Autora: Márys | Beta: That

Capítulo um
"Todos são arquitetos do destino, vivendo nestas paredes de tempo, então não se lamente pelo passado. Ele não voltará de novo"- Henry Wadsworth Longfellow




Pi, pi, pi...
Eu sempre tive um tique. Qualquer mínimo barulho, mentalmente, eu começava a sincronizar com uma música qualquer, mas parecia que no momento eu estava incapacitada de pensar em qualquer música pra sincronizar com aquele barulho irritante no meu ouvido.
Quer dizer, eu poderia sim, o barulho estava sincronizado com as batidas da minha cabeça, que no momento latejava.
Pi, pi, pi. 1, 2, 3. Dor, dor dor.
Preciso de um remédio. Merda de bebida.
Mas primeiro de tudo, eu preciso abrir os olhos, me levantar e procurar algum remédio dentro do criado mudo. Só que o grande problema é que eu não conseguia abrir meus olhos!
Pi, pi, pi...
E eu continuava a escutar aquele barulho irritante, que cada vez mais se tornava familiar. Precisando de remédio ou não, agora era o momento de abrir os olhinhos, porque eu havia acabado de perceber que aquele barulho insuportável e familiar, era nada mais nada menos, que o escandaloso do meu despertador, indicando que eu precisava acordar para ir pra escola. Coitado daquele pobre objeto que ficava ali, por horas tentando me acordar. Isso quando a histérica da minha mãe não escutava do seu quarto e vinha até o meu berrar na minha orelha. E se vocês querem saber, meus caros amigos, minha mãe consegue ser muito pior que esse pobre despertador. E sabe o pior de tudo? Por mais irresistível que fosse, eu não podia dar um tabefe na minha mãe pra ela parar de gritar, mas eu podia fazer isso com o meu relógio, e foi isso que eu fiz, quando mudei de posição e dei um murro no objeto, fazendo-o cair no chão e parar de tocar. Espero que não tenha sofrido nenhum dano, porque esse seria o terceiro despertador a ser comprado num mesmo mês.
Delicadeza e sutileza nunca estiveram no meu dicionário, e muito menos em meus atos.

Ai não, escola, não! Tudo bem que eu tentava fazer com que minha vida fosse o menos monótona possível, mas com esse lance de escola ficava complicado. Não via a hora de me formar, montar minha banda e sair estrada a fora. Ok, o lance da banda corta fora, porque se não quem cortaria o “bilau”, que eu não tenho, seria minha mãe. Tudo bem, eu não me importo, eu nem tenho uma banda, ainda.
- Ai minha cabeça – Resmunguei, enquanto me sentava e abria a gaveta para pegar um remédio bem potente, que curasse a dor de cabeça que estava sentindo.
Mas que merda de vodka de baunilha era aquela que o havia me dado na noite passada? Só podia ter comprado no bar da esquina, aquelas que você normalmente acha, quando dá uma olhada no carrinho de mão dos mendigos. Vodka “Fogo no Chão”, vem até em garrafa de plástico e é menos de 3,99.
Ah, e se você esta se perguntando como que eu sei a marca da vodka dos mendigos alheios, não estranhe, eu sei do que estou falando. Eu já olhei dentro do carrinho de mão de um mendigo, e até mesmo bebi um gole da “Fogo no Chão” dele. Eca, eu sei, nojento. Esse era o tipo de memória que eu queria ter perdido depois de um belo porre num final de semana, mas infelizmente a bebida era tão ruim que nem pra apagar memória ela servia. O mendigo era gente boa, seu nome era Robertão. Robertão, meu brother barbudo morador da rua 20, que tomava “Fogo no Chão”, esse eu nunca esquecerei. Infelizmente.
Será que eu teria uma overdose se tomasse 5 comprimidos pra dor de cabeça? Não, seria impossível. Não tinha como eu ficar pior do que já estava.
Pi, pi, pi...
Ok, levantar, eu precisava me concentrar em levantar. Com o sono ainda me tomando por completo, levantei de olhos fechados e fui até o banheiro tropeçando em várias coisas e dando trombada em diversos lugares. Se meu senso de direção não fosse bom, eu já teria quebrado meu nariz umas 32 vezes na porta do banheiro. Após passar pelo campo minado que era meu quarto, cheguei ao banheiro, fazendo minha higiene matinal, conseguindo que meus olhos se despertassem pouco a pouco.
Antes que eu não tivesse conseguido abrir meus olhos. Me olhei no espelho assustada. Eu estava a desgraça em forma humana! O mapa do inferno. O cão chupando manga. Vai, imbecil, quem mandou tomar um porre domingo à noite?
Já um pouco mais despertada, fui até meu guarda roupa pegar meu uniforme pra vestir. Eu me achava meio boboca vestida com aquela roupa nos dias de hoje e no século que estamos. Escolas particulares não deveriam exigir esse tipo de uniforme tosco, que num estalar de dedos, qualquer garota poderia parecer uma atriz pornô. Tudo bem que o comprimento da saia era um pouco acima do joelho, mas é nojento pensar que homens tinham fantasias sexuais com mulheres vestidas de colegiais. Pra minha sorte, ou não, eu estava longe de parecer uma atriz, quanto mais pornô. Muito menos quando estava com minhas fiéis escudeiras botas, que eu usava junto com quase tudo que vestia, que alguns chamavam de aberração, e outros de “coisa de ”. Meu padrasto falava que eram de combate e eu chamava aquilo de estilo.
Coloquei minha jaqueta de couro favorita, pendurei meu óculos escuro na camiseta de botão, branca e impecável. Praticamente pronta, desci as escadas encontrando minha mãe e Steve sentados na mesa tomando café da manhã, coisa que era bem difícil de acontecer, afinal ao contrario de mim, eles respeitavam horários.
- Hoje chove! Você acordada na hora? Que progresso! - Disse Steve, tentando ser engraçado.
Foi em vão, meu humor de manhã era negro, e o que mais me irritava era ninguém conseguir entender isso.
Steve Morgan é o noivo da minha mãe, eles já estão juntos há mais de cinco anos, e pouco tempo atrás decidiram casar. Ele é bem legal, e eu o considero bastante. No começo, eu não fui muito com a cara dele, pra mim Lizzie queria tentar substituir um lugar insubstituível, no caso, o lugar do meu pai, pessoa que eu mais amo nesse mundo e considerava como um melhor amigo. Papai mora em Nova York, se mudou pra lá desde o divórcio. Eu tive chances de ir morar com ele mas... Simplesmente não quis. Motivo não vem ao caso, mas hoje eu sinto um amargo arrependimento. Apesar de tudo, eu sempre achava uma desculpa pra ir para aos Estados Unidos vê-lo, e muitas vezes ele vinha pra cá. A distância nunca foi um problema para nós.
- Bom dia pra você também, Steve – Sorri amarelo e mandei um joinha pra ele. Me sentei na cadeira em frente a minha mãe.
- Eu definitivamente não sei como deixamos você ir pra escola dirigindo nesse estado, você está parecendo um zumbi! – É... E a pessoa mais difícil de compreender meu humor negro durante as manhãs, era Elizabeth Morgan, ou Lizzie, minha mãe. No dia que ela não me criticassem em nada, seria um progresso muito maior, do que eu acordar no horário para ir a escola, podem acreditar – Não sei porque você não vai com seu primo, faz o mesmo caminho pra escola que você.
... Aquele lá acorda todos os dias de manhã 40 vezes pior que eu. Por que ele sempre era taxado de santo da história? Aquele louco é o satanás!
- Porque vocês sabem que se eu morrer vai ser um problema a menos, portanto não me impedem de ir pra escola de carro e sozinha mesmo que isso seja muito perigoso – Joguei um beijinho pra ela no ar, sabendo o quanto meu sarcasmo a irritava.
- Sempre delicada, como uma flor! - Sorri para ela com seu comentário, bebendo um gole do suco de laranja.
Escutei passos descendo as escadas, e como imaginava, eram de Alison, ou Allie como costumávamos a chamar minha irmã mais nova de 10 anos. Com uma carinha angelical e um sorriso lindo encantador, aquela garota era o chaveirinho do demônio, mas infelizmente só eu via isso.
- Irmãzinha, já acordada! O que aconteceu? Ontem a noite a vodka de baunilha não fez o mesmo efeito que sempre faz? – Sentou-se junto a nós, acompanhada de seu olhar maligno.
Não tinham segredos, eu sou viciada em vodka de baunilha, oh, grande coisa, isso até o Robertão sabia! Mas o problema é que minha mãe não gostava muito dessa história, e não estava sabendo que antes de ontem, no sábado, seu sobrinho querido havia me dado uma garrafa de presente, para inventarmos alguma coisa para festejar no domingo. Então ontem, eu, e minha melhor amiga , decidimos usufruir do meu presente comemorando o... Belo final de tarde chuvoso. Esta vendo? Eu aprecio as pequenas coisas boas da vida, como a bela paisagem do crepúsculo tomado pela chuva. O que eu não contava era que a raposa, que eu chamava de irmã, tivesse visto nossa “festinha” no meu quarto. Estou cada vez mais convencida que aquela garota havia criado uma maquina de raio X, que conseguia ver tudo que se passava nos meus aposentos reais. Ela é uma nerd louca mesmo...
- Não, na verdade, eu tive um sonho que você ia estudar num internato no Japão. Mas adivinha só? O despertador me acordou bem na hora, e eu fiquei tão frustrada ,que a tristeza não deixou com que eu voltasse a dormir de novo. – Fiz careta e ela me mostrou a língua.
- Sabe, ... Sem querer interromper a bela briga entre vocês – Já interrompendo, pensei – Eu achei isso jogado no chão da sala ontem a noite. – Minha mãe tirou um maço de cigarro de dentro da sua bolsa, cortando completamente com a onda da briga entre mim e a Allie – Vai me dizer o que? Que isso não é seu? Ou melhor, que é da Alison?
Eu não fumo, quer dizer, eu fumo, às vezes quando estou no clima. Mas não é um vicio, é só curtição.
- Allie! – Fiz uma cara brava – É muito cedo pra você começar com essas coisas! – A alertei de brincadeira, deixando Lizzie furiosa – Calma mãe, é meu, mas eu não fumo ou algo do tipo, relaxa! E nem adianta retrucar, você tem o faro mais apurado que de um cachorro, portanto saberia se eu fumasse ou não.
- Eu preciso falar com seu pai, não é possível, de alguma forma você tem que tomar jeito! – Jogou o maço na mesa – Se bem que, seu pai em questão de juízo é quase pior que você, então não sei se é a melhor coisa a se fazer.
Meu pai era divertido, isso sim!
Abri minha mochila e tirei de lá de dentro um saquinho de Gold Bears, aquilo era meu café da manhã. Meu café da manhã, meu almoço e minha janta. Eu simplesmente era viciada naquelas jujubas de ursinhos, desde que me conheço por gente.
- E eu ainda não entendo como você consegue comer isso toda a hora – E eu ainda não entendo como que ela não deixou de encher meu saco. Me deixa comer, quem vai ficar com celulites em forma de ursinhos quando for mais velha serei eu, não ela!
- Por favor, amores da minha vida, sem brigas, o dia esta tão lindo! E falando em dia lindo, esta na minha hora – Ah claro, dois assuntos muito a ver com o outro.
Steve se levantou da mesa limpando a boca no guardanapo indo dar um selinho na minha mãe, e depois veio até mim e Allie e nos deu um beijo na cabeça.
- Até um dia – Falei dando um tchau com a mão – Quem sabe semana que vem?
Costumava a falar isso, porque quando eu os via de manhã era difícil de saber quando os veria novamente, ambos viviam para o trabalho.
- Olha quem fala, você some do mapa e depois joga a culpa em nós – Disse Steve, roubando um de meus ursinhos do meu pacote. Hey, justo o azul?
Pegou umas pastas em cima da mesa de centro da sala, indo em direção a porta.
- E vocês sempre ficam tão interessados em saber onde estou! – Ironizei.
- Oh, tadinha da minha enteada favorita! – Chupa Alison! – Depois da Allie, Claro. – Ótimo então, pega essa pirralha e vão os dois juntos pro interior da Austrália – Desculpa, tô sem tempo para conversas sem fundamentos. – Jogou beijos para todos nós e saiu fechando a porta.
Ele sabia que no fundo o que eu falava era verdade.
- Como se fosse possível te localizar em algum lugar, por favor, , se fazer de coitadinha em plenos 17 anos não funciona mais. Quantas vezes eu já tentei falar com você, depois de passar dias fora de casa, sem a gente saber se estava viva ou morta! - Ui, minha mãe me dando lição de moral, essa era nova!
- Aposto que quando eu atendo você lamenta. - Me fuzilou com os olhos - Calma, eu tava brincando!
- Não sei a mamãe, mas eu lamento – Allie arrumava seus charmosos óculos, enquanto comia a torrada. Minha irmã não era simplesmente adorável? Acho que ela havia herdado minha sutileza. Ao menos isso, porque a chatice com certeza não era.
- Bom, eu adoraria participar da doce conversa de vocês, mas preciso ir que tenho uma reunião daqui a pouco. – Mamãe era formada em arquitetura, e trabalhava na mesma empresa que Steve, foi assim que se conheceram e começaram a namorar. Os dois trabalhavam feito dois camelôs no deserto.
- A partir de hoje além de levar, eu preciso que você também busque a Alison na escola, vou tirar meu horário de almoço para me ocupar com os preparativos do casamento! – Os olhos de Lizzie brilharam – E por favor, não esqueça de buscá-la, entendeu? Ela sai no mesmo horário que você – Dei de ombros.
Como se eu não soubesse o horário da Allie. Lizzie me subestimava demais, principalmente depois que eu esqueci de buscar Alison na escola um tempo atrás.
É, mês passado eu havia esquecido de buscá-la na escola. O problema não foi minha mãe falando um monte pra mim depois, e sim a professora dela que me tirou pra dar um sermão sobre eu poder traumatizar uma criança com isso. Fala sério, se ela conhecesse minha família, não acharia que eu esquecê-la na escola seria o maior dos problemas
- Com tanto que você tire da cabeça aquele lance de dama de horror, pra mim ta tudo certo!
- Você não pode ser normal pelo menos uma vez na vida? A aceitou no mesmo instante. Imagina que lindas vocês duas! Só falta eu conversar com a sua tia, porque faço questão que o também entre com vocês – Bateu palminhas – Já falei com a Danna e ela disse que sem problemas o ...
- Wow! Wow! Wow! – Me levantei da cadeira – Não, nem pense nisso, eu já te falei que isso esta completamente fora de cogitação, mamãe! Tudo bem, eu entro de dama de horror parecendo um pavão indiano naquele casamento, mas isso... Nem pensar! E outra, se você quer me deixar um pouquinho mais feliz com essa história toda, poderia chamar o Andrew pra ser meu acompanhante no altar!
- Querida, você sabe que eu adoro o Drew, e que também estar namorando com ele foi a coisa mais inteligente que você já fez na sua vida – Rolei os olhos – Mas eu o conheço há pouco tempo e esse casamento é importante pra mim, e eu preciso de pessoas importantes! Tirando que Andrew é um gentleman, e tenho certeza que ele não irá se incomodar.
- Ele não. Eu vou. Tipo, não. Sem chances.
- Tá bom, conversamos sobre isso mais tarde. – Quando eu falo que eu era a pessoa mais normal dessa família, davam risada da minha cara.
Eu tinha uma mãe que batia a cabeça na quina da cama todo dia na hora que acordava, um padrasto que cheirava erva escondido no banheiro, e uma irmã que havia vindo de Marte.
- E só um último favor... – Disse pra mim ao se levantar da mesa - Não faça nenhuma besteira até o final do dia, não bola nenhuma aula, não roube o gabarito de nenhuma prova, não bote fogo na casa e muito menos na escola. Não agüento mais seu diretor me ligando por causa de mau comportamento. – Choramingou.
- Relaxa, não tenho planos pra hoje! – Cara, minha mãe é bizarra.
Se não fosse por essa semelhança paterna, eu poderia acreditar plenamente de que eu era adotada, ou até mesmo trocada na maternidade. Mesmo assim essa idéia ainda passa pela minha cabeça todos os dias, mas todas as vezes que sentava pra conversar seriamente sobre isso com a Lizzie ela me mandava procurá-la na esquina, e meu pai... Bem, ele tinha um senso de humor melhor e mandava eu perguntar pra minha mãe.
- Dude, você tem fama até no meu colégio sabia? Eu sou uma aluna exemplar, você deveria pensar na minha reputação! – Eu e minha mãe rimos da forma em que Allie fez o comentário. Desde quando minha irmãzinha fala “dude”? – Minha professora de história fez careta quando leu meu sobrenome, dá pra entender isso?
- Pelo amor de deus, afaste e seus amigos da minha filha, ela é minha única esperança! – Lizzie fingiu uma voz apavorada.
- Uma garotinha de 10 anos se preocupando com a sua reputação? Nossa, as crianças de hoje em dia estão crescendo rápido! – Balancei a cabeça negativamente.
- Bom, agora é sério, preciso ir – Minha mãe repetiu o ato do meu padrasto, e veio até nós e nos deu um beijo na cabeça. Primeiro em Alison, e depois em mim – Por mais que você não acredite, eu te amo.
- Por mais que você não acredite, eu também .– Olhei pra cima, pro seu rosto e sorri. Logo depois ela se foi.

Não muito tempo depois da minha mãe, eu e Allie descemos até a garagem para pegar meu carro. Coloquei meus óculos escuros que eram em forma de coração, e sai. Liguei o rádio e tocava Elvis Costello. Ouvir musica boa depois de acordar era tipo um ritual, sabe? Principalmente para curar ressacas, o que era meu caso, apesar da dor de cabeça quase ter passado por completo. Dependendo da música às vezes até melhorava meu humor. Minha irmã não reclamava, e mexia as pernas conforme a música. Desde que era pequena e eu havia contado que seu nome era Alison porque causa da música do Elvis Costello, ela passou a escutar. Eu lembro até hoje, quando minha mãe descobriu que estava grávida e eu pedi para que ela colocasse esse nome no bebê caso fosse menina, e por incrível que pareça Lizzie havia adorado, assim como meu pai.
Aquilo era relaxante, minha irmã quieta, música tocando, ruas ainda desertas por causa do horário e as folhas amareladas voando conforme eu passava com o carro em cima delas, cena típica de um outono Londrino. Não demorou muito para que chegasse na frente da escola de Allie.
- Entregue – Disse enquanto esperava ela sair do carro – Não faça nenhuma besteira até o final do dia, não bola nenhuma aula, não roube o gabarito de nenhuma prova, não bote fogo na casa e muito menos na escola. – Brinquei repetindo tudo que minha mãe tinha me falado hoje mais cedo.
- Há Há, muito engraçado! – Colocou a mochila nas costas, arrumou seus óculos novamente em seu rosto e pulou pra fora do carro, pra dentro da escola.
Se minha irmã não existisse, teria que ser inventada.

Minha escola não era longe da dela, na verdade eram só mais algumas quadras. Entrei no estacionamento, deixando o carro na vaga que sempre costumava a parar, isso quando nenhum senhor filho duma bela égua estacionava primeiro, claro. Coloquei minha mochila pendurada em um ombro só e fui a busca de alguém que me agradasse ou então, ir direto pra sala de aula.
- Wow, está a verdadeira Lolita usando esses óculos! – Aquela voz era fácil de ser reconhecida. Era , como eu a chamava. Minha melhor amiga – E cada dia mais sexy. Assim você mata vosso namorado!
- Eu fui praticamente inventada por Nabokov, querida. – Pisquei com um olho só.
Por que ela não estava na mesma merda que eu estava? Pelo que eu me lembre, ela também tomou um belo de um porre ontem lá em casa. Falando nisso, eu nem tinha idéia de como ela havia conseguido voltar pra casa bêbada daquela forma. O que me faltava era chegar aqui em perfeito estado pulando amarelinha, daí sim eu começo a desconfiar que estava perdendo o jeito pra coisa.
se levantava de um dos vários bancos que existiam na frente da escola e veio até mim, que permaneci parada segurando na alça da mochila.
- Olha só! Cada dia chegando mais cedo, que progresso! – É, não era a primeira vez no dia que eu escutava as falas que havia dito.
E vale lembrar que ainda não eram nem 8 da manhã.
- Me diz que no mínimo você acordou com o estomago embrulhado. O que foi aquilo que o deu pra gente beber? Acetona com essência de baunilha?
- Eu ia te fazer a mesma pergunta, mas o que você está fazendo aqui? Quando você tem reais motivos pra faltar na escola, você me aparece antes do primeiro sinal tocar. Hoje meu pai quase me jogou pra fora de casa pra eu conseguir vim pra cá! E se te serve de consolo, parece que minha cabeça está pesando 10 quilos.
- Por que está todo mundo falando isso pra mim hoje? O que tem demais eu chegar no horário na escola? – Perguntei levantando minhas duas mãos e tirando meus óculos.
- É que eu pensei que iria te ver aqui só daqui alguns meses!
É meio louca essa minha amizade com . Nós somos completamente, Indiscutivelmente, diferentes uma da outra. Hoje por exemplo, ela tinha treino, porque estava vestindo o uniforme das lideres de torcida. Sim, minha melhor amiga é líder de torcida, dá pra acreditar? Está aí um dos pontos mais nada ver entre a gente. Dizem que em muitos casos os opostos se atraem e acho que isso aconteceu com a gente, porque apesar de todas as diferenças, nenhuma de nós conseguia viver sem a outra, e isso era fato comprovado.
- Tá fantasiada hoje! Tem treino? – revirou os olhos por eu ter me referido a seu uniforme como “fantasia”.
- Na verdade não, vai ter reunião, aconteceu um problema com uma das meninas e a gente precisa decidir algumas coisas. Mas e você? Sua mãe construiu um Big Ben no seu quarto pra você acordar na hora? Ou seu fígado esta tão imprestável que esqueceu do porre de ontem? – Qual era o problema? Se eu chegava atrasada, era porque eu chegava atrasada, agora quando eu chego no horário todo mundo acha um absurdo. Que merda!
- Ah há, como você pudesse falar alguma coisa! Eu não matei aquela garrafa toda sozinha! – prendeu o sorriso. Ela sabia que também tinha culpa no cartório. – E não sua otária, nada de Big Ben no meu quarto. Sei lá, hoje eu acordei logo que o despertador tocou, e também minha mãe disse que não iria aturar mais reclamações do bosta do Sr. Grey. Acredita que ela quase me implorou pra eu não botar fogo na escola, pra ela não ter que vim aqui novamente? Foi hilário! Tirando que eu tô tendo que levar a Allie na escola agora, e se eu me atraso, aquela pirralha me mata com palitos de dentes.
- Aquelas duas são hilárias! – Se referiu a minha irmã e minha mãe – E você consegue ser mais hilária que as duas juntas – Balançou a cabeça negativamente.
Ah, eu convivo com a Lizzie minha vida inteira, e com a Alison por 10 anos, vai ver que eu estou aprendendo bastante com elas.
- Você sabe que minha mãe esta nas nuvens com essa história de casamento. Às vezes parece que ela fala nada com nada, até parece que ela nunca se casou na vida! – gargalhou.
- Sua mãe tem o direito de ser feliz de novo. Deixa ela se empolgar com o casamento!
- Mas é que ela tá se empolgando demais! Você nem imagina no que ela tá inventando de fazer, acredita que...
- Hey, ! – Ouvi aquela voz insuportável chamar minha amiga interrompendo a nossa conversa. E sem precisar me virar para saber quem é, já bufei ganhando um beliscão da que entrelaçou seu braço ao meu. – Oi pra você também, Amy Winehouse! – Me cumprimentou, ainda sim zoando com a minha cara.
Aquela era Amber Jenkins, capitã das lideres de torcida, amiga da minha melhor amiga, e se tem uma pessoa que a gente menos atura nesse mundo, Jenkins era essa tal pessoa pra mim. E eu... Bom, eu só retribuía suas juras de amor.
- Olá Britney Spears! – Dei um sorriso de orelha a orelha – Quer dizer, Britney Spears depois da gripe suína, da hepatite A,B e C... – Ela me mandou o dedo do meio e eu pisquei com um olho só para irritá-la.
- Estamos te esperando – Disse ela pra , me ignorando por completo.
- Ok, já já estou indo lá. – Amber concordou com a cabeça e virou as costas voltando de onde tinha vindo.
- Tchau, amiga! – Gritei pra ela, que nem teve a pachorra de olhar pra mim e continuou a rebolar, quer dizer, a andar.
Que triste, a gente tenta ser o mais educado possível, e as pessoas não se sentem comovidas em devolver a educação.
- Você ama provocar também, hein? – deu um tapa no meu braço.
Eu? Provocando? Que é isso, eu estava tentando ser educada, já disse!
- Olha que sua popularidade vai subir cada vez mais, se continuarem tão amigas Assim. – Alertei de uma forma brincalhona.
- Minha melhor amiga é a , quer popularidade maior que essa? Nem Amber Jenkins consegue te tirar do posto mesmo sendo chefe das lideres de torcida! – Eu juro que não pedia o porque disso, e eu juro que achava isso patético, e mais patético que isso, era esse povo querendo tomar conta da minha vida me rotulando de popular ou não, pra falar a verdade eu achava isso até engraçado.
- É... Pode até ser! – Pisquei pra ela, com uma falsa gabação, porém, não demonstrou nenhuma reação.
Parecia que ela tinha visto um fantasma ou algo do tipo. Enquanto eu, na tentativa de decifrar o que a sua cara de preocupada queria dizer, percebi que sua expressão facial mudou de repente e seus lábios se abriram se transformando num sorriso um tanto quanto maroto, e eu... Eu... Senti alguém dando um tapa na minha bunda!
Não havia sido um tapinha, aqueles que seus amigos dão na sua bunda, que ainda sim você xinga até a quinta geração da família deles. E muito menos os tapinhas que suas amigas dão de uma forma brincalhona. Aquilo havia sido um tapa de mão cheia!
Não xinguei de imediato. Na verdade de primeira, eu não tive nenhuma reação a não ser virar pra trás e ver quem tinha feito aquilo. E assim que eu vi quem era, minhas mãos se fecharam num punho, e senti meu rosto queimando de raiva.
- Bom dia, ladies. – Disse de uma forma extremamente sarcástica, passando por nós fazendo gestos obscenos com a língua pra mim.
- Filho da puta! – Gritei mesmo sabendo que sua mãe era legal demais pra ser xingada desse jeito. Ele riu fazendo o formato de um coração com as mãos, onde na esquerda segurava um cigarro entre os dedos, andando de costas virado pra mim.
é a pior criatura que poderia existir na face da Terra.
é uma ameaça ao mundo.
é uma aberração da natureza.
E sabe qual é o pior de tudo isso? Ninguém acreditava em mim. Nunca ninguém acredita em mim. No dia que ele entrar na escola com várias bombas amarradas em seu corpo, ameaçando se alto exterminar junto com a escola toda na intenção de ir pro céu e comer 72 virgens no paraíso, ninguém poderia reclamar, porque eu avisei.

O mundo é redondo, mas ainda sim parece triangular e estranho. Vários fatos absurdamente absurdos precisam ser revelados, e os primeiros fatos absurdamente absurdos que precisam ser mencionados, vão ser de , claro, porque é sobre ele que estamos falando no momento.
E por que eu tenho que ficar mencionando o nome dele toda hora?
Fato absurdamente absurdo numero um: Já ouviram aquela musica que diz: “toda patricinha adora um vagabundo”? Nessa escola também se encaixava “todo vagabundo adora uma patricinha”; porque com aquele estilinho “debochado-de-mal-com-o-mundo”, namorava com Amber Jenkins. Com Amber Jenkins! A patricinha, aspirante a vagabunda, capitã das lideres de torcida.
Fato absurdamente absurdo numero dois: fazia parte do time de futebol, e tinha uma banda. Tipo, quem joga futebol e tem uma banda? Ou, quem tem estilinho ”debochado-de-mal-com-o-mundo” e joga futebol? Jogadores não deveriam ser glamorosos e pouco se ferrarem pra música? Ele poderia até tentar ser uma pessoa normal, se não namorasse com a Barbie Malibu e não jogasse no time da escola, o que subentendia pra mim que ele pensava que isso o ajudaria a se enquadrar em alguma coisa do mundo normal. Alguém avisa que ele é idiota demais pra se enquadrar em alguma coisa?
Fato absurdamente absurdo numero três: Nós estudamos juntos desde a pré escola e nem sempre foi assim, por incrível que pareça, um dia eu já fui muito amiga daquela praga humana.

Flashback, 13 anos antes. Ponto de vista: Autora

Aquela era mais uma festa das muitas que o jovem casal Elizabeth e Matthew tinham que comparecer, devido a família ser muito conhecida pela grande sociedade. Mas dessa vez decidiram levar sua filha, , que nunca os acompanhavam. A garotinha parecia uma boneca, olhos claros, cabelos lisos até as pontas onde depois formavam-se delicados cachos acompanhado por uma franjinha em sua testa. Ela não negava ser filha do belo casal, tinha a beleza estonteante dos pais.
estava assustada por todas aquelas pessoas que nunca havia visto em sua vida. Todas aquelas fotos, com os fortes flashes a irritavam e estava a ponto de chorar.
- Olha, Matt, aqueles não são Danna e Christopher ? – Perguntou Elizabeth empolgada por reencontrar seus velhos amigos.
Eles se aproximaram do casal que também estavam acompanhados de um menininho de olhos , pelo ponto de vista de Lizzie, mais ou menos da mesma idade que sua filha.
- Quanto tempo não nos vemos, Lizzie. – Comentou Danna, abraçando sua velha amiga.
- Nem me fala, eu te vi grávida! – Apontou para o garotinho que estava ao seu lado.
- Sim! E você também estava, – Enquanto seus pais conversavam, os homens com assuntos diferentes das mulheres, os dois ficaram ali, se olhando de forma estranha como se já se conhecessem antes.
- Hey, você é da minha sala! – Comentou o garoto, no momento que lembrou de onde conhecia .
- Eu acho que sim. – A menina sorriu.
- Essa festa tá um saco! – Bufou olhando para os lados.
- Muito! Da próxima vez que me chamarem pra tirar foto, eu juro que mostro a língua, mesmo que eu chegue em casa e minha mãe tente arrancá-la fora – O garotinho riu do comentário.
- Hey, minha linda, quem é o garotão? – Matthew se abaixou ao lado de sua filha, em frente ao menino – Você que é o , filho do Christopher? – Perguntou e o garotinho fez que sim com a cabeça – Ótimo, então porque vocês não acham um lugar melhor pra ficar? Esse aqui é meio chato.
- Vem, vamos sair daqui, tem um lugar legal lá atrás – pegou na mão de a arrastando para o outro salão onde estava tudo mais calmo, porém a menina hesitou de primeira.
a encarou sem entender muito bem, mas Matthew encorajou a filha.
- Vai lá princesa, ele é bem legal, você vai gostar dele! – Cochichou no ouvido da menor, que não pensou duas vezes antes de seguir seu mais novo amigo.

//Flashback, 13 anos antes. Ponto de vista: Autora

Uma observação nunca passava despercebida por mim, por mais que eu quisesse ignorar aquilo de qualquer maneira possível, uma pessoa como aquela não deveria ser donas daqueles olhos, daquele corpo, daquele gosto musical e... Esquece!
- Como que a minha mãe ainda tem coragem de querer que eu entre junto com esse ridículo, arrogante e mal amado no dia do casamento dela? – Pensei alto.
- Sua mãe quer o que? Você ta falando sério? – Perguntou de boca aberta. – Ela tá querendo fazer uma linda e romântica festa de casamento, ou produzir a Terceira Guerra Mundial bem em frente à cara dela?
- Bem que ele podia tropeçar, cair de cabeça no chão e morrer! – Rosnei, amaldiçoando todos os paços que ele dava pra ver se minha macumba dava certo. Eu estava quase espumando de raiva – Você viu ele chegando atrás de mim e não falou nada, TRAIDORA!
- Me tira fora dessa! – Levantou os braços em forma de rendimento – Pra que tanto ódio no coração? Você sabe no que essa raiva toda pode virar, não sabe?
Sei, em morte.
- Bom, depois você me conta essa história da Tia Lizzie direito, eu vou indo se não a Amber come meu fígado frito com farofa. – Me deu um beijo na bochecha e correu para o ginásio me deixando sem direito de resposta.
Vaca!
- Ai, que ódio! – Falei sozinha batendo os pés como se eu fosse uma criança de 5 anos. Fazer o que? Era um tique que eu tinha às vezes.
- Nossa, também te amo! – E então, aquela voz apareceu, e tudo ficou bem, e todos viveram felizes para sempre.
Bem que eu queria.
Olhei pra trás, já sabendo que aquela voz pertencia a Andrew Collins, meu namorado. Drew era um dos garotos mais lindos daquela escola, seus olhos verdes, e seus cabelos castanhos claros, caídos levemente em seu rosto de uma forma angelical, faziam as meninas virarem vadias no cio. Minha mãe como já havia dito, achava que a coisa mais inteligente que eu havia feito na vida tinha sido namorar Drew, por ele não ser um louco como eu, e também por pertencer a uma boa família. Já meu pai, desde que eu estivesse feliz, papai estava feliz, e isso conta namorar com o mendigo da esquina.
Com todo o respeito ao Robertão, que tinha sua mulher grávida de 7 meses, e seus 9 filhos de 5 diferentes mulheres. É, eu tinha batido um papo sério com meu brother.
- Que demora! Pensei que você não vinha hoje! – Corri a seu encontro e dei um abraço forte.
- O estranho aqui não é o fato deu chegar atrasado, sendo que nem atrasado eu estou, porque o sinal não bateu ainda, e sim você aqui a essa... – Antes mesmo dele terminar a maldita frase eu interrompi tampando sua boca com as minhas mãos.
- PARA! Não ouse terminar o comentário que você estava pensando em fazer, se não te mato! – Apontei o indicador para sua cara e depois tirei minha mão da sua boca.
- Olha a violência! – Falou rindo
- Qual é! O que tem de errado em eu chegar cedo? - Perguntei incrédula mais uma Vez, naquele belo dia que ainda não tinha nem começado.
- Não é errado, é que normalmente a essa hora você ainda ta babando na cama! Mas eu gosto disso, ao menos eu tenho mais tempo pra ficar com você – Drew me abraçou pela cintura e me beijou. Coloquei meus braços em volta de seu pescoço e fiquei nas pontas dos pés.
Fato absurdamente absurdo numero quatro (Sim, ainda estamos seguindo com essa maldita lista): Eu namorava o cara mais lindo, fofo, popular, capitão do time de futebol e o mais nada a ver comigo da escola.
Tudo bem, eu entendo completamente o que vocês devem estar pensando, eu era a última pessoa que podia falar mal do namoro da vaca da Amber com o bosta do , já que eu sendo do jeito que sou, namorava com Andrew. Mas Drew era diferente.
Como eu fui conseguir fazer essa proeza? Sei lá, destino talvez. Ou eu fui fraca demais para resistir aos encantos dele. Drew é um fofo, e não era por causa do que ele é naquela escola, que eu o deixaria escapar quando começou a me conquistar, logo depois que tinha terminado com a Amber.
Fato absurdamente absurdo numero... Ah, que se foda os fatos absurdamente absurdos!
Aposto que cada vez que eu escrevo, mais você pensa o quanto minha vida é louca. Sim, no segundo ano, Andrew namorava a Amber, e eu acho que o real motivo dela me odiar tanto, foi que ele praticamente a abandonou e resolveu ficar comigo.
Acho que o destino da Jenkins era ser minha inimiga em tudo, e não adiantava tentar entender o porque. Meu namorado havia escolhido a mim, e ela havia escolhido o . O havia escolhido a ela, e pronto. Deveríamos ser felizes assim. Rápido, simples e prático.

Capítulo dois
”Quando tantas pessoas estão solitárias o quanto parecem, seria imperdoavelmente egoísta se sentir solitário sozinho.” - Tennesse Williams





Vamos concordar que esse rótulo de quem é popular ou não, é um tanto quanto tosco e um puta roteiro barato de filme americano. Vai ver que é esse o motivo de tantas meninas sonharem com isso. Eu, sinceramente, não vejo nada de legal em ter um bando de gente insignificante tomando conta da minha vida, mas né... Tem louco pra tudo.

Pra mim a definição de popular é um conjunto de coisas ruins concentrado em uma só pessoa.
Agora me explica por que eu era rotulada de popularzinha se eu era top na categoria esquisitismo?
Eu não sou loira (na verdade eu sou, só que tingia meu cabelo de preto), eu não sou burra, eu tenho tatuagens (das quais ninguém precisam saber onde são), e piercings em lugares discretos (isso não inclui onde você esta pensando), odeio maquiagem, como jujubas em formato de ursinhos, e adoro brincar com a minha espada de Star Wars, super brilhante e barulhenta, com meu primo mais sem noção que eu.
Parou pra refletir?
Eu não sou normal, e sei disso. Agora me explica por que diabos eu tinha que carregar essa cruz? Diziam que meu destino era esse. Não, meu destino era parar de estudar e cair na estrada com uma banda qualquer tocando em pubs, ou ser organizadora do Woodstock da nossa geração.
- Tenho uma proposta pra te fazer – Disse Andrew me abraçando pela cintura enquanto andávamos em direção a sala de aula – Hoje à noite vai ter uma comemoração dos 20 anos da empresa do meu pai, e eu gostaria que você fosse comigo.
- Você sabe que eu não gosto desses tipos de eventos, então, me dê um bom motivo para eu aceitar ir com você. – Eu realmente odiava ir a esse tipo de festa, e odiava pelo fato que até meus 14 anos, eu era obrigada a ir com a minha mãe a qualquer tipo de evento que a empresa de Steve promovia.
Mas eu não deixaria Drew na mão, eu só estava fazendo um doce. Como sempre.
- Simplesmente porque você é minha namorada e gostaria que me acompanhasse. Segundo, porque preciso que alguém me tire o tédio de ficar sorrindo pra todos e ouvindo assuntos chatos a noite toda.
- Escuta porque quer. – Joguei na cara dele.
- Escuto porque sou um bom filho, e cumpro meu dever de acompanhar meus pais em momentos importantes.
- Tá falando que não sou boa filha? – Fiz uma falsa cara de surpresa, enquanto parei em frente a minha sala de aula.
- ...
- Eu vou com você, Drew. Só tava brincando – Dei um selinho nele – Mas então, que roupa que eu tenho que vestir?
- Bom, você sabe como são esses lugares...
- Sei, sei... – Dei de ombros – São os únicos tipos de lugares que eu preciso pedir ajuda da minha mãe ou da para me vestir.
- Você sabe que é linda e fica bem vestindo qualquer coisa, e eu sinceramente não me importaria que você fosse de calça Jeans e tênis.
- Ah claro, pra eu chegar em casa e minha mãe jogar na minha cara que eu a matei de vergonha? Sou filha de Elizabeth Morgan, Andrew! E não to afim de matar minha mãe no momento, e muito menos matar os seus pais de vergonha. Relaxa, eu sei me comportar em lugares sofisticados. – Pisquei com um olho só.
- Lógico que sabe! – Segurou em minha cintura e me deu um beijo rápido – Agora eu preciso ir pra sala, e você também. – Bufei.

Pra começar bem meu dia, minha primeira aula era de Trigonometria. Na verdade, eu curto Matemática! Pensa, Matemática tem os mesmos significados em todos os lugares do mundo! Isso não é genial? Alison que me ensinou essa teoria.
Só que da mesma forma que os números, os professores podiam ser iguais em todos os lugares do mundo, tipo, legais, bonitos, simpáticos e pacientes. Não aquela coisa escrota que entrava todos os dias na minha primeira aula. Aquele cara tem parentesco com o Godzilla! Por isso que Trigo acabava sendo tão chato, principalmente porque Andrew não tinha essa aula comigo, e , justamente hoje, estava naquela reunião das dançarinas com atraso mental. (Lê-se: Cheerleaders)
Com a mochila pendurada somente no meu ombro direito, entrei naquele martírio me arrastando. Wow, o professor ainda não tinha chegado! Aquilo era novidade pra mim, entrar na sala antes de bater o sinal. Aposto jujubas de morango que quando ele chegar, vai falar alguma gracinha pra mim, como praticamente todos já falaram hoje.
Tirei a mochila do ombro e fui me arrastando até minha carteira. Isso se meu amigo, , não tivesse sentado na própria.
- Mais que animo! – Disse , me olhando de cima a baixo enquanto brincava com o isqueiro entre suas mãos.
- Pra ela não ter bolado a primeira aula, ela deve estar mesmo animada – Percebi também a presença de ao seu lado – Quando me contou sobre a “festinha” de ontem, pensei que iria te ver só depois de algumas semanas por aqui.
- Não é animo, os planos eram esses, mas decidi dar um orgulho pra Lizzie pelo menos uma vez na minha vida, e levantei mais cedo – Me expliquei – Agora, , tira essa sua bunda gorda do meu lugar e mantenha esse isqueiro longe, fiz uma promessa de não atacar fogo na escola hoje – Ele se levantou, e ao invés de me sentar na cadeira, me decidi por sentar em cima da mesa da carteira, me virando de costas pra lousa para conversar com os meninos.
e eram dois palhaços e meus melhores amigos. Um dos poucos que considerava amigos de verdade.
Do que adiantava ter toda aquela popularidade que sempre falava, se as pessoas que eu considerava amigos verdadeiros davam pra contar nos dedos de uma única mão?
- Cadê a ? – Perguntou como quem não quer nada.
Lógico que tinha que ser ele a perguntar por ela. Ninguém tem uma paixão tão secreta que nem ele tem pela .
- Não sei, a última vez que eu a vi, ela tava se atracando com um menino na frente da escola, mas a pegação era tanta, que eu nem consegui identificar o indivíduo – Dei de ombros e me olhou assustado, até começou a rolar de rir – Calma! Foi brincadeira, ela estava na indo pra uma reunião das meninas da torcida.
Eu e continuamos a gargalhar, enquanto ele ficava um tanto quanto roxo.
- Idiotas! – Fechou a cara. Não parece aquelas crianças que você brinca de “Tá namorando! Tá namorando!” e ela fica tão brava que fala que nunca mais quer falar com você na vida?
- Idiota é você, que fica aí babando por ela e não toma atitude nenhuma. – Dei um pedala bem dado na sua cabeça.
- Eu não estou babando por ela – Cara, por isso que eu amo o , seu senso de humor não proposital era o melhor – Eu não babo por ninguém, sou !
Só faltou ele completar “Sou , o comedor da região”.
- Não, imagina! Eu que criei uma obsessão lésbica pela e agora estou apaixonada por ela. – Ironizei.
- O que tem a ? – chegou na sala, tentando pegar o bonde andando – Aquela que eu tava pegando a 5 minutos atrás? – Olha só! Até que não era tão lerdo assim e havia sacado a brincadeira bem rápido! – Brincadeira, meu caro amigo. Oi, priminha gatona. – Me deu um beijo na bochecha – Espera... Você não deveria estar em coma alcoólico nesse exato momento?
- , só... Cala a boca, ok? Sem mais piadas sobre minha triunfal chegada não atrasada na escola. – é meu primo, e doido como eu.
Minha mãe falava que eu tinha sido má influencia pra ele, e a mãe dele, minha tia, fala que ele tinha sido má influencia pra mim.
Mas a verdade de tudo aquilo, é que nenhum de nós dois prestávamos e pronto.
- Só porque agora você tá resolvendo virar gente? – Senti o hálito quente de alguém falando no pé do meu ouvido, me fazendo arrepiar.
Foi porque me pegaram de surpresa, só por isso! E nada mais!
Maldito Marlboro Gold Advance!
- Falou a pessoa mais normal do mundo! Deus, já é a segunda vez só hoje que eu te encontro, , por gentileza, custa fingir que não existe por pelo menos um dia que seja? – Deu uma risada nasalada, não se importando muito com o que eu havia acabado de falar.
Não quer encrencas por hoje? FINE!
- E aí, ! – , e o cumprimentaram.
Odiava que meus amigos, e principalmente meu primo, tivesse algum tipo de amizade com aquele garoto. Não só amizade, eles tinham a banda! Pois é, a banda que eu disse que o tinha, eram com os meus três melhores amigos.
Perseguição.
- Fala, molecadinha! – se sentou atrás de mim, no lugar estipulado pelo nosso querido professor. Claro que minha aula de Trigonometria não podia ficar pior.
E falando na peste, ele entrou na sala com a sua barriga, segurando sua mochila pesada e diversas pastas. Por que ele não arranca aquele bigode grisalho e nojento? Ele deu bom dia pra classe e os alunos se sentaram em seus devidos lugares, diferente de mim, que continuei sentada em cima da própria mesa.
Eu já falei o quanto eu odeio aquele gordo escroto? Provocar só um pouquinho não faria mal a ninguém!
- Por obséquio, Sra. , poderia se sentar direito? – Perguntou, e eu revirei os olhos já pondo um dos meus pés no chão para me sentar na cadeira.
- NÃO! – gritou e eu o olhei assustada – Não faz isso professor, minha visão está dos deuses. – Demorei a entender o que ele estava falando, mas quando me liguei, minha vontade era de atacá-lo como um gorila selvagem no meio da floresta brigando por comida.
Eu sabia que aquele idiota estava muito quieto pro meu gosto! Ele estava olhando a minha calcinha! Ok, eu sei que eu não estava sentada no lugar correto, mas também não estava com a perna aberta que nem uma rã. Aquele mongolóide era um ninja!
Senti meu rosto ficar quente. Levantei da mesa, e dei um tabefe em sua cabeça.
- Seu otário!!
- Awn, consegui te deixar sem graça! – Disse ele, se esquivando dos meus tapas – Tá vermelhinha! Pena que não é da cor da calcinha! – Zombou da minha cara.
Ah não, aquele moleque não tinha a mínima noção do perigo, não é possível!
- Mongolóide!
- Retardada!
- Ridículo!
- Pagadora de calcinha!
- AAAAHHHG! – Dessa vez fui mesmo pra cima dele, mas me segurou pela cintura
- JÁ CHEGA VOCÊS DOIS! – Sr. Ronald gritou – Outro escândalo e eu mando os dois pra detenção! – me largou e eu voltei para o meu lugar.

Tentei cumprir, quando eu disse que não arranjaria problemas por hoje. Passei quase a aula toda balançando minhas pernas e batendo caneta na mesa de tão irritada que eu estava, aquele moleque conseguia me tirar do sério. Já tinha sido a segunda vez e não estávamos nem na terceira aula!
Por que eu não fiquei em casa dormindo curtindo minha ressaca? Por quê?
- Não precisa ficar bravinha, gata! Aposto 50 pratas que você me imagina pelado todas as noites antes de dormir, estou certo, não é? – Mas era só o que me faltava - Aposto que seus dedos são um ótimo consolo - Ah, pelo amor de Deus, apelações já eram demais.
- Ai, meu Deus! Como você sabe? – Fiz uma falsa casa de espanto – Oh baby, eu quero você, oh baby, eu preciso de você, satisfeito? – Dei um sorriso falso.
- Quem desdenha quer comprar, sabia? – Sussurrou novamente em meu ouvido.
- E quem enche meu saco merece levar um soco, sabia?
Provavelmente minha melhor atitude, seria eu ignorar. Ignorar ao ignorante era a melhor estratégia! Respirei fundo, inalando aquele cheiro de perfume masculino misturado com a leve essência de cigarro e tentei me acalmar, até porque, se eu o espancasse ali mesmo, o professor me mandaria para detenção, e da última vez que eu fui para lá, o diretor deixou bem claro que a próxima que eu aprontasse eu não sairia ilesa. Não que eu ligasse para o que ele dizia, mas eu não pagaria pra ver.
Fazer com que todas aquelas aulas do primeiro tempo acabassem logo, foi um martírio que finalmente acabou. Pareciam que todas aquelas malditas aulas antes do intervalo, eram as mais demoradas. Eu só não sabia se era porque eu estava com muita fome, ou se é porque não via a hora de ir embora logo daquele lugar.

Durante o intervalo todos sumiram, só restando eu e . Drew estava no treino e o trio , e estavam por aí, fazendo alguma merda que no momento eu não estava interessada em saber, pelo simples motivo de querer manter distancia de encrencas.
- E aí, qual era o babado da reunião? – Perguntei, fingindo interessada no assunto, abrindo meu pacote de Gold Bears.
parecia meio preocupada, percebi porque ela estava demorando tempo demais pra desembrulhar o sanduíche de dentro do papel alumínio. Aquilo não deveria ser uma tarefa tão difícil.
- A Angelina se machucou no ensaio passado – Eu lembrava dela, até que era legal, mas conversávamos pouco – A ambição da Amber de querer fazer Helicóptero no ensaio, acabou quebrando as duas pernas da coitada.
- E... – Incentive para que continuasse. A ficha não tinha caído ainda, eu entendia pouco do assunto, e não saquei o motivo da reunião.
- E daí que ela quebrou uma das pernas em três partes! – Falou perplexa.
- Mas então, qual é o veredicto final? - Perguntei tentando parecer um pouco interessada com o futuro da equipe das lideres de torcida.
- Precisamos de uma nova menina e urgente, porque logo vai ter o campeonato de futebol em Brighton e precisamos estar com a equipe completa. Decidimos fazer os testes hoje à tarde. Acho que as meninas já colaram o aviso no mural da escola. É esperar pra ver.
- Que droga – Entortei a boca – Mas relaxa que tudo vai dar certo. O que mais tem aqui são garotas se matando entrar pro time de vocês, isso não vai ser tão difícil.
- É, eu sei, mas as que servem são poucas. Você sabe que não pode ser qualquer uma, não é porque a Amy Harrison quer ser animadora, que ela sabe dar um mortal duplo pra trás.
Observei a Amy, a garota inteligente de óculos fundo de garrafa que era apaixonada pelo . Nada contra Amy Harrison, mas me deu um arrepio monstro de imaginá-la no time. Usando aqueles uniformes. Pulando. E gritando.
- Quer ir assistir os testes hoje? – Perguntou me tirando do transe “Amy Harris com pompons”.
Fumou uma ervinha hoje de manhã. Não... Os olhos dela estavam normais... E ela era meio contra a esses tipos de coisas... Não, ela não fumou. Ela estava falando sério.
- Ah claro! Quem sabe eu também não venha fazer o teste? Me da um E! Me da um A! Me da um G! Me da um L! Me da um E! Me da um S! Eagles! Eagles! – Comecei a fazer uma dancinha tosca com os braços – Não, obrigada, eu passo!
- Para, sua retardada! Você sabe que não é só isso. – praticamente rolava de rir com a minha performance.
- Sei, claro! – Ironizei.
- Mas falando sério agora, seria legal se você fosse – Me empurrou fraco com os ombros. Não, não seria. Dei um gole em meu refrigerante ignorando o fato que ela estava falando sério sobre eu ir assistir os testes hoje – Imagina a cara da Amber se você fosse assistir! – Ok, aquilo era golpe baixo!
- Tá, isso seria no mínimo interessante – Pensei alto.
- E outra... O Andrew tem treino hoje à tarde, e se você viesse comigo, também poderia vê-lo... – A idéia não era mesmo tão ruim assim, admito.
- Se você for almoçar lá em casa hoje e aproveitar pra me ajudar escolher uma roupa pra sair com o Andrew e os pais dele num jantar, eu posso até pensar no assunto. – Fiz um doce pra encher o saco.
- Fechado! – Começou a bater palminhas – Ui, jantar com o Andrew e a família dele?
- É... É tipo de uma festa da empresa do pai dele ou algo do tipo...
- Entendi. Bom, então vou embora com você hoje na saída.
- Tudo bem, mas agora vou me retirar, porque infelizmente a aula de Educação Física não terá a honra da minha presença – me fuzilou com os olhos quando percebeu meus planos – Mas relaxa, eu volto pra aula de Química
- Ah não! De novo? O que você tem contra exercícios físicos? – Perguntou incrédula.
- Você só gosta de Educação Física porque são seus treinos, diferente de mim, que tenho que me matar pra salvar uma bola no vôlei!
Me levantei antes de ter que ouvir um sermão de , sobre o que poderia acontecer se eles me pegassem bolando aula.
- Um dia eles ainda vão te pegar – Me alertou e eu levantei jogando um beijo pra ela, guardando o saquinho ainda com a metade de Gold Bears no bolso, saindo do refeitório pra buscar minhas coisas.

Sim, havia chances deu ser pega como qualquer outro aluno que bolava aula, e diferente de qualquer outro aluno, eu não me preocupava tanto com o que podia acontecer. Tudo bem que poderiam me trazer coisas ruins, mas se eu for parar pra pensar nas conseqüências de cada besteira que eu faço, não seria mais eu. Meu sobrenome era "inconseqüente" e eu gostava de honrar isso.
Era muito mais fácil bolar aula nessa hora porque "todos" ainda estavam no refeitório. Sai um pouco antes do intervalo terminar, para ir na sala pegar minhas coisas. Ser cara de pau ajudava bastante, quanto menos nervoso, mais fácil era.
Com os corredores ainda vazios, andei de pressa, peguei minhas coisas e quando dei por mim já estava no jardim lateral.
O difícil não era sair da escola sem ninguém me ver, e sim pular aquele muro gigantesco. Mas tudo bem, eu estava ficando cada vez mais ágil no negocio e subi a árvore com poucas dificuldades. Nessas horas que eu agradecia minha mãe, por me obrigar a fazer aulas de ballet quando era menor. Fiquei agarrada no muro quando percebi que havia alguém em meu lado.
Meu coração saiu pela boca, nunca me assustei tanto na minha vida. Eu não queria ter visto a minha cor naquela hora, afinal, quem encontra alguém em cima do muro da sua escola enquanto esta tentando fugir para bolar aula? Tampei minha boca para não gritar, e quando vi quem era, não me surpreendi, já que não esperava mais nada do dia de hoje.
- Pelo amor de Deus, ! Nunca mais faça isso! – Coloquei minha mão sob meu peito, enquanto minha respiração ainda estava ofegante por causa do susto que havia levado, com aquela múmia ali em cima do muro.
- O que eu fiz? – Perguntou sem entender, enquanto assoprava a fumaça do cigarro que estava em sua boca.
- Você, que parece uma assombração! Já não foi o bastante por hoje? – Cochichei num tom bravo, enquanto tentava me equilibrar levantada pra não ficar pendurada ali que nem um bicho preguiça hibernando.
Bichos preguiças hibernam?
- Juro que agora não foi proposital! – Disse ele, rindo. Por que ele tinha que rir? Aquilo me irritava! deveria ser vetado de rir pelo resto dos tempos quando se tinha... Aquele sorriso... Insuportável e irônico.
- Lógico, é bem normal você encontrar uma pessoa passando o tempo no muro da escola, fumando um cigarro. – Rolei os olhos e fiz joinha.
- Por acaso esse muro é propriedade sua, “Srta. Bola Aula”? – Provocou e eu mandei um dedo ignorando o que ele falava – Olha, você deveria ser mais educada comigo, já que eu sei do seu segredinho e adoraria ir à sala do Sr. Grey, pra contar a história de uma aluna que adorava bolar as últimas aulas da escola, pulando pelo muro lateral.
- Você não ousaria fazer isso. – O ameacei sem medo nenhum colocando meu dedo indicador na sua cara.
- Tente. – Ele deu um tapa na minha mão tirando meu dedo de seu rosto.
Aquilo era uma ameaça? Olhei pra ele com todo o desprezo que havia dentro de mim e sem pensar duas vezes pulei o muro, ficando, finalmente, do lado de fora da escola.
Ignorar ao ignorante, ignorar ao ignorante, ignorar ao ignorante.

POV:

Aquela garota realmente amava brincar com a sorte, como sempre. Porém não me surpreendi quando ela me ignorou completamente, no momento que a ameacei contar para o diretor Grey. Naquela altura do campeonato, já era pra ela acreditar em tudo que eu falasse, pode ser que ela até acreditasse mesmo que eu fizesse isso, só que nunca baixaria a cabeça pra ninguém, muito menos pra mim.
- ? – Ouvi uma voz feminina me chamar, e tirei atenção de , enquanto entrava no seu carro e me virei para olhar.
Era Amber. Bufei. Eu precisava ficar sozinho, pensando na vida, e eu odiava quando alguém atrapalhava isso, mesmo quando essa pessoa era minha namorada.
- Hey! – Disse olhando pra baixo enquanto dava outra tragada no cigarro.
- O que você estava fazendo aí, com a versão feminina do Ozzy Osbourne? – Não era mais fácil dizer Sharon Osbourne? Ou quem sabe Kelly Osbourne? Um dia eu entenderia o que Amber tinha contra a todos os cantores bons de rock.
- Ela... – Por incrível que pareça eu não queria entregar assim, principalmente para Amber, que fazia de tudo pra provocá-la.
- O que? Bolou aula? – Amber começou a rir e percebi que aquilo não era algo novo pra ela – Que surpresa, como se ninguém soubesse. Vem, desce, já vai bater o sinal.
- Eu... Acho que não vou assistir as ultimas aulas, não to legal... – Eu realmente precisava de umas aulas de teatro, nessas horas que eu agradecia por Amber ser meio burra, ou lerda, que seja, é tudo da mesma família.
- O que você tem? – Perguntou preocupada.
- Não sei, não estou muito disposto, vou pra casa que mais tarde tem treino e eu quero estar zerado. – E o Oscar vai para... . Palmas! Palmas!
- Tá bom então, te ligo depois.
- Certo. – Amber me jogou um beijo e me senti na obrigação de ao menos sorrir.
Pulei o muro que era longe de ser baixo. Primeira coisa que me veio na cabeça: tinha problemas mentais.
Fui até o estacionamento onde meu carro estava estacionado, me sentindo um idiota com o que eu ia fazer naquele exato momento.

//POV:

Perto da escola existia um lugar chamado Red Shoes. Uma loja de música em geral, onde você encontrava de Vinis, CD’s e até instrumentos musicais. Era sempre legal passar um pouco de tempo ali.
Entrei na loja, acompanhada por aqueles sininhos que tocavam quando cada pessoa entrava. Adorava aquele barulho.
- Oi, Bill! – Falei animada
- Olha só quem resolveu dar o ar da graça! – Disse Bill do outro lado do balcão, olhando o jornal e usando uma camiseta preta do Motörhead, sua banda favorita.
Eu sempre suspeitei que ele tinha deixado a barba cortada daquela maneira, para lembrar o Lemmy Kilmister, baixista do Motörhead, mas Bill sempre negou falando que se ele era mesmo parecido com o Lemmy, era naturalmente.
Aham, Bill, senta lá.
- Pois é, meus jogos de vôlei sempre me trazem ao seu caminho – Brinquei – Mas isso infelizmente vai acabar por um tempo, não quero que me descubram e minha mãe resolva me mandar para um Internato em Madagascar.
- Que pena – Fez um cara triste – Que eu não esteja te sugerindo a bolar aulas, hein... Ou seu pai me mata.
Comecei a rir. Bill e meu pai eram velhos amigos.
- Mas já que você decidiu virar uma garota direita e freqüentar as aulas, vou te mostrar a belezura que eu recebi hoje. Acho que você vai amar.
Saiu de trás do balcão e foi me levando para o ambiente de instrumentos da loja, até que ouvimos o barulhinho do sino de algum cliente entrando.
- Vai indo até lá, tô sozinho hoje e preciso ver quem é. – Afirmei com a cabeça e continuei indo até os instrumentos.
De longe, consegui ver a guitarra encaixada num apoio, em destaque, bem no centro da sala.
- Wow! – Falei sozinha
- Legal, não é? – Bill pareceu de repente ao meu lado novamente – Acabei de receber, fazia tempo que não via uma dessas, e você disse que amava o designer dela.
- É uma Zakk, Bill! – Falei maravilhada – Posso? – Perguntei, segurando na guitarra e tirando-a do apoio.
- Lógico!
Meu pai sempre teve milhares de guitarras em seu estúdio em Nova York, uma simples Les Paul não deveria ser tão impressionante aos meus olhos, porém eu sempre gostei daquele modelo, e uma Zakk, papai ainda não tinha.
- Quem sabe se comportar bem na escola, você não convence sua mãe te dar uma dessa? – Bill tirou sarro da minha cara
- Ah, claro – Disse, examinando a guitarra por completo – Todos os violões que tive até hoje foram meu pai que deu. Acho que ela pensa que vou entrar numa banda de motoqueiros cheio de espermas.
- Sua mãe é esquisita.
- Também acho – Devolvi a guitarra para o suporte de onde estava antes – Vou conversar com senhor Matt , quem sabe ele não decide antecipar meu presente de aniversário?
Mandei um sorriso sugestivo.
Escutei um barulho vindo de perto de onde estávamos e olhei preocupada.
- É só um garoto que veio olhar os CDs - Disse Bill, sem dar muita importância.
Conversa vai, conversa vem, e eu acabei me esquecendo por completo da minha aula de Química, da qual acabei perdendo. Pobre professor Max... Tão lindo, tão fofo, tão inteligente, e passado pra trás por uma guitarra.

Estacionei em frente à escola de Alison e saí um pouco do carro para aproveitar o ar fresco. Me apoiei na porta colocando meus óculos escuros e fiquei observando algumas crianças que iam saindo e avistei Allie sair da escola, com alguns amiguinhos em volta. Eu nunca reparei na minha irmã, e no quanto ela lembrava a mim de certa maneira. Allie tinha cabelos compridos e uma franja na testa exatamente igual a minha, e a única coisa que mudava é que seu cabelo era claro, mas se eu não tivesse pintado, seu cabelo seria exatamente da cor do meu, assim como a cor de seus olhos, escondidos pelo óculos de grau que apesar de ter 10 anos, tinha muita classe para usar. Talvez tivesse herdado aquilo da mamãe.
Alison se despediu dos amigos, se aproximou do carro e eu a esperei para entrar.
- Chegou cedo, pensei que você saia uns 10, 15 minutos depois que eu... – Rolei os olhos e abri a porta do carro, entrando.
Ela deu a volta e entrou no banco do passageiro.
- Você bolou aula de novo? – Perguntou. Colocou os cintos e eu acelerei.
- Em que parte isso te interessa? Eu cheguei no horário não cheguei? Credo, às vezes parece que a mamãe baixa o santo em você, pra saber se eu to fazendo ou não ou algo de errado!
- Meu amigo te achou gostosa. – Eu me engasguei com a minha própria saliva, com a mudança repentina de assunto e com próprio assunto.
- O que? – Perguntei num grito.
- É o David, ele te viu agora na saída e perguntou se você tinha namorado, porque tinha te achado muito gostosa – É, essa juventude estava realmente perdida – Mas relaxa, eu disse que tinha, e ele não vai mais te encher o saco.
- Que bom, porque não quero ser acusada de pedofilia! – Falei rindo – Tinha um garoto bonitinho do seu lado, qual é o nome dele, hein, dona Alison? – Cutuquei sua barriga.
- Para com isso, ! – Começou a se desviar de meus dedos, e eu parei voltando uma das mãos para o volante – O Chris é só meu amigo, e não pensa besteiras!
- Mas ele era bonitinho, Allie! – Choraminguei. Eu adorava tirá-la do sério.
- É? E daí? Eu vou pra escola para estudar, diferente de você! – Ajeitou os óculos no rosto.
- Ter um namorado estudando comigo não foi algo proposital! E diferente que você pensa, eu não fico me pegando com o Drew pelos corredores!
- Eca, beijar deve ser nojento – Cai na gargalhada outra vez lembrando fatos engraçados (ou nem tanto assim) do passado - Pra onde a gente tá indo? – Perguntou olhando pela janela percebendo que não estávamos fazendo o caminho de casa.
- Pegar a , ela vai almoçar com a gente hoje. Mais tarde eu vou vim com ela na escola fazer algumas coisas.
Fazer alguma coisas como, dar a enorme honra da minha presença no testes das lideres de torcida.
Por que eu sinto que isso não vai ser tão divertido quanto eu estou pensando que vai ser?


