eu estaria ali para fazê-la rir.
Eu estava muito nervoso, minhas mãos suavam e meu coração batia acelerado.
Desci do carro em frente a sua casa, que estava toda decorada.
Haviam tulipas brancas por todos os lugares, as luzes deixavam o jardim da casa mais elegante do que já era.
Encontrei com sua mãe, que estava recebendo os convidados, dei-lhe seus merecidos parabéns e ela agradeceu.
- Será que pode me fazer um favor? – ela perguntou e eu assenti.
- Pode subir até o quarto da minha filha e dizer que ela está bonita o suficiente para descer?
- Claro!
Entrei na casa e fui direto para as escadas. Devo comentar que elas nunca me pareceram tão longas, meu nervosismo e corroia por dentro, fui até a porta de seu quarto e bati na mesma.
- Entra! – pude ouvir a voz dela e aquilo me encheu de paz e todo aquele nervosismo passou.
Entrei em seu quarto e a vi, choques percorreram meu corpo fazendo-o se arrepiar, era incrível o que ela fazia-me sentir somente por olhá-la.
- Oi! – disse sorrindo virando-se para mim.
- Oi! Você está linda! Mais que isso, está maravilhosa... – não achava as palavras certas para descrever o quando linda ela estava essa noite.
- Obrigada! Você também está muito bonito!
- Obrigado!
- Por que afrouxou a sua gravata? – perguntou vindo em minha direção e começando a arrumar em minha gravata.
- Eu... Eu... – comecei a gaguejar. Deus, ela estava perto demais, para eu poder falar uma frase que tivesse sentido, mas naquele momento não queria falar nada, só queria pegá-la em meus braços e lhe dar um beijos daqueles dignos de cinema.
- Pronto! Agora tá perfeito! – disse ainda perto de mim, que já não conseguia mais respirar.
- Obrigado!
- De nada! – afastou-se de mim.
- Bom... Sua mãe me mandou aqui para lhe dizer que já está bonita o suficiente para descer – falei e ela riu, ri junto, mas como não ri vendo o mais belo de todos os sorrisos.
- Então, vamos? – perguntei estendendo o braço para ela.
- Vamos!
Descemos e fomos para o jardim, onde a festa acontecia. Não demorou muito para sua mãe tirá-la de perto de mim. Sentei-me em uma mesa qualquer, e fiquei observando-a de longe. Ela esbanjava um lindo sorriso a cada pessoa que a cumprimentava.
- Admirando? – perguntou ao meu lado.
- O quê? – perguntei fazendo-me de distendido, mas eu sabia exatamente o que ele estava falando.
- A ‘tá muito gata hoje! – ele falou, senti a raiva crescendo em mim.
- Calma, cara, ela é sua! – ele disse vendo eu o fuzilar com os olhos.
- Ela não é minha! – doeu falar isso, mas o que eu poderia fazer era a verdade.
- ‘Tá bom
Ele se levantou e foi falar com Caio. Voltei a observá-la e a vi vindo em minha direção.
- Por que está sentando aqui sozinho? – perguntou sentando-se ao meu lado.
- Estou esperando eles te deixarem em paz para nós podermos dançar – falei puxando para a pista de dança e logo uma música lenta começou á tocar. Agradeci mentalmente quem tinha colocado aquela música.
I've been wishing on a star but I could never have imagined
(Eu estive fazendo pedidos as estrelas, mas eu nunca poderia ter imaginado) I would land just where you are after all this lonesome traveling
(Que eu pararia justamente onde você está depois desta jornada solitária). I took one look in your eye, reached out to hold your hand
(Eu olhei em seus olhos, tentei te alcançar para segurar a sua mão). This is when I realized that I could never understand
(Ai foi quando eu percebi que eu nunca poderia entender). Do you want to be my one and only love?
(Você quer ser meu primeiro e único amor?). Do you want to be my one and only love?
(Você quer ser meu primeiro e único amor?).
Eu olhava em seus olhos e ela olhava nos meus. Nada poderia estar mais perfeito.
Ela era meu primeiro e único amor, a única que eu amaria, a única que me teria entregue, de coração e alma.
So you wanna be my friend, so you wanna be my lover
(Então, você quer ser minha amiga, então, você quer ser o minha amante). Oh, With you I do confess I can't be one without the other
(Oh, com você eu confesso, eu não posso ser o um sem o outro). That was hard for me to say, I hope I said it right
(Isto foi difícil pra eu ter que dizer, eu espero ter dito direito). Which ever, come what may, you see I need to know tonight
(Que seja, o que for, eu preciso saber isso hoje a noite).
Eu queria poder dizer a ela o tamanho do meu amor, dizer que ele não cabia mais em meu peito de tão grande que era. Não posso dizer que amo mais que minha vida. Pois ela é a minha vida, o motivo para eu respirar, o motivo para meu coração bater.
Do you want to be my one and only love?
(Você quer ser meu primeiro e único amor?). Do you want to be my one and only love?
(Você quer ser meu primeiro e único amor?). Do you want to play these cards, do you want to lay 'em down?
(Você quer jogar esse jogo e dar as cartas, você quer ficar em cima ou em baixo?). Do you want to run away or do you want to stick around?
(Você quer correr ou você quer ficar por perto?). Do you want to be my one and only love?
(Você quer ser meu primeiro e único amor?). Do you want to be my one and only love?
(Você quer ser meu primeiro e único amor?).
(One And Only – Teitur)
Eu faria tudo que ela pedisse, faria se pestanejar. Faria tudo por aquele sorriso, por aqueles olhos. Faria tudo por tudo ela.
Capítulo 11 - ”I never wanted anything so much than to drown in your love and not feel your rain.” Gravity – Sarah Bareilles
- Toca I Must Be Dreaming para mim? – pediu.
Estávamos sentados todos ao redor da piscina, tocando violão e cantando. A maioria dos convidados já havia indo embora, por isso estávamos tão a vontade.
Comecei a tocar e percebi que ela me encarava profundamente, mas isso pode ser ilusão da minha cabeça.
- Com sono, ? – perguntou.
- Sim! Alguém pode servi de travesseiro para mim?
- Essa é a tua hora, – disse tirando sarro da minha cara, mas nem liguei. Sentei-me ao seu lado e ela colocou sua cabeça em meu peito.
Não sei exatamente continuamos naquela posição, mas foi o suficiente para ela dormir em meus braços.
- Eu vou levar ela para o quarto – levantando com ela em meu colo.
Entrei pela porta dos fundos e subi as escadas com ela em meus braços.
Ao entrar em seu quarto a coloquei deitada em sua cama e tirei seus sapatos.
- Eu estou com frio! – a ouvi reclamar baixinho.
- Achei que estivesse dormindo! – falei colocando o cobertor lilás por cima de seu corpo.
- E estava, mas você me acordou quando tirou meus sapatos.
- Desculpa!
- Tudo bem. Agora deita aqui! – disse indo para o meio da cama dando-me espaço para deitar. Fiquei assustado, confesso, mas mesmo assim deitei-me ao seu lado.
- Você ‘tá quentinho! – disse colocando sua cabeça em meu peito. Não conseguir formar uma frase, ela estava perto demais e isso me deixava sem fala.
- Quem tem sorte é a !
- Por quê? – perguntei.
- Por que ela pode dormir sempre assim com você! – não me contive e rir baixo.
- Por que ‘tá rindo?
- Eu estou rindo do que você disse!
- O sono e o frio estão afetando minha cabeça! – sua voz era tão baixinha e cansada, que se eu não estivesse tão perto seria incapaz de ouvir.
- Você ainda não falou sobre a menina que você gosta – disse. Ela não havia esquecido. Xinguei-me mentalmente por ter dito isso a ela.
- Falei sim.
- É. Mas, ainda não foi o suficiente. Eu quero saber quem é ela.
- Eu não vou te contar – falei e ela levantou a cabeça para me encarar.
- Não confia em mim?
- Não é isso. Eu confio em você, mas... É que eu prefiro manter isso em segredo por enquanto – falei fitando seus olhos, que mesmo no escuro eram lindos e tinham o brilho das estrelas.
- Por quê?
- Por que eu tenho medo que ela se afaste de mim. Que ela não queria ser mais minha amiga.
- Ela seria louca, para se afastar de você.
- Mas, se eu contasse, nada seria mais igual, eu sei que ela não gosta de mim, como eu gosto dela.
- Essa menina é retardada?- perguntou fazendo-me rir. Se ela ao menos soubesse que ela era a garota.
- Não! Ela só não repara o que está a sua frente!
- Filosofou!
- Só você mesmo, . – ri e ela me acompanhou.
- Canta pra mim?
- Claro! Que música quer que eu cante? – perguntei.
- Gravity!
Something always brings me back to you. It never takes too long.
(Algo sempre me leva de volta a você. Não demora muito.) No matter what I say or do I'll still feel you here 'til the moment I’m gone.
(Não importa o que eu diga ou faça, ainda sinto você aqui, até o momento que vou embora) You hold me without touch. You keep me without chains.
(Você me prende sem me tocar. Aprisiona-me sem correntes) I never wanted anything so much than to drown in your love and not feel your rain.
(Eu nunca quis tanto algo, quanto mergulhar em seu amor e não sentir a tempestade).
’s POV
Acordei com o sol batendo em meu rosto, havia esquecido de fechar as cortinas. Revirei-me mais um pouco em minha cama até que decidi levantar.
Tomei um banho demorado e me vesti, fiz uma leve maquiagem para esconder o que as minhas poucas horas de sono fizeram com meu rosto.
Desci as escadas e encontrei meu pai sentando no sofá lendo o jornal.
- Bom dia! – ele disse sorrindo assim que sentei ao seu lado.
- Bom dia – falei dando-lhe um beijo no rosto.
- Perdeu a hora do café – disse voltando á ler.
- Pois é. Eu apaguei. – rimos.
- Vamos almoçar! – ele disse dobrando seu jornal.
- Eu... Marquei de encontrar a Nina para irmos ao shopping! – menti.
- Você almoça depois vai!
- Não... Eu marquei de almoçar no shopping!
- Tem certeza?
- Absoluta!
Eram 19h00min. e Nina iria chegar em meia hora, para irmos à festa do Marco.
Não sei porque, mas tinha uma intuição boa sobre aquela noite.
Terminei de fazer minha maquiagem, e fui calçar meus Elana Suede pink.
Olhei pela décima vez. Se não estivesse tão gorda, até que ficaria bonita naquela roupa.
Desci as escadas e fiquei esperando as meninas chegarem.
- Amiga você ‘tá gata. Se eu fosse homem eu te pegava! – Nina disse enquanto entravamos no carro. Foi impossível não rir.
- Nina, você está exagerando!
- Estou nada. O Raymond vai ser um otário se não te pedir em namoro hoje!
Eu havia contando o ocorrido na aula de Ed. Física e na enfermaria. Elas ficaram loucas depois disso, e juram que hoje vai rolar alguma coisa entre eu e o Raymond. Sonhar é bom, né.
Ao chegarmos na casa do Marco, nos deparamos com uma multidão de gente. Tá, exagerei, mas tinha muita gente.
- Oi! – ouvi uma voz falar atrás de mim assim que entrei na casa.
- Oi! – virei para ver quem era e dei de cara com o Raymond. Jesus, ele estava lindo.
- Como vai?
- Eu vou bem e você? – perguntei. Ser bonito desse jeito é até pecado.
- Estou ótimo, melhor agora. Você está maravilhosa!
- Obrigada!
- Quer beber alguma coisa? – perguntou. Virei-me para trás procurando as meninas, mas elas já tinham sumido.
- Claro!
Seguimos para a cozinha onde estava mais vazia, mas ainda havia uns dois casais se agarrando, Raymond percebeu que eu não estava a vontade com aquilo, então saímos de lá.
Fomos para a varanda, onde tinha uma visão perfeita do jardim. Pena que não iria acordar limpo e conservado daquele jeito.
Ficamos conversando por um tempo, Raymond era muito engraçado. Estava me divertindo como nunca ao seu lado. Ele me fazia sentir coisa que eu nunca havia sentindo com garoto algum.
- Você está linda! – disse de repente.
- Obrigada!
- Não sei como isso aconteceu – disse se aproximando mais de mim.
- O-o quê? – gaguejei.
- Eu gostar tanto de você! – isso definitivamente me surpreendeu, mas não tanto quanto o que aconteceu depois disso.
Senti seus lábios nos meus e uma descarga elétrica percorreu todo o meu corpo, e aquelas borboletas tão conhecidas apareceram em meu estomago. Seus lábios macios se moviam sobre os meus, levando-me a outro mundo. Era incrível o tanto de sensações que eu estava sentindo com apenas um beijo. Ele pediu passagem para aprofundar o beijo e eu dei, suas mãos foram para minha cintura e as minhas á sua nuca.
Separamos-nos pela falta de ar que ambos sentíamos.
Sua testa encostou-se na minha e pude ouvir sua respiração acelerada bater em meu rosto.
Ficamos mais um pouco ali conversando, nos beijando. Depois de um tempo decidimos descer e beber alguma coisa.
- Onde você estava? – perguntou sentando-se ao meu lado no sofá.
- A pergunta é onde você estava, vocês desapareceram – falei olhando-a.
- A Nina disse para deixar você e o Raymond sozinhos! Me conta o que aconteceu – ela pediu.
- Ele é um amor! E a gente se beijou!
- NÃO! – ela berrou, mas graças ao som alto ninguém ouviu.
- Sim! Ai, eu estou tão feliz, ele é perfeito! – podia jurar que meus olhos estavam brilhando.
- Eu estou tão feliz por você, amiga! – falou abraçando-me.
- Obrigada! Mas não conta para ninguém!
- ‘Tá bom! Agora deixa eu ir porque o bonitão ‘tá vindo! – ela disse fazendo-me olhar para trás e ver Raymond vindo com dois copos de refrigerantes na mão.
- Aqui! – disse entregando-me um dos copos que ele segurava.
- Obrigada!
Tomamos nossos refrigerantes e fomos dançar. Por incrível que pareça, estava tocando uma música lenta, e agradeci mentalmente quem a tinha colocado, porque assim podia ficar mais perto do Raymond.
Capítulo 12 – “Why should I keep loving you? I know I don't deserve, everything that you've put me through, You're breaking my heart a little harder, I'm better off, lonely” Lonely – Pixie Lott
’s POV
Já havia um tempo que eu tinha chegado a festa de Marco e ainda não havia visto . Passava meus olhos por toda parte, mas nada dela.
- Amor! – me abraçou por trás. Calma, não posso descontar minha frustração nela.
- Oi! – falei virando-me para ela. Devo dizer que ela estava linda, um pouco vulgar, mas linda.
- Te procurei por todo ligar. Onde estava?
- Por aí.
- ‘Tá bom. Mas, agora que eu te achei... – e ela me beijou. era legal quando não estava grudada em mim. Ele sabia se divertir, sua companhia era boa. Mas, faltava alguma coisa, alguma coisa não, alguém.
- Eu estou com sede, vou buscar algo para beber! – falei na tentativa de fazê-la parar de me beijar. Até que beijar não era ruim, mas eu não queria beijar ela, e sim a .
Sai dali com a intenção de ir á cozinha beber algo. Mas, uma cena me fez parar no meio do caminho. Era ela, minha .
Ela estava dançando com o Raymond, uma sensação horrível me atingiu.
Fiquei estático meus pés não se moviam, mesmo minha mente gritando para sair dali eu não conseguia. Meus olhos estavam cravados neles dois, em cada movimento.
Eles se encaravam enquanto dançavam, sorriam um para o outro e então eles se beijaram.
Senti um aperto enorme em meu peito, e parecia que o chão havia sido aberto de baixo de meus pés. Meu mundo parou, era como se tudo estivesse passando em câmera lenta, aumentando mais ainda minha agonia. Como se tivesse enfiado um punhal em meu peito sem um pingo de piedade.
Fechei os olhos e obriguei-me a sai dali. Não aguentaria ver aquela cena, não mais.
Fui em direção a cozinha. Encontrei com Tyler um menino do time de futebol, ele estava se servindo com um pouco de tequila e pedi para ele fazer o mesmo para mim.
Virei meu copo de uma vez só, senti o álcool descer por minha garganta e aquilo me acalmou de alguma forma.
Não era muito de beber. Havia feito aquilo uma vez em toda a minha vida. Durante a noite eu me senti ótimo, mas o dia seguinte fez eu me arrepender profundamente de ter bebido.
- O que aconteceu com você? – ouvi uma voz falar atrás de mim, mas não conseguir dizer quem era.
- E-ela aconteceu! – certo, eu estava mal. Muito mal.
- Você está bêbado? , eu não acredito nisso! – o estranho brigou comigo, virei-me para ver quem era o idiota que estava gritando, mas fiquei tonto.
- Eu vou te matar. Melhor ainda, a mãe vai te matar quando souber! – reconheci a voz de .
- Cara, me deixa!
- Eu vou te deixar, mas é em casa!
- Eu não vou!
- Ah. Você vai sim!
O ignorei e voltei a beber. Sim, eu estava afogando minhas mágoas na bebida. E estava sendo ótimo.
- O que aconteceu? – ouvi a voz de . Eles tiraram a noite para me encher?
- O está bêbado! A mãe vai matar ele e depois a gente! – .
- Vamos levar ele para casa!
- Eu já disse que eu não vou para casa!
- Cala boca e vem.
- me deixa em paz. Eu não quero ir. Eu só quero ela. – minha voz saia mais arrastada a cada vez que eu falava.
- Ela. Quem? – perguntou.
- Não importa. Ela não gosta de mim. Tanto que tava se agarrando com outro.
- Quem? A ? Ela tava se agarrando com outro? – perguntou.
- Não! Não tem nada a ver com a !
