TWO
– Bom dia, Carlota. – Niall sorriu ao chegar na sala. De uma forma incrível, tinha acordado cedo naquela manhã.
– Bom dia, menino Horan. – Carlota sorriu, sentada ao lado de Liam no sofá. – Dormiu bem?
– Como um anjinho. – Niall sorriu de volta. – Como está o livro, Liam?
– Ainda não chegou. – Liam respondeu um pouco triste. Parecia que estava demorando mais que das outras vezes. Ainda mais porque não lhe deu muitos detalhes sobre seu novo romance, queria que fosse uma surpresa. A ansiedade de Liam parecia aumentar a cada minuto que o carteiro não passava.
– Esquenta não. Daqui a pouco chega. – Niall tentou animar o amigo.
– Ok, Niall. O que você quer? – Harry perguntou, estranhando a simpatia de Niall naquela manhã. Não que em algum momento ele tenha deixado de ser um “duende feliz”, mas isso ficava cada vez mais raro já que as coisas não eram mais como antes.
– Não quero nada.
– Por que esse otimismo todo?
– Ser pessimista é melhor? – Niall arqueou as sobrancelhas, sem entender o rumo que aquela conversa estava tomando.
– Ser realista é o ideal. É melhor...
– Já basta, Harry. – Carlota interveio antes que a conversa se tornasse uma discussão séria. Ela sabia que Niall jamais teria essa intenção, mas Harry não hesitaria em fazê-lo. – Estou esperando.
– Desculpa, Niall. – Harry rolou os olhos.
– Desculpa, Harry. – Niall levantou as mãos.
– Ótimo.
– Bom dia? – perguntou ao entrar no recinto, sendo seguida por Zayn.
– Bom dia – responderam os outros três.
– Bom dia, menina Cowell. O que faz aqui tão cedo?
– Preciso ter uma conversinha séria com os garotos. – Niall, Liam e Harry arregalaram os olhos ao ouvir isso.
– Não deveria ser o Simon a... – Liam se interrompeu antes de completar a frase. Realmente não sabia o que dizer.
– Papai está na América pra nova temporada de The X Factor: USA. Estou no comando por algum tempo. – não conseguia esconder a felicidade desse fato. As pessoas sempre disseram que o único motivo pra ela ser bem sucedida era por ter o pai ao lado. Com Simon longe, ela poderia mostrar que é tão capaz quanto ele.
– Ainda não sei se devo lamentar ou comemorar – Niall falou sincero e riu baixo.
– E onde está Louis? – perguntou ao perceber que o mesmo não se encontrava na sala.
– Vou acordá-lo.
– Obrigada, Carlota. – sorriu sincera enquanto a mais velha subia as escadas rumo ao quarto de Louis. – Zayn, joga isso fora. – Ela se referia ao cigarro que Zayn se preparava pra acender. Ele, como sempre, a obedeceu relutante, jogando o objeto pela janela mais próxima.
– É muito sério? – Harry perguntou.
– Não falo nada enquanto Louis não estiver aqui. – falou simplesmente. Niall se perguntava como ela poderia ter o mesmo sangue de Simon, já que se fosse ele a lhes falar naquele momento, o medo estaria tomando conta do local. Mas com , tudo o que se sentia era ansiedade.
– Cheguei! – Louis apareceu na escada vestindo um conjunto de moletom, com a cara amassada e os cabelos desorganizados.
– Por favor. – indicou o sofá onde estava Harry, e Louis se estirou por lá, deitando sua cabeça nas coxas do amigo. – Essa semana os compromissos são poucos. Paul O’Grady na quarta e BBC2 na quinta. Nada demais. – checou no seu Pager e os meninos suspiraram agradecidos. – Niall, me mandou as credenciais, caso um dos meninos queira te acompanhar nesse fim de semana. – tirou os crachás VIP Pass da bolsa que carregava e os jogou em Niall.
– Valeu. – O garoto sorriu.
– Mais alguma coisa? – Liam perguntou, tentando ser o mais delicado possível.
– Temos três meses até o início do processo de gravação do novo CD e precisamos saber quais as músicas que estarão nele. A escolha vai ser feita na próxima segunda e preciso que todos estejam lindos e felizes antes das nove da manhã.
– Quem vai estar lá? A Rainha? – Zayn zombou.
– Não, não. Só o Paul McCartney. – falou com naturalidade e Liam quase se engasgou com a água que tomava.
– Como é que é? – Niall perguntou com os olhos arregalados.
– Parece que ele quer conhecer vocês. Ele até comentou que queria muito que vocês cantassem uma música dele. – fez careta.
– Dear God! – Liam declarou ainda incrédulo.
– Preciso de roupas novas! – Louis levou as mãos à cabeça.
– Falando em roupas...
– Por favor, ! Nada de sustos! – Harry implorava.
– Vocês topam apresentar a nova coleção masculina da Lin Sun? – mordeu o lábio. As expressões dos meninos eram pensativas, a não ser por Louis que tinha um sorriso orgulhoso nos lábios e Zayn que estava ocupado demais pensando no quão incrível seria conhecer sir. McCartney. Lin Sun era a grife da irmã de Louis, e o nome da mesma era uma brincadeira com seu sobrenome. Quando crianças, chamava o irmão de Lin e ele a chamava de Sun. Há tempos ele pedia para fazer a campanha da coleção masculina, mas a irmã negava. Achava que seria criticada por “se aproveitar da fama do irmão”, por isso começou com modelos quaisquer e então se tornou referência no mundo da moda. Suas roupas se tornavam freqüentes nos tapetes vermelhos mais famosos do mundo e Louis fazia questão de ajudar a divulgar.
– Desde que eu não tenha que usar os suspensórios do Louis, por mim tudo bem. – Niall deu de ombros.
– Liam?
– Gosto das roupas da – Liam falou, ainda pensativo.
– Harry? – se voltou para ele, tomando a resposta de Liam como um sim.
– Claro, por que não? – Harry chegou a sorrir. Sempre se divertia em campanhas publicitárias.
– Zayn?
– já tem minha palavra. – Zayn levantou as mãos e sorriu.
– Vamos, Zayn. Não quero me atrasar! - Niall gritava repetidamente sentado no sofá, esperando o amigo que se olhava pela última vez no espelho.
Niall estava ansioso para essa corrida. É verdade que ia tanto a essa etapa da Fórmula 1 que já era rotina vê-lo em Silverstone todos os anos. Mas desta vez, Niall não iria ao autódromo sozinho. Conseguira convencer Zayn a acompanhá-lo, já que os outros estariam ocupados demais. Quer dizer, há quanto tempo ele não saía com um dos garotos só pra se divertir? Melhor dizendo, há quanto tempo algum deles saía junto? Louis passaria o dia fazendo compras com a irmã, Liam iria tomar chá com e Harry preferia ficar em casa dormindo. Agradecia mentalmente a , sua amiga engenheira da McLaren Mercedes, por ter mandado duas credenciais a cada dez segundos.
– Vamos? – Zayn perguntou, descendo as escadas. Incrivelmente, ele estava usando somente um jeans e uma camisa da McLaren, exatamente como Niall.
– Carlota, estamos indo! – Niall gritou, já saindo de casa.
– Cuidado, meninos! – A mais velha gritou de volta.
Todo esse tempo pra colocar isso? – Niall pensava e ria consigo mesmo. Ainda não conseguia acreditar que o amigo não tinha se “emperiquitado” para um evento de tão grande porte como o Grande Prêmio de Silverstone.
Zayn e Niall logo foram conduzidos à VIP Area da McLaren para o evento. Quando os pilotos para quem torciam não estavam na pista aquecendo os carros, os dois brincavam e conversavam como nos velhos tempos. Fosse zoando das roupas de um velho magnata presente no lugar, ou elogiando o Buffet ou simplesmente comentando a corrida. Ambos se sentiam felizes por não ter nenhum indício de discussão nas conversas.
Assim que a corrida ia chegando ao fim, Niall correu para os boxes da McLaren arrastando Zayn consigo. Niall fazia questão de parabenizar a amiga pelo prêmio de Engenheiro (no caso, engenheira) Revelação e queria agradecê-la pessoalmente pelas credenciais. era latina e beirava seus 21 anos, mas ainda assim era uma das melhores no que fazia. Sempre que recebia credenciais da escuderia para as corridas, as enviava para seus amigos, já que a família não gostava muito de viajar. Por viajar muito, era muito difícil vê-la num relacionamento, mas sempre foi cercada por amigos homens como o próprio Niall Horan, Skandar Keynes e até mesmo o príncipe Harry.
não era do tipo feia, nem de longe ela era feia! Mas também não fazia questão de se produzir, já que passava a maior parte do tempo dentro de uma oficina rodeada de carros e óleo. Não fazia questão de parecer bonita, mas inconscientemente sempre provocava alguns homens ao usar as roupas que julgava mais confortáveis. Boatos de que teve um caso com Sebastian Vettel, um dos maiores oponentes do seu chefe, quase a fizeram perder o emprego. Por ser a única mulher da equipe de Jenson Button, era extremamente paparicada e alvo de gozações vindas de pessoas invejosas que queriam ter seu status.
– ! – o segurança que acompanhou Zayn e Niall à área restrita ao pessoal gritou.
– Sim? – A garota se virou e encontrou o segurança indicando um Niall sorridente e um Zayn inexpressivo ao seu lado. – Obrigada, Gregory. – sorriu sincera e o segurança se afastou, murmurando algo como “já sabe”. – Howard, vou fazer minha pausa agora!
– Vai pela sombra! – o tal Howard gritou de volta.
tirou os fones e se aproximou dos meninos com um sorriso enorme nos lábios. Esta estava com o boné da escuderia, óculos escuros e usava seu uniforme costumeiro, porém a camisa estava aberta deixando a fina camiseta branca que usava por baixo à mostra por conta do calor peculiar que atingia Londres naquele dia.
Logo, Niall e se cumprimentaram fervorosamente, já que não se viam há algum tempo e bom, eram ótimos amigos.
– Como vai, baixinha? – Niall brincou ao abraçar a amiga.
– Ótima. E você, gigante? – entrou na brincadeira, colocando o boné que usava em Niall, que sorria feito uma criança.
– Agradecido. Bom, esse aqui é o Zayn. Zayn, essa aqui é a . – Niall apresentou e os outros sorriram um para o outro.
– Fico feliz que tenha vindo – falou, agora para Zayn, ainda sustentando um sorriso contagiante nos lábios. Ela sabia o quão difícil era para Niall conseguir levar algum deles e sabia que o amigo sentia falta dessa proximidade com os outros garotos.
– Fico feliz em ter vindo. – Zayn sorriu sincero. Não podia negar que até agora estava se divertindo com um de seus amigos como não fazia há muito. – Muito obrigado pelas credenciais.
– Sempre que precisar. – A garota bateu continência e os garotos riram. – E então? Vamos almoçar?
Por incrível que pareça, eles não saíram rumo a um restaurante. Ficaram no autódromo mesmo para almoçar com todo o pessoal. Como sempre, recebeu inúmeros convites dos homens das outras equipes para almoçar junto a eles, mas, como sempre, se sentou junto com a sua equipe que achava engraçada a fama que Carrie tinha de partir corações. O self service agradara a Niall, já que dizia estar com a fome de todos os búfalos que pudessem ser encontrados vivos.
– E então? Quais as novidades? – tentou não rir de Niall se lambuzando com o frango ao dirigir a pergunta a Zayn, já que seu amigo estava ocupado demais pra responder.
– Entraremos em estúdio em breve. – Zayn não conseguia esconder a apreensão. Na segunda eles teriam a escolha das músicas e isso sempre gerava certa briga. – E as suas novidades?
– Bom...
– Ela partiu o coração do Bruno Senna. – Um companheiro de equipe de comentou ao sentar ao lado deles e ela o fuzilou com o olhar. Odiava boatos falsos.
– Dean, eu não parti o coração de ninguém! Bruno é meu amigo. – se defendeu.
– Claro que é. As flores, os bombons e os convites pra jantar se encaixam perfeitamente na definição de amizade. – Dean, o tal companheiro de equipe, fingiu compreensão e Zayn não conseguiu conter o riso.
– Hmm... Uma conquistadora, certo? – Zayn zombou e se sentiu corar.
– A conquistadora, amigo. – Dean deu duas tapinhas nos ombros de , que revirou os olhos.
– Você tem direito de resposta. – Zayn levantou as sobrancelhas. Ele estava realmente gostando da brincadeira.
– Não tenho culpa se não estou aberta para relacionamentos. – deu de ombros.
– Só você pode mudar isso, então tecnicamente a culpa é sua. – Niall deu uma pausa no almoço para zoar a amiga também. Ela balançou com a cabeça num claro sinal de quem não ligava e fixou os olhos num gigante Televisor LED de 52 polegadas que estava transmitindo a corrida: Button em primeiro lugar e Hamilton em segundo, suas apostas estavam certas, afinal. Ela riu internamente, desejando ver o rosto dos engenheiros da Ferrari, deviam estar assustados e raivosos. Deviam ter pensado em contratá-la, ela sabia que teria que usar os pneus macios nesse tipo de asfalto e seu projeto para o carro de Jenson era o melhor da temporada. – Vai comer essa almôndega? – disse Niall, cutucando o pedaço de comida no prato de . A garota negou com a cabeça e encostou o queixo nas mãos para ter um apoio melhor.
Nunca soube por que, mas adorava assistir às corridas com o pai quando criança, e este foi um dos motivos dela ter se tornado engenheira mecânica. Lembrara-se do tempo em que rabiscou um rascunho de um carro de Fórmula 1 numa folha avulsa e mostrou ao patriarca, este abriu um sorriso gordo e guardou a folha de papel na sua “maleta secreta”. Outro hábito da família , guardar todas as boas lembranças numa maleta e só abri-la quando precisar sorrir.
– NÃO! O QUE ELE ESTÁ FAZENDO?
– ELE ESTÁ MALUCO? HAMILTON ESTÁ MALUCO! – Um tumulto se iniciou e só assim percebera que não estava prestando atenção de fato na corrida, e sim em seus devaneios. Focou-se no televisor e concordou com a aflição de todos: Hamilton tentava uma ultrapassagem acirrada e perigosa em Button. “O QUE ELE ESTÁ FAZENDO?” Gritou.
Murmúrios e burburinhos vinham de todos os lados, como é que Hamilton tenta arruinar a própria Patrocinadora dessa forma? Ele estava jogando no escuro. Se ultrapassasse Button havia uma boa chance de os dois serem jogados para posições anteriores pela quantidade de carros colados neles. Hamilton não precisava fazer isso. Tudo, repetindo, TUDO o que ele precisava fazer era não deixar ninguém ultrapassá-lo. E ele receberia muita glória por isso, um primeiro lugar não significava nada.
levantou-se e colocou os fones de volta ao ouvido, pedindo a Dean que passasse a escuta de Hamilton para ela.
– Não depende de mim, ! – Defendeu-se.
– Dean, você está em treinamento para ser o engenheiro dele e está me dizendo que não pode me passar uma escuta? (n/a: somente os engenheiros têm acesso ao rádio do piloto) – suspirou e baixou o tom de voz, o único jeito de arrancar favores de Dean seria na delicadeza.
– É... – Gaguejou.
– Qual é, Dean! Eu quero falar com ele.
– Você e todas as pessoas desse refeitório! Tem noção da fila que vai se formar na sala do controle?
– Ninguém vai saber que estou falando com ele.
– E-eu não sei.
– Por favor! – Fez biquinho. Dean analisou a situação cuidadosamente, talvez só pudesse saber o que quer que estivesse passando pela cabeça de Hamilton. Ela era extremamente respeitada pela equipe e principalmente pelos pilotos. Por que não tentar? Ninguém ia saber, certo?
– Tudo bem. Siga-me. – Dean caminhou descontraidamente, ultrapassando o tumulto de pessoas sem levantar suspeitas e entrou numa salinha no canto do restaurante.
– Aonde você vai? – Zayn perguntou assim que viu se levantando.
– Resolver problemas de crianças mimadas – falou, revirando os olhos. Não se sabe se foi o jeito da fala, ou a forma como mexeu o globo ocular, mas Zayn achara aquele ar de superioridade bastante atraente.
– Podemos ir? – Niall perguntou, sorrindo. sorriu de volta, ao assentir. Não conseguia negar nada a Niall.
– Venham devagar. – Ela os chamou com os dedos e fez o mesmo trajeto que Dean, entrando na apertada salinha de controle. – Conseguiu algum sinal? – disse, sentando-se ao lado do companheiro de equipe, deixando Niall e Zayn abismados com a tecnologia da câmara: Mini televisores rodeavam as paredes e botões com funções distintas recheavam o painel que ficava de frente a cadeira de e Dean. Niall reprimiu uma risada e imaginou se seu ídolo, Barack Obama, tinha um painel similar com um botão escrito: “FOGO” e ao apertá-lo, uma bomba atômica iria de encontro ao Canadá e destruiria tudo por lá.
– Quase. A estática está muito ruim e as tentativas do pessoal do outro estúdio só piora tudo.
– Vamos Dean, você consegue. – cruzou os dedos e fechou os olhos, rezando para que aquilo funcionasse. Se os dois pilotos da McLaren conseguissem passar para a próxima fase e ainda no pódio, a escuderia ficaria praticamente isolada no primeiro lugar do campeonato, ao contrário, dependeriam da próxima corrida, e a pressão colocada em cima de todos por conta daquilo seria imensa. Ela pensou por um segundo, a classificação da McLaren só dependia daquela estática. “Vamos lá, vamos lá”, torcia. “Alcance a rede!”.
Nada.
Ela abriu os olhos e encarou um Dean desapontado. Ele não havia conseguido nada.
Foi quando um barulho de vento ecoou nos seus ouvidos, e junto com isso motor e chacoalhadas. Espera, aquilo só seria possível se...
– Hamilton? Hamilton, está me ouvindo? Aqui é . Hamilton? Merda, eu sei que você está ouvindo, escute bem, pare exatamente agora o que está fazendo, você só está piorando a sua situação. – Dean apontou para um televisor onde mostrava que Lewis ainda tentava uma aproximação. Pelo vídeo lateral, percebia-se Vettel num mano-a-mano para a ultrapassagem. – NÃO HÁ TEMPO LEWIS! VOCÊ ESTÁ NA ÚLTIMA VOLTA, SE FIZER ISSO VAI DEIXAR BUTTON PARA TRÁS. NÃO VALE A PENA. – Olhou para as telas mais uma vez, Hamilton ainda estava tentando ultrapassar Jenson e este brecava. Tudo isso ficava cansativo após um tempo, e fazia com que os dois perdessem velocidade, se continuassem naquele jogo de gato e rato, Vettel iria ultrapassá-los e de quebra ir levar a RBR para o topo da classificação. Faltavam apenas 100 metros para o fim da corrida. Aqueles segundos eram decisivos. – Hamilton, é a sua última chance. – Gritou, esperando que um pouco de sanidade o abençoasse.
Lewis continuou a cercar Button por todos os lados. 50 metros. E assim Button desistiu de brecá-lo, liberando a passagem. Lewis acelerou com toda a força que tinha e ultrapassou Jenson. 40 metros. Vettel fez o mesmo que Hamilton e, também, ultrapassou Jenson, que foi ultrapassado por outros três carros. 30 metros. Vettel tentava agora pegar Lewis, que acelerava cada vez mais em direção a linha de chegada. Ela estava tão próxima, Hamilton ia conseguir, apesar de deixar seu companheiro para trás, ele ia conseguir, faltavam apenas 15 metros! Era quase impossível ele não...
Vettel cercou-o. Faltando 15 metros, Lewis estava em uma enrascada, ou cedia o lugar, ou perdia a traseira do carro. 13 metros. Tão pouco, “Aguenta Hamilton!” Torcia a sala, silenciosamente. 10 metros e ainda na frente. 8 metros. 6 metros. 5 metros...
E Hamilton cedeu o lugar. ELE CEDEU O LUGAR.
Sebastian Vettel cruzou a linha de chegada com vantagem de meio milésimo de segundo.
– MERDA! – Gritou . Ela enterrou o rosto nas mãos, perguntando a si mesma o que havia dado na cabeça de Lewis Hamilton.
– Oh Romeu! Por que és Romeu? Renega teu pai e abdica teu nome... – encenava dentro de um vestido bufante com saia rodada, longa. Ela pôs as mãos dramaticamente na testa e fingiu desmaiar.
Louis desatou de rir da ingenuidade da irmã. Ah, como sentira falta de sua Sun. Do seu pequeno solzinho, que costumava encher suas manhãs de alegria e risadas. Os dois sempre foram muito grudados, adoravam fazer absolutamente tudo juntos. adorava brincar de paintball com Louis, em contrapartida Louis até que achava engraçado brincar de boneca com ela. Eram como João e Maria, do conto de fadas. Inseparáveis. Louis era o guardião de , e ela o anjinho de sua vida.
Com o X Factor e a abertura da grife de roupas, eles se distanciaram. Lin Sun teve um impacto no mundo da moda, algo tão grande que nem a própria esperava. Milão, Paris, Japão e New York foram alguns dos muitos destinos em que foi convidada para apresentar sua coleção nas famosas Fashion Week’s. Do mesmo modo que a One Direction também teve seu impacto nas adolescentes.
O maior medo dos irmãos era que seus trabalhos se influenciassem de alguma forma, de que fosse associada a Louis e vice-versa. Por isso eles se afastaram tanto, tentou a sorte montando uma pequena boutique em Roma e quando deu por si, Louis estava vendo fotos da irmã ao lado de grandes ícones como Gisele Bündchen, Angels da VS e diretores de marcas, exemplo, Dior, Chanel, D&G, entre outros.
– Tudo bem, Julieta, vamos para com isso antes que chegue a parte do beijo. – Louis levantou-se, indo abraçar sua irmã.
– Seu bobo ciumento. – Ela apertou as bochechas do garoto, sorrindo. Também sentira falta de seu Lin. Nada era tão colorido como quando ele estava por perto. Nele, ela sabia que o seu sorriso era certo. – Sabe que só existe você na minha vida.
– Sei. – Ele disfarçou. – Eu e aquele modelo da Abercrombie, não é?
– EU JÁ DISSE QUE NUNCA TIVE NADA COM ELE! – declarou, gargalhando. Lembrava bem da reação de Louis ao ver uma matéria com boatos de que ela e Jeffrey Carter estavam saindo juntos. Uma completa bobagem, segundo a própria, porque a única vez que vira o modelo tinha sido num estúdio onde foram apresentados: Não haviam trocado telefones, nem mesmo sorrisos, apenas um “olá” distante.
– Certo, certo, pode me enganar, D. , pode me enganar. Eu vou fingir que acredito. – Passaram alguns segundos naquele abraço apertado, trocando pensamentos. Louis era o que se podia dizer de irmão coruja, ou zeloso, como ele se autoproclamou. Não podia suportar a ideia de que existia alguém bom o suficiente para seu anjinho, nunca iria existir alguém que a pudesse fazer feliz plenamente, ela nunca seria perfeita para alguém, porque simplesmente ninguém era perfeito para ela.
– Lou? – perguntou ainda abraçada a ele.
– Hum?
– Mesmo que eu tivesse tido alguma coisa o com Jeffrey... Você me amaria menos por isso?
– É claro que não, pequena. Nunca por isso. – Ele beijou o topo da sua cabeça. – Mas eu o odiaria mais por isso. – Os dois riram e continuaram a busca pela roupa perfeita de para o festival de inverno em Tóquio.
O Aeroporto Internacional de Heathrow estava relativamente vazio naquela tarde de sábado, apenas alguns turistas e empresários, além dos funcionários e comissários. encontrara poucos fãs no caminho para o táxi, que pediram fotos e autógrafos, além de terem batido um pequeno papo com ela, mesmo cansada do voo de oito horas de LA a Inglaterra, a atriz havia sido bastante atenciosa com todos.
Assim que chegou ao carro e depositou as malas no banco traseiro, falou o seu destino ao motorista, que lhe lançou um olhar desconfiado. O homem tinha certeza que já havia visto essa garota em algum lugar. Ela sorriu, tentando parecer receptiva e fechou a janelinha que separava o motorista dela. A janela era a prova de som.
Pegou o telefone e digitou os tão conhecidos dígitos de Bill Ford, seu agente.
– Bill, como você me manda a essa cidade e não vem me receber no aeroporto? Nossa, o céu daqui é horrível e o sotaque dessa gente é agonizante. Em que inferno você me meteu? É melhor que esse filme tenha um cachê bom ou eu não faço o teste.
– Só pra começar, abaixe o tom, mocinha. Você me deve respeito, mesmo contra sua vontade. – Bill falou do outro lado da linha e bufou, rolando os olhos. - Segundo, não há nenhum filme, é uma campanha publicitária. - Bill continuou como se explicasse a uma criança por que a grama é verde.
– Whatever! O cachê é bom?
– Não existe cachê numa campanha beneficente, . – abriu a boca para protestar, mas Bill continuou antes disso. – Se quiser trabalhar precisa acabar com essa sua fama de encrenqueira. – Por mais que eu ache isso impossível. acrescentou mentalmente.
– Pra quem? – perguntou vencida, massageando as têmporas. Por mais talentosa que fosse, perdia muitos pontos com os diretores por ser tachada como “difícil de lidar” ou “impossível de trabalhar” por alguns atores.
– Lin Sun.
– Menos mal. pelo menos é eficiente no que faz – disse , apreciando suas unhas.
– Já fiz seu check in. Quando chegar suba direto pra Suite Jagger, ouviu bem?
– Au revoir, Bill.
THREE
– Por favor, por favor, por favor? – Liam implorava com voz melosa, entrelaçando suas mãos com as de sobre a mesa. Ele piscava freneticamente e fazia beicinho, o que causava em Lindsay uma crise de risos.
– Não adianta, Liam. Isso – apontou para a expressão pidona do amigo. – já não tem mais efeito sobre mim há tempos. Desista.
– Chata. – Liam cruzou os braços e virou de lado, tomando uma pose séria.
– Liam, se eu te contar não tem graça. É por isso que eu te mando a primeira cópia. – disse amorosamente.
– Mas tá demorando demais. – Liam falou num tom cansado, soltando os braços na mesa.
– Eu sei, Liam. – colocou sua mão sobre a de Liam acariciando-a com o polegar. -Mas eu prometo que de hoje não passa.
– Promete? – Liam perguntou com um sorriso já se formando em seus lábios.
– Prometo. – sorriu encantadoramente.
Quem os visse tomando chá ao pôr do sol na varanda da casa de , afirmaria com a mais plena certeza que formam um casal. Mas como já sabemos, Liam e são apenas melhores amigos.
– Quando você viaja? – Liam perguntou, já se levantando para ir embora.
– Na quarta-feira pela manhã.
– Então eu te levo no aeroporto. – Liam sorriu.
– Não acha que já tivemos experiências suficientes, não? – se referiu às últimas duas vezes que Liam a levou ao aeroporto. Bom, pelo menos as que ele tentou, porque de alguma forma descobriram que ele estaria em Heathrow e o aeroporto lotou de directioners, impossibilitando os dois de se despedirem decentemente.
– Mas você vai lançar seu novo livro, . Precisamos comemorar!
– Liam. – A garota arqueou uma sobrancelha e Liam suspirou derrotado.
– Tá, você venceu. O que você vai fazer hoje à noite? – Liam perguntou assim que chegou à porta da casa de .
– Nada, pelo que sei. – respondeu e olhou para ela significativamente. – O que tem em mente, Liam Payne?
– vai lá pra casa, você vem?
– de folga? Isso sim é pra se comemorar!
– Esteja pronta às oito. – Liam estalou um beijo na bochecha da amiga e se afastou em direção ao seu carro.
– Liam, não sei se posso passar a noite lá! – gritou.
– Às oito, . – Liam acenou antes entrar no carro.
estava sentada num dos caixotes deixados na parte de trás dos boxes, passando as mãos pelo rosto a cada dois minutos, tentando acordar de um possível pesadelo, mas isso não foi possível. Realmente aconteceu – pensou consigo ao ouvir os gritos vindos dos boxes ao lado. À direita, Vettel e toda a equipe da RBR comemoravam a vitória e à esquerda, Martin Whitmarsh, o diretor da McLaren, dava uma bronca – merecida – em Lewis, enquanto Jenson escutava tudo ao seu lado. Niall estava ao lado da amiga, mas não sabia exatamente o que fazer para confortá-la. Já Zayn não sabia de nada, mas não aguentava mais ver naquele estado. Vê-la magoada deixava os dois tão aflitos quanto ela.
– Hey, . – Niall chamou e a menina levantou os olhos, sorrindo internamente. Niall era o único a chamá-la assim e ela sempre se perguntava onde ele foi arrumar esse apelido. – Vou atender o telefone, mas eu já volto, tá bom?
sorriu com a inocente preocupação do amigo. Niall era o irmão que ela nunca teve, sem dúvidas.
– Vai lá. – assentiu e Niall depositou um beijo em sua testa antes de se afastar. – Ele se preocupa muito com você, sabia? – olhou para Zayn, que franziu o cenho.
– Nialler?
– Não, a Rainha da Inglaterra. – ironizou e Zayn riu observando Niall ao telefone de longe.
– Ele se preocupa com todo mundo. Acho que por isso ele é tão querido. – Zayn concluiu.
– É mesmo. – concordou. Niall era digno do atributo amigo mais chegado que irmão.
– Desculpa, . – Niall se aproximou, guardando o celular no bolso da calça. – Tem uma reunião daqui a pouco e...
– Shhh! - ela o interrompeu, prensando o indicador contra os lábios do garoto. – Nada de desculpas, Niall. Se vocês precisam ir, vão.
– Te busco no hotel amanhã. – Niall falou ao abraçar a amiga.
– Não precisa, Nialler. Eu me viro. – se afastou, dando de ombros.
– Nada disso. Você vai almoçar comigo, mocinha. – Niall apontou e riu. - Você vai ficar bem? – tombou a cabeça para o lado, indicando o Box da McLaren e suspirou.
– Vou sim.
– Foi um prazer te conhecer, . – Zayn sorriu.
– O prazer foi todo meu. – retribuiu o sorriso. – Toma conta do Niall por mim, por favor.
– Também te amo, . – Niall gritou ao se afastar junto com Zayn rumo ao estacionamento. simplesmente sorria ao ver que Niall estava realmente feliz com a presença de Zayn, mas seus pensamentos foram interrompidos pelo som de passos e o sentir de braços ao redor de seu tronco. Não se deu ao trabalho de tentar reconhecer o indivíduo, sabia exatamente quem era.
– Podem te matar por estar aqui. – disse quase num sussurro.
– Vale a pena por você. – Sussurrou de volta.
– Deixa de ser burro, Tom... – arrastou a voz e se afastou para vê-lo.
– Tá tudo bem com você? – Tom a segurou pelos ombros, olhando profundamente em seus olhos. Estava realmente preocupado com ela, pois sabia que Lewis tinha feito aquilo para prejudicar de alguma maneira. Não era novidade pra ninguém que Tom era apaixonado por e que alguma coisa além de amizade existia entre os dois e isso era motivo para olhares de desprezo em determinados locais por serem de escuderias diferentes. Mas jamais se permitiu admitir algo.
– Sim. – assentiu e então a porta de saída do Box à esquerda se abriu. Jenson olhou para a cena tão conhecida e suspirou cansado. Mesmo que não fosse a favor do relacionamento dos dois, não tinha nada contra, já que era sua amiga. – E então? – A garota se aproximou de Jenson.
– Acho melhor você voltar para o seu Box, Dillmann. Martin e Lewis já vão sair. – Jenson olhou para e esta para Tom.
– Sabe onde me encontrar. – Tom se afastou e assentiu.
– Você tá bem? – conseguiu perguntar.
– Estou. E agradeço os esforços em tentar pará-lo. Tenho uma dívida com Dean Foster. – Jenson deu um meio sorriso. – Mas eu tô preocupado com você, . Hamilton comentou sobre você e o Tom, Martin provavelmente vai querer saber.
– Eu me viro com ele. Agora, vai pra casa, Jenson. Você precisa descansar. Depois conversamos sobre as mudanças no carro. – sorriu e Jenson assentiu, se afastando.
Ela ficou mais alguns segundos sozinha, até porque tinha um bom motivo para estar ali. E esse motivo apareceu logo que Jenson saiu de seu campo de visão.
– Ainda bem que chegou. – se voltou para Lewis, que acabara de sair do Box. – Tenho compromissos e não pretendo desmarcar.
– Claro. E seu querido Tom Dillmann tem a ver com isso. – Lewis rebateu cínico.
– Bom, não tem nada a ver com você. – apontou e Lewis rolou os olhos. – Vem cá, o que você tem na cabeça, hein? Hamilton, como você pôde colocar o campeonato inteiro em jogo?
– E o quê você tem a ver com isso?
– Sei lá. Talvez o simples fato de trabalharmos na mesma escuderia deveria falar por si só. – cruzou os braços.
– Não adianta, . Martin já sabe tudo sobre você e o seu namoradinho. Seus dias aqui estão contados. Então é bom ir se contentando em ver as corridas pela TV. – Lewis sorriu vitorioso.
– Sabe, Lewis? Tenho muita pena da pobre Nicole Scherzinger que tem que te aturar todo santo dia em casa. – balançou a cabeça em negação, já cansara de discutir com Lewis. E como das outras vezes, ele nunca admitira o erro. deu as costas para ir embora, mas foi impedida pela mão de Hamilton em seu braço. – O que você pensa que...? – Lewis a puxou mais pra perto de si, fazendo com que sua respiração –já forte– batesse contra o rosto da garota, que já estava assustada.
– É melhor medir suas palavras quando se referir a mim, garota, porque estive pensando em te reaproveitar de alguma maneira quando Jenson for punido. – Lewis falava entre dentes, mas ainda assim mantinha um sorriso torto nos lábios.
– Hamilton, me solta. – declarou firme.
– E se eu não o fizer? – Lewis riu.
– Então eu vou ter que usar a força. – Zayn se pronunciou indiferente ao contemplar a cena. Hamilton olhou para o garoto de cima a baixo com desprezo e agradecia internamente por mais alguém estar ali. Ambos sabiam que Zayn era um tanto magricela comparado a Lewis, mas ele bem podia chamar por ajuda, não? Se continuassem sozinhos, ela não tinha ideia do que Lewis poderia aprontar.
– Ainda não acabou. – Lewis sussurrou para antes de praticamente jogá-la em Zayn.
– Você está bem? – Zayn perguntou, abraçando a garota pela cintura e ela simplesmente assentiu. – Vem, você vai com a gente pra casa.
– Harry? – chamava carinhosamente, amaciando o cabelo do menino que aparentemente dormia no sofá. Harry não respondia, mas já estava acordado e se aproveitando do cafuné de , continuava de olhos fechados.
– Sai daí, . Minha vez! – Louis pediu, tomando o lugar da irmã e Harry se levantou num pulo.
– Já acordei! – Harry levantou as mãos e os Tomlinson riram.
– Se aproveitando da boa vontade da moça inocente, uh? – Louis cruzou os braços, fingindo indignação.
– Da bela moça inocente. – Harry deu ênfase a fim de provocar Louis, e conseguiu, porque o mesmo fechou a cara enquanto os outros riam. – Que milagre é esse? – Harry já sério perguntou a .
– Hoje é o dia Irmã Ocupada do Louis Pode Visitar O Complexo Direction. - encarou as unhas e Harry sorriu. A presença dela poderia amenizar as coisas. – Onde estão os meninos?
– Niall e Zayn foram a Silverstone e Liam... – Harry apontou para a porta por onde Liam acabara de entrar.
– Payne! – gritou praticamente pulando no garoto.
– Hey ! Pensei que só viesse mais tarde. – Liam retribuiu o abraço.
– Tenho que fazer uma twitcam com o Lin antes da “reunião” – a garota fez aspas no ar – dessa noite.
– virá. Tudo bem? – Liam perguntou, sentando ao lado de Harry no sofá.
– Claro! Tenho saudades da futura senhora Payne. – brincou e Liam suspirou. nunca perdeu uma oportunidade de zoá-lo em relação a , assim como os meninos, e não ia perder agora.
– , ela não é minha futura senhora. – Liam falou pacientemente.
– Seria se você fosse homem suficiente pra assumir que gosta dela. Desculpa. – levantou as mãos e foi rumo a cozinha.
– Podia ter ficado sem essa. – Liam murmurou pra si mesmo, passando as mãos pelos cabelos.
– Não poderia, não. – Louis estalou um beijo na bochecha de Liam e seguiu o mesmo caminho que a irmã. Liam olhou para Harry como se pedisse socorro e o outro simplesmente apontou na direção da cozinha.
– Você sabe que eu concordo com ela, não sabe?
estava nervosa, andava de um lado para o outro na porta do apartamento dos garotos. Não sabia ao certo se deveria tocar a campainha ou se devia voltar à sua cama com o pote de Häagen Dazs que deixara no freezer e assistir Dirty Dancing repetidamente.
Eu vou entrar, pensou. Não é como se ele fosse olhar agora. O material pesava na bolsa, como se um milhão de bolinhas de chumbo estivessem ali. Droga, ela deveria jogar isso no lixo e acabar com a humilhação.
– Eu sou muito idiota. – Choramingou.
– Por que seria? – Uma voz feminina falou ao longe. virou sua cabeça ao chamado, estremecendo, e avistou uma baixinha de cabelos vermelhos claramente tingidos. Apesar de ter uma voz fina, seu tom era superior e demonstrava classe. A menina sorriu e estendeu a mão. – Sou .
– Eu me chamo . – Respondeu, apertando a mão pequenina da outra.
– ? – Assentiu com a cabeça. – Não acredito que finalmente te conheci. Liam fala tão bem de você! – a abraçou fortemente, ainda sorrindo. Sem saber por que sorrira. Então Liam falava dela para os amigos, –ou o que quer que aquela garota fosse– ele se importava o suficiente para lembrar-se dela. Ele se importava o suficiente para ler seus livros.
Ao lembrar, o sorriso murchara.
– Veio visitá-lo? – Pensou por um instante.
– An, sim! Quero dizer, é. Disseram que haveria uma reuniãozinha e, bem, eu estou na cidade...
– Isso é ótimo! – Continuava a sorrir. Céus! Ela nunca ficaria séria?
– V-você também?
– Uhum. Não me convidaram, mas eu soube que a estava de volta e resolvi dar uma passadinha. Viu? – Apontou para uma sacola na sua mão. – Sou uma boa penetra, trouxe vinho e cerveja. Quer uma? – Tirou uma do saco e estendeu a .
– Não, obrigada. Eu não bebo. – Negou com a cabeça.
– Own, vocês realmente são almas gêmeas. – Ela falou ao tocar a campainha.
– Como assim almas gêmeas? – Disse, antes de Harry abrir a porta com os cabelos desgrenhados e um copo de água na mão.
– Boa noite.
– Boa noite. – Disseram em coro. adentrou a casa e pôs a sacola em cima da mesinha de centro.
– Vou entender como se vocês não estivessem sabendo que mudei de número.
– Você mudou de número? – Liam falou ao sair da cozinha.
– Não. Mas vocês devem ter pensado, já que não me chamaram para a party. – Beijou sua bochecha e passeou pela casa à procura dos outros condôminos.
– Não vai entrar? – Harry ainda segurava o copo d’água e só então percebeu o quão assustada devia estar parecendo.
– , você veio! – Liam correu pela sala e a abraçou.
– Como eu disse mais cedo, é preciso comemorar a folga da . – Ele sorriu sincero. Estava muito feliz que ela estivesse ali, há algum tempo sua relação com os garotos não era o que se podia chamar de estável e ter alguém que o compreendesse e que conversasse com ele, era algo que Liam andava valorizando muito.
– Um-um. – Harry pigarreou. – Se quiserem ficar sozinhos eu posso... – Antes de terminar a frase, Liam lançou seu dedo do meio, fazendo o amigo gargalhar.
– O que ele quis dizer com... – perguntou, confusa. Já era a segunda vez naquela noite que insinuavam coisas a respeito dos dois.
– Harry quis dizer que... – Liam gaguejava, nervoso. – talvez, a gente estivesse a fim de... – Engoliu em seco. Por que estava respondendo daquela maneira? com certeza entenderia se ele dissesse que os meninos brincavam dos dois serem um casal, mas internamente, bem lá no fundo, ele não queria que ela soubesse. Não queria que ela soubesse que era brincadeira. – ler um livro! Não é mesmo, Harry?
– Com certeza. – Deu o último gole de água do copo e depositou-o num aparador. – Acho que temos o Kama Sutra na biblioteca, vocês querem que eu pegue ou já... – Liam arregalou os olhos e tremeu.
– Louis, vem cá! – Disfarçou.
– Espere sentado. – Gritou de volta. – Tô indo. – Ele falou logo depois. Liam agradeceu mentalmente, devia tê-lo repreendido pela grosseria, de outra forma, Louis não haveria voltado atrás. – O que é que você... Hey! – Sorriu ao ver .
– Louis! Quanto tempo que não lhe vejo. – O abraçou, sorridente. – Você está mais gordinho, já lhe disseram isso? – Ela apertou as bochechas do garoto e as balançou de um lado para o outro.
– Opa, opa, Boo Bear. Desse jeito não vai mais entrar nos terninhos de pinguim.
– Não se preocupe, qualquer coisa eu pego o seu emprestado. – Louis piscou para Harry assim que soltou seu rosto.
– Será que vocês não conseguem passar uma hora sem brigar? – entrou na sala e pôs as mãos na cintura, emburrada.
– não está acostumada com suas barbaridades como nós. Tenham algum respeito. – saiu da cozinha carregada de pacotes de salgadinhos e barras de chocolate, jogando tudo no chão em frente à televisão. – Eu declaro aberta a reunião no Complexo Direction.
– Acho que ainda faltam algumas pessoas... – Niall falou assim que abriu a porta e jogou a chave pelos ares. Atrás dele vinham e Zayn.
– UHUL! ORGIA! – gritou.
– Ela está bêbada? – Zayn perguntou.
– Ainda não. – Harry concluiu, analisando a amiga.
– Certo. Eu só ainda não entendi como foi que você veio parar aqui. – Niall perguntava pela milésima vez.
– Já disse, as notícias correm rápido. – explicou-se. – Eu estava entrando num desses sites de fofoca e vi uma foto da e do Louis. Com certeza vocês não iam deixar passar batido.
– Então você jogou verde? – Liam comentou ao mastigar uma batata ruffles.
– Verdíssimo. – Ela levantou-se e pegou uma garrafa de cerveja no freezer, dando longos goles e acabando com a bebida em menos de dez segundos. – Estou com muita sede. – E voltou ao freezer.
– Por falar em sites de fofocas eu li que vocês foram à premiére de Scarlet. O filme é tudo o que comentam? – esticou-se descontraidamente e pegou a minúscula barra de chocolate preto meio amargo.
– O filme até pode ser, agora a atriz é um nojo. – Harry se manifestou.
– Ela não pode ser feia! – Gritou, assustada.
– E não é. A é super gostosa. – Louis concluiu.
– Então por nojo vocês estão querendo dizer que... – Deixou a frase em aberto dando um ar sugestivo.
– Que ela é estrela, diva. Super mal educada e esnobe. - Harry completou.
– Uuh, qualquer semelhança não é mera coincidência. – Disse ao voltar à sala.
Como que se ensaiado, todos calaram-se e pensaram na frase ouvida. Então era daquela forma que eles estavam afinal. Harry lembrara-se de quando os tratamentos ruins começaram, foi um choque no início ver seus melhores amigos o depreciando e o esculachando, porém com o tempo tudo foi ficando mais ameno, as palavras já não doíam ao serem ouvidas, mesmo piorando a cada dia. Ele já estava cansado de ouvir seus familiares falarem o quanto aquela amizade estava estranha: “Que nada, é só brincadeira”, dizia, e elas não causavam tanto impacto vindo deles, mas ao ver uma completa estranha fazendo o que melhores amigos andavam a fazer, tudo se tornou claro para Harry. Eles não deveriam estar daquela forma, eles não deveriam ser daquela forma.
Zayn olhava para o lado, inquieto, não entendera muito bem porque estavam em silêncio, mas fez o mesmo para fingir e observou a todos na sala: Harry, cabisbaixo; agora deitada no colo de Liam enquanto ele massageava seus cabelos; Niall comia as porcarias jogadas no chão; bebia sua cerveja ao mesmo tempo em que Louis olhava atentamente , que dormia em seu colo; e tinha que... Espera, aonde estava ?
Olhou mais uma vez ao redor, certificando-se de que havia contado certo e levantou-se, tentando não fazer ruído, à procura da garota. Entrou em cada quarto, abrindo a porta devagar, acendendo as luzes e checando, um por um, até restar o último. O QG. Este era o quarto em que eles costumavam jogar videogames e praticar esportes leves. Hoje era apenas um depósito. Zayn segurou a maçaneta e girou-a, tentando cautelosamente ao entrar, não tropeçar em nenhuma caixa ou objeto do assoalho.