Capítulo três
"Os animais são bons amigos, não fazem perguntas e tampouco criticam."- George Eliot


Se eu escutasse o celular de tocar mais uma vez, eu juro que jogaria aquela merda pela janela. No começo foi engraçado vê-la nervosa com o teste da garota que iria se unir aos pompons, mas seus ataques psicóticos já estavam começando a me irritar profundamente.
- Por que a tá mordendo o controle remoto? – Allie perguntou tão assustada quanto eu ao ver a cena da minha amiga concentrada falando no telefone, com o controle remoto na boca.
- Crise no time das lideres de torcida.
- Me lembre de nunca fazer parte disso – Com toda a certeza eu lembraria. De louca animadora, já bastava minha melhor amiga.
Lurdes, a empregada, colocou finalmente a mesa para o almoço, o que de fato foi muito bom, porque só assim desligou o celular, e largou o controle remoto. Como Alison percebeu que hoje eu tinha a companhia de , e nunca suportava nossas conversas, principalmente quando não parecia estar muito normal, decidiu comer em seu quarto, alegando que tinha um trabalho de Ciências pra fazer.
de louca histérica, passou para quieta e preocupada. Se eu não conhecesse tão bem minha melhor amiga, poderia dizer que ela estava em transe enquanto comia. Por isso que eu odiava esse time, ele abduzia para um planeta desconhecido e distante.
- Por que você ta tão preocupada? - Ela sempre ficava assustada por eu conhecer tão bem suas expressões faciais.
Respirou fundo antes de falar.
- Tô com medo. – Mordeu os lábios – Se a Amber não arranjar ninguém ela vai enlouquecer e enlouquecer a nós. Se não der certo, vamos ter que mudar quase todas as coreografias por causa do numero de pessoas. E o pior, é que a gente tem muito pouco tempo pra isso. O campeonato em Brighton é daqui um mês!
- Nossa, uma única menina faz tanta diferença assim? – Tudo bem que as coreografias eram um tanto quanto complexas, mas não entendia porque uma pessoa faria tanta falta assim.
- Você não faz idéia. – beliscou o macarrão com o garfo e terminou de falar antes de comer. – E te levar no teste hoje vai enlouquecê-la mais rápido ainda. – Começamos a rir – Eu estou colocando minha própria cabeça na lata do lixo!
- Você acha que o motivo da Amber me odiar tanto, é por que ela é ainda afim do Drew? – Perguntei desviando um pouco o assunto – Não que eu não goste do ódio dela, até porque é bem divertido zoar com a cara da Amber – E como era! – Mas é que eu brigo com a Jenkins sem saber o verdadeiro motivo.
- Em partes sim, eu não acho que a Amber goste mesmo do , a relação deles é meio estranha – Ui, " ", eles são tão íntimos desse jeito? – Mas também não se esqueça que você é mais "aparecida"nessa escola do que ela, e pra piorar tudo, você não faz isso propositalmente e nem liga pra esses lances de popularidade.
- Essa história de líder de torcida querer ser popular é tão clichê!
- Eu acho que por ser tão clichê, piora ainda mais a situação, porque olha seu perfil... – Ela apontou pra mim – Esse seu estilinho "debochado-de-mal-com-o-mundo" não deveria fazer tanto sucesso do jeito que faz – Ow, ow ow, espera ai, estilinho "debochado-de-mal-com-o-mundo" era do , não meu!
- Obrigada pela parte que me toca! – A sinceridade da minha amiga às vezes me espantava
- E outro fator mais importante... – Apontou o garfo pra mim.
Tá, deu medo.
- Qual?
- Você é milhares de vezes mais bonita que ela! – Comecei a rir – Tô falando sério, para de rir! Você tem idéia que ela acorda umas 2 horas antes de vim pra escola pra chegar toda "bonitona"? Enquanto você, se pudesse iria de pijama, traria até o travesseiro pra continuar o sono na sala de aula, e ainda continuaria ridiculamente linda.
- Para! – Ela já estava começando a me deixar sem graça – Bom, mas você não pode falar sobre o namoro dela com o merda do , olha eu e o Drew, tipo, nada a ver um com o outro.
- Se tivéssemos falando da lei sensata... – Coloquei a comida da boca enquanto ela falava – O certo seria você namorando o e o Andrew a Amber
- ECA, EU TO COMENDO! - Falei de boca cheia.
- Mas... – Ela em interrompeu – Como estamos falando da lei da química, sobre os opostos se atraírem... Já é diferente.
Completamente e absurdamente diferente. Que droga, a não podia soltar uma coisa daquelas em horários como esses, chegava a me deixar enjoada!
Porém uma coisa me deixou preocupada, o fato da Amber ainda me odiar por causa do Drew. O problema não era ela me odiar, muito pelo contrario, meu medo era ela tentar algo contra eu e ele. O que me tranqüilizava era ela namorar com o . Jenkins não tentaria nada contra a gente namorando outra pessoa, pelo menos eu acho, e assim espero que seja. Daí outra pergunta invadiu minha mente, se ela ainda gostava de Drew, por que cargas d’água ela estava com ? Tudo bem que os dois se merecem como nenhum outro casal, mas vamos combinar que aquilo era um tanto quanto estanho.
- Você acha que... O gosta mesmo da Amber? – Eu sempre soube que podia falar ou fazer qualquer tipo de pergunta para . O que eu não sabia era qual seria sua reação a pergunta ou a afirmação
- Não sei se justo o namoraria uma garota só por namorar... Ele pode não ser completamente apaixonado por ela, mas acredito que role algum sentimento sim... – Isso era bom, não era?
Lógico que sim.
- Por quê? – Perguntou.
- Nada... – Dei de ombros.
- Tá, então acaba logo de comer que estou louca pra escolher o seu vestido pra hoje a noite!

Ao chegarmos na escola, primeiro passamos pelo campo onde os meninos treinavam, para dar um “oi” ao Andrew e ao , que também jogava no time de futebol, já que tínhamos chego um pouco adiantadas e nem a própria capitã tinha chego ainda. Interado no jogo, Drew não percebeu que eu estava ali, e eu e nos sentamos na arquibancada para assistir o treino. Sem me dar conta, meus olhos desviaram do meu namorado por alguns segundos e vagaram pelo resto do time. Me assustei quando meus olhares se cruzaram pelo camisa numero 23, , que tinha percebido minha presença e estava me encarando.
Como uma idiota, olhei para outra direção no mesmo instante ficando um pouco sem graça. Por que diabos ele não me mostrou a língua e eu não lhe mandei um dedo do meio?
Escutei o técnico apitando e dando um tempo para o time descansar, e então desci da arquibancada, entrando no campo para falar com Drew. O vi de costas e corri em sua direção subindo nas suas costas
- Surpresa – Cochichei em seu ouvido, pendurada em seu pescoço.
- Nossa, surpresa mesmo! – Sai de suas costas e o abracei e depois dei um selinho – O que está fazendo aqui?
Demorei um pouco pra responder. Percebi que me fitava novamente e dessa vez foi de uma maneira meio estranha, como se eu tivesse dado um murro na cara dele minutos antes. Cara, eu juro que não fiz nada pra ele, não dessa vez.
- ? – Andrew me chamou novamente, olhando um pouco preocupado.
Mas é que tipo, eu não tinha feito nada mesmo! Nem careta eu fiz pro !
- Oi? – Voltei a olhar pra ele, tentando me lembrar o que tinha perguntado – É... A me chamou pra vim, hoje vai ter o teste das lideres de torcida, e resolvi aceitar porque lembrei que você tinha treino.
- Fez muito bem! – Ele sorriu e me deu outro beijo, dessa vez um pouco mais intenso, mas quebrei quando percebi que ele ria de alguma coisa.
- O que foi? – Perguntei achando graça da sua risada.
- É que quando você começou a falar eu pensei que você estava aqui pra fazer o teste – Ele começou a rir descontroladamente.
- Para de rir seu bobo! – Dei um tapa no seu braço – Tudo bem, você ganha um desconto porque foi no mínimo engraçado imaginar isso!
- Tá bom, parei – Levantou as mãos em forma de rendimento – E então, preparada pra hoje a noite?
- Acho que sim... me ajudou com o vestido, então acho que ta tudo certo.
- Oi, prima – chegou me abraçando por trás de minha cintura.
- Eca, você tá suado! – Sai de seus braços.
- Você abraçou ele! – Apontou para Andrew – E ele está mais nojento que eu! – Apontou para si próprio.
- Mas ele é meu namorado! – Dei um pedala em sua cabeça.
- Eu sou o namorado, mané – Drew repetiu também deu um pedala nele e comecei a rir.
- ! – Ouvi meu nome ser chamado de longe, e vi me chamando com a mão. Provavelmente a abelha rainha já havia chegado e os testes começariam.
- Bom, é melhor eu ir, já deve ta começando e eu quero estar lá com a , ela está meio tensa com tudo isso – Entortei a boca.
- Tudo bem, eu já vou voltar pro treino mesmo – Ele me beijou e nos abraçamos novamente – Depois que acabar aqui eu vou até lá – Concordei com a cabeça e fui pra dentro do ginásio onde seriam as audições.
Não antes de olhar para novamente, que agora parecia pensativo brincando com a bola de futebol.
Aquilo tudo estava tão estranho.

Algumas meninas já estavam a espera para serem avaliadas, quer dizer, muitas meninas. É, eu acho que boa parte da população feminina gostaria de fazer parte daquilo. Cumprimentei algumas conhecidas antes de arranjar um lugar pra sentar, até que dei de cara com a Jenkins.
- O que o projeto mirim da Joan Jett está fazendo aqui? – Perguntando diretamente para .
Desde quando ela conhecia a Joan Jett? Não é que a Paris Hilton do Paraguai entendia alguma coisa de musica?
- Ela veio assistir ao teste – respondeu automaticamente já prevendo um possível barraco.
- Mas ela não é do time – Retrucou e então, decidi me intrometer – E pelo que eu saiba, muito menos quer entrar pro time.
- Eu tenho varias razões para poder estar aqui, primeira eu estudo aqui, segundo minha melhor amiga é do time, terceiro meu namorado é capitão do time de futebol e esta lá fora treinando, e o quarto não menos importante, EU fico onde EU quiser – Me virei e fui me sentar na arquibancada deixando ela sem direito de resposta.
Pluguei meu fone no meu celular, e coloquei numa musica aleatória. Foi para Vampire Weekend, Holiday. Peguei o pacote de Gold Bears que tinha deixado no meu bolso hoje na hora do intervalo, e fiquei ali comendo meus ursinhos observando tudo.

Os testes começaram e eu via algumas meninas dando o melhor de si, e o melhor que conseguiam é alguma coisa misturado com nada a ver.
Coreografias estranhas, passos mal feitos, tombos hilários, garotas pisando em seus próprios pés, e outras quase caindo de cara no chão na tentativa de dar uma simples estrelinha.
Vê-las se envergonharem na frente das animadoras ao som que eu estava escutando como trilha sonora, chegou a ser engraçado. tinha razão, várias meninas queriam ser animadoras de torcidas, porém o difícil era alguma com talento pra coisa. Tudo bem, eu estou longe de ser uma líder de torcida, portanto não entendo do assunto, mas qualquer um podia ver que aquelas meninas não faziam nada alem de mexer a bunda. Mesmo achando tudo muito bizarro, eu esperava que elas encontrassem alguém. Não por elas e muito menos pela Amber, mas sim pela . Ela estava uma pilha de nervos com esse assunto hoje.

No final do teste, faltando só mais umas duas meninas para se apresentar, vi alguns meninos do time de futebol entraram no ginásio. Levantei o braço para que Andrew me visse. Ele estava junto com e . Vieram em minha direção para se sentar e ver o final da audição.
- E aí, como está tudo? – Perguntou Andrew. Antes de responder tirei meus fones e ele me deu um selinho e sentou no degrau abaixo do meu, encostado entre minhas pernas, antes claro, roubando um ursinho. MERDA! Justo o azul, Collins?
- Olha, eu não entendo nada do assunto, mas nenhuma aí foi boa, sério, apareceu cada figura que deu até vergonha alheia! – Os meninos riram.
- Ah, mas como você não entende do assunto? – Perguntou com ar completamente sarcástico.
O fuzilei com os olhos e ele levantou as mãos se rendendo e por fim, se sentando.

A última candidata se apresentou e pela cara de todas as meninas eu estava certa quando disse que nenhuma foi boa o suficiente e nem perto disso. Na bancada onde as animadoras ficaram sentadas, uma parecia mais cansada que a outra, e uma mais sem esperança que a outra. É, tinha sido um fracasso. Nos levantamos e fomos para o meio do ginásio falar com elas. passou correndo por nós chegando em Amber e dando-lhe um beijo.
Ah, que lindo.
- Como que foi tudo? – Perguntou pra namorada.
- Preciso responder? – As animadoras, que no momento não estavam nenhum pouco animadas foram saindo aos poucos do ginásio só restando e Amber.
Sendo muito sincera, e sem ironia... Deu pena de ver aquilo!
- Olha, não é por nada não – Comecei – Mas isso tava mais engaçado que um show de circo – Jenkins não teve como discordar comigo, aquilo tinha sido um mesmo fracasso.
- E agora, como vai ficar? – Drew questionou enquanto colocava as mãos em volta de minha cintura.
- Estamos ferradas! – Eu nunca pensei que fosse dizer isso, mas eu estava até com pena da Barbie Britney Versão Cheerleader 2011 da Matel, parecia que alguém tinha roubado seu gloss importado! – O campeonato de vocês vai ser em menos de três semanas, e não achamos ninguém, e nós não podemos ir para um jogo sem a animação! Principalmente sendo no estádio dos Warriors!
- Warriors? – Que isso? Será que era de comer?
- O nosso maior "rival"– Disse Andrew fazendo aspas com o dedo.
- É impossível que nessa escola não tenha ninguém que não saiba dançar alguma coisa e fazer algumas acrobacias se quer...
No mesmo instante que falou, e me olharam. Eu sabia que eles estavam pensando. E eu sabia que aquilo deria merda em 5,4,3,2,1...
- Não! – Falei olhando para os dois, e , tirando qualquer esperança ou idéia da cabeça deles.
- Não? – Perguntou Amber – Você caiu de cabeça no asfalto antes de vim pra cá e agora ta falando sozinha? – e continuaram a me encarar.
- ! – disse meu nome com um sorriso de orelha a orelha.
- ! – Fiz uma cara desesperada – Quieta, por favor, sem nenhuma palavra. Nunca vai acontecer, entendido? – Quando o assunto é interessante, eu amava saber ler os pensamentos da minha amiga, agora quando o assunto é sem noção, eu prefiro ser uma analfabeta mental.
- Dá pra alguém me explicar o que esta acontecendo? – Andrew perguntou e quando vi, todos estavam olhando pra mim e na mesma hora olhei para meu primo querendo matá-lo.
E o pior que não podia culpá-lo, ele não fizera por mal.
- O que eu fiz? – Perguntou , percebendo que poderia ter dormido sem fazer aquele comentário.
- , você pode salvar tudo! – É agora que eu cometo um homicídio contra minha melhor amiga, certo?
Certo!
- Eu acho que alguém está muito ferrada – cantarolou. É agora que eu cometo um homicídio conta esse mongolóide, certo?
Certo!
- Cala a boca, retardado!
- Desculpa interromper a piadinha interna – Drew tentou novamente – Mas dá pra alguém falar qual é a do assunto?
- A ! – Apontou pra mim com uma cara abobada – Ela fez ballet durante um bom tempo! – Eu já disse que vou matar a ?
- Pois é... Bota tempo nisso – Já disse que eu vou matar o ?
- Ah! Eu lembro disso, a tia Lizzie obrigava a a fazer! – Por que eu tinha que ter um primo tão burro, alguém me explica? Eu era adotada, e não era da mesma família que o . Única resposta.

Eu fiz ballet dos meus 5 aos 13 anos. No começo, como eu não tinha nem idéia do que estava fazendo, eu ia as aulas de boa, mais tarde comecei a ir obrigada, e no final eu e a minha mãe fizemos um trato, se eu entrasse no ballet, ela deixaria eu fazer minhas aulas de violão. Talvez ela quisesse que eu fosse mais delicada e graciosa, mas isso não funcionou por muito tempo. Não que eu fosse uma má dançarina, porque por incrível que pareça eu não era ruim, e sim porque eu sumia todas as aulas pra fazer coisas mais interessantes do que ouvir musica clássica e ficar me retorcendo feito uma lagartixa.
Por que ela não me colocou logo na ginástica olímpica? Os collants ficariam melhores em mim do que aquelas saias que pinicavam a minha bunda.
- Como é que é? – Amber começou a rolar de rir – A Winehouse já tentou ser delicada um dia? – Engoli seco.
- É sério isso, ? – Andrew me encarou.
Não consegui responder no mesmo instante, eu só encarava , completamente decepcionada. Ela não podia ter feito aquilo comigo, e se vocês querem saber, nem o idiota do poderia ter feito isso. Aquilo é uma coisa que só se diz respeito a mim, e mais ninguém.
- Er... É... Mais ou menos... – Falei com a voz tremula, ainda meio incerta do que estava acontecendo.
- Mais ou menos, não! Eu sei que você vai me odiar por isso , mas você era ótima! Você salvará todos nós se entrar pra equipe!
Ainda bem que ela tinha consciência que eu a odiaria por isso.
- ÊPA! Quem decide aqui sou eu , e eu não quero essa louca varrida no meu time – Apontou o dedo indicador pra mim – Isso aqui é um time de animadoras de torcida, e não o Clube das Witches.
- Acho que não há tempo pra isso, Jenkins! – Espera ai, a estava tentando decidir isso por mim?
- Como não, essa equipe é...
- CHEGA! – Gritei histericamente e todos me olharam - EU NÃO VOU PARTICIPAR DE MERDA DE TIMINHO DE TORCIDA NENHUM! ESQUECE ISSO! – Olhei para – E parem de tomar decisões onde eu que tenho que tomar, ninguém tem que falar por mim, eu tenho boca e minhas próprias decisões, e minha decisão é que eu não vou a lugar algum, vocês cheiraram talco?
- Que tal parar de pensar um momento só em você e pensar um pouco nos outros? – Espera, era o mesmo que estava me falando isso? Eu o encarei incrédula e sem palavras.
Ele era a última pessoa nessa merda de mundo que poderia falar alguma coisa, eu o odiava, ele fazia mal a humanidade, era impossível ser feliz com uma pessoa daquela vivendo em um mesmo ambiente que você!
- Hey, quem manda aqui sou eu! – Alguém cala a boca dessa vaca?
- Quer saber? – Tirei as mãos do Andrew em volta de mim, me distanciei e olhei para todo mundo – Vão todos se foder – Me virei e sai. Simples assim.
- Essa delicadeza de menina já foi uma bailarina? – Ouvi a voz de Amber enquanto Andrew, e vieram atrás de mim.
- Por favor, eu quero ficar sozinha, ok? – Eu estava tão brava com a por ter feito aquilo e tão brava com o (novidade) que acabei descontando em Andrew que era o que menos tinha a ver com aquilo tudo. E apesar do ter aberto o bocão, eu não ocupava a sua lerdeza por isso.
Me joguei no banco do motorista e coloquei minhas mãos na cabeça. “Que tal parar de pensar um momento só em você e pensar um pouco nos outros”. Como ele tinha a pachorra de falar isso pra mim? Justo pra mim? Eu não sabia quais dos motivos eu tinha ficado mais puta, mas aquilo tudo só tinha deixado meu dia pior do que eu podia imaginar que ele ficaria.
Coloquei a chave no contato e dei a partida no carro. Precisava da minha casa, e do meu quarto.

POV:

Tudo bem, confesso que fiquei meio mal por ter meio que falado sobre o lance do ballet. Ainda bem que quem deu a língua nos dentes foi a e quem tinha cooperado foi o lerdo do , porque se não amanhã eu não estaria mais vivo. Eu não me arrependo de ter falado tudo o que eu falei, porque essa era a verdade. Ela não morreria em ficar na equipe até a Angie se recuperar. Seria bom parar de ter tempo pra fazer as suas merdas, e se dedicar a algo que realmente importava.
- Dá pra acreditar nisso tudo? – Amber estava rindo do espetáculo que aconteceu minutos atrás – Era só o que me faltava, a Winehouse na torcida! Onde é que esse mundo vai parar?
- Olha, Amber, não é por nada não, mas ela é a única salvação de vocês – Ela era não era? Então pronto.
- Fala sério, ela não é bailarina coisa nenhuma! – Rolei os olhos, mas eu entendia, é difícil acreditar que um dia foi bailarina. Fala sério, é até engraçado se for parar pra pensar.
- Não é, mas já foi, e ela já fez isso durante anos, por isso que estou te garantindo que ela é a sua única esperança – Cruzei os braços.
- Como é que você sabe disso? – Amber não precisou que eu respondesse para lembrar – Ah, eu esqueci que vocês meio que cresceram juntos, é difícil de acreditar nisso também.
É difícil acreditar em muitas coisas quando se tratava dela.
- Pois é, eu também acho, mas isso não vem ao caso, o problema é que se você não fizer com que ela entre na equipe de vocês... – Não precisei terminar.
- Eu não vou pedir nada praquela idiota – Claro que não ia. Amber Jenkins não pedia nada a ninguém. A não ser dinheiro pros seus pais, claro!
- Isso é uma pena pra vocês... – Ela ficou sem responder por um tempo pensando em algo.
- Ela é boa mesmo? – Perguntou séria e eu fiz sim com a cabeça – Então eu tenho uma idéia – Amber me deu um beijo breve e saiu do ginásio as pressas, o que aquela louca iria fazer?

//POV:

Capítulo quatro
"Tem idéia de quanto mal nos fazemos por essa maldita necessidade de falar?"- Luigi Pirandello

Booomm!
Esse foi o barulho que fez quando eu fechei o porta-luvas do meu carro com toda a delicadeza que eu tinha, após pegar um maço de cigarros escondido. Peguei o isqueiro que sempre andava em meu bolso para alguma emergência e o acendi. Eu estava parada em frente à escola dentro do meu carro já faziam alguns minutos, depois do que tinha acontecido no teste das líderes de torcida. Abaixei minha cabeça e a descansei no volante, um tanto quanto chateada por causa de minha briga com .
Meu celular começou a tocar desesperadamente, e a primeira opção de quem poderia ser, era a minha não-mais-melhor amiga. Deixei que ele tocasse até parar, e assim aconteceu. Ainda refletindo sobre tudo o que tinha acontecido, o celular começou a tocar de novo, e sem paciência alguma, eu o peguei dentro da bolsa e atendi sem olhar no visor. Rezava para que não fosse , senão eu a xingaria dos piores nomes que estavam em minha cabeça no momento.
- Alô – Atendi sem o mínimo de animação.
- Olá, minha princesa! – Soltei um suspiro de alivio. Só uma pessoa poderia me fazer sentir melhor agora, e essa pessoa era Matthew, meu pai.
- Pai! – Disse me segurando para não chorar – Que saudades!
- Eu também, mas que voz é essa? – Perguntou.
A gente tinha uma ligação tão assustadora, que ele tinha o dom de me ligar ou aparecer sempre nas horas que eu mais precisava.
- Nada... – Dei de ombros – Quer dizer, eu tive uma briga com a ... Ela fez uma besteira que eu não gostei, mas nada que vale apena ser comentado.
- Grande novidade que vocês duas brigaram! Mas e então, tirando isso, ta tudo bem? Allie, escola, sua mãe, Andrew, ... Tudo certo?
- Tudo. Mas a Allie ta sentindo sua falta. E eu também. Pai, por favor, fala com a mamãe, ela tem que deixar eu terminar o ano aí, eu não to mais conseguindo ficar nesse lugar! – Praticamente implorava.
- Eu sei disso, filha, e também sinto uma saudades insuportável de vocês. E pára, você só esta falando isso porque brigou com a . Você sabe que gosta de morar aí.
- Não, não gosto, e eu quero que a morra, ela e aquela língua grande dela. E a pior merda que já fiz na minha vida é não ter escolhido ir morar com você quando foi pra Nova York! – Comecei a sentir as lágrimas saindo de meus olhos.
Eu não sabia se chorava de saudades, ou se chorava de arrependimento.
- Você fez a escolha certa, sim, minha linda! Olha, vamos fazer assim, eu vou conversar com a sua mãe e ver se ela libera você passar uns dias aqui, no máximo uma semana por causa das aulas, daí você aproveita e trás a Alison, ta bom assim?
- Unhum...
- Tudo bem então, eu vou desligar agora, mas por favor, vê se resolve tudo com a . Não sei quem fica mais insuportável quando estão brigadas, você ou ela. – Soltei uma risada nasalada – Te amo, muito!
- Eu também, pai! Tchau.
- Tchau.

Flashback, 7 anos antes. Ponto de vista: Autora

O dia estava chuvoso, mas nada anormal para o clima de Londres. voltava da escola logo após o motorista ter deixado em casa. Passariam a tarde juntos, se Matt não tivesse deixado o recado que precisava conversar com . Como explicar para sua filha que não a veria mais todos os dias? Principalmente ela, que era tão apegada ao pai.
saltou do carro, e atravessou o grande jardim, até a porta da sua casa. Abriu e pode ver Matt um tanto quanto pensativo, sentado no sofá.
- Pai? – o despertou de seu transe.
Jogou a mochila em qualquer canto da sala, e andou até ele, sentando-se ao seu lado.
- Hey, minha linda! – A abraçou forte.
- Falaram que você precisava conversar comigo.
- Sim... Algo muito importante. Na verdade, eu queria que sua mãe estivesse aqui, mas... Ela preferiu que eu falasse com você sozinho.
franziu o cenho, sem entender muito bem do que aquilo tudo se tratava.
- Eu vou precisar me mudar pra Nova York... - ficou em choque. Não acreditaria que iria embora de Londres. Não acreditaria que teria que ficar longe de seu país, da sua escola e de . Milhares de pensamentos invadiram sua cabeça naquela hora.
- Como assim? Por que vamos ter que mudar? Eu não quero me mudar, papai!
- Você não vai precisar... - ficou mais confusa ainda - Eu... Eu e sua mãe estamos com alguns problemas, e decidimos nos divorciar.
ficou sem reação por alguns segundos. Sabia o que era divórcio, várias garotas de sua escola tinham pais divorciados, e ela sempre se sentiu sortuda por ter seu pai e sua mãe juntos.
- Co-como? Mas... O quê? - Perguntou transtornada.
- Vai ser melhor assim, minha princesa - Fez carinho nos meus cabelos - Tenta entender que estamos fazendo isso para o melhor de todos nós!
- Não é melhor, pra mim, ficar longe de você! - Respondeu brava.
- Nós não vamos ficar longe, não é como se eu fosse abandonar vocês!
- Posso ir com você? - Perguntou de imediato.
- Filha, você sabe que não quer fazer isso...
- Sei, sim! Não quero ficar longe de você!
- Mas também não quer ficar longe da Allie, nem da sua mãe, e muito menos do ...
... Sim, ela não queria deixar . Matt sabia que havia tocado em seu ponto fraco.
- Eu amo você e a sua irmã mais que tudo na minha vida, e se eu falo que não vou ficar longe, é porque eu não vou mesmo. Allie precisa de você, e sua mãe também. Você gosta da sua escola, e tem muitos amigos lá!
Matt queria que sua filha fosse com ele, mas ao perceber o desespero de Elizabeth quando decidiram se divorciar, sabia que teria tomar a decisão certa. Não era justo para uma mãe ver sua filha de 10 anos decidir ir morar com o pai, e Lizzie tinha certeza que a escolha de seria essa, por isso não quis ficar junto com Matt quando contasse a ela sobre a separação.
- Promete mesmo que você não vai se esquecer de mim? - repensou sobre o assunto, e percebeu que teria que abrir mão de muitas coisas para ir morar com seu pai. Ela o amava, mas se ele havia falado que eles não ficariam longe, ela sabia que era verdade.
- Como se isso fosse possível - Deu um peteleco no nariz da sua filha.
- E promete que vou poder ir pra Nova York com o todas as vezes que não tiverem aula?
- Fechado!

//Flashback, 7 anos antes. Ponto de vista: Autora

Entrei em casa ainda bufando e encontrei Allie sentada na sala jogando vídeo game na grande televisão.
O mundo tinha dado a louca e esqueceram de me avisar, não é possível! Mas que diabos Alison estava jogando? Aproximei e vi que era SuperMario do Nintendo 64 que eu guardava até hoje. Melhor jogo, sem dúvidas.
- Terminei o trabalho de ciências, já estudei pra algumas provas e não tinha nada pra fazer – Se explicou, já imaginando que eu fosse perguntar – Encontrei ele jogado aqui no canto, e como eu não tenho muita coordenação pro Guitar Hero, decidi experimentar esse. Olha, eu já consegui 5 estrelas!
Ela estava ocupada demais em apostar corrida com o Pinguim na fase de gelo para desgrudar os olhos da televisão.
- Sem problemas. Tem uma passagem secreta no primeiro túnel, é só ir pra direita que você passa pela parede. – Allie sorriu vitoriosa – Mas não adianta passar por ali se você esta apostando corrida com o Pinguim, ele vê isso como trapaça e acaba não valendo.
- Ah, muito obrigada – Revirou os olhos fazendo pouco da minha dica inútil.
- Papai ligou. – Allie deu o stop no meio da fase e me olhou – Ligou pra perguntar se tava tudo bem, e disse que tava morrendo de saudades. Provavelmente ele vai ligar aqui mais tarde pra falar com você e com a mamãe. Ele quer ver se ela libera pra gente passar uma semana com ele.
- E você acha que ela libera? – Perguntou aflita.
- Provavelmente. – Dei de ombros – Você é uma crânio de marca maior, e eu também não estou tão mal assim no quesito nota, perder uma semana de aula não vai ser um total caos.
Ela fez que sim com a cabeça e continuou a jogar.
- To indo pro quarto, se alguém me procurar, fala que eu me mudei pra Mongólia, e se não convencer, diz que eu morri. – Subi as escadas e fui pro meu quarto sem esperar qualquer tipo de resposta de Alison. Se é que ela me daria alguma resposta; pelo visto, Mario e o Pinguim eram mais interessantes.
Apesar de chegar em casa com a cabeça um pouco mais fria, ainda estava muito brava com . Tinha milhões de chamadas e mensagens no meu celular, mas eu nem dei ao trabalho de ver. Eu estava indignada ainda, minha melhor amiga tinha contado uma coisa minha para várias pessoas em tempo recorde, sendo que uma dessas pessoas é a menina que eu mais odeio. Não poderia deixar de parabenizá-la mais tarde pela grande obra de arte.
Deitei de barriga pra cima e coloquei um travesseiro em cima do meu rosto. Alguns momentos do dia vieram em minha cabeça, e um deles foi o que o idiota do havia me dito. Eu não pensava só em mim mesma, ele que só pensava nele mesmo. No mundinho de era ele, ele e ele mesmo, sempre foi assim, e nunca mudará.

Escutei a campainha tocar, mas não dei muita importância, Allie atenderia, e se tivesse muito ocupada com o vídeo game, Lurdes iria. Alguns minutos depois ouvi alguém batendo em minha porta, mas não respondi. Por favor, que desistam de bater!
- , abre a porta, eu sei que você está aí! – Era a traidora, quer dizer, – Mongólia não colou, e muito menos a notícia drástica de sua morte. Allie estava distraída demais com aquele vídeo game pra ao menos tentar me convencer de alguma coisa.
Em silêncio, me levantei da cama e fui até a porta, sem abrir ou fazer alguma coisa.
- Eu sei que você está aí, e também sei que não está dormindo! Dá pra ver a sombra do seu pé por debaixo da porta – Ops, mancada minha.
- A morreu! Ou melhor, se mudou para a Cochinchina! – Gritei para que ela escutasse do outro lado.
- Abre essa porta, eu quero conversar com você!
- Qual a parte do “Se mudou para a Cochinchina” você não entendeu? – Eu me sentia tão idiota por estar olhando pra parede, parecia que estava discutindo com a própria.
- A parte que se você estivesse se mudado, eu não estaria aqui conversando com uma porta e implorando para que você a abrisse. – Deveria ao menos ser mais interessante do que conversar com a parede, pensei.
- Então seja melhor amiga da porta, e me esquece! Só não esqueça de não contar os segredos da sua nova melhor amiga porta pra ninguém, PORQUE ISSO NÃO É LEGAL! - Me alterei novamente.
- Desculpa, por favor! Você sabe que eu não tive a intenção, eu nunca faria nada pra te prejudicar ou algo que você não gostasse. – Choramingou.
- O problema maior não foi você ter contado! O grande problema é que eu tive que dar um berro para que vocês lembrassem de que eu existia, e que também tomava minhas próprias decisões. E ainda tive que ouvir da pessoa que eu mais desprezo que eu só penso em mim!
- Eu sei disso, e desculpa mais uma vez! É que... Eu achei que a solução dos nossos problemas estava bem na nossa frente, e que era justamente a minha melhor amiga! Você tem que me entender, !
- Agora quem pede desculpas sou eu, , porque naquela hora você se deu conta de tudo, menos que eu era sua melhor amiga. – Senti um bolo na garganta depois do que eu disse.
- Você sabe que não é verdade, e eu já te pedi desculpas umas... 15 vezes em menos de... 10 minutos. – Paramos de falar por alguns instantes, depois continuou – Por favor, vai, você sabe que não vai conseguir ficar sem falar comigo por muito tempo, sua piranha.
Me pedindo desculpas e me chamando de piranha. Engoli minha vontade de rir.
- Vamos apostar então... Sua vaca.
- Sem querer entrar na onda do Barney, mas eu amo você, e sei que você também me ama, agora que tal você me desculpar e abrir essa droga de porta? Ela é chata demais pra ser minha melhor amiga, eu prefiro mil vezes a minha piranha louca. – Eu comecei a rir - Viu, você ta rindo!
- E daí? - Perguntei estupidamente.
- Quer dizer que você já me desculpou.
- Não quer dizer nada! – Coloquei a mão na cintura. E lá vai eu me empolgar com a merda da parede de novo.
- , pára de fazer cu doce e abre essa porta, antes que eu tenha que tentar entrar aí subindo até a janela...
- Ela estava aberta o tempo todo, sua otária. Você que é burra e não se deu ao trabalho de girar a maçaneta – Vi a maçaneta virar lentamente e a portar se abrir aos poucos até ver o rosto de .
- Eu vou te matar. - Disse ela calmamente - Mas acho que você já deve saber disso.
- A burra na história é você, e eu que tenho que ser morta? – Ela veio em meu encontro e me abraçou. – Te odeio! - Dei um soco fraco em seus ombros.
- Mentira! – Ela riu – Desculpa mesmo por hoje. Você sabe que não foi a intenção. – Ouvimos alguns passos acelerados subindo as escadas.
- Eu fiz alguma coisa de errado? – Era , respirando rapidamente como se tivesse corrido uma maratona. Começamos a rir.
- Não, seu retardado, infelizmente não podemos culpar a sua falta de noção – Respondi, e ele continuava parado na porta do quarto – Não paga nada pra entrar, ok?
- Não, eu já estou indo pro ensaio, é que o me xingou depois que eu voltei pro ginásio e não entendi muito bem, daí calculei que eu que tinha feito a merda. – Espera aí, por que o xingaria o meu primo? Será que é porque ele que tinha dado com a língua nos dentes sobre o lance do ballet?
Não. Estávamos falando de , e esse não tomaria dores de ninguém, principalmente as minhas.
- E desculpa a demora, é que... O Mario lá embaixo me prendeu a atenção, tava ajudando a Allie. Ela não percebeu que deu o filho errado pra mãe e então decidiu tomar ele de volta, a mamãe Pinguim correu atrás dela e ela tava se divertindo correndo com o Pinguinzinho pra lá e pra cá.
Nós começamos a rir imaginando a cena, e então depois de mais alguns minutos conversando, ele saiu correndo pra ir pro ensaio. Não duvidaria ele aparecer por ai mais tarde pra competir o controle do vídeo game com a Alison.

- Meu pai ligou, parecia que ele tinha adivinhado que eu tinha brigado com você! – Comentei enquanto estava fuçando o perfil de alguém no facebook. – Preciso ligar pra ele e falar que a gente já voltou a se falar. Ele quase me implorou pra fazer isso, disse que ficamos muito insuportáveis quando brigamos. – gargalhou e girou a cadeira pra ficar de frente pra mim.
- To com saudades do Tio Matt! Quando vamos visitá-lo em Nova York? – Bateu palminhas e eu revirei os olhos. sempre ia comigo quando eu viajava para os Estados Unidos pra vê-lo.
- Breve, espero! – voltou a olhar pra tela do computador e eu estiquei o pescoço pra ver o que ela estava futricando – Hey... Esse perfil é do...
- Sai daqui, sua xereta! – Ela cobriu o notebook para que eu não visse nada, o que foi em vão, porque eu já tinha visto.
- Que bonitinho!!! Vendo o perfil do ! Awnnnn! – Comecei a bagunçar o cabelo dela – Ele é a fim de você, sabia?
- Não é nada.
- E você é a fim dele... – Falei como quem não quer nada – E eu amo o , e eu amo você, ai, isso seria tão perfeito!
- Cala a boca sua doente, eu não sou a fim dele... Só to... Vendo as fotos dele... – Deu de ombros. Anham, e eu sou o Batman – Olha só, o McFly fez um show num pub aqui perto essa semana.
Me levantei e sentei no pedacinho de espaço que tinha na cadeira que estava sentada para poder ver as fotos. Um sorriso bobo brotou em meus lábios. Eu ficava feliz por eles, apesar de um dos integrantes ser um merda. E eu queria poder ajudar na banda, era o que eu gostava de fazer, porém como eu já havia mencionado, um dos integrantes é um bosta, o que me impedia de oferecer ajuda.
- O é lindo. – Comentou e involuntariamente eu fiz uma careta. Ah vá, era só o que me faltava agora – Não tão lindo como o ... – Awnn, eu disse! – E por favor, não pensa merda! – Implorou. se entregava tão fácil. – Agora você, quem é o mais lindo?
Aquela era uma pergunta fácil de ser respondida, porém difícil de ser confessada.
- O . – Dei de ombros – Meu primo é gato, e se não fosse meu primo, eu pegava!
- Você já beijou o . – Fez uma cara óbvia, e ao me lembrar daquilo fiz cara de nojo. Eca, ter beijado o foi quase a mesma coisa que se eu tivesse beijado a Alison – No verdade ou desafio, mas beijou. E você não acha o mais bonito.
- Ah, não? – Fiz pouco caso, ainda olhando para foto.
- Não, você acha o mais bonito. – Me preparei para fazer meu discurso, mas ela não deixou – E não adianta falar que é mentira. Você e ele podem ser feito cão e gato, mas não tem como negar que é o maior gato daquela escola, daquela banda, e provavelmente de todos os lugares que ele frequenta.
- Pega ele, então! – Bufei. Me levantei e voltei pra cama. Mas que merda!
Ai, o é lindo! Ai, o é legal! Ai, o isso, ai o aquilo. Vai se ferrar, ela e o amiguinho dela.
- Não, ele não faz meu tipo. Ele faz o seu tipo. – Qual é a da ? Porque sinceramente, depois de anos, eu ainda não havia descoberto.
- Onde é que você quer chegar com isso? – Perguntei impaciente. – Me jogar pra cima do , ? Meu Deus, você já foi um bom cupido. Você ta querendo juntar duas pessoas que se odeiam, que são comprometidas e que...
- E que no fundo não se odeiam nada. – Jogou a almofada que estava em seu colo na minha cara – Vocês não são mais dois adolescentes de 14 anos, meu Deus, vocês tem quase 18 anos! E quem olha de fora pensa que ambos tem 10!
- Eu não tenho culpa que seu amiguinho é um idiota! – Devolvi a almofada mirando em seu rosto – E se tem alguém que age como criança, é ele. Atitude bem adulta que ele teve hoje! “Você só pensa em você”. Piada do século!
- Ta bom! Que seja, desisto! Se matem os dois! – virou a cadeira e voltou a babar, ou melhor olhar as fotos de e me deixou ali... Pensando
Pensar às vezes pode ser uma merda, sabia?
- Agora vai, levanta essa bunda e começa a se arrumar pro jantar de hoje a noite. Você deve desculpas ao Andrew, e tem que ficar bem gatona pra ele.
Sem discutir, fui pro banho. Eu devia sim desculpas a Drew, só que como já esperado, não estava com animo algum de ir a uma festa, e se eu não tivesse ali comigo, provavelmente arranjaria uma forma de escapar.
É, eu a odiava uma hora atrás, e voltei a amá-la. Eu avisei que a gente tinha a amizade mais doida do mundo. Doida, porém verdadeira.


Capítulo cinco
"Para a maioria de nós, o passado é um lamento, o futuro uma experiência."- Mark Twain



- Toc, toc.. – Olhei pra porta, terminando de me olhar no espelho e checar se tudo estava certo. Até que a roupa que havia escolhido não tinha ficado tão ruim, só não muito a ver comigo.
Drew estava lindo. Ele é lindo, mas vê-lo de camiseta e gravata me deixou mais maravilhada ainda, apesar de odiar aqueles tipos de roupa, da mesma forma que eu odiava usar saltos.
- Wow... Você ta linda! – Sorri fraco.
Eu estava com vergonha, vergonha do chilique que havia dado hoje por causa de e . Descontei minha raiva em quem não deveria.
- Obrigada. – Devolvi o elogio – E você também. – Me aproximei um pouco dele e segurei suas mãos – Não queria ter falado daquele jeito com você hoje... Desculpa. É só que... O me tirou tão do sério, e eu também não esperava que a abrisse o bocão.
- Lógico que eu te desculpo! – Lógico que ele me desculpava, ele era Andrew Collins, o cara mais lindo e legal de todo o mundo – Só quero que você me explique tudo, porque de verdade, eu entendi absolutamente nada. Como assim, você dançava ballet?
- Minha mãe me obrigava. – Rolei os olhos – Eu levava jeito pra coisa, mas nunca gostei.
- E por que você nunca me contou?
- Porque nunca achei que fosse tão importante pra te contar. – Dei de ombros.
- Tudo sobre você é importante. – Mordi meu lábio inferior – Apesar de ser uma coisa mínima, é chato não saber. Eu sou seu namorado, e... Até o sabia disso, e eu não.
- O é um idiota. E ele só sabia porque a gente ainda era amigo na época, e só por isso.
- Eu sei – Fez um carinho de leve em minha bochecha – Bom... Agora vamos? Meu pai ta esperando a gente lá.

Saímos do carro, e me espantou a quantidade de pessoas que entravam na boate que havia sido fechada para o evento. Fazia algum tempo que não frequentava lugares como aqueles, e nem lembrava se sabia me comportar.
Sem precisar conferir nomes na lista, entramos eu e Andrew de mãos dadas. O lugar era maravilhoso. Por ser grande, não aparentava ter tantas pessoas como eu imaginava.
- Filho! – Vi a Sra. Collins vir em nossa direção mais feliz que nunca, segurando um copo de champanhe nas mãos. – Fiquei tão feliz que vocês vieram! – Deu um beijo em seu filho e depois em mim – E você minha querida... Tão linda! Como está sua mãe?
- Mais feliz do que nunca com o casamento – Impressão minha ou a Sra. Collins estava meio alta? Ela era simpática, mas ela parecia simpática até demais.
- Imagino!
- E olha se não é meu filhão e sua bela namorada! Olá, ! – Disse o pai Drew, dando um beijo em minha mão com um cumprimento elegante, segurando um copo de whisky.
Esse é dos meus.
- Olá, Sr. Collins, parabéns pela festa, está maravilhosa! – O parabenizei pelo evento da empresa.
Eu sabia ser elegante quando queria, não sabia? Apesar da completa diferença, eu ainda era filha de Elizabeth Morgan, e já convivia com ela durante anos para saber como não me comportar como uma animal.
- Fico feliz que tenha gostado! Mas onde está sua mãe e o Morgan? Sei muito bem que os dois foram convidados. – Disse dando uma taça de champanhe para mim e para Andrew.
- Não puderam vim por causa do trabalho, mas agradeceram o convite. – Dei um gole da bebida.
- Mande lembranças e diga aos dois que precisamos marcar um jantar de família! – Ouvia sobre esse jantar em família desde o inicio do meu namoro com Drew, mas como a Sra. Collins já havia bebido mais que o necessário, decidi deixar passar.
- Claro que sim!
- Andrew, venha aqui, preciso lhe apresentar para alguns amigos – Drew me segurou novamente pela as mãos e me levou junto.
Infelizmente.

Minha bochecha começou a doer de tantos sorrisos, minha viagem mental ficava cada vez pior com tantos assuntos chatos, e eu já estava no meu quarto copo de champanhe, que ao invés de fazer o efeito alegre, fazia o efeito sono.
Por que funcionava para a Sra. Collins e não funcionava pra mim?
- E veja se não é nossa pequena ! – Despertei de meus pensamentos quando ouvi meu apelido, e quando olhei para trás levei um susto.
Aquela era nada mais nada menos que Danna .
- Meu Deus! – Falei meio incrédula. Faziam mais ou menos uns dois anos eu não os via – Danna! – A abracei.
- Que saudades de você, sua sumida! Não é porque você e o decidiram fazer uma greve de amizade por tempo indeterminado que eu tenha deixado de existir.
Greve de amizade por tempo indeterminado, essa era nova. É que sabe, né, seu filho decidiu de uma hora para outra fazer da minha vida um inferno, então não é como se eu tivesse culpa disso tudo.
- Cadê o Christopher? – Perguntei tentando pular a parte do porque nem tava a fim de ficar cozinhando aquele assunto que já tinha acabado há tanto tempo.
- Procurando por mim?
E então Christopher apareceu. Apareceu com seu filho. . Até aqui? Sério mesmo?
- Hey! – O abracei.
- Você cresceu, ou é impressão? – Começou a comparar sua altura com a minha – Nah... Mesma tampinha de sempre – Eu ri. Mas eu ri de nervoso.
estava ao lado de seu pai, e eu não sabia exatamente o que fazer. E esse era o problema. Numa outra ocasião era claro que eu o ignoraria, mas eu simplesmente não poderia ignorá-lo na frente dos seus pais.
Eu era uma sem noção, não uma ogra.
- Oi... – Disse ele primeiro. Espera aí... Ele me deu oi primeiro?
também estava usando terno. De uma forma desleixada e sexy, porém usava um terno.
Eu disse mesmo isso?
Onde está o garçom das bebidas quando mais precisamos dele?
- Oi... – Respondi sem saber exatamente para onde olhar.
Esse filho da mãe havia falado que eu só pensava em mim hoje mais cedo! Eu deveria estar dando uma voadora na testa dele, não dando um oi completamente educado.
- Olha se não são meus amigos!!! – Brotou Sr. Collins do nada na conversa.
Viva Sr. Collins!
Formou uma roda. Andrew apareceu ao meu lado, não sem antes cumprimentar , entrando completamente no assunto com seu pai e Christopher, enquanto Danna e conversava com Sra. Collins, e bom... Eu e ficávamos por fora, sem saber exatamente o que fazer.
E então, numa ótima hora, o garçom das bebidas passou. E lá foi eu para a minha quinta taça de champanhe, da qual virei de uma vez só. Eu estava nervosa demais para bancar a bem educada no momento. E entes do tiozinho sair com a bandeja, eu peguei minha sexta taça de champanhe.
- E a sua mãe, como está? Nunca a vi tão animada, como ela anda com o casamento! Até já combinamos sobre o te acompanhar no altar, será tão lindo!
Era agora que eu saia correndo? Ou era agora que eu ficava sem saber o que fazer?
Cadê a porra do garçom com os whiskys?
Aquilo foi um problema. Um problema porque por mais gentleman que Andrew fosse, não tinha idéia de como ele reagiria, pelo simples motivo de que eu ainda não havia lhe contado esse pequeno e absurdo detalhe sobre o casamento que a minha mãe havia inventado.
- Você vai entrar com o no altar? – Perguntou Drew sem entender muito bem.
Percebi que segurava a risada, olhando para os lados pra disfarçar.
Infeliz.
- Na verdade, eu ainda não conversei com ela sobre isso. Minha mãe veio com essa idéia sobre eu ser dama de alguma coisa, e desde então ela está inventando cada vez mais moda e por isso que nem falei com você, porque eu não sei o que vai ser decido, e... Wow, então o vai mesmo entrar no altar? Tem certeza que é comigo? Porque bom... O também vai, e a também, então eu não sei exatamente quem vai...
- , calma, eu entendi – Respirei fundo, como se tivesse sem ar.
- e eram tão amigos... – Começou Danna novamente com a conversa, enquanto eu procurava a parede mais próxima para bater minha cabeça – Mas de repente se distanciaram, então pra mim vai ser emocionante ver os dois entrando no casamento da Lizzie.
E numa ótima hora, o garçom do whisky passou, e eu praticamente voei em cima dele.
- Imagino! E eles vão ficar ótimos! – Disse a mãe de Drew, sorridente – Querida, tem certeza que isso não é muito forte pra você?
E eu praticamente engasguei.
- Não... Não... Ta tudo bem – Dei um sorriso forçado e senti Andrew me puxar de lado.
- Só quero que você saiba que eu não fiquei bravo de você entrar com o no casamento da sua mãe, eu sei como suas famílias são amigas, mas isso não é motivo pra beber whisky parecendo que voltou do deserto, e muito menos pra falar feito uma tagarela.
- Minha mãe falou que você não se importaria, mas o problema é que eu me importo, e essa situação toda está horrível pra mim se você não percebeu! – Cochichei alto.
- Horrível por quê? Não era pra todos estarem mais do que acostumados a não ver mais você e o se falando como melhores amigos? – Falou de uma forma meio brava, e comecei a me preocupar.
- Era! Mas não é tão fácil assim!
- Mas deveria!
- Eu preciso ir ao banheiro. – Falei irritada, indo a qualquer direção. Na verdade eu precisava de um tempo de toda aquela doidera.

Minha noite não tinha como ficar pior.
Achei o terraço, onde haviam alguns homens velhos com cara de sérios, fumando e falando assuntos dos quais não estava afim de prestar atenção. A vista do terraço era bonita. Eu conseguia ver milhares luzes de Londres. Coloquei o copo de whisky em cima de uma das mesas que haviam ali, e peguei um cigarro dentro da bolsa, mas bufei alto quando percebi que havia esquecido meu isqueiro.
- Fogo? – Perguntou
Era . Sim, havia como minha noite ficar pior.
Tomei o isqueiro de suas mãos, e acendi meu cigarro. Peguei meu copo de whisky, e me sentei numa cadeira vazia que tinha bem ao meu lado. Eu estava parecendo um daqueles velhos que estavam na minha frente, que bebiam e falavam de negocios.
Virei o whisky de uma vez só, fazendo com que o líquido descesse queimando pela minha garganta.
- Que diabos você ta fazendo? – Perguntou – Aqui não é uma festinha na casa do , se você fica louca aqui, amanhã de manhã você aparece estampada na coluna social.
- Não me importo. – Dei de ombros – Afinal, eu só penso em mim mesma, isso é o que eu sempre faço. – Falei irônica, lembrando o que ele havia me dito mais cedo – E outra, quem vai sair com a cara estampada na coluna social vai ser eu, não você, então, por favor, se seu objetivo hoje é terminar o seu trabalho de me tirar do sério, vai perder seu tempo.
- Você tem que aprender a parar de falar comigo com 20 pedras na mão. Eu até acendi seu cigarro. – Puxou uma cadeira sentou-se ao meu lado. Qual era a daquele moleque?
- Eu já te falei... Eu só penso em mim mesma. Nenhum favor feito pra mim vale algum tipo de crédito, principalmente pra você – Traguei pela última vez o cigarro que ainda estava inteiro e joguei no chão, o apagando com meus sapatos – Nem preciso disso mesmo.
- Ah, qual é, então agora você vai se importar com o que eu falo sobre você? Pensei que eu fosse mais insignificante que uma barata, e que nada do que eu falasse importaria pra você.
Não respondi. Na verdade, eu sentia uma vontade tremenda de chorar.
- Esse lugar é um saco, você não acha? – Olhei pra cara dele e levantei uma sobrancelha. Ele estava mesmo querendo puxar papo comigo? – Que foi?
- Você não percebeu que eu não quero conversar?
No meio do meu objetivo Ignorar , vi uma garota se aproximar, usando um... Vestido bem provocante? Bem, isso se você considera um pedaço de pano cobrindo só até a bunda de vestido. Ela era bonita, alta, morena de olhos claros, e poderia dizer que tinha mais ou menos minha idade, ou talvez um pouco mais velha.
- , ... – Disse a tal garota.
Não gostei dela.
- Chloe, Chloe... – Posso dizer que ver o idiota no olhando para aquela pseudo puta me deu nojo? Ele parecia um faminto olhando para um Big Mac!
Ele a abraçou pela cintura, e eu a vi morder o lábio. Ah, pelo amor de Deus!
Me levantei irritada da cadeira e segui meu rumo.
- Ah, antes que eu me esqueça... – Ouvi a voz do e me virei pra trás – O ligou e pediu que você chegasse no horário amanhã na escola, ele quer te entregar uma coisa.
- Que coisa? – Perguntei.
- Pensei que não quisesse conversar... – Me mandou um olhar irônico, com a Big Mac ainda pendurada em seu pescoço.
Meu sangue subiu e saí logo dali pra não voar em cima de alguém.
Entrei novamente no salão procurando entre aquelas pessoas o meu namorado. Eu me sentia estranha, como se o passado tivesse voltado à tona. Minha decisão de me afastar de todos que tinham ligação com não havia sido a toa, ou por um simples capricho meu. Eu tinha feito aquilo pra não ter justamente que ficar remoendo o que passou, e ficar tentando explicar coisas que não haviam explicações.
Ele não fazia mais parte da minha vida e pronto, só que parecia que minha mãe e os pais deles de repente começaram a ignorar aquilo, ignorar ao fato que ficar perto dele me machucava. E ele sempre fazia questão de me atingir.
- Onde você se meteu? – Andrew surgiu de repente em minha frente.
- Me perdi – O abracei forte – Eu quero ir embora...
- Mas já? Por quê? Eu pensei que... Sei lá, você quisesse dormir em casa hoje, ou fazer alguma coisa depois daqui...
- Hoje não. Eu acho que... Eu bebi demais, to um pouco tonta e com dor de cabeça, desculpa.
- Isso tem alguma coisa a ver com o ? – Me olhou confuso – Por que você se importa tanto com ele?
- Eu não me importo com ele! Eu só... Na verdade, isso não tem nada a ver com ele, eu só quero ir embora, ta certo? Amanhã a gente tem aula de manhã, e parece que o quer conversar comigo logo cedo
- Tudo bem... Eu te levo

Não posso dizer que o caminho até minha casa foi um dos mais falantes. Pouco foi comentado sobre a festa. Nem eu, e muito menos Andrew estávamos a fim de puxar alguma conversa, primeiro porque pra mim, a noite não tinha sido uma das mais agradáveis, e segundo que pro Drew não terminou como ele esperava. De novo. Eu sempre estragava tudo, essa era minha maior habilidade.

POV:

Eram 3 da manhã quando olhei no relógio do carro quando estava vindo pra casa, depois de sair da casa da Chloe.
Chloe Parker era um rolo antigo, um rolo antigo muito bem resolvido, se é que vocês bem me entendem.
Pode me chamar de cachorro, canalha, ou de um belo filho da puta. Eu sei que sou.
Entrei em casa no total silêncio para não acordar meus pais, que já haviam chegado e provavelmente estariam no sétimo sono. Levei um susto quando cheguei no meu quarto e dei de cara com a assombração do deitado no colchão no chão jogando vídeo game. Nem mesmo lembrava que ele passaria a noite aqui porque seus pais estavam viajando.
- Dude, pensei que ia dormir na rua, seus pais chegaram faz mó tempão e você não dava nem sinal de vida – Falou dando stop no jogo.
- É... Mudei meus planos – Joguei o paletó em algum canto, e comecei a desabotoar a camisa.
- Mas e aí, como que foi a festa? Mais chata que o previsto ou suportável?
- Suportável... – Dei de ombros – Peguei a Chloe – franziu o cenho – A Chloe Parker... dos Warriors...
- Ela não tinha se mudado pra Brighton há mais de um ano?
- Se mudou, mas ela ta passando a semana aqui com os avós. Pelo visto ela conhece alguém que foi ao jantar, e que a colocou pra dentro.
- Entendi... Mas você pegou como? – Levantou uma sobrancelha – Só pegação ou trabalho completo?
- Trabalho completo... De novo... Ah cara, você sabe que a carne é fraca e que a Chloe é foda.
- Tudo bem que a garota é gostosa, e que vocês se pegavam bem antes de você vir com essa idéia de namorar “sério” com alguém... – Fez aspas com os dedos – E tudo bem que ela é do Warriors, isso tudo não teria problema se você namorasse a Amber! – Franzi o cenho. Eu sabia que eu tinha sido um puto, mas não precisava que meu melhor jogasse isso na minha cara – O problema não é esse relacionamento super nada a ver de vocês, o problema é você ter pegado justamente a Chloe, namorando a Amber, entendeu? Isso pra Amber seria quase pior do que se você tivesse pegado sei lá... A .
- E daí? Agora já foi, e na hora eu tava bêbado, nem pensei!
- Sem querer pagar de bom samaritano, você sabe muito bem que eu sou tão canalha quanto você, mas... Qual é essa da sua com a Amber? Todo mundo sabe o lance entre vocês é só físico e psicológico.
- Como assim? – Terminei de tirar aquelas roupas que tanto detestava usar e me joguei na cama – Eu gosto da Amber, o problema é a futilidade dela ser maior que o próprio ego.
- Esse é o ponto! E por isso que sempre eu fico mais certo que esse namoro de vocês é totalmente de fachada. Cara, eu sei que o maior motivo de vocês estarem namorando é pra provocar a .
Talvez não. Talvez sim.
- Eu gosto da Amber. Apesar de tudo, ela é gente boa.
- Mas você não a ama, entendeu? – Na verdade, não entendi. Talvez porque fosse puto o bastante pra não vir com aqueles papinhos de amor – Eu sei que não sou a pessoa mais indicada pra falar sobre essas coisas, mas essa sua guerra com a já ta passando dos limites.
- Diga isso a ela! A sua amiguinha que é uma doida varrida.
- E você gosta demais dessa doida varrida que eu sei – sempre esteve a par do que aconteceu entre a gente, porém, eu detestava quando ele falava sobre isso – Você sempre fica todo esquisito quando eu falo sobre isso.
- Talvez porque viaje demais sobre esse assunto.
- Não, talvez seja porque você saiba que é verdade – Jogou um travesseiro na minha cara – E ela também gosta de você, , só que vocês dois tem a cabeça mais dura que uma pedra, e ninguém da o braço a torcer.
Se eu não fosse tão bicha, eu poderia muito bem negar tudo aquilo, mas sabe qual era o problema? Eu não era um pouco bicha, eu era um belo de um bicha.
- Por que você não tenta se aproximar?
- Pra fazer papel de otário?
- Não, , papel de otário é o que você está fazendo agora. Quer dizer, que os dois estão fazendo. Não estou te falando pra sair daqui e ir abraçá-la, estou falando pra você parar de ficar que nem uma criança de 5 anos provocando a amiguinha. Se ela vier pra cima? Deixa ela vim, se ela falar merda, deixa que ela fale. Pense que isso pode até mesmo provocá-la, entendeu?
Bem... Pensando dessa forma, poderia dar certo. Afinal, nada me encantava mais do que vê-la toda bravinha e batendo os pés que nem uma menininha.
- Vamos ver, dude... Vamos ver...

//POV:


Capítulo Seis
"Dizer-se feliz é provocar o azar." - Publílio Siro

Dormir. Apesar de saber que meu namorado não estava muito contente com a minha pessoa, tudo que eu mais pensava no momento era dormir. Andrew estar perdendo a paciência comigo não é tão surpreendente quanto eu ficar com sono porque bebi.
Drew estava pensativo quando me deixou em casa. Eu até poderia perguntar o que realmente estava acontecendo, apesar de já saber mais ou menos o que realmente estava acontecendo, só que tem um problema, eu to com sono, lembra?
E um pouco bêbada também, mas isso não vem ao caso.
Eu sei, sou a pior namorada do mundo. Quer dizer, quase pior. Pelo menos eu não saía por aí pegando qualquer cara gostoso que aparecesse na minha frente. Se você quer saber, dá pra contar nos dedos de uma mão quantos caras que eu já fiquei na vida. Talvez.
Agora pensa, não respeitava a escrota da namorada dele, ele simplesmente saía por aí pegando qualquer rapariga com as pernas de fora, e a olhava como se fosse um Big Mac com batata grande e refrigerante numa promoção do McDonalds.
Filho de uma égua!
Dei um beijo rápido de boa noite em Andrew, e saí do carro tentando andar em linha reta até a porta de casa.
Abrir a porta não foi nada, muito menos andar tomando todo o cuidado para não tropeçar em nada e acordar todo mundo. O grande problema foi aquela maldita escada, minha inimiga de todos os porres.
Não é que eu esteja bêbada, porque na verdade, eu não estou. É que até mesmo sóbria aqueles degraus eram um problema. Não que eu esteja sóbria, porque na verdade, eu também não estou.
Só um pouquinho alegre. Bem de leve.
Depois de levar mais que o dobro do tempo que eu levo pra subir a escada, fui correndo para meu quarto. Olhar pra minha cama nunca foi tão lindo, eu quase pude ouvir o coro dos anjos. Tirei o vestido, aqueles malditos sapatos e me joguei. Dormirei de maquiagem, de calcinha e sutiã, e não to nem aí. Tinha gente que dormia pelado.
Daí você me pensa que eu cai no meu colchão fofinho, deitei nos meus confortáveis travesseiros e capotei. Não exatamente. Não quando você tinha uma amiga extremamente curiosa que não ajudou muito nos meus planos de chegar em casa e dormir. Resumindo, antes de capotar e sonhar com os anjos, eu tive que contar praticamente tudo o que tinha acontecido naquele maldito jantar para pelo telefone.

Foi difícil acordar. Aquela noite foi umas daquelas que parecia que você só havia piscado, quando percebeu já estava sol e você precisava acordar. Pode não acreditar, mas ter me ligado, tirou grandes e belos minutos a mais do meu sono. Ignorando completamente meu despertador, decidi trocar o café da manhã por mais 10 minutos na cama. Mas quando vi que infelizmente teria que levantar, fiz toda aquele ritual das manhãs, peguei minha mochila e desci. Hoje sim eu parecia um zumbi, daqueles bem feios e esquisitos dos filmes de terror. Minha mãe, Steve e Allie já estavam se levantando da mesa para sair, e eu só peguei mais um saquinho de Gold Bears no armário da cozinha e sai junto com eles.
Allie não trocou uma palavra comigo durante todo o percurso até sua escola. Ela sabia que se torrasse minha paciência, com o sono que eu estava, provavelmente eu a jogaria para fora do carro e ela iria a pé pra escola. Mas como ficou de boca calada, eu consegui deixá-la na escola sem nenhum tipo de violência, partindo logo pra minha.

- Mil desculpas pela demora! – Disse entrando na sala de aula às pressas, sabendo que precisava falar comigo. – Aquela maldita festa, e a como pós party só me fez dormir mais – Me joguei na carteira.
Apesar do meu atraso, o professor ainda não havia chegado. estava sentado no lugar de sempre, atrás de mim, com todos os caras em sua volta conversando. Conversa da qual terminou assim que eu cheguei.
- Sem problemas. Ainda não nos acostumamos com o fato de você chegar todos os dias no horário certo – deu uma piscadinha.
- Haha, gracinha. Mas então, o que você queria falar comigo, ? – Perguntei tirando minha mochila das costas e jogando no chão.
- Na verdade eu, quer dizer, nós, temos uma coisa pra te contar. Sei lá, eu nem sei se você vai ficar tão feliz assim, mas é que nós estamos surtando e você está sendo a primeira a saber, então...
- , desembucha logo – Rolei os olhos.
- Mostra pra ela, – Disse para , e imediatamente mudei a atenção para aqueles olhos que no momento me encaravam sem eu ter percebido.
Como assim, produção?
pegou sua mochila que estava jogada em cima da mesa e a abriu, passando pra mim um papel amarelado escrito as exatas palavras:
Rock Strike Club Festival apresenta:
City And Colour.
Abertura: McFly.
Sabádo (23/04) às 9pm.

