Autora: Márys | Beta: That
Capítulo um
"Todos são arquitetos do destino, vivendo nestas paredes de tempo, então não
se lamente pelo passado. Ele não voltará de novo"-
Henry Wadsworth Longfellow
Capítulo dois
”Quando tantas pessoas estão solitárias o quanto parecem, seria imperdoavelmente egoísta se sentir solitário sozinho.” - Tennesse Williams
Capítulo três
"Os animais são bons amigos, não fazem perguntas e tampouco criticam."-
George Eliot
Se eu escutasse o celular de tocar mais uma vez, eu juro que jogaria aquela merda pela janela. No começo foi engraçado vê-la nervosa com o teste da garota que iria se unir aos pompons, mas seus ataques psicóticos já estavam
começando a me irritar profundamente.
- Por que a tá mordendo o controle remoto? – Allie perguntou tão assustada
quanto eu ao ver a cena da minha amiga concentrada falando no telefone, com o
controle remoto na boca.
- Crise no time das lideres de torcida.
- Me lembre de nunca fazer parte disso – Com toda a certeza eu lembraria. De
louca animadora, já bastava minha melhor amiga.
Lurdes, a empregada, colocou finalmente a mesa para o almoço, o que de fato foi
muito bom, porque só assim desligou o celular, e largou o controle remoto.
Como Alison percebeu que hoje eu tinha a companhia de , e nunca
suportava nossas conversas, principalmente quando não parecia estar muito
normal, decidiu comer em seu quarto, alegando que tinha um trabalho de Ciências
pra fazer.
de louca histérica, passou para quieta e preocupada. Se eu não conhecesse
tão bem minha melhor amiga, poderia dizer que ela estava em transe enquanto
comia. Por isso que eu odiava esse time, ele abduzia para um planeta
desconhecido e distante.
- Por que você ta tão preocupada? - Ela sempre ficava assustada por eu conhecer
tão bem suas expressões faciais.
Respirou fundo antes de falar.
- Tô com medo. – Mordeu os lábios – Se a Amber não arranjar ninguém ela vai
enlouquecer e enlouquecer a nós. Se não der certo, vamos ter que mudar quase
todas as coreografias por causa do numero de pessoas. E o pior, é que a gente
tem muito pouco tempo pra isso. O campeonato em Brighton é daqui um mês!
- Nossa, uma única menina faz tanta diferença assim? – Tudo bem que as
coreografias eram um tanto quanto complexas, mas não entendia porque uma pessoa
faria tanta falta assim.
- Você não faz idéia. – beliscou o macarrão com o garfo e terminou de
falar antes de comer. – E te levar no teste hoje vai enlouquecê-la mais rápido
ainda. – Começamos a rir – Eu estou colocando minha própria cabeça na lata do lixo!
- Você acha que o motivo da Amber me odiar tanto, é por que ela é ainda afim do
Drew? – Perguntei desviando um pouco o assunto – Não que eu não goste do ódio
dela, até porque é bem divertido zoar com a cara da Amber – E como era! – Mas é
que eu brigo com a Jenkins sem saber o verdadeiro motivo.
- Em partes sim, eu não acho que a Amber goste mesmo do , a relação deles é
meio estranha – Ui, " ", eles são tão íntimos desse jeito? – Mas também não
se esqueça que você é mais "aparecida"nessa escola do que ela, e pra piorar
tudo, você não faz isso propositalmente e nem liga pra esses lances de
popularidade.
- Essa história de líder de torcida querer ser popular é tão clichê!
- Eu acho que por ser tão clichê, piora ainda mais a situação, porque olha seu
perfil... – Ela apontou pra mim – Esse seu estilinho "debochado-de-mal-com-o-mundo" não deveria fazer tanto sucesso do jeito que faz – Ow, ow ow, espera ai,
estilinho "debochado-de-mal-com-o-mundo" era do , não meu!
- Obrigada pela parte que me toca! – A sinceridade da minha amiga às vezes me
espantava
- E outro fator mais importante... – Apontou o garfo pra mim.
Tá, deu medo.
- Qual?
- Você é milhares de vezes mais bonita que ela! – Comecei a rir – Tô falando
sério, para de rir! Você tem idéia que ela acorda umas 2 horas antes de vim pra
escola pra chegar toda "bonitona"? Enquanto você, se pudesse iria de pijama,
traria até o travesseiro pra continuar o sono na sala de aula, e ainda
continuaria ridiculamente linda.
- Para! – Ela já estava começando a me deixar sem graça – Bom, mas você não pode
falar sobre o namoro dela com o merda do , olha eu e o Drew, tipo, nada a
ver um com o outro.
- Se tivéssemos falando da lei sensata... – Coloquei a comida da boca enquanto
ela falava – O certo seria você namorando o e o Andrew a Amber
- ECA, EU TO COMENDO! - Falei de boca cheia.
- Mas... – Ela em interrompeu – Como estamos falando da lei da química, sobre os
opostos se atraírem... Já é diferente.
Completamente e absurdamente diferente. Que droga, a não podia soltar
uma coisa daquelas em horários como esses, chegava a me deixar enjoada!
Porém uma coisa me deixou preocupada, o fato da Amber ainda me odiar por
causa do Drew. O problema não era ela me odiar, muito pelo contrario, meu medo
era ela tentar algo contra eu e ele. O que me tranqüilizava era ela namorar com
o . Jenkins não tentaria nada contra a gente namorando outra pessoa, pelo
menos eu acho, e assim espero que seja. Daí outra pergunta invadiu minha mente,
se ela ainda gostava de Drew, por que cargas d’água ela estava com ? Tudo
bem que os dois se merecem como nenhum outro casal, mas vamos combinar que
aquilo era um tanto quanto estanho.
- Você acha que... O gosta mesmo da Amber? – Eu sempre soube que podia
falar ou fazer qualquer tipo de pergunta para . O que eu não sabia era qual
seria sua reação a pergunta ou a afirmação
- Não sei se justo o namoraria uma garota só por namorar... Ele pode não ser
completamente apaixonado por ela, mas acredito que role algum sentimento sim...
– Isso era bom, não era?
Lógico que sim.
- Por quê? – Perguntou.
- Nada... – Dei de ombros.
- Tá, então acaba logo de comer que estou louca pra escolher o seu vestido pra
hoje a noite!
Ao chegarmos na escola, primeiro passamos pelo campo onde os meninos treinavam,
para dar um “oi” ao Andrew e ao , que também jogava no time de futebol, já
que tínhamos chego um pouco adiantadas e nem a própria capitã tinha chego ainda.
Interado no jogo, Drew não percebeu que eu estava ali, e eu e nos sentamos
na arquibancada para assistir o treino. Sem me dar conta, meus olhos desviaram
do meu namorado por alguns segundos e vagaram pelo resto do time. Me assustei
quando meus olhares se cruzaram pelo camisa numero 23, , que tinha
percebido minha presença e estava me encarando.
Como uma idiota, olhei para outra direção no mesmo instante ficando um pouco sem
graça. Por que diabos ele não me mostrou a língua e eu não lhe mandei um dedo do
meio?
Escutei o técnico apitando e dando um tempo para o time descansar, e então desci
da arquibancada, entrando no campo para falar com Drew. O vi de costas e corri
em sua direção subindo nas suas costas
- Surpresa – Cochichei em seu ouvido, pendurada em seu pescoço.
- Nossa, surpresa mesmo! – Sai de suas costas e o abracei e depois dei um
selinho – O que está fazendo aqui?
Demorei um pouco pra responder. Percebi que me fitava novamente e dessa
vez foi de uma maneira meio estranha, como se eu tivesse dado um murro na cara
dele minutos antes. Cara, eu juro que não fiz nada pra ele, não dessa vez.
- ? – Andrew me chamou novamente, olhando um pouco preocupado.
Mas é que tipo, eu não tinha feito nada mesmo! Nem careta eu fiz pro !
- Oi? – Voltei a olhar pra ele, tentando me lembrar o que tinha perguntado –
É... A me chamou pra vim, hoje vai ter o teste das lideres de torcida, e
resolvi aceitar porque lembrei que você tinha treino.
- Fez muito bem! – Ele sorriu e me deu outro beijo, dessa vez um pouco mais
intenso, mas quebrei quando percebi que ele ria de alguma coisa.
- O que foi? – Perguntei achando graça da sua risada.
- É que quando você começou a falar eu pensei que você estava aqui pra fazer o
teste – Ele começou a rir descontroladamente.
- Para de rir seu bobo! – Dei um tapa no seu braço – Tudo bem, você ganha um
desconto porque foi no mínimo engraçado imaginar isso!
- Tá bom, parei – Levantou as mãos em forma de rendimento – E então, preparada
pra hoje a noite?
- Acho que sim... me ajudou com o vestido, então acho que ta tudo certo.
- Oi, prima – chegou me abraçando por trás de minha cintura.
- Eca, você tá suado! – Sai de seus braços.
- Você abraçou ele! – Apontou para Andrew – E ele está mais nojento que eu! –
Apontou para si próprio.
- Mas ele é meu namorado! – Dei um pedala em sua cabeça.
- Eu sou o namorado, mané – Drew repetiu também deu um pedala nele e comecei a
rir.
- ! – Ouvi meu nome ser chamado de longe, e vi me chamando com a mão.
Provavelmente a abelha rainha já havia chegado e os testes começariam.
- Bom, é melhor eu ir, já deve ta começando e eu quero estar lá com a ,
ela está meio tensa com tudo isso – Entortei a boca.
- Tudo bem, eu já vou voltar pro treino mesmo – Ele me beijou e nos abraçamos
novamente – Depois que acabar aqui eu vou até lá – Concordei com a cabeça e fui
pra dentro do ginásio onde seriam as audições.
Não antes de olhar para novamente, que agora parecia pensativo brincando
com a bola de futebol.
Aquilo tudo estava tão estranho.
Algumas meninas já estavam a espera para serem avaliadas, quer dizer, muitas
meninas. É, eu acho que boa parte da população feminina gostaria de fazer parte
daquilo. Cumprimentei algumas conhecidas antes de arranjar um lugar pra sentar,
até que dei de cara com a Jenkins.
- O que o projeto mirim da Joan Jett está fazendo aqui? – Perguntando
diretamente para .
Desde quando ela conhecia a Joan Jett? Não é que a Paris Hilton do Paraguai
entendia alguma coisa de musica?
- Ela veio assistir ao teste – respondeu automaticamente já prevendo um
possível barraco.
- Mas ela não é do time – Retrucou e então, decidi me intrometer – E pelo que eu
saiba, muito menos quer entrar pro time.
- Eu tenho varias razões para poder estar aqui, primeira eu estudo aqui, segundo
minha melhor amiga é do time, terceiro meu namorado é capitão do time de futebol
e esta lá fora treinando, e o quarto não menos importante, EU fico onde EU
quiser – Me virei e fui me sentar na arquibancada deixando ela sem direito de
resposta.
Pluguei meu fone no meu celular, e coloquei numa musica aleatória. Foi para
Vampire Weekend, Holiday. Peguei o pacote de Gold Bears que tinha deixado no meu
bolso hoje na hora do intervalo, e fiquei ali comendo meus ursinhos observando
tudo.
Os testes começaram e eu via algumas meninas dando o melhor de si, e o melhor
que conseguiam é alguma coisa misturado com nada a ver.
Coreografias estranhas, passos mal feitos, tombos hilários, garotas pisando em
seus próprios pés, e outras quase caindo de cara no chão na tentativa de dar uma
simples estrelinha.
Vê-las se envergonharem na frente das animadoras ao som que eu estava escutando
como trilha sonora, chegou a ser engraçado. tinha razão, várias meninas
queriam ser animadoras de torcidas, porém o difícil era alguma com talento pra
coisa. Tudo bem, eu estou longe de ser uma líder de torcida, portanto não entendo
do assunto, mas qualquer um podia ver que aquelas meninas não faziam nada alem
de mexer a bunda. Mesmo achando tudo muito bizarro, eu esperava que elas
encontrassem alguém. Não por elas e muito menos pela Amber, mas sim pela .
Ela estava uma pilha de nervos com esse assunto hoje.
No final do teste, faltando só mais umas duas meninas para se apresentar, vi
alguns meninos do time de futebol entraram no ginásio. Levantei o braço para que
Andrew me visse. Ele estava junto com e . Vieram em minha direção
para se sentar e ver o final da audição.
- E aí, como está tudo? – Perguntou Andrew. Antes de responder tirei meus fones
e ele me deu um selinho e sentou no degrau abaixo do meu, encostado entre minhas
pernas, antes claro, roubando um ursinho. MERDA! Justo o azul, Collins?
- Olha, eu não entendo nada do assunto, mas nenhuma aí foi boa, sério, apareceu
cada figura que deu até vergonha alheia! – Os meninos riram.
- Ah, mas como você não entende do assunto? – Perguntou com ar
completamente sarcástico.
O fuzilei com os olhos e ele levantou as mãos se rendendo e por fim, se
sentando.
A última candidata se apresentou e pela cara de todas as meninas eu estava certa
quando disse que nenhuma foi boa o suficiente e nem perto disso. Na bancada onde
as animadoras ficaram sentadas, uma parecia mais cansada que a outra, e uma mais
sem esperança que a outra. É, tinha sido um fracasso. Nos levantamos e fomos
para o meio do ginásio falar com elas. passou correndo por nós chegando
em Amber e dando-lhe um beijo.
Ah, que lindo.
- Como que foi tudo? – Perguntou pra namorada.
- Preciso responder? – As animadoras, que no momento não estavam nenhum pouco
animadas foram saindo aos poucos do ginásio só restando e Amber.
Sendo muito sincera, e sem ironia... Deu pena de ver aquilo!
- Olha, não é por nada não – Comecei – Mas isso tava mais engaçado que um show
de circo – Jenkins não teve como discordar comigo, aquilo tinha sido um mesmo
fracasso.
- E agora, como vai ficar? – Drew questionou enquanto colocava as mãos em volta
de minha cintura.
- Estamos ferradas! – Eu nunca pensei que fosse dizer isso, mas eu estava até
com pena da Barbie Britney Versão Cheerleader 2011 da Matel, parecia que alguém
tinha roubado seu gloss importado! – O campeonato de vocês vai ser em menos de
três semanas, e não achamos ninguém, e nós não podemos ir para um jogo sem a
animação! Principalmente sendo no estádio dos Warriors!
- Warriors? – Que isso? Será que era de comer?
- O nosso maior "rival"– Disse Andrew fazendo aspas com o dedo.
- É impossível que nessa escola não tenha ninguém que não saiba dançar alguma
coisa e fazer algumas acrobacias se quer...
No mesmo instante que falou, e me olharam. Eu sabia que
eles estavam pensando. E eu sabia que aquilo deria merda em 5,4,3,2,1...
- Não! – Falei olhando para os dois, e , tirando qualquer esperança
ou idéia da cabeça deles.
- Não? – Perguntou Amber – Você caiu de cabeça no asfalto antes de vim pra cá e
agora ta falando sozinha? – e continuaram a me encarar.
- ! – disse meu nome com um sorriso de orelha a orelha.
- ! – Fiz uma cara desesperada – Quieta, por favor, sem nenhuma palavra.
Nunca vai acontecer, entendido? – Quando o assunto é interessante, eu amava
saber ler os pensamentos da minha amiga, agora quando o assunto é sem noção, eu
prefiro ser uma analfabeta mental.
- Dá pra alguém me explicar o que esta acontecendo? – Andrew perguntou e quando
vi, todos estavam olhando pra mim e na mesma hora olhei para meu primo querendo
matá-lo.
E o pior que não podia culpá-lo, ele não fizera por mal.
- O que eu fiz? – Perguntou , percebendo que poderia ter dormido sem fazer
aquele comentário.
- , você pode salvar tudo! – É agora que eu cometo um homicídio contra minha
melhor amiga, certo?
Certo!
- Eu acho que alguém está muito ferrada – cantarolou. É agora que eu
cometo um homicídio conta esse mongolóide, certo?
Certo!
- Cala a boca, retardado!
- Desculpa interromper a piadinha interna – Drew tentou novamente – Mas dá pra
alguém falar qual é a do assunto?
- A ! – Apontou pra mim com uma cara abobada – Ela fez ballet durante um bom
tempo! – Eu já disse que vou matar a ?
- Pois é... Bota tempo nisso – Já disse que eu vou matar o ?
- Ah! Eu lembro disso, a tia Lizzie obrigava a a fazer! – Por que eu tinha
que ter um primo tão burro, alguém me explica? Eu era adotada, e não era da
mesma família que o . Única resposta.
Eu fiz ballet dos meus 5 aos 13 anos. No começo, como eu não tinha nem idéia do
que estava fazendo, eu ia as aulas de boa, mais tarde comecei a ir obrigada, e
no final eu e a minha mãe fizemos um trato, se eu entrasse no ballet, ela
deixaria eu fazer minhas aulas de violão. Talvez ela quisesse que eu fosse mais
delicada e graciosa, mas isso não funcionou por muito tempo. Não que eu fosse
uma má dançarina, porque por incrível que pareça eu não era ruim, e sim porque
eu sumia todas as aulas pra fazer coisas mais interessantes do que ouvir musica
clássica e ficar me retorcendo feito uma lagartixa.
Por que ela não me colocou logo na ginástica olímpica? Os collants ficariam
melhores em mim do que aquelas saias que pinicavam a minha bunda.
- Como é que é? – Amber começou a rolar de rir – A Winehouse já tentou ser
delicada um dia? – Engoli seco.
- É sério isso, ? – Andrew me encarou.
Não consegui responder no mesmo instante, eu só encarava , completamente
decepcionada. Ela não podia ter feito aquilo comigo, e se vocês querem saber,
nem o idiota do poderia ter feito isso. Aquilo é uma coisa que só se
diz respeito a mim, e mais ninguém.
- Er... É... Mais ou menos... – Falei com a voz tremula, ainda meio incerta do
que estava acontecendo.
- Mais ou menos, não! Eu sei que você vai me odiar por isso , mas você era
ótima! Você salvará todos nós se entrar pra equipe!
Ainda bem que ela tinha consciência que eu a odiaria por isso.
- ÊPA! Quem decide aqui sou eu , e eu não quero essa louca varrida no meu
time – Apontou o dedo indicador pra mim – Isso aqui é um time de animadoras de
torcida, e não o Clube das Witches.
- Acho que não há tempo pra isso, Jenkins! – Espera ai, a estava tentando
decidir isso por mim?
- Como não, essa equipe é...
- CHEGA! – Gritei histericamente e todos me olharam - EU NÃO VOU PARTICIPAR DE
MERDA DE TIMINHO DE TORCIDA NENHUM! ESQUECE ISSO! – Olhei para – E
parem de tomar decisões onde eu que tenho que tomar, ninguém tem que falar por
mim, eu tenho boca e minhas próprias decisões, e minha decisão é que eu não vou
a lugar algum, vocês cheiraram talco?
- Que tal parar de pensar um momento só em você e pensar um pouco nos outros? –
Espera, era o mesmo que estava me falando isso? Eu o encarei
incrédula e sem palavras.
Ele era a última pessoa nessa merda de mundo que poderia falar alguma coisa, eu
o odiava, ele fazia mal a humanidade, era impossível ser feliz com uma pessoa
daquela vivendo em um mesmo ambiente que você!
- Hey, quem manda aqui sou eu! – Alguém cala a boca dessa vaca?
- Quer saber? – Tirei as mãos do Andrew em volta de mim, me distanciei e olhei
para todo mundo – Vão todos se foder – Me virei e sai. Simples assim.
- Essa delicadeza de menina já foi uma bailarina? – Ouvi a voz de Amber enquanto
Andrew, e vieram atrás de mim.
- Por favor, eu quero ficar sozinha, ok? – Eu estava tão brava com a por ter feito aquilo e tão brava com o (novidade) que acabei descontando
em Andrew que era o que menos tinha a ver com aquilo tudo. E apesar do ter
aberto o bocão, eu não ocupava a sua lerdeza por isso.
Me joguei no banco do motorista e coloquei minhas mãos na cabeça. “Que tal parar
de pensar um momento só em você e pensar um pouco nos outros”. Como ele tinha a
pachorra de falar isso pra mim? Justo pra mim? Eu não sabia quais dos motivos eu
tinha ficado mais puta, mas aquilo tudo só tinha deixado meu dia pior do que eu podia imaginar que ele ficaria.
Coloquei a chave no contato e dei a partida no carro. Precisava da minha casa, e do meu quarto.
POV:
Tudo bem, confesso que fiquei meio mal por ter meio que falado sobre o lance do ballet. Ainda bem que quem deu a língua nos dentes foi a e quem tinha cooperado foi o lerdo do , porque se não amanhã eu não estaria mais vivo. Eu não me arrependo de ter falado tudo o que eu falei, porque essa era a verdade. Ela não morreria em ficar na equipe até a Angie se recuperar. Seria bom parar de ter tempo pra fazer as suas merdas, e se dedicar a algo que realmente importava.
- Dá pra acreditar nisso tudo? – Amber estava rindo do espetáculo que aconteceu minutos atrás – Era só o que me faltava, a Winehouse na torcida! Onde é que esse mundo vai parar?
- Olha, Amber, não é por nada não, mas ela é a única salvação de vocês – Ela era não era? Então pronto.
- Fala sério, ela não é bailarina coisa nenhuma! – Rolei os olhos, mas eu entendia, é difícil acreditar que um dia foi bailarina. Fala sério, é até engraçado se for parar pra pensar.
- Não é, mas já foi, e ela já fez isso durante anos, por isso que estou te garantindo que ela é a sua única esperança – Cruzei os braços.
- Como é que você sabe disso? – Amber não precisou que eu respondesse para lembrar – Ah, eu esqueci que vocês meio que cresceram juntos, é difícil de acreditar nisso também.
É difícil acreditar em muitas coisas quando se tratava dela.
- Pois é, eu também acho, mas isso não vem ao caso, o problema é que se você não fizer com que ela entre na equipe de vocês... – Não precisei terminar.
- Eu não vou pedir nada praquela idiota – Claro que não ia. Amber Jenkins não pedia nada a ninguém. A não ser dinheiro pros seus pais, claro!
- Isso é uma pena pra vocês... – Ela ficou sem responder por um tempo pensando em algo.
- Ela é boa mesmo? – Perguntou séria e eu fiz sim com a cabeça – Então eu tenho uma idéia – Amber me deu um beijo breve e saiu do ginásio as pressas, o que aquela louca iria fazer?
//POV:
Capítulo quatro
"Tem idéia de quanto mal nos fazemos por essa maldita necessidade de falar?"- Luigi Pirandello
Booomm!
Esse foi o barulho que fez quando eu fechei o porta-luvas do meu carro com toda a delicadeza que eu tinha, após pegar um maço de cigarros escondido. Peguei o isqueiro que sempre andava em meu bolso para alguma emergência e o acendi. Eu estava parada em frente à escola dentro do meu carro já faziam alguns minutos, depois do que tinha acontecido no teste das líderes de torcida. Abaixei minha cabeça e a descansei no volante, um tanto quanto chateada por causa de minha briga com .
Meu celular começou a tocar desesperadamente, e a primeira opção de quem poderia ser, era a minha não-mais-melhor amiga. Deixei que ele tocasse até parar, e assim aconteceu. Ainda refletindo sobre tudo o que tinha acontecido, o celular começou a tocar de novo, e sem paciência alguma, eu o peguei dentro da bolsa e atendi sem olhar no visor. Rezava para que não fosse , senão eu a xingaria dos piores nomes que estavam em minha cabeça no momento.
- Alô – Atendi sem o mínimo de animação.
- Olá, minha princesa! – Soltei um suspiro de alivio. Só uma pessoa poderia me fazer sentir melhor agora, e essa pessoa era Matthew, meu pai.
- Pai! – Disse me segurando para não chorar – Que saudades!
- Eu também, mas que voz é essa? – Perguntou.
A gente tinha uma ligação tão assustadora, que ele tinha o dom de me ligar ou aparecer sempre nas horas que eu mais precisava.
- Nada... – Dei de ombros – Quer dizer, eu tive uma briga com a ... Ela fez uma besteira que eu não gostei, mas nada que vale apena ser comentado.
- Grande novidade que vocês duas brigaram! Mas e então, tirando isso, ta tudo bem? Allie, escola, sua mãe, Andrew, ... Tudo certo?
- Tudo. Mas a Allie ta sentindo sua falta. E eu também. Pai, por favor, fala com a mamãe, ela tem que deixar eu terminar o ano aí, eu não to mais conseguindo ficar nesse lugar! – Praticamente implorava.
- Eu sei disso, filha, e também sinto uma saudades insuportável de vocês. E pára, você só esta falando isso porque brigou com a . Você sabe que gosta de morar aí.
- Não, não gosto, e eu quero que a morra, ela e aquela língua grande dela. E a pior merda que já fiz na minha vida é não ter escolhido ir morar com você quando foi pra Nova York! – Comecei a sentir as lágrimas saindo de meus olhos.
Eu não sabia se chorava de saudades, ou se chorava de arrependimento.
- Você fez a escolha certa, sim, minha linda! Olha, vamos fazer assim, eu vou conversar com a sua mãe e ver se ela libera você passar uns dias aqui, no máximo uma semana por causa das aulas, daí você aproveita e trás a Alison, ta bom assim?
- Unhum...
- Tudo bem então, eu vou desligar agora, mas por favor, vê se resolve tudo com a . Não sei quem fica mais insuportável quando estão brigadas, você ou ela. – Soltei uma risada nasalada – Te amo, muito!
- Eu também, pai! Tchau.
- Tchau.
Flashback, 7 anos antes. Ponto de vista: Autora
O dia estava chuvoso, mas nada anormal para o clima de Londres. voltava da escola logo após o motorista ter deixado em casa. Passariam a tarde juntos, se Matt não tivesse deixado o recado que precisava conversar com . Como explicar para sua filha que não a veria mais todos os dias? Principalmente ela, que era tão apegada ao pai.
saltou do carro, e atravessou o grande jardim, até a porta da sua casa. Abriu e pode ver Matt um tanto quanto pensativo, sentado no sofá.
- Pai? – o despertou de seu transe.
Jogou a mochila em qualquer canto da sala, e andou até ele, sentando-se ao seu lado.
- Hey, minha linda! – A abraçou forte.
- Falaram que você precisava conversar comigo.
- Sim... Algo muito importante. Na verdade, eu queria que sua mãe estivesse aqui, mas... Ela preferiu que eu falasse com você sozinho.
franziu o cenho, sem entender muito bem do que aquilo tudo se tratava.
- Eu vou precisar me mudar pra Nova York... - ficou em choque. Não acreditaria que iria embora de Londres. Não acreditaria que teria que ficar longe de seu país, da sua escola e de . Milhares de pensamentos invadiram sua cabeça naquela hora.
- Como assim? Por que vamos ter que mudar? Eu não quero me mudar, papai!
- Você não vai precisar... - ficou mais confusa ainda - Eu... Eu e sua mãe estamos com alguns problemas, e decidimos nos divorciar.
ficou sem reação por alguns segundos. Sabia o que era divórcio, várias garotas de sua escola tinham pais divorciados, e ela sempre se sentiu sortuda por ter seu pai e sua mãe juntos.
- Co-como? Mas... O quê? - Perguntou transtornada.
- Vai ser melhor assim, minha princesa - Fez carinho nos meus cabelos - Tenta entender que estamos fazendo isso para o melhor de todos nós!
- Não é melhor, pra mim, ficar longe de você! - Respondeu brava.
- Nós não vamos ficar longe, não é como se eu fosse abandonar vocês!
- Posso ir com você? - Perguntou de imediato.
- Filha, você sabe que não quer fazer isso...
- Sei, sim! Não quero ficar longe de você!
- Mas também não quer ficar longe da Allie, nem da sua mãe, e muito menos do ...
... Sim, ela não queria deixar . Matt sabia que havia tocado em seu ponto fraco.
- Eu amo você e a sua irmã mais que tudo na minha vida, e se eu falo que não vou ficar longe, é porque eu não vou mesmo. Allie precisa de você, e sua mãe também. Você gosta da sua escola, e tem muitos amigos lá!
Matt queria que sua filha fosse com ele, mas ao perceber o desespero de Elizabeth quando decidiram se divorciar, sabia que teria tomar a decisão certa. Não era justo para uma mãe ver sua filha de 10 anos decidir ir morar com o pai, e Lizzie tinha certeza que a escolha de seria essa, por isso não quis ficar junto com Matt quando contasse a ela sobre a separação.
- Promete mesmo que você não vai se esquecer de mim? - repensou sobre o assunto, e percebeu que teria que abrir mão de muitas coisas para ir morar com seu pai. Ela o amava, mas se ele havia falado que eles não ficariam longe, ela sabia que era verdade.
- Como se isso fosse possível - Deu um peteleco no nariz da sua filha.
- E promete que vou poder ir pra Nova York com o todas as vezes que não tiverem aula?
- Fechado!
//Flashback, 7 anos antes. Ponto de vista: Autora
Entrei em casa ainda bufando e encontrei Allie sentada na sala jogando vídeo game na grande televisão.
O mundo tinha dado a louca e esqueceram de me avisar, não é possível! Mas que diabos Alison estava jogando? Aproximei e vi que era SuperMario do Nintendo 64 que eu guardava até hoje. Melhor jogo, sem dúvidas.
- Terminei o trabalho de ciências, já estudei pra algumas provas e não tinha nada pra fazer – Se explicou, já imaginando que eu fosse perguntar – Encontrei ele jogado aqui no canto, e como eu não tenho muita coordenação pro Guitar Hero, decidi experimentar esse. Olha, eu já consegui 5 estrelas!
Ela estava ocupada demais em apostar corrida com o Pinguim na fase de gelo para desgrudar os olhos da televisão.
- Sem problemas. Tem uma passagem secreta no primeiro túnel, é só ir pra direita que você passa pela parede. – Allie sorriu vitoriosa – Mas não adianta passar por ali se você esta apostando corrida com o Pinguim, ele vê isso como trapaça e acaba não valendo.
- Ah, muito obrigada – Revirou os olhos fazendo pouco da minha dica inútil.
- Papai ligou. – Allie deu o stop no meio da fase e me olhou – Ligou pra perguntar se tava tudo bem, e disse que tava morrendo de saudades. Provavelmente ele vai ligar aqui mais tarde pra falar com você e com a mamãe. Ele quer ver se ela libera pra gente passar uma semana com ele.
- E você acha que ela libera? – Perguntou aflita.
- Provavelmente. – Dei de ombros – Você é uma crânio de marca maior, e eu também não estou tão mal assim no quesito nota, perder uma semana de aula não vai ser um total caos.
Ela fez que sim com a cabeça e continuou a jogar.
- To indo pro quarto, se alguém me procurar, fala que eu me mudei pra Mongólia, e se não convencer, diz que eu morri. – Subi as escadas e fui pro meu quarto sem esperar qualquer tipo de resposta de Alison. Se é que ela me daria alguma resposta; pelo visto, Mario e o Pinguim eram mais interessantes.
Apesar de chegar em casa com a cabeça um pouco mais fria, ainda estava muito brava com . Tinha milhões de chamadas e mensagens no meu celular, mas eu nem dei ao trabalho de ver. Eu estava indignada ainda, minha melhor amiga tinha contado uma coisa minha para várias pessoas em tempo recorde, sendo que uma dessas pessoas é a menina que eu mais odeio. Não poderia deixar de parabenizá-la mais tarde pela grande obra de arte.
Deitei de barriga pra cima e coloquei um travesseiro em cima do meu rosto. Alguns momentos do dia vieram em minha cabeça, e um deles foi o que o idiota do havia me dito. Eu não pensava só em mim mesma, ele que só pensava nele mesmo. No mundinho de era ele, ele e ele mesmo, sempre foi assim, e nunca mudará.
Escutei a campainha tocar, mas não dei muita importância, Allie atenderia, e se tivesse muito ocupada com o vídeo game, Lurdes iria. Alguns minutos depois ouvi alguém batendo em minha porta, mas não respondi. Por favor, que desistam de bater!
- , abre a porta, eu sei que você está aí! – Era a traidora, quer dizer, – Mongólia não colou, e muito menos a notícia drástica de sua morte. Allie estava distraída demais com aquele vídeo game pra ao menos tentar me convencer de alguma coisa.
Em silêncio, me levantei da cama e fui até a porta, sem abrir ou fazer alguma coisa.
- Eu sei que você está aí, e também sei que não está dormindo! Dá pra ver a sombra do seu pé por debaixo da porta – Ops, mancada minha.
- A morreu! Ou melhor, se mudou para a Cochinchina! – Gritei para que ela escutasse do outro lado.
- Abre essa porta, eu quero conversar com você!
- Qual a parte do “Se mudou para a Cochinchina” você não entendeu? – Eu me sentia tão idiota por estar olhando pra parede, parecia que estava discutindo com a própria.
- A parte que se você estivesse se mudado, eu não estaria aqui conversando com uma porta e implorando para que você a abrisse. – Deveria ao menos ser mais interessante do que conversar com a parede, pensei.
- Então seja melhor amiga da porta, e me esquece! Só não esqueça de não contar os segredos da sua nova melhor amiga porta pra ninguém, PORQUE ISSO NÃO É LEGAL! - Me alterei novamente.
- Desculpa, por favor! Você sabe que eu não tive a intenção, eu nunca faria nada pra te prejudicar ou algo que você não gostasse. – Choramingou.
- O problema maior não foi você ter contado! O grande problema é que eu tive que dar um berro para que vocês lembrassem de que eu existia, e que também tomava minhas próprias decisões. E ainda tive que ouvir da pessoa que eu mais desprezo que eu só penso em mim!
- Eu sei disso, e desculpa mais uma vez! É que... Eu achei que a solução dos nossos problemas estava bem na nossa frente, e que era justamente a minha melhor amiga! Você tem que me entender, !
- Agora quem pede desculpas sou eu, , porque naquela hora você se deu conta de tudo, menos que eu era sua melhor amiga. – Senti um bolo na garganta depois do que eu disse.
- Você sabe que não é verdade, e eu já te pedi desculpas umas... 15 vezes em menos de... 10 minutos. – Paramos de falar por alguns instantes, depois continuou – Por favor, vai, você sabe que não vai conseguir ficar sem falar comigo por muito tempo, sua piranha.
Me pedindo desculpas e me chamando de piranha. Engoli minha vontade de rir.
- Vamos apostar então... Sua vaca.
- Sem querer entrar na onda do Barney, mas eu amo você, e sei que você também me ama, agora que tal você me desculpar e abrir essa droga de porta? Ela é chata demais pra ser minha melhor amiga, eu prefiro mil vezes a minha piranha louca. – Eu comecei a rir - Viu, você ta rindo!
- E daí? - Perguntei estupidamente.
- Quer dizer que você já me desculpou.
- Não quer dizer nada! – Coloquei a mão na cintura. E lá vai eu me empolgar com a merda da parede de novo.
- , pára de fazer cu doce e abre essa porta, antes que eu tenha que tentar entrar aí subindo até a janela...
- Ela estava aberta o tempo todo, sua otária. Você que é burra e não se deu ao trabalho de girar a maçaneta – Vi a maçaneta virar lentamente e a portar se abrir aos poucos até ver o rosto de .
- Eu vou te matar. - Disse ela calmamente - Mas acho que você já deve saber disso.
- A burra na história é você, e eu que tenho que ser morta? – Ela veio em meu encontro e me abraçou. – Te odeio! - Dei um soco fraco em seus ombros.
- Mentira! – Ela riu – Desculpa mesmo por hoje. Você sabe que não foi a intenção. – Ouvimos alguns passos acelerados subindo as escadas.
- Eu fiz alguma coisa de errado? – Era , respirando rapidamente como se tivesse corrido uma maratona. Começamos a rir.
- Não, seu retardado, infelizmente não podemos culpar a sua falta de noção – Respondi, e ele continuava parado na porta do quarto – Não paga nada pra entrar, ok?
- Não, eu já estou indo pro ensaio, é que o me xingou depois que eu voltei pro ginásio e não entendi muito bem, daí calculei que eu que tinha feito a merda. – Espera aí, por que o xingaria o meu primo? Será que é porque ele que tinha dado com a língua nos dentes sobre o lance do ballet?
Não. Estávamos falando de , e esse não tomaria dores de ninguém, principalmente as minhas.
- E desculpa a demora, é que... O Mario lá embaixo me prendeu a atenção, tava ajudando a Allie. Ela não percebeu que deu o filho errado pra mãe e então decidiu tomar ele de volta, a mamãe Pinguim correu atrás dela e ela tava se divertindo correndo com o Pinguinzinho pra lá e pra cá.
Nós começamos a rir imaginando a cena, e então depois de mais alguns minutos conversando, ele saiu correndo pra ir pro ensaio. Não duvidaria ele aparecer por ai mais tarde pra competir o controle do vídeo game com a Alison.
- Meu pai ligou, parecia que ele tinha adivinhado que eu tinha brigado com você! – Comentei enquanto estava fuçando o perfil de alguém no facebook. – Preciso ligar pra ele e falar que a gente já voltou a se falar. Ele quase me implorou pra fazer isso, disse que ficamos muito insuportáveis quando brigamos. – gargalhou e girou a cadeira pra ficar de frente pra mim.
- To com saudades do Tio Matt! Quando vamos visitá-lo em Nova York? – Bateu palminhas e eu revirei os olhos. sempre ia comigo quando eu viajava para os Estados Unidos pra vê-lo.
- Breve, espero! – voltou a olhar pra tela do computador e eu estiquei o pescoço pra ver o que ela estava futricando – Hey... Esse perfil é do...
- Sai daqui, sua xereta! – Ela cobriu o notebook para que eu não visse nada, o que foi em vão, porque eu já tinha visto.
- Que bonitinho!!! Vendo o perfil do ! Awnnnn! – Comecei a bagunçar o cabelo dela – Ele é a fim de você, sabia?
- Não é nada.
- E você é a fim dele... – Falei como quem não quer nada – E eu amo o , e eu amo você, ai, isso seria tão perfeito!
- Cala a boca sua doente, eu não sou a fim dele... Só to... Vendo as fotos dele... – Deu de ombros. Anham, e eu sou o Batman – Olha só, o McFly fez um show num pub aqui perto essa semana.
Me levantei e sentei no pedacinho de espaço que tinha na cadeira que estava sentada para poder ver as fotos. Um sorriso bobo brotou em meus lábios. Eu ficava feliz por eles, apesar de um dos integrantes ser um merda. E eu queria poder ajudar na banda, era o que eu gostava de fazer, porém como eu já havia mencionado, um dos integrantes é um bosta, o que me impedia de oferecer ajuda.
- O é lindo. – Comentou e involuntariamente eu fiz uma careta. Ah vá, era só o que me faltava agora – Não tão lindo como o ... – Awnn, eu disse! – E por favor, não pensa merda! – Implorou. se entregava tão fácil. – Agora você, quem é o mais lindo?
Aquela era uma pergunta fácil de ser respondida, porém difícil de ser confessada.
- O . – Dei de ombros – Meu primo é gato, e se não fosse meu primo, eu pegava!
- Você já beijou o . – Fez uma cara óbvia, e ao me lembrar daquilo fiz cara de nojo. Eca, ter beijado o foi quase a mesma coisa que se eu tivesse beijado a Alison – No verdade ou desafio, mas beijou. E você não acha o mais bonito.