Avistou, sentada no sofá de couro vermelho, . Ela estava ao telefone, com seus cabelos soltos e já não usava o uniforme da McLaren, pelo que notou no caminho, seu traje era uma calça jeans justa, camisa pólo azul marinho e sapatilhas. Não era lá um modelito sofisticado, mas ela com certeza ficava bem nele.
– Eu sei Tom, mas eu estou com uns amigos. – Ela suspirou. – É claro que não. Eu prometo que nós sairemos amanhã pra onde você quiser! Quer dizer, exceto esse lugar. – E riu. – Ok, ok. Até logo. – Ao desligar o telefone, levantou-se abruptamente e deu de cara com um Zayn envergonhado por ter sido pego no flagra. – Eu já estava de saída, não se preocupe.
– Sem problemas, pode ficar. Se quiser. – Ele passou as mãos no cabelo, nervoso. Não sabia como continuar a conversa e de alguma forma todos os seus pensamentos iam para o que viu à tarde no Box da McLaren quando Lewis Hamilton agarrou o braço de , e tudo o que conseguia pensar era o quanto não podia deixar aquilo acontecer. Ele voltara para agradecer pela chance de conhecer os pilotos e os engenheiros e se deparava com um brutamontes truculento tentando se aproveitar dela.
Como se estivesse lendo seus pensamentos – ou como se estivesse pensando na mesma coisa – abriu a boca para puxar ar e tocou exatamente no ponto que rondava ambas as mentes:
– Olha Zayn, eu não sei como te dizer isso, mas sobre hoje à tarde eu realmente queria que...
– Você devia entregá-lo. A uma delegacia ou ao seu supervisor.
– Eu queria que você não contasse a ninguém o que viu. – Ignorou o comentário do garoto para parecer firme. – Lewis é esquentado, mas não maluco. Eu agradeço a sua preocupação, mas mesmo que você não tivesse chegado, não teria acontecido nada. – Era uma mentira deslavada, confessava. não sabia o que teria acontecido. E ela preferia nem pensar no assunto, pois tinha calafrios só de lembrar.
– Você com certeza não sabe o que teria acontecido. – Ela pôs a mão na testa e alisou o próprio rosto.
– Acredite no que quiser, mas, por favor, por favor, eu te imploro, não conte a ninguém. – Ela caminhou em direção à porta, salteando entre os caixotes.
– Você não quer que eu conte porque tem medo do que pode ser feito com ele, ou do que pode ser feito com você?
– Do que pode ser feito à escuderia. Odeio admitir isso, mas Lewis é nosso melhor piloto. Não podemos correr o risco de perdê-lo.
– E eles não podem perder você! – Ele gritou.
– E não vão. Porque você não vai contar nada. – Ela retrocedeu e parou de frente a Zayn, encarando seus profundos olhos brilhantes. – Estou certa?
– Sim. – Suspirou, relutante. – Só não diga que não avisei. – Passou, esbarrando em para sair do quarto.
– Zayn? – Chamou. Fazendo-o virar. – Obrigada.
– Não por isso. – Respondeu.
Ao voltarem à sala, ela já não estava tão silenciosa quanto antes, pra falar a verdade, o pessoal andava “animadinho”. dançava loucamente pela sala sem música e Harry e Niall faziam barulhos de rap dessincronizados para agitar.
– Porque eu vi um passarinho e ele era bastante bonitinho, o passarinho, é, era bastante bonitinho. Inho, inho, inho. – Cantava Niall.
– E eu vi um falcão, nossa, ele parecia um avião, ão, ão, parecia um avião. – Completou Harry.
Zayn revirou os olhos e deu uma risada, não conseguia acreditar que pudesse existir – em qualquer parte do universo - algum rapper tão ruim quanto Harry e Niall. Ele e sentaram-se na roda, voltando a se inteirar da conversa ao poucos.
FOUR
– Você prometeu, ! Não acredito! – Liam falou, jogando-se na cama depois. Ele e haviam deixado a sala assim que começara a dançar, normalmente isso acontecia nas festas, por não beber, o garoto acabava sendo o único consciente e não conseguia achar graça em piadas de bêbados, assim, ele se alegrava – este é mais um motivo – de ter alguém para lhe acompanhar na sanidade.
– Ainda não está pronto. – Mentiu. Sua voz saiu um tom a mais do que o normal e ela começou a morder os lábios freneticamente. Liam sentou-se, ficando de frente para e a encarou no fundo dos olhos, fazendo-a suspirar internamente.
– Mentira.
– Desculpe? – Ajeitou alguns fios soltos atrás da orelha e atuou uma expressão de insulto.
– Mentira. – Repetiu. - Você está MENTINDO. – Deu ênfase na última palavra.
– Por que acha isso?
– Você faz um negócio com a boca quando mente. – Ele riu, desviando-se do assunto por um momento. Ela soltou os ombros, derrotada. Ele percebera. – Está com a primeira cópia, não está?
– Sim. – Confessou.
– Cadê? – Ele pegou sua bolsa na intenção de abri-la e de alguma forma isso atingiu o reflexo de , que conseguiu tomá-la antes de Liam completar o movimento.
– Não está aí. – Mentiu novamente. – Eu deixei em casa, vou te entregar antes de viajar. – Ela desviou o olhar do de Liam, pois sabia que nunca conseguiria mentir dessa forma com seus olhos penetrantes a fuzilando. Controle-se, pensou, Não morda a merda do lábio, não morda.
– Tudo bem. – E deitou-se novamente. Ufa, escapei.
– LOUIS WILLIAM TOMLINSON! VENHA IMEDIATAMENTE PARA A SALA, MOCINHO! – gritou enquanto terminava de ajeitar o notebook na mesinha de centro e Harry e Niall tampavam os ouvidos devido ao grito demasiado agudo da garota. , que já estava na sua terceira garrafa de vinho, gargalhava das expressões dos dois. Zayn e assistiam a tudo rindo por dentro.
– , meu amor. Poderia ter pena dos meus pobres tímpanos? – Niall perguntou, massageando seu lóbulo esquerdo.
– Niall, meu amor... – se aproximou do menino e acariciou seu cabelo, falando num tom carinhoso. – Se Louis não estiver aqui em dez segundos, seus tímpanos vão explodir. – sorriu e Niall arregalou os olhos junto com Harry.
– LOUIS! – Harry gritou.
– VEM LOGO, CARAMBA! CORRE AQUI! ONDE JÁ SE VIU ATRASAR UMA TWITCAM? – Foi a vez de Niall gritar enquanto ria dos dois.
– Que coisa feia! Fazendo os meninos gritarem por você. Cadê a educação que eu te dei? – Louis fingiu repreendê-la ao chegar na sala.
– Se liga, bundão. Tô colocando em prática. – apontou para Harry e Niall, que a olharam assustados e Louis sorriu em aprovação.
– Cês são dois idiotas mermo! – gritou e Zayn olhou para ela preocupado. Louis também percebeu que ela não estava lá em seus melhores momentos e suspirou. Era a primeira vez que demonstrava sinais de alcoolismo na frente dos garotos.
– Já chega pra você, garota. – Louis, então, tomou a garrafa das mãos de , que resmungou num murmúrio.
– Devolve! – A garota bateu os pés e Louis fez que não, colocando a garrafa no ponto mais alto da estante.
– Não. – Louis respondeu sério quando a garota praticamente se jogou nele para pegar a garrafa.
– , vem cá. – chamou e com a ajuda de Niall, colocou a menina sentada no sofá em frente ao notebook. – Você vai ser a repórter hoje, tá bom? – A garota falava amorosamente com , enquanto a mesma começava um choro compulsivo.
– ... – Louis esticou a voz.
– Lou, por favor. – só pediu e o irmão levantou as mãos em rendição. Não sabia o que a irmã tinha na cabeça, mas decidiu não se intrometer mais. Afinal, ela era uma garota. Poderia ajudar de alguma forma. Zayn olhou para confuso e depois para Louis, que simplesmente deu de ombros. Ainda sem entender nada, levantou-se e sussurrou no ouvido de :
– , eu não acho que seja...
– Ela só quer atenção, Zayn. Acho que ela não veio pra cá só porque eu tô aqui. – respondeu no mesmo tom. – Acho que...
– Malik, você tá muito perto. – Louis cruzou os braços, se colocando entre os dois e Zayn, com as mãos levantadas, voltou ao seu lugar, ao lado de , que ria da cena, lembrando do ciúme parecido que o pai tinha dela.
Zayn, de todos os meninos, era o mais chegado a . Pelo menos, o único que se aventurava em ter uma amizade um tanto íntima com ela, já que Louis nunca quisera nenhum deles perto da sua Sun. Aquele olhar cúmplice após definirem quem seria o entrevistado entre Zayn e dizia mais que simplesmente “falamos depois”. “Encrenca na certa” era o seu verdadeiro significado.
– Harry, você pode chamar a , por favor? – pediu e o garoto se levantou, indo em direção à escada. Por mais que tentasse, nenhum dos meninos conseguia negar nada a ela.
– Não há necessidade. – Liam sorriu, descendo as escadas com logo atrás de si. Harry levantou as mãos e voltou a se sentar ao lado de Niall.
– Yay! Vamos começar! – comemorou e uma onda de risos invadiu a sala.
’s POV
– Olá, habitantes da terra. – Louis sorriu.
– Eu sou Louis Tomlinson! – levantei a mão.
– E eu sou Tomlindaughter! – Louis sorriu.
– E esse é o #Ask! – falamos juntos e comemorou com uma dancinha ridícula atrás de nós.
Nunca a vi nesse estado. Muito raramente ela bebia, principalmente quando Simon estava por perto. Eu ainda não sabia o motivo, mas estava realmente mal e tenho certeza absoluta de que tem a ver com aquele namoradinho de merda dela. Nunca gostei daquele cara. Se acha o tal só porque o pai tem grana e dirige uma Ferrari. Idiota. Sempre achei a muita areia pro caminhãozinho dele, mas se ela quer o cara, fazer o que? Eu sabia que tinha que fazer alguma coisa pra animá-la, e bêbado, querido, topa tudo.
– Nossos entrevistados de hoje são Liam James Payne – puxei o mesmo para aparecer na tela e este acenou com um sorriso meigo para a câmera. – e Marie ! – Lou fez o favor de puxar a garota e segurou o braço dela, fazendo-a acenar.
– Quero explicitar que isso é totalmente inesperado de minha parte. – sorriu e todos nós gargalhamos.
– Sabemos disso, querida. – falei ternamente e a coloquei sentada ao lado de Liam.
– Vocês já sabem o que fazer, mas se alguém ainda tem dúvidas eu explico: Tuite sua pergunta para os nossos entrevistados – eu e Louis indicamos Liam e – com a tag #Ask.
– Lembrando que não são permitidos xingamentos, perguntas do tipo “vocês tão namorando” ou perguntar se a bunda dele é fofinha. – apontei pro Louis, que concordou.
– Já temos uma primeira pergunta, Louis. – meu irmão informou.
– Então, que nossa repórter a faça, !
– @NiallOfficial de Mullingar perguntou “Liam, defina em uma palavra”. – leu inexpressiva e eu ri baixo, olhando para Niall, que ria com Zayn, Harry, Louis e . – Obrigado por participar do #Ask, Niall. Liam, agora é com você, cara. Vai lá e arrasa.
– Obrigado, . – Liam sorriu enquanto tentava prender o riso. – Se eu pudesse definir em uma única palavra seria incomparável. – ele olhou diretamente nos olhos dela e eu pude acompanhar a mudança de cor da garota.
– Own! – eu e os outros presentes na sala fizemos um coro (os meninos de deboche e as meninas por conta da meiguice do Payne).
– Próxima! – gritei ao perceber o quão vermelha ficara.
– @GottaBeMiley de Brasília, Brasil!
– OLÁ BRASIL! – gritamos todos em uníssono. Adoramos esse lugar, fato!
– “Como vocês se conheceram?” – Louis sorriu malicioso. Conhecemos de cor e salteado a história desses dois e com certeza tínhamos pensado a mesma coisa quando leu o tuite.
– Niall, Zayn e Harry? – Louis chamou e os meninos tinham os mesmos sorrisos maliciosos nos lábios. Os três se levantaram e foram para o centro da sala, para onde Louis apontou o notebook. A coitada da me olhou com o cenho franzido e eu abanei a mão no ar, fazendo com que a garota desse de ombros.
– Faremos aqui uma pequena representação, beleza? – coloquei minha cabeça na frente do notebook só pra avisar. – Gostaria de agradecer a participação especial dos senhores Styles, Horan e Malik. – apontei para os três, que simplesmente acenaram.
– AÇÃO! – Louis gritou e eu, num pulo, me sentei ao lado de .
– Payne, idiota. – Niall começou com uma voz demasiada grave, me fazendo rir e Harry se aproximou, mexendo freneticamente na franja para que parecesse lisa. Niall fingiu dar um soco em Harry e este se jogou no chão.
– Oh, não! Quem poderá me defender? – Harry forçou a voz dramaticamente, levando a mão à testa.
– Eu! – Zayn se colocou ao lado de Niall num pulo, com as mãos na cintura, fazendo referência à um seriado que já acabou mas só descobrimos há algum tempo, Chapolin Colorado. Sinceramente, nunca vi Zayn forçar uma voz tão aguda. – A ! – levantou uma mão e a cabeça me fazendo rir ainda mais.
– Oh, ! Acho que é tarde demais! – Harry gemeu com as mãos na barriga.
– Nossa, Liam! Pensei que você tivesse levado um soco na cara, não que estava com diarréia! – Zayn forçou a voz mais ainda e nós rimos mais ainda quando Harry lhe lançou seu dedo do meio. – Mesmo você fazendo questão de demonstrar o quanto me ama, eu vou cuidar de você. – Zayn sentou ao lado de Hazza e começou a acariciar os cachos dele.
– E foi assim que tudo aconteceu. – Louis falou com uma voz infantil enquanto colocava o notebook na posição inicial e eu me segurei para não rir.
Olhei para Liam, que mostrava seu lindo dedo do meio para todos nós, enquanto os meninos voltavam aos seus lugares no sofá.
– Eu também te amo, Liam! – gritei, voltando ao meu lugar. – Por favor, . Não me mate, Liam é só meu amigo. Não precisa ficar com ciúmes. – completei e ela ficou corada mais uma vez.
Achas tu que eu vou perder a oportunidade de tirar onda com a ? Sonha, criança. Sonha.
– Próxima. – Liam falou, segurando as mãos de , acredito que passando um pouco de confiança pra ela.
– Você não manda em nada aqui, Payne. – Louis olhou sério pra ele, e depois olhou para o notebook com um sorriso. – Próxima pergunta, .
– @serialradicau do Brasil também. – informou.
– Mais um tuite do Brasil e eu me mudo pra lá. – Niall apareceu entre Louis e eu e aproveitei para lhe dar um tapa na testa. – Não precisa ficar com ciúmes, amor. Eu te levo comigo. – Niall estalou um beijo em minha bochecha e Louis praticamente o empurrou de volta para o sofá.
– “, qual a maior qualidade do Liam?” – arqueou as sobrancelhas e entortou um pouco a boca. – Minha tradução disso aqui é: Ele é bom de...
– Responde, , coração. – falei, tampando a boca de antes que tudo saísse dos trilhos. Gosto de tirar onda com os dois, mas eu conheço limites. Bêbados não.
– Liam é muito determinado. Quando sabe o que quer, corre atrás e consegue. Admiro muito isso nele. – sorriu e Liam sorriu de volta.
Ai, céus! Quando eles vão ficar juntos? Juro que não vou ficar parada quando Liam demonstrar seu mínimo interesse por . Juro que vou fazer os dois ficarem juntos.
– Podemos começar isso logo? - Niall deitou no colo de .
– Não. – respondi, conectando o notebook na TV. – Ainda falta uma pessoa.
- Quem? – Zayn perguntou, chegando à sala com meu irmão. Assim que terminou o #Ask, apagou e então Louis e Zayn a levaram para o quarto onde eu e costumamos dormir quando ficamos aqui. Eu e Zayn decidimos que só vamos entrar no assunto bêbada como última opção no café da manhã.
– A garota que vai fazer a campanha com vocês. – sentei ao lado de Hazza no tapete, enquanto procurava o slide da campanha. Harry passou a alisar minhas costas e eu percebi o olhar mortífero que Louis lhe lançara. Ri internamente com isso.
– E quem é a garota? – Hazza perguntou, ainda alisando minhas costas.
– Ele tá perguntando se ela é gostosa. – Liam “traduziu” para e eu ri.
Nesse mesmo momento, a campainha tocou. Olhei para Louis que virou o rosto, indicando Harry. Olhei para Zayn e este suspirou.
– Qual o nome da pasta? – perguntou, tomando o meu lugar no tapete e automaticamente Harry se distanciou.
– Crush Me. – estalei um beijo em sua bochecha e rumei até a porta.
– Por que você não coloca nomes normais feito estilistas normais? – Zayn arqueou as sobrancelhas e eu dei de ombros.
– Olá, . – Bill sorriu, cordial como sempre e eu o abracei.
– Bom lhe ver de novo, Bill. – falei sincera e ele indicou a menina que o acompanhava.
– Tomlinson? – aquela figura já tão bem conhecida mundo afora perguntou e eu assenti, estendendo-lhe minha mão direita.
– . – sorri e ela sorriu de volta. – Obrigada por aceitar a proposta.
– Obrigada por me convidar para a campanha. Sem dúvidas, você é uma das minhas designers favoritas.
– Por favor. – me afastei um pouco, dando a entender que eles deveriam entrar.
– Terá que me desculpar, . Não posso ficar na reunião, tenho outros assuntos a tratar durante minha estadia em Londres.
– Tudo bem, Bill. Ela estará em boas mãos. – sorri simpática e Bill assentiu.
– Comportem-se. – Bill alertou e entrou em casa.
– Guys, quero que conheçam sua parceira de campanha: .
– O QUÊ? – os garotos gritaram em uníssono e pulou de susto.
– Ah! Era só o que me faltava. Ninguém me avisou que eu teria parceiros nessa campanha. – falou num tom de desprezo e eu juro que me arrependi de tê-la contratado.
– Por acaso alguma das campanhas do Lin Sun não é uma parceria? – Harry arqueou a sobrancelha e usou seu melhor tom sarcástico.
– ? – chamei e ela assentiu, entendendo o recado. – Lou, Hazza, podemos conversar? – indiquei a cozinha e os dois para lá rumaram. – , fique a vontade. – indiquei o sofá onde as meninas estavam sentadas e segui os garotos.
– Que merda é essa que tá acontecendo aqui, ? – Harry explodiu assim que eu entrei na cozinha e Louis lhe deu dois pedalas. – Mas que...? Pra quê tudo isso? – Harry coçou a nuca.
– O primeiro é por ter tocado na minha irmã, o segundo é por ter falado grosso com ela. – Louis respondeu no mesmo tom.
– Guys! – gritei já quase sem paciência. Odeio ver os monstros que eles se tornam quando começam uma discussão.
– , o que você tava pensando quando contratou essa garota? – Harry perguntou num tom mais calmo.
– Talvez no sucesso que seria minha coleção caso e One Direction fizessem a campanha. – respondi como se fosse óbvio e ele bufou. – Posso saber o que tá acontecendo aqui?
– Sun, olha pra mim. – Louis me segurou pelos ombros e arqueou as sobrancelhas. Exatamente como fazia quando queria que eu entendesse que fiz uma coisa errada quando eu era criança. – é uma profissional incrível, mas tem uma personalidade muito, muito, muito mesquinha. Ela é diva, entendeu?
– Foi ela quem... – olhei para Harry quase que instintivamente.
Zayn me contou o que acontecera na première de Scarlet, mas omitiu a parte de quem foi a tal senhorita arrogância. Agora tudo fazia sentido. Mas que burrada, hein, Tomlinson?
– Haz, me perdoa. Eu não...
– Não foi sua culpa, . – ele tentou olhar pra mim compreensivo e eu o abracei. – Quão importante é essa campanha?
– Não se preocupe. Eu falo com Bill, arrumo outra campanha pra e...
– , para. – Harry se afastou um pouco para olhar em meus olhos. – Não precisa falar ou mudar nada. A gente faz essa campanha do jeito que você planejou.
– Mas... – olhei para Louis e ele assentiu. – Vocês não se incomodam?
– A gente vai fazer isso por você. – Harry tocou meu nariz e eu sorri. – Você é da família, lembra? – ele perguntou sorrindo e eu assenti. Lembrei do dia em que conheci os meninos. Era uma reunião da “Família Direction” na casa de Harry e ele fez questão de deixar bem claro que éramos todos uma única família agora. No mesmo dia, um vizinho de Harry deu em cima de mim e os garotos o assustaram. Ri ainda mais com essa lembrança.
– Se aquele garoto chegasse mais perto, a gente quebrava ele sem dó nem piedade. – Louis riu, como se lesse meus pensamentos e eu puxei os dois para um abraço.
– Eu amo vocês. – declarei. Sim, aquele era um momento Stylinson. Um momento que eu sentia uma falta enorme e que me fazia tão bem.
Voltamos para a sala sob olhares curiosos, já que tínhamos um sorriso disfarçado no rosto. Sentei ao lado de Zayn no tapete e comecei a explicar a campanha. Ninguém se pronunciou contra e isso foi um ponto bom. Ninguém discutiu e isso foi um ponto ótimo. Ninguém se matou e isso foi o melhor ponto do dia.
– Bom, acho que basicamente, acabamos. – Pus as mãos no quadril depois de fechar a apresentação de slides e olhei em volta. – Alguma dúvida?
– Eu tenho. – Harry levantou a mão, sério. Ele estava no sofá com um copo d’água na mão e havia estado atento a tudo que falei. Com certeza era algo relevante. – Já comprou a focinheira do animal que vai tirar foto conosco? – Ou talvez não.Todos voltaram os olhares para , esta deu uma risada nasalada, como se não ligasse.
– E você já comprou o seu absorvente, querido? Ah, desculpa, você prefere O.B não é mesmo? – Harry se levantou, furioso, e ficou de frente para ela –que havia ficado em pé o tempo inteiro- apontando seu dedo.
– Retire o que disse.
– O que há de errado com você? – Debochou.
– O que há de errado com VOCÊ? Sempre tem uma resposta grossa pra tudo e não se importa com os sentimentos de ninguém!
– Uou, então só porque eu não caio de amores por vocês, significa que sou insensível? Que redefinição de conceito interessante.
– Não é questão de gostar ou não gostar. Chama-se educação. – Intrometeu-se Zayn.
– Ah, mas eu sou muito educada. – Ela ajeitou os cabelos, fazendo Harry levantar uma sobrancelha. – Porque se ouvissem o que eu tenho a dizer sobre cada um de vocês, nossa, eu seria um monstro. – O copo na mão de Harry tremia, ele o segurava com tanta força que eu conseguia ver o momento de quebrar-se no chão. De vez em vez, ele levantava a aparelhagem de vidro e baixava-a de uma vez. Espera, ele não... Ele não pode estar pensando no que eu estou pensando. Não seria capaz.
– Não que já não seja. – Foi a vez de Louis.
– Verdade. Mas pelo menos ainda tenho dignidade. – Sim. Harry seria. O momento que calou a boca foi suficiente para que todo o líquido dentro do copo fosse despejado em sua cabeça.
Ela estava estática. Não tinha uma resposta para aquilo, Não acreditava no que havia acontecido – como também ninguém no recinto.
– Acabou de perdê-la. – Harry sorriu de lado, cínico, e pôs o copo em cima da mesa.
Enquanto isso, gotejava, pingos e mais pingos de água caíam de seu cabelo – e até escorriam de uma parte da sua roupa – e o que era o mais interessante, era que sua pose de superioridade não se abalara. Ela podia ter ficado surpresa, mas seu olhar indiferente continuava ali, não estava nem um pouco embaraçada.
– Ficou maluco? – interviu, correndo em sua direção e tentando secá-la aos poucos. – , tenha calma, eu vou pegar uma toalha e...
– Não se incomode. – Tirou o excesso de água do corpo e sorriu levemente para para olhar a mim, logo depois. – Posso ser exigente, , mas sei trabalhar seriamente, e se é dessa forma que pretende levar adiante, então eu sinto muito em não poder colaborar. – Ajeitou a bolsa nas costas e saiu.
– JÁ VAI TARDE! – Gritaram os cinco em coro. Eu não conseguia me mover, nem crer na cena que presenciara. Eles haviam prometido, disseram que fariam tudo dar certo, que iriam assinar um tratado de paz, mesmo que ela não concordasse, mesmo que ela os atacasse. Eles arruinaram tudo. Todo o trabalho, todo o tempo que destinei para criar minha reputação como uma estilista séria e ecológica, estava indo por água abaixo – literalmente. Era preciso uma palavra, só uma palavra, dela para qualquer produtor e eu estava fora. Como haviam sido capazes depois de terem dito que éramos uma família?
– Olha , por favor, você pode arranjar gente muito melhor pra sua campanha.
– É, não vale a pena nem tentar, ela só ia dar trabalho pra você. – Disse Louis, coçando a nuca. – Menina egoísta.
– E o que vocês acham que são? – Soltei. – Acham que são melhores que ela? É isso? Porque se acharem, precisam de um choque de realidade sério. Depois de toda aquela cena de amor na cozinha realmente pensei que fossem maduros o suficiente, mas não, pelo visto, a mídia está completamente certa: São infantis e o pior, mesquinhos. E você, Harry? – Apontei para ele. – O que estava pensando? A reunião corria bem, não era necessária aquela ceninha pra se sobressair. Repito, não era. – Virei para meu irmão e balancei as mãos freneticamente. Nesse momento as lágrimas já desciam livremente pelo meu rosto. – E Louis, eu esperava muito mais de você, esperava muito mais do meu Lin.
– Acalme-se. – Louis tentou segurar meu braço e eu soltei sua mão o mais depressa possível.
– Não me toca!
– , nós sentimos muito, nós...
– NÃO SENTEM! Merda, vocês não estão arrependidos. - Juntei minhas coisas ao mesmo tempo em que chorava e joguei-as sem piedade alguma na mochila que havia trazido. – Chamaram a de insensível, mas olhem para si mesmos, não se importam com ninguém. Já pararam alguma vez para pensar em como eu, e nos sentimos sempre que temos que ouvir as birras de vocês? Isso cansa. Chegou um ponto em que estão perdendo tudo o que deveria significar alguma coisa pra vocês. Por exemplo, acabaram de perder uma irmã. – Declarei, deixando o apartamento logo em seguida.
FIVE
– Obrigada por me encontrar aqui, . - remexia o sachê de seu chá continuamente. – Eu estou uma bomba desde a confusão com os garotos.
– Não é pra menos , o clima foi pesadão. - A estilista assentiu e franziu o cenho quando percebeu algo estranho.
– Pensei que você estava dormindo na hora.
– Com certeza, estava. Sono de bêbado é o melhor que existe, não se ouve nem um terremoto. – bebericou seu café expresso e limpou a boca num guardanapo de pano. – Mas assim que acordei a me contou o que houve.
– Sabe o pior? É que eu não estou me sentindo mal.
– E não deve, florzinha. Eles estavam errados, não você. Além disso, está na hora de se resolverem. Papai, Carlota e nós, não vamos estar vivos para apartar todas essas brigas para sempre. – A garota esticou os braços para tocar as mãos da amiga, dando-lhe apoio. – Quero saber de você agora. O agente da já lhe ligou?
– Ontem à tarde. Disse que não ia comentar o ocorrido, mas exigiu um pedido de desculpas formal. – Ela suspirou. – Só o que me faltava.
– E a campanha?
– Suspensa, por hora. Não posso trabalhar em uma campanha beneficente sem doação.
– Posso falar com a , se quiser. Ela pode reconsiderar o assunto.
– Agradeço , mas não quero que se envolva. De pepino já basta pra mim. – Ela tirou o sachê do chá e o descansou num pires. – Eu realmente te chamei pra saber como está o clima por lá.
– Os meninos estão péssimos, piores do que antes. Agora a nova onda é culpar um ao outro. Ontem era tudo a ver com o Liam, hoje de manhã tinha sido o Harry, não sei de quem será a vez nos próximos dias.
– Céus! Será possível que depois de tudo que falei nem um pouquinho de consciência tocou-os?
– Com certeza tocou, . Pelo menos nos primeiros cinco minutos. Mas acho que tudo foi esquecido, principalmente na reunião com o Paul.
– Ah, não. Eles não fizeram isso. – olhou para amiga incrédula, que simplesmente assentiu em concordância.
Flashback
– Muito obrigada por ter vindo, tio Paul. – agradeceu sorridente, enquanto chegavam à sala de reuniões no tão moderno prédio da Syco.
– Não é nada, querida. Se esses garotos forem tudo o que você e seu pai dizem a seu respeito, então é quase uma obrigação estar aqui. – Paul sorriu e afagou o cabelo da sua afilhada que sorriu mais ainda. Mas ao abrir a porta, seu sorriso murchou e todo seu entusiasmo se esvaiu. Eles não poderiam estar fazendo aquilo. Não poderiam colocar tudo a perder.
– Vem, seu otário. Repete isso na minha cara! – Louis gritou, sendo segurado por Zayn e Niall.
– Eu sempre soube que você tinha problemas auditivos, Tomlinson. Além de me provar que eu estava certo, acaba de deixar claro que não é capaz de se ouvir cantando pra perceber a desgraça que é. – Harry ria, tendo Liam ao seu lado, praticamente a postos para toda e qualquer situação. Desde apartar uma briga até começá-la.
– QUE DIABOS ESTÁ ACONTECENDO AQUI? – gritou, observando a cena tão horrorizada quanto seu padrinho, que estava estático ao seu lado.
– Esse babaca resolveu bancar o bebê chorão dizendo que sente falta da irmã. – Harry fez voz afetada, apontando para Louis.
– Por que você não me deixa contar a minha versão da história? – Louis arqueou uma sobrancelha e assentiu, como se lhe desse permissão para falar. – Harry fez merda e não quer admitir. Quando eu simplesmente comento sobre isso, esse mal comido vem falar mais merda ainda sobre a minha Sun.
– A culpa não é minha se o Zayn come a sua irmã! – Harry gritou.
– Repete! – Louis falou no mesmo tom, se preparando para socar Harry.
– BASTA! – todos pararam e estremeceram, ainda não acreditando que aquele ultimato estava vindo do mais velho presente na sala. sentiu sua coluna se arrepiar por inteiro, ela conhecia bastante aquela expressão no rosto de Paul. Decepção, insatisfação, desapontamento. Chame do que quiser. Para , tinha o mesmo significado: ele não estava nem um pouco feliz com o que vira. – Sentem-se. – ordenou e os meninos o fizeram quase que imediatamente. Nenhum deles ousou olhar diretamente nos olhos de Paul, tinham seus olhos direcionados para a mesa ou para seus próprios pés. – Não quero ouvir nenhum ruído até eu voltar, entenderam? – os meninos se limitaram a assentir. – , podemos? – Paul indicou o corredor e a garota para lá seguiu de cabeça baixa.
– Eu aguento. Não vou chorar na frente dele. – murmurou para si mesma enquanto Paul fechava a porta.
– ... – ele passou as mãos pelo rosto e balançou a cabeça leve e negativamente. – Como você se meteu nisso?
– Eles são família. – deu de ombros, ainda olhando pra baixo.
– Só não entendo como isso foi cair logo em suas mãos, meu amor. Não entendo em como eles podem ser tão bem criticados por vocês e como ainda tem um emprego.
– Desculpa te desapontar, Paul. – disse num sussurro após jurar ter sentido a vergonha percorrer todo o seu corpo. Paul se aproximou da menina e a abraçou carinhosamente.
– Você não me desapontou. – Paul afagou os cabelos da menina enquanto ela começava seu choro nem tão silencioso. – Lhe dei minha palavra quando disse que trabalharia com eles, não vou voltar atrás. Mas saiba que isso não tem nada a ver com a One Direction. Só estou fazendo isso porque é por você. – ele depositou um beijo na testa da menina e ela sorriu fraco.
– Eu sinto tanto, tio Paul. – ela soluçou e ele se afastou, enxugando suas lágrimas.
– Não sinta por...
– Algo que você não tem culpa. – completou.
– Aprendeu muito bem, minha menina. – ele sorriu e a abraçou novamente. – Pronta para a reunião?
– Obrigada, tio Paul. – sorriu sem mostrar os dentes e Paul a conduziu de volta à sala, onde os meninos encontravam-se da mesma forma quando Paul e a deixaram. Assim que fez menção de sentar-se, os garotos levantaram, com exceção de Harry, que se levantou assim que receber cinco olhares macabros em sua direção. – sim, Paul. – Senhores. – a garota assentiu, já sentada e os meninos tornaram aos seus lugares. Paul sentou ao lado de , com quem trocou um olhar rápido e facilmente compreendido por ela.
– Antes de tudo, vou ser bem franco com vocês. – Paul colocou os cotovelos na mesa e cruzou as mãos, suspirando em seguida. – Sinceramente, não sei por que dizem tudo isso sobre vocês, na minha opinião são apenas garotos mimados que conseguiram se dar bem na vida, mas admito que são talentosos. Porém, não achem que estou aqui para elogiar vocês, porque não estou. Vocês são ridículos, patéticos, desrespeitosos e sem nenhum pingo de consideração. Eu não daria um centavo por vocês. A única razão de eu ainda estar aqui e de ainda querer vocês no meu projeto é por causa dessa garota – indicou e todos os olhares se voltaram pra ela. -. Honestamente, não sei o que se passa na cabeça dessa menina, mas ela é otimista o suficiente para ainda acreditar em vocês, além de ser uma pessoa na qual confio plenamente. Ela tem o meu respeito moral, pessoal e profissional, por isso ainda estou aqui. Mas se vocês quiserem que isso dê certo, terão de se comportar. Pelo menos quando estivermos juntos. Senão, juro que chamo os mais populares mariachis do mundo para esse projeto no seu lugar. – Paul apontou para cada garoto ali e todos suspiraram.
Os meninos engoliram seco, simultaneamente. Cada palavra que Paul liberava doía, embora soubessem que era verdade. Niall sentiu seus olhos lacrimejarem. Zayn tinha a imagem de um mariachi cantando What Makes You Beautiful na mente. Harry não podia acreditar que o próprio Paul McCartney havia dito aquilo sobre eles. As mãos de Louis tremiam enquanto ele tentava raciocinar. Liam pensava num plano para desfazer aquela primeira impressão ridícula e deixar Paul contente por ter eles no projeto. orava silenciosamente para que os meninos pelo menos os ouvissem.
End Flashback
– Ele disse isso mesmo? – perguntou impressionada e assentiu. – Mas então funcionou?
– Vá nessa fé! Assim que chegaram em casa, voltou à guerra que conhecemos.
– Não sei como você ainda consegue estar lá, muito mais agora que tudo o que acontecer será responsabilidade sua.
– Eu até que gosto de casos confusos. Além disso, sinto que eles ainda têm salvação.
– Tomara. Senão além de me falirem, vão falir a você também.
– E não se esqueça da !
– Por falar nela, como anda o caso com o Liam? – Perguntou , empolgada.
– Você não vai acreditar! – Ari ajeitou-se na cadeira para ficar numa postura ereta e dando gargalhadas, contou a história do dia.
– Outch! O que foi isso? – Harry massageou a cabeça ao sentir um objeto duro e pontiagudo a perfurando.
– Estamos fazendo uma incisão. Procurando se no seu cérebro existe algum botão ON e OFF para a idiotice. – Louis continuou a tocá-lo com objeto, abusado. – Achamos que está no ON. – Sussurrou.
– Ainda estão com essa história? Já disse que a culpa não foi minha! – Levantou-se rápido, livrando-se das mãos de Louis.
– E de quem mais foi? Você começou a discussão.
– Eu só comecei porque ela estava me provocando. – Defendeu-se.
– Então a culpa é da ? – Perguntou Zayn.
– É CLARO QUE SIM!
– Diga-me o que ela fez pra te deixar tão irritado, Harry. – estava com os braços cruzados e sua expressão era desafiadora.
– Ela, ela... – Gaguejou. – Ela estava fazendo aquilo que... Ela fez quando...
– Ela não fez nada, cara. – Foi a vez de Liam. – Admita que todo o ódio que você está sentindo não é pelos foras que levou na Premiére e sim por ela não ter se interessado a mínima por você.
– CALUNIA! – Gritou. – Ela é idiota, merece que as pessoas sejam idiotas com ela.
– Ela pode até merecer, mas você prometeu a que não seria! – Protestou .
– Na hora eu não me lembrei da promessa, eu só conseguia...
– Pensar em como retribuir? Por favor, Harry, você já foi mais homem. Agora aceite seu erro e vá se desculpar com . Na verdade, todos têm que se desculpar com ela.
– E o que você está fazendo aqui afinal? – Apontou para , indignado. – Agora podemos trazer qualquer uma pra casa! Novidade pessoal, vou ali à esquina convidar uma garota e vocês não podem.... – Liam estava inflando, as palavras que saíam da boca de Harry o deixavam de uma forma que nunca havia acontecido antes. Ele estava adquirindo uma força tremenda só de guardar todo o sentimento. Harry estava ofendendo sua melhor amiga e Liam precisava defendê-la, como ela o defendeu por tanto tempo. – Porque se fosse eu, a garota já estaria na rua, mas como é ela – Disse com nojo. E esta tinha sido a gota d’água. -, todos temos que aturar! Isso é muito injusto da parte de... – Liam avançou velozmente e deu um murro certeiro na bochecha de Harry. O garoto cambaleou, caindo no chão e pôde ver tudo girar por alguns segundos, como também sentiu a dor da plataforma dura sobre suas costas.
– Babaca. – Disse Liam, fazendo questão de ficar no campo de visão de Styles. – Vamos, ? – Balançou a cabeça em direção à porta e indicou o caminho a amiga.
– O que deu nele? – Harry levantou-se aos poucos, recebendo olhares de negação dos amigos. – O quê? Ele me deu um murro. - Tocou na bochecha, sentindo-a um pouco inchada e viu Louis e Zayn fazendo o mesmo caminho que Liam e . - Está roxo?
– Não, mas agora está. – Zayn deu outro murro –desta vez no olho de Harry– que o apagou por completo.
– Como está meu menino pomposo? – exclamou animadamente, mas recolheu-se no mesmo instante que viu a expressão fechada de Niall. – Acho que mal.
– Muito mal. – Ele puxou uma cadeira, sentando de frente para a amiga e agradeceu ao garçom quando este lhe entregou um cardápio.
– Tenho algo pra te ajudar, Nialler! – Ele levantou uma sobrancelha e voltou a encarar o cardápio. - Confesso que no dia que desmarcamos aquele almoço, passei a tarde toda procurando nos registros do meu telefone e nos e-mails, quando foi que vocês começaram a se desentenderem. – passou o polegar pela borda do copo de vidro, tentando fazer o barulhinho das orquestras. – E olha o que eu encontrei: - Ela tirou um papel da bolsa e colocou sobre a mesa de forma que os dois pudessem ler. – “Hey ! Espero que tenha notícias boas da Argentina, porque em Londres as coisas estão turbulentas. A Syco está mudando nosso estilo radicalmente e não é algo que tenha a ver conosco, estamos com muito medo do que pode acontecer e tentamos ao máximo confortar Harry. Ele está sofrendo muita pressão pra ser o ‘líder modelo’ e acha que não consegue. Juro – e não conte isso a ninguém.– que o vi chorando ao falar ao telefone com a mãe noite passada. Agora eu estou me perguntando se vale realmente a pena, se seria bom para ele e para nós como banda. Bem, esse é o resumo do meu mês – animador não?- , conte-me tudo sobre o seu XX.”
– Em que isso é relevante?
– Bom, depois desse e-mail, todos os outros que recebi era sobre como vocês estavam mal e o quanto se distanciaram. – Ela guardou o papel novamente na bolsa e o encarou. – Logo, é mais que obvio que a razão de vocês terem começado com isso foi a modificação feita pela Syco. – Sorriu confiante.
– Sem querer ser grosso, . – Ele chamou o garçom com a mão e apontou seus pedidos para ele, sendo seguido por . – Mas diga-me algo que eu não saiba.
– Eu não acabei. A razão do começo da briga, mas não ela em si. – Niall franziu o cenho. – A Syco pode até ter incentivado os egos de alguns inflarem mais do que outros, mas ela não provocou isso. Foram vocês mesmos. Deixaram a empresa controlar vocês, deixaram que ela fizesse exatamente o que queria e estão fazendo nesse momento exatamente o que ela quer. Simon pode estar cansado de cuidar de vocês, mas ele sabe que ganharia mais com cada um separadamente e sabe que é apenas questão de tempo para conseguir o que vem insuflando por todo esse tempo.
– Você não está insinuando que...
– Que a Syco está tentando separá-los? Sim, estou.
– , isso é loucura! – Ele pôs as mãos no cabelo, nervoso.
– Pense, Niall! Imagine a quantidade de entrevistas que não surgiriam. As fofocas seriam bem melhores pagas se informassem sobre o desmancho de uma banda do que sobre o lançamento de seu CD. Vocês tentariam carreira solo, e lançariam cinco cds – não apenas um. Eles iriam dobrar a própria fortuna. – Ela ajeitou os talheres de peixe ao lado do prato e colocou o guardanapo no colo delicadamente. – Eu não posso ter certeza, claro, mas se isso realmente estiver acontecendo, a solução só pode partir de cada um de vocês. E tem que ser rápido, antes que seja tarde demais.
– Supondo, – Ele engoliu em seco. – Apenas supondo que sua teoria esteja certa, o que nós podemos fazer?
– Essa é a melhor parte. – Ela bateu palminhas, animada. – Vocês vão ter que encontrar a banda que perderam há sete anos. Vão ter que reencontrar a si próprios para confrontar a Syco, depois.
Zayn estava deitado no sofá da grande sala do Complexo Direction e tinha os olhos fixos no teto. Estava sozinho em casa: Carlota de “férias” na casa da irmã, os garotos haviam saído para lugares diferentes e nem mesmo estava livre de compromissos naquele momento. Já tinha se passado uma semana desde o Incidente , como fora denominado por .
Harry estava em um lugar qualquer com uma garota qualquer. Liam ficava a maior parte do tempo num parque, perto de onde morava, lendo o novo livro de . Niall quase não saía da casa de Ed Sheeran. Louis quase não parava em casa e quando parava, se trancava em seu quarto e não falava com ninguém. já tinha partido da Inglaterra para a Alemanha, onde seria a próxima etapa do circuito mundial. estava no Canadá, fazendo a divulgação do seu novo livro. andava lotada de projetos da empresa e tinha sua melhor amiga, , com quem ele não tinha contato desde o incidente. Dela, Zayn não sabia nada. Ele sentia falta dela. Sentia falta de ter alguém para desabafar e lhe dar broncas. Não que Carlota não o fizesse, mas era sua irmã. Era, como ela mesmo havia dito.
Decidido a fazer algo, Zayn se levantou e colocou sua melhor roupa. Pegou o carro e saiu rumo ao Atelier Lin Sun que ficava no centro de Londres, um caminho que ele conhecia muito bem. Sabia que estava chateada e sabia que isso era um impulso pra que ela trabalhasse mais. Minha melhor amiga, Zayn murmurava mentalmente e um sorriso surgiu em seus lábios. Estava decidido a engolir o orgulho em prol de algo muito maior. Estava se sentindo bem com isso.
– Pois não? – A recepcionista perguntou sem desviar a atenção do MacBook à sua frente. Zayn logo percebeu que era novata. Afinal, ia tanto ali que já conhecia a todos.
– Oi. O que aconteceu com a Destree? – Perguntou, apoiando os cotovelos no balcão.
– Está de férias, senhor. – Respondeu, ainda sem olhá-lo. – Sou Hyde. Em que posso ajudá-lo?
– Diga a que eu preciso falar com ela.
– Em nome de quem?
– Zayn Malik. – Wanda, a assistente pessoal de falou antes que Zayn pudesse responder e a recepcionista finalmente levantou os olhos para confirmar quem estava à sua frente.
– Z-Za-Z-Zayn Malik? – Hyde gaguejou.
– Tudo bem, Hyde. Ele vem comigo. – Wanda sorriu e Zayn piscou simpático para Hyde antes de seguir a outra.
– Quanto tempo. – Zayn tentou puxar assunto enquanto caminhavam pelo imenso corredor verde água do prédio.
– Ela não quer te ver. Nenhum de vocês. – Wanda respondeu sem emoção e Zayn suspirou ao pararem em frente à porta branca tão conhecida por ele. – É melhor que seja rápido. Amo meu emprego.
– Obrigado, Wanda. – Zayn sorriu sincero e adentrou no recinto.