Rock Strike era um tipo de baladinha descolada da cidade, da qual eu já tinha ido algumas vezes com Andrew. Era um lugar relativamente pequeno para shows, mas o que mais tinha chamado minha atenção era que McFly abriria para City And Colour, uma banda que apesar de ser desconhecida, tinham músicas incríveis.
- Vocês não podem estar falando sério... – Falei incrédula ainda olhando pro papel.
- Vixi, o tava certo, ela vai dar um ataque – disse entre risadas.
- O que? – Perguntei um pouco confusa. O disse o que?
- Foi idéia do a gente te contar aqui na escola só pra ver sua cara. Demais, né? Vai ser nosso primeiro show com cachê! Não é muito, lógico, mas já é alguma coisa – disse animado e eu ainda não sabia se gritava, chorava ou pulava em cima deles.
- Já é alguma coisa?! Isso é... Demais! Eu não to nem acreditando! – Então a última opção foi válida, e eu pulei nos meninos, exceto em , claro. – Vocês fazendo show no Rock Strike e abrindo pra City And Colour... Tô tão feliz por vocês!!! – Eu parecia uma criança ganhando a primeira bicicleta.
- Vai chover garotas, dá pra entender isso? – Comecei a gargalhar com o inútil comentário de – Já consigo ver groupies correndo para meus braços. Paraíso.
- Claro que tinha que sair alguma besteira vindo de você, – Belisquei de leve seu braço – Essa você tem que contar pra Tia, ! Quem sabe ela não desiste de queimar seus instrumentos?
- Vai nessa... Acho que ela só engole essa história deu ser músico quando os Rolling Stones abrirem o show pro McFly, porque nem o contrario seria suficiente – Sim, vindo da minha Tia até que fazia sentido
Voltei a me sentar na cadeira, enquanto os meninos faziam planos e mais planos para o show.
- Capaz dele falar que a gente vai abrir o show do City And Colour, e ela perguntar se é alguma marca de chiclete – se manifestou pela primeira vez. Meu estômago revirou e senti uma vontade tremenda de sair correndo.
Desde quando ele falava comigo?
- Não duvido – Ri baixo, fingindo estar atenção no panfleto em minhas mãos – Se importa se eu ficar com isso? Eu queria guardar de recordação – Perguntei meio sem graça.
- Nah... Tenho mais em casa...
Quando foi que eu tive a última conversa sensata com ele? Há três anos?
Eu não falava com e não falava comigo. Nós nunca tínhamos trocas de palavras, e sim trocas de farpas. Ter uma conversa relativamente “amigável” era muito, muito bizarro e não me recordava a última vez que isso havia acontecido.
Não demorou para que o insuportável do professor de Trigonometria entrasse na sala e um pouco da minha felicidade dos acontecimentos anteriores irem embora.
- Barrigudo escroto – Cochichamos eu e juntos, exatamente na mesma hora.
Nos olhamos assustados e demos uma risada sem graça. Eu balancei a cabeça negativamente pensando o quanto aquela situação era esquisita e me virei para frente.
Pensava que "barrigudo escroto" era somente By:

- Amber Jenkins é louca – Disse ao aparecer de uma hora para outra no meu lado indo em direção ao refeitório.
- Olha só, se a amiguinha fiel de Jenkins concordou finalmente comigo! – Como se eu não soubesse que aquela garota merecia ficar internada num hospício.
- Ontem ela simplesmente surtou, dizendo que se tivéssemos que mudar toda a coreografia, não iríamos participar do campeonato e hoje, do nada, ela me vem falar que havia mudado de idéia e que iríamos para os jogos com as mesmas coreografias, mesmo estando com uma menina a menos!
- Mas você não falou que era praticamente impossível não mudar a coreografia faltando uma pessoa só?
- Sim, quer dizer, é mais ou menos isso. Até dá pra fazer a coreografia sem ela, mas o problema é que poucas sabem fazer o que a Angie fazia, ela é uma ótima ginasta. Não to entendendo até agora a idéia da Amber, mas semana que vem a gente já começa todos os ensaios, da mesma coreografia e sem a Angelina.
Me desliguei um pouco do assunto de e time dos pompons e comecei a refletir. Impressão ou hoje o dia estava com um ar meio diferente? Com ar e clima diferentes ou não, meu dia estava definitivamente melhor que o de ontem, também, qual dia não seria melhor que o de ontem? Banda do meu primo abrindo para uma de minhas bandas favoritas, nenhuma encrenca, aquela conversa absurda com o ... Tudo estava meio doido hoje. Me peguei pensando no que tinha acontecido na primeira aula. Aquilo não foi normal. Não mais.
Eu precisava falar com sobre isso. Ou talvez não. Não com aquele papo estranho que ela me veio ontem. Eu tava virando a única normal no meio desse povo, essa é a explicação mais sensata. E tive a total confirmação, foi quando eu vi, antes de entrar na sala de aula, Andrew conversando com a Amber.
Como assim?
- O que o Drew ta conversando com aquela garota? – Perguntei para que no mesmo instante não deixou eu me mover para pedir algum tipo de satisfação.
- Srta. ? – Escutei uma voz familiar atrás de mim. Eu normalmente me assustaria com aquela voz se eu estivesse fazendo alguma coisa de errado, o que não era o caso – Preciso que você compareça agora na minha sala.
Aquele era Sr. Grey. Diretor da escola, o responsável por todas as minhas detenções e brigas com a minha mãe. Ele me detestava. Tudo bem, eu confesso que até eu me detestaria com o tanto de besteiras que eu já fiz naquela escola.
- Tudo bem, mas... Dessa vez é verdade, eu não fiz nada de errado – Levantei as mãos em forma de rendimento – Não fiz mesmo...
- Vamos ver... – E então ele deu meia volta e foi em direção a sua sala.
Mas que infernos que eu tinha feito?
- O que foi que você fez, , pelo amor de Deus – fez uma cara apavorada.
- Juro, dessa vez eu não sei! Eu vou lá ver o que está acontecendo, só pode ser alguma outra coisa.

Esquecendo completamente o fato do meu namorado estar conversando com a piranha da Amber, fui até a sala do diretor, conversando todo o caminho com a minha própria mente e tentando lembrar de alguma besteira que eu havia feito. O problema que nada vinha na minha cabeça. Entrei na sala da direção, e a Ruth, secretária do Sr. Grey, disse que eu poderia entrar porque ele estava a minha espera.
Sem bater, entrei em sua sala enquanto ele mexia em alguns papeis.
- Sente-se, por favor. – Me sentei, e tentei imaginar a cara de interrogação que eu estava no momento – Bom, Srta. , devo dizer que pela primeira vez estou surpreso em ter que lhe chamar no meu escritório, já que durante alguns dias eu não tinha nenhuma reclamação sobre você.
- Então quer dizer que alguém reclamou de mim?
- Antes de qualquer pergunta, quero que veja isso e me explique – Ele jogou uma pasta em minha frente, que eu conhecia por ser a lista de chamada – Queria que a Srta. me explicasse sua freqüência na aula de Educação Física. Podemos ver que em um mês a senhora tem uma freqüência escolar regular em todas as disciplinas, menos em Educação Física, que não há nem 60% de presença. Não temos nenhum atestado médico, que justifique suas faltas. Mas o que me deixa mais intrigado, é que sua freqüência na última aula, do professor Maxwell, é de 80%. O que quer dizer que, você não está na penúltima aula, mas de repente, como mágica, está na última.
Fodeu. Ele havia descoberto que eu bolava a grande maioria das aulas de Educação Física depois do intervalo.
Alegria de azarado dura pouco.
Alegria de dura pouco.
Eu tô muito ferrada. Eu seria expulsa da escola e minha mãe me mandaria para um internato na ilha mais isolada que existisse no mapa-mundi.
Não, eu ainda tinha o papai, ele não me deixaria ir para o internato mais isolado do mapa-mundi, deixaria? Não, lógico que não.
Respirei fundo, o que tiver que ser, será, se eu fosse expulsa dessa joça, paciência, ouvir minha mãe dando a louca falando que eu viraria uma marginal não seria uma grande coisa, quando se já estava acostumada com isso.
Aquela cara dele estava de dar medo, não que ele sorrindo fosse algo bonito de se ver, e que também já não o tivesse visto bem irritado, mas hoje era diferente, parecia que ele tinha criado um pacto com o coisa ruim!
- Depois desses dias chegando no horário, sem destruir nenhum encanamento, nenhuma detenção ou até mesmo reclamação, eu tive o leve pressentimento que a senhorita estaria criando juízo – Começou o discurso parecendo que estava pensando alto.
- Mas eu...
- Agora sou eu quem falo! – Ai tá bom, estúpido! – Quantas vezes já houve casos da senhora bolando aula e deixamos passar? Afinal de contas, que aluno nunca bolou aula na vida? Mas no seu caso, não é somente esse o problema, e sim tudo! Sempre nos deu trabalho, mas sempre demos uma segunda, terceira, quarta, quinta chance!
- Fala sério! O senhor mesmo disse, todo mundo bola aula! Eu bolo aula, mas minhas notas são excelentes, eu chego ser uma das melhores alunas em relação a nota na minha sala! – Protestei. Muito boas palavras!
Faz cara de séria, fale firme e finja que esta certa! Ok, talvez não tão certa assim...
- Motivo esse que não tomamos atitudes drásticas até hoje! Ou você acha mesmo que quando você apareceu bêbada na escola, eu te deixei aqui porque tinha algum tipo de esperança? – Meu fim. Tchau escola, tchau , tchau Drew, tchau meninos, foi bom enquanto durou – Quando vieram me falar que a senhora perdia grande parte das aulas de Educação Física porque estava bolando aula, eu cheguei a duvidar, porque eu realmente tinha esperanças que você teria mudado.
Espera só um minutinho aí, ele disse "Quanto vieram me falar"?
- Foram falar para o senhor que eu estava bolando aula? – Eu nem pensei, as palavras se formaram sozinhas em uma pergunta – Tipo... Me deduraram?
- Pois é, a senhora não poderia continuar com isso o ano letivo inteiro sem que ninguém desconfiasse! – Então aquilo não tinha sido um “acidente”, eu não tinha dado bandeira, aquilo foi planejado, alguém tinha me entregado pro diretor!
Uma dica muito importante pro filha da puta que fez isso: Fuja!
- Quem foi? Pode falar! – Comecei a me alterar. Dei até uma batidinha na mesa.
Calma, sem barracos.
- Eu nunca falaria isso. Mas o que vem ao caso que é que eu, por direitos...
Por direitos a senhora esta convidada para se retirar de nossa instituição de ensino e blá, blá, blá, acertei? Nossa, que last year!
- Eu não acho que me expulsar vai ser a melhor escolha, Sr. Grey! Olha, eu juro, eu vou ao menos tentar melhorar meu compor... – O interrompi na mesma hora que ele começou a falar.
- Escute... – Agora quem me interrompeu foi ele – Por incrível que pareça, eu não vou expulsa-la – Eu podia não ser a pessoa mais sensata do mundo, mas que esse cara aí não é normal, isso ele não era.
- Não?
- A não ser que a senhora queria – Levantei uma das minhas sobrancelhas.
Lá vinha merda, pode apostar! Eu só não sabia muito bem o que era, mas tinha algumas idéias em mente.
a) Ele era louco, e ponto final.
b) Ele tinha fumado sua ervinha matinal.
c) Ele tinha uma paixão secreta por mim.
d) Ele realmente acreditava que eu tinha jeito.
e) Pediria favorzinhos sexuais em troca de seu silêncio (eww!)
O diretor Gray não tinha nenhum histórico de pedofilia ou algo do tipo, também sei que ele é muito bem casado e apaixonado por sua esposa que também é diretora, só que da escola da Alison. Bom, isso ajudou a eliminar algumas alternativas sem fundamento.
- Como assim? – Perguntei confusa.
- Você poderá compensar todas as aulas de Educação Física que perdeu durante o ano. – Ah claro, eu teria que correr uma maratona, daqui até o Japão e voltar pra compensar tudo – Eu fiquei sabendo pela capitã das lideres de torcida que elas estão precisando de uma menina urgente por causa do campeonato de futebol.
- É, eu fiquei sabendo, coitada! Dizem que a ambição da Amber Jenkins transformou a perna da Angie em carne moída. Eu fui até no teste ontem, mas parece que quando se trata de dançar, gritar e dar uns pulinhos, essa escola esta deixando a desejar. Mas Sr. Grey, o que essa história tem a ver comigo?
Ok, agora alguém me explica o por que daquele papo? Um ponto de interrogação se formou na minha testa. Só eu que não entendi?
Minhas alternativas eram menos complexas, dica!
Será que eu posso pular essa questão?
Que cara foi essa que ele fez?
- Bom, eu estava vendo em seu histórico escolar, a senhora praticou ballet clássico durante muito tempo, dentro e fora da sua escola no ensino fundamental – Ajuda aos universitários? – E então isso nos leva a você. A salvação do time das lideres de torcida.
Ah vá!
- O que? – Soltei num grito e me levantei da cadeira – Não tipo... Não! Não! Não vai rolar Sr. Grey, me desculpa!
- Eu creio que essa é sua única solução, Srta. . – Aquele cara tava rindo e debochando da minha cara? Ah, mas eu vou pra cima dele e fazê-lo engolir todos aqueles dentes!
- Não! Isso não tem um pingo de fundamento! Eu não vou entrar em merda de time nenhum! – E ele que enfiasse aquele “merda” que eu falei onde lhe fosse conveniente!
- Belo linguajar, mas a opção é sua. Ou o time ou tchau tchau escola. – Aquele velho maldito não podia estar fazendo isso comigo! Como eu faria parte daquela equipe? Tipo, não, nem em pensamentos aquilo seria algo aceitável!
Naquele momento pensei em , , , e Andrew, as únicas pessoas que me prendiam nessa escola. Eu poderia muito bem optar pela expulsão do que aceitar aquela condição sem fundamento algum. Eu mataria, mataria mesmo quem tinha feito aquilo comigo, e faria da sua vida um inferno da mesma forma que a minha viraria.

”- Olha, você deveria ser mais educada comigo, já que eu sei do seu segredinho e adoraria ir na sala do Sr. Grey pra contar a história de uma aluna que adorava bolar as últimas aulas da escola, pulando pelo muro lateral.
- Você não ousaria fazer isso.
- Tente - Era uma ameaça? Olhei para ele o desprezando e pulei o muro. Ignorar o ignorante, ignorar o ignorante, repetia diversas vezes.”

De repente aquilo passou como um filme pela minha cabeça.
- MALDITO!!! - Gritei furiosa, me levantando da cadeira.
morreria. morreria agora.



Capítulo Sete
"Don't worry about a thing, cause every little thing gonna be all right" - Three Little Birds (Bob Marley)

Você já quis alguma vez na vida matar uma pessoa? Eu digo assim... Matar mesmo, de verdade, tipo o Jason em Sexta-Feira 13, ou o Michael Myers em Halloween? Pois é, a única coisa que eu precisava no momento era, sei lá... De uma peixeira, ou uma serra elétrica, qualquer coisa que cortasse ou furasse. Bem que eu podia furar aqueles malditos olhos , né? Se eu tivesse com apenas um garfo na mão... Aquilo já seria o bastante para meu homicídio ser um sucesso.
O sinal do término do intervalo havia acabado de tocar, e seria agora que mataria aquele infeliz. Me levantei da cadeira e abri a porta da sala sem ao menos pedir licença ou perguntar se estava liberada para sair.
- Vou interpretar isso como um sim! - Gritou o Sr. Grey de dentro de sua sala, e o ignorei, não tinha tempo pra isso agora, eu tinha uma pessoa para matar.

Eu tremia de raiva, eu rosnava de raiva e talvez estivesse espumando também. Saí pelo correndo pelo corredor, indo em direção contraria dos alunos que voltavam para suas salas. Todas aquelas pessoas passavam por mim como se estivesse em câmera lenta. Eu fitava os rostos de cada um, para ter certeza que nenhum deles era o maldito do , eu estava tão focada em fazer aquilo que não me perdoaria se o deixasse passar, não queria ter que matar o garoto errado.
Mas isso não teria chances de acontecer, porque lá estava ele, conversando com a sua namoradinha aspirante a puta no cio, com meus amigos, meu primo, e minha melhor amiga. De costas pra mim eu andei até ele em passos largos.
- EU VOU TE MATAR, ! – Gritei e ele me olhou assustado.
Eu o segurei pelo pescoço levando-o pra trás, até que ele se desequilibrou e caiu deitado no chão. Coloquei minhas pernas em volta de seu quadril e sentei em cima dele segurando na gola de sua camisa.
- O que você está fazendo, sua louca, tudo isso é saudades? – Debochou? Ótimo, não podia ter tido atitude melhor, brincou com fogo, se fodeu, .
Fechei minha mão num punho e dei um soco em sua boca. Era pra ter sido no olho, mas eu nunca tinha dado um soco em ninguém, então meu senso de direção não adiantava muito nessas horas. Eu não sei os lábios dele, mas a minha mão agora latejava de tanta dor. Bom, ao menos um corte eu consegui deixar do lado direito de seu lábio.
- VOCÊ SEMPRE ACABA COM A MINHA VIDA, SEU IDIOTA! SEMPRE! – Senti as lágrimas se acumulando em meus olhos, e quando fui dar outro soco nele, senti alguns braços tentando me segurar – ME SOLTA! ME SOLTA! – Gritei.
Eu sabia que estava agindo feito um gorila fora da jaula, atrás da banana roubada por algum ladrão de bananas, mas era o que eu precisava fazer naquele momento.
- , calma por favor! – Ouvi a voz desesperada de a pouca distancia de nós.
- Solta meu namorado, sua psicopata! – Amber nem chegava perto, porque ela sabia que se chegasse, também apanharia e ela não queria ter um hematoma acrescentado em seu belo rostinho tomado por maquiagens.
- ! – Ouvi a voz de Andrew me chamando do nada – , vem, solta ele! – Eu o ignorei, não queria saber, se eu não liberasse essa raiva, eu explodiria.
Conseguindo me soltar de algum dos braços , tentei bater em de novo mas dessa vez ele que segurou minha mão com força e me empurrou para o lado trocando de posição, agora com as pernas em volta da minha cintura, ficando em cima de mim segurando meus braços.
- SUA LOUCA, DOENTE, RETARDADA! VOCÊ É UMA HISTÉRICA, O QUE EU TE FIZ? – Eu me debatia, tentava tirar meus braços de suas mãos, mas não conseguia me mover, sua força era 10 vezes maior que a minha.
- VOCÊ SABE O QUE VOCÊ ME FEZ! – Minhas lágrimas inventavam de sair. Eu balançava os braços loucamente – Você me dedurou para o diretor Grey e agora eu sou obrigada a participar dessa droga de time pra não ser expulsa da escola! – Os planos não era minha voz sair tremula daquele jeito, mas eu não conseguir segurar o choro – Como você pode ser tão baixo a esse ponto? Você já arruinou minha vida uma vez, isso não foi suficiente?
- Do que você ta falando? Mas eu não falei nada, ! – Disse como se aquilo fosse algo absurdo. Bela atuação, seu merda!
- Claro que não, imagina! Ontem você me viu bolando aula, ameaçou a contar para o diretor e adivinha só? Hoje, de repente, alguém vai lá e da com a língua nos dentes sobre mim! Quem será que foi, ? Você tem alguma idéia?
- EU JÁ DISSE QUE NÃO FUI EU! ACREDITA EM MIM PELO MENOS UMA VEZ NA VIDA! – Falou com os olhos tão fixados nos meus que me fez parar de me mexer, e por uma fração de segundos, acreditar que aquilo era verdade.
Mas como eu já disse, aquilo não passou de segundos.
- É meio difícil, não acha? – Um nó se formou em minha garganta.
Ele, mais do que ninguém, sabia do que eu estava falando. Queria poder empurrar todas as lágrimas pra dentro, não demonstrar fraqueza, só que estava impossível.
- EU. TE. ODEIO – Disse focando todas aquelas três palavras.
Suas mãos foram fazendo menos força em cima dos meus braços. Ele balançou a cabeça negativamente e deu um sorriso sarcástico.
- Meu deus! É incrível como você sempre consegue estragar tudo – Falou incrédulo num volume para que só eu escutasse. E por fim me largou e saiu de cima de mim.
Eu não entendia muito bem o que ele quis dizer com aquilo, e também não queria saber.
Vários professores, inclusive o diretor, depois de muita dificuldade, conseguiram passar no meio de todos aqueles alunos que estavam à nossa volta assistindo o barraco que acabara de acontecer. e pararam cada um de um lado e me ajudaram a levantar, enquanto , e Amber foram para o lado de , que ainda me encarava.
- Posso saber o que está acontecendo aqui? – Perguntou o Sr. Grey olhando para mim e para .
Muito difícil de adivinhar, seu velho de bosta! Ele havia jogado a granada sem o pino no meio do corredor da escola e ainda esperava que ela não explodisse.
- Meu deus, , você está sangrando! – Falou a professora de Inglês, indo olhar mais de perto o machucado do canto de seus lábios.
Bonito, né? Eu que fiz.
- Não foi nada, Sr. Grey... – Disse sem tirar aqueles malditos olhos de cima de mim – Só um mal entendido.
Mal entendido da parte dele, só se for.
- Um mal entendido? De onde eu vim isso se chama vandalismo! Quero os dois na minha sala, agora! – Sala do diretor duas vezes em menos de 15 minutos. Eu merecia entrar pro Guiness Book!
- Não vai adiantar nada o senhor nos mandar pra sua sala. Nada vai poder resolver isso. A gente já está bastante consciente, e isso nunca mais vai se repetir, não é, ? – Ele voltou a me encarar esperando minha resposta.
- Que seja. – Disse dando de ombros e finalmente desviando meu olhar dele. O diretor pareceu concordar com .
Será que finalmente aquele moleque havia feito algo que prestasse?
- Não importa, eu quero os dois depois na minha sala. – Não, ele nunca faria nada que prestasse.
- , primeiro você precisa ir para a enfermaria olhar esse corte, vamos – Disse Amber pegando em seu braço.
- Eu vou sozinho. – Puxou seu braço das mãos de Amber com certa violência.
- E você também precisa ir. – Andrew apontou para minha mão, que estava bem vermelha e um pouco inchada.
Drew pediu autorização para ir à enfermaria comigo, e como por algum motivo não queria que Jenkins o acompanhasse, se ofereceu. Eu não achei ruim, ao menos ela estaria lá comigo.
Óbvio que o clima na sala de espera não foi nada bom. ainda não acreditava no que tinha acontecido, estava com os braços apoiado nas pernas com a cabeça baixa e eu deitei no colo de Andrew pensando nos últimos acontecimentos. Minutos depois a enfermeira chamou o . se ofereceu para entrar mas ele disse que não precisava. Eu tirei minha cabeça do colo de Drew e passei para o de . Ela começou a mexer nos meus cabelos sem dizer nada, mas eu sabia que mais tarde ela iria me dar uma bronca pelo que eu fiz.

não demorou muito para sair de lá de dentro, com um saco com gelo em cima de seus lábios. Antes de ir agradeceu a e depois saiu da sala de espera, provavelmente indo para a sala do diretor, lugar que eu também teria que ir, de novo, pela segunda vez, no mesmo dia, em menos de 15 minutos.
Guiness Book, here I go!
Logo depois que saiu, a enfermeira me chamou e eu preferi entrar sozinha também.
Ela me sentou na cadeira e examinou minha mão.
- Nossa, você deveria estar muito brava, porque sua mão e a boca dele estão horríveis – Comentou enquanto examinava minha mão com cuidado, fazendo alguns movimentos provavelmente pra ver se não tinha quebrado nada
- Foi com toda a força que eu tinha – E com toda a raiva. Falei sem graça e dei um sorriso sem humor para a bondosa enfermeira.
Ela pegou um saco pequeno e colocou algumas pedras de gelo, amarrando num nó. Disse para que eu ficasse com gelo um tempinho, até o inchaço sumir. Por fim me liberou dizendo que graças a Deus eu não tinha quebrado um dente de e nem um dedo meu. Se bem que seria bem legal eu arrancar um dente daquele idiota pra tirar aquele rosto... bonitinho, que ele tinha.
Ah, qual é, é bonitinho, o que eu podia fazer?
Saindo da enfermaria, pedi para que Andrew e voltassem para sala já que agora eu precisaria descascar aquele abacaxi sozinha, dando uma visitinha para o diretor. me acompanhou até uma parte do caminho, enquanto Drew teve que ir para o campo treinar, já que tinha perdido alguns minutos de treino por ficar comigo na enfermaria.
Antes de entrar na sua sala de aula, me deu um forte abraço, muito bem recebido por mim naquele momento que eu precisava tanto.
- Vamos conversar hoje depois da escola, certo? – Concordei com a cabeça e no mesmo instante vi Amber Jenkins se aproximando de nós com uma cara péssima.
- A partir da semana que vem, durante a manhã, antes da aula, começam seus treinos. Se chegar atrasada, eu te mato! Vou ver se arranjo um uniforme pra você e te entrego quando der – E então... Ela sumiu.
Aquilo só podia estar acontecendo comigo mesmo. Eu, no time das animadoras de torcida. A ficha não tinha caído ainda.
- Isso sim... que se chama ameaça. Pode avisar pra sua amiguinha que de infeliz nessa história, já basta eu – Falei.
- Na verdade, eu acho que não é bem por isso. – Olhei confusa e então continuou – Enquanto você estava lá dentro da enfermaria, a gente ouviu o aos berros com ela, só não entendemos muito bem o motivo. Na verdade eu não entendi, o Andrew parecia ter entendido, mas não quis me falar. "Briga de marido e mulher não se mete a colher" – Imitou a voz do meu namorado – Fiquei meio intrigada com aquilo, mas deixei passar.
Eu não queria saber o motivo da DR entre o e a namoradinha escrota dele, os dois que se matassem e fossem ambos pro inferno.
Já um pouco apressada, me despedi de e combinamos de nos encontrar na saída, depois que eu resolvesse o pepino com o diretor. Ninguém tem idéia da animação que eu estava com isso.

Chegando no hall da diretoria, a porta da sala estava aberta e ouvi o diretor me chamar. Entrei e me sentei na cadeira ao lado do , que já estava lá.
Por que mesmo eu fui elogiar o dia de hoje mais cedo? Claro, porque eu nunca imaginei que poderia ficar pior que o de ontem.
- Bom, eu devo confessar que eu estou muito impressionado com o ato de vandalismo que aconteceu hoje nessa escola. Mas não fico nada impressionado, e muito menos surpreso que vocês dois estejam no meio. Eu não vou ficar aqui dando lição de moral em alunos que não adianta falar, pois tudo entra por um ouvido de vocês, sai pelo outro. Eu não vou dar suspensão, advertência e muito menos expulsão, porque eu acredito que não vá adiantar em nada. Portanto os senhores ficarão nessa sala até o final da aula para resolverem o motivo dessa briga, que eu não tenho a mínima noção que seja, e também não tenho a mínima curiosidade de saber o que é.
Tô falando... Quando eu digo que esse cara é cheio dos complexos e só inventa moda, me chamam de doida!
- Da mesma forma que o senhor sabe que uma simples suspensão ou advertência não vai resolver, também não percebe que uma hora aqui com ele não vá adiantar nada? – Falei.
- Não se resolveu em três anos, você quer que se resolva até o final da aula? - Disse , me pegando de surpresa, e deixando o diretor um pouco confuso.
- Eu já tentei de tudo. E do jeito que vocês dois são, não vejo castigo pior – Seria mais fácil dizer que nós dois não tínhamos mais solução.
- Ah, pois eu vejo! Olá, eu estou na equipe de lideres de torcida! – Ironizei e escutei a risada baixa de – Para de rir o idiota, tudo isso é culpa sua!
- Eu já disse que não foi eu, sua mula!
- Mula é a senhora sua...
- PAREM OS DOIS! – Sr. Grey gritou – Se não houver nenhum progresso hoje por aqui, ambos ficarão até a hora da escola fechar, e eu calculo que isso é por volta das 6 da tarde – Olhou no relógio de pulso e então se levantou e foi em direção a porta – Eu realmente quero que vocês pensem bem no que aconteceu - Puff, fechou a porta.
Ah, que ótimo, o diretor da minha própria escola colocou o Piu-Piu e o Frajola presos numa mesma gaiola. Depois a gente se mata e a culpa é nossa. Ou melhor, minha, porque sempre quem saía perdendo era eu.
A sala foi tomada por um silêncio. A única coisa que eu ouvia era o tic-tac do relógio pendurado na parede. Faria de tudo para conseguir aumentar a velocidade daquilo. Eu estava inquieta, e minha perna mostrava muito bem isso. A imagem do com o gelo nos lábios e eu com o gelo na mão era no mínimo engraçada, mas a última coisa que eu poderia fazer ali era rir.

Meia hora se passou e nenhum som foi emitido por nenhum de nós.
Até aquela mula ambulante começar a falar...
- Isso tudo é culpa sua. – Claro que ele tinha que começar falando merda. Qual é a dele, estava zoando com a minha cara ou o que? Sério, me deu até vontade de rir.
havia me colocado naquilo tudo, e a culpa era minha. Ta vendo como eu tinha razão? Se alguém tivesse pichado um bigodinho na Estatua da Liberdade em Nova York, a principal suspeita ainda seria eu.
- Você me dedura pro professor e a culpa é minha? – Perguntei completamente incrédula.
- Que merda, , eu já disse que não foi eu! – Até quando ele iria ficar batendo nessa tecla?
- Ok, então quem foi? – Me virei pra ele esperando a resposta – Vai me dizer que não é no mínimo estranho? Ontem você ter visto que eu bolava aula e ter me ameaçado e hoje, de repente, o diretor descobre. Você não poderia no mínimo ter esperado uma semana pra tentar disfarçar?
- E você acha que eu descobri isso ontem? – Sim! Quer dizer... Pelo menos eu acho que sim, ninguém além dos meus amigos sabem disso, eu acho.
- Eu... Er... Você está tentando me enrolar! – Por favor, não caia na lábia dele, não deixa que a duvida comece a invadir minha cabeça.
Foi ele, foi ele e foi ele. Ele só está querendo me deixar confusa.
- Eu perdi as contas de quantas vezes te vi subir naquela merda de árvore, e depois sumir por aquele muro. Eu perdi as contas de quantas vezes eu já te vi entrando na sala pra pegar seu material e tropeçando nas mochilas dos outros sem querer e quase caindo de cara no chão – Senti meu rosto ficar um pouco quente.
- Espera aí, você estava me espionando? – Apontei o dedo para mim mesma.
- Sabe qual é o problema? Você sempre se acha muito esperta! Pensa que engana a todo mundo! Mas você sabe muito bem que a mim você não engana. – Eu já disse o quanto eu odiava quando ele falava assim?
- E sabe qual é o seu problema? Você pensa que ainda sabe alguma coisa sobre mim! Aceite os fatos, você não sabe mais como eu sou! Todo mundo muda, todo mundo cresce – Coloquei minhas costas de novo apoiadas na cadeira.
- E como! – Ele me olhou de cima a baixo com primeira, segundas, terceiras e quartas intenções e da maneira mais suja que ele poderia fazer.
- Vai se foder, eu tô falando sério! Aaaaai! – Fui dar um soco em seu braço justamente com a mão machucada.
Parabéns, , muito bem! Você acaba de fazer um papel muito lindo na frente daquele retardado.
- Isso é bem feito, ninguém mandou me atacar. – Ele desviou o olhar de mim e começou a olhar para o teto.
- Ninguém mandou me dedurar pro diretor. – Dei de ombros.
- Eu já disse que se eu quisesse fazer isso já teria feito há muito tempo. - Disse ele num tom repetitivo.
- Então fala quem foi! – Simples!
- Eu não sou de dedurar as pessoas. – Rolou os olhos.
- Dedo duro! – Maturidade passou longe, confesso. Aquilo ali já estava parecendo briga de criança, nem Alison brigava daquele jeito. Já tinha esquecido quantos anos eu tinha.
- Vou te mostrar o que é duro – Ok, esquece sobre a briga de criança.
Lembre-se, , ignorar ao ignorante!
Ficamos mais um tempo em silêncio. Olhei para o lado e tinha uma cesta com revistas. Me abaixei e peguei a primeira revista que estava naquele monte, sem querer saber sobre o que era, eu só precisava de qualquer coisa pra passar o tempo. Uma matéria sobre Bullying. Não acredito que eu chegaria a esse ponto, ler uma revista dessa pra ajudar a ignorar a pessoa ao meu lado.
"Todos os dias, alunos no mundo todo sofrem com um tipo de violência que vem mascarada na forma de “brincadeira”. Estudos recentes revelam que esse comportamento, que até há bem pouco tempo era considerado inofensivo e que recebe o nome de bullying, pode acarretar sérias..." E então a revista sumiu de minhas mãos.
- Me devolve a revista! – Puta que pariu, eu definitivamente joguei jujuba diet na cruz! – Você tem quantos anos? Seis? – Me ignorou, começou a assoviar folheando a revista do começo ao fim. Não, ele só pode estar de brincadeira comigo! – Qual é o problema de você fingir que não existe por ao menos uma hora? Ou melhor, meia hora, que é o que falta pra gente sair daqui.
- Até as 6 da tarde, se não tiver nenhum progresso! – Ele lembrou, sem tirar os olhos da revista – E você não está fazendo o mínimo de esforço pra isso – Como se ele estivesse!
- Eu te odeio – Bufei e coloquei minhas pernas eu cima da cadeira, passando meus braços em volta da própria
- Para de falar que me odeia! – Falou num tom sério que chegou a me assustar – Você sabe que isso é mentira!
Você sabe, você sabe, você sabe, blá, blá, blá. EU NÃO SEI DE MERDA NENHUMA, mas que droga!

Flashback, 7 anos antes. Ponto de vista: Autora

saía do dentista de mãos dadas com Scarlett, babá que tomava conta de Joseph e desde que tinham 4 anos. estava aliviada que não tivesse acontecido nada aterrorizante na consulta. Elas iriam para casa dos , onde esperava as duas voltarem do médico. Apesar das crianças já estarem com 10 anos, Scarlett ainda trabalhava com os e cuidavam dos dois desde que a família de ambos se reencontraram e e começarem a amizade. Scarlett amava os dois como seus próprios filhos, e nunca se importou em cuidar de duas crianças da mesma idade, afinal, quando estavam juntos, nunca davam nenhum tipo de trabalho.
Elas entraram em casa e estranharam o silêncio. Scarlett foi para a cozinha, enquanto subia para o quarto de onde iriam fazer as lições de casa juntos, como todos os dias. Mas quando abriu a porta, viu uma coisa que a irritou profundamente e a deixou terrivelmente desapontada.
- NÃO! – A menina gritou quando viu o menino com seu diário nas mãos. Ela correu até ele, e tomou de sua mão, colocando contra seu peito e o fechando, morrendo de vergonha.
- Do Oliver? Você gosta do Oliver? – Perguntou o menino decepcionado sem acreditar no que acabara de ler – Se eu pegar esse idiota perto de você, eu mato ele!
- Você não deveria ter lido! Isso é meu! Que droga, ! – Disse a menina com lágrimas nos olhos e a bochecha corada – E você não vai matar ninguém, porque o Oliver é meu amigo!
saiu do quarto descendo as escadas correndo e foi para o quintal de trás da casa, onde era a piscina. Ela sentou num canto coberto, lugar que ficavam as mesas, e se encolheu. Estava muito brava com , não acreditava que ele tinha lido aquilo. Ouviu passos e ignorou colocando a cabeça entre as pernas.
- Não fica brava – Falava o garotinho agoniado em ver sua amiga daquele jeito.
- Você não deveria ter feito isso. Eu te odeio, ! – A menina disse entre choros.
- Não! – Ele se ajoelhou em sua frente – Eu sei que não deveria ter feito isso, mas não fala que me odeia! Nunca mais faço isso, prometo! – Dizia o menino completamente arrependido e desesperado.
- Promete mesmo? – levantou a cabeça para olhar seu amigo, e ele confirmou – E promete que nunca vai contar isso pra ninguém e muito menos matar o Oliver?
- Prometo se você me prometer que nunca vai gostar mais dele do que de mim.
- Lógico que não, , eu te conheço a maior tempão, e eu acabei de conhecê-lo, ele nunca vai ser mais meu amigo que você, e eu nunca vou gostar mais dele que de você, é impossível! – sorriu.
pegou a mão da menina para se levantar e a puxou para dentro de casa. Mas antes ela parou fazendo com que ele também parasse de andar.
- Que foi? – Perguntou confuso enquanto voltava o olhar para a garota parada no meio do caminho.
- É que... Você sabe que eu não te odeio não é? – Sua consciência tinha ficado pesada depois te der dito aquilo.
- Sei sim, mas não fala mais aquilo. Eu detesto. Me sinto mal, quando você fala que me odeia quando a gente briga.

//Flashback, 7 anos antes. Ponto de vista: Autora

O sinal da escola tocou, e o Sr. Grey entrou na sala. Depois que eu adotei a minha política de ignorá-lo novamente, não trocamos uma palavra. Mas o diretor não precisaria saber disso.
- Então, como estamos? – Perguntou.
- Ótimos, melhores amigos, eu amo o . Tchau. – Peguei minha mochila e saí imediatamente da sala. Nem que me pagassem eu ficaria ali plantada olhando praquele... Ladrão de revistas sobre Bullying.
Eu mal olhava para os lados, eu só queria saber onde estava meu carro, ir pra casa, e pronto. Não, não, não. Como aquilo podia ter acontecido? Eu bolava aula desde que me conhecia por gente, aquilo nunca tinha acontecido! Como eu queria matar aquele infeliz, como eu queria! Eu, EU, , líder de torcida? Parecia até piada. Era uma piada! Eu viraria uma piada, ai meu Deus! Sentindo minha garganta se fechar, eu estava me segurando para não começar chorar de raiva. Já no estacionamento peguei minha chave dentro da bolsa e apertei o alarme para abrir o carro, e foi quanto eu levantei a cabeça, que eu vi a pessoa que estava parada em frente ao meu carro. Como se uma pedra tivesse saído de minhas costas, eu suspirei aliviada, e por pouco não troco o choro de raiva, pelo de felicidade.
- Pai! – Falei com a voz fraca e corri ao seu encontro ainda pensando que aquilo era uma simples miragem.
Ele sempre estava lá pra mim. Incrível.
Pulei em seu colo e o abracei como se minha vida dependesse só daquilo. Que saudades eu sentia dele, que saudades eu sentia daquela figura paterna que eu tanto amava, e que me mimava a todos os momentos, e que eu podia conversar sobre tudo como se fossemos melhores amigos.
E então eu desabei.
- Hey, minha princesa, o que aconteceu? – Perguntou já imaginando que alguma coisa tinha acontecido – Pensei que você ficaria feliz em me ver, não triste! – Brincou, porém não causou muito efeito
- Ele... De novo ele, pai! – Disse entre dentes enquanto chorava, ainda abraçada com com meu pai.
- Ele quem? – Perguntou. Porém não precisou da minha resposta para entender sobre quem eu falava – O ? O que ele fez? – Segurou em meus ombros e me afastou para que eu o olhasse.
- O que ele esta habituado a fazer, estragar a minha vida! – Dei uma risada sarcástica.
- Hey... – Senti alguém massagear minhas costas – Para de chorar, não vai ser tão ruim assim. – Era .
- Como se eu tivesse realmente chorando porque vou entrar nessa merda de equipe! – Tentei enxugar algumas lágrimas.
- Tio, que saudades! – abraçou meu pai, e só nesse momento eu entendi o que estava acontecendo. Ou melhor, não entendi.
O que meu pai fazia ali?
- O que você ta fazendo aqui? – Perguntei num jato.
- Também senti saudades, filha – Brincou – É uma surpresa. Antes deu te ligar ontem já tava sabendo que viria. Vou ficar uma semana aqui, to com saudades das minhas filhotas – Me abraçou de lado – E isso inclui a filhota postiça!
- Aê! Aê! Aê! Abraço coletivo! – Como sempre, me fez rir.
- Ta, mas agora eu quero entender o que aconteceu! – Disse meu pai – Mas não aqui, vamos em algum lugar
Estávamos no estacionamento, vários alunos ainda estavam ali. Várias pessoas me olhava, e olhavam ao meu pai, que por modesta a parte, é lindo de morrer. Tudo bem que o Steve era legal, boa pinta e coisa e tal, mas até hoje eu não sei como minha mãe trocou meu pai por ele.

- VOCÊ DEU UM SOCO NA CARA DELE? – Perguntou incrédulo – Eu criei uma pessoa, não um animal!
Estávamos no carro indo para a escola de Alison buscá-la. Ela também não sabia que meu pai estava em Londres.
- Ele me dedurou! – Me defendi.
- Porra, filha, bolar mais de 70% das aulas de Educação Física e querer que não de bandeira, já é demais! E outra, eu não posso te acobertar em tudo, se eu sou chamado na escola com a sua mãe, eu não posso simplesmente falar que você esta certa e eles estão errados.
- Eu sei, e eles não vão te chamar. Só se eu não entrasse na merda da equipe de torcida, porque daí o bobão do Sr. Grey daria minha sentença final. E outra... Eu não dei bandeira, se o bosta do não tivesse aberto a boca, eu estaria feliz nesse exato momento! – Paramos o carro em frente a escola e esperamos que a aula de Alison acabasse para que ela saísse.
- Mas ele diz que não foi ele – Disse papai.
- Por que você ama defender ele? – Falei brava – Quer dizer, vocês! – Olhei pra que estava quieta.
- Eu não vou te responder agora, meu papo com você é mais tarde – falou ríspida. Lá vinha bronca.
Os portões se abriram e meu pai saiu do carro para esperar por Allie. Eu queria só ver a cara daquela pirralha quando o visse. Alison tinha paixão por ele, assim como eu. E também assim como eu, quando ela viu Matthew, simplesmente abriu um sorriso e correu a seu encontro. Diferente de mim, ela não chorou. Pelo menos ninguém havia a apunhalado pelas costas
- Mentira! Mentira! Mentira! Mentira! – Ela falava repetidas vezes – Não acredito que você ta aqui! Que saudades, papai!
- Que saudades também, princesinha! Como você cresceu! – A pegou no colo e a colocou no ar – E cada vez mais ficando parecida com uma pessoa que eu conheço! – Olhou pra mim e eu sorri
- Quando você chegou aqui? Por que não me contou, poxa?
- Foi surpresa! Sua irmã também não sabia. – Beijou sua bochecha – Vou ficar aqui só uns dias, lá no meu apartamento.
- Eu vou ficar com você! – Alison falou no mesmo instante.
- Opa, eu também! – Gritei de dentro do carro.
- Que tal um sorvete, hein? Sorvete, parque, shopping, qualquer coisa... – Foi sugerindo enquanto os olhos de Alison brilhavam – Enquanto isso, a vai até sua casa com a , pega algumas coisas, fala com a sua mãe, e depois elas vão lá pra casa pra gente ver um filme!
- Tudo certo pra mim - Disse Allie - Mas... Não pra ... A mamãe pediu pra te lembrar que hoje tem a primeira prova do seu vestido pro casamento.
Ah, que lindo, o que mais tinha pra fazer meu dia piorar?



Capítulo Oito
"Se dedicamos nosso tempo em criticar nossos semelhantes, não teremos tempo para amá-lo." - Autor desconhecido



- Ai, ai, mãe! Esse negócio ta me pinicando! – Resmunguei, puxando alguns alfinetes do vestido que ainda não estava nem na metade.
Eu só havia visto o desenho do vestido que eu e teremos que usar no casamento. Desenho feito pela própria , com sua incrível habilidade para desenhos e moda. Eu confiava em seu gosto, melhor confiar em do que no gosto da minha mãe.
- Você vai ficar tão linda! Na verdade, vocês vão. Já acertei todos os detalhes com a Danna. O vai vim aqui tirar as medidas para o smoking que ele vai usar. - Olhei para minha mãe pelo espelho, não acreditando naquilo tudo.
Assim, é lógico que eu sabia dessa maluquice dela, eu só não sabia que ela levaria aquilo realmente a sério. Eu não podia simplesmente entrar de braços dados com aquele otário no casamento da minha própria mãe! Será que ela não entende a gravidade do problema?
- Eu não vou entrar com aquele idiota! – Me virei, agora ficando de frente pra ela – Você tem ideia do que aquele moleque fez hoje? Não, deixa eu reformular minha pergunta. Você tem ideia do que esse moleque fez com a minha vida?
- Oh, , por favor, sem dramas. Você e o precisam parar com essa briguinha boba de vocês! – Disse, brava – O casamento é meu, será que uma vez na vida você pode atender um pedido meu, sem resmungar ou dar escândalos?
Me preparando para uma resposta, ainda que eu não tivesse uma, puxei a parte de cima do vestido tomara que caia, e foi então que ela me olhou abismada.
- O que é isso na sua mão? – Perguntou, tentando puxar meu braço que agora estava atrás das minhas costas – , tira esse braço daí agora e me deixa ver sua mão.
- Olha que lindo que ta ficando, tia Lizzie, eu acho que... – apareceu de repente dentro da sala onde eu estava experimentando o vestido.
– O que aconteceu? – Disse num tom assustado, não entendendo muito bem o que estava acontecendo.
- Aconteceu alguma coisa que eu não estou sabendo? – Agora a vítima era .
, eu vou contar até três, se você não me falar nada eu juro que...
- Ta bom, mãe, olha, ta vendo – Mostrei minha mão, que estava com um leve hematoma no ossinho do dedo mindinho. Nem entendi como ela notou aquilo – Foi isso que aconteceu hoje, eu bati na gracinha do , a criatura tão fofa que você quer que eu entre de braços dados em seu belo casamento.
Minha mãe ficou estática. Não era pra tanto, eu sei, mas ela era minha mãe né?! Draminhas fazem parte.
- Co-como assim você bateu no ?
- Ele fez a proeza de me colocar no time das animadoras de torcida – Fingi uma cara feliz – Pois é, mãe, como você vê, nossa situação não é tão bobinha quanto você pensa que...
- Você vai fazer parte das animadoras de torcida?! – Aquilo foi um grito? Minha mãe estava... Pulando? – Você... Você vai ser líder de torcida?
Ela tinha entendido bem? Eu dei um soco em uma pessoa hoje!
- Eu não to acreditando! – Minha mãe pulou em cima de mim e me abraçou – Como isso aconteceu? Ai meu deus, minha filhinha vai ser líder de torcida!
Minha mãe quer dizer: Minha filhinha vai ser um pouco mais normal!
Então, mãe, seguinte: eu faltava aula, sim, muitas aulas. E me descobriram, então, pra não ser expulsa, tô sendo obrigada a participar do time das retardadas, sacou?
- Créditos! – falou de repente – Ela precisava de alguns créditos pra faculdade, então vai ficar no lugar de uma menina que quebrou a perna – Me abraçou de lado e deu uma risadinha nervosa. Minha mãe não era legal que nem meu pai, se ela soubesse o que tinha acontecido, provavelmente faria um circo. Sim, um circo tão grande que sabe-se lá o que ela ia inventar de fazer comigo.
Da última vez, ela me proibiu de comer Gold Bears. Ela simplesmente SUMIU com todos os pacotes de Gold Bears que tinham em casa. Sabe o que é comer seu doce preferido como se fosse uma foragida da polícia? Nem queira saber.
- Minha filha vai ficar tão linda com aquele uniforme! Já consigo até imaginar – Deu um beijo em meu rosto – Bom, vou sair agora, tira o vestido e cuidado para não deixar os alfinetes caírem.
E então ela saiu da sala, saltitando.
- Pense que pelo menos depois disso, ela vai parar de pegar um pouco no seu pé. Ela nem ligou que você atacou o hoje na escola!
- É, pelo menos pra isso esse time serviu... Agora vai, me ajuda tirar esse vestido, porque não vejo a hora de sair daqui – abriu o zíper do vestido e eu o tirei, ficando de calcinha e sutiã.
- Vou lá tirar o meu e te encontro lá fora.
- Ok - Coloquei o vestido em cima da poltrona para a costureira pegar depois e fui pegar minhas roupas.

Me olhei no espelho por um tempo e percebi o quanto meu cabelo havia crescido, a raiz clara já estava grande e visível. Quem sabe eu não voltava a adotar a verdadeira cor do meu cabelo? Minha mãe ficaria feliz. Minha pele estava branca, talvez mais pálida que o normal. Mas eu gostava.
Por um breve momento, me imaginei usando aquele uniforme de animadora. Meu estômago embrulhou. Como eu apareceria aquele jeito na frente de alguém? Eu sempre tive vergonha do meu corpo. Não era por ser gorda ou magra demais, era só pelo fato de ser meu corpo e eu achar que ninguém tinha direito de vê-lo. Nunca me achei tão linda, digna de ser admirada e, pra mim, se tornar uma cheerleader era sinônimo de "oi-sou-gostosa". Me dava arrepios pensar que eu fazia parte disso agora.

’s POV

Se não tivesse no mesmo barco que eu naquela história de casamento, eu provavelmente surtaria no meio de tantas mulheres dando a louca por causa de vestido. Na verdade, eu já estava quase surtando junto. Como elas podiam ficar num lugar desse por horas, experimentando vestidos?
Duas costureiras apareceram para tirar nossas medidas. Não demorou muito para que anotassem tudo e marcassem um outro dia para fazermos a primeira prova. Nossos smokings eram diferentes por entrarmos junto com as damas de honra, e . Eu entraria de braços dados com em um casamento. Ai, ai, como a vida é irônica.
Falando nisso, cadê ela?
- Olha a ali, vamos lá – Disse , mas eu não prestei atenção.
- Vai indo, vou terminar de colocar o tênis – Me sentei numa poltrona e terminei de amarrar o cadarço.
Vi Lizzie conversando alguma coisa com a gerente da loja. Será que ela sabia que sua filha tinha me dado um murro na cara, hoje? Se não sabia, não seria por mim que ela saberia.
Levantei da poltrona e fui atrás de . Aquele lugar era gigante e não era nada fácil achar ou no meio daquele monte de vestidos e mulheres andando pra lá e pra cá. Abri uma porta pra ver se não encontrava alguém e encontrei. Na verdade encontrei muito mais do que estava procurando.
estava de frente para um grande espelho, de calcinha e sutiã. Calma, vamos explicar de novo pra ver se vocês entendem, estava na minha frente, de calcinha e sutiã. Ou seria na frente do espelho?
Ela estava séria e se olhava com a cabeça virada, como se tivesse notando alguma coisa de errado com seu corpo. Mas, acreditem, nada era mais perfeito que seu corpo. Nunca na minha vida conhecera uma garota tão linda como ela. Dava pra entender porque a grande maioria das meninas tinham inveja, simplesmente porque nenhuma delas podia ser tão linda como .
Espera, aquilo era uma tatuagem?
- O que você ta fazendo aqui?! – Ela gritou, pegando a primeira peça de roupa que tinha em sua frente para se cobrir.

’s POV

Peguei o primeiro pano que achei na minha frente e tentei me cobrir com ele. Senti meu rosto queimar.
- Fo-foi mal, eu... Eu não sabia que tinha gente... Eu só tava procurando o e...
- Não me interessa saber quem você ta procurando, ! Será que da pra você fechar a merda da porta, de preferência com você pra fora?! – Disse aos berros, completamente envergonhada com aquela situação toda.
- Fala baixo, sua histérica! Será que com você tem que ser tudo aos berros? Não é como se eu nunca tivesse visto uma garota de calcinha e sutiã e não soubesse o que tem aí! – Respirei fundo. Vesti a blusa que estava em minha mão e corri até a porta. Se ele não fechasse, eu fecharia – Hey, hey, espera aí bonitinha, pra que a pressa?
Prensei a porta contra seu corpo e, finalmente, consegui fechar. Coloquei a saia da escola, vesti minhas botas e saí do provador batendo os pés. Será que eu seria obrigada a dar um novo soco na cara daquele infeliz, só que agora do outro lado?
Fui pra fora da loja, onde encontrei e conversando, estava alheio, do lado de fora do carro, apoiado no mesmo com as mãos nos bolsos da larga calça. Oi, eu tenho um Mustang preto fodão, uso calças na metade da bunda e sou charmoso. Grande merda.
- O que foi, ? – Perguntou .
- Nada, ela só ta um pouco envergonhada – Zombou .
- Por que você não some da minha vida? Sério... Isso seria bem mais fácil pra mim e bem mais fácil pra você, olha só que legal.
- E perder a oportunidade de ver alguns sutiãs tomara que caia rosa de rendinha preta? Hmm... Acho que não hein...
- Do que você ta falando? – perguntou, confuso, sem entender muito bem a briga da vez.
- , vamos embora – pegou em meu braço – Chega por hoje, é sério, vocês dois já foram longe demais.
não respondeu ao e muito menos à , somente olhava pra mim com um sorrisinho sínico nos lábios. Qual é a dele, Brasil? Porque sinceramente, eu acho que ele está querendo um replay do soco que eu dei nele algumas horas atrás.
Não me deixei intimidar. Segui com até meu carro, sem deixar de encará-lo de volta, e abri a porta para entrar.
- Cuidado com ela, gritou de repente – Se ela tiver a coordenação motora para dirigir como a que ela tem para dar socos, você corre um grande perigo.
Eu não fiz nada. Eu e entramos no carro e continuei a olhar pra ele pelo vidro. Eu não quebraria meu contato visual com o por nada nesse mundo. Vê-lo debochando de mim naquele momento só fez meu sangue subir mais a cabeça.
- ? - me chamou, preocupada - , ignora, é sério, a única coisa que o quer é te provocar!
E então eu sorri. Sim, sorri. O que, de fato, nem e muito menos entenderam.
- Provocar? Mas ele não me provocou - Falei um tanto quanto calma, enquanto ligava meu carro e acelerava.
Fui em direção ao carro de . Sabia que uma batida naquela velocidade acabaria não só com o seu carro, mas também com o meu. não emitia som e olhava para mim com os olhos arregalados.
Então, bem rente ao seu carro, eu dei uma porrada no retrovisor, o fazendo cair no asfalto. Depois diminui a velocidade para poder presenciar a cena.
- Ops! - Coloquei a cabeça pra fora do carro e fiz uma falsa cara de tristeza.
- VADIA! - Ele gritou.
- SUA LOUCA! - gritou.
E eu só gargalhava com a minha doce vingança.

- AH, VOCÊ PRECISAVA COLOCAR SUA RAIVA PRA FORA? - Agora foi a vez de o meu pai gritar, após saber pelo o que eu tinha feito com o lindo e belo Mustang de – Então, quando isso acontecer, tente morder o céu da boca ou o cotovelo, mas não saía batendo em carros alheios! Meu seguro não cobre ataques histéricos de adolescente!
- Ele nem pediu pra pagar! – Falei, um tanto quanto calma. - Se não fosse pelo você nem ia saber dessa história! - Continuei a prestar atenção na televisão enquanto meu pai estava louco comigo.
- Ah, claro, agora você acha mesmo que vou deixar as coisas assim?
- Por que você tem que estar sempre do lado dele? - Finalmente o encarei – É sério, pode presta atenção, sempre eu sou a vilã e ele o coitadinho.
- Meu deus! Você bate DE PROPÓSITO no carro de alguém e quer que eu faça o que? De risada? Fale "Nossa, minha filha, muito bem! É assim que se faz!"
- Ele me dedurou pro diretor, eu dei um soco na cara dele. Ele me provocou, eu bati no carro dele - Dei de ombros - Ele me dedurou pro diretor e você NEM AO MENOS LIGOU PRA ISSO. Eu bati no carro dele e você ta DEFENDENDO ELE! Qual é, eu sou sua filha!
- E quem te garante mesmo que foi o que contou tudo para o diretor? Nós conversamos e ele jurou que não foi ele.
- Ahá!!!! - Gritei. Coloquei o controle da televisão de lado e subi no sofá, ficando mais alta que meu pai - Não acredito que você já foi falar com ele! Vocês dois agem como duas velhinhas fofoqueiras! Ta vendo só como sempre eu sou a culpada em tudo quando os assuntos são ?
- Talvez porque você fique assustadoramente louca quando o assunto é ! Pelo amor de Deus, já está na hora disso acabar, você não acha?
- Fala pra ele crescer e virar gente, que daí eu paro. - Mandei um joinha e me joguei no sofá novamente.
- E eu pensando que sua mãe exagerava quando falava de suas maluquices - Sentou-se ao meu lado, completamente derrotado - Preciso começar a reconsiderar aquela história de teste de DNA.
Olhei pra cara dele, incrédula e joguei a almofada em sua direção, fazendo-o gargalhar.

- Sabe… Eu sempre soube que você é uma louca, mas durante esses anos eu nunca tive noção do que você é capaz, até ontem. Qual é a sua? Dar um soco na cara do e ainda bater no carro dele? – Disse , ainda incrédula com o que tinha acontecido ontem. Nós não tivemos oportunidade de conversar ainda sobre o assunto.
Nós estávamos almoçando no McDonalds enquanto papai levava Alison ao cinema.
- Você tem ideia do que ele fez? – Apontei pra ela com uma batata frita – Ele me dedurou pro direto Grey, ferrou com a minha vida e ainda tentou me ver pelada! Não caiu sua ficha ainda que eu vou ser obrigada a entrar nessa droga de time?
- Mas ele disse que não foi ele! – Não acredito que a ingenuidade de era tanta ao ponto de acreditar nas palavras dele! e meu pai já estavam me dando nos nervos.
- Só que o problema é que eu perdi a confiança nele há muito tempo pra acreditar que não foi ele quem fez isso! – ficou em silêncio, entendendo minhas palavras, ela sabia da minha antiga briga com .
- Eu sei que está longe de acreditar nisso, mas você vai se divertir! – Disse animada, tentando me colocar pra cima.
- Ah, claro, dançando que nem uma pateta, gritando "Go team, go!" – Fiz uma dancinha com as mãos.
- Mas você fala de um jeito como se fosse a pior coisa do mundo! – Às vezes parecia que não entendia muito bem a gravidade do problema.
- E não é? – Rolei os olhos.
- É o seguinte... – largou o sanduíche e fez uma cara séria – Nós não somos retardadas e muito menos dançarinas com atraso mental como você gosta de dizer. Nós somos ginastas, ginastas barra pesada que dão o sangue pela equipe. Somos as melhores, é só contar o número de troféus. Garotas dariam um rim pra estarem no seu lugar!
- Calma aí, , eu só...
- Você não tem que ficar para sempre no time – Me interrompeu – É só até o campeonato de futebol acabar. Não podemos chegar em Brighton, no estádio dos Warriors, e fazer um papel ridículo. É só a Angie se recuperar e pronto, você está livre pra fazer o que bem entender.
- Eu não vou estragar sua equipe, ok? – Me senti um pouco ofendida com o que tinha falado. Era como se eu tivesse algum plano maligno pra destruir o time – Não vou estragar, porque eu sei que é importante pra você e não pela idiota da Amber.
- Eu sei disso, mas eu só quero que você entenda que o que fazemos não é brincadeira.
- Que seja... – Levantei os braços em forma de rendimento – Não ta mais aqui quem falou. Mas... E aquelas roupas? Você tem noção que eu vou ser zoada até o fim dos tempos? – Coloquei minha mão no rosto, eu já estava me imaginando balançando aqueles pompons feito uma retardada. Não, isso não podia estar acontecendo comigo!
- Zoada? Os garotos vão agradecer quem te dedurou para o diretor! – , ela quis dizer – , você é linda e a questão da roupa é a última coisa com a qual você tem que se preocupar. Tirando que a nossa é bem comportada.
- Agradecer por terem arranjado alguém pra eles atormentarem com brincadeirinhas até o final do ano letivo, isso sim! – Cruzei os dedos e depois os braços.
- Você não tem ideia do que os meninos dessa escola pensam de você, não é? – Me encarou, balançando a cabeça negativamente – Se você não fosse tão... você, poderia ter qualquer cara que quisesse.
- Tão eu? – Perguntei, confusa.
- Você não da chance pra ninguém! Não sei como você e o Andrew namoram! – Me pergunto isso todos os dias – Eu sei que a gente também é muito diferente, mas entre um garoto e uma garota isso complica. Você tem um gênio muito forte!
- Nem eu sei como a gente namora – Comecei a rir – Eu adoro aquele garoto! – Disse, girando um anel em meu dedão, pensando no quanto Drew fazia bem pra mim.
- Mas não ama – Fiquei séria e desviei a atenção do meu anel. Por várias vezes tentei abrir a boca pra negar aquilo, mas não saiu nada além de ar.
Era isso, eu não tinha o que responder. Eu amava retrucar tudo o que ela dizia, mas quando tinha razão era praticamente impossível. Muitas vezes eu agradecia por me conhecer tão bem, mas às vezes eu simplesmente detestava. Eu não podia mandar no meu coração, eu gostava MUITO do Andrew, de verdade, mas ficava mal por não conseguir sentir mais do que aquilo que eu sentia por ele. Quando começamos a namorar, eu pensava que isso viria com o tempo, mas... Não veio, me deixando um tanto quanto transtornada com aquilo. O que eu mais ouvia era "Nossa, ele deve mesmo gostar de você” e, Deus, ouvir aquilo era um chute no estômago.
Andrew sempre foi o tipo de menino que pegava o maior número de meninas possíveis e, provavelmente, já tinha dormido com 80% dessas que já havia beijado e todas elas não tinham nada a ver comigo. Era compreensível uma pessoa não entender como conseguíamos ficar juntos. A gente brigava, mas não era nada além do normal, tínhamos opiniões completamente diferentes pra conseguir ficar de boa todos os dias. No começo eu pensava que ele estava comigo pra conseguir alguma coisa, mas então eu pensei de novo e calculei: O que é que ele ganharia ficando comigo? Ele era bonito, popular e tinha a garota que ele quisesse, a única coisa que se encaixava era que ele gostava mesmo de mim, certo?

Capítulo betado por Letii


Capítulo Nove
"Quem perdeu a confiança não tem mais que perder" - Publílio Siro

passou a noite comigo. Ela não confiava que eu acordaria sozinha quase duas horas antes que o normal para aparecer em meu primeiro ensaio. Na verdade, ela acreditava mesmo é que eu fosse fugir se me deixasse sozinha. É, não posso negar que não pensei nisso.
A semana havia passado muito rápido. Parecia ter sido ontem que eu havia dado um soco na cara de por ter me metido nisso. Falando nele... Não havia mais farpas entre nós, nem farpas e muito menos socos. passou a me ignorar completamente depois de ter deixado seu carro com um retrovisor a menos.
De qualquer forma, a semana só passou um pouco mais animada porque estava ao lado de meu pai. Nessas horas, eu me arrependia da besteira que eu fiz em não ir morar com meu papai em Nova York desde o início. Eu fui burra, se for pensar nas verdadeiras razões de não ter ido, e me odiava por isso.
.
E lá vinha aquele idiota vir parar na minha cabeça outra vez. Que inferno!

Dei um pulo da cama quando deu um berro no meu ouvido para me acordar. Quando você reclamar do seu despertador, ou da maneira como sua querida mãe te acorda pela manhã pra você ir pra escola, saiba que pode ser 20 vezes pior ser acordada aos berros pela sua melhor amiga, fica a dica! Olhei pela janela e o sol ainda nem tinha nascido direito. Ela só podia estar de brincadeira. Deus, há alguma maneira de acordar disposta sabendo que você vai pular feito uma macaca antes do sol nascer? Não, não tinha.
Minha amiga, tão linda e estúpida como era quando acordava uma pessoa, me deixou dormindo enquanto arrumava algumas coisas que precisávamos levar. Só me fez levantar na hora que eu tinha que me arrumar pra gente tomar café da manhã. Com muito esforço, fui abrindo os olhos e vi que ela estava parada na minha frente, provavelmente pensando no que faria comigo, e então tirou minha camiseta de dormir para me trocar, afinal, eu estava impossibilitada.
- Tarada – Falei, sem tentar abrir a boca, saindo meio que um gemido.
- Quando você está bêbada, sem nem ao menos conseguir andar, e eu tiro a sua roupa pra te dar banho, você nunca reclama e muito menos me chama de tarada – Minha amiga me ama, fato.
Me troquei e fiz quase tudo com a ajuda de , porque eu estava quase dormindo em pé. Quase dormindo não, porque eu meio que apaguei com a escova de dente dentro da boca e acordei com um tabefe de na cabeça. Coloquei uma calça de moletom, uma blusinha e um tênis esportivo que era da minha mãe.
Fomos até a sala de jantar e me sentei na mesa, onde só estávamos nós, já que papai e Allie ainda não tinham acordado. Apoiei minha cabeça na mesa pra tentar dormir mais um pouco enquanto ela comia esfomeadamente. Não entendia como alguém conseguia pensar no seu estômago quando ainda não tinha nem amanhecido.
Minha cabeça começou a doer na posição que estava, e então a levantei, olhando ao redor. Eca, eu tinha babado no meu braço.
- Acordou? – Perguntou, enquanto bebia um suco de laranja.
- Não – Deitei minha cabeça novamente na mesa.
- Você vai ensaiar hoje, é melhor comer alguma coisa. – Alertou.
- Tô com preguiça – Ignorando completamente o que eu havia dito, ela fez um prato, colocou suco no copo, e depois pôs tudo em minha frente.
- Vou até o quarto pra pegar as coisas, se você não tiver devorado tudo até eu voltar, você vai fazer companhia para o , indo com uma marca de soco na cara.
- Eu quero Gold Bears!!! - Praticamente miei.
- Coma comida, ursinhos coloridos não vão te ajudar a parar em pé!