- Ah, não? – Fiz pouco caso, ainda olhando para foto.
- Não, você acha o mais bonito. – Me preparei para fazer meu discurso, mas ela não deixou – E não adianta falar que é mentira. Você e ele podem ser feito cão e gato, mas não tem como negar que é o maior gato daquela escola, daquela banda, e provavelmente de todos os lugares que ele frequenta.
- Pega ele, então! – Bufei. Me levantei e voltei pra cama. Mas que merda!
Ai, o é lindo! Ai, o é legal! Ai, o isso, ai o aquilo. Vai se ferrar, ela e o amiguinho dela.
- Não, ele não faz meu tipo. Ele faz o seu tipo. – Qual é a da ? Porque sinceramente, depois de anos, eu ainda não havia descoberto.
- Onde é que você quer chegar com isso? – Perguntei impaciente. – Me jogar pra cima do , ? Meu Deus, você já foi um bom cupido. Você ta querendo juntar duas pessoas que se odeiam, que são comprometidas e que...
- E que no fundo não se odeiam nada. – Jogou a almofada que estava em seu colo na minha cara – Vocês não são mais dois adolescentes de 14 anos, meu Deus, vocês tem quase 18 anos! E quem olha de fora pensa que ambos tem 10!
- Eu não tenho culpa que seu amiguinho é um idiota! – Devolvi a almofada mirando em seu rosto – E se tem alguém que age como criança, é ele. Atitude bem adulta que ele teve hoje! “Você só pensa em você”. Piada do século!
- Ta bom! Que seja, desisto! Se matem os dois! – virou a cadeira e voltou a babar, ou melhor olhar as fotos de e me deixou ali... Pensando
Pensar às vezes pode ser uma merda, sabia?
- Agora vai, levanta essa bunda e começa a se arrumar pro jantar de hoje a noite. Você deve desculpas ao Andrew, e tem que ficar bem gatona pra ele.
Sem discutir, fui pro banho. Eu devia sim desculpas a Drew, só que como já esperado, não estava com animo algum de ir a uma festa, e se eu não tivesse ali comigo, provavelmente arranjaria uma forma de escapar.
É, eu a odiava uma hora atrás, e voltei a amá-la. Eu avisei que a gente tinha a amizade mais doida do mundo. Doida, porém verdadeira.
Capítulo cinco
"Para a maioria de nós, o passado é um lamento, o futuro uma experiência."- Mark Twain
- Toc, toc.. – Olhei pra porta, terminando de me olhar no espelho e checar se tudo estava certo. Até que a roupa que havia escolhido não tinha ficado tão ruim, só não muito a ver comigo.
Drew estava lindo. Ele é lindo, mas vê-lo de camiseta e gravata me deixou mais maravilhada ainda, apesar de odiar aqueles tipos de roupa, da mesma forma que eu odiava usar saltos.
- Wow... Você ta linda! – Sorri fraco.
Eu estava com vergonha, vergonha do chilique que havia dado hoje por causa de e . Descontei minha raiva em quem não deveria.
- Obrigada. – Devolvi o elogio – E você também. – Me aproximei um pouco dele e segurei suas mãos – Não queria ter falado daquele jeito com você hoje... Desculpa. É só que... O me tirou tão do sério, e eu também não esperava que a abrisse o bocão.
- Lógico que eu te desculpo! – Lógico que ele me desculpava, ele era Andrew Collins, o cara mais lindo e legal de todo o mundo – Só quero que você me explique tudo, porque de verdade, eu entendi absolutamente nada. Como assim, você dançava ballet?
- Minha mãe me obrigava. – Rolei os olhos – Eu levava jeito pra coisa, mas nunca gostei.
- E por que você nunca me contou?
- Porque nunca achei que fosse tão importante pra te contar. – Dei de ombros.
- Tudo sobre você é importante. – Mordi meu lábio inferior – Apesar de ser uma coisa mínima, é chato não saber. Eu sou seu namorado, e... Até o sabia disso, e eu não.
- O é um idiota. E ele só sabia porque a gente ainda era amigo na época, e só por isso.
- Eu sei – Fez um carinho de leve em minha bochecha – Bom... Agora vamos? Meu pai ta esperando a gente lá.
Saímos do carro, e me espantou a quantidade de pessoas que entravam na boate que havia sido fechada para o evento. Fazia algum tempo que não frequentava lugares como aqueles, e nem lembrava se sabia me comportar.
Sem precisar conferir nomes na lista, entramos eu e Andrew de mãos dadas. O lugar era maravilhoso. Por ser grande, não aparentava ter tantas pessoas como eu imaginava.
- Filho! – Vi a Sra. Collins vir em nossa direção mais feliz que nunca, segurando um copo de champanhe nas mãos. – Fiquei tão feliz que vocês vieram! – Deu um beijo em seu filho e depois em mim – E você minha querida... Tão linda! Como está sua mãe?
- Mais feliz do que nunca com o casamento – Impressão minha ou a Sra. Collins estava meio alta? Ela era simpática, mas ela parecia simpática até demais.
- Imagino!
- E olha se não é meu filhão e sua bela namorada! Olá, ! – Disse o pai Drew, dando um beijo em minha mão com um cumprimento elegante, segurando um copo de whisky.
Esse é dos meus.
- Olá, Sr. Collins, parabéns pela festa, está maravilhosa! – O parabenizei pelo evento da empresa.
Eu sabia ser elegante quando queria, não sabia? Apesar da completa diferença, eu ainda era filha de Elizabeth Morgan, e já convivia com ela durante anos para saber como não me comportar como uma animal.
- Fico feliz que tenha gostado! Mas onde está sua mãe e o Morgan? Sei muito bem que os dois foram convidados. – Disse dando uma taça de champanhe para mim e para Andrew.
- Não puderam vim por causa do trabalho, mas agradeceram o convite. – Dei um gole da bebida.
- Mande lembranças e diga aos dois que precisamos marcar um jantar de família! – Ouvia sobre esse jantar em família desde o inicio do meu namoro com Drew, mas como a Sra. Collins já havia bebido mais que o necessário, decidi deixar passar.
- Claro que sim!
- Andrew, venha aqui, preciso lhe apresentar para alguns amigos – Drew me segurou novamente pela as mãos e me levou junto.
Infelizmente.
Minha bochecha começou a doer de tantos sorrisos, minha viagem mental ficava cada vez pior com tantos assuntos chatos, e eu já estava no meu quarto copo de champanhe, que ao invés de fazer o efeito alegre, fazia o efeito sono.
Por que funcionava para a Sra. Collins e não funcionava pra mim?
- E veja se não é nossa pequena ! – Despertei de meus pensamentos quando ouvi meu apelido, e quando olhei para trás levei um susto.
Aquela era nada mais nada menos que Danna .
- Meu Deus! – Falei meio incrédula. Faziam mais ou menos uns dois anos eu não os via – Danna! – A abracei.
- Que saudades de você, sua sumida! Não é porque você e o decidiram fazer uma greve de amizade por tempo indeterminado que eu tenha deixado de existir.
Greve de amizade por tempo indeterminado, essa era nova. É que sabe, né, seu filho decidiu de uma hora para outra fazer da minha vida um inferno, então não é como se eu tivesse culpa disso tudo.
- Cadê o Christopher? – Perguntei tentando pular a parte do porque nem tava a fim de ficar cozinhando aquele assunto que já tinha acabado há tanto tempo.
- Procurando por mim?
E então Christopher apareceu. Apareceu com seu filho. . Até aqui? Sério mesmo?
- Hey! – O abracei.
- Você cresceu, ou é impressão? – Começou a comparar sua altura com a minha – Nah... Mesma tampinha de sempre – Eu ri. Mas eu ri de nervoso.
estava ao lado de seu pai, e eu não sabia exatamente o que fazer. E esse era o problema. Numa outra ocasião era claro que eu o ignoraria, mas eu simplesmente não poderia ignorá-lo na frente dos seus pais.
Eu era uma sem noção, não uma ogra.
- Oi... – Disse ele primeiro. Espera aí... Ele me deu oi primeiro?
também estava usando terno. De uma forma desleixada e sexy, porém usava um terno.
Eu disse mesmo isso?
Onde está o garçom das bebidas quando mais precisamos dele?
- Oi... – Respondi sem saber exatamente para onde olhar.
Esse filho da mãe havia falado que eu só pensava em mim hoje mais cedo! Eu deveria estar dando uma voadora na testa dele, não dando um oi completamente educado.
- Olha se não são meus amigos!!! – Brotou Sr. Collins do nada na conversa.
Viva Sr. Collins!
Formou uma roda. Andrew apareceu ao meu lado, não sem antes cumprimentar , entrando completamente no assunto com seu pai e Christopher, enquanto Danna e conversava com Sra. Collins, e bom... Eu e ficávamos por fora, sem saber exatamente o que fazer.
E então, numa ótima hora, o garçom das bebidas passou. E lá foi eu para a minha quinta taça de champanhe, da qual virei de uma vez só. Eu estava nervosa demais para bancar a bem educada no momento. E entes do tiozinho sair com a bandeja, eu peguei minha sexta taça de champanhe.
- E a sua mãe, como está? Nunca a vi tão animada, como ela anda com o casamento! Até já combinamos sobre o te acompanhar no altar, será tão lindo!
Era agora que eu saia correndo? Ou era agora que eu ficava sem saber o que fazer?
Cadê a porra do garçom com os whiskys?
Aquilo foi um problema. Um problema porque por mais gentleman que Andrew fosse, não tinha idéia de como ele reagiria, pelo simples motivo de que eu ainda não havia lhe contado esse pequeno e absurdo detalhe sobre o casamento que a minha mãe havia inventado.
- Você vai entrar com o no altar? – Perguntou Drew sem entender muito bem.
Percebi que segurava a risada, olhando para os lados pra disfarçar.
Infeliz.
- Na verdade, eu ainda não conversei com ela sobre isso. Minha mãe veio com essa idéia sobre eu ser dama de alguma coisa, e desde então ela está inventando cada vez mais moda e por isso que nem falei com você, porque eu não sei o que vai ser decido, e... Wow, então o vai mesmo entrar no altar? Tem certeza que é comigo? Porque bom... O também vai, e a também, então eu não sei exatamente quem vai...
- , calma, eu entendi – Respirei fundo, como se tivesse sem ar.
- e eram tão amigos... – Começou Danna novamente com a conversa, enquanto eu procurava a parede mais próxima para bater minha cabeça – Mas de repente se distanciaram, então pra mim vai ser emocionante ver os dois entrando no casamento da Lizzie.
E numa ótima hora, o garçom do whisky passou, e eu praticamente voei em cima dele.
- Imagino! E eles vão ficar ótimos! – Disse a mãe de Drew, sorridente – Querida, tem certeza que isso não é muito forte pra você?
E eu praticamente engasguei.
- Não... Não... Ta tudo bem – Dei um sorriso forçado e senti Andrew me puxar de lado.
- Só quero que você saiba que eu não fiquei bravo de você entrar com o no casamento da sua mãe, eu sei como suas famílias são amigas, mas isso não é motivo pra beber whisky parecendo que voltou do deserto, e muito menos pra falar feito uma tagarela.
- Minha mãe falou que você não se importaria, mas o problema é que eu me importo, e essa situação toda está horrível pra mim se você não percebeu! – Cochichei alto.
- Horrível por quê? Não era pra todos estarem mais do que acostumados a não ver mais você e o se falando como melhores amigos? – Falou de uma forma meio brava, e comecei a me preocupar.
- Era! Mas não é tão fácil assim!
- Mas deveria!
- Eu preciso ir ao banheiro. – Falei irritada, indo a qualquer direção. Na verdade eu precisava de um tempo de toda aquela doidera.
Minha noite não tinha como ficar pior.
Achei o terraço, onde haviam alguns homens velhos com cara de sérios, fumando e falando assuntos dos quais não estava afim de prestar atenção. A vista do terraço era bonita. Eu conseguia ver milhares luzes de Londres. Coloquei o copo de whisky em cima de uma das mesas que haviam ali, e peguei um cigarro dentro da bolsa, mas bufei alto quando percebi que havia esquecido meu isqueiro.
- Fogo? – Perguntou
Era . Sim, havia como minha noite ficar pior.
Tomei o isqueiro de suas mãos, e acendi meu cigarro. Peguei meu copo de whisky, e me sentei numa cadeira vazia que tinha bem ao meu lado. Eu estava parecendo um daqueles velhos que estavam na minha frente, que bebiam e falavam de negocios.
Virei o whisky de uma vez só, fazendo com que o líquido descesse queimando pela minha garganta.
- Que diabos você ta fazendo? – Perguntou – Aqui não é uma festinha na casa do , se você fica louca aqui, amanhã de manhã você aparece estampada na coluna social.
- Não me importo. – Dei de ombros – Afinal, eu só penso em mim mesma, isso é o que eu sempre faço. – Falei irônica, lembrando o que ele havia me dito mais cedo – E outra, quem vai sair com a cara estampada na coluna social vai ser eu, não você, então, por favor, se seu objetivo hoje é terminar o seu trabalho de me tirar do sério, vai perder seu tempo.
- Você tem que aprender a parar de falar comigo com 20 pedras na mão. Eu até acendi seu cigarro. – Puxou uma cadeira sentou-se ao meu lado. Qual era a daquele moleque?
- Eu já te falei... Eu só penso em mim mesma. Nenhum favor feito pra mim vale algum tipo de crédito, principalmente pra você – Traguei pela última vez o cigarro que ainda estava inteiro e joguei no chão, o apagando com meus sapatos – Nem preciso disso mesmo.
- Ah, qual é, então agora você vai se importar com o que eu falo sobre você? Pensei que eu fosse mais insignificante que uma barata, e que nada do que eu falasse importaria pra você.
Não respondi. Na verdade, eu sentia uma vontade tremenda de chorar.
- Esse lugar é um saco, você não acha? – Olhei pra cara dele e levantei uma sobrancelha. Ele estava mesmo querendo puxar papo comigo? – Que foi?
- Você não percebeu que eu não quero conversar?
No meio do meu objetivo Ignorar , vi uma garota se aproximar, usando um... Vestido bem provocante? Bem, isso se você considera um pedaço de pano cobrindo só até a bunda de vestido. Ela era bonita, alta, morena de olhos claros, e poderia dizer que tinha mais ou menos minha idade, ou talvez um pouco mais velha.
- , ... – Disse a tal garota.
Não gostei dela.
- Chloe, Chloe... – Posso dizer que ver o idiota no olhando para aquela pseudo puta me deu nojo? Ele parecia um faminto olhando para um Big Mac!
Ele a abraçou pela cintura, e eu a vi morder o lábio. Ah, pelo amor de Deus!
Me levantei irritada da cadeira e segui meu rumo.
- Ah, antes que eu me esqueça... – Ouvi a voz do e me virei pra trás – O ligou e pediu que você chegasse no horário amanhã na escola, ele quer te entregar uma coisa.
- Que coisa? – Perguntei.
- Pensei que não quisesse conversar... – Me mandou um olhar irônico, com a Big Mac ainda pendurada em seu pescoço.
Meu sangue subiu e saí logo dali pra não voar em cima de alguém.
Entrei novamente no salão procurando entre aquelas pessoas o meu namorado. Eu me sentia estranha, como se o passado tivesse voltado à tona. Minha decisão de me afastar de todos que tinham ligação com não havia sido a toa, ou por um simples capricho meu. Eu tinha feito aquilo pra não ter justamente que ficar remoendo o que passou, e ficar tentando explicar coisas que não haviam explicações.
Ele não fazia mais parte da minha vida e pronto, só que parecia que minha mãe e os pais deles de repente começaram a ignorar aquilo, ignorar ao fato que ficar perto dele me machucava. E ele sempre fazia questão de me atingir.
- Onde você se meteu? – Andrew surgiu de repente em minha frente.
- Me perdi – O abracei forte – Eu quero ir embora...
- Mas já? Por quê? Eu pensei que... Sei lá, você quisesse dormir em casa hoje, ou fazer alguma coisa depois daqui...
- Hoje não. Eu acho que... Eu bebi demais, to um pouco tonta e com dor de cabeça, desculpa.
- Isso tem alguma coisa a ver com o ? – Me olhou confuso – Por que você se importa tanto com ele?
- Eu não me importo com ele! Eu só... Na verdade, isso não tem nada a ver com ele, eu só quero ir embora, ta certo? Amanhã a gente tem aula de manhã, e parece que o quer conversar comigo logo cedo
- Tudo bem... Eu te levo
Não posso dizer que o caminho até minha casa foi um dos mais falantes. Pouco foi comentado sobre a festa. Nem eu, e muito menos Andrew estávamos a fim de puxar alguma conversa, primeiro porque pra mim, a noite não tinha sido uma das mais agradáveis, e segundo que pro Drew não terminou como ele esperava. De novo. Eu sempre estragava tudo, essa era minha maior habilidade.
POV:
Eram 3 da manhã quando olhei no relógio do carro quando estava vindo pra casa, depois de sair da casa da Chloe.
Chloe Parker era um rolo antigo, um rolo antigo muito bem resolvido, se é que vocês bem me entendem.
Pode me chamar de cachorro, canalha, ou de um belo filho da puta. Eu sei que sou.
Entrei em casa no total silêncio para não acordar meus pais, que já haviam chegado e provavelmente estariam no sétimo sono. Levei um susto quando cheguei no meu quarto e dei de cara com a assombração do deitado no colchão no chão jogando vídeo game. Nem mesmo lembrava que ele passaria a noite aqui porque seus pais estavam viajando.
- Dude, pensei que ia dormir na rua, seus pais chegaram faz mó tempão e você não dava nem sinal de vida – Falou dando stop no jogo.
- É... Mudei meus planos – Joguei o paletó em algum canto, e comecei a desabotoar a camisa.
- Mas e aí, como que foi a festa? Mais chata que o previsto ou suportável?
- Suportável... – Dei de ombros – Peguei a Chloe – franziu o cenho – A Chloe Parker... dos Warriors...
- Ela não tinha se mudado pra Brighton há mais de um ano?
- Se mudou, mas ela ta passando a semana aqui com os avós. Pelo visto ela conhece alguém que foi ao jantar, e que a colocou pra dentro.
- Entendi... Mas você pegou como? – Levantou uma sobrancelha – Só pegação ou trabalho completo?
- Trabalho completo... De novo... Ah cara, você sabe que a carne é fraca e que a Chloe é foda.
- Tudo bem que a garota é gostosa, e que vocês se pegavam bem antes de você vir com essa idéia de namorar “sério” com alguém... – Fez aspas com os dedos – E tudo bem que ela é do Warriors, isso tudo não teria problema se você namorasse a Amber! – Franzi o cenho. Eu sabia que eu tinha sido um puto, mas não precisava que meu melhor jogasse isso na minha cara – O problema não é esse relacionamento super nada a ver de vocês, o problema é você ter pegado justamente a Chloe, namorando a Amber, entendeu? Isso pra Amber seria quase pior do que se você tivesse pegado sei lá... A .
- E daí? Agora já foi, e na hora eu tava bêbado, nem pensei!
- Sem querer pagar de bom samaritano, você sabe muito bem que eu sou tão canalha quanto você, mas... Qual é essa da sua com a Amber? Todo mundo sabe o lance entre vocês é só físico e psicológico.
- Como assim? – Terminei de tirar aquelas roupas que tanto detestava usar e me joguei na cama – Eu gosto da Amber, o problema é a futilidade dela ser maior que o próprio ego.
- Esse é o ponto! E por isso que sempre eu fico mais certo que esse namoro de vocês é totalmente de fachada. Cara, eu sei que o maior motivo de vocês estarem namorando é pra provocar a .
Talvez não. Talvez sim.
- Eu gosto da Amber. Apesar de tudo, ela é gente boa.
- Mas você não a ama, entendeu? – Na verdade, não entendi. Talvez porque fosse puto o bastante pra não vir com aqueles papinhos de amor – Eu sei que não sou a pessoa mais indicada pra falar sobre essas coisas, mas essa sua guerra com a já ta passando dos limites.
- Diga isso a ela! A sua amiguinha que é uma doida varrida.
- E você gosta demais dessa doida varrida que eu sei – sempre esteve a par do que aconteceu entre a gente, porém, eu detestava quando ele falava sobre isso – Você sempre fica todo esquisito quando eu falo sobre isso.
- Talvez porque viaje demais sobre esse assunto.
- Não, talvez seja porque você saiba que é verdade – Jogou um travesseiro na minha cara – E ela também gosta de você, , só que vocês dois tem a cabeça mais dura que uma pedra, e ninguém da o braço a torcer.
Se eu não fosse tão bicha, eu poderia muito bem negar tudo aquilo, mas sabe qual era o problema? Eu não era um pouco bicha, eu era um belo de um bicha.
- Por que você não tenta se aproximar?
- Pra fazer papel de otário?
- Não, , papel de otário é o que você está fazendo agora. Quer dizer, que os dois estão fazendo. Não estou te falando pra sair daqui e ir abraçá-la, estou falando pra você parar de ficar que nem uma criança de 5 anos provocando a amiguinha. Se ela vier pra cima? Deixa ela vim, se ela falar merda, deixa que ela fale. Pense que isso pode até mesmo provocá-la, entendeu?
Bem... Pensando dessa forma, poderia dar certo. Afinal, nada me encantava mais do que vê-la toda bravinha e batendo os pés que nem uma menininha.
- Vamos ver, dude... Vamos ver...
//POV:
Capítulo Seis
"Dizer-se feliz é provocar o azar." - Publílio Siro
Dormir. Apesar de saber que meu namorado não estava muito contente com a
minha pessoa, tudo que eu mais pensava no momento era dormir. Andrew estar
perdendo a paciência comigo não é tão surpreendente quanto eu ficar com sono
porque bebi.
Drew estava pensativo quando me deixou em casa. Eu até poderia perguntar o que
realmente estava acontecendo, apesar de já saber mais ou menos o que realmente
estava acontecendo, só que tem um problema, eu to com sono, lembra?
E um pouco bêbada também, mas isso não vem ao caso.
Eu sei, sou a pior namorada do mundo. Quer dizer, quase pior. Pelo menos eu não
saía por aí pegando qualquer cara gostoso que aparecesse na minha frente. Se
você quer saber, dá pra contar nos dedos de uma mão quantos caras que eu já
fiquei na vida. Talvez.
Agora pensa, não respeitava a escrota da namorada dele, ele simplesmente
saía por aí pegando qualquer rapariga com as pernas de fora, e a olhava como se
fosse um Big Mac com batata grande e refrigerante numa promoção do McDonalds.
Filho de uma égua!
Dei um beijo rápido de boa noite em Andrew, e saí do carro tentando andar em
linha reta até a porta de casa.
Abrir a porta não foi nada, muito menos andar tomando todo o cuidado para não
tropeçar em nada e acordar todo mundo. O grande problema foi aquela maldita
escada, minha inimiga de todos os porres.
Não é que eu esteja bêbada, porque na verdade, eu não estou. É que até mesmo
sóbria aqueles degraus eram um problema. Não que eu esteja sóbria, porque na
verdade, eu também não estou.
Só um pouquinho alegre. Bem de leve.
Depois de levar mais que o dobro do tempo que eu levo pra subir a escada, fui
correndo para meu quarto. Olhar pra minha cama nunca foi tão lindo, eu quase
pude ouvir o coro dos anjos. Tirei o vestido, aqueles malditos sapatos e me
joguei. Dormirei de maquiagem, de calcinha e sutiã, e não to nem aí. Tinha gente
que dormia pelado.
Daí você me pensa que eu cai no meu colchão fofinho, deitei nos meus
confortáveis travesseiros e capotei. Não exatamente. Não quando você tinha uma
amiga extremamente curiosa que não ajudou muito nos meus planos de chegar em
casa e dormir. Resumindo, antes de capotar e sonhar com os anjos, eu tive que
contar praticamente tudo o que tinha acontecido naquele maldito jantar para
pelo telefone.
Foi difícil acordar. Aquela noite foi umas daquelas que parecia que você só
havia piscado, quando percebeu já estava sol e você precisava acordar. Pode
não acreditar, mas ter me ligado, tirou grandes e belos minutos a mais do
meu sono. Ignorando completamente meu despertador, decidi trocar o café da manhã
por mais 10 minutos na cama. Mas quando vi que infelizmente teria que levantar,
fiz toda aquele ritual das manhãs, peguei minha mochila e desci. Hoje sim eu
parecia um zumbi, daqueles bem feios e esquisitos dos filmes de terror. Minha
mãe, Steve e Allie já estavam se levantando da mesa para sair, e eu só peguei
mais um saquinho de Gold Bears no armário da cozinha e sai junto com eles.
Allie não trocou uma palavra comigo durante todo o percurso até sua escola. Ela
sabia que se torrasse minha paciência, com o sono que eu estava, provavelmente
eu a jogaria para fora do carro e ela iria a pé pra escola. Mas como ficou de
boca calada, eu consegui deixá-la na escola sem nenhum tipo de violência,
partindo logo pra minha.
- Mil desculpas pela demora! – Disse entrando na sala de aula às pressas, sabendo
que precisava falar comigo. – Aquela maldita festa, e a como pós
party só me fez dormir mais – Me joguei na carteira.
Apesar do meu atraso, o professor ainda não havia chegado. estava sentado
no lugar de sempre, atrás de mim, com todos os caras em sua volta conversando.
Conversa da qual terminou assim que eu cheguei.
- Sem problemas. Ainda não nos acostumamos com o fato de você chegar todos os
dias no horário certo – deu uma piscadinha.
- Haha, gracinha. Mas então, o que você queria falar comigo, ? – Perguntei
tirando minha mochila das costas e jogando no chão.
- Na verdade eu, quer dizer, nós, temos uma coisa pra te contar. Sei lá, eu nem
sei se você vai ficar tão feliz assim, mas é que nós estamos surtando e você
está sendo a primeira a saber, então...
- , desembucha logo – Rolei os olhos.
- Mostra pra ela, – Disse para , e imediatamente mudei a atenção
para aqueles olhos que no momento me encaravam sem eu ter percebido.
Como assim, produção?
pegou sua mochila que estava jogada em cima da mesa e a abriu, passando
pra mim um papel amarelado escrito as exatas palavras:
Rock Strike Club Festival apresenta:
City And Colour.
Abertura: McFly.
Sabádo (23/04) às 9pm.
Rock Strike era um tipo de baladinha descolada da cidade, da qual eu já tinha
ido algumas vezes com Andrew. Era um lugar relativamente pequeno para shows, mas
o que mais tinha chamado minha atenção era que McFly abriria para
City And
Colour, uma banda que apesar de ser desconhecida, tinham músicas incríveis.
- Vocês não podem estar falando sério... – Falei incrédula ainda olhando pro
papel.
- Vixi, o tava certo, ela vai dar um ataque – disse entre risadas.
- O que? – Perguntei um pouco confusa. O disse o que?
- Foi idéia do a gente te contar aqui na escola só pra ver sua cara. Demais,
né? Vai ser nosso primeiro show com cachê! Não é muito, lógico, mas já é alguma
coisa – disse animado e eu ainda não sabia se gritava, chorava ou pulava
em cima deles.
- Já é alguma coisa?! Isso é... Demais! Eu não to nem acreditando! – Então a
última opção foi válida, e eu pulei nos meninos, exceto em , claro. –
Vocês fazendo show no Rock Strike e abrindo pra City And Colour... Tô tão feliz
por vocês!!! – Eu parecia uma criança ganhando a primeira bicicleta.
- Vai chover garotas, dá pra entender isso? – Comecei a gargalhar com o inútil
comentário de – Já consigo ver groupies correndo para meus braços. Paraíso.
- Claro que tinha que sair alguma besteira vindo de você, – Belisquei de
leve seu braço – Essa você tem que contar pra Tia, ! Quem sabe ela não
desiste de queimar seus instrumentos?
- Vai nessa... Acho que ela só engole essa história deu ser músico quando os
Rolling Stones abrirem o show pro McFly, porque nem o contrario seria suficiente
– Sim, vindo da minha Tia até que fazia sentido
Voltei a me sentar na cadeira, enquanto os meninos faziam planos e mais planos
para o show.
- Capaz dele falar que a gente vai abrir o show do City And Colour, e ela
perguntar se é alguma marca de chiclete – se manifestou pela primeira
vez. Meu estômago revirou e senti uma vontade tremenda de sair correndo.
Desde quando ele falava comigo?
- Não duvido – Ri baixo, fingindo estar atenção no panfleto em minhas mãos – Se
importa se eu ficar com isso? Eu queria guardar de recordação – Perguntei meio
sem graça.
- Nah... Tenho mais em casa...
Quando foi que eu tive a última conversa sensata com ele? Há três anos?
Eu não falava com e não falava comigo. Nós nunca tínhamos
trocas de palavras, e sim trocas de farpas. Ter uma conversa relativamente
“amigável” era muito, muito bizarro e não me recordava a última vez que isso
havia acontecido.
Não demorou para que o insuportável do professor de Trigonometria entrasse na
sala e um pouco da minha felicidade dos acontecimentos anteriores irem embora.
- Barrigudo escroto – Cochichamos eu e juntos, exatamente na mesma hora.
Nos olhamos assustados e demos uma risada sem graça. Eu balancei a cabeça
negativamente pensando o quanto aquela situação era esquisita e me virei para
frente.
Pensava que "barrigudo escroto" era somente By:
- Amber Jenkins é louca – Disse ao aparecer de uma hora para outra no
meu lado indo em direção ao refeitório.
- Olha só, se a amiguinha fiel de Jenkins concordou finalmente comigo! – Como se
eu não soubesse que aquela garota merecia ficar internada num hospício.
- Ontem ela simplesmente surtou, dizendo que se tivéssemos que mudar toda a
coreografia, não iríamos participar do campeonato e hoje, do nada, ela me vem
falar que havia mudado de idéia e que iríamos para os jogos com as mesmas
coreografias, mesmo estando com uma menina a menos!
- Mas você não falou que era praticamente impossível não mudar a coreografia
faltando uma pessoa só?
- Sim, quer dizer, é mais ou menos isso. Até dá pra fazer a coreografia sem ela,
mas o problema é que poucas sabem fazer o que a Angie fazia, ela é uma ótima
ginasta. Não to entendendo até agora a idéia da Amber, mas semana que vem a
gente já começa todos os ensaios, da mesma coreografia e sem a Angelina.
Me desliguei um pouco do assunto de e time dos pompons e comecei a
refletir. Impressão ou hoje o dia estava com um ar meio diferente? Com ar e
clima diferentes ou não, meu dia estava definitivamente melhor que o de ontem,
também, qual dia não seria melhor que o de ontem? Banda do meu primo abrindo
para uma de minhas bandas favoritas, nenhuma encrenca, aquela conversa absurda
com o ... Tudo estava meio doido hoje. Me peguei pensando no que tinha
acontecido na primeira aula. Aquilo não foi normal. Não mais.
Eu precisava falar com sobre isso. Ou talvez não. Não com aquele papo
estranho que ela me veio ontem. Eu tava virando a única normal no meio desse
povo, essa é a explicação mais sensata. E tive a total confirmação, foi quando
eu vi, antes de entrar na sala de aula, Andrew conversando com a Amber.
Como assim?
- O que o Drew ta conversando com aquela garota? – Perguntei para que
no mesmo instante não deixou eu me mover para pedir algum tipo de satisfação.
- Srta. ? – Escutei uma voz familiar atrás de mim. Eu normalmente me
assustaria com aquela voz se eu estivesse fazendo alguma coisa de errado, o que
não era o caso – Preciso que você compareça agora na minha sala.
Aquele era Sr. Grey. Diretor da escola, o responsável por todas as minhas
detenções e brigas com a minha mãe. Ele me detestava. Tudo bem, eu confesso que
até eu me detestaria com o tanto de besteiras que eu já fiz naquela escola.
- Tudo bem, mas... Dessa vez é verdade, eu não fiz nada de errado – Levantei as
mãos em forma de rendimento – Não fiz mesmo...
- Vamos ver... – E então ele deu meia volta e foi em direção a sua sala.
Mas que infernos que eu tinha feito?
- O que foi que você fez, , pelo amor de Deus – fez uma cara
apavorada.
- Juro, dessa vez eu não sei! Eu vou lá ver o que está acontecendo, só pode ser
alguma outra coisa.
Esquecendo completamente o fato do meu namorado estar conversando com a piranha
da Amber, fui até a sala do diretor, conversando todo o caminho com a minha
própria mente e tentando lembrar de alguma besteira que eu havia feito. O
problema que nada vinha na minha cabeça. Entrei na sala da direção, e a Ruth,
secretária do Sr. Grey, disse que eu poderia entrar porque ele estava a minha
espera.
Sem bater, entrei em sua sala enquanto ele mexia em alguns papeis.
- Sente-se, por favor. – Me sentei, e tentei imaginar a cara de interrogação que
eu estava no momento – Bom, Srta. , devo dizer que pela primeira vez
estou surpreso em ter que lhe chamar no meu escritório, já que durante alguns
dias eu não tinha nenhuma reclamação sobre você.
- Então quer dizer que alguém reclamou de mim?
- Antes de qualquer pergunta, quero que veja isso e me explique – Ele jogou uma
pasta em minha frente, que eu conhecia por ser a lista de chamada – Queria que a
Srta. me explicasse sua freqüência na aula de Educação Física. Podemos ver que
em um mês a senhora tem uma freqüência escolar regular em todas as disciplinas,
menos em Educação Física, que não há nem 60% de presença. Não temos nenhum
atestado médico, que justifique suas faltas. Mas o que me deixa mais intrigado,
é que sua freqüência na última aula, do professor Maxwell, é de 80%. O que quer
dizer que, você não está na penúltima aula, mas de repente, como mágica, está na
última.
Fodeu. Ele havia descoberto que eu bolava a grande maioria das aulas de Educação
Física depois do intervalo.
Alegria de azarado dura pouco.
Alegria de dura pouco.
Eu tô muito ferrada. Eu seria expulsa da escola e minha mãe me mandaria para um
internato na ilha mais isolada que existisse no mapa-mundi.
Não, eu ainda tinha o papai, ele não me deixaria ir para o internato mais
isolado do mapa-mundi, deixaria? Não, lógico que não.
Respirei fundo, o que tiver que ser, será, se eu fosse expulsa dessa joça,
paciência, ouvir minha mãe dando a louca falando que eu viraria uma marginal não
seria uma grande coisa, quando se já estava acostumada com isso.
Aquela cara dele estava de dar medo, não que ele sorrindo fosse algo bonito de
se ver, e que também já não o tivesse visto bem irritado, mas hoje era
diferente, parecia que ele tinha criado um pacto com o coisa ruim!
- Depois desses dias chegando no horário, sem destruir nenhum encanamento,
nenhuma detenção ou até mesmo reclamação, eu tive o leve pressentimento que a
senhorita estaria criando juízo – Começou o discurso parecendo que estava
pensando alto.
- Mas eu...
- Agora sou eu quem falo! – Ai tá bom, estúpido! – Quantas vezes já houve
casos da senhora bolando aula e deixamos passar? Afinal de contas, que aluno
nunca bolou aula na vida? Mas no seu caso, não é somente esse o problema, e sim
tudo! Sempre nos deu trabalho, mas sempre demos uma segunda, terceira, quarta,
quinta chance!
- Fala sério! O senhor mesmo disse, todo mundo bola aula! Eu bolo aula, mas
minhas notas são excelentes, eu chego ser uma das melhores alunas em relação a
nota na minha sala! – Protestei. Muito boas palavras!
Faz cara de séria, fale firme e finja que esta certa! Ok, talvez não tão certa
assim...
- Motivo esse que não tomamos atitudes drásticas até hoje! Ou você acha mesmo
que quando você apareceu bêbada na escola, eu te deixei aqui porque tinha algum
tipo de esperança? – Meu fim. Tchau escola, tchau , tchau Drew, tchau
meninos, foi bom enquanto durou – Quando vieram me falar que a senhora perdia
grande parte das aulas de Educação Física porque estava bolando aula, eu cheguei
a duvidar, porque eu realmente tinha esperanças que você teria mudado.
Espera só um minutinho aí, ele disse "Quanto vieram me falar"?
- Foram falar para o senhor que eu estava bolando aula? – Eu nem pensei, as
palavras se formaram sozinhas em uma pergunta – Tipo... Me deduraram?
- Pois é, a senhora não poderia continuar com isso o ano letivo inteiro sem que
ninguém desconfiasse! – Então aquilo não tinha sido um “acidente”, eu não tinha
dado bandeira, aquilo foi planejado, alguém tinha me entregado pro diretor!
Uma dica muito importante pro filha da puta que fez isso: Fuja!
- Quem foi? Pode falar! – Comecei a me alterar. Dei até uma batidinha na mesa.
Calma, sem barracos.
- Eu nunca falaria isso. Mas o que vem ao caso que é que eu, por direitos...
Por direitos a senhora esta convidada para se retirar de nossa
instituição de ensino e blá, blá, blá, acertei? Nossa, que last year!
- Eu não acho que me expulsar vai ser a melhor escolha, Sr. Grey! Olha, eu juro,
eu vou ao menos tentar melhorar meu compor... – O interrompi na mesma hora que
ele começou a falar.
- Escute... – Agora quem me interrompeu foi ele – Por incrível que pareça, eu
não vou expulsa-la – Eu podia não ser a pessoa mais sensata do mundo, mas que
esse cara aí não é normal, isso ele não era.
- Não?
- A não ser que a senhora queria – Levantei uma das minhas sobrancelhas.
Lá vinha merda, pode apostar! Eu só não sabia muito bem o que era, mas tinha
algumas idéias em mente.
a) Ele era louco, e ponto final.
b) Ele tinha fumado sua ervinha matinal.
c) Ele tinha uma paixão secreta por mim.
d) Ele realmente acreditava que eu tinha jeito.
e) Pediria favorzinhos sexuais em troca de seu silêncio (eww!)
O diretor Gray não tinha nenhum histórico de pedofilia ou algo do tipo, também
sei que ele é muito bem casado e apaixonado por sua esposa que também é
diretora, só que da escola da Alison. Bom, isso ajudou a eliminar algumas
alternativas sem fundamento.
- Como assim? – Perguntei confusa.
- Você poderá compensar todas as aulas de Educação Física que perdeu durante o
ano. – Ah claro, eu teria que correr uma maratona, daqui até o Japão e voltar
pra compensar tudo – Eu fiquei sabendo pela capitã das lideres de torcida que
elas estão precisando de uma menina urgente por causa do campeonato de futebol.
- É, eu fiquei sabendo, coitada! Dizem que a ambição da Amber Jenkins
transformou a perna da Angie em carne moída. Eu fui até no teste ontem, mas
parece que quando se trata de dançar, gritar e dar uns pulinhos, essa escola
esta deixando a desejar. Mas Sr. Grey, o que essa história tem a ver comigo?
Ok, agora alguém me explica o por que daquele papo? Um ponto de interrogação se
formou na minha testa. Só eu que não entendi?
Minhas alternativas eram menos complexas, dica!
Será que eu posso pular essa questão?
Que cara foi essa que ele fez?
- Bom, eu estava vendo em seu histórico escolar, a senhora praticou ballet
clássico durante muito tempo, dentro e fora da sua escola no ensino fundamental
– Ajuda aos universitários? – E então isso nos leva a você. A salvação do time
das lideres de torcida.