- Por que você não vem com a gente e conta? – disse calmo.
- Eu não quero ir com vocês, eu já disse. Eu quero ela!
- Não vamos poder te ajudar se você não falar quem é.
- Eu vou falar. Eu vou...
- Então, vamos para casa. Aí, quando chegarmos lá, você fala.
Eu queria discordar, mais eu não estava nada bem. Mal enxergava. Tudo rodava.
- Tudo está girando. Isso é muito engraçado.
- Não tem nada de engraçado – disse dando-me um tapa. Espero lembrar disso amanhã, para eu descontar.
- Ai! Doeu, seu bruto! – reclamei.
- Era para doer mesmo!
- ! – eu já estava começando a ter alucinações.
- O que tem a ? – perguntou e eu senti o carro parar.
- Eu amo ela. Mas ela não me ama!
- A gente já sabia disso! – .
- Não você não entendem. Por que ela fez isso comigo? O que ele tem que eu não tenho? Acho que são os olhos azuis dele.
- O que ela fez?
- E-eu vou ligar para e-ela! – tentei achar meu celular no bolso, mas não achei.
- Você não vai ligar para ninguém!
- Eu não te perguntei nada, . Me deixa.
- , olha para mim! – pedia.
- O que é?
- Nós vamos entrar em casa agora e você tem que ficar calado. Para não acordar ninguém.
- Eu não quero ir para casa. EU DISSE QUE NÃO QUERIA VIR.
- Não grita!
- Eu não quero ficar aqui!
- A gente vai chamar a . Mas você tem que ficar calado!
- Eu fico.
Capítulo 13 – “But you're so hypnotizing, you've got me laughing while I sing, you've got me smiling in my sleep. And I can see this unraveling, your love is where I'm falling”
Catch Me – Demi Lovato
’s POV
O sorriso que estava em meus lábios não queria se desmanchar. Comecei a rir sozinha enquanto tomava banho. Aquela havia sido a noite mais perfeita de toda minha vida.
Vesti-me e desci as escadas, como fazia todas as manhãs. Mas, essa manhã era diferente, eu estava mais feliz que o normal.
- Bom dia! – falei sentando-me a mesa.
- Bom dia, filha! Como foi a festa? – minha mãe perguntou.
- Ótima, fantástica, maravilhosa...
- Vi que se divertiu!
- É, eu me diverti demais.
- Fico feliz por isso!
Tomei um pouco de café, e fui para a escola. Não demorou muito para eu chegar. Já que estava tão presa as lembranças da noite passada.
- Oi! – falei assim que cheguei perto de Nina e que estavam no pátio.
- Oi!
- Como está? – Nina perguntou.
- Eu estou ótima, otimamente bem!
- E como não está. Depois de ter dado uns pega no Raymond quem não estaria?
- Eu não dei uns pegas nele! – reclamei
- Não, foi a mãe que deu! – Nina disse e nós rimos.
- Não é isso. É que ele é diferente.
- Ui, ‘tá apaixonada.
- Para! – reclamei já com vergonha.
- Olha quem ‘tá vindo ali! – cochichou.
Virei-me para ver quem se aproximava, era ele. Ele estava extremamente lindo, como sempre. Enquanto caminhava podia se ver as meninas o secando descaradamente, e os meninos o olhavam com inveja.
- Oi! – ele disse sorridente para mim.
- Oi! – e então ele me beijou ali na frente de todo mundo.
- Er... Está são e Nina, minhas amigas! – falei quando Nina pigarreou.
- Prazer em conhecê-las, meninas! – ele disse dando aquele sorriso que me deixava completamente mole.
- O prazer é nosso! – Nina disse, já que tava babando por ele.
- Vamos? – Raymond perguntou me olhando.
- Vamos! – ele entrelaçou minha mão e puxou para entrar na escola.
Enquanto andávamos podia sentir todos os olhares se virarem para nós. Corei violentamente com aqueles olhares. Mas, enquanto andávamos eu percebi um olhar. Era o dele. estava num canto, ele nos encarava com um olhar vago e triste.
As primeiras aulas foram rápidas ao meu ver. Estávamos indo ate o refeitório quando eu encontro no caminho.
- ! – o chamei. - Eu posso falar com você? – perguntei quando ele se virou para mim.
- Agora ele está ocupado, queridinha! – chegou ao seu lado e virou seu rosto e o beijou.
Tive que me segurar para não ir lá e arrancar aqueles apliques baratos dela e enchê-la de tapas.
Mas o que eu estou falando? Isso seria um ato de uma pessoa que estava extremamente com ciúmes. E eu não estava com ciúmes. Ou estava?
- Tudo bem... Eu falo com você depois! – eles ainda estavam se beijando e ele nem deve ter escutado o que eu falei.
Sai dali e fui rumo ao refeitório. Não demorou muito e Raymond veio ao meu encontro e me levou para sentar na mesa dele.
Ele me apresentou aos seus amigos. Eles eram legais. É claro, eles eram populares, e para ser popular era preciso ser muito legal.
Nunca me imaginei sentada na mesa dos populares e conversando com Alex e Megan, as meninas mais populares do colégio. Certo, isso estava acontecendo agora, mas ainda parece um sonho.
- ! – Nina e chamava-me enquanto eu, Alex e Megan íamos para a aula de Inglês.
- Quem são vocês para se dirigirem a nós? – Megan falou. Sua atitude me deixou um pouco assustada.
- Somos amigas da ! – Nina disse confiante.
- Até parece. Duas idiotas achando que pode falar com a gente. – Alex disse.
- Vão embora! Suas estúpidas – Megan cuspiu as palavras.
- Você não vai fazer nada? – perguntou olhando para mim.
- Eu... Eu...
- Já devíamos imaginar! Vamos, Nina! – disse lançando-me um olhar de raiva. Estremeci por causa de seu olhar. Droga, eu havia estragado tudo. Mas, o que eu podia fazer? Responder Megan e Alex. Sim, eu podia, mas, não podia dá motivos para Raymond terminar comigo, se é que estávamos namorando.
- Vamos! – Alex acordou-me do meu pequeno conflito mental.
- Vamos! – respondi ainda olhando para o lugar onde minhas amigas haviam acabado de sair.
As aulas pareciam se arrastar. O som estridente do sinal libertou-me de meus devaneios, peguei meus materiais e sai quase correndo daquela sala. Fui direto para o meu armário para guardar meus livros e enfim ir para casa.
Assim que cheguei no portão de minha casa, vi uma figura sentada no meio fio com a cabeça baixa.
- ? O que está fazendo aqui?
- Eu tenho que te perguntar uma coisa – ele disse levantando sua cabeça me olhando nos olhos.
- Pergunta.
- Você e... Você e o Raymond estão namorando? – ele foi direto ao que queria, seus olhos me mostraram um expressão que eu nunca havia visto nele.
- Eu... Eu não sei.
- Como não sabe?
- Eu e o Raymond, nós ficamos na festa do Marco e eu nem sabia que ele ia fazer aquilo hoje. Mas por que está perguntando isso? Tem algo que queira me dizer?
- Eu não gosto dele. Ele é um aproveitador, você sabe o que ele faz com as garotas que ele namora. Ele engana elas.
- Mas não é assim comigo! – me estressei. Ele não tinha o direito de falar isso do Raymond, ele nem o conhece.
- Quem te disse isso?
- O Raymond. Ele disse que gosta de mim!
- E você acreditou nele.
- Acreditei! Porque ele pareceu ser muito sincero!
- Ele mente.
- Como sabe? Você nunca nem falou com ele. Não estava lá quando ele disse que gostava de mim.
- Ele não gosta de ninguém.
- Você não sabe o que está falando. Não sabe! – então eu entrei em casa, deixando ele ali do lado de fora.
Capítulo 14 – “Did I not tell you that I'm not like that girl? The one who gives it all away" Don’t Tell Me – Avril Lavigne
Havia se passado um mês desde aquele dia.
e Nina ainda estavam bravas pelo episódio com Alex e Megan, e continuavam com sua promessa de não falarem comigo. Não quantas vezes eu já pedi desculpas e tentei me redimir, mas nada funcionava elas ainda estavam com raiva. E isso me machucava muito, pois sentia falta delas, e das horas que passávamos juntas. Sentia falta das minhas amigas.
- O que foi? – Raymond perguntou enquanto beijava meu pescoço.
Eu e Raymond estávamos namorando firme, eu já tinha apresentado-o aos meus pais que o aprovaram. E isso me deixava mais que feliz. Mas havia alguns dias que ele estava mais atrevido com suas carícias, e isso estava me deixando desconfiada.
- Nada!
- Foi o Jonas de novo? – perguntou ainda beijando meu pescoço. Eu havia contado a ele sobre a conversa que tive com .
Levantei-me do sofá onde estávamos sentados e segui para a cozinha de minha casa.
- Eu já disse que não é nada! – falei vendo que ele havia me seguido.
- Se ele te dizer mais alguma coisa, eu vou quebrar a cara dele!
- Não vai! Porque ele não vai dizer nada – isso era verdade depois do acontecido mal falava comigo. Ele ainda não havia aceitado meu namoro com Raymond.
- Oi! – Caio disse entrando na cozinha.
- Oi! – respondi sem tirar os olhos de Raymond que estava a minha frente.
- Eu já vou indo. Tenho uma prova amanhã! – disse.
- Eu te acompanho até a porta!
- Te vejo amanhã! – disse virando-se para mim assim que chegamos a porta.
- Claro! – e então ele me beijou.
Eu ainda sentia as famosas borboletas no estômago a cada vez que ele me beijava.
Nos despedimos e ele foi embora. Voltei para a sala e encontrei Caio sentado no sofá.
- Ele já foi? – perguntou assim que sentei ao seu lado.
- Já! E você vai para onde? – perguntei vendo que ele estava bem vestido demais para ficar em casa.
- Vou em uma festa com e !
- Ah! – foi a única coisa que saiu de minha boca.
Minha situação com meus amigos me perturbava demais. Primeiro Nina e , depois . Não sabia o que fazer para consertar aquela situação.
O dia parecia estava mais quente a cada hora que passava. E aqui estou eu cozinhando numa cadeira do salão, enquanto minha cabeleira tenta arrumar meu cabelo para ir a festa.
Hoje era o aniversário de Raymond. E eu, como namorada dele devia estar impecável.
Juro que vi meus olhos brilhar assim que olhei para mim, a maquiagem estava perfeita, o cabelo magnífico, nada estava errado. Vesti-me rapidamente já que estava atrasada.
Caio me levou até a boate onde aconteceria á festa.
Assim que entrei na mesma pude ver que estava lotada. Raymond tinha muitos amigos, essa era a única razão pela qual a boate está tão cheia assim.
- Oi! – falei chegando perto de Raymond.
- Oi, minha princesa! – disse abraçando-me e me dando um beijo daqueles.
Já passavam da meia noite e a festa estava mais animada ainda. Já fazia um tempo que não via Raymond, e pela milésima vez me peguei percorrendo os olhos por toda boate.
Voltei minha atenção para o que Megan falava.
- Oi! – ouvi sua voz sussurrar em meu ouvido.
- Oi! Aonde você tava? – perguntei virando-me para ele.
- Não importa. Vem comigo quero te mostrar uma coisa – ele disse já me puxando.
Ray estava extremamente lindo essa noite. Espera, ele é lindo sempre. Eu gostava dele e ele parecia estar gostando de mim, eu não vi problema em segui-lo até o telhado.
- Você está linda hoje, , sabia? - ele sussurrou e beijou meu pescoço.
- Obrigada. – foi a única coisa que veio na minha cabeça.
- Não tem o que me agradecer, é a mais pura verdade.
Senti os lábios macios e chamativos de Raymond passarem do meu pescoço para o meu rosto, do meu rosto até o queixo, do queixo até minha boca. Onde ele começou um beijo ardente e cheirando a cerveja.
- Ray, você ta cheirando a cerveja. – ri enquanto seus lábios ainda estavam nos meus.
- Eu não ligo, relaxa, tá? – ele disse nos separando e logo depois voltando a colá-los
Raymond foi andando pra trás e me levando com ele, até que eu senti meu corpo encostar-se a alguma coisa que eu identifiquei ser uma parede.
Ele apertou minha cintura com força e aprofundou nosso beijo, minha mão estava enroscada em seu cabelo, ele tirou seus lábios de minha boca e desceu até meus ombros. Depois suas mãos apertaram minha coxa, e eu podia sentir o que ele queria...
- Ray, melhor parar por aqui. Por favor. – pedi quase num múrmuro.
- Não. Eu quero você. – ele disse tentando achar o zíper do meu vestido.
- Não. Você está bêbado! – falei tentando empurra-lo o que foi em vão.
- Fica quieta! – ele disse beijando-me novamente.
As lágrimas desceram de meus olhos. Lágrimas de medo. Medo pelo o que ia acontecer a seguir.
Eu não queria que fosse assim, a força. Queria que a minha primeira vez fosse romântica, com um garoto que estivesse sóbrio. E não no telhado de uma boate, com meu namorado cheirando a cerveja.
Senti suas mãos apertarem minhas coxas e eu tive certeza que ficariam roxas, por causa da tamanha que ele colocava nelas.
- Não! Para. Por favor! – implorei quando senti suas mãos levantarem um pouco meu vestido.
- Você já veio até aqui! – e eu o empurrei novamente mais ele me empurrou de volta fazendo minhas costas arderem com o baque na parede.
- Fica quieta! – ele segurou meus pulsos me fazendo gritar de dor.
- Solta ela! – ouvi alguém gritar. Virei meu rosto para ver que era meu salvador e vi a última pessoa que eu achei que veria ali. Era .
Dava para ver o ódio transbordando por seus olhos, e pela primeira vez em minha vida eu senti medo pelo o que iria fazer.
- Fica fora disso, Jonas! – Raymond cuspiu as palavras de volta. - Isso aqui entre eu e ela! – Raymond disse colocando seu rosto em meu pescoço, cheirando o mesmo. Meus olhos ainda estavam em e pela expressão que ele fez, eu podia jurar que nada de bom viria a seguir.
- Solta ela! – ele repetiu entre dentes e eu tentei empurrar Raymond novamente. Ele me olhou furioso pelo o que eu havia acabado de fazer.
- Quer saber? Pode ficar com ela. Ela não libera mesmo! – dito isso ele me empurrou ao chão, fazendo-me sentir uma dor forte no tornozelo.
- Ai! – gritei de dor.
- Seu desgraçado! – gritou e fui para cima de Raymond, lhe acertando um soco no olho direito e Raymond lhe deu outro.
Foi nessa hora que devolveu o soco de Raymond, o levando ao chão. Esse deu uma rasteira fazendo com que meu amigo caísse no chão. Ele se levantou e foi pra cima dele. Mas, como já tinha feito judô, conseguiu jogar seu peso em cima de Ray e começou a uma série de socos nele. Socos bem dados, diga-se de passagem.
Eu não podia deixar aquilo continuar, precisava parar com aquilo agora.
- ! Para! Para! Por favor! – gritei chorando desesperadamente
Mas ele não parava. Ele se levantou e começou á dar chutes em Raymond que gritava de dor.
- ! Por favor! Você não é assim! – gritei com as minhas ultimas forças.
- Por favor! – sussurrei.
Ele olhou para o corpo de Raymond esparramado no chão cheio de sangue e respirou fundo, como se pensasse no que havia acabado de fazer.
O único barulho que se ouvia naquele lugar era os gemidos de dor de Raymond e meus soluços que não haviam cessado.
- Me desculpa! – ele disse abaixando-se ao meu lado, e eu não aguentei o abracei chorando em seu peito.
Em um surto ele me pegou no colo e me tirou dali. Olhei para trás e vi que Raymond ainda estava deitado no chão gemendo de dor. Senti um aperto no coração, fazendo eu me encolher mais nos braços de .
Assim que chegamos na parte de dentro da boate todos os olhares se destinaram a nós. Podia ver aqueles olhares cheios de perguntas. Perguntas que eu não estava a fim de responder.
Fechei meus olhos com força, desejando desaparecer daquele lugar.
Não sei por quanto tempo fiquei com meus olhos fechados, mas foi o suficiente para sai daquela boate comigo no colo e chegar ao seu carro.
Ele me colocou dentro de eu carro e entrou no mesmo dando a partida.
Ele dirigia rápido demais, fazendo-me prender o ar.
- , onde estamos indo? – perguntei segurando firme no banco do passageiro.
- Na delegacia!
- O que vamos fazer lá?
- Você denunciar o Raymond! – ele disse convicto.
- Não! Eu... Eu não posso fazer isso com ele!
- Ele tentou de violentar e você não vai denunciá-lo. Onde você está com a cabeça! – ele gritava enquanto dirigia em alta velocidade.
- , fica calmo, por favor!
- Eu não posso ficar calmo se você deixa aquele desgraçado livre! – ele corria, e eu já até podia ver que iríamos bater o carro ou até mesmo tombar com ele.
O medo me invadiu por inteira, pela segunda vez naquela noite. Podia sentir minhas pernas temerem e minhas mãos suarem. Aquela adrenalina misturada com o enorme medo que eu sentia me deixava apreensiva. Meu coração parecia que iria altar do peito a qualquer estante.
- ! Para esse carro! – tentei controlar minha voz, para não mostra o pânico que sentia por dentro. - ! Para esse carro agora! – ele freou o carro de uma vez só fazendo o mesmo derrapar.
O carro parou atravessado no meio da pista, e pude sentir que por um segundo meu coração parou de bater.
- Me leve para casa! – forcei minha garganta a pronunciar essas palavras, já que me mover parecia totalmente impossível.
- Eu vou te levar na delegacia! – disse encarando o nada que havia a sua frente.