Acabei comendo tudo que estava no prato pra não ter que ouvir o que ela falaria para mim se eu a "desobedecesse". Com uma amiga dessas, quem precisa de uma Elizabeth Morgan como mãe? não demorou a voltar com uma mochila enorme com nossas roupas.
Fomos para o carro e dei a chave pra ela dirigir, porque hoje sim eu estava um zumbi, e poderia dar um breve descanso em cima do volante, metendo o carro no poste mais próximo.
Deitei no banco de trás, colocando os fones no meu ouvido, e dando o play em Cruel To Be Kind do Letters To Cleo. Apesar de estar muito sonolenta, eu dava leves sorrisos em partes da música que eu adorava. Essa musica era marcante pra mim. Fui despertando no caminho para a escola e me sentei no banco, me espreguiçando antes de me apoiar no vão entre o banco do motorista e do passageiro
- E agora, acordou? – Perguntou , dando uma breve olhada para trás, para não perder a visão do trânsito.
- Não sei... Talvez? – Nós rimos. Coçei a cabeça e olhei ao redor para ver onde estávamos. O colégio já estava perto.
- Preparada para hoje? – Me diz que ela não tinha me feito essa pergunta.
- Você me fez mesmo essa pergunta? – deu de ombros – Não, não estou preparada, mas relaxa, não vou destruir ou fazer alguma besteira no seu belo time, fica tranqüila.
- Assim espero – Suspirou.

estacionou o carro com facilidade em frente à escola. O motivo era óbvio, os alunos estavam longe de chegar, dormindo em suas camas quentinhas e aconchegantes. Saímos do carro, pegamos as mochilas e fomos para o campo.
Os menino se aqueciam para o treino de futebol, e as meninas para o ensaio. Bom, ao menos meu namorado, o e minha melhor amiga estariam por perto, menos mal, talvez, quem sabe. também estava lá, e isso diminuiria as chances daquilo se tornar mais fácil do que poderia ser.
Mas, ah, esqueci, ele estava me ignorando.
Amaldiçoando o mundo inteiro, eu não acreditava que eu estava praticamente de madrugada dentro da escola. Como esse povo podia fazer algum tipo de movimento a essa hora da manhã?
Olhei para o céu, e o sol ainda não tinha aparecido por inteiro, não estava totalmente claro, ainda sentia o sereno na minha cabeça e me arrependi amargamente de não ter lembrado de pegar um casaco antes de sair de casa. Fala sério, eu estava impossibilitada de lembrar de qualquer coisa que fosse, eu não funciono antes do meio dia.
Vi Drew de longe vindo em minha direção e sorri.
- E aí, gatona! – Ele me abraçou forte e me deu um selinho – E aí, amiga da gatona, que também é gatona. – Deu um beijo na bochecha da , que riu com a piadinha.
- E aí, namorado da gatona, que também é gatão, que é amigo da amiga da gatona aqui – Oi? Era eu ou as pessoas deixavam as coisas sempre mais difíceis?
- WOW! A sua foi mais complexa que a minha! – Rimos e ele me abraçou de lado, nos acompanhando até onde as meninas estavam se aquecendo.
- Vejo que minha ameaça de morte funcionou muito bem! – Disse Amber. Me segurei até o ultimo fio de cabelo pra não mandar ela à merda. Humor negro matinal, lembram? – Bom, já que você não sabe absolutamente nada das coreografias, agora você só vai assistir. Você é fácil de pegar coreografia?
- Acho que sim – Franzi o cenho. Eu mal me lembrava das minhas aulas de ballet, e ela queria saber se eu era fácil de pegar coreografia? Eu não era bailarina profissional e nem nada, só dançava por obrigação.
Drew colocou os braços em volta do meu pescoço provavelmente para me tranqüilizar um pouco.
- Faz acrobacias facilmente? – tossiu para esconder a vontade de rir por causa das perguntas de Amber.
- Sim – Posso dar um chute nela agora?
- Tem medo de altura?
- Que merda, Amber, por que não fez esse interrogatório antes de passar pela sua cabeça eu fazer parte dessa merda de equipe? Podem ir, Spice Girls, eu fico de olho na coreografia e quando vocês menos esperarem, vou estar dando gritinhos e chacoalhando meus pompons – Ela revirou os olhos.
- Ui, que sexy, não perderia isso por nada – Disse , vindo ao nosso encontro.
- Olha o respeito, moleque! – Andrew deu um pedala nele.
- Ok, eu consegui um uniforme pra você e vou te dar antes da aula de Educação Física que agora você será obrigada a fazer, já que será trocada pelos nossos treinos. Nem mesmo pense em fugir, que eu te mato, e em seguida, num estalar de dedos, você estará fora da equipe e da escola também.
Ameaças logo pela manha? Sério, mesmo?
- Queridinha, que seja... Eu juro que não vou discutir com você às... – Puxei o pulso de Andrew e olhei seu relógio – seis e meia da manhã.
Ela levantou as mãos em forma de rendimento.
- , sua mãe contou para a minha mãe que o tio Matt vai embora hoje, é verdade? – Perguntou .
- Sim, falando nisso, podia dar uma passada hoje no apartamento dele? Ele vai ficar feliz.
- Opa, preciso ver o sogrão também!– Brincou Andrew.
- Verdade, ele está querendo te ver e checar se você continua o mesmo galanteador que namorava a filha dele 3 meses atrás, quando ele veio aqui. – Dei um cutucão na barriga dele.
- Opa, só marcar e eu provarei que sou o mesmo fodão de sempre. – Brincou – Hey, eu vou até lá dentro pegar meu meião e depois volto pro treino. Bem vinda ao time – Drew me deu um beijo e saiu.
- E eu vou junto pra pegar minha joelheira – Disse , seguindo meu namorado.

Fui até as meninas que estavam se preparando para passar as coreografias para mim. Pelo que me informou, a minha aula de Educação Física agora seria somente relacionada à animação de torcida. Então nos dias que não tivesse ensaio, nós faríamos só os exercícios físicos, mas também teriam dias em que eu precisaria fazer a mesma coisa que hoje, ir mais cedo pra treinar e depois teríamos mais ensaio na última aula. Minha aula de Química agora seria trocada para ser depois do intervalo, e a última seria a de Educação Física. E sobre o uniforme de bobocas, eu precisaria usar só quando tivesse ensaios na última aula. Elas diferenciavam muito a palavra treino da palavra ensaio, que para mim eram tudo a mesma bosta.

Enquanto se posicionavam, eu caminhei até a arquibancada que ficava de frente para elas. Me alongar seria uma boa idéia mesmo que não fosse fazer nada, ao menos meu frio estaria menos pior. Pensei em ir atrás de Andrew para pegar alguma blusa ou casaco dele emprestado mas se eu saísse dali, e perdesse 1 minuto de ensaio, eu seria morta.
Enquanto ainda andava até os primeiros degraus da arquibancada, senti alguém... pegando na minha bunda. Porra, de novo? Eu sabia que não era Drew, eu sabia exatamente quem era, e ao invés de sair xingando, eu simplesmente... revidei de uma forma inesperada. Peguei em seu ponto fraco, se é que vocês me entendem. Segurei seu membro, o deixando sem reação e com uma cara assustada.
- Faça isso mais uma vez, e eu arranco seu instrumento de trabalho! – Falei sério, ainda com as mãos naquela... coisa.
- Você não faria isso sem experimentá-lo – falou, completamente sem ar, ainda na mesma posição, sem se mexer um milímetro sequer.
- Ah, faria sim, e não duvide disso – O ameacei da mesma forma que ele havia feito comigo quando bolei aula, dias atrás, e não duvidem, eu poderia muito bem cumprir minha promessa também da mesma forma que ele tinha feito.
Soltei o seu amiguinho, pensando que precisaria lavar a mão depois daquilo.
- Junior agradece – Respirou, aliviado.
- Quem? - Perguntei, confusa.
- O Junior! - Ele apontou para baixo da cintura. A maneira como ele o denominou de Junior foi tão engraçado, que não agüentei em soltar um sorriso, balançando a cabeça negativamente – Nossa, eu fiz a "Senhora sem humor" rir em plena manhã! É isso aí, amigão, mandamos ver! – Ele falou, como se tivesse realmente conversando com o seu "amigão" Junior. Ri mais ainda.
- O carro vai bem? Pensei que você tivesse bravinho demais pra voltar a encher meu saco.
- Sentiu saudades? – Deu uma piscadela cafajeste com o olho direito.
- Em seus sonhos, idiota – Reparei que seus lábios só tinham um corte, já seco. Minha mão também estava boa, mas ficou durante uns 3 dias bem dolorida. Olhei pra própria por alguns instantes pra conferir se não havia nada de errado.
- Concordo plenamente! – Falou, do nada, enquanto tirava um cigarro de dentro do maço e pegava o isqueiro.
- Com o quê? – Franzi o cenho sem entender com o quê ele concordava. Será que aquilo ali era só cigarro mesmo?
- Eu estou me referindo ao "All You Need is Love", tudo o que precisamos é de amor – Fiz uma cara confusa, ainda sem entender do que ele estava falando – Quando eu digo que você pensa que é esperta...
Meu rosto queimou, eu poderia imaginar o quão vermelha estava. Agora sim eu sabia o que ele estava se referindo. Espera aí, era impossível de ver minha tatuagem, a não ser que ele tivesse me visto sem roupa, o que definitivamente não era o caso, já que ela ficava na costela bem debaixo do meu seio esquerdo.
Meu deus, aquele menino era realmente um ninja, não é possível!
- Co-como?
- Sem ofensas, mas eu tive que reparar bem em tudo, antes que você me enxotasse daquele provador.
- Otário! - Coloquei meus braços em volta dos meus seios como se aquilo fosse melhorar alguma coisa.
- Então a lenda é verdade – Lenda? Mas que diabos... – Não precisa ficar vermelha, não vou contar pra ninguém. Afinal, você pensa que eu não vi a sua outra tatuagem antes de todo mundo? – Apontou para minha nuca – Nunca me esqueço quando você chegou na escola aquela vez de cabelo solto com aquele lenço horrível.
Quando eu tinha 15 anos, eu fiz minha primeira tatuagem, era um pequeno par de asas na minha nuca. Eu sempre quis fazer uma daquelas, mas assim como a do meu peito, eu fiz escondido, e diferente da do meu peito, minha mãe descobriu uma semana depois.
- Na verdade, - Continuou – eu não vi até você tirar aquele lenço horrível. Mas eu já sabia o que era, não é verdade? - Ele sorriu me deixando sem graça.

Flashback, 5 anos antes. Ponto de vista: Autora

Estava perto do Natal quando foi com a família para Nova York. Não passaria as festas com eles, mas ficaria até dois dias antes do Natal com , para que depois voltasse para Londres ficar com a sua família.
- Pára, ! – implorou, enquanto tirava os vestígios da neve que o garoto havia acabado de jogar nela.
- Pára, você! Por favor, por mais brava que você esteja, não me chama de , que você sabe que eu odeio! Parece minha mãe falando comigo! – Resmungou e a garota achou fofa a cara que ele fez.
- Tá bom.... – Ela brincou e o menino fez uma bola gigantesca para atacar nela – Não, não, desculpa, ! - Começou a correr e ele tentou alcançá-la – É sério, não vou fazer mais, por favor – Disse a menina, fazendo bico para o amigo.
- Não vale fazer bico, é injusto! – Ela começou a rir. Fazia aquilo de propósito, sempre fez, porque sabia que encarava aquilo como “covarde” da sua parte.
- Vem, vamos fazer anjinho na neve! – Ela puxou a sua mão e deitaram na neve.
- Isso é muito idiota! – Revirou os olhos – Além do mais, nunca sai perfeito, olha – Ele se levantou e viu que as marcas de suas mãos ficaram na neve devido ao impulso que fez pra se levantar, deixando o anjo com defeitos.
- Não se tiver a pessoa certa perto de você! – Ela disse fazendo ficar confuso.
- Como assim? – Ele perguntou, enquanto ela ainda se mexia, fazendo o anjo.
- Me dá a sua mão, me ajuda a levantar – Ele estendeu a mão a ajudando. Quando se levantou ele entendeu o que ela quis dizer. O anjo estava em perfeito estado – Tá vendo? Ficou perfeito.
- É, só falta voar! - Eles começaram a rir.
- Eu queria voar – Disse, tristemente, olhando para o céu – Um dia eu vou ter asas.
- Quê?
- Promete não contar pra ninguém? – Como se ela precisasse mesmo perguntar isso. Ele fez uma cara óbvia – Quando eu tiver um pouco maior, eu vou fazer uma tatuagem de asas bem aqui – Apontou um pouco abaixo da nuca.
- E sua mãe obviamente vai deixar! Fala sério, ela não te dá nem um violão novo com medo que você vire alguma rock star bêbada – Começaram a rir.
- E quem disse que ela vai saber? Escondido é sempre mais legal! Só você e provavelmente meu pai vão ficar sabendo – Piscou para o menino – E você não pode falar muito, seu pai não é muito feliz por você gostar de tocar um instrumento! – Ele deu em ombros.
- Falando em escondido, eu vou comprar seu presente de Natal amanhã, portanto não fique me seguindo durante o dia! - alertou.
- Tudo bem, ainda não comprei o seu, então vou aproveitar!

//Flashback, 5 anos antes. Ponto de vista: Autora

- Eu conheço mais você que do que você mesma. Sei de todas as besteiras que você já fez, de cada tatuagem escondida... – Começou a se gabar.
- Aí que você se engana – O interrompi e dei um sorriso malicioso – Você não conhece cada tatuagem minha! – Não conhecia, e nunca conheceria se dependesse de mim.
- Então quer dizer que tem mais? – Ele sorriu surpreso – Onde?
- Isso... – Me aproximei dele dando lentos passos até ficarmos frente a frente um do outro, bem próximos, diga-se de passagem. Peguei o cigarro da sua mão, dei uma tragada e depois devolvi, assoprando a fumaça em seu rosto – Você teria que me matar pra saber – Cochichei em seu ouvido o fazendo ficar completamente imóvel.
Me afastei e ele não disse nada, e então voltei a andar em direção a arquibancada para assistir o ensaio que ainda não havia começado. Eu poderia imaginar a cara de . Mas aquela tatuagem ele jamais conheceria.
- Hey! – Ele me chamou e me virei – Toma! – Jogou de repente um pano preto na minha cara, que na hora vi que era um moletom. Ele virou o jogo, agora eu que estava olhando pra ele com cara de abobada.
Claro que eu poderia jogar o moletom no chão, mas o frio era maior que meu orgulho. Coloquei o casaco, arregaçando as mangas, para que eu ao menos pudesse ver minhas mãos, já que era muito grande. Em já ficava grande, em mim, então... Batia no meio das minhas coxas. Eu já havia visto ele com aquele moletom antes, e se eu tivesse algum tipo de "intimidade" ou ao menos o cumprimentasse com um “oi” todos os dias, poderia dominar pra mim, porque era lindo. Lindo e... Cheiroso.
Um ar de perfume invadiu o meu nariz quando o coloquei o capuz, e me senti constrangida por meus próprios pensamentos.

Por quê eu poderia confiar que ele não contaria da minha tatuagem a ninguém? Comecei a pensar. Afinal, ele me dedurou para o diretor, não é verdade? Fiquei preocupada e decidi que quando eu devolvesse o casaco, tentaria ter uma conversa no mínimo "civilizada" sobre ele não contar aquilo a ninguém. Eu não fiz minhas tatuagens para os outros, eu fazia para mim, porque todas tinham um significado muito especial.
O ensaio das meninas começou e eu tentei ignorar ao máximo minha preocupação e o cheiro do casaco do para prestar atenção.

Lógico que era aquilo que eu imaginava, mas até que não era TÃO ruim, havia pirâmides, acrobacias, etc. Elas repetiram algumas vezes e alguns passos, eu já tinha pego. Amber me chamou para me juntar a elas e mostrar o que eu já tinha conseguido pegar. Lily, , Cady e algumas outras meninas me passaram alguns outros passos e depois me mostraram o que eu teria que fazer. Tirando que eu teria que ficar no topo de uma das pirâmides que seria feita no meio da coreografia, de resto não era muito assustador para mim.

Meia hora antes dos alunos chegarem, elas foram para o vestiário, tomar banho para se trocar. Eu não precisei tomar banho, porque mal havia suado, mas eu tive que colocar o uniforme da escola. Coloquei a roupa que estava na mochila, que a trouxera, e deixei o moletom de nas minhas mãos. Todas as meninas do time estavam com o uniforme de cheerleaders por causa do ensaio que teria no final da aula, e graças a deus, eu não tinha o meu ainda. Andar com aquilo na escola seria humilhante.
Saí do vestiário feminino e estava me esperando.
- E aí, o que achou de hoje? – Perguntou, enquanto íamos para o pátio, esperar o sinal tocar. Alguns alunos já haviam chegado e até que tinha começado a ficar mais movimentado.
- Ah... Se eu falar que gostei, estaria mentindo. Isso não tem nada a ver comigo, e ter que fazer parte disso, com a Amber como capitã, me dizendo o que eu tenho ou não que fazer, vai ser péssimo – Assumi minha verdadeira preocupação. Abaixar a cabeça para o que Jenkins falasse seria algo novo pra mim.
- A Amber é legal, ela só é afim do seu namorado, nada demais. – Ironizou.
- Fala sério, se ela é afim do Andrew, o que ela está fazendo com o ? – Perguntei, achando aquela história toda sempre muito esquisita pro meu gosto.
- Você também não é perdidamente apaixonada pelo Andrew, mas está com ele. – Me joguei pra cima dela e coloquei uma das minhas mãos em sua boca para que ela parasse de falar.
- Cala boca, sua louca! Você tem problemas mentais ou o que? É lógico que eu gosto do Andrew! – Olhei ao redor para me certificar que ninguém havia ouvido.
- Ok, desculpa! Não vou falar mais disso. Só que para o seu 0800 anti-fofoca... Parece que a Amber e o não estão TÃO bem assim. Desde que vi o aos berros com ela semana passada, logo depois que ele saiu da enfermaria, não os vi mais juntos, e a coisa mais normal do mundo eram ver os dois quase se comendo nos cantos da escola – Eca, que nojo, a apelava com as explicações – Mas falando em , e esquecendo um pouco da Jenkins, que ceninha foi aquela antes do ensaio? – Por que eu simplesmente não conseguia me controlar quando ficava sem graça? Poderia apostar que tinha ficado vermelha. Talvez roxa.
- Que ceninha? – Me fiz de desentendida, e ela apontou para o meu braço, onde eu estava segurando o casaco dele – Ah, isso... Eu tava com frio... E ele me emprestou – Fiz pouco caso.
- Semana passada você deu um soco na cara dele, o acusou de ter contado tudo pro diretor, bateu no carro dele, e hoje você está se protegendo do frio com o casado dele? Muito sensato, amiga! – Deu tapinhas no meu ombro e eu não soube o que responder... – Ele não estava te ignorando? De verdade, não estou entendendo mais nada.
- Olha só que legal, nem eu estou entendendo mais nada. É só que... Aconteceu... Hoje ele não parecia tão chato como nos outros dias.
- E você vai me dizer que isso é normal? Se o Andrew tivesse visto isso, ele estaria no mínimo se roendo de ciúmes, até porque ele não é tão "amiguinho" do assim – Realmente, os dois estavam longe de se amar, mas pelo menos conseguiam viver civilizadamente, se suportando – Eu posso dizer isso porque a Amber ficou fitando vocês o tempo todo.
- Eu sei que isso foi longe de ser normal, mas... Aconteceu uma coisa... – Ela parou na minha frente impedindo que eu andasse.
- O que você fez? – Perguntou, assustada.
- Ai credo, não é nada do que você está pensando! – Fiz cara de nojo – Só que... Ele viu minha tatuagem! – Cochichei, completamente sem graça.
- COMO ASSIM, ELE VIU SUA TATUAGEM? – gritou, e eu puxei ela pra dentro do primeiro lugar vazio que vi pela frente.
- Quer por favor fazer a gentileza de parar de querer espalhar em menos de segundos as coisas que eu conto pra você? – Soltei seu braço, quando entramos no banheiro vazio. - E calma, não foi aquela tatuagem que ele viu, tá louca? Foi a de baixo do meu peito.
- Como se isso melhorasse a situação! Mas como ele conseguiu essa proeza? Você mostrou seus peitos para ele, ou o quê? – Revirei os olhos.
- Foi naquele dia... Na primeira prova do vestido, que ele entrou no meu provador sem querer, lembra? Só pode ter sido ali. Ou então ele jogou verde, porque ele disse que essa minha tatuagem é uma lenda... O é louco, não tenho nem idéia de como ele descobriu isso. Mas o que importa é que ninguém pode saber disso.
- Então vai falar com ele!
- Eu vou... Agora vamos, não é legal duas meninas sozinhas debaixo da escadaria da escola – Comecei a rir.
- É... Vão pensar que a gente tem uma paixão lésbica uma pela outra – Dei um tapa em sua bunda e ela me empurrou e saímos dali, voltando ao nosso caminho para o pátio.
No corredor, pude ver abrindo seu armário. Lembrei que precisava entregar seu casaco e também ter uma conversa muito séria com ele.
- Hey, vou devolver isso pro , depois te encontro lá fora.
fez um coraçãozinho com a mão. Ridícula! Dei um pedala nela e fui em direção ao campo inimigo.

Capítulo betado por Sofia Queirós

Capítulo Dez
"Come on, vogue, let your body groove to the music. Hey, hey, hey. Come on, vogue let your body go with the flow. You know you can do it" - Vogue (Madonna)

Você já empacou de verdade, alguma vez na vida quando foi fazer algo? E, tipo, suas pernas pararam de te obedecer e você ficou que nem uma completa retardada no meio do caminho? Meu pai tem um cachorro chamado Osvaldo, ele é um pug, que está mais para pig, porque aquele cachorro é um porco de gordo. Uma vez eu saí pra passear com o Osvaldo quando fui passar uns dias em Nova York, e o cachorro simplesmente empacou no meio do caminho, não andava pra trás, nem pra frente, e muito menos pros lados. No momento, eu me encontrava igual ao Osvaldo, a única diferença é que eu estava nervosa, e o Osvaldo um sedentário, que só come, dorme, e tem preguiça de sair de casa até para fazer suas necessidades.

Não posso negar que eu me sentia estranha em fazer aquilo. Meu coração acelerou e meus pés praticamente davam passos de volta pra trás, mas respirei fundo e fui. Precisava de Gold Bears pra me acalmar. Não, na verdade eu precisava de uma garrafa de vodka de baunilha. Poderia imaginar como seria a reação alheia ao me ver tendo uma conversa civilizada com , sendo que não falávamos amigavelmente em publico há anos. Mas tudo o que estava na minha cabeça no momento era que entregar aquele maldito moletom seria a parte mais fácil.

Ele estava de costas pra mim, mexendo em seu armário. Contei até 3, umas 5 vezes, e então comecei...
- Posso falar com você? – Perguntei, e ele se virou imediatamente, surpreso. A última vez que eu apareci na frente do seu armário foi semana passada para jogá-lo no chão e começar a esbofeteá-lo.
- Que foi? A saudade apertou rápido demais? – Se gabou. Rolei os olhos, já me irritando em menos de 10 segundos de conversa. Depois era eu que estragava tudo! Muito maduro, .
Ele fechou o armário e virou de frente pra mim, esperando eu começar a falar.
- Não otário, eu vim te entregar isso – Estendi a mão e ele pegou o moletom.
- Só isso? – Perguntou, fazendo pouco – Pela sua cara, parecia que ia me pedir em casamento – Estão vendo como era sempre ele que começava?
Totalmente sem paciência para nenhum tipo de piadinha, peguei em seu braço e o arrastei até o banheiro, que por sinal era masculino, mas na hora eu não pensava. Foda-se, isso nunca foi um problema. Quantas vezes eu ia lá fazer xixi quando o banheiro feminino estava lotado! Engraçado era a reação dos meninos alheios que estavam mijando naqueles negócios nojentos fora das cabines.
- Wow, wow, a atração por mim está tão forte que não pode esperar até chegarmos em casa?
- Cala boca, eu estou falando sério – Coloquei ele encostado na parede e soltei seu braço. esperou que eu falasse, e então mudando um pouco meu jeito estúpido, tentei ser o mais educada possível. A situação era grave, e precisava disso – Por favor, não espalha sobre a minha tatuagem pra ninguém. Se isso cair no ouvido da minha mãe, ela vai me mandar pra um colégio interno de freiras no Marrocos, onde todos usam burcas!
- Nossa, eu pagaria pra ver isso! – Ele riu e eu continuei séria. Deus, eu estava ferrada. Por que nada de bom acontecia na minha vida ultimamente? – Hey, calma, eu não vou contar pra ninguém – Por que parecia que ele estava falando sério?
- Eu to falando sério, ! Por favor, eu sei que você me detesta mas...
- Eu não te detesto, você que faz um mal juízo de mim! – Interrompeu, fazendo cara de culpado. Sabia que a culpa cairia pra cima de mim, era só isso que ele sabia fazer.
- Que seja – Balancei a cabeça negativamente. Eu estava ferrada, e tinha que me acostumar com a idéia, pronto – Sabia que seria perda de tempo vir falar com você – Fiz menção de abrir a porta pra sair do banheiro, mas ele me segurou.
- Relaxa, , eu não vou contar pra ninguém, estou falando sério! – É... Ele parecia mesmo sério, mas o que me chamou a atenção não foi isso, e sim porque ele me chamou de !
- Va-valeu – Gaguejei. Muito bem, , essa história de gaguejar quando você fica nervosa está ficando cada vez mais inapropriada em momentos como esse.
Por fim saí do banheiro atordoada.

A gente era inimigo, certo? Certo.
A gente se detestava, certo? Certo.
Nosso destino era viver em guerra, certo? Certo.
Afinal, ele era e eu era , certo? Certo.
Mas por que cargas d’água ele estava me tratando daquele jeito tão... Tão... Esquisito?
- Espera! – Ele alcançou meus passos e ficou emparelhado a mim enquanto eu andava em direção a... Algum lugar que eu não lembrava no exato momento – O que aconteceu? Eu falei alguma coisa de errado? – Ele parou em minha frente me impedindo de andar.
- Não – Disse, confusa – Quer dizer, eu acho que não... Eu só, estranhei, sei lá – Eu disse timidamente, e ele riu baixo.
- Acho que eu ser "legal" com você virou uma coisa meio anormal – Não imagina o quanto. Eu só diria que "anormal" não era bem a palavra que eu usaria, porque uma simples troca de palavras entre a gente que era "anormal", isso que aconteceu... Deveria ser uma aberração da natureza – Só que pelo jeito vou ter que fazer mais que isso pra você confiar em mim.
E por que ele queria que eu confiasse nele? Quase calei minha boca com a mão para aquela pergunta não sair como um jato. Chega de aberrações da natureza por hoje.
- Qual é... Você é e eu , você me dedurou pro diretor, e nós somos como a água e o vinho. Não seria "normal" eu confiar em você. Eu te dei um soco na cara e quebrei o retrovisor do seu carro semana passada, está lembrado?
- Mas fomos nós mesmos que criamos isso, e eu não dedurei você e também não vou contar nada à ninguém sobre o "All You Need is Love" – O nome "tatuagem" havia sido definitivamente substituído.
Balancei a cabeça, achando engraçado. Avistei Andrew entrando no corredor e decidi acabar com aquilo. Chega de coisas estranhas por hoje.
- Eu tenho que ir, o Drew está me procurando – Sorri, sem graça, e saí de sua frente sem esperar que ele falasse alguma coisa que deixasse minha mente com mais pontos de interrogações.
Eu não queria ter feito aquilo, mas... Seria melhor.
Tentei tirar todas as minhocas que insistiam em entrar na minha cabeça, e foquei em Andrew, era a única coisa que eu tinha que pensar, chegar até Andrew. Isso.
Eu não sentia que eu estava fugindo dele, mas eu tinha certeza que queria fugir daquela situação um tanto quanto estranha que estava me perseguindo durante o dia todo.
Cheguei perto de Drew e o abracei como se fizesse muito tempo que não o via, eu precisava muito de um abraço naquele momento.
- O que você estava conversando com ele? – Perguntou, com uma certa indiferença. Olá pra você também, eu estou bem, obrigada por perguntar, você é um namorado exemplar!
- Na-nada... Eu-eu só... Entreguei uma coisa que... Pediram pra eu entregar pra ele – Respira fundo... Você tem 17 anos, e já é hora de aprender a mentir – Uma das meninas da torcida pediu pra eu devolver um negócio pra ele e eu fui.
- Que negócio? – Perguntou, com o cenho franzido.
- Um mo-moletom - Sorri, nervosa. Senti a palma da minha mão suar. Pelo amor de Deus, eu era pior que uma criança de 5 anos escondendo alguma coisa dos pais.
- E por que infernos você devolveria alguma coisa pro , ou melhor, por que infernos você conversaria com ele? Você não devolveu só um moletom, você tava conversando com o , você nunca conversa com ele e muito menos sorri pra ele! - Eu não sorri pra ele!
Tudo bem que a situação era no mínimo esquisita, e tudo bem que era de longe a pessoa que Andrew mais gostava, mas ele estava fazendo uma tempestade em um copo d'água.
- Ai Andrew, pára! A última pessoa de quem você deve ter ciúmes nesse mundo é aquele babaca do ! Só me pediram pra entregar, e foi o que eu fiz, pronto, acabou – Puxei ele pelo braço, indo em direção a minha aula de Trigonometria, sem querer que aquela discussão sem pé nem cabeça começasse.

Ao chegarmos em frente a minha sala, eu me virei, pronta pra me despedir, mas Drew pensou em uma coisa mais calorosa do que um simples selinho e “tchau, te vejo mais tarde”, ele simplesmente me puxou pela cintura e do nada começou a me beijar, tipo, beijar mesmo! Levei um susto porque eu não imaginava que ele iria fazer aquilo, naquele momento. Andrew estava com uma mão em minha cintura, e outra em minha nuca, enquanto eu segurava um de seus braços, afinal eu fui pega tão de surpresa que eu nem sabia o que fazia, e onde eu colocava a mão. Foi um beijo intenso, senti sua língua passar em meus lábios pedindo passagem e eu cedi. Collins era bom naquilo, eu não podia negar, mas não sei, às vezes eu sentia que faltava alguma coisa, eu nunca me sentia em sintonia com ele, e uma prova era isso, era esse beijo surpresa, que eu deveria ter amado, mas eu não tinha, quer dizer, eu tinha, mas não tinha, entendeu? Estava um clima meio estranho, tipo, provavelmente todo mundo tava olhando a cena. Poxa, aquilo era uma escola. Tá, e desde quando eu ligava pra isso? Cara, o que será que tinha naquele suco de hoje de manhã? As mãos de Andrew foram descendo cada vez mais, tentando esquentar o beijo, quando escutamos algum engraçadinho gritar:
- Vão para um quarto! – Eu comecei a rir. Com toda a certeza aquilo quebrou totalmente o clima.
- Eu vou matar o infeliz – Disse Andrew, num tom tranqüilo e ameaçador ao mesmo tempo.
- Mas antes de matar... Dá pra você me explicar o que foi isso? – Me referi ao beijo que até agora eu estava tentando entender.
- Me deu vontade. E fazia tempo que não tínhamos um tempo só "nosso" – Fez aspas com as mãos. Aquilo definitivamente não me convenceu, mas tudo bem.
- E você quis isso na escola, no meio de todo mundo? – Comecei a rir – É isso que eu chamo de não saber controlar os seus instintos! – Dei tapinhas em seu ombro.
- Você sabe que é difícil me controlar quando eu estou perto de você. E olha, eu não quero nem imaginar você com aquele uniforme de líder de torcida, meu Deus, estou ferrado – Dei um tapa em seu braço – Bom, eu e a escola toda, né? Vou fazer você andar de roupão por aí no dia que tiver que vir com aquele uniforme.
- Sabe que eu não acho uma má idéia? – Eu não queria aparecer com aquela roupa na frente de ninguém mesmo – Bom, é melhor eu entrar, antes daquele barrigudo escroto chegar – Ele fez bico e depois me deu selinho soltando os braços da minha cintura para eu entrar na sala.
- Te vejo mais tarde, então - Concordei e entrei.
Eu já poderia imaginar todos aqueles olhares em cima de mim junto com a bela cenoplastia dos "uuuuhh" vindo de algumas pessoas, mas algo naquilo tudo eu não esperava. permanecia quieto, completamente diferente dos outros. Esperava que ele em particular me zoasse. Tudo bem, eu nem vou falar mais nada depois de toda essa loucura que estava sendo meu dia.
Me sentei e já estava em seu lugar ao meu lado. Lógico que ela falaria alguma coisa, mas antes, como o esperado, um dos babacas soltou uma piadinha.
- Eu também ia dizer "vão para um quarto" antes de gritarem, mas como estamos na escola, e tem um Motel logo ali na outra rua, seria mais fácil soltar um "Vão pra um Motel" – Eu ri e mostrei o dedo do meio para .
Olhei pra e ela estava meio pensativa.
- O que foi? – Perguntei, num tom baixo, porque apesar do olhar perdido, parecendo não estar prestando atenção em nada, estava sentado bem atrás de mim, e também por causa de que estava pelas redondezas.
Ela balançou a cabeça pro meu lado direito, indicando . Fiz uma cara que não tinha entendido seu gesto. Ela arrancou um papel do seu caderno e sentou no lugar de , que era na minha frente.
"Só eu entendi a cena?" – Estava escrito no papel.
"Que cena, ? oO" – Apesar de estarmos sentadas na frente uma da outra, era meio impossível a gente conversar quando o assunto parecia estar sentado bem atrás de mim.
"Quando você apareceu com o Andrew em frente à sala, ele soltou um olhar fulminante para e depois praticamente te atacou" – Dei risada pelo que ela tinha escrito sobre o beijo no qual Drew, no seu ponto de vista, tinha me atacado. Mas pensando bem, é.... Ele praticamente me atacou.
"Tá, agora me explica onde você quer chegar com isso"
"Parecia que Drew estava querendo que visse aquilo como se tivesse mandando um recado 'hey, a garota é minha'” – Lembrei da quase discussão com ele que tive antes da gente vir para a sala e comecei a pensar que o raciocínio de poderia não ser tão absurdo assim.
"O Andrew está louco! Hoje ele me viu conversando com o , e perguntou o que era. Quando eu tentei inventar uma história menos pior do que eu devolver o casaco dele emprestado, ele ficou puto da vida. Fala sério, Drew mais do que ninguém sabe que não tem motivo pra isso"
"Não tem mesmo?
", pelo amor de Deus, ele é o !”
"Grande merda! Se coloca no lugar do Drew, imagina ver sua namorada conversando com outro cara que ele não tem simpatia nenhuma. Sendo que esse cara é um gato e vocês já tiveram uma ligação bem forte" – Pensando bem, a tinha razão. Eu nunca tinha pensando por esse lado. Ela tirou o papel da minha mão e começou a escrever novamente antes que eu respondesse alguma coisa "Uma coisa é você conversar com o , , , ou qualquer cara, outra coisa totalmente diferente é você conversar com "
"Eu sei, eu sei, mas sei lá, sabe... Aquilo me pareceu meio normal. E... Ele está muito estranho comigo hoje, preciso te contar mais coisas"
"E eu também preciso. Na verdade duas"
- Hey – Ouvi chegando e peguei o papel no mesmo instante o escondendo de baixo da mesa.
- Desculpa , eu vou para o meu lugar – Disse . Espera aí... Ela estava meio vermelha ou era impressão? Franzi o cenho. Hm, muito estranho.
- Não! Tudo bem, pode ficar aí hoje. Percebi que vocês estão bem entretidas no papelzinho e se continuarem assim com você no seu lugar é bem capaz de, como sempre, eu ser acertado com uma bolinha na cabeça, e não quero morrer de traumatismo craniano – Nós duas começamos a rir, em especial .
Espera, aquilo não tinha sido TÃO engraçado assim pra ela rir tanto.
- Obrigada, – Ela disse pegando a mochila desocupando o seu lugar que hoje seria de – E desculpa pelas bolinhas na cabeça nos dias que eu e a conversamos por papelzinho. É a única saída nas aulas de Trigonometria.
- Nah, tudo bem – Ele disse e se sentou no lugar dela.
"Ok, agora dá pra me explicar o que foi isso que acabou de acontecer?" – Passei o papel pra ela discretamente quando vi que o professor mal comido tinha entrado na sala.
"Tá, esquecendo seu drama por um minuto e entrando no meu... Eu comecei a perceber o quanto o é... Interessante"
"Interessante e caidinho por você!" – Ela virou pra trás e me olhou.
"Pára! Ok, vamos voltar ao assunto!"
- Com medo de ficar vermelhinha novamente? – Cochichei no ouvido dela me inclinando um pouco pra frente. E no mesmo instante, ela levantou o braço direito me mandando um dedo no meio e eu ri baixo. "Ok, MUDANDO DE ASSUNTO! Qual era a outra coisa que você queria me contar?"
"Calma, antes eu preciso falar uma coisa: VAI A MERDA. Então... Hoje depois do treino, a Lily viu o e a Amber brigando de novo. Motivo, ninguém sabe ao certo, mas o que parece é que esse namoro se já não acabou, vai acabar em dois tempos" – É agora a parte que eu mencionava meu amigo “Kiko”?
"E em que parte isso tem a ver comigo? Pensei que era algo mais interessante"
"Tá bom, agora é você, tente me impressionar, conte o que você quer me contar" - Respirei fundo e comecei a escrever.
"Hoje, na hora que eu fui devolver o maldito casaco, eu puxei ele pra dentro do banheiro PRA CONVERSAR sobre o lance da tatuagem. E eu te falei o como ele estava estranho hoje mais cedo, porque tipo ELE ME EMPRESTOU O MOLETOM GATO DELE PRA MIM e o normal disso tudo seria que ele deixasse eu ali morrendo de frio até virar um boneco de neve em pleno Pólo Norte, mas ok, isso não vem mais ao caso, o que estou falando é que ele prometeu não contar pra ninguém sobre a tatuagem, e o estranho disso tudo foi que eu confiei nele, sendo que ele me dedurou pro Sr. Grey" – Olhei um pouco pra lousa pra dar a entender que eu estava copiando a matéria e não dar muita bandeira. Então continuei... "E o pior de tudo não foi isso, foi que depois que eu sai do banheiro meio atordoada por causa desse sentimento de 'confiança', ele veio atrás de mim PRA PERGUNTAR SE TINHA FALADO ALGUMA COISA DE ERRADO, e assim, eu estava ME perguntando hoje mais cedo se você tinha colocado alguma coisa no meu suco de laranja, mas eu acho que quem tomou suco batizado, e também um fumou um baseado foi ele, não eu!" – Finalmente quando terminei meu desabafo, entreguei pra pelo lado direito da parede no vão entre as cadeiras para que ninguém, em especial o nosso querido professor, visse que estávamos trocando papelzinho.
Como eu tinha escrito um texto, ela demorou um pouco pra ler e responder.
"Antes de eu te falar o que eu tenho pra falar sobre isso tudo, deixa eu te fazer uma pergunta. Você acredita fielmente que foi ELE que te dedurou pro diretor? Quero que você me responda com a mesma sinceridade com a qual você me falou sobre a confiança que sentiu por ele. Você realmente acredita que tenha sido o ?". - Aquela pergunta me pegou de surpresa.
O que ela tinha escrito tinha sido bem menor que o meu texto, e eu demorei 3 vezes mais que ela pra responder.
"Não mais"

O sinal do término da aula de Trigonometria tinha batido, e não tinha me respondido de volta depois do que eu escrevi. O que será que ela tinha pra me falar? Saí da sala e fui até meu armário pegar o meu material para a aula de Inglês e colocar os cadernos de Trigo lá dentro, já que não precisaria mais deles. Fechei o armário e a assombração da estava ao meu lado.
- O problema é que você nunca deixou de confiar nele, apesar de tudo – E daí ela virou, e saiu andando, me deixando ali com cara de pastel.
Wow, obrigada , você é uma bela amiga.
Por que eu tinha que ser toda ao contrário? Não existia pessoa mais às avessas do que eu nesse mundo! Tipo, quando você briga com uma pessoa, na maioria das vezes a primeira coisa que vai embora, é a confiança. Tudo bem, o que tinha acontecido entre nós fora ruim, na verdade fora péssimo, nós brigamos feio, toda a briga é ruim, mas... Sei lá... O que aconteceu comigo, é que a traidora da “confiança” não acabou, ou foi embora, pegou o beco, vazou, ou qualquer outra expressão pra isso... Comigo não foi assim, quer dizer, foi, e não foi, eu pensava que não confiava mais nele, mas... Ai pára, estou confusa.
A única coisa que eu tinha certeza no momento é que com uma melhor amiga daquelas, ninguém precisa de um inimigo.

Todas as aulas passaram como um jato, afinal, quando você passa todas as aulas pensando sobre o que sua melhor amiga disse pra você é realmente complicado.
No intervalo, eu fui abordada por Amber, que parecia um tanto quanto sem paciência. Ela me deu o meu uniforme e me fez ir ao banheiro experimentar. estava na biblioteca junto com o seu grupo de Filosofia terminando e treinando o trabalho que eles teriam que apresentar amanhã. Era pra nota e odiava falar em público. Ela teria que apresentar na frente de duas salas do colegial no anfiteatro da escola. Eu não poderia interromper tudo aquilo só para que ela me acompanhasse ao banheiro para eu me trocar.
Bom, eu poderia chamar Andrew pra ir comigo, afinal, namorado serve pra essas coisas, certo? Ele iria, se não tivesse me pedido mil desculpas por ter que ir não sei onde, com não sei quem, fazer sei lá o quê. Nossa, meu namorado sempre marcando presença quando eu mais precisava, valeu aí, Andrew Collins!
Tudo bem, era só uma maldita roupa e eu estava fazendo um puta drama. A única coisa que eu tinha que fazer era entrar naquele maldito banheiro e pôr aquela roupa ridícula e aparecer na frente de toda a escola vestindo aquilo.
Entrei no banheiro num jato, e fui em uma das cabines pra me trocar. A única coisa que eu sei é que coube, agora como eu estava eu não queria saber, fiquei até com medo de sair de lá de dentro e me olhar no espelho.
Ouvi o sinal batendo, seria minha aula de Química. Eu não iria tirar o uniforme agora pra ter que vesti-lo daqui uma hora novamente. Eu imaginei todo mundo me olhando naquele estado e meu estomago embrulhou. Fala sério, eu não precisava estar com medo do que os outros iriam pensar sobre aquilo, eu já era perseguida naquela escola por motivos muito piores do que aquela roupa patética.
Respirei fundo e saí da cabine abaixando a cabeça, me negando olhar no espelho, abri a porta do banheiro como uma louca e trombei com alguém. Ah, delícia, quando eu quero justamente ser discreta, trombo com alguém, meus parabéns , você merece um prêmio!
- Desculpa – Falei ainda de cabeça baixa quase fingindo a voz pra ter um pingo de esperança que não soubessem que era eu, ali, vestida feito uma idiota.
- WOW, WOW, WOW – Conhecia aquela voz. Tinha que ser justamente ELE? Mas que merda!
- Pára, , se for pra falar gracinhas, desaparece – Eu não tinha coragem de olhar pra ele, não tinha coragem de olhar para ninguém, eu só queria minha melhor amiga, e só ela.
- Hey, calma, eu não vou falar nada – Meu rosto estava quente, indicando que eu estava provavelmente vermelha, ou quem sabe roxa – Você não precisa ficar com vergonha – Ele colocou a mão em meu queixo e levantou para que eu o olhasse. Mordi meu lábio inferior. Olhei para seus olhos, e eu vi o . Sim, o , não o que eu detestava, eu vi meu melhor amigo.
Não me pergunte o que está acontecendo comigo, porque eu NÃO SEI e estava cansada de passar horas pensando em coisas para as quais não havia respostas.
Ninguém tinha idéia de quanto eu estava me sentindo daquele jeito. Nada tinha a ver comigo quando o assunto era aquela equipe de torcida. Eu estava me sentindo pelada usando aquele uniforme, e posso dizer que parecia que eu estava me sentindo humilhada usando aquela roupa na frente de todo mundo.
Ainda olhando para , senti meus olhos encherem de lágrimas. Acho que por eu estar não me sentindo a vontade, sem minha amiga, ou alguém pra me falar "Pára de ser boba", eu fiquei meio sensível. Mais sensível ainda pelo meu namorado ter sido um idiota em ter feito pouco quando pedi pra ele me acompanhar até o banheiro. Odiava me sentir sozinha. Acho que além de sensível, eu estava carente. Esse era o problema. É.
- Pára de ser boba! – falou e eu quase ri pra mim mesma quando ele disse isso. Ele tinha essa mania de ler minha mente as vezes – Você... Tá linda! – Meu estômago congelou.
- Não estou! Eu estou me sentindo um ET – Fiz bico. Não foi proposital, eu já tinha me esquecido com quem eu estava falando.
- Eu tenho certeza que alguma vez na vida te pedi pra não fazer isso! – Riu um pouco sem graça – Vem, vamos pra aula, é sério, você ficou... Muito bem com essa roupa – Foi engraçado a maneira como ele falou. Eu quase me joguei no chão e chorei desesperadamente quando eu vi aquele em minha frente. O fofo. Meu amigo. Ou ex amigo. Que seja.
Fiz que sim com a cabeça e voltamos a caminhar até a sala.
Nós fomos pra aula e senti milhares de olhares em cima de mim. Uma, porque eu estava vestida com aquela roupa horrenda, duas porque eu estava andando amigavelmente ao lado de .

Esquisitices a parte, eu comecei a me sentir um pouco mais à vontade sabendo que não estava tão sozinha assim quanto imaginava. Nós retornamos para a sala completamente em silêncio. Melhor não dizer nada, do que besteiras fluírem e brigas começarem. havia sido legal comigo, e eu de certa forma gostava disso.
Colocamos o pé dentro da sala de aula e eu ouvi um grito.
- VOCÊ. FICOU. LINDA! – pulou em cima de mim, e eu dei risada, mas vale lembrar que minha melhor amiga me conhecia melhor que eu mesma pra perceber que eu não estava tão bem assim – O que foi? Você parece triste!
- Nada eu... Só não estou sentindo nada bem vestindo isso, e... Eu não quis te chamar pra ir comigo me ajudar no banheiro, e Andrew inventou uma desculpa esfarrapada pra não ter que perder tempo com coisas tão... Inúteis – Rolei os olhos – Mas relaxa... Eu acho que não tenho muito o que reclamar – Olhei para que não estava mais ao meu lado, e ela seguiu meu olhar – A pessoa que eu menos imaginava me deu uma ajudinha.
- Mas que aluna mais gata é essa? – Ouvi o melhor professor do mundo, em todos os sentido, Max.
- PÁRA, PROFESSOR! Não me deixa mais sem graça que eu já estou! – Coloquei minhas mãos no rosto completamente envergonhada. Não foi charme, eu estava mesmo envergonhada.
- Ah, pára de ser boba, aluna gata! – Me abraçou de lado – Agora vamos, cada um em seu lugar!
Disse para todos os alunos, inclusive eu. De que adiantava estar gata se meu professor mais gato não me dava bola? Triste.

Por mais que eu rezasse pra que isso não acontecesse, a aula passou incrivelmente rápido. Sempre assim, aulas sempre demoravam uma vida para acabar, e quando eu realmente queria que passasse devagar, tudo parecia terminar em segundos.
Como eu não acreditava em ninguém que dizia que eu estava bem naquele uniforme, me fez ir pra frente de um espelho assim que a aula terminou. O que claro, não foi tão simples assim, porque eu me negava a ver como eu estava. Dentro do banheiro, com meus olhos fechados, teve que me prometer uma garrafa de vodka de baunilha pra eu pelo menos pensar no caso de me olhar no espelho.
- Não, eu ignoro a garrafa de vodka, só abro se você raptar aquele vinil da Madonna da sua mãe, o Like a Virgin, e me dar – Sorri. Eu era uma baita interesseira, pode falar, eu deixo.
- Que seja, ela nem vai notar mesmo. AGORA ABRE OS OLHOS! – Abri os olhos lentamente e me vi no espelho. Foi como em câmera lenta, primeiro olhei minhas pernas, depois minha saia, depois meu tronco, e depois meu rosto.
Respirei fundo. Ok, eu não estava tão mal com aquela roupa, eu só não me senti eu. Azul, branco e preto, essas eram as cores oficiais do colégio, e do uniforme do time de futebol e da torcida. A saia não era tão curta quanto eu imaginava, e a blusa de cima mal aparecia a barriga.
- Tá vendo? – passou suas mãos pelo meu braço – Você está linda, e não tem porque se sentir mal! E eu acho que a Amber não vai gostar de saber que você fica melhor nesse uniforme do que ela – Balancei a cabeça negativamente e ela me puxou porta afora para irmos pro ensaio. Ou seria treino? Que seja...

No campo, várias pessoas me elogiaram, inclusive os meninos do time de futebol, o que não deixou Drew muito feliz com isso. Eu estava triste com ele, mas não queria demonstrar isso pelo fato de achar que eu estava sendo meio dramática com aquilo tudo. Era melhor deixar pra lá. O que eu mais queria era evitar uma briga entre a gente. Ah, você deve estar se perguntando o que Andrew achou da roupa. Conhece a expressão, "te comer pelos olhos"? Isso explica muito bem o que ele achou. Tá que não era o que eu esperava, ou melhor, não era o que eu queria, porque eu sentia uma vergonha monstra quando ele fazia isso, mas o máximo que ele poderia fazer naquele momento era me comer pelos olhos mesmo, então deixa ele.
Amber quando me viu, claro, já inventou um apelido. Amy Winehouse vestida pro Halloween. Ok, essa foi boa, mas melhor ser Amy Winehouse vestida no Halloween do que a Lindsay Lohan num filme pornô colegial.
Enquanto o ensaio, ou treino, que seja, não começava, abri um pacotinho de Gold Bears, já que não havia comido nada no intervalo. Até que alguém, um alguém muito mal, sem dó nem piedade tirou o pacotinho de minhas mãos.
- HEY, devolve meus ursinhos! – Gritei com a boca cheia para a vaca da Amber.
- Nada de doces.
- Isso é 0% gordura! – E é verdade! Não que eu deixaria de comer meus ursinhos por causa da doida varrida da Amber. Ela checou a embalagem e me devolveu – Nunca mais, pense em fazer isso, VOCÊ ENTENDEU? – Apontei o dedo da cara dela. Eram MEUS ursinhos, e só meus! E eu iria comê-los, agora!
- Louca.
- Puta.
Nossas "juras de amor" eram constantes, mas nunca havia passado disso, afinal eu nunca tinha partido pra cima de Amber. Mas antes eu tivesse arrancado aquele silicone dela com a unha, porque hoje ela tirou o dia para acabar comigo naquele ensaio, e por um momento, pensei em passar de violência verbal, para física. Aquela garota estava merecendo uma voadora, Amber estava realmente me tirando do sério!
- Eu disse dedos espirituosos, e não dedos duros! – Ela dizia, enquanto eu tinha que fazer a porra dos dedinhos alegres com as mãos, quando eu não via diferença nenhuma na droga dos dedos retardados dela, e nos meus dedos.
- Toma aqui seu dedo espirituoso! – Mostrei o dedo do meio e me neguei ter que fazer aquilo de novo.
Tudo bem, nós nos odiávamos, mas me fazer de gato e sapato naquele ensaio tinha sido demais. E pra finalizar aquela palhaçada com chave de ouro, ela me fez subir numa pirâmide gigante que seria montada no meio da coreografia, sendo que eu teria que ficar no topo.
Cara, quer me matar, me dá um tiro no meio da testa de uma vez!
- Você vai subir como se fosse uma escada – Ela explicava, enquanto a pirâmide já estava sendo montada – A base é essa primeira fileira, você primeiro sobre em uma delas, depois vai subir na Cady, apoiar na Ligia, depois subir de novo na e depois coloca sua perna direita no pescoço da Lily.
Poderia repetir, em slow motion e de preferência na minha língua? Fiz tudo que ela explicou, pisei em uma, subi em outra, dei um chute sem querer na cara da , mas finalmente fiquei lá em cima.
WOW, era alto, e precisava de equilíbrio. Ok, “você está segura”, repetiam isso milhares de vezes e eu me sentia confiante por... 2 segundos, e então lembrava da Angelina e seus purês de batata que ela chamava de perna.
- Sorria , isso não é um show de horror! – Ouvi a Amber gritar. Pimenta no cú dos outros é refresco! – Agora levanta as mãos.
- Eu fiz ballet, não aula de circo! – Gritei de volta – Agora eu quero descer! – Choraminguei.
- Se joga! – Gritou.
- EU ESTOU FALANDO SÉRIO, COMO EU SAIO DAQUI AGORA?!
- Se joga pra trás, ! – Agora era que falava – As outras meninas estão atrás de você pra te pegar, se joga de costas!
- Mas e se eu me estatelar no chão? – Perguntei apavorada.
- É um risco que corremos – Ótimo comentário em ótima hora, Jenkins – É sério, você não vai cair estatelada no chão! – A Angelina caiu!
Respirei fundo e contei até 3.
- Um... – Falava comigo mesma – Dois... Dois e meio... Três! – Gritei, mas antes deu perceber já estava sendo segurada por 8 meninas, 4 de cada lado.
Ah, gostei! Quero de novo!
Quando me dei conta que todos, inclusive os meninos do time tinham corrido para onde eu estava porque se assustaram com o meu grito, eu comecei a rir. Rir como nunca! Eu mal conseguia respirar e meu estômago e minhas bochechas doíam. Eu notei que muitos começaram a rir de mim e uma desses muitos foi Amber. Gente, que medo, quando eu falo que a esquisitice anda correndo atrás de mim, vocês acham que é brincadeira!
Andrew deu a mão para que eu me levantasse
- Você é louca, quando te vi gritando e pulando ali de cima meu coração só faltou sair pela boca – Ele me abraçou rindo.
- Relaxa, você não vai se ver livre de mim tão cedo.

POV:

Quando estávamos jogando, ouvimos um grito. Olhamos imediatamente para o campo onde as meninas da animação estavam ensaiando, e vi Andrew sair correndo quando viu que o grito era de . Meu coração só faltou pular pra fora quando pensei que ela tinha se machucado ou algo do tipo, estava prestes a matar a Amber pra falar a verdade. Corri até lá, atrás de Andrew, mas um suspiro de alívio passou por mim quando a vi deitada nos braços das meninas, rindo que nem uma retardada. Sentia falta de vê-la sorrindo.
Andrew a ajudou levantar e deu um abraço nela e após ela dizer algo que não entendi, a beijou. Será que ela não conseguia perceber a maneira como ele a olhava? Era como se ela fosse algo de comer! Ok, pra ele, ela era de "comer", se você for parar pra pensar... Ok, não vou parar pra pensar nisso. Um arrepio passou por minhas espinhas ao imaginar aquilo. Não entendi o que eu sentia, mas uma raiva tomou meu corpo quando vi suas mãos passarem na parte lateral de seu corpo levantando um pouco de sua saia
- A mão, cara pálida! – cortou o beijo e deu um tapa na mão do Collins o fazendo tirá-la dali.
Que estranho, nenhuma menina que eu já havia ficado ou transado, tinha reclamado de eu tentar passar a mão em suas coxas ou algo mais acima, como era o caso no puto do Collins. Ele era o namorado dela, então ele tinha essa "liberdade", não tinha? Se a garota fosse minha, eu colocaria a mão onde decidisse colocar, afinal, ela seria minha.

//POV:

Peguei minhas coisas no armário, me troquei, lógico, para evitar sarrinhos do meu querido pai quando chegasse em casa, e fui embora. Não vi mais os meninos, e também não vi Drew quando saí da escola. tinha saído mais cedo pra terminar o trabalho lá que ela estava fazendo, e tcha-ram, lá estava eu, sozinha. Fui pegar meu carro, e fiquei surpresa quando vi meu pai ali novamente, e pra eu ficar mais surpresa ainda, ao lado de .
Me aproximei, porém não falei nada. Só fiquei observando. Eu não gostava muito daquela cena, eu não gostava que meu pai gostasse tanto do , não gostava da maneira como ele sempre o protegia de tudo, mas ver os dois conversando animadamente, não me incomodou da maneira como deveria incomodar.
- Mas tá bem foda, a gente ensaia quase todo o dia, e abrir esse show vai ser demais. Nem acreditamos quando ficamos sabendo! – Ouvi o comentar, provavelmente sobre o show do final de semana que eles iriam fazer.
- Queria muito ouvir vocês, sério mesmo! Mas estou sem tempo hoje de noite, já vou voltar pra Nova York, mas eu venho pra cá logo, talvez mês que vem, a Alison tem uma apresentação na escola e eu queria estar aqui e... – Meu pai percebeu minha presença – Oi, filha!
se virou e também me olhou. Me aproximei mais deles, até que meu pai conseguisse me abraçar de lado.
- E aí, como foi tudo? – Perguntou animado.
- Bem... Na medida do possível – Sorri fraco – Queria que você ficasse mais tempo – Falei, meio decepcionada, eu queria ter mais alguns dias com ele aqui.
- Eu também, só que eu não posso deixar todo meu trabalho lá por muito tempo. Mas eu volto, ok? Provavelmente próximo mês. Eu quero ver a apresentação da Allie na escola de dia dos pais.
- O Andrew queria te ver...
- Eu sei, mas deixa pra próxima... Eu vi o , sabia? Ele estava aqui agora pouco antes do chegar – O encarei novamente, mas abaixei o rosto em menos de 5 segundos. Por que eu me comportava feito uma idiota perto dele?
- Que bom, ele tava querendo mesmo ver você – Sorri – Vamos? A gente ainda precisa ir pegar a Allie.
- Vamos. , sério, quando eu voltar eu quero ouvir tua banda! – Me soltou e deu aqueles toques de homem incrivelmente bizarros – Tava com saudades de você, campeão, vai um dia pra Nova York, tem muita gente que eu preciso te apresentar – Pai, cala a boca, pelo amor de deus.
- Opa, demorou! Também tava com saudades Matt, você faz falta cara. Pena que não vai poder ficar pro show no final de semana.
- Eh, mas a vai, não vai? - Meu pai estava pedindo para ser exterminado, certeza. Por um breve momento, eu pensei que ele estava me jogando pra cima de . Espero que seja apenas uma impressão, ou se não eu seria capaz de matá-lo.
- Claro... não me perdoaria se não fosse - Dei uma risadinha forçada, e joguei toda a razão de ir nesse show em cima do meu primo. Só espero que tenha funcionado.
- Tá certo, então. Bom, deixa eu ir antes que a Allie surte em não me ver na escola. Toma conta da minha princesa aqui, hein - Ok, meu pai tinha tirado o dia pra falar besteira, ou o quê?
- Pai... – O que meu pai nunca tinha me envergonhado na vida, ele estava fazendo agora.
- Se ela deixar... - Disse .
- Tá bom, chega por hoje, vamos lá? – Paguei de louca, abri o carro e entrei.
Ah não, hoje todo mundo resolveu bater a cabeça da quina da cama antes de levantar, não é possível!
Meu pai falou mais alguma coisa com o , e depois entrou no carro. Era agora que eu matava ele?
- Qual é a sua Matthew ? – Perguntei brava – Que cena patética foi aquela? “Cuida dela pra mim”, pelo amor de deus, ele é o , sabia?
- Por isso mesmo que eu falei isso, eu confio mais nele no que no Andrew pra fazer isso – Falou enquanto colocava o cinto de segurança.
- Você confia, eu não - Ou confiava? Grrr, chega disso, eu já estava ficando louca, era muito para um único dia! - Esqueceu que a gente nem se fala mais? Ou não se falava... Sei lá – Balancei a cabeça sem entender mais nada.
- Não foi ele – Franzi o cenho sem entender – Que te dedurou pro diretor – Meu pai tinha tirado o dia pra querer foder, rolar e dançar em cima com a minha vida, isso era fato – E você tá quase convencida disso. Você deu um soco na cara dele em menos de uma semana, e quase queria morrer pelo que aconteceu, o que eu esperava hoje quando você me viu conversando com ele, era um barraco tremendo que nem você fez da ultima vez que viu a gente conversando.
- Se eu não faço barraco, é porque eu não faço, agora se eu faço, eu sou uma doida – Bufei – É simplesmente ridícula a relação entre vocês dois!
- Eu o conheço desde que ele tinha 4 anos de idade, o praticamente morava em casa, ele sempre foi como da família. O problema foi entre vocês dois, se ele tivesse realmente feito alguma coisa que prejudicasse você, aí sim tomaria suas dores, mas ele ainda gosta de você, e não faria nada pra te prejudicar.
- Você simplesmente esqueceu tudo o que ele fez pra mim? - Perguntei, um pouco sentida - Eu tenho meu orgulho, ok? Não é fácil perdoar tudo aquilo que ele me fez passar!
- Eu sei o que ele te fez, e você sabe como fiquei do seu lado... Mas você sabe que no final das contas foi um mal entendido.
- Juro, se você não fosse meu pai, eu abriria a porta do carro e te jogava pra fora – É nessas horas que eu realmente gostaria de ser adotada.
- Porque você sabe que o que eu estou falando é verdade. Você também gosta dele.
- NÃO GOSTO NÃO!
- Gosta sim.
- Eu tenho namorado, e pro seu governo, eu gosto do Andrew. E muito!
- Quem disse em gostar nesse sentido? Você que tá falando, eu tava dizendo gostar como pessoa.
- Ah pai, pelo amor de Deus, você tá parecendo a já!
- A gente só fala a verdade.
- Não, vocês só falam merda! – Gritei – Mas que droga, da pra vocês pararem de querer que minha vida vire um inferno? Obrigada!
Me encontrava de um jeito que eu queria acordar e saber que aquele dia todo havia sido um sonho daqueles bem bizarros sem pé nem cabeça. Desde minha briga com , eu tinha prometido a mim mesma que jamais, nunca, em hipótese alguma, me aproximaria dele novamente. Tudo bem, eu continuo cumprindo minha promessa, ou pelo menos tentando. Mas eu não contava que tentasse se aproximar de mim novamente, o que de fato deixa meus planos muito mais difíceis de serem executados. Eu sou fraca, sacou? E apesar de aparentar ser uma ogra sem sentimentos, eu tenho coração, e além de ter um coração ainda sou uma menininha boba, idiota e que às vezes tem vontade de voltar no tempo e mudar tudo pra não ter que estar nessa situação agora.
Papai do céu, socorro, não quero passar pela mesma coisa de novo. Uma vez já foi doloroso o suficiente pra passar por isso mais uma vez.

Capítulo betado por Sofia Queirós



Capítulo Onze
"It's the same old story, same old song and dance my friend" - Aerosmith (Same Old Song And Dance)



5 razões para nunca passar pela sua cabeça querer virar uma líder de torcida:
5) Alguns garotos pensam que sinônimo de líder de torcida é piranha, fica aí a minha dica.
4) Líderes de torcidas são neuróticas. Elas têm medo que tudo dê errado e tudo têm que ser perfeito, sem nenhum errozinho sequer. Comecei a me preocupar quando me peguei brigando comigo mesma dentro do meu quarto, só porque não conseguia fazer uma seqüência de movimentos que precisava para a coreografia.
3) Virei líder de torcida e de graça me tornei um zumbi. Eu não tinha hora para dormir. Como eu não sabia simplesmente nada das coreografias e o campeonato seria em poucos dias, passei toda a semana acordando às 5 da manhã e voltando às 5 da tarde para casa. E daí eu pergunto, e minha vida social? Ou melhor, e meu sono?
2) Ter que ouvir Amber Jenkins berrando na sua orelha o dia inteiro. Sabe quando você vai a algum lugar com um som muito alto e quando você sai de lá seu ouvido começa a apitar? Pois é, eu tava vendo o dia que voltaria pra casa com os ouvidos apitando por causa de seus berros.
E o pior de todas as cinco razões para nunca passar pela sua cabeça querer virar uma líder de torcida:
1) Ver mais que o necessário. Depois do que aconteceu, decidiu parar de ser idiota e isso me preocupou e, se vocês querem saber a verdade, isso não me preocupou pouco, isso me preocupou muito. E por isso eu meio que o evitei. Eu estava assustada e tinha medo.
Muito medo. Não dele, mas da situação em si. Acho que era meio que uma auto proteção da minha parte. A semana toda se resumiu em decorar gritos e praticar coreografias.
Se eu não tivesse ensaiando todos os dias, dando cambalhotas até ficar tonta e andando mais com meus pompons do que meu próprio violão, eu diria que minha vida havia novamente voltado ao normal depois da volta de meu pai para Nova York.
Mas até que teve um lado bom em tudo isso, apesar do lado ruim ser muito ruim e ofuscar o bom. E esses foram Andrew e minha mãe. Se eu soubesse que virar líder de torcida deixaria minha mãe tão relaxada em relação a mim, eu poderia ter mentido estar nessa equipe fazia tempo.
Já Drew, como os ensaios eram sempre com o time de futebol, passei a ficar mais tempo ao lado do meu namorado, que de uma hora para outra começou a ficar extremamente empolgando para nossa viagem a Brighton junto com a equipe de futebol e cheerleader da escola. Eu conseguia imaginar o motivo.

Finalmente sábado havia chegado, da pra entender isso? Não, você não consegue imaginar o quanto eu estava empolgada para hoje à noite. Primeiro porque não tinha ensaio, segundo porque hoje, pela primeira vez, veria um show do McFly.
Estava me arrumando ao som de Crazy do Aerosmith. Deveriam me filmar de calcinha e sutiã cantando e segurando uma escova de cabelo como um microfone. Ou melhor, esqueçam as câmeras, aquilo era algo deplorável.
Combinei de encontrar Andrew no pub para vermos o show juntos e depois irmos até a festa na casa de Amber. O clima entre Amber e eu estava meio diferente do que costumava ser. Apesar da sua pouca paciência comigo nos ensaios, nós não nos alfinetávamos como antes e eu estava até sentindo um pouco de falta daquilo. Eu sei o quanto isso é estranho vindo de mim, mas talvez, eu digo só talvez, Amber Jenkins não fosse tão piranha e vadia quanto eu pensava. Não posso negar que eu conseguia me divertir um pouco naqueles ensaios. Coloquei uma roupa e depois me maquiei. Decidi não fazer nada no cabelo hoje, não estava interessada em ter mais trabalho.
Quando estava pronta, peguei minha bolsa e a chave do meu carro. Como eu já disse, minha mãe andava me tratando com uma certa “meiguice” depois que me viu fantasiada de líder de torcida. Ela só faltou chorar, tanto que hoje ela nem reclamou que eu iria ao show. Isso era tão bom, ouvir minha mãe reclamar menos era luxo! Queria poder dizer o mesmo de Allie, na verdade, ela até chorou ao me ver vestida daquele jeito, só que de rir. Tudo bem, eu esperava por isso, afinal, ela era Alison , minha irmã.