Estava exatamente como Zayn o vira da última vez: uma bagunça organizada de manequins, pedaços de tecido e roupas já prontas. O garoto sorriu involuntariamente ao ver que o quadro com a foto do primeiro aniversário da banda estava ali. estava nas costas de Niall e os dois sorriam largamente enquanto Zayn fazia o cabelo da garota de bigode. Harry e Louis estavam num momento Larry Stylinson muito lindo e Liam num momento GaGa. Todos estavam molhados já da piscina e logo em seguida todos voltaram para a mesma começando uma guerra d’água. Abaixo da foto, tinha um espaço para dedicatórias, onde todos os meninos assinaram para a “irmã”. Estavam todos felizes. Palhaços como sempre, idiotas num ponto crítico, mas felizes.
acabava de sair do banheiro, onde tentava inutilmente esconder seu choro. Assim que viu Zayn parado com um sorriso infantil no rosto olhando para o quadro, um sorriso brotou em seus lábios.
– É a minha foto favorita. – Deixou escapar num sussurro e Zayn virou para vê-la. Ao perceber os olhos vermelhos de , ele mordeu o lábio. Odiava vê-la assim. – Pelo que me lembro, a sua também.
– Porque você está nela. – Zayn deu de ombros, se aproximando cautelosamente da amiga.
– O que veio fazer aqui, Zayn? – Suspirou, cansada. Zayn finalmente ficou de frente pra ela e pegou suas mãos, encarando a garota nos olhos.
– Saber se minha melhor amiga recebe minhas desculpas. – Falou sincero, com um olhar aflito e mordeu o lábio inferior, sentindo o choro querer se mostrar novamente. – Fui um idiota com ela. Fui um idiota comigo mesmo. Me desculpa por tudo. Não aguento ficar longe de você, . Sabe disso. Você é minha melhor amiga, minha irmã. A única pessoa que me faz feliz em me dar bronca...
– Você sabe que isso tá parecendo mais uma declaração que outra coisa, não sabe? – perguntou, em meio a risos, e Zayn a puxou para um abraço, sendo contagiado pela risada da garota também.
– Sabe que eu te amo, não sabe? – Zayn depositou um beijo na testa da menina.
– Sabe que eu correspondo, não sabe?
– Claro que sei, pequena. Sou irresistível. – Zayn brincou e ela se afastou de súbito. – Brincadeira, ! Brincadeira! – Levantou as mãos em sinal de inocência, o que a fez rir. – Vem cá. – Zayn a chamou e foram mais uma vez observar a foto.
Mas agora, Zayn prestava atenção em um detalhe: ao lado da dedicatória de Niall, havia um adesivo de coração com os dizeres “love ya”. O garoto franziu o cenho ante a observação e tentou se lembrar de todas fotos que eles tinham tirado como Família Direction. De todas as fotos que se lembrou, na maioria Niall e estavam lado a lado. Não que isso fosse uma coisa planejada, mas estavam lado a lado. E a minoria em que não estavam “juntos”, o sorriso de ambos parecia menor. Então, Zayn lembrou do #Ask, quando Niall estalou um beijo na bochecha de : a garota havia corado.
– O que houve? – perguntou inegavelmente preocupada. Zayn olhava pro nada com o cenho franzido, isso significava que ele estava calculando algo, pensando seriamente em algo.
– Não minta pra mim. – Zayn murmurou ainda com o olhar distante e agora franziu o cenho.
– Sobre o quê?
– Você gosta do Niall? – Zayn agora olhava nos olhos da garota, que ruborizou de imediato. – Você gosta do Niall. – Ele afirmou sorrindo.
– O quê? – disfarçou –ou pelo menos tentou– com uma gargalhada. – De onde você tirou essa ideia maluca, Zayn?
– De canto nenhum. – Apontou para o adesivo e sentiu seu coração disparar.
– Não tem nada a ver, Zayn. Eu amo todos vocês e não escondo isso de ninguém. Sabe disso. – se afastou, cruzando os braços.
– Hey, não precisa fazer bico. Sei que você ama a todos nós, mas pedi pra você não mentir, lembra?
– O que te faz pensar que menti? – arqueou a sobrancelha e Zayn gargalhou, deixando-a sem entender nada. – Zayn Jawaad Malik!
– Tá bom, mamãe. – Zayn tomou fôlego para parar de rir.
– O que te faz pensar que menti? – repetiu.
– Você corou. – acusou.
– Claro que corei. Você me pegou de surpresa!
– Harry. – Zayn falou sério.
– O quê?
– Ou talvez Liam?
– Dá pra parar de agir feito um maluco?
– Zayn? – ele arqueou a sobrancelha e a garota passou a mão no rosto.
– Sério, você precisa parar de fumar, Malik. Tá começando a afetar seus neurônios. - indicou a própria cabeça.
– Niall. – ele falou e a menina corou novamente. – Há! Eu sabia! – ele apontou. – Você gosta dele, você gosta dele... – Zayn começou a cantarolar como uma criança da pré-escola, rodando .
– Onde você quer chegar com isso, Zayn?
– Já cheguei, sweetheart. Você gosta do Niall.
– E mais uma vez eu pergunto: o que te faz pensar nisso, garoto?
– Tudo bem, . Tente se enganar. Mas a mim, não mais. Você gosta do Nialler e ponto final. Admita, seu nome não é .
– Era só o que me faltava! – Ela jogou as mãos pro alto, fazendo Zayn rir mais uma vez. – Zayn, eu não gosto dele. Caramba, ele é como se fosse meu irmão. Isso seria incesto. Certo? – franziu o cenho incerta e Zayn a abraçou brevemente.
– Não é não. Afinal, seu único irmão de sangue é o Louis. E eu sou mais seu irmão que o Lou. E acho que o Niall nunca te viu como irmã mesmo. Talvez até...
– ZAYN! – gritou.
– Relaxa, . Não vou contar seu segredo pra ninguém.
– Que segredo? – Dramatizou.
– Ah! Então não quer que seja segredo? – Zayn tirou o celular do bolso. – Tudo bem, então. Vou ligar pro duende e ver como ele reage a isso.
ficou estática olhando para Zayn. Realmente não sabia o que fazer. Não sabia nem o que sentia, na verdade. Sim, sabia que gostava de Niall no início. Mas ela era uma criança, certo? Tinha 14 anos quando a One Direction foi formada, quando conheceu os meninos. Crianças se apaixonam fácil. É fácil demais para uma criança se apaixonar por um garoto bonito que é amigo do seu irmão. Com o passar do tempo, os meninos disseram que ela era irmã de todos eles. Decidiu então eliminar aquele sentimento, já que Niall não a olharia de outra forma, certo? A verdade é que ela conseguia disfarçar e driblar esse sentimento por muito tempo, mas não conseguia eliminá-lo de si.
– Z? – ainda estava estática e uma lágrima desceu em seu rosto. Zayn se aproximou dela rapidamente e limpou sua lágrima, sentindo seu coração apertar por tê-la provocado.
– Desculpa, . Calma, eu não vou falar nada. – Zayn a abraçou. – Hey, pequena. Para com isso, por favor. Me perdoa? Mesmo! Eu prometo que não vou contar nada pra ninguém. Mas...
– Eu gosto dele, Zayn. Pelo menos eu acho.
– E eu acho que você devia falar com ele. – Desvencilhou-se dos braços do amigo num estalo.
– Enlouqueceu? Eu nunca contaria.
– Por que não?
– Porque... – Suspirou. Ela não tinha um porque pronto. – Olha, eu não quero falar sobre isso. Não agora. – Correu para sua mesa de trabalho e juntou um montante de papéis, procurando por perfis para uma nova campanha.
– ... – Zayn aproximou-se.
– Eu tenho esse direito, não tenho? – Ela soltou os braços, derrotada.
– É claro que tem. Mas...
– Sem “mas”. – Interrompeu-o. – Você pode me deixar sozinha, por favor? Tenho muito trabalho a fazer. – Zayn assentiu, deu um beijo na testa de e saiu, em seguida murmurando algo como “Não demita Wanda. Ela só quis ajudar.”. Apenas quando ouviu o baque da porta se fechando e seus passos em direção a saída é que ela relaxou, derrubando todos os papéis da mesa – que continha tecidos e projetos – e colocando sua cabeça ali. – MERDA!
SIX
Harry estava saltitante, muito animado, se quer saber. Depois de sair com duas das produtoras do Lions Gate Studios, conseguiu convencê-las a deixar-lhe tentar a carreira como ator, a fazer um teste para um filme qualquer.
Com o script na mão e um copo grande de cappucino do Starbucks – coisas de atores – adentrou no enorme estúdio, surpreendendo-se com a quantidade de pessoas que ali trabalhavam. Ao passar, via nitidamente como todos se esforçavam: vindo ao sentido contrário a ele corriam maquiadores, estilistas e figurantes em direção ao outro cenário; à sua frente, o maestro gritava com um megafone aos músicos das orquestras; à esquerda, havia a montagem da tela verde para efeitos especiais.
“Eu vou conseguir”, pensava Harry. “Não deve ser tão difícil assim”. Releu mais uma vez suas falas – marcadas com canetas coloridas -, dando a entonação necessária mentalmente, e sentou na penteadeira atrás de si, colocando no rosto qualquer tipo de maquiagem que pudesse esconder seu olho roxo. Ele parecia estar mais inchado naquela manhã. “Merda, porque Liam tinha que fazer aula de boxe?”.
Harry havia demonstrado a sua opinião, sempre quis levar as namoradas - ou “peguetes”, como seus amigos chamavam – para dormir no Complexo, mas sempre recebia sermões ao cogitar essa ideia. Tudo bem que já era “da casa” e que ele havia sido extremamente grosso ao falar, mas os direitos deveriam ser iguais para todos.
– Está se maquiando, princesa? – Disse uma voz enojada atrás de si. Tremeu ao ouvir o timbre. Conhecia a dona da voz.
– O que você faz aqui, ? – Ela revirou os olhos, como se fosse óbvio. Dãã, ela era atriz. - Não basta estragar a nossa campanha, também vai estragar a minha audição?
– Não preciso fazer isso, você já a estragará assim que entrar no salão com essa cara branca e... – Encarou o garoto mais de perto. – roxa? Seu olho está roxo? Por acaso você levou um murro?
– Meio óbvio. – Ele pegou a esponja do pó e esfregou-a freneticamente na bolota ao redor do seu olho. Bufando assim que ouviu a gargalhada irônica de .
– Deixa eu adivinhar: Você estava brigando com uma moça na Sacks pela bolsa da promoção e levou um murro quando a segurou. – Nem a própria aguentou a piada e desatou a rir, novamente.
– Haha, muito engraçado, estou molhando as calças. – Ela abriu a boca para fazer outra piada e Harry a respondeu rapidamente, sabendo exatamente que tipo de brincadeira ia surgir. – E não, não estou “excitada”. – Alcançou o corretivo no final da mesa e apertou-o, fazendo com que uma pasta gosmenta fosse liberada em sua mão. Com a mão livre, passou a substância no rosto.
– Você está fazendo isso errado. – Disse. – Vai ficar mais...
– Olha, se não quer ajudar, fica na sua. Tá legal? – Respondeu grosso, voltando ao seu processo em seguida.
sentiu pena. Harry tentava ao máximo apagar as marcas do rosto para que isso não chamasse a atenção dos diretores. Ele estava desesperado.
No mesmo instante, a feição superior que existia em sumiu, e uma mais angelical tomou conta de sua face e espírito, fazendo com que a moça caminhasse até a penteadeira e escolhesse os produtos certos para dar um jeito no machucado de Harry. Após uma pequena “cirurgia” o rosto do garoto estava pronto, é claro que a maquiagem não esconderia toda a “roxidão”, mas a marca estava bem menos visível, quase imperceptível.
– An, obrigado?! – A garota empinou o nariz sem nada dizer e deu meia volta. – Espera! - Segurou seu braço. – Vai fazer um teste também?
– Não que isso seja da sua conta, mas sim.
– Boa sorte.
– Dispenso. – “É claro que ela diria isso”, pensou. – Pra você também.
– Mais alguma dica? – Perguntou, sincero. Apesar de não gostar de , sabia quanto conhecimento e experiência ela tinha com atuação. Engolir o orgulho e pedir ajuda não mataria Harry. Poderia machucá-lo um pouco mais, entretanto ele estaria vivo e possivelmente, empregado.
Ela parou para pensar por um instante, a bondade ainda a dominava, e só depois de analisar o garoto da cabeça aos pés, chegou a uma conclusão:
– Seja você mesmo.
– E quem estou sendo se não eu próprio?
– Uma farsa. Está usando uma máscara para esconder seus verdadeiros sentimentos. – Ela disse.
– Máscara? – Ele riu. – De quem ela seria?
– Minha. – piscou freneticamente, tentando desgrudar os cílios com rímel. Ela também usou os dedos. – E ela não combina com você.
– Obrigado, novamente. Eu acho. – Disse ao franzir o cenho.
– Me deve uma. – Ela torceu o rosto. – Não que eu vá precisar da sua ajuda um dia.
O garoto revirou os olhos, rindo. Aquilo era típico.
– Harry Styles? – Disse uma moça com uma prancheta. – Cinco minutos. – Harry agradeceu, olhando novamente o script. Estava pronto.
Sentado na poltrona de seu apartamento alugado – Sim, ele alugara um apartamento só para ele. Não, nenhum dos meninos, muito menos sabiam da existência desse lugar. Somente ele e . – e com o mais novo exemplar de sua amiga, Silent, Liam roía as unhas de tão nervoso e confuso que estava.
O livro tratava da história de um casal que se conheceu na época do colégio, mais ou menos no 2º grau. Por ser bastante comunicativa, a garota se destacava na área social e política, sempre engajada em assuntos polêmicos como o meio ambiente e a saúde. Enquanto o menino era reservado, preferindo ficar em seu próprio mundo. O enredo começa de fato quando os dois se tornam parceiros de laboratório e precisam conviver míseras horas por dia juntos para ter um bom desempenho escolar. A personagem principal, chamada de Esther preocupa-se um dia, quando nota que o garoto chegara à sala com os olhos roxos e o corpo todo machucado. Ele certamente havia apanhado, mas de quem? Quem seria brutal o suficiente para espancar outro ser humano, alguém da sua própria espécie? Para Esther, a resposta estava mais perto do que imaginava, logo em sua casa: Seu meio-irmão de criação, Phillip, praticava bullying com o seu parceiro de laboratório – e ela já havia desenvolvido uma amizade com o garoto. Decidida a fazer algo, Esther confronta seu irmão e ao colégio, colocando o bullying como o assunto em questão; ela resolveu passar mais tempo com o garoto, procurando descobrir sua personalidade e seus gostos.
Coincidência? Liam já havia pensado nessa hipótese e, ao chegar à metade do livro suas suspeitas foram contrariadas. Não era uma coincidência, havia literalmente transcrito a história dos dois para as folhas de papel.
Flashback
– Onde está indo? – Perguntou .
– Ao ginásio. Eu sempre coloco roupas extras de frio por lá. – A garota parou de caminhar e pôs seu braço no peito de Liam, impedindo-o de continuar também.
– É o dia mais quente que Wolverhampton já teve em quatro anos. Pra quê você precisa de um casaco? – O garoto revirou os olhos e levantou a manga da sua camisa, exibindo as marcas de socos que levara no dia anterior.
– Seu machucado não pode levar sol, é isso? – Riu. – Qual é Liam, vamos embora logo.
– Não posso ir sem pegar esse casaco. – Ele voltou a caminhar a passos largos, sendo seguido por . “Por que ela não vai embora?” Pensava.
– Por que não?
– Porque, porque... – Droga, chegara a pergunta que ele não queria responder. Dentre tantas outras, essa era seu maior vexame. – Porque eu preciso lavá-lo!
– Você é um mentiroso, Liam Payne! Está na sua cara. – Ela riu. – Você podia inventar desculpas muito melhores, sabia? Podia dizer que não conseguia dormir sem o casaquinho, ou que sua mamãe olha se sua mochila estava completa, ou até que tinha que medo que roubassem durante o fim de semana. Mas você diz justamente que precisa lavá-lo, quando o colégio oferece serviço de lavanderia. Estranho, não? – Liam suspirou, derrotado. Não conseguia esconder nada dela, não quando sabia tudo e mais um pouco sobre a escola. E tudo e mais um pouco sobre ele.
– Você venceu. – Lind saltitou em comemoração. – Eu preciso desse casaco. – Deu entonação. – Eu preciso dele pra esconder esses ferimentos dos meus pais. – Admitiu envergonhado.
parou. Ficou estática durante vários segundos apenas absorvendo a informação. Sabia que Liam sofria bullying desde que o viu entrar arrebentado na sala de aula e tem feito tudo desde então para acabar com isso. O estranho era que o colégio nunca se manifestara a respeito, e a razão para isso estava exatamente na frase de Liam. O colégio nunca fizera nada, porque nunca soube. Receber alunos machucados é comum, poderia ser por causa dos trabalhos pesados de verão ou até mesmo a prática de lutas de defesa, não seria necessariamente bullying. Além disso, a recomendação é que qualquer prática deste tipo realizada nas dependências do colégio teria como pena a expulsão, e seu irmão, Goyle, ainda estava lá, com muitas glórias. Nunca entendera também por que Liam não reagia, mas estava claro como água para ela nesse momento: Liam nunca reagira porque tinha medo da forma como isso chegaria aos pais. Já era vergonhoso o suficiente apanhar, ele não precisava dividir esse mérito com a família.
– Liam, você... – Ela falou, finalmente.
– Não. – Ele balançou com a cabeça negativamente. Ficaram assim por alguns segundos até que o silêncio se tornou desconfortável o suficiente para ambos. – Eu tenho que ir. – Ele virou as costas, voltando mais uma vez a caminhar e sendo seguido, novamente, por . – Eu consigo chegar ao vestiário vivo, muito obrigado pela sua ajuda. – Fez uma reverência irônica.
– Eu sei que consegue. Agora não é garantia que saia inteiro.
– Muito engraçado. – Falou ao revirar os olhos. – Você anda me protegendo demais, não acha?
– Apenas cuidando do meu parceiro de laboratório. – Piscou o olho e ouviu a risada abafada do amigo. – O que foi?
– Não deveria ser o contrário? Eu te proteger?
– Digamos que não somos convencionais.
– Eu gosto: Não convencionais.
– Soa bem.
End Flashback
Lembrava-se desse dia como se fosse o anterior - ele ficaria na sua memória para sempre. Havia sido a primeira vez que assumira para alguém a vergonha que tinha de sofrer bullying – e pelo jeito também, já que era exatamente com essas palavras que o capítulo intitulado de “Confissão” era narrado. Sem tirar nem pôr nem ao menos uma única palavra – Exceto o nome dos personagens.
Como já dito anteriormente, Liam estava nervoso e confuso. Especialmente confuso. Não sabia o porquê de sua amiga ter se inspirado na história dos dois e não sabia que tipo de sentimento ele deveria ter em relação ao acontecido: se deveria ficar lisonjeado por ser o astro de , ou enfurecido por ela estar expondo seus pensamentos mais profundos e segredos mais obscuros para qualquer um que pudesse pagar U$20,99.
Decidiu então que leria o livro até o final para depois fazer uma avaliação completa. Virou a página, na intenção de começar um novo capítulo, ansioso para descobrir algo que o tirasse dessa agitação interna. Infelizmente, ela só vai piorar.
– Então, o que achou? – Perguntou animada, realmente esperava que Jenson gostasse das mudanças. Ela saíra da Inglaterra após a corrida apelidada por muitos de “Hamilton com drogas” e focou-se inteiramente nas melhorias do carro de Jenson Button. Passara a semana procurando peças e testando diferentes rodas para que o resultado final fosse apropriado. – Em minha opinião a troca do volante foi essencial.
– Eles ficaram bem mais leves, . Você é demais. – Jenson abraçou a engenheira e rodopiou-a no ar.
– Fico feliz que gostou. – Colocou-a novamente no chão. Em seguida, ajeitou o macacão no próprio corpo. – A troca de volante tá nas mãos do Dean, então agora eu só preciso pegar as planilhas com o Joseph e assinar para que... – Jenson tapou sua boca com uma mão.
– Sabe o que você vai fazer? Vai pegar um avião nesse exato momento e ir visitar aquele seu amigo da Inglaterra, Niall. Passar vários dias lá e só voltar na reunião do conselho em duas semanas. – Soltou a mão.
– Você é muito engraçado, Jenson. Até parece que não tenho coisas para fazer aqui.
– E se eu me responsabilizar?
– Você pirou! Eu nunca deixaria minhas responsabilidades com você. Além de ser anti profissional, é um risco de vida. – Ela caminhou até uma mesa e procurou os papéis do contrato, organizando-os de acordo com os números encontrados no rodapé. Jenson sentou no banco ao lado do bebedouro e balançou-se até cansar.
– Tudo o que eu sei é que você anda trabalhando demais desde a última corrida. O incidente com o Lewis não foi sua culpa, . Trabalhar dobrado não vai fazer a cabeça dele se ajeitar. Além disso, estresse demais faz o cabelo cair, ninguém vai lhe querer careca.
– Agradeço a preocupação Jenson, mas estou apenas cumprindo minha carga horária.
– ! – Martin gritou do seu escritório. – Venha a minha sala imediatamente.
– O dever me chama. Bye Bye – Acenou com a mão e correu até a sala do chefe.
– Você precisa de férias! Por que não passa uma temporada em Ibiza? – Ouviu o grito de Button antes de fechar a porta da apertada salinha e encarar o rosto rígido de Martin.
– É melhor sentar-se. – Disse grosso. – Isso vai demorar. - engoliu seco e tomou seu lugar. Nunca tinha visto Whitmarsh com aquela expressão antes e tinha certeza do assunto que seria tratado ali. - Não minta.
– Por que mentiria? - a garota devolveu num tom despreocupado, disfarçando muito bem o nervosismo que dominava seu corpo. Outro velho trunfo da família : saber disfarçar seus sentimentos de formas incrivelmente convincentes.
– O que exatamente está acontecendo entre você e Tom Dillmann? - perguntou pausadamente.
– Somos íntimos. - deu de ombros.
– Íntimos como? - Martin ergueu uma sobrancelha.
– Costumamos sair, conversar, nos divertir... Somos amigos.
– E amigos costumam se beijar, certo? - Martin colocou sobre a mesa uma foto onde Tom e se beijavam num parque. Mas o que ela estava pensando afinal? Jenson lhe alertou que Lewis a havia entregue. Claro que Lewis não a acusaria sem provas!
– Isso aconteceu somente uma vez, Martin. E era brincadeira! Amigos íntimos brincam. – levantou os ombros em sinal de inocência, torcendo para que Martin acreditasse. Viu a expressão do homem a sua frente se suavizar e, discretamente, suspirou aliviada, se preparando para o próximo passo. – Quem lhe entregou essa foto? – se inclinou em direção à mesa e Martin respirou fundo antes de responder.
– Lewis Hamilton.
– Ah, Martin! Você, mais que ninguém, sabe o quanto Hamilton me odeia por preferir trabalhar com Jenson. Sabe o quanto ele comemoraria minha saída da escuderia! Caramba, você sabe que eu sempre fui fiel à McLaren e mesmo que acontecesse alguma coisa além de amizade entre Tom e eu, eu nunca lhe entregaria nossos projetos. – jogou as mãos pro ar, se impressionando com o seu próprio dom. Talvez se fosse pega, ela poderia falar com para lhe arrumar um trabalho em um de seus filmes. Mas era completamente verdadeira quanto ao entregar projetos da McLaren a Tom Dillmann: isso ela não faria nem na sepultura. Se há uma coisa que a família preze é lealdade. E isso, tinha de sobra.
– Sim, . Eu sei! Mas o que acha que eu pensei quando vi essa foto? O que você pensaria se os papéis estivessem invertidos? – Martin colocou as mãos na cintura e ponderou. Bom, ele estava acreditando no circo que ela tinha armado, então não iria contrariar as conclusões inocentes do homem.
– Tudo bem, Martin. Não tem problema. Se for só isso... – ia se levantando e Martin a segurou pelo braço.
– Você sabe o quanto me orgulho de ter você trabalhando conosco. Sabe o quanto seu pai estaria orgulhoso se a visse aqui agora. – Martin sorriu paternalmente e assentiu, sentindo um aperto no coração. Ela perdera o pai no mesmo ano em que entrou na faculdade e isso, com certeza, a derrubou. Prometeu à si mesma que cumpriria o último pedido do pai: que seria a melhor no que fazia, honrando o nome da família, mas que, acima de tudo, fosse feliz e honesta ao fazê-lo. Ele e Martin eram amigos de longa data. E sabendo que a única filha de um amigo que acabara de falecer estava se destacando na faculdade de engenharia, Whitmarsh tratou logo de empregá-la na McLaren, antes mesmo que ela terminasse o curso. As palavras de Martin a fizeram sentir vergonha. Seu pai não estaria orgulhoso se a visse mentindo. Muito pelo contrário! Mesmo que ela estivesse mentindo para salvar a sua própria pele, o Sr. a faria confessar o que fez e talvez até implorar por misericórdia. Pensando nisso, sorriu inconscientemente.
– Sinto falta dele, Martin.
– Também sinto, querida. Mas como todos os outros que conheceram Oliver , o enxergo em você. E isso é uma coisa boa. – Martin falou sereno e sentiu uma grossa lágrima quente descer por sua bochecha esquerda. – Está liberada, .
murmurou um “com licença” antes de sair correndo para o canto mais remoto do autódromo para chorar. A lembrança de seu pai era algo que normalmente a fortalecia, que a incentivava. Mas naquele momento, ela quase sentia o olhar de reprovação do homem sobre si. Apertando o pingente de uma cruz de ouro, que pertencia a seu pai e que nunca deixava de usar, a garota estava aos prantos sentando no chão da parte de trás do Box da McLaren.
– Perdão, papa. Perdão. Por favor, papa, me perdoa. – repetia, se balançando, na tentativa de fazer a dor que sentia ir embora.
Niall chegou em casa e estranhou ao não ver ninguém por lá. Bom, estava surpreso também por estar lá, já que ultimamente chamava de “lar” a casa de Ed Sheeran. O telefone começou a tocar no mesmo instante em que o loiro se jogou no sofá. Olhou para o objeto preguiçosamente e decidiu esperar a secretária eletrônica.
– Oi! – falaram os meninos juntos na secretária eletrônica.
– Você ligou para a casa do Harry... – o mesmo falou.
– Liam!
– Louis!
– Niall!
– Zayn!
– E da inquilina eterna ! – a mesma gritou, fazendo Niall rir.
– Provavelmente estamos em reunião com o pai da ruiva... – falou Liam.
– Ou pegando umas gatinhas... – Harry falou num tom malicioso e pôde-se ouvir o “Eca!” que gritou ao fundo.
– Ou dormindo... – falou Zayn.
– Ou escrevendo uma música... – falou Louis.
– Ou simplesmente com preguiça de atender o telefone. – Niall completou junto com o telefone e riu de si mesmo.
– Então deixe uma mensagem após o...
– AAAAAAAAAAAH! – Liam foi interrompido por todos gritando e aquilo indicava o início da gravaçao. Niall sorria abertamente lembrando do dia em que fora gravada aquela mensagem. Estavam todos de bobeira e Louis estava meio deprê porque tinha viajado um dia antes e eles ficariam quase um ano inteiro sem se ver. Então, Zayn teve a maravilhosa ideia de gravar a mensagem da secretária eletrônica. Depois de todos aqueles anos, ninguém teve coragem de mudar nada. Talvez porque ainda gostassem de lembrar como era no início, talvez para provar que um dia eles realmente foram amigos.
– Hey, Zayn. Sou eu, . – Niall estremeceu ao ouvir a voz que nem precisava se identificar. O motivo? 1: Desde o incidente com , eles não se falavam. 2: Não acreditava que a mensagem não era dirigida ao Louis ou ao Harry. 3: Ela ter citado Zayn significava que eles estavam se falando, e bom, Niall queria ser o primeiro a pedir desculpas, mas não tinha encontrado a hora certar pra isso. Afinal, ele sempre era o primeiro a se desculpar. – Olha, desculpa sobre mais cedo. Eu realmente não queria ser grossa com você nem nada, mas você também apelou, né Malik? Qual é? Você parece que gosta de provocar! Honestamente, espero que não conte ao Niall... – no mesmo instante o garoto franziu o cenho e se esticou para pegar o telefone.
– O que não é pra contar pro Niall? – perguntou e podia jurar que via garota pálida na sua frente agora. Sobre o que ela estava falando, afinal? Sobre não contar que eles fizeram as pazes? Que Niall não seria o primeiro dessa vez? Que Zayn fora atingido por um raio de consciência?
– Ahn, oi Nialler.
– O que você tá escondendo de mim, ? – Niall perguntou num tom sério que poucas vezes tinha ouvido.
– Não estou escondendo nada, Horan. – a garota falou rápido e Niall sorriu vitorioso: a tinha pego.
– Sim, e você me chama de Horan o tempo todo, não é? Está nervosa. – ouviu a garota se xingar e riu. – Você achou que eu não fosse descobrir? – a garota congelou.
– Descobrir o que?
– Que o Zayn foi mais rápido que eu dessa vez? Que ele finalmente deixou o orgulho de lado e fez alguma coisa que preste? – Niall arregalou os olhos como se fosse realmente incrível e suspirou aliviada.
– Não queria que você se sentisse mal por conta disso. Desculpa. – resolveu entrar na brincadeira, agradecendo a Deus silenciosamente por Niall ser um tanto lerdo demais para continuar perguntando.
– Eu quem te devo desculpas, . Mas queria pedir pessoalmente. – falou sincero, quase num sussurro.
– Você sabe que eu nunca conseguiria ficar com raiva de você por muito tempo, Nialler. – confessou e o garoto sorriu.
– E é por esse e outros motivos que eu te amo tanto. – cantarolou de forma infantil e ouviu a garota gargalhar do outro lado da linha. – Eu preciso de ajuda.
– Tudo bem. Assim que eu conseguir uma pausa te ajudo a renovar o guarda roupa.
– Não é isso, ! – Niall rolou os olhos.
– O que passa, então? – a menina perguntou, realmente preocupada.
– Eu conversei com a , e bom... Ela tem umas ideias muito loucas sobre... Sei lá. Não consigo falar por telefone!
– Não posso voltar aí brigada com o Lin. – suspirou e Niall consequentemente fez o mesmo. Louis e eram os irmãos mais colados do mundo, mas quando brigavam ninguém aguentava os dois no mesmo cômodo e eles se machucavam muito depois. Niall não conseguia suportar a ideia de mais gente saindo machucada nessa história.
– Sei disso. Posso passar no seu apartamento amanhã?
– Eu largo tarde do trabalho. Mas se você ainda estiver sóbrio o suficiente pra chegar no meu apartamento amanhã às 10 da noite, tudo bem. – riu.
– Estarei lá. – Niall falou convicto.
– Preciso ir. Se o Z aparecer diz pra ele ligar o celular, por favor.
– Claro, . Mas não acha mais fácil ele te ligar?
– Não gastaria os preciosos euros do topete gigante com meus problemas. Geraria mais problemas e eu teria que compensar tudo isso com roupas. – confessou sincera, fazendo Niall rir.
– Tudo bem, pequena. Vai lá. E toma cuidado, viu? Qualquer coisa é só ligar!
– Peraí, você é o Nialler ou o Louis? – perguntou, fingindo estar incomodada com a situação e Niall riu mais uma vez.
– Só estou cuidando do que é meu. – brincou no mesmo momento em que entrou no recinto, parando imediatamente ao ouvir a frase.
– Tenho que andar por aí com uma plaquinha dizendo que pertenço a Niall Horan, então? – decidiu levar na esportiva por mais que ela quisesse interpretar a frase do garoto como “recheada de segundas intenções”.
– Providenciarei. – Niall deu de ombros.
– Tenho que ir. Tchau, Nialler. Se cuida.
– Se cuida também, amor. Até amanhã. Beijo. – a menina gritou “beijo” de volta e então Niall colocou o telefone de volta ao seu devido lugar.
– O que é seu? – perguntou, se aproximando do garoto.
– . Minha irmãzinha. Fofinha. Bonitinha. Charmosinha. Inha, inha, inha. – Niall riu e rolou os olhos. Ele nunca cresceria mesmo.
– Alguém mais em casa? – a ruiva se dirigiu às escadas e Niall negou com a cabeça.
– Acho que pode ter alguém nos quartos.
– Peraí, você não disse que não tinha ninguém? – Franziu o cenho.
– Eu não disse nada. Deixei claro que não sabia. – o garoto levantou as mãos e a ruiva bufou, rindo logo em seguida a caminho do andar de cima.
No corredor, as portas se alternavam entre o lado esquerdo e direito, mas nunca ficavam uma de frente para a outra. As únicas portas que não levavam aos quartos eram as duas últimas: o antigo QG e um banheiro para emergências, como Harry denominava. O primeiro quarto do corredor era o de Niall, e bom, ele estava na sala. O segundo era de Zayn, onde não encontrou nada. O terceiro era o quarto de Harry e esse já tinha avisado que só voltaria à noite. O quarto de número quatro pertencia a Liam, onde mais uma vez, não encontrou nada. O quinto era o quarto de hospedes, onde ela e as meninas ficavam quando dormiam no Complexo Direction. O último quarto pertencia a Louis e antes mesmo que ela entrasse no recinto, soube que ele estava ali.
Entrou no quarto cautelosamente e observou a situação em que o mesmo se encontrava: estava escuro e perceptivelmente bagunçado. Louis estava deitado na cama com um pote de sorvete nas mãos e olhava atentamente para a TV onde passava uma filmagem feita por sua mãe quando levou seus filhos pela primeira vez na praia.
– Mas tá muito fria! – a pequena reclamava. – E se eu cair lá dentro?
– Não precisa ficar com medo, Sun. Eu vou estar lá pra te segurar. – o pequeno Louis segurou na mão da irmã, que sorriu. E então a mãe Tommo começou a falar sobre como estava orgulhosa do seu menino enquanto filmava os dois brincando na água. involuntariamente sorriu com a cena. Louis era um irmão super protetor desde pequeno. A ligação dos Tomlinson era uma coisa que , sem dúvidas, invejava. Mas a garota foi desperta de seus pensamentos quando ouviu alguém fungar. Piscou umas vinte vezes ainda sem acreditar que Louis estava realmente chorando. Mesmo que discretamente, mas estava.
– Hey! Sem drama! – Sentou ao lado de Louis na cama e o puxou para um abraço.
– Eu sou um idiota, não sou? – Perguntou, ainda abraçado à ruiva.
– Sou obrigada a concordar. – ponderou e ouviu um murmúrio de reclamação vindo de Louis. – Quem manda você ficar parado aí enquanto Niall diz que sua irmã pertence a ele. – A ruiva provocou e Louis levantou de súbito. Sabia que isso o despertaria.
– Niall disse o quê? – Louis perguntou sem se preocupar em disfarçar sua fúria.
– Hey, calma aí, garoto! Eles fizeram as pazes. Não deveria ter demorado tanto, afinal Niall sempre...
– Mas ele disse que a pertence a ele! Você falou! – Apontou pra , que riu descaradamente.
– Sim. Ele disse que ela era a irmãzinha fofinha, bonitinha, inha, inha, inha dele. Nada demais! – Disse, prendendo o riso.
– Mas disse!
– Lou, volta aqui. – A garota indicou seu ombro onde Louis, relutante, repousou a cabeça novamente. – Quando vai deixar seu orgulho de lado e fazer algo pelo que realmente importa?
– Eu quero minha Sun de volta! E quero o Niall bem longe dela! – Esbravejou, fazendo rir descontroladamente da situação. Depois de perceber o que tinha acabado de falar, desatou a rir junto a amiga.
– Fala com ela, tá bom? – Sorriu serena, já pronta para sair do quarto.
– ? – Louis chamou antes que ela fechasse a porta.
– Sim?
– Obrigado. Mesmo. – ele sorriu sincero e a menina assentiu.
– Amigos são pra essas coisas. – deu de ombros e deixou o garoto no quarto com seus pensamentos a mil, se perguntando como iria fazer as pazes com a irmã.
– AAAH! NÃO ACREDITO QUE FINALMENTE ESTOU TE CONHECENDO! AI MEU DEUS! VOCÊ É A MINHA HEROINA! – e essa foi uma fã nem um pouco discreta de na divulgação do seu novo livro Silent em Toronto.
– Então tenho que me comportar muito bem a partir de agora. – ria da situação. Nunca se imaginara passando pelas mesmas situações com fãs hoistéricas como Liam e os meninos.
– Terá continuação? – uma fã quase desesperada perguntou, fazendo a garota rir internamente. “Como assim? Ela nem leu o primeiro livro!” pensou risonha.
– Depende do que vocês acharem do livro. – respondeu sincera e entregou o exemplar da tal fã já autografado. Fez questão de colocar “to be continued...” no final, para a histeria da tal fã.
– Casa comigo? – um fã de esbugalhados olhos azuis perguntou e o analisou milimetricamente. Sabia que conhecia aquele garoto de algum lugar. Claro, era seu velho, querido e talvez um pouco irritante amigo, Luke Ford.
– LUKE! OH MY GOSH! – a garota riu, abraçando ele por cima da mesa. – O que você tá fazendo aqui?
– Ué? Vim prestigiar minha amiga, ué? – riu.
– O que quer que eu assine? – perguntou, já de volta ao seu lugar.
– Eu espero, sem problemas. Eles são sua prioridade – Luke apontou para a fila de fãs que estava formada dentro do estabelecimento e olhou grata para ele por tamanha compreensão.
– , quando eu crescer quero ser igual a você. – disse uma menina de no máximo sete anos, o que fez sorrir abertamente.
– Qual o seu nome, florzinha? – Deu a volta na mesa onde distribuía autógrafos e se abaixou, ficando da altura da garota.
– Aimèe. – a menina sorriu.
– Que nome lindo! O que você acha de já ir treinando os autógrafos pra quando você crescer? – convidou, realmente animada com a ideia.
– Mas eu num sei autografar. – a menina lamentou.
– Sabe fazer um rostinho feliz? – pegou uma caneta e demonstrou em sua própria mão. Aimèe confirmou com a cabeça freneticamente. – Então você sabe autografar. – já guiava a menina para a mesa, recebendo olhares gratos da mãe da garota e admirados de seus fãs.
– Eu posso colocar um coração do lado também? – a menina perguntou enquanto Luke a colocava sentada numa cadeira ao lado de .
– Claro, meu anjo. Você pode colocar o que você quiser. – sorriu para a menina e então a sessão de autógrafos continuou com a pequena menina autografando todos os exemplares que chegavam à mesa junto com .
Luke ficou o tempo todo em pé atrás da amiga junto da mãe de Aimèe e brincava com a menina vez ou outra. estava feliz por vê-lo ali. Era muito raro encontrá-lo e era sempre bom quando estavam juntos. Luke realmente era um ótimo amigo.
– Obrigada. – Aimèe abraçou assim que a última pessoa saiu do estabelecimento.
– Muito obrigada. – a mãe da menina repetiu o ato.
– Nossa, gente. Eu quem agradeço. Quero ver vocês de novo, ouviu? – apontou para a menina, que assentiu freneticamente. – Quem sabe da próxima vez eu não fique hospedada na casa de vocês? – brincou e Aimèe sorriu saltitante. – Mas só se sua mãe deixar.
– Por favor, mamãe. Por favor? – a menina juntou as mãos e fez uma carinha um tanto angelical, fazendo os adultos rirem.
– Claro, meu anjo. Agora se despeça, sim?
– Tchau, . Tchau, Luke. – a menina abraçou as pernas dos dois, que estavam lado a lado e seguiu a mãe em direção ao carro, ainda acenando para os dois.
– Muito gentil da sua parte. Muito legal mesmo. – Luke passou o braço pelos ombros da amiga e seguiram assim em direção ao hotel.
– Não fiz mais que minha obrigação. – sorriu e Luke sorriu de volta, tocando o nariz da amiga.
– Senti falta do seu sorriso. – confessou sincero.
– Também senti sua falta, Ford. – abraçou o tronco do amigo da maneira mais forte que conseguia.
– Senti falta do seu sorriso, não disse nada sobre sentir sua falta. – provocou e em poucos segundos já estava rindo de Lindsay, que socava seu abdômen, sem dó nem piedade. – Tá, senti sua falta! Pronto falei!
– Sei disso. – torceu o nariz, se fazendo de convencida e Luke a puxou para mais perto.
– O que vai fazer hoje à noite?
– Dormir. Tenho um voo partindo às sete da matina amanhã. – suspirou cansada, passando o braço pelas costas de Luke.
– Então nos resta aproveitar o resto da tarde. – Luke concluiu.
– Desculpe, mas é só o que temos. Ninguém manda desaparecer e não dar notícias.
– Claro, claro. E a culpa é inteiramente minha. – riu e concordou. – Mas me conta. Como está com o Liam?
rolou os olhos, bufando. Não entendia a obsessão de Luke por dizer que ela era apaixonada pelo seu melhor amigo e de que era correspondida ardentemente. Não entendia porque ele insistia tanto nisso, já que desde sempre ela deixara claro: LIAM É SINÔNIMO DE MELHOR AMIGO!
– Não começa, Luke. – pediu sincera.
– Eu não posso começar, lindinha. Só vocês dois podem começar alguma coisa e juro que se não fizerem logo eu trato de armar um plano diabólico com . Você sabe que eu armaria! – apontou sério e a garota assentiu. Sabia que era verdade.
– Tem falado com ela, aliás? – tratou de mudar de assunto.
– Eu tento, mas está sempre ocupada. Soube que ela estava preparando uma campanha beneficente e que desistiu do projeto. Algo relacionado ao ego dela, tenho certeza. – Luke não precisava que ninguém o falasse sobre a personalidade de . Já tinha trabalhado com ela num filme há algum tempo. – Ótima profissional, pessoa mesquinha.
– Mas a culpa não foi inteiramente dela. Tem dedo do Harry nisso. – balançou a cabeça negativamente.
– Ah! Claro! Eu sabia! é ingênua demais pra aprontar algo que ferisse o tão inflado gênio de !
– Quer os detalhes, não é?
– Claro!
– Nossa, você é pior que mulher. – riu e recebeu um sutil empurrão do amigo. – Eles quando se encontram parece até as prévias de uma guerra. Não se suportam.
– É muito estrelismo pra dois idiotas e apenas um cômodo. – Luke riu, franzindo o cenho no final do seu raciocínio. – De onde tirei isso? – Ele coçou o queixo enquanto balançava a cabeça, ainda risonho. – O que aconteceu?
– Harry derrubou um copo d’água na cabeça dela.
– Não brinca! – Ele falou, impressionado. – Ele realizou meu sonho.
– Para com isso, Luke. – estapeou o amigo, rindo de leve. – não gostou nem um pouco e saiu de lá furiosa. Pelo que sei não tem falado com os meninos.
– Não vai durar muito tempo. Aposto que o Niall já foi pedir desculpas.
– Pra zinha, inha, inha. – Completou .
Ao chegar em casa e descansar a cabeça no travesseiro, Harry relaxou. Estava com a consciência de que tinha feito uma boa audição e chamado a atenção de todos os diretores – e não tinha sido pelo seu olho roxo.
O incrível era que ele não tinha ficado nervoso, apenas assustado com a ideia de tentar um novo ramo. Quando recebeu a ligação de Maysa, uma das garotas com quem saiu, dizendo que havia um projeto novo para ser lançado, Harry não contou dois tempos e tratou logo de pegar o script e as datas da audição. A outra parte havia sido a mais fácil segundo ele, apenas incorporar o personagem, foi como um deja vu. Sim, no fim acabou seguindo o conselho de e antes de entrar na sala deixou todas as inibições e anseios de lado, lembrando um pouco do garotinho assustado e inseguro que conquistava mulheres, que costumava ser. Harry acha que deu certo.
Agora era apenas esperar a ligação do Estúdio.
Toc Toc – Ouviu leves batidas na porta e bufou, escondendo a cabeça no travesseiro. Quem sabe se não respondesse, quem quer que tenha batido pensaria que já dormira.
– Harry, é o Niall, posso entrar? – “Estou dormindo”, mentalizava Harry. – Harry? – “Estou dormindo”, “Estou dormindo”. – É importante. – Ele falou manhoso. Droga. Harry deu um grito, não muito alto, e Niall entrou sorridente. Ele sempre sorria.
– É bom que seja. – Ele se sentou a contragosto, dando espaço para o colega na cama.
– Seu olho parece melhor. – Comentou Niall, tentando suavizar a situação. – E o seu cabelo tá mais brilhante hoje, cara. O que você fez nele? Foi o novo xampu ou...
– Niall! – Estalou os dedos na frente do garoto. – Foco.
– Ah, claro. – Disse envergonhado. – É que eu falei com a hoje e ela me parecia melhor. Digo, não parece estar com tanta raiva assim da gente.
– Aonde quer chegar? – Niall suspirou.
– Você devia pedir desculpas a ela.
– Niall, eu já disse que...