- , por favor. Vamos resolver isso amanhã. Eu não quero fazer isso, não agora. Me leve para casa e amanhã nós vamos a delegacia. Eu vou falar com meus pais, eu... Eu preciso explicar a situação a eles.
- Promete? – perguntou olhando no fundo de meus olhos.
- Prometo!
No caminho de volta para minha casa, a única coisa que eu fiz foi chorar. Pela primeira vez eu parei para pensar no que Raymond tentara fazer comigo, no quanto ele havia me machucado, tanto fisicamente como mentalmente.
- Está tudo bem com você, ele te machucou? – perguntou assim que entramos em meu quarto.
- Eu estou bem! – a verdade era que eu não estava nada bem. Eu estava quebrada e partida. Sentia que o chão havia se aberto sobre meus pés e não havia no que me segurar, e cada vez eu estava caindo.
- Eu vou tomar um banho. Já volto! – peguei meu pijama em meu closet e entrei no banheiro.
Evitei olhar para mim no espelho, pois aquilo só confirmaria o que eu já achava, só iria confirmar meu estado deplorável.
Entrei embaixo do chuveiro e deixei que a água me lavasse por inteira, que purificasse minha alma.
Fechei meus olhos e as imagens daquela noite passaram diante de meus olhos como um flashback. Não pude evitar que as lágrimas descerem de meus olhos, a cada lágrima parecia que minhas forças iam se acabando com a velocidade que elas caiam de meus olhos.
Sai do banho e me vesti, ainda evitando olhar-me no espelho. Ver meu reflexo pioraria meu estado.
Sai do banheiro e encontrei sentando em minha cama.
- Você ‘tá sangrando! – falei percebendo o pequeno corte que sagrava no canto de sua sobrancelha.
- Isso não é nada!
- Vai lavar o rosto que eu vou pegar algumas coisas para fazer um curativo! – falei e ele me obedeceu. Abri a gaveta que havia em meu criado mudo e peguei um pouco de algodão, álcool e um band-aid.
- Senta aqui! – pedi apontando para a cama e ele se sentou.
- Isso vai arder um pouquinho! – falei colocando um pouco de álcool no algodão e me ajoelhando em sua frente.
- Ai! – ele gemeu de dor quando eu apliquei o álcool em seu machucado.
- Já está acabando! – falei tentando tranqüiliza-lo.
- Pronto! – disse colocando o band-aid em seu machucado. Ele me olhou e eu abaixei o olhar e comecei a chorar.
Capítulo 15 – “And I'm on the outside, knowing that you're all I want, but I can't do anything, I'm so helpless baby” All She Knows – Bruno Mars
’s POV
Eu não sabia como controlar a raiva que pulsava pelas as minhas veias. Imagens daquele brutamonte tocando nela, passavam por minha mente a cada cinco segundos, fazendo meu ódio aumentar mais ainda.
- Pronto! – a olhei, de seus olhos transbordava dor. Um pontada de dor atingiu meu coração ao vê-la assim. E então ela começou á chorar.
- Eu estou aqui! Vai fica tudo bem! – a abracei deixando-a chorar em meu peito.
- Eu não sabia que ele ia fazer isso comigo!
- Você sabia, só não queria acreditar! – e ela se agarrou mais a mim.
- Vai ficar tudo bem!
E foi assim toda a noite, nenhuma palavra foi dita, nenhum som foi feito. O silêncio reinava naquele quarto aumentando a dor de ambos. A cada soluço dela mais meu coração doía, a cada lágrima parecia que meu mundo estava desabando.
Acordei com os raios de sol que entravam no quarto. Olhei para lado e ela dormia calmamente. Forcei-me a não tocá-la, ignorando minha grande vontade.
Levantei-me bem devagar para não acorda-la, escrevi um bilhete e sai do seu quarto.
Tomei o maior cuidado para não acordar ninguém. Entrei em meu carro e segui para casa.
Todos em minha casa ainda estavam dormindo, era cedo.
Tomei um banho e desci as escadas até chegar na biblioteca de minha casa. Ia poucas vezes aquela lugar, afinal a única coisa que fazia ali em tocar em meu piano.
Sentei-me em frente ao mesmo e olhei para aquelas teclas, tudo parecia tão certo, as pretas e brancas tinham um combinação incrível mesmo sendo tão diferentes.
Respirei fundo e comecei a tocar. Aquele som tão suave preenchia todo o silencio, fazendo-o ficar melhor de alguma forma.
As notas saiam sem eu ao menos perceber, peguei um papel e uma caneta que havia ali e comecei a escrever.
Once again you're home alone
(Mais uma vez você está sozinha em casa). Tears running from your eyes
(Lágrimas escorriam de seus olhos). And I'm on the outside
(E eu estou do lado de fora). Knowing that you're all I want
(Sabendo que você é tudo que eu quero). But I can't do anything
(Mas eu não posso fazer nada). I'm so helpless baby
(Eu estou tão indefeso amor).
Ela aparecia em minha mente. Tão magoada e ferida, tão frágil. Meu peito era preenchido de dor somente em vê-la sofrendo, principalmente se essa dor era causada por ele.
Everyday same old things
(Todos os dias são tudo a mesma coisa). So you're still feelin pain
(Então você ainda está sofrendo) Never had real love before
(Nunca teve um amor de verdade antes). And it ain't her fault
(E não é culpa dela).
O poderia ser o amor dela, se ela deixasse. Eu poderia ser tudo que ela queria, e até mais. Podia secar suas lágrimas e transformá-las em sorrisos, fazer suas alegrias se multiplicarem e a tristeza diminuir. Fazer a dor diminuir.
She knows better but
(Ela sabe bem, mas). She can't help it
(Ela não pode evitar). Wanna tell her
(Quero dizer a ela). But would that be selfish
(Mas seria egoísta). How do you heal
(Como você se cura). A heart that can't feel, it's broken
(Um coração que não pode sentir, está quebrado). His love is all she knows, all she knows, all she knows
(O amor dele é tudo que ela sabe, tudo que ela sabe, tudo que ela sabe). His love is all she knows, all she knows, all she knows
(O amor dele é tudo que ela sabe, tudo que ela sabe, tudo que ela sabe).
E por mais que eu tente, eu sei que essa dor não vai ser curada tão fácil, ela vai precisar de um tempo para cicatrizar, e eu vou está lá para ajudá-la. Minha ajuda e tudo que ela pode aceitar de mim.
You've been livin this way so long
(Você vem vivendo assim há tanto tempo). You don't know the difference
(Você não sabe a diferença). And it's killing me
(E isso está me matando). Cause you can have so much more
(Porque você pode ter muito mais). I'm the one your looking for
(Eu sou o único correndo atrás). But you close your eyes on me
(Mas você me ignora). So you still can't see
(Então você ainda não pode ver).
Ela ainda o amava, apesar de tudo, podia ver nos seus olhos. Mesmo sendo doloroso demais eu tinha que admitir isso para mim mesmo. Tinha que perceber que ela ainda não havia me enxergado, que ela ainda não podia ver meu amor.
All she knows is the pain
(Tudo o que ela sabe é a dor). In the corner of an empty home
(No canto de uma casa vazia). She's still comfortable
(Ela ainda está confortável). I want her to know
(Eu quero que ela saiba) It can be better than this
(Que pode ser melhor do que isso). I can't pretend
(Eu não posso fingir). Wish we were more than friends
(Queria que fôssemos mais que amigos).
(All She Knows – Bruno Mars)
’s POV
Antes de abrir meus olhos, rezei para a décima vez para tudo aquilo ser somente um pesadelo idiota e que tudo estava perfeitamente bem.
Abri meus olhos e olhei em volta, estava em meu quarto, onde a luz do sol entrava fracamente. Sentei-me em minha cama e encarei a parede a minha frente. E todas as lembranças passaram novamente diante de meus olhos.
Olhei para meu pulso e vi a leve marca roxa sobre o mesmo.
Aquilo não era um pesadelo, era a realidade.
Um pesadelo não duraria tanto tempo assim, e nem deixaria marcas e dor.
Voltei a chorar. Abraçada em meu travesseiro sequei todo meu estoque de lágrimas, fazendo a dor em meu peito aumentar.
- ! – ouvi minha mãe chamar-me do outro lado da porta.
- Oi! – controlei minha voz.
- Que bom que já está acordada! Desça para almoçar!
- Eu já vou descer.
Olhei para o lado e vi um bilhete, peguei o mesmo e li.
Tive que ir, mas eu vou voltar para irmos a delegacia. Eu sei que está sendo difícil, mas é o melhor a se fazer.
.
Forcei-me a levantar e segui até meu banheiro. Parei e frente ao vaso sanitário e me abaixei até ele, e pela primeira vez em um ano eu queria aquilo, como se fosse ajudar a concertar alguma coisa.
Estava sentada no sofá de minha casa, encarando o nada. Tentando achar um jeito de fazer desistir de sua ideia, pois eu já havia tomado a minha.
Eu não iria denunciar Raymond, já estava decidida, não iria fazer isso com ele. Por mais que ele tenha me machucado, eu o amava, e não iria fazer isso com ele em hipótese alguma.
Por mais que eu tentasse, eu sabia que não havia nenhum jeito de contar minha decisão á sem criar uma briga.
Fui interrompida por minha mãe que havia acabado de me perguntar algo, que eu não havia ouvido.
- O quê?!
- Eu perguntei como foi a festa! – ela repetiu.
- Ah! Foi boa!
- Eu não vi a hora que você chegou!
- Eu cheguei cedo.
- Raymond veio te trazer? – perguntou olhando-me como se analisasse cada movimento meu.
- Não! Foi o ! – pude notar uma felicidade nos olhos de minha mãe.
- Ele está sumido!
- Está ocupado com a namorada dele! – quase cuspi as palavras. ainda namorava e aquilo deixava me visivelmente irritada.
Continuamos ali conversando assuntos banais até alguém tocar a campainha. Não demorou muito e vi entra na sala.
- Oi!
- Oi! – falei forçando-me á dá um sorriso decente.
- Oi, ! – minha mãe o cumprimentou, e eu podia jurar que ele estranhou o sorriso dela.
- Oi, Anne!
- Eu... Eu... – bela hora para gaguejar, pensei.
- Está pronta? – perguntou.
- Pronta?
- É, para irmos à delegacia!
- Delegacia? – minha mãe perguntou.
a olhou com duvida, e depois olhou para mim. E então tudo parecia muito claro para ele. Ele havia descoberto.
- Você... Você não contou?
- Não! – suspirei. Mentir agora não iria ser a melhor opção, poderia resolver a situação, mas mesmo assim continuava á ser a pior das hipóteses.
- Você... Disse que iria contar!
- Contar, o quê? Do que estão falando? – minha mãe perguntou já aflita.
- Você mentiu! – ele suspirou derrotado.
- , por favor... Eu... – falei levantando-me.
- Não! Você mentiu para mim! – disse indo em direção a porta, e em um ato desesperado eu fui atrás. - Espera, por favor! – pedi ao ver que já havia saído de minha casa.
- Não! – ele gritou.
- Por favor... Tente me entender! – já podia sentir as lágrimas descerem por minhas bochechas enquanto caminhava até ele.
- Não, eu não entendo! Eu não entendo por que você está fazendo isso por ele!
- Eu o amo!
- Mas, ele não te ama! Eu am... Não ver o que ele tentou fazer com você? – perguntou se virando para mim.
- Aquilo não foi maior do que meu amor!
- Para mim já chega! – e foi isso o que ele disse antes de entrar em seu carro e ir embora.
O desespero me corroia por dentro, eu havia estragado tudo de novo.
Minhas pernas vacilaram, minha vista ficou turva e eu não vi mais nada.
Capítulo 16 – “I’m a lightweight better be careful what you say” Lightweight – Demi Lovato
Acordei sentindo um calor insuportável, sentei-me e percebi que estava em meu quarto.
Levantei e fui direto para o banheiro tomar um belo de um banho.
Enrolei-me em minha toalha de cor bege e fui para a frente do espelho. Meus olhos estavam vermelhos e com várias bolhas pretas ao redor, mais conhecidas como olheiras.
Peguei-me ensaiando um sorriso para quando encontrasse Raymond hoje. Eu tinha esperança que ficaríamos juntos, mesmo depois do horrível episódio de seu aniversário.
Eu havia convencido a mim mesma que aquilo só foi um mal entendido, que nada de mal poderia acontecer. Saí do banheiro e fui me vestir.
É um novo dia, repeti a mim mesma pela milésima vez desde que cheguei a escola.
Enquanto andava pelos corredores vazios, procurava algum vestígio que ele estivesse ali, mas parecia que quanto mais eu procurava, ele não aparecia. Passei o dia inteiro procurando Raymond, mas ele não apareceu.
Liguei para Caio vir me buscar e ele disse que já estava vindo.
Enquanto caminhava em direção ao estacionamento, ensaiei mentalmente o que iria dizer à minha mãe, ela ainda não sabia de nada do que havia acontecido. Mas, eu tinha muito medo, medo que ela não quisesse mais meu namoro com Raymond, ou até me obrigasse a terminar com ele.
Enquanto esperava por Caio, roia minhas unhas, ou pelo menos o que sobraram dela.
- EI! – ouvi alguém gritar atrás de mim; virei-me para ver que havia feito tal ato e me surpreendi, era Raymond. Sua expressão lembraram-me daquela horrível noite.
- Oi! – tentei sorrir, mas era quase impossível ao vê-lo daquele jeito. Seu rosto estavam cheios de hematomas e cortes, provavelmente por causa da briga que teve com .
- O QUE VOCÊ FEZ?! – ele gritou, arregalei meus olhos assim que meu cérebro assimilou suas palavras.
- Eu...
- SUA VADIA! VOCÊ ACABOU COM A MINHA VIDA!
- Eu... O que você está falando? – gaguejei já sentindo as lágrimas caíram sobre minhas bochechas. Suas palavras haviam me machucado.
- NÃO SEJA CÍNICA! VOCÊ SABE EXATAMENTE O QUE VOCÊ FEZ! – ele ainda gritava fazendo minha dor aumentar.
- Eu, eu não sei...
- VOCÊ NÃO SABE O QUE FEZ? POIS EU VOU TE DIZER! VOCÊ É UMA VADIA! UMA V-A-D-I-A, UMA PUTA QUE QUER SE FAZER DE SANTA! MAS, VOCÊ NÃO É SANTA, VOCÊ FOI À DELEGACIA! SUA DESGRAÇADA! – ele gritava enquanto me olhava com ódio, e eu só chorava enquanto tentava assimilar suas palavras, seus xingamentos.
- Eu... Eu não fui á delegacia. Eu te juro! – falei na tentativa de fazê-lo parar com aquilo.
- SE NÃO FOI VOCÊ, FOI QUEM? – percebi que metade da escola já estava ali assistindo aquela cena. – RESPONDE, SUA VADIA! – ele gritou mais uma vez, minha garganta foi impedida de pronunciar qualquer palavra por causa do nó que havia se formado na mesma.
- DO QUE VOCÊ ACABOU DE CHAMÁ-LA? – ouvi a voz de Caio gritar atrás de mim.
- DE VADIA! E QUER SABER POR QUÊ? POR QUE ELA É UMA VADIA! – Raymond cuspiu as palavras de volta.
- SEU NOJENTO! – vi Caio dar-lhe um soco no rosto e Raymond devolver o soco.
Aquilo não podia estar acontecendo, não de novo. O desespero tomou conta de mim, o grito acumulou-se em minha garganta.
- PAREM COM ISSO – gritei com todas as minhas forças.
Como eles não iriam parar, e outro menino - que eu não lembrava o nome agora – separaram a briga. Minha respiração estava pesada e lágrimas ainda desciam por meus olhos, olhei para todas aquelas pessoas que nos olhavam boquiabertos e no meio de todos ele estava lá, .
Ele olhava fixamente para mim, seus lábios pronunciaram um “Me desculpa” sem som e então eu entendi.
- FOI VOCÊ? – gritei, eu já havia perdido todos os meus sentidos, e a raiva tomou conta de mim.
- Eu tinha que fazer alguma coisa! – suas palavras saíram frias assim como o seu olhar.
- Você não tinha que se meter em nada! Nada do que aconteceu é da sua conta!
- Eu sei, era da sua! Mas, você não tem coragem de fazer nada, porque está completamente enfeitiçada por esse desgraçado que não enxerga mais nada!
- Isso não é da sua conta, ! Você não tinha direito de fazer isso!
- Eu fiz, já que você não ia fazer!
- EU TE ODEIO! – gritei.
Capítulo 17
’s POV
Dizem que as palavras podem ferir mais que um soco, eu podia confirmar elas.
Suas palavras doeram mais que qualquer soco, mais do que qualquer dor que poderia existir.
Pisquei os olhos várias vezes tentando deixá-los secos, e também para ter certeza que ela havia falado aquilo mesmo.
- Que bom! – forcei-me a dizer e sai dali, empurrei algumas pessoas que assistiam toda a cena, entrei em meu carro e partir para casa.
Enquanto dirigia permiti-me á deixarem algumas lágrimas caírem de meus olhos.
Ela me odeia.
Essa frase rodava minha mente.
Eu havia errado, admito. Não deveria ter ido à delegacia e denunciado Raymond, ela deveria ter feito aquilo, mas como ela mesma disse, ela o amava demais para fazer aquilo. E pela milésima vez eu me perguntei por que ela não me amava, e sim aquele idiota.
Xingue-o de todos os palavrões que eu conhecia, sei que não é certo colocar culpa nos outros, mas a culpa toda era dele. Se ele não tivesse aparecido, talvez eu estivesse com ela agora, e não como amigos, mas como casal.
Assim que cheguei em casa fui direto para meu quarto, ignorando todas as perguntas de minha mãe.