O pub estava lotado, na verdade até um pouco claustrofóbico, mas isso era bom. Bom porque quanto mais gente, mais divulgação seria para a banda dos meninos. Eles surtariam se vissem a quantidade de gente que tinha para ver o show. Tudo bem que grande parte estava ali para ver o City And Colour, mas, de qualquer maneira, os fãs da banda passariam a conhecer o McFly.
Tive que rodar aquele lugar todo para tentar achar Drew, que aparentemente não estava lá ainda. Seu celular chamava loucamente, mas ninguém atendia. O bom era que eu conhecia algumas pessoas e assim acabei de distraindo um pouco enquanto meu namorado não chegava.

Primeira cerveja.
Meia hora tinha passado e Andrew ainda não havia chegado. Continuei tentando ligar para seu celular, mas ele continuava sem atender. Comecei a ficar um pouco preocupada e irritada.
Segunda cerveja.
Sentei num banco em frente ao bar e pedi um Martini, precisava ficar mais calma. Alguns minutos depois eu vi um pessoal entrar no palco para arrumar uns instrumentos e imaginei que, em alguns minutos, o show do McFly começaria. Olhei ao redor tentando achar meu primo que já deveria ter chego, mas lembrei que ele provavelmente não entraria pela entrada normal, deveria ter alguma entrada lá atrás para as bandas.
Primeira dose de tequila.
As luzes se apagaram e algumas meninas começaram a gritar. Olha que bizarro, eles tinham fãs histéricas! Comecei a rir sozinha. Ferrou, eu já começava a rir que nem uma retardada e isso não era bom, mas quem se importa?
Cara, cadê o Andrew?
Segunda dose de tequila.
E então o Mcfly começou a tocar e nisso eu já estava na quarta dose de tequila. Não é que eles eram bons? Digo, o McFly, não a tequila. Quer dizer, a tequila também era boa, quer dizer, muito boa! Comecei a balançar a cabeça de acordo com as músicas e prestar atenção nas letras. Algumas eram engraçadas, típico, outras mal educadas, bem a cara deles, e outras românticas, eu sabia que no fundo eles tinham coração. Eu nunca tinha visto tocando e ele parecia tão concentrado naquela hora que chegou a ser engraçado e sexy.
O que? Eu disse que ele é sexy? Mas ele é mesmo. E muito. Infelizmente.
Eu não estava em um estado muito bom para avaliar a banda. Primeiro que já tinha ingerido doses e mais doses de Tequila até o show deles acabar e, segundo, eu prestei mais atenção em um certo integrante do que na banda. E se vocês querem saber, eu poderia não estar bem para avaliar nada, mas que o estava extremamente gato tocando naquele palco, isso ele estava. E parecia que as fãs histéricas concordavam comigo. Sai pra lá suas lambisgóias, eu vi primeiro!

POV:

O show tinha sido foda e o público estava com uma energia animal. Fomos até o meio do palco agradecer a todos e foi ali que a vi sozinha, sentada em frente ao bar, me encarando. Nossos olhares se encontraram e, diferentemente das outras vezes, ela não desviou ou mandou seu famoso dedo do meio. Ela não estava tão feliz quanto eu imaginava que estaria.

Saímos do palco e quis ir até o bar para poder falar com e depois assistirmos o show do City And Colour.
Eu já havia tirado foto com algumas meninas, mas autografo era algo que nunca tinham me pedido e que eu jamais pensava que alguém iria me pedir. Não agora, tão cedo, afinal a banda ainda estava no anonimato.
É, eu gostava daquilo. Não só daquelas gostosas dando em cima de mim, mas daquela admiração. E posso dizer que não imaginava que aquela quantidade de gente conhecia nossa banda. Tudo estava sendo melhor do que eu imaginava.
Achamos sentada no bar e, confirmando as minhas suspeitas, ela não estava bem. , e a cumprimentaram com um abraço e eu, como sempre, não fiz o mesmo.
- Está tudo bem? – perguntou pra ela e eu comecei a prestar atenção na conversa sem que percebessem. Ela negou com a cabeça – O que foi, amor?
- Nada que vale muito a pena falar agora e estragar mais a minha noite. Vão lá, o show vai começar, eu vou ficar por aqui! – Deu de ombros. Impressão ou ela tava falando enrolado?
- Não, vamos ficar juntos! – Disse .
- Parem de ser idiotas, garotos da banda super demais! Olha, eu não estou muito sóbria pra avaliar a banda, mas até onde tenho condições de avaliar, vocês são ótimos – Ela fez joinha e todos riram. É, ela estava falando mesmo enrolado. estava completamente bêbada – Agora vão, vou ficar triste se vocês ficarem aqui plantados feito guarda-costas. Tem um monte de gostosas por aí olhando pra vocês, andem! Aproveitem! To de olho em você, – Nós rimos e e saíram, antes dando um beijo na testa da .
- Eu to indo pra casa da Amber - Disse - Combinei de encontrar uma pessoa lá.
- Cachorro - Disse em um tom engraçado - ... Você viu o Andrew por aí?
- Não... Eu pensei que ele estaria com você, ele disse que vinha, não disse? - Rolei os olhos. Que morra o Collins.
- Foi... É, deve ter acontecido alguma coisa - Ela estava um pouco triste por causa daquele babaca. Como eu queria que aquele cara sumisse do mapa... - Bom, se você encontrar o Drew, fala que estou procurando por ele.
- Pode deixar, agora vou indo... - Beijou a bochecha de , deu um tapinha em minhas costas, e saiu.
Todos tinham saído.
Eu fiquei. Por quê? Sei lá, eu já sou um idiota, ser um idiota e meio não faria diferença.
- O que foi, cowboy? – Perguntou – Chega aqui, não me cumprimenta e ainda fica parado feito um dois de paus me olhando?
- Não sabia que você se importava se eu deixava ou não de falar com você – Ela deu uma risada sem graça.
- Pois é, nem eu sabia... Vai ver que você está começando a me acostumar mal outra vez – Franzi o cenho sem entender muito bem o que ela queria dizer com aquilo – Muitas coisas estão me surpreendendo nos últimos dias e você... – Apontou pra mim – É uma delas. Isso não é certo, .
Antes que eu pudesse responder, ouvi uma gritaria, o show do City And Colour estava começando. virou seu corpo pra frente para tentar ver o show e eu fiquei ao seu lado com a mão no bolso da calça, também tentando ver alguma coisa, mas estava difícil com tanta gente na frente e com aquela garota ao meu lado. Ela tinha me deixado intrigado com aquilo que havia acabado de falar. A pergunta era: quando aquela garota não me deixava intrigado?
Se eu estava a surpreendendo tanto, será que eu estava indo pelo caminho certo?
Durante o show, eu olhava pra ela às vezes e parecia que mesmo distante do palco, com várias pessoas ao redor, ela saía de orbita com as músicas.

Quando eles já tinham cantado várias músicas e eu percebi que o show estava pra acabar, eu olhei pra ela e haviam lágrimas em seus olhos, só não notei isso, como a notei por inteira.
Ela estava tão linda e tão triste que eu poderia matar o motivo que a deixava daquele jeito.
- Quer tentar chegar mais perto? – Perguntei alto para que ela me escutasse.
- Vou ser sincera... – Ela se aproximou de mim como se fosse contar algum tipo de segredo importante - Se eu levantar daqui, é capaz de eu cair no chão feito uma jaca podre. Sabe como é que é, né? Eu acho que bebi um pouco demais – Ela dizia com uma garrafa de Heineken na mão.
- Sei... – Tentei não pensar muito naquilo quando fiz, mas peguei em sua mão, ajudando-a a levantar – Relaxa, você não vai cair feito uma jaca podre... Não se tiver a pessoa certa perto de você. – Repeti o que ela disse pra mim anos atrás quando ela fazia um anjo na neve.
Ela sorriu boba e me deu as mãos. Fiquei feliz que ainda lembrasse daquilo.
Tentei levá-la o mais perto do palco que consegui. Eu segurava em seus braços e sua cintura. Ela realmente estava muito bêbada, seria impossível pra ela andar em uma superfície plana.
- Essa é minha música favorita – Disse animada quando começaram a tocar Day Old Hate – Pena que não da pra ver direito – fez bico, esticando o pescoço para tentar ver o palco.
Eu já disse diversas vezes pra ela não fazer isso! Eu era fraco!
Deixei ela em pé e fiquei na sua frente.
- Sobe! – Falei me abaixando pra ela colocar as pernas em volta de meu pescoço para que eu a levantasse. Ela me olhou assustada – Anda logo, antes que eu mude de ideia! – Gritei e ela subiu. Aquilo não me incomodava, ela era leve. E era a .

So let's face it this was never what you wanted
(Então vamos encarar a verdade, isso nunca foi o que você queria)
And I know its fun to pretend
(Mas eu sei que é divertido fingir.)
Now blank stares and empty threats
(Agora, olhares em branco e ameaças vazias)
Are all I have, they're all I have.
(São tudo o que eu tenho)
So drown me and if you can
(Então me afogue... se puder)
Or we could just have conversation.
(Ou nós podemos apenas conversar)
And I fall, I fall, I fall down
(E eu caio, eu caio, eu perco o equilíbrio)
But I found you, before I drift away
(Te encontrei antes de partir)

Conseguia ouvir seus gritos cantando com a música e suas risadas divertidas que conseguiram substituir seu rosto triste de minutos atrás. Fiquei feliz por conseguir aquilo. Vi suas mãos encostar com a do vocalista da banda e imaginei o quão louca ela deve ter ficado por ter feito aquilo.

Now you still speak of day old hate
(E agora você fala de ódio antigo)
Though your whole world has gone up into flames
(Embora seu mundo todo tenha acabado em chamas)
And isn't it great to find that you're really worth nothing?
(E não é demais descobrir que você não vale nada?)
And how safe it is to feel safe.
(E o quão seguro é se sentir seguro.)
So drown me and if you can
(Então me afogue..se puder)
Or we could just have conversation.
(Ou nós podemos apenas conversar)
And I fall, I fall, I fall down
(E eu caio, eu caio, eu perco o equilíbrio)
But I found you, before I drift away
(Te encontrei antes de partir)

Parei um pouco pra prestar atenção na letra, e não é que a maldita tinha a ver com tudo o que acontecia? Eu não conhecia, só conhecia a banda de nome porque eu ouvia ela sempre comentar das músicas com os caras ou com a . Por curiosidade eu procurei alguma coisa na internet, mas preferi ficar afastado, com medo de virar um gay que escuta música e lembra de uma garota.

The things we do just to stay alive
(As coisas que fazemos pra ficar vivos)
The things we do just to stay alive
(As coisas que fazemos pra ficar vivos)
The things we do just to stay alive
(As coisas que fazemos pra ficar vivos)
The things we do just to keep ourselves alive.
(As coisas que fazemos só pra nos manter vivos)

A música foi acabando e senti suas mãos em meu ombro como se tivesse me chamando. Olhei pra cima e ela estava com as costas curvadas e com a cabeça pra baixo para me olhar.
- Obrigada – Li em seus lábios. E então deu um beijo na ponta do nariz.
No mínimo eu estava com uma puta cara de idiota. Claro, eu era um idiota e meio esqueceu? Agora um idiota completo. Ela voltou a posição que estava e se mexeu um pouco indicando que queria sair. Eu me abaixei e ela saiu.
- salvando minha noite, wow! Isso é novo, sabia? – sorriu.
No mesmo instante e se aproximaram com as suas respectivas “ficantes” comentando sobre o show.
Todos eles iam para a casa da Amber aproveitar a festa que estava rolando. Perguntei se a queria ir com a gente, mas no início ela se recusou dizendo que queria ir pra casa.
- Para de ser boba, vem com a gente – Disse e ela fez uma cara feia – Desamarra essa cara, qualquer coisa a gente te deixa em casa se você quiser ir embora.
- Mas eu to de carro! – Boa desculpa, mas não pra gente.
- E você acha que você vai pra onde nesse estado? Dá a sua chave pro , ele vai dirigindo e você vai comigo e com o – Isso mesmo, , dá uma de protetor!
- Ta bom! – Ela se rendeu. Na verdade, ela nem deveria saber o que ela estava fazendo.

Enquanto os caras se despediam das meninas que tinham acabado de conhecer, levei a pro meu carro, ajudei-a a entrar no banco atrás do passageiro e também fiz o mesmo só que entrando pelo lado do motorista. Decidi ir no banco de trás com ela quando me dei conta que nem sentada ela conseguia ficar direito. Bêbado é uma merda e você só se dá conta disso quando está sóbrio. Joguei a chave no banco de , ele dirigiria meu carro hoje, eu precisava cuidar de um problema.
Quando voltei a olhar pra , jogada com a cabeça apoiada no vidro, percebi que ela estava ficando meio verde.
- Você ta legal? - Ela deu uma resposta bem direta, abriu a porta do carro e começou a vomitar. Pulei para o seu lado segurando seu cabelo enquanto ela vomitava tudo que tinha bebido.
Peguei uma toalha de rosto que guardava no carro e dei pra ela. Depois de alguns segundos soltei seus cabelos e ela levantou a cabeça colocando a toalha na boca.
- Melhor? – Ela balançou a cabeça positivamente.
Fechei a porta do carro, abri o vidro para que ela tomasse um pouco de vento e mantive meus olhos nela com medo que passasse mal outra vez. Sem pensar muito bem no que estava fazendo, tirei sua franja da testa e coloquei uns fios de cabelo atrás de sua orelha. abaixou a mão com a toalha que estava na sua boca e abriu os olhos para me encarar. Ficamos assim por um tempo, nos encarando em silêncio.
- Eu te odeio tanto... - Fechou os olhos com força e então aquela decepção bateu em mim. Depois desse tempo eu já tinha me acostumado a ouvir isso, mas não nessas circunstâncias, não quando eu estava me esforçando pra mudar aquilo tudo.
Uma bola se formou em minha garganta me impedindo de falar qualquer coisa, quando de repente começou a me bater. Sim, a me bater! Estava tentando me proteger de seus tapas e tentando entender aquele ataque súbito de loucura. Então ela começou a chorar.
- Por que você me deixou? - Choramingou - Por que você fez aquilo comigo, por quê? Você não podia ter simplesmente me deixado! Você era meu melhor amigo e a pessoa que eu mais me importava no mundo, !
Eu fiquei estático, não me movia, na verdade eu queria me convencer de que eu havia mesmo escutado aquilo. havia feito minha cabeça girar junto com meu estômago. Ela não podia jogar uma coisa dessas em cima de mim tão de repente!
- Você não parecia se importar se eu te deixaria ou não. Você me pediu pra ficar longe, eu só fiz o que você queria.
- E por que não insistiu? Você simplesmente aceitou o que eu falei e foi terminar seu trabalho com aquela...
- Não sabia que você queria que eu insistisse!
- Eu sou uma garota, é lógico que eu queria que você insistisse! Eu estava brava, decepcionada, e triste, na verdad,e com um rombo no peito, mas você nem ao menos tentou me fazer mudar de ideia! - Eu não tinha o que dizer, na verdade acho que todo o oxigênio do meu cérebro tinha ido pro espaço. Ela abaixou a cabeça - Eu... Sinto sua falta.
Ela estava bêbada, , ela não sabe do que está falando.
- Eu também - Muito bem seu banana, depois você fica na merda e não sabe por quê.
Foi a vez dela de não responder.
me pegou de surpresa mais uma vez naquela noite quando se deitou no banco e colocou a cabeça no meu colo. Mais fácil perguntar quando ela não me pegava de surpresa. Quando ela fechou os olhos, parecia que meus braços se moviam sozinhos e minha mão foi em direção a sua cabeça. Então abriu os olhos e eu fiquei com um pouco de medo da sua reação.
- Queria ser criança pra sempre. Ter 17 anos é uma droga, colegial é uma droga, tudo é uma droga.
- Hey, Peter Pan - Brinquei e ela sorriu.
começou a encarar o teto do carro e respirou fundo.
- O que foi? – Perguntei.
- Eu odeio quando fazem isso – Sua voz era trêmula.
- Fazem o que? – Perguntei, mas na verdade o que eu queria era arranjar um jeito de acalmá-la de uma vez por todas.
- Me deixam sozinha – Falou baixo.
- Você não está sozinha agora – Franzi o cenho confuso. Mas não precisava pensar muito, antes mesmo de ela responder eu já sabia o nome e o sobrenome do seu maldito problema.
- To falando do Andrew – Mesmo já sabendo dessa resposta, parece que levei um soco no estômago – Ele sempre me deixa sozinha quando eu mais preciso. Parece minha mãe.
- Por que você ainda está com esse babaca? – Talvez eu não devesse falar dessa maneira, mas aquele cara já estava me irritando. Ele já havia a magoado mais de uma vez e por algum motivo estúpido que no momento eu não queria saber qual era, eu não admitia isso. Na verdade, nunca na minha vida eu admiti alguém magoando-a, mesmo que eu já tivesse feito muito isso com ela.
- Porque... Porque eu... Eu não sei, as coisas não são tão fáceis assim! - Tudo o que eu menos precisava ouvir agora é que ela gostava daquele otário.
- Quer saber? Esquece, não precisa responder – Tirei a mão de seus cabelos e virei a cara pra janela.
Cacete, cadê o ? Eu precisava de uma merda de um cigarro. Não dava pra fumar dentro do carro e eu simplesmente não podia deixá-la aqui no estado que ela estava. Porra, foram pra um motel e esqueceram de avisar? Ela levantou a cabeça do meu colo e eu agradeci mentalmente por aquilo. Estava puto da vida. se encostou na porta o mais distante de mim e colocou as pernas sob o banco e as abraçou.

//POV:

Eu acordei quando senti o solavanco do carro parando. Abri os olhos devagar, ainda um pouco tonta e vendo algumas coisas dobrado, mas pelo que eu entendi, já estávamos em frente a mansão de Amber. Os meninos foram saindo do carro e eu abri a porta para ir junto. Apesar de tudo, eu me sentia um pouco melhor, pelo menos agora eu conseguia andar sem cair. mal olhou na minha cara quando saímos do carro, ele parecia bravo comigo e eu estava começando a concordar que eu sempre estragava tudo.

Entramos na festa e eu procurava loucamente por no meio de toda aquela gente. Várias pessoas me cumprimentaram e eu não tinha idéia de quem eram. Olhei ao redor e nada, me apoiei na parede e tomei fôlego para continuar. Cacete, eu ainda tava bêbada. Ao olhar um pouco pra cima, vi a pessoa que menos desejava ver naquele momento. Meu namorado estava descendo as escadas quando mudei de direção para que ele não me visse. Tarde demais.
Andrew abraçou minha cintura por trás e minha vontade era de estapeá-lo.
- Me solta! – Tentei me soltar dos seus braços, mas ele me impedia. E vamos combinar que eu não estava no meu estado mais perfeito para consegui me defender de algo.
- Desculpa, eu preciso explicar, eu... – Me virei de frente pra ele, conseguindo finalmente me desprender de seus braços.
- Andrew, eu não quero saber. Seria muito mais fácil você dizer que estava louco pra vim pra essa merda de festa, eu insisti pra você vir pra cá! Agora, me deixar plantada dentro daquele pub sozinha? Eu estou de cabeça quente e não adianta você vim me falar absolutamente nada, porque só vai piorar tudo – Discutir naquele estado, no meio de todo mundo e com música alta, era tenso. E minha cabeça começando a latejar não estava ajudando muito.
- Cabeça quente e bêbada. Como você veio dirigindo até aqui? – Preocupado agora? Eu tinha avisado, qualquer coisa que ele me falasse naquela hora, só pioraria a situação
- Não, eu não vim dirigindo sabe por quê? Porque MEUS AMIGOS me ajudaram, se você quer saber até conseguiu ser muito mais pra mim do que você foi durante todos esses dias! Satisfeito? – Dei as costas pra ele e, no mesmo instante, dei de cara com a – Me tira daqui, por favor – Implorei e ela concordou.
pegou minha chave com e saímos imediatamente da casa de Amber. Ela me ajudou a entrar no carro e, assim que sentou no banco do motorista, começou a me olhar preocupada a todo o momento antes de começar o interrogatório. Ela não deveria saber o que tinha acontecido, mas eu aparecer do nada, naquele estado junto com os meninos, podia imaginar que boa coisa não tinha acontecido.
- Por favor, não me pergunta nada hoje – Pedi antes que ela desse partida no carro.
Fomos da casa de Amber até minha casa em puro silêncio. Algumas lágrimas ainda saiam de meus olhos e tudo o que eu mais queria era que um dia eu aprendesse a não fazer mais burradas do jeito que eu andava fazendo.

Chegamos em casa e ela me ajudou a subir as escadas já que eu estava meio impossibilitada, tomando o maior dos cuidados para não acordar ninguém. Aguentar Lizzie e Steve falando na minha orelha que eu havia bebido não é bom, quem dirá quando você ainda está bêbada.
Entrei no quarto e fui direto pro banheiro tomar um banho frio, antes de me deitar.
dormiu ao meu lado, preocupada com o que poderia ter acontecido.
Eu desmaiei, parecia que estava dias sem dormir direito.

Conseguia sentir minha cabeça latejar antes mesmo de abrir os olhos. Meu estômago revirava e meu corpo todo doía. Meu estado era deplorável.
Ainda não sabia o que tinha me acordado, minha cabeça, meu estômago ou a luz do lado de fora que entrava no meu quarto bem na direção da minha cama. Olhei no relógio do celular e marcavam 4 horas da tarde. Eu não me lembrava que horas eu tinha chego em casa, como muitas coisas que pareciam um buraco negro em minha mente. Me virei e não estava mais, porém havia um bilhete ao lado do meu celular
”Vim pra casa tomar um banho e pegar algumas roupas. Vou dormir na sua casa de novo, temos muito o que conversar. Drew não para de me ligar e também não para de TE ligar. Coloquei seu celular no silencioso quando EU já tinha perdido a paciência de ter que atender seu celular toda a hora. Mais tarde estou de volta. Te amo. .
PS: Seu carro está comigo, sua mãe insistiu

Olhei as chamadas e havia 37 ligações de Andrew. Arremessei o celular em algum canto, ignorando qualquer tipo de aviso no visor. Morra, não queria saber. Eu sei que uma hora ou outra eu seria obrigada a ter que falar com ele, mas enquanto eu pudesse evitar, eu evitaria.
Me levantei e fui pro banheiro tomar um banho e fazer minha higiene “matinal”. Coloquei uma roupa e desci para tomar água, eu estava sedenta.
Ressaca diz olá.
Lurdes havia preparado o almoço, Allie já estava comendo e eu decidi tentar fazer o mesmo. Sem trocar uma palavra no início, eu me sentei em sua frente e comecei a beliscar um pouco do bife que tinha no meu prato, mas meu estômago não tava dos melhores.
- Alguém falou que você está com uma aparência horrível hoje? – Perguntou Alison, sempre sincera.
- Não, mas eu me olhei no espelho – Dei um gole no refrigerante ao meu lado e bufei alto.
- Não sei se você sabe, mas a está com seu carro, ela teve que resolver algumas coisas e a mamãe insistiu. Tava todo mundo preocupado, você dormia feito uma pedra, Steve quase colocou a mão embaixo do seu nariz pra ver se você respirava – Ri fraco imaginando a cena de todos me olhando dormir imaginando se eu estava viva ou morta.
- Nah, eu tava viva, só cansada demais – Afastei o prato da minha frente – Cadê a mamãe?
- Foi em mais uma prova do vestido. E depois vai sair com o Steve pra decidir algumas coisas da decoração da festa.
- Como se Steve soubesse alguma coisa sobre decoração de casamento. Mas antes o Steve do que eu - Ri fraco - Eu vou subir, eu não to pra ninguém, além da , certo?
- Tudo bem, a já deu esse aviso – Me levantei da cadeira e passei a mão na cabeça de Allie antes de subir.

Me joguei na cama de barriga pra baixo. Tentei lembrar da noite passada, mas as únicas coisas que eu lembrava era eu esperando o Andrew plantada no pub. Ah, e também do show da banda dos meninos e do . Flashes começaram a invadiram minha cabeça.
Ele me levantando em cima de seus ombros para que eu conseguisse ver City And Colour cantando minha música favorita. Eu consegui até mesmo tocar na mão do vocalista! Eu estava tão feliz, ele tinha conseguido mudar meu humor em fração de segundos, tinha feito eu me esquecer de tudo e aproveitar o momento.
Lembro dele me ajudando no carro quando passei mal e também da nossa conversa. Eu não deveria ter tocado naquele assunto e ter falado aquelas coisas. Me sentei na cama e passei a mão na cabeça. Eu estava completamente confusa com o que aconteceu e com o que estava acontecendo.
Que saudades eu estava sentindo dele...

Capítulo betado por Letii


Capítulo Doze
"Sou quem duvida e a própria dúvida." - Ralph Waldo Emerson



Eu bem que poderia ir até a esquina da rua 20 conversar com o Robertão e ver como ele fazia pra curar suas ressacas, porque se até hoje eu não sabia como lidar com isso, Robertão com toda certeza saberia, mas o tenso é que não era só a ressaca meu problema.
Minha cabeça estava a mil. Eu nunca pensei tanto em toda minha vida e tava vendo a hora de sair fumaça da minha cabeça.
- E aí, como está se sentindo? – Estava tão perdida em pensamentos que mal percebi quando entrou no meu quarto.
tinha esse dom sobrenatural. Parecia que ela descobria quando eu precisava desesperadamente dela, e do nada ela surgia. Ela e meu pai tinham esse poder.
- Confusa, com dor de cabeça, confusa, sedenta por água e ah, confusa também – Ela se sentou na cama, ao meu lado.
- Sei como é que é – Tirou de dentro da sacola alguns comprimidos para dor de cabeça e estômago e me deu junto com um copo de água que estava no meu criado mudo. Eu já disse o quanto a amava? – Mas tirando a sua parte física, por que está confusa? Sem querer te assustar, mas você está péssima, o que aconteceu ontem? – Ainda bem que eu tinha me lembrado do principal, se não era capaz dela me matar por eu não lembrar de nada.
- É, minha irmã e meu espelho já me deixaram a par do meu estado – Tomei os remédios e voltei a colocar o copo em cima do criado mudo – Obrigada, falando nisso – Apontei para os remédios e ela sorriu – Bom, o Andrew me deixou plantada no pub e eu fiquei lá sozinha, até que os meninos terminassem de tocar e ficassem comigo – Ela arregalou os olhos não acreditando – Fazer o que, ele preferiu a festinha da Amber...
- Que filho duma puta! – Falou incrédula – Quando eu cheguei, ele já estava na casa da Amber! Pensei que vocês tinham mudado de planos, sei lá, eu não fui falar com ele porque do nada ele desapareceu.
- Pois é, e novamente me deixou sozinha.
- Eu me assustei quando me falou mais ou menos o que tinha acontecido. Fiquei apavorada quando ele disse que você estava caindo de bêbada. Você é retardada de sair bebendo por aí quando eu não estou por perto? E se tivesse acontecido alguma coisa?
- O ? – Franzi o cenho e ignorei completamente todo seu sermão sobre eu ter ficado bêbada. O estava junto comigo ontem, como ele tinha contado pra ? – Espera aí... Então a pessoa que o ia encontrar na festa da Amber era você? – Perguntei confusa e ficou vermelha.

Bom, resumindo toda a história, de repente decidiu virar homem e finalmente tomou uma atitude em relação a . tascou um beijo tão louco na minha amiga que a deixou abobada até agora. Porém, como tudo não é feito de rosas e infelizmente tem uma amiga que tem o incrível dom de estragar tudo, eu cortei o momento fofurinha dos dois quando cheguei na casa de Amber trançando as pernas, e teve que ir atrás de mim dar aquele auxílio ao bêbado.
Eu fiz tanta merda ontem que nem a que estava longe de mim, conseguiu escapar de minhas artimanhas. Parabéns, palmas pra mim.
- Então eu acabei com o clima do casal – Fiz uma cara culpada. Ah, eu era culpada mesmo – Não precisava de tanta urgência, mas agradeço por ter chego bem na hora que eu estava fugindo pra não ter que ouvir as abobrinhas do Andrew.
- Ele é tão lindo, fofo e carinhoso! Se você soubesse como eu me arrependo de não ter ido nesse show! – Disse ela, abraçando um dos meus travesseiros.
Não acredito que finalmente esses dois tinham ficado, não mesmo. Não acredito que finalmente deixou de ser gay!
- Que lindo! Você e o ! Awwwwnnn – Apertei a bochecha dela, recebendo um tapa em troca.
- Mas tirando tudo de errado, o que aconteceu? Como foi o show? Além das expectativas? – Ah, se ela soubesse...
- Se eu te falar conseguiu me impressionar mais que todo show, você acreditaria? – Fechei os olhos como se estivesse prestes a esperar uma bomba estourar.
não respondeu, acho que ficou esperando o Ashton Kutcher aparecer e falar “You’ve got punked!”. Só que, para seu espanto, isso não aconteceu, não era uma pegadinha, não tinham câmeras, e muito menos Ashton Kutcher. Era a pura e triste realidade. Contei tudo o que tinha acontecido, pelo menos o que eu lembrava. Falei o quanto tinha sido fofo comigo na noite de ontem, desde quando ele me viu sozinha no show, até quando ele me ajudou quando eu estava passando mal.
- Por isso que estavam todos segurando o Andrew ontem na festa quando fui pegar sua chave com o ! Ele ficou sabendo disso de alguma forma e queria ir pra cima do ! – Disse ela num tom como se tivesse descoberto a cura do câncer.
- O Andrew queria o que? – Surtaria em 5, 4, 3, 2...
- Não, tipo, ele não fez nada, eu falei com o hoje mais cedo - Awn, falou com o hoje mais cedo! Ela entendeu minha cara e mostrou o dedo pra mim – DAÍ, parece que eles conseguiram esfriar a cabeça antes que o Drew tentasse alguma coisa, mas parece que o falou poucas e boas quando soube que ele tava todo nervosinho.
- Fui eu que contei pro Andrew. Eu joguei na cara dele que até o tinha sido mais presente nos últimos dias do que ele – abriu a boca com a minha revelação.
- Você o que? – Perguntou praticamente num grito. Estava bem difícil hoje, quem estava de ressaca era eu, e ela que parecia ter levado uma pancada na cabeça.
- Quem me ajudou quando eu me senti um ET com aquela roupa escrota de líder de torcida? Quem ficou comigo e me colocou no ombro pra assistir o show? Quem me ajudou quando passei mal ontem? Quem fez carinho na minha cabeça quando eu me senti sozinha? Quem? Meu namorado super prestativo? Não! , meu inimigo mortal – Bati com a minha mão em cima da cama.
- Bom... – Pensou antes de falar – Depois dessa, virou ex inimigo mortal. , eu preciso perguntar uma coisa... – Quando ela me chamava pelo meu nome eu sabia que vinha bomba – Você alguma vez sentiu, ou sei lá, sente alguma coisa pelo ?
Demorei pra responder. Eu sentia? Tipo... Presente, agora, eu sentia alguma coisa pelo ? E no passado, eu senti? Ok, não vamos falar do passado, porque desse eu já sabia a resposta. Mas que merda! Eu precisava da minha melhor amiga pra clarear minha mente e não pra me confundir ainda mais!
O problema disso tudo é que eu não deveria estar pensando tanto, a resposta tinha que ser "Não, eu tenho namorado e eu tenho que amar a ele" ou “Não, lógico que não, o é um merda”, mas por que infernos eu não conseguia falar aquilo?
- Sabe como é que é, você tinha uma paixão louca pelo Sebastian quando éramos mais nova, ele foi até o primeiro cara que você beijou – Um nó se formou na minha garganta quando ela falou aquilo – E hoje você nem lembra mais que ele existe, então não se importe em me falar se um dia você sentiu algo a mais pelo quando vocês eram menores. O que passou, passou, agora fala...
- Você vai me matar – Falei de repente e não entendeu – Você vai me matar muito! – Fechei os olhos e coloquei o travesseiro no meu rosto.
- O que foi? – perguntou preocupada e jogou o travesseiro longe para me olhar.
- Você promete que não vai fazer nenhum escândalo? Tipo, promete, promete mesmo?
- Você está me assustando. Fala logo, eu não vou te matar e nem algo do tipo, se eu te mato a Amber me mata, então teríamos 2 pessoas a menos na equipe, se lembra? – É, verdade, ela não me mataria. Um pouco mais tranquila, eu respirei fundo e soltei a frase num jato só.
- O primeiro cara que eu fiquei não foi o Sebastian... Foi o .

//Flashback, 5 anos antes. Ponto de vista: Autora.

e decidiram tirar o sábado para alugar diversos DVDs. Seus pais tinham ido naquelas mesmas festas chatas de sempre, mas ambos se negaram a ir, declarando que ficariam em casa sozinhos, sem problema nenhum, enquanto a irmã mais nova de tinha ficado na casa de sua avó no final de semana.
- Às vezes parece meio nojento. Você acha que deve ser estranho? – Perguntou , tirando a atenção de do mini game para a televisão, onde passava um casal se beijando.
- Acho que não... – ficou meio desconfiada com a resposta do garoto. Será que ele já havia beijado alguma menina e não tinha contado nada pra ela?
não sabia o que faria se aquilo tivesse acontecido. Não sabia se mataria ou a menina que ele beijou.
- Você já... Beijou alguma menina? – Perguntou insegura, com medo da resposta.
- Acho que se isso tivesse acontecido, provavelmente você já estaria sabendo – Fez uma cara óbvia – Porque... Se você tivesse beijado algum menino você também me contaria, certo? – Agora era a vez dele de ficar com medo da resposta de .
- Aham... Certo – Sorriu fraco.
Ficaram um tempo em silêncio. tentou voltar sua atenção para o jogo, mas não conseguiu. Ficou se perguntando se ela estaria pensando em ficar com alguém, e por isso puxou aquele assunto.
- Você... Não vai fazer isso antes de falar comigo, não é? – Deixou o mini game de lado.
- Não é como se do nada eu fosse beijar qualquer cara que aparecesse na minha frente. Quando acontecer não vai ser com qualquer um – Isso o deixou um pouco mais aliviado. Só um pouco.
- Nem com o Jake? – Perguntou.
- Esquece o Jake, ! Ele nem mora mais aqui, eu não o vejo desde que ele mudou de escola – Rolou os olhos.
- Mas e se ele ainda estivesse aqui, você teria coragem de ficar com ele?
- Não... – Disse meio incerta. Mas no fundo sabia que não teria coragem de beijar qualquer garoto que não significasse um pouco mais pra ela.
- Por quê?
- Porque... Sei lá. Porque Jake, apesar de ser legal, não era importante. E eu não quero sair ficando com qualquer um.
- Mas se for assim, eu sou uma pessoa importante. Pelo menos a mais importante na sua vida – Sorriu brincalhão e jogou uma almofada nele.
- Eu sei, mas você é meu melhor amigo! E eu não sei se faria isso com você...
- E por que não? – Perguntou um pouco ofendido. Ele se achava a pessoa perfeita para fazer isso. Pelo menos não seria com qualquer um, como o Jake. Ou qualquer garoto ridículo daquela escola que tem um tropeço por .
- Porque talvez seria estranho, não seria?
- Bom, estranho seria você beijar um cara nada a ver – se aproximou de no sofá.
- Você, então, acharia certo a gente se beijar só pra... Você sabe... Ver como é que é? – Sentiu o rosto meio quente ao perguntar aquilo, mas por um momento, beijar seria a coisa mais certa do mundo a se fazer.
- Acho que sim, afinal somos melhores amigos...
- Mas eu não sei nada – Mordeu o lábio inferior e sentia seu coração acelerar cada vez mais.
- E daí? A gente conta até três e pronto...
- Ta... Então um... – Aproximou mais o rosto de .
- Dois... - começou a sentir a respiração da garota em sua frente e ficou um pouco preocupado sobre o que fazer – Três! – Num breve momento eles fecharam os olhos e encostaram seus lábios num demorado selinho.
começou a fazer um leve carinho nas bochechas de com uma de suas mãos, e passou a língua delicadamente pelos lábios da garota, fazendo com que fizesse o mesmo, para tentar evoluir o beijo.
Tudo foi calmo e sem malícia alguma.
Ao cortar o beijo, os dois ficaram se olhando por um tempo sem ter ideia do que dizer.
- O que você achou? – Perguntou ele.
- Não sei... Mas não foi tão esquisito... E muito menos nojento.
- Sim... – Concordou sem graça, se afastando um pouco dela – Tudo menos nojento.
- Acho melhor a gente colocar outro filme – Disse , tentando cortar o clima estranho que tinha se formado na sala de estar.
Ela se levantou, indo pra frente da televisão com medo de cair no chão, de tanto que suas pernas tremiam. não falava nada, tentando se acalmar. Ele se sentia meio abobado depois daquilo.

//Fim do Flashback, 5 anos antes. Ponto de vista: Autora.

Fugir.
Me esconder.
Colocar colete a prova de balas.
Não sabia quais das opções eram melhores quando se escondia algo de sua melhor amiga. Na verdade não por ser minha melhor amiga, mas quando qualquer um escondia algo de , a coisa ficava feia.
- Você... Como? – Perguntou confusa – Eu lembro como se fosse ontem! Você beijou o Sebastian naquela brincadeira, a gente tinha uns 13 anos, e era aniversário do ! A gente nem se falava direito, mas eu estava lá – Afirmou com a completa certeza.
- Sim! Eu sei! Eu beijei o Sebastian, mas... Eu já tinha beijado o , tipo... Um ano antes – Abaixei a cabeça e comecei a brincar com meus dedos. Eu estava muito sem graça, mesmo aquela sendo na minha frente.
- E por que você nunca me contou? – Ela parecia decepcionada.
- Porque quando isso aconteceu a gente ainda não se conhecia direito e... Naquele dia que eu fiquei com Sebastian todo mundo pensava que ele era o primeiro menino que eu tinha beijado e eu não tinha coragem de negar e dizer que não tinha sido! Logo depois teve aquela minha briga com e nós fomos nos distanciando, e eu não queria que ninguém soubesse disso. Eu sei que eu deveria ter te contado, mas me desculpa! Tenta me entender – Implorei, pegando em suas mãos.
ficou em silêncio por alguns minutos. Apesar de bobo, não foi legal eu ter escondido isso dela. Pelo amor de Deus, ela é a pessoa que eu mais confio no mundo todo!
- Você sabe que eu deveria estar correndo atrás de você com uma peixeira, por ter escondido isso de mim por todos esses anos, não sabe? – E como sabia, esse era meu medo.
- Mas eu nunca disse que o primeiro cara que eu tinha beijado tinha sido o Sebastian. Vocês me viram beijando ele e tiraram suas próprias conclusões! – Levantei as mãos em forma de rendimento.
- Naquela época o falava que você era afim do menino e você nunca tinha contado pra ninguém que já havia ficado com alguém. Nós tínhamos acabado de fazer 13 anos, como eu poderia imaginar que tudo isso tinha acontecido, se você nunca fez o favor de me contar?
- A gente mal se conhecia, como eu ia te contar? Tudo bem, poderia ter contado mais tarde, mas quando viramos amigas a merda já tinha sido jogada no ventilador e eu não queria nem ouvir falar em ! E eu gostava mesmo do Sebastian, isso não era mentira.
- Ah ta, e você quer que eu acredite mesmo nisso, depois de tudo que me contou? Quer me convencer de que nunca sentiu nada de diferente pelo , principalmente depois de ontem?
- Antes de tudo isso acontecer, eu amava o , mas não desse jeito que você ta pensando! Eu nunca tinha visto ele de outra forma até a gente ficar, ele era praticamente meu irmão, eu já te contei essa história!
- Viu? Ta vendo? – Ela começou a pular feito uma macaca em cima da cama e eu não estava entendo absolutamente nada – Você chamou ele de ! Você mudou seu ponto de vista sobre ele, aposto! Percebi isso daquele dia quando você escreveu naquele bendito papel que não sabia se acreditava se tinha sido ele que tinha te dedurado pro diretor!
- Ta, que seja! O que importa isso agora? Nada! – Eu já tinha ferrado com tudo, não poderia voltar atrás.
- Lógico que importa! Vocês estão quase amigos de novo! Ele cuidou de você ontem e aposto que você não agradeceu, e pior ainda, não pediu desculpas por ter dado um soco nele!
O maior defeito de é que ela amava dar um passo maior que a perna, colocar a carroça em frente dos bois, ou qualquer outra expressão tosca que significava ela ser a pessoa mais afobada do mundo. Eu não tinha certeza que não tinha sido o e eu não pediria desculpas sem essa confirmação.
- Você conhece muito bem o meu orgulho pra saber que eu só pediria desculpas pra ele se eu tivesse certeza que não foi ele me dedurou. E quem disse que eu não agradeci por ontem? – Eu agradeci sim, não agradeci?
- Não sóbria! – Cara, quando eu falo que ela amava complicar ainda mais a minha vida, ninguém acredita.
- Você quer que eu faça o que? Que eu ligue agora pra ele e agradeça o que ele fez ontem por mim? Nem morta! – Me levantei da cama e fui para o banheiro fazer sei lá o que. Eu só não queria ficar perto de e suas ideias absurdas.
- Não digo ligar agora, mas amanhã... Eu acho que você deveria falar com ele. Fala sério, nem quando vocês eram crianças agiam como vocês agem hoje! Tenta melhorar a situação, independente de que maneira, vocês ainda se gostam, só são orgulhosos demais pra demonstrar isso!
Eu não gostava do . Por Deus, ele era o , e a única coisa que tinha mudado é que... De repente ele decidiu virar um fofo e me ajudar quando eu estava precisando. Só isso e nada mais. O problema é que não via por esse lado e queria colocar minhocas na história, onde não existiam.

Na manhã da segunda feira, eu me levantei para ir a escola logo que o despertador tocou, já que a estava lá e ela odiava chegar atrasada. Andrew me ligou no mínimo umas 70 vezes no dia anterior e tinha me mandado mais de 20 mensagens no celular. Eu já disse, enquanto não estivesse menos puta do que eu estava, eu não conversaria com ele.
- Olá, linda família – Disse , cumprimentando um a um com beijo no rosto. Como aquela ridícula amava bajular minha família!
- Oi, meu amor, senta, vamos tomar café – E minha mãe amava bajular minha amiga.
Mamãe e Steve amam a . Sabe, eu penso que era pra ter minha vida, ela é mais parecida com Lizzie do que eu.
Nos sentamos a mesa e começamos a comer. conversava animadamente com Steve, minha mãe e Allie, sobre alguns detalhes do casamento, enquanto eu fiquei ali, viajando como todas as vezes que decidia dar mais atenção pra minha mãe do que pra mim.

Como sempre, deixei Allie no colégio dela e depois fomos pro nosso.
Estávamos passando no pátio para entrar na escola, quando senti alguém pegar no meu braço, me fazendo parar de andar. Quando viu quem era, continuou para onde estava indo e eu fui obrigada a parar.
- Quando você vai parar de me ignorar e me deixar explicar o que aconteceu? – Perguntou Andrew, segurando firmemente meus braços. Bufei impaciente.
- Quando você deixar de ser um idiota – Tentava me soltar de qualquer jeito, mas não conseguia. Deus, dai-me paciência pra não dar um soco nele e não ter que escolher entre ser expulsa da escola ou ir para o clube de xadrez.
- Foi mal, culpa minha, totalmente minha, eu decidi passar na festa antes de ir, bebi um pouco demais e acabei esquecendo! – Ele me soltou aos pouco e levou suas mãos até meu rosto.
- Custava falar que não queria ir? Eu insisti para que você não fosse, droga! – Cruzei meus braços na altura do peito.
- Mas eu queria ir – Sim, ele, a minha mãe e a Alison junto – Mas eu acabei fazendo besteira. Bebi com os caras e perdi o rumo, me desculpa, por favor!
- Que seja... – Isso não era um sim, e nem um não, mas Andrew me puxou e me deu um abraço, me fazendo ficar encostada em seu peito.
Eu podia estar sendo uma otária por perdoá-lo, mas... Que se dane. O problema não tinha sido ele me deixar lá plantada, e sim o acumulo de mancadas que ele estava dando comigo nos últimos dias.
Olhando para o nada, ainda abraçada com Drew, percebi que havia chego. Nossos olhares se cruzaram e ele me deu um sorriso sarcástico. Entendia o que ele queria dizer.
- Drew, eu preciso fazer uma coisa! – Andrew seguiu meu olhar até ver .
- Você não vai falar com aquele babaca! – Me apertou ainda mais em seus braços, como se eu fosse fugir.
- Andrew, você sabe muito bem que quem tem sido o único babaca aqui é você – Me soltei de seus braços e o encarei firme – E o mínimo que você podia fazer era agradecê-lo por todo trabalho que você deveria ter feito no sábado.
Sem esperar alguma resposta, fui tentar alcançar o . Empurrando algumas pessoas que estavam subindo a grande escadaria da escola, eu corri para chegar ao primeiro andar. O avistei bem de longe e me aproximei um pouco mais para chamar seu nome.
- ! – Estava perto o bastante para que ele me ouvisse, mas ele não parou. Mais ignorada, impossível – , por favor, espera! – Tentativa 2 = Fracassada.
Por que homem tinha que ser tão cabeça dura?
- ! - Gritei e ele parou de repente, sem virar pra mim. Me coloquei em sua frente e ele me olhou de um jeito meio esquisito.
- Você – Apontou o dedo pra mim - Me chamou de ? - Perguntou meio sorridente.
- É como você deve ser chamado não é? – Sorri um pouco sem graça – Desculpa, eu... Foi tudo um mal entendido com Andrew, eu só quero que...
- Você não tem que me explicar. Sou a última pessoa que você deve satisfação – Não, ele estava longe de ser a última pessoa. Só que ele não precisava saber que eu achava isso.
- Ok, eu não vim falar sobre isso. Eu só queria te agradecer – Ele ficou surpreso – Por tudo, de verdade! – Falei sincera.
- Tudo bem, não foi nada – Disse, meio sem graça.
- Hey! – Alguém me chamou, e pela voz já consegui identificar quem era. Amber. revirou os olhos e eu não entendi muito bem o que estava acontecendo – Finalmente te achei, só queria te avisar que o campeonato de futebol foi adiantado pra essa segunda. Vamos ficar uma semana em Brighton, a escola vai dar dispensa pra gente, da mesma maneira que vão dar pros meninos do futebol e alguns outros alunos. E hoje, depois da aula, vai ter ensaio pra você dar uma reforçada nas coreografias. Trouxe o uniforme?
- Ta no armário do vestiário – Eu ainda não me sentia a vontade em ir com aquela roupa pra escola e passar todas as aulas vestida com ela. Parecia que eu estava fantasiada pra uma festa de halloween.
- Tudo bem, então no intervalo você se troca que vamos começar o ensaio depois da aula de Química – Concordei com a cabeça – Nos vemos depois. Tchau, – Ela olhou pra ele e saiu.
Wow, aquilo era estranho. Eu tendo uma conversa "amigável" com Amber, e ela praticamente ignorando o .
- O que foi isso? Troca de papeis? Agora ela que é revoltada com você? – Ri meio confusa com tudo aquilo e começamos a andar em direção a aula de Trigonometria.
- Digamos que eu estou muito puto da vida com ela e que a gente meio que terminou – Hm, eles terminaram...
- Hm, entendi – Sem graça, abaixei a cabeça.
Senti meu celular vibrando em minhas mãos e olhei na tela, era Bill, o dono da loja de instrumentos.
- Eu vou atender, depois vou pra sala – Ele concordou e foi, enquanto eu atendia o celular – Oi, Bill! – Atendi animada.
- Hey, tudo bem?
- Tudo... O que aconteceu? – Não era muito normal o Bill me ligar. Será que meu bebê tinha abaixado o preço? Com passos mais curtos, eu cheguei até a porta da sala, porém não entrei.
- Lembra que eu te falei da possível vinda do Fall Out Boy pra Inglaterra?
- Claro que sim, por quê? – Me encostei no batente da porta da sala.
- Eu consegui com que eles viessem, eu vou produzir o show!
- Você ta falando sério? – Não acredito que o Bill traria Fall Out Boy pra tocar aqui em Londres! – Que ótimo! – Coloquei a mão na boca, ainda incrédula com a notícia.
- Sim, e to te ligando pra ver se você não quer me ajudar, quem sabe uma graninha extra pra ajudar a comprar seu filho.
- O que? Se eu quero ajudar você com a produção do show? Lógico que eu quero!
- Beleza, então! Estamos procurando alguém pra abrir o show. Como você conhece algumas bandas, então... – Bingo!
- Eu já sei quem pode fazer isso! Meus amigos têm uma banda, é Mcfly o nome! Eles abriram o show do City And Colour no sábado, eu assisti pessoalmente e eles são ótimos! Meu primo também toca e é super de confiança.
- Você sabe que eu confio plenamente em você, mas tem algum site ou algum modo que eu possa escutar a música deles antes de te dar a resposta?
- Claro! - Passei todos os sites que eu sabia que tinham músicas da banda.
Bill ficaria de me dar a resposta até o final do dia. Eu queria tanto contar pros meninos, mas eu não podia dar certeza alguma antes da resposta do próprio produtor do show. E eu seria o que? Assistente do produtor? Não importa! Eu fiquei tão feliz com isso que vocês não têm ideia. Meu sonho é trabalhar nesse ramo e essa seria minha primeira experiência. Só faltou eu começar a dançar no meio do corredor de tanta felicidade, acho que aquela história de líder de torcida já estava me afetando.
Entrei na sala, saltitante, dando bom dia até pros alunos que nunca tinha falado na vida e ninguém tinha entendido o porquê do meu humor. me perguntou se eu tinha visto o passarinho verde, mas do jeito que eu estava, eu tinha visto um bando de passarinhos rosa.
- Rosa? Você ta com cara de quem viu um passarinho vestido pra parada gay – Disse , me assustando um pouco.
Não tinha me acostumado com o fato de ele conversar comigo ou puxar qualquer tipo de assunto.
- Notícia boa... Quem sabe até o final do dia vocês não ficam sabendo! – Pisquei com um olho só.
- Hmm... Com essa cara você está esperando resposta para alguma coisa – colocou a mão no queixo em forma pensativa. Lá vinha ele tentar adivinhar o que tinha acontecido – E foi algo pelo telefone... Hmm... Um tal de Bill, que é um cara gostoso te ligou, você pediu uma noite de sexo selvagem e agora está esperando por resposta.
- ... Cala a boca! – Gargalhei – Você já foi melhor nisso!
Pessoas ao redor nos olharam assustados, a sala havia virado um silêncio total. Ta beleza, isso não era normal, mas e daí? Vá catar coquinho, bando de curiosos.

Passei todas as aulas pensando em várias ideias que precisaria expor ao Bill. Aquele cara era retardado de me dar uma notícia dessas de manhã, ele queria mesmo tirar minha atenção dos estudos, não é possível.
Na hora do intervalo fui até o vestiário me trocar. Sair de lá não foi tão difícil como a primeira vez, mas ainda não me sentia totalmente confortável vestida daquele jeito. Eu ainda dava risada de mim mesma me olhando no espelho.

Quando terminou a aula de Química fomos para o ginásio ensaiar. Nos alongamos e depois começou o ensaio enquanto os meninos começavam o treino. Eu já tinha pegado toda a coreografia e já tinha meio que me acostumado com aquele lance de pirâmides. Você começa a gostar da altura e da adrenalina. As coreografias eram um pouco complicadas, mas eram curtas, porque faríamos nos intervalos dos jogos.
Eu me sentia um peixe fora da água dando aqueles gritos de guerra, definitivamente não era minha praia, e eu me sentia uma retardada dando aqueles pulos doidos e pagando de feliz. Perdi as contas de quantas vezes Amber gritava comigo "Be agressive, be be agressive!!!", um típico lema de lideres de torcida, "Seja agressiva".
Agressiva, ela que não quisesse me ver realmente agressiva.
- Atitude, ! Para ser uma líder de torcida você precisa de atitude! – Gritou.
- O grande problema nisso tudo, é que EU NÃO QUERO SER UMA LÍDER DE TORCIDA, JENKINS! – Gritei mais alto que ela.
Já era de tarde quando decidimos dar um tempinho para descansar. Não tinha nenhum aluno na escola a não ser a gente e o time de futebol. E claro, , que tinha ficado porque levaria para casa depois. Aquilo viraria um namoro sério em algumas semanas ou quem sabe dias, pode apostar. Eu e as meninas ficamos conversando durante o intervalo e pensei em ir ao campo conversar com o Andrew, mas eu queria dar um gelo pra ele entender que ainda estava um pouco brava, então achei melhor ficar onde eu estava.
Fiquei fuçando as estações de rádio que tinha no som que costumávamos usar para os ensaios e dei um chilique quando coloquei numa estação que estava tocando Dancing in The Moonlight, versão do Toploader.
- King Harvest que me perdoe! – Me levantei do chão – Mas a versão dessa música é ótima! – Comecei a dançar que nem uma idiota e todas as meninas começaram a rir – Pode vim! – Peguei na mão da e a fiz dançar comigo num ritmo meio desconhecido por qualquer ser humano.
- Não acredito que você está me fazendo fazer isso – Disse , tentando acompanhar minha dança.
Fala sério, o que é dançar Dancing in The Moonlight em um ritmo tosco, quando eu tinha que pagar de palhaça na frente de todo mundo fazendo aquelas coreografias escrotas pro campeonato?
- Dance conforme a música! – As meninas continuavam a rir, inclusive a Amber – Ta rindo do que, Barbie Mallibu? – Puxei seu braço, fazendo com que ela se levantasse para dançar também.
Eu sei que era um tanto quanto esquisito, mas eu acho que tínhamos virado pessoas civilizadas. Na hora Amber negou, mas, depois de uma certa insistência, ela concordou em dançar.
Eu ali, dançando uma música que eu amava, com toda aquelas pessoas que eu nunca imaginei ter contato algum... Ri comigo mesma.
- Hey, olha! – apontou preocupada para o campo.
Parecia que a música tinha parado no mesmo instante e a brincadeira havia acabado. Quando olhei pro campo, uma rodinha tinha se formado em torno de e Andrew que se encaravam friamente, trocando palavras que eu não conseguia escutar.
- É melhor a gente ir lá antes que alguém morra – Disse Amber e meu estômago revirou.
Concordei com a cabeça e fui correndo junto com ela até dentro do campo.

POV:

Um lado bom de estar treinando que nem um filho da puta há horas, sem parar, era que eu não tinha tempo para pensar em porra nenhuma. Era igual quando eu estava ensaiando com os caras ou fazendo um show, que eu ligava o foda-se e pronto. Hoje era isso que eu estava precisando, ligar o foda-se, mas como não tinha um show para tirar a tensão, eu me matava no futebol mesmo. Vamos aos fatos, a maldita daquela garota não saía da minha cabeça e aquilo já estava testando minha paciência. E pra piorar mais minha vida, eu estava tentado a sair no pau com o namorado dela. Aguentar as provocações do merda do Collins não estava sendo fácil, principalmente quando a namorada dele estava, a princípio, me deixando louco.
- Tempo pra água, molecada! – Gritou o treinador logo depois de apitar para o intervalo do treino.
Peguei minha garrafa de água no banco e me sentei. Só que quando dei por mim, estava olhando para o ensaio das meninas. Mas que porra, quanto mais eu tentava fugir dela, mais ela aparecia na minha frente. Notei que tocava uma música diferente e quando vi, puxava e Amber para dançar uma música alheia que tocava no rádio. chamando Amber Jenkins para dançar? Esse mundo estava perdido.
E por que até dançando da forma mais escrota possível ela conseguia ser linda? Até aquele uniforme que não tinha absolutamente nada a ver com ela, conseguia ficar melhor em seu corpo do que em qualquer outra garota do time!
- É, de fato minha namorada é a mais linda de todas – Respirei fundo umas cinco vezes quando percebi que Andrew estava falando aquilo pra mim.
Olhei pra ele e não disse nada, eu já tinha aguentado aquele puto o dia inteiro com provocações pra cima de mim, e não seria agora, no final do dia, que ele conseguiria me tirar do sério.
- Pena que ela é minha, minha garota, . Deu pra entender ou eu vou ter que desenhar? Você é um nada pra ela, cara.
- O que você quer, Collins? Decidiu se voltar contra mim só porque fui mais homem pra ela do que você nos últimos tempos, enquanto você estava por aí se divertindo? – Me levantei do banco para não me fazer de intimidado com sua provocação – É... Eu acho que também ficaria com a consciência pesada se a minha garota estivesse passando mais tempo com um cara que é um nada pra ela, do que comigo – Percebi que eu havia tocado em seu ponto fraco, minha relação com .
- Realmente, ... Você a ajudou muito e, por causa disso, voltaram a ser "amiguinhos", bela jogada, ponto pra você. Mas veja só, quem é o namorado dela? Quem é que ela beija todos os dias? Ou quem pode fazer o que quiser com ela, quando bem entender? Se liga, , você nunca vai ter da forma que eu tenho! Bom... Isso se você entende que forma é essa – Agora Collins havia tocado em meu ponto fraco nisso tudo.
Quantas vezes eu tentava tirar da minha cabeça eles juntos, sorrindo, brincando, se beijando e até mesmo... Não da, aquilo me embrulhava o estômago só de pensar. Andrew Collins é um playboyzinho de merda que não prestava pra ela e eu sempre soube disso.
- É, Collins... - Soltei uma risadinha irônica – Vamos ver por quanto tempo.
E foi então que ele partiu pra cima de mim.

//POV:

Estávamos caminhando, chegando cada vez mais perto dos dois, quando de repente vimos a cena de Andrew ir pra cima de , dando um soco em sua cara. Eu e Amber começamos a correr que nem duas loucas em direção a eles. Alguns meninos seguraram os dois, mas não foi o bastante. Cadê a porra do treinador de 2 metros numa hora dessas?
- Parem vocês dois! – Gritou Amber enquanto eu tentava acalmar Andrew. Os dois estavam completamente alterados, parecendo até mesmo dois animais.
- Drew, Drew! – Estava próxima dele, mas não o tocava, eu tinha medo dele passar por cima de mim a qualquer momento para bater no – Por favor, pára com isso! – Ele me ignorou por completo, parecia até mesmo que não estava em sua frente.
- Dois socos em menos de duas semanas, ? Mas que merda, hein? – Andrew provocou, fazendo com que ficasse mais irritado ainda. Até eu havia ficado irritada com aquela provocação.
- Andrew, pára! – Amber falou alto e ele também a ignorou.
De forma alguma ele me escutava ou escutava alguém. Ambos tentavam se soltar dos braços dos outros meninos do time para se matar. Percebi que as meninas da torcida também estavam no campo e estava ao lado de , tentando acalmá-lo, em vão, claro.
- VOCÊ VAI SE ARREPENDER DE TUDO O QUE DISSE, SEU BOSTA! – Pra começo de conversa, pelo tom de voz do , ele quem tinha que se acalmar, mas como na história quem havia apanhado tinha sido ele, foi meio difícil.
Quando percebi que não conseguia falar com meu próprio namorado, desisti. Eu nunca tinha visto Andrew numa situação daquela, eu não tinha ideia do que fazer. Mas eu conhecia e já tinha o visto daquele jeito, então a minha última esperança de apartar a briga estava ali. Fui para frente dele, tomando cuidado para não levar nenhum tapa, porque do jeito que ele estava, nem Amber estava chegando perto.
- ! - Gritei e ele não quis me ouvir.
- SAI DE PERTO , POR FAVOR! – Nossa, quase me mandou calar a boca, mas ao menos não me ignorou! Se não fosse por isso começaria a pensar que eu estava invisível.
Me aproximei dele sem medo.
- – Peguei em seus braço - Por favor, pára! – Falei calmamente.
- DEIXA ELE VIM! – Andrew gritou.
- Cala essa merda de boca, Andrew David Collins! – Gritei e ele finalmente notou minha presença.
Segurei no rosto de , tomando cuidado para não tocar no machucado que Drew tinha feito.
- , por favor, presta atenção em mim! – Ele me olhou e eu continuei – Não vale a pena! Por mim, pára com isso! – Percebi que o corpo de parou de relutar contra os braços em sua volta – Vamos sair daqui! – Falei por fim.
Olhei para os meninos que o seguravam, dando a entender que eu queria que eles o soltassem e então tomei o lugar deles, mesmo sabendo que eu seria inútil se decidisse partir novamente pra cima de Andrew.
- Precisa de ajuda? – Perguntou .
- Só pega a chave do Mustang na mochila do , leva a pra casa e fica com o carro, eu te ligo mais tarde. Eu vou levar ele comigo – Apontei para .
Ainda sentia seu corpo tremendo de raiva.
- Pode deixar – concordou.
- Amber, tenta dar um jeito no Andrew – Eu podia estar levando meu namoro pro espaço fazendo aquilo, mas era a única maneira de parar aqueles dois – E Andrew... – Olhei pra trás, vendo que ele ainda estava preso pelos meninos – Quando você deixar de ser menos idiota e esfriar a cabeça, você vem me procurar, mas só com essas condições, se não nem precisa dar sinal de vida que não vou estar preocupada.
Com minhas mãos em seus ombros, virei em direção contraria de onde estávamos, o empurrando em direção ao estacionamento. Já estava vendo a hora dele virar e sair correndo para revidar o soco em Andrew.
Respirei aliviada quando o coloquei dentro do meu carro no lado do passageiro. Fechei sua porta e fui para o outro lado, ligando o carro para ir pra casa. balançava as pernas e a cabeça, parecendo que estava conversando com seus próprios pensamentos. Abriu a janela do seu lado e acendeu um cigarro.
- Onde você está me levando? – Perguntou ele num tom seco. E as pernas continuavam a mexer.
- Pra minha casa, vamos tentar consertar esse estrago.

Capítulo betado por Letii


Capítulo Treze
"É melhor debater uma questão sem resolvê-la do que resolver uma questão sem debatê-la" - Joseph Joubert

não falava. não tirava os olhos de um ponto fixo. Eu só conseguia ouvir sua respiração, ver suas pernas balançando freneticamente e suas mãos fechadas em punho. Ele estava tão bravo, mas tão bravo, que conseguia perceber que ele rangia os dentes. Desde que saímos da escola ele havia fumado três cigarros, um atrás do outro. Seus cabelos estavam úmidos e suas bochechas ainda estavam coradas por causa do suor do treino. Tão lindo.
Como eu podia pensar em uma merda dessas, em uma hora tão errada?
- Ficou com medo que eu batesse em seu namoradinho? – Disse ríspido sendo completamente estúpido comigo.
Opa, espera aí! Eu não tinha culpa de nada, o único culpado nessa história toda era a besta do meu namorado que deu um soco mais sucedido que o meu na cara de .
- E ser mais baixo que ele? – Perguntei o deixando sem resposta. Tentei não devolver a delicadeza, eu compreendia a situação, afinal era ele que estava com um roxo na maça do rosto.
- Você não tem idéia do que é isso pra um homem, receber um soco e não poder revidar. Você não tem idéia do quanto eu to me segurando pra não te tirar da direção e pegar seu carro pra ir atrás dele! – Balançou a cabeça como se não estivesse acreditando em tudo aquilo.
estava tão nervoso que eu tinha medo dele abrir a porta do carro e sair correndo atrás de Andrew. Sua respiração estava tão descompensada que eu cheguei a pensar que ele fosse fazer alguma besteira.
E então ele fez.
Inesperadamente deu um soco no vidro do carro. O soco foi tão forte, que por um momento pensei que quebraria. Aquilo deveria ter doído; e muito.
- Você é idiota? – Freei o carro com tudo já em frente a minha casa – Não basta estar com um roxo na cara, quer também quebrar a mão?
Eu ia falar pra ele bater com a cabeça no vidro, mas com o humor que se encontrava era melhor eu ficar quieta, porque se não quem levaria um soco na cara seria eu.
- Só... Fica quieta – abaixou a cabeça entre as mãos, e começou a respirar fundo – Filho da puta, filho da puta! – E antes que eu pudesse fazer alguma coisa, deu outro soco no vidro, com a mesma força que o primeiro; se não mais forte.
Sem saber muito o que fazer, e um tanto quanto assustada, saí do carro no mesmo instante e abri a porta do passageiro, me ajoelhando ao seu lado. Eu precisava acalmá-lo de alguma forma.
- Pára, por favor! – Levei minhas mãos até as suas, puxando a direita para ver seu estado. Apesar de desesperada ao ver sua mão roxa e inchada, tentei manter calma, porque de nervoso já bastava ele – Eu sei que é difícil, mas se acalma.
Fiquei por volta de 5 minutos em silêncio, segurando suas mãos, tomando todo cuidado no mundo para não encostar na parte que ele havia machucado, e que inchava cada vez mais. Acreditem ou não, sua mão estava mais feia que o hematoma em seu rosto.
- Esse silêncio me deixa mais assustada do que você dar socos em vidros alheios – Arrisquei a dizer alguma coisa.
- Não quero que você fique assustada, eu só...
- Esta nervoso, com raiva, querendo matar um? É, deu pra perceber – Tentei acalmar um pouco mais o clima que continuava tenso.
- Aquele cara me tira do sério...
- Tudo bem, então... Não vamos falar mais nele, ok? Chega disso por hoje, pelo amor de deus.
parecia mais tranqüilo. Ele estava ereto no banco do carro, respirando com mais calma.
- Daqui a pouco melhora, já aconteceu isso antes – Disse ele se referindo a mão.
- Então vamos entrar? – Praticamente implorei – Você precisa colocar um gelo nessa mão, e no seu rosto.