– Que não foi culpa sua? – Interrompeu-o. – Chega a ser engraçado, não acha? Porque eu não lembro de ter virado um copo de água na cabeça da .
– Mais uma vez essa história? Eu já disse que ela estava me provocando.
– Eu já disse que ela estava me provocando. – Niall afinou a voz e forçou um sotaque.
– Você percebeu, Niall! Ela ficava me fuzilando.
– Você percebeu, Niall! Ela ficava me fuzilando.
– Está me imitando? – Perguntou com o cenho franzido. Não conseguia acreditar na infantilidade daquilo.
– Está me imitando? – Respondeu Niall da mesma forma.
– Quer parar?
– Quer parar?
– Desisto. – Harry deitou-se com os braços cobrindo os olhos, bufando.
– Desisto. – Niall se jogou em cima de Harry e passou as mãos freneticamente pelo cabelo do amigo. – Eu sou Harry Styles e me acho muito maneiro. Oh, nossa, eu fui chutado por , agora eu vou fazer a vida dela e a dos meus amigos um inferno. Eu vou estragar o trabalho da minha irmã e me achar super cool por causa disso. - O tom de voz forçado de Niall deixava a situação cômica. Quem visse de longe com certeza diria que não era uma conversa séria que estavam tendo. - Ainda vou andar pela rua me sentindo o machão.
– Niall? – Ele repetiu a palavra, ainda mexendo nos cabelos de Harry. – SÁI DE CIMA DE MIM.
– Não quero sair. – Niall o abraçou. – Você é a minha alma gêmea. – Sorrindo, Harry chutou o amigo para fora da cama e fechou os olhos para descansar. Iria pedir desculpas a , sim, mas somente quando achasse o momento oportuno. Não queria que ela achasse que só foi até lá por conta das pressões dos colegas. Harry tinha um grande carinho por e apesar de fazer a fachada de “não foi culpa minha”, ele se sentia um lixo por ter estragado a campanha dela.
– Niall, querido? – Gritou . – Aonde você está?
– Eu não sou o Niall. – Falou, ainda forçando a voz. – Eu sou o Harry Styles. Mas pode me chamar de James Bond. – Niall olhou para Harry, esperando alguma reação. Este apenas lançou-lhe o dedo do meio e apontou a porta. O loiro sentiu que já o tinha importunado demais e era hora de deixá-lo descansar. Já tinha cumprido sua missão.
– Ok, Harry Blond {n/a: blond = loiro}, pode vir aqui?
– Só se você tiver um copo de água para eu jogar na sua cabeça. – Encarou mais uma vez o amigo que ainda estava com o dedo estendido. Saiu sorridente –novidade– e caminhou à sala, encontrando uma esparramada em seu sofá. – Em que posso servi-la, mademoiselle? – Ele fez uma pequena reverência e sentou-se ao lado da amiga.
– Um pote de sorvete seria bom. – Ela encostou a cabeça no ombro de Niall e zapeou os canais da TV com o controle remoto. – Preciso afogar minhas mágoas.
– Por falar em mágoas, como anda o projeto com o seu Tio Paul?
– Está bem adiantado e estamos cheios de ideias novas. Nada que possamos compartilhar ainda. – Niall arregalou os olhos.
– Ideias novas?
– Não se preocupe, vai dar tudo certo. – Ela ajeitou os cabelos com a mão e beijou a bochecha do amigo. – Afinal, não tem como dar mais errado, não é mesmo?
– Eu espero que não. – Niall fechou os olhos, pensativo. Mais mudanças iam acontecer e agora, mais do que nunca, o garoto pensou na sua conversa com no outro dia. “Vocês vão ter que encontrar a banda que perderam há sete anos. Vão ter que reencontrar a si próprios para confrontar a Syco, depois.” Droga, como eles fariam isso?
SEVEN
chegara exausta em casa. Mais do que exausta fisicamente, seu mental também não estava muito bem. Ela jogou as chaves na mesinha de centro e tirou os saltos um de cada vez, sentindo a textura gostosa do carpete felpudo.
Ao deitar-se no sofá observou a secretária eletrônica piscando repetidamente e com esforço alcançou o botão, ouvindo a voz computadorizada.
“Você tem 3 novas mensagens”
“, você arrasa!” – Disse Bill – “Liguei para o estúdio e falei com Tom, o diretor, ele disse que lhe adorou, garota! Que você tem uma energia incrível e que adoraria trabalhar com você. Acredita numa coisa dessas? Ele disse que você tem uma energia incrível. Realmente, querida, tiro meu chapéu pra você.
‘Bill, venha lavar a louça!’ – Ouviu-se uma voz fina ao longe, reconheceu como sendo Marrie, sua esposa.
– Hey, tenho que ir. Mais uma vez, parabéns. Eles devem dar a confirmação na próxima semana, mas já sinta-se dentro do filme.” – Um barulhinho semelhante a um bip soou e deu a voz a próxima mensagem. Esta, de Josh Hutcherson.
“, como vai Londres e o seu mau humor?” – riu com a pergunta. Adorava Josh por seu alto astral. Na verdade, adorava todos de Scarlet. Ela havia se identificado com eles e incrivelmente foi o único filme que não recebeu as críticas clichês “ótima profissional, personalidade difícil”. Mesmo tentando ser insuportável com o elenco no início, viu que não daria certo já que nenhum deles parecia ligar para ela e com o tempo, passaram a ironizar com seu humor. acabou se acostumando. – “Eu e Logan estaremos desembarcando por aí na quarta-feira e pensamos que seria uma ótima ideia avisar a nossa amiga feliz. Você pode nos apresentar aos seus amigos, com certeza fez amigos, não é? – Ele parou por um instante e deu uma gargalhada. – Desculpe, não aguentei a piada. Agora falando sério, o que acha de sairmos para conhecer a cidade? Tenho certeza que você não teve tempo ou paciência para dar uma saidinha. A Dakota disse que talvez dê uma passada por aí na sexta e eu peguei o número da sobrinha da Julia Roberts. Soube que ela está em Oxford, podíamos, sei lá, fazer um encontro triplo se você arranjasse alguém até lá. E não, não é uma piada. Esforce-se e seja simpática com a vida. Até quarta-feira, ligamos quando chegar. Bye Bye.” – O bip soou novamente.
“Olá , aqui é a Tomlinson e eu liguei para me desculpar sobre o acidente da última semana. Sei que foi extremamente anti profissional da parte dos meus amigos terem feito aquilo e da minha parte por não ter feito nada para impedir ou repreender. Só queria que soubesse que não é dessa forma que costumo trabalhar e se você me desse uma chance eu poderia mostrar uma campanha incrível e que seria perfeita pra você! Ela é totalmente solo, remunerada e vai ser lançada apenas nas lojas oficiais, coisa mais secreta. Se estiver interessada, por favor me retorne e mais uma vez, desculpe-me.”
“Fim das mensagens”.
Já era noite quando Tomlinson chegou em casa e colocou sua lasanha congelada no forno. Os dois últimos dias haviam sido estressantes, e os acontecimentos principais deles, envolvendo , Zayn e Niall, não saíam da sua cabeça.
Primeiro, ligara para tentando consertar a burrada dos meninos e esperava que ela aceitasse sua proposta. O que menos precisava era de alguém repudiando seu trabalho.
Logo depois, Zayn apareceu e tirou de dentro do seu peito um sentimento há muito escondido: Niall. Ele era amigo do seu irmão e virara um grande companheiro seu, os dois adoravam rir juntos e zoar, nas reuniões que faziam com os garotos, ela adorava conversar com Niall porque ele sempre lhe deixava pra cima, mesmo se ela estivesse estressada com prazos ou com clientes do trabalho. Ele lhe acalmava. Mas ao mesmo tempo lhe deixava maluca por nunca confirmar suas expectativas. Quer dizer, era verdade que Niall era muito carinhoso com ela, mas ele era assim com todos, não era? Sempre sorridente e receptivo, adorava abraçar todo mundo. E ela adorava abraçá-lo.
Suspirou e comeu sua lasanha devagar, mas era impossível tirar esses pensamentos da sua cabeça, principalmente enquanto olhava o relógio a cada cinco segundos na esperança da sua vinda. Será que ele viria? Ou ele tinha dito aquilo da boca pra fora?
Ding Dong – Ela se assustou com o barulho da campanhinha e derrubou sua comida no chão. Graças à Lei de Murphy o prato caiu de cabeça para baixo.
– Merda. – Disse baixo. Ding Dong. Tocou novamente – Já estou indo. – Ela olhou assustada para sua cozinha suja e decidiu que não limparia agora, afinal não podia deixar Niall esperando. “É só deixar ele não entrar na cozinha” pensou. Ela deu uma passada rápida no espelho e ajeitou as madeixas com a mão. Antes de abrir a porta, cruzou os dedos atrás de si mesma e fez sua maior cara de quem não estava nem aí. – Pensei que não fosse vir e... – Olhou para a pessoa a sua frente, decepcionada. – Lou?
– Eu sabia que você estava me esperando, . – Ele a abraçou forte e ainda confusa, retribuiu. – Eu me sinto um merda por não ter feito nada naquele dia. Eu devia ter socado o Harry, como o Liam fez, ou deixá-lo sem comer por três dias e...
– Vocês socaram o Harry? – falou. – Como vocês tiveram coragem de...
– Sun, eu te amo e eu não sei o que seria da minha vida sem você. Por favor, me perdoa. – estava muito assustada, primeiro por ser Louis e não Niall parado a sua frente, segundo por saber que seu amigo Harry estava machucado, e terceiro por ver seu irmão de joelhos e com os olhos cheios de lágrimas parado em frente a ela.
– Louis, eu...
– O que está acontecendo aqui? – Niall saíra do elevador com os cabelos úmidos e uma pólo verde de tirar o fôlego. A menina suspirou por um instante, esquecendo seu irmão ali embaixo.
– O que faz aqui, Horan? – Louis levantou-se num estalo e secou as lágrimas, devagar. – Espero que tenha errado o endereço.
– An, eu... – Niall não sabia o que dizer. Não podia falar que veio discutir com a sobre a Syco, o chamariam de louco e, além disso, ele não estava pronto para expor isso a eles. – Eu... – Olhou para , pedindo apoio.
– Eu pedi ajuda a ele para ligar pra você. – Ela disse, aproximando-se do irmão. – Eu não sabia o que dizer e Niall falou que poderia me ajudar.
– Você ia... Ligar para mim? – Louis encarou-a, emocionado.
– É claro que ia! Eu também estava sentindo a sua falta.
– Não sabe o quanto eu fico feliz, ! – Ele a abraçou novamente, mais forte dessa vez. – Tirou um peso dos meus ombros, me sinto mais leve. – fez um sinal para Niall, que ainda estava aterrorizado, para que ele inventasse algo rápido.
– ! Você lembrou de fazer o meu projeto? – Ele falou num tom acima. Niall realmente não sabia mentir.
– Aquele sobre as roupas de crochê? – Ela soltou-se do irmão e entrou em casa, procurando uma pasta qualquer. – Ainda não está terminado. Entre, espere um pouco aqui dentro. – Niall caminhou até o sofá, andando feito um pato. Aquilo era patético. – Quer entrar, Lin? – Ela perguntou, angelical. Sabia que Louis iria embora.
– Não, eu só vim falar com você mesmo. – Deu um beijo em sua testa e olhou para dentro, encontrando Niall tirando catota do nariz. – Se cuida. Não dê trela pra ele.
– Quem pensa que sou, Louis Tomlinson? – Ela mentiu, fechando a porta.
De repente sua ficha caiu: Ela estava em casa, a sós, com o menino dos seus sonhos. Quantas vezes isso tinha acontecido?
– Então... – Ela falou, nervosa. – Quer comer alguma coisa? – Niall assentiu sorridente e correu para a cozinha, em dois tempos.
– ? – Ele disse, ainda da porta. – Tem alguma coisa no chão. – “Merda”, ela pensou, “Ele não podia entrar na cozinha.”
– Ahn... - Ela franziu o cenho, tentando achar uma resposta satisfatória a Niall. então suspirou discretamente, se preparando para fazer algo que sempre odiou: mentir para Niall. - Eu estava meio tonta e... - num instante o loiro já estava ao seu lado, segurando suas mãos com um olhar preocupado. Ele não conseguia suportar a ideia de que sua zinha, inha, inha estivesse mal de alguma forma.
– Você tá melhor?
– Sim, Niall. - se desvencilhou do rapaz e seguiu para o prato caído, na intenção de limpar a bagunça. Ao perceber que ele a seguia de perto, tratou de continuar. - Já estou melhor. Agradeço a preocupação. - Niall segurou seu braço assim que entendeu o que a garota faria, a impedindo de continuar.
– Vai pra sala, . - sim, fora uma ordem. Mesmo que tenha saído num tom extremamente doce, aquilo fora uma ordem.
– Nialler, eu já disse que... - tentou se justificar, mas logo foi interrompida pelas mãos de Niall, que seguravam seu rosto da forma mais gentil possível.
– , vai pra sala. Agora. - Niall continuava delicado, porém um tanto mais autoritário. - Você precisa descansar, princesa. Deixa que eu limpo isso tudo, tá bom? - ele amaciou seu tom de voz, olhando direta e profundamente nos olhos de para que ela entendesse que ele não aceitaria não como resposta.
Derrotada, porém extremamente feliz com a preocupação de Niall, assentiu e sentiu os lábios gélidos de Niall em sua testa, lhe trazendo uma sensação gostosa. A menina Tomlinson se afastou em direção à sala e se virou numa última tentativa de fazer Niall mudar de ideia, encontrando o mesmo de braços cruzados, observando-a se afastar.
– Tem certeza que...
– Sim. - Niall a interrompeu novamente, com um sorriso sereno nos lábios e então seguiu para a sala, se jogando em seu sofá com um peso na consciência. Não queria mentir para Niall, e vê-lo totalmente preocupado com ela a deixava se sentindo a pior pessoa do mundo.
A garota suspirou mais uma vez, pensando em como compensaria essa atitude tão linda de Niall no futuro quando ouviu seu celular assobiar. Estranhou, tendo plena consciência do que significava aquele toque. Esticou-se até a mesa de centro e pegou seu BlackBerry com o cenho franzido.
“Oi, irmã. Precisamos conversar. Almoço amanhã? Passo no Atelier. Harry xx”
Ainda confusa e com o cenho franzido, se viu ligando para o amigo. Não demorou dois toques para que atendesse.
– Oi, minha...
– Haz, aconteceu alguma coisa? - perguntou instintivamente, interrompendo o amigo.
– O que quer dizer? - Harry perguntou confuso.
– Na mensagem você disse que... - sentiu seu BlackBerry sendo tirado de sua mão e viu Niall levando o objeto ao ouvido com a outra mão num esfregão.
– Hey, está meio ocupada agora além de estar um pouco doente. Agradeceria se a deixasse descansar. Passar bem. - Niall falava rápido e sorria. Assim que desligou, colocou o aparelho no alto da estante, tirando a bateria do mesmo antes. o olhava incrédula e isso o despertou. - O que foi?
– Por que fez isso? - perguntou um tom abaixo do normal, o que pode ser traduzido como raiva.
– Você está doente e precisa descansar. Por isso. - Niall deu de ombros, despreocupado.
– Mas...
– , sem mas! Você precisa descansar e ponto! - Niall usou mais uma vez seu raríssimo tom sério.
se assustou um pouco, observando o loiro se afastar, repetindo um “Por que tão teimosa?” e suspirou, concluindo que aquele era um preço um tanto justo a ser pago por ter mentido para ele. , então, se levantou e rumou para o seu quarto onde nem se deu o trabalho de acender a luz, se jogando embaixo do grosso edredom xadrez que havia ganhado de Harry. E isso a levou de volta ao assunto tão importante que ele tinha que tratar pessoalmente.
Niall retornou a sala após terminar a limpeza e bufou ao não encontrar no local. Ela havia se chateado. Seguiu para o quarto da garota, parando na porta e encontrando a amiga perdida em pensamentos deitada na cama de costas pra ele. Deitou-se ao lado da menina, com a barriga pra cima e mãos sob o pescoço, agradecendo por ela ainda não tê-lo expulsado.
– Fiz isso pro seu bem. - Niall quebrou o silêncio e não moveu um músculo. - Desculpa se te magoei, mas...
– Não peça desculpas, Nialler. Não me magoou. - o interrompeu, mais rígida que o esperado.
– Ah, não, ? Então qual o motivo desse tom? Aposto que tem um biquinho lindo formado em seu rosto. - Niall passou a acariciar os cabelos da menina com um sorriso escondido no canto dos lábios, ele adorava fazer isso. estava quase entorpecida com a presença do loiro, mas o que ele disse a despertou. A menina então percebeu que tinha sim um bico formado em seus lábios.
– Não tenho nada. - sua voz saiu um tanto infantil por conta do bico e Niall riu fraco, se debruçando sobre a amiga para vê-la melhor.
– Ah, tem sim. E eu sei o jeito perfeito de tirá-lo daí. - sorriu malicioso e arregalou os olhos.
– HORAN, NÃO! - gritou mas já era tarde demais. Niall já tinha lhe atacado com cócegas. se contorcia e ria ao mesmo tempo, causando em Niall um sorriso involuntário. Amava o som da risada dela. - Ni... Eu... Respirar! - falou entre risos e Niall parou quase que imediatamente, deitando novamente na cama e puxando para deitar sobre seu peito. Ambos tinham a respiração pesada por conta do último acontecimento e ainda riam um pouco.
– Estou perdoado? - Niall perguntou ainda brincalhão e a garota levantou o olhar, encontrando o dele.
– Está sempre perdoado, Nialler. - sorriu sincera, arrancando um sorriso de Niall também. - O que queria?
Niall suspirou com a pergunta e delicadamente forçou a se sentar, sentando ao seu lado em seguida. Contou a ela tudo o que havia lhe dito e todos os pensamentos que esse assunto lhe trazia. A garota ouvia tudo atentamente e se perguntava mentalmente em como ninguém tinha pensado nisso antes.
– É isso. - relaxou os ombros ao terminar de falar e sentia-se definitivamente mais leve por ter desabafado com alguém.
– É uma boa teoria. Muito séria e arriscada, mas uma boa teoria. - concluiu. - Deveriam tentar.
– E se ela estiver certa, ? E se quiserem mesmo nos separar?
– Por isso precisam tentar!
– Duvido que alguém acredite em mim. - falou quase que num sussurro.
– Não se preocupe com nada, Nialler. Eu falo com os meninos. Sou muito persuasiva quando quero.
– Sei disso. - Niall riu, a puxando para um abraço. - Obrigado, .
– Estarei sempre aqui, Nialler.
Nenhum dos dois contou o tempo que ficaram abraçados, mas tinham consciência de que fora um tempo consideravelmente longo. Parecia que ambos tinham necessidade daquele gesto e que não queriam findá-lo nunca. Mas o badalar do Big Ben indicava que já era tarde. Ainda relutante, Niall se afastou de minimamente.
– Está tarde.
– E chovendo. - Completou ao ver as gotas batendo contra a janela de seu quarto.
– Você precisa descansar, . - rolou os olhos e se levantou rumo ao guarda roupa.
– Não vou discutir com você, Niall. - disse a garota, tirando um conjunto moletom que Louis havia esquecido por lá, jogando-o em Niall.
Ele apenas sorriu, indo em direção ao banheiro para trocar de roupa. Não sabia explicar o por que, mas gostava de ver o lado adulto e mandão de .
Enquanto arrumava o quarto de hóspedes - que seria estreado, já que sempre que vinha, Louis dormia com a irmã. -, parou pra pensar no que estava acontecendo. Niall estava a apenas um cômodo de distância e ninguém mais no apartamento inteiro. Não podia negar que estava nervosa, mas não podia colocar em risco sua amizade com Niall.
– Deixa que eu arrumo. - o loiro interrompeu o raciocínio da garota, que limitou a assentir ao se afastar, enquanto Niall terminava de arrumar sua cama.
Eram duas da manhã quando Niall levantou de súbito com um grito. Ouviu outro grito vindo do quarto ao lado e correu para lá sem pensar duas vezes, encontrando sentada com o rosto em mãos, soluçando alto. O loiro se aproximou e levantou o queixo da garota até encontrar seus olhos.
– ?
– Foi só um pesadelo, Nialler. Desculpe ter te acordado, mas não precisa se preocupar. - limpou suas próprias lágrimas e Niall rolou os olhos. Odiava quando tentava se fazer de forte, por isso intensificou seu olhar sobre ela. Percebendo isso, a garota voltou a chorar compulsivamente, se abraçando a Niall. - Faz elas irem embora. - Niall sabia que se referia ao seu trauma de infância: abelhas. Uma vez a menina havia cutucado uma colmeia caída e a consequência foi um mês de internação hospitalar.
– Farei. – depositou um beijo na testa da amiga e deitou, fazendo-a deitar em seu peito. Num sussurro, o loiro a ninou, levando-a de volta ao mundo dos sonhos, mas tinha certeza que dessa vez ela dormiria tranquilamente, pois ele estava ali para protegê-la de qualquer coisa que a quisesse atormentar.
Zayn acordou feliz. Ele estava feliz. Definitivamente feliz. Preocupado com a situação recém descoberta sobre e Niall, mas feliz. Tinha feito as pazes com a sua melhor amiga e sem dúvidas estava estonteante com isso. Passou no prédio da Syco somente para se certificar que tinha pego as partituras atualizadas de uma música na qual vinha trabalhando. Chegou na sala que usavam para ensaiar e se assustou levemente ao ver, sentada ao piano tocando Hey Jude, . Se aproximou cautelosamente e a curva em sua sobrancelha só aumentou quando percebeu que a ruiva estava chorando.
Sem pensar duas vezes, Zayn a puxou para um abraço apertado. se assustou de início, mas reconheceria aquele perfume em qualquer lugar do mundo. Afinal, o tinha dado a Zayn de presente de natal. Ela relaxou seus músculos ao ouvir o amigo cantarolando um “Estou aqui” num sussurro, e seu choro foi perdendo intensidade. Ao perceber que a moça estava parcialmente mais calma, Zayn a afastou minimamente e segurou seu rosto com as mãos, limpando as lágrimas restantes com seus polegares.
– Melhor? – perguntou e assentiu, tentando até um sorriso. – Foi aquele idiota, não foi? – Zayn indagou, já sabendo a resposta. se limitou a abaixar a cabeça e ser abraçada novamente pelo amigo. – Vai ficar tudo bem, .
– O que acontece aqui? - Liam perguntou com uma sobrancelha arqueada ao contemplar a cena que lhe era completamente estranha.
tinha o rosto afundado no peito de Zayn enquanto o mesmo lhe amaciava os cabelos. Sem mais delongas, Zayn formou a palavra “Kyle” com os lábios e Liam suspirou, controlando sua raiva já conhecida em relação ao mesmo. Este era um dos quatro filhos de um duque galês e também conhecido como namorado de .
Liam logo tratou de pegar uma garrafa de água e, depois de entregá-la a ruiva, sentou a garota num dos amplificadores e se abaixou para ficar da mesma altura que a amiga. Zayn estava em pé ao lado de Liam com os braços cruzados e já tinha ideia do que falaria: Que eles haviam brigado, mas que voltaria em no máximo três horas. Era sempre assim.
– Obrigada. - sorriu amarelo tendo a voz falha, ao terminar de beber água.
– O que aconteceu? - Liam perguntou paternal e respirou fundo.
– Terminamos. - falou com voz baixa e Zayn automaticamente franziu o cenho e ergueu uma sobrancelha, trocando um olhar rápido e incrédulo com Liam. Ambos sabiam que a ruiva praticamente o idolatrava e que perdoava todas as merdas que ele a fazia - desde traições até humilhações. -, sem nenhum rancor. Sabiam também que Kyle a tinha como marionete favorita e que jamais a dispensaria facilmente por conta do peso do sobrenome Cowell. Sim, o término era uma boa notícia. O motivo era o que os preocupava.
– Terminaram?
– Na verdade, eu terminei com ele, Zayn, mas enfim... - a menina deu de ombros.
– E o motivo foi...? - Liam perguntou, cauteloso, e a ruiva automaticamente abraçou seu próprio tronco, ato que não passou despercebido aos olhos extremamente observadores de Zayn.
– Foi ele? - Liam perguntou entre dentes, levando a mão delicadamente ao local. Zayn forçou um pouco a vista e então entendeu a pergunta de Liam. Zayn respirou fundo, fechando os olhos e colocando as mãos em punho. “Controle-se por ela, Zayn. Controle-se por ” repetia mentalmente. Liam continuava impecável na missão de olhar nos olhos normalmente tão brilhantes e agora totalmente ofuscados de . - Por favor, responda. - mantinha o tom calmo, não querendo assustar a amiga que assentia, confirmando a teoria dele.
– Por favor, não o machuquem. - pediu com voz chorosa, sendo abraçada rapidamente por Liam.
– Suas coisas ainda estão no apartamento? - Liam perguntou e a ruiva mais uma vez assentiu. – Louis deve estar em casa, portanto deve te distrair enquanto vou com Zayn pegar suas coisas. - olhou rapidamente para Zayn, que concordou silenciosamente.
– Você vai morar conosco agora. Não volta naquele bairro pra nada, ouviu bem?
– Zayn, não posso aceitar. Eu só vou trazer problemas pra vocês! Não quero...
– Shhhh! - os rapazes declararam em coro e Liam tampou a boca de com a mão.
– Você vem com a gente. - Liam decretou e engoliu seco. Sabia que os meninos não tinham ideia de onde estavam se metendo.
Niall sentiu o sol em sua pele e resmungou. Mas logo um sorriso discreto se formou no canto de seus lábios ao abrir os olhos e ver dormindo angelicalmente sobre seu peito com um braço envolvendo seu tronco. Percebeu que tinha uma mão firme nas costas da garota e a outra estava entrelaçada com a mão de ao lado do seu corpo. Sorriu mais ainda ao imaginar a possibilidade de acordar assim todos os dias. Desejou protegê-la de todos os pesadelos para poder acordar e vê-la tão despreocupada como estava no momento. Depositou um beijo na testa da garota e foi bem sucedido na tarefa de sair da cama sem acordá-la. Se espreguiçou, olhando o sol brilhar pela janela e tirou o casaco, ficando só com uma regata branca e a calca moletom, seguindo para a cozinha.
ouviu passos ao longe e acordou, mas manteve os olhos fechados na esperança de que o sono voltasse trazendo Niall de volta - Sim, ela acreditava que fora um sonho. -, fofo e delicado como sempre. Conseguiu mentalizar por aproximadamente dez minutos, mas um barulho de lataria fez despertar num pulo e seguir para a cozinha cautelosamente. Seus olhos não conseguiam entender como aquilo podia ser real: Niall, num modelito que definitivamente o deixava mais desejável, arrumando torradas e suco numa bandeja enquanto reclamava de uma frigideira que havia acertado seu pé.
– Nialler? - chamou, ainda incrédula. O loiro virou com um sorriso encantador e a bagunça em que seu cabelo se encontrava a fez suspirar.
– Bom dia, princesa. - Niall se aproximou, depositando um beijo na testa da garota e a conduziu até a bancada, puxando um banco para que ela sentasse. - Dormiu bem?
– Sim, mas... – se sentou com o cenho franzido. - O que é isso? - perguntou, ainda confusa, enquanto Niall servia suco.
– Era pra ser uma surpresa, mas você acabou estragando. - brincou.
– Que horas são? – perguntou ao perceber que o sol já estava num ponto um tanto alto.
– Meio dia e alguma coisa. - Ela estava prestes a se manifestar, mas Niall continuou. - Não se preocupe. Eu liguei pra Wanda e disse que você estava doente. Então pedi pra ela reagendar todos os seus compromissos pra outro dia e os mais importantes, eu trataria pessoalmente.
estava boquiaberta. “Ok. O que faço pra acordar?” era o que ela pensava. Aquilo não podia ser real! Niall não estava cuidando dela daquele jeito. Quando ia protestar, a campainha tocou e ela viu Niall se distanciando para atender, ordenando com um simples olhar, que ela permanecesse sentada.
– Niall? – Harry perguntou, assustado ao ver Niall praticamente de pijama atendendo a porta da casa de . – O que você está fazendo aqui? – perguntou num tom extremamente afetado.
– Boa tarde, Harry. – Niall sorriu, ignorando a grosseria do amigo e indicou a sala. – Gostaria de entrar? - Harry não pensou duas vezes antes de adentrar o apartamento como um furacão e seguiu até onde estava sentada, com uma certa cólera em seus olhos.
– O que ele está fazendo aqui? – Harry apontou para Niall, que assistia a cena com vontade de rir. respirou fundo ainda sem acreditar que continuaria com a mentira. “Vamos lá” pensou.
– Ele está aqui pra me ajudar, Haz. Eu estava um pouco doente e já tinha combinado de conversar, então ele apareceu aqui e tomou conta de mim, aí começou a chover e já tava tarde. E claro que eu não ia deixar que fosse embora na chuva, não mesmo! Então eu pedi pra ele dormir aqui, só isso! – falou tudo muito rápido e levantou as mãos no final, demonstrando inocência e Harry a olhava com uma sobrancelha erguida.
– Tudo bem, não tenho tempo pra isso, realmente. – Harry ponderou. – Se arrumem rápido. Temos um problema pra resolver.
– O que aconteceu? – Niall perguntou num ímpeto.
– . – Harry olhou rapidamente para , que arregalou os olhos, pensando no que poderia ter acontecido com a amiga.
EIGHT
Niall e fizeram o percurso em direção ao complexo em silêncio, mas com os ouvidos abertos. Escutavam atentamente a história de Harry sobre como terminara com o namorado e estava indo morar com os meninos.
À porta do apartamento e com a chave na fechadura, Harry ponderou se deveria abrir ou não e, antes de fazê-lo, lançou aos amigos uma nota:
– Ajam normalmente. Se isso for possível. – Adentraram a passadas curtas e silenciosas, como se estivessem numa casa mal assombrada esperando pelo ataque do grande monstro. Passaram pela sala e pelo quarto dos garotos, para parar no quarto de hóspedes, onde adormecia serenamente na cama e Louis a observava de pé. – Há quanto tempo ela dormiu?
– Há uma hora. Quando finalmente parou de reclamar sobre o quanto não precisávamos fazer isso. – Harry deu um tapinha no ombro do amigo e sentou na poltrona ao lado da cama, vendo Niall e agacharam-se na altura de e acariciarem sua cabeça de leve.
– Eu sempre soube que aquele Kyle não prestava. – Niall enrijeceu-se. – Mas nunca pensei que fosse covarde. – Levantou, revoltado, e socou a parede. – Merda, como isso vem acontecendo com ela e ninguém percebe?
– A gente não podia adivinhar.
– Não podia? Cara, ela tá com um hematoma no rosto! Quantos já passaram por, sei lá, pela perna e pelo braço dela e nós estávamos tão preocupados com nós mesmos que não percebemos que a pessoa que mais nos ajuda está sofrendo? Quando foi que nos tornamos egoístas a esse ponto? – Louis e Harry abaixaram a cabeça, envergonhados. Sabiam que Niall falava a verdade e aquilo os deixava ainda mais embaraçados. era sempre alegre e divertida e fazia de tudo pelos garotos, apesar de ser sua “chefa” a garota insistia em manter uma boa relação com eles e agora, mais do que ninguém, era a única que acreditava plenamente na One Direction. – Eu só acho que a gente se perdeu e esquecemos o que realmente importa pra nós. – Niall encarou os amigos e a pequena e indefesa sonolenta. Depois percebeu o olhar de sobre si, aquele olhar que no fundo lhe encorajava, mas que também dizia que aquela não era a hora certa. – Querem saber? Deixa pra lá. – Ele coçou a cabeça, nervoso, e foi para seu quarto.
Instalou-se, então, um silêncio ensurdecedor no cômodo. Daqueles que apesar de não ouvir vozes, todos os pensamentos sovam altos e claros, repetidamente.
– Então... – tentou quebrar o gelo. – Quem está com fome?
Jogada no sofá com um balde de pipoca diet e um copo de vitamina de abacate, estava , zapeando os canais da televisão em busca de filmes que a pudessem distrair. Era exatamente isso que ela andava fazendo no fim de semana: buscando distrações. Sejam elas, sites de bate-papo, comida, garotos ou até um cachorrinho. Pensando bem, ela deveria mesmo ter um cachorro, pelo menos teria o que fazer em momentos como esse: passear, dar comida, banho ou até mesmo brigar sobre os chinelos roídos da Jimmy Choo.
“Com o tempo parcialmente nublado a região norte do condado Inglês terá leves pancadas de chuva que serão arrastadas por uma frente fria até a...” Zap
“Há espécies nativas de artiodáctilos de todos os continentes, exceto da Austrália e Antártida. A maioria vive em habitats...” Zap
“E mais uma vez a não tão querida da América, , causou problemas com o estúdio Pixar.” – “Epa”, ela pensou. – “Segundo o diretor do estúdio, havia sido convidada para doar sua voz a mais nova animação da Disney, “Corra que as galinhas vêm aí”, mas recusou-se a participar a menos que fosse a galinha principal. Pelo jeito ela realmente é uma galinha, já que não pensou nas pobres crianças africanas que sonham em ser a galinha coadjuvante. Já é a segunda vez que a garotinha fura com o estúdio e com uma campanha beneficiente. Estou certo, Lin Sun?” – O apresentador deu uma risadinha irônica e virou o rosto, mudando de câmera. – “Voltamos logo mais com The Soup, e vocês está ligado na E!”.
estava perplexa com os olhos ligados na televisão. Não acreditava nas calúnias que acabara de ouvir. Quer dizer, era verdade que ela havia se recusado a trabalhar com a Pixar, mas não por não ser a “galinha principal”, e sim por não ter tempo em sua agenda para voar aos EUA.
– Merda. – Ela gritou, farta. Finalmente, depois de tanto tempo, explodiu. Ainda se sentia suja por ter entrado nesse mundo, onde uma atitude errada lhe condenaria para o resto da vida. Sempre tinha sido mal humorada e pouco receptiva, mas era seu jeito de ser, não poderia, corrigindo, não deveria se sentir mal por ser quem é. Aí vem a mídia e faz exatamente isso. – EU NÃO POSSO MUDAR – Gritou mais uma vez e arremessou o controle no chão, fazendo com que as pilhas voassem ao redor da sala. No mesmo instante uma cena de quadrinhos aconteceu: uma luz ascendeu sobre a sua cabeça. “Mas eu posso fingir”, pensou, agarrando a lista telefônica e buscando o número da sua salvação.
– Filho da puta, mal amado, covarde... – Liam xingava enquanto tacava as roupas e pertences de dentro de uma bolsa que achara em seu guarda-roupa. Em outro cômodo, mais especificamente no banheiro, Zayn tentava distinguir o que era de sua amiga e o que era de Kyle, fazendo questão de jogar as coisas de Kyle fora, ou até mesmo na privada, quando reconhecia.
Após guardar a última peça de roupa, Liam saiu do quarto exausto e sedento. Sua boca estava seca de tanto xingar Kyle em palavras nada amigáveis. Com certeza o vocabulário de palavrões inglês havia aumentado depois daquela tarde.
– Já acabou, Zayn? – Liam entrou no banheiro e encontrou-o vazio. Seguiu por toda casa e revirou os olhos, ao encontrar o amigo na cozinha. – O que faz aqui? – Quando fechou a porta da geladeira viu Zayn com a boca toda suja de chantilly. – Não posso acreditar que você está assaltando a comida dele.
– Estou com fome. – Ele disse ao limpar o rosto.
– Acho que vim com o Niall e não me toquei. – Ele deu um tapa no ombro no amigo e deu uma risadinha. – Vem, vamos embora. – Ao caminhar para a saída ouviram o barulho de chaves balançando e o seu girar na fechadura. – Droga. – Liam sussurrou. Era Kyle.
Diferentemente do que pensaram, o garoto não parecia surpreso em ver os dois ali. Pra falar a verdade, ele estava se divertindo com as expressões mistas de susto e ódio em Liam e Zayn. Kyle jogou as chaves e carteira na mesa principal e riu ironicamente para os dois.
– Ainda bem que ela não veio pegar as coisas pessoalmente. – Ele falou com desdém. - Se viesse acabaria chorando e implorando pra voltar. Estou cansado de fazer favores.
– Cale a boca. – Liam trincou o maxilar e passou a bolsa, devagar, para Zayn. – Você não a merece. Não tem o direito de falar dela dessa maneira.
– Eu falo dela do jeito que quiser. – Disse pausadamente. – E sabe por quê? Porque eu passei dois anos morando com a vadiazinha, aguentando as crises de carência e ciúmes, fazendo o favor de aparecer nos jornais – As sensações que vieram a Liam no dia que socara Harry se repetiram, e toda a raiva e ódio que sentira do amigo, estava sentindo por Kyle, mas numa proporção infinitamente maior. - sorrindo e a anta não conseguiu nem um contrato pra mim. – Liam avançou no garoto a sua frente, que desviou rapidamente, como se já esperasse por aquilo. – Acho que esse amiguinho do seu lado deveria estar gravando essa cena. Se quer dar uma de macho deveria mostrar a sua namorada, como é o nome da piranha? , estou certo? – Liam tentou avançar novamente, mas Zayn segurou seus dois braços, mesmo que relutantemente.
– Sou bem mais macho que você. Pelo menos não bato em mulher.
– Bater? Eu apenas dei um empurrãozinho, ela que resolveu cair em cima da mesa. E nem limpou a bagunça, cretina. – Kyle andou pela sala e tirou seu casaco, jogando-o no chão e observando a paisagem da varanda, enquanto intercalava sorrisinhos. – Sabe, eu bem que sinto falta dela. Pelo menos alguém lavava os pratos.
– FILHO DA PUTA! – Liam gritou e balançou os braços, tentando soltar-se de Zayn. Apesar de que ver a cara amassada de Kyle fosse tudo o que Zayn desejasse, sabia que ao fazer isso, estariam igualando-se ao nível dele. E tudo o que menos precisavam naquele momento era perder a razão.
– Opa, opa, opa. Não xinguei ninguém aqui pra vocês começarem com isso. – Ele fechou a expressão, visivelmente irritado e caminhou na direção de Liam e Zayn, dando um tapinha no rosto do primeiro e soltando mais um risinho irônico. – E é melhor sair daqui, playboy, antes que eu chame a polícia por invasão de propriedade.
– Cretino. – Liam suspirou e soltou-se dos braços do amigo, indo o mais rápido possível pra fora da casa.
Não muito longe dali, no país da cerveja e da festança, estava no sofá do luxuoso hotel com a melhor vista de Berlim – isso foi assegurado pela recepção. Ela e Tom Dillman discutiam sobre o período de férias das escuderias. Coincidentemente o descanso dos pilotos da Rapax seriam no mesmo período dos engenheiros da McLaren e aquilo com certeza era incomum. O que significava que eles deveriam planejar o mais rápido possível suas férias. E de preferência bem longe dali.
– E eu vou poder nadar com golfinhos? – Ela perguntava, boba.
– Só se não me trocar por eles. – Ele torceu a voz, naturalmente ciumento. Uma coisa que percebera ao conhecer Tom melhor era que sua voz ficava um tom mais fina quando estava aborrecido, ou com ciúmes. Ela achava muito fofo.
– Não se garante, Dillmann?
– É claro que me garanto. Mas eles podem se garantir mais, não acha? Ouvi dizer que são bastante amigáveis.
– São animais! Realmente acha que vou lhe trocar por animais?
– Bom, você trabalha para animais... – Ele sussurrou.
– O que disse?
– Nada! É só que... – Tom suspirou, tentando buscar as palavras dentro de sua mente. – Eu não confio no Lewis e no Jenson, nem naquele Martin e muito menos no Dean.
– O Dean, sério? Urgh – Ela gemeu com nojo.
– A questão é que você está rodeada de caras que não tem nada a ver com você, está num ambiente rude e você é uma mulher, quer dizer...
– Epa! – Ela alterou a voz. – Já conversamos sobre o meu trabalho. Sabe que seria muito mais fácil dispensar você do que a engenharia.
– Outch. – Ele disse, fingindo-se ofendido. – Agradecido pela sinceridade. – Ele abaixou o olhar e afinou a voz. Com certeza estava aborrecido.
– Ah, qual é, Tom. Também já conversamos sobre o fato de estarmos em escuderias diferentes.
– O problema é que já conversamos sobre tudo, . – Ele a encarou no fundo dos olhos, expelindo todas as palavras presas na garganta. – Já conversamos, sobre a McLaren, já conversamos sobre o Jenson, nós até já conversamos sobre o Dean. Eu quero saber quando vamos conversar sobre nós. – Ele ajoelhou-se no sofá e segurou o rosto da garota com as duas mãos, firmemente, impedindo que ela desviasse a atenção. – Eu gosto de você, .
– E-eu também gosto de você.
– Shh. Deixa eu terminar: – Ele sussurrou. – Eu gosto de você e entendo todo o cuidado que está tendo para não assustar a McLaren a respeito de nós dois. E não deveria ser eu a dizer isso, mas estou cansado de esconder, sabe? Eu quero poder levar a minha garota ao cinema sem ter que me esgueirar entre as cadeiras, ou beijá-la em público sem levar um tapa na cara. Eu quero poder apresentá-la aos meus pais e levá-la para nadar com os golfinhos nas Bahamas.
– E se ela se apaixonar por um golfinho?
– Acho que posso viver com isso. – Lentamente, Tom aproximou seus lábios e selou-os num beijo simples. À medida que o tempo passava suas línguas iam ganhando ritmo e se entrelaçando, tornando o momento um pouco mais elaborado. As sensações que percorriam o corpo de iam se misturando com as de Tom, e assim eles continuaram até perderem o fôlego.
– Sua garota aceita ir às Bahamas. – Tom sorriu, comemorando. – Mas primeiro ela tem que passar pela reunião do Conselho.
– Isso vai ser moleza pra ela. – Ele lhe deu um selinho na esperança de transformá-lo em outro beijo demorado, porém ouviram batidas na porta e uma voz grossa e arrastada dizer: “Serviço de Quarto”. Ele desceu a cabeça até seu pescoço, bufando.
– Tom? – Ele respondeu numa tonalidade abafada. – Apesar de eu ter achado muito fofa essa história de “Romeu e Julieta deixarem de se esconder”, importa-se de ir ao banheiro enquanto eu abro a porta?
– Você é uma graça. – Ele levantou-se devagar, mas visivelmente desapontado, e seguiu para o banheiro numa corridinha um tanto espirituosa.
– Me desculpe.
– Oh, droga! – exclamou ao deixar cair os pratos de plástico no chão.
– Precisa de ajuda? – Harry abaixou-se e catou-os, colocando todos eles em cima da pia e observando a amiga.
– Não. Mas você parece que está precisando. – Ela deu um soquinho no ombro de Harry, que riu com a cena.
– Eu sou um babaca.
– O maior de todos. – Ela concordou, gargalhando.
– E eu peço sinceramente desculpas por... – ergueu o dedo indicador, como se estivesse pedindo silêncio assim que sentiu uma vibração estranha no seu corpo, ao ouvir um zumbido, teve certeza de que era seu telefone tocando. Ela apalpou as mãos pelos bolsos e, assim que encontrou o aparelho, colocou-o no ouvido.
– Tomlinson?
– Sim, sou eu.
– Oh, graças aos céus! É o quarto número que ligo. Será que você pode dizer à sua secretária Hyde que eu não sou parente de nenhum jogador argentino? Era só o que me faltava agora, ouvir falar que reneguei o parentesco com o Maradona. – Ela revirou os olhos ao finalmente reconhecer a voz de do outro lado da linha.
– Com certeza vou anotar sua observação, . – Harry ficou visivelmente desconfortável ao ouvir o nome da garota, mas não reagiu. – Você recebeu minha mensagem? Deixei uma no seu telefone residencial, mas não sei se esperei até o bip, ou se comecei a falar antes ou muito depois e você acabou...
– Exatamente por isso que liguei! – Ela interrompeu e foi nesse instante que a garota percebeu o quanto havia falado. “Controle-se , sua carreira não depende disso, não... Droga, depende” – Pra lhe ser sincera , não estou interessada em nenhuma campanha solo no momento, muito menos remunerada. Minha imagem não anda muito boa e acho que você entende o que quero dizer, não é mesmo?
– É claro que sim! – disse desapontada. Batia os dedos nervosamente na pia, pensando no que faria a partir dali.
– Mas apesar de alguns incidentes ocorridos seria um enorme prazer colaborar com a campanha beneficente da Lin Sun em parceria com a One Direction. Isso se você a reconsiderasse, é claro.
– Você está dizendo que... – Ela encarou Harry -que já não prestava mais atenção na conversa e estava contando números pares na cabeça- e o beliscou. – aceitaria trabalhar na campanha com os garotos?
– Se eu pudesse fazer uma pequena colaboração em dinheiro, também seria gratificante. – Ela pausou, suspirando. – No momento tudo que consegui foi um cheque de U$ 1.000.000 de dólares, mas meus patrocinadores vão continuar buscando mais.