Desmanchei-me em lágrimas deitado em minha cama lembrando-me de suas palavras.
Eu já sabia o que iria fazer, mesmo que minha decisão fizesse-me sofrer, eu iria fazê-la. Eu te odeio. Eu te odeio, .
Acordei num surto, ouvi batidas frenéticas na porta e forcei-me a responder minha mãe que me chamava desesperadamente.
- Filho, abra essa porta! – pediu.
- Mãe, eu... Quero ficar sozinho!
- Não me exclua, eu sei que você está magoado, eu só quero te ajudar. Mas, eu só posso se você deixar-me te ajudar.
- Eu... Eu não preciso de ajuda! Eu já decidi o que eu vou fazer!
- Seja lá o que for, saiba que eu vou te apoiar!
- Obrigada!
Aquela conversa através da porta era extremamente estranha, mas tentei não pensar nisso.
Fui em direção ao banheiro e tomei um banho demorado.
Vesti-me e desci as escadas, era hora do jantar.
Fizemos nossa oração e jantamos em silêncio, a cada cinco segundos minha mãe mandava-me um olhar desconfiado, mas isso não iria fazer voltar atrás, eu já havia decidido e ninguém iria me fazer mudar de idéia, nem mesmo ela.
Terminamos de jantar e eu pedi para falar com meu pai, seguimos para seu escritório em silêncio.
Sentei em uma poltrona na frente a ele, que fez sinal para que eu começasse.
- Bom... Eu pensei bem e... Eu aceito ir para a tal da escola em Madri, eu acho que vai ser uma boa experiência para mim. – falei.
- Isso é ótimo, filho. Estou orgulhoso de você! – disse com um sorriso enorme no rosto.
Então é aqui começa, desde agora eu ia esquece-la, ia seguir em frente sem ela.
Capítulo 18 – “Stringe ourselves, and we do it all the time, why do we do that? Why do I do that? Why do I do that?” Fuckin’ Perfect – Pink
’s POV
Aquilo havia sido realmente ruim de dizer, mas eu estava cheia de ódio.
Depois da briga de Raymond e Caio ter acabado, pedi para Caio me levar em casa.
Assim que cheguei a mesma, fui bombardeada de perguntas por meus pais. Não dava mais para esconder, eu tive que contar.
E enquanto meu pai e Caio enlouqueciam pelo acontecido, minha mãe me abraçava deixando-me chorar em seus braços.
E me perguntei como eu seria capaz de ter tantas lágrimas.
Subi para meu quarto, ou melhor, me arrastei. Porque nem para andar eu tinha vontade.
Tranquei a porta e fui direto para o banheiro.
Abaixei-me nos azulejos brancos em frente ao vaso sanitário e despejei todo aquele líquido ocre e novamente comecei a chorar.
Tomei um banho rápido e sai do banheiro, deitei-me em minha cama e pude escutar os gritos de meus pais, eles estavam brigando por minha causa.
Eu já não tinha mais controle de meus problemas, pois agora eles haviam se ajuntado e virando uma grande bola de neve caindo diretamente em mim, e eu simplesmente não podia controlar tudo aquilo.
Voltei a chorar quando os gritos aumentaram. Peguei meu celular que estava encima de meu criado mudo, coloquei em uma música qualquer. Logo reconheci que música era e comecei a cantarolar junto e assim adormeci.
Acordei com gritos vindo de meu andar de baixo.
Dava para ouvir claramente a voz de minha mãe gritando com meu pai.
Essas brigas vem acontecendo todos os dias desde que eu contei para eles toda a história do aniversário, exatamente duas semanas atrás.
E eu não podia estar pior, a última coisa que eu fazia era chorar e dormir. Mas, havia algo bem pior que eu estava fazendo.
Levantei-me e fui para o banheiro para novamente colocar para fora o nada que ainda estava dentro de meu corpo. Desde aquele dia meu estado havia piorado e eu sabia disso, mas não ligava.
Eu estava me matando lentamente, e isso já não importava, já minha vida era uma coisa sem sentido, por que eu iria quere tê-la? Eu estava tão frágil e desprotegida, não havia ninguém em que eu podia me apoiar.
Arrastei-me de volta para minha cama, peguei meu celular e coloquei os fones de ouvido colocando o volume no máximo, não estava nem aí se ficasse surda, seria até melhor do que ficar ouvindo essas brigas.
- Filha, é o melhor para você! – meu pai tentava me convencer que ir à uma terapeuta duas vezes por semana já que achava que iria resolver meu problema.
- Eu não quero! Eu já disse isso, eu não vou e pronto! – sai dali o mais rápido que pude e fui direto para meu quarto, tranquei a porta e fui até o banheiro.
Ajoelhei-me em frente ao vaso sanitário e coloquei aquele líquido para fora, pelo menos eu achava que era, mas quando olhei o que estava á minha frente, levantei-me num impulso.
Era sangue. Meu sangue.
O líquido vermelho estava espalhado por todo o banheiro. Minha garganta produziu um grito por conta de meu desespero, minha vista ficou turva e minhas pernas vacilaram, e então tudo escureceu.
Capítulo 19 – “I love you and that's all I really know” Love Story – Taylor Swift
Aquele cheiro de hospital fazia meu estômago revirar, definitivamente não era o melhor cheiro do mundo.
Abri meus olhos lentamente e a luz me cegou, fechei os olh os instantaneamente.
- Filha... – pude ouvir a voz de minha mãe me chamar.
- Mãe... – minha voz mal saia de minha garganta, era completamente arrastada e baixa.
- Como se sente? – perguntou e eu já podia sentir suas mãos sobre as minhas.
- Não sei, onde estou? – sabia onde estava só queria ter certeza.
- No hospital... – ela procurava as palavras certas, eu podia sentir isso.
- Mãe, você precisa chamar o , eu preciso falar com ele... Pedir desculpas! – falei abrindo meus olhos que já estavam cheios de água.
- Ele está lá fora, e está muito preocupado!
- Pode chamar ele pra mim? – pedi.
- Claro! – pude ouvir os barulho que a porta fez ao se fecha-se.
Precisava pedir desculpas por todas as coisa horríveis que disse a ele. Eu não o odiava, pelo contrário, ele era meu melhor amigo nunca o odiaria.
Os minutos seguintes foram os mais logos da minha vida, o silêncio que invadia o quarto permitia-me ouvir até os movimento que os ponteiros do relógio faziam. Aquela demora estava deixando-me cada vez mais apreensiva.
Levantei meu braço permitindo-me ver a agulha que levava o soro às minhas veias. Eu havia passado dos limites dessa vez.
Eu tinha destruído minha amizade com e Nina, acabado com meu namoro com Raymond, magoado e quase me matado, falta mais alguma coisa?
Fui interrompida pelo barulho que a porta fez ao se abrir.
- Oi! – ouvi sua voz calma, mas ao mesmo tempo preocupada.
- Oi!
- Como está sentindo? – perguntou se aproximando da cama onde eu estava.
- Eu estou bem, na medida do possível!
- Fiquei preocupado! – xinguei-me mentalmente por deixá-lo preocupado, ou melhor, por deixar todos preocupados.
- Desculpa! , eu sinto muito... Por tudo que eu te fiz e por tudo que eu te disse naquele dia, eu... Eu estava nervosa e acabei falando tudo aquilo sem pensar, eu não te odeio, você é meu melhor amigo. Por favor, não me odeie! – enquanto falava as lágrima corriam soltas pelo meu rosto.
- Nunca vou te odiar, pois eu... Eu te amo, . E não é amor de amigo ou de irmão, é amor de um homem por uma mulher. Eu te amo mais que tudo nessa vida, e eu faria de tudo para você me amar também, porque você é minha vida, eu mal consigo respirar sem você! Nos dias que eu não te vejo parece que meu coração vai parar de bater de tanta aflição, e quando você chora é como se tudo tivesse desabando junto com suas lágrimas, e toda a vez que você sorri tudo parece ficar melhor, o mundo parece ser um lugar digno de se viver, quando eu olho para os seus olhos, eu encontro o meu paraíso, o lugar certo para mim, eu encontro a pessoa perfeita para mim, eu encontro tudo aquilo que qualquer um procura em uma pessoa, eu encontro meu raio de sol, aquilo que ilumina a minha vida e faz ela ficar melhor a cada segundo... Eu paro de respirar se eu não puder te vez mais... Eu te amo, essa é a única coisa que eu tenho certeza, é a única coisa que eu sei!
Comecei a chorar, mesmo achando tudo muito lindo, eu não sabia o que dizer, as palavras fugiram da minha boca. estava parado na minha frente encarando o chão, e eu tentando processar o que ele acabará de me disser.
- Então... Eu já vou indo! – ele disse ainda encarando o chão.
- , eu...
- Não precisa disser nada! – ele me encarou, podia ver que seus olhos estavam cheios de lágrimas, o que fez as minhas voltarem a cair em meu rosto.
- Precisa sim, eu... – e novamente a frase morreu em minha boca.
- Tudo bem, não diga nada! – ele disse e se aproximou de mim. Deu-me um beijo na testa e saiu.
Enquanto encarava porta que havia acabado de se fechar, eu chorava desesperadamente.
Aquele sentimento de culpa nunca havia me atacado como agora, eu estava me sentindo um lixo, por magoar .
Eu sou uma pessoa horrível mesmo, pensei.
Nunca, definitivamente, nunca eu havia pensando que seus sentimentos por mim, eram mais do que a amizade.
É claro que eu ainda tinha dúvidas do que sentia por ele, por causa de todos os arrepios que ele faziam-me senti, ou até mesmo das minhas atitudes extremamente ciumentas em relação a ele, mas isso não queria dizer nada, certo?
Havia se passado duas semanas desde o dia que o esteve aqui no hospital.
Eu ainda estava internada, o médico disse que eu havia prejudicado minhas cordas vocais, e por isso, a maioria das vezes eu falava sussurrando, também disse que eu preciso voltar minha alimentação normal aos poucos, eu havia prejudicado muito meu estômago, eu havia acostumado-o a quase nada, então sempre que eu ia comer alguma coisa ele a rejeitava.
Tive que ter uma conversa com meus pais sobre meu estado, e por incrível que pareça foi mais fácil do que eu pensei, é claro que eu chorei em toda a conversa junto de minha mãe.
ainda não havia aparecido aqui desde aquele dia, e isso me deixava triste, por que acima de tudo eu precisava dele.
Nina e apareceram aqui, elas me perdoaram e nós choramos juntas.
Mesmo com tudo isso acontecendo eu não conseguia parar de pensar no que me dissera, eu estava absorvendo a idéia aos poucos, já que foi um choque para mim. E apesar de ainda estar um pouco confusa com a situação, eu iria até a casa dele assim que saísse do hospital.
Ele pode até me ignorar agora, mas depois que eu sair daqui, a história vai ser outra, pensei.
- Filha! – ouvi minha mãe chamar-me tirando de meu pequeno flashback sobre as ultima semanas.
- Oi, mãe!
- Tava pensando no quê? – perguntou me olhando curiosa.
- Em nada, mãe.
- Bom... Eu estava conversando com o médico e ele me aconselhou a te levar no terapeuta, é somente para você conversa com ela, falar como se sente em relação a tudo, a bulimia, ao... O que aconteceu com você e o Raymond!
Raymond. Nem mesmo seu nome eu me permitia pronunciar, ele havia me machucado demais, e eu estava aprendendo a esquecê-lo, ou pelo menos tentando, porque eu percebi que nem todo o meu amor pode curar as feridas que ele fez em mim.
- Tudo bem! Eu vou ao terapeuta!
- Sério? – ela perguntou incrédula, mas ela tinha razão para isso, porque não primeira vez que me disseram para ir a um terapeuta, eu enlouqueci.
- Sério! Mas quando eu saio daqui?
Eu já não agüentava mais aquele hospital, já havia decorado cada canto daquele quarto e não via a hora de voltar para casa.
- O doutor disse que não vai demorar muito!
- Fico feliz por isso!
- Vamos? – Caio perguntou entrando no quarto.
- Vamos! – sorri abertamente, estava feliz já que estava voltando para casa.
Enquanto o carro andava pelas ruas, podia ver da janela do banco traseiro, crianças brincando de bola na rua sob o sol forte de verão.
- Chegamos! – Caio declarou alegre.
Desci do carro e olhei para minha casa.
- Como senti sua falta casinha!
- Os remédios afetaram seu cérebro? –Caio perguntou.
- Que foi, posso nem sentir falta da minha casa mais?
- Claro que pode! Mas agora vamos entrar que eu estou morto de fome! – falei passando o braço por meus ombros e arrastando-me para entrar em casa.
Depois de almoçarmos, eu fui até meu quarto, ele estava do mesmo jeito que estava antes. Enquanto observava cada cantinho daquele quarto as lembranças me envolviam cada vez mais. As dos meus últimos momentos eram as mais fortes, de todas as vezes que eu havia chorado, ou até mesmos minhas “idas” ao banheiro. Aquilo de fato eu nunca mais repetiria, eu estava começando a me destruir e aquilo não era o que eu queria para mim.
- Filha! – minha mãe me chamou.
- Oi!
- Tudo bem? – ela perguntou me olhando.
- Tudo ótimo!
- Quer alguma coisa?
- Não! Eu vou sair para resolver umas coisas! Tudo bem?
- Claro! – ela sorriu gentilmente e saiu do quarto.
Peguei minha bolsa e saí de casa. Sabia exatamente o caminho e segui até ele.
Enquanto caminhava pela rua ensaiava o que iria dizer assim que chegasse lá.
Assim que parei em frente a casa, pensei em desistir, mas como já havia ido até ali não era hora de desistir.
Depois de bater na porta umas das vezes recebi um “Já vou” como resposta, o que me deixou mais nervosa ainda.
- Oi! – ele abriu a porta olhando para trás de si mesmo como se estivesse procurando alguma coisa.
- Olá, ! – falei e ele virou-se para mim imediatamente.
Capitulo 20 – “I'd crawl across this world for you, do anything you want me to. No matter what, remember you know I'll always come for you” I’d Come For You – Nickelback
- O-oi! – gaguejou.
- Podemos conversar?
Suspirou antes de responder.
– Claro, entra!
Deu-me espaço para entrar e depois fechou a porta atrás de si.
- Será que podemos conversa na praça? Eu combinei de levar Frankie até lá, e...
- Tudo bem! – ele me olhou e sorriu.
- Eu só preciso encontrar meu tênis! – ele disse se abaixando procurando o tênis em baixo do sofá e eu comecei a rir.
- Eu achei! – Frankie disse vitorioso enquanto entrava na sala com um par de tênis na mão.
- Ah, obrigado, Frankie! – agradeceu pegando os tênis da mão de Frankie.
- ! – Frankie veio até mim e eu joelhei no chão para ficar até a sua altura para poder abraçá-lo.
- Oi!
- Você já ‘tá melhor? – perguntou quando nos soltamos do abraço.
- Estou sim! Obrigada por perguntar!
- Vamos? – apareceu ao nosso lado já calçado.
- Vamos! – levantei e nós seguimos para a praça.
- Então... Me desculpa por não ter ido ao hospital! – disse assim que chegamos a praça.
- Tudo bem! Não precisa se desculpar! – falei observando Frankie correr até os brinquedos.
- Eu sinto muito mesmo... Por tudo!
- Eu que sinto, mas eu não vim aqui para você ficar pedindo desculpa a cada cinco segundos. Vim para nós conversamos um pouco! – falei virando-me para ele.
- Tudo bem! – ele sorriu, e como nos velhos tempos eu me perdi em seu sorriso.
Sentamos em um dos bancos da praça e, por alguns minutos, o silêncio se instalou entre nós, e eu me perguntava o que ele estava pensando.
- Por que não me contou antes? – perguntei.
- Eu... Eu não queria que você se afastasse de mim. Olha, eu sei que você não sente o mesmo e é por isso que eu tinha medo de te contar, por que você...
- Eu nunca me afastaria de você, nunca – falei já sentido aquelas conhecidas lágrimas embaçarem minha visão.
- Eu sinto muito! Eu sei que deveria ter te contado antes, mas eu não podia te perder – disse colocando sua mãe sobre a minha, seu toque fez com que eu me arrepiasse por inteira.
- Eu entendo... – falei olhando-o.
- Eu também não te contei sobre mim, sobre a minha doença. Exatamente pelo mesmo motivo por medo de você me julgar – completei.
- Eu não iria te julgar, eu iria te ajudar e você sabe disso!
- Sei! Você foi sempre tão bom e gentil comigo, que eu não sei o por que da minha insegurança!
- Todos temos inseguranças e medos, aprendemos a viver com eles, mas chega uma hora que precisamos perder esses medos e contar a alguém como nos sentíamos!
- Obrigada! – sussurrei enquanto as lágrimas desciam por meu rosto.
- Isso não foi nada! – deitei minha cabeça em seu ombro respirando o ar quente daquela tarde.
- Desde quando? – perguntei.
- O quê?
- Desde quando você me a... Ah, você sabe! – falei sentindo meu rosto enrubescer.
- Ah, desde que você voltou de Paris. Você era a coisa mais linda que eu já tinha visto! Aliás, você é a coisa mais linda que eu já vi!
- Obrigada! Sabe que eu ‘tô começando a me acostumar com essa história de ter você apaixonado por mim?! Você ‘tá tão fofinho falando assim, bem diferente de antes.
- Ah, quer dizer que eu era chato antes?
- Não é isso! Ah, você entendeu!
- Claro que entendi! Mas já que eu contei parte do meu segredo, quer me contar uma parte do seu?
Eu estava preparada para conversar sobre aquele assunto, então não vi problema em começar á contar toda a história à ele.