Praticamente o empurrei para dentro de casa. Lurdes que segurava uma cesta de roupa suja indo em direção a área de serviço, e Allie que estava jogando vídeo game, pararam para olhar quando entramos dentro de casa. Eu só não sabia se aquela cara de espanto era por causa do rosto do , ou porque ele estava ali comigo, depois de sei lá quanto tempo.
- ? – Allie se levantou do sofá e correu em sua direção para um forte abraço – Que saudades de você! O que aconteceu, você se machucou?
- Saudades de você também, tampinha – Ele se abaixou para ficar em sua altura e tomou cuidado para que Alison não visse sua mão também machucada – É, eu me machuquei no futebol, nada muito sério – Brincou com a ponta dos cabelos de minha irmã.
Alison amava de paixão. Ela o conhecia desde que nasceu, e criou esse vínculo com como se ele fosse o irmão mais velho dela. Foi complicado explicar pra ela a distancia entre nós na época da briga, por ainda ser muito novinha para entender que não freqüentaria mais nossa casa, ou que não o veria com a mesma freqüência.
- Querida, não é melhor levar o em algum médico? Isso pode ficar feio – Lurdes pareceu preocupada.
- Não, ta tudo bem, a gente vai cuidar disso – Tentei tranqüilizar Lurdes que concordou sem desmanchar sua cara de preocupação.
Nunca que o iria querer ir pra um hospital.
- Vem, ... Vamos lá pra cima.
- Mais tarde eu vou fechar algumas fases ali, beleza? – Se referiu ao SuperMario que Alison estava jogando antes da gente chegar. Seus olhos brilharam.
deu um beijo na testa de Allie, e depois subiu as escadas em minha frente. Eu não precisava guiá-lo, com toda certeza ele ainda lembrava o caminho.

- Ainda não acredito que fiz isso. Não acredito que levei um soco de um cara, e não me deixaram revidar – Sentou-se na beirada da minha cama assim que entrou no quarto.
- Pois é, e ainda me fez o favor de quase quebrar a mão. Se é que não quebrou! – Fui em sua direção para examiná-la novamente, mas ele a escondeu de mim – Deixa eu ver, ! – Pedi de um jeito bravo, tentando intimidá-lo.
Pelo menos tentei.
- Não! – Disse com o braço direito escondido atrás de suas costas – Saí! Eu disse que isso já aconteceu antes, não precisa ficar surtando que uma hora ela volta ao normal – Desisti. Se ele queria se comportar como uma criança o problema era dele.
- Eu também te dei um soco, e não foi por isso que você ficou todo estressadinho e quis sair batendo em todo mundo – me mandou um olhar fulminante e achei melhor parar com as piadinhas, já que ele ainda não estava totalmente recuperado.
Fui descer para pegar um saco com gelo e quando abri a porta dei de cara com Lurdes segurando dois sacos plásticos transparentes com gelo dentro.
- Obrigada – Sorri grata.
- Precisa de mais alguma coisa? – Perguntou em um tom de voz preocupado – Eu vi que a mão dele também estava machucada, então trouxe dois sacos com gelo. Tem certeza que não é melhor levá-lo a um hospital?
- Hey, eu to bem, lindona – Disse , ele costumava a chamá-la assim – Não se preocupa, daqui a pouco já melhora. Prometo que se piorar eu vou ao hospital, ok?
- Ta tudo certo – Confirmei – Se precisar de mais alguma coisa te chamo.
Lurdes fez que sim com a cabeça, sorriu para , e fechou a porta do quarto ao sair.
Ela também o conhecia da época de criança. Por conhecê-lo a tantos anos, e não ter idéia do que havia acontecido hoje, provavelmente sua preocupação havia dobrado.
Dei os dois sacos de gelo para , e fui até o banheiro pegar um spray para ver se aliviava a dor em sua mão, e também o hematoma que Andrew havia causado em seu rosto.
- Você não acredita que não revidou o soco de Drew, e eu não acredito nesse barraco todo – Falei um pouco alto de dentro do banheiro para que ele me escutasse – Não da pra acreditar que vocês quase se mataram! – Saí do banheiro e me sentei ao seu lado para espirrar o spray em sua mão, que por sinal estava pior do que eu pensava.
- Ele é um idiota. Ai, ! – Reclamou quando sem querer toquei em seus dois últimos dedos da mão. O ossinho do anelar e do dedinho estavam inchados e ficando cada vez mais roxo.
- Desculpa! – Disse imediatamente – Você é um idiota. Por que não bateu com a cabeça no vidro? Sua mão está horrível! – rolou os olhos – Não acredito que você aceitou as provocações do Andrew. Ele está irritado com tudo que aconteceu sábado, eu tinha certeza que ainda te provocaria, mas eu contava que você era menos criança pra ignorá-lo! – Depois espirrar o remédio nas mãos, coloquei o saco de gelo no lugar, e cuidei do hematoma de seu rosto – O que foi que ele falou pra ter te tirado tão do sério?
Percebi que minha pergunta havia deixado irritado. Ele não estava esperando que eu perguntasse aquilo.
- Nada. Não quero falar disso – Disse sério, e se deitou em minha cama.
Achei melhor não insistir, se não falar sobre aquilo o deixava mais calmo, que ele ficasse quieto.
- Eu sinceramente não sei como que vai ser vocês dois convivendo 24 horas por dia no campeonato semana que vem. Vou ter que colocar focinheira nos dois! – Fui até o banheiro colocar o spray no lugar e ver se não tinha mais nada ali que poderia ajudar.
- E eu que sinceramente não sei como você namora esse otário! – Me olhei no espelho, me deparando com meu rosto incrédulo ao ouvir o que ele havia acabado de falar. Meu estomago revirou, e de repente um sorriso surgiu em meus lábios.
- No dia que você não criticar um cara que eu fique ou namore, eu vou estranhar! – e suas manias de perseguições com qualquer cara que se aproximasse de mim. Nenhum era bom o bastante.
- Eu não tenho culpa que você só decide ficar com caras que não prestam ou que não tem nada a ver com você – Que bom que ele disse algo que eu teria uma resposta.
- Fala sério , você é o ultimo a poder falar alguma coisa – Cruzei os braços e me apoiei no batente da porta do banheiro – Vamos combinar que você e Amber Jenkins estão longe de ser o casal "tudo a ver".
- Mas eu terminei com ela – Mas que porra era essa que ele tinha sempre as respostas na ponta da língua? – E você me chamou de de novo – Fiquei sem graça e tentei esconder o sorriso bobo que voltava a se formar em meu rosto.
Voltei para cama, onde ele ainda continuava deitado, e me sentei.
- É, eu percebi que por enquanto isso funciona pra te acalmar, então eu aproveito – Me deitei ao seu lado, e olhei para o teto. Percebia que ele me encarava, mas eu era covarde o bastante para não olhar de volta.
Aquela cena de nós dois deitados em minha cama de barriga pra cima, ele com o uniforme do futebol e eu com o do time da torcida, conversando normalmente, já era bizarro o bastante para querer agora manter um contato visual. Seus olhos me deixavam tonta e não queria ficar que nem uma retardada perto dele. Eu estava em um estagio que não me responsabilizava mais pelos meus atos.

Ficamos conversando durante algum tempo, até o silêncio tomar meu quarto, e depois de alguns instantes outro assunto vim a tona e começarmos a falar novamente. Foi assim durante uma hora. Não sabia de onde surgia tanto assunto, quando nos últimos anos o que menos existia entre a gente era algum tipo de intimidade para puxar algum papo que não fosse alguma ofensa.
- Eu estou curioso sobre uma coisa há algum tempo... Você tinha feito um piercing no nariz há uns anos atrás, mas passou uma semana e você tava sem. Você ficava tão sexy com aquela argolinha – Eu ri junto com ele, ficando um tanto quanto sem graça com seu comentário.
- Bom, eu tinha feito aquele piercing num final de semana que não tinha ninguém em casa. Eu pensei que ninguém fosse reparar, mas a primeira coisa que a minha mãe viu quando me olhou, foi o maldito – Aquele dia foi louco, mais brava que aquilo só quando ela descobriu a minha tatuagem na nuca.
- E agora você quer que eu acredite que você só tirou o piercing porque sua mãe mandou?
- Não, não foi bem isso. Ela ameaçou a tirar com o dente se eu não arrancasse aquele "brinco nasal", como ela o chamava, mas óbvio que eu nem liguei. Só que eu acho que ela jogou tanta praga que dias depois eu estava com uma quelóide do tamanho no mundo e tive que tirar – Dei de ombros.
- Que merda! – Virou o rosto olhando para o outro lado do meu quarto. Parecia que ele estava reparando em cada mudança que havia acontecido ali, desde a ultima vez que ele tinha vindo em minha casa.
- Nem me fala, ficou tão feio que foi inevitável tirar.
- Nossa, você ainda tem? – Mudou de assunto completamente quando achou alguma coisa que estava em minha instante.
Segui seus olhos e percebi que ele olhava pra alguns dos meus vinis. Sabia que ele estava se referindo ao vinil do The Temptations que ele tinha me dado de presente no meu aniversário de 13 anos.
- Lógico que tenho, ! Isso é uma relíquia! Eu sou louca, mas não o bastante pra jogar isso fora só porque a gente brigou – Fiquei meio sem graça.
- Mas que porra, para de me chamar de , pelo amor de deus! Você sabe que eu odeio! – Disse todo irritadinho e eu ri novamente.
- Ta bom, – Brinquei como costumávamos a fazer quando éramos pequenos e ele revirou os olhos – Mas e então, como estão seus pais? – Perguntei mudando de assunto.
- Estão bem... Vivendo para o trabalho, mas estão bem. Eles me perguntam de você às vezes. Você sabe que eles consideram você mais filha deles do que eu – Soltei uma risada nasalada.
É verdade, os pais dele eram as pessoas mais incríveis do mundo e sempre me trataram como se eu fosse da família. Infelizmente quando eu e o brigamos, eu passei a vê-los bem menos do que costumava.
- Ao menos isso, ver meu pai te bajular e não ter nada em troca é difícil.
- Matt é um barato, tava com saudades dele. E sua mãe e o Steve? – Devolveu a pergunta.
- Na mesma. Steve também vivendo pelo trabalho, e minha mãe agora vivendo para esse casamento. Mas não perguntam mais por você, já que da ultima vez que perguntaram eu falei que não era sua babá e o clima ficou tenso. Principalmente quando eu disse que jamais entraria no casamento da minha mãe de braços dados com você.
- Ela fez de propósito – Fez de propósito o que? Levantei minha sobrancelha sem entender – Ouvi nossas mães conversarem pelo telefone, elas queriam juntar a gente de novo, e sua mãe teve a brilhante idéia de me chamar pra entrar com você no dia da cerimônia.
- Minha mãe o que? – Da onde Lizzie a mãe de tiraram essa idéia absurda de "juntar" a gente de novo? Ela era idiota ou o que? Abri a boca sem acreditar naquilo que havia acabado de me contar – Então ela fez isso tudo de propósito? Que absurdo! Minha mãe tem problema mental!
- Não posso negar que eu aceitei de boa só porque sabia que ia te deixar irritada
- Idiota! – Chutei de leve suas pernas – Meu deus, qual é a da Lizzie? Porque, sinceramente, eu acho que a mente dela está ficando cada vez mais caduca apesar dos 35 anos!
- Ah... Tenta entender, ela nunca soube o que aconteceu, na verdade ninguém sabe, a não ser a gente. É compreensível que ela pense que isso é qualquer briguinha adolescente...
Ele nunca havia tocado em algum assunto relacionado a briga, e eu tinha pavor de um dia ter que falar sobre isso com ele novamente.
- Aham - Murmurei querendo fugir do assunto
O silêncio novamente se instalou no quarto. Eu disse que aquele papo era maldito, é por isso eu fugia tanto. Eu gostava de estar perto dele de novo, apesar do receio que ainda sentia. Era bom, eu me sentia bem ao lado de , mas tinha um medo monstruoso do que aquilo podia causar. Eu tinha completa noção da conseqüência que eu teria em voltar a ser amiga dele.
- E a Scarlett, você tem notícias dela? – Perguntou.
- Não, quer dizer, no meu aniversario, Natal, e coisas assim, ela sempre me manda e-mail, ou liga. Ah, e também liga no aniversario da Allie. Da ultima vez que eu falei com ela foi no meu aniversario e ela ficou bem triste em saber que a gente mal se falava.

Flashback, 3 anos antes. Ponto de vista: Autora

e voltavam para casa a pé, já que Scarlett tinha ido fazer algumas coisas importantes e não poderia buscá-los no cinema. Apesar de serem já praticamente adolescentes, Scarlett ainda trabalhava para as duas famílias, cuidando de Alison, irmã mais nova de , e também cuidando dos dois como sempre, mas de uma maneira diferente, não como uma babá.
- É sério, eu tenho que conseguir! Vou pirar se eu entrar para o time de futebol na escola nova – Disse animado – Meu pai falou que foi a coisa mais inteligente que já fiz até agora.
- Pra mim a coisa mais inteligente que você fez até agora foi ter começado a tocar algum instrumento, mas entendo você também gostar do futebol, e vou acabar ficando mais feliz que você se conseguir entrar mesmo pro time – Ela ficava triste, ele ficava triste, ela ficava feliz, ele ficava feliz, era quase uma regra entre os dois.
- Eu sei, minha linda – Abraçou de lado – Mas e aí, como estão as coisas com a sua mãe?
- Desde que eu sai do ballet, ela mal olha na minha cara – Balançou os ombros – Não dava , você gosta de futebol, não tanto quanto tocar, eu sei, mas gosta. Ao contrario de mim, eu tentei gostar do ballet, sabe? Mas não deu, acho que nunca vou fazer algo que preste, e que minha mãe diga "nossa, parabéns" – Ela fez joinha com as duas mãos - Sinto falta do papai.
- Pára com isso! – disse bravo – Você era uma das melhores dançarinas, e parou somente porque era obrigada a fazer algo que não a deixava feliz, e outra, como assim não faz nada que preste? Você será a mais nova Jimmy Hendrix – riu baixo.
- Isso se um dia eu ganhar uma guitarra, portanto, nunca. E não vem falar da guitarra que meu pai me deu, porque aquela só fica em Nova York. Então tenho que me contentar com a meu humilde violão e ser o Jimmy Hendrix do Paraguai – Era bizarro a maneira como via , tudo o que ela falava pra ele era hilário, como se tudo que ela dissesse ele admirasse.
- Seu pai quer que você vá morar com ele... – respirou fundo, sentindo um aperto no peito – Vocês dois se dão bem, ele te entende e te apóia no que for.
- Eu sei, mas eu não quero ir.
- Por minha causa... – Parou na frente da garota – Você sabe que não é por causa de um maldito oceano que a gente vai deixar de ser o que é. Não é como se eu fosse arranjar outra melhor amiga só porque você não esta aqui.
- Quantas vezes eu tenho que te pedir pra parar de tocar nesse assunto? – Era verdade, o único motivo que a prendia aqui era – Eu sou feliz aqui, e eu quero ficar aqui. E outra, eu não quero ficar longe da Allie, ela já sente falta do papai o bastante para ter mais uma pessoa longe dela.
- Ta bom, ta bom... Não ta mais aqui quem falou – Levantou as mãos em forma de rendimento – Fazer o que se você não vive sem mim - deu um tapa no braço do amigo que começou a rir.
Entraram na casa dos dando risada e se depararam com Scarlett na sala.
- Oi, Scar! – Falaram juntos e deram risada novamente.
- Olá meus amores – Disse desanimada – Desculpa por hoje, eu... Eu... Preciso conversar com vocês – Conteve as lágrimas.
e perceberam a situação dela e sentaram um de cada lado, ambos colocando o braço em volta da mulher.
- Scar, o que houve? – estava apreensiva.
- Ai, eu amo tanto vocês – Lágrimas saíram de seus olhos – É muito difícil pra mim falar isso, mas eu vou ter que voltar pra Porto Rico – Os dois se entreolharam sem entender muito bem o que Scarlett havia acabado de falar.
- Como assim, Scarlett? – estava confuso – Mas... Você tem a Allie pra cuidar, e apesar da gente ta grande, você ainda tem que cuidar da gente!
- Mas eu conheço vocês melhor do que ninguém, e sei que vocês vão ficar bem sem mim. E quanto a Alison... – Olhou para – Eu sei que vocês vão sempre cuidar dela, independente deu estar aqui ou não. A minha família precisa de mim, meus amores, eu estou há anos foram de casa – Levou suas mãos até os cabelos de – Não quero que vocês fiquem tristes, não é o fim do mundo, nós vamos continuar nos falando, e eu sempre vou estar perto quando precisarem de mim.
- Quando você vai? – Perguntou com seus braços entrelaçados com os da mulher
- Pretendo ir daqui duas semanas... Tenho que arrumar algumas coisas aqui antes de poder voltar.
- Odeio isso. Primeiro meu pai, e agora você! Parece que todos que eu amo decidiram ir embora de uma vez! – Disse inconformada. Scarlett se sentia um pouco culpada, não queria ter que deixar a garota logo após a partida de seu pai para Nova York.
- Ta me chamando de nada? – Brincou fazendo as duas rirem.
- Ta vendo? Esse daqui eu sei que nunca vai te deixar – Abraçou a garota de lado, dando um leve beijo em sua bochecha – Mas para eu ir embora tranqüila, eu preciso que vocês me prometam que sempre vão tomar conta um do outro.
- Ela não é nada sem mim – se gabou e a garota rolou os olhos
- Não, ele que não é nada sem mim!
Scarlett riu dos dois, e pensou a falta eles fariam em sua vida. Porém, esperava mais que tudo que os dois ficassem bem sem ela por perto.

Flashback, 3 anos antes. Ponto de vista: Autora

- Depois que ela foi embora, e aconteceu tudo aquilo, eu pensei que quem nos unia era ela, mas hoje eu vejo que não – Entendi o que ele quis dizer, afinal estávamos ali, eu e ele, conversando, deitados em minha cama, como nos velhos tempo – Talvez a culpa seja de nós dois.
Passei a refletir sobre tudo aquilo, mas era um pouco mais complicado do que se podia imaginar. Até alguns dias atrás sempre que eu pensava sobre esse assunto, eu sempre achava um único culpado, e esse era . Sempre o culpei por tudo, mas não sabia se estava sendo um pouco egoísta ao pensar dessa maneira, porque com toda certeza eu também tinha conseguido machucá-lo da mesma forma. Ou talvez pior, vai saber.
- Eu evito pensar nisso, me da dor de cabeça – Eu tinha evitado pensar nisso durante 3 anos, apesar de todos os dias antes de dormir me pegar pensando como seria se nada daquilo tivesse acontecido – O que você mais sente falta daquela época? – Perguntei começando a pensar sobre o que eu sentia mais falta, porque sabia que ele acabaria perguntando a mesma coisa. Era tanta coisa, que eu não sabia qual responderia.
- Da gente.
Foi assim, na lata.
Olhei para , completamente surpresa com sua resposta. Meu estomago revirou e eu fiquei sem reação alguma. Olhava tão profundamente em seus olhos, que por um momento havia me arrependido de ter feito isso. Eu conseguia enxergar em seus olhos o criança. Acho que ele nunca perdeu aquele ar de menino, apesar de já estar com 17 anos. Era por isso que eu estava evitando olhar pra ele, me fazia lembrar muitas coisas que eu fiz questão de repelir durante todos esses anos.
Senti o dedinho da mão não machucada de tocar em minha e eu fiquei sem saber o que fazer. Meu coração batia tão forte, que parecia que ele conseguiria ouvir mesmo estando em uma certa distancia de mim. Por um segundo olhei para nossas mãos entrelaçadas, e voltei a encará-lo.
Eu estava em pânico, essa era uma grande maneira de explicar o que eu estava sentindo. Em pânico porque eu sabia no que aquilo poderia acabar, e em pânico de me machucar novamente. Tudo isso era como uma auto defesa minha. Era como se tudo que viesse de pra mim, fosse digerido de uma forma diferente, para evitar possíveis danos.
Eu conseguia até mesmo escutar o alarmezinho na minha cabeça apitando desesperadamente.
Pi, pi, pi, pi, não faça isso sua idiota, você vai acabar na merda de novo!
Porém em algum lugar só dizia que aquilo era a coisa mais certa e natural que poderia acontecer. Porra, ele era o !
Percebi que ele se aproximava cada vez mais quando ele levantou um pouco seu corpo para ficar em cima do meu tomando cuidado para não jogar seu peso em cima de mim. Da onde ele tinha surgido ali tão rápido?
Eu disse que ficava retardada perto dele.
levou uma de suas mãos até meu rosto e tirou alguns fios da minha franja dos meus olhos. Eu podia apostar que minha cara era tão assustada como se eu tivesse prestes a beijar Ryan Gosling, ou qualquer outro ator extremamente gato demais que fosse surreal o bastante pra eu um dia pensar em dar uns pegas.
Calma, , calma. Respira.
- Você me irrita tanto às vezes, que você nem tem idéia, garota – Senti seus dedos fazerem o contorno de meu rosto, e eu podia sentir uma manada de elefantes em meu estômago.
- Mas eu não estou fazendo nada – Respondi da forma mais inocente possível, porque eu não tinha a menor idéia do porque ele estar falando aquilo pra mim agora.
Eu sei que eu era irritante, mas no momento eu só tentava manter a calma porque o cara que eu aparentemente ainda sou louca estava em cima de mim, prestes a me beijar, e eu queria parecer o menos idiota possível. deu um sorriso sacana e deu um leve beijo em minha bochecha.
- Simplesmente porque é você – Cochichou em meu ouvido e eu senti todo meu corpo arrepiar. Agora fodeu! – Tudo em você me irrita – Beijou meu pescoço, e o resto de sanidade que eu tinha foi pra puta que pariu – Sua voz, seu cheiro, sua risada, seu cabelo, seus olhos... – Continuou a trilha de beijos no meu pescoço e eu fechei os olhos completamente fora de mim – Você tem noção que eu levei um soco de um cara por sua causa hoje? – Voltou a me encarar, e eu abri meus olhos para fingir que eu ainda entendia alguma coisa do que ele falava.
- O que? – Eu sabia que ele tinha me perguntado alguma coisa, mas o que era, eu não tinha idéia.
- Eu vou te beijar... – Avisou. se aproximava e eu não conseguia tirar os olhos de seus lábios
- ...
- Por favor, não me pede pra parar.
encostou seus lábios no meu, e naquele momento eu sabia que não tinha absolutamente mais nada a fazer. Todo o esforço que eu tinha feito durante esse tempo, não havia valido nada. Abri um pouco a boca e senti sua língua tocar na minha evoluindo o beijo de uma forma um tanto quanto desesperada. Levei minha mão até sua nuca e quis que de alguma forma ele se aproximasse mais de mim. Se isso fosse possível. apertava minha cintura tão forte que eu poderia jurar que aquilo causaria marcas.
Aquele beijo se resumia em saudades, desejo e carinho.
Sua mão que estava em minha cintura, desceu até minha coxa cuidadosamente, subindo um pouco a saia do uniforme. Mas quem sou eu para dizer alguma coisa, quando já estava com entre minhas pernas? Eu sou o tipo de pessoa que gosta de estar no controle, e de preferência também manter o controle, mas no momento não rolava nem um e nem outro.
mordeu meu lábio inferior e cortou o beijo dando diversos selinhos.
Eu sei que essa não é nem de perto a hora mais apropriada em lembrar que eu tenho namorado, mas eu queria entender porque conseguia me fazer sentir tudo isso com um beijo. O "isso" que eu jamais consegui sentir com Andrew; nem um pouquinho.
- Você não imagina a falta que me fez – Ele disse baixo, parecendo estar meio bêbado.
Eu sorri, sorri como nunca. Eu estava feliz, e nada mais importava naquele momento a não ser aquela pessoa em minha frente.
- Imagino sim – Finalmente falei – É impossível você tirar uma pessoa tão importante, tão rápido de sua vida.
- Mas você tirou – Discordou de mim.
- Tentei tirar, é diferente – Eu disse.
passou a me encarar e não dizer nada e me deu um selinho demorado. Até meu celular começar a tocar. Levantei um pouco o tronco para encontrar ele jogado em algum lugar da cama, e assim o achei, o arrancou de minha mão, e ATACOU longe. Assim, do outro lado do quarto.
- Você jogou atacou meu celular no chão! – Disse perplexa, não acreditando no que aquele animal havia acabado de fazer
- E você parou de me beijar! – Respondeu.
Deu um tapa de leve em seu braço, e me roubou um selinho rápido antes deu dar pulo na cama para ir atrás do meu pobre celular que continuava a tocar, apesar de não ter a mínima idéia de como ele não havia quebrado ao meio. O é doente!
- Alo? – Atendi meio afobada, e incerta de que aparelho ainda estaria funcionando.
- Oi, , é o Bill! Só te liguei pra falar que curti o som dos caras, e que eles estão dentro – No mesmo instante olhei para e sorri.
- Você ta falando sério? – Falei pulando – Então eu posso contar pra eles?
- Calma garota, primeiro você tem que saber se eles aceitam tocar no show! – Escutei a risada de Bill do outro lado da linha – Fala com eles, e pede pra eles me ligarem, ok?
- Pode deixar! E Bill? Obrigada, mesmo! – Eu estava quase chorando de tão agradecida que estava.
As coisas estavam acontecendo tão perfeitamente que eu tinha medo de algo ruim estar por vim. Eu nunca fui o tipo de pessoa que sempre vê a sorte, ou bons momentos passarem com muita freqüência em minha vida, então quando acontecia coisas realmente boas, eu sempre esperava pelo pior.
- Que isso, confio em você. Espero a ligação!
Desliguei o celular e comecei a rir igual a uma retardada. sentado em minha cama, me olhava sem entender nada. Coloquei o celular na estante, respirei fundo e comecei a explicar.
- Ok, calma! – Falei pra mim mesma – Lembra aquele dia na sala de aula que eu falei com o ou pro sobre o "suposto" show do Fall Out Boy aqui na cidade? – Ele deu a entender que lembrava e eu continuei – Então... O Bill, um amigo meu, dono duma loja de instrumentos vai fazer parte da produção, e adivinha quem ele chamou pra trabalhar junto com ele?
- Você? – Ele me olhou incrédulo e eu balancei a cabeça com a maior vontade do mundo indicando que sim – Não acredito! Parabéns, linda! – Ele se levantou e me abraçou.
- Mas calma! – Afastei ele de mim – O melhor ainda está por vir! Ele estava a procura de uma banda que pudesse abrir o show – Ele me olhou suspeito – E digamos que a fodona aqui conseguiu que um banda aí, que por um acaso se chama Mcfly, e que tem um integrante bem mala, abrisse o show do Fall Out Boy. E então, aceitam? – A cara do parecia de uma criança no dia das crianças ganhando o tão sonhado presente.
- Se a gente... Aceita... Abrir pro Fall Out Boy? Você ta falando sério, ou ta tirando uma com a minha cara?
- Lógico que to falando sério, bobão! – Gargalhei – Sabe qual é né? A grana não é muita, mas vocês saem ganhando porque vão ter vários caras de gravadora, e eu lá, pra encher a bola de vocês.
- VOCÊ. É. INCRÍVEL! – Ele gritou e me abraçou me levantando do chão.
- Eu sei! – Aproveitei que estava perto, e dei um beijo em seu pescoço inspirando a maior quantidade de perfume que conseguia. Ele me colocou de volta pro chão e me deu um selinho demorado.
- Eu preciso ligar pro ! e o vão pirar! – Disse quase tendo um surto.
- Vocês só não podem esquecer de falar com o Bill amanhã pra confirmar tudo, ele ta esperando a ligação de vocês!

Enquanto contava toda a notícia, primeiro para , e depois para os outros caras, eu me peguei refletindo. Refletir no meu caso nunca era bom. Vamos aos fatos: Minha vida tinha virado de ponta cabeça em um tempo recorde. A última vez que uma doideira dessas havia acontecido eu tinha 14 anos, e minha vida mudou drasticamente, cortei completamente relações com uma das únicas pessoas que eu me importava na vida, e também pintei meu cabelo de preto. Hoje eu tinha voltado a falar com esse cara que eu aparentemente ainda gosto, e havia virado líder de torcida, e acreditem meus caros, virar líder de torcida é muito mais drástico do que pintar seu cabelo todo de preto e ter sua mãe surtando por dias na sua orelha. Mas uma coisa não havia mudado, e essa era: Eu continuava a namorar Andrew.
Entendam, eu não sou filha da puta, eu nunca tinha ficado com nenhum outro cara até hoje, desde que comecei a namorar Drew. Eu apenas me dei ao luxo hoje de poder sentir de novo aquela coisa que eu não conseguia sentir com nenhuma outra pessoa a não ser por esse maldito. Porém esse luxo causou conseqüências, já que no momento eu queria colocar a minha cabeça na privada e dar descarga, porque Andrew não merecia ter levado um par de chifres.
- Os caras piraram! – Disse , que aparentemente já havia contado a todos sobre a notícia – O disse que conhece o Bill e que ia ligar pra ele pra confirmar tudo – Se abaixou para ficar em minha altura, ao lado da cama onde eu estava sentada – O disse pra gente ir pra casa dele comemorar, vamos? – Perguntou.
A culpa que eu sentia era tão grande, que nem levantar a cabeça para encarar em minha frente, eu conseguia.
- Eu não posso – Falei entrando em desespero – Desculpa, mas eu não posso!
- Por que não? – franziu o cenho um tanto quanto confuso e desapontado.
- ... A gente não podia ter feito isso! – Quando finalmente consegui olhar pra ele, tudo que eu via estava embaçado por causa da quantidade de lágrimas acumuladas em meus olhos – Eu sei que foi uma coisa de momento, mas eu não podia!
- Coisa de momento? Espera aí... Você não pode estar falando do que acabou de acontecer! – se levantou e aumentou seu tom de voz – Vai me dizer agora que se arrependeu de ter ficado comigo?
- , entenda, eu tenho o Andrew!
- Ah o Collins, sempre o maldito do Collins! Como você ainda pode se sentir culpada por ele? Você não tem idéia de como esse cara é! Como você pode ser tão cega assim? – passou a gritar comigo.
- Ele é meu namorado, ! – E eu passei a gritar mais alto que ele – Você podia ter coragem de trair a Amber com qualquer garota que fosse, todos os dias, mas eu não consigo fazer isso!
- Termina com ele!
- Não é tão fácil assim!
- Não, ... É fácil sim, o único problema nisso tudo é você, que faz questão de sempre complicar tudo! Você é o problema, e sempre foi! – Olhei assustada para – Agora se você ama tanto aquele merda ao ponto de não conseguir terminar com ele pra ficar comigo, eu estou pouco me fodendo, porque se você diz que eu não corri atrás de você da primeira vez, não vai ser agora que vou fazer isso.
abriu a porta do meu quarto e saiu como um raio. Fui correndo atrás dele, e parei no topo da escada quando ele estava prestes a sair de casa.
- Eu não disse em nenhum momento que eu amo o Andrew! – Gritei – Você não sabe nada dos meus sentimentos, , então para de falar como se você soubesse o que esta acontecendo, porque você não sabe!
- Ah sei, e como sei, e se você quer saber, sei muito mais do que você . Só que infelizmente não cabe a eu contar. Mas é, você tem razão, você não disse em nenhum momento que o amava, mas afinal de contas... Quando na sua vida você diz realmente o que sente? – As palavras deles estavam sendo piores do que tapas na cara.
- Tenta entender... Por favor, ! – Supliquei. Eu já não tinha mais forças para falar.
- Entender? Eu tento entender por três anos! Eu tento entender o porquê a gente se distanciou, o porque a gente brigou, mas é TUDO CULPA SUA! – Ele gritou, e mais lágrimas saiam de meus olhos – Porque é impossível saber o que você pensa e impossível de saber o que você sente! Você sempre leva tudo por água abaixo!
- PÁRA! – Eu não queria ouvir mais nada, um filme passava pela minha cabeça, tudo estava se repetindo, simplesmente tudo.
- É difícil ouvir o óbvio? Espera só até você ouvir a verdade – Disse por fim – Mas eu cansei, cansei de você. Cansei porque dessa vez eu queria que tudo desse certo, eu estava decidido que a gente ficaria bem, então a partir de agora não cabe mais a mim, e sim a você – E foi dizendo isso que ele saiu, batendo a porta da minha casa.
Sem forças nas pernas para me manter em pé, eu me sentei no chão, me apoiando no corrimão da escada. Minhas mãos tremiam, e eu acabava de passar pela mesma coisa de novo, e dessa vez, a culpa era realmente minha. Por que eu simplesmente não jogava tudo pro alto? Eu não sinto e nunca senti absolutamente nada pelo Andrew e simplesmente não estou com a pessoa que eu realmente quero, porque era pegada a emoção, e achava que não poderia acabar com meu namoro dessa maneira, porque não seria justo com Andrew. Eu, , que muitos julgam como a "sem coração".
- , por favor, pára! – Ouvi a voz carinhosa da criança ao meu lado.
Alison me olhava como se sentisse a minha dor. Ela me abraçou e eu a segurei como se minha vida dependesse daquilo, como se fosse daquele abraço que eu tivesse precisando.

Abri os olhos de repente, e me deparei com meu quarto escuro. Já estava noite e eu nem me lembrava quanto tempo eu havia dormido, só me lembrava do que tinha acontecido antes deu dormir. Senti uma pontada em meu peito e uma vontade absurda de chorar. Senti uma respiração ao meu lado, e quando olhei me deparei com Alison. Seu rosto era tomado por preocupação. Ela tinha 10 anos e não queria preocupá-la com um problema meu.
- Você ta melhor? – Perguntou e eu fiz que sim com a cabeça – Eu... Ouvi tudo o que aconteceu... Sinto muito.
- Eu também – Comecei a brincar com seus dedos – Você está aqui há muito tempo? – Perguntei.
- Desde que a gente subiu. Eu também acabei dormindo, acordei agora pouco, só estava esperando você acordar pra ver se precisava de alguma coisa – Eu não conhecia aquele lado de Alison, acho que eu nunca tinha passado por nada assim para que ela me mostrasse.
- Não precisa se preocupar – Fiz carinho em seu rosto – Eu vou ficar bem – Fiquei bem da ultima vez, não tinha motivos para eu não ficar bem dessa vez – Desculpa, eu não queria que você tivesse escutado aquilo tudo.
Alison deu de ombros
- A mamãe ou o Steve já chegaram? – Ela fez que não com a cabeça – Você já comeu alguma coisa? – Repetiu o sinal – Quer comer? – Deu de ombros.
- Você quer? – Perguntou e eu fiz a mesma coisa que ela, neguei com a cabeça – Sabe, eu não gosto muito de agir assim. Apesar de a gente brigar um pouco demais, quando as coisas não estão complicadas, eu gosto daquele clima – Ri fraco.
- Eu também gosto, mas é só voltar ao normal amanhã. Isso tudo é meio estranho, sabe... Você deveria ta tirando sarro da minha cara, e não me apoiando, sua tampinha de garrafa – Apertei seu nariz.
- Eu não sou tão ruim assim – Fez bico e eu achei aquilo fofo. Às vezes eu percebia algumas feições em Allie que eram idênticas a minhas e agora eu entendi porque meu pai ficou tão surpreso quando que viu Alison depois de alguns meses, ela estava muito parecida comigo quando eu era menor – E também sei como é ruim não ter o papai e a mamãe o tempo todo ao nosso lado. Você faria o mesmo por mim, eu tenho certeza.
- Provavelmente sim – Sorri e fiz um leve carinho em seu rosto – Obrigada, Allie, por tudo!
Ela pulou em cima de mim pra me abraçar e eu segurei minhas lágrimas.
- Eu te amo – Disse ainda com seu rosto afogado em meu pescoço – Mas por favor, esqueça disso amanhã porque vai ser muito estranho.
- Eu também te amo. Mas por favor, esqueça disso amanhã porque vai ser muito estranho – Repeti o que ela disse e depois gargalhamos.
Alison dormiu comigo nessa noite. Nós assistimos alguns filmes e comemos algumas besteiras. Nunca imaginei que a pessoa que mais me apoiaria nesse momento difícil seria a minha irmã de 10 anos de idade, que no momento aparentava ter 30. Talvez essa história de não ter nossos pais ao nosso lado o tempo todo tenha feito com que ela amadurecesse um pouco, pelo menos me amadureceu. Por causa de Alison eu consegui pelo menos dormir durante a noite, e não pensar a todo o momento no que havia acontecido. Por causa de Alison, eu não fiquei sozinha naquela hora difícil.

Capítulo Catorze - Parte 1
"Yesterday, all my troubles seemed so far away. Now it looks as though they're here to stay. Oh, I believe in yesterday" - Beatles

Dia 25 de Agosto, segunda-feira, 08:18, escola – 3 anos antes

- Sabe o que eu não vejo a hora? – Perguntou pensativa olhando pela janela do carro – Da gente chegar no terceiro ano, e finalmente se formar. A banda fazer o maior sucesso, e eu cair na estrada com vocês.
O dia estava chuvoso, mas nada muito fora do comum, afinal era Londres. estava com as costas apoiada no peito de no banco de trás do carro indo para nova escola. estava animado com a idéia de estudar junto com seus amigos de banda e ter a oportunidade de jogar no time de futebol da escola. também estava animada, porém preocupada, só não sabia muito bem com o que.
- Bem capaz da sua mãe deixar você cair na estrada com um bando de cara transbordando testosterona.
- Vou ter 18 anos – Deu de ombros – Ela não vai mais mandar em mim. Na verdade eu não vejo a hora de fazer 18 anos e poder fazer o que eu bem entender. Ela só deixou eu me mudar pra uma escola nova porque a maioria das filhas das amigas insuportáveis dela também estudam aqui.
- Você não fez outra coisa além de reclamar desde que saiu de casa – Disse se preparando para ouvir os surtos da amiga.
- Não quer ouvir, tampe os ouvidos, mané – Reclamou.
- Chatinha – Bagunçou os cabelos de que deu um tapa em seu braço, e logo depois tentou morder o mesmo – Sai daqui sua retardada! – Tentou se esquivar
- Você me chamou de insuportável que só sabe reclamar, o único retardado aqui é você! – Voltou a se apoiar no peito do amigo, que balançava a cabeça negativamente pensando o que tinha feito pra merecer aquilo.
- Eu te chamei de insuportável que só sabe reclamar?
- Indiretamente, sim.
Os dois começaram a rir e a garota finalmente voltou a ficar quieta.
- Hoje começa o teste pra o time de futebol, será que vai rolar? – Perguntou apreensivo.
- Lógico que vai! – virou-se de frente para e sorriu. Como ele amava seu sorriso – E pra melhorar, ainda vai pegar a camiseta 23!
- Você e o 23 – Zombou. sempre teve uma cisma com 23, dizia que o número dava sorte pra ela, tirando que várias datas importantes caíam no dia 23 – Mas seria legal pegar o número que eu sempre fui, sinto que me da sorte também.
- Se da sorte pra mim, da sorte pra você também – Falou como se aquilo fosse óbvio – Quando você vai saber do resultado?
- O disse que vou participar dos treinos durante toda a semana, e que sexta-feira que vem eles já vão dar uma resposta.
tentava entender se fazia isso pelo seu pai, ou porque realmente gostava do esporte. Preferia acreditar que ele realmente gostava de futebol, afinal, saber que ele fazia aquilo para agradar seu pai, que já foi um jogador amador um dia, fazia com que ela se sentisse mal por não conseguir fazer o mesmo com sua mãe, em continuar nas aulas de ballet para agradá-la.

Os dois pararam em frente ao colégio e ficaram admirando sua fachada. A escola tinha uma aparência antiga, que encantava . Era mil vezes maior que a escola que estudavam. Ela ajeitou a saia do uniforme que ainda não havia se acostumado a usar, e pegou nos braços de para passar pelo enorme portão da escola.
O menino tentou, apenas tentou, disfarçar que não via todos aqueles olhares em cima deles, mais diretamente para sua melhor amiga, ou para suas pernas, que seja. Por que mesmo as meninas tinham que usar aquele uniforme? Era tão mais legal no colégio antigo, que não precisavam de uniforme. Alem de evitar um monte de marmanjo secando o que era dele, não teria que ter uma gravata apertada em seu pescoço.
- Hoje depois do treino vai ter ensaio da banda na casa do , você vai né? – Perguntou afrouxando um pouco o nó da gravata – Estamos com uma música nova e queremos que você se sua opinião.
- Claro, sem proble... – se assustou com a trombada que recebeu no ombro esquerdo que quase a fez cair para trás – Hey, cuidado, olhe por onde anda! – Disse para a garota loira pomposa que esbarrou em seu braço.
- Se liga você, novata! – Respondeu a loira de forma rude.
pensou em dar uma resposta pior ainda, mas foi impedida por que a puxou para continuarem andando.
- Você tá louca? Não fazem nem 2 minutos que a gente entrou aqui! – continuou olhando para trás, fitando o rosto da garota que a irritara profundamente – Se controla, ok?
Antes que ela pudesse responder alguma coisa, foi interrompida por seus amigos que praticamente brotaram em sua frente.
- Olha só quem chegou! – , e , como um passo ensaiado, pularam na frente dos dois.

Mais uma vez era a única menina no meio dos quatro meninos. Isso já era normal, ela nunca foi o tipo de garotinha que brincava de bonecas e muito menos fazia festinhas de pijama. Vivia na maioria das vezes brincando com , e quando não, era com seu primo . E até hoje nada mudou, apesar de ter 14 anos, não ficava incomodava de estar rodeada de meninos.
Eles eram menos complicados.
- Hey, os populares somos nós, da pra explicar por que todo mundo só fica olhando pra vocês dois? – Brincou – Sinto que vocês ofuscaram nosso brilho.
- Cala a boca, – Disse .
Mas era verdade. , e eram os queridinhos das meninas. Quem não se encantava com os caras da banda que gostavam de quebrar as regras? O problema é que hoje realmente os astros eram e . Ele por chamar a atenção de todas as meninas, e ela por ser tão linda quanto ele, e ter a atenção dos quatro garotos juntos. Qual alma feminina dali não sonhou em ter a atenção daqueles quatro meninos por ... 5 segundos?
Todas se perguntavam o que ela tinha de tão surpreendente, se a única coisa que ela tinha feito depois de acordar foi colocar o uniforme e escovar os dentes.

Dia 25 de Agosto, segunda-feira, 11:48, intervalo – 3 anos antes

- Hey... – Um menino que , e muito menos conhecia, apareceu na mesa do refeitório onde todos estavam sentados na hora do intervalo.
- E aí, cara.... Gente, esse é o Caleb – Caleb era alto, branquinho e de cabelo escuro. tentou não demonstrar o encantamento pelo menino – Ele é da Austrália e tá voltando pra casa em poucos dias, não é?
- É, infelizmente... Mas hey, eu não conheço você – Disse para que de o encarou um pouco assustada. Ele também não conhecia , mas o ignorou completamente.
- Oi... – respondeu timidamente e ele se sentou ao seu lado.
- Caleb – Estendeu a mão.
- – Repetiu o gesto do garoto.
- E então, como veio parar nesse inferno?

Quem aquele cara pensava que era pra chegar assim e sentar do lado dela? Em apenas segundos, o tal Caleb já havia irritado . Era até engraçada a forma que fitava a conversa dos dois, era como se ele cozinhasse Caleb com os olhos. Sabia que sentir aquilo não era certo, não era propriedade sua. Na verdade ela era, mas ela não sabia. Ela não era como as outras garotas, não se deixaria levar por um playboy ridículo. só precisava se convencer disso. Sabia que cedo ou tarde, se ele não tomasse alguma atitude ela ficaria com outra pessoa, e não poderia culpá-la.
O sinal da escola tocou e todos se levantaram para entrar.
- Qual é sua aula agora? – Perguntou Caleb.
Ela olhou a grade de aulas antes que pudesse responder.
- Inglês – respondeu ríspido por ela – Vamos, ?
Caleb percebeu a ignorância e sorriu irônico. Obvio que tinha percebido que estava irritado por causa dele.
- Hey, sou Caleb, prazer.
- É, eu sei – pegou no braço de e a puxou em direção a porta do refeitório. – Cara idiota – Bufou
- Por que fez aquilo, ? – Perguntou sem acreditar na ignorância do amigo – Ele era legal! Nós somos novos aqui, não é como se a gente pudesse ignorar novas amizades.
- Você já tem a mim e aos caras, não precisa de nenhum otário atrás de você – Brava, puxou seu braço.
- Quer dizer que agora você que vai escolher as pessoas que eu posso conversar ou não? Eu acho que sei escolher muito bem minhas amizades, ! – Pararam no meio do corredor, chamando um pouco a atenção as pessoas que voltavam para suas salas.
- Odeio quando você me chama assim – Fitou .
- Odeio quando você fala desse jeito comigo – Cruzou os braços – , ele é uma pessoa qualquer! – Disse de uma forma óbvia.
- Que seja... – Balançou a cabeça e colocou os braços em volta dela – Desculpa, ok? – Beijou sua testa e seguiram para sala de aula.
- Às vezes você me irrita seu... seu...
- Lindo?
- Eu ia dizer maldito.
- Também te amo.

Dia 28 de Agosto, quarta-feira, 15:13, treino de futebol – 3 anos antes

estava sentada na arquibancada ao lado de enquanto assistiam ao treino de . comia desesperadamente um pacote família de Doritos, e tomava uma latinha de coca, esperando que o jogo acabasse logo pra ir pra casa tomar um banho e dormir a tarde toda.
- Hey, – Uma garota com roupa das líderes de torcida chegou para falar com o menino.Tinha a impressão que a conhecia de algum lugar – Você é da minha aula de Biologia, certo? – Por que parecia que de repente o Doritos tinha parado na garganta do , e ele não falava nada? – Será que você pode me emprestar a matéria que o professor passou hoje? É que eu tava no ensaio e não pude assistir a aula, e eu acho você é o único da sala que restou a essa hora aqui na escola
rolou os olhos. Detestava líderes de torcida.
- Cla-claro! – Limpou as mãos na calça e se levantou – Vou ir buscar no meu armário rapidinho, se você quiser esperar aqui... – E então a menina dos pompons de repente sentiu a presença de – Ah... , essa é a , não sei se você lembra dela, mas ela estudava na mesma escola que a gente ano passado, só que era de outra turma.
Passou a se lembrar vagamente da garota. Já tinham se falado, mas bem pouco. Ela estava na festa de aniversário do ano passado.
- Oi, sou – Estendeu a mão com um sorriso de orelha a orelha.
- ... Mas pode me chamar de – Forçou um sorriso e apertou a mão da menina.
se sentou ao lado de enquanto não voltava. Apesar do pouco diálogo, pensou seriamente em dar uma chance a amiga de , que apesar de ser uma líder de torcida, poderia não ser tão ruim assim. Prestando atenção no jogou, notou que a loira que havia esbarrado no primeiro dia de aula estava ao lado do campo, conversando com um dos jogadores, e vestia uma roupa igual a de .
- Quem é aquela loira? – Perguntou
- Aquela com o uniforme igual ao meu? – fez que sim com a cabeça – Amber Jenkins, por quê?
- Ela esbarrou em mim no primeiro dia de aula, quase que brigamos antes mesmo deu entrar na escola pela primeira vez.
- Ela é assim... Vai ver que Amber te vê como uma concorrência.
- Concorrência?
- Sabe como é que é... Você é linda, ela tenta ser linda. Namora com o capitão do time de futebol, que aparentemente percebeu sua presença na escola, e ela se sentiu ameaçada – franziu o cenho sem entender nada – Tá vendo aquele que ela tá falando? Ele é o capitão do time e namorado dela. O nome dele é Andrew Collins, e algumas meninas o viram comentando sobre você.
- Como é que é? Eu nunca nem falei com ele, e a namorada dele se sente ameaçada por isso?
- Ela é louca, não tende entender...
voltou com alguns papeis nas mãos que entregou para .
- Bom, vou voltar pro ensaio. Obrigada, . E nos vemos por aí, ?
- Claro!

Dia 2 de Setembro, quarta-feira, 15:51, treino de futebol – 3 anos antes

- Ah, fala sério, como assim vai pensar? – Disse Caleb brincalhão enquanto esperava os meninos saírem do vestiário para irem embora – É minha festa de despedida, nos conhecemos a pouco tempo mas faço questão que você vá. Vai ser divertido, prometo!
- Não duvido que seja divertido – Rolou os olhos. O grande problema é a falta de simpatia que tinha por Caleb. Sabia que seria difícil convencê-lo a ir para a festa, e não iria sozinha sem ele – Já disse que vou pensar muito bem no assunto.
- Isso na sua língua quer dizer: Vou ver se o deixa eu ir – abriu e fechou a boca para tentar negar a afirmação de Caleb, mas ele a interrompeu – Olha, eu sei que ele não gosta de mim pelo simples fato deu ser seu amigo, mas pelo amor de deus, ele nem seu namorado é! Vocês não vão poder viver a vida toda assim. E se você começar a gostar de um cara, o que ele vai fazer? Te impedir?
- As coisas não são assim!
- Lógico que são! É como se você fosse a garota dele e pronto, ninguém pode chegar perto, mas quer saber? Tá vendo aquela ruiva ali? – Apontou para uma das meninas das líderes de torcida, a única que não estava de uniforme – Aquela é Norah James, ela acabou de se formar na escola, tá vindo aqui só pra deixar a equipe das cheerleaders em ordem até ir pra faculdade. Todos os caras um dia sonham em ficar com ela, mas adivinha só qual é o alvo dela da vez? – De repente achou que deveria tampar os ouvidos pra não ouvir aquela resposta – Seu velho e grande amigo, . E sabe quando a Norah deu bola pra algum menino de 14 anos? Nunca. E você acha que se uma ruiva daquelas chamar ele para uma festa de despedida ele vai negar só porque você não gosta dela?
- Aconteceu alguma coisa entre eles?
- Não sei, mas dizem que sim – Sabia que era errado, mas já odiou uma pessoa sem menos conhecer? Pois é, odiava. Não podia negar, Norah era linda. Ela era alta, magra, e seus cabelos ruivos e lisos vinham até sua cintura.
sentiu vontade de chorar. Não sabia se estava triste por ter ficado com outra menina, ou de não ter contado a ela.
- Dizem que você é a nova Norah – olhou para Caleb como se ele fosse um alienígena – Tem idéia do que os caras dessa escola pensam de você? , você é super legal e linda, e se quer saber, mais linda que qualquer garota dessa escola, e sabe qual é o pior disso? Você não da a mínima! Eu de certa forma entendo o . Você é uma das garotas mais legais que eu já conheci.
- Valeu – Sentiu o rosto esquentar um pouco. Estava envergonhada por ouvir aquilo de um garoto – Você também é legal, Caleb, sério!
- Isso quer dizer que você aceitaria se eu te chamasse pra sair antes deu voltar pra Austrália?
Ela engoliu seco, não sabia o que responder. Olhou para o chão pensando como que ela iria sair daquela situação, até que do nada, sem que ela percebesse a aproximação, Caleb a beija. ficou sem saber o que fazer, na verdade não acreditava no que Caleb tinha feito. Não estava brava, mas também não estava contente por ter feito aquilo. Ele tentou evoluir o beijo, mas o empurrou gentilmente pelo ombro.
- Caleb...
- Desculpa. É só que... Eu sei que a gente se conhece há um pouco mais de uma semana, mas eu gostei de você.
- Eu também, mas você não pode simplesmente beijar qualquer menina de repente só porque gostou dela – Mordeu o lábio inferior um pouco nervosa – Eu... Eu aceito sair com você, ok? Mas só como amigos.

Dia 2 de Setembro, quarta-feira, 16:20, chegando na casa do 3 anos antes

estava perdida em pensamentos dentro do carro quando estava indo pra casa. Não sabia o que a tinha deixado mais confusa, o beijo de Caleb, ou aquela história de Norah James. estava ao seu lado, mas não queria perguntar. Ela se irritar por causa de uma garota dar em cima dele, era sinal de fraqueza. E ela só era uma amiga, ele tinha o direito de ficar com quem ele quisesse. Ela tinha beijado Caleb, não tinha? Quer dizer, Caleb havia beijado ela. Isso a fez pensar quando teria coragem de contar isso pra .
- Você... Vai fazer alguma coisa agora? – Perguntou um pouco nervoso, e ela negou com a cabeça – Fica em casa um pouco? Preciso conversar com você.
Por que teve a sensação de que não era coisa boa?

Entraram na casa em silêncio. se esparramou no sofá, e ela se sentou ao seu lado. Pela primeira vez não se sentia a vontade na casa dos .
- E então, o que você queria falar comigo? – Perguntou de cabeça baixa, brincando com a ponta da saia do uniforme – Você está meio quieto desde que saiu do treino, é alguma coisa a ver com o time de futebol?
Bem que podia ser, pensou.
- Na verdade, não. Você também está meio quieta, aconteceu alguma coisa? – Percebeu que sua amiga ficara quieta o caminho todo da escola até em casa, e silêncio nunca existiu entre os dois.
- Mais ou menos... – Ela não podia mentir pra ele. Primeiro porque ele era seu melhor amigo, segundo porque ela não sabia mentir, principalmente pra ele. – Mas nada que eu precise falar agora. O que você queria conversar comigo?
- É que eu preciso de contar uma coisa. Quer dizer, umas coisas – O coração de começou a acelerar – Você conhece a Norah?
Claro que o assunto tinha a ver com Norah James. Não sabia porque ainda tinha esperanças de não ser aquilo.
- A ruiva que acabou de se formar? – Ele acenou que sim – Conheço de vista, o que tem ela? – Ela já sabia o que tinha “ela”.
- A gente tá meio que ficando – a encarou preocupado com medo de sua reação – Quer dizer, a gente ficou...
- Eu já sabia.
- Já sabia? Como? Quer dizer, eu poderia imaginar que você sabia, já que esse colégio tem ouvidos e bocas por todos os cantos.
- Relaxa, – Sorriu forçado – Se você gosta dela... Vai em frente – Ela não sabia se era isso que tinha que fazer, ou se dava um chilique da mesma maneira que ele fazia quando o assunto era Caleb.
- O problema é esse! Eu... Não sei se eu gosto dela do jeito que deveria gostar – Ela o encarou confusa.
- E como você deveria gostar? – se aproximou dela do sofá e segurou em sua mão.
- Do jeito que eu gosto de você – As pernas de formigaram, e podia ter certeza que se não tivesse sentada, cairia no chão.
- ... Ela não é sua melhor amiga, é claro que você não vai sentir por ela o que você sente por mim – Não podia ser aquilo que estava pensando, era obvio que não, ele jamais a veria de outra maneira.
- Meus sentimentos por você estão longe de ser só de melhores amigos – Ele falou num jato, e agora sim ela tinha certeza que poderia cair como uma jaca podre no chão mesmo estando sentada. se aproximou mais um pouco tocando em seu rosto – Eu não vou ficar com ela, se você não quiser.
paralisou. Por um momento pensou que tivesse perdido a voz, ou o ar nos pulmões. Seu coração batia tão forte que estava a ponto de acreditar que teria um ataque cardíaco.
- Wow... Isso é uma grande responsabilidade minha... Eu... – Fala logo que você sente o mesmo, sua mula, pensava a garota.
- Eu te amo... Tipo... De verdade, sabe? Não que eu não te amasse de verdade antes, mas é que... É de um outro jeito, entende? – ficou estática, e já não escutava mais nada do que dizia – Não quero que os outros te vejam só como minha amiga. Quero que eles saibam o que eu realmente sou – Falou por fim.
Uma idiota, era bem assim que ela se sentia naquela hora. Não sabia o que dizer, o que pensar, o que fazer. Então seu melhor amigo durante quase uma vida toda estava dizendo que a amava de verdade. sempre quis ouvir isso, mas nunca pensou na hipótese de conseguir isso um dia. E também nunca imaginou qual seria sua reação se acontecesse.
- Eu... É... – Enquanto ela procurava qualquer palavra pra tentar finalmente dizer alguma coisa, se aproximou ainda mais dela encostando em seus lábios.
E mais uma vez ela foi surpreendida.
Mas que infernos estava acontecendo?
sentiu seu estomago congelar. Suas mãos, braços e pernas tremiam, e ela não podia acreditar que tudo aquilo estava realmente acontecendo.
- Não quero que você fique com ela – Disse , cortando o beijo – E com nenhuma outra garota. Nunca quis. Odeio todas elas – Os dois gargalharam. Um sorriso estonteante se formou no rosto de – Só que... Eu ainda to meio confusa com isso tudo, então é melhor a gente ir com calma, pra nenhum de nós dois sairmos machucados nisso
- Deixa de ser idiota, eu nunca vou te machucar – Falou como se fosse a coisa mais óbvia do mundo – E tenho mais uma notícia... Sou o mais novo camisa numero 23 do time de futebol da escola – Sem acreditar no que ele tinha acabado de falar, gritou e pulou em cima .

Dia 4 de Setembro, sexta-feira, 19:01, casa da 3 anos antes

tinha feito sua primeira tatuagem e ninguém sabia que ela faria, nem mesmo . Mas ele seria o único a saber, pelo menos esses eram os planos. Mostraria pra ele assim que chegasse a festa do Caleb, que depois de muito esforço tinha conseguido convencê-lo a ir.
Por um breve momento se arrependeu de ter insistiu tanto para a ir essa festa. Ela não estava tão empolgada quanto esperava... Estava se sentindo estranha.

Tentou ligar para algumas vezes enquanto se arrumava, mas seu celular só caía na caixa postal. Desistiu de ligar, e falaria com ele somente quando chegasse na festa. Se olhou no espelho pela ultima vez, e gostou da roupa. Pegou sua bolsa, e saiu para chamar sua mãe que havia ficado de levá-la casa do Caleb. Estava agitada, ansiosa, feliz, e com um sentimento não muito bom, talvez fosse o receio de ter feito uma tatuagem sem a autorização de seus pais. Poderia ter pelo menos falado com seu pai, mas nem isso fez. Conversaria com para saber o que faria a respeito disso, seria melhor.

Dia 4 de Setembro, sexta-feira, 20:05, festa do Caleb – 3 anos antes

tentava ligar desesperadamente para sua amiga, porém parecia que algo de errado havia acontecido com seu celular. Ele já estava na casa de Caleb esperando que ela chegasse, mas não havia tido sinal de vida da garota durante o dia todo.
Os caras tinham ido pegar bebida, e ele havia ficado na sala. Ao se sentar no pouco espaço que restava do sofá, percebeu a presença de Norah James, a ruiva que tinha ficado antes de começar a ficar com . Não queria falar com Norah, na verdade estava fugindo dela. Lógico que era ridículo um cara fugir de uma garota, mas James não aceitara ser trocada, ela não tinha levado nem um pouco a sério quando avisou que eles não podiam mais ficar porque agora estava com outra pessoa.
estava tão ansioso que não conseguia se controlar. Tinha planos em pedir em namoro naquela noite. Depois de uma vida toda de amizade, sabia que aquela era a hora certa. Agora as coisas seriam da maneira que tinha que ser.
- Olha só quem nos deu a honra de sua presença! em minha festa de despedida! – se levantou do sofá quando percebeu que Caleb havia se jogado ao seu lado – Sério, cara... Por um breve momento pensei que você me odiasse.
- Não odeio ninguém, não perco meu tempo com essas coisas. Não que isso signifique que eu vá com sua cara. Estou aqui pela – Disse sério. Não queria arranjar briga, mas também não queria que o idiota do Caleb pensasse que tivesse alguma simpatia por ele.
- ... Uma garota tão incrível... A mais linda de toda a escola em minha opinião. A única coisa que só faltava melhorar era ela andar pelas próprias pernas. Mal acredito que ela aceitou sair comigo antes deu ir embora! – sentiu seu corpo enrijecer. Sabia que não deveria acreditar naquele babaca que estava fazendo de tudo para irritá-lo.
- Em seus sonhos, idiota – Respondeu ríspido.
- E foram nos meus sonhos que a gente se beijou? – fechou suas mãos em um punho – Ah meu caro, ... É uma pena que na sua cabecinha você realmente acredite que aquela garota seja sua...
Sem perceber, havia voado em cima de Caleb. Escutou a música ser abaixada, e várias pessoas olharem assustadas para briga. Ouviu a voz de , e ao seu redor, e várias mãos o segurarem. Estava cego de raiva, queria matar aquele merda.
- Ah como a vida é engraçada... E não é que você realmente pensava que a garota era sua? – Disse Caleb no chão, com o canto da boca cortado, rindo do garoto a sua frente que estava sendo segurado por seus 3 amigos.
- Fica longe dela, seu imbecil! – Gritou.
- Diga isso pra ela. Ninguém obrigou ela a me beijar, e muito menos a querer sair comigo. A noite é longa, meu amigo... Sabe se lá mais o que ela vai querer fazer comigo essa noite...
Queria matá-lo, mas algo conseguia ser pior que aquilo: Sua raiva por sua melhor amiga. Raiva e decepção. Duas coisas que jamais havia pensado que sentiria pela garota que julgava ser a pessoa que mais se importava no mundo. Ele havia largado Norah James para poder ficar com , e ela simplesmente fica com Caleb e aceita sair com ele. Ficou enjoado consigo mesmo. Como podia ter sido tão idiota. Ela nunca o veria como homem, só como o amiguinho idiota que estava sempre ao seu lado independente de alguma coisa.
Maldita!
se desprendeu dos braços dos amigos e foi atrás de vingança. Se era isso que queria, era isso que ela iria ter.

Dia 4 de Setembro, sexta-feira, 20:10, festa do Caleb – 3 anos antes

Com o celular de desligado, ela não conseguiu avisar que chegaria atrasada. Por causa de Lizzie e seus problemas de trabalho, demorou quase uma hora pra conseguir sair de casa.
Ouviu as recomendações de sua mãe, e saiu do carro para entrar na festa. No jardim havia milhares de copos no chão, incluindo algumas pessoas também. O som estava alto, pessoas dançavam em cima da mesa e até mesmo no sofá. Era tanta gente que chegava a dar nos nervos.
Agoniada com a quantidade de pessoas bêbadas, tropeçando em cima dela, subiu as escadas tendo esperanças que no andar de cima estivesse um pouco mais tranqüilo. E ela estava certa, porém já estava ficando desesperada em não encontrar . Estava com uma sensação ruim, e se arrependia amargamente de ter insistido tanto em vim nessa festa.
- Hey, bonitinha, procurando alguma coisa? – Um menino que ela lembrava ser da outra turma, chegou ao seu lado.
- Não... – Respondeu um pouco incerta. Ele parecia ter bebido, e não sabia se podia confiar – Na verdade sim... Você viu meu amigo ?
- O ? – fez que sim com a cabeça – A ultima vez que eu vi, ele estava entrando naquele quarto ali – Apontou para uma das portas que tinham no corredor.
- Valeu – Agradeceu, e foi correndo em direção ao quarto que ele havia falado.
Primeira coisa que faria ao achar , seria sair daquele lugar.
Abriu a porta do quarto e levou um susto. Havia um casal na cama. A menina dormia debaixo do lençol, aparentemente nua, e o cara estava colocando a calça jeans virado de costas, mas quando pensou em fechar a porta reconheceu a garota na cama pelos cabelos ruivos, e ficou estática ao ver que o cara ao lado era .
Seu coração parecia ter parado e ela ficou sem reação alguma. a encarou em silêncio.
não entendia mais nada, e nem queria entender, a única coisa que queria era acordar e ver que aquilo tudo era um pesadelo horrível. Sem forças, virou as costas e saiu correndo, segurando firme no corrimão da escada para não cair, pois o acumulo de lágrimas nos olhos e o desespero não a deixavam enxergar. Não queria chorar na frente de ninguém, mas estava impossível. Não respirou do momento em que viu na cama com Norah James, até sair porta à fora da casa de Caleb.
Porém quando soltou o ar ao chegar do lado de fora, desabou completamente. Chorava tanto que estava difícil de respirar novamente, soluçava como um bebê. Seu peito doía, e sua cabeça girava, estava tão nervosa que sentia que poderia desmaiar a qualquer momento.
- Eu sei como dói – Ouviu a voz de atrás dela. A voz que minutos atrás era a que mais costumava acalmá-la, e que agora era a que menos queria ouvir – Também estava assim há uma hora atrás. É ruim saber que a pessoa que você mais se importa, não da a mínima para você, e nem para o que você sente.
se virou para e o encarou sem tender uma palavra que ele dizia.
- O que foi, quer que eu chame o namoradinho para te acalmar? – Quem se segurava para não chorar agora, era . Queria não ser fraco a esse ponto, mas tudo isso que aconteceu, e ver chorando desesperadamente em sua frente, não ajudava ficar forte em falar tudo que tinha pra falar.
- Por que fez isso? – Falou pela primeira vez desde que vira . Tentava controlar seus soluços, mas não conseguia se acalmar por nada – Justo você, !
- Hipócrita! – Gritou com uma raiva que assustou a garota - Acho que quem começou com isso tudo não foi eu, amor. Pergunta pro seu namorado, ele vai saber te responder.
- Que namorado, ? Eu não tenho namorado, pára de ficar falando isso!
- Então vai negar que beijou Caleb? – abriu a boca sem saber o que dizer. Como ficou sabendo disso? Não é como se ela tivesse beijado Caleb por vontade própria, ela nem tinha considerado aquilo um beijo! – E que aceitou o pedido de sair com ele antes de voltar para Austrália?
- Foi ele que me beijou! – Gritou – Eu não esperava! Aquilo nem foi um beijo! – E então ela começou a ficar com raiva, raiva de Caleb, e raiva por ter acreditado nele – Eu disse pra ele que nada iria acontecer entre nós, e isso foi antes da gente ficar junto! Eu só aceitei sair com ele como amigos, porque era o último dia dele na Inglaterra!
- E você estava esperando o que pra me contar isso? Esperar eu dizer que te amava pra depois rir de mim?
- EU NUNCA FARIA ISSO COM VOCÊ! – Gritou – Você me conhece bem o bastante pra saber que eu jamais faria uma coisa dessas! Eu sei que eu deveria ter te contado, mas eu sabia que você ficaria nervoso! Só não sabia que a sua reação seria essa! – Apontou para ele – Por que eu faria tudo isso se eu também sinto a mesma coisa que você?
- Não me venha falar que me ama, porque você nem amor próprio tem – Ouvir aquilo foi a gota d’água pra .
Ela riu sem acreditar em tudo o que estava escutando. Aquilo só podia ser um pesadelo, daqueles bem loucos, que você sabe que é sonho, mas não consegue acordar de jeito nenhum.
- Um cara me beija sem a minha permissão, só porque gostou de mim, antes de você decidir conversar sobre nós. Daí você descobre e transa com uma pessoa qualquer só pra me atingir? Você... Você nunca nem foi pra cama alguém antes e... Meu Deus, você tem mesmo noção de tudo o que fez?
tinha noção, ele acreditou na versão da história de Caleb, e transou com qualquer uma por raiva de .
Ele se sentiu um idiota. havia deixado sem palavras, justamente ele que tinha todos os argumentos possíveis pra jogar em cima dela essa noite. Como podia ficar tão cego de raiva a ponto de acreditar em tudo que Caleb havia falado, e ainda ir pra cama com Norah?
deu um passo para se aproximar dela, e ela automaticamente deu outro para trás pra se afastar
- Não... Não chega perto... Eu tenho nojo de você, – O garoto engoliu seco – Quer saber? A vida é sua. Volta praquele quarto, para ao menos dizer tchau a Norah, porque pior do que machucar uma das pessoas mais importantes na sua vida de uma forma injusta, é transar com uma qualquer e mal olhar pra cara dela depois. Só tenha consciência que a partir de hoje você não tem mais ligação nenhuma com a minha vida. Eu posso fazer o que bem entender, e nunca mais quero me aproximar de você outra vez.