Ah vá!
- O que? – Soltei num grito e me levantei da cadeira – Não tipo... Não! Não! Não
vai rolar Sr. Grey, me desculpa!
- Eu creio que essa é sua única solução, Srta. . – Aquele cara tava rindo
e debochando da minha cara? Ah, mas eu vou pra cima dele e fazê-lo engolir todos
aqueles dentes!
- Não! Isso não tem um pingo de fundamento! Eu não vou entrar em merda de time
nenhum! – E ele que enfiasse aquele “merda” que eu falei onde lhe fosse
conveniente!
- Belo linguajar, mas a opção é sua. Ou o time ou tchau tchau escola. – Aquele
velho maldito não podia estar fazendo isso comigo! Como eu faria parte daquela
equipe? Tipo, não, nem em pensamentos aquilo seria algo aceitável!
Naquele momento pensei em , , , e Andrew, as únicas
pessoas que me prendiam nessa escola. Eu poderia muito bem optar pela expulsão
do que aceitar aquela condição sem fundamento algum. Eu mataria, mataria mesmo
quem tinha feito aquilo comigo, e faria da sua vida um inferno da mesma forma
que a minha viraria.
”- Olha, você deveria ser mais educada comigo, já que eu sei do seu segredinho e
adoraria ir na sala do Sr. Grey pra contar a história de uma aluna que adorava
bolar as últimas aulas da escola, pulando pelo muro lateral.
- Você não ousaria fazer isso.
- Tente - Era uma ameaça? Olhei para ele o desprezando e pulei o muro. Ignorar o
ignorante, ignorar o ignorante, repetia diversas vezes.”
De repente aquilo passou como um filme pela minha cabeça.
- MALDITO!!! - Gritei furiosa, me levantando da cadeira.
morreria. morreria agora.
Capítulo Sete
"Don't worry about a thing, cause every little thing gonna be all right" - Three Little Birds (Bob Marley)
Eu tremia de raiva, eu rosnava de raiva e talvez estivesse espumando também.
Saí pelo correndo pelo corredor, indo em direção contraria dos alunos que
voltavam para suas salas. Todas aquelas pessoas passavam por mim como se
estivesse em câmera lenta. Eu fitava os rostos de cada um, para ter certeza que
nenhum deles era o maldito do , eu estava tão focada em fazer aquilo que
não me perdoaria se o deixasse passar, não queria ter que matar o garoto errado.
Mas isso não teria chances de acontecer, porque lá estava ele, conversando com a
sua namoradinha aspirante a puta no cio, com meus amigos, meu primo, e
minha
melhor amiga. De costas pra mim eu andei até ele em passos largos.
- EU VOU TE MATAR, ! – Gritei e ele me olhou assustado.
Eu o segurei pelo pescoço levando-o pra trás, até que ele se desequilibrou e
caiu deitado no chão. Coloquei minhas pernas em volta de seu quadril e sentei em
cima dele segurando na gola de sua camisa.
- O que você está fazendo, sua louca, tudo isso é saudades? – Debochou? Ótimo,
não podia ter tido atitude melhor, brincou com fogo, se fodeu, .
Fechei minha mão num punho e dei um soco em sua boca. Era pra ter sido no olho,
mas eu nunca tinha dado um soco em ninguém, então meu senso de direção não
adiantava muito nessas horas. Eu não sei os lábios dele, mas a minha mão agora
latejava de tanta dor. Bom, ao menos um corte eu consegui deixar do lado direito
de seu lábio.
- VOCÊ SEMPRE ACABA COM A MINHA VIDA, SEU IDIOTA! SEMPRE! – Senti as lágrimas se
acumulando em meus olhos, e quando fui dar outro soco nele, senti alguns braços
tentando me segurar – ME SOLTA! ME SOLTA! – Gritei.
Eu sabia que estava agindo feito um gorila fora da jaula, atrás da banana roubada
por algum ladrão de bananas, mas era o que eu precisava fazer naquele momento.
- , calma por favor! – Ouvi a voz desesperada de a pouca distancia
de nós.
- Solta meu namorado, sua psicopata! – Amber nem chegava perto, porque ela sabia
que se chegasse, também apanharia e ela não queria ter um hematoma acrescentado
em seu belo rostinho tomado por maquiagens.
- ! – Ouvi a voz de Andrew me chamando do nada – , vem, solta ele! – Eu
o ignorei, não queria saber, se eu não liberasse essa raiva, eu explodiria.
Conseguindo me soltar de algum dos braços , tentei bater em de novo mas
dessa vez ele que segurou minha mão com força e me empurrou para o lado trocando
de posição, agora com as pernas em volta da minha cintura, ficando em cima de
mim segurando meus braços.
- SUA LOUCA, DOENTE, RETARDADA! VOCÊ É UMA HISTÉRICA, O QUE EU TE FIZ? – Eu me
debatia, tentava tirar meus braços de suas mãos, mas não conseguia me mover, sua
força era 10 vezes maior que a minha.
- VOCÊ SABE O QUE VOCÊ ME FEZ! – Minhas lágrimas inventavam de sair. Eu
balançava os braços loucamente – Você me dedurou para o diretor Grey e agora eu
sou obrigada a participar dessa droga de time pra não ser expulsa da escola! –
Os planos não era minha voz sair tremula daquele jeito, mas eu não conseguir
segurar o choro – Como você pode ser tão baixo a esse ponto? Você já arruinou
minha vida uma vez, isso não foi suficiente?
- Do que você ta falando? Mas eu não falei nada, ! – Disse como se
aquilo fosse algo absurdo. Bela atuação, seu merda!
- Claro que não, imagina! Ontem você me viu bolando aula, ameaçou a contar para
o diretor e adivinha só? Hoje, de repente, alguém vai lá e da com a língua nos
dentes sobre mim! Quem será que foi, ? Você tem alguma idéia?
- EU JÁ DISSE QUE NÃO FUI EU! ACREDITA EM MIM PELO MENOS UMA VEZ NA VIDA! –
Falou com os olhos tão fixados nos meus que me fez parar de me mexer, e por uma
fração de segundos, acreditar que aquilo era verdade.
Mas como eu já disse, aquilo não passou de segundos.
- É meio difícil, não acha? – Um nó se formou em minha garganta.
Ele, mais do que ninguém, sabia do que eu estava falando. Queria poder empurrar
todas as lágrimas pra dentro, não demonstrar fraqueza, só que estava impossível.
- EU. TE. ODEIO – Disse focando todas aquelas três palavras.
Suas mãos foram fazendo menos força em cima dos meus braços. Ele balançou a
cabeça negativamente e deu um sorriso sarcástico.
- Meu deus! É incrível como você sempre consegue estragar tudo – Falou incrédulo
num volume para que só eu escutasse. E por fim me largou e saiu de cima de mim.
Eu não entendia muito bem o que ele quis dizer com aquilo, e também não queria
saber.
Vários professores, inclusive o diretor, depois de muita dificuldade,
conseguiram passar no meio de todos aqueles alunos que estavam à nossa volta
assistindo o barraco que acabara de acontecer. e pararam cada um
de um lado e me ajudaram a levantar, enquanto , e Amber foram para o
lado de , que ainda me encarava.
- Posso saber o que está acontecendo aqui? – Perguntou o Sr. Grey olhando para
mim e para .
Muito difícil de adivinhar, seu velho de bosta! Ele havia jogado a granada sem o
pino no meio do corredor da escola e ainda esperava que ela não explodisse.
- Meu deus, , você está sangrando! – Falou a professora de Inglês, indo
olhar mais de perto o machucado do canto de seus lábios.
Bonito, né? Eu que fiz.
- Não foi nada, Sr. Grey... – Disse sem tirar aqueles malditos olhos de
cima de mim – Só um mal entendido.
Mal entendido da parte dele, só se for.
- Um mal entendido? De onde eu vim isso se chama vandalismo! Quero os dois na
minha sala, agora! – Sala do diretor duas vezes em menos de 15 minutos. Eu
merecia entrar pro Guiness Book!
- Não vai adiantar nada o senhor nos mandar pra sua sala. Nada vai poder
resolver isso. A gente já está bastante consciente, e isso nunca mais vai se
repetir, não é, ? – Ele voltou a me encarar esperando minha resposta.
- Que seja. – Disse dando de ombros e finalmente desviando meu olhar dele. O
diretor pareceu concordar com .
Será que finalmente aquele moleque havia feito algo que prestasse?
- Não importa, eu quero os dois depois na minha sala. – Não, ele nunca faria
nada que prestasse.
- , primeiro você precisa ir para a enfermaria olhar esse corte, vamos –
Disse Amber pegando em seu braço.
- Eu vou sozinho. – Puxou seu braço das mãos de Amber com certa violência.
- E você também precisa ir. – Andrew apontou para minha mão, que estava bem
vermelha e um pouco inchada.
Drew pediu autorização para ir à enfermaria comigo, e como por algum
motivo não queria que Jenkins o acompanhasse, se ofereceu. Eu não achei
ruim, ao menos ela estaria lá comigo.
Óbvio que o clima na sala de espera não foi nada bom. ainda não
acreditava no que tinha acontecido, estava com os braços apoiado nas
pernas com a cabeça baixa e eu deitei no colo de Andrew pensando nos últimos
acontecimentos. Minutos depois a enfermeira chamou o . se
ofereceu para entrar mas ele disse que não precisava. Eu tirei minha cabeça do
colo de Drew e passei para o de . Ela começou a mexer nos meus cabelos sem
dizer nada, mas eu sabia que mais tarde ela iria me dar uma bronca pelo que eu
fiz.
não demorou muito para sair de lá de dentro, com um saco com gelo em cima
de seus lábios. Antes de ir agradeceu a e depois saiu da sala de
espera, provavelmente indo para a sala do diretor, lugar que eu também teria que
ir, de novo, pela segunda vez, no mesmo dia, em menos de 15 minutos.
Guiness Book, here I go!
Logo depois que saiu, a enfermeira me chamou e eu preferi entrar sozinha
também.
Ela me sentou na cadeira e examinou minha mão.
- Nossa, você deveria estar muito brava, porque sua mão e a boca dele estão
horríveis – Comentou enquanto examinava minha mão com cuidado, fazendo alguns
movimentos provavelmente pra ver se não tinha quebrado nada
- Foi com toda a força que eu tinha – E com toda a raiva. Falei sem graça e dei
um sorriso sem humor para a bondosa enfermeira.
Ela pegou um saco pequeno e colocou algumas pedras de gelo, amarrando num nó.
Disse para que eu ficasse com gelo um tempinho, até o inchaço sumir. Por fim me
liberou dizendo que graças a Deus eu não tinha quebrado um dente de e nem
um dedo meu. Se bem que seria bem legal eu arrancar um dente daquele idiota pra
tirar aquele rosto... bonitinho, que ele tinha.
Ah, qual é, é bonitinho, o que eu podia fazer?
Saindo da enfermaria, pedi para que Andrew e voltassem para sala já que
agora eu precisaria descascar aquele abacaxi sozinha, dando uma visitinha para o
diretor. me acompanhou até uma parte do caminho, enquanto Drew teve que
ir para o campo treinar, já que tinha perdido alguns minutos de treino por ficar
comigo na enfermaria.
Antes de entrar na sua sala de aula, me deu um forte abraço, muito bem
recebido por mim naquele momento que eu precisava tanto.
- Vamos conversar hoje depois da escola, certo? – Concordei com a cabeça e no
mesmo instante vi Amber Jenkins se aproximando de nós com uma cara péssima.
- A partir da semana que vem, durante a manhã, antes da aula, começam seus
treinos. Se chegar atrasada, eu te mato! Vou ver se arranjo um uniforme pra você
e te entrego quando der – E então... Ela sumiu.
Aquilo só podia estar acontecendo comigo mesmo. Eu, no time das animadoras de
torcida. A ficha não tinha caído ainda.
- Isso sim... que se chama ameaça. Pode avisar pra sua amiguinha que de infeliz
nessa história, já basta eu – Falei.
- Na verdade, eu acho que não é bem por isso. – Olhei confusa e então continuou
– Enquanto você estava lá dentro da enfermaria, a gente ouviu o aos berros
com ela, só não entendemos muito bem o motivo. Na verdade eu não entendi, o
Andrew parecia ter entendido, mas não quis me falar. "Briga de marido e mulher
não se mete a colher" – Imitou a voz do meu namorado – Fiquei meio intrigada com
aquilo, mas deixei passar.
Eu não queria saber o motivo da DR entre o e a namoradinha escrota dele,
os dois que se matassem e fossem ambos pro inferno.
Já um pouco apressada, me despedi de e combinamos de nos encontrar na
saída, depois que eu resolvesse o pepino com o diretor. Ninguém tem idéia da
animação que eu estava com isso.
Chegando no hall da diretoria, a porta da sala estava aberta e ouvi o diretor
me chamar. Entrei e me sentei na cadeira ao lado do , que já estava lá.
Por que mesmo eu fui elogiar o dia de hoje mais cedo? Claro, porque eu nunca
imaginei que poderia ficar pior que o de ontem.
- Bom, eu devo confessar que eu estou muito impressionado com o ato de
vandalismo que aconteceu hoje nessa escola. Mas não fico nada impressionado, e
muito menos surpreso que vocês dois estejam no meio. Eu não vou ficar aqui dando
lição de moral em alunos que não adianta falar, pois tudo entra por um ouvido de
vocês, sai pelo outro. Eu não vou dar suspensão, advertência e muito menos
expulsão, porque eu acredito que não vá adiantar em nada. Portanto os senhores
ficarão nessa sala até o final da aula para resolverem o motivo dessa briga, que
eu não tenho a mínima noção que seja, e também não tenho a mínima curiosidade de
saber o que é.
Tô falando... Quando eu digo que esse cara é cheio dos complexos e só inventa
moda, me chamam de doida!
- Da mesma forma que o senhor sabe que uma simples suspensão ou advertência não
vai resolver, também não percebe que uma hora aqui com ele não vá adiantar nada?
– Falei.
- Não se resolveu em três anos, você quer que se resolva até o final da aula? -
Disse , me pegando de surpresa, e deixando o diretor um pouco confuso.
- Eu já tentei de tudo. E do jeito que vocês dois são, não vejo castigo pior –
Seria mais fácil dizer que nós dois não tínhamos mais solução.
- Ah, pois eu vejo! Olá, eu estou na equipe de lideres de torcida! – Ironizei e
escutei a risada baixa de – Para de rir o idiota, tudo isso é culpa sua!
- Eu já disse que não foi eu, sua mula!
- Mula é a senhora sua...
- PAREM OS DOIS! – Sr. Grey gritou – Se não houver nenhum progresso hoje por
aqui, ambos ficarão até a hora da escola fechar, e eu calculo que isso é por
volta das 6 da tarde – Olhou no relógio de pulso e então se levantou e foi em
direção a porta – Eu realmente quero que vocês pensem bem no que aconteceu -
Puff, fechou a porta.
Ah, que ótimo, o diretor da minha própria escola colocou o Piu-Piu e o Frajola
presos numa mesma gaiola. Depois a gente se mata e a culpa é nossa. Ou melhor,
minha, porque sempre quem saía perdendo era eu.
A sala foi tomada por um silêncio. A única coisa que eu ouvia era o tic-tac do
relógio pendurado na parede. Faria de tudo para conseguir aumentar a velocidade
daquilo. Eu estava inquieta, e minha perna mostrava muito bem isso. A imagem do
com o gelo nos lábios e eu com o gelo na mão era no mínimo engraçada, mas
a última coisa que eu poderia fazer ali era rir.
Meia hora se passou e nenhum som foi emitido por nenhum de nós.
Até aquela mula ambulante começar a falar...
- Isso tudo é culpa sua. – Claro que ele tinha que começar falando merda. Qual é
a dele, estava zoando com a minha cara ou o que? Sério, me deu até vontade de
rir.
havia me colocado naquilo tudo, e a culpa era minha. Ta vendo como eu
tinha razão? Se alguém tivesse pichado um bigodinho na Estatua da Liberdade em
Nova York, a principal suspeita ainda seria eu.
- Você me dedura pro professor e a culpa é minha? – Perguntei completamente
incrédula.
- Que merda, , eu já disse que não foi eu! – Até quando ele iria ficar
batendo nessa tecla?
- Ok, então quem foi? – Me virei pra ele esperando a resposta – Vai me dizer
que não é no mínimo estranho? Ontem você ter visto que eu bolava aula e ter me
ameaçado e hoje, de repente, o diretor descobre. Você não poderia no mínimo ter
esperado uma semana pra tentar disfarçar?
- E você acha que eu descobri isso ontem? – Sim! Quer dizer... Pelo menos eu
acho que sim, ninguém além dos meus amigos sabem disso, eu acho.
- Eu... Er... Você está tentando me enrolar! – Por favor, não caia na lábia
dele, não deixa que a duvida comece a invadir minha cabeça.
Foi ele, foi ele e foi ele. Ele só está querendo me deixar confusa.
- Eu perdi as contas de quantas vezes te vi subir naquela merda de árvore, e
depois sumir por aquele muro. Eu perdi as contas de quantas vezes eu já te vi
entrando na sala pra pegar seu material e tropeçando nas mochilas dos outros sem
querer e quase caindo de cara no chão – Senti meu rosto ficar um pouco quente.
- Espera aí, você estava me espionando? – Apontei o dedo para mim mesma.
- Sabe qual é o problema? Você sempre se acha muito esperta! Pensa que engana a
todo mundo! Mas você sabe muito bem que a mim você não engana. – Eu já disse o
quanto eu odiava quando ele falava assim?
- E sabe qual é o seu problema? Você pensa que ainda sabe alguma coisa sobre
mim! Aceite os fatos, você não sabe mais como eu sou! Todo mundo muda,
todo mundo cresce – Coloquei minhas costas de novo apoiadas na cadeira.
- E como! – Ele me olhou de cima a baixo com primeira, segundas, terceiras e
quartas intenções e da maneira mais suja que ele poderia fazer.
- Vai se foder, eu tô falando sério! Aaaaai! – Fui dar um soco em seu braço
justamente com a mão machucada.
Parabéns, , muito bem! Você acaba de fazer um papel muito lindo na frente
daquele retardado.
- Isso é bem feito, ninguém mandou me atacar. – Ele desviou o olhar de mim e
começou a olhar para o teto.
- Ninguém mandou me dedurar pro diretor. – Dei de ombros.
- Eu já disse que se eu quisesse fazer isso já teria feito há muito tempo. -
Disse ele num tom repetitivo.
- Então fala quem foi! – Simples!
- Eu não sou de dedurar as pessoas. – Rolou os olhos.
- Dedo duro! – Maturidade passou longe, confesso. Aquilo ali já estava parecendo
briga de criança, nem Alison brigava daquele jeito. Já tinha esquecido quantos
anos eu tinha.
- Vou te mostrar o que é duro – Ok, esquece sobre a briga de criança.
Lembre-se, , ignorar ao ignorante!
Ficamos mais um tempo em silêncio. Olhei para o lado e tinha uma cesta com
revistas. Me abaixei e peguei a primeira revista que estava naquele monte, sem
querer saber sobre o que era, eu só precisava de qualquer coisa pra passar o
tempo. Uma matéria sobre Bullying. Não acredito que eu chegaria a esse ponto,
ler uma revista dessa pra ajudar a ignorar a pessoa ao meu lado.
"Todos os dias, alunos no mundo todo sofrem com um tipo de violência que vem
mascarada na forma de “brincadeira”. Estudos recentes revelam que esse
comportamento, que até há bem pouco tempo era considerado inofensivo e que
recebe o nome de bullying, pode acarretar sérias..." E então a revista sumiu de
minhas mãos.
- Me devolve a revista! – Puta que pariu, eu definitivamente joguei jujuba diet
na cruz! – Você tem quantos anos? Seis? – Me ignorou, começou a assoviar
folheando a revista do começo ao fim. Não, ele só pode estar de brincadeira
comigo! – Qual é o problema de você fingir que não existe por ao menos uma hora?
Ou melhor, meia hora, que é o que falta pra gente sair daqui.
- Até as 6 da tarde, se não tiver nenhum progresso! – Ele lembrou, sem tirar os
olhos da revista – E você não está fazendo o mínimo de esforço pra isso – Como
se ele estivesse!
- Eu te odeio – Bufei e coloquei minhas pernas eu cima da cadeira, passando meus
braços em volta da própria
- Para de falar que me odeia! – Falou num tom sério que chegou a me assustar –
Você sabe que isso é mentira!
Você sabe, você sabe, você sabe, blá, blá, blá. EU NÃO SEI DE MERDA NENHUMA, mas
que droga!
Flashback, 7 anos antes. Ponto de vista: Autora
saía do dentista de mãos dadas com Scarlett, babá que tomava conta de
Joseph e desde que tinham 4 anos. estava aliviada que não tivesse
acontecido nada aterrorizante na consulta. Elas iriam para casa dos ,
onde esperava as duas voltarem do médico. Apesar das crianças já estarem com
10 anos, Scarlett ainda trabalhava com os e cuidavam dos dois desde que a
família de ambos se reencontraram e e começarem a amizade. Scarlett amava
os dois como seus próprios filhos, e nunca se importou em cuidar de duas
crianças da mesma idade, afinal, quando estavam juntos, nunca davam nenhum tipo
de trabalho.
Elas entraram em casa e estranharam o silêncio. Scarlett foi para a cozinha,
enquanto subia para o quarto de onde iriam fazer as lições de
casa juntos, como todos os dias. Mas quando abriu a porta, viu uma coisa que a
irritou profundamente e a deixou terrivelmente desapontada.
- NÃO! – A menina gritou quando viu o menino com seu diário nas mãos. Ela correu
até ele, e tomou de sua mão, colocando contra seu peito e o fechando, morrendo
de vergonha.
- Do Oliver? Você gosta do Oliver? – Perguntou o menino decepcionado sem
acreditar no que acabara de ler – Se eu pegar esse idiota perto de você, eu mato
ele!
- Você não deveria ter lido! Isso é meu! Que droga, ! – Disse a menina com
lágrimas nos olhos e a bochecha corada – E você não vai matar ninguém, porque o
Oliver é meu amigo!
saiu do quarto descendo as escadas correndo e foi para o quintal de trás da
casa, onde era a piscina. Ela sentou num canto coberto, lugar que ficavam as
mesas, e se encolheu. Estava muito brava com , não acreditava que ele tinha
lido aquilo. Ouviu passos e ignorou colocando a cabeça entre as pernas.
- Não fica brava – Falava o garotinho agoniado em ver sua amiga daquele jeito.
- Você não deveria ter feito isso. Eu te odeio, ! – A menina disse entre
choros.
- Não! – Ele se ajoelhou em sua frente – Eu sei que não deveria ter feito isso,
mas não fala que me odeia! Nunca mais faço isso, prometo! – Dizia o menino
completamente arrependido e desesperado.
- Promete mesmo? – levantou a cabeça para olhar seu amigo, e ele confirmou
– E promete que nunca vai contar isso pra ninguém e muito menos matar o Oliver?
- Prometo se você me prometer que nunca vai gostar mais dele do que de mim.
- Lógico que não, , eu te conheço a maior tempão, e eu acabei de conhecê-lo,
ele nunca vai ser mais meu amigo que você, e eu nunca vou gostar mais dele que
de você, é impossível! – sorriu.
pegou a mão da menina para se levantar e a puxou para dentro de casa. Mas
antes ela parou fazendo com que ele também parasse de andar.
- Que foi? – Perguntou confuso enquanto voltava o olhar para a garota parada no
meio do caminho.
- É que... Você sabe que eu não te odeio não é? – Sua consciência tinha ficado
pesada depois te der dito aquilo.
- Sei sim, mas não fala mais aquilo. Eu detesto. Me sinto mal, quando você fala
que me odeia quando a gente briga.
//Flashback, 7 anos antes. Ponto de vista: Autora
O sinal da escola tocou, e o Sr. Grey entrou na sala. Depois que eu adotei a
minha política de ignorá-lo novamente, não trocamos uma palavra. Mas o diretor
não precisaria saber disso.
- Então, como estamos? – Perguntou.
- Ótimos, melhores amigos, eu amo o . Tchau. – Peguei minha mochila e
saí imediatamente da sala. Nem que me pagassem eu ficaria ali plantada olhando
praquele... Ladrão de revistas sobre Bullying.
Eu mal olhava para os lados, eu só queria saber onde estava meu carro, ir pra
casa, e pronto. Não, não, não. Como aquilo podia ter acontecido? Eu bolava aula
desde que me conhecia por gente, aquilo nunca tinha acontecido! Como eu queria
matar aquele infeliz, como eu queria! Eu, EU, , líder de torcida?
Parecia até piada. Era uma piada! Eu viraria uma piada, ai meu Deus! Sentindo
minha garganta se fechar, eu estava me segurando para não começar chorar de
raiva. Já no estacionamento peguei minha chave dentro da bolsa e apertei o
alarme para abrir o carro, e foi quanto eu levantei a cabeça, que eu vi a pessoa
que estava parada em frente ao meu carro. Como se uma pedra tivesse saído de
minhas costas, eu suspirei aliviada, e por pouco não troco o choro de raiva,
pelo de felicidade.
- Pai! – Falei com a voz fraca e corri ao seu encontro ainda pensando que aquilo
era uma simples miragem.
Ele sempre estava lá pra mim. Incrível.
Pulei em seu colo e o abracei como se minha vida dependesse só daquilo. Que
saudades eu sentia dele, que saudades eu sentia daquela figura paterna que eu
tanto amava, e que me mimava a todos os momentos, e que eu podia conversar sobre
tudo como se fossemos melhores amigos.
E então eu desabei.
- Hey, minha princesa, o que aconteceu? – Perguntou já imaginando que alguma
coisa tinha acontecido – Pensei que você ficaria feliz em me ver, não triste! –
Brincou, porém não causou muito efeito
- Ele... De novo ele, pai! – Disse entre dentes enquanto chorava, ainda abraçada
com com meu pai.
- Ele quem? – Perguntou. Porém não precisou da minha resposta para entender
sobre quem eu falava – O ? O que ele fez? – Segurou em meus ombros e me
afastou para que eu o olhasse.
- O que ele esta habituado a fazer, estragar a minha vida! – Dei uma risada
sarcástica.
- Hey... – Senti alguém massagear minhas costas – Para de chorar, não vai ser
tão ruim assim. – Era .
- Como se eu tivesse realmente chorando porque vou entrar nessa merda de equipe!
– Tentei enxugar algumas lágrimas.
- Tio, que saudades! – abraçou meu pai, e só nesse momento eu entendi o
que estava acontecendo. Ou melhor, não entendi.
O que meu pai fazia ali?
- O que você ta fazendo aqui? – Perguntei num jato.
- Também senti saudades, filha – Brincou – É uma surpresa. Antes deu te ligar
ontem já tava sabendo que viria. Vou ficar uma semana aqui, to com saudades das
minhas filhotas – Me abraçou de lado – E isso inclui a filhota postiça!
- Aê! Aê! Aê! Abraço coletivo! – Como sempre, me fez rir.
- Ta, mas agora eu quero entender o que aconteceu! – Disse meu pai – Mas não
aqui, vamos em algum lugar
Estávamos no estacionamento, vários alunos ainda estavam ali. Várias pessoas me
olhava, e olhavam ao meu pai, que por modesta a parte, é lindo de morrer. Tudo
bem que o Steve era legal, boa pinta e coisa e tal, mas até hoje eu não sei como
minha mãe trocou meu pai por ele.
- VOCÊ DEU UM SOCO NA CARA DELE? – Perguntou incrédulo – Eu criei uma pessoa,
não um animal!
Estávamos no carro indo para a escola de Alison buscá-la. Ela também não sabia
que meu pai estava em Londres.
- Ele me dedurou! – Me defendi.
- Porra, filha, bolar mais de 70% das aulas de Educação Física e querer que não
de bandeira, já é demais! E outra, eu não posso te acobertar em tudo, se eu sou
chamado na escola com a sua mãe, eu não posso simplesmente falar que você esta
certa e eles estão errados.
- Eu sei, e eles não vão te chamar. Só se eu não entrasse na merda da equipe de
torcida, porque daí o bobão do Sr. Grey daria minha sentença final. E outra...
Eu não dei bandeira, se o bosta do não tivesse aberto a boca, eu
estaria feliz nesse exato momento! – Paramos o carro em frente a escola e
esperamos que a aula de Alison acabasse para que ela saísse.
- Mas ele diz que não foi ele – Disse papai.
- Por que você ama defender ele? – Falei brava – Quer dizer, vocês! – Olhei pra
que estava quieta.
- Eu não vou te responder agora, meu papo com você é mais tarde – falou
ríspida. Lá vinha bronca.
Os portões se abriram e meu pai saiu do carro para esperar por Allie. Eu queria
só ver a cara daquela pirralha quando o visse. Alison tinha paixão por ele,
assim como eu. E também assim como eu, quando ela viu Matthew, simplesmente
abriu um sorriso e correu a seu encontro. Diferente de mim, ela não chorou. Pelo
menos ninguém havia a apunhalado pelas costas
- Mentira! Mentira! Mentira! Mentira! – Ela falava repetidas vezes – Não
acredito que você ta aqui! Que saudades, papai!
- Que saudades também, princesinha! Como você cresceu! – A pegou no colo e a
colocou no ar – E cada vez mais ficando parecida com uma pessoa que eu conheço!
– Olhou pra mim e eu sorri
- Quando você chegou aqui? Por que não me contou, poxa?
- Foi surpresa! Sua irmã também não sabia. – Beijou sua bochecha – Vou ficar
aqui só uns dias, lá no meu apartamento.
- Eu vou ficar com você! – Alison falou no mesmo instante.
- Opa, eu também! – Gritei de dentro do carro.
- Que tal um sorvete, hein? Sorvete, parque, shopping, qualquer coisa... – Foi
sugerindo enquanto os olhos de Alison brilhavam – Enquanto isso, a vai até
sua casa com a , pega algumas coisas, fala com a sua mãe, e depois elas vão
lá pra casa pra gente ver um filme!
- Tudo certo pra mim - Disse Allie - Mas... Não pra ... A mamãe pediu pra
te lembrar que hoje tem a primeira prova do seu vestido pro casamento.
Ah, que lindo, o que mais tinha pra fazer meu dia piorar?
Capítulo Oito
"Se dedicamos nosso tempo em criticar nossos semelhantes, não teremos tempo para amá-lo." - Autor desconhecido
Capítulo betado por Letii
Capítulo Nove
"Quem perdeu a confiança não tem mais que perder" - Publílio Siro
Capítulo betado por Sofia Queirós
Capítulo Dez
"Come on, vogue, let your body groove to the music. Hey, hey, hey. Come on, vogue let your body go with the flow. You know you can do it" - Vogue (Madonna)
Capítulo betado por Sofia Queirós
Capítulo Onze
"It's the same old story, same old song and dance my friend" - Aerosmith (Same Old Song And Dance)
Capítulo betado por Letii
Capítulo Doze
"Sou quem duvida e a própria dúvida." - Ralph Waldo Emerson
Capítulo betado por Letii
Capítulo Treze
"É melhor debater uma questão sem resolvê-la do que resolver uma questão
sem debatê-la" - Joseph Joubert
não falava. não tirava os olhos de um ponto fixo. Eu só
conseguia ouvir sua respiração, ver suas pernas balançando freneticamente e suas
mãos fechadas em punho. Ele estava tão bravo, mas tão bravo, que conseguia
perceber que ele rangia os dentes. Desde que saímos da escola ele havia fumado
três cigarros, um atrás do outro. Seus cabelos estavam úmidos e suas bochechas
ainda estavam coradas por causa do suor do treino. Tão lindo.
Como eu podia pensar em uma merda dessas, em uma hora tão errada?
- Ficou com medo que eu batesse em seu namoradinho? – Disse ríspido sendo
completamente estúpido comigo.
Opa, espera aí! Eu não tinha culpa de nada, o único culpado nessa história toda
era a besta do meu namorado que deu um soco mais sucedido que o meu na cara de
.
- E ser mais baixo que ele? – Perguntei o deixando sem resposta. Tentei não
devolver a delicadeza, eu compreendia a situação, afinal era ele que estava com
um roxo na maça do rosto.
- Você não tem idéia do que é isso pra um homem, receber um soco e não poder
revidar. Você não tem idéia do quanto eu to me segurando pra não te tirar da
direção e pegar seu carro pra ir atrás dele! – Balançou a cabeça como se não
estivesse acreditando em tudo aquilo.
estava tão nervoso que eu tinha medo dele abrir a porta do carro e sair
correndo atrás de Andrew. Sua respiração estava tão descompensada que eu cheguei
a pensar que ele fosse fazer alguma besteira.
E então ele fez.
Inesperadamente deu um soco no vidro do carro. O soco foi tão forte, que
por um momento pensei que quebraria. Aquilo deveria ter doído; e muito.
- Você é idiota? – Freei o carro com tudo já em frente a minha casa – Não basta
estar com um roxo na cara, quer também quebrar a mão?
Eu ia falar pra ele bater com a cabeça no vidro, mas com o humor que se
encontrava era melhor eu ficar quieta, porque se não quem levaria um soco na
cara seria eu.
- Só... Fica quieta – abaixou a cabeça entre as mãos, e começou a
respirar fundo – Filho da puta, filho da puta! – E antes que eu pudesse fazer
alguma coisa, deu outro soco no vidro, com a mesma força que o primeiro; se
não mais forte.
Sem saber muito o que fazer, e um tanto quanto assustada, saí do carro no mesmo
instante e abri a porta do passageiro, me ajoelhando ao seu lado. Eu precisava
acalmá-lo de alguma forma.
- Pára, por favor! – Levei minhas mãos até as suas, puxando a direita para ver
seu estado. Apesar de desesperada ao ver sua mão roxa e inchada, tentei manter
calma, porque de nervoso já bastava ele – Eu sei que é difícil, mas se acalma.
Fiquei por volta de 5 minutos em silêncio, segurando suas mãos, tomando todo
cuidado no mundo para não encostar na parte que ele havia machucado, e que
inchava cada vez mais. Acreditem ou não, sua mão estava mais feia que o hematoma
em seu rosto.
- Esse silêncio me deixa mais assustada do que você dar socos em vidros alheios
– Arrisquei a dizer alguma coisa.
- Não quero que você fique assustada, eu só...
- Esta nervoso, com raiva, querendo matar um? É, deu pra perceber – Tentei
acalmar um pouco mais o clima que continuava tenso.
- Aquele cara me tira do sério...
- Tudo bem, então... Não vamos falar mais nele, ok? Chega disso por hoje, pelo
amor de deus.
parecia mais tranqüilo. Ele estava ereto no banco do carro, respirando com
mais calma.
- Daqui a pouco melhora, já aconteceu isso antes – Disse ele se referindo a mão.
- Então vamos entrar? – Praticamente implorei – Você precisa colocar um gelo
nessa mão, e no seu rosto.
Praticamente o empurrei para dentro de casa. Lurdes que segurava uma cesta de
roupa suja indo em direção a área de serviço, e Allie que estava jogando vídeo
game, pararam para olhar quando entramos dentro de casa. Eu só não sabia se
aquela cara de espanto era por causa do rosto do , ou porque ele estava ali
comigo, depois de sei lá quanto tempo.
- ? – Allie se levantou do sofá e correu em sua direção para um forte abraço
– Que saudades de você! O que aconteceu, você se machucou?
- Saudades de você também, tampinha – Ele se abaixou para ficar em sua altura e
tomou cuidado para que Alison não visse sua mão também machucada – É, eu me
machuquei no futebol, nada muito sério – Brincou com a ponta dos cabelos de
minha irmã.
Alison amava de paixão. Ela o conhecia desde que nasceu, e criou esse
vínculo com como se ele fosse o irmão mais velho dela. Foi complicado
explicar pra ela a distancia entre nós na época da briga, por ainda ser muito
novinha para entender que não freqüentaria mais nossa casa, ou que não o
veria com a mesma freqüência.
- Querida, não é melhor levar o em algum médico? Isso pode ficar feio –
Lurdes pareceu preocupada.
- Não, ta tudo bem, a gente vai cuidar disso – Tentei tranqüilizar Lurdes que
concordou sem desmanchar sua cara de preocupação.
Nunca que o iria querer ir pra um hospital.
- Vem, ... Vamos lá pra cima.
- Mais tarde eu vou fechar algumas fases ali, beleza? – Se referiu ao SuperMario
que Alison estava jogando antes da gente chegar. Seus olhos brilharam.
deu um beijo na testa de Allie, e depois subiu as escadas em minha
frente. Eu não precisava guiá-lo, com toda certeza ele ainda lembrava o caminho.
- Ainda não acredito que fiz isso. Não acredito que levei um soco de um cara,
e não me deixaram revidar – Sentou-se na beirada da minha cama assim que entrou
no quarto.
- Pois é, e ainda me fez o favor de quase quebrar a mão. Se é que não quebrou! –
Fui em sua direção para examiná-la novamente, mas ele a escondeu de mim – Deixa
eu ver, ! – Pedi de um jeito bravo, tentando intimidá-lo.
Pelo menos tentei.
- Não! – Disse com o braço direito escondido atrás de suas costas – Saí! Eu
disse que isso já aconteceu antes, não precisa ficar surtando que uma hora ela
volta ao normal – Desisti. Se ele queria se comportar como uma criança o
problema era dele.
- Eu também te dei um soco, e não foi por isso que você ficou todo estressadinho
e quis sair batendo em todo mundo – me mandou um olhar fulminante e achei
melhor parar com as piadinhas, já que ele ainda não estava totalmente
recuperado.
Fui descer para pegar um saco com gelo e quando abri a porta dei de cara com
Lurdes segurando dois sacos plásticos transparentes com gelo dentro.
- Obrigada – Sorri grata.
- Precisa de mais alguma coisa? – Perguntou em um tom de voz preocupado – Eu vi
que a mão dele também estava machucada, então trouxe dois sacos com gelo. Tem
certeza que não é melhor levá-lo a um hospital?
- Hey, eu to bem, lindona – Disse , ele costumava a chamá-la assim – Não
se preocupa, daqui a pouco já melhora. Prometo que se piorar eu vou ao hospital,
ok?
- Ta tudo certo – Confirmei – Se precisar de mais alguma coisa te chamo.
Lurdes fez que sim com a cabeça, sorriu para , e fechou a porta do quarto ao
sair.
Ela também o conhecia da época de criança. Por conhecê-lo a tantos anos, e não
ter idéia do que havia acontecido hoje, provavelmente sua preocupação havia
dobrado.
Dei os dois sacos de gelo para , e fui até o banheiro pegar um spray para ver
se aliviava a dor em sua mão, e também o hematoma que Andrew havia causado em
seu rosto.
- Você não acredita que não revidou o soco de Drew, e eu não acredito nesse
barraco todo – Falei um pouco alto de dentro do banheiro para que ele me
escutasse – Não da pra acreditar que vocês quase se mataram! – Saí do banheiro e
me sentei ao seu lado para espirrar o spray em sua mão, que por sinal estava
pior do que eu pensava.
- Ele é um idiota. Ai, ! – Reclamou quando sem querer toquei em seus
dois últimos dedos da mão. O ossinho do anelar e do dedinho estavam inchados e
ficando cada vez mais roxo.
