O tempo está chuvoso, mas não muito frio. O clima perfeito para passar a tarde de baixo do cobertor, assistindo a um filme qualquer com uma xícara de chocolate quente queimando a língua. Mas dessa vez é diferente.
Dessa vez eu tenho alguém com quem brigar pelo controle remoto, e não é meu irmão.
O nome dele é , pros íntimos (tipo eu!).
A gente ia aproveitar que minha família estava fora pra ter um pouquinho mais de privacidade, coisa que era rara de acontecer quando meus pais estavam sob o mesmo teto. Minha mãe, toda vez que via o , fazia questão de contar minhas histórias mais vergonhosas de infância ou pior: mostrava pra ele fotos de quando eu era criança. Digamos que meus quilinhos a mais e meus dentes tortos não eram uma coisa da qual me orgulhava.
E ainda tinha o meu pai. Parece que ele competia pela atenção do meu namorado comigo.
Suspirei alto e prometi a mim mesma que não iria me estressar com esse tipo de pensamento. Agora eu tinha outras preocupações em mente.
Estava em frente ao espelho procurando ficar o mais despropositalmente bonita possível, estilo aquelas personagens de novelas que acordam de manhã com o cabelo perfeitamente bagunçado e a maquiagem lindamente borrada. E nada melhor do que um coque elegantemente malfeito, um blusão emprestado do irmão mais velho e aquele short jeans que ja devia estar aposentado pra dar a impressão desejada. Tomara que não perceba que eu me arrumei toda.
Depois parti para a cozinha a fim de preparar o cardápio da tarde. Coloquei a pipoca no micro-ondas e, enquanto os milhos estouravam, fui preparar o brigadeiro. Sempre mexendo em oito para não grudar no fundo.
Durante todo o tempo não saía da minha cabeça.
Soltei um suspiro e sorri. Estava apaixonada.
Sei que faz pouco tempo que nos conhecemos e posso parecer bem precipitada, mas eu tenho cinco motivos que me fazem ter certeza disso.
O primeiro deles era a minha visão que não cansava nem um pouco de admirar aqueles sorrisos de meia boca que só o sabia dar.
Segundo, audição: meus ouvidos já estavam mais do que acostumados com os sons de suas gargalhadas.
Terceiro, olfato: ou quando eu encaixava meu nariz naquela curva entre o pescoço e ombro só pra sentir seu cheiro.
Quarto, tato: a sensação da sua pele contra a minha, desde um simples entrelaçar de dedos a um abraço apertado.
Quinto, paladar: e precisa mesmo comentar o gosto da boca dele contra a minha?
Dim-Dom! Ouvi a campainha tocar. Era ele.
Corri para abrir a porta e lá estava .
Acho que nem revirando o dicionário de A à Z conseguiria encontrar uma palavra que chegasse perto de descrevê-lo. Sei que sou suspeita pra falar, afinal sempre tive um "frisson" por meninos de cabelo bagunçado, olhos azuis e afins, mas ele tinha algo mais. Não sei se eram as roupas que ele usava, ou aquele físico que me fazia torcer os dedinhos do pé de excitação só de olhar. Talvez era tudo isso e mais um pouco.
Quando a gente se conheceu, eu estava sentada em um banco do "Hyde Park" admirando a paisagem de primavera até que uma bola veio voando na minha direção. Infelizmente, não tive chance de desviar.
Mas, como diz o ditado, há males que vêm para o bem. Naquele dia eu não só ganhei um galo na testa como também um encontro com o meu atual namorado.
Acontece que fora o culpado pela bolada e para se desculpar resolveu me pagar um café na Starbucks. Como eu estava muito a fim de perdoá-lo, aceitei o convite.
E agora estávamos aqui, três meses depois.
— Por que 'tá me encarando desse jeito? – perguntou com o cenho franzido. Limitei-me a sorrir e permiti sua passagem pela porta.
— Isso 'tá com um cheirinho bom – falei apontando pra garrafa térmica que ele segurava.
— Chocolate quente com marshmallows – disse erguendo o pacote que segurava com a outra mão.
Bati palmas infantilmente fazendo rir. Até que ele falou em seguida:
— Que cheiro de queimado.
— O BRIGADEIRO! – saí correndo em direção à cozinha e desliguei o fogo. veio logo atrás de mim. – Droga, pegou no fundo.
Soltei um suspiro frustrado e o olhei pedindo desculpas.
Ele me puxou pela cintura dando-me um abraço gostoso, quem se importava com brigadeiro queimado agora?
Acomodei minha cabeça em seu peito enquanto seus braços rodeavam meu corpo.
— Que filme vamos ver? — ele murmurou ao pé do meu ouvido.