– , seria incrível tê-la na campanha e receber a sua doação.
– Sério? Nossa, não sabe o quanto está me ajudando.
– Não sabe o quanto está me ajudando. – As duas riram sonoramente e Harry cutucou , assustado, fazendo mímicas como uma forca ou cortando-se com facas. – Então posso te passar um e-mail com horários para uma nova reunião?
– Claro! Estarei esperando. – As duas despediram-se amigavelmente e do outro lado ponderava se deveria ter sido melhor comprar o cachorro.
– , você não fez o que eu acho que...
– Você parou na parte do “estou sinceramente pedindo desculpas por...”... – Ela balançou o telefone nas mãos e voltou sua atenção aos potes de plástico, onde iria colocar os salgadinhos.
– Eu ia pedir desculpas por ter estragado a campanha, agora vou ter que pedir antecipadamente por estragar a outra?
– Não tem autocontrole? – Ela esgueirou-se até o armário e alcançou pacotes de salgadinhos. Abriu-os devagar, com o cuidado necessário para não rasgar o saco e fazer sujeira – como na noite anterior – e depositou-os nos potes de plástico.
– É claro que tenho, mas e se ela me provocar novamente?
– está realmente disposta a participar da campanha pelas crianças africanas.
– Até parece. – Ele revirou os olhos.
– Tenho certeza que ela irá colaborar. – parou por um instante o que estava fazendo e encarou Harry, esperando uma resposta. – E então? – Ele torceu a boca num ato pensativo e quando já haviam se passado alguns desconfortáveis segundos, declarou:
– Tomlinson, existem apenas quatro mulheres na minha vida que podem me obrigar a fazer alguma coisa, e estas são: minha mãe, Gemma, ... – Harry pegou um pote com uma mão e com a outra arremessou um salgadinho no rosto de . – E você.
– Que fofinho. – Ela o abraçou e beijou sua bochecha. – Sabe que um dia serão cinco as mulheres que farão isso, não sabe?
– Sei. – Ele comeu um salgadinho do pote e encarou a amiga por um mísero instante. - Eu tenho muito medo desse dia.
– Hey, Hazz. – Harry a encarou novamente. – Ela vai ser uma garota bem legal.
– Com certeza vai. Mas enquanto essa garota não chega, eu tenho pra me encher o saco. – Ele virou de costas, indo até a geladeira pegar bebidas.
– Sabe o que seria bem engraçado? – jogou os sacos de salgado fora e comeu alguns do pote. Ouviu ao longe o resmungo de Harry. – Se a sua garota fosse a .
– URGH! – Ele tirou a cabeça da geladeira e encarou , abismado.
– Admita, a história daria um ótimo livro.
– E um péssimo pesadelo. – Ele retirou algumas garrafas de cerveja e fechou a porta da geladeira. – Vem, vamos para o quarto antes que você imagine o casamento assombrado.
estava esparramada na cama king size do hotel uma estrela em que estava hospedada e vestia suas roupas mais confortáveis, o que aqui pode ser lido como o pijama de temática Phineas & Ferb que Liam tinha lhe comprado especialmente para a viagem de divulgação de Silent. Apesar de ser uma das escritoras mais bem pagas dos últimos tempos, nunca teve um gosto para o luxuoso. Preferia sempre lugares aconchegantes que a fizessem sentir em casa. Por isso, se hospedou num simpático hotel colorido onde muitas famílias estavam para aproveitar as férias.
Na mão direita, tinha uma maçã e na esquerda seu iPad, onde jogava entretidamente Where's My Water?.
– Quase lá! Estou quase lá! - Sorriu ao perceber que estava perto de bater o recorde. O que não demorou nem dez segundos pra acontecer. - HAHA! - gritou para o nome de Liam, que estava indo por água abaixo no hall de recordes. - QUEM ESTÁ EM PRIMEIRO AGORA, LIAM PAYNE? QUEM BATEU SEU RECORDE? QUEM?
– Liam não está aqui, ! - Drew, a representante da editora que acompanhava na viagem, saiu risonha do banheiro, vestindo um conjunto moletom cinza enorme, e se jogou na cama da amiga.
– Não me importo. Bati o recorde dele de todo jeito. - Deu língua e Drew balançou a cabeça, ainda rindo.
Ecoou pelo quarto a clássica Supercalifragilistiquespialidoce levando Drew a outra crise de risos. Nunca a entenderia. , por sua vez, se esticou para pegar seu Windows Phone em cima do criado mudo. Sorriu ao ver que era uma mensagem de Luke.
“ está com problemas. Liga a tv no E! agora. Luke xx”
Sem nem pensar uma única vez, seguiu o comando de Luke.
“Na manhã de ontem, Cowell foi vista no tão famoso Complexo Direction. O que não seria nada fora do comum se não fosse por Liam e Zayn terem sido flagrados aproximadamente uma hora depois pegando vários pertences da casa que a ruiva dividia com Kyle Everhart, levando tudo para o Complexo. E não, voce não ouviu errado. Ontem mesmo Harry Styles, Tomlinson e o próprio Kyle confirmaram o fim do relacionamento no Twitter. ‘Em aberto vaga para minha namorada. Candidatas, favor, apresentem-se no Hard Rock Coffee, 11 pm.’, anunciou Kyle. ‘Hey, ! Agora você já pode casar com o Lin e ser condenada a ser minha forever!’, brincou . ‘ é uma princesa que, graças a Deus, se livrou da maldição. E eu não poderia estar mais orgulhoso.’, tuitou Harry. Não se sabe ao certo como tudo aconteceu, mas...” – não deixou Giuliana terminar de falar. Correu para seu telefone e discou os números tão conhecidos por ela.
Mas então se lembrou do que a impedia de apertar o call. tinha prometido a si mesma que não entraria em contato com Liam. O motivo? Tinha medo da reação que Silent causaria em seu melhor amigo. Por mais inocente que a estória fosse, ela sabia que atingiria Liam profundamente por se tratar da história dele. Estremeceu ao lembrar desse pequeno detalhe e então apagou o número, discando assim para a única pessoa que a atenderia. E que, por alguma razão, não a estava atendendo. então desistiu da terceira vez que ouviu a voz eletrônica proclamar que o celular de estava fora de área ou desligado. Bufando, discou os números do celular de Louis. Logo no segundo toque, a ligação foi atendida.
– Louis, ai, graças a Deus alguém atende telefone nesse país! Por favor. Me diga que ela está bem. – disparou.
– ? – perguntou com a voz embargada. então olhou seu relógio e calculou que já era madrugada em Londres.
– Desculpa estar te ligando a essa hora, . Sinto muito mesmo! Mas eu preciso saber como ela está. – Despejou e Drew a olhou assustada. Ouvir uma risada fraca de do outro lado a acalmou parcialmente, mas só parcialmente.
– Ela está bem melhor agora, . Mas... Como ficou sabendo?
– Luke me mandou uma mensagem, mas eu vi a história no E! Tá todo mundo comentando.
– Claro. Porque descrição é o sobrenome dos meninos. – Riu.
– Como aconteceu? – perguntou, apreensiva.
– Eu ainda...
– , preciso de você aqui agora! - estremeceu ao reconhecer a voz que chamava pela amiga.
– Liam? O que houve? - perguntou, visivelmente preocupada.
– ME SOLTA, TOMLINSON! - pode-se ouvir gritar e só então percebeu que o irmão não estava na cama com ela.
– Rápido, ! - a voz de Liam foi perdendo a intensidade e deduziu que ele havia se afastado.
– ! Me escuta: cuida da . Eu tô chegando. - declarou.
– Depois eu ligo, . God bless. - falou rápido e desligou.
ainda estava estática e zilhões de pensamentos lhe ocorreram do que realmente havia acontecido com . Conhecia a ruiva a pouco tempo, mas já tinha um carinho especial por ela, a tinha cativado – como a todas as pessoas a seu redor. Sem hesitar, olhou para Drew suplicante.
– Me mande pra Londres agora.
– ME SOLTA, LOUIS! OLHA QUE EU CHAMO O MEU PAI!
, abismada, levou as mãos a boca ao contemplar a cena: , visivelmente alterada, vestindo apenas uma camisa enorme e lingerie, praticamente num combate corpo a corpo com Louis.
– , você precisa voltar pra cama. - Louis forjou calma ao finalmente conseguir pegá-la nos braços.
– ME SOLTA, LOUIS! O KYLE PRECISA DE MIM! – Ela se debatia, tentando a todo custo se livrar de Louis e acabou caindo, revelando uma mancha num tom roxo-esverdeado localizado em sua barriga.
Ninguém disse nada. Uma simples troca de olhares era o suficiente. tratou de desviar o olhar para a lâmpada do corredor na tentativa de prender as lágrimas que queriam sair. Louis passou as mãos pelos cabelos freneticamente na tentativa de se acalmar. Liam já tinha as mãos em punho, se controlando para não sair de casa no mesmo instante atrás de Kyle e mandá-lo, pessoalmente, para o inferno. se cobriu rapidamente ao perceber a reação que tinha causado. Tentou se levantar, mas caiu novamente, atraindo mais uma vez o olhar de sobre si. olhou para os rapazes a sua frente, que assentiram simultaneamente. Enquanto se abaixava à altura de com o suporte de Louis para levá-la ao quarto, Liam se afastava para acordar Zayn – uma tarefa que seria um tanto impossível, se não soubesse como fazê-lo – para ajudar . Assim que Louis deitou na cama, a mesma se encolheu, começando um choro compulsivo. A menina Tomlinson prensou os lábios, impedindo a si mesma de chorar.
– Vão ficar aí parados olhando pra mim? Ou entra ou sai. – esbravejou e os Tomlinson nada responderam. Apenas suspiraram trocando olhares e Louis assentiu, saindo do quarto. – Ótimo. Um já decidiu, só falta a outra. – Zayn entrou no quarto de forma afobada, meio atordoado por conta da forma como fora acordado – com um tapa em sua cara e um grito de “ está tendo uma recaída”. - e se pôs ao lado de . – O que ele está fazendo aqui?
– Ele veio te trazer sanidade. - Zayn respondeu com a mesma gentileza da garota, sentando-se na cama ao lado da ruiva. Odiava ter que tratá-la desse jeito, mas sabia que era a única forma de confrontá-la e ser bem sucedido.
– Estou sã. - declarou convicta, rumando para o guarda-roupas à procura de suas malas. - E preciso ir atrás de Kyle pra...
– Pra apanhar de novo? - estremeceu ao ouvir a indagação de , mesmo que a voz da amiga tenha saído baixa. – Vai se submeter a isso de novo, ? – Sua voz falhou, mas ainda assim estava séria.
– Não sei do que você está falando. – a ruiva jogou algumas roupas na cama.
– , por que está fazendo isso? – Suspirou, cansada.
– Não estou fazendo nada.
– Exatamente! – Jogou os braços ao lado do corpo e se aproximou da ruiva, forçando-a a olhá-la. – Você não está fazendo nada de diferente. Caso não tenha percebido, você mesma disse que vocês terminaram pra valer, que não tinha sido só uma discussãozinha besta como das outras vezes. – nunca tinha visto a menina Tomlinson falar com aquela seriedade. Ela era sempre quem esbanjava e exigia sorrisos e mesmo nas situações mais tensas, e agora parecia estar finalmente se comportando como uma pessoa adulta no meio de uma discussão séria.
– Ele precisa de mim. – disse num fio de voz, ainda transbordando temor por .
– Mas você não precisa dele. – com essa declaração, fez Zayn sorrir. Há algum tempo, quando terminou com Alex Pettyfer, ele disse a mesma coisa quando ela, chorando, disse que Alex pediu pra voltar. Não que tenha sido um relacionamento ruim, mas Zayn sabia que não era plenamente feliz, principalmente por ter sido algo provocado pela mídia: a jovem designer em ascensão e um dos atores mais badalados da nova geração com uma amizade promissora que foi logo taxada como um namoro fofo. O agente de Alex e até mesmo o próprio Pettyfer e acharam que seria divertido levar essa estória adiante. Com o tempo, mentir estava se tornando insuportável para a menina Tomlinson e então ela chegou num acordo com Alex, findando o relacionamento. Mas então, alguns dias depois, recebeu uma ligação do agente de Alex, apelando para o lado altruísta de ao dizer que o garoto estava sofrendo por conta do término. A menina se comoveu e até mesmo cogitou a possibilidade de retomar a farsa, entretanto Zayn exerceu seu papel e autoridade de melhor amigo para impedir que sofresse com isso. Mas isso não vem ao caso no momento. A atenção deve ser dada a .
– Mas e se eu precisar dele? - perguntou com voz fraca e sorriu docemente.
– Você nunca precisou dele. - colocou uma mecha da ruiva para trás. - Você nunca vai precisar. - abraçou a amiga com algumas lagrimas em seu rosto. Zayn se juntou ao abraço, depositando em beijo no topo da cabeça de cada um enquanto afagava seus cabelos simultaneamente. O abraço só se rompeu quando perceberam que a ruiva já estava dormindo. Aos risos, deitaram a ruiva na cama e a cobriram.
– Você foi ótima, . - Zayn a apertou quando já estavam na porta.
– Sério? - perguntou, já livre dos braços do amigo, que assentiu. - Eu estava tentando agir como o Liam na época que... Bom, você sabe. Naquela época. - deu de ombros e Zayn de repente se sentiu levemente desconfortável. A época a qual se referia era a mesma quando Liam movia céus e terra para impedir que os amigos fizessem alguma burrada, logo no começo da banda.
– Bons tempos. - concluiu, engolindo seco, e sorriu fraco.
– Eram sim.
– Bom, eu vou dormir.
– Tudo bem. Eu vou ficar por aqui mesmo. - Apontou para o quarto e Zayn concordou.
– Então, boa noite. - depositou um beijo na testa da menina. - E não hesite em me acordar se precisar de mim.
– Já tiramos seu sono o suficiente por hoje, por isso está liberado o sono da beleza eterna, se quiser. - Riu e Zayn rolou os olhos. - Não vou te incomodar mais, Z. Ainda existem Harry e Niall nessa casa. - a última frase parece ter destravado algo na memória de Zayn, que antes mesmo de filtrar as palavras, já tinha ouvido em sua própria voz e sentia um sorriso sacana em seus lábios.
– Falando em Niall, soube que ele dormiu no seu apartamento. Como foi? - A resposta imediata foi o sorriso murcho de , que se apresentou junto com suas bochechas coradas.
– Boa noite, Zayn. – Falou, antes fechar a porta e Zayn riu discretamente.
Voltou para seu quarto e deitou novamente na cama, ainda com um sorriso nos lábios. Lembrou então de quando começou a amizade dos dois: a garota Tomlinson que praticamente voou no pescoço do irmão quando se reencontraram assim que a One Direction foi formada, gritando um “Sabia que você ia conseguir!” repetidamente. A menina de longos cabelos castanhos com algumas mechas roxas e uma franja picotada que fazia jus ao nome Tomlinson e quase nunca parava de gritar agora se tornara uma mulher bem sucedida e séria. Não que tivesse deixado de ser uma “eterna criança”, mas sua evolução era perceptível e Zayn a considerava consumada nos últimos minutos quando ela acalmou . Ele puxou o celular para fazer uma coisa rara, mas que no momento considerava necessária. Logou a conta da banda no twitter e, sorrindo, escreveu:
“Tenho muito orgulho das minhas meninas @Tommo & @MissCowell. E não, não é qualquer idiota que vai conseguir o coração delas. :D x Zayn”
Nine
Harry acordou se sentindo um tanto atordoado. Mas o que quer que fosse que fazia seu coração palpitar se findou no mesmo instante em que adentrou o quarto e viu e dormindo angelicalmente, permitindo que um sorriso aliviado brotasse em seu rosto. Seguiu para a cozinha após decidir que seria melhor deixar as garotas dormindo, principalmente por conta dos últimos acontecimentos. Sem mais delongas, se pôs a preparar o café da manhã enquanto assobiava uma cantiga infantil.
– Pela quadragésima vez, Zayn: ISSO NÃO TEM FUNDAMENTOS! - ouviu a voz de Niall se aproximando.
– Já pensou se minha hipótese tem fundamentos? - Zayn retrucou e a curiosidade de Harry se ativou. Embora ainda estivesse assobiando, estava atento à conversa.
– Por acaso sabe de algo que eu não sei? - o loiro cruzou os braços e Zayn mordeu o lábio em sinal de insegurança e hesitação. Não diria nada a Niall sobre sua conversa com , ia contra seus princípios. Mas faria alguma coisa – mesmo que depois sua melhor amiga o matasse – para que ele descobrisse sobre os sentimentos dela.
– Como explicaria esse seu interesse repentino em cuidar dela? - perguntou se admirando por ter pensado tão rápido. Harry nem sabia do que se tratava, mas conhecendo o tom que Zayn adotara, tinha que admitir que foi uma boa escapada.
– Eu sempre cuidei dela, entendeu? - o tom sério de Niall pegou ambos os ouvintes de surpresa, afinal isso era extremamente raro. - De uma forma distante, mas cuidei. Me importo e me preocupo com ela, ao contrário daquele idiota que apelou pensando só na própria imagem e quase conseguiu fazê-la abrir mão da própria felicidade. Por isso estou fazendo todo o possível pra que sinta e entenda que é única, uma princesa e que ninguém, ouça bem, ninguém tem o direito de fazê-la se sentir menos que isso. - Os olhos de Harry pareciam querer sair de orbita nesse momento. Nem mesmo o assobio se sustentou. Niall tinha falado de uma forma tão pura e sincera sobre sua Little Stylinson, que ele tinha certeza que nem mesmo Louis se permitiria sentir ciúmes.
– E ainda diz não estar apaixonado. - Zayn riu e Harry franziu o cenho.
– Não estou. simplesmente merece ser tratada assim. - Niall concluiu finalmente, entrando na cozinha e sendo seguido por Zayn.
– Taí. Eu aprovo Niall Horan como concunhado. – Harry sorriu enquanto colocava sua experiência culinária na mesa, vendo os dois garotos a sua frente ficarem estáticos. Sentiu um calafrio passar por seu corpo no mesmo momento em que percebeu o que havia dito. Há tempos não se dirigia a um “pretendente” de desse jeito. Isso significava que estava vinculado a Louis querendo ou não e assim a menina se tornava sua pequena cunhada, sua pequena Stylinson.
– Você ouviu? - Zayn perguntou com receio e Harry suspirou aliviado ao perceber que eles não perceberam sua pequena reflexão.
– Não, não. Ontem eu adquiri o poder de ler mentes e resolvi testar invadindo a discussão psíquica que você tinha com meu concunhado. - Apontou de Zayn para Niall, que bufou e seguiu para a geladeira. Mas dessa vez já parecia que era algo normal, como se nada tivesse acontecido.
– Não sou seu concunhado. E quando digo que não – Apontou a caixa de leite para Zayn, que estava prestes a se manifestar. -, é não mesmo. Algum cara de sorte vai receber esse título um dia.
– Você cuida da pequena , é meu amigo e, desde que não encoste um dedo sequer nela, eu e Louis deixamos o Niall júnior vivo. Quer ter mais sorte que isso? - Harry encostou no balcão, levantando as mãos e Niall rolou os olhos.
– OH MY GOSH! - gritou do andar de cima e os três para lá rumaram sem nem ao menos hesitar.
– O que foi? - Zayn foi o primeiro a perguntar ao encontrar sua melhor amiga cruzando o corredor desesperadamente, entrando e saindo dos quartos, revestida do agasalho da seleção inglesa. Não aguentando mais ver a garota como um fantasma perturbado, Niall a parou, segurando a menina pelos ombros.
– , o que houve? - tirou uma mecha dos cabelos molhados da garota, que haviam grudado em sua testa.
– Liam sumiu. - respondeu, mordendo o lábio quase freneticamente e Niall suspirou aliviado.
– Ele foi correr. Hoje é quinta feira, lembra? - falou calmo e a garota suspirou sonoramente, lançando a Niall um sorriso aliviado e agradecido que foi logo correspondido. Harry e Zayn se entreolharam com um sorriso malicioso, quase diabólico, deixando claro que tinham o mesmo parecer quanto ao casal a sua frente.
– Credo, gente. Que sorriso do Coringa é esse? - apareceu no corredor vestindo uma camisa do Ramones que havia roubado de Harry e shorts verdes, secando os cabelos na toalha.
– Bom dia, sweetie. - Zayn sorriu após um breve e incômodo silêncio. Ninguém sabia ao certo como reagir apos o incidente do dia anterior, então Zayn optou por agir da forma mais descontraída possível, o que aparentemente funcionou, pois sorriu em resposta. – Dormiu bem?
– Sim, sim. Toda vez que eu acordava, olhava pra e voltava a capotar. - Riu. - É realmente tranquilizador e um tanto sonífero vê-la dormir. Parece até um anjinho. - apertou as bochechas da amiga, que sorria boba.
– Parece mesmo. - Niall riu fraco, lembrando da noite que passou no apartamento de e de quanto teve que resistir a vontade de continuar na cama ao seu lado.
– Como poderia saber disso, Niall? - Harry ergueu uma sobrancelha e tanto o loiro quanto ruborizaram violentamente.
– Quem tá com fome? - disse, indo em direção às escadas e puxou Harry - que ria - pelo braço, seguindo o mesmo caminho de Niall.
– O que eu perdi aqui? - franziu o cenho e fez um gesto estranho com as mãos.
– O que acha de juntar um certo senhor irlandês com uma certa garota Tommo? - Zayn propôs, entrelaçando seu braço ao da ruiva, seguindo para a cozinha.
– Uuuh, me parece bom. - Respondeu, realmente animada com a ideia. - Mas e o caso -Payne?
– Deixemos com Stylinson.
Assim que os dois últimos chegaram à cozinha, o assunto “dotes culinários e teatrais de Harry” foi posto em pauta. As meninas aprovaram ambos tópicos, encorajando o mesmo a se aprofundar nos seus novos hobbies. Já os garotos, bom... Também apoiaram o companheiro, mas se não fosse pela campainha uma briga infantil estaria acontecendo. No momento que a menina Tomlinson se voluntariou para ir à porta, Harry reprimiu sua vontade de perguntar a Niall se ele não queria acompanhar sua zinha, inha, inha até lá, já prevendo o olhar de reprovação e mais uma semana brigado com a garota.
– ? - não sabia se estava surpresa por ver a garota a sua frente, afinal ela deveria estar divulgando seu novo trabalho nesse exato momento, ou por estar sendo abraçada de forma quase suplicante pela segunda vez na mesma semana.
– Desculpe a demora, mas eu só consegui um vôo meia hora depois de falarmos - falava rápido, gesticulando exageradamente a medida que entrava na casa. - e ainda teve um problema na escala em Lisboa por conta de problemas técnicos, fora que eu sentei ao lado de um escocês nojento que só sabia comer rosquinhas e tomar vodka, isso porque eu nem mencionei que...
– Ei! Peraí, coração! Para ou você pifa! – Tampou a boca de , que finalmente parou e respirou fundo, concordando com a amiga. – Garota, o que você tá fazendo aqui? – perguntou num tom reprovador.
– , tá tudo bem por aí? – Harry apareceu na sala após ouvir vozes um tanto elevadas, mas parou ao ver . – ?
– Olá, Harry. – ela acenou. – Como está? – Harry abriu a boca, mas continuou. – Não, não precisa me dizer. Me diga apenas como está.
– Bem, na verdade, melhor que eu. – Respondeu com o cenho franzido e um simples olhar direcionado a foi o suficiente pra que ele percebesse que ela pensava a mesma coisa. – Liam sabe que está aqui?
– Por que haveria de saber? Não foi por ele que vim! – Ela pôs as mãos na cintura, fazendo um beicinho doce. certamente estava agradecendo às forças superiores por Liam não estar naquele momento. Ele teria, sem dúvidas, reconhecido sua posição infantil como uma técnica defensiva. – Onde ela está?
– Na cozinha, mas... – Harry foi interrompido pelo furacão , que correu velozmente até a cozinha. – Tanto faz né? Quem liga pra o que digo mesmo? – Ele disse um tom mais alto para que ela pudesse escutá-lo.
Ignorando o comentário do amigo, não mediu tempo para que pudesse abraçar o mais forte que podia – tão forte que a deixou sem ar.
– Ai meu Deus! – Disse , gofando. – Liam sabe que está aqui?
– Por que todos perguntam isso? – Ela revirou os olhos, emburrada. – Eu vim aqui por você, florzinha! – Harry e entraram novamente na cozinha, rindo baixo. “E veio pelo Liam, também”, pensaram todos.
– Por mim? O que eu fiz? – Em um momento pensativo, encarou a todos na cozinha que - ao contrário - evitavam olhá-la e falar sobre o acontecido. A ruiva baixou a cabeça com um sorriso envergonhado no rosto. – Não se preocupe, eu estou bem.
– Mentirosa! – Disseram em coro.
– Ok, ok. Não tão bem. Alguns momentos de recaída, mas tentando levar na medida do possível. – Ela disfarçou a voz embargada ao ir pegar um copo de suco na geladeira. – Afinal eu não preciso dele. – deu uma piscada cúmplice para , que sorriu orgulhosa.
– Pra falar a verdade eu sei exatamente do que você precisa. – Todos encararam esperando a nova proposta. – Um dia de garotas!
– Ah, não acredito! Não faço isso há anos. – gritou animada.
– Seria incrível!
– Eu conheço um SPA ótimo aqui perto, posso ligar e reservar uma hora pra nós três. – As outras duas pulavam animadas enquanto Lindsay alcançava seu telefone celular na bolsa e discava os tão conhecidos números do Clube de Interação Londrino, que contava com um ótimo serviço de relaxamento em grupo, massagens, tratamentos de beleza e até manicure e pedicure.
A garota saiu da cozinha tentando fugir do barulho para ouvir a chamada telefônica, com o dedo mínimo na boca – uma de suas manias era roê-lo – e deu de cara com um Liam suado e assustado.
– ?
– Clube de Interação Londrino. Katherine. Bom Dia. – Apesar de ter se preparado para o momento que encontraria Liam novamente depois de ter entregado o livro, nunca imaginara que pudesse ser dessa forma. Quando imaginou a reação do amigo, repetidas vezes, – e esta ia desde orgulho à repugnância - em todas elas conseguia saber sua opinião apenas sustentando seu olhar. Naquele momento real, ele estava confuso. E ela mais ainda. – Alô? – Disse uma moça de voz enjoada.
– Ah, me desculpe, foi engano. – Ela apertou no botão vermelho sem nem mesmo desviar a atenção de Liam. – Olá. – Disse num suspiro.
– O que...
– Vi a notícia de na Televisão. – Interrompeu o amigo, falando rapidamente.
– Ah, claro. – Ele coçou a cabeça, nervoso, e calou-se. não fez diferente, já que voltara a roer sua unha e esperou pacientemente que alguém viesse interrompê-los ou fazer piadinhas maldosas. Nada. – Eu tenho que ir. – Ela passou por ele e alcançou a maçaneta, virando as costas.
– Espera! – Ele segurou seu braço de uma forma carinhosa, o que fez com que ela virasse seu olhar. – Quanto tempo vai ficar? – abriu a boca para responder, mas fechou-a novamente. Quanto tempo iria ficar?
– Eu não sei. – Gaguejou.
– É claro. - Ele assentiu com a cabeça e deixou-a ir. ainda teve tempo de ouvir gritos, provavelmente vindos da cozinha, antes de sair.
Tom Dillmann estava animado, muito eufórico se quer saber, mas aquilo não era por estar no melhor restaurante espanhol, ou por estar um clima incrivelmente ensolarado ou ainda por suas férias estarem a uma semana de distância. Tom Dillmann estava animado por tudo isso e ainda mais por estar sentado ao lado de sem precisar estar se escondendo atrás de cardápios ou se esgueirando por bosques.
Apesar de não ter se decidido ainda se deveria assumir seu namoro com Tom, sabia que estava devendo um almoço a ele, e por que não tomar um bom vinho branco enquanto degustava aperitivos típicos espanhóis? Como bônus, sabia que ninguém da McLaren iria sequer pensar em aparecer por ali. Todos estavam preocupados demais com a reunião do conselho – que estava prestes a cortar funcionários - para saírem para se divertir.
– Já escolheu, ? – Ele perguntou carinhoso.
– Ainda não. Pode pedir por mim. – Ela fechou o cardápio sorridente e passou a observar o local requintado que estava. As paredes possuíam uma arquitetura gótica, com vitrais e três torres pontiagudas centrais, as mesas de vidro cobertas por uma toalha branca possuíam como enfeite um grande jarro de flores orientais (daquelas que só dão em épocas específicas do ano) e os garçons se vestiam com smokings brancos meio fraque.
– Gostou do lugar? – Ele perguntou, assim que seu olhar caiu sobre o dele. Tom sabia o quanto adorava todos os lugares que visitava, ela queria gravar cada detalhe de cada coisa e arquivar no seu álbum fotográfico imaginário.
– É lindo. Obrigada por me trazer aqui.
– Não foi nada. – Ele alcançou o vinho num balde de gelo e completou a taça dos dois de um jeito bem galante. – Eu podia te levar a lugares assim o tempo todo, sabe...
– Ah não! Não vamos começar com isso de novo. – Fez biquinho. – O dia está ótimo e eu estou muito feliz, coloquei até um vestido pra comemorar. – Ela apontou pra si mesma e para o vestido florido tomara que caia que usava, ouvindo a risada de Tom logo em seguida. Ele também sabia o quanto ela ODIAVA usar vestidos.
– Tudo bem, vamos mudar de assunto. – Ele levantou os olhos, tentando buscar algo interessante para conversarem. O fato é que passaram tanto tempo juntos nos últimos dias que as vezes ficar em silêncio era inevitável. – Ansiosa para a viagem? – Arriscou.
– Muito! Minha mala já está pronta e todo dia estou checando se esqueci de algo, como o protetor solar e o biquíni.
– Por mim você pode esquecer tudo... – Ele insinuou, recebendo um tapão em seguida.
– Safado! Sabe o quanto sou organizada e ainda vem zombar de mim.
– É divertido. Você fica fofa envergonhada.
– Eu fico fofa? – Ela perguntou, desconfiada.
– Uhum. – Tom aproximou-se devagar e deu-lhe um beijo demorado, apenas largando-a quando sentiu uma mão pesada em seu ombro.
– Ora, ora, ora. Justo o casal que eu queria ver. – A voz de Lewis Halmilton ecoou pelo salão e se viu encurralada.
– Ai querida, você pode apertar mais no meu ombro? – pediu educadamente, sendo atendida pela massagista logo depois. – Assim mesmo! – Depois de dar um sorriso aliviado, olhou para as duas amigas nas macas ao lado. – Obrigada por me trazerem aqui gente, eu estava realmente precisando relaxar.
– E eu também! A turnê de divulgação tem sido estressante. – Declarou de olhos fechados, tentando apreciar a massagem.
– Ah, e vocês falam como se aturar cinco marmanjos mimados, dirigir um grande ateliê e tentar não sujar o seu nome com fosse fácil.
– Pensei que ele já estivesse sujo, .
– Ele estava, até eu receber uma ligação dela no sábado pedindo pra retomar a campanha.
– Por que ela faria isso depois de ser humilhada pelos garotos?
– Eu sei lá. – agradeceu à moça que lhe serviu e ajeitou a toalha no corpo, sentando-se na maca. – Ela pode estar planejando matar todos eles à queima roupa se disser à imprenssa o quanto ama o atelier Lin Sun. Na verdade se ela fizesse isso resolveria todos os meus problemas. – As três gargalharam alto, distraindo-se.
– Queria eu ter alguém pra dizer o quanto ama os meus livros... – Declarou quando conseguiu parar de rir.
– Ah, você tem, amiga. Liam está na área para isso! – cutucou , piscando marotamente.
– Tenho certeza que ele não vai amar esse...
– Você diz isso de todos os livros, e no fim ele sempre adora.
– Dessa vez é diferente... – As outras duas a encararam de forma a incentivá-la a continuar. deu um longo suspiro, tomando coragem. – O livro conta a história dele.
– O QUÊ? – As duas disseram em coro, assustadas.
– É claro que eu usei um pseudônimo, mas qualquer um que conheça a história do Liam vai desconfiar.
– E você escreveu esse livro pra mostrar a sua história.
– Sim. – Ela assentiu com a cabeça, mesmo sem entender o que tinha respondido, mas voltou atrás logo depois. – Quer dizer, não. Eu não sei... Eu só tive vontade de retratá-lo como era antes, sabe? Antes de se tornar o Liam fofinho que todos acham o máximo, ou o Liam que me protege. Queria lembrar como ele era quando...
– Quando era seu. – completou novamente.
– Quer parar com isso? – revirou os olhos de forma agoniada. – Olha só, querida. Eu acho que você deveria conversar com ele – abriu a boca para defender-se e fechou-a quando viu o dedo indicador da ruiva no ar. -, não espere que ele venha até você, porque se como falou, está bastante óbvio que se trata dele, com certeza Liam se magoará. Não com você, é claro, mas a história é repleta de mágoas. Então tente explicar que você tentou dar a amizade de vocês dois esse presente e que pede desculpas por ter escondido todo esse tempo.
– E se ele não aceitá-las?
– Ah, qual é, como se ele já não tivesse perdoado coisa pior...
– Vai Liam, pega logo esse casaco. – o empurrou para dentro do vestiário e esperou pacientemente a sua volta. Passaram-se cinco minutos, e depois mais dez, até que finalmente ele saíra cabisbaixo. – O que aconteceu?
– Nada. – Liam vestiu o casaco e colocou o capuz, não podendo esconder o olho machucado.
– Quando isso aconteceu?
– Já estava no meu rosto.
– Não, não estava! – Liam balançou a cabeça e franziu o cenho, tentando fazer com que se passasse de louca. – Quem fez isso com você?
– Fui eu, maninha. – estremeceu ao olhar pra trás e dar de cara com seu irmão e sua “gangue” ao encalço dos dois. – Algum problema? Acha que eu deveria ter batido com mais força?
– Você é um covarde, como é que faz isso? – Apontou para Liam, indignada.
– Não eu não sou. Sabe quem é o covarde? – Puxou Liam pela gola e o jogou no chão. – É ele, que além de não saber revidar, precisa de uma garota para defendê-lo. Mas não se preocupe , isso não vai acontecer mais.
– Assim espero.
– Porque ele não vai ter mais ninguém para defendê-lo. – Goyle encarou-a de forma sugestiva e ameaçadora, depois agachou-se ao lado do garoto – agora assustado – e apontou para a barriga dele. – Eu quero que você o chute, bem aqui.
– O quê? Eu não...
– AGORA! – Gritou. estava espantada, sabia que quando o irmão se exaltava dessa forma em casa, ele costumava quebrar tudo o que via, obviamente nunca levantara a mão para , mas ela tinha vários flashes dos dois colando os pedaços do abajur quebrado. – Se não fizer isso, eu vou. E farei questão de fazer você assistir a tudo isso. – Ele olhou de canto para os amigos, que foram para o lado de , impedindo-a de correr. Naquele momento ela tinha uma decisão difícil a fazer: chutar Liam ou se recusar a chutá-lo e vê-lo sendo espancado. – E aí, maninha? – Sem nem mesmo olhar para Liam, o chutou de leve. – Ah, qual é, mais forte. – Aumentou a força. – MAIS FORTE. – Fechando os olhos e sentindo as lágrimas descerem, ela finalmente o chutou do jeito que fora pedido.
– Eu não tive culpa naquele dia, fora obrigada! – Defendeu-se.
– Ninguém é obrigado a fazer nada. Você escolheu chutá-lo a vê-lo sofrer mais. Agora você escolheu escrever esse livro para retratar a dor dele a guardá-la para sempre. Tenho certeza que ele será grato por isso. – levantou-se da maca, indo em direção à banheira com sais, quase deixando a sala.
– E se não for?
– Bom, pelo menos valeu a tentativa. – E saiu.
Ten
– Eu já disse que não vamos regravar More Than This!
– E por que não? Fez muito sucesso na época. – Niall declarou.
– Do mesmo jeito que Live While We're Young deveria fazer, mas olha só. – Louis engoliu o último pedaço de seu sanduíche antes de lamber os dedos. – Se não tivéssemos um plano B na época, estaríamos ferrados.
– Nós estamos ferrados. De uma forma ou de outra. – Liam soltou, desinteressado.
– Ainda bem que vocês sabem disso e não preciso lembrá-los. – Paul adentrou no cômodo com uma pasta transparente na mão e folhas de papel na outra. – Bom, antes de começarmos eu queria fazer algumas declarações, como... – Ele olhou a sala inteira e percebeu a presença de apenas quatro integrantes. – Aonde está o último?
– Se achando demais para vir a uma mera reunião, senhor.
– Aaah, desculpa o atraso, pessoal. – Harry entrou na sala, cabisbaixo. – Eu tive um telefonema urgente.
– E quem seria mais importante que o Sir Paul? – Zayn o cutucou. Isso era típico, ao invés de encobrirem uns aos outros, preferiam entregar-se. Paul levantou as sobrancelhas esperando uma resposta.
– Ann... – Ele coçou a cabeça. – Minha mãe. – Mentiu.
– É... – Paul avaliou a situação, cuidadosamente. – Plausível. – E se virou, colocando a pasta numa mesinha de centro. Harry suspirou aliviado por ter conseguido sair ileso. A verdade era que tinha recebido a ligação do Diretor do estúdio da Lionsgate dando-lhe o papel principal de um filme sobre a vida de Mick Jagger. Parece que além dos dois serem muito semelhantes, Harry tinha um jeito peculiar como o cantor e isso acabara agradando os “jurados”. O assistente do diretor ficou encarregado de dar a ele todas as informações sobre reuniões, roteiros e filmagens, sendo esta a razão para tanta demora. – Eu espero que tenham entendido o porquê de eu fazer essa reunião sem nossa tão querida . – Paul virou-se para os cinco com uma expressão sombria.
– Por que ela precisa relaxar?
– Quase, caro Niall. – Paul sorriu levemente para o inocente Niall, para gritar logo depois. – Porque quero poder xingá-los a vontade. – Os meninos o encararam, assustados. - Espero que tenham trazido um tapa ouvidos, porque isso vai demorar...
Não muito distante do estúdio, num condomínio de luxo próximo aos pontos turísticos londrinos, saía apressada pela porta-elevador com o objetivo de encontrar seu agente, que fez questão de dizer que tinha uma grande notícia.
Assim que colocou seu cachecol e apertou o botão do térreo, sua secretária eletrônica apitou, indicando que alguém estava lhe ligando.
“Hey zita, é meio impossível falar com você, não é mesmo?” A voz de Josh Hutcherson soou um tanto risonha “Eu e Logan acabamos de aterrissar em Londres e não é que você estava certa? O céu daqui é horrível, mas é uma bela cidade, apesar de tudo. Vamos dar uma passeada nos pontos turísticos principais e...”
“Visitar PUBS!” Logan gritou.
“Mas lembre-se da nossa programação! Hoje às 21h naquele restaurante chique com reservas antecipadas. Acho que você deve saber onde é. Au Revoir”
“Estamos em Londres, não em Paris, pode dizer Bye, estúpido”.
“Mas eu não sei fazer o ‘bye’ deles, é estranho.”
“Bááá... É algo assim.”
Rindo das palhaçadas de seus dois únicos amigos, saiu de casa.
– É bom que seja rápido. Não estou com paciência pra muita coisa. Fora que tenho que passar no apartamento de ainda hoje. – declarou, adentrando a casa de seu agente sem o menor receio.
– Boa tarde para você também, . – Bill sorriu, fechando a porta atrás de si. Muitos já o perguntaram como ele conseguia ser agente da tão falada (e um tanto rebelde) , já que até as pessoas que trabalhavam a sua volta pareciam querer evitá-la ao máximo, e ele sempre respondia com um sorriso. A verdade é que Bill sempre vira em uma garota como qualquer outra, mas esta construíra uma barreira ao redor de si para evitar se mostrar vulnerável. De fato, a primeira impressão que teve de fora exatamente essa: ela era apenas uma garota que se protegia do mundo da forma que achara mais eficaz, afastando as pessoas com palavras e atitudes.
– Onde está Mary? – sentou-se no grande sofá verde musgo que tanto achava aconchegante, estranhando não ter uma senhora loira lhe enchendo de abraços que, admitia, gostava muito quando vindos da esposa de seu agente.
– Está na casa de Cedric. – franziu o cenho, observando o homem se sentar na poltrona de camurça marrom à sua frente. Sabia que Mary só visitava o filho sob uma condição: quando Bill pretendia ter uma conversa realmente séria com a garota e que, normalmente, resultava em gritaria, fosse de felicidade ou de rebeldia. – Tom me ligou esta manhã pedindo que eu lhe informasse seu mais novo grande feito. Aconselho que já marque uma hora com sua hair style de confiança e adquira tons dourados. – sorriu orgulhoso por ter conseguido o papel, causando na menina um sorriso imediato e raro, que poderia ser comparado ao sorriso de uma criança. Ela sempre ficava assim quando conseguia um papel que queria muito. E bom, que atriz não queria estrelar a cinebiografia de Mick Jagger interpretando seu relacionamento mais duradouro? Seria uma chance de ouro e o talento inigualável de fez com que ela o conseguisse. – Parabéns, querida. Você mereceu. – finalizou com um leve aceno de cabeça e se viu sendo abraçado fortemente por ela.
– Você é o melhor, Bill. – sorriu mais ainda, ao se afastar dele e ouvir a campainha tocar. – São eles? – perguntou num sussurro.
– Provavelmente. – Bill se levantou e ajeitou a camisa listrada que vestia. – Melhor não deixá-los esperando. – falou mais para si mesmo que para e assim seguiu para a porta.
passou a tamborilar os dedos no braço do sofá, afinal, se ela já era famosa, aquele papel a levaria à Calçada da Fama. Sem citar que sempre teve Jerry Hall como uma das suas divas e é claro que não deixaria a chance de interpretá-la espaçar assim tão fácil.
– Olhem só! Se não é Jerry Hall? – Cedric brincou ao entrar em casa e o abraçou, não contendo mais o grito de felicidade que estava preso em sua garganta.
– Sabia que conseguiria, querida. – Mary a abraçou, recebendo da garota zilhões de beijinhos no rosto.
E este era o lado de que somente a família Ford e seus melhores (lê-se: únicos) amigos conheciam: a adolescente histérica que acabara de realizar um sonho e que não pararia de gritar nem tão cedo. Agora, se sentia como se estivesse num sonho. Do qual não queria acordar nem tão cedo.
– Então? Quem quer pizza? – Bill perguntou e todos começaram a expressar suas opiniões sobre os sabores de uma forma bem caseira: gritando.
Niall batia os pés com certa urgência. “Por que demora tanto?”, pensava, se referindo ao elevador que nunca lhe parecera tão lento quanto agora. Conferiu o relógio mais uma vez, se certificando que ainda faltavam duas horas para o horário marcado para a reunião. O que ele estava fazendo naquele bendito elevador, afinal? O loiro não saberia dizer se fosse perguntado. Mas era necessário. Era como se uma força maior o atraísse para perto de , mais precisamente para o seu apartamento. É lógico que Niall achava tudo isso completamente estranho, mas não se impediria de fazê-lo. Afinal, era sempre bom quando estava com a sua zinha, inha, inha.
“Graças a Deus! Já não era sem tempo!” pensou, assim que a porta do elevador se abriu, lhe dando passagem para o hall do apartamento de . Antes de bater na porta do apartamento, Niall pegou uma das flores do vaso de girassóis que estava no fim do corredor. Passou a mão livre pelos cabelos deixando-os um pouco rebeldes, do jeito que dizia mais gostar e respirou fundo, sentindo suas mãos tremerem e seu coração acelerar o ritmo.
– You’re such a girl! – riu de si mesmo, contendo o nervosismo que queria se apoderar dele. Tocou a campainha e sorriu ao ouvir passos e, logo em seguida, o destrancar da porta. Mas o sorriso desapareceu na mesma hora que a porta foi aberta.
– Pois não? – uma figura alta, de voz um tanto grave e, Niall tinha que admitir, bem musculosa atendeu a porta e o loiro franziu o cenho, jurando conhecer aquele rapaz a sua frente de algum lugar.
– Oi. – Niall respondeu meio desconsertado. A última coisa que esperava na vida era ver um homem – que não fosse ele ou um de seus companheiros de banda – atendendo a porta de . – É... Eu... – limpou a garganta com um pigarro considerável. – Eu...
– Quem é, Jake? – a figura de aparecer atrás do tal ‘Jake’, trajando shorts curtos e uma camisa que, Niall tinha ciência, Zayn tinha esquecido por lá. – Nialler? – perguntou um tanto surpresa, um tanto feliz. – O que faz aqui tão cedo? A reunião é só em duas horas. – o puxou para um abraço apertado e então Niall sorriu. Não conseguia descrever como o abraço de lhe fazia bem.