Dia 5 de Setembro, sábado, 03:47, festa do Caleb – 3 anos antes

Grande parte das pessoas que estavam na festa já haviam ido embora. A casa estava uma bagunça completa, copos, papeis, até tênis perdido haviam espalhado pelo chão, que no momento estava grudento. Satisfeito com a festa de despedida, Caleb um pouco bêbado ainda, se jogou no sofá. Pra que limpar a casa se na segunda feira nem estaria mais ali?
- Ótima festa – Deu um pulo ao ver encostada na parede ao lado da televisão com um copo na mão.
- Da onde você surgiu? – Perguntou assustado – Eu mal te vi a festa inteira!
- Nos seus sonhos... Talvez do mesmo lugar que você tenha tirado toda aquelas besteiras que contou pro , não é verdade? – Deu um gole da bebida antes de jogar tudo no chão e se aproximar do sofá, onde Caleb ainda estava meio assustado com a garota ter aparecido do nada.
estava meio demoníaca para falar a verdade.
- E-eu não falei nenhuma besteira – Disse nervoso.
- Você sabe que disse, babaca – Parou na frente do garoto, que não se movia – Mas tudo bem, a merda já está feita e não podemos voltar no tempo pra eu te matar no momento em que você me beijou.
Caleb engoliu seco quando a garota se sentou em cima dele, com uma perna de cada lado de seu corpo. Não entendeu absolutamente nada, principalmente quando lhe deu um selinho.
- O que foi? Você não queria tanto isso? Agora que tem uma garota de pernas abertas em cima de você, vai arregar? – começou a gargalhar. Ela estava completamente bêbada – Por sua causa o comeu a nojenta da Norah James, e por sua causa ele me odeia. Justo porque você resolveu inventar pra ele que eu estou caidinha por você
- Eu só disse sobre o beijo!
- Mas não disse que você me beijou contra minha vontade, e ainda inventou um encontro amoroso que nunca iria existir. Pelo amor de deus, Caleb, você é digno de pena! Mas tudo bem, eu não guardo rancor. O conseguiu ser mais filho da puta que você, e o que importa agora é que eu quero me vingar dele, e você ainda me deve uns favorzinhos por ter sido um belo canalha... – sorriu e mordeu os lábios antes de beijar Caleb novamente, e dessa vez pra valer.

Dia 7 de Setembro, domingo, 13:57, casa da 3 anos antes
POV:

Escondida.
Talvez esse seja o resumo dos meus últimos dias. Era final de semana e eu mal havia colocado meu nariz pra fora de casa depois que voltei daquela maldita festa. Caleb uma hora dessas já estava indo morar com os cangurus, e eu apenas esperava a hora das bombas explodirem. Uma no avião dele, e algumas aqui na minha vida também.
Dois desde a minha briga com . Dois dias que não tínhamos nenhum tipo de contato. Dois dias completamente angustiada, triste, e sentindo falta do meu melhor amigo.

Minha porta foi aberta sem nenhum tipo de aviso prévio e não havia dado tempo nem de colocar a cabeça no travesseiro e fingir que estava dormindo, coisa que eu andava fazendo freqüentemente quando batiam na porta do meu quarto.
- Filha? – Lógico que era minha mãe, porque só ela tinha um tipo de problemas em respeitar minha privacidade – Só queria te lembrar do jantar de hoje a noite da empresa do Steve. Seu vestido já está separado dentro do armário.
- Jantar? – Resmunguei – Desculpa, mas eu não vou.
- ...
- Mãe, eu posso muito bem ficar em casa tomando conta da Allie, eu não me importo, não mesmo! Mas não me arraste pra esses compromissos chatos de vocês, porque eu simplesmente não suporto – Eu pelo menos tentei falar de uma maneira um pouco sutil. O problema era que não se podia ser sutil com Lizzie Morgan, porque se não ela subia em cima de você.
- Allie vai também, já é hora dela participar desses eventos com a gente. E você sabe o quanto isso é importante para Steve! Tirando que Clarisse vai estar lá também e é uma ótima oportunidade de conversarmos com ela e revertermos a sua situação no ballet. Você é uma ótima dançarina e aposto que ela vai te querer de volta ao grupo depois de dizer que você está muito arrependida de ter perdido todas aquelas aulas sem o meu consentimento.
- E quem disse que eu estou arrependida? Mãe, todo mundo sabe que eu nunca levei jeito pra essas coisas, e que pra mim é uma perda de tempo e de dinheiro eu continuar nessas aulas. Esquece, não vou falar com Clarisse. Estou bem do jeito que estou.
- Tudo bem, você é quem sabe. – Segurou no batente da porta para sair, e eu já respirava aliviada – Mas você vai a esse jantar – Respirei aliviada por 2 segundos – Pode convidar o , eu sei que Danna e Christopher também foram convidados. Faz tempo que não o vejo por aqui, tá tudo bem com ele?
- Eu já disse que não sou babá do , e que não sei mais da vida dele.
- Sei, claro. Vou dar uma saída, quando voltar quero você arrumada – Era tão difícil de entender que não havia mais nenhum tipo de relação entre e eu?
E então quando ela estava para sair do quarto, eu joguei a primeira bomba do dia.
- Mãe... Eu quero passar um tempo com o papai – Minha mãe voltou a se virar pra mim, e me encarou durante alguns segundos antes de quebrar o silêncio.
Eu sabia que ela tinha pavor desse assunto desde o momento que se divorciou do meu pai.
- Como assim passar um tempo com seu pai? Você está no começo do ano letivo, não pode simplesmente ir passar um tempo com seu pai – A última vez que eu a vi tão nervosa, foi quando ela me deu a opção de ir para Nova York há algum tempo atrás. Talvez ela não imaginasse que eu mudasse de idéia.
- Eu posso estudar um tempo lá, vai ser bom eu fazer um ano da escola em outro país...
- Um ano? De "um tempo" foi para "um ano"? – Lizzie começava a demonstrar seu nervosismo – Você acabou de ir para uma escola nova, e de repente já quer mudar de novo?
- Mãe...
- Eu fiz algo de errado?
- Não mãe, você não fez nada de errado eu só precisava de um tempo, entende? Minha vida anda uma droga, e antes que você surte, isso não tem nada a ver com você, ou com Stevie, isso tem a ver comigo.
- Ou a ver com ? A briga foi tão feia a ponto de você querer ficar longe de mim e da Allie?
- Não quero falar sobre isso.
- É tão fácil você se abrir pro seu pai, e tão difícil de se abrir pra mim – Deu um sorriso triste – Às vezes eu tenho inveja do quão próximo que vocês dois são, queria ter esse tipo de relação com a minha filha também – Quando abri a boca pra falar, minha mãe me interrompeu novamente – Mas eu entendo, eu sou uma pessoa difícil, e você é assustadoramente parecida com seu pai.
- Nós somos pessoas difíceis... Talvez nós tenhamos isso muito em comum, e eu não seja tão diferente de você – Não queria que minha mãe sentisse isso, eu amava os dois incondicionalmente, de forma igual, mas pra mim era impossível ter a mesma relação com Lizzie, que eu tinha com Matt.
- Isso me conforta – Forçou um sorriso e abriu novamente a porta para sair do quarto – Não precisa ir a festa se não quiser ir.
Sabia que não poderia ir embora depois disso tudo. Como também sabia que iria a essa droga de festa de qualquer maneira para agradar a minha mãe.
Por que eu tinha essa maldita mania de pensar mais nos outros do que em mim mesma?
Eu sempre pensei mais em do que em mim, e ninguém tem a menor idéia de como isso me tirava do sério agora que eu percebi que nada daquilo valeu a pena. Balancei a cabeça tentando espantar aqueles pensamentos da cabeça. Eu precisava parar de pensar nisso, ou ficaria louca.
Fui até o armário experimentar o vestido que minha mãe havia separado pra mim. Sim, feito uma criança de 5 anos minha própria mãe escolhia as roupas dos infernais jantares da empresa. Ela não confiava no meu gosto. E eu muito menos no seu.

Rosa. Eu odeio rosa, e todos sabem disso, até mesmo minha mãe. Só que ela achava que rosa ficava bem em mim, então ela ia lá, e escolhia um vestido rosa e pronto. Me sentindo uma total idiota com aquela roupa. Arranquei o vestido, e ainda olhando pro espelho me deparei com aquela maldita tatuagem coberta pela metade por causa da calcinha. Arranhei aquela região com as unhas com uma certa raiva, era como se eu quisesse arrancar aquilo que ficaria em minha para sempre. Não tinha feito aquilo por causa dele, mas em saber que um dos grandes motivos foi ele, me ardia de raiva por dentro.
Eu tinha o dom de fazer merda, e essa era a verdade. Apesar da tatuagem ter um significado importante pra mim, e eu ter feito pra mim, sempre que eu olhasse, lembraria dele.
Eu era patética.

Continuei a me olhar no espelho, e percebi que não era só aquela maldita tatuagem que me incomodava, na verdade tudo em mim estava me incomodando. Eu estava pálida, com olheiras, e eu, que nunca liguei pra essas coisas, odiava até mesmo meu corpo naquele momento. Como alguém podia ver alguma graça em mim?
Olhei pro meu cabelo completamente bagunçado e de repente lembrei da vontade que eu sempre tive de tingir de preto. Eu tinha até mesmo comprado a tinta, mas acabei não usando porque prometi a que não pintaria. Ele amava a cor do meu cabelo.

- Pensei em pintar o cabelo – Disse a , enquanto assistíamos televisão na sala da casa dele, num domingo a tarde.
- Eu gosto da cor do seu cabelo.
- Sempre quis ter cabelo escuro – Peguei uma mecha do cabelo, e comecei a brincar com as pontas – Eu até comprei uma tinta esses dias na farmácia, mas fiquei meio indecisa se eu pintava ou não...
- Sua mãe vai surtar... E eu gosto da cor do seu cabelo – Deu um tapa fraco em e começamos a rir.
- Da pra parar de falar isso? Se você não quiser que eu pinte, fala logo!
- Eu gosto da cor... – O fuzilei com os olhos antes que ele terminasse a frase – Parei. Mas é... Não acho que você deveria tingir, você fica bem assim.

Sorri para meu reflexo no espelho e corri até a gaveta do armário pegar o pacote de tinta que tinha comprado há alguns meses.

Se eu já estava pálida normalmente, quem dirá de cabelo escuro. Eu havia gostado essa mudança radical, apesar de ter a completa noção de que minha mãe cortaria meu corpo em pedaços e jogaria no lixo da cozinha quando me visse.
Escutei um barulho vindo do andar de baixo, e joguei a toalha que estava secando o cabelo em qualquer canto, pra colocar uma roupa e ir ver o que estava acontecendo. Quando eu terminava de colocar minha blusa do Strokes, a porta do meu quarto se abriu e meu coração só faltou sair pela boca quando vi me empurrando contra a parede, só faltando agonizar de nervoso.
Quase aquele filho de uma puta tinha me pego só de calcinha.
- POR QUE VOCÊ FEZ ISSO? – Gritou. Eu ia mandar ele falar baixo, mas então lembrei que estava sozinha em casa – POR QUE?! JUSTO COM ELE!
- Do que você tá falando?! Me larga, , você tá me machucando! – E tava mesmo. Ele apertava meus braços com tanta força que era bem provável que ficasse marcado.
- Me diz que é mentira! – Abaixou o tom de voz – Você não pode ter dormido com o babaca do Caleb – Pois é, a segunda bomba do dia havia estourado, como previsto.
- Você dormiu com a puta da Norah, do que você está falando? E outra, eu não devo mais satisfações da minha vida a você. E por falar nisso, quem é que te deixou entrar?
- MAS QUE PORRA, ! – Deu um soco na parede atrás de mim me deixando assustada.
- Eu sei como dói... – Repeti exatamente a mesma frase que ele havia me dito quando eu estava chorando na casa do Caleb – É horrível, mas você vai sobreviver, acredite – Disse da maneira mais fria possível – Agora da pra me soltar que você realmente está me machucando?
Ainda nervoso, ele me soltou. estava com uma respiração tão descompensada, que eu começava a ficar assustada. Ele tirou seus olhos dos meus, e finalmente notou em meu cabelo, e franziu o cenho antes de voltar a me encarar.
- Quem é você? – Perguntou olhando para mim.
- Pensei que eu que fosse a hipócrita nessa história toda. Agora chega de drama, você comeu a tosca da Norah, e eu dei pro babaca do Caleb, estamos quites, olha que lindo. Agora saí, . Saí do meu quarto, saí da minha casa, saí da minha vida. Você não tem mais a ver comigo, você não é mais nada meu, eu não lhe devo satisfações nenhuma. Você duvidou de mim, falou coisas horríveis e fez coisas horríveis – Consegui respirar fundo mesmo com aquela bola gigantesca na garganta.
- Posso dizer o mesmo – Disse ele. Então da mesma maneira que ele entrou, saiu.
- EU TE ODEIO ! – Gritei de dentro do meu quarto com todas as minhas forças.

Final do flashback...

Capítulo Catorze - Parte 2
"Yesterday, love was such an easy game to play. Now I need a place to hide away. Oh, I believe in yesterday" - Beatles

Casa, treino, escola, ensaio, casa.
Essa foi minha semana antes do campeonato. De alguma coisa aquilo tudo serviu, esquecer pelo menos por alguns instantes tudo o que tinha acontecido com . Acho que minha arma foi me manter ocupada 24 horas por dia. Diferente de antes, agora nós nos ignorávamos, quer dizer, ele me ignorava, eu não queria aquela situação toda depois de tudo. Quem estava mais feliz que nunca com minha briga com era Andrew, ele só não imaginava, e nem poderia imaginar, qual era o motivo da briga.
Além dos ensaios, eu também estava bem concentrada no meu trabalho na produção do show do Fall Out Boy. , e me agradeciam quase todos os dias pelo que eu tinha feito por eles. até apareceu em casa para me abraçar e dizer para minha mãe e Steve o quanto eu era foda. Eu sei, meu primo é um barato.

- Você anda triste – Disse quando sentados na borda da piscina de minha casa. Abri a boca para tentar negar, mas me cortou – Não adianta dizer que não, eu te conheço minha vida toda, apesar de ser minha prima, você é minha melhor amiga, eu te conheço, sei que não está bem.
Levei minhas mãos até os cabelos de e fiz um leve carinho. Nós éramos como irmãos, era o irmão mais velho que eu sempre quis ter, e se não fosse por ele e em minha vida, não consigo imaginar como seria. Comecei a sentir lágrimas em meus olhos, mas logo tratei de engolir o choro. Tirei minhas mãos de sua cabeça e olhei para o fundo da piscina.
- O também está triste. Ele me contou o que aconteceu, sinto muito – Respirei fundo. Mais cedo ou mais tarde eu teria que conversar sobre isso com alguém.
- Eu só faço coisa errada – Soltei uma risada nasalada – Cada dia eu tenho mais certeza de que tudo isso é culpa minha. Eu estou tão... Confusa sobre tudo, e por culpa disso, na hora que eu podia simplesmente concertar tudo que tinha feito de errado, eu atolei tudo na lama mais ainda. E então, de repente parece que uma avalanche de sentimentos me invadiu, e eu comecei a ter muitas dúvidas em relação a minha vida. E acredite ou não, eu não estou de TPM.
Forcei uma piada, e nós soltamos uma risada fraca.
- Como assim? Quais dúvidas? – Perguntou um pouco confuso.
- Todas as dúvidas. Será que não teria sido melhor ir morar com meu pai logo quando ele se divorciou da minha mãe? Será que Andrew realmente gosta de mim? Será que eu não sou mesmo a culpada de todas as brigas que tive até hoje com o ?
- Você não é culpada pelas brigas com o , na verdade vocês dois que são. E bom, em relação ao Andrew não posso te afirmar nada porque eu não o conheço tão bem pra saber se ele gosta realmente de você, mas eu conheço o melhor que eu mesmo pra saber que nenhum outro cara a não ser ele, vai gostar tanto de você.
Mordi meu lábio sem graça com o que tinha acabado de escutar. Não acreditava que no momento gostasse tanto de mim assim. Na verdade, eu tinha a sensação de que ele me odiava.
- E pra concluir, eu não consigo imaginar a vida de ninguém, não consigo até mesmo imaginar aquela escola, se você tivesse se mudado pra Nova York com o tio Matt – Dei um sorriso de canto ao ouvir as palavras de – Você consegue imaginar Allie, ou sua mãe sem você? Bom, eu acho que respondi todas as suas dúvidas.
- Eu dei tanto trabalho pra minha mãe nos últimos anos, que eu acredito mesmo que ela seria mais feliz comigo bem longe. Parece que eu nunca a conheci o bastante pra saber que eu precisava de tão pouco para conquistar a confiança dela, ou fazer ela ter um pouquinho de orgulho de mim. Eu fiz tanta burrada.
Lembrei o quanto ela ficou feliz ao me ver no time das líderes de torcida, foi a mesma felicidade ao me ver dançando ballet. Eu sabia que pra minha mãe ficar contente comigo não precisava de muito.
- Nós fizemos tanta burrada, você quis dizer. Eu não acho que tenha sido burrada, nós nos divertimos muito pra te falar a verdade. É legal ter uma prima que não se comporta feito uma menina normal – Ri alto – É verdade, eu não tenho nenhum primo pra fazer todas aquelas doideiras que já fizemos até hoje, e acho que você supriu minhas necessidades.
- De nada! – Nós dois rimos – Nervoso para os jogos?
- Mais ou menos. Nervosa para estréia como a mais linda líder de torcida de todas?
- Sim – Fiz um bico – Mas acho que estou preparada. E se não estivesse, estaria morta, porque a Amber iria correr atrás de mim com uma serra elétrica, certeza!
- Há algumas semanas atrás eu teria certeza, mas hoje... – Franzi o cenho sem entender muito bem – Sei lá, vocês duas não estão mais como antes. Parece até mesmo que você e Amber se dão bem agora.
- Não bem... Mas estamos tentando. É estranho, eu sei, mas acho que no fundo, bem no fundo, ela não é a piranha que eu imaginava que ela fosse. Hoje eu acredito até mesmo que ela tenha coração debaixo daquele silicone dela!
- Ela tem silicone? – arregalou os olhos e eu gargalhei – Idiota, não me zoa, eu fui um dos poucos que não peguei nos peitos dela pra saber se era silicone ou não!
- Na verdade, eu não sei. Reza a lenda que é, mas diz que aquilo que ela tem é muito pouco pra ser silicone.
- Ok, vamos parar por aqui porque to me sentindo um amigo gay seu falando sobre silicone – fez uma cara engraçada e eu comecei a rir.
me entendia, e era bom ter-lo por perto. Na verdade, eu andava tão carente que qualquer pessoa que chegasse até mim e desse seu ombro, eu iria deitar e rolar. Passamos a noite toda de domingo conversando enquanto eu arrumava as malas para o dia seguinte viajar com a escola para Brighton. Adormeci antes mesmo de poder me despedir de . E de colocar meu celular para despertar.

- SUA DÉBIL MENTAL! – Ouvi um grito, e antes mesmo de dar um pulo de susto, senti algo fofo bater em minha cabeça repetidas vezes.
Meu coração parecia ter saído pela boca, e eu mal conseguia respirar de tantas pancadas que estava recebendo com o travesseiro na cabeça. Eu engolia cabelo, e tinha medo de abrir os olhos e ficar cega. Passei a me proteger com as mãos sem entender absolutamente nada do que estava acontecendo.
Mas que merda de brincadeira sem graça era essa?
Dando um basta naquilo, me levantei em cima da cama com uma certa dificuldade e me mantive equilibrada ao me distanciar da louca psicótica que me atacava com travesseiros.
Amber? Mas que infernos Amber fazia na minha...
- MEU DEUS! – Coloquei a mão na boca sem acreditar na besteira que havia acabado de fazer – Eu perdi a hora! O campeonato! Meu deus!
- Pois é, ficamos meia hora esperando você dar o ar de sua graça, e nada! Seu celular esta desligado e ninguém conseguiu falar com você. Eu não acredito que você me fez perder o ônibus, sua maldita! – Amber largou o travesseiro no chão, tirou o chinelo de seus pés, e passou a me dar chineladas na perna feito uma mãe brava fazia com uma criança insuportável.
Eu pulava feito um macaco em cima da cama para desviar as chineladas.
- Ai, ai, ai, ai, ai! Amber, pára! – Dizia enquanto tentava tirar os chinelos de suas mãos, e desviar dos próprios ao mesmo tempo – Foi sem querer, desculpa, eu não coloquei o relógio pra despertar. Foi mal! Foi péssimo, eu sei! Mas me desculpas, E PELO AMOR DE DEUS, pára de me bater que isso dói!
- Péssimo? Isso foi... AHHH! – Ela voltou a gritar e a me dar mais chineladas.
Amber Jenkins estava descontrolada!
- SOCORRO! – Gritava, mas sabia que era inútil, uma hora dessas todos já tinham saído de casa, e Lurdes não me escutaria da cozinha – Amber, pára com isso!
Como uma ninja, consegui pular para minha escrivaninha e pegar vários objetos em minha frente para atacar na louca da Jenkins.
- Mas que infernos que ta acontecendo aqui? – És que surge em minha porta.
Amber aparece em minha casa me dando chineladas, e então brota o de repente na porta do meu quarto? Aquilo só podia ser um sonho bem absurdo. Sendo sonho ou não, pulei da escrivaninha e corri pra porta me colocando atrás de para me proteger. Ele estava longe de estar muito feliz com a minha pessoa, mas pelo menos atrás dele sabia que Amber não iria me bater. Ele era alto, forte, tinha um cabelo extremamente sexy e desarrumado que intimidava bastante e... Ok, chega.
- Ok, eu já entendi, eu dei mancada, perdi o ônibus, mas o que vocês estão fazendo aqui? – Perguntei olhando para Jenkins nas pontas dos pés, tentando enxergá-la em cima dos ombros de – Eu perdi o ônibus e vocês deveriam estar dentro dele, rindo da minha cara por ter que ir andando ou algo do tipo...
- Seria lindo se isso pudesse acontecer! – Murmurou Amber com o chinelo ainda a postos em sua mão – A tua sorte que hoje não tem jogo!
- O treinador me pediu para eu ir de carro e te levasse – Disse .
- E onde entra a parte dessa psicopata dentro do meu quarto tentando me matar?
- Minha vontade de te espancar era tanta, que não pude esperar que você chegasse com o em Brighton para poder te matar – Atacou o chinelo em minha direção, quase fazendo com que fosse parar no meio da cabeça de Joseph.
- Amber, pára, já chega! Você já deixou as pernas dela vermelhas o bastante para querer me acertar com isso também – Deu as costas pra ela e me encarou – Se arruma, que vou levar suas coisas pro carro, sairemos em 15 minutos.
Ele entrou em meu quarto pegando minha mala, e saiu levando minhas coisas. Bom dia pra você também, . Amber foi atrás para deixar que eu me arrumasse, pegou o chinelo no chão que havia atacado em mim, me deu outro tapa com ele em minha perna e saiu.
- AI, VADIA! – Reclamei, entrei no meu quarto e fechei a porta.

Me olhei no espelho da sala para checar se estava tudo certo, e tudo que eu via eram as marcas das chineladas de Jenkins bem visíveis em minhas pernas, e não havia nada que eu podia fazer alem da vontade de jogá-la debaixo de um caminhão. Fechei a porta de casa, e fui em direção ao Mustang conversível de que hoje estava a parte de cima levantada. Pelo visto o retrovisor que eu tinha feito o favor de quebrar já tinha sido arrumado. Amber estava apoiada no carro e mexia no celular enquanto já estava dentro do carro arrumando alguma coisa no rádio. Joguei minha mochila no banco de trás e abri a porta para entrar.
- Vai sonhando, noiva do Chuck! – Se jogou no banco de trás do carro cruzando as pernas e colocando seus pés pra fora – A propósito, belos vergões na pernas. Quem foi que fez? – Rolei os olhos e mandei um dedo pra ela. Sem querer me estressar, me sentei no banco da frente ao lado de sem reclamar – Anda logo, , temos uma hora de estrada pela frente.

Amber babava em menos de 20 minutos de viagem. não abriu a boca em 20 minutos de viagem. Odiava esse silêncio, principalmente vindo dele. Eu tinha que fazer alguma coisa! Eu fiz besteira, e eu precisava concertar de alguma forma.
- Você não vai nunca mais falar comigo? – Perguntei de cabeça baixa, com um pouco de medo de uma resposta um tanto quanto longe da delicadeza.
- Não sabia que você tinha essa necessidade que eu falasse com você – É, pelo menos o coice foi menor do que eu imaginava – O que você quer que eu fale?
- Sei lá, não sei, me xinga, diz que me odeia, que eu fui uma idiota, só pára de me ignorar! – Implorei.
O silêncio se fez novamente.
- Ah ta, legal, então você vai me ignorar pra sempre agora? Maturo, muito maturo.
- Beijar um cara e depois dizer que foi um erro... Maturo, muito maturo – Mas era fato que ainda estava puto comigo, e eu não tiro a razão dele. Se ele quiser me ignorar pelo resto da vida, beleza, mas ele teria que me agüentar de qualquer jeito.
- Tudo bem, eu fui uma idiota, eu sei, mas você vai fingir que eu não existo por toda a vida, só porque mais uma vez eu fiz besteira?
- Eu fiz isso por 3 anos e você não pareceu ficar incomodada.
- Não, você não fingiu que eu não existia por 3 anos, você me irritou e tentou fazer da minha vida um inferno durante 3 anos, e eu juro que prefiro que você continue daquele jeito do que me ignorar pra sempre. Eu sinto muito, ... Por tudo.
- Pois é, eu também.
E sem querer continuar uma discussão, eu preferi não responder, voltando o silêncio perturbador voltou a tomar conta do carro.

- Sem brincadeiras, eu vou explodir se segurar mais um pouco – Choramingou Amber se contorcendo no banco de trás pela quarta vez parecendo uma criancinha de 5 anos querendo fazer xixi.
- Falta só uma meia hora pra gente chegar a Brighton! – Disse dando uma ultima tragada no cigarro antes de jogá-lo fora. Cigarro de muitos que ele já havia jogado fora durante aquele tempo que estávamos no carro. É, eu acho que eu estava deixando alguém nervoso mesmo sem querer – Se a gente parar em algum lugar, vai demorar mais ainda pra gente chegar!
- Bonitão, sua namoradinha demorou 2 horas pra acordar, e se não fosse por ela nós já estaríamos lá, então quer fazer o favor de parar no primeiro lugar com banheiro que você achar? Obrigada.
bufou e nem se deu ao trabalho de responde-la. Muito menos eu.
- Quanto drama – Murmurei.
- Drama? Sabia que é assim que começam as infecções urinarias?

Depois de uns 5 minutos dizendo que seria melhor a gente parar no acostamento pra ela fazer xixi em algum matinho só para irritar Amber, achou um posto de gasolina de beira de estrada.
- Eu hein, isso aqui parece aqueles postos de gasolina que sempre aparece no inicio dos filmes de terror. Vem, vamos comigo – Disse olhando para mim.
O que?
- Você me encheu de chineladas em menos de uma hora atrás! Eu deveria te deixar ir sozinha naquela droga e morrer atacada pelo Jason – Reclamei – Agora não ta com mais raiva de mim?
- Raiva da rugas. Não quero rugas, anda, vamos – Amber pulou do carro e correu para loja de conveniência e eu fui atrás.

Ao entrar no banheiro não entendi como alguém como Jenkins teria coragem de usar aquilo. Eu morreria de infecção urinaria, mas não abaixaria minhas calças nesse lugar nem que me pagassem. Só de olhar a maçaneta da porta já dava tétano.
- Agora sim, temos um assunto pra conversar – E então surge Amber atrás de mim, do lado da porta que eu havia acabado de entrar. Wow, wow, espera aí, não era ela que estava quase se mijando nas calças?
- Você ta louca? – Perguntei com o cenho franzido.
- Não, na verdade estou bem sã. A única louca no momento é você – Ok, nos ofender era normal, mas normalmente acontecia em momentos adequados. Eu nunca pedi pra alguém parar o carro no meio da estrada para chamá-la de louca – Qual é a sua com o ? Porque sinceramente, não ta dando pra acreditar que vocês ficaram e você fez a proeza de brigar com ele por causa do Drew!
Fiquei muda, de olhos arregalados, sem acreditar no que eu havia acabado de escutar. A última pessoa no mundo que podia saber disso era Amber, e como que essa história foi cair justamente nos ouvidos dela? Meu namoro acabara de ir pro espaço, mesmo eu não me preocupando muito com isso agora.
- Mas como que... – Maldita! Lógico que ela tinha escutado a pseudo conversa minha e de dentro do carro! – Você não tava dormindo!
- Que seja, isso não é importante agora, o assunto no momento aqui é você.
- Se preocupando agora, e comigo? Awn, quanta consideração sua – Coloquei minhas duas mãos no coração fingindo que aquilo tudo realmente tivesse me tocado – Mas muito obrigada, eu passo.
- O único motivo deu ter perdido aquele ônibus é porque ta uma droga com isso tudo, e por mais que você pense que eu não tenho coração, eu tenho, e eu me preocupo com o apesar de tudo – Provavelmente se alguém tirasse uma foto minha agora, pareceria que eu estava olhando para um E.T. Talvez porque aquela conversa fosse realmente de outro mundo.
- Vamos lá, Amber... Você nunca se preocupou com ninguém além de você mesma – Rolei os olhos.
- Pelo menos eu não me preocupo pela pessoa errada – Deu de ombros. Amber cruzou os braços e deu uma risadinha – E eu posso te garantir, se eu não tenho coração, Andrew Collins muito menos.
- Qual é a sua agora? Porque sinceramente Jenkins, eu não te entendo. Vai lá, conta pro Andrew e tenha seu homem de volta, não é isso que você sempre quis?
- É, pode ser, mas eu acho que preciso ter um pouco de amor a mim mesma. Ao contrario do que você pensa, Andrew não virou um santinho de repente que começou a namorar com você. Andrew Collins sempre será o mesmo cafajeste de sempre – Eu tentava abrir a boca pra interromper tudo aquilo que ela dizia, mas eu não conseguia – Você não vê a merda toda que você ta fazendo?
- Cafajeste pelo qual você é apaixonada?
- Infelizmente sim. Infelizmente não são todas as garotas que tem a sorte de se apaixonar por um cara incrível, e ainda ter esse sentimento recíproco. Mas poucas são idiotas de estragar tudo – Ok, aquela vadia estava conseguindo tocar em meu ponto fraco, e eu sabia disso. A única coisa que eu não sabia, é onde ela queria chegar com toda essa baboseiras.
- Ah, ta legal, então o que você quer dizer com tudo isso?
- Que você é a última pessoa que deve se sentir culpada por ter beijado o ! Deixa de ser idiota, !
- Isso não é problema seu, então cai fora!
- Cala a boca e me escuta! Você precisa parar de ser uma vadia em relação ao .
- Eu, vadia? Pior você, que só fala isso porque sempre quis ter o Andrew pra você! Pensa que eu não sei que você me odeia até hoje por causa disso? Porque eu fui a única naquela escola a namorar sério com o cara desejado por todas?
- Você só namora o gcara desejado por todas porque você era a única que pra ele era inalcançável, pelo simples fato de somente o conseguir essa proeza, e ele não.
- O que?
- Pense bem, punk girl... Você não é tão burrinha assim. Andrew só terminou comigo porque você era a única que ele não podia ter, a única que só , um dia teve realmente. Esse seu mistério todo fazem todos os garotos daquele colégio delirarem, vai ver que é por isso que você é tão popular. “Por que uma garota tão linda como essas nunca fica com cara algum?”; “Por que uma garota tão incrível é tão foda-se tudo?”; “Wow, como uma garota consegue ficar tão sexy usando botas de combate?” É... Alguns caras gamam. Você e o não se falavam há anos, você não tinha namorado, e tudo o que ele queria era ter a com um “confere” na lista dele que se chama “Garotas que já levei pra cama”
- Eu não... Você é boa sabia? Muito boa – Não deixaria me abater por tudo o que ela disse. Lógico que eu sabia que havia chances disso tudo ser verdade, mas se fosse, eu não me derramaria em lágrimas bem na frente de Amber Jenkins.
- Eu sei que até hoje, depois de 6 meses, você ainda não foi pra cama com ele, ta legal? – Como assim ela sabia sobre isso? Ou melhor, como ela sabia de tanta coisa? – Andrew é homem, , e um belo de um babaca! Você acha mesmo que é fácil pra ele ficar esperando você finalmente querer transar com ele?
Ah, qual é? Eu tenho culpa se sou uma bela de uma bobona que tem medo de ir pra cama com o namorado só pelo fato de saber que no fundo ele continua o mesmo idiota de sempre?
Virei as costas para sair do banheiro não querendo escutar mais nada e senti os braços delas me segurarem.
- Por que toda essa frescurinha com o Andrew? Não é como se ninguém soubesse sobre o Caleb, !
Sem querer escutar mais nada, abri a porta do banheiro e fui em direção a saída. estava colocando a mangueira de gasolina no lugar, quando passei por ele como um raio e me sentei no banco de trás do carro, colocando minhas pernas pra cima do banco. Amber chegou logo em seguida e se sentou no banco do passageiro.
- Mas que merda aconteceu? – Perguntou sem entender minha cara e a de Amber.
- Nada, só anda logo com isso, a gente precisa chegar logo no Hotel.

Eu era a última pessoa no mundo que deveria acreditar em alguma coisa que Amber Jenkins dizia, pelo simples motivo dela ser Amber Jenkins, a maior das vadias que era louca pelo meu namorado. Só que algo nela me dizia que eu podia pelo menos pensar no caso daquilo tudo ser verdade. Mas pensar no caso de acreditar em tudo que Amber havia falado sobre Andrew já me faria enlouquecer.
Eu sabia que não podia confiar em Andrew, sempre soube pra te falar a verdade, mas eu gostava dele, e eu achava sim que ele tinha mudado, pelo menos um pouquinho. E que também gostava de mim, pelo menos um pouquinho.
Coloquei meus braços em volta das minhas pernas e as abracei forte como se aquilo fosse ajudar a não chorar. Podia sentir os olhos de em cima de mim olhando pelo retrovisor, e abaixei a cabeça para que não desse muito na cara que o que eu mais queria naquele momento era colocar minha cabeça na privada e dar descarga.
Por que tudo na minha vida decidiu ir pra lama de uma vez só?
Já não bastava minha briga com , agora esse problema com Andrew que eu nem imaginava como resolver. Tá tudo bem, eu poderia resolver com uma conversa, mas eu chegava a ter medo do que poderia levar aquela conversa.

Após mais alguns minutos de viagem chegamos ao hotel que estavam hospedados as escolas e seus times.
- Finalmente! – Gritou Amber abrindo a porta do carro, entregando sua bagagem de mão para o primeiro funcionário do hotel que havia aparecido.
Rolei os olhos e coloquei meu óculos de Sol, saindo do carro em seguida de Amber. Fui até o porta-malas pegar minhas coisas, e vi a minha mala maior já para o lado de fora do carro, e com a minha mochila no ombro.
- Valeu – Agradeci quando ele me entregou a mochila.
- Seja lá o que Amber tenha te falado no banheiro, essa não é a melhor hora de você ficar com esse humor – Disse me pegando de surpresa. Não era ele que estava me ignorando segundos atrás? – O que eu fico surpreso, porque nunca pensei que você ligaria para algo que a Amber te dissesse. A coisa deve ser bem feia.
- ... Você sabe de alguma coisa sobre o Andrew que eu não saiba? – Perguntei sem pensar duas vezes.
- Como assim? Além dele ser um babaca? – Lógico que eu poderia imaginar isso vindo do . Coloquei meus óculos na cabeça e cruzei os braços esperando uma resposta séria – Bom, tirando que ele reservou a melhor suíte do hotel pra vocês dois, de resto não é nada da minha conta. Não que isso seja, mas é que ele se gabou durante algum tempo, parecia até que o campeonato seria a lua de mel de vocês.
Como é que é? Mas que história de suíte era essa? Pra mim os quartos seriam separados em duas partes, uma feminina e outra masculina, e ninguém teria uma suíte fodona pra aproveitar com a namorada.
- O que foi, você não sabia? – começou a rir, me deixando furiosa – Olha só que divertido, você não tem nem idéia dos planos do seu namoradinho idiota, e ele estava que nem uma hiena saltitante nos últimos treinos dizendo que você mal podia esperar para ficarem esse tempo juntos aqui em Brighton. Mas tudo bem, você me perguntou o que eu sabia sobre ele, e é isso é tudo que eu posso te dizer. Falar mais do que isso, eu acabo virando uma velhinha fofoqueira.
- Hey, ! – Mandy, uma das meninas da torcida, apareceu ao nosso lado cortando nossa conversa – A está louca, louca mesmo, atrás de você. Ela disse que assim que eu te encontrasse era pra ir atrás dela.
- Por que ela não me ligou? – Perguntei pegando o celular no bolso do meu shorts, e antes que ela respondesse, eu já tinha percebido o motivo: Meu celular estava sem bateria.
- Seu celular só cai na caixa postal.

Sem dizer mais nada, entrou para o lobby do Hotel junto com Amber e eu para fazer o check in. A única coisa que eu rezava naquele momento era não encontrar Andrew.
O hotel estava lotado, e a fila para o check in estava enorme. Tirando eu e o , Amber era a única a se divertir naquela fila.
- Agradeço a todas as forças sobrenaturais que ajudaram para que eu e o garotão aqui do lado terminássemos a tempo do campeonato – Jenkins apontou para , que balançou a cabeça com as besteiras que ela falava – A quantidade de homem gostoso em um mesmo ambiente esta me fazendo até ficar tonta.
Eu não acreditava que depois de tudo aquilo que ela havia me falado no banheiro do posto de gasolina, ela estaria agindo tão naturalmente, até mesmo com espaço para piadinhas. Será que ela tinha noção no nó que havia dado na minha cabeça?
- E você podia aproveitar essa oportunidade, Winehouse – Cochichou no meu ouvido – Eu posso estar feliz em estar solteira, mas que é uma pena um gato feito o estar sozinho, isso é.
Boquiaberta eu não respondi. Aquela minha tinha comido merda.
- Que foi, por que essa cara de espanto? Ele é gato não é? E ele também é super legal, tirando que menina... Esse cara na cama é uma coisa de...
- Amber, chega! – Falei alto quase tampando os ouvidos para não ouvir o final daquela frase.
- Eu hein, calma, eu só to dizendo todos os motivos para você ficar com ele!
- Isso tudo é desespero pra ter o Andrew de volta?
- Desespero? Eu posso até ter um tombo por aquele mané, mas desesperada de forma alguma! Falando nisso, assim que você cair na real, não quero que venha atrás de mim toda irritadinha. Já disse, raiva da rugas – Amber piscou e se virou para conversar com um carinha da outra escola que também tava na fila.
Eu já estava de saco cheio de pessoas falando tudo pela metade. O que ela queria dizer com “cair na real”? Cair na real de que tudo que ela havia me falado era verdade? Ela não sabe, mas a primeira pessoa que eu iria matar se aquilo tudo fosse verdade seria Andrew, não ela. Se quer saber, eu não sei o que eu faria se tudo aquilo que Amber havia me contado fosse mesmo verdade. Não sei se me surpreenderia, ou se ficaria completamente decepcionada. Talvez os dois.

Mais duas pessoas vieram atrás de mim dizendo que precisava falar comigo, então depois de fazer o check in passei a procurar por todas as partes daquele hotel, tomando o máximo de cuidado para não trombar com Andrew em lugar nenhum. Não que eu estivesse fugindo, mas antes de tudo eu precisaria falar com , explicar toda aquela história doida, pra depois ela me dizer o que eu realmente deveria fazer. Eu sou a pessoa que consegue fazer mais merda, então não confiava muito bem em ir sem nenhuma opinião dela.

Passei o cartão na porta, e entrei no quarto que dividiria com . A suíte ainda estava arrumada, apenas com as nossas malas em cima das duas camas de solteiro. Coloquei meu celular para carregar e assim que ligou, começou a alertar todas as chamadas não atendidas e mensagens de e Andrew.
Drew: Linda, por favor, me liga quando chegar, estou preocupado. xx
: Cadê você sua infeliz dos infernos? A Amber está querendo arrancar fora o pinto que você não tem, e o ônibus já esta pra sair!
Drew: , eu soube o que aconteceu. Me procura assim que chegar no hotel, tenho uma surpresa pra você xx
Ah claro, a suíte 5 estrelas que até aí só era uma surpresa pra mim.
: , pelo amor de deus, eu preciso falar com você. Quando chegar ao hotel me procura.

Ainda lendo todas as mensagens do celular ouvi a porta se abrir e entrar feito uma louca no quarto. Ela estava pálida
- Mas em qual inferno você se enfiou, sua retardada? – Gritou de uma forma desesperada – Eu to te procurando desde as 7 da manhã e você não atende o celular e ainda não aparece na escola!
- Eu esqueci de colocar meu celular pra despertar e ele ainda acabou a bateria! Desculpa mas é que aconteceram muitas coisas hoje e eu... – Respirei fundo pra engolir o choro – Eu não sei o que fazer, !
A tentativa fracassada de engolir o choro foi por água abaixo. Eu estava cansada demais pra conseguir me controlar no momento.
- O que aconteceu? – Perguntou minha amiga me dando um abraço.
- Tudo, aconteceu tudo! O continua me odiando, a Amber decidiu abrir uma campanha “Team ” pra mim, e pra cooperar na sua campanha decidiu “dar a entender” que o Andrew é um belo de um filho da puta, sendo que nesse exato momento ele está me esperando na merda da suíte mais top desse hotel que ele reservou pra gente! Droga, ... Eu não sei o que eu faço!
- Você não vai pra merda de suíte nenhuma! – Respondeu me assustando com seu tom de voz – Eu não sei o que foi que a Amber te falou, mas eu tenho certeza que pode ser verdade.
- Como assim?
- Eu sei que esse não é o melhor momento, mas eu não posso esconder isso de você só pra não estragar a viagem. Você é minha melhor amiga, e não conseguiria olhar pra sua cara se não te contasse o que eu descobri hoje.
Eu tinha até medo de perguntar o que era que havia descoberto. Será que tinha mais alguma coisa pra ficar pior nessa história toda?
- Foi o Andrew, ! – Disse num jato, mas eu continuei sem entender – Foi o Andrew que contou pro Sr. Grey que você matava as aulas de Educação Física. Foi por causa dele que você quase foi expulsa da escola, e por causa dele que você ta na equipe!


Capítulo Quinze
"Amigo é quem te socorre, não quem tem pena de ti." - < Thomas Fuller

Eu cheguei à seguinte conclusão: A vida, além de já ser uma merda, decidiu dar um bônus gratuito de "Foda-se mais um pouquinho por minuto".
Mas que infernos estava acontecendo? Eu sei que nunca fui a melhor pessoa do mundo. Eu nunca obedeci minha mãe pra poder ganhar uma bicicleta de Natal, falava palavrão, não ajudava velhinhos a atravessar a rua e a única vez que o Papai Noel do shopping se aproximou de mim pra perguntar se eu não queria dar minha chupeta pra ele, eu mostrei o dedo feio, mas poxa... Quer foder me beija!

Eu poderia imaginar que não tinha sido que havia feito aquilo comigo, eu podia acreditar que sei lá... Ele pra proteger a Amber teria tomado toda a culpa por ter me dedurado para o Sr. Grey. Só que o que eu não poderia imaginar de forma alguma é que quem tinha feito tudo aquilo havia sido meu próprio namorado.
Eu não deveria estar tão surpresa, afinal como eu já disse, a vida anda me colocando em cada situação absurda que eu deveria levar aquilo de uma outra maneira. Mas ele era o Andrew. Meu Andrew, entende? Ele pode não ser o melhor namorado do mundo, e eu posso não ser a namorada mais perdidamente apaixonada, mas ele ainda é uma pessoa importante. Freqüentou minha casa, conheceu minha família, foi meu primeiro namorado, e muito bom pra mim.
Mas agora me fala, do que adiantou tudo isso?
- Não foi tudo culpa dele, lógico. Digamos que tem dedo da Amber nessa confusão toda – Mas era claro que tinha dedo daquela vadia traidora no meio – Ela te queria no time, mas jamais te pediria, e Andrew queria um tempo a sós com você... Você sabe...
Eu não pensaria em Amber agora, mesmo estando furiosa com ela também.
Tudo que eu pensava era em como Andrew teve coragem de fazer isso, arriscar com que eu fosse expulsa da escola para ele ter uma chance de ir pra cama comigo em Brighton. Aquilo me deixou enjoada.
Como eu pude ser tão burra?
Como ele pode ser tão podre?
- Espera aí, ! Onde é que você vai? – Sem pensar duas vezes saí porta a fora ignorando completamente aos gritos de .

Você já ficou alguma vez cega de raiva? Sim, cega. Eu estava incapaz de enxergar um palmo na frente da minha mão em todo o caminho entre meu quarto e a suíte de Andrew que ficava no último andar do hotel. Não, eu não conseguia só ver, eu também não conseguia ouvir, ou falar nada. Eu estava funcionando no automático.
Estou no quarto 756 no sétimo andar, assim que chegar, venha até aqui, que tenho uma surpresa pra você. Te amo, Andrew. Era isso que dizia na mensagem do celular. Collins nunca havia dito que me amava, aquela era a primeira vez. Mesmo aquilo sendo uma completa mentira, era a primeira vez.
Meu sangue fervia, e eu me segurava para não chorar. Não um choro de tristeza ou de decepção, e sim um choro de raiva.
Eu precisava me acalmar.
Ao chegar em frente a porta do quarto 756, sétimo andar, eu parei, coloquei minhas duas mãos no batente da porta, e respirei. Respirei bem fundo tentando ficar calma. Não valeria a pena me descontrolar. Não por ele. Me segurando para não esmurrar aquela porta, eu bati da maneira mais delicada que consegui, e menos de 5 segundo, Andrew já estava com a porta aberta, e com um sorriso de orelha a orelha.
- Amor, que bom que você chegou! Você tem alguma idéia de como a gente ficou preocupado? Você simplesmente sumiu do mapa hoje de manhã, se o babaca do não tivesse com o carro, a Amber tinha te matado!
Eu não conseguia entender uma palavra do que ele dizia, tudo porque minha cabeça estava focada apenas no que eu tinha ido fazer ali.
- Mas tudo bem, que bom que deu tudo certo. Agora entra, eu preciso te mostrar uma coisa. É uma surpresa que preparei pra você – Andrew deu espaço para que eu entrasse, e eu entrei, continuando calada.
O quarto era imenso. A cama king size estava com um jogo de lençol impecável, e milhares de travesseiros espalhados. A televisão enorme na parede estava ligada em um canal de esportes, e na copa haviam milhares de bebidas. Pela janela enorme de vidro você conseguia ver toda a praia ao lado do hotel e grande parte piscina. Seria lindo, se não fosse tão trágico. Olhei para cada canto do quarto sem dizer uma palavra.
- Então, o que achou? – Perguntou – É nosso por todo o campeonato.
Voltei a encará-lo, pensando em como ele tinha coragem de fazer tudo aquilo.
- , ta tudo bem? Você ta estranha, tão quieta. Aconteceu alguma coisa? – Ao perguntar, Andrew aproximou suas mãos de minha cintura e eu me afastei.
- Não... Toca em mim. – Disse em voz baixa.
- Mas o que...
- Nunca mais toca em mim, ou dirija a palavra a mim. – Olhei fixamente em seus olhos.
- Mas que porra que ta acontecendo? Por que você ta falando desse jeito?
- Foi você que contou pro diretor que eu bolava as aulas. Por sua culpa eu quase fui expulsa da escola, e por sua culpa eu tive que entrar no time das líderes de torcida – Andrew abriu a boca para falar, e eu interrompi – E pelo amor de Deus, não nega. Chega de mentiras, já perdi tempo o bastante com você por causa disso.
- Quem te disse isso? – Perguntou.
- Você me viu culpar ao e não fez absolutamente nada – Ignorei completamente sua pergunta e continuei a falar – Você viu como eu me senti ao entrar no time, e simplesmente ignorou. Tudo por quê? Pra me trazer pra Brighton e ter uma chance de finalmente transar comigo. Sempre foi esse seu objetivo? Namorar comigo, pra poder me levar pra cama?
- Da onde você ta tirando tanta besteira, ? Quem colocou todas essas merdas na sua cabeça?
- Chega a ser bizarro, sabia? Não imaginava que sua necessidade era tanta... Não quando você dormia com outras vagabundas quando estava comigo – Collins não respondeu, ele apenas me olhava da maneira mais assustada do mundo – Mas sabe o que foi realmente o mais triste de tudo isso? – Perguntei engolindo qualquer lágrima que insistia sair. Jamais choraria na frente de Andrew, eu era orgulhosa demais para chegar a esse ponto – O que me machuca mais? – Andrew continuou sem responder – O tempo que eu perdi com você...
- Você não sabe do que ta falando...
- Ah, não? – Fingi uma cara confusa – Então diz, diz na minha cara que é mentira tudo isso que eu acabei de dizer. Que é mentira que você contou tudo para o Sr. Grey, que não quis namorar comigo só pra contar pros seus amiguinhos que transou com a , e que não levou nenhuma vadia pra cama enquanto namorava comigo. Diz, Andrew!
- Isso não vai ficar assim... – Disse irritado.
- Cala a boca, Collins – Disse ríspida – Como não vai ficar assim? Você tem a mínima noção do que fez pra mim? Alguma noção do que fez as pessoas ao seu redor? Eu culpei por todas as merdas que você, meu próprio namorado, fez pra mim!
- Então é isso? Você vai tomar as dores do filho da puta do , agora?
- Filho da puta? O único filho da puta que eu vejo no momento, é você!
- , por favor... – Tentou se aproximar de mim novamente, e eu de novo me afastei – Deixa eu me explicar...
- Pra que? Pra me contar mais e mais mentiras? Deus... Como fui estúpida! Estúpida em acreditar que você tinha mudado. Tudo que eu penso agora, é que todo nosso namoro foi uma mentira.
- Eu nunca menti quando disse que você era importante!
- Importante pra me levar pra cama, você quer dizer? – Dei um sorriso irônico – Quer saber? Pára de falar... Pára de falar porque você só está conseguindo que eu tenha mais nojo de você.
Virei as costas, e antes de sair do quarto, eu finalizei:
- E caso isso não tenha ficado claro, acabou.

Eu desabei.
Após sair de perto do Andrew eu larguei de mão e comecei a chorar descontroladamente. Eu podia não gostar dele da maneira que eu deveria gostar como namorada, mas apesar de tudo, mesmo sendo meu namorado, primeiro de tudo ele foi um amigo, e a pessoa mais próxima a mim por meses.

POV:

Estava impossível de dormir apesar do cansaço. estava com e estava por aí fazendo alguma merda com o . Nada fora do comum, além de mim, em um hotel foda em Brighton, lotado de meninas gostosas, e eu aqui, chutando pedrinhas numa completa merda. Eu merecia um soco bem dado no meio da cara.
Acendi o cigarro e na primeira tragada, distraído, trombei com alguém já fora dos corredores das suítes.
- ? – Ela estava péssima. estava de cabeça baixa, aos prantos, se abraçando com os próprios braços – O que aconteceu? – Perguntei de um jeito meio desesperado.
levantou a cabeça e me encarou durante um tempo. Seu nariz estava vermelho, e seus olhos inchados, cheios de lágrimas. Podia soar doentio, mas até chorando ela era linda. Sem pensar em meus atos, levei minha mão até seu rosto e sequei algumas lágrimas com meus dedos.
- Desculpa – Disse ela com a voz tremula, respirando fundo para controlar os soluços – Por favor, ... Me desculpa por tudo! – E então ela jogou seus braços em volta do meu pescoço e me abraçou tão forte que pensei que ela poderia me enforcar.

- Você sabia, não sabia? – Perguntou , sentada na beira da piscina com os braços ao redor de suas pernas. A piscina no momento se encontrava vazia, pois quem não estava andando por aí escondido do supervisor das escolas, estavam em suas camas dormindo – Sobre tudo que o Andrew tinha feito junto com a Amber.
- Na verdade não, quer dizer, não desde o começo. Eu sabia sobre a Amber, e por isso a gente terminou, foi justamente no dia que você quis me matar – Tentei ser engraçado, mas ela estava muito culpada para rir.
- Desculpa... De verdade.
- Nah... Tudo bem, eu também pensaria que tivesse sido eu, se fosse você – Peguei um cigarro dentro do meu bolso do moletom, e acendi – E sem ofensas, mas sua direita é péssima.
- ! – Ela escondeu seu rosto no meio das pernas.
- Hey, isso é um sorriso? – Perguntei apontando para seu rosto com a mão que segurava o cigarro.
- Você sempre teve esse dom, não deveria estar tão surpreso assim – Minha vez de ficar sem graça – E por que não me contou sobre o Andrew quando ficou sabendo? Ou sobre a Amber?
- Apesar de tudo, eu não tinha coragem de jogar a culpa em cima dela. O clima entre eu e você não era dos melhores, e não voltaria ao normal mesmo se eu falasse que tinha sido a Jenkins. E com o Collins, bom... Primeiro o obvio, você não acreditaria em mim, segundo... Quando a Amber me contou, foi eu que não acreditei. Sabe como que é, né... Ele se gabava bastante pelo que vocês faziam, e pelo visto até o que não faziam
Vi as bochechas de ficarem vermelhas, mas preferi não tirar sarro.
- Ele é um idiota.
- E bom... Também era difícil de acreditar.
- Não sei porquê – Deu de ombros – Você mais do que ninguém deveria saber que eu nunca vou transar com o cara se eu não gostar realmente dele. Pelo amor de Deus, da pra contar nos dedos de uma mão quantos caras eu já beijei minha vida toda! Por que é tão difícil de acreditar nisso? Só porque eu sou uma porra louca?
- Depois do que aconteceu com o merda do Caleb, você queria de verdade que eu acreditasse nisso? – Levantei um pouco a voz. Não queria brigar, mas é que entrar naquele assunto me deixava nervoso – Eu sei que você não é nenhuma puta, mas... , você tinha 14 anos quando aconteceu aquilo tudo!
ficou quieta por alguns instantes.
- Eu... Eu meio que... – Ela se levantou e sentou-se no divã que tinha ao lado do que eu estava sentada, ficando de frente pra mim – Menti.
- Como assim? – Perguntei confuso. Mentiu sobre o que?
- Sobre o Caleb...

Flashback, 3 anos antes. Ponto de vista: Autora

- E-eu não falei nenhuma besteira – Disse nervoso.
- Você sabe que disse, babaca – Parou na frente do garoto, que não se movia – Mas tudo bem, a merda já está feita e não podemos voltar no tempo pra eu te matar no momento em que você me beijou.
Caleb engoliu seco quando a garota se sentou em cima dele, com uma perna de cada lado de seu corpo. Não entendeu absolutamente nada, principalmente quando lhe deu um selinho.
- O que foi? Você não queria tanto isso? Agora que tem uma garota de pernas abertas em cima de você, vai arregar? – começou a gargalhar. Ela estava completamente bêbada – Por sua causa o comeu a nojenta da Norah James, e por sua causa ele me odeia. Justo porque você resolveu inventar pra ele que eu estou caidinha por você
- Eu só disse sobre o beijo!
- Mas não disse que você me beijou contra minha vontade, e ainda inventou um encontro amoroso que nunca iria existir. Pelo amor de deus, Caleb, você é digno de pena! Mas tudo bem, eu não guardo rancor. O conseguiu ser mais filho da puta que você, e o que importa agora é que eu quero me vingar dele, e você ainda me deve uns favorzinhos por ter sido um belo canalha... – sorriu e mordeu os lábios antes de beijar Caleb novamente, e dessa vez pra valer.
- Qual favorzinho? – Mordeu o próprio lábio inferior.
saiu de cima dele, o deixando transtornado. Aquela garota era louca, claro.
- Você vai falar pro que dormimos juntos. Pode inventar o que quiser, dar os detalhes que for, mas isso tem que parar nos ouvidos dele o quanto antes. Conte isso pra algum dos meninos da banda, tenho certeza que um deles vai acabar contando.
- O que? – Perguntou – Você quer que eu minta que a gente transou hoje?
- Isso. O que foi? Ah pelo amor de Deus, Caleb, não trate isso como se fosse um total absurdo, porque você sabe que não é. Não pra você, afinal, qual garota libera pro cara inventar que ele foi pra cama com ela? Você sabe que quem vai sair ganhando nessa história toda é você, e eu conheço bem o seu tipo, então vamos pular a parte do draminha ridículo que você está pensando em fazer – pegou a garrafa de cerveja que Caleb segurava e saiu em direção a porta – Bom, agora eu vou indo. E se isso não chegar no até domingo, eu acabo com você!

//Flashback, 3 anos antes. Ponto de vista: Autora

- Você O QUE? – Me levantei no mesmo instante. Como assim ela havia mentido sobre o Caleb? Que tipo de idiota ela era?
- Eu tava com raiva de você, ta legal? E como eu não tinha coragem de devolver no mesmo troco, eu fiz com que Caleb inventasse aquela história toda pra você ficar puto, e eu pelo menos fingir que tinha devolvido na mesma moeda.
- Você tem idéia que foi por isso que a gente brigou?
- Wow, wow, wow, vamos com calma aí, cowboy! Se a gente brigou foi porque você foi idiota o suficiente pra acreditar no Caleb e dormir com aquela vagabunda de quinta categoria da Norah! – Disse ao se levantar para pelo menos tentar ficar da mesma altura que eu.
- Mas eu ia te pedir desculpas! – Sem forças eu comecei a dizer tudo que eu pensava que ela jamais ficaria sabendo – Justo naquele domingo, eu ia até sua casa te pedir desculpas. Você disse que eu não insisti, que eu não corri atrás, mas eu ia, eu juro que ia! Só que quando o me disse aquilo eu perdi a cabeça! Mas que droga, , por que você fez isso?
- Porque eu tava inconformada com o que você tinha feito! – Disse voltando a chorar – Não venha jogar a culpa toda em cima de mim, porque você também errou! Nós dois erramos, e pronto!
Voltei a me sentar, e coloquei minhas mãos na cabeça. Maldição de garota! Por que ela tinha que ser tão complicada e tão maluca? Senti ela se sentar ao meu lado e colocar a cabeça no meu ombro.
- ?
- O que?
- Nada, eu só queria ver se você tava bravo – Quando éramos menores, ela costumava a fazer isso para saber pelo meu tom de voz se eu estava irritado ou não. Foi fofo vê-la fazendo isso com 17 anos nas costas.
Fofo? Vai tomar no seu cú, !
- Sim, estou – Disse ríspido.
- Quer que eu...
- Se você sair daqui, eu te mato.
- Eu não vou sair daqui. Mas prometo ficar quieta até você decidir falar, ok?

Eram muitas informações pra uma cabeça só. Durante todos esses anos eu sentia raiva por ela ter feito, o que na verdade não fez, com Caleb. Ela mentiu pra me atingir, e até hoje estávamos nessa guerra por causa disso. Tudo bem, eu também tinha sido um belo filho da puta, fui pra cama com uma menina só por causa de uma coisa que um infeliz havia me contado que na real era uma completa mentira.
E agora aquela garota, aquela mesma, a que me deixa louco por qualquer motivo, que me faz virar uma bicha, estava ali pra mim novamente. Eu seria um animal se estragasse tudo.
Respirei fundo.
- Ta ficando tarde, e amanhã de manhã já tem jogo. Vamos que vou te levar até seu quarto – Me levantei e fiquei esperando para que ela se levantasse.

Tomamos cuidado para que ninguém nos visse até deixá-la no quarto. O supervisor do hotel no momento se encontrava babando no sofá do lobby do Hotel, fazendo com que não existisse mais ala masculina e feminina. Tudo estava uma bagunça, mas quem se importa?
Chegamos em seu quarto e ela tirou o cartão do bolso.
- Obrigada – Sorriu – Apesar de tudo – Se virou para passar o cartão na porta quando eu a segurei.
- Espera... – Ela voltou a se virar pra mim – Não aconteceu com Caleb, e nem com Andrew, e nem com ninguém? – Mesmo já sabendo da resposta, queria ter a certeza vindo dela.
- Não que eu me lembre – Sorriu e depois entrou pro quarto – Boa noite, cowboy.

//POV:

- Você... Grrr, garota! Nunca mais faça isso! Tem idéia de quanto fiquei preocupada com você? – Mal entrei no quarto e começou com os sermões – acabou de sair pra perguntar pro se ele sabia de você!
- Eu tava com ele até agora – Joguei o cartão do quarto em qualquer canto e deitei na cama.
- Como assim? – Perguntou – Você não foi matar o Andrew ou algo do tipo? – Sentou-se ao meu lado.
- Nah... Não o matei, só falei tudo o que tinha pra falar e terminei com ele. Chorei, refleti, e também conversei com o me olhou com um certo espanto – Conversamos sobre tudo, sobre essa confusão toda, sobre a gente...
- Sobre vocês...
- É, sabe... Sobre tudo que aconteceu. E também contei a verdade sobre o Caleb – Comecei a brincar com a ponta da fronha do travesseiro.
- E ele? – Perguntou com os olhos arregalados.
- Ficou bravo. Bem bravo. Mas acho que vai ficar tudo bem. Espero pelo menos que fique tudo bem. Não tem mais razão pra essa guerra toda, as cartas já estão todas na mesa – Dei de ombros – Só queria que tudo voltasse a ser como antes.
- E como você está se sentindo? Sobre o Andrew em principal.
- Triste, decepcionada, mas por um lado, um pouco aliviada. Você sabe melhor do que eu, que nunca fui apaixonada pelo Andrew. Eu só era encantada pelo que ele era, ou fingia ser, sei lá.
- E com a Amber, você já falou?
- Eu estou tão... Irritada com aquela garota, que é melhor não vê-la nem pintada de ouro na minha frente.

Eu disse que seria melhor não vê-la pintada de ouro na minha frente, não que eu não queria vê-la.
Olhei no relógio e eram 23:26 da noite. Eu não conseguiria dormir sem antes terminar com tudo aquilo. Me resolvi com Andrew e , e agora faltava aquela vaca egoísta da Amber. Enquanto eu rolava de um lado para o outro completamente inquieta, estava na cama ao lado mexendo no notebook esperando que ligasse para que eles finalmente pudessem aproveitar a noite.
- Tem certeza que não quer que eu passe a noite com você? – Perguntou – Você sabe que o entenderia. Ele só me chamou pra dar uma volta, nada demais.
- Tenho – Disse me levantando – Sério, eu vou ficar bem, só preciso resolver uma coisa antes de ir dormir.
- Wow, wow, que coisas? – Amber levantou junto comigo e se plantou em frente a porta com medo do que eu fosse fazer – Chega de aventuras por hoje, Indiana Jones – Tirei meu pijama e voltei a colocar o shorts e a camiseta que estava antes – Eu to falando sério, !
- Eu não vou fazer nada estúpido, prometo. Aproveite a noite com o – Arrumada, me aproximei de e beijei sua testa – E não se preocupe comigo.
- Ah claro, é bem fácil dizer isso! – Ouvi gritar quando eu já estava fora do quarto.