- Quando eu morava em Paris, eu conheci uma menina, o nome dela era Jenny. Ela era a garota mais popular da escola, e todas queriam ser igual a ela, inclusive eu. Mas, as pessoas eram maldosas comigo e diziam que eu era gorda, até que um dia pela primeira vez eu me forcei a vomitar, eu achei aquilo horrível, mas não parei.
“Um dia umas meninas me bateram dentro do banheiro da escola, elas me xingavam, me chamavam de gorda, e então a Jenny saiu de uma das cabines e fez todas irem embora, eu lembro que eu chorei abraçada com ela a manhã toda. Com o passar do tempo eu e Jenny nos tornamos melhores amigas, e então ela se foi. Num acidente de barco, ela e os pais morreram e eu fiquei arrasada, eu estava sozinha de novo, e então eu voltei a vomitar e isso se tornou mais frenquente, e desde então eu vinha fazendo isso várias vezes ao dia. Até que em um dia desses eu exagerei e acabei quase me matando, mas eu não estava nem aí, porque eu estava sozinha, eu estava sem ninguém para me ajudar, eu... – não consegui continuar, minhas lágrimas e o nó em minha garganta impediam-me de falar qualquer outra coisa.
- Você não está sozinha, eu estou aqui, eu vou sempre estar aqui! – ele disse abraçando-me deixando-me chorar em seus braços.
Capítulo 21 – “I'm the one who really loves you baby” I’ll Be Waiting – Lenny Kravitz
- Pronta? – perguntou entrando em meu quarto. - Pronta! – peguei minha mochila e nós descemos.
Essa era a primeira vez que iria a escola depois que tudo aconteceu, e eu estava um pouco nervosa, pois não sabia como reagiria assim que visse Raymond. Por mais que ele tinha me magoado, eu ainda nutria um sentimento por ele.
- Eu estou aqui com você! – falou assim que paramos em frente a escola.
- Tudo bem! – respirei fundo e nós começamos á andar.
Encontramos com Nina e no meu do caminho e então seguimos para a primeira aula.
Enquanto andávamos pelos corredores percebia os olhares sob mim, uns tinha um certo orgulho estampado, já outros, pena. Mas tentei não pensar naquilo.
A primeira aula foi normal, a não ser pelos olhares que ainda estavam sobre mim, mas tentei esquecer aquilo e me focar na aula, já que minhas notas não estavam as melhores por causa do meu afastamento.
A segunda aula havia apitado e eu estava saindo da sala quando esbarrei em Alex e Megan. Juntamente com Raymond.
- Olha só quem voltou! – Megan comentou com nojo na voz.
- Seja bem vinda de volta, sua gorda! – elas disseram juntas.
- Meninas, não sejam tão boazinhas com ela, afinal ela é uma baleia! – Raymond disse rindo.
Não pude evitar as lágrimas que já estavam descendo sob meu rosto.
Odiava amá-lo, odiava tudo o que ele fazia comigo.
Sai correndo o mais rápido dali, esbarrei em algumas pessoas recebi xingamentos, mas eu não estava nem ligando, só queria ficar sozinha.
Fui até o jardim da escola onde não havia ninguém, me sentei em baixo de uma árvore e comecei a chorar.
Chorei por tudo que elas me disseram, ma,s acima de tudo, chorei por medo. Medo de não conseguir aguentar aquilo.
- O que foi que aconteceu? – ouvi a voz de perguntar ao meu lado.
- Eu... Eu – não conseguia formular uma frase por conta dos meus soluços altos.
- Tudo bem, eu estou aqui! – disse abraçando-me forte.
me passava uma sensação de segurança quando eu estava ao seu lado eu me sentia protegia, eu sabia que não estava sozinha, que ele sempre ia cuidar de mim quando eu precisasse.
- Quer que eu cante para você? – perguntou afagando meus cabelos.
- Quero!
Ele sabia exatamente o que fazer para me acalmar, para me fazer sentir completa e feliz.
He broke your heart
(Ele partiu teu coração). He took your soul
(Ele levou a tua alma). You're hurt inside
(Você está ferida por dentro). Because there's a hole
(Pois há um vazio). You need some time
(Você precisa de algum tempo). To be alone
(Para ficar sozinha). Then you will find
(Então você vai achar). What you always know
(O que você sempre soube).
I'm the one who really loves you baby
(Que sou eu quem realmente te ama, amor). I've been knocking at your door
(Eu estive batendo na sua porta).
E então eu entendi o que ele estava tentando fazer. Ele estava tentando mostrar que ele era o melhor para mim, o único que me amava, o único que podia me fazer feliz.
As long as I'm living, I'll be waiting
(Enquanto eu viver, eu estarei esperando). As long as I'm breathing, I'll be there
(Enquanto eu respirar, estarei do seu lado). Whenever you call me, I'll be waiting
(Sempre que você me chamar, eu estarei aqui). Whenever you need me, I'll be there
(Sempre que você precisar de mim, eu estarei do seu lado).
Que sempre que eu precisasse ele estaria ali, ele estaria ali por mim. E ele iria esperar o tempo que fosse, mas ele não iria desistir de mim.
I've seen you cry
(Eu te vi chorar). Into the night
(Noite adentro). I feel your pain
(Eu sinto sua dor). Can I make it right?
(Posso fazer isto certo?). I realized there's no end inside
(Eu compreendi que não há fim por dentro). Yet still I'll wait
(Eu ainda esperarei). For you to see the light
(Que você veja a luz). I'm the one who really loves you baby
(Eu sou o único que realmente ama você, baby). I can't take it anymore
(Eu não aguento mais).
Eu iria permiti-me, eu iria deixar ele me conquistar, eu iria deixar ele me fazer esquecer o Raymond, esquecer toda a dor que eu estava sentindo, toda a tristeza, toda a magoa que um dia existiu em meu coração.
You are my only one, I've ever known
(Você é a única pra mim). That makes me feel this way
(A única que faz eu me sentir assim). Couldn't on my own
(Não posso continuar sozinho). I want to be with you until we're old
(Quero ficar com você até envelhecermos). You have the love you need right in front of you
(Você tem o amor que você precisa exatamente em frente a você). Please come home
(Por favor, volte para casa).
(I’ll Be Waiting – Lenny Kravitz)
- Por favor, me faça esquecer ele! – pedi.
- Você quer esquecer ele? – perguntou olhando dentro de meus olhos.
- Quero!
- Isso era o que faltava para eu te fazer ser minha!
- Me ensine a te amar, assim como você me ama!
- Eu vou ensinar, eu te prometo que você te fazer muito feliz!
- Só esteja comigo e isso será o bastante! – abracei-o.
Ficamos mais um pouco ali, depois de um tempo me levou para casa, o que me deixou feliz, porque não aguentaria ficar nem um minuto mais naquele colégio.
- Filha! – meu pai declarou surpreso assim que me viu.
- Oi! Pra que essa mala? – perguntei percebendo que havia uma mala em sua mão.
- Não é nada! – respondeu nervoso, e eu tinha certeza que ele estava me escondendo alguma coisa.
Capítulo 22 – “Don't you remember, I'm your baby girl, how could you push me, out of your world?” For The Love Of A Daughter – Demi Lovato
- Está me escondendo alguma coisa? – perguntei.
- Eu não estou te escondendo nada!
- Você está mentindo, dá pra ver que está! – falei revoltada.
- , fica calma! – pediu.
- Não, ele tem que falar! Fala, pai!
- Não era para ser assim! – ele disse mais para si mesmo do que para mim.
- Eu... Você está indo embora não, é? – perguntei com medo da resposta mesmo já sabendo qual era.
As brigas de meus pais ainda eram frequentes, e o clima entre eles não era dos melhores, de certa forma eu já esperava por isso, mas o fio de esperança que existia em mim se recusava em acreditar numa separação.
- Eu... Eu sinto muito, querida!
- Sente muito? Você sente tanto que estava indo embora sem me contar nada, você pelo menos contou para minha mãe? Provavelmente não, porque você sente muito, não é mesmo? Você ama tanto a gente, que vai nos deixar, vai me deixar quando eu mais preciso de você! Quando tudo está desabando, você vai embora! Se sua intenção era estragar tudo então eu tenho que te dar os parabéns, porque você conseguiu! – gritei chorando todas as lágrimas que ainda existiam em mim.
Sai correndo dali, não aguentaria olhar para a cara dele nem mais um segundo, não depois de tudo que ele fez.
Subi as escadas numa rapidez extraordinária, parei em frente do quarto de meus pais, e pela porta entreaberta podia ver minha mãe chorando sentada em sua cama.
Entrei no quarto e abracei-a com todas as minhas forças, compartilhando com ela a minha dor.
Dois meses depois daquele dia e eu ainda não havia falado com meu pai. Recusava todas as vezes que ele pedia para conversar comigo, eu sei que aquela atitude era completamente infantil, mas eu não estava ligando, o que ele fez foi errado, e por mais que todos erramos, eu não conseguia perdoar o erro dele.
- Posso mudar? - perguntei a referindo-me para a página do livro que estávamos lendo. Era “Querido John” do Sparks, não sei o porque, mas sempre adorei os livros dele, sempre me fazem chorar, e deixava-me impressionado como ele descrever o amor que existe nos personagens.
- Pode! – ele respondeu risonho.
estava sendo um amor comigo, ele sempre estava ali para me ajudar. Aguentava todas as vezes que eu chorava em seus braços, e todas as minhas depressões, fazendo-me ficar cada vez mais encantada por ele.
Ele estava me conquistando.
Quando estava com ele, eu me esquecia do resto do mundo, me esqueço até que Raymond existe, e de tudo que ele havia feito comigo.
A escola ainda era um pouco difícil de aguentar, sempre tinha aqueles que tiravam sarro da minha cara, mas eu aprendi que não devemos ligar para quem só quer te colocar para baixo, mas sim para aqueles que querem te ajudar.
Eu havia melhorado minha alimentação e também aprendido a gostar de mim mesma como eu sou. Eu tinha os amigos perfeitos, uma mãe maravilhosa, um cara que gostava de mim pelo que eu sou. E por mais que a minha situação com meu pai não estivesse muito boa, eu me sentia feliz pelo que eu tinha no momento.
- Hora do lanche! – minha mãe disse entrando na sala com um prato cheio de biscoitos de chocolate e uma jarra de suco de laranja.
- Comam tudo! – ela ordenou colocando o prato na mesinha que tinha na frente do sofá onde estávamos sentados.
- A gente podia andar de bicicleta depois! – falei pegando um biscoito do prato.
- Eu acho ótimo!
- Nossa, como você é bonzinho! – comentei e ele riu.
Terminamos de comer e fomos andar de bicicleta pelas ruas do bairro.
Capitulo 23 – “ You, you're like a dream, dream come true” Give Love A Try – Jonas Brothers
Venha até minha casa, tenho uma surpresa para você!
Não pude deixar de sorrir ao ler a mensagem, levantei-me e fui correndo até meu quarto, tomei um banho rápido e me vesti.
Desci as escadas, avisei a minha mãe que estava indo a casa de e sai de casa.
Observava o dia lindo que estava enquanto caminhava alegremente até lá.
Quando cheguei, fui direto para o seu quarto, mas ele não estava lá. Desci as escadas e fui até o jardim e o encontrei sentado com seu violão embaixo de uma árvore.
- Oi!
- Oi! – ele sorriu calorosamente para mim, sentei-me ao seu lado e lhe dei um beijo na bochecha.
- O que você queria me mostrar? – perguntei.
- Nossa, nem um “Como está?” ou “Dormiu bem?”
- Oi! Como está? Dormiu bem?! Satisfeito? Agora cadê a minha surpresa?
- , você é uma figura! – respondeu rindo.
- Me fala o que é? – pedi.
- Eu escrevi uma música!
- Sério! Que lindo! Qual o nome?
- Give Love A Try! E ela fala sobre você, dos meus sentimentos por você, e por mais que sua primeira experiência com o amor tenha sido ruim, que você tenha se machucado. Essa música é um pedido, um pedido para que você dê mais uma chance ao amor, que dê uma chance ao meu amor!
You, you like driving on a Sunday
(Você, é como dirigir num domingo). You, you like taking off on Monday
(Você, é como tirar folga na segunda). You, you're like a dream, dream come true
(Você é como um sonho,um sonho que virou realidade) I, was just a face you've never noticed
(Eu era apenas um cara que você nunca notou). And I, I'm just trying to be honest with myself
(E agora, eu estou tentando ser honesto comigo mesmo). With you, with the world
(Com você,com o mundo)
Sua voz calma me dava um sentimento de paz, uma tranquilidade, que eu nunca havia provado.
You might think that I'm a fool for falling over you
(Você deve pensar que eu sou um louco por me apaixonar por você). So tell me what can I do to prove to you
(Então me diga o que eu posso fazer pra te provar). That its not so hard to do
(Que não vai ser tão difícil). Give love a try, one more time
(Dê uma chance ao amor só mais uma vez), 'Cause you know that I'm on your side
(Porque você sabe que estou do seu lado), Give love a try, one more time
(Dê uma chance ao amor só mais uma vez)
Eu já não conseguia impedir as lágrimas de descerem pelo meu rosto, mas ao contrário de todas as lágrimas que eu já havia chorado, aquelas eram de alegria, alegria por ele estar ali comigo, e alegria pelo o sentimento por ele que eu já havia começado á se nutri em meu peito.
How, did it play out like a movie?
(Como, você joga isso fora como em um filme?). Now, every time it's beat can move me
(Agora, toda vez essa batida pode me mover). And I can't get your smile off my mind
(E eu não consigo tirar o seu sorriso, da minha mente). And your eyes, when I saw them for the first time
(E os seus olhos, quando os vi pela primeira vez). Knew that I, was gonna love you for a long time
(Eu soube,que iria te amar por muito tempo) With a love, so real, so right
(Com um amor, tão real, tão certo).
(Give Love A Try – Jonas Brothers)
- É linda! Obrigada! – falei.
E naquele momento minha mente confirmou o que meu coração já sabia: Eu estava completamente apaixonada por ele.
- Você é linda! - senti borboletas rodarem meu estômago com seu comentário, ele havia me deixado completamente desconcertada e nervosa.
- Eu... – falei aproximando-me mais dele, que pareceu entender exatamente o que eu queria.
Seu hálito quente bateu em meu rosto, deixando minha respiração ficar mais descompassada. Fechei meus olhos, sentindo sua mão acariciar meu rosto, fazendo todo meu corpo se arrepiar com tal ato. Seus lábios encontraram os meus, e no mesmo estante todo o nervosismo que eu sentia desapareceu, tudo ficou calmo.
Eu havia encontrado meu paraíso nos lábios dele.
Ele pediu passagem para aprofundar o beijo e eu dei, levei minhas mãos A sua nuca e ele levou as suas até minha cintura puxando-me mais para perto.
Naquele beijo podia sentir a intensidade dos nossos sentimentos.
Ele havia tornado tudo que eu queria e precisava, aquele que era dono de cada batida de meu coração, de cada respiração minha, de cada lágrima, de cada sorriso.
Era incrível as sensações que eu sentia ao sentir seus lábios se movimentando sob os meus. Era como está no céu, rodeada de coisas boas e puras.
O ar já me faltava, mas por mais que precisasse não queria parar. Queria morrer sentindo seus lábios sob os meus.
- Obrigado! – ele disse quando separou nossos lábios, mas continuando perto de meu rosto.
- Não foi nada!
Ele acariciou meu rosto e sorriu, sorri junto.
Pude sentir várias gotículas de água cair em meu rosto, levantei meu rosto e olhei para o céu. Era chuva, uma chuva de verão, algo raro e especial como o amor.
- Vamos entrar! – ele disse levantando e puxando-me pela maior.
- Não! Espera vamos aproveitar a chuva! – falei fazendo o parar.
Começamos a correr e dançar na chuva, como fazíamos quando éramos crianças.
Todos os meus medos e tristeza eram lavados pela chuva. A água purificava meu corpo e alma, fazendo-me sentir-me pura, sentir-me nova.
Rodei sentindo aquelas gostas frias de água bater em cada parte de meu corpo. Senti me abraçar por trás, me aconcheguei em seus braços, sentindo aquela onda de paz preencher meu ser.
Comecei a correr e ele veio atrás de mim tentando me alcançar. O que aconteceu logo.
Cai no chão com encima de mim, ainda rindo juntou seus lábios aos meus novamente, e todas aquelas sensações voltaram.
Separamos pela falta de ar, ele se deitou ao meu lado na grama verde e nós nos olhamos.
Um sorriso bobo escapou de seus lábios, fazendo me rir junto.
Levantamos e ele entrelaçou nossas mãos e nós entramos em casa.
- Acho que isso vai servir para você! – ele disse colocando em minhas mãos uma calça de moletom juntamente com sua camisa.
- Tudo bem! – falei e fui para o banheiro.
havia insistido para mim ficar até a chuva parar, mas como estava molhada precisava vestir as roupas dele.
Tirei toda aquela roupa ensopada e fui tomar um banho quente e relaxante.
A água estava ótima então demorei um tempo para sair de lá.
Vesti a camisa de e a calça, só que a calça ficou caindo, era bem maior que eu, então não era uma surpresa aquilo acontecer.
Fiquei só com a camisa mesmo, ela havia ficado como um vestido para mim, já que ia até a metade das minhas coxas. Penteei meus cabelos e sai, vendo jogado na cama, assistindo TV.
- Você foi rápido! – falei fazendo-o notar a minha presença.
- Você que demorou! – disse rindo e sentando-se na cama.
- Por que não vestiu a calça? – perguntou.
- Ela não serviu, ficou caindo! – falei fazendo careta lembrando-me da calça.
- Você é muito magrela!
- Eu não sou magrela, você que é gordo! – falei sentando-me ao seu lado e lhe dando um tapa.