- Desculpa! – Disse imediatamente – Você é um idiota. Por que não bateu com a
cabeça no vidro? Sua mão está horrível! – rolou os olhos – Não acredito
que você aceitou as provocações do Andrew. Ele está irritado com tudo que
aconteceu sábado, eu tinha certeza que ainda te provocaria, mas eu contava que
você era menos criança pra ignorá-lo! – Depois espirrar o remédio nas mãos,
coloquei o saco de gelo no lugar, e cuidei do hematoma de seu rosto – O que foi
que ele falou pra ter te tirado tão do sério?
Percebi que minha pergunta havia deixado irritado. Ele não estava
esperando que eu perguntasse aquilo.
- Nada. Não quero falar disso – Disse sério, e se deitou em minha cama.
Achei melhor não insistir, se não falar sobre aquilo o deixava mais calmo, que
ele ficasse quieto.
- Eu sinceramente não sei como que vai ser vocês dois convivendo 24 horas por
dia no campeonato semana que vem. Vou ter que colocar focinheira nos dois! – Fui
até o banheiro colocar o spray no lugar e ver se não tinha mais nada ali que
poderia ajudar.
- E eu que sinceramente não sei como você namora esse otário! – Me olhei no
espelho, me deparando com meu rosto incrédulo ao ouvir o que ele havia acabado
de falar. Meu estomago revirou, e de repente um sorriso surgiu em meus lábios.
- No dia que você não criticar um cara que eu fique ou namore, eu vou estranhar!
– e suas manias de perseguições com qualquer cara que se aproximasse de
mim. Nenhum era bom o bastante.
- Eu não tenho culpa que você só decide ficar com caras que não prestam ou que
não tem nada a ver com você – Que bom que ele disse algo que eu teria uma
resposta.
- Fala sério , você é o ultimo a poder falar alguma coisa – Cruzei os braços
e me apoiei no batente da porta do banheiro – Vamos combinar que você e Amber
Jenkins estão longe de ser o casal "tudo a ver".
- Mas eu terminei com ela – Mas que porra era essa que ele tinha sempre as
respostas na ponta da língua? – E você me chamou de de novo – Fiquei sem
graça e tentei esconder o sorriso bobo que voltava a se formar em meu rosto.
Voltei para cama, onde ele ainda continuava deitado, e me sentei.
- É, eu percebi que por enquanto isso funciona pra te acalmar, então eu
aproveito – Me deitei ao seu lado, e olhei para o teto. Percebia que ele me
encarava, mas eu era covarde o bastante para não olhar de volta.
Aquela cena de nós dois deitados em minha cama de barriga pra cima, ele com o
uniforme do futebol e eu com o do time da torcida, conversando normalmente, já
era bizarro o bastante para querer agora manter um contato visual. Seus olhos me
deixavam tonta e não queria ficar que nem uma retardada perto dele. Eu estava em
um estagio que não me responsabilizava mais pelos meus atos.
Ficamos conversando durante algum tempo, até o silêncio tomar meu quarto, e
depois de alguns instantes outro assunto vim a tona e começarmos a falar
novamente. Foi assim durante uma hora. Não sabia de onde surgia tanto assunto,
quando nos últimos anos o que menos existia entre a gente era algum tipo de
intimidade para puxar algum papo que não fosse alguma ofensa.
- Eu estou curioso sobre uma coisa há algum tempo... Você tinha feito um
piercing no nariz há uns anos atrás, mas passou uma semana e você tava sem. Você
ficava tão sexy com aquela argolinha – Eu ri junto com ele, ficando um tanto
quanto sem graça com seu comentário.
- Bom, eu tinha feito aquele piercing num final de semana que não tinha ninguém
em casa. Eu pensei que ninguém fosse reparar, mas a primeira coisa que a minha
mãe viu quando me olhou, foi o maldito – Aquele dia foi louco, mais brava que
aquilo só quando ela descobriu a minha tatuagem na nuca.
- E agora você quer que eu acredite que você só tirou o piercing porque sua mãe
mandou?
- Não, não foi bem isso. Ela ameaçou a tirar com o dente se eu não arrancasse
aquele "brinco nasal", como ela o chamava, mas óbvio que eu nem liguei. Só que
eu acho que ela jogou tanta praga que dias depois eu estava com uma quelóide do
tamanho no mundo e tive que tirar – Dei de ombros.
- Que merda! – Virou o rosto olhando para o outro lado do meu quarto. Parecia
que ele estava reparando em cada mudança que havia acontecido ali, desde a
ultima vez que ele tinha vindo em minha casa.
- Nem me fala, ficou tão feio que foi inevitável tirar.
- Nossa, você ainda tem? – Mudou de assunto completamente quando achou alguma
coisa que estava em minha instante.
Segui seus olhos e percebi que ele olhava pra alguns dos meus vinis. Sabia que
ele estava se referindo ao vinil do The Temptations que ele tinha me dado de
presente no meu aniversário de 13 anos.
- Lógico que tenho, ! Isso é uma relíquia! Eu sou louca, mas não o
bastante pra jogar isso fora só porque a gente brigou – Fiquei meio sem graça.
- Mas que porra, para de me chamar de , pelo amor de deus! Você sabe que
eu odeio! – Disse todo irritadinho e eu ri novamente.
- Ta bom, – Brinquei como costumávamos a fazer quando éramos
pequenos e ele revirou os olhos – Mas e então, como estão seus pais? – Perguntei
mudando de assunto.
- Estão bem... Vivendo para o trabalho, mas estão bem. Eles me perguntam de você
às vezes. Você sabe que eles consideram você mais filha deles do que eu – Soltei
uma risada nasalada.
É verdade, os pais dele eram as pessoas mais incríveis do mundo e sempre me
trataram como se eu fosse da família. Infelizmente quando eu e o
brigamos, eu passei a vê-los bem menos do que costumava.
- Ao menos isso, ver meu pai te bajular e não ter nada em troca é difícil.
- Matt é um barato, tava com saudades dele. E sua mãe e o Steve? – Devolveu a
pergunta.
- Na mesma. Steve também vivendo pelo trabalho, e minha mãe agora vivendo para
esse casamento. Mas não perguntam mais por você, já que da ultima vez que
perguntaram eu falei que não era sua babá e o clima ficou tenso. Principalmente
quando eu disse que jamais entraria no casamento da minha mãe de braços dados
com você.
- Ela fez de propósito – Fez de propósito o que? Levantei minha sobrancelha sem
entender – Ouvi nossas mães conversarem pelo telefone, elas queriam juntar a
gente de novo, e sua mãe teve a brilhante idéia de me chamar pra entrar com você
no dia da cerimônia.
- Minha mãe o que? – Da onde Lizzie a mãe de tiraram essa idéia absurda de
"juntar" a gente de novo? Ela era idiota ou o que? Abri a boca sem acreditar
naquilo que havia acabado de me contar – Então ela fez isso tudo de
propósito? Que absurdo! Minha mãe tem problema mental!
- Não posso negar que eu aceitei de boa só porque sabia que ia te deixar
irritada
- Idiota! – Chutei de leve suas pernas – Meu deus, qual é a da Lizzie? Porque,
sinceramente, eu acho que a mente dela está ficando cada vez mais caduca apesar
dos 35 anos!
- Ah... Tenta entender, ela nunca soube o que aconteceu, na verdade ninguém
sabe, a não ser a gente. É compreensível que ela pense que isso é qualquer
briguinha adolescente...
Ele nunca havia tocado em algum assunto relacionado a briga, e eu tinha pavor de
um dia ter que falar sobre isso com ele novamente.
- Aham - Murmurei querendo fugir do assunto
O silêncio novamente se instalou no quarto. Eu disse que aquele papo era
maldito, é por isso eu fugia tanto. Eu gostava de estar perto dele de novo,
apesar do receio que ainda sentia. Era bom, eu me sentia bem ao lado de , mas
tinha um medo monstruoso do que aquilo podia causar. Eu tinha completa noção da
conseqüência que eu teria em voltar a ser amiga dele.
- E a Scarlett, você tem notícias dela? – Perguntou.
- Não, quer dizer, no meu aniversario, Natal, e coisas assim, ela sempre me
manda e-mail, ou liga. Ah, e também liga no aniversario da Allie. Da ultima vez
que eu falei com ela foi no meu aniversario e ela ficou bem triste em saber que
a gente mal se falava.
Flashback, 3 anos antes. Ponto de vista: Autora
e voltavam para casa a pé, já que Scarlett tinha ido fazer
algumas coisas importantes e não poderia buscá-los no cinema. Apesar de serem já
praticamente adolescentes, Scarlett ainda trabalhava para as duas famílias,
cuidando de Alison, irmã mais nova de , e também cuidando dos dois como
sempre, mas de uma maneira diferente, não como uma babá.
- É sério, eu tenho que conseguir! Vou pirar se eu entrar para o time de futebol
na escola nova – Disse animado – Meu pai falou que foi a coisa mais
inteligente que já fiz até agora.
- Pra mim a coisa mais inteligente que você fez até agora foi ter começado a
tocar algum instrumento, mas entendo você também gostar do futebol, e vou acabar
ficando mais feliz que você se conseguir entrar mesmo pro time – Ela ficava
triste, ele ficava triste, ela ficava feliz, ele ficava feliz, era quase uma
regra entre os dois.
- Eu sei, minha linda – Abraçou de lado – Mas e aí, como estão as coisas
com a sua mãe?
- Desde que eu sai do ballet, ela mal olha na minha cara – Balançou os ombros –
Não dava , você gosta de futebol, não tanto quanto tocar, eu sei, mas gosta.
Ao contrario de mim, eu tentei gostar do ballet, sabe? Mas não deu, acho que
nunca vou fazer algo que preste, e que minha mãe diga "nossa, parabéns" – Ela
fez joinha com as duas mãos - Sinto falta do papai.
- Pára com isso! – disse bravo – Você era uma das melhores dançarinas, e
parou somente porque era obrigada a fazer algo que não a deixava feliz, e outra,
como assim não faz nada que preste? Você será a mais nova Jimmy Hendrix –
riu baixo.
- Isso se um dia eu ganhar uma guitarra, portanto, nunca. E não vem falar da
guitarra que meu pai me deu, porque aquela só fica em Nova York. Então tenho que
me contentar com a meu humilde violão e ser o Jimmy Hendrix do Paraguai – Era
bizarro a maneira como via , tudo o que ela falava pra ele era
hilário, como se tudo que ela dissesse ele admirasse.
- Seu pai quer que você vá morar com ele... – respirou fundo, sentindo um
aperto no peito – Vocês dois se dão bem, ele te entende e te apóia no que for.
- Eu sei, mas eu não quero ir.
- Por minha causa... – Parou na frente da garota – Você sabe que não é por causa
de um maldito oceano que a gente vai deixar de ser o que é. Não é como se eu
fosse arranjar outra melhor amiga só porque você não esta aqui.
- Quantas vezes eu tenho que te pedir pra parar de tocar nesse assunto? – Era
verdade, o único motivo que a prendia aqui era – Eu sou feliz aqui, e eu
quero ficar aqui. E outra, eu não quero ficar longe da Allie, ela já sente falta
do papai o bastante para ter mais uma pessoa longe dela.
- Ta bom, ta bom... Não ta mais aqui quem falou – Levantou as mãos em forma de
rendimento – Fazer o que se você não vive sem mim - deu um tapa no
braço do amigo que começou a rir.
Entraram na casa dos dando risada e se depararam com Scarlett na sala.
- Oi, Scar! – Falaram juntos e deram risada novamente.
- Olá meus amores – Disse desanimada – Desculpa por hoje, eu... Eu... Preciso
conversar com vocês – Conteve as lágrimas.
e perceberam a situação dela e sentaram um de cada lado, ambos
colocando o braço em volta da mulher.
- Scar, o que houve? – estava apreensiva.
- Ai, eu amo tanto vocês – Lágrimas saíram de seus olhos – É muito difícil pra
mim falar isso, mas eu vou ter que voltar pra Porto Rico – Os dois se
entreolharam sem entender muito bem o que Scarlett havia acabado de falar.
- Como assim, Scarlett? – estava confuso – Mas... Você tem a Allie pra
cuidar, e apesar da gente ta grande, você ainda tem que cuidar da gente!
- Mas eu conheço vocês melhor do que ninguém, e sei que vocês vão ficar bem sem
mim. E quanto a Alison... – Olhou para – Eu sei que vocês vão sempre
cuidar dela, independente deu estar aqui ou não. A minha família precisa de mim,
meus amores, eu estou há anos foram de casa – Levou suas mãos até os cabelos de
– Não quero que vocês fiquem tristes, não é o fim do mundo, nós vamos
continuar nos falando, e eu sempre vou estar perto quando precisarem de mim.
- Quando você vai? – Perguntou com seus braços entrelaçados com os da
mulher
- Pretendo ir daqui duas semanas... Tenho que arrumar algumas coisas aqui antes
de poder voltar.
- Odeio isso. Primeiro meu pai, e agora você! Parece que todos que eu amo
decidiram ir embora de uma vez! – Disse inconformada. Scarlett se
sentia um pouco culpada, não queria ter que deixar a garota logo após a partida
de seu pai para Nova York.
- Ta me chamando de nada? – Brincou fazendo as duas rirem.
- Ta vendo? Esse daqui eu sei que nunca vai te deixar – Abraçou a garota de
lado, dando um leve beijo em sua bochecha – Mas para eu ir embora tranqüila, eu
preciso que vocês me prometam que sempre vão tomar conta um do outro.
- Ela não é nada sem mim – se gabou e a garota rolou os olhos
- Não, ele que não é nada sem mim!
Scarlett riu dos dois, e pensou a falta eles fariam em sua vida. Porém, esperava
mais que tudo que os dois ficassem bem sem ela por perto.
Flashback, 3 anos antes. Ponto de vista: Autora
- Depois que ela foi embora, e aconteceu tudo aquilo, eu pensei que quem nos
unia era ela, mas hoje eu vejo que não – Entendi o que ele quis dizer, afinal
estávamos ali, eu e ele, conversando, deitados em minha cama, como nos velhos
tempo – Talvez a culpa seja de nós dois.
Passei a refletir sobre tudo aquilo, mas era um pouco mais complicado do que se
podia imaginar. Até alguns dias atrás sempre que eu pensava sobre esse assunto,
eu sempre achava um único culpado, e esse era . Sempre o culpei por tudo, mas
não sabia se estava sendo um pouco egoísta ao pensar dessa maneira, porque com
toda certeza eu também tinha conseguido machucá-lo da mesma forma. Ou talvez
pior, vai saber.
- Eu evito pensar nisso, me da dor de cabeça – Eu tinha evitado pensar nisso
durante 3 anos, apesar de todos os dias antes de dormir me pegar pensando como
seria se nada daquilo tivesse acontecido – O que você mais sente falta daquela
época? – Perguntei começando a pensar sobre o que eu sentia mais falta, porque
sabia que ele acabaria perguntando a mesma coisa. Era tanta coisa, que eu não
sabia qual responderia.
- Da gente.
Foi assim, na lata.
Olhei para , completamente surpresa com sua resposta. Meu estomago revirou e
eu fiquei sem reação alguma. Olhava tão profundamente em seus olhos, que por um
momento havia me arrependido de ter feito isso. Eu conseguia enxergar em seus
olhos o criança. Acho que ele nunca perdeu aquele ar de menino,
apesar de já estar com 17 anos. Era por isso que eu estava evitando olhar pra
ele, me fazia lembrar muitas coisas que eu fiz questão de repelir durante
todos esses anos.
Senti o dedinho da mão não machucada de tocar em minha e eu fiquei sem
saber o que fazer. Meu coração batia tão forte, que parecia que ele conseguiria
ouvir mesmo estando em uma certa distancia de mim. Por um segundo olhei para
nossas mãos entrelaçadas, e voltei a encará-lo.
Eu estava em pânico, essa era uma grande maneira de explicar o que eu estava
sentindo. Em pânico porque eu sabia no que aquilo poderia acabar, e em pânico de
me machucar novamente. Tudo isso era como uma auto defesa minha. Era como se
tudo que viesse de pra mim, fosse digerido de uma forma
diferente, para evitar possíveis danos.
Eu conseguia até mesmo escutar o alarmezinho na minha cabeça apitando
desesperadamente.
Pi, pi, pi, pi, não faça isso sua idiota, você vai acabar na merda de novo!
Porém em algum lugar só dizia que aquilo era a coisa mais certa e natural que
poderia acontecer. Porra, ele era o !
Percebi que ele se aproximava cada vez mais quando ele levantou um pouco seu
corpo para ficar em cima do meu tomando cuidado para não jogar seu peso em cima
de mim. Da onde ele tinha surgido ali tão rápido?
Eu disse que ficava retardada perto dele.
levou uma de suas mãos até meu rosto e tirou alguns fios da minha franja dos
meus olhos. Eu podia apostar que minha cara era tão assustada como se eu tivesse
prestes a beijar Ryan Gosling, ou qualquer outro ator extremamente gato demais
que fosse surreal o bastante pra eu um dia pensar em dar uns pegas.
Calma, , calma. Respira.
- Você me irrita tanto às vezes, que você nem tem idéia, garota – Senti seus
dedos fazerem o contorno de meu rosto, e eu podia sentir uma manada de elefantes
em meu estômago.
- Mas eu não estou fazendo nada – Respondi da forma mais inocente possível,
porque eu não tinha a menor idéia do porque ele estar falando aquilo pra mim
agora.
Eu sei que eu era irritante, mas no momento eu só tentava manter a calma porque
o cara que eu aparentemente ainda sou louca estava em cima de mim, prestes a me
beijar, e eu queria parecer o menos idiota possível. deu um sorriso
sacana e deu um leve beijo em minha bochecha.
- Simplesmente porque é você – Cochichou em meu ouvido e eu senti todo meu corpo
arrepiar. Agora fodeu! – Tudo em você me irrita – Beijou meu pescoço, e o resto
de sanidade que eu tinha foi pra puta que pariu – Sua voz, seu cheiro, sua
risada, seu cabelo, seus olhos... – Continuou a trilha de beijos no meu pescoço
e eu fechei os olhos completamente fora de mim – Você tem noção que eu levei um
soco de um cara por sua causa hoje? – Voltou a me encarar, e eu abri meus olhos
para fingir que eu ainda entendia alguma coisa do que ele falava.
- O que? – Eu sabia que ele tinha me perguntado alguma coisa, mas o que era, eu
não tinha idéia.
- Eu vou te beijar... – Avisou. se aproximava e eu não conseguia tirar os
olhos de seus lábios
- ...
- Por favor, não me pede pra parar.
encostou seus lábios no meu, e naquele momento eu sabia que não tinha
absolutamente mais nada a fazer. Todo o esforço que eu tinha feito durante esse
tempo, não havia valido nada. Abri um pouco a boca e senti sua língua tocar na
minha evoluindo o beijo de uma forma um tanto quanto desesperada. Levei minha
mão até sua nuca e quis que de alguma forma ele se aproximasse mais de mim. Se
isso fosse possível. apertava minha cintura tão forte que eu poderia jurar
que aquilo causaria marcas.
Aquele beijo se resumia em saudades, desejo e carinho.
Sua mão que estava em minha cintura, desceu até minha coxa cuidadosamente,
subindo um pouco a saia do uniforme. Mas quem sou eu para dizer alguma coisa,
quando já estava com entre minhas pernas? Eu sou o tipo de pessoa que
gosta de estar no controle, e de preferência também manter o
controle, mas no momento não rolava nem um e nem outro.
mordeu meu lábio inferior e cortou o beijo dando diversos selinhos.
Eu sei que essa não é nem de perto a hora mais apropriada em lembrar que eu
tenho namorado, mas eu queria entender porque conseguia me fazer sentir
tudo isso com um beijo. O "isso" que eu jamais consegui sentir com Andrew; nem
um pouquinho.
- Você não imagina a falta que me fez – Ele disse baixo, parecendo estar meio
bêbado.
Eu sorri, sorri como nunca. Eu estava feliz, e nada mais importava naquele
momento a não ser aquela pessoa em minha frente.
- Imagino sim – Finalmente falei – É impossível você tirar uma pessoa tão
importante, tão rápido de sua vida.
- Mas você tirou – Discordou de mim.
- Tentei tirar, é diferente – Eu disse.
passou a me encarar e não dizer nada e me deu um selinho demorado. Até
meu celular começar a tocar. Levantei um pouco o tronco para encontrar ele
jogado em algum lugar da cama, e assim o achei, o arrancou de minha mão, e
ATACOU longe. Assim, do outro lado do quarto.
- Você jogou atacou meu celular no chão! – Disse perplexa, não acreditando no
que aquele animal havia acabado de fazer
- E você parou de me beijar! – Respondeu.
Deu um tapa de leve em seu braço, e me roubou um selinho rápido antes deu
dar pulo na cama para ir atrás do meu pobre celular que continuava a tocar,
apesar de não ter a mínima idéia de como ele não havia quebrado ao meio. O
é doente!
- Alo? – Atendi meio afobada, e incerta de que aparelho ainda estaria
funcionando.
- Oi, , é o Bill! Só te liguei pra falar que curti o som dos caras, e que
eles estão dentro – No mesmo instante olhei para e sorri.
- Você ta falando sério? – Falei pulando – Então eu posso contar pra eles?
- Calma garota, primeiro você tem que saber se eles aceitam tocar no show!
– Escutei a risada de Bill do outro lado da linha – Fala com eles, e pede pra
eles me ligarem, ok?
- Pode deixar! E Bill? Obrigada, mesmo! – Eu estava quase chorando de tão
agradecida que estava.
As coisas estavam acontecendo tão perfeitamente que eu tinha medo de algo ruim
estar por vim. Eu nunca fui o tipo de pessoa que sempre vê a sorte, ou bons
momentos passarem com muita freqüência em minha vida, então quando acontecia
coisas realmente boas, eu sempre esperava pelo pior.
- Que isso, confio em você. Espero a ligação!
Desliguei o celular e comecei a rir igual a uma retardada. sentado em minha
cama, me olhava sem entender nada. Coloquei o celular na estante, respirei fundo
e comecei a explicar.
- Ok, calma! – Falei pra mim mesma – Lembra aquele dia na sala de aula que eu
falei com o ou pro sobre o "suposto" show do Fall Out Boy aqui na
cidade? – Ele deu a entender que lembrava e eu continuei – Então... O Bill, um
amigo meu, dono duma loja de instrumentos vai fazer parte da produção, e
adivinha quem ele chamou pra trabalhar junto com ele?
- Você? – Ele me olhou incrédulo e eu balancei a cabeça com a maior vontade do
mundo indicando que sim – Não acredito! Parabéns, linda! – Ele se levantou e me
abraçou.
- Mas calma! – Afastei ele de mim – O melhor ainda está por vir! Ele estava a
procura de uma banda que pudesse abrir o show – Ele me olhou suspeito – E
digamos que a fodona aqui conseguiu que um banda aí, que por um acaso se chama
Mcfly, e que tem um integrante bem mala, abrisse o show do Fall Out Boy. E
então, aceitam? – A cara do parecia de uma criança no dia das crianças
ganhando o tão sonhado presente.
- Se a gente... Aceita... Abrir pro Fall Out Boy? Você ta falando sério, ou ta
tirando uma com a minha cara?
- Lógico que to falando sério, bobão! – Gargalhei – Sabe qual é né? A grana não
é muita, mas vocês saem ganhando porque vão ter vários caras de gravadora, e eu
lá, pra encher a bola de vocês.
- VOCÊ. É. INCRÍVEL! – Ele gritou e me abraçou me levantando do chão.
- Eu sei! – Aproveitei que estava perto, e dei um beijo em seu pescoço
inspirando a maior quantidade de perfume que conseguia. Ele me colocou de volta
pro chão e me deu um selinho demorado.
- Eu preciso ligar pro ! e o vão pirar! – Disse quase tendo um
surto.
- Vocês só não podem esquecer de falar com o Bill amanhã pra confirmar tudo, ele
ta esperando a ligação de vocês!
Enquanto contava toda a notícia, primeiro para , e depois para os
outros caras, eu me peguei refletindo. Refletir no meu caso nunca era bom. Vamos
aos fatos: Minha vida tinha virado de ponta cabeça em um tempo recorde. A última
vez que uma doideira dessas havia acontecido eu tinha 14 anos, e minha vida
mudou drasticamente, cortei completamente relações com uma das únicas pessoas
que eu me importava na vida, e também pintei meu cabelo de preto. Hoje eu tinha
voltado a falar com esse cara que eu aparentemente ainda gosto, e havia virado
líder de torcida, e acreditem meus caros, virar líder de torcida é muito mais
drástico do que pintar seu cabelo todo de preto e ter sua mãe surtando por dias
na sua orelha. Mas uma coisa não havia mudado, e essa era: Eu continuava a
namorar Andrew.
Entendam, eu não sou filha da puta, eu nunca tinha ficado com nenhum outro cara
até hoje, desde que comecei a namorar Drew. Eu apenas me dei ao luxo hoje de
poder sentir de novo aquela coisa que eu não conseguia sentir com nenhuma outra
pessoa a não ser por esse maldito. Porém esse luxo causou conseqüências, já que
no momento eu queria colocar a minha cabeça na privada e dar descarga, porque
Andrew não merecia ter levado um par de chifres.
- Os caras piraram! – Disse , que aparentemente já havia contado a todos
sobre a notícia – O disse que conhece o Bill e que ia ligar pra ele pra
confirmar tudo – Se abaixou para ficar em minha altura, ao lado da cama onde eu
estava sentada – O disse pra gente ir pra casa dele comemorar, vamos? –
Perguntou.
A culpa que eu sentia era tão grande, que nem levantar a cabeça para encarar
em minha frente, eu conseguia.
- Eu não posso – Falei entrando em desespero – Desculpa, mas eu não posso!
- Por que não? – franziu o cenho um tanto quanto confuso e desapontado.
- ... A gente não podia ter feito isso! – Quando finalmente consegui olhar
pra ele, tudo que eu via estava embaçado por causa da quantidade de lágrimas
acumuladas em meus olhos – Eu sei que foi uma coisa de momento, mas eu não
podia!
- Coisa de momento? Espera aí... Você não pode estar falando do que acabou de
acontecer! – se levantou e aumentou seu tom de voz – Vai me dizer agora
que se arrependeu de ter ficado comigo?
- , entenda, eu tenho o Andrew!
- Ah o Collins, sempre o maldito do Collins! Como você ainda pode se sentir
culpada por ele? Você não tem idéia de como esse cara é! Como você pode ser tão
cega assim? – passou a gritar comigo.
- Ele é meu namorado, ! – E eu passei a gritar mais alto que ele – Você
podia ter coragem de trair a Amber com qualquer garota que fosse, todos os dias,
mas eu não consigo fazer isso!
- Termina com ele!
- Não é tão fácil assim!
- Não, ... É fácil sim, o único problema nisso tudo é você, que faz
questão de sempre complicar tudo! Você é o problema, e sempre foi! – Olhei
assustada para – Agora se você ama tanto aquele merda ao ponto de não
conseguir terminar com ele pra ficar comigo, eu estou pouco me fodendo, porque
se você diz que eu não corri atrás de você da primeira vez, não vai ser agora
que vou fazer isso.
abriu a porta do meu quarto e saiu como um raio. Fui correndo atrás dele,
e parei no topo da escada quando ele estava prestes a sair de casa.
- Eu não disse em nenhum momento que eu amo o Andrew! – Gritei – Você não sabe
nada dos meus sentimentos, , então para de falar como se você soubesse o
que esta acontecendo, porque você não sabe!
- Ah sei, e como sei, e se você quer saber, sei muito mais do que você .
Só que infelizmente não cabe a eu contar. Mas é, você tem razão, você não disse
em nenhum momento que o amava, mas afinal de contas... Quando na sua vida você
diz realmente o que sente? – As palavras deles estavam sendo piores do que tapas
na cara.
- Tenta entender... Por favor, ! – Supliquei. Eu já não tinha mais forças
para falar.
- Entender? Eu tento entender por três anos! Eu tento entender o porquê a gente se
distanciou, o porque a gente brigou, mas é TUDO CULPA SUA! – Ele gritou, e mais
lágrimas saiam de meus olhos – Porque é impossível saber o que você pensa e
impossível de saber o que você sente! Você sempre leva tudo por água abaixo!
- PÁRA! – Eu não queria ouvir mais nada, um filme passava pela minha cabeça,
tudo estava se repetindo, simplesmente tudo.
- É difícil ouvir o óbvio? Espera só até você ouvir a verdade – Disse por fim –
Mas eu cansei, cansei de você. Cansei porque dessa vez eu queria que tudo desse
certo, eu estava decidido que a gente ficaria bem, então a partir de agora não
cabe mais a mim, e sim a você – E foi dizendo isso que ele saiu, batendo a porta
da minha casa.
Sem forças nas pernas para me manter em pé, eu me sentei no chão, me apoiando no
corrimão da escada. Minhas mãos tremiam, e eu acabava de passar pela mesma coisa
de novo, e dessa vez, a culpa era realmente minha. Por que eu simplesmente não
jogava tudo pro alto? Eu não sinto e nunca senti absolutamente nada pelo Andrew
e simplesmente não estou com a pessoa que eu realmente quero, porque era pegada
a emoção, e achava que não poderia acabar com meu namoro dessa maneira, porque
não seria justo com Andrew. Eu, , que muitos julgam como a "sem
coração".
- , por favor, pára! – Ouvi a voz carinhosa da criança ao meu lado.
Alison me olhava como se sentisse a minha dor. Ela me abraçou e eu a segurei
como se minha vida dependesse daquilo, como se fosse daquele abraço que eu
tivesse precisando.
Abri os olhos de repente, e me deparei com meu quarto escuro. Já estava noite
e eu nem me lembrava quanto tempo eu havia dormido, só me lembrava do que tinha
acontecido antes deu dormir. Senti uma pontada em meu peito e uma vontade
absurda de chorar. Senti uma respiração ao meu lado, e quando olhei me deparei
com Alison. Seu rosto era tomado por preocupação. Ela tinha 10 anos e não queria
preocupá-la com um problema meu.
- Você ta melhor? – Perguntou e eu fiz que sim com a cabeça – Eu... Ouvi tudo o
que aconteceu... Sinto muito.
- Eu também – Comecei a brincar com seus dedos – Você está aqui há muito tempo?
– Perguntei.
- Desde que a gente subiu. Eu também acabei dormindo, acordei agora pouco, só
estava esperando você acordar pra ver se precisava de alguma coisa – Eu não
conhecia aquele lado de Alison, acho que eu nunca tinha passado por nada assim
para que ela me mostrasse.
- Não precisa se preocupar – Fiz carinho em seu rosto – Eu vou ficar bem –
Fiquei bem da ultima vez, não tinha motivos para eu não ficar bem dessa vez –
Desculpa, eu não queria que você tivesse escutado aquilo tudo.
Alison deu de ombros
- A mamãe ou o Steve já chegaram? – Ela fez que não com a cabeça – Você já comeu
alguma coisa? – Repetiu o sinal – Quer comer? – Deu de ombros.
- Você quer? – Perguntou e eu fiz a mesma coisa que ela, neguei com a cabeça –
Sabe, eu não gosto muito de agir assim. Apesar de a gente brigar um pouco demais,
quando as coisas não estão complicadas, eu gosto daquele clima – Ri fraco.
- Eu também gosto, mas é só voltar ao normal amanhã. Isso tudo é meio estranho,
sabe... Você deveria ta tirando sarro da minha cara, e não me apoiando, sua
tampinha de garrafa – Apertei seu nariz.
- Eu não sou tão ruim assim – Fez bico e eu achei aquilo fofo. Às vezes eu
percebia algumas feições em Allie que eram idênticas a minhas e agora eu entendi
porque meu pai ficou tão surpreso quando que viu Alison depois de alguns meses,
ela estava muito parecida comigo quando eu era menor – E também sei como é ruim
não ter o papai e a mamãe o tempo todo ao nosso lado. Você faria o mesmo por
mim, eu tenho certeza.
- Provavelmente sim – Sorri e fiz um leve carinho em seu rosto – Obrigada, Allie,
por tudo!
Ela pulou em cima de mim pra me abraçar e eu segurei minhas lágrimas.
- Eu te amo – Disse ainda com seu rosto afogado em meu pescoço – Mas por favor,
esqueça disso amanhã porque vai ser muito estranho.
- Eu também te amo. Mas por favor, esqueça disso amanhã porque vai ser muito
estranho – Repeti o que ela disse e depois gargalhamos.
Alison dormiu comigo nessa noite. Nós assistimos alguns filmes e comemos algumas
besteiras. Nunca imaginei que a pessoa que mais me apoiaria nesse momento
difícil seria a minha irmã de 10 anos de idade, que no momento aparentava ter
30. Talvez essa história de não ter nossos pais ao nosso lado o tempo todo tenha
feito com que ela amadurecesse um pouco, pelo menos me amadureceu. Por causa de
Alison eu consegui pelo menos dormir durante a noite, e não pensar a todo o
momento no que havia acontecido. Por causa de Alison, eu não fiquei sozinha
naquela hora difícil.
Capítulo Catorze - Parte 1
"Yesterday, all my troubles seemed so far away. Now it looks as though
they're here to stay. Oh, I believe in yesterday" - Beatles
Dia 25 de Agosto, segunda-feira, 08:18, escola – 3 anos antes
- Sabe o que eu não vejo a hora? – Perguntou pensativa olhando pela janela
do carro – Da gente chegar no terceiro ano, e finalmente se formar. A banda
fazer o maior sucesso, e eu cair na estrada com vocês.
O dia estava chuvoso, mas nada muito fora do comum, afinal era Londres.
estava com as costas apoiada no peito de no banco de trás do carro indo para
nova escola. estava animado com a idéia de estudar junto com seus amigos
de banda e ter a oportunidade de jogar no time de futebol da escola. também
estava animada, porém preocupada, só não sabia muito bem com o que.
- Bem capaz da sua mãe deixar você cair na estrada com um bando de cara
transbordando testosterona.
- Vou ter 18 anos – Deu de ombros – Ela não vai mais mandar em mim. Na verdade
eu não vejo a hora de fazer 18 anos e poder fazer o que eu bem entender. Ela só
deixou eu me mudar pra uma escola nova porque a maioria das filhas das amigas
insuportáveis dela também estudam aqui.
- Você não fez outra coisa além de reclamar desde que saiu de casa – Disse
se preparando para ouvir os surtos da amiga.
- Não quer ouvir, tampe os ouvidos, mané – Reclamou.
- Chatinha – Bagunçou os cabelos de que deu um tapa em seu braço, e
logo depois tentou morder o mesmo – Sai daqui sua retardada! – Tentou se
esquivar
- Você me chamou de insuportável que só sabe reclamar, o único retardado aqui é
você! – Voltou a se apoiar no peito do amigo, que balançava a cabeça
negativamente pensando o que tinha feito pra merecer aquilo.
- Eu te chamei de insuportável que só sabe reclamar?
- Indiretamente, sim.
Os dois começaram a rir e a garota finalmente voltou a ficar quieta.
- Hoje começa o teste pra o time de futebol, será que vai rolar? – Perguntou
apreensivo.
- Lógico que vai! – virou-se de frente para e sorriu. Como ele amava
seu sorriso – E pra melhorar, ainda vai pegar a camiseta 23!
- Você e o 23 – Zombou. sempre teve uma cisma com 23, dizia que o
número dava sorte pra ela, tirando que várias datas importantes caíam no dia
23 – Mas seria legal pegar o número que eu sempre fui, sinto que me da sorte
também.
- Se da sorte pra mim, da sorte pra você também – Falou como se aquilo fosse
óbvio – Quando você vai saber do resultado?
- O disse que vou participar dos treinos durante toda a semana, e que
sexta-feira que vem eles já vão dar uma resposta.
tentava entender se fazia isso pelo seu pai, ou porque realmente
gostava do esporte. Preferia acreditar que ele realmente gostava de futebol,
afinal, saber que ele fazia aquilo para agradar seu pai, que já foi um jogador
amador um dia, fazia com que ela se sentisse mal por não conseguir fazer o mesmo
com sua mãe, em continuar nas aulas de ballet para agradá-la.
Os dois pararam em frente ao colégio e ficaram admirando sua fachada. A escola
tinha uma aparência antiga, que encantava . Era mil vezes maior que a
escola que estudavam. Ela ajeitou a saia do uniforme que ainda não havia se
acostumado a usar, e pegou nos braços de para passar pelo enorme portão da
escola.
O menino tentou, apenas tentou, disfarçar que não via todos aqueles olhares em
cima deles, mais diretamente para sua melhor amiga, ou para suas pernas, que
seja. Por que mesmo as meninas tinham que usar aquele uniforme? Era tão mais
legal no colégio antigo, que não precisavam de uniforme. Alem de evitar um monte
de marmanjo secando o que era dele, não teria que ter uma gravata apertada em
seu pescoço.
- Hoje depois do treino vai ter ensaio da banda na casa do , você vai né? –
Perguntou afrouxando um pouco o nó da gravata – Estamos com uma música nova e
queremos que você se sua opinião.
- Claro, sem proble... – se assustou com a trombada que recebeu no
ombro esquerdo que quase a fez cair para trás – Hey, cuidado, olhe por onde
anda! – Disse para a garota loira pomposa que esbarrou em seu braço.
- Se liga você, novata! – Respondeu a loira de forma rude.
pensou em dar uma resposta pior ainda, mas foi impedida por que a
puxou para continuarem andando.
- Você tá louca? Não fazem nem 2 minutos que a gente entrou aqui! –
continuou olhando para trás, fitando o rosto da garota que a irritara
profundamente – Se controla, ok?
Antes que ela pudesse responder alguma coisa, foi interrompida por seus amigos
que praticamente brotaram em sua frente.
- Olha só quem chegou! – , e , como um passo ensaiado, pularam na
frente dos dois.
Mais uma vez era a única menina no meio dos quatro meninos. Isso já era
normal, ela nunca foi o tipo de garotinha que brincava de bonecas e muito menos
fazia festinhas de pijama. Vivia na maioria das vezes brincando com , e
quando não, era com seu primo . E até hoje nada mudou, apesar de ter 14
anos, não ficava incomodava de estar rodeada de meninos.
Eles eram menos complicados.
- Hey, os populares somos nós, da pra explicar por que todo mundo só fica
olhando pra vocês dois? – Brincou – Sinto que vocês ofuscaram nosso
brilho.
- Cala a boca, – Disse .
Mas era verdade. , e eram os queridinhos das meninas. Quem não
se encantava com os caras da banda que gostavam de quebrar as regras? O problema
é que hoje realmente os astros eram e . Ele por chamar a atenção
de todas as meninas, e ela por ser tão linda quanto ele, e ter a atenção
dos quatro garotos juntos. Qual alma feminina dali não
sonhou em ter a atenção daqueles quatro meninos por ... 5 segundos?
Todas se perguntavam o que ela tinha de tão surpreendente, se a única coisa que
ela tinha feito depois de acordar foi colocar o uniforme e escovar os dentes.
Dia 25 de Agosto, segunda-feira, 11:48, intervalo – 3 anos antes
- Hey... – Um menino que , e muito menos conhecia, apareceu na mesa do
refeitório onde todos estavam sentados na hora do intervalo.