— Vai indo lá pro quarto e escolhe algum dvd. Tenho que terminar de preparar nosso lanchinho.
me deu um beijo doce na testa e fez o que pedi. Em seguida, passei toda a pipoca para uma tigela imensa, coloquei a panela de brigadeiro debaixo do braço e parti para o quarto também. Mas acabei tendo que voltar para a cozinha de novo, havia esquecido as colheres e as xícaras.
— Vai mais pra lá — reclamei com o quando me sentei na cama, ao seu lado. Na mesa de cabeceira estavam todas as nossas "junk foods" já preparadas para o uso.
Peguei a tigela de pipoca e acomodei entre nós dois.
— Por que essa distância toda de mim? — ele fez um biquinho tão meigo que não resisti e fui pra mais perto. Acabei confortavelmente sentada entre as suas pernas, com sua respiração batendo de leve no meu pescoço. — Posso dar play?
— Pode, que filme você colocou? — perguntei virando um pouco a cabeça para encará-lo.
— "About a boy".
Sorri com a sua escolha e me deixei relaxar de encontro a seu corpo. Pena que minutos depois tive que me levantar para servir o chocolate quente. Mas dentro de pouco tempo já estava de volta para o calor de seus braços, abraçando-o por debaixo do grosso cobertor.
Minha atenção então se voltou inteiramente para o filme. , por sua vez, variava a dele entre comer e brincar com a barra da minha blusa. Não que eu estivesse ligando.
De repente, quando estava na meio da minha segunda xícara de chocolate quente, me dei conta de que estava muito quieto, esse não era o comportamento normal dele. Quero dizer, se fosse qualquer outro dia ele estaria me perturbando e não me deixaria assistir o filme em paz. Ou simplesmente estariamos no meio de um amasso.
Pra você ter uma noção ainda nem tínhamos trocado um mísero selinho... Alguma coisa estava muito errada.
Desliguei a televisão e me sentei de frente para ele com as pernas cruzadas.
— Que foi, ? — ele perguntou surpreso com a minha atitude.
— Eu é que pergunto: o que foi?
ficou me encarando sem entender. Soltei um suspiro.
Ok, responsabilizo-me inteiramente pelo que aconteceu a seguir. Eu colei nossas bocas num beijo delicado abrigando seu rosto entre as minhas mãos. Logo senti os dedos dele vagando pelas minhas costas. Porem eu ia deixar isso pra continuar mais tarde, antes queria saber o que estava acontecendo.
— Vai me falar o que está te deixando assim? — insisti separando nossos lábios e juntando nossas testas.
Vez dele de suspirar.
— Vou morar com meu pai.
Fiquei muda por um momento. O pai dele morava na Irlanda e, mesmo sendo um país vizinho da Inglaterra, nada se comparava aos três quarteirões que nos separavam.
— Quando você vai?
— Daqui a duas semanas.
— E você já sabia mas só me contou agora — era pra soar como uma pergunta, mas como eu já sabia a resposta, saiu mais como uma afirmação.
— Não tive coragem de contar antes... prometi a mim mesmo que não passaria de hoje.
Levantei-me da cama indo na direção da cozinha, depois de tantas colheradas de brigadeiro meu estômago clamava por água. veio atrás.
— Sabia que você ia ficar chateada — disse se encostando na bancada.
— Lógico que estou chateada. Poxa, quer dizer que nesses meses juntos não te passei confiança suficiente pra você se abrir comigo? — Falei bem séria, cruzando meus braços sob o peito.
— Não é nada disso, e no fundo você sabe.
Verdade, no fundo eu o entendia. Era só me colocar em seu lugar, também não me sentiria nem um pouco a vontade de ter que me despedir dele. Entretanto não ia admitir isso com tanta facilidade, um pouco de drama fazia parte do meu charme.
— O que mais está me irritando é você não ter me contado que ia ser mudar do que o ato em si — confessei fazendo biquinho.
— Como assim você não está abalada com a minha mudança pra outro país? — ele fingiu um ar de ofendido. Não resisti e abri um sorriso de volta. De repente já tinha encoberto grande parte da distância entre a gente com suas passadas largas. — Ainda está brava?
Encarei seus olhos azuis e declarei sincera:
— Nós dois sabemos que não faço o tipo namorada dramática — ok, isso era mentira, mas enfim. — Se você tem que se mudar não vai adiantar em nada eu fazer um escândalo, isso só ia acabar fazendo nossos últimos momentos juntos passarem mais depressa e não iríamos aproveitar nada.
— Últimos momentos juntos uma ova! Eu vou me mudar, mas isso não significa que a gente vá terminar. Minha mãe e meu padrasto vão continuar aqui em Londres, sempre que eu tiver um tempinho vou vir te visitar. Só decidi ir morar com meu pai porque é o certo a se fazer... você sabe como tem sido difícil pra ele.