- Ai! Doeu!
- Desculpa! – falei preocupada e ele começou a rir.
- Ah, seu pilantra, tu me enganou, né! – falei dando um monte de tapas nele que só ria.
- Você quer dizer “meu” pilantra! – ele disse rindo.
- É, meu pilantra! – falei e ele se aproximou para me beijar.
- Eca! – ouvi alguém falar, separei-me rapidamente de e virei para ver quem havia falado aquilo.
- Frankie, porque você entrou aqui logo agora? – reclamou fazendo bico.
- Não faça bico, é muito feio para um garoto da sua idade! – falei e Frankie riu.
- Frankie, vem cá! – chamei-o que se arrastou até a cama.
Ele se deitou entre nós o que fez bufar e eu ri.
Passamos o resto da tarde assistindo filme, era engraçado ver com ciúmes quando eu abraçava Frankie alegando está com frio.
- ! Frankie! – ouvi Tia Denise chamá-los lá de baixo.
- Minha mãe chegou! Vou ver ela! – Frankie falou extremamente animada enquanto descia da cama passando por cima de .
- Tudo bem! – falei para o nada porque ele já havia saído do quarto como um furacão.
- O Frankie é uma graça! – falei olhando para .
- Que bom que acha isso! – disse irônico.
- ‘Tá com ciúmes?
- É, por que eu queria passar a tarde com você!
- Mas não passou?
- Passei! Mas eu queria sem o Frankie no meio!
- Ah, entendi! Podemos tentar mais uma vez? – perguntei.
- Tudo bem! Então, amanhã vamos fazer um piquenique! – falou risonho
- Amo piqueniques!
- E eu amo você! – disse olhando-me nos olhos.
- Você é um amor! – e então nos beijamos.
Capítulo 24
- Eu não consigo acreditar! – Nina falava enquanto eu colocava a pipoca em uma vasilha.
Nina e iam dormir em casa, já que fazia um tempo que não fazíamos uma festa do pijama.
- Foi perfeito! – falei. Estava contando sobre a tarde de ontem, até chorou, ela sempre foi assim muito sensível.
- Sua mãe vai ficar muito feliz que vocês dois estejam namorando!
- Não, eu não falei para ela ainda! Segundo: Eu e o não estamos namorando, só porque a gente se beijou não quer dizer isso – falei.
- Até parece, . Ele te ama!
- É, mas ele não me pediu em namoro, então...
- ‘Tá, pense como quiser! – Nina respondeu dando-se de vencida.
- Vamos logo assistir o filme!
Ficamos assistindo, comendo, conversado, fizemos tudo que se faz em uma festa do pijama.
Acordei no outro dia, literalmente quebrada, eu havia dormindo apenas umas quatros horas.
Acordei as meninas e nós começamos á nos arrumar para almoçar.
- Filha, vou até á casa de uma amiga! – minha mãe nos comunicou depois do almoço.
- Claro! Tudo bem!
- Então, eu já vou indo! Comportem-se! – ela disse e saiu.
- Sua mãe parece já ter superado o que aconteceu com seu pai! – Nina disse quando minha mãe se afastou.
- Eu espero que sim! Por que eu já não aguentava mais a ver sofrendo daquele jeito!
- Deve ter sido duro! – disse e ao mesmo tempo meu telefone tocou.
Olhei para o visor e vi escrito “”, dei um pulo do sofá, já que eu havia marcado de fazermos um piquenique hoje.
- Alô! – atendi já saindo da sala.
- Oi! Como vai?
- Vou bem e você? – perguntei enquanto entrava em meu quarto.
- Estou ótimo! Eu te liguei para saber se o nosso piquenique ainda está de pé?
- ... As meninas estão aqui, então...
- Tudo bem a gente marca para outro dia! – falou desapontado.
- Olha, por que você não vem pra cá? Passamos o dia juntos e amanhã a gente faz o piquenique!
- É parece bom! – ele respondeu mais animado.
- Chama e para fazerem companhia para as meninas! Ah, é, tragam roupa de banho!
- Tudo bem! Te vejo daqui pouco!
- Até daqui a pouco!
Desliguei o telefone e voltei correndo para a sala, falei para as meninas que os Jonas viriam e fomos nos trocar.
Vesti meu biquíni tomara que caia azul marinho e coloquei um vestido leve por cima, fiz uma traça desajeitada e fui para sala esperar os meninos chegarem.
Assim que eles chegaram foi atender a porta.
- Oi, meninas! – disseram juntos.
- Oi! – respondemos.
Seguimos para a piscina e por lá passamos quase a metade do dia.
- Eu estou com sede! – reclamou.
- por que você não vai até a cozinha e buscar algo para a gente beber! – Nina sugeriu.
- , vai ajudar ele a achar as coisas! – falou
- Ele sabe onde fica! – falei sem dá a importância para o que elas estavam falando.
- Sabe não! Vai logo! – ela disse quase gritando e me empurrando da cadeira.
- Ah, entendi! – falei racionando e entendendo o real motivo para elas estarem me mandando ir com .
Não havíamos ficado sozinhos a tarde inteira e aquela seria a oportunidade perfeita.
Fui até a cozinha e vi que ele estava parado em frente a geladeira procurando algo para matar a sede.
- Achou? – perguntei fazendo-o se assustar e eu ri.
- Na verdade, não! – disse virando-se pra mim com um belo sorriso no rosto.
- Que pena! – sentei perto da bancada apoiando meus cotovelos na mesma.
- Seria clichê demais se eu falasse que tava com saudades? – perguntou sentando na minha frente aproximando seu rosto do meu.
- Não! – respondi com a respiração descompassada por sua proximidade.
Ele roçou seus lábios nos meus, fazendo-me ficar com mais vontade de beijá-lo, o que aconteceu logo á seguir, com um pouco de dificuldade já que a bancada estava entre nós.
Separou nossos lábios e atravessou a bancada ficando de frente para mim. Ri da situação e ele beijou minha bochecha.
- Me beija direito! – supliquei e ele riu logo juntando seus lábios aos meus novamente.
- ‘Tá pronta? – perguntou entrando em meu quarto.
- Claro! – virei-me para ele dando-lhe um selinho rápido e me virando para pegar minha bolsa.
e eu não estávamos oficialmente namorando, nós havíamos conversado e decidimos que iríamos com calma, então o melhor a se dizer é que estávamos saindo.
Eu havia contado para minha mãe que quase enfartou de tanta felicidade, Caio ainda estava estranhando a situação, mas aceitou nosso “quase namoro”.
- Eu vou querer um de chocolate! – falei fechando o cardápio e entregando para a garçonete da sorveteria.
- Vou querer um pouco do seu de chocolate! – falou pegando minha mãe que estava sob a mesa.
- E eu vou querer um pouco do seu de morango – rimos.
- Então... Quando vocês vão viajar para visitar sua avó? – perguntei.
- Daqui uma semana! Tem certeza de que não quer vir?
- Não! Eu não quero atrapalhar, como você mesmo disse já tem uns tempos que vocês não vão visitá-la, e essa é um momento da família de vocês!
- Você não vai atrapalhar!
- É claro que vou! – retruquei.
- Eu vou morrer de tanta tristeza se você não for – disse fazendo bico.
- Nossa, como você é chantagista!
- Aprendi com a senhorita!
- Engraçadinho! Mas, tem certeza que quer que eu vá?
- Tenho certeza!
- ‘Tá bom, então eu vou! Mas, você tem que pedir pra minha mãe!
- Eu faço tudo que você quiser!
- Vamos? – perguntou.
- Vamos! – entrelaçou nossas mãos e abriu a porta do carro para eu entrar.
Íamos eu e atrás enquanto dirigia e ia ao seu lado.
A viagem seria logo, pois a avó dos Jonas morava ficava em uma pequena cidade a muitos quilômetros de Dallas, o que significava que teríamos o dia inteiro de viajem.
- Você vai adorar a fazenda da vovó! – disse enquanto brincava com meus cabelos.
- Lá te cavalos?
- Tem, e muitos devo dizer!
- Eu adoro cavalos! Mas, não sei montar!
- Eu vou te ensinar!
A viagem tinha sido incrível, havia me ensinado a andar de cavalo, e eu até me sai bem.
Eu havia adorado passar esse tempo no campo, eu tinha conseguindo esfriar minha cabeça.
Já estava quase no final de Julho e todos já estávamos nos preparando para voltar as aulas, menos eu, a vontade de ir a escola diminuía sempre que eu pensava que teria que voltar para lá.
Enquanto passava os canais da TV, perguntava-me o porquê não havia me ligado ainda. Já tinha dois dias desde que voltamos da viagem e ele não deu nenhum sinal de vida.
- Filha! – ouvi minha mãe me chamar da cozinha e eu me arrastei até lá.
- Oi, mãe!
- Você poderia ir até o mercado comprar algumas coisas para mim?
- Claro! Só me diz o que tem que comprar!
- Eu anotei aqui! – ela disse me entregando uma lista de comprar e o dinheiro.
- Então, eu vou só lá encima pegar minha bolsa e vou!
- Obrigada!
Subi as escadas procurei minhas sapatilhas e minha bolsa e sai de casa.
Apresei o passo já que iria passar na casa de para ver se ele me acompanharia até o mercado, já que ficava em sua rua.
Assim que cheguei em frente da casa, uma cena prendeu minha atenção. estava saindo da casa dele.
O que ela estava fazendo ali?
Capítulo 25
Segui em sua direção, ela teria que me explicar o porquê de está ali.
- Olha só que está aqui! – ela falou antes que eu pudesse me pronunciar.
- Veio ajudar seu namoradinho a arrumar as malas?
- Do que você ‘tá falando? – perguntei confusa.
- Ah, você não sabe!
- Sabe do quê? – admito que fui um pouco grossa no meu tom de voz.
- Fico surpresa que ele não tenha te contado! Vocês sempre forem cheios de segredinhos um com o outro – sorriu debochada.
- , o que você ‘tá falando? Por que eu não estou vendo nenhum sentido em qualquer frase que você está dizendo.
- O seu namorado vai embora, . Como pode ser tão burra?
- Embora? – perguntei ainda tentando assimilar suas palavras.
- Além de burra, é sonsa! – disse indo embora.
Não pode ser! Isso não pode ser verdade. Repeti essa frase para mim pelo menos umas quinze vezes.
Em um surto de coragem entrei na casa e fui direto até o quarto de , precisava tirar aquela história á limpo.
- ! – ele declarou surpreso por me ver ali. Pude perceber que seu quarto estava cheio de malas, e todas as suas coisas estavam encaixotadas.
- Então é verdade! – falei já sentindo as lágrimas molharem meu rosto.
- Me deixa explicar! - ele disse se aproximando de mim.
- Explicar o quê? Que você está indo embora sem me contar nada? Assim como meu pai fez!
- Não é isso, eu... Eu ia te contar!
- Quando? Quando estivesse entrando no avião você ia me ligar e falar “Ei, ‘tô indo embora. Tchau”.
- Não ia eu te falar hoje! – ele falou olhando em meus olhos e pude perceber que ele já chorava assim como eu.
- Então foi por isso que vocês foram ver sua avó, para se despedir dela! E foi por isso que você me levou também!
- Não, eu quis te levar porque...
- Você deveria ter me contado! – exclamei.
Apesar de estar com raiva por ele não ter me contado eu estava destruída por dentro, estava triste. Ele iria embora e me deixar aqui, sozinha.
- Eu sinto muito, eu...
- Quem sente sou eu, ! – falei e sai correndo daquele quarto, daquela casa.
Chorava enquanto corria de volta para casa, naquele momento não me preocupava o que as pessoas achariam em me ver naquele estado.
Entrei e casa e subi escada acima ignorando minha mãe que vinha atrás de mim.
Joguei-me em minha cama abraçando meu travesseiro enquanto chorava.
- O que aconteceu? – minha mãe perguntou passando suas mãos sob meus cabelos.
Não respondi, não conseguia responder. Tentei ao máximo me acalmar para poder responder a minha mãe, mas foi em vão.
- Me conta! – sentei-me na cama e ela me encarou.
- Ele... Ele vai embora, mãe!
- Ele quem?
- O ! – solucei e ela me abraçou.
Já havia se passado três dias que eu não tinha visto , e aquilo estava me matando aos poucos.
- Por favor, levanta dessa cama antes que eu te tire a força! – falou delicada como sempre.
- Eu não vou sair! – já havia perdido as contas de quantas vezes tinha falado aquilo para ela nos vinte minutos que ela estava aqui.
- Vai ficar ai para sempre, é?
- Vou, então me deixa!
- , cala essa boca! – Nina brigou.
- Cala você! – retrucou.
- Calem as duas! Eu estou pra morrer de dor de cabeça! – reclamei.
- Isso que dá passar três dias trancada no quarto chorando feito uma cabrita!
- E eu achei que ela vinha para ajudar! – falei.
- , você gosta dele? – Nina perguntou.
- Eu não gosto dele. Eu amo o ! Eu só... Não entendo o porquê dele não ter me dito antes!
- Eu entendo os seus motivos para estar assim! Mas, você ama ele e ele te ama, e está aqui só está te fazendo perder o tempo que ainda te resta com ele. Você tem todo o direito de ser feliz, depois de tudo o que você passou, depois de todos os altos e baixos você merece ser feliz pelo menos por um dia!
- Você tem razão! – suspirei.
- Então vai lá atrás dele!
- ‘Tá bom, eu vou! – falei sorrindo.
Com as palavras da Nina, minha esperança cresceu de novo, e me fez perceber que eu estava sendo uma idiota por está trancada em meu quarto chorando rios, ao invés de estar com ele.
- Então, vai tomar um banho, lava esse rosto lindo, colocar uma roupa e ir atrás dele!
- Eu vou! – falei levantando daquela cama e correndo para o banheiro.
- Obrigada! – voltei correndo para abraçá-las. - O que eu seria sem vocês?
- Nada, a gente sabe disso! – disse e nós rimos.
- Agora vai tomar um banho! – Nina me empurrou para o banheiro.
Tomei um banho rápido, me vesti e fiz uma maquiagem leve para esconder que eu estive chorando pelos últimos três dias.
Logo já estávamos dentro do carro da Nina em direção a casa dos Jonas.
Desci do carro e corri até a porta e bati na mesma.
- Oi ! O está? – perguntei assim que ele abriu a porta.
- Não! Ele já foi para o aeroporto! – disse.
- Aeroporto?
- É, o vôo dele é ás 19h00min! Você não sabia? – disse confuso.
- Não, eu... Eu ‘tô indo até lá! – comecei á correr de volta para o carro.
- , espera! – gritou
- Tchau, ! – gritei de volta e entrei no carro.
- O que aconteceu? – Nina perguntou.
- Ele ‘tá no aeroporto!
- Como assim ele já tá no aeroporto? – perguntou confusa.
- O vôo dele sai às 19h00min!
- A gente só tem vinte minutos! – falou olhando no seu relógio de pulso.
- Então vamos logo! – falei
Capítulo 26
Nina ligou o carro e nós fomos em direção ao aeroporto, enquanto eu me desesperava no banco de trás cantava uma música completamente irritante me fazendo mandar ela cala boca de dez em dez segundos.
- Vai mais rápido, Nina! – pedi.
- Se eu for mais rápido, a gente vai voar!
- Iria ser bom mesmo! – falei irônica.
- Nós só temos dez minutos!
Assim que o carro parou na porta do aeroporto, as meninas me desejaram boa sorte e eu sai do carro e comecei a correr para dentro do aeroporto .
A quantidade de pessoas me impedia de encontrá-lo.
O desespero estava me matando, não havia achado ele em lugar nenhum.
Aonde esse menino se meteu, pensei.
E quando eu já estava quase desistindo eu o vi, sentando em uma cadeira com a cabeça baixa.
- ! – gritei tentando chegar onde ele estava.
- ! – ele disse surpreso quando me viu.
Corri em sua direção e ele correu na minha, como nos filmes mais românticos e clichês.
Abracei-o sentindo seu perfume que eu tanto senti falta, meu coração estava batendo descompassado assim como minha respiração, sua presença me deixava completamente desconcertada e encantada ao mesmo tempo.
- Eu não acredito que está aqui! Parece que eu estou sonhado! - sussurrou
- Mas, eu estou! Isso não é um sonho! – falei separando o abraço.
- Me desculpa! Eu sinto muito por não ter te contado!
- Tudo bem!
- Eu não sei o que vai ser de mim longe de você... Eu já não sei o que fazer... Por favor, me diga o que quer que eu faça? – suplicou com seus olhos cheios de lágrimas.
- Quero que fique comigo! – sussurrei deixando algumas lágrimas molharem meu rosto.
- Mas eu não posso deixar isso acontecer! – continuei.
- Por que não?
- , a me explicou o motivo de você estar indo embora, e por mais que eu não queira, você tem que ir. Isso é uma oportunidade única, você não pode desperdiçar.
- Eu não me importo!
- Eu já te atrapalhei demais, e eu não vou deixar isso acontecer.
- Eu não quero ir! Não quero ficar sem você!
- Você nunca vai ficar sem mim, pois eu vou estar sempre pensando em você!
- Eu te amo!
- Eu também te amo, !
Pude ver seu espanto. Aquela era a primeira vez que falava meus sentimentos por ele, do meu amor.
- Eu te amo mais que tudo nessa vida! Você ilumina meus dias, coloca um sorriso em meu rosto! Eu amo seu jeito de ser, amo como os seus olhos brilham, amo seu sorriso! Até mesmo seu jeito de passar a mão pelo cabelo quando esta nervoso! Você me ensinou á te amar, me conquistou com seu jeito, e hoje eu posso dizer que... Eu te amo, , e isso é tudo que eu sei, e tudo o que eu quero saber!