– Desculpe se cheguei muito cedo, mas estive pensando e decidi que estaria aqui para te ajudar. Seja lavando a louça ou te ajudando com as planilhas. Sabe? Me redimir. – deu de ombros, se sentindo feliz por ter encontrado palavras coesas e não ter aumentado a entonação. Sim, queria se redimir ajudando-a. Mas aquele não era o real motivo para estar ali, afinal não precisava saber disso. – Aqui. Pra você. – estendeu-lhe a flor e a garota a pegou, sorrindo.
– Obrigada, Niall. É linda. – “Não tanto quanto você”, pensou em dizer, mas seria extremamente clichê e não teria coragem de dizer isso a quem odeia clichês. Então ouviram um pigarro bem sugestivo vindo de trás de e se lembraram de que não estavam sozinhos naquele lugar. – Ahn... Nialler, esse é Jake T. Austin. Jake, esse é Niall Horan. – os dois acenaram simultaneamente, um tanto a contragosto. – Céus! O que ainda fazemos aqui? Vamos! Entrando! – bateu palmas espirituosamente, tentando quebrar o clima tenso que tinha se formado brevemente.
– , eu vou ao mercado comprar... – Jake pareceu revirar sua mente por completo, procurando por uma palavra desesperadamente. -...sorvete! E vou buscar Dougie, senão ele chega aqui bêbado. – riu um pouco e a garota o abraçou.
– Cuide bem do meu anãozinho de Essex. – estalou um beijo na bochecha do rapaz, que sorriu mais ainda, fazendo Niall torcer o nariz ante aquela atitude.
– Cuidarei. Até mais, Niall. Foi um prazer. – Niall simplesmente acenou. – Tchau, . – beijou a testa da menina e então saiu.
chamou Niall algumas vezes sem resposta, tentando tudo o que vinha a sua mente: estalou dedos, bateu palmas, gritou, dançou e até mesmo ameaçou se matar na tentativa de conseguir sua atenção, mas nada parecia funcionar. O rapaz olhava fixamente para o sofá de que para lá mandou seu olhar, encontrando somente um misto de lençóis e alguns pratos em cima da mesa de centro. O único pensamento que ocorria à garota Tomlinson era que aquela bagunça precisava ser arrumada. Mas Niall sentia seu sangue ferver só de imaginar que poderia ter acontecido alguma coisa entre e o tal Jake naquele sofá. Seu semblante se tornara sério – e até mesmo um pouco sombrio – quase que imediatamente.
– Você tá namorando com esse cara? – perguntou, ainda sem olhá-la. Aquele tom que não parecia pertencer a Niall estava se tornando constante e parecia mais assustador que da última vez.
– Não. – a garota franziu o cenho e Niall a olhou nos olhos.
– Vocês transaram? – sentiu um nó na garganta ao proferir tais palavras e a vontade de chorar era quase irresistível, mas Niall fazia de tudo para não demonstrar emoção alguma. Ao invés disso, seus olhos gritavam em seu lugar.
– O quê? – recuou. – Não! Niall, não! Pelo amor de Deus! Que raio de pergunta é essa?
Niall nada respondeu. Via nos olhos da sua zinha, inha, inha que ela dizia a verdade e isso o fazia sorrir tanto interna como externamente. O loiro a puxou num abraço demasiadamente apertado, como se sua vida dependesse disso.
– Desculpe, . Me desculpe. – sussurrou, ainda abraçado a ela. – Sou um completo idiota. Me desculpe.
– Tudo bem, Nialler. Só não me assuste mais assim, ok? – recostou sua cabeça no peito do rapaz que passou a acariciar seus cabelos, sorrindo.
– Não queria te assustar, desculpe. – afastou o rosto da garota minimamente, olhando-a nos olhos. – Você é minha, lembra? Não quero qualquer um chegando perto do que é meu. – fez careta e lhe distribuiu tapas pelo braço.
– Jake não é qualquer um. Ele é meu amigo, tá bom? – se afastou, indo rumo a cozinha com Niall no seu encalço.
– Ah, claro. Ele me parecia querer somente amizade com você, deveras. – o sarcasmo estava tão presente em sua voz que não hesitou em levantar uma faca. Ela jamais faria mal algum a Niall, mas nada custava deixá-lo assustado, ainda mais depois de tê-la feito perguntas tão sem nexo.
– Entenda uma coisa, Niall: pode ser o próprio príncipe da Grã-Bretanha a vir até mim dizendo que me ama e que faria qualquer coisa por mim, até mesmo renegar seu trono se eu casar com ele, mas se eu não sentir nada além de amizade por ele, nada além de amizade é o que vai acontecer. - Niall tinha seus olhos arregalados ao máximo, sentindo como se a faca que estava lhe apontando estivesse lhe perfurando a cada palavra. E o tom que a garota usava também não ajudava muito.
– Desculpe, eu...
– Atrapalho? – Zayn perguntou ao chegar na cozinha acompanhado de e ambos espantados com o que viam, afinal, se tinha uma única coisa que não era, seria violenta.
– Não. – a garota respondeu sem emoção alguma, colocando a faca de volta na bancada. – Que bom que chegou, Z. Precisamos conversar. – Zayn olhou para tão confusa quanto ele e concluiu que o melhor seria seguir sua melhor amiga até a varanda.
Niall suspirou, colocando sua testa na bancada. “Idiota, idiota!”, repetia para si mesmo. Como pôde desconfiar de ? E por quais benditos motivos estava com ciúmes dela? Afinal, se estivesse ou não namorando seria problema exclusivo dela, certo? Então por que se sentia tão incomodado só de pensar na possibilidade de estar num relacionamento? A cabeça de Niall martelava tais perguntas, que nem ele mesmo sabia responder. Sentiu um peso bem no meio de suas costas e uma mão acariciando seu cabelo.
– O que há, Niall querido? – a voz de alcançou seus ouvidos e ele levantou, sentando na cadeira mais próxima e a ruiva ao seu lado. Lançou seu olhar para a porta de vidro que mostrava a varanda e viu bufando e fazendo movimentos exagerados enquanto era interrompida constantemente por Zayn. – Niall? – ouviu chamar mais uma vez e então se deu conta de que não saberia o que explicar. Olhou então para o teto, tendo como música de fundo a risada da ruiva. – Você pode simplesmente me dizer o que aconteceu. Não precisa explicar isso.
– Simples assim, não é? – Niall riu, finalmente encarando a ruiva.
– Simples assim. – deu de ombros, sorrindo.
– Cheguei aqui e estava sozinha, repito so-zi-nha com um tal de Austin. Então eu perguntei se eles estavam namorando, o que, por sinal, não é da minha conta, mas estaria me incomodando muito se estivessem e eu acho que estou sendo sincero até demais e não sei porque isso me incomodaria, mas incomodaria do mesmo jeito. Resumindo: não quero a perto desse cara. – falou rápido e começou uma crise de risos nem um pouco discreta. Sempre achara fofo quando via Louis com ciúmes da irmã, ver Niall nessa situação era hilário. – Pare de rir, ruiva. Não tem graça.
– Ah, tem sim! Pode perguntar a qualquer um! É sempre engraçado ver um cara com ciúmes!
– Não estou com ciúmes!
– Está sim! – Apontou.
– Tudo bem, estou. – admitiu, fitando o chão. Era incrível como conseguia fazê-lo confessar algo simplesmente lhe apontando o dedo. – Não deveria, mas estou. Por que estou sentindo ciúmes da ? – perguntou mais pra si mesmo, mas sabia que a ruiva talvez tivesse a resposta. Ela, por sua vez, passou novamente a mão pelos cabelos do rapaz, com um sorriso doce nos lábios.
– Talvez o motivo esteja tão na cara que você não queira aceitar. – Niall a olhou, confuso. – Você ama a .
– Dãã! – Niall começou um riso nervoso e compulsivo. – É claro que eu a amo. Ela é a minha zinha. Nos conhecemos há quanto tempo?
– Não desse jeito, loiro! – rolou os olhos, dando-lhe um tapa no meio da testa e o garoto franziu o cenho. – O Jake realmente gosta da e você tá percebendo essa aproximação. Tá com medo de perdê-la.
– O Louis tá te deixando ver muitos romances. Tenho que dar um jeito nisso. – se levantou, rumando para outro cômodo, mas as palavras da ruiva estavam mais que incrustadas em sua mente. Seria possível que ele estivesse realmente apaixonado por ?
Harry's POV
Desci do carro, já contando as barras de Wonka que tinha levado pra . Mr. Topete Head me ligou, dizendo que o humor dela não estava nem um pouco simpático, chegando até a compará-la com . Exagero da parte dele, mas é bom não brincar com Tomlinson quando está de mau humor. E por mau humor, subentenda TPM.
Mas nada poderia estragar minha felicidade (talvez pudesse com um simples olhar de bronca por eu ter feito algo errado, mas enfim...). Conseguir um papel num filme de tão grande porte me deixou extremamente animado. Embora os últimos acontecimentos não estejam ajudando muito meu autocontrole – tenho plena consciência de que se eu vir um certo Kyle pela rua vou estourar aquilo que ele chama de cara -, tenho certeza de que nada pode tirar esse sorriso que está escancarado no meu rosto.
Cumprimentei os funcionários como sempre e rumei para o elevador. Ri quando vi meu celular se acender numa mensagem, já sabendo que tinha me mandado algo do tipo “Harry Edward Styles, você tem 30 segundos pra aparecer na minha porta ou eu juro que peno essa piaçava que você chama de cabelo!”, mas meu riso se transformou em apreensão quando reconheci a voz que me pedia para segurar o elevador. Não o faria por mim mesmo, mas é melhor não piorar minha situação com ou além de perder o emprego, perderei a vida.
– Obrigada. – sorriu e eu fiz minha melhor cara de WTF. Afinal, por quais raios intergalácticos justo ela estaria sorrindo pra mim. – Boa noite, Harry. - “Ok. É agora que eu acordo?” perguntei a mim mesmo ao perceber que sorria incessantemente. Onde está aquela garota que só falta vomitar ao me ver? Não que eu sinta falta, mas a ela pelo menos eu já sabia reagir! – Não vai me responder?
– Ahn... – mexi no cabelo com a mão livre me sentindo, no mínimo, atordoado. – Boa noite, .
Até a entrada no apartamento de , o trajeto foi feito em silêncio, mas meu cérebro não parava de trabalhar por um segundo sequer. Não sei se os outros perceberam que estava sendo gentil até mesmo com Louis – a quem sempre atribuía o apelido de “idiota” constantemente -, e ainda não tinha proferido nenhum “elogio” sequer em mais ou menos dez minutos, o que deveria ser um recorde pessoal – talvez até mundial, tratando-se de pessoas mal amadas que gostam de descontar sua raiva por serem encalhadas em outras pessoas.
Tomei logo um lugar no sofá – bastante confortável, devo dizer. – de , bem ao lado de Zayn. Passava algum jogo do campeonato espanhol na TV e vez ou outra era possível ouvir xingando algum jogador. Não que ela realmente gostasse disso, digo, xingar alguém, mas na situação em que se encontra, acho que é até saudável xingar pessoas que não podem se defender por algo irrelevante.
– Não que eu esteja reclamando, mas o que eles fazem aqui? – perguntou, apontando para Dougie e Jake, que estavam esparramados no tapete de .
– Estive conversando com Dougie esses dias e descobri que nossa previsão de lançamento é bem próxima. Então decidimos fazer os lançamentos de Crush Me e Zords juntos. – abanou a mão, tomando de mim sua preciosa sacola com Wonkas.
– Posso perguntar o que ser Zords? – Niall levantou a mão como se estivesse no primário. Patético.
– Não. – respondeu seca e meus olhos se arregalaram tanto quanto os de Dougie e Liam. estava negando algo a Niall? Ok, definitivamente, estou no mundo dos sonhos. Ou fui abduzido e os aliens estão fazendo um experimento em mim para ver se sobrevivo a uma realidade alternativa. Só pode!
– Eu posso perguntar “o que ser Zords”? – Louis imitou o gesto de Niall e ponderou.
– É a nossa nova campanha. – Dougie respondeu.
– Alguma coisa a ver com Megazord? – Liam perguntou.
– Exatamente.
– Alguma outra dúvida? – perguntou com as mãos já meladas de chocolate e eu busquei desesperadamente os olhos de . Ela, por sua vez, levantou seu celular e eu apenas assenti.
“O que o aflige, pequeno Hazza?”
“Sou eu ou o dia realmente está estranho?”
“O universo inteiro está, Harry, querido.”
“Precisamos conversar, ruiva. Não sei mais o que tá acontecendo e duvido que no final do dia eu saiba quem eu sou!”
Ela me respondeu com o olhar risonho, o que até no fim do mundo eu reconheceria como sim.
– Pode ser qualquer tipo de pergunta? – Zayn perguntou.
– Rejeição a perguntas idiotas. - Vi Niall se esticar quase que por inteiro, chegando ao ouvido de Louis, que pareceu concordar com o que o loiro tinha falado.
– Não querendo parecer chato, mas o que Jake faz aqui? – Louis perguntou como se perguntasse as horas. Meus olhos quase saíram de órbita quando lançou seu olhar mortífero para Niall. O clima de repente me pareceu uma tempestade e acho que todo mundo percebeu, principalmente porque Louis e Dougie se esconderam atrás de algumas almofadas.
– Para o seu governo ele é o garoto propaganda da St. Kidd e isso não é da sua conta, Niall. E da próxima vez, ignore esse seu cavalheirismo ridículo que te impede de desobedecer uma ordem minha e me pergunte pessoalmente, sem envolver meu irmão nisso. – E se sentou ao meu lado no sofá.
– Tudo bem. – Dougie se levantou, desligando a TV e tomando a atenção de todos os presentes, provavelmente para evitar mais desentendimentos. - Passando para a parte do real motivo por estarmos aqui e que, por sinal, é de interesse de todos – deu ênfase olhando para Ari, que respirou fundo, desviando o olhar. – certo, ?
– Como quiser. – abanou a mão, ainda se lambuzando de chocolate e mais uma vez levei meu olhar a , que sinalizou, dizendo que falaríamos mais tarde.
Dougie começou a explicar os detalhes sobre o lançamento das campanhas e a ideia que ele e queriam passar através das coleções. Acho que essa é uma das poucas ocasiões em que se pode ver Dougie Lee Poynter falando tão seriamente quanto agora. E essa foi a primeira vez que vi usar os bons modos que a mãe dela ensinou. Sinceramente, “Com licença, Harry. Se me permite, gostaria de sentar ao seu lado”, não é uma coisa que se espera dela, ainda mais falando comigo. Marcamos os dois dias de photoshoots e então fomos liberados. Tentei me aproximar de pra perguntar o que estava acontecendo, mas essa puxou o irmão para o lugar mais protegido da casa – a varanda. –, e praticamente nem me deu bola. Senti alguém puxar meu braço no mesmo instante em que me encaminhei para a porta e, pela cor das unhas, constatei que era . Graças aos céus! Uma explicação!
– Será que agora dá pra me dizer o que aconteceu? – perguntei enquanto ainda era puxado para o quarto ‘depósito’ do apartamento da .
– Niall está apaixonado por . – sorriu. Admito que me incomodou um pouco, mas algum tipo de sentimento bom se sobressaiu dentro de mim. Afinal, é melhor tê-la com Niall, que é tapado feito uma porta, do que vê-la com um aproveitador caça-fama.
– Por que que eu acho que essa não é a explicação completa pra raiva da ? – franzi o cenho e pude vê-la rolar os olhos. O que foi? Eu sou bom com mensagem subliminar! Não consegui captar uma na última frase da ruiva!
– Já te ocorreu que ele pode ter vindo pra cá antes de todos nós pra, cê sabe, ficar à sós com ela. Quem sabe até tentar alguma coisa...
– O que está insinuando?
– Mas nada aconteceu! – tratou de completar.
– Continue falando. – cruzei meus braços, ficando mais atento à história.
– E que, talvez, um tal cara bonitão, alto e saradão chamado Jake T. Austin tenha tido a mesma ideia e tenha chegado um pouco antes que o nosso pequenino irlandês? – inclinei meu corpo um pouco para frente, para que continuasse a contar sem riscos de ser interrompida. – Assim que Niall chegou, Jake deu uma desculpa esfarrapada de ir comprar sorvete e saiu, deixando os dois sozinhos aqui.
– E aí aconteceu a tal coisa? – apontei.
– Não. Realmente não houve nada.
– Nada mesmo? – ela negou. – Tudo bem, continue.
– O que aconteceu foi que Niall perguntou se ela tava namorando com esse cara e, claro que ela não está, então o loiro tentou abrir os olhos dela porque todo mundo tá percebendo que o Jake tá afim dela e a se estressou. Eu e Zayn chegamos no meio da discussão, e ela tinha até levantado uma faca pra ele!
– Não!
– Pois é. Depois ela puxou o Zayn pra varanda e eles ficaram discutindo por lá enquanto...
– Se as mocinhas já terminaram de fofocar, eu e a curly girl temos que ir. – Zayn apareceu do nada e soltou uma risadinha baixa. Cara, como esse povo gosta de me judiar!
– Mais tarde conversamos. – apontei para a ruiva, que concordou sorrindo. – Até mais, . – gritei ao passar pela sala e ouvi um ‘Não exploda os ovários de ninguém!’ em troca.
– Não tinha hora melhor pra fofocar, não? – Zayn perguntou assim que entramos no elevador.
– Eu não estava fofocando. Estava apenas coletando informações. – expliquei e ouvi pela segunda vez nesse dia alguém clamar para que eu segurasse o elevador. Segurei a porta instintivamente e recebi olhar plus sobrancelha arqueada de Zayn assim que entrou no elevador, agradecendo com uma distribuição de sorrisos.
Ficamos em silêncio, principalmente porque nem eu nem Zayn entendíamos qual era a de . Era possível ver claramente nos olhos do Malik que ele tentava pensar numa explicação lógica para o bom humor repentino da garota que agora mexia com uma maestria sem igual no seu celular.
– Bom – Zayn se adiantou assim que o elevador parou no térreo. -, boa noite, . – acenou com um sorriso mínimo e ela retribuiu.
– Boa noite, Zayn. – a porta se abriu e eu resolvi me despedir também. – Harry, podemos conversar? – olhei para Zayn, implorando por socorro, mas aquele nojento só levantou os ombros. Péssima hora pra não ser um super herói, Zayn, péssima hora.
– Claro. – recorri aos meus dons teatrais para poder não soar desesperado e a segui rumo ao lado contrário por onde Zayn ia. – O que deseja? – , porém, nada respondeu. Apenas deu sinal para um táxi e eu não tive como não pensar que estava concordando com o meu próprio seqüestro. Mas se estou dentro de uma nave sofrendo experiências cerebrais, que mal tem seguir a da realidade alternativa? – Onde vamos? – perguntei, entrando após ela no taxi.
– Fifteen, por favor. – sorriu para o motorista e eu não tive como não rir.
– , o que vamos fazer no restaurante do chef mais querido de Londres? – perguntei e ela me encarou. – Não quero te desapontar, mas mesmo sendo quem eu sou não tenho reservas pra lá hoje. – levantei as mãos e ela riu.
– Acontece, Harry querido, que eu já tinha pensado em tudo isso. – franzi o cenho. “Ela me chamou de querido?” – Você vai entender quando chegarmos lá, ok?
– Vamos ser barrados. – cantarolei assim que chegamos à fila – extremamente longa, por sinal. – do Fifteen e recebi um tapa um tanto quanto considerável no meu braço esquerdo. - Outch!
– Desculpe, Harry. Mas você não cala a boca! – disparou um tanto ríspida e isso acabou me lembrando um pouco da verdadeira . Aquela que vou encontrar quando os aliens me devolverem pro aconchego do meu lar.
– Boa noite. – um cara com uma extrema cara de chato nos atendeu.
– Boa noite. – sorriu. – e convidado, estamos com os senhores Hutcherson e Lerman. – só eu acho que esses nomes me são familiares?
– Sim! Claro! Eles estão a sua espera. – o coroa sorriu, nos guiando para dentro do tão renomado restaurante de Jamie Oliver.
– O que está acontecendo, ? – perguntei num sussurro, próximo ao ouvido dela.
– Josh! Logan! – ela sorriu mais que largamente, me ignorando, e os dois caras acompanhados de belas damas, devo ressaltar, se levantaram para abraçá-la. Enquanto eles se cumprimentavam eu me perguntava que diabos eu estava fazendo ali. Afinal, como esses aliens querem que eu reaja a isso?
– E esse é o famoso Harry Styles. – Josh, ou Peeta, ou Sean, ou seja lá como você preferir chamá-lo, me estendeu sua mão com um sorriso sincero nos lábios. – Prazer em conhecer.
– Igualmente. – sorri.
– Não pensei que estaria aqui. – o mosqueteiro filho de Poseidon, digo, Logan repetiu o ato de Josh.
– Nem eu. – olhei sutilmente para , que já falava mais que animadamente com uma das garotas.
– Mas estou feliz que tenha vindo. – tomou seu lugar e eu tomei o meu.
– Agradeço.
– Então... – Josh abraçou sua garota, a qual reconheci como a menina do “Garota Mimada” e apontou para nós dois. – Aquela conversa na premiére deu certo, não deu?
– É... – A encarei pelo canto do olho, incerto, e recebi em troca um aperto no joelho. – Parece que sim.
– Não que a conversa lá tenha sido animadora, mas parece que tudo se encaixou quando cheguei em Londres.
– E vocês se encontraram por acaso? Tipo se esbarrando por aí?
– Na verdade começamos a trabalhar num projeto juntos. – sorriu de canto e me abraçou devagar, encostando a cabeça em meu ombro. – Não é, Harry? – Aquilo ficava mais perigoso a cada segundo e eu estava começando a delirar: por um segundo pensei que ouvir o meu nome na sua voz era excitante, quer dizer, não era de se jogar fora, falando a verdade ela é uma das garotas mais gatas que eu conheço, – e eu conheço muita gente -, então ao ouvi-la dizer meu nome era praticamente impossível não imaginar o que poderíamos ter feito na noite da premiére se ela não tivesse me dado o fora.
– Com certeza. – Afirmei com a cabeça. – A irmã de um amigo meu tem uma grife famosa e nos chamou pra fazer uma campanha beneficente.
– Ah, eu vi na televisão! A Lin Sun não é?
– EU ADORO ESSA LOJA! é uma deusa com as mãos! – Exclamou Dakota Fanning, a companheira de Logan, encantada. Seus olhos transcendiam um brilho de emoção, e era possível ver o quanto ela adorava .
– Eu tenho um vestido INCRIVEL que ela fez para eu usar em Cannes, Dakota! Você precisa vê-lo. – estava tão animada quanto a amiga e as duas balançavam as mãos tão felizes que era quase impossível não sorrir também.
– Eu preciso é tê-lo. Ainda não tenho um vestido, acredita? Faltam três semanas e eu não tenho um vestido.
– Vá nua. – Logan comentou, malicioso.
– Você adoraria, amorzinho. – Ela deu um selinho nele, depois que trocaram alguns olhares safados. – Quem vai levar, ? O Harry vai com você?
– Ah, eu... – arregalou os olhos, surpresa, e começou a gaguejar, procurando uma saída. – Não sei, nem me passou pela cabeça. Se ele, se ele quiser... – Ela trocou um olhar cúmplice comigo e pela primeira vez eu pude ver desespero no olhar de . Ela estava nervosa, nervosa por estar mentindo para os amigos, nervosa por estar me metendo nessa, nervosa para não cometer um deslize e estragar tudo.
– Claro! – Falei de repente. – Seria ótimo. – Involuntariamente, peguei sua mão e a beijei, como se estivesse confirmando o que dizia, e senti um sincero agradecimento quando todos começaram a comemorar.
Havia se passado um bom tempo desde que parei de perguntar a mim mesmo o que eu fazia ali. A teoria sobre ter sido abduzido por aliens não podia ser verdade, eu havia checado tantas vezes o jornal pelo aplicativo do celular que seria impossível que Whitney Houston e Amy Winehouse estivessem mortas também na outra dimensão. Além disso, eu estava até gostando de estar ali... Tá ok, me matem! Eu estava gostando da companhia da garota mais grossa do mundo – que estava um completo docinho esta noite. A verdade é que fazia um bom tempo que eu não era tratado daquela forma, as garotas normalmente saíam comigo por status e eu saía com elas por status, jogo de interesses, algo normal. estava saindo comigo por falta de opções, ela podia conhecer muita gente, mas era amiga de tão poucos que aquele que ela mais odeia seria a única pessoa capaz de aceitar sair com ela – não que eu tivesse aceitado, eu nem sabia aonde estava indo. E, apesar de estar ao lado dela e de pessoas que eu nunca conversara na vida, hoje estava muito mais agradável do que uma noite qualquer no Complexo, eu era tratado muito melhor aqui do que lá, as pessoas deste ambiente estavam fazendo questão da minha presença e da minha opinião. Eu podia até estar atuando um pouco, mas me sentia muito mais eu mesmo aqui do que em qualquer outro lugar.
– Harry? – A voz de despertou-me de um transe. Olhei-a ainda atordoado, como se perguntasse o que estava acontecendo. Ela simplesmente levantou, pegando a bolsa em cima da mesa e só naquele momento eu pude perceber que todos estavam indo embora.
Depois de abraços, trocas de telefones e despedidas, eu e acabamos, mais uma vez, sozinhos, sendo que nesse momento eu podia perceber toda a sua insegurança e vergonha em manter uma conversa comigo. Oh céus, não sabia o que falar. Ok, teoria dos aliens de volta.
– Eu sei que foi meio estranho e que você não esperava, mas de toda forma, obrigada. – Ela disse, sincera.
– Não esquenta. Eu estava mesmo te devendo uma. – Pisquei de uma forma marota e passei as mãos pelo cabelo.
– Não quer nem saber por que fiz isso? – Eu dei uma risada gélida.
– Acho que essa pergunta nem você mesma sabe responder. – Olhei para a rua à procura de um táxi e acenei quando um deles passou por nós. – Até mais ver, . – Abri a porta do carro e fiz um sinal com a mão para que ela entrasse.
– Não quis dizer, “até Cannes”?
– Nossa! – Fingi supresa. – Então o convite era sério?
– Só se a resposta também era. – Completou, já sentando no banco e entregando um papel com o endereço para o motorista rabugento, que começou a bufar desde que abri a porta. – E então? – Ela levantou uma sobrancelha, apenas à espera. Dei-me ao luxo de pensar por um instante sobre o convite: Eu queria ir a Cannes. Queria ir pela grandiosidade do evento, pela sensação de poder que seria estar lá e pela quantidade de pessoas influentes. Além de que a companhia da seria um bônus a minha imagem.
– Acho que te vejo em Cannes. – Comecei a fechar a porta lentamente, mas mandei-lhe uma mensagem antes disso. – Ou quem sabe nos encontraremos um pouco mais cedo. O mundo é cheio de surpresas!
Esperei um outro táxi passar para que pudesse ir embora e, já no caminho para casa, parei para pensar na noite estranha que tive. No quanto parecia disposta a fingir que éramos tão íntimos quanto namorados e o quanto fazia questão de me abraçar a cada cinco minutos. Eu queria poder dizer que não gostava quando ela fazia isso. Mas acontece que eu gostava! Esse outro lado da , esse lado divertido, que sabe o que é sorrir, que tem amigos, era totalmente desconhecido pra mim. Não me pergunte por que vacas voadoras eu ficava sorrindo feito um abestalhado quando a via sorrir pra mim, mas era involuntário. Era como se ela estivesse se mostrando a garota dos meus sonhos. A garota a quem eu esperava conhecer na premiére de Scarlet. A garota perfeita pra mim.
ELEVEN
caminhava apressada pela periferia londrina, uma mão carregava um cappucino duplo do Starbucks enquanto a outra estava em sua boca, sendo roída de forma desajeitada. Sim, ela transbordava nervosismo. Tinha recebido mais cedo uma mensagem de Liam dizendo que precisava encontrá-la urgentemente e dentro de si, a garota sabia que isso dizia respeito ao seu livro. Por isso corria, tentando chegar o mais rápido possível no apartamento alugado do amigo para acabar com todo o seu desespero.
– Ai, desculpa! – Ela disse ao se chocar com uma pessoa e derrubar todo o seu café nela. – Minha nossa, eu sinto muito. Sou tão desajeitada. – Assustada, largou o copo no chão e se martirizou mentalmente por ser um completo desastre quando ansiosa.
– Sem problemas. – O dono da voz passou as mãos pela camisa, visivelmente desconfortável pelo líquido quente em seu corpo. – Só lembra de andar mais devagar, gatinha.
– É claro, eu não sei o que deu em mim, eu... – gesticulava com as mãos de uma forma engraçada, como se quisesse fazer uma mágica para o café sair do tecido.
– Hey, foi uma só blusa. Não estou com raiva, nem nada. Olhe só! – Ele apontou as mãos para o próprio rosto, o que fez com que a atenção de fosse levada até lá: Um garoto alto e ruivo de olhos azuis acinzentados e barba mal feita. Oh, não, ele era...
– Você é Ed Sheeran.
– An, é... – Ele passou as mãos pela cabeça, um pouco envergonhado. Pelo visto não gostava de ser reconhecido.
– MEU DEUS! EU ACABEI DE MOLHAR A CAMISETA DE ED SHEERAN! – falou cada palavra devagar, dando ênfase em todas.
– Eu já disse que...
– Olha, eu vou te dar o endereço da minha lavanderia e você pode deixar essa blusa e outras coisas que você quiser lá. Não se preocupe que eu vou ligar pra confirmar! Coloque tudo na conta de e... – Ela falava tão rápido e de uma forma tão afobada que a única coisa que Ed assimilou foi o seu nome.
– ? – Ele a interrompeu. - A escritora ? – A garota assentiu com a cabeça e recebeu em troca um abraço surpresa, com direito a café e tudo. – FALA SÉRIO! Li todos os seus livros!
– Não brinca! Eu escutei todos os seus discos! – Ambos riram da situação engraçada em que se encontravam. – Uau, eu nunca pensei que Ed Sheeran pudesse ser meu fã.
– Digo o mesmo, gatinha. – Ele sorriu de canto meio tímido e acenou para alguém do outro lado da rua, fazendo um sinal de “espere” diversas vezes. – Eu tenho que ir.
– Tudo bem, eu...
– Será que podia me dar seu telefone? Eu queria muito poder conversar com você qualquer dia desses.
– Claro! – Ela pegou uma caneta e um pedaço de papel na bolsa e escreveu de forma desleixada o seu número, ainda sem acreditar no pedido de um dos seus cantores favoritos.
– Pode esperar minha ligação. – Ele dobrou o pedaço de papel e colocou-o seguramente no bolso. - Nosso encontro não vai passar de terça.
– Infelizmente é a minha última noite em Londres. Amanhã de manhã saio em turnê de divulgação.
– Oh, é claro. Silent, estou certo? – assentiu, voltando a engolir em seco. Por um minuto tinha esquecido o que viera fazer naquela área. – Estou ansioso para lê-lo, pedi para o meu assessor comprá-lo na pré-venda. - Ela pôs o cabelo atrás da orelha, envergonhada. - Isso não faz de mim um gay chorão, faz?
– Não mesmo! – sorriu, agradecida e o viu fazer outro sinal para a pessoa do outro lado da rua. Ao virar-se notou um homem de terno parado em frente a uma van. “Deve ser seu segurança”, pensou. – É melhor você ir.
– Tem razão. – Coçou a cabeça, mais uma vez e rendeu-se, caminhando em direção ao carro. – Ainda assim, espere minha ligação. Aonde quer que esteja! – Gritou.
A garota passou alguns segundos absorvendo toda a situação, tinha encontrando um dos seus cantores favoritos e ele tinha dito o quanto adorava seus livros, e que não esperava pra ler o último e... MERDA. lembrou-se subitamente de Liam, que devia estar sentado em seu sofá aguardando o som da campainha. Ela correu o mais rápido que pôde, sem nem mesmo ligar para as £$6,00 que gastou com um café derramado no chão – mas que valeram muito a pena.
Ao chegar ao simples condomínio, nem mesmo esperou que o porteiro grisalho telefonasse para Liam. Normalmente, ela teria a paciência de dizer seu nome, e explicar o quanto o velhote já sabia que ela era a única pessoa autorizada a subir em seu apartamento, mas esta não era uma situação comum.
Dentro do elevador, ela se sentiu acuada, como se aquele cubículo fosse insuficiente para contê-la e de quebra o seu nervosismo. As portas se abriram lentamente, como era de costume, e ao caminhar pelo corredor pôde perceber a porta do apartamento de Liam entreaberta. A passos curtos, foi em direção à porta e bateu duas vezes, entrando logo depois.
Liam estava sentado em seu sofá, da forma que ela previra. A TV ligada, mas de alguma maneira, sabia que ele não prestara atenção nenhum segundo desde que a ligara. Aquilo só podia ser um mau sinal.
– Hey. – Ela mordeu os lábios, nervosa, colocando uma mecha de cabelo atrás da orelha. – Você queria me ver...
– Na verdade, não. – Disse seco. – Mas eu precisava.
– Anh... – arregalou os olhos, confusa. – Ok.
– O que estava pensando, ? – Ele se levantou, visivelmente irritado, mas ainda tentando manter a calma. – Que ia fazer um livro sobre a minha história e que eu ia adorar? – Ela tomou ar ao abrir a boca, para tentar responder, mas foi impedida. – Não, não responda. A única coisa que eu quero saber de você, e a única razão pela qual te chamei aqui foi pra saber o porquê de ter me exposto dessa forma.
– Eu não queria te expor. – Ele a encarou, desnorteado e soltou uma gargalhada cínica.
– Não? Oh, céus, então o que queria? Usar a minha história como um produto?
– Eu queria te ajudar, Liam. – sentiu uma pontada no peito ao ouvir o tom rude do amigo e lágrimas involuntárias caíram de sua face. Ele não era assim, nunca tinha sido, mesmo quando chateado, Liam não era hostil.
– Me ajudar? Mas que merda, ! Eu não preciso de ajuda.
– A sua reação só me prova o contrário.
– E O QUE VOCÊ QUERIA? QUE EU RECEBESSE TUDO ISSO DE BRAÇOS ABERTOS? QUE EU ACHASSE O MÁXIMO LEMBRAR O QUANTO O SEU IRMÃO ME TORTURAVA E O QUANTO ERA VERGONHOSO SER ENCOBERTO POR UMA MENINA?
– Eu queria que você lembrasse de como costumava ser na escola. Parece que a sua mente fez uma limpeza desde a entrada no X Factor.
– Eu não ia carregar o fardo de covarde pelo resto da vida.
– Foi um período da sua vida Liam, você não pode mudá-lo, mas pode superá-lo.
– Se você achou que escrevendo um livro iria me fazer superar, está muito enganada. – Liam passou as mãos pelo cabelo, nervoso. – Tem coisas naquele livro que meus pais nem sonham que aconteceram, sabe o que vai acontecer quando isto – deu um tom a mais, como uma ênfase – sair nas lojas?
– Você vai finalmente poder conversar com eles, Liam! – Ela sorriu, tentando transparecer emoção, mas a única coisa que recebeu foi um olhar de desprezo.
– EU NÃO QUERO CONVERSAR SOBRE ISSO! NÃO QUERO NADA QUE POSSA ME FAZER LEMBRAR DAQUELA ÉPOCA! – Ele gritava, magoado. E ela chorava, mais magoada ainda. – NÃO QUERO FOTOS, NÃO QUERO TERAPIAS, NEM MESMO UM LIVRO.
– Eu sinto muito, Liam. – Ela abaixou a cabeça. – Eu sei que devia ter conversado com você sobre isso, mas não tive coragem. E quando dei por mim, o livro já estava pronto, só achei que fosse ser uma homenagem pra nossa amizade. Eu sinto muito por ter te machucado. – Liam a encarou, limpando o rosto molhado - não se sabe se de lágrimas ou de suor, possivelmente os dois.
– E eu sinto muito por não poder confiar mais em você. – Ele foi em direção ao quarto com uma mão na cabeça e trancou a porta ao passar.
Niall estava em casa, deitado em sua cama king size, com um pote de cheetos em uma mão e uma barra de chocolate em outra. A mistura de sabores em sua boca só realçava a sua confusão interior. Ele não sabia desde quando passara a sentir esse ciúme exagerado de e não sabia se isso era de fato por perceber que sua amiga estava crescendo. Demorou alguns segundos para que ele enrubescesse ao notar que não se referira a como sua irmã.
Ele deu um longo suspiro, sabendo da única pessoa que poderia lhe ajudar. Rolou pela cama, procurando o celular e mandou uma mensagem:
“Preciso de você, xx.”
O destinatário era .
Toc Toc
– ? – Tom abriu a porta do quarto ao perceber que a garota não a abriria tão cedo. – Aonde você está? – A passos curtos ele procurou por ela no quarto e se arrepiou por dentro ao vê-la encolhida no sofá, chorando. – O QUE ACONTECEU? – Correu em direção a e a abraçou.
– A-a reu-reunião do conse-se-selho. – Ela falou as palavras em soluços devido ao seu choro exagerado.
– Shh. – Ele segurava sua cabeça. – O que houve? Teve que mentir pro Martin de novo? Já falamos sobre isso , não precisa ficar...
– ELES ME SUSPENDERAM!
– O QUÊ?
– Fui suspensa, Tom. Com as provas que Lewis tinha não tive nem oportunidade de me defender. – adotou um tom mais firme, tentando não demonstrar fraqueza, limpando suas lágrimas. – Fui suspensa por tempo indeterminado. Jenson tentou recorrer, mas de nada adiantou. Nas palavras de Martin, “Corridas só pela TV a cabo agora”. – riu sem humor. – Acabou.
– Sinto muito, . – ela sorriu e saiu do abraço.
– Eu também.
– Como foi isso?
Flashback
Mais um suspiro. Seus pés se batiam contra o chão a medida que o ponteiro de seu relógio se movia, deixando ainda mais nervosa que o seu normal – quando tinha medo de ser pega ao lado de Tom. Mas isso era algo com o que não deveria se preocupar mais. Até porque o próprio Martin estava acompanhando Lewis quando a flagrou num jantar com Tom. Sentiu seu coração apertar ao lembrar da expressão descontente de Martin ao vê-los. Foi inevitável a lembrança de seu pai.
A linha de raciocínio e desespero de foi interrompida pelo ranger mínimo vindo da porta que dava acesso ao recinto onde estava acontecendo agora a reunião do Conselho. Ainda sentada no chão, encostada na parede, seu único movimento foi levantar a cabeça para encontrar Luiz Razia, um de seus melhores amigos e confidentes, lhe estendendo a mão com um sorriso sereno no rosto. simplesmente atendeu ao pedido silencioso do rapaz, que logo a puxou para um abraço extremamente apertado, onde, ela sabia, era transmitida uma mensagem de consolo e aconchego. A única amizade incontestada que tinha fora da McLaren era, sem dúvida, Luiz Razia. Os dois se conheciam desde pequenos e seus pais eram muito amigos. Amizade que foi passada para os dois pequenos sul americanos que, embora “rivais” por conta de suas nacionalidades, sempre foram uma referência um para o outro.
– O que isso significa, Luiz? – ela perguntou, já tendo a voz embargada enquanto o moreno acariciava seus cabelos.
– Shhhh! Não é hora de falar, hermana. – ele continuou mas se afastou num ímpeto.
– Isso é uma despedida?
– Me recuso a responder. – Luiz recuou.
– Luiz! – o obrigou a olhá-la. Martin, pessoalmente, o convidou para a reunião do conselho especificamente por conta do caso de e Tom. É claro que Luiz sabia, mas fizera de tudo para parecer tão ignorante no assunto quanto uma criança de 3 anos é em álgebra.
– Ele tá aqui pra te levar pra casa, querida. – a única voz que não queria ouvir ecoou pelo corredor num tom extremamente arrogante e satisfeito. Lewis logo apareceu em seu campo de visão e a garota sentiu seu sangue ferver. Achava engraçado como essa reação era causada pela simples presença de Hamilton, mas por conta da tensão também presente, tudo o que conseguia pensar era em como não bater no homem à sua frente. – Ele ainda não te contou? – olhou rapidamente para Luiz, que abaixara a cabeça enquanto um sorriso debochado se estendia nos lábios de Lewis. – Você foi suspensa por tempo indeterminado, . Sem corridas, sem treinos, sem Dillmann, sem Jenson. – estava estática e à medida que seu intelecto compreendia as palavras de Lewis, seu coração passou a tomar um ritmo mais acelerado.
Era isso. Aquele era o fim de sua carreira na McLaren.
End Flashback
– E foi assim. – deu de ombros, fungando pela quadraségima vez, mas não se importava mais em fazê-lo. Nada mais importava agora, pra falar a verdade. Desde sua infância, seu sonho era se tornar uma grande engenheira, fazer o que mais ama acima de tudo. E no momento, era tudo o que ela não faria. A suspensão indeterminada também veio com um convite para que ficasse longe dos treinos e da equipe, e que, de preferência, voltasse para a Argentina em busca de outro emprego.
– Oh, . Sinto muito por isso. Sinto muito mesmo. – Tom segurou suas mãos, depositando um beijo doce em cada uma delas, sendo tomado por um sorriso. – Mas agora podemos nos assumir sem medo! – se levantou de imediato, mal podendo acreditar no que ele havia dito. Ela acabara de perder uma das razões da sua vida e a única forma de solidariedade que Tom havia demonstrado era um “Sinto muito”. E, como se já não bastasse, queria que eles assumissem algo que a fez perder o emprego. Ela simplesmente não conseguia acreditar no que acabara de ouvir.
– O quê? Tom, como pode me pedir uma coisa dessas? Não!
– E por que não? Agora nada vai nos impedir de ficar juntos! – a segurou pelos ombros, na tentativa de manter o contato entre seus olhos. – Não há Lewis, nem Martin, problemas com escuderias... Nada! Podemos ser felizes juntos. Sem medo de sermos pegos por nos...
– Não diga essa palavra, Dillmann. – apontou ao se afastar abruptamente dele. É claro que gostava de Tom, mas amar pra ela era algo mais complicado. Não era aquilo que sentia por Tom Dillmann. Tinha certeza disso. Gostava dele, mas não a esse ponto. Não queria que ele tomasse uma decisão precipitada por conta disso.
– Vai me dizer que não sente o mesmo? – perguntou risonho, mas ao perceber o silêncio de seu sorriso desapareceu. – Sente o mesmo, não sente ?
– Não tenho tempo pra falar disso agora. – rumou para o banheiro, sendo seguida de perto por Tom, que com o olhar intenso sobre a garota, clamava por uma resposta. – Martin pediu pra que eu voltasse pra Argentina o mais rápido possível. – respondeu categoricamente enquanto juntava seus poucos pertences deixados naquele local. – Ele acha que eu deveria voltar pra casa dos meus tios, espairecer um pouco, conhecer novas pessoas, fazer coisas diferentes. – riu um pouco e ao demonstrar que sairia do banheiro, Tom colocou seu braço estendido entre a porta, a impedindo de sair.
– Ainda não respondeu a minha pergunta. – falou calmo, porém visivelmente intrigado. – Sente o mesmo por mim, ?
– Eu gosto de você, Tom. – deu de ombros, se esquivando da barreira criada por Tom, acessando o outro cômodo.
– Então, não sente o mesmo. – a seguiu novamente. – Não me ama, . – declarou e ela parou imediatamente, buscando o olhar do rapaz.
– Qual o motivo desse drama de repente, Dillmann?
– Não é drama, . Só quero saber se algo pelo qual rezo todos os dias ainda é digno de luta.
– Luta? – riu. – Desde quando você lutou por isso, Dillmann? Desde quando você fez algum sacrifício nesse seu mundo perfeito para que a gente ficasse junto? Desde quando foi você quem lutou contra seus próprios princípios ou mentiu para uma das únicas pessoas que você tem nesse mundo por causa de uma paixãozinha idiota?
– Paixãozinha idiota? – repetiu. – Bom saber que é assim que define o que acontece com a gente.
– Mas é o que acontece entre a gente, Tom! Aceite! Nunca vai passar disso! Por causa desse relacionamento estúpido eu perdi a única coisa na minha vida que realmente importa! – explodiu, deixando Tom estático à sua frente. Era demais pra ela ter de lidar com a pressão que estava enfrentando. Havia chegado o momento de colocar tudo isso pra fora.
– , você tá de cabeça quente. Conversamos sobre isso quando chegarmos às Bahamas. – Tom declarou, rumando até a saída do quarto.
– Eu não vou. – parou no mesmo instante em que ouviu isso. Se voltou para e a encontrou encarando seu celular atentamente.
– O que disse? – o encarou.