Com isso eu tinha que concordar. Desde que a avó de morreu o meu querido sogrinho estava passando uns maus bocados. Interiormente estava orgulhosa da decisão que ele tinha tomado de ir morar com o pai.
Não achei justo guardar esse último pensamento para mim e declarei em voz alta. Nem me arrependo, aposto que matei metade das meninas do Reino Unido agora de inveja. Não é todo dia que somos beijadas assim por um cara tão gostoso. Ah, desculpa, pra mim é todo dia sim, afinal, é meu namorado.
Apesar de que, com ele indo morar na Irlanda agora, não poderia mais beijá-lo assim todos os dias...
Foda-se.
O que importava agora era aproveitar os últimos momentos de como morador de Londres.
Envolvi seu pescoço com meus braços mergulhando os dedos em seus cabelos. Enquanto isso nossas línguas brincavam de pega pega. Opa, 'tá comigo!
As mãos de traçavam um caminho perigoso por baixo da minha blusa e, quando o senti passar o polegar de leve sobre um dos meus seios, soltei um gemido puxando alguns fios de seu cabelo para trás.
Vez dele de gemer.
De repente ele desceu os lábios na direção do meu pescoço e depois fez o caminho inverso, subindo pelo meu maxilar. Um arrepio passou por todo meu corpo até que minhas pernas não resistiram e fraquejaram.
Mas, ao invés de eu cair, me pegou no colo e partiu para o quarto.
Durante o curto percurso, nossos olhos ficaram presos. Naquele momento tive certeza de que nem ele se mudando para Marte faria aquilo que eu sentia se apagar.
Logo já estávamos os dois na cama, beijando-nos desesperadamente. Minhas mãos lutavam contra os botões de sua camisa ao mesmo tempo em que ele não sabia onde concentrar sua atenção primeiro: nas minhas pernas ou na minha bunda.
Quando enfim consegui deixar seu torso nu, meus dedos tomaram vida própria e foram explorando seu peito, barriga, costas... a cada parte da pele dele que eu tocava, sentia que a minha temperatura aumentava e parecia que nunca era suficiente. Eu queria mais.
Meu coração poderia estar no meio de um desfile de carnaval que nem haveria diferença nos batimentos cardíacos.
— Você tem certeza? — ele me perguntou com voz rouca grudando a boca em minha orelha.
Eu havia me depilado com todo cuidado essa manhã, passado dois tipos de hidratante diferentes, além de estar usando um "Victoria's Secret" que mais mostrava do que tampava, LÓGICO QUE EU TINHA CERTEZA.
— Sim — sussurrei em resposta. Resolvi poupá-lo dos detalhes.
E então ele me beijou. Foi um beijo diferente dos anteriores, tão lento que quase beirava a meiguice. Um ritmo totalmente contrário ao resto dos nossos corpos, mas aos poucos, tudo foi acalmando também.
— É a sua primeira vez. Temos que caprichar – sussurrou sem desgrudar sua boca da minha.
— Mas eu não quero caprichar – dizendo isso, desci minhas mãos até a braguilha de sua calça e fui abaixando o zíper devagar pra confirmar o que havia dito.
, por sua vez, parecia bem determinado em ‘caprichar’. Ele pegou minhas mãos que estavam quase chegando no dito cujo e as ergueu para cima de minha cabeça. Em seguida, pôs-se a tirar minha camisa numa lentidão que me dava agonia. Porém, eu tinha um assunto a tratar com suas calças e, portanto, voltei minhas mãos pra lá assim que minha blusa foi parar no chão.
Foi questão de segundos até nós dois ficarmos apenas com nossas roupas íntimas. Mas, sabe o que é melhor do que um vestido somente com uma box "Calvin Klein"? Um peladinho.
Confesso que sempre pensei que na minha primeira vez o mais difícil seria ficar nua na frente da minha vítima, porém, na hora a gente perde a vergonha — principalmente se estivermos no escuro. Nem me lembro direito da hora em que havia tirado minha lingerie, só tinha um leve flashback dele se atrapalhando com o fecho do meu sutiã.
E quando já estavamos ambos inteiramente sem nada, bem na hora H, perguntou pela camisinha.
Droga.
Camisinha.
Sabia que tinha esquecido de alguma coisa.
— Você procura no quarto do Justin e eu procuro no quarto do Isaac – ordenei rápida. No instante seguinte já estávamos os dois fora da cama correndo pela casa... pelados.
É nessas horas que eu agradeço por ter irmãos mais velhos.