Seu sorriso era magnífico, lágrimas de felicidades molhavam seu rosto, ele era a pessoa mais linda que eu já havia conhecido, e tinha orgulho de chamá-lo de meu.
Seu rosto se aproximou do meu e nossos lábios de tocaram.
Ele era tudo que eu precisava e queria. E eu sabia que não importava a distancia que iria nos separar meu amor seria o mesmo, e por mais que a saudade fosse me castigar, eu sabia que ele me amava e aquilo seria minha cura para meus dias de tristeza e também para meus dias de alegria.
- Eu vou voltar! Eu te prometo, em um ano eu vou estar de volta você vai ver!
- E quando você voltar eu estaria aqui te esperando!
Seus lábios se encontraram os meus mais uma vez.
A aeromoça pediu que todos os passageiros se dirigissem até o portão de embarque. separou nossos lábios logo os juntando de novo.
- Você tem que ir! – falei entre um selinho e outro.
- Eu sei! – ele respondeu tristonho.
- Ei, não fique triste! Lembre-se que eu te amo, e isso vai te ajudar á lutar com a distância e a saudade! – falei olhando-o nos olhos.
- Eu sei que vai! E eu também te amo! – juntou nossos lábios mais uma vez e depois me deu um abraço apertado.
- A gente se ver!
- A gente se ver! – repeti e ele soltou minha mão e virou para ir embora levando meu coração.
E por mais que doesse vê-lo indo embora, eu sabia que aquilo não era um adeus, mas sim um até logo.
O observei até ele se misturar na multidão, assim que ele desapareceu da minha vista uma lágrima solitária desceu de meus olhos.
E por mais que estivesse sozinha não sentia vazio dentro de mim, pois ele sempre vai ser preenchido pelas lembranças dele, pelo seu amor.
Respirei fundo e virei-me para sair do aeroporto. Capítulo 27
- São seus dezesseis anos, ! A gente só faz dezesseis uma vez na vida! – tentava me convencer a fazer uma festa para comemorar meus dezesseis anos, mas, eu não estava com clima para fazer festa.
- Mas eu não quero festa, !
- Pelo amor de Deus, . O não ia querer que você ficasse assim do jeito que você está agora triste.
- Eu não estou triste!
- Você só passa o dia inteiro dentro desse quarto, não come quase nada, fica vegetando quando está na escola! E ainda diz que não está triste.
Sim, eu estava um pouco para baixo desde que se mudou, mas eu ainda estava me acostumando com a idéia de ter o cara que amo do outro lado do mundo. E, afinal, eu não estava nem um pouco a fim de ter todas as atenções voltadas para mim, e era isso que eu ia conseguir não fazendo festa alguma.
- , você sabe que a escola está me matando, e eu estou para morrer de saudades do , então dá um desconto por que eu ainda preciso me acostumar com tudo isso que ‘tá acontecendo!
- E é por isso mesmo que você tem que fazer uma festa para tentar se distrair, esquecer o um pouco...
- Como se fosse possível!
- Pensa no assunto! E depois me liga! – ela falou se levantando da cama.
- Aonde você vai? – perguntei.
- Vou me encontrar com o !
- Que bom pra você, amiga! ‘Tô feliz por vocês! – falei fingindo estar animada.
- Obrigada! Agora deixa eu ir, não quero me atrasar!
- Me liga! – ela disse antes de sair.
Estava sozinha de novo, o que agora era meu maior pesadelo, porque ficar sozinha me fazia lembrar dele, e por mais que eu o amasse, não sabia se podia aguentar aquela situação, a saudade era maior que eu, e piorava mais ainda o fato dele nunca ter me ligado, mandado um e-mail ou até mesmo uma mensagem.
Liguei a TV para tentar me distrair, coloquei num canal de clipe e logo começou Who Knew da Pink, perfeito.
Em meio as lágrimas eu comecei a cantar junto.
- O que você decidiu? – Nina perguntou sentando-se em minha cama.
- Eu decidir que vamos fazer uma festinha para lá de íntima, só vão ter vocês, minha mãe, Caio e os Jonas, ninguém mais!
- ‘Tá, não era a festa dos sonhos que a gente queria, mas... Pelo menos não vai passar em branco! – falou.
- , e o seu pai? – Nina pegou-me de surpresa com essa pergunta, havia tempos que nem ao menos lembrava dele.
- Vai convidar ele? – perguntou.
- Eu não sei!
- , por mais que ele tenha feito tudo aquilo, ele ainda é seu pai, e é seu aniversário...
- Tem razão, Nina, eu vou pedir para o Caio ligar para ele!
- Tudo bem, então... Agora vamos ao shopping para comprarmos um vestido lindo para você! – disse me puxando para sair da cama.
Elas sempre estavam tentando me distrair e eu as agradecia elas por isso, porque nada estava sendo fácil, principalmente a escola.
Os comentários maldosos estavam aumentando agora que se foi, e eu já não estava conseguindo lidar com essa situação, parecia que a qualquer hora eu ia explodir e mandar todos para aqueles cantos, o que seria uma extrema falta de educação, mas o fato é que eu já não conseguia mais aguentar.
Passamos a tarde inteira no shopping, quando cheguei pedi para Caio para ligar para nosso pai e chamá-lo para vim ao meu aniversário que seria há dois dias.
Fui para meu quarto, joguei as sacolas encima da cama e olhei para todo o cômodo lembrando-me dele novamente.
Comecei á chorar, chorei por não tê-lo perto de mim, por sentir tanta falta dele.
Capítulo 28
Entrei na escola e fui para sala de matemática, onde seria minha primeira aula.
Enquanto a professora explicava a matéria, eu tentava ao máximo me concentrar. Matemática havia se tornado um problema para mim desde que voltei para a escola, pois nunca conseguia me concentrar nas aulas e acabava não sabendo de nada.
O sinal apitou e eu dei graças a Deus por isso, recolhei meus materiais e sai da sala, dando de cara com Raymond.
Era estranho como minha opinião sobre ele havia mudado, se antes eu sentia borboletas em meu estomago ao vê-lo, agora eu sentia nojo. Nojo por tudo que ele fez comigo, nojo de ter chegado a acreditar que eu o amava.
- Sai da minha frente! – disse seco.
- Você não sabe pedir licença? – perguntei no mesmo tom.
Sabia que era arriscado falar com ele assim, mas suas atitudes estavam passando do limites, e se eu não fizesse alguma coisa ninguém mais iria fazer.
- O que você falou? – perguntou demonstrado a raiva que sentia.
- Ficou surdo agora?
- Sua puta! – ele levantou a mão para me bater mais uma voz no fundo do corredor o fez parar.
- Do que a chamou, Sr. Weir? – perguntou o diretor Whitfield aproximando-se de nós. - Não preciso nem perguntar porque eu ouvi bem! – continuou. - Quero os dois na minha sala agora!
Seguimos em silêncio até a sala do diretor, e ao entrarmos o mesmo indicou as cadeiras onde deveríamos sentar.
- Desde quando isso vem acontecendo? – o diretor perguntou. - Senhorita Staley? – deu-me a licença para responder.
- Desde que eu sai do hospital e voltei a frenquentar a escola!
- Só o Sr. Weir faz isso ou mais alunos? – perguntou.
- São somente ele e seus amigos! – ouvi Raymond bufar ao meu lado.
- Por que não comunicou a direção sobre isso? – perguntou curioso.
- Porque não ia adiantar de nada, pelo contrário iria piorar ainda mais a situação!
- Muito bem... Então, já pode ir! – ele disse com sorriso vitorioso no rosto, como se estivesse esperando para castigar Raymond há muito tempo e agora finalmente tinha conseguido.
- Tudo bem! – falei pegando minha mochila e saindo da sala do diretor, deixando ele e Raymond a sós.
Depois da escola, voltei para casa, subi direto para meu quarto e tomei um banho, para depois me jogar em minha cama e dormir um pouco.
Acordei por volta das 17h00min, decidi que ia dar uma volta para passar o tempo.
Tomei um banho rápido, me vesti e sai de casa.
Decidi que iria até a sorveteria, já que há tempos não aparecia por lá.
Sentei na mesma mesa que eu e o sentávamos sempre que íamos ali, e as lembranças me rondaram, mas eram lembranças boas.
Paguei meu sorvete e tomei o caminho mais longo para voltar para casa, por alguma razão queria andar um pouco.
Aquele caminho passava pela parte de trás da minha escola e me surpreendi ao ver Raymond ali.
Ele estava com um pincel na mão e ao seu lado tinha uma lata de tinta branca de onde molhava o pincel com a mesma de vez em quando.
- O que ‘tá fazendo aqui? – perguntou sem olhar para mim.
- Então esse foi seu castigo, pintar a parede de trás da escola?
- Não só essa parede, mas todas as paredes da escola! – ele respondeu molhando o pincel com tinta. - Mas o que você quer aqui? Já não ferrou com minha vida demais? – perguntou se virando para mim.
- Eu não fiz nada para você!
- Claro que não! Só me denunciou para a polícia, arrancou o tanto de dinheiro do meu pai, e agora eu estou limpando as paredes da escola! Tem razão você não fez nada – falou irônico.
- Não fui eu quem te denunciou para a policia e você sabe disso!
- Ah, claro, já estava me esquecendo que foi o Jonas que vez isso! Mas ele fez por sua causa então é culpa sua sim! – ele elevou o tom de voz. - E por que está conversando comigo, afinal? – continuou com o tom elevado na voz.
- Não vim, estou conversando! Só estou vendo você pagar por tudo o que fez comigo, por ter me feito sofrer!
- Veio para me humilhar! Eu deveria saber! – disse mais para si mesmo.
- Você acha que eu viria aqui pra quê? – perguntei erguendo minha sobrancelha.
- Quer saber? Que se dane! – gritou.
- Oh, querido, quem está se danando aqui é você, não eu! – falando isso chutei a lata de tinta fazendo-a virar e derrabar todo o liquido que havia dentro.
Comecei a andar com um sorriso vitorioso nos lábios.
Nunca fui uma pessoa vingativa, pelo contrário, fazer uma vingança para mim era um sinal de fraqueza, mas fazer Raymond se sentir humilhado fez bem para mim, fazê-lo pagar pelos seus erros deixava-me sentir viva.
Capítulo 29 – “Go on and try tear me down, i will be rising for ground like skyscraper” Skyscraper – Demi Lovato
- É lindo, obrigada! – agradeci pelo sapato lindo que ela havia me dado.
- De nada! – ela respondeu sorridente.
- Agora que ganhou seus parabéns e abriu seus presentes, vamos descer? – Nina perguntou.
- Vamos! – sorri.
Descemos as escadas encontrando com e conversando com Caio.
- Olha só, a aniversariante resolveu aparecer! – riu.
- Parabéns! – disse dando-me um abraço apertado.
- Obrigada!
- Sai, , que agora é minha vez! – falou empurrando para me abraçar.
- Parabéns, bonequinha!
- Bonequinha? – perguntei confusa soltando-me do abraçado.
- Porque você é pequeninha!
- Nada a ver, ! – falei e ele riu.
- Ah, e Frankie está com seus presentes! – .
- Não precisava comprar presente!
- É claro que precisava!
- Ele já chegou? – perguntei a Caio sobre o nosso pai.
- Não!
- Ele não vai vir!
- É claro que vai! Ele só não chegou ainda por que eu combinei de ir buscá-lo!
- Por que?
- Já ‘tá na minha hora! Volto daqui a pouco! – disse dando-me um beijo na bochecha.
Já fazia mais de uma hora que Caio foi buscar meu pai e ainda não tinha voltado, aquilo estava deixando-me muito preocupada mais procurei não demonstrar.
Minha mãe sugeriu que começassemos logo e assim foi feito.
Depois de cantarmos parabéns e abri os presentes, fomos nos sentar na biblioteca.
- Bom... Eu queria agradecer a todos que estão aqui hoje! – falei levantando-me da poltrona onde estava sentada, ao fazer isso percebi que Caio e meu pai entraram na biblioteca. Ao olhar para meu pai, um frio correu a minha espinha, ele tinha um semblante fraco e abatido, pude perceber o quando ele havia emagrecido, mas apesar disso ele tinha um grande sorriso no rosto.
- Todos sabem que aconteceram algumas coisas nesses últimos meses e... Bom, eu queria agradecer por todo apoio que vocês me deram, por me ajudarem á superar tudo aquilo, sem vocês eu nunca conseguiria! E essa situação me inspirou muito, então... Eu fiz uma música. E se me permitirem eu queria cantar para vocês! – recebi um monte de sorrisos em resposta.
Fui até o piano que tinha ali, arrumei as partituras e comecei a tocar.
Skies are crying
(Os céus estão chorando). I am watching
(E eu estou assistindo). Catching teardrops in my hands
(Pegando as lágrimas com minhas mãos). Only silence, has it's ending like we never had a chance
(O silêncio soa como um final, como se nunca fossemos ter uma chance). Do you have to make me feel like there's nothing left of me?
(Você tem que me fazer sentir como se não tivesse restado nada de mim?).
Enquanto cantava lembrava-me da noite que havia escrito aquela música, de como eu estava chorando quando peguei o papel e comecei a escrever, de como tinha renascido depois que eu a terminei.
You can take everything I have
(Você pode levar tudo que eu tenho). You can break everything I am
(Você pode quebrar tudo que eu sou). Like i'm made of glass
(Como se eu fosse feita de vidro). Like i'm made of paper
(Como se eu fosse feita de papel). Go on and try to tear me down
(Vá em frente e tente me derrubar). I will be rising from the ground
(Eu vou levantar do chão). Like a skyscraper!
(Como um arranha-céu). Like a skyscraper!
(Como um arranha-céu).
Aquela era um mensagens a todos os meus opressores, não importava o que eles fizesse comigo nunca iria me derrubar, não de novo. Eu havia aprendido a ser forte, a curar todas as minhas feridas, e não ia ser palavras ou até mesmo socos que iriam me fazer sangrar de novo.
As the smoke clears
(Como a fumaça se dissipa). I awaken, and untangle you from me
(Eu me desperto e desembaraço você de mim). Would it make you, feel better to watch me while I bleed?
(Isso faria você se sentir melhor enquanto eu sangro?). All my windows, still are broken
(Todas minhas janelas ainda estão quebradas). But I'm standing on my feet
(Mas eu ainda estou de pé).
E por mais que existissem dificuldades e problemas, eu não iria me deixar abalar. Eu havia aprendido a lutar contra meus demônios, eu tinha aprendido á ser forte, e não olhar para trás.
Go run, run, run
(Vá corra, corra, corra). I'm gonna stay right here
(Eu vou ficar bem aqui). Watch you disappear
(Vendo você desaparecer). Go run, run, run
(Vá corra, corra, corra). Yeah it's a long way down
(Sim, é um longo caminho). But I am closer to the clouds up here
(Mas eu estou mais perto das nuvens aqui em cima).
Eu havia encontrado minha fortaleza, minha fé não estava mais abalada. E eles podiam tirar tudo de mim, menos minha fé e minha força de vontade para enfrentar todos eles.
Eu havia me tornado um pequeno arranha céu, difícil de se erguer, mas no final impossível de se derrubar.
You can take everything I have
(Você pode levar tudo que eu tenho). You can break everything I am
(Você pode quebrar tudo que eu sou). Like i'm made of glass
(Como se eu fosse feita de vidro). Like i'm made of paper, Oh
(Como se eu fosse feita de papel, oh). Go on and try to tear me down
(Vá em frente e tente me derrubar). I will be rising from the ground
(Eu vou levantar do chão). Like a skyscraper!
(Como um arranha-céu). Like a skyscraper!
(Como um arranha-céu).
Like a skyscraper!
(Como um arranha-céu). Like a skyscraper! (Como um arranha-céu).
(Skyscraper – Demi Lovato)
Assim que terminei de tocar, percebi que minha mãe e Tia Denise choravam emocionadas, já estava ao ponto de começar a chorar também, mas estava se controlando ao máximo.
Ganhei abraços e parabéns, e quando chegou a vez de meu pai eu estava um pouco insegura, mas eu o abracei.
- Parabéns, minha filha! Estou muito orgulhoso! – sussurrou.
- Obrigada!
Essas foram as únicas palavras trocadas entre nós a tarde toda.
Enquanto conversava com , pude perceber que meu pai torcia toda hora, fazendo Caio olhá-lo preocupado. Estranhei toda aquela preocupação, e também o fato de Caio ter que ir buscá-lo e até mesmo sua aparência.
Depois que todos foram embora – menos meu pai – minha mãe disse que tínhamos que conversar.
- Aconteceu alguma coisa? – perguntei sentando numa poltrona que ficava em frente do sofá onde ela, Caio e meu pai estavam sentados.
- Já está na hora de contar para ela! – minha mãe disse ao meu pai.
- Já passou da hora!
- Contar o quê? Do que vocês estão falando? – perguntei confusa.
- Eu nem sei como começar... Só peço que me entenda, entenda que eu quis proteger você...
- O que ‘tá acontecendo? – perguntei.
’s POV
“Aquilo que não te mata te deixa mais forte” um trecho da música dizia.
Meus sentimentos discordavam da afirmação acima, por mais que ela parecesse certa.
Em minhas mãos tinha uma foto dela, que eu olhava a cada minuto para tentar espantar aquela saudade.
- Olha para mim! – pedi.
- O que foi? – perguntou virando o rosto para mim, dando-me a chance de tirar uma foto dela.
- Apaga essa foto, !
- Não vou apagar!
- Me dá isso aqui! – disse tentando tomar a câmera da minha mão.
- Eu já disse que não vou apagar, vou guardar de lembrança!
- Mas, eu ‘tô horrível nela! – reclamou.