- E aí, cara.... Gente, esse é o Caleb – Caleb era alto, branquinho e de cabelo
escuro. tentou não demonstrar o encantamento pelo menino – Ele é da
Austrália e tá voltando pra casa em poucos dias, não é?
- É, infelizmente... Mas hey, eu não conheço você – Disse para que de o
encarou um pouco assustada. Ele também não conhecia , mas o ignorou
completamente.
- Oi... – respondeu timidamente e ele se sentou ao seu lado.
- Caleb – Estendeu a mão.
- – Repetiu o gesto do garoto.
- E então, como veio parar nesse inferno?
Quem aquele cara pensava que era pra chegar assim e sentar do lado dela? Em
apenas segundos, o tal Caleb já havia irritado . Era até engraçada a forma
que fitava a conversa dos dois, era como se ele cozinhasse Caleb com os
olhos. Sabia que sentir aquilo não era certo, não era propriedade sua.
Na verdade ela era, mas ela não sabia. Ela não era como as outras garotas,
não se deixaria levar por um playboy ridículo. só precisava se convencer
disso. Sabia que cedo ou tarde, se ele não tomasse alguma atitude ela ficaria
com outra pessoa, e não poderia culpá-la.
O sinal da escola tocou e todos se levantaram para entrar.
- Qual é sua aula agora? – Perguntou Caleb.
Ela olhou a grade de aulas antes que pudesse responder.
- Inglês – respondeu ríspido por ela – Vamos, ?
Caleb percebeu a ignorância e sorriu irônico. Obvio que tinha
percebido que estava irritado por causa dele.
- Hey, sou Caleb, prazer.
- É, eu sei – pegou no braço de e a puxou
em direção a porta do refeitório. –
Cara idiota – Bufou
- Por que fez aquilo, ? – Perguntou sem acreditar na ignorância do amigo –
Ele era legal! Nós somos novos aqui, não é como se a gente pudesse ignorar novas
amizades.
- Você já tem a mim e aos caras, não precisa de nenhum otário atrás de você –
Brava, puxou seu braço.
- Quer dizer que agora você que vai escolher as pessoas que eu posso conversar
ou não? Eu acho que sei escolher muito bem minhas amizades,
! – Pararam no meio do corredor, chamando um pouco a atenção as pessoas que
voltavam para suas salas.
- Odeio quando você me chama assim – Fitou .
- Odeio quando você fala desse jeito comigo – Cruzou os braços – , ele é uma
pessoa qualquer! – Disse de uma forma óbvia.
- Que seja... – Balançou a cabeça e colocou os braços em volta dela – Desculpa,
ok? – Beijou sua testa e seguiram para sala de aula.
- Às vezes você me irrita seu... seu...
- Lindo?
- Eu ia dizer maldito.
- Também te amo.
Dia 28 de Agosto, quarta-feira, 15:13, treino de futebol – 3 anos antes
estava sentada na arquibancada ao lado de enquanto assistiam
ao treino de . comia desesperadamente um pacote família de Doritos, e
tomava uma latinha de coca, esperando que o jogo acabasse logo pra ir pra
casa tomar um banho e dormir a tarde toda.
- Hey, – Uma garota com roupa das líderes de torcida chegou para falar com
o menino.Tinha a impressão que a conhecia de algum lugar – Você é da minha aula de
Biologia, certo? – Por que parecia que de repente o Doritos tinha parado na
garganta do , e ele não falava nada? – Será que você pode me emprestar a
matéria que o professor passou hoje? É que eu tava no ensaio e não pude assistir
a aula, e eu acho você é o único da sala que restou a essa hora aqui na escola
rolou os olhos. Detestava líderes de torcida.
- Cla-claro! – Limpou as mãos na calça e se levantou – Vou ir buscar no meu
armário rapidinho, se você quiser esperar aqui... – E então a menina dos pompons
de repente sentiu a presença de – Ah... , essa é a , não sei se
você lembra dela, mas ela estudava na mesma escola que a gente ano passado, só
que era de outra turma.
Passou a se lembrar vagamente da garota. Já tinham se falado, mas bem pouco. Ela
estava na festa de aniversário do ano passado.
- Oi, sou – Estendeu a mão com um sorriso de orelha a orelha.
- ... Mas pode me chamar de – Forçou um sorriso e apertou a mão da
menina.
se sentou ao lado de enquanto não voltava. Apesar do pouco diálogo, pensou seriamente em dar uma chance a amiga de , que apesar de ser uma líder de torcida, poderia não ser tão ruim assim. Prestando atenção no jogou,
notou que a loira que havia
esbarrado no primeiro dia de aula estava ao lado do campo, conversando com um
dos jogadores, e vestia uma roupa igual a de .
- Quem é aquela loira? – Perguntou
- Aquela com o uniforme igual ao meu? – fez que sim com a cabeça – Amber
Jenkins, por quê?
- Ela esbarrou em mim no primeiro dia de aula, quase que brigamos antes mesmo
deu entrar na escola pela primeira vez.
- Ela é assim... Vai ver que Amber te vê como uma concorrência.
- Concorrência?
- Sabe como é que é... Você é linda, ela tenta ser linda. Namora com o capitão
do time de futebol, que aparentemente percebeu sua presença na escola, e ela se
sentiu ameaçada – franziu o cenho sem entender nada – Tá vendo aquele
que ela tá falando? Ele é o capitão do time e namorado dela. O nome dele é
Andrew Collins, e algumas meninas o viram comentando sobre você.
- Como é que é? Eu nunca nem falei com ele, e a namorada dele se sente ameaçada
por isso?
- Ela é louca, não tende entender...
voltou com alguns papeis nas mãos que entregou para .
- Bom, vou voltar pro ensaio. Obrigada, . E nos vemos por aí, ?
- Claro!
Dia 2 de Setembro, quarta-feira, 15:51, treino de futebol – 3 anos antes
- Ah, fala sério, como assim vai pensar? – Disse Caleb brincalhão enquanto
esperava os meninos saírem do vestiário para irem embora – É minha
festa de despedida, nos conhecemos a pouco tempo mas faço questão que você vá.
Vai ser divertido, prometo!
- Não duvido que seja divertido – Rolou os olhos. O grande problema é a falta de
simpatia que tinha por Caleb. Sabia que seria difícil convencê-lo a ir para
a festa, e não iria sozinha sem ele – Já disse que vou pensar muito bem no
assunto.
- Isso na sua língua quer dizer: Vou ver se o deixa eu ir – abriu e
fechou a boca para tentar negar a afirmação de Caleb, mas ele a interrompeu –
Olha, eu sei que ele não gosta de mim pelo simples fato deu ser seu amigo, mas
pelo amor de deus, ele nem seu namorado é! Vocês não vão poder viver a vida toda
assim. E se você começar a gostar de um cara, o que ele vai fazer? Te impedir?
- As coisas não são assim!
- Lógico que são! É como se você fosse a garota dele e pronto, ninguém pode
chegar perto, mas quer saber? Tá vendo aquela ruiva ali? – Apontou para uma das
meninas das líderes de torcida, a única que não estava de uniforme – Aquela é
Norah James, ela acabou de se formar na escola, tá vindo aqui só pra deixar a
equipe das cheerleaders em ordem até ir pra faculdade. Todos os caras um dia
sonham em ficar com ela, mas adivinha só qual é o alvo dela da vez? – De repente
achou que deveria tampar os ouvidos pra não ouvir aquela resposta – Seu
velho e grande amigo, . E sabe quando a Norah deu bola pra algum
menino de 14 anos? Nunca. E você acha que se uma ruiva daquelas chamar ele para
uma festa de despedida ele vai negar só porque você não gosta dela?
- Aconteceu alguma coisa entre eles?
- Não sei, mas dizem que sim – Sabia que era errado, mas já odiou uma pessoa sem
menos conhecer? Pois é, odiava. Não podia negar, Norah era linda. Ela
era alta, magra, e seus cabelos ruivos e lisos vinham até sua cintura.
sentiu vontade de chorar. Não sabia se estava triste por ter ficado com
outra menina, ou de não ter contado a ela.
- Dizem que você é a nova Norah – olhou para Caleb como se ele fosse um
alienígena – Tem idéia do que os caras dessa escola pensam de você? , você é
super legal e linda, e se quer saber, mais linda que qualquer garota dessa
escola, e sabe qual é o pior disso? Você não da a mínima! Eu de certa forma
entendo o . Você é uma das garotas mais legais que eu já conheci.
- Valeu – Sentiu o rosto esquentar um pouco. Estava envergonhada por ouvir
aquilo de um garoto – Você também é legal, Caleb, sério!
- Isso quer dizer que você aceitaria se eu te chamasse pra sair antes deu voltar
pra Austrália?
Ela engoliu seco, não sabia o que responder. Olhou para o chão pensando como que
ela iria sair daquela situação, até que do nada, sem que ela percebesse a
aproximação, Caleb a beija. ficou sem saber o que fazer, na verdade não
acreditava no que Caleb tinha feito. Não estava brava, mas também não estava
contente por ter feito aquilo. Ele tentou evoluir o beijo, mas o empurrou
gentilmente pelo ombro.
- Caleb...
- Desculpa. É só que... Eu sei que a gente se conhece há um pouco mais de uma
semana, mas eu gostei de você.
- Eu também, mas você não pode simplesmente beijar qualquer menina de repente só
porque gostou dela – Mordeu o lábio inferior um pouco nervosa – Eu... Eu
aceito sair com você, ok? Mas só como amigos.
Dia 2 de Setembro, quarta-feira, 16:20, chegando na casa do – 3 anos antes
estava perdida em pensamentos dentro do carro quando estava indo pra
casa. Não sabia o que a tinha deixado mais confusa, o beijo de Caleb, ou aquela
história de Norah James. estava ao seu lado, mas não queria perguntar. Ela
se irritar por causa de uma garota dar em cima dele, era sinal de fraqueza. E
ela só era uma amiga, ele tinha o direito de ficar com quem ele quisesse. Ela
tinha beijado Caleb, não tinha? Quer dizer, Caleb havia beijado ela. Isso a fez
pensar quando teria coragem de contar isso pra .
- Você... Vai fazer alguma coisa agora? – Perguntou um pouco nervoso, e ela negou com a cabeça – Fica em casa um pouco? Preciso conversar com você.
Por que teve a sensação de que não era coisa boa?
Entraram na casa em silêncio. se esparramou no sofá, e ela se sentou ao seu
lado. Pela primeira vez não se sentia a vontade na casa dos .
- E então, o que você queria falar comigo? – Perguntou de cabeça baixa,
brincando com a ponta da saia do uniforme – Você está meio quieto desde que saiu
do treino, é alguma coisa a ver com o time de futebol?
Bem que podia ser, pensou.
- Na verdade, não. Você também está meio quieta, aconteceu alguma coisa? –
Percebeu que sua amiga ficara quieta o caminho todo da escola até em casa, e
silêncio nunca existiu entre os dois.
- Mais ou menos... – Ela não podia mentir pra ele. Primeiro porque ele era seu
melhor amigo, segundo porque ela não sabia mentir, principalmente pra ele. – Mas
nada que eu precise falar agora. O que você queria conversar comigo?
- É que eu preciso de contar uma coisa. Quer dizer, umas coisas – O coração de
começou a acelerar – Você conhece a Norah?
Claro que o assunto tinha a ver com Norah James. Não sabia porque ainda tinha
esperanças de não ser aquilo.
- A ruiva que acabou de se formar? – Ele acenou que sim – Conheço de vista, o
que tem ela? – Ela já sabia o que tinha “ela”.
- A gente tá meio que ficando – a encarou preocupado com medo de sua
reação – Quer dizer, a gente ficou...
- Eu já sabia.
- Já sabia? Como? Quer dizer, eu poderia imaginar que você sabia, já que esse
colégio tem ouvidos e bocas por todos os cantos.
- Relaxa, – Sorriu forçado – Se você gosta dela... Vai em frente – Ela não
sabia se era isso que tinha que fazer, ou se dava um chilique da mesma maneira
que ele fazia quando o assunto era Caleb.
- O problema é esse! Eu... Não sei se eu gosto dela do jeito que deveria gostar
– Ela o encarou confusa.
- E como você deveria gostar? – se aproximou dela do sofá e segurou em sua
mão.
- Do jeito que eu gosto de você – As pernas de formigaram, e podia ter
certeza que se não tivesse sentada, cairia no chão.
- ... Ela não é sua melhor amiga, é claro que você não vai sentir por ela o
que você sente por mim – Não podia ser aquilo que estava pensando, era obvio que
não, ele jamais a veria de outra maneira.
- Meus sentimentos por você estão longe de ser só de melhores amigos – Ele falou
num jato, e agora sim ela tinha certeza que poderia cair como uma jaca podre no
chão mesmo estando sentada. se aproximou mais um pouco tocando em seu rosto
– Eu não vou ficar com ela, se você não quiser.
paralisou. Por um momento pensou que tivesse perdido a voz, ou o ar nos
pulmões. Seu coração batia tão forte que estava a ponto de acreditar que teria
um ataque cardíaco.
- Wow... Isso é uma grande responsabilidade minha... Eu... – Fala logo que você
sente o mesmo, sua mula, pensava a garota.
- Eu te amo... Tipo... De verdade, sabe? Não que eu não te amasse de verdade
antes, mas é que... É de um outro jeito, entende? – ficou estática, e
já não escutava mais nada do que dizia – Não quero que os outros te vejam
só como minha amiga. Quero que eles saibam o que eu realmente sou – Falou por
fim.
Uma idiota, era bem assim que ela se sentia naquela hora. Não sabia o que dizer,
o que pensar, o que fazer. Então seu melhor amigo durante quase uma vida toda
estava dizendo que a amava de verdade. sempre quis ouvir isso, mas nunca
pensou na hipótese de conseguir isso um dia. E também nunca imaginou qual seria
sua reação se acontecesse.
- Eu... É... – Enquanto ela procurava qualquer palavra pra tentar finalmente
dizer alguma coisa, se aproximou ainda mais dela encostando em seus
lábios.
E mais uma vez ela foi surpreendida.
Mas que infernos estava acontecendo?
sentiu seu estomago congelar. Suas mãos, braços e pernas tremiam, e ela
não podia acreditar que tudo aquilo estava realmente acontecendo.
- Não quero que você fique com ela – Disse , cortando o beijo – E com
nenhuma outra garota. Nunca quis. Odeio todas elas – Os dois gargalharam. Um
sorriso estonteante se formou no rosto de – Só que... Eu ainda to meio
confusa com isso tudo, então é melhor a gente ir com calma, pra nenhum de nós
dois sairmos machucados nisso
- Deixa de ser idiota, eu nunca vou te machucar – Falou como se fosse a coisa
mais óbvia do mundo – E tenho mais uma notícia... Sou o mais novo camisa numero
23 do time de futebol da escola – Sem acreditar no que ele tinha acabado de
falar, gritou e pulou em cima .
Dia 4 de Setembro, sexta-feira, 19:01, casa da – 3 anos antes
tinha feito sua primeira tatuagem e ninguém sabia que ela faria, nem
mesmo . Mas ele seria o único a saber, pelo menos esses eram os planos.
Mostraria pra ele assim que chegasse a festa do Caleb, que depois de muito
esforço tinha conseguido convencê-lo a ir.
Por um breve momento se arrependeu de ter insistiu tanto para a ir essa
festa. Ela não estava tão empolgada quanto esperava... Estava se sentindo
estranha.
Tentou ligar para algumas vezes enquanto se arrumava, mas seu celular só caía na caixa postal. Desistiu de ligar, e falaria com ele somente quando chegasse na festa. Se olhou no espelho pela ultima vez, e gostou da roupa. Pegou sua bolsa, e saiu para chamar sua mãe que havia ficado de levá-la casa do Caleb. Estava agitada, ansiosa, feliz, e com um sentimento não muito bom, talvez fosse o receio de ter feito uma tatuagem sem a autorização de seus pais. Poderia ter pelo menos falado com seu pai, mas nem isso fez. Conversaria com para saber o que faria a respeito disso, seria melhor.
Dia 4 de Setembro, sexta-feira, 20:05, festa do Caleb – 3 anos antes
tentava ligar desesperadamente para sua
amiga, porém parecia que algo de errado havia acontecido com seu celular. Ele já estava na casa de Caleb
esperando que ela chegasse, mas não havia tido sinal de vida da garota durante o
dia todo.
Os caras
tinham ido pegar bebida, e ele havia ficado na sala. Ao se sentar no pouco
espaço que restava do sofá, percebeu a presença de Norah James, a ruiva que
tinha ficado antes de começar a ficar com . Não queria falar com Norah,
na verdade estava fugindo dela. Lógico que era ridículo um cara fugir de uma
garota, mas James não aceitara ser trocada, ela não tinha levado nem um pouco a
sério quando avisou que eles não podiam mais ficar porque agora estava
com outra pessoa.
estava tão ansioso que não conseguia se controlar. Tinha planos em pedir
em namoro naquela noite. Depois de uma vida toda de amizade, sabia que
aquela era a hora certa. Agora as coisas seriam da maneira que tinha que ser.
- Olha só quem nos deu a honra de sua presença! em minha festa
de despedida! – se levantou do sofá quando percebeu que Caleb havia se
jogado ao seu lado – Sério, cara... Por um breve momento pensei que você me
odiasse.
- Não odeio ninguém, não perco meu tempo com essas coisas. Não que isso
signifique que eu vá com sua cara. Estou aqui pela – Disse sério. Não
queria arranjar briga, mas também não queria que o idiota do Caleb pensasse que
tivesse alguma simpatia por ele.
- ... Uma garota tão incrível... A mais linda de toda a escola em minha
opinião. A única coisa que só faltava melhorar era ela andar pelas próprias
pernas. Mal acredito que ela aceitou sair comigo antes deu ir embora! –
sentiu seu corpo enrijecer. Sabia que não deveria acreditar naquele babaca que
estava fazendo de tudo para irritá-lo.
- Em seus sonhos, idiota – Respondeu ríspido.
- E foram nos meus sonhos que a gente se beijou? – fechou suas mãos em um
punho – Ah meu caro, ... É uma pena que na sua cabecinha você realmente
acredite que aquela garota seja sua...
Sem perceber, havia voado em cima de Caleb. Escutou a música ser abaixada,
e várias pessoas olharem assustadas para briga. Ouviu a voz de , e
ao seu redor, e várias mãos o segurarem. Estava cego de raiva, queria
matar aquele merda.
- Ah como a vida é engraçada... E não é que você realmente pensava que a garota
era sua? – Disse Caleb no chão, com o canto da boca cortado, rindo do garoto a sua frente que estava sendo segurado por seus 3 amigos.
- Fica longe dela, seu imbecil! – Gritou.
- Diga isso pra ela. Ninguém obrigou ela a me beijar, e muito menos a querer
sair comigo. A noite é longa, meu amigo... Sabe se lá mais o que ela vai querer
fazer comigo essa noite...
Queria matá-lo, mas algo conseguia ser pior que aquilo: Sua raiva por sua melhor
amiga. Raiva e decepção. Duas coisas que jamais havia pensado que sentiria pela
garota que julgava ser a pessoa que mais se importava no mundo. Ele havia
largado Norah James para poder ficar com , e ela simplesmente fica com
Caleb e aceita sair com ele. Ficou enjoado consigo mesmo. Como podia ter sido
tão idiota. Ela nunca o veria como homem, só como o amiguinho idiota que estava
sempre ao seu lado independente de alguma coisa.
Maldita!
se desprendeu dos braços dos amigos e foi atrás de vingança. Se era isso que
queria, era isso que ela iria ter.
Dia 4 de Setembro, sexta-feira, 20:10, festa do Caleb – 3 anos antes
Com o celular de desligado, ela não conseguiu avisar que chegaria
atrasada. Por causa de Lizzie e seus problemas de trabalho, demorou quase uma
hora pra conseguir sair de casa.
Ouviu as recomendações de sua mãe, e saiu do carro para entrar na
festa. No jardim havia milhares de copos no chão, incluindo algumas pessoas
também. O som estava alto, pessoas dançavam em cima da mesa e até mesmo no sofá.
Era tanta gente que chegava a dar nos nervos.
Agoniada com a quantidade de pessoas bêbadas, tropeçando em cima dela, subiu as
escadas tendo esperanças que no andar de cima estivesse um pouco mais tranqüilo.
E ela estava certa, porém já estava ficando desesperada em não encontrar .
Estava com uma sensação ruim, e se arrependia amargamente de ter insistido tanto
em vim nessa festa.
- Hey, bonitinha, procurando alguma coisa? – Um menino que ela lembrava ser da
outra turma, chegou ao seu lado.
- Não... – Respondeu um pouco incerta. Ele parecia ter bebido, e não sabia se
podia confiar – Na verdade sim... Você viu meu amigo ?
- O ? – fez que sim com a cabeça – A ultima vez que eu vi, ele
estava entrando naquele quarto ali – Apontou para uma das portas que tinham no
corredor.
- Valeu – Agradeceu, e foi correndo em direção ao quarto que ele havia
falado.
Primeira coisa que faria ao achar , seria sair daquele lugar.
Abriu a porta do quarto e levou um susto. Havia um casal na cama. A menina
dormia debaixo do lençol, aparentemente nua, e o cara estava colocando a calça
jeans virado de costas, mas quando pensou em fechar a porta reconheceu a garota
na cama pelos cabelos ruivos, e ficou estática ao ver que o cara ao lado era
.
Seu coração parecia ter parado e ela ficou sem reação alguma. a encarou
em silêncio.
não entendia mais nada, e nem queria entender, a única coisa que queria era
acordar e ver que aquilo tudo era um pesadelo horrível. Sem forças, virou as
costas e saiu correndo, segurando firme no corrimão da escada para não cair,
pois o acumulo de lágrimas nos olhos e o desespero não a deixavam enxergar. Não
queria chorar na frente de ninguém, mas estava impossível. Não respirou do
momento em que viu na cama com Norah James, até sair porta à fora da casa
de Caleb.
Porém quando soltou o ar ao chegar do lado de fora, desabou completamente.
Chorava tanto que estava difícil de respirar novamente, soluçava como um bebê.
Seu peito doía, e sua cabeça girava, estava tão nervosa que sentia que poderia
desmaiar a qualquer momento.
- Eu sei como dói – Ouviu a voz de atrás dela. A voz que minutos atrás era a
que mais costumava acalmá-la, e que agora era a que menos queria ouvir – Também
estava assim há uma hora atrás. É ruim saber que a pessoa que você mais se
importa, não da a mínima para você, e nem para o que você sente.
se virou para e o encarou sem tender uma palavra que ele dizia.
- O que foi, quer que eu chame o namoradinho para te acalmar? – Quem se segurava
para não chorar agora, era . Queria não ser fraco a esse ponto, mas tudo
isso que aconteceu, e ver chorando desesperadamente em sua frente, não
ajudava ficar forte em falar tudo que tinha pra falar.
- Por que fez isso? – Falou pela primeira vez desde que vira . Tentava
controlar seus soluços, mas não conseguia se acalmar por nada – Justo você, !
- Hipócrita! – Gritou com uma raiva que assustou a garota - Acho que quem
começou com isso tudo não foi eu, amor. Pergunta pro seu namorado, ele vai saber
te responder.
- Que namorado, ? Eu não tenho namorado, pára de ficar falando isso!
- Então vai negar que beijou Caleb? – abriu a boca sem saber o que
dizer. Como ficou sabendo disso? Não é como se ela tivesse beijado Caleb por
vontade própria, ela nem tinha considerado aquilo um beijo! – E que aceitou o
pedido de sair com ele antes de voltar para Austrália?
- Foi ele que me beijou! – Gritou – Eu não esperava! Aquilo nem foi um beijo! –
E então ela começou a ficar com raiva, raiva de Caleb, e raiva por ter
acreditado nele – Eu disse pra ele que nada iria acontecer entre nós, e isso foi
antes da gente ficar junto! Eu só aceitei sair com ele como amigos, porque era o
último dia dele na Inglaterra!
- E você estava esperando o que pra me contar isso? Esperar eu dizer que te
amava pra depois rir de mim?
- EU NUNCA FARIA ISSO COM VOCÊ! – Gritou – Você me conhece bem o bastante pra
saber que eu jamais faria uma coisa dessas! Eu sei que eu deveria ter te contado,
mas eu sabia que você ficaria nervoso! Só não sabia que a sua reação seria essa!
– Apontou para ele – Por que eu faria tudo isso se eu também sinto a mesma coisa
que você?
- Não me venha falar que me ama, porque você nem amor próprio tem – Ouvir aquilo
foi a gota d’água pra .
Ela riu sem acreditar em tudo o que estava escutando. Aquilo só podia ser um
pesadelo, daqueles bem loucos, que você sabe que é sonho, mas não consegue
acordar de jeito nenhum.
- Um cara me beija sem a minha permissão, só porque gostou de mim, antes de você
decidir conversar sobre nós. Daí você descobre e transa com uma pessoa qualquer
só pra me atingir? Você... Você nunca nem foi pra cama alguém antes e... Meu
Deus, você tem mesmo noção de tudo o que fez?
tinha noção, ele acreditou na versão da história de Caleb, e transou com
qualquer uma por raiva de .
Ele se sentiu um idiota. havia deixado sem palavras, justamente ele
que tinha todos os argumentos possíveis pra jogar em cima dela essa noite. Como
podia ficar tão cego de raiva a ponto de acreditar em tudo que Caleb havia
falado, e ainda ir pra cama com Norah?
deu um passo para se aproximar dela, e ela automaticamente deu outro para
trás pra se afastar
- Não... Não chega perto... Eu tenho nojo de você, – O garoto engoliu
seco – Quer saber? A vida é sua. Volta praquele quarto, para ao menos dizer
tchau a Norah, porque pior do que machucar uma das pessoas mais importantes na
sua vida de uma forma injusta, é transar com uma qualquer e mal olhar pra cara
dela depois. Só tenha consciência que a partir de hoje você não tem mais ligação
nenhuma com a minha vida. Eu posso fazer o que bem entender, e nunca mais quero
me aproximar de você outra vez.
Dia 5 de Setembro, sábado, 03:47, festa do Caleb – 3 anos antes
Grande parte das pessoas que estavam na festa já haviam ido embora. A casa
estava uma bagunça completa, copos, papeis, até tênis perdido haviam espalhado
pelo chão, que no momento estava grudento. Satisfeito com a festa de despedida,
Caleb um pouco bêbado ainda, se jogou no sofá. Pra que limpar a casa se na
segunda feira nem estaria mais ali?
- Ótima festa – Deu um pulo ao ver encostada na parede ao lado da
televisão com um copo na mão.
- Da onde você surgiu? – Perguntou assustado – Eu mal te vi a festa inteira!
- Nos seus sonhos... Talvez do mesmo lugar que você tenha tirado toda aquelas
besteiras que contou pro , não é verdade? – Deu um gole da bebida antes de
jogar tudo no chão e se aproximar do sofá, onde Caleb ainda estava meio
assustado com a garota ter aparecido do nada.
estava meio demoníaca para falar a verdade.
- E-eu não falei nenhuma besteira – Disse nervoso.
- Você sabe que disse, babaca – Parou na frente do garoto, que não se movia –
Mas tudo bem, a merda já está feita e não podemos voltar no tempo pra eu te
matar no momento em que você me beijou.
Caleb engoliu seco quando a garota se sentou em cima dele, com uma perna de cada
lado de seu corpo. Não entendeu absolutamente nada, principalmente quando
lhe deu um selinho.
- O que foi? Você não queria tanto isso? Agora que tem uma garota de pernas
abertas em cima de você, vai arregar? – começou a gargalhar. Ela
estava completamente bêbada – Por sua causa o comeu a nojenta da Norah
James, e por sua causa ele me odeia. Justo porque você resolveu inventar pra ele
que eu estou caidinha por você
- Eu só disse sobre o beijo!
- Mas não disse que você me beijou contra minha vontade, e ainda inventou um
encontro amoroso que nunca iria existir. Pelo amor de deus, Caleb, você é digno
de pena! Mas tudo bem, eu não guardo rancor. O conseguiu ser mais
filho da puta que você, e o que importa agora é que eu quero me vingar dele, e
você ainda me deve uns favorzinhos por ter sido um belo canalha... –
sorriu e mordeu os lábios antes de beijar Caleb novamente, e dessa vez pra valer.
Dia 7 de Setembro, domingo, 13:57, casa da – 3 anos antes
POV:
Escondida.
Talvez esse seja o resumo dos meus últimos dias. Era final de semana e eu mal
havia colocado meu nariz pra fora de casa depois que voltei daquela maldita
festa. Caleb uma hora dessas já estava indo morar com os cangurus, e eu apenas
esperava a hora das bombas explodirem. Uma no avião dele, e algumas aqui na minha vida
também.
Dois desde a minha briga com . Dois dias que não tínhamos nenhum
tipo de contato. Dois dias completamente angustiada, triste, e sentindo falta do
meu melhor amigo.
Minha porta foi aberta sem nenhum tipo de aviso prévio e não havia dado tempo
nem de colocar a cabeça no travesseiro e fingir que estava dormindo, coisa que
eu andava fazendo freqüentemente quando batiam na porta do meu quarto.
- Filha? – Lógico que era minha mãe, porque só ela tinha um tipo de problemas em
respeitar minha privacidade – Só queria te lembrar do jantar de hoje a noite da
empresa do Steve. Seu vestido já está separado dentro do armário.
- Jantar? – Resmunguei – Desculpa, mas eu não vou.
- ...
- Mãe, eu posso muito bem ficar em casa tomando conta da Allie, eu não me
importo, não mesmo! Mas não me arraste pra esses compromissos chatos de vocês,
porque eu simplesmente não suporto – Eu pelo menos tentei falar de uma maneira
um pouco sutil. O problema era que não se podia ser sutil com Lizzie Morgan,
porque se não ela subia em cima de você.
- Allie vai também, já é hora dela participar desses eventos com a gente. E você
sabe o quanto isso é importante para Steve! Tirando que Clarisse vai estar lá
também e é uma ótima oportunidade de conversarmos com ela e revertermos a sua
situação no ballet. Você é uma ótima dançarina e aposto que ela vai te querer de
volta ao grupo depois de dizer que você está muito arrependida de ter perdido
todas aquelas aulas sem o meu consentimento.
- E quem disse que eu estou arrependida? Mãe, todo mundo sabe que eu nunca levei
jeito pra essas coisas, e que pra mim é uma perda de tempo e de dinheiro eu
continuar nessas aulas. Esquece, não vou falar com Clarisse. Estou bem do jeito
que estou.
- Tudo bem, você é quem sabe. – Segurou no batente da porta para sair, e eu já
respirava aliviada – Mas você vai a esse jantar – Respirei aliviada por 2
segundos – Pode convidar o , eu sei que Danna e Christopher também foram
convidados. Faz tempo que não o vejo por aqui, tá tudo bem com ele?
- Eu já disse que não sou babá do , e que não sei mais da vida dele.
- Sei, claro. Vou dar uma saída, quando voltar quero você arrumada – Era tão
difícil de entender que não havia mais nenhum tipo de relação entre e eu?
E então quando ela estava para sair do quarto, eu joguei a primeira bomba do
dia.
- Mãe... Eu quero passar um tempo com o papai – Minha mãe voltou a se virar pra
mim, e me encarou durante alguns segundos antes de quebrar o silêncio.
Eu sabia que ela tinha pavor desse assunto desde o momento que se divorciou do
meu pai.
- Como assim passar um tempo com seu pai? Você está no começo do ano letivo, não
pode simplesmente ir passar um tempo com seu pai – A última vez que eu a vi tão
nervosa, foi quando ela me deu a opção de ir para Nova York há algum tempo atrás.
Talvez ela não imaginasse que eu mudasse de idéia.
- Eu posso estudar um tempo lá, vai ser bom eu fazer um ano da escola em outro
país...
- Um ano? De "um tempo" foi para "um ano"? – Lizzie começava a demonstrar seu
nervosismo – Você acabou de ir para uma escola nova, e de repente já quer
mudar de novo?
- Mãe...
- Eu fiz algo de errado?
- Não mãe, você não fez nada de errado eu só precisava de um tempo, entende?
Minha vida anda uma droga, e antes que você surte, isso não tem nada a ver com
você, ou com Stevie, isso tem a ver comigo.
- Ou a ver com ? A briga foi tão feia a ponto de você querer ficar longe de
mim e da Allie?
- Não quero falar sobre isso.
- É tão fácil você se abrir pro seu pai, e tão difícil de se abrir pra mim – Deu
um sorriso triste – Às vezes eu tenho inveja do quão próximo que vocês dois são,
queria ter esse tipo de relação com a minha filha também – Quando abri a boca
pra falar, minha mãe me interrompeu novamente – Mas eu entendo, eu sou uma
pessoa difícil, e você é assustadoramente parecida com seu pai.
- Nós somos pessoas difíceis... Talvez nós tenhamos isso muito em comum, e eu
não seja tão diferente de você – Não queria que minha mãe sentisse isso, eu
amava os dois incondicionalmente, de forma igual, mas pra mim era impossível ter
a mesma relação com Lizzie, que eu tinha com Matt.
- Isso me conforta – Forçou um sorriso e abriu novamente a porta para sair do
quarto – Não precisa ir a festa se não quiser ir.
Sabia que não poderia ir embora depois disso tudo. Como também sabia que iria a
essa droga de festa de qualquer maneira para agradar a minha mãe.
Por que eu tinha essa maldita mania de pensar mais nos outros do que em mim
mesma?
Eu sempre pensei mais em do que em mim, e ninguém tem a menor idéia de
como isso me tirava do sério agora que eu percebi que nada daquilo valeu a pena.
Balancei a cabeça tentando espantar aqueles pensamentos da cabeça. Eu precisava
parar de pensar nisso, ou ficaria louca.
Fui até o armário experimentar o vestido que minha mãe havia separado pra mim. Sim, feito
uma criança de 5 anos minha própria mãe escolhia as roupas dos infernais
jantares da empresa. Ela não confiava no meu gosto. E eu muito menos no seu.
Rosa. Eu odeio rosa, e todos sabem disso, até mesmo minha mãe. Só que ela achava
que rosa ficava bem em mim, então ela ia lá, e escolhia um vestido rosa e
pronto. Me sentindo uma total idiota com aquela roupa. Arranquei o vestido, e ainda olhando pro espelho me deparei com aquela maldita
tatuagem coberta pela metade por causa da calcinha. Arranhei aquela região com
as unhas com uma certa raiva, era como se eu quisesse arrancar aquilo que
ficaria em minha para sempre. Não tinha feito aquilo por causa dele, mas em
saber que um dos grandes motivos foi ele, me ardia de raiva por dentro.
Eu tinha o dom de fazer merda, e essa era a verdade. Apesar da tatuagem ter um
significado importante pra mim, e eu ter feito pra mim, sempre que eu olhasse,
lembraria dele.
Eu era patética.
Continuei a me olhar no espelho, e percebi que não era só aquela maldita
tatuagem que me incomodava, na verdade tudo em mim estava me incomodando. Eu
estava pálida, com olheiras, e eu, que nunca liguei pra essas coisas, odiava até
mesmo meu corpo naquele momento. Como alguém podia ver alguma graça em mim?
Olhei pro meu cabelo completamente bagunçado e de repente lembrei da vontade que
eu sempre tive de tingir de preto. Eu tinha até mesmo comprado a tinta, mas
acabei não usando porque prometi a que não pintaria. Ele amava a cor do meu
cabelo.
- Pensei em pintar o cabelo – Disse a , enquanto assistíamos televisão na
sala da casa dele, num domingo a tarde.
- Eu gosto da cor do seu cabelo.
- Sempre quis ter cabelo escuro – Peguei uma mecha do cabelo, e comecei a
brincar com as pontas – Eu até comprei uma tinta esses dias na farmácia, mas
fiquei meio indecisa se eu pintava ou não...
- Sua mãe vai surtar... E eu gosto da cor do seu cabelo – Deu um tapa fraco em
e começamos a rir.
- Da pra parar de falar isso? Se você não quiser que eu pinte, fala logo!
- Eu gosto da cor... – O fuzilei com os olhos antes que ele terminasse a frase –
Parei. Mas é... Não acho que você deveria tingir, você fica bem assim.
Sorri para meu reflexo no espelho e corri até a gaveta do armário pegar o pacote de tinta que tinha comprado há alguns meses.
Se eu já estava pálida normalmente, quem dirá de cabelo escuro. Eu havia gostado
essa mudança radical, apesar de ter a completa noção de que minha mãe cortaria
meu corpo em pedaços e jogaria no lixo da cozinha quando me visse.
Escutei um barulho vindo do andar de baixo, e joguei a toalha que estava secando
o cabelo em qualquer canto, pra colocar uma roupa e ir ver o que estava
acontecendo. Quando eu terminava de colocar minha blusa do Strokes, a porta do
meu quarto se abriu e meu coração só faltou sair pela boca quando vi me
empurrando contra a parede, só faltando agonizar de nervoso.
Quase aquele filho de uma puta tinha me pego só de calcinha.
- POR QUE VOCÊ FEZ ISSO? – Gritou. Eu ia mandar ele falar baixo, mas então
lembrei que estava sozinha em casa – POR QUE?! JUSTO COM ELE!
- Do que você tá falando?! Me larga, , você tá me machucando! – E tava
mesmo. Ele apertava meus braços com tanta força que era bem provável que ficasse
marcado.
- Me diz que é mentira! – Abaixou o tom de voz – Você não pode ter dormido com o
babaca do Caleb – Pois é, a segunda bomba do dia havia estourado, como previsto.
- Você dormiu com a puta da Norah, do que você está falando? E outra, eu não
devo mais satisfações da minha vida a você. E por falar nisso, quem é que te
deixou entrar?
- MAS QUE PORRA, ! – Deu um soco na parede atrás de mim me deixando
assustada.
- Eu sei como dói... – Repeti exatamente a mesma frase que ele havia me dito
quando eu estava chorando na casa do Caleb – É horrível, mas você vai sobreviver,
acredite – Disse da maneira mais fria possível – Agora da pra me soltar que você
realmente está me machucando?
Ainda nervoso, ele me soltou. estava com uma respiração tão descompensada,
que eu começava a ficar assustada. Ele tirou seus olhos dos meus, e finalmente
notou em meu cabelo, e franziu o cenho antes de voltar a me encarar.
- Quem é você? – Perguntou olhando para mim.
- Pensei que eu que fosse a hipócrita nessa história toda. Agora chega de drama,
você comeu a tosca da Norah, e eu dei pro babaca do Caleb, estamos quites, olha
que lindo. Agora saí, . Saí do meu quarto, saí da minha casa, saí da minha
vida. Você não tem mais a ver comigo, você não é mais nada meu, eu não lhe devo
satisfações nenhuma. Você duvidou de mim, falou coisas horríveis e fez coisas
horríveis – Consegui respirar fundo mesmo com aquela bola gigantesca na garganta.
- Posso dizer o mesmo – Disse ele. Então da mesma maneira que ele entrou,
saiu.
- EU TE ODEIO ! – Gritei de dentro do meu quarto com todas as
minhas forças.
Final do flashback...