– Nialler precisa de mim. – começou a pegar o que sobrara e jogar dentro da mala já semi pronta sobre a cama, enquanto ligava para uma companhia aérea. – Boa tarde. Uma passagem para o vôo mais próximo para Londres, por favor. – Tom começou a andar de um lado para o outro do quarto enquanto passava as mãos freneticamente pelos cabelos. Não conseguia acreditar que aquilo era real. Que , a sua , estava realmente dizendo com todas as letras que dedicaria seu tempo de suspensão indeterminada ao lado de outro cara. – Não, não tenho preferência de classe. Só quero chegar lá o mais rápido possível. – ouviu a garota dizer já terminando sua mala, com um sorriso enorme no rosto. – Muito obrigada. – e guardou o celular. – Bom, o vôo mais próximo é em uma hora. Com sorte, o trânsito vai estar livre e eu chego na hora, então... Até mais, Tom. – disse, puxando suas malas rumo ao corredor e o rapaz a parou, segurando-a pelo braço.
– Não vá. – implorou num sussurro.
– Niall precisa de mim. Não me perdoaria se o ignorasse por qualquer outra coisa.
– E quanto a nós, ? – perguntou num fio de voz, perceptivelmente abalado e suspirou.
– Eu preciso de um tempo, Tom. – confessou e ele a soltou.
– Quer saber? Eu vou facilitar pra você: acabou.
TWELVE
– De acordo, Dougie? – perguntou assim que repassou o que haviam discutido durante quatro horas no seu atelier: desde quais modelos entrariam primeiro até a arte das credenciais. Ambos estavam ansiosos pelo dia, afinal St Kidd estaria entrando no patamar da high couture enquanto Lin Sun estaria inovando de maneira radical alguns conceitos da moda londrina. Já passava da meia noite e o número de copos de café em cima da mesa se misturava com a quantidade de planilhas das duas grifes. O cansaço não era uma opção.
– Sempre achei que você preferia os loiros. – Dougie gesticulou de forma cômica e franziu o cenho na mesma hora. Conhecia aquele olhar tanto quanto o tom de voz usado pelo homem: além de não ter prestado atenção no que a garota havia falado anteriormente, sabia que Poynter queria arrancar dela uma confissão.
– O quê? – fez careta e Dougie decidiu continuar.
– Teve aquele seu namoradinho de escola, Robert eu acho. Depois, você ficou com o Jeremy Sumpter na festa do Brit, Louis não gostou nada disso, por sinal. – ressaltou e , boquiaberta, sentou ao seu lado. Dougie estava realmente fazendo uma contagem dos seus ex namorados? Ela não podia acreditar. – E depois, o Alex. Devo admitir que vocês me surpreenderam ao ficarem tanto tempo juntos, principalmente por não ter sido real. Estão de parabéns. Eu até cheguei a pensar que você tinha uma quedinha por mim, porém isso não vem ao caso. Mas você – apontou para a garota –, mocinha, me surpreendeu com esse lance do Jake, uh?
– Eu não acredito! Você também, Poynter? – se levantou enfurecida enquanto o outro ria. Tinha que concordar com Zayn, irritar era fascinante. – Quantas vezes eu já vou ter que dizer que não tenho nada com o Jake?
– Não aconteceu nada mesmo no restaurante essa manhã?
– Não!
– Não minta pra mim, Tomlinson. Sabe que eu consigo a verdade quando eu quero.
– Pergunte ao seu garoto propaganda se não acredita em mim, Dougie! Não houve nada entre nós e nunca vai haver! – explodiu enquanto Dougie a puxava de volta para sentar à mesa de reuniões.
– Não gosta dele?
– É claro que gosto! Da mesma forma que gosto de você! Ou do Zayn, do Hazza, do Liam! Como um amigo! – gesticulou exageradamente e Dougie decidiu que essa era a melhor hora de perguntar o que sempre teve vontade.
– E por qual razão o leprechaun não está nessa relação? – franziu o cenho e a garota ruborizou de imediato.
– E-e-ele está! Não ouviu? – tentou disfarçar, enrolando umas mechas do cabelo. – eu disse “Zayn, Hazza, Niall, Liam”. Não ouviu mesmo? – ele negou. – Precisa ir ao médico, Poynter. Isso é preocupante! Ainda mais pra você que é músico! Se quiser eu...
– Por que não assume logo que o ama? – Dougie arqueou uma sobrancelha, segurando uma das mãos de , que sentiu um arrepio em sua espinha por conta da pergunta. “De novo não!”, pensava.
– Por favor, Dougie... – pediu num sussurro.
– , você sabe que eu me preocupo com você da mesma forma que eu me preocupo com a Jazzie. Só que você não faz besteira 90% do tempo. – riram fraco. – Não é nem um pouco difícil perceber que vocês se amam. Damn! Lembra do seu aniversário de 18 anos? – a garota assentiu. – Eu podia jurar que vocês estavam namorando. Só que isso foi desmentido cinco minutos depois quando o Pettyfer te beijou na minha frente. O que, só pra constar, foi desconfortável, porque eu odeio ficar de vela. – fez careta e a garota riu. – Sei como se sente. Acredite. – cerrou os olhos, o questionando. – Está assustada, boba, se achando uma idiota e completamente maluca, principalmente quando ele está por perto. Isso se chama estar apaixonado. Depois de uma bronca do Fletcher, eu aprendi isso.
– Não queria estar sentindo isso. – confessou.
– As chances de se machucar diminuiriam. – Dougie declarou e arregalou os olhos. – Também pensava assim, garota.
– Por favor, não conte nada.
– Não vou contar. Quem acha que eu sou? – riram. – Mas me diz uma coisa.
– O que?
– Aquela briga toda no seu apartamento foi porque o Niall tava com ciúmes, certo? – alfinetou e se levantou.
– Temos trabalho a fazer, Poynter.
– Ah! Qual é, Tomlinson? Me responde, vai! – se fez de criança enquanto a garota juntava suas planilhas.
– Poynter, trabalho!
– Por favor, ?
– Poynter!
destrancou a porta e entrou da forma que julgou mais silenciosa possível, mas isso não foi o suficiente. Como num filme, assim que subiu o primeiro degrau da escada, ouviu um pigarro vindo detrás de si, juntamente com um ligar do abajur. Descartou a possibilidade de ser Zayn porque, depois de um dia inteiro no estúdio, sabia que ele não descartaria nenhum segundo de sono possível. Não poderia ser Harry porque o mesmo dormiria na casa de Ed Sheeran, por conta de uma música que estariam escrevendo juntos. Niall ainda estava recluso por conta de seu desentendimento recente com . As duas únicas opções viáveis eram Liam e Louis.
– O que fazia na rua a essa hora, mocinha? – Era Louis.
– Eu... – pigarreou, tentando encontrar sua voz. – Eu estava com umas amigas, num bar. – sabia que não adiantaria mentir para Louis, principalmente com aquele olhar tão paternal sobre ela.
– Dentre elas alguma amiga transexual chamada Kyle? – arqueou uma sobrancelha e a ruiva bufou.
– Louis, por favor?
– Só não sai mais sem avisar, tá? Rodei Londres inteira te procurando. – murmurou, cansado.
– Não precisava fazer isso, Louis!
– Não? Vai que você se revoltasse, tivesse uma recaída ou, sei lá, fosse sequestrada? Você é nossa responsabilidade, . E se algo acontecesse? O que eu diria a seu pai? - indagou, realmente preocupado com qualquer possibilidade ruim que viesse a se tornar realidade. Não era somente Kyle quem o preocupava, mas era uma mulher conhecida. Quantas vezes já não haviam acontecido coisas ruins com pessoas conhecidas?
– Já acabou, Louis? Eu preciso dormir.
– Só... Tome cuidado. – Ele avisou, derrotado, e a viu subir em direção ao quarto.
Hyde digitava rapidamente os formulários de , desejando estar com sua família em Cancún. “Porque você quis ser a independente, a orgulhosa, bem feito! Enquanto seus pais se divertem nas belíssimas praias do México você fica confinada num atelier minúsculo para ganhar uma boa indicação às estilistas”, pensava ela.
O sino de vaca preso à porta tocou e isso indicava que algum cliente de havia chegado, o que era estranho, pois a ordem mais cobrada da moça era que nenhum cliente fosse marcado antes da 9h. Hyde olhou para o relógio do computador, bufando, ao perceber que não passava das 8h30 e decidiu que não iria dar a mínima atenção a quem quer que fosse a aspirante a celebridade que quisesse um vestido de sem marcar hora.
– Bom dia. – “Ótimo”, pensou Hyde “Só o que me faltava era um gay desesperado logo numa quarta de manhã”. Ela levantou a cabeça - contrariando sua própria decisão - pronta para dispensá-lo quando deu de cara com um Liam Payne no estilo largadão: calças de corrida, blusa azul em gola V e tênis esportistas. Ela mal conseguia acreditar que por um segundo pensou em ser grossa com ele. – A tá aí?
– Ela... – Pigarreou, tentando deixar sua voz mais sexy. – Ela só chega a partir das 9h. – Liam abaixou a cabeça, dando uma risadinha, essa tinha sido a primeira desde que brigou com .
– É claro que sim. – Ele balançou os cabelos, nervoso e apontou para a poltrona rosa no fundo do salão. – Posso esperá-la aqui? É que ela me mandou vir tirar as medidas pra nova campanha...
– Com certeza! Quer dizer, fique à vontade. – Ele assentiu e caminhou até a poltrona de forma lenta, deixando tempo suficiente para que Hyde admirasse seus maravilhosos glúteos. “Gostoso”, pensou. Ela ajeitou os cabelos com um simples passar de mãos e deu leves tapinhas na próprias bochechas para que ficassem mais rosadas. Estava pronta. Abandonou os formulários de sua chefa por um instante e focou-se no lindo homem do outro lado da sala. Ele parecia não estar prestando atenção em nada, alheio a tudo e a todos com um olhar vago, como se sua mente estivesse em outro lugar. “Mas ele vai me notar”, disse a si mesma, e, com um pé por vez, desfilou até a poltrona do garoto, serena, quase como uma bailarina.
– Posso fazer algo por você, senhor? – Hyde era famosa por conseguir garotos com suas perguntas de duplo sentido, ela com certeza sabia como seduzir um homem, e a forma como passava a língua nos lábios levaria qualquer um a loucura, ou melhor, qualquer um que prestasse atenção nela, o que não era o caso de Liam, que parecia ter levado um susto ao ouvir a voz de Hyde.
– Não, obrigado.
– Tem certeza? Posso trazer um café, alguma revista, posso até...
– HYDE! – Gritou Wanda da portinha que separava a loja do ateliê. – vai se atrasar um pouco, preciso que você ligue pra... – Ela avançava à medida que ia falando -isso era o que acontecia quando ficava nervosa, Wanda saía andando e andando, achava que era uma tentativa de ver se o problema ia embora– e deu de um cara com um Liam assustado, possivelmente por seu grito. – Liam? O que faz aqui?
– An, oi. – Ele levantou a mão, dando um pequeno aceno. – Vim tirar as medidas para a nova campanha, mas posso voltar outra hora.
– Ai querido, bobagem! Não deveria nem estar esperando, venha, eu tiro suas medidas.
– Eu posso fazer isso, Wanda! – Disse uma Hyde desesperada. – Já que vai chegar atrasada, posso ajudar.
– Ai, estou tão feliz que você quer ajudar! – Hyde sorriu, maliciosa, seria a sua chance. – Liga para todos os contatos de hoje e remarca as sessões, depois pode ir na Macys pegar as amostras que deixei lá e seria de grande ajuda se pudesse terminar de digitar esses formulários. – Hyde arregalou os olhos, surpresa, acabara de ser humilhada pela rata de laboratório.
Liam segurou seu riso e acompanhou Wanda até o interior do ateliê, deixando uma Hyde arrasada e desafiada do outro lado. “Você vai cair Wanda, e eu vou ter quem você sempre quis só pra mim.”
– Você é muito malvada! – Liam riu, finalmente, ao chegar à sala de modelos.
– Ela é paga para trabalhar, querido, não pra ficar paquerando os clientes, isso até eu sei fazer. – Wanda pegou a fita métrica na gaveta e um pedaço de papel, anotando pontos cruciais como: braço, coxa, cintura, quadril e ombro. Ela parou em frente a ele, que estava com os braços e pernas estendidos, e começou a tirar suas medidas. – Como estão os meninos? Já pararam de brigar?
– As coisas andam melhorando, mas nunca se sabe, não é mesmo? Paul McCartney tem nos ajudado, vamos ver no que vai dar.
– Vocês vão se resolver, tenham certeza. A amizade de vocês é muito bonita para ser jogada fora assim, estão passando por um momento difícil, mas nada anormal.
– É... Espero que sim. – Os dois ficaram em silêncio enquanto Wanda anotava coisas no papel que separara e guardava a fita métrica de volta na gaveta.
– Está liberado, Liam. Pode ir. – Ele assentiu, agradecido, e abriu a porta dos fundos, não poderia encarar Hyde depois da cena da assistente de . – Liam? – Ele olhou para trás, esperando alguma bronca, mas foi surpreendido por um pedaço de papel voador. Ele sorriu, segurando o aviãozinho de papel com as mãos e o abrindo quando já estava do outro lado da rua.
Vale mais a pena ter o orgulho ou aquela pessoa especial?
“Maldita Wanda”, ele pensou “Ela estava falando de o tempo todo”.
Louis passeava calmamente pela rua, andava com uma vontade imensa de tomar café e o Starbucks na esquina do Complexo estava agora há dois saltos de distância, quase pôde sentir o sabor quente e levemente amargo do seu expresso quando tomou a liberdade de avaliar o local pela grande vidraça que o rodeava. O que Louis menos queria a essa hora da manhã era um bando de fãs gritando no seu ouvido. Suspirou de alívio ao notar que havia apenas um executivo, um casal de velhinhos e uma menina ruiva dentro do estabelecimento. Espera... Menina ruiva? Ele encostou os olhos no vidro para checar e teve certeza de que era ali.
Entrou sorridente, sabendo que teria companhia para o seu café e tratou de sentar na cadeira em frente à moça antes que ela resolvesse se levantar. Ver Louis a sua frente era algo que com certeza não esperava, mas pensando por um lado, era completamente previsível.
– Está me seguindo, Tomlinson? Por acaso arrumei um encosto? – Ela falou de forma despojada enquanto bebericava seu café.
– Pode não parecer, mas foi coincidência. Ou se quiser, pode chamar de destino. Eu posso ter vindo parar aqui pra lhe parar de fazer alguma burrice...
– Não estou esperando ninguém e não pretendo visitar uma pessoa chamada Kyle se é isso que quer saber. – O garoto sorriu, satisfeito com a resposta.
– Fico feliz em saber que está seguindo em frente. – Ela revirou os olhos, visivelmente cansada e soltou um suspiro derrotado.
– Não era pra isso estar acontecendo. – Disse sem mais nem menos. – Eu é quem deveria estar cuidando de vocês, não o oposto. Papai me deixou aqui para “resolver” vocês e parece quem eu comecei a afundar e estou levando vocês juntos.
– Não é como a se a gente estivesse exatamente em cima, não é? – Louis ironizou, recebendo um olhar de matança como resposta. Achou melhor não tirar piadas da situação. É, era bem melhor. – Sabe que a nossa relação com você vai muito além de freguesia. Nós somos amigos , é normal que quando você passe por um problema ruim peça ajuda de amigos.
– Isso é algo que não deveria existir! Como posso ser respeitada?
– Sendo exatamente quem você é! Qual é? Nós vimos o seu melhor todo esse tempo, a casa caiu e você continua firme, continua tão bem diante de toda essa pressão. Se quer saber, eu passei a te respeitar muito mais por isso. – Louis alcançou a mão da garota, que estava descansada na mesa perto de seu copo de café preto, e a acariciou, passando conforto.
– Obrigada. - ela sorriu, ligeiramente envergonhada.
– Hey – Louis a chamou. –, eu sei que essa história do Kyle e de ter vindo morar com a gente tem lhe perturbado muito, mas não sinta como se fosse um favor, ok?
– Não sinto. Sou muito grata por terem me tirado daquela casa, eu com certeza teria voltado se não fosse isso, mas acho que vou me sentir bem mais confortável em outro lugar, sabe? Poder começar de novo... Me renovar.
– Tudo bem. – Ele disse a contragosto, sentindo um aperto no peito. Louis estava orgulhoso ao ouvi-la, mas sentia-se acuado, não gostava dessa sensação, da sensação de saber que não havia nada que pudesse fazer para ajudá-la. Talvez por crescer com meninas mais novas, sempre fora o “maioral” da casa, elas sempre estavam em cima dele para tudo, seja para brigar com um coleguinha ou abrir um pote de azeitonas, ao entrar no X Factor, perdeu a fase de liberdade delas, a fase em que suas lagartinhas viraram borboletas e ele só se lembra de chegar aos natais e encontrar o sofá cheio de namoradinhos com más intenções. Louis talvez visse em o que perdeu em suas irmãs mais novas.
sorriu, tentando passar confiança a Louis, tanto com o olhar, quanto com as mãos que ainda estavam sendo acariciadas por ele. A verdade era que nem ela sabia o que estava fazendo direito. Seu celular vibrou dentro da bolsa e, como se estivesse com medo de um “Louis leitor de mentes” – que pudesse descobrir sua insegurança –, a garota tratou de quebrar todo e qualquer tipo de contato, atendendo o mais rápido possível o telefone.
– . – Ela falou, segura. – O QUÊ? C-COMO ASSIM? O QUE É QUE... – Seus olhos arregalados passaram a Louis um certo temor. abanava as mãos, nervosa, e se remexia na cadeira. Boa coisa não estava por vir. – Ok, ok, estamos indo.
– O que foi? – Louis perguntou, já ansioso.
– Papai. – Foi o que ela conseguiu dizer quando se acalmou. – Ele está no aeroporto. Quer nos ver no Palace em 2h. – Por um segundo Louis não entendeu muito bem por que estava tão histérica, mas depois lembrou-se da situação de sua equipe: Paul McCartney os odiava, todos se odiavam e odiava a si mesma.
– Eu chamo o táxi. – Ele disse.
– Eu ligo para os meninos.
's POV
Entrei confiante no estúdio. Quer dizer, tentei entrar. O fato mais engraçado a respeito de mim mesma é que eu podia ser extremamente arrogante quando se tratava de boybands inúteis e maus atores, como também podia ser um projeto de adolescente virgem quando eu estava diante de grandes projetos como aquele. É claro que eu não poderia perder a compostura, por isso, sempre que eu fazia essas tentativas – inúteis, devo ressaltar – eu parecia mais um pato desfilando do que qualquer outra coisa.
– ! – Gritou uma voz ao fundo. Apertei os olhos para conseguir enxergar uma figura de calça laranja neon e topete estilo Elvis acenando para mim. Não consegui acreditar.
– John! Oh Meu Deus, o que faz aqui? – Corri para abraçar meu velho amigo de set. John Strass, como gostava de ser chamado, era o nome do melhor cabeleireiro-conselheiro que existe na face da Terra. No início da minha carreira, em um dos meus primeiros testes - sendo um dos que me deixou insegura - John me deu várias dicas de como conquistar o diretor. Talvez tivesse sido comovido pela cara de assustada que eu estava no dia.
– É CLARO que com uma produção dessas eu não ia deixar de ser chamado, não é mesmo, meu bem? E você, Jerry Hall? Haay, querida, vamos ter que pintar suas madeixas, virar poderosa, loiríssima, hum?
– Bill disse que eu ia encarnar a Jerry. Acredita?
– Ain amor, você é tão mais bonita que ela. – Ele segurou meus cabelos com a ponta dos dedos até darmos uma gargalhada gostosa. Conversamos por um bom tempo assuntos banais, desde o tamanho do estúdio até o novo jogados da seleção americana de futebol, até que uma moça morena e baixinha, carregada de pastas e fones passou correndo por todo o espaço, chamando não só a nossa atenção mas também a do segurança e dos funcionários da recepção.
– ALGUÉM A VIU CHEGAR? ALGUÉM TEM O NÚMERO DELA? ESTÁ ATRASADA, ATRASADÍSSSIMA... – A moça rodava em círculos e estava bastante irritada, quem quer que tivesse se atrasado estava muito ferrado.
– Pra quê tanto estresse, amore mio? – Perguntou John, com sua típica voz carinhosa.
– É a , ela ainda não chegou e... – Ela virou pra mim por um instante, fazendo uma cara de fúria. – O que faz aqui? Todos já estão na sala de leitura. Tem o roteiro? Já marcou as suas falas? Checou os horários de gravação? – Ela falava tão rápido e me empurrava de uma forma tão forte que nem tive como me despedir de John direito e a única coisa que consegui fazer foi assentir.
Ao chegar a uma porta grande de madeira, a assistente finalmente tomou liberdade para respirar. Ela me entregou um café – que eu só fui ver que estava embaixo das pastas nesse momento – e um papel com os horários de gravação, abriu a porta e me desejou um baixo “boa sorte” antes de me jogar lá dentro.
Tudo se silenciou quando eu entrei, as risadas que antes haviam, se transformaram em olhares indiscretos. Tomei a liberdade de encarar a todos na sala antes de me pronunciar: a mesa de 16 lugares contava com Tom Hooper, o diretor e Mick Jagger nas pontas, alguns assessores – pude perceber pelos rádios de comunicação - e os atores, claro.
– Desculpe pelo atraso. – Disse num sussurro.
– Ora, o que é isso, . – Tom Hooper, um senhor loiro de sotaque acentuado, acenou para mim, indicando a cadeira. – Não se preocupe, pode sentar-se. – Puxei a cadeira, envergonhada, e de cabeça baixa, organizei meu roteiro marcado para a leitura de texto. – Vamos às apresentações: Esses são Carl, George, Lola e Jenny, eles são os diretores de imagem e som. Ben é o roteirista, que teve a nobre ajuda do Sir Mick Jagger. As meninas do seu lado são Norah, Sophie e Olivia, as outras três ex-esposas de Mick. Senhoras e senhores, essa é Jerry Hall. – Acenei para todos, de forma sorridente, porém ainda acanhada. Depois de vários minutos calados, percebi a ausência de uma pessoa importante, ou se não a mais importante do filme.
– Onde está o Mick Jagger? – Perguntei, um pouco impaciente.
– Desculpa pelo atraso. – Disse uma voz masculina atrás de mim. “A voz” fechou a porta e parou, possivelmente tão envergonhada como eu estava anteriormente.
– Olhe o nosso homem. – Tom se levantou e apontou, fazendo com que todos nós virássemos nossa atenção para trás. – Esse é o Mick Jagger. Não é idêntico? – Girei minha cadeira para encarar meu par de cena e quase cuspi o café de minha boca. - Pessoal, esse é Harry Styles, e esses são...
Eu não sentia nada além de um formigamento extremamente desagradável no meu braço esquerdo, enquanto as vozes pareciam se misturar mesmo não interrompendo umas às outras. Normalmente, costumo prestar atenção nos mínimos detalhes repassados pra poder deixar minha atuação impecável, mas não seria possível dessa vez. Não com ele no recinto, me encarando com aqueles ridículos e invasivos olhos verdes a cada cinco minutos. A presença de Harry não me deixava nem um pouco confortável. Muito pelo contrário! Me agonizava de forma inexplicável. Ou talvez tenha uma explicação e ela ainda esteja perdida naqueles cachos bagunçados. Estar perto dele me deixava nervosa, inquieta. E ao mesmo tempo tinha a capacidade de me deixar calma.
Mas não devia.
– Bom, acredito que seremos muito bem sucedidos já que contamos com a melhor das equipes que se poderia encontrar. – Tom sorriu. – Nos vemos na próxima semana. Tenham uma boa noite, pessoal. – Dei graças à Deus quando essas palavras foram finalizadas com um aceno de cabeça, o que me permitiu pensar em, literalmente, correr rumo a frente do prédio para pegar um táxi. Eu me sentia finalmente livre daquele clima. Livre de Harry. – ! Harry! Poderiam ficar mais um pouco? – senti meu estômago se repuxar ao ouvir isso. É claro que não poderia! Se eu tivesse um compromisso importante agora? E deveras tenho: ficar longe de Harry Styles.
– Claro. – sorri, olhando mais uma vez para a porta, quase implorando pra que ela ganhasse vida e me tirasse dessa. Voltei para a mesa, me concentrando em não surtar, e sentei ao lado de Tom, vendo Harry se sentar à minha frente.
– Algum problema? – perguntou e Tom negou.
– Muito pelo contrário! Eu gostaria de agradecê-los pelo interesse nesse projeto. O talento de vocês é crucial pra que ele dê certo. – sorriu paternalmente e eu sorri, quase materializando o táxi a minha frente.
– Acho que falo por mim e por Harry quando digo que nós é que estamos gratos. – olhei brevemente para meu companheiro de cena, totalmente à contragosto que fique claro, que pareceu concordar.
– Absolutamente. É uma oportunidade imensurável! – contive minha vontade de rir. Harry conhecia tal palavra?
– Bom, se for só isso. – me levantei, mais sorridente do que jamais estive naquela semana.
– Na verdade... – Tom começou e eu vi, novamente, a chance de ter um pouquinho de felicidade em ter um ataque paranóico dentro do aconchego do meu lar me escapar. – Eu gostaria de pedir uma coisa aos dois. Para o bem do filme.
– Que seria?
– Ouvi dizer que estão trabalhando numa campanha juntos e isso me alegrou bastante. – O que ele quer? Roupas? – Então, eu gostaria que vocês gastassem mais tempo juntos. Além do tempo da campanha e dos ensaios, quero dizer. – Tentei manter minha respiração regular. Seria um trabalho difícil, mas eu tinha de concordar que era para o bem do trabalho. – Podem fazer isso?
– Claro! – concordei, recebendo o olhar confuso de Harry sobre mim, que, após uma sinalização discreta, pareceu perceber o que eu quis dizer.
– Mas é claro! Passar mais tempos juntos seria ótimo. – sorriu.
– Vocês aceitam minhas sugestões. Isso é muito bom. – Tom apontou, rindo. – Significa que são sensatos ou muito loucos. – sorri, ouvindo a risada fraca de Harry no fundo. – Só tenho mais um pedido a fazer. Pra ter certeza que a minha intuição fez a melhor escolha mais uma vez.
– Fique à vontade. – levantei as mãos e ele cerrou olhos, passando-os por mim e por Harry respectivamente.
– Vocês podem encenar a cena 42, por favor? - Meus olhos se arregalaram e, por um momento, tive a impressão de que desmaiaria pela primeira vez na minha vida. Ele não poderia estar falando sério. Essa era, justamente, a cena em que Mick pedia a Jerry em casamento. Um momento romântico. Um momento de b... Be... Uma cena de beijo. Pisquei quase que desesperadamente quando me dei conta daquilo. Eu o beijaria. Eu beijaria Harry Styles. A pessoa que mais tem meu desprezo nesse mundo. Aquilo não poderia estar acontecendo!
Dentro de mim uma batalha épica se formara, em questão de segundos, entre meu orgulho e minha paixão: o orgulho me dizia pra sair dali o mais rápido possível, mesmo que isso arruinasse minha carreira de uma vez por todas; já minha paixão dizia que, por mais doloroso que fosse atuar com Harry, eu ainda estaria fazendo o que amo, o que eu sou boa, o que faço com excelência. Resolvi que ouvir minha paixão era o mais sensato a se fazer, mesmo tendo consciência que isso poderia me trazer problemas mais tarde.
Tentando não retroceder na minha decisão, respirei, buscando por todo profissionalismo presente dentro de mim e rumei para o outro lado da sala, colocando minha bolsa em uma cadeira e todo o seu conteúdo em outra. Deixei à mão também o script, para usar como o jornal que estaria na cena.
– Quando quiser, Tom. – usei meu tom mais suave, vendo-o sorrir antes que eu me virasse.
– Ok. Preparem-se. – ouvi os passos de Harry em direção à porta e suspirei. Busquei em mim o sentimento que ignorava quando me via estampar os tablóides com as mais mentirosas legendas: ira, tristeza, revolta... E então, finalmente me pus no lugar daquela mulher, me pus a sentir sua dor: Mick estampado nos jornais ao lado de Madonna, sendo aclamado como novo namorado dela por ter sido visto ao seu lado num jantar. Não era a primeira vez que acontecia de o colocarem num relacionamento novo só por ter sido visto ao lado de uma mulher. Mas aquela era a primeira vez em que Jerry, quando leu a matéria, se vira como “causadora de intrigas que quase pôs um fim na carreira de Mick por estar traindo ele com o porteiro e impedir que ele assuma seu romance com a rainha do pop”. Respirei fundo, não mais como , mas sim como Jerry Hall, já sentindo as emoções à flor da pele. – Ação! – dito isso, comecei a colocar as coisas novamente na bolsa, não tão delicadamente, sentindo meu rosto já tomado por lágrimas enquanto os braços atrás de mim ficavam mais próximos.
– Jerry, o que está fazendo? – perguntou com o cenho franzido, se pondo ao meu lado. – Está chorando? – tentou tocar meu rosto, mas eu o afastei. – Jerry, o que...?
– Pergunte a eles. – joguei o jornal em seu rosto sem nenhuma cerimônia, fechando minha bolsa logo em seguida. Não se demorou muito lendo, provavelmente o título “A Nova Garota de Jagger” fora o suficiente para entender do que se tratava.
– Fassbender de novo? – devolveu o jornal ao seu lugar inicial, me segurando suavemente pelos ombros enquanto seus olhos descobriam um novo jeito de me hipnotizar. – Pensei que já estivesse acostumada ao pote de mentiras que ele tem.
– Talvez você esteja – me esquivei, rumando para a porta. -, mas acho que não seja algo irrelevante se ver no jornal como “causadora de intrigas”. – minha voz falou e ele passou a seguir meus passos.
– Você não é!
– Não é o que diz o jornal.
– Mas é o que eu digo!
– O que sou então, Mick? – perguntei num tom não muito cortês e não ouvi mais seus passos. Ótimo. Ele não viria atrás de mim. Meu sofrimento, talvez, não fosse tanto.
– Minha futura esposa. – declarou suavemente e, tamanho impacto aquelas palavras causaram em mim, que me fizeram parar, fazendo também que algumas lágrimas a mais se aventurassem rumo ao chão. – A mulher da minha vida, a quem amo, que me faz feliz, a pessoa em que penso todos os instantes do dia... – seus passos iam se aproximando e logo suas mãos estavam acariciando meus ombros. – Que me faz sentir completo, que vale mais que qualquer outra coisa que eu possua, que tem a capacidade de me deixar louco com a sua simples presença... – me fez virar delicadamente para vê-lo, encontrando expressa em seus olhos uma paixão tocante, que demonstrava tudo aquilo que havia dito anteriormente. – Que tem o poder de me fazer querê-la acima de tudo... – sussurrou e eu fechei os olhos, enquanto ele me acariciava a bochecha esquerda, colocando sua testa na minha. – Casa comigo, Jerry Hall? – soprou contra minha boca e eu abri os olhos, me sentindo entorpecida pela aproximação. Então me vi novamente como que agora estava a uma distancia perigosa de Harry Styles, perdida na imensidão de sentimentos que transbordavam de seus olhos.
– Sim. – lutei intensamente contra meu corpo e tudo o que eu sentia para concluir o diálogo monossibalicamente num sussurro, seguido por um beijo o qual eu não tinha intenção de partir. Mergulhei minha mão nos cachos de Harry enquanto a outra lhe acariciava a nuca e eu me encontrava sendo pressionada contra ele, a ponto de não ter mais nenhum centímetro de distância entre nós. Todos os nossos movimentos pareciam sincronizados perfeitamente e a sensação viciante do agridoce me invadia através daquele beijo, que estava a caminho de se tornar mais intenso.
Mas então os aplausos de Tom me (nos) fizeram lembrar que não estávamos sozinhos ali. O beijo se findou num simples e doce selinho, com direito a um sorriso meigo de ambas as partes. Mas então me recobrei à consciência e me afastei sutilmente, evitando seu olhar. Evitando, também, ruborizar por ter pensado em beijá-lo novamente.
– O que achou, Tom? – Harry quebrou o silêncio e, pelo seu tom, eu tinha certeza que ele sorria.
– Estou sem palavras! – ergueu as mãos e eu sorri. São minhas palavras favoritas quando vindas de um diretor. – Vocês são incríveis! , sua ira e depois aquele estado de menininha apaixonada... Nunca a vi tão entregue! E você, Harry... Para um novato devo dizer que bateu muitos veteranos! Toda aquela paixão, sem perder o estilo Jagger... Incrível, incrível! – continuou gesticulando exageradamente enquanto eu e Harry sorríamos pelos elogios. – E há uma coisa entre vocês dois... Não sei bem explicar o que é, mas gosto como funciona.
Tom continuava nos elogiando e, por mais um pouco, nos orientou em alguns mínimos detalhes para que a cena pudesse ficar mais realista. Até que nos declarou dispensados e eu desapareci rumo ao meu lar o mais rápido que pude.
A verdade é que ver esse lado sensível do Styles, mesmo tendo sido tudo atuação, me fez pensar no quão bom poderia ser se fôssemos... Amigos. Nem pra tanto, caso fôssemos apenas simpáticos um ao outro. E isso acabou me levando ao pensamento do que poderia ter acontecido se Tom não tivesse interferido na cena. Me estapeei na esperança de voltar à minha sanidade e segui para o banho, aprovando a possibilidade de conversar com Dakota sobre Cannes.
Pelo resto da noite, Harry não estava mais em meus pensamentos. Mas foi só eu fechar os olhos para dormir que sua voz tornou a me rondar, assim como seu gosto estava me invadindo e meu corpo pedia por mais. E, por mais que eu pensasse em qualquer outra coisa, minha mente teimava em me lembrar que eu realmente havia gostado do que ocorrera entre nós naquele ensaio. Numa tentativa desesperada, me deitei no sofá, mas então o telefone começou a tocar e eu me vi sem nenhuma disposição para atendê-lo. A única pessoa que me ligaria às 2 da manhã seria Bill, isso se eu tivesse aprontado novamente. O que não faz sentido algum, considerando que venho me comportando muito bem nos últimos tempos.
“Oi! É a ! Tô ocupada no momento, mas se for importante é só dizer que eu ligo de volta.”
“Oi, ” riu a pessoa a quem devo minha insônia. “Eu achei seu número na agenda da e resolvi ligar pra te dar os parabéns. Você estava incrível hoje. E também queria dizer que é uma honra ter você como minha esp... Quer dizer, contracenar com você. Desculpe, não consegui esperar até a próxima reunião. E, por falar nisso, precisamos sair... Eu e você... Pra... Sei lá! Caçar patos se você quiser. Talvez isso até ajude o seu humor...” riu fraco.
“Hazz? O que faz acordado?” a voz sonolenta de perguntou ao fundo.
“! Pelo amor de Deus, vista uma roupa!”
“Estou vestida!” a voz se fez mais próxima.
“Ah, claro. Seu short não mede nem um palmo!”
“Com quem está falando?”
“Uma amiga. Agora vai dormir.”
“Que amiga?”
“.” Declarou firme e murmúrios vindos da outra puderam ser ouvidos a medida que ela se afastava. “Desculpe por isso também. Bom... Tenha bons sonhos e durma bem. Espero ser importante o bastante pra que você retorne.” Riu. “Até, .”
Me senti ruborizar ao perceber que “uma amiga” ecoava em minha mente e me xinguei por isso. Eu não conseguia encontrar uma palavra sequer para xingá-lo. E isso não era nada bom.
THIRTEEN
A brisa refrescante daquela manhã calma trazia consigo uma raridade: Niall estava acordado, tendo ao seu lado no sofá, Zayn. Ambos assistiam em silêncio ao canal do tempo, cada um preso em seus próprios pensamentos, quando o som da campainha ecoou pelo complexo. Se entreolharam curiosos, afinal o ponteiro do grande relógio que mantinham na parede ainda nem mostrava 7 da manhã. Decidiram, ainda em silêncio, que Zayn atenderia à porta e este, ao ver seu reflexo no espelho perto da porta, colocou seus cabelos para frente, como uma franja e riu, se achando um idiota por estar a caminho de receber uma pessoa nesse estado: usando uma calça moletom preta com uma camiseta branca que tinha, escrito à tinta com direito à caligrafia da ruiva, os dizeres “’s little slut”, fruto de uma brincadeira de alguns dias atrás; e, de quebra, seu cabelo estava da forma, como gostava de descrever, “sou fofinho e sou todo seu”.
– Pois não? – abriu a porta, ainda rindo de si mesmo e recebeu um olhar curioso em troca. Ao perceber quem era e que ela reparava no que ele vestia, Zayn ruborizou, passando um das mãos no cabelo, tentando ficar mais apresentável.
– Hey, Zayn. – sorriu, achando interessante a forma como ele estava vestido –principalmente a camisa-, e, deveras, fofo quando ruborizou. – Nialler já está de pé? – se inclinou sutilmente procurando o melhor amigo com os olhos, até que o viu, com o semblante surpreso, aparecer ao lado de Zayn.
– ? – ela sorriu mais ainda e se abraçou ao loiro possessivamente enquanto Zayn arqueava a sobrancelha para as malas do lado de fora. – Não acredito que veio tão rápido!
– Tudo por você, Nialler. – passou a mão na bochecha do rapaz, que sorriu docemente em troca. Ter por perto realmente o fazia feliz. – E então? Qual o seu problema?
– All the other kids with the pumped up kids. You’d better run, better run... – cantava ao descer as escadas logo atrás de Liam, com as mãos em seus ombros na tentativa de fazê-lo dançar a música que o irmão também cantava, vindo logo após a garota.
– Você precisa trocar de música, . – Liam declarou ao chegar ao fim das escadas, carregando a garota, que a pouco pulara em suas costas, para o centro da sala. – Acho que vou comprar alguns CDs pro seu aniversário.
– Ela me traz boas lembranças de um bom ano. 2012... Músicas boas, filmes bons...
– Se você citar Magic Mike, eu te solto aqui mesmo!
– E eu não vou interferir, principalmente se ele decidir te acertar uma almofada na cara. – Louis completou a ameaça ao se jogar no sofá.
– tem razão. Magic Mike foi um filme muito bom. – declarou, atraindo todos os olhares para si.
– ! – os três gritaram, atropelando Niall, devo ressaltar, ao correrem para abraçar a garota.
– O que faz aqui? – Louis fora o primeiro a perguntar e só então Niall percebeu que ainda não tinham combinado o que dizer quanto à volta repentina da amiga. Deveras, ele nem sabia como ela conseguira chegar tão rápido. Já ela, soltara os ombros, num claro sinal de desistência. Sabia que não ia adiantar muita coisa esconder algo deles, logo descobririam toda a verdade.
– Fui suspensa por tempo indeterminado. – deu de ombros e o arregalar de olhos foi uma reação em cadeia. Niall, então, a abraçou, tentando lhe passar suporte em nome de todos os presentes. Afinal, a importância do trabalho para era imensurável. Ela amava o que fazia, todos sabiam. – Mas vim aqui porque Nialler –olhou para o mesmo, que implorava silenciosamente por sigilo– me convidou para ser sua acompanhante no lançamento da campanha.
– Boa. – Niall sussurrou e a garota se conteve para não rir.
– Claro! Como ele poderia esquecer? – riu quase a contragosto. Ainda não tinha se reconciliado com o rapaz. Não por falta de tentativas dele, mas agora ele realmente a havia irritado. Portanto, não seria assim tão fácil. – Eu preciso saber com quem vão. – a garota apontou para Liam. – Eu preciso que fale com so...
– Na verdade – Liam a interrompeu gentilmente. -, eu vou com . – por mais impactante que fosse ouvi-lo declarar que não iria a um evento com , todos tentaram se manter indiferentes. Sabiam da briga, mas não deviam, já que o rapaz não falara com ninguém sobre. Se ele queria espaço, ele teria espaço.
– Tudo bem. Então pergunte a o que vai querer vestir. Assim vou ter uma ideia de como lhe vestir. – ele sorriu em agradecimento e se virou para o seu melhor amigo. – Z?
– Vou com a Cher. – a garota assentiu e virou-se pro irmão.
– A ruiva vai acompanhada do tio Simon, certo? – ele acenou positivamente. – Wanda vai adorar saber que Hazz vai acompanhá-la. – bateu palmas espirituosamente, causando alguns sorrisos. Ver agir como uma criança sempre os fazia sorrir. – Lin, podemos?
– Claro. – indicou o caminho a irmã, que franziu o cenho ao ver malas na porta.
– , você veio direto?
– Sim. Do aeroporto pra cá, mas daqui a pouco vou pro hotel. Não se...
– Besteira. Você vai ficar lá em casa. – decretou e, por mais que não quisesse incomodar, sabia que não teria coragem de negar um pedido –ou ordem– à garota.
– Preciso resolver umas coisas antes. Mais tarde Nialler me leva, pode ser.
– A seu critério. – deu de ombros, apontando para Zayn logo em seguida. – Cuide bem da minha menina. – declarou o que normalmente dizia a Niall quando estava presente e a visitante arregalou os olhos, vendo e Louis se despedirem antes de sumirem.
– O que eu perdi? – perguntou aos rapazes e Niall cruzou os braços, enquanto os outros colocavam as malas de para dentro, cada um indo para um cômodo da casa logo em seguida.
– É complicado. – fez careta.
– Nialler?
– , podemos subir?
– Certo. Você já comeu, já tomou banho e até já ligou pra sua mãe... – enumerou, sentada na cama do melhor amigo, enquanto o mesmo estava deitado no tapete do seu quarto, rodeado por alguns pacotes de salgadinhos. – Será que agora dá pra me explicar o que tá acontecendo?
– Eu gostaria muito de poder te responder isso. – murmurou, sem o mínimo esforço pra falar e deixou seu queixo cair. Niall a havia chamado ali pra nada?
– Como é, leprechaun? – o rapaz se sentou na frente da melhor amiga, ainda bolando a melhor tática pra desabar.
– Eu vou te contar uma história. Aí, quando eu terminar, você me diz sua opinião sobre o que essa pessoa da história deve fazer, ok? – a garota simplesmente assentiu. Conhecia muito bem seu loiro e já tinha certeza de que a história era sobre o mesmo. – Tem esse cara que sempre foi amigo dessa garota. Ele nunca sentiu nada por ela além de amizade, até porque ele só via essa garota como uma irmã, sabe? Depois de muito, muito tempo ele começou a perceber que não sentia mais a mesma coisa por ela. – ele pausou, fitando o chão.
– O que, exatamente, ele passou a sentir por ela? – perguntou serenamente.
– Ele não sabe, exatamente. Ele passou a ter ciúmes dela, a querê-la por perto sempre e não consegue tirá-la da cabeça.
– Ele está gostando dela?
– Mais que isso. – suspirou, soltando os ombros.
– Não seria mais fácil se ele contasse a ela o que sente?
– Jamais! – Niall se levantou num estalo.
– E qual o problema nisso?
– E se ela não corresponder? Vai achar que ele é um maluco que fica insinuando que ela está namorando com outro cara e toma decisões precipitadas, principalmente quando está com ciúmes de um cara que ela diz ser só amigo, mas ele tem certeza que o outro quer mais que simplesmente amizade com ela, por isso tentou alertá-la, mas ela não quis ouvir! Se eu disser o que sinto, vai me odiar pra sempre! – falou rápido, mas mesmo assim compreensivelmente e então se viu sorrindo boba ao escutar a última frase. Sabia que os dois tinham uma relação diferente da que a garota Tomlinson tinha com o resto dos garotos, mas nunca passou pela sua cabeça que um dia aconteceria algo entre os dois.
– Nialler, você está apaixonado pela . – declarou, ainda sustentando um sorriso, e o loiro se virou pra ela assustado.
– De onde tirou isso, ? – gaguejou. – Estou te contando uma história e você me vem com suposições estranhas? Que grande amiga você é!
– Você quem acabou de se entregar! – riu, com uma das mãos na testa. – Diós! Como foi que não percebi isso?
– , eu já disse que... – sentiu sua voz sufocar. O que diria? Não conseguia nem mentir, quem dirá para a sua melhor amiga! Sentou-se novamente, fitando o chão novamente, se sentindo perdido novamente. Talvez e seus companheiros de banda tivessem razão e os ciúmes repentinos não fossem apenas uma singela proteção, mas fruto de uma semente que fora plantada há algum tempo. Talvez estivesse mesmo apaixonado por .
– Nialler, você sabe que pode me contar tudo, não sabe? – ela perguntou, segurando as mãos do garoto e ele sorriu fraco. Deveria saber que era sua única confidente.
– É claro que sei, boba.
– Então, por que tem medo de me contar o que se passa nessa cabeça oxigenada?
– Não é assim tão fácil admitir quando se gosta de alguém.
– Isso se aplica no geral ou é um caso exclusivo? – Niall parou pra pensar. o conhecia melhor que muita gente e inúmeras vezes já recebera uma mensagem de Niall dizendo “I’m in Love”. Então percebeu que isso não se aplicava a sua zinha, inha, inha.
– É diferente. – concluiu.