Não posso negar, eu estava decepcionada com a Amber, mesmo ela sendo... A Amber. O clima entre nós estava diferente nas últimas semanas, e mesmo que eu negue, eu sei que no fundo ela não era aquela completa vaca. Mesmo que isso tenha acontecido numa época que eu jamais imaginaria um dia conviver com a Jenkins, eu estava furiosa por ela não ter ao menos tentado me pedir para ajudar na equipe. Lógico que eu não aceitaria, e lógico que eu daria muita risada da cara dela, mas mesmo assim, ela não havia ao menos tentado.

Com o quarto de Amber no mesmo corredor que o meu, não levou muito tempo até que eu começasse a bater freneticamente na porta, só faltando começar a chutar até que que alguém finalmente fosse abrir. Quando Mandy abriu a porta eu pude perceber que uma festa acontecia no quarto delas. Haviam no mínimo uns 5 caras que nunca havia visto na vida, e mais 3 meninas da torcida.
- Cadê a Amber? – Perguntei à Mandy que não estava em um estado muito favorecido para responder uma pergunta. Bêbado é uma desgraça.
- Se divertindo – Deu em ombros – E eu acho que você deveria fazer o mesmo.
- Se você não chamar a vaca da sua amiga agora, eu vou me divertir mesmo, só que voltando pra casa depois que eu abandonar o time – Mandy engoliu seco.
- Ah claro, e depois ser expulsa da escola? Não seja ridícula, , vamos parar de ceninhas por hoje – Na mesma hora ouvi a voz de Amber chamar por alguém que estava dentro do quarto.
Agora era óbvio que ela estava lá dentro.
- Se você não sair da minha frente você não vai ver uma simples ceninha, e sim um musical da Broadway – Empurrei Mandy e entrei dentro do quarto.
Aquele lugar parecia um inferno. Garrafas por cima das mesas, gente dançando em cima da cama, alguns se pegando na parede. Amber estava sentada na poltrona ao lado da janela, conversando com um garoto que provavelmente era de uma outra escola, pois nunca havia visto na vida. Com o sangue voltando a subir, andei até ela, que me olhava sem entender o que eu fazia em seu quarto.
- Olha só quem está aqui, e deveria estar na suíte top do namoradinho!
- Eu preciso falar com você – Amber levantou uma sobrancelha fazendo pouco caso – Agora.
- Não da pra perceber que eu estou numa festa?
Ela queria testar minha paciência, e eu não tinha dúvidas disso.
- Não seja por isso – Disse antes de abaixar o som que tocava, e subir em cima da cama pra começar a pagar de louca – A festa acabou, galerinha! Acho melhor todo mundo ir pros seus devidos quartos se não quiserem que eu chame o supervisor e ele venha verificar a festinha que está rolando aqui.
Foi a cena mais hilária que eu já vi em toda minha vida. Saía gente até de dentro do banheiro pra correr dali. Eu me senti uma mãe brava colocando todo mundo pra fora de casa depois que descobriu a festa que o filho fez escondido. Eu só via isso em filmes, e simplesmente amei fazer isso na vida real. Só mais divertido que aquilo, foi a cara de Amber ao ver todos saindo de seu quarto sem ao menos olharem pra cara dela.
- Você é retardada? Como você sai expulsando todo mundo do meu quarto? – Disse Amber furiosa – O que eu disse sobre não vim correndo atrás de mim querendo me matar quando você caísse na real?
- E isso serve pra você também, Mandy. Eu só quero a Jenkins nesse quarto, preciso conversar com ela – Ignorei todo o chilique de Amber até Mandy sair e deixar nós duas a sós.
Saí de cima da cama e me coloquei de frente a ela.
- Pra que tudo isso? – Perguntei – Eu sei que nunca, nem perto, fomos a favorita uma da outra, mas arriscar a me expulsar da escola só pra me colocar nessa merda de time?
- Vamos com calma, . Primeiro de tudo, eu faço o que for pra que esse time seja sempre o melhor. Não venha jogar a culpa toda em mim, você sabe o tanto quanto eu que você jamais aceitaria entrar pra equipe se eu te pedisse. O Andrew precisava de um momento como esse pra ficar com você, então eu só dei a idéia, quem fez tudo foi seu namoradinho. Ou ex namoradinho, que seja.
- E você ao menos tentou me pedir ajuda?
- Não se faça de coitada, você sabe que nunca iria aceitar isso.
- E se eu desistir? Foda-se que eu seja expulsa da escola, não estou nem aí, e então, o que vai fazer? – Amber me olhou assustada, começando a entrar em pânico com a possibilidade deu fazer isso. Comecei a rir e balancei a cabeça – Pode ficar tranqüila, mas agradeça a , já que se não fosse por ela, a primeira coisa que eu tinha feito era voltar pra casa. Porque assim como você, a faz qualquer coisa pelo bem dessa equipe, e diferente de você, ela não joga sujo.
- Eu sei que eu errei, ok? Mas agora já foi!
- Você queria que eu soubesse o que estava acontecendo, não queria? Por quê? - Perguntei me referindo a toda confusão com Drew.
- Porque o Andrew é um idiota, e querendo ou não eu me aproximei de você quando você entrou pro time, e eu não gostava de ver que tudo que eu havia planejado estava indo por água abaixo – Franzi o cenho sem entender o que ela havia dito.
Amber pegou uma garrafa em cima do criado mudo, encheu um copo e me deu.
- Relaxa, não ta envenenado – Disse ela dando um gole na garrafa pra provar que não tinha nada – Você precisa disso no momento, tanto quanto eu.
Dei um gole na bebida que descia queimando.
- Não é segredo pra você que eu sempre fui afim dele. Eu pensava que se eu fizesse tudo isso que eu fiz, eu sairia ganhando. Ajudava o Andrew e, além dele se aproximar de mim, eu teria uma garota nova no time pra substituir a Angie, e não teríamos que desistir do campeonato. No final eu consegui você no time, mas o Collins continuou sendo o mesmo idiota de sempre. Como eu disse a gente se aproximou, e eu vi que você não era tão ruim quanto eu imaginava. Eu sabia que ele dormia com outras meninas enquanto estava com você, e chegou uma hora que isso começou a me enojar. E não, eu nunca fiquei com ele enquanto vocês estavam juntos. Eu posso ser tudo, mas não curto dividir homem com ninguém.
Virei todo o conteúdo que tinha no copo.
- Então quando eu soube o que aconteceu entre você e o , não achei justo que você se sentisse culpada – Tomei a garrafa da mão de Amber e enchi meu copo novamente.
- Você sabe que não vou gostar mais de você por causa disso, não sabe?
- Eca, lógico que sei. Também não quero momentos ternurinhas entre nós. Eu falei que você não era tão ruim quanto eu imaginava, não que eu queria ser sua BFF – Começamos a rir

- My, my, my, whiskey and rye. Don't it make you feel so fine? – Cantava loucamente, fazendo o copo de microfone.
- Right or wrong. Don't it turn you on? Can't you see we're wastin' time, yeah – Amber continuava a música em cima da cadeira fingindo que a garrafa de vodka era sua guitarra, balançando os cabelos feito uma louca.
Uma dupla esplêndida.
- Do you wanna touch, yeah. Do you wanna touch, yeah. Do you wanna touch me there, where? – Cantamos juntas e passamos a rir feito duas idiotas.
- Sempre soube que no fundo você era a Joan Jett. E não posso negar, essa música é foda.
Sabe, eu precisava de um porre.
Ah, o que? Vai me dizer que você nunca sentiu vontade de beber que nem uma condenada quando acontece alguma coisa de ruim na sua vida? No momento eu tinha terminado com o cafajeste do meu namorado, e estava no pior momento com o cara que eu realmente gostava, e adivinha só? Estava enchendo a cara com a garota que eu mais detestava no mundo!
- Você é uma otária! – Disse Amber abaixando o volume do som após descer da cadeira.
- Isso eu sei, mas qual o motivo dessa vez? – Perguntei um pouco sem fôlego por causa de nossa apresentação a poucos minutos atrás.
- Você é afim de uma pessoa do qual o sentimento é recíproco, e me faz o favor de ficar de briguinha com ele por 3 anos! – E lá vinha ela tocar naquele assunto novamente.
- Grrr, você tem que falar nele agora? – Me deitei no chão deixando o copo de lado pela primeira vez desde que Amber havia me dado quando entrei no quarto.
- Sim, e eu achava que você deveria ir falar com ele, sabe? Tipo, agora.
- Vou relevar sua doideira porque você está bêbada, e eu também – Me levantei do chão com um pouco de dificuldade – E agora eu vou ir dormir, e acho que você deveria fazer o mesmo se quiser dar algum pulinho no jogo de amanhã – Olhei para os lados tentando me lembrar onde havia deixado o meu cartão, mas no momento eu não lembrava nem qual era o meu nome – Hey, você viu o cartão do meu quarto?
Amber se levantou com a mesma dificuldade que eu, e pegou o cartão que estava em cima do frigobar.
- Aqui – Me entregou – Uma ótima noite, então!

Eu me perguntava desde quando o quarto da Amber era tão longe do meu. Eu tinha a impressão de eram tão perto um do outro, e de que eu estava andando tanto para achar o quarto 328. Pelo menos era isso que dizia no cartão; e se não fosse por ele, eu provavelmente não saberia nem mesmo qual era o meu quarto. Tentando não tropeçar em nada, eu olhava porta por porta para tentar encontrar o numero certo. Droga, se eu não estivesse tão bêbada, provavelmente eu não me sentiria perdida em um labirinto.
Dizem que quando você está perdida num labirinto, basta você andar com as mãos encostadas na parede que você acha a saída. Bom, eu não estava somente com uma mão encostada na parede, eu estava encostada por inteira. Se isso ajudaria achar meu quarto ou não, eu não sei, mas que estava me ajudando a não cair, isso estava.
Quando finalmente consegui achar meu quarto, tudo que eu pensava era na minha cama, e em como eu dormiria como um anjo. Acendi a luz ao entrar na suíte, e percebi que a porta do banheiro estava aberta, e que provavelmente havia acabado de tomar banho.
Idiota, ela não deveria ter voltado tão cedo só por minha causa. Isso se ela saiu, porque neurótica do jeito que era, eu não duvido nada de que ela tenha ficado plantada dentro do quarto esperando que eu voltasse.
Tirei meu casaco e o joguei em qualquer canto indo em direção a cama. Opa! Eu estava muito louca no momento ou antes deu sair do quarto haviam duas camas de solteiro, e agora tinha apenas uma cama de casal?
- ? – Levei um susto com a voz que acabara de me chamar. Ao olhar pra trás me deparei com apenas de toalha e cabelos molhados.

POV:

Eu juro que não entendia absolutamente nada. havia simplesmente brotado dentro do meu quarto e eu não tinha idéia de como. E pelo visto, muito menos ela conseguia entender o que estava fazendo ali.
- Eu vou... Matar a Amber – Disse – De duas uma. Ou eu to bêbada demais e estou vendo coisas, ou aquele filhote de perua trocou meu cartão e me fez vim pra cá – Franzi o cenho sem entender absolutamente nada do que ela dizia.
- Você tá bêbada? – Perguntei. Era lógico que ela havia bebido. Qual seria a outra razão dela não conseguir ficar parada e quase cair em cada 5 segundos?
- Só um... Pouquinho – Fez um gesto com a mão como uma criança de 5 anos.
- Mas que infernos, ! Eu não te deixei na porta do seu quarto há umas 2 horas atrás? – Não dava pra acreditar que ela havia enchido a cara! Se eu não gostasse tanto daquela infeliz, eu poderia matá-la.
- Eu precisava conversar com a Amber! – Choramingou.
- Você bebeu com a Amber? – Não. Eu só podia estar em um sonho muito louco onde entrava dentro do meu quarto do nada, depois de ter bebido com Amber Jenkins. Esse mundo tava perdido.
- Você pode, por um obséquio, colocar uma roupa? – Me respondeu irritada, com outra pergunta completamente diferente do que estávamos falando.
Então eu lembrei que ainda estava toalha, e notei que estava um tanto quanto corada.

- Muito melhor – Disse quando eu saí de dentro do banheiro vestindo minhas roupas.
Ela estava deitada na minha cama, mal conseguindo manter os olhos abertos. Eu sabia que havia chances de acontecer alguma merda se descobrissem que uma garota estava dormindo no meu quarto, mas também não conseguia tirar ela dali. Era ridículo às vezes a necessidade que eu sentia de ter ela por perto.
- É tão aterrorizante me ver de toalha? – Me sentei na cama ao lado dela.
- Você não tem noção de quanto – Disse após se encolher um pouco.
- Frio? – Perguntei, e fez que sim com a cabeça. Puxei o edredom pra cima dela, que pareceu confortável onde estava – Eu vou ligar pro e falar pra ele dormir no quarto do Mike, e também avisar a que você está aqui.
- O ia dormir numa cama de casal com você? – Perguntou fazendo graça.
- E qual o problema? Somos quase marido e mulher!
- Eca! Eu ouvi muitas besteiras por hoje, e essa está quase no topo!
Foi então que eu lembrei de tudo que ela havia passado durante o dia. Muitas verdades ditas de uma vez só, o término do namoro com o babaca do Collins... Tudo junto para uma pessoa só. No fundo eu até achava merecido aquele porre.
- Como você está se sentindo? – Perguntei
- Bem. Um pouco lesada demais, mas bem – Começamos a rir – Sei lá, é tanta coisa que eu to sentindo agora, que é impossível dizer tudo. Foi tanta coisa acontecendo ao mesmo tempo, que parece que minha cabeça vai entrar em curto a qualquer momento.
Sem pensar muito bem no que estava fazendo, me deitei ao seu lado e levei minha mão até seu rosto para tirar uma mecha do cabelo que estava em seus olhos. Ela era tão linda que eu me sentia um idiota de ter que ficar dizendo isso toda a hora. Mas era a verdade. Tão linda que chegava a irritar.
- A gente ta de bem de novo, não é? – Perguntou e eu comecei a rir. Ela parecia uma garotinha do jardim de infância querendo fazer as pazes com o amiguinho – Não ri, ! Eu to falando sério.
- É que foi engraçado, desculpa – Recebi um chute – Ai, bonitinha, seu chute dói! Acho que para um recomeço de amizade, a gente precisa diminuir a violência, não acha?
- Ok, desculpa – Ela se aproximou mais de mim, e se aninhou em meu peito – Eu gosto de te bater, é legal.
É legal te beijar, mas não é por isso que eu saiu te atacando toda a hora. E eu juro que pensei seriamente em dizer isso, mas era melhor ficar quieto.
- Você está no meu quarto, deitada na minha cama, com a cabeça no meu peito, então é melhor você rever seus pensamentos sobre o que você acha legal ou não, se não quiser ser expulsa dos meus aposentos reais.
escondeu a cabeça no colchão e se prendeu mais no edredom.
- Eu não vou sair daqui, – Escutei sua voz abafada pelo colchão.
Com os cabelos pro lado, e a cabeça pra baixo, pude notar na tatuagem de asas em sua nuca. Toquei levemente com os dedos, e percebi que se arrepiou.
Ponto pra mim?
- Sabe... Uma vez você me disse que tinha uma tatuagem que eu não conhecia...
- E vai continuar sem conhecer – Disse brava
- Mas eu já até vi a sua do All you Need is Love, o que tem demais em ver a...
- Não. E você só viu a minha da costela porque é um enxerido
- , a tatuagem não é bem na costela... Ela é quase no seu peit...
- Mas ainda assim é na costela, e por gentileza, você quer parar de falar nisso que eu fico sem graça? – Levantou a cabeça e me olhou de cara feia.
- Eu gosto de te deixar sem graça, é legal – Provoquei
- Idiota.
- Bonitinha.
- Para de ser ridículo, !
- Bonitinha revoltada.
- Eu não sou revoltada!
- Ta bom, então. Não ta mais aqui quem falou – Dei em ombros.
Finalmente ficamos em silêncio. Mas não aquele silêncio ruim que ficava na maioria das vezes quando eu estava com ela. Eu me sentia bem, como há muito tempo não me sentia. Como a vida era doida. Hoje pela manhã eu queria que simplesmente não existisse, só pra não foder com a minha vida, e agora ela está aqui, deitada ao meu lado, conversando como nos velhos tempos. Tudo tão louco.
- ? – quebrou o silêncio depois de um tempo – Eu posso mesmo dormir aqui? – Perguntou ela já com os olhos fechados de tanto sono.
- Claro que pode, linda. Eu vou dormir no sofá, sem problemas. Já mandei uma mensagem pro dizendo pra ele dormir no quarto com o .
- Não, sofá não! – Apertou meu braço – Não sou tão gorda assim, e essa cama é grande
- Tem certeza? – Perguntei e fez que sim com a cabeça. Sei lá porque, mas dava impressão de que ela já estava dormindo – Ok. Mas tem certeza de que você não vai se arrepender de dormir perto de mim amanhã?
- ... Cala a boca.
- É que sabe como é que é... Você ta bêbada, bonitinha.
- E você é um chato, cowboy – Abriu os olhos deu um sorriso sapeca – Já que eu to bêbada, posso dizer uma coisa? – Caralho, lá vinha merda. E das grandes – Naquele dia na minha casa, você disse que eu nunca dizia o que eu realmente sinto, e é verdade. Eu tenho pavor dessas coisas, mas eu só queria que você soubesse que eu talvez eu goste um pouquinho de você. Quase nada. Bem pouquinho sabe? – Eu sorri feito um babaca – Mas sempre gostei. E nunca deixei de gostar. Mesmo quando você era um idiota.
- Quer dizer que eu não sou mais um idiota?
- Não, a não ser que você não me beije agora. Porque daí sim você vai ser um belo de um idiota.
Eu não tinha o que pensar, eu apenas não precisava mais me segurar para fazer o que eu queria fazer desde o inicio. Aproximei do rosto de e passei a ponta do meu nariz levemente sobre seu rosto. Meu coração batia como um louco, e a única coisa que eu pensava era que tudo o que eu mais queria no mundo estava ali na minha frente. Sem mentiras, sem Andrew, apenas a minha . Encostei em seus lábios e nos beijamos calmamente. Um calmo beijo que me deu arrepios. Eu não poderia imaginar que tão rápido eu iria sentir tudo aquilo de novo.
O que havia de errado? Por que com ela era sempre diferente?
- Não me deixa esquecer disso amanhã? – Pediu , com uma voz sonolenta.
- Nem que eu tenha que te beijar milhares de vezes.
- Talvez eu goste disso – Disse com os olhos fechados, se entregando ao sono.

//POV:

Capítulo Dezesseis
"É uma lição que a história ensina aos homens sábios: de confiar em idéias, e não em circunstâncias." - Ralph Waldo Emerson

- Vai, vamos lá, uma última vez! – Gritou Amber entusiasmada com o ensaio do primeiro jogo do campeonato.
A pergunta que não quer calar é: Será que eu que estava perdendo o jeito da coisa, ou Amber que achou alguma maneira sobrenatural de mandar a ressaca dela pro espaço? Fala sério, ela bebeu tanto quanto eu, e estava quase soltando fogos de artifícios, enquanto eu estava quase morrendo, ensaiando atrás dos meus óculos escuros porque a claridade fazia minha cabeça latejar.

- Onde você enfiou sua animação, ? Pro mesmo lugar que você mandou seu namoro na noite passada? – Provocou Amber, mais irônica impossível.
- Não, a animação ficou dentro da garrafa da qual você me embebedou ontem, vadia – Continuei a fazer a coreografia, enquanto todas as meninas nos olhavam tentando entender o que estava acontecendo.
- Vamos encarar os fatos, eu apenas salvei sua vida, e aposto que proporcionei uma noite um tanto quanto agradável – Disse apontando para o campo.
Ao seguir seu olhar, dei de cara com que também treinava para o jogo de hoje a noite. Nossos olhares cruzaram, e eu tentei não sorrir.
Eu disse tentei.
Abaixei a cabeça escondendo o sorriso e senti meu rosto queimar. Como eu era patética. Além de praticamente fugir de dentro do quarto hoje pela manhã para não ter que encarar , agora eu tinha que ficar roxa de vergonha cada vez que olhava pra ele.
- Pois é, alguém me deve uma – Cantarolou dando dois tapinhas no meu ombro – Acho que chega por hoje, meninas. E por favor, não inventem de fazer nenhuma merda até a noite. Não encham a cara durante o dia, não inventem de torrar no Sol, ou ter uma DR com o ex namorado – Mandei um dedo do meio sem dizer nada – Tomem muita água e descansem. Vejo vocês às 8 no lobby do hotel, já prontas e impecáveis. E isso vale principalmente pra quem acordou com olheiras do tamanho do mundo.
Rolei os olhos e peguei minha garrafa de água em cima do banco. Quando eu mais precisava de um sossego da Amber, ela tirava o dia pra torrar minha paciência. Peguei minhas coisas para subir pro quarto, quando decidiu aparecer de repente na minha frente me fazendo engasgar com toda a água que bebia.
Parabéns, , hoje você merecia um troféu.
- Hey fujona – Respirei fundo para não começar a tossir com a água e tentei não parecer muito nervosa. Ele não precisava saber que eu estava surtando por dentro.
- Como? – Não é que eu tenha me feito de desentendida, mas no momento eu nem lembrava o que ele havia acabado de falar.
- Acordei hoje e você tinha sumido. Aconteceu alguma coisa? – Perguntou com um tom de preocupação.
Claro que aconteceu. A gente se beijou na noite passada, e eu dormi na mesma cama que você. Falei coisas que eu não deveria falar e agora eu não sei se cavo um buraco pra me esconder, ou se saiu correndo.
- Nã-não! Que-quer dizer... Eu ti-tinha ensaio – Se eu gaguejasse mais uma vez, eu juro que me dava um tiro. Percebi que havia notado meu nervosismo pois tentava esconder a vontade de rir. Merda! – E bom.. eu precisava passar no meu quarto pra tomar banho e me trocar. Você conhece a Amber, né? Se eu chego atrasada ela arranca minha cabeça fora. Essas são as regras – Falei num jato, ignorando qualquer tipo de virgula.
Ou eu falava rápido, ou eu gaguejava, não havia meio termo, sacou?
- E ta tudo bem?
Tirando a minha mão suando, e meu coração saindo pela boca, sim, ta tudo bem.
- Ta sim. Só um pouco de dor de cabeça, mas nada que um sono até a hora do jogo não melhore. Ouvir a Amber gritando no seu ouvido durante o ensaio não é o que eu posso considerar de remédio.
- Com toda certeza, não – Começamos a rir – Bom, eu tenho que voltar pro treino. Te vejo hoje a noite?
- Claro – Sorri.
Antes de sair, me deu um beijo na bochecha, e eu, como uma criancinha boba, fiquei parada vendo ele voltar para o campo se juntando aos outros meninos.

- Ok, agora eu quero uma explicação sobre tudo aquilo que eu vi – Disse ao entrar no quarto comigo.
Sorrindo feito uma hiena, eu pulei na cama e agarrei meu travesseiro.
- O que você viu? – Perguntei fingindo não saber do que ela estava falando. Como eu adorava irritar .
- Ah, você sabe... Eu vi você conversando com o com uma cara de boba como nunca vi antes, e deixa eu ver o que mais... Ah, é claro, durante a madrugada eu recebi uma mensagem do próprio dizendo que você dormiria no quarto com ele porque estava um pouco “alta” pra conseguir voltar pro quarto – cruzou os braços e se plantou de frente a minha cama esperando uma resposta.
- Foi?
- Vai tomar no cú, . Desembucha logo o que aconteceu – A única coisa que eu vi foi um travesseiro voando em minha direção.
- Eu fui conversar com a Amber, a gente bebeu, ela estava com o cartão do , e me deu o dele de propósito pra eu ir pro quarto do , já que eles estão dormindo na mesma suíte.
- Certo, eu pensava que você fosse matar a Amber e no final as duas tomaram o porre juntas, muito sensato isso. Ok, continua.
- Bom, quando eu me liguei no que havia acontecido eu já tava dentro do quarto com ele e... Não consegui ir embora. A gente conversou um pouco...
- Vocês conversaram...
- Eu falei umas coisas meio esquisitas... E a gente se beijou.
- Meu deus! – Gritou – Vocês ficaram! De novo! Que lindo! – pulou em cima de mim e eu comecei a gargalhar – E por que aquela cena esquisita há 5 minutos atrás?
- Eu beijei o e você pergunta o por que da cena esquisita? Que droga, !
- Vocês dois são uns bobos. Na verdade você é uma boba, porque pelo menos ele teve a iniciativa de ir falar com você. Mas e aí? O que você pensa em fazer?
- Eu não sei! – Disse apavorada – Eu tenho medo! Medo por ele ser o , medo de estragar tudo outra vez. Tirando o Andrew... A gente terminou não faz nem um dia. Eu sei que eu não tenho que ter nem um pingo de consideração com ele, mas não é muito legal terminar um namoro e no dia seguinte aparecer com outro cara. Eu quero dar tempo ao tempo, sabe?
- Não, não sei! O que eu sei é que vocês perderam tempo demais pra querer dar tempo ao tempo agora! Sinceramente, se eu fosse você eu ia correndo naquele campo agora e tascava um beijo nele. Além de jogar na cara do Andrew que você está pouco se ferrando pra ele, você var marcar seu território para todas essas lambisgóias que tem um tombo por pelo .
- O que?
- Ah , vai falar que você não ouviu nenhuma dessas meninas falando dos nossos homens? Me fala qual time de futebol consegue ter jogadores mais gatos que o da nossa escola? – Nossos homens... É, a já tava pirando – E sinto muito lhe informar, e o que me perdoe, mas o com aquela pinta de bad guy, faz qualquer garota surtar. E a lenda diz que ele na cama é...
- DA PRA PARAR?! – Gritei interrompendo aquilo que a Amber já havia feito o favor de falar – Você viu os absurdos que você disse? Ta parecendo a Amber!
- Eu só queria ver vocês juntos – Choramingou.
- Que seja, mas pra isso você não precisa fazer nenhuma propaganda do !
Já era o bastante ter que agüentar Amber falando todas aquelas merdas.

Nunca pensei que essa viagem a Brighton me faria tão bem.
Não sabia se era por tudo que tinha acontecido, mas finalmente eu estava me sentindo de uma maneira que há muito tempo não sentia.
Nosso primeiro jogo ocorreu tudo bem. Lógico que fiquei um pouco nervosa no inicio, mas quem não fica? Principalmente eu, que nunca dei pulinhos histéricos ou chacoalhei os pompons na frente de tanta gente. O time de futebol havia vencido todos os jogos até gora, junto com nosso maior rival, os Warriors. Eu não tinha noção da tensão entre nosso time e o deles, até estar presente. Brighton era a cidade deles, e jogávamos no campo deles.
E isso só ficou pior quando fomos para final junto com eles.

Andrew havia desaparecido da minha vista durante 4 dias, até eu dar de cara com ele pegando uma animadora de outro time no corredor vestiário. Eu não senti nada ao ver aquilo, apenas esquisita. Foi um bom tempo juntos pra eu achar normal ver ele beijando outra menina que não fosse eu.

Sem mais climas esquisitos, eu e passávamos grande parte do tempo juntos. Sem beijos ou momentos ternurinhas, nós decidimos deixar rolar. Mesmo que isso não tivesse sido dito em palavras, acho que preferimos deixar com que as coisas rolassem naturalmente. Eu precisava de um tempo, e mesmo sem dizer isso a ele, entendeu e me deu um espaço para poder escolher. E mesmo que agora eu tivesse escolhido em ficarmos amigos, às vezes era difícil. No momento era apenas e , voltando com a amizade de antes.

- Você fumava escondido de mim, ou passou a fumar só depois que a gente parou de se falar? – Perguntei ao ver acendendo o cigarro.
Estávamos os dois sentados com as pernas dentro da piscina esperando dar a hora de ir para o quarto.
- Na verdade eu já tinha experimentado quando a gente era amigo, mas eu não contei, mas fumar de verdade eu comecei aos 15 – Eu sabia que era um habito horrível, que até eu às vezes cometia, mas ele conseguia até ter um charme particular ao fumar.
- Sua mãe ligou pra minha surtando, sabia?
- Ta falando sério?
- To – Gargalhei – Sei lá porque infernos ela ligou, afinal já tinha passado um ano desde que a gente tinha parado de se falar, mas ela ligou desesperada pra minha mãe sem saber o que fazer, pensando que tinha alguma chance de que eu fosse falar com você.
- E o que você disse a sua mãe quando ela te contou?
- “Que ele tenha um câncer de pulmão!” e depois subi pro quarto. Eu falei tão naturalmente que a Lizzie se irritou – Balancei a cabeça ao lembrar.
- Outch!
- Pois é – Me levantei e sequei minhas pernas com a toalha – Vamos? Daqui a pouco vem alguém aqui e obriga a gente a ir pro quarto. Tirando que amanhã é o ultimo jogo e alguém precisa descansar pra não fazer besteira.
se levantou e rolou os olhos.
- Eu consigo ganhar aquele jogo de olhos fechados, bonitinha.
- Tudo bem então, Chuck Norris.
- Chuck Norris é meu pai.
- Ta bom então, Chuck Norris Jr. – Joguei a toalha em cima dele – Se você é tão fodão assim... Duvido você fazer uma coisa.

- Só quero te informar que você não tem mais 8 anos, e muito menos tem um peso de uma criança de 8 anos! – Apertei meus braços em seu pescoço, em cima das das costas de enquanto ele me levava até meu quarto.
- Se me chamar de gorda , eu te enforco! – Apertei meus braços em volta de seu pescoço, e gargalhou alto – Isso faz parte, agora que a gente é amigo de novo.
- Isso é um abuso, não amizade! – Reclamou, e eu pra provocar mais do que deveria, dei uma mordida no pescoço dele – Pára, sua ogra! Faz essas coisas e depois reclama!
- Não reclamo, nada!
- Que gracinha o casal! – se virou para ver quem era mas eu não precisava disso. Eu reconheceria aquela voz a distancia – Você é rápida, hein? – Andrew começou a bater palmas, e eu desci das costas de .
- Cala a boca, Collins – Disse ríspida – Quem é você pra dizer alguma coisa?
Notei que Andrew segurava uma garrafa na mão, e foi quando percebi que ele estava bêbado. Aquilo não terminaria bem, não quando ele perdia completamente a noção quando bebia alguma coisa.
- Paga de santinha pra mim, por meses, e no dia do vamos ver, corre pro amiguinho. Espero que ele tenha feito um bom trabalho – Antes deu responder algo, só vi um vulto passar por mim.
foi pra cima de Andrew, que completamente bêbado caiu no chão com um simples empurrão.
- Isso aqui, é por você ser um babaca – Disse antes de acertar um soco na cara do Collins – Isso é pelo soco que você me deu – A cena se repetiu, e Andrew recebeu outro soco – E isso é por você ter sido um filho da puta com a menina que menos te merece no mundo – E lá foi outro soco.
Meu deus, ele iria matá-lo!
- ! Pára, pára! Não vale a pena! – Apavorada com o que podia acontecer, segurei seu braço antes que ele arranjasse algum outro motivo pra espancar o Collins.
se levantou enquanto Andrew ficou estatelado no chão com a mão no rosto.
- Você me paga! – Murmurou Andew, enquanto eu olhava preocupada para as mãos de .
- Graças a deus o corredor ta vazio, se alguém visse essa cena vocês seriam prejudicados no campeonato! – Tentei dar uma bronca, apensar de ter adorado vê-lo espancar o babaca do Collins – Vem, a gente precisar tomar conta disso – Apontei para sua mão que mal havia melhorado da última vez – Eu não sei se eu fui clara, Andrew, mas no momento que eu terminei com você, eu te tirei por completo da minha vida, então se eu estou com outra pessoa ou não, você não tem absolutamente nada a ver com isso – Disse minhas últimas palavras a ele, antes de seguir para a ala masculina onde ficava o quarto de .

- Relaxa, não ta tão ruim assim – Disse quando coloquei um saco com gelo em cima da sua mão com um tom meio mal humorado – Pelo menos não tão ruim como da última vez.
- Claro, o Andrew não é um vidro de carro – Me sentei na cama ao seu lado – Não ta doendo muito?
- Não, – Respondeu seco novamente, e aquilo já estava começando a me dar nos nervos.
- Aconteceu alguma coisa? – Perguntei receosa.
- Nada, só dei três socos num cara, quando na realidade ele só merecia um – É, estava bravo comigo, e eu já começava a entender porque – Então será que você pode ficar longe de problemas pelo menos por um tempo antes que eu perca uma mão?
- Eu não te pedi pra tomar minhas dores em nenhum momento! – Me levantei da cama e me coloquei em sua frente de braços cruzados – Você esmurrou o Andrew porque quis, deu um soco na janela do carro porque quis, e também entrou numa briga onde você levou um belo murro na cara, porque você quis. Em nenhum momento eu te pedi pra fazer nada, então não venha descontar sua raiva em mim!
- É fácil dizer! – também levantou – É muito fácil dizer quando é a sua garota que sempre está em problemas – Ele acabou de dizer...
Calma, vamos com calma. Respira fundo... 1, 2, 3, 4...
- Não é como se eu quisesse! É como se eu sempre, sempre fosse obrigado a te livrar das merdas que você entra! – continuava a gritar, e eu a tentar formar uma frase.
- Eu sei muito bem cuidar dos meus problemas, eu não tenho mais 5 anos de idade! E eu não sou sua garota, !
me encarou por um tempo em silencio, e eu não tinha a menor idéia do que se passava em sua cabeça.
- Ah é sim...
E antes que eu pudesse pensar em alguma coisa, me pegou pela cintura e me beijou. Aquilo me pegou tão de surpresa que eu nem parecia estar consciente. me puxou mais contra seu corpo sem sobrar algum espaço se quer. Nossas línguas se tocaram com tanta fúria que eu joguei toda aquela tensão em minhas mãos que estavam agarradas em seus cabelos. Eu sempre fui insensível o bastante pra acreditar naquele lance de borboletas no estomago, mas seja lá o que fosse aquilo dentro de mim, estava mais para uma manada de elefantes. Sem pensar muito no que estava fazendo, si é que meu cérebro estava funcionando naquela hora, dei um impulso e coloquei minhas pernas em volta da cintura de , que foi em direção a cama. mordeu meu lábio inferior, e eu passei a dar diversos selinhos para cortar o beijo.
- Eu acho que... É melhor a gente ir com calma, ok? – Disse meio desnorteada, sem ter muita certeza do que eu estava falando, ou se era realmente aquilo o que eu queria.
fez que sim com a cabeça e passou a ponta de seu nariz por todo meu rosto até meu pescoço, decidindo ficar ali durante um bom tempo, enquanto sua mão fazia um leve carinho em minha cintura por de baixo da blusa.
- , isso não ajuda – Murmurei de olhos fechados tentando me controlar.
Eu sou um ser humano, ok?
Ele tirou a cabeça do meu pescoço e passou a me encarar por um tempo. Aquilo podia me deixar com uma vergonha imensa, mas nada me fazia tirar os meus olhos do seus. Aqueles olhos sempre me deixavam meio abobada demais.
- Desculpa se eu gritei com você.
- Sem problemas – Sorri fraco – Eu também ficaria brava se fosse ao contrario. Desculpa se eu sempre te puxo para os meus problemas.
- Tudo bem, provavelmente se fosse ao contrario você faria o mesmo. É meio que sem querer quando acontece essas coisas, desde de sempre foi assim.
Não respondi nada, apenas continuei a encará-lo
- Dorme aqui comigo? – Perguntou e eu fiz uma careta de leve – Eu não vou tentar nada, prometo.
- Não é por causa disso – Rolei os olhos. Era óbvio que ele não tentaria nada – É só que... O Andrew ta irritado, e ele pode contar pra alguém que tem uma garota dormindo em um quarto da ala masculina. E outra... Não é legal dormir com outro cara quando não se fez ainda nem uma semana que ela terminou com o namorado.
- Eu não sou qualquer cara – fez uma cara estranha – E outra, o Collins não vai fazer nada contra a gente, não quando ele também tem culpa no cartório. E uma pergunta, desde quando você liga para que os outros pensam?
- Desde que quem está junto em um quarto é e – Comecei a rir – É sério, é melhor eu ir. Tirando que amanhã cedo a gente tem o ensaio final e se eu não aparecer no quarto em... – Olhei no relógio – Dois minutos a me mata.
- Ta bom, que seja – bufou e saiu de cima de mim, estendendo a mão para me ajudar levantar – Eu só preciso que você me prometa uma coisa – Disse ele tão próximo a mim que podia sentir sua respiração – Que isso não seja estranho amanhã. Você não fuja de mim, ou fique roxa de vergonha cada vez que me ver, por mais bonitinho que isso seja – Dei um tapa em seu braço – Você não precisa ter vergonha de mim.
- Prometo – Sorri antes de dar um leve selinho de despedida – Agora eu preciso ir mesmo. Te vejo amanhã?
- Sem dúvidas.

Pra quem odeia acordar cedo, ensaiar quase o dia todo, não ter tempo nenhum para dormir, ter uma Amber mais surtada que o normal gritando o tempo todo com você, e no final ainda ter que agüentar sua amiga te arrumando para o último jogo, até que eu estava com um humor muito bem agradável. Nós havíamos feito tanta coisa em um único dia, que nem vimos o tempo passar. Se não fosse um risco de alguém cair de cara no campo durante a apresentação, nem tempo pra comer Jenkins haveria dado pra pra gente.
Aquilo era extremamente estressante. Mas como eu já disse, meu humor estava agradável, então eu não ligava muito. Apenas liguei para o fato de que não vi o dia inteiro.
- Você jura que precisa de tudo isso? – Perguntei à quando me olhei no espelho para ver o pequeno “E” de Eagles pintado na maça do meu rosto, cheio de glitter.
- Sim! – Disse batendo palminhas ao olhar mais uma vez para meu rosto que ela acabara de maquiar – E você ta a coisa mais linda! Talvez seja a animadora mais linda das duas equipes! – Rolei os olhos – Hoje é o grande dia! Se você aparecesse de cara lavada no jogo, a Amber surtaria. Ela gosta de ver todas nós impecáveis.
Me olhei mais uma vez no espelho para checar se tudo estava certo.
- Você tem certeza de que eu to legal assim? – Perguntei nervosa.
- Desde quando você se preocupa se você parece bem ou não quando antes de algum jogo? – me olhou desconfiada – Até ontem se preciso você animava até mesmo de pijama. Onde está a e o que você fez com ela?
- Você também é oito ou é oitenta – Me virei do espelho e encarei – Se eu apareço de qualquer jeito nos jogos você reclama, e se eu quero me arrumar mais um pouco, você reclama também!
- Eu não to reclamando. Só to dizendo que é estranho – semicerrou os olho e continuou a me olhar desconfiada – Por um acaso está acontecendo alguma coisa que eu não sei? Tipo assim... Alguma coisa a ver com uma pessoa que começa com e termina com ?
- Nã-não... Por-por que estaria?
- Não sei, gaguinha, me responde você.
Entendam, ninguém, absolutamente ninguém, me conhecia melhor do que . E acreditem, isso chegava a ser assustador às vezes.
- Aconteceu mais alguma coisa além da briga entre o e o Andrew? – Cruzou os braços esperando minha resposta.
- Talvez – Respondi olhando pra baixo, tentando não rir.
- Vadia! – Gritou! – Por que você não me contou? Anda, diz logo, o que aconteceu?
- Ah... A gente ficou – E de repente começou a me dar calor. E então eu notei que de repente, eu poderia estar muito vermelha naquele momento.
- De novo? – Gritou novamente – Ai que fofo! Mas anda, fala, quero detalhes!
Eu simplesmente detestava esse lance de “detalhes”. Eu já ficava toda sem graça em ter que contar o resumidamente, quem dirá em detalhes. O problema é que quando se tem uma melhor amiga igual a minha, você não tem muita escolha. Tirando que uma hora ou outra ela ficaria sabendo.

- Me pinta de azul que eu to bege! Mas e agora, o que você pensa em fazer? Porque se você deixar essa oportunidade de vocês ficarem juntos passar, eu te mato!
- Eu sei, eu quero continuar ficando com ele. Só que eu... Eu tenho medo entende? Por mais que eu esteja me sentindo uma abobada agora, eu não posso meter os pés pelas mãos. Ele é o , entende?
- Meter os pés pelas mãos? Você tem uma noção de quanto tempo vocês demoraram pra finalmente voltar o que era antes?
- Aí está o problema, ! – Me joguei na poltrona – Nunca vai ser como era antes, entende? E se voltar, eu sempre vou ter aquela coisa na cabeça de que um dia a gente vai voltar a brigar e que eu vou voltar pra fossa. Eu não posso simplesmente pagar de louca.
- Eu sei ajudar todo mundo com uma situação igual a essa, menos você – Franzi o cenho – Eu nunca te vi apaixonada por ninguém, e eu não sei que conselho dar, entende? Não quero chegar aqui e dizer, vai fundo, e depois acontecer alguma coisa que te deixe da mesma maneira que eu encontrei você há 3 anos atrás. Eu mais do que ninguém não quero te ver naquele jeito de novo.
- Hey, hey, hey, espera aí! Ninguém aqui ta apaixonada, ta legal? – Disse ignorando quase tudo do que ela havia falado.
- Ah não, claro. Esqueci que você não tem coração, homem de lata – Ironizou – Agora vamos parar com o Mágico de Oz e todo o teatrinho, porque desde que eu te conheci você gosta do , e nem tente negar isso.
Ok, eu gostava dele. Grande merda que eu sempre gostei daquele infeliz muito mais do que eu deveria, mas nunca venha me dizer que eu estou apaixonada, porque eu sempre disse que se apaixonar era pra fracos. Eu não sou fraca. Talvez um pouquinho, mas não precisamos entrar nesse assunto. A pauta no momento era “ é louca, e precisa de ajuda”
- Não da pra discutir com você, .
- Não, o problema é que você não tem argumentos porque sabe que eu to certa – É agora que eu tampo os ouvidos e começo a cantar “Brilha, brilha estrelinha” pra não ter que ouvir as besteiras que ela iria falar? – Custa pelo menos uma vez na vida confessar que você está de verdade afim de alguém? Eu sou sua melhor amiga, poxa! Não é como se você precisasse esconder isso de mim.
- Ta legal! – Berrei – Quer saber? É, eu gosto dele! E muito! Mais do que deveria! E isso ta me matando! Me matando porque eu não sei o que eu faço, porque eu nunca sei o que fazer quando to perto dele, porque eu sinto que vou entrar em curto toda vez que ele chega perto! E eu odeio sentir isso, porque me sinto uma verdadeira idiota! – Pronto, ela pediu pra eu desembuchar, e eu desembuchei – Odeio porque eu poderia sentir isso pelo Andrew, mas eu não senti. Porque seria muito mais fácil sentir isso por qualquer pessoa que não fosse ele.
- Você não é uma idiota por amar uma pessoa.
- , não começa.
- Ok, chega desse assunto por hoje porque você já progrediu demais para um dia só. Mas eu acho que ele merece mais uma chance.
E aquelas foram as últimas palavras dela antes deu começar a refletir freneticamente sobre aquilo tudo.

Já prontas, e eu fomos para a frente do Hotel de onde sairia o nosso ônibus para a escola onde aconteceria o jogo, no campo dos Warriors. Apenas esperávamos o treinador dos meninos aparecer, para finalmente sairmos. As meninas estavam em um canto conversando, enquanto Amber estava sentada sozinha na poltrona em frente a porta de vidro no lobby. Notei que ela encarava Andrew do outro lado, sentado de cabeça baixa, porém sem deixar de esconder o roxo em seu rosto causados pelo . Deixei minha mochila ao lado de , que conversava com alguma das meninas, e fui até Amber.
- Sabe o que eu acho? Que é uma droga gostar de quem não merece – Amber me olhou, mas não disse nada – E também acho que é difícil esquecer, mas que não custa tentar. Sem querer sair por aí dizendo elogios, mas você pode ter qualquer cara que quiser num estalar de dedos.
- Não o que eu quero.
- Se ainda valesse apena, eu juro que eu diria pra você correr atrás, só que não vale, não o Andrew. Experiência própria, lembra?
- Você não... Se sente culpada por tudo isso? Querendo ou não você nunca gostou do Andrew como namorado, mas ainda sim continuaram juntos quando você podia simplesmente parar com crise ridícula com o . Não vê que você coloca o mundo de várias pessoas de cabeça pra baixo?
- E você, mesmo depois de tudo, ainda consegue defender ele – Disse incrédula – Não vem colocar a culpa em mim nos erros dele, Amber. Você não percebe tudo o que ele fez? Não só pra mim, mas com você também? Ele é o Andrew, e ele é um idiota, e eu não desejo ele pra ninguém, nem mesmo a você.
- Queria ter alguém que pudesse brigar por mim – Abaixou a cabeça e deu um sorriso fraco – Eu sei o que aconteceu entre ele o ontem de noite.
- Tudo bem, mas não espera isso do Collins – Amber não disse nada. No fundo ela sabia que era verdade – Porque é bem capaz que ele te coloque na frente pra levar o soco pra não machucar o lindo rostinho dele – Brinquei tentando descontrair o clima – Hoje é o grande dia! O dia que tava todo mundo esperando, e o dia que indiretamente me colocou nessa cilada. Se não fosse por esse jogo vocês poderiam esperar a Angie melhorar, não é? Então por favor, faça esse inferno valer apena. Melhora essa cara, porque na minha eu fui obrigada a colocar até glitter, olha.
Amber riu e balançou a cabeça.
- É, você não ta tão ruim assim.
- Se isso foi um elogio, obrigada.
- Já está na hora, todo mundo pro ônibus, pessoal! – Disse o treinador ao chegar no lobby do hotel.
Todos do time foram em direção ao ônibus, assim como Amber e eu.
- Apesar de você ter roubado dois namorados meus, eu não te odeio tanto assim, – Disse Amber enquanto eu tentava encontrar no meio de todo mundo.
- Não tenho culpa que eu sou mais irresistível que você - Disse olhando pra trás, dando uma piscadinha para Jenkins, e sem querer trombei em alguém.
Com a maior cara de sono de todos os tempos, eu dei de frente com na porta do ônibus, quase subindo as escadas. Nunca eu pensava ver aquele cabelo tão desarrumado na minha vida.
- Hey... Eu acho que alguém dormiu demais hoje! – Brinquei enquanto esperava ele subir, ou me dar passagem para entrar.
- Treinador pegou pesado hoje de tarde e eu acabei capotando.
- Além de dormir mais que a cama, fica de papo furado na porta do ônibus? Porra, assim não da! – Com um tom bravo, o treinador fingiu brigar com .
- É que eu to esperando ela pagar pedágio, treinador – mostrou um sorriso sacana nos lábios.
- Que pedágio? - Perguntei sem entender sobre o que eles falavam.
- Não da pra acreditar que eu, com 45 anos, saquei o que ele quis dizer, e você não, Srta. . Vai, beija ou passa logo que não tenho tempo todo.
Fuzilei com os olhos e depois dei um soco de leve em sua barriga passando por ele sem merda de pedágio nenhum.
- Essa é bravinha, hein ! – Brincou o treinador.
- Como um gatinho.
Mandei um dedo pro antes de ir me sentar ao lado de com uma falsa irritação.

Eu não estava nervosa até chegar ao campo. A quantidade de gente que tinha naquele lugar era impossível de dizer. A arquibancada que tinha no campo do colégio estava lotada, e como de se esperar, todos torcedores do Warriors. Como seria animar uma torcida que não era nossa? Animar fora de casa não era o problema, a questão era que ali não tinha lado, todos eram torcedores do time adversário. Parte era culpa do mão de vaca do Sr. Grey que não quis pagar para os alunos virem assistir ao jogo da final. Apenas estava aqui, isso porque ele pagou pra vim.

Ao começarmos nos aquecer, observei Amber um pouco distante falando com as cheerleaders dos Warriors. Eu sabia que isso não era uma boa coisa, não quando Amber odiava a todos daquele time. Cutuquei com o braço, e apontei para as duas. Sem pensar duas vezes nos levantamos e fomos até elas. Boa coisa não era, e isso a gente tinha certeza.
- Olha só, a tropa chegou para salvar a amiguinha indefesa – Disse a morena do outro time, que eu jurava conhecê-la de algum lugar.
- Sabe como é que é, você esta com sua tropa, e nós estamos com a nossa, que tal uma disputa justa tipo... Tropa contra Tropa? – Zombei de sua cara e percebi sua expressão mudar completamente. Ops, eu acho que havia provocado
- A novata mal chegou no time e já quer marcar presença, cala a boca ai, Joan Jett – Só agora eu havia percebido que aquilo era engraçado apenas quando Amber que dizia. Fiz um bico fingindo que ela tivesse me ofendido com o apelido.
- Cala a boca, Chloe! – Disse Amber num tom mais alto fazendo com que todos na concentração se dessem conta da confusão que estava prestes a vim.
Percebi uma rodinha se formando ao nosso redor, junto com o time de futebol de ambos os lados
- Eu também ficaria com medo de perder do time adversário na sua própria escola – Amber continuou com as provocações – Não deve ser fácil passar por tal humilhação.
- Sonha! – Ouvi uma voz masculina diferente protestar, e tirei a atenção de Amber para ele. Era um cara bem alto, de cabelos escuros e olhos verdes, muito gato se não fosse um Warriors – Nós vamos acabar com o time de vocês, Jenkins. E você novata? Não ta afim de mudar de time alguns minutinhos? – O tal cara me olhou de cima a baixo nas piores intenções possíveis e minha vontade era de dar um tiro nele.
- Em seus sonhos, otário – Senti o braço de apertar minha cintura de repente – Nem pense por 3 segundos em mexer com a garota errada Brad, se não eu te quebro aqui e agora – O ameaçou e eu segurei forte para que ele também não sonhasse por 3 segundos em fazer aquilo que ele estava pensando
- Eu quero paz – Levantou os dois braços em forma de rendimento – Só queria ver se a fama da é mesmo válida, eram só alguns minutinhos já que pelo visto ela não ta mais com aquele bocó do Collins – Piscou pra mim, mas eu estava muito ocupada tentando acalmar pra poder mandar um vai se foder.
- Minutinhos Brad? – Mordi meu lábio inferior tentando ser sexy para poder zuar com aquele merda – Você está tão mal ao ponto de durar só alguns minutinhos?
Todos riram, inclusive alguns caras do seu próprio time
- Mas tudo bem, voltando ao que realmente interessa, nós queremos que vocês arrasem, queremos uma luta justa, não é verdade? – Todos me olhavam incrédulos, primeiro porque eu estava dando minha cara a tapa por esse time que eu odiei tanto entrar, e segundo porque eu tinha chamado pra briga os donos do campo.
- Pode deixar, nós vamos! – Disse a tal Chloe – E você, , como vai? – Espera aí, desde quando eles se conheciam? – Que tal a gente dar uma volta hoje depois do jogo igual da última vez?
Como é que é!?
Então eu lembrei quem ela era. Chloe estava no último jantar que eu fui com minha mãe e Stevie. O mesmo que eu encontrei , e a Chloe apareceu. A tal que ele olhava como se fosse um Big Mac. Com uma raiva que eu não tinha idéia de onde tinha vindo, tirei as mãos de da minha cintura, como se ele de repente ele tivesse com alguma doença contagiosa.
Como ele era ridiculo! Tão ridiculo a ponto de pegar uma vaca dos Warriors!
- Não to afim de um remember, Chloe, eu passo – Disse voltando a colocar a mão na minha cintura. O que me deixou furiosa.
Eu só não saía correndo dali, porque não havia motivos deu estar tão irritada.
- Você é quem sabe. Qualquer mudança de idéia, você sabe onde me encontrar, certo? – Rolei os olhos e quando eu vi Chloe já tinha se juntado ao seu bando.
Sem dizer uma palavra fui junto com as meninas voltar para o aquecimento. Isso se não tivesse pego no meu braço me fazendo parar e ficar em sua frente.
- Você ta brava – Afirmou.
- Por que eu estaria? – Tentei fazer a cara mais natural possível. Só não sei se foi tão convincente.
- É, você ta brava.
- Não, , eu não to! Agora eu preciso voltar pra lá, ou se não a Amber me mata.
- Não, você não vai até a gente conversar – Voltou a me segurar pelo braço, me puxando para um canto mais reservado – Só quero deixar claro que o que rolou com a Chloe foi antes de tudo! Antes da gente ao menos imaginar em se entender. Foi justamente naquele jantar, que estavam nossos pais e... você sabe, teve aquela troca de farpas entre nós e pra te irritar eu fui pra cima de Chloe.
Eu entendia o que ele queria dizer, até eu mesma não entendia o porque eu estava reagindo daquele jeito.
- É um dom seu. Pra me irritar você come uma vagabunda – Dei em ombros.
- ...
- Esquece ok? – Tentei mostrar que estava bem de verdade – É sério.
- Não, não vou esquecer. Você ta brava, e eu não vou entrar no jogo sabendo que você ta puta comigo.
- Ta bom, então. Vai lá naquele campo, joga como se você nunca tivesse jogado antes, e se vocês ganharem nem você e nem eu lembramos que isso aconteceu, beleza? – Estendi minha mão.
- Só basta prometer que vai voltar a confiar em mim.
- Mas eu confio. Confio tanto que sei que você vai ganhar esse jogo, e acho que você deveria me fazer prometer alguma coisa melhor – Brinquei.
- , anda logo daqui 5 minutos a gente entra! – Gritou Amber.
- Eu tenho que ir – Disse dando passos pra trás para voltar pro aquecimento.
- Me promete deixar eu ver sua tatuagem misteriosa, então? – Sugeriu quando eu já estava em uma certa distancia dele.
- Prometo pensar no caso – Pisquei e finalmente fui me juntar as meninas.
- ? – Gritou e eu me virei para ver o que era – Você fica bonitinha com ciúmes!
Indignada, mostrei o dedo do meio e não voltei a olhar pra trás, onde estava gargalhando

Parecia que eu estava mais nervosa que o primeiro jogo. Pra falar a verdade eu nem fiquei nervosa em animar pela primeira vez, mas dessa vez as coisas eram mais complicadas. Além de estarmos no campo do time adversário, toda a torcida deles eram para os Warriors. Agora me explica, como que a gente ia animar uma torcida que nem do nosso time era?
A grande realidade é que estávamos ferradas, e pagaríamos de palhaças na frente de todo mundo se não fizéssemos nada.
Começamos com a coreografia, e a única coisa que eu pensava era que nós precisávamos ser melhores que o outro time. Ao meu lado só existiam rostos preocupados, principalmente Amber. Dei uma olhada para o outro lado do campo e a torcida toda estava indo ao delírio com as cheerleaders do outro time. Claro, até eu levantaria a bunda daquela arquibancada se fosse meu time que estivesse ali dançando na minha frente feito idiotas. Ouvir aqueles gritos animados da torcida adversária era broxante.
Não estávamos conseguindo levantar a "nossa" torcida e tudo que eu pensava era que eu não tinha feito tudo aquilo pra morrer na praia. Eu precisava animar aquele lugar, e tirar a panca dos Warriors.
Quando terminamos a coreografia o jogo começou. Os meninos estavam jogando bem, e isso me confortou. A última coisa que eu queria no momento era também ser massacrada pelo time de futebol, de losers já bastavam a gente.
O que eu vim fazer aqui? Pagar de idiota na frente de todo mundo? Jamais!

O primeiro tempo terminou no 0 x 0. Os meninos foram para o banco receber instruções do treinador e aquela era a nossa vez de voltar a animar. Ou pelo menos tentar. Começamos a dançar de um lado, e os Warriors do outro. A galera do outro lado ia a loucura e algumas vezes podíamos ver olhares provocativos vindo das meninas da torcida. Nosso trabalho estava sendo mais para desanimadoras de torcida do que animadoras.
Ainda antes de terminar a dança e o grito de guerra, dei um passo a frente fazendo todos da equipe me olharem assustados, pensando no que eu iria fazer. Sabe quando uma idéia brota na sua cabeça e ela é tão absurda que você simplesmente não pode pensar muito? Pois é, foi isso que aconteceu. Tão absurda que eu nem mesmo pensava que isso algum dia poderia passar pela minha cabeça.
Amber se aproximou de mim de uma forma discreta, dando sorrisinhos para todos os lados, tentando desmanchar a merda que ela pensava que eu iria fazer. Por que há pessoas que pensam que onde eu toco, vira lixo? Tudo bem que minha mãe e Jenkins eram um ótimo exemplo dessas pessoas, mas no momento eu só estava tentando salvar o time, que apesar de tudo, eu fazia parte e não aceitaria perder para ninguém, não comigo dentro.
- O que você pensa que está fazendo? Volta pra sua posição agora! – Cochichou brava em meu ouvido
- Calma, baby! Como que é aquilo que você sempre me fala? Watch and learn? – Joguei um beijo pra ela, e respirei fundo antes de fazer o que estava pretendendo.
Antes que pudesse fazer alguma coisa, dei uma olhada geral na arquibancada em nossos supostos “torcedores”. Eles mal olhavam pra gente. Oi, pessoal, o jogo ta no intervalo, e há várias garotas gostosas de saia pra olharem, o que tem de tão interessante naquele gramado?
Dei mais alguns passos pra frente e comecei.
- Qual é galera? – Gritei alto o bastante para que eles me escutassem – Tudo bem, eu sei que nós não somos o time de vocês, mas pra que essas caras de bunda?
Legal, agora toda aquela gente queria me matar. Olhei pra trás e vi olhares pavorosos pra mim,
- Mas é o seguinte... – Comecei a me explicar – Vocês estão aqui, no nosso jogo e no nosso lado da arquibancada. Então que tal levantarem a bunda desses bancos pra assim eu poder levantar outra coisa pra vocês?
A galera foi literalmente ao delírio, levando tudo que eu estava dizendo no sentido que eu queria. Eu via todas as meninas, inclusive e os meninos do time me olhando como se eu fosse uma louca.
- O que você ta fazendo sua retardada? – pegou em meu braço e eu a ignorei me soltando.
- Então... – Continuei gritando com o pessoal da torcida – Se eu prometer levantar as coisas aqui, vocês prometem acabar com os torcedores do time do outro lado?
- YEAAAHHH – A galera respondeu num coro extremamente alto, chamando a atenção de todos que estavam no estádio.
O que uma garota de 17 anos não conseguia fazer com um bando de marmanjos e seus hormônios a flor da pele com apenas algumas palavras? Mas faria o que tinha prometido, e não seriam somente palavras.
Eu não podia fazer contagem regressiva, ou contar muito mais do que 5, para não haver tempo deu mudar de idéia. Então foi assim que respirei fundo, e contei mentalmente o "1, 2, 3 e já" e levantei minha blusa e mostrei os peitos pra toda aquela torcida e abaixei logo em seguida já percebendo um grande resultado
- EAGLES! EAGLES! EAGLES! – Todos, sem exceção gritavam. Até mesmo as garotas, que eu pensava que atacariam o primeiro objeto que estivesse em suas mãos, em mim.
Todas as meninas da torcida estavam incrédulas, e os garotos no campo junto com o pessoal dos Warriors olhavam como se não tivessem acreditando no que eu tinha feito, mesmo que eles não tivessem visto o que a galera da arquibancada viu, já que eu estava de costas. Fala sério, mostrar os peitos pra umas 80 pessoas já era baixaria demais pra querer mostrar pro campo inteiro.

E a gritaria não parava. Quando me dei conta, Amber havia levantado a a saia do uniforme e começado a fazer uma dança bizarra na frente de toda aquela gente, que eu pensava que não poderia surtar mais do que aquilo. Eu comecei a rir tanto que não me agüentava. Eu estava realmente me sentindo feliz. Não por mostrar os peitos, ou por Amber estar dançando que nem uma retardada de calcinha, claro, mas pelo momento divertido que aquilo estava sendo. Eu já não me importava mais se a gente perderia ou não, só de saber na loucura que fizemos para que tudo aquilo acontecesse, já tinha valido apena. Tendo um ataque de risos junto comigo, Amber me abraçou de uma forma meio desengonçada deixando as desavenças de lado.
Quando o jogo voltou, não existia mais torcida dos Warriors, todos estavam ali por nós, gritando e esperneando. Mas mesmo com toda a torcida a favor, aos 15 minutos de jogo o outro time marcou o primeiro gol, nos deixando extremamente preocupados. Porém a comemoração dos Warriors demorou o mesmo tempo que a nossa preocupação, já que o , depois de 7 minutos, fez o primeiro gol do Eagles, nos deixando mais tranqüilos. Meu primo era simplesmente demais!
E o placar continuou assim até os 45 minutos. Eu não tinha mais unha, essa era a verdade. Eu não queria que o jogo fosse para os pênaltis, aquilo seria tortura.

Collins que corria com a bola por todo campo, quase foi linchado pelos jogadores do Eagles e pelo próprio treinador por não querer passar a bola e arriscar o time a perder um gol. Aquela criatura era egoísta até jogando futebol. Pela pressão feita por todos, Andrew passou a bola para , que chutou para . Foram faltando alguns segundos para terminar o jogo, quando finalmente fizeram gol que decidiu o grande vencedor. O meu numero 23 marcou o gol da vitória.
Ainda na comemoração o juiz apitou e finalizou a partida. Nós gritávamos tanto que parecia que conseguíamos ser mais alto que a torcida. Sem pensar duas vezes eu pulei a grade e invadi o campo para comemorar junto com eles. No meio daquele monte de jogador com camisas iguais, eu fiquei a procura de .
- Aqui, bonitinha – Ouvi sua voz e me virei em sua direção com um sorriso de orelha a orelha.
Sai correndo ao seu encontro e me joguei em cima dele, colocando minhas pernas em volta de sua cintura
- , eu to todo suado – E quem se importa? Ele estava tão lindo, tão feliz, que não pensei duas vezes antes de fazer o que eu fiz.
Coloquei meus braços em volta de seu pescoço e mordi seu lábio inferior, deixando um pouco surpreso.
- Esse é meu cowboy!– Eu o beijei tirando gritinhos de todos que estavam no campo. Não consegui segurar aquilo por muito tempo, e cortei o beijo começando a rir das piadinhas que todos estavam dizendo ao nosso redor.
- Você é incrível, sabia? – Sussurrou , ainda me segurando em seu colo, com minha testa grudada na sua.
- Acho que sim – Sorri e pisquei pra ele.
- Idiota – gargalhou e me deu um último selinho antes de me colocar de volta no chão.
Algumas meninas vieram me abraçar para comemorar a vitória do jogo, e outras vieram falar o quanto achavam eu e um casal fofo. Pelo amor de deus, nós não éramos um casal. Não ainda. Pelo menos ninguém havia me comunicado nada.

- Eu realmente não acredito que você fez aquilo! – falou indignado. Estávamos na praia em um pseudo luau, comemorando a vitória do campeonato – Poxa prima, que vergonha pra nossa família – Disse brincando, como se um dia ele tivesse se importado com a nossa reputação.
- É verdade que você tem uma tatuagem no peito? Me mostra? – Comecei a rir. Tava a vendo a hora do afogar o no mar pela quantidade de besteiras que ele falava sobre o que eu tinha feito mais cedo na hora do jogo – Droga, por que eu inventei de assistir o jogo do banco?
- Há! Muito engraçado, otário! – Estava sentada entre as pernas de , quando vi um pacote de batata voar em direção ao – Vai ir ver os peitos da sua mãe, .
- É o tal negocio... – se levantou – All you need is love! – Eu cai na gargalhada e o saiu de trás de mim correndo atrás dele.
Minha tatuagem passou a ser piada entre todos.
- Cara, eu nunca pensei que fosse dizer isso, mas eu nunca me diverti tanto na minha vida – Disse para e sentados ao meu lado. Olhei para o céu, deitada na areia já que não tinha mais apoio.
deveria ainda estar correndo atrás do .
Andrew não estava na roda, estava um pouco distante pegando uma menina de outra escola. Ainda era estranho vê-lo beijando outra garota que não fosse eu, mas dessa vez eu não podia falar nada, já que eu mesma estava com outra pessoa.
- Ta tudo bem? – já tinha voltado e estava um pouco ofegante. Talvez ele tivesse percebido que eu estava olhando para o Andrew
- Esta sim! Só queria ir pro quarto, to um pouco cansada, e preciso de um banho urgente – Fiz um bico e uma cara derrotada, eu estava realmente cansada – E amanhã finalmente poder ir pra casa. Estou até com saudades de ouvir minha mãe surtar com o casamento, sabia?
- Na verdade, eu quero ver ela surtar quando souber da gente.
É, isso seria uma coisa interessante de se ver.

Capítulo betado por Natyh Vilanova


Continua...

Capítulo 17 em diante.




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