Capítulo Catorze - Parte 2
"Yesterday, love was such an easy game to play. Now I need a place to hide
away. Oh, I believe in yesterday" - Beatles
Casa, treino, escola, ensaio, casa.
Essa foi minha semana antes do campeonato. De alguma coisa aquilo tudo serviu,
esquecer pelo menos por alguns instantes tudo o que tinha acontecido com .
Acho que minha arma foi me manter ocupada 24 horas por dia. Diferente de antes,
agora nós nos ignorávamos, quer dizer, ele me ignorava, eu não queria aquela
situação toda depois de tudo. Quem estava mais feliz que nunca com minha briga
com era Andrew, ele só não imaginava, e nem poderia imaginar, qual era
o motivo da briga.
Além dos ensaios, eu também estava bem concentrada no meu trabalho na produção
do show do Fall Out Boy. , e me agradeciam quase todos os dias
pelo que eu tinha feito por eles. até apareceu em casa para me abraçar e
dizer para minha mãe e Steve o quanto eu era foda. Eu sei, meu primo é um
barato.
- Você anda triste – Disse quando sentados na borda da piscina de minha
casa. Abri a boca para tentar negar, mas me cortou – Não adianta dizer que
não, eu te conheço minha vida toda, apesar de ser minha prima, você é minha
melhor amiga, eu te conheço, sei que não está bem.
Levei minhas mãos até os cabelos de e fiz um leve carinho. Nós éramos como
irmãos, era o irmão mais velho que eu sempre quis ter, e se não fosse por
ele e em minha vida, não consigo imaginar como seria. Comecei a sentir
lágrimas em meus olhos, mas logo tratei de engolir o choro. Tirei minhas mãos de
sua cabeça e olhei para o fundo da piscina.
- O também está triste. Ele me contou o que aconteceu, sinto muito –
Respirei fundo. Mais cedo ou mais tarde eu teria que conversar sobre isso com
alguém.
- Eu só faço coisa errada – Soltei uma risada nasalada – Cada dia eu tenho mais
certeza de que tudo isso é culpa minha. Eu estou tão... Confusa sobre tudo, e
por culpa disso, na hora que eu podia simplesmente concertar tudo que tinha
feito de errado, eu atolei tudo na lama mais ainda. E então, de repente parece
que uma avalanche de sentimentos me invadiu, e eu comecei a ter muitas dúvidas
em relação a minha vida. E acredite ou não, eu não estou de TPM.
Forcei uma piada, e nós soltamos uma risada fraca.
- Como assim? Quais dúvidas? – Perguntou um pouco confuso.
- Todas as dúvidas. Será que não teria sido melhor ir morar com meu pai logo
quando ele se divorciou da minha mãe? Será que Andrew realmente gosta de mim?
Será que eu não sou mesmo a culpada de todas as brigas que tive até hoje com o
?
- Você não é culpada pelas brigas com o , na verdade vocês dois que são. E
bom, em relação ao Andrew não posso te afirmar nada porque eu não o conheço tão
bem pra saber se ele gosta realmente de você, mas eu conheço o melhor
que eu mesmo pra saber que nenhum outro cara a não ser ele, vai gostar tanto de
você.
Mordi meu lábio sem graça com o que tinha acabado de escutar. Não acreditava que
no momento gostasse tanto de mim assim. Na verdade, eu tinha a sensação de
que ele me odiava.
- E pra concluir, eu não consigo imaginar a vida de ninguém, não consigo até
mesmo imaginar aquela escola, se você tivesse se mudado pra Nova York com o tio
Matt – Dei um sorriso de canto ao ouvir as palavras de – Você consegue
imaginar Allie, ou sua mãe sem você? Bom, eu acho que respondi todas as suas
dúvidas.
- Eu dei tanto trabalho pra minha mãe nos últimos anos, que eu acredito mesmo
que ela seria mais feliz comigo bem longe. Parece que eu nunca a conheci o
bastante pra saber que eu precisava de tão pouco para conquistar a confiança
dela, ou fazer ela ter um pouquinho de orgulho de mim. Eu fiz tanta burrada.
Lembrei o quanto ela ficou feliz ao me ver no time das líderes de torcida, foi a
mesma felicidade ao me ver dançando ballet. Eu sabia que pra minha mãe ficar
contente comigo não precisava de muito.
- Nós fizemos tanta burrada, você quis dizer. Eu não acho que tenha sido
burrada, nós nos divertimos muito pra te falar a verdade. É legal ter uma prima
que não se comporta feito uma menina normal – Ri alto – É verdade, eu não tenho
nenhum primo pra fazer todas aquelas doideiras que já fizemos até hoje, e acho
que você supriu minhas necessidades.
- De nada! – Nós dois rimos – Nervoso para os jogos?
- Mais ou menos. Nervosa para estréia como a mais linda líder de torcida de
todas?
- Sim – Fiz um bico – Mas acho que estou preparada. E se não estivesse, estaria
morta, porque a Amber iria correr atrás de mim com uma serra elétrica, certeza!
- Há algumas semanas atrás eu teria certeza, mas hoje... – Franzi o cenho sem
entender muito bem – Sei lá, vocês duas não estão mais como antes. Parece até
mesmo que você e Amber se dão bem agora.
- Não bem... Mas estamos tentando. É estranho, eu sei, mas acho que no fundo,
bem no fundo, ela não é a piranha que eu imaginava que ela fosse. Hoje eu
acredito até mesmo que ela tenha coração debaixo daquele silicone dela!
- Ela tem silicone? – arregalou os olhos e eu gargalhei – Idiota, não me
zoa, eu fui um dos poucos que não peguei nos peitos dela pra saber se era
silicone ou não!
- Na verdade, eu não sei. Reza a lenda que é, mas diz que aquilo que ela
tem é muito pouco pra ser silicone.
- Ok, vamos parar por aqui porque to me sentindo um amigo gay seu falando sobre
silicone – fez uma cara engraçada e eu comecei a rir.
me entendia, e era bom ter-lo por perto. Na verdade, eu andava tão carente
que qualquer pessoa que chegasse até mim e desse seu ombro, eu iria deitar e
rolar. Passamos a noite toda de domingo conversando enquanto eu arrumava as
malas para o dia seguinte viajar com a escola para Brighton. Adormeci antes
mesmo de poder me despedir de . E de colocar meu celular para despertar.
- SUA DÉBIL MENTAL! – Ouvi um grito, e antes mesmo de dar um pulo de susto,
senti algo fofo bater em minha cabeça repetidas vezes.
Meu coração parecia ter saído pela boca, e eu mal conseguia respirar de tantas
pancadas que estava recebendo com o travesseiro na cabeça. Eu engolia cabelo, e
tinha medo de abrir os olhos e ficar cega. Passei a me proteger com as mãos sem
entender absolutamente nada do que estava acontecendo.
Mas que merda de brincadeira sem graça era essa?
Dando um basta naquilo, me levantei em cima da cama com uma certa dificuldade e
me mantive equilibrada ao me distanciar da louca psicótica que me atacava com
travesseiros.
Amber? Mas que infernos Amber fazia na minha...
- MEU DEUS! – Coloquei a mão na boca sem acreditar na besteira que havia acabado
de fazer – Eu perdi a hora! O campeonato! Meu deus!
- Pois é, ficamos meia hora esperando você dar o ar de sua graça, e nada! Seu
celular esta desligado e ninguém conseguiu falar com você. Eu não acredito que
você me fez perder o ônibus, sua maldita! – Amber largou o travesseiro no chão,
tirou o chinelo de seus pés, e passou a me dar chineladas na perna feito uma mãe
brava fazia com uma criança insuportável.
Eu pulava feito um macaco em cima da cama para desviar as chineladas.
- Ai, ai, ai, ai, ai! Amber, pára! – Dizia enquanto tentava tirar os chinelos de
suas mãos, e desviar dos próprios ao mesmo tempo – Foi sem querer, desculpa, eu
não coloquei o relógio pra despertar. Foi mal! Foi péssimo, eu sei! Mas me
desculpas, E PELO AMOR DE DEUS, pára de me bater que isso dói!
- Péssimo? Isso foi... AHHH! – Ela voltou a gritar e a me dar mais chineladas.
Amber Jenkins estava descontrolada!
- SOCORRO! – Gritava, mas sabia que era inútil, uma hora dessas todos já tinham
saído de casa, e Lurdes não me escutaria da cozinha – Amber, pára com isso!
Como uma ninja, consegui pular para minha escrivaninha e pegar vários objetos em
minha frente para atacar na louca da Jenkins.
- Mas que infernos que ta acontecendo aqui? – És que surge em
minha porta.
Amber aparece em minha casa me dando chineladas, e então brota o de
repente na porta do meu quarto? Aquilo só podia ser um sonho bem absurdo. Sendo
sonho ou não, pulei da escrivaninha e corri pra porta me colocando atrás de
para me proteger. Ele estava longe de estar muito feliz com a minha pessoa, mas
pelo menos atrás dele sabia que Amber não iria me bater. Ele era alto, forte,
tinha um cabelo extremamente sexy e desarrumado que intimidava bastante e... Ok,
chega.
- Ok, eu já entendi, eu dei mancada, perdi o ônibus, mas o que vocês estão
fazendo aqui? – Perguntei olhando para Jenkins nas pontas dos pés, tentando
enxergá-la em cima dos ombros de – Eu perdi o ônibus e vocês deveriam
estar dentro dele, rindo da minha cara por ter que ir andando ou algo do tipo...
- Seria lindo se isso pudesse acontecer! – Murmurou Amber com o chinelo ainda a
postos em sua mão – A tua sorte que hoje não tem jogo!
- O treinador me pediu para eu ir de carro e te levasse – Disse .
- E onde entra a parte dessa psicopata dentro do meu quarto tentando me matar?
- Minha vontade de te espancar era tanta, que não pude esperar que você chegasse
com o em Brighton para poder te matar – Atacou o chinelo em minha
direção, quase fazendo com que fosse parar no meio da cabeça de Joseph.
- Amber, pára, já chega! Você já deixou as pernas dela vermelhas o bastante para
querer me acertar com isso também – Deu as costas pra ela e me encarou – Se
arruma, que vou levar suas coisas pro carro, sairemos em 15 minutos.
Ele entrou em meu quarto pegando minha mala, e saiu levando minhas coisas. Bom
dia pra você também, . Amber foi atrás para deixar que eu me arrumasse,
pegou o chinelo no chão que havia atacado em mim, me deu outro tapa com ele em
minha perna e saiu.
- AI, VADIA! – Reclamei, entrei no meu quarto e fechei a porta.
Me olhei no espelho da sala para checar se estava tudo certo, e tudo que eu
via eram as marcas das chineladas de Jenkins bem visíveis em minhas pernas, e
não havia nada que eu podia fazer alem da vontade de jogá-la debaixo de um
caminhão. Fechei a porta de casa, e fui em direção ao Mustang conversível de
que hoje estava a parte de cima levantada. Pelo visto o retrovisor que eu
tinha feito o favor de quebrar já tinha sido arrumado. Amber estava apoiada no
carro e mexia no celular enquanto já estava dentro do carro arrumando
alguma coisa no rádio. Joguei minha mochila no banco de trás e abri a porta para
entrar.
- Vai sonhando, noiva do Chuck! – Se jogou no banco de trás do carro cruzando
as pernas e colocando seus pés pra fora – A propósito, belos vergões na pernas.
Quem foi que fez? – Rolei os olhos e mandei um dedo pra ela. Sem querer me
estressar, me sentei no banco da frente ao lado de sem reclamar – Anda
logo, , temos uma hora de estrada pela frente.
Amber babava em menos de 20 minutos de viagem. não abriu a boca em 20
minutos de viagem. Odiava esse silêncio, principalmente vindo dele. Eu tinha que
fazer alguma coisa! Eu fiz besteira, e eu precisava concertar de alguma forma.
- Você não vai nunca mais falar comigo? – Perguntei de cabeça baixa, com um
pouco de medo de uma resposta um tanto quanto longe da delicadeza.
- Não sabia que você tinha essa necessidade que eu falasse com você – É, pelo
menos o coice foi menor do que eu imaginava – O que você quer que eu fale?
- Sei lá, não sei, me xinga, diz que me odeia, que eu fui uma idiota, só pára de
me ignorar! – Implorei.
O silêncio se fez novamente.
- Ah ta, legal, então você vai me ignorar pra sempre agora? Maturo, muito
maturo.
- Beijar um cara e depois dizer que foi um erro... Maturo, muito maturo – Mas
era fato que ainda estava puto comigo, e eu não tiro a razão dele. Se ele
quiser me ignorar pelo resto da vida, beleza, mas ele teria que me agüentar de
qualquer jeito.
- Tudo bem, eu fui uma idiota, eu sei, mas você vai fingir que eu não existo por
toda a vida, só porque mais uma vez eu fiz besteira?
- Eu fiz isso por 3 anos e você não pareceu ficar incomodada.
- Não, você não fingiu que eu não existia por 3 anos, você me irritou e tentou
fazer da minha vida um inferno durante 3 anos, e eu juro que prefiro que você
continue daquele jeito do que me ignorar pra sempre. Eu sinto muito, ... Por
tudo.
- Pois é, eu também.
E sem querer continuar uma discussão, eu preferi não responder, voltando o
silêncio perturbador voltou a tomar conta do carro.
- Sem brincadeiras, eu vou explodir se segurar mais um pouco – Choramingou
Amber se contorcendo no banco de trás pela quarta vez parecendo uma criancinha
de 5 anos querendo fazer xixi.
- Falta só uma meia hora pra gente chegar a Brighton! – Disse dando uma
ultima tragada no cigarro antes de jogá-lo fora. Cigarro de muitos que ele já
havia jogado fora durante aquele tempo que estávamos no carro. É, eu acho que eu
estava deixando alguém nervoso mesmo sem querer – Se a gente parar em algum
lugar, vai demorar mais ainda pra gente chegar!
- Bonitão, sua namoradinha demorou 2 horas pra acordar, e se não fosse por ela
nós já estaríamos lá, então quer fazer o favor de parar no primeiro lugar com
banheiro que você achar? Obrigada.
bufou e nem se deu ao trabalho de responde-la. Muito menos eu.
- Quanto drama – Murmurei.
- Drama? Sabia que é assim que começam as infecções urinarias?
Depois de uns 5 minutos dizendo que seria melhor a gente parar no acostamento
pra ela fazer xixi em algum matinho só para irritar Amber, achou um posto
de gasolina de beira de estrada.
- Eu hein, isso aqui parece aqueles postos de gasolina que sempre aparece no
inicio dos filmes de terror. Vem, vamos comigo – Disse olhando para mim.
O que?
- Você me encheu de chineladas em menos de uma hora atrás! Eu deveria te deixar
ir sozinha naquela droga e morrer atacada pelo Jason – Reclamei – Agora não ta
com mais raiva de mim?
- Raiva da rugas. Não quero rugas, anda, vamos – Amber pulou do carro e correu
para loja de conveniência e eu fui atrás.
Ao entrar no banheiro não entendi como alguém como Jenkins teria coragem de
usar aquilo. Eu morreria de infecção urinaria, mas não abaixaria minhas calças
nesse lugar nem que me pagassem. Só de olhar a maçaneta da porta já dava tétano.
- Agora sim, temos um assunto pra conversar – E então surge Amber atrás de mim,
do lado da porta que eu havia acabado de entrar. Wow, wow, espera aí, não era
ela que estava quase se mijando nas calças?
- Você ta louca? – Perguntei com o cenho franzido.
- Não, na verdade estou bem sã. A única louca no momento é você – Ok, nos
ofender era normal, mas normalmente acontecia em momentos adequados. Eu nunca
pedi pra alguém parar o carro no meio da estrada para chamá-la de louca – Qual é
a sua com o ? Porque sinceramente, não ta dando pra acreditar que vocês
ficaram e você fez a proeza de brigar com ele por causa do Drew!
Fiquei muda, de olhos arregalados, sem acreditar no que eu havia acabado de
escutar. A última pessoa no mundo que podia saber disso era Amber, e como que
essa história foi cair justamente nos ouvidos dela? Meu namoro acabara de ir pro
espaço, mesmo eu não me preocupando muito com isso agora.
- Mas como que... – Maldita! Lógico que ela tinha escutado a pseudo conversa
minha e de dentro do carro! – Você não tava dormindo!
- Que seja, isso não é importante agora, o assunto no momento aqui é você.
- Se preocupando agora, e comigo? Awn, quanta consideração sua – Coloquei minhas
duas mãos no coração fingindo que aquilo tudo realmente tivesse me tocado – Mas
muito obrigada, eu passo.
- O único motivo deu ter perdido aquele ônibus é porque ta uma droga com
isso tudo, e por mais que você pense que eu não tenho coração, eu tenho, e eu me
preocupo com o apesar de tudo – Provavelmente se alguém tirasse uma
foto minha agora, pareceria que eu estava olhando para um E.T. Talvez porque
aquela conversa fosse realmente de outro mundo.
- Vamos lá, Amber... Você nunca se preocupou com ninguém além de você mesma –
Rolei os olhos.
- Pelo menos eu não me preocupo pela pessoa errada – Deu de ombros. Amber cruzou
os braços e deu uma risadinha – E eu posso te garantir, se eu não tenho coração,
Andrew Collins muito menos.
- Qual é a sua agora? Porque sinceramente Jenkins, eu não te entendo. Vai lá,
conta pro Andrew e tenha seu homem de volta, não é isso que você sempre quis?
- É, pode ser, mas eu acho que preciso ter um pouco de amor a mim mesma. Ao
contrario do que você pensa, Andrew não virou um santinho de repente que começou
a namorar com você. Andrew Collins sempre será o mesmo cafajeste de sempre – Eu
tentava abrir a boca pra interromper tudo aquilo que ela dizia, mas eu não
conseguia – Você não vê a merda toda que você ta fazendo?
- Cafajeste pelo qual você é apaixonada?
- Infelizmente sim. Infelizmente não são todas as garotas que tem a sorte de se
apaixonar por um cara incrível, e ainda ter esse sentimento recíproco. Mas
poucas são idiotas de estragar tudo – Ok, aquela vadia estava conseguindo tocar
em meu ponto fraco, e eu sabia disso. A única coisa que eu não sabia, é onde ela
queria chegar com toda essa baboseiras.
- Ah, ta legal, então o que você quer dizer com tudo isso?
- Que você é a última pessoa que deve se sentir culpada por ter beijado o !
Deixa de ser idiota, !
- Isso não é problema seu, então cai fora!
- Cala a boca e me escuta! Você precisa parar de ser uma vadia em relação ao
.
- Eu, vadia? Pior você, que só fala isso porque sempre quis ter o Andrew pra
você! Pensa que eu não sei que você me odeia até hoje por causa disso? Porque eu
fui a única naquela escola a namorar sério com o cara desejado por todas?
- Você só namora o gcara desejado por todas porque você era a única que pra ele
era inalcançável, pelo simples fato de somente o conseguir essa proeza, e
ele não.
- O que?
- Pense bem, punk girl... Você não é tão burrinha assim. Andrew só terminou
comigo porque você era a única que ele não podia ter, a única que só
, um dia teve realmente. Esse seu mistério todo fazem todos os garotos
daquele colégio delirarem, vai ver que é por isso que você é tão popular. “Por
que uma garota tão linda como essas nunca fica com cara algum?”; “Por que uma
garota tão incrível é tão foda-se tudo?”; “Wow, como uma garota consegue ficar
tão sexy usando botas de combate?” É... Alguns caras gamam. Você e o não se
falavam há anos, você não tinha namorado, e tudo o que ele queria era ter a
com um “confere” na lista dele que se chama “Garotas que já
levei pra cama”
- Eu não... Você é boa sabia? Muito boa – Não deixaria me abater por tudo o que
ela disse. Lógico que eu sabia que havia chances disso tudo ser verdade, mas se
fosse, eu não me derramaria em lágrimas bem na frente de Amber Jenkins.
- Eu sei que até hoje, depois de 6 meses, você ainda não foi pra cama com ele,
ta legal? – Como assim ela sabia sobre isso? Ou melhor, como ela sabia de tanta
coisa? – Andrew é homem, , e um belo de um babaca! Você acha mesmo que é
fácil pra ele ficar esperando você finalmente querer transar com ele?
Ah, qual é? Eu tenho culpa se sou uma bela de uma bobona que tem medo de ir pra
cama com o namorado só pelo fato de saber que no fundo ele continua o mesmo
idiota de sempre?
Virei as costas para sair do banheiro não querendo escutar mais nada e senti os
braços delas me segurarem.
- Por que toda essa frescurinha com o Andrew? Não é como se ninguém soubesse
sobre o Caleb, !
Sem querer escutar mais nada, abri a porta do banheiro e fui em direção a saída.
estava colocando a mangueira de gasolina no lugar, quando passei por ele
como um raio e me sentei no banco de trás do carro, colocando minhas pernas pra
cima do banco. Amber chegou logo em seguida e se sentou no banco do passageiro.
- Mas que merda aconteceu? – Perguntou sem entender minha cara e a de
Amber.
- Nada, só anda logo com isso, a gente precisa chegar logo no Hotel.
Eu era a última pessoa no mundo que deveria acreditar em alguma coisa que
Amber Jenkins dizia, pelo simples motivo dela ser Amber Jenkins, a maior das
vadias que era louca pelo meu namorado. Só que algo nela me dizia que eu podia
pelo menos pensar no caso daquilo tudo ser verdade. Mas pensar no caso de
acreditar em tudo que Amber havia falado sobre Andrew já me faria enlouquecer.
Eu sabia que não podia confiar em Andrew, sempre soube pra te falar a verdade,
mas eu gostava dele, e eu achava sim que ele tinha mudado, pelo menos um
pouquinho. E que também gostava de mim, pelo menos um pouquinho.
Coloquei meus braços em volta das minhas pernas e as abracei forte como se
aquilo fosse ajudar a não chorar. Podia sentir os olhos de em cima de mim
olhando pelo retrovisor, e abaixei a cabeça para que não desse muito na cara que
o que eu mais queria naquele momento era colocar minha cabeça na privada e dar
descarga.
Por que tudo na minha vida decidiu ir pra lama de uma vez só?
Já não bastava minha briga com , agora esse problema com Andrew que eu nem
imaginava como resolver. Tá tudo bem, eu poderia resolver com uma conversa, mas
eu chegava a ter medo do que poderia levar aquela conversa.
Após mais alguns minutos de viagem chegamos ao hotel que estavam hospedados
as escolas e seus times.
- Finalmente! – Gritou Amber abrindo a porta do carro, entregando sua bagagem de
mão para o primeiro funcionário do hotel que havia aparecido.
Rolei os olhos e coloquei meu óculos de Sol, saindo do carro em seguida de
Amber. Fui até o porta-malas pegar minhas coisas, e vi a minha mala maior já
para o lado de fora do carro, e com a minha mochila no ombro.
- Valeu – Agradeci quando ele me entregou a mochila.
- Seja lá o que Amber tenha te falado no banheiro, essa não é a melhor hora de
você ficar com esse humor – Disse me pegando de surpresa. Não era ele que
estava me ignorando segundos atrás? – O que eu fico surpreso, porque nunca
pensei que você ligaria para algo que a Amber te dissesse. A coisa deve ser bem
feia.
- ... Você sabe de alguma coisa sobre o Andrew que eu não saiba? – Perguntei
sem pensar duas vezes.
- Como assim? Além dele ser um babaca? – Lógico que eu poderia imaginar isso
vindo do . Coloquei meus óculos na cabeça e cruzei os braços esperando
uma resposta séria – Bom, tirando que ele reservou a melhor suíte do hotel pra
vocês dois, de resto não é nada da minha conta. Não que isso seja, mas é que ele
se gabou durante algum tempo, parecia até que o campeonato seria a lua de mel de
vocês.
Como é que é? Mas que história de suíte era essa? Pra mim os quartos seriam
separados em duas partes, uma feminina e outra masculina, e ninguém teria uma
suíte fodona pra aproveitar com a namorada.
- O que foi, você não sabia? – começou a rir, me deixando furiosa – Olha
só que divertido, você não tem nem idéia dos planos do seu namoradinho idiota, e
ele estava que nem uma hiena saltitante nos últimos treinos dizendo que você mal
podia esperar para ficarem esse tempo juntos aqui em Brighton. Mas tudo bem,
você me perguntou o que eu sabia sobre ele, e é isso é tudo que eu posso te
dizer. Falar mais do que isso, eu acabo virando uma velhinha fofoqueira.
- Hey, ! – Mandy, uma das meninas da torcida, apareceu ao nosso lado cortando
nossa conversa – A está louca, louca mesmo, atrás de você. Ela disse que
assim que eu te encontrasse era pra ir atrás dela.
- Por que ela não me ligou? – Perguntei pegando o celular no bolso do meu
shorts, e antes que ela respondesse, eu já tinha percebido o motivo: Meu celular
estava sem bateria.
- Seu celular só cai na caixa postal.
Sem dizer mais nada, entrou para o lobby do Hotel junto com Amber e eu
para fazer o check in. A única coisa que eu rezava naquele momento era não
encontrar Andrew.
O hotel estava lotado, e a fila para o check in estava enorme. Tirando eu e o
, Amber era a única a se divertir naquela fila.
- Agradeço a todas as forças sobrenaturais que ajudaram para que eu e o garotão
aqui do lado terminássemos a tempo do campeonato – Jenkins apontou para , que
balançou a cabeça com as besteiras que ela falava – A quantidade de homem
gostoso em um mesmo ambiente esta me fazendo até ficar tonta.
Eu não acreditava que depois de tudo aquilo que ela havia me falado no banheiro
do posto de gasolina, ela estaria agindo tão naturalmente, até mesmo com espaço
para piadinhas. Será que ela tinha noção no nó que havia dado na minha cabeça?
- E você podia aproveitar essa oportunidade, Winehouse – Cochichou no meu ouvido
– Eu posso estar feliz em estar solteira, mas que é uma pena um gato feito o
estar sozinho, isso é.
Boquiaberta eu não respondi. Aquela minha tinha comido merda.
- Que foi, por que essa cara de espanto? Ele é gato não é? E ele também é super
legal, tirando que menina... Esse cara na cama é uma coisa de...
- Amber, chega! – Falei alto quase tampando os ouvidos para não ouvir o final
daquela frase.
- Eu hein, calma, eu só to dizendo todos os motivos para você ficar com ele!
- Isso tudo é desespero pra ter o Andrew de volta?
- Desespero? Eu posso até ter um tombo por aquele mané, mas desesperada de forma
alguma! Falando nisso, assim que você cair na real, não quero que venha atrás de
mim toda irritadinha. Já disse, raiva da rugas – Amber piscou e se virou para
conversar com um carinha da outra escola que também tava na fila.
Eu já estava de saco cheio de pessoas falando tudo pela metade. O que ela queria
dizer com “cair na real”? Cair na real de que tudo que ela havia me falado era
verdade? Ela não sabe, mas a primeira pessoa que eu iria matar se aquilo tudo
fosse verdade seria Andrew, não ela. Se quer saber, eu não sei o que eu faria se
tudo aquilo que Amber havia me contado fosse mesmo verdade. Não sei se me
surpreenderia, ou se ficaria completamente decepcionada. Talvez os dois.
Mais duas pessoas vieram atrás de mim dizendo que precisava falar comigo, então depois de fazer o check in passei a procurar por todas as partes daquele hotel, tomando o máximo de cuidado para não trombar com Andrew em lugar nenhum. Não que eu estivesse fugindo, mas antes de tudo eu precisaria falar com , explicar toda aquela história doida, pra depois ela me dizer o que eu realmente deveria fazer. Eu sou a pessoa que consegue fazer mais merda, então não confiava muito bem em ir sem nenhuma opinião dela.
Passei o cartão na porta, e entrei no quarto que dividiria com . A suíte
ainda estava arrumada, apenas com as nossas malas em cima das duas camas de
solteiro. Coloquei meu celular para carregar e assim que ligou, começou a
alertar todas as chamadas não atendidas e mensagens de e Andrew.
Drew: Linda, por favor, me liga quando chegar, estou preocupado. xx
: Cadê você sua infeliz dos infernos? A Amber está querendo arrancar
fora o pinto que você não tem, e o ônibus já esta pra sair!
Drew: , eu soube o que aconteceu. Me procura assim que chegar no hotel,
tenho uma surpresa pra você xx
Ah claro, a suíte 5 estrelas que até aí só era uma surpresa pra mim.
: , pelo amor de deus, eu preciso falar com você.
Quando chegar ao hotel me procura.
Ainda lendo todas as mensagens do celular ouvi a porta se abrir e
entrar feito uma louca no quarto. Ela estava pálida
- Mas em qual inferno você se enfiou, sua retardada? – Gritou de uma
forma desesperada – Eu to te procurando desde as 7 da manhã e você não atende o
celular e ainda não aparece na escola!
- Eu esqueci de colocar meu celular pra despertar e ele ainda acabou a bateria!
Desculpa mas é que aconteceram muitas coisas hoje e eu... – Respirei fundo pra
engolir o choro – Eu não sei o que fazer, !
A tentativa fracassada de engolir o choro foi por água abaixo. Eu estava cansada
demais pra conseguir me controlar no momento.
- O que aconteceu? – Perguntou minha amiga me dando um abraço.
- Tudo, aconteceu tudo! O continua me odiando, a Amber decidiu abrir uma
campanha “Team ” pra mim, e pra cooperar na sua campanha decidiu “dar a
entender” que o Andrew é um belo de um filho da puta, sendo que nesse exato
momento ele está me esperando na merda da suíte mais top desse hotel que ele
reservou pra gente! Droga, ... Eu não sei o que eu faço!
- Você não vai pra merda de suíte nenhuma! – Respondeu me assustando
com seu tom de voz – Eu não sei o que foi que a Amber te falou, mas eu tenho
certeza que pode ser verdade.
- Como assim?
- Eu sei que esse não é o melhor momento, mas eu não posso esconder isso de você
só pra não estragar a viagem. Você é minha melhor amiga, e não conseguiria olhar
pra sua cara se não te contasse o que eu descobri hoje.
Eu tinha até medo de perguntar o que era que havia descoberto. Será que
tinha mais alguma coisa pra ficar pior nessa história toda?
- Foi o Andrew, ! – Disse num jato, mas eu continuei sem entender – Foi o
Andrew que contou pro Sr. Grey que você matava as aulas de Educação Física. Foi
por causa dele que você quase foi expulsa da escola, e por causa dele que você
ta na equipe!
Capítulo Quinze
"Amigo é quem te socorre, não quem tem pena de ti." - < Thomas Fuller
Eu cheguei à seguinte conclusão: A vida, além de já ser uma merda, decidiu dar
um bônus gratuito de "Foda-se mais um pouquinho por minuto".
Mas que infernos estava acontecendo? Eu sei que nunca fui a melhor pessoa do
mundo. Eu nunca obedeci minha mãe pra poder ganhar uma bicicleta de Natal,
falava palavrão, não ajudava velhinhos a atravessar a rua e a única vez que o
Papai Noel do shopping se aproximou de mim pra perguntar se eu não queria dar
minha chupeta pra ele, eu mostrei o dedo feio, mas poxa... Quer foder me beija!
Eu poderia imaginar que não tinha sido que havia feito aquilo comigo,
eu podia acreditar que sei lá... Ele pra proteger a Amber teria tomado toda a
culpa por ter me dedurado para o Sr. Grey. Só que o que eu não poderia imaginar
de forma alguma é que quem tinha feito tudo aquilo havia sido meu próprio
namorado.
Eu não deveria estar tão surpresa, afinal como eu já disse, a vida anda me
colocando em cada situação absurda que eu deveria levar aquilo de uma outra
maneira. Mas ele era o Andrew. Meu Andrew, entende? Ele pode não ser o melhor
namorado do mundo, e eu posso não ser a namorada mais perdidamente apaixonada,
mas ele ainda é uma pessoa importante. Freqüentou minha casa, conheceu minha
família, foi meu primeiro namorado, e muito bom pra mim.
Mas agora me fala, do que adiantou tudo isso?
- Não foi tudo culpa dele, lógico. Digamos que tem dedo da Amber nessa confusão
toda – Mas era claro que tinha dedo daquela vadia traidora no meio – Ela te
queria no time, mas jamais te pediria, e Andrew queria um tempo a sós com
você... Você sabe...
Eu não pensaria em Amber agora, mesmo estando furiosa com ela também.
Tudo que eu pensava era em como Andrew teve coragem de fazer isso, arriscar com
que eu fosse expulsa da escola para ele ter uma chance de ir pra cama comigo em
Brighton. Aquilo me deixou enjoada.
Como eu pude ser tão burra?
Como ele pode ser tão podre?
- Espera aí, ! Onde é que você vai? – Sem pensar duas vezes saí porta a fora
ignorando completamente aos gritos de .
Você já ficou alguma vez cega de raiva? Sim, cega. Eu estava incapaz de
enxergar um palmo na frente da minha mão em todo o caminho entre meu quarto e a
suíte de Andrew que ficava no último andar do hotel. Não, eu não conseguia só
ver, eu também não conseguia ouvir, ou falar nada. Eu estava funcionando no
automático.
Estou no quarto 756 no sétimo andar, assim que chegar, venha até aqui, que tenho
uma surpresa pra você. Te amo, Andrew. Era isso que dizia na mensagem do
celular. Collins nunca havia dito que me amava, aquela era a primeira vez. Mesmo
aquilo sendo uma completa mentira, era a primeira vez.
Meu sangue fervia, e eu me segurava para não chorar. Não um choro de tristeza ou
de decepção, e sim um choro de raiva.
Eu precisava me acalmar.
Ao chegar em frente a porta do quarto 756, sétimo andar, eu parei, coloquei
minhas duas mãos no batente da porta, e respirei. Respirei bem fundo tentando
ficar calma. Não valeria a pena me descontrolar. Não por ele. Me segurando para
não esmurrar aquela porta, eu bati da maneira mais delicada que consegui, e
menos de 5 segundo, Andrew já estava com a porta aberta, e com um sorriso de
orelha a orelha.
- Amor, que bom que você chegou! Você tem alguma idéia de como a gente ficou
preocupado? Você simplesmente sumiu do mapa hoje de manhã, se o babaca do
não tivesse com o carro, a Amber tinha te matado!
Eu não conseguia entender uma palavra do que ele dizia, tudo porque minha cabeça
estava focada apenas no que eu tinha ido fazer ali.
- Mas tudo bem, que bom que deu tudo certo. Agora entra, eu preciso te mostrar
uma coisa. É uma surpresa que preparei pra você – Andrew deu espaço para que eu
entrasse, e eu entrei, continuando calada.
O quarto era imenso. A cama king size estava com um jogo de lençol impecável, e
milhares de travesseiros espalhados. A televisão enorme na parede estava ligada
em um canal de esportes, e na copa haviam milhares de bebidas. Pela janela
enorme de vidro você conseguia ver toda a praia ao lado do hotel e grande parte
piscina. Seria lindo, se não fosse tão trágico. Olhei para cada canto do quarto
sem dizer uma palavra.
- Então, o que achou? – Perguntou – É nosso por todo o campeonato.
Voltei a encará-lo, pensando em como ele tinha coragem de fazer tudo aquilo.
- , ta tudo bem? Você ta estranha, tão quieta. Aconteceu alguma coisa? – Ao
perguntar, Andrew aproximou suas mãos de minha cintura e eu me afastei.
- Não... Toca em mim. – Disse em voz baixa.
- Mas o que...
- Nunca mais toca em mim, ou dirija a palavra a mim. – Olhei fixamente em seus
olhos.
- Mas que porra que ta acontecendo? Por que você ta falando desse jeito?
- Foi você que contou pro diretor que eu bolava as aulas. Por sua culpa eu quase
fui expulsa da escola, e por sua culpa eu tive que entrar no time das líderes de
torcida – Andrew abriu a boca para falar, e eu interrompi – E pelo amor de Deus,
não nega. Chega de mentiras, já perdi tempo o bastante com você por causa disso.
- Quem te disse isso? – Perguntou.
- Você me viu culpar ao e não fez absolutamente nada – Ignorei completamente
sua pergunta e continuei a falar – Você viu como eu me senti ao entrar no time,
e simplesmente ignorou. Tudo por quê? Pra me trazer pra Brighton e ter uma
chance de finalmente transar comigo. Sempre foi esse seu objetivo? Namorar
comigo, pra poder me levar pra cama?
- Da onde você ta tirando tanta besteira, ? Quem colocou todas essas
merdas na sua cabeça?
- Chega a ser bizarro, sabia? Não imaginava que sua necessidade era tanta... Não
quando você dormia com outras vagabundas quando estava comigo – Collins não
respondeu, ele apenas me olhava da maneira mais assustada do mundo – Mas sabe o
que foi realmente o mais triste de tudo isso? – Perguntei engolindo qualquer
lágrima que insistia sair. Jamais choraria na frente de Andrew, eu era orgulhosa
demais para chegar a esse ponto – O que me machuca mais? – Andrew continuou sem
responder – O tempo que eu perdi com você...
- Você não sabe do que ta falando...
- Ah, não? – Fingi uma cara confusa – Então diz, diz na minha cara que é mentira
tudo isso que eu acabei de dizer. Que é mentira que você contou tudo para o Sr.
Grey, que não quis namorar comigo só pra contar pros seus amiguinhos que transou
com a , e que não levou nenhuma vadia pra cama enquanto namorava
comigo. Diz, Andrew!
- Isso não vai ficar assim... – Disse irritado.
- Cala a boca, Collins – Disse ríspida – Como não vai ficar assim? Você tem a
mínima noção do que fez pra mim? Alguma noção do que fez as pessoas ao seu
redor? Eu culpei por todas as merdas que você, meu próprio namorado, fez
pra mim!
- Então é isso? Você vai tomar as dores do filho da puta do , agora?
- Filho da puta? O único filho da puta que eu vejo no momento, é você!
- , por favor... – Tentou se aproximar de mim novamente, e eu de novo me
afastei – Deixa eu me explicar...
- Pra que? Pra me contar mais e mais mentiras? Deus... Como fui estúpida!
Estúpida em acreditar que você tinha mudado. Tudo que eu penso agora, é que todo
nosso namoro foi uma mentira.
- Eu nunca menti quando disse que você era importante!
- Importante pra me levar pra cama, você quer dizer? – Dei um sorriso irônico –
Quer saber? Pára de falar... Pára de falar porque você só está conseguindo que
eu tenha mais nojo de você.
Virei as costas, e antes de sair do quarto, eu finalizei:
- E caso isso não tenha ficado claro, acabou.
Eu desabei.
Após sair de perto do Andrew eu larguei de mão e comecei a chorar
descontroladamente. Eu podia não gostar dele da maneira que eu deveria gostar
como namorada, mas apesar de tudo, mesmo sendo meu namorado, primeiro de tudo
ele foi um amigo, e a pessoa mais próxima a mim por meses.
POV:
Estava impossível de dormir apesar do cansaço. estava com e
estava por aí fazendo alguma merda com o . Nada fora do comum, além de mim, em um hotel
foda em Brighton, lotado de meninas gostosas, e eu aqui, chutando pedrinhas numa
completa merda. Eu merecia um soco bem dado no meio da cara.
Acendi o cigarro e na primeira tragada, distraído, trombei com alguém já fora
dos corredores das suítes.