– Diferente como?
– Ela tem um irmão, um melhor amigo, um concunhado e um lutador de boxe pra me matar se eu, por acaso, revelar algum interesse nela. – a garota riu enquanto Niall murmurava um “É verdade!”.
– Deixe de besteira, Nialler. Você ainda não tentou pra saber se é verdade!
– Não acho que morrer é uma coisa que eu queira fazer no momento, então muito obrigado, mas não.
– Nialler, me promete uma coisa? – perguntou serena.
– Tudo o que quiser. – deu de ombros, dando a resposta costumeira a essa pergunta quando vinda da sua melhor amiga.
– Cresce e conta pra que você a ama. É só ela! Sua zinha, inha, inha. Mesmo que ela não corresponda, ela vai continuar sendo sua amiga. Exemplo disso você tem de sobra. Que mal ela pode te causar? – ele ponderou. Sabia que fazia questão de manter um relacionamento no mínimo aceitável com os seus ex namorados. Mas ele nem a isso chegava. Era somente seu amigo. E isso não lhe agradava nem um pouco. – Nialler?
– Eu vou contar. – concluiu e a garota sorriu, abraçando o melhor amigo.
– Você não vai morrer por isso, prometo!
– Então foi isso... – Ela declarou, rodando a xícara no pires. Havia sido muita sorte encontrar uma cafeteria aberta àquela hora, principalmente uma que servisse chá nos EUA. O nome era Slippers House e a logo contava com um sapato dentro de uma xícara de café. A dona era uma rechonchuda senhora com cara de grande avó que adorava servir pessoalmente os pedidos.
– Ah qual é, . Se ele é tão seu amigo quanto parece, vai lhe perdoar. Além disso o Liam que eu conheço não é de guardar mágoas. – Ed ouvira atentamente toda a história de , desde a ideia do livro até o seu desapontamento durante a sessão de autógrafos. A inocência da garota em preparar uma surpresa para o amigo era tanta, que Ed não sabia como Liam pôde cogitar odiá-la.
– O problema é que eu já não sei se o conheço mais. – Ela abaixou a cabeça, guardando algumas lágrimas que insistiam em querer sair e suspirou. – Quando brigávamos tudo estava resolvido no dia seguinte. Faz quase uma semana e nem uma mensagem eu recebi.
– Ele só está precisando de um tempo. Talvez não seja fácil pra ele absorver tudo isso tão rápido...
– É tudo culpa minha! – Ela choramingou. – Se eu tivesse contado a ele, mostrado alguns capítulos aos poucos e o tivesse preparado ele não estaria assim. – À medida que dizia cada palavra um soluço saía de sua garganta e quando deu por si, já chorava de maneira compulsiva, com direito a engasgos e tremedeiras. – Eu sou a pior amiga do mundo.
Ed Sheeran tinha sido pego de surpresa. Nunca pensara que sua ingênua pergunta “O que está acontecendo?” pudesse causar uma sessão emotiva na garota. A verdade é que ele nunca fora bom em confortar pessoas, a sua ideia de consolo era um pouco diferente do esperado e consistia numa boa garrafa de uísque com cookies de chocolate ao lado enquanto sentava em frente a uma máquina de lavar – sim, é estranho apenas como soa. parecia o tipo de garota que gostava de palavras profundas e potes de sorvete, algo que não estava ao alcance do homem ruivo. Quer dizer, era verdade que ele sabia escrever letras emotivas capazes de derrubar o coração de qualquer garota, mas a maioria delas saía ao efeito do álcool ou de alguma situação engraçada. Uma sensação de impotência percorreu o corpo de Ed e praguejou Liam no instante em que percebeu que a única pessoa que a confortaria do jeito certo seria ele.
– Você acha que ele está certo? Eu só queria ajudá-lo, meu último desejo era magoar Liam de alguma forma, você... – Ainda soluçando, olhou para a senhora dona do local. Esta segurava seu ombro com força, mostrando um conforto o qual Ed não fora capaz de lhe dar.
– Não chore, querida.
– Mas ele era um grande amigo meu, Sra. – a garota abaixou os ombros, derrotada, e virou o rosto para ouvir o que a senhora rechonchuda tinha a dizer. Ed arregalou os olhos com a situação em que se encontrava. Chamou uma garota para sair e entrou numa sessão terapia extremamente sinistra. Ele se sentia aterrorizado pela cena que via, a autora dos seus livros prediletos pedia conselhos para uma completa estranha e isso fez com que ele se perguntasse o que fazia ali. Ele atravessara o oceano procurando por , procurou na sua agenda em que cidade ela estaria e pegou um voo para encontrá-la, para encontrar a garota meiga que derrubou café em sua camisa. No momento em que brigou com a comissária por uma vaga qualquer no último assento da aeronave, aquilo tudo parecia certo. Naquela hora, ele estava pensando seriamente em fugir.
– Amigos não se vão, meu amor. Amigos ficam e enfrentam os problemas. Amigos brigam e perdoam. Depois fazem tudo de novo.
– Você acha que ele vai me perdoar? – Ela limpou os olhos borrados de rímel com um sorriso esperançoso no rosto. Então Ed lembrara por que pegou aquele voo.
– Toc, Toc, . – segurou as malas atrás de si, esperando abrir a porta com seu enorme sorriso.
– AI MEU DEUS, PENSEI QUE NIALL TIVESSE TE SEQUESTRADO! – Ela abraçou fortemente e a ajudou a entrar. – Aonde está aquele inútil? Por que não te ajudou com as malas? – pôs as mãos na cintura, revoltada.
riu ao lembrar-se da expressão de Niall ao deixá-la na porta do apartamento. Ele estava com muito medo de ver depois da sessão de ciúme que teve e, segundo ele, não estava pronto ainda para contar o que sentia.
– Eu vim de táxi. Eles tinham uma reunião com o Simon.
– Lin me disse que ele vai chutar seus traseiros. – engoliu a mentira prontamente e, depois de mostrar as instalações a , sentou-se com ela na cama king-size do quarto de hóspedes. – Estou cansada, . Muito cansada.
– Não posso acreditar que Tomlinson está reclamando do seu emprego.
– Hey, não estou reclamando. – Ela jogou um travesseiro na amiga com um biquinho. – Eu AMO meu trabalho, você sabe. Mas ultimamente ele tem tirado meu sono. Vai ser um grande lançamento, . Quero que tudo esteja perfeito.
– Vai estar e você sabe disso. – Ela deitou-se ao lado de , com seu pijama de moletom, e ajeitou-se na almofada ao lado da parede. Ouviram o telefone de tocar três vezes e cair na secretária eletrônica, as duas calaram-se, esperando ver se a voz merecia ou não ser atendida.
“Hey, , espero não estar atrapalhando, mas se está trabalhando há essa hora, fico com a obrigação de mandar você parar! Só queria saber se você tá livre amanhã. Que tal um almoço? Me liga, hein?”
– QUEM É ESSE? – perguntou, ansiosa, apesar de já ter quase certeza de quem quer que fosse.
– Austin. Jake T. Austin. – Ela falou, desinteressada. – Ele trabalha pro Dougie na campanha e tem tentado sair comigo há um tempão. Mas eu namoro com meu trabalho, já disse isso a ele.
– Mas você gosta dele? – cruzou os dedos atrás de si. Aquela resposta seria o ouro para seu leprachaun.
– Ele é uma pessoa legal.
– Isso soa chato. Você não transa com caras legais – Ela apertou a voz.
– ! – ruborizou, envergonhada. Era claro que por ser mais velha que ela, tivesse mais experiência, mas toda vez que um assunto similar surgia, não podia conter seu desconforto.
– Ah, qual é?! Vai dizer que estou falando alguma besteira?
– Jake é um bom garoto, mas só isso, entende? Não me desperta nada especial. – confessou. Quando ficou furiosa com Niall por sua atitude infantil, tentou de todas as formas chamar a atenção de Austin para que pudesse provar ao amigo que podia fazer o que bem entendesse. Mas não parecia certo, não com Jake, não com ela, não com Niall.
– Especial?
– É, sabe. As coisas que todo mundo fala: suar frio, mãos tremendo, coração palpitando... – limitou-se a pensar por um instante. Sentia isso por Tom? Em algum momento se sentiu apaixonada por Dillmann ou era somente um passatempo? Ela não era uma vaca, aproveitara cada minuto com Tom e adorava sua companhia, mas talvez a razão dela nunca ter sentido vontade de fazer loucuras como assumir o relacionamento ou largar o trabalho de vez teria sido essa: Ela não era apaixonada por Tom. – E ainda tem aquela história da perna levantar, né? – a olhou confusa, já fora de seus devaneios. – Tem no filme Diário da Princesa. Ela disse que a perna levanta quando você beija apaixonadamente.
– Você é muito babaca, ! – Foi a vez de jogar um travesseiro na amiga.
mexia impacientemente as pernas, pensando se aquilo era realmente a coisa certa a fazer. Conversara com Dakota sobre os recentes acontecimentos e sobre a estranha ligação de Harry a sua casa e a amiga insistira que ela retornasse. Maldita hora que disse que levaria Harry Styles ao jantar naquela noite.
Num impulso pegou o telefone do gancho e discou o número do telefone de Harry – que estava gravado na bina do seu aparelho – antes que desistisse.
Um toque. Dois toques. Três Toques. “Ele deve estar ocupado, não vou incomodá...
– Alô? – Uma voz conhecida disse do outro lado. Uma voz que não era a de Harry.
– An, o Harry está? – Ela disse, incerta. A voz suspirou, cansada.
– Olha, não sei como te dizer isso, mas os casos dele não duram mais de uma noite, não adianta ligar que ele não vai retornar.
– Não é nada disso! É a ...
– ? – Liam tossiu e ela percebeu que o garoto se engasgara. – Vo-você quer falar com o Harry? Tem certeza?
– É sobre o filme! Extremamente profissional. – Ela disse a primeira coisa que veio à cabeça.
– Filme?
– Longa história. – Cortou, rapidamente. Era óbvio que ele não contara aos meninos ainda.
– Tudo bem, eu aviso que ligou, quer deixar algum recado?
– Não, só isso mesmo. – Suspirou, aliviada. Possivelmente Liam esqueceria de sua ligação e ela não teria que se preocupar com Dakota, pois fizera a sua parte. – Obrigada, Liam, Tcha...
– Espera! Preciso perguntar uma coisa. – Ela pareceu um pouco. O que Liam Payne queria com ela? – É, só que eu preciso saber a cor que você vai usar no lançamento da campanha.
– O quê? Por que precisa isso? A menos que...
– É... Nós vamos meio que juntos. – Soltou, num suspiro pesado.
– Por que eu não fui consultada? Acho que eu tinha o direito de saber com quem ia. Não acredito que não me deu a liberdade de escolher um par, eu podia querer levar um amigo, ou...
– Eu quem pedi, na verdade. – Liam fechou os olhos, esperando o estrondo que viria de , mas depois de alguns segundos em silêncio, ele percebeu que não viria. – ? Ainda está aí?
– Sim.
– Não vai falar nada?
– Cinza.
– O quê? – Ele perguntou, já pensando o quão alucinada aquela mulher era.
– Eu vou vestir cinza. É bem brilhante, mas definitivamente é cinza.
– Vou avisar a então. Ela disse que temos que ir...
– Combinando, eu sei. – Ela completou a sua frase, rindo.
– ?
– Hum?
– Obrigado. – E desligou.
Do outro lado, Liam sorria. Ele sentiu que sabia que havia algo errado com ele, com sua acompanhante, para ser mais preciso, e se sentia extremamente grato pela garota não ter se oposto a isso. Ele esperava qualquer coisa de , menos seu consentimento.
– Por que ainda está parado? Anda, o Simon já está esperando a gente. – Zayn desceu as escadas, vestindo a jaqueta de forma apressada e abriu a porta, já chamando o elevador.
– Boa noite, garotos.
– Boa noite, Simon. – Disseram os cinco ao mesmo tempo. Estavam sentados no sofá redondo de couro vermelho do salão privado do Hotel Palace, em Londres. Sentiam-se acuados, e os ombros rebaixados lembravam crianças birrentas prontas para receber o sermão do papai.
– Boa noite, querida.
– Boa noite, papai. – saltitou nos pés, indo de encontro ao pai e dando-lhe um beijo envergonhado na bochecha.
– A temporada do X Factor começa em dois meses e até lá preciso me certificar que vocês não vão fazer nenhuma besteira. conseguiu dar uma boa continuidade aos meus planos, mas precisamos criar novos se queremos continuar no topo da mídia de forma aceitável.
– Já estamos trabalhando no novo álbum o mais rápido que podemos, não tenta acelerar isso, pai. Precisamos de tempo.
– Não vou acelerar o lançamento do ábum, querida. – Ele estralou a língua na boca, chamando a atenção de todos ao seu olhar. – Vou dar uma festa.
– O QUÊ? – Perguntaram.
– Em seis semanas será o aniversário de 8 anos da junção da banda. Vai ser um grande evento, com direito a celebridades, shows, buffets, um vídeo de lembranças...
– O que nós precisamos fazer? – Perguntou Zayn, já sabendo que algo ruim estava destinado a eles.
– Ficar longe de besteiras até lá. Meus investidores não conseguem aceitar a ideia de que vocês podem ser maduros até esse tempo, mas vou dar um voto de confiança. – Ele abraçou a filha de lado, que sorriu em agradecimento. – Nada de bebedeiras em público, ou brigas e falas ignorantes. Continuem a procurar bons projetos para se engajar, como a campanha com a irmã de Louis e o filme que Harry está participando.
– FILME? – Perguntaram todos. escondeu a feição de surpresa do pai, mas era visível que ela não sabia do acontecido.
– Você está participando de um filme? – Louis perguntou, assustado.
– Err, eu ia contar pra vocês. É um documentário sobre a vida do Mick Jagger. Eu vou ser o Mick.
– Ele recebeu bons elogios do diretor por sua audição. E o elenco está incrível, somente estrelas.
– Uau, parabéns, Harry. – Disse Niall, sincero. – Que bom que você conseguiu.
– está no elenco? – Liam perguntou, curioso. No mesmo instante, Harry tremeu. Não recebera um retorno dela e estava preocupado se tinha feito papel de idiota ao ligar tão tarde da noite.
– Sim, ela é uma das ex-esposas. – Simon declarou.
– Por, por quê? – Harry perguntou, incerto.
– Hm, por nada. Acho que vi algo a respeito do filme na internet, mas nem dei muita atenção. – Ele mentiu, mexendo os ombros. o safara de um ocorrido, o mínimo que podia fazer era manter descrição a respeito de sua ligação. Sabia que ela ficaria enfurecida se boatos a respeito dela e Harry começassem a surgir. Claramente ela queria discutir algo a respeito do filme sobre o quanto Harry deveria ficar fora do caminho dela e não dirigir a palavra dentro do set. - Parece que vai ser grande.
– É o que estão dizendo...
– Enfim, Harry e serão ótimos, mas estamos aqui para falar de outras coisas. – Simon deu procedência.
– Como por exemplo? – Niall perguntou.
– O fato de Sir McCartney não ter dado um elogio sequer sobre vocês. – os rapazes engoliram seco. Sabiam que Paul não estava satisfeito com eles, mas esperavam pelo menos que o relatório que ele desse a Simon fosse positivo. – Preguiçosos, fanfarrões, imbecis, egocêntricos... – Simon lembrava as palavras que tinha ouvido de Paul. – Francamente, pensei que pelo menos isso vocês levariam a sério. Quem são vocês e o que fizeram com aqueles cinco garotos que eu tinha como filhos? – estavam todos de cabeça baixa, inclusive . Mesmo não sendo o alvo da bronca, ela sentia a dor dos meninos. Acompanhara desde a formação até a mudança de cada um deles. Crescera com eles em sua casa, ia constantemente a suas casas, saía com todos, brincava com todos, trabalhava com todos... Eles eram uma parte dela e vê-los sendo reprovados em algo, vê-los tristes a deixava da mesma forma. – Eu gostaria de encontrar esses garotos novamente. Se por acaso virem algum deles digam que eu preciso lhe falar urgentemente. – Simon terminou a bronca de braços cruzados e sentindo um enorme aperto no coração. Amava os meninos, como dissera, como filhos. Lhe partia o coração ver o que tornaram e ter que corrigi-los, mas se ele não o fizesse quem faria? Eles eram os queridinhos da imprensa por sempre dar um enorme recorde de vendas, seja com notícias boas ou ruins. Por esse motivo, ninguém lhes contrariaria. Ninguém, senão Simon. – Passemos para assuntos menos estressantes.
– Seria ótimo. – Louis confessou num sussurro.
– Temos alguns tópicos para botar em dia.
– Tópicos? Quais são? – Harry perguntou.
– O fato de ninguém ter me dado um telefonema sequer durante minhas férias. – Carlota adentrou o salão e seis pares de olhos arregalados puderam ser vistos por qualquer um que estivesse presente no local. – Incluindo você, menino Cowell. – ela apontou, se sentando na poltrona ao lado do sofá, e foi a vez de Simon engolir seco. Niall ainda tinha a feição assustada, mas era uma mera estratégia para prender o riso. “Menino Cowell”, ele repetia e ria mentalmente. Ah, sim. Sentira muita falta de Carlota. – Tá esperando o que pra continuar?
– Bom... – Simon coçou a garganta e reprimiu um sorriso. Era hilário ver seu pai numa situação como essa. – Teremos alguns eventos até lá: o lançamento da Lin Sun, em quarto dias; o aniversário de ; e o lançamento do livro da sua amiga, – apontou para Liam -, aqui em Londres.
– Papai? – chamou, cautelosa, e Simon murmurou para que ela continuasse. – Não acho que meu aniversário seja um evento que mereça atenção.
– Será mais privado que nos anos anteriores, é claro. Mas fará com que as pessoas tenham inveja de não estarem na lista. Lembre-se: temos que trazer a boa imagem de volta a esses garotos. – a ruiva olhou para cada um deles e pensou rapidamente sobre o que o pai falava. Ela já estava se preparando emocionalmente para aparecer em público depois de tudo o que ocorrera com Kyle e, por mais que se dissesse forte, ainda se sentia abalada pelo que aconteceu. Iria ao lançamento porque estaria com seu porto seguro: Simon. Mas seu pai não estaria presente no seu aniversário. Tristes, seus olhos foram parar em Louis, que sorriu docemente para ela. Sempre o achara uma das pessoas mais esquisitas que já conhecera na vida, mas igualmente protetor, era só ver e suas irmãs. E, convenhamos, há algum tempo já estava agindo como se fosse responsável por . A garota sorriu de volta, meneando com a cabeça, virando-se para o pai.
– Tudo bem. – concordou. Faria a festa, tendo sua confiança depositada no fato de que Louis não deixaria que nada acontecesse com ela.
– Ótimo. Alguma dúvida, Liam? – Simon perguntou ao rapaz que tinha seu braço levantado.
– Ahm, sim. E se, por algum acaso, acontecesse de, sob alguma circunstância...
– Direto ao ponto, Payne. – Zayn pediu em nome de todos e Liam respirou fundo. Seria difícil dizer aquilo.
– E se por algum acaso eu não puder ir ao lançamento do livro de... – respirou fundo, novamente, na esperança de conseguir dizer seu nome, mas a raiva já o consumia de pensar na simples possibilidade de estar presente para a divulgação daquela “coisa”, como preferia definir o trabalho de .
– Você tem algum outro compromisso no dia? – Harry perguntou com o cenho franzido.
– É, s-s-sim. – balbuciou. – É o d-dia do...
– Sem mentiras, por favor. – pediu doce e Liam entregou a ela o olhar de quem não iria falar sobre isso abertamente. – Se eu prometer que vou com você? – o rapaz riu, mas logo sorriu docemente da tentativa da ruiva.
– Se prometer.
– Então, eu prometo. – levantou os dedos como um escoteiro e todos sorriram, enquanto ela fuçava algo no seu celular. O jeito divertido de sempre os fazia sorrir.
– Niall, tenho uma pergunta a lhe fazer, só não sei se Louis concordará com a hipótese dela. – dito isso, o loiro arregalou os olhos enquanto Tomlinson franzia o cenho. "Não é possível que até Simon já esteja sabendo de ", Niall pensava, assustado.
– Se esse for o problema, podemos tirá-lo daqui um pouquinho. – Zayn ofereceu, já especulando sobre qual seria o assunto.
– Não será necessário. Se me envolve, acho que é de meu direito saber. – Louis declarou firme e Zayn olhou para Harry, como se gritasse o assunto com os olhos, implorando por ajuda.
– Eu acho que é assunto deles, Louis. É melhor irmos todos, não é, Carlota? – Harry apelou e a mesma o olhou com cenho franzido, tendo como resposta um típico olhar de “Explico mais tarde”.
– Concordo com o menino Styles. Aliás, é a sua vez de fazer compras comigo, Louis. Aposto que encheram a despensa de besteiras. – Carlota se levantou. – Com sua licença, Simon.
– Fique à vontade, Carlota. – ele sorriu e a senhora saiu do recinto deixando para trás um Niall assustado, um Harry aliviado, um Zayn apreensivo, uma risonha, um Simon inexpressivo e um Louis de contínuo cenho franzido. – O que está esperando, Tomlinson? – gritou do corredor e o mesmo pareceu despertar.
– Estou indo, Carlota! – gritou de volta, seguindo para o corredor, sem deixar de se despedir de cada um ali.
– Está na minha hora. – mentiu, ao ver seu celular apitar. A verdade é que achou estranho Liam se recusar a estar presente num dos momentos de e programou seu celular para apenas três minutos depois, para sair sob a desculpa que deveria checar algo no estúdio. Ninguém desconfiaria, já que estavam no processo de gravação do novo álbum, então ela decidiu que seria a estratégia perfeita.
– Tudo bem, querida. – Simon sorriu.
– Até mais, pessoal. – a ruiva estalou um beijo na bochecha de cada um, antes de sair rumo a casa de .
– O que – Niall suspirou – tem de tão secreto para me perguntar, Simon?
– Não só a você. A todos. – Simon se aproximou do sofá e os garotos franziram o cenho. Pra quê aquele circo todo, então? – O que posso fazer pra ajudar minha filha?
FOURTEEN
– Calma, calma! Já tô chegando! – tropeçava nas suas malas, que estavam jogadas no chão, enquanto rumava para a porta onde uma pessoa extremamente insistente batia. Ao chegar na frente da porta, a garota respirou fundo e passou as mãos nos cabelos, conferindo a roupa que vestia. Ainda conseguia lembrar de falando “Esteja apresentável, nunca se sabe quem vai aparecer na minha porta”. – Pois n...?
– Precisamos ter uma conversa séria com uma certa , ela não me escapa! O Liam tá desse jeito por causa dela, vale lembrar que ele também não é flor que se cheire. Mas acho que os dois brigaram feio. Ah, se brigaram! – invadiu o apartamento na mesma velocidade com que as palavras saíam da sua boca, enquanto assistia a tudo com os olhos arregalados. – , você vai me responder ou... – a ruiva se virou, dando de cara com uma que prendia o riso a todo custo. – ?
– Também é bom te ver, Cowell. – a outra sorriu e correu para abraçá-la.
– É muito bom te ver e maravilhoso que esteja aqui! Mesmo! Mas onde está ?
– Ela foi na casa do Dougie, mas já tem um tempinho. Daqui a pouco ela...
– ? – perguntou na porta de seu apartamento, prontamente franzindo o cenho ao ver a expressão da amiga. – Aconteceu algo?
– Liam e .
– Mas como? – perguntou, esparramada no sofá de , ainda sem acreditar que fosse possível que Liam e tivessem alguma desavença. Eles eram amigos de longa data, brigar faz parte, mas não quando ficam sem se falar por tanto tempo. não conseguia entender o motivo de Liam ter ficado bravo, afinal era uma homenagem. Achava, sinceramente, que o rapaz tinha surtado. – Quer dizer, eu ficaria agradecida pelo resto da minha vida se N... – olhou para e voltou atrás. – Se meu melhor amigo me fizesse uma coisa dessas. Isso quer dizer que eu sou importante pra ele.
– Agora faz todo sentido! – a garota Tomlinson, que andava ao redor da mesa de centro, levantou os braços ao parar para encarar as amigas. – Quando perguntei o que ia vestir, ele disse que não acompanharia ela ao lançamento. Disse que iria com .
– Espera. O Liam se dá bem com a ?
– Nenhum deles, . – , sentada ao lado da mesma, respondeu enquanto enrolava algumas mechas do cabelo da amiga nos dedos. – Estou surpresa dele ter dito que vai com a . Pensei que ela fosse acompanhada de algum amigo super premiado.
– Então, isso quer dizer que não vai ao lançamento? – e pararam imediatamente quando concluiu sua linha de raciocínio. e Tomlinson eram amigas, mas só Liam conseguia convencê-la a estar em grandes eventos que não fossem literários. Esse lançamento era especial para e ela queria que todos estivessem presentes. Não poderia deixar sua amiga de fora.
– , me passa o telefone. – pediu e a ruiva assim o fez, jogando o telefone na direção da outra, que discou velozmente o número do celular de .
– E aí? – perguntou.
– E aí que está chamando. – respondeu com uma imensa vontade de roer as unhas.
– Alô? – uma voz masculina atendeu e a garota franziu o cenho.
– Quem fala?
– Eu esperava mais de você, Tommo Cat. – a voz riu e os olhos da garota se arregalaram, deixando as outras mais apreensivas. Só havia uma pessoa que a chamava por esse apelido – ridículo, na opinião dela.
– Ed, o que está fazendo com o celular da ? – se espantou de súbito ao ouvir o nome, assim como . Quem diabos era Ed?
– foi comprar um... – um barulho de tranca fora ouvido. – Oh, ela acabou de chegar. Vou passar pra ela.
– Obrigada, Eddie.
– Foi bom falar com você de novo, . Beijos.
– Beijos. – a garota repetiu num fio de voz, tentando raciocinar um motivo pra que Ed estivesse com . Nenhum lhe parecera plausível.
– ! – atendeu com ar de riso.
– , tem algum motivo especial pra Ed Sheeran ter atendido seu telefone? – a reação de e Cowell foi a mesma: deixar o queixo cair ao ouvir tais palavras. Quem era aquela que tomara o lugar de ? prontamente pegou o notebook, que estava na mesa de centro, e passou a procurar notícias sobre “Ed Sheeran & ”.
– Ah! Feliz acaso ele ter aparecido aqui em Detroit. Ele é um bom amigo e conta piadas extremamente sem graça.
– Eu ouvi isso! – Ed gritou ao fundo e riu.
– Você sabe que é verdade, ninja! – algo pareceu ter destravado dentro de ao ouvir essa palavra. Por coincidência ou não, era a forma como chamava Liam na época do colégio por ele ter a estranha capacidade de desaparecer em certas ocasiões, “como um ninja”. Se assustou um pouco ao perceber que sabia mais sobre o “casal” do que deveria, mas lembrou-se do fato de ser apaixonada por todas as histórias que os dois tinham sobre os tempos de colégio. Era isso. Uma vez havia discutido com Liam e então passou a tratar um outro amigo como se fosse o garoto Payne, na tentativa de sanar a dor que aquela discussão lhe causara, na tentativa de se firmar em um porto seguro. suspirou. estava transformando Ed em seu porto seguro. – E como estão as coisas por aí?
– Tudo bem, muito bem na verdade. – , que achara algumas fotos na sua pesquisa, franziu o cenho e encarou novamente a amiga. Estava tudo bem? – Nem vai acreditar em quem está aqui comigo nesse exato momento!
– Jake T. Austin? – riu.
– Deixe de ser besta. .
– ? A nossa ?
– A própria.
– Diga que mandei lembranças, tenho saudades dela.
– Direi. – sorriu. – Mas eu não liguei por isso. Como sabe, o lançamento é nesse fim de semana e eu gostaria muito que você e Ed viessem. – cansada de arregalar os olhos, decidiu que era melhor esperar o final da conversa pra que o impacto fosse maior. Aí sim, poderia voltar a dormir, não antes de bolar um plano para ajudar seu leprechaun.
– Eu e Ed? Mas ele não é um bom acessório...
– De novo: eu ouvi! – as duas riram.
– É claro que vamos. Só não sei o que vestir. – como se pudesse vê-la, sabia que estava fazendo uma careta nesse exato momento.
– Às vezes eu me pergunto se você é mesmo tão inteligente quando aparenta. – a garota Tomlinson bufou enquanto ouvia a amiga rir do outro lado. – Continua com as mesmas medidas? – algo destravara na cabeça de . Uma pessoa capaz de armar um plano, julgado por ela, infalível, para que Niall e finalmente se juntassem.
– Sou do infeliz tipo de corpo que não muda nunca. – fingiu lamento.
– Não quer transferir o seu pra mim não? Eu estaria agradecida. – riram. As garotas se despediram com uma diversão que não esperava de naquele momento. Suspirando, sentou-se na poltrona ao lado do sofá e olhou para as amigas, que estavam já com certa expectativa. – É mais complicado do que eu esperava.
– Bem mais. – voltou o notebook para que as garotas pudessem ver a manchete de um site de fofocas, que trazia uma foto de e Ed rindo na frente de um prédio antigo sob o título “Conto de fadas”.
Zayn acordou assustado e logo olhou para o relógio digital no seu criado mudo: 3:00 da madrugada. Mais uma vez seu celular tocou do outro lado da cama e ele bufou, afundando a cabeça no travesseiro, na esperança de voltar a dormir. Ele até conseguira por alguns instantes, mas, uma vez mais, seu toque de celular ecoou pelo quarto e Zayn decidiu atender. Quem quer que fosse, deveria ser urgente. Ninguém que conhecesse Zayn se aventuraria a ligar para ele a essa hora.
– Quem é?
– Zayn, preciso que você me ajude a deixar Nialler e sozinhos. – a voz baixa do outro lado falou um tanto quanto animada. O rapaz, estranhando, encarou o aparelho e encontrou ali um nome que jamais esperaria.
– ?
– Diz logo, Malik. Pode me ajudar?
– Co... – ele franziu o cenho, buscando em sua mente o que a garota tinha dito quando ele atendeu a chamada. – Niall e sozinhos. Não sei. Ela quer matá-lo, sabia?
– É claro que eu sei! Sou a melhor amiga dele, lembra? – como se pudesse vê-lo, Zayn concordou com a cabeça.
– E por que pede a minha ajuda?
– Caso sua amnésia não tenha te permitido lembrar, você é o melhor amigo da . – mais uma vez, Zayn concordou com a cabeça, enquanto ouvia bufar do outro lado.
– Niall e sozinhos? Acho que posso pensar em alguma coisa.
– Claro que pode. Obrigada, Zayn.
– Não por isso. – bocejou.
– Boa noite.
– Cadê meus nuggets? – a garota adentrou o recinto no mesmo instante em que Zayn abriu a porta, carregando uma mochila nas costas, que foi jogada no rapaz em pouco tempo.
– São 9 da manhã. Não acha que é cedo demais pra comer nuggets? – ele franziu o cenho, colocando a bolsa sobre uma mesinha próxima.
– Você continua sendo um idiota. - ela se jogou no sofá.
– Você continua sendo uma folgada. - retrucou, sentando ao lado de Cher.
– Senti sua falta, Bad Boi. – ela o abraçou e ele sorriu. Cher, sem dúvidas, era uma das melhores amigas que Zayn já tivera. - Mas e aí? O que te fez me chamar? - respirou fundo enquanto aqueles gigantes olhos castanhos o encaravam, pedindo por uma resposta sincera. E ele devia isso a ela.
– Quero voltar a ser aquele hamster. - sorriu torto, citando o apelido que Cher, e decidiram dá-lo na época do X Factor. Não que ele odeie, mas não é um dos seus favoritos. - Quero meus melhores amigos de volta. - concluiu.
Cher começou a rir descaradamente e ele suspirou, contando ovelhinhas mentalmente pra esperar o momento em que ela voltasse ao normal.
– O que aconteceu? Finalmente se deu conta de que o mundo não gira ao seu redor?
– Também. – Zayn riu sem humor. – Perdi muito com isso.
– Como o quê? – Cher cruzou as pernas sobre o sofá, encarando o amigo.
– Estamos juntos há quase 8 anos e só agora eu percebi que Niall e se gostam. – a garota, de súbito, saiu do sofá, pulando histericamente em frente a Zayn que assistia assustado.
– EU SABIA! E-U S-A-B-I-A! AQUELA HISTÓRIA DE “GOSTO DO SEU SOTAQUE” NO PRIMEIRO LIVE SHOW NÃO ME CONVENCEU! AAAAAAAAAAH! EU SABIA! – ela gritava da mesma forma que pulava, mas num estalo parou, encarando Zayn. – Que qualidade de melhor amigo é você? – apontou. – Era você quem deveria ser o primeiro a perceber! Pelo amor de D...
– Você vai me ajudar ou não? – interrompeu e a garota ponderou.
– Pode contar comigo, hamster. – Cher o abraçou mais uma vez. - Mas você precisa me prometer uma coisa!
– Qualquer coisa. - ela se aproximou, como se fosse contar um segredo.
– Você precisa me deixar ajudar a juntar o Leprechaun e a . Preciso ter certeza de que você não vai estragar isso também.
Zayn sorriu mais que satisfeito e então Cher se despediu, mandando lembranças para os outros rapazes – que dormiam -, saindo por ter um compromisso com a Lin Sun. Ainda não tinha tirado as medidas, principalmente porque Zayn a havia avisado poucas horas depois de ter voltado da sua turnê. E foi aí que o rapaz teve uma brilhante ideia. Pegou seu celular e cuidou de ligar para o primeiro nome no registro de chamadas.
– , está ocupada?
Niall estava deitado em sua cama brincando com uma miniatura de bola de basquete, de vez em quando ele a jogava para o ar e esperava que caísse em seu colo. Era uma brincadeira que requeria pouca concentração, por isso os pensamentos do garoto vagavam longe naquele instante. A reunião com Simon não saía de sua cabeça, o problema “” era algo que eles insistiam em deixar pra lá, pensando que tudo iria passar de uma hora pra outra, mas encarando os fatos com o pai de sua amiga, tudo pareceu muito real e uma coisa era fato: precisava de ajuda.
Flashback
– O que posso fazer para ajudar minha filha? – Perguntou Simon enrolando as mãos, um sinal claro de nervosismo. Os quatro meninos que se encontravam ali estavam incrédulos, Simon Cowell sempre fora uma pessoa extremamente confiante, como , mas ao que parecia, quando algo de ruim à sua volta ocorria, ambos pareciam ser inseguros.
– Eu não sei se tem algo que você possa fazer, Simon. – Disse Zayn. – Quer dizer, é claro que ela tem que ter o apoio da família e dos amigos, mas ela precisa encarar o problema sozinha, amadurecer suas ideias pra superar.
– Kyle a fez muito mal. Pode demorar até que ela confie novamente em outra pessoa. – Foi a vez de Liam se pronunciar. – Talvez tudo o que ela precise seja tempo.
– Eu acho que ela precisa de uma amiga. – Harry levantou-se, estendendo os braços. Todos o encararam, perplexos. Liam e Zayn estavam sendo compreensivos com Simon, tentando apoia-lo, enquanto Harry sugerira algo fora de contexto. – Qual é?! ou está enfornada num escritório resolvendo nossas burradas ou no Complexo aturando nossas brigas. Ela precisa sair mais, fazer aquelas coisas de garotas. – Ele gesticulou com as mãos, como se não entendesse.
– Ela tem amigas, Harry. e sempre a convidam pra sair.
– e são ótimas companhias, mas somente isso. Não as desmerecendo, mas todos nós sabemos o quanto pode ser escandalosa e não é uma das pessoas mais abertas do mundo. tem um gênio difícil, dá pra ver que apesar das meninas a fazerem dar ótimas risadas, não são exatamente suas melhores amigas. – Harry terminou seu discurso, orgulhoso. Seus três companheiros de banda presentes abaixaram a cabeça pensando no assunto e Simon também pareceu refletir por um momento. – Só acho que ela precise de alguém que a entenda. Que dê a ela seu espaço, mas que também possa ajudá-la, que não tenha medo de lhe dar broncas.
– Certo, Harry. – Simon aproximou-se, encarando o garoto de cima a baixo. – E onde se compra uma pessoa dessas? – Todos na sala gargalharam, imaginando que fosse mais uma piada do Tio Simon, mas calaram a boca no momento que perceberam que ele falava sério. Simon estava tão desesperado por curar a filha que estava considerando comprar uma amiga.
– Olha, eu meio que... – Harry coçou a cabeça, nervoso.
– Eu acho que a melhor coisa que você pode fazer é dar essa festa. – Niall falou pela primeira vez. – Convidar algumas atrizes ou cantoras da idade dela, mas não muitas, é claro, porque isso iria assustá-la.
– Certo. Então temos que fazer uma lista. – Simon caminhou em direção a um bloco de papel e o jogou no colo de Niall. – Emma Watson, Demi Lovato, Dakota Fanning, Janet Devlin, ... – Os meninos se encostaram no sofá, surpresos, e Niall se arrependeu naquele mesmo instante de ter apoiado a festa. – Vamos, quem mais?
End Flashback
– Toc, Toc. – Zayn bateu na porta de seu quarto e imitou o barulho. Escorou-se no batente e encarou Niall, esperando que ele parasse de brincar com a bola. – está aqui. A reunião vai começar. – O loiro assentiu com a cabeça e se levantou, suspirando. Lembrou que tinha mais um problema.
No quarto da frente, Harry abotoava sua camisa xadrez, pensativo. Era a primeira vez que veria , o beijo tenha significado muita coisa, não foi um momento especial nem nada, fogos de artifício não apareceram e ele nem sentiu sua cabeça girar. Mas ele não podia negar que tinha sido bom. Bom o suficiente pra que ele quisesse beijá-la de novo.
Soltou o ar da garganta, recordando do quão idiota ela deveria achá-lo naquele momento. Quer dizer, ele ligara pra ela de madrugada, mandando uma mensagem estúpida. E tudo porque sua cabeça estava confusa demais para dormir, pois ainda estava tentando associar a algo bom. É claro que ela nem se deu ao trabalho de retornar, já que tudo o que ela fizera na sala de reunião tinha sido extremamente profissional.
Harry colocou a cabeça apoiada na parede, não conseguia entender porque se importava tanto com aquilo. “Ela te humilhou”, repetia pra si mesmo, “Ela te odeia”.
– chegou. - Liam o chamou, entrando no quarto e fechando a porta. Ele deu dois passos com as mãos nos bolsos.
– Vamos lá. – Ele levantou a cabeça, ajeitando os cabelos e caminhou até a porta com a postura rebaixada. Liam o interrompeu de sair no momento em que tocou a maçaneta.
– Espera. – Ele segurou seu ombro, fazendo o menino virar-se. – É que eu tenho um recado pra você. – Liam falou, meio incerto. – Ele chegou faz uns dias, mas eu achei que você preferiria que fosse dado em particular.
– Minha mãe mandou eu não lavar as cuecas na máquina de novo? – Liam riu com o comentário, mas negou com a cabeça.
– A te ligou. – Demorou um tempo pra que ele pudesse associar o nome a figura, mas no momento em que falou sabia que tinha sido a coisa errada.
– Ela ligou? – Falou com um sorriso. “Droga, demonstre indiferença, seu idiota”. Pigarreou, transformando a frase. – Pra quê?
– Ela não deixou recado, mas disse que era sobre o filme.
– Hm, tudo bem. – Ele abriu a porta e foi até a sala, sua postura totalmente ereta.
– Muito bem. Liam, , Harry e Zayn, suas roupas estão prontas. Vou mandar entregá-las na segunda. – Ela olhou para os quatro, que apenas assentiram com a cabeça. Sorriu ao perceber o quão fofa era aquela cena, todos os seis estavam sentados, prestando atenção no que ela falava, como se fossem um bando de alunos bagunceiros e ela a professora. Zayn, Liam e Harry espalhavam-se pelo sofá, enquanto Niall e Louis estavam com as pernas cruzadas no chão. decidiu-se por um divã branco. – Lin, a sua será entregue no dia do evento. É uma encomenda especial. – Ela deu um gritinho de felicidade e encarou Niall, vendo toda a sua alegria esvair-se de repente. – Você não foi tirar as medidas.
– Não... Fui?
– Não. E é bom que vá logo, não espere que eu costure um terno e uma camiseta em duas horas. – Ela apontou o dedo, mostrando que falava sério. – Se demorar muito vai acabar tendo que vestir um daquelas roupinhas de pinguim. – Niall engoliu em seco, assustado, não era possível que ainda tivesse chateada.
– Tudo bem. Vou o mais rápido possível.
– Assim espero. – Ela rodopiou, tentando lembrar-se qual seria o último tópico daquela reunião. Como um estalo, ele surgiu em sua mente. – Temos ensaio no sábado, na hora do almoço. Todos devem estar lá, quero fazer as marcações e dizer os tempos. Entendidos?
– Eu não posso ir no sábado, . – falou com o braço levantado. – É o Festival de Cannes. – Ela pronunciou aquelas palavras com uma ênfase maior. Quatro dos cinco garotos entenderam aquilo como uma forma de se gabar, mas o último, Harry Styles, sabia exatamente do que ela estava falando.
– Eu também não posso ir sábado, ...
– Posso saber por que, Harry Styles? – Ela encarou o menino com um olhar mortífero, talvez pela intimidade que tinha com Harry, tinha a liberdade de dar-lhe bronca quando necessário.
– É, que... Eu meio que também vou à Cannes... – Ele fechou os olhos, contando os segundos até a avalanche de risadas e o mutirão de perguntas. Passaram-se 3 segundos.
– Você vai?
– Como foi você foi convidado?
– Seu filme já faz tanto sucesso assim?
– Por que não recebemos convites?
– Sim, eu vou. – Ele levantou o tom de voz para que os garotos se silenciassem. - E vocês não foram chamados porque não estou indo como convidado, mas como acompanhante. – Quando Harry pensou que poderia continuar a reunião em paz, a sala inteira insurgiu em risadas, até não pôde se conter e começou a gargalhar alto. Ele encarou pelo canto do olho e viu que ela desviava a atenção dele, de propósito.
– Acompanhante? – Louis enxugou uma lágrima, ainda em meio a risos. – Quem você vai acompanhar?
– A mim. – falou, segura. No mesmo instante todos os presentes se calaram, arregalando os olhos. – Algum problema com isso? - Os meninos, balançaram a cabeça em sinal negativo, e ela sorriu, satisfeita. – Ótimo. Podemos continuar.
– Eu, quer dizer, vou tentar ligar para Carl e mudar o ensaio para sexta. – falou, ainda assustada. – Ligo pra vocês. An... Reunião encerrada. - Todos se levantaram, incertos e envergonhados. caminhou decidida até a porta, lançando um olhar sugestivo para Harry, que entendeu prontamente e a acompanhou até o lado de fora.
Os dois ficaram de cabeça baixa um instante, até que ela pegou um envelope amarelo dentro da bolsa e entregou nas mãos do garoto. Ele o abriu, sem saber o que esperar, e deu de cara com uma reserva de hotel e passagens de avião, previamente pagas.
– Não precisava. – Ele sorriu. – Era só me dar o número do voo e o nome do hotel.
– Era o mínimo que eu podia fazer. – Ela segurou as alças da bolsa, demonstrando nervosismo. – Mais uma vez, obrigada. Eu sei que é meio difícil pra você fazer isso.
– Você está se preocupando comigo? Não posso acreditar! – Harry colocou a mão no próprio peito, brincando.
– Cuidado com o que fala, não vai querer seu olho roxo de novo. – Ela piscou, sorridente, e deu as costas. Harry riu mais uma vez, balançando o envelope nas mãos, e entrou em casa novamente. Vendo cinco pares de olhos curiosos o encararem, abismados.
– Quer explicar o que está acontecendo? – Todos disseram em uníssono.
– Por que vocês não se preocupam com a própria vida? – Ele disse na defensiva.
– Estamos nos preocupando, é por isso que queremos saber: O que deu em você? – Louis perguntou, tomando a frente.
– Isso não é da sua conta e muito menos da de vocês. – Apontou para os garotos mais atrás. - Não é como se vocês se importassem de verdade.
– Uou, não vem bancar o afetado pra cima da gente. – Zayn aumentou o tom de voz, preparado para mais uma briga. – Só queremos saber o que mais você anda escondendo.
– O que eu escondo? – Ele riu, sarcástico. - O que você esconde? O que nós escondemos? Isso daqui não é confessionário, Malik.
– Nem ringue de luta, menino Styles. – Carlota saiu da cozinha com uma forma de bolo nas mãos. – Vá para o quarto.
– É claro, não tenho o que falar mesmo. – Ele deu de ombros, caminhando até o quarto e fechando a porta.
– O que deu nele? – Louis perguntou, encarando as pessoas em volta. Parou o olhar em sua Sun, que sorria abertamente. pegou suas coisas num ato rápido e deixou a casa em poucos segundos.
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