- ‘Tá linda isso sim!
Comecei a rir sozinho preso nas lembranças dela.
- Você é louco ou o quê? – perguntou Landon, meu colega de quarto.
Minha escola tinha dormitórios, onde dividíamos com alguém e o meu colega era Landon. Devo admitir que ele era um pouco louco, mas divertido e um pouco galinha.
Apesar de ter regras quanto aos dormitórios de meninas e meninos, Landon desobedecia todas elas, principalmente quando trazia garotas para o nosso quarto.
- Não! – falei.
- Pois parece, ‘tá rindo sozinho!
- É que eu tava lembrando de umas coisas aqui!
- Da sua gata? – perguntou
- Ela não é minha gata, ela é a ! – falei rindo feito bobo.
- A é uma gata! – falou pegando a foto de minha mão fazendo-me tomar de volta.
- Tu se amarraste nessa garota!
- Se “amarrar” for está apaixonado, então sim...
- Ah, não, cara, tu não pode se apaixonar, tu tens que se divertir...
- Eu não sou assim!
- Eu também não era mais aprendi a ser!
- Olha, eu adoraria ficar aqui e ouvir a história de como você virou um galinha de primeira, mas eu ‘tô morrendo de fome!
Sai do quarto e fui em direção ao refeitório, já era hora do jantar e eu estava morrendo de fome.
- Oi! – Emily disse sentando-se ao meu lado.
- Olá! – cumprimentei-ª
Emily era uma ótima garota eu havia conhecido-a assim que cheguei na escola, ela era meiga e bonita, um colírio para qualquer um, menos para mim, mesmo eu estando longe da eu não conseguia olhar para menina alguma.
Terminei meu jantar e voltei para meu quarto, fiz minhas lições e depois fui dormir, ou pelo menos tentar.
Capítulo 30
’s POV
E de repente o mundo parecia confuso demais para mim poder entender um misero acontecimento.
Meu pai estava doente, era só isso que eu conseguia pensar.
Por mais que me culpasse por ter gritado com ele novamente, pelo simples fato dele não ter me contado nada sobre sua doença, sentia-me vazia também, vazia e sem direção.
Ele estava morrendo.
O câncer no pulmão havia sido descoberto meses atrás, e o médico já não sabia quanto de vida ele teria.
O motivo dele sair de casa parecia cada vez mais errado, pois ele havia me escondido aquilo tudo para me “proteger”.
Como ele mesmo disse, vê-lo daquele jeito ia piorar meu estado, que estava bastante ruim na época. Ele tinha razão, por mais que eu não quisesse aceitar, ele tinha.
Por duas noites eu passei chorando por aquilo, até que na terceira o telefone tocou.
Meu pai estava no hospital muito mal, corremos para lá o mais rápido o possível, mas não foi o suficiente nem para dizer adeus.
- Nós fizemos o possível, mas... Ele não resistiu, o câncer já estava muito avançado, seria questão de tempo isso acontecer... – dizia o médico.
Fechei os olhos tentando fazer a dor que havia em meu peito parar.
As lágrimas molhavam meu rosto, fazendo tudo ficar mais difícil de se aguentar.
Abracei-me a Caio e minha mãe, choramos juntos pela nossa grande perda.
Não há como descrever a perda de alguém da família, somente que passa por isso sabe como dói, como machuca.
- Vamos? – Caio apareceu na porta de meu quarto, estava vestindo um smoking preto com uma gravata azul escuro que realçava seus lindos olhos.
- Eu não consigo!
- É claro que consegue! Pense em como ele vai estar orgulhoso de você! – disse limpando as lágrimas que caiam de meus olhos.
- Você tem a mim e a mamãe, não está sozinha! – falou abraçando-me, aconcheguei-me em seu abraço e suspirei.
- Obrigada! – falei separando o abraço.
- Está pronta? – perguntou olhando-me. Passei a mão pelo meu vestido e falei:
- Sim!
Descemos as escadas e fomos em direção à igreja onde aconteceria o funeral do meu pai, no caminho ensaiava o que iria dizer em meu discurso, nunca fui boa com as palavras, imagine nessa situação.
- Obrigado por estarem aqui... Eu preparei algumas palavras, poucas na verdade... Muitos de vocês conheciam meu pai desde de pequeno, e sabem o quanto ele era um homem maravilhoso, um pai maravilhoso. Nos últimos meses, a gente se encontrava em uma situação muito ruim, eu o feri, e por mais que eu quisesse concertar a situação eu não pude. Quando eu percebi já era tarde demais, por isso hoje eu quero pedir desculpas à ele. Pedir desculpas por tudo que eu falei ou fiz.
Fiz um sinal para que o Pastor Julian começasse a tocar.
Seems like it was yesterday when I saw your face
(Parece que foi ontem quando vi seu rosto). You told me how proud you were, but I walked away
(Você me disse o quão estava orgulhoso, mas eu fui embora). If only I knew what I know today
(Se apenas eu soubesse o que sei hoje).
I would hold you in my arms
(Eu te seguraria em meus braços). I would take the pain away
(Eu afastaria toda a dor). Thank you for all you've done
(Agradeceria por tudo que você fez). Forgive all your mistakes
(Perdoaria todos os seus erros). There's nothing I wouldn't do
(Não há nada que eu não faria). To hear your voice again
(Para ouvir sua voz de novo). Sometimes I wanna call you
(Às vezes eu quero te chamar). But I know you won't be there
(Mas eu sei que você não estará lá).
Se pudesse voltar no tempo, falaria à ele como sentia muito, pediria seu perdão. Mostraria o quanto eu estava arrependida por tudo que eu disse.
Ooh, I'm sorry for blaming you
(Ooh, me desculpe por te culpar). For everything I just couldn't do
(Por tudo que eu não pude fazer). And I've hurt myself by hurting you
(E eu feri a mim mesmo ao ferir você).
Some days I feel broke inside, but I wouldn't admit
(Alguns dias eu me sinto destruída por dentro, mas não vou admitir). Sometimes I just wanna hide, cuz it's you I miss
(Às vezes, eu apenas quero me esconder, porque é de você que eu sinto falta). And it's so hard to say goodbye when comes to this,
(E é tão difícil dizer adeus quando chega a hora).
Doía muito pensar que ele não estaria ali, dói pensar que nunca mais olharia para ele. Iria sentir falta do seu sorriso, dos seus olhos que brilhavam cada vez mais quando eu o chamava de “papai”.
Would you tell me I was wrong?
(Você me diria que eu estava errada?). Would you help me understand?
(Você me ajudaria a compreender?). Are you looking down upon me?
(Você está me olhando aí de cima?). Are you proud of who I am?
(Você está orgulhoso de quem eu sou?). There's nothing I wouldn't do
(Não há nada que eu não faria). To have just one more chance
(Para ter apenas mais uma chance). To look into your eyes
(De olhar em seus olhos). And see you are looking back
(E ver você olhar de volta).
Por mais que minha voz falhasse enquanto cantava, por mais que minha visão era embaçada pelas as lágrimas, eu sabia que estava cantando com o coração, implorando pelo perdão de meu pai.
If I had just one more day
(Se eu tivesse apenas mais um dia). I would tell you how much that I missed you since you went away
(Eu lhe diria o quanto sinto sua falta desde que você se foi) Ooh ooh, It's dangerous
(Ooh ooh, é perigoso) It's so out of line to try and turn back time
(É tão insensato tentar voltar no tempo...).
I'm sorry for blaming you
(Ohh, me desculpe por te culpar).
For everything I just couldn't do
(Por tudo que eu não pude fazer). And I've hurt myself... By hurting you
(E eu feri a mim mesmo... ao ferir você)
(Hurt – Christina Aguilera)
- Eu sinto muito pelo seu pai! Ele era um ótimo homem! – veio falar comigo assim que saímos da igreja.
- Obrigada!
- Eu sei que aqui não é hora e nem lugar para falar sobre isso... Mas, o ligou! – meu coração se apertou. havia me ligado uma dezena de vezes naqueles dois dias, mas eu não estava em condições de atender nenhuma de suas ligações.
Se eu ouvisse a voz dele agora eu não iria aguentar, não mesmo.
- Ele disse que te ligou, mas você não atendeu! Ele quer muito falar com você!
- Eu não posso falar com ele, . Não posso... – comecei a chorar.
- Fica calma! – ele disse abraçando-me.
- Eu só não vou suportar falar com ele. Já está tudo tão difícil e se eu ouvir a voz dele... – respirei fundo antes de continuar. - Se ele ligar de novo diga que eu sinto muito mais não posso continuar com a minha promessa de esperar por ele... – falei soltando-me de seu abraço.
- Mas, , ele... – começou á protestar. Mas eu o interrompi.
- , por favor, diga á ele que não posso, eu simplesmente não posso...
- Tudo bem!
- Obrigada!
Aquela decisão acabava comigo, mas eu não podia mais fazer nada. Caio e minha mãe já havia decidido que iríamos voltar a morar em Paris, pois seria melhor para todos, iríamos começar uma vida nova, longe de Dallas, longe de tudo que nos trazia lembranças ruins.
E por mais que me doesse deixar aquela cidade, eu tinha que faze-lo, eu precisava.
Precisava respirar, precisava dá um tempo á toda aquela loucura que a minha vida tinha virado, precisava viver.
Capítulo 31
’s POV
“Ela disse que sente muito, mas que não pode manter a promessa de te esperar!”
Meu mundo caiu quando ouvi essas palavras. Ela não iria me esperar.
Era como se um buraco foi cavado em meu peito. Ela havia desistido de mim, havia me esquecido.
- Eu não agüento mais isso, ! – Emily gritava comigo, já não bastava o quanto eu estava mal desde o dia que o me ligara ela ainda tinha que ficar gritando comigo.
- Eu não sei o que quer que eu faça!
- Quero que você viva, . Já faz duas semanas que seu irmão ligou e você está assim e eu nem mesmo sei o porquê!
- São assuntos de família!
- Então acorda, e ver o que está na sua frente!
- Você está na minha frente! – falei como se fosse a coisa mais obvia do mundo, já que para mim era.
- Exatamente! – exclamou.
- Eu não sei aonde você quer chegar com isso!
- O que eu ‘tô tentando dizer é que eu gosto de você, seu idiota! – disse e me beijou.
Meu coração acelerou, pois aquela era a garota errada. Emily era linda e tudo mais, porém eu não sentia nada, absolutamente nada por ela, a era a única que tinha meu coração e por mais que ela tivesse desistido de mim, eu nunca desistiria dela.
Capítulo 32
Tentei sentar de um jeito confortável, já que a nossa viagem de avião ia demorar horas. Caio e minha mãe estava ao meu lado. Caio segurou minha mão e eu sorri para ele, ou pelo menos tentei sorrir. Estava cansada demais, frágil demais. Nunca pensei que fosse precisar tanto ir embora de Dallas, nem quando “ele” foi embora eu me senti tão deslocada, igual agora.
Quando o avião saiu do solo eu me virei para a janela vendo Dallas ficar cada vez menor, cada vez mais distantes. Então começou um flashback de tudo que eu passei.
O meu primeiro dia de aula, de como eu fiquei feliz quando soube que o Raymond havia terminado com Jenna.
Todos os momentos que passei com as meninas. Todas as maluquices que nós fizemos. Todas vezes que eu chorei.
Lembrei do medo que senti quando eu estava no telhado com Raymond na festa do seu aniversário. Ainda podia sentir as mãos dele apertando meu corpo sem a minha permissão. Lembrei-me de quanto dor e medo eu senti naquela noite enquanto chorava abraçada em .
Eu poderia dizer que estava bem em relação a esse acontecimento, mas a verdade era que eu não estava. Aquilo ainda me machucava, ainda me perturbava de uma fora que eu não conseguia controlar.
Lembrei da dor e da culpa que senti quando se declarou para mim quando eu estava em cama de hospital. E de como ele foi atencioso comigo nos meses seguintes.
As lembranças me esmagaram. Elas me machucaram como nunca fizeram antes.
Eu não estava preparada para aquilo, não estava pronta para deixar tudo para trás. A metade da minha vida estava ali, e eu não queria dizer adeus.
I see your face in my mind as I drive away,
(Eu vejo seu rosto em meus pensamentos enquanto dirijo) Cause none of us thought it was gonna end that way.
(Porque nenhum de nós pensou que ia terminar desse jeito) People are people,
(Pessoas são pessoas,) And sometimes we change our minds.
(E as vezes nós mudamos de idéia.) But it's killing me to see you go after all this time.
(Mas está me matando ver você ir depois de todo esse tempo)
As lágrimas começaram a molhar meu rosto e meu coração se apertou. Pensar em agora me deixava assim. Abalada, triste e acima de tudo culpada. Eu só queria saber como fazer aquele sentimento de culpa parar de martelar na minha cabeça. Mas, no fundo eu sabia que não tinha jeito. Eu tinha quebrado nossa promessa. Eu mereço toda essa culpa, mas ele não merece sofrer, pelo contrario, sempre mereceu toda a felicidade do mundo, a felicidade que eu nunca dei para ele.
Music starts playin' like the end of a sad movie,
(A música começa a tocar como o final de um filme triste,) It's the kind of ending you don't really wanna see.
(É o tipo de final que você realmente não quer ver. ) Cause it's tragedy and it'll only bring you down,
(Porque é uma tragédia e isso apenas te deixa pra baixo, ) Now I don't know what to be without you around.
(Agora eu não sei como vai ser sem você por perto. )
Eu não sabia como iria ser minha vida em Paris. Eu não sabia como lidaria com essa culpa e essa dor que eu sentia. Não sabia se eu conseguiria lidar com a saudade que sentiria de todos, principalmente de .
Era difícil aceitar que meu conto de fadas tinha se tornado uma tragédia. E isso era culpa minha de alguma forma. Eu poderia sim convencer minha mãe e Caio a ficar e esperar voltar. Mas, não eu escolhi ir embora, eu escolhi tentar recomeçar a minha vida, e essa decisão tinha consequências e por mais que vá ser difícil eu tenho que aprender a viver com elas.
And we know it's never simple,
(E sabemos que nunca é tão simples,) Never easy.
(Nunca tão fácil. ) Never a clean break, no one here to save me.
(Nunca uma separação limpa, ninguém aqui pra me salvar.) You're the only thing I know like the back of my hand,
(Você é o único que eu conheço como a palma da minha mão,) And I can't,
(E eu não consigo,) Breathe,
(Respirar,) Without you,
(Sem você,) But I have to,
(Mas eu preciso,) Breathe,
(Respirar,) Without you,
(Sem você,) But I have to.
(Mas eu preciso.)
Era incrível como tudo havia mudando. Como minha vida quase perfeita tinha se tornado uma bagunça. E aqui estou eu de novo, tão perdida, tão desesperada, tão frágil. Desde que meu pai se foi, tudo se tornou tão difícil de se aturar, ficou difícil respirar. Era tão difícil ter que ver todos aqueles olhares de pena das pessoas em minha direção, fazia-me ter pena de mim mesma.
Perdi a conta de quantas vezes eu desejei que estivesse aqui. Desejei que ele estivesse aqui para me abraçar e sussurrar um “Tudo vai ficar bem” enquanto brincava com meu cabelo. Isso era tudo que eu queria, tudo o que eu precisava.
Never wanted this, never wanna see you hurt.
(Eu nunca quis isso, nunca quis te ver machucado. ) Every little bump in the road I tried to swerve.
(Todos os pequenos buracos da estrada eu tento desviar) But people are people,
(Mas pessoas são pessoas, ) And sometimes it doesn't work out,
(E às vezes isso não funciona, ) Nothing we say is gonna save us from the fall out.
(Nada do que dissermos vai nos salvar de cair fora)
A culpa me matava aos poucos. O que eu fiz com ele, eu não desejo a ninguém, nem para meu pior inimigo. Eu quebrei a promessa, eu o magoei, feri seus sentimentos e ele deve me odiar agora. Mas, eu o amo. E por mais que tudo esteja dando errado e que o destino esteja nos separando novamente, isso não iria mudar. O meu amor não iria mudar, ele continuaria o mesmo, forte e avassalador. As pessoas costumam dizer que a distância torna tudo mais difícil, mais complicado. Mas, no meu caso a distancia, só iria aumentar a minha saudade, o meu amor.
It's two a.m.
(São duas horas da manhã) Feelin' like I just lost a friend.
(Me sentindo como se eu tivesse acabado de perder um amigo. ) Hope you know it's not easy,
(Espero que você saiba que isso não é fácil, ) Easy for me.
(Fácil pra mim. ) It's two a.m.
(São duas horas da manhã) Feelin' like I just lost a friend.
(Me sentindo como se eu tivesse acabado de perder um amigo. ) Hope you know this ain't easy,
(Espero que você saiba que isso não é fácil, ) Easy for me.
(Fácil pra mim. )
Abri meu caderno e com a mão tremula comecei a escrever:
Nem todas as histórias têm finais felizes, nem todos os mocinhos ficam juntos no final.
Por mais que esse seja um fim sempre haverá um novo começo, com novas dificuldades.
Porque nem tudo na vida é perfeito, nem tudo é como pensamos ou planejamos.
Uma hora a vida está boa, na outra ruim.
O que precisamos é somente viver um dia de cada vez. Acreditar cada vez mais, amar perdidamente, sorrir loucamente. Pois ninguém sabe o dia de amanhã, então viva cada dia como se fosse o ultimo, aproveite cada chance que tem para se desculpar ou até mesmo para dizer um “Eu te amo” para aquela pessoa que você ama tanto.
Com pequenas ações escreva sua história, faça a diferença
Escreve sua história, uma página por dia, um acontecimento por vez. E acima de tudo nunca se arrependa de nada. Por que no final de tudo isso vai fazer você ser quem você é.