- ? – Ela estava péssima. estava de cabeça baixa, aos prantos, se
abraçando com os próprios braços – O que aconteceu? – Perguntei de um jeito meio
desesperado.
levantou a cabeça e me encarou durante um tempo. Seu nariz estava
vermelho, e seus olhos inchados, cheios de lágrimas. Podia soar doentio, mas até
chorando ela era linda. Sem pensar em meus atos, levei minha mão até seu rosto e
sequei algumas lágrimas com meus dedos.
- Desculpa – Disse ela com a voz tremula, respirando fundo para controlar os
soluços – Por favor, ... Me desculpa por tudo! – E então ela jogou seus
braços em volta do meu pescoço e me abraçou tão forte que pensei que ela poderia
me enforcar.
- Você sabia, não sabia? – Perguntou , sentada na beira da piscina com os
braços ao redor de suas pernas. A piscina no momento se encontrava vazia, pois
quem não estava andando por aí escondido do supervisor das escolas, estavam em
suas camas dormindo – Sobre tudo que o Andrew tinha feito junto com a Amber.
- Na verdade não, quer dizer, não desde o começo. Eu sabia sobre a Amber, e por
isso a gente terminou, foi justamente no dia que você quis me matar – Tentei ser
engraçado, mas ela estava muito culpada para rir.
- Desculpa... De verdade.
- Nah... Tudo bem, eu também pensaria que tivesse sido eu, se fosse você –
Peguei um cigarro dentro do meu bolso do moletom, e acendi – E sem ofensas, mas
sua direita é péssima.
- ! – Ela escondeu seu rosto no meio das pernas.
- Hey, isso é um sorriso? – Perguntei apontando para seu rosto com a mão que
segurava o cigarro.
- Você sempre teve esse dom, não deveria estar tão surpreso assim – Minha vez de
ficar sem graça – E por que não me contou sobre o Andrew quando ficou sabendo?
Ou sobre a Amber?
- Apesar de tudo, eu não tinha coragem de jogar a culpa em cima dela. O clima
entre eu e você não era dos melhores, e não voltaria ao normal mesmo se eu
falasse que tinha sido a Jenkins. E com o Collins, bom... Primeiro o obvio, você
não acreditaria em mim, segundo... Quando a Amber me contou, foi eu que não
acreditei. Sabe como que é, né... Ele se gabava bastante pelo que vocês faziam,
e pelo visto até o que não faziam
Vi as bochechas de ficarem vermelhas, mas preferi não tirar sarro.
- Ele é um idiota.
- E bom... Também era difícil de acreditar.
- Não sei porquê – Deu de ombros – Você mais do que ninguém deveria saber que eu
nunca vou transar com o cara se eu não gostar realmente dele. Pelo amor de Deus,
da pra contar nos dedos de uma mão quantos caras eu já beijei minha vida toda!
Por que é tão difícil de acreditar nisso? Só porque eu sou uma porra louca?
- Depois do que aconteceu com o merda do Caleb, você queria de verdade que eu
acreditasse nisso? – Levantei um pouco a voz. Não queria brigar, mas é que
entrar naquele assunto me deixava nervoso – Eu sei que você não é nenhuma puta,
mas... , você tinha 14 anos quando aconteceu aquilo tudo!
ficou quieta por alguns instantes.
- Eu... Eu meio que... – Ela se levantou e sentou-se no divã que tinha ao lado
do que eu estava sentada, ficando de frente pra mim – Menti.
- Como assim? – Perguntei confuso. Mentiu sobre o que?
- Sobre o Caleb...
Flashback, 3 anos antes. Ponto de vista: Autora
- E-eu não falei nenhuma besteira – Disse nervoso.
- Você sabe que disse, babaca – Parou na frente do garoto, que não se movia –
Mas tudo bem, a merda já está feita e não podemos voltar no tempo pra eu te
matar no momento em que você me beijou.
Caleb engoliu seco quando a garota se sentou em cima dele, com uma perna de cada
lado de seu corpo. Não entendeu absolutamente nada, principalmente quando
lhe deu um selinho.
- O que foi? Você não queria tanto isso? Agora que tem uma garota de pernas
abertas em cima de você, vai arregar? – começou a gargalhar. Ela estava
completamente bêbada – Por sua causa o comeu a nojenta da Norah James, e por
sua causa ele me odeia. Justo porque você resolveu inventar pra ele que eu estou
caidinha por você
- Eu só disse sobre o beijo!
- Mas não disse que você me beijou contra minha vontade, e ainda inventou um
encontro amoroso que nunca iria existir. Pelo amor de deus, Caleb, você é digno
de pena! Mas tudo bem, eu não guardo rancor. O conseguiu ser mais filho
da puta que você, e o que importa agora é que eu quero me vingar dele, e você
ainda me deve uns favorzinhos por ter sido um belo canalha... – sorriu
e mordeu os lábios antes de beijar Caleb novamente, e dessa vez pra valer.
- Qual favorzinho? – Mordeu o próprio lábio inferior.
saiu de cima dele, o deixando transtornado. Aquela garota era louca,
claro.
- Você vai falar pro que dormimos juntos. Pode inventar o que quiser, dar
os detalhes que for, mas isso tem que parar nos ouvidos dele o quanto antes.
Conte isso pra algum dos meninos da banda, tenho certeza que um deles vai acabar
contando.
- O que? – Perguntou – Você quer que eu minta que a gente transou hoje?
- Isso. O que foi? Ah pelo amor de Deus, Caleb, não trate isso como se fosse um
total absurdo, porque você sabe que não é. Não pra você, afinal, qual garota
libera pro cara inventar que ele foi pra cama com ela? Você sabe que quem vai
sair ganhando nessa história toda é você, e eu conheço bem o seu tipo, então
vamos pular a parte do draminha ridículo que você está pensando em fazer –
pegou a garrafa de cerveja que Caleb segurava e saiu em direção a porta
– Bom, agora eu vou indo. E se isso não chegar no até domingo, eu acabo
com você!
//Flashback, 3 anos antes. Ponto de vista: Autora
- Você O QUE? – Me levantei no mesmo instante. Como assim ela havia mentido
sobre o Caleb? Que tipo de idiota ela era?
- Eu tava com raiva de você, ta legal? E como eu não tinha coragem de devolver
no mesmo troco, eu fiz com que Caleb inventasse aquela história toda pra você
ficar puto, e eu pelo menos fingir que tinha devolvido na mesma moeda.
- Você tem idéia que foi por isso que a gente brigou?
- Wow, wow, wow, vamos com calma aí, cowboy! Se a gente brigou foi porque você
foi idiota o suficiente pra acreditar no Caleb e dormir com aquela vagabunda de
quinta categoria da Norah! – Disse ao se levantar para pelo menos
tentar ficar da mesma altura que eu.
- Mas eu ia te pedir desculpas! – Sem forças eu comecei a dizer tudo que eu
pensava que ela jamais ficaria sabendo – Justo naquele domingo, eu ia até sua
casa te pedir desculpas. Você disse que eu não insisti, que eu não corri atrás,
mas eu ia, eu juro que ia! Só que quando o me disse aquilo eu perdi a
cabeça! Mas que droga, , por que você fez isso?
- Porque eu tava inconformada com o que você tinha feito! – Disse voltando a
chorar – Não venha jogar a culpa toda em cima de mim, porque você também errou!
Nós dois erramos, e pronto!
Voltei a me sentar, e coloquei minhas mãos na cabeça. Maldição de garota! Por
que ela tinha que ser tão complicada e tão maluca? Senti ela se sentar ao meu
lado e colocar a cabeça no meu ombro.
- ?
- O que?
- Nada, eu só queria ver se você tava bravo – Quando éramos menores, ela
costumava a fazer isso para saber pelo meu tom de voz se eu estava irritado ou
não. Foi fofo vê-la fazendo isso com 17 anos nas costas.
Fofo? Vai tomar no seu cú, !
- Sim, estou – Disse ríspido.
- Quer que eu...
- Se você sair daqui, eu te mato.
- Eu não vou sair daqui. Mas prometo ficar quieta até você decidir falar, ok?
Eram muitas informações pra uma cabeça só. Durante todos esses anos eu sentia
raiva por ela ter feito, o que na verdade não fez, com Caleb. Ela mentiu pra me
atingir, e até hoje estávamos nessa guerra por causa disso. Tudo bem, eu também
tinha sido um belo filho da puta, fui pra cama com uma menina só por causa de
uma coisa que um infeliz havia me contado que na real era uma completa mentira.
E agora aquela garota, aquela mesma, a que me deixa louco por qualquer
motivo, que me faz virar uma bicha, estava ali pra mim novamente. Eu seria um
animal se estragasse tudo.
Respirei fundo.
- Ta ficando tarde, e amanhã de manhã já tem jogo. Vamos que vou te levar até
seu quarto – Me levantei e fiquei esperando para que ela se levantasse.
Tomamos cuidado para que ninguém nos visse até deixá-la no quarto. O
supervisor do hotel no momento se encontrava babando no sofá do lobby do Hotel,
fazendo com que não existisse mais ala masculina e feminina. Tudo estava uma
bagunça, mas quem se importa?
Chegamos em seu quarto e ela tirou o cartão do bolso.
- Obrigada – Sorriu – Apesar de tudo – Se virou para passar o cartão na porta
quando eu a segurei.
- Espera... – Ela voltou a se virar pra mim – Não aconteceu com Caleb, e nem com
Andrew, e nem com ninguém? – Mesmo já sabendo da resposta, queria ter a certeza
vindo dela.
- Não que eu me lembre – Sorriu e depois entrou pro quarto – Boa noite, cowboy.
//POV:
- Você... Grrr, garota! Nunca mais faça isso! Tem idéia de quanto fiquei
preocupada com você? – Mal entrei no quarto e começou com os sermões –
acabou de sair pra perguntar pro se ele sabia de você!
- Eu tava com ele até agora – Joguei o cartão do quarto em qualquer canto e
deitei na cama.
- Como assim? – Perguntou – Você não foi matar o Andrew ou algo do tipo? –
Sentou-se ao meu lado.
- Nah... Não o matei, só falei tudo o que tinha pra falar e terminei com ele.
Chorei, refleti, e também conversei com o – me olhou com um certo
espanto – Conversamos sobre tudo, sobre essa confusão toda, sobre a gente...
- Sobre vocês...
- É, sabe... Sobre tudo que aconteceu. E também contei a verdade sobre o Caleb –
Comecei a brincar com a ponta da fronha do travesseiro.
- E ele? – Perguntou com os olhos arregalados.
- Ficou bravo. Bem bravo. Mas acho que vai ficar tudo bem. Espero pelo menos que
fique tudo bem. Não tem mais razão pra essa guerra toda, as cartas já estão
todas na mesa – Dei de ombros – Só queria que tudo voltasse a ser como antes.
- E como você está se sentindo? Sobre o Andrew em principal.
- Triste, decepcionada, mas por um lado, um pouco aliviada. Você sabe melhor do
que eu, que nunca fui apaixonada pelo Andrew. Eu só era encantada pelo que ele
era, ou fingia ser, sei lá.
- E com a Amber, você já falou?
- Eu estou tão... Irritada com aquela garota, que é melhor não vê-la nem pintada
de ouro na minha frente.
Eu disse que seria melhor não vê-la pintada de ouro na minha frente,
não que eu não queria vê-la.
Olhei no relógio e eram 23:26 da noite. Eu não conseguiria dormir sem antes
terminar com tudo aquilo. Me resolvi com Andrew e , e agora faltava aquela
vaca egoísta da Amber. Enquanto eu rolava de um lado para o outro completamente
inquieta, estava na cama ao lado mexendo no notebook esperando que
ligasse para que eles finalmente pudessem aproveitar a noite.
- Tem certeza que não quer que eu passe a noite com você? – Perguntou –
Você sabe que o entenderia. Ele só me chamou pra dar uma volta, nada
demais.
- Tenho – Disse me levantando – Sério, eu vou ficar bem, só preciso resolver
uma coisa antes de ir dormir.
- Wow, wow, que coisas? – Amber levantou junto comigo e se plantou em frente a
porta com medo do que eu fosse fazer – Chega de aventuras por hoje, Indiana
Jones – Tirei meu pijama e voltei a colocar o shorts e a camiseta que estava
antes – Eu to falando sério, !
- Eu não vou fazer nada estúpido, prometo. Aproveite a noite com o –
Arrumada, me aproximei de e beijei sua testa – E não se preocupe comigo.
- Ah claro, é bem fácil dizer isso! – Ouvi gritar quando eu já estava
fora do quarto.
Não posso negar, eu estava decepcionada com a Amber, mesmo ela sendo... A Amber. O clima entre nós estava diferente nas últimas semanas, e mesmo que eu negue, eu sei que no fundo ela não era aquela completa vaca. Mesmo que isso tenha acontecido numa época que eu jamais imaginaria um dia conviver com a Jenkins, eu estava furiosa por ela não ter ao menos tentado me pedir para ajudar na equipe. Lógico que eu não aceitaria, e lógico que eu daria muita risada da cara dela, mas mesmo assim, ela não havia ao menos tentado.
Com o quarto de Amber no mesmo corredor que o meu, não levou muito tempo até
que eu começasse a bater freneticamente na porta, só faltando começar a chutar
até que que alguém finalmente fosse abrir. Quando Mandy abriu a porta eu pude
perceber que uma festa acontecia no quarto delas. Haviam no mínimo uns 5 caras
que nunca havia visto na vida, e mais 3 meninas da torcida.
- Cadê a Amber? – Perguntei à Mandy que não estava em um estado muito favorecido
para responder uma pergunta. Bêbado é uma desgraça.
- Se divertindo – Deu em ombros – E eu acho que você deveria fazer o mesmo.
- Se você não chamar a vaca da sua amiga agora, eu vou me divertir mesmo, só que
voltando pra casa depois que eu abandonar o time – Mandy engoliu seco.
- Ah claro, e depois ser expulsa da escola? Não seja ridícula, , vamos
parar de ceninhas por hoje – Na mesma hora ouvi a voz de Amber chamar por alguém
que estava dentro do quarto.
Agora era óbvio que ela estava lá dentro.
- Se você não sair da minha frente você não vai ver uma simples ceninha, e sim
um musical da Broadway – Empurrei Mandy e entrei dentro do quarto.
Aquele lugar parecia um inferno. Garrafas por cima das mesas, gente dançando em
cima da cama, alguns se pegando na parede. Amber estava sentada na poltrona ao
lado da janela, conversando com um garoto que provavelmente era de uma outra
escola, pois nunca havia visto na vida. Com o sangue voltando a subir, andei até
ela, que me olhava sem entender o que eu fazia em seu quarto.
- Olha só quem está aqui, e deveria estar na suíte top do namoradinho!
- Eu preciso falar com você – Amber levantou uma sobrancelha fazendo pouco caso
– Agora.
- Não da pra perceber que eu estou numa festa?
Ela queria testar minha paciência, e eu não tinha dúvidas disso.
- Não seja por isso – Disse antes de abaixar o som que tocava, e subir em cima
da cama pra começar a pagar de louca – A festa acabou, galerinha! Acho melhor
todo mundo ir pros seus devidos quartos se não quiserem que eu chame o
supervisor e ele venha verificar a festinha que está rolando aqui.
Foi a cena mais hilária que eu já vi em toda minha vida. Saía gente até de
dentro do banheiro pra correr dali. Eu me senti uma mãe brava colocando todo
mundo pra fora de casa depois que descobriu a festa que o filho fez escondido.
Eu só via isso em filmes, e simplesmente amei fazer isso na vida real. Só mais
divertido que aquilo, foi a cara de Amber ao ver todos saindo de seu quarto sem
ao menos olharem pra cara dela.
- Você é retardada? Como você sai expulsando todo mundo do meu quarto? –
Disse Amber furiosa – O que eu disse sobre não vim correndo atrás de mim
querendo me matar quando você caísse na real?
- E isso serve pra você também, Mandy. Eu só quero a Jenkins nesse quarto,
preciso conversar com ela – Ignorei todo o chilique de Amber até Mandy sair e
deixar nós duas a sós.
Saí de cima da cama e me coloquei de frente a ela.
- Pra que tudo isso? – Perguntei – Eu sei que nunca, nem perto, fomos a favorita
uma da outra, mas arriscar a me expulsar da escola só pra me colocar nessa merda
de time?
- Vamos com calma, . Primeiro de tudo, eu faço o que for pra que esse
time seja sempre o melhor. Não venha jogar a culpa toda em mim, você sabe o
tanto quanto eu que você jamais aceitaria entrar pra equipe se eu te pedisse. O
Andrew precisava de um momento como esse pra ficar com você, então eu só dei a
idéia, quem fez tudo foi seu namoradinho. Ou ex namoradinho, que seja.
- E você ao menos tentou me pedir ajuda?
- Não se faça de coitada, você sabe que nunca iria aceitar isso.
- E se eu desistir? Foda-se que eu seja expulsa da escola, não estou nem aí, e
então, o que vai fazer? – Amber me olhou assustada, começando a entrar em pânico
com a possibilidade deu fazer isso. Comecei a rir e balancei a cabeça – Pode
ficar tranqüila, mas agradeça a , já que se não fosse por ela, a
primeira coisa que eu tinha feito era voltar pra casa. Porque assim como você, a
faz qualquer coisa pelo bem dessa equipe, e diferente de você, ela não
joga sujo.
- Eu sei que eu errei, ok? Mas agora já foi!
- Você queria que eu soubesse o que estava acontecendo, não queria? Por quê? -
Perguntei me referindo a toda confusão com Drew.
- Porque o Andrew é um idiota, e querendo ou não eu me aproximei de você quando
você entrou pro time, e eu não gostava de ver que tudo que eu havia planejado
estava indo por água abaixo – Franzi o cenho sem entender o que ela havia dito.
Amber pegou uma garrafa em cima do criado mudo, encheu um copo e me deu.
- Relaxa, não ta envenenado – Disse ela dando um gole na garrafa pra provar que
não tinha nada – Você precisa disso no momento, tanto quanto eu.
Dei um gole na bebida que descia queimando.
- Não é segredo pra você que eu sempre fui afim dele. Eu pensava que se eu
fizesse tudo isso que eu fiz, eu sairia ganhando. Ajudava o Andrew e, além dele
se aproximar de mim, eu teria uma garota nova no time pra substituir a Angie, e
não teríamos que desistir do campeonato. No final eu consegui você no time, mas
o Collins continuou sendo o mesmo idiota de sempre. Como eu disse a gente se
aproximou, e eu vi que você não era tão ruim quanto eu imaginava. Eu sabia que
ele dormia com outras meninas enquanto estava com você, e chegou uma hora que
isso começou a me enojar. E não, eu nunca fiquei com ele enquanto vocês estavam
juntos. Eu posso ser tudo, mas não curto dividir homem com ninguém.
Virei todo o conteúdo que tinha no copo.
- Então quando eu soube o que aconteceu entre você e o , não achei justo que
você se sentisse culpada – Tomei a garrafa da mão de Amber e enchi meu copo
novamente.
- Você sabe que não vou gostar mais de você por causa disso, não sabe?
- Eca, lógico que sei. Também não quero momentos ternurinhas entre nós. Eu falei
que você não era tão ruim quanto eu imaginava, não que eu queria ser sua BFF –
Começamos a rir
- My, my, my, whiskey and rye. Don't it make you feel so fine? – Cantava
loucamente, fazendo o copo de microfone.
- Right or wrong. Don't it turn you on? Can't you see we're wastin' time,
yeah – Amber continuava a música em cima da cadeira fingindo que a garrafa
de vodka era sua guitarra, balançando os cabelos feito uma louca.
Uma dupla esplêndida.
- Do you wanna touch, yeah. Do you wanna touch, yeah. Do you wanna touch me
there, where? – Cantamos juntas e passamos a rir feito duas idiotas.
- Sempre soube que no fundo você era a Joan Jett. E não posso negar,
essa música é foda.
Sabe, eu precisava de um porre.
Ah, o que? Vai me dizer que você nunca sentiu vontade de beber que nem uma
condenada quando acontece alguma coisa de ruim na sua vida? No momento eu tinha
terminado com o cafajeste do meu namorado, e estava no pior momento com o cara
que eu realmente gostava, e adivinha só? Estava enchendo a cara com a garota que
eu mais detestava no mundo!
- Você é uma otária! – Disse Amber abaixando o volume do som após descer da
cadeira.
- Isso eu sei, mas qual o motivo dessa vez? – Perguntei um pouco sem fôlego por
causa de nossa apresentação a poucos minutos atrás.
- Você é afim de uma pessoa do qual o sentimento é recíproco, e me faz o favor
de ficar de briguinha com ele por 3 anos! – E lá vinha ela tocar naquele assunto
novamente.
- Grrr, você tem que falar nele agora? – Me deitei no chão deixando o copo de
lado pela primeira vez desde que Amber havia me dado quando entrei no quarto.
- Sim, e eu achava que você deveria ir falar com ele, sabe? Tipo, agora.
- Vou relevar sua doideira porque você está bêbada, e eu também – Me levantei do
chão com um pouco de dificuldade – E agora eu vou ir dormir, e acho que você
deveria fazer o mesmo se quiser dar algum pulinho no jogo de amanhã – Olhei para
os lados tentando me lembrar onde havia deixado o meu cartão, mas no momento eu
não lembrava nem qual era o meu nome – Hey, você viu o cartão do meu quarto?
Amber se levantou com a mesma dificuldade que eu, e pegou o cartão que estava em
cima do frigobar.
- Aqui – Me entregou – Uma ótima noite, então!
Eu me perguntava desde quando o quarto da Amber era tão longe do meu. Eu
tinha a impressão de eram tão perto um do outro, e de que eu estava andando
tanto para achar o quarto 328. Pelo menos era isso que dizia no cartão; e se não
fosse por ele, eu provavelmente não saberia nem mesmo qual era o meu quarto.
Tentando não tropeçar em nada, eu olhava porta por porta para tentar encontrar o
numero certo. Droga, se eu não estivesse tão bêbada, provavelmente eu não me
sentiria perdida em um labirinto.
Dizem que quando você está perdida num labirinto, basta você andar com as mãos
encostadas na parede que você acha a saída. Bom, eu não estava somente com uma
mão encostada na parede, eu estava encostada por inteira. Se isso ajudaria achar
meu quarto ou não, eu não sei, mas que estava me ajudando a não cair, isso
estava.
Quando finalmente consegui achar meu quarto, tudo que eu pensava era na minha
cama, e em como eu dormiria como um anjo. Acendi a luz ao entrar na suíte, e
percebi que a porta do banheiro estava aberta, e que provavelmente havia
acabado de tomar banho.
Idiota, ela não deveria ter voltado tão cedo só por minha causa. Isso se ela
saiu, porque neurótica do jeito que era, eu não duvido nada de que
ela tenha ficado plantada dentro do quarto esperando que eu voltasse.
Tirei meu casaco e o joguei em qualquer canto indo em direção a cama. Opa! Eu
estava muito louca no momento ou antes deu sair do quarto haviam duas camas de
solteiro, e agora tinha apenas uma cama de casal?
- ? – Levei um susto com a voz que acabara de me chamar. Ao olhar pra trás
me deparei com apenas de toalha e cabelos molhados.
POV:
Eu juro que não entendia absolutamente nada. havia simplesmente
brotado dentro do meu quarto e eu não tinha idéia de como. E pelo visto, muito
menos ela conseguia entender o que estava fazendo ali.
- Eu vou... Matar a Amber – Disse – De duas uma. Ou eu to bêbada demais e
estou vendo coisas, ou aquele filhote de perua trocou meu cartão e me fez vim
pra cá – Franzi o cenho sem entender absolutamente nada do que ela dizia.
- Você tá bêbada? – Perguntei. Era lógico que ela havia bebido. Qual seria a
outra razão dela não conseguir ficar parada e quase cair em cada 5 segundos?
- Só um... Pouquinho – Fez um gesto com a mão como uma criança de 5 anos.
- Mas que infernos, ! Eu não te deixei na porta do seu quarto há umas 2
horas atrás? – Não dava pra acreditar que ela havia enchido a cara! Se eu não
gostasse tanto daquela infeliz, eu poderia matá-la.
- Eu precisava conversar com a Amber! – Choramingou.
- Você bebeu com a Amber? – Não. Eu só podia estar em um sonho muito louco onde
entrava dentro do meu quarto do nada, depois de
ter bebido com Amber Jenkins. Esse mundo tava perdido.
- Você pode, por um obséquio, colocar uma roupa? – Me respondeu irritada, com
outra pergunta completamente diferente do que estávamos falando.
Então eu lembrei que ainda estava toalha, e notei que estava um tanto
quanto corada.
- Muito melhor – Disse quando eu saí de dentro do banheiro vestindo
minhas roupas.
Ela estava deitada na minha cama, mal conseguindo manter os olhos abertos. Eu
sabia que havia chances de acontecer alguma merda se descobrissem que uma garota
estava dormindo no meu quarto, mas também não conseguia tirar ela dali. Era
ridículo às vezes a necessidade que eu sentia de ter ela por perto.
- É tão aterrorizante me ver de toalha? – Me sentei na cama ao lado dela.
- Você não tem noção de quanto – Disse após se encolher um pouco.
- Frio? – Perguntei, e fez que sim com a cabeça. Puxei o edredom pra cima
dela, que pareceu confortável onde estava – Eu vou ligar pro e falar pra
ele dormir no quarto do Mike, e também avisar a que você está aqui.
- O ia dormir numa cama de casal com você? – Perguntou fazendo graça.
- E qual o problema? Somos quase marido e mulher!
- Eca! Eu ouvi muitas besteiras por hoje, e essa está quase no topo!
Foi então que eu lembrei de tudo que ela havia passado durante o dia. Muitas
verdades ditas de uma vez só, o término do namoro com o babaca do Collins...
Tudo junto para uma pessoa só. No fundo eu até achava merecido aquele porre.
- Como você está se sentindo? – Perguntei
- Bem. Um pouco lesada demais, mas bem – Começamos a rir – Sei lá, é tanta coisa
que eu to sentindo agora, que é impossível dizer tudo. Foi tanta coisa
acontecendo ao mesmo tempo, que parece que minha cabeça vai entrar em curto a
qualquer momento.
Sem pensar muito bem no que estava fazendo, me deitei ao seu lado e levei minha
mão até seu rosto para tirar uma mecha do cabelo que estava em seus olhos. Ela
era tão linda que eu me sentia um idiota de ter que ficar dizendo isso toda a
hora. Mas era a verdade. Tão linda que chegava a irritar.
- A gente ta de bem de novo, não é? – Perguntou e eu comecei a rir. Ela
parecia uma garotinha do jardim de infância querendo fazer as pazes com o
amiguinho – Não ri, ! Eu to falando sério.
- É que foi engraçado, desculpa – Recebi um chute – Ai, bonitinha, seu chute dói!
Acho que para um recomeço de amizade, a gente precisa diminuir a violência, não
acha?
- Ok, desculpa – Ela se aproximou mais de mim, e se aninhou em meu peito – Eu
gosto de te bater, é legal.
É legal te beijar, mas não é por isso que eu saiu te atacando toda a hora. E eu
juro que pensei seriamente em dizer isso, mas era melhor ficar quieto.
- Você está no meu quarto, deitada na minha cama, com a cabeça no
meu peito, então é melhor você rever seus pensamentos sobre o que você acha
legal ou não, se não quiser ser expulsa dos meus aposentos reais.
escondeu a cabeça no colchão e se prendeu mais no edredom.
- Eu não vou sair daqui, – Escutei sua voz abafada pelo colchão.
Com os cabelos pro lado, e a cabeça pra baixo, pude notar na tatuagem de asas em
sua nuca. Toquei levemente com os dedos, e percebi que se arrepiou.
Ponto pra mim?
- Sabe... Uma vez você me disse que tinha uma tatuagem que eu não conhecia...
- E vai continuar sem conhecer – Disse brava
- Mas eu já até vi a sua do All you Need is Love, o que tem demais em ver a...
- Não. E você só viu a minha da costela porque é um enxerido
- , a tatuagem não é bem na costela... Ela é quase no seu peit...
- Mas ainda assim é na costela, e por gentileza, você quer parar de falar nisso
que eu fico sem graça? – Levantou a cabeça e me olhou de cara feia.
- Eu gosto de te deixar sem graça, é legal – Provoquei
- Idiota.
- Bonitinha.
- Para de ser ridículo, !
- Bonitinha revoltada.
- Eu não sou revoltada!
- Ta bom, então. Não ta mais aqui quem falou – Dei em ombros.
Finalmente ficamos em silêncio. Mas não aquele silêncio ruim que ficava na
maioria das vezes quando eu estava com ela. Eu me sentia bem, como há muito
tempo não me sentia. Como a vida era doida. Hoje pela manhã eu queria que
simplesmente não existisse, só pra não foder com a minha vida, e agora
ela está aqui, deitada ao meu lado, conversando como nos velhos tempos. Tudo tão
louco.
- ? – quebrou o silêncio depois de um tempo – Eu posso mesmo dormir
aqui? – Perguntou ela já com os olhos fechados de tanto sono.
- Claro que pode, linda. Eu vou dormir no sofá, sem problemas. Já mandei uma
mensagem pro dizendo pra ele dormir no quarto com o .
- Não, sofá não! – Apertou meu braço – Não sou tão gorda assim, e essa cama é
grande
- Tem certeza? – Perguntei e fez que sim com a cabeça. Sei lá porque, mas
dava impressão de que ela já estava dormindo – Ok. Mas tem certeza de que você
não vai se arrepender de dormir perto de mim amanhã?
- ... Cala a boca.
- É que sabe como é que é... Você ta bêbada, bonitinha.
- E você é um chato, cowboy – Abriu os olhos deu um sorriso sapeca – Já que eu
to bêbada, posso dizer uma coisa? – Caralho, lá vinha merda. E das grandes –
Naquele dia na minha casa, você disse que eu nunca dizia o que eu realmente
sinto, e é verdade. Eu tenho pavor dessas coisas, mas eu só queria que você
soubesse que eu talvez eu goste um pouquinho de você. Quase nada. Bem pouquinho
sabe? – Eu sorri feito um babaca – Mas sempre gostei. E nunca deixei de gostar.
Mesmo quando você era um idiota.
- Quer dizer que eu não sou mais um idiota?
- Não, a não ser que você não me beije agora. Porque daí sim você vai ser um
belo de um idiota.
Eu não tinha o que pensar, eu apenas não precisava mais me segurar para fazer o
que eu queria fazer desde o inicio. Aproximei do rosto de e passei a ponta
do meu nariz levemente sobre seu rosto. Meu coração batia como um louco, e a
única coisa que eu pensava era que tudo o que eu mais queria no mundo estava ali
na minha frente. Sem mentiras, sem Andrew, apenas a minha . Encostei em seus
lábios e nos beijamos calmamente. Um calmo beijo que me deu arrepios. Eu não
poderia imaginar que tão rápido eu iria sentir tudo aquilo de novo.
O que havia de errado? Por que com ela era sempre diferente?
- Não me deixa esquecer disso amanhã? – Pediu , com uma voz sonolenta.
- Nem que eu tenha que te beijar milhares de vezes.
- Talvez eu goste disso – Disse com os olhos fechados, se entregando ao sono.
//POV:
Capítulo Dezesseis
"É uma lição que a história ensina aos homens sábios: de confiar em idéias, e
não em circunstâncias." - Ralph Waldo Emerson
- Vai, vamos lá, uma última vez! – Gritou Amber entusiasmada com o ensaio do
primeiro jogo do campeonato.
A pergunta que não quer calar é: Será que eu que estava perdendo o jeito da
coisa, ou Amber que achou alguma maneira sobrenatural de mandar a ressaca dela
pro espaço? Fala sério, ela bebeu tanto quanto eu, e estava quase soltando fogos
de artifícios, enquanto eu estava quase morrendo, ensaiando atrás dos meus
óculos escuros porque a claridade fazia minha cabeça latejar.
- Onde você enfiou sua animação, ? Pro mesmo lugar que você mandou seu
namoro na noite passada? – Provocou Amber, mais irônica impossível.
- Não, a animação ficou dentro da garrafa da qual você me embebedou ontem, vadia
– Continuei a fazer a coreografia, enquanto todas as meninas nos olhavam
tentando entender o que estava acontecendo.
- Vamos encarar os fatos, eu apenas salvei sua vida, e aposto que proporcionei
uma noite um tanto quanto agradável – Disse apontando para o campo.
Ao seguir seu olhar, dei de cara com que também treinava para o jogo de hoje
a noite. Nossos olhares cruzaram, e eu tentei não sorrir.
Eu disse tentei.
Abaixei a cabeça escondendo o sorriso e senti meu rosto queimar. Como eu era
patética. Além de praticamente fugir de dentro do quarto hoje pela manhã para
não ter que encarar , agora eu tinha que ficar roxa de vergonha cada vez que
olhava pra ele.
- Pois é, alguém me deve uma – Cantarolou dando dois tapinhas no meu ombro –
Acho que chega por hoje, meninas. E por favor, não inventem de fazer nenhuma
merda até a noite. Não encham a cara durante o dia, não inventem de torrar no
Sol, ou ter uma DR com o ex namorado – Mandei um dedo do meio sem dizer nada –
Tomem muita água e descansem. Vejo vocês às 8 no lobby do hotel, já prontas e
impecáveis. E isso vale principalmente pra quem acordou com olheiras do tamanho
do mundo.
Rolei os olhos e peguei minha garrafa de água em cima do banco. Quando eu mais
precisava de um sossego da Amber, ela tirava o dia pra torrar minha paciência.
Peguei minhas coisas para subir pro quarto, quando decidiu aparecer de
repente na minha frente me fazendo engasgar com toda a água que bebia.
Parabéns, , hoje você merecia um troféu.
- Hey fujona – Respirei fundo para não começar a tossir com a água e tentei não
parecer muito nervosa. Ele não precisava saber que eu estava surtando por
dentro.
- Como? – Não é que eu tenha me feito de desentendida, mas no momento eu nem
lembrava o que ele havia acabado de falar.
- Acordei hoje e você tinha sumido. Aconteceu alguma coisa? – Perguntou com um
tom de preocupação.
Claro que aconteceu. A gente se beijou na noite passada, e eu dormi na mesma
cama que você. Falei coisas que eu não deveria falar e agora eu não sei se cavo
um buraco pra me esconder, ou se saiu correndo.
- Nã-não! Que-quer dizer... Eu ti-tinha ensaio – Se eu gaguejasse mais uma vez,
eu juro que me dava um tiro. Percebi que havia notado meu nervosismo pois
tentava esconder a vontade de rir. Merda! – E bom.. eu precisava passar no meu
quarto pra tomar banho e me trocar. Você conhece a Amber, né? Se eu chego
atrasada ela arranca minha cabeça fora. Essas são as regras – Falei num jato,
ignorando qualquer tipo de virgula.
Ou eu falava rápido, ou eu gaguejava, não havia meio termo, sacou?
- E ta tudo bem?
Tirando a minha mão suando, e meu coração saindo pela boca, sim, ta tudo bem.
- Ta sim. Só um pouco de dor de cabeça, mas nada que um sono até a hora do jogo
não melhore. Ouvir a Amber gritando no seu ouvido durante o ensaio não é o que
eu posso considerar de remédio.
- Com toda certeza, não – Começamos a rir – Bom, eu tenho que voltar pro treino.
Te vejo hoje a noite?
- Claro – Sorri.
Antes de sair, me deu um beijo na bochecha, e eu, como uma criancinha boba,
fiquei parada vendo ele voltar para o campo se juntando aos outros meninos.
- Ok, agora eu quero uma explicação sobre tudo aquilo que eu vi – Disse
ao entrar no quarto comigo.
Sorrindo feito uma hiena, eu pulei na cama e agarrei meu travesseiro.
- O que você viu? – Perguntei fingindo não saber do que ela estava falando. Como
eu adorava irritar .
- Ah, você sabe... Eu vi você conversando com o com uma cara de boba
como nunca vi antes, e deixa eu ver o que mais... Ah, é claro, durante a
madrugada eu recebi uma mensagem do próprio dizendo que você dormiria no
quarto com ele porque estava um pouco “alta” pra conseguir voltar pro quarto –
cruzou os braços e se plantou de frente a minha cama esperando uma
resposta.
- Foi?
- Vai tomar no cú, . Desembucha logo o que aconteceu – A única
coisa que eu vi foi um travesseiro voando em minha direção.
- Eu fui conversar com a Amber, a gente bebeu, ela estava com o cartão do ,
e me deu o dele de propósito pra eu ir pro quarto do , já que eles estão
dormindo na mesma suíte.
- Certo, eu pensava que você fosse matar a Amber e no final as duas tomaram o
porre juntas, muito sensato isso. Ok, continua.
- Bom, quando eu me liguei no que havia acontecido eu já tava dentro do quarto
com ele e... Não consegui ir embora. A gente conversou um pouco...
- Vocês conversaram...
- Eu falei umas coisas meio esquisitas... E a gente se beijou.
- Meu deus! – Gritou – Vocês ficaram! De novo! Que lindo! – pulou em cima
de mim e eu comecei a gargalhar – E por que aquela cena esquisita há 5 minutos
atrás?
- Eu beijei o e você pergunta o por que da cena esquisita? Que droga,
!
- Vocês dois são uns bobos. Na verdade você é uma boba, porque pelo menos ele
teve a iniciativa de ir falar com você. Mas e aí? O que você pensa em fazer?
- Eu não sei! – Disse apavorada – Eu tenho medo! Medo por ele ser o , medo de
estragar tudo outra vez. Tirando o Andrew... A gente terminou não faz nem um
dia. Eu sei que eu não tenho que ter nem um pingo de consideração com ele, mas
não é muito legal terminar um namoro e no dia seguinte aparecer com outro cara.
Eu quero dar tempo ao tempo, sabe?
- Não, não sei! O que eu sei é que vocês perderam tempo demais pra querer dar
tempo ao tempo agora! Sinceramente, se eu fosse você eu ia correndo naquele
campo agora e tascava um beijo nele. Além de jogar na cara do Andrew que você
está pouco se ferrando pra ele, você var marcar seu território para todas essas
lambisgóias que tem um tombo por pelo .
- O que?
- Ah , vai falar que você não ouviu nenhuma dessas meninas falando dos
nossos homens? Me fala qual time de futebol consegue ter jogadores mais gatos
que o da nossa escola? – Nossos homens... É, a já tava pirando – E
sinto muito lhe informar, e o que me perdoe, mas o com aquela
pinta de bad guy, faz qualquer garota surtar. E a lenda diz que ele na cama é...
- DA PRA PARAR?! – Gritei interrompendo aquilo que a Amber já havia feito o
favor de falar – Você viu os absurdos que você disse? Ta parecendo a Amber!
- Eu só queria ver vocês juntos – Choramingou.
- Que seja, mas pra isso você não precisa fazer nenhuma propaganda do !
Já era o bastante ter que agüentar Amber falando todas aquelas merdas.
Nunca pensei que essa viagem a Brighton me faria tão bem.
Não sabia se era por tudo que tinha acontecido, mas finalmente eu estava me
sentindo de uma maneira que há muito tempo não sentia.