Revirei o quarto do Isaac e nada. Onde os meninos guardam essas coisas?
...
GAVETA DE CUECA!
Parti para o guardarroupa do meu irmão e "eureka"!
— ACHEI – gritei para já correndo de volta para o quarto.
A gente se encontrou na porta, ambos com as expressões divertidas devido a nossa situação. Mas o riso durou pouco e logo continuamos da onde havíamos parado.
Acho que o tinha esquecido a parte do ‘caprichar’.
Em questão de segundos já estávamos na cama de novo.
Ele pegou a camisinha da minha mão, rasgou o pacote com pressa, porém eu o interrompi. Fazia questão de colocá-la eu mesma.
Primeiro apertei o bico da camisinha para sair todo o ar, deixei um pequeno espaço na ponta da mesma e depois fui desenrolando-a ao longo de todo o pênis. Minha professora de educação sexual ia ficar orgulhosa.
Assim que terminei, segurou meu rosto entre suas mãos e colou nossos lábios em um suave selinho.
"Let’s go"!
Entrelacei minhas pernas em seu quadril e soltei um grito abafado ao senti-lo abrir passagem dentro de mim. Doeu nas primeiras investidas por isso eu o abracei forte, sentindo sua pele escorregar sob a minha devido ao suor, porém ele entendeu o que se passava comigo e foi delicado. Até que eu não quis mais essa delicadeza toda, forçando-o a aumentar o ritmo.
respondeu a minha provocação espalmando as mãos de encontro a minha bunda, aumentando a velocidade nos nossos movimentos.
No quarto só se ouvia o som de nossas respirações pesadas, também tinha certeza que minhas unhas iriam deixar marcas nos ombros dele.
Durante todo o tempo ficamos com nossas testas coladas, eu não conseguia desviar o olhar de seus rosto. Suas feições mostravam que ele estava sentindo tudo aquilo que também se passava no meu interior.
Não havia nada no mundo que me fizesse tão feliz quanto saber que era eu que estava proporcionando tanto prazer ao meu .
Sera que essa é uma boa hora para mandar um salve a todos os meninos que me dispensaram?
De repente uma sensação prazerosa foi surgindo na boca do meu estômago, fazendo-m torcer os dedinhos do pé.
Então isso era o famoso orgasmo... era como comer todo os chocolates do mundo sabendo que no dia seguinte não iria acordar com o rosto cheio de espinhas ou mais gorda.
Senti também estremecer dentro de mim, até que nos dois caímos exaustos na cama.
Seu braço estava jogado sobre a minha cintura e sua cabeça encaixada entre a curva do meu pescoço.
— Eu te amo — ele sussurrou, sua respiração ainda entrecortada devido a nossa pequena atividade física.
Deitei-me de lado na cama colando nossos corpos ainda mais.
Daqui a duas semanas eu já não o teria tão próximo assim de mim. Falar que a distância não vai atrapalhar nosso relacionamento é fácil, quero ver na prática.
Permaneci com os olhos fechados enquanto se levantou da cama e partiu para o banheiro para se livrar da camisinha.
Nota mental: levar o lixo para fora assim que eu me levantasse. Não queria deixar vestígios na lixeira do banheiro.
Estiquei meu braço a procura de um lençol e me cobri. Logo em seguida senti um movimento na cama. Ele havia voltado.
se enfiou debaixo do lençol comigo e, com todo carinho do mundo, puxou minha cabeça para seu peito. E, suspirando feliz, entrelacei minhas pernas nas dele.
PLOP! Acabei esbarrando meu pé sem querer na tigela de pipoca.
Droga, agora teria que limpar meu quarto antes dos meus pais chegarem.
Por falar em pais, que horas eram aquelas? Daqui a pouco eles poderiam chegar e já pensou o que eles fariam com a gente se nos encontrassem naquelas condições?
Ah, quer saber. Foda-se.
Foda-se a Irlanda. Fodam-se meus pais. Foda-se a pipoca.
Só tinha uma coisa que eu queria fazer no momento:
— Também te amo, .
n/a:
E aqui estou eu de novo. Primeiramente: eu sei que nosso amado brigadeiro não é famoso na Inglaterra, mas simplesmente não entrava na minha cabeça uma tarde perfeita com o namorado sem uma panela de brigadeiro... então finjam que não repararam nesse pequeno detalhe, por favor.
Enfim, obrigada a todas vocês que leram e gostaria de dedicar essa short a todas as solteiras. Eu sei que isso é meio contraditório mas eu só queria provar pra mim mesma que pouco importa a quantidade de sapos que eu vou ter que beijar até achar meu príncipe encantado, desde que no final ele valha a pena rs.
xx
@andresSassy
comments powered by Disqus