Nosso primeiro jogo ocorreu tudo bem. Lógico que fiquei um pouco nervosa no
inicio, mas quem não fica? Principalmente eu, que nunca dei pulinhos histéricos
ou chacoalhei os pompons na frente de tanta gente. O time de futebol havia
vencido todos os jogos até gora, junto com nosso maior rival, os Warriors. Eu
não tinha noção da tensão entre nosso time e o deles, até estar presente.
Brighton era a cidade deles, e jogávamos no campo deles.
E isso só ficou pior quando fomos para final junto com eles.
Andrew havia desaparecido da minha vista durante 4 dias, até eu dar de cara com ele pegando uma animadora de outro time no corredor vestiário. Eu não senti nada ao ver aquilo, apenas esquisita. Foi um bom tempo juntos pra eu achar normal ver ele beijando outra menina que não fosse eu.
Sem mais climas esquisitos, eu e passávamos grande parte do tempo juntos. Sem beijos ou momentos ternurinhas, nós decidimos deixar rolar. Mesmo que isso não tivesse sido dito em palavras, acho que preferimos deixar com que as coisas rolassem naturalmente. Eu precisava de um tempo, e mesmo sem dizer isso a ele, entendeu e me deu um espaço para poder escolher. E mesmo que agora eu tivesse escolhido em ficarmos amigos, às vezes era difícil. No momento era apenas e , voltando com a amizade de antes.
- Você fumava escondido de mim, ou passou a fumar só depois que a gente parou de
se falar? – Perguntei ao ver acendendo o cigarro.
Estávamos os dois sentados com as pernas dentro da piscina esperando dar a hora
de ir para o quarto.
- Na verdade eu já tinha experimentado quando a gente era amigo, mas eu não
contei, mas fumar de verdade eu comecei aos 15 – Eu sabia que era um habito
horrível, que até eu às vezes cometia, mas ele conseguia até ter um charme
particular ao fumar.
- Sua mãe ligou pra minha surtando, sabia?
- Ta falando sério?
- To – Gargalhei – Sei lá porque infernos ela ligou, afinal já tinha passado um
ano desde que a gente tinha parado de se falar, mas ela ligou desesperada pra
minha mãe sem saber o que fazer, pensando que tinha alguma chance de que eu
fosse falar com você.
- E o que você disse a sua mãe quando ela te contou?
- “Que ele tenha um câncer de pulmão!” e depois subi pro quarto. Eu falei tão
naturalmente que a Lizzie se irritou – Balancei a cabeça ao lembrar.
- Outch!
- Pois é – Me levantei e sequei minhas pernas com a toalha – Vamos? Daqui a
pouco vem alguém aqui e obriga a gente a ir pro quarto. Tirando que amanhã é o
ultimo jogo e alguém precisa descansar pra não fazer besteira.
se levantou e rolou os olhos.
- Eu consigo ganhar aquele jogo de olhos fechados, bonitinha.
- Tudo bem então, Chuck Norris.
- Chuck Norris é meu pai.
- Ta bom então, Chuck Norris Jr. – Joguei a toalha em cima dele – Se você é tão fodão
assim... Duvido você fazer uma coisa.
- Só quero te informar que você não tem mais 8 anos, e muito menos tem um peso
de uma criança de 8 anos! – Apertei meus braços em seu pescoço, em cima das das
costas de enquanto ele me levava até meu quarto.
- Se me chamar de gorda , eu te enforco! – Apertei meus braços em
volta de seu pescoço, e gargalhou alto – Isso faz parte, agora que a gente é
amigo de novo.
- Isso é um abuso, não amizade! – Reclamou, e eu pra provocar mais do que
deveria, dei uma mordida no pescoço dele – Pára, sua ogra! Faz essas coisas e
depois reclama!
- Não reclamo, nada!
- Que gracinha o casal! – se virou para ver quem era mas eu não precisava
disso. Eu reconheceria aquela voz a distancia – Você é rápida, hein? – Andrew
começou a bater palmas, e eu desci das costas de .
- Cala a boca, Collins – Disse ríspida – Quem é você pra dizer alguma coisa?
Notei que Andrew segurava uma garrafa na mão, e foi quando percebi que ele
estava bêbado. Aquilo não terminaria bem, não quando ele perdia completamente a
noção quando bebia alguma coisa.
- Paga de santinha pra mim, por meses, e no dia do vamos ver, corre pro
amiguinho. Espero que ele tenha feito um bom trabalho – Antes deu responder
algo, só vi um vulto passar por mim.
foi pra cima de Andrew, que completamente bêbado caiu no chão com um simples
empurrão.
- Isso aqui, é por você ser um babaca – Disse antes de acertar um soco na
cara do Collins – Isso é pelo soco que você me deu – A cena se repetiu, e Andrew
recebeu outro soco – E isso é por você ter sido um filho da puta com a menina
que menos te merece no mundo – E lá foi outro soco.
Meu deus, ele iria matá-lo!
- ! Pára, pára! Não vale a pena! – Apavorada com o que podia acontecer,
segurei seu braço antes que ele arranjasse algum outro motivo pra espancar o
Collins.
se levantou enquanto Andrew ficou estatelado no chão com a mão no
rosto.
- Você me paga! – Murmurou Andew, enquanto eu olhava preocupada para as mãos de
.
- Graças a deus o corredor ta vazio, se alguém visse essa cena vocês seriam
prejudicados no campeonato! – Tentei dar uma bronca, apensar de ter adorado
vê-lo espancar o babaca do Collins – Vem, a gente precisar tomar conta disso –
Apontei para sua mão que mal havia melhorado da última vez – Eu não sei se eu
fui clara, Andrew, mas no momento que eu terminei com você, eu te tirei por
completo da minha vida, então se eu estou com outra pessoa ou não, você não tem
absolutamente nada a ver com isso – Disse minhas últimas palavras a ele, antes
de seguir para a ala masculina onde ficava o quarto de .
- Relaxa, não ta tão ruim assim – Disse quando coloquei um saco com gelo em
cima da sua mão com um tom meio mal humorado – Pelo menos não tão ruim como da
última vez.
- Claro, o Andrew não é um vidro de carro – Me sentei na cama ao seu lado – Não
ta doendo muito?
- Não, – Respondeu seco novamente, e aquilo já estava começando a me dar
nos nervos.
- Aconteceu alguma coisa? – Perguntei receosa.
- Nada, só dei três socos num cara, quando na realidade ele só merecia um – É,
estava bravo comigo, e eu já começava a entender porque – Então será que
você pode ficar longe de problemas pelo menos por um tempo antes que eu perca
uma mão?
- Eu não te pedi pra tomar minhas dores em nenhum momento! – Me levantei da cama
e me coloquei em sua frente de braços cruzados – Você esmurrou o Andrew porque
quis, deu um soco na janela do carro porque quis, e também entrou numa briga
onde você levou um belo murro na cara, porque você quis. Em nenhum momento eu te
pedi pra fazer nada, então não venha descontar sua raiva em mim!
- É fácil dizer! – também levantou – É muito fácil dizer quando é a sua
garota que sempre está em problemas – Ele acabou de dizer...
Calma, vamos com calma. Respira fundo... 1, 2, 3, 4...
- Não é como se eu quisesse! É como se eu sempre, sempre fosse obrigado a te
livrar das merdas que você entra! – continuava a gritar, e eu a tentar
formar uma frase.
- Eu sei muito bem cuidar dos meus problemas, eu não tenho mais 5 anos de idade!
E eu não sou sua garota, !
me encarou por um tempo em silencio, e eu não tinha a menor idéia do que
se passava em sua cabeça.
- Ah é sim...
E antes que eu pudesse pensar em alguma coisa, me pegou pela cintura e me
beijou. Aquilo me pegou tão de surpresa que eu nem parecia estar consciente.
me puxou mais contra seu corpo sem sobrar algum espaço se quer. Nossas línguas
se tocaram com tanta fúria que eu joguei toda aquela tensão em minhas mãos que
estavam agarradas em seus cabelos. Eu sempre fui insensível o bastante pra
acreditar naquele lance de borboletas no estomago, mas seja lá o que fosse
aquilo dentro de mim, estava mais para uma manada de elefantes. Sem pensar muito
no que estava fazendo, si é que meu cérebro estava funcionando naquela hora, dei
um impulso e coloquei minhas pernas em volta da cintura de , que foi em
direção a cama. mordeu meu lábio inferior, e eu passei a dar diversos
selinhos para cortar o beijo.
- Eu acho que... É melhor a gente ir com calma, ok? – Disse meio desnorteada,
sem ter muita certeza do que eu estava falando, ou se era realmente aquilo o que
eu queria.
fez que sim com a cabeça e passou a ponta de seu nariz por todo meu rosto
até meu pescoço, decidindo ficar ali durante um bom tempo, enquanto sua mão
fazia um leve carinho em minha cintura por de baixo da blusa.
- , isso não ajuda – Murmurei de olhos fechados tentando me controlar.
Eu sou um ser humano, ok?
Ele tirou a cabeça do meu pescoço e passou a me encarar por um tempo. Aquilo
podia me deixar com uma vergonha imensa, mas nada me fazia tirar os meus olhos
do seus. Aqueles olhos sempre me deixavam meio abobada demais.
- Desculpa se eu gritei com você.
- Sem problemas – Sorri fraco – Eu também ficaria brava se fosse ao contrario.
Desculpa se eu sempre te puxo para os meus problemas.
- Tudo bem, provavelmente se fosse ao contrario você faria o mesmo. É meio que
sem querer quando acontece essas coisas, desde de sempre foi assim.
Não respondi nada, apenas continuei a encará-lo
- Dorme aqui comigo? – Perguntou e eu fiz uma careta de leve – Eu não vou tentar
nada, prometo.
- Não é por causa disso – Rolei os olhos. Era óbvio que ele não tentaria nada –
É só que... O Andrew ta irritado, e ele pode contar pra
alguém que tem uma garota dormindo em um quarto da ala masculina. E outra... Não
é legal dormir com outro cara quando não se fez ainda nem uma semana que ela
terminou com o namorado.
- Eu não sou qualquer cara – fez uma cara estranha – E outra, o Collins não
vai fazer nada contra a gente, não quando ele também tem culpa no cartório. E
uma pergunta, desde quando você liga para que os outros pensam?
- Desde que quem está junto em um quarto é e –
Comecei a rir – É sério, é melhor eu ir. Tirando que amanhã cedo a gente tem o
ensaio final e se eu não aparecer no quarto em... – Olhei no relógio – Dois
minutos a me mata.
- Ta bom, que seja – bufou e saiu de cima de mim, estendendo a mão para me
ajudar levantar – Eu só preciso que você me prometa uma coisa – Disse ele tão
próximo a mim que podia sentir sua respiração – Que isso não seja estranho
amanhã. Você não fuja de mim, ou fique roxa de vergonha cada vez que me ver, por
mais bonitinho que isso seja – Dei um tapa em seu braço – Você não precisa ter vergonha de mim.
- Prometo – Sorri antes de dar um leve selinho de despedida – Agora eu preciso
ir mesmo. Te vejo amanhã?
- Sem dúvidas.
Pra quem odeia acordar cedo, ensaiar quase o dia todo, não ter tempo nenhum para
dormir, ter uma Amber mais surtada que o normal gritando o tempo todo com você,
e no final ainda ter que agüentar sua amiga te arrumando para o último jogo, até
que eu estava com um humor muito bem agradável. Nós havíamos feito tanta coisa
em um único dia, que nem vimos o tempo passar. Se não fosse um risco de alguém
cair de cara no campo durante a apresentação, nem tempo pra comer Jenkins
haveria dado pra pra gente.
Aquilo era extremamente estressante. Mas como eu já disse, meu humor estava
agradável, então eu não ligava muito. Apenas liguei para o fato de que não vi
o dia inteiro.
- Você jura que precisa de tudo isso? – Perguntei à quando me olhei no
espelho para ver o pequeno “E” de Eagles pintado na maça do meu rosto, cheio de
glitter.
- Sim! – Disse batendo palminhas ao olhar mais uma vez para meu rosto que
ela acabara de maquiar – E você ta a coisa mais linda! Talvez seja a animadora
mais linda das duas equipes! – Rolei os olhos – Hoje é o grande dia! Se você
aparecesse de cara lavada no jogo, a Amber surtaria. Ela gosta de ver todas nós
impecáveis.
Me olhei mais uma vez no espelho para checar se tudo estava certo.
- Você tem certeza de que eu to legal assim? – Perguntei nervosa.
- Desde quando você se preocupa se você parece bem ou não quando antes de algum
jogo? – me olhou desconfiada – Até ontem se preciso você animava até
mesmo de pijama. Onde está a e o que você fez com ela?
- Você também é oito ou é oitenta – Me virei do espelho e encarei – Se eu
apareço de qualquer jeito nos jogos você reclama, e se eu quero me arrumar mais
um pouco, você reclama também!
- Eu não to reclamando. Só to dizendo que é estranho – semicerrou os olho
e continuou a me olhar desconfiada – Por um acaso está acontecendo alguma coisa
que eu não sei? Tipo assim... Alguma coisa a ver com uma pessoa que começa com
e termina com ?
- Nã-não... Por-por que estaria?
- Não sei, gaguinha, me responde você.
Entendam, ninguém, absolutamente ninguém, me conhecia melhor do que . E
acreditem, isso chegava a ser assustador às vezes.
- Aconteceu mais alguma coisa além da briga entre o e o Andrew? –
Cruzou os braços esperando minha resposta.
- Talvez – Respondi olhando pra baixo, tentando não rir.
- Vadia! – Gritou! – Por que você não me contou? Anda, diz logo, o que
aconteceu?
- Ah... A gente ficou – E de repente começou a me dar calor. E então eu notei
que de repente, eu poderia estar muito vermelha naquele momento.
- De novo? – Gritou novamente – Ai que fofo! Mas anda, fala, quero detalhes!
Eu simplesmente detestava esse lance de “detalhes”. Eu já ficava toda sem graça
em ter que contar o resumidamente, quem dirá em detalhes. O problema é que
quando se tem uma melhor amiga igual a minha, você não tem muita escolha.
Tirando que uma hora ou outra ela ficaria sabendo.
- Me pinta de azul que eu to bege! Mas e agora, o que você pensa em fazer?
Porque se você deixar essa oportunidade de vocês ficarem juntos passar, eu te
mato!
- Eu sei, eu quero continuar ficando com ele. Só que eu... Eu tenho medo
entende? Por mais que eu esteja me sentindo uma abobada agora, eu não posso
meter os pés pelas mãos. Ele é o , entende?
- Meter os pés pelas mãos? Você tem uma noção de quanto tempo vocês demoraram
pra finalmente voltar o que era antes?
- Aí está o problema, ! – Me joguei na poltrona – Nunca vai ser como era
antes, entende? E se voltar, eu sempre vou ter aquela coisa na cabeça de que um
dia a gente vai voltar a brigar e que eu vou voltar pra fossa. Eu não posso
simplesmente pagar de louca.
- Eu sei ajudar todo mundo com uma situação igual a essa, menos você – Franzi o
cenho – Eu nunca te vi apaixonada por ninguém, e eu não sei que conselho dar,
entende? Não quero chegar aqui e dizer, vai fundo, e depois acontecer alguma
coisa que te deixe da mesma maneira que eu encontrei você há 3 anos atrás. Eu
mais do que ninguém não quero te ver naquele jeito de novo.
- Hey, hey, hey, espera aí! Ninguém aqui ta apaixonada, ta legal? – Disse
ignorando quase tudo do que ela havia falado.
- Ah não, claro. Esqueci que você não tem coração, homem de lata – Ironizou –
Agora vamos parar com o Mágico de Oz e todo o teatrinho, porque desde que eu te
conheci você gosta do , e nem tente negar isso.
Ok, eu gostava dele. Grande merda que eu sempre gostei daquele infeliz muito
mais do que eu deveria, mas nunca venha me dizer que eu estou apaixonada, porque
eu sempre disse que se apaixonar era pra fracos. Eu não sou fraca. Talvez um
pouquinho, mas não precisamos entrar nesse assunto. A pauta no momento era
“ é louca, e precisa de ajuda”
- Não da pra discutir com você, .
- Não, o problema é que você não tem argumentos porque sabe que eu to certa – É
agora que eu tampo os ouvidos e começo a cantar “Brilha, brilha estrelinha” pra
não ter que ouvir as besteiras que ela iria falar? – Custa pelo menos uma vez na
vida confessar que você está de verdade afim de alguém? Eu sou sua melhor amiga,
poxa! Não é como se você precisasse esconder isso de mim.
- Ta legal! – Berrei – Quer saber? É, eu gosto dele! E muito! Mais do que
deveria! E isso ta me matando! Me matando porque eu não sei o que eu faço,
porque eu nunca sei o que fazer quando to perto dele, porque eu sinto que vou
entrar em curto toda vez que ele chega perto! E eu odeio sentir isso, porque me
sinto uma verdadeira idiota! – Pronto, ela pediu pra eu desembuchar, e eu
desembuchei – Odeio porque eu poderia sentir isso pelo Andrew, mas eu não senti.
Porque seria muito mais fácil sentir isso por qualquer pessoa que não fosse ele.
- Você não é uma idiota por amar uma pessoa.
- , não começa.
- Ok, chega desse assunto por hoje porque você já progrediu demais para um dia
só. Mas eu acho que ele merece mais uma chance.
E aquelas foram as últimas palavras dela antes deu começar a refletir
freneticamente sobre aquilo tudo.
Já prontas, e eu fomos para a frente do Hotel de onde sairia o nosso
ônibus para a escola onde aconteceria o jogo, no campo dos Warriors. Apenas
esperávamos o treinador dos meninos aparecer, para finalmente sairmos. As
meninas estavam em um canto conversando, enquanto Amber estava sentada sozinha
na poltrona em frente a porta de vidro no lobby. Notei que ela encarava Andrew
do outro lado, sentado de cabeça baixa, porém sem deixar de esconder o roxo em
seu rosto causados pelo . Deixei minha mochila ao lado de , que
conversava com alguma das meninas, e fui até Amber.
- Sabe o que eu acho? Que é uma droga gostar de quem não merece – Amber me
olhou, mas não disse nada – E também acho que é difícil esquecer, mas que não
custa tentar. Sem querer sair por aí dizendo elogios, mas você pode ter qualquer
cara que quiser num estalar de dedos.
- Não o que eu quero.
- Se ainda valesse apena, eu juro que eu diria pra você correr atrás, só que não
vale, não o Andrew. Experiência própria, lembra?
- Você não... Se sente culpada por tudo isso? Querendo ou não você nunca gostou
do Andrew como namorado, mas ainda sim continuaram juntos quando você podia
simplesmente parar com crise ridícula com o . Não vê que você coloca o
mundo de várias pessoas de cabeça pra baixo?
- E você, mesmo depois de tudo, ainda consegue defender ele – Disse incrédula –
Não vem colocar a culpa em mim nos erros dele, Amber. Você não percebe tudo o
que ele fez? Não só pra mim, mas com você também? Ele é o Andrew, e ele é um
idiota, e eu não desejo ele pra ninguém, nem mesmo a você.
- Queria ter alguém que pudesse brigar por mim – Abaixou a cabeça e deu um
sorriso fraco – Eu sei o que aconteceu entre ele o ontem de noite.
- Tudo bem, mas não espera isso do Collins – Amber não disse nada. No fundo ela
sabia que era verdade – Porque é bem capaz que ele te coloque na frente pra
levar o soco pra não machucar o lindo rostinho dele – Brinquei tentando
descontrair o clima – Hoje é o grande dia! O dia que tava todo mundo esperando,
e o dia que indiretamente me colocou nessa cilada. Se não fosse por esse jogo
vocês poderiam esperar a Angie melhorar, não é? Então por favor, faça esse
inferno valer apena. Melhora essa cara, porque na minha eu fui obrigada a
colocar até glitter, olha.
Amber riu e balançou a cabeça.
- É, você não ta tão ruim assim.
- Se isso foi um elogio, obrigada.
- Já está na hora, todo mundo pro ônibus, pessoal! – Disse o treinador ao chegar
no lobby do hotel.
Todos do time foram em direção ao ônibus, assim como Amber e eu.
- Apesar de você ter roubado dois namorados meus, eu não te odeio tanto assim,
– Disse Amber enquanto eu tentava encontrar no meio de todo mundo.
- Não tenho culpa que eu sou mais irresistível que você - Disse olhando pra
trás, dando uma piscadinha para Jenkins, e sem querer trombei em alguém.
Com a maior cara de sono de todos os tempos, eu dei de frente com na porta
do ônibus, quase subindo as escadas. Nunca eu pensava ver aquele cabelo tão
desarrumado na minha vida.
- Hey... Eu acho que alguém dormiu demais hoje! – Brinquei enquanto esperava ele
subir, ou me dar passagem para entrar.
- Treinador pegou pesado hoje de tarde e eu acabei capotando.
- Além de dormir mais que a cama, fica de papo furado na porta do ônibus? Porra,
assim não da! – Com um tom bravo, o treinador fingiu brigar com .
- É que eu to esperando ela pagar pedágio, treinador – mostrou um sorriso
sacana nos lábios.
- Que pedágio? - Perguntei sem entender sobre o que eles falavam.
- Não da pra acreditar que eu, com 45 anos, saquei o que ele quis dizer, e você
não, Srta. . Vai, beija ou passa logo que não tenho tempo todo.
Fuzilei com os olhos e depois dei um soco de leve em sua barriga passando
por ele sem merda de pedágio nenhum.
- Essa é bravinha, hein ! – Brincou o treinador.
- Como um gatinho.
Mandei um dedo pro antes de ir me sentar ao lado de com uma falsa
irritação.
Eu não estava nervosa até chegar ao campo. A quantidade de gente que tinha naquele lugar era impossível de dizer. A arquibancada que tinha no campo do colégio estava lotada, e como de se esperar, todos torcedores do Warriors. Como seria animar uma torcida que não era nossa? Animar fora de casa não era o problema, a questão era que ali não tinha lado, todos eram torcedores do time adversário. Parte era culpa do mão de vaca do Sr. Grey que não quis pagar para os alunos virem assistir ao jogo da final. Apenas estava aqui, isso porque ele pagou pra vim.
Ao começarmos nos aquecer, observei Amber um pouco distante falando com as cheerleaders dos Warriors. Eu sabia que isso não era uma boa coisa, não quando
Amber odiava a todos daquele time. Cutuquei com o braço, e apontei para
as duas. Sem pensar duas vezes nos levantamos e fomos até elas. Boa coisa não
era, e isso a gente tinha certeza.
- Olha só, a tropa chegou para salvar a amiguinha indefesa – Disse a morena do
outro time, que eu jurava conhecê-la de algum lugar.
- Sabe como é que é, você esta com sua tropa, e nós estamos com a nossa, que tal
uma disputa justa tipo... Tropa contra Tropa? – Zombei de sua cara e percebi sua
expressão mudar completamente. Ops, eu acho que havia provocado
- A novata mal chegou no time e já quer marcar presença, cala a boca ai, Joan
Jett – Só agora eu havia percebido que aquilo era engraçado apenas quando Amber
que dizia. Fiz
um bico fingindo que ela tivesse me ofendido com o apelido.
- Cala a boca, Chloe! – Disse Amber num tom mais alto fazendo com que todos na
concentração se dessem conta da confusão que estava prestes a vim.
Percebi uma rodinha se formando ao nosso redor, junto com o time de futebol de
ambos os lados
- Eu também ficaria com medo de perder do time adversário na sua própria escola –
Amber continuou com as provocações – Não deve ser fácil passar por tal
humilhação.
- Sonha! – Ouvi uma voz masculina diferente protestar, e tirei a atenção de
Amber para ele. Era um cara bem alto, de cabelos escuros e olhos verdes, muito
gato se não fosse um Warriors – Nós vamos acabar com o time de vocês,
Jenkins. E você novata? Não ta afim de mudar de time alguns minutinhos? – O tal
cara me olhou de cima a baixo nas piores intenções possíveis e minha vontade era
de dar um tiro nele.
- Em seus sonhos, otário – Senti o braço de apertar minha cintura de repente
– Nem pense por 3 segundos em mexer com a garota errada Brad, se não eu te
quebro aqui e agora – O ameaçou e eu segurei forte para que ele também não
sonhasse por 3 segundos em fazer aquilo que ele estava pensando
- Eu quero paz – Levantou os dois braços em forma de rendimento – Só queria ver
se a fama da é mesmo válida, eram só alguns minutinhos já que
pelo visto ela não ta mais com aquele bocó do Collins – Piscou pra mim, mas eu
estava muito ocupada tentando acalmar pra poder mandar um vai se foder.
- Minutinhos Brad? – Mordi meu lábio inferior tentando ser sexy para poder zuar
com aquele merda – Você está tão mal ao ponto de durar só alguns minutinhos?
Todos riram, inclusive alguns caras do seu próprio time
- Mas tudo bem, voltando ao que realmente interessa, nós queremos que vocês
arrasem, queremos uma luta justa, não é verdade? – Todos me olhavam incrédulos,
primeiro porque eu estava dando minha cara a tapa por esse time que eu odiei
tanto entrar, e segundo porque eu tinha chamado pra briga os donos do campo.
- Pode deixar, nós vamos! – Disse a tal Chloe – E você, , como vai? – Espera
aí, desde quando eles se conheciam? – Que tal a gente dar uma volta hoje depois
do jogo igual da última vez?
Como é que é!?
Então eu lembrei quem ela era. Chloe estava no último jantar que eu fui com
minha mãe e Stevie. O mesmo que eu encontrei , e a Chloe apareceu. A tal
que ele olhava como se fosse um Big Mac. Com uma raiva que eu não tinha idéia de
onde tinha vindo, tirei as mãos de da minha cintura, como se ele de repente
ele tivesse com alguma doença contagiosa.
Como ele era ridiculo! Tão ridiculo a ponto de pegar uma vaca dos Warriors!
- Não to afim de um remember, Chloe, eu passo – Disse voltando a colocar
a mão na minha cintura. O que me deixou furiosa.
Eu só não saía correndo dali, porque não havia motivos deu estar tão irritada.
- Você é quem sabe. Qualquer mudança de idéia, você sabe onde me encontrar,
certo? – Rolei os olhos e quando eu vi Chloe já tinha se juntado ao seu bando.
Sem dizer uma palavra fui junto com as meninas voltar para o aquecimento. Isso
se não tivesse pego no meu braço me fazendo parar e ficar em sua frente.
- Você ta brava – Afirmou.
- Por que eu estaria? – Tentei fazer a cara mais natural possível. Só não sei se
foi tão convincente.
- É, você ta brava.
- Não, , eu não to! Agora eu preciso voltar pra lá, ou se não a Amber me
mata.
- Não, você não vai até a gente conversar – Voltou a me segurar pelo braço, me
puxando para um canto mais reservado – Só quero deixar claro que o que rolou com
a Chloe foi antes de tudo! Antes da gente ao menos imaginar em se entender. Foi
justamente naquele jantar, que estavam nossos pais e... você sabe, teve aquela
troca de farpas entre nós e pra te irritar eu fui pra cima de Chloe.
Eu entendia o que ele queria dizer, até eu mesma não entendia o porque eu estava
reagindo daquele jeito.
- É um dom seu. Pra me irritar você come uma vagabunda – Dei em ombros.
- ...
- Esquece ok? – Tentei mostrar que estava bem de verdade – É sério.
- Não, não vou esquecer. Você ta brava, e eu não vou entrar no jogo sabendo que
você ta puta comigo.
- Ta bom, então. Vai lá naquele campo, joga como se você nunca tivesse jogado
antes, e se vocês ganharem nem você e nem eu lembramos que isso aconteceu,
beleza? – Estendi minha mão.
- Só basta prometer que vai voltar a confiar em mim.
- Mas eu confio. Confio tanto que sei que você vai ganhar esse jogo, e acho que
você deveria me fazer prometer alguma coisa melhor – Brinquei.
- , anda logo daqui 5 minutos a gente entra! – Gritou Amber.
- Eu tenho que ir – Disse dando passos pra trás para voltar pro aquecimento.
- Me promete deixar eu ver sua tatuagem misteriosa, então? – Sugeriu
quando eu já estava em uma certa distancia dele.
- Prometo pensar no caso – Pisquei e finalmente fui me juntar as meninas.
- ? – Gritou e eu me virei para ver o que era – Você fica bonitinha com
ciúmes!
Indignada, mostrei o dedo do meio e não voltei a olhar pra trás, onde estava
gargalhando
Parecia que eu estava mais nervosa que o primeiro jogo. Pra falar a verdade eu
nem fiquei nervosa em animar pela primeira vez, mas dessa vez as coisas eram
mais complicadas. Além de estarmos no campo do time adversário, toda a torcida
deles eram para os Warriors. Agora me explica, como que a gente ia animar uma
torcida que nem do nosso time era?
A grande realidade é que estávamos ferradas, e pagaríamos de palhaças na frente
de todo mundo se não fizéssemos nada.
Começamos com a coreografia, e a única coisa que eu pensava era que nós
precisávamos ser melhores que o outro time. Ao meu lado só existiam rostos
preocupados, principalmente Amber. Dei uma olhada para o outro lado do campo e a
torcida toda estava indo ao delírio com as cheerleaders do outro time. Claro,
até eu levantaria a bunda daquela arquibancada se fosse meu time que estivesse
ali dançando na minha frente feito idiotas. Ouvir aqueles gritos animados da
torcida adversária era broxante.
Não estávamos conseguindo levantar a "nossa" torcida e tudo que eu pensava era
que eu não tinha feito tudo aquilo pra morrer na praia. Eu precisava animar
aquele lugar, e tirar a panca dos Warriors.
Quando terminamos a coreografia o jogo começou. Os meninos estavam jogando bem,
e isso me confortou. A última coisa que eu queria no momento era também ser
massacrada pelo time de futebol, de losers já bastavam a gente.
O que eu vim fazer aqui? Pagar de idiota na frente de todo mundo? Jamais!
O primeiro tempo terminou no 0 x 0. Os meninos foram para o banco receber
instruções do treinador e aquela era a nossa vez de voltar a animar. Ou pelo
menos tentar. Começamos a dançar de um lado, e os Warriors do outro. A galera do
outro lado ia a loucura e algumas vezes podíamos ver olhares provocativos vindo
das meninas da torcida. Nosso trabalho estava sendo mais para desanimadoras de
torcida do que animadoras.
Ainda antes de terminar a dança e o grito de guerra, dei um passo a frente
fazendo todos da equipe me olharem assustados, pensando no que eu iria fazer.
Sabe quando uma idéia brota na sua cabeça e ela é tão absurda que você
simplesmente não pode pensar muito? Pois é, foi isso que aconteceu. Tão absurda
que eu nem mesmo pensava que isso algum dia poderia passar pela minha cabeça.
Amber se aproximou de mim de uma forma discreta, dando sorrisinhos para todos os
lados, tentando desmanchar a merda que ela pensava que eu iria fazer. Por que há
pessoas que pensam que onde eu toco, vira lixo? Tudo bem que minha mãe e Jenkins
eram um ótimo exemplo dessas pessoas, mas no momento eu só estava tentando
salvar o time, que apesar de tudo, eu fazia parte e não aceitaria perder para
ninguém, não comigo dentro.
- O que você pensa que está fazendo? Volta pra sua posição agora! – Cochichou
brava em meu ouvido
- Calma, baby! Como que é aquilo que você sempre me fala? Watch and learn? – Joguei um beijo pra ela, e respirei fundo antes de fazer o que estava
pretendendo.
Antes que pudesse fazer alguma coisa, dei uma olhada geral na arquibancada em
nossos supostos “torcedores”. Eles mal olhavam pra gente. Oi, pessoal, o jogo ta
no intervalo, e há várias garotas gostosas de saia pra olharem, o que tem de tão
interessante naquele gramado?
Dei mais alguns passos pra frente e comecei.
- Qual é galera? – Gritei alto o bastante para que eles me escutassem – Tudo
bem, eu sei que nós não somos o time de vocês, mas pra que essas caras de bunda?
Legal, agora toda aquela gente queria me matar. Olhei pra trás e vi olhares
pavorosos pra mim,
- Mas é o seguinte... – Comecei a me explicar – Vocês estão aqui, no nosso jogo
e no nosso lado da arquibancada. Então que tal levantarem a bunda desses bancos
pra assim eu poder levantar outra coisa pra vocês?
A galera foi literalmente ao delírio, levando tudo que eu estava dizendo no
sentido que eu queria. Eu via todas as meninas, inclusive e os meninos do
time me olhando como se eu fosse uma louca.
- O que você ta fazendo sua retardada? – pegou em meu braço e eu a ignorei
me soltando.
- Então... – Continuei gritando com o pessoal da torcida – Se eu prometer
levantar as coisas aqui, vocês prometem acabar com os torcedores do time do
outro lado?
- YEAAAHHH – A galera respondeu num coro extremamente alto, chamando a atenção
de todos que estavam no estádio.
O que uma garota de 17 anos não conseguia fazer com um bando de marmanjos e seus
hormônios a flor da pele com apenas algumas palavras? Mas faria o que tinha
prometido, e não seriam somente palavras.
Eu não podia fazer contagem regressiva, ou contar muito mais do que 5, para não
haver tempo deu mudar de idéia. Então foi assim que respirei fundo, e contei
mentalmente o "1, 2, 3 e já" e levantei minha blusa e mostrei os peitos pra toda
aquela torcida e abaixei logo em seguida já percebendo um grande resultado
- EAGLES! EAGLES! EAGLES! – Todos, sem exceção gritavam. Até mesmo as garotas,
que eu pensava que atacariam o primeiro objeto que estivesse em suas mãos, em
mim.
Todas as meninas da torcida estavam incrédulas, e os garotos no campo junto com
o pessoal dos Warriors olhavam como se não tivessem acreditando no que eu tinha
feito, mesmo que eles não tivessem visto o que a galera da arquibancada viu, já
que eu estava de costas. Fala sério, mostrar os peitos pra umas 80 pessoas já
era baixaria demais pra querer mostrar pro campo inteiro.
E a gritaria não parava. Quando me dei conta, Amber havia levantado a a saia do
uniforme e começado a fazer uma dança bizarra na frente de toda aquela gente, que eu pensava que
não poderia surtar mais do que aquilo. Eu comecei a rir tanto que não me
agüentava. Eu estava realmente me sentindo feliz. Não por mostrar os peitos, ou
por Amber estar dançando que nem uma retardada de calcinha, claro, mas pelo momento divertido que
aquilo estava sendo. Eu já não me importava mais se a gente perderia ou não, só
de saber na loucura que fizemos para que tudo aquilo acontecesse, já tinha
valido apena. Tendo um ataque de risos junto comigo, Amber me abraçou de uma
forma meio desengonçada deixando as desavenças de lado.
Quando o jogo voltou, não existia mais torcida dos Warriors, todos estavam ali
por nós, gritando e esperneando. Mas mesmo com toda a torcida a favor, aos 15
minutos de jogo o outro time marcou o primeiro gol, nos deixando extremamente
preocupados. Porém a comemoração dos Warriors demorou o mesmo tempo que a nossa
preocupação, já que o , depois de 7 minutos, fez o primeiro gol do Eagles,
nos deixando mais tranqüilos. Meu primo era simplesmente demais!
E o placar continuou assim até os 45 minutos. Eu não tinha mais unha, essa era a
verdade. Eu não queria que o jogo fosse para os pênaltis, aquilo seria tortura.
Collins que corria com a bola por todo campo, quase foi linchado pelos
jogadores do Eagles e pelo próprio treinador por não querer passar a bola e
arriscar o time a perder um gol. Aquela criatura era egoísta até jogando futebol.
Pela pressão feita por todos, Andrew passou a bola para , que chutou para
. Foram faltando alguns segundos para terminar o jogo, quando finalmente
fizeram gol que decidiu o grande vencedor. O meu numero 23 marcou o gol da
vitória.
Ainda na comemoração o juiz apitou e finalizou a partida. Nós gritávamos tanto
que parecia que conseguíamos ser mais alto que a torcida. Sem pensar duas vezes
eu pulei a grade e invadi o campo para comemorar junto com eles. No meio daquele
monte de jogador com camisas iguais, eu fiquei a procura de .
- Aqui, bonitinha – Ouvi sua voz e me virei em sua direção com um sorriso de
orelha a orelha.
Sai correndo ao seu encontro e me joguei em cima dele, colocando minhas pernas
em volta de sua cintura
- , eu to todo suado – E quem se importa? Ele estava tão lindo, tão feliz,
que não pensei duas vezes antes de fazer o que eu fiz.
Coloquei meus braços em volta de seu pescoço e mordi seu lábio inferior,
deixando um pouco surpreso.
- Esse é meu cowboy!– Eu o beijei tirando gritinhos de todos que estavam no
campo. Não consegui segurar aquilo por muito tempo, e cortei o beijo começando a
rir das piadinhas que todos estavam dizendo ao nosso redor.
- Você é incrível, sabia? – Sussurrou , ainda me segurando em seu colo,
com minha testa grudada na sua.
- Acho que sim – Sorri e pisquei pra ele.
- Idiota – gargalhou e me deu um último selinho antes
de me colocar de volta no chão.
Algumas meninas vieram me abraçar para comemorar a vitória do jogo, e outras
vieram falar o quanto achavam eu e um casal fofo. Pelo amor de deus, nós não
éramos um casal. Não ainda. Pelo menos ninguém havia me comunicado nada.
- Eu realmente não acredito que você fez aquilo! – falou indignado.
Estávamos na praia em um pseudo luau, comemorando a vitória do campeonato – Poxa
prima, que vergonha pra nossa família – Disse brincando, como se um dia ele
tivesse se importado com a nossa reputação.
- É verdade que você tem uma tatuagem no peito? Me mostra? – Comecei a rir. Tava
a vendo a hora do afogar o no mar pela quantidade de besteiras
que ele falava sobre o que eu tinha feito mais cedo na hora do jogo – Droga, por
que eu inventei de assistir o jogo do banco?
- Há! Muito engraçado, otário! – Estava sentada entre as pernas de , quando
vi um pacote de batata voar em direção ao – Vai ir ver os peitos da sua
mãe, .
- É o tal negocio... – se levantou – All you need is love! – Eu cai na
gargalhada e o saiu de trás de mim correndo atrás dele.
Minha tatuagem passou a ser piada entre todos.
- Cara, eu nunca pensei que fosse dizer isso, mas eu nunca me diverti tanto na
minha vida – Disse para e sentados ao meu lado. Olhei para o céu,
deitada na areia já que não tinha mais apoio.
deveria ainda estar correndo atrás do .
Andrew não estava na roda, estava um pouco distante pegando uma menina de outra
escola. Ainda era estranho vê-lo beijando outra garota que não fosse eu, mas
dessa vez eu não podia falar nada, já que eu mesma estava com outra pessoa.
- Ta tudo bem? – já tinha voltado e estava um pouco ofegante. Talvez ele
tivesse percebido que eu estava olhando para o Andrew
- Esta sim! Só queria ir pro quarto, to um pouco cansada, e preciso de um banho
urgente – Fiz um bico e uma cara derrotada, eu estava realmente cansada – E
amanhã finalmente poder ir pra casa. Estou até com saudades de ouvir minha mãe
surtar com o casamento, sabia?
- Na verdade, eu quero ver ela surtar quando souber da gente.
É, isso seria uma coisa interessante de se ver.
Capítulo betado por Natyh Vilanova
Continua...
Capítulo 17 em diante.
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